Versão PDF - NEEMAAC - Universidade de Coimbra
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O QUE ERA O DEPARTAMENTO DE ENG. MECÂNICA SEM O MAR 2014 PROFESSOR LUIS ADRIANO OLIVEIRA JORNADAS PEDAGÓGICAS BIOMIMÉTICA FÓRMULA 1 E MUITO MAIS NO TEU PISTON! aCADEMIA DO EMPREGO ÍNDICE 3Editorial 4A Maratona Pela Plenitude 5A Febre Que Lá Vem 6Biomimética Queres colaborar connosco? 9 Jornadas Pedagógicas Encontraste algum erro ou informação errada? 10 Exposição de Fotografias Queres agradecer ou elogiar o nosso trabalho? 10 Biblioteca vira Sala de Estudo Escreve-nos para 10 Base de Dados NEEMAAC [email protected] 11 “Última” Aula do Professor Luis Adriano Oliveira 12Academia do Emprego 13 Uma aventura em... Turim 14 À Conversa Com... Professor Luis Adriano Oliveira 17 Magníficas Bugigangas do séc XXI 19Apresentado novo Scirocco 20 Fórmula 1: A Revolução 22 Do vazio à glória 23 Eusébio da Silva Ferreira 24 Momentos: Eusébio 27 O menino de ouro 28 Mundia FIFA 2014 29 3 Adversários, 3 Momentos 30 Planeta Académica 31Almanaque Cultural 33 Castlevania, Lords of Shadow 2 36Passatempos RÚBRICAS 4 UNIVERSO UC 6 ENGENHARIA DE TOPO 9NOTÍCIAS 2 Março 2014 13 ERASMUS WORLD 14 À CONVERSA COM... 17 VICÍOS URBANOS 19 MUNDO AUTOMÓVEL 22 CÍRCULO CENTRAL 31 ALMANAQUE CULTURAL 33 WHAT’S HOT? EDITORIAL A família DEM é enorme e dela fazem parte estudantes, docentes e funcionários. A cultura de união e diálogo neste Departamento é única, o que é demonstrado pela abertura com que são abordados problemas pedagógicos ou organizacionais entre estudantes e docentes. É também isso que contribui para que o DEM seja visto como um modelo a seguir na Universidade de Coimbra. Nesse sentido, o PISTON-NEEMAAC faz do seu tema de capa o Professor Luís Adriano Oliveira, aproveitando a sua aposentação. O Professor Luís Adriano sempre foi das personalidades mais acarinhadas do DEM, tanto a nível pedagógico como pela sua relação com os alunos. Disso são exemplos a sua participação em actividades do NEEMAAC (nomeadamente, nas Jornadas Pedagógicas, em que sempre fez questão de demonstrar a sua visão crítica e exigente), os “shots” de Whisky por si oferecidos na última aula do semestre, os “penaltys” recorrentes nos jantares de Natal do Departamento, ou o pujante e apaixonado “é-fe-erre-á” com que nos brindou na Gala dos 15 anos do NEEMAAC. É também destas referências de que será constituído o imaginário estudantil quando um dia, já Engenheiros, nos recordarmos dos nossos tempos de estudantes em Coimbra. Lembrar-nos-emos das noitadas e dos amigos muito mais do que das aulas ou dos exames. Mas também ecoará na nossa memória a união entre toda a comunidade do nosso Departamento, para a qual contribuíram pessoas como o Professor Luís Adriano. Votos de um excelente semestre! P.S. – A “Academia do Emprego” realizou-se nos dias 14 e 15 de Fevereiro. Todos os 35 participantes aproveitaram para aumentar a sua rede de contactos e conhecer empresas da área, enquanto que dois deles foram efectivamente chamados para realizar entrevistas de emprego com uma das empresas presentes. Uma das participantes ficou colocada na Bosch, sendo que o primeiro contacto foi realizado na Academia do Emprego. Espero que este facto funcione como um “abre-olhos” para aqueles que dizem que as actividades do NEEMAAC não trazem nada de novo. P.P.S. – Como já foi anunciado, a antiga biblioteca do DEM reabriu como sala de Estudo, com um horário alargado, das 8h45 às 19h45. Este foi um problema levantado nas últimas Jornadas Pedagógicas, sendo que o NEEMAAC e a direcção do DEM acordaram por levar avante esta solução. Mais um exemplo, para aqueles que não o querem ver dessa maneira, de que o propósito do Núcleo é a defesa efectiva dos direitos dos nossos estudantes. JOÃO MARQUES PRESIDENTE DO NEEMAAC FICHA TÉCNICA Propriedade NEEMAAC - Comunicação e Imagem Director António Almeida Editor António Almeida Miguel Clemente Fotografia Hugo Matos José Miguel Nunes Produção Gráfica António Almeida Miguel Clemente Colaboradores Designados em cada texto Impressão AAC Distribuição NEEMAAC Tiragem XX exemplares Piston NEEMAAC A Maratona Pela Plenitude Imagina-te tu deitado em largas redes, em sensibilidade, sumiu-se o tacto da realidade parsono posto, dopado com calor e luz ao fartote e ticular do nosso departamento. Especifico, uma por isso de energia abraçado. Logo te assome a realidade única caracterizada pela liberdade de ideia de sossego inabalável, incorruptível. Assim escolha e autonomia na gestão do tempo, muise fazia sentir o sistema de avaliações no DEM, to à frente de qualquer prática na UC. Por estes riquíssimo e firmado. motivos, deveria o rigor ter-se dissipado, entre a Há umas semanas, qual forte abalo, as re- matriz do regulamento e a carne que é nossa. des caíram e o descanso foi interrompido. É justo Na prática, existiu sempre a possibilidade pensar que estando todos nós avisados para as de abrir as três épocas e, na tentativa de se ser mudanças nos acautelássemos para isto. Mas se fiel ao regulamento, ponderou-se a possibilidade o aviso fora lançado, fora não de alarme mas de de o aluno escolher as tais duas épocas, cabenpromessa de protecção. Desfazendo o nó que é do ao docente decidir se o quereria (regime dito falar para dentro, explico-te sem peneiras ao que pleno). Com isto caiu-se numa salada russa, onde me refiro. A aplicação do novo regulamento ped- existiam cadeiras para o mesmo ano com regime agógico, no DEM, fazia-se esperar pela continui- periódico, exame e pleno. dade dos três momentos de avaliação, cabendo O NEEMAAC, ao tomar conhecimento do ao estudante escolher dois deles, ditas regras planeamento dos regimes de avaliação, viu a tua iguais para todos. rede ao sol cair. Não se deteve, calçou os ténis e Começavam as aulas do segundo semes- correu na maratona pelo regime pleno. De porta tre, e ainda a Páscoa ia longe, quando o núcleo em porta, foi reportando aos docentes a situação recebeu um Ovo Kinder Surpresa, mais amargo e pediu-lhes que ponderassem a adopção do reque um limão verde, que no seu interior trazia as gime pleno. Duplicámos o número de cadeiras em figuras dos docentes vestidos à data do Iluminis- regime pleno! mo, dada a liberdade que lhes fora dada para es- Continuo com a ideia que o melhor seria colher o seu regime de avaliação, qual Revolução todas as cadeiras realizarem este sistema, porque Francesa. a unidade é o melhor exemplo de trabalho, a mel Os mais entendidos perguntarão, mas afi- hor resistência ao atrito de opiniões e discordânnal não fizeram somente o que lhes era devido? cias, se me perdoarem o abuso científico de tal Fizeram com toda a legitimidade, é certo, mas expressão. num contexto de leitura sacramental do regula- Não quero dizer que a rede ao sol ficará mento. Sacramental porque a fé nunca é questio- com o mesmo equilíbrio, nas mesmas condições, nada, nem tão pouco interpretada. mas voltará certamente aos braços das árvores e Coloco nos termos do rigor o processo tu poderás tomá-la de novo. conduzido, a decisão nas mãos de cada professor, e como qualquer rigor que se preze faltou-lhe a Catarina Barradas 4 Março 2014 A Febre Que Lá Vem Eu vos digo, passa rápido. Tão rápido que quase não tenho tempo para dizer rápido. São anos que repetidamente se elevam ao ouro e à fugacidade. Venho não aos deleites dos que se apertam em largas experiências, mas ao campo intangível que se abre a seguir. Falo, pois, do início da carreira profissional. A ambição tem ponto em toda a gente, quem não aspirar ser bem-sucedido na mínima tarefa que faça, pode arrumar as botas e parar de andar, que a sola ainda não tem culpa dos que andam sem saber para onde ir. Digo boa ambição, a que não é trapaceira. Se construção sustentada se fizer na ambição, mais tarde ou mais cedo, os resultados virão. Mas se me permitem, há um factor quase lírico que não tem amarras nem ligação aos ditos resultados. A Sorte. O Fortuito. As leis fantásticas de páginas em branco. Mas a Sorte carrega uma culpa excessiva para a sua condição. Muitas vezes não é sua a causa do sucesso ou do insucesso. Conheces o planeamento? Quantas vezes a sorte foi encarcerada por má estratégia e fraca visão? Conhecer todos os factores, dominá-los, preparar-se para o que aí vem é a melhor forma de encarar a selva que cresce às portas da tua saída do DEM. Nesta base aconteceu a Academia do Emprego. Apontamento o faço pelo número de participantes aquém das expectativas. Estarão os meus colegas confiantes do seu futuro assegurado? Pensarão eles que o trabalho está longe e não preocupa? Haverá entre eles a prepotência de que o que sabem basta para enfrentar desafios? Não sei, mas a essas perguntas de incompreensão sucede um balanço de exaltação! Quem foi saiu de satisfação repleto. Análise em detalhe te faço. Sobre a primeira palestra não te digo como foi, não por ser segredo, mas porque não lhe tomei a cor, já que out- ras tarefas haviam para cumprir. Como à cabeça não se cala a fome, seguiu-se um almoço, de farta comida e farta conversa. Mas a conversa não foi de amigo para amigo, nem de conhecido para conhecido. Foi privilegiada ao ponto da troca de opiniões entre os participantes e os responsáveis das empresas que no mesmo espaço almoçavam. A conversa poderá ter servido para quebrar o constrangimento e retirar sinais importantes para a apresentação que cada participante haveria de fazer se seguida no pitch. O Pitch foi a mais enriquecedora das experiências. Fomos testados como se de uma entrevista de emprego se tratasse, entre vários empregadores. Era a feijões, pensávamos nós, e era mais ou menos, já vos conto. Tal e qual um jogo, a tua derrota ou a tua vitória resumia-se a uma avaliação que eles te faziam. Da minha parte adorei. Adorei porque nunca me senti de tal forma observada e perscrutada, levo isso como uma sensação vantajosa. Havia, todavia, uma empresa que estava a recrutar! E boas notícias vos dou, uma das pessoas que passou por eles na Academia trabalha agora ao seu serviço! Tão rápido e eficaz que foi que me encho de orgulho. Os responsáveis das empresas adoraram este modelo! Por fim, de assinalar a palestra sobre dinâmica de grupo que trouxe a dimensão da psicologia dessa temática e os case-studys, referência do trabalho em contra-relógio e crepitante. Acho que já não me consigo descolar da escrita em ciclo, do que abre e do que fecha se tocarem. Por isso, antes que me falhe o jeito, vos digo, passa rápido. Agarrem o que devem agarrar o quanto antes, aprendam mais e conheçam-se melhor. Vos digo, passa rápido. Catarina Barradas Piston NEEMAAC Biomimética Desde a pré-história que o Homem apren- vinte), e semelhante ao processo de acasalamento deu ao observar o ambiente e a perceber como entre algumas espécies de aves ou mesmo das bausar o que o rodeia em seu proveito. Exemplo disso leias; ou ainda o estudo da Universidade estatal foi o uso das peles dos animais caçados, de modo da Pennsylvania financiado pela NASA e pela a manter o calor corporal. Ao longo da evolução Agência de Investigação de Projectos Avançados o Homem tem vindo a aperceber-se, ainda que de Defesa (DARPA – sigla original) que conseguiu com alguns períodos mais negros na História que desenvolver aviões cujas asas alteram a forma seservem de excepção, da importância da Natureza, melhantemente a um pássaro e são cobertas por da sua própria pequenez relativamente à Natureza uma camada exterior semelhante às escamas de envolvente, e que quanto mais aprende sobre o um peixe, de modo a maximizar a eficiência do funcionamento do Universo, mais se apercebe do avião a várias velocidades. Ainda relacionado com seu próprio grau de ignorância. a aviação, e também fruto de uma colaboração Corria o ano de 1941 quando o Engenhei- entre a DARPA e uma universidade (desta vez a ro suíço George de Mestral regressava de uma californiana Stanford), surge o desenvolvimento caçada com o seu companheiro canino e resolveu de um drone, que teve como inspiração os vôos analisar em detalhe as várias sementes que fica- de grande aceleração conseguidos por aves como vam agarradas ao pêlo do cão. Observando a sua os beija-flores, o Festo SmartBird, e que é um feiestrutura baseada em ganchos, ele tentou replicar to na área da robótica e da engenharia (feito em o que via, e assim nasceu o velcro. Ainda antes SolidWorks). disso, e provavelmente não o primeiro, no século XV encontraríamos Leonardo Da Vinci a observar a dinâmica do vôo e a anatomia dos pássaros e a tentar esquematizar máquinas voadoras que lhe permitissem imitar o vencimento à gravidade; não tendo sido tal possível porém até 1903, com os irmãos Wright, também inspirados por aves. Desde essa épica experiência que a aviação se tem vindo a desenvolver até aos nossos dias, e pode-se dizer que os seus mais fantásticos desenvolvimentos vieram de ideias já há muito existentes na Natureza, como a de planear o vôo de vários aviões em formação semelhante à dos bandos de aves de modo a economizar combustível; ou o abastecimento de aviões em pleno vôo com as suas óbvias vantagens (cujo primeiro registo é dos anos Georges de Mestral 6 Março 2014 Os nanomateriais, tão em voga e tão prometedores, não são mais do que a aplicação daquilo que aprendemos ao longo do tempo a uma escala nova para nós, mas não para a Natureza. Como tal, e à semelhança do Homem pré-histórico que usava as peles dos animais caçados para se aquecer, hoje usamos o primeiro vírus descoberto, o TMV (de Tobacco Mosaic Virus), a servir de nanotubo, ou de elemento constructivo para a criação de estruturas nanómetricas maiores. As tão visualmente cativantes superfícies e materiais hidrofóbicas, que não são mais que uma replicação de um mecanismo da Flor de Lótus, ou o já antigo desejo de se conseguir replicar a fotossíntese como ocorre naturalmente, o que seria uma parte da solução para limpar o excesso de carbono que transferimos diariamente da crosta terreste para a atmosfera. No Zimbabué encontramos o primeiro edifício do mundo (e trata-se de um shopping e centro de escritórios), cuja ventilação e controlo térmico é totalmente natural. É o Eastgate Centre, aberto em 1996 e cujo consumo energético não passa dos 10% em comparação com os edifícios convencionais. O princípio no qual o edifício foi projectado não é mais que uma cópia da estrutura das colónias-“torre” construídas pelas térmitas africanas. menor atrito medido na água, e que se revelou de alguma maneira como uma surpresa, na medida em que naturalmente associamos uma superfície que reduza o atrito a uma superfície totalmente lisa. Outro exemplo disso é a descoberta de que se modelarmos as lâminas de turbinas de forma semelhante a uma barbatana de uma baleia ao invés de uma simplesmente lisa ou curva, obtemos aumentos de eficiência na ordem dos 20% no caso de turbinas eólicas, e reduções de cerca de um terço do arrasto e aumentos de quase 10% na força de sustentação, tanto para turbinas em contacto com o ar como em contacto com a água, facto revelado por uma investigação feita pela U.S. Naval Academy (USNA), facto particularmente relevante hoje em dia, em que tentamos maximizar a força das energias alternativas. Festo SmartBird, esquema de vôo A pensar num conceito semelhante até os gigantes da indústria automóvel, que durante tanto tempo ignoraram o conceito de eficiência energética (sobretudo os americanos), ou do uso de combustíveis não fósseis, estão a tentar usar estes conceitos no desenvolvimento de novos carros. A Mercedes por exemplo, desenvolveu um carro que denominou como sendo biónico, e que, apesar de não agradar aos conceitos estéticos de toda a gente (na opinião do autor, é um carro feio que dói, quase ao nível dos Fiat Multipla), mas Máquina Voadora de Leonardo que a nível de tecnologias usadas, reduz a emissão de 80% no que diz respeito aos óxidos de E quem é que não viu Michael Phelps a nitrogénio, redução conseguida com o uso de um quebrar o record de medalhas olímpicas ganhas tipo de catalisador diferente, juntamente com o em 2008, Beijing? Um dos motivos que justifi- uso de placas de forma hexagonal na carroceria, a caram tantos records quebrados no mesmo evento própria forma da carroceria, que se assemelha aos (não só por Phelps) no campo da natação foi o peixes ostraciontídeos (vulgarmente designados desenvolvimento de novos factos de banho por por “peixes-cofre”). parte da Speedo (denominados de Fastskin FSII) cuja superfície rugosa foi desenhada tão próxima da dos tubarões quanto possível, que já se sabia há algum tempo ser a superfície natural com Piston NEEMAAC ENGENHARIA DE TOPO Até em computação, que usualmente consideramos algo de domínio puramente humano, temos as chamadas redes neurais, que são redes de computadores ou de processadores, cuja estrutura se baseia nos sistemas nervosos encontrados nos animais, e que conseguem algo tão magnífico como assustador, que é o reconhecimento de padrões e aprendizagem própria, algo que contrasta com a computação que até agora tivemos, a de um computador “burro” e totalmente dependente de uma programação prévia e linear. Bando de Aves em Formação Tabletop model of the complaint cellular truss structure (avião com asas polimórficas) Associando uma rede de processadores que consegue aprender sozinha à Salamandra Robotica II, chegamos a um novo patamar tecnológico (e ao pesadelo de muita gente). Este robot foi desenvolvido pela École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL, também denominado de Swiss Federal Institute of Technology), no âmbito de vencer os problemas de locomoção normalmente associados à robótica e de estudar algumas hipóteses acerca relação entre a espinal medula e a locomoção de vertebrados. Para isso apresenta-se sob uma forma multi-modal e tratase, como o próprio nome indica de um robot inspirado numa salamandra: é anfíbio, tem um conjunto de processadores ligados numa rede neural, e sendo multi-modal apresental um certo grau de independência caso algum dos módulos se danifique. É o único robot que anda, rasteja e nada. Também pelo mesmo instituto chega-nos uma ponte construída com base nos conceitos de integridade tensional. Para os mais interessados em Projecto Mecânico esta pode ser das mais interessantes investigações aqui presentes. Olhando para os animais vertebrados (ainda que aconteça em vários outros exemplos da Natureza), vemos um caso de integridade tensional 8 no seu conjunto “osso + músculo”, que é responsável pelo aumento significativo da sua resistência quando comparado com a soma das resistências do osso e do músculo individualmente. Integridade tensional é, em termos simplificadores, uma simbiose entre elementos sujeitos à tracção e à compressão, sendo que em contraste com os elementos sujeitos à tracção, os elementos sujeitos à compressão vêem alterada a intensidade da mesma, o que permite o movimento. Uma estrutura assim permite que alguns dos elementos sofram danos graves sem que isso ponha em causa a integridade estrutural do projecto. E permite também que haja reparações com um número muito menor de elementos humanos. Construir estruturas fazendo uso da integridade tensional é algo novo, e que implica usar regras de dimensionamento diferentes das clássicas, mas também é algo aliciante e prometedor. Depois deste artigo, olhas para a Natureza e o que vês? Março 2014 Partículas de TMV, apliadas 160k vezes RICARDO BAILA Jornadas Pedagógicas Dia 26 de Fevereiro foi a data da realização da quinta edição das Jornadas Pedagógicas com o intuito de abordar e esmiuçar a actividade lectiva relativa ao primeiro semestre do presente ano lectivo. Mais uma vez, o evento apresentou-se como uma larga ponte de ligação entre os alunos e o corpo docente, bem como de toda a comunidade associada ao bom funcionamento do nosso departamento, tendo por base o tratamento do último inquérito pedagógico. Contando sensivelmente com o mesmo número de preenchimentos relativamente ao homólogo do penúltimo semestre, revelou-se e discutiu-se a qualificação do ensino no DEM, desde a qualidade das aulas à organização do nosso meio, contando, relevantemente, com as críticas dos alunos. Tratando de temas variados, como o controlo dos alunos não inscritos em determinadas aulas ou ao horário disponível da sala de estudo, o mote, desta vez, foi a implementação do novo Regime Pedagógico no semestre que agora decorre, sendo que no anterior, os estudantes tinham já sido ambientados com esta realidade. O sentimento foi sobretudo de indignação, quer com o facto de os estudantes não possuírem, em muitos casos, livre-arbítrio na sua gestão de avaliações, quer pela perda de oportunidades para concluir unidades curriculares. Facto é, que o NEEMAAC está prosseguir com o seu trabalho, na tentativa de maximizar o número de cadeiras em que a avaliação possa ser mais flexível com o chamado “Regime Pleno” e necessita obviamente do apoio e assertividade dos estudantes. O futuro do nosso ensino é par- te de nós no presente e a Pedagogia agradece e proclama a voz dos estudantes que mais uma vez garantiram a qualidade e eficácia de um evento informalmente simbiótico feito pelos alunos, com os professores. DANIEL SILVA Piston NEEMAAC Notícias Exposição de Fotografias Brevemente, o departamento de engenharia mecânica receberá uma nova atividade do NEEMAAC, uma exposição de fotografias tiradas quer por alunos, quer por professores do departamento. Qualquer um pode participar, basta mandar a fotografia que achar que deve ficar pendurada nas paredes do departamento para o correio electrónico do NEEMAAC. A exposição encontrar-se-á por todo o departamento. Mais uma excelente atividade para divulgar que os talentos fotográficos do departamento, quer para mostrar que em mecânica também existe espaço para a arte e para a cultura. ANTÓNIO ALMEIDA Biblioteca vira Sala de Estudo Desde que o conteúdo da Biblioteca do DEM passou para a Biblioteca Central do Pólo 2 que se tem vindo a comentar que o espaço da Biblioteca deveria servir o departamento e os seus estudantes como Sala de Estudo. Depois de este assunto ter sido debatido nas Jornadas Pedagógicas, realizadas dia 26 de Fevereiro, o NEEMAAC e a direcção do DEM acordaram a abertura do espaço como Sala de Estudo. Esta terá um fun- cionamento alargado, algo muito pretendido pelos estudantes, num horário ininterrupto entre as 08h45m e as 19h45m. Passo importante para os estudantes do departamento que garante um espaço onde se pode estudar mais à vontade. Base de Dados NEEMAAC Outro passo importante dado pelo NEEMAAC. Após tanto tempo como hipótese a ser equacionada, cerca de dois anos, esta semana passa a estar disponível online uma plataforma que servirá como base de dados de apontamentos de apoio às cadeiras. A plataforma não está concluída a 100%, pelo que algumas funcionalidades ainda não estarão disponíveis e outras não estarão completamente funcionais. MIGUEL CLEMENTE 10 Março 2014 MIGUEL CLEMENTE “Última” Aula do Professor Luis Adriano Oliveira Decorreu no passado dia 5 de Março, uma aula intitulada “Navier-Stokes: Música na Equação” com o propósito de assinalar a recente aposentação da função pública por parte do Professor Luis Adriano Oliveira. Para assistir e estar presente nesta despedida ao Professor, amigos, colegas e estudantes afluíram ao Auditório do DEM, com uma assistência superior à sua capacidade. O director do DEM, Professor Cristóvão Silva, e o presidente do NEEMAAC, João Marques, com um discurso inicial deram início à aula que decorreu numa forma relaxada, com emoção, risos e aplausos. MIGUEL CLEMENTE Piston NEEMAAC Notícias Academia do Emprego Nos passados dias 14 e 15 de Fevereiro realizou-se no nosso departamento a Academia do Emprego, uma das actividades mais ambiciosas e representativas do que o NEEMAAC se propõe a ser para os seus estudantes, facilitando-lhes no limite das suas capacidades o seu acesso futuro ao mercado de trabalho. No 1ºdia, logo de manhã, começou-se por ouvir e discutir algumas técnicas de elaboração de um CV conciso e ilustrativo das reais capacidades de cada um, assim como adaptável a cada empresa e ao seu perfil empregador. Para este efeito tivemos a honra de receber a assessora do Secretário de Estado que assegura a pasta do Emprego. Seguiu-se um Almoço Networking, almoço volante onde os alunos tiveram oportunidade, de uma forma mais informal, de começar a estabelecer contactos com algumas empresas que os iriam receber no Pitch durante a tarde. Pitch esse que permitiu aos participantes simulações reais de entrevistas de emprego, onde em cerca de 4 minutos teriam de se apresentar e descrever porque seriam uma mais-valia especificamente para aquela empresa - um dos desafios mais entusiasmantes que exige um auto-conhecimento profundo e uma certeza exacta de onde se quer ir e o que se quer fazer. Fizeram parte do nosso Pitch:a Bosch, a Te and M, a Renault e a Active Space Tecnologies. Para finalizar este dia repleto de valorização pessoal e profissional contámos com uma palestra de um professor de Psicologia especialista na área da dinâmica de grupo, já a ter em conta o que iria acontecer no dia seguinte. Neste 2ºDia mudou-se a faixa e deu-se mais enfoque ao trabalho de equipa e à resolução de um Case-Study, um problema real de uma empresa, alimentando e desenvolvendo assim a criatividade dos nossos participantes, o que ficou provado pelas diversas e bastante válidas soluções apresentadas pelos mesmos. Agradecemos a disponibilidade da Professora Marta, e dos Professores Cristóvão Silva e António Raimundo para a 12 realização desta actividade, que constituíram o nosso júri convidado. No cômputo geral a Academia do Emprego foi um sucesso e o NEEMAAC espera que seja apenas a primeira de muitas, visto que nunca deixaremos de apostar na aproximação de cada estudante ao seu futuro e na importância que este tipo de formação tem no desenvolvimento das suas competências transversais. Para fechar com chave de ouro gostaríamos de congratular uma colega nossa, que através desta actividade, conseguiu arranjar emprego na Bosch. As maiores felicidades para ela e para todos aqueles que não esperam que o futuro lhes bata a porta. Segue o seu testemunho. “A Academia do Emprego foi uma actividade do NEEMAAC que teve desde inicio grandes expectativas da minha parte e posso dizer que as ultrapassou. Para além de uma optima oportunidade para treinar o momento de entrevista, crucial para qualquer pessoa que esteja à procura de trabalho, foi também uma oportunidade unica de ouvir feedback sobre a nossa performance, o que melhorar e o que manter no nosso discurso, pelos empregadores. So por isto a Academia ja teria sido um sucesso, mas no meu caso proporcionoume ainda a oportunidade de uma posterior entrevista, que levou a que fosse aceite e esteja neste momento prestes a iniciar um estagio profissional na grande empresa que é a BOSCH. Por tudo isto, so tenho a agradecer e congratular o NEEMAAC pela excelente actividade que organizou.” Andreia Ribeiro Março 2014 FILIPE AMARO UMA AVENTURA EM... TURIM Ciao ragazzi, a minha experiência de Erasmus foi passada em Torino, Itália. Fui para Torino a achar que ia para uma pequena cidade de Itália. Estava enganada, quando lá cheguei foi assustador. No primeiro dia, depois de ir deixar as mala à residência (previamente reservada por intermédio da Universidade), fui assinar o contrato de residência. De início não fiquei muito deslumbrada, pois nesse dia andei por uma parte da cidade maioritariamente residencial. Mas no segundo dia tudo melhorou ao ir ao centro, que é fantástico, e ver que afinal sempre existiam italianos naquela cidade, apenas ainda não me tinha apercebido da real dimensão desta. No terceiro dia houve um welcome meeting que o Politécnico organizou para explicar o funcionamento do mesmo e que para estrangeiros iria existir um curso de italiano para nos adaptarmos melhor ao novo país. No decorrer do semestre, sendo uma faculdade com imensos estudantes internacionais, à mesma disciplina chegava a haver várias versões das aulas, em italiano e em inglês, por isso foi bastante fácil acompanhar as aulas. A adaptação à cidade foi bastante fácil, não só porque fui com colegas portugueses, mas também porque fui viver para uma residência só de estudantes internacionais em que comecei a conhecer pessoas na mesma situação que eu logo no primeiro dia. No que toca à aprendizagem da língua, o italiano é muito fácil de perceber para nós Portugueses devido à semelhança da língua: é só necessário falar cantando que eles logo nos entendem! Tive muitas oportunidades para conhecer Itália, para além de Turim: ao longo do semestre vários grupos de Erasmus organizavam viagens para visitar outras cidades. Então consegui ir ao Oktoberfest em Munique e a Roma em viagens organizadas, assim como às vilas ao redor de Torino de comboio. A uma hora de distância de comboio tinha também a estância de esqui de Bardonecchia, palco dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006. É muito fácil movermo-nos dentro e fora da cidade. Foi uma experiencia fantástica e aconselho toda a gente a experienciar o Erasmus. Não é fácil porque terás de te adaptar a uma cidade diferente, a uma universidade nova e outros métodos de ensino e de avaliação. No entanto, compensa! Será uma experiência que guardarás para sempre na memória. MARIA MARGARIDA SÁ Piston NEEMAAC O entrevistado desta edição do Piston é o professor Luis Adriano Oliveira. Desde já, um muito obrigado pela disponibilidade do professor para responder às perguntas. O Piston agradece todos os conhecimentos e todos os momentos que o professor deu ao nosso departamento. 1. O que o levou a estudar Engenharia Mecânica e como surge a relação com a área da mecânica dos fluidos? 1.a - O curso de Engenharia Mecânica presta-se a um equívoco de identidade: não é raro ver, ainda hoje, quem associe esse curso à mecânica de automóveis (ou algo equivalente…) e pouco mais! Daí, penso, a população estudantil feminina ser significativamente inferior à masculina. Basta um rápido olhar para os títulos e/ou os programas das cadeiras do curso para desmontar este preconceito. Felizmente, isso tem sido feito, e as pessoas apercebem-se, cada vez mais, do largo espetro temático e do enorme potencial de empregabilidade que o curso oferece. No meu caso pessoal, sempre adorei automóveis e, em linha com o referido equívoco, desde muito jovem achei que o meu curso seria, portanto, Engenharia Mecânica! Hoje, teria continuado a escolhê-lo, mas por razões bem diferentes: não há, praticamente, tema ligado às Ciências da Terra que não possa ser abordado no âmbito deste curso! 1.b - A minha opção pelo ramo então conhecido por “Térmicas” e, dentro dele, pela Mecânica dos Fluidos, decorreu, em grande parte, do meu relacionamento com o Professor A. R. Janeiro Borges (hoje, catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa). Ele convidou-me para monitor dessa cadeira, e aconteceu algo de muito comum: quando aprofundamos um tema, começamos a apaixonarnos por ele! Mais tarde, fiz o mestrado e o doutoramento na mesma área, primeiro em Poitiers (França), depois em Coimbra. Isso apenas reforçou o meu gosto pela área, e a perceção da sua vastíssima aplicabilidade prática. Afinal, 75% da Terra está coberta de água, e 100% de ar, ambos fluidos! 2. O professor estudou na UC. Como era a vida dum estudante de Coimbra nessa altura? Quais as grandes diferenças que aponta, dos seus tempos para os atuais? Coimbra estudantil sempre teve uma tradição boémia, e eu não fugi a essa regra. Mas desde cedo me apercebi de que o meu grau de inteligência é mediano (génios, há poucos!), ou seja, tive de trabalhar imenso para concluir o curso com média de 16, condição à época necessária para a concessão de uma bolsa que me permitisse fazer o doutoramento fora do País. A minha perceção é de que, hoje, e sobretudo nos primeiros anos do curso, a cultura de trabalho está menos implantada no perfil do estudante de Coimbra, havendo acrescida tendência para ignorar que “conhaque é conhaque, e trabalho é trabalho”. Julgo que é pena, porque isso acaba por pagar-se mais tarde, impondo a recuperação de bases que deveriam ter sido alicerçadas no início do curso. Por outro lado, o fácil acesso a computadores pessoais, ligados entre si e à Internet, representa 14 Março 2014 um trunfo de potencial incomensurável que, na minha fase de estudante, simplesmente não existia! 3. O que o motivou a tornar-se professor universitário? Por estranho que possa parecer no momento atual, professor universitário é, para mim, uma profissão privilegiada. Com efeito, pese embora o facto de o salário ser significativamente inferior ao de um Cristiano Ronaldo, o professor universitário goza de real autonomia: contribui para a formação de sucessivas gerações de jovens (com quem aprende diariamente), ensina sobre aquilo que investiga, investiga sobre aquilo de que gosta, e tem invejável capacidade de gerir o seu próprio horário de trabalho. É um cenário utópico? Não digo que não. Em todo o caso, foi assim que o sonhei e, mais tarde, vivi. Tenho, porém, consciência das crescentes dificuldades enfrentadas pelos professores universitários atuais, que passam pela imperiosa necessidade de: publicar a um ritmo por vezes frenético; financiar a sua própria investigação e a dos seus formandos; colmatar falhas decorrentes de limitações orçamentais impostas pela tutela (de que, não raro, decorrem pesadíssimas cargas horárias de ensino); satisfazer intermináveis processos de avaliação de desempenho, envolvendo níveis crescentes de complexidade e burocracia… Talvez por tudo isto eu tenha optado pela aposentação, mas não sem exprimir respeito e admiração pelos que, de forma mais ou menos voluntária, permanecem ligados ao sistema. 4. Como foi a sua primeira aula? E o que sente quando dá uma aula? Adoro dar aulas a alunos interessados, tal como detesto fazê-lo a alunos indiferentes (também existem!). Trata-se de um espaço privilegiado de comunicação, de tipo win-win : todos ganhamos, alunos e professor. É profundamente gratificante sentir quando a mensagem passa, e a cumplicidade se instala. Muitas vezes, chega a ser divertido: o humor, em particular, é um instrumento didático de enorme eficácia! Tenho um bom relacionamento com os alunos e orgulho-me disso. A minha primeira aula foi dada a colegas, já que eu era, então, monitor (1974). Tratávamo-nos todos por tu, em atmosfera altamente informal. Desde o primeiro momento senti o prazer desse espaço de partilha. Quando, três anos volvidos, regressei de França, os alunos passaram a tratar-me por você: percebi que tinha envelhecido! 5. Qual o momento mais caricato que decorreu numa aula sua? Ve r d a d e i r a mente caricato, do tipo caírem as calças do professor em plena exposição de matéria, não me recordo de nenhum momento em particular. Algo insólitos, mas giríssimos, têm sido os momentos de aula em que circula pelos alunos uma garrafa de whiskey, ganha de cada vez que detetam um total de três gralhas no livro de apoio à cadeira de Mecânica dos Fluidos, assinado pelo meu coPiston NEEMAAC à CONVERSA COM... lega António Gameiro Lopes e por mim próprio. Tenho fotos de momentos desses, que guardo como documentos preciosos da minha carreira de professor. 6. Muitas pessoas afirmam que é dos melhores professores que já passou pelo curso. O que acha desta afirmação? Honestamente, não enjeito o elogio, aliás muitíssimo gratificante! Dar aulas é, como referi, um momento de enorme fruição: de algum modo, estou em palco, mas a peça é interativa, só funciona quando o público reage bem. E eu tenho tido a sorte de contar sempre com públicos excelentes, com casa cheia e de aplauso generoso. Mas não posso deixar de sublinhar que este departamento dispõe, sem qualquer dúvida, de vários docentes cujas qualidades didáticas os colocam entre os melhores. 7. Do que vai sentir mais falta no departamento? Espero que a questão não se coloque, para já, desse modo. Este departamento faz demasiadamente parte de mim para que eu me despeça radicalmente dele: prefiro adotar a postura do Dr. Pedro Santana Lopes: “vou continuar a andar por aí…” 8. O que pensa acerca do futuro do departamento e desta engenharia? O nosso departamento conta com gente fabulosa, entre professores, alunos e funcionários. E a Engenharia Mecânica tem sido das que melhor resistem às dificuldades recentes que todos conhecemos (para o comprovar, basta ver o número e o perfil dos alunos que entram anualmente no curso). Há claros indícios de retoma económica. O DEM, e os alunos por ele formados, vão ser protagonistas de peso nessa retoma. 9. Alguma mensagem para os estudantes do DEM? Como referi na resposta 2., parece-me essencial distinguir trabalho de cognac, sendo que há tempo para ambos. O DEM dispõe do melhor núcleo de estudantes da nossa academia, o NEEMAAC. Vale a pena explorar todos os benefícios decorrentes da sua notável capacidade de iniciativa, nomeadamente participando de forma ativa nas jornadas pedagógicas: com periodicidade anual, tais eventos constituem excelente oportunidade, não apenas para “malhar” nos professores (o que é altamente saudável, se bem feito), mas também para refletir, de forma construtiva e abrangente, sobre o quotidiano dos estudantes no departamento. Vive-se, no DEM, um clima de proximidade entre alunos e professores que é invejável a todos os títulos. Há que tirar o melhor partido desse enorme trunfo, que considero, aliás, singular em toda a nossa Universidade. Por fim, a carga letiva decorrente da reforma de Bolonha não facilita a inclusão de matérias curriculares do foro humanístico. Acontece que essas matérias são cruciais na formação do perfil de um engenheiro moderno: saber estar, falar e redigir, “vender” a sua própria imagem de marca e a do produto do seu trabalho, podem fazer toda a diferença na procura de um bom emprego, ou de um emprego tout court. Toda essa vertente formativa e cultural fica a cargo dos próprios estudantes, que devem sentir-se motivados para lhe atribuir a importância que realmente tem. Em particular, a capacidade de internacionalização (aprendizagem de línguas, frequência de estágios ou pós-graduações no estrangeiro, participação em projetos de investigação envolvendo vários países) é hoje fundamental, até porque ninguém nos livra de poder aparecer um primeiro-ministro que se lembre de aconselhar a via da emigração… ANTÓNIO ALMEIDA 16 Março 2014 Magníficas Bugigangas do séc XXI Que o século XXI iria ser pródigo em avanço da ciência e evolução tecnológica todos nós sabíamos, mas que neste “curto” espaço de tempo esse grande avanço tecnológico iria trazer um reviravolta tão grande na sociedade poucos de nós desconfiaríamos. Hoje em dia o acesso à cultura e informação está muito mais facilitado e agilizado. Enquanto que há um século, as pessoas que queriam adquirir algum nível de cultura teriam, inevitavelmente, de estar dias e dias mergulhados em grandes bibliotecas a ler enormes calhamaços, hoje em dia basta um clique e acedemos à maioria da informação contida nas enciclopédias mais comuns, aliás clique não, porque o próprio “clique” algo que parece moderno já está a começar de fazer parte do passado com o domínio avassalador do mercado dos touch. A verdade é que o uso de tablets e smartphones generalizou-se, e nós portugueses sempre fomos atrás das tendências, ou mesmo à frente, dependendo do ponto de vista, prova disso é que temos mais telemóveis activos do que habitantes em Portugal, imagine-se agora que com os telemóveis cada vez mais finos cabem ainda mais no bolso. Hoje é vulgar ver-se um jornalista apresentar o telejornal servindo-se da ajuda do seu tablet, sair-se à rua e ver pessoas a tomar o seu café enquanto lêem as noticias no seu smartphone ou mesmo ver-se alunos a tirar os seus apontamentos nas aulas para estes aparelhos, e isso é o lado bom da moeda, porque como em qualquer outra invenção, estes aparelhos podem ser instrumentos preciosos ou não passarem de simples bugigangas mediante o uso que se lhe dá. E é esse, na minha opinião, o ponto fulcral da questão, porque cada vez mais é vulgar ver-se famílias que vão passear para um jardim e as crianças não são capazes de tirar partido do mundo que as rodeia porque estão a trocar a bola real pela bola virtual, jogando nestes aparelhos portáteis, vê-se almoços/jantares de grupo em que alguns dos elementos do grupo já vão na sobremesa e ainda alguns não iniciaram o prato principal, porque ainda não descolaram os olhos dos seus ecrãs tácteis. Por este andar ainda se terá de repensar as regras de etiqueta e modificar a disposição dos diversos elementos nas mesas, para arranjar espaço para o telemóvel e/ou tablets ali bem ao lado do guardanapo. Piston NEEMAAC VÍCIOS URBANOS É esta a sociedade para a qual caminhamos, onde pessoas trocam apertos de mão e abraços por “likes”, conversas cara a cara por “comments” ou por alguns minutos de chat. E é este distanciamento inevitável que contribui para uma desumanização da população, em que as pessoas são capazes de não falar com pessoas chegadas há meses simplesmente porque vão tendo notícias delas através de fotos e “posts” partilhados nas redes sociais. Não quero com isto desvalorizar o avanço da tecnologia ou mesmo das redes sociais, porque as mesmas são indispensáveis nos dias de hoje e podem ser elas uma ajuda preciosa para atingir os nossos fins, contudo é preciso ser sensato e não viver dependente destes aparelhos, descuidando valores essenciais e que devem permanecer na sociedade. José miguel nunes 18 Março 2014 Apresentado Novo Scirocco Depois do dia 6 de Março, ter sido revelado no Salão Automóvel de Genebra, o novo modelo Scirocco foi apresentado na fábrica de Palmela. O desportivo da VW estará disponível no mercado a partir de Agosto, sendo o objectivo da fábrica de Palmela uma produção diária de 150 a 160 unidades por dia. Desta produção,99,9% será para exportação, sendo a China o principal destino. O novo modelo do Scirocco apresenta alterações sobretudo ao nível das linhas traseiras, mais vincadas, correspondendo isto a um design mais desportivo e arrojado do automóvel. Ao nível da grelha frontal há também mudanças, sendo agora uma peça única aquela que une os dois faróis dianteiros e a grelha. Os dispositivos auxiliares de estacionamento também sofreram modificações. No que diz respeito á motorização, estas foram rentabilizadas diminuindo-se assim os consumos entre 4 e 9 litros aos 100. Na cerimónia de apresentação do novo Scirocco esteve também o secretário de Estado da Inovação e do Empreendedorismo, Pedro Gonçalves, que reforçou o comprometimento do Governo em continuar a apoiar o investimento em Palmela sendo de extrema importância, a introdução deste novo modelo para o futuro da fábrica. Carlos Figueiral Piston NEEMAAC MUNDO AUTOMÓVEL Fórmula 1: A Revolução Acabou como começou. A Era dos motores V8 na Fórmula 1 teve vitórias da Renault a abrir e fechar o pano. Primeiro como equipa (Renault F1) e finalmente como fornecedora de motores (Red Bull Renault), a marca francesa participou no início e fim dos motores que agora serão substituídos. Mas nem só de motores novos vive a Fórmula 1. O escalão máximo do desporto automóvel tem este ano uma das maiores alterações conjuntas de regulamentos e tecnologia da sua história. Uma autêntica revolução. Mais alterações do que nas épocas de 83 e 98 e ainda das alterações aerodinâmicas com o objectivo de criar mais ultrapassagens e regresso dos pneus “slick” em 2009. Falando sucintamente do que salta logo à vista: a aerodinâmica. Os monolugares da época que se avizinha estão irreconhecíveis quando comparados com os seus antecessores. Os atualizados regulamentos foram pensados para promoverem a segurança e diminuerem o downforce. Desde cedo na preparação da nova época a FIA teve por convicção instaurar narizes baixos nas frentes dos monolugares e, no seguimento dessa ideia, é exigida uma altura máxima de 550mm da frente do carro (sendo que a altura máxima da 20 monocoque continua inalterada no valor de 625 mm), o que força as equipas a baixarem os narizes e a colocarem-nos mais perto das asas dianteiras. Mas não é tudo! Os narizes, à semelhança do ano anterior, têm de estar ligados à asa frontal por dois pilares mas agora a largura máxima da asa frontal foi “cortada” 75 mm de cada lado com o já referido objectivo de diminuir o downforce das máquinas. Ora isto traz desafios extra para os projectistas já que implica alterações substanciais no fluxo de ar em torno dos pneus. Outro grande pacote de alterações recai sobre o motor e sistemas de recuperação de energia. Os F1’s serão equipados com motores 1.6L V6 Turbo, turbo esse que transferirá energia para um motor eléctrico que se encarregará de carregar as baterias. No sentido inverso, a energia armazenada nas baterias pode ser aplicada tanto no turbo como num segundo motor eléctrico ligado às rodas traseiras e que funcionará similarmente ao KERS. O sistema de travagem traseiro terá a possibilidade de estar ligado a ambas as baterias e, portanto, fornecer-lhes energia o que torna todo este sistema bastante complexo. Com várias “unidades” interligadas e com vários caminhos Março 2014 energéticos a seguir, será interessante ver como é que as equipas e os pilotos vão gerir as devidas alturas em que devem recolher energia e quando é que a devem aplicar, sendo que, este pode, à partida, ser um ponto de distanciamento pontual na classificação bastando para isso que sejam feitas as escolhas certas. Na nova configuração, os monolugares vão dispôr de um maior binário, o que implica necessariamente uma nova (e mais robusta) caixa de velocidades. Esta será constituídas por 8 velocidades a que se adiciona a marchaatrás. Em resumo, os motores ficarão mais pequenos enquanto que as caixas de velocidade ficarão mais compridas. Falando ainda acerca dos motores, sabemos já que irão produzir cerca de 600 cv a que se junta um extra de 160 cv a serem usados durante 33 segundos. O motor eléctrico trará uma importantíssima vantagem de aumentar o binário em rotações baixas já que diminui o lag do turbo. Em suma estão reunidos alguns dos ingredientes necessários para tornar a próxima época de F1 marcante. As alterações nas “regras do jogo” colocam todos de novo na estaca zero o que, à partida, prejudica principalmente a Red Bull pelo domínio avassalador que tem imposto nos últimos anos e pela forma brilhante como Adrian Newey moldou época atrás de época os seus monolugares às regulações vigentes até à passada época. No pólo oposto, esta temporada é uma oportunidade de ouro para equipas como a Ferrari ou a Williams provarem o porquê de serem lendárias no seio da F1. Do lado dos italianos, o regresso do “Iceman”, Kimi Raikkonen, é um trunfo de peso a juntar ao já rapidíssimo Fernando Alonso. Uma equipa em que ambos os pilotos já se sagraram Campeões do Mundo (!!!). Do lado da “turma” de Frank Williams há uma óptima sensação de “reset”. Felipe Massa parece estar a adaptar-se que nem uma luva à nova equipa e ao novo carro, e as indicações de pré-época confirmam que a equipa está no bom caminho. Não ter de “correr para Fernando Alonso” como o piloto referiu, pode ser o factor determinante para que tenhamos novamente um brasileiro a “mostrar como se faz”. O lendário Emerson Fittipaldi já demonstrou todo o seu apoio por Massa nas redes sociais referindo estar à espera que o “Williams esteja ao nível do seu talento”. Por isto e muito mais, a Fórmula 1 terá em 2014 o condão de “agarrar” os fãs e apaixonados pelo mundo automóvel ao ecrã da televisão e, para os mais afortunados, proporcionar fantásticas corridas ao vivo. Com um leque de alguns dos melhores pilotos do mundo e equipas de topo a entrarem numa nova realidade tecnológica, 2014 tem tudo para nos trazer momentos para “mais tarde recordar”. Francisco Vieira e Brito Piston NEEMAAC DO VAZIO À GLÓRIA “Ano Novo, vida nova!” assim enuncia o dito popular e a certeza que fica é que em pouco mais de dois meses, no novo ano civil, o futebol nacional nunca mais vai voltar a ser o mesmo. Ainda se contavam os dias do ano pela mão e já se chorava o desaparecimento do ‘Rei’. Falecia Eusébio da Silva Ferreira, figura maior da história lusitana. O Pantera Negra sucumbiu a uma insuficiência cardíaca ao quinto dia do ano, apanhando de surpresa o país e o Mundo. Eusébio foi herói, bandeira de um país, outrora moribundo e desconhecido, além-fronteiras. Eusébio foi decisivo e único e, por tudo isto vai ser sempre visto como alguém intemporal, pertencente a um círculo restrito onde jazem todos os grandes artistas que nunca morrem. Eusébio foi decisivo e único e, por tudo isto vai ser sempre visto como alguém intemporal, pertencente a um círculo restrito onde jazem todos os grandes artistas que nunca morrem. 22 Do Bairro da Mafalala para o Mundo, Eusébio conquistou palcos, conquistou plateias, conquistou toda a estirpe futebolística e vai ter sempre um lugar reservado na galeria de honra do futebol mundial pois a sua dimensão assim o exige. Ainda no pranto do King, por terras lusitanas se aguardava a decisão das decisões, o momento pelo qual o país parou, o momento em que todo o fervoroso adepto colocou a ‘pastilha no canto da boca’ e aguardou pelo anúncio. Messi, Ribéry ou Ronaldo? Pélé, bola de ouro honorário, proferiu timidamente o que já há alguns anos Portugal esperava e desesperava. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo ao arrecadar a sua segunda Bola de Ouro, a primeira desde que o troféu é chancelado pela FIFA, tornando-se assim no primeiro jogador português a atingir o topo do Mundo por mais de uma vez na sua carreira. Ronaldo chorou, deixou-se mover pela emoção padecendo o sentimento de alívio como quem, depois de sucessivas desilusões, vê finalmente todo o seu trabalho meriMarço 2014 Quo vadis porto? benfica na linha da frente para a conquista do título. Se as primeiras dez jornadas do Campeonato anteviam um domínio exacerbado do Porto de Paulo Fonseca, desde Novembro que se tem tornado notório que os azuis-e-brancos se encontram num fim de ciclo. A derrota com o Estoril esgotou a paciência da massa adepta, assim como a margem de manobra de Paulo Fonseca no reino do Dragão que está agora com ‘um pé e meio’ fora da luta pelo título e nem o regresso do ‘Mustang’, Ricardo Quaresma, permitiu uma súbita mudança de velocidade nas ambições do tricampeão nacional. Por outro lado, tudo se perspetiva que seja na 2ª circular que o campeonato seja decidido entre os eternos rivais da capital e nesse capítulo o Benfica parte na linha da frente e em alerta, para não cometer os mesmo erros de há 12 meses atrás, quando ‘tudo o vento levou’ no espaço de uma semana. Jesus está impedido de errar pelo terceiro ano consecutivo, e se lógica existir e a caravana circular sem anormalidades, a decisão da Liga Zon Sagres 2013/2014 está nas mãos do Benfica apesar de a margem ainda não ser 100% segura e intocável. CÍRCULO CENTRAL toriamente recompensado. As lágrimas do capitão da seleção nacional atravessaram o planeta do futebol mas, ainda de lágrimas seria feito o primeiro bimestre do ano. No Benfica, Eusébio tinha um ‘pai’, um tutor, um exemplo de respeito e liderança em Mário Coluna e eis que, apenas algumas semanas após o desaparecimento do Pantera Negra, quis o destino que o Monstro Sagrado, como era apelidado, também deixasse de nos agraciar com a sua presença. Em dois meses, Portugal perde Eusébio e Coluna, espinhas dorsais dos heróis de 1966, os Magriços que lograram o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de Inglaterra, classificação que permanece como a melhor de sempre da selde Mundial do Brasil, os dados estão lançados para ser um torneio memorável. Homenagear Coluna e Eusébio com uma boa campanha é imperativo, até porque Portugal chega ao Brasil com o melhor jogador do Mundo na sua comitiva. Até Junho, muita água vai correr por baixo da ponte mas por terras de Vera Cruz, o coletivo lusitano não pode vacilar. EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA 1942-2014: Longa Vida ao ‘Rei’ O Mundo do futebol ficou mais pobre! Aos 71 anos, morreu um dos maiores símbolos do futebol nacional, vítima de paragem cardiorrespiratória. Bola de Ouro em 1965, Eusébio já tinha dado sinais de saúde debilitada mas nada fazia antever um desfecho tão repentino na epopeia do Pantera Negra. Nascido a 25 de Janeiro de 1942 na então Lourenço Marques, hoje Maputo, Eusébio tornouse no maior símbolo do futebol português. Vindo de Moçambique, depois de ter jogado no Sporting de Lourenço Marques, chegou ao clube da Luz no Inverno de 1960. Foi nessa década que o King mais brilhou nos relvados, ao serviço do Benfica e da seleção de Portugal, na qual se destacou no Mundial de 1966, onde foi o melhor marcador. Com primor técnico, força física acima da média e um preciso remate de pé direito, Eusébio pegou destaque no retângulo verde e foi assim ao ‘ritmo’ de “Tu és o nosso Rei, Eusébio!” que milhares de adeptos se mobilizaram para dizer um último adeus ao Pantera Negra. Um momento comovente e envolto em emoção, rubricado, por certo, na página de um país que apontou prontamente para o desejo de o antigo artilheiro da seleção nacional e do Benfica ser, num futuro próximo, transladado para o Panteão Nacional, sob o estigma de apesar de não ser um homem da prosa, também Eusébio foi, é e sempre será um dos notáveis artistas que agraciou Portugal. Piston NEEMAAC pORTFÓLIO – eusébio da silva ferreira MOMENTOS: EUSÉBIO Eusébio é sinónimo de irreverência e com ele foram celebrados momentos irrepetíveis. A seguinte lista enumera algumas das passagens que elevaram o Pantera Negra a ídolo, transversal a todas as gerações: Mundial 1966: Portugal – Coreia do Norte | O apuramento pela batuta de Eusébio Nome: Eusébio da Silva Ferreira Nascimento: 25 Janeiro 1942 Falecimento: 5 de Janeiro de 2014 (71 anos) Altura: 1,75m Palmarés: 1962 – Vencedor Taça dos Campeões Europeus 1962 – 2º Lugar Bola de Ouro 1965 - Bola de Ouro 1965 – Melhor marcador Taça dos Campeões Europeus 1966 – 3ª Lugar Mundial FIFA 1966 – Bota de Ouro no Mundial FIFA 1966 – Melhor marcador Taça dos Campeões Europeus 1966 – Bola de Bronze no Mundial FIFA 1966 – 2º Lugar Bola de Ouro 1968 – Melhor marcador Taça dos Campeões Europeus 1968 – 1º Jogador a ganhar a Bota de Ouro 1972 – Bota de Ouro 11 Campeonatos nacionais 5 Taças de Portugal 24 Em 1966, Portugal e Coreia do Norte faziam a sua estreia em fases finais do campeonato do Mundo e ambas as seleções viviam uma estreia de sonho e auspiciosa no palco maior do futebol mundial, ao atingirem os quartos-de-final da competição, cotando-se assim como parte integrante das oito melhores equipas do torneio, organizado por terras de sua majestade. Em terra de nobres brilhou o ‘Rei’ ao liderar a recuperação dos Magriços, quando já perdiam por 3-0 contra os norte-coreanos. De rompante, Eusébio celebra quatro golos virando por completo um jogo que acabaria com a vitória lusitana por 5-3. Nos tempos que correm, a exibição do Pantera Negra continua a ser conotada como uma das melhores de sempre, em fases finais de Mundiais. Contas feitas, Portugal viria a terminar o torneio num honroso 3º lugar depois de ter caído contra a anfitriã, Inglaterra, nas meias-finais. Mundial 1966: Brasil – Portugal | Quando Eusébio bateu o pé a Pelé Edson Arantes do Nascimento, o nome por si só pode significar pouco para o mais comum dos seguidores do ‘desporto rei’, mas se o traduzirmos simplesmente para Pelé, então o acontecimento adquire de imediato outra dimensão. Foi em Goodison Park, estádio do Everton no coração de Liverpool, que Portugal defrontou o Brasil bicampeão do Mundo em título (venceu em 1958 e 1962) e liderado pela lenda viva, Pelé. Ao avaliar o histórico das duas seleções, neste confronto entre países ‘irmãos’, o favoritismo pendia a favor dos canarinhos. No entanto, história seria feita, naquela que representou a segunda vitória de Portugal contra o Brasil (de um total de quatro em toda a história de confrontos entre os dois países), a primeira em jogos oficiais. Embalada por António Simões e por Eusébio que bisou na partida, Portugal gelou o Brasil e adiou o sonho do tricampeonato para os cariocas que foram forçados a esperar mais quatro anos por nova conquista. Março 2014 CÍRCULO CENTRAL 1962 – No topo da Europa Quando chegou a Portugal em Dezembro de 1960, Eusébio foi apelidado de ‘O Disputadíssimo’, fruto da briga existente entre Benfica e Sporting, para garantir os serviços do promissor jogador que atuava no Sporting de Lourenço Marques. A associação ao Sporting local viria a dificultar o ingresso de Eusébio no clube da Luz, dado que os responsáveis do clube de Lourenço Marques desejavam que Eusébio assinasse contrato com a ‘casa-mãe’ – o Sporting Clube de Portugal. Envolto em especulação, o quarto filho de Laurindo António da Silva Ferreira, um angolano branco que trabalhava nos caminhos-de-ferro de Moçambique, e Elisa Anissabeni, uma mulher moçambicana, acabaria mesmo por aterrar em Lisboa, ainda menor de idade, na esperança de representar o Benfica ainda no decorrer da temporada 1960/1961. No entanto, o pior cenário confirma-se e o processo arrasta-se por largos meses até que se chegue a um veredito, um verdadeiro epílogo na peripécia d’O Disputadíssimo. Assim, foi em Maio de 1961 que Eusébio teve o avale para vestir de águia ao peito, numa fase em que os encarnados já se encontravam apurados para a sua primeira final europeia contra o Barcelona. Apesar de expectante, Eusébio viu gorada a hipótese de alinhar na final desse ano apesar de ser, nessa altura, oficialmente jogador do Benfica, que paga por ele 400 contos, sendo assim impedido de defrontar a turma blaugrana, respeitando os regulamentos da UEFA, como é conhecida no nosso quotidiano. Eusébio esperou e desesperou mas a espera valeu a pena, não só porque na estreia, na última jornada do campeonato nacional de 60/61, alinhou de início contra o Atlético CP e fez o ‘gosto ao pé’ por três ocasiões, mas também porque, 12 meses mais tarde, estaria prestes a entrar na galeria de ilustres do futebol europeu. O jovem Eusébio, ao serviço do campeão europeu Benfica – que ganhou, um ano antes, a final diante o Barcelona por 3-2 – tinha pela frente, na final de Amsterdão, o poderoso Real Madrid. A equipa espanhola era vista como um autêntico ‘colosso’, ao contar nas suas fileiras com nomes como Alfredo di Stéfano e Ferenc Puskás, mas o ‘fado’ lusitano viria a imperar naquela noite holandesa. Relatos da época referem um Benfica com “Costa Pereira a colocar a bola como um doce nos pés de Eusébio que sozinho deixava de rastos a equipa contrária e resolvia.” e a imagem de um estádio cheio em tremenda ebulição é o que fica de uma final europeia que, consagrou os lisboetas como a força dominante do ‘velho continente’. Contudo, nem tudo foram rosas naquela noite uma vez que, o Benfica de Bella Guttman esteve a perder 2-0, procedendo-se uma reação quase imediata. Com golos de José Águas e Cavem, o empate foi uma certeza antes de novo golpe do magiar Puskás, que completava o seu hat-trick. A perder, o Benfica parte assim para a mais gloriosa das segundas partes, que terminaria com um 5-3 a favor das águias. Mário Coluna fez o empate, libertando o palco para a afirmação europeia de Eusébio que, com os dois golos apontados, deu ao Benfica o segundo título de campeão europeu e fez das águias o clube da moda, no início da década de 60, tornando-se no primeiro bicampeão europeu português além-fronteiras. Eusébio da Silva Ferreira deixava de ter apenas e só o reconhecimento nacional, alcançava assim um novo Eusébio (esquerda), Bella Guttman (centro) e Coluna (Direita) construiram mais uma victória europeia do Benfica. A primeira e única de Eusébio. Piston NEEMAAC patamar, tinha a Europa a seus pés, aos 20 anos de idade! Um ícone na Luz – A cadeira de Eusébio Por momentos, noutros tempos, o voo da águia era substituído pela ovação, de cada vez que o ‘Rei’ se regozijava no seu trono. Na Luz antiga, onde Eusébio escreveu num diferente tipo de prosa a história de um clube e de um país, no tempo em que não existia banco auxiliar e cuja logística era rudimentar, quando comparada com a atualidade, Eusébio tinha um lugar único: uma cadeira alinhada com a linha central. Era assim um símbolo e, tal como sucede nos dias que correm, com o já referido voo da águia antes dos jogos, o Pantera Negra subia ao relvado, sendo a sua entrada sempre muito aplaudida. Nesse tempo, a águia era Eusébio e o público não se cansava de o aplaudir, como se se tratasse da primeira vez. Sem Luvas, uma toalha, uma nação expectante, a Luz sempre como pano de fundo Ao recordar Eusébio torna-se impossível não invocar o desempate por grandes penalidades que opôs Portugal a Inglaterra em pleno Euro 2004. Por inúmeras vezes Eusébio usava, quase como amuleto da sorte, uma toalha branca nos jogos, fossem da seleção ou do Benfica, mas naquela noite de 24 de Junho de 2004, a magia do Europeu lusitano foi o 12º jogador num desesperante, assim como enervante, desempate na marca de grande penalidade. Sobre o risco fatal, Ricardo tirou as luvas, numa decisão tomada no calor do momento, seguindo-se a defesa do penalti por parte do guardião oriundo do Montijo. Após ter levado a melhor perante o remate de Darius Vassell, Ricardo, que havia conferenciado com Eusébio por alguns segundos antes do momento crucial, tomou a iniciativa de marcar a penalidade decisiva. Ricardo foi herói e, num pranto de alegria, Eusébio entra de rompante com a sua toalha branca na mão. Eusébio era o espelho de um povo eufórico e aliviado depois de mais de duas horas de sofrimento. Portugal abria naquele momento caminho para a final, que viria a ser de má memória para os portugueses. PORTUGAL CAIU EM CASA PERANTE UMA SURPREENDENTE GRÉCIA MAS EUSÉBIO NUNCA ‘DEITOU A TOALHA AO CHÃO’ 26 Março 2014 CÍRCULO CENTRAL O MENINO DE OURO Cristiano Ronaldo eleito Melhor Jogador do Mundo A espera foi longa mas certamente valeu a pena para o madeirense do Real Madrid. Cristiano Ronaldo bateu a forte concorrência de Lionel Messi e Franck Ribéry, na conquista do prémio individual mais aguardado do futebol Mundial – a Bola de Ouro FIFA. O internacional português arrecadou 27,99% dos votos, contra os 24,72% do astro argentino, que teve que se contentar com o segundo lugar, e os 23,36% de Ribéry que fechou o pódio. Depois de anos na sombra de Messi, Ronaldo reivindicou a sua segunda Bola de Ouro, tornando-se deste modo no primeiro jogador português a atingir o topo do Mundo, por mais de uma vez na sua carreira. Ronaldo chorou, deixou-se mover pela emoção e, apesar de parcas, as palavras do capitão da seleção nacional demonstraram o que lhe ia na alma, o dever cumprido, fruto de um árduo trabalho desenvolvido para atingir o nível a que se exibe nos relvados semana após semana. No entanto, a decisão de 2013 vai ficar para sempre na memória por toda suspeita, muito por culpa da autoridade máxima da FIFA, Joseph Blatter. O economista suíço de 77 anos tornou pública a sua preferência pelo astro argentino ao não medir a consequência da sua intervenção, não optando pela melhor abordagem para opinar sobre a temática que move mundos e fundos no hemisfério do ‘desporto rei’. ‘Sepp’ Blatter, como é conhecido, levou para além do desejado os limites da liberdade de expressão e viu-se assim envolto numa polémica que acabou por tornar o prémio Bola de Ouro FIFA 2013 num dos mais badalados dos últimos anos e que certamente agudizou ainda mais o feito alcanDepois de anos na sombra de çado por Cristiano Ronaldo. Messi, Ronaldo reivindicou a Em ano de Mundial do Brasil, Ronaldo é o melhor jogador do sua segunda Bola de Ouro da Mundo e assim vai permanecer carreira ao tornar-se deste modo quando pisar os relvados em terras no primeiro jogador português de Vera Cruz, pelo que os holofotes a atingir o topo do Mundo por vão estar, mais do que nunca, somais de uma vez na sua carreira. bre o Menino de Ouro português! bola de ouro fifa – Cristiano ronaldo Nome: Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro Nascimento: 5 de Fevereiro de 1985 (29 anos) Altura: 1,85m Um ano de sonho foi o que viveu Cristiano Ronaldo no plano individual, dado que coletivamente o Real Madrid esteve muito longe dos resultados que ambiciona alcançar, ao não conseguir em 2013 conquistar qualquer troféu. Ainda assim, o astro português somou 69 golos, 10 dos quais pela seleção das quinas, que se perfila a passos largos como o melhor marcador de todos os tempos da seleção nacional. Num ano em que muita tinta correu sobre um possível regresso a Manchester, Ronaldo rubricou novo contrato com o Real Madrid e afigura-se cada vez mais como uma figura que marca a história do clube merengue, o que evidencia que o ‘CR7’ pode mesmo terminar a carreira ao serviço do clube da capital espanhola. Quebrada a malapata da Bola de Ouro em 2013, o futuro próximo vai ser certamente desafiante para o Madeirense. Visivelmente emocionado, Ronaldo recebe a bola de ouro das mãos de Pelé Piston NEEMAAC MUNDIAL FIFA 2014 Portugal no Grupo G com Alemanha, EUA e Gana Tal como há dois anos no Europeu da Ucrânia e da Polónia, a seleção nacional vai iniciar a competição frente à Alemanha a 16 de Junho próximo na Arena Fonte Nova, em Salvador. Os comandados de Joachim Löw são já velhos conhecidos da seleção portuguesa, com as duas formações a encontraremse por múltiplas ocasiões em fases finais de grandes competições, num passado recente (Euro 2000, Mundial 2006, Euro 2008 e Euro 2012) que não deixa boa memória para a estirpe lusitana. A Troika do grupo onde se insere Portugal, fica completa com Estados Unidos da América e Gana, assim ditou o sorteio realizado no complexo turístico da Costa do Sauípe, na Baía, em Dezembro passado. Duas seleções que, apesar de ocuparem lugares de menor destaque no ranking FIFA, vão ser certamente oponentes complicados, pelo que os selecionados de Paulo Bento não podem tomar o apuramento como garantido à partida para terras de Vera Cruz mesmo que, numa fase inicial, partilhe com os germânicos o favoritismo, no que diz respeito ao apuramento para os oitavos-de-final do torneio. A ‘Copa’ tem início a 14 de Junho com o anfitrião Brasil a defrontar o México no jogo inaugural em São Paulo, num alinhamento que ditou ainda emparelhamentos interessantes, uma vez que as seleções finalistas do passado Campeonato do Mundo, Espanha e Holanda, vão ter oportunidade de reeditar o duelo decisivo logo a abrir o certame na jornada inaugural do Grupo B, sendo que se perspetiva que La Roja ou a Laranja Mecânica defrontem o Brasil, à procura do ‘Hexa’, nos ‘oitavos’ da prova. Nos extremos do sorteio, no que incide no tradicional jogo de sorte ou azar, proveniente do acaso da lotaria das bolas, é possível classificar a França como a maior beneficiada do sorteio de Dezembro passado, dado que, se os critérios do Campeonato do Mundo 2010 tivessem sido mantidos, os gauleses não teriam como evitar o confronto contra duas seleções teoricamente favoritas, algo que não sucedeu, prevendo-se um período de bonança nas hostes francesas, com a sua seleção a ser colocada no grupo teoricamente mais acessível, o Grupo D, onde vai defrontar Suíça, Ecuador e Honduras. Sorte francesa, azar ‘Azzurro’ uma vez que o destino, que trocou as voltas a favor da França de Deschamps, prejudicou a formação transalpina, que perfila no denominado ‘Grupo da Morte’ onde vai defrontar Inglaterra, Uruguai e Costa Rica, prevendo-se um conjunto de jogos entusiasmantes logo nas primeiras semanas da competição. Quanto aos restantes portugueses em prova, e convém referir que Portugal vai ter três treinadores principais no Brasil, Carlos Queiroz, selecionador do Irão, que vai ter pela frente a Argentina de Messi, Nigéria e Bósnia no Grupo F, ao passo que a Grécia, de Fernando Santos, que já anunciou o abandono da seleção helénica após o Mundial, joga com Japão, Costa do Marfim, naquele que pode ser o último certame de Drogba, e Colômbia, que anseia pela recuperação da sua figura maior, Radamel Falcao, antes de entrar em ação no Grupo C. Os dados estão lançados e em Junho próximo 32 seleções reúnem-se no Brasil para o Mundial da América Latina, o Mundial da Lusofonia, o Mundial em que Portugal vai estar por certo no lote das favoritas à vitória final. 28 Março 2014 CÍRCULO CENTRAL 3 Adversários, 3 Momentos Alemanha – 0 : 3 – Portugal | Euro 2000: Verão de Sonho O Campeonato da Europa de 2000 marcaria não só um virar de página no milénio desportivo mas também um importante virar de página na fortuna lusitana visto que desde o já longínquo ano 2000 que Portugal não mais falhou presença em fases finais de grandes competições. Na época, o sorteio ditara confrontos contra as super favoritas Inglaterra e Alemanha, esta última campeã europeia em título depois de ter conquistado o ‘Velho Continente’ em 1996, assim como contra uma sempre pragmática Roménia que já havia feito parte do grupo de Portugal na fase de apuramento, tendo inclusivamente vencido esse grupo, relegando Portugal para o 2º lugar, tendo a seleção das ‘quinas’ se apurado, derivado do facto de ter sido o melhor segundo classificado na fase de qualificação para o torneio coorganizado pela primeira vez entre dois países, Holanda e Bélgica. Posto isto, pouco se esperava de uma seleção maioritariamente composta por elementos da ‘Geração de Ouro’ mas eis que o Mundo do futebol ficaria rendido a Portugal. Naquela noite de 20 de Junho de 2000, já com o apuramento para os Quartos-de-Final garantido, Humberto Coelho fez descansar grande parte dos titulares da seleção, promovendo ao ‘onze’ nomes como os de Ricardo Sá Pinto, Pedro Espinha, Nuno Capucho, Beto, Paulo Sousa e Sérgio Conceição, que tinham tido pouca utilização nos dois primeiros compromissos portugueses pelos Países Baixos. Foi inclusive este último nome, Sérgio Conceição, que viria a brilhar no afastamento do campeão europeu em título do torneio. O extremo conimbricense, atual treinador da Académica de Coimbra, apontou um hat-trick, colocando a bola nas redes da baliza que se encontrava à guarda do gigante das balizas, Oliver Kahn, por três ocasiões, sem resposta de uma defunta formação germânica. Portugal fez história ao ganhar todos os jogos do seu grupo. Seguiu-se a Turquia e o epílogo, bem, esse já é conhecido, Portugal viria a ser mais tarde afastado pela França no prolongamento, fruto da tão badalada mão de Abel Xavier. Foi um Verão de sonho e este resultado, particularmente, vai ficar nos anais da história do futebol lusitano. EUA – 3 – 2 – Portugal | Mundial 2002: Americanos regressam às vitórias em Mundiais Depois de um Europeu de ouro em 2000, Portugal chegava à Coreia do Sul e ao Japão na sua melhor posição de sempre no Ranking FIFA. A seleção das ‘quinas’ ocupava o 4º lugar do ranking mas logo de início, na ronda inaugural, fica mal na fotografia ao conceder uma derrota contra a congénere formação Americana que nunca antes havia logrado vencer uma partida em fases finais de campeonatos do Mundo. O Mundial asiático foi de má memória para Portugal, naquela que foi a primeira participação desde o México 86. Com Saltilho na memória, Portugal passou do céu ao inferno em apenas 2 anos. Esgotava-se um ciclo na seleção depois de um apuramento imaculado. António Oliveira saia assim do comando técnico, no final do Campeonato do Mundo, abrindo caminho para o ingresso de Luiz Felipe Scolari na seleção nacional visando o Campeonato Europeu português, a realizar em 2004. Piston NEEMAAC Portugal sub-20 – 2 – 3 – Gana sub-20 | Nem Bruma salvou Portugal Portugal e Gana podem não ter qualquer registo de confrontos ao nível de seleções ‘AA’ mas quando ambos os conjuntos se defrontarem no Brasil vai perfazer um ano desde que as duas federações se enfrentaram pela última vez, no Mundial sub-20. Terminou nos Oitavos-de-final o sonho de Portugal no torneio pelos ‘pés’ dos jovens ganeses. Foi um adeus precoce de Portugal, motivado por uma vasta coleção de erros, numa competição em que ambicionava regressar à final. Contudo, ficou provado que tanto Portugal como o Gana têm nas suas fileiras, jovens e promissores talentos, pelo que não constituiria surpresa se alguns deles perfilassem nos 23 eleitos para o Mundial do Brasil. PLANETA ACADÉMICA Manutenção ao virar da esquina Ao virar do mês de Fevereiro, a Académica está bastante confortável no que fiz respeito à manutenção no principal escalão do futebol nacional. Mantendo-se fiel a si mesma, a turma de Sérgio Conceição chegou inclusive a desafiar os lugares europeus, algo que caricatamente tem sido negado a uma Académica que tem tido razões para reclamar da arbitragem em jogos decisivos contra Estoril e Nacional da Madeira. Fevereiro foi mês inglório para os ‘estudantes’ que depois de um início de ano promissor, foram afastados da Taça de Portugal em Vila do Conde diante do Rio Ave, num jogo que foi pautado pelas precoces condições do tapete do Estádio dos Arcos. Um erro de Ricardo Nunes, que em tantas outras ocasiões foi herói, permitiu aos vila-condenses adiantarem-se no marcador, não mais largando a condição de vencedor. O sonho de novo regresso ao Jamor esfumou-se, pelo que a Académica tem agora apenas o campeonato para apontar baterias. A época estável da Académica a muito se deve ao seu treinador, Sérgio Conceição, e relatos recentes apontam para uma renovação de contrato do timoneiro brioso, numa altura em que o interesse no ex-internacional português se começa a intensificar, após uma temporada bem conseguida, longe do aperto e sufoco tradicional nas hostes conimbricenses, sendo que o único aspeto negativo a apontar é mesmo a fraca finalização, cifrando-se como um Ricardo tem feito face à falta de golos mantendo as redes dos piores ataques da Liga e da Europa. dos “estudantes” invioláveis. Deste modo, contam-se pelos dedos das mãos o número de jornadas remanescentes na presente temporada. Uma época que chega a bom porto e em que a previsão mais modesta aponta a um lugar estável no meio da tabela, entre o 8º e o 10º lugar, resta para isso que a turma de Conceição afine a máquina e a sua pontaria, visto que pode ainda ir a tempo de desafiar objetivos mais elevados nesta temporada. VÁLTER FERREIRA 30 Março 2014 Película Incendies – A mulher que canta de Denis Villeneuve (2010) Duração: 139min País: Canadá/França Com : J: Lubna Azabal, Maxim Gaudette, Mélissa Désormeaux-Poulin Dois gémeos a viver no Canadá acedem aos últimos pedidos da mãe, e partem em busca das suas raízes no Médio Oriente. Um filme que aborda temas como o choque cultural, as guerras em torno a religião (a mãe dos Protagonistas é cristã), as relações familiares. “A Mulher que canta” é um drama fluido, com trejeitos de filme de dectevive, e que transmite a ideia do transtorno que pode causar o levantar das pedrinhas do passado. Povoado com flashbacks da vida da mãe tal é também utilizado como ferramenta para contextualizar historicamente as vivências daquele povo. O filme conta com uma abordagem cinematográfica marcadamente diferente nas cenas passadas no Médio Oriente e no Canadá para reforçar a ideia de dissonância de ambientes e de pontos de vista. Disco Álbum: Kid A Interprete: Radiohead Ano: 2010 Piston NEEMAAC O quarto álbum da banda britânica ousa em pôr de parte as guitarras que lhe até então tinham feito companhia, estas só aparecem esporadicamente como vultos. Optam por dar maior ênfase aos sintetizadores e a aparição pontual de trombones, saxofones e outros instrumentos de sopro. Estruturalmente o álbum é como uma cebola, cheio de camadas de sons, é muito difícil na primeira audição dissecar na totalidade todos os samples que o compõem. Embora com uma Livro roupagem mais electrónica não caíram num registo cerebral. Kid A representa uma proposta de súmula para o rock alternativo com o virar do milénio. Este álbum foi gravado durante um período difícil para a banda pois esta sentia uma enorme pressão devido ao sucesso do seu antecessor Ok Computer (cuja mensagem demonstrava que a sociedade moderna estava cada vez mais vazia e rendia-se ao consumismo) o que levou a um esgotamento nervoso do seu vocalista Thom Yorke. Kafka á Beira Mar Autor: Haruki Murakami Editora: Casa das Letras 2002 (2006 Ed. Portuguesa) Certo dia um rapaz de 15 anos chamado Kaf ka decide fugir de casa do pai numa saga para encontrar a mãe e a irmã. Do outro lado do Japão, Nakata um homem de idade avançada ocupa-se a procurar gatos perdidos chegando até mesmo a conversar com outros gatos sobre o seu paradeiro. Certo dia sem nada que o prenda à sua cidade, decide pela primeira vez na sua vida sair desta. É sobre estas duas histórias aparentemente herméticas que o livro se debruça. Cada capítulo apresenta o desenvolvimento das histórias alternadamente. O estilo de Haruki Murakami é uma mistura de muitas influências desde os Gregos até ao Realismo Mágico Sul-Americano. A sua narrativa é muito realista contudo é polvilhada pontualmente por episódios de cariz surrealista, além disso são comuns as referências culturais (de música, de cinema e literatura) o que leva a uma construção das personagens mais sólida. Dotado de um sentido de humor invulgar, Haruki apresenta-nos reflexões sobre os mais díspares assuntos. Eventos 28º Aniversário da Ru( Uma das revelações dos últimos tempos no campo da música electrónica, Laurel Halo vem celebrar o 28º Aniversário da Ru( no Teatro Académico Gil Vicente no dia 7 de Março, a sua música apresenta um enorme leque de influências desde o Techno, passando pelo Industrial e até ao Synthpop. Um concerto a não perder. ANDRÉ PORTUGAL 32 Março 2014 Castlevania Lords Of Shadow 2 “What a timely coincidence! I am dying for a little drop of blood…” - Drácula antes de confrontar os soldados da Brotherhood of Light Castlevania, Lords of Shadow 2 é uma sequela direta do jogo Castlevania, Lords of Shadow e Mirrors of Fate. No jogo iremos controlar Gabriel Belmont, conhecido após os eventos de Mirror of Fate como Drácula. O jogo começa com Drácula sentado na sala do trono, no seu castelo, a beber sangue de um cálice. Depois de alguns momentos, ouve-se um súbito barulho através do corredor. Drácula olha e testemunha a porta para a grande sala ser destruída. Drácula levanta-se e atira com o cálice agora vazio. Caminha lentamente para o meio da sala pronto para enfrentar os seus inimigos, a Brotherhood of Light. Quando o Drácula abandona o interior do seu castelo apercebe-se de que este está a ser atacado por uma legião de soldados da Brotherhood of Light e por um colossal Gigante metálico. De seguida aparece de imediato um Paladino Dourado, que a nossa personagem ilude e usa para ir destruindo pontos estratégicos do Gigante metálico. Quando este finalmente chega há fonte de energia do Gigante, um imenso cristal azul, Drácula vomita uma grande quantidade de sangue sobre este que fica vermelho e leva à destruição do Gigante. Em seguida, voltamos à luta com o Paladino e quando este é derrotado, brande uma larga cruz e começa a rezar. O poder de Deus não pode destruir o Drácula, pois este é o escolhido de Deus. Drácula agarra na cruz e começa também a rezar, o que leva a uma grande erupção de luz, destruindo tudo a sua volta deixando apenas o Drácula sozinho e sem todas as suas armas. E assim começa a nossa aventura. Curiosos? Piston NEEMAAC No início do jogo, poderemos controlá-lo enquanto este ainda tem todos os seus poderes e todas as suas armas. A arma principal do Drácula é o Blood Whip, este bebe ainda o sangue dos seus inimigos que é canalizado para o Chaos e o Void. O Void permite que ao atacar os inimigos lhes drene a sua energia vital e a transfira para Gabriel sempre que estes são atingidos, para tal, temos a Void Sword. O Chaos facilita-nos a vida quando temos um inimigo com mais capacidades para a guerra através das Chaos Claws. Estas armas secundárias têm cada uma delas, uma série de combos que podem ser utilizados. Ao utilizar muitas vezes o mesmo combo, Drácula domina-o e uma vez dominado o seu poder pode ser direcionado para a arma, tornando-a mais forte, o que permite desbloquear novas habilidades e dano extra. Drácula tem outros poderes, tal como transformar os seus inimigos em névoa o que lhe permite passar por zonas invisível ou obter acesso a determinadas áreas. O jogo ocorrerá, apesar do seu início linear, num mundo aberto o que permite ao jogador escolher o caminho que bem desejar, dando assim uma sensação de exploração e evitar a transição entre níveis. Assim sendo, Castlevania: Lord of Shadows 2 tenta explorar o meio ambiente, tendo a maior parte dos cenários muitas outras áreas que podem ser exploradas como salões, corredores, túneis, etc., onde podemos encontrar vários itens e colecionáveis. Alguns desses itens são livros e diários de soldados caídos em batalha que nos ajuda assim a perceber melhor a história de Gabriel. O jogo também conta com uma câmara móvel, algo que é inedito na saga. Os fatores que obtiveram maiores críticas, nos títulos anteriores, foram corrigidos. A intenção dos produtores era a de se jogar com Drácula pela primeira vez na série Castlevania, concluindo assim a história da saga Lord of Shadows. Apesar de a prequela ter sido bem recebida, os designers notaram que o jogo tinha muitas falhas que precisavam ser corrigidas, assim como a jogabilidade. A maior alteração foi a passagem de uma câmara fixa para uma câmara 360º. Invés de haver uma reciclagem dos elementos de jogos anteriores, a equipa decidiu redesenhar o motor de jogo por completo. O último ponto que merece nota é a sua banda sonora clássica, digna de qualquer filme de Hollywood. A voz de Patrick Stewart e Robert Caryle podem ainda ser escutadas durante o jogo. Castlevania: Lords of Shadows 2 é um jogo muito ao estilo de God of War e Devil May Cry. Como fã da saga God of War fiquei imprecionado com a qualidade da história e com a qualidade do jogo em si, é um bom título para poder matar as saudades do Deus da Guerra. A única diferença é que, agora controlamos o vampiro mais conhecido da história. 34 Março 2014 what’s hot? Lords of Shadows 2 assenta muito na mecânica hack´n slasch, o que introduz uma diversidade na jogabilidade fantástica e leva o jogador a querer descobrir mais. Os “bosses” são algo maravilhoso de se ver, os combates são fantásticos e recompensadores. O castelo do Drácula está muito bem desenhado, já o mesmo não se pode dizer das demais localizações. O enredo está enrolado como um novelo, a espera de ser desenrolado. Nunca um ser tão malevolo suscitou tanto desejo, e admiração. SÉRGIO ALMEIDA Piston NEEMAAC passatempos SUDOKU ANTÓNIO ALMEIDA 36 Março 2014 VISITA-NOS NA NOSSA PÁGINA DE FACEBOOK https://www.facebook.com/Piston.NEEMAAC
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