patologias estruturais dos sistemas de captação de água de chuva
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patologias estruturais dos sistemas de captação de água de chuva
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 2014 Centro de Convenções Atlantic City - Teresina - PI 12 a 15 de agosto de 2014 PATOLOGIAS ESTRUTURAIS DOS SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO ABDON S. MEIRA FILHO1, JOSÉ PINHEIRO LOPES NETO2, JOSÉ WALLACE B. NASCIMENTO3, JOELMA SALES DOS SANTOS4, MARCELA ANTUNES MEIRA5 1 Doutorando em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande – PB, Fone: (83)8874-3733, [email protected] 2 Dr. Professor, Engenheiro Agrícola, UFCG, Campina Grande – PB. Fone: (83) 2101 1490, [email protected] 3 Dr. Professor, Engenheiro Agrícola, UFCG, Campina Grande – PB. Fone: (83) 2101-1482, [email protected] 4 Dra Professora, Engenheira Agrícola, UFCG, Sumé – PB. Fone: (83) 3353 1850, [email protected] 5 Graduanda em Engenharia Civil, UFCG, Campina Grande – PB. Fone: (83) 8812 7780. Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2014 12 a 15 de agosto de 2014 - Teresina-PI, Brasil RESUMO: Os sistemas de aproveitamento de água de chuva por meio de telhados, embora utilizados por elevada parcela da população rural do Semiárido brasileiro, apresentam falhas que podem comprometer a segurança do abastecimento e a manutenção da qualidade da água armazenada. Visando contribuir na melhoria dessa tecnologia, este trabalho objetivou identificar as patologias em calhas de Sistemas de Captação de Água de Chuva (SCACs). Foi realizada uma pesquisa de campo em três assentamentos rurais do Semiárido paraibano, para os quais foi desenvolvida uma ficha de avaliação dos SCACs, incluindo a descrição das ocorrências patológicas nas calhas. Como resultado identificou-se 18 diferentes tipos de patologias sendo as mais ocorrentes aquelas que se relacionam com a maneira inadequada da fixação e do arranjo físico das calhas. Dessa forma, conclui-se que é necessário, na implantação de SCACs, maiores cuidados com os citados componentes, a fim de não comprometer a eficiência funcional desses sistemas. PALAVRAS–CHAVE: Calhas, suporte, processo de projeto. PATHOLOGY OF STRUCTURAL SYSTEMS WATER CATCHMENT OF RAIN IN THE SEMIARID ABSTRACT: The Systems of haverst rainwater, although used by high proportion of the rural population of the Brazilian Semiarid, have flaws that could compromise the security of supply and maintaining the quality of the stored water. With the objective to contribute to the improvement of this technology, this study aimed to identify pathologies in gutters Catchment Systems Rainwater (CSRs) deployed in that geographic area. A field research was conducted in three rural settlements of Paraiba semiarid, for which was developed an CSRs product assessment shape, including the description of pathological in gutters. It was identified 18 different types of pathologies. The results showed that the most conditions occurring in the three-settlement are related to improperly fastening and physical arrangement in gutters. Thus, it is concluded that it is necessary, in the implementation of CSRs, greater care with the above components, in order not to compromise the functional efficiency of the systems. KEYWORDS: Gutters, support, design process. INTRODUÇÃO: O processo de captação da água da chuva por meio de telhados tem como elemento indispensável o reservatório. Para alguns autores, esse componente é tratado com importância tal que, às vezes, é utilizado para denominar todo o sistema. Vários trabalhos que abordam o tema “cisterna”, que usam a palavra “cisterna” no titulo, tratam na realidade de sistemas mais amplos, onde existem outros componentes tão indispensáveis quanto os reservatórios, como é o caso das calhas e condutores, muitas vezes negligenciados. A qualidade das águas de chuva é influenciada por diversos fatores, desde a superfície de captação até a forma de seu armazenamento. A ausência de cuidados nesse percurso pode acarretar riscos à saúde de seus usuários. O aproveitamento de água de chuva, muitas vezes, é encarado como sendo uma técnica bastante simples, barata, facilmente aplicável e que permite obter água de boa qualidade (ZANELLA, 2012). Uma importante preocupação em torno da tecnologia de captação de água de chuva é a qualidade da água armazenada. A captação da água da chuva por meio de telhados tem como elemento indispensável o reservatório. Outros elementos igualmente importantes compõem o subsistema de condução que são as calhas e condutores verticais e horizontais. Estes componentes tem uma grande importância no desempenho do sistema como um todo, por ser o elo entre a área de captação e a cisterna. Dessa forma, caso apresente algum problema, fatalmente ocorrerá desperdícios, na pior das hipóteses, a impossibilidade de se efetivar a chegada da água ao reservatório (OLIVEIRA, 2008; MEIRA FILHO et.al, 2012). Assim, a avaliação desses componentes, com ênfase nas patologias, pode contribuir para uma melhoria na qualidade dos sistemas atualmente implantados e projetos futuros, bem como orientar recomendações que possam contribuir para minimizar a problemática do abastecimento de água na área rural do Semiárido Brasileiro (SAB). Desta forma, este trabalho tem por objetivo identificar as patologias em calhas de sistemas de captação de água de chuva implantados no Semiárido, visando ao aprimoramento da principal, e muitas vezes única, forma de abastecimento domiciliar de água para consumo humano dessa região. MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada em residências localizadas nos assentamentos rurais denominados Serra do Monte, Belo Monte e Campos Novos, pertencentes aos municípios de Cabaceiras, Pedra Lavrada e Sossego, respectivamente, inseridos na porção semiárida do Estado da Paraíba, situadas entre as coordenadas geográficas 6° 30” e 7° 30” de latitude sul e 36 ° e 36º 30” de longitude oeste. A área pesquisada apresenta temperatura máxima de 35°C, mínima de 19 °C e umidade relativa do ar de 83% (INMET, 2014). A pluviometria média anual não ultrapassa 600 mm. No limite inferior, registra índices pluviométricos baixíssimos, de 200 mm/ano (AESA, 2006). A escolha desses assentamentos foi orientada pelos seguintes critérios: localização na porção semiárida nordestina onde são registrados os mais baixos índices pluviométricos; por ser a água de cisternas, nestes locais, a fonte de água mais significativa para o consumo humano; por apresentar condições de acesso à área; e, por fim, a aceitabilidade dos moradores em participarem da pesquisa. Na investigação das patologias foi utilizado o método de Avaliação Pós-Ocupação de PREISER & SCHRAMM (2002), compreendendo: a) desenvolvimento de uma Ficha de Avaliação do Produto (FAP), por meio da qual é feita a identificação das ocorrências patológicas no subsistema de condução, com a participação do usuário; e b) registro textual e fotográfico das ocorrências; e c) levantamento de medidas. O número de SCACs avaliados em cada um dos assentamentos foi determinado como definido por LUCHESA & CHAVES NETO (2011), para população finita. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O número de sistemas avaliados com ênfase nas patologias presentes nos elementos calhas e condutores foram 52, 37 e 43, para os assentamentos paraibanos Serra do Monte, Belo Monte e Campos Novos, respectivamente. No conjunto dos 132 sistemas avaliados, no tocante ao subsistema de condução, foram identificadas um total de 18 tipos de ocorrências patológicas diferenciadas, sendo elas relacionadas com as calhas e os respectivos suportes. As patologias identificadas por meio das fichas de avaliação do Produto são apresentadas na Tabela 1. Com muita frequência observa-se o descaso com os suportes, ilustrados pelas soluções improvisadas, como amarrações da calha ao beiral por meio de arames ou cordas, ou outras tantas improvisações. Estas improvisações acarretam, entre outros problemas, o desprendimento desses importantes componentes e, consequentemente a impossibilidade de armazenamento da água. MWAMI (1999) afirma que a calha é o elo fraco no desempenho do sistema e que os problemas variam da falta de manutenção à concepção desse elemento. Observa-se ainda na Tabela 1 o elevado percentual de ocorrência da patologia “Ausência parcial de calhas”, alcançando o valor de 20% no assentamento Campos Novos. Estes resultados estão de acordo com o que constataram CAVALCANTI et al (2002), em pesquisa realizada no Semiárido pernambucano, onde concluíram que, em cerca de 42% das residências pesquisadas parte da água não foi captada, pois não dispunham de calhas para condução da água da área de captação até o reservatório. Com relação aos condutores verifica-se que a patologia mais ocorrente nos três assentamentos foi a fixação inadequada desses elementos, especialmente com suportes improvisados. Estas improvisações acarretam, entre outros problemas, o desprendimento desses importantes componentes e, consequentemente a impossibilidade de armazenamento da água. MWAMI (1999) afirma que a calha é o elo fraco no desempenho do sistema e que os problemas variam da falta de manutenção à concepção desse elemento. Outro fator que merece destaque é a calha demasiadamente afastada do beiral, 10, 11 e 7%, Serra do Monte, Belo Monte e Campos Novos, respectivamente. Assim, a avaliação desses componentes, com ênfase nas patologias, pode contribuir para uma melhoria na qualidade dos sistemas atualmente implantados e projetos futuros, bem como orientar recomendações que possam contribuir para minimizar a problemática do abastecimento de água na área rural do Semiárido brasileiro (SAB). Levando-se em consideração os resultados das patologias apresentam-se algumas ações corretivas. Para a patologia 18 deve-se fazer o uso de suportes eficientes que além de permitir a declividade adequada da calha ainda possibilite a sua imobilização e desta forma impede a sua oscilação e o desprendimento, conforme preconiza a NBR 10844: Instalações prediais de águas pluviais da (ABNT,1989). Neste sentido, Meira Filho (2004) apresenta como ação preventiva a esta patologia arranjos arquitetônicos de telhados que permitem a eliminação dos suportes das calhas, sendo estes elementos apoiados diretamente sobre o madeiramento da cobertura. Nesta situação a declividade necessária no beiral para o escoamento da água deve ser implementada na estrutura do madeiramento ou inclinando-se o pé direito da construção na etapa de alvenaria. Tabela 1. Tipo e número de ocorrências de patologias nas calhas dos sistemas de captação de água de chuva dos assentamentos Serra do Monte, Belo Monte e Campos Novos, localizados no estado da Paraíba ITEM TIPO DE PATOLOGIA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Calha descentralizada em relação ao beiral Deformação da calha no sentido longitudinal Deformação da calha no sentido transversal Declividade muito acentuada da calha Acúmulo de água ao longo da calha Ausência parcial de calhas Ausência total de calhas Calha deformada por falta de dobras estruturais Calha retorcida no sentido transversal Extremidade da calha fechada com material inadequado Objetos estranhos no leito da calha Calhas cruzando o interior da edificação Calhas sem comunicação com a cisterna Calhas oscilando à ação do vento Demasiadamente afastada do beiral Rincão mal solucionado Presença de pontos de oxidação na calha Fixação inadequada /suportes improvisados TOTAL 11 12 13 14 15 16 17 18 Percentual de ocorrência de cada patologia por assentamento (%) S. do B. Monte C. Novos Monte 14 12 6 4 6 3 0 3 0 5 0 10 1 1 0 9 13 20 0 0 1 4 3 0 5 0 0 5 0 0 1 1 8 1 10 2 1 29 100 1 0 6 9 11 4 2 31 100 1 1 2 0 7 16 1 33 100 Além disso, observou-se na Tabela 1 a falta de cuidados com a limpeza periódica dos componentes do subsistema de condução. BUNGAMA et al (2010) advertem que umas das principais causas da contaminação da água de chuva captada provém de sujidades acumuladas no leito das calhas. A presença de objetos estranhos no leito da calha tanto perturbam o escoamento das águas como favorece a criação de ambiente propício à proliferação de organismos patogênicos de comprometem a qualidade da água. Desta forma embora esta patologia apareça em um percentual pequeno (1%) esta patologia deve ser considerada. Em relação às medidas corretivas a esta anomalia Meira Filho et al (2012) recomenda o uso de dispositivo de desvio das primeiras águas este equipamento nem sempre garante que a água armazenada apresente as condições mínimas de qualidade requeridas, não obstante este seja o único procedimento exigido em norma, como condição para captação de água de melhor qualidade MURAKAMI e MORUZZI (2012). Este fato é constatado nesta pesquisa, quando se verifica o elevado percentual de sujidades aparentes na água armazenada na cisterna. CONCLUSÕES: A principal contribuição deste estudo é alertar para as patologias nos subsistemas de condução, representado por calhas e condutores, as quais podem comprometer a segurança do abastecimento e a manutenção da qualidade da água armazenada em cisternas rurais. É oportuno também ressaltar a necessidade de se empreender pesquisas específicas no sentido de diagnosticar e corrigir as falhas nesses importantes sistemas residenciais de aproveitamento de água de chuva. REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844: Instalações prediais de águas pluviais: Rio de Janeiro, 1989. AESA - Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. Dados sobre Precipitação, 2006. Acessado em dez de maio de 2014. Disponível em: http://geo.aesa.pb.gov.br/. Baguma, D.; Loiskandl, W.; Darnhofer, I.; Jung, H. Hauser, M. Knowledge of measures to safeguard harvested rainwater quality in rural domestic households. Journal of Water and Health. v.8, n.2 p. 334345. 2010. Cavalcanti, N. B. Efeito do escoamento da água de chuva em diferentes coberturas. Engenharia Ambiental. v. 7, n. 4, p.201-210. 2002. Evans, C. A.; P.J. Coombes, P. J.; R.H. Dunstan; R. H. 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