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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DISTRIBUÍDA POR MEIO DE IMAGENS NDVI, NA BACIA DO RIO NEGRINHO - SC. PATRÍCIA KAZUE UDA FLORIANÓPOLIS, (SC) MARÇO/2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DISTRIBUÍDA POR MEIO DE IMAGENS NDVI, NA BACIA DO RIO NEGRINHO - SC. PATRÍCIA KAZUE UDA Trabalho apresentado como parte dos requisitos para a Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora Prof. Dra. CLÁUDIA WEBER CORSEUIL Co-orientador Prof. Dr. Masato Kobiyama FLORIANÓPOLIS, (SC) MARÇO/2010 AGRADECIMENTOS À minha família, especialmente minha mãe, pelo carinho e incansável apoio, que me permitiram chegar a esta última etapa do curso de graduação e por suas palavras sensatas, que me serviram e me servem de base para minhas escolhas e ações. Ao meu namorado, Matheus, por todo carinho e pelas palavras de conforto, apoio e incentivo. A minha orientadora Cláudia Weber Corseuil, pelos ensinamentos que me fizeram descobrir o Geoprocessamento, área pela qual descobri grande afinidade. Agradeço, também, pela confiança, apoio e oportunidade de trabalhar em sua equipe. Ao professor Masato Kobiyama, pela oportunidade de realizar este trabalho no LABHIDRO e por todas outras oportunidades que me possibilitaram um amadurecimento que tão logo será importante na esfera profissional. Agradeço. À Nadine Lory Bortolotto, pelo grande auxílio no desenvolvimento de meu trabalho, pelas horas de conversa, pelas importantes palavras de incentivo e força e por sua amizade. Ao professor Antenor de Oliveira Aguiar Netto, pelos preciosos ensinamentos, sugestões e dúvidas esclarecidas, sempre com disposição e paciência. Agradeço, também, por sua dedicação (em todos os sentidos) aos trabalhos desenvolvidos por nossa equipe no LABHIDRO. À Laís Brandão Feilstrecker, colega que auxiliou no desenvolvimento de minhas atividades e por seus incentivos. Ao Gilmar, por sua disposição em me orientar em questões de estatística e, principalmente, pela ajuda na busca de alternativas para o desenvolvimento deste trabalho. Ao colega de trabalho, Romério Júnior, pela ajuda na manipulação de dados. À Marilice Cordeiro Garrazta Azul, pela ajuda em questões de geoprocessamento. À Carla Canton Sandrin, amiga de todas as horas, que sempre me apóia. A todos que foram meus professores e que exerceram importante papel em minha formação. À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pela oportunidade e infra-estrutura disponibilizada no curso de graduação. RESUMO No ciclo hidrológico, a componente responsável por abastecer a atmosfera de água é a evapotranspiração da água de superfícies. Esta é de difícil medição e os resultados estimados correspondem a valores pontuais de localização específica, que, quando adotados para grandes regiões, podem resultar em uma estimativa errônea. Atualmente, o sensoriamento orbital e os sistemas de informações geográficas tem possibilitado que vários fenômenos sejam representados de forma espacial e podem ser uma alternativa para o cálculo de evapotranspiração em nível regional. Dentre as técnicas de sensoriamento remoto, o processamento digital de imagens pela aplicação do índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI) possibilita a extração de informações espectrais dos objetos na superfície terrestre e pode ser correlacionado a outras variáveis, para determinação de parâmetros biofísicos. Neste contexto, este estudo tem por objetivo avaliar a evapotranspiração potencial (ETP) distribuída na bacia do rio Negrinho, por meio de imagens NDVI, obtidas a partir de imagens do satélite LandSat-TM5. A bacia do rio Negrinho possui área de 195km2, está localizada no Planalto Norte de Santa Catarina e é composta por diferentes usos do solo (mata nativa, reflorestamento, áreas de cultivo, áreas urbanas, entre outros). Imagens NDVI foram geradas por meio da razão entre as bandas do vermelho e do infravermelho próximo, a partir das imagens LandSat-TM5. Para os dias 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009, dados de nove estações meteorológicas (seis localizadas no Estado do Paraná e três em Santa Catarina) foram utilizados para cálculo da ETP segundo método de Penman Modificado. Posteriormente, por meio de regressão linear, foi realizada uma relação estatística entre os dados de NDVI e de evapotranspiração pontual, possibilitando o cálculo e a representação espacial da ETP. Como resultado, obteve-se um mapa de ETP da bacia para cada data, a partir dos quais foi possível verificar que a ETP média distribuída, de acordo com o uso e ocupação do solo atual, está entre 4,26 e 5,09mm.d-1 (01 de fevereiro de 2009) e entre 2,97 e 3,60mm.d -1 (28 de agosto de 1009). Constatou-se que a vegetação tem grande influência no comportamento da evapotranspiração, visto que corresponde a mais de 75% da área da bacia. Para as áreas de reflorestamento e mata nativa, foram encontrados valores mais elevados de ETP média com 5,09 e 5,00mm.d-1 (em 01 de fevereiro) e 3,60 e 3,52mm.d -1 (em 28 de agosto), respectivamente. Constatou-se que o método aplicado obteve um bom ajuste, devido aos elevados coeficientes de determinação (r 2) das imagens NDVI versos ETP (0,9364 e 0,9193). Palavras-chave: Evapotranspiração potencial, índice de vegetação da diferença normalizada, evapotranspiração potencial distribuída. ABSTRACT In the hydrological cycle, the component responsible for supplying water to atmosphere is evapotranspiration of surfaces. The evapotranspiration is difficult to measure and its estimate correspond to specific values of specific location and when adopted for large regions, can result in an erroneous estimate. Nowadays, the orbital sensing and the Geographic Information Systems (GIS) has enabled many phenomena to be represented in a space and can be an alternative to the calculation of evapotranspiration at the regional level. Among the remote sensing techniques, the image digital processing by application of Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), allows the extraction of spectral information of objects on the surface and can be correlated with other variables to determine biophysical parameters. In this context, the objective of the present study is to evaluate the potential evapotranspiration (ETP) distributed in the Rio Negrinho river catchment, using NDVI images obtained from LandsatTM5 images. The Rio Negrinho river basin (195km2), is located on the Northern Plateau of Santa Catarina and is composed of different land uses (native forest, reforestation, agricultural areas, urban areas, among others). NDVI images were generated by calculating the ratio between the red band and the near infrared band from the Landsat-TM5 images. To February 1 and August 28, 2009, data from nine weather stations (six in the state of Paraná and three in Santa Catarina) were used to calculate ETP by Penman modified method. After, was performed a statistical relationship between the data of NDVI and evapotranspiration by linear regression, enabling the calculation and spatial representation of the ETP. One map of the ETP basin was obtained for each date and it showed that the mean ETP distributed in accordance with use and land cover is between 4.26 and 5.09 mm.d-1 (February 01, 2009) and between 2.97 and 3.60 mm.d-1 (August 28, 2009). It was found that the vegetation has great influence on the evapotranspiration, because it corresponds to more than 75% of the watershed area. The reforestation areas and the native forests showed the higher values of mean ETP: 5.09 and 5.00 mm.d-1 (01 February) and 3.60 and 3.52 mm.d -1 (28 August), respectively. The method used showed a good performance due to high coefficients of determination (r 2) of NDVI images verses ETP (0.9364 and 0.9193). Keywords: Potential evapotranspiration, Normalized Difference Vegetation Index, distributed potential evapotranspiration. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Espectro eletromagnético: principais regiões. ........................................................ 20 Figura 2. Curvas de reflectância espectral para diferentes alvos. ........................................... 22 Figura 3. Curva de reflectância característica de uma folha verde sadia ................................ 24 Figura 4. Localização da bacia hidrográfica do Rio Negrinho ............................................... 34 Figura 6. Fluxograma metodológico ..................................................................................... 39 Figura 7. Imagens LandSat-TM5 de 01/02/2009 (à esquerda) e 28/08/2009 (à direita), em composição RGB-321, da área de abrangência da bacia do rio Negrinho. ............................. 48 Figura 8. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 01/02/2009 ............ 52 Figura 9. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 28/08/2009 ............ 53 Figura 10. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 01 de fevereiro de 2009. ............... 56 Figura 11. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 28 de agosto de 2009. ................... 57 Figura 12. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de verão de 2009 .. 59 Figuras 13. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de inverno de 200959 Figura 14. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de verão de 2009 ...... 60 Figura 15. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de inverno de 2009 .. 61 Figura 16. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 01/02/2009 ................ 63 Figura 17. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 28/08/2009 ................ 64 Figura 18. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 01/02/2009 ..................... 66 Figura 19. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 28/08/2009 ..................... 67 Figura 20. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e Penman-Monteith, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009. ....................... 71 Figura 21. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e Penman-Monteith, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009. ....................... 72 Figura 22. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado, Penman-Monteith e Thornthwaite, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009.74 Figura 23. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado, Penman-Monteith e Thornthwaite, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009.74 LISTA DE TABELAS Tabela1. Balanço observado e simulado, em mm, de algumas bacias do estudo. .................. 32 Tabela 2. Temperatura média, mínima e máxima, precipitação anual e dias de chuva da zona agroecológica 3 (GUP3). ...................................................................................................... 35 Tabela 3. Umidade relativa, ocorrência de geadas, horas de frio e insolação da zona agroecológica 3 (GUP3). ...................................................................................................... 35 Tabela 4. Imagens LandSat-TM5 utilizadas. ........................................................................ 37 Tabela 5. Caraterísticas das estações meteorológicas. .......................................................... 37 Tabela 6. Intervalo espectral das bandas do sensor TM5. ..................................................... 40 Tabela 7. Valores de Gain e Offset (B) a aplicados às imagens TM5. ................................. 41 Tabela 8. Parâmetros das imagens LandSat TM5, órbita 220. .............................................. 41 Tabela 9. Duração máxima da insolação diária (N), em horas, nos meses e latitude de 10ºN a 40ºS. Os valores correspondem ao 15º dia de cada mês. ....................................................... 81 Tabela 10. Temperatura média mensal da estação de Rio Negrinho, para o ano de 2009. ..... 43 Tabela 11. Estações meteorológicas dias de dados utilizados. .............................................. 44 Tabela 12. Valores para o fator de peso (W) para o efeito da radiação na ET em diferentes temperaturas e altitudes. ....................................................................................................... 82 Tabela 13. Albedo para algumas superfícies. .................................................................... 82 Tabela 14. Radiação solar extraterrestre (mm.d-1). .............................................................. 82 Tabela 15. Pressão de saturação se vapor d’água (mmHg). .................................................. 83 Tabela 16. Uso e cobertura do solo da bacia do Rio Negrinho. ............................................ 51 Tabela 17. Valores médios de reflectância de superfície dos diferentes usos do solo das imagens LandSat – TM5, órbita 220 e ponto 78. .................................................................. 54 Tabela 18. ETP obtida das estações meteorológicas............................................................. 58 Tabela 19. ETP obtida pelo método de Thornthwaite........................................................... 61 Tabela 20. Dados de NDVI e ETP, para o dia 01 de fevereiro de 2009. ............................... 62 Tabela 21. Dados de NDVI e ETP, para o dia 28 de agosto de 2009. ................................... 63 Tabela 22. ETP em função dos diferentes usos e cobertura do solo. ..................................... 68 Tabela 23. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de verão de 2009. ...................... 69 Tabela 24. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de inverno de 2009. ................... 70 Tabela 25. Somatório mensal de ETP diária, obtida pelo método aplicado. .......................... 73 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS DHSVM - Distributed Hydrology Soil Vegetation Model ETP - Evapotranspiração Potencial ETR - Evapotranspiração Real FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization of the United Nations) FRB - Fator de Reflectância Bidirecional GPS - Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System) IAF - Índice de Área Foliar INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INMET – Instituto Nacional de Meteorologia IVP - Infravermelho Próximo IVM - Infravermelho Médio LABHIDRO – Laboratório de Hidrologia da UFSC LandSat-TM5 - Land Remote Sensing Satellite 5 - Thematic Mapper MODIS - Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer ND - Número Digital NDVI - Índice de Vegetação da Diferença Nornamlizada (Normalized Difference Vegetation Index) REM - Radiação Eletromagnética SEBAL - Surface Energy Balance Algorithm for Land SEBI - Simplified Surface Energy Balance Index SIG - Sistemas de Informação Geográfica SVAT - Soil Vegetation Atmosphere Transfer SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina WDI - Water Deficit Index METRIC - Mapping Evapotranspiration at high Resolution and with Internalized Calibration SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 13 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13 2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 13 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 14 3.1 Evapotranspiração ...................................................................................................... 14 3.1.1 Métodos de Estimativa de Evapotranspiração Pontual .......................................... 16 3.1.4 Evapotranspiração Distribuída .............................................................................. 17 3.2 Sensoriamento Remoto ............................................................................................... 18 3.2.1 Fundamentos da Observação Remota ................................................................... 18 3.2.2 Espectro eletromagnético ..................................................................................... 19 3.2.3 Características da radiação energética no espectro óptico ..................................... 20 3.2.4 Comportamento Espectral da Vegetação............................................................... 23 3.3 Processamento Digital de Imagens Multiespectrais ..................................................... 25 3.3.1 Calibração de Imagens Multiespectrais para Valores Físicos ................................ 26 3.3.2 Índices de Vegetação ............................................................................................ 29 3.4 Importância dos Estudos sobre Evapotranspiração e Estudos em Bacias Hidrográficas 31 4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 34 4.1 Caracterização da Área de Estudo ............................................................................... 34 4.2 Material ...................................................................................................................... 36 4.3 Método ....................................................................................................................... 39 4.3.1 Fluxograma Metodológico ................................................................................... 39 4.3.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais .... 40 4.3.3 Geração das imagens NDVI ................................................................................. 41 4.3.4 Método de Thornthwaite ...................................................................................... 42 4.3.5 Método de Penman-Monteith ............................................................................... 43 4.3.6 Método de Penman Modificado ............................................................................ 44 4.3.7 Relação entre os dados NDVI e ETP .................................................................... 47 4.3.8 Geração das Imagens de ETP Distribuída ............................................................. 48 4.3.9 Geração dos Mapas de Uso e Cobertura do Solo ................................................... 48 4.3.10 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP ......................................... 50 5. RESULTADOS .............................................................................................................. 51 5.1 Uso e Cobertura do Solo ............................................................................................. 51 5.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais .......... 54 5.3 Imagens NDVI ........................................................................................................... 55 5.4 Estimativa de ETP Pontual ......................................................................................... 58 5.5 Relação entre os dados NDVI e ETP........................................................................... 62 5.6 Mapas de ETP Distribuída .......................................................................................... 65 5.7 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP .................................................. 68 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 75 RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 76 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ................................................................................. 77 ANEXOS ............................................................................................................................ 81 11 1. INTRODUÇÃO O ciclo hidrológico consiste na troca constante de água entre a superfície terrestre e a atmosfera. A componente responsável por abastecer a atmosfera de água é a evapotranspiração de superfícies. A evapotranspiração é uma componente do ciclo hidrológico que apresenta grande incerteza na sua determinação. Pode ser medida através de equipamentos específicos, como lisímetros, estimada por meio de balanço hídrico ou por equações aplicando dados metereológicos. No entanto, sua medição é difícil e os resultados estimados representam valores pontuais de localização específica. Portanto, a adoção destes dados pontuais para grandes regiões pode resultar em uma estimativa errônea de evapotranspiração, devido às diferentes coberturas de solo, dentre outros fatores (FOLHES, 2007). O sensoriamento orbital e os sistemas de informações geográficas (SIGs) tem possibilitado que vários fenômenos sejam representados de forma espacial e podem ser uma alternativa para o cálculo de evapotranspiração em nível regional. Uma importante vantagem do uso de sensoriamento remoto é a possibilidade de cálculo de evapotranspiração sem a necessidade de se quantificar complexos processos hidrológicos. Comumente, a representação espacial da evapotranspiração é realizada por meio de algoritmos matemáticos que interpolam e/ou extrapolam informações pontuais obtidas em estações metereológicas (GIACOMONI & MENDES, 2008). A vegetação, por meio de interceptação, da precipitação e da evapotranspiração, tem grande influência no balanço hídrico de uma bacia hidrográfica. Desta forma, técnicas de sensoriamento remoto, juntamente com algoritmos de processamento de imagens, possibilitam a extração de dados de extensas áreas vegetadas. Como exemplo, tem-se os índices de vegetação, que são resultados de várias combinações matemáticas das reflectâncias da superfície terrestre em faixas espectrais da radiação eletromagnética, especialmente nas regiões do visível e do infravermelho próximo (LIU, 2006). A base da proposição desses índices está no comportamento antagônico da refletância da vegetação nas regiões espectrais do visível e do infravermelho próximo: em principio, quanto maior a densidade da cobertura vegetal em certa área, menor a refletância na faixa do visível (de 0,4 a 0,7 μm), devido à absorção da radiação solar pela ação dos pigmentos fotossintetizantes presentes nas folhas. Já na faixa do infravermelho próximo (0,725 a 1,10 12 μm), a refletância é maior devido ao espalhamento múltiplo da radiação eletromagnética nas diferentes camadas das folhas (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Epiphanio et al. (1996) relatam que a relação entre sensoriamento remoto e parâmetros biofísicos pode ser feita por meio da aplicação de índices de vegetação. Esses índices são medidas radiométricas adimensionais, que indicam a abundância relativa e a atividade da vegetação verde, incluindo índice de área foliar (IAF), porcentagem de cobertura de cobertura verde, teor de clorofila, biomassa verde e radiação fotossinteticamente ativa absorvida, entre outros (JENSEN, 2009). As características das plantas podem ser correlacionadas com a resposta espectral registrada em imagens provenientes de sensores remotos. Essas imagens servem como poderosas ferramentas que, quando transformadas para índices de vegetação (como imagens NDVI) e relacionadas com parâmetros físicos, como, por exemplo, a evapotranspiração, podem produzir mapas dessas variáveis para fins de planejamento e gestão dos recursos hídricos. Dentro deste contexto, a bacia do Rio Negrinho é caracterizada pelo desenvolvimento de atividades agrícolas e florestais, sendo de fundamental importância o conhecimento da evapotranspiração distribuída, uma vez que, juntamente com outros fatores, possibilitam a determinação das disponibilidades e dos déficits hídricos. Portanto, o estudo constitui uma alternativa para a estimativa espacial da evapotranspiração, justificando sua utilização para a verificação das necessidades hídricas da bacia, em função dos diferentes usos e cobertura do solo, contribuindo para o uso eficiente da água, visando uma produção sustentável. 13 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Analisar a evapotranspiração potencial distribuída, por meio de imagens NDVI na bacia do Rio Negrinho – SC. 2.2 Objetivos Específicos Determinar o NDVI da bacia do rio Negrinho, por meio de imagens de satélite multiespectrais. Avaliar a distribuição espacial da evapotranspiração potencial na bacia do rio Negrinho a partir da relação entre NDVI e ETP. Avaliar a distribuição sazonal da evapotranspiração potencial na bacia do rio Negrinho com base nas imagens NDVI determinadas em diferentes épocas do ano. Comparar os resultados obtidos pela relação entre NDVI e ETP com os estimados por Penman Modificado, Penman-Monteith e Thornthwaite. 14 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Evapotranspiração O ciclo hidrológico refere-se ao movimento da água na sua forma líquida, gasosa e sólida entre a superfície terrestre e a atmosfera. De uma maneira resumida, as componentes do ciclo hidrológico são: a precipitação, a vazão, a evapotranspiração e o armazenamento de água no solo, lagos e rios. Tanto a chuva quanto a precipitação são variáveis facilmente mensuráveis, enquanto o armazenamento e a evapotranspiração ainda requerem a utilização de métodos indiretos para sua estimativa (KAN, 2005). No ciclo hidrológico, a componente responsável por abastecer a atmosfera de água é a vaporização (evapotranspiração) da água de superfícies. Nos solos vegetados, o processo combinado de evaporação pela superfície do solo e transpiração pelas plantas é chamado de evapotranspiração (RIGHETTO, 1998). Segundo Kobiyama (2009), a evapotranspiração engloba os fenômenos físicos e fisiológicos que transformam a água precipitada em vapor, ou seja, engloba os processos de evaporação e transpiração. Portanto, a evaporação é o processo físico em que a água no estado líquido, presente na superfície do solo, nas plantas, nos cursos de água, lagos, reservatórios e mares, passa para o estado gasoso. A evaporação depende, basicamente, de quatro fatores principais: suprimento de energia externa (radiação solar), grau de saturação do ar circundante, velocidade do vento e disponibilidade de água (GIACOMONI, 2005). A transpiração é a perda da água das células vivas dos tecidos vegetais através dos estômatos (poros de respiração das plantas). Mesmo sendo um processo físico, a transpiração é o único componente de evapotranspiração sob controle fisiológico da planta. Conforme Tucci (2007), o solo, as plantas e a atmosfera podem ser entendidos como partes de um sistema fisicamente inter-relacionado e dinâmico, em que os vários processos de fluxo estão interligados. Considerando o funcionamento deste sistema, cabe ressaltar que o fluxo de água ocorre em direção ao gradiente de potencial negativo: a água movimenta-se dos pontos de maior potencial hídrico, para os de menor potencial. As diferenças de potencial, em diferentes pontos do sistema são proporcionais à resistência do fluxo. A menor resistência ao fluxo encontra-se internamente na planta, e, a maior resistência, no fluxo das folhas para a atmosfera devido à mudança do estado líquido para gasoso. A planta, através de suas raízes, retira do solo a água para suas atividades vitais e transpira pelos estômatos localizados nas 15 folhas, e a diferença total do potencial entre o solo e a atmosfera pode chegar a centenas de bares. O transporte de água das folhas até a atmosfera ocorre também através do processo de difusão de vapor. A umidade relativa, ou seja, a relação entre a tensão real e a de saturação de vapor, relaciona-se exponencialmente com o potencial hídrico. Apesar de o processo de transpiração não ser idêntico ao de evaporação, os fatores como disponibilidade de energia, demanda atmosférica e poder evaporante do ar, representados pelas variáveis climatológicas como radiação, temperatura do ar, umidade do ar e velocidade do vento também são os principais fatores que influenciam a transpiração. Além destes, fatores relativos à planta também influenciam a evapotranspiração, podendo-se citar o albedo característico da planta, o estádio de desenvolvimento e o tamanho da superfície foliar transpirante, pois quanto maior a área foliar, maior a superfície transpirante e maior o potencial para o uso de água (RIGHETTO, 1998; GIACOMONI, 2005). Para a análise e mensuração do processo de evapotranspiração, dependendo das condições da vegetação, do tamanho da área vegetada e do suprimento de água pelo solo, define-se condições bem características, tais como de evapotranspiração potencial (ETP) e evapotranspiração real (ETR) (PEREIRA, ANGELOCCI e SENTELHAS, 2002). Segundo Kobiyama (2009), a evapotranspiração potencial (ideal) é o total de água transferido para a atmosfera por evaporação e transpiração, de uma superfície extensa, coberta por vegetação e sem limitação de disponibilidade de água. Segundo Righetto (1998), a evapotranspiração potencial, corresponde à perda de água de uma superfície coberta com grama batatais em fase de crescimento ativo, bem suprida de umidade, no centro de uma área irrigada com dimensões que permitam desprezar o transporte horizontal de vapor de agua. Kobiyama (2009) e Tucci (2007) expõem que a evapotranspiração real é a quantidade de água que é transferida para a atmosfera pelos processos de evaporação e transpiração, sob características existentes da atmosfera e de disponibilidade de água no solo. Conceitualmente, a evapotranspiração real não pode exceder a evapotranspiração potencial (ETR < ETP). A estimativa da evapotranspiração é relativamente mais difícil e complexa, quando comparada a da precipitação e do escoamento superficial. Por esta razão, vários métodos foram desenvolvidos visando a sua medição e a estimativa (BRUTSAERT, 1982; PEREIRA, NOVA & SEDIYAMA, 1997). Dentre os métodos desenvolvidos, estão os que determinam a evapotranspiração de maneira pontual e distribuída. Os métodos que determinam a evapotranspiração pontualmente foram os primeiros a serem propostos e constituem-se dos procedimentos clássicos utilizados 16 para medição ou estimativa de evapotranspiração: métodos diretos (como lisímetros de pesagem, de drenagem ou medidas de umidade do solo) e métodos indiretos (como o método de Thornthwaitee, a equação de Jensen e Haise, os métodos de Penman e Penman-Montheith e o Balanço hídrico) (TUCCI, 2007). Para a estimativa da evapotranspiração distribuída, muitos modelos baseados em técnicas de sensoriamento remoto foram desenvolvidos nas últimas décadas. Alguns destes métodos serão discutidos posteriormente. 3.1.1 Métodos de Estimativa de Evapotranspiração Pontual O método de Thornthwaite foi desenvolvido em 1948, visando a estimativa da evapotranspiração potencial mensal de um gramado (posto meteorológico). Thornthwaitee baseou-se no balanço hídrico de bacias hidrográficas localizadas na região leste e central dos Estados Unidos e medições de evapotranspiração a partir de lisímetros para desenvolver seu método (que utiliza apenas a temperatura como variável independente) (PEREIRA, NOVA & SEDIYAMA, 1997; TUCCI, 2007). Em geral, este método funciona bem em climas úmidos (CAMARGO & CAMARGO, 2000). A evapotranspiração potencial mensal estimada considera um mês de 30 dias e cada dia com 12 horas de fotoperíodo. O método de Penman é considerado como o primeiro método combinado e relaciona os efeitos do balanço de energia e do poder evaporante do ar. É de natureza puramente física, embora tenha aspectos empíricos e é considerado como padrão por muitos (PEREIRA, NOVA & SEDIYAMA,1997). Esse método estima a evapotranspiração potencial diária e, comparado com outros métodos, utiliza um número grande de dados meteorológicos para seu cálculo. O método de Penman apresenta bons resultados e sua precisão depende da estimativa da radiação líquida e do fluxo de calor no solo (VESTENA, 2002). No entanto, Pereira, Nova & Sediyama (1997) citam que o método superestima a evapotranspiração em condições potenciais e que medições realizadas em lisímetro de lençol freático constante cultivado com grama (Paspalum notatum L.) apontaram uma influência das estações do ano sobre os resultados estimados por Penman, com superestimativa de menos de 10% no verão e indicaram o outono como a estação mais crítica, superestimando os valores de evapotranspiração em até 100%. Em função da quantidade de dados necessários à sua aplicação, bem como a complexidade de seus cálculos, pesquisadores alteraram este método, como Monteith e Doorenbos e Pruit, buscando simplificá-lo e aperfeiçoá-lo. Oliveira apud Vestena (2002) 17 estimaram a evapotranspiração potencial para a bacia do rio Ribeirão da Onça, no estado do Paraná, e afirma que o método de Penman modificado por Doorenbos e Pruit é o melhor método de estimativa da evapotranspiração potencial por ser mais preciso comparado com os métodos de Hamon, Thornthwaite e Blaney e Criddle, além da vantagem de estimar valores diários. Monteith aperfeiçoou o método de Penman pela introdução da representação de uma fisiologia vegetal simplificada para representar o controle da evapotranspiração pelas superfícies (KARAM & FILHO, 2006). Allen et al. (1998) recomendam o método de Penman Monteith parametrizado para grama, com 12 cm de altura, resistência aerodinâmica da superfície de 70 s.m-1 e albedo de 0,23, como o método padrão para a estimativa de evapotranspiração de referência. Após revisão de diversos métodos, chegou-se a conclusão de que o método de Penamn Monteith é o método com maior probabilidade de estimar corretamente a evapotranspiração de referência em uma ampla gama de locais e climas e pode ser aplicado em situações com dados de curto período de tempo. 3.1.4 Evapotranspiração Distribuída Como explicitado anteriormente, a evapotranspiração pode ser medida através de equipamentos específicos, como lisímetros, estimada por meio de balanço hídrico ou por dados metereológicos aplicados a equações. Porém, os métodos mais utilizados necessitam de diversos dados metereológicos e são limitados, pois estimam valores pontuais de evapotranspiração, impossibilitando uma análise em escala regional (GIACOMONI & MENDES, 2008; MENEZES et al., 2007). Recentemente, o desenvolvimento de técnicas de sensoriamento remoto orbital e os sistemas de informações geográficas (SIGs) permitiram que diversos fenômenos fossem representados de forma espacial e podem ser uma alternativa para o cálculo de evapotranspiração a nível regional (GIACOMONI & Mendes, 2008). Segundo Li e Lyons (1999), o sensoriamento remoto constitui uma abordagem adequada para estimativa de evapotranspiração para grandes áreas, por que os satélites de sensoriamento remoto são uma tecnologia capaz de fornecer parâmetros representativos como as características radiométricas da superfície, albedo e índices de vegetação consistentes globalmente e de maneira prática e economicamente viável. 18 Visando uma estimativa de evapotranspiração em escala regional mais representativa, muitos modelos foram desenvolvidos nas últimas décadas, de caráter empírico, determinístico e semi-emprírico. Dentre os métodos empíricos pode-se citar o método residual do balanço de energia, Water Deficit Index (WDI), etc. Os métodos empíricos apresentam-se simples, no entanto, necessitam grande esforço metodológico para se tornarem operacionais (FOLHES, 2007). Os métodos determinísticos baseiam-se nos processos físicos de transporte de massa e energia acoplados por meio de modelos de interação solo-planta-atmosfera, ou seja, são uma abordagem determinística, utilizada nos modelos Soil Vegetation Atmosphere Transfer (SVAT) que estimam evapotranspiração e outros processos, por meio da interação dos diferentes elementos do sistema vegetal. Estes métodos apresentam as seguintes vantagens em relação aos métodos empíricos: expressam melhor a realidade física do transporte de energia e água no sistema e simulam os fluxos de maneira continua. Porém, os modelos determinísticos freqüentemente necessitam de grande número de parâmetros de entrada e apresentam complexas interações, implicando em significativas simplificações antes de sua utilização (FOLHES, 2007). Os métodos semi-empíricos reproduzem o balanço de energia nas superfícies. Proporcionam uma fácil operacionalização das estimativas de evapotranspiração, porque possibilitam a realização de diversas simulações em curto espaço de tempo e, relativamente, com poucos dados de superfície (FOLHES, 2007). Atualmente, diversos métodos vêm sendo utilizados, como por exemplo o algoritmo SSEBI (Simplified Surface Energy Balance Index), algoritmo SEBAL (Surface Energy Balance Algorithm for Land) e o METRIC (Mapping Evapotranspiration at high Resolution and with Internalized Calibration). 3.2 Sensoriamento Remoto 3.2.1 Fundamentos da Observação Remota Novo (2008) define sensoriamento remoto como o uso conjunto de sensores, equipamentos para processamento, transmissão de dados colocados a bordo de aeronaves, espaçonaves, ou outras plataformas, com o objetivo de estudar eventos, fenômenos e 19 processos que ocorrem na superfície terrestre a partir do registro e da análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias que o compõem. Campbell (1987) conceitua sensoriamento remoto como a ciência que obtém informações da superfície terrestre à distância, por meio de imagens. Uma imagem digital é, por conseguinte, um arranjo de elementos (pixels) sob a forma de malha ou matriz, na qual cada pixel tem sua localização definida em um sistema de coordenadas e representam a intensidade (brilho) dos materiais da área correspondente ao pixel por meio de níveis de cinza ou números digitais (CRÓSTA, 1992). Cabe ressaltar que para o processo de sensoriamento acontecer, é imprescindível que entre o objeto observado e o sensor, exista algum tipo de interação. A partir disto, pode-se definir as três principais componentes de qualquer sistema de sensoriamento remoto: o sensor (por exemplo, um sensor multiespectral a bordo de um satélite), o objeto observado ( o alvo) e o fluxo energético que possibilita colocar ambos em relação. Para um sensor a bordo de um satélite em órbita, há três maneiras de se adquirir informações: (1) por reflexão da radiação solar, (2) por emissão de radiação pelo alvo, ou (3) por emissão-reflexão (sensor emite fluxo energético e capta posteriormente sua reflexão sobre a superfície terrestre). Em qualquer uma das três situações, a radiação eletromagnética é o meio pelo qual a informação é transferia do objeto observado ao sensor (CHUVIECO,2007; NOVO, 2008). 3.2.2 Espectro eletromagnético O conjunto de ondas eletromagnéticas que compõem o campo de radiação de um determinado objeto nomeia-se espectro. Para o sensoriamento remoto da superfície terrestre a principal fonte natural de energia eletromagnética é o sol (LIU, 2006). Ainda que a sucessão de valores de comprimento de onda seja contínua, comumente divide-se estes valores em uma séria de bandas, na qual a radiação eletromagnética manifesta um comportamento similar. A organização destas bandas em comprimentos ou freqüência se denomina espectro eletromagnético. Portanto, o espectro eletromagnético representa todo o conjunto de comprimentos de onda conhecidos, que vão desde os comprimentos de onda mais curtos, como os raios gama até os mais longos, como as ondas de rádio (CHUVIECO, 2007; NOVO, 2008), conforme pode ser visto na Figura 1. 20 Figura 1. Espectro eletromagnético: principais regiões. Fonte: Adaptado de NOVO (2008). Do ponto de vista do sensoriamento remoto, as bandas do espectro visível (luz visível), do infravermelho próximo, do infravermelho médio, do infravermelho térmico e das microondas são as mais freqüentemente empregadas na tecnologia atual. Segundo Liu (2006), Novo (2008) e Chuvieco (2007), isto se deve à atmosfera absorver quase toda a energia eletromagnética emitida pela radiação solar com comprimentos de onda inferiores a 0,3µm (raios X, raios gama e ultravioleta) e permitir a penetração de radiação eletromagnética com comprimentos de ondas maior que 0,3µm até a superfície terrestre. Para o presente estudo, convém destacar as bandas a serem utilizadas para a realização do mesmo: Espectro visível (0,4 a 0,7 µm): tem esta denominação por ser a única radiação eletromagnética que ao incidir no sistema visual humano, é capaz de provocar sensação de cor no cérebro e coincide com os comprimentos de onda na qual a radiação solar é máxima. Podem-se separar três bandas elementares, que, em razão das cores primárias que nossos olhos percebem, são: azul (0,4 a 0,5 µm), verde (0,5 a 0,6 µm) e vermelho (0,6 a 0,7 µm) (MOREIRA, 2001; CHUVIECO, 2007). Infravermelho próximo (0,7 a 1,3 µm): faixa espectral muito utilizada pela capacidade de distinguir massas vegetais e concentrações de umidade (CHUVIECO, 2007). 3.2.3 Características da radiação energética no espectro óptico Chuvieco (2007) denomina o domínio óptico do espectro como o grupo de comprimentos de onda diretamente dependentes da energia solar. Para estudos de 21 sensoriamento remoto é importante o entendimento da relação entre o fluxo de energia solar e a superfície terrestre. A radiação que a Terra recebe pode ser decomposta nos termos, conforme a seguir: (1) em que é o fluxo incidente sobre a superfície, transmitido e é o fluxo refletido, é o fluxo o absorvido. No entanto, é importante expressar esta equação em formas relativas: (2) Como a relação entre o fluxo refletido, transmitido e absorvido não é constante e é dependente do comprimento de onda, a Equação 2 torna-se: (3) em que é a reflectância (relação entre o fluxo incidente e refletido por uma superfície), é a absortância (relação entre o fluxo incidente e a parcela absorvida por uma superfície) e é a transmitância (relação entre o fluxo incidente e o transmitido por uma superfície). Segundo Liu (2006), a transmitância é o fenômeno em que a radiação incide em um alvo não sofre atenuação sensível na passagem. A transmitância dos objetos naturais depende das propriedades dos objetos e das faixas de onda da radiação eletromagnética. Por exemplo, a água limpa tem alta transmitância de radiação, no entanto, as folhas transmitem razoavelmente as faixas do infravermelho, mas não na faixa do visível. Qualitativamente, a reflectância é uma propriedade de um determinado objeto refletir a radiação eletromagnética sobre ele incidente e é influenciada pela sua rugosidade ou tamanho das irregularidades da superfície em relação ao comprimento de onda (LIU, 2006). A intensidade média de fluxo radiante, proveniente de todas as direções, que atinge uma determinada superfície, é chamada irradiância. Como pode ser medida para cada comprimento de onda, ou para regiões específicas do espectro eletromagnético recebe a designação E λ. A intensidade média do fluxo radiante refletido, originado de todas as intensidades provenientes de cada um dos infinitos pontos existentes na superfície, é denominada Radiância (L). Pelas mesmas razões explicitadas para irradiância, também recebe a designação λ, tornando-se Lλ (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).Pelo exposto, pode-se concluir que a reflectância 22 representa a relação entre radiância de um alvo pela sua irradiância. Nota-se que a reflectância expressa as propriedades intrínsecas dos objetos em refletir radiação eletromagnética sobre eles incidente (PONZONI, 2002). A neve apresenta reflectividade alta e constante, refletindo a maior parte da energia que recebe, dos diferentes comprimentos de onda. Já a vegetação possui um comportamento cromático (CHUVIECO, 2007). A análise conjunta destes três fenômenos, reflectância, absortância e transmitância, compõem o estudo do comportamento espectral dos alvos. Entretanto, comumente enfatiza-se a análise da reflectância dos alvos, uma vez que a maioria dos sensores atualmente disponíveis para o estudo dos recursos naturais utiliza a radiação eletromagnética refletida por eles (JÚNIOR, 2001). O gráfico que apresenta a variação da reflectância espectral de um objeto em função do comprimento de onda é chamado curva de reflectância espectral. A Figura 2 apresenta as curvas de reflectância espectral médias para as classes vegetação, solo exposto e água. Figura 2. Curvas de reflectância espectral para diferentes alvos. Fonte: Novo (2008). Cada objeto gera sua curva característica no espectro eletromagnético, que é conhecida como assinatura espectral. Geralmente, um conjunto de valores de energia em certas bandaschave em determinado objeto detectado pelos sensores de satélite é utilizado para identificar e separá-lo de outros objetos (LIU, 2006). Conforme pode ser observado na Figura 2, o solo exposto é caracterizado pelo contínuo aumento da reflectância com o aumento do comprimento de onda incidente. Já a água possui um comportamento antagônico, com baixa reflectância (<10%) para comprimentos de onda de aproximadamente 0,5µm e diminuindo em 23 todo espectro do visível, até praticamente a 0% quando incidido por comprimentos de onda de 0,8 µm. Já a vegetação possui um comportamento cromático, ou seja, tem baixos valores de reflectância na faixa do visível, altos valores no infravermelho próximo e menores valores na região do infravermelho médio. Pela análise de curvas de reflectância, como as apresentadas acima, pode ser prevista a aparência de alvos em produtos de sensoriamento remoto, como imagens orbitais ou fotografias aéreas. Esta aparência é mostrada pela tonalidade (clara ou escura) assumida pelos alvos e, dependendo do tipo de produto, ela ainda pode ser expressa pela cor e pela textura. Conclui-se, então, que o conhecimento do comportamento espectral dos alvos é fundamental para a extração de informações a partir de produtos de sensoriamento remoto (JÚNIOR, 2001). 3.2.4 Comportamento Espectral da Vegetação O estudo da interação entre radiação eletromagnética e vegetação (fenômenos de reflexão, absorção e transmissão) resulta na caracterização do comportamento espectral da vegetação, que envolve principalmente o estudo dos fatores influentes na reflexão da radiação por folhas isoladas e por dosséis de vegetação (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Apesar de sua importância, este estudo ainda oferece notáveis dificuldades como conseqüência dos múltiplos fatores que influenciam na radiância final detectada pelo sensor (CHUVIECO, 2007). De todos os elementos constituintes da vegetação, a folha é o principal quando se considera o processo de interação descrito. Para uma melhor compreensão das características de reflectância da REM incidente sobre uma folha é necessário o conhecimento de seu estado fenológico (que irá indicar sua composição química, principalmente tipo e quantidade de pigmentos fotossintetizantes), de sua forma e morfologia interna (distribuição e quantidade de tecidos, espaços intercelulares, etc) e de seu conteúdo de umidade (PONZONI, 2002; CHUVIECO, 2007). Para um melhor entendimento do comportamento espectral da vegetação, a curva de reflectância característica de uma folha verde sadia é mostrada na Figura 3. 24 Figura 3. Curva de reflectância característica de uma folha verde sadia. Fonte: Novo (2008). Os principais aspectos relacionados ao comportamento espectral da folha, em relação a três regiões espectrais são: Região do visível (0,4 a 0,7 µm): zona com cerca de 90% de absorção da radiação, em que os pigmentos existentes nas folhas dominam a reflectância espectral. Estes pigmentos, geralmente encontrados nos cloroplastos são: clorofila (65%), carotenos (6%), e xantofilas (29%). A proporção destes pigmentos nas folhas pode variar grandemente de espécie para espécie. Todos estes pigmentos absorvem na banda do espectro em torno de 0,445 µm (região do azul), particularmente, a clorofila absorve a banda do espectro em torno de 0,645 µm (região do vermelho), na região do espectro em torno de 0,55 µm há uma menor absorção, ocasionando um pico de refletividade que coincide com a banda do verde do espectro visível e causa a cor que percebemos como de vegetação vigorosa (LIU, 2006, PONZONI, 2002; CHUVIECO, 2007; PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Região do infravermelho próximo (0,7 a 1,3 µm): caracterizada por uma absorção pequena da radiação e considerável espalhamento interno na folha, ocasionando alta reflectância no intervalo de 0,7 a 1,3 µm. A absorção da água líquida é geralmente baixa nessa região e a reflectância é aproximadamente constante. A alta reflectância se deve a estrutura celular interna das folhas, principalmente à camada esponjosa do mesófilo, que com suas cavidades de ar internas espalha a maior parte da radiação nesta região. Por isso, a folha sadia tem alta refletância na região do 25 infravermelho próximo, em evidente contraste com a baixa reflectância na faixa do visível, especialmente na banda do vermelho (PONZONI, 2002; CHUVIECO, 2007). Região do infravermelho médio (1,3 a 3,2 µm): a absorção devido à água líquida é evidente, provocando grande redução da reflectância espectral da vegetação. A água absorve consideravelmente a REM incidente na região espectral compreendida entre 1300 nm a 2000 nm. Considerando a água líquida, há uma reflectância geralmente pequena (menor que 10% para um ângulo de incidência de 65 o e, menor que 5%, para um ângulo de incidência de 20o) na região em torno de 2000 nm. Pontualmente, a absorção da água se dá em 1100 nm; 1450 nm; 1950 nm; 2700 nm e 6300 nm (CHUVIECO, 2007; PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Considerando o nível de coleta de dados em laboratório comumente são consideradas as folhas, partes de plantas, das quais são extraídos dados com o objetivo de caracterizar espectralmente fenômenos e/ou aspectos relacionados ao processo de interação entre a radiação eletromagnética e a vegetação (PONZONI, 2002). No entanto, o sensor de um satélite não mede somente folhas isoladas, mas sim agrupamento de folhas, que formam dosséis (dosséis de florestas, culturas agrícolas, formações vegetais de porte herbáceo, etc). Isto implica que, além dos fatores que controlam a reflectância das folhas, deve-se considerar as características morfológicas das plantas: altura, perfil, grau de cobertura do solo, índice de área foliar (IAF), etc, que provocam uma notável modificação no seu comportamento reflectivo. Outro grupo de fatores a ser considerado está relacionado com a situação geográfica das plantas: declividades, orientações, associações com outras espécies, geometria da plantação, etc (CHUVIECO, 2007; PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Apesar da complexidade, estes fatores possibilitam orientar estudos científicos de vegetação a partir de sensores espaciais. Diversos estudos apontam que o contraste mais nítido na reflectividade espectral na vegetação sadia se constrói entre as bandas do visível e do infravermelho próximo. O que leva a se considerar, como princípio genérico, que quanto maior o contraste entre estas duas bandas, maior o vigor da vegetação e mais clara a sua discriminação frente a outros tipos de alvos. Este comportamento espectral teórico tem servido de base para obter uma série de índices de vegetação, que tem por base o contraste entre bandas do infravermelho próximo e do vermelho visível (CHUVIECO, 2007). 3.3 Processamento Digital de Imagens Multiespectrais 26 3.3.1 Calibração de Imagens Multiespectrais para Valores Físicos A resolução radiométrica de uma imagem de satélite pode ser conceituada como “a sensibilidade de um detector de sensoriamento remoto a diferenças na potência do sinal à medida que registra o fluxo radiante refletido, emitido ou retroespalhado pelo terreno” (JENSEN, 2009). Esta resolução determina o número de níveis de sinal claramente discriminados pelo sensor. Assim, valores dos pixels em imagens de satélite normalmente expressam a quantidade de energia radiante recebida do sensor na forma de valores relativos não calibrados, simplesmente chamados de números digitais (NDs) (EASTMAN, 2006). Cada sensor possui seu próprio critério para identificar os valores de radiância medidos na escala de sua resolução radiométrica (8 bits, 16 bits, etc), em suas respectivas bandas espectrais. Ponzoni & Shimabokuro (2007), afirmam que mesmo as imagens de um respectivo sensor, em diferentes bandas, não apresentam necessariamente compatibilidade entre os NDs. Portanto, um valor de ND em duas imagens em diferentes bandas espectrais não está em mesma escala de cinza. Isso resulta na impossibilidade de comparação entre NDs de distintos sensores e entre diferentes bandas de um mesmo sensor. Como solução a este obstáculo, está a conversão dos NDs para valores físicos (de radiância ou reflectância). A partir do conhecimento de algumas características, tanto do sensor que gera as imagens, quanto das condições ambientais nas quais as mesmas foram geradas, pode ser feita esta conversão por meio de algoritmos desenvolvidos para o processamento das imagens de satélite. A conversão dos NDs para valores de radiância aparente permite que os dados contidos nas diferentes bandas espectrais de um mesmo sensor ou de sensores diferentes possam ser comparados entre si. No entanto, ela passa a não ser um parâmetro mais apropriado para avaliações das propriedades espectrais de objetos em função de ser um parâmetro radiométrico condicionado à intensidade de energia radiada pela fonte. Utiliza-se então, valores de reflectância, representada por fatores de reflectância (Fator de Reflectância Espectral aparente – FRB aparente). Markham e Barker, em 1986, propuseram um método para transformação de ND para FRBaparente. Primeiramente, os NDs são convertidos para valores de Radiância Bidirecional aparente, usando os parâmetros de calibração do sensor. Normalmente, os sensores são calibrados de modo que haja uma relação linear entre o ND e radiância espectral. Esta função linear é normalmente descrita por três parâmetros: o 27 intervalo de valores de ND da imagem, a radiância espectral mínima (Lmin) e a radiância espectral máxima (Lmax) medidas por um detector sobre o comprimento da banda espectral. Lmin é a radiância espectral correspondente ao mínimo valor de DN (normalmente 0). L max é a radiância correspondente ao ND máximo (exemplo, 255). Não só cada sensor, mas cada banda dentro do mesmo sensor tem a sua própria L min e Lmax. As informações sobre os parâmetros de calibração do sensor são normalmente fornecidas com os dados das imagens ou estão disponíveis na internet (EASTMAN, 2006). A equação abaixo representa a conversão de ND para Radiância Bidirecional aparente: (4) em que é Radiância Bidirecional aparente; a radiância espectral máxima, radiométrica do sensor) e é a radiância espectral mínima; é é o número digital máximo (depende da resolução é o número digital a ser convertido. Alternativamente, a calibração do sensor pode ser expressa sob a forma de offset e ganho. Neste caso, a radiação pode ser calculada como: (5) em que é Radiância Bidirecional aparente; é o número digital a ser convertido; refere-se a uma quantidade em valores de suficiente para compensar a chamada corrente escura do detector, ou seja, para compensar a resposta do detector mesmo quando este não receber qualquer quantidade de radiação incidente e refere-se a um valor de ganho normalmente ajustado para impedir que o valor medido sature positivamente quando observa objetos claros, e negativamente quando observa objetos escuros. Por fim, os valores de Radiância Bidirecional aparente são utilizados para determinação do Fator de Reflectância Bidirecional aparente (FRB aparente): (6) em que é o FRB aparente; Terra em unidades astronômicas; é o ângulo solar zenital. é Radiância Bidirecional aparente; é a distância Sol- é a irradiância média do sol no topo da atmosfera e 28 Apesar da conversão de ND para FRB aparente, ainda não é possível a caracterização espectral de um objeto existente na superfície terrestre, devido aos efeitos da atmosfera interferir nos valores de FRB aparente. Para que tal caracterização seja possível, é necessária a eliminação ou minimização dos efeitos da atmosfera sobre os valores de FRB aparente. A atmosfera pode afetar a natureza das imagens de sensoriamento remoto de várias maneiras. Em nível molecular, os gases atmosféricos causam a dispersão, que afeta progressivamente comprimentos de onda mais curtos (o que faz, por exemplo, o céu parecer azul). Além disso, os principais componentes atmosféricos, como oxigênio, dióxido de carbono, ozônio e vapor de água (especialmente os dois últimos) causam absorção da energia em comprimentos de onda selecionados. Partículas de Aerossol (suspensão gasosa de partículas finas sólidas ou líquidas) são os principais determinantes da neblina, e afetam nãoseletivamente (isto é, afetam igualmente todos os comprimentos de onda) (EASTMAN, 2006). De maneira prática, Novo (2008) afirma que os efeitos da atmosfera sobre as imagens de sensoriamento remoto são a redução do contraste entre os objetos de uma dada cena, a redução da possibilidade de detecção de pequenos objetos dentro de uma cena, ou de distinção entre objetos que apresentem pequenas variações na intensidade de sinal. Um método comumente utilizado para se efetuar a correção atmosférica de imagens de sensoriamento remoto é a Correção Atmosférica pela Subtração do Pixel Escuro (ou Dark Object Subtraction-DOS), proposto por Chavez, em 1988. É considerado um método de fácil aplicação, já que dependente somente de dados da própria imagem. A Correção Atmosférica pelo pixel escuro adota a hipótese de que em toda e qualquer cena e em qualquer banda espectral existam pixels que deveriam assumir o valor "0" (seja nas imagens originais com NDs, quanto naquelas já convertidas para FRB aparente). Alguns pixels poderiam assumir valor “0” devido ao não recebimento de radiação incidente (sombras na região do visível, por exemplo), ou devido à completa absorção da radiação incidente (como corpos d'agua límpida nas regiões do infravermelho próximo e médio). Então, são determinados valores de ND ou de FRB aparente para serem subtraídos de todos os NDs ou FRBs aparentes de toda a cena (PONZONI & SHIMABOKURO, 2007). Uma das principais criticas à aplicação desse método para proceder a correção atmosférica de dados orbitais, além dessa homogeneidade assumida da influência atmosférica para toda a cena, refere-se ao fato de que a correção considera somente o fenômeno de espalhamento da atmosfera, desprezando completamente o de absorção. 29 3.3.2 Índices de Vegetação Novo (2008) expõe que a correção dos efeitos atmosféricos é importante em três casos específicos: i) quando o usuário quer recuperar/conhecer o valor da refletância, da emitância ou do retro-espalhamento do alvo estudado, para poder utilizar estes valores em modelos empíricos ou teóricos; ii) quando o usuário deseja comparar imagens de diferentes datas em termos das propriedades dos objetos na cena; iii) quando o usuário precisa utilizar algoritmos que se baseiem em operações aritméticas entre bandas (como a utilização de imagens NDVI). Segundo Liu (2006), nas aplicações de sensoriamento remoto, cientistas desenvolveram os índices de vegetação para monitorar e quantificar as condições e distribuições espaciais das vegetações, usando os dados de refletâncias espectrais da radiação eletromagnética. Os índices de vegetação são resultados das várias combinações matemáticas das refletâncias em varias faixas espectrais da radiação eletromagnética, especialmente nas regiões do visível e do infravermelho próximo (LIU, 2006). A base da proposição desses índices apóia-se no comportamento antagônico da refletância da vegetação nas regiões espectrais do visível e do infravermelho próximo: em principio, quanto maior a densidade da cobertura vegetal em certa área, menor a refletância na faixa do visível (de 0,4 a 0,7μm) devido à absorção da radiação solar pela ação dos pigmentos fotossintetizantes presentes nas folhas. Já na faixa do infravermelho próximo (0,725 a 1,10 μm), maior a refletância devido ao espalhamento múltiplo da radiação eletromagnética nas diferentes camadas de folhas (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Basicamente, o objetivo da aplicação dos índices de vegetação visa condensar as informações espectrais dos alvos e realçar o que é vegetação do que não é vegetação, avaliar as condições de crescimento das culturas, verificar a ocorrência de doenças, pragas, secas e geadas, e diversos eventos catastróficos meteorológicos (LIU, 2006). As aplicações de índices de vegetação no monitoramento e na discriminação de usos do solo na superfície terrestre têm varias vantagens, como por exemplo: a) os dados compactos de índices de vegetação são calculados com os dados de refletâncias das várias faixas espectrais da energia de radiação eletromagnética; b) os valores relativos compensam a variação de intensidade da radiação; c) minimizam ou corrigem parcialmente fatores que influenciam os valores de refletância da vegetação, como os efeitos das variações locais das condições atmosféricas (efeitos de iluminação da cena) e das variações de ângulo de visada de sensores e ângulos 30 solares (geometria de aquisição), considerando se esses efeitos na variação da refletância recebida pelos sensores nas bandas que compõem os índices são da mesma magnitude (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007; LIU, 2006). Índice de Vegetação da Diferença Normalizada O índice de vegetação da diferença normalizada (Normalized Different Vegetation Index - NDVI) foi proposto por Rouse et al., em 1973. O NDVI é calculado pela diferença de refletância entre a faixa de infra-vermelho próximo (NIR) e a do vermelho visível (VIS). Essa diferença é normalizada pela divisão da soma das faixas de NIR e VIS (LIU, 2006). Neste índice, é incluída especificamente a região do vermelho, em substituição a de toda região do visível, devido a maior absorção da radiação eletromagnética pela clorofila para a faixa espectral do vermelho em relação às demais. Em adição, esta faixa espectral tem a vantagem de corresponder a de maior comprimento de onda na faixa do visível, pois, quanto menor o comprimento de onda, maior a interferência da atmosfera. Portanto, privilegia-se a região do vermelho em detrimento a do azul e a do verde (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). A equação geral é representada pela Equação abaixo. (7) em que NDVI é o índice de vegetação da diferença normalizada; NIR é a refletância da faixa de infravermelho próximo (0,725 a 1,10 μm); VIS é a refletância da faixa de vermelho visível (0,63 a 0,7 μm). Liu (2006) e Shimabukuro et al (2007) explicam que por ser resultado da combinação de duas bandas, o NDVI encobre parcialmente os efeitos da presença dos constituintes atmosféricos, minimizando os efeitos da atenuação atmosférica em imagens multi-temporais. E por causa da normalização, os efeitos das variações de ângulos solares e ângulo de visada dos sensores também são minimizados. Pela sua formulação, é nítida a possibilidade de cálculo a partir de dados das regiões do vermelho e do infravermelho próximo provenientes de qualquer sensor. Em função das resoluções espectral e radiométrica do sensor utilizado, os valores de NDVI mostrarão características e dinâmicas próprias, ou seja, é de suma importância observar as características espectrais e radiométricas do sensor do qual se extrai os dados para o cálculo deste índice (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). 31 EPIPHANIO et al. (1996) relatam que a relação entre sensoriamento remoto e os parâmetros biofísicos dos objetos da superfície terrestre pode ser feita através da aplicação de índices de vegetação. Dalposso et al. (2009) estudaram o comportamento espectral da biomassa da soja em 36 municípios da região Oeste do Paraná a partir da análise da autocorrelação espacial do índice NDVI de dados referentes a refletância de superfície das imagens do sensor TM. Como resultados, obtiveram mapas de NDVI relacionados a índices estatísticos que possibilitaram a identificação do estádio de desenvolvimento das culturas e podem ser utilizados para um melhor planejamento do momento de plantio, evitando sobrecargas de abastecimento. Schirmbeck et al. (2009), propuseram uma parametrização para aplicação do modelo Penman-Monteith ajustada ao sensoriamento remoto, para estimativa da evapotranspiração distribuída na área de ocorrência do Sistema Aqüífero Guarani, no estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, utilizaram imagens NDVI, obtidas a partir de imagens MODIS, para estimativa da temperatura de superfície (parâmetro de entrada do modelo). Os resultados obtidos pelos autores demonstraram que o modelo é consistente e possibilita a obtenção da distribuição espacial da evapotranspiração em grandes áreas com uma reduzida quantidade de informações de terreno. 3.4 Importância dos Estudos sobre Evapotranspiração e Estudos em Bacias Hidrográficas Brutsaert (2005) afirma que em termos de quantidade de água transportada em bacias globais, a evapotranspiração é o segundo componente mais importante do ciclo hidrológico, depois de precipitação. A climatologia geral do ciclo hidrológico indica que sobre a superfície da Terra a quantidade média de evapotranspiração corresponde a, aproximadamente, 60 a 65% da precipitação média. Mello et al. (2004) verificaram uma porcentagem, em relação ao balanço hídrico anual, de 51,6% de evapotranspiração para uma bacia hidrográfica com grande parte de sua superfície ocupada por braquiária (Brachiaria decumbens), com a presença de eucalipto (Eucaliptus grandi) e vegetação típica de várzea. Kobiyama & Chaffe (2008) realizaram um estudo para avaliar o balanço hídrico e analisar a evapotranspiração na bacia do rio Cubatão-Sul, com área de 403,83 km2, no estado 32 de Santa Catarina. Esta bacia é de suma importância para a irrigação e suprimento de água potável para a Região da Grande Florianópolis. As análises foram realizadas com dados de uma estação hidrometeorológica referentes ao período de 1977 a 1994 e a evapotranspiração foi estimada através do modelo hidrológico concentrado HYCYMODEL e dos métodos do balanço hídrico simplificado, de Hamon, de Penman modificado, de Blaney e Criddle e de Thornthwaite. Os autores constataram que a evapotranspiração real chega a 44% do balanço hídrico anual. Ainda explicitam que, além de o cultivo extensivo de terra ter aumentado, devido ao crescimento populacional, o ambiente vem sendo degradado devido ao mau planejamento do uso do solo. Por conseguinte, há uma demanda social para as pesquisas de evapotranspiração em nível de bacia hidrográfica para quantificar a água e os impactos aos recursos ambientais. Portanto, o estudo realizado por Kobiyama e Chaffe & vem a contribuir para o estabelecimento de estratégias de manejo dos recursos hídricos e para orientações relativas ao uso do solo na bacia do rio Cubatão-Sul. Pineda (2008) realizou um estudo observacional e de modelagem hidrológica na Reserva Biológica do Rio Cuieiras, 60km a noroeste de Manaus, na micro-bacia do Igarapé Asu. Para a modelagem hidrológica foram utilizados dois modelos, dentre os quais, o DHSVM (Distributed Hydrology Soil Vegetation Model), um modelo hidrológico físicodistribuído. A evapotranspiração simulada pelo DHSVM foi bastante similar à série de evapotranspiração medida na região, conforme se observa na Tabela 1: Tabela1. Balanço observado e simulado, em mm, de algumas bacias do estudo. 3a Ordem 1a Ordem Dez/2004 – Out/2006 Mai/2005 – Out/2006 Observado DHSVM Observado DHSVM 3291,00 2845,20 Precipitação 1714,82 19854,26 1543,30 1890,25 Evapotranspiração 2001,30 2222,38 1449,41 624,26 Escoamento -425,12 885,64 -147,51 330,69 Armazenamento Fonte: adaptado de Pineda (2008). Bacia Período Assim, observou-se que a estimativa da evapotranspiração chegou a um valor de até 66,4% em relação ao total precipitado. A autora escolheu o uso de modelos distribuídos para obter uma melhor representação dos processos hidrológicos e do cálculo da evapotranspiração em modelos de interação superfície vegetada-atmosfera. Meireles (2007) estimou a evapotranspiração distribuída horária e diária na bacia hidrográfica do Acaraú, no estado do Ceará. A partir de uma imagem LandSat 5 TM, datada de 01 de setembro de 2004, foi analisado o comportamento da evapotranspiração nos 33 reservatórios Jaibaras, Paulo Sarasate, Edson Queiroz e Forquilha e na região que abrange o Perímetro de Irrigação Araras Norte. Para tanto, o autor aplicou o modelo SEBAL (Surface Energy Balance Algorithm for Land), o qual estima a evapotranspiração distribuída horária e diária como um residual do balanço de energia, e tem como dados de entrada, além de outros, imagens NDVI. Os resultados obtidos apontaram as maiores taxas de evaporação nas regiões de superfície líquida dos açudes, correspondendo a 7,5mm.d-1, além da influência da perenização dos cursos de água na umidade do solo das margens, pois percebeu-se em alguns intervalos da zona ripária valores de NDVI e de evapotranspiração diária semelhantes aos observados nas áreas irrigadas. O autor ainda evidencia um grande potencial no emprego do algoritmo SEBAL em estudos de desertificação, alterações na vegetação e uso da terra em escala de bacias hidrográficas, visto que a identificação de alterações de espécies pode ocorrer pelo estudo das cartas de evapotranspiração. Portanto, a partir dos estudos citados, pode-se verificar que informações quantitativas do processo de evapotranspiração constituem importante fase do ciclo hidrológico e são utilizadas na resolução de diversos problemas que envolvem o manejo de água. Dentre as utilidades apresentadas, a evapotranspiração é freqüentemente adotada como a quantidade de água necessária ao abastecimento no desenho de esquemas de irrigação, ou seja, é utilizada no planejamento de áreas agrícolas para plantio irrigado e de sequeira e a quantidade e a taxa de evapotranspiração são as informações requeridas para o projeto de reservatórios de água para a geração de energia e abastecimento municipal e industrial, irrigação de regiões de agricultura e até mesmo recreação (BRUTASET, 1992; TUCCI, 2007). 34 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Caracterização da Área de Estudo A área de estudo é constituída pela bacia hidrográfica do Rio Negrinho, com área de 195,09 km2, está localizada no Planalto Norte Catarinense, próximo à divisa com o estado do Paraná, entre as longitudes 49°19’54”W e 49°31’22”W e as latitudes 26°14’45”S e 26°25’31”S. Esta bacia abrange as cidades de Rio Negrinho, São Bento do Sul e Corupá (Figura 4). Brasil Figura 4. Localização da bacia hidrográfica do Rio Negrinho. 35 A bacia está inserida na Zona Agroecológica 3B. Esta zona é classificada como de clima Cfb, segundo Köeppen, ou seja, clima temperado constantemente úmido, sem estação seca, com verão fresco (temperatura média do mês mais quente < 22,0°C). O clima é mesotérmico brando (temperatura do mês mais frio entre 10 e 15°C), com isoterma do mês mais frio entre 11,5°C e 13,0°C, ficando inserida, desta forma, na GUP 3 como está apresentado nas Tabelas 2 e 3 (EPAGRI/CIRAM, 2009). Tabela 2. Temperatura média, mínima e máxima, precipitação anual e dias de chuva da zona agroecológica 3 (GUP3). Temperatura (oC) GUP Zona 3 B Média 15,5 a 17,0 Máxima Mínima Precipitação (mm/ano) 26,6 a 24,0 10,8 a 11,8 1360 a 1670 Dias de chuva 138 a 164 Fonte: EPAGRI/CIRAM (2009) Tabela 3. Umidade relativa, ocorrência de geadas, horas de frio e insolação da zona agroecológica 3 (GUP3). Horas de frio Umidade Geadas Insolação Abril a outubro GUP Zona Relativa (ocorrência) (horas/ano) (%) <7,2 oC <13,0 oC 3 B 80,0 a 86,2 5,4 a 14,0 437 a 642 1653 a 2231 1413 a 1413 Fonte: EPAGRI/CIRAM (2009) A temperatura média anual varia de 15,5 a 17,0°C. A temperatura média das máximas varia de 24,0 a 26,6°C, e das mínimas de 10,8 a 11,8°C. As horas de frio abaixo ou iguais a 7,2°C variam de 437 a 642 horas acumuladas por ano. A insolação total anual varia de 1.413 a 1.613 horas. A precipitação pluviométrica total anual pode variar de 1.360 a 1.670 mm, com o total anual de dias de chuva entre 138 e 164 dias. A umidade relativa do ar pode variar de 80,0 a 86,2% (EPAGRI/CIRAM, 2009). A área de estudo localiza-se na região de predominância da Floresta Ombrófila Mista. Esta formação é caracterizada por possuir o pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia) como espécie dominante (Klein, 1978). Este tipo de formação é constituída de submatas composta por árvores características nas diferentes áreas de ocorrência. Nessa submata predominam a imbuia (Ocotea porosa) e a Sapopema (Sloanea lasicoma). Já na sinusita das árvores predomina a erva-mate (Ilex paraguriensis). Essas características imprimem uma fisionomia própria da mata dos pinhais, pertencente a essa região no Estado Catarinense (Klein, 1978). 36 A paisagem da região está bastante descaracterizada, devido a substituição da floresta original por áreas de pastagem, cultivos anuais e plantios de Pinus sp, sendo este último, a formação dominante e que impulsiona o mercado da região. Atualmente, restam pequenos fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, alguns conectados a corredores ciliares remanescentes e outros ocorrendo de forma isolada (SANTA CATARINA, 1986). A cobertura original da região está inserida na transição entre as unidades fitogeográficas da Floresta Ombrófila Mista (floresta com araucária) e Floresta Ombrófila Densa (floresta atlântica), ambas pertencentes ao bioma Mata Atlântica (EMBRAPA, 2004). A Floresta Ombrófila Mista se estabelece, geralmente, em altitudes superiores a 500 m, onde as chuvas são bem distribuídas ao longo do ano, sem períodos de seca e com temperatura média anual amena, com quatro a seis meses de frio (temperatura média de 15ºC) e, com no máximo seis meses quentes (temperatura média de 20ºC). A composição florística é muito influenciada pelas baixas temperaturas e pela ocorrência de geadas no inverno (Roderjan et al., 2002; Santa Catarina, 1986; EMBRAPA, 2004). Na região, atualmente, a cobertura florestal original é composta predominantemente por formações secundárias, em estágio de regeneração, devido ao corte seletivo de araucária (Araucaria angustifolia), imbuia (Ocotea porosa) e cedro (Cedrella fissilis) e ao corte raso de outras espécies, que ocorreram nas décadas de 1960 e 1970. 4.2 Material Para o processamento e análise dos dados foram utilizados os programas computacionais Idrisi Andes (EASTMAN, 2006), SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas), versão 5.0.4 e Microsoft Office Excel. Para coleta dos pontos de controle e, conseqüentemente, para elaboração dos mapas de uso e cobertura do solo, foi utilizado o Receptor GPS Garmim, modelo Map 76CSx. No estudo, foram utilizadas imagens do satélite LandSat-TM5, listadas na Tabela 4, com resolução radiométrica de 8bits (256 níveis de cinza), resolução espectral com três bandas cobrindo a região do espectro visível (bandas 1, 2 e 3), uma banda cobrindo o infravermelho próximo - IVP (banda 4), duas bandas cobrindo o infravermelho médio – IVM (bandas 5 e 7) e data de passagem do satélite a cada 16 dias. Essas imagens foram obtidas gratuitamente pelo site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais http://www.dgi.inpe.br/CDSR. – INPE. 37 Tabela 4. Imagens LandSat-TM5 utilizadas. Órbita 220 220 220 220 Data Ponto 78 79 78 79 Dia 01 01 28 28 Mês 02 02 08 08 Ano 2009 2009 2009 2009 Resolução Espacial 30m 30m 30m 30m Os dados meteorológicos foram obtidos de nove estações, sendo três, localizadas no Estado do Paraná e seis, em Santa Catarina (Tabela 5 e Figura 5). Os dados meteorológicos utilizados foram: temperaturas média, máxima e mínima do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação. Tabela 5. Caraterísticas das estações meteorológicas. Altitude Latitude Longitude Dias de dados utilizados (m) Respon -sável Curitiba A807 Florianópolis A806 Ilha do Mel A847 Indaial A817 25,4486°S 49,2300°W 923,5 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET 27,600°S 48,6166°W 1,8 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET 25,4945°S 48,3259°W 1,0 01/02/2009 INMET 26,9164°S 49.2685°W 86,13 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET Itapoá A851 26,0813°S 48,6417°W 2,0 01/02/2009 INMET 27,4183°S 49,6467°W 4,84 01/02/2009 INMET 25,5090°S 48,8087°W 59,0 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET Rio dos Bugres 26,2569°S 49,5305°W 810,0 01/02/2009 e 31/12/2009 UFSC Rio Negrinho A862 26°2485°S 49°5806°W 869 01/01/2009 a 20/03/2009 e 21/06/2009 a 22/09/2009 INMET Estação Ituporanga A863 Morretes A873 38 Figura 5. Localização das estações meteorológicas. 39 4.3 Método 4.3.1 Fluxograma Metodológico A Figura 6 apresenta o fluxograma com o resumo das principais etapas utilizadas para a geração das imagens NDVI; os métodos de obtenção de ETP pontuais, método de obtenção da ETP distribuída; comparação entre os métodos. Áreas de Estudo Aquisição de Dados Imagens Multiespectrais Dados Monitorados Método de Penman- Monteith Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica Método de Thornthwaite Método de Penman Modificado Imagens NDVI Relação NDVI x ETP Comparação Imagens de ETP Distribuída Mapas de Uso e Cobertura do Solo Análise da Distribuição Espacial da ETP Aplicabilidade do Método Figura 6. Fluxograma metodológico. 40 4.3.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais A calibração radiométrica e a correção dos efeitos atmosféricos foi realizada com o objetivo de reduzir as distorções acarretadas pela defasagem dos sensores e obter valores físicos de reflectância dos objetos nas imagens de forma mais fidedigna, para posterior obtenção do índice de vegetação. A calibração radiométrica e a correção atmosférica das imagens foram realizadas no software Idrisi Andes, utilizando-se o modelo Cos(t), propsoto por Chavez (1996) apud Eastman (2006). O modelo utiliza as equações propostas por Markham e Barker (1986) apud Eastman (2006), para a conversão dos NDs para fator de reflectância bidirecional aparente (FRB) e o método da subtração do pixel escuro para a remoção de névoa. O Cos(t) requer como dados de entrada: i) a imagem a ser corrigida; ii) dados referentes ao satélite, como o horário e a data de passagem, o ângulo de visada, a elevação solar, bem como os valores de offset e gain; iii) o comprimento médio do intervalo espectral da imagem (banda); iv) o ND do pixel escuro (locais com ausência de reflectância). As imagens de entrada no modelo correspondem às bandas 3 e 4 do satélite LandSat TM-5, órbita 220 e ponto 78, data de passagem em 01 de fevereiro de 2009 e 08 de agosto de 2009. A data, o horário e a elevação do sol no momento da passagem do satélite, também foram obtidos no site do INPE. O valor médio do intervalo espectral das bandas 3 e 4 foi calculado pela média aritmética entre o comprimento mínimo e máximo das mesmas (Tabela 6). Banda 1 2 3 4 5 6 7 Tabela 6. Intervalo espectral das bandas do sensor TM5. Intervalo Espectral (µm) Azul – Verde Verde Vermelho Infravermelho Próximo Infravermelho Médio Infravermelho Termal Infravermelho Médio Fonte: adaptada de INPE (2009). 0.45 – 0.52 0.52 – 0.60 0.63 – 0.69 0.76 – 0.90 1.55 – 1.75 10.40 – 12.50 2.08 – 2.35 41 Os NDs utilizados no modelo Cos(t), para subtração do pixel escuro, foram determinados em regiões de sombreamento de relevo e de águas profundas, para as banda 3 e 4, respectivamente. Os valores de offset e gain foram determinados segundo Chander et al. (2004). Tabela 7. Valores de Gain e Offset (B) a aplicados às imagens TM5. Radiância Espectral, Lmím e Lmáx (w/m2.sr.um) Data Banda 1 2 3 4 5 7 Após 05/05/2003 De 01/03/1984 a 04/05/2003 Lmím -1.52 -2.84 -1.17 -1.51 -0.37 -0.15 Lmáx 152.10 296.81 204.30 206.20 27.19 14.38 Gain 0.602431 1.175100 0.805756 0.814549 0.108078 0.056980 Offset 1/Gain Lmím Lmáx -1.52 1.66 -1.52 193.0 -2.84 0.85 -2.84 365.0 -1.17 1.24 -1.17 264.0 -1.51 .423 -1.51 221.0 -0.37 9.25 -0.37 30.2 -0.15 17.55 -0.15 16.5 Fonte: Chander et al., 2004. Gain 0.762824 1.442510 1.103988 0.872588 0.119882 0.65294 Offset -1.52 -2.84 -1.17 -1.51 -0.37 -0.15 1/Gain 1.31 0.69 0.96 1.15 8.34 15.32 O ângulo de visada para todos os satélites Landsat, no modelo Cos(t), é considerado como zero (0). A Tabela 8 apresenta os dados de entrada inseridos no modelo Cos(t): Tabela 8. Parâmetros das imagens LandSat TM5, órbita 220. Data Hora (GMT) Banda Compr. médio da banda (µm) ND Gain Offset Ângulo visada (o) Ângulo Elevação do Sol (o) 078 01/02/2009 12.947 3 0.66 12 0.103988 -0.117 0 54.2286 078 01/02/2009 12.947 4 0.83 07 0.0872588 -0.151 0 54.2286 079 01/02/2009 12.961 3 0.66 10 0.103988 -0.117 0 49.7139 079 01/02/2009 12.961 4 0.83 10 0.0872588 -0.151 0 49.7139 078 28/08/2009 13.014 3 0.66 12 0.103988 -0.117 0 41.7203 078 28/08/2009 13.014 4 0.83 09 0.0872588 -0.151 0 41.7203 079 28/08/2009 13.026 3 0.66 14 0.103988 -0.117 0 60.5475 079 28/08/2009 13.026 4 0.83 08 0.0872588 -0.151 0 60.5475 Ponto 4.3.3 Geração das imagens NDVI Após a calibração radiométrica e atmosférica foram calculados os índices de vegetação, pelo método da diferença normalizada. Esse método possibilita o realce das imagens por meio 42 da diferença normalizada entre bandas, condensando as informações espectrais dos objetos e realçando a vegetação, com o objetivo de minimizar a influência do solo na resposta espectral da mesma, diminuir a interferência da atmosfera e as variações mensais do ângulo solar zenital, a partir da Equação: (8) onde NDVI é o índice da diferença normalizada; comprimento de onda do vermelho; é a banda correspondente ao intevalo do é a banda correspondente ao intervalo do comprimento infravermelho próximo do sensor TM (0,76 - 0,90 µm). 4.3.4 Método de Thornthwaite O método de Thornthwaite estima a evapotranspiração potencial mensal, considerando como padrão 30 dias em um mês e doze horas de insolação diária. Este método foi aplicado utilizando os dados da estação de Rio Negrinho A862, para três períodos no verão e no inverno de 2009. O método de Thornthwaite requer como dados de entrada a temperatura média de cada mês, conforme Equação: ETP 16 10 Ti I a (9) em que ETP é a evapotranspiração potencial (mm/mês); Ti é a temperatura média mensal do mês i (oC); I é o índice de calor da região; a é o coeficiente, também relacionado à temperatura. O índice de calor foi calculado pela Equação: 12 I i 1 Ti 5 1, 514 (10) em que I é o índice de calor da região e Ti é a temperatura média mensal do mês i (oC). Já o coeficiente a foi estimado segundo: a 6,75 10 7 I 3 7,71 10 5 I 2 1,7912 10 2 I 0,49239 (11) 43 Em que, a é o coeficiente e I é o índice de calor da região. Por fim, realizou-se a correção da ETP para cada mês, em função do número total de dias e horas de insolação diária: ETPcorrigido ETP N ND 12 30 (12) em que, ETPcorrigida é a evapotranspiração potencial ajustada (mm/mês); ETP é a evapotranspiração potencial calculada previamente (mm/mês); N é o fotoperíodo médio mensal, (normalmente assume-se que o 15º dia representa a média mensal); ND é o número de dias respectivo mês. A insolação média mensal (N) foi obtida para cada mês a partir da Tabela 9 (Anexo). A Tabela 10 mostra os dados utilizados para o cálculo de I: Tabela 10. Temperatura média mensal da estação de Rio Negrinho, para o ano de 2009. Mês Temperatura média (oC) Janeiro 19.26 Fevereiro 20.54 Março 20.4 Abril 17.69 Maio 15.06 Junho 11.25 Julho 11.75 Agosto 14.06 Setembro 15.41 Outubro 16.35 Novembro 21.08 Dezembro 20.44 4.3.5 Método de Penman-Monteith O método de Penman-Monteith estimou a evapotranspiração potencial em escala diária e foi aplicado utilizando os dados da estação de Rio Negrinho, para os dias de verão (01 de janeiro a 20 de março) e inverno (21 de junho a 22 de setembro) do ano de 2009. A seguinte Equação apresenta a equação de Penman-Monteith: (13) em que 1 ); é a evapotranspiração de referência (mm.d-1); é o fluxo de calor no solo (MJ/m2 d-1); é a radiação líquida (MJ/m2 d- é a temperatura média do ar (ºC); é a 44 velocidade média do vento a 2 m de altura (m/s); (kPa); é a curva de pressão de vapor (kPa/ºC); valor de 0,063 kPa/ºC e é o déficit de pressão de vapor é a constante psicrométrica, que possui é um fator de conversão. 4.3.6 Método de Penman Modificado O método de Penman Modificado estima a evapotranspiração diária e requer como dados de entrada: temperatura média diária, velocidade média do vento, umidade relativa do ar média, radiação solar média e insolação. Este método foi aplicado em duas etapas: i) aplicação visando à obtenção de valores de ETP para serem relacionados com valores de NDVI, por meio de regressão linear; ii) aplicação objetivando a comparação de seus resultados com o método aplicado, juntamente com os métodos de Penman-Monteith e Thornthwaite. A utilização de dados estimados por este método, para relação com NDVI, justifica-se pelo fato de ter sido apontado como um bom método de estimativa de ETP para a região que compreende o Planalto Norte Catarinense e o Primeiro Planalto Paranaense (VESTENA & KOBIYAMA, 2004, 2007; FILL et al., 2005; MULLER, 1995). Na primeira etapa, foram calculadas as ETPs com dados de nove estações meteorológicas, para o dia 01 de fevereiro e de seis estações para o dia 28 de agosto de 2009, mesmas datas das imagens adquiridas do satélite LandSat-TM5 (Tabela 11). Tabela 11. Estações meteorológicas dias de dados utilizados. Estação Dias de dados utilizados Ilha do Mel A847 01/02/2009 Itapoá A851 01/02/2009 Ituporanga A863 01/02/2009 Curitiba A807 01/02/2009 e 28/08/2009 Florianópolis A806 01/02/2009 e 28/08/2009 Indaial A817 01/02/2009 e 28/08/2009 Morretes A873 01/02/2009 e 28/08/2009 Rio do Bugres 01/02/2009 e 28/08/2009 Rio Negrinho A862 01/02/2009 e 28/08/2009 45 Na segunda etapa, foi calculada a ETP com dados da estação de Rio Negrinho, para os dias de verão (01 de janeiro a 20 de março) e inverno (21 de junho a 22 de setembro) do ano de 2009. A equação de Penman Modificado é descrita a seguir: (14) é a evapotranspiração potencial (mm.d-1 ); em que é o fator de correção da fórmula (adimensional) para compensar o efeito do dia e da noite nas condições climáticas, relaciona a radiação solar, a umidade relativa máxima e a velocidade do vento diária e noturna; éo fator de ponderação relacionado com a temperatura e altitude (adimensional); é a radiação líquida (mm.d-1); é a diferença é a função relacionada ao vento (adimensional) e entre a pressão de saturação do vapor d’água ( ( e a pressão de saturação real do vapor no ar (mbar). O fator de ponderação ( ) foi obtido pela Tabela 12 (Anexo). A radiação solar líquida foi estimada segundo: (15) em que (mm.d-1) e é a radiação solar líquida (mm.d-1); é a radiação solar líquida de ondas curtas é a radiação solar de ondas longas (mm.d-1). Já a radiação solar líquida de ondas curtas foi calculada conforme: (16) em que é a radiação solar líquida de ondas curtas (mm.d-1); é o albedo da superfície (adimensional) (adotado valor 0,25, em função da Tabela 13, Anexo); e são coeficientes de Angstron (adimensionais) (adotados valores de 0,25 e 0,50, respectivamente), número de horas de insolação (horas/dia), (horas/dia) (Tabela 8, Anexo) e é o é o número máximo de horas de insolação é radiação solar extraterrestre (mm.d-1) (Tabela 14, Anexo). A radiação solar de ondas longas foi calculada segundo Equação abaixo: (17) 46 é a radiação solar líquida de ondas longas (mm.d-1); Em que temperatura do ar; é a função da pressão real de vapor e é a função da é a função da relação n/N. A partir da Equação descrita, foi calculada a função da temperatura do ar: (18) em que, 3 é a função da temperatura do ar; Mj/m2dK-4); é a constante de Sefan-Boltzmann (4,903*10 - é a temperatura máxima diária (K) e é a temperatura mínima diária (K). A equação que representa a função da pressão real de vapor é indicada por: (19) em que, é a função da pressão real de vapor e é a pressão de saturação real do vapor no ar (mbar). Já a função da relação n/N é indicada abaixo: +0,1 em que é a função da relação n/N; (20) é o número de horas de insolação (horas/dia) e é o número máximo de horas de insolação (horas/dia) (Tabela 9, Anexo). A função relacionada ao vento é representada a seguir: (21) em que, é a função relacionada ao vento (adimensional) e é a velocidade média diária do vento, obtida a 2 metros acima da superfície (km/dia). Como as estações meteorológicas fornecem a velocidade a 10 metros de altura da superfície, foi então, feita a conversão de para : (22) 47 em que, é a velocidade média diária do vento, obtida a 2 metros acima da superfície (km/dia); é a velocidade média diária do vento, obtida a 10 metros acima da superfície (km/dia); é a altura de 2 metros acima da superfície e é a altura de 10 metros acima da superfície. foi calculado a partir da Equação: (23) em que Anexo) e é a pressão de saturação do vapor d’água (mbar) (obtida através da Tabela 15, é a umidade relativa do ar média (%). 4.3.7 Relação entre os dados NDVI e ETP A relação entre os dados de NDVI e ETP foi realizada por meio de regressão linear simples, gerando uma equação para a data de 01 de fevereiro de 2009 e outra para 28 de agosto de 2009. Os dados de ETP utilizados nas regressões lineares correspondem aos calculados pelo método de Penman Modificado para as estações meteorológicas. Já os dados de NDVI foram adquiridos pela identificação do valor do NDVI para o pixel com as mesmas coordenadas das estações. Cabe ressaltar que, para a data de 01 de fevereiro, foram utilizados os dados das nove estações, no entanto, para 28 de agosto, foram utilizados os dados de seis estações, devido à impossibilidade de adquirir dados de NDVI para as mesmas coordenadas das três estações, pela presença de nuvens. Além destes dados, ainda foi adotada a hipótese de que, quando o NDVI tem seu valor mínimo (-1,0), não há ETP (ETP = 0). Por meio do software Microsoft Office Excel foi criado o diagrama de dispersão para as duas datas. Aplicando o método dos mínimos quadrados foi encontrada a linha e a equação de regressão para a qual é mínima a soma dos quadrados dos desvios entre os valores observados e estimados da variável dependente (ETP), para os dados amostrais. Neste estudo, a Equação 24 mostra a relação entre NDVI e ETP: (24) Em que, é a evapotranspiração potencial (mm.d-1); e são os coeficientes a serem estimados pelo método dos mínimos quadrados (coeficiente linear e angular, 48 respectivamente) e é o valor do índice de vegetação da diferença normalizada (adimensional). 4.3.8 Geração das Imagens de ETP Distribuída Determinados os coeficientes e da Equação 30, foram gerados mapas de ETP distribuída por meio do software Idrisi Andes, que dispõe de ferramenta para a inserção da equação de regressão, tendo como variável independente as imagens NDVI. Desta maneira, para cada pixel das imagens NDVI foi calculado o respectivo valor de ETP, gerando, então, as imagens de ETP distribuída. 4.3.9 Geração dos Mapas de Uso e Cobertura do Solo Para elaboração dos mapas de uso e cobertura do solo foram utilizados recortes das imagens LandSat TM5, órbita 220, ponto 78, datadas de 01/02/2009 e 28/08/2009, que abrangem a região da bacia do Rio Neginho (Figura 7). Figura 7. Imagens LandSat-TM5 de 01/02/2009 (à esquerda) e 28/08/2009 (à direita), em composição RGB-321, da área de abrangência da bacia do rio Negrinho. 49 O processamento destas imagens foi realizado no software SPRING 5.0.4, por meio do método de segmentação por crescimento de regiões e posterior classificação supervisionada. A segmentação é um processo que segmenta a imagem digital em regiões (áreas) espectralmente homogêneas, sendo algumas dessas áreas utilizadas posteriormente pelo classificador (INPE, 2009). Para a execução da segmentação por crescimento de regiões foi necessária a definição do limiar de similaridade (baseado em um teste de hipótese estatístico que testa a média entre os pixels e os agrupa em função de sua semelhança espectral) e da área mínima para a formação de um segmento. O valor do limiar de similaridade utilizado foi 12 e de área 30 pixels. Após a etapa de segmentação das imagens, foi realizada a coleta das amostras de treinamento, em função das cinco classes de uso e ocupação do solo estabelecidas: i) reflorestamento: áreas com reflorestamento de pinus; ii) vegetação nativa: áreas com Floresta Ombrofila Mista, em diferentes estádios de desenvolvimento e de regeneração; iii) agricultura: áreas com diferentes tipos de culturas anuais cultivadas na região. iv) solo Exposto áreas de solo exposto em época de preparo para o plantio e estradas. v) área urbana: área urbana das cidades de São Bento do Sul e Rio Negrinho. A partir das amostras suficientemente representativas de cada classe e das respectivas bandas das imagens, foi realizado procedimento de classificação, segundo o método de Battacharya, com limiar de aceitação de 99%. Terminada a classificação supervisionada, foram realizadas edições nas imagens classificadas por meio de interpretação visual considerando critérios como, textura, cor, padrão, forma e localização. Além desses critérios, foi levado em consideração o conhecimento da área, adquirido nos trabalhos de campo, para auxiliar no enquadramento das classes de uso e do solo. No trabalho de reconhecimento da área em campo foram levantados vários pontos com GPS de navegação, referentes a cada classe de uso, para auxiliar o processo de classificação e de conferência do mapa final. Por fim, foi executado o mapeamento para classes, que permitiu a transformação das imagens classificadas para mapa temático matricial, ou seja, o mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho. 50 4.3.10 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP Para avaliar o desempenho do método aplicado, foram feitas comparações entre os valores de ETP diária e mensal com os métodos de Penam Modificado, Penman-Monteith e Thornthwaite aplicados com os dados da estação Rio Negrinho A862. A utilização do método de Penman Modificado justifica-se pelo fato de ter sido aplicado em estudos e ter sido apontado como um bom método de estimativa de ETP para a região que compreende o Planalto Norte Catarinense e o Primeiro Planalto Paranaense (VESTENA & KOBIYAMA, 2004, 2007; FILL et al., 2005; MULLER, 1995). Já o método de Penman Monteith, foi escolhido em função de ser comumente utilizado e por ser o método padrão, indicado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations) (ALLEN et al., 1998). A utilização do método de Thornthwaite justifica-se devido sua criação especificamente para bacias hidrográficas e por utilizar apenas um parâmetro como variável independente. Visto que as imagens utilizadas para relação entre os dados NDVI e ETP foram obtidas em 01 de fevereiro e 28 de agosto, considerou-se que as equações de regressão são representativas somente para as estações correspondentes a estas datas. Desta maneira, a equação de regressão obtida para 01 de fevereiro, somente é representativa para os dias de verão (de 01 de janeiro a 20 de março) e a obtida para 28 de agosto, para os dias de inverno de 2009 (21 de junho a 22 de setembro). 51 5. RESULTADOS 5.1 Uso e Cobertura do Solo Analisando as Figuras 8 e 9, verifica-se que a cobertura predominante na bacia do Rio Negrinho é a mata nativa, composta por floresta Ombrófila Mista em seus estágios de regeneração. Conforme pode ser observado na Tabela 16, o reflorestamento possui a segunda maior área de cobertura (17,70% em 01/02/2009 e 19,01% em 28/08/2009), evidenciando a importância/magnitude das atividades de reflorestamento para a região. Pode-se observar, também, um aumento de aproximadamente 8% da área de solo exposto para a data de 28/08, em comparação a 01/02. Isto se justifica pelo fato de a imagem da segunda data ter sido obtida em época de colheita das culturas. No entanto, as áreas de agricultura permaneceram praticamente constantes nas duas imagens (fato que pode ter ocorrido pela não distinção deste uso pelo classificador, e seu enquadramento como mata nativa – o que justificaria o aumento de aproximadamente 7,5% para mata nativa). As áreas urbanas representam parte das cidades de Rio Negrinho e São Bento do Sul e, provavelmente, em função da resolução espacial das imagens utilizadas não possibilitar uma distinção apurada dos alvos e devido ao classificador utilizado, houve uma diferença de 3,12km2 (sendo na realidade é improvável) nas áreas urbanas nos dias 02 de fevereiro e 28 de agosto. Data Tabela 16. Uso e cobertura do solo da bacia do Rio Negrinho. 02 de fevereiro de 2009 28 de agosto de 2009 Classe (km2) Reflorestamento Mata Nativa Agricultura Solo Exposto Área Urbana 34,524 124,302 18,885 6,403 10,981 (%) 17,70 63,71 9,68 3,28 5,63 Classe (km2) (%) Reflorestamento Mata Nativa Agricultura Solo Exposto Área Urbana 37,089 109,770 18,649 21,722 7,865 19,01 56,26 9,56 11,14 4,03 52 Figura 8. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 01/02/2009. 53 Figura 9. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 28/08/2009. 54 5.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais Para as duas imagens LandSat TM5, órbita 220 e ponto 78, foram selecionadas áreas de reflorestamento, agricultura e urbanas para análise dos valores médios de reflectância de superfície dos pixels, como mostra a Tabela 17. Tabela 17. Valores médios de reflectância de superfície dos diferentes usos do solo das imagens LandSat – TM5, órbita 220 e ponto 78. Data da Imagem Banda 01/02/2009 01/02/2009 28/08/2009 28/08/2009 3 4 3 4 Reflectância Urbana 0,1048553 0,2684202 0,1112958 0,2464923 Reflorestamento 0,0146633 0,2599674 0,0169664 0,2828465 Agricultura 0,0213584 0,4878405 0,0463236 0,5152444 A calibração radiométrica e a correção atmosférica, realizadas no modelo Cos(t) apresentaram resultados satisfatórios. Observando a Tabela 17 verifica-se que a reflectância para as áreas de agricultura está de acordo com os obtidos por Mercante et al. (2009). Os autores analisaram as mudanças no comportamento espectral de uma cultura da soja, localizada próxima ao município de Cascavel-PR por meio de imagens do satélite LandSatTM5. Após realizarem a calibração radiométrica e a correção atmosférica, constataram uma variação no valor da reflectância da cultura, para a banda 3, de aproximadamente 0,025 a 0,085, e, para a banda 4, de 0,29 a 0,60, ambas para o período do início do desenvolvimento da cultura (23/11/2004) até o pico vegetativo (26/01/2005). Portanto, os valores de 0,0213584 e 0,0463236 obtidos para áreas de cultivo agrícola, neste estudo, estão próximos com o intervalo obtido por Mercante et al. (2009). Ponzoni & Rezende (2004), objetivando avaliar o potencial e as limitações do uso de dados radiométricos de imagens LandSat-TM5 na caracterização espectral de vegetação secundária arbórea da região de Altamira - PA, a partir do estabelecimento de correlações entre parâmetros biofísicos coletados em campo e dados radiométricos extraídos de imagens orbitais TM/Landsat, encontraram valores de reflectância espectral de aproximadamente 0,27 e 0,04 para as bandas 4 e 3, respectivamente. Roberts (1991) apud Pereira, Batista & Roberts (1996) determinaram a resposta espectral de diferentes coberturas vegetais, para imagens LandSat-TM5, dentre elas, áreas de floresta. Como resposta espectral para floresta, para a banda 4, obtiveram um valor de 55 reflectância próximo a 0,27. Neste estudo, os valores de reflectância das áreas de reflorestamento (0,2599674 e 0,2828465 para a banda 4) são satisfatórios, visto a proximidade destes com os estimados pelos autores. 5.3 Imagens NDVI Após a calibração radiométrica e a correção atmosférica foram geradas imagens de índice de vegetação, pelo método da diferença normalizada (NDVI). Com o objetivo de avaliar posteriormente a ETP distribuída para a bacia do rio Negrinho, foi feito um corte nas imagens (Figuras 10 e 11) onde o NDVI variou entre -1 e 1. Observando as Figuras 13 e 14 constata-se que a imagem NDVI destaca a vegetação em relação aos demais elementos, como áreas urbanas, solo exposto e corpos hídricos. Os tons de verde indicam áreas cobertas de vegetação. Sendo que as zonas em verde escuro representam regiões de vegetação densa, como florestas, onde os valores de NDVI estão próximos de 1. As zonas urbanas, o solo exposto e os plantios recentes estão representados em tons mais amarelados, com NDVI variando de 0 a -1. Analisando as imagens obtidas em 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009, verifica-se que na última, foi observada uma área maior com NDVI negativo, em virtude do solo exposto devido à colheita em áreas de cultivo. Na bacia em estudo não foi detectada a presença de corpos d’água de magnitude suficiente a serem evidenciados nas imagens NDVI, uma vez que as imagens apresentam uma resolução de 30x30m. 56 Figura 10. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 01 de fevereiro de 2009. 57 Figura 11. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 28 de agosto de 2009. 58 5.4 Estimativa de ETP Pontual Método de Penman Modificado Os valores de ETP obtidos pelo método de Penman Modificado, visando a relação com valores de NDVI, são mostrados na Tabela 18. Observa-se que, no dia 01 de fevereiro, a ETP apresentou valores mais elevados para as estações de Florianópolis e Ilha do Mel (5,35 e 6,01mm.d-1, respectivamente). Já os valores menos elevados de ETP foram registrados nas estações de Rio dos Bugres e Rio Negrinho tanto para o dia 01 de fevereiro (4,15 e 3,95mm.d1 , respectivamente), quanto para o dia 28 de agosto de 2009 (2,65 e 2,90mm.d-1). Tabela 18. ETP obtida das estações meteorológicas. ETP para o dia 01 de fevereiro de 2009 ETP para o dia 28 de agosto de 2009 Estação ETP (mm.d-1) Estação ETP (mm.d-1) Curitiba A807 Florianópolis A806 Ilha do Mel A847 Indaial A817 Itaopá A851 Ituporanga A863 Morretes A873 Rio dos Bugres Rio Negrinho A862 4,66 5,35 6,01 4,98 4,89 4,60 4,99 4,15 3,95 Curitiba A807 Florianópolis A806 Indaial A817 Morretes A873 Rio dos Bugres Rio Negrinho A862 3,34 3,41 3,60 3,21 2,65 2,90 Os valores de ETP obtidos através dos dados da estação de Rio Negrinho, para os dias de verão e inverno do ano de 2009 (01 de janeiro a 20 de março e 21 de junho a 22 de setembro), objetivando posterior comparação com os resultados do método aplicado, são apresentados nas Figuras 12 e 13. 59 ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009 5.5 5.0 4.5 ETP (mm/dia) 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3 19/3 Data Figura 12. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de verão de 2009. ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009 4.5 4.0 3.5 ETP (mm/dia) 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 21/6 28/6 5/7 12/7 19/7 26/7 2/8 9/8 16/8 23/8 30/8 6/9 13/9 20/9 Data Figuras 13. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de inverno de 2009. A partir das Figuras 12 e 13, verifica-se a influência das estações no comportamento da ETP. Para os dias de verão, cujas temperaturas diárias são mais elevadas, observa-se valores de ETP mais elevados do que para os dias de inverno. Nos dias de 01 de janeiro a 20 de março de 2009, obteve-se a máxima ETP de 4,90mm em 30 de janeiro, mínima de 3,44mm em 05 de 60 janeiro e uma média de 4,00mm.d -1. Nos dias de 21 de junho a 22 de setembro de 2009, observou-se uma ETP máxima de 3,97mm em 02 de setembro, mínima de 2,24mm em 31 de julho e uma média de 2,94mm.d -1. Método de Penman Monteith Os valores de ETP obtidos pelo método de Penman-Monteith, a partir dos dados da estação de Rio Negrinho, para os dias de verão e inverno do ano de 2009 (01 de janeiro a 20 de março e 21 de junho a 22 de setembro), objetivando posterior comparação com os resultados do método aplicado, são apresentados nas Figuras 14 e 15. ETP (mm/dia) ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3 Data Figura 14. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de verão de 2009. 19/3 61 ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009 4.5 4.0 ETP (mm/dia) 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 21/6 28/6 5/7 12/7 19/7 26/7 2/8 9/8 16/8 23/8 30/8 6/9 13/9 20/9 Data Figura 15. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de inverno de 2009. A partir das Figuras 14 e 15, também pode-se verificar a influência das estações no comportamento da ETP. Para os dias de 01 de janeiro a 20 de março de 2009, observou-se a máxima ETP de 6,00mm em 31 de janeiro, mínima de 3,70mm em 19 de março e uma média de 4,79mm.d-1. Para os dias de 21 de junho a 22 de setembro de 2009, observou-se uma ETP máxima de 4,10mm em 02 de setembro, mínima de 1,30mm em 06 de julho e uma média de 2,31mm.d-1. Método de Thornthwaite O método de Thornthwaite estimou a ETP em escala mensal, utilizando-se os dados da estação de Rio Negrinho A862. Os resultados são apresentados na Tabela 19. Tabela 19. ETP obtida pelo método de Thornthwaite. Data ETP (mm) 01/01/09 a 21/01/09 22/01/09 a 21/02/09 22/02/09 a 20/03/09 21/06/09 a 20/07/09 21/07/09 a 20/08/09 21/08/09 a 22/09/09 60,72 98,22 89,87 41,68 42,07 59,39 62 Os dados apresentados na Tabela 19 indicam uma maior ETP para os períodos referentes à estação verão, com máxima ETP de 98,22mm para os dias de 22 de janeiro a 21 de fevereiro. O valor de 60,72mm (sensivelmente inferior a ETP dos demais períodos da estação verão) pode ser explicado pelo fato de abranger 21 dias, enquanto a mínima ETP foi obtida para os dias de 21 de junho a 20 de julho, com valor de 42,07mm. 5.5 Relação entre os dados NDVI e ETP A partir da análise de regressão entre os dados de ETP das estações e de NDVI, dos pixels de localização geográfica idêntica a das estações meteorológicas, (Tabelas 20 e 21) obtiveram-se os diagramas de dispersão para os dias de 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009, conforme mostram as Figuras 16 e 17. Tabela 20. Dados de NDVI e ETP, para o dia 01 de fevereiro de 2009. Estação NDVI ETP (mm.d-1) Rio Negrinho A862 Itaopá A851 Indaial A817 Ituporanga A863 Florianópolis A806 Curitiba A807 Morretes A873 Ilha do Mel A847 Rio dos Bugres 0,587035 0,776037 0,906801 0,84667 0,84359 0,770952 0,888212 0,910759 0,757434 3,945 4,889 4,976 4,598 5,345 4,657 4,989 6,012 4,145 63 NDVI x ETP ETP (mm/dia) 6.5 6 5.5 5 4.5 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 -1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 y = 2.7302x + 2.6389 R² = 0.9364 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 NDVI Figura 16. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 01/02/2009. Tabela 21. Dados de NDVI e ETP, para o dia 28 de agosto de 2009. Estação NDVI ETP (mm.d-1) Rio Negrinho A862 Indaial A817 Florianópolis A806 Curitiba A807 Morretes A873 Rio dos Bugres 0,55113 0,631533 0,692394 0,417897 0,893864 0,408139 2,902 3,602 3,410 3,343 3,212 2,646 64 NDVI x ETP 4 3.5 3 y = 1.9054x + 2.0244 R² = 0.9193 ETP (mm/dia) 2.5 2 1.5 1 0.5 0 -1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 NDVI Figura 17. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 28/08/2009. Após obtidos os diagramas de dispersão, foi estabelecida a equação de regressão por meio do método dos mínimos quadrados (apresentadas nas Figuras 19 e 20), no software Microsoft Office Excel. Portanto, a relação entre NDVI e ETP, utilizando os dados de 01/02/2009, pode ser expressa pela Equação: (25) onde é a evapotranspiração potencial (mm.d-1) e é o índice de vegetação da diferença normalizada (adimensional). E a relação entre NDVI e ETP, utilizando os dados de 28/08/2009, pode ser expressa pela Equação 32: (26) A partir dos valores obtidos do coeficiente de determinação (0,9364 e 0,9193), pode-se observar que existe uma alta relação entre as variáveis, ETP e NDVI, justificando, então, o uso das imagens NDVI para estimativa da ETP distribuída. 65 5.6 Mapas de ETP Distribuída Na Figura 18, está representada a imagem de ETP para o dia 01 de fevereiro de 2009, para a bacia do rio Negrinho. De maneira geral, as tonalidades verde claro e amarelo representam valores de inferiores a 3,5mm.d-1 e que correspondem à parte das áreas urbanas e de solo exposto. Constata-se que 52% das zonas urbanas compreendem ETP entre 3,55 e 4,53mm.d-1 e 97% das áreas de solo exposto possuem ETP entre 4,05 e 4,77. As tonalidades de azul representam a ETP superior a 3,7mm.d-1 e correspondem às áreas cobertas por vegetação (cultivos agrícolas, pastagens e florestas). Verifica-se, também, que 97% das áreas de agricultura possuem ETP entre 4,58 e 5,21 mm.d-1, 98% das áreas de mata nativa possuem ETP entre 4,34 e 5,21 mm.d-1 e 92% das regiões com reflorestamento, com ETP entre 4,89 e 5,29 mm.d-1. A média de ETP para toda a bacia foi de 4,94mm.d-1, sendo fortemente influenciado pela presença de vegetação (principalmente floresta), que representa 81,41% da cobertura total da bacia do rio Negrinho. A Figura 19 apresenta a imagem de ETP para o dia 28 de agosto de 2009, para a bacia do rio Negrinho. As áreas com tonalidade verde claro e amarelo representam ETP com valores inferiores a 3,04mm.d-1 e correspondem e ao solo exposto à zona urbana. Observa-se uma porcentagem de 76% de ETP entre 2,57 e 3,3mm.d -1 para as áreas urbanas e 95% da ETP entre 2,53 e 3,59mm.d -1 para as regiões de solo exposto. Igualmente à Figura 18, os pixels em tons de azul também correspondem às áreas cobertas por vegetação e, neste caso, representam a ETP superior a 3,36mm.d-1. Verifica-se que 86% das áreas de agricultura apresentam ETP entre 3,13 e 3,59mm.d -1, 94% das regiões de mata nativa possuem ETP entre 3,17 e 3,79 mm.d-1 e 92% das áreas com reflorestamento, com ETP entre 3,29 e 3,85 mm.d-1. Para o dia 28 de agosto de 2009, o valor médio de ETP para toda a bacia foi de 3,46mm.d-1. 66 Figura 18. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 01/02/2009. 67 Figura 19. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 28/08/2009. 68 A Tabela 22 expressa a ETP com base nos diferentes usos e coberturas do solo, para os dias 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009. Verifica-se que os valores médios de ETP não variam significativamente em relação à sua mediana. Isto indica que a média de ETP é representativa para toda a bacia. Foi constatado que as áreas de reflorestamento e mata nativa possuem um comportamento médio de ETP mais elevados que as demais classes. Observa-se, também, que a ETP média para as áreas urbanas pode ter sido superestimada, visto que as cidades de Rio Negrinho e São Bento do Sul se enquadram em zona rural (com vegetação em meio à área urbana) e que, visualmente, a área urbana, no mapa de uso e cobertura do solo, foi sobreestimada, em função da resolução da imagem (30x30m). Tabela 22. ETP em função dos diferentes usos e cobertura do solo. Data Uso e ocupação Reflorestamento Mata Nativa Agricultura Solo Exposto Área Urbana 01 de fevereiro de 2009 ETP média (mm.d-1) 5.09 5.00 4.87 4.35 4.26 ETP mediana (mm.d-1) 5.11 5.05 4.89 4.36 4.28 28 de agosto de 2009 ETP média (mm.d-1) 3.60 3.52 3.38 3.18 2.97 ETP mediana (mm.d-1) 3.61 3.54 3.38 3.21 2.96 5.7 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP As Tabelas 23 e 24 apresentam os resultados de ETP diária, obtidos para a estação de Rio Negrinho, para os dias de verão e inverno, respectivamente. Pela Tabela 23 é possível observar uma ETP mínima de 3,70 mm.d-1, máxima de 5,27 mm.d-1 e média de 4,30 mm.d-1. Já pela Tabela 24, observa-se uma ETP mínima de 2,37 mm.d-1, máxima de 4,19 mm.d-1 e média de 3,11 mm.d-1. Estes resultados evidenciam a influência da temperatura na evapotranspiração, pois, para os dias de verão, cujas temperaturas foram mais elevadas, observou-se valores mais elevados de ETP. Analisando apenas os resultados do método aplicado, constata-se que os mesmos estão de acordo com Kobiyama & Vestena (2007). Estes autores analisaram os processos hidrológicos e avaliaram o balanço hídrico da bacia hidrográfica do Ribeirão da Onça, no município de Colombo/PR, área de manancial da Região Metropolitana de Curitiba, para o período de 1997 a 2000. Os métodos utilizados foram o do balanço hídrico simplificado e de Penman Modificado. Para o método de Penman Modificado, os autores encontraram valores 69 médios diários de ETP, de aproximadamente 2,8 a 5,0 mm.d-1 para os meses de janeiro a março, com predominância de ETP entre 4,0 e 5,0 mm.d-1 principalmente para os meses de janeiro e fevereiro. Assim, os resultados obtidos por esse estudo estão de acordo com Kobiyama & Vestena (2007), pois obtiveram-se valores de ETP entre 3,7 e 5,2 mm.d-1, com predominância de ETP entre 4,0 e 5,0 mm.d-1, conforme pode ser observado na Figura 23. Tabela 23. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de verão de 2009. ETP ETP ETP Data Data Data (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) 1/1 4.65 1/2 3.76 1/3 4.82 2/1 3.91 2/2 4.44 2/3 4.67 3/1 3.89 3/2 4.09 3/3 4.67 4/1 3.76 4/2 4.44 4/3 4.59 5/1 3.70 5/2 4.27 5/3 5.10 6/1 3.81 6/2 4.44 6/3 4.84 7/1 4.20 7/2 4.42 7/3 4.29 8/1 4.52 8/2 4.56 8/3 4.31 9/1 4.62 9/2 4.59 9/3 4.28 10/1 4.16 10/2 4.32 10/3 4.18 11/1 4.21 11/2 4.29 11/3 4.09 12/1 4.76 12/2 4.16 12/3 4.31 13/1 4.51 13/2 4.02 13/3 4.31 14/1 4.53 14/2 3.81 14/3 4.13 15/1 4.73 15/2 3.89 15/3 3.85 16/1 4.31 16/2 3.94 16/3 3.99 17/1 3.98 17/2 4.23 17/3 4.45 18/1 4.75 18/2 4.64 18/3 3.96 19/1 4.35 19/2 4.49 19/3 3.82 20/1 4.31 20/2 4.35 20/3 3.89 21/1 4.02 21/2 4.08 22/1 3.92 22/2 4.46 23/1 4.09 23/2 4.68 24/1 4.16 24/2 4.31 25/1 4.39 25/2 3.83 26/1 4.35 26/2 3.99 27/1 4.29 27/2 4.33 28/1 4.40 28/2 4.38 29/1 4.52 30/1 5.27 31/1 5.13 70 Tabela 24. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de inverno de 2009. ETP ETP ETP ETP Data Data Data Data (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) 21/6 2.99 1/7 2.74 1/8 2.83 1/9 3.87 22/6 2.86 2/7 2.83 2/8 3.19 2/9 4.19 23/6 2.84 3/7 2.63 3/8 3.35 3/9 3.31 24/6 2.89 4/7 2.46 4/8 2.55 4/9 3.75 25/6 2.69 5/7 2.59 5/8 3.25 5/9 3.60 26/6 2.69 6/7 2.94 6/8 3.57 6/9 3.31 27/6 2.61 7/7 3.58 7/8 2.90 7/9 3.28 28/6 2.75 8/7 3.31 8/8 4.06 8/9 3.15 29/6 4.15 9/7 3.08 9/8 3.13 9/9 3.21 30/6 3.38 10/7 3.12 10/8 3.47 10/9 3.03 11/7 3.29 11/8 2.90 11/9 3.15 12/7 2.53 12/8 2.85 12/9 3.12 13/7 2.61 13/8 3.17 13/9 3.56 14/7 2.93 14/8 3.25 14/9 3.19 15/7 2.71 15/8 3.40 15/9 3.19 16/7 2.82 16/8 3.72 16/9 3.38 17/7 3.44 17/8 3.42 17/9 3.61 18/7 3.38 18/8 3.06 18/9 3.09 19/7 2.86 19/8 3.54 19/9 4.12 20/7 2.80 20/8 3.66 20/9 3.18 21/7 2.73 21/8 2.98 21/9 3.23 22/7 2.76 22/8 2.72 22/9 3.38 23/7 2.45 23/8 2.93 24/7 2.68 24/8 2.95 25/7 2.42 25/8 3.21 26/7 2.72 26/8 3.10 27/7 2.75 27/8 3.11 28/7 2.75 28/8 3.06 29/7 3.09 29/8 3.22 30/7 2.60 30/8 3.51 31/7 2.37 31/8 3.47 As Figuras 20 e 21 mostram a ETP diária, estimada com os dados da estação de Rio Negrinho, segundo o método aplicado, método de Penman Modificado e Penman Monteith. A partir da Figura 20, comparando o método aplicado com método de Penman Modificado, para o período de verão de 2009, constata-se uma diferença relativa de +7,00% para todos os dias, visto que, para extrapolação dos resultados, foi considerado que todos os demais dias teriam uma proporção de +7,00% em relação ao método de Penman Modificado (valor da diferença relativa entre os dois métodos, para o dia 01 de fevereiro). O mesmo comportamento é 71 verificado para o período de inverno (conforme Figura 21), visto que o valor da diferença relativa para o dia 28 de agosto (5,60%) foi extrapolado para os demais dias. Realizando uma comparação em relação ao método de Penman Monteith, verificou-se que, a partir dos dados apresentados na Figura 20, o método aplicado apresentou resultados inferiores como tendência, com diferença relativa máxima de -38,25% (em 01 de fevereiro), mínima de -0,17% (em 20 de março) e média de -11,19%. No entanto, conforme pode ser observado na Figura 21, no período de 21 de junho a 22 de setembro, os valores de ETP resultaram mais elevados para o método aplicado, com diferença relativa máxima de +55,85% (em 6 de julho), mínima de +0,61% (em 29 de agosto) e média de +26,49%. Para a maioria dos dias, de 21 de junho a 25 de agosto, a diferença relativa entre os métodos foi superior a +25,00%. ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009 7.00 6.00 Método Aplicado ETP (mm/dia) 5.00 Método de Penman modificado 4.00 Método de Penman Monteith 3.00 2.00 1.00 0.00 1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3 19/3 Data (dia/mês/ano) Figura 20. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e PenmanMonteith, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009. 72 ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009 4.50 4.00 Método Aplicado 3.50 ETP (mm/dia) 3.00 Método de Penman modificado 2.50 Método de Penman Monteith 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 21/6 28/6 5/7 12/7 19/7 26/7 2/8 9/8 16/8 23/8 30/8 6/9 13/9 20/9 Data (dia/mês/ano) Figura 21. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e PenmanMonteith, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009. A Tabela 25 mostra os resultados dos somatórios mensais de ETP para os dias de verão e inverno, obtidos pelo método aplicado, para a estação de Rio Negrinho A862. Kobiyama & Vestena (2004), estimaram a evapotranspiração potencial pelo método de Penman Modificado, para quatro estações meteorológicas do Estado do Paraná: Piraquara (Pinhais), Cascavel, Guarapuava e Paranavaí, no período de 1990 a 2000. Analisando o método aplicado, constata-se que os resultados obtidos para os meses de janeiro e fevereiro estão próximos aos obtidos pelos autores, para a estação de Pinhais (janeiro: 137 mm.d-1 e fevereiro: 117 mm.d-1, março: 70 mm.d-1 e setembro: 62 mm.d-1), com diferença relativa ao método aplicado de -2,08% e -1,88%, 20,26% e 17,22% respectivamente. Os valores obtidos para janeiro e fevereiro também estão de acordo com Fill et al. (2005). Os autores estabeleceram o balanço hídrico mensal da bacia do rio Barigüi, situada na região metropolitana de Curitiba-PR, para o período de 1985 a 2000. Para tanto, os autores utilizaram o método de Penman Modificado para cálculo da ETP, obtendo 120,7 mm.d-1 para o mês de janeiro e para fevereiro 97,8 mm.d-1, o que corresponde a uma diferença relativa ao método aplicado de 10,03% e 17,81%, respectivamente. 73 Tabela 25. Somatório mensal de ETP diária, obtida pelo método aplicado. Data ETP (mm) 01/01 a 31/01 134.21 01/02 a 28/02 119.24 01/03 a 20/03 86.57 21/06 a 30/06 29.84 01/07 a 31/07 87,99 01/08 a 31/08 99,53 01/09 a 22/09 74.90 Para comparação em escala mensal, os dias representativos de verão e inverno foram divididos em três períodos cada, conforme mostram as Figuras 22 e 23. Realizando a comparação em relação ao método de Penman Monteith, verificou-se, segundo dados mostrados nas Figuras 22 e 23, que o método aplicado apresentou resultados inferiores, com diferença relativa máxima de -41,81% (no período de 21 de junho a 20 de julho) e mínima de -11,61% (no período de 22 de janeiro a 21 de fevereiro). Em comparação ao método de Thornthwaite verificou-se as maiores diferenças, com 32,29%, 26,58% e 22,90% para os períodos de 01 a 21 de janeiro, 22 de janeiro a 21de fevereiro e 22 de fevereiro a 20 de março, respectivamente. Para os períodos relativos à Figura 23, as diferenças relativas obtidas podem ser consideradas discrepantes, com valores de 52,9%, 55,6% e 45,6%, respectivamente. 74 ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009 160 140 Método Aplicado ETP (mm) 120 Método de Penman Modificado 100 80 60 Método de Penman Monteith 40 Método de Thornthwaite 20 0 01/01/09 a 21/01/09 22/01/09 a 21/02/09 22/02/09 a 20/03/09 Data Figura 22. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado, PenmanMonteith e Thornthwaite, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009. ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009 120 110 100 90 Método Aplicado ETP (mm) 80 70 Método de Penman Modificado Método de Penman Monteith Método de Thornthwaite 60 50 40 30 20 10 0 21/06/09 a 20/07/09 21/07/09 a 20/08/09 21/08/09 a 22/09/09 Data Figura 23. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado, PenmanMonteith e Thornthwaite, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009. 75 CONCLUSÕES Os resultados permitem concluir que: O método aplicado obteve bom ajuste, evidenciando uma alta relação entre índice de vegetação da diferença normalizada e evapotranspiração potencial pelos elevados coeficientes de determinação (r2 = 0,9364 e 0,9193). Para as imagens LandSat-TM5, datadas de 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009, o NDVI variou de -1 a 1 na bacia do rio Negrinho, indicando que existem áreas sem cobertura vegetal e com densa cobertura de vegetação, respectivamente. Na bacia do rio Negrinho, a vegetação tem grande influência no comportamento da evapotranspiração, visto que corresponde a mais de 75% de sua área. A evapotranspiração média distribuída na bacia do rio Negrinho, de acordo com o uso e ocupação do solo atual, está entre 4,26 e 5,09mm.d -1 (01 de fevereiro de 2009) e entre 2,97 e 3,60mm.d -1 (28 de agosto de 1009). Salienta-se que o método utilizado está condicionado a data de obtenção das imagens e a qualidade das mesmas com relação a presença de nuvens. Desta forma, a análise sazonal da evapotranspiração foi realizada somente para o verão e inverno, uma vez que foi possível obter imagens LandSat-TM5, sem presença de nuvens, referentes a 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009. 76 RECOMENDAÇÕES • Utilização de imagens com melhor resolução espacial e espectral, possibilitando uma distinção mais refinada dos alvos da superfície terrestre, para que se obtenha um melhor resultado na confecção dos mapas de uso e ocupação do solo, imagens NDVI mais refinadas e um estudo mais apurado da evapotranspiração. • Utilização de imagens com melhor resolução temporal, aumentando a probabilidade de obtenção de imagens sem a presença de nuvens e um melhor detalhamento do comportamento temporal da evapotranspiração. • Aplicação em regiões com mais dados meteorológicos disponíveis, favorecendo a análise estatística da relação NDVI x ETP. 77 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. 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Brazilian Archives of Biology and Technology. Curitiba, v.50, p.905-912, 2007. 81 ANEXOS Tabela 9. Duração máxima da insolação diária (N), em horas, nos meses e latitude de 10ºN a 40ºS. Os valores correspondem ao 15º dia de cada mês. Latitude Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 10oN 11,6 11,8 12,1 12,4 12,6 12,7 12,6 12,4 12,2 11,9 11,7 11,5 8oN 11,7 11,9 12,1 12,3 12,5 12,6 12,5 12,4 12,2 12,0 11,8 11,6 6oN 11,8 11,9 12,1 12,3 12,4 12,5 12,4 12,3 12,2 12,0 11,9 11,7 4oN 11,9 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4 12,3 12,2 12,0 12,0 11,9 11,9 o 2N 12,0 12,0 12,1 12,2 12,2 12,2 12,2 12,2 12,1 12,1 12,0 12,0 Equador 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,2 2oS 12,2 12,1 12,1 12,1 12,0 12,0 12,0 12,0 12,1 12,1 12,2 12,2 4oS 12,3 12,2 12,1 12,0 11,9 11,8 11,9 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4 o 6S 12,4 12,3 12,1 12,0 11,9 11,7 11,8 11,9 12,1 12,2 12,4 12,5 8oS 12,5 12,4 12,1 11,9 11,7 11,6 11,7 11,9 12,1 12,3 12,5 12,6 10oS 12,6 12,4 12,1 11,9 11,7 11,5 11,6 11,8 12,0 12,3 12,6 12,7 o 12 S 12,7 12,5 12,2 11,8 11,6 11,4 11,5 11,7 12,0 12,1 12,7 12,8 14oS 12,8 12,6 12,2 11,8 11,5 11,3 11,4 11,6 12,0 12,1 12,8 12,9 16oS 13,0 12,7 12,2 11,7 11,4 11,2 11,2 11,6 12,0 12,1 12,9 13,1 o 18 S 13,1 12,7 12,2 11,7 11,3 11,1 11,1 11,5 12,0 12,5 13,0 13,2 20oS 13,2 12,8 12,2 11,6 11,2 10,9 11,0 11,4 12,0 12,5 13,2 13,3 22oS 13,4 12,8 12,2 11,6 11,1 10,8 10,9 11,3 12,0 12,6 13,2 13,5 o 24 S 13,5 12,9 12,3 11,5 10,9 10,7 10,8 11,2 11,9 12,6 13,3 13,6 26oS 13,6 12,9 12,3 11,5 10,8 10,5 10,7 11,2 11,9 12,7 13,4 13,8 28oS 13,7 13,0 12,3 11,4 10,7 10,4 10,6 11,1 11,5 12,0 12,5 13,0 o 30 S 13,9 13,1 12,3 11,4 10,6 10,3 10,4 11,0 11,9 12,8 13,6 14,1 32oS 14,0 13,2 12,3 11,3 10,5 10,0 10,3 10,9 11,9 12,9 13,7 14,2 34oS 14,2 13,3 12,3 11,3 10,3 9,8 10,1 10,9 11,9 12,9 13,9 14,4 36oS 14,3 13,4 12,4 11,2 10,2 9,7 10,0 10,7 11,9 13,0 14,0 14,6 o 38 S 14,5 13,5 12,4 11,1 10,1 9,5 9,8 10,6 11,8 13,1 14,2 14,8 40oS 14,7 13,6 12,4 11,1 9,9 9,3 9,6 10,5 11,8 13,1 14,3 15,0 Dados interpolados da Tabela meteorológica de Smithsonian. 6a edição. 1951 - Quadro 171 Fonte: Pereira et at., 1997. 82 Tabela 12. Valores para o fator de peso (W) para o efeito da radiação na ET em diferentes temperaturas e altitudes. Temperatura (oC) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0,49 0,52 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 W por altitude 0 (m) 0,43 0,46 0,51 0,54 0,57 0,6 0,62 0,65 0,67 0,7 500 0,44 0,48 0,52 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 1000 0,46 0,49 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,73 2000 0,49 0,52 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,73 0,75 3000 1,52 0,55 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,73 0,75 0,77 4000 0,54 0,58 Temperatura (oC) W por altitude 0 (m) 500 1000 2000 3000 4000 22 0,71 0,72 0,73 0,75 0,77 0,79 24 0,73 0,74 0,75 0,77 0,79 0,81 26 28 30 0,75 0,77 0,78 0,76 0,78 0,79 0,77 0,79 0,80 0,79 0,81 0,82 0,81 0,82 0,84 0,82 0,84 0,85 Fonte: Kobiyama, 2009. 32 0,80 0,81 0,82 0,84 0,85 0,86 34 0,82 0,82 0,83 0,85 0,86 0,87 36 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87 0,89 38 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88 0,90 40 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89 0,90 Tabela 13. Albedo para algumas superfícies. Superfície Albedo (%) Superfície Albedo (%) Água 5 Milho 16 a 23 Areia seca 35 a 45 Arroz 12 Areia úmida 20 a 30 Batata 20 Solo claro seco 25 a 45 Trigo 24 Solo cinza 10 a 20 Feijão 24 Solo escuro 5 a 15 Tomate 23 Gramado 20 a 30 Abacaxi 15 Algodão 20 a 22 Sorgo 20 Alface 22 Floresta 10 a 15 Fonte: Adaptado de Rosenberg et al. (1983) e de Vianello & Alves (1991) apud Pereira et a., 2002. Tabela 14. Radiação solar extraterrestre (mm.d-1). Hemisfério Sul Latitude Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 17,3 16,5 15,0 13,0 11,0 10,0 10,4 12,0 13,9 15,8 17,0 20 o 17,4 16,5 14,8 12,6 10,6 9,6 10,0 11,6 13,7 15,7 17,0 22 o 17,5 16,5 14,6 12,3 10,2 9,1 9,5 11,2 13,4 15,6 17,1 24 o 17,6 16,4 14,4 12,0 937,0 8,7 9,1 10,9 13,2 15,5 17,2 26 o o 17,7 16,4 14,3 11,6 9,3 8,2 8,6 10,4 13,0 15,4 17,3 28 17,8 16,4 14,0 11,3 8,9 7,8 8,1 10,1 12,7 15,3 17,2 30 o Fonte: Doorenbos & Pruit (1979, p. 25) apud Vestena, 2002. Dez 17,4 17,5 17,7 17,8 17,9 18,1 83 Tabela 15. Pressão de saturação se vapor d’água (mmHg). Fonte: Ometto (1981, p. 178) apud Vestena, 2002.
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