Seminário Regional sobre Supervisão Parlamentar na Área
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Seminário Regional sobre Supervisão Parlamentar na Área
Seminário Regional sobre Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental Dakar, Senegal, 21-22 Setembro 2010 DCAF Geneva Centre for the Democratic Control of Armed Forces (DCAF) Assemblée Nationale du Sénégal Seminário Regional sobre Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental Dakar, Senegal, 21-22 Setembro 2010 DCAF Geneva Centre for the Supervisão na Área deNationale Segurança na África Ocidental DemocraticParlamentar Control of Assemblée du Sénégal Armed Forces (DCAF) 1 Cláusula de renúncia de responsabilidade Esta publicação é uma compilação da documentação relativa ao Seminário Regional sobre “Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental”, co-organizado pelo Centro para o Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF) e pela União Interparlamentar (UIP), em colaboração com a Assembleia Nacional do Senegal e o Parlamento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizado em Dakar, Senegal, em 21-22 de Setembro de 2010. Os organizadores do seminário recusam qualquer responsabilidade ou compromisso em relação às informações ou pontos de vista expressos nesta publicação, assim como não garantem a exactidão ou veracidade do conteúdo da mesma. 2 Seminário Regional Indíce Lista de siglas 4 I. Síntese 5 Resumo dos debates 6 Conclusões e recomendações 11 II. Discursos de Abertura 13 III. Apresentações 23 Sessão 1. Uma Abordagem Global sobre a Supervisão Parlamentar na Área de Segurança 24 Professor Doutor Boubacar N’Diaye 25 Sra Karin Grimm 29 Ilustre Deputado Ibra Diouf 35 Sessão 2. Comissões de Defesa/Segurança e Mecanismos Parlamentares Dedicados ao Sector de Segurança 40 Ilustre Deputado Sango Patekile Holomisa 41 Professor Doutor Eboe Hutchful 46 Ilustre Deputado Mamadou Bamba Ndiaye 49 Ilustre Deputado Bréhima Béridogo 53 Sessão 3. Supervisão Parlamentar sobre o Orçamento de Defesa 58 Sra Lena Andersson 59 Ilustre Deputado Laurent Akoun 63 Ilustre Deputada Alice Foyah 65 Anexos 68 Documento conceptual 70 Programa do seminário 72 Lista de participantes 75 IV. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 3 Lista de siglas 4 ASDR Centro de Pesquisa Diálogo e de Segurança em África ASSN Rede Africana do Sector de Segurança CEDEAO Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental DCAF Centro de Genebra para Controlo Democrático das Forças Armadas FP SADC Fórum Parlamentar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral GSS Governação no Sector da Segurança ONG Organizações Não-Governamentais OSC Organizações da Sociedade Civil PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RSS Reformas do Sector de Segurança SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral SADSEM Rede de Gestão de Defesa e Segurança da África Austral UA União Africana UIP União Inter- Parlamentar UEMOA Uniaã Económica e Monetária da Africa Occidental UNOWA Gabinete das Nações Unidas para a África Ocidental WANEP Rede da Africa Occidental para a Construção da Paz Seminário Regional I. Síntese Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 5 Sintese dos debates Sr Okey Uzoechina Representante do DCAF junto da CEDEAO Sessão 1: Uma Abordagem Global sobre a Supervisão Parlamentar na Área da Segurança Apresentações A apresentação do Professor Doutor Boubacar N’Diaye destacou as realizações alcançadas e os desafios enfrentados pelos parlamentos da África Ocidental, no que concerne ao seu papel de supervisão no contexto do desenvolvimento político dos respectivos Estados. Referiu-se ainda à origem dos parlamentos da África Ocidental sob regimes militares por mais de quatro décadas, tendo observado um aumento da responsabilização e um maior papel dos parlamentares na supervisão do sector de segurança. Contudo, a apresentação identificou contínuos constrangimentos na efectiva supervisão por parte dos parlamentos, recomendando medidas tais como: elaboração de um quadro constitucional e legislativo para a governação da área de segurança, acompanhamento e avaliação da política de segurança, estabelecimento de um quadro de cooperação entre o poder executivo e o parlamento em matéria de segurança e defesa, e transparência orçamental e financeira. A exposição da Sra. Karin Grimm, a qual incidiu sobre a integração da perspectiva de género na contribuição do Parlamento para a agenda de segurança, identificou as mulheres tanto como vítimas dos conflitos, como sendo participantes activas em operações de manutenção de paz e em processos de negociações de paz. Apresentou, igualmente, uma ilustração gráfica do rácio masculino-feminino tanto ao nível dos parlamentos da África Ocidental, como em diferentes posições no sector de segurança e nas forças de manutenção de paz, tendo verificado que as mulheres não se encontravam proporcionalmente representadas nas instituições 6 Seminário Regional de segurança. Neste sentido, apelou aos parlamentares a contribuírem para a inserção de uma perspectiva de género no sector de segurança, assegurando a conformidade entre documentos ao nível nacional, regional, da União Africana e das NU, assim como incentivando a uma maior participação das mulheres na formulação e na execução de políticas de segurança, orçamentação e gestão dos recursos. Sessão interactiva (P & R) As questões levantadas e discutidas durante a sessão interactiva focaram, respectivamente, sobre: constrangimentos baseados na cultura e tradição locais em que o status social do homem se encontra acima do da mulher, baixo nível de educação das mulheres, como reverter a representação desproporcional das mulheres nas instituições de segurança em duas ou três gerações, assim como, que outras dimensões ou matrizes da integração do género poderão existir, para além da suficiente representação de mulheres nos parlamentos e sector da segurança. Ficou claro que a integração das mulheres não poderia suceder de um momento para o outro, tal como foi igualmente observado que a baixa representação das mulheres nas Forças Armadas pode estar ligada à história das Forças Armadas da África Ocidental como agentes de brutalidade, contrariamente à imagem que projecta a mulher como fonte de cuidado maternal e ao meio social em que a mulher Africana é criada. Painel 1: Ética Parlamentar e Transparência A intervenção do ilustre Deputado Mamadou Lamine Thiam descreveu a ética parlamentar como sendo constituída por constrangimentos voluntários e regras de comportamento esperadas, critérios segundo os quais o comportamento dos parlamentares é julgado. Referiu ainda que as regras de ética orientam a acção parlamentar no sentido de melhorarem a imagem que a população detém dos seus representantes eleitos, reforçando a confiança dos cidadãos no parlamento, melhorando a credibilidade das instituições parlamentares, combatendo eficazmente todos os tipos de corrupção e fortalecendo a democracia participativa. Foram identificadas oito regras principais de conduta para todos os parlamentares, nomeadamente: honestidade, integridade, transparência, imparcialidade, lealdade, franqueza, objectividade e responsabilidade. As recomendações incluíram o desenvolvimento de códigos de ética e de conduta, declaração pública de bens mediante a assunção de cargo público, e leis contemplando punições rigorosas para o combate à corrupção. O ilustre Deputado Joseph Ghartey traçou a história política da tirania e ditadura na África Ocidental. Argumentou que, em face das elevadas expectativas dos cidadãos torna-se necessário um elevado padrão de ética com vista a sustentar a democracia parlamentar. Foram identificadas várias deficiências enfrentadas pelos parlamentos, tais como a corrupção, disposições constitucionais desfavoráveis e falta de participação dos cidadãos nos processos parlamentares. No sentido de promover a ética e a transparência parlamentares, recomendou a mudança de mentalidade militarista, equilíbrio de género, formação de comissões multipartidárias para examinar questões de segurança, evitar contradições culturais devido ao processo de ‘copiar e colar’ códigos de conduta ocidentais, construção de relações estratégicas e formais com organizações da sociedade civil (OSC) e agências de segurança, para além da revisão dos tratados e convenções anti-corrupção, no sentido de acompanhar a ratificação e a harmonização com as leis e valores locais. Sessão interactiva (P & R) A sessão interactiva abordou questões desde a inexistência de um salário mínimo atribuído aos parlamentares como um factor que contribui para a corrupção, a necessidade dos parlamentares informarem periodicamente os seus eleitores, até ao equilibrar das expectativas do eleitorado relativamente ao papel que os parlamentares podem jogar quanto ao fornecimento de bens públicos e captação de projectos de investimento, com as suas funções constitucionalmente estabelecidas. A disciplina partidária e o ‘patrocínio’ do executivo foram igualmente identificados como factores limitativos. No que concerne à questão da ética nos respectivos parlamentos, verificou-se que na Serra Leoa, o parlamento não manuseia dinheiro para projectos nas suas áreas eleitorais, a sua Constituição não permite que os parlamentares se pronunciem contra o seu partido, correndo estes o risco de serem afastados se assim o fizerem, e prevê que renunciem a sua posição mediante nomeação para cargos no Governo. Na Gâmbia, as regras éticas relacionam-se com a edificação da confiança, da imagem e da credibilidade dos parlamentares. A Constituição proíbe mudança de partido e de fidelidade política durante um mesmo mandato, e os parlamentares não podem exercer cargos executivos. Os Parlamentares da Guiné-Bissau salientaram que, de certo modo, o governo financia os partidos políticos, criando uma situação em que os partidos da oposição se tornam vítimas de influência indevida. Sessão 2: Comissões de Defesa/ Segurança e Mecanismos Parlamentares Dedicados ao Sector de Segurança Apresentações A apresentação do ilustre Deputado Sango Patekile Holomisa centrou-se na extracção de lições para a África Ocidental, a partir da experiência do reforço da supervisão parlamentar na África Austral. Identificou a supervisão como um processo e não um evento. Destacou algumas das realizações do Fórum Parlamentar da SADC no sentido de promover a democracia e boa governação, a paz e a estabilidade, a assistência eleitoral, o desenvolvimento e o apoio a um modelo de lei sobre o HIV/SIDA. A apresentação identificou ainda desafios dos parlamentos, especialmente das comissões parlamentares de defesa e segurança devido à sua falta de capacidade e autoridade, a elevado nível de rotação após eleições, o domínio e a autoridade do Poder Executivo, a corrupção em processos de aquisições e a falta de acesso a informações classificadas. Inspirado na experiência prática desta região, sugeriu fortemente que os recursos das OSC sejam aproveitados para reforçar a capacidade parlamentar na África Ocidental. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 7 A apresentação do Professor Doutor Eboe Hutchful centrou-se na contribuição da sociedade civil em prol da governação e supervisão de segurança na África Ocidental. Observou que as OSC são detentoras de recursos críticos e experiências na promoção da governação do sector da segurança. A actividade e o valor das CSO concorrem para, respectivamente: promover a participação do público na governação do sector de segurança, abertura da área de segurança ao escrutínio público, desenvolvimento de políticas, treino e capacitação, bem como um repositório de capacidade Africana independente em RSS e GSS. Durante a sua exposição referiu ainda exemplos do envolvimento de OSC em processos de segurança sugerindo que os parlamentos podem, por sua vez, oferecer às OSC o espaço político e legitimidade para estas operarem. As recomendações efectuadas apontaram no sentido de que os parlamentos e OSC deveriam formar parcerias estratégicas, tal como os parlamentos e instituições de segurança deveriam constituir parcerias políticas. A apresentação concluiu afirmando as OSC trabalham para melhorar o profissionalismo e gestão da supervisão parlamentar, tornando as instituições de segurança mais governáveis. Sessão interactiva (P & R) As questões levantadas e discutidas durante a sessão interactiva variaram desde como as relações OSC-parlamento poderiam ser formalizadas, como as OSC poderiam ir mais além do que apenas prestar recomendações gerais e passarem a propor leis e directrizes, até saber se as OSC deveriam ser consideradas segundo os mesmos padrões, princípios de responsabilidade e de prestação de contas como todos os outros. Assinalou-se que as organizações intergovernamentais, como a UA, a CEDEAO e a SADC são muito menos ambíguas nas suas relações com as OSC do que os respectivos estados membros e instituições governamentais. Foi observado que a UA e a CEDEAO não parecem possuir reservas em elaborar memorandos de entendimento ou acordos de cooperação com OSC, e exemplos em causa eram, respectivamente, os casos do ASSN e do WANEP. Tal como os parlamentos, as OSC são igualmente livres para escolher com quem se relacionam. No entanto, argumentou-se que os partidos políticos deveriam ser incluídos no diálogo com as OSC, atendendo a que estas constituem a base para o recrutamento de deputados e funcionários do governo. 8 Seminário Regional Painel 2: Comissões de Defesa/Segurança e Mecanismos Parlamentares Dedicados ao Sector de Segurança Na sua exposição, o ilustre Deputado Mamadou Bamba Ndiaye destacou o papel que estas comissões devem possuir, nomeadamente, na discussão do orçamento antes da sua aprovação, no acompanhamento e avaliação das actividades das instituições de segurança e respectivos ministérios, no convite aos ministros do governo ao parlamento para responderem a questões, e na revisão da política governamental sobre segurança. Identificou, igualmente, peculiaridades e desafios da supervisão parlamentar do sector de segurança, respectivamente: a natureza sensível do sector da segurança, o qual é muitas vezes considerado do domínio exclusivo do executivo, a restrição ao acesso à informação através de disposições legais sobre segredos oficiais, e dificuldade na fiscalização dos serviços de informações, cujas operações são, por natureza, secretas. A discussão concluiu recomendando cooperação e partilha de experiências entre as comissões parlamentares de defesa e segurança da África Ocidental. Na sua apresentação, o ilustre Deputado Bréhima Beridogo advertiu que o sector de segurança não poderia ser deixado, exclusivamente, nas mãos dos militares. Referiu que, no Mali, os militares actuaram mais como um sub-estado e, durante o regime militar, o orçamento da defesa não era escrutinado pela Assembleia Nacional. De igual modo, pedidos para visitas a instalações militares eram dirigidos ao Chefe do Estado-Maior, mas não obtinham resposta. A discussão identificou, igualmente, instrumentos de supervisão parlamentar incluindo perguntas, interpelações, investigações e visitas às instalações das Forças Armadas. Foi referido que embora essas ferramentas estivessem disponíveis, raramente eram utilizadas. A auto-censura por parte do próprio parlamento foi apontada como um factor limitativo. Concluiu-se recomendando o reforço das capacidades dos parlamentares, no sentido de fomentar a sua coragem (atitude) na realização da supervisão e uma maior cooperação com o executivo. Sessão interactiva (P & R) As questões levantadas e discutidas durante a sessão interactiva relacionaram-se com a justificação para a diferença nos padrões de confidencialidade no que respeita às forças militares e aos serviços de informações, e com a necessidade de desenvolver uma estratégia política para ultrapassar circunstâncias paroquiais do governo do dia. Foi observado que eram necessários diferentes instrumentos para a supervisão da polícia, dos serviços de informações e dos militares. Por exemplo, os serviços de informações podem ser solicitados a responder a perguntas formuladas pelas comissões parlamentares de defesa e segurança; e em tais casos, poderiam ser ouvidos à porta fechada, mediante juramento de sigilo pelos membros da comissão. Foram ainda salientados alguns progressos no Senegal e retrocessos no Mali, relativamente à supervisão parlamentar do executivo em matéria de segurança. No tocante às relações com o parlamento, foi observado que tanto o executivo como os serviços de segurança no Senegal e Mali não eram sensíveis ao parlamento, quando por ele convidados. Por exemplo, para visitar instalações militares, o Parlamento do Senegal escreve, em primeiro lugar, a solicitar autorização da hierarquia militar para o efeito, em vez de enviar apenas um préaviso da sua intenção, informando o dia, hora e finalidade da visita. Por outro lado, foi salientado que a Assembleia Nacional do Burkina Faso não faz nenhum pedido antes da visita, dando, unicamente, conhecimento do facto às forças militares e de segurança. Resumo dos Trabalhos do Primeiro Dia O Sr. Okey Uzoechina resumiu os pontos principais e as recomendações do primeiro dia de trabalhos decorrentes dos painéis de discussão e sessões interactivas, nomeadamente: • A necessidade de treino e capacitação, dada a natureza técnica e complexa das questões de defesa e segurança, assim como a limitada capacidade dos parlamentares em relação aos serviços executivos e de segurança. Devem ser criados fora inter-parlamentares com vista ao intercâmbio de boas práticas, desafios e lições aprendidas entre os parlamentos nacionais e regionais. • A necessidade de mudar a mentalidade militarista dominante do Executivo, especialmente em questões relacionadas com a defesa e segurança, e de progredir rumo ao controlo democrático da segurança e transparência. A mudança do predomínio da segurança militar para a preponderância da segurança humana deveria ser institucionalizada. • A necessidade de ver a integração do género como um factor central no sector de segurança, implicando medidas para além das que visam aumentar a representação numérica das mulheres no sector da segurança e nos parlamentos. Salientou-se que a fraca representação das mulheres no serviço militar poderia ser atribuída a: (1) a história dos militares da África Ocidental, os quais eram vistos como agentes de brutalidade, (2) restrições com base na cultura e tradição. • A necessidade de desenvolver quadros de cooperação envolvendo os parlamentos, o poder executivo e os serviços de segurança, assim como constituir parcerias estratégicas entre as OSC e os parlamentos em questões de defesa e segurança, direitos humanos, orçamentação e transparência. • A necessidade de promover a credibilidade das instituições parlamentares e proteger a imagem dos seus membros, através da adopção de códigos de ética e conduta parlamentar. Os códigos parlamentares deveriam elevar o nível, partindo de uma norma criminal para um padrão de ética, no sentido de proibir condutas antiéticas, que não sejam, no entanto, criminalizadas. Sessão 3: Supervisão Parlamentar sobre o Orçamento de Defesa Apresentação A apresentação da Sra Lena Andersson centrouse nas boas práticas da orçamentação do sector da segurança. Revelou que o orçamento era uma das formas de verificar se os planos e políticas estavam sendo implementadas. O orçamento da segurança deveria, portanto, estar directamente ligado à política de segurança nacional, como uma forma de evitar a sobre-orçamentação. Na sua exposição descreveu ainda as quatro fases do ciclo orçamental: formulação, aprovação/ adopção, execução (processos de aquisição) e monitorização/auditoria (supervisão). Salientou, igualmente, a necessidade de estabelecer oficiais de ligação do parlamento com a instituição suprema de auditoria, ou com o Gabinete do Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 9 Auditor Geral, e vice-versa. A autoridade (mandato legal), a competência (capacidade em termos de recursos humanos, financeiros e materiais) e a atitude (vontade) foram identificados como os factores que contribuem para a eficácia do controlo orçamental. Por outro lado, a adopção de uma atitude determinada foi, porém, reconhecida, como um factor crítico de sucesso. Painel 3: Supervisão Parlamentar sobre o Orçamento de Defesa O ilustre Deputado Laurent Akoun apresentou um relato de como as comissões de crimes económicos e financeiros e outras instituições auxiliam os parlamentares na monitorização de cumprimento do orçamento a posteriori, e no combate à corrupção. Recomendou que, para que o Parlamento possa exercer o significativo poder de decisão sobre o orçamento, o mesmo deveria ser envolvido na aprovação do orçamento suplementar, e não deveria haver regularização post-facto após a sua implementação. Como factores que limitam a supervisão parlamentar sobre o orçamento de segurança foram identificados, respectivamente, a fidelidade partidária e politização, assim como limitado conhecimento e capacidade dos parlamentares no que concerne à elaboração de complexos orçamentos e processos de aquisição. A ilustre Deputada Alice Foyah centrou a sua exposição sobre o papel do parlamento da Serra Leoa na supervisão do orçamento de segurança. Apresentou o orçamento da segurança e defesa como um efectivo instrumento de política para a atribuição de recursos com vista a equipamentos militares, pessoal, infra-estrutura e programas. Uma participação activa dos parlamentares, especialmente por parte da Comissão de Contas Públicas, foi descrita como vital, atendendo a que o orçamento faculta uma descrição abrangente das prioridades de um estado. Alegou ainda que, visto que a concessão de financiamento ao sector de segurança compete, frequentemente, com os sectores sociais e de desenvolvimento, cabe ao Parlamento o papel de manter o equilíbrio entre as necessidades da sociedade e do sector da segurança. Reconheceu, contudo, que geralmente a supervisão parlamentar sobre o orçamento de segurança é fraco em países que possuem um executivo forte. 10 Seminário Regional A sessão interactiva abordou questões desde o abuso dos militares pelo executivo para garantir a sua permanência no poder e evitar a sua queda, indiscrição por parte do executivo ao conferir protecção aos militares perante o controlo parlamentar, assim como o imperativo dos parlamentares em serem suficientemente agressivos para equilibrar a balança e fiscalizar, efectivamente, o sector da segurança. Foi ainda referida a inexistência de política de defesa ou de segurança nacional em muitos Estados Africanos, dificultando a direcção e supervisão do orçamento de segurança, tendo o executivo muitas vezes invocado conflitos e estados de excepção para justificar a marginalização do papel do parlamento no orçamento. Para inverter esta tendência recomendou-se que o parlamento deveria ser envolvido desde a fase inicial na formulação do orçamento (discussão dos objectivos, resultados). Notavelmente, foi efectuada uma referência à intenção de harmonizar os processos orçamentais através da UEMOA na África Ocidental francófona, assim como na África Ocidental anglófona através da CEDEAO, em particular na Libéria, Nigéria e Gana. Foi salientada a pressão exercida pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial sobre o ministério da defesa do Gana, desde a introdução do Programa de Ajustamento Estrutural, com resultados palpáveis na promoção da prestação de contas. No entanto, ainda se verificava uma falta de prestação de contas no que diz respeito aos gastos do serviço de informações e do conselho de segurança nacional. Na Costa do Marfim, o Presidente tem aprovado o orçamento por decreto desde 2002, restando pouco espaço para o Parlamento aprovar o orçamento de segurança. Os Parlamentares da Serra Leoa observaram que o Parlamento depende de auditores externos; no entanto, algumas questões classificadas como top secret são ocultadas ao parlamento, não tendo este nenhum papel no envio de tropas para missões de manutenção de paz. Conclusões e recomendações Relator Ilustre Deputado Mamadou Bamba Ndiaye Presidente da Comissão de Defesa e Segurança Assembleia Nacional do Senegal Nos dias 21 e 22 de Setembro de 2010 a Assembleia Nacional do Senegal, organizou um seminário subordinado ao tema supervisão parlamentar na área de segurança na África Ocidental, em colaboração com o Centro de Geneva para Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF) e a União Inter-Parlamentar (IPU), com o apoio do Parlamento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Estiveram representados, juntamente com o Parlamento da CEDEAO, os parlamentos dos seguintes países: Benin, Burkina Faso, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Senegal, Serra Leoa e Togo. Para além disso participaram ainda no seminário as seguintes organizações: a Rede Africana do Sector de Segurança (ASSN), o Centro Africano de Estudos Estratégicos (ACSS), a Fundação Friedrich Ebert (FES), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Gabinete das Nações Unidas para a África Ocidental (UNOWA). A sessão de abertura foi presidida por Sua Excelência o Presidente do Parlamento da CEDEAO Mahamane Ousmane, contando com ilustres convidados, em especial, o Professor Iba Der Thiam, Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Senegal, em representação do SExa o Presidente Mamadou Seck. As contribuições dos especialistas e participantes destacaram as condições necessárias para garantir a credibilidade e a eficácia da acção parlamentar. As apresentações proferidas pelos parlamentares do Gana e do Senegal serviram de base para uma longa discussão relativamente aos padrões éticos parlamentares. O enfoque centrou-se, principalmente, na prestação de contas dos parlamentares, os quais devem exercer as suas prerrogativas constitucionais de forma mais vigorosa, especialmente, na área da supervisão da acção governativa. A experiência adquirida noutras regiões de África (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC) e outros sectores (sociedade civil) serviu, igualmente, como contribuição para este exercício de revisão. A descrição dos procedimentos utilizados e as dificuldades encontradas pelas comissões de defesa e segurança das assembleias nacionais do Mali e do Senegal na sua tarefa de controlo da acção governativa, proporcionou uma oportunidade para identificar semelhanças e diferenças nos diferentes contextos políticos e iniciativas parlamentares. As apresentações relativas às práticas parlamentares, actualmente levadas a efeito na Costa do Marfim e na Serra Leoa, no que concerne ao controlo do orçamento de segurança, conduziu a uma valiosa troca de experiências. Finalmente, considerou-se que existe necessidade de prosseguir e aprofundar as questões abordadas. Neste sentido, os participantes: 1) Concordaram com o princípio de se estabelecerem contactos informais e mecanismos de consulta, servindo como um elo entre as comissões responsáveis pela defesa, paz e segurança, existentes tanto nos diferentes parlamentos nacionais, como no Parlamento da CEDEAO. 2) Exortaram parceiros tais como o DCAF e a IPU, a continuarem a efectuar as necessárias acções de sensibilização e coordenação com os Presidentes dos parlamentos nacionais e da CEDEAO, com vista a garantir o estabelecimento deste mecanismo, o mais rapidamente possível. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 11 3) Incentivaram à publicação de uma colectânea de legislação relativa à defesa e segurança nacional dos diferentes países, no sentido de promover a sua harmonização. 4) Apelaram para a realização de um estudo comparativo sobre o funcionamento das comissões de defesa e segurança nos vários países da África Ocidental. Os participantes, no decurso das suas discussões, identificaram ainda caminhos que se devem explorar e sobre os quais agir, nomeadamente, em três áreas: Normas éticas parlamentares • Elaborar códigos de conduta para promover uma maior transparência no comportamento das assembleias e dos parlamentares. • Melhorar as condições de vida e de trabalho dos parlamentares, a fim de torná-los menos permeáveis à corrupção. • Partilhar a experiência dos parlamentos nesta área. Funcionamento das comissões • Capacitar os parlamentares e funcionários responsáveis por prestar assistência às comissões, mediante de programas de formação, informação, provisão de fundos, documentação, etc. • Estabelecer quadros operacionais reunindo comissões, autoridades governamentais e forças de defesa e segurança, no sentido de assegurar uma vigilância parlamentar mais eficaz. • Reconhecer a natureza sensível do sector e definir, claramente, os objectivos e modalidades de supervisão parlamentar, tendo em conta as legítimas restrições relacionadas com o segredo de defesa e regulamentos militares. Supervisão orçamental 12 • Partilhar experiências e boas práticas na área do controlo orçamental. • Proporcionar formação técnica aos parlamentares e assistentes parlamentares, incluindo exercícios de simulação. Seminário Regional • Incrementar a participação de parlamentares em questões orçamentais, nomeadamente, na sua definição, execução e avaliação. II. Discursos de Abertura Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 13 Discurso de boas vindas proferido pelo Dr. Jean-Jacques Gacond Vice-Chefe das Operações para África e Médio Oriente Centro de Geneva para o Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF) Ilustre Presidente do Parlamento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Ilustre Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Senegal, Ilustre Presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional do Senegal, Ilustre Director da União Inter-Parlamentar, responsável pela área de governação, Ilustres Representantes do Parlamento da CEDEAO e das Assembleias Nacionais dos Estados Membros da CEDEAO, Ilustre Representante do Fórum Parlamentar da SADC, Distinto Representante da Embaixada da Suíça, Distintos Representantes da UNDP e da UNOWA, Distinto Representante da Rede Africana do Sector de Segurança, Representantes de Organizações da Sociedade Civil, Caros conferencistas, queridos participantes, ilustres convidados, Desejo expressar a profunda gratidão do DCAF pela oportunidade de se ter associado à Assembleia Nacional do Senegal e à União Inter-Parlamentar (IPU) na realização deste seminário regional sobre a supervisão parlamentar na área de segurança na África Ocidental, organizado com o apoio do Parlamento da CEDEAO. O DCAF (Centro de Geneva para o Controlo Democrático das Forças Armadas) é um fórum intergovernamental sobre a governação e reforma do sector da segurança, o qual foi criado em 2000 por iniciativa do Governo Suíço 14 Seminário Regional e cujo Conselho Fundador inclui, actualmente, 55 Estados-Membros. O principal objectivo da nossa organização é contribuir para a melhoria da governação do sector da segurança e garantir a segurança humana, baseada no Estado de Direito, respeito pelos direitos humanos e princípios da boa governação, nomeadamente, transparência e responsabilidade e, naturalmente, profissionalismo e eficiência das forças armadas e serviços de segurança. Um dos aspectos fundamentais na melhoria da governação do sector da segurança prende-se com a supervisão democrática visando fiscalizar estes serviços, ou seja, verificar se a sua actuação está em consonância com as necessidades de segurança definidas na política de segurança nacional, ou seja, pelas autoridades civis do país. A supervisão democrática inicia-se com o controle interno dentro dos serviços e forças militares, e consolida-se mediante o controlo do Executivo, através dos ministérios mais directamente envolvidos (Defesa, Interior e Finanças). No âmbito das suas atribuições de supervisão parlamentar, o poder legislativo possui, igualmente, um papel muito importante a desempenhar. Finalmente, é preciso não esquecer o trabalho da sociedade civil, por excelência, a voz do povo. No âmbito do reforço das capacidades dos parlamentos, o DCAF tem o privilégio de manter uma excelente colaboração com o Parlamento da CEDEAO, em especial, com o seu Presidente e o Presidente da comissão de assuntos políticos, paz e de segurança, ambos connosco aqui hoje. Em particular, o DCAF está, actualmente, a trabalhar com o parlamento regional para concluir um guia parlamentar de supervisão do sector da segurança, com base no manual publicado em conjunto com a União Inter-Parlamentar, em 2003, o qual será distribuído aos participantes mais tarde. O guia, em fase de conclusão, contém capítulos específicos para a África Ocidental e outros que foram adaptados a partir do manual. Este documento será em breve apresentado à sessão plenária do Parlamento da CEDEAO para revisão e aprovação e, uma vez finalizado, será um valioso instrumento para edificar as capacidades dos parlamentos na supervisão parlamentar de defesa e segurança, tanto ao nível regional como nacional. Além disso, o DCAF beneficia, igualmente, da excelente colaboração com a Assembleia Nacional do Senegal e, em particular, com a sua comissão de defesa e segurança, com a qual organizou, em Junho passado, um seminário sobre os desafios de segurança na África Ocidental e governação do sector de segurança. Congratulo-me, igualmente, em referir a nossa parceria com a UIP com a qual organizámos, no ano passado, um seminário semelhante ao que agora iniciamos, para a região da África Oriental e Grandes Lagos. Para além do desenvolvimento da capacidade de supervisão nas áreas de defesa e segurança, a região da África Ocidental, a qual se depara com múltiplos desafios de segurança, tem a sorte de beneficiar, através da CEDEAO, de um quadro estratégico para a promoção da paz e segurança. No entanto, é importante deter a capacidade para relacionar este quadro estratégico regional à dimensão nacional, tanto em termos legislativos como de política de segurança, como o papel a desempenhar pelos parlamentos e, mais especificamente, as respectivas comissões de defesa. Além dos temas específicos apresentados, este seminário constitui ainda uma oportunidade para se iniciar um diálogo sobre segurança entre os representantes do parlamento regional e as assembleias nacionais dos Estados-Membros. Além disso, os Estados Membros e instituições da CEDEAO adoptaram um quadro estratégico para a prevenção de conflitos, o qual define catorze áreas específicas para promover a segurança, incluindo o tema da governação de segurança, o qual constitui uma prioridade para o DCAF. Existem fortes ligações entre a gestão da segurança, a reforma do sector da segurança, bem como a importância de incrementar a fiscalização democrática e, como tal, a supervisão parlamentar. Por conseguinte, os parlamentos necessitam de ser operacionais e capazes de realizar tal supervisão de forma profissional e eficaz. Este seminário é a continuação do seminário organizado, conjuntamente, com a Fundação Friedrich Ebert, em Junho de 2009, em Abidjan, o qual se debruçou sobre questões prioritárias tais como, o papel dos parlamentos na área do controlo de armas ligeiras e de pequeno porte, criminalidade e, em particular, tráfico humano e drogas. O presente seminário centrar-se-á na ética parlamentar e anti-corrupção, o papel das comissões de defesa e segurança na promoção da paz e segurança, bem como a importância do controlo orçamental, com especial ênfase para a área de defesa. É importante realçar que esta reunião não é um fim em si mesmo mas, preferencialmente, uma etapa de um processo que visa reforçar o papel, competência e capacidades dos parlamentos regionais e nacionais na área da paz e segurança. Por outro lado, visa, igualmente, promover o diálogo regional nessas matérias entre os parlamentos da África Ocidental e os Estados da CEDEAO. Esperamos que este seminário vá de encontro às vossas expectativas e que nos permita avançar nesta direcção. Antes de concluir, permitam-me expressar a minha gratidão à Assembleia Nacional do Senegal e à IPU, com quem tivemos a honra e o prazer de organizar este seminário. Um agradecimento especial à Assembleia Nacional e ao seu Presidente por ter aceite acolher este encontro. Gostaria também de agradecer ao Governo Suíço, o qual disponibilizou os fundos para o projecto e publicação do guia para parlamentares da África Ocidental, e custeou grande parte das despesas de organização deste seminário. Gostaria também de agradecer ao Parlamento da CEDEAO, nomeadamente, ao seu Presidente e ao Presidente da comissão de assuntos políticos, paz e segurança pelo seu incontestável apoio, assim como pela disponibilidade para viajarem para Dakar, enquanto decorre uma sessão ordinária do parlamento regional em Abuja. Expresso, igualmente, os meus agradecimentos aos representantes do Fórum Parlamentar da SADC que viajaram da África Austral para compartilharem connosco as suas experiências e seus desafios. Um caloroso agradecimento aos nossos amigos da Rede Africana do Sector de Segurança, com Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 15 os quais possuímos uma importante parceria e que, concomitantemente, são os peritos da Comissão da CEDEAO sobre a reforma do sector da segurança. Os dois representantes aqui presentes são especialistas da África Ocidental, mas também professores nos Estados Unidos, tendo viajado por cima de todo o Oceano Atlântico para estar aqui connosco. Gostaria também de agradecer a todos os conferencistas, oradores e moderadores que aceitaram compartilhar connosco os seus conhecimentos especializados e competências. O meu especial e sincero agradecimento a todos os participantes, nomeadamente, aos representantes das assembleias nacionais da África Ocidental. E, finalmente, gostaria de agradecer ao PNUD, UNOWA, Fundação Friedrich Ebert, Centro Africano de Estudos Estratégicos, assim como a todas as outras organizações que dedicaram tempo para viajar até aqui e estar connosco esta manhã. Desejo a todos um excelente seminário. Muito obrigado. 16 Seminário Regional Discurso de abertura M. Martin Chungong Director da Divisão para a Promoção da Democracia União Inter-Parlamentar Estou muito satisfeito por ter esta oportunidade de falar a todos vós em nome da União InterParlamentar (IPU). As minhas boas vindas a este encontro, o qual espero que seja proveitoso e instrutivo. Permitam-me expressar a minha gratidão à Assembleia Nacional do Senegal e, em particular, ao seu Presidente Sr. Mamadou Seck, por ter aceite acolher o nosso encontro. Gostaria também de expressar o meu agradecimento ao Centro de Genebra para Controlo Democrático das Forças Armadas, nosso habitual e valioso co-organizador, assim como agradecer ao Parlamento da CEDEAO todo o seu apoio. Distintos delegados, Minhas senhores e meus senhores, Durante as últimas duas décadas, certas regiões da África Ocidental sofreram ondas de violência sem precedentes que afectaram a região como um todo. Perante tais conflitos, as autoridades políticas decidiram, em várias ocasiões, trabalhar em conjunto na região, através da CEDEAO, no sentido de tentar refrear a violência. Com efeito, os Estados membros da CEDEAO, organização que foi originalmente destinada a promover uma maior cooperação económica regional, têm utilizado este órgão, em momentos decisivos para estabelecer e manter a paz na região. Estas intervenções, as quais reflectem o actual estado do pensamento sobre a relação entre a segurança e o desenvolvimento económico, têm sido o cerne da transformação gradual e contínua da CEDEAO num corpo de segurança regional de pleno direito, com enfoque na segurança humana e utilizando instrumentos como o alerta prévio e a diplomacia preventiva. À luz das ameaças que persistem na África Ocidental, a IPU acredita que esta abordagem concertada no que concerne à segurança humana é primordial. Neste sentido, constata-se que devido às falhas de segurança ao longo da costa da África Ocidental, está em crescente o tráfico de armas e de seres humanos, assim como o incremento de drogas. De igual modo, as fronteiras porosas do norte da África Ocidental também são vulneráveis aos mesmos actos criminais. A segurança torna-se ainda mais ameaçada pela existência de abundantes recursos naturais e controlo inadequado da sua extracção e comércio. Finalmente, são ainda áreas de preocupação, o crescimento populacional, a insegurança alimentar e a degradação ambiental na região. Para completar o quadro, observam-se estruturas democráticas fracas e instáveis que excluem sectores completos da sociedade do processo político, fortalecem as desigualdades sociais e económicas e abrem caminho para a má governação, continuando a sustentar a insegurança em certas regiões da África Ocidental. Distintos delegados, Minhas senhores e meus senhores, É essencial, que o sector de segurança seja eficaz e responsável perante autoridades civis apartidárias, nomeadamente através da existência de um parlamento forte, que trabalhe em prol do interesse dos cidadãos. A gestão do sector de segurança pode constituir um privilégio do executivo, mas as ferramentas utilizadas para o efeito devem ser manuseadas de forma responsável e transparente. O Parlamento tem um papel importante a desempenhar nesta matéria. Contudo, o objectivo não é usurpar o papel do executivo mas, antes pelo contrário, trabalhar em parceria com ele. Não existem dúvidas quanto à necessidade do parlamento controlar o sector de segurança. Porém, os parlamentares que trabalham nesta Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 17 área são confrontados, frequentemente, com uma dupla dificuldade. Por um lado, a própria natureza técnica do sector de segurança sempre levantou imensas dificuldades e, nesta conformidade, os parlamentares nem sempre possuem os conhecimentos necessários, o tempo e a oportunidade para os adquirir, porque o seu mandato é limitado. Além disso, muitas vezes, é impossível ter acesso a especialistas dentro ou fora do país. Por outro lado, num sector de segurança cada vez mais complexo, actualmente dominado pelos requisitos de segurança humana e pelos laços crescentes entre as nações, os parlamentares deparam-se com desafios ainda maiores no intuito de obter resultados. Ao mesmo tempo, e precisamente por causa desta situação, o controlo parlamentar é fundamental se queremos respostas na área da segurança, concebidas e executadas com total transparência, responsabilidade e eficácia. No intuito de enfrentar estes desafios, a IPU congratula-se com a oportunidade que este seminário proporciona de podermos trabalhar com os parlamentos nacionais da África Ocidental e o Parlamento da CEDEAO. Esperamos que as apresentações e debates deste encontro gerem ideias capazes de reforçar a arquitectura para o controlo parlamentar do sector da segurança nesta região e, consequentemente, facultar respostas eficazes aos actuais desafios da segurança nacional e regional. A IPU, em parceria com o Centro de Geneva para o Controlo Democrático das Forças Armadas, está ansioso por trabalhar com os parlamentos aqui representados, a fim de alcançar tal objectivo. Obrigado. 18 Seminário Regional Discurso proferido pelo Ilustre Deputado Mamadou SECK Sud Excelência, Presidente da Assemblei a Nacional do Senegal Ilustre Presidente do Parlamento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), • Segurança económica • Segurança alimentar Ilustres Colegas, • Segurança relativa a saúde Distinto Vice-Chefe das Operações para África e Médio Oriente do DCAF, • Segurança ambiental • Segurança pessoal Distinto Director da Divisão para a Promoção da Democracia, da União Inter-parlamentar (IPU), • Segurança comunitária • Segurança politica Distintos Convidados, Distintos Especialistas/Peritos, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Dá-me um enorme prazer recebe-los na vossa casa, Senegal, e desejar-vos uma excelente estadia entre os seus irmãos e irmãs Senegaleses. Estou igualmente feliz por esta reunião sobre supervisão parlamentar na área de segurança, organizada conjuntamente pelo Centro de Geneva para o Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF), União Inter-Parlamentar e Assembleia Nacional do Senegal, se realizar aqui em Dakar. Este encontro demonstra que todos vós estão plenamente conscientes da magnitude dos desafios de segurança enfrentados pelos países na nossa região. Ao mesmo tempo, demonstra o vosso empenho em garantir que os parlamentos desempenhem um papel cada vez mais relevante na satisfação das aspirações dos nossos povos em prol da paz e prosperidade. Paz e prosperidade, dois conceitos que requerem um entendimento contemporâneo do conceito de segurança. A expansão do conceito de segurança é actualmente definida como segurança humana, numa abordagem que é, simultaneamente, holística e humanista. Em 1994, o Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, intitulado “Novas Dimensões da Segurança Humana”, descreveu sete aspectos essenciais deste conceito: Em Agosto de 2000, o Secretário-Geral das Nações Unidas frizou, muito apropriadamente, na apresentação do seu relatório de atividades à 55º Assembléia Geral que “a segurança colectiva já não pode ser simplesmente definida como uma ausência de conflito armado, seja ele no interior ou entre Estados. Os excessivos abusos dos direitos humanos, o deslocamento de populações civis em larga escala, o terrorismo internacional, a pandemia do HIVSIDA, o tráfico de drogas e de armas, e as catástrofes ambientais constituem uma ameaça directa à segurança humana, forçando-nos a adoptar uma abordagem mais coordenada perante uma série de questões. “ Enquanto todos concordam, actualmente, que existe uma necessidade de ampliar e aprofundar o conceito de segurança, a comunidade internacional ainda está tentando redigir uma definição consensual de segurança humana. As dúvidas e questões expressas por determinados Estados, em especial durante a Assembleia Geral das Nações Unidas realizada em Maio de 2010, reflectem o receio que este conceito possa ser utilizado para justificar actos de ingerência nos seus assuntos internos. Mas, também eles são o reflexo da complexidade do debate através do qual as Nações Unidas esperam chegar a uma definição única do conceito. Existem várias teorias. Segundo os defensores de uma definição abrangente, as preocupações com Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 19 a segurança humana relacionam-se não só com as ameaças convencionais como seja a guerra, mas também com ameaças ao desenvolvimento, especialmente aquelas que dizem respeito a áreas como a saúde, pobreza e meio ambiente. De acordo com uma definição mais limitada, a segurança humana é restringida às ameaças mais violentas, nomeadamente, minas anti-pessoais, armas ligeiras e de pequeno porte e os conflitos intra-estatais. Espero que, durante os próximos dois dias, os vossos debates contribuam preciosamente para esclarecer este conceito, em especial, no que se refere ao contexto peculiar da região da África Ocidental. Na verdade, esta região, mais do que qualquer outra, dá credibilidade ao slogan de que ‘não é possível alcançar desenvolvimento sem segurança’. Cada dia, o tráfico de substâncias ilícitas tais como as drogas, o contrabando de cigarros e a falsificação de medicamentos, comprometem a segurança económica e segurança sanitária das nossas populações. Além disso, em muitos países, as violações dos direitos individuais, as manipulações do processo democrático, bem como a utilização de argumentos étnicos ou religiosos, contribuem para a instabilidade política e confrontos violentos. Sr Presidente, Estimados colegas, Minhas Senhoras e meus Senhores, Todos esses factores tendem a aniquilar tragicamente os nossos esforços de desenvolvimento e a agravar o sofrimento do nosso povo, o qual se debate com graves perigos, nomeadamente, deslocamentos maciços de populações, malária e pandemias de HIV-SIDA, cheias e outros desastres ecológicos. Neste contexto, a supervisão parlamentar na área de segurança na África Ocidental, o tema do nosso seminário, é de importância capital. De facto, como parlamentares que somos no quadro das instituições democráticas, perfilamo-nos como os representantes designados pelas populações que se vêem confrontadas com os efeitos do défice de segurança. Por conseguinte, é nosso dever permanente expressar fielmente as suas 20 Seminário Regional aspirações e garantir que elas estão efectivamente abrangidas por todas as políticas nacionais e comunitárias. Um dos pré-requisitos para atingir este sucesso é reforçar as capacidades dos parlamentos e melhorar a sua capacidade de efectuar análises e propostas, e temos sorte por este seminário contribuir para isso. As vossas discussões sobre uma abordagem abrangente para o controlo parlamentar do sector de segurança permitirão certamente destacar as realizações nesta área, bem como os restantes desafios, em especial, no que respeita ao integração do género como componente essencial na legislação de segurança. Espero que as lições que aprenderão com a experiência dos nossos colegas da África Austral permita que identifiquem formas e meios de incrementar uma supervisão parlamentar estável na definição e implementação de políticas de segurança, nomeadamente, quando estão em causa aspectos orçamentais. Sr Presidente, Estimados colegas, Minhas Senhoras e meus Senhores, Em jeito de conclusão permitam-me sublinhar, uma vez mais, a importância de estabelecer um mecanismo eficaz para monitorar e avaliar as conclusões desta reunião, as quais espero venham a consolidar uma tradição de diálogo e acção partilhada em questões de segurança humana entre os nossos parlamentos, através das suas comissões competentes. Esta será a prova do sucesso da vossa reunião. Obrigado pela vossa atenção. Discurso proferido por Sua Excelência, Ilustre Deputado Mahamane Ousmane Presidente do Parlamento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) Ilustre Presidente da Assembleia Nacional do Senegal, Ilustre Presidente da Assembleia Nacional do Senegal, Ilustres Deputados das Assembleias Nacionais dos Estados Membros da CEDEAO, Ilustres Deputados das assembleias nacionais dos Estados Membros da CEDEAO, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Distintos Convidados, Não gostaria de antecipar o processo que está prestes a começar, com a participação de especialistas qualificados em segurança. Agradeço a honra concedida ao Parlamento da CEDEAO para falar na abertura deste seminário, através da minha pessoa, sobre o tema “A supervisão parlamentar na área da segurança na África Ocidental”. Como é do vosso conhecimento, a questão da segurança é essencial para a paz e estabilidade nos Estados-Membros, e para a Comunidade como um todo. Tal, implica um conjunto de conceitos complexos incluindo o dever dos governos protegerem os seus cidadãos, o que, por sua vez, exige a aquisição de vários tipos de armas, concepção de sistemas de informação, treino de indivíduos e adopção de regras para a sua actuação. Incluem, igualmente, a elaboração de normas para garantir que todo o material, informação e recursos humanos seja utilizado, exclusivamente, no sentido de assegurar a segurança individual e colectiva dos cidadãos e instituições legítimas. A supervisão parlamentar do sector de segurança insere-se neste contexto e relaciona-se com o papel que os parlamentos devem desempenhar para garantir que os meios e os mecanismos criados para cumprirem esta dupla exigência sejam suficientes e eficazes, e não sejam desviados para outros fins. Contudo, gostaria de abordar a questão da finalidade das forças armadas e de segurança em geral, as quais continuam a ser motivo de grande preocupação para a comunidade. De facto, as esperanças geradas pelo início da era democrática na década de 1990, caracterizada pelo retorno dos militares aos seus quartéis e afirmando a sua vocação republicana, têm-se desvanecido, gradualmente, em muitos países. Em certos Estados Membros da CEDEAO existiram golpes de Estado sob diversas formas, bem como actos de violência cometidos pelas forças de segurança contra os próprios cidadãos que, supostamente, deviam proteger. Tais actos, mais uma vez, levantaram a questão do papel das forças de defesa e segurança. Embora por vezes os parlamentos tenham contribuído para pôr fim a excessos e situações instáveis, têm, mesmo assim, algumas perguntas para responder, no que diz respeito ao seu papel de assegurar que os valores republicanos estejam bem consolidados relativamente às forças armadas e de segurança. Esses valores incluem a total dedicação à protecção de pessoas e legítimas instituições que tenham sido democraticamente eleitas pelo povo, bem à protecção da integridade territorial do país. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 21 Ilustre Presidente da Assembleia Nacional do Senegal, Ilustres Deputados das assembleias nacionais dos Estados Membros da CEDEAO, Minhas Senhoras e Meus Senhores, No que concerne à CEDEAO, todos devem ter notado que a questão da segurança tem vindo a ganhar importância crescente ao longo dos últimos anos. Várias partes do nosso espaço comunitário têm sido afectadas por crises e conflitos, tal como demonstrado pelas diferentes cimeiras extraordinárias de chefes de Estado da CEDEAO, realizadas para a apreciação de uma ou outra situação de um país membro e, por vezes, em vários países membros ao mesmo tempo: Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim, Níger, Guiné, Guiné-Bissau, etc. Com efeito, a mais recente cimeira extraordinária realizou-se há menos de uma semana atrás, em Abuja, para analisar os casos da Guiné e da Guiné Bissau. Os especialistas estão melhor posicionados para falar sobre o mecanismo comunitário nesta matéria, tanto no que diz respeito à circulação de armas na região da CEDEAO, como às medidas que, actualmente, estão sendo tomadas para implementar, eficazmente, as forças stand-by. Existem também perspectivas para a reforma das forças armadas e de segurança realizadas por alguns Estados-Membros, como na República da Guiné e Guiné-Bissau. Os parlamentares da CEDEAO devem desempenhar o seu papel. Como representantes da população desta comunidade, detêm responsabilidade para vigiar as actividades dos sectores que contribuem para o bem-estar e paz de espírito da população, em especial, o sector de segurança. Como tal, torna-se importante e até mesmo imperativo que sejam auxiliados a adquirir uma melhor visão de: 22 • O seu papel nesta área, a qual muitas vezes é considerada sensível, secreta e opaca. • Quais as ferramentas ao seu dispor, as quais são, frequentemente, por si desconhecidas ou mal utilizadas. Seminário Regional Tais conhecimentos permitir-lhes-ão, posteriormente, reforçar a sua capacidade de efectuar, nomeadamente: • Adoptar legislação questões essenciais. adequada sobre • Realizar uma supervisão parlamentar eficaz. as É por isso que o Parlamento da CEDEAO tem estado resolutamente empenhado no processo de colaboração e cooperação para a produção de um manual, um guia prático para o uso dos parlamentares, adaptado ao nosso contexto regional. O Parlamento da CEDEAO já realizou um importante workshop sobre este assunto em Junho de 2010, em Cotonou, com a participação da comissão de assuntos políticos, paz e de segurança, e da comissão de assuntos jurídicos e judiciais, participando como uma comissão conjunta. Os trabalhos deste seminário enriquecerão ainda mais, sem dúvida, o conteúdo do guia sobre a supervisão parlamentar do sector da segurança, o qual está sendo elaborado, conjuntamente, pelo Parlamento da CEDEAO e o DCAF. Ilustre Presidente da Assembleia Nacional do Senegal, Ilustres Deputados das assembleias nacionais dos Estados Membros da CEDEAO, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Permitam-me, mais uma vez, expressar a gratidão do parlamento da comunidade. Agradeço a vossa atenção. E Deus vos abençoe. III. Apresentações Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 23 Sessão 1 Uma Abordagem Global sobre a Supervisão Parlamentar na Área da Segurança 24 Seminário Regional Supervisão parlamentar no contexto da África Ocidental: uma visão global dos sucessos e desafios Pr. Boubacar N’Diaye Rede Africana do Sector de Segurança Colégio de Wooster Wooster Ohio, Estados Unidos Não existe uma verdadeira democracia sem um poder legislativo que desempenhe plenamente o seu papel de legislador, controle a acção do executivo e represente os interesses dos eleitores. Além disso, sem uma efectiva e competente supervisão parlamentar da política de segurança e das actividades do seu respectivo aparelho, não pode existir (nem nunca existirá) uma verdadeira reforma e, como tal, boa governação do sector de segurança. Por outras palavras, a reforma do sector da segurança na África Ocidental, a qual é um prérequisito para muitas outras coisas, não pode ser alcançada se o controlo parlamentar não constituir uma parte vital do processo. Este deve ser, praticamente, o ponto de partida inquestionável para se iniciar qualquer tentativa de avaliação das realizações dos Parlamentos da região nos últimos anos, bem como, desencadear uma reflexão sobre as formas e meios que lhes permitam melhorar a sua capacidade de desempenharem o seu papel em prol da verdadeira democratização das nossas sociedades e sistemas políticos. Quando reflicto sobre a supervisão parlamentar do poder executivo e, mais especificamente, do sector da segurança na África Ocidental, não consigo evitar pensar em dois eventos passados (entre muitos outros com o mesmo valor simbólico) que, a meu ver, demonstram as esperanças, os infortúnios e os perigos que inspiram a instituição parlamentar, no que diz respeito à evolução política da nossa região. Um desses eventos ocorreu em Fevereiro de 2007 quando os membros do Parlamento Guineense recusaram, por unanimidade, aprovar o estado de sítio declarado pelo falecido presidente Lassana Conté, o chefe do regime fortemente pressionado, apesar de 90% dos assentos na Assembleia Nacional pertencerem ao seu partido político. O segundo evento, mais recente, prende-se com o papel desempenhado por um grande número de deputados e senadores no Parlamento da Mauritânia (um grupo que, posteriormente, adquiriu o nome de“brigada parlamentar”) durante a tomada do poder pelo general Ould Abdel Aziz, na sequencia do golpe de estado contra o primeiro presidente eleito democraticamente na história daquele país, em 6 de Agosto de 2008. Até então, este era um parlamento no qual ele contava com o apoio da esmagadora maioria. Claro que eu seria o primeiro a reconhecer que a complexidade, a riqueza da experiência e os desafios enfrentados pelos parlamentos da África Ocidental, bem como os seus sucessos alcançados ao longo de duas décadas que se seguiram ao processo de democratização dos sistemas políticos Africanos, não podem ser reduzidos por estes dois eventos isolados. Em todo o caso, uma breve apresentação como esta não pode fazer justiça a esta rica experiência e a todas as lições que eles nos ensinam. Segundo este ponto de vista, um outro evento muito significativo que pode ser citado prende-se com o facto do parlamento Nigeriano ter inviabilizado as tentativas insidiosas do Presidente Obasanjo em procurar o seu terceiro mandato, não obstante as disposições da Constituição do país. No entanto, estes acontecimentos demonstram, claramente, o que os parlamentares podem fazer para incutir esperança no processo de democratização, apesar de certas tradições herdadas, de uma certa tendência reflexiva para se conformarem, e das cargas e pressões políticas do momento. De igual modo, demonstram que os parlamentares poderiam e podem ter estas esperanças, mesmo quando as escolhas com que se depararam ou deparam, foram ou são muito claras. Não há dúvida de que na evolução política dos nossos países, os quais se confrontam com Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 25 inúmeros desafios num mundo que tem se tornado cada vez mais restritivo e complexo, os parlamentos da África Ocidental, assim como todas as outras instituições, são confrontados com as limitações impostas por estes factores. Portanto, ao julgá-los, estas restrições devem ser tidas em conta. Qualquer avaliação dos recentes desempenhos dos parlamentos da África Ocidental, mesmo que seja apenas superficial, deve começar por recordar o caminho percorrido por essas instituições. Colectivamente, elas tem percorrido um longo caminho. Na África Ocidental, durante as quatro décadas de partido único, abertamente designados regimes autoritários (civis e militares), o papel do parlamento consistiu, principalmente, na aprovação e validação de decisões geralmente tomadas noutro lugar. Na prática, os parlamentos tornaram-se como que um carimbo, cuja única razão de existirem era para atribuírem um molde legislativo às decisões tomadas pelo chefe de estado ou pelo seu partido. Isto era ainda mais evidente perante decisões relacionadas com as forças armadas e de segurança ou, genericamente, para a defesa e segurança (em sentido mais amplo), onde o controlo para a sobrevivência do regime era vital. O sector de segurança deveria ser do domínio exclusivo do chefe de Estado, seus assessores de segurança e oficiais das forças armadas de alta patente. Os conceitos de “segredo de defesa”ou “segredo de Estado”, foram utilizados indevidamente para cobrir determinadas práticas opacas e intimidar os poucos órgãos de supervisão estatutários. Como bem sabemos, os actos de fraude e abuso dos direitos humanos mantiveramse impunes. Neste ambiente, o parlamento foi totalmente excluído da definição, implementação, monitorização ou avaliação da política de defesa e segurança. O mesmo se poderia dizer da sociedade civil e do cidadão comum. Qualquer avaliação deve ter em conta esta herança institucional e política. No início da década de 1990 iniciou-se uma nova fase em termos de evolução sociopolítica, tanto na África Ocidental como no resto do continente. Rapidamente ficou claro que, a tradição da gestão exclusiva das questões de segurança não era compatível com as aspirações da população em prol da verdadeira democracia. Através das conferências nacionais e em reacção aos excessos 26 Seminário Regional da concentração de poderes nas mãos dos presidentes, em países como o Benin e o Togo, os poderes do Executivo foram reduzidos e os parlamentares aumentados. No entanto, desde logo esta evolução positiva abrandou em face da herança acima mencionada e da determinação dos diferentes poderes do executivo, no sentido de recuperar a sua omnipotência, a qual tinha sido, temporariamente prejudicada, ainda que timidamente. Por outro lado, a referida evolução foi ainda prejudicada pelas fraquezas acumuladas da instituição parlamentar e dos próprios parlamentares. Isto parece demonstrar uma falta de consciencialização da necessidade urgente de reforçar a instituição Parlamentar e, em especial, o seu papel na área de segurança. Por exemplo, os parlamentares estão, frequentemente, mal informados sobre questões de segurança e respectivas componentes preferindo não lidar com elas, deixando-as voluntariamente para serem geridas pelo Executivo. Na sequência de uma série de estudos em que estive envolvido, a experiência de vários países da África Ocidental mostra que a supervisão parlamentar na área de segurança e defesa tem sido amplamente inexistente. Em muitos parlamentos da África Ocidental, tal aplica-se tanto aos processos orçamentais, como às actividades das comissões de defesa e segurança. E isto, hoje em dia, é verdadeiro, mesmo quando têm lugar eleições democráticas e os diferentes partidos políticos, que eram a favor das mudanças, estão representados no novo parlamento. A situação é idêntica, mesmo em situações em que a segurança é a principal preocupação da população. Durante um seminário realizado em Agosto de 2008 sobre supervisão parlamentar, este facto foi demonstrado, inadvertidamente, no discurso proferido pelo presidente da comissão de defesa e segurança de um dos países desta região. Em dada altura, afirmou que entre 1994 e 2008, ou seja, um período de 14 anos, “mais de uma dúzia de perguntas foram dirigidas ao Governo sobre questões de segurança “. Dadas as dificuldades de segurança que prevaleciam no país em questão desde 1994, um parlamento que desempenhasse integralmente o seu papel de supervisão na área de segurança deveria ter colocado muito “mais do que uma dúzia de” questões, assim como realizado mais investigações e iniciativas, no que concerne à missão do parlamento na área de segurança. Assim, apesar da criação (por vezes hesitante) de pluralismo político em vários países da África Ocidental, a supervisão parlamentar, entanto que componente essencial da governação democrática no sector de segurança, não é ainda uma realidade. Além disso, para além das limitações políticas e institucionais, existe, igualmente, falta de recursos materiais e humanos, os quais são deveras importantes para que os parlamentos cumpram as suas obrigações constitucionais e legais, nas seguintes áreas: recursos materiais e humanos em detrimento de outras instituições do Estado. O Parlamento não foi considerado uma instituição prioritária para o bom funcionamento do governo ou para enraizar a tradição democrática. Apesar das mudanças que ocorreram desde o fim da era dos partidos únicos e dos regimes militares, esta situação não se alterou substancialmente e, por conseguinte, é hoje urgente criar e institucionalizar o que se pode denominar de “cultura de supervisão democrática” aplicado, em particular, ao sector de segurança. • Legislação • Supervisão das políticas e actividades do poder executivo • Representar os eleitores e os seus interesses • Prestar, directamente, serviços a eleitores/ cidadãos Uma área em que essa cultura pode começar a ser aplicada é na luta contra a corrupção. A corrupção é desenfreada nos nossos governos e sociedades mas parece, quase paradoxalmente, ter poupado um pouco os parlamentos. Tal deve-se, sem dúvida, ao facto desta instituição não ser um centro de poder (em comparação, por exemplo, com o Congresso dos Estados Unidos, onde em 2006 os cheques emitidos pelos lobbies dos vários negócios foram distribuídos durante o plenário, enquanto decorria a sessão do Congresso). O Parlamento pode e deve desempenhar um papel fundamental nesta luta e os seus membros devem ser determinados e corajosos. Adicionalmente, devem tomar a iniciativa em exercer integralmente as suas competências no que diz respeito ao orçamento, inclusivamente, desenvolver as necessárias investigações e informações no sentido de assegurar que os recursos públicos estão sendo usados de forma transparente e adequada. Tal, exigirá coragem, determinação e uma verdadeira compreensão da missão institucional do Parlamento. Este é o preço que os parlamentos da África Ocidental são obrigados a pagar para poderem participar totalmente no aprofundamento da democracia e criar um lugar ao sol para esta instituição que é tão vital para qualquer processo de democratização e, claro, para a boa governação no domínio do sector de segurança. Um rápido passeio pelas instalações de muitos parlamentos (que eu tive oportunidade de realizar em vários países da África Ocidental), mostra como eles estão quase totalmente desprovidos de recursos, as várias dificuldades que os membros das comissões de defesa e segurança enfrentam, bem como as condições em que são obrigados a desempenhar as suas funções. Claro que tal se deve, em grande parte, ao facto desses países serem pobres e estarem numa situação de quase crise económica crónica. No entanto, um dos paradoxos desta falta de recursos materiais e humanos reside no facto do parlamento deter o poder sobre o orçamento, devendo, portanto, em teoria e nos termos das disposições constitucionais de quase todos os países da África Ocidental, ser capaz de se dotar dos necessários equipamentos (de escritório, bibliotecas, arquivos, etc), além dos conhecimentos necessários para realizar a sua missão. Os Parlamentos e em especial as comissões de defesa, são extremamente carentes de pessoal de apoio com formação e motivação necessárias para facilitar a tarefa dos parlamentares, proporcionando-lhes os recursos técnicos necessários que lhes permitirão tomar decisões fundamentadas sobre questões relacionadas com a segurança nacional. O apoio técnico é ainda mais vital dada a existência de elevada rotatividade dos deputados. Esta escassez de material também é, em parte, uma das consequências da prática de longa data de privilegiar o executivo com Deste ponto de vista, a segurança é vista como um bem público e, portanto, como o interesse de cada indivíduo (o cidadão comum, a sociedade civil, o Estado e as instituições não-estatais), mas em primeiro lugar, é da esfera de interesse e actuação do parlamento. Na prática, devem ser tomadas as seguintes medidas: • Reconhecer, explicitamente, que as políticas transactas relativas à exclusão do parlamento e outros intervenientes da supervisão das forças Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 27 armadas e de segurança têm sido prejudiciais para a prática e eficiência democrática. 28 • Envolver o parlamento na elaboração, execução, monitorização e avaliação de todas as políticas de defesa e segurança, principalmente, através de comissões especializadas. • Estabelecer um quadro / jurídico constitucional para a governação de defesa e segurança, no qual o Parlamento desempenhe plenamente o seu papel. • Reforçar as capacidades do parlamento proporcionando-lhe conhecimentos e recursos humanos, materiais e financeiros que lhe permita desempenhar a sua plena missão legislativa, e exercer a supervisão sobre o sector de segurança. • Estabelecer um quadro de consulta e cooperação entre o executivo e o parlamento através das comissões parlamentares especializadas, no sentido de assegurar uma melhor gestão das questões de segurança e defesa, tanto no que diz respeito aos direitos humanos assim como na área da transparência orçamental e financeira. • Estabelecer um equilíbrio entre a necessidade legítima de confidencialidade e os requisitos de transparência, no que se relaciona com o financiamento e actividades do sector da defesa e segurança. • Estabelecer procedimentos que permitam a todos os intervenientes do sector de segurança cumprirem as respectivas missões e prestarem contas, inclusivamente, perante o parlamento. Seminário Regional Reforma do Sector de Segurança e Género: o Papel do Parlamento Ms. Karin Grimm Coordenadora do Projecto de Género e RSS Centro para o Controlo Democrático das Forças Armadas, Genebra (CCDFA/DCAF) Como definir o sector de segurança? Provedores de Serviços Judiciais e de Segurança Provedores de serviços não oficiais Agentes oficiais de segurança/justiça •Firmas militares privadas e de segurança •Grupos armados nao estatais •Redes de crime organizado •Milícia de partidos politicos •Provedores de serviços “convencionais” •Forças de defesa •Forças paramilitares •Serviços secretos e de informações •Polícia e guarda civil •Guardas fronteiriços e alfandega •Tribunais criminais (penais), prisões Privada Pública Sociedade civil Mecanismos de supervisao formais •ONG •Orgãos de comunicação social •Centros de pesquisa •Eleitores •Executivo & entidades civis de gestão •Legislatura •Quadro legal Argãos de governação & supervisão Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 29 O que é a segurança? - “percepção” e/ou “realidade”? - “expectativa” e/ou “experiência”? Agenda tradicional de segurança “Nova” agenda de segurança (não-tradicional) Expandindo o conceito de segurança Atenção centrada na segurança militar E segurança não militar (politica, económica, social, etc.) Aprofundando o conceito de segurança Segurança do estado segurança nacional E segurança individual segurança humana Conceitos básicos de género e RSS Definição de género • • • • Mulher, homem, rapazes e raparigas Papeis construídos socio-culturalmente Mudanças através dos tempos e diferentes culturas Mulheres, homens, raparigas e rapazes têm diferentes necessidades de segurança e diferente experiência com o sector de segurança Segurança de quem? 30 Seminário Regional Vantagens de um sector de segurança sensível ao género 1. Participação Processo de elaboração Processo de elaboração consolidado Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 31 2. Prestação de um serviço de segurança e judicial eficaz e eficiente, através de: a. Instituições de segurança verdadeiramente representativas --- --- 32 Política de género– nacional/sectorial Política de recursos humanos (critérios de acesso, posições elegíveis, salários, licença de maternidade, condições e modalidades que regem o casamento, etc.) Infrastructuras e vestuário/equipmento Código de conduta Seminário Regional b. Prevenção e resposta eficaz à violência sexual e sexista -- Agentes de segurança competentes e bem treinados -- Mandatos e estruturas apropriadas -- Códigos de conduta -- Verificação de registos anteriores dos recrutas passados/ 3. Maior/Aumento do controlo e ‘empodermento’ 4. Observância dos instrumentos e legislação nacionais, regionais e internationais Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 33 Quadros legis e políticos • Relatório do SG das NU sobre RSS • Convenção das NU sobre a Eliminação de todas as formas de • Descriminação contra as Mulheres (CEDAW) • Documento-quadro sobre prevenção de conflitos da CEDEAO (2008) • Outros: ---- Resoluções do Conselho de Segurança das NU 1325, 1820, 1888 e1889 Protocolo da Carta da União Africana sobre os Direitos da Mulheres (2003) Politicas nacionais de género e RSS, por exemplo, implementação da Resolução 1325 (plano de acção nacional) O que pode fazer o parlamento? • Elaboração de legislação e politicas de segurança: ---- • Leis e politicas de segurança equilibradas em termos de género Politicas e leis de segurança inclusivas Leis e politicas em sintonia com o quadro politico e legal internacional Instituições de sector de segurança representativas e eficazes • Tomada de representativa decisão parlamentar • Orçamentação e gestão de recursos equitativa • Supervisão parlamentar – monitoria e avaliação Orçamentos sensíveis ao género Exemplo: Sector de Defesa 34 • As atribuições gerais permitem equitativos serviços de segurança às mulheres, homens, raparigas e rapazes? • O orçamento inclui fundos especiais para mulheres, homens, raparigas ou rapazes? (por exemplo, através da atribuição de Seminário Regional fundos para o recrutamento de mulheres, licença de maternidade e paternidade, serviços de saúde para homens e mulheres) A atribuição de recursos permite uma eficaz implementação? • O orçamento inclui actividades especificas de género, recursos e custos? (por exemplo, treino de género). A atribuição de recursos permite uma eficaz implementação? • Os especialistas/assessores na área de género estão envolvidos no ciclo orçamental? Recomendações 1. Apoiar a assinatura, ratificação e aplicação das convenções internacionais e regionais sobre a integração do género no sector da segurança. 2. Incrementar a representação das mulheres no parlamento através da aplicação de quotas, reforma dos sistemas eleitorais e capacitação dos candidatos do sexo feminino. 3. Aumentar a representação das mulheres nas comissões parlamentares de defesa e segurança. 4. Propiciar capacitação em género para os parlamentares do sexo masculino e feminino, em especial os membros das comissões de defesa e segurança. 5. Envolver a sociedade civil, especialmente organizações de mulheres na elaboração de políticas de segurança através de amplas consultas, audiências públicas e outros mecanismos formais e informais. 6. Estabelecer um grupo de género que integre as mulheres e os homens no estudo e apoio orçamental sensível ao género e à legislação. 7. Apresentar e apoiar iniciativas de orçamento sensíveis ao género e realizar estudos sobre o impacto de género das políticas de segurança. 8. Solicitar informação sobre a integração do género e a composição das instituições do sector da segurança, discriminada por sexo. 9. Supervisionar o envio e execução de missões de paz. Normas éticas parlamentares Ilustre Deputado Ibra Diouf Niokhobaye Membro da Assembleia Nacional do Senegal e Membro do Parlamento da CEDEAO Apresentação feita no seminário pelo Ilustre Deputado Mamadou Lamine Thiam Membro da Assembleia Nacional do Senegal Introdução O mandato parlamentar implica que os seus membros aceitem uma série de restrições e regras, tanto internas como externas à instituição parlamentar. O Parlamento espera um elevado grau de assiduidade e pontualidade dos seus membros. O Parlamento requer que os seus membros respeitem as regras de ética e boa conduta nos seus contactos com o mundo exterior, porque alguns dos comportamentos podem constituir uma ofensa ao parlamento. Em todas as suas acções, os deputados devem demonstrar uma consciência social responsável no que diz respeito à instituição parlamentar, assim como ao público em geral. É por isso que é importante possuir um código de ética parlamentar ou de boa conduta, o qual deve servir como um instrumento de luta contra a falta geral de confiança, não só nos parlamentos, mas em todas as instituições políticas na África Ocidental. As normas éticas parlamentares estabelecem os princípios e regras a utilizar no julgamento dos actos e comportamento dos seus membros, bem como os motivos e as consequências inerentes. Expectativas da população Existem inúmeras questões de extrema importância e desafios. Em todos os casos, a pergunta a ser respondida é a seguinte: como podemos fazer melhor? A fim de: • Melhorar a imagem dos oficiais eleitos perante o público em geral • Reforçar a confiança dos cidadãos nos parlamentos • Melhorar a credibilidade instituições parlamentares das nossas • Demonstrar a utilidade das eleições e oficiais eleitos • Dotar a política de significado • Lutar, eficazmente, contra todas as formas de corrupção • Consolidar a democracia participativa e representativa Embora os parlamentares possam, por vezes, prosseguir objectivos pessoais, essencialmente, levam uma vida de serviço público. No seu quotidiano, tanto as suas acções, como a sua conduta e comportamento, devem estar em consonância com as normas e regras de comportamento do ambiente em que vivem. Os deputados devem mostrar o exemplo, regendo a sua acção pelos mais elevados padrões de boa conduta. Tanto as instituições parlamentares como os deputados estão a tornar-se, bem ou mal, cada vez mais impopulares e, como tal, é necessário elaborar um código de ética parlamentar na África Ocidental. Devem ser adoptadas regras claras, abrangentes e apropriadas no sentido de orientar os deputados e assim edificar e consolidar a confiança dos cidadãos nas instituições parlamentares da África Ocidental. O objectivo destas normas de conduta é promover uma cultura política que assente na honestidade, integridade, transparência, lealdade, abnegação, objectividade, franqueza e responsabilização. Mediante um código de ética parlamentar seria possível restabelecer a boa reputação e imagem dos parlamentares, bem como a credibilidade das instituições parlamentares. Deste modo, a Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 35 democracia representativa e participativa seria reforçada. Oito regras importantes para os deputados • Honestidade: os parlamentares devem evitar todas as formas de conflito de interesses e tomar medidas para proteger o interesse público. • Integridade: no exercício das suas actividades, os parlamentares não devem fazer quaisquer favores a pessoas ou entidades externas que possam influenciá-los nas suas funções parlamentares. • Transparência: os parlamentares devem assegurar que todos os actos, desde a sua concepção à sua implementação, obedecem a regras claras. • Lealdade: os parlamentares devem demonstrar respeito pelas instituições e normas que as regem, bem como pelo mandato que lhes foi confiado pelos seus eleitores. • Abnegação: no desempenho das suas funções, os parlamentares só devem tomar decisões que sirvam o interesse público. • Objectividade: nas suas relações com os agentes da administração pública/estatal, para-estatais ou empresas privadas, os parlamentares devem dar primazia ao interesse geral e mérito. • • Franqueza: no exercício das suas funções, na tomada de decisões e em todas as actividades que empreendam, os parlamentares devem ser sinceros e francos. Responsabilização: os parlamentares devem ser totalmente responsáveis por suas decisões e actos. Devem prestar contas ao público em geral e ser sujeitos ao regimento interno da assembleia, bem como às leis existentes. O público, em geral, espera que os parlamentares obedeçam a estas regras no exercício das suas funções, com base nas suas convicções pessoais e no seu compromisso de servir o interesse público, e não nas suas aspirações de manter o poder para seu benefício pessoal. Obedecendo a estas regras, os deputados podem derrubar a 36 Seminário Regional muralha de desconfiança e, deste modo, construir e consolidar a confiança dos cidadãos nas instituições parlamentares. Limitações objectivas ao trabalho dos parlamentos na África Ocidental e soluções sugeridas Na maioria dos países da África Ocidental, a votação com critérios étnicos ou religiosos tem uma influência directa ou indirecta sobre o comportamento e a conduta dos deputados, assim como sobre as regras de conduta que devem ser respeitadas, factor este que representa, portanto, um desafio para os verdadeiros defensores da república. Num ambiente onde um indivíduo se define a si mesmo, em primeiro lugar, pelo grupo étnico ou religioso ao qual pertence, ao invés da sua filiação partidária, a cultura política continua a ser fortemente influenciada por este estado de coisas: as pessoas não adoptam posições em nome de todos os cidadãos , mas sim em nome da sua etnia, região ou comunidade religiosa. Para reparar esta situação seria necessário elaborar e aplicar um código de conduta consensual, após ampla consulta a todas as partes interessadas. A ênfase deveria ser colocada no incremento da sensibilização dos membros eleitos para o parlamento, no sentido de compreenderem que o seu mandato é geral e representativo: - General, porque os parlamentares representam toda a nação e não apenas um grupo de eleitores. - Representativo, porque os parlamentares não podem ser vinculados por uma ordem emanada por eleitor ou um grupo de pressão, étnico ou religioso. Combate à corrupção e o papel dos parlamentos: o principal desafio A corrupção é um fenómeno universal que pode ser encontrado em todos os países do mundo. Ela existe tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. No entanto, as suas manifestações e consequências variam conforme o grau de desenvolvimento de cada país. Na África Ocidental, a corrupção é o principal obstáculo a uma boa a gestão dos recursos (financeiros, humanos e materiais) comprometendo, portanto, todos os esforços de desenvolvimento. É por isso que a luta contra a corrupção é um dever de todos os indivíduos, particularmente, para os membros do parlamento que são os representantes do povo. Lutar contra a corrupção não só torna possível possuir uma boa gestão dos recursos e uma melhor governação, como também contribui para consolidar ou restaurar os direitos de todos os cidadãos. A corrupção pode ocorrer circunstâncias/departamentos: em Vadiagem politica diz respeito à situação em que um deputado muda a sua filiação partidária, após ter sido eleito por um partido ou coligação de partidos. Na maioria dos países da África Ocidental (por exemplo, Mali, Guine, Guiné-Bissau e Benin), tal comportamento não é objecto de sanções. No entanto, no Senegal, o artigo 60, paragrafo 4º da Constituição estabelece que “o mandato de qualquer deputado que se demita no decurso da legislatura será, automaticamente, cancelado. Ele ou ela deve ser substituído, de acordo com as condições definidas por uma lei orgânica” diferentes • Quando agentes públicos e privados estão envolvidos no processo de aquisições • Na administração fiscal, para cobrança de receitas fiscais ou determinadas transacções financeiras e comerciais • Polícia, guarda civil ou serviços aduaneiros • Na administração judicial As causas gerais da corrupção são a má governação, a falta de transparência, a debilidade das instituições encarregues de controlar a implementação de políticas públicas e/ou o facto de que os mecanismos criados para esse fim não serem independentes, liberdade de imprensa inadequada, baixos salários e falta de consciência cívica. Os parlamentares da África Ocidental devem, igualmente, encontrar a solução correcta para o financiamento dos partidos políticos e usarem o dinheiro gerado pelas suas actividades, em particular, durante as campanhas eleitorais, quando a consciência das pessoas (votos) são, provavelmente, mais sensíveis ao pagamento. Este é um fenómeno crescente na região. Esta situação precisa de terminar urgentemente, a fim de evitar a distorção do processo democrático. De igual modo, existe a necessidade de pôr fim ao fenómeno conhecido por “vadiagem política ou transumância” (ver caixa abaixo) Existem uma série de instrumentos nacionais e regionais de combate à corrupção. A dificuldade reside, no entanto, na sua eficaz aplicação. Estes instrumentos incluem, nomeadamente: • Tribunais de contas • Inspecções gerais de finanças e do governo • Parlamentos (mais especificamente, as suas comissões especializadas) • O Protocolo da Luta contra a Corrupção, assinada por todos os membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em 2001, em Dakar • Leis que estabelecem a comissão nacional de combate à falta de transparência, corrupção e fraude (no Senegal, esta comissão foi criada pela lei n° 2.003-35, de 24 de Novembro de 2003). Os parlamentos, no exercício do mandato que lhes foi confiado pela Constituição, nomeadamente, legislar, fiscalizar as actividades do executivo e representar o povo, possuem um papel fundamental a desempenhar na luta para erradicar a corrupção. Existe uma necessidade urgente de elaborar códigos de conduta para os parlamentares que, além dos princípios gerais a que devem obedecer, deve delinear também os seus padrões de comportamento. Há também a necessidade de elaborar uma lei que assegure que o comportamento e as acções dos parlamentares Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 37 cumpram os mais elevados padrões e preveja sanções adequadas em caso de violações. Para tal, deve ser estabelecida uma comissão de ética, devendo a sua composição reflectir a diversidade política. O papel a desempenhar pelos órgãos de comunicação social também é extremamente importante, na medida em que são essenciais para garantir a liberdade de informação e de acesso, ao público em geral. Os parlamentares também são cidadãos e, se violarem a lei, devem ser chamados a prestar contas pelos seus actos perante os tribunais competentes, nomeadamente, no que respeita aos direitos humanos. No entanto, em circunstâncias onde há necessidade de ‘virar a página’ em prol do interesse pela paz e estabilidade, podem ser constituídas comissões da “verdade e reconciliação” em alguns países, como foi o caso da Libéria, por exemplo. Tal, requer um consenso a nível nacional, num espírito de patriotismo e de discernimento e num claro interesse de toda a população. geridos de acordo com os mais altos padrões da ética e seriedade. Esta dimensão internacional do trabalho dos parlamentos nacionais, regionais e continentais, exige uma cooperação interparlamentar mais eficaz na luta contra corrupção e lavagem de dinheiro. Recomendações aos parlamentos e parlamentares • Estabelecer padrões de probidade para os parlamentares e outras personalidades públicas, em particular, ministros e outros agentes do governo, e garantir a sua aplicação. Tais normas deveriam incluir códigos de ética e de conduta, declaração de bens, e regular os conflitos de interesse. • Aprovar leis anti-corrupção que incluam severas penas e outras medidas que sejam suficientemente dissuasoras para evitar a reincidência. Introduzir disposições que não deixem margem para a corrupção no código penal, direito administrativo e todas as outras áreas relevantes do direito. Prever sanções suficientemente dissuasoras. • Garantir a adopção de legislação necessária em matéria de supervisão, a fim de assegurar a transparência e a prestação de contas na gestão pública. • Incentivar os governos a assinar e/ou ratificar os instrumentos internacionais pertinentes, e assegurar que a legislação nacional está alinhada com tais disposições e que sejam, efectivamente, aplicadas. • Garantir a adopção de legislação que regula a liberdade de informação, obrigando o Poder Executivo a divulgar a informação considerada necessária para as deliberações parlamentares, nomeadamente, no que respeita à revisão dos casos de corrupção. • Assegurar a adopção de legislação sobre o financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais que aumentem a transparência do processo eleitoral e, por conseguinte, concedam uma maior legitimidade aos candidatos eleitos. Entre as suas disposições, esta legislação deveria tornar obrigatório que os partidos políticos e organizações declarassem as suas fontes de Parlamentos e parlamentares A maioria dos parlamentos e parlamentares da África Ocidental possuem competência para estabelecer o quadro legal para organizar e gerir assuntos públicos. De um modo geral, devem envidar esforços para garantir que as constituições nacionais incluam elevados princípios, tais como, a integridade de todos os políticos, a transparência no serviço público e a credibilidade das instituições. Em face das suas funções e prerrogativas, os parlamentares deveriam utilizar os dispositivos constitucionais e legais para melhor supervisionarem as actividades do Poder Executivo e, como tal, garantirem uma transparente e responsável gestão dos assuntos públicos. Como representantes do povo, os membros do parlamento devem, constantemente, procurar melhorar a sua imagem adoptando regras próprias de conduta, assim como, assegurar que a voz da população é tida em consideração na gestão dos assuntos públicos. Os parlamentos possuem, igualmente, um papel fundamental a desempenhar na cena internacional. Para tal, têm o dever moral de garantir que os assuntos internacionais são 38 Seminário Regional relatar ou investigar os actos de corrupção ou alegada corrupção. financiamento e prever penas pesadas por violações das mesmas. • Garantir a adopção de legislação destinada a prevenir as diversas formas de corrupção, em particular, através das seguintes medidas: garantir um nível satisfatório de protecção social para cada cidadão, introduzir tabelas salariais no serviço público que não estimulem a corrupção e estabelecer rápidos e transparentes procedimentos administrativos que permitam a todos os indivíduos participar no processos de decisão em igualdade de condições. • Consolidar as leis e regulamentos que garantam a transparência nos concursos públicos, regimes fiscais, administração da justiça, etc. • Estabelecer e/ou consolidar os mecanismos parlamentares que permitam ao poder executivo prestar contas das suas actividades (questionar o governo, notificar comissões sistematicamente para rever e monitorar assuntos públicos especialmente os relacionados com a segurança e os direitos humanos). • Assegurar que o processo de elaboração e execução do orçamento nacional é transparente e inclui garantias contra todas as formas de apropriação indevida na administração dos fundos e recursos públicos. Para este efeito, os parlamentos poderiam prever o estabelecimento de comissões parlamentares permanentes, tais como, comissões das contas públicas, ou melhorar as suas competências e os recursos, conforme necessário. • Garantir a criação de instituições de supervisão, tais como o Tribunal de Contas, o auditor geral/tesoureiro geral, ou uma comissão de ética parlamentar. Certificar que estas instituições são dotadas dos recursos necessários e que aos respectivos relatórios é dada a atenção necessária por parte do Parlamento. • Assegurar que a oposição está suficientemente representada nos órgãos parlamentares, e é capaz de expressar a sua opinião sobre a gestão dos assuntos públicos em igualdade de circunstâncias, incluindo a possibilidade de • Incentivar o governo a criar mecanismos transparentes e rigorosos no que concerne à nomeação de pessoas para altos cargos públicos, no sentido de garantir que apenas as pessoas mais competentes e honestas são nomeados para o efeito. Criar mecanismos eficazes para punir agentes do governo que desviem fundos públicos durante o seu mandato. • Incentivar o público em geral a relatar e punir a corrupção. Para esse efeito, fornecer a todos aqueles que desempenham um papel activo na luta contra a corrupção, o apoio e protecção eficazes de intimidação, nomeadamente, através de medidas legislativas. • Promover um elevado sentido de probidade e integridade moral, mediante de campanhas de sensibilização. Incluir e promover a educação cívica nos currículos escolares. • Promover a cooperação internacional entre os parlamentos e deputados, com vista a combater a corrupção mediante o intercâmbio de experiências e boas práticas, etc. Para o efeito, encorajar os parlamentos a participar em seminários regionais e interregionais que favoreçam o intercâmbio de informações sobre técnicas eficazes de combate à corrupção e leis, efectuar pesquisas sobre o assunto, assim como facilitar a revisão das disposições e processos institucionais e melhorar o seu funcionamento. Estas medidas devem, igualmente, ser coordenadas a nível regional pelo Parlamento da CEDEAO e a nível continental pelo Parlamento Pan-Africano. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 39 Sessão 2 Comissões de Defesa/Segurança e Mecanismos Parlamentares Dedicados ao Sector de Segurança 40 Seminário Regional O papel do Fórum Parlamentar da SADC e da sociedade civil na África Austral na promoçãoda governação do sector de segurança na região da SADC Ilustre Deputado Sango Patekile Holomisa Membro da Comissão Permanente sobre Democracia e Governação do Fórum Parlamentar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) Introdução O controlo do sector da segurança é, normalmente, atribuído ao Executivo. Embora a supervisão do Executivo seja uma prerrogativa constitucional dos Parlamentos, a supervisão do sector da segurança é, inerentemente, uma tarefa complexa devido ao envolvimento, entre outros, de questões muito técnicas, da sua dimensão considerável, assim como de leis e regras de sigilo1 Numa perspectiva contemporânea, uma supervisão expressiva e eficaz deveria ocorrer de uma forma construtiva e não beligerante, na medida em que a supervisão se prende, em última análise, com a prestação de contas e boa governação2. Este enfoque na supervisão é um princípio fundamental na promoção da boa governação. Aqueles departamentos que, de acordo com o seu mandato, possuem acesso a armas e capacidade para utilizar a violência organizada, são completamente diferentes, digamos, dos serviços de saúde e educação e, como tal, deveriam ser tratados de forma diferenciada3. Neste sentido, é importante que eles utilizem este poder de forma responsável e em benefício da sociedade, e não de uma forma descontrolada e no seu interesse próprio4. A história violenta do nosso continente atesta as terríveis consequências da utilização do sector de segurança em beneficio próprio. Deste modo, no processo de criação de controlos e equilíbrios para prevenir estas situações, a maioria das sociedades têm insistido na subordinação deste sector à autoridade política existente. A noção de que “a supervisão é um processo e não um evento”5, confirma igualmente que, em matéria de segurança, não deveria ser autorizada a sua utilização para ganho político a curto prazo, mas sim ser vista como um investimento na salvaguarda de um modo específico de vida. Esta visão constitui o cerne da boa governação, a qual gira em torno da transparência, responsabilização, representatividade, acessibilidade e eficácia. É tendo em conta este contexto que nesta exposição discutiremos o papel do Fórum Parlamentar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (FP SADC) e da sociedade civil na promoção da governação do sector da segurança em geral, utilizando a África do Sul como um estudo de caso, a partir do qual retiraremos as lições possíveis. A estrutura e natureza do Fórum Parlamentar da SADC O Fórum Parlamentar da SADC foi criado em 1996 com o objectivo principal “de reforçar a capacidade de implementação da SADC através do envolvimento dos Parlamentares nos seus trabalhos.” É um fórum de consulta e assessoria inter-parlamentar, sem poderes legislativos, mas que representa a voz dos parlamentares de catorze países da SADC, os quais possuem mais de 3 000 deputados. Trabalha com e através dos parlamentos nacionais. A Assembleia Plenária do FP SADC é o mais alto órgão deliberativo e de elaboração de politicas, e reúne-se duas vezes por ano no sentido de tomar decisões políticas e fazer recomendações à Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo sobre várias questões que afectam a região da SADC. O FP SADC possui um Secretariado dirigido por um Secretário-Geral6. Na prossecução dos seus objectivos, o FP SADC realiza actividades nas seguintes áreas programáticas: • Democracia e Governação • Integração Regional Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 41 • Capacitação dos Parlamentos e Parlamentares • Género • HIV e SIDA A contribuição do FP SADC e da África do Sul em prol da governação do sector de segurança, da paz e estabilidade na África Austral FP SADC Ao longo dos últimos dez anos, o FP SADC tem colocado ênfase na importância do desenvolvimento das capacidades parlamentares e no estabelecimento de normas, elaborando, para o efeito, instrumentos regionais que tanto os parlamentos como os governos podem utilizar para promover a boa governação e aprofundar a democracia, assegurando assim a paz e a estabilidade na região da SADC. Estes incluem, nomeadamente: • Em 2001, o FP SADC desenvolveu Normas e Padrões para Eleições na Região da SADC contribuindo para o fortalecimento das instituições eleitorais. • Foi elaborada uma Lei modelo sobre HIV/SIDA (2008) para abordar todas as áreas relevantes que necessitam de uma reforma legislativa. Oferece um quadro abrangente para a harmonização das leis do HIV e dos direitos humanos, constituindo um importante ponto de referência e uma base sólida para as reformas legislativas. • • 42 Participação nas Iniciativas Consultivas Regionais da SADC no âmbito do Protocolo sobre Género e Desenvolvimento. Este Protocolo foi bem recebido por homens e mulheres na região, e entendido como um movimento progressivo em prol da igualdade de género. Foi, de igual modo, bem sucedido na criação de grupos parlamentares específicos de mulheres, a nível nacional e regional. A elaboração dos Critérios para Legislaturas Democráticas na África Austral, os quais constituem uma ferramenta de auto-avaliação, bem como um importante ponto de referência sobre boas práticas para os parlamentos. Este trabalho encontra-se já numa fase conclusiva. Seminário Regional • Promovendo a ratificação, endogeneização e implementação dos protocolos da SADC e de outras decisões, em benefício dos cidadãos da região. África do Sul A África do Sul tem sido, igualmente, bem sucedida na contribuição para o desenvolvimento do seu sector de segurança; além de ser signatária de um conjunto de protocolos respeitantes ao sector de segurança, tem encetado outros esforços, incluindo a elaboração e alterações de vários diplomas legislativos para facilitar a boa governação do sector da segurança, tais como: • A Constituição:7 A Secção 55 (2) requer a criação de mecanismos para (a) assegurar que todos os órgãos executivos do estado, na esfera nacional do governo, sejam responsáveis perante ele e (b) manter a supervisão do exercício da autoridade do Executivo Nacional, assim como a qualquer órgão do Estado. Secção 92 (2) torna os Membros do Governo responsáveis, colectiva e individualmente, perante o Parlamento, no exercício dos seus poderes e desempenho das suas funções, as quais incluem a responsabilidade política de responder pelas políticas e prestar contas dos gastos dos fundos públicos. • A Lei de 2009 sobre Procedimentos para Alterações a Fundos e Matérias Relacionadas8, que, pela primeira vez, confere ao Parlamento um instrumento para alterar as Leis sobre Fundos, e assegurar que o dinheiro também é gasto de acordo com prioridades estabelecidas a partir do que foi comunicado pelos seus eleitores. • A Lei da Gestão das Finanças Públicas (PFMA), de 19999, estabelece a legislação primária para a prestação de contas da área financeira do sector da segurança. O objectivo principal é garantir a transparência, prestação de contas e boa gestão das receitas, despesas, activos e passivos de todas as instituições públicas. • O Regulamento da Assembleia Nacional (NA) e do Conselho Nacional de Províncias (NCOP) inclui secções que explanam as suas competências gerais, e que lidam com o modo como as Comissões devem conduzir os seus trabalhos10. De igual modo, estabelece a autoridade para emitir convocações, receber representações e pedidos, realizar audiências públicas e exercer competências atribuídas pela Constituição, legislação e outras disposições. A sub-regra 201 (c) prevê, expressamente, que as Comissões, como parte integrante das suas funções podem monitorar, investigar e inquirir sobre as questões relativas ao orçamento de um dado departamento11, incluindo os do sector da segurança. Regras semelhantes regulam o funcionamento das comissões mistas das duas Câmaras do Parlamento. • A Lei sobre a Inteligência Estratégica Nacional, a Lei da Defesa e a Lei do Serviço de Polícia Sul-Africana12 são dispositivos legais que são continuamente analisados e corrigidos, para assegurar que estão ao corrente dos desenvolvimentos das suas respectivos áreas. Outras contribuições incluem, nomeadamente: • • • • As várias missões de manutenção paz no continente, em que a África do Sul tomou parte, desde 1996, tornaram-na num dos maiores países contribuintes de tropas do mundo. A África do Sul tem sido fundamental na criação e manutenção da Brigada Stand-by da SADC, e da African Stand-by Force. Tem contribuído não apenas com os soldados e polícias necessários, como também auxiliado na formação e noutros esforços de capacitação. A ligação bilateral transfronteiriça entre os vários departamentos do sector de segurança contribuem para melhorar o fluxo de pessoas e bens, bem como para a troca de informações. A cooperação e coordenação das actividades transfronteiriças entre os países é um aspecto crucial no controlo das fronteiras, tendo-lhe sido atribuída prioridade devido, entre outras coisas, aos desafios que a África do Sul enfrenta relativamente à imigração ilegal. Melhorar a compreensão dos papéis das várias partes interessadas, através de cursos de relações civis-militares e de educação cívica, entre outros. Estes esforços têm sido apoiados por várias organizações, tais como, os Estados Unidos, estabelecimentos militares do Reino Unido, bem como pelo Centro de Geneva para o Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF). Quais são os desafios que perduram? Desafios do FP SADC Como mencionado anteriormente, foram lançadas várias iniciativas para melhorar a governação do sector de segurança e estas têm sido, de uma forma geral, bem sucedidas. Os restantes desafios ao nível da FP SADC relacionam-se com: • Relações Inter-institucionais entre a Cimeira da SADC e o FP SADC. Para superar este desafio, o Secretariado do FP SADC PF e o Secretariado da Cimeira da SADC resolveram realizar Sessões de Trabalho Conjunto periódicas. • Uma colaboração ineficaz entre actores estatais e não-estatais, nos esforços em curso para a integração regional e cooperação económica. • Constitutional and legal deficiencies, as well as issues like gender disparities. • Deficiências constitucionais e jurídicas, bem como questões relativas as disparidades de género. • Estruturas da sociedade civil e legislaturas fracas, instituições com função de observatório caracterizadas por parcos recursos, e Governos muito fortes. • Falta de democracia intra-partidária • Implementação e continuidade de programas morosas, devido à elevada rotatividade na composição dos parlamentos. • Inadequada capacidade de recursos humanos especializados em questões financeiras nos parlamentos. Desafios da África do Sul Alguns dos desafios da África do Sul incluem, respectivamente: • Uma maior participação da sociedade civil nos processos de tomada de decisão do Governo. Embora tal seja efectuada numa base regular, a actual acomodação e manifestação de contribuições realizadas durante os processos de participação pública são muitas vezes problemáticos, uma vez que estas são, frequentemente, deixadas de lado. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 43 • • Corrupção, especialmente, nos processos de aquisição. O chamado “Escândalo do Negócio de Armas”15 na África do Sul alertou o Governo para as armadilhas inerentes a estas transacções, e estão sendo colocados em prática processos para garantir que este tipo de transacções sejam abertas. Vários mecanismos para denuncias e prestação de informação foram, igualmente, criados para permitir aos cidadãos alertar o Governo sobre possíveis violações a este respeito. Qual tem sido o papel da sociedade civil na melhoria da governação do sector de segurança na África Austral? O FP SADC valoriza o papel estratégico que as organizações da sociedade civil (OSC) desempenham no reforço da capacidade Parlamentar, no sentido de fiscalizarem, eficazmente, o sector de segurança. Por exemplo, as OSC possuem infra-estruturas e capacidade de investigação, assim como acesso atempado a informação actual e relevante que a maioria dos Parlamentos e Parlamentares não possui. Algumas OSC, como o Instituto de Estudos de Segurança (ISS) e o Centro para a Gestão da Defesa e Segurança da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, realizaram pesquisas e publicaram nas áreas de defesa e segurança, e supervisão do sector, na região da SADC. Tal, tem fortalecido a capacidade dos vários actores no desempenho da importante função de ‘vigia’ dos governos, no que diz respeito à governação do sector de segurança. O FP SADC também se encontra a desenvolver um programa de capacitação sustentável, destinado às Comissões competentes dos respectivos parlamentos nacionais, em colaboração com o DCAF. Partindo de uma perspectiva interna parlamentar sobre a governação do sector da segurança, alguns dos desafios que se relacionam com a gestão, continuidade e apoio são, nomeadamente: No caso Sul-Africano, o valor das organizações da sociedade civil manifesta-se de várias formas, nomeadamente: • A perda de memória institucional com a entrada em funções de cada Parlamento novo. • • O reforço do apoio às Comissões, especialmente, no que se refere às funções de pesquisa e administrativas. • • 44 Melhorar o acesso à informação através da simplificação de processos para a sua obtenção. Apesar da Constituição Sul-Africana13 permitir aos cidadãos o acesso à informação do Estado mediante processos específicos, estes necessitam de ser expeditos e simplificados. A Lei da Protecção da Informação14, actualmente no Parlamento, é controversa, visto que alguns acreditam que ela irá restringir ainda mais o acesso à informação. Porém, ao mesmo tempo é necessário reconhecer e aceitar que em determinadas circunstâncias, o Estado deve manter segredos para a segurança e protecção dos seus cidadãos. O desafio está em manter o necessário equilíbrio entre possuir uma cidadãos informados, por um lado, e garantir a cidadania e a soberania do Estado, por outro. O excesso de trabalho dos Deputados das Comissões seleccionadas do NCOP, devido ao facto de servirem em mais do que uma Comissão, nomeadamente, na Comissão Permanente Conjunta de Defesa e na Comissão Permanente Conjunta de Informações. A sobreposição e duplicação de visitas de supervisão, apresentações departamentais e agendamento de reuniões. Seminário Regional As OSC e os indivíduos são convidados a fazer apresentações e comunicações durante o processo legislativo, em matérias relativas ao sector de segurança, como nos recentes casos: - Lei da Direcção da Polícia de Investigação Independente - Lei de Protecção da Informação - Lei do Secretariado Civil para o Serviço de Polícia - Alteração da Lei de Defesa • A sociedade civil participa, igualmente, através de envolvimento na chamada de atenção para a deficiente implementação pelos departamentos, opinando sobre a prestação de serviços, tais como, gestão de postos limítrofes e fronteiriços, conduta da polícia, dos militares e do serviço de informações. • • Envolver a sociedade civil através dos principais media e situações de interface públicos, tais como, bases militares e desfiles; postos de polícia e exposições; e pesquisa implicando inquéritos e sondagens de opinião pública. Os Sul-Africanos possuem também a oportunidade de se dirigirem às Instituições do Estado responsáveis pelo apoio à democracia16, tais como, o Protector Público, a Comissão dos Direitos Humanos e a Comissão para a Igualdade de Género. Conclusão O sector de segurança é uma das engrenagens vitais para uma governação eficaz, pois não só ajuda a garantir a integridade territorial de um país, como procede à manutenção da lei e da ordem internas. O FP SADC reconheceu este problema e lançou várias iniciativas para ajudar os Parlamentos nacionais na região a melhorar a governação, em geral, e no sector da segurança, em particular. Desafios relacionados com cooperação, deficiências legais e democracia intra-partidária constituem temas que necessitam ainda de serem abordados. É, no entanto, fundamental que a sociedade civil também seja autorizada a desempenhar o seu papel em toda a sua plenitude, como actor importante que é. Como igualmente mencionado, os Parlamentos desempenham, em geral, um papel fundamental mediante a sua função de supervisão, assegurando que os departamentos do sector de segurança cumpram as suas obrigações constitucionais e legais. Têm sido utilizados exemplos do estudo de caso Sul-Africano para ilustrar algumas das práticas que, provavelmente, poderão ser consideradas por outros Parlamentos. É de salientar, novamente, que o objectivo geral é o funcionamento harmonioso e eficaz de um país, e isto tem de ser facilitado pela existência de um sector de segurança responsável, que preste contas, seja eficaz, e que atenda às necessidades do país como um todo. Referências bibliográficas 1. IPU-DCAF, 2003. Parliamentary oversight of the security sectorprinciples, mechanisms and practices. Geneva Center for the Democratic Control of Armed Forces. 2. James Ngculu, 2001. Parliament and defence oversight: The South African Experience. African Security Review, Vol. 10, No. 1. p. 2. 3. Bailes,A. Schneckener, U. Wulf, W. 2007. Revisiting the State Monopoly on the Legitimate Use of Force. Geneva Centre for the Democratic Control of Armed Forces (DCAF) Policy Paper, No. 24. 4. Simon Baynham. 1992. Civil-Military Relations in Post-Independent Africa. South African Defence Review Issue No 3. 5. Ngculu, 2001, p. 2. 6. Este documento e parcialmente baseado, num artigo escrito por Kurusha, S. 2010. The Role of the SADC Parliamentary Forum and of Civil Society in Southern Africa in Promoting Governance of the Security Sector in the SADC Region. SADC PF, Windhoek, Namibia. 7. Constitution of the Republic of South Africa, 1996. 8. Act No 9 of 2009. 9. Act No 1 of 1999. 10.Regulamento interno da Assembleia Nacional. 2008. Parlamento da República da África do Sul. Regras 124-139. 11.Outros elementos importantes incluem a parte 10 que trata da Comissão de Contas Públicas e 10A trata da Comissão do Auditor Geral. Parte 9 lida com regras específicas aplicáveis às contas de dinheiro 12.A Lei Nacional de Inteligência Estratégica nº 39 de 1994, regulamenta o sector de Inteligência, enquanto que o Livro Branco sobre a inteligência criou a Comissão Permanente Conjunta de Inteligência como órgão de supervisão parlamentar. A Lei da Defesa nº 42 de 2002 e o Livro Branco sobre a Defesa dirigem a gestão das Forças de Defesa e a Revisão de Defesa auxilia a condução da política de defesa. A Lei nº ° 68 de 1995 sobre o Serviço de Polícia Sul-africano (SAPS) e o Livro Branco sobre a Segurança orientam a gestão do SAPS enquanto a Direcção de Queixas Independentes ajuda com a supervisão da polícia, especialmente relacionadas à má conduta de membros da polícia. 13.Nos termos do artigo 32 da Constituição Sul-Africana de 1996 bem como a Lei nº 2 sobre a Promoção do Acesso à Informação e a Lei n°3 sobre Promoção de Justiça Administrativa de 2000. 14.Projecto de Protecção da Informação (http://www.info.gov.za/ view/DownloadFileAction?id=118894) 15.15.IPS, 2010 “Arm deals threatens democracy in South Africa” (http://ispnews.news.asp?idnews=46291) 16.Ver o capítulo 9, Constituição Sul-Africana de 1996. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 45 A contribuição da sociedade civil para a governação do sector de segurança e sua supervisão na África Ocidental (estrutura da apresentação) Pr. Eboe Hutchful Director Executivo do Centro de Pesquisa e Diálogo de Segurança em África (ASDR) Presidente da Rede Africana do Sector de Segurança (ASSN) O papel das organizações da sociedade civil no sector de segurança • Desenvolvimento do trabalho sobre perfis de género das instituições de segurança da África Ocidental pela Rede de Mulheres para a Paz e Segurança. Em muitos países Africanos as organizações da sociedade civil (OSC) têm emergido na vanguarda de pesquisa, advocacia, análise e desenvolvimento de políticas na área da segurança. Elas representam: • O OLUCOME (Observatório de Luta contra a Corrupção e Desfalques Económicos) investiga a corrupção e o desvio de verbas no sector de segurança no Burundi. • Muitas OSC estão envolvidas na formação e capacitação parlamentar, em todo o continente. • Muitas outras estão trabalhando em áreas correlacionadas, tais como, armas ligeiras, análise de conflitos, estatísticas de crimes violentos, sistemas de alerta prévio, etc. • Não são apenas organizações nãogovernamentais (ONG) ao nível local que estão activas nesta área, muitas outras, a nível internacional, como por exemplo a Saferworld, International Alert, Conciliation Resources, the International Centre for Transitional Justice, etc, trabalham nos mais diferentes níveis com ONG locais. • Um instrumento fundamental de participação do público na governação do sector • Trabalho independente visando a abertura da área de segurança a um maior escrutínio público • Factores chave da agenda de reformas do sector de segurança (RSS) Exemplos • O papel das OSC Sul-africanas nas reformas de defesa, polícia e serviço de informações na década de 1990, tal como terem permanecido vigilantes na investigação e acompanhamento da evolução da criminalidade e segurança. 46 • As OSC tiveram uma influência considerável na evolução da Arquitectura da Paz e Segurança Africana (APSA) e de outras políticas de segurança fundamentais, no âmbito da União Africana (UA). • Uma rede de OCS (ASSN) está a apoiar a UA no desenvolvimento da sua politica de RSS. • A ASSN e a WANSED estão a apoiar, actualmente, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no desenvolvimento da sua componente de governação no sector da segurança (GSS). Seminário Regional Muitos membros destas OSC são pesquisadores altamente qualificados, analistas e jornalistas ou (como se verifica frequentemente), profissionais da área da defesa e segurança que se encontram reformados. No entanto, a capacidade das OSC permanece baixa e desigualmente distribuída: • Muitas OSC demonstram relutância no envolvimento em questões centrais de segurança, e algumas delas, não possuem as competências necessárias, nem a facilidade de acesso, bem como sofrem de falta de atenção (por exemplo, Processos de Revisão de Defesa no Uganda e na Serra Leoa, em contraste com o da África do Sul). • • • • O espaço político para operar é, frequentemente, limitado: muitos governos são relutantes em legitimar as OSC, em especial, na área de segurança (por exemplo na Etiópia). Assim, embora os estatutos da UA atribuam um papel considerável às OSC na elaboração e promulgação da APSA, o seu espaço para acção a nível nacional continua sendo, frequentemente, contestado. Tanto a sua capacidade como o seu impacto dependem, portanto, determinantemente do contexto. No entanto, pode-se concluir seguramente, que a capacidade e o envolvimento das OSC é, comparativamente a outros, menor neste sector de actividade. Contudo, constituindo redes de OSC e alocando-lhe os necessários recursos, estas são capazes de superar algumas destas limitações, bem como de influenciar o espaço político que lhe é, actualmente, restrito. Ao calibrar as suas actividades no sector da segurança (ou seja, confinando-as às suas áreas de especialidade), uma vasta gama de OSC torna-se capaz de criar impacto no sector. Frequentemente, falta vontade política ao próprio parlamento (em particular, dos membros do partido no governo), bem como capacidade técnica e recursos para investigar o sector e, como tal, assiste-se a uma grande variação no papel dos parlamentos nacionais. No entanto, é necessário começar por reconhecer que o Parlamento é o fulcro da prestação de contas – onde pode ser incutida uma maior participação pública e responsabilização – e constitui um ponto de entrada estratégico e um catalisador para a transformação da conduta do sector da segurança: • Enfrentando extensos défices de governação de segurança e restrições à supervisão. • Estimulando o desenvolvimento de políticas. Com raras excepções, a definição de políticas raramente é vista como uma área de interesse directo dos Parlamentos Africanos. • Promovendo uma ampla base para diálogo inclusivo e debate. • Cultivando parcerias entre (a) os ministérios da área de segurança e as agências executivas, (b) as instituições de segurança, (c) a sociedade civil, e (d) as diversas comissões inerentes à própria legislatura. • Criando uma supervisão mais abrangente através da inclusão e ‘empoderamento’ das organizações da sociedade civil e dos actores não-tradicionais. De igual modo: • É, frequentemente, insinuado que as próprias OSC não possuem a necessária transparência nem responsabilização e, por vezes, beneficiam de um mandato questionável por parte do público.. Parlamento e sociedade civil: uma parceria estratégica: A colaboração entre o Parlamento e a sociedade civil é particularmente vital na área da supervisão, dada a fraqueza global destes mecanismos, tanto ao nível interno como externo. O que é que as OSC trazem para a mesa: recursos críticos (capacidade de angariação de recursos independentes) As OSC podem funcionar como “multiplicadores de força“ para o Parlamento, especialmente, tendo em conta a forte pressão existente sobre os recursos parlamentares: • Peritos/Especialistas • Pesquisa relativa a politicas (contemplando as dinâmicas mais actuais) A supervisão do sector de segurança enfrenta muitos obstáculos políticos e técnicos. • Análises Existem restrições políticas provenientes do executivo e do sector da segurança (os quais não estão habituados a tal supervisão). • Advocacia • Formação (reforço da capacidade) Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 47 • Promoção de instrução/educação sobre área de segurança • Monitoria/Acompanhamento • Transparência • Protecção do interesse público Por sua vez, o que oferece o Parlamento • Acesso e plataforma de acção • Cobertura política e legitimidade Outras áreas de contribuição da sociedade civil As OSC trabalham, igualmente, noutros campos, no sentido de reforçar de forma abrangente a gestão de segurança entre os ministérios da área, a equidade e a prestação de contas no âmbito das instituições de segurança, e a qualidade geral das relações civis-segurança. Uma melhoria na governação, por sua vez, melhora as perspectivas - e, ao mesmo tempo, diminui a necessidade - de supervisão. 48 • Através de cursos e seminários (por exemplo, o Curso de Governação e Gestão do Sector de Segurança no Gana ou os Seminários Executivos efectuados pela Rede de Gestão de Defesa e Segurança da África Austral (SADSEM) • Mediante o fortalecimento da consciência para as questões de género e dos direitos humanos, etc. Seminário Regional Comissões de defesa e segurança e mecanismos parlamentares aplicados ao sector de segurança: o caso do Senegal Ilustre Deputado Mamadou Bamba Ndiaye Presidente da Comissão de Defesa e Segurança Assembleia Nacional do Senegal Os conceitos de defesa e segurança são actualmente entendidos em termos muito latos, abrangendo praticamente todas as áreas da vida dos cidadãos, principalmente, desde que a comunidade internacional iniciou a promoção de uma compreensão holística da segurança humana. No entanto, uma revisão do quadro jurídico do Senegal mostra que as atribuições e os instrumentos disponíveis para a Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional estão, claramente, definidos. Após a descrição dos principais componentes deste quadro, apresentarei o plano de acção utilizado pela comissão para realizar as suas tarefas, bem como os desafios que ela enfrenta e que exigem a introdução de algumas melhorias. princípios fundamentais (e não as modalidades operacionais) da organização geral da defesa nacional; orçamentos relativos aos ministérios da Defesa e do Interior; definir o programa de leis que determinam os objectivos da acção governamental no que concerne à defesa e segurança; cooperação militar internacional; instituições militares e paramilitares; definir o estatuto das forças armadas civis e pessoal militar e respectiva grelha salarial; segurança pública, no que se refere à prevenção dos riscos com acidentes, assim como danos e prejuízos a pessoas e bens; guarda civil e sistema de justiça militar. O quadro jurídico que rege a supervisão da defesa e segurança no Senegal • A comissão dos Assuntos Externos, a qual analisa os tratados internacionais, bem como as questões de defesa e segurança que possam emergir das relações diplomáticas, em particular com os países vizinhos. • A comissão de Leis, a qual analisa e manifesta a sua opinião relativamente ao orçamento dos ministérios do Interior e Justiça, tal como é responsável pelas questões de direitos humanos, particularmente, no que respeita a violações cometidas pelas forças de segurança. • A comissão de Finanças também actua nestas áreas quando se trata de rever o orçamento geral do governo, mediante a elaboração de um relatório sobre os orçamentos dos diferentes ministérios ao plenário, incluindo a Defesa e o Interior. A Comissão de Finanças pode constituir uma missão temporária, integrando alguns dos seus elementos, para avaliar e controlar a execução do orçamento. O artigo 62 da Constituição e o artigo 24 do regimento interno da Assembleia Nacional são os instrumentos específicos que definem, tanto as funções da Assembleia Nacional como das suas diferentes comissões técnicas. Outros artigos do regimento interno estipulam os mecanismos que podem ser utilizados pelas comissões na realização das suas tarefas. O papel da Comissão de Defesa e Segurança Compete à comissão de Defesa e Segurança executar as tarefas atribuídas à Assembleia Nacional, nas áreas relacionadas com a defesa e segurança, nomeadamente: preservação da integridade territorial; assegurar a segurança de pessoas e bens e quaisquer restrições para as necessidades da defesa nacional; definir os Podem ainda ser envolvidas outras três comissões técnicas nas áreas que se indicam, respectivamente: Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 49 Mecanismos da Comissão de Defesa e Segurança O regimento interno da Assembleia Nacional faculta à comissão de Defesa e de Segurança uma série de mecanismos que lhe permitem desempenhar o seu papel, nomeadamente, a apreciação do orçamento e outras leis, bem como diversos relatórios e instrumentos de supervisão. Todavia, permanece o desafio nas áreas de monitorização e avaliação. Revisão do orçamento e outras leis O debate sobre a orientação do orçamento proporciona aos parlamentares uma oportunidade para expressarem a sua opinião sobre as orientações do orçamento de defesa e de segurança para o ano seguinte. Anualmente, a comissão recebe o projecto de orçamento dos ministérios das forças armadas e efectua a sua revisão na presença do respectivo ministro e seu staff, aos quais coloca as questões consideradas pertinentes exprimindo, no final, a sua opinião num relatório a ser presente à comissão de Finanças. A comissão analisa e dá o seu parecer sobre todos os projectos de lei (apresentados pelo governo) e leis de membros privados (introduzidas por parlamentares) relacionadas com a defesa e segurança. Instrumentos de informação e supervisão Os membros da comissão e outros pertencentes ao Parlamento podem colocar questões aos ministros responsáveis pelas forças armadas e interior, mediante questões escritas, orais ou tópicos. Estes são obrigados a facultar as respostas por escrito (para as perguntas por escrito) ou oralmente, antes da realização da sessão plenária da Assembleia Nacional. Os membros da comissão e outros parlamentares podem sugerir que a Assembleia Nacional crie uma comissão parlamentar de inquérito para recolher informação sobre questões específicas relacionadas com a defesa e segurança e, posteriormente, apresente as suas conclusões à Assembleia Nacional para que esta possa decidir sobre quais as próximas diligências a tomar. A Comissão de Segurança e Defesa pode constituir, temporariamente, missões de averiguação ou de 50 Seminário Regional estudo, com o objectivo de recolher informações sobre uma determinada situação que é motivo de preocupação para os deputados no desempenho das suas funções. A missão de estudo destina-se a analisar um problema considerado de grande interesse e que os parlamentares necessitam de entender, no sentido de os ajudar a serem mais eficientes em seu trabalho. A comissão pode solicitar a presença de qualquer pessoa para responder a perguntas, incluindo ministros e funcionários públicos em cargos elevados. No caso de ser um funcionário do governo, o respectivo ministro é obrigado a expressar a sua opinião. Se a solicitação não for concedida, o ministro deverá apresentar uma justificação e, nesse caso, o Presidente da Assembleia Nacional é informado, podendo colocar a questão ao Presidente da República. Se a pessoa não for um funcionário do governo, não existe qualquer disposição para o caso em que uma pessoa não compareça perante a comissão. A comissão poderá ser informada sobre a política aplicada pelos ministros sobre quem detêm competência, nomeadamente, pelos seus representantes no conselho de administração de determinados órgãos públicos, como sejam o gabinete de vítimas da guerra e veteranos nacionais ou a comissão nacional de armas ligeiras e de pequeno porte. A comissão também pode ausentar-se da Assembleia Nacional para visitar qualquer local e falar com pessoas no terreno. Embora nos últimos anos estas práticas tenham sido comummente utilizadas pelas diversas comissões, este instrumentos de informação e controlo não estão definidos no regimento interno da Assembleia Nacional. Os desafios da monitorização e avaliação Estes diferentes instrumentos só possuem valor se habilitarem a Assembleia Nacional a proceder uma verdadeira e eficaz supervisão do executivo. Isto requer a existência de mecanismos eficazes de monitorização e avaliação. Nas condições actuais não é permitido à Assembleia Nacional estabelecer uma missão temporária, constituída pelos seus membros, para avaliar e controlar a execução orçamental. No entanto, o Presidente é um membro exofficio da Comissão de Finanças, que possui essa prerrogativa. De igual modo, o texto não indica um mecanismo de monitorização e avaliação dos compromissos assumidos pelo governo, no que concerne a responder a perguntas orais, escritas ou tópicos. No entanto, não existe proibição para a criação de tal mecanismo. Os representantes dos diferentes conselhos de administração são obrigados a apresentar relatórios periódicos escritos. Especificidades da supervisão parlamentar da defesa e segurança Este quadro legal é aplicado num sector peculiar gerido pelo executivo, no âmbito dos chamados ministérios de “soberania”. Este é um sector particularmente delicado onde o conceito de segredo encontra o seu verdadeiro significado explicando, em parte, o porquê de certos altos funcionários serem relutantes relativamente às iniciativas de supervisão parlamentar. Esta supervisão é limitada, igualmente, pelas disposições legais sobre o conceito de “ segredo de defesa“, bem como pelos regulamentos militares. Concomitantemente, deparamo-nos com o facto de ser difícil supervisar as operações realizadas pelas forças armadas, guarda civil, polícia e serviços de informações. A supervisão parlamentar deve adaptar-se a estas condições específicas, providenciando, em particular, regras de confidencialidade no uso dos mecanismos de supervisão, se necessário. Contudo, a supervisão é necessária. O Parlamento não pode renunciar ao seu direito de monitorizar todo o sector da actividade governamental. No que diz respeito às forças de defesa e segurança e segundo explicaram alguns dos seus altos funcionários numa recente reunião, estas estão preocupadas em estabelecer contacto com o Parlamento, no sentido de expressarem as suas necessidades orçamentais e estas serem tidas em consideração, sem dependerem, exclusivamente, das decisões dos funcionários do ministério das finanças. A supervisão do Parlamento deve ser estendida ao sector de segurança informal e, em particular, às organizações de segurança privada que servem os líderes políticos ou religiosos, as quais, em certos casos, podem assumir o papel de “milícias” e ameaçar a paz pública. Uma questão oral sobre esta questão foi levantada por um membro da Assembleia Nacional. Actividades da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional do Senegal O Presidente da Assembleia Nacional comprometeu-se a revitalizar as comissões técnicas para que a instituição melhor possa cumprir as suas funções. Como parte do processo, a Comissão de Segurança e Defesa está a implementar um plano de acção com enfoque nos seguintes pontos: Estabelecimento de um quadro de colaboração com os ministérios A ideia é desenvolver uma permanente interacção com os altos funcionários dos ministérios envolvidos. O objectivo é promover o contacto directo, a fim de tornar as relações mais suaves e manter uma atmosfera de confiança, visando minimizar possíveis mal-entendidos e reservas. Neste sentido, foram organizadas sessões de trabalho com os ministros, os seus gabinetes e os funcionários das forças armadas e guarda civil. Visitas de campo A comissão foi ao campo visitar as forças armadas, guarda civil e quartéis da polícia, no sentido de, entre outras coisas, efectuar o balanço da realidade da execução orçamental e auscultar as necessidades pendentes. Por exemplo, através desta visita, os membros da Assembleia Nacional tomaram conhecimento de alguns dos efeitos adversos do novo código de contratos públicos apresentando-os, posteriormente, à consideração do Ministro das Finanças. Capacitação dos membros da comissão A comissão esforça-se para aumentar a capacidade dos seus membros na área de defesa e segurança. As reuniões com o pessoal militar destinam-se, especialmente, a proporcionar aos membros da comissão informações precisas sobre a natureza e organização da instituição militar. A comissão organizou ou tem a intenção de organizar workshops de formação sobre temas específicos, tais como os seguintes: • Organização das forças de defesa e segurança e o conceito de “segredo de defesa” Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 51 • Questões de segurança na África Ocidental • Protocolo de Armas Ligeiras da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) • Supervisão segurança parlamentar do sector da Observações e recomendações Estabilidade da comissão Para se possuir uma supervisão eficaz deve haver um mínimo de estabilidade entre os membros da comissão. Caso contrário, devem ser organizados, anualmente, programas de capacitação. Em cada legislatura, mesmo que a mudança seja inevitável, deve ser preservado um núcleo central dos seus membros. Monitorização da execução orçamental O regimento interno deve ser alterado no sentido de permitir às comissões técnicas criarem missões permanentes ou subcomissões encarregues de monitorar e avaliar o orçamento de cada ministério. A Comissão de Finanças só detém capacidade para avaliar a execução geral do orçamento realizada pelo ministério das finanças. Recusa de comparecência nas audiências A lei deve obrigar explicitamente as pessoas convidadas a participar nas audiências das comissões, incluindo nas das comissões parlamentares de inquérito, e estipular sanções para aqueles que se recusarem a comparecer. Melhorar os recursos materiais da comissão Os recursos financeiros da Assembleia Nacional não são suficientes para organizar todas as missões de treino, averiguações, estudos e investigações. Devem ser procurados outros recursos. Capacitação do administrativo pessoal parlamentar Os membros da administração parlamentar necessitam desenvolver conhecimentos técnicos sobre assuntos de defesa e segurança. Os recursos documentais disponíveis carecem, igualmente, de ser melhorados. A comissão precisa, de igual modo, de possuir assistentes parlamentares detentores das indispensáveis competências para apoiar no desenvolvimento dos trabalhos. 52 Seminário Regional Colaboração entre as Comissões de Defesa e Segurança da África Ocidental Devido ao incremento de questões de defesa e segurança ao nível regional, seria adequado prever um quadro para o intercâmbio e cooperação entre as várias comissões de defesa e segurança dos parlamentos nacionais da África Ocidental e o Parlamento da CEDEAO. Comissões de defesa e segurança e mecanismos parlamentares aplicados ao sector de segurança: o caso do Mali Ilustre Deputado Brehima Beridogo Deputado, Assembleia Nacional do Mali Se, tal como Georges Clemenceau disse, a guerra é uma matéria demasiado séria para confiar aos militares, o mesmo pode ser dito relativamente à defesa e segurança em tempo de paz. Este sector deve ser responsável perante os representantes eleitos pelo povo e, como tal, deve esforçar-se por assegurar que as acções dos agentes de defesa e segurança estão em consonância com a legislação nacional e convenções a de que o Mali faz parte. Artigo 71: Uma declaração de Guerra só pode ser decretada após autorização da Assembleia Nacional reunida, especificamente, para o efeito. Quais os mecanismos parlamentares aplicáveis ao sector de segurança no Mali? Quais são os princípios subjacentes à supervisão da acção governativa na área da defesa e segurança? Quais são as áreas de supervisão, que métodos e meios são utilizados pelas comissões de defesa e quais as dificuldades com que se deparam? No entanto, é necessária a autorização da Assembleia Nacional, para situações que se prolonguem além de dez dias. O parlamento do Mali desempenha, verdadeiramente, o seu papel nesta área? Será que tira todo o benefício de todos os meios colocados à sua disposição? Estas são algumas das questões que iremos tentar responder ao falar sobre a experiência do Parlamento do Mali. Princípios básicos de supervisão A supervisão parlamentar das forças de defesa e segurança baseia-se nos poderes conferidos ao parlamento pela Constituição da República do Mali, bem como pelo regulamento interno da Assembleia Nacional. Poderes conferidos pela Constituição Os artigos que a seguir se enumeram permitem a colaboração entre o Parlamento e o Poder Executivo na área da defesa e segurança e, até mesmo, que o primeiro proceda à supervisão deste último: Posteriormente, o Presidente da República informa a nação mediante mensagem. Artigo 72: O estado de emergência ou estado de sítio deve ser decretado pelo Conselho de Ministros. A lei especifica as condições. Artigo 77: A lei das finanças é apresentada à Assembleia Nacional no início da sessão ordinária anterior ao período de orçamento. A lei das finanças deve incluir os rendimentos necessários para cobrir a despesa total. Poderes conferidos pelo regimento interno da Assembleia Nacional Um certo número de artigos do regimento interno da Assembleia Nacional possibilita que o Parlamento realize a supervisão democrática dos sectores de defesa e segurança, mediante os seguintes mecanismos: alterações dos textos, discussão das resoluções do Primeiro-Ministro, perguntas por escrito e orais, moção de inquérito ao governo, comissões de informação, comissões especiais de inquérito, moção de confiança ao governo, voto de não confiança (moção de censura), etc. Estes estão consagrados, em particular, nos artigos dos capítulos indicados no quadro abaixo. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 53 Secção Dois: O Processo legislativo Capitulo VI: Alterações Artigo 82: Os membros da Assembleia Nacional e do governo podem apresentar alterações aos textos submetidos à Assembleia Nacional para discussão pública. Secção Três: Supervisão parlamentar Parte Um: Procedimento de informação e supervisão da Assembleia Nacional Capitulo I: Resolução – Perguntas por escrito – Pedido de informação – Observações e inquéritos Artigo 86: A Assembleia Nacional pode incluir na sua agenda a discussão das resoluções do Primeiro-Ministro, mediante iniciativa de uma das suas comissões permanentes. Artigo 87: Qualquer membro da Assembleia Nacional que pretenda colocar uma questão escrita ao Governo deve apresentar o respectivo texto escrito ao Presidente da Assembleia Nacional, o qual deve comunicá-la ao chefe do Governo. Deve, igualmente, informar a conferência dos presidentes das comissões. As perguntas escritas devem ser publicadas no Boletim Oficial, após relatório textual. No mês seguinte a essa publicação, as respostas dos ministros devem ser igualmente publicadas no Boletim Oficial. Caso não exista resposta por escrito a uma pergunta no período de um mês, deve ser enviado um lembrete, data a partir do qual terá inicio um período adicional de quinze dias. Se após o período adicional não houver resposta, o autor pode, na próxima sessão, transformar o facto numa moção de inquérito ao governo. Capitulo II: Perguntas orais e moção de inquérito Artigo 88: Após a iniciativa do Presidente da Assembleia Nacional ou uma das suas comissões permanentes, a Assembleia Nacional pode confiar uma missão de averiguação a um ou a vários dos seus membros Artigo 89: As comissões especiais de inquérito podem, igualmente, ser estabelecidas no seio da Assembleia Nacional. 54 Seminário Regional Artigo 90: A Qualquer membro da Assembleia Nacional que pretenda colocar perguntas orais ao governo deve submete-las por escrito ao Presidente da Assembleia Nacional o qual, por sua vez, as deve comunicar ao respectivo destinatário. (…) No caso de uma questão ser reclamada pela terceira vez em sessão publica, porque o ministro esteve ausente em duas ocasiões sucessivas e continua a não estar presente, o autor da pergunta pode, imediatamente, transformar a situação numa moção de inquérito ao governo. Além das moções de inquérito referidas no parágrafo anterior e nos termos do artigo 89, qualquer membro da Assembleia Nacional que pretenda inquirir o governo sobre a implementação de um programa aprovado pela Assembleia Nacional ou qualquer outro tópico, deve indicá-lo na sessão publica e submeter imediatamente o pedido. (…) Como parte da supervisão da acção do governo, a totalidade dos debates orais, questões actuais e moções de inquérito são radiodifundidas ao vivo ou reproduzidas pelos meios de comunicação do governo. Artigos 91 e 93: Votação de uma moção de confiança no governo Artigo 92 – Moção de censura: A submissão de uma moção de censura deve ser registada num documento intitulado “Moção de censura” e apresentada ao Presidente da Assembleia Nacional, em sessão publica, seguida de uma lista de assinaturas de, pelo menos, um decimo (1/10) dos membros da Assembleia Nacional. (…) A conferência de presidentes das comissões deve fixar a data para a discussão das moções de censura, a qual deve ocorrer, no máximo, três dias após a sessão em que as mesmas foram apresentadas. (…) Este debate deve ser radiodifundido ao vivo pelos órgãos de comunicação do governo. Um voto de censura por uma maioria de dois terços (2/3) dos membros da Assembleia Nacional deve conduzir, automaticamente, à demissão do governo. Áreas de supervisão Dificuldades Corpo: forças armadas, polícia, guarda civil, Guarda Nacional e goum (grupos responsáveis pela segurança local), e os serviços de informações Falta de transparência e resistência à supervisão parlamentar por parte do executivo Equipamentos e infra-estrutura: armas e munições, logística, etc. Falta de transparência Aquisição de equipamentos e contratação: Orçamento: artigo 77 da Constituição Métodos e meios de supervisão Supervisão permanente Através do seu modo de organização e funcionamento, a Assembleia Nacional tem a supervisão permanente da defesa e segurança. Assim, de acordo com o artigo 28 do regimento interno, em cada ano após a eleição do seu conselho de administração/comissão directiva, a Assembleia Nacional deve estabelecer onze (11) comissões permanentes, incluindo uma responsável pela defesa nacional, segurança interna e defesa civil. Através desta comissão, o parlamento possui ligações com o governo, e supervisiona as actividades dos seus órgãos encarregues da defesa e segurança nacionais. Na revisão das leis em matéria de defesa e segurança, tanto a defesa nacional, como a segurança interna e a comissão de defesa civil, providenciam conselhos e recomendações para informar e orientar o plenário. Supervisão específica e temporária • Análise da lei das finanças Em nome do plenário, a comissão encarregue da defesa nacional, segurança interna e defesa civil, analisa o orçamento do ministério da defesa e assuntos dos veteranos, bem como, do ministério da segurança interna e defesa civil. • • Na sequência de uma situação de crise (guerras, estado de sítio, etc.) Por iniciativa de um membro do parlamento ou de um dos órgãos da Assembleia Nacional, com base nos poderes conferidos pelo regimento interno da Assembleia Nacional. Em termos legais, o Mali viveu cerca de dez anos sob um regime militar e doze anos sob um sistema político monolítico. Os orçamentos da defesa e segurança nacional eram segredos de Estado e, como tal, não eram discutidos no parlamento. O mesmo se aplica a muitas outras áreas que seriam objecto de um controlo parlamentar, no âmbito de um regime democrático. O estabelecimento do pluralismo político, a partir de 1992, não mudou, radicalmente, o papel do parlamento na sua supervisão do sector de defesa e segurança. Certamente que, actualmente, os orçamentos de defesa e segurança são discutidos no Parlamento. No entanto, reflexos do passado ainda estão presentes, em particular a desconfiança da população civil e, principalmente, dos políticos. Além disso, qual é a diferença entre a manutenção da paz no norte e uma situação de guerra? Foi o Parlamento sistematicamente informado antes das tropas serem enviadas? Serviço de informações: não há ligação entre os serviços secretos e o parlamento. Nem o orçamento, lhes faz qualquer menção. Resistência à supervisão parlamentar por parte do executivo O governo, por vezes, através de um dos seus ministros, opõe-se a algumas das actividades do parlamento, mesmo quando são prerrogativas deste último. Por exemplo, desde 2007, que o ministério da defesa e assuntos dos veteranos se recusa a permitir que a comissão encarregue da defesa nacional, segurança interna e defesa civil visite qualquer quartel militar. Conflitos de competência entre os poderes executivo e legislativo Na prática, o poder executivo considera que determinadas questões relacionadas com a defesa e segurança são da sua exclusiva competência e, raramente, envolve o parlamento privando-o, deste modo, das suas competências de supervisão. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 55 Por exemplo, o parlamento não é informado ou envolvido, sistematicamente, na resolução de conflitos inter-comunitários, revoltas e motins populares (conflitos inter-comunitárias em Fafa, no distrito de Ansogo, motins em Kita, Kadiolo e Bamako, etc), e exigências militares, etc. Fafa, no distrito Ansogo, é o teatro de operações de um conflito armado entre Peulhs e Tuaregs pelo controlo dos recursos naturais, entre outras coisas. O governo rejeitou a iniciativa do Parlamento o qual sugeriu a constituição de uma missão conjunta para resolver o conflito. O ministro da administração territorial e autoridades locais recusaram permitir que o deputado dessa área integrasse uma delegação que era para viajar para o local no auge da crise. Em Kadiolo, em 2008, um motim eclodiu quando um homem policia “belicoso” abriu fogo sobre um traficante de combustível que se recusou a pagarlhe um suborno. Sem esperarem pelo convite, alguns parlamentares viajaram para o local para ajudar a restaurar a calma. Tendo em conta a utilização dos poderes conferidos pela Constituição e pelo estatuto da Assembleia Nacional, o que pode ser dito sobre a fiscalização parlamentar na área da defesa e segurança no Mali, durante a terceira e quarta legislaturas (2002-2009)? • Correcções/Alterações aos textos Lei N° 8-01–4 I ratificar portaria N° 7-020/PRM de 18 de Julho de 2007, que autoriza a ratificação do Protocolo da Convenção para a Prevenção e o Combate ao Terrorismo da OUA: Foram introduzidas alterações, incluindo três de fundo, com o objectivo de assegurar o respeito pelos direitos humanos e assegurar forças de segurança mais eficazes no combate ao terrorismo. A auto-censura parlamentar • Por vezes, o parlamento censura-se a si próprio através do seu comportamento, ou as suas actividades são limitadas pelo comportamento de alguns dos seus próprios elementos. Alguns exemplos: Lei N° 8-01–4 I Foram efectuadas três recomendações ao longo das mesmas linhas. - O Parlamento nunca questionou a situação dos serviços secretos (métodos de trabalho, orçamento). Realizaram-se sete recomendações para tornar o treino mais eficaz e facilitar a reintegração sócioprofissional dos militares reformados. - Na sequência dos erros estúpidos da polícia que conduziram a mortes ou infligiram ferimentos em cidadãos desarmados, o parlamento deveria ter, sistematicamente, chamado ao governo para prestar contas. • - 56 O estado da supervisão democrática: o parlamento tira vantagem de todos os meios ao seu dispor? Um grupo da oposição parlamentar informou os ministros da saúde e da justiça do seu programa de visitas a hospitais e prisões em Bamako e obteve a sua aprovação. No entanto, o secretário-geral da Assembleia Nacional escreveu ao ministro da Justiça a informá-lo que essas actividades caíram sob as prerrogativas das comissões permanentes e não aos grupos parlamentares e, como resultado, o ministro da Justiça retirou a sua aprovação. Somente tiveram lugar as visitas aos hospitais. Seminário Regional Recomendações Lei N° 8-30-4 l criação do departamento de academias militares: Discussão das resoluções do PrimeiroMinistro sobre a supervisão da defesa e segurança. Dada a situação prevalecente no norte do Mali, o parlamento, anualmente, tem uma discussão frequente. - Resolução N°06-04/AN-RM de 12 de Junho de 2006 sobre os acontecimentos nas regiões de Kidal e Menaka, no distrito da região de Gao, desde 23 de Maio de 2006 - Resolução N°06-05/AN-RM de 20 de Julho de 2006 sobre o acordo de Argel para o restabelecimento da paz, segurança e desenvolvimento na região de Kidal - Resolução N°08-04/AN-RM 4E L de 19 de Junho de 2008, após uma sessão de perguntas ao Governo sobre os problemas do Norte. • Perguntas por escrito sobre a supervisão na área da defesa e segurança: Nao existiram perguntas por escrito. • Perguntas orais sobre a supervisão na área da defesa e segurança: Nenhuma pergunta oral. Após os recentes excessos da polícia em Kita, Kadiolo e Bamako, o ministro deveria ter sido inquirido, uma vez que o comportamento dos policiais corruptos conduziu à perda de vidas humanas. • Neste sentido, os parlamentares necessitam de se comprometerem ao seguinte: • Solicitar informação e colaboração dos executivos na gestão de questões de segurança • Participar em sessões de formação, nomeadamente, sobre as suas funções, prerrogativas, procedimentos para o desempenho de tais funções e prerrogativas no início de seu mandato e durante toda a sua duração. • Ser suficientemente corajoso para usar os poderes que lhe são concedidos pelos vários documentos legais. Moção de inquérito ao governo As moções de inquérito ao governo conduziram às resoluções para o Primeiro-Ministro, acima mencionadas.. • Além disso, os próprios parlamentares raramente usam as prerrogativas que lhes são conferidas pela Constituição e pelos seus estatutos, facto devido, especialmente, à falta de formação e consciencialização sobre o seu papel. Missões de averiguação no contexto da supervisão na área da defesa e segurança: Não foram realizadas nenhumas missões de averiguação. • Missões especiais de inquérito sobre a supervisão na área de defesa e segurança: Não foram realizadas nenhumas missões especiais de inquérito. • Proposta de um voto de confiança no governo em relação à supervisão parlamentar na área da defesa e segurança Nunca foi apresentada uma moção para voto de confiança no governo • Voto de censura no que respeita à supervisão parlamentar na área da defesa e segurança Nenhuma moção foi submetida para voto de confiança no governo. Conclusões/Recomendações O parlamento Maliano é dotado de instrumentos para efectuar a supervisão democrática na área da defesa e segurança. As suas actividades são, todavia, limitadas por determinadas reacções por parte do executivo, as quais remontam ao tempo de monolitismo político. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 57 Sessão 3 Supervisão Parlamentar sobre o Orçamento de Defesa 58 Seminário Regional Nota sobre boas práticas na orçamentação do sector de segurança Sra Lena Andersson Consultora independente Grupo de Analise dos Balcãs O orçamento como uma ferramenta para o incremento da democracia O orçamento é uma das mais poderosas ferramentas utilizadas pelos governos. Muitas pessoas possuem ideias sobre o que o governo deve fazer, expressando-as, por vezes, por intermédio de políticas e planos. Mas qualquer política governamental significativa deve ser apoiada através de recursos financeiros do orçamento. A existência de sistemas orçamentais sólidos são fundamentais para a capacidade dos governos aplicarem as suas políticas, prestarem serviços e reduzirem a pobreza, assim como combaterem a corrupção, e criarem estados eficazes com o necessário grau de resposta, capacidade, e prestação de contas. Os incentivos políticos afectam os processos de elaboração e de execução da política orçamental. O orçamento é o resultado de negociações políticas que reflectem as lutas de poder subjacentes entre forças sociais concorrentes. A marginalização dos mais fracos e pobres nesses processos constitui um traço fundamental da exclusão social. O que é o processo orçamental? A elaboração do orçamento público é uma função central do Estado e o seu processo envolve um vasto leque de intervenientes para além do governo, incluindo, respectivamente, o parlamento, os órgãos de supervisão, a sociedade civil e os doadores. O processo orçamental é um procedimento através do qual os parlamentos autorizam e permitem que os governos realizem as suas actividades específicas durante cada ano. Por outro lado, revela como um governo planeia o desenvolvimento e a distribuição de recursos administrados pelo Estado, e o valor que atribui à segurança, justiça, liberdade e prosperidade. Além disso, demonstra a existência ou ausência de coerência entre as políticas e as práticas, bem como o nível de transparência, em matéria financeira, alcançada pelo executivo. As principais etapas no processo orçamental são as seguintes: • Formulação do orçamento (incluindo a solicitação de orçamento e de definição de prioridades centrais) • Legislação orçamental • Execução orçamental • Auditoria e controlo Cada um destas fases contempla envolvimento por parte do parlamento. O que torna especial a orçamentação sectorial? De acordo com o raciocínio acima expresso, o orçamento de segurança do Estado é uma das mais importantes declarações políticas do governo no domínio da segurança. O orçamento de segurança é a quantidade de dinheiro gasto num ano fiscal em prol da segurança interna e externa do país, revelando como o governo pretende desenvolver as suas instituições do sector da segurança, assim como proceder à implementação de políticas e prestação de serviços aos seus cidadãos, na área de segurança. O sector de segurança, em geral, e os respectivos orçamentos em particular são, na maioria dos países, sujeitos a uma cultura de secretismo. Este facto, juntamente com a complexidade associada a algumas actividades e investimentos coloca, por um lado, desafios adicionais e, por outro, uma maior exigência para o parlamento aumentar a sua participação no orçamento do sector da segurança. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 59 Quais são os desafios? Há uma série de desafios que se colocam para o fortalecimento do papel do parlamento no processo orçamental. Em alguns países, existem limitações formais da autoridade orçamental do parlamento, especialmente, no que concerne a propor alterações que aumentem a despesa. Em alguns casos, as alterações ao orçamento podem desencadear uma moção de censura ao governo, e por isso, torna-se um instrumento raramente accionado. Mas mesmo quando não existem impedimentos legais para um maior envolvimento do parlamento no processo orçamental verificase, frequentemente, a falta significativa de pessoal com conhecimentos fiscais ou com capacidade para analisar a proposta de orçamento. Além disso, o tempo dado ao parlamento para efectuar a revisão do orçamento é geralmente muito curto. Apesar destes desafios, existem inúmeros exemplos que demonstram que o aumento da capacidade para analisar e rever o orçamento ajuda a fortalecer a legislatura entanto que instituição. Pode consolidar o papel do parlamento em geral, e ajudá-lo a imprimir uma dinâmica de maior controlo e equilíbrio em sistemas que durante longos períodos de tempo podem ter sido dominados pelo poder executivo. Um maior envolvimento da sociedade civil e a utilização da capacidade de instituições de auditoria externa, podem ajudar a compensar a capacidade limitada do parlamento. 60 Seminário Regional 1 4 2 5 3 6 Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 61 62 7 10 8 11 9 12 Seminário Regional A supervisão parlamentar do orçamento do sector de segurança: o caso da Costa do Marfim Ilustre Deputado Laurent Akoun Presidente da Comissão de Defesa e Segurança Assembleia Nacional da Costa do Marfim A supervisão parlamentar do orçamento do sector da segurança é parte integrante da supervisão do parlamento às actividades do governo. No caso específico do controlo do orçamento do sector de segurança, este deve ser enfatizado que o objectivo é garantir a transparência dos compromissos assumidos pelo governo na área de segurança, no sentido de garantir a segurança das pessoas e bens. Para tal, a supervisão orçamental contribui, parcialmente, para espinhosa questão do equilíbrio de poderes entre o executivo e legislativo. O ciclo orçamental na Costa do Marfim abrange quatro fases herdadas do sistema francês. São eles: • A fase de preparação do orçamento • A fase em que a Assembleia Nacional analisa e aprova o orçamento • A fase de execução do orçamento • A fase em que as contas nacionais são regularizadas A Assembleia Nacional da Costa do Marfim é envolvida apenas quando é votada a lei das finanças e quando as contas nacionais são submetidas para homologação. Orçamento do sector de segurança O papel que o Parlamento desempenha no orçamento do sector da segurança materializase, essencialmente, através da revisão de quatro dos dez documentos que acompanham a lei das finanças: • O capítulo das despesas na lei das finanças Este documento contém as autorizações de despesas atribuídas aos diferentes ministérios e instituições. Inclui informações sobre o orçamento concedido para as forças de defesa e de segurança (FDS), instituições de segurança e ministérios da defesa, interior e informações. • Anexo 2 sobre o catálogo das novas medidas Este documento descreve os recrutamentos previstos e os números relativos à passagem à reforma. • O Anexo 7-B contém comentários gerais e descrições detalhadas dos diversos elementos/ itens de despesas. • O anexo fiscal, contém os impostos e outras medidas fiscais em favor de um determinado sector de actividade ou órgão do governo. Supervisão parlamentar O Parlamento analisa os documentos no sentido de entende-los, e garantir que às instituições de segurança são fornecidos, em quantidade suficiente, os recursos necessários para realizar as suas missões. Além disso, no caso de certas leis e decretos, como seja a lei que rege o estatuto do pessoal das forças policiais nacionais e o decreto que institui comissões específicas de segurança nacional (a comissão nacional de armas ligeiras e de pequeno porte), o parlamento da Costa do Marfim assegura que as dotações financeiras permitam que estas leis sejam aplicadas de forma adequada e eficaz. Outra forma de controlo orçamental é realizado através da lei de regularização, a qual deveria, em princípio, ser apresentada ao Parlamento, o mais tardar, no final do ano seguinte ao da execução do orçamento. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 63 No decurso da presente legislatura (a primeira legislatura da segunda República) apenas foram submetidas ao Parlamento as leis de regularização referentes aos anos de 1998, 1999 e 2000. Devido à falta de apresentação destas leis de regularização, facto agravado pela crise que eclodiu em Setembro de 2002, os deputados não tem sido capazes de verificar se os recursos alocados ao sector de segurança tem vindo a ser utilizados de forma adequada. Além disso, após os vários acordos de paz e em conformidade com o artigo 48 da Constituição, desde 2006 que a lei das finanças tem vindo a ser aprovada por portaria do Presidente da República. Como tal, os membros do Parlamento têm sido privados da sua prerrogativa de revisão e aprovação da lei das finanças. Comissões parlamentares competentes No parlamento da Costa do Marfim, é suposto a lei das finanças ser revista em profundidade pelas comissões de assuntos económicos e finanças (CAEF). Contudo, o artigo 59 do regulamento interno da Assembleia Nacional prevê que os trabalhos desta comissão sejam abertos aos membros do parlamento de outras comissões. Os membros da comissão de defesa e segurança parlamentar juntam-se às do CAEF quando a discussão diz respeito às questões de segurança. Na prática, todos os deputados estão interessados em questões de segurança, pois cada um quer garantir que nos seus círculos eleitorais, tantos aos postos da polícia como às brigadas da guarda civil, seja facultado um orçamento suficiente, que lhes permita realizar as suas missões de segurança. Quadro legal e constitucional Visto que o orçamento de segurança está incluído na Lei de Finanças, abrangido pelos artigos 79, 80 e 81 da Constituição, os parlamentares estão autorizados a examinar e aprovar o orçamento do governo e a regularizar as contas nacionais. Além das disposições contidas nestes artigos, o regulamento interno da Assembleia Nacional estipula vários meios que permitem ao Parlamento realizar o controlo sobre a actividade do governo, nomeadamente, missões de averiguação, comissões de inquérito e perguntas orais que podem conduzir ao debate. 64 Seminário Regional A revisão da lei das finanças é regida pela Lei Orgânica n º 59-249 de 31 de Dezembro de 1959. Prestação de contas e oportunidades A revisão orçamental deve ser encarada como um mecanismo de boa governação, assim como um meio dos parlamentares assegurarem que as dotações orçamentais destinadas às organizações responsáveis pela segurança se processe de forma adequada às expectativas de segurança e às realidades do seu país. No sentido de assegurar uma maior responsabilização por parte do executivo, o parlamento deve exigir que as despesas de segurança sejam incluídas na lei de programação do sector de segurança. Esta foi a abordagem adoptada pelos parlamentares da Costa do Marfim no início da legislatura. No entanto, a apreciação do projecto de lei de programação apresentado à Assembleia Nacional foi interrompido pela crise político-militar que afecta a Costa do Marfim desde 2002. É importante recordar ao executivo a obrigação de cumprir com as exigências constitucionais submetendo, regularmente, as leis de regularização que permitiriam aos parlamentares a realização de uma auditoria da gestão financeira pública. Todos os membros do parlamento (e não apenas os membros do CAEF) necessitam de formação para compreenderem os vários documentos que integram o orçamento nacional. É igualmente relevante sublinhar que a apresentação do projecto de lei das finanças deve ser feita atempadamente, de modo a que os parlamentares não necessitem de se precipitar a adoptá-lo. Finalmente, embora salientando a fragilidade institucional no processo orçamental, devido, em grande parte, à hegemonia do Executivo e ao papel marginal concedido aos parlamentares no decorrer do processo, cabe aos deputados da Assembleia Nacional exigir uma maior transparência. Tal, implica necessariamente, o fim da cultura de segredo mantido pelo poder executivo ao considerar que alguns itens do orçamento de segurança são extremamente sensíveis e, como tal, não devem ser revelados aos representantes do povo. O papel da supervisão parlamentar em matéria de defesa e segurança no orçamento do Estado: o caso da Serra Leoa Ilustre Deputada Alice Foyah Membro da Comissão de Finanças e Desenvolvimento Parlamento da Serra Leoa Introdução Sr. Presidente, Srs. Deputados, Distintos Convidados, Senhoras e Senhores, é para mim uma honra e um prazer apresentar um trabalho sobre “O papel da supervisão parlamentar em matéria de segurança e defesa no orçamento do Estado” em nome do Parlamento da Serra Leoa. Senhor Presidente, Senhores Deputados, um orçamento do governo é um documento que define os processos que um governo utiliza para angariar e gastar o dinheiro durante um determinado período. O orçamento pode ser considerado como um mapa, visto que a orçamentação deve ser mais do que simplesmente a elaboração de um relatório anual a ser aprovado pelo parlamento. Equipes técnicas de todas as Agências e Ministérios (MDAs) deveriam monitorar, constantemente, as receitas e despesas e compará-las com os valores reais. O orçamento é também um instrumento efectivo de políticas. No entanto, o orçamento de defesa é o processo de atribuição de recursos financeiros para equipamentos de defesa militar, pessoal, infraestruturas e programas. O seu produto final é o orçamento da defesa que faculta uma estimativa detalhada dos recursos previstos e despesas operacionais para o Ministério da Defesa e agências associadas, ao longo de um período de tempo. No caso da Serra Leoa, a Comissão de Contas Públicas desempenha um papel importante no processo de orçamento da defesa e segurança. É fundamental a participação activa dos parlamentares no processo orçamental, porque é a ferramenta económica mais importante do governo. Faculta uma descrição abrangente das prioridades da nação, baseada na ideia de que todo o Parlamento é o representante do povo e, como tal, responsável por garantir que os limitados recursos disponíveis correspondem melhor às suas necessidades. O papel da democracia parlamentar em África A ‘doença’ do desenvolvimento passou a estar sob ataque com a exigência de democratização e boa governação. A contribuição dos militares Africanos para a “má governação” no continente tornou-se uma preocupação para a comunidade internacional de doadores, quando os técnicos do Banco Mundial e os rigorosos Programas de Ajustamento Estrutural (PAE) falharam na elaboração das reformas económicas necessárias para deter e reverter os infortúnios do desenvolvimento em África. Neste contexto, a instituição militar, como um obstáculo ao desenvolvimento, foi contestada mediante uma correspondente redução no orçamento de defesa. No entanto, as reduções com os gastos de defesa não produziram os esperados níveis proporcionais de desenvolvimento, assim como não estimularam uma melhor governação. Em alguns casos, o investimento em infraestruturas básicas como estradas, saúde pública, educação e agricultura diminuíram, enquanto os gastos com os serviços diplomáticos e trabalhos ligados à Presidência, aumentaram visivelmente. Por conseguinte, era necessário outra coisa, algo mais, para ultrapassar o obstáculo. O desafio para a consolidação da governação do sector da segurança assenta no desenvolvimento de mecanismos eficazes de controlo parlamentar, e de órgãos de segurança economicamente sustentáveis, capazes de providenciar segurança Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 65 ao Estado e respectivos cidadãos, no contexto da governação democrática. Supervisão parlamentar do sector de defesa Porque é que a supervisão parlamentar é de importância capital, sobretudo numa democracia? Uma característica fundamental dum governo democraticamente eleito é o seu sistema de “controlo e equilíbrios” que ajuda a prevenir, entre outras coisas, a emergência de regimes autocráticos. Na Serra Leoa, o mandato e autorização parlamentares para fiscalizar e supervisar a acção do executivo é uma disposição constitucional. A importância da institucionalização constitucional dos poderes do Parlamento é derivada da aceitação e reconhecimento de que as constituições não são fáceis de mudar: a votação sobre as reformas constitucionais requer, na maioria das vezes, uma maioria qualificada no parlamento ou, como em alguns países, um referendo popular. Por conseguinte, a constituição representa uma forma eficaz de proteger a autoridade e os poderes do parlamento; semelhante à forma como o parlamento protege os poderes dos outros ramos do governo. Qual é a finalidade da supervisão parlamentar do sector de defesa? O princípio fundamental da supervisão parlamentar do sector da defesa é responsabilizar o executivo e o Ministério da Defesa através da prestação de contas, e escrutinar o equilíbrio entre as necessidades da sociedade e as do sector da segurança na realização dos objectivos governamentais. Embora não exista um conjunto único de normas para as relações civismilitares numa democracia liberal, parece que os seguintes princípios devem ser aplicados na supervisão parlamentar do sector da segurança, essencialmente: • 66 O parlamento é soberano e, portanto, tem a última palavra em termos de politica de segurança e defesa. Neste sentido, o parlamento responsabiliza o governo a prestar contas pelo desenvolvimento, implementação e revisão da política de segurança e defesa; Seminário Regional • O Parlamento tem um papel constitucional único na autorização e escrutínio das despesas de defesa e segurança, bem como na declaração do estado de emergência e do estado de guerra; • As autoridades democráticas legítimas são os únicos actores com direito a decidir se a sociedade necessita de mais “armas ou manteiga”. Numa democracia, onde o Estado de Direito deve prevalecer sobre o uso arbitrário da violência, o parlamento é dotado de poderes substanciais para assegurar que “os instrumentos de coerção” não são abusados pelos militares ou pelo executivo. Através dos poderes que lhe são atribuídos, o Parlamento realiza uma série de funções críticas no que diz respeito ao sector de defesa. Poderes legislativos: elaboração e aprovação das leis que regem o sector de defesa pelo Parlamento O quadro constitucional de uma democracia determina a autoridade do parlamento em participar no processo de legislação da defesa. Apesar de os deputados poderem não ser os redactores principais da legislação, o parlamento constitui, no entanto, a principal instituição para debater e, posteriormente, aprovar (ou rejeitar) os projectos legislativos. Para este fim, o Parlamento exerce um poder significativo na supervisão do sector da defesa, estipulando, por exemplo, que conceito de segurança deve ser adoptado ou aprovando/rejeitando o envio das forças armadas para o estrangeiro em missões de paz internacionais. Orçamento do sector de segurança A atribuição de verbas ao sector de segurança compete, frequentemente, com outras áreas da despesa pública, em particular, com os sectores sociais e de desenvolvimento. O parlamento detém o poder de aprovar, reprovar ou corrigir o orçamento de defesa, como sucede com o orçamento de qualquer outro sector. No entanto, para proceder como tal, o Parlamento deve possuir informações completas sobre todas as rubricas orçamentais (e não apenas totais) relativas às despesas com a defesa. Se necessário, o Parlamento pode solicitar que os auditores externos informem o Parlamento sobre o estado financeiro dos negócios de cada força de segurança. Não só deve ser examinada a legalidade da despesa orçamental, como o parlamento possui, igualmente, o direito de investigar se o dinheiro é gasto de forma eficaz e eficiente. Concomitantemente, o ministro da Defesa tem de reportar ao parlamento as alterações orçamentais, detendo este ultimo o direito de aprovar ou não as propostas de orçamento suplementar. Desafios para uma supervisão parlamentar eficaz Geralmente, aceita-se que uma série de condições determinem a força ou a fraqueza do controlo parlamentar e os desafios que daí possam advir. Além disso, os poderes de supervisão formal, incluindo os poderes constitucionais e legais, podem tornar-se confusos e disfuncionais, caso o executivo seja politicamente forte e incumpridor. Portanto, é necessário vontade política dos parlamentares para usarem os seus poderes constitucionais e legais. Fraqueza da supervisão parlamentar Considerando a força do parlamento para supervisar o sector da defesa, alguns analistas políticos argumentaram que países com fortes tradições legislativas tendem a enfatizar o papel dos mecanismos legislativos encarregues de supervisão, tais como as comissões de finanças na aprovação dos orçamentos, etc. A supervisão parlamentar é, geralmente, fraca em países onde o executivo é forte e onde a lealdade à hierarquia do partido é, por vezes, confundida com a lealdade ao povo. Portanto, a menos que os deputados eleitos possuam o cometimento de responsabilizar o executivo através da prestação de contas, nenhuma quantidade de autoridade constitucional ou outros recursos serão eficazes. Capacidade de supervisão parlamentar Em teoria, o Parlamento pode exercer o seu controlo sobre o Executivo, porque administra o orçamento. Devem ser definidas orientações claras para as despesas, e estas devem ser compreendidos tanto pelas forças armadas como por aqueles que exercem o controlo sobre os militares. No caso da Serra Leoa, a capacitação é essencial para que o parlamento exerça uma supervisão eficaz sobre a segurança. Por exemplo, dentro do sistema de orçamento de defesa, as comissões parlamentares necessitam de compreender o processo orçamental e desenvolver competências para analisar, monitorizar e aconselhar sobre os gastos da defesa. Recursos O parlamento deve possuir a capacidade de desempenhar o seu papel. Os seus membros possuem o direito de questionar os ministros, mas necessitam de ser capazes de formular as perguntas correctamente. Uma eficaz supervisão parlamentar do sector da segurança exige que o parlamento possua conhecimento especializado e recursos, ou que estes estejam à sua disposição. A proficiência do parlamento é muitas vezes mais fraca, comparativamente a do executivo e das forças de segurança. Enquanto que o parlamento da Serra Leoa possui um número muito reduzido de investigadores, o executivo pode contar com o pessoal do Ministério da Defesa e outros ministérios que lidem com o sector de segurança. Além disso, os parlamentares são eleitos, unicamente, por um período limitado, enquanto a maioria dos funcionários públicos e militares fazem toda a sua carreira no Ministério da Defesa. Limites da transparência Algumas áreas da política de defesa são, legitimamente, secretas. No entanto, existem medidas práticas que podem ser implementadas para permitir uma supervisão legislativa sobre áreas secretas das política, se existir uma relação de confiança entre o parlamento, o executivo e as forças armadas. A política de defesa e as actividades militares devem ser suficientemente transparentes para assegurar um controlo significativo do debate parlamentar e público, desde que tal não coloque em perigo a vida do pessoal militar ou comprometa o sucesso das futuras operações militares. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 67 Reforço da supervisão parlamentar Nos últimos anos têm sido propostas e aplicadas uma série de medidas para enfrentar as limitações em termos de capacidade e recursos que afectam a supervisão parlamentar. Este é, particularmente, o caso dos programas de desenvolvimento legislativo levados a cabo nos países pósconflito. Algumas dessas medidas incluem, respectivamente: • Parlamentos fazerem uso dos conhecimentos especializados das organizações nãogovernamentais (ONG) no desenvolvimentos dos seus trabalhos (por exemplo, solicitando investigação de Centros de Pesquisa e convidando especialistas civis a participar em audiências públicas); • Assembleias parlamentares internacionais e centros de pesquisa internacionais serem cada vez mais activos no apoio aos parlamentos. Os parlamentares são, geralmente, activos nestas assembleias internacionais, trocando experiências e pontos de vista com os deputados de outros países; e • Participação de elementos da equipe parlamentar (tanto para assistência a deputados numa base individual, como para comissões) em seminários nacionais e internacionais, e em visitas de estudo. Conclusão Senhor Presidente, Ilustres Deputados, a supervisão parlamentar do orçamento do Estado em matéria de defesa e segurança é crucial para garantir que as forças armadas sejam geridas da mesma forma que os outros sectores públicos. A melhor forma de tentar aumentar a vontade dos deputados para o exercício de uma supervisão parlamentar eficaz, é aperfeiçoando as competências constitucionais e legais do parlamento, bem como a sua capacidade para desempenhar o seu papel com competência profissional e capacidade técnica. 68 Seminário Regional IV. Anexos Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 69 Nota conceptual O Centro de Genebra para Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF) e a União InterParlamentar (IPU), em colaboração com a Assembleia Nacional do Senegal e o Parlamento da CEDEAO, vão organizar, durante dois dias, um seminário regional na África Ocidental, sobre supervisão parlamentar na área da defesa e segurança. Este evento faz parte dos extensos esforços conjuntos do DCAF e IPU, no sentido de reforçar o contributo dos parlamentos, e em particular das suas comissões defesa e segurança para a governação do sector de segurança. Em 2003, o DCAF e a UIP publicaram, conjuntamente, um manual intitulado Supervisão parlamentar do sector da segurança: princípios, mecanismos e práticas, o qual proporciona aos parlamentares uma ferramenta com vista a uma eficaz acção parlamentar. Actualmente, o DCAF encontra-se, em colaboração com o Parlamento da CEDEAO, a desenvolver um guia sobre este tema adaptado às necessidades dos parlamentares da África Ocidental. A supervisão democrática do sector da segurança contribui para uma melhor segurança, redução da pobreza e respeito pelos direitos humanos. No passado, as funções dos parlamentos da África Ocidental foram contestadas em vários países, devido aos conflitos e regimes autoritários então vigentes. A segurança do estado foi, frequentemente, colocada acima da dos seus cidadãos e o poder tendeu a concentrar-se nas mãos do Executivo, em detrimento de outras componentes do governo. Entretanto, desde os anos 90, teve lugar um crescente processo de democratização na região criando maiores oportunidades para um papel efectivo do parlamento e da sociedade civil na governação do sector da segurança na África Ocidental. O presente seminário abordará, em primeiro lugar, os princípios gerais de supervisão parlamentar e como estes se aplicam ao contexto da África Ocidental. Subsequentemente, o enfoque será sobre as formas e áreas específicas em que os parlamentos se podem tornar mais eficazes, nomeadamente: • 70 Normas relacionadas com as boas praticas parlamentares no que diz respeito a ética e transparência; Seminário Regional • Integração da perspectiva de género na contribuição parlamentar para a agenda de segurança; • Boas práticas para a eficácia das comissões parlamentares (comissões de defesa e segurança, comissões orçamentais, etc); • Mecanismos e abordagens para uma eficaz supervisão orçamental. Objectivo Geral O objectivo do presente workshop é facilitar a troca de conhecimentos e experiências no que respeita às boas praticas parlamentares na África Ocidental, assim como adquirir perícia que conduza a uma supervisão mais eficaz do sector de segurança. Pretende-se que os participantes adquiram uma melhor compreensão relativamente ao seu papel na supervisão do sector da segurança, e às ferramentas necessárias para superar alguns dos desafios existentes. Resultado Os participantes irão identificar formas de reforçar a supervisão parlamentar na África Ocidental, mediante uma melhor compreensão e implementação das normas éticas, e aperfeiçoar a eficiência das comissões de defesa e segurança e de supervisão orçamental da região. Os procedimentos inerentes ao seminário e os textos das várias apresentações estarão ao dispor dos interessados. Organização Durante os dois dias do seminário, os diferentes temas abordados serão apresentados por parlamentares e diversos especialistas em questões da área de segurança. O evento será participativo, com especial destaque para a discussão. No último dia, os participantes irão propor diferentes soluções para os desafios identificados. Os serviços de tradução estarão disponíveis em Inglês, Francês e Português e os documentoschave serão traduzidos para as referidas línguas. Participantes Os Parlamentos dos países pertencentes à CEDEAO serão convidados a enviar uma delegação, preferencialmente composta por membros das comissões de segurança e defesa, para participar no seminário. De igual modo, elementos relevantes da sociedade civil, incluindo órgãos de comunicação social e os colaboradores no âmbito da elaboração do Guia Parlamentar da CEDEAO DCAF para a África Ocidental, tomarão parte neste evento. Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 71 Programa Terça-feira, 21 de Setembro, 2010 8:30-9:00 Registo dos Participantes 9:00-10:00 Boas Vindas e Apresentação Boas Vindas Dr Jean-Jaques GACOND, Vice-Chefe de Operações para África e Médio Oriente, DCAF Sr Martin CHUNGONG, Director da Divisão para a promoção da Democracia, IPU Ilustre Deputado Mamadou Bamba NDIAYE, Presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional do Senegal Abertura Oficial Ilustre Deputado Mamadou SECK, Presidente da Assembleia Nacional do Senegal Ilustre Deputado Mahamane OUSMANE, Presidente do Parlamento da CEDEAO 10:00-10:15 Intervalo Sessão 1. UMA ABORDAGEM GLOBAL SOBRE A SUPERVISÃO PARLAMENTAR NA ÁREA DA SEGURANÇA 10:15- 11:30 Apresentações: Supervisão Parlamentar no contexto da África Ocidental: uma visão global das realizações alcançadas e desafios enfrentados Professor Boubacar N’DIAYE, Membro da Rede Africana do Sector de Segurança Integrando uma perspectiva de género na contribuição do Parlamento para a agenda de segurança: P & R Sra Karim GRIMM, Coordenadora do Projecto sobre Género e RSS, Programas Especiais, DCAF 11:30 - 13:00 Painel 1: Ética e Transparência Parlamentares Moderador: Ilustre Deputado Mahamane OUSMANE, Presidente do Parlamento da CEDEAO Oradores: • Ilustre Deputado Mamadou Lamine THIAM, Membro do Parlamento e Administrador da Assembleia Nacional do Senegal • 13:00- 14:30 72 Ilustre Deputado Joseph GHARTEY, Membro do Parlamento e ex-ministro da Justiça e ex-Procurador-Geral do Gana Almoço Seminário Regional Sessão 2. COMISSOES DE DEFESA/SEGURANÇA E MECANISMOS PARLAMENTARES DEDICADOS AO SECTOR DE SEGURANÇA 14:30 – 15:30 Apresentações: Reforçando a supervisão parlamentar na África Austral: que lições para a África Ocidental? Ilustre Deputado Patelile HOLOMISA, Membro da Comissão Permanente do Fórum Parlamentar da SADC sobre Democracia e Governação A Contribuição da Sociedade Civil para a Governação do Sector de Segurança e sua supervisão na África Ocidental Professor Eboe HUTCHFUL, Director Executivo do Centro de Pesquisa e Diálogo sobre Segurança Africana (ASDR), Presidente da Rede Africana do Sector de Segurança (ASSN) 15:30-16:00 Painel 2: Comissões de Defesa / Segurança e Mecanismos Parlamentares Dedicados ao Sector de Segurança Moderador: Ilustre Deputado Balado MANU, Parlamento da CEDEAO, Presidente da Comissão dos Assuntos Políticos, Paz e Segurança (PAPS) Oradores: • Ilustre Deputado Bamba NDIAYE, Presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional do Senegal • Ilustre Deputado Bréhima BERIDOGO, Membro da Assembleia Nacional do Mali 16:00-16:15 Intervalo 16:15-17:15 Comissões de Defesa / Segurança e Mecanismos Parlamentares Dedicados ao Sector de Segurança (discussão) 19:30 – 21 :30 Cocktail buffet oferecido pela Embaixada da Suiça Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 73 Quarta-feira, 22 de Setembro, 2010 Resumo dos Trabalhos do Primeiro Dia e Objectivos para o Segundo Dia 9:00-9:15 Relator : Sr Okey UZOECHINA, DCAF Sessão 3. SUPERVISÃO PARLAMENTAR SOBRE O ORÇAMENTO DE SEGURANÇA 9:15-9:45 Apresentação: Boas Práticas na Orçamentação do Sector de Segurança - O Papel do Parlamento Sra Lena ANDERSSON, Consultora independente 9:45-10:15 Painel 3: Supervisão Parlamentar sobre o Processo de Orçamentação de Segurança Moderador: Ilustre Deputado Boni TESSI, Parlamento da CEDEAO, Membro da Comissão de Políticas Económicas e Controlo Orçamental Oradores: • Ilustre Deputado Laurent AKOUN, Presidente da Comissão de Defesa da Assembleia Nacional da Costa do Marfim • Ilustre Deputado Alice FOYAH, Membro da Comissão de Finanças e Desenvolvimento da Assembleia Nacional da Serra Leoa 10:15-10:30 Intervalo 10:30-11:30 Supervisão Parlamentar sobre o Processo de Orçamentação de Segurança (discussão) Sessão 4. GRUPOS DE TRABALHO E CONCLUSÕES 74 11:30-12:00 Sessão dos Grupos de Trabalho: Apresentação, objectivos e organização dos três Grupos de Trabalho. 12:00-13:30 Almoço 13:30-15:00 Grupos de Trabalho: Discussão e preparação em grupos 15:00-15:45 Apresentações pelos Grupos de Trabalho (10 Min cada, mais P&R) 15:45-16:15 Conclusão da Discussão Plenária 16:15-16:30 Intervalo 16:30-17:15 Síntese, avaliação e considerações finais 19:00 Cocktail buffet oferecido pelo Presidente da Assembleia Nacional do Senegal - Hotel Méridien Président Seminário Regional Lista de Participantes Apelido Nome Função Parlamento da CEDEAO Ousmane Mahamane Presidente do Parlamento da CEDEAO Manu Balado Presidente da Comissão de Assuntos Políticos, Paz e Segurança Tessi Boni Membro da Comissão de Políticas Económicas e Controlo Orçamental Assembleia Nacional do Senegal Thiam Ibra Der 1º Vice-Presidente Mbodji Aïssatou 3º Vice-Presidente Sow Moussa 4º Vice-Presidente Ndiaye Daour Niang Secretário Eleito Diallo Aminata Secretário Eleito Ndiaye Mamadou Bamba Presidente da Comissão de Defesa e Segurança Niang Mbaye Membro da Comissão de Defesa e Segurança Wade Doudou Membro da Comissão de Defesa e Segurança Sarr Pape Dib Membro da Comissão de Defesa e Segurança Cissé Ndèye Gaye Deputado Ndong Joseph Deputado Thiam Mamadou Lamine Deputado Diop Khoudia Conselheiro Técnico do Presidente da Assembleia Nacional Assembleia Nacional do Benin Gnonlonfoun Isidore Relator, Comissão de Defesa e Segurança Odon-Aro André Assistente Parlamentar Assembleia Nacional do Burkina Faso Konaté Tiémoko Membro da Comissão dos Negócios Estrangeiros e Defesa Dicko Agaleoue Maria-Goretti Membro da Comissão dos Adoua Negócios Estrangeiros e Defesa Endereço de email [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 75 Akoun Frondo Yao Gorgui Jadama Susso Jatta Ghartey Vesa Gomez Tumani Dicko Béridogo Traoré Mfulu Massaka 76 Assembleia Nacional da Costa do Marfim Laurent Presidente da Comissão de [email protected] Defesa e Segurança Michel Relator da Comissão de Defesa [email protected] e Segurança Jean Jacques Administrador Parlamentar para [email protected] a área da Defesa e Segurança Assembleia Nacional da Gambia Lamin Deputado [email protected] Saikou Deputado [email protected] M.E. Buba Secretário Assistente [email protected] Parlamento do Gana Joseph Deputado [email protected] Assembleia Nacional Popular da Guiné Bissau Naluak Presidente da Comissão de [email protected] Defesa Mané Secretário da Comissão de Defesa Assembleia Nacional do Mali Bourema Presidente da Comissão de [email protected] Defesa, Segurança e Protecção Civil Bréhima Deputado [email protected] Chacka Assistente Parlamentar Assembleia Provincial da República Democrática do Congo Marie-José Vice Presidente [email protected] Ndamba Musunda Baku Perfusion Deputado Franck Kalawa Charles Boyah Komba Foyah Alice Akoda Koffi Kounsoumba Takpaya Joseph Salissa Kossi Chefe de Gabinete Parlamento da Serra Leoa Presidente da Comissão de Defesa e Segurança Vice-Presidente da Comissão de Defesa e Segurança Membro da Comissão de Desenvolvimento e Finanças Assembleia Nacional do Togo Deputado Deputado Assistente Parlamentar Seminário Regional [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] Fórum Parlamentar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) Holomisa Sango Patekile Membro da Comissão [email protected] Permanente de Democracia e Governação Khuzwayo June Oficial para a área de Relações [email protected] Internacionais Rede Africana do Sector de Segurança (ASSN) Hutchful Eboe Presidente [email protected] N’Diaye Boubacar Membro da Comissão Executiva [email protected] Consultores Andersson Lena Consultora independente – lena.andersson@ Grupo de Análise dos Balcãs balkansanalysis.org Observadores Guinard Nicolas Conselheiro para a Reforma do [email protected] Sector de Segurança – Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental (UNOWA) KrammeFriedrich Representante Residente da [email protected] Stermose Fundação Friedrich Ebert -Senegal Konte Saliou Gestor de Programa - Fundação [email protected] Friedrich Ebert Pangalos Christianna Especialista na área de Politicas [email protected] (Desenvolvimento Parlamentar e Fortalecimento de Partidos Políticos) PNUD Viotti Roland Encarregado de Negocios a.i – [email protected] Embaixada da Suiça União Inter-parlamentar (IPU) Chugong Martin Director da Divisão para a [email protected] Promoção da Democracia Huizenga Rogier Director do Programa dos [email protected] Direitos Humanos Centro para o Controlo Democrático das Forças Armadas - Genebra (DCAF) Gacond Jean-Jacques Vice-Chefe da Divisão de África [email protected] e Médio Oriente Grimm Karin Coordenadora do Projecto de [email protected] Género e SSR Uzoechina Okey Representante junto da CEDEAO [email protected] Supervisão Parlamentar na Área de Segurança na África Ocidental 77