Gerenciamento de Risco Medicamento
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Gerenciamento de Risco Medicamento
Gerenciamento de Risco Medicamento e Registro em Prontuário Marinei Campos Ricieri Farmacêutica Clínica/Gestora de Risco Por que nos preocuparmos tanto com os medicamentos? “O que diferencia o remédio do veneno é a dose.” Paracelsius (1493-1541) 2 INSTITUIÇÃO DE SAÚDE É UM AMBIENTE SEGURO? Cross-industry Comparison of Size, Productivity and Efficiency Low error rate Airlines Hotels Telecommunications Banking U.S. Postal Services Auto Manufacturing Computers Food Services Health Services High error rate Low High Productivity/Efficiency Fonte: Clinical Advisory Board, 2005 Epidemiologia de eventos adversos com medicamentos Cada paciente internado em hospitais nos EUA está sujeito a um erro de medicação por dia (Aspden et al, 2007). 400.000 EA evitáveis são registrados anualmente nos hospitais americanos (Aspden et al, 2007). Erros de medicação em hospitais provoquem mais de 7.000 mortes/ano nos EUA. No Brasil ainda não temos estatísticas disponíveis de óbitos por EM. 4 Entendendo o caso à luz do “queijo suiço" Nomes parecidos Limitação do paciente Falta de conferência SDM Armazenamento próximo Pressa Pontos Fortes (barreiras): - DU - Prescrição eletrônica - Farmacêutico clínico - Profissional experiente Sobrecarga de trabalho Setor tumultuado Dimensionamento de pacientes Falta de participação do cuidador 5 EVENTO ADVERSO Protocolos de Segurança 6 O que (quem) é a Cadeia Terapêutica Medicamentosa? É um sistema complexo de fornecimento de medicação. A maioria dos erros de medicação é multifacetado. Necessário salvaguardas em todas as etapas da cadeia. Quem são os atores da CTM? Cohen H, Shastay A. Getting to the root of medication errors. Nursing. 2008. Fonte figuras: corbis.com Segurança na Cadeia Terapêutica Medicamentosa Taxa de erros (39 a 49%) 1. PRESCRIÇÃO Transcrição: 11 a 12% 2. PREPARO/DISPENSAÇÃO DISPENSAÇÃO (11 a 14%) Taxa de erros (26 a 38%) Benjamin DM. Reducing medication errors and increasing patient safety: case studies in clinical pharmacology. 2003. 3. ADMINISTRAÇÃO 8 Estratégias para a Segurança na Cadeia Medicamentosa EXISTE? É EFETIVA? Recomendações com maior evidência científica para prevenção de erros de medicação em hospitais 1) Adoção da prescrição eletrônica com o devido suporte clínico, principalmente de avaliação da prescrição. 2) Inclusão de farmacêutico nas visitas clínicas. 3) Presença de procedimentos especiais e protocolos escritos para medicamentos de alta vigilância. Aspen P et al. Committee on Identifying and Preventing Medication Errors. Preventing medication errors. Quality Chasm Series, 2007. 10 1. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE PRESCRIÇÃO 11 1. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE PRESCRIÇÃO Prescrição manual (sem transcrição) é coisa do passado? 12 1. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE PRESCRIÇÃO Ausência de protocolos clínicos Ordens verbais (Cuidado!!!) Padronização de lista de abreviaturas (principalmente para a evolução médica). Ex.: SOM, ACM, SN, KCL, BEG, SSVV, MMII, IRA, IAM, RAM, etc. Uma criança de 1m19d morreu após receber 15 gotas de um broncodilatador. A abreviatura de gotas (g) estava muito próximo do número 1, dando a impressão de ser 15. 1. BULHÕES, I. Os anjos também erram: mecanismos e prevenção da falha humana no trabalho hospitalar. Rio de Janeiro: [s.n.], 2001. 293p. 13 PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE PRESCRIÇÃO PRESCRIÇÃO ELETRÔNICA COM SUPORTE CLÍNICO (DE QUEM?) O que é importante sinalizar? a) Dose máxima b) Alergias c) Restrição de VA d) Necessidade de bomba de infusão e) Tempo de infusão f) Diferenciação de medicamentos com nomes parecidos g) Interação medicamentosa de relevância clínica 14 PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE PRESCRIÇÃO Avaliação e validação da prescrição médica pelo farmacêutico. Avaliação diária da totalidade das prescrições ou amostragem significativa. Padronizar roteiro de avaliação com registro. 15 Recomendações com maior evidência científica para prevenção de erros de medicação em hospitais 1) Adoção da prescrição eletrônica com o devido suporte clínico. 2) Presença de procedimentos especiais e protocolos escritos para medicamentos de alta vigilância. 3) Inclusão de farmacêutico nas visitas clínicas. Aspen P et al. Committee on Identifying and Preventing Medication Errors. Preventing medication errors. Quality Chasm Series, 2007. 16 2. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE DISPENSAÇÃO Gerenciamento de Medicamentos de Alta Vigilância (MAV). Medicamentos look alike e sound alike. 17 18 Medicamento de Alta Vigilância (high-alert medications) São aqueles que possuem risco aumentado de provocar danos significativos aos pacientes (lesões permanentes ou morte) em decorrência de falha no processo de utilização. Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos – ISMP Brasil. 2012. Frederico F. Prevening harm from high-alert medications. J t Comm J Qual Patient Saf. 2007. A metade dos eventos preveníveis que causaram danos nos paciente, em hospitais norte-americanos (1994 a 2000), foram decorrentes de anticoagulantes, opiáceos e insulinas (IHI, 2012). 19 Medicamento de Alta Vigilância Rosa MB et al. Erros na prescrição hospitalar de medicamentos potencialmente perigosos. Rev Saúde Pública. 2002. PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE PRESCRIÇÃO ETIQUETA ADICIONAL PARA DIFERENCIAÇÃO DOS MAV MEDICAMENTO PODE SER FATAL SE INJETADO SEM DILUIR MEDICAMENTO DE ALTA VIGILÂNCIA – NECESSÁRIO DUPLA CHECAGEM Medicamentos look alike e sound alike N1: “Bebê de 8 meses recebe dipirona no lugar de dramin e morre com parada cardíaca, em hospital de Campinas/SP (2013)”. Os maiores desastres relacionados a erro de medicação N2: “Criança recebeu ácido no lugar de umembalagens sedativo, em um hospital em BH. tiveram como deflagrador parecidas ouA técnica de enfermagem que administrou o medicamento relatou que os frascos nomes/sons de medicamentos semelhantes. eram muito semelhantes (2014)”. 22 Look alike and Sound alike NOME COMERCIAL OU DO PRINCÍPIO ATIVO DOPAMINA DOBUTAMINA ADRENALINA DIFENIDRAMINA MIDAZOLAN 5mg/5ml MIDAZOLAN 15mg/3ml (1mg/ml) (5mg/ml) LIDOCAÍNA 1% LIDOCAÍNA 2% INSULINA NPH INSULINA REGULAR Look alike and Sound alike 24 GRAFIA SEMELHANTE – TESTE 35T3 P3QU3NO T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 MO5TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 FAZ3R CO1545 1MPR3551ON4NT35! R3P4R3 N1550! NO COM3Ç0 35T4VA M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QUA53 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3NS4R MU1T0, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHOS5 D1SS0! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉNS! Distribuição de medicamentos quanto à semelhança Look alike and Sound de embalagens e rótulos. alike Lopes DMA et al. Análise de rotulagem de medicamentos semelhantes: potenciais erros de medicação. 2011. 26 IDENTIFICAÇÃO VISUAL 27 2. SEGURANÇA NA ETAPA DE DISPENSAÇÃO Investimento em tecnologia e mudanças de processo Checagem eletrônica à beira do leito Alertas e identificação visual Conferência ativa e passiva Dupla checagem Armazenamento distante 28 Segurança na Cadeia Terapêutica Medicamentosa 1. PRESCRIÇÃO 2. PREPARO/DISPENSAÇÃO 3. ADMINISTRAÇÃO 29 3. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS Não cumprimento das normas e protocolos. Conhecimento técnico insuficiente. Sobrecarga de trabalho do profissional. 30 3. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 3. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 3. PONTOS CRÍTICOS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS Profissionais de saúde que TRABALHAM 60h ou mais (plantões de 24h) = fadiga, perda da concentração e sinais de depressão. Smith-Coggins et al. Acad Emerg Med, 1997. Plantão de 24h SEM DORMIR, a performance psicomotora do PS = indivíduo legalmente bêbado (nível sanguíneo alcoólico ≥ 0,08%). Weinger; Ancoli-Israel. Sleep deprivation and clinical perfomance. JAMA 2002; 955-7. PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO 34 PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA É o processo de comparar as medicações prescritas com todos os medicamentos que o paciente já vem tomando. É realizada para evitar erros de medicação (omissão, duplicação, dosagem). Deve ser feito a cada transição de cuidado (mudanças de setor, serviço, médico ou nível de cuidado). TJC. Medication Reconciliation. 2006. Fornecer informações ao paciente sobre o uso dos seus medicamentos 35 PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO A voz do paciente (participação ativa do paciente) O paciente como última barreira. 36 REQUISITO DO PADRÃO 15. Assegura ao paciente/cliente ou responsável informações sobre o medicamento e o direito de recusa à administração. 22. Orienta os pacientes e/ou acompanhantes para o uso seguro de medicamentos, mantendo o sigilo das informações. 37 38 COMUNICAÇÃO entre os profissionais de saúde e paciente é fator crítico. Desenvolver ferramenta para paciente/familiar COLABORAR no seu cuidado em saúde = “empoderamento”. Criação de um CRONOGRAMA de medicação diária "pacienteamigável". 39 40 FREDERICKS, JE; BUTING Jr, RF. Implementation of a patient-friendly medication schedule to improve patient safety within a healthcare system. Journal of Healthcare Risk Management. 2010. ESTRATÉGIAS DE EXCELÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO DO PACIENTE/FAMILIAR NA DECISÃO CLÍNICA 42 Recomendações com maior evidência científica para prevenção de erros de medicação em hospitais 1) Adoção da prescrição eletrônica com o devido suporte clínico, principalmente de avaliação da prescrição. 2) Inclusão de farmacêutico nas visitas clínicas. 3) Presença de procedimentos especiais e protocolos escritos para medicamentos de alta vigilância. Aspen P et al. Committee on Identifying and Preventing Medication Errors. Preventing medication errors. Quality Chasm Series, 2007. 43 PRÁTICAS SEGURAS NA ETAPA DE ADMINISTRAÇÃO FARMÁCIA CLÍNICA (farmacêutico à beira do leito) Permeia toda a cadeia terapêutica medicamentosa. Interface com o médico: validação da prescrição. Interface com equipe de enfermagem: suporte de informação nos procedimentos de administração. Interface com o paciente: orienta sobre o uso e riscos do medicamento. Intervenções e registro farmacêutico. 44 Registro das atividades farmacêuticas em prontuário Conjunto de documentos padronizados, ordenados e concisos, destinados ao registro dos cuidados médicos e dos demais profissionais, prestados ao paciente em um estabelecimento de saúde (Portaria nº 40/MS, 1992). Prontuário médico do paciente Prescrição e evolução médica e de enfermagem Evolução de fisioterapia, psicologia, nutrição, fonoaudiologia, assistência social, odontologia Exames em geral Termo de consentimento/ procedimentos cirúrgicos Documentos administrativos (cadastro/conta) Prontuário Médico do Paciente Documento único, constituído de um conjunto de informações (...) gerados a partir de fatos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo (CFM. Resolução nº 1.638/2002). Registro das atividades farmacêuticas em prontuário Sistema de documentação eficiente Qual é o objetivo da evolução/registro farmacêutico? COMUNICAR? ou apenas DOCUMENTAR? ou ambos? Comunicação escrita: pensar na melhor estratégia de visualização do registro de acordo com o contexto (papel, sistema) . A pergunta a ser feita é: a equipe está acessando a minha informação? Vantagens e Desafios da Evolução Farmacêutica VANTAGENS Estabelece evidências das ações do farmacêutico Promove a “aculturação” da farmácia clínica Comunica eficientemente informações chaves aos outros PS DESAFIO Exige uma reestruturação do pensamento farmacêutico Requer uma habilidade de comunicação REGISTRO NO PRONTUÁRIO O que vamos registrar? Como vamos escrever? Para quem? Sabemos fazer isso? Estamos preparados? O QUE VAMOS REGISTRAR? Society of Critical Care Medicine; American College of Clinical Pharmacy. Pharmacotherapy, 2000. O QUE VAMOS REGISTRAR? Farmacêutico é estratégico dentro da cadeia terapêutica. Identificamos problemas com o uso de medicamentos. Registro de contribuições resolutivas. Parcimônia ao evoluir. Discutir antes com a equipe (médico ou enfermagem) e se reportar ao chefe/coordenador do setor. COMO VAMOS ESCREVER? A evolução médica e de enfermagem quando é completa = cautela para não repetir a informação. A evolução quando é resumida é uma oportunidade para o farmacêutico desdobrar a informação. Demonstrar uma escrita cordial e ao mesmo tempo técnica. Evitar verbos que traduzem ordens (fazer, alterar). Usar verbos mais polidos (sugiro, solicito, recomendo). GRATA PELA ATENÇÃO DE TODOS! [email protected]
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