justificativa para este resumo de “media”
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justificativa para este resumo de “media”
COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MOÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas 2 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Índice AGRADECIMENTOS PREFÁCIO ABREVIATURAS DESCOMPACTANDO TERMOS IMPORTANTES CONTEXTO JUSTIFICATIVA PARA ESTE RESUMO DE “MEDIA” Propósito O QUE SÃO HSH? Porquê homens fazem sexo com outros homens? Será que todos os homens que fazem sexo com homens são “gays”? QUAIS SÃO AS ATITUDES EM RELAÇÃO AOS HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS? Estigma Homofobia Discriminação QUAIS SÃO AS ACTIVIDADES SEXUAIS DOS HSH? Actividades sexuais não penetrativas Actividades sexuais penetrativas NÍVEIS DE RISCO O ÁLCOOL E AS DROGAS QUAL É O SIGNIFICADO DE INFECÇÃO PELO HIV ENTRE HSH PARA A RESPOSTA GERAL AO HIV E SIDA? Qual é a prevalência do HSH? QUAIS SÃO OS PROGRAMAS EM CURSO QUE ALCANÇAM HSH EM MOÇAMBIQUE? Análise da situação Educação em HIV e SIDA Advocacia QUAIS SÃO OS DESAFIOS QUE AS RESPOSTAS AO HIV E SIDA ENTRE HSH ENFRENTAM EM MOÇAMBIQUE Desafios da Prevenção Desafios dos cuidados, tratamento e apoio Violações dos Direitos Humanos QUAIS SÃO AS QUESTÕES LEGAIS E POLÍTICAS QUE PRECISAM DE SER ABORDADAS PARA UMA MELHOR RESPOSTA AO HIV E SIDA PARA HSH EM MOÇAMBIQUE? QUAL É O PAPEL DOS “MEDIA” NA PROMOÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV ENTRE HSH? Mobilização social COMO E ONDE PODE-SE ENCONTRAR INFORMAÇÃO ADICIONAL SOBRE HIV E SIDA ENTRE HSH? 1. Fórum Global de HSH (FGHSH) para HIV 2. Health4Men. 3. LAMBDA 4. Rowland Jide Macaulay 5. Fundação para pesquisa do SIDA (amfAR) 6. ONUSIDA 7. OMS 3 4 5 6 7 9 9 11 11 12 13 13 13 14 15 15 15 16 16 17 17 20 20 20 20 22 22 23 23 25 28 28 31 31 31 32 32 32 32 33 8. CDC 33 9. Por detrás das máscaras 33 REFERÊNCIAS 34 3 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas AGRADECIMENTOS: Este resumo de “media” é uma publicação da Panos África Austral (PSAf). Foi produzido como parte do Projecto de Comunicação para prevenção do HIV na África Austral, uma iniciativa que procura promover o acesso equitativo aos serviços de prevenção do HIV na África Austral. A PSAf realizou uma pesquisa de base que informou sobre a necessidade e os conteúdos deste manual. A compilação deste resumo de “media” foi feita por Caroline Maposhere, uma consultora independente, e foi traduzida para a língua portuguesa, em Moçambique, pela GMG – Gil Media & Gestão. A pesquisa de base, compilação e publicação deste resumo de “media” teve o apoio do Fundo da SADC para HIV/SIDA.. 4 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Prefácio A “media” é um interveniente fundamental na promoção do desenvolvimento social. Ela fornece um mecanismo de participação pública ampla na concepção, implementação e avaliação de políticas e programas de desenvolvimento. Algumas pesquisas demonstraram que o aumento da cobertura mediática de assuntos relacionados com o desenvolvimento também coincidiu com o aumento do financiamento dos doadores e das respostas governamentais e cívicas. Isto deve-se ao facto de a “media” jogar um papel preponderante na promoção dos debates públicos e discussão em volta de questões de desenvolvimento. A PSAf encomendou este resumo de “media” como forma de empoderamento dos “media” para realizarem efectivamente o seu importante papel de promover o desenvolvimento através da comunicação. Ao apreciar a lacuna que existe na resposta ao HIV/SIDA para os grupos sexuais minoritários, a PSAf pretende empoderar os “media” para jogarem um papel efectivo fornecendo informações importantes sobre como o HIV/SIDA afecta os grupos sexuais minoritários, assim como as lacunas existentes nas intervenções actuais. A PSAf espera que esta publicação motive os “media" a pesquisarem mais sobre esta matéria importante, e fazerem mais reportagens investigativas de modo a terem um impacto positivo nos Programas de Prevenção do HIV. A PSAf acredita que a “media” tem um poder de impulsionar o desenvolvimento, influenciando o desenvolvimento de opiniões positivas rumo às intervenções de desenvolvimento e aumento da compreensão dos serviços. Entretanto, os media só podem fazer isso efectivamente se eles estiverem bem informados sobre as questões que abordam. A PSAf espera que este resumo de “media” percorra um longo caminho para melhorar a publicação mediática sobre Prevenção do HIV, especialmente, para as comunidades marginalizadas bem como os grupos sexuais minoritários. Lilian Chigona Directora Executiva 5 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Abreviaturas SIDA Síndrome de Imunodeficiência Adquirida ARASA Aliança de SIDA e Direitos da África Austral TARV Terapia antiretroviral CCD Centro de Controle e prevenção de doenças GEPS Grande envolvimento de pessoas vivendo com SIDA HIV Vírus de Imunodeficiência Humana REIRI Rede de Informação Regional Integrada LGBT Lésbica, Gay, Bissexual e Transexual. PAR Populações de Alto Risco HSH Homens que fazem Sexo com Homens. FGHSH Fórum Global sobre HSH e HIV. ONG Organização Não Governamental. PEP Profilaxia pré exposição. PEPFAR Plano de Emergência do Presidente para o combate ao SIDA PSAF Panos África Austral. PSI Serviço Internacional da População DTS Doenças de Transmissão Sexual. ITS Infecções de Transmissão Sexual. ONUSIDA Programa das Nações Unidas para o HIV/SIDA. UNFPA Fundo das Nações Unidas para População. UNGASS Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre HIV e SIDA ATV Aconselhamento e Testagem Voluntária. OMS Organização Mundial da Saúde. PVH Pessoas Vivendo com HIV 6 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Descompactando Termos Importantes Bissexual: Um Homem que é sexualmente atraído por homens e mulheres. Assumir-se: Dizer às outras pessoas que você é um homem homossexual/gay ou bissexual. Quebrar o Silêncio: Dizer às outras pessoas sobre o seu estado HIV. A quebra do silêncio pode ser parcial (dizer a uma ou poucas pessoas) ou total (dizer a todas as pessoas). Dupla revelação: Dizer às outras pessoas que estás infectado pelo HIV e que és um homem que faz sexo com homens. Gay: Um homem que é primariamente atraído por outros homens. Heterossexual: Um homem que é primáriamente atraído por mulheres. Homofobia: Reprovação, medo ou ódio de homens homossexuais/gays. Homossexual: Um homem que é primariamente atraído por outros homens. Não Assumido: Não dizer às pessoas que é um homossexual/gay ou que tem desejos sexuais por homens. Parceiro penetrante: Um homem que, durante o sexo, penetra o parceiro com o seu pénis. (Algumas vezes é conhecido como parceiro “activo”) Sexo com Penetração: Sexo oral ou anal, que implica um homem penetrar o outro com o seu pénis. Sexo Seguro: Relações sexuais com um baixo risco de transmissão da infecção pelo HIV. Orientação sexual: Sexo biológico pelo qual uma pessoa é atraída. Por exemplo, um homem que é atraído tanto por mulheres como por homens, é bissexual. Sexualidade: Um termo amplo que inclui a identidade sexual (Ex: se você se considera gay ou heterossexual), orientação sexual (Por que sexo é atraído), comportamento sexual (alguns podem se descrever como gays mas serem bissexuais no seu comportamento), e preferências sexuais (Ex: com pessoas mais novas ou mais velhas). Heteronormatividade: Este termo é usado para uma situação em que um sistema de normas, instituições e estruturas naturalizam a heterossexualidade como sendo universal e moralmente justa. 7 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas CONTEXTO Um breve resumo da política da ONUSIDA sobre HIV e sexo entre homens aponta que alguns governos não reconhecem que o sexo entre homens acontece e que o sexo anal desprotegido contribui significativamente para a transmissão do HIV. Mesmo que eles reconheçam que ele acontece, pode, muitas vezes, faltar vontade política, financiamento e programação para se enfrentar o problema. Experiências mostram que o reconhecimento de direitos de pessoas com identidades sexuais diferentes, tanto em termos legais como na prática, combinado com o aumento suficiente de programação para atender às necessidades de Saúde e HIV, são componentes necessárias e complementares para uma resposta de sucesso (ONUSIDA, 2006). Vários mecanismos de direitos humanos da ONU notaram que a identidade ou orientação sexual como base de discriminação e as leis que criminalizam os actos homossexuais consensuais entre adultos, violam o direito à privacidade. Enquanto alguns países reconheceram legalmente algumas formas de relacionamentos do mesmo sexo, em muitos países a sexualidade ainda é objecto de tabu para ser discutido e o sexo entre homens é socialmente reprovado, legalmente proibido e criminalizado. Na África Austral, a maioria do comportamento heterossexual é modelado para jovens com grande influência da cultura e religião em conformidade com a tradição, padrões sociais e expectativas da família a que deve se conformar (ARASA 2008). Consequentemente, os Homens que fazem sexo com outros Homens (HSH) ou, na melhor das hipóteses, são ignorados ou estigmatizados e mesmo criminalizados. Esta situação, tornou os relacionamentos homossexuais ilegais e tabu, dificultando o acesso dos HSH aos Programas de Intervenção e de Pesquisa. A discriminação impede os homens que fazem sexo com homens de assumirem a sua orientação sexual, ou de se revelarem para benefciarem dos serviços de HIV. Como resultado, a sua vulnerabilidade à infecção aumenta. Os dados nacionais não reflectem a dimensão da pandemia do HIV que está associada ao comportamento do mesmo sexo envolvendo homens. Muito pouco é sabido sobre a composição social e comportamentos dos HSH na África Austral, no contexto da sua cultura e ambiente. Antes de 2008, em Moçambique, os planos estratégicos para o combate ao HIV e SIDA não incluíram intervenções para os HSH, o que resultou em actividades não reportadas, tal como reflectido no Relatório do UNGASS 2010, sobre o Progresso do País, o qual não tem dados para todos os indicadores de Populações de Alto Risco (PAR). 8 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas A tabela abaixo é uma evidência de que não houve dados reportados no relatório do UNGASS. Na tabela, “Sem dados” significa que não houve registo de actividades que os indicadores exigem. Indicadores do UNGASS para HSH Indicador Percentagem de HSH que fizeram o teste de HIV nos últimos 12 meses e que sabem dos seus resultados. Percentagem dos HSH alcançados pelo programa de prevenção do HIV. Percentagem de HSH que identificam correctamente as vias de prevenção da transmissão sexual do HIV e que rejeitam os maiores equívocos sobre a transmissão do HIV. Percentagem de homens que reportam o uso do preservativo na última vez que tiveram sexo anal com um parceiro do sexo masculino. Percentagem de HSH infectados pelo HIV. Fonte: Ficha Epidemiológica de HIV e SIDA: Actualização de Angola, 2008. Dados reportados SEM DADOS A no do relatório - SEM DADOS - SEM DADOS - SEM DADOS - SEM DADOS 9 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas JUSTIFICATIVA PARA ESTE RESUMO DE “MEDIA” O Instituto Panos procura assegurar que as respostas do HIV e SIDA são partilhadas e dirigidas pelos mais afectados. O Instituto também espera questionar o impacto das políticas e leis sobre HIV e SIDA nas pessoas pobres e marginalizadas. A principal metodologia da Panos é apoiar a “media” para comunicar eficazmente e amplificar as vozes dos mais afectados, de modo que elas sejam incluídas nas políticas e desenvolvimento de programas de resposta. Os desafios para as actuais respostas ao HIV e SIDA incluem a educação pública sobre HIV e SIDA, centrada em heterossexuais assumidos; mensagens nacionais e regionais, e serviços de provisão que não estão equipados para lidar com uma variedade de identidades sexuais e de género; uma resposta que está altamente envolvida no género assim como programas de prevenção, tratamento e cuidados de HIV e SIDA que não abordam questões de intersecção que põem os Homens que fazem Sexo com Homens e outras pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, e Transexuais (LGBT), em risco de infecção pelo HIV. Como resultado, o acesso aos serviços, assim como à informação sobre HIV e SIDA, por estes grupos, está comprometido. É neste contexto que a Panos África Austral (PSAf) iniciou a produção de material de recurso que procura informar os profissionais da comunicação social sobre os HSH e os riscos relacionados com o HIV e SIDA. No âmbito do Projecto de Comunicação sobre o SIDA e Prevenção do HIV, a PSAf pretende, entre outras questões, apoiar os “media”, reforçando as suas habilidades em comunicação e ampliando o seu perfil em questões do HIV/SIDA e Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) para os HSH. O principal objectivo de elevar esse perfil é o de assegurar que a compreensão da prevenção do HIV aumente entre os HSH e que decresça significativamente o número de HSH que contraem a infecção pelo HIV. Propósito O propósito deste resumo para a “media” é informar aos jornalistas sobre os riscos de infecção pelo HIV entre os HSH, desafios para o acesso aos serviços e a importância de melhorar o acesso e compreensão dos serviços de prevenção do HIV entre os HSH. Vai mais além, destacando as actuais respostas e desafios que precisam de ser enfrentados tanto a nível de políticas como de implementação. As áreas que o material de recurso cobre, incluem o seguinte: • Estabelecer um entendimento do que é HSH e porquê acontece. 10 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas • • • • • • Discussão do significado de infecção pelo HIV entre os HSH para a resposta geral do HIV/SIDA. Descrever os programas em curso que têm como alvo os HSH em Moçambique. Explorar os desafios da resposta do HIV e SIDA entre os HSH na África Austral e em Moçambique em particular (físico, financeiro, social). Avaliação de questões políticas que precisam de ser abordadas para melhorar a resposta do HIV e SIDA para os HSH, em Moçambique. Ilustração do papel da “media” na promoção da prevenção do HIV entre os HSH. Como e onde aceder a mais informação sobre HIV e SIDA, para os HSH. 11 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas O QUE SÃO HSH? Os Homens que fazem sexo com homens, abreviado para HSH, também conhecidos como machos que fazem sexo com machos, é um termo usado para pessoas do sexo masculino que se envolvem em actividade sexual com outras pessoas do mesmo sexo, independentemente de como eles se identificam. Muitos homens escolhem não aceitar, ou não podem aceitar as suas identidades de homossexual ou bissexual, embora as suas práticas sexuais possam estar inclusas no acto de fazer sexo com outros homens. O termo HSH foi criado nos anos 90 por epidemiologistas para estudar a propagação de doenças entre homens que fazem sexo com outros homens, independentemente da sua identidade (CDC, 2010). O termo é muitas vezes usado na literatura médica e em pesquisas sociais, para descrever tais homens como um grupo para estudos e pesquisas, sem considerar as questões de auto-identificação. O termo homens que fazem sexo com homens é usado em sistemas de vigilância de doenças. Ele indica os comportamentos que transmitem a infecção pelo HIV, e não como as pessoas se auto-identificam em termos de sua sexualidade. O termo retira as marcas dos homens. É importante para os jornalistas entenderem o uso do termo de modo que sejam sensíveis nas suas reportagens e discussão de questões relacionadas com os HSH. Porquê homens fazem sexo com outros homens? Para que os jornalistas reportem objectivamente e escrevam artigos informativos sobre os HSH, eles precisam de ter um conhecimento total sobre o que acontece com os HSH e porquê acontece. Os homens fazem sexo com outros homens por muitas razões diferentes. Entre elas destacam-se: • • Preferência: Alguns homens fazem sexo com homens porque eles são atraídos por eles e gostam de fazer sexo com homens. Evidências científicas mostram que a homossexualidade é uma variante natural da sexualidade humana e não é uma perturbação mental ou doença. A Homossexualidade como uma categoria específica de diagnóstico foi removida da classificação ICD-10 da Organização Mundial da Saúde, sobre distúrbios mentais e comportamentais, publicada em 1992, e das Directrizes DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria, em 1973. É um grande equívoco considerar que a homossexualidade é “ocidental”. Na África Austral, alguns dos homens usam o casamento como forma de evitar o estigma, mas uma vez casados, continuam a ter sexo ocasional com outros homens. Circunstâncias: Alguns homens fazem sexo com outros homens devido à sua situação. Por exemplo, eles podem precisar ou querer recompensas, tais como dinheiro, presentes ou apoios que as tais relações podem trazer. Existem homens que fazem sexo com outros 12 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas homens puramente por razões financeiras ou materiais. Entretanto, alguns dos homens desta categoria também fazem sexo com mulheres. • • Falta de mulheres: Alguns homens fazem sexo com homens por não haver mulheres disponíveis e eles querem se libertar da tensão sexual. Por exemplo, eles podem ser prisioneiros ou estar em situações em que existem apenas homens em volta deles em contacto próximo. Depois da situação de não ter mulheres em volta ter se resolvido, alguns podem continuar a fazer sexo com outros homens enquanto que outros voltam a fazer sexo exclusivamente com mulheres. Força: Alguns homens são forçados a fazerem sexo por homens, que queiram se libertar da sua tensão sexual, ou que estejam a aplicar alguma punição neles ou desejo de estabelecer poder. Estes seriam os homens que depois de submetidos à força para fazer sexo, podem continuar a fazer sexo com homens ou não, logo que se libertarem do ambiente de força. Será que todos os homens que fazem sexo com homens são “gays”? HSH refere-se a coisas, comportamentos e identidades sociais diferentes. HSH refere-se a actividades sexuais entre homens, independentemente de como eles se identificam, enquanto que gay pode incluir essas actividades, mas é mais amplo, é visto como uma identidade cultural e uma marca. Os HSH não estão limitados a um pequeno grupo, autoidentificados, e subpopulações visíveis. Alguns HSH consideram-se homossexuais ou gays. Isto significa que eles são primariamente atraídos por outros homens. Eles podem ser abertos e orgulhosos da sua orientação sexual, ou secretos e envergonhados. Entretanto, outros HSH consideram-se bissexuais (atraídos tanto por homens como por mulheres) ou heterossexuais (primariamente atraídos por mulheres). Mais uma vez, eles podem ter sentimentos diferentes sobre a sua orientação sexual. De facto, a maioria dos HSH na África Austral também tem namoradas ou mulheres. Alguns são felizes nos casamentos, tornam-se bons maridos e pais, e ocasionalmente fazem sexo com outros homens. Outros casam-se relutantemente, vêm sexo com as suas mulheres como um dever, e são muito infelizes. (ARASA, 2008) É importante que os jornalistas saibam e entendam que a orientação sexual é uma área de incertezas para muitas pessoas, por isso, não podem dizer com certeza se são ou não gays. Enquanto alguns homens estão claros sobre por quem se sentem atraídos e porquê, vários outros não estão. Jornalistas objectivos e não preconceituosos também precisam de olhar a sexualidade como uma gama de possibilidades e não como marcas fixas. As identidades e comportamentos sexuais das pessoas muitas vezes mudam, dependendo das suas necessidades, desejos e situações. É necessário perceber que pode haver uma grande diferença entre o que um HSH faz e o que sente. Por exemplo, ele pode parecer ser um casado feliz, mas pode realmente preferir fazer sexo com homens. 13 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAIS SÃO AS ATITUDES EM RELAÇÃO AOS HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS? O sexo entre homens é estigmatizado na maioria das sociedades africanas. Homens suspeitos de serem HSH geralmente são ridicularizados, detidos ou mesmo violentados. Eles arriscamse a ser rejeitados pelas suas famílias, amigos, colegas, grupos religiosos, ou fornecedores dos serviços de saúde. As atitudes em relação a HSH podem variar, mesmo no seio da mesma cultura. Por exemplo, enquanto que um homem que é um gay assumido pode ser alvo de homofobia, pode ser aceitável para um heterossexual que faça sexo discretamente com outros homens, se estiver numa situação em que não há mulheres. (SAT, 2004) Estigma O estigma é geralmente um ciclo vicioso. Aqueles que descriminam, muitas vezes recusamse a acreditar que podem estar errados. Aqueles que são alvo, muitas vezes ficam quietos por medo de atrair atenção sobre eles. As atitudes negativas forçam muitos HSH a esconderem dos outros a sua sexualidade e mesmo de si mesmos. Isto pode levar a um forte sentimento de culpa e ódio por si mesmo. Pode criar, ao longo da vida, padrões de negação, medo e vergonha que podem levar ao abuso de álcool e drogas, depressão e mesmo suicídio. O estigma restringe severamente o acesso dos HSH ao apoio e informação, incluindo informação sobre HIV e SIDA. Como resultado, eles podem estar inconscientes sobre o risco que correm. Por exemplo, eles podem não saber que podem usar preservativos com lubrificantes a base de água, para o sexo anal; e eles podem não saber que podem passar o vírus para os seus parceiros (seja homem ou mulher) e para os futuros filhos. A política da ONUSIDA sobre sexo entre homens indica que, a nível global, menos de um em cada vinte homens que fazem sexo com outros homens tem acesso aos serviços de prevenção, cuidados e tratamentos HIV, devido ao estigma. (ONUSIDA, 2006) O Estigma pode fazer parte dos provedores de serviços que podem não estar devidamente treinados para lidar com questões de HSH, ou podem, individualmente, ter preconceitos contra os HSH por várias razões que variam de ignorância dessas questões, religião, e cultura para um ambiente geralmente homofóbico, que apresenta apenas os modelos heterossexuais como os normais. Homofobia Esta é a reprovação, medo ou ódio de homens que são homossexuais/gays. Ela pode se manifestar através de discursos de ódio e, por vezes, em hostilidades abertas, resultando em 14 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas comportamentos violentos contra gays assumidos – bater em gays. Às vezes, há aspectos de homofobia internalizados. Ex: Uma situação em que uma pessoa que é homossexual não conseguiu lidar com a questão a nível pessoal. Isto manifesta-se nessa pessoa, sendo excessivamente contra os HSH, detestando-se a si próprio devido ao sentimento de culpa e vergonha, assim como o estigma e discriminação que enfrenta. Discriminação A discriminação é uma manifestação de estigma ou comportamento que revela uma atitude negativa em relação a um determinado grupo de pessoas, neste caso os HSH. A heteronormatividade perpetua a discriminação. As leis, instituições, instalações e serviços de provisão tomam a posição segundo a qual, sómente as actividades heterossexuais são normais, naturais e aceitáveis na sociedade. A discriminação contra os HSH é vista em cenários que não acomodam deliberadamente questões como ter materiais de informação, educação e comunicação sobre os HSH, assim como fazer uso de equipamento e treinamento para os provedores de serviços de modo que eles sejam capazes de lidar com problemas específicos de HSH. Devido ao facto de a informação e treinamento sobre os HSH serem inadequados e não estarem disponíveis, os provedores de serviços não conseguem lidar com questões dos HSH quando corajosamente se aproximam das instalações de prestação de serviços. Políticas e programas têm lacunas nesta matéria e isto aumenta as barreiras para o acesso universal. Como jornalista, é necessário que esteja ciente das suas próprias atitudes em relação aos HSH e dos seus preconceitos de modo que, enquanto estiver a reportar sobre os HSH não reforce o estigma. É, por conseguinte, importante ser cauteloso com as palavras e frases que são usadas nos artigos sobre os HSH. Às vezes, os HSH podem precisar de ter a sua identidade protegida para manter um ambiente de confidencialidade onde eles se sintam seguros para expressarem livremente os seus próprios sentimentos. Neste processo, é necessário estar ciente de como a lei, a cultura e as normas da religião encorajam o estigma contra os HSH na sua comunidade. 15 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAIS SÃO AS ACTIVIDADES SEXUAIS DOS HSH? O contacto sexual entre homens pode envolver uma ampla variedade de actividades que podem ser penetrativas e não penetrativas. As atitudes incluem abraços, beijos, carícias e massagens. Actividades sexuais não penetrativas • • Sexo Intercrural é quando o pénis de um homem é colocado na virilha do outro homem ou entre as coxas. Masturbação mútua é quando ambos homens acariciam ou friccionam o pénis um do outro. Actividades sexuais penetrativas • • Sexo anal é quando o pénis de um homem é colocado no interior do ânus do outro homem. Sexo oral é quando o pénis de um homem é colocado no interior da boca do outro homem. Historicamente, o sexo anal esteve popularmente associado à homossexualidade masculina e aos HSH. Entre os que fazem sexo anal, o parceiro insertivo é conhecido como o parceiro de topo ou activo. O homem que está a ser penetrado é conhecido como o parceiro de baixo ou passivo. A preferência por qualquer um é conhecida como versátil. Alguns HSH têm apenas um tipo de relação ou papel sexual. Por exemplo, eles podem fazer sempre o sexo anal e serem sempre parceiro insertivo. Entretanto, outros fazem diferentes tipos de sexo e têm papéis diferentes durante o sexo, dependendo das mudanças das suas preferências, das circunstâncias ou tipo de relacionamento no qual estão envolvidos. 16 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas NÍVEIS DE RISCO Para os HSH o nível de risco de infecção pelo HIV e outras infecções de transmissão sexual (ITS) varia muito, dependendo do tipo de actividade, e papel sexual. Alto risco Sexo anal sem preservativo: maior risco de infecção e de outras DTSs tanto para o parceiro activo como para o passivo. Baixo risco Sexo oral sem preservativo: Baixo risco de infecção pelo HIV para o parceiro penetrado, desde que o sémen do outro homem não entre em contacto com ferida ou úlcera. Quase que não há nenhum risco para o parceiro activo. Entretanto, ambos estão em risco de DTSs, tais como a gonorreia. Sem riscos Sexo Intercrural: Não há risco de infecção pelo HIV desde que nenhum dos homens tenha uma irritação, úlcera ou uma ferida aberta que poderia permitir a transmissão do vírus. No entanto, há um risco de transmissão de outras doenças, como por exemplo, os chatos. O ÁLCOOL E AS DROGAS Alguns HSH consomem álcool e/ou usam drogas recreativas como heroína, cocaína, marijuana ou ecstasy antes e durante o sexo. É importante perceber que: • • • • • Os homens que fazem sexo com outros homens podem usar álcool e/ou drogas para vencer a ansiedade e o estigma. Às vezes, as pressões enfrentadas pelos HSH resultam no uso excessivo do álcool e/ou drogas. Isto pode, nalgumas vezes, levar à violência. Por vezes, os HSH que usam álcool e/ou drogas quando estiverem a fazer sexo, acham que as restrições são baixas. Eles são, neste caso, mais propensos a correrem riscos e não praticarem sexo seguro. Os homens que regularmente usam drogas podem prostituir-se com outros homens para comprar mantimentos. Algumas drogas são tomadas através da injecção. Isto pode levar ao duplo risco de sexo inseguro e de partilha de agulhas. 17 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAL É O SIGNIFICADO DE INFECÇÃO PELO HIV ENTRE HSH PARA A RESPOSTA GERAL AO HIV E SIDA? Qual é a prevalência de HSH? Na ausência de dados específicos do país sobre a prevalência de HSH em Moçambique e Angola, para os fins deste kit, foram usados dados da ONUSIDA. Estima-se que entre 3 e 20% de todos os homens tenham feito sexo com outros homens pelo menos uma vez nas suas vidas, em algumas regiões de África, Ásia, Europa e América Latina. Evidências antropológicas e anedóticas significativas mostram que o sexo entre homens em África existe. No Médio Oriente e Norte de África, uma proporção significativa dos casos de SIDA é conhecida por ocorrer em homens que fazem sexo com outros homens. O sexo entre homens é o modo mais destacado de transmissão de HIV em quase todos os países latino-americanos, nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa Ocidental. Entre os homens que reconheceram fazer sexo com outros homens na Tailândia (Bangkok), estudos mostram que a prevalência de HIV aumentou de 17% em 2003 para 28,3% em 2005. Uma prevalência de 17% na Índia (Mumbai) e de 20% na Colômbia (Bogotá) foi encontrada entre homens que fazem sexo com homens (ONUSIDA, 2006). Estimativa do número de novas infecções pelo HIV entre homens que fazem sexo com homens (HSH), do Grupo Raça/Etnia e Faixa Etária, 2006 Number of New HIV Infections 6000 Age group (yrs) 13-29 30-39 5000 40-49 ≥ 50 4000 3000 2000 1000 0 White MSM Black MSM Hispanic/Latino MSM Race/Ethnicity Fonte: CDC. Subpopulation Estimates from the HIV Incidence Surveillance System—United States, 2006. MMWR. 2008; 57(36):985–989. 18 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas É particularmente preocupante que as taxas de prevalência do HIV em HSH, estejam a aumentar especialmente entre homens jovens da faixa etária dos 13 aos 29 anos. Este aumento pode, em parte, dever-se ao limitado acesso à informação e serviços de prevenção específicos para os HSH. A maioria da informação, serviços e instalações disponíveis são segregativamente heteronormativos. Usando as estimativas dos modelos de transmissão do HIV, o relatório da UNGASS Moçambique 2010, indica que apesar da escassez de dados sobre os HSH, o modelo permitiu estimar que 5% dos novos casos tenham ocorrido entre homens que fazem sexo com outros homens, e cerca de 3% entre os usuários de drogas injectáveis. (UNGASS, 2010). No actual quadro estratégico, os HSH são considerados como parte dos PAR e existem indicadores específicos de relatórios para os HSH. Entretanto, actualmente não existem instalações específicas para os HSH e os trabalhadores de saúde ainda precisam de ser treinados sobre como ser amigáveis com os HSH. Estudos esporádicos realizados, até agora, mostram que os HSH em Maputo vivem num contexto de múltiplas vulnerabilidades que os expõem ao risco de infecção pelo HIV. A ineficiência dos actuais programas de prevenção e cuidados em ir ao encontro das necessidades específicas dos HSH e a discriminação social à qual estão sujeitos, fazem com que permaneçam escondidos e impede-os de exigir o seu direito à informação e aos serviços de saúde, (UNGASS, 2010). A discriminação impede os homens que fazem sexo com outros homens de revelar a sua orientação sexual, ou de reportar aos serviços HIV como ir ao Aconselhamento e Testagem Voluntária (ATV) quando necessitam. Consequentemente, a sua vulnerabilidade à infecção é maior, e os dados nacionais não reflectem a dimensão da epidemia do HIV que está associada ao comportamento do mesmo sexo envolvendo homens (ONUSIDA, 2006). Um entrevistado anónimo disse, “Gostaria que nós tivéssemos uma atenção especial – nossa própria clínica e serviços. Muitas organizações já fizeram promessas para fornecer isso, mas até hoje, nenhuma das coisas foi posta em prática”. Normalmente, quando um grupo de pessoas sentese estigmatizada e discriminada, sentem que se houvesse instalações especialmente concebidas para satisfazer as suas necessidades, seriam atendidos por pessoas que os entendem e, portanto, haviam de tratá-los de forma justa e digna. Como foi indicado anteriormente, a maioria dos HSH na África Austral tem esposas ou parceiros do sexo feminino, portanto, a alta prevalência do HIV neste grupo traduz-se numa epidemia generalizada maior, por isso, é prudente que os governos atendam este grupo como PAR. 19 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Cultural e tradicionalmente, sempre que um homem atinge uma certa idade – normalmente a partir dos vinte anos em diante, a família, amigos e a sociedade começam a esperar que eles se casem com uma mulher e que tenham filhos. Devido a essa pressão, alguns HSH vão avante e casam-se, mas continuam fazendo sexo com outros homens. Da mesma forma como os homens que fazem sexo com as trabalhadoras de sexo, colocam as suas esposas em risco uma vez que o uso do preservativo é baixo no sexo com parceiros regulares ou esposas, igualmente, os HSH colocam os seus parceiros em risco de infecção pelo HIV. 20 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAIS SÃO OS PROGRAMAS EM CURSO QUE ALCANÇAM HSH EM MOÇAMBIQUE? Uma vez que eles são uma população invisível, os gays são ignorados nas políticas de SIDA do Governo, tal como ilustra o capítulo do Plano Estratégico Nacional de 2007-2010 sobre o Controlo de Infecções de Transmissão Sexual, HIV e SIDA em Moçambique. O “silêncio no que concerne à infecção pelo HIV entre homossexuais” significa que as mensagens sobre o sexo seguro foram exclusivamente desenhadas para heterossexuais, deixando a população gay nem informada nem protegida. Um estudo de 2007 realizado pela Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas, intitulado “Como a Programação do HIV/SIDA está a fracassar em pessoas praticantes do mesmo sexo em África”, verificou que os gays de todo o continente foram excluídos dos programas d HIV/SIDA. (IRIN PlusNews, 2008) Até muito recentemente, últimos cinco anos, os HSH não tinham sido incluídos nos planos estratégicos e nas propostas nacionais de financiamento em Moçambique. O PEPFAR II, especificamente promove a prevenção do HIV para os HSH e aumento da pesquisa epidemiológica. Entretanto, devido à falta de uma directriz política clara e treinamento inadequado dos provedores de serviços, há desafios na implementação de programas para os HSH. Não houve pesquisa suficiente sobre os HSH para informar e guiar o planeamento e programação das intervenções para os HSH. Análise da situação Para melhor compreender o fardo da epidemia do HIV entre as PAR, o CCD apoiou o governo moçambicano em 2011 a implementar uma pesquisa para determinar o tamanho da população de usuários de drogas e de homens que fazem sexo com outros homens e trabalhadores de sexo. O apoio do PEPFAR II é através da Lambda, PSI Moçambique e UNFPA. Os resultados da pesquisa vão informar o desenho das intervenções para os HSH. Educação sobre HIV e SIDA Iniciativas isoladas de Organizações Não Governamentais, tais como as da Lambda em Moçambique, foram desenhadas especificamente para satisfazer as necessidades de Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) dos HSH. A Lambda não pode prestar activamente os serviços, uma vez que ainda não está formalmente registada. Contudo, eles recrutaram e treinaram alguns educadores que foram usados para encorajar ao uso do preservativos, combater a discriminação e advogar os direitos humanos. 21 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Advocacia Há um apoio para o trabalho de advocacia visando fortalecer a sociedade civil que trabalha com as PAR. O único grupo de LGBT em Moçambique, Lambda, há três anos que está a espera da aprovação do seu registo oficial, pelo Governo. O grupo, também conhecido como Associação Moçambicana de Defesa das Minorias Sexuais, submeteu os seus documentos nas instalações de registo em Janeiro de 2008. A entidade de registo respondeu que a existência do grupo “Ofende a actual moralidade”. Até Julho de 2011, a Lambda ainda não estava registada, daí que não pode prestar serviços activos de alcance às comunidades. 22 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAIS SÃO OS DESAFIOS QUE AS RESPOSTAS AO HIV E SIDA ENTRE HSH ENFRENTAM EM MOÇAMBIQUE? Uma breve análise da ONUSIDA de Agosto de 2006 indica que, a nível global, menos de 1 em cada 20 homens que fazem sexo com outros homens tem acesso à prevenção, cuidados e tratamento HIV que necessitam. Um estudo realizado em 20 países latino-americanos revelou que os homens que fazem sexo com homens eram o maior grupo único de pessoas vivendo com HIV, mas os gastos para a prevenção entre este grupo era desproporcionalmente menor e a maioria deles eram provenientes de fontes externas. No Quénia, enquanto que os homens que fazem sexo com homens estão entre os beneficiários das clínicas de aconselhamento e testagem voluntária, o curriculum usado para a formação dos conselheiros não inclui um aconselhamento especializado para sexo entre homens – uma oportunidade perdida de prevenção (ONUSIDA, 2006). Desafios da Prevenção Em Moçambique, há escassez de informação sobre práticas seguras de sexo e prevenção especificamente destinada aos HSH . Há uma notável dificuldade de acesso à informação e serviços de saúde, discriminação e hostilidade do pessoal dos serviços públicos de saúde. A alta prevalência da infecção pelo HIV entre os HSH significa que eles enfrentam o maior risco de serem expostos à infecção em cada encontro sexual – especialmente ao envelhecer. O risco sexual é responsável pela maioria das infecções pelo HIV em HSH. Estes riscos incluem o sexo não protegido e Doenças de Transmissão Sexual (DTS). A prática de não usar o preservativo durante o sexo anal com alguém que não seja um parceiro primário ou HIV negativo, continua a representar uma ameaça significativa para a saúde dos HSH. Uma vez que eles não procuram ou não têm acesso aos serviços de ATV, muitos HSH não estão cientes da sua infecção pelo HIV. Baixa consciência sobre o estado de HIV entre os jovens HSH reflecte vários factores: eles podem ter sido recentemente infectados, podem subestimar o seu risco pessoal, podem ter tido poucas oportunidades de fazer o teste, ou podem acreditar que o tratamento minimiza a ameaça do HIV. A recomendação ainda é a de que todos os HSH deviam ser testados em HIV uma vez por ano - e com mais frequência se eles estiverem em alto risco. Os HSH em alto risco incluem aqueles que têm múltiplos parceiros sexuais anónimos, ou usam drogas durante o sexo. O uso do álcool e drogas ilícitas contribui para o aumento do risco de infecção pelo HIV e outras DTS entre os HSH. O uso de substâncias como o álcool e outras drogas podem aumentar a probabilidade de comportamento sexual de risco. A pobreza e falta de acesso aos cuidados de saúde constituem barreiras para os serviços de prevenção do HIV. 23 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas A complacência pode jogar um papel importante no risco de HIV, particularmente entre os HSH jovens. Uma vez jovens, os HSH não experimentaram a gravidade da epidemia do HIV no início, alguns podem acreditar erroneamente que o HIV jamais constitui uma ameaça séria à saúde devido aos avanços do tratamento e à redução da mortalidade. Desafios adicionais para muitos HSH incluem manter comportamentos seguros ao longo do tempo e a subestimação do risco pessoal. Desafios dos cuidados, tratamento e apoio O estigma e a homofobia têm um impacto profundo nas vidas dos HSH, especialmente na sua saúde mental e sexual. A homofobia internalizada pode ter impacto sobre a habilidade dos homens de fazer escolhas saudáveis, incluindo decisões sobre sexo e uso de substâncias. O estigma e a homofobia podem também limitar a vontade dos HSH de aceder aos serviços de prevenção e cuidados do HIV, isolá-los do apoio familiar e da comunidade, e criar barreiras culturais que inibem a integração às redes sociais. As instalações que fornecem os serviços específicos para as necessidades dos HSH são muito pouco financiadas e com pouco pessoal em ambos países. As intervenções não são baseadas em evidências porque não há pesquisas operacionais adequadas cujas constatações fornecem evidências empíricas da magnitude do problema, tendências e padrões da doença do HIV entre HSH. Violações dos Direitos Humanos As actuais leis e políticas não protegem os HSH. Há necessidade de assegurar a protecção dos Direitos Humanos e fontes não ameaçadoras de informação específica e direccionada para os HSH. O estigma e a discriminação, impedem os HSH de procurarem os serviços, daí a necessidade de se iniciarem campanhas públicas para combater a homofobia. No encontro técnico da OMS em 2008 de consultas sobre HIV e outras ITSs entre os HSH, resume-se nos seguintes pontos os desafios da programação em HIV e SIDA para os HSH: • Os principais problemas são as violações dos direitos humanos com políticas que criminalizam, financiamento inadequado, acesso sombrio aos serviços de prevenção para os HSH (apenas 1 em cada 20) assim como a falta de pesquisas. 24 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas • Moçambique não notifica em grande escala as infecções de HIV entre os HSH e não aborda, de forma explícita, os HSH e HIV. • Os dados sobre os HSH e HIV estão dispersos e são de baixa qualidade; entre os HSH o comportamento preventivo é mínimo, o conhecimento é pouco e a prevalência do HIV é alta e continua a subir. • Ambos os países, Angola e Moçambique, não têm estimativas confiáveis da prevalência do HIV entre os HSH, e dados sobre DTSs nos HSH são quase que inexistentes. • Apesar de os programas de assistência social no terreno e de Aconselhamento e Testagem Voluntária (ATV) estarem estabelecidos em ambos países, não há serviços especificamente direccionados aos HSH. • Há uma ausência da monitoria e avaliação dos programas de prevenção do HIV entre os HSH. • Esforços de pesquisas esporádicas indicam que a estigmatização e a discriminação direccionada aos HSH está a alastrar-se. 25 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAIS SÃO AS QUESTÕES LEGAIS E POLÍTICAS QUE PRECISAM DE SER ABORDADAS PARA UMA MELHOR RESPOSTA AO HIV E SIDA PARA OS HSH EM MOÇAMBIQUE? A declaração da Sessão Especial da Assembleia-geral das Nações Unidas (UNGASS) de 2011, sobre o compromisso em questões de HIV e SIDA, adoptada por todos os Estados membros das ONU, enfatizou a importância de se “abordar as necessidades daqueles que estão em maior risco e os mais vulneráveis a novas infecções tal como foi indicado, por factores como práticas sexuais”. Na reunião de alto nível realizada em 2006, os Estados membros e a sociedade civil reiteraram o seu compromisso, sublinhando a necessidade de “uma participação completa e activa dos grupos vulneráveis e a eliminação de todas as formas de discriminação contra eles, respeitando a sua privacidade e confidencialidade” (ONUSIDA, 2006). O princípio de Grande Envolvimento de Pessoas Vivendo com HIV e SIDA (GEPS) deve ser estendido aos membros não infectados dos grupos de maior risco e populações vulneráveis. As Declarações de Dublin e de Vilnius apelam ao compromisso e envolvimento das pessoas vivendo com HIV e dos membros dos grupos de risco no desenvolvimento significativo de políticas de HIV e sua implementação, e deviam ser usados para manter os governos responsáveis. Em 2005, 22 governos de diferentes regiões, junto de representantes de Organizações Não Governamentais e pessoas vivendo com HIV e SIDA, como membros do conselho de direcção da ONUSIDA, apelaram ao desenvolvimento de programas direccionados aos principais grupos e populações afectadas, incluindo homens que fazem sexo com homens, descrevendo isso como “uma das acções políticas essenciais para a prevenção do HIV”. Desde então, consultas nacionais e regionais confirmaram que o estigma, discriminação e criminalização enfrentados por homens que fazem sexo com outros homens constituem as maiores barreiras para o movimento por um acesso universal à prevenção e tratamento de HIV, cuidados e apoio (ONUSIDA, 2006). Os estatutos anti-discriminativos de HSH e PVHIV não existem ou não são aplicados em ambos países. Uma das medidas úteis pode incluir uma directiva abrangente contra discriminação contra pessoas com SIDA, uma vez que a actual refere-se apenas à deficiência e ao género. A SADC não tomou nenhuma posição específica sobre os HSH e HIV. As estratégias essenciais de combate à discriminação incluem serviços amigáveis a gays, construção de uma comunidade de HSH, promoção dos direitos dos pacientes e pessoas vivendo com deficiências e aplicação de leis que garantam a liberdade de associação e reunião de PVHIV e membros dos grupos 26 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas de maior risco. Isto pode requerer, tanto a formalização do seu envolvimento, assim como o apoio financeiro, uma vez que algumas organizações baseadas na comunidade não têm capacidade de financiar a participação dos membros. Em Moçambique, a lei explicitamente não proíbe as actividades dos HSH. As leis descrevem os “vícios” contra a natureza, que foram interpretados como se referindo a bestialidade ao invés da sodomia humana, portanto, não criminaliza as actividades homossexuais mas não protege os HSH das políticas homofóbicas. As instituições de pesquisa devem realizar estudos comportamentais e de intervenção entre os HSH, de modo a permitir a elaboração de estratégias baseadas em evidências. Há necessidade de promover uma colaboração entre instituições e ONGs em estudos de campo. Há também uma necessidade de construir uma comunidade no sentido mais amplo, uma vez que muitos HSH não se consideram como sendo membros da “comunidade gay”, ampliando a discussão de sexo além da penetração vaginal para incluir um conjunto de práticas seguras de sexo e ter uma educação sexual equilibrada fazendo parte do curriculum nacional e, portanto, incluir o ensino da tolerância à abertura em relação ao comportamento homossexual e bissexual. Isto também pode ser incluído em programas de trabalho. O envolvimento informal e a advocacia pelos membros da comunidade também precisa de ser apoiada através do financiamento e treinamento dos grupos e redes da sociedade civil. Há também uma necessidade de enfrentar vários estigmas através do treinamento dos provedores dos cuidados de saúde, campanhas de “media” e iniciativas das igrejas. A OMS forneceu os seguintes princípios orientadores para direccionar a decisão para os grupos nacionais de trabalho: 1. Não causar dano – Considerar a existência de quadros legais proibitivos, criminalização, estigma e discriminação, e evitar situações que afectem a confidencialidade ou coloquem as pessoas em risco de violência. 2. Assegurar a acessibilidade e equidade – Fazer esforço para tornar os serviços apropriados acessíveis para todos os HSH, independentemente da identidade sexual, localização geográfica, idade ou classe social. 3. Garantir qualidade dos cuidados – Assegurar que os cuidados alcancem os padrões mais altos possíveis. 4. Fazer uso eficiente dos recursos – Visa alcançar o maior impacto de saúde com a utilização optimizada dos recursos humanos e financeiros disponíveis. 27 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas 5. Garantir a sustentabilidade – Visa construir serviços que não dependem de fontes de financiamento temporários. Desenvolver uma estratégia para assegurar a sua sustentabilidade depois da fase inicial. 6. Fortalecer os sistemas de saúde – A prioridade deve ser dada a intervenções que vão directa ou indirectamente fortalecer os sistemas de saúde, incluindo os desenvolvidos pelas comunidades e pelas organizações da sociedade civil. 7. Implementar em fases – Pode não ser possível implementar cada recomendação em todos os sentidos. Uma abordagem faseada pode ser necessária. A abordagem faseada pode incluir os seguintes passos: 8. a. Desenvolver um entendimento inicial da epidemia local do HIV entre os HSH. b. Implementar intervenções e serviços tais como a prevenção da transmissão sexual, intervenções comportamentais, serviços de TARV e DTSs. c. Reforçar a vigilância, monitoria e avaliação dos programas para os HSH. d. Introduzir estratégias adicionais usando a abordagem da saúde pública para enfrentar as barreiras legais e estruturais para o acesso universal à saúde. Entender as perspectivas dos HSH – envolver os representantes comunitários e membros dos grupos de HSH e transexuais na implementação desses serviços e assegurar que eles sejam culturalmente apropriados e vão ao encontro das necessidades da comunidade. Fortalecer os sistemas comunitários, incluindo apoio às comunidades baseadas nas organizações da sociedade civil. Sempre que possível, use os procedimentos etnográficos para melhor entender o contexto local, e pilotar as novas intervenções para assegurar que funcionam tal como o planeado. (OMS, 2011) 28 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas QUAL É O PAPEL DOS “MEDIA” NA PROMOÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV ENTRE OS HSH? A “media” tem o poder de influenciar a opinião pública de várias formas, usando as suas plataformas. Depois de os “media” terem sido sensibilizados sobre questões dos HSH, eles precisam de levantar o debate público para aumentar a consciencialização, e combater o estigma e a homofobia. O processo requer que os “media” envolvam deliberadamente os HSH, decisores políticos, parceiros financeiros, provedores de serviços, sociedade civil e organizações religiosas, na mudança da atitude pública em relação aos HSH . A fraternidade dos “media” é responsável pela comunicação sobre questões dos HSH. A comunicação procura, primariamente, alcançar o seguinte: • • • Melhorar o conhecimento dos HSH no público em geral (ex: o que são os HSH, porque isso acontece e quais são as necessidades dos HSH). Melhorar a comunicação interpessoal entre os HSH e os provedores de serviços, contribuindo para a mudança do comportamento. Transmitir mais do que factos médicos e sociais, mas mensagens que motivem tanto os provedores como os beneficiários dos serviços a mudarem as suas atitudes e práticas (ex: “não julgar nem ser preconceituoso em relação aos HSH” ou “sempre usar preservativos e lubrificantes a base de água correctamente e consistentemente”) Mobilização social Para mudar as atitudes do público em relação aos HSH, há toda a necessidade de os “media” usarem estratégias de mobilização social. A mobilização social é um processo de activamente assegurar um amplo consenso e compromisso social no seio da sociedade civil para lutar contra o estigma e eliminar a homofobia. A mobilização social procura converter o conhecimento em acções demonstráveis. Actividades específicas incluem encontros dos grupos e da comunidade, sessões de parceria, actividades escolares, “media” tradicional, música, canto e dança, shows de rua, teatro comunitário, folhetos, posters, panfletos, vídeos e visitas caseiras. Durante o processo, o diálogo é gerado a vários níveis resultando num compromisso comunitário sustentável em relação aos HSH. 29 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas Actividades específicas incluem o seguinte: 1. Desenhar programas dos “media” que promovam o acesso à prevenção do HIV, tratamento e cuidados para os homens que fazem sexo com homens. 2. Desafiar o estigma e a discriminação contra os HSH e advogar reformas legais e políticas para promover os seus direitos humanos e acesso aos serviços de saúde. 3. Facilitar o aumento do trabalho em rede e trocas de informação com organizações que trabalham em nome dos HSH. 4. Advogar para forçar o governo a fazer o seguinte: • • • • • • • 5. Avaliar empiricamente o papel que o sexo entre homens joga na epidemia nacional do HIV. Proteger e cumprir com os direitos dos homens que fazem sexo com homens e abordar a questão do estigma e discriminação na sociedade e nos locais de trabalho, emendando as leis que proíbem actos sexuais consensuais entre adultos em particular. Impor a anti-discriminação, fornecendo serviços de assistência jurídica, e promover campanhas que combatam a homofobia. Dar prioridade às estratégias e orçamentos para as necessidades de prevenção, cuidados e tratamento do HIV em homens que fazem sexo com homens, nos planos nacionais de saúde e SIDA. Envolver os homens que fazem sexo com homens, especialmente os que vivem com HIV, no desenho, implementação e monitoria dos programas, assim como nos conselhos nacionais de SIDA. Promover programas para os homens que fazem sexo com homens que podem ser especialmente vulneráveis à infecção pelo HIV, como trabalhadores de sexo, usuários de drogas injectáveis e os que se encontram em ambientes tais como instalações militares e prisões, onde pode ocorrer o sexo violento e coercivo. Apoiar organizações não governamentais baseadas na comunidade, incluindo organizações de pessoas vivendo com HIV, abordando questões relacionadas com o sexo entre homens. Advogar e pressionar a sociedade civil a fazer o seguinte: • Fornecer programas que promovam o acesso à prevenção, cuidados e tratamento de HIV para os homens que fazem sexo com homens. 30 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas • • 6. Desafiar o estigma e a discriminação contra os homens que fazem sexo com homens e advogar reformas legais e políticas para promover os seus direitos humanos e o acesso aos serviços de saúde. Aumentar o trabalho em rede e a troca de informações com organizações que trabalham em nome dos homens que fazem sexo com homens. Advogar e pressionar os parceiros internacionais a fazerem o seguinte: • • • • • Advogar o compromisso do governo em acções referidas acima e promover alianças estratégicas entre os grupos da sociedade civil que trabalham nestas questões, incluindo sindicatos laborais, empregadores, universidades e outras organizações. Financiamento de programas que abordam as necessidades de saúde e direitos humanos dos HSH, assim como o apoio aos grupos da sociedade civil, especialmente os comprometidos com os HSH. Apoiar a vigilância sistemática da ocorrência de infecções pelo HIV no contexto de sexo entre homens, particularmente nos países de baixo e médio rendimento. Aumentar o apoio à informação e pesquisa estratégica, incluindo pesquisa etnográfica, para melhor entender a ocorrência, contextos e comportamentos de risco associados ao sexo entre homens, incluindo suas implicações em parceiros do sexo feminino. Assegurar que as normas, padrões e instrumentos internacionais atendam às necessidades de HIV específicas dos HSH. 31 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas COMO E ONDE PODE-SE ENCONTRAR INFORMAÇÃO ADICIONAL SOBRE O HIV E SIDA ENTRE OS HSH? A informação sobre o HIV e SIDA entre os HSH pode ser obtida em qualquer das seguintes organizações e indivíduos: 1. Fórum Global de HSH (FGHSH) para HIV foi estabelecido em resposta à preocupação comum de que as actuais estratégias e respostas ao HIV não respondem adequadamente às necessidades dos homens que fazem sexo com homens, um facto exacerbado pelo persistente preconceito, discriminação, violência e abusos dos direitos humanos. O FGHSH é uma rede em expansão, de grupos da sociedade civil, organizações de combate ao SIDA, redes de HSH e defensores que trabalham a nível global, regional e nacional para a melhoria da programação do HIV e acesso aos serviços de prevenção, cuidados e tratamento. O FGHSH organiza o seu trabalho em volta de cinco objectivos principais: i. ii. iii. iv. v. Maior investimento em programas de prevenção, cuidados e tratamento HIV eficazes e apoio aos programas para os HSH; Cobertura expandida dos serviços relacionados com HIV para os HSH; Maior conhecimento sobre os HSH e HIV através da promoção da pesquisa e sua ampla disseminação; Redução do estigma, discriminação e violência contra os HSH; e Redes regionais, sub-regionais e nacionais de HSH reforçadas em todo o mundo, ligadas umas as outras para um FGHSH organizacionalmente robusto, incluindo redes de HSH com HIV; e o reforço da resposta às necessidades dos HSH entre redes de pessoas vivendo com HIV. O FGHSH trabalha para alcançar esses objectivos através da advocacia, troca de informações, produção de conhecimento, trabalho em rede, e actividades de capacitação. A sede do FGHSH localiza-se no seguinte endereço: 436 14th Street, Suite 1500 Oakland, CA 94612 nos EUA, e o seu website é: www.msmgf.org 2. Health4Men é um projecto inovador que responde a diversas necessidades de saúde sexual dos homens através de serviços médicos e psicossociais gratuitos, especificamente destinados a homens. Em particular, os serviços são direccionados a grupos de homens vulneráveis e marginalizados, incluindo os HSH independentemente de serem gays ou não, jovens, trabalhadores do sexo comercial e homens de comunidades desfavorecidas. 32 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas A Health4Men celebra a sexualidade masculina promovendo o comportamento sexual responsável através de serviços clínicos, aconselhamento, educação e formação, campanhas de prevenção, e distribuição gratuita de preservativos, lubrificantes e “media”. Os serviços são baseados em pesquisas. A Health4Men foi fundada em 2008, em parceria com o Departamento do Cabo Ocidental para Saúde. Desde então ela introduziu outra clínica em Soweto e continua a evoluir e a expandir como um centro com competência no que concerne à saúde sexual dos homens, sob a liderança do Instituto de Saúde Anova. A sede da Health4Men localiza-se em Joanesburgo e o seu website é: www.health4men.co.za 3. LAMBDA é a única organização LGBT em Moçambique. A visão da Lambda é trabalhar rumo a uma sociedade onde a orientação e diversidade sexual são reconhecidos pelo Estado, respeitados pelos cidadãos e protegidos por lei. A Lambda promove os direitos cívicos, humanos e legais da comunidade LGBT através da consciencialização e educação do público, assim como advocacia e diálogo social. A organização é motivada pela crença de que todos têm o direito de exercer a sua sexualidade sem medo de serem estigmatizados. Os escritórios da Lambda localizam-se na Avenida Vladmir Lénine em Maputo, Moçambique e o seu website é: www.lambda.mz 4. Rowland Jide Macaulay Um teólogo cristão abertamente gay, é um orador dinâmico e inspirado, poeta, pastor e pregador, consultor de direitos humanos, autor de “Poesia inspirada”, publicado no Reino Unido em 2001, fundador e director do projecto da Casa de Irmandade Arco-íris em todo o mundo. Ele está disponível no seguinte website: www.houseofrainbowfellowship.org e no email [email protected] 5. Fundação para pesquisa do SIDA (amfAR) A iniciativa HSH pode fornecer um guia sobre a análise da situação e pesquisa do HSH. 6. ONUSIDA Tem informações de actualizações e políticas sobre HSH e HIV. A ONUSIDA tem um escritório nacional e um website em todos os países. 33 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas 7. OMS Fornece directrizes para a programação de HSH a nível nacional, organizacional e regional. A OMS tem escritórios nacionais e regionais, assim como é acessível em websites. 8. CDC Tem informação sobre vigilância e pesquisas sobre HSH e várias doenças. 9. Por trás das máscaras Fornece informação de saúde e está disponível em: www.behindthemask.org 10. Outras redes sexuais que são úteis no fornecimento de informação sobre HSH incluem: www. mambaonline.co.za, www.out.org.za. e www.galz.co.zw 34 COMUNICAÇÃO DA PREVENÇÃO DO HIV PARA GRUPOS SEXUAIS MINORITÁRIOS EM MAÇAMBIQUE: Um Resumo para Jornalistas REFERÊNÇIAS 1. AIDS and Rights Alliance of Southern Africa (ARASA), Sexual and Reproductive Health Rights Advocacy Workshop, Johannesburg, South Africa, 2008 2. Ashok R K, Criminalizing high risk groups such as MSM, Infochange, News and Features, India, 2008 3. CDC Divisions of HIV and AIDS Prevention, National Centre for HIV AND aids, Viral Hepatitis, STD and TB Prevention, 2010 4. Mozambique Reauthorization the President’s Emergency Plan for AIDS Relief (PEPFAR II), passed and signed in July 2008, Maputo, 2008 5. Prometheus Books, The Third Pink Book, New York, 1993 6. Southern Africa AIDS Trust, Guidelines for Counseling Men who have Sex with Men, Harare, 2004 7. UNAIDS Epidemiological Fact Sheet on HIV and AIDS, Update on Angola, 2008 8. UNAIDS Policy Brief on Sex Between Men, 2006 9. UNGASS Progress Report for Mozambique, 2010 10. WHO Guidelines on MSM service Provision, 2011