Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*
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Classificação dos Grupos Funcionais para Fins de Nomenclatura*
GRAMÁTICA Prof.: Jairo Beraldo Lista: 04 Aluno(a): _______________________________________________ Turma: ____________________________ 01. (Enem) Data: 24/03/2015 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Novas tecnologias Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado. Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento. Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados. SAMPAIO, A. S. “A microfísica do espetáculo”. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado). Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias. b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias. c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias. d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado. e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas. 03. (Enem) Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional incluem a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos. b) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais. c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo. d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição. e) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato. 02. (Enem) 04. (Enem PPL) — Ora dizeis, não é verdade? Pois o Sr. Lúcio queria esse cravo, mas vós lho não podíeis dar, porque o velho militar não tirava os olhos de vós; ora, conversando com o Sr. Lúcio, acordastes ambos que ele iria esperar um instante no jardim... MACEDO, J. M. A moreninha. Disponível em: www.dominiopublico.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (fragmento). O trecho faz parte do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Nessa parte do romance, há um diálogo entre dois personagens. A fala transcrita revela um falante que utiliza uma linguagem a) informal, com estruturas e léxico coloquiais. b) regional, com termos característicos de uma região. c) técnica, com termos de áreas específicas. d) culta, com domínio da norma padrão. e) lírica, com expressões e termos empregados em sentido figurado. A linguagem da tirinha revela a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de épocas antigas. b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais formal da língua. c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho. d) o uso de um vocabulário específico para situações comunicativas de emergência. e) a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua sorte. 1 A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas e sujas cortava-as paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem passava vincando a planície com a fita clara de sua linha campinada [...]. 07. (Ufg) No texto, além de localizar cronologicamente os acontecimentos, pode-se afirmar, quanto aos tempos verbais, que a) as formas no passado apontam para a eficácia da experiência científica. b) as vozes do verbo relacionam as informações sobre a experiência e o seu grau de importância. c) a marca de gerúndio constitui uma estratégia de polidez voltada para a autoria da pesquisa. d) a alternância presente/passado distingue os comentários da descrição da experiência. e) a ocorrência do imperfeito destaca a relevância dos procedimentos experimentais. BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras. p.175. 05. (Ueg) Com relação ao tempo narrativo, nota-se que a utilização do pretérito imperfeito a) aproxima o material narrado do universo contemporâneo do leitor. b) confere ao texto um caráter dual, que oscila entre o lírico e o metafórico. c) faz com que o tempo da narrativa se distancie, até certo ponto, do tempo do leitor. d) torna o texto mais denso de significação, na medida em que institui lacunas temporais. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e do poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com as pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para contentar os insaciáveis companheiros de D. João I. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: PREFÁCIO São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor. É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço. Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias. São as páginas despedaçadas de um livro não lido... E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios luminosos do coração de Deus. Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado. 08. (Fuvest) No contexto, o verbo “enche” indica a) habitualidade no passado. b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”. c) ideia de atemporalidade. d) presente histórico. e) anterioridade temporal em relação a “reino lusitano”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Todo o barbeiro é tagarela, e principalmente quando tem pouco que fazer; começou portanto a puxar conversa com o freguês. Foi a sua salvação e fortuna. O navio a que o marujo pertencia viajava para a Costa e ocupava-se no comércio de negros; era um dos combóis que traziam fornecimento para o Valongo, e estava pronto a largar. — Ó mestre! disse o marujo no meio da conversa, você também não é sangrador? — Sim, eu também sangro... — Pois olhe, você estava bem bom, se quisesse ir conosco... para curar 1a gente a bordo; morre-se ali que é uma praga. — 2Homem, eu da cirurgia não entendo 3muito... — Pois já não disse que sabe também sangrar? — Sim... — Então já sabe até demais. No dia seguinte 4saiu o nosso homem pela barra fora: a 6 fortuna tinha-lhe dado o meio, cumpria sabê-lo aproveitar; de oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio negreiro; restava unicamente saber fazer render a nova posição. Isso ficou por sua conta. Por um feliz acaso logo nos primeiros dias de viagem adoeceram dois marinheiros; chamou-se o médico; ele fez tudo o que sabia... sangrou os doentes, e em pouco tempo estavam bons, perfeitos. Com isto ganhou imensa reputação, e começou a ser estimado. Chegaram com feliz viagem ao seu destino; tomaram o seu carregamento de gente, e voltaram para o Rio. Graças à 5 lanceta do nosso homem, nem um só negro morreu, o que muito contribuiu para aumentar-lhe a sólida reputação de entendedor do riscado. AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120. 06. (Ufg) No prefácio, a cena enunciativa coloca o autor e o leitor em um mesmo tempo e espaço. Quais elementos linguísticos contribuem para esse efeito no diálogo? a) As vozes em terceira pessoa e a palavra “primavera”. b) Os enunciados negativos e o termo “lira”. c) As orações adversativas e o substantivo “poeta”. d) Os argumentos explicativos e o adjetivo “pobre”. e) As frases imperativas e o advérbio “agora”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: LÍQUIDO QUE NÃO RESPINGA O segredo para espalhar água num mergulho é a pressão atmosférica. 1Quando uma gota normalmente cai sobre uma superfície, ela se espalha em uma poça ondulada que se parte em respingos. Buscando controlar a ação, físicos da Universidade de Chicago liberaram gotas de álcool em uma câmara de vácuo sobre uma superfície de vidro lisa e seca e gravaram os resultados com uma câmera que fotografa 47 mil quadros por segundo. Com cerca de um sexto da pressão atmosférica normal, o respingo praticamente desapareceu; as gotas simplesmente se dissolviam sem ondulações visíveis. Os pesquisadores suspeitam que as gotas respingam porque a pressão do gás as desestabiliza. A descoberta, apresentada na reunião de março da Sociedade Americana de Física, poderia ajudar a controlar o respingo em combustíveis e impressoras a tinta. Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL. São Paulo, nº 38, jul. 2005, p. 20. 2 convenção do Partido Democrata, que começa amanhã, não navega bem em assuntos econômicos. E, no entanto, um dos principais temas dessa campanha deveria ser a crise econômica em que o país está mergulhado há mais de um ano. "O americano médio se sente duramente atingido no bolso. O dólar, que ainda é o dólar, símbolo de força e saúde econômica, perde valor a olhos vistos; a casa própria, um dos sonhos americanos, perde preço no mercado imobiliário; e o salário é corroído por uma inflação de 5,6% ao ano e pelo aumento do desemprego". Apesar do seu carisma, Obama não chega a empolgar com sua plataforma de projetos para a área econômica. Defende aumento de investimentos públicos, principalmente em infraestrutura e reformas no sistema nacional de saúde. Sua proposta de seguro-saúde universal é voltada para eleitores que não conseguem pagar um plano privado. Nos Estados Unidos, não há um sistema de atendimento a todos, como no Brasil onde, mal ou bem, o SUS funciona. Lá, um seguro para família de quatro pessoas não sai por menos de US$ 400 ao mês. Seu projeto implicaria custeio anual para o tesouro americano em torno de US$ 50 bilhões a US$ 65 bilhões. As reformas seriam financiadas por aumento de carga tributária dos americanos que ganham ao ano mais de US$ 250 mil, segmento especialmente beneficiado pelos pacotes de cortes fiscais aprovados no governo Bush em 2001 e 2003. Obama não esconde que, em dez anos, pretende aumentar a arrecadação federal em US$ 800 bilhões. (...) Apesar de contar com grande apoio dos jovens, Obama começa a perder espaço no eleitorado, que teme o aprofundamento da crise e o considera pouco preparado para lidar com os atuais problemas. Como lembra a revista The Economist, são essas as pessoas que mais estão sentindo o rigor da crise. "Os americanos cresceram em tempos de prosperidade. Eleitores jovens não se lembram de uma série de recessão, desde a última, que ocorreu no início dos anos 90." Se continuar no mesmo diapasão, a campanha democrática será incapaz de tirar proveito da crise, em grande parte criada pelo governo republicano de George Bush. E não deixa de ser irônico lembrar que o democrata Bill Clinton venceu o republicano Bush (pai) em 1992 sob o slogan "É a economia, idiota." 09. (Fuvest) Para expressar um fato que seria consequência certa de outro, pode-se usar o pretérito imperfeito do indicativo em lugar do futuro do pretérito, como ocorre na seguinte frase: a) “era um dos combóis que traziam fornecimento para o Valongo”. b) “você estava bem bom, se quisesse ir conosco”. c) “Pois já não disse que sabe também sangrar?”. d) “de oficial de barbeiro dava um salto mortal a médico de navio negreiro”. e) “logo nos primeiros dias de viagem adoeceram dois marinheiros”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Belo Horizonte, 28 de julho de 1942. Meu caro Mário, Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja muitíssima coisa que eu quero te falar (a respeito da Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me uma vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela me fez sentir. Mas é longo, não tenho o direito de tomar seu tempo e te chatear. Fernando Sabino. 10. (Fuvest) Neste trecho de uma carta de Fernando Sabino a Mário de Andrade, o emprego de linguagem informal é bem evidente em a) “se bem que haja”. b) “que acabei de ler agora”. c) “Vem-me uma vontade”. d) “tudo o que ela me fez sentir”. e) “tomar seu tempo e te chatear”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa atribulada e iluminada vida moderna. (...) Companhias de turismo deveriam criar "excursões noturnas", em que grupos de pessoas são transportados até pontos estratégicos para serem instruídos por um astrônomo sobre as maravilhas do céu noturno. Seria o nascimento do "turismo astronômico", que complementaria perfeitamente o novo turismo ecológico. E por que não? Turismo astronômico ou não, talvez a primeira impressão ao observarmos o céu noturno seja uma enorme sensação de paz, de permanência, de profunda ausência de movimento, fora um eventual avião ou mesmo um satélite distante (uma estrela que se move!). Vemos incontáveis estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações humanas. Essa visão pacata dos céus é completamente diferente da visão de um astrofísico moderno. As inocentes estrelas são verdadeiras fornalhas nucleares, produzindo uma quantidade enorme de energia a cada segundo. A morte de uma estrela modesta como o Sol, por exemplo, virá acompanhada de uma explosão que chegará até a nossa vizinhança, transformando tudo o que encontrar pela frente em poeira cósmica. (O leitor não precisa se preocupar muito. O Sol ainda produzirá energia "docilmente" por mais uns 5 bilhões de anos.) (O Estado de S. Paulo, 24.08.2008. Adaptado) 12. (Fgv) O tempo verbal em destaque na frase - "E, no entanto, um dos principais temas dessa campanha DEVERIA ser a crise econômica em que o país está mergulhado há mais de um ano". expressa, no conjunto do texto, a) ideia do autor quanto à possibilidade de amenizar as críticas feitas ao programa do candidato democrata. b) ponto de vista projetado pelo autor quanto às características assumidas pela campanha de Obama. c) crítica favorável à ideologia economicista deflagrada pela campanha do candidato democrata. d) projeção de fatos concretos, a serem realizados na área econômica, de acordo com a programação de Obama. e) concordância do autor quanto aos principais pontos da área econômica, constantes no programa do candidato. (Marcelo Gleiser, Retalhos cósmicos) 11. (Fuvest) Transpondo-se corretamente para a voz ativa a oração "para serem instruídos por um astrônomo (...)", obtém-se: a) para que sejam instruídos por um astrônomo (...). b) para um astrônomo os instruírem (...). c) para que um astrônomo lhes instruíssem (...). d) para um astrônomo instruí-los (...). e) para que fossem instruídos por um astrônomo (...). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Voltou dali a duas semanas, aceitou casa e comida sem outro estipêndio, salvo o que quisessem dar por festas. Quando meu pai foi eleito deputado e veio para o Rio de Janeiro com a família, ele veio também, e teve o seu quarto ao fundo da chácara. Um dia, reinando outra vez febres em Itaguaí, disselhe meu pai que fosse ver a nossa 1 escravatura. 9 José Dias deixou-se estar calado, suspirou e acabou confessando que não era médico. 10 Tomara este título para ajudar a propaganda da nova escola, e não o fez sem estudar muito e muito; mas a consciência não lhe permitia aceitar mais doentes. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: OBAMANOMICS Na percepção do eleitor americano médio, o candidato democrata, senador Barack Obama, a ser sacramentado na 3 - Mas, você curou das outras vezes. - Creio que sim; o mais acertado, porém, é dizer que foram os remédios indicados nos livros. Eles, sim, eles, abaixo de Deus. Eu era um charlatão... Não negue; os motivos do meu procedimento podiam ser e eram dignos; a homeopatia é a verdade, e, para servir à verdade, menti; mas é tempo de restabelecer tudo. Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não podia dispensá-lo. Tinha o dom de se fazer aceito e necessário; dava-se por falta dele, como de pessoa da família. Quando meu pai morreu, a dor que o pungiu foi enorme, disseram-me; 2 não me lembra. Minha mãe 3 ficou-lhe muito grata, e não consentiu que ele deixasse o quarto da chácara; ao sétimo dia, depois da missa, ele foi despedir-se dela. - Fique, José Dias. - Obedeço, minha senhora. Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. 8 "Esta é a melhor apólice", dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, 4 certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. 12 E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que 5 fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. 6Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que 7 a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, 11 mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo. - Abaixo ou acima? Perguntou-lhe tio Cosme um dia. - Abaixo, repetiu José Dias cheio de veneração. E minha mãe, que era religiosa, gostou de ver que ele punha Deus no devido lugar, e sorriu aprovando. José Dias agradeceu de cabeça. Minha mãe dava-lhe de quando em quando alguns cobres. Tio Cosme, que era advogado, confiava-lhe a cópia de papéis de autos. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela do seu quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus anos. Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher aos quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível. Alguns prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O amor dos quinze anos é uma brincadeira; é a última manifestação do amor às bonecas; é a tentativa da avezinha que ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que a está da fronde próxima chamando; tanto sabe a primeira o que é amar muito, como a segunda o que é voar para longe. Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma exceção no seu amor. Camilo Castelo Branco - Amor de perdição 15. (Mackenzie) "Da janela do seu quarto é que ELE A VIRA PELA PRIMEIRA VEZ". Passando-se a oração em destaque para a voz passiva analítica, a forma verbal correspondente é a) foi vista. b) havia visto. c) estava sendo visto. d) seria vista. e) fora vista. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A invasão dos blablablás O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema − e as que não falam. É uma divisão recente. Por décadas, os falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde nunca deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o cinema era um lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do lugar, vivíamos outras vidas, viajávamos por lugares desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos. Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira sem trocar uma palavra. Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...) Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. Assim como não imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar. Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros. 1No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale. 2 Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas os blablablás venceram. Tomaram conta das salas de cinema. E, sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir ao filme sem importunar ninguém. (...) Machado de Assis. Dom Casmurro. Em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1429. Acesso em 08/09/08 13. (Fgv) Na referência 5, a forma verbal fizesse indica: a) Ação eventual. b) Ação anterior à outra. c) Ação de curso garantido. d) Repetição da ação. e) Ordem, pedido para a ação. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A ameaça de uma bomba atômica está mais viva do que nunca. Os conflitos 5étnicos mataram quase 200 chineses só no mês de julho. Agora uma boa notícia: a paz mundial pode estar a caminho. Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está bem menos sangrento do que já foi. Cerca de 250 mil pessoas morrem por ano em consequência de algum conflito armado. É bem menos do que no século 20, que teve 800 mil mortes anuais em sua 2ª. metade e 3,8 milhões por ano até 1950. O que aconteceu? O psicólogo Steven Pinker 6diz que o aumento do número de democracias ajudou. Assim como a nossa saúde1: como a expectativa de vida subiu, temos mais medo de 3arriscar o pescoço. 4Até a globalização teria contribuído2: um mundo mais integrado é um mundo mais tolerante, diz Pinker. Eliane Brum revistaepoca.globo.com, 10/08/2009 Revista Superinteressante 14. (Mackenzie) Os conflitos étnicos mataram quase 200 chineses só no mês de julho. De acordo com a norma padrão, passando-se essa frase para a voz passiva analítica, a forma verbal correspondente será: a) foram mortos. b) estavam sendo mortos. c) eram mortos. d) matou-se. e) morreram. 16. (Uerj) Isso era cinema. (ref. 2) O verbo assume, nesta frase, o sentido específico de indicar um estado de coisas que durava. No entanto, ele assume o sentido específico de indicar uma mudança sem retorno na seguinte reescritura: a) Isso foi o cinema. b) Isso será o cinema. c) Isso tem sido o cinema. d) Isso teria sido o cinema. 4 a valer nessa poltrona, a mais cômoda da casa, e pensa sem rancor: Perdi o dia, mas ganhei o mundo. (Mesmo que seja por trinta segundos.) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: BEM NO FUNDO no fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto (BRITO, Paulo Henriques. "As três epifanias - III". In: BRITO, P. H. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 72-73) TEXTO III: A MARIA DOS POVOS, SUA FUTURA ESPOSA a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela - silêncio perpétuo Discreta, e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora, Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos e boca o Sol, e o dia: extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais Enquanto com gentil descortesia O ar, que fresco Adônis te namora, Te espalha a rica trança voadora, Quando vem passear-te pela fria: mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trata a toda ligeireza, E imprime em toda flor sua pisada. (LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.) Oh não aguardes, que a madura idade, Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. O poema de Paulo Leminski estrutura-se em três momentos de significação, que podem ser assim caracterizados: hipótese (1ª estrofe); decreto (2ª e 3ª estrofes); conclusão reflexiva (4ª estrofe). (MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos - Seleção de José Miguel Wisnik. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, [s.d.]) 17. (Ufrj) Nomeie o recurso formal que expressa a hipótese no primeiro momento do texto. TEXTO IV: VIVER TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Vovô ganhou mais um dia. Sentado na copa, de pijama e chinelas, enrola o primeiro cigarro e espera o gostoso café com leite. Lili, matinal como um passarinho, também espera o café com leite. Tal e qual vovô. Pois só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia a dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos... TEXTO I Na contramão dos carros ela vem pela calçada, solar e musical, para diante de um pequeno jardim, uma folhagem, na entrada de um prédio, colhe uma flor inesperada, inspira e ri, é a própria felicidade - passando a cem por hora pela janela. Ainda tento vê-la no espelho, mas é tarde, o eterno relance. Sua imagem quase embriaga, chego no trabalho e hesito, por que não posso conhecer aquilo? - a plenitude, o perfume inusitado no meio do asfalto, oculto e óbvio. Sempre minha cena favorita. Ela chegaria trazendo esquecimentos, a flor no cabelo. Eu estaria à espera, no jardim. E haveria tempo. (QUINTANA, Mário. Sapato florido. 1ª reimpressão. Porto Alegre: Editora Globo, 2005) 18. (Ufrj) Ao longo do texto I, utilizam-se dois tempos verbais. Identifique-os e justifique o emprego de cada um, considerando a experiência narrada no texto. (CASTRO, Jorge Viveiros de. De todas as únicas maneiras & outras. Rio de Janeiro: Letras, 2002. p.113) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: A identidade brasileira é construída a partir da miscigenação e da diversidade étnica, regional, sociocultural e linguística. Os textos que seguem demonstram que essa diversidade foi observada sob vários ângulos, em diferentes momentos da nossa história, positiva e/ou negativamente. TEXTO II: DE MANHÃ O hábito de estar aqui agora aos poucos substitui a compulsão de ser o tempo todo alguém ou algo. TEXTO I: Um belo dia - por algum motivo é sempre dia claro nesses casos você abre a janela, ou abre um pote Naquela terra querida, Que era sua e não era, Onde sonhara com a vida Mas nunca viver pudera, Ia morrer sem comida Aquele de cuja lida Tanta comida nascera. de pêssegos em calda, ou mesmo um livro que nunca há de ser lido até o fim e então a ideia irrompe, clara e nítida: É necessário? Não. Será possível? De modo algum. Ao menos dá prazer? Será prazer essa exigência cega (Ferreira Gullar. 1964. "João Boa-Morte, cabra marcado pra morrer". In: AGUIAR, F. (org.). 1999. Com palmos medida. Terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo, Fundação Perseu Abramo: p. 309.) a latejar na mente o tempo todo? Então por quê? E neste exato instante você por fim entende, e refestela-se TEXTO II: Os moradores desta costa do Brasil todos têm terra de sesmarias dadas e repartidas pelos capitães da terra, e a 5 primeira coisa que pretendem alcançar são escravos para lhe fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque sem eles não se podem sustentar na terra: e uma das coisas porque o Brasil não floresce muito mais, é pelos escravos que se alevantarão e fugirão para suas terras e fogem cada dia: e se esses índios não foram tão fugitivos e mutáveis, não tivera comparação a riqueza do Brasil. (GANDAVO, Pero de Magalhães. 1576. "Tratado das terras do Brasil". Lisboa. In: AGUIAR, F. (org.). 1999. Com palmos medida. Terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo, Fundação Perseu Abramo: p. 35.) 19. (Ufrj) Destaque do Texto II duas formas verbais que indicam fatos passados e estão grafadas de forma diversa à atual, apontando a ortografia agora vigente. 20. (Ufrj) Quais as formas verbais que poderiam substituir, sem prejuízo do sentido, "foram" e "tivera", na última linha do Texto II? GABARITO 01. [D] 02. [C] 03. [C] 04. [D] 05. [C] 06. [E] 07. [D] 08. [D] 09. [B] 10. [E] 11. [D] 12.[B] 13. [A] 14. [A] 15. [E] 16. [A] 17. O recurso formal que expressa a hipótese é o futuro do pretérito ("gostaria"). 18. Os tempos verbais empregados são o presente e o futuro do pretérito. O presente expressa a experiência concretizada pelo eupoético e o futuro do pretérito expressa a experiência projetada, a hipótese, o desejo. 19. "Alevantarão" e "fugirão", que indicam, no texto, tempo passado, e não futuro, atualmente grafados alevantaram e fugiram. 20. "Fossem", no primeiro caso, e "teria", "haveria" ou "houvera", no segundo. 6