Untitled - Secretaria Municipal da Educação

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Untitled - Secretaria Municipal da Educação
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APRESENTAÇÂO
A UNICED – Universidade Aberta da Educação é um ambiente virtual de
aprendizagem que disponibiliza cursos on-line voltados para o setor público. É
uma iniciativa da Open-School, e visa a desenvolver um projeto voltado para a
melhoria da qualificação profissional e do desempenho das competências dos
servidores públicos.
Este curso é dividido em três temas: Refletindo sobre a Linguagem,
Construindo o Texto e Fazendo e Aprendendo. Você pode iniciar pelo tema
de seu interesse, na ordem que desejar.
Não basta ser falante da Língua Portuguesa! É preciso cuidar desse nosso
fantástico instrumento de comunicação. “Quem ama cuida”, não é? E por que
amamos nossa língua? Porque ela viabiliza o interagir com o outro; preserva a
memória histórica; perpetua a cultura; difunde os valores; recria o REAL,
através da Literatura; exterioriza os sentimentos; pede e concede o perdão;
permite o lamento; escancara o amor; murmura o verdadeiro elogio; grita o ódio
e a calúnia; conclama todos à paz!
Fazendo esse curso, você terá uma grande oportunidade de ter um
conhecimento maior dos fatos lingüísticos e, portanto uma compreensão,
talvez, mais racional da norma culta e de informações significativas sobre a
Língua. Isso refletirá sobre sua produção de textos, facilitando a expressão
escrita tão temida por uns e fluindo a expressão oral que nos torna, em geral,
tão vermelhos de insegurança.
Estamos contando com a sua participação neste curso! Ele foi planejado para
que você conheça mais a sua Língua, descubra seus segredos e, enfim, por
ela se apaixone! Não se faz nada sem paixão, não é mesmo?
Sucesso!
EQUIPE UNICED
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SUMÁRIO
Tema 1 - Refletindo sobre a Linguagem
1.1 - Língua e Linguagem
1.1.1.- Língua, Linguagem, Fala e Discurso ..................................................... 05
1.1.2.- Linguagem Oral e Linguagem Escrita ................................................... 11
1.1.3 -Língua e Realidade ................................................................................ 16
1.2. Diversidade Lingüística
1.2.1 - Variações Lingüísticas .......................................................................... 25
1.3. A Importância da Leitura
1.3.1 - A Leitura da Palavra e Leitura do Mundo ......................................
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1.4. A palavra e a idéia
1.4.1 - Palavra, pensamento e ação.................................................................. 37
1.4.2 - Conhecendo as palavras........................................................................ 44
Tema 2 - Construindo o Texto
2.1 Quebrando as Barreiras
2.1.1 - Tecendo o Texto ................................................................................... 50
2.1.2 - Produzindo o Texto ............................................................................... 58
2.1.3 - Modelando o Texto ................................................................................ 66
2.1.4 - Passeando pela Gramática ................................................................... 75
2.1.5 - Descomplicando a Língua ..................................................................... 82
2.1.6 - Descobrindo os Segredos ..................................................................... 89
2.1.7 - Desvendando os Mistérios .................................................................... 96
2.1.8 - Parando para Refletir ............................................................................ 104
2.1.9 - Procurando a Saída .............................................................................. 112
2.1.10 Encontrando a Saída ............................................................................. 118
2.1.11 Aparando as Arestas ............................................................................. 132
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Tema 3 - Fazendo e Aprendendo
3.1 – A Teoria na Prática, É Outra
3.1.1 – Interagindo com a Gramática...................................................................137
3.1.2 – Nas Veredas da Gramática.....................................................................152
3.1.3 – Fazendo e (Re)aprendendo ...................................................................168
Glossário ............................................................................................................185
Bibliografia..........................................................................................................195
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Assunto 1.1 - Língua e Linguagem
Unidade 1.1.1 - Língua, Linguagem, Fala e Discurso
TEORIA
Vamos refletir sobre a Língua Portuguesa? E quando falamos em Língua
Portuguesa, estamos também nos referindo à forma como ela tem sido
trabalhada nas instituições de ensino.
Para iniciarmos o processo de construção do conhecimento da nossa língua
pátria, que tal a leitura de um poema de Carlos Drummond de Andrade sobre
as aulas de Português?
AULA DE PORTUGUÊS
A linguagem
Na ponta da língua
Tão fácil de falar
E de entender.
A linguagem
Na superfície estrelada de letras,
Sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
E vai desmatando
O amazonas da minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me,
seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
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REFLEXÃO
Pense um pouco sobre as pessoas que utilizam, diariamente, a nossa língua.
Reflita, também, sobre as várias formas de a utilizarem: na família, no trabalho,
nos discursos de formatura, nos documentos oficiais, nas teses acadêmicas,
nas conversas de botequim.
A variação lingüística observada é muito acentuada? Será que existem várias
línguas portuguesas?
TEORIA
A Língua Portuguesa pode assumir diferentes
formas, nas diversas situações em que é usada. A
língua falada é, por exemplo, diferente da língua
escrita. A língua escrita é, geralmente, mais
elaborada que a língua falada. A linguagem cuidada
emprega um vocabulário mais preciso, mais raro, e
uma sintaxe mais elaborada que a da linguagem
comum.
A linguagem oratória, por outro lado, cultiva os
efeitos sintáticos, rítmicos e sonoros e utiliza
imagens para enriquecer o texto. As linguagens
familiar e popular recorrem às expressões
pitorescas, à gíria, e muitas de suas construções
são tidas como incorreções graves, nos níveis
de maior formalidade.
A língua, portanto, também, varia, de acordo com as regiões e as situações
onde é usada. Observe o registro abaixo, concluindo acerca das variedades da
Língua Portuguesa.
“Você, em Portugal, é um tratamento respeitoso, de cerimônia. Na França, é
completamente diferente: você chama o motorista de vous (que corresponde
ao Senhor, em português). O tu (que seria você) é dado somente para as
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pessoas com quem você tem intimidade, não tem
nada a ver com classe social. Você vai engraxar o
sapato, chama o engraxate de vous; vai numa loja
e chama o balconista de vous; no Brasil ele é
tratado de você. Lá, se você tem intimidade, trata
de tu, ou você. Quando não tem intimidade,
chama de senhor, de vous. No Brasil é diferente.
O tratamento você (sic) é aplicado como se fosse
uma forma de respeito, mas na realidade
estabelece diferenças de classes sociais.
A gente chama o motorista de você, mas o médico é tratado de senhor, então
fica preconceituoso. E programa de televisão que entrevista um engraxate e
logo depois um ministro, como o meu, não pode chamar o engraxate de
senhor, porque vai ficar ridículo, porque o tratamento padrão com ele é o
”você”, e não pode tratar o ministro de senhor, logo depois. Ficaria muito ruim,
seria uma diferença de classe social”. (Jô Soares, in Tramontina, 1996: 183184 )
CURIOSIDADE
Aproximadamente, a sétima parte
da
Terra
expressa-se
em
português, ou seja, cerca de
10.686.145 km2 estão sob o
domínio político desse idioma,
assim divididos: 91.831 km2
pertencentes a Portugal, 2.078.277
km2 às ex-colônias portuguesas na
África, Ásia e Oceania e 8.516.037
km2 ao Brasil.
De onde vem esta língua tão
difundida no mundo e apenas
superada em número de falantes
pelo chinês, inglês, russo, hindu,
árabe e espanhol?
TEORIA
O português é de origem latina e, por isso, pertence ao grupo das línguas
neolatinas ou românicas do qual fazem parte, também, o espanhol, o catalão,
o francês, o provençal, o italiano, o romeno, o rético, o sardo e o dalmático.
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DICAS
Leia o texto Papos, de Luís Fernando Veríssimo, refletindo sobre as normas
gramaticais.
PAPOS
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto é “disseram-me”. Não
“me disseram”.
- Eu falo como quero. E te digo
mais...Ou é “digo-te”?
- O quê?
- Digo-te que você...
- O ”te” e o “você” não combinam.
- Lhe digo?
- Também não? O que você ia me
dizer?
- Que você está sendo grosseiro,
pedante e chato. E que eu vou te
partir a cara. Lhe partir a cara. Partir
a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Partir-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece - me. Falo como bem entender.
Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Eu só estava querendo...
- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderamme?
- No caso...não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece”
ou“esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não
sabes -o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
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- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que
mas dás.Mas não posso mais dizer-lo-te o que
dizer-te-ia.
- Por quê?
- Porque, com todo esse papo, esqueci-lo.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na
escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001).
COMENTÁRIOS
Que texto legal! Você gostou da abordagem de Luís Fernando Veríssimo?
Percebeu como ele brinca com a Língua Portuguesa e o nó que as regras
podem dar na nossa cabeça?
A Língua Portuguesa, às vezes, provoca muitas dúvidas. Por isso, muita
atenção, quando escrever ou falar.
TEORIA
Por que encontramos, nos romances, nos textos jornalísticos, o pronome
átono, iniciando orações, textos “– Me disseram ou disseram-me?” A gramática
normativa, que nomeia essa ocorrência lingüística de próclise (colocação do
pronome átono antes do verbo) condena o uso dos pronomes átonos (me, te,
se, o, a, lhe, nos, vos, lhes) antes do verbo, no início de orações. Por que isso
continua ocorrendo em determinados tipos de textos?
Os jornalistas e, sobretudo, os poetas têm a
permissão de se afastar da norma culta, em
nome da clareza, do bom entendimento e da
criatividade. Precisamos ter muito cuidado.
Devemos estar atentos para a norma culta, sem
sacrificar, no entanto, a criatividade.
A língua é o nosso principal instrumento de
comunicação. Ela possibilita o intercâmbio entre
os membros de uma sociedade, sofrendo, por
isso, influências dessa mesma sociedade.
Qual a diferença entre língua e linguagem?
Língua é o conjunto das palavras e expressões usadas por um povo, por uma
nação. É o conjunto de regras da sua gramática. Língua, nesse caso, é
sinônimo de idioma. A língua é também, o conjunto de variedades lingüísticas
que, por razões culturais, políticas, históricas, geográficas, é considerado como
entidade única que delimita uma comunidade lingüística.
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Linguagem é o uso da palavra articulada (oral) ou escrita, como meio de
expressão e de comunicação entre pessoas. É, enfim, todo sistema de signos
que serve de meio de comunicação entre indivíduos e pode ser percebido
pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a se distinguir uma linguagem
visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem tátil, etc., ou, ainda, outras
mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos.
Como entender, nesse contexto, o significado de fala e discurso? Fala e
discurso são manifestações concretas da língua. São, portanto, expressões da
língua.
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Assunto 1.1 - Língua e Linguagem
Unidade 1.1.2 - Linguagem Oral e Linguagem Escrita
HISTÓRIA
Vamos ver, agora, uma história?
Abordaram uma criança de rua - um menino
analfabeto - acerca da grande necessidade de se
aprender a ler e escrever. Disseram-lhe, então,
que tudo seria facilitado para ele - pegar um
ônibus, passar troco, identificar o nome das ruas e
avenidas. Ele, com a expressão de vencedor,
respondeu: - Eu consigo fazer tudo isso, sem
saber nenhuma letra. Os buzus, eu conheço
pelas cores; troco, eu nem tenho dinheiro pra
passar; as ruas, eu conheço, porque é aí que eu
moro! Por que, então, é bom saber ler e escrever?
O imediatismo da vida dessas crianças passa para elas uma idéia equivocada
da importância do aprendizado da leitura e da escrita.
TEORIA
O processo da comunicação
realiza-se pela linguagem oral ou
pela linguagem escrita. Apesar da
língua ser a mesma, a expressão
escrita é muito diferente da oral.
Você acha que alguém fala como
escreve?
A escrita apareceu depois da língua
oral. A escrita é, portanto, um
sucedâneo da fala.
Antigamente, só existia a língua
falada, a escrita apareceu em fases
mais avançadas da civilização.
Apesar do prestígio da escrita, a
linguagem oral serviu-lhe de base,
sendo a primeira, apenas, uma
tentativa imperfeita de reprodução
gráfica dos sons da língua.
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Exercício de fixação
Vamos fazer um exercício para melhor fixação do conteúdo?
Observe que as frases que se seguem são exemplos da linguagem oral e da
linguagem escrita. Apenas a significação é a mesma, a forma de expressão é
diversa. Identifique as sentenças que são semelhantes, diferentes, apenas,
quanto à coloquialidade e/ou formalidade.
( 1) Vou sair logo, logo.
( 2) Venha, tá tudo bem.
(3 ) Ele ia ao médico, se você estivesse aqui.
(4 ) Amanhã, chego às 10 horas.
( 5) O doce que mais gosto é de banana.
( ) Amanhã, chegarei às 10 horas.
( ) Ele iria ao médico, se você estivesse aqui.
( ) Sairei, imediatamente.
( ) Venha, pois tudo está bem.
( ) O doce de que mais gosto é o de banana.
Gabarito: 4, 3, 1, 2, 5.
Segundo o filólogo brasileiro Mattoso Câmara, é através da posse e do uso da
linguagem, é falando oralmente ao próximo ou mentalmente a nós mesmos,
que conseguimos organizar o nosso pensamento, tornando–o articulado,
concatenado e nítido. A linguagem aperfeiçoa a capacidade de pensar.
No entanto, sabemos que a língua, sobretudo a escrita e, quando bem
articulada, é um elemento de poder, legitimando-se como um diferencial
relevante para todo cidadão. Escrever é uma atividade social indispensável; é
um processo de descoberta. Não é uma prerrogativa apenas de literatos.
Saber escrever é adquirir possibilidades mais amplas de participação social.
Todos nós, conhecedores de um assunto, somos, em princípio, capazes de
escrever sobre ele.
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COMENTÁRIOS
Sem o domínio da língua formal, culta, é impossível alcançar determinados
níveis de conhecimento. Simplificar a língua seria o mesmo que simplificar o
raciocínio e não se pode cortar os neurônios pela metade.
TEORIA
A linguagem oral é adquirida,
naturalmente, na comunidade de
entorno,
sem
maiores
sistematizações. Ela é, portanto,
apreendida.
A linguagem escrita demanda um
aprendizado
sistemático,
o
conhecimento das regras e padrões
da norma culta, uma rigidez formal
e um sentido claro, dentro dos
princípios da coerência e da
coesão.
Um aspecto extremamente relevante e definidor da oralidade e da escrita é a
importância da presença ou não dos interlocutores no discurso. Na linguagem
oral, observa-se a flutuação temática (mudança constante de tema), porque
emissor e receptor estão presentes para os devidos esclarecimentos. Na
escrita, exige-se uma unidade temática, tendo em vista a distância entre
emissor e receptor e, portanto, a impossibilidade de esclarecer as dúvidas. A
coerência, a coesão e a clareza, aí, são mais exigidas em nome de um bom
texto.
Outro aspecto muito importante é o
significado
dos
gestos,
da
expressão fisionômica, do olhar, do
riso, e até mesmo, do não-dito, na
oralidade.Todos esses aspectos
auxiliam na compreensão do texto
oral.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Vamos, agora, descobrir, na prática, as diferenças entre a linguagem oral e a
linguagem escrita!
Faça a associação dos números, observando os traços que caracterizam a
linguagem oral e os que caracterizam a linguagem escrita.
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(1) Linguagem escrita
(2) Linguagem oral
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
)
)
)
)
Presença do interlocutor.
Unidade temática(tratar de um só tema, no decorrer da comunicação).
Uso de gestos, expressão facial.
Flutuação temática( ter a possibilidade de, abordando um tema, fazer
várias digressões, falar de outros assuntos, sem comprometer a
compreensão da temática principal).
) Frases curtas.
) Censura lingüística rígida.
) Ausência do interlocutor.
) Despreocupação com a linguagem( espontaneidade).
) Uso de sinais gráficos ( pontuação, acentuação).
) Frases mais longas.
) Aprendizagem artificial.
) Aprendizagem natural.
Gabarito: 2,1,2,2,2,1,1,2,1,1,1,2.
COMENTÁRIOS
Você se lembra quantas vezes já vacilou diante da escrita de algumas
palavras, da colocação de uma vírgula, do desafio da folha em branco, ao
escrever uma carta, um relatório, uma comunicação interna, uma
mensagem de amor?
DICAS
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade e procure vencer a
barreira da escrita! O texto é a exteriorização do sentimento que inunda a
alma. Os sentimentos e as idéias precedem a produção do texto oral ou
escrito.
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
ANDRADE, Carlos Drummond de.Reunião – 10 livros de poesia. 10. ed.Rio
de Janeiro, José Olympio, 1980. p. 16.
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COMENTÁRIOS
Mas... Pensemos um pouquinho! É a Língua Portuguesa que é difícil,
inatingível? É a gramática que nos aprisiona com suas regras - redes tão
emaranhadas - distanciando-nos da linguagem coloquial? É o domínio do
universo das letras, conferido a poucos, que nos causa inibição?
Será que é a televisão, a maldita
mania de ficar preso à telinha, que
dificulta a nossa expressão escrita?
Por que não ler um bom livro? Por
que não usar nossa fantástica
imaginação,
na
criação
dos
personagens e na recriação da
história, do ambiente e do tempo
que
os
romances
nos
proporcionam?
Como
refletir,
decodificar as informações, ler o
mundo, se o uso da linguagem é tão
sofrido e se não comandamos mais
a nossa vontade?
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Assunto 1.1 - Língua e Linguagem
Unidade 1.1.3 - Língua e Realidade
TEORIA
A linguagem reflete a realidade ou a realidade reproduz a linguagem?
Na
vida
social,
é,
quase
exclusivamente,
através
da
linguagem, que nos comunicamos
uns com os outros. A linguagem
permite-nos a troca de idéias, a
organização do pensamento, a
construção do conhecimento, a
interação com o outro. Assim, cada
um de nós tem de saber usar uma
boa linguagem para desempenhar o
seu papel de indivíduo humano e de
membro
de
uma
sociedade
humana. A linguagem tem, portanto,
uma função prática, na vida humana
e social.
DICAS
Carlos Drummond de Andrade vem ao nosso encontro, ilustrando, com uma
crônica, a necessidade de conhecimento, ampliação, adequação e seleção do
vocabulário para entendermos melhor o mundo, a realidade e os outros. Leia,
com muita atenção.
Recalcitrante
- O senhor aí, cavalheiro, quer cutucar o braço do distinto pra ele me prestar
atenção?
- O cavalheiro, vê lá se ia se meter numa dessas. Ignorou, olímpico, a marcha
do caso terrestre.
Embora sem surpresa, o cobrador coçou a
cabeça. Sabia de experiência própria que
passageiro nenhum quer entrar numa fria. Ficam
de camarote, espiando o circo pegar fogo. Teve
pois que sair do seu trono, pobre trono de
trocador, fazendo a difícil ginástica de sempre.
Bateu no ombro do rapaz:
- Vamos levantar?
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- O outro mal olhou para ele, do longe de sua distância espiritual. Insistiu:
- Como é, não levanta?
- Estou bem aqui.
- Eu sei, mas é preciso levantar.
- Levantar pra quê?
- Pra quê, não. Por quê. Seu calção está molhado de água do mar.
- Tem certeza que é água do mar?
- Tá na cara.
- Como tá na cara? Analisou?
Forrou-se de paciência para responder:
- Olha, o senhor está de calção de banho, o senhor veio da praia, que água
pode ser essa que está pingando se não for água do mar? Só se...
- Se o quê?
- Nada.
- Vamos, diz o que pensou.
- Não pensei nada. Digo que o senhor tem de levantar, porque seu calção está
ensopado e vai fazendo uma lagoa aí embaixo.
- E daí?
- Daí, que é proibido.
- Proibido suar?
- Claro que não.
- Pois eu estou suando, sabe? Não
posso suar sentado, com esse
calorão de janeiro? Tenho que suar
de pé?
- Nunca vi suar tanto na minha vida.
Desculpe, mas a portaria não
permite.
- Que portaria?
- Aquela pregada ali, não está vendo? “O passageiro, ainda que com roupa
sobre as vestes de banho molhadas, somente poderá viajar de pé.”
- Portaria nenhuma diz que o passageiro suado tem que viajar de pé. Papo
findo, tá bom?
- O senhor está desrespeitando a portaria e eu tenho que convidar o senhor a
descer do ônibus.
- Eu, descer porque estou suando? Sem essa.
- O ônibus vai parar e eu chamo a polícia.
- A polícia vai me prender porque
estou suando?
- Vai botar o senhor pra fora porque
é um ... recalcitrante.
O passageiro pulou, transfigurado:
- O quê? Repita, se for capaz.
- Re ... calcitrante.
- Te quebro a cara, ouviu? Não
admito que ninguém me insulte!
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- Eu? Não insultei.
- Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá o que é
isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha.
- Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante...
- Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá o que é
isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha.
- Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante...
- Não tenho nada com a portaria. Tenho é com você, seu cretino. Retira já a
expressão, ou... Retira não retira, o ônibus chegou ao meu destino, e eu paro
infalivelmente no meu destino. Fiquei sem saber que conseqüências físicas e
outras teve o emprego da palavra “recalcitrante”.
(Carlos Drummond de Andrade, De notícias & não-notícias faz-se a crônica.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1975.)
COMENTÁRIOS
Saber usar bem a língua pátria é uma obrigação cívica, enquanto falante; um
elemento legítimo de poder, enquanto cidadão; um cuidado com a
competência, como profissional; um sinal de respeito ao nosso idioma; um zelo
com a preservação da memória cultural e, sobretudo, um amor, sem limites, ao
nosso povo e ao nosso país.
Não é à toa que o poder usa a linguagem para dominar, convencer. É
inquestionável a capacidade de persuasão das palavras!
Por que os escritores e os intelectuais, de uma maneira geral, são mal vistos
nos regimes ditatoriais?
Por que Hitler queimou os livros?
Por que todo país, com um índice alarmante de analfabetismo é, em geral, um
país pobre, desigual, injusto e preconceituoso?
Por que o sentimento diante de um envelope lacrado, com resultados de
exames laboratoriais; com um convite da Receita Federal; com uma carta do
namorado; com o extrato bancário é de inquietação e de perplexidade - uma
ansiedade mal disfarçada, um medo, uma dúvida?
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A palavra legitima, define, esclarece (ou não) a verdade. Portanto, alguns a
temem.
REFLEXÕES
Reflita, agora, sobre os questionamentos abaixo.
Por que todos nós subestimamos alguém que se preocupa em usar a língua
culta? Por que consideramos que errar na própria língua é coisa pouco
importante e, por isso mesmo, de menor relevância?
Pense um pouco. O que lhe causa
maior constrangimento? Revelar
para os outros que tem dúvidas ou
não sabe realizar uma operação
matemática, que desconhece as
capitais de alguns países ou ser
observado por alguém por cometer
um erro de Português? Claro que a
última hipótese! Errar na própria
língua evidencia não apenas a
fragilidade do falante, mas uma
desqualificação
pessoal
e
profissional e nos mata de
vergonha. Não raro, ficamos
vermelhos, perguntando, baixinho,
qual é o certo?
DICAS
Vamos ler o que Daniela Silva, jovem repórter do jornal A Tarde, de Salvador,
tem a nos dizer sobre os erros na língua-pátria.
A língua portuguesa é considerada uma das mais belas do mundo. Porém, nem
sempre é respeitada como deveria. Erros de português graves são cometidos
por toda parte – nos letreiros, nos anúncios... E não é um problema
exclusivamente atrelado ao nível de analfabetismo do País. Falhas gravíssimas
também são cometidas por profissionais de alto escalão. Acredite!
Por deficiência de formação ou descuido, executivos e empresários também
andam “derrapando” na hora de escrever. Com a comunicação instantânea,
viabilizada pela Internet, estes erros têm adquirido ainda mais evidência, para
assombro de quem se comunica obrigatoriamente pela língua escrita. Um “s”
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no lugar do “z”, um “s” em vez de um “c” pode até parecer um errinho bobo,
mas não é assim. Pisar na bola com o português é sinônimo de falta de
domínio lingüístico e descaso com o idioma. Mas a parte pior do problema é
que pode prejudicar seriamente a imagem do profissional e da empresa.
Não são só os erros de grafia que assustam. Concordar nomes e verbos de
forma inadequada também incomoda e até constrange qualquer fiel ao
Português que é surpreendido com uma falha do gênero. Mas, apesar de
muitos acharem o nosso idioma difícil de aprender, o consultor empresarial, na
área de comunicação, Carlos Pimentel, tranqüiliza a todos. Por meio de cursos
e leitura, qualquer pessoa pode superar as dificuldades com o Português. O
grande passo é começar. Ler os clássicos, como Machado de Assis, também
ajuda muito, ressalta o consultor. “Lendo estes autores você aprende
Português sem sentir. O cérebro precisa de musculação e a leitura é o
exercício ideal”, completa.
A maneira mais eficiente de aprimorar a escrita é praticando-a. Isso funciona,
usando como estímulo as mais variadas situações, como assistir a um filme e
depois colocar no papel os seus comentários sobre a película. Ler um livro e,
em seguida, fazer uma resenha. “Todos têm condições de escrever bem, basta
querer aprender, exercitar”, afirma Pimentel.
E quem não quiser ficar fora do mercado é bom não se descuidar da língua. A
exigência de dominar o idioma nativo não é só para quem está começando ou
para quem está sendo avaliado em um processo de seleção. É importante,
sobretudo, para quem deseja crescer na empresa, frisa Pimentel.
(Daniela Silva. A TARDE. 15/04/2001)
COMENTÁRIOS
Gostou? Sente-se mais comprometido (a) com o seu idioma?
Veja, agora, como o desconhecimento lingüístico compromete socialmente o
falante!
DICAS
ELOQÜÊNCIA SINGULAR
Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:
- Senhor Presidente: não sou daqueles que...
O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto,
podia perfeitamente ser o singular:
- Não sou daqueles que...
Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa. Vontade de aproveitar-se do
gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura pra mim
como é que é, me tira desta...
- Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.
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- Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso:
e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha
existência, depois de mais de vinte anos de vida pública ...
E entrava por novos desvios:
- Muito embora... sabendo perfeitamente ... os imperativos de minha
consciência cívica ... senhor Presidente ... e o declaro peremptoriamente ... não
sou daqueles que ...
- O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia
mais por onde fugir :
- Senhor Presidente, meus nobres colegas!
Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:
- Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.
Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palavras romperam. Muito
bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.
(Fernando Sabino. A companheira de viagem. Rio de Janeiro, Sabiá, 1972.)
COMENTÁRIOS
Por que o nobre deputado não conseguia terminar a frase? O que houve?
Você já sentiu esse tipo de dificuldade? Que dificuldade era essa? O universo
vocabular do “ilustre deputado” era diferente do da platéia? Eles usavam o
mesmo código? Havia um interesse comum em que a mensagem continuasse
a ser transmitida? O “ilustre” deputado conhecia, de verdade, a Língua
Portuguesa?
TEORIA
Para realizarmos bem a nossa
língua,
para
sermos
bem
entendidos, para entendermos os
outros, é necessário que emissor e
receptor realizem o mesmo código;
que ambos estejam motivados para
a comunicação; que o universo
vocabular seja comum entre eles;
que a mensagem seja do interesse
dos
dois;
que
haja
um
conhecimento mínimo da estrutura
do nosso idioma e dos fatos
lingüísticos.
Já afirmamos anteriormente que é pela posse e uso da linguagem que
conseguimos organizar o nosso pensamento e torná-lo articulado, concatenado
e nítido.
Assim, as crianças, a partir do momento em que, rigorosamente, adquirem o
manejo da língua dos adultos e deixam para trás o balbucio e a expressão
fragmentada e difusa, desenvolvem, consideravelmente, o raciocínio. Esse fato
21
não só decorre do desenvolvimento do cérebro, mas, também, da circunstância
de que o indivíduo dispõe, agora, da língua materna, a serviço de todo o seu
trabalho de atividade mental.
O estudo sistemático dos caracteres e aplicações desse novo e preciso
instrumento, aperfeiçoa, cada vez mais, a capacidade de pensar. Veja, caro
treinando, que são atividades concomitantes! Assim, também, ocorre com o
operário. À medida que ele domina, conhece, e está seguro das ferramentas da
sua profissão, vai aperfeiçoando seu trabalho.
Dentre as funções da linguagem, destacamos como uma das mais essenciais
a possibilidade de expressar o pensamento, permitindo uma comunicação
ampla das idéias.
A linguagem tem uma função prática, imprescindível na vida humana e social;
mas, como muitas outras criações do homem, pode ser transformada em arte,
isto é, numa fonte de mero gozo do espírito. Passa-se, com isto, a um plano
diverso daquele da vida diária. São duas coisas distintas o aspecto prático e o
aspecto artístico da linguagem - a literatura. É fundamental ressalvar, porém,
que o sentido artístico é espontâneo e inerente nos homens e que, para ser
eficiente, a linguagem tem de satisfazê-lo e não apenas se limitar a uma
formulação seca, objetiva e fria.
Toda sociedade tem, portanto, um
ideal, um padrão lingüístico. Como
seres sociais, temos que nos pautar
para
que
as
palavras
não
provoquem uma repulsão, às vezes
latente e mal perceptível, mas
sempre suficiente para prejudicar o
entendimento da mensagem.
A precisão lógica da exposição lingüística importa, antes de tudo, no problema
de composição, que consiste em bem ajustar e concatenar os pensamentos. O
próprio raciocínio ainda não exteriorizado depende disso para se desenvolver.
22
Além de nos fazermos entender pelos outros, temos de nos entender a nós
mesmos.
A correção gramatical, não é responsável, apenas, pela boa linguagem, mas
concorre muito para ela, resultando numa boa forma de expressão.
A obediência às regras gramaticais é muito relevante porque estas
representam as conclusões de várias gerações de homens que se
especializaram em estudar a língua e observar a sua ação e os efeitos no
intercâmbio cultural. Além disso, acham-se apoiadas por um consenso geral e,
através delas, facilita-se a projeção de nossas idéias e a aceitação do que
assim dizemos.
Uma atitude de independência em relação às regras gramaticais é mais
cabível aos literatos, porque se espera deles uma visão pessoal da realidade e,
sobretudo, da língua, já que a língua é a sua preocupação mais importante e a
matéria-prima de sua arte.
DICAS
Vamos ler o texto A Cidadania e a Língua Brasileira, de Thereza Cristina
Guerra, que nos revela a responsabilidade do cidadão com o idioma.
Qual a relação entre falar, escrever e a cidadania? Qual é a imagem que
desejamos projetar ao escrevermos ou falarmos corretamente? Não é melhor
sabermos o inglês ou o espanhol? Ser poliglota da própria língua parece que
não interessa.
Devemos cultivar nossa língua como cultivamos nossos costumes, nossos
gostos e nossa cultura. Escolher palavras simples para construir textos claros e
coerentes é o caminho para a cidadania. Por que escrever difícil, com
vocabulário técnico, exigindo esforços demasiados para se entender uma
pequena frase?
23
A língua deve ser brasileira, no sentido de refletir e buscar soluções para os
problemas mais urgentes do País. Língua brasileira porque se funde às raízes
da nossa própria realidade.
Estamos falando um dialeto cheio de expressões em inglês que só demonstra
um futuro incerto pela frente. Ser cidadão em termos de linguagem é respeitála não só em sua gramática, mas também em seu modo brasilis. É cultivá-la,
como patrimônio histórico e cultural. Utópico, talvez. Não importa. O que
importa é ressaltar que ela está esquecida, maltratada, desprezada por
políticos, profissionais de comunicação e pessoas públicas, de reconhecida
influência nas atitudes da população, como artistas e jogadores de futebol.
Repetimos o que aprendemos, no dia-a-dia, sem, ao menos, analisarmos a
razão desta ou daquela expressão. Pensamos em nosso vocabulário. O que
pretendemos com ele? Quem vamos atingir? Passamos arrogância, saber,
conhecimento, alegria e amor por meio da fala. Passamos poder, preconceito,
manipulação com a palavra. Resgatar o que é a essência brasileira deve ser a
mete de todo cidadão deste País.
Escrever bem é praticar a cidadania. E não é escrever difícil, cheio de frases de
filósofos ou poetas. Não é complicar, usando termos da economia, informática
ou administração. Ser simples é respeitar o receptor, é ir direto ao ponto,
mostrar a verdade, com transparência e sem camuflagem. É ser coerente,
preciso e claro. É dar ao povo as palavras que ele precisa saber para se
defender, reivindicar e crescer nos aspectos éticos e morais.
O que é o cidadão-do-idioma? É aquele que preserva a língua de tal forma
que possa construir um país forte, sadio e próspero.
Uma república das letras, cheia de seres conscientes, educados para o
domínio da língua brasileira, precisa ser a meta almejada por todos que
desejam cultivar, de fato, a cidadania.
(Thereza Cristina Guerra. A TARDE. 30/04/2002.)
24
Assunto 1.2 - Diversidade Lingüística
Unidade 1.2.1 - Variações Lingüísticas
TEORIA
Toda língua apresenta variações. O próprio emissor também apresenta
variações, na sua maneira de usar a língua. Seu uso depende do receptor; da
idade de ambos; da profissão; do nível de escolaridade; da região onde moram
os falantes; do tipo de mensagem; da situação e do local em que a
comunicação acontece. Muitas vezes, o momento emocional do emissor e do
receptor interfere na realização da língua. Para que a comunicação ocorra, não
basta que as pessoas falem a mesma língua, mas usem a linguagem
adequada à situação em que se encontram.
A linguagem classifica-se em:
ƒ Popular – mais informal, espontânea, não elaborada, não cultivada,
usada, geralmente, por pessoas de baixa escolaridade ou mesmo
analfabetas, em situações informais, nas comunicações pragmáticas, do
dia-a-dia. Aparece, mais freqüentemente, na forma oral e, raramente, na
língua escrita.
Pode, inclusive, se desviar das
normas de correção estabelecidas,
apresentando
um
vocabulário
restrito, com grande ocorrência de
gíria, onomatopéia, clichês, e frases
feitas, além de formas deturpadas
(gaufo, ossílio, probrema, arioporto,
inxempro etc) Não há preocupação
com as regras gramaticais de
flexão, concordância, regência etc.
ƒ Culta ou variante-padrão – bem mais elaborada, cuidada, de acordo
com as normas gramaticais e usada em situações de formalidade. Utilizada
pelas classes intelectuais da sociedade, na forma escrita e, mais
raramente, na oral. É a língua usada nos meios diplomáticos, e científicos,
correspondência e nos documentos oficiais, nos discursos e sermões. O
vocabulário é rico e as normas gramaticais são plenamente obedecidas.
25
ƒ Familiar - utilizada por pessoas que, apesar de conhecerem a língua,
utilizam-na, num nível menos formal, mais descontraído e cotidiano. É a
linguagem do rádio, da televisão, dos meios de comunicação de massa, em
geral, nas formas oral ou escrita. Utiliza-se, nesse nível da linguagem, o
vocabulário da língua comum, sendo a obediência às normas gramaticais
bastante relativa. Admite-se algumas construções típicas da linguagem oral
e, até mesmo, o uso consciente de gírias.
No Brasil, por exemplo, embora haja um só idioma, as alterações apresentadas
foram causadas, naturalmente, pela enorme diversidade social e cultural de
suas várias regiões. Deve-se, no entanto, observar os outros fatores já
referidos, como idade, profissão, escolaridade e momento emocional que
interferem na realização lingüística.
DICAS
O escritor José Herculano de Carvalho esclarece-nos melhor sobre a
diversidade lingüística, através do texto que se segue.
“A língua portuguesa, como qualquer outra língua, configura-se
como um conjunto de variantes, isto é, não é um todo uniforme.
Embora se fale português em Manaus, Salvador, Porto Alegre, São
Paulo e Rio de Janeiro, não se fala, em Recife, da mesma forma,
como se fala em Sorocaba, Piracicaba ou Santo Antônio de Jesus e
Lençóis, cidades dos estados de São Paulo e da Bahia,
respectivamente”.
(CARVALHO, José G. Herculano de. Teoria da Linguagem. Coimbra/ Atlântida, 1967/1973.2v )
COMENTÁRIOS
A incorporação de vocábulos
estrangeiros também contribui para
a variação lingüística.
Será que você concordará com
José Castellani, autor do texto a
seguir, intitulado “O massacre da
Língua Portuguesa”? Ou acha que
é
muito
radicalismo,
muita
xenofobia no trato com a nossa
língua?
Será que é dessa forma – defendendo-a contra qualquer influência dos demais
idiomas – que demonstramos o nosso cuidado com a Língua Portuguesa?
De que forma os estrangeirismos contribuem para a diversidade lingüística?
“A LÍNGUA É MINHA PÁTRIA.”
(Caetano Veloso)
26
DICAS
O MASSACRE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Um sinal de falência da educação no Brasil
O Brasil vive, hoje, o resultado de décadas de descaso em relação ao sistema
educacional. Nos “bons tempos” do regime autoritário, explodiam faculdades e
universidades, em locais sem meios de sustentação para um estabelecimento
desse gênero, e com verbas diminutas, que não conferiam, a elas, o
necessário para que se equipassem à altura dos cursos que exibiam.
No caso das Faculdades de Medicina, essa histeria criadora chegou às raias
do inconcebível, causando uma queda brutal no nível de ensino, com as
conseqüências hoje vistas no sistema sanitário brasileiro. As Faculdades de
Jornalismo, que se tornaram exigência daquele período de nossa história, para
os que pretendiam se dedicar à imprensa, criaram, por omissão da Gramática
no currículo – existe absurdo maior?! – como comprova o prof. Napoleão
Mendes de Almeida, filólogo dos mais ilustres, o início do assassinato do
idioma português, largamente demonstrado na mídia, onde, cada vez mais, os
erros são freqüentes, como, só para exemplificar: confundir o “lhe” com “o/a”;
usar crase onde ela não existe e deixar de usá-la onde ela deve ser aplicada;
confundir o verbo “apenar”, que significa impor pena, com “penalizar”, que
significa ter pena: e assim por diante, “ad nauseam”.
Foram-se os tempos áureos da imprensa, quando os seus redatores e
revisores sabiam ler e escrever, embora tivessem passado um belo período
com censores a fungar nas suas costas, qual sombras vampirescas a cortar e
a sugar o seu trabalho. Não existiam, então, barbaridades como “à sete
quilômetros da capital” (crase onde não há), ou “foi a casa do ministro” (falta da
crase, onde ela existe), ou “ela não lhe ama” (com uma incorreta frase oblíqua
do pronome pessoal), ou, ainda, “há 15 anos atrás” (há 15 anos só pode ser
atrás), ou, ainda, “elo de ligação” (elo só pode ser de ligação), ou, ainda, “a
nível nacional” (quando o correto é ao, ou em nível), ou, ainda, “encarar de
frente” (como a cara é na frente, só se pode encarar de frente), ou, pior do que
isso, “enfrentar de frente”(só é possível enfrentar de frente; de costas é
encostar), ou, ainda ..., ou, ainda ... A coisa vai ao infinito!
A culpa, é claro, não é dos que cometem tais erros, mas, sim, de quem lhes
deu uma formação altamente deficiente, ou ainda de quem deixou que essa
formação se tornasse deficiente, na certeza de que um povo inculto tem mais
tendência a suportar a canga, tem mais índole ovina e pouca vontade e checkin. Não há esboço de capa ou de anúncio; há lay-out. Não há abertura de
notícia; há lead. Não há texto informativo à imprensa; há release, ou press
release. Não há filme de suspense e mistério, há thriller. Não há primeiro plano;
há close-up. Não há cartaz; há outdoor. Não há elenco; há cast. Não há folheto
publicitário; há folder. E assim por diante, ao infinito. Palavras e expressões
como free-lancer, freezer, off, play-back, niver, lobby, marketing, franshising,
merchandising, pocket-book, best seller, remake, take, tape, script, spot,
slogan, soft, software, slow motion, show, receiver, pick-up, zoom, light, flat,
27
time, display, system, card, cartoon, air-bag e muitas outras centenas de
palavras inglesas habitam nosso dia-a-dia. E o pior é que a imensa maioria
delas tem correspondente em nosso idioma. Nem a nossa prosaica privada nos
foi deixada; ela passou à elegante sigla W.C. (water closet).
A mesma meninada que massacra o idioma português, até nos exames
vestibulares, conhece e escreve direitinho essas palavras, ao mesmo tempo
em que abandona os hábitos alimentares brasileiros, para se empanturrar com
hambúrgueres, hot-dog, batatas fritas e catchup, essas cascatas de colesterol,
que fazem a alegria e o acidente vascular do americano típico.
E quando se chega ao âmbito da informática, então, a coisa torna-se
assustadora. Meu computador, com processador Pentium 200 MMX, é um
alegre norte-americano, que só conversa comigo se for em inglês; caso
contrário, simplesmente, me ignora. Só falta me pedir ovos com bacon no
breakfast. Qualquer daqueles adolescentes que sacrifica a língua portuguesa
no altar da ignorância e que desconhece até a História recente do Brasil, sabe,
direitinho, como se escreve e o que é personal computer, mouse, word,
windows, byte, som wave, paintbrush picture, rich test, software, delete, page
up, caps lock, print screen, page down, scroll lock, wordpad, windows explorer,
startup, microsoft exchange, file transfer, on-line, dial-up, joystick e assim por
diante, até à estratosfera.
A língua portuguesa ainda é mantida, em Portugal, graças às autoridades
responsáveis pela cultura e graças a uma mídia consciente de suas
responsabilidades na formação do povo. Nenhum locutor português – ao
contrário dos nossos – falou em princesa Daiana, mas, sim, em princesa Diana;
nem em príncipe Charles, mas, sim, em príncipe Carlos. Tanto a mídia, quanto
a medicina portuguesa não citam a síndrome de imuno-deficiência adquirida
como AIDS (que é sigla inglesa), mas, sim, como SIDA, juntando as iniciais de
cada palavra, no idioma vernáculo (esse último caso, por sinal, ocorre com
todos os países latinos).
Nossa cultura nacional e nossas tradições estão indo pelo ralo. Nossa
identidade como nação vai sendo, lentamente, comprometida pela influência da
cultura estrangeira em todos os setores de nossa vida diária, sem que vá,
nessa constatação, qualquer sentido de xenofobia, mas apenas de percepção
da realidade. Nosso idioma é tratado como linguagem de bárbaros e
amplamente desprezados. E isso ocorrerá, com tendência ao exacerbamento,
até que os nossos poderes constituídos – pois a responsabilidade não é só do
Executivo – conscientizem-se de que educação é o caminho mais rápido para o
desenvolvimento e é a base de todas as demais atribuições do Estado, pois
não há globalização que eleve o nível de uma nação, quando a educação conta
com verbas ridículas e quando a cultura da maioria do povo está num patamar
tão baixo, que pode ir para o esgoto com um simples apertar de botão de
descarga.
(CASTELLANI, José. O massacre da língua portuguesa. O Esquadro, p. 09, nov. 1997.)
28
COMENTÁRIOS
Não
só
os
estrangeirismos
interferem na Língua Portuguesa.
Outros fatores, alguns já abordados,
contribuem para que esse código
apresente-se sob formas variadas,
enriquecendo, assim, o vernáculo.
Quando importamos uma ciência - a
informática; uma arte; um tipo de
esporte; uma inovação culinária,
não chegam apenas os usos, o
vocabulário correspondente vem
com eles.
As variações lingüísticas da Língua Portuguesa não devem ser vistas com
preconceito. A língua não é uma estrutura rígida, arcaica e, sobretudo, estática.
Toda língua tem que ser maleável, versátil, flexível e, portanto, dinâmica.
29
Assunto 1.3 - A Importância da Leitura
Unidade 1.3.1 - Leitura da Palavra e Leitura do Mundo
Vamos aprender um pouco sobre a Leitura da palavra e leitura do mundo.
Veja abaixo, um texto introduzindo este assunto.
Vamos lá?
COMENTÁRIOS
Linguagem e realidade são inseparáveis - uma legitima a outra. Leia esse
texto de Paulo Freire e reflita.
A importância do ato de ler
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso
política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de
encerrar encontros ou congressos.
Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir
aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Me parece indispensável, ao
procurar falar de tal importância,
dizer algo do momento mesmo em
que me preparava para aqui estar
hoje; dizer algo do processo em
que me inseri enquanto ia
escrevendo este texto que agora
leio, processo que envolvia uma
compreensão crítica do ato de ler,
que não se esgota na decodificação
pura da palavra escrita ou da
linguagem escrita, mas que se
antecipa e se alonga na inteligência
do mundo. A leitura do mundo
precede a leitura da palavra, daí
que a posterior leitura desta não
possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e
realidade
se
prendem
dinamicamente.
30
A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a
percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a
importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler”
momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as
experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de
minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler
se veio em mim constituindo.
Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos
em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a
“leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da
palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da
“palavramundo”.
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler”
o mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória
– me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando,
re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que
ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no
Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a
intimidade entre nós – à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à
minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam
para riscos e aventuras maiores.
A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu
sótão, seu terraço – o sítio das avencas de minha
mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo
isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei,
balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade,
aquele mundo especial se dava a mim como o
mundo de minha atividade perceptiva, por isso
mesmo como o mundo de minhas primeiras
leituras.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me
experimentava e, quanto mais o fazia, mas aumentava a capacidade de
perceber – se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja
compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas relações
com meus irmãos mais velhos e com meus pais.
(FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 12. ed. São Paulo, Cortez, 1986. p. 11-3)
EXERCÍCIO SOLO
Baseando-se nos trechos abaixo do texto de Paulo Freire, que você acabou de
ler, posicione-se a respeito de alguns assuntos destacados.
1) “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do
texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
31
relações entre o texto e o contexto”. Reflita e dê sua opinião acerca da
relação entre linguagem, realidade e leitura.
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2) Como você entende o neologismo “palavramundo”?
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TEORIA
A leitura é fundamental para descobrir novas possibilidades, novos valores,
decifrar o mundo. A escrita possibilita-nos, por outro lado, experimentar as
possibilidades descobertas e, assim, inventar outras tantas possibilidades,
outras tantas formas de comunicação.
DICAS
Mais uma vez, convido você, aluno amigo, para ler um texto que nos ajudará a
refletir sobre a importância da leitura para todos nós, como donos e
responsáveis por esse planeta e não meros turistas do universo.
APOSTANDO NA LEITURA
Marisa Lajolo
Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da vida, a
leitura de livros carece de aprendizado mais regular, que geralmente acontece
na escola.
Mas leitura, quer do mundo, quer de livros, só se aprende e se vivencia de
forma plena, coletivamente, em troca contínua de experiências com os outros.
É nesse intercâmbio de leituras que se refinam, reajustam e redimensionam
hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos
outros, do mundo e de nós mesmos.
32
Da proibição de certos livros (cuja posse poderia ser punida com a fogueira) ao
prestígio da Bíblia, sobre a qual juram as testemunhas em júris de filmes norteamericanos, o livro, símbolo da leitura, ocupa lugar importante em nossa
sociedade.
Foi o texto escrito mais que o desenho, a
oralidade ou o gesto, que o mundo ocidental
elegeu como linguagem que cimenta a cidadania,
a sensibilidade, o imaginário. É ao texto escrito
que se confiam as produções de ponta da ciência
e da filosofia; é ele que regula os direitos de um
cidadão para com os outros, de todos para com o
Estado e vice-versa
Pois a cidadania plena, em uma sociedade como a nossa, só é possível – se é
que é possível – para leitores. Por isso, a escola é direito de todos e dever do
Estado: uma escola competente, como precisam ser os leitores que ela precisa
formar.
Daí talvez, o susto com que se observa qualquer declínio na prática de leitura,
principalmente dos jovens, observação imediatamente transformada em
diagnóstico de uma crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do
apocalipse, da derrocada da cultura e da civilização.
Que os jovens não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco, é um refrão
antigo, que de sala de professores e congressos de educação ressoa pelo país
afora. Em tempo de vestibular, o susto transporta para a imprensa e, ao
começo de cada ano letivo a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de
coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos que apregoam vender, com
a história que contam, o gosto pela leitura.
Talvez, assim, pacifique corações saber que
desde sempre – isto é, desde que se inventaram
livros e alunos – se reclama da leitura dos jovens,
do declínio do bom gosto, da bancarrota das belas
letras! Basta dizer que Quintiliano, mestre-escola
romano, acrescentou a seu livro “Institutione
Oratoria” uma pequena antologia de textos
literários, para garantir um mínimo de leitura para
os estudantes de retórica. No século 1 da era
cristã!
33
Estamos, portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão,
se cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitoresprofessores, leitores-pais-e-mães, leitores-tios-e-tias, leitores-avôs-e-avós,
montar sua própria antologia e contagiar por ela outros leitores, sobretudo
leitores-alunos, leitores-filhos-e-filhas, leitores-sobrinhos-e-sobrinhas, leitoresnetos-e-netas, por certo a prática de leitura na comunidade representada por
tal círculo de pessoas, terá um sentido mais vivo. E a vida será melhor,
iluminada pela leitura solidária de histórias, de contos, de poemas, de
romances, de crônicas, e do que mais falar a nossos corações de leitores que,
em tarefa de amor e paciência, apostam no aprendizado social da leitura.
(Marisa Lajolo é professora de teoria literária do IEL- Instituto de Estudos da
Linguagem.)
(Folha de S.Paulo, 19 set. 1993.)
SAIBA MAIS
Você gostou do texto? Já conhecia o educador Paulo Freire? Que tal conhecer
um pouco da vida e da história dele?
Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921, e
conheceu, desde cedo, a pobreza do Nordeste do
Brasil. Formou-se em Direito, mas não exerceu a
profissão, preferindo dedicar-se a projetos de
alfabetização. Nos anos 50, quando ainda se
pensava na educação de adultos como uma pura
reposição dos conteúdos transmitidos às crianças
e jovens, Paulo Freire propunha uma pedagogia
específica, associando estudo, experiência vivida,
trabalho, pedagogia e política. Criou o método,
que o tornaria conhecido no mundo, fundado no
princípio de que o processo educacional deve
partir da realidade que cerca o educando. Não
basta saber ler que “Eva viu a uva”, diz ele. É
preciso compreender qual a posição que Eva
ocupa no seu contexto social, quem trabalha para
produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.
COMENTÁRIOS
Fantástico, não? Esse brasileiro deu uma grande contribuição para a
educação. Não dissociou realidade de linguagem; acreditou que a mera
leitura mecânica das palavras não nos permite uma consciência crítica do
mundo.
TEORIA
Ultimamente, questiona-se o papel da escola na formação do leitor. Segundo a
pedagoga Rosa Mendonça, em artigo escrito no ano 2001, “... no bojo de uma
denominada crise de leitura, afirma-se que o aluno não lê, que o professor não
34
lê, que o brasileiro não lê...” Para ela, então, é preciso que se ilumine a questão
por diferentes prismas, a fim de que se ultrapasse o senso comum, logrando
compreender o fenômeno na sua complexidade.
Ainda segundo Rosa Mendonça, paradoxalmente à idéia de crise, o mercado
editorial consolida-se e mostra um vigor incompatível com essa assertiva. As
editoras ampliam seus catálogos; os eventos relativos à leitura multiplicam-se.
Pergunta-se: Quem são os receptores dessas obras? Que representação de
leitura perpassa, então, a questão da crise?
“Se as pessoas lêem nas ruas, nas conduções, nas filas, nos elevadores, nos
bancos de praça, nas escolas, livrarias, nas bibliotecas por que são,
freqüentemente, taxadas de ‘não-leitores’?”, questiona a pedagoga em seu
artigo.
Pensemos, então, que fatores de ordem social, política, cultural, econômica,
permeiam a leitura, favorecendo ou desfavorecendo sua prática. No Brasil, por
exemplo, existem políticas de promoção de leitura?
A responsabilidade pela promoção da leitura não é, apenas, da escola. Há que
haver uma política cultural que transforme a leitura numa prática habitual, que
acompanhe o cidadão, durante sua vida, dando-lhe prazer.
Que conhecimentos são necessários para que se pratique e ensine a leitura? O
fundamental é torná-la uma atividade significativa. Deve-se descobrir o prazer
de ler e, a partir da leitura, entender o mundo e as pessoas, recriando a
realidade.
Nosso
olhar,
cotidianamente,
transita dos jornais às placas, nas
ruas; das bulas aos manuais, das
revistas aos livros, sem esquecer de
outras formas de leitura, impostas
pela pós-modernidade, com suas
novas tecnologias, como televisão,
vídeo e computador.
Rosa Helena Mendonça conclui que quando lemos, somos motivados por
diferentes propósitos, tanto no âmbito particular quanto no profissional.
Recebemos influência de diferentes segmentos que vão da escola à família,
passando pela mídia, pelos aparatos de divulgação editorial, e pelas políticas
de promoção de leitura.
35
O ambiente virtual é um espaço que privilegia o exercício da escrita e da
leitura. É a partir dela que o aluno pode e deve adquirir autonomia para alçar
seus próprios vôos, enquanto autor e co-autor de textos. O ambiente virtual de
aprendizagem continua sendo, portanto, o espaço onde o aluno – e, de certo
modo, os professores - desenvolvem ações continuadas com a linguagem
verbal, tornando possível o estudo sistemático dos mecanismos que organizam
as diferentes modalidades discursivas.
Essa convivência permanente com os textos é fundamental para que os
participantes consigam entendê-los, analisá-los, criticá-los, amá-los. Lendo-os,
escrevendo-os, descobrindo, enfim, as enormes potencialidades apresentadas
pelas mil faces das palavras. Trabalhando diretamente com os textos - lendo e
escrevendo - é que aprendemos a detectar as articulações que os formam. No
corpo a corpo com os textos, é que se identificam – e se resolvem – os
problemas que a leitura e a redação nos propõem.
36
Assunto 1.4 - A Palavra e a Idéia
Unidade 1.4.1 - Palavra, Pensamento e Ação
TEORIA
A língua é uma das realidades mais fantásticas da nossa vida. Ela está
presente em todas as nossas atividades; vivemos envolvidos pelas palavras.
São elas que estabelecem todas as nossas relações e os nossos limites.
Dizem, ou tentam dizer, quem somos, quem são os outros, onde estamos, o
que vamos fazer, o que fizemos. Nossos sonhos são povoados de palavras;
definimos, criticamos e julgamos as pessoas com palavras. Todas as nossas
emoções e sentimentos revestem-se de palavras. O mundo inteiro é um
magnífico e gigantesco bate-papo.
A negociação de paz e a declaração de guerra são feitas através de palavras.
As primeiras sílabas de uma criança, seja numa violenta favela ou numa aldeia
afegã, representam uma palavra. Este é o nosso diferencial. O que nos
distingue do animal é a capacidade de aquisição da linguagem, a posse da
palavra e a capacidade de pensar.
No processo lingüístico de aquisição da linguagem, uma palavra vai se
concatenando a outras, que, por sua vez, a outras vão se juntando, formando
palavras, frases, orações, períodos, parágrafos, textos, construindo a língua,
enfim. Somos seres pensantes, as palavras alimentam e enriquecem as idéias.
Por razões históricas, a cultura do Ocidente deu à palavra um peso
fundamental. À medida que as relações sociais ganharam complexidade, as
palavras passaram a ser exercitadas numa dimensão não apenas oral, mas
também escrita. Dessa forma, foi possível sistematizar e difundir ampla e
rapidamente, através dos textos, o conhecimento acumulado pela experiência
dos homens. Assim, apreender a palavra, dominá-la, encontrar a procedência e
justeza de seu uso tornou-se um crescente desafio para podermos compartilhar
dos saberes e das informações que nos circundam, especialmente nesses
tempos em que os verbos ler e escrever passaram a ser utilizados como
quase sinônimos de acesso ao trabalho e à formação da cidadania.
Segundo Othon Moacir Garcia, toda palavra tem um peso; ele depende de sua
expressividade, de sua capacidade de sintetizar uma informação precisa e
clara. Há perda de peso, por exemplo, quando o significado é impreciso (caso
37
de “muitos”, “vários” e similares) ou ambíguo (por exemplo, o verbo “poder”,
que tanto indica capacidade de fazer algo como autorização para fazer).
Os substantivos concretos impõem - se aos abstratos. O texto informativo – por
ser mais objetivo e, portanto, mais específico é considerado mais fácil que o
literário - mais subjetivo e, portanto, mais genérico. Os verbos de ação revelam
maior clareza, sobretudo, se estão na ordem direta e na voz passiva.
Nos adjetivos e advérbios, deve-se preferir, de fato, os que acrescentam
informação, respectivamente, a substantivos e a verbos, desprezando os que
são usados apenas para “arredondar” a frase. A palavra mais curta é sempre a
preferida. Por uma simples razão – é lida com mais facilidade e já deve ser
conhecida pelo leitor.
SAIBA MAIS
Othon Moacir Garcia esclarece-nos acerca da necessidade de lidar com as
palavras e as idéias. No texto que se segue, demonstra, sobretudo, como a
leitura e a conseqüente aquisição de vocabulário ajuda-nos a refletir, julgar,
criar e agregar conhecimentos.
“Há alguns anos, o Dr. Johnson O’Connor, do Laboratório de Engenharia
Humana, de Boston, e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey,
submeteu a um teste de vocabulário cem alunos de um curso de formação de
dirigentes de empresas industriais (industrial executives), os executivos. Cinco
anos mais tarde, verificou que os dez por cento que haviam revelado maior
conhecimento ocupavam cargos de direção, ao passo que dos vinte e cinco por
cento mais ‘fracos’ nenhum alcançara igual posição.
Isso não prova, entretanto, que, para vencer na vida, basta ter um bom
vocabulário; outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias. Mas
parece não restar dúvida de que, dispondo de palavras suficientes e
adequadas à expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa,
estamos em melhores condições de assimilar conceitos, de refletir, de
escolher, de julgar, do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou
medíocre para a tarefa vital da comunicação.
Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras
são o revestimento das idéias e que, sem elas, é praticamente impossível
pensar. Como pensar que ‘amanhã tenho uma aula às 8 horas’, se não
prefiguro mentalmente essa atividade por meio dessas ou de outras palavras
38
equivalentes? Não se pensa in vacuo. A própria clareza das idéias (se é que as
temos sem palavras) está intimamente relacionada com a clareza e a precisão
das expressões que as traduzem. As próprias impressões colhidas em contato
com o mundo físico, através da experiência sensível, são tanto mais vivas
quanto mais capazes de serem traduzidas em palavras – e sem impressões
vivas não haverá expressão eficaz.
É um círculo vicioso, sem dúvida: ‘... nossos hábitos lingüísticos afetam e são
igualmente afetados pelo nosso comportamento, pelos nossos hábitos físicos e
mentais normais, tais como a observação, a percepção, os sentimentos, a
emoção, a imaginação.’ De forma que um vocabulário escasso e inadequado,
incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio desenvolvimento
mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de
observar, compreender e até mesmo de sentir. “Não se diz nenhuma novidade
ao afirmar que as palavras, ao mesmo tempo que veiculam o pensamento, lhe
condicionam a formação. Há século e meio, Herder já proclamava que um povo
não podia ter uma idéia sem que para ela possuísse uma palavra”, testemunha
Paulo Rónai em artigo publicado no Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, e
mais tarde transcrito na 2a edição de Enriqueça o seu vocabulário (Rio,
Civilização Brasileira, 1965), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais
claro, tanto mais profundo e acurado é o processo mental da reflexão.
Reciprocamente, quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes
estamos do grunhido, do grito ou do gesto, formas rudimentares de
comunicação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos primitivos,
dos infantes e... dos irracionais.”
(GARCIA, Othon Moacir, Comunicação em prosa moderna. 8. Ed. Rio de Janeiro,
FGV, 1980. P. 155-6.)
COMENTÁRIOS
E, então, concorda conosco? O enriquecimento do universo vocabular
desenvolve a nossa atividade cerebral, permitindo-nos um maior entendimento
do mundo, que, por sua vez, exige de nós, cada vez mais, uma busca
constante de novos significados.
DICAS
Leia esse texto de Cecília Meireles e veja como ela valoriza as palavras!
“Os senhores todos conhecem a pergunta famosa universalmente repetida:
‘Que livro escolheria para levar consigo, se tivesse de partir para uma ilha
deserta...?’ Vêm os que acreditam em exemplos célebres e dizem
naturalmente: ‘Uma história de Napoleão’. Mas uma ilha deserta nem sempre é
um exílio... Pode ser um passatempo...”.
Os que nunca tiveram tempo para fazer leituras grandes, pensam em obras de
muitos volumes. É certo que numa ilha deserta é preciso encher o tempo... E
lembram-se das Vidas de Plutarco, dos Ensaios de Montaigne, ou, se são mais
cientistas que filósofos, da obra completa de Pasteur. Se são uma boa mescla
39
de vida e sonho, pensam em toda a produção de Goethe, de Dostoievski, de
Ibsen. Ou na Bíblia. Ou nas Mil e Uma Noites.
Pois eu creio que todos esses livros, embora esplêndidos, acabariam fatigando;
e, se Deus me concedesse a mercê de morar numa ilha deserta (deserta, mas
com relativo conforto, está claro - poltronas, chá, luz elétrica, ar condicionado)
o que levava comigo era um Dicionário. Dicionário de qualquer língua, até com
algumas folhas soltas; mas um Dicionário.
Não sei se muita gente haverá reparado nisso - mas o Dicionário é um dos
livros mais poéticos, se não mesmo o mais poético dos livros. O Dicionário tem
dentro de si o Universo completo.
Logo que uma noção humana toma forma de palavra - que é o que dá
existência às noções - vai habitar o Dicionário. As noções velhas vão ficando,
com seus sestros de gente antiga, suas rugas, seus vestidos fora de moda; as
noções novas vão chegando, com suas petulâncias, seus arrebiques, às vezes,
sua rusticidade, sua grosseria. E tudo se vai arrumando direitinho, não pela
ordem de chegada, como os candidatos a lugares nos ônibus, mas pela ordem
alfabética, como nas listas de pessoas importantes, quando não se quer
magoar ninguém...
Dicionário é o mais democrático dos livros. Muito recomendável, portanto, na
atualidade. Ali, o que governa é a disciplina das letras. Barão vem antes de
conde, conde antes de duque, duque antes de rei. Sem falar que antes do rei
também está o presidente.
O Dicionário responde a todas as curiosidades, e tem caminhos para todas as
filosofias. Vemos as famílias de palavras, longas, acomodadas na sua
semelhança - e de repente, os vizinhos tão diversos! Nem sempre elegantes,
nem sempre decentes, - mas obedecendo à lei das letras, cabalística como a
dos números...
O Dicionário explica a alma dos vocábulos: a sua hereditariedade e as suas
mutações.
E as surpresas de palavras que nunca se tinham visto nem ouvido! Raridades,
horrores, maravilhas...
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Tudo isto num dicionário barato - porque os outros têm exemplos, frases que
se podem decorar, para empregar nos artigos ou nas conversas eruditas, e
assombrar os ouvintes e os leitores...
A minha pena é que não ensinem as crianças a amar o Dicionário. Ele contém
todos os gêneros literários, pois cada palavra tem seu halo e seu destino umas vão para aventuras, outras para viagens, outras para novelas, outras
para poesia, umas para a história, outras para o teatro.
E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só
e a mesma coisa, conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre
claridades, é construir mundos tendo como laboratório o Dicionário, onde
jazem, catalogados, todos os necessários elementos.
Eu levaria o Dicionário para a ilha
deserta.
O
tempo
passaria
docemente, enquanto eu passeasse
por entre nomes conhecidos e
desconhecidos, nomes, sementes e
pensamentos e sementes das flores
de retórica.
Poderia louvar melhor os amigos, e
melhor perdoar os inimigos, porque
o mecanismo da minha linguagem
estaria mais ajustado nas suas
molas
complicadíssimas.
E
sobretudo, sabendo que germes
pode conter uma palavra, cultivaria
o silêncio, privilégio dos deuses, e
ventura suprema dos homens.”
(Cecília Meireles publicou este texto no jornal paulistano Folha da Manhã em
11 de julho de 1948.)
COMENTÁRIOS
A elaboração de bons textos escritos pressupõe o domínio de um bom
vocabulário. Afinal, dentre as características específicas da modalidade escrita
da língua, destaca-se a necessidade de um vocabulário preciso e criterioso,
capaz de suprir a ausência dos recursos mímicos e o colorido da entonação da
língua falada.
TEORIA
Manejar um bom vocabulário não significa impressionar os outros com um
punhado de palavras difíceis e desconhecidas. O que importa é conhecer e
utilizar as palavras necessárias para a produção de textos claros e “enxutos”. O
nível do vocabulário utilizado decorre de fatores que condicionam a elaboração
do texto: o tema tratado, a finalidade a que se propõe, o receptor a que se
dirige, o meio de divulgação utilizado.
41
Um comunicado oficial a ser divulgado na imprensa, ou uma carta aberta de
um candidato à Presidência da República à população, às vésperas da eleição,
podem tratar de um mesmo tema, de um mesmo assunto, mas a seleção
vocabular deve ser adequada a cada caso. Um mesmo fato gera notícias, de
formatos diferentes, se transmitidas por uma revista especializada; por uma
emissora de rádio; de televisão; jornais ou internet. Cada veículo imprimirá à
notícia uma redação e um vocabulário diferentes. Assim, as melhores palavras
não são as mais pomposas e, sim, as mais eficazes.
Todos nós devemos nos habituar a consultar os dicionários sempre que
necessitarmos, sobretudo na expressão escrita. A consulta aos dicionários
contribui, de forma decisiva, para a perfeita compreensão e expressão de
idéias, opiniões e sentimentos. Um bom dicionário oferece-nos várias e úteis
informações sobre as palavras, estimulando-nos, em geral, a consultar mais do
que pretendíamos.
Não se busca o sentido de uma palavra no dicionário, sem, antes,
contextualizá-la. Isso decorre de que as palavras só adquirem seu significado
pleno, quando em uso, ou seja, quando se relacionam com outras palavras e
com o mundo. Reflita sobre a palavra esperança. Na fala de um
desempregado; no diário de um náufrago; no discurso de um candidato que
almeja subir, nas pesquisas eleitorais; nos versos do poeta e na novela da
televisão... Em alguns desses exemplos, essa palavra - esperança - tem uma
conotação de angústia, uma busca de solução, uma saída... Em outros, um
sentido de desespero, um pedido de ajuda. Há, até, uma alegria antecipada e
uma certeza de sucesso na fala do político, particularmente. Na poesia, pode
ser entendida como o divino, o irreal, o metafísico. Na ficção, esperança pode
ser absurdamente polissêmica, intencionalmente ideológica e mágica.
Podemos afirmar, portanto, que trabalhar com as palavras requer sensibilidade.
As palavras oferecem-nos o bem e o mal; a alegria e a tristeza; o possível e o
impossível; o certo e o errado; o sagrado e o profano; o divino e o diabólico.
Cabe a cada um de nós escolher a melhor face, o melhor sentido. É
impossível, portanto, descuidar das relações entre as palavras, os textos e o
mundo. Qualquer deslize é fatal.
42
COMENTÁRIOS
Como dissociar a palavra do pensamento? Como atingir, com plenitude, a
expressão escrita, se não somos suficientemente informados acerca do mundo,
das coisas, dos homens? Se não temos opinião, se não nos posicionamos
diante do universo?
43
Assunto 1.4 - A Palavra e a Idéia
Unidade 1.4.2 - Conhecendo as Palavras
SAIBA MAIS
Ao escrevermos um texto, o processo de escolha das palavras assemelha-se a
uma luta corporal, uma disputa, onde existem vencido e vencedor.
Para ajudá-lo a compreender melhor essa “luta”, escolhemos um poema de
Carlos Drummond de Andrade, que a descreve com precisão. Leia-o, com
atenção, associando-o com tudo o que você já estudou acerca das palavras e
seus matizes.
Pronto para começar? Então, vamos lá.
O Lutador
Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz nenhum travo
de zanga ou desgosto.
44
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
De entreabrir os olhos:
45
entre beijo e boca,
tudo se evapora.
O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Op. cit. p. 67.)
COMENTÁRIOS
Você acabou de ler o poema O LUTADOR, do grande poeta Carlos
Drummond de Andrade. Quantas vezes já pensamos sobre isso e não
soubemos expor, com propriedade, o nosso pensamento? Junte-se a nós,
procurando interpretá-lo. Será que conseguiremos entender o que esse ”poeta
maior” quer nos dizer ou a velha luta com as palavras vai impedir o nosso
desejo? Atente para a linguagem poética do texto. Reflita... Quem é o lutador?
Como são as palavras? Qual o poder que elas representam? Procure extrair
dele as concepções do autor sobre o ato de escrever. Compare-o com o
poema que se segue – CATAR FEIJÃO -, de João Cabral de Mello Neto.
CATAR FEIJÃO
1. Catar feijão se limita com
escrever: joga-se os grãos
na água do alguidar e as
palavras na da folha de
papel; e depois joga-se fora
o
que
boiar.
Certo, toda palavra boiará no
papel, água congelada, por
chumbo
seu
verbo:
pois para catar feijão, soprar
nele, e jogar fora o leve e
oco, palha e eco.
46
2. Ora, nesse catar feijão, entra um risco: o de entre os grãos pesados
entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de
quebrar
dente.
Certo
não,
quanto
ao
catar
palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.
COMENTÁRIOS
Que analogia maravilhosa! Catar feijão é também conhecido, sobretudo no
sertão, como escolher feijão. Os grãos imprestáveis são jogados ao lixo; as
palavras inapropriadas para refletirem nossos pensamentos são descartadas.
Os grãos sadios transformam-se em alimento para o corpo; as palavras
adequadas compõem o texto que servirá de alimento para a alma.
DICAS
Agora, leia esse texto e vá se apropriando da magia das palavras!
Palavras, palavras, palavras...
Temos muito a aprender com os
índios. O amor e a ligação com a
natureza, o conhecimento milenar
das ervas medicinais, a integridade
– quanta coisa eles têm a nos
ensinar! Quando li, há algumas
semanas, a entrevista com Kaká
Jecupe, descobri que ainda há
muito o que aprender com eles: o
respeito ao poder e à força da
palavra, assunto que nenhum
lingüista jamais abordou.
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Você já parou para pensar no quanto o seu universo é feito de palavras? Você
acorda de manhã cedo, lê as notícias no jornal e essas notícias irão influenciar
no seu dia, deixando-o mais feliz ou não; você entra no carro, liga o rádio e
ouve mais notícias, entremeadas com mensagens publicitárias e músicas que o
encherão de alegria, saudade, tristeza.
Ao chegar ao trabalho, o que você encontra? Palavras e mais palavras! A mesa
cheia de relatórios, ofícios, cartas, projetos, o computador entupido de
mensagens eletrônicas... depois, começam as reuniões intermináveis, nas
quais são trocadas palavras que podem decidir o futuro da empresa.
Finalmente você volta para casa, encontra a esposa, os filhos, e todos trocam
palavras doces e carinhosas (arrulhos)... mas, de repente, acontece o desastre.
Você olha para a sua rechonchuda esposa e diz, sem pensar: “Como você
engordou, bem!” Ela imediatamente reage e solta as palavras envenenadas
(grunhidas). “Gordo é você, sua anta, seu desalmado, seu isso, seu aquilo, seu
aquilo outro...”
É a guerra! Palavras agressivas (grunhidos, berros, silvos) são trocadas de
lado a lado, palavras cobertas de ódio – e, por isso, impensadas e fatais.
Depois vem o silêncio, dias, semanas sem que um fale com o outro. O silêncio
como forma de dizer que o amor está em crise, pois o amor é feito de palavras
e raramente sobrevive ao silêncio gélido da indiferença.
Percebeu como o índio está certo? A boca é um arco carregado com mil setaspalavras, e não podemos nos dar o luxo de falar sem pensar, pois a palavra
impensada fere, mata.
E daí? E daí que você deve pensar mil vezes antes de falar, uma vez que a
palavra (mal) dita não pode ser recolhida. Não adianta falar “desculpe”, “não foi
isso o que eu quis dizer”, pois já disse, já feriu, já magoou.
Todos os conflitos humanos começam com palavras (mal) ditas. As guerras
acontecem quando todas as palavras já se esgotaram, quando não há mais
nada a dizer.
Jamais descarte um assunto dizendo “isso é uma simples questão de
palavras”, pois as palavras nunca são tão simples. Jamais empenhe a sua
palavra se não puder cumprir o prometido, pois a palavra é o que você tem de
mais importante...
48
(Carlos Pimentel é escritor, professor pós-graduado
Literatura Brasileira e Língua Portuguesa.)
de
49
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.1 - Tecendo o Texto
TEORIA
A palavra texto tem origem no latim textum. Significa “tecido, entrelaçamento”.
O texto é o resultado do ato de tecer, de juntar palavras que, entrelaçadas,
formam orações. Estas, por sua vez, agrupadas, compõem períodos, que se
juntam, formando os parágrafos e, finalmente, concatenados, resultam em
textos. A palavra é, portanto, a unidade do discurso, formando partes maiores
e, finalmente, um todo inter-relacionado - uma rede de relações com coesão e
coerência.
Criando ou lendo um texto, tecemos, quase artesanalmente, um tecido que vai
se encorpando, tomando forma, desenvolvendo-se. As partes que o formam,
surgem, uma após a outra, relacionando-se com o que já foi dito ou com o que
se vai dizer.
DICAS
Que tal ler esse texto de João Cabral de Mello Neto para, juntos, sentirmos a
magia da criação de um texto?
Tecendo a Manhã
1. Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros
galos.
De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que
apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com
muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a
manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.
2. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem
todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de
armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(A Educação pela Pedra)
TEORIA
Como já foi dito, o parágrafo é a unidade do texto, mas não bastam os
parágrafos bem estruturados, para garantir-lhe uma lógica. É necessário haver
50
coesão entre os parágrafos, refletindo a linha de raciocínio esboçada, no
desenvolvimento do assunto.
À proporção que as idéias básicas de cada parágrafo vão se encadeando, o
texto também vai se organizando, vai se construindo, permitindo o equilíbrio
entre as partes. Essas condições são indispensáveis para que o assunto
abordado torne-se claro e compreensível.
Ao longo de um texto coerente, ocorrem
repetições, retomadas de elementos (palavras,
frases e seqüências que exprimem fatos ou
conceitos). Essa retomada é normalmente feita
por pronomes (e pelas terminações verbais que os
indicam) ou por palavras e expressões
equivalentes ou sinônimas. Também podemos
repetir a mesma palavra ou expressão, o que deve
ser feito com cuidado, a fim de que o ritmo não
seja prejudicado.
Num texto coerente, o conteúdo também deve progredir, ou seja, devemos
sempre acrescentar novas informações ao que já foi dito. A progressão
completa a repetição. A repetição proporciona a retomada de elementos
passados; a progressão permite que o texto não se limite a repetir,
indefinidamente, o que já foi colocado. Assim, equilibramos o que já foi dito
com o que será dito, garantindo a continuidade do tema e a progressão do
sentido.
Para se obter coerência num texto, deve-se tomar cuidado com elementos que
contradigam idéias que já foram colocadas. O texto não deve destruir a si
mesmo, tomando como verdadeiro aquilo que já foi considerado falso, ou viceversa. Esse tipo de contradição só é tolerada se for intencional,objetivando
uma maior clareza para o leitor.
No período: A liberdade pode libertar ou aprisionar, os verbos libertar e
aprisionar, aparentemente contraditórios, não desfiguram o sentido do texto,
porque reforçam a idéia de que ser livre socialmente e politicamente pressupõe
uma liberdade do indivíduo, do ser.
51
O surgimento, num mesmo período, desses dois verbos, só faz sentido, porque
queremos enfatizar que, uma mesma palavra, pode conter significados
diversos, porque as palavras são polissêmicas e o contraste semântico é muito
enriquecedor. A aproximação de idéias e fatos contrastantes é um recurso
muito freqüente no desenvolvimento da argumentação. A contradição é,
portanto, uma questão de lógica / da Lógica.
Para se obter coerência num texto, os fatos e conceitos devem estar
relacionados. Essa relação deve ser suficiente para justificar sua inclusão num
mesmo texto. Por isso, é muito importante organizar esses elementos, no
momento da construção de um texto, ou mesmo antes de começar a escrever.
Palavras e expressões, como primeiro, depois, além disso, tampouco,
introduzem novos fatos e conceitos, o que faz o texto avançar. Note que
progressão e repetição ocorrem simultaneamente.
A formatação final do texto depende, ainda, de outros fatores. Como o texto
escrito é um fato comunicativo, nele interferem questões relativas ao canal de
comunicação, ao perfil do receptor e às finalidades pretendidas pelo emissor. O
emissor pode pretender coisas tão diversas como informar, convencer,
enganar, seduzir, divertir. O receptor pode ser uma pessoa de elevado grau de
escolaridade, uma criança recém-alfabetizada ou alguém que tenha concluído
o primeiro grau; pode estar em casa, num campo de futebol, na praia ou no
trabalho. Todos esses fatores afetam diretamente as feições do texto que se
pretende bem-sucedido.
52
O processo de criação de um texto, além de passar pela escolha da palavra
mais forte e reveladora; pela busca do sentido mais exato e preciso, que
exprima, com exatidão, o que queremos dizer; pela coerência e pela coesão;
resulta, num produto que, ao estar pronto, é propriedade coletiva - pertence ao
escritor que o criou; a quem lê e entende; e a quem se identifica com ele.
No processo de elaboração de um texto, sempre se consideram as
características de seu receptor. Isso significa que todo emissor, ao produzir
uma mensagem, faz um esforço no sentido de adaptá-la às características
sociais e psicológicas de quem a vai receber. Portanto, podemos afirmar que
todo texto traz, de uma forma ou de outra, manifestações de persuasão, de
convencimento, através da linguagem.
Todo texto tem uma intenção.
Não só os textos publicitários e políticos tentam interferir no comportamento, na
postura do outro. Na literatura; na mais inocente conversa de comadres; nas
apaixonadas juras de amor; nas orações religiosas, a intenção pode ser até
subliminar, mas existe, manifestando-se, de forma mais sutil, mascarando-se
por meio de artifícios persuasivos de difícil percepção.
Você deve estar atento ao que lê e escreve, pois nem sempre a aparência de
um texto traduz, de imediato, suas intenções. No caso da imprensa, por
exemplo, encontramos textos que se adaptam aos seus leitores, mediante a
utilização premeditada de determinado nível de linguagem. Assim, certos
jornais e revistas imprimem a seus artigos características lingüísticas
destinadas a envolver o leitor pertencente à faixa de público que se quer
atingir. Outro exemplo desse trabalho de adaptação é a publicidade, sempre
elaborada com base no repertório lingüístico e social do consumidor que se
propõe alcançar. Nesses casos, produzem-se textos que “falam a mesma
língua que o receptor”, envolvendo-o pelo reconhecimento e pela identificação.
Outro recurso muito importante da linguagem é a força da argumentação, por
meio da qual o emissor procura a adesão do receptor ao seu ponto de vista. Já
falamos sobre essa força, quando estudamos os textos dissertativos e vamos
voltar a falar sobre ela em nossas atividades de leitura e criação.
A linguagem oferece-nos a oportunidade de discutir um dos mais sérios
problemas de todos aqueles que lidam com a palavra: a luta pela expressão, o
53
problema que se enfrenta sempre que é necessário traduzir nossos valores
mais íntimos em palavras da nossa língua. Lendo esses três textos, dois de
Carlos Drummond de Andrade e um de João de Mello Neto, acho que já
refletimos bastante sobre os problemas que a linguagem nos coloca.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Observe as frases que se seguem. Marque aquela(s) que lhe parece(m) bem
redigida(s).
a)
b)
c)
d)
Num texto coerente, os fatos e conceitos devem estar relacionados.
Há meses que não pagam aos funcionários.
Antipatizei- me com ele desde a primeira vez que o vi.
O colega que mais gosto é Paulo.
Gabarito: a, b.
REFLEXÃO
As mil faces das palavras levam-nos, no cotidiano, a grandes embaraços no
processo de comunicação.Você já se sentiu aborrecido ou chateado com
alguém? Quando algo ou alguém está lhe incomodando, você se sente
aborrecido ou chateado?
DICAS
Leia esse texto, de autoria de Paulo Mendes Campos, e descubra a diferença
semântica sutil entre encher e chatear.
Divirta-se com as sutilezas da Língua Portuguesa!
Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”. Chatear é
assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade.
⎯ Alô! Quer me chamar, por favor, o Valdemar?
⎯ Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos, você liga de novo:
⎯ O Valdemar, por obséquio.
⎯ Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
⎯ Mas não é o número tal?
⎯ É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
⎯ Por favor, o Valdemar já chegou?
⎯ Vê se te manca, palhaço, já não te disse que o diabo desse Valdemar nunca
trabalhou aqui?
⎯ Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
⎯ Não chateia.
54
Daí a dez minutos, liga de novo.
⎯ Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro dessa vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas
impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova
ligação:
⎯ Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
(Paulo Mendes Campos, in Para gostar de ler, 3. ed.,
São Paulo, Ática, 1979, v. 3 ⎯ crônicas, p.35.)
TEORIA
Através do texto – tecido construído – também interagimos com o outro,
informamos e somos informados, construímos o conhecimento.
É fundamental, pois, que, ao utilizar a linguagem escrita, como forma de
expressão, cada indivíduo seja capaz de dominar os mecanismos e recursos
básicos da língua. É necessário, também, que tenha noção das diferentes
funções sociais e diferentes características que os textos podem ter, de acordo
com essas funções.
A utilização de conhecimentos sobre fatos da Língua Portuguesa e o
aprimoramento da redação de textos serão as ferramentas básicas a serem
utilizadas durante esse curso.
Estudando a língua pátria - Língua Portuguesa –, professor e aluno cumprem
responsabilidades sociais e políticas, possibilitando a ambos a apropriação
legítima do código. A intimidade com a língua conduz-nos à socialização do
saber sistematizado, desenvolvendo capacidades cognitivas que facilitam a
conquista do direito de cidadania.
A língua é legitimada como instrumento de poder e o falante dela se apropria
para construir o saber, ser reconhecido como cidadão, um ser social crítico, na
sociedade em que se insere.
O estudo da Língua Portuguesa não é um fim em si mesmo. Pela
especificidade dos seus conteúdos e por ser o nosso instrumento de
comunicação, pode ser usada como forma de apropriação de conteúdos
55
outros, como facilitadora da leitura do mundo, desenvolvendo o senso crítico,
através da discussão de vários temas.
Um emissor com problemas de fonação pode tornar sua mensagem
ininteligível. Problemas de surdez, deficiência visual ou falta de escolaridade
dos falantes podem tornar a mensagem inócua. O desconhecimento de um
código, não permitindo a comunicação; uma manchete dúbia, num jornal ou
numa revista, truncando a mensagem, pode ser considerada um ruído na
comunicação.
O conhecimento dos elementos da comunicação – emissor, receptor,
mensagem, código, canal, referente - assegura a eficácia da mensagem.
A comunicação pode apresentar algumas peculiaridades. Quando existe um
intercâmbio de mensagens entre o emissor e o receptor, ela é bilateral: o batepapo, o diálogo. Pode ser unilateral, quando é estabelecida de um emissor
para um receptor, sem haver reciprocidade. É o caso da televisão, se não se
tratar de um programa interativo.
Diariamente, recebemos milhares de comunicações orais, visuais, auditivas, emails. O mundo que nos cerca está cheio de mensagens, de formas diversas
de comunicação.
A maioria dessas comunicações é recebida e, imediatamente, esquecida. Mais
de cem (100) mensagens são recebidas e lembradas.
Procure lembrar: quantas mensagens você recebeu hoje? E quantas
mensagens, realmente, você guardou na memória?
Por que será que guardamos algumas mensagens e outras não? O que é
necessário para que ela seja, realmente, entendida e cumprida?
Como emissor de mensagens, você deve ter sempre presente este esquema,
lembrando-se de que sua comunicação será tanto mais eficaz quanto mais se
observarem as regras:
ƒ
ƒ
A mensagem deve chamar a atenção do receptor, portanto, conheça seu
receptor, para adequar a mensagem a ele.
Conheça e domine as possibilidades e regras do código por meio do
qual você vai se expressar, assim será claro e compreendido por todos.
56
ƒ
Conheça, com razoável profundidade, aquilo sobre o que vai falar; para
isso, leia, pesquise, discuta, escreva.
Mesmo obedecendo a todas as recomendações, nem toda comunicação é
perfeita. A mensagem pode não ser absorvida pelo receptor por conter
qualquer tipo de ruído. Ruído é toda e qualquer perturbação que afete a
comunicação e pode envolver qualquer um dos seis elementos da
comunicação.
Um emissor com problemas de fonação pode tornar sua mensagem
ininteligível. Problemas de surdez, deficiência visual ou falta de
escolaridade dos falantes podem tornar a mensagem inócua. O
desconhecimento de um código, não permitindo a comunicação; uma
manchete dúbia, num jornal ou numa revista, truncando a mensagem, pode
ser considerada um ruído na comunicação.
57
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.2 - Produzindo o Texto
COMENTÁRIOS
Você já deve estar cansado com tanto blá – blá – blá. Falamos muito sobre
língua, linguagem, vocabulário, palavras... Tenho certeza de que sua
expectativa maior seja aprender a escrever bem (se acha que não sabe) e criar
um magnífico texto, sem, absolutamente, um erro de Português. Não tenha
pressa...Quem já esperou até agora, espera mais um pouquinho. Vá se
distraindo conosco e com a nossa pretensão de torná-lo, um dia, um grande
escritor!
TEORIA
Escrever, na verdade, é produzir o texto, é redigir. Não são apenas os
escritores que têm a prerrogativa de criar belos textos, recriando, assim, a
realidade. Não cabe, apenas, aos cientistas registrar, com precisão e clareza,
seus argumentos bem engendrados, comunicando-nos de seus achados e
descobertas científicas. Escrever, produzir um texto, envolve uma atividade
social indispensável, antecedida por uma preparação preliminar, que prevê o
conhecimento significativo da língua; o domínio amplo dos elementos da
comunicação; a leitura crítica e elucidativa do mundo; a definição precisa do
receptor; a ampliação do universo vocabular.
A arte de escrever não se dissocia da arte de falar; completam-se. O saber
falar é necessário à exposição oral, mas não se dissocia e é fundamental para
o saber escrever. Este último torna-se mais fácil, na medida em que se
beneficia da prática lingüística do dia-a-dia, de cujos elementos utiliza-se para
a criação de seu texto.
Antes de tudo, o que há em comum, entre a exposição oral e a escrita, é a
importância de haver método e clareza na distribuição das idéias na fala e no
papel, respectivamente.
58
No entanto, vale ressaltar que ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe
o que vai escrever, se não procura decodificar o mundo, participando do que se
passa à sua volta. Lembrando, portanto, Paulo Freire, “a leitura do mundo
precede a leitura mecânica das palavras” e, por conseqüência, a escrita das
palavras.
A convicção do que vamos dizer, a importância que há em dizê-lo, o domínio
de um assunto da nossa especialidade tiram da redação o caráter negativo de
um simples exercício formal.
Todos nós, quando dominamos um assunto, somos capazes de escrever sobre
ele. Não há um modelo, uma técnica específica e fechada, um jeito especial de
redigir, senão o caráter criativo, individual se perderia. O que existe é uma
inibição inicial, “o desafio do papel em branco”, que dificulta, mas que o esforço
e a prática vencem.
Às vezes, não encontramos as palavras certas para exprimir nossa mensagem
e nos valemos de gestos; palavras, como coisa, barato; negócio, treco, trem;
onomatopéias, como hum... hum; hém... hém e outras expressões mais.
Como fazer para ampliar o nosso vocabulário?
No texto da próxima página, o autor Max Genhringer fala-nos sobre a
necessidade de se encontrar a palavra certa.
Mas, antes vamos relaxar um pouco?
VAMOS RELAXAR
Que tal relaxar, “esticar o corpo”, fazer a energia corporal circular um pouco?
OMBROS E BRAÇOS
Apóie os braços sobre uma superfície resistente. Inspire e projete seu corpo à
frente, expirando após flexão completa dos cotovelos. Inspire e volte à posição
inicial. Repita o exercício 5 vezes. Evite flexionar os joelhos durante a
realização do exercício e tenha cuidado para não enrijecer os ombros.
COMENTÁRIOS
Quer fazer a coisa certa? Então, vamos entender como a coisa funciona. Leia o
texto e observe o que a falta de vocabulário pode causar na produção textual.
59
DICAS
O QUE É COISA COM COISA
Max Genhringer
Se tem uma coisa que anda incomodando a língua portuguesa é a coisa. O
único consolo é que “coisa” é uma das raríssimas palavras que existem em
qualquer idioma, e em todos eles tem o mesmo significado, isto é, coisa.
No princípio Deus criou as coisas, ensina o Gênesis, para só depois decidir
criar o Homem. Quer dizer, geneticamente falando, que tudo que não era gente
era coisa. Isso durou até 1963, quando finalmente o poeta Vinícius de Moraes
decidiu elevar também o ser humano à categoria de coisa: “Olha que coisa
mais linda, mais cheia de graça...” A bem da verdade, nenhum grande escritor
resistiu à coisa, e o próprio Shakespeare notou que existem muito mais delas
entre o céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia.
Mas, o que antigamente era um artifício poético e literário acabou virando
arroz-de-festa. Tem até lugar onde a coisa passou a ser flexionada (“O coiso,
como é mesmo o nome dele?”) ou conjugada (“Eu estava coisando quando a
máquina pifou”.) Ou por preguiça ou por economia de neurônio, as pessoas
passaram a abusar da coisa: por que aprender a falar empregabilidade se é
bem mais fácil dizer “aquela coisa que eu não tinha e por isso perdi o
emprego?” Nas empresas, a coisa já se tornou sinônimo bastardo para
qualquer coisa:
- Quer saber de uma coisa? Pra mim chega.
- Chega do quê?
- Cansei. E uma coisa eu digo: não sou só eu.
- Peraí. Me explica melhor.
- Explicar o quê? Vai me dizer que você é a favor desse estado de coisas?
- Sei lá. Você nem me disse ainda o que está acontecendo.
- Acorda, cara! A coisa ta preta nessa empresa.
- Taí, eu não acho.
- Como, não acha? Isso aqui é coisa de doido.
- E digo mais. Pra mim, ta tudo ótimo.
- Opa, até você? Eu bem que desconfiava. Aí tem coisa...
Convenhamos: a coisa já passou do ponto, e esse é o âmago da questão.
Ao mesmo tempo em que estão adquirindo fluência em inglês e em outros
idiomas alienígenas, muitos profissionais insistem em espezinhar o português
escorreito. A proliferação indiscriminada da coisa é um bom exemplo disso.
Nas empresas, a hiperespontaneidade na comunicação está roubando aos
diálogos a consistência e a praticidade. Mas, a boa linguagem corporativa
jamais admitirá tais atalhos verbais. Quem realmente busca a excelência em
todas as suas dimensões tem por obrigação permear-se com um vocabulário
eclético e dinâmico. O tempo ensinará aos desesperados que o sucesso só
premia os que sabem administrá-lo multifacetadamente, e isso inclui o repúdio
60
ao uso do palavreado fácil e o respeito ao vernáculo. Apenas após dominar as
nuances de sua língua pátria é que alguém poderá alardear que atingiu a
plenitude profissional. Porque só aí terá compreendido e absorvido os três
pilares básicos em que se apóia a essência da filosofia corporativa, a saber:
TEORIA
Saber escrever legitima a nossa capacidade de exprimir o pensamento e o
sentimento. Firma raízes e retroalimenta a nossa própria personalidade que, a
partir daí, vai se desenvolvendo.
A arte de escrever tem o início de sua prática nas rodinhas de conversa do préescolar; nos “causos” contados, nas varandas das casas de fazenda; nos
contos de fada da infância, aliado a um hábito de leitura, às vezes, pouco ou
quase nada incentivado pelo ensino médio. Por isso, depende muito de nós
mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela observação
cuidadosa das leituras de textos escritos.
Haverá modelos para se escrever bem?
Como enfrentar a folha em branco sem tensões?
Como atrair a atenção do leitor?
Vamos tentar estabelecer alguns parâmetros? Vamos, sim!
ƒ
Devemos contemplar apenas um assunto.
ƒ
O assunto do texto deve ser restrito.
ƒ
A idéia central deve ser determinada e delimitada
ƒ
Os parágrafos devem ser estruturados, de modo que a idéia seja
identificada rapidamente.
DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA
Leia a carta abaixo e veja se está de acordo com as nossas recomendações
anteriores:
Salvador, 20 de fevereiro de 2006
Você está participando de uma experiência pioneira na Prefeitura Municipal de
Salvador. Ao inscrever-se neste curso, passou a fazer parte de uma ampla
61
rede, a comunidade de conhecimentos da SMEC da qual também participam
vários segmentos da secretaria.
A Universidade Corporativa da Educação- UNICED é um passo consciente
para a ampliação do processo de inovação das nossas práticas institucionais e
está inserida na visão pedagógica da SMEC.
Você tem à sua disposição um ambiente de aprendizagem que lhe permite
acessar vários cursos e atividades pedagógicas. Neste ambiente, processa-se
a troca de conhecimento, não só acadêmico como profissional, que cada um de
nós vem acumulando durante a vida.
Continue o seu contato com a UNICED. A sua presença é muito importante.
Equipe técnica da UNICED
REFLEXÃO
O que você achou? E quanto à linguagem? Ela está adequada?
DICAS
Os problemas mais comuns na correspondência são:
¾ Preocupações básicas do redator:
• Identificar o(s) receptor(es) do texto.
• Pensar claramente.
• Raciocinar linearmente, sem labirintos.
• Transmitir informações, de modo lógico.
• Manifestar as relações entre os fatos, com evidência.
• Refletir sobre o que vai escrever.
- Como vai transmitir?
- Qual o nível de linguagem a ser utilizado?
- Qual a função da linguagem mais adequada?
Ao escrever um texto, portanto, evite:
ƒ
Repetições de idéias, palavras, verbos auxiliares.
Vamos ver alguns exemplos?
Estamos dispostos a repensar sobre a nossa conversa. (errado)
Estamos dispostos a repensar sobre a conversa. (certo)
É nossa idéia apresentar todos os nossos produtos para os nossos clientes...
(errado)
É nossa idéia apresentar todos os produtos para os clientes... (certo)
62
ƒ
Utilização de palavras e expressões imprecisas:
a dizer – a verdade – além disso – aspecto – casualmente – certamente – coisa
– conjuntura atual – definitivamente – ensejo – então – eventualmente –
oportuno – oportunamente – por seu lado – na verdade.
ƒ
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Evite o emprego de gírias, estrangeirismos e expressões
antiquadas:
Apraz-nos...
Rogamos
Reportamo-nos
Sendo o que se nos oferece para o momento
Epígrafe
Limitados ao exposto
Por oportuno julgamos
Outrossim
Assunto em tela
Passo às suas mãos
Tem a presente a finalidade de...
O uso de termos técnicos desconhecidos do receptor transforma-se em
obstáculo à comunicação. Portanto, evite-os!
COMENTÁRIOS
Cuidado com essas práticas, tão comuns na escrita:
TEORIA
Quando escrevemos, atentamos, também, para as atitudes.
Para a comunicação ser eficaz, o produtor de textos deve analisar:
¾ Com quem vai comunicar-se?
¾ Quem é? Que tipo de pessoa é?
¾ De quanto auxílio a pessoa necessita para atender e aceitar o que lhe vai ser
dito?
63
¾ O que você quer dizer?
¾ A mensagem está clara em sua própria mente?
¾ Você ainda tem pormenores para verificar?
¾ Como você está transmitindo as informações?
¾ Sua abordagem está correta?
¾ Você está usando palavras adequadas às circunstâncias?
¾ Como você se certifica de que conseguiu convencer?
¾ Que informações você quer para a confirmação?
COMENTÁRIOS
Você é prolixo? Quem não é? Parece fazer parte do falar brasileiro, que é uma
conseqüência do formalismo da burocracia brasileira.
DICAS
¾ Expressões evitáveis:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Acima citado
Acusamos o recebimento
Agradecemos antecipadamente
Anexo à presente
Anexo
Antecipadamente somos gratos
Anterior a
Aproveitamos o ensejo e anexamos
Até o presente momento
Como dissemos acima
Com referência ao
Conforme acordado
Conforme segue abaixo relacionado
Datada de
Durante o ano de...
Estamos anexando
Levamos ao seu conhecimento
No estado da Bahia
Somos de opinião que
Segue anexo nosso cheque
Um cheque no valor de...
Vimos solicitar
Evite, também, os pleonasmos:
•
•
•
•
•
Fundamentos básicos
Pela presente
Reiterar outra vez
Sua carta datada de
Vimos por meio desta
64
•
•
Visa a presente rogar-lhe
Tomamos a liberdade de...
Cuidado com as afetações e colocações exageradas:
•
•
•
•
•
A seu inteiro dispor
Temos a honra de
Temos a subida honra de
Temos especial prazer em
Com os protestos das mais elevadas estima e consideração
65
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.3 - Modelando o Texto
COMENTÁRIOS
Aluno amigo, sei que, agora, você
está mais tranqüilo, porque já
percebe que começar a escrever
não é tão difícil assim. Como
“comer e coçar, a questão é
começar!”
Ao escrevermos um texto, a depender do conteúdo a ser abordado, além dos
cuidados com o uso correto da Língua Portuguesa, da capacidade de
concatenar as idéias, devemos escolher a modalidade que melhor se adapte à
produção textual que pretendemos: narração, descrição ou dissertação.
TEORIA
MODELANDO O TEXTO
A narração
O ato de narrar é próprio da
natureza humana. Contar e ouvir
histórias são atividades das mais
antigas dos homens. Desde a idade
mais remota da humanidade, dos
rituais pré-históricos do Homem de
Neanderthal,
passando
pelos
contos de “As mil e uma noites”,
cuja personagem principal salvouse da morte, contando histórias, o
ser humano tem, sempre, um
“causo” a contar.
Assim, narrar, do latim narrare, significa encadear uma seqüência de fatos,
de acontecimentos reais ou imaginários, onde há personagens em
movimento; num determinado espaço; num determinado tempo que, por sua
vez, pode ser, cronológico ou psicológico. Cronológico, quando o fato narrado
66
obedece à realidade e, portanto, ao tempo físico, cronológico. Psicológico,
quando a narração subordina-se, apenas, às lembranças, à memória dos
personagens, portanto do autor. Nesse caso, o passado mistura-se com o
presente e vice-versa.
A narração é mais dinâmica. Pressupõe a presença de um narrador, que
pode ser um personagem, ou alguém fora da história que conta, de forma
onisciente e onipresente (aquele que sabe tudo e está em todos os lugares), os
acontecimentos narrados. A narração tem a movimentação do cinema.
DICAS
Leia esse poema de Manuel Bandeira – Poema tirado de uma notícia de
jornal – e veja se identifica, aí, um exemplo de narração.
COMENTÁRIOS
Você deve ter observado que, apesar de ser um poema, o texto anterior relata
fatos seqüenciados; o modo como se desenvolvem os fatos; os personagens
que protagonizam as ações; a causa ou o motivo dos acontecimentos; a
circunstância de tempo e lugar; o resultado das ações. Existe um narrador e os
verbos aparecem, preferencialmente, no pretérito imperfeito do indicativo e no
pretérito perfeito do indicativo – tempos que, em geral, se referem a fatos
passados.
DICAS
Observe, a seguir, esse outro trecho de uma narração de Machado de Assis.
-
“Quis tirar o braço; mas o dele reteve-lhe com força. Não; ir
para quê? Estavam ali bem, muito bem...”
- Vamos para dentro?, murmurou Sofia.
Que melhor? Ou seria que ele a estivesse aborrecendo?
Sofia acudiu que não, ao contrário; mas precisava ir fazer
sala às visitas... Há quanto tempo estavam ali!
Não, há dez minutos, disse o Rubião. Que são dez minutos?
67
-
Mas podem ter dado por nossa ausência...”
(Machado de Assis)
REFLEXÕES
Percebeu o papel do narrador? Viu
como ele conduz a história? E o
papel dos personagens? Qual a
função dos diálogos? Como
organizá-los para imprimirem maior
dinamismo ao texto?
Reflita sobre as questões acima e
partilhe suas reflexões com seus
colegas. É bom trocar idéias, não
acha?
TEORIA
Há algumas formas de elaborar as falas dos personagens, numa narração.
Podemos utilizar o discurso direto, indireto e o indireto livre.
Discurso direto
O discurso direto é a reprodução direta das falas dos personagens. O seu uso
confere ao texto maior agilidade, oferecendo ao leitor, uma maior veracidade
dos fatos, porque é colocada através do falar direto dos personagens e não do
contar do autor. Caracteriza-se pelo uso do travessão ou das aspas. Exemplo:
“O mendigo, sofrido, dirigiu-se a um transeunte, mostrando seu sofrimento e
pedindo compaixão: - Moço, preciso de uma ajuda, estou com fome, sede,
estou doente!”
Discurso indireto
O discurso indireto não é reprodução, mas a adaptação e a incorporação das
falas dos personagens pelo narrador/autor. Há, então, uma diferença
substancial. O texto perde um pouco o movimento e os fatos são mais
contados do que mostrados com mais realidade. Exemplo: Ele disse ao moço
que precisava de ajuda e que estava doente, com fome e sede.
Discurso indireto livre
O discurso indireto livre é a combinação do discurso direto com o discurso
indireto.Tenta-se, assim, mostrar e contar os fatos ao mesmo tempo,
mesclando a opinião do autor/narrador com a atuação dos personagens.
Exemplo: Ele buscou ajuda e compaixão do moço. O que fazer, se estava
doente, e não podia trabalhar para matar sua sede e sua fome?
68
A descrição
A descrição apresenta-nos um retrato da realidade, fornecendo-nos imagens
que caracterizam e individualizam o objeto, o personagem, a paisagem, o
ambiente a ser descrito, sob determinada perspectiva, num determinado
momento. A descrição é estática, um retrato verbal. São os aspectos que
caracterizam a descrição.
É através da sucessão de
aspectos que o autor dá nitidez à
sua intenção de ressaltar as
características. O produtor de
textos busca atingir seu receptor,
através
da
observação,
da
precisão, da percepção, dos
sentidos.
A descrição apresenta características, como predomínio de verbos de ligação,
emprego de adjetivos que caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência
de orações justapostas ou coordenadas.
EXEMPLO
O texto a seguir, de Autran Dourado, é um exemplo bem característico de
descrição:
“Era um cavalo grande, branco, com uma crina brilhante de vento e luz, caída
sobre o pescoço firme. As patas pisavam duras e elegantes, os cascos
negros... Os olhos grandes, brilhantes, belos, revelavam a raça do cavalo...”
Percebeu a diferença entre narrar e descrever?
TEORIA
A descrição é um retrato através de
palavras, uma representação verbal
de algo animado ou inanimado, que
pode ser uma cena, um objeto, um
animal, um ambiente, uma pessoa,
um sentimento, uma emoção.
Observe que, para se fazer uma
descrição fiel, é necessário que
sejam selecionados os aspectos
mais identificadores e significativos,
particularizando, assim, o alvo da
descrição.
69
No texto de Autran Dourado - referido na página anterior e usado como
exemplo de descrição -, podemos ressaltar a presença constante dos adjetivos
(grande, branco, brilhante, firme, dura, elegante, negro, belo). O nome
sobrepõe-se ao verbo, que aparece pouco. As formas verbais ou são verbos
de ligação ou se associam a adjetivos e ficam em função deles, perdendo a
força verbal: era (verbo de ligação – SER: “Era um ...); pisavam e revelavam,
apesar de terem significação própria, perdem muito do seu valor significativo,
realçando os adjetivos duras, elegantes, grandes, belos que os
acompanham.
EXEMPLO
E esse outro texto? É um belo exemplo de descrição. Note a presença dos
adjetivos e a pontuação que está sempre em função da necessidade de se
acumular características.
“Alto, esguio, de cabelo espetado, gravata borboleta, um ar empinado,
grande bravura pessoal, amigo dos amigos, companheiro fiel e solícito, mas
inimigo irredutível, possuído de uma verve inigualável, quando se tratava de
destruir adversários – sobretudo, quando adversários de baixa estatura moral
– Paulo Duarte ocupou, na história de São Paulo, um papel importante e, no
jornalismo exerceu uma missão moralizadora.” (Abramo, 1993:73)
TEORIA
A narração e a descrição não são tipologias textuais estanques. Elas podem
coexistir, num mesmo texto, contribuindo, assim, para uma maior coerência e
coesão do mesmo.
Leia agora dois parágrafos de um mesmo texto. O ambiente desse fragmento
de conto é um bar onde se joga sinuca.
O homem dos olhos sombreados, sujeito muito feio, que sujeito mais feio!
No seu perfil de homem de pernas cruzadas, a calça ensebada, a barba
raspada, o chapéu novo, pequeno, vistoso, a magreza completa. Magreza
no rosto cavado, na pele amarela, nos braço tão finos. Tão finos que
pareciam os meus, que eram de menino. E magreza até no contorno do
joelho que meus olhos adivinhavam debaixo da calça surrada.
Seus olhos iam na pressa das bolas na mesa, onde ruídos secos se batiam
e cores se multiplicavam, se encontravam e se largavam, combinadamente.
A cabeça do homem ia e vinha. Quando em quando, a mão viajava até o
queixo parava. Então seguindo a jogada, um deboche nos beiços brancos
ou uma provocação nos dedos finos, que se alongavam e subiam.
(ANTÔNIO, João. Meninão do caixote. In: Pauléia (Gentes da rua).
São Paulo: Ática, 1996. p. 30-1
70
COMENTÁRIOS
Na página anterior, os dois parágrafos, de autoria de João Antônio, fazem parte
de um texto cujo gênero é narrativo. Entretanto, percebemos que, dentro de um
mesmo texto, encontramos a narração e a descrição simultaneamente. Isso é
um procedimento comum, ao criarmos os textos, sobretudo os textos literários.
No primeiro parágrafo, que se inicia com “O homem dos olhos sombreados...” e
termina com “debaixo das calças surradas”, observa-se a presença intensa de
adjetivos e muito poucos verbos, sendo a maioria de ligação (pareciam, eram).
O texto adquire uma cadência forte e indicadora de que é necessário a
elaboração mental do retrato do personagem. Este parágrafo é, portanto,
predominantemente, descritivo.
No processo descritivo desse primeiro parágrafo,
temos uma percepção que se dá pelos cinco
sentidos, centrando-se na visão.
No segundo parágrafo desse mesmo texto, que
começa com “Seus olhos iam na pressa...” e
acaba com a oração “e subiam.”, observa-se a
presença de verbos que indicam movimento, ação,
logo há a predominância da ação.
EXERCÍCIO SOLO
A título de treinamento, e para maior fixação da aprendizagem, escreva mais
dois parágrafos para o texto de João Antônio, lido anteriormente. No primeiro,
você deverá descrever o outro jogador da partida de sinuca; no segundo, o final
da partida. Mas, cuidado! Procure ser bem parecido com o autor do texto
original, seguindo o mesmo estilo, para que o leitor não perceba a mudança de
autoria.
Como se trata de uma questão subjetiva, que dá margem a inúmeras e
diferentes respostas, inviabiliza o estabelecimento de um único gabarito.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
TEORIA
Vamos retomar o estudo teórico deste assunto?
71
Dissertar é expor, interpretar, debater, defender um ponto-de-vista, atribuir um
juízo de valor. Segundo outros, é avaliar ou discutir um problema.
A dissertação exige um amplo conhecimento e reflexão do texto a ser
desenvolvido, que deverá ser claro, objetivo, lógico e coerente. As idéias
expostas devem ser comprovadas e/ou discutidas, através de fatos e/ou
argumentos. A dissertação prevê, também, um planejamento do que se vai
escrever, e uma grande habilidade de expressão, em se tratando de
organização de idéias e utilização de recursos lingüísticos.
Quando dissertamos, buscamos materiais necessários para introduzir, avaliar
e pôr em discussão ou solucionar um problema. Cabe, nesse caso, não
apenas uma exposição dos resultados e opiniões, mas o desenvolvimento da
argumentação.
A depender do tema, a dissertação
permite o exame crítico de várias
soluções possíveis, que não será
realizado apenas através de várias
idéias justapostas, mas, pelo
desenvolvimento de uma unidade.
Aí, o importante é a argumentação,
eivada
de
elementos
de
convencimento, que interferem no
senso crítico do leitor.
O tema/problema a ser abordado deverá ser colocado, discutido e resolvido.
Portanto, a dissertação desenrola-se, através de três partes:
•
•
•
introdução (colocação, apresentação do problema);
análise ou desenvolvimento (discussão do problema);
conclusão (resolução, solução do problema).
Introdução, desenvolvimento e conclusão
A introdução propõe o enunciado da questão a ser discutida, de forma que,
desde o início, percebamos o tema da dissertação.Nesse segmento do texto,
sugerimos o plano de desenvolvimento do texto, de forma clara, precisa,
breve e preparatória.
O desenvolvimento (a análise) deve ser ordenado, progressivo e equilibrado.
As opiniões devem ser sucessivamente avaliadas, partindo do mais simples, do
mais específico e conhecido, para o mais complexo e profundo. O equilíbrio da
análise, do desenvolvimento não se refere apenas à proporção dos
argumentos apresentados. Deve ser relativo à sua importância dentro do todo,
como, por exemplo, atitude de quem discute.
72
A parte mais difícil da produção textual é a elaboração da conclusão. Aí,
deverá estar colocada a frase que definirá, com precisão, clareza e concisão, a
opinião do autor. O fim da dissertação deverá ser uma resposta acurada,
positiva ou negativa, à pergunta colocada no início ou mesmo no título do texto.
O processo dissertativo deve ser longo o suficiente, para que apareçam os
pontos de vista diferentes que estimulam o desenvolvimento da argumentação.
EXEMPLO
Leia o texto que se segue, e procure descobrir as características da
dissertação às quais nos referimos.
O AGIR COMUNICACIONAL
Heloísa Dupas Penteado (FE/USP)
Neste mundo contemporâneo, da globalização econômica, da mundialização
cultural, múltiplas identidades se fazem presentes na escola, tornando inviável
ignorar diferentes realidades que compõem esse espaço, representadas pelo
corpo discente.
Impõe-se lidar com elas, de maneira formativa, tendo em vista a construção de
personalidades democráticas, condizentes com um mundo livre, plural, mais
justo e em intensa comunicação intercultural.
Considerar as diferenças que se projetam nos ambientes escolares de ensino e
nas práticas correspondentes implica e exige dos profissionais comprometidos
com a educação escolar o Agir Comunicacional, como conduta docente
capaz de desencadear entre os sujeitos da educação interações
produtivas/criativas/superativas às intercessões das políticas educativas de
flexibilização e descentralização.
No modelo da conduta docente tradicional ignoram-se as diferenças, pela
imposição do modo de agir linear, no processo de ensino escolar, com
predominância da atuação calcada no modelo linear de comunicação, onde o
discurso oficial se impõe pelo papel do docente como emissor de mensagem e
do discente como receptor.
No modo de agir comunicacional, deslocamo-nos para um modo de atuação
em rede. Nesse novo modelo, as etapas do processo educacional escolar são
vividas, enquanto instâncias decisórias de um processo coletivo/plural. E, de tal
forma, que as perguntas referentes a cada instância estão presentes em todas
elas, garantindo, simultaneamente:
• unidade e flexibilidade no processo de ensino/aprendizagem;
• alternância de papéis entre os sujeitos da educação escolar
(professores e alunos), nas relações com os objetos de
conhecimento em foco, de tal modo que alunos e professores vivam,
73
respectivamente,
os
papéis
de
receptores/emissores/
processadores/produtores de conhecimentos.
Nas características do Agir Comunicacional, fundamento da Metodologia
Comunicacional
de
Ensino,
encerra-se/esclarece-se
a
identidade
coletiva/comunicativa do processo de ensino aprendizagem escolar, enquanto
criador da cultura docente.
REFLEXÕES
Reflita sobre o texto da professora Heloísa Dupas Penteado, que você acabou
de ler.
74
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.4 - Passeando Pela Gramática
COMENTÁRIOS
Nesta unidade, passearemos pela GRAMÁTICA, revendo alguns fatos
lingüísticos que estudamos desde o primeiro grau, ferramentas necessárias
para a produção dos nossos textos, mas que ainda nos dão muita dor de
cabeça!
Para construir e produzir textos informativos, literários, publicitários e científicos
deve-se estar de acordo com a norma culta.
Você talvez se arrepie e ache que é muita rigidez
e preconceito lingüístico. Entretanto, se me
perguntasse: - O que é norma culta? E eu lhe
respondesse:
*&#@mhytt;
]~´oi8654ewsa<>///}}^~:[=-)((.
Você entenderia?
Com certeza, não! Por quê? Porque a língua não
pode ser usada aleatoriamente, existem regras
que determinam o seu funcionamento.
TEORIA
PASSEANDO PELA GRAMÁTICA
Por que existem sinais de pontuação? Às vezes, as dificuldades em pontuar
são tantas, que decidimos, por conta própria, eliminá-los.
Os sinais de pontuação são importantíssimos, porque substituem e
reproduzem, na escrita, às vezes, sem muita exatidão, os inumeráveis recursos
da fala como, por exemplo, a entonação, a modulação da voz, os gestos e as
expressões fisionômicas.
Contamos com uma série de sinais gráficos, denominados sinais de pontuação,
que abordaremos, a seguir.
Pontuação
A vírgula, como todo sinal de pontuação, deixa-nos loucos! Um autor brasileiro
já escreveu: “a vírgula não foi feita para humilhar ninguém! Mas que o emprego
dela é difícil, isso é!”
Ziraldo diz muito sobre a vírgula, com o texto que se segue...
75
Que delícia de sinal!
A história assim se passou:
a gente foi ler um livro
e faltava tanta vírgula
e faltava tanta letra
que alguém desconfiou!
Só o que restou no ar
foi uma interrogação:
teriam as letras virado
comida de um comilão?
Até que não foi o fato
de tanta vírgula sumida
que nos fez desconfiar,
pois todo mundo, no mundo
come vírgula, até demais.
Dá até pra acreditar
Que a vírgula é, com certeza,
O mais doce dos sinais.
(Deve vir de sobremesa!).
O uso da vírgula
Usa-se a vírgula, para:
• SEPARAR FRASES COORDENADAS ASSINDÉTICAS.
Ex: Cheguei às 8 horas, na Faculdade, assisti à aula de Língua
Portuguesa, fui almoçar.
• SEPARAR OS ELEMENTOS DE IGUAL FUNÇÃO SINTÁTICA
Ex: Li, refleti, esperei; fiz um belo poema.
O padre, o juiz, o médico, o professor são personagens constantes de
história.
• SEPARAR AS ORAÇÕES ALTERNATIVAS.
Ex: “Um dia chove, outro dia bate sol.”
Ou aprenda, ou desista.
• SEPARAR ORAÇÕES INTERCALADAS.
Ex : Alice, disse Graça, não se esqueça de sonhar.
• SEPARAR OS ADJUNTOS ADVERBIAIS
Ex: Hoje, por volta das 13 horas, almoçaremos no Iguatemi.
Por falta de prioridade política, a educação tem sido esquecida pelos
governos.
76
A vírgula também é usada, para:
I - ASSINALAR A INVERSÃO, A ANTEPOSIÇÃO DOS ADJUNTOS
ADVERBIAIS
Ex: Na semana passada, os funcionários fizeram um churrasco em Jauá.
Todos os dias, faço uma caminhada.
II - ASSINALAR A AUSÊNCIA DE UM TERMO ANTERIORMENTE EXPLÍCITO
Ex: A OPEN-SCHOOL já nos ofereceu cursos de Designer Instrucional, de
Inglês e de Língua Portuguesa.
III - SEPARAR APOSTOS E VOCATIVOS
Ex: Caetano Veloso, grande compositor brasileiro, assume, publicamente,
posicionamentos políticos controversos através da imprensa.
Juliana, você sabe se o glossário já ficou pronto?
Sabe, Sônia, a coisa está ficando difícil neste planeta...
Não se aflija por tão pouco, Ivana...
IV - SEPARAR ORAÇÕES ADJETIVAS EXPLICATIVAS
Ex: O ensino à distância, que é uma metodologia inovadora, vai
transformar a educação tradicional.
Use a vírgula, para:
•
SEPARAR LOCAL E DATA NOS CABEÇALHOS
Ex: Salvador, 1º de janeiro de 2003.
•
SEPARAR OS ELEMENTOS PARALELOS DE UM PROVÉRBIO
Ex: Juventude impertinente, exigente, velhice solitária.
•
SEPARAR AS PALAVRAS SIM OU NÃO, USADAS COMO
RESPOSTA NO INÍCIO DE UMA FRASE
Ex: - Vocês aceitam chá de cidreira?
- Não, não queremos, Marinalva. Obrigada.
•
SEPARAR ALGUMAS CONJUNÇÕES POSPOSTAS
Ex: O pessoal do Núcleo de Tecnologia da Informação, contudo,
prefere chá ao café.
•
SEPARAR PALAVRAS E EXPRESSÕES EXPLICATIVAS OU
RETIFICATIVAS COMO:
Ex: Por exemplo, ou melhor, isto é, aliás, além disso, então...
Você disse tudo, ou melhor, quase tudo sobre o assunto em
discussão.
77
O ponto e vírgula
Usa-se o ponto e vírgula para marcar uma pausa mais longa, mais sensível do
que a vírgula, porém menor que a do ponto, esclarecendo, portanto, que o
período não terminou.
Portanto, use o ponto e vírgula, para:
- Separar as várias partes distintas de um período, que se equilibram em valor
e importância. Exemplo: Depois, ele passou para a próxima unidade; fez os
exercícios de revisão, preparando-se para a abordagem de um novo assunto.
- Para separar as séries ou membros de frases que já são interiormente
separadas por vírgulas. Exemplo: Alguns alunos estudavam, esforçavam-se,
exauriam-se; outros folgavam, descuidavam-se, não pensavam no futuro.
- Para separar os considerandos de um decreto, de uma sentença, petição, etc.
Exemplo:
Art.14. Os cargos públicos são providos por:
INomeação;
IIPromoção;
IIIAproveitamento.
É utilizado para encerrar qualquer tipo de período, exceto os terminados por
orações interrogativas diretas ou exclamativas. Indica, portanto, pausa longa.
O ponto é também usado para indicar abreviações de palavras. Exemplo: A
Sra. Renie é a nossa programadora visual.
Usa-se os dois pontos para:
•
Anunciar a fala dos personagens, nas histórias de ficção. Exemplo: O
professor ergueu o dedo, dizendo: - Qualquer dúvida, podem perguntar!
•
Antes de uma citação. Exemplo: Como dizia o ditado: Antes só, do que
mal acompanhado.
•
Antes de apostos discriminativos, principalmente nas enumerações.
Exemplo: Duas coisas dignificam o homem: a honestidade e o saber.
78
•
Depois de um verbo dicendi (dizer, perguntar, responder, etc.), em
frases de estilo direto. Exemplo: Alguém te disse: Estuda. Só assim
compreenderás o mundo.
•
Para indicar um esclarecimento, um resultado ou um resumo do que se
disse. Exemplo: Confio muito nas pessoas: não sei se serei feliz!
É usado após palavras ou frases que indicam perguntas, questionamentos.
Nunca é colocado no fim de uma oração interrogativa indireta.
Preste atenção para o seguinte:
•
O ponto de interrogação é empregado no fim de uma palavra, oração ou
frase, para indicar pergunta direta ou indireta livre, que se faz com
entonação ascendente. Exemplo: - Como? Perguntou a professora.
Aonde você vai? Como é seu nome?
•
Aparece, às vezes, no fim de uma pergunta intercalada, que pode, ao
mesmo tempo, estar entre parênteses. Exemplo: A desonestidade
(quem há de contestar?) é percebida nos mais “inocentes gestos
humanos”.
•
O ponto de interrogação pode estar combinado com o ponto de
exclamação ou as reticências.Exemplo: Você? Então, era você a pessoa
que...
•
Não se usa o ponto de interrogação nas perguntas indiretas. Exemplo:
Perguntei quem era você.
•
Às vezes, o ponto de interrogação e o de exclamação aparecem
juntos.Isso ocorre, quando há, concomitantemente, entonação
interrogativa e exclamativa. Exemplo: Você viu? !
O ponto de exclamação é usado após uma palavra ou frase, indicando
surpresa, espanto, alegria, entusiasmo, dor ou ordem.
Emprega-se o ponto de exclamação depois de qualquer palavra, expressão ou
frase, na qual, com entonação descendente, indica-se surpresa, espanto,
susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Exemplo: Deus! Que chuva!
79
A exclamação substitui a vírgula, depois de um vocativo enfático. Exemplo:
Brasileiros! A hora é de luta e esperança!
A interrogação também é empregada , depois das interjeições e dos vocativos
intensivos. Exemplo: Ah! Se o povo soubesse...
O ponto de exclamação pode ser repetido, quando há uma intenção de indicar
aumento de duração ou intensidade na enunciação. Exemplo: Hoje, ela já
sabe!!!
Emprega-se as reticências para indicar suspensão, interrupção do pensamento
ou corte da frase de um personagem pelo interlocutor, nos diálogos. A função
das reticências é omitir o que não interessa, imediatamente, aos nossos
propósitos.
Fique atento para as seguintes características das reticências:
•
Usadas, no início, para indicar supressão de palavra (s), numa frase
transcrita, que pertencia a uma frase que não foi copiada desde o
princípio. Por isso, começa-se com letra minúscula. Exemplo:.. se
mistura, migalhas come.
•
Usadas, no final, são um sinal de que o termo da citação não coincide
com o fim da frase onde ela foi tirada. Exemplo: Quem com porcos se
mistura...
•
Usadas no meio do período, para indicar certa hesitação ou breve
interrupção do pensamento. Exemplo: Não sei... não sei... por que sofro
tanto?
Não divague com as reticências... Continue ligado...
As reticências são usadas, no fim de um período gramaticalmente
completo, para sugerir certo prolongamento da idéia, expressando que o
sentido vai além do que ficou dito. Exemplo: Na terra, os homens
sonham, os mortais vivem sonhando...
As reticências também são usadas, sugerindo movimento ou continuação
de um fato. Exemplo: E a vida continua...
As reticências são usadas, no corpo da frase, para indicar pequenas
interrupções que revelam hesitação, ou dúvida, ou fatos que se sucedem
espaçadamente. Exemplo: Você vai ao cinema... vai, João?
Usa-se as reticências, substituindo o ponto de interrogação, para indicar
chamamento ou interpelação. Exemplo: João... gritou ele bem alto.
80
Revelando que o pensamento tomou um rumo inesperado, imprevisto,
descambando para a ironia. Exemplo: “Quanto moço elegante e
perfumado. Que anda, imponente, de automóvel... fiado. Porque lhe faltam
níqueis para o bonde.” ( Bastos Tigre )
81
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.5 - Descomplicando a Língua
COMENTÁRIOS
DESCOMPLICANDO A LÍNGUA
Você pensa que acabou? Como prometemos, na unidade anterior, nosso
caminho é longo, através dos fatos lingüísticos. Nosso objetivo é descomplicar,
simplificar a norma culta.
Vamos continuar buscando o ritmo
dos nossos textos, através da
pontuação.
Não pense que alguns sinais de
pontuação foram abolidos da Língua
Portuguesa,
como
dizem
os
temerosos
das
“imposições
lingüísticas”! Eles estão bem vivos e
são muito importantes, imprimindo
ritmo e facilitando a compreensão
das nossas mensagens!
TEORIA
PONTUAÇÃO II
Observe alguns sinais muito usados na produção textual! Eles também estão
incluídos na pontuação.
Parênteses
Empregam-se os parênteses, para
isolar palavras, locução ou frases
intercaladas, no período, com
caráter explicativo, que são ditas
em tom mais baixo. Às vezes,
substituem a vírgula ou o travessão.
Exemplo: O uso do cachimbo (diz o
povo) deixa a boca torta.
82
Travessão
É um traço maior que o hífen. Emprega-se:
Nos diálogos, indicando mudança de interlocutor ou início da fala de um
personagem. Exemplo: - Você se sente feliz?
Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas. Exemplo: A
esperança - um sentimento imperativo, no Brasil – estimula-nos a viver.
Para isolar palavras ou orações que se quer realçar ou enfatizar. Exemplo:
Todos gritavam – grunhiam – em meio ao desespero.
Ligando palavras, em cadeia de um itinerário, para indicar a junção de
vocábulos, sem, no entanto, formar palavras compostas. Exemplo: O ferry faz o
trajeto Salvador – Bom Despacho.
Vale a pena ressaltar que o travessão, às vezes, substitui os parênteses, a
vírgula e os dois pontos.
Aspas
Quando usar aspas?
•
As aspas são empregadas antes e depois de uma citação textual
(palavra, expressão, frase ou trecho).
•
As aspas são usadas para evidenciar expressões ou conceitos.
Costuma-se, também, colocar entre aspas, ou mesmo grifar, palavras
estrangeiras, termos de gíria. Os títulos de livros, revistas, jornais, filmes
devem ser, preferencialmente, grifados.
•
Quando uma expressão já está entre aspas e se deseja utilizar uma
nova expressão com aspas, dentro da primeira, pode-se usar o sinal de
aspas simples ’.
Colchetes
Têm a mesma finalidade que os parênteses, entretanto, seu uso restringe-se
aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Na transcrição de um texto,
podem indicar inclusão de palavra(s). Exemplo: ”Cada um colhe [conforme
semeia].” ( Adriano da Gama Kuri)
83
Asterisco * *
Asterisco significa estrelinha. Emprega-se:
Parágrafo
Representa-se com o sinal §, servindo para indicar um parágrafo de um texto
ou artigo de lei.
TEORIA
ACENTUAÇÃO
Na pontuação, tentamos reproduzir, através de sinais gráficos (vírgulas,
reticências e outros) as pausas da voz. Na acentuação, indicamos, mediante o
uso dos sinais de acentuação (acento agudo, acento circunflexo, acento grave,
trema e outros) as sílabas mais fortes; o timbre vocálico aberto ou fechado; a
necessidade de se pronunciar o u; a fusão dos as, como na crase - à,
orientando, assim, o leitor, na pronúncia das palavras.
DICAS
Se você refletiu sobre a pronúncia das vogais, observando o timbre, leia essas
palavras, em voz alta, e sinta que algumas são pronunciadas com a boca mais
aberta e outras com a boca um pouco mais fechada. Todas têm apenas uma
sílaba!
Experimentou fazer o que eu lhe sugeri? Notou que as palavras: é, nó, dó, vá,
nu, Zé, li, vê, lá, vô, além de terem apenas uma sílaba, são pronunciadas mais
fortemente? Entretanto, do, de, com, sem, se, também monossílabas, têm
uma pronúncia mais fechada. Assim, podemos concluir que as primeiras,
terminadas em á, é, ê, ô, ó (acentuadas) e i, u (nunca com acento!) são as
tônicas; as seguintes (todas sem acento) são as átonas.
Observe, agora, essas outras palavras; todas têm mais de uma sílaba! São
dissílabas, trissílabas e polissílabas.
84
CAFÉ
FELICIDADE
DÁDIVA
As sílabas destacadas, nessas palavras, chamam-se sílabas tônicas. Sílaba
tônica, como você já viu, é a sílaba pronunciada com mais intensidade. Cada
palavra, a partir das dissílabas, tem apenas uma sílaba tônica, a mais forte.
As outras são chamadas sílabas átonas, as mais fracas.
Classificação
oxítona
paroxítona
proparoxítona
Posição da sílaba tônica
na última sílaba
na penúltima sílaba
na antepenúltima sílaba
Exemplos
café
felicidade
dádiva
TEORIA
Acentuar não é difícil! Todas as palavras proparoxítonas (as que têm a sílaba
tônica, na antepenúltima sílaba) são acentuadas. No entanto, elas são minoria,
na nossa língua.As paroxítonas (as que têm a sílaba tônica, na penúltima
sílaba) são as mais numerosas, mas, nem todas levam acento. O mesmo
ocorre com as oxítonas (as que têm a sílaba tônica, na última sílaba) que
ocupam o segundo lugar, em quantidade, logo depois das paroxítonas.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Leia as palavras que se seguem, em voz alta, como se estivesse cantarolando.
Procure perceber qual a sílaba que você modula mais alto e forte.
Distância-computador-tela-jornal-rígido-antônimo-fogaréu-abalado
Preencha o quadro abaixo, baseando-se no que abordamos anteriormente,
arrastando as palavras para os espaços vazios.
oxítona
paroxítona
proparoxítona
Palavra de duas
sílabas - dissílaba
Palavra de três
sílabas - trissílaba
Palavra a partir de
quatro sílabas polissílaba
Um espaço não deverá ser preenchido. Por quê?
Escreva aqui a sua resposta.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
85
A resposta certa é:
Não existem palavras dissílabas proparoxítonas, porque as palavras dissílabas
só têm duas sílabas, não tendo, portanto, antepenúltima sílaba. O ESPAÇO
QUE DEVERÁ FICAR VAZIO É O DA PROPAROXÍTONA DISSÍLABA.
REVISÃO PANÔRAMICA
Que tal entender e aprender um pouco a acentuar?
Examine os quadros e observe que eles não contêm as terminações i(s) e u(s).
Portanto, palavras monossílabas tônicas e oxítonas com essas terminações
não são acentuadas. Dentre as oxítonas, excetuam-se as terminadas por
hiato.Exemplo: Itaú, Itajaí. Elas levam acento. Lembra do hiato? Note que o u e
o i vêm junto de uma vogal e se separam, na divisão silábica. No entanto,
Aracaju, caju, ali e senti não têm acento, porque o u e o i vêm junto de uma
consoante e, portanto, não formam hiato, ficando juntos, na divisão silábica.
TEORIA
Continue observando os quadros a seguir. Existem outros tipos de paroxítonas
acentuadas, apresentando, no entanto, terminações menos comuns.
SAIBA MAIS
86
Veja, na página seguinte, na letra da música “Construção”, de Chico Buarque
de Hollanda, como é importante o aspecto formal da língua – a acentuação, as
sílabas, a seleção vocabular. Forma não se dissocia de conteúdo. E os bons
poetas sabem disso. Confira!
Construção
Chico Buarque de Hollanda
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
87
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
COMENTÁRIOS
Que linda letra, a da música “Construção”, não acha?! Como se pode ser, ao
mesmo tempo, tão leve e tão incisivo, usando para isso um recurso lingüístico
fantástico, que são as palavras proparoxítonas?
Observe cada estrofe dessa música! O que você nota nas últimas palavras de
cada verso? O que elas têm em comum? São apenas palavras fortes e
crespas? Como a acentuação dessas palavras interfere na rima e no ritmo do
poema? Pois é, todas são proparoxítonas: última, único, tímido, máquina,
sólidas, mágico, sábado, príncipe, lágrima, público, lógico, pássaro,
bêbado, próximo, música, flácida, náufrago, tráfego, única, pródigo. O
acento está na antepenúltima sílaba.
Será que lhe cansamos, com tanta informação? Deu para compreender melhor
como se escreve? Complicou ou descomplicou?
Descanse, faça um pouco de alongamento, pense numa paisagem belíssima
que lhe descontraia e volte pronto, ou pronta, para o abraço... Temos muito a
descobrir!
Até a próxima aula!
88
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.6 - Descobrindo os Segredos
COMENTÁRIOS
Imagino como você ficou predisposto, ou predisposta, para estudar pontuação
e acentuação! Será que, na prática, vai lembrar de tudo isso? Apesar de
cansativo, é muito necessário rever essas questões mais formais da Língua
Portuguesa.
Vamos
tentar
descobrir
os
segredos da Língua Portuguesa.
Por isso, escolhemos alguns
assuntos polêmicos que, tenho
certeza, você já deve ter se
emaranhado, nos textos que
construiu!
TEORIA
Descobrindo os segredos
O uso da crase
Um grande impasse na produção dos nossos textos é o uso da crase.
Você sabia que a crase não é acento? O acento grave (`), aí, é um indicador de
que houve uma fusão de dois fonemas iguais: a + a = à (preposição a com o
artigo a). O uso da crase, portanto, subordina-se ao estilo e à regência dos
nomes e verbos.
Assim, exatamente, como você formulou, baixinho, e ficou com medo de estar
errado.
•
Só se coloca o sinal da crase, antes de palavras femininas.
•
Se você substituir um vocábulo feminino por um vocábulo masculino e
aparecer a contração ao, antes do nome masculino, emprega-se a
crase. Exemplo: Eu vou ao colégio. Eu vou à praia. O verbo IR exige
preposição e a palavra praia admite artigo.
89
•
Quando podemos substituir o a de uma frase pelas preposições e/ou
combinações a, com a, na, para, pela, usamos a crase. Exemplo: Eu
vou à praia; vou para a praia; vou na praia; vou pela praia.
Pensa que terminamos o uso da crase? Que nada! Veja outras regras.
•
Não se usa a crase, antes de verbos, sendo opcional, no entanto, antes
dos pronomes possessivos sua, suas. Exemplo: Ele se recusou a
entregar o livro ao colega. Entreguei o livro a sua mãe. Entreguei o livro
à sua mãe.
•
Podemos usar o sinal da crase, para evitar ambigüidade. Exemplo:
Bordado feito a mão (ou à máquina) - sem crase, por não haver
ambigüidade. À Luísa feriu Pedro – com crase - para evitar
ambigüidade.
•
Os pronomes de tratamento iniciados por possessivos não admitem o
artigo antes de si; logo não podem vir precedidos de a craseado.
Exemplo: Pedi a V. Exa. ; o pronome de tratamento senhora admite o
uso da crase. Exemplo: Refiro-me à irmã de Arminda.
•
Os substantivos próprios que indicam nome de lugar só são precedidos
de a craseado, quando exigem o uso do artigo.Curitiba é uma bela
cidade. Portanto, vou a Curitiba. Roma representa, com exuberância, a
cultura européia. Vou a Roma. A Bahia é um grande centro turístico.
Vou à Bahia. A Itália sediará o próximo congresso.Vou à Itália.
Também usa-se a crase nas seguintes situações:
•
Nas locuções adverbiais femininas, no plural, aparece o sinal de crase.
Exemplo: às vezes, às escondidas, às pressas, às claras.
•
Em algumas locuções adverbiais femininas, no singular, nem sempre se
coloca o sinal da crase. Exemplo: a facada, a máquina, a mão, a
navalha. Caso a clareza do texto seja prejudicada, aconselhamos usar o
sinal da crase, nesse caso.
•
Usa-se sinal indicativo de crase, nas expressões referentes a horas.
Exemplos: à uma hora, às nove horas.
•
Antes dos pronomes possessivos, a crase é opcional. Exemplos: O
documento foi enviado a sua secretária. O documento foi enviado à sua
secretária.
90
Atenção! Não coloque crase!
o Antes de nomes masculinos: Escrevo a Pedro.
o Antes de verbos: Estou a procurar meu documento!
o Antes de artigo indefinido (um): Falei a um médico sobre você!
o Antes de expressões de tratamento. Exemplos: Escrevi a Vossa Sa.
o Antes de pronomes pessoais: Dirigi-me a ela.
o Antes de pronomes indefinidos. Exemplos: (cada, qualquer, nenhum,
todo, vários). Exemplo: Solicitou o relatório a alguma empresa pública.
o Antes de pronomes demonstrativos (este, esse, isto, isso, exceto aquele
e suas flexões). Exemplo: O presidente do sindicato referia-se a esse
procedimento. Entretanto, usa-se: Vou àquele lugar que você me
indicou. Refere-se àquela professora.
O uso da crase é obrigatório nas seguintes situações:
•
Antes de nome feminino, que admite artigo e é regido pela preposição a.
Exemplo: Vou à cidade.
•
Antes de numeral, quando indica horas. Exemplo: Cheguei às oito da
noite.
•
Antes de nomes masculinos, quando se omite a palavra moda ou
maneira, usa-se a crase. Exemplo: Ele é um escritor à moda de Ferreira
Gullar.
•
Antes de pronomes demonstrativos (aquele, aqueles, aquela, aquelas,
aquilo), quando regidos de preposição. Exemplo: Fomos àquele
barzinho e não gostamos do atendimento.
Entretanto, o uso da crase é facultativo antes de nomes próprios, de
pronomes possessivos e na locução até a.
Não se usa a crase:
o Antes de nomes masculinos. Exemplo: Nessa crise, não compre a
prazo. No caminho de Santiago, todos andam a pé.
91
o Nas locuções adverbiais, antes de substantivos repetidos.
Exemplo: cara a cara, gota a gota.
o Antes de substantivo plural. Exemplo: Reporto-me a moças
nascidas em 1976. O a, nessa oração, é apenas uma preposição.
Entretanto, se a oração fosse - Reporto-me às moças nascidas
em 1976 – a crase seria obrigatória, porque haveria a fusão da
preposição com o artigo.
EXERCICIO DE FIXAÇAO
Leia as orações que se seguem. Sublinhe a oração que você considerar que o
a deve ter o sinal indicativo de crase.
1- Dê o livro aquele menino.
2- A noite, não haverá aula.
3- Nunca deu bom dia a quem morava a seu lado.
4- Nunca deu nada a ninguém.
5- Foi a farmácia e comprou os remédios.
6- Ele se refere a Curitiba, como um modelo de cidade moderna.
7- A professora saiu as pressas
8- Comprar a prazo é perigoso.
9- O curso começará as sete horas.
10- Ela se referia a duas empregadas.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
.
Gabarito:
1- àquele; 2 - à noite; 3 - não tem crase; 4 - não tem crase; 5 - à farmácia; 6 não tem crase; 7 - ás pressas; 8 - não tem crase; 9 – às; 10 - não tem crase.
VAMOS RELAXAR
Cansou, não? Crase, para alguns, é uma pedra no sapato! E para você? Se
souber um pouquinho de regência verbal, a crase terá sido bem mais fácil! Em
Língua Portuguesa, como em qualquer área do conhecimento, há uma relação,
uma dependência, entre os vários assuntos - um depende do outro.
Agora, descanse um pouco!
COMENTARIOS
E aí? Você deve ter voltado leve e solto...Vamos lá?
Como vai sua ortografia? Como vão
as dúvidas entre S e Z? E entre X e
CH, S e SS, S? O que você sabe
sobre o uso de Ç , S e Ç, J e G? E o
H?
92
Não
lhe
prometo
nada
de
extraordinário; mas, vamos tentar
representar melhor os sons da
nossa língua pelas letras, de forma
mais adequada?
A tarefa não é nada fácil, nem muito lógica. Uma boa dose de leitura, a prática
de escrever, a origem do nosso idioma explicam, direitinho, esse quebracabeça. Ou tentam explicar!
TEORIA
ORTOGRAFIA
Você já deve ter tido problemas quanto ao uso do h. Por exemplo, a palavra
desumanizada, aparece sem h e, no entanto, a palavra humanizada aparece
com h.
O que vamos expor servirá para resolver parte do problema.
1. O h aparece no início da palavra, mas desaparece na derivada. Exemplos:
Humanizadas, mas desumanizadas
Harmonia,
mas desarmonia
Honesto,
mas desonestos
Honra,
mas desonra
Habitável
mas inabitável
Hábil,
mas inábil
Herdar
mas deserdar
2. O h permanece nos compostos ligados por hífen:
Anti – higiênico
Pré – histórico
Sobre – humano
Super – homem
Pseudo – herói
Mal – humorado
Como o h não tem valor fonético, quer dizer, não é pronunciado, somente a
prática ou um bom dicionário lhe poderão dar certeza se a palavra tem h inicial
ou não.
Eis algumas palavras que, por vezes, nos trazem dificuldades:
93
ATENÇÃO!
Bahia - tradição
Derivados e composto não grafar com h – baiano, baianismo, baião, coco da
baía.
ORTOGRAFIA II
Agora é a vez do uso de algumas consoantes. Prepare-se, essa viagem é
muito divertida e... tem volta!
Como justificar o emprego do S e do Z, nos exemplos acima? Observe os
exemplos que se seguem
Lembre os adjetivos e substantivos vistos acima, cujos radicais terminam em S.
Compare-os com os adjetivos abaixo, que não têm S nem Z nos seus radicais.
Observe com atenção como as palavras derivadas desses adjetivos e
substantivos são grafadas.
94
•
•
•
•
Escrevem-se com S (isar) os verbos que derivam de palavras cujo radical
termina em S.
Escrevem-se com Z (izar) os verbos que derivam de palavras cujo radical
não termina em Z
Terminam em eza com (z) os substantivos que derivam de adjetivos.
Terminam em esa com (s) os substantivos que não derivam de adjetivos.
Está pensando que acabou? Vá até a próxima unidade, que lá tem mais...
Até breve!
95
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.7 - Desvendando os Mistérios
COMENTÁRIOS
Leu o poema de Cecília Meireles “Ou Isto ou Aquilo”? Com a
ortografia é assim mesmo, é pegar
ou largar; ou vai, entra de cabeça,
ou desiste! Mas, você já veio até
aqui, tenho certeza de que irá até o
fim!
TEORIA
Desvendando os mistérios
ORTOGRAFIA III
Observe a palavra contestação, grafada com Ç. Já as palavras omissão e
pretensão, que possuem o mesmo som final de contestação, escrevem-se,
respectivamente, com SS e S.
Por que os sons idênticos são grafados com letras diferentes? Para auxiliá-los
na solução dessa dificuldade, preferimos que você mesmo vá deduzindo, após
observar os exemplos que seguem: SS e não C.
Os verbos que têm na sua raiz o segmento CED geram substantivos grafados
com ss.
Os verbos que têm na sua raiz o segmento GRED geram substantivos grafados
com ss.
96
Os verbos que têm na sua raiz o segmento PRIM geram substantivos grafados
com ss.
Os verbos que têm na sua raiz o segmento METER geram substantivos
grafados com ss.
Os verbos que têm na sua raiz o segmento TIR geram substantivos grafados
com ss.
Ç e não SS
Os adjetivos e substantivos terminados em TO e os verbos terminados em TER
geram substantivos terminados em ÇÃO.
Os vocábulos com som sibilante após um ditongo têm esse som grafado com
Ç.
97
VOCÁBULOS DE ORIGEM ÁRABE:
açúcar, açucena, açafrão, muçulmano, açafate, etc.
VOCÁBULOS DE ORIGEM TUPI, AFRICANA OU EXÓTICA:
araçá, Iguaçu, Juçara, miçanga, paçoca, Paraguaçu, moçoró, caçula,
muçurana, etc.
OS VOCÁBULOS DE ORIGEM ÁRABE, TUPI, AFRICANA OU EXÓTICA
SÃO GRAFADOS COM Ç.
Os vocábulos terminados pelos sufixos aça, aço, iça, iço, uça, ação são
grafados com ç.
S e não Ç
Os verbos que possuem o segmento ND no radical geram substantivos e
adjetivos grafados com S.
Os vocábulos, em geral, os verbos, cujo radical tem os segmentos RG e RT
geram substantivos em S.
98
Os verbos que apresentam, no radical, os segmentos PEL e CORR geram
substantivos e adjetivos em S .
ORTOGRAFIA IV
USO DE G E J
O G só pode ser empregado, com o som de J, antes das vogais e e i .
Exemplos: Gíria, gigante, gilete, giz, ginásio, girafa, vigia, algibeira, angico,
argila, égide, Egito, fuligem, ferrugem, estrangeiro, evangélico, geada, gengiva,
viagem, Gertrudes, gesso, gesto, selvagem, sugerir, tangente, tigela, vagem,
vegetal, vertigem.
Emprega-se o J antes das vogais a, o, u.
Exemplos: Encorajar, forjar, laranja, granja, sujar, lisonja, canja, rijo, sujo,
varejo, jurar, justo, júbilo, jumento, julgamento, juba.
ATENÇÃO!
Em muitos casos, usa-se o j, também, antes do e e do i.
Vejamos, quando isso acontece:
A - Em palavras derivadas de outras que já se escrevem com j:
Laranja: laranjeira, laranjinha.
Encorajar: que tu encorajes, que nós encorajemos (no entanto: a
coragem).
Loja: lojinha, lojista.
Manja: manjedoura.
Viajar: que tu viajes, que eles viajem (no entanto, a viagem).
São Borja: são–borjense
Canja: canjica.
Ultraje: eu ultrajei, que eles ultrajem, o ultraje.
Rijo: rijeza.
Sujo: sujeira, sujinho.
Anjo: anjinho (no entanto, angélico).
Cereja: cerejeira.
Cerveja: cervejinha.
Varejo: varejista.
Laje, lájea: lajes, lajeano,lajeado.
99
Trajar: que tu trajes, que eles trajem, o traje.
Sarja: sarjeta.
B -Quando a origem latina da palavra assim o exigir:
Jeito, majestade, hoje, sujeito, injeção, interjeição, jeitoso, ajeitar,
rejeitar, jejum, jejuar, jesuíta.
C - Em palavras de origem africana, tupi-guarani e exótica:
Alfanje, alforje, caçanje, jirau, jerivá, jibóia, jê, pajé, jeca.
TEORIA
ORTOGRAFIA V
USO DE X E CH
•
•
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Após um ditongo, emprega-se x: caixão, peixe, deixe.
Após en inicial, usa-se x: enxada, enxaguar, enxame. As exceções
são: encher e derivados, enchova e palavras iniciadas por ch,
antecedidas do prefixo en, como enchapelar, encharcar.
Após o me inicial, grafa-se com x: mexerica, mexerico, mexicano,
mexilhão, mexer.
Palavras de origem indígena ou africana: xangô, xará, xavante, xingar,
xinxim, xique-xique.
Palavras aportuguesadas do inglês trocam o sh original por x: xampu,
xerife.
Atente para a grafia das seguintes palavras: bruxo, capixaba, caxemira,
caxumba, enxerido, esdrúxulo, muxoxo, praxe, puxar, rixa, roxo, xale,
xaxim, xícara.
Observe, também, as seguintes palavras:arrocho, bochecha,broche,
cachimbo, chamego, chimpanzé ( ou chipanzé ), chope, chuchu,
flecha, pachorra, pechincha, piche, pichar, salsicha.
ATENÇÃO!
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•
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Chá (do chinês – dialeto mandarino – ch ` á ): planta teácea; da infusão
das folhas dessa planta prepara-se uma bebida.
Xá (do persa xah): título nobre usado na antiga Pérsia (hoje, Irã),
equivalente ao de rei.
Cheque (do inglês check ) : documento bancário, ordem de pagamento.
Xeque: no jogo de xadrez, a jogada que coloca o rei em risco. A palavra,
como o jogo, vem da Pérsia e seria uma variante de xah .
Tacha (do francês tache): mancha, mácula, defeito; pode significar,
também, “pequeno prego”. O verbo tachar significa “ difamar”, “caluniar”,
“atribuir defeitos morais a uma pessoa “.
Taxa (do latim medieval tax): imposto, tributo.
Brocha (do francês broche): prego curto, tacha.
Broxa (do francês brosse): grande pincel usado em caiação de paredes.
Buxo (do latim buxu): pequeno arbusto.
Bucho (origem controvertida): estômago de animal.
100
•
•
Coxo (do latim coxu): capenga.
Cocho (origem controvertida): vasilha para uso do gado.
PARTICULARIDADES DA ORTOGRAFIA DE ALGUNS VERBOS
Grafam-se na terceira pessoa do singular do presente do indicativo com i
(contribui, possui, conclui, estatui). Exemplos:
Diante da violência que ameaça o mundo, conclui-se que o berço da
civilização deve ter sido uma jaula.
Ele possui muitos amigos.
No presente do indicativo e presente do subjuntivo, nas três pessoas do
singular e na terceira do plural, intercala-se um i eufônico. Exemplos:
O sol clareia o rosto triste da criança.
Os noivos se presenteiam, numa manifestação de afeto.
Intercala-se um e eufônico, em cinco desses verbos, no presente do indicativo,
e presente do subjuntivo, nas três pessoas do singular e na terceira do plural:
odiar, remediar, incendiar, ansiar, e mediar. Exemplos:
Ele odeia o pai.
“Cada vez que morre um velho africano é uma biblioteca que se incendeia.”
(Lygia Fagundes Telles)
Apesar de composto de ver, o verbo prover dele se afasta no pretérito perfeito
do indicativo, no mais-que perfeito do indicativo, no imperfeito do subjuntivo e
no particípio passado.
“Foi provido uma cadeira jurídica da Faculdade do Recife.” (Fausto Barreto)
Não segue seu modelo- verbo querer – no presente do indicativo e no
imperativo afirmativo, mais-que-perfeito do indicativo e futuro do subjuntivo e
nas formas do perfeito do indicativo. Exemplos:
Requeiro, hoje, minha aposentadoria.
Isso requer muito cuidado.
Este verbo só é conjugado nas formas em que aparece a vogal i.
101
Exemplos:
Meu sócio faliu.
A loja estava falida.
Nós falimos.
COMENTÁRIOS
Depois de ler tudo isso, buscando entender os segredos da nossa Língua
Portuguesa, como anda, de verdade, sua ortografia? Muitos ”erros”? Não se
preocupe! Se você tem algo a dizer, se estrutura bem seu pensamento, não
tem como se angustiar! O mais importante, você já tem. Assim, é mais fácil.
Continue buscando desvendar os seus segredos!
Você já notou que todo mundo quer escrever determinadas palavras com letras
maiúsculas, ignorando que existem normas, que padronizam o seu uso?
Vamos conhecê-las?
EMPREGO DE MAIÚSCULAS
Usa-se letras maiúsculas:
¾ Início de parágrafos / Períodos (versos → não obrigatoriamente).
¾ Nomes próprios.
¾ Tratamento mais formal ou respeitoso → Santo Padre / Deus
¾ Abreviaturas e siglas.
¾ Nomes de pessoas, incluindo apelidos.
¾ Nomes sagrados, religiosos, mitológicos. Ex.: Santa Clara, Eucaristia,
Hércules.
¾ Nomes de dinastias, clãs e tribos → Xavantes.
¾ Nomes de vilas, cidades, regiões geográficas, mares. Ex.: O Negro e o
Solimões se encontram no Amazonas.
¾ Títulos de livros, jornais ou qualquer produção.
¾ Nomes de épocas históricas, datas significativas, movimentos
filosóficos, políticos. Ex.: O Brasil não teve Renascimento. Nosso
estado não comemora o aniversário da Guerra dos Farrapos.
Também usa-se letras maiúsculas nas seguintes circunstâncias:
¾ Nomes de conceitos religiosos, sociológicos, políticos. Ex.: A Igreja
Católica possui muitos terrenos na Bahia. O Senado Federal. A
Democracia. A Câmara.
¾ Nomes das ciências, das artes, disciplinas e escolas (literárias,
artísticas e arquitetônicas)
¾ Nomes de altos cargos. Ex.: o Imperador, o Coronel, etc.
¾ Leis, decretos ou qualquer ato oficial. Ex.: A Lei de Defesa do
Consumidor.
¾ Festas religiosas → Natal
¾ Nomes dos pontos cardeais quando designam regiões. Ex.: O Nordeste
anda sofrendo sempre.
¾ Nome de partidos políticos, associações e similares.
102
¾ Expressões de tratamento e fórmulas respeitosas
¾ Nomes comuns quando personificados. Ex.: Porque o Amor nunca
cumpre o que promete.
EMPREGO DE MINÚSCULAS
Usa-se letras minúsculas:
¾ Depois de ponto de interrogação e exclamação, quando tem valor de
vírgula. Ex.: Não concorda? ninguém sabe tudo. É, Maria! a vida é fogo
¾ Depois de dois pontos, se eles não estiverem imediatamente antes de
citação direta ou de nomes próprios. Ex: Convidaram várias lideranças
de base para a posse do novo Presidente: sindicalistas; padres;
trabalhadores rurais.
¾ Substantivos próprios que fazem parte de substantivos comuns. Ex.:
deus-dará.
¾ Nomes de festas populares e pagãs. Ex: No último carnaval a ...
¾ Fenômenos meteorológicos regionais →Ex: a seca
¾ Nomes de povos → O brasileiro, apesar de tudo, é um povo alegre.
¾ Monossílabos átonos dentro de títulos → O tempo e o vento
¾ Nome de meses, estação do ano, dia da semana: fevereiro, março,
abril; inverno, verão; domingo, sábado.
VAMOS RELAXAR
Não fique pensando que agora é só alegria e que nos abandonará nessa árdua
tarefa de encontrar os segredos...
Agora, pernas para o ar, que ninguém é de ferro! Chega de normas, não acha?
Vamos exercitar um pouquinho o corpo? Deixe de preguiça, vamos lá!
103
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.8 - Parando Para Refletir
COMENTÁRIOS
Que viagem, essa nossa! Estamos quase no final! Final? Parece um caminho
sem fim... Quanto mais estudamos, mais perplexos ficamos, diante da
grandiosidade e beleza da Língua Portuguesa! O conhecimento dos elementos
que permitem o milagre da comunicação, o saber escrever é muito maior do
que se pensa! Suas possibilidades são infinitas, como o sentimento. Seus
mistérios são insondáveis, como a alma humana!
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1 - Observe as frases que se seguem. São enunciados bastante diferentes
entre si. Diferentes não apenas pelas informações veiculadas, mas também
quanto às formas empregadas. Há diferenças de sons, vocabulário, formas
verbais, formas de tratamento, etc. Analise-os, escrevendo nos quadrinhos.
Marque F, quando for um enunciado mais relativo à fala, e E, quando for mais
relativo à escrita.
Eu conheço ele dês que a gente era colega de colégio.
Eu o conheço desde o tempo em que éramos colegas no colégio.
O sinhô vai armoçá gorinha mesmo? Não faiz mar, nóis vorta
despois.
Vós podereis dizer, excelência, que estou equivocado.
Você podia dizer, cara, que eu errei.
Comprei um pacótchi de lêitchi.
Comprei um pacote de leite.
Mas tu quiria u quê?
Porém tu querias o quê?
Gabarito:F, E ,F,E,E,F,E,F,E.
104
2 - Observe as seqüências de palavras abaixo e assinale a única alternativa
onde estão transcritas apenas formas exclusivas da oralidade:
‰
‰
‰
‰
sinhô – senhor – você – tu – vós
armoçá – aumoçá - almoçar
despois – dipois
eu o conheço – eu conheço ele
gabarito: x despois – dipois x
COMENTÁRIOS
Os exercícios da página anterior
foram
apenas
alguns
poucos
exemplos. Se saíssemos à rua com
um gravador na mão, recolhendo
amostras do que as pessoas
realmente
falam
no
dia-a-dia,
passaríamos o resto da vida
coletando material, sem jamais
esgotar as variedades. Esta é uma
palavra-chave
para
qualquer
compreensão da língua, o ponto de
partida
de
nosso
estudo:
a
variedade, abordada por nós, na
unidade dedicada às variações
lingüísticas.
SAIBA MAIS
Leia o texto que se segue, extraído da revista Isto É, de 20 de agosto de
1997. Procure entender a necessidade que temos de conhecer a nossa língua,
e, portanto, todos esses fatos lingüísticos que tanto nos atordoam! Só assim,
poderemos tecer críticas ou fazer resistência ao uso da norma culta.
“Fala-se mal o português. Ou melhor, fala-se errado. Ninguém agüenta mais
ouvir erros grosseiros do tipo ‘houveram acidentes’ ou ‘é pra mim fazer’. Para
os mais letrados, essas agressões ao idioma têm ferido tanto os ouvidos que
se decidiu partir para um contra-ataque. Pelo menos três rádios de São Paulo e
uma emissora de televisão estão veiculando pequenos ‘inserts’ de especialistas
em dicas para não maltratar a língua-mãe. Longe de se parecerem com
aquelas modorrentas aulas de gramática cheias de regras, que ninguém sabe
para que servem, essas intervenções são, antes de mais nada, bemhumoradas. Ensinam o que se pode chamar de gramática de resultados. Ou
105
seja, dicas úteis e sem complicações das expressões mais usadas no dia-adia.
Uma dessas ofensivas veio da rádio Eldorado AM de São Paulo. Basta
sintonizar a estação, o jornalista Eduardo Martins dá suas advertências em
flashes de um minuto, chamado De palavra em palavra.”
“Autor do Manual de Redação do Estadão, Martins também faz aos sábados
um programa de uma hora de duração que leva o mesmo nome. Com um
tempo maior, aproveita para fazer entrevistas e responder dúvidas dos
ouvintes. Desde que entrou no ar, em maio, ele recebe a média de 60 cartas
por semana. Para Martins, essas solicitações retratam o quanto os brasileiros
estão fracos no próprio idioma. ‘As escolas estão ruins e as pessoas não
sabem nem consultar um dicionário’, diz.
O precursor dessas aulas relâmpago é o professor de português Pasquale
Cipro Neto, 42 anos, que mantém, desde março de 1992, o Nossa língua
portuguesa, na rádio Cultura AM de São Paulo. Mas o sucesso aconteceu,
quando o programa foi colocado na tevê, em julho de 1994 pela Rede Cultura.
A aceitação foi tanta que Cipro vem sendo abordado por outras emissoras
comerciais para protagonizar um programa semelhante. ‘Já recebi convite de
duas grandes rádios de São Paulo’, diz. Tamanho sucesso garantiu a Cipro
Neto estrelar a campanha publicitária do McDonald’s.”
“A rádio Jovem Pan também saiu em defesa do idioma e investe no Programa
S.O.S. Língua Portuguesa, na voz do professor Odilon Soares Lemos, 63
anos, que veicula suas lições em flashes de um minuto. O programa de Lemos
começou voltado para melhorar o desempenho de estudantes às vésperas do
vestibular, mas o interesse dos ouvintes cresceu tanto que, hoje, Lemos tem
também a preocupação de dar dicas para o dia-a-dia, respondendo a
perguntas dos ouvintes. ‘Não é o erro de português em si que é chocante.
Pior é quem o comete. É duro ver um senador da República cometendo
um erro de concordância como o recorrente ‘fazem’ tantos anos. Se essas
pessoas pretensamente escolarizadas erram em público, o que dirá em
suas casas?’”
(Isto É – 20/08/97)
REFLEXÕES
Que tal esse texto? Você acha que, como falante, cuida bem da Língua
Portuguesa? Na prática, o que você faz para falar e escrever corretamente?
Reflita sobre essas questões.
SAIBA MAIS
Professor Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras – ABL é o
autor dessas importantes observações, sob forma de artigo - Correto mesmo
só o português -, discorrendo acerca da maneira descomprometida e pouco
cuidadosa com que o falante trata a nossa língua.
106
•
O verbo constituir é transitivo direto. Exemplo: Esses parágrafos
constituem o núcleo da obra.
•
O verbo constituir-se rege a preposição em: Esses parágrafos
constituem-se no núcleo da obra.
•
O verbo implicar, no sentido de envolver ou ter como conseqüência, é
transitivo direto isto implica dizer que não aceita a preposição em, ou
seja, isto implica aquilo e não naquilo.
Continuando a sua peregrinação pelos “atalhos da língua”, o imortal Arnaldo
Niskier, com muito humor e propriedade, destaca algumas “heresias
lingüísticas”. Veja na página seguinte.
“A água se solidifica a zero graus centígrados”.
Garanto que não virou gelo. O numeral zero deixa a palavra seguinte no
singular.
Frase correta: A água se solidifica a zero grau centígrado.
“Quando as pessoas envelhecem ficam rabujentas?”
Claro que não! Principalmente, grafando dessa maneira. Não seja rabugento.
Escreva esta palavra sempre com g.
Período correto: Quando as pessoas envelhecem ficam rabugentas?
Segue anexa a ficha do aluno ou Segue em anexo a ficha do aluno. São frases
corretas.
Observe: Anexo concorda em gênero e número com o termo a que se refere;
já em anexo não varia.
“O amigo que mais gosto é o Pedro.”
Garanto que o Pedro não acredita nesta amizade.
O verbo gostar (quem gosta, gosta de) é transitivo indireto, isto é, precisa da
preposição de.
Observe: A presença do pronome relativo (que) atrai a preposição para antes
dele.
Período correto: O amigo de que mais gosto é o Pedro.
“Os Estados Unidos é respeitado por todas as nações do mundo.”
107
Cuidado! Quando o sujeito de uma oração é os Estados Unidos, o verbo
ficará sempre no plural, pois o nome daquele país indica pluralidade.
Frase correta: Os Estados Unidos são respeitados por todas as nações do
mundo.
“D. Maria destrinchou o frango assado, mas ninguém o comeu.”
Certamente porque a senhora usou um verbo inadequado.
Trinchar é o verbo correto, isto é, cortar em pedaços.
Destrinchar ou destrinçar significam expor com minúcias, resolver, desenredar.
Período correto: D. Maria trinchou o frango assado, mas ninguém o comeu.
O homem habita a Terra ou O homem habita na Terra?
Tanto faz! Podemos habitar algum lugar ou em algum lugar.
O importante é que o homem preserve essa Terra para que seus descendentes
continuem habitando-a.
EXEMPLO
Eduardo Martins é jornalista de O Estado de São Paulo e autor do Manual de
Redação e Estilo do OESP.
Repare nas duas afirmações seguintes – de uma autoridade federal e de um
cronista esportivo – e na locução assinalada em destaque: “As Forças Armadas
estão se deslocando crescentemente para a Amazônia, porque são o elo de
ligação com o Estado.” / “O meio-de-campo precisa ser o elo de ligação entre
a defesa e o ataque de um time.”
Você concorda com o “elo de ligação” que aparece em situações tão diferentes
nas frases? Bem, não concorde. “Elo de ligação” é uma das dezenas de
redundâncias (ou pleonasmos) que infestam a linguagem do dia-a-dia. Afinal,
elo já significa ligação e falar em “elo de ligação” é o mesmo que dizer “ligação
de ligação”.
Você se lembra das idéias de Charles Darwin? Pois é, ele procurava o elo
perdido entre o homem e o macaco e não o “elo de ligação” perdido entre o
homem e o macaco.
TEORIA
FUJA SEMPRE DO ÓBVIO
108
Veja a seguir mais algumas redundâncias muito comuns e faça o possível para
fugir do óbvio:
Continue fugindo do óbvio! Veja:
¾ “Prefeitura municipal”. Existe alguma que não seja municipal?
¾ “Conviver junto”. Pode-se conviver separadamente?
¾ “Sua autobiografia”. Se é autobiografia, já é sua.
¾ “Sorriso nos lábios”. Onde mais o sorriso estaria?
¾ “Goteira no teto”. Onde mais a goteira estaria?
¾ “Estrelas no céu”. Onde mais as estrelas estariam?
¾ “General do Exército”. Só existem generais no Exército.
¾ “Brigadeiro da Aeronáutica”. Só existem brigadeiros na aeronáutica.
¾ “Almirante da Marinha”. Só existem almirantes na Marinha.
Veja mais obviedades, das quais você deve continuar fugindo!
¾ “Manter o mesmo time”. Pode-se manter outro time?
¾ “Labaredas de fogo”. De que mais as labaredas poderiam ser?
¾ “Pequenos detalhes”. Existem grandes detalhes? Fale em detalhes,
somente.
¾ “Erário Público”. O erário é o tesouro público. Por isso, erário basta.
¾ “Acabamento final”. Pode existir acabamento parcial?
¾ “Despesas com os gastos”. Despesas e gastos são sinônimos.
109
¾ “Encarar ou enfrentar de frente”. Alguém encara ou enfrenta de costas ou
de lado, por exemplo? Fale em encarar firmemente, enfrentar com decisão, etc.
¾ “Monopólio exclusivo”. Se é monopólio, já é total ou exclusivo.
¾ “Ganhar grátis”. Alguém ganha pagando?
¾ ”Países do mundo”. De onde mais podem ser os países?
¾ “Exultar de alegria”. Pode-se exultar de tristeza?
¾ “Viúva do falecido”. Não pode haver viúva sem falecido.
¾ “Subir para cima”. Bem, deixei propositadamente para o fim aquelas
construções que nenhum de nós deve usar, em nenhuma hipótese, como “subir
para cima”, “descer para baixo”, “entrar dentro ou para dentro”, “sair fora ou
para fora” (não se deixe influenciar por muitos locutores esportivos, para os
quais jogadores “entram dentro da área” ou “saem fora do campo”);” autoestima”, nunca “baixa estima” porque o correto é auto e não alto! E nem é
preciso fazer comentários, não é verdade, meu caro amigo leitor?
SAIBA MAIS
A essa altura, você já olha para a nossa Língua Portuguesa com outros olhos,
ela já invadiu sua alma. Leia o que Clarice Lispector tem a nos dizer.
Esta é uma confissão de amor: amo
a língua portuguesa. Ela não é fácil.
Não é maleável. E, como não foi
profundamente trabalhada pelo
pensamento, a sua tendência é a de
não ter sutilezas e de reagir às
vezes com um verdadeiro pontapé
contra os que temerariamente
ousam
transformá-la
numa
linguagem de sentimento e de
alerteza. E de amor. A língua
portuguesa é um verdadeiro desafio
para quem escreve. Sobretudo para
quem escreve tirando das coisas e
das pessoas a primeira capa de
superficialismo.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E
este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não
bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós
que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que
lhe dê vida.
110
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com
uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que
língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não
nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu
queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido
outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e
límpida.
COMENTÁRIOS
Gostou, hein?! Essa unidade foi “um descanso na loucura”, como disse um dos
maiores escritores e recriadores da Língua Portuguesa, João Guimarães Rosa.
Respire fundo e se prepare, com muita garra, para a próxima aula! Até lá!
111
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.9 - Procurando a Saída
COMENTÁRIOS
Como você se sente? Emaranhado, ou emaranhada, em fios que não se
desatam? Enrolado no xale da doida? Percorrendo um labirinto complicado e
surpreendente? Nada disso, todo esse caminhar “faz parte do processo de
construção do conhecimento”, diriam os professores modernos, cheios de
sabedoria e erudição. Estamos procurando o caminho e chegaremos lá!
Vamos, então, nessa unidade, rever alguns fatos lingüísticos que facilitarão a
nossa tarefa de produzir textos. Afinal de contas, você não quer violar as
regras, atentando contra a gramática, você não é uma lesa-gramática (mais
uma palavra, talvez desconhecida -ou não?-, grande contribuição para o seu
vocabulário!).
Que tal começar por regência?
TEORIA
Afinal, o que é regência?
Encontramos, no Novo Dicionário
da Língua Portuguesa, de Aurélio
Buarque de Holanda, a seguinte
definição para regência:
[ Do lat. Regentia ].E. Ling. Em
sentido estrito, a dependência da
forma flexional do nome ou do
pronome em relação à preposição
que complementa.
Regência, portanto, pode ser definida, como uma relação de subordinação, de
dependência dos termos. Segundo Cegala (1977:312), “regência ou regime é o
modo pelo qual um termo rege outro que o complementa”. A palavra que
completa o sentido é denominada ou regida, ou subordinada; a palavra que é
inteirada em sua significação chama-se regente ou subordinante.
REGÊNCIA VERBAL
Veja, na página seguinte, os verbos que têm, em geral, oferecido dificuldade
quanto ao uso ou não de preposição...
112
admite objeto direto, direto e indireto:
Vítor advertiu seu motorista. (objeto direto)
A política da empresa advertia os estagiários da necessidade de cumprimento
de horário. (direto e indireto)
O treinador advertiu-o de que estava fora de forma... (direto e indireto)
exige objeto indireto:
Agrada-lhe uma atitude coerente.
pede objeto direto de coisa e indireto de pessoa, ou simplesmente objeto
indireto:
Agradeci o gesto solidário.
Agradeci-lhe o gesto solidário.
Agradeci-lhe.
pede objeto direto:
O gerente ajudou-a, na transação bancária.
Veja mais alguns verbos que provocam muitas dúvidas quanto ao uso da
preposição.
é transitivo direto, quando significa sorver, cheirar (ar, pó):
O operário aspirou as substâncias nocivas.
É transitivo indireto quando significa desejar:
O operário aspirava a um salário mais justo.
é transitivo direto na acepção de ajudar.
O professor assiste o aluno.
O médico assiste o doente.
É transitivo indireto na acepção de ver, estar presente:
A juventude assistiu ao filme Cidade de Deus.
Os brasileiros assistiram aos jogos da Copa do Mundo.
113
pede objeto direto no caso de significar responder a um chamado:
O médico não o atendeu.
É obrigatório o uso do objeto indireto, se significar prestar atenção:
O diretor atendeu a nosso pedido.
Atender ao pedido.
Atender à convocação.
No sentido de servir é transitivo direto:
A assistente social atende o dependente químico.
Atenção!
Hoje, já é comum o uso ou não da preposição, isto é, o verbo pode ser
transitivo direto ou indireto, indiferentemente.
Chamar: é transitivo direto no sentido de invocar:
O presidente chamou o ministro.
No sentido de apelidar, admite as seguintes possibilidades:
Chamaram-no Zé Moleza.
Chamaram-lhe Zé Moleza.
Chamaram-no de Zé Moleza.
Chamaram-lhe de Zé Moleza.
A preferência, no entanto, é pela transitividade direta:
Chamaram-no Zé Moleza.
Consistir: é transitivo indireto e pede a preposição em (e não a preposição
de):
As novas informações enviadas consistem em novas normas da ABNT.
Implicar: pede objeto direto no sentido de envolver, pressupor, requerer :
Considerar a nova norma gramatical implica revisar textos já elaborados.
Informar: é transitivo direto e indireto. Se a pessoa for objeto direto, a coisa se
constituirá em objeto indireto. E vice-versa:
O médico informou-o de que sua saúde não estava muito boa.
O médico informou-lhe que sua saúde não estava muito boa.
Namorar: pede objeto direto:
A professora namora o aluno surfista. Evite-se namorar com.
Oferecer: é transitivo indireto:
Antigamente, os filhos obedeciam aos pais.
A secretária obedecia ao presidente da empresa.
114
Veja mais exemplos de verbos que podem ser transitivos diretos e indiretos.
pede objeto direto de coisa e indireto de pessoa:
Paguei o empréstimo que fiz..
Paguei ao colega o que lhe devia.
Paguei-lhe o que devia.
(necessitar): é transitivo indireto. Se significar estabelecer com exatidão, será
transitivo direto:
O aprendiz precisava de tempo para assimilar as técnicas.
Não sei precisar a hora do início da festa.
Preferir: é transitivo direto e indireto:
O diretor preferiu vendas à vista a vendas a prazo.
Evita-se preferir mais do que ... ou preferir uma coisa do que outra:
Fulano prefere jogar bola mais do que estudar.
Fulano prefere jogar bola do que estudar.
é verbo transitivo indireto (logo, não pode ser usado em frases passivas) :
O juiz procedeu à elaboração da sentença.
(Não se admite: A sentença foi elaborada pelo juiz. Também é incorreto: O juiz
procedeu a elaboração da sentença.)
no sentido de dar resposta é transitivo indireto:
As perguntas a que ele respondia.
Responder à carta...
Responder ao oficio...
é transitivo direto no sentido de mirar ou de pôr visto:
Construiu uma grande fortuna e visava a fama.
O empresário inovador visou a fama.
É transitivo indireto no sentido de ter em vista, objetivar:
A política educacional visava ao sucesso dos educandos.
O novo presidente visava à transformação da sociedade
115
Modernamente, antes de infinitivo não se coloca a preposição a:
Marcelo visa oferecer vantagens aos novos compradores.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Marque um X nos quadrados, ao lado das orações, cuja regência verbal estiver
correta.
‰
‰
‰
‰
‰
O diretor atendeu a nosso pedido.
O supervisor ajudava o vendedor.
A gerente pagou o empregado a diferença salarial.
O deputado aspira a presidência da República.
A contadora procedeu a elaboração do balanço.
GABARITO: ESTÃO CORRETOS: 1 (primeiro), 2 (segundo).
TEORIA
REGÊNCIA NOMINAL
Na regência nominal, o termo regente - um substantivo ou um adjetivo - é que
necessita de uma complementação para que seu sentido fique claro e preciso.
O termo regido em questão será sempre precedido de uma preposição.
Exemplo: Estou apto a escolher meu caminho. Nessa oração, apto é o termo
regente e escolher é o termo regido.
Às vezes, quando você está escrevendo, vacila diante da escolha de algumas
preposições, não?
Não se preocupe! Estamos lhe oferecendo uma relação de substantivos e
adjetivos, acompanhados de suas preposições mais usuais.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO
Marque um X nas orações cuja regência nominal esteja correta:
‰ É um pedido a que atenderei satisfeito.
‰ É uma pessoa a quem atenderei com prazer.
116
‰
‰
‰
‰
A casa que conheci é arejada e moderna.
A casa que fomos é moderna e arejada.
Não é essa exatamente a rua em que estive.
O Bahia é o time que sempre torci.
GABARITO: ESTÃO CORRETOS: 1 (primeiro), 2 (segundo), 3 (terceiro), 5 (quinto).
COMENTÁRIOS
Deu para entender ou foi puro gramatiquês?
Fique aí, não corra não! Ainda tem mais... Até a próxima aula!
117
Cápsula 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.10 - Encontrando a Saída
COMENTÁRIOS
Que responsabilidade a nossa, ao dizer que estamos encontrando a saída!
Mas, temos a certeza de que depois de tanto lero-lero, de tanta conversa mole,
conseguimos lhe seduzir, que é, na atualidade, uma das funções mais
importantes da linguagem. Sedução, no bom sentido, é claro! Acabamos lhe
convencendo de que usar bem a nossa Língua Portuguesa é um dever de
cidadão. Para isso, todo brasileiro deveria ter o direito a uma educação de
qualidade e criteriosa, assegurando-lhe um conhecimento pleno e claro do seu
idioma - passaporte para a ascensão social, caminho certo para a igualdade,
enquanto cidadão. Saber ler e escrever bem não é um detalhe, não é um
acessório, é a essência, é o fundamental.
Que tal navegar pelos mares da concordância, onde sempre nos afogamos? E
o que é concordar? Você, com certeza, já sabe o que é concordar. É
proporcionar harmonia, combinar uma coisa com outra, para que soe melhor,
comunique com mais clareza, a fim de que tudo fique mais equilibrado.
Para escrevermos bem, é fundamental que saibamos como fazer a
concordância verbal e nominal.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Leia o texto que se segue e preste bem atenção ao uso dos verbos haver e
caber.
(Ferreira Gullar)
O preço do
feijão
não cabe no
poema. O preço
do arroz
não cabe no
poema.
Não cabem no
poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário
público
não cabe no
poema
com seu salário
de fome
sua vida
fechada
em arquivos.
Como não cabe
no poema
o operário
que esmerila
seu dia de aço
e carvão
nas oficinas
escuras
– porque o
poema,
senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no
poema
o homem sem
estômago
a mulher de
nuvens
a fruta sem
preço
118
O poema,
senhores,
não fede
nem cheira.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950 – 1980).
3.ed. Rio de janeiro: Civilização
Brasileira, 1983. p. 224.)
Observe os verbos caber e haver no poema de Ferreira Gullar. Faça um
levantamento das ocorrências desses dois verbos, indicando os seus
respectivos sujeitos. Há alguma peculiaridade quanto à concordância desses
verbos? Reflita sobre isso e, em seguida, escreva suas conclusões abaixo.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
RESPOSTA:
O verbo caber, nesse texto, é um verbo transitivo circunstancial,e os sujeitos,
por ordem de ocorrência são: o preço do feijão; o preço do arroz;o gás, a luz, o
telefone; a sonegação do leite, da carne, do açúcar;do pão; o operário ;o
homem sem estômago ;a mulher de nuvens;o funcionário público; a fruta sem
preço, concorda, portanto, com seu sujeito. O verbo HAVER, NESSE POEMA,
é usado como impessoal, no sentido de existir, não tendo sujeito.
COMENTÁRIOS
Você deve ter percebido que estamos nos referindo à concordância. Tenho
certeza de que sabe do que se trata. Concordar é buscar a harmonia entre as
palavras.
Vamos refletir um pouco acerca da concordância verbal?
TEORIA
CONCORDÂNCIA VERBAL
Este fato lingüístico da Língua Portuguesa assusta e desanima, no momento
de produzirmos os textos. É um ponto crítico em qualquer modalidade de texto,
pois nem sempre é fácil determinar, corretamente, em que número deve ficar o
verbo. Para fazermos a concordância verbal, é necessário não apenas cumprir
as normas gramaticais, mas, sobretudo, fazer valer a lógica do nosso
119
pensamento e o nosso desejo. É preciso, no entanto, equilíbrio! Geralmente, o
respeito às normas gramaticais confere ao texto maior clareza.
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Se o sujeito for um coletivo do singular, seguido de um complemento no plural,
o verbo pode ir para o plural ou permanecer no singular:
Exemplo: O conjunto das provas reflete a péssima qualidade de ensino
verificada nas escolas públicas do país, no último ano.
O conjunto de provas reflete...
A série de verificações...
O número de avaliações e sondagens é inferior...
A multidão resistiu...
A maioria das provas é impressa no computador.
Há casos, porém, em que o redator percebe a fraqueza gramatical diante da
idéia que quer transmitir. Por isso, em vez do singular, prefere o plural:
Exemplo: A maior parte dos alunos lêem muito pouco.
Um coletivo geral determina que o verbo permaneça no singular:
Exemplos: O povo queria, nas eleições diretas para presidência da República,
um representante legítimo das minorias.
O Exército não se conforma em desempenhar o papel de Polícia nos morros do
Rio de Janeiro.
O que prevalece é a concordância com a expressão utilizada e não com a idéia
que ela encerra. Embora povo e Exército sejam palavras que representam
muitas pessoas, o verbo concorda com a palavra expressa. Por isso, série,
conjunto, multidão, maioria e tantas outras pedem o verbo no singular.
120
Uma expressão partitiva tanto pode levar para o plural, como admitir o uso do
singular:
Exemplos: A maior parte dos alunos conseguiu...
Uma porção de vestibulandos inicia...
Um grupo de professoras estão interessados...
Há outras expressões cujo procedimento quanto ao uso de singular e plural é
semelhante. São elas: uma porção de, o grosso de, o resto de.
Sou uma pessoa que não aceito opiniões.
Sou uma pessoa que não aceita opiniões.
O primeiro caso é mais forte e afetivo que o segundo, pois o verbo, na 3ª
pessoa (aceita) da segunda frase, é quase indeterminado, sem nenhuma
intensidade afetiva. A primeira oração – “...que não aceito opiniões”, com verbo
na 1ª pessoa (aceito), reflete muito mais sentimento, sendo, por isso, muito
mais vivo e eficaz.
Se o verbo tiver como sujeito o pronome relativo que, ele concordará em
número e pessoa com o antecedente desse pronome:
Fui eu que fiz o curso.
Foram as alunas que me deram a notícia.
Se, no entanto, o relativo que vier antecedido da expressão um dos, o verbo
vai para a 3ª pessoa do plural, raramente para 3ª pessoa do singular:
Ele é um dos alunos que consomem droga pesada.
Segundo a norma gramatical, geralmente, a concordância é feita na 3ª pessoa
do singular, quando o sujeito é o pronome relativo quem:
Fui eu quem lhe falou sobre esse poeta.
Contudo, é também possível admitir a concordância com o pronome pessoal:
Fui eu quem lhe enviei o livro.
És tu quem me falarás sobre o novo projeto.
121
As alunas parece terem gostado do atual diretor.
As alunas parecem ter gostado do atual diretor.
É indiferente gramaticalmente, o uso do singular ou do plural. A diferença é
semântica e estilística
Não se pode conceber uma escola sem liberdade.
Não se podem conceber uma escola sem liberdade.
No primeiro caso, chama-se a atenção para a ação: conceber, ou seja, não é
possível conceber uma escola. No segundo, em virtude da concordância, a
atenção concentra-se em escola
Gramaticalmente, pode-se considerar conceber como sujeito e uma escola
como objeto. Pode-se, também, considerar escola como sujeito e então o verbo
vai para o plural. Em geral, prefere-se a concordância no plural.
Havendo dois ou mais sujeitos de pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá
para o plural, concordando com a pessoa que tem precedência na ordem
gramatical.
Eu e tu = nós
Eu e ele = nós
Eu, tu e ele = nós
Tu e ele = vós
Você e ela = eles
O professor e tu fizestes o que havia sido combinado.
Eu e tu ficamos debatendo sobre educação a distância.
Tu e eu concluiremos a experiência.
Eu e o caseiro consertamos o canil.
Tu e o diretor já recomendáveis a nova bibliografia.
Ela e a mãe preparavam a ceia de Natal.
122
Portanto, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural, se entre os sujeitos houver
um da 1ª pessoa. Irá para a 2ª pessoa do plural se, não havendo sujeito da 1ª,
houver um da 2ª. Somente irá para 3ª pessoa do plural se os sujeitos forem da
3ª pessoa.
O verbo irá, de preferência, para o plural, principalmente se o sujeito estiver
anteposto. Se o sujeito estiver depois do verbo, é possível o uso do singular.
A educação e a saúde não foram prioridades dos governos.
Não foram prioridades dos governos a educação e a saúde.
Não foi prioridade dos governos a educação e a saúde.
No caso de sujeito de números diversos (singular e plural) precedendo o
verbo, este vai para o plural. Se esses sujeitos estiverem depois dele, o verbo
poderá ficar no singular, se o sujeito mais próximo estiver no singular:
O professor e os alunos reconheceram-se culpados.
Reconheceu-se culpado o professor e os alunos.
Reconheceram-se culpados o professor e os alunos.
Se o sujeito for composto e houver palavra que o resuma, o verbo concordará
com essa palavra.
Gritos, palmas, ovações, quebra do protocolo, nada o levava a temer a
multidão.
Crianças, aposentados, vendedores, correligionários, freiras, ninguém queria
arredar o pé, para ver o presidente.
Discursos esmerados, elegância eclética, entusiasmo exacerbado, tudo
contribuiu para uma posse inusitada.
Dois sujeitos do singular ligados por como, bem como, assim como, do mesmo
modo que, tanto... como, não só... mas, também, requerem análise: se se tratar
123
de adição, coloca-se o verbo no plural; se se tratar de comparação, coloca-se o
verbo no singular:
A mudança ministerial, da mesma forma que os primeiros contratempos do
novo governo, não abalou o entusiasmo do povo.
A simplicidade, assim como a garra, fizeram dele um político carismático.
Sujeito constituído por expressões que indicam quantidade aproximada
determina que a concordância se faça com o complemento dessas expressões:
Cerca de cem cavaleiros abriram desfile.
Menos de dez pessoas participaram da sessão de fisioterapia.
A expressão mais de um determina o verbo no singular:
Mais de um executivo viajou ao Rio de Janeiro.
Se essas expressões se repetirem, o verbo irá para o plural:
Mais de um executivo e mais de um sindicalista estiveram no encontro.
Se o sujeito for constituído pelos pronomes indicados, o verbo pode
permanecer na 3ª pessoa do plural ou concordar com o pronome pessoal que
indica o todo:
Quantos, entre os policiais, estariam dispostos a participar dos festejos?
Quantos, entre vós, estaríeis dispostos...
Se o pronome interrogativo estiver no singular, o verbo ficará na 2ª pessoa do
singular.
Nas orações interrogativas que utilizam quem ou o que, faz-se a concordância
com o substantivo ou pronome que vier depois do verbo.
Quem são os ministros ?
Quem és tu, ó rapaz ?
Quem sois vós que tanto me chateia ?
Que será isso que aconteceu ?
O que são lamentos, queixas ?
124
Se ligados por essas conjunções, o verbo tanto pode ir para o plural como ficar
no singular, conforme se queira ou não atribuir a ação a todos os sujeitos. Veja
os exemplos na página seguinte...
Ou o legislativo ou o judiciário terá de alterar o comportamento...
Nem o legislativo nem o judiciário tiveram de alterar o comportamento.
Se a ação só pode ser atribuída a um deles, o verbo ficará no singular:
Ou o professor ou o aluno será responsável.
As expressões um ou outro ou nem um nem outro admitem o verbo no singular.
Um ou outro teria de admitir a culpa.
Nem uma nem outra aceitou alegremente a imposição.
Já a locução um e outro leva, com freqüência, o verbo para o plural:
Um e outro político admitiam estar enganados.
A regra geral determina que o verbo vá para o plural, quando a idéia que se
quer transmitir é de soma:
O chefe do cerimonial com o porta-voz recorreram a argumentos convincentes
para evitar graves incidentes.
Se se desejar realçar um dos elementos, o verbo poderá ficar no singular:
O professor, com todos os alunos do curso, resolveu fazer o jornal da
instituição.
Admitem o verbo tanto no singular como no plural:
Tanto o professor como o aluno participaram...
O político, como qualquer cidadão, deve ser justo.
Observe-se que o primeiro elemento foi destacado: o político deve ser justo;
a expressão como qualquer cidadão aparece meio escondida, entre vírgulas.
125
Se aparecer na frase a palavra relógio com sujeito, o verbo ficará no singular:
O relógio deu 15 horas.
Entretanto, os verbos soar, dar, bater e ser com o sentido de tempo são
impessoais (constituem, portanto, orações de sujeito inexistente, ou zero), a
concordância é feita com o número de horas expressas:
Soaram 12 horas e a festa começou.
Deram 10 horas no relógio da matriz.
Iam dar 15 horas, quando o desfile começou.
Bateram 21 horas e ainda estou na empresa.
São 15 horas.
Se o sujeito do verbo ser ou parecer for constituído pelos pronomes: isto, isso,
aquilo, tudo, e o predicativo estiver no plural, o verbo irá para o plural:
Isso são especulações desnecessárias.
Aquilo me pareciam esquisitices...
Eram tudo sonhos de adolescente.
Se o sujeito designar pessoa, o verbo concordará com ele:
Ela era as alegrias das casas.
O professor de Informática foi os provocadores do curso.
Se o sujeito for constituído de um substantivo e o verbo ser vier seguido de
pronome pessoal, o verbo concordará com o pronome:
Os cidadãos mais tristes nessa empresa somos nós.
Os maiores gestores sois vós.
Os verdadeiros profissionais são eles.
Nas orações interrogativas com utilização de quem, o verbo concorda com o
substantivo ou pronome que lhe segue:
Quem são os professores dessa Universidade?
Quem és tu?
Quem sois vós?
126
I. Assinale as orações cuja concordância esteja dentro dos padrões da
norma culta:
1. Um
e
outro
documento.......................ao
presidente.
(pertence
/
pertencem)
2. O empregado com todos os clientes................da loja em chamas. (saiu /
saíram)
3. Eu sou aquele que..................o barulho da batida do automóvel. (ouvi/
ouviu)
4. Eu e tu.......ao Rio de Janeiro. (iremos/ireis)
5. Qual de vocês.....................que o Brasil crescerá e se tornará um país
em que a miséria não encontre lugar? (afirma/ afirmam)
6. Quantos de nós, depois dos últimos acontecimentos..................coragem
de expor nossos desejos? (temos/ têm)
7. Tudo ali..........harmonia e paz. (parece/ parecem)
8. Nem o diretor nem a secretária...................a carta do cliente.
(respondeu/ responderam)
9. Quem.............disposto
a
convidar-nos
depois
dos
últimos
acontecimentos? (estará/ estarão)
10. Não fui eu quem..................as encomendas. (recebeu/recebi)
Gabarito: 1- pertencem; 2- saíram; 3- ouvi; 4- iremos; 5-afirma; 6- temos / têm; 7parece; 8- responderam; 9- estará; 10- recebeu.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Marque V (verdadeiro) nos períodos cuja concordância estiver correta:
‰
‰
‰
O candidato e a platéia parecia alegre com a decisão acadêmica.
A gente não sabemos como aprender melhor a Língua
Portuguesa..
A maioria dos exercícios causou perplexidade nos alunos.
127
‰
‰
A empresa decidiu que não se devem aceitarem todos os
aumentos de preços propostos pelos concorrentes.
Adalberto é um dos vendedores que mais se destaca na venda do
novo produto.
Gabarito: (verdadeiras) 3; 5.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Marque um X nos períodos cuja concordância estiver correta.
‰ O candidato e a platéia parecia alegre com a decisão acadêmica.
‰ A gente não sabemos como aprender melhor a Língua
Portuguesa..
‰ A maioria dos exercícios causou perplexidade nos alunos.
‰ A empresa decidiu que não se devem aceitarem todos os
aumentos de preços propostos pelos concorrentes.
‰ Adalberto é um dos vendedores que mais se destaca na venda do
novo produto.
TEORIA
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Segundo as normas gramaticais, o adjetivo concorda em gênero e número
com o substantivo. (Gênero refere-se a masculino ou feminino; número referese a singular ou plural.) Observe as seguintes frases:
Não conhecia a fundo o idioma pátrio.
Os alunos foram classificados por ordem alfabética.
As alunas foram classificadas por critério desconhecido.
Veja como fica a concordância nominal, no caso de dois adjetivos e um
substantivo:
Ambas as construções estão corretas. No primeiro caso, o substantivo prazo
está no singular e os adjetivos tomam seu gênero. Acrescente-se que é o
adjetivo que deve concordar com o substantivo. No segundo caso, o
substantivo prazos aparece flexionado; contraria aqui a hierarquia gramatical,
pois o substantivo é que está subordinado ao adjetivo e não o contrário.
Contraria a hierarquia, mas não fere a regra e ambas as construções são
legítimas. Veja outros exemplos:
128
O adjetivo ficou no singular, concordando com o substantivo mais próximo. O
adjetivo está qualificando, apenas, o substantivo docilidade. Quando, no
entanto, se diz:
Ambos os substantivos ficam separados e não formam um todo; há duas partes
distintas e o adjetivo está qualificando ambos os substantivos. Trata-se no caso
muito mais de um problema estilístico que gramatical.
Vejam-se ainda:
No primeiro caso, o substantivo foi para o plural, em virtude dos vários
adjetivos; no segundo, o substantivo ficou no singular, acompanhando o
adjetivo mais próximo; no terceiro, o substantivo ficou no singular, adotando o
número do adjetivo mais próximo; no quarto, o substantivo foi para o plural, por
causa dos vários adjetivos.
Não só o adjetivo, mas também o artigo e o numeral, regra geral, concordam
em gênero e número com o substantivo a que se referem:
OS CASOS ESPECIAIS
SEGUINTES:
DE
CONCORDÂNCIA
NOMINAL
SÃO
OS
1. Se o adjetivo se referir a um substantivo, concordará com ele em
gênero e número:
Dores esquecidas.
Se o adjetivo se referir a dois ou mais substantivos do mesmo gênero e do
singular, concordará quanto ao gênero deles e quanto ao número irá para o
singular ou plural:
Amor e carinho paternos.
Persistência e competência dignas de inveja.
Arrojo e esforço dignos...
A curto e longo prazo.
O substantivo tanto pode ficar no singular como no plural.
2. Se o adjetivo (precedendo o substantivo) se referir a substantivos
no singular, mas de gêneros diferentes, concordará com o mais
próximo.
Será estabelecido novo procedimento e política de governo.
129
Será estabelecida nova política e procedimento de governo.
3. Se o adjetivo aparecer depois do substantivo, poderá ficar no
singular ou plural ou concordar com o mais próximo:
Política e procedimento de governo novos serão estabelecidos.
Será estabelecida política e procedimento de governo novo.
4. Se o adjetivo se referir a substantivos do mesmo gênero, mas de
números diferentes, permanecerá no gênero deles e irá para o
plural:
Garotas e meninas famosas.
Menina e garotas famosas.
5. Se o adjetivo se referir a vários substantivos de gênero diferente e
do plural, permanecerá no plural masculino ou concordará com o
mais próximo:
Executivos e funcionárias caprichosos.
Executivos e funcionárias caprichosas.
6. Se o adjetivo se referir a diferentes substantivos de gênero e
número diferentes, pode concordar com o mais próximo ou ir para
o masculino plural:
Cartas e relatórios bem datilografados.
Relatório e cartas bem datilografadas.
7. As palavras anexas e inclusas concordam com o nome a que se
referem:
Segue anexo o balanço.
Seguem anexos dois balanços.
Segue inclusa uma cópia.
Seguem inclusas duas cópias.
8. Quanto às expressões o mais possível, o melhor possível, o pior
possível, quanto possível e outras semelhantes, a gramática
determina que o adjetivo possível seja invariável.
Clientes o mais possível pontuais quanto ao pagamento de dívidas
Clientes o mais pontuais possível quanto ao pagamento de dívidas.
Clientes quanto possível pontuais quanto ao pagamento de dívidas.
130
DICAS
ATENÇÃO:
o Menos, alerta e pseudo são palavras invariáveis;
o Quite e extra concordam com a palavra a que se refere;
o Meio, como advérbio é invariável, significa um pouco, um
tanto;
o Meio, como numeral adjetivo, concorda com o substantivo
e significa metade.
131
Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras
Unidade 2.1.11 - Aparando as Arestas
APARANDO AS ARESTAS
Colocação Pronominal
COMENTÁRIOS
Colocar o pronome? Que loucura!
Onde? O que fazer? Como fazer?
Nas
revistas,
nos
jornais,
encontramos o pronome pessoal do
caso oblíquo começando até
parágrafos.
A
que
senhor
obedecer?
Você tem razão, aluno amigo! Você se lembra do texto PAPOS, de Luiz
Fernando Veríssimo, lido por nós, em uma primeiras unidades do nosso curso?
Ele começa o texto, perguntando: “Me disseram ou disseram-me?” Ele,
enquanto escritor, tem a licença poética, a liberdade lingüística legitimada para
usar a língua a serviço da sua criação! Já discutimos esse aspecto, e
concluímos que a língua não pode ser uma camisa de força, comprometendo,
assim, a essência da obra literária e, às vezes, até, da notícia jornalística ou
mesmo do texto científico. Na oralidade, nem se fala! A preocupação com a
posição do pronome, se antes ou depois do verbo, é quase zero.
Como simples mortais, buscando um conhecimento lingüístico diferenciado,
para melhorar o nível de compreensão dos textos que produzimos, temos que
conhecer melhor as normas lingüísticas, otimizando, assim a qualidade textual.
A posição do pronome átono –
antes do verbo (próclise), depois do
verbo (ênclise) ou entre o radical do
verbo e a desinência modotemporal do futuro do presente e do
futuro do pretérito (mesóclise) depende muito da presença ou não
de algumas palavras, na frase, que
confiram uma certa harmonia
sonora.
Não se assuste com próclise,
ênclise e mesóclise; esses termos
parecem verdadeiros palavrões!
Vamos lá?
132
TEORIA
Próclise
É colocar o pronome átono antes do verbo.
A próclise é comum nos seguintes casos:
1. Quanto o verbo segue uma partícula negativa: não, nunca, jamais, nada,
ninguém. Exemplos:
•
Não nos responsabilizaremos por sua atitude rebelde.
•
Nunca se acusou um cliente por esses motivos.
•
Um vendedor de nossa empresa jamais se contentará com níveis de
faturamento tão baixos.
•
O relatório fora bem escrito, mas nada o recomendava como modelo que
devesse ser imitado.
•
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra na sala de aula.
2. As orações que se iniciam por pronomes e advérbios interrogativos também
exigem antecipação do pronome ao verbo:
Por que o diretor se ausentou tão cedo?
Como se justificam essas afirmações?
Quem lhe disse que o gerente de vendas não se interessaria por tal fato?
3. As orações subordinadas também exigem antecipação do pronome ao verbo:
Ainda que lhe enviassem relatórios substanciais, não poderia tomar nenhuma
decisão.
Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a cabeça.
Aquela correspondência que te chegou às mãos...
4. Alguns advérbios exercem forças atrativas sobre o pronome: mal, ainda, já,
sempre, só, talvez, não:
Mal se despedira...
Ainda se ouvira a voz dos que clamam no deserto.
Já se falou aqui da inconseqüente...
Só se acredita naquilo por que se interessa.
133
Os relatórios talvez se abstenham de informar...
Não se manifestará apoio ao desonesto, corrupto e politiqueiro idealizador de
semelhante comemoração.
5. A palavra ambos, bem como alguns pronomes indefinidos (alguém, todos,
tudo, outro, qualquer), também têm força atrativa:
Ambos os candidatos me pediram voto.
Alguém te dirá, algum dia, o que não queres ouvir.
Todos te pedirão desculpas.
Tudo se transformará em alegria.
Outro ministro se ajustará ao cargo com dificuldade.
Qualquer pessoa se preocupa quando está sem dinheiro.
6. Nas locuções verbais, se houver negação ou pronome relativo e interrogativo:
Não se pode deixar de realizar...
Coisas que se podem deixar de realizar...
Por que se deve realizar essa tarefa?
7. Se o verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito, pode se utilizar
a antecipação pronominal:
Eu me dedicarei aos estudos gramaticais quando...
Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...
Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é aconselhável, porque parece muito
pedante (Eu dedicar-me-ei aos estudos... Eu dedicar-me-ia aos estudos...).
Embora o pronome pessoal do caso reto não tenha força atrativa, é recomendável
a próclise para evitar o preciosismo da mesóclise.
Ênclise
É colocar o pronome átono depois do verbo.
1. Nos casos de infinitivos, pode-se colocar o pronome depois do verbo:
O presidente quis enviar-lhe...
Para dizer-lhe a verdade...
Também se admite a construção:
Para lhe dizer a verdade...
2. A ênclise é obrigatória quando nada atrai o pronome oblíquo:
O delegado começou a interrogá-la...
134
Admite-se que o escrivão continue a datilografá-lo.
3. O pronome tende a permanecer depois do verbo nas locuções verbais.
Portanto, não fica solto entre verbos:
A copeira continuou respondendo-lhe às perguntas.
Quando tu poderá dizer-nos sobre os últimos acontecimentos?
Mesóclise
Meso significa meio. Mesóclise é colocar o pronome átono no meio - entre o
radical do verbo e sua terminação indicativa de tempo.
1) É utilizada no futuro do pretérito e no futuro do presente:
Dar-te-ei o prazer de...
Recomendar-nos-ia...
2) Para evitar afetação, recomenda-se buscar forma menos preciosa de
construção. Coloca-se, então, um pronome pessoal e antecipa-se o pronome:
Eu me darei o prazer de...
Ele nos recomendaria...
Observações:
Não é recomendável iniciar oração com pronome oblíquo:
Me telefonaram esta manhã de Santa Catarina.
Te perguntaram alguma coisa ?
Se esqueceu de falar ao gerente?
3) O gerúndio determina que o pronome venha antes dele ou depois dele (mas
sempre ligado por hífen a um verbo), quando em locuções verbais:
A secretária ia-se esquecendo de relatar...
A secretária ia esquecendo-se de relatar...
A gramática tradicional recomenda que o pronome não fique solto entre os
verbos:
Exemplo: A secretária ia se esquecendo...
4) É comum e desejável substituir o pronome possessivo por um oblíquo:
Puxei o seu braço...
Puxei-lhe o braço...
Pisei o seu pé...
Pisei-lhe o pé...
135
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Marque um X nas orações cujo pronome pessoal átono do caso oblíquo esteja
usado com propriedade:
‰
‰
‰
‰
‰
‰
‰
Ele me deu um grande incentivo profissional.
Nos informaram acerca das novas instruções governamentais.
Já nos cumprimentamos, na sala reservada às autoridades.
Queimei-lhe o seu braço.
O presidente ia-se esquecendo de cumprimentar o adido cultural.
O professor não esqueceu-se de sua competência.
Por que fala-se tão mal dele?
Gabarito: 1, 3, 4, 5.
VAMOS RELAXAR
Eu sei que você, apesar do cansaço, ainda gostaria de rever algumas coisinhas
mais. É impossível contemplar todos os aspectos da Língua Portuguesa sobre os
quais ainda há dúvidas e questionamentos.
Produzir textos não se restringe, apenas, a queimar os neurônios com a
abordagem de fatos lingüísticos. É muito mais do que isso! É criatividade,
vocabulário amplo e adequado, conhecimento do assunto, boa estruturação do
texto, dentre muitas coisas...
Estamos chegando ao fim, começo a sentir saudade de você! Prepare-se, fique
em forma, relaxe um pouco. Até já!
136
Assunto 3.1: A teoria, na prática, é outra
Unidade 3.1.1: Interagindo com a gramática
COMENTÁRIOS
Às vezes, estudamos, procuramos
entender e memorizar as regras,
acreditando que elas nos bastam
para produzirmos textos bonitos e de
fácil entendimento. Como se a
Língua Portuguesa tivesse apenas
uma versão, uma forma, para as
infinitas realizações lingüísticas. Na
prática, com certeza, a teoria é outra.
Como já discutimos, anteriormente, a Língua tem muitas variações, a depender
das características do emissor e receptor - peculiaridades dos falantes;
especificidade do assunto abordado; da faixa etária; das profissões do emissor e
do receptor; da classe social a que pertencem, da região geográfica onde moram
e outras questões mais.
Por isso, podemos afirmar que a Língua não é uma camisa de força, que se impõe
ao usuário, independente da necessidade de um momento específico da
comunicação verbal.
Vamos, então, realizar uma revisão de algumas questões mais polêmicas, seguida
de exercícios práticos que esclarecerão suas dúvidas.
REVISÃO PANORÂMICA
Você percebeu que o trabalho com as palavras requer sensibilidade. Vamos,
agora, procurar mexer com essa sensibilidade, deixando as teorizações e
buscando fazer os exercícios, como uma forma de treinamento e fixação de tudo
que estudamos juntos. Procure fazer as atividades propostas com o maior
empenho possível, transformando-as numa possibilidade de trocar experiências
com seus colegas e de avaliar o seu novo modo de lidar com a Língua
Portuguesa!
EXERCÍCIO SOLO
EXERCÍCIO COM PALAVRAS
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1. Concentre-se, sozinho, em silêncio, em cada uma das palavras seguintes e
pense em outras palavras que, para você, têm alguma relação com elas
(dedique cerca de um minuto a cada uma).
Político ⎯ violência⎯ amor ⎯ esgoto ⎯ paz ⎯ homem – oceano - Deus
Salário ⎯ pátria ⎯ povo ⎯ asfalto ⎯ rio ⎯ trabalho - dor – fome
Após refletir, utilize o espaço abaixo para escrever suas respostas.
Vamos lhe oferecer algumas opções de resposta, porque, o objetivo do exercício é
o desenvolvimento da sensibilidade do aluno, ao usar as palavras, elas poderão
ser associadas de diversas maneiras. Vale a pena aproveitar a oportunidade para
verificar a ocorrência e, portanto, evitar, o uso de lugares comuns e chavões
expressivos. Esse tipo de exercício possibilita uma maior intimidade com a
língua, através de um jogo de sedução com as palavras.
1ª possibilidade:
2ª possibilidade:
político - bem comum político - mentira
violência - miséria
violência - salário
amor - paz
amor - cuidado
esgoto - pobreza
esgoto - doença
paz - amor
paz - serenidade
homem - vida
homem - deus
oceano - amplidão
oceano - fuga
deus - justiça
deus - fé
salário salário - emprego
sobrevivência
pátria - orgulho
pátria - povo
povo - união
povo - pátria
asfalto - tecnologia
asfalto - cidade
rio - fartura
rio - alimento
trabalho - salário
trabalho - salário
dor - fome
dor - amor
fome fome - pobreza
desemprego
138
EXERCÍCIO SOLO
VAMOS CONTINUAR EXERCITANDO AS PALAVRAS?
2. RELACIONE CADA UMA DAS PALAVRAS SEGUINTES COM OUTRAS QUE
TENHAM SONORIDADE SEMELHANTE (DEDIQUE UM MINUTO A CADA).
VERÃO ⎯ CONSTITUIÇÃO ⎯ MURRO ⎯ VERDADE ⎯ SIM ⎯ VIDA
PULMÃO⎯ DENTE ⎯PENSO ⎯ TELEVISÃO ⎯ POESIA ⎯ JORNAL
APÓS TER RELACIONADO AS PALAVRAS, UTILIZE O ESPAÇO ABAIXO PARA
ESCREVER SUAS RESPOSTAS.
Vamos lhe oferecer algumas opções de resposta, porque, o objetivo do exercício
é o desenvolvimento da sensibilidade do aluno que,ao usar as palavras, poderá
associa-las de diversas maneiras. Vale a pena aproveitar a oportunidade de
brincar com as palavras. Esse tipo de exercício possibilita uma maior intimidade
com a língua, através de sua sonoridade.
verão - tesão
constituição - nação
murro - burro
verdade - realidade
sim - assim
vida - lida
pulmão - coração
dente - rente
penso - tenso
televisão - ilusão
poesia - melodia
jornal - factual
verão - emoção
constituição - determinação
murro - surro
verdade - seriedade
sim - coxim
vida - sofrida
pulmão - ação
dente - sente
penso - senso
televisão - maldição
poesia - sangria
jornal - atual
139
EXERCÍCIO SOLO
3. Relacione cada uma das palavras abaixo com outras que a elas se liguem pela
semelhança de significado.
Índio ⎯ afeto⎯ polícia ⎯ liberdade ⎯ economia
Valores ⎯ projeto ⎯ descoberta ⎯ ecologia ⎯ educação
Utilize as palavras que você escolheu, através da semelhança de significado e
procure utilizá-las num pequeno texto cujo tema é dado pela primeira palavra índio - que serviu de sugestão inicial.
Escreva suas respostas no espaço abaixo.
Vamos lhe oferecer algumas opções de resposta, porque, sendo o objetivo do
exercício o desenvolvimento da sensibilidade do aluno, ao usar as palavras, elas
poderão ser associadas de diversas maneiras. Vale a pena aproveitar a
oportunidade para refletir sobre os diversos significados que as palavras podem
assumir. Esse tipo de exercício também nos aproxima mais da língua, permitindonos uma ampliação do vocabulário.
índio - floresta
afeto - carinho
polícia - violência
liberdade - alegria
economia - limite
valores - crenças
projeto - futuro
descoberta - novidade
ecologia - natureza
educação - crescimento
índio - selvagem
afeto - amizade
polícia - suborno
liberdade - paz
economia - poder
valores - respeito
projeto - compromisso
descoberta - alegria
ecologia - responsabilidade
educação - aprendizagem
Era uma vez...
Uma criança sonhou que era visitada por um índio velho que lhe apresentava
muitos indiozinhos, com quem deveria brincar. O ambiente onde estava exalava
muita paz, liberdade e afeto.
140
A criança, inicialmente, ficou assustada, não acreditava muito no que via. Não
havia projetos, programas escritos, mas um compromisso mútuo de respeito ao
próximo, à ecologia, aos direitos e deveres do homem. A educação era construída
coletivamente, cada dia revelava uma descoberta no interior de cada um e no
entorno, na sociedade. As diferenças eram respeitadas. Não havia guerra nem
ódio; mentiras nem angústias. Todos pareciam felizes e plenos. Violência e polícia
não havia no vocabulário daquela gente bonita que só se pintava para festejar a
harmonia e a convivência solidária. A criança experimentava um momento único,
já estava cansada de ouvir o lamento de seus pais. Ia convidá-los para participar
daquele
banquete
de
felicidade.
Triste
ilusão,
foi
acordado
por
eles!
São 7 horas! Levante-se! Estamos muito atrasados! Sua aula é às 8 horas e o
engarrafamento nos espera! Antes do trabalho, temos que ir ao banco negociar
uma dívida! Como acreditar no sonho? Como entender a realidade? Seria apenas
uma questão de terminologia, por que não trocar os nomes?O sonho passaria a
designar a realidade e a realidade passaria a ser chamada de um "mau sonho"?
PROPRIEDADE / IMPROPRIEDADE VOCABULAR
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Que tal treinar um pouco de Propriedade/Impropriedade Vocabular? Vamos lá!
1. Observe as palavras destacadas nas frases abaixo. Trata-se de casos de
“impropriedade vocabular”, ou seja, de palavras cujo significado não é
adequado para o uso a que foram destinadas. Leia as orações, pense na
possibilidade de substituí-las. Sua função é substituí-las, mesmo que
mentalmente, por termos mais apropriados.
a) Os quatro rapazes sumidos em Brasília assassinaram o índio Galdino.
b) Num laboratório de genética de Paris, foi achada uma célula capaz de
clonar o ser humano.
c) Muitos turistas, no Nordeste, sofreram queimaduras de pele devido à
violenta luz do sol, neste verão.
d) A seleção campeã de vôlei foi fazer uma excursão na Europa para que os
jogadores ganhem mais vivência.
e) A senhora idosa foi presa, portando grande quantidade de maconha, no
Aeroporto de Salvador, onde traficantes fazem a comercialização de
todos os tipos de drogas.
141
As respostas dessa questão também não são rígidas, excludentes, definitivas.
Depende muito da percepção do indivíduo.
Escreva suas respostas no espaço abaixo.
Gabarito
a)desaparecidos perdidos.
b)foi descoberta
c)forte, intensa
d)experiência
e)vendem
Continue lendo as orações abaixo e pensando na possibilidade de substituí-las.
f) Minha prima garantiu que irá reunir condições de passar no vestibular.
g) Os parlamentares apresentaram sua intenção de apoiar o presidente.
h) Os alunos das escolas estaduais terão aulas aos sábados para botar a
programação em dia, por causa da greve.
i) O futuro é enigmático.
j) Suas críticas são demasiadas.
k) Depois de negar várias vezes, o desembargador, repentinamente
assumiu sua culpa.
l) Será implantada uma refinaria em Madre de Deus.
m) A Secretaria de Abastecimento divulgará a tabela de preços a ser
implantada a partir de segunda-feira, dia 06 de janeiro de 2003.
n) A reunião marcada, na terça-feira, aconteceu com a presença de todos os
ministros.
Utilize o espaço abaixo para escrever suas respostas.
142
GABARITO:
f)reunirá
g)expuseram,manifestaram
h)pôr, colocar
i)incerto,duvidoso
j)exageradas
k)inesperadamente
l)será instalada
m)ser aplicada,ser seguida,ser adotada,ser obedecida
n)foi feita,realizou-se
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Que tal continuar exercitando?
2. Nas frases abaixo, estão destacadas palavras e expressões cujo uso deve
ser evitado. Trata-se de “modismos” e “frases feitas”, indicadores da pobreza
vocabular de quem escreve. Procure substituí-las por palavras e expressões
adequadas. Observe que, em alguns casos, pode-se simplesmente eliminar a
palavra ou expressão destacada.
a) A nível de revelação de novos talentos, o programa Fama, da Globo, está a
todo vapor.
b) O psicólogo quis colocar uma questão. Para ele, é necessário permitir que os
jovens conquistem seu espaço.
c) O tema vai ser abordado sob uma nova ótica, que permita a fuga da idéia de
um caos inevitável.
d) De repente, resolveu assumir.
e) Em última análise, certas expressões não dizem nada. Até porque muitas
delas são dispensáveis.
f) Sabendo administrar o resultado dos jogos da última Copa do Mundo, Felipão
carimbou seu passaporte para trabalhar, como técnico, na Europa.
Agora, escreva suas respostas no espaço abaixo.
143
Gabarito:
a) A nível de=em termos de, no tocante,com relação a
Novos talentos=bons jogadores novos
A todo vapor=vai muito bem, atua com competência,
b) Colocar uma questão=opinar
Conquistem seu espaço=sejam reconhecidos,sejam valorizados
C )sob uma nova ótica=de outra maneira,de outro ponto de vista
caos inevitável=desorganização iminente, desordem insuperável
d )de repente=naquele momento, naquela ocasião
assumir=tomou uma decisão,tornei-me responsável pelos meus atos
e em última análise=(expressão dispensável, sem muito sentido)
f) administrar=controlar
carimbou seu passaporte=credenciou-se
g) A posição do ministro Gilberto Gil entrou em rota de colisão com as idéias das
manifestações populares identificadas nas comunidades de base.
h) A inflação não voltará a atingir patamares insustentáveis.
i) Os traficantes devem ser severamente penalizados pela lei.
j) Os familiares inconsoláveis não deixaram de recompensar os relevantes
serviços dos policiais.
l) O leque de opções para a comitiva de Caetés era limitado: agüentar as
solenidades de praxe ou enfrentar o protocolo e o mau tempo reinante.
m) Agarrei-me à certeza de que, àquela hora, a esplanada dos ministérios estaria
literalmente tomada.
n) Depois de um longo e tenebroso inverno, vemos ressurgir a esperança em
novos tempos, com esse novo governo.
Utilize o espaço abaixo para escrever suas respostas.
GABARITO:
g)entrou em rota de colisão=chocou-se, foi de encontro a
h)patamares insustentáveis=índices muito altos
i)severamente penalizados=punidos
144
j)familiares inconsoláveis=família entristecida, família triste
relevantes serviços=bons serviços; bom desempenho
k)leque de opções=as alternativas, as possibilidades
solenidades de praxe=o ritual convencionado
mau tempo reinante=o mau tempo
l)agarrei-me à certeza=prendi-me à idéia; sustentei a idéia
literalmente tomada=cheia
m)depois de um longo e tenebroso inverno=depois de um mau bocado; depois de uma
fase difícil
n) ressurgir a esperança em novos tempos=retornar o otimismo;retornar a esperança;
retornar a disposição.
A indústria de informática está ensaiando seus primeiros passos em direção ao
futuro.
O brilhante causídico, morto prematuramente, será objeto de perpétuas
saudades.
Os valorosos soldados do fogo apesar de exaustivos esforços, não
conseguiram debelar as chamas do World Trade Center.
Foi uma agradável surpresa. Terá sido mera coincidência?
Foi aberto rigoroso inquérito, sobre os desaparecidos dos anos 70, que faria as
investigações necessárias. Posteriormente, seriam tomadas medidas
drásticas.
Há um extenso programa a ser cumprido pelo novo governo. É necessário,
portanto, conjugar esforços.
Após acalorada discussão, seguida de intensa pancadaria, o pagodeiro e o
repórter foram encaminhados ao hospital com escoriações generalizadas.
O doutor Márcio Thomaz Bastos, que dispensa apresentações, discorreu
longamente sobre o tema da violência, dirimindo as dúvidas que
eventualmente surgiram.
Um lamentável acidente fez com que perdêssemos o bonde da história.
Parece que o destino nos quer tratar com requintes de crueldade.
Escreva suas respostas no espaço abaixo:
145
GABARITO:
n)ensaiando seus primeiros passos em direção ao futuro= iniciando um novo
período
o)brilhante causídico=competente advogado; advogado brilhante
morto prematuramente=que morreu ainda jovem
será objeto de perpétuas saudades=nunca será esquecido
p)valorosos soldados do fogo=bombeiros
exaustivos esforços=duro trabalho
debelar as chamas= apagar o fogo
q)agradável surpresa=surpresa
mera coincidência=coincidência
r)rigoroso inquérito=inquérito
medidas drásticas=medidas adequadas; medidas radicais ,rígidas
s)extenso programa=longo programa
conjugar esforços=trabalhar em conjunto; cooperar mutuamente
t)acalorada discussão=forte discussão
intensa pancadaria=agressão
escoriações generalizadas=ferimentos
u) que dispensa apresentações=( pode ser retirado do texto ou substituído por
uma expressão como: intelectual competente; advogado brilhante; advogado
atuante)
discorreu longamente sobre o tema=falou sobre a violência
dirimindo dúvidas=esclarecendo dúvidas
v)lamentável acidente=(apenas) acidente
perdêssemos o bonde da história=perdêssemos a orientação; nos
desencontrássemos
requintes de crueldade=cruelmente
146
DICAS
Saber usar bem o dicionário
requer muita atenção, porque os
verbetes são organizados dentro de
determinados padrões, critérios e
convenções.
Consultamos, no Novo Dicionário da
Língua Portuguesa, de Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira e veja o
que e como encontramos as
definições
da
palavra
texto.
texto(ês).[Do lat. textu, ‘tecido’.] S.m. 1. Conjunto de palavras, de frases escritas:
o texto de um livro, de um estatuto, de uma inscrição. 2. Obra escrita considerada
na sua redação original e autêntica (por oposição a sumário, tradução, notas,
comentários, etc.): o texto da Bíblia; o texto da lei. 3. Restr. Palavras bíblicas que
o orador sacro cita, fazendo-as temas de sermão. 4. Página ou fragmento de obra
característica de um autor: um texto de Machado de Assis. 5. Texto (1) manuscrito
ou impresso (por oposição a ilustração). 6. Qualquer texto (1) destinado a ser dito
ou lido em voz alta: um texto teatral; o texto de um noticiário. [Pl.: textos. Cf.
texto(ê), s.m., pl. testos(ê); texto, do v. testar; e texto, s.m. e adj., pl. testos.]
Fora do texto. Diz-se de qualquer material ilustrativo impresso à parte,
geralmente em papel especial e em folhas não numeradas ou com numeração
própria, que se intercalam entre os cadernos de um livro.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed.
São Paulo: Nova Fronteira, 1986. p. 1674.
EXERCÍCIO SOLO
Baseando-se no que você leu na página anterior, responda as questões abaixo:
01. A primeira informação, que o verbete nos fornece, surge entre parênteses. O
que indica essa informação?
02. Que tipo de informação é transmitida entre colchetes, no início do verbete?
Essa informação tem alguma utilidade para quem consulta o dicionário?
03. O que indica a abreviatura S.m.? Esse tipo de informação é útil a quem
consulta o dicionário?
147
Escreva suas respostas no espaço abaixo.
Respostas:
01-O timbre fechado da vogal e o som da letra x.
02-Informação etimológica, ou seja, a indicação da origem da palavra pesquisada.A
informação pode ser extremamente significativa para quem consulta o dicionário. Nesse
caso específico, texto, significando tecido, ajuda-nos a compreender que o texto é um
emaranhado, um entrelaçado de sentidos e elementos lingüísticos.
03-Substantivo masculino.Essa informação pode ser extremamente significativa e útil para
se estabelecer a concordância nominal.
Vamos continuar nosso exercício? Se precisar, releia o conteúdo da página 10.
04. Os diversos significados que a palavra texto pode adquirir vêm em seqüência,
numerados. A que critério essa numeração obedece?
05. O que indica a abreviatura Restr.? A que se pode recorrer para descobrir o
valor dessa abreviatura?
06. Depois da sexta definição, encontramos novamente algumas informações
entre colchetes. Qual a finalidade dessas informações? O que indicam que se
faça?
Escreva suas respostas no espaço abaixo.
148
RESPOSTAS::
04-a) Do sentido mais genérico ao sentido mais específico.
b)Contextualizar a palavra para definir claramente seu sentido.
05-Restrito, restritivamente.Podem-se encontrar essas abreviaturas , numa lista, nas
primeiras páginas do Dicionário.
06-Essas informações fornecem-nos algumas formas da palavra que possam provocar
dúvidas (flexões de número e de gênero) e indicam confrontos com parônimos ou
homônimos para que se eliminem possíveis dúvidas.
Continuando nosso exercício, ainda baseado no conteúdo da página 10, responda
as questões a seguir:
07. Depois das definições e das informações finais entre colchetes, o verbete
acrescenta mais algum dado sobre a palavra texto? Explique.
08. Pablo Neruda, poeta chileno, escreveu uma “ode ao dicionário”, em que,
entre outras coisas, diz o seguinte: “Dicionário, não és tumba, sepulcro,
féretro, túmulo, mausoléu, mas preservação, fogo escondido, plantação de
rubis, perpetuidade viva da essência, celeiro do idioma”. Observando a
quantidade de informações que um único verbete nos fornece, comente
essa passagem de Neruda.
Escreva suas respostas no espaço abaixo.
RESPOSTAS:
.No final do verbete, são colocadas expressões idiomáticas de que a palavra faz
parte.
08-Essa resposta tem que ser bem pessoal do aluno, que deve demonstrar ter
percebido o imenso potencial expressivo contido no dicionário.O dicionário não é
"mofo", "obsoleto". Ele é vida porque nos dá várias possibilidades de cominicação.
149
COMENTÁRIOS
A grande imprensa brasileira, através de três manuais de redação, recomenda um
cuidado especial com o bom uso das palavras para se conseguir produzir um bom
texto. Observe, atentamente, as recomendações que se seguem:
DICAS
Só use palavras necessárias, precisas, específicas, concisas, simples e, se
possível, curtas. Isto é, não diga nem mais nem menos do que você quer dizer.
Lembre –se de que são, apenas, recomendações. Você decide! Quatro dicas:
1. Corte palavras desnecessárias para ser conciso.
2.
A precisão vocabular e os termos específicos tornarão o seu texto claro
e informativo, evitando o impressionismo e a generalização.
150
3.
Palavras simples vão ajudá-lo a escrever com naturalidade.
4.
Além de mais legíveis, palavras curtas quase sempre são mais simples.
COMENTÁRIOS
Pensamos, repensamos, construímos e desconstruímos a Língua Portuguesa.
Refletimos e discutimos sobre a fala, a escrita e a leitura. Ainda vamos fazer mais
alguns exercícios sobre determinados fatos lingüísticos que, no passado, podem
ter nos causado uma certa rejeição em usá-los. Agora, com certeza, você terá
muito prazer em conhecê-los. Depois de passear pela Gramática, descobriremos
que, na prática, a teoria pode não ser outra. Tente fazer os exercícios! Fique
atento para as correções! Você vai, com certeza, de forma prazerosa, descobrir os
segredos do nosso idioma.
Ficou muito assustado com os fatos encontrados no passeio que fez nas unidades
anteriores? Nem tanto, nem tão pouco... As coisas não são tão difíceis como
parecem. Você vai demonstrar, com certeza, que aprendeu bastante!
Estou lhe esperando, na próxima aula. Até lá!
151
Assunto 3.1 : Aprender é só treinar
Unidade 3.1.2: Nas veredas da gramática
TEORIA
Grandes dificuldades da Língua Portuguesa
A Língua Portuguesa provoca muitas
dúvidas. Por isso, muita atenção,
quando
escrever
ou
falar.
Procuramos
descobrir
algumas
palavras que nos trazem grandes
problemas, ao produzir um texto.
Muitas vezes, as pessoas ficam
inseguras a respeito do uso de
alguns termos, da ortografia de
algumas
palavras.
Para “clarear” algumas dúvidas que a nossa Língua provoca, descreveremos, a
seguir, o emprego correto de algumas palavras ou expressões.
Escrevemos afim, quando queremos dizer semelhante.
Exemplo:
O gosto dela era afim ao da turma.
Escrevemos afim (de), quando queremos indicar finalidade.
Exemplos:
Veio a fim de conhecer os parentes.
Pensemos bastante, a fim de que respondamos certo.
A expressão ao par significa sem ágio no câmbio. Portanto, se quisermos utilizar
esse tipo de expressão, significando ciente, deveremos escrever a par.
Exemplos:
Fiquei a par do ocorrido.
Maria não está a par do assunto.
152
Exemplo:
Osório fica a cerca de uma hora de automóvel da capital.
Acerca de significa sobre.
Exemplo:
Conversaram acerca de política.
Há cerca de significa que faz ou existe (m) aproximadamente.
Exemplo:
Moro neste apartamento há cerca de oito anos.
Há cerca de vinte alunos nessa turma.
Veja mais alguns exemplos de dúvidas freqüentes na Língua Portuguesa.
Ao encontro de quer dizer favorável a, para junto de.
Exemplo:
Vamos ao encontro dos colegas, porque concordamos com eles.
De encontro a quer dizer contra.
Exemplo:
Um carro foi de encontro à parede.
Acidente significa fato importante, imprevisto e, em geral, desastroso.
Exemplo: O acidente aéreo resultou em trezentas mortes.
Incidente significa fato, em geral secundário, episódico, atrito.
Exemplo: Houve um incidente desagradável na chegada do Presidente da
República.
Quando nos referimos a um determinado espaço de tempo, podemos escrever há
ou a, nas seguintes situações.
Há é utilizado quando o espaço de tempo já tiver decorrido.
Exemplo:
Ela saiu há dez minutos.
153
A é utilizado quando o espaço de tempo ainda não transcorreu.
Exemplo:
Ele viajará daqui a vinte dias.
Vamos continuar esclarecendo dúvidas?
A dúvida ocorre, porque, em ambas as palavras, há um ditongo nasal (am e ão).
Usa-se ão, quando a sílaba é tônica. Isso só acontece no futuro do presente, pelo
menos com os verbos regulares.
Exemplo:
Se houver oportunidade, eles trabalharão na fábrica.
Como em toda regra, nesta também há exceções. São elas: estão, vão, hão,
são, formas do Presente do Indicativo.
Usa-se am, quando a sílaba é átona. Isso acontece nas seguintes situações: a)
terceira pessoa do plural; b) na primeira conjugação no presente do indicativo; c)
na segunda e terceira conjugações no presente do subjuntivo; d) e nas três
conjugações no pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito e
futuro do pretérito do indicativo).
Exemplos:
Eles trabalhavam; que eles vendam; que eles partam; eles trabalharam,
venderam, partiram; eles trabalhavam, vendiam, partiam; eles trabalhariam,
venderiam, partiriam.
Está faltando a inserção do texto abaixo neste passo.
A primeira expressão está no presente do indicativo, acompanhada por um
pronome átono (te).
Exemplo:
Recordas-te daquelas férias maravilhosas que passamos no Rio?
(Tu te recordas). Aqui a sílaba tônica é cor.
A segunda expressão está no Pretérito Perfeito do Indicativo, e não vem
acompanhada do pronome átono.
Exemplo:
Tu recordaste, com muito carinho, as homenagens recebidas. Aqui a sílaba
tônica é das.
154
No primeiro caso, a palavra não tem hífen, porque o morfema mos indica pessoanúmero e faz parte integrante da mesma. No segundo caso, a palavra tem hífen,
porque a partícula nos é um pronome pessoal e não faz parte integrante da
mesma.
Lembre-se: com M, não se separa; com N, separa-se.
Observação: não foi referida aqui a partícula mos quando combinação dos
pronomes.
Exemplos: ME + OS, como OI e OD, que, nos dias de hoje, tem uso muito pouco
freqüente.
Está gostando de “clarear” suas dúvidas? Então, vamos continuar!
Empregamos deixasse, (sem as aspas, com negrito) quando queremos
expressar o verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo (tempo cuja marca é esta:
sse). Aqui, a sílaba tônica é xas.
Exemplo:
Se ele nos deixasse em paz, seria bom.
Empregamos deixa-se, quando o “se” é um pronome (separado com hífen),
seguindo um presente do indicativo. Aqui a sílaba tônica é dei.
Exemplo:
Deixa-se levar pela opinião alheia.
Emprega-se o primeiro, quando o se pode ser substituído por caso ou na
hipótese em que.
Exemplo:
Se não chover, viajarei amanhã (= caso não chova, ou na hipótese de que não
chova, viajarei amanhã).
Se não se tratar dessa alternativa, a expressão sempre se escreverá com uma só
palavra: senão.
Exemplos:
Vá de uma vez, senão você chegará tarde. (senão = caso contrário)
155
Nada havia a fazer, senão conformar-se com o fato. (senão = a não ser).
Exemplos:
Hoje, Pedro foi em vez de Paulo.
Em vez de Márcia, Paula foi escolhida secretária.
Esta nossa Língua realmente provoca muitas dúvidas. E nós pretendemos que
você esclareça a maioria delas. Vamos lá?
Exemplos:
Ao invés de proteger, resolveu não assumir.
Ao invés de curar, o remédio piorou a situação.
A expressão todo o significa inteiro.
Exemplos:
Todo o Brasil deu as mãos.
Toda a Europa sofreu com a guerra.
A expressão todo significa qualquer.
Exemplos:
Todo mundo entrou na dança.
Toda primavera é florida.
Observação: No plural, porém, sempre aparece o artigo.
Exemplo: Todos os indivíduos gostam de ser bem tratados.
Essas expressões concordam com o substantivo ao qual se referem.
Exemplos:
Remeto-lhe anexa a certidão.
Remeto-lhe anexos os certificados.
156
Vai incluso o documento.
Os atestados estão apensos ao processo.
Continuando o nosso processo de esclarecimento de dúvidas freqüentes, “curta”
essas que se seguem:
Usam-se as duas formas, dependendo do caso.
Exemplos:
Ela irá conosco.
Ela irá convosco.
Falarão conosco.
Falarão convosco.
Mas, por uma questão de eufonia, diz-se:
É com nós mesmos que queremos falar.
É com vós mesmos que queremos falar.
É com nós próprios que querem falar.
É com vós próprios que querem falar.
Somente a segunda construção está correta, uma vez que os dois verbos da frase
têm predicação diferente (o primeiro é Transitivo Direto e o segundo Transitivo
Indireto).
Quem vê, vê alguma coisa.
Quem gosta, gosta de alguma coisa.
A primeira opção é a correta, porque a regência do verbo propor é a seguinte:
alguém propõe alguma coisa a alguém. A coisa proposta é a oração “fazer isto”,
e o pronome me é o objeto indireto (= a mim).
157
Ainda tem algumas dúvidas? Então, vamos esclarecê-las!
A segunda opção é a correta pelo mesmo motivo acima exposto. A expressão “o
luxo” é o objeto direto e o pronome se é o objeto indireto. Ela deu a si mesma o
luxo de comprar uma jóia.
Mau é um adjetivo, é antônimo de bom. Mal é um advérbio, é antônimo de bem.
Exemplos:
Uma redação bem escrita pode ser, apenas, o resultado de uma má organização
de idéias.
Permanecia mal vestido, com os cabelos desalinhados e de bem com a vida.
Seu mau posicionamento revelou a sua má vontade de servir aos outros.
A má organização das empresas, resulta sempre em maus negócios.
Meio é um advérbio, significa um pouco.
Meia é um numeral, significa metade.
Exemplos:
Estava meio intrigada com aquele problema, mas ao meio dia e meia encontrei a
solução.
Continuará, por muito tempo, meio tonta após a cirurgia.
Relendo os diários, encontrou meia página rasgada.
As tomadas de decisões meio intempestivas levaram a crer que o diretor estava
meio nervoso.
Meio copo d’água é o bastante para saciar a sede de muitos!
158
Veja mais algumas dificuldades da nossa Língua Portuguesa!
Mas é uma conjunção coordenativa adversativa e significa porém, entretanto.
Mais é um advérbio de intensidade, significa muito.
Exemplos:
A empresa foi autuada, mas não pagou a multa.
Fiquei mais aliviada ao saber que não haveria fraude no concurso.
“É preciso continuar evoluindo, mas o segredo da evolução está no equilíbrio das
soluções encontradas”.
Seção significa parte, setor, departamento.
Sessão significa reunião, assembléia.
Cessão significa o ato de ceder.
Exemplos:
Descobriu-se, na seção de limpeza, mais um bom produto capaz de eliminar toda
a sujeira.
A cessão dos bens foi feita através de um inventário.
Assistimos a mais uma sessão do filme “De Volta ao Passado”.
Realizaram a sessão em uma das seções do escritório.
Resolveram através de sessão extraordinária mais um caso extra-rotina.
Fazer, quando indicando tempo e fenômenos naturais, só é usado na terceira
pessoa do singular, mesmo acompanhado de outros verbos auxiliares.
Fazer, quando significa realizar, fabricar, produzir, pode ser usado em qualquer
pessoa, no singular ou no plural.
Exemplos:
Faz dois dias que iniciamos a construção da nova estação.
Os técnicos fazem seus trabalhos rotineiros incansavelmente.
Exatamente hoje, faz dez anos que nos conhecemos aqui.
Ainda há dúvidas? Então, vamos continuar esclarecendo-as!
Havia, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se, fazer, só é usado na
terceira pessoa do singular. Haviam, quando sinônimo de ter, com verbo auxiliar
em locuções verbais, pode ser usado no plural.
159
Exemplos:
Há diversas formas de reagir contra a imposição.
Há muitas contradições quanto ao seu talento, no entanto ele faz sucesso.
Muitos argumentos havia ainda para serem apresentados.
Exceção:
Os deputados haviam deixado o gabinete, após a reunião extraordinária.
Os grandes empresários haviam se contagiado com a febre tifóide .
Vêm é a terceira pessoa do plural do verbo vir.
Vêem é a terceira pessoa do plural do verbo ver.
Exemplos:
Nem todas as pessoas vêem esta medida com bons olhos.
Eles sempre dizem que vêm, mas nunca aparecem na hora do jantar.
Os trabalhadores vêm até aqui a pé diariamente.
Mantém é a terceira pessoa do singular do verbo manter, composto do verbo ter.
Manter é a terceira pessoa do singular do verbo manter, composto do verbo ter.
Exemplos:
Eles se mantêm alerta sempre que necessário.
Você ainda o mantém informado de tudo?
Há poucos analistas no laboratório que mantêm a qualidade do serviço.
Vamos continuar “clareando” nossas dúvidas?
Demais é um advérbio de intensidade e significa excessivamente. De mais é
uma locução adjetiva, formada pela preposição de e o advérbio de intensidade
mais;separadamente, significa a mais e é o antônimo de a menos.
Exemplos:
Seu amor por ela é demais.
Nas compras veio um pacote de mais.
Comer demais faz mal à saúde.
Descansem, pois trabalharam demais durante esta semana.
O cobrador nos deu o troco de mais.
Eu/Tu - Esses pronomes pessoais do caso reto ou subjetivos exercem a função
de sujeito.
Me/Te – O uso desses pronomes pessoais do caso oblíquo depende da
transitividade do verbo.
Mim/Ti – Na língua culta, só os pronomes pessoais do caso oblíquo aparecem,
regidos de preposição.
160
Exemplos:
Redação e Literatura são disciplinas que me agradam.
Em caso de eu ser eleita, farei grandes modificações neste clube.
O livro que me destes, guardei-o carinhosamente.
Para mim você não precisa mentir.
Trouxeram o relatório para eu analisar.
Confio em ti, pois és meu grande amigo.
Insisto para tu revelares o problema.
Tão pouco é formado do advérbio tão (tanto) e do advérbio pouco (= não muito).
Tampouco é uma conjunção e significa também não, nem.
Exemplos:
Os visitantes não vieram, tampouco se apresentaram ao clube.
Por que demorar tão pouco?
Ele tem tão pouco tempo, que não pode sair comigo.
Se o autor não determinou o título da obra, tampouco eu poderia fazê-lo.
Havia tão poucos livros na biblioteca, que fiquei surpresa!
As dúvidas ainda persistem? Então, vamos continuar esclarecendo-as!
Embaixo - é um advérbio e significa em plano inferior.
Abaixo - é um advérbio e significa para a parte inferior, para baixo, significando
reprovação.
A baixo – A é preposição e baixo é advérbio, significando a pouca altura do chão.
Exemplos:
Encarei-o de cima a baixo, demonstrando insatisfação.
A lixeira encontrava-se embaixo da carteira.
Abaixo a ditadura! Queremos liberdade!
Colocaram azulejos de cima a baixo.
Embaixo do tapete, via-se toda a sujeira possível.
A partir de significa a começar de, é sempre escrito separadamente.
Exemplos:
A partir de amanhã chegarão as novas remessas deste produto.
Novas medidas serão formadas, a partir de amanhã.
Usa-se é bom, quando o substantivo ao qual se refere não é precedido de artigo.
Usa-se é boa, quando o substantivo ao qual se refere é precedido do artigo.
Exemplos:
A organização dos trabalhos é boa.
A reunião é boa para tratarmos deste assunto.
161
Água é bom para a saúde.
Será que você já se deparou com uma das dificuldades abaixo?
Usa-se é proibido, quando o substantivo ao qual se refere não é precedido pelo
artigo.
Usa-se é proibida, quando o substantivo ao qual se refere é precedido pelo artigo.
Exemplos:
É proibida a entrada de pessoas estranhas neste recinto.
É proibido entrada de automóveis não autorizados neste local.
Bastante é um advérbio e significa muito.
Bastantes é um pronome indefinido e significa vários; acompanha, portanto, os
substantivos.
Exemplos:
Havia bastantes razões para ele não comparecer.
Estes fiscais são bastante rigorosos com seus subordinados.
.
Que é uma conjunção integrante ou pronome relativo.
Quê é um substantivo e vem antecedido de artigo.
Exemplos:
Causou-nos prejuízos que não se podia calcular.
Percebi que estava sendo enganada ao vê-lo com alguém que não conhecia.
Ela não é muito bonita, mas tem um quê de rainha.
E o esclarecimento de dúvidas continua...
Os pronomes demonstrativos variáveis (este, esse, aquele, etc.) podem ser
antepostos ao substantivo, ou substituir o substantivo já mencionado. Além do uso
para localização espacial e temporal, são empregados para colocar em destaque
um termo, pessoas ou algo anteriormente citado.
Exemplos:
Este trabalho que agora analiso é de grande importância para o desenvolvimento
profissional.
Naquele ano de 1990, Collor de Mello assumiu a Presidência da República.
Houve graves terremotos na Turquia em 1999. Nesse ano, muitos habitantes
perderam suas famílias.
162
Emprega-se por que (= preposição e pronome interrogativo que) em orações
interrogativas diretas.
Exemplo:
Por que você não foi ao cinema?
Emprega-se por quê (preposição e pronome interrogativo quê) ao final de uma
oração interrogativa.
Exemplo:
Você fez aquilo, por quê?
Emprega-se porque (= conjunção), significando de, por causa de, visto que.
Exemplo:
Canto, porque me sinto feliz. (= visto que).
Emprega-se porquê (substantivo) para substituir a causa, o motivo, a razão.
Exemplo:
Todos choravam muito e ninguém dizia o porquê. (= a causa, o motivo)
Emprega-se por que (= preposição por e pronome relativo que) em substituição a
pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais.
Exemplo:
O caminho por que seguira era íngreme e pedregoso. (= pelo qual)
Mais exemplos:
Por que os hospitais em greve se recusaram a atender os pacientes?
Reidrate sua pele, porque além de manter a elasticidade previne contra o câncer.
Aonde é formado pela preposição a + advérbio onde. Usa-se, quando há idéia de
movimento, de aproximação. É usado em oposição a de onde, que indica
afastamento.
Exemplos:
DE ONDE você vem?
AONDE você vai?
Como ainda restam algumas dúvidas, vamos “clareá-las”!
Ringue - É estrangeirismo, do inglês ring (arena). Significa estrado, para lutas de
boxe e outras.
Exemplo:
Popó luta boxe no ringue.
163
Rinque - É estrangeirismo, do inglês rink, que significa pista de patinação.
Exemplo:
As ginastas faziam exercícios no rink.
Desapercebido - Significa desprevenido, desprovido, sem dinheiro.
Exemplo:
João não foi ao futebol, porque estava desapercebido.
Despercebido - Significa não percebido, distraído.
Exemplo:
O soldado passou despercebido pelo ladrão.
Despensa - Significa o local onde se guardam os alimentos.
Exemplo:
Os gêneros alimentícios estão na despensa.
Dispensa - É Presente do Indicativo do verbo dispensar e significa desobriga,
prescinde de.
Exemplo:
A dispensa de vários empregados preocupou o sindicato.
Desmistificar - Significa desfazer engano, ilusão, mistificação.
Exemplo:
A ocorrência de corrupção entre os senadores desmistificou o senado.
Desmitificar - Significa desfazer um mito.
Exemplo:
Um juiz, considerado honestíssimo, foi desmitificado, quando souberam dos
desmandos que cometeu.
Vamos acabar de vez com essas dúvidas que tanto nos perseguem e embaraçam!
Conserto - Significa reparos em objetos, máquinas.
Exemplo:
Ele fez um conserto no fogão.
Concerto - Significa espetáculo, concerto musical.
Exemplo:
Fui ao concerto sob a regência do maestro Carlos Veiga.
164
Comprimento - Significa medida.
Exemplo:
O comprimento de sua saia é tão curto que deixa as coxas de fora.
Cumprimento - Significa saudação, elogio ou ação de cumprir.
Exemplo:
Recebemos um cumprimento do diretor pelos os bons serviços prestados à
empresa.
Cheque - Significa documento bancário.
Exemplo:
Ele visou o cheque.
Xeque - Significa título de sabedoria árabe ou xeque do jogo de xadrez (xeque
mate).
Exemplos:
O argumento foi posto em xeque.
O xeque entrou na sua tenda.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Preencha os espaços abaixo, clicando em uma das palavras entre parênteses que
você achar mais pertinente:
a) O novo Ministro diz .............. aceita os desafios e quer que a Constituição
seja cumprida. (que/ quê)
b) Esteves tentará mais uma vez cruzar o Atlântico, .....................? (porque/
por quê)
c) A razão ........................ idealizou este plano ficará clara em breve. (por
que/ porque)
d) Ficaram felizes ..................... obtiveram os melhores resultados do ano.
(porque/ por que)
e) ....................... não resolvem a questão dos direitos do índio?
(por
que/ por quê)
f) A questão da Floresta Amazônica é muito importante .....................
interfere na reciclagem de oxigênio na atmosfera do planeta.
(porque/
porquê)
g) Não entendo o ....................... do desmatamento na área do Parque
Nacional. (porquê/ porque)
165
h) A Federação Internacional Automobilística não confirmou a participação dos
pilotos brasileiros .......................? (por quê/ por que)
i)
Vamos continuar exercitando?
j) A casa em ..................... nasci está mal conservada. (que/ quê)
k) No estado em que .......... escola se encontra, não há condições de ensino.
(esta/ aquela)
l) Estivemos em Ilhéus, e as praias .......... cidade nos encantaram bastante.
(desta/ daquela)
m) A partir .......... semana iniciam-se as campanhas contra a AIDS. (desta/
daquela)
n) .......... setor em que trabalhas já admitiram mais quinze técnicos. (nesse/
neste)
o) Solicitamos a .......... Divisão a aquisição de mais duas calculadoras
Dismark 135. (essa/ aquela)
p) Apronta-te rapidamente que estás atrasado para .......... encontro. (este/
esse)
q) Vivo .......... cidade, mas admiro .......... em que moras. (nesta/ nessa esta/ essa)
r) Há um .......... de satisfação em seu olhar .......... me atrai muito.
(que/
quê - quê/que)
s) Estás de volta a troco de ..........? (que/ quê)
t) Sinto um .......... de nostalgia ou ouvir esta música. (que/ quê)
u) O marido chegou .......... cedo em casa e surpreendeu a esposa. (mais/
mas)
v) Este terminal possui ............. ônibus. (mais/mas)
w) .......................... sua permanência neste estabelecimento.
(é
proibido/ é proibida)
x) .......................... estacionar na calçada. (é proibido/ é proibida)
y) Isso vem ......................... todos. Reflete o desejo da turma.
(ao encontro de/ de encontro a)
z) Esta medida desagradou aos funcionários, porque veio ........................ às
suas aspirações. (ao encontro de / de encontro a)
aa) ............ duas semanas não encontro com você. Daqui .......... três dias
será meu aniversário. (há/ a - a / há)
166
GABARITO:
a)que; b)por quê; c)por que; d)porque; e)por que; f)porque; g)porquê; h)por quê;
i)que; j)esta; k)daquela; l)desta; m)nesse; n)aquela; o)esse; p)nesta/essa;
q)quê/que; r)quê; s)quê; t)mais; u)mais; v)é proibida; w)é proibido; x)ao encontro;
y)de encontro; z) há/a
COMENTÁRIO
Não se canse, nem se desespere; você tem aprendido muito; mas, muito tem,
ainda, a aprender... Tranqüilize-se... Até mais ver!
167
Assunto : A teoria na pratica é outra
Unidade : Fazendo e (re)aprendendo
COMENTÁRIOS
Acho que estamos satisfeitos e
sabidos! Aprendemos muito, muito
ainda temos a aprender, mas o que
estudamos já está de bom tamanho!
Você deve estar louco para
comprovar seu saber, não é?
Que tal botarmos o preto no branco?
Vamos pôr à prova o nosso
conhecimento? Prepare-se!
168
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Preencha os espaços abaixo, clicando na palavra, entre parênteses, que você
achar mais pertinente:
a) Eles ......................... em Salvador, na construção do metrô, em 2002.
(trabalharam/trabalharão)
b) Eles ......................... em Salvador, na construção do metrô, até 2004.
(trabalharam/trabalharão)
c) Os turistas .................... por aqui até o carnaval. (circularam/circularão).
d) .......................... dos nossos carnavais? (lembrastes/ lembras-te)
e) ........................ da alegria dos nossos carnavais, quando éramos crianças,
não?
(lembrastes/ lembras-te)
f) Pensemos bastante, ............. de que respondamos certo.(afim/ a fim)
g) Ela não está ................do rapaz.(afim/ a fim)
h) O empregado da empresa está ..................... de tudo. (a par/ ao par)
i) ........................... vinte mil vestibulandos, concorrendo às vagas na
Universidade Federal da Bahia .
(há cerca de/ a cerca de)
j) As tomadas de decisões .................. intempestivas, nesta empresa, levaram
a crer que o diretor estava ................. nervoso. (meio/ meia - meio/ meio)
k) ............... copo d’água é o bastante para saciar a sede de muitos!
(meio/ meia)
l) Esperamos que não ocorram ............. enchentes no Rio de Janeiro neste
ano. (mas/ mais)
m) A Bahia é um dos .............. importantes centros de atração turística do país.
(mas/ mais)
n) Ele foi a Brasília ______não conheceu o novo presidente. (mas/ mais)
o) Não ficaram satisfeitos com a .................. dos bens da empresa a uma
pessoa tão inescrupulosa.
(sessão/ cessão/seção)
p) Renovaram todo o estoque de Viagra da.......................(sessão/cessão/
seção)
169
q) O Banco Central recebeu o novo presidente numa .................... realizada em
2003. (sessão/cessão/ seção)
r) Não .......... a necessidade de se contratar um ônibus. (vêm/ vêem)
s) Eles .......... andando e não .......... que um carro se aproxima. (vêm/ vêem)
t)Todos os cidadãos .......... perfeitamente o que está acontecendo e são
capazes de formar uma boa opinião sobre o assunto. (vêm/ vêem)
u) Ficou evidente que ele .......... guardados, sigilosamente, os documentos de
que necessito. (mantém/ mantêm)
v) Os interessados .......... uma equipe de informantes a fim de notificar as
irregularidades. (mantém/ mantêm)
w) O cobrador nos deu o troco .......... (demais/ de mais)
y) Nas compras veio um pacote .......... (demais/de mais)
GABARITO:
a)trabalharam; b)trabalharão; c)circularão; d)Lembrastes; e)Lembras-te; f)a
fim; g)a fim; h)a par; i)meio; j)meio/meio; k)meio; l)mais; m)mais; n)mas;
o)cessão; p)seção; q)sessão; r)vêem; s)vêm/vêem; t)vêem; u)mantém;
v)mantêm; w)demais; y)de mais.
Alguns verbos da Língua Portuguesa são especiais. Eles têm particularidades,
que suscitam muitas dúvidas. Vamos exercitá-los?
Preencha os espaços, clicando no verbo entre parênteses que você achar mais
pertinente:
1- Nós __________ (falemos – falimos).
2- Eu ___________ (requero – requeiro) sempre minhas vantagens funcionais.
3- A natureza __________ (provê - prevê ) o homem de alimentos.
4- No verão, o sol _______ (clareia – clarea) muito cedo.
5- Ele _________________ (possui- possue) uma personalidade muito forte.
6- Ele _________________ (sua – soa) bastante, no verão.
A concordância verbal também é um dos “calcanhares de Aquiles” da nossa
Língua. Vamos exercitá-la um pouco?
170
GABARITO DO EXERCÍCIO SOLO:
1- Falimos; 2- Requeiro; 3-Provê; 4- Clareia; 5- Possui; 6- Sua.
Complete as frases seguintes com a forma apropriada do verbo entre
parênteses. Para isso, clique na caixinha de surpresas e arraste a forma
correta até o espaço vazio.
a) ________________ várias investidas dos traficantes, na tarde de ontem.
(acontecer)
b) _____________ –nos poucos dias de férias. (restar)
c) _____________ alguns poucos amigos fiéis no fim da festa. (ficar)
d) _______________ alguns doces. (sobrar)
e) _______________ alguns bons amigos para alegrar. (bastar)
f) Ainda _____________ bons motivos para ficarmos juntos. (dever existir)
g) Ainda ______________ surpresas nesse campeonato. (poder ocorrer)
h) É provável que ainda _______________ lembranças daquele passado.
(sobreviver)
i) Deve-se preservar os poucos indivíduos que __________. (restar)
j) Você e seus amigos ____________
participar)
das reuniões da classe. (dever
GABARITO DO EXERCÍCIO:
a)aconteceram; b)restam; c)Ficaram; d)sobraram; e) Bastam; f)devem existir;
g)pode ocorrer; h)sobrevivam; i) restam; j)devem participar
Vamos exercitar um pouco mais de verbos?
Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre
parênteses. Procure-as, no rol de palavras, arrastando – as até o espaço em
branco.
a) As mensalidades dos planos de saúde ___________ muito nos últimos
dois meses. (subir)
171
b) Uma pesquisa recente revelou que a maioria dos adolescentes não se
___________ contra a Aids. (prevenir)
c) A maior parte dos acidentes de trânsito ___________ pela imprudência
dos envolvidos. (ser provocado)
d) Cerca de duzentas mil pessoas ________________ da posse do novo
presidente. (participar)
e) Mais de um jogador em loterias___________ mal o dinheiro ganho.
(usar)
f) Mais de um torcedor______________ naquela tarde de final de
campeonato. (agredir-se)
GABARITO DO EXERCÍCIO:
a)subiram; b)previne;
f)agrediram-se
c)é provocada;
d)participaram;
e)usaram;
Está gostando de exercitar verbos? Então, vamos continuar!
Explique as diferenças de significado que se podem perceber entre as frases
de cada um dos pares seguintes.
a) Grande número de pessoas participou do ato público.
Grande número de pessoas participaram do ato público.
b) Alguns de nós são culpados de omissão.
Alguns de nós somos culpados de omissão.
c) Mais de um atleta feriu-se durante a partida.
Mais de um atleta feriram-se durante a partida.
172
Reconhecemos que a concordância verbal é uma das maiores dificuldades da
Língua Portuguesa. Por isso mesmo, é fundamental praticá-la, concorda?
Vamos exercitar um pouco?
Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre
parênteses.
a)
40% dos participantes nunca _____________ de um concurso
antes. (haver participado)
b)
1% dos entrevistados _________ seu voto. (negar-se a declarar)
c)
32% do orçamento _____________ nos nesse paraíso da
corrupção. (desaparecer)
d)
1% do capital investido nesta bicicleta __________ a mim!
(pertencer)
e)
Fui eu que_________ esses pacotes. (trazer)
f)
Fui eu quem _________ esses presentes. (comprar)
g)
Somos sempre nós que __________ tarde. (chegar)
h)
Foste tu que _________ suco de laranja? (pedir)
i)
Não fui eu quem __________ isso. (falar)
j)
Lá vai um dos que ____________ que a lei é só para os pobres.
(pensar)
k)
Ela é uma das candidatas que ___________a pena de morte.
(repudiar)
GABARITO DO EXERCÍCIO:
a)haviam participado; b)negou-se a declarar; c)desapareceram; d)pertence;
e)trouxe; f)comprou; g)chegamos; h)pediste; i)falou; j)pensam; k)repudia.
Você é craque em Regência Verbal? Ou às vezes se atrapalha? Que tal
exercitar um pouco esse assunto?
Associe os termos destacados nas frases listadas aos pronomes oblíquos
átonos, entre parênteses, na coluna à esquerda.
173
a) Não quero aborrecer aqueles senhores.
b) Vou ajudar aquelas crianças de rua.
c) Não queremos prejudicar os participantes das provas.
d) Vou enviar estes pacotes de alimentos aos flagelados.
e) Vou enviar estes pacotes de alimentos aos flagelados.
f) Seu sonho é namorar a Júlia.
g) Vim aqui alegrar os amigos.
h) Prezo muito esse intelectual.
i) Não obedeci aos meus pais.
j) Não responderam aos que enviaram pedidos de informações.
GABARITO DO EXERCÍCIO:
a)los; b)las; c)los; d)los; e)lhes; f)la; g)los; h)o; i)lhes; j)lhes
Vamos continuar praticando Regência Verbal?
Você encontrará três frases típicas da norma culta. Assinale-as, marcando V
(verdadeiro) ou F (falso) ao lado de cada uma.
a. Não se aborreça comigo, querida: eu a amo muito.
b. Desde que o vi, ando muito satisfeito.
c. Se Deus a ajudar, tudo vai dar certo.
E os exercícios continuam... Vamos lá?
Assinale as frases em que o pronome pessoal esteja substituído
adequadamente. Marque V (verdadeiro) ou F (falso), ao lado de cada uma.
a) Vou pagá-las.
b) Há meses não os pagam.
c) O governo está pensando em perdoá-los.
d) Gosto muito de abará, mas não vou comer-lhe.
174
e) Agradeço-os a homenagem recebida.
GABARITO:
a)Vou pagá-las. b)Há meses não lhes pagam. c) O governo está pensando em
perdoá-los.
d)...mas não vou comê-lo. e)Agradeço-lhes a homenagem
recebida.
Está gostando de treinar Regência Verbal? Então, vamos fazer mais alguns
exercícios!
Observe a regência verbal das frases seguintes. Modifique-as, a fim de tornálas adequadas ao padrão culto da língua portuguesa.
a) Lembro sempre de você.
b) Nunca esqueci de tudo que passamos juntos.
c) Antipatizei-me com ele desde a primeira vez que o vi.
d) Prefiro mil vezes ficar aqui do que ir com você.
e) Prefiro ser o que sou do que ser o que querem que eu seja.
f) Antes prefiro química à física.
g) Preferimos dormir que trabalhar.
h) Informo-lhe de que não pode ficar aqui.
i) Informo-a que seu financiamento ainda não foi concedido.
GABARITO DO EXERCÍCIO:
a)Eu me lembro; b)Nunca me esqueci de tudo...; c)Antipatizei com ele...; d)a ir
com; e)a ser; f)a química à física; g)a trabalhar; h)informo-o de que; i)informoa de que.
175
SAIBA MAIS
Particípios duplos
Há verbos que apresentam duas ou mais formas, de igual valor e função. São
chamados verbos abundantes. Exemplos: Tu constróis ou tu construis; ele
constrói ou ele construi; comprazi ou comprouve, comprazestes ou
comprouveste, etc.; entopes ou entupes, entope ou entupe, vamos ou
imos, etc.
Entretanto, é no particípio que mais encontramos formas duplas e mesmo
triplas, uma regular e as outras irregulares. Veja os exemplos que se seguem:
Aceitar
Entregar
Expressar
Expulsar
Isentar
Limpar
Matar
Pegar
Salvar
Soltar
Acender
Benzer
Eleger
Prender
Suspender
Imprimir
Submergir
Ganhar
Gastar
Pagar
Particípio Regular
aceitado
entregado
expressado
expulsado
isentado
limpado
matado
pegado
salvado
soltado
acendido
benzido
elegido
prendido
suspendido
imprimido
submergido
ganhado
gastado
pagado
Particípio Irregular
aceito
entregue
expresso
expulso
isento
limpo
morto
pego
salvo
solto
aceso
bento
eleito
preso
suspenso
impresso
submerso
ganho
gasto
pago
Regra para o emprego dos particípios duplos
As formas regulares (particípio – em – do) são empregadas na voz ativa, com
os auxiliares “ter” ou “haver”; as formas irregulares são usadas na voz passiva,
com os auxiliares “ser”, “estar” ou “ficar”.
Exemplos:
O diretor havia aceitado a tarefa. A tarefa foi aceita por nós.
O vigário teria benzido a vela. A vela será benta?
Talvez os piratas houvessem submergido o barco. O barco já fora submerso
pelos piratas, quando lá chegamos.
176
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Vamos retomar nossos exercícios?
Complete os espaços, escolhendo entre as expressões listadas a seguir: para
a qual; a que; que; por cuja; em cuja. Clique na expressão mais correta,
arrastando-a para o espaço adequado.
1) Nenhuma posse ____________fui convidada esteve tão concorrida
como essa.
2) O jogo ___________presenciamos, foi muito bom.
3) O jogo ___________assistimos, foi muito bom.
4)
5)
Aquele é o deputado _________casa estivemos ontem à noite.
As pessoas ____________causa me interessei, venceram a questão
judicial.
GABARITO DO EXERCÍCIO:
1- para a qual; 2 - que; 3 - a que; 4 - em cuja; 5 - por cuja.
Como estão seus conhecimentos sobre ortografia? Que tal testá-los?
Coloque o h dentro do parêntese, quando necessário:
(
(
(
(
(
(
(
ex (
re (
(
re (
) úmido
) erbívoro
) orário
) ispânico
) esitar
) ipótese
) ábil
) aurir
) aver
) óspede
) abilitar
des (
) onra
co (
) abitar
(
) ervateiro
lobis (
) omem
(
) índia
(
) arpa
(
) erva
in (
) ábil
in (
) óspito
(
) ostilizar
(
) ombro
des (
)armonia
(
) ortênsia
(
) espanhol
(
) ipismo
(
) indu
(
) aurir
(
) iato
(
) aver
(
) umedecer
(
) abilitar
(
) omicida
Gabarito do exercício anterior:
úmido-herbívoro-horário-hispânico-hesitar-hipótese-hábil-exaurir-reaverhóspede-habilitar-desonra-coabitar-ervateiro-lobisomem-índia-harpa-ervainábil-inóspito-hostilizar-ombro-desarmonia-hortênsia-espanhol-hipismo-hinduhaurir-hiato-haver-umedecer-habilitar-homicida
177
Vamos continuar treinando ortografia?
Clique na letra que julgar correta para preencher os espaços abaixo: S ou Z.
1. exteriorizar (s,z)
2. encamisar
3. escandalizar
4. pisar
5. ligeireza
6. princesa
7.rudez
8. cortês
9. nobreza
10. presa
11. burguês
12. mudez
13. uniformizar
GABARITO DO EXERCÍCIO ANTERIOR:
EXTERIORIZAR:Os verbos que derivam de palavras cujo radical não termina em
Z(exterior)são escritos com Z.
ENCAMISAR- Os verbos que derivam de palavras cujo radical termina em
S(camisa)são escritos com S.
ESCANDALIZAR: Os verbos que derivam de palavras cujo radical não termina em
Z(escândalo) são escritos com Z.
PISAR: Os verbos que derivam de palavras cujo radical termina em S (pisosubstantivo) são escritos com S.
LIGEIREZA:Os substantivos derivados de adjetivos(ligeiro) são escritos com a
terminação EZA.
PRINCESA: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com ESA.
RUDEZ: Os substantivos derivados de adjetivos(rude) são escritos com Z.
CORTÊS: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com S.
NOBREZA: Os substantivos derivados de adjetivos(nobre) são escritos com a
terminação EZA.
PRESA: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com S.
BURGUÊS: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com S.
MUDEZ: Os substantivos derivados de adjetivos(mudo) são escritos com Z.
UNIFORMIZAR: Os verbos que derivam de palavras cujo radical não termina em
Z(uniforme)são escritos com Z.
178
DICAS
O aprofundamento deste assunto e as explicações das respostas do exercício
acima estão disponíveis na Midiateca, no arquivo “Ortografia1.doc”. Vá até lá e
confira!
Vamos continuar exercitando a ortografia da nossa Língua?
Preencha os espaços em branco com S, SS ou Ç.
1. Compreen ....ão ..........................................................
2. repreen ............ão
..........................................................
3. exten.......ão
..........................................................
4. disten..........ão
..........................................................
5. ace .....ível
..........................................................
6. exce ........o
..........................................................
7. exce ..........ivo
..........................................................
8. cangu .........u
..........................................................
9. permi ........ão
..........................................................
10 insubmi .........ão
..........................................................
11 inver .........ão
..........................................................
12 rever .........ão
..........................................................
13 emer .......ão
..........................................................
14 impul ........o
..........................................................
15 incur ..........ão
..........................................................
16 incur ........o
..........................................................
17 agre ........ivo
..........................................................
18 opera .........ão
..........................................................
19 admi .........ão
..........................................................
20 intromi ......ão
..........................................................
21 reten .......ão
..........................................................
22 absten ........ão
..........................................................
23 deten .......ão
..........................................................
24 insubmi ........o
..........................................................
25 can .......ão
..........................................................
26 defen ........ivo
..........................................................
27 ma .......aroca
..........................................................
28 taquara .........o
..........................................................
29 transcur ........o
..........................................................
30 irrever ......ível
..........................................................
31 suce .......ão
..........................................................
32 controvér .....ia
..........................................................
33 mu .......ulmano
..........................................................
34 dobradi .........a
..........................................................
35 ascen .......ão
..........................................................
36 preten .......ioso
..........................................................
37 prome .........a
..........................................................
38 promi ........ória
179
39 preten ........ão
..........................................................
40 admi .......ível
..........................................................
41 emi .....ão
..........................................................
42 trai ......ão
..........................................................
43 congrega ......ão
..........................................................
44 ingre ....o
..........................................................
45 ponta .......o
..........................................................
46 rejei ..........ão
..........................................................
47 conver ........ível
..........................................................
compreen .S...ão -os verbos que
possuem o segmento ND, no
radical(
compreender)
geram
substantivos e adjetivos grafados
com S.
repreen .....S.......ão- os verbos que
possuem o segmento ND, no
radical(
repreender),geram
substantivos e adjetivos grafados
com S.
exten..S.....ão- os verbos que
possuem o segmento ND, no
radical(
estender),geram
substantivos e adjetivos grafados
com S.
disten.....S.....ão- os verbos que
possuem o segmento ND, no
radical(
distender),geram
substantivos e adjetivos grafados
com S.
..........................................................
48 assun ......ão
..........................................................
49 ascen ........ão
..........................................................
50 exten .......ão
..........................................................
51 ....... ucena
..........................................................
52 taquaru ........u
..........................................................
53 descen ........o
..........................................................
54 despreten ........ioso
..........................................................
55 promi ........or
..........................................................
56 opre .........ão
..........................................................
intromi .SS.....ão- os verbos que
possuem o segmento METER, no
radical(intrometer)geram substantivos e
adjetivos grafados com SS.
absten
.Ç.......ão-os
verbos
terminados
em
TER
(abster)
geram
substantivos
grafados com Ç.
GABARITO
DO
EXERCÍCIO
ANTERIOR:
deten
...Ç....ão
-os
verbos
terminados
em TER (deter) geram substantivos
grafados com Ç.
insubmi ...SS.....o- os verbos que
possuem o segmento METER, no
radical(insubmeter)geram substantivos e
adjetivos grafados com SS.
ace .SS....ível-os verbos que têm,
na
sua
raiz,
o
segmento can ...Ç....ão- os substantivos e
CED(aceder) geram substantivos adjetivos
grafados com SS.
terminados em TO (canto)
geram substantivos e adjetivos graexce SS........o- verbos que têm, fados com Ç.
180
na
sua
raiz,
o
segmento
CED(exceder) geram substantivos
defen ..S......ivo- os verbos que
grafados com SS.
possuem
o
segmento
ND,
no
exce . SS.........ivo- verbos que radical(defender),getêm, na sua raiz, o segmento ram substantivos e adjetivos
CED(exceder) geram substantivos grafados
com SS.
grafados com SS.
cangu ....Ç.....u –vocábulos
origem exótica são
grafados com Ç.
de ma ....Ç...aroca..... –vocábulos de
origem exótica são
tica são grafados com Ç.
permi ...SS.....ão-os verbos que taquara .. Ç.......o–vocábulos de
têm, na sua raiz, o segmento TIR origem exótica são
geram substantivos grafados com tica são grafados com Ç.
SS.
insubmi ... SS......ão -os verbos
que
possuem o segmento METER, no
radical(insubmeter)geram substantivos e
adjetivos grafados com SS.
transcur .. ... S.....................o-os
verbos
que apresentam, no radical, os
segmenPEL e CORR( transcorrer) geram
substantivos e adjetivos em S.
irrever .. ... S...................ível- os
inver ...S......ão –os vocábulos, em vocábulos, em
geral e os verbos cujo radical tem o geral e os verbos cujo radical tem o
segmento RG e RT geram segmento
substantivos em S.
RG e RT geram substantivos em S.
rever .... S...........ão- os vocábulos,
em geral e os verbos cujo radical suce .. SS...........ão- verbos que
tem o segmento RG e RT geram têm, na
substantivos em S.
sua
raiz,
o
segmento
CED(suceder) geram substantivos grafados com SS.
emer
...
S...............ãoos
vocábulos, em geral e os verbos
cujo radical tem o segmento RG e controvér .. S...ia -os vocábulos,
RT geram substantivos em S.
em
geral e os verbos cujo radical tem o
segmento
incur .... S......ão -os verbos
RG e RT geram substantivos em S.
que apresentam, no radical, os
segmenmu . Ç......ulmano- vocábulos de
PEL e CORR( incorrer) geram origem exótica são
substantisão grafados com Ç.
vos e adjetivos em S.
dobradi ... Ç......a-os vocábulos
incur . S.......o os verbos
terminados pe
que apresentam, no radical, os los sufixos aça, aço, iça, iço,uça,
181
segmenação são grafados
PEL e CORR( incorrer) geram com ç.
substantiascen . S......ão- os verbos que
vos e adjetivos em S.
possuem o segmento ND,
no
radical(
estender),geram
agre . SS.....ivo-os verbos que têm, substantivos e adjetivos
mento ND( ascender), no radical,
na sua raiz, o
segmento
GRED
geram geram
substantivos e adjetivos grafados
substantivos grafados
com S.
com SS.
..........................................................
opera .. Ç..........ão- os vocábulos
terminados pe
los sufixos aça, aço, iça, iço,uça,
..........................................................
ação são
preten . S......ioso- os verbos que
grafados com ç.
possuem o segmento
ND, no radical( estender),geram
.......................................................... substantivos e o segmento
admi ... SS......ão -os verbos que ND( pretender), no radical, geram
têm, na sua raiz, o
substantivos e adjetivos
segmento TIR( admitir) geram grafados com S.
substantivos grafadoscom SS.
..........................................................
preten ... S...........ão- os verbos
que possuem o segmento ND, no
radical(
pretender),geram
substantivos e adjetivos grafados
com S.
..........................................................
admi ... SS....ível- os verbos que
têm, na sua raiz, o
segmento TIR( admitir) geram
substantivos grafados com SS.
..........................................................
prome . SS........a- os verbos que
possuem o segmento METER, no
radical (prometer)geram
substantivos
e
adjetivos grafados com SS.
..........................................................
promi SS........ória -os verbos que
possuem o segmento METER, no
radical(prometer)geram
substantivos
e
.......................................................... adjetivos graemi .. SS...ão os verbos que têm, fados com SS.
na sua raiz, o
segmento TIR ( emitir)geram
substantivos grafados
..........................................................
com SS.
a... Ç.... ucena- vocábulos de
origem exótica
.......................................................... são grafados com Ç.
trai .. Ç....ão- os vocábulos com
som sibilante, após um ditongo, têm ..........................................................
esse som grafado com Ç.
taquaru .. Ç......u- vocábulos de
.......................................................... origem exótica são
congrega ... Ç...ão -os vocábulos são grafados com Ç.
terminados pe
los sufixos aça, aço, iça, iço,uça, ..........................................................
descen . S.......o- os verbos que
ação são
possuem
grafados com ç.
o segmento ND, no radical(
182
..........................................................
ingre . SS...o -os verbos que têm,
na sua raiz, o
segmento
GRE
(D
)geram
substantivos grafados
com SS.
..........................................................
ponta . Ç......o- os vocábulos
terminados pe
los sufixos aça, aço, iça, iço,uça,
ação são
grafados com ç.
..........................................................
rejei ... Ç.......ão -os vocábulos com
som sibilante, após um ditongo, têm
esse som grafado com Ç.
..........................................................
conver
..
S............ível
os
vocábulos, em geral e os verbos
cujo radical tem o segmento RG e
RT geram substantivos em S.
..........................................................
descender),geram substantivos e adjetivos
grafados com S.
..........................................................
despreten .. S......ioso- os verbos
que possuemo segmento ND, no radical(
pretender),
geram substantivos e adjetivos
grafados com
S.
..........................................................
promi . SS.......or- os verbos que
possuem o segmento METER, no
radical(prometer)geram
substantivos
e
adjetivos grafados com SS.
..........................................................
opre .. SS.......ão- os verbos que
possuem o segmento PRIM, no
radical(oprimir)geram
substantivos
e
adjetivos grafados com SS.
183
Prezado aluno! Prezada aluna!
Parabéns! Estamos felizes!
Você concluiu o curso PRODUÇÃO TEXTUAL.
Esperamos que este curso tenha sido leve e prazeroso! Com certeza, deve ter
desmitificado a Língua Portuguesa! Ela será, a partir de hoje, usada com mais
alegria e de forma mais racional. Seus textos fluirão melhor e a folha em
branco deixará de ser um desafio!
Certamente, aprendemos uma nova forma de trabalhar com a nossa Língua!
“Minha Língua é a minha Pátria!” (Caetano Veloso).
Conte sempre conosco! Sucesso!
EQUIPE UNICED
184
GLOSSÁRIO
“AD NAUSEAM’’-Até as náuseas; até cansar.
A MERCÊ DE- sujeito à compaixão de.
AGREGAR- Reunir, congregar.
ALMEJADA- Desejada ardentemente, com ânsia; ansiada.
AMBÍGUO- Que se pode tomar em mais de um sentido; equívoco: explicação
ambígua.
ÂMBITO- Contorno, periferia; circunferência. Campo de ação; zona de
atividade.
APOCALIPSE-O último livro do Novo Testamento (q. v.), que contém
revelações terrificantes acerca dos destinos da humanidade. Fig.
Grande
cataclismo; flagelo terrível. Fig. Linguagem muito obscura, sibilina.
APREGOAR-Anunciar com pregão; proclamar em voz alta.
ARCAICA-Relativo a épocas remotas; muito antigo. Obsoleto . E. Ling. Diz-se
de palavra ou de construção que constitui arcaísmo. E. Ling. Na periodização
das línguas, diz-se da fase mais remota; antigo. . Diz-se do português do
período que se situa entre o séc. IX e meados do séc. XVI.
ARREBIQUES-Enfeite excessivo e de mau gosto. Amaneiramento e
afetação do estilo.
ARREDONDAR-Tornar redondo; abolar. Dar harmonia, sonoridade, à frase ou
ao período.
ARREMATAR-Terminar, finalizar,acabar,concluir.
ARROGÂNCIA- Orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas;
soberba.
Insolência, atrevimento.
ARROGÂNCIA-Orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas;
soberba.
ARTICULADO- Pronunciada, proferida.
ASSERTIVA-Proposição afirmativa; asserção.
ATURDIR-atordear,estontear, perturbar.
ÁUREOS- Da cor do ouro, ou a ele relativo.
AUTONOMIA-Faculdade de se governar por si mesmo. Direito ou faculdade
de se reger (uma nação) por leis próprias. Liberdade ou independência moral
ou intelectual. Ét. Condição pela qual o homem pretende poder escolher as
leis que regem sua conduta.
185
AVENCAS- Designação comum a várias plantas criptogâmicas da família das
polipodiáceas, principalmente do gênero Adiantum, todas muito delicadas,
necessitando de ambientes bastante úmidos.
BALBUCIO- E. Ling. Psicol. No processo de aquisição (4), fase em que
surge a vocalização, mas que antecede as primeiras palavras. [Compreende
três etapas: (a) o arrulho, por volta dos dois meses de idade, quando a criança
apresenta as primeiras manifestações vocais; (b) o balbucio propriamente dito,
que dura aproximadamente dos três aos seis meses; e (c) a fase prélingüística, que vai dos seis aos doze meses, etapa em que a criança ainda não
produz qualquer palavra, embora comece a fixar a fonologia da língua-alvo (q.
v.).]
BULAS- Impresso que acompanha um medicamento e contém informações
acerca de sua composição, posologia, indicações, contra-indicações, etc.
BUZU - ônibus
CABALA- Filos. Tratado filosófico-religioso hebraico, que pretende resumir
uma religião secreta que se supõe haver coexistido com a religião popular dos
hebreus. Designação comum a movimentos místicos e esotéricos europeus do
séc. XII em diante.
CABALÍSTICA- Relativo à cabala. Relativo às ciências ocultas: número
cabalístico. Fig. Secreto, misterioso, obscuro.
CAMUFLAGEM- Ato ou efeito de camuflar. Aquilo que serve para camuflar ou
disfarçar
CLICHÊ-Estereótipo . Fig. lugar-comum.
COERÊNCIA - E. Ling. Num discurso oral ou escrito, conjunto de relações que
unem os significados de sentenças. [A coerência de um discurso pode apoiarse em mecanismos formais, i. e., de natureza gramatical ou lexical, e no
conhecimento partilhado entre os usuários da língua.]
Lóg. Ausência de
contradição, i. e., acordo do pensamento consigo mesmo (dos princípios com
as conseqüências, dos axiomas com os teoremas, etc.); compatibilidade,
consistência.
COESÃO - E. Ling. Ligação, de natureza gramatical ou lexical, entre os
elementos de uma frase ou de um texto.
COLOQUIAL- Diz-se do estilo em que se usam vocabulário e sintaxe bem
próximos da linguagem cotidiana.
COLOQUIALIDADE-Maneira ou tom coloquial
186
COMPARTILHAR-Ter ou tomar parte em; participar de; partilhar, compartir.
Usar em comum. Ter ou tomar parte; participar; compartir.
CONCATENADO- encadear, ligar,relacionado.
CONCATENADO-encadeado, ligado relacionado.
CONCOMITANTES- Que se manifesta simultaneamente com outro.
CONCORRER- Juntar-se para (uma ação comum); contribuir, cooperar; Ter a
mesma
pretensão
de
outrem;
competir;
Cooperar;
contribuir;
Existir
simultaneamente; coexistir.
CONSENSO- Conformidade, acordo ou concordância de idéias, de opiniões.
CONSTRANGIMENTO-Aperto, compressão. Situação ou estado de quem foi
constrangido,
violentado.
Violência,
coação.Insatisfação,
desagrado,
descontentamento. Acanhamento, timidez, embaraço.
CONSUMAR - Terminar, completar, acabar . Realizar, praticar.
Levar ao
auge; aperfeiçoar, requintar.
DECIFRAR-Ler, explicar ou interpretar (o que está escrito em cifra, ou mal
escrito). Compreender, revelar.
DECLÍNIO - Ato de declinar; declinação. Diminuição gradativa de força, de
valor, de intensidade.
Deliberação, determinação, decisão, resolução.
DESAFIAR Instigar, incitar, excitar, estimular, provocar . Fazer face a; afrontar,
arrostar .
DESCAMPADO- Diz-se de lugar desabrigado e desabitado. Campo extenso,
inculto, aberto e desabitado.
DESDÉM- Ato ou efeito de desdenhar; desprezo com orgulho. Altivez,
arrogância.
DETECTAR-Revelar ou perceber a existência do que está escondido.
DIAGNÓSTICO-O conjunto dos dados em que se baseia essa determinação.
DIFUNDIDA-espalhada, propagada, divulgada.
DIFUNDIR-Irradiar, emitir: A vela difundia uma luz fraca. Espalhar, disseminar,
espargir: difundir um aroma. Propagar, divulgar.
DIFUSA - Em que há difusão; disseminado, divulgado. Prolixo, redundante;
difusivo
DIGITAL- Inform. Que tem intervalos discretos, i. e., em que há um número
finito de valores possíveis entre dois valores quaisquer.[Cf., nesta acepç.,
analógico.]
Inform. Que é representado exclusivamente por números
187
(segundo um código convencionado) e, portanto, passível de processamento
por computadores digitais: imagem digital; som digital.
DIMINUTAS - Diminuído, apequenado.
Muito pouco.
Muito pequeno.
Escasso, raro.
DISCURSIVA- Diz-se de operação mental que se processa por uma série de
operações intermediárias e parciais, como o raciocínio, a dedução e a
demonstração. Que costuma discursar; falador, palrador.
DISPONÍVEL-De que se pode dispor. Livre, desimpedido, desembaraçado
ELOQÜÊNCIA- Capacidade de falar e exprimir-se com facilidade. A arte de
bem falar.
EMPANTURRAR-Encher
(alguém)
de
comida;
empanzinar,
empachar,
abarrotar. Encher em demasia; fartar.
ENLAÇAR- Prender nos braços; abraçar.
ENTRECORTADA - cortado ou interrompido a intervalos.
ERUDIÇÃO- Instrução vasta e variada, adquirida sobretudo pela leitura.
Qualidade de erudito.
ERUDITAS- Que tem erudição. Que revela erudição .
ESCASSO-De que há pouco; parco, raro.
Falto, carente, carecente,
desprovido, privado.
ESGOTAR-Tirar até a última gota de; vazar completamente:
Enxugar,
secar, exaurir: esgotar Privar de todo o conteúdo. Consumir, gastar.Aplicar com
empenho; empregar totalmente.Tratar por inteiro (um assunto).
ESPLÊNDIDO-Que tem esplendor; brilhante, luzente. Admirável, grandioso:
inteligência esplêndida.
Pomposo, suntuoso. Maravilhoso, deslumbrante.
Fam. Excelente, delicioso: um vatapá esplêndido.
ESPONTÂNEO- Que se origina em sentimento ou tendência natural, em
determinação livre, sem constrangimentos; que se manifesta como que por
instinto, sem premeditação ou desvios; sincero.
ESQUIPÁTICAS-extravagante, esquisito,excêntrico, singular.
ESTÁTICO- Imóvel como estátua; sem movimento; parado, hirto. Que se acha
em estado de repouso (em oposição a dinâmico); parado.
EVIDÊNCIA- Qualidade do que é evidente; certeza manifesta. Filos. Caráter
de objeto de conhecimento que não comporta nenhuma dúvida quanto à sua
verdade ou falsidade.
EXACERBAMENTO-Ato de exacerbar.
188
EXASPERADO- Muito irritado; enfurecido, encolerizado.
FATIGANDO-Causar
fadiga
a;
cansar.
Enfastiar,
aborrecer,
enfadar,
importunar desinteressante. Causar ou produzir fadiga.
FICÇÃO- Ato ou efeito de fingir; simulação, fingimento. Criação ou invenção de
coisas imaginárias; fantasia.Na literatura, o romance, a novela e o conto.
FILOLOGIA-Estudo da língua em toda a sua amplitude, e dos documentos
escritos que servem para documentá-la.
FILOLOGIA-Estudo da língua em toda a sua amplitude, e dos documentos
escritos que servem para documentá-la.
FILÓLOGO - Especialista em filologia ; que cultiva a filosofia. Aquele que
procede sempre com sabedoria e reflexão, que segue uma filosofia de vida.
Aquele que vive tranqüilo e indiferente aos preconceitos e convenções sociais.
Pop. Indivíduo esquisito, excêntrico.
FLUIDO- Que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás; fluente.
Suave, brando: movimentos fluidos. Fig. Espontâneo, fácil, corrente.
FORMATO- Feitio, forma.
FRAGMENTADA- Reduzida a fragmentos; partida em pedaços; dividida,
fracionada Reduzir a fragmentos; partir em pedaços; dividir, fracionar..
FRUIR- Gozar, desfrutar.
GRUNHIDO -Ação de grunhir; voz do porco ou do javali.
HALO - Auréola, glória, prestígio.
HISTERIA- Psiq.
Psicopatia cujos sintomas se baseiam em conversão. É
caracterizada por falta de controle sobre atos e emoções, ansiedade, sentido
mórbido de autoconsciência, exagero do efeito de impressões sensoriais, e por
simulação de diversas doenças.
IDIOMA-Língua de uma nação.
IMPERATIVO- Ordem ; Imposição autoritária; ditame; dever.
IMPRESCINDÍVEL- Não prescindível.
IMUNO-DEFICIÊNCIA-
Deficiência
de
meios
de
defesa
imunológica,
específicos ou inespecíficos.AIDS( em Inglês), SIDA (em Português).
INCOMPATÍVEL- Que não pode harmonizar-se; inconciliável, incombinável.
ÍNDOLE-Propensão natural; tendência característica; temperamento.
INERENTE - Que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma
coisa ou pessoa.
INFANTE-Que está na infância; infantil.
189
INSTINTIVAS-Relativo ao instinto; instintual. Automático, maquinal; natural:
reação instintiva.
INTERCÂMBIO-Troca, permuta. Relações de comércio ou intelectuais de
nação a nação.
JAVALI- Zool. Animal mamífero (Sus scrofa), artiodáctilo, suiforme, suídeo. É
a mais conhecida e a principal das espécies de porcos selvagens; distribui-se
desde a Europa até a Ásia central, e do Báltico até o N. da África.
JAZER- Estar imóvel, sereno, quieto, tranqüilo.
LÉXICO-O vocabulário de uma língua.
LOGRAR-Gozar; obter; fruir, desfrutar, desfruir. Tirar lucro de; aproveitar.
Conseguir, alcançar. Enganar com astúcia; burlar, intrujar, defraudar.
LÚCIDO- Fig. Que tem clareza e penetração de inteligência; que mostra uso
de razão; espírito lúcido.
MALEÁVEL-Flexível, dobrável; Flexível, dócil.
MANEJO- Ato de manejar; manuseio, maneio.
MANIPULAÇÃO- Ato ou modo de manipular.
MANIPULAR- Controlar; dominar.
MATIZ - Fig. Gradação sutil, quase imperceptível; nuança.
MESCLAR-Misturar, confundir; unir, ligar, amalgamar.
METAFÍSICO- Relativo ou pertencente à metafísica. Transcendente.
MÍDIA- Comun.
O conjunto dos meios de comunicação, e que inclui,
indistintamente, diferentes veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal,
rádio, televisão, cinema, outdoor, página impressa, propaganda, mala-direta,
balão inflável, anúncio em site da Internet, etc. Veículo de mídia.
MIDIATECA- Acervo organizado de documentos disponíveis ao público em
mídias.
NEOLOGISMO-Palavra ou expressão nova numa língua, como, p. ex.,
dolarizar, dolarização, no português. Significado novo que uma palavra ou
expressão de uma língua pode assumir.
NÍTIDO- Em que há clareza, inteligibilidade.
OBSTINAÇÃO- Pertinácia, persistência, tenacidade, perseverança.
Teima,
birra: Continuou a insistir, só por obstinação.
ONOMATOPÉIA- Palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa
significada (murmúrio, sussurro, cicio, chiado, mugir, pum, reco-reco, tiquetaque).
190
ORATÓRIA- arte de falar ao público.
PARADIDÁTICOS- Diz-se de livros, material escolar, etc., que, sem serem
propriamente didáticos, são utilizados para este fim.
PARADOXALMENTE-Contrariamente, contraditoriamente.
PASSATEMPO-Divertimento, diversão, entretenimento.
PATAMAR- Espaço mais ou menos largo no alto de uma escada ou entre dois
lanços de escadas; tabuleiro. Fig. O mais alto grau, ou um dos graus mais
altos.
PATRIMÔNIO- Bem, ou conjunto de bens culturais ou naturais, de valor
reconhecido para determinada localidade, região, país, ou para a humanidade,
e que, ao se tornar(em) protegido(s), como, p. ex., pelo tombamento, deve(m)
ser preservado(s) para o usufruto de todos os cidadãos.
PELEJA- Ato de pelejar. Combate, luta, batalha. Briga, contenda, desavença.
PELÍCULA- Camada muito delgada que
envolve ou recobre certas
substâncias. Camada muito delgada que envolve ou recobre certas
substâncias. Pele ou membrana muito fina. Pele ou membrana muito fina.
PERCEPTIVA- Relativo à percepção.
Que tem a faculdade de perceber.
PERCEPTÍVEL- Que se pode perceber.
PEREMPTORIAMENTE-Qualidade de peremptório.
PERPASSAR- Passar junto ou ao longo.
PERPASSAR -Passar junto ou ao longo.
PERPLEXIDADE-Estado ou qualidade de perplexo; perplexidez, perplexão.
PERSUADIR- Convencer; induzir.
PERSUASÃO- Ato ou efeito de persuadir(se).
PETULÂNCIA-Qualidade, ato ou modos de petulante; ousadia, atrevimento.
PITORESCAS - divertidas, recreativas;imaginosas, cintilantes,vivas.
PLENITUDE- Qualidade ou estado de pleno.
POLIGLOTA- Que sabe ou fala muitas línguas; multilíngüe, plurilíngüe. Que
está escrito em muitas línguas; poliglótico.
POLISSÊMICAS - Referente a polissemia; que tem mais de um significado.
POMPOSA- Em que há, ou que revela pompa.
POTENCIALIDADE- Qualidade de potencial.
PRAGMÁTICA-Suscetível de aplicações práticas; voltado para a ação. E. Ling.
Estudo dos fatores contextuais que determinam os usos lingüísticos nas
situações de comunicação.
191
PRECISÃO - Rigor sóbrio de linguagem; concisão.
PREMPTÓRIO-Que perime. Terminante, decisivo: ordem peremptória
PRERROGATIVA-Concessão ou vantagem com que se distingue uma pessoa
ou uma corporação; privilégio, regalia. Faculdade ou vantagem de que
desfrutam os seres de um determinado grupo ou espécie; apanágio, privilégio.
PRESCINDIR- Separar mentalmente; não fazer caso; não levar em conta;
abstrair Pôr de lado; renunciar; abrir mão de; dispensar.
PRESCINDIR- Separar mentalmente; não fazer caso; não levar em conta;
abstrair. Separar mentalmente; não fazer caso; não levar em conta; abstrair.
PRESCINDÍVEL- De que se pode prescindir
PRESERVAÇÃO- Ato ou efeito de preserva. Ação que visa garantir a
integridade e a perenidade de algo, como, p. ex., um bem cultural .
PROCEDÊNCIA-Ato ou efeito de proceder. Lugar de onde se procede.
Proveniência, origem.
PRÓCLISE - o fenômeno fonético de anteposição duma palavra átona a outra
que o não é, subordinando-se aquela ao acento desta.
PROFANO- Não pertencente à religião. Contrário ao respeito devido a coisas
sagradas.
PROPÓSITOS-Algo que se pretende fazer ou conseguir; intenção, intento,
projeto.
PROSAICA- Sem grandeza ou elevação; trivial, comum, vulgar.
PROVEITO- Ganho, lucro, interesse, provento. Utilidade, vantagem, benefício.
PUNIR-Infligir pena a; dar castigo a; castigar. Aplicar correção a; reprimir.
REAJUSTAR-.
Tornar a ajustar.
RECALCITRANTE-Que recalcitra; obstinado, teimoso.
REDIMENSIONAR- Dimensionar outra vez.
REFINAR-Tornar mais fino; apurar.
Tornar mais puro; aperfeiçoar, afinar,
aprimorar,refinar,requintar.
REIVINDICAR - Intentar demanda para reaver (propriedade que está na posse
de outrem); vindicar. Reaver, readquirir, recuperar
RELEVÂNCIA- Qualidade de relevante; grande valor, conveniência ou
interesse; importância.
REMOTAS- Que sucedeu há muito tempo; antigo, longínquo; que sucedeu há
muito tempo; antigo, longínquo.
RESENHA-Ato ou efeito de resenhar. Descrição pormenorizada.
192
REVESTIR-Tornar a vestir. Dar a aparência (de alguma coisa) a; colorir.
RUSTICIDADE- Qualidade de rústico.
SAPIENTE- Conhecedor das coisas divinas e humanas.
Sabedor, sábio,
erudito.
SEGMENTOS-Porção de um todo; seção. Porção bem delimitada, destacada
de um conjunto.
SESTRO-Destino, sorte, fado, sina. Vício, hábito, mania, balda, cacoete.
SEVÍCIA - Maltratos físicos.
SIGILO- Segredo.
SINGULAR-Pertencente ou relativo a um; único, particular, individual. Que não
é vulgar; especial, raro, extraordinário.
SINTÁTICOS - relativo ou pertencente à sintática;que está de acordo com as
regras da sintática.
SISTEMÁTICO-Referente ou conforme a um sistema: Todo organograma deve
ser sistemático. Que segue um sistema: plano sistemático.
Ordenado,
metódico. Coerente com determinada linha de pensamento e/ou de ação. Bras.
Diz-se do indivíduo que, por ser metódico ao extremo, se torna ranheta,
ranzinza.
SUBESTIMAMOS-Não dar a devida estima, apreço, valor, a; não ter em
grande conta; desdenhar.
TÁTIL - Suscetível de ser tateado; tateável. Relativo ao tato.
TERAPÊUTICA- Parte da medicina que estuda e põe em prática os meios
adequados para aliviar ou curar os doentes; terapia.
TRAVO- Sabor adstringente de comida ou de bebida; amargor. Impressão de
desagrado ou de amargor.
UTÓPICO- Relativo a utopia.
Que encerra utopia; irrealizável, quimérico.
VENCEDOR- Aquele que vence ou venceu. Indivíduo vitorioso.
VENCIDO- Que sofreu derrota; derrotado.
VENTURA- Boa ou má fortuna, sorte, acaso, destino. Fortuna próspera; boa
sorte; felicidade.
VERNÁCULO-Próprio da região em que está; nacional. Fig.
Diz-se da
linguagem genuína, correta, pura, isenta de estrangeirismos; castiço.
193
VERSÁTIL- Inconstante, vário, volúvel.
VESTES- Peça de roupa, em geral aquela que reveste exteriormente o
indivíduo e, em grau menor ou maior, o caracteriza; vestido, vestidura,
vestimenta.
VIABILIZADA- Tornada viável.
VIRTUAL-Que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito atual.
Inform.
Que resulta de, ou constitui uma emulação, por programas de
computador, de determinado objeto físico ou equipamento, de um dispositivo
ou recurso, ou de certos efeitos ou comportamentos seus.
XENOFOBIA-Aversão a pessoas e coisas estrangeiras; xenofobismo.
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