Opinião Pública em debate: Relato do ensino da disciplina
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Opinião Pública em debate: Relato do ensino da disciplina
Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... Opinião Pública em debate: Relato do ensino da disciplina Informação e Formação de Opinião e dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo1 Fabíola Paes de Almeida TARAPANOFF 2 (FIAM-FAAM Centro Universitário, São Paulo, SP) Resumo Reconhecimento da mídia e da cultura de massas, como um todo e do jornalismo, como um importante agente público na construção da percepção da realidade e na consolidação da opinião pública. Essa é a premissa que norteia a disciplina Informação e Formação de Opinião, que faz parte da grade curricular dos alunos do 2º semestre do curso de Jornalismo do FIAM-FAAM Centro Universitário. O presente artigo procura mostrar os trabalhos propostos aos alunos dessa disciplina de forma a compreender conceitos teóricos complexos como formação de opinião pública e fabricação de consenso de forma prática e lúdica. Palavras-chave: 1. Jornalismo. 2. Ensino. 3. Opinião Pública. 4. Avaliações. 5. Pesquisa em graduação. 1) Introdução “Apartidário, equilibrado e livre. Se quer ser fiel à sua responsabilidade social, o jornalista não deve permitir que agendas, causas ou doutrinas totalizantes de uma sociedade – venham elas de ONGs, de igrejas, de governos, de grandes corporações, de partidos, de onde vierem, contaminem seu trabalho. É melhor que ele procure se desvincular material e formalmente desses polos de poder ou de influência, sem desmerecer a legitimidade que tem.” O trecho presente no livro A imprensa e o dever da liberdade de Eugênio Bucci (2009: p. 117) ajuda a compreender o papel do jornalista na sociedade contemporânea. Ele tem o dever de informar o público e de ser livre em um mundo em que cada vez mais interesses comerciais e políticos influenciam na linha editorial dos meios de comunicação. Como formador de opinião, ele tem uma responsabilidade grande, que afeta toda a sociedade, como o autor descreve nesta obra, que faz parte da bibliografia básica da disciplina Informação e Formação de Opinião, que esta pesquisadora leciona junto a alunos do 2º semestre de Jornalismo do FIAM-FAAM Centro Universitário (Faculdades Integradas Alcântara Machado- 1 Trabalho apresentado no GP Pesquisa na Graduação, do 6º Encontro Paulista de Professores de Jornalismo, realizado na ESPM-SP, em 26 e 27 de abril de 2013. 2 Professora universitária dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas do FIAM/FAAM Centro Universitário e doutoranda em Comunicação - Área de Concentração: Processos Comunicacionais - Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). E-mail: [email protected]. 1 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... Faculdade de Artes Alcântara Machado). A disciplina tem esse objetivo: possibilitar que os alunos percebam como o jornalismo é um importante agente na construção da percepção da realidade e na consolidação da opinião pública. Os objetivos específicos da disciplina são: A) Discutir e analisar o papel da mídia e do jornalismo como formador de opinião na sociedade contemporânea; B) Avaliar a responsabilidade sócio-política da imprensa e seus códigos de conduta e de atuação; C) Apresentar referencial teórico pertinente ao debate proposto pela disciplina, em especial sobre os conceitos de formação da opinião pública; D) Diagnosticar a importância dos meios de comunicação de massa brasileiros na formação da opinião pública; E) Atualizar as referências da área de comunicação à luz das novas tecnologias de informação e opinião pública; F) Elaborar uma dinâmica sistemática de monitoramento e acompanhamento de mídia, com a produção de relatórios críticos sensoriais; G) Discutir, à luz da teoria do jornalismo e da comunicação, o conceito de “noticiabilidade”, confrontando-o com práticas cotidianas da imprensa; H) Estimular a avaliação crítica da imprensa e dos meios de comunicação de massa por parte dos discentes; I) Oferecer um panorama de debates em que o conceito de opinião pública seja compreendido de maneira interdisciplinar. A questão da opinião pública é um dos temas principais apresentados no curso e está também em outro livro adotado na bibliografia básica: Opinião Pública, de Walter Lippmann. Publicado em 1922, é considerado um estudo pioneiro na área de Comunicação, ao analisar de forma crítica o papel dos meios de comunicação de massa, como o jornal e o rádio, que dava seus primeiros passos. Mas como apresentar de forma interessante uma obra de 1922 e temas complexos como formação de opinião pública e fabricação de consenso (presente na obra Controle da mídia: os espetaculares feitos da propaganda) a estudantes do século 21? Buscando maior integração entre os conteúdos teóricos e a aplicação prática na profissão dos estudantes, são propostas duas avaliações continuadas ao longo do semestre, além da avaliação regimental: a análise de um filme sobre jornalismo ou opinião pública e um trabalho de monitoramento de mídia. 2 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... 2) Análise de filme sobre jornalismo e/ou opinião pública Ensinar não é somente transferir conhecimentos, apenas os repassando, sem questionamentos. Como dizia Paulo Freire em Pedagogia da autonomia, é preciso que o educando se assuma como sujeito na produção e construção do saber: É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, 1996: p. 23). Buscando que os alunos construíssem seus conhecimentos e visualizassem conceitos teóricos complexos de forma mais fácil, esta pesquisadora apresenta duas atividades para turmas do 2º semestre de Jornalismo: a análise de um filme sobre jornalismo e opinião pública e um trabalho de monitoramento de mídia. Na primeira atividade os alunos podem escolher um filme sobre jornalismo e opinião pública e são propostas obras como: 1) 1984 2) O show de Truman 3) Obrigado por fumar 4) A montanha dos sete abutres 5) Intrigas de Estado 6) Mera coincidência 7) A revolução dos bichos 8) O informante 9) Capote 10) Tiros em Columbine 11) Tropa de Elite 2 A lista serve apenas como guia, orientação aos estudantes e eles têm liberdade de propor outras obras. Depois, é proposto um trabalho escrito em que os estudantes apresentam um resumo sobre a obra, sua ficha técnica, personagens principais e cenaschave, relacionando ao conteúdo visto em sala de aula e à bibliografia básica: Opinião pública, de Walter Lippmann, A imprensa e o dever da liberdade, de Eugênio Bucci e Controle da mídia e os espectaculares feitos da propaganda, de Noam Chomsky. O trabalho escrito apresenta essa estrutura e vale 1,00 ponto na média: 3 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... Capa Resumo da obra/Ficha técnica; Personagens principais; Cenas-chave e relacionar ao conteúdo visto em sala de aula; Conclusões; Referências bibliográficas. No final do trabalho os alunos apresentam suas conclusões, ou seja, de como a atividade contribuiu para o melhor entendimento da disciplina. Os alunos depois realizam uma apresentação à sala de 15 a 20 minutos, que pode incluir recursos audiovisuais (PowerPoint), podem fazer um debate ou a encenação de trechos do próprio filme para os colegas. Nesse momento, enfatiza-se sobre a importância da criatividade na realização da atividade. Os estudantes têm a liberdade de fazer a apresentação da maneira que desejam, buscando apresentar aos colegas o que compreenderam do filme e como relacionaram a obra aos conceitos vistos em sala de aula. Muitas apresentações chamaram a atenção da pesquisadora ao longo de dois anos de docência da disciplina, para turmas do 2º semestre de Jornalismo do FIAM-FAAM Centro Universitário dos campi Liberdade, Brigadeiro e Morumbi. Um grupo do campus Liberdade em 2012, por exemplo, fez uma representação da cena do filme Tropa de Elite 2 e comentou que a obra apresenta conceitos como a questão da ética do profissional de imprensa e o jornalismo sensacionalista, abordados na obra de Eugênio Bucci. Um grupo do campus Liberdade, que se autointitulou The creatives, também abordou neste ano de forma inovadora questões presentes na obra O diário de um jornalista bêbado. No filme Johny Depp representa um jornalista que sai de Nova York e vai trabalhar no jornal San Juan Star, em Porto Rico. Lá, ele se depara com a interferência de empresários locais na linha editorial do jornal e percebe que não tem liberdade para escrever o que deseja. Ou seja: o jornal está mais preocupado em agradar anunciantes e fazer propaganda de um grande conglomerado imobiliário que será construído no local do que apresentar a verdade aos seus leitores. Os estudantes fizeram a encenação bem-humorada em sala de aula de um telejornal, que apresentava várias reportagens gravadas. Em cada uma das reportagens, os integrantes comentavam sobre aspectos do filme, como ficha técnica, personagens principais, curiosidades e 4 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... relacionaram a obra a conceitos vistos em sala de aula, como a questão da interferência de anunciantes na linha editorial de uma publicação e que afetam a liberdade de imprensa, presente na obra de Bucci. Outro grupo, do campus Morumbi, relacionou neste ano as obras Opinião pública, de Walter Lippmann e A imprensa e o dever da liberdade ao filme O diabo veste Prada. As integrantes entregaram um DVD com um vídeo com as cenas editadas principais do filme. Na obra, Andrea Sachs (Anne Hathaway), recém-formada em Jornalismo, consegue um emprego na prestigiada revista de moda Runaway como secretária particular da poderosa Miranda Priestly (Meryl Streep). No entanto, ela não esperava que sua vida se transformaria em um verdadeiro “inferno”, diante das absurdas exigências de sua autoritária chefe. As integrantes comentaram sobre como o filme aborda a importância da moda como formadora de opinião pública e como Miranda e Andrea tinham visões estereotipadas. Para Miranda, para atuar na Runaway a funcionária deveria ser magra e elegante. Mas elas se revelavam uma decepção. Por isso ela contrata a jovem repórter, com seu excelente currículo, pois era “esperta e gorda”. Andrea também via a moda de forma estereotipada, como um mundo fútil, retratado na cena em que ele considera absurdo a indecisão entre o cinto certo que deve ser usado no editorial, pois todos são iguais. Miranda então comenta sobre a importância da moda e que hoje o moletom que a jovem usa um dia já esteve presente nas passarelas. Além dessa atividade, durante o semestre são exibidos dois filmes sobre jornalismo ou opinião pública. Entre as obras geralmente exibidas estão: Obrigado por 5 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... fumar, dirigida por Jason Reitman, que aborda questões como formação de opinião, persuasão, liberdade de escolha; Intrigas de Estado, de Kevin Macdonald (velho jornalismo versus novo jornalismo, utilização de grampos), Todos os homens do presidente, de Alan Pakula (como apurar e escrever uma reportagem), Repórteres de guerra, dirigido por Steven Silver (cobertura de guerra, riscos inerentes à profissão e questões éticas) e Uma manhã gloriosa, de Roger Michell (infotainment, guerra pela audiência versus ética). Ver filmes sobre jornalismo permite que os estudantes tenham uma percepção de como o profissional é retratado pela sétima arte e possam também discutir possíveis situações que possam enfrentar em suas carreiras futuramente. Trata-se também do tema da tese desenvolvida por esta autora para o Doutorado em Comunicação - Área de Concentração: Processos Comunicacionais - Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações Sociais. Na tese, busca-se identificar como o jornalista é retratado e quais imagens são recorrentes e como esse imaginário é apropriado por aqueles que estão dando os primeiros passos na profissão, contribuindo na criação de expectativas. A fundamentação teórica inclui autores que trabalham com a questão das apropriações culturais, como Jesús Martin-Barbero, Raymond Williams e Umberto Eco, das mediações e midiatizações, como José Luiz Braga (A sociedade enfrenta sua mídia e das representações, como Cornelius Castoriadis e do cinema, como Edgar Morin, Christa Berger e Stella Senra. A metodologia utilizada inclui a pesquisa sobre filmes do gênero newspaper movies, traçando um panorama e depois analisando em profundidade quatro obras consideradas representativas: A montanha dos sete abutres, Blow-up: depois daquele beijo, Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado. Por fim, serão realizados estudos de recepção com alunos dos primeiros semestres de Jornalismo e com aqueles que acabaram de se formar, sobre suas expectativas em relação à profissão. Esse estudo de 6 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... recepção já foi realizado com uma turma no campus Morumbi, em que os alunos assistiram ao filme A montanha dos sete abutres e foi realizada uma discussão com um debatedor neutro. No final, os alunos responderam a um questionário sobre as percepções da imagem do jornalista na obra e as expectativas em relação à carreira. 3) Monitoramento de mídia A segunda atividade proposta aos estudantes do 2º semestre de Jornalismo é a realização de um trabalho de monitoramento de mídia de um determinado assunto. Cada integrante do grupo deve monitorar um assunto presente em um meio de comunicação, como jornal, revista, rádio, televisão e internet (dois veículos por meio) por uma semana. Por exemplo, o aluno poderia escolher monitorar o recente atentado em Boston nos Estados Unidos em dois jornais, como O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. Os demais integrantes monitoram o mesmo assunto em outros meios, como TV (por exemplo, os programas Jornal Nacional e Jornal da Record), revista (Veja e Época), rádio (BandNews e CBN – edições da manhã) e internet (portais de notícias UOL e G1 ou sites de relacionamento – Facebook e Twitter). Todos devem iniciar o monitoramento no mesmo dia e terminar na mesma data, para evitar distorções. O trabalho escrito vale 2 pontos na média e apresenta a seguinte estrutura: 1) Introdução - Monitoramento de mídia - Assunto escolhido 2) Monitoramento - Jornal; 3) Monitoramento - Revista; 4) Monitoramento - Rádio; 5) Monitoramento - TV; 6) Monitoramento - Internet (Portais/Sites) e/ou Mídias Sociais; 7) Conclusão (Comparar o monitoramento realizado nos diferentes meios e identificar diferenças na forma como cada meio realizou a cobertura do assunto). 7 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... 8) Bibliografia/ Referências consultadas. Os estudantes então fazem uma análise das reportagens encontradas sobre determinado assunto. Foi solicitado que fizessem uma análise básica das reportagens com os seguintes itens: Reportagem/Notícia/Comentário: Veículo (Nome do programa de rádio, TV, jornal ou revista): Data de publicação/Perído analisado: Autor/Apresentador/Locutor: Tamanho ou duração (Jornais e revistas - Número de páginas ou colunas/minutos - TV e rádio/ Linhas - internet). Classificação do texto: Positivo/Negativo/Neutro. Na própria página o estudante inclui o recorte ou imagem digitalizada do texto. Para cada veículo, é solicitado que os estudantes façam uma análise profunda de duas reportagens que considerasse mais representativas. Essa análise inclui todos os itens da análise básica e o estudante escreve um texto de 5 a 10 linhas comentando sobre a linguagem utilizada, enfoque e fontes presentes, se considera o texto informativo ou opinativo. No caso de emissoras de rádio ou televisão, os estudantes não precisam gravar os programas, mas eles podem recuperar o arquivo no site do programa na internet ou por meio do YouTube. O estudante também pode incluir o endereço eletrônico no qual a reportagem pode ser acessada. No caso da internet, como o número de textos encontrados geralmente é elevado, solicitou-se apenas incluir o número total de menções em cada portal de internet ou rede social por sete dias e já realizar a análise em profundidade de dois textos ou comentários (no caso de redes sociais). No caso do monitoramento em portais de notícias, sugere-se que os alunos utilizem ferramentas que filtrassem as notícias por site e período, como o Google Alerta, que pode ser usado por quem possui Gmail. No caso de redes sociais, é proposto que os alunos façam o monitoramento por meio do Scup (http://www.scup.com.br), em que é possível realizar um cadastro gratuito por sete dias, podendo monitorar determinado assunto. Por meio do aplicativo é possível obter estatísticas de quantas menções foram realizadas em redes sociais sobre o assunto. Os alunos têm espaço em sala de aula para discutir sobre o trabalho e puderam ir ao laboratório para aprender como utilizar a ferramenta Scup e realizar o monitoramento de redes sociais. 8 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... No final o grupo inclui as conclusões, comparando as diferenças na cobertura entre os veículos do mesmo meio. Por exemplo, em jornal, as diferenças entre as coberturas entre O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. E depois analisar as diferenças dos meios entre si. Da cobertura de jornal em relação à revista, em comparação com televisão, rádio e internet. Os alunos entregam assim o trabalho escrito e depois há um grande debate em sala de aula. Forma-se um círculo em que os alunos expõem suas conclusões. Os alunos consideram a atividade um desafio: mesmo sendo trabalhosa, permite que tenham uma melhor percepção a respeito das diferenças na cobertura presente em cada meio de comunicação e presente entre os veículos. Um grupo do Morumbi, por exemplo, fez o monitoramento de mídia sobre o Rock in Rio em 2011 e percebeu que a cobertura realizada pelo Jornal da Record foi mais crítica do que a da apresentada no canal Multishow. As alunas concluíram que isso se deve ao fato do evento ter sido patrocinado pela TV Globo (que é responsável pelo canal Multishow) e que buscou apresentar assim apenas aspectos positivos do show. Identificaram assim a possível interferência de interesses de anunciantes ou de partidos políticos na mídia, conforme visto em sala de aula e presente no livro de Eugênio Bucci, que faz parte da bibliografia básica. Esta pesquisadora pode perceber que a atividade possibilitou que os alunos entendessem melhor como funciona cada meio de comunicação e constatar na prática como eles influenciam na formação de opinião pública. Conclusões Construção do conhecimento, percepção da realidade da profissão e de como a mídia influi na formação da opinião pública. A realização das atividades possibilitou aos alunos que pudessem compreender melhor como o jornalista atua e também os conceitos teóricos apresentados pela disciplina de forma prática e lúdica. Foi perceptível ver o envolvimento dos alunos na atividade e comentar que gostaram muito de fazer um trabalho sobre filme. O cinema, por estar presente em momentos de lazer, proporciona esse aspecto lúdico e permite que o aluno visualize comportamentos e debata sobre temas referentes à profissão. Já o monitoramento de mídia permitiu que os alunos refletissem melhor sobre a cobertura de mídia e começassem a perceber a diferença nas linguagens de cada veículo: mídia impressa mais reflexiva, rádio pautado pelo imediatismo, televisão pelas imagens e internet pela rapidez na divulgação das 9 Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 .................................................................................................................................................................................................................... informações, mas que muitas vezes apresenta dados incorretos, devido à falta de tempo na checagem. Busca-se assim uma relação “educador-educando” como propõe Cipriano Carlos Luckesi, em que os dois são sujeitos da práxis pedagógica, em que o educador busca criar condições para que o educando aprenda a se desenvolver, de forma ativa, inteligível e sistemática: O educador deverá criar oportunidades de aprendizagem ativas, de tal modo que o educando desenvolva suas capacidades cognoscitivas assim como suas convicções afetivas, morais, sociais e políticas. O educador, como sujeito direcionador da práxis pedagógica escolar, deverá também acompanhar os resultados das ciências pedagógicas, da didática e das metodologias específicas de cada disciplina. (LUCKESI, 1991: p.119). Procura-se assim que o planejamento, a execução e a avaliação do ensino ocorram dentro de um espírito crítico, produzindo uma ação docente-discente em que os sujeitos da práxis pedagógica não são apresentados em definitivo, mas possam ser repensados e recompreendidos. Referências BUCCI, Eugênio. A imprensa e o dever da liberdade. São Paulo: Contexto, 2009. CHOMSKY, Noam. Controle da mídia: os espetaculares feitos da propaganda. Rio de Janeiro: Graphia, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOTTLIEB, Liana. Curso de Preparação e Reciclagem de Professores Universitários. 9 a 13 de janeiro de 2012. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Unidade: Brigadeiro (SP). Carga horária: 40 horas. LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991. TARAPANOFF, Fabíola. Jornalistas no cinema: representações e apropriações. Tese em desenvolvimento. Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Doutorado. Área de Concentração: Processos Comunicacionais. Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações Sociais. Orientação: Prof. Dr. Laan Mendes de Barros. 10