thaís natsuco sonoda itapetininga 2011 avaliação prospectiva da
Transcrição
thaís natsuco sonoda itapetininga 2011 avaliação prospectiva da
THAÍS NATSUCO SONODA AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA SINTOMATOLOGIA CLÍNICA PÓS-OPERATÓRIA DE TRATAMENTOS ENDODÔNTICOS REALIZADOS EM SESSÃO ÚNICA COM PATÊNCIA E AMPLIAÇÃO DO FORAME APICAL ITAPETININGA 2011 THAÍS NATSUCO SONODA AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA SINTOMATOLOGIA CLÍNICA PÓS-OPERATÓRIA DE TRATAMENTOS ENDODÔNTICOS REALIZADOS EM SESSÃO ÚNICA COM PATÊNCIA E AMPLIAÇÃO DO FORAME APICAL Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação / CPO São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia Área de Concentração: Endodontia Orientador: Prof. Dr. Francisco José de Souza Filho ITAPETININGA 2011 C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS SÃO LEOPOLDO MANDIC Folha de Aprovação A dissertação intitulada: “AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA SINTOMATOLOGIA CLÍNICA PÓS-OPERATÓRIA DE TRATAMENTOS ENDODÔNTICOS REALIZADOS EM SESSÃO ÚNICA COM PATÊNCIA E AMPLIAÇÃO DO FORAME APICAL” apresentada ao Centro de Pós-Graduação, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área de concentração: Endodontia em ___/___/___, à comissão examinadora abaixo denominada, foi aprovada após liberação pelo orientador. _______________________________________ Orientador: Prof. Dr. Francisco José de Souza Filho _______________________________________ Prof. Dr. 1º Membro _______________________________________ Prof. Dr. 2º Membro Dedico este trabalho aos meus pais, Taizo Sonoda e Haruco Honma Sonoda, pelo amor e todo esforço para minha formação pessoal e profissional. Aos meus irmãos Milton Taidi Sonoda e Moriharu Sonoda Neto, pelo carinho e incentivo, e aos meus sobrinhos, Carolina Mayumi Sonoda e Mateus Sonoda, pequeninos que fazem alegria da minha família. Ao Heber Müller Almada, pelo amor, apoio e compreensão. AGRADECIMENTOS À Deus, que me ilumina e abençoa minha família e meus amigos. Ao Centro de Pós-Graduação e Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, na pessoa de seu diretor, Prof. Dr. José Luiz Cintra Junqueira. Ao Prof. Dr. Marcelo Henrique Napimoga, diretor de ensino e pós-graduação da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. Aos professores Francisco José de Souza Filho, Adriana de Jesus Soares, Éricka Tavares Pinheiro, pela paciência, incentivo e ensinamentos. Aos meus colegas de mestrado, Alexandra Camelo, Ângelo Freire, Carmen Buck, Guilherme Noriaki Itikawa, Gustavo Andriani, Luciane Boechat, Maria Eunice Davidian, Mariana Amade, Marina Tosta, Marisa Alencar, Patrícia Almeida, Patrick Baltieri, Paulo Henrique Torres Batista, Simone Reis, Tatiana Normanha e Wilian Iglesias, pela amizade e por terem compartilhado seus conhecimentos. À colega de mestrado e amiga, Simone Scandiuzzi e ao seu irmão Bruno Scandiuzzi Francisco, sou profundamente grata pela disposição em me ajudar neste trabalho. Aos funcionários, em especial, a Gisele Ribas, pelo auxílio recebido durante todo o desenvolvimento deste trabalho. RESUMO O objetivo deste estudo clínico prospectivo foi avaliar a sintomatologia pósoperatória de tratamentos endodônticos com patência e ampliação foraminal, realizados em sessão única, por alunos de pós-graduação da área de endodontia da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic – Itapetininga, São Paulo, Brasil, de outubro de 2008 a agosto de 2010. Foram tratados 232 dentes de 179 pacientes, independente do diagnóstico pulpar e periapical, com indicação para tratamento convencional ou retratamento. Após 24 horas, avaliou-se a intensidade da sintomatologia pós-operatória através de uma escala verbal, classificada em nenhum desconforto; desconforto (sem necessidade de medicação analgésica); dor moderada (1 ou 2 doses de medicação analgésica); ou, dor severa (1 ou 2 doses de medicação analgésica ineficaz no alívio da dor, necessitando de reintervenção). A ocorrência ou não de dor pós-operatória foi definida pelo uso ou não de medicação analgésica após o tratamento endodôntico. Analisou-s-e a relação entre a dor pósoperatória e fatores clínicos, condição pulpar (vital, necrose ou retratamento), dor pré-operatória, e, os fatores radiográficos, condição periapical e extrusão de cimento endodôntico. Os resultados mostraram que 93,5% (217) dos pacientes não relataram dor pós-operatória e 6,5% (15) apresentaram dor. Não houve diferença significante entre a dor pós-operatória e os fatores analisados usando o teste Quiquadrado e Exato de Fisher (p<0,05). A regressão logística múltipla (p<0,05) indicou que nos casos com extrusão de cimento endodôntico, a possibilidade de dor pósoperatória, foi 3,26 vezes menor que nos casos sem extravasamento. Concluiu-se que o tratamento endodôntico, com patência e ampliação foraminal, realizado em sessão única, independente da condição pulpar e periapical, apresenta baixa ocorrência de dor pós-operatória. Palavras-chave: Tratamento do canal radicular. Dor, Pós-operatória. Endodontia ABSTRACT The aim of this clinical prospective study was to evaluate post-operative symptoms in a single-visit endodontic treatment performed with patency and foraminal enlargement. The root canal treatments were executed by post-graduate students of Area of Endodontics, Sao Leopoldo Mandic Dental School – Itapetininga, Sao Paulo State, Brazil, from October 2008 to August 2010. Two hundred and thirty two teeth were treated from 179 patients who required primary endodontic treatment or retreatment, regardless of pulpal and periapical diagnosis. After 24 hours, the intensity of the symptons of post-operative was evaluated on a verbal scale recorded as any discomfort; discomfort (required no analgesics); moderate pain (1 or 2 doses of analgesic medication); or, severe pain (1 or 2 doses of analgesic medication were ineffective in relieving pain, requiring re-intervention). The occurrence or no of postoperative pain was defined by the use or no of analgesic medication after root canal treatment. Were analyzed the relationship between postoperative pain and clinical factors, pulp status (vital, necrotic or retreatment), preoperative pain, and radiographic factors, periapical condition and extrusion of endodontic sealer. The results showed that 93.5% (217) patients did not present post-operative pain against 6.5% (15) which presented. There was no significant differences in postoperative pain and the factors analyzed using Chi-square and Fisher’s exact test (p<0,05). Analysis of a multiple logistic regression (p<0,05) indicated that in cases of extrusion of sealer, the chance of postoperative pain was 3,26 times lower than in cases without extrusion of sealer. It was concluded that endodontic treatment, with patency and foraminal enlargement, when performed in a single-visit and independent of the pulpal and periapical condition, has a low occurrence of postoperative pain. Keywords: Root canal therapy. Pain, Post-operative. Endodontics SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 2 REVISÃO DA LITERATURA 12 2.1 Considerações sobre métodos de avaliação de dor 12 2.2 Considerações sobre fisiologia da dor e inflamação 14 2.3 Fatores associados com a dor pós-operatória 16 2.3.1 Considerações sobre injúria química x dor pós-operatória 16 2.3.2 Considerações sobre injúria química – irrigação ativa e passiva 19 2.3.3 Considerações sobre injúria química - extrusão de cimento endodôntico 20 2.3.4 Considerações sobre a injúria física (limite de instrumentação) x dor pósoperatória 23 2.3.3 Considerações da injúria microbiana x dor pós-operatória 25 2.4 Considerações sobre sessão múltipla x sessão única 27 2.5 Considerações sobre Constrição apical, Patência e Ampliação do forame apical 29 3 PROPOSIÇÃO 36 4 MATERIAIS E MÉTODOS 37 4.1 Seleção da amostra 37 4.2 Métodos 38 4.2.1 Método de preparo e obturação dos canais radiculares 38 4.2.2 Método de avaliação da ocorrência e intensidade da dor pós-operatória 41 4.2.3 Método de análise estatística 43 5 RESULTADOS 45 6 DISCUSSÃO 49 7 CONCLUSÃO 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58 ANEXO A – Folha de aprovação do Comitê de Ética 64 ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido 65 ANEXO C – Modelo de ficha de avaliação clínica 67 9 1 INTRODUÇÃO As alterações periapicais decorrem da invasão dos microorganismos e seus subprodutos, instalados no sistema de canais radiculares após a necrose do tecido pulpar através do forame apical (Shilder, 1974). A resposta inflamatória periapical aos agentes microbianos é inespecífica e ocorre, naturalmente, nos organismos vivos, independentemente do local em que se instale o agente agressor. A resposta inflamatória aguda nesta região provoca a destruição dos tecidos periapicais, tal como, aumento do espaço periodontal, reabsorção do osso alveolar e do cemento radicular (Delzangles, 1989). A cura ou reparação ocorre com a eliminação do foco da infecção bacteriana e com o selamento do forame apical pelos materiais obturadores, impedindo a difusão de produtos da degradação de proteínas e toxinas bacterianas na região (West & Roane, 2000; Yu & Schilder, 2001; Coldero et al., 2002; Buchanan, 2004). O conhecimento deste processo biológico pelo qual o organismo promove este reparo é fundamental e poderá ser de grande ajuda na estratégia do tratamento endodôntico. O consenso de opiniões sobre limite CDC para o preparo e obturação do canal radicular foi universalmente aceito que, praticamente, ficou estabelecido como um princípio. Na literatura, existe controvérsia quanto ao limite de preparo e obturação dos canais radiculares, confinados no limite CDC ou aproximadamente 1 mm antes do forame apical, permanecendo remanescente pulpar (coto periodontal) ou restos de teciduais infectados contidos no forame apical, não eliminados após a conclusão do tratamento endodôntico (Butler, 1970). Assim como qualquer tratamento de tecido necrosado, ou ele é removido através da ação mecânica dos instrumentos, ou deve ficar exposto ao sistema de 10 fagocitose do organismo (Butler, 1970; Hession, 1977). Na região do forame apical, os remanescentes de tecido necrótico e microrganismos contidos nas paredes dentinárias e no canal cementário interferem no processo de reparação do periápice (Souza-Filho et al., 1987; Baumgartner & Falker, 1991; Waymen et al., 1992; Mickel et al., 2007; Borlina et al., 2010). Atualmente, a patência do forame apical, primeiramente sugerida por Schilder (1967), tem sido recomendada por diversos autores (Buchanans, 1989; Souza, 2000; Souza, 2006; Arias et al, 2009), com objetivo de evitar a compactação de raspas de dentina e facilitar a ação das substâncias químicas auxiliares. De acordo com estes autores, a patência do forame apical deve ser feita com lima fina e flexível, movimentada passivamente através da constrição apical. A anatomia da região apical é complexa e variável, e, estudos morfológicos sobre a área do forame apical mostram que seu formato pode ter configurações circulares, ovais, elípticas e irregulares (Kutler, 1955; Green, 1960). Na média, o diâmetro do forame maior é de 502 a 681 micrômetros e do forame menor (área de maior constrição) de 254 a 299 micrômetros, portanto, superiores ao diâmetro das limas de patência. Através do conhecimento destes dados anatômicos fisiológicos é necessário rever a possibilidade de limpeza do forame apical, uma vez que, dificilmente, estes instrumentos tocam em todas as paredes do forame apical sendo ineficaz na remoção da dentina infectada das paredes do canal radicular (Wu et al., 2002; Pécora et al.,2005; Vanni et al., 2005). A literatura mostra que nenhuma técnica que preconiza o preparo no limite CDC é capaz de promover suficiente limpeza na área apical (Wu & Wesselink, 2001; Weiger, 2006; Fornari et al, 2010), portanto, para a efetiva remoção mecânica 11 dessa dentina infectada, é necessário a ampliação ou alargamento do forame apical (Souza-Filho et al, 1987; Flanders, 2002; Borlina et al., 2010). Uma das razões questionadas para não realizar a patência e ampliação foraminal é a possibilidade de extrusão de debris e microrganismos para a região apical, condição associada à dor pós-operatória (Ricucci & Langeland, 1998; Siqueira & Barnett, 2004; Arias et al., 2009). Embora os microrganismos e seus produtos sejam considerados a causa principal e mais comum de dor pós-operatória, outras causas que podem gerar sintomatologia dolorosa incluem as injúrias mecânicas ou químicas aos tecidos periapicais (Siqueira et al., 2002). Portanto, este estudo clínico prospectivo foi realizado com objetivo de avaliar a sintomatologia pós-operatória de 232 tratamentos endodônticos realizados em sessão única, preconizando uma técnica de preparo com patência e ampliação do forame apical, com a finalidade de limpeza foraminal. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Considerações sobre métodos de avaliação de dor Mendola et al. (1987) avaliaram a validade da escala de intervalo de resposta de ansiedade e dor. Esta escala consiste em sete descritores verbais, classificados de acordo com as várias situações de ansiedade (calmo, pouco nervoso, tenso, medo, muito medo, em pânico e aterrorizado). As respostas de questionários entregues antes e após o tratamento odontológico foram coletadas de pacientes adultos em dois hospitais (n=503) e cinco consultórios particulares (n=501). Os resultados mostraram que as respostas destes questionários antes e após o procedimento odontológico, correlacionaram-se positivamente. Os autores descreveram que esta escala é um instrumento válido e confiável para medir a ansiedade e a dor em adultos em situação odontológica, e oferecem vantagens sobre as escalar ordinais com uma avaliação mais sensível. Levin et al. (2009) apresentaram em uma revisão sistemática a descrição de cada técnica para mensuração da dor em seres humanos. Escala verbal, é descrita como uma lista de descritores verbais, exemplo, sem dor, dor leve, dor moderada, e dor severa. O paciente escolhe a palavra que melhor descreve a sua dor, e um número é atribuído a este descritor, dependendo da sua classificação em termos de intensidade. Segundo estes autores esta abordagem é a mais prevalente utilizada pelos endodontistas; Numérica, é uma lista de números, exemplo, 0 – 100. O 0 (zero) representa “sem dor” e 100 a “mais intensa dor imaginável”. O paciente seleciona um número que corresponde com a sua intensidade de dor; 13 Visual analógica consiste em uma linha com dois pontos finais, de “sem dor” e “pior dor que sentiu”. O paciente marca um ponto nesta linha que relaciona com a intensidade da sua dor. A distância deste ponto até “sem dor” é a medida da intensidade de dor; Escala de cores analógicas, são utilizadas com crianças. Uma série de graduação em intensidade de cores é fixada em cada extremidade com os termos “sem dor” e “pior dor”; Questionário calibrado de McGill de dor consiste em 20 grupos de descritores selecionados da literatura médica que descreve as qualidades sensoriais e afetivas da dor, ou a intensidade geral da experiência de dor. Estes descritores são dispostos na forma que inclui diagramas usados para localização. O índice de avaliação de dor é determinado com os valores de classificação das palavras; Escala extensão do dedo, utilizada em crianças, primeiramente o conceito é demonstrado segurando o polegar e indicador juntos da uma mão. O paciente é informado que os dedos nessa posição representam “sem dor”. Quando o polegar e indicador são movidos o mais distantes possível, este é “a maior dor possível”. A extensão da distância entre os dedos é medida em cada caso; Potenciais corticais evocados são componentes de um eletroencefalograma tomadas enquanto é aplicado um estímulo nocivo e pode ser utilizado com um sujeito inconsciente; Nixdorf et al., 2010, em uma revisão sistemática e meta-análise, avaliaram a influência do tipo delineamento de estudo na freqüência de dor pósoperatória, e, descreveram que estudos com delineamento prospectivo fornece uma amostra padronizada e proporciona uma uniformidade na avaliação dos resultados. 14 2.2 Considerações sobre fisiologia da dor e inflamação A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável que é descrita em termos de lesões teciduais, reais ou potenciais (Song & Carr, 1999). É caracterizada como um fenômeno psicobiológico com dois componentes: a percepção, podendo ser controlada pela anestesia, e, a reação à dor, como o medo, ansiedade, angústia, depressão ou choro, que são influenciados pela emoção e drogas (Bender, 2000). O tipo mais comum de dor orofacial é a odontogênica, que segue o modelo de dor nociceptiva, de origem somática, na qual um estímulo nóxio é disparado quando ocorre uma quebra na homeostase tecidual por agressões físicas, químicas ou biológicas. Devido à multiplicidade de causas possíveis de dor em endodontia, decorrentes do comprometimento de estruturas dos sistemas vascular, linfático, imune, nervoso e do tecido conjuntivo adjacente, que compõem o complexo pulpar e periapical, deve-se levar consideração todo o conjunto quando objetiva-se o estudo da etiologia da dor em um compartimento restrito e interconectado (Pimentel et al. 2002). Os procedimentos odontológicos podem gerar, em graus variáveis de intensidades, reações teciduais de natureza vascular, celular e exsudativa que são uma resposta fisiológica de defesa do organismo, fenômeno conhecido como inflamação, podendo ser aguda ou crônica (Trowbridge & Emling, 1996). Nos estágios iniciais, após injúria tecidual ou celular, ocorrem liberação e ativação, da histamina e bradicinina, mediadores químicos da resposta inflamatória. As prostaglandinas estão envolvidas na dor e inflamação de períodos mais prolongados, 15 associadas ao processo de hiperalgesia, ou seja, a sensibilização das fibras nervosas sensitivas, responsável pela deflagração da dor inflamatória aguda (Seymour & Walton, 1984). Esta dor é causada pelo fluído exsudativo que produz edema e pressiona as terminações nervosas sensitivas. A reparação é também um componente da inflamação, inicia-se logo após a agressão, entretanto, não se completa até que o agente agressor seja neutralizado ou destruído (Trowbridge & Emling, 1996). A resposta pulpar a um estímulo prejudicial ao complexo dentina-polpa resultará inicialmente em hiperemia, no qual os vasos sanguíneos dilatam-se e há o acúmulo de células inflamatórias nessa área. A progressão da hiperemia para inflamação aguda ou crônica depende da severidade, natureza e duração da injúria, assim como da defesa do hospedeiro. A agudização do processo crônico ocorre quando o estímulo persiste ou se a defesa dos hospedeiros está enfraquecida. O diagnóstico de doença pulpar não pode ser realizado através de biópsia incisional ou mesmo examinado pelos sinais clássicos da inflamação, como, vermelhidão, inchaço e calor. O único sinal cardinal da inflamação, para realizar o diagnóstico, é a dor (Pierce, 1998). A dor pós-operatória é uma dor de qualquer intensidade, que ocorre após o início do tratamento endodôntico (ElMubarak et al., 2010). Pode ocorrer devido a um traumatismo oclusal persistente que provoca uma inflamação na articulação pericementária, causando periodontite e pericementite (Siqueira & Ching, 2003). O flare-up considerado uma complicação endodôntica, durante ou após o tratamento endodôntico, classificada como uma exacerbação aguda, com dor forte ou severa, que exige interferência do cirurgião-dentista, podendo o paciente apresentar inchaço (Tsesis et al., 2008). 16 Os fatores etiológicos da manifestação da dor após terapia endodôntica podem estar envolvidos com injúria mecânica, química e/ou microbiana aos tecidos pulpares ou periapicais. O desenvolvimento da dor dependente da intensidade de danos aos tecidos, e o sucesso do tratamento do canal radicular é influenciado pela persistência da origem da injúria (Siqueira, 2005). 2.3 Fatores associados com a dor pós-operatória 2.3.1 Considerações sobre injúria química x dor pós-operatória Os fatores químicos irritantes ao tecido periapical que podem causar sensação de dor incluem extrusão de medicamentos, cimento endodôntico ou soluções irrigantes (Seltzer, 2004) O hipoclorito de sódio é um dos mais utilizados irrigante endodôntico devido a sua ação antimicrobiana e capacidade de dissolver material orgânico, contudo é irritante aos tecidos periapicais, principalmente em altas concentrações (Kuruvilla & Kamath, 1998; Tanomaru Filho et al., 2002; Zehnder, 2006). Por esta razão, busca-se outro irrigante com baixo potencial de indução de efeitos adversos. O gluconato de clorexidina 2% tem sido sugerido com uma alternativa, pois apresenta elevada ação antimicrobiana, substantividade e baixa toxicidade (Jeansonne & White, 1994; White et al., 1997; Ferraz et al., 2001). A clorexidina é uma bisguanida catiônica que atua por adsorção sobre a parede celular do microorganismo causando um vazamento dos componentes intracelulares. Em baixa concentração, apresenta efeito bacteriostático, e, em alta, efeito bactericida devido à precipitação citoplasmática e/ou coagulação, provavelmente causada pela ligação cruzada protéica (Ferraz et al, 2007). 17 Harrison et al. (1983) verificaram a incidência e grau de dor após terapia endodôntica e a relação com fatores clínicos e radiográficos, através de uma escala verbal, nos períodos de 24hs, sete, 30 e 60 dias. Os tratamentos endodônticos foram realizados por dois endodontistas em 229 pacientes assintomáticos. Dividiram de acordo com o agente químico de irrigação: no grupo 1, solução de peróxido de hidrogênio 3% seguido do hipoclorito de sódio 5,25%, e, no grupo 2, com solução salina 0,9%. O limite da instrumentação ficou confinado no sistema de canais radiculares. Verificaram maior incidência e grau de dor significante, no período de 24hs pós-operatória e no grupo 2. Não observaram diferença estatisticamente significante em relação à dor pós-obturação entre dente vital e não vital, com ou sem área radiolúcida periapical, mono e multiradicular, anterior e posterior, superior e inferior, com ou sem sobre-extensão de cimento e/ou guta percha, dente com ou sem terapia endodôntica emergencial devido à dor. Glennon et al. (2004) realizaram um estudo prospectivo, para avaliar a prevalência de dor após preparo endodôntico e a associação com fatores clínicos. Os tratamentos foram realizados em 272 dentes com lesão periapical em duas sessões, por 20 operadores, entre clínicos gerais, endodontistas e pós-graduados. A dor pós-operatória foi avaliada no primeiro e segundo dia após o preparo do canal radicular, através de uma escala analógica visual (VAS) de 0-5. O tamanho do preparo apical foi igual ou menor que a lima #25, e, as substâncias irrigantes foram o hipoclorito de sódio, anestésico local ou EDTA com hipoclorito. Nos resultados verificaram que 64,7% dos pacientes relataram algum nível de dor (entre 1 - 5 VAS) no primeiro e segundo dia pós-preparo. Os fatores estatisticamente significantes foram a dor e inchaço pré-operatório, tipo de dente e terapia sistêmica com esteróide. A idade, gênero, história de alergia, presença de fístula, tamanho da lesão periapical 18 e uso do hipoclorito de sódio como irrigante, não apresentaram influência significante na dor pós-operatória. Bashetty & Hegde (2010) avaliaram a dor pós-operatória de 40 tratamentos endodônticos realizado por um único operador em duas sessões. A avaliação da dor foi realizada através de uma escala visual analógica (VAS) após 6 horas, 24 horas, 4 e 7 dias. O comprimento de trabalho estabelecido foi em 1mm aquém do comprimento real do canal. No grupo 1, utilizaram a solução de clorexidina 2% como agente de irrigação, e no grupo 2, o hipoclorito de sódio 5, 25%. Nos resultados, verificaram diferença estatística significante no nível de dor no período de 6 horas após o preparo endodôntico no grupo 2. A dor pós-operatória foi mais presente no grupo com hipoclorito de sódio comparado ao grupo de clorexidina. Camelo (2011) avaliou a sintomatologia pós-operatória de 300 tratamentos endodônticos com patência e ampliação do forame apical, realizado por um endodontista, em sessão única. O comprimento de trabalho foi 1 mm além do comprimento real do canal. Foram divididos de acordo com a substância química utilizada: grupo 1, clorexidina gel 2% e soro fisiológico; grupo 2, hipoclorito de sódio 5,25%; grupo 3, hipoclorito de sódio 5,25% e soro fisiológico. A avaliação da dor pós-operatória foi através da escala verbal, classificada em sem dor, dor moderada, quando houve necessidade de 1 ou 2 doses de medicação, e, dor intensa, com necessidade de reintervenção. Verificou que 92% (276) dos pacientes não apresentaram nenhuma dor ou dor mínima, 7,3% (22) dor moderada, e, 0,7% (2) dor intensa. Observou diferença significativa na incidência de dor entre dentes vitais e não vitais. Não mostrou diferença estatisticamente significante, entre a dor pósoperatória e as soluções químicas auxiliares utilizadas empregadas no sistema dos canais radiculares. 19 2.3.2 Considerações sobre injúria química – irrigação ativa e passiva As seringas hipodérmicas são as mais utilizadas para irrigação, um novo sistema de irrigação foi introduzido na endodontia chamado EndoVac (Discus Dental, Califórnia, Estados Unidos). A irrigação convencional funciona com pressão positiva para lavar a substância química auxiliar na raiz do canal radicular, e força o irrigante novamente pelo deslocamento coronal com novos volumes. O EndoVac trabalha com pressão negativa, utiliza-se de uma ponta que é inserida no comprimento de trabalho, que fornece um fluxo constante de solução nova de irrigação para o terço apical, por sucção apical do reservatório fresco na câmara pulpar, e, descarte da solução utilizada através do tubo de evacuação para a sucção de alta velocidade da unidade dental (Gondim et al., 2010). Gondim et al., (2010) compararam a dor pós-operatória de dois protocolos de irrigação diferentes, realizados em sessão única por único operador, após os períodos de 4, 24, e 48 horas. A avaliação da dor foi realizada através de um questionário com escala numérica e verbal, e, pela freqüência do uso de analgésico. Foram tratados 110 dentes monoradiculres com diagnóstico de pulpite irreversível ou polpa normal com indicação protética. Foram divididos em: grupo MP (n= 55), irrigação realizada com seringa de agulha convencional endodôntica (Max-i-Probe, Denstply, Illinois, Estados Unidos) a 2 mm aquém do comprimento de trabalho, estabelecido no limite da constrição apical; e, grupo EV (n=55), irrigação realizada com EndoVac (Discus Dental, Califórnia, Estados Unidos) no comprimento de trabalho. Realizaram patência com a lima #10, e, as substâncias químicas auxiliares utilizadas foram o hipoclorito de sódio 2,5% e o EDTA 17%. Verificaram diferença estatisticamente significante na intensidade de dor entre os dois grupos em todos os 20 intervalos de tempo, com menor intensidade de dor no grupo EV. O número de comprimidos de analgésico consumidos foi significantemente maior no grupo MP, sendo que para ambos os grupos, o consumo reduziu com o tempo. 2.3.3 Considerações sobre injúria química - extrusão de cimento endodôntico Os cimentos endodônticos em contato com tecido conjuntivo provocam uma reação inflamatória, que varia em intensidade dependendo da composição química e das propriedades que possuem (Grossman, 1976; Safavi et al., 1983). O cimento mais utilizado atualmente é à base de óxido de zinco e eugenol, mas existem com hidróxido de cálcio, resina ou ionômero de vidro em sua composição (Ray & Seltzer, 1991; Silveira et al., 2011). Gerosa et al. (1995) analisaram in vitro a citotoxicidade dos cimentos endodônticos à células humanas de fibroblastos gengival. Avaliaram os seguintes cimentos: Pulp Canal Sealer (Kerr, Detroit, Estados Unidos), AH-26 (De-Trey, Zurich, Suíça), Rocanal-R2 e Rocanal-R3 (La Maison Dentaire, Balzers, Liechtenstein), Bioseal (Ogna Pharma, Milão, Itália) e Endomethasone (Septodont, Saint-Maur-desFossés, Cedex, França). A toxicidade foi determinada espectrofotometricamente por uma reação colorimétrica da enzima endógena, N-acetil-β-hexosaminidase. Pulp Canal Sealer e Endomethasone foram dos cimentos estudados que mostraram menor citotoxicidade em 24, 48 e 72 horas. Gomes Filho et al. (2007) avaliou in vivo a reação tecidual dos cimentos endodônticos Endomethasone (Septodont, Saint-Maur-des-Fossés, Cedex, França), Pulp Canal Sealer (Kerr, Romulus, Estados Unidos) e AH-Plus (Dentsply, Konstanz, 21 Alemanha), implantados em subcutâneo de ratos. O autor verificou que no período mais longo de observação, em 30 dias, o cimento Pulp Canal Sealer apresentou um estágio mais avançado de organização tecidual, enquanto os cimentos AH-Plus e Endomethasone não diferiram entre si mostrando um leve grau de inflamação. Suzuki et al. (2011) avaliaram a resposta dos tecidos periapicais ao cimento endodôntico Endomethasone (Septodont, Saint-Maur-des-Fossés, Cedex, França) em obturações aquém e além do forame apical. Utilizaram 22 canais radiculares de pré-molares superiores e inferiores, e, incisivos superiores de dois cães. Os canais radiculares foram instrumentados até a lima K#55 com limite apical na barreira cementária, a qual foi penetrada por uma lima K#15, e ampliado até a lima K# 25. A substância de irrigação foi a solução salina. Os canais foram obturados pela técnica de condensação lateral, e, divididos em grupo 1, com obturação aquém do forame apical, e, grupo 2, com obturação além do forame apical. Verificaram após 90 dias, presença de infiltrado inflamatório crônico nos dois grupos, sendo mais severa no grupo com sobre-obturação. Flanders (2002) relatou que em casos com patência do forame apical, na radiografia final pode aparecer uma pequena extrusão de cimento endodôntico além do término do ápice radiográfico, uma confirmação de que a patência foi mantida e que o forame apical foi selado. E esta extrusão do cimento endodôntico, não causa desconforto para o paciente e em nada compromete no sucesso do tratamento endodôntico. Ng et al. (2004) em um estudo prospectivo, verificaram a prevalência e os fatores que influenciam na dor após tratamentos endodônticos originais ou retratamentos com lesão periapical. Os tratamentos foram realizados em 415 pacientes por 20 operadores entre clínico geral, endodontista e pós-graduado. O 22 preparo apical foi igual ou menor que a lima #25, e, as substâncias irrigantes foram o hipoclorito de sódio, anestesia local, EDTA mais hipoclorito. Os cimentos endodônticos utilizados foram o Roth (Roth Drug, Chicago, Estados Unidos), Sealapex (Kerr, Romulus, Estados Unidos) e Tubliseal (Kerr, Romulus, Estados Unidos). A presença da dor foi avaliada um e dois dias após o tratamento endodôntico, através de uma escala visual analógica de 0-5 (VAS). Verificaram que 40,2% dos pacientes experimentaram algum nível de dor pós-operatória após o primeiro ou segundo dia. Os fatores significantes para dor pós-operatória foram o gênero feminino, molares, lesão periapical menor que 3 mm e tratamentos em sessão única. A idade, dor pré-operatória e extrusão de cimento endodôntico não foram fatores significantes para prevalência de dor após a obturação. Borlina et al. (2010) estudaram a influência a ampliação do forame apical no processo de reparo periapical em dentes contaminados de cão após obturação com Sealer 26 (Dentsply, Petróspolis, Rio de Janeiro, Brasil) ou Endomethasone (Septodont, Saint-Maur-des-Fossés, Cedex, França). Dividiram em quatro grupos: grupo1: Sealer 26 com ampliação do forame apical; grupo 2: Sealer 26 sem ampliação do forame apical; grupo 3: Endomethasone com ampliação do forame apical e grupo 4: Endomethasone sem ampliação do forame apical. Observaram um reparo significante melhor nos casos com ampliação do forame apical obturados com sealer 26. E, concluíram que a ampliação do forame apical e o uso de um cimento contendo hidróxido de cálcio influenciam positivamente no resultado do tratamento endodôntico. 23 2.3.4 Considerações sobre a injúria física (limite de instrumentação) x dor pósoperatória Schilder (1974) em um estudo com 996 dentes, realizando a limpeza e modelagem com o limite próximo ou no forame apical, verificou a ocorrência de flareup em 1.1% dos casos tratados e em menos que 0.5% dos canais que foram limpos e modelados. Relatou que o flare-up está associado com extrusão de debris necróticos para os tecidos periapicais, e, relacionou diretamente com quantidade depositada além do forame e inversamente com limpeza e modelagem do canal radicular. Morse et al. (1986) avaliaram a freqüência de flare-up de tratamentos endodônticos, realizado por um único operador, em dentes com necrose pulpar assintomáticos com radiolucência periapical. Na primeira parte, realizaram o tratamento em 168 dentes, com limite de instrumentação no ápice radiográfico, em sessões múltiplas. Verificaram 19,6% (33 casos) de flare-up, maior incidência em pacientes com menos de 40 anos e do gênero feminino, sendo os dentes mais acometidos o incisivo lateral e primeiro pré-molar inferior. Na segunda parte, realizaram 282 tratamentos em múltiplas sessões, com instrumentação no centro da lesão com limas entre # 25 a # 40. O índice de flare-ups foi de 12 casos (4,3%), a maior incidência foi no canino superior e no gênero feminino. Na terceira parte, realizaram terapia endodôntica em 200 dentes em sessão única, no centro da lesão periapical, e, após o tratamento prescreveram medicação antibiótica, e, observaram três casos de flare-up (1.5%). Concluíram que os principais fatores para a redução da ocorrência de flare-up foram o uso profilático de antibiótico, instrumentação na 24 lesão periapical, finalização do caso em sessão única e métodos de redução de stress. Torabinejad et al. (1988) realizaram um estudo retrospectivo em 2000 pacientes, para avaliar os fatores que contribuem para ocorrência de flare-up, em dentes com necrose pulpar, com ou sem lesão periapical, com ou sem dor préoperatória. Os tratamentos foram realizados por 17 endodontistas que utilizaram como substância química auxiliar o hipoclorito de sódio 5,25%. A penetração apical foi limitada a instrumentos finos, ocorrendo na maior parte inadvertidamente, durante a determinação do comprimento de trabalho. Nos resultados verificaram que os fatores associados ao flare-up foram, a idade entre 40 a 50 anos, o gênero feminino, os pré-molares, incisivos e caninos inferiores, presença de histórico alérgico, presença de dor pré-operatória, dentes sem ou com pequena lesão periapical e retratamentos. Observaram que a presença de doença sistêmica, o uso de medicação intracanal (monoclorofenol canforado) e a penetração do forame apical com pequenos instrumentos não apresentam efeito significativo para freqüência de emergências endodônticas. Imura & Zuolo (1995) estudaram a incidência de flare-ups de 1012 tratamentos endodônticos, realizados por dois operadores, e correlacionaram com fatores pré e trans-operatórios. O comprimento de trabalho estabelecido foi 1mm do ápice radiográfico, e a substância irrigadora foi o hiploclorito de sódio 2,5%. Nos casos de retratamentos, utilizaram o xylol como solvente. Na análise estatística, mostraram uma incidência de flare-up de 1.58% e associaram com os casos com presença de lesão radiolucida, dor pré-operatória (pulpite irreversível, periodontite aguda ou abscesso), retratamento, sessões múltiplas e pacientes em uso de 25 analgésico e antiinflamatório. Na verificaram diferença estatística entre o flare-up e a idade, grupo dental, gênero e estado pulpar. Alves (2010) realizou um estudo prospectivo para avaliar a incidência e identificar os fatores de risco associados ao flare-up, após 408 tratamentos endodônticos original ou retratamento, realizados por alunos de especialização de endodontia. O comprimento de trabalho foi determinado em 1mm aquém do forame apical e a patência apical, quando possível, realizaram com uma lima de fino calibre. Realizaram a irrigação com o hipoclorito de sódio 2,5 %, e, a irrigação final o EDTA 17% com a agitação ultrasônica por 1 minuto em cada canal radicular. Nos resultados mostrou uma incidência de flare-up de 1,71%. O procedimento de patência não mostrou diferença estatisticamente significante na incidência de flareup. Na análise estatística indicou uma correlação direta entre a taxa flare-up e a presença de imagem radiolúcida periapical. 2.3.3 Considerações da injúria microbiana x dor pós-operatória Os fatores etiológicos da dor em endodontia podem estar relacionados às injúrias mecânicas, químicas e, principalmente, microbianas aos tecidos pulpares e periapicais (Siqueira & Barnett, 2004). O desequilíbrio da relação hospedeiro e bactéria causada por procedimentos intracanal como a extrusão apical de debris, incompleta instrumentação alterando a microbiota e/ou condições do meio, e, infecções intraradiculares secundárias podem resultar em dor. O desenvolvimento da dor provocado por agentes infecciosos dependem da presença de bactérias patogênicas 26 e de outros fatores como, a presença de tipos clonais virulentos, sinergismo microbiano, número de células microbianas, estímulos ambientais, resistência do hospedeiro e infecções por herpes vírus. As espécies bacterianas patogênicas associadas com lesão periradicular sintomática são: Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis,espécie Prevotella, Treponema denticola, Tannerella forsythia, Filifactor alocis, Dialister pneumosintes, Peptostreptococcus micros, e Finegoldiamagna (Siqueira & Barnett, 2004). Seltzer & Farber (1994) descreveram que as endotoxinas estão presentes nas paredes celulares de bactérias gram-negativas, moléculas que contém polissacarídeo e fosfolipídios, conhecidos como lipopolissacarídeo (LPS). O LPS exerce uma infinidade de efeitos biológicos que provocam a amplificação de reações inflamatórias e Porphyromonas destruição e óssea. Prevotella Citaram desempenham que um as bactérias papel anaeróbias significativo no desenvolvimento da sintomatologia clínica através da produção de citocinas, enzimas colagenolíticas e fibrinolíticas e induz a produção de bradicinina, potente mediador da dor. Siqueira (2003) relacionou a infecção endodôntica sintomática ao número, virulência e espécie patogênica bacteriana, as interações microbianas e suscetibilidade do hospedeiro. Relatou que algumas bactérias gram-negativas anaeróbias foram associadas à etiologia de lesões periradicular sintomáticas, incluindo casos de abscesso periradicular agudo. Na literatura, o estudo clínico de Walton & Fouad (1992) descreve maior ocorrência de dor flare-up em dentes com necrose pulpar do que em polpa vital. Estes autores avaliaram da incidência e fatores relacionados aos flare-ups de 946 atendimentos durante um período de 4 meses realizados por alunos de graduação, 27 graduados e professores. Verificaram um aumento da ocorrência de flare-up estatísticamente significante maior em polpa necrosada (6.5%) quando comparado a polpa vital (1.3%). Siqueira et al. (2002) em um estudo prospectivo avaliaram a incidência de dor pós-operatória após procedimentos intracanal baseado em uma estratégia antimicrobiana. Foram tratados 627 dentes com necrose pulpar ou indicados para retratamento, por alunos de graduação. O comprimento de trabalho foi em 1mm aquém do ápice radicular, com patência apical até o final do ápice radiográfico, e a substância irrigante foi o hipoclorito de sódio 2,5%. Utilizaram como medicação intracanal uma pasta com glicerina, hidróxido de cálcio e paramonoclorofenol. Após uma semana, os pacientes foram avaliados sobre a dor pós-operatória, classificada em sem dor, dor leve, dor moderada e dor severa. Nos resultados verificaram 84,8% tratamentos com ausência de dor pós-operatória, 10% dor leve, 3,3% dor moderada e 1,9% dor severa (flare-up). A dor pós-operatória foi associada significantemente com dentes sintomáticos sem lesão periapical. Os autores não observaram diferença estatística na incidência de dor entre tipo de tratamento (original com necrose pulpar e retratamento) e não observaram influência da patência apical na dor pósoperatória 2.4 Considerações sobre sessão múltipla x sessão única Mulhern et al. (1982) estudaram a incidência de dor pós-operatória de tratamentos endodônticos em sessão única e múltiplas, de dentes com polpa necrosada e assintomáticos. Avaliaram a ocorrência de dor através de questionário após 48hs da terapia endodôntica, e, após uma semana realizaram avaliação clínica 28 da presença de inchaço ou dor à percussão. A porção apical dos canais radiculares foi limpa com limas #10 ou #15, e, utilizaram como substância de irrigação hipoclorito de sódio 2.5%. Na pesquisa, 30 dentes foram tratados em sessão única e 30 em três sessões. Clinicamente e radiograficamente não verificaram aumento na incidência de dor nos casos com sobre-obturação. Nos resultados observaram uma incidência de dor significantemente maior no gênero feminino. Os autores não observaram diferença estatística na ocorrência de dor entre os grupos de sessão única e múltipla. Ince et al. (2009) estudaram a prevalência de dor após tratamento endodôntico realizado em sessão única e múltipla, em dentes vitais e não vitais de 306 pacientes. Os tratamentos foram executados por dois clínicos. O comprimento de trabalho determinado foi em 1mm aquém do ápice radiográfico, e, a substância química auxiliar foi o hipoclorito de sódio 5%. Os dentes foram divididos em grupo 1, no qual a terapia pulpar foi finalizada em sessão única e, grupo 2, em múltiplas sessões. A avaliação da dor pós-operatório foi realizada após 3 dias do início do tratamento, e registrada através de uma escala verbal, classificada em nenhuma dor, dor leve, moderada ou severa. Verificaram que não houve diferença estatística significante entre o grupo 1 e 2, e entre os dentes vitais e não vitais. ElMubarak et al. (2010) avaliaram a dor pós-operatória de tratamentos endodônticos realizados por alunos de graduação. Foram atendidos 234 pacientes, destes, 202 (86,3%) foram tratados em sessões múltiplas e 32 (13,7%) em sessão única. O comprimento de trabalho considerado foi na constrição apical, em 1-2mm do ápice radiográfico,e, a substância química auxiliar utilizada foi o hipoclorito de sódio 2,5%. A avaliação da dor após terapia pulpar foi realizada após 12hs e 24hs através de uma escala visual analógica (VAS) de 1 a 4, na qual o número 1 foi 29 classificado em sem dor, 2 dor leve, 3 dor moderada e 4 dor severa e/ou inchaço. Não verificaram diferença estatística na dor severa, entre os tratamentos realizados em sessão múltipla (9,4%) ou única (11,4%), após 24horas. Su et al. (2011) compararam em uma revisão sistemática, o índice de reparo periapical e dor pós-obturação de tratamentos endodôntico em dentes infectados, realizados em sessão única e múltiplas. Os casos com reparo completo foi classificando em “reparado”, e os definidos com falha ou cura incerta foram considerados “sem reparo”. Da mesma forma, os casos relatados como sem dor pós-operatória foi classificando “sem dor”, e aqueles descritos como dor leve, moderada, forte ou severa, foi classificado em “com dor”. Os autores verificaram que não houve diferença estatística entre a taxa de cura em sessão única (80,1%) e múltipla (80%). Observaram que nos estudos de avaliação de dor pós-operatória imediata e até 72 horas, os tratamentos em sessão única (26%) apresentaram menor prevalência de dor pós-operatória significante do em sessão múltipla (37%). 2.5 Considerações sobre Constrição apical, Patência e Ampliação do forame apical Schilder (1967) descreveu que para alcançar uma endodontia previsível o sistema de canais radiculares deve ser limpo de todo substrato orgânico e modelado para receber uma obturação tridimensional no espaço do canal radicular seguindo princípios biológicos. Durante estes procedimentos ressaltou que o forame apical deve ser mantido tão pequeno quanto possível em todos os casos. Em casos de necrose relatou que o suficiente alargamento dessa região deve ser realizado para garantir a limpeza, contudo sem a remoção excessiva da dentina e cemento apical. 30 Estudos morfológicos clássicos da constrição apical de Kutler (1955) e Green (1960) mostraram irregularidades na anatomia da região apical e dimensões variáveis na junção cemento dentina. Estes autores mostraram uma distância média de 524 a 659 micrômetros, entre o centro do forame e a área mais estreita da região apical. A partir deste conhecimento, tradicionalmente a instrumentação e obturação dos canais radiculares têm sido recomendada no limite da constrição apical (junção cemento dentina) (Simon, 1994). Ricucci & Langeland (1998) estudaram a resposta histopatológica do tecido pulpar intracanal e do tecido periapical após procedimento endodôntico realizado aquém ou além da constrição apical em casos de polpa vital e necrosada. Observaram que o melhor prognóstico para o tratamento endodôntico é uma instrumentação e obturação até a constrição apical. Na região periapical, a reabsorção inflamatória altera os ápices desses dentes resultando na ausência da constrição apical (Delzangles, 1989). Esta anatomia alterada deixa aberto os túbulos dentinários que são propensos a penetração bacteriana dificultando o reparo periapical. Baumgartner & Falker (1991) cultivaram os 5 mm apicais dos canais radiculares de dentes extraídos cariados com lesão periapical. As bactérias mais presentes foram Actinomyces, Lactobacillus, Bacterioides de pigmento negro, Peptostreptococcus, Bacterioides não pigmentadas, Veillonella, Enterococcus faecalis, Fusobacterium nucleatum e Streptococcus mutans. Do total das 50 bactérias isoladas, 68% eram predominantemente anaeróbias estritas. Wayman et al. (1992) examinaram o tecido periapical de 58 casos que não ocorreu o reparo após tratamento endodôntico convencional. Estes autores verificaram que casos com lesão periapical sem cura, bactérias aeróbica e anaeróbica podem contribuir para persistência da patologia. 31 Quando tecido necrótico ocupa a porção apical do canal radicular, Butler (1970) descreveu que para garantir o adequado debridamento desta região, a instrumentação deve penetrar através do forame apical. Relatou que o tratamento desses casos, invadido ou não por bactérias, é tão óbvio quanto o tratamento de qualquer tecido morto, que é removê-lo ou expô-lo ao sistema fagocitário do organismo. Em 1989, Buchanan descreveu a patência apical como, o oposto de bloqueio apical, a ausência de tecido mole ou duro no terço apical do canal radicular, sendo o método mais previsível de manter a porção apical do canal radicular livre de detritos. A lima de patência foi definida como uma lima tipo Kerr pequena e flexível que se move passivamente através da constrição apical, sem ampliá-la. A literatura mostra que nenhuma técnica que preconiza o preparo no limite CDC (canal dentina cemento) é capaz de promover completa limpeza na área apical (Weiger, 2006; Fornari et al, 2010). Estudos (Wu et al., 2002; Pécora et al., 2005; Vanni et al., 2005) verificaram que ampliando o terço apical do canal radicular com limas três diâmetros acima da primeira que se ajusta no comprimento de trabalho, não assegura a remoção da dentina de toda circunferência das paredes do canal radicular. Wu & Wesselink (2001) observaram a ocorrência de áreas não instrumentadas em 65% dos canais ovais na região apical, após técnica de preparo de força balanceada e técnica de obturação de condensação lateral. Mickel et al. (2007) em um estudo in vitro verificaram uma redução na contagem de colônias bacterianas com o aumento do diâmetro da instrumentação apical. Segundo Baugh & Wallace (2005), clinicamente isto significa que o diâmetro maior do forame apical deve ser levado em consideração durante o debridamento desta área com instrumentos endodônticos. 32 West & Roane (2000) relataram que todo portal de saída é importante, pois todos são potencialmente significativos. Dessa forma, é essencial a patência que significa que o portal de saída foi desobstruído de qualquer resíduo. No entanto, descreveram que o alargamento do forame pode aumentar o potencial de microinfiltração em torno da margem de obturação. Relataram ser mais comum a presença de canal lateral e acessório próximo ao ápice, se essa região não for tratada, essa extensão pode aumentar significativamente as chances de permanência da infecção conseqüentemente a inflamação periapical. Estudos histológicos avaliaram a influência da ampliação do forame apical no reparo periapical. Matsumiya & Kitamura (1960) verificaram que os casos que não foram suficientemente alargados o processo de reparo foi mais lento e que a suficiente ampliação e limpeza do canal radicular são eficazes para o controle da infecção bacteriana das paredes do canal radicular. Ostby (1961) estudou em animais e humanos a influência da indução de formação de um coágulo sanguíneo no reparo periapical de tratamentos endodônticos com sobre-instrumentação. Na análise histológica encontrou a formação de tecido conjuntivo intracanal no espaço vazio preenchido por coágulo. Em muitos casos houve deposição de cemento celular nas paredes do canal radicular. Bergenholtz et al. (1979) avaliaram clinicamente e radiograficamente 556 retratamentos endodônticos instrumentados além do forame apical e sobreobturados após um período de dois anos. Os autores verificaram maior incidência de lesão periapical estatisticamente significante em tratamentos com sobre obturação do que em tratamentos sem excesso de obturação. Nos dentes com lesão periapical observaram reparo completo em 44 casos (36%) sobre obturados comparado com 69 casos (62%) sem sobre obturação. Nas raízes que foram sobre-instrumentados 33 mostraram maior freqüência de lesão periapical do que as raízes que não foram limpos os ápices radiculares. Os autores concluíram que para criar condições favoráveis para o reparo periapical deve ser evitada a sobre instrumentação e sobre obturação. Benatti et al. (1985) estudaram a influência da ampliação do diâmetro do forame apical no processo de reparo periapical após tratamento endodôntico em cães. Observaram que o “coto pulpar” removido pela instrumentação além do forame apical pode ser reconstituído por uma proliferação de crescimento de tecido conjuntivo do ligamento periodontal e que a ampliação do diâmetro da porção apical dos canais radiculares cria condição que permite o crescimento de tecido conjuntivo no espaço do canal apical não obturado. Souza-Filho et al. (1987) avaliaram o processo de reparo periapical em cães após a ampliação do forame apical na presença de contaminação e inflamação periapical. Todos os canais foram preparados 2 mm além do ápice radiográfico até a lima Kerr n˚60 e obturados de 2 a 3 mm aquém do ápice radiográfico utilizando a técnica de condensação lateral com cimento endomethasone (Septodont, SaintMaur-des-Fossés, Cedex, França). Noventa dias após o tratamento endodôntico, ocorreram a cura e crescimento de tecido conjuntivo dentro do canal radicular em 67,8% dos casos, com a neoformação de cemento nas paredes internas e externas do ápice. Os autores concluíram que os resultados sugerem que o diâmetro do forame apical e a intensidade da contaminação do canal são fatores determinantes para o reparo do tecido periapical nos casos de polpa necrosada. Holland et al. (2005) investigaram a influência da patência apical e tipo de material obturador no processo de reparo periapical de dentes de cães com vitalidade pulpar após o tratamento endodôntico. Os canais foram obturados pela 34 técnica de condensação lateral com cimento à base hidróxido de cálcio ou cimento de Grossman. Concluíram que a patência apical e tipo de material obturador atuam no processo de reparo periapical apresentando resultados significantemente melhor nos grupos que utilizaram o cimento à base de hidróxido de cálcio e sem a patência apical. Ng et al. (2011) em um estudo prospectivo do sucesso clínico e radiográfico de 702 tratamentos endodônticos originais e 750 retratamentos, realizados por alunos de pós-graduação em endodontia, durante um período de 2 a 4 anos, verificaram que a taxa de sucesso nos tratamentos com patência apical foi de 83,3% nos tratamentos originais, e, 81,9% nos retratamentos. Observaram que nos preparos com extensão da instrumentação mais próxima do término apical, a taxa de sucesso foi de 83,2% nos tratamentos originais e 81,5% nos retratamentos. Os autores verificaram que a patência do forame apical e a extensão da instrumentação próxima do término apical, foram fatores de prognóstico significantes para o aumento da taxa de cura de lesões periapicais. Em 2000, Souza verificou a dor pós-operatória, de tratamentos endodônticos com limpeza do forame em 58 dentes com polpa necrosada, realizados por alunos de curso de atualização. O comprimento de trabalho foi determinado em 1mm aquém do ápice radiográfico. Utilizou a lima Kerr #10 para localização do forame apical, e, no final do preparo, selecionou uma lima que se ajustasse nas paredes do forame realizando a limpeza do mesmo. A solução de irrigação foi o hipoclorito de sódio 1%. Observaram ausência de dor em 54 casos, 3 com dor moderada e 1 com dor intensa. Concluiu que o procedimento de limpeza do forame apical não promove sintomatologia dolorosa na maioria dos casos. 35 Souza (2006) descreveu sobre a importância da patência apical e a limpeza do forame apical no preparo do canal radicular. Relata que a manutenção da patência apical impede o acúmulo de raspas de dentina; no entanto, para que o forame seja realmente limpo, principalmente em casos de necrose, este deve ser instrumentado. Nos casos de polpa vital, descreve que o coto pulpar deve ser extirpado porque a quantidade mínima de tecido celularizado não tem potencial de reparo podendo se tornar necrótico após o preparo e obturação do canal radicular. Também relatou que este remanescente de tecido de polpa vital é um tecido periodontal, portanto, como é um tecido conjuntivo, se for removido apresenta grande capacidade de cura e de se reconstituir. Arias et al. (2009) compararam a influência da manutenção da patência apical na incidência, grau e duração da dor pós-operatória, considerando diferentes fatores de diagnóstico como o estado pulpar, dor pré-operatória, posição ou grupo dentário. Avaliaram 300 tratamentos endodônticos realizados em sessão única divididos em grupos com e sem patência apical. Nos grupos com patência a dor pósoperatória foi significantemente menor em dentes não vitais; entretanto, a sua duração foi significantemente maior nos dentes inferiores e casos com relatos de presença de dor pré-operatória. Concluíram que a manutenção da patência apical não aumenta a incidência, grau ou duração da dor pós-operatória quando considerado todas as variáveis juntas. 36 3 PROPOSIÇÃO 1. Avaliar a ocorrência e intensidade de dor pós-operatória, no período de 24 horas, de 232 tratamentos endodôntico com patência e ampliação do forame apical, realizados em sessão única. 2. Avaliar a correlação da dor pós-operatória com o diagnóstico pulpar e periapical, extrusão de cimento endodôntico, e, dor pré-operatória presente. 37 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Seleção das amostras Este estudo clínico prospectivo, randomizado, foi realizado na Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic – Unidade Itapetininga – SP, centro especializado em endodontia, durante um período de 2 anos. A pesquisa foi conduzida com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic (anexo A). Os dados analisados foram de 232 dentes de 179 pacientes, de ambos os sexos, com idade entre 18 a 78 anos, encaminhados para tratamento endodôntico. Estes foram informados do objetivo do estudo, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo B). O delineamento do tamanho da amostra foi baseado nos trabalhos de Harrison et al. (1983) e Morse et al. (1986). Os pacientes que se apresentavam saudáveis, conforme determinado a partir de uma anamnese com histórico de saúde, entrevista oral e aferição da pressão arterial, foram incluídos na pesquisa. A idade, gênero, localização do dente, vitalidade pulpar, história de dor pré-operatória, diagnóstico pulpar e periapical, tipo de tratamento (original ou reintervenção), ocorrência de destruição óssea detectada radiograficamente e extravasamento de cimento endodôntico foram registradas em uma ficha clínica (anexo C). Os dentes selecionados apresentavam-se com polpa vital, não vital ou com necessidade de retratamento não cirúrgico. Os tratamentos endodônticos foram 38 realizados em sessão única, utilizando uma técnica de preparo com patência e ampliação do forame apical, por alunos dos cursos de pós-graduação em endodontia da Faculdade São Leopoldo Mandic. Antes de iniciar o tratamento, cada dente foi avaliado de acordo com as queixas clínicas. Foram excluídos da pesquisa, os pacientes que estavam tomando medicação analgésica ou antibiótica, com alteração sistêmica, imunosuprimidos e hipertensos não controlados; e, os casos com diagnóstico de abscesso, dentes com rizogênese incompleta ou que sofreram algum tipo de traumatismo dental como luxação, intrusão, extrusão, avulsão, fratura horizontal, e tratamentos endodônticos em sessões múltiplas ou que não foi realizada a patência do forame apical e ampliação do forame apical. 4.2 Métodos 4.2.1 Método de preparo e obturação dos canais radiculares Foram realizados exames clínicos e radiográficos, teste de vitalidade com endo-ice (Maquira, Maringá, Paraná, Brasil), planejamento e adequação (remoção de tártaro e profilaxia), do dente a ser tratado. Protocolo da Técnica Passo-a-Passo com patência e ampliação do forame apical O protocolo do tratamento endodôntico realizado incluiu administração do anestésico local (mepivacaína 2% com epinefrina 1:100.000 – DFL, Rio de Janeiro, 39 Rio de Janeiro, Brasil). Após a descontaminação coronária com ponta esférica diamantada estéril (remoção de cárie e restauração) e abertura de acesso coronário, com a forma de contorno e conveniência. O isolamento absoluto foi colocado com dique de borracha e o campo operatório e a câmara pulpar foram descontaminados com clorexidina gel 2% (Essencial Pharma, Itapetininga, São Paulo, Brasil). Foi realizado o mesma técnica de preparo químico-mecânico para todos os dentes, que consistia no preparo da entrada dos canais com broca de largo n° 2 (Dentsply Maillefer, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil), na ampliação do corpo do canal com hero 20/.06 (Micro-Mega, Besançon, França) e finalização do preparo do terço cervical e médio do canal com brocas de Gates- Glidden n° 5 a n° 2 (Dentsply Maillefer, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil) no sentido crown-down (Lins et al., 2011). Os canais radiculares foram irrigados copiosamente com soro fisiológico durante a instrumentação e a substância química auxiliar foi o gel de clorexidina 2%, colocada no interior dos canais radiculares até o preenchimento completo da câmara pulpar, com auxílio de seringa de 3ml e agulha 20 x 0,55, descartáveis. O terço apical foi explorado com lima #10 ou #15 (conforme diâmetro do canal), com o cuidado de promover uma descontaminação progressiva até a profundidade da constrição apical e realização da patência do forame apical. Esta etapa foi monitorada pelo localizador apical eletrônico Novapex (Forum Enginnering Technologies, Israel) até a confirmação da patência (passagem de uma lima de fino calibre pela abertura foraminal). Foi determinado o diâmetro da LAI (lima anatômica inicial – primeira lima que melhor se ajusta e ultrapassa o forame apical) e o CRC (comprimento real do canal) na leitura 0 (zero) do aparelho localizador (Santos, 2005). 40 O CT (comprimento de trabalho) estabelecido foi de 1mm além do forame apical, e canais radiculares foram preparados com o sistema rotatório EasyEndo (Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil), conforme a orientação do fabricante. O diâmetro final do forame (LAF), após o preparo químico-mecânico, foi confirmado através da passagem de uma lima tipo Kerr de maior calibre, até a sensação de ajuste no forame apical no CRC. Para obturação do canal radicular, o tip do cone de guta-percha foi preparado 2 diâmetros acima do diâmetro da LAF, através de uma régua calibradora (Dentsply, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil), de modo que o travamento nas paredes do canal radicular fosse confirmado radiograficamente a 2mm aquém do vértice radicular. Em seguida, foi realizada a remoção da smear layer com solução de EDTA 17% (Essencial Pharma, Itapetininga, São Paulo, Brasil), introduzida passivamente no canal, e, agitada contra as paredes do canal radicular com um cone de guta-percha calibrado no diâmetro final do canal, por 3 min. Os canais foram irrigados com 5 ml de soro fisiológico e secos com cones de papel esterilizado calibrados no diâmetro final do forame apical. A técnica de obturação empregada foi a onda contínua de calor, de acordo com Buchanan (1989). O cimento obturador empregado foi à base de óxido de zinco e eugenol, o Endomethasone (Septodont, Saint-Maur-des-Fossés, Cedex, França), espatulados de acordo com a orientação do fabricante e carreados no interior do canal com o auxílio do próprio cone de guta percha, em movimentos alternados para melhor distribuição nas paredes do canal. Na seqüência, com o cone na posição, a guta-percha foi termoplastificada com auxílio de um termocompactador Easy Termo (Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil) e comprimida 41 verticalmente. Para avaliar a qualidade da obturação e o extravasamento de cimento endodôntico foi realizada uma tomada radiográfica. Concluída a obturação dos canais radiculares foi realizado o preparo prérestaurador, que consta da limpeza da câmara pulpar (remoção do cimento endodôntico das paredes dentinárias), proteção da obturação endodôntica com coltosol (Vigodent, Bonsucesso, Rio de Janeiro, Brasil) na entrada dos canais radiculares, restauração coronária com resina composta (Z250, 3M Espe, Irvine, Califórnia, Estados Unidos da América) e checagem da oclusão com carbono e ajustada quando necessário. Os retratamento endodônticos foram realizados sem o auxílio de solventes. Nestes casos, após a remoção da obturação anterior utilizando brocas de Gates Glidden e limas manuais, o preparo e obturação dos canais radiculares foram concluídos como descrito acima. 4.2.2 Método de avaliação da ocorrência e intensidade da dor pós-operatória A metodologia empregada para a avaliação da sintomatologia dolorosa após os tratamentos endodônticos foi baseada nos trabalhos de Siqueira et al. (2002) e Ince et al. (2009). Aplicou-se uma escala verbal descritiva, que é uma lista de descritores verbais da dor, apresentada ao paciente para escolher a palavra que melhor descreve a sua dor, dependendo da sua classificação em termos de intensidade (Levin et al., 2009). Para a avaliação da ocorrência e intensidade de dor, após 24hs da finalização do tratamento endodôntico, foi utilizada uma escala com quatro 42 descritores verbais: nenhum desconforto, desconforto, dor moderada e dor severa (quadro 1). Todos os pacientes foram contactados por telefone, sempre pela mesma operadora (uma técnica em saúde bucal), e, submetidos à pergunta indicando a intensidade da dor pós-operatória, no período de 24 horas. O questionário empregado continha a seguinte formulação: Após 24 horas (do tratamento e/ou retratamento endodôntico), qual a intensidade da dor que porventura sentiu: Descritores Verbais da Definição intensidade de Medicação analgésica dor Ocorrência de dor pós-operatória pós-operatória pós-operatória 1.Nenhum desconforto Ausência de Nenhuma medicação sensibilidade no dente 2. Desconforto Sensibilidade dente, mas analgésica no Nenhuma medicação Ausência de dor não analgésica incômoda 3. Dor Moderada Dor suportável, a 1 ou 2 doses de mediação analgésica medicação analgésica foi efetiva no alívio da dor Presença de dor 4. Dor Severa Dor difícil de suportar, Mais de 2 doses de medicação analgésica medicação analgésica foi ineficaz no alívio da dor. Quadro 1 – Intensidade da dor pós-operatória Os casos com dor pós-operatória severa e/ou ocorrência de inchaço foram classificados com flare-up, necessitando de reintervenção. 43 Todos os pacientes participantes da pesquisa foram orientados a contactar imediatamente a instituição (Faculdade São Leopoldo Mandic – Itapetininga, SP), no caso de 1 ou 2 doses de medicação analgésica não fornecer alívio ou se ocorresse qualquer outra emergência. Nos casos de dor severa (flare-up) e/ou inchaço, foi realizado o tratamento considerado adequado para o quadro de dor apresentado, como ajuste oclusal, drenagem cirúrgica e/ou medicação antibiótica. A ocorrência de dor pós-operatória foi avaliada através da necessidade ou não de medicação analgésica relatada pelo paciente. Considerou-se como ausência de dor, a escolha pelo voluntário dos descritores verbais, nenhum desconforto ou desconforto, nos quais os pacientes relataram o não uso de medicação. A presença de dor foi considerada quando o voluntário relatou dor moderada, nos quais os pacientes relataram o uso de 1 ou 2 doses medicação pósoperatória, ou, dor severa, no qual a medicação analgésica não foi suficiente e houve necessidade de reintervenção (quadro 1). 4.2.3 Método de análise estatística Para a análise dos dados foi considerado cada elemento dental como unidade amostral. Os dados do estudo foram analisados no programa SAS Software versão 9.1 (The SAS Institute, Cary, NC, EUA). Para avaliação de associação entre as variáveis independentes, estado pulpar (vital, não vital, retratamento), lesão periapical (presente ou ausente), história de dor pré-operatória (presente ou ausente) e extrusão de cimento endodôntico (presente ou ausente), e, a variável dependente, dor pós-operatória (presente ou ausente), foram realizadas, incialmente, análises univariadas por meio dos testes de 44 Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Para estas análises considerou-se nível de significância de 5%. Após a análise univarida, foi realizada a análise de regressão logística múltipla. Para este modelo de análise foi utilizado o método Stepwise, sendo que as variáveis que apresentam valor de “p”< 0,2, na análise univariada, foram incluídas no modelo. Para interpretação dos resultados, foi considerado nível de significância de 5%. A intensidade (nenhum desconforto, desconforto, dor moderada, dor severa) de dor pós-operatória foi submetida à análise estatística descritiva. 45 5 RESULTADOS A idade dos pacientes variou de 18 a 78 anos, com idade média de 39 anos. De um total de 179 pacientes, 85 (36,7%) eram do sexo masculino e 147 (63,3%). Tabela 5.1 Distribuição dos casos em relação à idade e o gênero do paciente. Gênero Número de Faixa etária Masculino Feminino dentes (%) ≤ 20 anos 8 20 28 (12,1%) 20 – 29 anos 15 35 50 (21,5%) 30 – 39 anos 17 27 44 (19%) 40 – 49 anos 15 26 41 (17,7%) 50 – 59 anos 20 23 43 (18,5%) >60 anos 10 16 26 (11,2%) 147 (63,3%) 232 (100%) Total 85 (36,7%) 46 Foram avaliados 232 dentes com indicação para tratamento ou retratamento endodôntico. Após 24 horas, 93,5% (217/232) dos pacientes não apresentaram nenhum desconforto ou algum desconforto, mas sem a necessidade de medicação analgésica; e 6,5% (15/232) apresentaram dor, sendo que 5,2% (12/232) apresentaram dor moderada e apenas 1,3% (3/232) apresentaram dor severa. A distribuição descritiva da freqüência dos fatores clínicos e radiográficos analisados da amostra, de acordo com a intensidade, pode ser observada na tabela 5.2. Tabela 5.2 Freqüência descritiva dos fatores clínicos e radiográficos da amostra e a intensidade de dor 24 horas pós-operatória. Fatores clínicos e radiográficos Estado Pulpar Presença de Lesão periapical História de dor préoperatótia Extrusão de cimento endodôntico Total Ausência de Presença de dor dor Categorias N (%) Nendes Desc Mod Sev Bio 82 (35,3) 72 5 5 0 Necro 115 (49,6) 102 6 5 2 Retratamento 35 (15,1) 32 0 2 1 Sim 49 (21,1) 44 3 1 1 Não 183(78,9) 162 8 11 2 Sim 55 (23,7) 44 5 6 0 Não 177(76,3) 162 6 6 3 Sim 195(84,1) 175 10 9 1 Não 37 (15,9) 31 1 3 2 Nendes= nenhum desconforto; Desc= desconforto; Mod= dor moderada; Sev= dor severa 47 A tabela 5.3 apresenta a análise univariada por meio do teste Quiquadrado e do teste Exato de Fisher. Verificou-se que nenhum dos fatores clínicos e radiográficos, quando analisados isoladamente, foi estatisticamente significante (p<0,05). Tabela 5.3 Análise da univariada pelo teste estatístico em Qui-quadrado e Exato de Fisher entre os fatores independentes (clínicos e radiográficos) e a ocorrência de dor pósoperatória. Fatores independentes Estado pulpar História de dor préoperatória Presença de Lesão Periapical Extrusão de cimento endodôntico N Ausência de dor Presença de dor n (%) n (%) Bio 82 77 (93,9%) 5 (6,1%) Necrose 115 108 (93,8%) 7 (6,2%) Retratamento 35 32(91,7%) 3(8,3%) Sim 55 49 (89,1%) 6 (10,9%) Não 177 168 (94,9%) 9 (5,1%) Sim 49 47 (95,9%) 2 (4,1%) Não 183 170 (92,9%) 13 (7,1%) Sim 195 Não 37 185 (94,9%) 32 (86,5%) 10 (5,1%) 5 (13,5%) Valores de “p” calculados pelos testes Exato de fisher ou pelo Quiquadrado Valor de p < 0,05 0,8719 0.1250 0,7433 0.0702 48 Os fatores dor pré-operatória e extravasamento de cimento foram incluídos no modelo de regressão múltipla, devido ao valor de “p” na análise univariada, que foi menor que 0,2. Desta maneira, a regressão logística múltipla (tabela 5.4) mostrou que o extravasamento de cimento foi um fator relevante (p<0,05), sendo que quando se obteve extravasamento, a chance de dor pósoperatória foi 3,26 vezes menor que quando não se obteve extravasamento de cimento. Tabela 5.4 – Regressão múltipla para os dados da tabela 1 Fatores independentes Odds Ratio ajustado IC 95% Intercept História de dor préoperatória Extrusão de cimento endodôntico Valor de p < 0,05 <0,0001 Sim 2,593 Não 1 Sim 0,306 0,856 – 7,849 0,096 – 0,980 Não 0,0919 0,0462 1 Entraram no modelo apenas o extravasamento de cimento e a dor pré-operatória 49 6 DISCUSSÃO Uma das principais limitações em estudos clínicos de dor é a avaliação subjetiva do paciente, mensuração e os critérios utilizados para análise dos resultados. Várias técnicas para avaliar a intensidade da dor em seres humanos são descritas na literatura, entre elas, as escalas, verbal, numérica, visual analógica, de cores analógica, de alcance do dedo, questionários calibrados e potenciais corticais evocados (Levin et al., 2009). Nesta pesquisa utilizou-se uma escala verbal modificada, a qual apresenta uma lista de descritores de dor, tais como, nenhum desconforto, desconforto, dor moderada e dor severa. Para a avaliação da ocorrência de dor pósoperatória, os casos foram dicotomizados em presença ou ausência de dor, definidos respectivamente, pela necessidade ou não de analgésico relatado pelo paciente. Os descritores, nenhum desconforto e desconforto, foram considerados como ausência de dor, uma vez que não houve necessidade de analgésico. A escala verbal é uma das técnicas mais utilizadas, e o significado dos descritores é estável e se aproxima de uma percepção real métrica, especialmente em adultos (Mendola et al., 1987; Arias et al., 2009). Este método de avaliação foi utilizado nos estudos de Harrison et al. (1983), Siqueira et al. (2002), Arias et al. (2009), Camelo (2011). O delineamento do estudo foi prospectivo, fornecendo uma amostra padronizada e uniforme na avaliação dos resultados (Nixdorf et al., 2010). Nos estudos retrospectivos, embora o universo da amostra seja mais fácil de atingir, as informações disponíveis são restritas (Torabinejad et al., 1988). 50 A pesquisa foi realizada a partir de pacientes encaminhados a Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, (Unidade Itapetininga, SP, Brasil), centro de pós-graduação especializado em endodontia. Todos os pacientes apresentavam-se saudáveis conforme a descrição da história médica. Foram excluídos os pacientes menores de 18 anos e aqueles que estavam sob medicação analgésica, antiinflamatória ou antibiótica. A amostra de dentes foi randomizada, incluindo casos de pulpite, necrose pulpar, retratamento com lesão periapical ou por falha no tratamento primário, e, tratamentos com indicação protética. Todos os tratamentos endodônticos avaliados foram realizados em sessão única, baseado na literatura, que mostra não existir diferença na ocorrência de dor pós-operatória entre sessão única e múltipla (Mulhern et al., 1982; Ince et al., 2009; ElMubark et al., 2010). O período de avaliação de 24hs após o tratamento endodôntico foi proposto, pois nesse intervalo ocorre o pico da inflamação traumática que diminui com o tempo (Seymour & Walton, 1984). Os pacientes foram orientados a retornarem para avaliação e conduta necessária, em caso de dor persistente após o uso de 1 ou 2 doses de medicação analgésica. Na avaliação pós-operatória, foram classificados como dor moderada, os casos de trauma oclusal devido incorreto ajuste da restauração coronária e injúria gengival provocada pelo grampo do isolamento absoluto. Estes casos foram solucionados com devido protocolo de ajuste oclusal e avaliação gengival. Harrison et al. (1983), em estudo realizado por dois endodontistas com limite de preparo aquém do forame apical, observaram 9,6% de dor pós-operatória, o que difere do resultado de 6,5% de dor observado neste trabalho, realizado por multioperadores, com patência e ampliação do forame apical. Camelo (2011) em um 51 estudo, randomizado prospectivo, realizado por um único operador, endodontista, verificou em tratamentos endodônticos realizados com patência e ampliação do forame apical, uma ocorrência de 8% de dor pós-operatória no período de 24 horas. Outros estudos realizados por multioperadores, com patência do forame apical mostraram uma baixa ocorrência de dor pós-operatória. Souza (2000) verificou 6,9% de dor moderada a severa após 72 horas e Siqueira et al. (2002) observaram 5,2%. A dor pré-operatória presente, é uma informação importante para estabelecer o diagnóstico pulpar ou periapical (Bender 2000). No presente estudo, foram incluídos dentes com dor presente no momento da intervenção, com diagnóstico de pulpite ou sensibilidade à percussão (pericementite ou presença de lesão crônica periapical), contudo, foram excluídos os casos de dor severa, diagnosticados como abscesso apical agudo. Estudos mostraram que a presença de dor pré-operatória presente pode aumentar significantemente a dor pós-operatória (Torabinejad et al., 1988; Imura & Zuolo, 1995; Siqueira et al., 2002; Glennon et al., 2004; Su et al., 2009; ElMubark et al, 2010). Em contraste, neste estudo, a dor préoperatória não foi um fator estatisticamente significante para a ocorrência de dor, dos 23,7% pacientes que apresentaram dor pré-operatória, 10,9% relataram dor pós-operatória (Qui-quadrado, Exato de Fisher, Regressão logística múltipla, p<0,05). Este resultado é similar com as pesquisas de Ng et al. (2004) e Arias et al. (2009). Foram realizados 49 (21,1%) tratamentos endodônticos com presença de lesão periapical, destes, dois pacientes relataram dor pós-operatória, sendo que um com dor moderada e o outro dor severa (flare-up). Os resultados mostraram que a presença de lesão periapical, não apresentou diferença estatística em relação à dor pós-operatória (Qui-quadrado e Exato de Fisher, p<0,05). Esses achados corroboram com os trabalhos de Mulhern et al. (1982) e Harrison et al. (1983) que 52 não verificaram relação significante na dor pós-operatória em dentes com ou sem radiolucência periapical. Por outro lado, Imura & Zuolo (1995) observaram que a presença de lesão periapical resultou em aumento significante para a incidência de flare-up. O flare-up é definido como uma exacerbação aguda, dor forte ou severa, que durante ou após o tratamento endodôntico, necessita de interferência do cirurgião-dentista (Tsesis et al., 2008). Nesta pesquisa, os três casos (1,3%) de flare-up, ocorreram em dentes não vitais e sem dor pré-operatória presente, sendo um caso de retratamento endodôntico. A ocorrência dos flare-ups pode ser atribuída a erros durante a instrumentação por deficiência na descontaminação progressiva e extrusão de bactéria. O percentual de 1,3% de flare-up, foi inferior às porcentagens relatadas por Morse et al. (1986) de 4,3%, Walton & Fouad (1992) de 3%, Imura & Zuolo (1995) de 1,58%, Siqueira et al. (2002) de 1,9%, Alves (2010) de 1,71%, e, superior apenas ao resultado de Camelo (2011), que verificou 0,7% de dor severa. Este baixo índice de flare-up do presente estudo pode ser atribuído ao protocolo de tratamento estabelecido pela técnica coroa-ápice, que se fundamenta no preparo de limpeza, descontaminação e modelagem dos canais a partir do terço coronário no sentido apical (Simon, 1994), possibilitando melhor irrigação e descontaminação do terço apical, minimizando o risco de extrusão de microbianos e seus produtos tóxicos para a região periapical (West & Roane, 2000). Na análise univariada, Qui-quadrado e Exato de Fisher (p<0,05), o estado pulpar classificado em bio, necrose e retratamento, respectivamente, 35,3%, 49,6% e 15,1% dos casos tratados, não representaram um fator estatisticamente significante em relação à dor pós-operatória (tabela 5.2). Estes resultados concordam com o estudo de Harrison et al. (1983), por outro lado, Imura & Zuolo 53 (1995) verificaram maior incidência de dor pós-operatória em retratamentos. Atribuíram esta ocorrência devido a estes casos apresentarem-se tecnicamente mais difíceis de tratar, e tendência de extrusão de fragmentos de guta-percha e solvente para o tecido periapical. No presente trabalho, 8,3% dos casos retratamentos apresentaram dor pós-operatória, sem o uso de solventes, o que está de acordo com Siqueira et al. (2002) que não verificaram correlação da dor pósoperatória nos casos de retratamentos, utilizando o eucaliptol como solvente. O debridamento e ampliação do forame apical utilizados durante o preparo dos canais radiculares foram fatores que não modificaram a ocorrência de dor pós-operatória. Estes procedimentos são necessários, uma vez que, estudos anatômicos (Kutler, 1955; Green, 1960) mostraram que a constrição apical, geralmente oval ou irregular apresenta a dimensão média de diâmetro equivalente ao diâmetro de uma lima tipo K # 20 e uma extensão apical entre 0,5 e 1 milímetro. Estas medidas fisiológicas devem ser levadas em consideração durante o debridamento desta área com instrumentos endodônticos (Baugh & Wallace, 2005), uma vez que as limas de patência (#10) são insuficientes para tocar as paredes dentinárias e cementárias, para promover a limpeza da área contaminada do forame apical no limite CDC. Estudos in vitro, (Wu et al., 2002; Pécora et al. e Vanni et al., 2005) mostraram que em 90% dos canais radiculares analisados, o diâmetro da lima anatômica inicial, no limite CDC, foi menor do que o diâmetro do canal nesta região. A técnica de preparo realizada neste estudo, com patência e ampliação foraminal, considerando as medidas anatômicas fisiológicas do forame apical com o objetivo de limpeza do forame apical, resultou em 15 (6,5%) tratamentos com dor pós-operatória, destes, 5 (33,3%) eram dentes vitais, 7 (46,6%) necrose pulpar e 3 (20%) retratamento. Estes achados estão de acordo com os resultados das pesquisas in 54 vivo, que mostraram que o procedimento de patência (Torabinejad et al., 1988; Arias et al., 2009), a limpeza do forame apical (Morse et al. 1986; Souza, 2000) e o debridamento e ampliação do forame (Camelo, 2011) não provocam o aumento na ocorrência de dor pós-operatória. Em contraste, Bergenholtz et al. (1979), Ricucci & Langeland (1998) e Holland et al. (2005) consideraram que o protocolo de limpeza do forame provocam condições desfavoráveis para o reparo periapical e causam sintomatologia dolorosa pós-operatória. A reação inflamatória periapical provocada pela sobre-instrumentação realizada nos casos do presente estudo, podem ser verificados nos resultados obtidos por Benatti et al. (1985) e Souza-filho et al. (1996) que mostraram em dentes de cães, que a resposta do tecido conjuntivo apical após a ampliação foraminal em dentes com polpa vital apresentam discreta reação inflamatória provocada pelo trauma, com formação de coágulo na área contigua ao forame apical e franco processo de reparo observado em 3, 7, 30 e 120 dias. Da mesma forma, os estudos em cães de Souza-filho et al. (1987) e Borlina et al. (2010) mostraram reparação, quando é realizada a patência e ampliação do forame apical, em dentes com lesão periapical. Estes estudos estão de acordo com a pesquisa clínica de Ng et al. (2011), que verificaram em tratamentos originais e retratamentos endodônticos, com limite de instrumentação no forame apical, que a patência e a extensão da limpeza do canal radicular o mais próximo do forame apical melhora o taxa de sucesso clínico e radiográfico. A técnica de obturação realizada foi da guta-percha termoplastificada e compressão hidráulica vertical (onda contínua modificada, Buchanans, 1989), com a intenção de promover o selamento do forame apical com cimento endodôntico. Os procedimentos de patência e ampliação do forame apical favorecem a extrusão de 55 cimento para o ligamento periodontal apical (Yu & Schilder, 2001; Buchanan, 2004) conforme preconizado por Schilder (1967). Os resultados mostraram que ocorreu extrusão de cimento endodôntico em 84,1% dos tratamentos. Destes, 5,1% apresentaram dor pós-operatória (tabela 5.3), na análise de regressão logística múltipla (p<0,05), verificou-se que quando se obteve a extrusão de cimento, a chance de dor pós-operatória foi 3,26 vezes menor que quando não se obteve extravasamento de cimento (tabela 5.4). O cimento utilizado para a obturação dos canais radiculares foi o Endomethasone à base do óxido de zinco e eugenol. Gerosa et al. (1995) em um estudo da citotoxicidade de cimentos endodônticos em células humanas, mostraram baixa toxicidade do Endomethasone em 24, 48 e 72 horas. Gomes-Filho et al. (2007) estudou as reações biológicas do Endomethasone em tecido conjuntivo no subcutâneo de ratos, verificaram que a reação de toxicidade inicial diminui com o tempo, e, aos 30 dias o tecido conjuntivo apresenta aspecto de normalidade ao redor dos cimentos implantados. Contudo, Suzuki et al. (2011) em um estudo em cães, verificaram a presença de tecido conjuntivo fibroso ao redor dos fragmentos de cimento Endomethasone, sugerindo a formação de uma cápsula fibrosa ao redor dessas partículas em períodos longos, reduzindo o infiltrado inflamatório periapical. Pesquisas clínicas mostraram que a sobre-obturação não causa um aumento estatisticamente significante na incidência de dor (Mulhern et al., 1982; Harrison et al. 1983; Ng et al., 2004). Camelo (2011) estudou a incidência de dor pós-operatória de 300 tratamentos endodônticos realizados com patência e ampliação apical e extrusão de cimento Pulp Canal Sealer (Kerr, Detroit, Estados Unidos). Verificou a extrusão de cimento endodôntico em 293 casos, sendo que 269 não apresentaram dor pós-operatória. De acordo com Flanders (2002), em casos 56 tratamentos realizados com patência do forame apical, a extrusão de cimento endodôntico além do término do ápice radiográfico sugere que a patência foi mantida e que o forame apical foi devidamente selado. Segundo este autor, esta extrusão do cimento endodôntico, não causa desconforto para o paciente e em nada compromete no sucesso do tratamento endodôntico. Os resultados do presente estudo mostraram que 93,5% dos pacientes relataram ausência de dor pós-operatória, sem necessidade de medicação analgésica. Pode-se atribuir este resultado, ao protocolo de tratamento coroa-ápice com descontaminação progressiva do canal radicular seguido pela patência e ampliação do forame apical. Estes procedimentos permitiram melhor limpeza e descontaminação das paredes, dentinária e cementária, na porção mais apical do canal radicular, seguido pela obturação tridimensional do forame. Estudos clínicos randomizados, de tratamentos endodônticos realizados com ampliação e selamento do forame apical, com diferentes tipos de cimentos endodônticos, precisam ser realizados para avaliar a ocorrência e intensidade de dor pós-operatória, e, o processo de reparação periapical através de controles clínicos e radiográficos longitudinais. 57 7 CONCLUSÃO De acordo com a metodologia aplicada foi possível concluir que: 1. A técnica de instrumentação preconizada com patência e ampliação foraminal em sessão única, não mostrou correlação com a presença de sintomatologia dolorosa pós-operatória. 2. Não houve correlação significante entre a dor pré-operatória presente, diagnóstico pulpar e periapical com a dor pós-operatória (Qui-quadrado e Exato de Fisher, p<0,05). 3. A análise de Regressão Logística Múltipla (p< 0,05) mostrou que, a chance de ocorrência de dor pós-operatória, foi 3,26 vezes menor quando ocorreu o a extrusão de cimento endodôntico. 58 REFERÊNCIAS Alves VD. Endodontic flare-ups: a prospective study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2010;110(5):68-72. Arias A, Azabal M, Hidalgo JJ, de la Macorra JC. Relationship between postendodontic pain, tooth diagnostic factors, and apical patency. J Endod. 2009;35(2):189-192. Baugh D, Wallace J. The role of apical instrumentation in root canal treatment: a review of the literature. J Endod. 2005;31(5):333-40. Baumgartner JC, Falkler WA Jr. Bacteria in the apical 5 mm of infected root canals. J Endod. 1991;17(8):380-3. Benatti O, Valdrighi L, Biral RR, Pupo J. A Histological Study of the Effect of Diameter Enlargement of the Apical Portion of the Root Canal. J Endod. 1985;11(10):428-34. Bender IB. Pulpal pain diagnosis – a review. J Endod. 2000;26(3):175-9. Bender IB. Reversible and irreversible painful pulpitides: diagnosis and treatment. Aust Endod J. 2000;26(1):10-4. Benjamin P. The frequency of pain after endodontic procedures. J Am Dent Assoc. 2011;142(8):957-8. Bergenholtz G, Lekholm U, Milthon R, Engstrom B. Influence of apical overinstrumentation and overfilling on re-treated root canals. J Endod. 1979;5(10): 310-4. Borlina SC, Souza V, Holland R, Murata SS, Gomes-Filho JE, Júnior ED, Marion JJC, Neto DA. Influence of apical foramen widening and sealer on the healing of chronic periapical lesions induced in dogs’ teeth. Oral surg oral med oral pathol oral radiol endod. 2010;109(6):932-40. Buchanan LS. Management of the curved root canal. J Calif Dent Assoc. 1989;17(4):18-25,27. Butler NP. Apical debridement – a hypothesis and preliminary report. J Br Endod Soc. 1970;4(4):52-6. Camelo, AM. Avaliação da sintomatologia pós-operatória em tratamentos endodônticos realizados com patência e ampliação do foraminal, comparando duas susbtâncias químicas auxiliares [dissertação]. Campinas: Centro de pesquisas odontológicas São Leopoldo Mandic; 2011. Coldero LG, McHugh S, MacKenzie D, Saunders WP. Reduction in intracanal bacteria during root canal preparation with and without apical enlargement. Int Endod J. 2002;35(5):437-46. 59 Delzangles B. Scanning electron microscopic study of apical and intracanal resorption. J Endod. 1989;15(7):281-5. El Mubarak AH, Abu-bakr NH, Ibrahim YE. Postoperative pain in multiple-visit and single-visit root canal treatment. J Endod. 2010;36(1):36-9. Ferraz CC, Gomes BP, Zaia AA, Teixeira FB, Souza-Filho FJ. Comparative study of the antimicrobial efficacy of chlorhexidine gel, chlorhexidine solution and sodium hypochlorite as endodontic irrigants. Braz Dent J. 2007;18(4):294-8. Ferraz CC, Gomes BP, Zaia AA, Teixeira FB, Souza-Filho FJ. In vitro assessment of the antimicrobial action and the mechanical ability of chlorhexidine gel as na endodotinc irrigant. J Endod. 2001;27(7):425-5. Flanders DH. Endodontic patency. How to get it. How to keep it. Why it is so important. NY State Dent J. 2002;68(3):30-2. Fornari VJ, Silva-Souza YT, Vanni JR, Pécora JD, Versiani MA, Sousa-Neto MD. Histological evaluation of the effectiveness of increased apical enlargement for cleaning the apical third of curved canals. Int Endod J. 2010;43(11):988-94. Gerosa R, Menegazzi G, Borin M, Cavalleri G. Cytotoxicity evaluation of six root canal sealers. J Endod. 1995:21(9):446-8. Glennon JP, Ng YL, Setchell DJ, Gulabivala K. Prevalence of and factors affecting postpreparation pain in patients undergoing two-visit root canal treatment, Int Endod J. 2004;37(1):29-37. Gomes-Filho JE, Gomes BP, Zaia AA, Ferraz CR, Souza-Filho FJ. Evaluation of the biocompatibility of root canal sealers using subcutaneous implants. J Appl Oral Sci. 2007;15(3):186-94. Gondim E Jr, Setzer FC, Dos Carmo CB, Kim S. Postoperative pain after the application of two different irrigation devices in a prospective randomized clinical trial. J Endod. 2010:36(8): 1295-301. Green D. Stereomicroscopic study of 700 root ápices of maxillary and mandibular posterior teeth. Oral Sug Oral Med Oral Pathol. 1960;13:728-33. Grossman LI. Physical properties of root canal cement. J Endod. 1976;2(6):166-75. Harrison JW, Gaumgartner JC, Svec TA. Incidence of pain associated with clinical factors during and after root canal therapy. Part 1. Interappointment pain. J Endod. 1983;9(9):384-7. Harrison JW, Gaumgartner JC, Svec TA. Incidence of pain associated with clinical factors during and after root canal therapy. Part 2. Postobturation pain. J Endod. 1983;9(10): 434-8. 60 Holland R, Sant’Anna Júnior A, Souza V, Dezan Junior E, Otoboni Filho JÁ, Bernabé PF, Nery MJ, Murata SS. Influence of apical patecy and filling material on healing process of dogs’ teeth with vital pulp after root canal therapy. Braz Dent J. 2005:16(1):9-16. Imura N, Zuolo ML. Factors associated with endodontic flare-ups: a prospective study. Int Endod J. 1995;28(5):261-65. Ince B, Ercan E, Dalli M, Dulgergil CT, Zorba YO, Colak H. Incidence of postoperative pain after single – and multi-visit endodontic treatment in teeth with vital non-vital pulp. Eur J Dent. 2009;3(4):273-9. Jeansonne MJ, White RR. A comparison of 2.0% chlorhexidine gluconate and 5.25% sodium hypochlorite as antimicrobial endodontic irrigants. J Endod. 1994;20(6):276-8. Kakehashi S, Stanley HR, Fitzgerald RJ. The effects of surgical exposures of dental pulps in germ-free and conventional laboratory rats. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1965;20:340-9. Kuruvilla JR, Kamath MP. Antimicrobial activity of 2.5% sodium hypochlorite and 0.2% chlorhexidine gluconate separately and combined, as endodontic irrigants. J Endod. 1998;24(7):472-6. Kuttler Y. Microscopic investigation of root apexes. J Am Dent Assoc.1955;50(5):54452. Levin LG, Law AS, Holland GR, Abbott PV, Roda RS. Identify and define all diagnostic terms for pulpal health and disease states. J Endod. 2009;35(12):1645-57. Lins FF, Soares AJ, Souza-Filho, FJ. Avaliação da espessura radicular após alargamento com broca Gates-Glidden em rotações diferentes. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2011;65(2):108-113. Matsumiya S, Kitamura M. Histo-pathological and histo-bacteriological studies of the relation between the condition of sterilization of the interior of the root canal and the healing process of periapical tissues in experimentally infected root canal treatment. Bull Tokyo Dent Coll. 1960;1(1):1-19. Mendola P, O’Shea RM, Zielezny MA, Thines TJ, Corah NL. Validity and reliability of the interval scale of anxiety response. Anesth Prog. 1987;34(6):202-6. Mickel AK, Chogle S, Liddle J, Huffaker K, Jones JJ. The role of apical size determination and enlargement in the reduction of intracanal bacteria. J Endod. 2007;33(1):21-3. Morse DR, Koren LZ, Esposito JV, Goldberg JM, Belott RM, Sinai IH, Furst ML. Asymptomatic teeth with necrotic pulps and associated periapical radiolucencies: relationship of flare-ups to endodontic instrumentation, antibiotic usage and stress in three separate practices at three different time periods. Int J Psychosom. 1986; 33(1): 5-87. 61 Mulhern JM, Patterson SS, Newton CW, Ringel AM. Incidence of postoperative pain after one-appointment endodontic treatment of asymptomatic pulpal necros in singlerooted teeth. J Endod. 1982;8(8):370-5. Ng YL, Glennon JP, Setchell DJ, Gulabivala K. Prevalence of and factors affecting post-obturation pain in patients undergoing root canal treatment. Int Endod J. 2004;37(6):381-91. Ng YL, Mann V, Gulabivala K. A prospective study of the factors affecting outcomes of nonsurgical root canal treatment: part 1: periapical health. Int Endod J. 2011;44(7):583-609. Nixdorf DR, Moana-Filho EJ, Law AS, McGuire LA, Hodges JS, John MT. Frequency of Persistent Tooth Pain after Root Canal Therapy: A Systematic Review and MetaAnalysis. J Endod. 2010;36(2):224-30. Ostby BN. The role of the blood clot in endodontic theraphy. Acta Odontol Scand. 1961;19:323-56. Pecora JD, Capelli A, Guerisoli DM, Spanó JC, Estrela C. Influence of cervical preflaring on apical file size determination. Int Endod J. 2005;38(7):430-5. Pimentel Jr PA, Feijó EC, Botelho Jr FG, Navas SEA. Dor em endodontia – possíveis interações neurofisiológicas. JBA. 2002;2(6):141-145. Ray H, Seltzer S. A new glass ionomer root canal sealer. J Endod. 1991;17(12):598603. Ricucci D, Langeland K. Apical limit of root canal instrumentation and obturation, part 2. A histological study. Int Endod J. 1998;31(6):394-409. Safavi KE, Pascon EA, Langeland K. Evaluation of tissue reaction to endodontic materials. J Endod. 1983;9(10):421-9. Santos JCB. Análise comparativa, in vitro, da eficiência na odontometria de três localizadores apicais (Root ZX, Bingo 1020 e Novapex) [tese]. Piracicaba: Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas; 2005. Sathorn C, Parashos P, Messer H. The prevalence of postoperative pain and flare-up in single- and multiple-visit endodontic treatment: a systematic review. Int Endod J. 2008;41(2):91-9. Schilder H. Cleaning and shaping the root canal. Dent Clin North Am. 1974;18(2):269-96. Schilder H. Filling root canals in three dimensions. Dent Clin North Am. 1967;723-44. Seltzer S. Pain in Endodontics. J Endod. 2004;30(7):501-3. 62 Seymour RA, Walton JG. Pain control after third molar surgery. Int J Oral Surg. 1984;13(6):457-85. Silveira CM, Pinto SC, Zedebski R de A, Santos FA, Pilatti GL. Biocompatibility of four root canal sealers: a histopathological evaluation in rat subcutâneous connective tissue. Braz Dent J. 2011;22(1):21-7. Simon JH. The apex: how critical is it?. Gen Dent. 1994;42(4):330-4. Siqueira JF Jr, Barnett F. Interappointment pain: mechanisms, diagnosis, and treatment. Endod Topics. 2004;7(1):93-109. Siqueira JF Jr. Reaction of periradicular tissues to root canal treatment benefits and drawbacks. Endod Topisc. 2005;10(1):123-47. Siqueira JF Jr, Rôças IN, Favieri A, Machado AG, Gahyva SM, Oliveira JC, Abad EC. Incidence of postoperative pain ofter intracanal procedures based on an antimicrobial strategy. J Endod. 2002;28(6):457-60. Siqueira JTT, Ching LH. Neuragia idiopática do trigêmio: diagnóstico diferencial com dor de origem dentária. JBA. 2003;3(10):131-139. Song S, Carr DB. Pain and memory. Pain Clinical Updates. Internacional Association for the Study of Pain [texto na internet]. 1999 [citado 2012 jan 10]. Disponível em: http://www.iasp-pain.org. Souza-Filho FJ, Benatti O, Almeida OP. Influence of the enlargement of the apical foramen in periapical repair of contaminated teeth of dog. Oral Surg Oral Méd Oral Pathol. 1987;64(4):480-4. Souza RA. Limpeza de forame e sua relação com a dor pós-operatória. J. Bras. Endo/Perio. 2000;1(3):45-48. Souza RA. The importance of apical patency and cleaning of the apical foramen on root canal preparation. Braz Dent J. 2006;17(1):6-9. Su Y, Wang C, Ye L. Healing rate and post-obturation pain of single-versus multiplevisit endodontic treatment for infected root canals: a systematic review. J Endod. 2011;37(2):125-32. Suzuki P, Souza V, Holland R, Gomes-Filho JE, Murata SS, Dezan Junior E, Passos TR. Tissue reaction to Endomethasone sealer in root canal filling short of or beyond the apical foramen. J Appl Oral Sci. 2011;19(5):511-6. Tanomaru Filho M, Leonardo MR, Silva LA, Aníbal FF, Faccioli LH. Inflammatory response to different endodontic irrigating solutions. Int Endod J. 2002;35(9):735-9. Tsesis I, Faivishevsky V, Fuss Z, Zukerman O. Flare-ups after endodotic treatment: a meta-analysis of literature. J Endod. 2008;34(10):1177-81. 63 Torabinejad M, Kettering JD, McGraw JC, Cummings RR, Dwyer TG, Tobias TS. Factors associated with endodontic interappointment emergencies of teeth with necrotic pulps. J Endod. 1988;14(5):261-6. Trowbridge HO, Emling RC. Inflamação. Uma revisão do processo. 4a ed. São Paulo: Livraria Santos Editora; 1996. p. ix-42. Vanni JR, Santos R, Limongi O, Guerisoli DM, Capelli A, Pécora LD. Influence of cervical preflaring on determination of apical file size in maxillary molars: SEM analysis. Braz Dent J. 2005;16(3):181-6. Zehnder M. Root canal irrigants. J Endod. 2006;32(5):389-98. Walker RT. Emergency treatment – a review. Int Endod J. 1984;17(1):29-35. Wayman BE, Murata SM, Almeida RJ, Fowler CB. A bacteriological and histological evaluation of 58 periapical lesions. J Endod. 1992;18(4):152-5. Weiger R, Bartha T, Kalwitzki M, Löst C. A clinical method to determine the optimal apical preparation size. Part I. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2006;102(5):686-91. West JD, Roane JB. Caminhos da Polpa. 7a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p. 191-242. White RR, Hays GL, Janer LR. Residual antimicrobial activity after canal irrigation with chlorhexidine. J Endod. 1997;23(4):229-31. Wu MK, Barkis D, Roris A, Wesselink PR. Does the first file to bind correspond to the diameter of the canal in the apical region?. Int Endod J. 2002;35(3):264-7. Wu MK, Wesselink PR. A primary observation on the preparation and obturation of oval canals. Int Endod J. 2001;34(2):137-41. Yu DC, Schilder H. Cleaning and shaping the apical third of a root canal system. Gen Dent. 2001;49(3):266-70. 64 ANEXO A – Certificado de Aprovação do projeto de pesquisa 65 ANEXO B – Termo de Consentimento livre e esclarecido Título da Pesquisa: “Avaliação prospectiva da sintomatologia pós-operatória de tratamentos endodônticos com uma técnica de preparo apical com patência e ampliação do forame apical”. Pesquisador responsável: Thaís Natsuco Sonoda. Orientador: Francisco José de Souza Filho. Prezado Senhor (a) Estou estudando os sinais e sintomas clínicos após 24hs e os resultados clínico-radiográficos da técnica de tratamento endodôntico com patência e ampliação do forame apical, que foi utilizada em seu caso, com o objetivo de obter maior conhecimento sobre esse assunto. Se o (a) senhor (a) quiser participar da pesquisa que será minha dissertação de mestrado, após 24 horas do seu atendimento serão realizadas algumas perguntas via contatado telefone. E, serão realizados exames clínicos e radiográficos na Faculdade São Leopoldo Mandic – Unidade Itapetininga, com hora agendada. Estes exames serão conduzidos sob a responsabilidade da Dra. Thaís Natsuco Sonoda (pesquisadora). Este documento faz parte da documentação exigida pela legislação brasileira para a realização de uma pesquisa clínica. A sua participação não é obrigatória, mas se o (a) senhor (a) resolver participar, seu nome ou qualquer outra identificação, não aparecerá na pesquisa. Apenas suas informações e os seus dados, que constam na sua ficha clínica serão usados para avaliação científica. Terminada a pesquisa, os resultados, que são da minha inteira responsabilidade, estarão à sua disposição. E, estou à sua disposição para 66 esclarecer qualquer dúvida sobre este trabalho. Se o (a) senhor (a) quiser participar, ou tiver qualquer dúvida sobre essa questão, entre em contato: (15) 3272.6172 Se estiver de acordo e concordar em participar, escreva seu nome, RG, assine este documento e coloque a data. Nome: RG: Assinatura: ___________________________________________________ 67 ANEXO C – Modelo da ficha de avaliação clínica Exame Clínico Específico Curso:_________________________________Coordenador:___________________________ Início do tratamento: ____/____/______ Aluno: ________________________CRO:_________ Nome:___________________________________________ Tel. fixo:_________________ Elemento dentário: ____ Avaliação Periodontal Geral: ( ) Saudável ( )Gengivite ( ) Periodontite Grau: ________ Coroa: Dor: Percussão Vertical: ( ) Íntegra ( ) Assintomático ( ) Insensível ( ) Com cárie extensa ( ) Estimulada ( ) Sensibilidade aumentada ( ) Destruída ( ) Espontânea ( ) Dor (Totalmente) ( ) Ao ocluir ( ) Restaurada ( ) Com prótese Palpação Apical: Tumefação: Fístula: Bolsa Periodontal ( ) Insensível Inflamatória: ( ) Ausente ( ) Vest: _____mm ( ) Sensibilidade ( ) Ausente ( ) Mucosa ( ) Lingual: ___mm aumentada ( ) Apical ( ) Cutânea ( ) Mesial: ____mm ( ) Dor ( ) Intra-oral ( ) Distal: ____mm ( ) Extra-oral ( ) Lesão de Furca Teste de Vitalidade Térmico (frio): Cavidade (dentina exposta): ( ) Positivo ( ) Raspagem ( ) Normal ( ) Positivo ( ) Hipersensível ( ) Negativo ( ) Negativo ( ) Jato de ar ( ) Positivo ( ) Negativo Exame Radiográfico Periodonto (perda Canal Radicular: Região Periapical óssea): ( ) Rizogênese incompleta (Radiolucência): ( ) Vertical ( ) Amplo ( ) Espessamento ( ) Horizontal avançada ( ) Médio ( ) Ausente ( ) Região de furca ( ) Constrito ( ) Pequena (Até 5 mm) ( ) Calcificado ( ) Média (5 A 10 mm) ( ) Reabsorção interna ( ) Grande (maior que 10 mm) Raiz: ( ) Com obturação deficiente ( ) Difusa ( ) Curvatura acentuada ( ) Com instrumento fraturado ( ) Circunscrita ( ) Reabsorção externa ( ) Com desvio ( ) Outros ( ) Hipercementose ( ) Com perfuração ( ) Osteofibrose periapical ( ) Extra-numerária ( ) Soalho (Cementoma verdadeiro) ( ) Radicular ( ) Condensação Óssea Diagnóstico Pulpar: Periapical: 68 ( ( ( ( ) ) ) ) Polpa Normal Pulpite Reversível Pulpite Irreversível Necrose Pulpar Plano de Tratamento ( ) Dentisteria ( ) Urgência ( ) Tratamento de pulpite ( ) Drenagem de abcesso ( ) Extração Motivo:__________________ ( ) Normal ( ) Pericementite ( )Abcesso ( ) Intra-Ósseo ( ) Sub-Perióstico ( ) Sub-Mucoso ( ) Sub–Cutâneo ( ) Fênix ( ) Lesão Periapical Crônica ( ) Tratamento Endodôntico ( ) Apicigênese ( ) Apicificação ( ) Com tratamento de perfuração ( ) Com remoção de instrumento fraturado ( ) Complementado por cirurgia ( ) Retratamento Endodôntico ( ) Com remoção de pino/núcleo ( ) Com tratamento de perfuração ( ) Com remoção de instrumento fraturado ( ) Complementado por cirurgia ( ) Procedimentos pré-protéticos ( ) Preparo de espaço para retentor intra-radicular ( ) Confecção e cimentação de núcleo metálico fundido ( ) Confecção de pino de fibra de vidro reforçado com resina ( ) Confecção de núcleo de preenchimento em resina composta ( ) Reforço de raízes com paredes debilitadas ( ) Confecção de coroa provisória Dados Técnicos Grampo utilizado: ________ Canal Referência CRC (mm) CRT (mm) Diâmetro do forame(LAI) LAF Diâmetro do cone Procedimentos Realizados Data Descrição do Procedimento _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 69 _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Anestésico utilizado: __________________________________________________________ Técnica de preparo: __________________________________________________________ Patência foraminal: ( ) Sim ( ) Não Substância irrigadora: _________________________________________________________ Técnica de obturação: _________________________________________________________ Cimento empregado: _________________________________________________________ Extravasamento de cimento: ( ) Sim ( ) Não Preenchimento de canais laterais: ( ) Sim ( ) Não Houve dor entre as sessões: ( ) Sim ( ) Não Número de sessões: ( ) Uma ( ) Duas ( ) Mais: ___________________________________ Preparo de espaço para núcleo: ( ) Sim ( ) Não. Canal ______ Profundidade _____mm Restauração: ( ) Provisória ( ) Selamento da Câmara Pulpar ( ) Definitiva Prognóstico: ____________________________________________________________ Proservação Prevista ___/___/____ _____________________________________________________________ ___/___/____ _____________________________________________________________ Assinatura do Aluno: ______________________________________ Assinatura do Professor: ______________________________________ Data: ____/_____/_______
Documentos relacionados
marisa alencar stroka itapetininga 2011 análise clínica e
foi de 5 anos. O índice de sucesso dos dentes com cultura negativa foi 94% e com culturas positivas 68%. Os casos com extravasamento de cimento de 1,0 mm ou menos além do ápice não influenciou nos ...
Leia maisetiologia dos insucessos dos tratamentos endodônticos
microscópios eletrônicos, a qualidade da obturação como possível causa da persistência de lesões apicais após o tratamento endodôntico e consequente insucesso. Sendo observado que em todos os dente...
Leia maisGREICILEIDE DOS REIS BRAGA - FAO
The aim of this study was to report a case of a kidney transplant patient who needed endodontic treatment of tooth 12 with Phoenix abscess. The patient, a 26-year-old woman, C.P.O, melanoderm, was ...
Leia mais