Experiência e vontade política
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Experiência e vontade política
CIDADES CORREIO POPULAR A15 Campinas, domingo, 2 de setembro de 2012 O Correio Popular publica entrevistas com os 7 candidatos à Prefeitura de Campinas. A publicação segue a ordem de sorteio realizado na redação na presença de seus representantes. Entrevista/Candidato SAÚDE CULTURA A rede básica de atendimento tem que funcionar. Quando você a prepara, evita que os hospitais sejam sobrecarregados.” RMC Dá para fazer parcerias, descentralizar as atividades. Dá para fazer a Cultura acontecer nas escolas; recuperar as áreas abandonadas.” Não é correto desonerar as gestões públicas de todas as cidades da região e todo mundo correr para Campinas.” Carlos Sousa Ramos/9jul102/AAN PLEITO ||| PREFEITURA Experiência e vontade política “A prioridade número um hoje em Campinas é colocar a casa em ordem. Existem inúmeros exemplos de verdadeiros descalabros, de sinais de ineficiência na gestão pública da cidade. Então, a primeira coisa a fazer é qualificar a gestão. Atacar a questão da eficiência.” Novato na corrida eleitoral, Rogério Menezes (PV) quer alavancar a Saúde e a Educação Milene Moreto DA AGÊNCIA ANHANGUERA [email protected] Candidato pela primeira vez em Campinas, Rogério Menezes (PV) se diz o mais experiente entre os prefeituráveis quando o assunto é gestão. Em entrevista concedida ao Correio, o prefeiturável criticou os representantes do PT e do PDT, atacou seus rivais nas urnas e disse que falta vontade política para alavancar setores como Saúde e Educação. Confira os trechos da entrevista: Se eleito, qual a primeira medida a ser adotada? Rogério Menezes - A prioridade número um hoje em Campinas é colocar a casa em ordem. Existem inúmeros exemplos de verdadeiros descalabros, de sinais de ineficiência na gestão pública. Então, a primeira coisa a fazer é qualificar a gestão. Atacar a questão da eficiência. Em 2007, a Prefeitura de Campinas assinou um convênio com o Programa Nacional de Segurança com Cidadania. O objetivo era ampliar o número de câmeras de vídeo para aumentar a segurança da nossa família. O que aconteceu? Nada. Estamos em 2012. Cinco anos depois saiu uma medida burocrática para nomear um grupo responsável pela gestão desse convênio. A Prefeitura não conseguiu aplicar o recurso, não teve interesse. Na área da Saúde estamos “Fui secretário de Meio Ambiente durante toda uma gestão em Marília. Fui secretário em Diadema. Sempre por indicação do Partido Verde. Só tive um único partido durante a minha trajetória.” em situação de quase colapso, isso por ineficiência, mágestão. É interessante a população perceber que os mesmos partidos que governaram a cidade nos últimos sete anos insistem agora em se apresentar como novidade. Qual a experiência que o senhor tem em gestão? Fui secretário de Meio Ambiente durante toda uma gestão em Marília. Fui secretário em Diadema. Sempre por indicação do Partido Verde. Só tive um único partido durante a minha trajetória. Fui nomeado coordenador de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo pelo governador Mario Covas, com quem aprendi muito. Por reconhecimento, em função da minha atuação no poder público, fui convidado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para integrar o seu governo. Recentemente me afastei da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. Nós temos mais de 12 de gestão pública sem nenhuma mancha. Não tenho telhado de vidro.Tem candidato que se intitula de mais preparado em função de ter publicado mais de 40 livros. Então vamos chamar o Paulo Coelho. Ele governa Campinas. Como resolver os gargalos no setor da Saúde? A gente vê hoje a sobrecarga no atendimento do Hospital da PUC-Campinas. A gente vê o Mario Gatti em situação precária. O Hospital Ouro Verde foi entregue mas ficou a meia-força. Nós precisamos mudar um pouco a visão. A gente ter 100% de saneamento básico em Campinas. A criança fica doente. O esgoto tá na porta da sua casa. Ainda existe 12% da população de Campinas nessa situação. Primeira coisa é o saneamento. A rede básica de atendimento da Saúde tem que funcionar. Quando você prepara a rede básica, evita que os hospitais sejam sobrecarregados. Conversei com um funcionário do Mario Gatti que me disse que só dorme a base de remédio. Essa pessoa lida com vida humana e está sujeita a erro. A demanda da Região Metropolitana de Campinas atrapalha? O que Campinas está esperando para sentar com o governo do Estado de São Paulo e com as principais lideranças dos conselhos de desenvolvimento regional da Região Metropolitana de Campinas (RMC) para ter essa discussão? Tem que se chegar num mecanismo que viabilize isso. Também não é correto desonerar as gestões públicas de todas as cidades da região, e todo mundo correr para Campinas e você ter que dimensionar o atendimento de Sáude para atender todo o entorno. Por que esperar chegar nesse colapso depois de oito anos de gestão? Não dá para entender. É muito desvio de dinheiro público. É muita incompetência. A partilha política dos cargos e dos espaços na gestão pública. Eles (adversários políticos) têm dez partidos, fizeram coligação de jacaré com avestruz. Dá para desconfiar o que vai acontecer. O prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) fez promessas para zerar o déficit de vagas nas escolas e creches, nas não conseguiu. Como administrar esse problema? Primeiro. Rever e reformar as unidades para ter a estrutura mínima necessária. Não é possível uma cidade como Campinas ter salas de madeira em algumas unidades. Campinas merece e pode muito mais. Nós precisamos além de reformar a infraestrutura física, dar mais autonomia para as escolas. Mas eu estou muito tranquilo com o nosso programa de governo na área da Educação porque o professor Gustavo (candidato à vice do PV, Gustavo Merlo) é diretor de escola municipal concursado na rede pública estadual. Conhece de per- Rogério Menezes fala sobre corrupção: “Vou criar a Comissão da Verdade, fazer um pente-fino” to a realidade. Hoje os professores estão estressados. Quando falta um professor por motivo de saúde não tem substituto. Se você pegar as atuais unidades de creche e fazer a ampliação de duas ou três salas, você resolve o problema do déficit. Precisa de serieda- “Transformaria as duas regiões que têm os piores indicadores de qualidade de vida em dois distritos: Ouro Verde e Campo Grande.” de, ter gente certa em cada lugar. A população reclama da falta de infraestrutura e serviços. Administrações regionais estão sucateadas e são cabides de emprego. O senhor manteria essa estrutura? Eu transformaria as duas regiões que hoje têm os piores indicadores de qualidade de vida em dois distritos com a Prefeitura mais próxima. Estou me referindo ao Ouro Verde e Campo Grande. As administrações regionais não podem trabalhar para vereador. Como eu vou fazer isso? Eu vou fazer porque não vai ter toma lá dá cá. Eles já prometeram cargo de tudo. Já fizeram a divisão de espaço na coligação. Só que precisa combinar com o povo. O povo não decidiu ainda. Então, nós vamos rever o critério das nomeações. O meu partido terá alguns vereadores, mas sozinho não terá a maioria na Câmara. Nós vamos conversar. Quer fazer uma indicação? Precisa ter base programática. O povo vai dar uma limpa nessa Câmara de Vereadores, um cartão vermelho para a maioria deles. A cidade é carente de projetos culturais e há sucateamento no setor... O Teatro Castro Mendes está há cinco anos reformando. Agora, às vésperas da eleição, o prefeito Pedro Serafim (PDT) resolve fazer um aditamento. Vai custar mais de R$ 2,5 milhões. Na área cultural é só colocar em prática as diretrizes e ideias aprovadas no plano cultural de Campinas. Eu assumi um compromisso com a Cultura. Numa cidade em que agente gaste menos em propaganda e mais em Cultura, Meio Ambiente e Esportes, mais em Educação será uma cidade muito melhor. As pessoas terão uma qualidade de vida melhor. Cultura é um dos nossos compromissos. Dá para fazer parcerias fortes, descentralizar as atividades culturais. Dá para fazer a Cultura acontecer nas escolas. Música, teatros, recuperar as áreas públicas abandonadas. Campinas tem muitos moradores vivendo em áreas de risco. Quais são suas políticas para a Habitação? Por que as pessoas estão sendo colocadas para morar tão longe? Por que nós ainda não temos os planos diretores e as macrozonas ainda não foram aprovadas? Que interesses estão por trás disso? Eu fui no Vida Nova esses dias e percebo que, pela distância, as pessoas têm deficiência de creches, uma série de deficiências em infraestrutura. Foram colocados para morar longe por especulação imobiliária. Na hora de definir qual vai ser o terreno, a área, acontece cada coisa. Não pode ser assim. Tem que ter planejamento. Esses dois partidos, o PDT e o PT nesses últimos oito anos o que se viu foi isso. Ai faz o Minha Casa, Minha Vida, o empreendimentos que são necessários, mas sem uma lógica de planejamento urbano, as distâncias para a infraestrutura são intransponíveis, as pessoas ficam vivendo mal. O morador de Campinas está irritado com os radares. Quais as suas políticas sobre isso? O que precisa ser feito é FICHA TÉCNICA Nome: Rogério Menezes de Mello Coligação: PV Profissão: Oceanógrafo, professor e secretário adjunto de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos Estado civil: Casado Cidade natal: São Paulo (SP) Trajetória política: Há 16 anos filiado ao PV Livro: O ponto de mutação, Fritjof Capra uma uniformização da velocidade que as pessoas serão autuadas. A maior frequência das autuações hoje é porque elas perdem o referencial. Tem lugar que é 50, outros 60 e alguns 70 quilômetros por hora. Não vale criticar com o discurso fácil de indústria da multa. Participamos por exemplo do evento do Instituto de Cidadania Plena e do Observatório de Trânsito para redução de acidentes. O que se observa é um índice de mortalidade no trânsito ainda elevado. Então, a gente tem que ao mesmo tempo uniformizar o limite de velocidade, mas a população precisa colaborar. O trânsito em Campinas está saturado. Como o senhor pretende resolver isso? A política não pode ser de transporte público. Tem que ser de mobilidade urbana e redução de acidentes. Ai você muda o enfoque. Qual a política de mobilidade urbana que nós defendemos? Primeiro, investir fortemente nos corredores, mas nós vamos trazer a novidade para Campinas da ecofrota, com ônibus de baixa emissão de carbono. A poluição do ar está chegando a níveis críticos. Campinas está se comparando a Capital. Precisamos investir em transporte público, recuperar a opção da ferrovia, foi feita uma tentativa frustrada de VLT, mas por motivos que davam para corrigir. Integração de modais, cruzar a cidade com ciclovias, com bicicletários. A gente tem uma quantidade muito pequena de vias para bicicletas. Precisamos recuperar o trem, associar com corredores de ônibus. Precisamos colocar Campinas no rumo do investimento público. No investimento da mobilidade urbana é possível fazer um plano completo, mais ambicioso, sentar com o Banco Mundial, com o governo federal, estadual, reunir a sociedade. Qual a sua proposta para a Segurança Pública? Todo mundo trabalhando integrado. Já se avançou nisso. Com toda a amizade que tenho com o governador Geraldo Alckmin e ele mesmo em um evento recente anunciou reformulação na área da segurança, precisa fazer mais. A Polícia Civil não consegue repor seus quadros porque o concurso público com o salário oferecido não repõe. Existem policiais que morrem na defesa da sociedade. E não conseguem repor os quadros. Nós assumimos o compromisso de resolver o impasse da questão da delegacia seccional. Vamos aumentar a segurança. A segurança dos bairros que ficam depois da Anhanguera é muito aquém da necessidade. Precisa de gestor qualificado que saiba o que fazer. Precisa de um prefeito que, pelo menos por um período do dia, se liberte das amarras da burocracia e amanheça no posto de saúde. Vamos fazer isso. Volto a dizer que é cruzamento de avestruz com jacaré. No primeiro turno serve para a população conhecer os candidatos e optar pela melhor proposta. O segundo turno a gente se desvia do pior. Eu não discuto nesse momento do segundo turno porque tenho a convicção que a eleição está apenas começando, vai comparar e nós vamos para o segundo turno. Há problemas a resolver como o embargo de obras e os camelôs. O que fazer? Todos os problemas vão perdurar até o ano que vem. Você sabia que até março a Prefeitura tem que ver o que vai fazer com mil toneladas de lixo por dia? Campinas vai ter que levar o lixo para outra cidade, com alto custo. Vamos precisar reduzir esse custo. A reciclagem não pode ser o mínimo como é aqui. Tem que ser como Curitiba, como Londrina, que já tem percentual de reciclagem muito acima. Quais os são os seus projetos para a área de Viracopos? Se não se fizer urgente o planejamento da Macrozona 7, estamos correndo um risco enorme. O Aeroporto de Viracopos vai passar de 8 milhões de passageiro ano para 80 milhões. Vai ser multiplicado “O que tem que deixar claro é que promessa de fim de corrupção não existe. Quem falar isso tá fazendo história de Papai Noel.” por 10 até 2042. Vai se criar todo um conjunto de logística, hotéis e infraestrutura ao redor. Na hora de se fazer a concessão do aeroporto, tinha que ter amarrado a logística para comunicar o aeroporto com a cidade. Nós vamos fazer um planejamento estratégico para reposicionar Campinas, recolocar e vender Campinas para todo mundo como a Capital do desenvolvimento sustentável. Muitos dos problemas são decorrentes da corrupção. Como garantir um governo livre desses atos? O que tem que deixar claro é que promessa de fim de corrupção não existe. Quem falar isso tá fazendo história de Papai Noel. O que nós precisamos garantir é que se tenha a máxima transparência. Vou criar a Comissão da Verdade com um decreto. Vamos fazer um pente-fino.