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un da O Nesta Edição: Caderno Científico Metodologia Científica Mercado In Latino-americana no ive va rs Im o c pl ie an n to tífi do co nt ia V. 7, N0 5 | Setembro/Outubro 2010 ISSN 1678-6661 Vol. 7 • No 5 • Setembro/Outubro • 2010 Qualificação: Qualis Nacional B4 - Odontologia e Interdisciplinar Qualis Nacional B5 - Medicina II e Engenharias II e III Indexação: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde ImplantNews - Vol. 7, n.5 (setembro/outubro/2010) - São Paulo: VM Comunicações - Divisão Cultural, 2004 Periodicidade Bimestral ISSN - 1678-6661 1. Implantes dentários. 2. Cirurgia de implantes. 3. Prótese sobreimplantes. I. VM Comunicações - Divisão Cultural II. Título CDD 617.6005 Black D74 Ponto de Vista Estudar sempre = errar menos O princípio da Osseointegração determinado por Brånemark foi a base para a prática da Implantodontia moderna, uma especialidade que tem permitido reconstruir a função mastigatória de milhões de seres humanos em todo o mundo. No entanto, mesmo dominando protocolos e procedimentos cirúrgico-protéticos, complicações acontecem por falta de planejamento e de conhecimentos técnicos. Precisamos ficar atentos aos erros, aprender com eles para não voltar a cometê-los. A Implantodontia alcançou um momento em que é preciso transmitir confiança, e isso só se realiza com o conhecimento da ciência. Para o sucesso do procedimento é preciso pautar-se em três pilares: verificar o tamanho do problema, saber o que fazer para solucioná-lo e se temos competência para o trabalho. Considerando que teremos em julho do próximo ano um grande evento internacional LLaércio é W. Vasconcelos W V l sobre Implantodontia, sob a presidência de honra do próprio P-I Brånemark, teremos uma real oportunidade para debater formas e condutas que às vezes “compramos” como definitivas, mas que ainda se faz necessário rediscutir e formar consenso. Não podemos aceitar tudo que nos oferecem. Precisamos analisar de forma honesta e independente todos os aspectos do contexto científico-clínico da Implantodontia. Para que os “modismos” que sempre aparecem não venham a causar graves problemas para nossos pacientes a médio e longo prazos. É hora de uma discussão maior em busca de uma prática padronizada na América Latina, e a contribuição do Brasil será muito importante, vamos buscar um consenso científico para nossos procedimentos. Laércio W. Vasconcelos é diretor do Brånemark Osseointegration Center – São Paulo e presidente da Comissão Científica do IN 2011 – Latin American Osseointegration Congress. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):605 605 Compromisso com nossos leitores Facilitar o acesso a conteúdos baseados em pesquisas clínicas testadas e comprovadas. Publicar conteúdos de vanguarda, visando trazer mais perto possibilidades futuras. Promover a discussão de temas polêmicos e fazer consenso para melhor orientar e proporcionar segurança nas várias práticas clínicas. Incentivar a produção científica de jovens talentos, criando prêmios de mérito para ampliar o número de pesquisadores no Brasil. Crescer continuamente o volume de artigos clínicos publicados por edição, buscando aumentar a base de informação. Disponibilizar canal on-line de consultas para solucionar eventuais dúvidas em práticas clínicas seguras. Garantir circulação da revista na data certa, evitando a quebra do fluxo regular de atualização científica neste campo. Assinatura anual - R$ 520,00 | 8 edições Exterior - US$ 380. Central de Relacionamento com o Assinante: e-mail: [email protected] Tel.: (11) 3566-6205 Central de Vendas | Hunter Contact Center | Tel.: (11) 3566-6227 [email protected] | Loja virtual: www.vmstore.com.br Importante: a revista ImplantNews só comercializa assinaturas através de telemarketing próprio. Não possui “vendedores” em domicílio. Capa: Imagem que destaca o Brasil no universo da Implantodontia. Publicação bimestral dirigida aos cirurgiões-dentistas, especialistas ou com interesse em Implantodontia clínica. Editor Científico: Prof. Dr. Paulo Rossetti Conselho Científico: Profs. Drs. Antônio Pinheiro (UFBA-Salvador/BA), Antônio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP), Arthur Belém Novaes Jr. (Forp-USP-Ribeirão Preto/SP), Carlos dos Reis Pereira Araújo (FOB-Bauru/SP), Carlos Eduardo Francischone (FOB-Bauru/SP), Carlos Nelson Elias (IME/RJ), Cimara Fortes Ferreira (NSU College of Dental Medicine/USA), Cláudio Luiz Sendyk (Unisa/SP), Edevaldo Tadeu Camarini (UEM-Maringá/PR), Elcio Marcantonio Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Flavia Rabello de Mattos (Fapi/SP), Guaracilei Maciel Vidigal Junior (Unigranrio-Rio de Janeiro/RJ), Hugo Nary Filho (USC-Bauru/SP), Israel Chilvarquer (Fousp-São Paulo/SP), Jamil A. Shibli (UnGGuarulhos/SP), Luciano Lauria Dib (Unip/SP), Marco Antonio Bottino (Unesp-São José dos Campos/SP), Marco Aurélio Bianchini (UFSC/SC), Marco Antônio Brandão Pontual (Ufes/ES), Maurício G. Araújo (UEM-Maringá/PR), Paulo Sérgio Perri de Carvalho (Unesp-Araçatuba/SP), Renato Mazzonetto (FOP-Unicamp/SP), Thomaz Wassall (SLMandic-Campinas/SP), Waldemar Daudt Polido (ABO-Porto Alegre/RS), Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP). Avaliadores: Profs. Drs. Antônio Wilson Sallum, Carlos dos Reis Pereira Araújo, Carlos Nelson Elias, Cimara Fortes Ferreira, Edevaldo Tadeu Camarini, Elcio Marcantonio Jr., César Arita, Flavia Rabello de Mattos, Guaracilei Maciel Vidigal Junior, Jamil A. Shibli, Marco Antonio Bottino, Marco Aurélio Bianchini, Marco Antônio Brandão Pontual, Renato Mazzonetto. Conselho Consultivo: Profs. Drs. Aldo Brugnera Junior (Univap/SP), Antonio Vicente de Souza Pinto (São Paulo/SP), Carlos Alberto Dotto (ABO-SP), César Arita (Aorp-Ribeirão Preto/SP), Fábio José Barboza Bezerra (ABO-BA), Fernando Santos Cauduro (PUC-Porto Alegre/RS), Francisco Fernando Todescan (Fundecto-USP/SP), Hamilton Navarro (Fousp-São Paulo/SP), Hiron Andreaza da Cunha (ABO-GO), Ivete Sartori (Ilapeo-Curitiba/PR), José Cícero Dinato (UFRGS/RS), Laércio W. Vasconcelos (P-I Brånemark Institute-Bauru/SP), Luiz Antonio Gomes (SLMandic/SP), Luiz Fernando Martins André (Unimes-Santos/SP), Luís Ronaldo Picosse (Fousp/SP), Mário Groisman (SLMandic/RJ), Milton Miranda (SLMandic-Campinas/SP), Pedro Tortamano Neto (Fousp-São Paulo/SP), Rander Pereira Avelar (UNB/DF), Ricardo Curcio (Hospital Heliópolis/SP), Sérgio Jayme (Instituto Sérgio Jayme-São Paulo/SP), Wellington Cardoso Bonachela (FOB-USP- Bauru/SP). Conselho de Tecnologia Aplicada: Profs. Drs. Adolfo Embacher Filho (Itu/SP), Ariel Lenharo (Inepo-São Paulo/SP), Aziz Constantino (São Paulo/SP), Cláudio Chedid (Ciodonto-São Paulo/SP), Dráuseo Speratti (Boston-EUA), Fernando Cosso (São Paulo/SP), Fernando Pastor (S.B.Campo/SP), Geninho Thomé (Ilapeo-Curitiba/PR), Jorge Mulatinho (APCD-São Paulo/SP), Maurício Motta (São Paulo/SP), Mauro Tosta (Cetao-São Paulo/SP), Nilton de Bortolli Jr. (Fundecto-São Paulo/SP), Paulo Zaidan Maluf (APCD-SP), Pedro Velasco Dias (Instituto Velasco-São Paulo/SP), Reginaldo Migliorança (ABO-Campinas/SP), Rodolfo Candia Alba Jr. (São Paulo/SP). www.implantnews.com.br Editor Executivo: Haroldo J. Vieira ([email protected]); Editora e Jornalista Responsável: Cecilia Felippe Nery MTb: 15.685 ([email protected]); Revisora: Vivian Arais ([email protected]. br); Assistente de Redação: Fernanda Macambyra ([email protected]); Diretora de Arte: Miriam Ribalta ([email protected]); Assistentes de Arte: Cristina Sigaud ([email protected]) e Eduardo Kabello ([email protected]); Webdesigner: Rodolfo Mustafe ([email protected]); Webmaster: Anderson Oliveira Magalhães ([email protected]; Gerente Operacional: José dos Reis Fernandes (go. [email protected]); Marketing: Aluizio Canto ([email protected]); Circulação e Assinaturas: Alexandre Becsei ([email protected]); Publicidade: Executivas de Contas: Cintia Helena Avila (atendimento. [email protected]) e Érika de Carvalho ([email protected]); Assistente Comercial: Silvia Bruna; Administração: José Fernando Marino. 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Vasconcelos 724 IN 2011 - evento internacional no âmbito da América Latina. 611 613 719 722 728 733 735 737 EDITORIAL Uma proposta de filosofia global na Implantodontia Paulo Rossetti CADERNO CIENTÍFICO Um registro da produção dos autores nacionais TEMAS EM DEBATE Implantes curtos na Implantodontia: mecanismo de segurança ou tratamento convencional? 726 MF Porto Alegre teve o prefessor Sascha Jovanovic (ao centro) como palestrante. EVENTOS • IN 2011 discutirá consensos e a melhor prática da Implantodontia • Série Mistura Fina prossegue reunindo talentos MERCADO IN Evento internacional, 7o Encontro de Mestres supera expectativas 728 7o Encontro de Mestres da Conexão homenageou mestres da Odontologia. A VEZ DOS EDITORES Os clássicos estão de volta! METODOLOGIA CIENTÍFICA Metodologia Científica: trabalhos de publicação – Parte VI – Escrevendo os resultados NORMAS DE PUBLICAÇÃO 735 Metodologia Científica - trabalhos de publicação. CADERNO CIENTÍFICO ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 613 Manipulação de tecido mole com o objetivo de vedamento primário de alvéolo cirúrgico em implante Manipulation of soft tissue for primary closure in immediate dental implant placement – a case report Antonio Otávio Marconcin Neves, Ricardo Hochheim Neto, Leonardo Vieira Bez, César Augusto Magalhães Benfatti 671 Considerações sobre a utilização de fixações zigomáticas Considerations on the use of zygomatic fixtures Sérgio Olate, Henrique Duque de Miranda Chaves-Netto, Claudio Ferreira Nóia, Rafael Ortega-Lopes, Frederico Felipe Antonio de Oliveira Nascimento, Renato Mazzonetto 679 Formação de biofilme in vitro por Streptococcus sanguinis e Candida albicans, associados, em implantes dentários submetidos a diferentes tratamentos de superfície In vitro adherence of Streptococcus sanguinis and Candida albicans to dental implants with different surface treatment Aline Vieira da Silva, Leandro Aires Bertramelo, Rogério de Lima Romeiro, Cristiane Pereira, Antonio Olavo Cardoso Jorge 685 Confiabilidade, precisão e limitações das cirurgias guiadas por imagem na Implantodontia Reliability, accuracy and limitations of image-guided, dental implant surgeries Frederico Nigro, Carlos Eduardo Francischone, Carlos Eduardo Francischone Junior Efeitos adversos da diabetes mellitus no reparo ósseo peri-implantar Adverse effects of Diabetes mellitus in peri-implant bone repair Rodrigo Porto Guimarães, Peterson Antônio Dutra de Oliveira, Alcione Maria Soares Dutra Oliveira 621 Enxerto ósseo autógeno com objetivo de restabelecer contorno vestibular de incisivo central Graft bone autogenous with objective of compensating vestibular defect of central incisor Evelyn Juri Rezende Lacerda, Hésio Magri de Lacerda 629 Implantes inclinados na reabilitação de maxila atrófica com carga imediata funcional Tilted implants on rehabilitation treatment of atrophic maxilla with immediated function - a case report Euro Luiz Elerati, Mauricéa de Paula Assis, Karolina Marques de Azevedo 637 Tratamento simplificado de lesão periapical de implantes A simplified treatment for periapical lesion on implants Weider Silva, Larissa Ribeiro de Almeida, Rafael Neves Tomio 695 Avaliação histológica de hidroxiapatita com colágeno quatro e dez meses após levantamento de seio maxilar Hydroxyapatite-collagen graft composite material for sinus lifting procedures: analysis of 4 and 10 month histological results Alessandra K. Dantas, Renata Tucci, Adriane D. Lima, Silvia Tsukumo, Marcelo Abla 703 647 655 Influência da angulação do implante e tipo de intermediário na distribuição das tensões Influence of implant angulation and abutment type on stress distribution Eduardo Piza Pellizzer, Rosse Mary Falcón-Antenucci, Daniela Mayumi Inatomi Kavano Sánchez, Gabriel Augusto Tozo Rinaldi, Carolina Calles de Aguirre 663 Técnica alternativa de transferência da posição de implantes sem a utilização de material de moldagem na fase transcirúrgica Alternative technique for transferring implant position during trans-surgical stage without using of impression material Bruno Feital Fusaro, Diogo Belas Lustosa, Carlos Eduardo Francischone 711 Histórico de doença periodontal como fator de risco a doença peri-implantar History of periodontal disease as a risk factor for peri-implant disease Teresa Cristina Leite Amaral, Mariana Morsani de Araujo, Elton Gonçalves Zenóbio, Maurício Greco Cosso, Djalma Cordeiro Menezes Jr Individualização do componente de transferência Impression transfer customization technique – a case report Bruno Gadelha Fernandes Maia, Sérgio Maia Editorial Uma proposta de filosofia global na Implantodontia V ocê consegue perceber a influência das mudanças tecnológicas na sua vida? Todos os dias, falamos com o mundo inteiro em poucos segundos via Facebook, Orkut, MSN, Skype, Twitter. Mas, será que estamos realmente fazendo a mesma “revolução silenciosa” para o benefício de nossos pacientes? Hoje, mais de 300 fabricantes de sistemas de implantes se dividem ao redor do planeta. O mundo da Implantodontia é vasto e a receita para o sucesso depende da mistura equilibrada de dois ingredientes: o primeiro se resume ao material (implantes, superfícies, componentes e biomateriais); o segundo se encontra nas “correntes filosóficas” (faça isto e não faça aquilo). Portanto, o resultado será bem variado. Quantas vezes você já não folheou diversas publicações e pensou “puxa, eu fiz um caso semelhante na semana passada, mas de modo completamente diferente!” Como tudo o que se faz em biologia, existem diversas saídas, mas ao longo do tempo apenas uma vai se mostrar a mais eficaz. Em um mundo extremamente competitivo, a capacidade para gerir conhecimento e integrar filosofias Paulo Rossetti é fundamental. Diante de tudo o que existe hoje, você não gostaria de sair de um congresso tendo a sensação que realmente aprendeu algo novo, ou que tirou aquela dúvida que o atormentava há muito tempo? Caro leitor, esta proposta será melhor apresentada no IN 2011 – Latin American Osseointegration Congress. Uma prática acima da média global para segurança profissional e satisfação das pessoas. Mais uma vez, não mediremos esforços para apresentar um congresso de altíssima qualidade. Aguardem! Paulo Rossetti Editor Científico REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):611 611 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Manipulação de tecido mole com o objetivo de vedamento primário de alvéolo cirúrgico em implante Manipulation of soft tissue for primary closure in immediate dental implant placement – a case report Antonio Otávio Marconcin Neves* Ricardo Hochheim Neto** Leonardo Vieira Bez*** César Augusto Magalhães Benfatti**** RESUMO Com o advento dos implantes dentais e a elucidação dos fatores que regem a osseointegração, a Implantodontia relata alta taxa de sucesso e previsibilidade nos procedimentos reabilitadores implantossuportados. Compreendido esse processo, novas perspectivas visam o comportamento longitudinal do tecido peri-implantar ao redor dos abutments protéticos. Diversos autores mencionam na literatura a importância de se manter uma faixa de tecido ceratinizado ao redor de dentes e principalmente ao redor de implantes como uma barreira ao biofilme bacteriano. A ausência desse tecido ou sua manipulação incorreta pode favorecer o aparecimento de doenças peri-implantares, comprometer a estética vermelha de próteses, elevar o número de procedimentos para possíveis correções do contorno da mucosa, aumento do tempo e custo do tratamento. Esse trabalho tem por objetivo descrever o caso clínico de um paciente reabilitado com implante imediato na região do elemento 15 e fechamento primário do alvéolo com retalho deslizante do palato em L, no intuito de promover um tampão cirúrgico e aumentar a qualidade da mucosa ceratinizada ao redor do implante. Unitermos - Implantes osseointegrados; Mucosa ceratinizada; Retalho palatino. ABSTRACT Higher success rate and predictability in dental implant rehabilitation procedures have been obtained with the advent of dental implants and elucidation of some factors governing osseointegration. Besides, there are new perspectives on the behavior of longitudinal peri-implant tissues around prosthetic abutments. Several authors mention the importance of maintaining a band of keratinized tissue around teeth, particularly around implants as a barrier to bacterial biofilm. The absence of this tissue or its improper handling may favor the onset of peri-implantitis, compromise pink aesthetics of dental prostheses with the appearance of black holes, raising the number of corrective surgical procedures, increasing time and treatment costs. This work describes a case report of a patient undergoing immediate dental implant placement at the region of 15, with a sliding “L” palatal flap in order to promote surgical closure and augmentation of the quality of peri-implant keratinized mucosa. Key Words - Osseointegrated dental implants; Keratinized mucosa; Sliding palatal flap. * Especialista em Implantodontia – Unicsul. ** Mestre e doutor em Implantodontia – UFSC. *** Mestre e doutorando em Implantodontia – UFSC. **** Mestre e doutor em Implantodontia – UFSC. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):613-8 613 Neves AOM • Hochheim Neto R • Bez LV • Benfatti CAM Introdução Relato de Caso Clínico O sucesso das reabilitações com implantes depende, além da sua osseointegração e da correta disposição tridimensional, de um contorno marginal gengival sadio, estável e que favoreça a obtenção de um perfil protético estético1. A instalação de implantes imediatos em alvéolos pósextração apresenta diversas vantagens que aumentam a aceitação do tratamento pelo paciente: eliminação do tempo de espera para a cicatrização do alvéolo, menor número de cirurgias, redução do tempo sem uso da prótese, redução do custo do tratamento e preservação da altura e espessura óssea alveolar para instalação de implantes2-4. Alguns prérequisitos devem ser observados no planejamento de um implante imediato como: remanescente ósseo disponível para o travamento primário, tipo e extensão do defeito, presença de processos infecciosos e se a posição tridimensional do implante favorecerá para um bom perfil de emergência protético. Uma das grandes dificuldades dessa técnica é como estabelecer um fechamento primário da ferida nos casos em que a confecção de uma prótese provisória imediata não é indicada para promover um selamento marginal5. Vários autores afirmam a viabilidade de se obter uma faixa mínima de mucosa ceratinizada ao redor de dentes e implantes, pois concluem que esse tecido influencia na manutenção da saúde peri-implantar, nos níveis de inserção clínica, na profundidade e amplitude do sulco gengival, na resistência e capacidade de dissipação de forças mastigatórias. A impermeabilidade e a imobilidade inerentes da mucosa ceratinizada parecem contribuir como uma barreira para proteger o osso peri-implantar da agressão bacteriana6-14. Esse trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico no qual foi instalado um implante imediato na região do elemento 15 e fechamento primário do alvéolo com a técnica de deslize do retalho palatino em L. Tendo em vista os princípios que regem a conduta científica categorizados pela Declaração de Helsink (2000), o indivíduo envolvido nesse estudo assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a realização desse estudo. O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cruzeiro do Sul aprovou o protocolo no 006/2010. Paciente do gênero feminino compareceu à Clínica do Curso de Especialização em Implantodontia, da Universidade Cruzeiro do Sul de Joinville, com queixa de ausência de um elemento dental. Ao exame clínico intraoral e radiográfico de rotina foi possível constatar a presença de aparato ortodôntico e da raiz residual do elemento 15, curta, distalizada e parcialmente obturada (Figuras 1 e 2). Ao exame clínico extraoral e de saúde geral nada a considerar. Tendo em vista a ausência de contaminação periodontal e endodôntica, preservação dos níveis de inserção clínica e da arquitetura óssea marginal, foi indicado à paciente a extração do elemento residual e imediata instalação de implante osseointegrado. O dente 15 foi extraído atraumaticamente com o auxílio de um periótomo para o rompimento das fibras do ligamento periodontal e preservação da integridade das paredes alveolares. Devido a pouca altura óssea, indicou-se a técnica de levantamento atraumático de seio maxilar15. Perfurações iniciais foram feitas por subinstrumentação e concluídas com auxílio de osteótomos de Summers até atingir o rompimento da cortical da parede inferior do seio maxilar. A seguir, um implante 3.75 x 9 com plataforma tipo hexágono externo foi instalado no leito cirúrgico, buscando um travamento cortical para a estabilidade primária (Figuras 3 a 5). Para o fechamento primário do alvéolo cirúrgico, utilizou-se a técnica de deslize de retalho palatino em L16. Primeiramente, mensurou-se as distâncias mesiodistal e, principalmente, a área vestíbulo-palatal do gap. O esboço Figuras 1 e 2 Situação clínica e radiográfica do elemento 15. 614 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):613-8 Relato de Caso Clínico Caderno Científico de um retalho em forma de L com incisões parciais e paralelas é demarcado (Figura 6). O retalho é planejado para que a perna longa do pedículo seja posicionada para distal e a perna curta esteja perpendicular à área da extração. A distância entre essas incisões é a medida mesiodistal do gap. Uma área triangular é demarcada na parte interna do pedículo com uma incisão parcial adicional (Figura 7). A base do triângulo situa-se na perna curta do L e seu vértice é apontado para distal ao longo da perna longa do pedículo. Figura 3 Alvéolo cirúrgico pós-extração dental. Essa é a peça-chave da técnica, pois a base do triângulo deve ter a mesma dimensão vestíbulo-palatal do alvéolo cirúrgico obtida previamente. A seguir, a área triangular foi divulsionada da mucosa mastigatória com o intuito de promover a mobilidade e avanço coronal necessários ao retalho pediculado em L (Figuras 8 a 10). O pedículo foi liberado do tecido conjuntivo subjacente, mantendo o periósteo íntegro, deslocado sobre a região do alvéolo implantar e suturado na região vestibular (Figuras 11 a 13). Figura 4 Instalação de um implante 3,75 x 9 com plataforma hexagonal externa em alvéolo previamente realizado por sub-instrumentação e com o auxílio de osteótomos. Figura 6 Incisões parciais delimitam o esboço do retalho pediculado em L observando a medida mesiodistal do alvéolo cirúrgico. Figura 5 Implante imediato instalado. Figura 7 Área triangular demarcada pela incisão parcial adicional. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):613-8 615 Neves AOM • Hochheim Neto R • Bez LV • Benfatti CAM Figuras 8 e 9 Divulsão da área triangular para permitir o deslize do retalho pediculado em L. Verificar a manutenção da integridade dos tecidos subjacentes. Figura 10 Área triangular removida, observar a manutenção do periósteo. Figura 11 Retalho pediculado em L liberado do tecido conjuntivo subjacente. Observar a mobilidade conferida capaz de obliterar o alvéolo cirúrgico. Figuras 12 e 13 Reposicionamento do pedículo e sutura para estabilização. 616 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):613-8 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Desse modo, conseguiu-se o fechamento primário da região sem tensão, favorecendo o processo de cicatrização e osseointegração do implante pela manutenção do coágulo sanguíneo e reparo por primeira intenção. Houve um aumento na quantidade de mucosa ceratinizada, a ausência do deslocamento da profundidade de vestíbulo e a manutenção da arquitetura gengival pré-operatória que contribuíram para a saúde peri-implantar e obtenção de um perfil de emergência protético estético. Discussão A implantação imediata em um alvéolo pós-extração é uma alternativa vantajosa frente à técnica convencional, uma vez que permite uma redução significativa do tempo de tratamento. Além disso, as estruturas ósseas do rebordo alveolar são mantidas, o que favorece a instalação do implante em uma posição mais axial e mais favorável que em uma área edêntula há muito tempo17. A preservação da integridade óssea permite a manutenção de uma arquitetura gengival que facilita a formação papilar e um contorno côncavo e uniforme nas próteses sobreimplantes. Uma das grandes dificuldades em implantes imediatos, principalmente em áreas estéticas, é o fechamento primário do alvéolo devido a ausência de tecido mole18. Alguns autores afirmam que em áreas que receberam implantes imediatos deve-se, além dos procedimentos convencionais, dar atenção ao dente extraído, às estruturas adjacentes, às dificuldades cirúrgicas e protéticas. Relatam ainda a necessidade de uma extração atraumática, estabilização do implante nas paredes e no ápice do alvéolo sem comprometer a angulação protética, além da obtenção de um fechamento primário do retalho cirúrgico e cicatrização sem distúrbios2. A obtenção de um tampão cirúrgico pela manipulação tecidual e os métodos de regeneração óssea guiada em implantes imediatos é relatado na literatura como um importante aliado na manutenção da arquitetura marginal e evita a migração de um tecido epitelial que compromete a previsibilidade da osseointegração. Foi verificado que o osso se regenera dentro do alvéolo e envolve o implante quando o epitélio é excluído com a utilização de membranas. O grande desafio no uso de membranas está na manutenção da cobertura da ferida, pois se há exposição ou deiscência existe a probabilidade de infecção, fibrointegração e consequente perda do implante. Sabe-se que os implantes instalados em alvéolos pós-extração não apresentam íntimo contato ósseo permanecendo um gap capaz de alterar a íntima relação tecido ósseo/superfície do implante19,2-3. Diversas técnicas podem ser empregadas para o fechamento primário alveolar em cirurgias implantares pós-exodontias. Em 200216, em um trabalho sobre retalhos deslizantes em implantes imediatos, os autores relatam A implantação imediata em um alvéolo pós-extração é uma alternativa vantajosa frente à técnica convencional, uma vez que permite uma redução significativa do tempo de tratamento. Além disso, as estruturas ósseas do rebordo alveolar são mantidas, o que favorece a instalação do implante em uma posição mais axial e mais favorável que em uma área edêntula há muito tempo17. uma modificação realizada na técnica de fechamento de fístulas bucossinusais objetivando vedamento primário em implantes instalados pós-extração. Afirmam que o retalho pediculado em L pode ser associado com técnicas regenerativas ósseas com apoio de membranas. Descrevem ainda que essa técnica proporciona vantagens sobre outros dispositivos como o uso em grandes defeitos e múltiplos implantes, bom suporte sanguíneo ao retalho e aumento da faixa de mucosa ceratinizada sem comprometer a integridade marginal de dentes vizinhos. Outros pesquisadores20 afirmam que o vedamento primário de alvéolo cirúrgico em implantes imediatos pode favorecer o processo de remodelamento ósseo supracrestal. Entendida a importância do vedamento alveolar para o processo cicatricial em implantes imediatos, a discussão remete à importância da manutenção de uma mucosa ceratinizada peri-implantar. Foram21 estabelecidos os princípios básicos da técnica de enxerto gengival livre e hoje existem diversos relatos na literatura sobre como criar ou aumentar uma faixa de tecido ceratinizado e aprofundar vestíbulos. Essa manipulação tecidual pode ser obtida previamente à instalação de um implante, no transoperatório, no segundo estágio cirúrgico durante a fase de reabertura do implante ou após finalizada a prótese fixa definitiva. É possível obter mucosa ceratinizada em implantes imediatos através de enxertos gengivais livres e através do posicionamento coronal do retalho5. No caso clínico relatado optou-se pelo desenho de um retalho deslizante em L da mucosa mastigatória do palato duro. Atualmente, há uma ampla discussão com relação à viabilidade ou a importância em se obter uma faixa mínima de tecido rico em fibras colágenas ao redor dos elementos dentais e abutments protéticos de implantes osseointegrados. A quantidade mínima de tecido ceratinizado é aquela REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):613-8 617 Neves AOM • Hochheim Neto R • Bez LV • Benfatti CAM capaz de suportar estresses funcionais, atuar nos níveis de inserção clínica e nas dimensões do sulco gengival, além de fornecer impermeabilidade relativa e imobilidade à mucosa marginal, colaborando com a saúde gengival e periimplantar22. Em elementos dentais, o ligamento periodontal tem uma capacidade indutora capaz de fornecer e manter uma quantidade mínima de tecido ceratinizado ao redor de dentes, cerca de 0,5 mm. A ausência completa desse tecido em implantes pode ser inerente pela inexistência do ligamento periodontal23. Diversos autores, com base em evidências clínicas, afirmam a necessidade de uma faixa de mucosa ceratinizada. Embora sejam compatíveis com a saúde gengival, estudos não encontraram, em áreas com a quantidade mínima de tecido ceratinizado, diferenças nas taxas ou extensão e progressão de gengivites24-25. Alguns pesquisadores afirmam que os níveis de inserção em dentes podem ser mantidos estáveis em áreas com mínima quantidade de mucosa ceratinizada, desde que ocorra um controle rigoroso do biofilme bacteriano26. Tendo em vista que em implantes não ocorre inserção da mucosa peri-implantar à superfície do implante ou de abutments protéticos, alguns autores afirmam que as estruturas adjacentes aos implantes são mais propensas a desenvolver um processo inflamatório do que em dentes naturais. Em um estudo sobre progressão de peri-implantites Referências bibliográficas 1. Fouad K, Happe A. 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Wennstrom JL, Lindhe J. Role of attached gingiva for maintenance of periodontal health. J Clin Periodontol 1983;10:206-21. 618 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):613-8 em implantes com e sem mucosa ceratinizada, concluiu-se que os implantes com ausência de mucosa ceratinizada são mais facilmente acometidos por destruição inflamatória do osso lamelar. Contudo, em um estudo sobre a influência da mucosa mastigatória nos tecidos peri-implantares o autor não conseguiu afirmar que a ausência de mucosa ceratinizada aumenta a progressão de peri-implantites27-28. Conclusão A técnica de deslize do retalho palatino é uma excelente opção para o fechamento primário de alvéolos pós-implantes imediatos. Com essa técnica conseguiu-se manter uma faixa de mucosa ceratinizada na vestibular da área reabilitada sem a perda da profundidade de vestíbulo e com a integridade dos tecidos moles adjacentes. Recebido em: jun/2010 Aprovado em: jul/2010 Endereço para correspondência: Antonio Otávio Marconcin Neves Rua Tuiuti, 2.146 – Andar superior – Aventureiro 89226-000 – Joinville – SC Tel.: (47) 3026-7967 / 3435-5953 [email protected] 15. Zhou L, Xu ST, Huang JS, Song GB, Zhang XY. Clinical application of maxillary sinus lift with Summers osteotome. Oral Implant Center 2008;26(3):296-8. 16. Goldstein M, Boyan BD, Schwartz Z. The palatal advanced flap: a pedicle flap for primary coverage of immediately placed implants. Clin. Oral Impl. Res.2002;13:644-50. 17. Chen ST, Dahlin C. Connective tissue grafting for primary closure of extraction sockets treated with an osteopromotive membrane technique: surgical technique and clinical results. Int J Periodontics Restorative Dent 1996;16:348-55. 18. Bianchini MA, Cardoso AC, Magini RS, O passo-a-passo cirúrgico na implantodontia. São Paulo: Santos; 2008. 19. Rosenquist B. 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Relato de Caso Clínico Caderno Científico Enxerto ósseo autógeno com objetivo de restabelecer contorno vestibular de incisivo central Graft bone autogenous with objective of compensating vestibular defect of central incisor Evelyn Juri Rezende Lacerda* Hésio Magri de Lacerda** RESUMO A Odontologia evoluiu notavelmente nas últimas décadas, desde a prevenção de doenças até o tratamento e reabilitação dos indivíduos edêntulos com atrofias severas. A atrofia alveolar após a extração é contínua e irreversível e sua etiologia é multifatorial, portanto, o posicionamento tridimensional do implante em relação ao processo alveolar e aos tecidos moles consiste em um desafio. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso clínico no qual foi utilizado osso autógeno obtido por meio de fresagem com trefina para compensar defeito vestibular em região anterior de maxila e posterior implantação. Neste artigo demonstrou-se que por meio de um enxerto adequado com bons fundamentos científicos previamente à colocação do implante obtemos resultados previsíveis. Unitermos - Implantes dentários; Estética dentária; Enxerto autógeno; Osseointegração. ABSTRACT Dentistry has increasingly evolved in the last decades, from disease prevention through treatment and rehabilitation of edentulous patients with severe atrophic arches. Bone atrophy after tooth extraction is continuous and irreversible; due to its multifactorial etiology, three-dimensional implant positioning related to the alveolar process and soft tissue remains a challenge. This paper reports a case in which an autogenous bone graft was obtained by milling with trephine to compensate for vestibular defect in the maxilla and posterior implantation. Thus, by means of a suitable graft with good scientific foundation prior to implant placement it is possible to obtain predictable results. Key Words - Dental implants; Esthetics dental; Autogenous grafts; Osseointegration. * Mestre e especialista em Implantodontia – Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic. ** Mestre e especialista em Implantodontia – Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):621-6 621 Lacerda EJR • Lacerda HM Introdução Um dos desafios da Odontologia tem sido a recuperação de regiões desdentadas após a perda de um ou mais dentes. Quando um dente é extraído, acaba-se a força aplicada e o sistema harvesiano torna-se inútil. Os osteoclastos reabsorvem esse sistema, ao que se segue a deposição de um novo ósteon mais simples que esteja de acordo apenas com o sistema local de pressões e forças. Inicialmente acreditavase que os implantes imediatos poderiam evitar a reabsorção óssea, principalmente da parede vestibular. Entretanto, esse conceito foi desafiado por trabalhos que mostraram que após a extração, ocorrerá a reabsorção fisiológica do osso alveolar vestibular e lingual/palatino, independente da colocação ou não dos implantes1-2. O enxerto autógeno é altamente osteogênico, osteoindutivo e osteocondutivo. Tem menor reabsorção e morbidade, constitui-se de uma matriz de tecido duro e um componente celular de osteoblastos e osteócitos além de células progenitoras de osteoblastos que expressam atividade osteogênica mediante estímulo adequado3. A incorporação do enxerto envolve diferentes fases, desde a inflamatória inicial até a completa remodelação. Uma das primeiras etapas é a angiogênese que acontece em resposta a fatores que promovem proliferação e crescimento de capilares sanguíneos3-4. A fixação rígida elimina micromovimentações do enxerto e a justa posição do enxerto elimina espaços mortos, favorecendo uma sólida interface5. A revascularização é considerada o aspecto crítico para um bom resultado final de procedimentos de enxertia. Observa-se que a invasão vascular apresenta rapidez variável de acordo com a forma e densidade do enxerto4,6-7; é fundamental que após a consolidação do enxerto, haja mínima perda do volume original e que a maior parte possível seja substituída por osso vital. Reconstruções em altura, espessura ou ambos exigem enxertos em bloco, preferencialmente córtico-esponjosos. O osso em partículas, obtido por trituração ou por raspagem, é apropriado para preencher defeitos ósseos preexistentes ou lojas cirurgicamente criadas, como no caso do levantamento do assoalho do seio maxilar. Adaptam-se de maneira mais eficiente as paredes do sítio receptor por serem facilmente condensados. Deve ser realizado um cuidadoso preparo do leito receptor, preferencialmente com exposição da medula óssea sem, contudo, causar aquecimento ou destruição celular8, o preparo tem o objetivo de aproximar a medula óssea da área receptora (fonte de vasos sanguíneos e células osteogênicas) ao enxerto5,7. A fixação rígida elimina micromovimentações do enxerto e a justa posição do enxerto elimina espaços mortos, favorecendo uma sólida interface5. A formação óssea é conduzida por células sobreviventes do enxerto e pela habilidade da matriz óssea em induzir diferenciação de células osteogênicas na área receptora. 622 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):621-6 Embora enxerto e leito tenham contribuições individuais para o processo, é a soma de suas interações que determinam o sucesso ou a falência do mesmo3,6,9. Não basta que o enxerto esteja incorporado, mas também que o periósteo esteja restituído em forma e função. No momento em que descolamos totalmente os tecidos moles e deixamos o tecido ósseo exposto, estamos destruindo a camada interna do periósteo, que contém as células osteocompetentes e o suprimento sanguíneo10. Devido a esse fato, o tempo ideal para se manipular os tecidos gira em torno de quatro meses, quando há possibilidade da colocação dos implantes para que estes osseointegrem de maneira previsível e segura11. O objetivo deste trabalho foi demonstrar, por meio de um relato de caso clínico, a técnica de aquisição do enxerto autógeno, para melhorar o contorno vestibular de incisivos centrais para posterior implantação e reabilitação protética. Relato de Caso Clínico Indivíduo SN, leucoderma, gênero masculino, ASA I, apresentando atrofia da parede vestibular na região do elemento dental 11. Exame clínico, anamnese, moldagens, montagem em articulador e tomadas radiográficas (Figuras 1) foram feitas para um perfeito planejamento onde se constou a necessidade de um bloco de 10 mm de altura x 10 mm de largura. Previamente à cirurgia, foi feita uma simulação em manequim (Figuras 2), onde a utilização de uma trefina com área interna 10 mm de diâmetro por 10 mm de comprimento nos forneceu as exatas medidas do bloco necessário sem grandes traumas na área doadora. Sob anestesia local, foi feita uma incisão sobre o rebordo da área anodôntica, seguida de incisões relaxantes, e descolado um retalho mucoperiostal que permitiu visualizar o defeito ósseo a ser reparado (Figura 3). Incisões sob o periósteo foram realizadas a fim de diminuir a tensão tecidual e permitir um bom recobrimento do enxerto. Perfurações no leito receptor foram feitas com broca esférica e irrigação com a finalidade de facilitar a revascularização do enxerto (Figura 4). Partiu-se para o acesso na região retromolar com bastante cuidado com os tecidos moles. Por se tratar de região de inserções musculares, quanto melhor for o rebatimento dos tecidos, melhor o pós-operatório (Figura 5). A utilização da trefina, como no planejamento acima, permitiu um bloco com o exato tamanho e forma, não necessitando de manipulação do mesmo (Figuras 6). Com broca esférica carbide de largo diâmetro aplainou-se a área doadora e a coleta de osso particulado foi realizada. Fixou-se o bloco por meio de um único microparafuso 1,5 mm x 10 mm e os espaços residuais foram preenchidos com osso particulado (Figuras 7 e 8). A primeira fase cirúrgica foi finalizada com reposicionamento do retalho e sutura com fio de nylon 4.0 e imediata bandagem da face do paciente proporcionando um controle do edema, Relato de Caso Clínico Caderno Científico limitando os movimentos da mandíbula e musculatura facial e diminuindo a tensão sobre a sutura. A compressa de gelo e a elevação do decúbito durante o repouso completaram os cuidados referentes ao controle do edema facial12. Após sete dias foi removida a sutura e a área operada apresentou bom quadro cicatricial, sem exposição do enxerto. Transcorridos quatro meses, partiu-se para fase de instalação do implante. Após o retalho mucoperiostal para visualização do enxerto (Figura 9) e posicionamento do guia cirúrgico processou-se às fresagens normais que o sistema de implante requer para colocação de um implante cônico de 3,75 x 10 (Neodent, Curitiba-PR), Figura 11. O diferencial é que o microparafuso só foi removido após as fresagens iniciais (Figura 10), o implante foi instalado sob um torque final de 45 N. Figuras 1 Exame clínico e radiográfico. Figuras 2 Planejamento cirúrgico em manequim. Figura 4 Perfurações no leito receptor com a finalidade de facilitar a revascularização do enxerto. Figura 3 Descolamento do retalho mucoperiostal/região receptora; visualização do defeito ósseo a ser reparado. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):621-6 623 Lacerda EJR • Lacerda HM Figuras 6 Utilização da trefina 10 x 10 mm para remoção do bloco. Reparem a total semelhança com o planejamento em manequim. Figura 5 Descolamento do retalho mucoperiostal/região doadora; com respeito aos tecidos moles. Figura 7 Fixação do bloco com um único microparafuso 15 x 10 mm. Figura 9 Transcorridos quatro meses do enxerto reabertura para instalação do implante. 624 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):621-6 Figura 8 Recobrimento com osso particulado colhido da própria área doadora no momento do arredondamento dos bordos. Figura 10 Posicionamento do guia cirúrgico e fresagem antes da remoção do microparafuso. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 12 Após três meses da instalação do implante o parafuso de cobertura estava exposto não requerendo nova cirurgia. Figura 11 Instalação do implante cônico 3,75 x 10 mm com torque final de 45 N. Figura 13 Posicionamento do pilar de preparo reto para prótese cimentada. Figura 14 Coroas plásticas cimentadas. Figura 15 Inicial. Figura 16 Final. Após três meses o parafuso de cobertura estava exposto não precisando de cirurgia de reabertura (Figura 12), procedeu-se imediatamente às moldagens de transferência para confecção e instalação de uma coroa cimentada (Figuras 13 e 14). Concluímos o caso com cimentação de coroas plásticas. As duas últimas imagens referem-se ao posicionamento labial antes e depois do caso concluído (Figuras 15 e 16). Discussão As propriedades osteocondutoras, osteoindutoras e osteogênicas dos enxertos autógenos são indiscutíveis13. No presente caso clínico utilizou-se um bloco onde a estrutura densa e pouco porosa do bloco cortical caracteriza sua reparação por uma primeira fase de reabsorção osteoclás- REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):621-6 625 Lacerda EJR • Lacerda HM O preparo do leito por decorticalização ou perfurações resultou positivamente na integração do enxerto, diferente do que ocorre quando o leito não foi preparado, o que leva a uma união fibrosa5. O preparo do leito é indispensável não apenas como facilitador da revascularização, como reforça estruturalmente a área da interface entre leito e enxerto por ser um sítio de osteogênese5,8,15. tica seguida de um período osteogênico. Os canais vasculares preexistentes são penetrados por células reabsortivas e alargados, ao que se segue invasão de vasos sanguíneos e células osteogênicas. Já aos sete dias, os blocos exibem estes canais de reabsorção, especialmente junto à sua base, onde são frequentes as áreas de reabsorção. Aos 14 dias, estes canais são mais numerosos, alargados e com conteúdo celular. Os canais de Havers e de Volkmann tornaram-se mais evidentes. Estes fenômenos corroboram a opinião de inúmeros autores que afirmam ser lenta a revascularização de blocos corticais com retardo no processo final de remodelação óssea do enxerto3,6,14. O preparo do leito por decorticalização ou perfurações resultou positivamente na integração do enxerto, diferente Referências bibliográficas 1. Araújo MG, Lindhe J. Dimensional ridge alterations following tooth extraction: An experimental study in the dog. J Clin Periodontol 2005;32(2):212-8. 2. Cardaropoli G, Araújo M, Lindhe J. Dynamics of bone tissue formation in tooth extraction sites. An experimental study in dogs. J Clin Periodontol 2003;30(9):809-18. 3. Phillips JH, Rahn B. Fixation effects on membranous and endochondral onlay bone graft revascularization and bone deposition. Plast Reconstr Surg 1990;85(6):891-7. 4. Albreaktsson T. Repair of bone grafts. 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O preparo do leito é indispensável não apenas como facilitador da revascularização, como reforça estruturalmente a área da interface entre leito e enxerto por ser um sítio de osteogênese5,8,15. Esse conhecimento biológico coloca em xeque a indicação e utilização da técnica, corroborando os nossos achados com os autores supracitados. A exigência estética do indivíduo, nos levou a questionar a viabilidade da prótese cimentada, de acordo com o que diz respeito a não existir nenhum estudo conclusivo sobre a superioridade de um sistema sobre o outro, desde que avaliemos rigorosamente o caso para emprego de sua experiência profissional16. Conclusão Após revisão da literatura pertinente e execução do caso clínico, concluímos que a região retromolar representa um recurso anatômico para reconstrução tridimensional de rebordos anteriores e a utilização da broca trefina minimiza o trauma da região doadora melhorando o pós-operatório do indivíduo. O caso clínico nos proporcionou resultado estético favorável. Agradecimento: aos colegas do grupo do curso de mestrado que colaboraram na execução deste caso clínico: Anna Cristina Biagini, Maurício Makoto e Valéria Leobas (orientados pelo professor doutor Alexander Salvoni). Recebido em: mar/2010 Aprovado em: mai/2010 Endereço para correspondência: Evelyn Juri Rezende Lacerda Rua Santa Cruz, 39/103 36500-000 – Ubá – MG Tel: (32) 3541-0798 [email protected] 1990;84(4):578-88. 10. Lemoli RM, Bertolini F, Cancedda R, De Luca M, Del Santo A, Ferrari G et al. Stem Stem cell plasticity: time for a reappraisal? Haematologica 2005;90(3):360-81. 11. Marx RE, Garg AK. Bone structure, metabolism, and physiology: its impact on dental implantology. Implant Dent 1998;7(4):267-601. 12. Pinto AVS, Miyagusko JM, Ramalho SA, Wassall T, Pereira LAV. Fatores de risco, complicações e fracassos na terapêutica com implantes osseointegrados. In: Feller C, Gorab R. Atualização na clínica odontológica. 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Relato de Caso Clínico Caderno Científico Implantes inclinados na reabilitação de maxila atrófica com carga imediata funcional Tilted implants on rehabilitation treatment of atrophic maxilla with immediated function - a case report Euro Luiz Elerati* Mauricéa de Paula Assis** Karolina Marques de Azevedo** RESUMO A pneumatização do seio maxilar e a pouca densidade óssea determinam muitas dificuldades no tratamento reabilitador da maxila atrófica. Nestes casos, o enxerto do seio é o procedimento mais adotado atualmente, porém, muitos estudos avançam na descoberta de alternativas cada vez menos invasivas, mais estáveis e com menores custos. O objetivo deste estudo foi demonstrar, através do relato de um caso clínico, a viabilidade da carga imediata associada a implantes inclinados para o tratamento reabilitador da maxila atrófica, bem como descrever suas vantagens em relação às outras opções de tratamento. No caso relatado, foram colocados dois implantes no sentido axial na região dos incisivos, dois inclinados no sentido distomesial na região dos pilares caninos e dois no sentido mesiodistal, no processo pterigoide do osso esfenoide, transfixando o túber da maxila. A prótese definitiva, do tipo protocolo de Brånemark, foi instalada 72 horas após a cirurgia de colocação dos implantes. A associação de implantes inclinados e carga funcional imediata representam uma alternativa viável e biomecanicamente estável no tratamento da maxila atrófica. Unitermos - Maxila atrófica; Implantes inclinados; Função imediata; Carga imediata. ABSTRACT The maxillary sinus pneumatization and low bone density prevent rehabilitation of atrophic maxillary arches. In these cases, sinus grafting is the most commonly procedure nowadays, but many studies present alternatives increasingly less invasive, more stable and with lower costs. The objective of this study is to demonstrate through a case report, the feasibility of immediate loading associated with tilted implants for the rehabilitation of atrophic maxillae, and to describe its advantages over other treatment options. Two implants were placed in the axial region of the incisors, two inclined towards disto-mesial in the canine regions, and two in the mesio-distal direction, in the pterygoid process of sphenoid bone, transfixing the maxillary tuberosity. Definitive prosthesis, according to the classic protocol, was installed 72 hours after surgery. The association of tilted implants and immediate functional loading represent a viable and biomechanically stable alternative in the treatment of atrophic maxillary arches. Key Words - Atrophic maxilla; Tilted implants; Immediate function; Immediate loading. * Mestre em Reabilitação Oral – UVA/RJ; Especialista em Periodontia – Fousp/Bauru. **Graduando em Odontologia – UFJF. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):629-34 629 Elerati EL • Assis MP • de Azevedo KM Introdução A perda dos dentes maxilares é seguida, progressivamente, da redução da densidade óssea, pneumatização dos seios maxilares e reabsorção do rebordo alveolar nos sentidos vertical e vestíbulo-palatino, caracterizando atrofia maxilar. A reabilitação oral de pacientes com maxilas atróficas tem sido bastante discutida na literatura, já que o osso residual geralmente possui volume insuficiente para colocação de implantes posteriores1. Essa limitação óssea, que atinge principalmente idosos, representa um desafio para os cirurgiões-dentistas e determina a busca de um tratamento cada vez menos invasivo e que permita alcançar função eficiente e estética satisfatória2. Muitas opções terapêuticas para a reabilitação de maxila posterior foram sugeridas. O procedimento do aumento de rebordo alveolar através de enxerto ósseo é a alternativa mais comumente utilizada para o tratamento da maxila atrófica. Porém, a aceitação do paciente é relativamente baixa devido ao risco de morbidade, o dilema de escolha do enxerto e os altos custos3. Além disso, existem complicações pós-cirúrgicas que podem afetar a qualidade do enxerto. O tratamento com fixações zigomáticas tem sido indicado em diversas situações, mas trata-se de uma opção limitada por ser contraindicada em pacientes idosos e com saúde debilitada. A colocação de implantes curtos também é uma opção de tratamento, mas é desaconselhável em locais com má qualidade óssea. A instalação de implantes convencionais em posições anguladas, em sítios ósseos residuais, constitui uma importante alternativa para pacientes portadores de maxila atrófica. A principal vantagem desta técnica consiste na instalação de implantes de forma menos invasiva em comparação aos procedimentos de enxerto. Permite, ainda, a colocação de implantes de maior comprimento e a diminuição das extremidades livres das próteses, favorecendo a biomecânica e permitindo a carga imediata4. Relato de Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 61 anos, procurou a clínica odontológica com o desejo de substituir sua prótese total convencional superior por uma prótese fixa implantossuportada. Havia feito quatro implantes superiores, ambos perdidos há mais de um ano. Possuía um protocolo de Brånemark inferior sobre quatro implantes, em fase provisória. A maxila apresentava reabsorção óssea severa, caracterizando atrofia maxilar (Figura 1). Os cirurgiões-dentistas que consultara anteriormente planejaram a reconstrução da maxila por enxerto ósseo e levantamento de seio maxilar bilateral, o que a paciente não desejava. Não foram relatadas alterações sistêmicas relevantes na anamnese. Exames por imagens foram solicitados: radiografia panorâmica com traçado para implantes e tomografia computadorizada cone-beam 3D/I CAT da região maxilar total (Figuras 2 e 3). Realizou-se a confecção de prótese total convencional e duplicação da mesma para uso como guia multifuncional (Figura 4). Foi feita cirurgia para colocação dos implantes, dois no sentido axial na região dos incisivos, dois inclinados no sentido distomesial na região dos pilares caninos e dois no sentido mesiodistal, no processo pterigoide (Figuras 5 e 6). A inclinação dos implantes foi feita para desviar o seio maxilar, que possuía velamento parcial e pneumatização bilateral aumentada. Foram abertas duas pequenas janelas na parede mesial do seio maxilar para verificação visual do trajeto do Figura 1 Caso inicial. Figuras 2 e 3 Cone-beam. 630 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):629-34 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 4 Próteses totais antiga e nova. Figura 5 Cirurgia para colocação de implantes. Figura 7 Prova da infraestrutura metálica. Figura 6 Instalação de implantes inclinados. Figura 8 Captura da prótese. implante durante a cirurgia. Os implantes foram instalados com abordagem palatina, para seguir a linha de reabsorção da maxila. Foram colocados intermediários MicroUnit (Conexão Sistemas de Prótese) angulados em 30º nos implantes inclinados e intermediários MicroUnit (Conexão Sistemas de Prótese) retos nos implantes convencionais. O guia multifuncional foi usado para definir o posicionamento dos implantes e como moldeira individual. A moldagem dos intermediários foi realizada na mesma sessão da cirurgia e os modelos enviados ao laboratório de prótese, montados em articulador semiajustável, para confecção de barra metálica. Fez-se a prova da infraestrutura 24 horas após a cirurgia (Figura 7). A prótese total foi recortada na região do palato para adaptação passiva da barra e captura com resina acrílica autopolimerizável (Figura 8). O conjunto barra metálica/prótese foi reenviado ao laboratório de prótese para execução do protocolo de Brånemark superior, transformando a prótese total em protocolo (Figuras 9 a 11). Como os implantes foram palatinizados, procurou-se fornecer suporte labial de acordo com os padrões estético e oclusal. Por fim, foi instalada a prótese definitiva, três dias após a cirurgia. O caso está em acompanhamento, com consultas semestrais, para manutenção. A última consulta para controle foi feita um ano e dois meses após o término do tratamento (Figuras 12 a 14). REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):629-34 631 Elerati EL • Assis MP • de Azevedo KM Figuras 9 a 11 Protocolo de Brånemark. Figura 12 Controle radiográfico de um ano. Figuras 13 e 14 Caso finalizado. 632 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):629-34 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Discussão No presente trabalho, a paciente possui atrofia da maxila. A maxila sofre, após a perda dos dentes, alterações estruturais progressivas, como diminuição da densidade óssea, pneumatização dos seios maxilares e reabsorção do rebordo alveolar na direção vestíbulo-palatina e vertical, limitando ou impedindo a instalação de implantes para posterior reabilitação protética5-6. Diante disso, a reabilitação com implantes na região posterior da maxila atrófica apresenta, ainda, um desafio à Implantodontia, visto que existe uma elevada taxa de insucesso no tratamento da maxila atrófica com implantes5-7. A reabilitação sem realizar a enxertia do seio e a aplicação de função imediata também fazem parte deste desafio4. A fixação de implantes convencionais inclinados pode evitar a necessidade de enxertos ósseos, simplificar e encurtar o período de tratamento, reduzir os custos, diminuir a invasão cirúrgica e ser a melhor opção para pacientes geriátricos. A paciente do caso em questão não queria, por motivos psicológicos, submeter-se à cirurgia para enxerto ósseo. As reabilitações maxilares possibilitam inúmeras alternativas de técnicas. A opção pelo tipo de técnica a ser empregada deve envolver uma análise criteriosa das limitações impostas pelo paciente, tanto de ordem local como sistêmica2. Durante as últimas décadas, várias alternativas têm sido propostas para colocar implantes na maxila atrófica posterior8. Implantes curtos podem ser utilizados com segurança como suporte protético na reabilitação de dentes perdidos, com sucesso e longevidade semelhante aos implantes longos9-10. Apesar disto, a literatura relata um melhor resultado na utilização dos implantes osseointegrados, quando o maior contato possível entre a área total da superfície do implante e o osso alveolar é alcançado, por isso há a procura por implantes maiores, tanto em comprimento quanto em diâmetro1. No entanto, a altura óssea disponível é um dos fatores limitantes na determinação do comprimento do implante. Áreas como a região posterior da maxila, devido à expansão do seio maxilar após a perda dentária e a região posterior da mandíbula, devido à proximidade com o canal mandibular, muitas vezes impossibilitam a instalação de implantes longos11. Neste contexto, a utilização de enxertos ósseos previamente à instalação de implantes dentários tem sido uma prática frequente, objetivando uma adequada reabilitação protética, especialmente na maxila desdentada12. O aumento do seio maxilar ou o procedimento de enxerto do seio é bastante utilizado, mas possíveis complicações são a morbidade da área doadora e as relacionadas com a cavidade cirúrgica, como sinusite, fístulas, perda do enxerto ou dos implantes e osteomielites8. Outros inconvenientes dos enxertos são o longo período de tratamento e, em alguns casos, necessidade de anestesia geral e internação hospitalar. Estes fatores em conjunto podem fazer com que os pacientes não aceitem esse tipo de tratamento3. A ancoragem zigomática também pode ser empregada, sendo esta a última opção, por se tratar de técnica sem reversibilidade fácil, contraindicada em alguns pacientes, principalmente idosos e com alterações sistêmicas relevantes2,13. A fixação de implantes convencionais inclinados pode evitar a necessidade de enxertos ósseos, simplificar e encurtar o período de tratamento, reduzir os custos, diminuir a invasão cirúrgica e ser a melhor opção para pacientes geriátricos. Além disso, a técnica oferece a possibilidade de instalação de implantes mais longos, quando comparados aos convencionais em posição axial4-5. O uso de implantes inclinados associados a implantes em posição axial foi a alternativa escolhida, pois reduziria o tempo de tratamento e a invasão cirúrgica, além de possibilitar a instalação de implantes mais longos. A paciente não possuía osso em quantidade suficiente para a instalação de implantes em posição axial abaixo do seio maxilar. O planejamento cirúrgico foi feito por estudo da anatomia maxilar através de tomografia computadorizada conebeam. Radiografias panorâmicas e tomografia computadorizada da maxila são indicadas para todos os pacientes antes do tratamento, para a verificação das estruturas ósseas2,14. Implantes inclinados geralmente são colocados quando não há bastante osso abaixo do seio maxilar, permitindo o sucesso do tratamento através de próteses fixas. O tratamento apresenta-se de forma mais simples, mais previsível, menos caro e com menor tempo, se comparado com o enxerto ósseo do seio maxilar, devido ao período de cicatrização do enxerto8. Foram colocados dois implantes na região dos pilares caninos e dois na região do túber da maxila, com o ápice fixado no processo pterigoide do osso esfenoide e dois implantes em posição axial, todos palatinizados para seguir a linha de reabsorção da maxila. Com a inclinação das fixações, podese obter uma grande área de ancoragem na parede lateral da fossa nasal e medial do seio. Pode-se associar a ancoragem no túber da maxila e processo pterigoide do osso esfenoide, transfixando o primeiro e fixando o ápice do implante no segundo. Isso porque o túber apresenta, normalmente, bom volume ósseo e baixa qualidade. Já o processo pterigoide do osso esfenoide apresenta boa característica óssea em relação à densidade, apesar do volume variar muito2. O uso de implantes no processo pterigoide tem uma REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):629-34 633 Elerati EL • Assis MP • de Azevedo KM taxa de sucesso semelhante aos implantes utilizados em outras áreas da maxila, proporcionando apoio significativo para a estabilização da prótese sobreimplantes, o que dá uma vantagem biomecânica para este tipo de reabilitação12,15. Estudos recentes mostram que os implantes inclinados obtiveram 97% de sucesso em acompanhamento de dez anos16. Os implantes quando colocados em posição palatina podem ser uma alternativa viável para a reabilitação da maxila atrófica14. Neste caso clínico, utilizamos a carga funcional imediata, com instalação da prótese definitiva 72 horas após a cirurgia de fixação dos implantes. Os implantes inclinados colocados em função imediata podem ser uma alternativa viável como abordagem de tratamento para a reabilitação da maxila atrófica4-5,8,16, oferecendo segurança para esta técnica, se obtidos os parâmetros de estabilidade dos implantes2. As complicações mais comuns em reconstruções relacionadas a implantes estão ligadas as condições biomecânicas. Quanto maior a distância entre o centro do implante mais anterior e a porção mais distal dos implantes posteriores, menores as cargas resultantes no sistema do implante por forças com cantiléver, devido ao efeito estabilizador da distância ântero-posterior1. A prótese do tipo protocolo tem menor peso, já que o material estético é resina, favorecendo a biomecânica. Somado a isso, o grau de desgaste dos dentes de estoque mediante eventuais sobrecargas atua como fator de defesa, promovendo melhor dissipação de cargas2. A inclinação dos implantes não promove nenhum efeito deletério sobre os pilares das próteses e pode reduzir o efeito do cantiléver na magnitude da força17. O número de quatro a seis implantes é recomendado, posicionados de forma a não permitir braço de alavanca distal. O maior comprimento dos implantes minimiza o problema do cantiléver. Referências bibliográficas 1. Misch CE. Prótese sobre implantes. Ed. Santos 2006;1:265-309. 2. Nary Filho H, Padovan, LEM. Fixação zigomática. Uma alternativa para reabilitação de maxilas atróficas. Ed. Santos 2008;1:1-80. 3. Barone A, Santini S, Sbordone L, Crespi R, Covani U. A clinical study of the outcomes and complications associated with maxillary sinus augmentation. Int J Oral Maxillofacl Implants 2006;21:81-5. 4. Calandrielo R, Tomatis M. Simplified treatment of the atrophic posterior maxilla via immediate/early function and tilted implants. Clinical Implant Dentistry and Related Research 2005;7(1). 5. Maia BGF, Janh RS, Maia S, Neiva, TGG, Blatt M. Implantes inclinados no tratamento reabilitador da maxila atrófica. Rev. ImplantNews 2008;5(4). 6. Rodriguez–Ciurana X, Nebot V, Mendez V, Segalá, M. Alternativas a la elevación de seno maxilar: rehabilitación del sector posterior del maxilar atrófico mediante Implantes pterigóideos. Rev Esp Cir Oral y Maxilofac 2008;30(6):412-19. 7. Testori T, del Fabbro M, Capelli M, Zuffetti F, Francetti L, Weinstein RL. Immediate occlusal loading and tilted implants for the rehabilitation of the atrophic edentulous maxilla: 1-year interim results of a multicenter prospective study. Clin. Oral Impl. Res 2008;19:227-32. 8. Aparicio C, Perales P, Rangert B, Eng M. Tilted implants as an alternative to maxillary sinus grafting: a clinical, radiologic, and periotest study. Clinical Implant Dentistry and Related Research 2001;3(1). 9. Barboza E, Carvalho W, Francisco B, Ferreira V. Desempenho clínico dos implantes curtos: um estudo retrospectivo de seis anos. R. Periodontia 2007;17(4):98-103. 10. Kotsovilis S, Fourmousis I, Karoussis IK, Bamia C. A Systematic Review and Meta-Analysis 634 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):629-34 O polígono protético, obtido pela distribuição espacial das fixações, representa uma alternativa segura para reabilitação maxilar fixa2. Em casos favoráveis, em que existe boa condição de estabilização dos implantes, pode ser possível o procedimento de carga imediata. Nestes casos, a parte laboratorial protética pode ser antecipada, com acrilização da prótese antes do procedimento, visando reduzir o tempo de tratamento2. A carga imediata associada aos implantes inclinados poderia ser considerada uma modalidade de tratamento viável para a maxila atrófica e não parece haver um diferente resultado clínico entre implantes inclinados e axiais7. Além disso, as próteses são mantidas estáveis14,18. Conclusão A associação entre implantes inclinados e carga funcional imediata, com prótese fixa do tipo protocolo de Brånemark, traz características biomecânicas favoráveis e alta estabilidade protética, permitindo o seu uso de forma previsível em maxilas atróficas, quando em condições ideais de estabilidade na fixação dos implantes. Conclui-se, portanto, que esta é uma alternativa viável na reabilitação de pacientes com maxilas atróficas, com tempo reduzido de tratamento e menos invasão cirúrgica, podendo ser a melhor opção para pacientes geriátricos. Recebido em: abr/2010 Aprovado em: jun/2010 Endereço para correspondência: Euro Luiz Elerati [email protected] 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. on the Effect of Implant Length on the Survival of Rough-Surface Dental Implants. J Periodontol 2009;80(11). Misch CE. Divisions of available bone. In: Misch CE, ed. Contemporary Implant Dentistry, St Louis: the CV Mosby Company 1993;7:128-725. Paleckis LGP, Picosse LR, Vasconcelos LW, Carvalho, PSP. Enxerto ósseo autógeno – Por que e como utilizá-lo. Implantnews 2005;2(4):369-73. Lima HE, Bresaola MD, Nary Filho H. Estudo retrospectivo de reabilitação em maxilas atróficas usando fixações zigomáticas. Rev. Dental Press Periodontia Implantol 2008;2(2):80-90. Peñarrocha M, Carrillo C, Boronat A, Balaguer J, Peñarrocha M. palatal positioning of implants in severely resorbed edentulous maxillae. Int J Oral Maxillofacl Implants 2009;24(3). Mateos L, García-Calderón M, González-Martín M, Gallego D, Cabezas J. Inserción de implantes dentales en la apófisis pterigoides: Una alternativa en el tratamiento rehabilitador del maxilar posterior atrófico. Av Periodon Implantol 2002;14(1):37-45. Rosen A, Gynther G. Implant treatment without bone grafting in edentulous severely resorbed maxillas: a long-term follow-up study. J Oral Maxillofac Surg 2007;65:1010-16. Geremia T, Naconecy MM, Mezzomo LA, Cervieri A, Shinkai LSA. 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O presente trabalho relata um caso clínico no qual foi realizada curetagem da lesão, desinfecção química da área e colocação de membrana reabsorvível bovina sobre o coágulo sanguíneo formado ao redor dos implantes. Após seis meses da intervenção cirúrgica, foi perfeitamente possível reabilitar proteticamente os implantes. Unitermos - Peri-implantite; Implantes orais; Regeneração óssea; Desinfecção. ABSTRACT Nowadays, dental implants are an important component on oral rehabilitation treatment. The number of patients and professionals choosing this kind of treatment has considerably increased. However, some complications have been observed being periapical lesion one of them. This work describes a clinical case on which curettage, chemical disinfection, and the placement of a bovine membrane over the blood clot was performed around the implants. 6 months after surgery. Thus, it was totally possible to make the prosthetic rehabilitation onto the implants. Key Words - Peri-implantitis; Oral implants; Bone regeneration; Disinfection. *Especialista em Dentística – Faculdade de Odontologia do Planalto Central, Brasília/DF; Especialista em Implantodontia – Associação Brasileira de Odontologia, Brasília/DF. **Especialista em Implantodontia – Associação Brasileira de Odontologia, Brasília/DF. ***Especialista em Periodontia e Implantodontia – Associação Brasileira de Odontologia, Brasília/DF. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):637-43 637 Silva W • de Almeida LR • Tomio RN Introdução De acordo com o primeiro Workshop Europeu de Periodontia – realizado em Ittingen, Suíça –, a peri-implantite foi definida como um processo inflamatório que afeta os tecidos ao redor de um implante osseointegrado, resultando em perda de osso suporte1. A lesão periapical de implante é caracterizada pela infecção e, consequentemente, perda óssea, no ápice do implante. Sua etiologia é multifatorial, sendo que dentre os principais fatores causadores, pode-se destacar a microflora patogênica específica do hospedeiro, sobrecarga oclusal, traumas cirúrgicos, e limitações de quantidade e/ou qualidade óssea da área operada2-3. Durante a fase de diagnóstico da lesão, deve-se avaliar a presença de supuração e bolsas ao redor do implante, observar desconforto do paciente na região operada e, ainda, complementar essas informações com exames radiológicos, a fim de detectar áreas de perda óssea margeando o implante1. Assim, como no tratamento das doenças periodontais, a fase inicial da terapia peri-implantar começa pela remoção de cálculo e placa bacteriana com escovas convencionais e curetas não metálicas, como as de teflon, a fim de não arranhar a superfície do implante. Bochechos com antissépticos orais também são recomendados4. Nos casos de perda óssea maior que 2 mm, além da terapia inicial, é necessário antibioticoterapia e terapia cirúrgica regenerativa. Utilizar membranas reabsorvíveis associadas apenas ao coágulo sanguíneo, e sem a utilização de enxertos ósseos, é valido para solucionar pequenos defeitos ósseos5-6. Em alguns casos, a lesão periapical pode recidivar, sendo necessária a remoção parcial ou total do implante7. O objetivo deste trabalho foi demonstrar um protocolo simplificado de desinfecção e regeneração óssea em implantes com lesões periapicais, viabilizando a sua manutenção em função. Relato de Caso Clínico Figura 1 Foto inicial. Paciente do sexo feminino, 50 anos, leucoderma, Asa I, apresentou-se desejando extrair os elementos dentários superiores anteriores e realizar implantes dentários. Ao exame clínico, os elementos 13, 12, 11 e 21 apresentaram mobilidade, além de não possuírem uma proporção estética satisfatória (Figuras 1 e 2). Figura 2 Radiografias periapicais iniciais. 638 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):637-43 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Após análise criteriosa e planejamento multidisciplinar, o caso foi iniciado cirurgicamente com a extração conservadora dos elementos 13, 12, 11 e 21 (Figuras 3 e 4), sendo realizada imediatamente a instalação de implantes (4 x 15 mm – Nobel MK III Tiunite) nos alvéolos dos elementos 13, 12 e 11. Todos os implantes tiveram travamento superior a 45 N. Imediatamente à instalação dos implantes, foi feita a colocação de minipilares cônicos (1 mm – Neodent) com torque de 20 N e moldagem para confecção de carga imediata provisória, com elementos resinosos unidos entre si (Figuras 5 e 6). Após seis meses da cirurgia, na região apical entre os implantes 12 e 11, radiograficamente foi observada imagem radiolúcida e tomograficamente perda parcial da parede óssea vestibular. Clinicamente, foi verificada fístula no ápice do implante da região 12 (Figura 7). O plano de tratamento realizado foi: antibioticoterapia via oral (uma cápsula de amoxicilina 500 mg, de oito em oito horas, por sete dias, iniciada uma hora antes do procedimento cirúrgico); bochecho com Periogard três vezes ao dia, por 30 dias (iniciado no ato cirúrgico), e intervenção cirúrgica para remoção de tecido mole ao redor dos ápices e terço médio vestibular dos implantes 12 e 11. Figura 4 Elementos 13, 12, 11 e 21. Figura 3 Exodontia do 13, 12, 11 e 21. Figura 5 Implantes e transfer de moldagem. Figura 6 Carga imediata provisória instalada. Figura 7 Presença de fístula no implante 12. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):637-43 639 Silva W • de Almeida LR • Tomio RN 640 Figura 8 Remoção dos provisórios com placa bacteriana. Figura 9 Incisão conservadora. Figura 10 Descolamento do retalho. Figura 11 Remoção de tecido mole invaginado. Figura 12 Curetagem de tecido mole ao redor dos implantes. Figura 13 Desinfecção com ácido fosfórico 37%. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):637-43 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 14 Tetraciclina, rifocina e soro fisiológico. Figura 15 Solução de tetraciclina, rifocina e soro fisiológico. Figura 16 Desinfecção com a solução. Figura 17 Lavagem com soro. Figura 18 Membrana reabsorvível. Figura 19 Estabilização da membrana sobre o coágulo. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):637-43 641 Silva W • de Almeida LR • Tomio RN Figura 20 Sutura. Figura 21 Tecido gengival sadio. Figura 22 Coroas metalocerâmicas. Figura 23 Sorriso final. Figura 24 Radiografia panorâmica final imediata. Foram realizadas incisões intrassulculares nos implantes 13, 12 e 11, duas relaxantes na mesial do elemento dental 14 e na mesial do implante 22. Uma minuciosa curetagem nos implantes 12 e 11 com cureta de teflon permitiu a eliminação de toda lesão da área. A desinfecção química foi feita com ácido fosfórico 37%, por 30 segundos, sendo removido com lavagem de soro fisiológico. Em seguida, procedeu-se à uma nova desinfecção com solução de 10 ml de soro fisiológico, mais um comprimido de tetraciclina 500 mg, mais uma ampola de rifocina 250 mg/3 ml, por cinco minutos. Novamente, foi necessária lavagem abundante com soro fisiológico. 642 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):637-43 Foram realizadas incisões intrassulculares nos implantes 13, 12 e 11, duas relaxantes na mesial do elemento dental 14 e na mesial do implante 22. Uma minuciosa curetagem nos implantes 12 e 11 com cureta de teflon permitiu a eliminação de toda lesão da área. A desinfecção química foi feita com ácido fosfórico 37%, por 30 segundos, sendo removido com lavagem de soro fisiológico. Relato de Caso Clínico Caderno Científico A estimulação de sangramento da região para formação de coágulo foi realizada delicadamente com a cureta de teflon. Sobre o coágulo sanguíneo formado na área da intervenção foi colocada uma membrana reabsorvível (Genderm – Baumer). A região foi suturada com fio Vicryl 4.0 (Figuras 8 a 20). Após seis meses da intervenção cirúrgica regenerativa, observou-se completa cicatrização gengival (Figura 21). Foi realizada a moldagem para confecção de coroas metalocerâmicas unidas entre si e com pôntico no elemento 21. Ao final do tratamento verificou-se uma harmonia e equilíbrio no sorriso final da paciente (Figuras 22 e 23). Radiograficamente observa-se o tecido ósseo neoformado e o assentamento da prótese sobre os implantes (Figura 24). Referências bibliográficas 1. Lang, NP, Wilson TG, Corbet EF. Biological complications with dental implants: Their prevention, diagnosis and treatment. Clin Oral Impl Res 2000;11:146-55. 2. Jam T, Linden B, Lekholm U. Failures and complications in 127 consecutively placed partial prosthese supported by Branemark implants: From prosthetic treatment to first annual checkup. Int J Oral Maxillofac Implants 1992;7:40-4. 3. Misch CE. Prótese sobre implantes. São Paulo: Santos, 2006. 4. Heitz-Mayfield L, lang NP. Tratamento antimicrobiano de doenças periimplantares. Int J Oral Maxillofac Implants 2004;19:128-39. Conclusão A situação relatada evidencia a possibilidade de tratamento de implantes com perda óssea localizada no seu ápice. A utilização de substâncias de desinfecção, aliada à colocação de membranas reabsorvíveis juntamente com o coágulo da região, mostrou-se eficaz para a eliminação da infecção e manutenção do implante em função. Recebido em: abr/2010 Aprovado em: jun/2010 Endereço para correspondência: Weider Silva [email protected] 5. 6. 7. Simion M, Baldoni M, Rossi P, Zaffe D. A Comparative Study of the Effectiveness of e-PTFE Membranes With and Without Early Exposure During the Healing Period. Int J Periodont Rest Dent 1994;14:167-80. Schou S, Bergludh T, Lang NP. Tratamento cirúrgico de periimplantite. Int J Oral Maxillofac Implants 2004;19:140-9. Piatelli A, Scarano A, Piattelli M, Vaia E, Matarasso S. 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A associação da hidroxiapatita com o colágeno adiciona propriedades osteoindutoras ao material. O objetivo deste trabalho foi avaliar histologicamente a utilização de um biomaterial nacional composto por hidroxiapatita e colágeno Tipo I (Extra Graft XG-13) em levantamento de seio maxilar. Amostras do enxerto ósseo foram removidas após quatro e dez meses e comparadas histologicamente. Observamos que, após dez meses da realização do enxerto, o biomaterial não foi reabsorvido e a quantidade de tecido ósseo neoformado foi significativamente maior do que a presente na amostra de quatro meses, sugerindo a substituição do tecido conjuntivo por tecido ósseo. Unitermos - Implantes dentários; Hidroxiapatita; Levantamento de seio maxilar; Enxerto ósseo. ABSTRACT Bone regeneration procedures utilizing biomaterials have achieve satisfactory clinical results, high successful rates and less surgical discomfort to the patient. One of the most used biomaterials, hydroxyapatite, is a biocompatible inorganic matrix similar to the mineral bone composition and has bone conductive capacity. Association of collagen to hydroxyapatite adds osteoinductive properties to the graft material. The aim of this study is to evaluate the bone formation capacity of a national biomaterial composed by hydroxyapatite and collagen type I (Extra Graft XG-13) in sinus lifting procedures. Samples were removed 4 and 10 months after graft and compared by histometric evaluation. We detected that after 10 months the biomaterial was not reabsorbed but the amount of new bone tissue was significantly higher than in the 4-month period samples, suggesting that the connective tissue was substituted by new bone tissue. Key Words - Dental implants; Hydroxyapatite; Sinus lift; Bone grafts. *Especialista, mestre e doutora em Cirurgia Bucomaxilofacial – Fousp; Professora do Curso de Pós-especialização em Reabilitação Oral – Cetao. **Pesquisadora – Inpes; Coordenadora do Centro de Diagnóstico Odontológico – Cetao; Doutora em Patologia Bucal – Fousp. ***Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial – Fousp; Professora dos Cursos de Especialização em Implantodontia e Cirurgia Avançada – Cetao. ****Especialista em Implantodontia; Mestranda em Periodontia; Professora dos Cursos de Especialização em Implantodontia e Cirurgia Avançada – Cetao. *****Mestre e doutorando em Implantodontia – Unesp; Coordenador dos Cursos de Especialização em Implantodontia, Cirurgia Avançada e Pós-especialização em Reabilitação Oral – Cetao; Pesquisador – Inpes. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):647-52 647 Dantas AK • Tucci R • Lima AD • Tsukumo S • Abla M Introdução A utilização de implantes osseointegrados tem permitido a reabilitação de pacientes edêntulos com resultados previsíveis e alto índice de sucesso, quando existe adequada quantidade e qualidade óssea para a estabilização dos implantes1. Em regiões edêntulas posteriores de maxila, devido à pneumatização do seio maxilar e reabsorção da crista alveolar, é comum observarmos a deficiência tanto em altura quanto em espessura óssea. A cirurgia de levantamento de seio maxilar é amplamente utilizada para aumentar a quantidade óssea nessa região posterior de maxila e permitir a instalação de implantes2. Nesse tipo de cirurgia, o osso autógeno é o padrão ouro para os enxertos; entretanto, a necessidade de leito doador, o aumento da morbidade do procedimento e a dificuldade de aceitação por alguns pacientes incentivam a busca por biomateriais capazes de substituí-lo. Vários materiais têm sido utilizados como alternativa, entre eles, matriz óssea bovina, osso alógeno, hidroxiapatita, DFDBA2-3, fosfato tricálcico, vidro bioativo4 entre outros, que podem ser associados ou não ao osso autógeno, ao plasma rico em plaquetas ou a proteínas morfogenéticas (BMP)5. A hidroxiapatita é uma matriz mineral biocompatível que apresenta similaridade com a composição do osso mineral e capacidade de osteocondução. Ela pode ser utilizada associada ou não a outros compostos como fosfato tricálcico6 e enriquecida com magnésio7. Relatos sugerem que a associação da hidroxiapatita com o colágeno Tipo I apresenta um alto índice de sucesso devido a biocompatibilidade e a capacidade de formação de uma matriz tridimensional favorável à aderência e proliferação de osteoblastos, associados à vantagem da propriedade de osteoindução do colágeno e à superior bioatividade e osteocondução da hidroxiapatita7-8. Figura 1 Radiografia inicial. 648 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):647-52 Um produto comercializado no mercado nacional é o Extra Graft XG-13, composto por 75% de hidroxiapatita e 25% de colágeno Tipo I, ambos de origem bovina e esterilizados por raios gama. A associação do colágeno com a hidroxiapatita forma um biocomposto seguro, não apresentando nenhum grau de citotoxicidade e sem relato de reações adversas. Acrescido a este fator, o Extra Graft XG-13 é um material facilmente moldável, branco, flexível, borrachoide e com alta agregação ao defeito ósseo. Tais qualidades tornam o Extra Graft XG-13 uma opção que simplifica a realização dos procedimentos cirúrgicos com boa adaptação à área a ser enxertada. Proposição O objetivo deste trabalho foi relatar um caso clínico de realização de enxerto ósseo para levantamento de seio maxilar utilizando-se Extra Graft XG-13 e verificar histologicamente o comportamento deste enxerto aos quatro e aos dez meses de pós-operatório. Relato de Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 45 anos, portadora de prótese parcial removível superior, apresentava ausência bilateral dos dentes posteriores e significativa reabsorção óssea em maxila (Figura 1). A reabilitação com implantes osseointegráveis estava contraindicada nesta paciente devido à insuficiente altura óssea (entre 2 e 4 mm) nas regiões de seios maxilares. Por este motivo, optou-se pela realização de levantamento do seio maxilar utilizando-se o Extra Graft XG-13 (Figura 2). Após quatro meses do enxerto realizado, foram instalados três implantes no lado esquerdo (Figuras 3 e 4); neste momento, uma amostra de material foi colhida para análise histológica. Depois de seis meses (dez meses após o enxerto), foi feita a reabertura desses implantes e coletada outra amostra da região. Figura 2 Radiografia após levantamento do seio maxilar utilizando-se Extra Graft XG-13. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 3 Radiografia após instalação dos implantes. Figura 4 Radiografia após instalação das próteses unitárias. Figura 5 Sequência de brocas sistema Ankylos. Figura 6 Condição clínica após dois anos de acompanhamento. Procedimentos cirúrgicos A. Primeira etapa: levantamento do seio maxilar esquerdo A paciente realizou bochecho com clorexidina 0,12% por um minuto antes da intervenção. O procedimento foi realizado sob anestesia local infiltrativa (mepivacaína 2% com adrenalina 1:100.000). O acesso à parede lateral da maxila foi realizado através de uma incisão sobre a crista e outra relaxante vestibular na mesial com posterior descolamento de retalho mucoperiostal. A abertura do seio maxilar foi feita com broca diamantada de baixa rotação e irrigação com soro fisiológico. A membrana sinusal foi cuidadosamente deslocada, sem nenhuma intercorrência ou rompimento da mesma. O preenchimento do seio maxilar foi realizado com Extra Graft XG-13, utilizando-se quatro blocos de 1 g cada, através de condensação firme. Foi colocada uma membrana biológica de origem bovina (Genderm) cobrindo o material enxertado na abertura do seio. O retalho foi reposicionado, suturado e a paciente foi medicada com Amoxicilina 500 mg associada ao clavulanato de potássio durante sete dias, Spidufen100 mg durante três dias e Paracetamol 750 mg em caso de dor. B. Segunda etapa: colocação dos implantes dentários A segunda etapa cirúrgica foi realizada após quatro meses. Nesta etapa foi feita a instalação de três implantes com conexão tipo cone-morse Ankylos de 11 mm na região dos dentes 24, 25 e 26. As perfurações foram realizadas utilizando a broca esférica para confecção de um platô, seguida das brocas piloto e helicoidal, atingindo o comprimento do implante selecionado e finalmente a fresa cônica, sem a necessidade de utilizar o formador de rosca (Figura 5). Nesse momento de instalação dos implantes, foram colhidas amostras de osso da região do seio maxilar esquerdo, com o uso de trefina 3 mm, a partir das quais, foram feitas as análises histológicas. Após dez meses do enxerto, foi realizada a reabertura desses implantes escolhida outra amostra de material para análise. Em dois meses, as próteses metalocerâmicas estavam instaladas. Após dois anos de acompanhamento observamos uma retração gengival de 1 mm no 26 (Figura 6), porém, sem REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):647-52 649 Dantas AK • Tucci R • Lima AD • Tsukumo S • Abla M apresentar sangramento a sondagem e sem perda óssea ao redor do implante (Figuras 7). Análise microscópica e histomorfométrica Utilizando-se um microscópio de luz binocular (Nikon YS-100), procurou-se observar a presença de tecido ósseo neoformado e biomaterial na área do enxerto. A avaliação histomorfométrica foi realizada utilizando-se a grade de Merz9, que foi sobreposta aos cortes histológicos, com aumento original de 20 x, sendo computada a quantidade de trabéculas ósseas, tecido conjuntivo fibroso e biomaterial, em porcentagem, aos quatro e dez meses após o enxerto ósseo. A análise histológica mostrou tecido ósseo com áreas de 650 atividade osteogênica e osteoblástica e a presença integral do biomaterial nos dois períodos. Após quatro meses do enxerto, evidenciam-se trabéculas de tecido ósseo neoformado circunscrevendo as partículas remanescentes de biomaterial e áreas de tecido conjuntivo fibroso (Figura 8). Quando avaliado pela grade de Merz, foi observado maior percentual de biomaterial (54%) do que tecido ósseo (22%) e tecido conjuntivo (24%). Após dez meses do enxerto, comparando-se com a amostra de quatro meses, evidenciam-se partículas de biomaterial (52%) circunscritas por maior quantidade de tecido ósseo neoformado (47%) e pequenas áreas de tecido conjuntivo (1%) (Figura 9). Figura 7a Radiografia final do caso. Figura 7b Radiografia após dois anos de acompanhamento. Figura 8 Avaliação histológica após quatro meses do enxerto. As áreas em negativo correspondem ao biomaterial. Osso neoformado e tecido conjuntivo estão indicados na figura. Figura 9 Avaliação histológica após dez meses do enxerto. As áreas correspondentes ao biomaterial e tecido ósseo neoformado estão indicadas na figura. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):647-52 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Revisão da Literatura e Discussão A técnica de levantamento do seio maxilar é um procedimento usado frequentemente para a reabilitação de maxila posterior atrófica, apresentando índices de sucesso superiores a 90%10. Uma revisão da literatura de diferentes materiais para enxerto em levantamento de seio maxilar, em estudos com animais, mostrou que a hidroxiapatita porosa é adequada para esse procedimento. Histologicamente, os enxertos exibiram uma quantidade significativa de nova formação óssea e os grânulos aparecem integrados com o osso neoformado. As análises histomorfométricas revelaram que a colocação tardia do implante promove uma quantidade maior de contato direto osso mineralizado/implante do que quando é instalado no mesmo tempo cirúrgico11. Vários autores realizaram a avaliação histológica de enxertos com biomateriais em humanos. Todos eles descrevem a quantidade de tecido ósseo neoformado ao redor do biomaterial, a qualidade deste tecido, presença de vasos sanguíneos e a presença ou ausência de inflamação2-3,11-12. Em uma avaliação histologica13 de cinco levantamentos de seio maxilar realizados com 50% de osso autógeno e 50% de hidroxiapatita, foram coletadas amostras após dez meses da realização dos enxertos. O autor relata que a análise histológica revelou a presença de osso maduro com áreas compactas e esponjosas e alta densidade óssea. Algumas partículas de hidroxiapatita foram parcial ou totalmente envoltas por tecido fibroso e o processo de formação óssea foi bem identificado pela presença de osteoblastos e sistemas Haversianos. Blocos de hidroxiapatita porosa (Engipore), moldados pelo cirurgião durante o ato operatório, e grânulos para preencher pequenos gaps, foram usados em 24 pacientes para elevação de seio maxilar. Biópsias realizadas seis meses após, durante a instalação dos implantes, mostraram grande quantidade de osso neoformado (40%) e pequena de biomaterial (10%), sugerindo sua reabsorção12. O composto hidroxiapatita fosfato tricálcico junto com osso autógeno resultou, após seis meses, em osso neoformado com muitos osteócitos ao redor das partículas em 27 levantamentos de seio6. No caso relatado, a paciente apresentava ausência bilateral dos dentes posteriores e significativa reabsorção óssea em maxila. O levantamento de seio maxilar foi feito com hidroxiapatita associada ao colágeno Tipo I e, assim como em outras pesquisas2-3,10-11, foi avaliado o comportamento histológico deste enxerto. No que diz respeito à importância da presença do colágeno Tipo I em biomateriais utilizados nos enxertos, estudos vêm mostrando resultados interessantes. A presença de colágeno Tipo I mostrou formação óssea mais rápida que em outros tipos de enxertos usados em levantamento de seio maxilar, assim como ocorre um aumento na quantidade de osso vital quando esse peptídeo é utilizado14. Analisando histologicamente amostras de levantamento de seio maxilar com hidroxiapatita e colágeno Tipo I após cinco meses, outro autor2 também observou ausência de inflamação, neoformação óssea entre as partículas de hidroxiapatita, presença de osteócitos e vasos. Resultados semelhantes aos encontrados na literatura3,11 foram observados em nosso caso, utilizando o Extra Graft XG-13. Uma hidroxiapatita enriquecida com magnésio mostrou resultados histológicos e histomorfométricos parecidos7. No que diz respeito à importância da presença do colágeno Tipo I em biomateriais utilizados nos enxertos, estudos vêm mostrando resultados interessantes. A presença de colágeno Tipo I mostrou formação óssea mais rápida que em outros tipos de enxertos usados em levantamento de seio maxilar, assim como ocorre um aumento na quantidade de osso vital quando esse peptídeo é utilizado14. A análise histológica deste caso de enxerto, realizado com a hidroxiapatita bovina e colágeno I, removido após quatro meses, mostrou presença do biomaterial, circunscrito por tecido ósseo vital. Não foram observadas áreas de tecido ósseo necrótico e inflamação. Quando avaliada pela grade de Merz, foi observado maior percentual de biomaterial do que tecido ósseo e tecido conjuntivo. Isto mostra que o biomaterial comportou-se como osteocondutor e que houve neoformação óssea suficiente para a implantação de implantes dentários. Comparando-se a amostra de quatro com a de dez meses, evidencia-se maior quantidade de tecido ósseo neoformado circunscrevendo as partículas de biomaterial. Estes REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):647-52 651 Dantas AK • Tucci R • Lima AD • Tsukumo S • Abla M resultados mostram o potencial osteocondutor do Extra Graft XG-13 e sugerem que ocorre um aumento considerável de osso neoformado ao redor do biomaterial e diminuição do tecido conjuntivo ao longo do tempo. O mesmo percentual de partículas de hidroxiapatita nas duas amostras (quatro e dez meses) demonstra que não ocorreu reabsorção do biomaterial, similar ao encontrado por outro autor6 em biópsias de seis e nove meses com composto hidroxiapatita/fosfato tricálcico; mas com aumento evidente de neoformação óssea. Mesmo dado observado em análise histológica de espécime post-mortem de paciente submetido a levantamento de seio e implantes com sucesso clínico de dez anos15. A paciente encontra-se em acompanhamento após dois anos de realização dos enxertos e colocação dos implantes dentários. Todos os implantes colocados estão osseointegrados e cumprindo suas funções estéticas e funcionais. Conclusão A avaliação histológica após quatro meses do enxerto realizado com Extra Graft XG-13 evidenciou maior quanti- Referências bibliográficas 1. Silva FMS, Mazzonetto R. Avaliação clínica e histológica da associação de enxerto ósseo bovino e proteína óssea morfogenética em levantamento de seio maxilar. 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Histologicamente, um aumento considerável da quantidade de osso neoformado foi observado na amostra do enxerto de dez meses quando comparada a de quatro meses. Nossos resultados sugerem que o biomaterial não é reabsorvido e o tecido conjuntivo é substituído por tecido ósseo. A utilização do biomaterial permitiu o aumento do volume ósseo e a instalação de implantes dentários, que apresentaram osseointegração satisfatória com as próteses em função e dois anos de acompanhamento. Recebido em: abr/2010 Aprovado em: jun/2010 Endereço para orrespondência: Marcelo Abla / Renata Tucci Av. Indianópolis, 153 – Moema 04360-000 – São Paulo – SP Tel.: (11) 5051-2370 [email protected] / [email protected] 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. Biomédicas [tese]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2004. Merz WA. Die Streckenmessung an gerichteten Strukturen im Mikroskop und ihre Anwendung zur Bestimmung von Oberflachen Volumen Relationen im Knochengewebe. Mikroskopie, Wien 1967;22(5):132-42. 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Foram confeccionados três modelos em resina fotoelástica PL-2 (Vishay, Micro-Measurements Group, Inc Raleigh, NC EUA), com um implante de hexágono externo de 3,75 x 10 mm (Master screw, Conexão Sistemas de Prótese Ltda., Arujá, São Paulo) angulado a 0°, 17° e 30° com a prótese parafusada, com intermediários Ucla e Esteticone. O conjunto foi posicionado em um polariscópio circular e foi aplicada uma carga de 100 N em direção axial e oblíqua (45°), em pontos fixos na superfície oclusal das coroas, com ajuda de uma máquina ensaio universal (Emic). As tensões geradas foram registradas fotograficamente e posteriormente analisadas qualitativamente em programa gráfico (Adobe Photoshop). Os resultados mostraram o mesmo número de franjas para os dois tipos de intermediário e as franjas aumentaram conforme o aumento da angulação. Houve um maior número de franjas, quando da aplicação de carga oblíqua. Concluiu-se que: não houve diferença significativa na distribuição das tensões nas próteses com intermediário Ucla e Esteticone. Houve maior concentração de tensões na medida em que se aumentou a angulação do implante. A carga oblíqua produziu uma maior concentração e intensidade de tensões que a carga axial. Unitermos - Implante dentário; Biomecânica; Prótese fixa. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the influence of implant angulation and abutment type (UCLA and Estheticone) on stress distribution in screw-retained implant-supported prostheses through photoelasticity. Three models were fabricated with photoelastic resin PL-2 (Vishay, Micro-Measurements Group, Inc Raleigh, N.C., USA) containing one external hexagon implant with 3.75x10mm (Master screw, Conexão Sistemas de Prótese Ltda., Arujá, São Paulo) with 0°, 17° and 30° degrees and a screw-retained prostheses with Ucla and Estheticone abutments. The assembly was positioned in a circular polariscope; axial and oblique (45° degrees) loads of 100N were applied in fixed points on the occlusal crown surfaces by a universal testing machine. The stress generated was photographed and analyzed qualitatively with appropriate software (Adobe Photoshop). The results demonstrated the same number of fringes for both abutment types for each angulation, with fringes increasing in the same way. A higher number of fringes were closer in the oblique loading mode. It was concluded that there was no significant difference in stress distribution in prostheses with Ucla and Estheticone abutments. Higher stress concentrations were observed with increased implant angulation. Stress concentration and intensity were higher in the oblique load than in axial load application. Key Words - Dental implants; Biomechanics; Fixed dental prostheses. *Professor adjunto – Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese – Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista – Unesp. **Aluna do Programa de Doutorado em Odontologia, Prótese Dentária – Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista – Unesp. ***Aluna do Programa de Mestrado em Odontologia, Prótese Dentária – Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista – Unesp. ****Cirurgião-dentista. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):655-60 655 Pellizzer EP • Falcón-Antenucci RM • Sánchez DMIK • Rinaldi GAT • de Aguirre CC Introdução a uma necessidade estética, é conhecido comercialmente como Esteticone, que precisa de um espaço interarcos maior Numerosos estudos clínicos longitudinais retrospectique 4,5 mm. Este tipo de intermediário permite um perfil vos e prospectivos1-3 têm mostrado a previsibilidade e londe emergência mais estético12,14. gevidade das restaurações implantossuportadas. Entretanto, Pesquisa em fotoelasticidade9 mostrou que a tensão comeste tipo de reabilitação não está livre de complicações pressiva medida pelos extensômetros para os intermediários mecânicas, biológicas, falhas ou limitações4. As limitações de 15° e 20° foi, respectivamente, de 170% e 190% quando anatômicas na maxila e mandíbula podem determinar a comparados às tensões compressivas com o intermediário orientação dos implantes e quando a instalação e inclinação reto (0°). Sob similares condições de carregamento, um dos implantes prejudica as perspectivas restauradoras faz-se estudo pelo método dos elementos finitos17 (MEF) revelou necessário o uso de intermediários angulados para superar que a tensão compressiva aumentou quando a angulação as limitações estéticas e funcionais5-6. do intermediário variou de 0° a 20°. Por meio da metodologia A angulação do intermediário é uma das variáveis de fotoelasticidade18 foi observado que houve um aumento 7 mecânicas envolvidas na Implantodontia . Este fator pode de 11% na intensidade de tensões quando a angulação do influenciar na estrutura óssea8 e, consequentemente, a resintermediário aumentou de 0º a 25°; entretanto, quando posta do osso pode estar relacionada à tensão ou deformação utilizada a metodologia do estudo da deformação através de ao qual está sujeito9. Entretanto, a sobrecarga não é o único extensômetros18 observamos que para intermediários de 15° e fator que afeta a osseointegração, a excessiva micromovi25°, respectivamente, o aumento das tensões foi 3 e 4,4 vezes mentação na interface osso/implante também pode ser damaior que o modelo controle (0°). Outra pesquisa19 pelo MEF 3D, ao avaliar intermediários angulados de 0º, 15º e 25° na maxila, observou que os intermediários angulados acima de 25° A angulação do intermediário é uma das variáveis produziram tensões 18% maiores na região perimecânicas envolvidas na Implantodontia7. Este fator pode implantar. Entretanto, a relevância clínica deste 8 aumento de tensão não é clara. Estudos clínicos influenciar na estrutura óssea e, consequentemente, longitudinais4,6,20 demonstraram que a angulaa resposta do osso pode estar relacionada à tensão ção do intermediário não parece ter influência na taxa de sobrevivência dos implantes, quando ou deformação ao qual está sujeito9. comparado aos intermediários retos. Não existe um consenso entre os pesquisadores em relação à influência da inclinação nosa10. Porém, o osso pode tolerar tensões dentro dos limites dos intermediários na distribuição das tensões na interface fisiológicos, os quais são diferentes para a compressão e osso/implante. Portanto, são necessários mais estudos com tensão. Contudo, se estas forças excederem estes limites o intuito de esclarecer o comportamento biomecânico destes podem produzir reabsorção óssea e, consequentemente, a componentes. perda do implante11. O processo de seleção do intermediário envolve a Proposição avaliação da posição, angulação, espaço interarcos e altura do tecido ao redor do implante12. Os intermediários no O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência mercado internacional estão disponíveis nas angulações de da angulação entre o implante e intermediários tipo Ucla e 0 a 40 graus, dependendo do tipo de conexão5,12-14 e marca Esteticone, na distribuição das tensões em próteses parafucomercial. No mercado nacional existem intermediários com sadas implantossuportadas, pelo método da fotoelasticidade. diversas angulações, por exemplo: 0, 15, 17, 25 e 30 graus. Existem vários tipos de intermediários com diferentes tamaMaterial e Métodos nhos, forma e tipo de restauração, entre os mais conhecidos temos: o intermediário cilíndrico, comercialmente chamado A partir de uma matriz de cera, simulando uma hemide Ucla, que permite confeccionar a restauração diretamente mandíbula, foi confeccionado um molde utilizando-se silicone conectada ao implante por meio de um parafuso, resolvendo de duplicação (Sapeca artesanato, Bauru, São Paulo, Brasil), problemas de espaço interarcos limitado (o intermediário que foi vazado com gesso especial tipo IV (Durone, Dentsply, Ucla consiste em um tubo plástico desenhado para adaptarPetrópolis, Rio de Janeiro, Brasil), obtendo-se três modelos de se de forma precisa sobre a superfície do implante, a base gesso. Nestes modelos foram inseridos análogos dos implandeste intermediário permite a confecção de um colar metátes (Conexão Sistemas de Prótese Ltda., Arujá, São Paulo) na lico cervical, que permite a confecção da restauração sobre região do pré-molar, com ajuda do delineador e uma matriz o implante)15-16. O intermediário cônico, que surgiu devido angulada (17° ou 30°). Após a duplicação destes modelos, 656 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):655-60 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico obteve-se outro molde, onde foram posicionados os implantes de hexágono externo de 3,75 x 10 mm (Master screw, Conexão Sistemas de Prótese Ltda., Arujá, São Paulo), com diferentes angulações para cada modelo. A seguir o molde foi preenchido com resina fotoelástica (PL-2, Vishay, MicroMeasurements Group, Inc Raleigh, NC USA), manipulada de acordo com as instruções do fabricante. Após o vazamento dos moldes, estes foram colocados sob uma pressão de 40 lbf/ pol2 para a remoção de bolhas internas, obtendo-se assim três modelos fotoelásticos (modelos 1, 2 e 3). Para cada modelo foram confeccionadas duas próteses fixas parafusadas unitárias com intermediário Ucla e Esteticone (situação A e B respectivamente); o material utilizado foi uma liga de Ni-Cr (Fit Cast –SB Plus, Talladium do Brasil, Curitiba, PR). Com o intermediário Ucla a coroa foi esculpida diretamente e o conjunto possuía um parafuso passante, já o intermediário Esteticone possuía dois parafusos, o parafuso do implante e o da coroa. Para garantir uma padronização das coroas, utilizou-se uma matriz de silicone. As próteses Modelo Descrição 1A Implante com prótese unitária parafusada com intermediário Ucla com 0º. 2A Implante com prótese unitária parafusada com intermediário Ucla com 17º. 3A Implante com prótese unitária parafusada com intermediário Ucla com 30º. 1B Implante com prótese unitária parafusada com intermediário Esteticone com 0º. foram parafusadas ao implante com torque de 20 N, em cada modelo fotoelástico. A descrição dos modelos pode ser observada no Quadro 1. O conjunto foi posicionado em um polariscópio circular e, inicialmente, foi realizado o registro fotográfico sem aplicação de cargas para verificar a ausência de tensões nos modelos fotoelásticos (Figura 1). Seguidamente, foram aplicadas cargas axiais e oblíquas (45°) de 100 N, em pontos fixos e padronizados, na superfície oclusal de todas as coroas com o auxílio de uma máquina de ensaio universal (EMIC-DL 3000, São José dos Pinhais, Paraná, Brasil), que foi programada para transmitir a carga durante um período de dez segundos. Para aplicação da carga oblíqua foi utilizado um suporte pré-angulado a 45°. Os resultados foram registrados por meio de uma câmera digital (Nikon D80, Nikon Corp, Japan) e, posteriormente, visualizados em programa gráfico de computador (Adobe Photoshop CS3, San Jose, California, USA) para facilitar sua análise21. Os registros fotográficos das amostras foram analisados para verificar a direção de propagação e intensidade das tensões, conforme a análise qualitativa, já aplicada por vários autores21-23. Esta análise consiste em: quanto maior o N (ordem da franja) e o número de franjas, maior a intensidade de tensão e quanto mais próximas as franjas umas das outras, maior a concentração de tensões. Para facilitar, a análise foi dividida da seguinte maneira: de acordo com o número de franjas de alta intensidade (transição verde-vermelho) e de acordo com a área de concentração das tensões. Todas as imagens foram avaliadas por um mesmo observador. 2B Implante com prótese unitária parafusada com intermediário Esteticone com 17º Resultados 3B Implante com prótese unitária parafusada com intermediário Esteticone com 30º QUADRO 1 – MODELOS USADOS NO ESTUDO De acordo com o número de franjas de alta intensidade Analisando o Quadro 2 se observa que o número de franjas variou em função da inclinação do implante independentemente do tipo de intermediário. QUADRO 2 – NÚMERO DE FRANJAS DE ALTA INTENSIDADE Modelos Figura 1 Modelo fotoelástico livre de tensões. Tipo de Carga Axial Oblíqua Número de franjas Número de franjas 1A 1 5 2A 3 6 3A 4 7 1B 1 4 2B 3 6 3B 4 7 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):655-60 657 Pellizzer EP • Falcón-Antenucci RM • Sánchez DMIK • Rinaldi GAT • de Aguirre CC De acordo à área de concentração das franjas • Carga axial Os modelos apresentaram padrões de distribuição de tensões similares para cada tipo de angulação. Nos modelos 1A e 1B (Figuras 2) as tensões concentraram-se na região cervical e no ápice do implante; entretanto, a área de concentração na região cervical foi maior para o modelo 1B. Nos modelos 2A e 2B (Figuras 3) as tensões concentraram-se na região cervical e no ápice do implante (face mesial). A área de concentração de tensões foi maior para o modelo 2B, principalmente na região cervical e terço médio do implante. Nos modelos 3A e 3B (Figuras 4) as tensões concentraram-se ao redor do corpo do implante, sendo de mais alta intensidade e mais concentradas no ápice do implante, para ambos os modelos. No modelo 3B as tensões apresentaram-se mais concentradas no lado mesial do implante. Ao comparar os modelos observou-se que conforme o aumento da angulação do implante resultou no aumento da concentração que foi maior e houve um pequeno aumento na intensidade de tensões. • Carga oblíqua Os modelos apresentaram padrões de distribuição de tensões similares para cada tipo de angulação. Para os modelos 1A e 1B (Figuras 5) as tensões concentraram-se na região cervical e no ápice do implante, entretanto, a área de concentração na região cervical foi maior para o modelo 1B. Nos modelos 2A, 3A, 2B e 3B (Figuras 6 e 7) as tensões concentraram-se ao redor do corpo do implante, a maior concentração de tensões localizou-se no terço apical para todos os modelos. Os modelos com intermediário Ucla A Figuras 2 Carga axial. A. Modelo 1A. B. Modelo 1B. 658 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):655-60 B (modelos 2A e 3A – Figuras 6) apresentaram as franjas mais dissipadas que os modelos com intermediário Esteticone (modelos 2B e 3B – Figuras 7) o que corresponde a uma menor concentração de tensões. Ao comparar os modelos com carga oblíqua observouse que o aumento da angulação do implante aumentou a concentração de tensões. Quando comparamos os modelos com carga axial e oblíqua, verificamos que o padrão de distribuição das franjas foi diferente. Nas cargas oblíquas o número de franjas e a concentração das tensões foi maior que nas cargas axiais. A B Figuras 3 Carga axial. A. Modelo 2A. B. Modelo 2B. A Figuras 4 Carga axial. A. Modelo 3A. B. Modelo 3B. B Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Discussão A B Figuras 5 Carga oblíqua. A. Modelo 1A. B. Modelo 1B. A B Figuras 6 Carga oblíqua. A. Modelo 2A. B. Modelo 2B. A Figuras 7 Carga oblíqua. A. Modelo 3A. B. Modelo 3B. B Ao comparar os resultados dos modelos com intermediários retos e angulados observou-se que os intermediários angulados apresentaram um aumento no número de franjas três a quatro vezes maior que os intermediários retos, sob aplicação de carga axial, o que concorda com outras pesquisas realizadas em fotoelasticidade, extensômetria e elementos finitos nas quais as tensões nos implantes com intermediários angulados aumentaram significativamente, sendo maiores na medida em que a angulação aumenta9,16-19. A maioria dos estudos analisados apresentaram variadas porcentagens de tensões, isso pode ser devido as diferentes metodologias e análises aplicadas, além das diferentes angulações de intermediários utilizados, porém, todas as pesquisas observaram que o aumento da angulação leva a um aumento de tensões. Em estudos clínicos de acompanhamento de três anos4,6,20, os autores verificaram que os intermediários angulados e retos apresentaram a mesma taxa de sucesso; estes estudos fizeram uma análise clínica, periodontal e radiografica6. Porém, este tipo de estudo não consegue identificar se houve aumento de tensão no tecido ósseo, o que provavelmente acontece, mas dentro dos limites fisiológicos. Ao comparar os dois tipos de intermediários testados, os resultados não mostraram diferença significativa em relação à intensidade das tensões (os dois grupos apresentaram a mesma quantidade de franjas de alta intensidade) e em relação à concentração de tensões. Entretanto, o resultado estético não é o mesmo quando utilizamos somente o Ucla em próteses parafusadas em implantes angulados. O orifício para acesso do parafuso estará localizado fora da face oclusal. Novos trabalhos devem ser realizados, padronizando a inclinação do implante com diferentes alturas e tipos de intermediário com o objetivo de evidenciar as diferenças de tensões, conforme observado em um estudo pelo método dos elementos finitos24, que verificou que existe diferença das tensões dependendo da altura do intermediário. Na aplicação de carga oblíqua, os modelos apresentaram maior concentração de tensões, principalmente do lado oposto da aplicação da carga e no ápice do implante, isso pode ser explicado porque a angulação do implante e do intermediário geram maior braço de alavanca no momento da aplicação da carga, resultando em maior torque ao redor do implante7,23,25-26. Segundo alguns autores7,19 o intermediário angulado cria um momento de força significante tanto no ápice como na região cervical do implante, e que é proporcional ao angulo da inclinação, como observado em estudos onde foram aplicadas forças oblíquas sobre intermediários angulados. Diferentes estudos1,2,24-26 têm demonstrado que a perda óssea em nível cervical está relacionada à concentração de REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):655-60 659 Pellizzer EP • Falcón-Antenucci RM • Sánchez DMIK • Rinaldi GAT • de Aguirre CC tensões neste nível. Entretanto, devido às limitações deste estudo, não foi possível determinar se estas magnitudes seriam favoráveis ou desfavoráveis ao processo de remodelação óssea. Conclusão Com base na metodologia empregada, foi possível concluir que: • Não houve diferença significativa na distribuição das tensões nas próteses com intermediário Ucla e Esteticone. • Houve maior concentração de tensões na medida em que se aumentou a angulação do implante. Referências bibliográficas 1. Adell R, Lekholm U, Rockler B, Brånemark PI. A 15-year study of osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Int J Oral Surg 1981;10(6):387-416. 2. Brånemark PI, Zarb GA, Albrektsson T. Introduction in osseointegration. In: Brånemark PI, Zarb GA, Albrektsson T. Tissue-integrated prostheses. Osseointegration in clinical dentistry. Chicago:Quintessence Books; 1985.cap.1.p.15-24. 3. Albrektsson T, Zarb G, Worthington P, Eriksson AR. The long-term efficacy of currently used dental implants: a review and proposed criteria of success. Int J Oral Maxillofac Implants 1986;1(1):11-25. 4. Balshi TJ, Ekfeldt A, Stenberg T, Vrielinck L. Three-year evaluation of Brånemark implants connected to angulated abutments. Int J Oral Maxillofac Implants 1997;12(1):52-8. 5. Kallus T, Henry P, Jemt T, Jörnéus L. Clinical evaluation of angulated abutments for the Brånemark system: A pilot study. Int J Oral Maxillofac Implants 1990;5(1):39-45. 6. Sethi A, Kaus T, Sochor P. The use of angulated abutments in implant dentistry: fiveyear clinical results of an ongoing prospective study. Int J Oral Maxillofac Implants 2000;15(6):801-10. 7. Misch CE, Bidez MW. Implant-protected occlusion: a biomechanical rationale. Compendium 1994;15(11):1330-44. 8. Schaffler MB, Radin EL, Burr DB. Mechanical and morphological effects of strain rate on fatigue of compact bone. Bone 1989;10(3):207-14. 9. Clelland NL, Gilat A, McGlumphy EA, Brantley WA. A photoelastic and strain gauge analysis of angled abutments for an implant system. Int J Oral Maxillofac Implants 1993;8(5):541-8. 10. Szmukler-Moncler S, Salama H, Reingewirtz Y, Dubruille JH. Timing of loading and effect of micromotion on bone-dental implant interface: review of experimental literature. J Biomed Mater Res 1998;43(2):192-203. 11. Hassler CR, Rybicki EF, Cummings KD, Clark LC. Quantification of bone stresses during remodeling. J Biomech 1980;13(2):185-90. 12. Giglio GD. Abutment selection in implant-supported fixed prosthodontics. Int J Periodontics Restorative Dent 1999;19(3):233-41. 13. Misch CE. Prótese sobre implantes. São Paulo: Ed. Santos; 2006. 14. Sethi A, Kaus T, Sochor P, Axmann-Krcmar D, Chavanaz M. Evolution of the concept of angulated abutments in implant dentistry: 14-year Clinical data. Implant Dent 660 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):655-60 • A carga oblíqua produziu uma maior concentração e intensidade de tensão que a carga axial. Recebido em: dez/2009 Aprovado em: jun/2010 Endereço para correspondência: Prof. Eduardo Piza Pellizzer Rua José Bonifácio, 1.193 – Vila Mendoça 16015-050 – Araçatuba – São Paulo Tel.: (18) 3636-3297 [email protected] 2002;11(1):41-51. 15. Lewis S, Beumer III J, Moy H. The Ucla abutment. Int J Oral Maxillofac Implants 1988;3(3):183-9. 16. Clelland NL, Gilat A. The effect of abutment angulation on stress transfer for an implant. J Prosthodont 1992;1(1):24-8. 17. Clelland NL, Papazoglou E, Carr AB, Gilat A. Comparison of strains transferred to a bone simulant among implant overdenture bars with various levels of misfit. J Prosthodont 1995;4(4):243-50. 18. Brosh T, Pilo R, Sudai D. The influence of abutment angulation on strains and stresses along the implant/bone interface: comparison between two experimental techniques. J Prosthet Dent 1998;79(3):328-34. 19. Kao HC, Gung YW, Chung TF, Hsu ML. The influence of abutment angulation on micromotion level for immediately loaded dental implants: a 3-D finite element analysis. Int J Oral Maxillofac Implants 2008;23(4):623-30. 20. Eger DE, Gunsolley JC, Feldman S. Comparison of angled and standard abutments and their effect on clinical outcomes: A Preliminary Report. Int J Oral Maxillofac Implants 2000;15(6):819-23. 21. da Silva EF, Pellizzer EP, Quinelli Mazaro JV, Garcia Júnior IR. Influence of the connector and implant design on the implant-tooth-connected prostheses. Clin Implant Dent Relat Res, 2009 [Epub ahead of print]. 22. Caputo AA, Standlee JP. Biomechanics in clinical dentistry. Chicago: Quintessence; 1987. 23. French AA, Bowles CQ, Parham PL, Eick JD, Killoy WJ, Cobb CM. Comparison of periimplant stresses transmitted by four commercially available osseointegrated implants. Int J Periodontics Restorative Dent 1989;9(3):221-30. 24. Naveau A, Renault P, Pierrisnard L. Effects of vertical interarch space and abutment height on stress distributions: a 3D finite element analysis. Eur J Prosthodont Restor Dent 2009;17(2):90-4. 25. Weinberg LA. The biomechanics of force distribution in implant-supported prostheses. Int J Oral Maxillofac Implants 1993;8(1):19-31. 26. Rangert B, Jemt T, Jörneus L. Forces and moments on Brånemark implants. Int J Oral Maxillofac Implants 1989;4(3):241-7. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Técnica alternativa de transferência da posição de implantes sem a utilização de material de moldagem na fase transcirúrgica Alternative technique for transferring implant position during trans-surgical stage without using of impression material Bruno Feital Fusaro* Diogo Belas Lustosa** Carlos Eduardo Francischone*** RESUMO A temporização imediata de implantes em casos unitários, parciais ou totais, é hoje utilizada e bem descrita por vários profissionais. Existem diversas técnicas para se obter função imediata. Cada uma destas apresenta vantagens e desvantagens uma em relação à outra. A técnica preconizada pelos autores e descrita nesse artigo prioriza menor manipulação tecidual e menor contato de materiais com a área recém operada objetivando, principalmente, uma diminuição do risco de contaminação e do tempo de procedimento transcirúrgico. Unitermos - Implantes dentários; Função imediata; Controle de infecção; Moldagem de transferência. ABSTRACT The immediate temporization of single, partial or full-arch implants is nowadays useful and well-described by several professionals. There are many techniques for immediate loading with accompanying advantages and disadvantages. The advocated technique by the authors described in this paper aims less tissue manipulation and contact with the fresh surgical area, decreasing the risk of contamination and timing of transurgical procedure. Key Words - Dental implants; Immediate function; Infection control; Impression techniques. *Mestre em Implantologia – USC/Bauru; Professor coordenador da Especialização em Implantodontia – Universidade Estácio de Sá/Juiz de Fora/MG. **Mestre em Implantologia – USC/Bauru; Especialista em Prótese Dentária – APCD/Araraquara. ***Professor titular do Departamento de Dentística – FOB – USP; Coordenador dos Programas de Doutorado e Mestrado em Implantodontia – USC/Bauru. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):663-8 663 Fusaro BF • Lustosa DB • Francischone CE Introdução Relato de Caso Clínico A instalação de implantes osseointegráveis em função imediata já se mostrou uma filosofia de tratamento com alta previsibilidade de sucesso1-3. Alguns pré-requisitos básicos são necessários para utilização dessa forma de tratamento, dos quais se destacam a estabilidade primária dos implantes acima de 40 N.cm4, boa qualidade óssea5, estabilidade oclusal e ausência de parafunções. A provisionalização imediata de implantes apresenta diversas vantagens para paciente e profissional como: redução do tempo de tratamento, conforto para o paciente durante a fase de osseointegração dos implantes, cicatrização e maturação óssea peri-implantar aceleradas6, assim como, redução de custos. Outro critério importante a ser observado para que a osseointegração e a cicatrização dos tecidos moles ocorram adequadamente é a ausência de infecção7; na técnica de função imediata, algumas situações podem levar um maior risco de contaminação para o paciente, como a necessidade de moldagem ou confecção de provisório com manipulação de tecidos e contato de materiais não estéreis com a área cruenta8. A utilização de um dispositivo de transferência do posicionamento de implantes sem a necessidade do uso de materiais de moldagem, ou outro método de confecção imediata de coroas provisórias em boca, parece ser um método mais seguro em relação à biossegurança e mais confortável confortável para o paciente. O paciente ROP, 34 anos, sexo masculino, necessitava reposição de dois elementos dentais inferiores. Este apresentava estabilidade oclusal com contatos bilaterais simultâneos e guias de desoclusão satisfatórias. O paciente, no exame clínico, não apresentava parafunções nem qualquer outro fator inicial que fosse uma contraindicação para a função imediata dos implantes a serem instalados9. Após exame clínico e radiográfico (Figura 1) observouse deficiência óssea em espessura nas duas áreas a serem tratadas. Por não se tratar de regiões com alto grau de envolvimento estético, decidiu-se (em comum acordo com o paciente) pela instalação de implantes sem reconstrução tecidual prévia. Foram realizadas moldagens e os modelos resultantes foram montados em articulador semiajustável (ASA- A7 Fix-Bioart), com o uso de arco facial previamente à fase cirúrgica (Figura 2). Os transferentes de moldagem para moldeira aberta, direto na cabeça dos implantes, foram envoltos com resina pattern (Premium-Bisco) e autoclavados, para assim facilitar os passos seguintes durante a união destes aos dentes adjacentes. Procedeu-se então a instalação dos implantes (Connect AR 3,75x 13,0 - Conexão) nas regiões do 36 e 45 e foi obtida estabilidade primária de 55 N.cm para ambas fixações (Figura 3). Os componentes para moldagem foram conectados Figura 1 Radiografia panorâmica inicial. Figura 2 Montagem em articulador semiajustável. 664 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):663-8 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 3 Implante de conexão interna instalado. Figura 4 Transferente de moldagem com resina pattern esterilizado, conectado ao implante. Figura 5 Transferente de moldagem apoiado a superfície oclusal dos dentes adjacentes utilizando-se a técnica do pincel. A Figura 6a Modelo com a delimitação do perfil de emergência. B Figura 6b Recorte do modelo com broca esférica. C Figura 6c Modelo preparado com orifício para receber o análogo do implante. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):663-8 665 Fusaro BF • Lustosa DB • Francischone CE direto à cabeça dos implantes (Figura 4) e unidos à superfície oclusal dos dentes adjacentes com o uso de resina pattern pela técnica do pincel (Figura 5), com o intuito de se criar uma referência para o posicionamento do conjunto (transferente de moldagem/análogo) no modelo montado em ASA. Deve ser realizado um desgaste no modelo nas áreas correspondentes aos dentes ausentes, utilizado brocas esféricas número 08 (JET) montadas em peça reta, para acomodação dos análogos (Figuras 6). Os dispositivos são posicionados no modelo a partir da superfície oclusal e proximal dos elementos adjacentes (Figuras 7). O espaço entre as réplicas e o modelo inferior é complementado com resina pattern (Premium-Bisco), Figuras 8. Após sua polimerização, realiza-se o perfil de emergência ideal para a confecção das A Figura 7a Conjunto de transferentes de moldagem e análogos conectados. B Figura 7b Conjunto de transferente e análogo posicionado no modelo. C Figura 7c Stop de resina servindo de orientação para o posicionamento no modelo. A Figura 8a Resina sendo levada ao modelo para fixar o análogo. 666 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):663-8 B Figura 8b Análogo em posição. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 9 Prótese transitória confeccionada em laboratório. Figura 10 Elemento 45 com 30 dias de acompanhamento. Notar saúde tecidual. Figura 11 Prótese transitória do elemento 36, vista oclusal. A temporização imediata de implantes, quando bem indicada, promove excelentes benefícios ao tratamento como: tempo e custo reduzidos, conforto imediato e maior ao paciente e funciona como poderosa ferramenta de marketing. coroas provisórias, com as mesmas brocas utilizadas para confecção dos orifícios no modelo. As próteses unitárias temporárias são executadas em laboratório (Figura 9) e o ajuste oclusal é realizado primeiramente em ASA com o uso de fitas de carbono (Accufilm), restando em seguida muito pouco ou nenhum ajuste a ser realizado em boca (Figuras 10 e 11). As restaurações provisórias são esterilizadas em autoclave e então são instaladas em boca com torque de 32 N.cm. Discussão A temporização imediata de implantes, quando bem indicada, promove excelentes benefícios ao tratamento como: tempo e custo reduzidos, conforto imediato e maior ao paciente e funciona como poderosa ferramenta de marketing. Antecipa-se, porém, procedimentos protéticos que seriam feitos em tecidos já cicatrizados na temporização tardia. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):663-8 667 Fusaro BF • Lustosa DB • Francischone CE A biossegurança é fator primordial na Odontologia, sobretudo em intervenções cirúrgicas10. Infelizmente, nem todos os materiais apresentam-se estéreis para utilização em boca e estabelecem contato íntimo seguro com tecidos cruentos. O nível de ansiedade dos pacientes quando submetidos a cirurgias orais geralmente é alto11. Quanto menor a duração dos procedimentos em boca, maior o conforto para o paciente. Além disto, evita-se edema e bacteremia mais pronunciadas. A técnica em que são montados previamente os modelos do paciente em ASA e onde é transferida a posição dos implantes, a partir de dispositivo composto por transferente e haletas em resina pattern adaptadas as superfícies oclusais e proximais dos dentes adjacentes, vem ao encontro das necessidades descritas anteriormente. Para sua utilização, há a necessidade da presença de elementos dentais ou coroas sobreimplantes adjacentes à área edêntula, como referência para a posição do implante a ser instalado. Como é imprescindível um desgaste do modelo em gesso para acomodação dos análogos, é mais indicada para casos unitários. Referências bibliográficas 1. Schnitman PA, Worhle PS, Rubenstein JE. Immediate fixed interim prostheses supported by two-stage threaded implants: methodology and results. Oral.Implantol 1990;16(2):96-105. 2. Nevins M, Langer B. The successful application of osseointegrated fixtures to the posterior jaw: a long-term retrospective study. Int J Oral Maxillofac Implants, Carol Stream 1993;8(4):428-32. 3. Balshi TJ, Wolfinger GJ. Immediate loading of Brånemark implants in edentulous mandibles: a preliminary report. Implant Dent 1997;3(4):6-13. 4. Tarnow DP, Emtiaz S, Classi A. Immediate loading of threaded implants at stage 1 surgery in edentulous arches: ten consecutive case reports with 1 to 5 year data. Int J Oral Maxillofac Implants 1997:12(3):319-24. 5. Piatelli A, Paolantonio M, Corigliano M. Immediate loading of titanium plasma-sprayed screw shaped implants in man: a clinical and histological report of two cases. J Periodontol 1997;68:591-7. 6. Brånemark PI, Breine U, Adell R. Introsseous anchorage of dental prostheses I. Experimental studies. Scan J Plast Reconstr Surg, Stockholm 1969;3:81-100. Apud Thomé, G. Carga imediata sobre implantes Osseointegráveis [dissertação]. Campinas: Universidade Camilo 668 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):663-8 Conclusão A técnica descrita pode ser facilmente utilizada pelos profissionais ligados à Implantodontia. Apresenta vantagens em relação às outras técnicas como: menor manipulação do tecido gengival; ausência de contato de material de moldagem e resina acrílica com os tecidos cruentos na fase transcirúrgica; menor tempo dos procedimentos em boca no paciente; maior biossegurança; possibilidade de desinfecção e esterilização das coroas provisórias. É necessário, porém, a observação de alguns detalhes importantes por parte do clínico como: obtenção de modelos precisos para correta adaptação do conjunto transferente e haletas em resina pattern nos modelos montados em ASA; necessidade da presença de elementos dentais ou implantes adjacentes a área edêntula para transferência da posição dos implantes sendo a técnica, portanto, mais indicada para casos parciais de pequena extensão e unitários. Recebido em: out/2009 Aprovado em: nov/2009 Endereço para correspondência: Bruno Feital Fusaro Praça São Januário, 17 – Centro 36500-000 – Ubá – MG Tel.: (32) 3532-9402 [email protected] Castelo Branco; 2001. Albrektson T, Brånemark PI, Hansson HA. Osseointegrated titanium implants. Requeriments for ensuring a long-lasting direct bone-to-implant anchorage in man. Acta Orthop Scand, Copenhagen 1981;52:155-70. 8. Windhorn RJ, Gunnell TR. A simple open-tray implant impression technique. The Journal of Prosthetic Dentistry 2006;96(3):220-1. 9. 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Revisão da Literatura Caderno Científico Considerações sobre a utilização de fixações zigomáticas Considerations on the use of zygomatic fixtures Sérgio Olate* Henrique Duque de Miranda Chaves-Netto* Claudio Ferreira Nóia** Rafael Ortega-Lopes*** Frederico Felipe Antonio de Oliveira Nascimento**** Renato Mazzonetto***** RESUMO A reabilitação de pacientes que apresentavam atrofia severa de maxila era limitada, restringindo-se a próteses mucossuportadas ou cirurgias reconstrutivas extensas para posterior reabilitação por implantes, principalmente em pacientes que apresentavam algum tipo de desordem sistêmica. Os implantes zigomáticos apresentam aproximadamente 20 anos de evolução, sendo desenvolvidos inicialmente para reabilitar pacientes que apresentavam sequelas, devido ressecção de tumores sendo, atualmente, utilizados também como terapia para desdentados com ausência de osso alveolar em região posterior. O objetivo deste estudo foi fazer uma revisão da literatura, relatando seu histórico, fatores anatômicos relevantes, assim como derivações da técnica. Unitermos - Osso zigomático; Maxila atrófica; Implantes zigomáticos. ABSTRACT The rehabilitation of patients that have maxillary atrophy were limited to mucoussupported prostheses or reconstructive surgeries looking for further dental implant therapy, particularly on patients with systemic disorders. Zygomatic implants have 20 years of evolution, being firstly developed to treat maxillectomized patients. Nowadays, this therapy is also used on edentulous patients at posterior regions lacking alveolar bone. The aim of this study was to perform a literature review about history, anatomy, and technical developments regarding zygomatic implants. Key Words - Zygomatic bone; Atrophic maxilla; Zygomatic implants. *Mestre em CTBMF – FOP/Unicamp; Doutorando em CTBMF – FOP/Unicamp. **Graduado em Odontologia – Faculdade São Lucas/FSL/RO; Mestrando em CTBMF – FOP/Unicamp. ***Especialista em Implantodontia – FOP/Unicamp; Mestrando em CTBMF –FOP/Unicamp. ****Especialista e mestre em CTBMF – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia; Doutorando em CTBMF – FOP/Unicamp. *****Pós-doutorado em CTBMF – Carolina do Norte (EUA); Professor titular da Área de CTBMF – FOP/Unicamp. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):671-6 671 Olate S • Chaves-Neto HDM • Nóia CF • Ortega-Lopes R • Nascimento FFAO • Mazzonetto R Introdução Introduzido em 1989, os implantes zigomáticos foram inicialmente indicados para reabilitação de pacientes que se submeteram a ressecções por razões oncológicas, que tinham perda óssea devido a trauma e eram portadores de fissuras lábiopalatais2-5. No entanto, com o passar dos anos e associado aos bons resultados obtidos com estes tipos de fixações, muitos autores6-8 preconizaram seu uso para o tratamento de maxilas severamente atróficas, sendo que atualmente está indicado ainda para pacientes que não desejam se submeter a cirurgias reconstrutivas, de terceira idade e que não apresentam sinusopatias, mas que apresentam doenças sistêmicas importantes, ou ainda nos casos em que houve insucesso nos procedimentos reconstrutivos. De acordo com alguns autores9-10 o nascimento dos implantes zigomáticos seguiu os princípios da ancoragem óssea à distância. Neste conceito, existe uma redução do cantiléver, criando uma retenção em áreas anatômicas onde seria impossível o tratamento com implantes convencionais sem enxertos prévios11. Essas fixações, usualmente utilizadas em conjunto com implantes convencionais na região de pré-maxila, funcionam como ancoragem para próteses híbridas compostas por gengiva e dentes artificiais. O protocolo inicial para as fixações zigomáticas preconizava cirurgia em duas fases e união das fixações zigomáticas a pelo menos duas fixações convencionais na pré-maxila após a segunda fase, o que segundo os autores proporcionaria uma boa estabilidade12-13. Entretanto, outros autores14-15 observaram que a estabilidade primária é garantida pelo fato do implante estar em contato com quatro regiões corticais do osso zigomático. Anatomicamente, o osso zigomático apresenta relação com a maxila, osso temporal e frontal, constituindo o teto e a parede lateral do seio maxilar16. Deste modo, é consenso entre os autores11 que os implantes zigomáticos quando instalados entram em contato direto com o seio maxilar. O pilar zigomático apresenta aproximadamente 3 mm de espessura, sendo insuficiente para instalação de um implante de 3,75 mm. A região mais ampla do osso zigomático é a região central, apresentando 5,3 mm de espessura, sendo esta quantidade óssea suficiente para instalação dos implantes zigomáticos17. Concordando com estes achados e procurando aprofundar ainda mais os estudos sobre a anatomia do osso zigomático, outro autor18 observou que em pacientes com menos de 1,59 metros de altura todo o osso zigomático apresenta-se delgado, dificultando a instalação do implante, porque a estrutura óssea é menor quando comparada a indivíduos mais altos, necessitando de exames complementares para auxiliar na localização adequada para a instalação destes implantes. Considerando à técnica cirúrgica, inicialmente, os autores3 preconizavam a utilização de anestesia geral e defendiam uma maior exposição óssea para observar a posição do implante e as estruturas anatômicas. Deste modo, todo o osso zigomático e suas suturas eram expostos. Após a exposição óssea era confeccionada uma janela na região do seio maxilar para retirar a membrana sinusal e possibilitar a instalação das fixações (Figuras 1 a 6). Figura 1 Radiografia panorâmica pré-operatória. Note a extensa pneumatização dos seios maxilares. Figura 2 Fotografia clínica pré-operatória. Observe a atrofia maxilar principalmente na região anterior. Os implantes zigomáticos foram inicialmente desenvolvidos para reabilitar pacientes que apresentavam sequelas devido à ressecção de tumores. Para estes pacientes, reconstruções cirúrgicas de tecidos moles e duros com enxertos pediculados vascularizados ou outras técnicas, apresentavam limitações e índices de sucesso imprevisíveis1-2. Diante dessa dificuldade, um sistema foi desenvolvido para ancoragem de implantes à distância nesses pacientes, permitindo uma reabilitação sem a necessidade de enxertos ósseos, reduzindo o custo econômico e biológico, além da redução do tempo de tratamento1,3. Desde então, modificações na técnica de instalação desses implantes foram constantes, visando o aperfeiçoamento da técnica e a reabilitação de pacientes com atrofia severa de maxila, que são um grande desafio ao cirurgião, mesmo nos dias atuais. Diante do exposto, o propósito do presente trabalho foi realizar uma revisão da literatura relatando histórico, fatores anatômicos relevantes, assim como derivações da técnica de fixações zigomáticas. Revisão da Literatura 672 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):671-6 Revisão da Literatura Caderno Científico Figura 3 Acesso ao seio maxilar e descolamento da membrana sinusal. Note que toda a membrana da região do acesso precisa ser descolada, o que consequentemente aumenta a morbidade do ato operatório. Figura 4 Fresagem transoperatória. Observe o cuidado na preservação da membrana sinusal. Figura 6 Radiografia panorâmica pós-operatória. Observe os implantes zigomáticos instalados associados a quatro implantes convencionais. Figura 5 Implante zigomático instalado. Note que a janela óssea criada na parede do seio maxilar permite total visualização do implante nesta região. Procurando aprimorar e facilitar a técnica inicialmente preconizada por Brånemark e colaboradores, outros autores19 publicaram um novo protocolo para as cirurgias de implantes zigomáticos, podendo ser realizada sob anestesia local. Nesta técnica é confeccionado um retalho menor, expondo somente a região maxilar e zigomática onde será inserido o implante (Figuras 7 a 9). Somente uma pequena ostectomia (slot ou fenda sinusal) na direção do implante é necessária para visualizar o caminho do implante. Para estes autores, esta técnica permite uma melhor orientação do implante e uma maior quantidade de tecido ósseo para osseointegração (Figuras 10 e 11). Poucos estudos de acompanhamento longitudinal sobre os implantes zigomáticos estão disponíveis e os existentes reportam um índice de sucesso e sobrevivência entre 94% a 100%8,20-21. A melhor avaliação poderia ser feita com pesquisas randomizadas, comparando os implantes zigomáticos com os enxertos, situação difícil de realizar22. Somente uma pequena ostectomia (slot ou fenda sinusal) na direção do implante é necessária para visualizar o caminho do implante. Para estes autores, esta técnica permite uma melhor orientação do implante e uma maior quantidade de tecido ósseo para osseointegração (Figuras 10 e 11). REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):671-6 673 Olate S • Chaves-Neto HDM • Nóia CF • Ortega-Lopes R • Nascimento FFAO • Mazzonetto R Figura 7 Radiografia panorâmica pré-operatória. Observe a pneumatização dos seios maxilares. Figura 8 Fotografia clínica pré-operatória. Note a atrofia maxilar associada a um tecido gengival espesso e irregular. Figura 10 Vista panorâmica das fixações zigomáticas instaladas. Note que o trajeto do implante zigomático não está no interior do seio maxilar. Figura 9 Ostectomia próxima ao pilar zigomático maxilar. Note que não há necessidade de preservação da membrana sinusal e que o acesso realizado é significativamente menor. Figura 11 Radiografia panorâmica pós-operatória. Observe a associação de dois implantes zigomáticos associados a quatro implantes convencionais. 674 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):671-6 Alguns autores8,23 realizaram estudos de seis e dez anos de acompanhamento de 101 e 106 fixações zigomáticas instaladas e relataram índice de sobrevivência de 96,04% e 94%, respectivamente. Em ambos os trabalhos8,23 complicações foram relatadas, sendo que as principais foram infecções, sinusite, dor, peri-implantite, não osseointegração, fratura da fixação zigomática e parestesia. Seguindo esta mesma direção, outros autores24 apresentaram um estudo com 22 pacientes em que foram instalados 44 implantes zigomáticos através da técnica com slot (fenda sinusal), além de implantes convencionais na região anterior da maxila, em ambiente com anestesia local e sedação consciente. Em um período de acompanhamento de três anos, eles reportaram 100% do sucesso para os implantes zigomáticos. Revisão da Literatura Caderno Científico O tratamento de maxilas severamente atróficas por meio de cirurgias reconstrutivas é uma opção terapêutica bastante difundida na atualidade, no entanto, estas cirurgias na maioria das vezes são desgastantes, requerem internação hospitalar, aumentam o tempo de tratamento, custos e riscos cirúrgicos, além de existir a possibilidade de insucessos desses enxertos1,21,26. Discussão Atualmente, essa modalidade implantodôntica passa por um período de grande utilização, principalmente no Brasil. A indicação indiscriminada desta técnica, o grande número de profissionais sem o devido treinamento, bem como as dúvidas em relação ao acompanhamento de longo prazo desse tipo de reabilitação são fatores que necessitam de uma melhor análise crítica. A impossibilidade de instalação de implantes convencionais na região posterior da maxila, devido à pneumatização dos seios maxilares ou a falta de espessura óssea, é atualmente a principal indicação para a utilização das fixações zigomáticas. A reabsorção da maxila resulta muitas vezes na fusão das corticais vestibular e lingual, o que associado com o fato do implante estar em contato com quatro regiões ósseas corticais do osso zigomático, permite obtenção de boa estabilidade inicial dos implantes zigomáticos6,12,15,20,25. O tratamento de maxilas severamente atróficas por meio de cirurgias reconstrutivas é uma opção terapêutica bastante difundida na atualidade, no entanto, estas cirurgias na maioria das vezes são desgastantes, requerem internação hospitalar, aumentam o tempo de tratamento, custos e riscos cirúrgicos, além de existir a possibilidade de insucessos desses enxertos1,21,26. Deste modo, alguns autores27 reportaram o caso de uma mulher que passou por várias cirurgias para reconstrução maxilar, com falha de enxertos de crista ilíaca, aloplásticos e implantes convencionais. Neste caso, foram instalados quatro implantes zigomáticos sob anestesia geral e implantes convencionais na região anterior da maxila, apresentando sucesso na reabilitação protética. Em relação à anatomia, medidas craniométricas foram estudadas por alguns autores28 que, em 60 crânios, demonstraram que a instalação dos implantes deve ser realizada na parte inicial do processo frontal do osso zigomático e ínfero-lateralmente em relação a orbita, para se obter maior estrutura em termos de espessura. Os autores concluíram que em pacientes com altura de 1,59 metros ou menos, geralmente, se utilizam implantes de 40 mm e em pessoas mais altas (1,60 metros ou mais), geralmente, utilizam implantes de 45 a 50 mm. Nos dias atuais, outras técnicas de abordagem para instalação de implantes zigomáticos estão em desenvolvimento, como as cirurgias realizadas com auxílio de navegação computadorizada assistida (3D) ou utilização de técnicas de prototipagem7. A técnica utilizando guias construídos com auxílio de computador é considerada promissora para a instalação de implantes zigomáticos. Segundo alguns estudos29, o guia cirúrgico pré-fabricado, para a instalação de implante zigomático, apresenta pequenas variações quando comparado a projeção prévia, sendo que, na maioria dos casos, existe até 2,5 mm de diferença entre as avaliações pré e pós-operatórias. Conclusão 1. Os implantes zigomáticos apresentam-se como uma modalidade terapêutica viável para o tratamento de nossos pacientes, quando corretamente indicados. 2. Apesar de não existirem estudos de acompanhamento de longo prazo, sugere-se que a instalação de dois implantes zigomáticos associados a outros dois implantes convencionais na região de pré-maxila sejam capazes de suportar o componente protético. 3. A avaliação ideal da sobrevida e efetividade do tratamento com implantes zigomáticos ainda precisa de estudos mais abrangentes, comparando a técnica de implantes zigomáticos com os implantes convencionais com ou sem enxertos. Recebido em: nov/2009 Aprovado em: jan/2010 Endereço para correspondência: Claudio Ferreira Nóia (FOP - Unicamp) Av. Limeira, 901 - Areião 13414-903 – Piracicaba - SP Tel.: (19) 9332-5919 / 8140-5392 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):671-6 675 Olate S • Chaves-Neto HDM • Nóia CF • Ortega-Lopes R • Nascimento FFAO • Mazzonetto R Referências bibliográficas 1. Seiler JG 3rd, Johnson J. Iliac crest autogenous bone grafting: donor site complications. J South Orthop Assoc 2000;9(2):91-7. 2. 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Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Formação de biofilme in vitro por Streptococcus sanguinis e Candida albicans, associados, em implantes dentários submetidos a diferentes tratamentos de superfície In vitro adherence of Streptococcus sanguinis and Candida albicans to dental implants with different surface treatment Aline Vieira da Silva* Leandro Aires Bertramelo* Rogério de Lima Romeiro** Cristiane Pereira*** Antonio Olavo Cardoso Jorge**** RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar a formação de biofilme in vitro por Streptococcus sanguinis e Candida albicans, associados, em implantes dentários com diferentes tratamentos de superfícies. Foram utilizadas cepas padrão de Streptococcus sanguinis (ATCC10556) e Candida albicans (ATCC 18804). Dos 30 implantes utilizados, dez possuíam superfície lisa (SL), dez foram tratados com duplo ataque ácido (AA) e dez com nanopartículas de hidroxiapatita (NH). Os implantes foram imersos em saliva humana, centrifugada e filtrada, por 60 minutos. Posteriormente, foram transferidos para 1,5 ml de caldo sacarosado e inoculados com 0,1 ml de suspensão de Streptococcus sanguinis (106cél/mL) e incubados em estufa com 5% de CO2 a 37°C. Após 24 horas, os implantes foram transferidos para novo caldo, inoculados com suspensão de Candida albicans (106cél/mL) e incubados por mais 24 horas a 5% de CO2 a 37°C. Os implantes foram lavados e os microrganismos desprendidos em solução fisiológica em agitador ultrassônico. Foram realizadas diluições e alíquotas semeadas em placas com ágar Sabouraud com cloranfenicol e ágar Mitis Salivarius acrescido de bacitracina (0,2 UI/mL) e sacarose (15%), para o crescimento, respectivamente, das leveduras e bactérias, e incubadas a 37°C/48 h. Os números de UFC/ml em log10 foram analisados estatisticamente (Anova, teste de Tukey, p < 0.05). A bactéria Streptococcus sanguinis apresentou maior índice de aderência, porém, sem diferença estatisticamente significante entre os implantes. A aderência de Candida albicans, foi menor nos implantes tratados por NH, com diferença estatisticamente significante em relação os implantes de SL (p = 0,012) e de AA (p = 0,000). Unitermos - Implante dentário; Candida albicans; Streptococcus sanguinis. ABSTRACT The purpose of this study was to evaluate in vitro adherence of Streptococcus sanguinis and Candida albicans to dental implants with different surface treatment. Standard strains of Streptococcus sanguinis (ATCC10556) and Candida albicans (ATCC 18804) were used. Of the 30 implants used, 10 had a smooth surface (SS), 10 were treated with double acid attack (AA), and 10 with hydroxyapatite nanoparticles (NH). The implants were immersed in human saliva, centrifuged and filtered for 60 minutes. Subsequently, were transferred to 1.5 mL of Gibbons and Nygaard broth and inoculated with 0.1 ml of Streptococcus sanguinis (106cells/mL), and incubated in an incubator with 5% CO2 at 37°C. After 24 h, the implants were transferred to new broth, inoculated with the suspension of Candida albicans (106cells/mL), and incubated for another 24h with 5% CO2 at 37°C. The implants were washed in sterile saline solution in order to remove loosely bound material. The implants were placed into tubes with sterile saline solution and sonicated for 30s. Ten-fold serial dilutions were carried out and aliquots plated on Sabouraud agar with chloramphenicol and Mitis salivarius agar with bacitracin (0.2 IU/mL) and sucrose (15%) for growth, respectively, of yeast and bacteria, and incubated at 37°C/48 h. Then, the numbers CFU/mL (log10) were counted and analyzed statistically (Anova, Tukey´s test, p < 0.05). It was concluded that Streptococcus sanguinis had a higher rate of adhered cells, but with no statistically significant difference among implants. The adherence of Candida albicans was lower in the implants treated with NH, being statistically significant compared to SL (p = 0.012) and AA (p = 0.000) implants. Key Words - Dental implant; Candida albicans; Streptococcus sanguinis. *Cirurgiões-dentistas. **Professor responsável pela Disciplina de Implantodontia – Faculdade de Pindamonhangaba – Fapi. ***Aluna do programa de pós-graduação – doutorado – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp/São José dos Campos. ****Professor titular – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp/São José dos Campos. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):679-83 679 da Silva AV • Bertramelo LA • Romeiro RL • Pereira C • Jorge AOC Introdução No meio bucal, estima-se que 500 espécies de bactérias diferentes são capazes de colonizar a boca de um adulto e que cada indivíduo pode abrigar aproximadamente 150 espécies diferentes ou mais1. Estes microrganismos distribuem-se por toda parte, procurando colonizar todos os nichos que lhes sejam favoráveis. A colonização bacteriana nas superfícies é sempre precedida pela aderência da película adquirida formada pela saliva ou fluido gengival2. A maior parte das bactérias sobrevive por períodos mais longos mediante a formação do biofilme em superfícies não descamantes, ou seja, de materiais ou tecidos duros, tais como a superfície dos dentes, materiais restauradores, próteses e até mesmo na superfície de implantes dentários3. Os implantes osseointegrados são, atualmente, parte integrante do tratamento odontológico, visando reabilitações que eliminam os inconvenientes das reconstruções protéticas1. No entanto, a adesão dos tecidos peri-implantares não é capaz de impedir progressão de microrganismos periodontopatógenos, sendo a manutenção da saúde da mucosa peri-implantar crítica, frente a pobre higiene bucal e ao controle do biofilme4. Um elemento chave na reação dos tecidos, duros e moles, a um implante envolve as características da superfície do implante, ou seja, as suas propriedades químicas e físicas1. Alguns autores têm levado em consideração a maior susceptibilidade dessas superfícies em promover aderência bacteriana, facilitando a formação do biofilme dentário5. Sabe-se que um implante em perfeitas condições, quando em função, perde de 1 à 1,5 mm de crista óssea no primeiro ano e 0,2 mm por ano nos anos subsequentes6, expondo consequentemente áreas que inicialmente estavam encobertas pelo tecido ósseo, podendo aumentar a aderência de microrganismos. Streptococcus sanguinis é uma bactéria anaeróbia facultativa cujo tempo de colonização, durante a duplicação das populações microbianas no biofilme, é de uma hora. Portanto, acredita-se que este microrganismo propicie, juntamente com outros grupos de colonizadores, uma colonização pioneira e um ambiente favorável para os colonizadores secundários do biofilme dentário1. Candida albicans é a levedura mais frequentemente isolada do organismo humano, tanto como microrganismo comensal ou como patógeno oportunista. Esta levedura pode apresentar patogenicidade quando da presença de diversos fatores predisponentes7. O objetivo do estudo foi a formação de biofilme in vitro por Streptococcus sanguinis e Candida albicans, associados, em implantes dentários com superfície lisa, tratados por duplo ataque ácido ou com nanopartículas de hidroxiapatita, após prévia incubação em saliva humana. Material e Métodos Seleção dos implantes Para o desenvolvimento do presente estudo foram utilizados 30 implantes (SIN - São Paulo, Brasil), sendo dez com tratamento de duplo ataque ácido (Figura 1a), dez de superfície lisa (Figura 1b) e dez com tratamento por nanopartículas de hidroxiapatita (Figura 1c). Os implantes apresentavam 3,8 mm de diâmetro por 13 mm de comprimento. Microrganismos e preparo de suspensões padronizadas Inicialmente, foram preparadas suspensões padronizadas utilizando cepas padrão de Candida albicans (ATCC 18804) e Streptococcus sanguinis (ATCC 10556). As cepas de Candida albicans foram repicadas em ágar Sabouraud dextrose (Difco, Detroit, USA) e as cepas de Streptococcus sanguinis foram repicadas em ágar infusão cérebro coração - BHI (Brain Heart Infusion, Difco, Detroit, USA). A seguir, os microrganismos foram incubados a 37ºC por 24 horas. Os ensaios com cepas de Streptococcus sanguinis foram incubados sob condições de microaerofilia (5% de CO2). Decorrido o período de incubação, colônias dos microrganismos foram suspensas em solução fisiológica esterilizada (NaCl 0,9%) e ajustada em espectrofotômetro (B 582, Micronal, São Paulo, Brasil), até obtenção de suspensão padronizada contendo 106 células/ml. Os parâmetros de densidade óptica e comprimento de onda utilizados foram, respectivamente: 0,284 e 530 nm para Candida albicans e 0,620 e 398 nm para Streptococcus sanguinis. Pré-incubação dos implantes com saliva humana A B Figuras 1 Implantes utilizados nos ensaios de aderência microbiana, com diferentes superfícies. A. Implante com superfície tratada por duplo ataque ácido. B. Implante de superfície lisa. C. Implante com superfície tratada com nanopartículas de hidroxiapatita. 680 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):679-83 C Para os testes de aderência microbiana foi utilizada saliva humana coletada de um grupo de seis indivíduos, de ambos os sexos. Os doadores apresentavam saúde sistêmica e bucal, sem lesões de cárie e doença periodontal. Ainda apresentavam baixo índice de placa (20%) e número de estreptococos do grupo Mutans inferior a 106 UFC/ml de saliva. A saliva foi previamente tratada com 20 µL/ml de inibidor de protease PMSF (fenil metil sulfonil fluoridro) e 20 µL/ml de ácido sódico. A seguir, a saliva foi centrifugada por 20 minutos a 4oC a 20.000 X g (MPW-350R, Biosystems, São José dos Pinhais, PR, Brasil) para remover debris Trabalho de Pesquisa Caderno Científico e congelada até o momento do experimento. Antes do uso, a saliva foi filtrada à vácuo em membrana de éster celulose com poros de 0,22 µm de diâmetro (Milipore, São Paulo, SP, Brasil). A seguir, os implantes foram totalmente imersos na saliva filtrada e incubados por 60 minutos a 37oC. A B Aderência dos microrganismos aos implantes Após a pré-incubação em saliva humana, os implantes foram colocados, individualmente, em poços de placas de cultura de células (Costar Corning, New York, EUA) contendo 2,0 ml de caldo para placa in vitro (Gybbons; Nygaard, 1968). Os implantes foram inoculados com 0,1 ml de suspensão contendo 106 células/ml de Streptococcus sanguinis, previamente preparada. As placas de cultura de células foram tampadas e incubadas a 37°C por 24 horas a 5% de CO2. Decorrido o período de incubação, os implantes foram transferidos para outros poços da placa de cultura de célula com novo caldo para placa in vitro e inoculados com suspensão contendo 106 células/ml de Candida albicans, previamente preparada. As placas de cultura de células foram tampadas e incubadas a 37°C, por mais 24 horas. A seguir, os implantes foram submetidos ao processo de lavagem. Os implantes foram transferidos para os poços da placa de cultura de células contendo 2 ml de solução fisiológica esterilizada e a placa foi agitada por cinco minutos TABELA 1 – VALORES DE UFC/ML (LOG10) DA ADERÊNCIA DE CANDIDA ALBICANS NOS ENSAIOS REALIZADOS COM OS IMPLANTES DE SUPERFÍCIE LISA, DUPLO ATAQUE ÁCIDO E NANOPARTÍCULAS DE HIDROXIAPATITA Implante/Ensaio Superfície lisa Duplo ataque ácido Nanopartículas de hidroxiapatita Média 5,20 5,23 5,13 Desvio-padrão 0,07 0,05 0,03 Mínimo 5,09 5,13 5,09 Mediana 5,21 5,24 5,12 Máximo 5,31 5,32 5,17 TABELA 2 – VALORES DE UFC/ML (LOG10) DA ADERÊNCIA DE STREPTOCOCCUS SANGUINIS NOS ENSAIOS REALIZADOS COM OS IMPLANTES DE SUPERFÍCIE LISA, DUPLO ATAQUE ÁCIDO E NANOPARTÍCULAS DE HIDROXIAPATITA Implante/Ensaio Superfície lisa Duplo ataque ácido Nanopartículas de hidroxiapatita Média 5,51 5,63 5,52 Desvio-padrão 0,17 0,09 0,12 Mínimo 5,20 5,48 5,28 Mediana 5,53 5,62 5,53 Máximo 5,72 5,78 5,67 Figuras 2 Aspectos das colônias de microrganismos obtidas em meio de cultura sólido. A. Levedura Candida albicans crescida em ágar Sabouraud com cloranfenicol. B. Bactéria Streptococcus sanguinis crescida em ágar MSBS. em agitador orbital (Solab, Piracicaba, Brasil). Este processo de lavagem foi realizado por três vezes. Quantificação da aderência microbiana nos implantes Cada implante foi colocado em um tubo falcon contendo 10 ml de solução fisiológica esterilizada e em seguida homogeneizado por 30 segundos, utilizando homogeneizador ultrassônico (Sonoplus HD 2200 – Bandelin Eletronic) com potência de 50 W, afim de desprender o biofilme. A suspensão microbiana obtida foi considerada com fator diluição 10-1 e, a partir desta, foram realizadas novas diluições decimais (10-2 e 10-3) em solução fisiológica esterilizada. Alíquotas de 0,1 ml de cada diluição foram semeadas em duplicatas em placas de Petri com meio de cultura sólido. Para Streptococcus sanguinis foi utilizado ágar Mitis Salivarius (Difco, Detroit, USA) acrescido de 0,2 UI/ml de bacitracina (União Química, São Paulo, Brasil) e 15% de sacarose (MSBS). Já para Candida albicans foi utilizado ágar Sabouraud dextrose com 50 mg/l de cloranfenicol (União Química, São Paulo, Brasil). As placas foram incubadas em estufa à 37ºC por 48 horas. Após o período de incubação, as placas contendo de 30 a 300 colônias de Candida albicans (Figura 2a) e Streptococcus sanguinis (Figura 2b) foram contadas e o número UFC/ml transformado em logaritmo de base 10 (Log10). Análise estatística Os resultados obtidos foram avaliados estatisticamente pela análise de variância Anova, teste Tukey, considerandose diferença estatística quando p < 0,05, com o software Minitab 14 (Inc. PA, USA). Resultados Os números de UFC/ml (log10) de Candida albicans e S. sanguinis obtidos nos diferentes implantes utilizados e os resultados da análise estatística descritiva estão demonstrados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):679-83 681 da Silva AV • Bertramelo LA • Romeiro RL • Pereira C • Jorge AOC Figuras 4 Análise da aderência em microscopia eletrônica de varredura. A. Superfície com duplo ataque ácido. B. Superfície lisa. C. Superfície Nanoss (aumento de 5000X) Figura 3 Médias de UFC/mL (log10) da aderência dos microrganismos Candida albicans e Streptococcus sanguinis nos implantes de superfície lisa; por tratamentos de duplo ataque ácido e nanopartículas de hidroxiapatita. Letras diferentes indicam diferença estatisticamente significante entre os grupos (Anova, Teste de tukey, p < 0,05). A comparação da aderência microbiana nos implantes com diferentes tratamentos estão apresentados na Figura 3. Pode-se verificar que para Candida albicans a média de aderência foi estatisticamente diferente nos implantes com tratamento por nanopartículas de hidroxiapatita, em relação aos de superfície lisa (p = 0,012), e duplo ataque ácido (p = 0,000). Já para Streptococcus sanguinis, a média de aderência foi semelhante nos três tipos de implantes, sem diferença estatística entre os mesmos (p > 0,05). Em relação a aderência microbiana nos implantes estudados, a maior média foi observada para a bactéria Streptococcus sanguinis. Para ilustrar essa aderência, um implante de cada grupo, após realização da aderência, foi submetido a microscopia eletrônica de varredura (Figuras 4). Discussão No insucesso dos implantes dentários, a aderência e a colonização microbiana são consideradas fatores importantes8. Por isso, o estudo da aderência microbiana e a consequente formação de biofilme nas diferentes superfícies de implantes utilizados na prática clínica/odontológica torna-se de interesse científico. Este estudo buscou avaliar a aderência de Streptococcus sanguinis e Candida albicans nas diferentes superfícies de implantes dentários. A escolha de Streptococcus sanguinis deve-se ao fato de que esta bactéria é um importante colonizador primário do biofilme dentário9, e, apesar de ser considerado menos patogênico que a espécie Streptococcus mutans, podem produzir lesões de cárie em fóssulas e fissuras. Já Candida albicans é considerada a levedura mais comum encontrada na cavidade bucal, que pode ocasionar diferentes formas de candidose, além de estarem presentes nos biofilmes dentários10, o que demonstra que as mesmas 682 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):679-83 podem estar correlacionadas com desenvolvimento de lesões de cárie e na patogênese de doenças periodontais11. A aderência microbiana inicial ocorre por meio da película adquirida12, uma camada acelular que se deposita no esmalte superficial dos dentes, tendo como principais constituintes substâncias originárias da saliva e do fluido gengival, como proteínas, glicoproteínas e lipídios, além de componentes bacterianos, como as glicosiltransferases13. Por este processo de especificidade, os microrganismos com pouca ou nenhuma afinidade à película são eliminados pelo fluxo salivar. Desta forma, as interações microrgaNo insucesso dos nismo/película são implantes dentários, importantes nos estágios iniciais de fora aderência e a mação do biofilme colonização microbiana dentário14. Assim, a pré-incubação dos são consideradas implantes dentários, fatores importantes8. por 60 minutos com saliva humana, busPor isso, o estudo da cou a formação da aderência microbiana película adquirida e a consequente nas superfícies dos mesmos, fazendo formação de biofilme com que a aderênnas diferentes cia de Streptococcus sanguinis fosse ausuperfícies de mentada, uma vez implantes utilizados que tal bactéria possui afinidade para na prática clínica/ com esta camada odontológica torna-se acelular. Após o pede interesse científico. ríodo de 24 horas de aderência de Streptococcus sanguinis, e transferência para novo meio de cultura líquido, a suspensão de Candida albicans foi inoculada nos implantes. Sendo assim, a bactéria Streptococcus sanguinis contribuiu para a aderência da levedura Candida albicans aos implantes, possivelmente Trabalho de Pesquisa Caderno Científico pelo processo de coagregação. Este processo também foi descrito por outros autores15, os quais mantiveram as amostras imersas em saliva antes da incubação com microrganismos. Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram que Streptococcus sanguinis promoveu maior aderência do que Candida albicans nos diferentes implantes analisados. Este fato pode ser devido ao maior tempo de permanência de Streptococcus sanguinis junto aos implantes, uma vez que essa bactéria permaneceu em contato com os mesmos por 48 horas. Já a suspensão de Candida albicans foi adicionada aos implantes após 24 horas de inoculação de Streptococcus sanguinis, o que possivelmente resultou nos dados obtidos. Resultados similares da colonização por Streptococcus sanguinis também foram obtidos em outra pesquisa9 que encontrou elevada quantidade dessa bactéria aderida a superfície de implantes dentários e materiais restauradores em um modelo de aderência in vitro. Outro estudo in vivo, expondo diferentes materiais de implantes à microbiota bucal, demonstrou que estreptococos foram os microrganismos predominantes no biofilme e que a quantidade e qualidade do biofilme formado foram relacionadas aos tipos de superfícies dos implantes16. Atualmente, novas superfícies de implantes estão disponíveis para uso clínico/odontológico. Para execução deste estudo foram selecionados implantes comumente utilizados no mercado nacional e que apresentavam diferenças no processo de tratamento de suas superfícies. Foram utilizados implantes tratados com condicionamento de sua superfície através do duplo ataque ácido, com ácido clorídrico e fosfórico17 e implantes tratados por nanoparticulas de hidroxiapatita. Como controles, foram utilizados implantes de superfície lisa. Referências bibliográficas 1. Carranza F, Newman MG. Carranza Periodontia Clínica. 10 ed. São Paulo: Livraria Elsevier; 2007. 2. Idone V, Brendtro S, Gillespie R, Kocaj S, Peterson E, Rendi M et al. Effect of an orphan response regulator on Streptococcus mutans sucrose-dependent adherence and cariogenesis. Infect Immun 2003;71:4351-60. 3. Heuer W, Elter C, Demling A, Neumann A, Suerbaum S, Hannig M et al. Analysis of early biofilm formation on oral implants in man. J Oral Rehabil 2007;34(5):377-82. 4. Mombelli A, Lang N. The diagnosis and treatment of peri-implantitis. Periodontology 1998;17:63-76. 5. Romeiro RL, Majewski M, Molina FP, Oliveira LD, Junqueira JC, Jorge AOC. Aderência de C. albicans, C. dubliniensis e C. glabrata à superfície de implantes lisos e rugosos. Rev ImplantNews 2009;6(1):33-7. 6. Albrektsson T, Zarb G, Worthington P, Eriksson AR. The long-term efficacy of curretly used dental implants: a review and proposed criteria of success. Int J Oral Maxillofac Implants 1986;1:11-25. 7. Jorge, AOC. Microbilogia bucal. 3.ed. São Paulo: Livraria Editora Santos; 2007. 8. Rimondini L, Farè S, Brambilla E, Felloni A, Consonni C, Brossa F et al. The effect of surface roughness on early in vivo plaque colonization on titanium. J Periodontol 1997;68(6):556-62. 9. Hauser-Gerspach I, Kulik EM, Weiger R, Decker EM, Von Ohle C, Meyer J. Adhesion of Streptococcus sanguinis to dental implant and restorative materials in vitro. Dent Mater Comparando-se a colonização microbiana aos diferentes implantes dentários avaliados no presente estudo, verificou-se que àqueles nos quais as superfícies foram tratadas por nanopartículas de hidroxiapatita promoveram menor aderência da levedura Candida albicans. Tal aderência foi estatisticamente menor e diferente do dos implantes que receberam tratamento duplo ataque ácido (p = 0,000), de superfície lisa (p = 0,012). Na aderência da bactéria Streptococcus sanguinis, o implante de superfície lisa apresentou menor índice de colonização. Porém, não foi observada nenhuma diferença estatisticamente significante entre os implantes com as diferentes superfícies avaliadas. Conclusão Tendo em vista os parâmetros utilizados no presente estudo, pode-se concluir que os implantes tratados por nanopartículas de hidroxiapatita promoveram menor aderência e formação de biofilme para Candida albicans. Entretanto, para Streptococcus sanguinis, as médias de aderência microbiana permaneceram semelhantes nos implantes lisos, tratados com nanopartículas de hidroxiapatita, e duplo ataque ácido. Recebido em: abr/2010 Aprovado em: jun/2010 Endereço para correspondência: Rogério de Lima Romeiro Av. Bernardino de Campos, 358 – Centro 12600-200 – Lorena – SP [email protected] J 2007;26(3):361-6. 10. Nikawa H, Hamada T, Yamashiro H, Murata H, Subiwahjudi A. The effect of saliva or serum on Streptococcus mutans and Candida albicans colonization of hydroxyapatite beads. J Dent 1998;26(1):31-7. 11. Jãrvensivu A, Hietanen J, Rautemma R, Sorsa T, Richardson M. Candida yeast in chronic periodontitis tissues and subgingival microbial biofilms in vivo. Periodon Oral Microbiol 2004;10(2):106-12. 12. Marsh PD. Microbiological aspects of the chemical control of plaque and gingivitis. J Dent Res 1992;71(7):1431-8. 13. Marcotte H, Lavoie MC. Oral microbial ecology and the role of salivary immunoglobulin A. Microbiol Mol Biol Rev. 1998;62(1):71-109. 14. Gibbons RJ, Hay DI, Childs WC, Davis G. Role of cryptic receptors (cryptitopes) in bacterial adhesion to oral surfaces. Arch Oral Biol 1990;35(1):107-14. 15. Guggenheim B, Giertsen E, Shupbach P, Shapiro S. Validation of an in vitro biofilm model of supragingival plaque. J Dent Res 2001;80(1):363-70. 16. Lindhe J, Berglundh T, Ericsson I, Liljenberg B, Marinello C. Experimental breakdown of periimplant and periodontal tissues: a study in the beagle dog. Clin Oral Implant Res 1992;3:9-13. 17. Al-nawas B, Hangen U, Duschner H, Krummenauer F, Wagner W. Turned, machined versus double-etched dental implants in vivo. Clin Implant Dent Relat Res 2007;9(2):71-8. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):679-83 683 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Confiabilidade, precisão e limitações das cirurgias guiadas por imagem na Implantodontia Reliability, accuracy and limitations of image-guided, dental implant surgeries Frederico Nigro* Carlos Eduardo Francischone** Carlos Eduardo Francischone Junior*** RESUMO As evoluções técnico-científicas incorporaram à Implantodontia atual novos procedimentos, visando um aperfeiçoamento das manobras cirúrgicas e protéticas. Dentre essas evoluções destacam-se as cirurgias guiadas que, a partir dos dados obtidos pelas tomografias computadorizadas e com o auxílio de um programa de manipulação de imagens, podem realizar o planejamento virtual dos implantes a serem instalados. A partir desse planejamento virtual, confecciona-se um guia por prototipagem, que irá transferir o planejamento virtual para a realidade cirúrgica. No entanto, pouco se tem avaliado sobre a precisão dessas transferências. O presente artigo alerta para as limitações e confiabilidade desta tecnologia nas transferências do planejamento virtual para a realidade cirúrgica, para a sua aplicação na Implantodontia. Unitermos - Implantes osseointegrados; Carga imediata; Prototipagem; Cirurgia guiada. ABSTRACT Developments in science and technology give rise to new procedures aiming to improve surgical and prosthetic procedures on Implantology. Among them, guided surgeries based on computerized tomographic images make virtual planning of selected dental implants. In this way, a guide for prototype fabrication is generated, transferring the virtual planning to surgical reality; however, precision of this procedure hasn’t been evaluated too much. This article discusses the limitations and reliability of this technology on the transferring of virtual surgery for applications on implant placement. Key Words - Dental implants; Immediate-loaded implants; Stereolithographic models; Surgical guide template; Computer-guided surgery. *Doutor em Implantodontia – USC/Bauru; Mestre em Implantodontia – Unisa; Especialista em Prótese Dental – Unip; Professor do Curso de Especialização – Senac. **Coordenador dos Cursos de Doutorado e Mestrado em Implantodontia – USC; Professor titular do Departamento de Dentística – FOB-USP. ***Doutorando em Implantodontia – USC; Mestre em Implantodontia – USC; Professor da Implantodontia – USC. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 685 Nigro F • Francischone CE • Francischone Jr CE Introdução Desde a apresentação dos implantes osseointegrados pelo professor Brånemark e colaboradores, a Implantodontia passou por significativas evoluções técnico-científicas. Paralelamente a essas mudanças, a radiologia aplicada à Implantologia1 também foi incorporando evoluções significativas, entre as quais está a tomografia computadorizada2. Esse tipo de tomografia passou a fornecer uma avaliação mais precisa do volume ósseo e das estruturas anatômicas circunjacentes à região de interesse, graças à possibilidade de se examinar as áreas de interesse em diversos planos, bem como pelo fato de se poder reformatar as imagens adquiridas bidimensionalmente e tridimensionalmente. Com isso, os planejamentos tornam-se cada vez mais adequados, precisos e rigorosos3. As técnicas cirúrgicas foram incorporando modificações ao longo do tempo, de forma a minimizar o trauma cirúrgico e otimizar os resultados pós-cirúrgicos4. Dentre essas modificações, pode-se salientar as cirurgias sem retalho, que têm mostrado ser uma técnica eficiente para a instalação de implantes, quando bem indicadas5. A técnica de cirurgia sem retalho tem oferecido uma recuperação menos traumática6 e com menor edema pós-cirúrgico. Essa técnica tem se mostrado eficiente também na manutenção do osso na cervical do implante, pois, por não rebater o retalho, a reabsorção óssea oriunda da exposição desse osso durante o ato cirúrgico ocorre em menor grau7. Os programas computadorizados8 para a manipulação de imagens obtidas a partir dos dados gerados pela tomografia computadorizada possibilitam melhorar os resultados finais de cada caso, graças à realização do planejamento virtual. Nesse planejamento, em um espaço virtual, podemse instalar os implantes, na quantidade, tamanho e posicionamento que melhor se adaptem a cada caso; além disto, ele fornece uma visão prévia das estruturas anatômicas de interesse, circunvizinhas à área cirúrgica. Esse processo possibilita, assim, uma visão prévia do ato cirúrgico. Aliados a esses processos de planejamento virtual, através dos programas de manipulação de imagens, estão os sistemas CAD/CAM (Computer Aided Design/Computer Aided Manufactering), capazes de produzir protótipos9-10 e guias cirúrgicos prototipados11 a partir dos dados gerados pelas tomadas tomográficas. Esses dados são inseridos nos programas de manipulação de imagens, que possibilitam o planejamento virtual dos guias cirúrgicos que serão confeccionados pelos sistemas CAD/CAM, que passaram a orientar o profissional durante o ato cirúrgico a fim de instalar os implantes conforme previsto no planejamento virtual. Os guias cirúrgicos prototipados são passíveis de serem utilizados tanto diretamente sobre o tecido ósseo quanto sobre o tecido mucoso, com a realização das cirurgias sem retalho12-16. 686 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 No entanto, toda essa tecnologia e evolução deixam dúvidas, principalmente para saber se a posição final dos implantes instalados corresponde à posição dos implantes planejados virtualmente. Isso porque muitas técnicas preconizam a colocação da prótese definitiva implantossuportada, imediatamente após o término da instalação dos implantes, o que requer uma precisão muito grande do posicionamento desses implantes, uma vez que as próteses são finalizadas previamente ao ato cirúrgico. Material e Métodos Foram selecionados seis pacientes consecutivos (24 implantes) – Clínica de Doutorado em Implantologia da Universidade do Sagrado Coração/Bauru – desdentados totais superior e inferior, dois homens e quatro mulheres, com idade entre 52 e 75 anos (média de 59,6 anos), todos leucodermas. Para cada paciente foi proposta a reabilitação com uma prótese total superior e uma prótese provisória inferior implantossuportada com a instalação de quatro implantes interforâmenes mentuais. Nenhum paciente foi excluído por ser tabagista (até dez cigarros por dia), ou por ser portador de alguma patologia (hipertensão, cardiopatias, diabetes etc.), desde que estivesse sob controle e orientação médica. Para todos os pacientes foram confeccionadas duas próteses totais novas (uma superior e uma inferior), Figura 1. Após acrilizar a prótese inferior, duplica-se essa prótese em resina acrílica com sulfato de bário, a 15%, que passa a ser o guia tomográfico (Figura 2). Com as três próteses acrilizadas, retorna-se ao paciente para a prova das peças prontas. Inicialmente, as duas próteses totais são provadas. Avaliase a estabilidade de ambas, tanto no assentamento sobre a mucosa como na estabilidade oclusal, além da confirmação de todas as provas estéticas. Na sequência, prova-se a prótese total superior com o guia tomográfico (prótese inferior duplicada em sulfato de bário), sendo de extrema importância que esta também tenha estabilidade sobre a mucosa e estabilidade oclusal (Figura 3). Em seguida, o paciente é encaminhado para a realização da tomografia computadorizada, a aquisição tomográfica é realizada com a prótese total superior e o guia tomográfico em posição, sendo o paciente orientado a manter as próteses ocluindo firmemente em posição sem nenhum movimento. O protocolo utilizado nas aquisições das tomografias foi: matriz de 512 X 512, FOV (campo de aquisição de imagem) de 190 mm, Gantry (pórtico) tilt de 0° (sem inclinação), espessura de corte e intervalo de reconstrução de 1,0 mm; com o paciente posicionado de tal forma que o plano oclusal dos dentes forme um ângulo de 90° com a mesa do tomógrafo ou com o solo. Os dados obtidos em formato Dicom (Digital Image Communication in Medicine) são gravados e convertidos em formato BMP (Bitmap), de forma que os dados possam Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 1 Novas próteses totais confeccionadas. Figura 2 Guia tomográfico. Figura 3 Prótese total superior e guia tomográfico sendo provados em boca. Figura 4 Planejamento virtual dos implantes a serem instalados. Figura 5 Guia cirúrgico em estereolitografia. ser inseridos em um programa de manipulação de imagens (Dental Slice-Bioparts). No programa de manipulação de imagens, os implantes a serem instalados são planejados virtualmente, em um total de quatro implantes de hexágono externo (Implantes PI Brånemark Philosophy-ExoproBauru-Brasil) interforâmenes mentuais, dois mais próximos à linha mediana e dois distais, um do lado direito e outro do lado esquerdo; neste planejamento, determinam-se o tamanho e o diâmetro dos implantes, bem como a posição e a inclinação destes (Figura 4). De posse de todos esses dados, o guia cirúrgico gengival é planejado no programa, no qual também são planejados os locais onde serão instalados os pinos de ancoragem do guia, que não devem interferir na instalação dos implantes. Os dados do planejamento do guia são enviados para a central de prototipagem, que converte esses arquivos para o formato STL (Standard Triangle Language) e confecciona um guia cirúrgico em estereolitografia (Figura 5). Faz-se a prova do guia em boca para certificar-se de que se adapta REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 687 Nigro F • Francischone CE • Francischone Jr CE Figura 6 Conjunto da prótese total, registro multifuncional e guia prototipado fixado em posição no início do ato cirúrgico. Figura 7 Perfuração com a fresa de 2 mm de diâmetro através de anilha de 2 mm de diâmetro sobre o guia cirúrgico. Figura 8 Primeiro implante sendo instalado com o montador específico. 688 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 perfeitamente sobre a mucosa, totalmente estável e sem nenhuma movimentação. Apos a prova do guia, com silicona de condensação pesada, confecciona-se um registro multifuncional, o qual auxiliará a fixação inicial do guia no início da cirurgia. Antes da cirurgia realiza-se perfurações na prótese total inferior, nas regiões dos futuros implantes, para facilitar a captura dos cilindros de titânio em boca logo após o término da cirurgia. O guia cirúrgico gengival prototipado, a prótese total superior, a prótese total inferior com as aberturas realizadas, o registro multifuncional e o guia tomográfico são esterilizados a frio com ácido peracético. Antes do início da cirurgia, o paciente tem a sua pressão mensurada e realiza um bochecho, por um minuto, com gluconato de clorexidina a 0,12% (Periogard - Colgate, Brasil). Em seguida, procede-se à antissepsia da face do paciente com clorexidina aquosa a 0,2% (L.M. Farma-Brasil, lote 050201). O paciente é anestesiado (mepivacaína a 2% com epinefrina 1:100.00 – Mepiadre – DFL, Brasil, lote 0711040) com infiltrações em fundo de sulco na área cirúrgica. Também são realizadas infiltrações no rebordo mucoso a fim de promover uma leve isquemia, sem interferir na instalação e no assentamento do guia cirúrgico prototipado. O guia deve se assentar sobre o tecido mucoso de tal forma a não se deslocar em nenhum sentido, estando perfeitamente adaptado. A leve isquemia provocada pela infiltração anestésica não pode interferir no perfeito assentamento do guia sobre a mucosa, mas sim, colaborar para o seu posicionamento. O conjunto registro multifuncional, guia prototipado e prótese total superior é levado em posição no paciente, o qual é orientado a ocluir firmemente sem movimentar o conjunto (Figura 6). Nesse momento, com uma fresa de 1,5 mm de diâmetro, são realizadas as perfurações para a inserção dos pinos de ancoragem, que manterão o guia na posição inicial. Após a fixação do guia, o registro multifuncional e a prótese total superior são removidos. A perfuração inicial é realizada com a broca de chanfro (counterbore – NobelBiocare), que, além de realizar a incisão no tecido mucoso, realiza também a marcação inicial de penetração das demais fresas no tecido ósseo. Após esse passo, com um punch para tecido mole, remove-se o restante do tecido mucoso. Na sequência, sobre uma anilha do guia é encaixada o guia de perfuração de 2 mm de diâmetro (NobelBiocare) para realizar a perfuração inicial com a fresa específica de 2 mm de diâmetro (NobelBiocare), Figura 7. Após a perfuração com a fresa de 2 mm de diâmetro, o guia correspondente é substituído pelo guio de perfuração de 2,8 mm de diâmetro (NobelBiocare), para a perfuração com a fresa de 2,8 mm de diâmetro (NobelBiocare) e de mesma maneira com a fresa de 3 mm de diâmetro. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Terminada a confecção do alvéolo cirúrgico, iniciase a instalação do primeiro implante com um montador específico (NobelBiocare), Figura 8. Com o auxílio de um contra-ângulo e um motor para inserção de implantes (Torque controller-NobelBiocare) leva-se o implante no alvéolo cirúrgico e inicia-se a sua instalação até que atinja o torque de inserção de 32 Ncm. Nesse ponto, remove-se o contra-ângulo e finaliza-se a instalação do implante com um torquímetro, até que o montador toque a anilha do guia e se estabilize – quando, então, obtém-se o torque final de instalação dos implantes. Em seguida o montador é removido e um abutment estabilizador do guia (NobelBiocare) é aparafusado no implante recém-instalado. O próximo passo é a instalação do segundo implante. Para isso, o procedimento adotado foi o mesmo usado para a instalação do primeiro implante. Terminada a instalação do segundo implante o montador desse implante também é removido e substituído por outro abutment estabilizador do guia (Figura 9). Com os dois implantes instalados e com os abutments estabilizadores do guia em posição, procede-se à instalação dos demais implantes, utilizando-se o mesmo procedimento. No entanto, a partir de agora os montadores não são mais substituídos, permanecendo em posição até o final da instalação do último implante. Com os quatro implantes instalados, os dois montadores, os dois abutments estabilizadores do guia, os pinos de ancoragem e o guia prototipado são removidos, deixando a plataforma dos implantes exposta (Figura 10). No passo seguinte, sobre os implantes são instalados os abutments definitivos do tipo minicônicos (Abutments Multiflex - PI Brånemark Philosophy – Exopro/Bauru/Brasil), com diversas cintas de altura. Sobre os abutments são aparafusados cilindros provisórios de titânio (Exopro/Bauru/ Brasil), Figura 11. A seguir, a prótese total inferior perfurada é levada em posição, de forma que os cilindros passem pelos orifícios da prótese e de forma que ela se assente perfeitamente sobre a mucosa. A prótese total superior é levada em posição e pede-se para o paciente ocluir com a prótese inferior perfurada e os cilindros de titânio instalados, certificando-se de que não há nenhuma interferência. O próximo passo é a captura dos cilindros de titânio na prótese total inferior com o auxílio de uma resina acrílica quimicamente ativada, quando, então, o paciente oclui firmemente até a polimerização da resina. Nesse ponto, os cilindros de titânio são desparafusados e o conjunto de cilindros mais prótese total é removido da boca e enviada ao laboratório de prótese para que esta prótese seja transforma em uma prótese provisória apararafusada sobreimplante (Figura 12). Sobre os abutments são instaladas as tampas de proteção. Agora o guia tomográfico aliviado internamente é Figura 9 Dois implantes instalados com os respectivos abutments estabilizadores do guia em posição. Figura 10 Plataforma dos quatro implantes recém instalados. Figura 11 Cilindros de titânio aparafusados sobre os miniabutments. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 689 Nigro F • Francischone CE • Francischone Jr CE Figura 12 Cilindros de titânio capturados na prótese total. Figura 13 Caso finalizado com a prótese total superior e a prótese provisória inferior aparafusada sobre os implantes. Figura 14 Sobreposição dos implantes planejados virtualmente (rosa) com os implantes instalados (amarelo). Figura 15 Sobreposição dos implantes planejados virtualmente (rosa) com os implantes instalados (amarelo). Figura 16 Sobreposição dos implantes planejados virtualmente (rosa) com os implantes instalados (amarelo), sem a presença da mandíbula. 690 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 recolocado. É observado se o guia está assentando perfeita e passivamente sobre o rebordo e se está ocluindo com a prótese total superior. O paciente é encaminhado para a realização da segunda tomada tomográfica com os implantes instalados, a tomografia é realizada seguindo os mesmos protocolos anteriormente descritos. Após a realização da segunda tomada tomográfica, o paciente retorna para a instalação da prótese transformada, um ajuste oclusal com a prótese total superior instalada é realizado e o paciente é orientado quanto à higiene, alimentação e consultas de retorno (Figura 13). Os dados gerados pela segunda tomografia (formato Dicom) são enviados à central de prototipagem, que os converte para o formato BMP. No programa de manipulação de imagens da central de prototipagem, por sobreposição das imagens, seguindo a anatomia do tecido ósseo (base da mandíbula, ângulo da mandíbula, canal mandibular), as Trabalho de Pesquisa Caderno Científico imagens dos implantes no planejamento virtual e as imagens reais dos implantes instalados, nos três planos espaciais (X, Y e Z) são sobrepostas. Realizam-se três medidas lineares e uma angular, quais sejam: um ponto do centro do limite coronal do implante planejado ao centro coronal do implante executado, em milímetros; outro ponto do centro do implante planejado ao centro do implante executado, em milímetros; um terceiro ponto do centro do limite apical do implante planejado ao centro apical do implante realizado, também em milímetros. A mensuração do ângulo é calculada em graus, quando as linhas que partem do vetor de direção que passa ao longo eixo do implante planejado e ao longo eixo do implante realizado se cruzam, formando o ângulo (Figuras 14 a 16). TABELA 1 – MENSURAÇÕES DAS DISTÂNCIAS CORONAIS, CENTRAIS E APICAIS, EM MILÍMETROS, E DO ÂNGULO, EM GRAUS, FORMADO ENTRE OS IMPLANTES PLANEJADOS VIRTUALMENTE E A POSIÇÃO FINAL REAL PARA OS SEIS PACIENTES Casos Implantes (no) Distância coronal (mm) Distância central (mm) Distância apical (mm) Ângulo (°) Paciente 1 1 2 3 4 0,68 0,35 0,24 0,99 0,83 1,27 0,24 0,83 1,01 2,30 0,24 0,70 1,7 2,7 0,0 1,9 Paciente 2 1 2 3 4 0,78 0,60 0,62 0,49 0,90 1,18 1,36 0,62 1,15 2,17 2,32 0,78 2,9 3,1 1,4 1,6 Paciente 3 1 2 3 4 0,24 0,76 0,77 0,46 0,33 0,74 0,86 0,53 0,48 0,79 0,96 0,63 1,3 1,8 1,2 1,1 Paciente 4 1 2 3 4 0,60 1,16 0,87 0,54 0,55 0,93 0,74 0,52 0,52 0,77 0,65 0,55 0,7 2,8 1,8 1,5 Paciente 5 1 2 3 4 1,36 0,69 0,83 0.95 1,74 0,71 0,70 0,93 2,13 0,75 0,58 1,00 3,2 1,2 1,1 2,2 Paciente 6 1 2 3 4 1,30 0,82 0,86 1,53 1,30 0,85 0,60 1,23 1,41 1,01 0,51 1,07 2,8 2,5 2,8 3,7 TABELA 2 – MÉDIAS E DESVIO-PADRÃO DAS DISTÂNCIAS CORONAIS, CENTRAIS E APICAIS, EM MILÍMETROS, E DO ÂNGULO, EM GRAUS, FORMADO ENTRE OS IMPLANTES PLANEJADOS VIRTUALMENTE E A POSIÇÃO FINAL REAL PARA OS SEIS PACIENTES Casos d1 – Distância coronal (mm) d2 – Distância central (mm) d3 – Distância apical (mm) Ângulo (º) Paciente 1 0,57 ± 0,34 0,79 ± 0,42 1,06 ± 0,88 1,58 1,14 Paciente 2 0,62 ± 0,12 1,02 ± 0,32 1,61 ± 0,76 2,25 0,87 Paciente 3 0,56 ± 0,26 0,62 ± 0,23 0,72 ± 0,21 1,35 0,31 Paciente 4 0,79 ± 0,28 0,29 ± 0,19 0,62 ± 0,11 1,70 ± 0,87 Paciente 5 0,96 ± 0,29 1,02 ± 0,49 1,12 ± 0,70 1,93 0,98 Paciente 6 1,13 ± 0,35 1,00 ± 0,33 1,00 ± 0,37 2,95 0,52 Geral 0,77 ± 0,33 0,85 ± 0,35 1,02 ± 0,61 1,96 ± 0,92 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 691 Nigro F • Francischone CE • Francischone Jr CE Resultados Os resultados das mensurações obtidas pelo programa de manipulação de imagens entre os implantes planejados virtualmente e o posicionamento final dos implantes estão expressos na Tabela 1. As médias e desvio-padrão para os seis pacientes estão expressas na Tabela 2. Quando se aplicou o teste Mann Whitney, levando-se em consideração o momento zero (ou seja, considerando-se que os implantes instalados coincidissem com os implantes planejados virtualmente), houve diferença estatisticamente significante entre todas as medidas (coronal, central e apical), bem como do ângulo formado de todos os implantes em todos os pacientes. Discussão Foi demonstrado17 que as medidas obtidas pelas tomografias, com o correto posicionamento do objeto e um bom programa de reformatação de imagens, fornecem-nos medidas absolutamente seguras. Com a evolução das tomografias, em que os dados obtidos podem ser transferidos para programas de manipulação de imagens, permite-se a realização de cirurgias navegadas ou guiadas18. Nesse programa de manipulação de imagens é possível realizar os planejamentos virtuais Com a evolução dos casos19. Os mesmos das tomografias, autores8, dois anos deem que os dados pois, validaram a técnica de planejamento, quando obtidos podem ser 20 planejamentos foram transferidos para realizados somente com as reformatações bidiprogramas de mensionais e, posteriormanipulação de mente, refeitos com as reformatações tridimenimagens, permitesionais, em que 50% dos se a realização de planejamentos foram modificados para melhor. Da cirurgias navegadas mesma maneira, outros 18 ou guiadas . autores20-21 corroboraram a utilização das tomografias e dos programas de manipulação de imagens para a realização do planejamento virtual anteriormente à instalação dos implantes. Autores22 mostraram que os protótipos possuem, em média, uma precisão de 97%. Da mesma maneira, outros autores23 mostraram que os protótipos são confiáveis, uma vez que o desvio global médio das medidas por eles realizadas, entre um crânio seco e o seu protótipo, foi de 0,62 ± 692 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):685-93 0,35 mm. Autores23-25 mostraram as limitações dos protótipos, identificando as possíveis falhas na produção destes, assinalando os pontos críticos a serem contornados durante a produção, por exemplo: FOV, gantry, presença de metais, movimento durante a tomada tomográfica, transferência de dados e produção. Comparando os resultados obtidos em relação aos trabalhos realizados em humanos, observamos melhores valores obtidos em nossa pesquisa quando comparados aos resultados de outros autores13-14,26. Nos trabalhos citados, houve uma mistura dos tipos de guias utilizados e os valores não foram separados por tipos de guia14, encontrou-se também grande dificuldade para estabilizar os guias; já em nossa pesquisa, isso não ocorreu, o que pode ter auxiliado nas medidas mais precisas por nós obtidas. Outros autores13 acabaram usando mais de um guia. Isso porque, quando da inserção dos implantes zigomáticos, usou-se outro, diferente do usado para os demais implantes. A mudança dos guias pode ter ocasionado dificuldades no posicionamento dos implantes, o que pode ter gerado as grandes diferenças encontradas. Outros autores26 realizaram as medições separadamente, de acordo com os tipos de guias utilizados, quando avaliamos, por exemplo, somente os resultados obtidos com os guias mucossuportados (total de 23 implantes), obteve-se os seguintes valores: desvio angular médio de 4,9° ± 2,2°; desvio na porção coronal de 1,1 ± 0,7 mm; desvio na porção apical de 1,7 ± 1 mm – o que continua sendo uma diferença considerável em relação aos nossos valores, principalmente se levarmos em consideração que a diferença entre o número de implantes instalados é de apenas um. Todo esse processo é passível de falhas e erros. Autores27 realizaram um trabalho de revisão da literatura e apontaram alguns dos problemas inerentes à técnica, como erros na aquisição tomográfica, nas espessuras dos cortes e presença de artefatos. O erro humano pode ser vinculado a todos os passos, como o erro nas aquisições das imagens, no planejamento virtual e no registro. Autores28 chamam a atenção para possíveis variações entre posicionamento, virtuais e reais, dos implantes. Também sugerem conferir a estabilidade primária dos implantes logo após a remoção do guia cirúrgico e, se for necessário, dar mais torque de inserção no implante até conseguir estabilidade primária adequada. Assim, sugerem a captura dos pilares provisórios pela prótese provisória confeccionada previamente. Outros autores23 também relatam problemas advindos da confecção do guia durante o processo de prototipagem. Para evitar esse tipo de erro, é necessário um acompanhamento rigoroso da central de produção durante este passo. O erro de planejamento está ligado à curva de aprendizado de cada profissional. Os autores concluem que os erros são cumulativos e interativos. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Autores29, avaliando as complicações oriundas das cirurgias guiadas (NobelGuide - Nobel Biocare), não observaram nenhum erro advindo dos planejamentos virtuais. Um dos problemas encontrados pelos autores29 foi a falta de assentamento da prótese por interferência óssea, o que não ocorreu em nosso trabalho, pois realizamos a captura da prótese em boca após a instalação dos implantes. Outro problema relatado pelo autor foi o de um implante que não foi instalado na profundidade correta, o que também não ocorreu em nosso trabalho, uma vez que os implantes têm o término de sua instalação quando o montador atinge a anilha do guia – o que pode ocorrer é uma subinstrumentação, fazendo que o implante trave antes de ser inserido totalmente. Outro problema oriundo da instalação inadequada na altura do implante é quando se tem a prótese concluída previamente ao ato cirúrgico, o que pode impedir o assentamento da peça sobre os implantes28. Esses autores não puderam adaptar a prótese sobre os implantes logo após o término da cirurgia por falta de assentamento, sendo necessário um desgaste interno no cilindro da peça para que esta se assentasse. Referências bibliográficas 1. Gher ME, Richardson AC. The accuracy of dental radiographic techniques used for evaluation of implant fixture placement. Int J Periodontics Restorative Dent 1995;15(3):268-83. 2. Tyndall DA, Brooks SL. Selection criteria for dental implant site imaging: a position paper of the American Academy of Oral and Maxillofacial radiology. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2000;89(5):630-7. 3. Kraut RA. A case for routine computed tomography imaging of the dental alveolus before implant placement. J Oral Maxillofac Surg 2001;59(1):64-7. 4. Covani U, Cornelini R, Barone A. Buccal bone augmentation around immediate implants with and without flap elevation: a modified approach. Int J Oral Maxillofac Implants 2008;23(5):841-6. 5. 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Por fim, ao se desejar realizar uma prótese definitiva após a instalação dos implantes com cirurgia guiada, podese utilizar a técnica convencional para carga imediata, em que, ao final da instalação dos implantes, realiza-se uma moldagem de transferência destes para que o laboratório possa confeccionar a prótese. Recebido em: mai/2010 Aprovado em: jul/2010 Endereço para correspondência: Frederico Nigro [email protected] 16. Terzioglu H, Akkaya M, Ozan O. The use of a computerized tomography-based software program with a flapless surgical technique in implant dentistry: a case report. Int J Oral Maxillofac Implants 2009;24(1):137-42. 17. Sforza NM, Franchini F, Lamma A, Botticelli S, Ghigi G. Accuracy of computerized tomography for the evaluation of mandibular sites prior to implant placement. Int J Periodontics Restorative Dent 2007;27(6):589-95. 18. Almog DM, LaMar J, LaMar FR, LaMar F. Computerized tomography-based imaging and surgical guidance in oral implantology. 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O objetivo do presente estudo foi revisar o conhecimento sobre os efeitos adversos da diabetes mellitus no processo de reparo ósseo peri-implantar. A pesquisa da literatura pertinente ao tema foi realizada a partir de consulta à base de dados Medline. A busca foi limitada a estudos na língua inglesa. Foram selecionados estudos experimentais, clínicos e revisões literárias. Embora vários estudos demonstrem efeitos prejudiciais da diabetes no processo de osseointegração, ainda é insuficiente a quantidade de informações disponíveis para determinar correlações entre avaliação laboratorial e impacto no processo de cicatrização peri-implantar. Na atualidade, ainda não existe um protocolo que leve em consideração o estabelecimento de critérios objetivos para indicação de tratamento com implantes osseointegráveis em indivíduos diabéticos. Os dados de estudos que abordam essa linha de investigação são conflitantes e novas pesquisas devem ser desenvolvidas em busca de melhor entendimento do processo cicatricial peri-implantar em diabéticos. Unitermos - Diabetes mellitus; Osseointegração; Implante dentário. ABSTRACT Some of the most adverse effects of diabetes mellitus, the changes caused on tissue repair, are of greatest interest to dental implant studies. Scientific evidences demonstrate that a hyperglycemic condition is considered the major cause of systemic and local complications resulting from this condition. This review aims to reporting some of the well-known facts about adverse effects of diabetes mellitus on the process of peri-implant bone repair. A literature review was conducted based on data obtained from Medline electronic database. This search was limited to studies published in English. Both experimental and clinical studies and book reviews were selected. Although several studies demonstrate the adverse effects of diabetes in the process of osseointegration, the amount of available information is still insufficient to determine correlations between laboratory tests and impact on peri-implant healing process. However, there is no objective criterion to treat individuals with osseointegrated implants suffering from diabetes. Data taken from borderline studies are conflicting. New research should be developed in order to achieve a better understanding of periimplant healing process in diabetic individuals. Key Words - Diabetes mellitus; Osseointegration; Dental implants. *Mestre em Odontologia – Área de Concentração em Implantodontia – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. **Mestre em Odontologia – Área de Concentração em Periodontia – Universidade Federal de Minas Gerais; Doutor em Implantodontia – São Leopoldo Mandic. ***Doutora em Periodontia – Universidade Federal de Minas Gerais. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):695-700 695 Guimarães RP • de Oliveira PAD • Oliveira AMSD Introdução A diabetes mellitus é uma síndrome complexa de origem multifatorial, caracterizada por um distúrbio metabólico, em que a capacidade de metabolização de glicídios fica prejudicada, levando ao quadro de hiperglicemia. A insulina é um hormônio peptídeo que promove a utilização de glicose, a síntese de proteínas e a formação e o armazenamento de lipídios neutros. A insuficiência de insulina diminui a entrada de glicose sanguínea nos tecidos, eleva a glicemia e provoca alterações no metabolismo das proteínas e dos lipídios1. Os dois tipos mais comuns de diabetes são: Tipo I (classificado anteriormente por IDDM - Diabetes mellitus insulinodependente), sendo causado por uma reação autoimune que destrói as células β do pâncreas levando a uma insuficiente produção de insulina, desenvolvendo-se com maior frequência entre crianças e adolescentes. O Tipo II (classificado anteriormente por NIDDM - Diabetes mellitus não insulinodependente) é caracterizado pela desordem da ação de insulina, de sua secreção ou ambas, onde a destruição autoimune do pâncreas não está envolvida. Também, ao contrário da diabetes Tipo I, a maioria dos pacientes apresenta obesidade. Uma terceira categoria, menos comum, inclui o diabetes causado por um defeito precedente específico e identificável como um defeito genético1. As taxas de prevalência da diabetes mellitus estão aumentando em números alarmantes, particularmente a diabetes Tipo II. Estimativas para o ano de 2010 apontam um número total de pessoas diabéticas de aproximadamente 221 milhões2-3. No Brasil a diabetes mellitus tem grande impacto na saúde pública, e a sua prevalência na população urbana entre 30 a 69 anos é de 7,6 %, comparável à de vários países1. A hiperglicemia é considerada a principal causa das complicações da diabetes. Seus efeitos deletérios são atribuídos, entre outros fatores, à constituição de um grupo heterogêneo de moléculas formado de uma reação não enzimática de açúcar com grupos proteico, lipídico e ácido nucleico. Esse grupo heterogêneo é chamado de produtos da glicosilação avançada (AGEs). Além da produção endógena de AGEs, esses também podem ser introduzidos no corpo por fontes exógenas3. Os conceitos biológicos dos efeitos da diabetes na osseointegração são relacionados à interação de AGEs com a formação de células ósseas e proteínas. A presença de AGEs produz um ambiente desfavorável para a osseointegração4. Alteração no processo de reparo tecidual representa uma das complicações da diabetes mellitus que vem sendo vastamente estudada na área da Implantodontia. Entretanto, fatores associados à hiperglicemia, ação da insulina ou à formação dos AGEs precisam ser mais criteriosamente estudados5-6. Este trabalho tem como objetivo revisar o conhecimento 696 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):695-700 sobre os efeitos da diabetes mellitus no processo de reparo ósseo peri-implantar. Revisão da Literatura Estudos clínicos prospectivos demonstram associação significativa entre hiperglicemia e complicações microvasculares em indivíduos diabéticos. A perfusão tecidual e as doenças microvasculares têm uma importante função na cicatrização tecidual. O processo de cicatrização dos tecidos duros e moles é igualmente prejudicado em indivíduos diabéticos por causa da diminuição do metabolismo protéico7-9. O envolvimento dos AGEs no desenvolvimento de doenças ósseas em diabéticos é bem estabelecido. Esses produtos provocam distúrbios na adesão, no crescimento e no acúmulo de matriz celular; além disso, podem alterar o DNA e as proteínas nucleares4. O colágeno modificado por AGEs afeta a diferenciação de células osteoblásticas. Outro fator importante que pode afetar a osseointegração e o metabolismo ósseo é a menor atividade de somatomedina. A somatomedina possui um efeito similar ao da insulina na síntese de colágeno ósseo, porém, estimula a proliferação de osteoblastos, ao contrário da insulina6. As estratégias de tratamento das complicações resultantes do estado de diabetes incluem a inibição da formação de AGEs10. Os receptores de AGEs foram identificados em macrófagos, células endoteliais e vários outros tipos celulares, e são implicados no turn-over proteico, na remodelação tecidual e na inflamação11-12. Um estudo13 verificou que o número e a função dos osteoblastos são gravemente suprimidos em ratos diabéticos, resultando na diminuição de osteoide, bem como na taxa de aposição mineral e nos níveis de osteocalcina plasmática. Relatou-se também que a formação e o acúmulo de AGEs gerados pelas altas concentrações de glicose no sangue resultam em alterações na solubilidade colágena, causando alterações nas propriedades estruturais e funcionais dos tecidos conjuntivos. O sucesso dos implantes dentários depende do contato direto do implante com o osso, o que se obtém pelo mecanismo de reparo ósseo e pela manutenção em longo prazo da osseointegração, que é dependente da remodelação óssea fisiológica. O estado diabético, porém, é responsável por alterações no metabolismo ósseo e mineral, diminuindo a taxa de formação óssea e alterando a remodelação no processo de osseointegração4. Avaliando 187 implantes em 89 pacientes com diabetes mellitus Tipo II, pesquisadores14 encontraram uma taxa de falhas de 2,2% a curto prazo e aumento expressivo das perdas para 7,3% após um ano. Os autores discutem esses resultados ressaltando que as falhas podem ser relacionadas à presença da condição de diabetes ou à reabilitação protética imprópria sobre os implantes. Revisão da Literatura Caderno Científico Um estudo experimental15 avaliou o efeito do aumento da concentração de AGEs no colágeno ósseo em ratos diabéticos (induzidos) e investigaram alterações na função das células osteoblásticas causadas pela glicosilação do colágeno Tipo I. Observou-se que o aumento dos níveis de colágeno glicosilado no grupo diabético induzido foi mais significativo do que no grupo controle. Além disto, constatou-se que as células osteoblásticas cultivadas em colágeno Tipo I modificado por AGEs tinham suas expressões fenotípicas inibidas de forma dose-dependente. Um estudo experimental15 avaliou o efeito do aumento da concentração de AGEs no colágeno ósseo em ratos diabéticos (induzidos) e investigaram alterações na função das células osteoblásticas causadas pela glicosilação do colágeno Tipo I. Observou-se que o aumento dos níveis de colágeno glicosilado no grupo diabético induzido foi mais significativo do que no grupo controle. Além disto, constatou-se que as células osteoblásticas cultivadas em colágeno Tipo I modificado por AGEs tinham suas expressões fenotípicas inibidas de forma dose-dependente. A atividade de fosfatase alcalina e a secreção de osteocalcina foram inibidas pela glicosilação do colágeno Tipo I. Estes resultados indicam que a modificação do colágeno Tipo I por AGEs afeta a diferenciação dos osteoblastos. Há evidências de redução da biossíntese de óxido nítrico (NO) nos indivíduos portadores de diabetes mellitus. O NO é uma importante molécula sinalizadora presente no osso, produzida mediante vários estímulos, como citocinas inflamatórias, estresse mecânico e hormônio sexual16. Esse óxido media a função das células ósseas e a remodelação do osso16-17. De acordo com alguns autores18, a inibição de NO endotelial prejudica a cicatrização tecidual e a angiogênese. Estudo experimental em ratos demonstrou que a produção da enzima óxido nítrico sintase (NOS) é induzida durante a fase inicial de cicatrização tecidual e que a inibição sistêmica dessa enzima pelo L-Name, inibidor de NOS, reduz a magnitude da resposta cicatricial19. O NO exerce um efeito bifásico na atividade de células ósseas. Altas concentrações de NO inibem a reabsorção óssea pela supressão da diferenciação de novos osteoclastos e pela diminuição da função de reabsorção por osteoclastos maduros. Baixas concentrações de NO potencializam a reabsorção óssea por indução de citocinas e parecem ser essenciais para a função normal de osteoclastos. Similarmente, o crescimento e a diferenciação de osteoblastos são inibidos por altas concentrações de NO, enquanto baixas concentrações de produção de NO por enzimas óxido nítrico sintase constitutiva (NOSc) regulam o crescimento e a função normal dos osteoblastos16. Em um estudo retrospectivo4 foram avaliados 215 implantes inseridos em 40 indivíduos diabéticos controlados. A taxa de sucesso dos implantes foi de 85,6% e as falhas ocorreram durante o primeiro ano após a colocação da prótese. Os autores realçaram que o metabolismo ósseo apresenta-se alterado de diferentes formas nos indivíduos diabéticos, citando a ocorrência de diminuição na taxa de formação óssea, na quantidade do contato osso/implante e alterações nos processos de remodelação. A análise dos resultados mostrou uma taxa de sobrevida menor de implantes dentários em pacientes diabéticos do que os índices descritos na literatura para a população geral. Um estudo20 acompanhou durante três anos 25 pacientes diabéticos controlados. A taxa de sucesso dos implantes foi de 95,7% e as falhas ocorreram durante a fase de cicatrização. Os dados do estudo indicam que resultados aceitáveis podem ser alcançados em pacientes diabéticos controlados. Em um estudo experimental21 a superfície de contato osso/implante foi analisada em grupos de ratos diabéticos, tratados com insulina e controle saudáveis, 21 dias após a cirurgia de inserção dos implantes. Os resultados demonstraram que as características ultraestruturais da interface osso/implante, observadas em animais diabéticos sob influência de insulina, assemelham-se àquelas do processo de osseointegração normal. Esses resultados sugerem que a reparação óssea ao redor de implantes endósseos é regulada pela insulina, evidenciando que o controle do status metabólico de diabéticos é essencial para o sucesso da osseointegração. Outro estudo experimental22 investiga a influência do diabetes mellitus e da insulinoterapia na retenção biomecânica de implantes dentários em tíbia de coelhos. Nos grupos REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):695-700 697 Guimarães RP • de Oliveira PAD • Oliveira AMSD Um estudo25 foi conduzido com o objetivo de mensurar o reparo ósseo ao redor de implantes em ratos diabéticos não controlados e insulinocontrolados. Uma amostra de 152 ratos foi dividida em três grupos: controle, diabético e diabético insulinocontrolado. Após a análise histológica observou-se não haver diferença estatística na formação de osso adjacente ao implante entre o grupo controle e o grupo diabético insulinocontrolado. controle saudável, diabético induzido e diabético induzido tratado com insulina foi avaliada a força de contra torque necessária para a remoção dos implantes. Os autores constataram que, apesar do efetivo controle glicêmico realizado pelo tratamento de insulina, os valores de torque reverso para a remoção dos implantes foram mais baixos no grupo de diabéticos tratados com insulina do que naqueles do grupo controle saudáveis. Autores23 propuseram-se a quantificar a neoformação óssea nas regiões periosteal, cortical e medular ao redor de implantes temporários inseridos em fêmures de ratos Wistar diabético induzidos. Nesse estudo, dez ratos foram divididos em dois grupos: controle e diabético induzido. A neoformação óssea nas regiões periosteal e cortical junto ao implante não demonstrou diferenças significativas entre os grupos. Além disso, uma trabeculagem óssea bem definida foi observada nas amostras do grupo controle, mas o mesmo não foi observado no grupo diabético. Um estudo6 avaliou a manutenção da osseointegração em um modelo animal com diabetes induzida pós-implantação. Os autores relataram diferenças entre os grupos diabéticos com administração de insulina e aqueles sem complementação em relação ao contato osso/implante (COI) nos períodos de um, dois, três e quatro meses. Concluíram que nos ratos diabéticos com suplementação de insulina, a manutenção do COI pode ser mantida; entretanto, pode decrescer com o tempo nos ratos diabéticos sem controle glicêmico. Uma revisão5 crítica sobre implantes dentários inseridos em indivíduos diabéticos foi realizada tendo como análise estudos clínicos prospectivos e retrospectivos, além de estudos experimentais em animais. Autores concluíram que a maioria dos estudos experimentais mostra uma resposta de cicatrização óssea peri-implantar prejudicada em animais diabéticos em comparação com grupos controle de forma quantitativa e qualitativamente. Por outro lado, a maioria 698 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):695-700 dos estudos clínicos relatou que a diabetes mellitus quando controlada não representa uma contraindicação absoluta à terapia de implantes dentários. Segundo outros autores24 nenhuma falha de implante ou complicações por infecção foi atribuída à diabetes, demonstrando que a osseointegração pode ser estabelecida, apesar de um prejuízo na cicatrização óssea. Um estudo25 foi conduzido com o objetivo de mensurar o reparo ósseo ao redor de implantes em ratos diabéticos não controlados e insulinocontrolados. Uma amostra de 152 ratos foi dividida em três grupos: controle, diabético e diabético insulinocontrolado. Após a análise histológica observou-se não haver diferença estatística na formação de osso adjacente ao implante entre o grupo controle e o grupo diabético insulinocontrolado. De acordo com alguns autores26, existem limitadas evidências indicando que o pobre controle metabólico da diabetes mellitus está associado a doenças peri-implantares. Um estudo experimental27 avaliou por meio da técnica de subtração radiográfica digital os efeitos da diabetes mellitus e da insulinoterapia na densidade óssea ao redor de implantes dentários osseointegrados inseridos em tíbias de 40 ratos adultos. Os resultados desse estudo mostraram diferenças significativas entre os grupos diabéticos e diabéticos tratados com insulina, enquanto que os grupos controles saudáveis não apresentaram diferenças significativas quando comparados aos grupos diabéticos tratados com insulina. Concluiu-se, portanto, que o diabetes mellitus trouxe prejuízos à densidade óssea peri-implantar e que a insulinoterapia foi capaz de manter a densidade óssea em indivíduos diabéticos. Um estudo experimental28 avaliou em ratos os efeitos da diabetes mellitus Tipo II na cicatrização óssea periimplantar. Uma amostra de 30 ratos foi dividida em dois grupos: controle e geneticamente modificados. Após, realizada análise histológica e histomorfométrica das amostras, Revisão da Literatura Caderno Científico obteve-se como resultado um menor volume ósseo na região cortical peri-implantar de ratos diabéticos quando comparado ao grupo controle. Além disso, constatou-se que o grupo diabético apresentou uma área de contato osso/implante estatisticamente menor quando comparado ao grupo controle. Concluiu-se que a diabetes mellitus Tipo II prejudica a capacidade de osseointegração de implantes inseridos em fêmures de ratos. Um estudo clínico prospectivo29 avaliou a hipótese de que o pobre controle glicêmico está diretamente relacionado a prejuízos na estabilização de implantes, em curto prazo. Foram observados dez indivíduos não diabéticos (12 implantes) e 20 indivíduos com diabetes Tipo II (30 implantes). Os níveis médios de hemoglobina glicosilada variaram de 4,7% a 12,6%. A estabilidade dos implantes foi avaliada por meio de análise da frequência de ressonância quatro meses após a inserção dos mesmos. Indivíduos com hemoglobina glicosilada acima de 8,1% obtiveram maior diminuição na estabilidade dos implantes e necessitaram de um tempo maior de cicatrização. Esse estudo demonstrou que indivíduos com diabetes Tipo II em condições hiperglicêmicas tiveram alterações na estabilidade de implantes com prejuízos para a osseointegração. Segundo alguns autores30 faltam evidências para comprovar que a terapia de implantes dentários em indivíduos diabéticos produz resultados comparáveis em longo prazo, como aqueles observados em indivíduos não diabéticos. Efeitos deletérios da diabetes mellitus: pelo acúmulo de moléculas AGEs no organismo, o diabético é acometido por alterações micro e macrocirculatórias que podem levar a diversas patologias como as retinopatias, nefropatias, neuropatias e cardiopatias8-9. Essas moléculas estão relacionadas com modificações no metabolismo da glicose, proteínas e gorduras, além de interações danosas com fibroblastos, células endoteliais e ósseas. Além disso, estão associadas com o processo de osseointegração, por promoverem distúrbios de adesão celular, proliferação dos osteoblastos, acúmulo de matriz celular e podendo, inclusive, atuar alterando o DNA e as proteínas nucleares4,11-12,15. De acordo com estudo relatado4, pacientes diabéticos apresentam redução na homeostasia mineral, na produção de osteoides e na formação óssea. O planejamento e tratamento de reabilitações orais com a utilização de implantes osseointegráveis em indivíduos diabéticos vêm sendo motivo de discussão, principalmente, em relação ao impacto do estado hiperglicêmico na osseointegração com o passar do tempo. Estudos4,14 realçam que a maior parte de falhas de implantes em pacientes diabéticos ocorre durante o primeiro ano após a colocação da prótese, sugerindo que a renovação óssea peri-implantar pode, de alguma forma, ser prejudicada pela presença da diabetes. Segundo autores5,7, na atualidade, ainda não existem critérios cientificamente embasados que estabeleçam um protocolo de indicações cirúrgicas na Implantodontia em pacientes diabéticos, sendo, portanto, necessárias novas investigações. • Diminuição do metabolismo proteico. • Complicações microvasculares e macrovasculares. • Prejuízos para processo de cicatrização dos tecidos duros e moles. • Redução da biossíntese de óxido nítrico (NO). • Menor atividade de somatomedina. • Supressão do número e função dos osteoblastos e osteoclastos. • Prejuízos para o processo de osseointegração. Conclusão Discussão A presente revisão avaliou os efeitos da diabetes mellitus no processo de reparo peri-implantar. Observa-se que os dados obtidos na literatura são conflitantes, haja vista que enquanto alguns estudos sugerem prejuízos no processo de reparo ósseo peri-implantar, apresentando, em indivíduos diabéticos, taxas de sobrevida menores para implantes dentários do que as descritas na literatura para a população geral4-5,14-15,22, outros indicam que resultados aceitáveis podem ser alcançados em indivíduos diabéticos controlados20-21,25. Vários autores4,11-12,15 associam as complicações advindas do estado diabético à formação e acúmulo dos AGEs nos tecidos. Como consequência dos distúrbios provocados A maioria dos estudos revistos aponta que o estado diabético não controlado influencia negativamente o reparo ósseo peri-implantar; contudo, não consideram a diabetes uma contraindicação absoluta para a terapia de implantes osseointegrados. Reconhece-se ser necessário, em estudos futuros, o estabelecimento de critérios objetivos, tais como tipo da diabetes, tempo de duração da doença, níveis de hemoglobina glicosilada, controle da formação de AGEs, entre outros, para uma indicação precisa da terapia com implantes em pacientes portadores de diabetes. *Trabalho desenvolvido no Curso de Mestrado em Odontologia com Área de concentração em Implantodontia da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Recebido em: mai/2010 Aprovado em: jun/2010 Endereço para correspondência: Rodrigo Porto Guimarães Av. Brasil, 283 – Sala 1.701 – Santa Efigênia 30140-000 – Belo Horizonte – MG Tel.: (31) 3241-5547 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):695-700 699 Guimarães RP • de Oliveira PAD • Oliveira AMSD Referências bibliográficas 1. World Health Organization. Definition, Diagnosis and Classification of diabetes mellitus and its Complications. Report of a WHO Consultation. 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Effects of diabetes mellitus on periodontal and periimplant conditions: update on associations and risks. J Clin Periodontol 2008;35(8):398-409. Revisão da Literatura Caderno Científico Histórico de doença periodontal como fator de risco a doença peri-implantar History of periodontal disease as a risk factor for peri-implant disease Teresa Cristina Leite Amaral* Mariana Morsani de Araujo* Elton Gonçalves Zenóbio** Maurício Greco Cosso** Djalma Cordeiro Menezes Jr*** RESUMO Estudos sugerem que a doença peri-implantar e as falhas de implante apresentam maior incidência em pacientes com histórico de periodontite. Neste contexto, esta revisão da literatura discute os fatores de risco, associados atualmente, e procura também determinar suas relações com a doença peri-implantar e/ou a falha do implante. Os estudos avaliados permitem concluir-se que há um maior índice de falhas e presença de peri-implantite em pacientes portadores de doença periodontal prévia, no entanto, estudos longitudinais e mesmo retrospectivos, com avaliação dos diferentes fatores de risco e seu peso de forma individualizada ou associada, devem ser realizados. Unitermos - Peri-implantite; Perda do implante; Falha do implante; Doença periodontal. ABSTRACT Studies suggest that peri-implant disease and implant failures have a higher incidence in patients with a history of periodontitis. In this context, this literature review discusses the risk factors associated with current topics and also seeks to determine their relationship with peri-implant disease and/or implant failure. The studies reviewed support the conclusion that there is a higher failure rate and presence of peri-implantitis in patients with previous periodontal disease, however, longitudinal and even retrospective studies evaluating different risk factors and their weight, whether individually or associated, should be performed. Key Words - Peri-implantitis; Implant loss; Failure of implants; Periodontal disease. *Alunas da Graduação e Iniciação Científica em Odontologia – Faculdade PUC Minas. **Professores da disciplina de Implantodontia e mestrado em Implantodontia – Faculdade PUC Minas. ***Aluno do mestrado em Implantodontia – Faculdade PUC Minas. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 703 Amaral TCL • de Araujo MM • Zenóbio EG • Cosso MG • Menezes Jr DC Introdução A instalação de próteses implantossuportadas tornou-se uma alternativa de tratamento bastante utilizada em relação às próteses convencionais para a reposição de dentes perdidos. Uma vez que a doença periodontal destrutiva é considerada uma causa significante de perda dentária na população adulta, essa alternativa de tratamento é sempre considerada1. Neste contexto, qualidade e a quantidade de tecido ósseo são fatores importantes a serem considerados no planejamento da Implantodontia. No paciente periodontalmente comprometido, geralmente, o sítio receptor do implante caracteriza-se por altura e espessura diminuídas, em função da destruição do tecido de suporte, ocasionada por esta doença, que culminou na perda dentária2. O sucesso do implante3 é o resultado de diferentes parâmetros, tais como: biocompatibilidade do material do implante; natureza macroscópica e microscópica da superfície do implante; status do local de implantação, tanto questão de saúde (não infectada) como morfológica; técnica cirúrgica em si; alteração em alguma fase de cicatrização; modelo de prótese subsequente e fase de carga a longo prazo. Conciliando as considerações de design, materiais utilizados, localização dos implantes e carga antecipada, juntamente, com considerações de higiene e cosméticas, as possíveis causas de falhas do implante consideradas podem ser infecção dos tecidos peri-implantares, sobrecarga oclusal ou combinação de ambos3. Inflamação peri-implantar, aumento da profundidade de sondagem, mobilidade, sangramento e supuração são possíveis sinais clínicos de peri-implantite. Sinais de mesma relevância na detecção da doença gengival inflamatória e para o diagnóstico precoce da doença periodontal3. Considera-se que uma infecção bacteriana, como a doença periodontal, pode levar à perda da osseointegração, resultando na falha do implante, em um processo denominado de peri-implantite. Periodontopatógenos são encontrados em casos de peri-implantite e também em implantes fracassados. Por outro lado, em implantes saudáveis, a microbiota é similar à encontrada em sítios orais de pacientes com saúde periodontal4. A etiopatogênese da peri-implantite ainda é matéria sob investigação, mas evidências apontam que a doença é resultado da resposta deficiente do hospedeiro ao desafio bacteriano5, o que indica que o paciente suscetível à periodontite pode ser também suscetível à peri-implantite6. O termo peri-implantite foi introduzido para descrever a inflamação local destrutiva no tecido de osseointegração, que leva a formação de bolsa peri-implantar e perda de suporte ósseo marginal. A destruição óssea pode começar a avançar sem qualquer sinal de mobilidade avaliado clinicamente até que a perda da osseointegração se complete. Deve-se distinguir duas fases, em resposta à colonização 704 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 bacteriana, uma inicial que afeta os tecidos moles e é reversível, chamada mucosite peri-implantar, mas que pode em uma fase posterior levar à destruição do tecido periimplantar. Os sinais clínicos comuns entre mucosite e periimplantite são sangramento na exploração e inflamação dos tecidos moles marginais. Além disso, tanto na mucosite como na peri-implantite há uma rara ocorrência de supuração e geralmente o paciente não sente dor7. Neste contexto, tratamento periodontal prévio e a manutenção periódica preventiva são essenciais para o sucesso do tratamento com implantes osseointegrados nestes pacientes6. Diante destas hipóteses este estudo revisou a literatura com o objetivo de identificar as relações causais associadas à peri-implantite em pacientes com histórico de doença periodontal. Risco a mucosite, peri-implantite e falhas do implante em pacientes com doença periodontal prévia Com a utilização de implantes de superfície texturizada (ITI Straumann e Astra), em um período de observação variando de 12 a 40 meses para os implantes Astra e de três a 84 meses para os implantes ITI, encontrou-se taxas de sucesso de 95% e 100%, respectivamente, para os implantes colocados em pacientes periodontalmente comprometidos8. Em um estudo9, relacionando a interleucina-1 genótipo periodontal e a perda de implante, no total de 101 implantes na amostra, 33 implantes em 27 pacientes obtiveram fracasso (grupo teste) e 68 implantes em 38 pacientes obtiveram sucessos (grupo controle). Dos 38 pacientes no grupo controle, três também estão no grupo teste. Em outras palavras, três pacientes apresentaram tanto sucesso quanto fracasso nos implantes. A taxa de sucesso encontrada, com cinco anos de acompanhamento, em implantes instalados em paciente com periodontite agressiva, foi de 88,8%, sendo 85,7% na maxila e 93,3% na mandíbula10. Em um estudo comparativo11 avaliou-se durante dez anos a taxa de sucesso, fracasso e complicação em implantes instalados em 53 pacientes com perda dental associada a periodontite ou outros motivos. Foram avaliados 112 implantes da marca ITI Dental Implant System. Observou-se que os implantes colocados em pacientes com periodontite crônica apresentaram uma taxa de sobrevivência menor (90,5% vs 96,5%), uma taxa de complicações significativamente mais elevada (28,6% vs 5,8%) e uma taxa de sucesso significativamente menor (71,4% vs 94,5%) do que os implantes em pacientes periodontalmente saudáveis. Outro estudo12 abordou, em um período de 13 anos, um total de 1.511 implantes colocados em 334 pacientes; 151 pacientes foram classificados como pacientes periodontalmente comprometidos e receberam 923 implantes; Revisão da Literatura Caderno Científico 183 pacientes foram classificados como sendo pacientes periodontalmente saudáveis e receberam 588 implantes. Dos 1.511 implantes colocados, 123 falharam. A taxa de sobrevida global de implante foi de 92,15%. A taxa de sobrevida de implantes colocados no grupo de pacientes periodontalmente saudáveis foi ligeiramente superior à de implantes colocados no grupo de pacientes periodontalmente comprometidos (93,7% vs 90,6%). Dois tipos de falhas de implante foram identificadas, uma relacionada a ausência de osseointegração e outra associada peri-implantite. Autores avaliaram13 se indivíduos com perda de dentes anteriores devido à periodontite têm um risco aumentado de perda de prótese, implantes, ocorrência de peri-implantite e perda óssea marginal peri-implantar em comparação com os indivíduos com perda de dentes anteriores devido a outras razões. Dois estudos, com cinco e dez anos de acompanhamento, foram identificados, incluindo um total de 33 pacientes com perda de dentes devido a periodontite e 70 pacientes com perda do dente não associada a periodontite. Não houve diferença significativa na sobrevivência da prótese após cinco anos e dez anos. No entanto, foram encontrados significativamente mais pacientes afetados por peri-implantite no grupo com periodontite associada à perda dental no período de dez anos de acompanhamento. Em um estudo14 longitudinal prospectivo de três anos – envolvendo 42 pacientes parcialmente desdentados, e 138 implantes, sendo 52,4% com periodontite agressiva generalizada, 28,6% com periodontite crônica generalizada e 19% periodontalmente saudáveis – a taxa de sobrevivência dos implantes, após três anos em pacientes com doença periodontal agressiva generalizada, foi de 95,7%. A taxa de sucesso em pacientes periodontalmente saudáveis e com periodontite crônica generalizada foi de 100%. A taxa de sobrevida e o índice de falhas dos implantes associadas a periodontopatias está representada na Tabela 1. No estudo realizado15 em uma amostragem de 125 indivíduos parcialmente endentados, 346 implantes em função, por um período mínimo de seis meses, e 2.843 dentes apresentaram como resultado a prevalência de: 72,8% de mucosite peri-implantar, 8% de peri-implantite e a periodontite foi diagnosticada em 16,8% dos indivíduos. Implantes instalados em indivíduos que perderam seus dentes devido a doença periodontal e naqueles com higiene bucal inadequada, apresentaram 11 e 14 vezes, respectivamente, mais chances de desenvolverem peri-implantite, 14,3% dos indivíduos com peri-implantite pertenceram ao grupo dos pacientes com periodontite. Estudos revisados6, com período de acompanhamento de três a 14 anos, encontraram taxas de sobrevivência de implantes instalados em pacientes periodontais mais altas em estudos com menor tempo de acompanhamento (três anos) quando comparado aos estudos com mais de cinco anos de acompanhamento. Contudo, as taxas de sobrevivência em dez anos de acompanhamento demonstraram ser menores para os pacientes com história de periodontite. Na revisão sistemática16 de estudos feitos sobre implantes, com acompanhamento por um período de cinco a 14 anos de implantes colocados em pacientes com perda dentária prévia por periodontite e outras causas, observou um aumento significativo de incidência de peri-implantite em pacientes com doença periodontal (2,2% a 6% em pacientes sem periodontite para 16% a 29% no grupo com esta doença). Possíveis fatores de risco associada à mucosite, peri-implantite e falha de implantes Presença de profundidade de sondagem (PS) aumentada A textura do implante e design de superfície podem influenciar a penetração da ponta da sonda. Em alguns implantes não é possível a sondagem devido a irregularidades do seu design (concavidades, ombros ou perfil). Alguns clínicos opinaram que a sondagem não é um bom método de diagnóstico para implantes dentários, no entanto, se não for realizado, muitos sítios que não são detectados pela radiografia apical, como sítios vestibular e lingual, serão esquecidos17. TABELA 1 – SUCESSO, SOBREVIDA E FRACASSO DO IMPLANTE Referência Tempo 8 12 a 40 meses (Astra); três a 84 meses (ITI) 10 Sucesso Sobrevida Fracasso 95% (Astra); 100% (ITI); (PCP) — — 5% (Astra); 0%(ITI); (PCP) Cinco anos 88,8% (GAP); 85,7% Max; 93,3% mand — 11,2% (GAP); 14,3% max; 6,7% mand 11 Dez anos 71,4% (GCP); 94,5% (PHP) 90,5% (GCP); 96,5% (PHP) 28,6% 12 13 anos 91,89% (PHP, PCP) 90,6% (PCP); 93,7% (PHP) 8,1% (PHP, PCP) 14 Três anos 100% (GCP, PHP) 95,7% (GAP) 0%(GCP, PHP) PCH: pacientes periodontalmente saudáveis. GCP: periodontite crônica generalizada. PCP: pacientes periodontalmente comprometidos. GAP: periodontite agressiva generalizada. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 705 Amaral TCL • de Araujo MM • Zenóbio EG • Cosso MG • Menezes Jr DC Ao avaliar8 os implantes inseridos em pacientes parum critério essencial para diagnóstico de uma infecção pericialmente desdentados com doença periodontal, autores implantar como também se aplica a periodontite. É importante observaram que 30% dos implantes exibia bolsas de 6 mm a utilização de forças leves para esta sondagem, entre 0,2 e ou mais, apesar da participação de todos os indivíduos 0,3 N, para monitorar o componente inflamatório de mucosite analisados na terapia de suporte. peri-implantar, peri-implantite e sangramento a sondagem19. 10 Em um estudo em pacientes diagnosticados com periodontite agressiva generalizada, a profundidade de Idade Alguns autores3,14 relataram que não há relação entre sondagem em implantes encontrada foi significativamente idade e maior chance de falha do implante. Nestes estudos, menor quando comparado ao dente. A profundidade de nenhuma diferença significativa foi estabelecida na comsondagem em implantes de pacientes com periodontite paração dos grupos de idades individuais, quando se diz a crônica generalizada permaneceu maior que 3 mm, resulrespeito do sucesso de implantes osseointegrados. tando em uma média geral de profundidade de sondagem de 3,04 mm no período de três anos, já em pacientes com periodontite agressiva generalizada, Ao avaliar8 os implantes inseridos em pacientes parcialmente a profundidade de sondesdentados com doença periodontal, autores observaram que 30% dagem se encontrava inicialmente constante dos implantes exibia bolsas de 6 mm ou mais, apesar da participação em 2 mm, mas aumende todos os indivíduos analisados na terapia de suporte. tou em quatro anos de estudo para 3,79 mm, diminuindo novamente no quinto ano para Em um estudo9 sobre a influência do genótipo perio3,30 mm, resultando em uma média geral de 2,69 mm no dontal de interleucina-1 para a perda do implante, concluiu período de cinco anos. Nenhuma diferença significativa de que idade não apresentou associação significativa com esta profundidade de sondagem de dentes foi registrada nos dois perda. Já outros autores15, com relação à peri-implantite, grupos, mas esta foi significativamente maior em implantes relataram que indivíduos jovens apresentaram maiores em pacientes com periodontite crônica generalizada. chances de desenvolver esta complicação biológica. A profundidade de sondagem depende da força aplicada, de forma que se for aplicada a mesma força, a profundiÍndice de placa dade de sondagem em um implante com peri-implantite é Durante o período de exame (um, três e cinco anos após maior do que em um dente natural. Recomenda-se utilizar a instalação do implante), em pacientes com periodontite sondas calibradas com uma força de 0,25 n (25 g), para que crônica generalizada, foi registrado, significativamente, um esta prova não induza ao erro. Em qualquer caso se consimaior índice de placa no implante quando comparado ao dera que uma bolsa maior que 5 mm tem maior facilidade dente, já em pacientes com periodontite agressiva generade ser contaminada18. 15 No estudo sobre indicadores de risco para mucosite lizada esse índice de placa em implantes foi menor quando peri-implantar e peri-implantite relatou-se que em relação à comparado aos dentes10. Maiores índices de placa bacteriana e perda de dentes presença de periodontite e as variáveis estudadas, pacientes devido a doença periodontal aumentaram as chances dos incom doença periodontal obtiveram um aumento de superfídivíduos de apresentarem um quadro de peri-implantite em cies peri-implantares com sangramento e uma profundidade mais de dez vezes15,20. Estes resultados pareceram confirmar de sondagem aumentada quando comparado a pacientes o papel do biofilme bacteriano na etiologia das complicações sem esta doença. biológicas em implantes e a possibilidade da transmissão de A etiopatogenia da peri-implantite está relacionada patógenos periodontais para o sulco/bolsa peri-implantar20. principalmente com reservatórios de periodontopatógenos Constatou-se15 que o índice de placa bacteriana regisde bolsas residuais, apesar de também ser influenciada por 7 trado em implantes (0,3) foi inferior aquele registrado em outros fatores que facilitam a colonização bacteriana . Nos casos onde há um aumento de profundidade de dentes (0,5), estes dados podem indicar maior preocupação sondagem com presença de sangramento a sondagem, dos indivíduos na higienização dos implantes. radiografias suplementares devem ser obtidas, para se Microbiologia avaliar a progressão da peri-implantite. Como conclusão, a Os pacientes com doença periodontal grave, que sondagem do sulco peri-implantar ou presença de bolsas é 706 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 Revisão da Literatura Caderno Científico chegam a ser edêntulos completos e recebem tratamento implantológico, não apresentam Actinobacillus actinomycetemcomitans ou Porphyromonas gingivalis no primeiro mês posterior as exodontias, o que confirma que estes tipos de agentes patógenos dependem da existência do sulco periodontal. Da mesma maneira, observou-se uma redução de espiroquetas e Streptococcus mutans e Sanguis o que confirma que o dente atua como um reservatório que facilita a transmissão de determinados microrganismos patógenos21. Há uma diminuição significativa de agentes periodontais patógenos em pacientes totalmente desdentados, quando comparado em pacientes parcialmente desdentados. O mesmo ocorre com a presença de patógenos mais agressivos, como espiroquetas22. Isto comprova a hipótese de que o dente age como reservatório para a colonização bacteriana de implantes no meio oral23. Uma das razões para suspeitar de maior susceptibilidade à falha dos implantes em pacientes com história de periodontite, em relação aos pacientes sem história de periodontite, é a possibilidade de transmissão de periodontopatógenos das bolsas periodontais para os sítios peri-implantares24. O acompanhamento de implantes colocados em pacientes com periodontite agressiva generalizada e periodontite crônica generalizada revelou em todos os exames que microrganismos cocos foram encontrados predominantes nos implantes (73,74% e 72,71%, respectivamente). Enquanto a proporção de bacilos não móveis foi de 7,11% a 14,43% (um ano e cinco anos após, respectivamente), os bacilos móveis sofreram uma redução inicial, e após quatro anos sofreram um aumento acentuado novamente, retornando ao seu valor inicial de 12,75% no quinto ano em pacientes com periodontite agressiva. A proporção das bactérias fusiformes, filamentos e espiroquetas permaneceram consistentemente baixo até o quarto ano, mas aumentaram ligeiramente no quinto ano para 12,75% em toda parte. Já em pacientes com periodontite crônica generalizada a proporção de bacilos não móveis permaneceu constante em 13,13%, enquanto bacilos móveis cresceu nos três anos de 8,05% para 12,50%, espiroquetas e filamentos foram detectados apenas raramente, enquanto a proporção de bactérias fusiformes submeteram a um crescimento contínuo de 4,5% por três anos10. Há alguma evidência de que patógenos periodontais, principalmente aqueles pertencentes ao grupo dos gram-negativos anaeróbios, desempenham um papel na etiologia de peri-implantite. A microbiota da cavidade oral antes da colocação do implante determina a composição da microbiota na área peri-implantar. Implantes envolvidos na peri-implantite são colonizados com grandes quantidades de bactérias gram-negativas anaeróbias, incluindo Fusobacterium, espiroquetas, Bacteroides forsythus e bactérias negro pigmentadas, tais como: Prevotella intermedia, Prevotella nigrescens e Porphyromonas gingivalis. Além disso, Actino- bacillus actinomycetemcomitans podem ser isolados a partir dessas lesões. Assim, a microbiota de lesões peri-implantares se assemelha a de adultos com periodontite refratária. No entanto, a presença de patógenos periodontais nem sempre conduz a um processo destrutivo. Os microrganismos mais relacionados com a falha na osseointegração de um implante são espiroquetas e gram-negativos anaeróbios móveis (Prevotella intermedia, Porphyromonas gingivalis, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Bacterioides forsythus, Treponema dentícola, Prevotella nigrescens, Peptostreptococcus micros e Fusobacterium nucleatum)25. A etiopatogenia da peri-implantite está relacionada principalmente com reservatórios de periodontopatógenos de bolsas residuais, apesar de também influenciar aqueles fatores que facilitam a colonização da superfície implantária e a susceptibilidade a infecção7. Ao avaliar pacientes com periodontite crônica, periodontite agressiva e sem comprometimento periodontal, observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa tanto na microbiota morfológica entre os dentes e implante ou em uma comparação entre os grupos. Somente pacientes com idade maior que 40 anos apresentaram mais cocos que espiroquetas de forma significante em sua microbiota14. O início das duas doenças se encontra dependente da presença de um biofilme contendo patógenos. A microbiota associada a periodontite é rica em bactérias gram-negativas, uma composição semelhante foi identificada na periimplantite. Entretanto, evidências crescentes sugerem que o S. aureus pode ser um importante patógeno no início de alguns casos de peri-implantite. Embora a resposta inicial ao desafio bacteriano em mucosite peri-implantar parece ser idêntica àquele encontrado na gengivite, o acúmulo persistente de biofilme bacteriano pode provocar uma resposta inflamatória mais acentuada nos tecidos da mucosa peri-implantar que na unidade dentogengival. Esta pode ser resultado de diferenças estruturais presentes (fibroblastos, vascularização)19. Genética Estudos recentes evidenciam a associação das formas graves da doença periodontal em pacientes que parecem responder ao desafio representado pela microbiota bacteriana periodontal patogênica com o aumento da produção de mediadores inflamatórios como a prostaglandina E2 e interleucina-126. Tal fenótipo hiperinflamatório é considerado como o resultado das características genéticas e fatores ambientais27, que leva ao aumento da produção de mediadores inflamatórios que representam a principal via de ativação de matriz endógena metaloproteinases28. Um recente relatório indicou que os pacientes que se encontram com peri-implantite apresentam significativamente mais prostaglandina E2 e interleucina-1 no fluido do REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 707 Amaral TCL • de Araujo MM • Zenóbio EG • Cosso MG • Menezes Jr DC sulco peri-implantar em resposta as bactérias inflamatórias do que nos pacientes sem esta patologia29. Em um estudo9 sobre a relação entre a interleucina-1, genótipo periodontal e perda de implante, os resultados demonstraram que o impacto do genótipo IL-1 sobre os mecanismos inflamatórios que causam peri-implantite pode não ser tão forte como ele é na periodontite. Existem dois mecanismos referentes a peri-implantite, um resulta da falha precoce e o outro da falha tardia, neste estudo, por exemplo, muitas falhas de implante envolveram perda de implante no primeiro ano. Portanto, pode ser que o genótipo IL-1 tenha um impacto maior de falhas de implante em longo prazo, que não será mostrado por uso de um teste estatístico com os dados deste estudo, devido ao número relativamente pequeno de falhas em longo prazo apresentadas. No acompanhamento de caso, de uma paciente de 17 anos de idade com periodontite agressiva generalizada há dez anos, quase totalmente desdentada, submetida a tratamento com prótese total implantossuportada, observou-se que a presença de defeito funcional de neutrófilos é muito comum. Através dos dados hematológicos observou-se também que a paciente possuía um ligeiro aumento dos níveis de imunoglobulinas e uma diminuição no nível de CD19 em comparação com dados obtidos a partir de uma população saudável, podendo ser interpretado como um defeito imunológico30. Assim, do ponto de vista clínico, a identificação de traços genéticos não parece ser justificado quando se relaciona um paciente com periodontite e peri-implantite19. Perda óssea e perda de inserção Qualidade e quantidade óssea são os principais fatores que influenciam na sobrevivência de um implante. No que diz respeito ao volume de osso, pode-se dizer que a maioria das falhas iniciais é vista em maxilas e mandíbulas com reabsorção avançada. O estabelecimento da estabilidade inicial dos implantes nos maxilares com má qualidade óssea é mais difícil, assim mais cedo as falhas são observadas3. Ao avaliar8 os parâmetros de perda óssea marginal dos implantes inseridos em pacientes parcialmente desdentados com doença periodontal, autores observaram que 45% dos implantes exibia perda óssea marginal de 1,5 mm ou mais, cinco anos após a inserção da prótese sobreimplante, apesar da participação de todos os indivíduos analisados na terapia periodontal de suporte. Ao comparar este resultado com os obtidos na população com baixo risco a periodontite e utilizando o mesmo sistema de implante, sugeriu que com o passar dos meses os implantes em pacientes periodontais tem um risco maior de problemas nos tecidos marginais. No primeiro ano após a inserção da superestrutura dos implantes instalados em pacientes com doença periodontal agressiva a perda óssea registrada no implante foi 0,60 mm, já em pacientes com periodontite crônica foi de 0,13 mm; 23 dos 36 implantes instalados nos pacientes com periodontite agressiva apresentaram perda óssea máxima de 1 mm, enquanto sete implantes na maxila e um na mandíbula indicaram perda óssea mínima maior que 1 mm. Em cinco implantes na maxila e um na mandíbula um ganho ósseo de até 0,6 mm foi registrado. A perda óssea total registrada após cinco anos foi de 0,88 mm, enquanto que em pacientes com periodontite crônica a perda óssea total registrada em três anos foi de 0,19 mm. Uma perda maior de inserção foi encontrada em pacientes com periodontite agressiva, que registravam índice de placa maior em dentes do que em implantes. Os pacientes periodontalmente tratados tiveram perda de inserção maior, como resultado da dificuldade de higienização da superfície do implante, gerando assim um maior acúmulo de placa. Concluiu-se que todos os pacientes apresentaram índice de perda10. Autores13 relataram que a perda óssea marginal periimplantar foi relativamente maior em pacientes com periodontite associada à perda dental depois de cinco anos de acompanhamento, com média de 0,5 mm de diferença, para os pacientes sem esta patologia prévia a inserção do implante. Com os dados corrigidos da última década, observase que as infecções tardias que afetam o osso marginal do implante se agrupam em pacientes com antecedentes de periodontite, evidenciada pela perda óssea nos dentes remanescentes prévios a colocação do implante34. Foi comprovado14, depois de três anos da instalação do implante, que a perda óssea em implantes nos pacientes periodontalmente saudáveis foi de 0,93 mm, nos pacientes com doença periodontal crônica generalizada foi de 2,2 mm e com TABELA 2 – TABELA COMPARATIVA DE PERDA ÓSSEA Referência Um ano Três anos Cinco anos 8 — — > 1,5 mm (45%) PCP 10 0,5 mm (GAP); 0,13 mm (GCP) 0,19 mm (GPC) 0,88 mm (GAP) 13 — — > 0,5 mm (PCP) 14 — 2,24 mm (GAP); 2,2 mm (GCP) — PCH: pacientes periodontalmente saudáveis. GCP: periodontite crônica generalizada. PCP: pacientes periodontalmente comprometidos. GAP: Periodontite agressiva generalizada. 708 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 Revisão da Literatura Caderno Científico doença periodontal agressiva generalizada foi de 2,42 mm. No decurso do estudo, a perda de inserção nos implantes foi de 0,34 mm em pacientes periodontalmente saudáveis, 0,82 mm, em pacientes com periodontite crônica generalizada e 1,14 mm em pacientes com periodontite agressiva. Houve também uma redução significativamente alta no nível de inserção dos dentes nos pacientes periodontalmente saudáveis (2,26 mm) quando comparado aos dos pacientes com periodontite crônica generalizada (3,84 mm) e pacientes com periodontite agressiva generalizada (4,07 mm). Em relação a média de perda óssea apresentada nos estudos pode-se avaliar de acordo com a Tabela 2. Algumas das lesões de peri-implantite parecem ter períodos de rápida progressão, em que a lesão infecciosa atinge a medula do osso alveolar. Portanto, é razoável supor que peri-implantite em seres humanos pode também exibir períodos de acelerada destruição que são mais acentuadas do que a observada nos casos de periodontite crônica. Por- Pode-se observar maior índice de peri-implantite e falhas de implantes em pacientes portadores de doença periodontal prévia, no entanto, estudos longitudinais e mesmo retrospectivos, com avaliação dos diferentes fatores de risco e seu peso de forma individualizada ou associada, devem ser realizados. Referências bibliográficas 1. Bass SL, Triplett RG. The effects of preoperative resorption and jaw anatomy on implant success. A report of 303 cases. Clin Oral Implants Res 1991;2:193-8. 2. Baelum V. The epidemiology of periodontal disease – causes, paradigms, problems, methods and empirical evidence [tese]. Aarhus: Royal Dental College Faculty of Health Sciences, University of Aarhus; 1998.p.190. 3. Duyck J, Naert I. Failure of oral implants: aetiology, symptoms and influencing factors. Clin Oral Invest 1998:2:102-14. 4. Leonhardt A, Renvert S, Dahlén G. Microbiological findings at failing implants. Clin Oral Implants Res 1999;10:339-45. 5. Romeo E, Ghisolfi M, Carmagnola D. 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Conclusão Recebido em: jun/2010 Aprovado em: jul/2010 Endereço para correspondência: Teresa Cristina Leite Amaral [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):703-9 709 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Individualização do componente de transferência Impression transfer customization technique – a case report Bruno Gadelha Fernandes Maia* Sérgio Maia** RESUMO Um ponto fundamental para se alcançar resultados esteticamente satisfatórios é proporcionar boa transição entre os dentes e os tecidos moles, e isso é conseguido por meio de procedimentos delicados e elaborados como, por exemplo, o condicionamento dos tecidos peri-implantares, cujo objetivo seria a tentativa de criar um contorno semelhante à arquitetura da gengiva. A técnica de moldagem pela individualização do componente de transferência apresentada neste artigo mostrou ser uma alternativa viável para se conseguir a reprodução fiel desta configuração gengival para o modelo de gesso. Unitermos - Técnica de moldagem odontológica; Implantes dentários; Estética. ABSTRACT A key point to achieve aesthetically satisfactory results is to provide a smooth transition between the teeth and soft tissues and this is achieved by simple procedures such as the direction of peri-implant tissues developing natural tissue architecture. Customization of transferring components presented in this paper proved to be a viable alternative to achieve a faithful reproduction of gingival configuration in the master cast. Key Words - Dental impression technique; Dental implants; Esthetic. *Mestre em Implantodontia – Unisa/SP; Especialista em Prótese – FOB/USP; Atuação em Clínica Privada – Natal/RN. **Mestre em Implantodontia – Unisa/SP; Especialista em Implantodontia – HRAC/USP/Bauru; Atuação em Clínica Privada – Natal/RN. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):711-6 711 Maia BGF • Maia S Introdução e Revisão da Literatura A evolução da Implantodontia ganhou contornos bastante definidos nos dias atuais, permitindo obter resultados diferentes daqueles alcançados no início de seu desenvolvimento. Então, o foco das exigências para o tratamento com próteses implantossuportadas passou a ser a estética do sorriso. Esta exigência que cerca um tratamento restaurador não está mais limitada à prótese confeccionada, pois os tecidos peri-implantares desempenham um papel fundamental e insubstituível para que se alcancem tratamentos plenamente estéticos. Um dente bonito cercado por tecidos gengivais inflamados ou com formas irregulares é como um quadro bem pintado, porém, sem moldura, fica sempre a sensação de que falta algum detalhe. Este novo conceito é chamado de estética rósea (tecidos gengivais) e estética branca (coroas protéticas) e é encarado como o grande desafio dos profissionais envolvidos na restauração protética, visto que o sucesso do tratamento vai depender da harmonia deste conjunto1-2. O sucesso na prótese implantossuportada já começa a se desenhar no momento da escolha do pilar que será utilizado sobre o implante. O fator financeiro, o posicionamento do implante ou a própria anatomia dos tecidos peri- implantares são os maiores limitadores desta escolha. Os pilares estéticos, como o pilar de zircônia vêm a preencher uma lacuna deixada pelos pilares metálicos, que em determinadas situações, como no caso onde o paciente possui uma gengiva delgada, a estética rósea fica prejudicada3. Dentro do conceito da estética rósea percebe-se, geralmente, que a configuração natural da gengiva é perdida após a extração dos dentes, apresentando alteração do arco côncavo regular e indiferenciação das papilas. Com isso, se torna indispensável a utilização de manobras para restabelecer a configuração natural dos tecidos gengivais2-4. Isto pode ser conseguido com reembasamentos semanais das restaurações provisórias até que se alcance a arquitetura gengival mais próxima possível do original, tendo-se o cuidado de não extrapolar o limite de tolerância do tecido gengival4-6. Porém, todo esse esforço para alcançar um contorno satisfatório para os tecidos peri-implantares seria em vão se esta configuração gengival não fosse fielmente transferida para os modelos de trabalho. Pensando nisso, foi desenvolvida a técnica da individualização do componente de transferência para reproduzir esta arquitetura gengival conseguida após o redirecionamento dos tecidos peri-implatares6-9. Relato de Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 38 anos, com indicação de reabilitação protética sobreimplante na região do elemento 14, o qual se apresentava clínica e radiograficamente em condições de osseointegração (Figuras 1 a 3). Inicialmente realizou-se a moldagem de transferência do implante de forma convencional para confecção de enceramento diagnóstico e coroa provisória parafusada com cilindro pré-fabricado de titânio de plataforma regular (SIN). Para Figuras 1 a 3 Aspecto clínico e radiográfico inicial. 712 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):711-6 Relato de Caso Clínico Caderno Científico devolver a arquitetura natural dos tecidos moles e um perfil de emergência adequado, sucessivos reembasamentos da coroa provisória foram realizados. Geralmente, quando a coroa provisória é removida, os tecidos moles sofrem um colapso para o interior do espaço entre a gengiva e o implante. Além disso, a maioria dos componentes não acompanha essa modificação da gengiva e o modelo funcional é alterado. Este problema pode ser transferido para o resultado final da restauração, pois esta será confeccionada em um espaço menor que o ideal. A fim Figura 4 Delineamento com lápis do contorno gengival da coroa provisória. de se transferir a configuração gengival conseguida pelo condicionamento para o modelo de gesso optou-se pela individualização do componente de transferência. Inicialmente, demarcou-se a área correspondente à gengiva marginal na prótese provisória (Figura 4). Isso orientará o recorte da muralha de silicona em torno da coroa provisória e permitirá que a resina usada para individualizar o transferente fique restrita à porção subgengival do mesmo, de forma a não interferir com sua reposição no molde. A seguir, a coroa provisória foi conectada a um análogo do implante (SIN), Figuras 5 e 6. A utilização de um torno manual com cabo (Neodent) para segurar o conjunto análogo/coroa provisória facilita a realização da técnica e impede que, durante a manipulação, o análogo gire dentro da silicona (Figura 7). A região da coroa correspondente à área intrassulcular foi então moldada com uma silicona de adição pesada (Sylagum, DMG) através da inserção do conjunto análogo/prótese no material de moldagem (Figura 8). Após a polimerização do material de moldagem, a coroa provisória foi removida do análogo que permanecia fixado na silicona (Figuras 9 e 10) e, finalmente, o componente de transferência (SIN), Figura 11, parafusado ao análogo. Com auxílio do pincel, preenche-se o espaço resultante entre o transferente e a silicona com resina acrílica Duralay (PoliDental – Reliance Dental/USA), Figura 12. Após a polimerização da resina, o transferente foi removido do análogo e executou-se o acabamento dos excessos da resina Figuras 5 e 6 Parafusamento da coroa provisória em um análogo do implante. Figura 7 Torno manual com cabo. Figura 8 Conjunto análogo/coroa provisória envolto de silicona. Observe o nível do contorno gengival delineado previamente em boca. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):711-6 713 Maia BGF • Maia S (Figura 13). O transferente, já personalizado, foi parafusado no implante e então confeccionada a hélice de retenção (Figuras 14 e 15). Em seguida realizou-se a moldagem de transferência pela técnica da moldeira aberta de forma convencional com silicona de polimerização por adição nas consistências leve (Honigum light, DMG) e pesada (Honigum MixStar Mono, DMG), Figuras 16 e 17. No modelo de gesso observa-se o perfil de emergência idêntico ao da coroa provisória (Figuras 18 e 19). Um pilar de zircônia (SIN) foi parafusado e desgastado em laboratório Figuras 9 e 10 Perfil de emergência da coroa provisória registrado na matriz de silicona. Notar a marcação de uma referência para facilitar a inserção do componente na boca. Figura 11 Análogo e transferente com seu respectivo parafuso. Figura 12 Resina Duralay acrescentada em torno do transferente. Figura 13 Transferente individualizado com o mesmo perfil da coroa provisória. Figura 14 Transferente em posição na boca evitando o colabamento gengival. 714 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):711-6 Relato de Caso Clínico Caderno Científico (Figuras 20 e 21) e sua adaptação juntamente com a infraestrutura da coroa foi conferida clínica e radiograficamente. Após os ajustes funcionais e estéticos da porcelana, a coroa foi encaminhada ao laboratório para aplicação de glaze e Figura 15 Hélice de retenção em Duralay evita que o transferente gire dentro do molde no momento do parafusamento do análogo. finalmente cimentada com cimento à base de Fosfato de Zinco (SS White), Figuras 22 e 23. Discussão O posicionamento exato do implante em relação aos dentes adjacentes influencia diretamente na obtenção de um perfil de emergência adequado. Contudo, os implantes normalmente possuem um diâmetro mais estreito do que o da coroa do dente que irá substituir. Portanto, o tecido gengival que circunda o implante deve ser condicionado e desenvolvido para adquirir as mesmas dimensões e configurações dos tecidos ao redor da dentição natural. Isso torna necessária a construção de uma coroa provisória que permita a criação de um perfil de emergência protético satisfatório, o que dá mais naturalidade ao dente artificial. Assim, no momento da construção da coroa definitiva, é importante registrar no modelo de trabalho o perfil de emergência estabelecido na coroa provisória, de forma a permitir ao laboratório construir uma coroa com perfil semelhante. A técnica da individualização do componente Figura 16 Molde obtido. Figura 17 Análogo conectado. Figuras 18 e 19 Vistas vestibular e lingual do modelo de gesso. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):711-6 715 Maia BGF • Maia S Figura 20 Pilar de zircônia. Figura 21 Pilar desgastado no modelo. Figuras 22 e 23 Aspecto clínico da coroa após a cimentação. de transferência se mostra útil nesses casos, visto que a moldagem de transferência realizada de forma convencional não é capaz de reproduzir, no modelo de gesso, a arquitetura gengival presente. Conclusão A técnica da individualização do transferente de moldagem permite ao técnico de laboratório fabricar uma restauração definitiva que, como descrito no caso clínico, Referências bibliográficas 1. Nery CF. A periodontia em sintonia com a estética dental 2009;3(3):178-84. 2. Francischone CE, Nary Filho H, Matos DAD, Lira HG, das Neves JB, Vasconcelos LW et al. Osseointegração e o tratamento multidisciplinar. São Paulo:Quintessence; 2006. 3. Neves DF, Fernandes Neto AJ, Oliveira MRS, Lima JHF, Galbiatti MAD. Seleção de Intermediários para Implantes Branemark-Compatíveis. Parte II: Casos de Implantes Individuais. PCL 2000;2(6):8-25. 4. Elian N, Tabourian G, Jalbout ZN, Classi A, Cho SC, Froum S et al. Accurate transfer of peri-implant soft tissue emergence profile from the provisional crown to the final prosthesis using an emergence profile cast. J Esthet Restor Dent 2007;19:306-15. 5. Lin WS, Ercoli C. A technique for indirect fabrication of an implant-supported, screwretained, fixed provisional restoration in the esthetic zone 2009;102(6):393-6. 716 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):711-6 duplica o perfil de emergência condicionado pela restauração provisória. Recebido em: abr/2010 Aprovado em: jul/2010 Endereço para correspondência: Bruno Maia Rua Joaquim Fagundes, 596 – Tirol 59022-500 – Natal – RN Tel.: (84) 3201-6655 [email protected] 6. 7. 8. 9. Macintosh DC, Sutherland M. Method for developing an optimal emergence profile using heat-polymerized provisional restorations for single-tooth implant-supported restorations. J. Prosthet Dent 2004;91(3):289-92. Coelho AB, Miranda JES, Pegoraro LF. Single-tooth implants: a procedure to make a precise, flexible gengival contour on the mastercast. J. Prostht Dent 1997;78(1):109-10. Paranhos KS, Oliveira R. An Impression Technique To Accurately Transfer Soft Tissue Contours For Implant-Supported Restorations: Three Case Reports. J Oral Implant 2001;27(6):317-21. Breeding IC, Dixon DL. Transfer of gingival contours to a master cast. J Prosthet Dent 1996;75:341-3. Temas em Debate Implantes curtos na Implantodontia: mecanismo de segurança ou tratamento convencional? Para responder a esta pergunta, três profissionais do mercado de reabilitação oral com implantes debatem sobre o assunto. Aziz Constantino Especialista em Implantodontia; Mestre em Odontologia; Doutorando em Biomateriais; Prof. convidado de cursos de Especialização. [email protected] O emprego de implantes curtos em Odontologia, mesmo sendo tema frequente no cenário acadêmico e profissional, não era assunto controverso durante muitos anos: a imensa maioria das publicações e relatos científicos sempre apontou prognóstico desfavorável, principalmente sob o aspecto biomecânico. Com o surgimento dos tratamentos de superfície mais avançados e sob desenhos mais sofisticados – que intensificam o nível de osseointegração, os modernos implantes começam a escrever uma nova perspectiva para o uso de pilares curtos sob alta previsibilidade. Além da nanotecnologia nas superfícies e do desenho com espiras menos traumáticas, implantes de pequeno comprimento enfrentam grandes exigências mecânicas na zona de acoplamento dos componentes protéticos. Novas soluções no desenho das conexões, envolvendo componentes morse indexados, ampliam em muito a resistência do conjunto mecânico frente às potentes alavancas que caracterizam estes casos clínicos. Com estes recursos, o implantodontista passa a contar com novas perspectivas no planejamento de casos que antes estavam limitados aos procedimentos reconstrutivos ou a mera contraindicação. É uma nova revolução na prática implantológica. Drauseo Speratti Especialista em implantes e instrutor clínico do Implant Dentistry Center e Bicon Institute em Boston - EUA. [email protected] Implantes curtos têm sido utilizados por muitos anos. Mudanças e evolução no design fizeram com que os implantes deixassem de ser somente uma alternativa, para tornarem-se um procedimento convencional. Desde 1985, muitos clínicos utilizam implantes curtos em praticamente todos os casos, mesmo com disponibilidade para colocação de implantes mais longos. Isso nada mais é que uma comprovação clínica de diversas pesquisas, mostrando que implantes curtos com desenho de platôs e conexão por cone de travamento apresentam melhor distribuição de forças e manutenção da crista óssea bem superior a implantes com desenhos de parafuso. Um desenho de platôs favorece crescimento de osso cortical e uma conexão por cone de travamento provém selamento de bactérias. É necessário observar que nem todos os implantes curtos são iguais. Um implante curto não é simplesmente um implante longo com tamanho reduzido. O tempo mostrou a necessidade de haver uma combinação de diversos fatores no design para que implantes curtos possam ser eficientes. Note que a maioria dos implantes curtos com design de parafusos utilizados em pesquisas são proteticamente unidos, mesmo assim perdas ósseas ocorrem. Eles simplesmente não conseguem suportar adequadamente as cargas oclusais. Implantes curtos são totalmente seguros para serem utilizados, desde que possuam design adequado, sejam suportados por pesquisas sérias a longo prazo (cinco anos ou mais), tenham qualidade nos procedimentos de fabricação e possuam longevidade clínica. Implantes com essas características existem no mercado internacional desde 1985 e no Brasil desde 2002. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):719-20 719 Ivete Sartori Mestre e doutora em Reabilitação Oral – USP/Ribeirão Preto; Coordenadora dos cursos de Mestrado em Odontologia e de Especialização em Prótese – Ilapeo/Curitiba-PR. [email protected] A Implantologia é hoje uma especialidade muito bem consolidada na Odontologia graças ao imenso número de dados de acompanhamentos publicados. Não se questiona mais o benefício que pode trazer aos pacientes e nem mesmo o índice de sucesso das técnicas usuais. No entanto, quando se considera as opções de tratamento para áreas que apresentam limitações anatômicas que impedem a localização de implantes de comprimentos de, no mínimo, 10 mm, técnicas diversas são discutidas. Dentre elas pode-se destacar: técnicas de levantamento de seio maxilar, enxertos ósseos para ganho de altura em mandíbula, técnicas para instalação de implantes desviando do feixe vásculo-nervoso, técnicas de lateralização do feixe e também a indicação de implantes curtos. Essa técnica foi incentivada em 1993 com o lançamento dos implantes de largo diâmetro. A ideia era aumentar a área de contato pelo aumento do diâmetro permitindo, assim, a redução do comprimento. Trabalhos iniciais mostraram índices de insucesso1-2. No entanto, estudos mais recentes mostram altos índices de sucesso em acompanhamentos clínicos3-5, assim como em artigos de revisão6-7. Alguns estudos foram conduzidos utilizando os implantes curtos associados a implantes longos, mas outros são dados de acompanhamentos de implantes iguais ou menores que 9 mm, utilizados em reposições unitárias de áreas posteriores apresentando índice de sucesso de 98% contra 100% para implantes maiores que 10 mm3 e outro é um acompanhamento de dois anos de implantes de 6 mm de comprimento retentores de prótese unitárias em região de molares com índice de sobrevida de 95%8 . Se os dados iniciais forem comparados aos mais recentes, notam-se algumas características que mudaram nesse período e que, talvez, sejam as responsáveis pela modificação nos dados encontrados. Tem-se hoje superfícies tratadas, modificações na bioengenharia dos implantes e um maior entendimento das técnicas cirúrgicas e estabilidade primária. Consegue-se adequar a instrumentação ao tipo de osso e ambas ao formato das roscas indicado. Além disso, o advento dos implantes com junções do tipo cônicas internas permitem a instalação subcrestal dos implantes. Em um estudo9 idealizado em elemento finito para avaliar a influência do comprimento do implante e da ancoragem bicortical na distribuição das cargas, os autores concluíram que o fato da porção cervical do implante estar envolvida por osso cortical pode ser um fator favorável para o sucesso dos implantes curtos em osso mais medular, pois a rigidez dada por essa situação faria com que o sucesso ficasse menos dependente do comprimento. Acredita-se que esses sejam 720 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):719-20 os fatores que têm levado ao aumento do índice de sucesso da técnica. Além disso, parece válido comparar o fator invasividade entre as diferentes técnicas. Considerando que, em alguns casos, a única possibilidade de tratamento é a indicação dos implantes curtos e o índice de sucesso que os mesmos vem apresentando, apesar de um pouco mais baixos do que os implantes convencionais, pondera-se que é uma indicação muito válida não apenas como um mecanismo de segurança, mas sim, como um tratamento convencional. Além disso, estudos consideram que esse índice, apesar de mais baixo, quando considerados os índices dos implantes convencionais, seria relativo se comparado aos índices de sucesso de implantes instalados em áreas de enxertos em blocos, levantamentos de seio ou em técnicas de transposição de nervo alveolar7, enquanto outro10, que comparou em dois grupos de pacientes com disponibilidade óssea menor que 8 mm em posterior de mandíbula duas modalidades de tratamento, implantes longos instalados após enxertia e implantes de 7 mm, concluiu que devida a menor morbidade, menor custo, maior facilidade e índice similar de sucesso pode ser mais indicado o uso de implantes curtos, alertando para a necessidade de mais acompanhamentos. O paciente deve estar conscientizado e todas as demais técnicas devem ter sido oferecidas. A análise das vantagens e desvantagens, riscos e benefícios devem ser ponderadas pelo profissional. Bibliografia recomendada 1. Bahat O. Treatment planning and placement of dental implants in the posterior maxillae: report on 732 consecutive Nobelpharma implants. Int J Oral Maxillofac Implants 1993;8:151-61. 2. Nevins M, Langer B. The Successful Application of Osseointegrated Implants to the Posterior Jaw: A long-term retrospective study. Int J Oral Maxillofac Implants 1993;8:428-32. 3. Bischof M, Nedir R, Abi Najm S, Szmukler-Moncler S, Samson J. A five-year life-table analysis on wide neck ITI implants with prosthetic evaluation and radiographic analysis: results from a private practice. Clin. Oral Impl. Res 2006;17:512-20 4. Anitua E, Orive G, Javier J, Andia I. Five-year clinical evaluation of short dental implants placed in posterior areas: a retrospective study. J Periodont 2008;79(1):42-8. 5. Maló P, Nobre MA, Rangert B. Short implants placed one-stage in maxillae and mandibles: a retrospective clinical study with 1 to 9 years of follow-up. Clin Implant Dent and Relat Res 2007;9(1):15-21. 6. Neves FD, Fones D, Bernardes SR et al. Short implants-na analysis of longitudinal studies. Int J Oral Maxillofac Implants 2006;21:86-93. 7. Renoauard F, Nisand D. Impact of implant length and diameter on survival rates. Clin Oral Impl. Res 2006;17(2):35-51. 8. Rossi F, Ricci E, Marchetti C, Lang NP, Botticelli D. Early loading of single crows supported by 6-mm-long implants with a moderately rough surface: a prospective 2-year follow-up cohort study. Clin Oral Implants Res 2010;21(9):937-43. 9. Pierrisnard L, Renouard F, Renouard P, Barquins M. Influence of implant length and bicortical anchorage on implant stress distribution. Clin Implant Dent and Relat Res 2003;5(4):254-62. 10. Felice P, Canizzaro G, Checchi V et al. Vertical bone augmentation versus 7-mm-long implants in posterior atrophic mandibles. Results of a randomised controlled clinical trial of up to 4 months after loading. Eur J Oral Implantol 2009;2(1):7-20. Fachada do Expo Center Norte - sede do IN 2011. 722 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):722-6 Eventos IN 2011 discutirá consensos e a melhor prática da Implantodontia Evento tem como proposta internacional integrar conhecimentos no âmbito da América Latina. Prof. Dr. P-I Brånemark Presidente de Honra Sob a presidência de honra do professor Per Ingvar Brånemark, a cidade de São Paulo sediará um grande evento para a discussão de avanços científicos e tecnológicos nos vários campos da reabilitação oral com implantes, assim como no campo da reabilitação extraoral. Este grande evento internacional, intitulado IN 2011 – Latin American Osseointegration Congress, deverá reunir cerca de 6.000 especialistas de todo o Brasil e dos demais países latino-americanos. Data e local já estão definidos: de 2 a 5 de julho de 2011, no Expo Center Norte, em São Paulo. O IN 2011 vem sendo organizado pelo grupo de pesquisadores e especialistas brasileiros que, junto com P-I Brånemark, realizaram os eventos “40 anos da Osseointegração – International Conference”, em maio de 2005 com 2.800 participantes, e os “20 anos da Osseointegração no Brasil, em setembro de 2009 com cerca de 3.250 participantes. Com um crescimento superior a 20% ao ano, a prática da Implantodontia na América Latina vive um paradoxo: é nesta região do mundo onde também se sente uma necessidade maior de nivelar conhecimentos para uma prática segura com melhores resultados clínico-funcionais. Dessa forma, o IN 2011 – Latin American Osseointegration Congress vem sendo construído com a finalidade de reunir pesquisadores, formadores de opinião, especialistas e clínicos com as mais diversas visões para discutir avanços neste campo; sobretudo, iniciar um processo de padronização regional de protocolos e procedimentos cirúrgico-protéticos, pois o Brasil, em razão de ter um grande volume de praticantes dessa especialidade, possui ilhas de excelência, em comparação a outros países dessa latitude do mundo. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):722-6 723 Estrutura Promovido pela revista ImplantNews e organizado pelo departamento de Eventos da VM Comunicação, o IN 2011 está dimensionado para até 6.000 participantes, sendo 5.000 brasileiros e cerca de 1.000 latino-americanos, além de visitantes e expositores. O local reservado é o Centro de Convenções do Expo Center Norte, em São Paulo, uma nova estrutura que permite o uso simultâneo de até 24 salas plenárias. Para o congresso estão sendo convidados cerca de 20 dos mais destacados pesquisadores do chamado Primeiro Mundo. São autoridades que irão se juntar a outros 150 pesquisadores latino-americanos, resultando em uma mescla de conhecimentos interessantes e produtivos. O evento tem como presidente de honra P-I Brånemark, como patrono Waldyr Janson, como presidente Hugo Nary Filho, como presidente da comissão científica Laércio W. Vasconcelos e como coordenadores internacional e nacional, respectivamente, Paulo Rossetti e Elcio Marcantonio Jr., entre outros. Programação científica A programação científica constará de uma grade com 20 cursos de imersão, 12 mesas-redondas temáticas, quatro fóruns científicos de consenso, 40 conferências, 60 apresentações de trabalhos do Projeto Nota 10, 20 conferências especiais e 300 painéis científicos no concurso “Mérito Científico”, além de eventos sobre Tecnologia Aplicada, nesta edição identificado como Corporate Session. Um dos 24 auditórios do Expo Center Norte. Ministradores internacionais já confirmados • Ann Elisabeth Wennerberg (Suécia) • Carlos Aparicio Magallón (Espanha) • Carlos Eduardo Francischone (Brasil) • Franck Renouard (França) • Ingemar Abrahamsson (Suécia) • José Valdivia (Chile) • Joseph Kan (EUA) • Luis Guillermo Peredo-Paz (Bolívia) • Markus Hürzeler (Alemanha) • Massimo Del Fabbro (Itália) • Michael A. Pikos (EUA) • Moshe Goldstein (Israel) • Paolo Trisi (Itália) • Sergio Luis Gotta (Argentina) • Stephen Chu (EUA) • Tomas Albrektsson (Suécia) • Ulf Wikesjö (EUA) • Zvi Artzi (Israel) 724 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):722-6 Eventos Hall de acesso do Expo Center Norte. Os participantes do congresso não vão pagar taxa de adesão, mas apenas os cursos de interesse. Cada congressista terá direito a um cartão de benefício (INCard), que lhe dará descontos especiais oferecidos por várias empresas presentes na ExpoIN, bem como livro grátis sobre temas da Implantodontia. E os assinantes das revistas ImplantNews e PerioNews, participantes dos eventos “40 anos da Osseointegração” e “Osseointegração – 20 anos da experiência brasileira” terão convite especial com desconto. Eventos sociais e ExpoIN A integração dos participantes ficará a cargo de jantares temáticos, show, passeios para acompanhantes e por conta de uma das melhores gastronomias do mundo. Paralelo ao evento, acontecerá a ExpoIN 2011 - Exposição internacional de produtos e serviços para Implantodontia, que contará com a participação de 70 empresas expositoras. Nessa mega exposição com 12.000 m2 estarão presentes empresas dos vários segmentos da reabilitação oral com ou sem implantes, entre elas: Straumann, Nobel Biocare, Biomet 3i, Intra-Lock, Neodent, SIN, Conexão, P-I Brånemark Philosophy, Ivoclar, Kulzer, Dabi Atlante, Driller, INP. Parte da renda do IN 2011 será destinada ao tratamento dos carentes do P-I Brånemark Institute – Bauru/Brasil e de moradores de rua da Aliança Associação de Misericórdia, de São Paulo. Principais temas • O paradigma da “distância biológica” na Implantodontia • Planejamento em próteses sobreimplantes • Extração e implante imediato em dente unitário: modificações nos tecidos moles • Densidade óssea x instrumentação x estabilidade dos implantes • BMPs – O que ainda está por vir? Experiências, problemas e soluções • Regeneração em áreas estéticas • Implantes curtos • Alternativa ao Wikesjo • Cirurgia guiada na Implantodontia • Uma revisão sobre os critérios de sucesso para novas superfícies • Tecido mole peri-implantar • Aspectos biológicos clínicos da osseointegração e estabilidade dos implantes • Regeneração periodontal e peri-implantar • Estética em prótese fixa • Biomecânica dos implantes, osseointegração, carga imediata • Enxertia no seio maxilar • Estética, prótese, tecidos moles, facetas, cerâmicas • Ortodontia e Periodontia • Cirurgias reconstrutivas: atrofia mandibular, lateralização do nervo Informações: Departamento de Eventos VMCom – Tel.: (11) 2168-3400 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):722-6 725 Série Mistura Fina prossegue reunindo talentos Circuito, que deu largada no início do ano, fez uma parada em Porto Alegre e se prepara para aportar na Cidade Maravilhosa. Sucesso em Porto Alegre Em sua trajetória pelas cidades brasileiras, o Circuito Nacional ImplantNews de Excelência em Implantodontia – Série Mistura Fina, reuniu, de 26 a 28 de agosto, no Centro de Eventos São José – Plaza São Rafael, em Porto Alegre, 280 participantes, ávidos por conhecimento e vivências com pesquisas básicas e clínicas e, também, em discutir os avanços da reabilitação oral com implantes. Na ocasião, o professor Sascha Jovanovic, especialista em Periodontia, Implantodontia e Prótese e mestre em Biologia Oral, ministrou um curso de imersão com cirurgia ao vivo. Além dele, mais 27 ministradores brasileiros, sendo 20 em mesas-redondas e sete em conferências sobre Tecnologia Aplicada, completaram a programação científica do circuito. “A escolha do nome Mistura Fina para batizar um evento tão especial não se deu por acaso. A intenção era, justamente, representar esta mescla de talentos. Uma reunião de personalidades cuja visão está um passo a frente. O encontro de quem pesquisa avanços com quem quer praticar uma Implantodontia de excelentes resultados”, afirma José Cícero Dinato, coordenador científico MF Porto Alegre. Da esq. para a dir.: José Cícero Dinato, Sascha Jovanovic e André Zétola. Série MF Porto Alegre reuniu 280 participantes. Em outubro no Rio de Janeiro Em prosseguimento à sua trajetória pelas cidades brasileiras, o Circuito Nacional ImplantNews de Excelência em Implantodontia – Série Mistura Fina, agregará novos participantes nos dias 28 e 30 de outubro, quando estará aportando no Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro. Na oportunidade, os participantes contarão com a presença dos professores Tidu Mankoo, eleito o melhor ministrador do recém-realizado evento da Academia Americana de Osseointegração, e Bernard Touati, um dos mais destacados pesquisadores da Europa de todos os tempos, para ministrarem cursos de imersão de quatro horas cada. A Série Mistura Fina é uma iniciativa da revista ImplantNews e tem o apoio de grandes empresas do segmento da Implantodontia. 726 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):722-6 Feira Promocional no evento evento. Mais informações e adesões: Departamento de Eventos VMCom - Tel.: (11) 2168-3400. Evento internacional, 7o Encontro de Mestres supera expectativas Além de mostrar novidades e tendências da medicina odontológica, encontro valorizou a produção científica e clínica brasileira. Abertura do 7o Encontro de Mestres com o presidente científico internacional Giuseppe Cardaropoli. Personalidades da Odontologia que prestigiaram o evento. Da esq. para a dir.: José Luís Cintra Junqueira, Newton Miranda, José Alberto de Souza Freitas, Rubens Corte Real de Carvalho, Artêmio L. Zanetti, Rodolfo Candia Alba Junior, Emil Adib Razuk, Silvio J. Ceccheto, Adriano Albano Forghieri e Luciano Artioli. Grandes mestres internacionais em conjunto com mestres brasileiros falaram sobre as novidades na Implantodontia nacional e as expectativas para o futuro no 7o Encontro de Mestres em Cirurgia e Prótese Sobreimplantes, que aconteceu em agosto no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo. O evento, incentivado e criado por Rodolfo Candia Alba Junior, presidente da Conexão Sistemas de Prótese, é uma realização do Instituto Conexão Saúde. A produção científica e clínica brasileira foi valorizada com a criação das Olimpíadas Científicas, que serviu para reconhecer os melhores trabalhos gerados no âmbito dos “Cursos Parceiros” Conexão. No evento, foram apresentados trabalhos clínicos e científicos nas categorias Apresentação Oral e Painel. Concorreram mais de 180 professores, assistentes e alunos a uma premiação expressiva em dinheiro. Como parte das atividades foram homenageados, em um jantar de premiação, três grandes mestres e contribui- 728 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):728-30 dores diretos dos avanços da Odontologia brasileira: professores doutores Artêmio Luiz Zanetti, Emil Adib Razuk e José Alberto de Souza Freitas. Mais de 1.200 participantes de todo o Brasil e de países vizinhos tiveram a oportunidade de assistir atividades ministradas por grandes mestres nacionais e internacionais nas conferências e cursos apresentados. Para esse evento estiveram presentes Giuseppe Cardaropoli (EUA), Carlo Mangano (Itália), Erik Van Dooren (Bélgica), Galip Gurel (Turquia), Nitzan Bichacho (Israel), Mauro Fradeani (Itália) e Fernando Guerra (Portugal). Fechando os trabalhos do 7o Encontro da Conexão, foi realizada uma reunião com destacadas autoridades da Odontologia, da Medicina e do Ministério da Saúde, visando que a reabilitação osseointegrada de alta complexidade não seja somente uma matéria de pesquisa, mas sim a realidade de uma forma concreta de tratamento. Mercado In Vencedores do Prêmio Olimpíadas Científicas Categoria Apresentação Oral 1o lugar – R$ 20.000 Título: Split crest: divisão de crista para ganho ósseo horizontal em maxila atrófica com piezoelétrico Coordenador e apresentador: Wilson Cesar Kamimura Polo Instituição: APCD Santo André (Teresa Cristina Fabiano representou Wilson Cesar Kamimura Polo) 2o lugar – R$ 10.000 Título: Otimização das papilas entre implantes Coordenador e apresentador: José Carlos Curvelo de Oliveira Jr. Instituição: ABO – Santos 3o lugar – R$ 5.000 Título: Protocolo de regeneração tecidual óssea e nervosa Coordenador e apresentador: Marcelo Yoshimoto Instituição: Unicastelo Categoria Painel Científico 1o lugar – R$ 10.000 Título: Reabilitação protética sobreimplantes empregando coroas unitárias cerâmicas sobre barra metálica com desenho modificado Coordenador: Accacio Lins do Valle Autores: Fabio Cesar Lorenzoni, Luiz Alves Oliveira Neto e Luiz Fernando Pegoraro Instituição: Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo 2o llugar – R$ 5.000 Título: Técnica de mensuração óssea direta, com procedimento minimamente invasivo para cirurgia flapless e carga imediata com coroa protética definitiva Coordenador: Marcolino Antonio Pellicano Apresentadores: Ariswaldo Catrólio, Alexandre Antonio Pellicano, Benedito Umberto Bueno e Carlos Roberto Carvalho Instituição: APCD – Regional de Jundiaí 3o llugar – R$ 3.0000 Título: Provisionalização de implante imediato em incisivo central superior: técnica para utilização do dente natural Coordenador: João Gustavo Rabelo Ribeiro Apresentadores: Eurico Moraes Elisei, Alexandre Magno Megale Costa e Gustavo Machado Paixão Instituição: Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações - Unincor REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):728-30 729 RTR: o substituto ósseo de última geração A Septodont lançou, recentemente, o RTR, um substituto ósseo 100% reabsorvível de última geração com grânulos sintéticos de betafosfato tricálcio, que libera íons cálcio e fosfato participantes da neoformação óssea. O RTR possui granulação mista e porosidade, constituindo-se em um óti- Lançamento em Implantodontia Estética A editora Santos, integrante do Grupo GEN, lançou a obra Fundamentos da Implantodontia Estética, que tem por objetivo melhorar e expandir o repertório de habilidades clínicas do leitor; seu texto serve com fonte indispensável para os estudantes e praticantes de Prótese, Cirurgia Bucomaxilofacial, Periodontia e Clínica geral por apresentar-lhes o que há de mais recente e melhor na Odontologia Estética. Mantendo o foco na Implantodontia, a obra guia o leitor no processo de decisão clínica, diagnóstico, plano de tratamento, execução e cuidado pós-operatório. Um exame abrangente do plano pré-tratamento, incluindo uma seção extensa do exame da face e desenho do sorriso, fornecem uma base sólida para resultados estéticos tangíveis e desejáveis. Casos completos demonstram passo a passo os procedimentos das técnicas cirúrgicas estabelecidas e inovadoras, embasados em forte literatura científica. 730 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):728-30 mo osteocondutor. Sua inovadora apresentação em seringa angulada facilita a colocação nas regiões mais difíceis. Outra vantagem do produto é a hidratação, que pode ser feita apenas aspirando o soro fisiológico estéril ou o sangue do paciente (quando as condições clínicas permitirem), na própria seringa, evitando contaminação. Pode ser usado em casos de levantamento de seio, após extrações, pré-implante, defeitos infraosseos periodontais, entre outros. A embalagem é duplamente estéril e a quantidade por seringa é de 0,8 cm3. A Septodont é uma empresa francesa fundada em 1932. Está 100% focada no ramo odontológico e encontrase presente nos cinco continentes e em mais de 150 países, incluindo Japão, Estados Unidos e Canadá. Atualmente, possui fábricas na França, Estados Unidos, Canadá e Índia. Mais informações no site www.septodont.com.br ou pelo telefone do SAC (11) 4688-0789. FDI 2010 - Congresso Anual Mundial da Federação Dentária Internacional Entre os dias 2 e 5 de setembro foi realizado, em Salvador (BA), o Congresso Anual Mundial da Federação Dentária Internacional, o FDI 2010, uma realização da Federação Dentária Internacional, com o apoio da Colgate-Palmolive. O congresso reuniu mais de 250 especialistas de diversos países para uma série de discussões científicas sobre as novas abordagens para o cuidado e o controle da cárie, além de metas para a aplicação de políticas públicas dos estados. No FDI 2010 foram realizados os simpósios “Abordagens baseadas em evidências para a prevenção e controle da cárie precoce” e “Cárie dental: um contínuo desafio para a saúde pública e ferramentas para a prevenção e tratamento de lesões incipientes”. Esses simpósios apresentaram as novas tecnologias e estudos científicos para uma avaliação dos riscos de cárie, além de abordar métodos de detecção precoce e tratamento de lesões simples. Outro assunto abordado no Congresso foi a hipersensibilidade dentinária, com a discussão de diagnóstico e opções de tratamento. Caderno A Vez dosCientífi Editores co Os clássicos estão de volta! A partir desta edição, a coluna A VEZ DOS EDITORES trará artigos clássicos e fundamentais à prática da Implantodontia multidisciplinar. Não deixe de ler! Salama H, Salama M. The role of orthodontic extrusive remodeling in the enhancement of soft and hard tissue profiles prior to implant placement: a systematic approach to the management of extraction site defects. Int J Periodont Rest Dent 1993;13:313-33. O começo da década de 1990 foi especial não apenas pelo surgimento da primeira fábrica nacional para confecção de implantes osseointegrados no Brasil (Conexão) ou pelo lançamento do livro “Contemporary Implant Dentistry” nos EUA, editado e em sua maior parte escrito por Carl E. Misch. O mundo realmente começaria a entender o significado da palavra multidisciplinar no contexto da Implantodontia... Em 1993, os leitores foram presenteados com um artigo de 20 páginas, no qual os irmãos Salama (Henry e Maurice) discutiam os problemas enfrentados na restauração dos rebordos alveolares que apresentavam defeitos, em especial, locais onde os dentes estavam condenados e necessitavam ser extraídos para colocação de implantes dentários. A saída (genial) foi evitar/minimizar a cirurgia reconstrutiva: se a movimentação ortodôntica (extrusão) controlada tivera sua eficácia comprovada na década de 19701-2, por que não fazê-la antes da extração do dente comprometido? O ganho vertical em tecido mole/duro seria previsível/considerável? Simplesmente, os autores se basearam na seguinte frase: “um dente comprometido (hopeless) não necessariamente é um dente sem utilidade (useless)”. Daí, o tracionamento das fibras do ligamento periodontal para criar volume ósseo em direção coronal! A extração ortodôntica (como foi chamada na época) possuía benefício duplo: ganho de osso no sentido vertical e amenização do defeito ósseo existente, melhorando a capacidade regenerativa do tecido e a chance de osseointegração dos implantes. Ao mesmo tempo, se grande parte do defeito estivesse na parede vestibular, o movimento de retrusão seria adicionado ao de extração. Obviamente, existiam limites terapêuticos; entretanto, a principal vantagem era eliminar um sítio condenado, diminuindo o volume de tecido ósseo que seria enxertado mais tarde. Desde então, a literatura (artigos e livros) é repleta de casos clínicos onde este princípio é utilizado. Um casamento harmonioso entre Periodontia, Ortodontia e Implantodontia! Até a próxima! Os Editores Quer aprender mais? Então, não deixe de ler: 1. Ingber JS. Forced eruption. Part I. J Periodontol 1974;45:199-206. 2. Ingber JS. Forced eruption. Part II. J Periodontol 1976;47:203-16. REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):733 733 Metodologia Científica Metodologia Científica: trabalhos de publicação – Parte VI – Escrevendo os resultados Feita a análise estatística, vamos escrever a seção Resultados. É importante colocar o texto na mesma sequência de desenvolvimento da seção Material e Métodos. O texto deve ser objetivo, de fácil leitura e entendimento. Você realmente deve explicar em palavras simples, porém, dentro do rigor científico: “Os valores médios de resistência (desvio-padrão) em kgf, encontrados para os grupos A, B e C foram 88,62 ± 9,66, 101,93 ± 10,36, e 75,12 ± 13,72 respectivamente (Tabela 1). O teste Anova 1 critério detectou diferença estatisticamente significativa entre os grupos testados (p < 0,001), Tabela 2. Posteriormente, o teste de Tukey mostrou diferença apenas entre os grupos B e C (p < 0,05). A morfologia de fratura foi analisada através da microscopia eletrônica de varredura para cada grupo e se encontra disponível nas Figuras 1, 2, e 3. Os grupos B e C mostraram morfologias muito diferentes entre si. As fraturas foram consideradas adesivas no grupo A e coesivas nos grupos B e C.” Observe: no texto acima, foram realizadas também referências às Tabelas 1 e 2, que representam a descrição dos valores de resistência e do texto estatístico realizado. Isto é comum e serve para orientação rápida do leitor. Também, se houver alguma análise complementar por imagem ela deve ser colocada no formato de figuras. Se o pesquisador utilizar gráficos, desenhos esquemáticos ou diagramas, estes também serão usados como figuras. Nos trabalhos de publicação, não se deve colocar a frase “insira a Figura X aqui” entre o texto da Metodologia, Resultados, ou Discussão. As figuras e as legendas das figuras são colocadas em arquivos separados, no formato jpg ou tif e uma lista de legendas das figuras no formato doc. Ainda, as imagens e legendas virão depois da seção Referências Bibliográficas. Até a próxima!!! REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):735 735 Normas de Publicação Como enviar seus trabalhos Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista ImplantNews adota em suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização universal de expressões científicas nos trabalhos publicados. Importante: 1. Envie seu trabalho apenas pelo correio, em envelope com: • CD, identificado com etiqueta, contendo o texto gravado nos formatos DOC ou RTF (Word for Windows ou editores de texto compatíveis), e as imagens (se houver) nos formatos JPG ou TIF, em alta resolução (300 dpi). Atenção: apenas o texto do trabalho deve estar no formato DOC (Word ). Em hipótese nenhuma, as imagens devem estar contidas em um arquivo DOC ou PPT (PowerPoint). Em caso de APRESENTAÇÃO A Nota Prévia deverá conter: título em português e inglês, nome(s) e titulação do(s) autor(es), resumo/abstract, unitermos/key words, introdução e/ou proposição, material e métodos, discussão, conclusão e referências bibliográficas. O autor deverá enviar o Termo de Cessão de Direitos Autorais de acordo com o item 2.7.1. Para a publicação deverão ser observados os itens das “Normas de Publicação”. Limites: texto com, no máximo, 5.000 caracteres (com espaços), 3 imagens com legendas concisas, uma tabela pequena e 5 referências bibliográficas. Revisão/edição: os trabalhos serão revisados pelo editor científico e um parecerista do Conselho Científico, especialista na área do artigo. O editor se reserva o direito de editar os trabalhos para melhorar a clareza e compreensão dos leitores. NORMAS DE PUBLICAÇÃO 1. OBJETIVO A revista ImplantNews, de periodicidade bimestral, destina-se à publicação de trabalhos inéditos de pesquisa aplicada, bem como artigos de atualização, relatos de casos clínicos e revisão da literatura na área de Implantodontia e de especialidades multidisciplinares que a envolvam. 2. NORMAS 2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. 2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF (Word for Windows), acompanhados de uma cópia em papel, com informações para contato (endereço, telefone e e-mail do autor responsável). 2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor responsável, em sua face não gravável, com etiqueta ou caneta retroprojetor (própria para escrever na superfície do CD). dúvida, entre em contato com a redação pelo telefone (11) 2168-3400. • impressos completos do trabalho enviado, do Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado, e do Termo de Consentimento do Paciente, se for o caso. 2. Os trabalhos devem conter, imprescindivelmente, todos os dados para contato com o autor principal (endereço, telefones e e-mails). 3. Todos os trabalhos enviados devem respeitar os limites máximos de tamanho de texto e quantidade de imagens/figuras. Antes de postar, confira se o trabalho está de acordo com esses limites no item 3, Apresentação, das Normas de Publicação. 4. Dados para envio dos trabalhos: Para ImplantNews Att. Cecilia Felippe Nery Editora Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino 04023-000 – São Paulo – SP ATENÇÃO: Para envio de Notas Prévias, indique por fora do envelope “Seção Nota Prévia”. NOTAS PRÉVIAS Aderência às Normas de Publicação: trabalhos não preparados de acordo com as normas serão devolvidos aos autores antes do processo de revisão. Introdução: resumir o princípio e o propósito do estudo, fornecendo apenas as referências pertinentes. Mostre claramente a hipótese testada. Material e métodos: apresente detalhes suficientes para permitir a confirmação das observações. Métodos publicados deverão ser referenciados e discutidos brevemente, à menos que hajam modificações. Indique os métodos estatísticos, quando aplicável. Resultados: apresente em ordem sequencial no texto, tabela e ilustrações. Não repita no texto todos os dados das tabelas e ilustrações; enfatize apenas observações importantes. Discussão: enfatize os aspectos novos e importantes e as conclusões que se seguem. Não repita em detalhes dados ou outro material fornecido na Introdução ou nos Resultados. Compare suas observações com outros estudos relevantes; aponte as implicações e limitações. Conclusão: faça de forma a reforçar ou refutar a hipótese. Agradecimentos: pessoas com contribuições substanciais ao trabalho. Especifique patrocinadores, agências de fomento (citando número do processo). Inclua uma declaração se existe ou não interesse ou vínculo comercial dos autores com o trabalho. Referências bibliográficas: siga rigorosamente as normas de citação numérica Vancouver; as referências são de inteira responsabilidade dos autores. 2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, não será devolvido. 2.4. A revista ImplantNews reserva todos os direitos autorais do trabalho publicado. 2.5. A revista ImplantNews receberá para publicação trabalhos redigidos em português. 2.6. A revista ImplantNews submeterá os originais à apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos autores do trabalho analisado. 2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) autor(es) ou pelo autor responsável. 2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais: [Local e data] Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da revista ImplantNews para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais referentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da revista ImplantNews a partir da data de sua submissão, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação de qualquer natureza, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e obtida junto à revista ImplantNews. No caso de não-aceitação para publicação, essa cessão de direitos autorais será automaticamente revogada após a devolução definitiva do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte do autor, de ofício específico para esse fim. [Data/assinatura(s)] 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores. 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto referências à aprovação pelo Comitê de Ética. 2.10. Os trabalhos que se referirem a relato de caso clínico com identificação do paciente deverão conter o Termo de Consentimento do Paciente, assinado por este. 3. APRESENTAÇÃO 3.1. Estrutura REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):737-8 737 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e teses) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados, discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com espaços), 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras/imagens. 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres (com espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras. 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres (com espaços), 2 tabelas ou quadros, 2 gráficos e 32 figuras. 3.2. Formatação de página: a. Margens superior e inferior: 2,5 cm b. Margens esquerda e direita: 3 cm c. Tamanho do papel: carta d. Alinhamento do texto: justificado e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado h. As páginas devem ser numeradas 3.3. Formatação de texto: a. Tipo de fonte: times new roman b. Tamanho da fonte: 12 c. Título em português: máximo de 90 caracteres d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos principais e. Resumos em português e inglês: máximo de 250 palavras cada f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www.bireme.br/decs/) 3.4 Citações de referências bibliográficas a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no qual somente os números índices das referências, na forma sobrescrita, são indicados no texto. b. Números sequenciais devem ser separados por hífen (ex.: 4-5); números aleatórios devem ser separados por vírgula (ex.: 7, 12, 21). c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publicação. Exemplos: Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...” Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde geral e local do paciente é necessária para o sucesso do tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...” 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográficas por trabalho. 4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade única e exclusiva dos autores. 4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve seguir 738 REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(5):737-8 a normatização do estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas pelo International Committee of Medical Journal Editors (www.icmje.org) no “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”. 4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (www.nlm. nih.gov/tsd/serials/lji.html) e impressos sem negrito, itálico ou grifo/sublinhado. 4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que devem ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, sem ponto ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre os nomes dos diferentes autores. Incluir ano, volume, número (fascículo) e páginas do artigo logo após o título do periódico. Exemplo: “1. Lorato DC. Influence of a composite resin restoration on the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4. 2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. J Periodontal 1994;65:545-50. 3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from dental plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 1998:88-95.” 4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se todos. 4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão latina et al. 4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais, trabalhos em andamento e os não publicados; caso seja estritamente necessária sua citação, as informações não devem ser incluídas na lista de referências, mas citadas em notas de rodapé. 4.7. Exemplos 4.7.1. Livro: Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J, Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience form a 10-year period. Scan J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13. 4.7.2. Capítulo de livro: Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic boné resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The biology of tooth movement. Florida: CRC, 1989. p. 269-73. 4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es): Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial prostheses: anaplastology and osseointegration. Illinois: Quintessence;1997. 4.7.4. Organização ou sociedade como autor: Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: state of art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2. 4.7.5. Artigo de periódico: Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev Odont Unesp 1988;17(1/2):183-9. 4.7.6. Artigo sem indicação de autor: Fracture strenght of human teeth with cavity preparations. J Prosth Dent 1980;43(4):419-22. 4.7.7. Resumo: Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration with and without flowable liner [resumo]. J Dent Res 2000;79:1002. 4.7.8. Artigo citado por outros autores apud: Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. J Dent Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr 1978;23(8):408-9. 4.7.9. Dissertação e tese: Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de préescolares de Piracicaba, SP [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas;1997. 4.7.10. Trabalho apresentado em evento: Buser D. Estética em implantes de um ponto de vista cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de Osseointegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo: EVM; 2002. p. 18. 4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet: Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation of desinfection of dentinal tubules infected whith enterococcus faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72. [Online] Available from Internet <http://www.forp.usp.br/bdj/t0182.html>. [cited 30-6-1998]. ISSN 0103-6440. 5. TABELAS OU QUADROS 5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou “Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em algarismos arábicos. 5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma clara e objetiva no texto ou em documento anexo. 5.3. Devem ser autoexplicativos e, obrigatoriamente, citados no corpo do texto na ordem de sua numeração. 5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em nota colocada abaixo do corpo da tabela/quadro ou em sua legenda. 6. FIGURAS/IMAGENS 6.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e ser numeradas com algarismos arábicos. 6.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo ou folha impressa à parte. 6.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo do texto na ordem de sua numeração. 6.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em sua legenda. 6.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes. O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que expresse por escrito o seu consentimento, o qual deve acompanhar o trabalho enviado. 6.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística, utilizando o recurso de resolução máxima do equipamento/câmera fotográfica. 6.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com resolução mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou JPG e largura mínima de 10 cm. 6.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas incorporadas a arquivos de programas de apresentação (PowerPoint), editores de texto (Word for Windows) ou planilhas eletrônicas (Excel). 7. GRÁFICOS 7.1. Devem constar sob a denominação “Gráfico”, numerados com algarismos arábicos e fornecidos, preferencialmente, em arquivo à parte, com largura mínima de 10 cm. 7.2. A legenda deve acompanhar o gráfico e ser posicionada abaixo deste. 7.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo do texto, na ordem de sua numeração. 7.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em sua legenda. 7.5. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão.