gazeta mercantil
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.J 1M DE XTA.FEIRA, 12, E FIM DE SEMANA, 131E 14 DE JANEIRO DE 2007 Novos PARADIGMAS EMANA GAZETA MERCANTIL NÃO PODE SER VENDIDO TAL PAI, TAL FILHO FicçÃo Parao intelectualitaliano o rei do baião,Luiz GiuseppeCocco,professorda UniversidadeFederaldo Rio de Gonzaga,e seufilho, o compositor Gonzaguinha, têm suahistóriafamiliar Janeiro,o capitalismosuperou suafaseindustriaFechega,neste início de milênio,à suafase cognitiva,momento esteem que os valoresindividuaisatingem reveladano,livro "Gonzaguinhae Gonzagão- Uma História Brasileira",de papelsocialpreponderante. ReginaEcheverria Página 4 Página 5 SEPARADAMENTE "REAL" Estréia hoje no Brasil"MaisEstranho que a Ficção". Protagonizadopor WiII FerreI!(foto), o longa~metragem discuteos limitesdo poder do autor sobre suaspersonagens Página 8 Uma criadora engajada Emma Thompson transita entre oglamour hollywoodiano e a política ALESSANDRA MELEIRO Londres erta manhã, o funcionário público Harold Crick começa a ouvir lima voz feminina narrando todos os seus pensamentos, sentimentos e ações, com precisão surpreendente. A vida pacata de Harold é então transformada por essa narração que só ele pode ouvir: este é o enredo do filme "Mais Estranho que a Ficção", que tem estréia prometida para hoje no País. Ficção e realidade chocamse quando o personagem Harold, interpretado pelo comediante Will Ferrell, escuta o que a narradora tem em mente e percebe que tem de mudar o final pretendido pela autora (que é o dele próprio). A voz na cabeça de Harold revela ser de Kàren Eiffel, ótima atuação de Emma Thompson, uma artista obsessiva e 'autodestrutiva, que procura desesperadamente encontrar o final de um livro que escreve há dez anos. A inglesa Emma Thompson, contudo, nada tem de autodestrutiva. Estrelou no cinema em "The Winslow Boy", de 1988. Mas foi ao escrever o roteiro e protagonizar "Razão e Sensibi- C . . lidade" (1995), adaptação do romance de Jane Austen para teiro Adaptado em 1996 e al- mu.ito bom. Certamente ser çoua bela cidadã londrina de uma roteirista me torna mais cabeleira e olhos claros ao hall crítica. Há tantos roteiros que das estrelas hollywoodianas de apenas seguem fórmulas e apresentam narrativas esvaziaprimeira grandeza. De lá para cá, Emma partici~ das. Penso quantos problemas pou desde blockbusters ameri- há nos diálogos,quantoproblecanos como "Harry Potter e o ma há nas partes descritivas. Prisioneiro de Azkaban" ate a Quando escrevo roteiros, eu polêmica" série de TV "Angels pronunciocada palavra que esin America" que expõe todo o crevo. É ótimo criar algo verpreconceito que envólve os dadeiro: existe o processo de portadores do vírus da AIDS insight, mas, pelo fato de eu ser nos Estados Unidos. atriz, imagino exatamente coAos 4T anos, a atriz tem en- mo aquele diálogo poderia ser tre suas "pendências" a con- dito - e procuronão escrever clusão de um roteiro em par- coisas impronunciáveis... ceria com Nick Hornby, autor de "Alta Fidelidade". Mas não Gazeta Mercantil - Como é parece se importar se o traba- escrever uma comédia com o roteirista Nick lho não está dentro do prazo. experiente Enquanto continua sua jorna- Hornby, que cr!,OUentre outros da pelo cinema, Emma tam- filmes "Alta Fidelidade ~'? bém peregrina pelo mundo E.T. - A comédia se chama político se engajando em "Fast Forward" e estamos esquestões sociais como revela crevendo há bastante tempo. a este jornal na entrevista a se- Paramos e começamos novaguir, concedida no lançamen- mente, mas ainda não finalizato de "Mais Estranho que a mos... falta planejamento... mas isto é o que me faz sentir Ficção", em Londres: viva, entende? Achar aquela Gazeta Mercantil - Além de pequena sentença, quando o atriz, você é também roteirista. diálogo funciona. Isto a torna mais crítica ao ler roteiros, como este do novato Gazeta Mercantil - O que te 2.ach Helm em "Mais Estranho agradou em sua personagem em "Mais Estranho que a Ficque a Ficção"? Emma Thompson - Eu li a çao "?. primeira página do roteiro e fi- E.T. - Há tantas coisas neste - ,.as.Jelas.qu~..alFJ\UçQ1L4efinti -,:~ qq,ei'!ilçp:tJ?,.ApiS'.o~,~. ,,;g\l~q~y~Jj~ vamente o sucesso. O filme ganhou o Oscar de Melhor Ro- dar para outra pessoa fazê~lo". Mas continuei lendo e. o achei ".)m!l1~&119.~t) ,,~,y:~g~~~:B,,~à~,);?~J~r. Karen Elffel chega a um hmIte de sua tendência depressiva e suicida"- e esta tendênciaé incorporada e expressa em seu trabalho. Más este mecanismo se transforma, e ela opta pela vida. A única maneira de efetivar esta mudança é estar frente a frente com ela mesma. Ela vê o personagem Harold Crick (interpretado por Will Ferrell) e, por meio dele, consegue ver a si própria. Gazeta Mercantil - Você é muito ativa politicamente, fai uma série de campanhas. Por quê? E.T. - Trabalho para duas diferentes organizações que são politicamente engajadas: a "ActionAid" é uma organização não Governamental fantás~ tica, formada por pessoas com uma clara noção de direitos humanos. Eu não confiava neste tipo de ação da sociedade civil; mas ou assumimos a responsabilidade de transformação social ou dizemos: "Me importo apenas comigo". Eu também trabalho com a britânica Helen Bamber, que criou uma fundação na área de saúde há 25 anos, a única fundação na Europa que trabalha com vítimas da tortura. Mas claro, estas questões tem a ver com nossa capacidade de aceitar e integrar os excluídos. Gazeta M.ercantil ~ Emma interpreta uma escritora em crise criativa no filme E.T. - Os políticos não são treinados e não têm tempo para entender como estas pessoas ne- ligação com o Partido Traba lhista inglês? e, ao mesmo tempo, parece que os direitos humanos estão lentamente submergindo... Não sei como é a legislação em seu país, mas não vivemos um bom momento na Europa. Sinto que, politicamente, este e um período muito, muito importante para partido. Para ser bem honesta fui contra a guerra no Iraque mas não sei como lidar com is to em relação à minha filiaçã4 partidária. I * Pesquisadora do Medi4 and Film Studies Departmen da Universit)i of London E.T. : Nunca trabalheipar ele, mas sempre fui filiada a4 cessital1\ . de ajuda e tratamento Mas isto nos envolvermos. :i[à~"IJlptzpJrd'Jrl~itítiçiJiis pÓ~!f."I"tf líticas? ~, ""~.~ Gazeta Mercantil autora do livro "O NOV4 .1:01 m ~ ~ ~.- Qualsua ~i OJ:!, Cinêmâ"lfâTiÜlilo (Escrituras/F apesp)