Futebol Feminino

Transcrição

Futebol Feminino
rEVISTA OFICIAL DO SINDICATO DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL
N.44
em campo pelos
respeito
tolerância
amizade
CARLA
COUTO
nomeada embaixadora
pelo SJPF
para o futebol feminino
Dossier:
Futebol Feminino
A ACTUALIDADE E O FUTURO
Yannick Djaló
Sindicato esclareceu
situação do futebolista
1
fairplay
verdade
solidariedade
EDITORIAL
40 anos de História
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol
(SJPF) celebrou 40 anos a 23 de Fevereiro. Mais do que
celebrar esta data impõe-se evocar o seu passado e
perspectivar o futuro.
Joaquim Evangelista, Presidente da Direcção
O passado é já longo e rico em termos das experiências vividas sempre pautadas pelo lema matricial da
defesa dos interesses dos jogadores profissionais de
futebol. Ora, isso só foi possível com o trabalho empenhado de um já vastíssimo número de pessoas que,
ao longo dos anos, e em várias vertentes funcionais,
deram corpo e alma ao SJPF. Para que a memória
não nos atraiçoe e os possamos honrar decidimos
escrever um livro, “SJPF, 40 anos de História” da
autoria de Afonso de Melo e Nuno Dias.
De qualquer forma na pessoa dos ex-presidentes
agradeço a todos os que de forma directa ou
indirecta ajudaram a construir o actual SJPF – Artur
Jorge, Agostinho Oliveira, Vasco Gervásio, José
Eduardo, Shéu Han, Adelino Barros, José Couceiro e
António Carraça, OBRIGADO.
Falar do presente e do futuro significa falar das
diversas acções desenvolvidas e o posicionamento
do SJPF.
Neste domínio, não poderá esquecer-se que o SJPF
ocupa uma posição relevante nas estruturas do
desporto, tanto a nível nacional – sócio ordinário
da Federação Portuguesa de Futebol, membro do
Conselho Nacional do Desporto, do Conselho para o
Sistema Desportivo e do Conselho para a Ética e Segurança no Desporto – como internacional – membro
da FIFPro e do Board da FIFPro Division Europe, está
representado na Câmara de Disputas da FIFA (DRC)
e no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), integra no
âmbito da União Europeia o “Diálogo Social para
o Futebol Profissional” – pelo que os desafios são
enormes e as responsabilidades acrescidas.
+
2
SEMANA CONTRA O RACISMO
E A VIOLÊNCIA NO DESPORTO
Uma iniciativa do Sindicato que
honra o futebol e o desporto em
particular.
No campo das acções recordo, a título de exemplo,
que defendemos intransigentemente a valorização
do jogador português; criámos o Fundo de Garantia
Salarial; realizamos o Estágio para Jogadores Desempregados; prestamos apoio jurídico gratuito nas
custas e honorários aos mais carenciados; auxiliamos
os jogadores vítimas de acidentes de trabalho;
qualificamos os jogadores através do Programa Novas
Oportunidades e cursos de formação; realizamos a
Semana Contra o Racismo e a Violência no Desporto;
ajudamos os mais carenciados através do Fundo de
Solidariedade Social; criamos suportes de comunicação que são uma referência, nomeadamente a revista
“JOGADORES”, o site www.sjpf.pt e a newsletter;
estivemos “sempre” presentes nas situações mais
difíceis e sobretudo conseguimos, por mais que isso
incomode, ter sempre presente o tema do incumprimento salarial de forma a erradicá-lo.
Mas queremos fazer mais e melhor.
Fica o compromisso de que tudo faremos na defesa
do jogador de futebol mas, não tenhamos ilusões,
para que isso se concretize será necessário o esforço
e o contributo de todos os jogadores. PARABÉNS e
FELICIDADES.
Futebol feminino
O futebol feminino está em crescente afirmação
nacional e internacional. Mas ainda há muito a fazer.
Apesar da evolução verificada, lidas as várias opiniões
que a revista “JOGADORES” destaca neste edição, o
+
ABEL XAVIER
Como grande campeão que sempre foi, o nosso obrigado por ter
acedido dar a cara como embaixador da Semana contra o Racismo e a Violência no Desporto.
3
futebol feminino precisa de mais praticantes, mais
apoio e mais visibilidade.
Em Portugal muito se têm feito. Os resultados das
nossas selecções, dos nossos clubes e o sucesso
das nossas jogadores por um lado e, por outro, a
dedicação e competência de pessoas, como Mónica
Jorge, Nuno Cristovão, António Violante e José
Paisana, entre outras, contribuem para projectar a
modalidade.
O presidente da FPF deu uma ajuda importante e
inédita ao incluir Mónica Jorge na estrutura federativa, sinal de que quer a modalidade em posição de
ser ouvida e reconhecida. Mas fez mais ao plasmar
no seu programa eleitoral um conjunto de medidas
ambiciosas.
O Sindicato entende que deve associar-se e no que
estiver ao seu alcance o futebol feminino e a jogadoras podem contar connosco. Para já ficam algumas
das medidas que já concretizámos e outras que pretendemos concretizar: Criação de um departamento
de futebol feminino no Sindicato coordenado pelo
ex-jogador José Carlos; a nomeação de uma embaixadora para o futebol feminino: Carla Couto – que
irá, também, integrar o comité feminino da FIFPro;
a criação de um sub-página no nosso site www.sjpf.
pt para o futebol feminino; a elaboração nesta revista
de um dossier especial; a criação de prémios que
distingam as protagonistas do futebol feminino – à
semelhança do que já fazemos com os protagonistas
masculinos; acções nas escolas e nas autarquias que
ajudem a incentivar a prática desportiva feminina
sem perder de vista a formação escolar.
+
CARLA COUTO
Agradecer-lhe ter aceite o
convite para ser embaixadora
para o futebol feminino e desta
forma honrar o Sindicato e a
modalidade.
memória
ASF - Agência de Serviços Fotográficos - [email protected], Imagens que fazem história
membro
ENTREVISTA
CARLA COUTO
“
“
Temos qualidade, mas não visibilidade!
Edição e propriedade
SJPF, Rua Nova do Almada, nº 11
3º Esq., 1200-288 Lisboa
e-mail: sjpfjpf.pt
T: 213 219 590 | f: 213 431 061
Director
Joaquim Evangelista
Dossier: Futebol feminino P.16
Retrospectiva 2011 P.28
P.10
Prémios P.36
O Rei fez 70 anos.
25-01-2012
Director adjunto
Alfredo Ranque Franque
Redacção
Nuno Dias, Tiago Abreu,
Joaquim Evangelista
Fotografia
ASF, Agência de Serviços
Fotográficos; Lusa; Bruno Teixeira
Colaboradores
Gustavo Pires, João Vieira Pinto,
José Neto e Manuel Sérgio
Design
M&M design
Impressão
Locape
Tiragem
3000 Exemplares
Dep. Legal 256825/07
Esclarecimento: Yannick Djaló P.56
Estádio: Rui Barros P. 65
3 Editorial 4 Índice 5 Memória: O Rei fez 70 anos 6 Zoom:
Eusébio de parabéns 8 Glórias: Brassard 10 Entrevista: Carla Couto
16 Dossier: Futebol feminino 26 Notícias 28 Retrospectiva 2011
40 Infografia: Balanço da utilização na primeira volta dos jogadores
portugueses e estrangeiros nas Ligas profissionais 42 Prémios do SJPF
50 Grupos de trabalho 52 Congresso da FIFPro 53 ONZE REMATES
54 FUTEBOL FEMININO: Prestação de Portugal no Europeu
56 ESCLARECIMENTO: Yannick Djaló 58 OPINIÃO: Manuel Sérgio
59 Clipping 60 Lazer: carros 62 Relógios 63 Consolas 65 O Meu
Estádio: Rui Barros 66 Regresso à Infância: Nuno Silva
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Relógios
Grande penalidade convertida por
Eusébio, quarto golo do Benfica na
vitória sobre o Real Madrid por 5-3.
Dois de Maio de 1962, final da Taça
dos Campeões Europeus disputada
em Amesterdão, na Holanda.
Um ano depois de ter conquistado a Taça dos Campeões Europeus (derrotou o
Barcelona por 3-2), o Benfica regressou à final da competição mas agora para
defrontar o todo-poderoso Real Madrid, onde pontificavam Di Stéfano, Puskás e
Gento, entre outros. Nos encarnados Germano, Coluna, Simões, José Augusto e
Eusébio ditavam leis e não deram hipóteses à formação merengue. Perante 65 mil
espectadores, o Benfica venceu por 5-3 (José Águas, Cavém, Coluna e Eusébio (2)
marcaram os golos benfiquistas). No final do encontro, Eusébio ganhou ainda o
segundo “troféu” que mais ambicionava: a camisola de Alfredo Di Stéfano.
P.62
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zoom
King de parabéns
Recuperado dos problemas de saúde que o afectaram no final de 2011 (pneumonia) e no início deste ano (cervicalgia), Eusébio
comemorou a preceito o 70.º aniversário rodeado da família e de amigos dos mais diversos quadrantes da sociedade portuguesa. Nesta
foto, o Pantera Negra surge acompanhado pela mulher Flora, pelas filhas Sandra e Carla e pelos netos Luís Pedro e Maria Carolina.
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GLÓRIAS
BRASSARD
O antigo guarda-redes do Benfica foi o primeiro jogador português a ter direito a uma pensão vitalícia, incluindo os subsídios
de férias de Natal, por incapacidade física permanente, devido
a uma lesão numa mão que sofreu num treino do Vitória de
Setúbal, na época de 2000/01.
Bicampeão mundial de sub-20 (em 1989 e em 1991),
Fernando Brassard foi uma das maiores esperanças
do futebol português. Porém, em 2001, uma lesão no
escafóide obrigou-o a acabar a carreira com apenas
29 anos. Alinhava então no Vitória de Setúbal.
Auxiliado pelo Sindicato dos Jogadores Profissionais
de Futebol, iniciou-se então uma longa batalha
jurídica, com o futebolista a reclamar uma pensão
vitalícia à Desporto Seguro. O caso chegou ao
Supremo, com um recurso da companhia de seguros,
que argumentava que a apólice não previa casos de
incapacidade permanente e que os pagamentos dos
prémios não teriam incidido sobre a totalidade dos
rendimentos do atleta. O Supremo deu razão ao atleta
e a pensão começou a ser paga.
“Foi um processo moroso, como é normal em
08
Portugal, em que o mais prejudicado fui eu porque
tive de interromper a minha carreira. Estou satisfeito
com esta decisão até porque o meu caso tomou
proporções tais que levou o Governo a mudar a lei e
agora se outros jogadores tiverem o mesmo azar já
estão salvaguardados”, afirmou então aos meios de
comunicação social.
Fernando José Alves Brassard nasceu a 11 de Abril
de 1972, em Lourenço Marques, Moçambique.
Formado nas escolas do Benfica, Brassard teve a primeira experiência como jogador sénior no Algarve, na
época 1990/91, ao envergar a camisola do Louletano,
que militava então na II Divisão. A partir daí a sua
carreira passou para um nível superior: o primeiro
escalão. Jogou então no Marítimo (1991/92), Gil
Vicente (1992/93 e 1994/95), Vitória de Guimarães
(1993/94), Benfica (1995 a 1997), Varzim (1997/98)
Brassard foi
patrocinado pelo SJPF
na obtenção da
pensão vitalícia.
e Vitória de Setúbal (1998 a 2000), clube onde viria
a terminar, precocemente, a sua carreira de jogador
profissional, em virtude de uma lesão.
Ao serviço das várias selecções nacionais de Portugal,
Brassard coleccionou 80 internacionalizações. No
seu palmarés conta com dois títulos de campeão
do Mundo de sub-20 (1989, na Arábia Saudita,
09
e 1991, em Portugal), vice-campeão europeu de
sub-16 (em 1988, em Espanha), de sub-18 (1988,
na Checoslováquia, e em 1990, na Hungria) e de
sub-21 (em 1994, em França). Venceu ainda o
Torneio Internacional de Toulon, em 1992. Foi ainda
distinguido pela FIFA com o troféu ‘Fair-Play’ no final
do Mundial de 91.
Pelos serviços que já prestou ao futebol português,
Brassard foi agraciado com a Medalha de Honra ao
Mérito desportivo (1988), com o Grau de Cavaleiro
da Ordem do Infante D. Henrique (1989), com a
Medalha de Honra ao Mérito Desportivo (1991) e
com o Grau de Comendador da Ordem do Infante D.
Henrique (2004).
Desde 2003 que Fernando Brassard integra os
quadros da Federação Portuguesa de Futebol como
técnico de guarda-redes.
entrevista
“
Temos qualidade
mas não visibilidade!
”
CARLA
COUTO
Carla Couto vai ser nomeada “embaixadora”
do futebol feminino em Portugal. A iniciativa
do Sindicato dos Jogadores Profissionais de
Futebol pretende dar maior visibilidade a
uma modalidade em crescimento e promover
a discussão em torno de algumas questões
fundamentais, agora que o futebol feminino
está representado ao mais alto nível com a
entrada de Mónica Jorge para a Direcção da
Federação.
“
Ganhámos mais
uma batalha com
a eleição da
Mónica Jorge para
a Federação.
”
10
A escolha de Carla não podia ser mais consensual. A actual jogadora da Lazio, uma das
muitas emigrantes que faz carreira por esse
Mundo fora, tem uma vida dedicada ao futebol
feminino e um conhecimento que lhe confere
autoridade para ser uma voz viva e ouvida. O
orgulho que sente e o amor interminável pela
modalidade estão bem expressos na entrevista
que se segue. Carla Couto não deixou nenhuma
questão… fora-de-jogo!
11
entrevista
A que nível está hoje o futebol feminino em
Portugal?
Infelizmente, ainda num nível bastante diferente em
relação a outros países. Temos vindo a trabalhar
para um maior desenvolvimento e promoção do
futebol feminino em Portugal, têm sido dados
alguns passos nesse sentido, mas estamos ainda
longe do que pretendemos. No meu caso pessoal,
em Itália tenho tido contacto com uma realidade
bem diferente e constato que Portugal está, de
facto, ainda bastante longe dos patamares mais
elevados. Neste momento, contudo, ganhámos mais
uma batalha com a eleição da Mónica Jorge para
a Federação. É mais um passo que damos, mais
um degrau que subimos no sentido de projectar a
modalidade. Apesar de tudo, entendo que estamos a
criar condições para um maior desenvolvimento do
futebol feminino.
O que falta, de facto, para esse salto qualitativo? Maior promoção? Mais investimento?
Mais clubes?
Não menosprezando o trabalho que fazem e a
qualidade das minhas colegas que actuam em
Portugal, falta maior capacidade de investimento e
melhores condições. É preciso apostar mais na promoção e na formação, por exemplo. Aqui na Lazio,
para além da equipa A, temos escolas e o escalão
Primavera, que também actua na série C… E isso é
importantíssimo para que a modalidade cresça. Em
Portugal, nenhum clube de referência tem futebol
feminino, ao contrário do que que acontece aqui.
Em Itália, as equipas de maior prestígio têm futebol
feminino e essa é uma excelente propaganda para
a modalidade!
Os chamados clubes grandes seriam fundamentais para o crescimento do futebol
feminino em Portugal, é isso?
Não sei se seriam fundamentais, mas eram, com
toda a certeza, muito importantes para impulsionar
a modalidade. O futebol feminino seria muito mais
mediático e haveria maior investimento e mais
sponsors, porque, na realidade, não os temos...
Todos juntos poderíamos ser uma ajuda preciosa
para um maior incremento do futebol feminino. Foi,
aliás, por essa razão que aceitei o desafio que me
foi lançado pelo Sindicato dos Jogadores…
Vai ser embaixadora do futebol feminino em
Portugal!
Foi com enorme orgulho que recebi o convite do
presidente do Sindicato. Tenho 25 anos de carreira
e quero dar o meu melhor para ajudar a dinamizar o
futebol feminino em Portugal. É o reconhecimento
de uma vida e de todo o trabalho e sacrifício que
tenho feito. Estou imensamente feliz e muito grata
pelo convite.
De que forma pode contribuir para dinamizar
a modalidade?
Sei que tenho muita vontade e que farei tudo o que
estiver ao meu alcance para ajudar a dinamizar o
futebol feminino. Não sei, ainda, exactamente de
que modo, mas com este desafio que me foi lançado e com a eleição da Mónica Jorge para a FPF,
muita coisa pode ser feita. Ter uma representante
feminina na Direcção da Federação é algo inédito,
histórico! E será importantíssimo, pois a presença
da Mónica Jorge no executivo será uma mais-valia
indiscutível. É uma pessoa com profundo conhecimento da realidade, tanto em Portugal como no
estrangeiro. Vamos poder traçar novos objectivos
num futuro próximo.
Este convite do Sindicato, aliado à eleição
de Mónica Jorge, pode contribuir muito para
esse incremento…
Sem dúvida! Pelo que falei com o presidente, fiquei
com essa sensação. Trocámos algumas ideias e
fiquei a saber qual o objectivo que tem. Vamos dar
a conhecer mais o futebol feminino, de modo a que
as pessoas possam ter outra visão da modalidade. O Sindicato dos Jogadores é uma entidade
reconhecida por todos e é de louvar o empenho e
este espírito dinâmico e empreendedor em prol do
futebol feminino.
Será um impulso decisivo em sua opinião?
O caminho é bastante difícil, mas se nada for
feito nunca será aberto por ninguém! E é isso que
pretendemos! Vamos dar os primeiros passos para
desbravar novos horizontes e acredito que todos
juntos poderemos contribuir para uma maior promoção deste espectáculo. Pelo menos, temos um
objectivo comum: abrir novos caminhos e dar outra
visibilidade ao futebol feminino em Portugal! Hoje,
para sermos profissionais temos de sair do País…
12
Aqui, vivemos do futebol, aí não passaríamos de
simples amadoras… Portugal tem grandes atletas
e basta ver que, nos últimos três ou quatro anos,
saíram cerca de 10 das 18 jogadoras que habitualmente fazem parte da Selecção Nacional… Temos
qualidade mas não visibilidade! O Sindicato vai
valorizar e dar a conhecer às pessoas o verdadeiro
valor das atletas e eu, como embaixadora, sinto-me
orgulhosa por estar neste projecto!
A Carla, além de embaixadora, prossegue uma
carreira que, como disse, já vai em 25 anos…
Que ambições ainda tem?
No imediato, desejava muito que a Selecção
Nacional conseguisse este ano o apuramento para
o Europeu; aqui na Lazio, continuarei a dar o meu
melhor para dignificar o meu país e conseguirmos a
melhor classificação possível. Depois, sinceramente,
não sei ainda… Equaciono a hipótese de me retirar
no fim da presente época, visto que regressar a
Portugal para jogar, infelizmente, não me parece
uma opção… Mas o bichinho está cá e gostaria
imenso de completar, no próximo ano, 20 épocas
ao serviço da Selecção Nacional! Sempre coloquei
muitos objectivos a mim mesma e esse é mais
um… Só assim foi possível evoluir e fazer esta
carreira. Força e capacidade, sinto que tenho! Aliás,
tenho sido sempre titular na Lazio! Quando chegar o
momento, quero sair a bem e não de forma forçada.
E depois, Carla?
Gostaria de ficar ligada ao futebol feminino, obvia-
“
Em Itália, as equipas
de maior prestígio têm
futebol feminino e
essa é uma excelente
propaganda para
a modalidade!
13
”
mente. Como embaixadora, treinadora, não sei…
Tenho o curso de 2º Nível, gostaria de fazer o de 3º
Nível, mas não sei mesmo o que vou fazer depois…
Sinto é alguma tristeza quando vejo que os exjogadores ficam ligados à modalidade e connosco
isso não acontece… Não por falta de formação
ou aptidões, mas porque não há esse espaço em
Portugal. Mas os tempos mudam e pode ser que
esta nova conjuntura nos permita começar a pensar
e a trabalhar de outra forma…
Portugal tem, pelo menos, jogadoras com
futuro assegurado?
Claro que sim, sem dúvida alguma! Há excepções,
claro, mas tenho visto muita qualidade nas equipas,
mesmo ao nível das sub-19. Mas era importante
entrevista
que houvesse mais qualidade e maior quantidade.
Vamos procurar fazer com que o futebol feminino
seja mais falado, que haja mais gente interessada
e campo de prospecção. O futebol feminino é bem
visto no estrangeiro. Temos jogadoras em Itália,
Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Islândia…
Há qualidade! O facto de termos passado a jogar,
obrigatoriamente, em relvado ou sintético foi uma
grande ajuda mas é preciso mais investimento e
melhores condições para que mais jogadoras possam aparecer e crescer. Eu, pessoalmente, gostaria
de abrir uma academia só de futebol feminino! É
um sonho que tenho!
“
O SJPF é uma
entidade reconhecida por
todos e é de louvar
o empenho e este
espírito dinâmico e
empreendedor em prol
do futebol feminino.
um novo espaço de afirmação da modalidade.
Concorda?
Tenho muita esperança de que, com esta nova
conjuntura, algo possa vir a mudar. Pessoalmente, vou trabalhar no sentido de promover,
de dar a conhecer e de dimensionar o futebol
feminino em Portugal. Essa é uma promessa que
gostaria de deixar aqui. Temos de valorizar cada
vez mais a modalidade e darmos a conhecer os
valores que temos!
”
E condições para isso, haverá?
Volto a dizer que não é um caminho fácil, até
porque ainda há quem olhe de forma fechada e
retrógrada para algumas questões. Tem de haver
uma revolução de mentalidades! Temos ganho
algum espaço, mas ainda falta muita coisa… Quer
um exemplo? Porque não são transmitidos todos
os jogos da selecção feminina? Sem pôr em causa
a Federação, que tem feito tudo o que está ao seu
alcance, há ideias que são necessárias incrementar
para dar maior visibilidade ao futebol feminino. Nós
só falamos do que vemos… Aquilo que não se vê
não se comenta, portanto, é fundamental divulgar
mais a modalidade para não cairmos no esquecimento. Na vida também é assim…
“
Vamos procurar
fazer com que o futebol
feminino seja mais
falado, que haja mais
gente interessada e
campo de prospecção.
O futebol feminino é bem
visto no estrangeiro.
Em resumo: com um novo enquadramento na
FPF; com a aposta do Sindicato e a criação do
cargo de embaixadora, podemos estar a abrir
14
”
Currículo recheado
Carla Sofia Basílio Couto, nascida em Abril de 1974, tem um currículo invejável. Jogadora federada desde 1990, tem 138 internacionalizações pela Selecção Nacional A de Portugal. Representa actualmente a Lazio (Itália), mas passou por muitos outros clubes.
Vejamos:
Sporting (1990 a 1992); Trajouce (1992/93); 1º Dezembro (de 1993 a 1997;
1998 a 2002; 2003 a 2011); Futebol Benfica (1997/98); Fhosan Guandzon,
China (2002); Lazio, Itália (2011/12). Em 2003, chegou a fazer a pré-época
no Arsenal (Inglaterra).
Carla Couto tem, contudo, um outro percurso igualmente interessante.
Como treinadora, abraçou vários projectos ao longo dos anos.
A saber:
De Setembro de 2001 até 2003 – Escolas de Futebol do 1º Dezembro;
De Dezembro de 2001 até 2004 – Escola de Desporto Paulo Sousa;
De 2001 até 2003 – Escola de Formação Hugo Leal;
Época 2003/04 – Equipa sénior feminino da Instituição CEBI;
Época 2004/05 – Equipa júnior feminino do Olivais e Moscavide;
Época 2004/05 – Equipa sénior feminino do AMSAC.
E quanto a títulos? Vários… Como jogadora conquistou 10 campeonatos
nacionais de futebol 11 e cinco Taças de Portugal. Como treinadora, foi
campeã distrital de juniores pelo Olivais e Moscavide.
15
dossier
Futebol
Feminino
É hora de
avançar
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) nomeou Carla
Couto embaixadora do futebol feminino
em Portugal. Este passo e a criação
de um departamento interno sob a
responsabilidade do vice-presidente
José Carlos são apenas o pontapé de
saída da aposta do SJPF no futebol
feminino.
Através destas iniciativas, pretendemos
incentivar e promover a prática do
futebol feminino. Para o efeito criámos
uma subpágina no nosso site (www.
sjpf.pt) e ainda prémios para distinguir
as melhores futebolistas. Estas terão,
por parte do Sindicato, todo o apoio e
esclarecimentos que necessitarem. O
principal objectivo passa por divulgar e
promover a modalidade, sempre numa
perspectiva da igualdade de género.
Neste dossier dedicado ao futebol
feminino procurámos apresentar a
sua realidade em Portugal. Para isso
recorremos a vários especialistas na
matéria.
Na capa desta revista está Carla Couto,
futebolista da Lázio e da selecção
nacional com 25 anos de carreira.
Prosseguimos com Mónica Jorge, vicepresidente da Federação Portuguesa
16
de Futebol com o pelouro do futebol
feminino, com Carla Cristina, antiga internacional AA, com Rita Fontemanha,
capitã da selecção de sub-19, com
António Violante, actual seleccionador
nacional da selecção principal, com
José Paisana, seleccionador nacional
de sub-19, com Nuno Cristóvão, actual
treinador do 1.º de Dezembro, e com
José Carlos, vice-presidente do SJPF
e responsável pelo departamento de
futebol feminino no Sindicato.
Todos eles, sem excepção, acreditam
que a modalidade tem futuro em
Portugal. Todavia têm uma certeza.
É preciso maior capacidade de
investimento e melhores condições. É
inevitável apostar mais na promoção e
na formação. É fulcral que mais clubes
– o papel dos chamados grandes
seria importantíssimo – acreditem na
modalidade. Esse facto permitiria uma
maior captação de patrocínios.
Uma das missões mais “espinhosas” é
aumentar o número de praticantes. Um
objectivo difícil mas que será possível
com passos seguros e sustentados
e com o apoio de todas as entidades
com responsabilidades no futebol
feminino. Há muito para trabalhar
nesse campo e o SJPF não fugirá às
suas responsabilidades e ao seu trabalho nesta área. É necessário promover
o futebol feminino junto das escolas,
das autarquias, das associações, do
Governo, dos clubes…
Há cada vez mais futebolistas
portuguesas ao serviço de clubes estrangeiros. Ou seja, há matéria-prima
de qualidade e com talento. Por isso, é
17
preciso apoiá-las e dar-lhes condições
para mostrarem o seu valor.
É imperioso existir uma mudança de
atitude e de mentalidades para que a
modalidade possa dar o tão desejado
salto. Como diz nesta edição Nuno
Cristóvão, o futebol feminino “é a
vertente do futebol que mais pode
crescer”. O SJPF acredita e tudo fará
nesse sentido.
dossier
MÓNICA
JORGE
directora da FPF para
o futebol feminino
Mónica Jorge é um nome incontornável quando se fala
de futebol feminino em Portugal. Mais ainda, depois de
ter sido convidada para integrar a actual Direcção da FPF
como responsável pela modalidade. Um passo que pode
ser decisivo para o salto… quantitativo que o futebol
feminino precisa de dar. Mónica Jorge está optimista. E
muito motivada.
Que radiografia faz do futebol
feminino em Portugal?
Não está no nível que gostaríamos
mas, se me é permitida expressão,
está no ponto de rebuçado, ou seja,
com esta nova estrutura na Direcção
da Federação e com as medidas que
podem vir a ser implementadas, o
futebol feminino está no caminho
certo para poder crescer e desenvolver-se. Há muito para ser trabalhado
mas o futebol feminino já tem o seu
espaço na Federação e, por essa
razão, acredito que tudo vai melhorar.
Estando agora na Direcção da
FPF, de que forma pode contribuir
para essa melhoria de que fala?
Será mais fácil o futebol feminino ser
ouvido e reconhecido. Mesmo que
eu não estivesse neste cargo, sinto
que esta nova estrutura directiva tem
enorme respeito pela modalidade. O
“
O objectivo é aumentar
o número de praticantes.
nosso presidente tem grande expectativa em relação ao futebol feminino.
O facto de passarmos a ter alguém da
classe na Direcção é inédito e é mais
um passo importante que damos na
procura do sucesso e da implementação dos projectos que merecem ser
ouvidos e discutidos amplamente.
Na prática, o que pode ser feito
para melhorar e dar outra visibilidade ao futebol feminino?
O objectivo é aumentar o número de
praticantes. Essa é uma medida essencial e que já foi falada e discutida
diversas vezes. Temos agora de encontrar as melhores estratégias para
incrementar a modalidade e cumprir
esse desejo, que é fundamental. Mas
não vai ser possível fazer isso em um,
dois ou três anos… Tem de ser um
projecto bem feito e a médio ou longo
prazo. É importantíssimo aumentar o
número de praticantes e fazer com
que as atletas se sintam motivadas.
Em sua opinião, como se desbrava esse caminho? De que forma
se consegue aumentar o número
de praticantes?
Promovendo o futebol feminino junto
das escolas, das autarquias, das
associações de futebol, que têm, em
meu entender, muita responsabilidade
nesta matéria. Especialmente nos
escalões abaixo das juniores. Tem de
haver um projecto com essa base,
pensando na prática desportiva da
mulher, das raparigas, das crianças.
Há que sensibilizar, também, os
clubes para essa realidade. Há que
mudar mentalidades e fazer com que
os próprios pais valorizem a prática
do futebol feminino. Atrás disso
vêem outras medidas… Não falo na
profissionalização da modalidade,
18
mas numa maior credibilização e
seriedade dos campeonatos. Como?
Com melhores treinadores, melhor
formação, melhores condições para a
prática desportiva.
Os quadros competitivos precisam de ser alterados?
Não… Foram alterados há dois anos
e parece-me que o básico está feito.
Temos é de pensar em melhorias, até
porque as realidades vão mudando de
ano para ano. A escassez financeira
começa a afectar os clubes e temos
de nos ajustar às realidades… Temos
10 equipas na I Divisão e, sendo nós
um país pequeno e que não é rico,
acho que está correcto. Daqui a dois
ou três anos, consoante a realidade,
logo se vê de devemos aumentar
esse número. Vamos caminhando
e fazendo a devida reflexão. A II
Divisão também me parece que está
ajustada à realidade, mas poderemos
eventualmente melhorar e criar mais
do que três grupos, para evitar tantas
despesas e tantas deslocações…
Dar maior visibilidade, atraindo
patrocínios e sponsors, é igualmente fundamental?
Claro, a imagem é muito importante.
Uma das coisas que melhorou
muito nestes últimos três anos foi,
precisamente, a imagem da jogadora
de futebol. Por um lado, porque os
resultados da selecção ajudaram;
por outro, porque temos cada vez
mais jogadoras a emigrarem para
as melhores ligas europeias. Mas
não basta. É importante desenvolver
mais a imagem em redor do futebol
feminino e das jogadoras individualmente. Creio que, apesar de tudo,
hoje já há uma melhor aceitação da
mulher no Desporto e as próprias
mães já acompanham mais as suas
filhas. Hoje já recebo inúmeros emails
de mães de jogadoras que deixaram
o futebol misto, até aos 11 anos, à
procura de clube para elas poderem
dar seguimento às suas carreiras.
Há uns anos isto não acontecia. Há
uma nova geração de pais e de filhos
e isso será muito benéfico para o
futebol feminino.
A jogadora portuguesa tem talento e qualidade…
Sim, sem dúvida. Temos talento e
qualidade!
E a selecção tem crescido com
isso também?
Claro que sim! O que me parece
é que, na pouca quantidade que
ainda temos – mas que espero, nos
próximos, possa crescer – há muita
qualidade! A nossa selecção não
vai às fases finais, mas desperta o
interesse de outras ligas europeias,
apenas pelos jogos e pelos torneios
em que participa. Ou seja, esses jogos
são suficientes para os treinadores
estrangeiros acreditarem e apostarem
na jogadora portuguesa.
Mas isso não vai acabar por
beneficiar também a selecção?
Eu acredito que sim. Está a aparecer
uma geração muito nova e com muita
qualidade, nas sub-17/sub-19, e há
muita menina com imensa qualidade
que vem do futebol misto. Se continuarem a evoluir assim, podem ir muito
longe e daqui a 10 anos estarão a
um nível muito elevado. Mais tarde
ou mais cedo vamos conseguir uma
importante qualificação e, a partir
daí, os media vão estar muito mais
abertos e atentos.
Vejo que está muito optimista…
Este desafio motiva-a mais ainda?
19
”
Foi com muito gosto que aceitei o
convite e é uma oportunidade única
de termos alguém a representar o
futebol feminino na Direcção.
O Sindicato dos Jogadores vai
criar o cargo de “embaixadora”
do futebol feminino. É outro apoio
importante?
É importantíssimo! As jogadoras
têm, também elas, as suas carreiras
e defendem a bandeira nacional
até ao limite, portanto, todos estes
apoios são fundamentais para
a tal mudança de atitude e de
mentalidades a que me refiro. O
facto de o Sindicato ter decidido,
agora, enaltecer o papel da jogadora
nacional é muito importante. O
convite para eu integrar a Direcção,
se calhar, acaba por alertar outras
entidades… Só tenho de agradecer
ao Sindicato esta iniciativa.
dossier
CARLA “
CRISTINA
ANTÓNIO
VIOLANTE
Tudo deve
começar nas
escolas
”
ex-internacional da selecção nacional
Carla Cristina foi guarda-redes. Retirou-se há duas temporadas, depois
de ter alinhado no Terras da Costa,
Sporting, Futebol Benfica e 1º Dezembro. Somou 82 presenças na Selecção
Nacional. Continua atenta ao futebol
feminino e vislumbra “uma diferença
importante” e que aponta para o
desenvolvimento da modalidade: “as
jogadoras portuguesas estão cada vez
mais a sair para o estrangeiro e isso
o futebol feminino. As mulheres
portuguesas sabem jogar futebol!
Devemos trabalhar para haver mais
equipas de futebol de 11”, afirma.
Quanto à nomeação de Mónica Jorge
para directora do futebol feminino na
FPF, Carla Cristina não tem dúvidas:
“Passa a existir uma pessoa que está
preocupada, apenas, com as questões
do futebol feminino e isso vai abrir
mais portas.”
RITA
FONTEMANHA
“
Adorava ser profissional…
em Portugal
António Violante (re)assumiu recentemente a Selecção Nacional A. E, pelos
primeiros contactos, percebeu que
“há uma evolução clara” no futebol
feminino em Portugal. José Paisana é
o responsável pela equipa nacional de
sub-19 e considera que “a formação
está no bom caminho”.
António Violante voltou a trabalhar
com o futebol feminino e classifica
como “bastante bom” o trabalho
que foi feito pela Federação, aliado
às melhorias que houve no quadro
competitivo. “As equipas treinam mais
e, dessa forma, a qualidade do futebol
melhora e isso reflecte-se na Selecção
Nacional”, argumenta António Violante.
“Em 1993, quando por aqui passei, era
tremendamente difícil juntar as jogadoras. Como não são profissionais, era
complicado juntá-las… As dispensas
eram difíceis. Hoje já temos mais
concentrações e isso só beneficia o
trabalho das selecções nacionais”,
esclarece.
José Paisana lembra que é imperioso
”
Rita Fontemanha é a capitã da equipa
nacional de sub-19. Aos 19 anos integra
o plantel do Boavista e joga como médio
centro. Uma jovem esperança do futebol
feminino e que, um dia, “adorava ser
profissional… em Portugal”.
O gosto pela modalidade surgiu em
pequena. Rita recorda, no entanto, que
nem tudo foi simples para começar
ser limadas” para que a modalidade dê
o salto qualitativo que todos pretendem.
“Penso que a divulgação da modalidade tem vindo a aumentar progressivamente. No entanto, necessitamos
de todo o apoio e visibilidade para
continuarmos a crescer e a evoluir”,
sublinha. “Os clubes têm tido um
papel fundamental neste campo, pois
proporcionam cada vez mais e melhores
condições às atletas”, enaltece a capitã
das sub-19 nacionais.
Ao olhar para a realidade das com-
20
petições nacionais, Rita Fontemanha
deixa uma mensagem de esperança:
“Ao longo dos anos a competitividade,
tanto no campeonato nacional como
nos campeonatos de promoção, tem
vindo a aumentar devido a uma maior
adesão das raparigas a esta modalidade.
Ainda assim, precisamos de melhorar a
formação das jovens jogadoras para que
não saltem etapas importantes no seu
crescimento, de modo a que possam
chegar com mais bases e conhecimentos ao escalão máximo”, conclui.
aumentar o número de
praticantes. “É fundamental promover
o trajecto de formação da jovem
jogadora, colocar o futebol misto até
aos sub-15, apoiar as Associações
Distritais na promoção de competições
em idades mais baixas e criar a
Selecção Nacional de sub-17” para
melhorar o campo de recrutamento e,
por consequência, a qualidade.”
Para António Violante “hoje já há uma
base maior de recrutamento” e que a
Selecção A “tem muita gente jovem”,
porque a aposta na formação começa
a dar bons resultados. “Antigamente
não havia formação no futebol feminino e isso dificultava”, lembra.
Segundo José Paisana “tem de haver
parcerias entre o Ministério da Educação/Desporto Escolar e a FPF, que
promovam e incentivem as actividades
distritais e nacionais para o Futebol
de 7 e que reorganize os quadros
competitivos, estimulando as raparigas
para a prática do futebol” afirma o
seleccionador nacional de sub-19.
JOSÉ PAISANA
seleccionador nacional de sub-19
capitã da selecção nacional de sub-19
a jogar. “Não foi particularmente fácil, pois
quando era mais nova
tinha o sonho de integrar
uma equipa feminina e, infelizmente,
a zona onde morava não era rica em
clubes”, revela. “Anos mais tarde,
contudo, a escola que frequentava
abriu uma escola de futebol feminino e
achei que era a oportunidade perfeita”,
relembra.
Hoje, Rita Fontemanha sente que ainda
“existem muitas arestas que precisam
”
seleccionador nacional
em Portugal? “Com mais clubes e
maiores investimentos”, sugere. “Se
houver uma pesquisa mais cuidada e
forem dadas melhores condições às
raparigas, haverá certamente mais
atletas, clubes e apoios. E é nas escolas que tudo deve começar”, sublinha
Carla Cristina que, apesar de tudo,
considera que “houve algumas alterações importantes” nos últimos anos.
“Hoje, o Desporto Escolar já abrange
melhora o rendimento da Selecção
Nacional”.
No seu entender, “em Portugal as
atletas não atingem esse patamar
porque a conjuntura não permite”.
Mas o facto de serem contratadas
para jogar noutras ligas, “aumenta
o rendimento de cada uma delas e,
por consequência, os resultados da
selecção”.
Como mudar, então, a realidade
“
Hoje há uma
base maior de
recrutamento
espera mudança de mentalidades
Muito do trabalho que pode ser feito
para o tal aumento do número de praticantes e consequente crescimento do
futebol feminino passa, claro está, pela
Federação. Daí que o nome de Mónica
Jorge seja incontornável. António
Violante e José Paisana são ambos
dessa opinião…
“É particularmente importante haver
um elemento na Direcção da FPF que
está muito por dentro de tudo o que
se passa em Portugal e na UEFA e
que tem imensa sensibilidade para os
problemas. A Mónica Jorge tem feito
muito bom trabalho e hoje há muito
mais organização! Conhecendo bem
a realidade, pode fazer um trabalho
fundamental para as melhorias que
21
pretendemos”, afirma António Violante.
O técnico das sub-19 concorda: “A
professora Mónica está na FPF há
muitos anos e tem dado um contributo
determinante para o desenvolvimento e
evolução da modalidade. Todos nós acreditamos que ter uma directora para o
futebol feminino será fundamental para
a concretização de algumas medidas
decisivas que não foram tomadas até
agora”, diz José Paisana.
O futuro do futebol feminino em
Portugal parece estar, pois, assegurado.
Assim sejam tomadas as medidas que
todos reclamam… “Tem de existir uma
mudança de atitude e de mentalidades
para que a modalidade possa dar o tão
desejado salto”, sintetiza José Paisana.
Uma ideia que é reforçada por António
Violante… “O percurso está a ser feito
e as sementes estão lançadas. Mas há
que fazer mais e melhor para que sejam
encontrados outros talentos”, sugere o
seleccionador.
dossier
NUNO CRISTÓVÃO
TREINADOR DO 1º DEZEMBRO
Ilídio Vale foi o homem do leme. O seleccionador/treinador que conduziu os sub-20 ao vice-campeonato
na Colômbia. Foi ele quem apelidou esta jovem
geração de... coragem. Meses depois do sucesso,
Ilídio Vale explica os quês e os porquês e espera
Nuno Cristóvão é um nome desde há
muito associado ao futebol feminino.
Treinador do 1º Dezembro, equipa que
tem dominado no panorama nacional,
já desempenhou funções de seleccionador e tem, por isso mesmo, uma
visão bem sustentada da realidade.
“Optimista por natureza”, acredita
que a modalidade tem… futuro! “O
futebol feminino é a vertente do futebol que mais pode crescer”, garante.
A radiografia está feita. Falta, apenas,
incrementar mais medidas para que
o futebol feminino dê o tão desejado
salto. “Precisamos de ter mais jogadoras federadas, atendendo à quantidade de mulheres e raparigas que
gosta de jogar futebol em Portugal.
Vejo isso todos os dias nas escolas… Mais jogadoras permitem que
apareçam mais clubes e, se a base
de recrutamento for maior, o topo vai
ter obrigatoriamente mais qualidade”,
justifica Nuno Cristóvão, consciente
que a conquista não entre, apenas, para a História
do futebol português mas que seja, antes, uma porta
de entrada para para o profissionalismo para estes
jovens jogadores.
de que a nomeação de Mónica Jorge
para directora do Futebol Feminino é
uma medida importantíssima para o
desejado crescimento.
“
É a vertente
do futebol que mais
pode crescer!
”
“É a primeira vez na história que o
futebol feminino tem acesso directo
a quem decide. E o futebol feminino
funciona se os presidentes acreditarem! Seja ao nível da Federação,
seja ao nível das associações ou dos
clubes. Tudo leva a crer que a escolha
da anterior seleccionadora tem em
mente o desenvolvimento do futebol
feminino”, assegura.
Treinador desde 1985, ocupou o
cargo de seleccionador em 2000,
facto que lhe permitiu tomar contacto
com diversas realidades. “Criei o
Plano de Desenvolvimento para o
Futebol Feminino que deveria ter sido
implementado na década seguinte.
Com que bases? Tem de existir
ligação entre a estrutura federada,
a estrutura escolar e a estrutura
autárquica. Sem esses três pólos
não é fácil desenvolver o futebol das
mulheres e das raparigas, que tem
tantos constrangimentos e tantos
preconceitos… Sem isso dificilmente vamos aumentar o número de
praticantes. Porque o resto virá por
acréscimo”, explica Nuno Cristóvão.
“Estou bastante optimista e acredito
que, daqui a 10 anos, não vamos
estar a falar das mesmas questões
que falávamos há 10 anos quando
passei pela Federação…”, acentua,
reconhecendo que houve, entretanto,
algumas melhorias significativas.
“Passámos a ter selecções mais
jovens, torneios interassociações, os
22
sintéticos e os relvados foram um
passo importante, bem como a reformulação dos quadros competitivos.
E com duas medidas administrativas
apenas, conseguimos aumentar o
número de jogadoras em 70 por
cento, ou seja, de 1000 para 1700
praticantes, sem custos financeiros!”,
lembra Nuno Cristóvão, reforçando
a ideia de que “há condições para
desenvolvermos mais ainda o futebol
feminino”.
Um olhar sobre a realidade actual
permite tirar algumas conclusões
importantes. “Existe qualidade
suficiente para termos outro tipo
de audiência. Temos uma grande
quantidade de jogadoras que, todos
os anos, são chamadas para jogar
nas grandes equipas da Europa”,
observa, sem deixar de frisar que,
ainda assim, “faltam muitas coisas”...
E aponta exemplos: “Basta ver que
no 1º Dezembro treinamos as 21h30
e terminamos às 23 horas… A
dificuldade que há para treinarmos a
horas mais decentes é um obstáculo
importante… Mais apoios financeiros
também ajudam a tornar as equipas
mais fortes e mais competitivas…
E tudo isto se reflecte depois nas
selecções nacionais, obviamente.”
Carla Couto, na entrevista que nos
concedeu, defende que a adesão dos
chamados clubes grandes à modalidade poderia ser uma (outra) medida
importante. Nuno Cristóvão concorda
em absoluto. “Veja-se o exemplo
do futsal… Quando os “grandes”
começaram a aparecer, o futsal
disparou em número de praticantes!
Porque em Portugal as pessoas gostam, essencialmente, dos seus clubes
e aderem…”, justifica, sublinhando
que esse “é um dos factores” que
poderia ser decisivo.
Uma coisa é certa: a prospecção e o
crescimento do número de pratican-
23
tes são passos que têm de ser dados
e este novo espaço que se abre com a
chegada de Mónica Jorge à FPF pode
ser determinante. “O 1º Dezembro é
dos poucos clubes que tem equipa
de formação e tem na sua Direcção
uma antiga jogadora internacional
(Maria João Xavier), portanto, temos
lutado muito para isso”, destaca Nuno
Cristóvão. “O caminho é por aí. No
nosso plantel, 14 das 21 jogadoras
foram formadas no clube!”, lembra,
sem deixar de alertar, contudo,
para certas dificuldades que ainda
se colocam aos clubes de menores
dimensões. Questões financeiras,
claro está… O futebol feminino do
1º Dezembro tem um orçamento que
ronda os 25 mil euros, verba que, esta
época, “foi conseguida, em grande
parte, pela participação na Liga dos
Campeões”. A prova – que reuniu, em
Sintra, 1º Dezembro, MTK (Hungria),
Asa Telavive (Israel) e Liepajas
Metalurgs (Letónia) – foi organizada
pelo clube, que quase conseguiu o
apuramento para a fase seguinte
(ficou em segundo, atrás do Asa).
Uma nota final, igualmente em
jeito de alerta, para outro entrave
(financeiro, obviamente) que precisa
ser revisto a muito curto prazo. “A
transferência de uma jogadora
portuguesa vinda do estrangeiro para
um clube nacional custa mais do
que inscrever todo o plantel!”, conta
Nuno Cristóvão, revelando que o valor
pedido (1065 euros) em comparação
com a inscrição de cada atleta (37,50
euros) “não faz qualquer sentido!”.
Cada vez mais jogadoras
portuguesas no estrangeiro
Jogadores seleccionáveis para a
selecção AA e Sub-19 que jogam
fora de Portugal
(algumas são luso portuguesas).
ESPANHA
Espanhol – Sónia Matias (DFE)
Saragoça – Edite Fernandes (AV);
Ana Borges (ED/DF); Cláudia Neto
(MC), Jamila Marreiros (GR)
Estartik – Carolina Mendes (AV)
CD Universidad Alicante – Sofia Vieira (MC)
EUA
University of Texas at Brownsville –
Laura Luís (AV)
University of Texas at Brownsville –
Mónica Mendes (DF)
NY Flash/Buffalo – Kimberly Brandão
(DFC)
UC Florida – Andrea Rodrigues (EE/AV)
Rugters – Erica Sousa (MC)
Jacksonville University - Adriana
Rodrigues (MC)
CANADÁ
Erin Mills SC – Stefanie Barcelos – (MC)
FRANÇA
Juvisy – Mélissa Gomes (AV)
PSG – Mariane Amaro (DF/MC)
SUÍÇA
Basileia – Stefanie da Eira (MC)
FC Zurique – Sara Garcia (DF/MC)
ALEMANHA
Duisburg – Dolores (MC)
SGS – Carole Costa (DFC);
Ana Leite (AV)
ITALIA
Lazio – Carla Couto (AV)
dossier
JOSÉ
CARLOS
Vice-presidente do SJPF e
responsável pelo departamento
de futebol feminino
O Futebol Feminino
Este tema é para nós, Sindicato dos
Jogadores Profissionais de Futebol
(SJPF), enquanto representantes
dos Jogadores de Futebol motivo de
grande interesse.
Sendo este Sindicato um espectador muito atento a tudo o que ao
futebol diz respeito não podíamos ficar
indiferentes à evolução que o Futebol
Feminino tem vindo a ter. Pretendemos
não só no imediato, como também
no futuro, associarmo-nos a este
crescimento e participar de uma forma
activa e construtiva no desenvolvimento da mesma.
Conscientes de que estamos perante
um desporto de minorias pretendemos também ajudar ao aumento da
notoriedade e reconhecimento que a
modalidade merece, nomeadamente
através do nosso site e da nossa
revista.
“
Conscientes de
que estamos perante
um desporto de
minorias pretendemos
também ajudar ao
aumento da notoriedade
e reconhecimento
que a modalidade
merece.
”
Sabendo o SJPF da preocupante
lentidão do desenvolvimento e da
participação das mulheres no futebol,
fazemos questão de estar envolvidos
ou criar projectos que ajudem a combater a discriminação e que apliquem
os princípios da igualdade.
Queremos que as atletas façam parte
da nossa equipa, que se associem,
que possam ter ao seu dispor todos os
nossos serviços, projectos, parcerias
e toda a experiência de um Sindicato
com 40 anos ao serviço dos jogadores.
Para colocarmos em prática as nossas
intenções criámos um departamento
para o Futebol Feminino, do qual
faço parte, constituído ainda por uma
ex-atleta internacional, tendo como
objectivo imediato visitar todos os
24
clubes, divulgar a iniciativa, associar as
atletas, detectar os problemas e criar
condições para os resolver.
Depois do desafio que foi para mim a
promoção e a divulgação do programa
Novas Oportunidades a nível nacional
eis que me é proposto pelo nosso
presidente Joaquim Evangelista este
outro de cariz completamente inovador
e por isso mesmo tão aliciante.
Ter a responsabilidade de sensibilizar
e de trazer para a nossa causa pela
primeira vez este grupo de atletas
é para mim um enorme desafio que
encaro com a maior motivação e que
farei com grande sentido de missão.
Espero sinceramente que no fim deste
desafio possamos dizer que a equipa
do SJPF conquistou mais uma vitória!
25
notícias
notícias
Danny falha Europeu
O internacional português Danny que alinha no Zenit de São Petersburgo lesionouse com gravidade no joelho direito e vai ficar fora da competição nos próximos oito
meses, o que significa que falhará a fase final do Euro 2012.
Segundo informações divulgadas pelo clube, Danny fez uma rotura completa do
ligamento cruzado anterior do joelho direito, com afectação do menisco. O infortúnio aconteceu num treino em Florença, onde a formação russa estagiou. A
lesão foi diagnosticada numa clínica da referida cidade italiana, e implicará uma
recuperação de oito meses.
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), lamenta o sucedido
com o internacional português e aproveita para desejar as rápidas melhoras do
homem e do jogador. Força Danny!
Tragédia no Egipto
Pelo menos 74 pessoas morreram e mil ficaram feridas num jogo de futebol da
primeira divisão egípcia realizado em Port Said entre o Al Ahli, equipa treinada
por Manuel José, e os anfitriões do Al Marsi.
Uma invasão de campo degenerou em violentos confrontos, mas muitas pessoas
perderam a vida no pânico que se gerou nas bancadas. A federação egípcia de
futebol suspendeu todos os jogos da Liga por tempo indeterminado.
O SJPF expressa profundo pesar pelas dezenas de mortes ocorridas em Port
Said e associa-se na condenação da violência.
Joaquim Evangelista contactou Abdel Ghany, presidente do sindicato do Egipto,
e transmitiu-lhe total solidariedade institucional.
Mário Figueiredo
preside
Liga de Clubes
Mário Figueiredo, advogado de 45 anos, é o sucessor de Fernando Gomes à frente
dos destinos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
No sufrágio para a presidência do organismo, Mário Figueiredo levou a melhor
sobre António Laranjo (27 votos contra 21 do candidato derrotado).
Pelo mesmo parcial, André Dinis de Carvalho e Júlio Gomes foram eleitos presidentes da Mesa da Assembleia-geral e da Comissão Disciplinar, respectivamente.
Mário Silvares de Carvalho Figueiredo, casado e pai de três filhos, é licenciado
em Direito pela Faculdade de Direito de Coimbra, possui um MBA em Gestão de
Empresas pela Universidade Católica Portuguesa e nos últimos anos exerceu um
conjunto de missões de âmbito jurídico na Liga.
No seu programa de candidatura à presidência da Liga realce para as propostas
de alargamento da I Liga e para o renegociamento dos direitos televisivos com o
objectivo de proporcionar mais receitas para os clubes.
Fernando Couto
inicia carreira de treinador na Índia
Gala FIFA/FIFPro
O melhor jogador de 2011 voltou a ser o argentino Lionel Messi, deixando para trás
o português, Cristiano Ronaldo e o seu companheiro de equipa do Barcelona, Xavi.
O argentino ganhou o prémio pela terceira vez consecutiva, igualando o feito do
francês Michel Platini, actual presidente da FIFA.
Já Cristiano Ronaldo, tal como no ano passado, foi o único português a ser distinguido com a presença no onze ideal da FIFA, no ano de 2011.
26
O antigo futebolista Fernando Couto, exdiretor desportivo do Sporting de Braga, foi
contratado pelo Howrah, da Índia, por cerca
de 180 000 euros.
Num leilão realizado para escolher os
melhores jogadores e também treinadores
do torneio, que apenas contará com cinco
equipas, Fernando Couto foi “leiloado” para
dirigir o Howrah. Fernando Couto terá na sua
equipa o francês Robert Pires, de ascendência portuguesa.
O nigeriano Samson Siasia será o treinador
do Durgapor (160 000 euros), o islandês
Teitur Thordarson do Barasat (152 000
euros), o inglês Peter Reid do Kolkata (152
000 euros) e o boliviano Marco Etcheverry do
Siliguri (152 000 euros).
27
Balanço
de 2011
Retrospectiva
JANEIRO
FEVEREIRO
SJPF em Bruxelas
Dois mil e onze começou com o estigma da crise mas o SJPF não se demoveu dos
seus princípios básicos e naturalmente e delineou o plano de trabalho. Assim, a
instituição esteve presente em Bruxelas no European Professional Sportspeoples’
Forum e na Assembleia da FIFPro Divisão Europa.
No primeiro evento foram abordados vários assuntos como a integridade dos desportos; a corrupção; o Doping; a Educação - a segunda carreira de jogadores, entre
outros.
Já na Assembleia da FIFPro os temas tratados prenderam-se com o relatório da
Assembleia-Geral de 2010, o planeamento da Divisão Europa 2011; o Diálogo Social
e a cooperação com a UEFA.
SJPF
de parabéns
Diego e Bock
distinguidos
pelo Sindicato
Gala FIFA/FIFPro
A fechar o mês de Janeiro realizou-se a Gala FIFA/FIFPro, evento que distingue
os melhores entre os melhores. Cristiano Ronaldo integrou o onze ideal de 2010
e José Mourinho foi considerado o melhor treinador do mundo. Dois exemplos
de que em Portugal há muita e boa qualidade no que ao futebol diz respeito.
O Sindicato comemorou 39 anos de existência. Continuando
a apostar nos valores que fizeram valer a sua constituição
nunca parando de evoluir e de se assumir, com intransigência, na defesa do profissional de futebol e do próprio futebol.
O Sindicato continuou a promover os melhores jogadores todos meses do campeonato e em Fevereiro, o guarda-redes Diego, do Vitória de Setúbal, recebeu o prémio
de melhor jogador da I Liga. O palco da entrega do galardão foi o Estádio do Bonfim,
em Setúbal, onde o jogador em conferência de imprensa se mostrou orgulhoso e feliz
com a distinção.
No segundo escalão do futebol português, realce para Bock, do Freamunde, que foi
considerado pelo SJPF o melhor jogador de Fevereiro na sempre competitiva II Liga.
Eusébio
homenageado
O Pantera Negra foi homenageado pela Federação Portuguesa de Futebol, no seguimento das comemorações dos 50 anos da chegada de
Eusébio a Portugal.
28
29
Balanço
MARÇO
ABRIL
Acidentes
de
trabalho
O Sindicato foi ouvido na Assembleia
da República pelos partidos políticos,
por causa da Proposta de Lei 43/XI
que estabelece o regime relativo à
reparação dos danos emergentes de
acidentes de trabalho dos praticantes desportivos profissionais. Esta
proposta foi chumbada na votação
pelos partidos políticos não demovendo porém o Sindicato de continuar a
defesa do jogador de futebol.
Estatutos da FPF
aprovados
Plantel em greve
Nani, eleito o melhor
O mês de Abril ficou marcado pelo aviso prévio de greve do plantel da União de
Leiria, que implicaria faltar ao jogo da 27.ª jornada ante o Portimonense.
O plantel leiriense já estava há vários meses sem receber e por isso o pré-aviso
anunciado pelo Sindicato. Felizmente a greve não aconteceu – os pagamentos
em falta foram regularizados.
O internacional português que alinha no Manchester United foi eleito o melhor
jogador jovem na 1.ª Liga inglesa. Mais um exemplo de que em Portugal existem bons valores que além-fronteiras dão espectáculo. A distinção de Nani
com este prémio só vem confirmar esta realidade. O que falta aos dirigentes e
treinadores para apostarem mais no jogador português?
Os novos estatutos da Federação Portuguesa de Futebol, em sintonia com o
regime jurídico das federações, foram aprovados na generalidade por maioria
qualificada. O sufrágio revelou 384 votos a favor e 91 contra. Ou seja, a votação
traduziu-se da seguinte forma: 80,8 % de votos a favor contra 19,2%. Um passo
em frente do desenvolvimento do futebol nacional.
Humberto Miranda
com pensão vitalícia
O antigo jogador, Humberto Miranda, que perdeu as duas pernas num acidente
de viação, tem direito a uma pensão vitalícia. Mais um exemplo das vitórias que
o Sindicato tem conseguido dentro e fora de campo ao longo da sua história
demonstrando assim que os jogadores que recorrerem à ajuda do SJPF estão
em boas mãos.
FC Porto campeão
Os dragões sagraram-se campeões nacionais da I Liga sem qualquer derrota.
30
31
Balanço
Retrospectiva de 2011
MAIO
JUNHO
Sporting ganha
Taça de Portugal de futsal
O mês de Maio começou com a final da Taça de Portugal em Futsal que
foi ganha pelo Sporting. Os leões derrotaram o Benfica por 3-2, após prolongamento.
IX Edição do
Estágio do Jogador
Eduardo brilha em Itália
O guarda-redes internacional português Eduardo foi considerado o melhor no seu
posto na I Liga Italiana. Um claro exemplo daquilo que o Sindicato defende, ou
seja, de que os jogadores portugueses estão ao nível dos melhores do mundo e
adaptam-se sem problemas a campeonatos exigentes e super competitivos como
é do de Itália.
Porto
vence Liga Europa
Depois da conquista do campeonato e da Taça de Portugal, o FC Porto venceu
a Liga Europa ao derrotar na final o Sporting de Braga por 1-0 (golo de
Falcão). Um encontro histórico dado que foi a primeira vez que duas equipas
portuguesas jogaram uma final de uma competição europeia de clubes. O
futebol português está de parabéns.
O mês de Junho ficou marcado pela apresentação da IX edição do estágio para
jogadores desempregados, uma iniciativa do SJPF. Uma perspectiva de emprego
para aqueles que ficaram sem clube.
Numa parceria inédita com a BetClic, o estágio foi aberto a jogadores amadores
com duas edições (Lisboa e Gaia). Foram seleccionados 21 jogadores para participar nesta iniciativa do Sindicato que teve o nome de Academia BetClic.
Projecto SPIN
O SJPF, na sequência do trabalho desenvolvido na promoção das boas práticas
desportivas, foi convidado a integrar com a VIDC – Fair Play (Áustria), Camino
(Alemanha), UISP (Itália), FAI (República da Irlanda), Likkukaa (Finlândia) e
Mahatma Gandhi Organizatio (Hungria) – o projecto europeu SPIN (Inclusão Social
pelo Desporto).
Ricardinho,
o melhor do Mundo
Gil e Feirense
na I Liga
O Gil Vicente sagrou-se campeão da II Liga e subiu ao principal escalão do
futebol português juntamente com o Feirense que se classificou no segundo
posto. Por sua vez, Fátima e Varzim foram despromovidos.
No futsal, Ricardinho foi considerado o melhor jogador do mundo. O atleta foi
distinguido pelo site “futsalplanet.com” com o troféu de melhor jogador do
Mundo, denominado Umbro Futsal Award.
32
33
Balanço
JULHO
AGOSTO
SJPF apresenta
Estudo sobre a
utilização
de jogadores
Football
Jobs
O mês de Julho ficou marcado pela
apresentação do projecto “Football
Jobs”. Trata-se de uma bolsa online para
jogadores que procurem clube, ou um
trabalho extra ou ainda para depois de
terminada a carreira de futebolista.
Equipa do Sindicato
no Torneio da FIFPro
O Sindicato apresentou, à semelhança de anos anteriores, um estudo sobre a utilização de jogadores nacionais e estrangeiros nas ligas profissionais.
A preocupação do SJPF em proteger os atletas nacionais continua a ter razão de
existir até porque cada vez mais são os estrangeiros a jogar nos nossos campeonatos. Contudo não estamos contra a vinda dos mesmos para Portugal mas o excesso
é de facto preocupante. Se temos dos melhores jogadores do mundo porque não
continuar a formar e a dar oportunidades para que outros apareçam?
IX Estágio
do Jogador
com balanço positivo
Depois da apresentação, o estágio começou com os jogadores a trabalharem em
campo. Treino táctico, físico e jogos, muitos jogos foi o que estes atletas encontraram para além de uma amizade nesta situação difícil que é a do desemprego.
No Torneio da FIFPro, que se realizou na Holanda, a equipa do Sindicato conquistou um honroso 6.º lugar.
Entre outras iniciativas, o SJPF promoveu a corrida pelo jogador português que
contou com uma grande adesão. Esta marcha pelas ruas de Lisboa teve o objectivo de sensibilizar os clubes e dirigentes a fazer uma aposta maior no jogador luso
nos nossos campeonatos.
Em defesa do
jogador português
Também no final deste mês, terminou a IX edição do estágio do jogador. Uma
iniciativa que teve bons resultados pois uma grande parte dos atletas encontrou
clube. O Sindicato aproveita, mais uma vez, para agradecer a todos aqueles que
fizeram parte directa e indirecta desta iniciativa.
Alexandre
Mestre
Numa iniciativa inédita, os jogadores que participaram no IX Estágio do Jogador correram pelas ruas de Lisboa num apelo à defesa do jogador português.
Por sua vez, Alexandre Mestre
foi nomeado o novo secretário
de Estado do Desporto e
da Juventude. O Sindicato
desejou boa sorte na gestão
da pasta do Desporto e do
futebol em particular e referiu
que está sempre disponível
para qualquer espécie de
colaboração.
34
Sub-20: Portugal sagra-se
vice-campeão mundial
O mês mais quente do ano em Portugal, também ficou marcado pela conquista do
2.ª lugar de Portugal no mundial de sub-20. A selecção nacional foi infeliz na final,
perdendo com o Brasil por 2-1.
35
Balanço
SETEMBRO
OUTUBRO
Eleição
Sindicato
de delegados
No mês de Setembro realizou-se a
eleição para os delegados representantes dos jogadores na Federação
Portuguesa de Futebol. Num total
de 67 votantes, todos eles a favor da
única lista proposta a votação, a lista
de delegados eleitos foi a seguinte:
José Carlos Martins Ferreira; Alfredo
Ranque Franque; Joaquim Gonçalves
Rebelo; António José Saúde dos Santos e João Manuel Oliveira Pinto.
recebeu
candidatos à
presidência dos
órgãos sociais
da Federação
Portuguesa de
Futebol
Encontro com Fernando Gomes.
Prémios SJPF
Com processo eleitoral para a presidência da Federação Portuguesa de Futebol
a decorrer, foram recebidos na sede do
Sindicato os dois candidatos propostos a
votação, Carlos Marta e Fernando Gomes.
O Sindicato continua a premiar os que mais se destacam no nosso futebol.
A pensar nisto, existem os prémios SJPF. Van Wolfswinkel, do Sporting, foi
o vencedor do prémio de melhor jogador do mês de Setembro na I Liga.
Encontro com Carlos Mata.
SJPF auxilia
Yannick Djaló
Yannick Djaló pediu ajuda ao Sindicato para resolver o seu problema dado que a sua
transferência do Sporting para o Nice não se concretizou.
36
João Vieira Pinto
na FPF
João Vieira Pinto renunciou ao cargo de vice-presidente do SJPF para
integrar a lista de candidatura de Fernando Gomes à FPF. Tratou-se de
uma decisão de natureza pessoal que o SJPF, naturalmente, aceitou. A
instituição aproveitou uma vez mais para agradecer a João Vieira Pinto
todo o apoio dado ao Sindicato em benefício da classe que defende.
37
Balanço
Retrospectiva de 2011
NOVEMBRO
DEZEMBRO
SJPF organiza
SJPF esclarece
caso Yannick
único debate entre
Marta e Gomes
O último mês de 2011 ficou marcado por resoluções. O caso de Yannick Djaló
foi clarificado em conferência de imprensa na sede do Sindicato. Depois das indefinições da situação contratual, o SJPF ajudou o Yannick a resolver a sua situação
e neste momento é um jogador livre e pode assinar por qualquer clube dado que
rescindiu contrato com o Nice a 25 de Novembro. Este é mais um exemplo do que
o Sindicato pode fazer pelos jogadores que passam dificuldades em momentos da
sua carreira.
Com o objectivo de se discutir o futuro
do futebol nacional, o Sindicato conseguiu organizar o único debate entre
Carlos Marta e Fernando Gomes, os dois
candidatos à presidência da Federação
Portuguesa de Futebol.
SJPF solidário com
Carlos Martins
O Sindicato solidarizou-se com Carlos Martins no combate a uma solução
para o problema do pequeno Gustavo. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, em colaboração com o Fórum Sintra e o Centro de
Histocompatibilidade do Sul, participou na doação de módula óssea. Vários
foram os jogadores que marcaram presença apoiando esta iniciativa.de que
em Portugal há muita e boa qualidade no que ao futebol diz respeito.
Fernando Gomes
sucede a Madaíl
Fernando Gomes foi eleito o novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Gomes recebeu 46 votos, enquanto Carlos Marta não foi além dos 36 votos.
Ronaldo
galardoado com a Bota de Ouro
Cristiano Ronaldo foi distinguido com a segunda Bota de Ouro da sua carreira. O
jogador do Real Madrid recebeu este troféu, que premeia o melhor da Europa, das
mãos de Eusébio e Di Stéfano. De referir que Ronaldo marcou 40 golos na época
de 2010/11.
Equipas B
de regresso
FIFPro “Making the next Steps”
O congresso anual da FIFPro decorreu em Telavive, Israel. Sob o lema “FIFPro
making the next steps”, sindicatos de todo o mundo reuniram-se para discutir
os problemas do futebol em geral e dos jogadores em particular. Joaquim
Evangelista, presidente da Direcção, e João Nogueira da Rocha, presidente
da Assembleia Geral, representaram o SJPF. O congresso ficou marcado pela
sentida homenagem prestada a Avi Choen, falecido num acidente de viação.
38
A fechar o ano, foi anunciado o regresso já na próxima época das equipas
“B”, e muitas delas a jogar na 2ª Liga. Uma decisão que o Sindicato aprova
dado que vai a dar a possibilidade a que mais jovens portugueses surjam nos
campeonatos principais.
39
Estudo
ÉPOCA 2011 / 2012
1.ª VOLTA
UTILIZAÇÃO DE JOGADORES PORTUGUESES E ESTRANGEIROS
I. LIGA ZON SAGRES
II.LIGA ORANGINA
Número médio de jogadores utilizados Portugueses e
Estrangeiros
Número médio de jogadores utilizados Portugueses e
Estrangeiros
Dados Globais
Portugueses;
144
61%
35%
36%
65%
42%
Mais de 24 anos
Menos de 23 anos;
e menos de 28;
79 jogadores
95 jogadores
Nota: Constata-se que o escalão etário intermédio é o mais utilizado, quase o dobro do
escalão mais velho. O escalão etário mais jovem, mantém-se com uma boa percentagem.
Nota: Predominância acentuada dos jogadores estrangeiros. A diferença é de 48 jogadores (21%).
Mais de 24 anos
e menos de 28;
87 jogadores
6
6
8
6
87
6
8
8
6
9
5
5
9
4
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40
Valores médios
por Clubes
14
12
10
8
6
4
2
0
8
mais de 24 e
menos de 28
8 8 8 8
7
6 7 77 77 6 6 6 6 5
41
9
9
5
mais de 29
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menos de 23
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mais de 24 e
menos de 28
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menos de 23
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43
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Valores médios por
nacionalidade e
escalões etários
34
40
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32
20
0
Valores médios
por Clubes
50
33
30
58
N
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la
ra
Es
to
ril
40
Menos de 23 anos;
77 jogadores
Nota: Constata-se que não há grandes diferenças entre os escalões de idades. O mais
jovem tem menos 5% (10 jogadores) de diferença do intermédio e mais 8% (18 jogadores) do mais velho. O escalão intermédio tem mais 13% (28 jogadores) do mais velho.
Nota: Predominância clara dos jogadores portugueses. A
diferença é de 65 jogadores (30%).
60
63
46
50
F.
Valores médios por
nacionalidade e
escalões etários
60
34%
39%
70
70
26%
12 13
10 10 11
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4
3
2
1
e
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Fr
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de
Av
es
22%
39%
Mais de 29 anos;
59 jogadores
Estrangeiros;
79
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Mais de 29 anos;
50 jogadores
Portugueses;
88
Tr
Estrangeiros;
136
Valores médios por escalões etários
Jogadores Utilizados: 223
Jogadores Utilizados: 224
ire
ns
Valores médios por escalões etários
Ol
ive
Dados Globais
Liga ZON Sagres
Novembro
jovem
melhor
jogador
melhor
ANDRÉ PINTO
Olhanense
TOSCANO
Nome:
André Almeida Pinto
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento: 1989-10-05
(22 anos)
Naturalidade: V.N. Gaia –
Portugal
Posição: Defesa
Altura: 1,83 m
Peso: 85 kg
Clubes: FC Porto (jun.), Santa
Clara, V. Setúbal, Portimonense e
Olhanense
V. Guimarães
Nome:
Marcelo Aparício Toscano
Nacionalidade: Brasileira
Nascimento: 1985-05-12
(26 anos)
Naturalidade: Areado (MG)
Brasil
Posição: vançado
Altura: 1,84 m
Peso: 75 kg
Clubes: Paulista, LausanneSport (Suíça), Paraná e Vitória de
Guimarães
André Pinto, emprestado pelo
FC Porto ao Olhanense, tem sido
muito regular na defensiva do
conjunto de Olhão. Sendo ainda
um jovem, tem evoluído de forma
favorável sendo reconhecido pela
crítica como um bom valor do
nosso campeonato. André Pinto é
desta forma, o vencedor do prémio
de melhor jovem jogador do mês
de Novembro na I Liga.
SP. BRAGA
Apesar de serem conhecidos
como os “guerreiros do Minho”,
a formação do Sp. Braga foi um
exemplo de desportivismo durante o mês de Novembro ao ser
a equipa que viu menos cartões
neste período de tempo. Desta
forma, este bom comportamento
valeu a conquista do prémio
Fair Play.
Play
Fair
Toscano foi considerado pelo SJPF o
melhor jogador da I Liga durante o mês de
Novembro. Este avançado, que já vai na
segunda temporada na equipa da “cidade
berço”, marcou golos e fez assistências
importantes que permitiram à formação
vimaranense subir na tabela classificativa
depois de um início de temporada algo
tremido.
42
43
Liga Orangina
Novembro
jovem
melhor
jogador
melhor
PEDRO SANTOS
Leixões
PEDRO SANTOS
Nome:
Pedro Miguel Martins Santos
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento: 1988-04-22
(23 anos)
Naturalidade: Lisboa
Posição: Médio
Altura: 1,75 m
Peso: 65 kg
Clubes: ADCEO (Jun.), Sporting
(Jun.), Casa Pia e Leixões
Leixões
Nome:
Pedro Miguel Martins Santos
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento: 1988-04-22
(23 anos)
Naturalidade: Lisboa
Posição: Médio
Altura: 1,73 m
Peso: 65 kg
Clubes: ADCEO (Jun.), Sporting
(Jun.), Casa Pia e Leixões
Os regulamentos indicam que os
jovens até aos 23 anos são candidatos ao triunfo de melhor jovem
do mês. Em Novembro, também
este prémio calhou ao vencedor
do Melhor Jogador de Novembro,
estamos a falar de Pedro Santos,
do Leixões.
ESTORIL
A equipa da linha tem vindo
a realizar um campeonato de
grande nível fazendo com que a
equipa transpire confiança e isso
reflecte-se no reduzido número
de cartões vistos durante o mês
de Novembro. Daí esta distinção
do Sindicato com o prémio Fair
Play.
Play
Fair
O jovem médio tem tido um bom
desempenho no meio campo da formação
de Matosinhos. Pedro Santos tem
também estado em destaque pelas suas
assistências, recuperações e alguns golos
que valeram pontos importantes na luta
pela subida de divisão. Por estes motivos,
Pedro Santos foi considerado o melhor
jogador a actuar na II Liga durante o mês
de Novembro.
44
45
Liga ZON Sagres
Dezembro
jogador
jovem
BÉDI BUVAL
Académica
melhor
melhor
ADRIEN SILVA
Nome:
Adrien Sebastian Perruchet Silva
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento: 1989-03-15
(23 anos)
Naturalidade: Angoulême França
Posição: Médio
Altura: 1,75 m
Peso: 75 kg
Clubes: Bordeaux (Jun.), ARC
Paçô (Jun.), Sporting, Maccabi
Haifa e Académica
Feirense
Nome:
Bédi Bastien Buval
Nacionalidade: Francesa
Nascimento: 1986-06-16
(23 anos)
Naturalidade: Domont - França
Posição: Avançado
Altura: 1,80 m
Peso: 70 kg
Clubes: Nancy (Jun.), Bolton,
Red Star 93, Randers, Panthrakikos, Panionios, Lechia Gdansk
e Feirense
O médio português tem estado em
grande forma e a prova isso, foi o
nível que atingiu no decorrer no
mês de Dezembro. Realizou várias
exibições de “encher o olho” que
lhe valeram, inclusive, o interesse
nos seus préstimos de clubes de
outros campeonatos. Por estas
razões, Adrien Silva é o grande
vencedor do prémio de melhor
jovem do mês de Novembro na
I Liga.
V. GUIMARÃES
Play
Fair
O avançado Bédi Buval tem sido uma
agradável surpresa no nosso campeonato,
com alguns golos e passes decisivos
que almejaram pontos importantes para
o principal objectivo do Feirense que é
a manutenção. Com a equipa a respirar
confiança, o avançado francês tem
aproveitado para se exibir a bom nível o
que lhe valeu ser considerado o melhor
46
47
O Vitória de Guimarães realizou
um início de campeonato
muito tremido mas tem vindo
a recuperar o lugar de acordo
com o seu historial. Podia-se
dizer que a equipa podia ir
mais agressiva para campo na
procura de pontos mas isso não
se verificou, dando o exemplo no
mês de Dezembro na I Liga, ao
ver o menor número de cartões
amarelos e vermelhos e daí esta
distinção por parte do SJPF.
Liga Orangina
Dezembro
jovem
melhor
jogador
melhor
LICÁ
Estoril
LICÁ
Nome:
Luís Carlos Pereira Carneiro
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento: 1988-09-08
(23 anos)
Naturalidade: Lamelas –
Portugal
Posição: Avançado
Altura: 1,81 m
Peso: 70 kg
Clubes: O Crato (jun.), Social
Lamas, Académica, Tourizense,
Trofense e Estoril Praia
Estoril
Nome:
Luís Carlos Pereira Carneiro
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento: 1988-09-08
(23 anos)
Naturalidade: Lamelas –
Portugal
Posição: Avançado
Altura: 1,81 m
Peso: 70 kg
Clubes: O Crato (jun.), Social
Lamas, Académica, Tourizense,
Trofense e Estoril Praia
Dezembro foi um mês em cheio
para Licá. O estorilista acumulou
os prémios de Melhor Jogador do
Mês e o de Melhor Jogador Jovem
da II Liga.
UNIÃO DA MADEIRA
Play
Fair
O jovem avançado do Estoril tem vindo
a realizar um campeonato ao mais alto
nível com exibições que evidenciam a sua
qualidade. Licá tem sido apontado como
uma das figuras desta sempre competitiva
II Liga. Por estas razões, o futebolista foi
considerado pelo SJPF o melhor jogador
do mês de Dezembro.
48
49
A formação madeirense subiu
este ano à II Liga e tem mostrado
qualidade. Durante o mês de
Dezembro, o União da Madeira
foi um exemplo de respeito pelo
adversário, ao ver o menor
número de cartões neste período
e por isso conquistou o prémio
fair play.
Reformas
FUTEBOL PORTUGUÊS
Governo satisfeito
com propostas para
a reformulação
50
Miguel Relvas, ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que tutela o Desporto, prometeu e cumpriu.
Após o anúncio da constituição de três grupos de trabalho e do prazo de 45 dias concedido para a apresentação de propostas foram anunciadas as respectivas
conclusões. A profissionalização dos árbitros, a protecção dos jovens atletas nacionais e a criação de um novo tipo de sociedade desportiva são as principais
recomendações apresentadas ao Governo. Numa próxima revista regressaremos ao assunto.
Grupo de trabalho sobre regime
fiscal das sociedades desportivas
José Luís Arnaut
(Coordenador do Grupo de Trabalho)
Vicente Moura
(Comité Olímpico de Portugal)
Carlos Alberto Cardoso
(Confederação do Desporto de Portugal)
João Carlos Leal
(Federação Portuguesa de Futebol)
Fernando Gomes
(Federação Portuguesa de Futebol)
José Ferreira Curado
(Confederação Portuguesa das Associações de
Treinadores)
Joaquim Evangelista
(Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol)
Maria do Carmo Albino
(Apoio logístico - Gabinete da
Secretaria de Estado do Desporto
e Juventude)
Grupo de trabalho sobre
profissionalização
dos árbitros
Grupo de trabalho sobre
protecção dos jovens
talentos desportivos
João Carlos Amado
(Coordenador do Grupo de Trabalho)
Júlio Gomes
Lúcio Correia
Vicente Moura
(Comité Olímpico de Portugal)
Henrique Torrinha Cardoso
(Confederação do Desporto de
Portugal)
Carlos Alberto Esteves
(Federação Portuguesa de Futebol)
Vítor Pereira
(ex-LPFP/Federação Portuguesa
de Futebol)
Maria do Carmo Albino
(Apoio logístico – Gabinete da
Secretaria de Estado do Desporto
e Juventude)
Paulo Olavo Cunha
(Coordenador do Grupo de Trabalho)
João Antunes
José Manuel Chabert
Emanuel Medeiros
Vicente Moura
(Comité Olímpico de Portugal)
Ilídio Trindade
(Confederação do Desporto de
Portugal)
Paulo Lourenço
(Federação Portuguesa de Futebol)
Fernando Gomes
(ex-LPFP/Federação Portuguesa
de Futebol)
Maria do Carmo Albino
(Apoio logístico – Gabinete da
Secretaria de Estado do Desporto
e Juventude)
51
FIFPRO
FIFPro apresentou Black Book
A FIFPro apresentou oficialmente aos representantes da
Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e da Europol o
primeiro exemplar do “Black Book Eastern Europe” (o livro
negro da Europa Oriental).
O livro denuncia as más experiências sofridas por vários
jogadores profissionais de futebol na Europa Oriental.
Participaram neste estudo 3357 jogadores e a FIFPro,
através de uma task force para a Europa Oriental, realizou a
pesquisa com base nos seguintes temas:
• Pagamento de salários e prémios;
• Treino;
• Violência;
• Bullying e assédio;
• Jogos combinados (match fixing);
• Racismo e discriminação.
11
remates
ÉDER
24 Anos, Académica, avançado
Sindicatos unidos
Joaquim Evangelista, em representação do SJPF, Luís Rubiales,
Jesus Peramos, Luís Gil e Santiago Nabot (do sindicato espanhol), Damiano Tomassi, Stefano Sartori (do sindicato italiano)
e Louis Everard (sindicato holandês) reuniram em Madrid,
Espanha, para discutir as “condições mínimas do Contrato
Colectivo de Trabalho Europeu” e ainda alguns dos problemas
que afectam os jogadores de futebol na Europa. A reunião
traduziu-se num saldo muito positivo.
Música favorita: Hip Hop
Um filme: À procura da felicidade
Bebida: Coca-Cola
Carro: Audi A5
Jogo de pc/consola: PES
Marca: Nike
Se não fosse jogador de futebol que gostaria de ser:
Professor de Educação Física
Actor/actriz: Jared Butler / Megan Good
Prato favorito: Esparguete à bolonhesa
Hobbie: Jogar PS3
Ídolo: Ronaldo (O fenómeno)
MANUEL JOSÉ
Assembleia-geral Extraordinária
FIFPro Divisão Europa
30 anos, Paços de Ferreira, médio
A 18 e 19 de Janeiro, Noordwijk, na Holanda, recebeu mais uma assembleia-geral extraordinária da
FIFPro Divisão Europa. O SJPF esteve representado através de Joaquim Evangelista e de José Carlos.
Em discussão esteve o denominado Diálogo Social Europeu, em particular “as condições mínimas” do
futuro contrato colectivo de trabalho europeu.
Outros temas em destaque foram a “especificidade do desporto”, o doping e as alterações ao código
WADA, a regulação dos agentes de futebol e o livro negro da Europa de leste.
52
53
Música favorita: Kizomba
Um filme: Avatar
Bebida: Coca-Cola
Carro: BMW
Jogo de pc/consola: PES
Marca: Apple
Se não fosse jogador de futebol que gostaria de ser:
Sinceramente nunca pensei muito nisso
Actor/actriz: Silvester Stallone / Angelina Jolie
Prato favorito: Francesinha
Hobbie: Jogar às cartas
Ídolo: Sérgio Conceição
Futsal
Portugal
infeliz no
Europeu
de futsal
A SELECÇÃO NACIONAL FOI CONSTITUÍDA POR:
A participação portuguesa no Europeu de Futsal, que se disputou na Croácia, não
foi completamente feliz.
Os comandados de Jorge Braz até entraram com o pé direito na competição
diante do Azerbaijão com uma vitória por 4-1. Os golos lusos foram da autoria de
Cardinal, Felipe (auto-golo), Marinho e Ricardinho.
No segundo jogo, frente à Sérvia, novo triunfo, mas por outros números: 2-1, com
Arnaldo e Pedro Cary a fazerem os golos da noite. De referir ainda que Arnaldo
festejou a sua 150.ª internacionalização.
A selecção nacional venceu o seu grupo e nos quartos-de-final encontrou a Itália.
Portugal perdeu o encontro decisivo ao ser derrotado pelos transalpinos por 3-1
(Ricardinho marcou o golo português). Apesar da eliminação, Portugal mostrou
uma imagem de grande união bem exemplificada dentro das quatro linhas com
boas jogadas e golos vistosos.
Na despedida do Europeu, o internacional português Ricardinho, em declarações
ao site da UEFA, admitiu o sentimento de tristeza no seio da selecção nacional
após a eliminação mas ao mesmo tempo deixou uma mensagem de confiança
para o futuro. “Estamos muito tristes, mas estou certo que a nossa hora vai chegar
e que vamos ganhar coisas importantes no futuro”, afirmou o “camisola 10” da
Selecção. Ricardinho acrescentou ainda que apesar da participação portuguesa
ter ficado aquém da conseguida em 2010, o seleccionador Jorge Braz fez um bom
54
trabalho. “Como o nosso treinador gosta de dizer, quando acreditamos realmente
em nós próprios e na equipa, a bola entra depois de bater no poste, em vez de ir
para fora. As pessoas devem continuar a acreditar no trabalho do nosso treinador
porque tem sido excelente”, explicou.
A selecção nacional de futsal voltará a competir entre Março e Abril, com jogos
a contar para a qualificação para o Mundial da modalidade que se disputará na
Tailândia. Nota final para referir que a Espanha venceu pela quarta vez consecutiva o Europeu (derrotou na final a Rússia por 3-1) – no total tem seis triunfos
na competição. O espanhol Torras, com cinco golos marcados e uma assistência,
garantiu a conquista da Bota de Ouro Adidas da prova.
- Guarda-redes: André Sousa (Académica), Bebé (Benfica) e
João Benedito (Sporting);
- Fixos: Gonçalo Alves (Benfica) e João Matos (Sporting);
- Alas: Arnaldo Pereira (Benfica), Bruno Coelho (Benfica),
Marinho (Benfica), Paulinho (Sporting), Pedro Cary (Sporting),
Ricardinho (Benfica) e Ricardo Fernandes (Freixieiro);
- Ala/Pivot: Joel Queirós (Benfica);
- Pivot: Cardinal (CSKA Moscovo/Rússia).
55
Pela verdade
NOTA PRÉVIA:
SJPF esclarece
situação de
Yannick Djaló
• YANNICK Djaló solicitou ao Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol que, considerando as
dúvidas que está a gerar junto de clubes interessados na sua contratação, o ajudasse a esclarecer a
sua situação profissional;
• O Sindicato foi a entidade que patrocinou o YANNICK no processo que o opôs ao OGC NICE;
• O YANNICK encontra-se desempregado;
• O YANNICK Djaló encontra-se sem receber salário
desde Agosto de 2011;
• Faltam dois dias para o encerramento do período
de transferências pelo que é urgente criar todas
as condições que ajudem o YANNICK a ultrapassar
esta situação.
FACTOS:
1) A 31 de Agosto de 2011 o OGC NICE e a
SPORTING SAD celebraram um contrato para a
transferência do YANNICK;
2) Ainda a 31 de Agosto de 2011 o OGC NICE e
o YANNICK celebraram um contrato de trabalho
desportivo para vigorar até 30 de Junho de 2015;
3) A introdução dos dados relativos a esta transferência na aplicação Transfer Matching System da
FIFA (FIFA TMS) foi da responsabilidade do OGC
NICE e da SPORTING SAD – cfr. artigo 3º, nº 3 do
Anexo 3 do Regulamento do Estatuto e Transferência
de Jogadores da FIFA;
4) A introdução desses dados e dos documentos
que os suportam foi concluída às 00h04 do dia 1 de
Setembro 2011;
Em conferência de imprensa realizada na sede do SJPF, a 30 de Janeiro,
o Sindicato elucidou toda a situação profissional de Yannick Djaló.
O SJPF acompanhava o processo desde Setembro. Entretanto, e após esta
conferência de imprensa, o jogador assinou contrato com o Benfica.
56
5) A 2 de Setembro de 2011 a Federação Francesa
de Futebol requereu uma derrogação excepcional
à FIFA para a solicitação e emissão do Certificado
Internacional de Transferência do YANNICK;
6) A 23 de Setembro de 2011 o Juiz Único da Comissão do Estatuto do Jogador da FIFA rejeitou o pedido
efectuado pela Federação Francesa de Futebol;
7) A 28 de Setembro de 2011 o OGC NICE e o
YANNICK interpuseram recurso desta decisão para o
Tribunal Arbitral do Desporto;
8) Por Acórdão proferido a 11 de Outubro de 2011,
o Tribunal Arbitral do Desporto rejeitou o recurso
interposto pelo OGC NICE e o YANNICK;
9) Entre outras considerações, o Tribunal Arbitral
do Desporto considera válido o contrato de trabalho
celebrado entre o OGC NICE e o YANNICK, pelo que
o jogador poderia beneficiar dos efeitos do mesmo
e a recusa em emitir de imediato o Certificado
Internacional de Transferência não iria prejudicar de
forma irreparável o jogador;
10) O Tribunal Arbitral do Desporto considera ainda
que o OGC NICE por sua própria negligência não
respeitou as regras do Anexo 3 do Regulamento do
Estatuto e Transferência de Jogadores da FIFA;
11) A 11 de Outubro de 2011 a SPORTING SAD e o
YANNICK celebraram um acordo de revogação do
contrato de trabalho desportivo que vigoraria até 30
de Junho de 2013;
12) Neste acordo de revogação SPORTING SAD e o
YANNICK acordaram em retroagir os efeitos deste
acordo a 31 de Agosto de 2011, estabelecendo ainda
uma compensação pecuniária de natureza global a
favor do jogador, entretanto integralmente paga;
13) O acordo de revogação vindo de identificar foi
objecto de registo junto da Federação Portuguesa
de Futebol no dia 26 de
Outubro de 2011;
14) A 26 de Novembro
de 2011, depois de
várias tentativas para
que fosse reintegrado
e pago o seu salário, o
YANNICK fez operar a
rescisão do contrato de
trabalho desportivo celebrado com o OGC NICE
com invocação de justa
causa. Esta rescisão não
foi impugnada pelo OGC
NICE;
15) Cessando o contrato
de trabalho desportivo
57
cessam igualmente quaisquer direitos económicos decorrentes do mesmo. Com efeito não existem direitos
económicos sem existirem direitos federativos;
16) A 2 de Dezembro de 2011 em conferência de
imprensa realizada nesta sede o Presidente do
Sindicato teve oportunidade de esclarecer que o
jogador DJALO era um jogador livre;
17) A SPORTING SAD após o registo do acordo de
revogação jamais interpelou o jogador DJALO para
a prática de qualquer acto e publicamente quando
interpelados para o efeito os seus responsáveis afirmaram que o jogador não era jogador do SPORTING
SAD. Mais, desejaram-lhe boa sorte e manifestaram
solidariedade.
NOTA FINAL:
• O Sindicato entende que é sua obrigação, sempre
que se justifique, nomeadamente a pedido do
jogador, ajudar a esclarecer a verdade.
• Foi isso que pretendeu ao concordar em fazer esta
conferência.
• Todavia, já não é sua obrigação sugerir qualquer
opção desportiva.
• Essa, salvo o devido respeito, deve ser feita pelo
próprio Yannick. Aliás, aproveito para reiterar a necessidade de os jogadores serem activos na defesa
dos seus direitos. De se informarem previamente
e de saberem em cada momento o que significa
cada um dos seus actos. Exactamente para evitar
mal entendidos.
clipping
opinião
JORGE JESUS:
treinador do SL Benfica
SJPF distingue
Adrien Silva como
o melhor jogador
jovem de Dezembro
Candeias
distinguido
pelo SJPF
Destaque na
imprensa para
entrevista
realizada pelo SJPF
ao jogador Nélson
Oliveira
Se há entre nós quem pretenda esquecer ou diminuir
o valor do treinador Jorge Jesus, de certo não o
conhece, nem tem do futebol uma visão científica,
quero eu dizer: rigorosa. Por mim, coloco-o ao lado
de todos os que no futebol (e são tão poucos!) se
assumem como apóstolos entusiastas da aproximação interdisciplinar entre o futebol e a ciência,
entre o futebol e a filosofia. Estou a ouvir o turbilhão
de catilinárias e de censuras e de reticências e de
gargalhadas sonoras a avançar, ameaçador, sobre
o meu juízo acerca do actual treinador do Benfica.
Boaventura de Sousa Santos afirmou à revista Visão
(5 a 12 de Janeiro de 2012) que “temos formado
conformistas incompetentes e precisamos de rebeldes
competentes”. Ora, conformistas incompetentes
são aqueles que desconhecem que, tanto os seres
humanos, como as comunidades, são processos, não
serão nunca amanhã o que são hoje; que vivemos em
sociedades em aprendizagem, ou seja, em um novo
tipo de sociedade em que aprender continuamente é a
sua principal característica. Rebeldes competentes são
também os treinadores desportivos que, repetindo o
grego Sócrates, sabem que nada sabem; são também
os que, como Jorge Jesus, mesmo sem grandes qualidades especulativas, procuram a total inteligibilidade
do futebol, através do convívio com estudiosos doutras
áreas do conhecimento, em poucas palavras: através
de um trabalho interdisciplinar.
Ora, trabalho interdisciplinar é o que hoje se faz, no departamento de futebol do Sport Lisboa e Benfica, sob
por vezes bem distintas. A indústria farmacêutica está
a ser profundamente alterada pelos conhecimentos
Filósofo do Desporto
provenientes da genética e da biologia, disciplinas que,
há quarenta anos, não encontraríamos num laboratório
farmacêutico. O maior desafio dos caminhos-de-ferro
não resultou das alterações nos comboios, mas sim
do aparecimento do automóvel, do camião, do avião”.
O futebol, se quer criar uma via de progresso, há-de
transformar-se numa comunidade científica e portanto
multi, inter e transdisciplinar.
E o que fazem, neste capítulo, o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United, o Manchester City, o Inter, o
a exemplar direcção administrativa e disciplinar de An- Milan, etc., etc? Com o advento da complexidade, uma
tónio Carraça e a enérgica liderança técnico-desportiva só ciência, ou um só método, não bastam à compreende Jorge Jesus. De facto, a energia, a verdadeira ener- são de um paradigma científico. Por isso, peço licença
gia, é inteligente e consciente, é persistente e tenaz – e para repetir o que já venho dizendo publicamente, há
é esta energia e é esta vontade que (sem deixar de as mais de trinta anos: para saber de futebol, é preciso
reconhecer e admirar em António Carraça) quero agora saber mais do que futebol. Jorge Jesus sabe isto
mesmo e foi, citando-me, que me convidou a ingressar,
salientar em Jorge Jesus, de quem sou adjunto, para
na sua equipa de trabalho. “O Jorge Jesus?” queshonra e proveito meus, no SL Benfica. Não, não estou
tionarão os que se reclamam de ciência e de cultura.
aqui a louvaminhar, a bajular ninguém, com intuitos
inconfessáveis. Quando escrevo nesta revista, que o Dr. A minha resposta é esta: Sim, o Jorge Jesus, actual
treinador do SL Benfica!
Joaquim Evangelista sabiamente dirige (como sábia
Para mim, filósofo (modestíssimo embora) que sou, a
é a sua conduta à frente do Sindicato dos Jogadores
filosofia é, sobre o mais, como o afirmava o meu colega
Profissionais de Futebol) sinto-me ao serviço do
de curso, na Universidade, Mário Sottomayor Cardia:
futebol português e é, neste espírito de serviço, que
“hábito mental, espírito crítico, predisposição inteleceste artigo poderá compreender-se. No seu livro Post
tual” – tudo isto que está, paulatinamente, a emergir do
Capitalist Society, Peter F. Drucker refere que “as
mudanças que mais profundamente afectam os vários departamento de futebol onde trabalho. Porque eu lá
saberes não vêm das suas próprias áreas, mas doutras estou? Não, porque o Jorge Jesus o quer!
SJPF alerta para
as dificuldades no
futebol português
MANUEL SÉRGIO
“
Para saber de futebol,
é preciso saber mais
do que futebol
”
58
Benfica contrata Yannick Djaló
SJPF auxilia Jô na desvinculação
da União de Leiria.
59
LAZER
carros
Ford C-Max 1.6 TDCi Titanium
Exeo
renovado
O Ford C-Max é um dos monovolumes
preferidos dos portugueses. Mas nem sequer
é campeão do espaço e da flexibilidade, tão
apreciados num automóvel deste género. Atrás
há três bancos individuais, mas o passageiro
do meio não viaja tão à vontade como os das
pontas, uma vez que o banco é mais pequeno.
Em termos de modularidade é apenas possível
retirar este banco central e ficar com dois
lugares traseiros mais centrados e desafogados. Os bancos traseiros não deslizam longitudinalmente, o que diminui a versatilidade. A
bagageira conta com 471 litros de capacidade.
A qualidade de construção é muito boa e a
solidez da montagem nota-se em praticamente
todos os pormenores.
Cilindrada (cc) 1560
Potência (CV) 115
Binário máximo (N.m) 370
Velocidade máxima (km/h) 184
0-100 km/h (s) 11,3
Consumo médio (l/100 km) 4,6
Emissões de CO2 (g/km) 114
Preço (euros) 28 440
Boa dinâmica
Seat Exeo ST 2.0 TDI 143 Style
A Seat decidiu renovar o Exeo e o resultado
final é bastante satisfatório. Ao nível do
design, nesta versão carrinha (ST) realce para
a frente redesenhada com novas ópticas – no
caso das versões bi-xenon, as luzes diurnas
são em LED.
A gama de motores Diesel surge também mais
eficiente, tendo as emissões sido reduzidas
na ordem dos cinco por cento neste motor 2.0
TDI de 143 CV.
Este bloco oferece 320 Nm às 1750 rpm, o
que faz com que a caixa automática (neste
caso) não tenha que se esforçar muito para
satisfazer as necessidades do condutor.
A caixa pode ser usada também em modo
manual, quer no selector, quer nas patilhas
atrás do volante, com sete velocidades prédefinidas.
O conforto da família não é esquecido e
mesmo sendo uma marca com “emoción”,
O motor mais relevante para o mercado português é o 1.6 TDCI de 115 CV. Associado a uma
caixa manual de seis velocidades, consegue
boas prestações. O C-Max responde muito bem
dinamicamente, com um chassis muito equilibrado, sem que se perca o conforto. A direcção
dá uma boa ajuda.
neste segmento há valores que são fundamentais. Ainda assim, por ser uma plataforma
com alguns anos, nota-se a falta de espaço no
banco traseiro. A bagageira oferece 442 litros.
A Exeo ST está bem equipada. Dos faróis de
xénon, à navegação, bancos aquecidos, sensores de estacionamento, de luz e de chuva,
há configurações para todos os gostos. A
qualidade dos materiais foi melhorada e foram
adicionadas novas cores. O preço desta versão
automática é de 36 925 euros.
Cilindrada (cc) 1968
Potência (CV) 143
Binário máximo (N.m) 320
Velocidade máxima (km/h) 201
0-100 km/h (s) 9,6
Consumo médio (l/100 km) 5,5
Emissões de CO2 (g/km) 146
Preço (euros) 36 925
60
61
LAZER
LAZER
relógios
jogos
Hino ao automóvel
GARMIN Líder em equipamentos de navegação por GPS, a Garmin propõe o Approach S1W, relógio de pulso com GPS integrado concebido para jogar golfe. Preço: 199 euros.
BREITLING O Bentley Supersports ISR Limited Edition consegue aliar a elegância britânica à perícia helvética. Pormenores a recordarem os botões de comando dos
modelos da Bentley.
TAG HEUER Design e precisão são os valores que estão na base da parceria entre a TAG Heuer e a Mercedes-Benz e que permitiram criar o TAG Heuer 300 SLR Calibre
1887 Chronograph. Preço: 4250 euros.
“Forza Motorsport 4” é um grande jogo de corridas
que assenta em quatro bases: a jogabilidade, os
modos de jogo, o aspecto gráfico e quantidade infinita de carros e pistas. E para além disso, conta
ainda com a participação de Jeremy Clarkson, do
programa “Top Gear”.
Estão presentes mais de 80 marcas de
automóveis – a Porsche é a grande ausente. A
nível visual, “Forza Motorsport 4” deslumbra. As
cores, as sombras, a luz, tudo parece realista ao
máximo, mas a grande qualidade está na física
utilizada para a experiência de condução e aqui
só falta mesmo o volante para parecer que é
real.
Apesar de tudo nota negativa para o facto de
inexistirem corridas nocturnas e a interferência
dos elementos climatéricos nas corridas. Ao nível
do som, realce para o “roncar” dos motores.
Já a banda sonora deixa algo a desejar.
Para os novatos na condução existem um
conjunto de ajudas como a linha ideal, travagem
e controlos de estabilidade ou tracção, já os
profissionais podem desligar todos estes sistemas
e mostrarem o que valem e acelerar a fundo!
Para controlar o
tempo
Vamos salvar o Planeta
GRIEB & BENZINGER O Blue Ocean é uma obra prima da relojoaria mecânica e um modelo brilhante ao nível do design tornando-o numa peça absolutamente única.
CARTIER O Promenade d’une Panthère é um modelo com diamantes que opta por um mecanismo feito por medida para incluir a icónica pantera da Cartier.
HERMÈS Os 72 diamantes que decoram a caixa em aço de 26 mm acentuam a forma original do relógio: o icónico H da Hermès. A pulseira é facilmente substituída por uma outra.
62
“Anno 2070” faz uma previsão pessimista do futuro
da Terra. Este jogo mostra o Planeta mergulhada
num caos ambiental, precisamente em 2070. O
aquecimento global levou ao aumento do nível da
água do mar e mudou a face da Terra. O papel do
jogador será o de um conciliador entre as várias
facções que se criaram e que disputam agora o
poder no meio desta crise. O objectivo final é salvar
a humanidade e rentabilizar da melhor forma possível os recursos que ainda existem.
Os primeiros momentos em “Anno 2070” são os
fundamentais para se amar ou odiar o jogo. Os
menus oferecem tantas funcionalidades que nem
se sabe muito bem por onde começar, o que fazer,
quais as prioridades, enfim muita informação
não significa boa informação. Em “Anno 2070”
63
as construções são o mais importante. Quando
se chega a um local para colonizar explorar
recursos, a construção de infra-estruturas ganha
especial importância, pois são estas que vão ser
fundamentais para o desenvolvimento da colónia
e vão estar interligadas. O aspecto gráfico cumpre
na íntegra os objectivos de um jogo que não tem
grandes pretensões a este nível.
Estádio das antas
Características:
o – Inauguração: 28/5/1952
000 – Arquitecto: Oldemiro Carneir
75
:
ção
Lota
–
x78
105
:
idas
Med
Rui Barros
O Estádio das Antas situava-se na parte leste da cidade do Porto, bem perto onde fica
actualmente o novo estádio do FC Porto, o Estádio do Dragão.
A história da construção do estádio das Antas é singular pois houve um sócio, em 1949,
que pagou o salário do primeiro dia de trabalho a todos os operários. A solidariedade da
população da cidade e da região para com o FC Porto também ficou bem patente quando
dezenas de camionetas, autocarros seguiram em cortejo para o estádio levando material de
construção.
Ao longo do processo foi necessário comprar terrenos adjacentes aos originais, pois concluiu-se que 48 mil metros quadrados não seriam suficientes para o complexo desportivo que
o FC Porto pretendia construir.
Depois de comprados os referidos terrenos, a área total ascendeu aos 63 220 metros
quadrados com uma capacidade original na ordem dos 44 mil espectadores, distribuídos
por três bancadas – duas superiores e uma lateral. O lado leste do campo não tinha
bancada, sendo chamado de Porta da Maratona. Só em 1976, esta zona foi fechada ficando
o estádio com uma capacidade de 65 mil espectadores.
No final de 1986, foi aumentada a capacidade para 95 000 lugares e na década seguinte
ocorreu o gradual encadeirado tendo a capacidade do estádio diminuído para 55 mil
lugares.
Rui Barros, médio internacional português, jogou neste estádio durante sete épocas e conta
que “foi um sonho realizado” ter jogado neste mesmo recinto. “Neste estádio jogaram
muitos dos meus ídolos e depois ter chegado a profissional e jogado ao lado deles foi algo
de memorável”, adianta.
“Foram sete anos de muitas vitórias e poucas tristezas”, acrescenta o antigo camisola 8 dos
dragões.
Agora com 46 anos, Rui Barros fala ainda do público vibrante que havia naquele estádio.
“Havia uma parte da bancada que era chamada de tribunal e nós sabíamos no caso de
olhar para lá ou pelos sons emitidos se estávamos a jogar bem ou mal. Por tudo isto é que
o estádio das Antas é o meu preferido.”, conclui o antigo internacional português.
64
Rui Barros
Nacionalidade: Portugal
Idade: 46 anos
Naturalidade: São Salvador de Lordelo, Paredes
Posição: Médio
Clubes: FC Porto, Sp.
Covilhã, Varzim, Juventus,
Mónaco e Marselha
Internacional por Portugal
65
O MEU ESTÁDIO
regresso à infância
Nuno Silva
36 anos, defesa
“Sempre duas pedrinhas
para marcar a baliza”
66
Quando teve noção de que gostavas de
futebol?
Foi desde muito novo mas mais a sério foi
quando entrei para os juvenis.
Participou em muitos jogos de bairro?
Sim, muitos. A minha infância foi toda passada a
jogar à bola no bairro (Lisboa).
E que tipo campos eram?
Ou era na estrada, quando não passavam os
carros, ou então num descampado que havia
perto das nossas casas.
Jogava em que posição?
Nessa altura jogava em todo o lado.
Dividiam-se as equipas por clubes?
Por vezes, sim.
Tinha alcunha?
Ainda não tinha nessa altura.
Assumia que era algum jogador conhecido?
Nessa altura torcia pelo Sporting, e encarnava
naqueles que marcavam golos como o Manuel
Fernandes e o Jordão.
Para além da bola, o que não podia faltar?
Os amigos.
E as balizas marcadas com pedras?
Sempre com as duas pedrinhas para marcar a
baliza.
Mudava aos quantos e terminava aos
quantos?
Por vezes. Quando só havia duas equipas era até
anoitecer.
Primeiro a bola ou a namorada?
A bola, nessa altura nem se pensava nisso.
O gordo é que ia à baliza?
Era sempre o gordinho na baliza ou então o
dono da bola que não tinha grande jeito.
Muitos joelhos esfolados?
Muitas vezes.
Havia algum ”chato” que não gostava de
ver a malta a jogar?
Geralmente eram as porteiras porque íamos, por
vezes, para perto de prédios e lá vinham elas
expulsar-nos de lá mas voltava-se depois.
E a ligação com esses amigos dessa
altura, continua?
Foi-se perdendo o contacto mas quando regresso a Lisboa, a malta volta a encontrar-se para
meter a conversa em dia.
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68