LEIA AQUI - Universo IPA
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curso de RE VISTA do Jornalismo do Centro Unive rsitá IPA rio Metodista ição 4 | Ano 2 | Ed Seg página ura nça a ic l b Pú Sw at 48 | Dezem istadosul.edu | www.metod 07 20 de bro .br/sites/un iversoipa são, é uma missão, é uma arte, é um sentimento de investigação, de descoberta, um desejo de transmitir para as pessoas tudo aquilo que desvendamos. Mas como repassar uma informação transformando-a em notícia? Para isso é que os estudantes de Jornalismo se preparam. Praticam a linguagem objetiva, clara, para que os mais variados públicos consigam entender o que é dito. Pensar em Jornalismo também significa agilidade, informação no ato do acontecimento, porém, o que vocês vão encontrar aqui é um Jornalismo diferente, um outro segmento, o Jornalismo de Revista, onde o repórter e toda equipe dispõe de mais tempo para elaboração do impresso. No mercado encontramos revistas semanais, quinzenais e mensais. Aqui a nossa periodicidade é semestral. Mesmo assim, os estudantes não têm o semestre todo para produzi-la. Toda profissão tem a sua importância. Muitas vezes comparei em minhas aulas a nossa profissão com a do médico, que não têm rotina, nem hora para atender emergências. O jornalista também não sabe quando os fatos irão acontecer, pode ser no meio da madrugada ou durante um almoço em família. O dever fala mais alto e lá vamos nós fazer a cobertura. No Jornalismo de Revista o desenvolver das matérias não ocorre exatamente nessa rotina frenética. Há mais tempo para apurar e desenvolver a matéria, a grande reportagem, a entrevista exclusiva, enfim, encontrar as outras versões para os fatos que não foram reveladas pelos outros veículos mais dinâmicos na periodicidade. Cada estudante escolheu livremente a sua pauta, debatemos em sala de aula de forma coletiva e depois com orientação individual, para que pudessem alcançar com êxito a conclusão de mais essa tarefa. Alguns fizeram como uma atividade apenas para nota, mas muitos – e isso me fez e faz mais feliz e realizada como professora e jornalista – vivenciaram a atividade de maneira profissional, encararam o desafio, porque alguns estudantes escolheram pautas com certo grau de dificuldade para desvendar as várias faces dos acontecimentos. Eles tiveram sucesso na atividade e prova disso é esse excelente produto jornalístico que temos a satisfação de apresentar para vocês. Lembrando que os estudantes que a produziram estão apenas no segundo nível da faculdade. O comprometimento deles com a leitura diária de jornais, ouvindo notícias no rádio e assistindo telejornais, atentos a tudo que acontece nos seus bairros, no Estado, no Brasil e no mundo, dão a certeza que tornará esses estudantes futuros profissionais conscientes de seus deveres com a sociedade. Espero que gostem do que preparamos para vocês. Boa leitura! Profª. Me. Ana Paula Megiolaro DRT/RS 11.419 ed i tor i al O Jornalismo não é apenas uma profis- Entrevista | Simon ....................................................................................................................................................................................... 4 cultura | Na onda das rádios comunitárias ........................................................................................................... 5 cultura | A segunda revolução farroupilha ............................................................................................................ 6 cultura | Cultura escondida ...................................................................................................................................................... 10 cultura | O P&B agoniza em seus últimos suspiros ........................................................................... 12 cultura | Um ano de bastidores ......................................................................................................................................... 15 cultura | Cultura underground .............................................................................................................................................. 17 religião | Morte. Como compreender esse mistério? .................................................................... 19 religião | Budismo na Serra Gaúcha ............................................................................................................................ 22 religião | Verdades e mentiras: sincretismo afro-católico ....................................................... 24 religião | Espiritismo no Brasil ................................................................................................................................................ 26 comportamento | A busca pela beleza ............................................................................................. 27 masculino. .......................................................................................... 28 comportamento | Feminino, | Um novo mundo sustentável ............................................................................ 30 meio ambiente meio ambiente | Água potável será raridade .................................................................................... 32 meio ambiente | Judith Cortesão .......................................................................................................................... 34 Economia | Regiões apresentam as suas atividades ...................................................................... 36 Moda | Moda, o que usar? ..................................................................................................................................................................... 38 Literatura | O poder do pensamento positivo ................................................................................... 40 transporte | Porto Alegre pode parar ............................................................................................................. 42 educação | Um ano a mais na escola ................................................................................................................... 46 segurança | Da academia para as ruas ............................................................................................................ 48 segurança | Identidade do tráfico ........................................................................................................................... 52 saúde | Maternidade ausente ......................................................................................................................................................... 54 saúde | Autismo: um universo paralelo? ...................................................................................................................... 56 saúde | Comprimido da felicidade ......................................................................................................................................... 58 saúde | Doação de órgãos ................................................................................................................................................................... 60 saúde | Medo não é fobia ..................................................................................................................................................................... 64 saúde | Socorrista, o homem que leva a vida salvando vidas .................................................. 66 saúde | Saúde e beleza na gravidez ..................................................................................................................................... 68 saúde | Bronzeamento artificial ................................................................................................................................................... 70 saúde | Em busca da longevidade ......................................................................................................................................... 72 saúde | Simbolismo da vida ............................................................................................................................................................... 74 saúde | O poder da música ................................................................................................................................................................. 75 saúde | Dança como terapia ............................................................................................................................................................ 76 saúde | Emagreça sem perder a saúde ........................................................................................................................... 77 saúde | Drogas no Brasil ........................................................................................................................................................................... 78 economia | Videiros do semi-árido nordestino ...................................................................................... 79 tecnologia | MSN e Orkut: inimigos ou aliados? ........................................................................... 80 tecnologia | Tecnologia sem limites ................................................................................................................. 82 entretenimento | Seja o verdadeiro amigo da onça ................................................... 84 turismo | Torres: beleza e cores ............................................................................................................................................ 87 história | Filhos do vento................................................................................................................................................................. 91 história | O terror da guerra ....................................................................................................................................................... 94 história | O eterno carro do povo .................................................................................................................................... 96 profissão | O diploma está guardado .................................................................................................................. 98 profissão | Corpo de Bombeiros salvando vidas ....................................................................... 100 profissão | Profissão: vendedor ............................................................................................................................... 102 esportes | Raio X da arbitragem brasileira ................................................................................................. 103 esportes | Saudade de casa é o preço de um sonho .............................................................. 106 esportes | Estilo praiano na Capital ....................................................................................................................... 108 esportes | Os benefícios na prática do tênis .......................................................................................... 112 concurso | Amamentação em público ...................................................................................................... 114 ed i tor i a l leitor Sumário Universo IPA | Dezembro 2007 Carta ao Universo IPA - É possível fazer amigos na política ou esse deve ser apenas um espaço de convivência? Simon - Não tenho inimigos, nunca fiz a política do ódio ao adversário, sempre tratei a todos com respeito, mesmo quando discordava radicalmente. Política não se faz desqualificando o adversário, é preciso garantir um clima de civilidade para que o debate das idéias possa se dar em benefício da população. Universo IPA - Houve um caso específico ou um momento em que o senhor pensou em desistir da vida pública? Caso sim, por quê? Simon - Acredito que tenho uma missão na vida, que é servir. Sou membro da Ordem Terceira de São Francisco e, como tal, cumpro minha jornada confiando em casa passo com base no compromisso com a minha gente, com as pessoas que confiaram em mim, principalmente os mais humildes, nesses anos todos em que sou honrado com a representação parlamentar e nos cargos executivos que ocupei. Universo IPA - Na vida pessoal, sua conduta assim como na pública é considerada exemplar. Quais valores e referências o senhor busca como apoio para isso? Simon - Tenho recebido muitas homenagens por ter mantido uma vida pública marcada pela ética, mas sempre me surpreende o fato de um cidadão ser homenageado só pelo fato de ser honesto. Isso já nos remete à gravidade da situação que vivenciamos atualmente em termos de valores e princípios. Agir corretamente e de acordo com valores morais deveria ser uma condição natural de todo o cidadão, principalmente do homem público. Porém, estamos vendo tantos escândalos se sucedendo, inclusive praticados por pessoas que julgávamos exemplos maiores de honestidade, que parece que está tudo contaminado. Mas corrupção existe em todos os países, o problema é que o Brasil é o país da impunidade, onde só ladrão de galinha vai para a cadeia. Minha maior referência é Alberto Pasqualini (1901-1960), líder e teórico do antigo PTB, que desenvolveu uma doutrina política baseada na supremacia e no valor do trabalho. Pasqualini acreditava na solidariedade e na cooperação humanas e, eu acredito nesses valores. Saúde, educação, moradia e lazer para todos, é nisso em que acredito. Universo IPA - Como tem sido a sua experiência com adoção? Simon - A experiência da adoção da Ana Clara, que está com cinco anos, tem sido maravilhosa. Ela é amada por todos nós, especial- mente pelo Pedrinho, meu filho menor. Além deles, tenho ainda outros dois filhos, o Tiago, já casado, e o Tomaz. Perdi um menino, o Mateus, ainda pequeno, num acidente de trânsito, e isso me abalou muito. Contudo, consolidou em mim a fé religiosa e a devoção à Cristo. Acredito na vida e no amor. Universo IPA - Conte um pouco sobre os livros que o senhor autografou na feira do livro. Simon - Todos os anos compareço à feira do livro de Porto Alegre. Geralmente lanço dois livros, um com uma seleção de meus discursos, numa espécie de prestação de contas do mandato e, outro com uma temática específica. Neste ano, além da coletânea de discursos feitos no Congresso em 2006, lancei“Dois Mundos – Em busca de valores e referências”. Em “Dois Mundos”, comento a situação de quase barbárie em que vivemos, a falta de valores e referências para as novas gerações, num mundo marcado por um sistema econômico que estimula o individualismo e a competição. Eu indago sobre os reflexos dessa situação nas relações humanos e a falência da família, da escola e da religião como formadores do cidadão. Universo IPA - Na sua opinião, o Brasil está preparado para sediar a Copa do Mundo de 2014? Por quê? Simon - Creio que sim, pois recentemente sediamos uma competição internacional no Rio de Janeiro, os Jogos Pan-americanos, cuja organização foi elogiada no mundo todo. Não vejo por que ter receio de que com a Copa do Mundo possa ser diferente. Universo IPA - O senhor acredita num Brasil melhor? Simon - Sou um otimista e acredito na força do povo brasileiro. Peço sempre a Deus que nos ilumine e ajude o país a se encontrar consigo mesmo, num ambiente de paz e de prosperidade, em que todos tenham uma vida digna, como aliás determina a nossa Constituição. c ultur a Na onda das rádios c ultur a Advogado, professor universitário, coordenador do movimento pelas‘Diretas Já’, vereador, deputado, governador e, por fim, senador. Estamos falando de Pedro Jorge Simon, respeitado político brasileiro, com mais de 50 anos de serviços prestados ao povo gaúcho. Natural de Caxias do Sul, município da região serrana do Estado. Para cumprimentar e dar satisfações a seus eleitores e, também para autografar uma de suas obras na Feira do Livro de Porto Alegre “Dois Mundos – Em Busca de Valores e Referências”, o Senador esteve na cidade no último mês de novembro e conversou com o Universo IPA. comunitárias Andreza fiuza As rádios comunitárias nasceram com a idéia de dar voz à população.Trata-se de uma pequena estação de rádio que possibilita às comunidades de bairro terem um canal de comunicação inteiramente destinado a elas, pelo qual seus membros vão divulgar ideologias. A legislação brasileira, para a concessão de emissoras é rodeada de polêmicas, o que muitas vezes acaba por levar casos de transmissão de canais à polícia. Diferenciando-se das rádios comerciais locais, as comunitárias têm a participação efetiva da comunidade local. A programação é feita pelo ouvinte e para o ouvinte. “Apesar da morosidade e da burocracia para se criar uma rádio comunitária, quem realmente acredita nessa visão diferenciada de transmissão de informação, com certeza desistir não é o caminho, sou ouvinte e apoio totalmente esse segmento”, declara a estudante de Relações Públicas, Letícia Souza. Especialmente entre as populações de menor poder aquisitivo e de regiões afastadas dos centros urbanos, as rádios têm grande influência. O rádio é um excelente prestador de serviços e formador de opiniões. A sua importância como veículo de comunicação é inquestionável. Conforme o site da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Imes), a estimativa é de que atualmente no Brasil existam 10 mil rádios comunitárias legalizadas de acordo com a lei que as regulamenta, a 9.612 de 1998. Basicamente ela determina que a rádio é um tipo especial de emissora FM. Deve ter alcance limitado a, no máximo, um quilômetro a partir de sua antena transmissora. Não podem ter fins lucrativos nem vínculos com partidos políticos, instituições privadas ou religiosas. Não podem inserir propaganda comercial, com exceção de apoios culturais. Por fim rádio comunitária não pode utilizar sinal de outras emissoras simultaneamente, a menos quando houver expressa determinação do Governo Federal. Comunitária ou pirata? Com intenção de esclarecer, o que não dá para negar é que as rádios piratas, apesar de ilegais e de todas as ações de fiscalização, funcionam. A qualquer momento, uma estação pode sofrer interferências de outra, a clandestina. É possível até, em alguns casos, que as pessoas escutem uma rádio e não identifiquem que se trata de uma emissora sem concessão do governo. O grande debate sobre rádio comunitária e rádio pirata parece ainda ser longo, mas o que não deve ser feito é considerar tudo a mesma coisa. As piratas são de responsabilidade da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em conjunto com a Polícia Federal, somente este ano foram interditadas 69 emissoras ilegais que operavam no Estado de São Paulo. De acordo com o livro “Rádio Comunitária não é crime”, do autor Armando Coelho Neto, “hoje, mais de dez mil rádios estão sendo disseminadas pelo Brasil, atendendo um segmento que normalmente as grandes emissoras não se prestam a fazer. Totalmente integrada às comunidades, em alguns rincões elas até já conseguiram baixar o preço da comida. Falta de remédios e cobertores estão entre algumas dificuldades que são muitas vezes solucionadas com a intervenção dessas pequenas emissoras”. Além de vontade e uma visão social ampla, para se obter uma rádio comunitária a programação tem que ser estabelecida, contendo informação, lazer, manifestações culturais, artísticas, folclóricas e tudo que definitivamente possa contribuir para o crescimento da comunidade. A discriminação de raças, religião, sexo, convicções político-partidário e condições sociais são excluídas em favor dos valores éticos e sociais. A proposta das rádios comunitárias é animadora, pois é uma ferramenta democrática para uso da sociedade. Fornece o poder quem quer falar, abrindo espaço para o cidadão comum. Quem pode se candidatar a uma rádio comunitária? Somente as fundações e as associações comunitárias sem fins lucrativos, legalmente constituídas e registradas, com sede na comunidade em que pretendem prestar o serviço, cujos dirigentes sejam brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, maiores de 18 anos, residentes e domiciliados na comunidade. A candidata a prestar serviço de nham vínculos, de qualquer natureza, com parti- Universo IPA | Dezembro 2007 entrev entr evistaista Universo IPA | Dezembro 2007 www.sxc.hu Arthur Machado Universo IPA - A sua vocação para o exercício da vida pública teve influência familiar ou esteve relacionada a outras questões? Pedro Simon - Minha vocação para a vida pública surgiu muito cedo, talvez antes que eu próprio tivesse condições de racionalizar isso. Sempre acreditei que a participação do cidadão nos destinos da sua comunidade, entendendo a comunidade também num sentido amplo, o país, era algo quase obrigatório. Assim me inseri no movimento estudantil, chegando a presidente da junta governativa da União Nacional dos Estudantes. Mais tarde, inscreveram meu nome para candidato a vereador em Caxias. Não aceitei, no início, mas recebi muitos apelos e acabei concordando. Depois, fui eleito deputado estadual, quando liderei a oposição ao regime militar na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Aliás, durante a ditadura, apesar de termos sofrido muito, com perseguições, cassações, prisões e assassinatos políticos, a Assembléia gaúcha era a única que o regime não conseguiu fechar. Na seqüência, fui honrado com sucessivas eleições para o Senado e, uma vez, para o governo do estado. Galileu Oldenburg Simon dos políticos, entidades religiosas, sindicatos etc. rádio comunitária, não pode ter ligação de qualquer tipo e natureza com outras instituições. Quem não pode se candidatar a uma rádio comunitária? Instituições que estejam prestando serviços de radiodifusão ou que tenham vínculos, de qualquer natureza, com outras empresas do mesmo segmento. Ainda fundações e associações que te- Movimento iniciado em 1947 no Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, ganhou força em 1971 com o início dos festivais nativistas a partir da Califórnia da Canção Nativa, em Uruguaiana. Trinta e seis anos depois do festival e 60 após o acendimento da primeira chama farroupilha, gaúchos comemoram, em todo o mundo, uma verdadeira globalização de tradições e regionalismo Universo IPA | Dezembro 2007 Luís Bustamante Colégio Júlio de Castilhos, Porto Alegre, agosto de 1947. Um grupo de estudantes, liderados pelo jovem João Carlos Paixão Côrtes, fundava o Departamento de Tradições Gaúchas, anexado ao Grêmio Estudantil da escola. A proposta era fazer frente ao anti-regionalismo imposto pelo “Estado Novo” do então presidente Getúlio Vargas, que provocava excesso de estrangeirismos nos meios de comunicação e tornava motivo de gozação o modo campesino de vestir-se (hoje, andar pilchado). Cine Pampa, Uruguaiana, dezembro de 1971. Um grupo de músicos e compositores, liderados pelo poeta Colmar Duarte, realizavam a primeira Califórnia da Canção Nativa, idéia surgida dois anos antes, quando a composição Abichornado (de Colmar Duarte e Júlio Machado da Silva Filho) foi desclassificada no Festival de Música Popular da Fronteira-Oeste por tratar-se de uma música de temática regional. Viviam-se os anos de chumbo da ditadura militar, então sob o comando do presidente Médici, ironicamente outro gaúcho a impor uma integração do país, em de-trimento das culturas locais. Nem Paixão Côrtes nem Colmar Duarte tinham certeza da repercussão dos movimentos que cada um, à sua época, dava o impulso inicial. O primeiro tornou-se folclorista, fez parceria com o músico e pesquisador Luiz Carlos Barbosa Lessa, e saiu a percorrer o Rio Grande do Sul buscando resgatar para a História canções e danças folclóricas, das quais nenhum registro existia. O segundo continuou poeta, fez parcerias com músicos e compositores, e, da fronteiriça Uruguaiana, dedicou-se a relevar aspectos que, até então, a música dita gauchesca, tendo o cantor Teixeirinha como maior expoente, mencionava de forma anedótica ou apolégica: o homem excluído do campo e nunca incluído na cidade, a mulher tão guerreira quanto os descendentes farrapos, a industrialização substituindo as lidas campeiras, enfim, questões sociais. Das andanças de Paixão e da nova proposta musical de Duarte, surgiram dois dos maiores movimentos culturais de que se tem notícia: o tradiciona-lismo e o nativismo. Ambos ganharam o mundo com uma silenciosa e solene profecia: vinham para ficar. Vendaval de tradição O movimento tradicionalista, ao que parece, não teve pressa para conquistar seu espaço. Até a eclosão do segundo movimento, o nativista, transcorreram 24 anos, período em que, num trabalho de formiguinha, foram-se implantando Centros de Tradições Gaúchas - c ultur a c ultur a revolução farroupilha as nos grandes centros com suas mateiras e formar rodas de mate nas praças. Uma grande produção musical motiva a realização de novos programas de rádio e televisão, propiciando a criação da primeira emissora de rádio segmentada exclusivamente na cultura gaúcha, a Rádio Liberdade FM. A mídia começa a olhar com atenção para os nativistas e vê fundamento nos temas que são abordados pelos novos valores que começam surgir ano a ano. Os festivais tornam-se mercado de trabalho, gerando um elenco de mais de mil nomes entre compositores, músicos e intérpretes do gênero musical só no Rio Grande do Sul. “Embora com o vigor e com a pressa de quem anseia por mudanças, o nativismo não foi uma negação ao tradicionalismo”, pondera Colmar Duarte, o idealizador do primeiro festival de música denominada como essência gaúcha. “Um movimento impulsionou o outro e os dois provocaram um verdadeiro vendaval de tradição e cultura, que varreu o Rio Grande e seguiu mundo afora”, complementa. Renascimento do gauchismo Enquanto ambos movimentos percorriam as querências arrolando adeptos para um e para outro, alguns tradicionalistas discordavam, argumentando que o nativismo não configuraria um movimento e não passaria de modismo. O radialista, declamador e compositor Paulo de Freitas mendonça pondera: “São movimentos distintos, porém iguais. Há o tradicionalista que não compreende ou não gosta do nativismo, e o nativista que não entende ou não aprecia os rituais do tradicionalismo. Todavia, há aqueles que ora são interpretados como tradicionalistas, ora como nativistas, transitam nos dois campos culturais com a mesma notoriedade e legitimidade”. Estudioso do tema, o presidente do IGTF - Instituto Gaúcho de Tradição e Folcore - Manoelito Carlos Savaris discorda em parte: “Houve e ainda há grande movimentação em torno de novas correntes musicais e culturais. Mas nativismo, como movimento, não existe, e sim uma expressão de sentimentos com relação às coisas da terra, as coisas nativas”. Indiferente às disputas de quem quer ter mais razão, a historiadora e professora do Mestrado em Comunicação e Informação da UFRGS, Nilda Jacks, prefere abordar o tema pelo prisma da diversidade cultural, enfoque que lhe rendeu o livro Mídia nativa: indústria cultural e cultura regional (Editora UFRGS, 2003). Ali, a pesquisadora mostra como na década de 1980 há um renascimento do gauchismo no Rio Grande do Sul e como esse fenômeno social se relaciona com a indústria cultural. “O renascimento do gauchismo, que muitos supunham estar praticamente desaparecido, é responsável pela existência de aproximadamente 1.350 centros de tradições no Rio Grande do Sul e mais 500 em outros estados brasileiros e no exterior, mais de 40 festivais de música nativista, envolvendo um público de aproximadamente um mulhão de pessoas, a constituição de um mercado musical que vende cerca de 2 milhões de discos por ano, e de vários rodeios”, revela um trecho do livro. “Esse crescente interesse também ajuda a explicar o con- Universo IPA | Dezembro 2007 c ultur c ultur a a A segunda CTGs - por todo o Estado, além de entidades derivadas, como os piquetes, os centros de cultura e os departamentos (esses, anexados a empresas e instituições). Organizado a partir da adesão voluntariosa de seus membros, ganhou o reconhecimento público como entidade cultural, tornou-se o principal ponto de convergência de manifestações artísticas tipicamente sul-riograndenses e constituiu-se numa espécie de clube familiar, com atividades ligadas às tradições e à vida campeira - nesse particular, por estar essencialmente relacionado à área rural, o movimento passou a reproduzir a estância dentro dos CTGs, com denominações de cargos como patrão, capataz, peonada, posteiros, e acontecimentos típicos, como invernadas, bailantas, tertúlias. Consolidado, atra-vessa o tempo com as iniciais maiúsculas: Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG. O movimento nativista surge num tempo em que sentimentos revolucionários varrem o mundo, esbarrados aqui e ali por sentimentos mais conservadores, mas sempre em frente, veloz, intrépido, como na metáfora do potro sem dono, que, desgarrado, atravessa o campo, competindo em força e velocidade com o vento Minuano. O Brasil é governado pela ditadura militar. Os censores, com carta branca para intervirem em tudo, definem o que é mais apropriado para divulgar ao povo. A música estrangeira ganha as paradas de sucesso das emissoras de rádio e televisão, numa forma de desestabilizar artistas mais atuantes cultural e politicamente. Em resposta a esses tempos cinzentos, há grande movimentação cultural com a realização de festivais de música popular brasileira nas mais diversas cidades do país. O mercado da música gaúcha está voltado para o regionalismo e o tradicionalismo. A trova está em alta, ainda por resquícios do programa radiofônico Grande Rodeio Coringa e alguns programas em emissoras AM no amanhecer ou entardecer do dia. Apesar disso, a parcela gaúcha no mercado discográfico é irrelevante, excetuando-se o cantor Victor Matheus Teixeira, o Teixeirinha, recordista em vendas de discos até hoje. Acontece a primeira Califórnia da Canção Nativa, promovida por um grupo ligado ao CTG Sinuelo do Pago, em Uruguaiana. A primeira edição tem uma platéia de sessenta pessoas. Nos anos seguintes, pelo menos até a vigésima edição, chegará a atrair 60 mil pessoas. No rastro de um inovador e bem sucedido evento popular, surgem novos festivais e um verdadeiro turbilhão nativista começa a tomar conta do Estado. Os jovens passam a vestir bombachas, sair às ru- res da música nativa, da poesia gaúcha e da pajada riograndense. Seguem seus ídolos, mas não lhes dão exclusividade. Aplaudem e consomem o produto cultural dos que mais se identificam. Vão aos festivais com o mesmo entusiasmo com que freqüentam os CTGs. Há migrantes entre os grupos, contudo pode-se afirmar, independente de qualquer pesquisa, que o tradicionalismo municia o nativismo com maior contingente de pessoas do que o contrário. c ultur a O nativismo gaúcho não é uma entidade e, sim, um movimento cultural cuja união está na identificação pessoal e na semelhança de produção artística de seus membros. Os líderes são os artistas e os organizadores de festivais, mas não há uma hierarquia estabelecida entre eles. Ambos possuem associações independentes na expectativa de uma organização maior, porém não se pode comparar com as diretorias e patronagens do tradicionalismo. Os guerreiros desta tribo são os admirado- c ultur a Nativismo Vanerão com axé Conforme Savaris, do IGTF, tradicionalismo é uma forma de organização associativa, é preciso associar-se a uma entidade reconhecida pelo MTG para cultivar o tradicionalismo. Ou seja, não basta o uso de roupas típicas, as pilchas - tem que fazer parte, de forma presencial e documental. E aqui entra outro divisor de águas: usos e costumes que lá e cá são ou não aceitos. É o caso do uso de brincos pelos homens: nos CTGs é terminantemente proibido, assim como dançar sem a devida indumentária ou de forma não condizente com os padrões estabelecidos. “Não é questão de puritanismo, de excesso de moral”, observa Tabajara Porto, responsável pelo DTG da Empresa Trevo de Transportes, na Zona Sul de Porto Alegre. “CTG é uma sociedade recreativa familiar, tem regras que são do conhecimento de todos, e acaba sendo um reduto de confraternização, protegido da violência das ruas”, explica, complementando: “Agora, nos rodeios e festas campeiras, principalmente em ambientes abertos, aí a coisa libera um pouco, até os tchês se apresentam sem problema algum”. Os tchês a que ele se refere são os grupos musicais pós-nativistas, que se vestem de forma mais despojada, embora mantendo as bombachas, e fazem mistura de ritmos, muitas vezes intercalando vanerões com axés, bugios com funks, chamamés com pagodes e por aí vai. A propósito, na trilha aberta pelos dois movimentos, muitos artistas que ostentavam perfis essencialmente gaúchos acabaram se beneficiando com a expansão do nativismo, como é o caso do cantor Gaúcho da Fronteira, Para entender melhor o assunto Tradicionalismo O tradicionalismo gaúcho é um movimento organizado com uma estrutura hierárquica rígida e um mapeamento do Estado. É quase como um governo paralelo especificamente para o gerenciamento da tradição, mas não exclusivamente. Há uma questão humana intrínseca. Possui um presidente na Capital, 30 coordenadores nas chamadas Regiões Tradicionalistas (RTs) e os patrões nos Centros de Tradições Gaúchas. Há cidades que possuem ainda uma associação das entidades, cujo presidente tem sua posição hierárquica estabelecida entre o patrão e o coordenador. Como pri- meiras-damas culturais existem as primeiras prendas em três modalidades e três níveis. As modalidades são mirim, juvenil e adulta e os níveis são as prendas das entidades, das regiões e do Estado. Um cargo surgido mais recentemente é o de Peão Farroupilha, nos mesmos níveis das prendas e nas modalidades de piá e adulto. Todos são uma espécie de relações públicas do tradicionalismo e conquistam seus cargos num verdadeiro vestibular cultural. Ao contrário do nativismo, há uma rigidez quase militar no tradicionalismo no que tange a indumentária. Chega em alguns casos no limite de que a imagem vale mais do que o conteúdo. Regionalismo que foi ao Rio de Janeiro e voltou com o chacoaleante Vanerão Sambado, onde não faltaram referências até mesmo às escolas de samba Mangueira e Portela. Seguindo a trilha, a a c o rd e o n i s t a Berenice Azambuja não deixou por menos: foi de mala e cuia para o Nordeste brasileiro e de lá voltou com o hit Forronerão, que, como o próprio nome revela, é uma mistura de forró com vanerão Do pago para o mundo Enquanto se travam embates entre tradicionalistas e nativistas que fazem de suas posições bandeiras a serem defendidas, o Sul do país vive uma segunda revolução. Os motivos até se assemelham aos da revolução deflagrada mais de 170 anos atrás - defesa de patrimônio e de ideais. Felizmente, as armas são outras, ficam no plano das idéias, e, certamente, não vai acabar em qualquer tipo de guerra. As mudanças se refletem por toda parte (e aqui se anexam os estados do Paraná e Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, por sinal outra antiga reivindicação, que seria a formação de um novo país com esses três estados - aí é outra conversa). Jovens tomando chimarrão nas praças, bailes gauchescos para terceira idade, mulheres formando grupos e participando de festivais de música, humoristas parodiando o jeito de ser do gaúcho, padres pilchados celebrando missas em suas paróquias, enfim, hábitos até pouco tempo impensáveis ou estigmatizados como grossura, hoje fazem parte do dia-a-dia de gaúchos, muitos dos quais percorrem o mundo promovendo uma verdadeira globalização das tradições e das coisas nativas do Sul do Brasil. É certo que houve uma revolução, como é certo que ainda muita história vai se contar para explicá-la. E nada melhor para se buscar informações do que as duas principais fontes: Paixão Côrtes, hoje com 80 anos, e Colmar Duarte, com 75, ambos ainda se sentindo guris e com muita energia para manter acesas as chamas do tradicionalismo e do nativismo. Regionalismo é uma corrente artística que se inspira nos temas da terra. Assim a natureza e o homem da região com seus valores e cultura típicos constituem-se em inspiração para que o artista realize o seu trabalho (Paulo Cortes). “Regionalismo é tudo aquilo que diz respeito a uma região, termo, locução ou costumes próprios daqueles que vivem nessa região. E regionalista é aquele que defende os interesses regionais” (Edilberto Teixeira). Opinião de quem conhece o assunto “Afirmaria que o tradicionalismo é um movimento de matriz cultural, tal como o samba ou a cultura tropeira. Não posso afirmar o MTG como um “movimento social” pelo fato dele não ter uma política reivindicativa, não agredir o Estado para arrancar conquistas nem promover luta popular. Atua no terreno da cultura e da ideologia, muitas vezes reescrevendo a memória como se fosse história. Sobre o nativismo, eu diria que é mais uma postura de alguns do que um movimento como ensaiou ser na década de 1970. Entendo que haveria nativismo como uma polarização se uma esquerda social levantasse essa bandeira, aproximadamente como foi o canto popular no Uruguay e na Argentina a partir da década de 1950. Sobre o futuro de ambos, vejo o tradicionalismo como crescendo e levando seu modelo a um esgotamento. Percebo isso no convívio com colegas e amigos que são frequentadores de CTGs. Vi isso na boa receptividade que o portal Estratégia & Análise e a abordagem nativista tiveram entre gente com perfil bastante conservador, mas com raízes populares. Em suma, falta uma causa maior para o MTG, e esta causa não se encontra no mito pastoril de um CTG mas sim no outro mito, o da liberdade peleada à morte, rasgando coxilha, sentindo o vento na cara, indo ao encontro do destino no passado heróico. Nada disso é balela e pode ser trabalhado. Mas, reitero, é uma construção que mexe com forças ancestrais, é como a memória oral para os povos oprimidos. Força latente que pode gerar mudança e revolta.” Bruno Lima Rocha Mestre em Ciências Políticas. Carioca radicado no Rio Grande do Sul Universo IPA | Dezembro 2007 c ultur c ultur a a Universo IPA | Dezembro 2007 Fotos: Divulgação sumo de produtos culturais voltados a temáticas gaúchas: programas de televisão e rádio, colunas jornalísticas, revistas e jornais especializados, editoras, livros, livrarias e feiras de livros regionais, publicidade que faz referência direta aos valores gaúchos, bailões, conjuntos musicais, cantores e discos, restaurantes típicos com shows de músicas e danças, lojas de roupas gauchescas, enfim, um formidável mercado que movimenta grande nú-mero de pessoas e recursos e que, pelo visto, está em expansão”. 10 Fonte com mulher egípcia na Ala Residencial do Palácio Piratini Museu de Artes do Rio Grande do Sul (Margs), o Museu Júlio de Castilhos, o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa entre outros locais de lazer. Apesar de Porto Alegre ter em seu currículo manifestações de arte e cultura invejáveis, como a Bienal do Mercosul e, ainda, possuir a lembrança do Fórum Social Mundial (FSM), que se deu nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2005, a Capital ainda possui lugares riquíssimos de cultura e arte que estão um pouco escondidas atrás de muros e paredes. No Paço Municipal, onde se localiza o gabinete do prefeito, pode-se contar com a Pinacoteca Aldo Locatelli. O espaço mostra uma coleção de obras de arte da prefeitura que vem sendo constituída desde 1919, até mesmo antes da existência da prefeitura. As cidades brasileiras durante o período do Império eram administradas não por prefeituras, mas, pelas câmaras municipais. Essas câmaras começaram a adquirir gradativamente obras de arte e, mesmo depois da existência da prefeitura, essa criação continuou sendo aumentada por diversas aquisições ao longo do tempo. Nesse período ela não possuía nome, logo foi denominada Pinacoteca Municipal, há 30 anos obteve o nome Aldo Locatelli, em homenagem ao artista italiano, que fez carreira em Porto Alegre nos anos 50. O espaço foi consti- tuído para abrigar justamente as obras da Pinacoteca que estão Paço Municipal desde 1901. Segundo o diretor do acervo artístico, Flávio Krawczyk, 39 anos, por falta de espaço, a prefeitura fez uma parceria com o Governo do Estado, pare que as obras ficassem expostas no Margs. Depois da restauração do Paço Municipal, em 2002, onde foi feito todo um sistema novo de alarme, foram projetados pilares e foi executado o projeto luminotécnico para que cada tipo de exposição tivesse um tipo de luz adequado, a exposição pôde ser toda reformulada no local novamente. As exposições mostram a arte contemporânea, com pinturas, desenhos, fotografias e mídias, como vídeos e DVD. O espaço é utilizado para expor obras da Pinacoteca e também de artistas convidados pela curadoria da coordenação de artes plásticas. As exposições mudam no máximo de três em três meses. O sistema de divulgação é feito pela assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) que envia release e fotos para diversos veículos. Mas a assessoria divulga de 40 a 60 ações culturais, de todos os tipos, por semana e às vezes não se consegue dar conta de tudo. “O setor de cooperação de artes plásticas, no qual eu trabalho, também faz a divulgação levando as informações da Pinacoteca aos órgãos de imprensa. É uma Pinacoteca Aldo Locatelli c ultur a Cultura pode ser um microfone, uma sala, até mesmo uma mesa que está posta nela. Tudo que existe, feito de mão ou pensamento humano, pode ser cultura. Ela pode ser a reflexão do ser humano sobre si mesmo e sobre o mundo. Ou se encaixa simplesmente na tradição de um povo, de uma região ou até de um país. É o feito, é o fazer, é a criação de uma realidade. Mas a cultura possibilita e produz uma coisa certa, a arte. Entende-se por arte uma criação humana com valores estéticos que sintetizam as emoções, a história, os sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, no qual se aplica os conhecimentos pessoais. A arte é feita para enfeitar e explorar o mundo, para ajudar no dia-a-dia, para explicar e descrever a história e para transformar cultura em realidade. É apresentada sob variadas formas como a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura e inúmeros exemplos. Porto Alegre possui, aproximadamente, 1,3 milhões de habitantes, além de ser a cidade mais verde do mundo, é também rica em arte e cultura. A Capital é o reflexo de uma mistura étnica muito interessante, que se percebe em todas as expressões, desde o folclore, o tradicionalismo, a culinária, a música e a literatura. Os três primeiros são os mais ricos artisticamente falando. Os bailes típicos com prendas e gaúchos nos Centros de Tradição Gaúcha (CTG), ganham ênfase próximo ao dia 20 de setembro, dia em que é comemorada a Revolução Farroupilha. É no Parque Farroupilha que os gaúchos montam seus CTGs algumas semanas antes para apreciar o bom carreteiro, o velho churrasco e o chimarrão. Na dança é notável a influência marcante dos portugueses e espanhóis em ritmos como pezinho, chula, pericom, tirana, chimarrita e anu. A literatura, na Capital se destaca principalmente nos meses de outubro e novembro, onde anualmente acontece a Feira do Livro. No teatro aparecem enormes referências quando se fala de Teatro São Pedro e Teatro da Ospa. Também é sediada a Festa da Nossa Senhora dos Navegantes, no dia 12 de outubro, em que fiéis acompanham a pé e de motocicleta as procissões. Outros locais agradáveis em que se pode desfrutar de bons momentos é a Casa de Cultura Mário Quintana, o Anfiteatro Pôr do Sol, a Usina do Gasômetro, a Biblioteca Pública, o afirma que nunca visitou o Piratini mesmo estando tão perto dele, não por opção, mas por não saber das exposições que tem e por falta de tempo para procurar locais de lazer. No Piratini se encontra a escultura do Negrinho do Pastoreio e a fonte da Mulher Egípcia, que localizam-se na Ala Residencial do Galpão Crioulo. Na fachada principal as esculturas da Indústria e Agricultura. Além de todos utensílios do Gabinete do Governador serem feitos de bronze e prata, pode-se presenciar as pinturas da década de 50 em murais, de Aldo Locatelli, que registram anjos, homens e mulheres. Na visita também há mostras de carros, como o Ford modelo T, utilizado como carro oficial de Borges de Medeiros, em 1919 e o Conversível adquirido por Flores da Cunha, fabricado no ano de 1928. Atualmente, todos correm atrás do tempo e do dinheiro para sobreviver. Muitos cansam durante o dia e à noite só pensam em descansar. Outras pessoas se preocupam tanto com o mercado concorrido lá fora e querem somente estudar e trabalhar para chegar a uma profissão bem remunerada. Alguns não pensam tanto no futuro, mas não possuem interesse por arte. De uma forma, quase toda a população esquece do lazer, do prazer de visitar uma obra de arte ou um monumento histórico, do conhecimento que pode adquirir com tudo isso. Em todo lugar meio escondido os monitores, muito bem treinados, esperam ansiosos para mostrar e explicar tudo a alguém que tenha coragem de adentrar a porta para visitar uma exposição ou uma mostra de arte que estará lá sempre à espera de alguém. Então, talvez se prejudicando pelo passar dos anos, as mostras estarão sempre aguardando que todos um dia queiram adquirir um pouco mais de arte, um pouco mais da cultura que está escondida por esse mundo a fora. c ultur a Ivan de Andrade Caroline Marques de serviço, como o restaurante, o café e os banheiros. Segundo Bertoto, “a visitação é bem constante, em média mil pessoas passam lá por dia, em períodos normais e em períodos que acontece a Feira do Livro e a Bienal do Mercosul a visitação pode chegar a 6 mil pessoas”. As visitas são acompanhadas por monitores. A assessora ainda ressalta que é preferível que todos agendem as visitas, em especial as escolas, para que a exposição seja melhor mostrada e os visitantes melhor atendidos. Nos últimos 85 anos o Palácio Piratini serviu de cenário para importantes fatos que marcaram a história brasileira e gaúcha. Em 2003 foi assinado um termo com o Ministério da Cultura, a prefeitura de Porto Alegre e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para que o Palácio Piratini se tornasse prédio histórico. Com esse contrato, nos últimos três anos, foram feitos grandes investimentos em manutenção, preservação e restauração do Piratini. Todos se envolveram em sua reforma, pois a umidade e infiltração estavam danificando as obras de arte. “Foram restauradas as pinturas de Aldo Locatelli, por todo o Piratini. Também ganharam pintura nova as paredes e os forros de todas as alas. Foram restauradas mais de cem luminárias e recuperadas esquadrias de madeira. O tapete do Gabinete do Governador passou por um grande trabalho de limpeza e restauração. As cadeiras em estilo Luiz XI feitas pelos detentos da Casa de Correção, na década de 20, também foram igualmente recuperadas”, diz a monitora Laís Gois, 19. Fora a beleza estética que o Piratini possui, na visita pode-se deparar com estatuárias, carros e as pinturas. Segundo o enfermeiro Rafael Aguiar, 30, muitas pessoas vivem na “loucura” do dia-a-dia e não param para botar atenção em algumas coisas como essas. Ele Caroline Marques Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 c ultur c ultur a a Cultura escondida divulgação pequena diante de grandes exposições como a Bienal do Mercosul e a Fundação Iberê Camargo, que possuem recursos e patrocínios maiores, talvez por isso não seja tão visitada”, diz Krawczyk. A exposição recebe turistas, uma quantidade razoável de escolas e a visita de porto-alegrenses são bem menores. Como é um prédio de administração pública, o público tem que ser bem controlado. Podemse agendar as visitas na recepção do Paço para que os visitantes possuam acompanhamento de monitor para a mostra das obras. “Essa é nova para mim. Eu juro que não sabia que tinha estas exposições ali na prefeitura, acho que é pouco divulgado por isso que muitos não sabem que tem”, diz a vendedora Lidiane Neves, 26. O Santander Cultural apresenta a exposição do Acervo da Moeda que apareceu antes mesmo de existir o Santander Cultural. Ele era proveniente de antigos bancos, desde 1965. Em 1988 o Acervo foi adquirido pelo Banco Santander e foi posto em um pequeno museu, que depois virou Santander Cultural, o qual cuida até hoje do espaço. É uma exposição permanente, em particular do Banco Santander, assim enquanto o banco existir ele também existirá. Expõe uma das coleções mais completas ao público das primeiras cédulas utilizadas no Brasil e no Sul. “Aparecem moedas de todos os períodos, em uma cronologias bem apurada, as de ouro, prata e de bronze ganham destaque pela quantidade. As de metal, mais pesadas aparecem um pouco antes de chegar as de aço inoxidável, que são as que existem até hoje, pois possuem uma maior durabilidade e são mais baratas”, diz a assessora institucional, Márcia Bertoto, 40. As primeiras cédulas que o Brasil teve estão em grande número na exposição, elas retratam a riqueza que se passou no país. O que não se tem no Acervo foi levantado historicamente em livros, que expõem as primeiras moedas que foram trazidas com a invasão holandesa, a cédula desde a extração dos diamantes em Minas Gerais que tem um valor histórico bem grande. Os objetos utilizados pelos bancos são os que mais expressam a antiguidade nos carimbos antigos, os tinteiros, as chaves dos cofres, a máquina de escrever, os livros, os telefones, com quase um metro de comprimento, o decreto de autorização ao banco assinado por Dom Pedro II e cheques assinados por GetúlioVargas. Não há uma divulgação expressiva, porque o foco maior do Santander são as artes visuais. Mas, é bem visitada, pois, está em uma área permanentemente aberta, no subsolo, onde as pessoas têm acesso à área 11 Universo IPA | Dezembro 2007 Beto Rodrigues 12 A arte fotográfica original e artesanal, juntamente com os processos de revelação, estão desenganados. E as evidências tripudiam de uma forma ainda mais grave: o processo fotográfico está moribundo. Para os aficionados pela arte que deixou D. Pedro II desconsertado e, anteriormente, por volta de 1839 fez a revolução das artes visuais em plena revolução insdustrial na França de Daguerre, a que se contentar com a fotografia high-tech do século 21. Para se falar mais especificamente, o ponto em referência é o processo em preto e branco. Esse, decididamente, está fadado ao total desaparecimento. Dentro do mercado das artes visuais, a Fotografia ainda detém uma significativa fatia, sobretudo na área da publicidade. Esse segmento exige agilidade e custo benefício. Até porquê são produzidas centenas de imagens que devem ser colocadas a serviço da persuasão de clientes, o mais rápido possível. Em entrevista concedida pelo presidente da Associação dos Laboratórios Fotográficos do Sul (Alasul), Janir Benin, pode-se ter uma clara idéia desta realidade: “Se considerarmos o advento do sistema digital na Fotografia, está decretado o fim do processo em preto e branco. Sabemos que a qualidade do processo em preto e branco tradicional, de forma artesanal, com cópia feita no ampliador, é superior. Ocorre que através do digital, o mercado coloca o produto de forma mais acessível e mais rápida de ser produzido”. Benin acrescenta ainda que salvo os que usam o preto e branco por hobby ou estudos, em termos mercadológicos, o processo não tem futuro e não vê reserva de mercado para este segmento. E finaliza: “O digital supre estas necessidades. Inclusive o pessoal que trabalha com acervos, fotos documentais e museus, migrarão para o digital. Hoje se tem dificuldades em conseguir material fotográfico em preto e branco (filmes, químicos, papéis). Mantemos a preocupação em preservar a memória da Fotografia. Ocorre que esbarramos na questão mercadológica. Temos que pensar na valorização de uma Associação que representa os interesses dos empresários”. O presidente Benim fala com a autoridade que delegam os seus associados. Mas o mercado preocupa-se com as vendas e não esclarece aos consumidores questões como arquivamento de imagens, por exemplo. O iminente final da prática fotográfica em preto e branco deixa queixosos. Era de se prever este final. A Fotografia, desde os seus primórdios, era disputada em sua paternidade por franceses e ingleses. Nessa época, as indústrias olhavam com carinho para o invento. Comercialmente falando, visualizavam um futuro promissor. A professora de laboratório fotográfico c ultur a c ultur a colorido do Curso Específico de Fotografia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lia Oliveira, fica impressionada com a falta de conhecimento dos alunos sobre o processo analógico. A sua disciplina é ministrada no final do curso. “Têm turmas quase se formando no curso de Fotografia e desconhecem o processo analógico. A falta de interesse pelo acervo fotográfico é total”, aponta. Segundo Oliveira, esta geração nasceu na era digital e desconhecem os fundamentos da fotografia analógica. Oliveira é, também, proprietária de um dos poucos laboratórios fotográficos, em Porto Alegre, que processa o sistema digital e ainda mantém o processo analógico. “Trabalhamos com revelações de cromos, negativos color e preto e branco, além de ampliações em papel fotográfico colorido. Os negativos preto e branco podem ser ampliados no papel colorido com bom resultado, dependendo da qualidade do negativo”. Ela adverte que está muito difícil manter esses processos: “Já temos dificuldade em encontrar papéis e químicos no mercado”. E completa: “Ainda existe um público que preza a prática da fotografia voltada para a arte”. Segundo Oliveira, o seu laboratório mantém o processo analógico pensando nesses abnegados. A empresária e professora está cursando Artes na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e pretende dedicar-se à fotografia fazendo uma caminhada inversa no processo criativo da imagem. O cineasta e documentarista João Moreira Salles, que filmou recentemente Santiago, comentou sobre o uso da película P&B no cinema: “No passado, filmar em P&B era mais barato. A produção não precisava se preocupar em pintar o cenário, em combinar as roupas do figurino, em iluminar tanto a cena (P&B perdoa mais a falta de luz). Hoje, isso mudou. Pelo fato de poucas pessoas filmarem em P&B, os negativos ficaram mais caros; o processo de revelação, idem. Portanto, não há mais razão econômica que justifique filmes em P&B. Sobram as razões estéticas, e francamente não consigo pensar em muitas que exijam o uso do P& B. Sobram as razões estéticas, e francamente não consigo pensar em muitas que exijam o uso do P&B”. Universo IPA | Dezembro 2007 c ultur c ultur a a agoniza em seus últimos suspiros Fotos: Beto Rodrigues O P&B “(...) ainda existe um público que preza a prática da fotografia voltada para a arte.” 13 Universo IPA | Dezembro 2007 Pinhole 14 Quando se pensa em criatividade, é inevitável falar da fotografia Pinhole. O significado literal dessa palavra de origem inglesa, também conhecida como Pin-Hole, é “buraco de agulha”. A técnica Pinhole é uma forma alternativa e criativa de se fazer fotografia. Ela não se assemelha em nada com as câmeras convenciona is, existentes no mercado. O seu aspecto duvidoso vem, basicamente, da ausência de objetivas. Em seu lugar, apenas um minúsculo orifício por onde a luz é captada para dentro da câmera. O resultado são imagens únicas. A câmera Pinhole pode ser construída com muita facilidade. Basta que se tenha à c ultur a c ultur a Agilidade e preocupação com o acervo fotográfico são fundamentais mão uma caixa de sapato ou uma lata de leite em pó. A única exigência é que o objeto precisa ter tampa (é necessário que a vedação seja perfeita). O primeiro passo é transformar esta caixa ou lata em uma câmara escura. Com tinta preto-fosco, pinta-se o interior da câmara, inclusive a tampa. O importante é que o seu interior fique totalmente escuro. Com o auxílio de uma agulha, fura-se uma das laterais da câmera-caixa. O tamanho do furo deve ser o menor possível, com diâmetro que não ultrapasse o da ponta de uma agulha. Para finalizar a “engenhoca” coloca-se uma fita isolante sobre o furo. Esse será o dispositivo de controle de entrada de luz na câmera. As oficinas de fotografia Pinhole despertam muito interesse, principalmente, nas crianças do ensino fundamental. Elas se sentem desafiadas e isso é perfeito para o seu desenvolvimento cognitivo. Pierre Verger veio para ficar O contexto social e cultural dos anos 50 do século passado, com os seus matizes, gingados e contrastes, foram magnificamente representados em fotografias em preto e branco. Na exposição “O Brasil de Pierre Verger” os seus monocromáticos revelaram um contrastado e cintilante verde-amarelo. O público deleitou-se com imagens que os permitiram conhecer um Brasil mais rústico. De dezembro de 1932 a agosto de 1946, foram quase 14 anos de viagens pelo mundo, juntamente com a sua inseparável Rolleiflex. Nessa época, o Brasil ganhou um dos mais ilustres fotógrafos documentais. Pierre Verger não apenas desembarcava na Bahia de todos os santos mas, também, apaixonava-se pela terra que a partir daí, tornava-se cidadão brasileiro. As tecnologias caminham a passos largos no sentido de proporcionar às pessoas conforto, funcionalidade, interatividade e otimização de tempo e espaço. Isto parece ser consenso, de uma forma geral. O que está colocado para análise é a forma imediatista e consumista que a indústria tecnológica trata questões como a preservação documental da história. Seja ela de um núcleo familiar, uma comunidade, estado ou nação. Por trás de 50 minutos de apresentação, um ano de bastidores xaene pereira Ao contrário do que as pessoas pensam, o Carnaval não encerra em fevereiro. Dentro das quadras das escolas de samba o Carnaval dura o ano inteiro. Que o Carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo, isso todo mundo sabe. Fantasia, alegorias, samba enredo, verão, festas nas ruas são alguns componentes que tornam essa festa ainda melhor. O que muita gente não sabe é que se levam meses preparando esse espetáculo do samba, ensaios e muita dedicação para se chegar até a avenida e apresentar todo o trabalho em apenas 50 minutos. Bambas da Orgia Na escola de samba Bambas da Orgia, fundada há 67 anos, os preparativos iniciam cedo. Os ensaios começam em junho, aos sábados. São intitulados ensaios técnicos, com a finalidade de preparação dos instrumentos que compõem a bateria, organização e preparação física dos integrantes. A partir de agosto, inicia os ensaios também às quintasfeiras, então chamados de Ensaios Show. Esses são ensaios coreografados, com a participação de todos integrantes da escola e abertos à visitação do público. As alegorias, fundamentais e que dão ainda maior riqueza aos desfiles, têm a sua preparação iniciada em maio, onde é feito o desmanche dos carros e, através daí a reciclagem e aproveitamento do material, principalmente o ferro, para a composição de novos carros alegóricos que estarão na apresentação da escola no próximo ano. Segundo o diretor de Harmonia Geral da escola, Cleomar Soares da Rosa, a Bambas Universo IPA | Dezembro 2007 c ultur c ultur a a A comparação da funcionalidade dos sistemas analógico e do digital, hoje, causam risos. Para se ter uma idéia, um cartão Compact Flash de 1 giga bite, pode possibilitar o armazenamento de 294 imagens se estas forem obtidas em “Fine”, que se refere à qualidade de obtenção das fotografias. Se o fotógrafo optar por arquivos menos pesados - quando se fotografa com equipamento digital, é fundamental saber a que se destinam as imagens e de que forma serão arquivadas - poderá optar por fotografar em “Basic” (qualidade de obtenção com arquivos menos pesados) com possibilidade de 557 imagens. No sistema tradicional, a “jurácica” bobina possibilita míseras 36 poses com possibilidade de alguns modelos de câmeras em dobrar a quantidade de fotogramas. Ainda assim, comparado ao sistema digital, este plus - 72 fotogramas - ainda é ridículo. Um detalhe importantíssimo e que tem passado totalmente despercebido, principalmente por parte dos fotógrafos amadores, é a forma de armazenamento ou arquivamento destas imagens. Não se tem hoje, uma garantia de acervo seguro das imagens obtidas digitalmente. As imagens podem ficar organizadas em pastas no computador ou serem gravadas em CD ou DVD. A questão é a confiabilidade dessas mídias. Essas imagens estarão intactas no ano de 2017? Temse notícia de imagens armazenadas há questão de três anos e que não abrem mais. E as imagens guardadas no computador? Resistirão elas a uma pane do sistema? São questões que os “Bill Gates” (William Henry Gates, fundador da Microsoft, empresa de software) de plantão ainda não conseguiram responder com precisão. O negativo pode ter os seus problemas, mas ele não deixa ninguém refém da tecnologia. Basta guardá-lo com carinho. Fotos: Beto Rodrigues Davi contra Golias 15 dúvidas um espetáculo do samba, que move milhares de expectadores ao longo do país ano após ano. Mas não deixa de ser um produto pronto. É fácil julgarmos uma escola de samba por sua apresentação no momento do desfile, com sua bateria, por suas fantasias e alegorias, porque o que está diante dos olhos do público está pronto, o espetáculo montado e ensaiado. A proposta dos ensaios ao longo do ano, por possibilitar a entrada de pessoas que não integram a escola, é justamente mostrar os bastidores do carnaval, o que existe por trás dos desfiles, aquilo que muitos desconhecem. Mostrar quem faz parte de cada ala, quem são os responsáveis pela sinfonia da bateria, como são feitas as coreografias, como é feita a escolha dos passistas ou ainda do casal mestre e sala e porta bandeira. Vale a dica para aqueles que nunca pisaram em uma quadra de escola de samba que presenciem essa preparação, sentir a boa energia destas pessoas que trabalham o ano todo de coração em nome de sua escola, dançar, sorrir e cantar junto às marchinhas de carnaval. Vale conferir de perto aquela que é uma das maiores paixões nacionais. Cultura underground Fotos: Bruna Lago Mais do que roupas, música e baladas, o underground é um estilo de vida. c ultur a tasias patrocinadas pela verba da própria escola. O restante dos integrantes pagam por suas despesas e por suas fantasias. Os gastos que a escola tem ao longo do ano são amenizados com os lucros obtidos nas vendas da copa e na venda de ingressos na portaria em dias de ensaios, contando ainda com uma verba disponibilizada pela prefeitura. As alegorias passam a ser confeccionadas no final do ano, à medida que se aproxima o carnaval propriamente dito. São construídas baseadas no tema proposto e ficam guardadas no Complexo Porto Seco, onde acontecem os desfiles. Segundo Lemos, pouco material dos carros anteriores é reaproveitado ou reciclado para confecção dos novos. A Imperadores do Samba pretende entrar na avenida com a base de 1,8 mil pessoas, número esse de integrantes que é mantido quase todos os anos no desfile, podendo, muitas vezes, chegar a duas mil pessoas, variando de ano para ano. A escola está aberta para a entrada de novos interessados em participar do desfile ainda deste ano. O que se presencia nas avenidas ou ainda o que se assiste na televisão é sem sombra de c ultur a c ultur C ultur a a vem se mantendo e está todos anos na avenida graças a dedicação e ao amor que os integrantes demonstram a escola, uma vez que, a Bambas não tem condições de custear as fantasias para as alas, são os próprios integrantes que pagam por suas fantasias. Os outros gastos da escola ao longo do ano são custeados através de verba arrecadada com as vendas da copa e dos ingressos vendidos na portaria, contando ainda com uma contribuição oferecida pela prefeitura. O número de integrantes da escola varia de ano para ano, normalmente de 800 a 1,2 mil pessoas, uma variação resultante do poder aquisitivo que poderão dispensar para o desfile. A escolha do tema é feita por inscrições e a aprovação por consenso da diretoria. Com o tema definido, um concurso é aberto para escolha do melhor samba enredo, dentre eles o que melhor se encaixar no tema será aquele que puxará a escola ao longo da avenida. Para a integrante da Bateria Show, Telma Alci Pinheiro Ramos, o número de ensaios é o fator responsável pela grande harmonia da escola. Como exemplo disso está o casal de passistas Débora Cristina Ramos e Adílson, que levaram a sua sintonia na quadra também aos bastidores, dupla na avenida e namorados no dia-a-dia. 16 Em outra tradicional escola de samba de Porto Alegre, a Imperadores do Samba, fundada no ano de 1959, o carnaval não acaba, apenas tira férias, como diria Júlio César Lemos, Diretor de carnaval. Ele explica que os preparativos para o próximo ano iniciam logo após o término do carnaval. Exemplo disso é os integrantes da bateria, que começam a se reunir na quadra da escola a partir de março, e seguem com os ensaios ao menos uma vez por semana ao longo do ano, para que o samba não pare, e a harmonia seja mantida sempre em dia. Os ensaios na Imperadores também têm a divisão entre técnico e ensaio coreografado, intitulado Ensaio Show. Iniciam em setembro, então com a participação de grande parte dos integrantes da escola. Os ensaios passam a se dividir em dois dias da semana, quartasfeiras e aos sábados, sempre à noite, abertos para presença do público. Este ano, diferente dos anteriores, não houve concurso para escolha do samba enredo na escola. O tema que será mostrado na avenida havia sido escolhido pela própria direção. Foi a partir desse que o compositor Maguila compôs o samba enredo que foi aprovado e puxará a escola ao longo do desfile. A Imperadores possui em sua composição duas alas comunitárias, que tem suas fan- Passeata Punk no Parque da Redenção contra a homofobia Bruna Lago Termo conhecido pela maioria das pessoas, muito utilizado para definir tendências em diversas áreas culturais que são desconhecidas ou que não são aceitas pelo grande público, o Underground nem sempre é bem interpretado. Conhecido genericamente por contra-cultura, esse termo é usado também para definir estilos de vida, a exemplo disso, estão as “sociedades alternativas” aldeias Hippies espalhadas por todo o mundo além disso, abrange outras ações das contra-culturas da sociedade. Quando citado pela imprensa em geral o underground é focado para o lado das baladas eletrônicas ou de rock, o que não é revelado é que o mundo alternativo vai muito além destas cenas, ultrapassa essa linha e segue para o dia-a-dia das pessoas, em sua maneira de levar a vida e na forma de enxergar o mundo. Mas então o que é o underground? O que pode ser considerado uma contra-cultura? Atualmente tudo está muito rotulado, são emos, pin ups, mods, clubers, ravers, hip hopers, em meio a várias classificações de estilos que são considerados fora dos parâmetros da normalidade, ou seja, alternativos. Esses jovens, em maioria de classes privilegiadas, buscam se diferenciar através das roupas que vestem, tatuagens, piercings, mas o real underground não é aquele que se diferencia dos demais por roupas ou acessórios, mas sim pelo modo de pensar e agir, não estar de acordo com o pensamento cultural da maioria das pessoas os Mainstream, ir contra ao que esses juntamente com os grandes veículos de mídia vendem e dizem ser socialmente aceitável. “Adquirir sua própria opinião, criar seus conceitos e lutar por eles”, para o adepto do underground, Fabiano Do Carmo, 29 anos, essa frase pode resumir bem o que realmente são as contra-culturas. Do Carmo afirma que não suficientes para defirnir o underground, “podemos comparar com a libertadede escolher por qual caminho seguir sem acompanhar rotas anteriormente traçadas” e comple- ta: “ é dizer não enquanto todos dizem sim as imposições de uma sociedade comsumista e os padrões considerados por ela aceitáveis.” Muitos jovens não sabem realmente o que buscam, ao se vestir ou agir de uma forma que chama atenção, acreditam que isto seja ser “diferente”, e que assim serão reconhecidos e admirados pelos demais. Vão á festas raves (baladas eletrônicas que estouraram por todo Brasil) pelo modismo ou em busca de drogas, mas não compreendem a filosofia dos festivais eletrônicos, onde seus idealizadores buscavam a liberdade e pregavam a cultura P. L.U.R. (Peace, Love, Union and Respect) e não visavam o lucro através da venda de ingressos e drogas a seus participantes. Isso não se passa apenas na cena eletrônica, mas sim em todas as cenas culturais, como os Punks que pregam uma idealização política, ações anti-racismo, homofoba e antisemitas, expressada através de musicas e de um visual chamativo são confundidos com aqueles que a colocam um moicano (corte de cabelo, no qual os cabelos ficam levantados, Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 Imperadores do Samba 17 Por que existe a morte? Você pensou sobre isso? As pessoas nascem, crescem, envelhecem e certamente morrerão, faz parte da vida, tudo o que começa termina, mas o que vem depois disso? Os malabares expressam bem a liberdade da cultura underground, são muito usados nos festivais eletrônicos Daiane benso geralmente raspados nas laterais) alguns pressam através do estilo de vestir ou do uso ser uma filosofia que tem sua origem ligada acessórios, vandalisão e agridem pessoas se de assessórios que caracterizam a cena ideoás favelas e guetos do mundo inteiro e tratar dizendo Punks, mas ao se falar em política e lógica em que acreditam, mas sim por sua fisobre a violência e pobreza as pessoas acham ações sociais são completamente incapazes losofia de vida, “Eu acredito muito na força que só marginal e bandido produz e participa de formular uma única frase. política e de inclusão social do Rap e Hip Hop, deste segmento”. A atração dos jovens pelos modismos sealém de adorar as músicas desse estilo. Mas De acordo com o estudante de ciências gue para outras diversas ideologias sociais, Eder Fernandes, 27, este culturais, “Podemos comparar com a liberdade de preconceito tem origem no sensaisso acontece pela falta de incionalismo midiatico: “Esse preescolher por qual caminho seguir sem formação sobre a cultura que dericonceito é fruto do efeito que a vou determinado estilo de roupa, acompanhar rotas anteriormente traçadas” mídia sensacionalista transmite, e música ou festa. Atualmente, sursendo assim os adeptos do mainsgem classificações de estilos a cada momennem por isso uso roupas largas e boné”, afirma tream abraçam a mais uma idéia que foi lanto, mas que não aderem á cultura apenas a a estudante de administração, Renata Schaçada”. Para o estudante a falta de embasamenmoda então não se pode considerá-los Unpke , 21, adepta da cultura Hip Hop. to político e social de uma sociedade despredergrounds. Concluindo o seu pensamento, Schapke parada para o diferente e autêntico agravam Nem sempre o adepto underground se exdiz que o Rap sofre com o preconceito, “por a situação. Universo IPA | Dezembro 2007 A história da contra-cultura 18 Não é de hoje que o underground existe, ele foi se estabelecendo durante décadas. Da necessidade dos jovens de se diferenciar dos demais, dos questionamentos sobre os valores da sociedade de consumo e do interesse por tudo aquilo que permaneceu nas margens e no escuro durante muito tempo que no fim do século 19, 50 anos após o surgimento da adolescência que nasceu o Underground. Foi posto á tona tudo aquilo que a sociedade moderna desprezava como o misticismo, naturismo, sexualidade, agressividade, inebriamento, loucura, tudo isso formulou uma critica feroz e um rompimento com a modernidade. Esse movimento desorientou e desestabili- zou boa parte das pessoas. Mas a história do Underground tem menos do “alternativo” do que se imagina, logo após essa desestabilização, a sociedade de consumo se re-estabilizou criando novas identidades, valores e condutas muito propícias para a realidade onde não existem cidadãos, mas sim consumidores. Ironicamente, após esta re-estruturação, o Underground serviu muito bem para os interes- “Foi posto à tona tudo aquilo que a sociedade moderna desprezava” ses do Mainstream. A tendência anterior de ir contra os valores de uma sociedade consumista foi transformada na própria cultura de consumo, que no início do século 20 precisava de novos horizontes, a cultura Underground liderada por adolescentes caiu como uma luva para produção deste capital. De qualquer maneira não se pode generalizar toda uma cultura por conta de artimanhas do Mainstream, o Underground sobreviveu a essa transformação e como acontece atualmente sempre foi dividido na real contra-cultura e na contracultura de consumo onde os seus adeptos se diferem não por suas atitudes anti-capitalistas mas sim por sua aparência, suas tatuagens, roupas e piercings . A fé pode responder a essa pergunta, mas mesmo assim continua um mistério intacto, que só o tempo responderá. De acordo com a pesquisa “Distribuição da população segundo a religião ou crença, (2000)”, existem 33 religiões e crenças oficiais no Brasil. No site, “Fronteira da Fé: alguns sistemas de sentido, crenças e religiões no Brasil de hoje”, as religiões que mais têm adeptos no Brasil são: Igreja Católica, Protestantes ou Evangélicos, (incluídas as confissões pentecostais), Espíritas Kardecistas, adeptos de religiões de origem afro-brasileiras, Budistas e pessoas que se reconhecem como “sem-religião”. Independente de religião, todas as pessoas têm muitas indagações e dúvidas sobre a morte. O fiel da Igreja Católica, Tiago Ioriatti Gambatto, questiona se a morte realmente é o fim de tudo. A Espírita, Elaine Salgueiro, pensa diferente. Ela não tem dúvidas sobre a morte e crê que o importante é fazer o bem enquanto está vivo. Para a frequentadora da Igreja Pentecos- tal, Michele Lenise Silva, o que mais lhe desperta interesse sobre a morte é compreender o que haverá depois da vida terrena. A cristã da Igreja Presbiteriana do Brasil, Eliani da Silva Lazzari, acredita que a morte é um mistério que só Deus irá responder, da mesma maneira que o cristão Metodista, Marcos Calovi: “a morte sempre será um mistério enquanto houver vida na Terra”. Veja como algumas religiões com mais adeptos de fiéis explicam a morte. diferente pelas pessoas:“Depende da experiência, é subjetiva de cada um, é um ponto de interrogação, ” afirma, e ainda que a vida começa com a morte, pois assim nascem para Deus. * Padre: A função do padre é mostrar o caminho de Deus e da fé. Rezar a Missa, coordenar os Sacramentos da Igreja que são: O Batismo (nascimento da graça), O Crisma (desenvolvimento da graça), A Eucarística (o alimento da alma), A Penitência (a cura das fraquezas da alma), A Extrema-Unção (o restabelecimento das forças espirituais), A Ordem (autoridade sacerdotal), o Matrimônio. Igreja Católica Doutrina Espírita A Igreja Católica, a partir da Bíblia, explica a morte não como sendo o fim da vida humana, mas a passagem dessa vida para uma vida superior. Segundo o Padre da Igreja Católica de Coronel Vivida, Paraná, Dorvalino Dotta, a pessoa que ama e faz o bem na Terra será mais feliz na outra vida e quem faz o mal terá o castigo dos seus atos por não ter observado a Ordem de Deus. Acredita que as pessoas deveriam aceitar a morte com naturalidade, pois a mesma faz parte da vida humana. “Claro que o amor fica chocado quando perdemos pessoas que amamos muito, a perda de um ente querido abala os sentimentos, mas não pode ser encarado com desespero, tristeza, mágoa ”, afirma o Padre. A crença Católica acredita que a morte é um dos grandes mistérios, mas não é o maior. Segundo o padre, a morte é vista de maneira A Doutrina Espírita acredita que a morte é uma continuação da vida, mas sem o corpo físico. A vida continua, mas se torna uma energia que continua até a próxima reencarnação. A morte é apenas do corpo, o espírito imortal. Segundo a Trabalhadora da Casa Sociedade Espírita Luz e Fraternidade de Santa Isabel, Viamão, Rio Grande do Sul, Neiva Nunes dos Santos, a crença está baseada na ciência e filosofia deixada por Allan Kardec, o patrono da doutrina. Ele ensina que são diversos planos, não existe céu e inferno, existem etapas de vida onde se estuda o porquê que se deixa o corpo físico. No decorrer do estudo, acontece a elevação, até chegar ao plano espiritual. Os Espíritas crêem que para chegar ao plano espiritual é necessário viver com amor, humildade, caridade. E para obter a salvação é necessário morrer para reencarnar-se. A Trabalhadora da doutrina afirma que Túmulos do cemitério Irmandade de São Miguel e Almas Fotos: Daiane Benso reli g i ão r eli g i ã o Universo IPA | Dezembro 2007 c ultur c ultur a a Como compreender esse mistério? 19 Igreja Presbiteriana Universo IPA | Dezembro 2007 A Igreja Presbiteriana do Brasil acredita que a vida após a morte existe em espírito. O corpo envelhece, mas a alma e o espírito são eternos. Segundo o Obreiro da Igreja, Jocemar de Proêncio, a crença está baseada na Sagrada Escritura, que diz que as pessoas que fizeram o bem na terra irão para o céu e quem fez o mau irá para o inferno. “Para superar a morte devemos contar com a esperança e o conforto da Bíblia e relembrar os exemplos e ensinamentos do ente querido”, afirma o Obreiro. Para ele, a morte deve ser encarada de frente, mesmo sendo complicado. É importante ter um bom alicerce fami- 20 Igreja Pentecostal A Igreja Pentecostal, Encontros de Fé, com base no texto Bíblico, acreditam na vida eterna, onde somente a carne é mortal. No livro sagrado de Gênesis verifica-se essa afirmação: “Do pó vieste, do pó voltarás”. De acordo com a Obreira do setor de ministração da Igreja, Iracema Oliveira Beck, será Jesus Cristo que determinará a vida após a morte: “se a pessoa viver com Cristo quando morrer ressuscitará com ele. Mas, se rejeitar Jesus nessa vida, também será rejeitada no dia do juízo final.” A Igreja diz que o consolo para superar a morte é encontrado em Deus. Crêem que a morte é um mistério, no entanto, o maior mistério é a vida após a morte. Segundo a Obrei- reli g i ão ra, Deus é o único que dá e tira a vida, nada acontece sem a permissão dele. “ O corpo necessita de uma alma e de um espírito, no momento que o espírito e a alma são retirados, o corpo desfalece, relata”. Ela acredita que a morte é triste para quem fica, mas para quem morre com salvação encontrará alegria e gozo no Senhor. * O breira: A função da obreira é de ministrar, aconselhar os fiéis iniciantes na fé com base no texto Bíblico, participar de ações sociais e de Cruzadas (evento realizado pela Igreja para ajudar as pessoas que estão sofrendo, independente de religião). Existem várias lideranças de Igrejas Pentecostais todas voltadas para o Cristianismo. r eli g i ã o liar, fé e congregar com as pessoas da Igreja. Cada pessoa nasce para cumprir uma missão determinada e o tempo para que isso aconteça só pertence a Deus. Crêem que é o maior mistério que existe, pois é cheio de entrelinhas. “Enquanto a ciência precisa ver para crer, a fé nos faz crer naquilo que não vemos,” conclui. * Obreiro: A função do obreiro é de trabalhar na Igreja, responsabilizar-se pela obra do Senhor. O termo obreiro é a forma genérica de identificar o crente escolhido por Deus para cooperar no ministério. A designação e graduação dos cargos, varia conforme a organização eclesiástica da denominação. Ministrar a palavra, coordenar encontros de reflexão Bíblica, visitar as famílias da congregação. Igreja Metodista A Igreja Metodista acredita que a vida após a morte reafirma a eternidade do espírito. Para o Reverendo e coordenador da Pastoral Escolar e Universitária do Centro Universitário Metodista IPA, Flávio Artigas, não existe reencarnação, pois a vida é uma experiência única e precisa ser desfrutada em plenitude. “Somos seres com corpos mortais, com um espírito eterno que vive em um corpo material uma só vez”, explica. Baseiam-se pelos textos da Bíblia Sagrada, principalmente nos textos do Novo Testamento. Crêem que para quem exercitou a fé, haverá um retorno à convivência espiritual com Deus, onde não existirá tempo, dor e sofrimento. O Reverendo considera que as pessoas superam a perda física do ente querido, se souberem desfrutar da presença da pessoa enquanto viva, amando-a e valorizando-a. “Creio que dessa maneira a morte não será a separação e o peso da culpa do que não foi feito”, ressalta. Para ele, a morte é a maior certeza, visto que o grande mistério é a vida, essa que é uma dádiva. Crê que a morte é o coroamento de uma vida intensa. * Reverendo: A função de alguém como título de reverendo é a função pastoral, que pressupõem a pregação da Palavra de Deus e a ministração dos Sacramentos (Santa Ceia e Batismo). É alguém que incentiva o culto dos meios de Graça: culto comunitário, leitura bíblica, oração, jejum, descanso, entre outros. Reverendo é um título distintivo de quem é ordenado para o Ministério Sacerdotal Clérigo. Túmulo do cemitério São José “A função do médico é evitar a morte, no entanto, em muitos casos, isso não acontece”, argumenta ele. De acordo com a psicologia, a morte plena não acontece, pois as partículas se transformam e nelas existe a memória. Portanto, se existe vida após a morte, será a vida do conhecimento que cada ser construiu. Explicam que a Tanatologia é o estudo do fenômeno da morte e dos processos emocionais e psicológicos envolvidos na reação à morte, incluindo luto, perda e lamentação. “As reações diante da morte são diversas e estão diretamente relacionadas à cultura de cada povo. Se referirmos a nossa cultura po- Medicina e Psicologia Cemitério São José, bairro Glória, Porto Alegre A medicina não explica a morte, apenas relaciona a doenças e declínio da vitalidade dos seres vivos. Segundo o médico, formado em 1968 pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, (UFRGS), com pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Medicina do Trabalho, Paulo Gonzaga, os médicos são muito frios com a morte, pois a mesma é esperada. “Dizem que criança quando morre se transforma em anjo” de-se dizer que estas reações vão desde a negação e isolamento, podendo passar pela raiva, barganha, depressão e aceitação”, explica a psicóloga e orientadora de estudos psicanalíticos, Lurdes Pacheco Aibar. De acordo com a psicóloga, existem muitas perdas na vida, no entanto, a morte é a maior. As experiências de vida e de morte ocorrem em uma perspectiva sistêmica e a morte é um processo que envolve o morto e os sobreviventes em um ciclo de vida comum. Segundo ela, a Filosofia está presente em muitos dos discursos psicológicos e pode ajudar a explicar como ocorre a morte, encerrando um ciclo e afetando os fatores biológicos. O filósofo Martin Heidegger diz que o viver para a morte constitui o sentido autêntico da existência. A verdadeira existência implica aceitar a própria finitude, sem medo, como um ser livre diante da morte. O filósofo Ernest Becker afirma que no fundo ninguém crê em sua própria morte, pois o inconsciente está convencido de sua imortalidade, isto é, conscientemente todos sabem do fim que os espera, mas para o inconsciente não existe a passagem do tempo nem referências a temporalidade. A psicopedagogia e a psicologia apresentam que, de acordo com a Lei Norte-Americana de Determinação Uniforme da Morte, um indivíduo está morto quando sofre cessação irreversível das funções circulatória e respiratória; cessão completa das funções de todo o cérebro, incluindo o tronco encefálico. Diante das explicações da religião, da medicina e da psicologia, cabe a cada pessoa se questionar sobre o que é a morte. Para muitos, é algo inevitável e natural. A morte é relacionada a diversos pontos de vista: emocional, científico, religioso. “A morte é uma mudança de estágio que vai conduzir os componentes físicos a uma degeneração e o espírito a um estágio mais livre”, afirma a psicopedagoga Ana Luisa Fischer. Outros vêem como o grande mistério. “A morte é o mistério da vida e continuará sendo, enquanto existir vida na Terra”, diz o professor Calovi. A Igreja Católica, A Igreja Presbiteriana, A Igreja Pentecostal e a Igreja Metodista crêem que a morte é a passagem para uma vida eterna junto com Deus, os espíritas crêem que é a elevação para um plano espiritual. E para você, o que é a morte? É o maior mistério que existe? É o começo de uma outra vida ou é o fim de tudo? Reflexões sobre a morte “Acreditamos ficar tristes pela morte de uma pessoa, quando na verdade é apenas a morte que nos impressiona”. Gabriel Meilhan “A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida”. Charles Chaplin “A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas”. Leo Buscaglia Universo IPA | Dezembro 2007 reli r eli g i ãgoi ão para superar a morte é necessário não sentir mágoas, olhar para o ente querido e dizer: “Eu te amei mais do que a mim mesmo”, não ter ressentimentos por algo que deixou de fazer. O Espiritismo vê a morte não como um mistério, mas sim como a salvação. O homem vem para a terra, cumpre a sua missão e morre, reencarnando novamente. Acreditam que a vida após a morte existe, mas cada um é responsável pelo seu plano espiritual. * Trabalhadora: A função da trabalhadora é ministrar o curso básico para os iniciantes na Doutrina, acompanhar as sessões de estudos dos livros: O Livro dos Espíritos, o Livro dos Médiuns, (livros da Doutrina Espírita) participar das sessões de estudos de “A Gênese, O Céu e Inferno”. Promover apadrinhamentos, programas de apoio, dar passe juntamente com os médiuns, dar assistência espiritual e material. 21 22 reli g i ão Desde de 1994 não só brasileiros, mas também estrangeiros ali vivem juntos no meio do mato, em casas com muita simplicidade, totalmente desconectados do agito das cidades urbanas, em busca da paz de espírito, através do silêncio e do isolamento, praticando a religião surgida na Índia há cerca de 2,6 anos. Com a morte do Chagdud Tulku Rimpoche, mestre espiritual e regente deste lugar, coube à sua viúva Chagdud Khadro, uma lama da escola Nyingma, assumir o papel de líder espiritual do Khadro Ling. “Ajudar-nos uns aos outros e procurar a harmonia: essa é uma busca interna. Não adianta querer mudar as condições externas, nós não vamos conseguir. A partir da busca interna, aí sim, conseguiremos ver o efeito disso externamente”, diz Chagdud Tulku Rinpoche. O divertimento das pessoas que moram no templo budista, muitos dos quais bem instruídos e originários da classe média, vem com leitura, filmes, música e esportes, e futebol. Mas sem deixar o budismo em segundo plano. Para os líderes do budismo tibetano Vajraiana que vivem ali, os brasileiros têm vocação para a fé, seja qual for a religião que escolhem, motivo que pesou para Chagdud Tulku Rinpoche construir no país, com ajuda de muitas doações, o segundo centro budista dessa linhagem em todo o Ocidente. O outro fica na Califórnia norte-americana. r eli g i ã o O leve tom do misticismo é inevitável no começo, quando as vozes ainda treinam para recitar mantras milenares. As cores enchem os olhos de vida e a meditação domina o dia, bandeiras de orações, convidadas pelo vento a rezar e levar tranqüilidade e paz ao mundo. Paz de espírito, aquela que para os budistas é possivel e acreditável. Ali, até placas com “Cuidado, Formigas” se encontra, é o respeito com todos os seres. Muitas taças com água, que são trocadas diariamente dentro do templo, é o sinônimo da purificação. Ao fundo, presidindo o panorama, a maravilhosa estátua de Padmasambhava, chefe da linhagem Nyngma, idealizada, finalizada e consagrada por Sua Eminência Chagdud Tulku Rimpoche, ladeada por cadeias de estupas (esculturas que representam a mente iluminada). A doutrina é do Budismo Tibetano, uma religião que prospera sem alarde. “Você fica hipnotizado, você quer morar ali, são as cores, os tons, os sons,o silêncio, tudo é lindo. Só de estar aqui, eu penso em virar budista, o respeito pelas coisas, é preciso até mesmo tirar os sapatos para entrar no templo.Esses sinos,as bandeiras,as estátuas,é tudo perfeito, é encantável,as cores são muito vivas, muito vermelho.Tem rodas gigantes girando com pedidos para a energia fluir, achei muito interessante.É primeira vez que venho ao templo a convite de uma amiga,adorei”,afirma a estudante de Educação Fisica, Juliana Souza, 20 anos. Acho que o mundo seria melhor se ao menos as pessoas tivessem a paz que eles devem ter aqui”, afirma. Na Serra Gaúcha, a 72 quilômetros de Porto Alegre e a mais de 16 mil quilômetros de Lhasa, a capital do Tibete, fica o centro budista Chagdud Gonpa Khadro Ling , nome que quer dizer “local sagrado dos dançarinos do céu”, dos 40 templos budistas tibetanos no Brasil é o mais bonito, fundado por um monge tibetano em 1995, é uma réplica de santuários existentes nas montanhas do Himalaia. No topo de uma montanha, muitas vezes coberta de neblina, a sensação é de estar no céu entre as nuvens. Em meio a estátuas, templos e palácios coloridos, cerca de 60 habitantes vivem na disciplinada rotina da doutrina budista, com orações no início e no fim do dia em nome da compaixão e do bem-estar da humanidade. Longas meditações e meses em completo retiro também são necessários no centro religioso. Chama-se Sangha um grupo de pessoas, como estas, que pautam a sua vida segundo os ensinamentos do Buda. O curioso é que realmente não importa, se para uns esta é a hora e a vez de fazer retiro e dedicar-se totalmente à prática espiritual, enquanto para outros, o chamado é levar à prática para a ação, trabalhando na loja, na costura, jardim, construção, cozinha ou administração geral. São funções diferentes de um mesmo corpo cuja saúde depende de todos. Em momentos diferentes, altera-se a rotina do grupo e quem estava no campo de frente vai ter a oportunidade de recolher-se. Aprende-se lá, por exemplo, que enquanto componentes de um mesmo sistema, todos estão fundamentalmente ligados. A motivação e o objetivo comum cria esse véu invisível que os une. “Paz em campo livre” Muitas pessoas procuram o centro em busca de algum tipo de ajuda, para as angústias do cotidiano, brigas familiares, medo de perder o emprego, angústia, procura de algo perdido e até mesmo depressão.“ O Budismo me ensinou a ser uma pessoa melhor, não só pra mim, mas para o mundo, abri mão de muitas coisas e fiquei dois meses em um “retiro espiritual”, paz em campo livre. Minha família me apoiou mesmo achando loucura.Foi difícil acordar pela madrugada e ter que meditar. Mas depois a gente acostuma e a mente fica mais tranqüila. Eu usava roupas normais e não foi preciso raspar a cabeça, o que é sinal de voto monástico. É proibido namorar e fazer sexo lá dentro. O mais importante é que os ensinamentos de Buda passaram a fazer sentido e viver dentro de mim, é importante que possamos aprender a largar os nossos velhos hábitos. Eu paguei em torno de R$ 400 para ficar no retiro, não sei o preço é o mesmo hoje.O desafio é ser capaz de sentir o mesmo amor por aqueles que se ama e pelos que não se ama. É incrível como em um país em que o catolicismo e outras religiões disputam fiéis, o budismo ganha cada vez mais o seu lugar. Faz quatro anos que sou budista, o acesso no centro é livre, mas para viver no centro é necessário que haja um convite de um dos líderes, é como nascer de novo”, afirma a arquite Aline Coelho, 26. Essa conexão foi a mesma que Eduardo Simões, 40 , um dos primeiros brasileiros chamados para morar no centro budista, há 11 anos, sentiu. Ao contrário de muitos dos habitantes dali, o ex-mecânico não tem curso superior nem fala inglês com fluência. Muitos centros funcionam em casas particulares ou em salas alugadas em prédios comerciais. A maioria dispõe de uma lojinha acoplada, que vende livros, fotos de monges e malas, colares de contas usados na recitação de mantras. Cursos, seminários e retiros espirituais promovidos pelos templos costumam funcionar como pontos iniciais do processo de recrutamento de novos adeptos. Doutrina Budista O Budismo ensina a doutrina de Anatmán, ou negação da existência de uma alma permanente, a doutrina do Carma - que determina o tipo de reencarnação - e o Nirvana ou estado de Iluminação perfeito.O Budismo é uma religião de importância mundial, criada no noroeste da Índia. Baseia-se nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda, o iluminado. Siddhartha Gautama, Buda, filho do soberano de um pequeno reino, nasceu em Kapilavastu, no ano 563 a.C., perto da atual fronteira entre a Índia e o Nepal. Aos 29 anos decidiu renunciar a todos os seus bens materiais e adotou uma vida de ascetismo. Quando alcançou o nível de Iluminado (o mais alto) formou, com os seus discípulos, uma comunidade monástica onde passou o resto de sua vida. Os elementos principais em que se baseia a Iluminação referem-se à realização das Quatro Verdades Excelentes: – o sofrimento – a causa do sofrimento – a sua supressão – o caminho para seu fim “Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da nossa vida é a felicidade”. (Dalai Lama, no livro, A arte da felicidade). Universo IPA | Dezembro 2007 Roberta Lotti Fotos: Beto Rodrigues Universo IPA | Dezembro 2007 reli r eli g i ãgoi ão Budismo na Serra Gaúcha 23 reli g i ão r ei li g i ã o reli r eli g i ãgoi ão Arquivo Verdades e mentiras: sincretismo afro-católico ou Otá (pedras), é através do formato delas que é sabido de qual orixá se trata, a filosofia é de irmandade, que confere ajuda ao próximo. A pessoa pronta, na religião afro, se chama Pai de Santo ou Babalorixá, nesse nível, ela já está apta a ter um ou mais Filhos-de-Santos, que seria uma espécie de aprendiz. Os orixás governam, à sua discrição, a vida e o destino dos seres humanos. São caprichosos, amam e odeiam, beneficiam e castigam, curam ou perseguem com doenças, e se fazem respeitar e temer, são alguns deles: Oxalá, Oxum, Yemanjá, Xangô, Ogum, Bará, Iansã e Xapanã. Outros orixás se ramificam desses, dando a personalidade à pessoa que é regido por eles, semelhante a signos e posição astral. Sincretismo: Iansã e Santa Bárbara que protegem contra os raios e tempestades Jesus, escolhido por Deus para redimir a humanidade Evelize Cristina Silva Santos: “Homens e mulheres que mostraram com sua vida que é pos- Universo IPA | Dezembro 2007 sível vencer todo o poder do mal e as 24 dificuldades com cabeça erguida”. Padre Valdemar Alves Pereira. Orixás: “Não é espírito, é força da natureza. A África, historicamente, é a mãe do mundo, de onde veio toda a questão da arte, da religião, toda a questão de tudo do ser humano”. Filho-de-Santo Cléber Otávio Silva O orixá Oxalá seria o Jesus Cristo da Religião Afro Atualmente, no Brasil, a religião predominante é o Catolicismo, oriundo do Cristianismo, religião originária a Ásia, baseia-se na crença de que Jesus foi o Messias enviado para redimir a humanidade e restabelecer o laço com Deus. O seu livro sagrado é a Bíblia, dividida em Velho e Novo Testamento. O Catolicismo ensina que o fiel deve obedecer aos Sete Sacramentos, são eles: Batismo: O indivíduo é aceito como membro da Igreja e, portanto, da família de Deus. Crisma: Confirmação do Batismo. Eucaristia (ou Comunhão): Ocasião em que o fiel recebe a hóstia consagrada, símbolo do corpo de Cristo. Arrependimento ou Confissão: Ato em que o fiel confessa e reconhece os seus pecados, obtendo o perdão divino mediante a devida penitência. Ordens Sacras: Consagração do fiel como sacerdote, se ele assim o desejar, e após ter recebido a preparação adequada; Matrimônio: Casamento; Extrema-unção: Sacramento ministrado aos enfermos e pessoas em estado terminal, com o intuito de redimi-las dos seus pecados e facilitar o ingresso de suas almas no Paraíso. Os Dez Mandamentos da Lei de Deus são: Amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar seu santo nome em vão, guardar domingos e festas, honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo, não cobiçar as coisas alheias. Diferentemente do Catolicismo, o Candomblé, a Umbanda e a Nação, religiões afrodescendentes, sendo que a Umbanda é uma religião tipicamente brasileira, tendo aqui no Brasil a sua origem, são religiões que se baseiam no culto aos orixás, divindades criadas por um único Deus, Olorum (dentro da corrente Nagô) ou Zamby (dentro da corrente Bantu e as correntes sincréticas). A cada orixá são associados cores, elementos, toques (rezas) e comidas. São simbolizados por Ocutá Sincretismo, no dicionário, significa a fusão de elementos culturais diferentes, ou até antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns traços originários. Há quem diga que os negros, vindos da África para o Brasil, como escravos, não rezavam para as imagens dos santos católicos, como pensavam os senhores de engenho, pelo contrário, usavam essas imagens, comparando-as aos orixás, de suas origens, por sua aparência ou feitos, e rezavam para aqueles em que eles realmente acreditavam, essas aparências ou feitos, definem, hoje, o sincretismo Afro-Católico. Há pessoas que acreditam que o sincretismo não existe, que são coisas totalmente diferentes, que santo é santo e orixá é orixá, como afirma o Pai-de-Santo, Antonio Ricardo Silveira, conhecido como Chula, 35 anos. “As casas com sincretismo não são casas de raízes realmente africanas, na época dos escravos não se podia adorar um Ocutá (pedra), por isso eles o escondiam, e por cima colocavam a imagem de santos católicos. Hoje a opressão acabou, não é mais necessário esconder, gosto de tudo quanto é santo, mas são coisas diferentes”, afirma. O Filho de Santo, da casa Sociedade Africanista Divino Espírito Santo, Cléber Otávio Silva, 28, tem outra opinião: “O sincretismo foi uma forma de não afrontar o que não dava para ser afrontado naquele momento e de manter viva as raízes e toda a cultura africana, os negros que tinham mais conhecimento, já que foram impostos às imagens católicas, estudaram para poder ver a proximidade e o equivalente da religião a cada orixá, o sincretismo é real”. Silva se aproximou da religião afro há oito anos, em questão das músicas e a sua curiosidade em como a religião afro acontece. “As entidades mais antigas são africanas, então em outros povos, as mesmas entidades surgiram com outro nome, por exemplo, no caso da Iansã, na África, ela se apresentou como a tal, e em outras regiões, como na Europa se apresentou como Ékate com outra forma e outra cor, mais tarde para os romanos, se apresentou como Santa Bárbara, a energia e a entidade é exatamente a mesma, o sincretismo é verdadeiro, só mudou o nome porque mudou a época em que se apresentou, se pegar a Ékate, Iansã e Santa Bárbara vai ver coisas que são praticamente iguais, muito próximas”, enfatiza. O sincretismo é acreditado por pessoas de religiões bem distintas. O padre Valdemar Alves Pereira, 38, da Congregação Católica da Paróquia Santuário Nossa Senhora do Trabalho, acredita que o sincretismo religioso acontece e é a busca de Deus e da cura em várias religiões. “As vezes, nessa busca por fora, as pessoas acabam esquecendo de buscar a si próprio dentro de si mesmo, onde encontrará paz, encontrando isso, ela tem mais base e força. O sincretismo é visível, as pessoas buscam paz e apoio, conforto em todas as religiões”, diz. No sincretismo, Oxalá da religião afro seria Jesus Cristo, da católica, Ogum seria São Jorge, Xangô o São Jerônimo, Iansã a Bárbara e Yemanjá a Nossa Senhora da Glória. Ao ser questionado sobre acreditar ou não na religião Católica, o Babalorixá Chula fala: “Eu acredito em todas as religiões, se tu vais a um lugar e se sente bem lá, deve ficar lá, as pessoas que procuram uma crença e melhoram, devem permanecer onde procuraram, se vai para a Igreja e melhora, então fica lá, se vai no batuque e melhora, então fica lá, acredito em tudo, se não acreditasse não estaria aqui”. Chula foi batizado, crismado e casado pela Igreja Católica sendo católico por muito tempo. “Hoje não me considero católico, fiz tudo o que o católico tem que fazer para casar, mas não sou, se fosse hoje não me casaria na igreja”, comenta. O babalorixá escolheu a religião afro porque achou ter chegado o momento na sua vida em que ele tinha que melhorar como pessoa, sendo que o seu irmão e a sua mãe eram africanistas. “Não foi por intermédio deles que eu entrei para a religião, comecei sendo só eu, daqui a pouco surgiu meu primeiro filho de santo, depois veio outro e outro, era para mim, eu poderia ter encolhido outro caminho, é coisa de destino, de raíz”, enfatiza. O padre Pereira se tornou padre por influência de sua família que o motivou e o ajudou. “A minha família me ajudou a compreender que tudo nessa vida em matéria de conhecimento é importante, o intelecto, e que os bens materiais são dispensáveis”, diz. O padre, nordestino de raíz, antes de se tornar religioso, trabalhava e estudava na Bahia em uma empresa, onde foi bem sucedido e estava crescendo, foi quando, de acordo ele, armaram-lhe uma cilada, foi demitido e voltou para casa. “Foi uma tristeza, pois eu estava crescendo e gostando do trabalho, mas Deus conduz você através de instrumentos que você não entende no momento”, declara. Conforme Pereira, quando chegou em sua casa viu um papel escrito sobre um encontro de juventude na igreja, se envolveu tanto que acabou entrando para o Seminário, hoje é padre há quatro anos, formado em Filosofia, trabalha na formação de outros padres. Ao ser questionado se acredita ou não nas religiões afro, o padre diz:“A minha fé é na minha religião, respeito a todas as outras. A Igreja Católica sempre respeita as evocações religiosas, é preciso viver aquilo que sua religião pede, porque nenhuma religião prega a morte, todas são em favor à vida”. Não existe uma religião certa ou errada, as religiões Católica e Afro-desccendentes estão certas cada uma a sua maneira, e todas elas levam a um único e bem maior, o bem estar de seus seguidores. Conforme relato do filho-desanto Silva, “a religião é pra ti ficar bem contigo e integrado com o mundo em que tu vive, com a natureza a que tu pertence”. Universo IPA | Dezembro 2007 O sincretismo religioso 25 no Brasil Universo IPA | Dezembro 2007 Sandra Costa O ser humano nunca sentiu tanta necessidade de encontrar paz íntima, como nos dias atuais. “Tinha uma vontade muito grande de morrer’,’ diz a aposentada, Realda Vargas Ferreira, 75 anos, pois foi um dos motivos que levou à se interessar pela Doutrina Espírita, mesmo sem ter conhecimento. O homem passa boa parte do tempo projetando o futuro, isto compõe um ritual de celebração da vida e torna tão rica, aventura humana que é uma reflexão, o que é espiritismo? O Espiritismo de inspiração Kardecista, nome que deriva do francês, Allan Kardec, estudioso positivista do fim século 19, que produziu uma versão cientifica dos fenômenos religiosos focados na vida depois da morte. O Espiritismo desembarcou no Brasil no momento de crise política que antecedeu o advento da República. Naquele período havia uma insatisfação com a cúpula da Igreja Católica, ligada ao conservadorismo político da monarquia, mas deslanchou de vez no Brasil pelas mãos do médium mineiro Chico Xavier, que se torno uma celebridade nacional. Mas, afinal, o que é Espiritismo? Espiritismo e ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica, conforme o vice-presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, João Felício, 60 que “acredita na lei de causa e efeito’’. É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a codificação Espírita: O Livro dos Espíritas, O Livro dos Médiuns, O Evangélico Segundo o Espiritismo, O Céu e o inferno e A Gênese. Hoje em busca de conforto espiritual, vem aumentando o número de adeptos à doutrina. A espiritual leva o espírito a desejar Bruna Carpenedo Na sociedade em que vivemos, é grande a preocupação das pessoas com a beleza. Mas isso não ocorre somente entre os adultos, cada vez mais adolescentes e crianças preocupam-se com a aparência. A psicóloga, Valéria Pinheiro, acredita que a vaidade vem sendo despertada desde cedo e, muitas vezes, influenciada pelos pais, amigos ou até mesmo pela televisão. “É comum hoje em dia meninas trocarem a brincadeira com boneca por um estojinho de maquiagem. As crianças gostam de brincar de ser adultos e acabam, algumas vezes, deixando cedo de mais de serem apenas crianças”, analisa Pinheiro. A pressão social e o valor que se dá à boa forma física saíram do controle, afetando principalmente os jovens. Clínicas de cirurgia plástica, academias, salões de beleza, lojas, entre outros estabelecimentos, estão especializando-se no atendimento a crianças e adolescentes. Que, em virtude do mundo em que vivem, procuram alternativas para melhorar o aspecto físico, acreditando com isso, obterem um melhor relacionamento no grupo social a que pertencem. Devido ao padrão de estética que os adolescentes julgam ser o ideal, é comum, principalmente entre elas, a preocupação com o peso. Muitas, mesmo sem precisar, acabam fazendo regimes severos, almejando magreza absoluta. Na adolescência, as dietas sem indicação médica podem causar ausência de nutrientes como ferro e cálcio, causando anemias, retardo no crescimento e afetando o ciclo menstrual nas meninas. Conforme Pinheiro, essa distorção da imagem, que as adolescentes costumam fazer do próprio corpo, achando estarem gordas quando na verdade estão no peso ideal, ocorre por dois motivos principais. A produção hormonal que está a pleno vapor, tornando as transformações do corpo facilmente percebidas, junto com a pressão sociocultural por um modelo de corpo que valoriza as formas mais esguias. Pinheiro comenta que as mulheres acabam sendo as mais pressionadas, basta olhar as revistas voltadas ao público adolescente. Boa parte delas abordam a beleza feminina, com dicas de saúde questionáveis e modelos magérrimas estampadas na capa. “Já os garotos, têm uma relação mais saudável e de menos culpa com o peso e o alimento. Eles conseguem ser mais aceitos socialmente com outras habilidades, como prática de esportes e o sucesso profissional”, compara Pinheiro. Que ainda destaca a diferença no crescimento biológico do homem e da mulher na adolescência. Enquanto ela ganha mais tecido adiposo com os seios e as nádegas, o menino tem uma tendência maior para desenvolver a parte muscular. Segundo o cirurgião plástico, Márcio Farias, a procura por intervenção cirúrgica entre os jovens de oito a 17 anos quadruplicou nos últimos cinco anos. Entre cem pacientes, 24 se encaixam nesse perfil. “A cirurgia deve ser a última opção, pois até os 17 anos o corpo está em desenvolvimento e não é fácil determinar os efeitos da plástica nesses organismos. Também existem os riscos de uma anestesia, medicamentos e internação em ambiente hospitalar, que são alguns dos fatores que devem ser levados em conta”, esclarece Farias. O jovem não deve procurar no bisturi a solução dos seus problemas e nem optar por uma cirurgia apenas pelo modismo. A estudante Bibiana Goulart, 16 anos, colocou prótese de silicone aos 14 por achar os seus seios assimétricos. Além disso, ela faz dieta e atividade física desde os 11. Sem falar nas horas em que passa no salão de beleza cuidando do megahair, pintando o cabelo e fazendo as unhas. A estudante ganha total apoio da mãe, que sempre a incentiva para malhar e cuidar da alimentação sem se descuidar da saúde. “Sempre gostei de me cuidar, desde pequena me preocupo com a aparência. Faço tudo ao meu alcance para me sentir bonita, e todas às vezes em que achar necessário, e que não me prejudique, farei algum tipo de cirurgia plástica”, declara Goulart. O professor de Educação Física, Rodrigo Vargas, diz que nas academias, assim como nas clínicas é considerável o aumento do número de adolescentes. Que na maioria das vezes buscam o mesmo que os adultos, corpo magro e sarado. “Sou muito procurado pelos jovens, que geralmente querem um resultado rápido e sem muito esforço. Na cabeça deles é tudo simples, com uma semana de musculação já querem estar na forma desejada”, conta Vargas. De acordo com a endocrinologista, Mariana de Souza, os exercícios físicos são benéficos a saúde, desde que feitos na medida certa e com acompanhamento de um profissional. Crianças e adolescentes não devem fazer atividades intensas, para não prejudicar o crescimento nem causar problemas de articulação. Não é recomendado ultrapassar 3 horas ao dia na prática de atividades físicas. Além da boa forma, os adolescentes procuram vestir-se de acordo com a moda. Desejam looks modernos e que os caracterizem. As meninas, em especial, adoram arrumar os cabelos, pintar as unhas e fazer maquiagem. A vontade de comprar tudo que se vê pela frente é grande nessa fase da vida. Parecem umas “maquininhas de consumo”, ainda mais se for algo de “marca”. Os adolescentes de hoje são um pouco diferentes dos de antigamente. Mas uma coisa eles tem em comum, a constante mudança e o desejo de tornarem-se adultos. Pesquisa realizada com 20 meninos e 20 meninas entre 12 e 18 anos. Meninos Meninas Estão satisfeitos com o corpo 65% 30% Querem perder peso 25% 75% Fariam uma cirurgia plástica 15% 60% Praticam esportes 80% 70% c omp or tame nto cada vez mais cedo c om por ta m e nto O Centro Espírita é uma casa religiosa onde se ensina, pratica, estuda e divulga a Doutrina Espírita. Em suas atividades estão incluídas palestras públicas, nas quais são comentados ensinamentos da Codificação Kardequiana e do Evangelho de Jesus, além de assistência espiritual e material aos necessitados. O socorro espiritual é obtido através do atendimento individual àqueles que se encontram em aflição e desequilíbrio, com orientações e passes, sendo que o mesmo e uma transmissão de fluidos benéficos com caráter assistencial e regerenerador, que é aplicado pela simples imposição de mãos como fonte de regeneração e amparo. Também inclui sessões espíritas reservadas onde se lida com a mediunidade na área da desobsessão (perturbações espirituais), sem a participação dos necessitados, onde são esclarecidos e afastados Espíritos sofredores ou de corações endurecidos que porventura sejam a causa de seus problemas. O Centro Espírita tem como objetivo primeiro, orientar as pessoas no sentido de melhorar a sua qualidade de vida através da ação reeducadora da moral do Cristo. Endereçando o homem a esse entendimento, ele de forma mais ou menos rápida, poderá livrar-se das más influências e atrair as boas, que o ajudarão a seguir adiante de forma equilibrada e sadia. Quando um orientador ou médium é procurado por pessoas necessitadas no Centro Espírita, “procede-se com caridade, ouvindo, consolando e orientando’’, diz a orientadora Ione saraiva, 49. Todos poderão receber orientação individual através de entrevistas particulares, participar de palestras públicas e receber passes. O contato com o estudo da Doutrina e com os Espíritos depende de normas rígidas e particulares de cada Centro, mas o bom senso diz que a disciplina e o estudo são metas que devem ser observadas com rigor para o sucesso das atividades. O socorro material, por sua vez, considerado como uma atividade paralela, mas de grande importância, é dado através da assistência a necessitados em forma de alimentos, vestuário, abrigo, remédios. Os recursos são obtidos através de uma variedade de promoções realizadas em cada Centro Espírita, como almoços, jantares e bazares. Qualquer casa que cobrar taxa pelas orientações ou assistência não são espíritas, mesmo que mantenham uma placa. A busca pela beleza Universo IPA | Dezembro 2007 reli r eli g i ãgoi ão Site: SXC.HU Atendimento Espiritismo 26 algo mais profundo, compreendendo então que esse “algo mais’’ não se encontra nas coisas transitórias e impermanentes da vida terrena, com isto cada dia aumenta os adeptos a centros espíritas. 27 Ronald Santiago, 49 anos, estudante de Administração de Empresas Universo IPA | Dezembro 2007 “Apesar de o homem gaúcho ser muito machista, e acreditar no autoritarismo, a mulher está, cada vez mais conquistando seu espaço na sociedade”. 28 “Não adianta toda mulher é muito mais arrumadinha que a maioria dos homens, mais vaidosa, delicada, e até fisicamente ela é mais bonita que nós.” Jorge B. Cardoso, 19 anos, estudante de Educação Física estudante de Ed. Física, namoram há três anos apesar das diferenças destacam-se em planejamento familiar, fazendo com que os homens sintam- se inferiorizados ocupando maior espaço. Homens são valentes, fortes e grandes, pelo menos aparentam ser, não demonstram sentimentos nem sob tortura, adoram ser o centro das atenções, mas vamos combinar quem não gosta disso,mulheres são gentis, amáveis, delicadas, se entregam de corpo e alma num relacionamento,mesmo que esse relacionamento esteja pronto a desabar. Os mitos que fazem com que os homens sejam másculos, fortes e valentes, que eles não choram, começam a deixar de lado velhos parâmetros machistas. O homem chora sim, se emociona, sente dor, até muito mais que mulheres. Imaginem como seria se um homem tivesse que ganhar nenéns. “Seria uma dor tão grande que não sobraria mãe alguma para contar história”, comenta a Estudante de Psicologia, Valéria Alessandra da Silva Santiago. O homem nasce sob uma cultura que o Diferenças entre homens e mulheres ELAS 1. São sensíveis. 2. Suportam dor física. 3. São mães. 4. São delicadas. 5. Vêem sua imagem destorcida no espelho. 6. São criadas para administrar a família. O que elas pensam sobre eles... Fabiana Saraiva, 20 anos, estudante de Publicidade “O homem está sempre desconfiando de tudo, sempre indagando alguma coisa, têm uma cumplicidade tão grande que morrem todos abraçados, ninguém entrega ninguém, coisa que mulher não, se vê o namorado da amiga numa festa conta no ato.” “Os homens hoje em dia estão sempre correndo, sempre atrasados, dispersos conosco, são muito práticos, agem várias vezes de forma irracional, usam o orgulho, acabando relacionamentos por falta de diálogos, não existe mais o antigo romantismo”. ELES 1. São durões. 2. São orgulhosos. 3. Não acreditam em amizades entre homens e mulheres. 4. São mais práticos do que sensíveis. 5. Não abrem mão do futebol e do churrasco com os amigos no final de semana. 6. Alguns tem medo do sucesso profissional. c omp or tame nto elas... As diferenças com portamentais entre homens e mulheres estão muito além da distinção dos cromossomos XX e XY. Nem mesmo a genética explica o porquê de tamanha oposição de pensamentos, atitudes e temperamentos. Enquanto o cérebro feminino volta-se a aptidões lingüísticas, verbais, teóricas, o cérebro masculino resolve questões exatas com mais facilidade, e lidera o ranking de detectar problemas mecânicos e serem monossílabos, (elas parecem falar até pelos cotovelos!). Mesmo com tantas divergências, homens e mulheres buscam o mesmo ideal, porém de maneiras diferentes. Por que as relações não dão certo? Pergunta que os autores Allan e BárO casal Renata Beux, estudante de Biologia, e Anderson Izaguires, bara Pease respondem em “Por que os homens faTerapeuta Luciana Colman, que lida com vázem sexo e as mulheres fazem amor?”. Muitas rios casos desde o incio de relações de casavezes é porque as mulheres amadurecem mentos, até casais que há anos estão juntos, mais rápido,tornam-se responsáveis, comea cabeça feminina age de maneira totalmente çam a trabalhar mais cedo, tomando atitudes diferente ao lidar com a chegada de um filho, mais maduras, desde a independência finanpor exemplo, explica. ceira até os pensamentos, e os homens conEntão pode-se afirmar que mulheres são tinuam a depender da família, mesmo que de Marte e homens são de Vênus? Não, os dois tenham renda suficiente para morar sozinhos. são do mesmo planeta, porém com uniforOu pelo simples fato de que a maioria das mumes diferentes. O mundo está cada vez mais lheres querem um relacionamento estável e evoluído que, certos homens deixam de ser homens querem algo mais descontraído. machistas e expressam os seus sentimentos, Sem generalizar, óbvio, até porque os problee algumas mulheres entendem que não só mas de adaptação são muitos e em certos eles devem tomar a iniciativa, tanto na área casos eles pedem ajuda, estão mais abertos sentimental como profissional,até porque, a do que antigamente, querem mesmo fazer a mulherada está tomando frente mesmo, pois manutenção de seus pensamentos, procucom base nas estatísticas do Instituto Brasileiram terapeutas, psicólogas, técnicas de relaro de Geografia e Estatística (IBGE) a indepenxamento, etc. dência das mulheres cresceu 56% nos últimos Como eles fazem para tentar compreenseis anos. Hoje, elas tomam o lugar dos hoder a mente feminina?E como elas fazem pamens na liderança da família, além de cuidara tentar detectar pensamentos masculinos? rem dos filhos e das atividades domésticas, Tudo uma questão de convivência afirma a diferencia, tanto na maneira de caminhar, falar, vestir, até mesmo tratar uma mulher. Uma menina ao chegar em casa com um namorado seria recepcionada pelo pai com uma cara de babão na sala?Até pode ser que aconteça, mas somente em casos raros. É muito mais fácil para eles iniciarem a vida sexual do que para elas. Femininamente pensando as meninas devem perder a virgindade, no mínimo, depois dos 15 anos de idade. Segundo Allan e Bárbara Pease, em “Como conquistar pessoas?”, homens e mulheres obedecem a regras completamente opostas, até mesmo na resolução das questões mais banais do dia a dia. Apesar disso, os autores afirmam que é possível chegar em um nível de relacionamento mais elevado, bastando entender e respeitar a natureza de cada um. c om por ta m e nto O que eles pensam sobre Fotos: Marília Miños Marília Miños Maria Isabel da Silva Martins, 32 anos, estudante de Pedagogia Universo IPA | Dezembro 2007 c omp ormtame c om por ta e nto nto Feminino Masculino 29 Fotos: Arquivo Os telhados verdes ajudam a manter a temperatura interior das residências. Com certeza você deve ter ouvido muito sobre desenvolvimento sustentável nos últimos tempos. Sobre como economizar água, luz e preservar a biodiversidade e os Universo IPA | Dezembro 2007 ecossistemas naturais. Mas até que 30 ponto você leva isso a sério? Mariana Blessmann Milhares de pessoas falam de tal desenvolvimento mas poucas sabem exatamente do que se trata. Desenvolvimento sustentável é a busca do equilíbrio entre o crescimento econômico e o desenvolvimento humano. Deve-se obter o equilíbrio entre ambos, no sentido da sus- tentabilidade da vida humana. O desenvolvimento satisfaz no presente sem colocar em risco o esgotamento, a qualidade, o uso abusivo de seus recursos naturais e sem comprometer as necessidades das pessoas no futuro. Consiste num processo de transformação no qual a exploração dos recursos reforça o potencial presente e futuro. O conceito sustentabilidade relaciona todos os aspectos da sociedade, bem como, ambientais, sociais, culturais e econômicos. Tentando entender como e o que está sendo feito para a melhoria da sociedade, é que as pessoas se interessam pelos recursos usados nas obras arquitetônicas e nas próprias residências. A construção sustentável nada mais é do que o uso inteligente de recursos naturais, que ajudam na diminuição da poluição e na economia de água e energia. Em muitos lugares, pode-se ver o uso deste tipo de arquitetura e a escassez de recursos. Como você gasta? Sabe-se que é necessário economizar para ajudar, mas por onde será que você pode começar? Dentro de sua própria casa estão os piores vilões de gastos, começando pelo vaso sanitário. Ele representa cerca de 50% do consumo de água de uma residência gastando de dez a 14 litros em seis segundos de acionamento da válvula. O uso de lâmpadas incandescentes consomem muita energia, assim como o uso de aparelhos de ar condicionado que representam hoje 20% do gasto de energia residencial. Segundo a estudante de arquitetura, Lívia Iglin, os gastos nas residências são bastante elevados, a tendência de crescer ainda mais nos edifícios e indústrias é muito grande, tendo então que estagnar este fator. Os prédios são responsáveis por uma po- A energia solar é ecologicamente correta, limpa, inesgotável e gratuita. Com a utilização de aquecedores solares, a economia em energia é significativa. Um aquecedor solar, por exemplo, proporciona água quente para banho sem a necessidade de um chuveiro elétrico. Para o aquecimento de água, ele absorve o calor e funciona como uma estufa, aquecendo a água que passa no seu interior, portanto, quanto maior for a área de absorção de energia solar, maior será a sua eficiência. Fazendo parte ainda do aquecedor, o boiler solar é onde fica armazenada a água aquecida nos coletores solares, esses isolados por camada térmica para evitar perdas de calor durante a noite e podem ter apoio de emergência que entra em funcionamento nos dias de chuva ou excesso de consumo. Como você sabe, um dos maiores gastos em uma residência é no vaso sanitário. Para não ter desperdícios os arquitetos estão criando meios de economizar a água que está entrando em escassez. Em alguns lugares são utilizados vasos sanitários que contam com dois acionadores, um com dois litros e outro com seis, para descarga, respectivamente, de líquidos e sólidos. Existe também uma nova válvula de acionamento com fechamento automático que impede fluxos superiores a seis litros, mesmo que a pessoa fique pressionando o botão. As torneiras com temporizador e chuveiros com redutor, também diminuem a quantidade de água sem prejudicar a qualidade do banho. Pode-se contar, ainda, com uma caixa para coleta de água pluvial, chamada cisterna, armazenando essa água para o uso nos vasos sanitários e para molhar as plantas. Para a melhoria do edifício como um todo, podem-se usar os cata-ventos, colocados nos topos dos prédios para produzir a energia consumida pelo edifício. Esse último ainda é um recurso pouco usado por ser uma tecnologia cara. O mesmo recurso é usado nos parques eólicos, que são espaços onde estão concentrados vários aerogeradores destinados a transformar energia eólica em energia elétrica. Para a construção desses parques é necessário um estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) pois a sua má localização pode causar danos ao meio ambiente como a morte de aves e a poluição sonora, causadas pelos zumbidos das hélices. O mais novo parque brasileiro é o parque eólico de Osório, localizado na cidade de Osório no estado do Rio Grande do Sul. Sendo o maior da América Latina, ele conta com 75 torres de aerogeradores capazes de atender uma cidade de 700 mil habitantes. luição dez vezes maior que as próprias indústrias e 50% maior que os carros. O que é consumido por eles, no total, em água, energia elétrica e gás de cozinha, é responsável por 31% da emissão anual do gás responsável pelo aquecimento global, sem contar o que é liberado pelo lixo e durante a produção do cimento em sua construção. O valor estimado da taxa anual de resíduos da construção é de 500 quilos por habitante, uma quantidade superior a do lixo doméstico urbano. Algumas das mudanças mais usadas são, a solar, a hidráulica e a eólica (Veja o quadro ao acima e abaixo). Como outras pequenas soluções estão, o acionamento automático de lâmpadas, chamados sensores de presença, que ligam ao notar a presença de alguma pessoa e ficam acesas por tempo determinado e o aquecimento de água à gás, que é menos danoso ao meio ambiente do que o chuveiro elétrico. Segundo a estudante, essa são algumas das medidas que seriam necessárias para a economia: “As pessoas ainda não estão totalmente conscientizadas de que a solução está em começar pelas pequenas coisas, é preciso que cada um faça sua parte para que todos tenham um bom resultado no final”. O ar condicionado, grande consumidor de energia, tem um outro inconveniente, não promove a renovação do ar, o que é prejudicial à saúde. Para um melhor condicionamen- to de ar, que reduza ou elimine o uso de recursos artificiais, é necessário que se faça, por exemplo, a ventilação cruzada, que nada mais é do que a abertura nas paredes opostas do local. Deve se considerar sempre o tamanho do ambiente, assim como, a quantidade de pessoas que nele estão e a existência de equipamentos geradores de calor. Como economizar? O uso racional da energia elétrica é um dos pontos mais abordados na atualidade. Ele se encaixa nas medidas que se pode tomar dentro de casa, todos os dias, para a melhoria da situação atual. Dentro do que é possível, existem diversas maneiras de se economizar dentro de casa e nas próprias construções civis. “A economia de um edifício, num todo, depende de cada indivíduo que reside no local. Não somente cada indivíduo pode fazer um uso racional de energia como o próprio arquiteto na elaboração consciente de seu projeto, adaptando-o ao clima do local. A utilização de ventilação natural, considerar a iluminação natural para não ter o uso excessivo de iluminação artificial e materiais adequados ao clima e local” , informa Iglin. mei o ambi e nte sustentável Energia eólica m ei o a m b i e nte Um novo mundo Economia de água Fontes - Leandro Narloch, Os prédios verdes, http://super.abril.com. br/superarquivo/2006/conteudo_134541.shtml. Acesso em 10/11/07. - Lara Braun, Parceria com a natureza, http://www.hiarq. com/pagina_aux.php?id_secao=5&id_pag=68&id_ pag_aux=111. Acesso em 10/11/07. - Especial guia imobiliário Época, Um edifício ecológicamente correto, http://epoca.globo.com/imoveis/imgs/edificioVA76.pdf. Acesso em 10/11/07. - Texto resumido a partir da reportagem de Nanci Corbioli, O futuro pode ser limpo, http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia32.asp. Acessado em 10/11/07. Política dos três R’s Reduzir, reutilizar e reciclar. Essa é a base de tudo, por onde todos deviam começar e se aprofundar, se tratando de conscientização com o meio-ambiente. Os três R’s são o início para uma nova cultura. Um conceito que promove a consciência de que é preciso reduzir a utilização de recursos naturais e a quantidade de lixo; reutilizar materiais, evitando o descarte imediato, procurando embalagens, por exemplo, que possam ser usadas mais de uma vez, como garrafas retornáveis de vidro e reciclar, transformando algo usado, em algo igual, só que novo, normalmente por um processo industrial, visando diminuir o consumo de matéria-prima extraída da natureza. O que você pode fazer é reduzir e reutilizar. Quanto à reciclagem, o seu único papel é separar o lixo que produz. Universo IPA | Dezembro 2007 mmei ei o aomambi b i e ntee nte residências, prédios e grande empresas entram na era da sustentabilidade. O meio ambiente fala mais alto Energia solar 31 Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios no mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões do País. Estudiosos prevêem que em breve a água será a principal causa de conflitos entre nações. Existem sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Além disso, os brasileiros, que sempre se consideraram dotados de fontes inesgotáveis, estão vendo algumas de suas cidades sofrerem com a falta de água. A distribuição desigual é maior causa de problemas. De acordo com o Instituto Socioambiental, esse é o caso da cidade de São Paulo que, embora nascida na confluência de vários rios, está vendo a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas a proporção de água sem tratamento quase do- brou: de 3,9% para 7,2%. Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente ligados ao crescimento da demanda, ao desperdício e ao descontrole da urbanização. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. Segundo a Gerente de Hidrologia e Recursos Minerais da Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais, Andréa Germano, o Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e tem o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Apesar disso, a água limpa está cada vez mais rara na Zona Costeira e a água de beber cada vez mais cara. Essa situação resulta não só do desperdício mas dos processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental da água. Apesar da importância para saúde e meio ambiente, o saneamento básico no Brasil está longe de ser adequado. Mais da metade da população não conta com redes para coleta de esgotos e 80% dos resíduos gerados são lançados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento. Enchentes, lixo, água sem tratamento e doenças têm uma relação estreita. Diarréias, dengue e malária, que resultam em milhares de mortes anuais, especialmente de crianças, são transmitidas por água contaminada com esgotos humanos, dejetos de animais e lixo. Medidas alternativas No bairro Camaquã, pessoas usam água potável para varrer a rua Universo IPA | Dezembro 2007 Fotos: Andréa Barilli 32 A água disponível no território brasileiro é suficiente para as necessidades do país, apesar da degradação. Seria necessário, então, mais consciência por parte da população no uso da água e, por parte do governo, um maior cuidado com a questão do saneamento e abastecimento. Por exemplo, 90% das atividades modernas poderiam ser realizadas com água de reuso que apesar de não ser própria para consumo humano, poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de condomínios. Além disso, as novas construções – casas, prédios, complexos industriais – poderiam incorporar sistemas de aproveitamento da água da chuva, para os usos gerais que não o consumo humano. O problema atual e futuro de escassez de água na maioria dos países, com exceção daquelas regiões do planeta em que há limitações naturais, está mais ligado à qualidade do que à quantidade de água disponível. A água existe, porém encontra-se cada vez mais comprometida em função do mau uso e da gestão inadequada deste recurso. Segue, ao lado, entrevista com a Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM), Andréa Germano: “Acredito que, em 30 anos, teremos que reduzir muito no desperdício e fazer muitos investimentos no tratamento de esgotos”. Universo IPA - Existem países em que o racionamento da água já chegou. Quanto tempo você acredita que lavará para chegar ao Brasil? Andréa - Sim, muitos países sofrem com o racionamento. Em casos isolados já passamos por esta situação no Brasil. Universo IPA - Que dicas você daria para que a população se conscientize e comece a poupar esse bem tão precioso que se tem e que em breve pode acabar? Andréa - Economizar água deveria ser matéria obrigatória nas escolas, existem pequenos gestos que fazemos no dia a dia que dão efeito como: fechar a torneira durante a escovação e durante a lavagem das louças, usar balde e não mangueira para lavar carros, jamais varrer a rua com a água da mangueira, mas o ideal mesmo é que a população cobre de nossos governantes o tratamento de esgotos evitando assim, a morte de nossos rios. NA LAVANDERIA - U se a máquina de lavar com a carga máxima e evite o excesso de sabão, que aumenta o número de enxágües. - Ao esfregar as roupas, mantenha a torneira do tanque fechada e abra somente para enxaguar. NO BANHEIRO - Tente tomar banho em cinco minutos. A cada minuto mais 20 litros de água vão embora pelo ralo. - Feche a torneira quando for escovar os dentes ou fazer a barba. - Mantenha as válvulas da descarga sempre reguladas. Não use a privada como lixeira ou cinzeiro e nunca acione a descarga à toa pois ela gasta muita água. NO JARDIM - Ao esfregar as roupas, mantenha a torneira do tanque fechada e abra somente para enxaguar. -M olhe o jardim com regador. Não regue as plantas nas horas quentes do dia. A água evapora antes mesmo de atingir as raízes. - Se você tem uma piscina de tamanho médio exposto ao sol e à ação do vento, você perde aproximadamente 3.785 litros de água por mês por evaporação, Com uma cobertura (encerado, material plástico), a perda é reduzida em 90%. mei o ambi e nte Andréa Barilli NA COZINHA - Não lave a louça com água corrente. Passe rapidamente água nas louças, ensaboe os pratos e utensílios. Abra a torneira somente para enxaguar. No caso de máquina de lavar louça ou roupa só utilize quando estiverem cheias. - Na higienização de frutas e verduras, ponha um tampão na pia ou use um recipiente. Coloque água sanitária de uso geral (uma colher de sopa para um litro de água, por 15 minutos). Depois, coloque duas colheres de sopa de vinagre em um litro de água e deixe por mais 10 minutos, para inativar o gosto do cloro e retirar a sujeira. Sempre com a torneira fechada! m ei o a m b i e nte Escassez de água atingirá 60% da população do mundo em 2025 DICAS PARA ECONOMIZAR OUTRAS DICAS - U se balde ao invés de mangueira para lavar o carro. -Jamais use água para varrer a calçada! Saber utilizá-la com moderação é uma questão de educação. -Cuidado com vazamentos! Uma torneira pingando consome 46 litros de água por dia e, num mês, 1.380 litros! É possível notar a escassez de água em alguns locais Artigo publicado no site Terra Notícias Cerca de 60% da população mundial viverá em regiões com escassez de água em 2025, caso se mantenha seu atual ritmo de consumo, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela ONU em Genebra. Por ocasião da celebração do Dia Mundial da Água o escritório das Nações Unidas em Genebra alertou que “combater a escassez de água é um dos maiores desafios do século XXI”. Segundo o Conselho para o Acesso à Água e a Recursos Sanitários (WSSCC), cada continente possui zonas com déficit de água ou com grandes dificuldades de acesso por causa de fenômenos ambientais, como as secas, combinados com um maior consumo derivado do crescimento global da população e do desenvolvimento econômico. Por isso, mais de um sexto da população mundial (1,1 bilhão de pessoas) não dispõe de um acesso garantido e acessível a esse recurso natural. “Até mesmo em lugares onde aparentemente há água suficiente, os pobres têm dificuldades para ter acesso a ela”, denuncia o organismo. A diretoraexecutiva do WSSCC, Joan Lane, alerta que “as doenças relacionadas com a água, dentre as quais a diarréia, são a principal causa das mortes entre as crianças e matam muito mais do que a aids”. Universo IPA | Dezembro 2007 mmei ei o aomambi b i e ntee nte Água potável será raridade Universo IPA - Você tem alguma idéia de como se deve usar a água daqui há 30 anos, devido ao desperdício dos dias de hoje? Andréa Germano - A quantidade de água no mundo é sempre a mesma. Temos problemas hoje porque a população mundial vem crescendo muito nos últimos anos, para piorar não cuidamos de nossos rios temos problemas de qualidade de água. Acredito que, em 30 anos, teremos que reduzir muito no desperdício e fazer muitos investimentos no tratamento de esgotos. 33 Sala Verde: biblioteca com acervo pessoal de Dona Judith Thaís Medeiros Cidadã Honorária, que Judith realizou grandes projetos. Dona Judith adorava a cidade de Rio Grande. Adorava passar temporadas na Estação Ecológica do Taim. Tinha Prazer em levar seus alunos amigos para conhecer e conviver com a natureza. Por ter participado das primeiras expedições brasileiras a Antártida, teve em Rio Grande, enorme colaboração na organização do Museu Antártico. O museu é o primeiro da América do Sul voltado a observação do continente Antártico. Com instalações idênticas as utilizadas na base Comandante Ferraz (estação do Brasil, inaugurada no dia 6 de fevereiro de 1984, localizada na Ilha Rei George, no Arquipélago Shetland do Sul). No cartaz de apresentação, encontrado na entrada do Museu, Dona Judith declara: “Defrontava-se o Brasil, há pouco mais de uma década, com a incomparável grandeza da Antártida. É para partilhar convosco essa vivência -se projetando agora no futuroque este Museu vos abre suas portas”. Durante essas expedições criou o programa Asas Polares, que visa proteger áreas de pouso e reprodução de aves marinhas migratórias. Também prestava consultoria aos Museus Oceanográfico Professor Eliezer de Carvalho Rios e Eco Museu da Ilha da Pólvora. Ainda dessa cidade, Dona Judith criou e organizou o projeto Meninos do Mar, voltado para crianças e adolescentes carentes, promovendo oficinas profissionalizantes. Outro Projeto dela era Mar de Dentro, que mesmo após sua morte continua atuando com o objetivo de despoluir e preservar as águas da Lagoa dos Patos e seus ecossistemas. Junto a Fundação Universidade do Rio Grande (Furg), entre outros projetos, fez parte do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA), mei o ambi e nte Condecorção ao Mérito Cultural em 2003 Adriana Lobo Maria Judith Zuzarte Cortesão, mais conhecida como Dona Judith, foi uma mulher à frente de seu tempo. Em uma época em que não se falava em aquecimento global e preservação da natureza ela lutava pela causa ambiental. Acreditava no amor e convivência com a natureza como algo primordial para a existência humana. Ser condecorada pela National Aeronautics and Space Administration (Nasa) e com a Ordem do Mérito Cultural, em 2003, receber o prêmio Cláudia Mulher do Ano 2007, não modificou a sua simplicidade e desprendimento material. Nascida em 30 de dezembro de 1914, em Portugal, Dona Judith não teve uma vida habitual. Aos 17 anos teve de o deixar seu país para acompanhar seu pai, o médico, político, escritor e historiador Jaime Cortesão. Era o ano de 1931 e Portugal estava sobre o regime ditatorial de António de Oliveira Salazar, que só cairia em 25 de abril de 1974, através da Revolução dos Cravos. Viveu exílada, junto de sua família, em países como Espanha, França, Bélgica, Inglaterra, Peru, Uruguai e também Brasil. Foi nesse período em que conheceu o filósofo e literato português Agostinho da Silva. Ele encontrava-se na mesma situação: exilado de Portugal e colaborou com uma pesquisa de seu pai sobre Alexandre de Gusmão, além de ajudá-lo a Exposição Do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. De volta a Portugal casaram-se e tiveram oito filhos, sendo dois deles adotivos. Após voltar a seu país, Judith veio muitas vezes ao Brasil. Até que na década de 1990, deixou os seus filhos em Portugal e se estabeleceu na cidade de Rio Grande, no interior do Rio Grande do Sul. Dona Judith dizia que não estava deixando os seus filhos, pois eles estavam em seu coração e iriam com ela para onde fosse. Foi nesta cidade, onde mais tarde receberia o título de que tem por objetivo formar educadores ambientais nas mais diversas áreas de atuação, além de ser o único curso de pósgraduação em Educação Ambiental Marinha do Brasil. Dona Judith dizia que “a ameaça á qualidade de vida é tão grande que não podemos ficar de braços cruzados nem atuar individualmente. Precisamos capacitar quadros e formar ecólogos, que, por princípio, sempre serão pacifistas. O importante é que o homem seja jardineiro da natureza, não usuário”. Em sua homenagem a Furg conta hoje com a Sala Verde Judith Cortesão. Uma biblioteca setorial com materiais referentes ao meio ambiente e ecologia. Além do a biblioteca do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA) e de livros recebidos do Ministério do Meio Ambiente a Sala Verde Judith Cortesão conta com a biblioteca pessoal da ambientalista. Segundo Cláudio Renato Moraes, amigo íntimo de Dona Judith, muitos de seus livros se perderam. Ela disponibilizava a sua biblioteca para os seus alunos e colegas e muitos não devolviam ou perdiam os livros. O trabalho de Dona Judith foi muito além do município de Rio Grande. Ela foi fundadora, conselheira e consultora da ONG S.O.S. Mata Atlântica, fundada em 1986. Também colaborou com o Instituto Acqua. Foi assessora de Política Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. Representante do Brasil em encontros internacionais relacionados às questões marinhas. Em colaboração com o Serviço do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional (SPHAN), foi representante deste no Pantanal e diretora do Centro de Estudo Terra/Homem. Assessorou a Marinha do Brasil em questões a bientais. Em colaboração com a Rede Globo idealizou dez filmes da série Viva o Mar, Viva o Povo que Vive do Mar. Foi ainda a criadora do programa Globo Ecologia, que ainda hoje é veiculado pela Rede Globo e pelo Canal Futura. Apesar de sua principal área de atuação, o ambientalismo e a ecologia não foram as únicas áreas de atuação de Dona Judith. Em Rio Grande colaborou com a Casa Judith Cortesão dos Povos de Língua Portuguesa, além do centro de história e pesquisa da cultura luso-portuguesa. Ambas localizadas no Sobrado dos Azulejos, antiga construção Portuguesa da cidade, famosa pela beleza de seus azulejos trabalhados. Era formada em Medicina, Antropologia, Letras, Biblioteco- m ei o a m b i e nte sosmatatlantica.org.br Universo IPA | Dezembro 2007 a verdadeira mãe natureza Thaís Medeiros Judith Cortesão: nomia, Metereologia, Climatologia e Biologia. Tinha especialização em Neuroendocrinologia, Genética e Reprodução Humana. Lecionou em 16 universidades pelo mundo inteiro. Idealizou o Centro de Informação e Formação de Médicos e Cirurgiões de Doenças do Aparelho locomotor de Brasília, no Hospital Sarah Kubitchesck. Falava 14 idiomas, entre elas o árabe, esperanto e chinês. “Judith dizia que o cérebro tem fome de aprender, e que todo mundo deveria saber mais de três idiomas, sendo que espanhol e inglês não contavam, por que já se devia nascer sabendo”, lembra o professor Cláudio Renato Moraes. Escreveu 16 livros, entre eles Pantanal, Pantanais e Juréia. Também participou da elaboração de seis filmes, como Taim, sobre a reserva que tanto adora. Na cidade de Ilópolis, município do interior do Rio Grande do Sul, Dona Judith fez uma revolução ecológica. Dizia não conhecer outro lugar que tivesse um perfil tão adequado para ser reconhecido como município ambiental. Afirmou que “a natureza de Ilópolis é rica, a quelidade do ar é excepcional e, mais importante, há empenho dos moradores em preservar tudo isso”. Conhecido hoje como ‘condado verde’, a cidade tem hoje 63% de Mata Atlântica preservada, além de ter aterro sanitário e tratamento especial para limpeza e para a manutenção dos lençóis freáticos. Ela investiu naquilo que mais acreditava: educação ambiental, que passou, então, a fazer parte do currículo escolar da cidade. As crianças entraram em contato com a natureza, aprendendo a cuidar e conviver com o meio ambiente. Em entrevista a revista Mundo Jovem afirmou: “A criança ambientalizada constitui hoje, sem dúvida, a promessa, a maior força de esperança de um futuro em que haja mais dignidade para todos os seres e mais paz entre os homens”. Dona Judith, que tinha por um de seus lemas de vida “servir é o mais importante; em seguida vem o compadecimento, depois o maravilhar-se com a natureza e só então o saber”, passou o final de sua vida em Rio Grande. Por causa da diabetes e do Mal de Parkinson não tinha a mesma força de lutar. A sua garra porém, se mantinha a mesma. Tentava ser escutada dentro da universidade. Queria sempre aprender mais e ensinar mais ainda. Desejou sempre viver em contato e harmonia com a natureza. Os seus últimos dias de vida se passaram em Genebra, Suíça. Faleceu aos 93 anos, no dia 26 de setembro de 2007, ao lado de seus filhos. 35 A economia do Estado pode ser dividida em três Macrorregiões: Sul, Norte, Nordeste. Cada uma delas com as suas atividades de destaque. A região Sul possui formação predominantemente agropecuária baseada principalmente na grande e média propriedade, ocupadas com atividades pecuárias tradicionais e mais recentemente com atividades orizículas. As divisões espaciais encontradas estão associadas a centros urbanos tradicionais, como Santa Maria, Pelotas, Rio Grande e as cidades localizadas na área de fronteira. Santa Maria destaca-se pela hierarquia e funções urbanas que desempenha. Historicamente, tem uma posição significativa nas atividades de comércio e serviços, principal- mente nas áreas de saúde e educação. Dessa forma, tornou-se um importante centro regional, atraindo o capital originário das atividades agrícolas dos centros periféricos menores. As cidades de Pelotas e Rio Grande têm, além do setor terciário, a presença do capital industrial, mesmo apresentando um crescimento menor que a média do Estado. Isto deve-se, principalmente a existência do Porto de Rio Grande, por onde passam boa parte das exportações gaúchas. Junto à fronteira do Uruguai e da Argentina: Chuí/Chuy, Jaguarão/Rio Branco, Santana do Livramento/Rivera, Quarai/Artigas, Uruguaiana/Passo de Los libres, Itaqui/Alvear e São Borja/Santo Tomé. Localizadas numa das áreas mais estagnadas do Estado, essas cidades são dotadas de algumas peculiaridades que distinguem das demais. Possuem áreas urbanas integradas, estão nas chamadas rotas de transporte do Mercosul e por terem economias complementares sofrem influências das flutuações cambiais. O assessor parlamentar da Assembléia Legislativa, Jandir Andreatta, indaga que, questões como a extensão dos municípios e os dois principais setores de produção da economia estarem em crise, podem ser as causas do momento vivido pela Metade Sul. “Além disso, as cidades da fronteira são pontos fortes da economia regional. A partir da criação de universidades e a chegada de novas fábricas nestes localidades a população sente-se estimulada a permanecer em suas moradias, não sendo obrigado a buscar seu futuro em outros destinos”, conta Andreatta. A região Norte, também baseada na atividade agropecuária e agroindustrial, caracteri- Estrutura do valor bruto da produção da agropecuária do Rio Grande do Sul - 1985 a 2004 Universo IPA | Dezembro 2007 Efetivo de bovinos no Brasil - 2001 a 2003 36 Fonte: FEE/Núcleo de Contabilidade Social. (*) Inclui Silvicultura, extração vegetal, produção particular do pessoal residente, indústria rural, energia elétrica, investimento no plantio de matas, serviços agrícolas e autônomos. ec onomi a Leonardo Santos ec onom i a atividades zada pela presença de pequenas e médias propriedades, com produção diversificada, destacando-se nas últimas décadas pela grande participação da cultivo da soja. Essa região apresenta características populacionais diferenciadas do restante do Estado. Possui grande quantidade de municípios com número de população rural elevada e, por isso, vem perdendo população para as cidades que os polarizaram, e também para a Região Metropolitana de Porto Alegre. Destacam-se dois recortes espaciais significativos: o primeiro formado pelas cidades de Horizontina, Santa Rosa, santo Ângelo, Ijuí, Cruz Alta, Panambi, e o segundo por Carazinho, Passo Fundo e Erechim. Esses recortes diferenciam-se dos demais pela grande produção industrial, vinculada a agricultura. Além da presença de agroindústrias do setor alimentar, a região se destaca pela presença de indústrias metal-mecânicas, principalmente de implementos agrícolas. A cidade de Passo Fundo possui também um papel importante na hierarquia urbana do Estado, concentrando importantes serviços especializados, principalmente na área da educação e da saúde. Segundo o economista da Fundação de Economia e Estatística, Antônio Carlos Fraquelli, após o período de estiagem, a região está numa crescente. No ano passado, o Norte do Estado obteve bom desempenho e a perspectiva para 2008 é de uma supersafra. Fraquelli salienta que nos últimos sete trimestres a localidade teve um ótimo crescimento Fonte: FEE - 2006. Municípios com maior participação no VAB industrial - 2003 no setor da indústria. “Canoas, Caxias do Sul e Pelotas são os três municípios chaves da economia do Estado”, fala o economista, fazendo uma pequena análise da situação geral do Rio Grande do Sul. Nordeste No Nordeste do Estado aparece a indústria como o seu setor mais influente. Constituído pelo eixo Porto Alegre-Caxias do Sul e áreas ao seu entorno, onde a partir do início do século começou a implementar-se um parque industrial diversificado que rapidamente suplantou a agricultura e assumiu papel hegemônico como base da economia local. A aceleração do crescimento da indústria, ao longo deste século, foi responsável pela última grande mudança na configuração espacial da economia gaúcha. O Nordeste do Estado (mais notadamente, a área em torno do eixo Porto Alegre-Caxias do Sul), passou com a expansão do seu parque industrial, do restante da região de agricultura colonial diversificada, que cobria então a maior parte da metade Norte do Rio Grande do Sul. O progressivo acúmulo de economias externas de localização e de urbanização encarregou-se de atrair um número cada vez maior de novos empreendimentos manufatureiros para essa área, à medida que, no Rio grande do Sul, também ocorria o aproveitamento de oportunidades de substituição de importações, que resultou na industrialização do país. Como conseqüência, Nordeste veio a caracterizar-se como região industrial por excelência do Estado. Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do SUl(UFRGS), Pedro Bandeira, após a chegada dos imigrantes alemães nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, depois a vinda dos italianos para a Serra, o setor da indústria obteve grande crescimento. Tornando-se hoje a mais importante região do Estado. “Caxias e Bento Gonçalves aparecem como ponto forte da Serra, uma por ser dinâmica e a outra pela indústria de móveis”, diz Bandeira. Universo IPA | Dezembro 2007 onomi ecec onom ia a Regiões apresentam as suas Panorama com opiniões e destaques de alguns municípios do Rio Grande do Sul 37 moda O modelo ideal para cada tipo de corpo Cinema Vai curtir um cinema com as amigas ou com o namorado? Invista num modelo estilo brechó, como um exemplo a velha e tradiconal boina. Fotos: Luiza Borges m oda mmoda oda Moda O que usar? 38 Ter estilo é como um sentido – tato, olfato, paladar – uma característica presente em todos, em uns mais, outros menos, mas todo mundo pode desenvolver o seu. Segundo o consultor de moda, Fabiano Biazon, “somos o que vestimos, ou seja, características da nossa personalidade são expressas através do tipo de roupa que usamos, lembrando que não estamos falando de “marca”, mas sim de estilo!”. No dicionário a palavra estilo tem o significado - conjunto de qualidades de expressão características de um setor ou de uma época. Estilo é diferente de moda, vem de dentro pra fora, a moda passa o estilo não. Para encontrar o seu estilo é preciso conhecer e aprender a combinar a sua personalidade com o seu visual. Portanto não adianta copiar o jeito de outra pessoa se vestir porque acha bonito, pois pode não dar muito certo, cada um tem a sua personalidade. É preciso tempo e autoconhecimento para criar seu próprio estilo. Você tem que ter o seu estilo, mas isso não significa que precisa ignorar as regras do lugar ou da situação para onde vai. Quem nunca passou horas na frente do guarda-roupa com a dúvida de o que usar em certa ocasião? Para se obter uma boa produção exige-se uma grande dose de sensatez, ou seja, aquela linda peça de roupa que escolheu em seu guardaroupa pode virar um desfile de moda ou um grande fracasso. Portanto, antes de sair para qualquer local é totalmente indispensável checar se estamos de acordo com o objetivo e, muito importante, diria de importância total para o seu bem, estar em completa harmonia com o tipo físico. Independente do que você gosta, existe o que lhe cai bem. É difícil ter estilo quando você está usando peças que desvalorizam seu corpo. Para isso é preciso chamar a atenção nas vantagens e esconder as desvantagens. Muito peito Decotes retos e geométricos porque minimizam o volume. Evite decotes arredondados ou com babados, que aumentam o volume. Quadril Largo Calças retas diminuem o volume do quadril, sobreposição de vestidos também funciona. Evite usar cinto grosso na altura do quadril. Gordinhas Roupas estruturadas, como camisas e jaquetas caem bem. Calças retas e sapatos que deixam os tornozelos livres. Evite usar roupas molengas porque ressaltam as gordurinhas. Almoço com a sogra Vai conhecer a mãe do seu namorado? Então não se vista para ele. Seja mais discreta. As listras são clássicas. As calças curtas dão um toque esportivo e o saltinho feminino equilibra. Seu aniversário Este é o dia da sua festa. Por isso merece vestir um modelo exclusivo: um vestido lindo, estampado que te destaque. Coloque aquele salto-alto e ponha as pernas de fora. Capriche na maquiagem, você tem que brilhar mais que todas. Magrelas Roupas com estampas aumentam o volume e botas de cano médio, porque engrossam as pernas. Na praia, o maiô é mais indicado que o biquíni. Evite roupas escuras, pois dão impressão de emagrecer. Baixinhas Salto alto (lógico) e decote “v” para alongar o corpo. Se for esbelta, pode usar tudo. Para as gordinhas, a saia tem que estar acima do joelho. Evite listras horizontais largas e bicolores, cinto grosso e calça curta porque achatam. Festa Formal Como exemplo uma festa de casamento. Os vestidos longos são clássicos, sejam eles lisos ou babados. O segredo é não chamar a atenção mais do que a noiva. Shows e Raves Um visual mais despojado cai bem em dias de baladas intensas. Botas sem salto, ou plataforma evitam dores nos pés. O short é mais seguro e confortável do que a mini-saia. Boinas e óculos escuros dão o toque final. Shopping Quer encarar as compras com um look confortável? Use uma calça jeans e camiseta com um toque fashion nos acessórios (como a maxibolsa prata), faça um coque nos cabelos, deixando uns fios soltos. Use argolas e pulseiras. Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 Luiza Borges 39 A lei da atração O poder do pensamento positivo! Universo IPA | Dezembro 2007 Diéli Fontoura 40 Você pensou se todas as coisas que você quer viessem até você através da força do pensamento? Como seria fácil a sua vida. Pois segundo psicólogos e filósofos de atualmente, isso é possível sim! Pela da Lei da Atração. Essa lei diz que “tudo o que você pensa você atrai”. Seja bom ou ruim. Portanto, cuidado com o que você anda pensando. A Lei da Atração é uma teoria que sugere que os pensamentos, sejam eles de origem positiva ou negativa, se traduzem em realidade para as pessoas que cultivam e acreditam neles, através de um campo magnético que criam. Ao imaginar o que se quer é irradiada para o exterior uma energia, que atrai as pessoas e situações como se fosse um imã. Essa lei se apóia em conceitos da física quântica, que diz que tudo é energia. Vive-se em um universo vibracional, mas o homem só pode atrair o que está na mesma vibração que ele. Por exemplo, as pessoas vivem dizendo que querem ficar ricas, que precisam de dinheiro.Mas não pensam positivamente sobre isso, elas pensam “estou sem dinheiro” ou “sou pobre” e isso só faz o dinheiro se afastar mais delas. Por que o que você pensa, é o que você atrai. Elas deveriam pensar “terei dinheiro para tudo o que eu quiser”. E acreditar fielmente nisso.Muitas pessoas reclamam que mesmo que penando positivamente não conseguem atrai o que desejam, provavelmente por que não colocam uma fé inabalavel nas suas orações. A Lei não escolhe o bom ou o ruim, ela só entende que o que você deseja é uma ordem e faz acontecer. O seu subconsciente capta o que o seu consciente envia e coloca em prática, por isso psicólogos indicam pensar sempre coisas boas. Você deve ter ouvido alguma vez alguém dizer “eu como de tudo e não engordo!” Por que será?Porque o organismo dessa pessoa só está cumprindo ordens. Está pré- estabelecido que ela não vai engordar.O desejo e o medo são sentimentos que atraem tanto aquilo que se pretende como o que se teme. Por isso, a forma de evitar o indesejado é não lhe dando importância. O medo tem uma força de atração muito grande e deve ser evitado em todos os casos. Se em alguma situação você pensar que não vai conseguir ou que está com medo, trate logo de substituir esse pensamento e prender a sua mente em algo tranquilo e que faça você se sentir melhor. Seus sentimentos são uma indicação dos seus pensamentos. Você tem aproximadamente 60 mil pensamentos por dia, é praticamente impossível controlar todos eles, mas se você prestar atenção nos seus sentimentos, verá que fica mais fácil. O segredo Recentemente foi lançado no Brasil o livro “The Secret- O segredo” de Rondha Byrne, que explica tudo sobre a lei da atração. No livro a autora afirma que você é responsável por tudo o que acontece na sua vida. Sendo bom ou ruim. E agora você pensa “eu não pensei em atrair nada ruim”, você pode não ter pensado, mas se algo de ruim aconteceu é porque em algum momento você duvidou que daria certo. O professor de psicologia do Centro Uni- versitário Metodista IPA, Felipe Aço, acha que a lei não é tão eficaz ou relevante: “Certamente pessoas motivadas e com pensamento positivo (auto estima elevada) tem muito mais possibilidades de concretizar o que idealizam, do que aquelas que não creem em si mesmas (baixo estima) e que acreditam que o mundo não lhes deixa ser feliz.” Este princípio de “construir a própria realidade” serve à sociedade individualista e ocidental, surge para justificar as injustiças e os motivos por que as pessoas sofrem ou são fracassadas. E muitas vezes também para justificar a exploração de uns sobre os outros”. O poder da mente Não é de hoje que as questões sobre o poder da mente estão em pauta. Há 22 anos, Lauro Trevisan lançou um livro chamado “O PODER INFINITO DA SUA MENTE 1”, que chegou 2,5 milhões exemplares em todo o Brasil. Trevisan é formado em Filosofia com pós-graduação, Psicologia, Teologia, História, Jornalismo, Psicanálise Clínica, Pedagogia entre outros cursos. É um dos mais destacados nomes da ciência do poder da mente e auto-ajuda que há tanto tempo tenta ajudar as pessoas a viver melhor. O seu livro fala de como melhorar a sua vida em todos os aspectos e principalmente, como ser mais feliz ou conseguir o que se deseja. Demonstra de forma clara o mecanismo da mente, do inconsciente para tornar realidade tudo que se pensa. Ele indica as pessoas para pensarem só em sucesso, alegria, saúde, tranquilidade, dinheiro e o que desejam de bom para as suas vidas. Porque o que se pensa ACONTECE. Exatamente como se imagina. Ensina em detalhes como realizar desejos através do poder infinito que contém inconsciente de cada um. E, explica por que não acontecem também, mesmo quando é utili- Com o boom do livro “O segredo” surgiram vários outros que se encaixam nessa linha de pensamento positivo, entre eles o próprio “A lei da atração - O segredo colocado em prática”, de Michael J. Losier. Losier afirma que todas as pessoas fazem parte de um Universo Abundante e vibrante que fornece tudo o que as pessoas precisam o tempo todo. Tudo está à disposição, só é preciso atrair o que se deseja de melhor. Ele diz que não existe nada que impeça as pessoas de ter, ser, ou fazer o que se quer, basta querer. Mas tem que vir do fundo do coração, com fé, ou então talvez não funcione. Com páginas específicas e detalhadas sobre a Lei da atração o objetivo é fazer com que sua mente trabalhe em função de seus desejos, transformando-os em breve realidade. Perceberá que além de ser uma pessoa essencial perante o Universo é também, um ser provido de um dom extraordinário que pode mudar não só a sua vida, mas também a de outras pessoas que estão a sua volta. Os mais vendidos Na livraria cultura, nos dez livros mais 1º O segredo Rondha Byrne 2º Lei da atração li teratur a e O Segredo estão em disparada: li teratur a vendidos de auto-ajuda a Lei da atração Michael Losier 3º Peça e será atendido Jerry Hicks 4º O poder do agora Eckhart tolle 5º O caminho do guerreiro pacífico Dan Millman 6º A lei universal da atração Jerry Hicks 7º Só depende de você Joel Osteen 8º As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra 9º O despertar de uma nova consciência Eckhart Tolle 10º Mulheres falam isso, homens entendem aquilo Hilke Steinfeld Universo IPA | Dezembro 2007 teratur a lili teratur a Anna Júlia Kessler zada essa técnica, as pessoas não desejam com fé, ou não acreditam fielmente no que querem e até muitas vezes nem sabem o que querem, e isso faz o processo dar ré e não acontecer. Algumas não acham que são merecedoras de todos os bens que existem ou que nasceram para sofrer. Trevisan explica que ninguém veio ao mundo para sofrer ou para ser martirizado, as pessoas tem o que atraem para as suas vidas.O Escritor publicou em 2003, O PODER INFINITO DA SUA MENTE II, acrescentando pesquisas, estudos e descobertas feitas sobre as potencialidades humanas. É um livro para transformar a vida de quem lê. 41 Alegre, a taxa de crescimento de carros foi quase cinco vezes maior do que a de pessoas , sem que esse cres- Fotos: Sandro Pereira cimento tenha sido amparado em obras viárias de porte. O resultado é o congestionamento crescente das vias. São 51 novos veículos que diariamente são emplacados na Capital. Soluções Hoje já existem 612 mil veículos circulando, segundo informa o Detran. Universo IPA | Dezembro 2007 42 Apesar do movimento intenso do trânsito, em relação ao ano passado caiu o número de vítimas 7424 7051 Para especialistas, estão claras as soluções para o trânsito de Porto Alegre: um sistema de transporte coletivo fortemente sustentável e um sistema viário estruturado para permitir a sua hierarquização, priorizando o coletivo. Se a pressão da demanda aumentar, novas medidas restritivas, como o rodízio, terão de ser tomadas. O custo coletivo disso é muito alto. É melhor ter espaços públicos de convivência do que viadutos ou avenidas largas. O diretor-técnico do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Renato Rohden, assinala que o automóvel se transformou em um dos bens mais preciosos da população e culpa os vários governos federais pelo incentivo a esse tipo de transporte. Ele considera que o aumento da frota traz um problema de difícil solução para as autoridades, sobretudo na Região Metropolitana. “A saída é ônibus ou trem. Se todos os 1,2 milhão de carros inventassem de se dirigir para o centro da Capital num dia, jamais conseguiríamos desatar o nó”, alerta. Sandro Pereira Em declaração ao jornal Zero Hora, dia 14 de outubro, José Wilmar Govinatzki, diretor de Trânsito e Circulação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), admite que o trânsito na capital gaúcha “vai piorar...”. Govinatzki realmente tem motivos para se preocupar: a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informa que o Brasil vai bater, neste ano, o recorde nacional de venda de veículos. Em meio a esse aquecimento, esperam-se para breve, anúncios de grandes investimentos destinados a dar conta das encomendas; só a General Motors deve fazer um aporte de mais R$ 1 bilhão. Essa boa notícia para o emprego significa, ao mesmo tempo, um risco de colapso urbano e danos à qualidade de vida. É veículo demais para que as ruas saturadas do trânsito porto-alegrense dar conta. E pensar que a história do trânsito automotor na Capital começou de maneira quase anedótica: o primeiro carro que circulou nas ruas da cidade, em 1906, foi um De Dion Bouton, importado da França pelos irmãos Grecco, proprietários do cinema Apollo. Só que o único homem que sabia dirigir na cidade estava preso na casa de correção. Através de um pedido oficial, os Grecco se responsabilizaram e conseguiram a liberação do detento. Ele levou-os para circular pelo centro da Capital, onde posaram para fotos. Logo depois o preso voltou para a cadeia. Cento e um anos depois existem mais de 600 mil carros rodando pela Capital. Além de atrasar o cotidiano de todas as Os cruzamentos com maior grau de acidentalidade no trânsito neste primeiro semestre foram a Ipiranga x Salvador França, 42 acidentes; Ipiranga x Silva Só, com 36; Ipiranga x Azenha e Ipiranga x João Pessoa, com 20 acidentes, além da Sarmento Leite com Osvaldo Aranha, com 17. Quanto às vias, a Av. Assis Brasil liderou em acidentes, com 291, ocorrendo quatro mortes. Seguem-se a Protásio Alves, com 265; Ipiranga, com 233; Bento Gonçalves, com 219; e Sertório, com 159 acidentes. Ocorreram 149 mil multas de janeiro até início de junho. A cada dia entram em circulação 51 novos veículos em Porto Alegre. A última grande avenida criada, a Beira-Rio, é do final da década de 80 pessoas que dependem do trânsito para se locomover, ele causa prejuízo material e morte. Até setembro, morreram nas ruas porto-alegrenses 107 pessoas este ano ( ver gráfico). E o clima é de guerra no trânsito de Porto Alegre: xingamentos, insultos, bate boca, agressões e buzinaços são constantes. Motociclistas passam “voando” pelos carros levando seu espelho sem olhar para o lado ou para trás. O Sindicato dos Fiscais de Trânsito, os populares “azulzinhos”, (Sintran) denuncia a falta de apoio, equipamentos, condições de trabalho. De- nuncia que não se realizam mais guinchamentos porque o depósito da EPTC está superlotado. Apesar desse quadro, o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Afonso Senna, a situação está melhorando: em relação ao último ano o número de vítimas baixou. “Aumentamos o efetivo de agentes nas ruas, a quantidade de blitze do Comando de Operações Especiais para combater os rachas nas madrugadas, obviamente resultando em mais autuações, além das constantes ações de educação para o trânsito”, explica. transp orte uma explicação estatística. Em Porto Porto Alegre pode parar tr a nsporte motoristas da capital gaúcha têm Pontos críticos 1278 152 1268 157 Alguns dos “vilões” do trânsito Carroças irregulares Uma em cada três carroças de tração animal que circulam pelas ruas de Porto Alegre diariamente está em situação irregular. O cadastro da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) registra 3 mil, mas estima-se que o trânsito da Capital recebe mais 1,5 mil carroceiros de outros municípios da Região Metropolitana. Apenas os carroceiros de Porto Alegre recebem autorização da EPTC para circular. A habilitação é concedida mediante a apresentação de comprovante de residência e de identidade do condutor, de vistoria do veículo e de inspeção veterinária do animal. Por residir em outras cidades, a maioria dos “invasores” desconhece as regras de circulação de Porto Alegre, provocando acidentes. Protestos O trânsito da Capital é caótico por natureza. Mas ele consegue piorar ainda mais quando ocorrem protestos que fecham ruas, principalmente na região central da cidade. O ponto chave do município é a Avenida Mauá, quando ela pára, a cidade praticamente pára junto, onde justamente é um ponto tradicional de protestos na Capital. Fotos: Divulgação Falta de investimentos A demanda de investimentos no transporte público na Capital ainda deixa a desejar. A saída seria fazer a segunda linha do metrô, para ligar o Centro à Zona Norte. O custo aproximado é de R$ 6 bilhões. Universo IPA | Dezembro 2007 orte trtransp a nsporte freqüentes a que são submetidos os www.sxc.hu As filas irritantes e cada vez mais 43 Ipiranga Assis Brasil Trecho complicado Se localiza entre o Viaduto Obereci e a Rua Roque Callage Por que complica? O esgotamento da rua para o tráfego já é sentido de modo geral. No citado local, no sentido Centro-bairro, a avenida agrega o movimentode carros de quem vem pela Plínio Brasil Milano. Por perto também existe uma parada de ônibus. Trecho complicado Se localiza no cruzamento da Silva Só e com a Salvador França Universo IPA | Dezembro 2007 Por que complica? Somado ao grande movimento de automóveis ao longo da própria Ipiranga, a primeira região também absorve os automóveis que pretendem ingressar na Silva Só com o objetivo de se locomover à Zona Norte ou ingressar na Felipe de Oliveira. O segundo local, dos carros que vêm da Terceira Perimetral ou rumam para ela. 44 O que melhoraria a situação? A construção obras de grande porte, como viadutos, por exemplo. O que está sendo feito? Segundo a EPTC, a edificação de um viaduto na esquina da Ipiranga com a Perimetral é uma das prioridades para o órgão, entretanto, ainda não há recursos até o momento. Sugestão A melhor alternativa é de evitar os horários de pico ou sair com alguma antecedência. O que está sendo feito Ainda não há prazo para realização desta obra, mas como contrapartida a um empreendimento em vias de realização perto da via pública, a Prefeitura Municiapl vai realizar a ampliação do tamanho da Avenida Grécia (paralela à Assis Brasil), que a capacitaria para comportar parte do fluxo atual que passam pelo local. Claúdio Furtado Qual a sua avaliação sobre a situação do trânsito neste final de ano em Porto Alegre? E que ações a EPTC têm realizado para tentar fazer com que esta situação fique melhor? Para dezembro, mês tradicionalmente conflituoso na circulação da cidade, a EPTC projeta diversas ações educativas, além das tradicionais blitze contra rachas. As atividades, basicamente com distribuição de folders e adesivos, terão, como foco principal, buscar maior segurança para os condutores de motos, os jovens e também os pedestres. Baltazar de Oliveira Garcia Trecho complicado Fica no cruzamento com a Aparício Borges Por que complica? A existência de uma sinaleira de um minuto e meio de duração provoca congestionamento, tanto na Bento Gonçalves quanto na Terceira Perimetral Etiqueta no volante do carro - Evite, ao máximo, correções bruscas na direção do veículo. - Ao cedermos a passagem, para quem recebe será uma cortesia, mas para nós será uma garantia, um risco a menos. - A o dirigir, nossa atenção deve estar voltada apenas ao trânsito. É assim que recebemos o máximo de informações visuais e auditivas. -M anter distância do veículo da frente é um diferencial. Fica claro que o motorista sabe gerenciar riscos. - O farol baixo é a melhor e mais segura iluminação. Na sua opinião, os problemas de trânsito vão se resolver através de ações pedagógicas ou ações coercitivas, como multas e apreensões? Partimos pelas ações educativas, fiscalização e engenharia de tráfego houve uma redução na violência do nosso trânsito. Vamos trabalhar muito para que esta sinalização de redução prossiga em dezembro, um mês tradicionalmente crítico em acidentes na Capital. E necessitamos do apoio de todos para alcançarmos os nossos objetivos, com mais segurança para motoristas e pedestres. Túnel da Conceição Trecho complicado - Fica entre as ruas Professor Emílio Kemp e Tenente Ary Tarragô. Por que complica? A lentidão no tráfego se deve a obras realizadas para o aumento de tamanho da pista da Baltazar, fazendo com que ocorra diminuição da velocidade dos automóveis, ampliando os congestionamentos na área. O que melhoraria a situação? Prevista para fevereiro, a conclusão da obra de alargamento, resolveria parte dos problemas de trânsito do local. Entretanto, a obra sofreu sucessivos atrasos por falta de recursos financeiros. Outra media para agilizar o tráfego seria a implantação de sinalização. O que está sendo feito? O término do alargamento em setembro de 2008 – cerca de 19 meses depois da promessa inicial. Sugestão - Ao menos até o final das obras na rua, o motorista que não quiser se atrasar, deve sair com antecedência. Aparício Borges Sugestão A única forma para ganrantir que não se atrase, é sair com antecedência, pois o congestionamento não se resume aos horários de pico ao longo de boa parte da Assis Brasil. - Olhe ao longe. - Mantenha os olhos em movimento. - Deixe sempre uma saída para si. - Assegure-se de que esteja sendo visto pelos carros próximos. - Confire visualmente os dois lados de um cruzamento, sempre. - Em caso de chuva, os pneus precisam drenar a água para as laterais e/ou empurrá-las para a frente. Se isso não acontecer, ocorrerá a aguaplanagem. “Dezembro é o mês crítico do trânsito” tr a nsporte Trecho complicado - Rótula da Encol Por que complica? O tamanho de rótula (que tem 17 metros de extensão) deveria ter, no mínimo, o dobro dessa extensão para poder dar conta ao trânsito ao tráfego carros que transitam nesta via. Não podendo comportar esse fluxo intenso de carros, ocasiona que os condutores acabem ficando presos aguardando a vez para entrar na rotatória. O que melhoraria a situação? Uma vez que não existe a possibilidade de ampliação da rótula devido a ausência de espaço físico, a alternativa restante seria eliminá-la. O que está sendo feito? Está ocorrendo num ritmo muito tímido um projeto que visa eliminar a rotatória e substituí-la por um sistema de sinaleira no local. Não existe um prazo definitivo para que isto se torne realidade.No momento, a obra está sob análise da Smam e, ainda, necessita passar por processo de licitação antes de tornar forma. Sugestão - Como rota alternativa, a Pedro Ivo costuma ser uma boa pedida, porém corre o risco de estar com o trânsito lento. Ainda, o melhor é evitar horários de pico. O que melhoraria a situação? A implantação de um retorno em conversão que eliminasse o impacto de uma sinaleira no tráfego. Para isso, é necessário desapropriar um terreno e realizar uma obra viária para implantar o retorno. O que está sendo feito? Não há perspectivas para a realização da obra. Sugestão Ipiranga, fora dos horários de pico, pode estar menos congestionada. Trecho complicado - Se localiza entre o campus da Ufrgs e Rodoviária. Por que complica? A saída de um túnel em direção a Rodoviária mistura um grande fluxo de carros e de ônibus. No sentido oposto, juntase o fluxo que vem do túnel, da Independência e da Irmão José Otão. O que melhoraria a situação? a retirada das paradas de ônibus localizadas junto a rodoviária e da estação Trensurb, para amenizar o tráfego no sentido mais congestionado. O que está sendo feito? A prefeitura pretende remover os ônibus com o Projeto Portais da Cidade, mas ainda não existe data anunciada para que isso ocorra. Sugestão - para quem chega à Capital, uma solução pode ser seguir a Avenida Mauá e a Beira-Rio. Para quem sai, a Farrapos pode ser uma opção. Protásio Alves Trecho complicado - Entre Ramiro Barcelos e Lucas de Oliveira Por que complica? O local agrega o fluxo de quem segue pela Osvaldo Aranha ou pela Ramiro Barcelos. Como quem vêm pela Ramiro tem o cruzamento com a Protásio bloqueado, acaba tendo de pegar a avenida. O que está sendo feito? Não há mudança prevista. A prefeitura descarta liberar a passagem de quem vem pela Ramiro, e hoje acaba tendo de pegar a Protásio em vez de cruzá-la, com a justificativa do que isso acabaria sobrecarregando a Independência e a Cristóvão Colombo – salvo mediante a construção de túnel ou viaduto. Sugestão - nas proximidades dos trechos críticos, existe a possibilidade de utilizar o binário formado pelas ruas Felipe de Oliveira (Centro-bairro) e Dona Eugênia (Bairro-centro). Universo IPA | Dezembro 2007 orte trtransp a nsporte Nilo Peçanha transp orte Entrevista José Wilmar Govinatzki - Diretor de Trânsito e Circulação da EPTC 45 A maioria das instituições deve aderir no ano de 2008 ao plano de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos Bruno vinhola Universo IPA | Dezembro 2007 46 Ampliação A primeira coisa que muda no ensino é a nomenclatura. As séries agora são chamadas de anos. A Primeira Série virou Primeiro Ano, e assim por diante. O Programa tem um grande objetivo: possibilitar que todas as crianças de seis anos, sem distinção de classe, sejam matriculadas na escola. Dentro deste, a criança teria outros ganhos com a ampliação, incluindo menor vulnerabilidade a situações de risco, maior escolaridade e principalmente, pública ainda investirá na Educação Infantil, que já é precária. “Aqui na nossa escola foi abolida a Educação Infantil após a implantação dos nove anos”, afirma a professora das Séries Iniciais Cláudia Oliva, do Colégio Estadual Dolores Alcaraz Caldas. Heineck pensa que o ideal seria uma disponibilidade de vagas para todos na Educação Infantil nos colégios estaduais e municipais. “Quero crer que a Educação Infantil continue sendo trabalhada na rede pública, pois a demanda é enorme. Mas ao mesmo tempo que observamos ótimos trabalhos na área, também existem os de péssima qualidade”, conclui Heineck. Práticas pedagógicas A entrada de uma criança um ano mais nova no Ensino Fundamental gera opiniões diversas principalmente entre os pais. A grande dúvida é se a criança estará perdendo a sua infância ao entrar mais cedo em um mundo de responsabilidade. A empregada doméstica Ana Pereira dá sua opinião sobre a mudança no sistema de ensino: “Acho que como o ensino público é ruim, com um ano a mais pode ser que melhore. Meu sobrinho fará seis anos ano que vem e com a mudança será beneficiado. A vida dos pais que não tem onde deixar seus filhos também será facilitada”. Por gerar controvérsias, o plano de ampliação visa à criação de um Primeiro Ano que una elementos da Educação Infantil com elementos da atual Primeira Série. É idealizada a Preparo O projeto de ampliação do Ensino Fundamental fará com haja uma grande reestruturação no ensino. Para que isto ocorra, é necessário que as entidades relacionadas à educação estejam muito bem preparadas. Esse processo se aplica tanto ao Ministério da Educação (MEC) e às Secretarias Estaduais e Municipais, quanto às universidades e às próprias escolas, formadores dos profissionais da área. Mariante analisa a questão da preparação dos profissionais com preocupação: “Me preocupa o trabalho dos professores, principalmente nas escolas em que o projeto já foi instalado. O profissional necessita de capacitação, de adaptação para atender crianças com outros objetivos. Nossas alunas aqui do IPA que já fazem estágios revelam que os professores das escolas se mostram extremamente confusos.” Ela relembra também que haverá necessidade de mais professores, e de que estes estejam qualificados pelos siste- ed uca ç ã o ed ucaç ão O Projeto de Lei nº 3.675 tem como objetivo tornar obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental a partir dos seis anos de idade e com duração de nove anos. A ementa do Projeto de Lei foi a seguinte: Altera a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dispondo sobre a duração mínima de nove anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade. ganho processual que seus filhos terão. Queremos implantar a metodologia gradativamente buscando alcançar todos os objetivos em 2016, quando estarão formados os primeiros alunos do Nono Ano”, explica Sehnem. O sucesso do Projeto de Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos tem objetivos muito claros e consistentes. Ficará a dúvida sobre o sucesso deste, algo que poderá ser respondido apenas quando estas novas turmas que entrarão neste sistema estiverem formadas. E este futuro sucesso está intimamente ligado ao processo de preparação e capacitação dos profissionais da área. Há muito material disponibilizado pelo governo para a rede pública, mas a realidade parece necessitar de algo mais. “Aqui na nossa escola a implantação do projeto foi turbulenta. Não houve uma preparação das mais adequadas. Até mesmo nas matrículas houve confusão, pois não se sabia se as matrículas eram para série ou ano, já que na escola existem os dois sistemas em meio à transição. Os professores não tiveram a preparação específica, estão sendo capacitados aos poucos.”, relata a professora Oliva. Ensino Fundamental a partir dos seis anos Site: SXC.HU O ano de 2007 deu início, de fato, a uma polêmica no meio pedagógico. Escolas, pais e professores se deparam com uma mudança significativa no Ensino Fundamental, que conseqüentemente, influenciará todo o sistema educacional. O Programa de Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos trouxe consigo muitas idéias, transformações e opções, mas, ao mesmo tempo, muitas dúvidas. O projeto vem sendo idealizado desde o ano de 2003, quando a Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) começou a discutí-lo com as secretarias municipais e estaduais. Mesmo com a implantação do projeto por algumas secretarias no decorrer desses anos, foi em 2007 que a maioria das escolas começou a se mobilizar de verdade, instaurando o Fundamental de nove anos, ou planejando para o próximo ano letivo. qualidade de ensino. Entre os professores e profissionais da área, o ganho com qualidade no ensino é a principal razão que sustenta a importância do projeto. A professora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Metodista IPA, Antonieta Mariante, analisa o acréscimo de um ano no Ensino Fundamental como uma possibilidade de inclusão das classes mais baixas, além de um ganho no tempo de contato com o ambiente escolar, gerando mais oportunidades de aprendizagem. A coordenadora pedagógica do Colégio Americano, Débora Heineck, concentra a sua visão na qualidade de ensino que as crianças poderão ganhar. “Este ano a mais está na realidade voltando, pois foi historicamente retirado na década de 70, quando eram cinco anos de primário e quatro de ginásio. Hoje temos conteúdos apertados e dificuldades de implantar projetos significativos e interdisciplinares. Não podemos esquecer também de que o aluno ganha maturidade com um ano a mais, o que acarretará frutos no final do Ensino Médio, quando ele terá que escolher uma profissão”, completa Heineck. É observado, principalmente nas escolas públicas, um lado social no projeto. A rede pública possibilitará maior convivência no ambiente escolar, aproveitando melhor o tempo que muitas vezes é desperdiçado ou mal utilizado nas ruas. E, por fim, facilitará a vida dos pais, que agora terão onde deixar suas crianças. Mas a dúvida que fica é se a rede Fundamentação legal Universo IPA | Dezembro 2007 ed ucaç ed uca ç ã o ão Beto Rodrigues Um ano a mais na escola criação de um espamas. “Aqui no IPA te“Essa reorganização não ço lúdico de aprenmos um curso voltaé apenas administrativa, dizagem, onde o do para Educação mas pedagógica” aluno que ingressar Infantil e Séries Inino Ensino Fundaciais, e mesmo assim mental consiga fazer uma boa transição. O pensamos em rever nosso currículo”, finaliza primeiro ano deve contar com características Mariante. da Educação Infantil como mesas dispostas Houve resistência de muitas escolas no em círculos, brincadeiras educativas, mas em que diz respeito à implantação, principalmenum ambiente mais formal. “Essa reorganizate entre a rede estadual, onde prazos maiores ção não é apenas administrativa, mas pedaforam pedidos. Entre as escolas particulares, a gógica. Currículos devem ser reestruturados, maioria ainda não aderiu o projeto, colocane cabe ao docente proporcionar um espaço do-o em prática apenas em 2008. Heineck lúdico onde a criança possa aprender usando explica como está sendo feita a preparação de sua imaginação”, afirma Mariante. sua escola: “Nos primeiros anos adequaremos Heineck não visualiza grandes mudanças a recepção dos alunos mais novos, formando nas práticas pedagógicas entre escolas partium ambiente mais acolhedor e parecido com culares, principalmente. “Hoje a rede particua Educação Infantil. Focando até o final do Enlar já recebe alunos da Educação Infantil bem sino Médio, estamos redistribuindo conteúpreparados ou já alfabetizados. O problema é dos, revendo currículos com professores de que as escolas públicas terão que fazer uma licenciaturas”. Quanto ao esclarecimento aos pré-alfabetização ainda no primeiro ano, pois pais, ela classifica como uma espécie de conseus alunos muitas vezes não têm preparo ou vencimento: “Existem pais que acham um nem sequer tiveram acesso à Educação Infandesperdício, mas a maioria do público interno til. O que muda nas escolas privadas é que está tranqüilo. Estamos fazendo reuniões com com um ano a mais podem ser melhor incluos pais da Educação Infantil, e alguns já queídas no Ensino Fundamental práticas do Ensirem até matricular seus filhos com cinco anos no Médio, como uso de laboratórios, interdisno Ensino Médio. Minha expectativa é que ciplinaridade”, pondera. saibamos trabalhar com idades diferenciadas, O novo Primeiro Ano do Ensino Fundapreservando a autonomia das crianças”, commental traz uma novidade. O professor não pleta Heineck. tem autoridade para rodar o aluno. Para evitar A diretora do Colégio Santa Família, Irmã um fracasso nos primeiros contatos com leiRosália Sehnem, explica que o processo de tura e escrita, a pressão da repetência é inadmobilização vem acontecendo há alguns missível. “O Primeiro Ano continuará tendo o anos, e neste ano está sendo intensificado, objetivo de alfabetizar. E não há condições de com reuniões esclarecedoras com os pais. “A rodarmos um aluno que passará agora mais aceitação vem ocorrendo de forma gratificancedo por esse processo”, diz Mariante. te, pois eles estão conseguindo enxergar o 47 Universo IPA | Dezembro 2007 Márcia souza 48 “O CATI nasceu quase que acidentalmente”, relembra o ex-professor de Aikido, Marcos Do Val. Certo dia, enquanto finalizava sua aula, o professor Do Val, observa da janela, uma movimentação, era um policial abordando um ônibus para retirar um suspeito de dentro do veículo. O policial entra em luta corporal com o suspeito, quando, finalmente, consegue dominá-lo. Na hora de algemar o rapaz foge. Ele dá um tiro de advertência, porém o disparo acaba atingindo o rapaz na cabeça. Do Val ficou chocado com a cena. “A imagem do rapaz morto, estirado no chão não saía da minha mente”, diz. “Tudo aconteceu porque ele não teve como resolver antes, dominar”, lamenta. A partir daí, Do Val começou a desenvolver técnicas com base na luta que praticava, o Aikido, e passar para os outros instrutores da academia, para ver se eles conseguiam aplicá-la com os seus alunos. Do Val foi aperfeiçoando a sua técnica e passou a dar aulas na Academia de Polícia do Espírito Santos. Um policial do Rio de Janeiro, que fez o curso, achou que era importante divulgar a técnica e mandou material, como sugestão de pauta, para um programa de TV, em rede nacional. A repercussão da entrevis- ta foi imediata, milhares de e-mails e a página na internet congestionada de tantos acessos. Um policial americano, que estava no Brasil, contatou Marcos e disse que nos EUA a técnica desenvolvida por ele, era inédita e os policiais americanos precisavam conhecer. Porém, o policial foi em missão para o Afeganistão e eles perderam o contato. Decidido a mostrar a sua técnica, Do Val resolveu levar adiante, “já que o policial americano falou que era inovador, resolvi eu mesmo contatá-los”. Entrou em contato com o Policial Christian D”Alessandro, da Special Weapons Marcos Do Val, fundador do Cati: “a imprensa é a única luz no fim do túnel” seg uranç a “Quanto mais suor derramado em treinamento, menos sangue será derramado em batalha”. seg ur a nç a Fotos: Carlos Tiburski ceito, só passamos a ter credibilidade aqui no Brasil, porque treinamos o pessoal da Swat. O brasileiro não costuma valorizar o que é seu”, enfatiza Do Val. Segundo ele, a mídia exerce uma forte influência no comportamento da sociedade. O filme “Tropa de Elite”, do diretor José Padilha, na opinião de Do Val “é um divisor de águas, a polícia evoluiu cinco anos com este filme”, referindo-se a atenção que a imprensa está dando ao Bope e a forma com que a segurança vem sendo abordada pela mídia. “O policial passou a ser, de certa forma, um herói” e complementa, “a imprensa é a única luz no fim do túnel”, conclui. DoVal salienta que a presença do Bope nos Treinamentos do CATI (as Swat’s como são conhecidos), não é em função do filme. “Nossa parceria com o BOPE é de longa data. Desde 2005 eles participam como instrutores”, ressalta. Quando questionado sobre quem é melhor: o BOPE ou a SWAT?, diz que “se fosse para resgatar um refém, sem dúvida a SWAT, mas se este refém estiver em uma favela, com certeza chamaria o BOPE!” (brinca). “Para dar treinamento em nossos cursos chamamos os melhores do mundo em suas áreas”, finaliza. Universo IPA | Dezembro 2007 seg a seg ururanç a nç a Da academia para as ruas and Tactics de Dallas (Swat), Texas. “Se é assim como você diz, vem mostrar para gente” disse o policial. E foi o que Do Val fez. “Era oito ou 80, ia ser um sucesso ou um fracasso”, lembra. E foi um sucesso. Convidado pelo policial Patrick O’Quinn, passou a ministrar cursos de táticas de imobilização na Swat. Surge então o Centro Avançado em Técnicas de Imobilização, o CATI. Com matriz no Brasil e filiais nos Estados Unidos, Portugal, Itália, Espanha e na China, o CATI é uma das únicas empresas privadas, no mundo, a oferecer treinamento de táticas de imobilização a policiais. A empresa tem em seu currículo as equipes da Swat, da Natinal Aeronautics na Space (Nasa), Federal Bureau of Investigation (FBI) e a soldados da Divisão de Montanha do Exército que foram para o Afeganistão. O lema do CATI é “treinar para vencer”, realidade distante para o policial brasileiro, que convive diariamente com muitas dificuldades. Para Do Val, é complicado comparar a polícia brasileira com a americana. “O policial americano treina diariamente. Para termos um bom policial, ele precisaria treinar muito, no mínimo cem tiros por semana, que é a média de tiros de um policial americano. O brasileiro não consegue este número em um ano”, afirma. Não há, no Brasil, uma política pública que invista em treinamento do policial. A maioria dos cursos que o policial brasileiro recebe, ao longo de sua carreira, é por sua conta. “O policial sabe que a única maneira de proteger sua vida é treinando, é um investimento porque ele precisa voltar para casa”, comenta Do Val referindo-se aos gastos que o policial tem com qualificação. Anualmente o CATI oferece bolsas para alunos que desejam se qualificar e não tenham condições financeiras. “Saber que nosso policial vai estar preparado para enfrentar desafios é o nosso maior retorno”, confessa. Atualmente, Do Val mora em Dallas, EUA, com a esposa e a filha. Ele diz que não pretende voltar a morar no Brasil: “aqui é muito perigoso, não temos liberdade, lá (Dallas) as casas não têm muros, deixamos as portas abertas, meu carro vai ficar na garagem enquanto eu estiver no Brasil e sei que, quando voltar, ele vai estar lá!”. Atento às notícias do Brasil Do Val diz que a imagem que se tem lá fora é ruim, “só conseguimos entrar na Europa graças a parceria que temos com a Swat. Aliás, os próprios brasileiros têm precon- 49 do Batalhão de Operações Especiais do RJ, o BOPE, concorda em dar entrevista ao Universo IPA. Conflito entre a realidade e a ficção Eles evitam o assédio dos jornalistas e fotógrafos, pedem para não serem fotografados. “A exposição excessiva não é boa para nosso trabalho, ficamos vulneráveis”, comenta o Major. E seguem as instruções: “Pedimos para não registradar algumas ações em treinamento, temos que restringir as informações para resguardar a corporação”, referindo-se ao que se poderia registrar durante a reportagem. Major do Bope, Ricardo Soares, orienta uma progressão simulada na favela Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA - Como você classifica o assédio da mídia após o lançamento do filme “Tropa de Elite”, do diretor José Padilha? Major Ricardo Soares (Bope) - A mídia colocou à mostra uma coisa que talvez estava mais escondida, as pessoas tinham curiosidade, mas não tanto. Recebíamos 400 e-mails mensais. Após a estréia do filme “Tropa de Elite” chegamos ao ponto de recebermos 440 e-mails diários. Eram solicitações absurdas do tipo quero servir no Bope direto sem fazer academia, quero lembrança. Ficou uma loucura. É todo mundo querendo visitar, conhecer. No Rio está assim e fora também. O filme jogou uma série de informações. 50 Universo IPA - Na visão do Bope, o que é real e o que é ficção no filme “Tropa de Elite”? Major Soares - O filme é uma história de ficção em cima de fatos reais. Ficção e realidade misturados. Uma coisa eu quero deixar bem claro, esta prática de saco na cabeça, isso não é uma prática institucionalizada, é uma prática que alguns policiais que exageravam no controle faziam, mas é um desvio, nem policial mili- tar, nem policial civil fazem isto. É realmente um desvio. Universo IPA - Dá para fazer um balanço geral do filme “Tropa de Elite” para o Bope? Major Soares - Dá para fazer um balanço. O positivo foi a afirmação definitiva da unidade reconhecida no cenário mundial. A revista americana “War Dogs” já tinha nos apontado como a primeira tropa em experiência de combate em área de risco. Inclusive, superando as tropas americanas, era um contexto que já existia, só que era uma situação mais resguardada, ninguém comentava. Com o filme o reconhecimento veio a “flor da pele”. Hoje estamos na mídia e parece que houve uma sensibilização e identificação da população com a necessidade de ter uma unidade que, realmente, vá confrontar o crime e que apesar das dificuldades vença toda a problemática de corrupção, de dificuldades, de falta de material e, ainda sim, continue combatendo o crime. Este é o grande negócio na história do filme. O lado ruim da história é essa coisa de colocar um estereótipo. O estereóti- po do saco na cabeça, da unidade que só sai para matar. Inverdade. Há duas semanas atrás, por exemplo, tivemos uma ação em um hotel que envolvia reféns no centro do Rio de Janeiro. O tenente, ao chegar na área e iniciar a negociação obteve a rendição dos quatro marginais. Eles se entregaram, foram presos e acabou! Esse estereótipo que nos colocam é prejudicial. Mas, de certa forma, o filme nos surpreendeu no efeito, porque causou grande comoção, grande identidade. Hoje em dia, ouvimos os jovens, meninas, mulheres falando sobre o Bope. Universo IPA - Como o Major vê a repercussão do filme “Tropa de Elite”na imprensa, em relação ao Bope? Major Soares - Eles deram um tiro pela culatra. Lá no Rio, por causa da pirataria, ele estava sendo visto só pelo “povão”e a“classe média”também. Ninguém se pronunciou. Porque ninguém queria reconhecer que estava vendo filme pirata. Aí quando houve o lançamento, aquela esquerda caolha, não sou contra a esquerda, mas tem uma esquerda no País que é muito caolha, que só enxerga o que quer. Aí, eles falaram que a posição do Universo IPA - Quem é esta esquerda caolha a que você se refere? Major Soares - Certa vez, um repórter(...) falou uma besteira. “Ah, ninguém vê o Bope no Leblon”. Ora, no Leblon não tem marginal fazendo ação as duas, três horas da manhã com fuzil, não no nível que as outras localidades (favelas) tem. Mas se solicitar, nós vamos também. Agora, crime de colarinho branco é competência da polícia federal, se ela precisar de nossa ajuda para combater estes delitos, vamos também. Fazer esta analogia que “o Bope não vai na classe alta”, é errado. Como se devêssemos entrar, com pé na porta, explodir granadas em toda e qualquer casa ou apartamento da elite buscando provas, não tem lógica! Quer combater a elite? Basta fortalecer a Polícia Federal, para que ela possa fazer o que dever ser feito. O que, na minha opinião, ela já está fazendo atualmente muito bem, diga-se de passagem. Hoje conseguimos contra-atacar alguns conceitos, algumas posições firma- Universo IPA - O filme “Tropa de Elite” passa a imagem de um Bope “incorruptível” em relação as outras unidades. Como ficou a relação do Bope com as outras corporações? Major Soares - Esta crítica que se faz à Polícia Militar, no filme, é uma situação muito delicada para nós. As nossas representações de classe (cabos, soldados, sargentos e oficiais) se pronunciaram chateadas com isso por que parecia que só o Bope era honesto e o restante todo desonesto. Não é bem isso. Quero deixar bem claro: esta não é nossa opinião. Não queremos dizer que, fora o Bope, todo mundo é corrupto. Universo IPA - Como o Bope lida com a questão da corrupção? Major Soares - Pode até haver desvios. Nossa unidade trabalha a honestidade. Aliás, a honestidade, no meio policial, deveria ser a tônica. Mas nós trabalhamos mais porque sabemos das “mazelas”. Se formos estudar o aparelho policial brasileiro, vamos ver, que ele foi feito para reprimir ao invés de prover a segurança. A partir dos anos 80 tiveram que se adaptar a punir crime e não estavam preparados para isso. Aí é que nasceu o Bope e começou a desenvolver as técnicas de combate a criminalidade. Universo IPA - Há previsão da entrada de mulheres no Bope? Major Soares - Em 2008 terá um estágio de aplicações táticas destinados a policiais civis e militares femininos nos moldes do que fazemos aqui, mas com menos dificuldades físicas, para passar conceitos de proteção para as policiais se habilitarem ao programa do Bope. seg uranç a finalmente, o Major Ricardo Soares, das sobre isso, justamente porque já há informações mais detalhadas. Vocês estão vendo que não somos nenhum “comedor de criancinhas”. Mas por causa de alguns maus policiais, tem-se a idéia de que a corporação policial é uma corporação de “trogloditas”! seg ur a nç a seg a seg ururanç a nç a debaixo de um sol escaldante, Padilha (diretor do filme) era fascista por estar incentivando que a força policial mate os criminosos ao invés de procurar prender e investigar. A tônica foi esta. Só que setores da mídia e da classe média começaram a apoiar o filme, “é isso mesmo!”. A vibração dentro do cinema era forte, não teve como negar. Eles ficaram acuados, o tiro saiu pela culatra, “eles” acabaram ficando mal Universo IPA - Como o Major vê a preparação dos policiais gaúchos para o enfrentamento a traficantes? Major Soares - Sentimos que eles estão tendo dificuldades, pois é um conceito novo que eles não tinham. Mas há uma equipe que está preparada. A vantagem do Rio Grande do Sul e dos outros Estados e que este conceito já existe e pode ser adaptado para a realidade de cada Estado. Universo IPA - Se você tivesse que escolher outra profissão, qual seria? Major Soares - Eu tinha o sonho de ser juiz. Comecei estudando Direito, mas o Bope é meu sangue. Estou há 22 anos na corporação. Não pensaria em ser outra coisa. Para nós, missão dada é missão cumprida, pode ser a mais simples. No Bope é assim! Cati, Bope e Swat unindo forças para combater a criminalidade Na rua Intendente Alfredo Azevedo, 530, no bairro Glória em Porto Alegre/RS, está localizado a sede do CATI Treinamentos Policiais, em uma área de dois hectares. Prédios inacabados em meio a árvores. O cenário é perfeito para a realização de treinamentos táticos, segundo os organizadores. “Aqui dentro temos toda a estrutura de uma favela, fica bem próximo à realidade”, explica o coor denador do evento, Amaral. Quem passou pela rua, dificilmente imaginou que lá dentro havia mais de 120 policiais, vindos de todo Brasil, enfrentando situações adversas para tornarem-se aptos a combater a criminalidade crescente no País. O evento organizado pelo CATI está na sua nona edição e, pela primeira vez, em Porto Alegre. Durante dez dias, 18 instrutores, das melhores equipes de elite do mundo, o Bope e a Swat, passaram para os policias as mais eficientes táticas de combate ao crime. O roteiro do curso previa instruções de imobilização tática (técnica desenvolvida pelo CATI), assalto a ônibus e veículos, combate em locais fechados, progressão em favela, low light, gerenciamento de crises, negociação de reféns, entradas táticas, rappel tático e planejamento operacional. Os policiais foram divididos em seis times, durante o dia eles passavam pelas pistas de treinamento. A noite, enquanto uma equipe deslocava-se a um terreno com casas abandonadas, no bairro Ipanema, em Porto Alegre, para fazer a simulação da incursão noturna em favelas, outra ficava na sede, tendo aulas de rappel tático (técnica vertical em cordas), com o instrutor do CATI, Felipe Leal e técnicas policias com o Coronel Heitor, da Brigada Militar gaúcha. Nas aulas de tiro tático, ministradas pelos snipers (atiradores) da Swat, os alunos usavam as armas que utilizam no seu dia-a-dia com projéteis reais. No último dia, as equipes competiram para ver quem, em menos tempo e sem erros conseguiam aplicar todas as técnicas aprendidas. Foram dez dias de convívio, troca de experiências e aprendizado. Imaginar que, por trás dos uniformes camuflados e dos rostos com ex- pressões sérias, existem seres humanos que, diariamente, convivem com o perigo, com baixos salários, falta de condição de trabalho e que nunca sabem se voltarão para casa no final do dia e, ainda assim, acreditam que podem fazer a diferença, é difícil. Mas pasmem, eles existem e estão lá, diariamente nas ruas e, muitas vezes, até criticamos suas atuações. Dificilmente levamos em conta as dificuldades que estes homens e mulheres policiais enfrentam em seu cotidiano. “Ações, como as que o CATI - Treinamento Policial realiza, para treinar os policiais, isoladamente, talvez não resolva o problema da segurança no Brasil, mas com certeza o primeiro passo foi dado”, na opinião dos participantes. “Ano que vem estaremos aqui novamente, somos uma família”, diz um policial despedindo-se dos amigos. E é com este espírito de cooperação que encerrou o nono Swat. Universo IPA | Dezembro 2007 Após alguns dias aguardando 51 Universo IPA | Dezembro 2007 Como tudo começou 52 O uso de drogas é uma fuga constante da sociedade. Com intuitos diferentes, todas as camadas sociais estão cada vez mais aderindo aos entorpecentes. Na guerra do Vietnam, a heroína se popularizou entre os soldados. A geração ‘paz e amor’, por sua vez, passou a ir contra todas as normas sociais que apoiavam o conflito. O cabelo comprido tomou o lugar do corte baixo usado pelos guerrilheiros. O brim prevaleceu sobre o terno. E o álcool foi substituído pela maconha e outros alucinógenos. O sociólogo francês Edgar Morin, entende esse fenômeno como uma resposta ao movimento de criminalização das drogas ocorrente nos EUA, pouco antes da guerra do Vietnã. A juventude brasileira também viu na droga, principalmente no movimento de Contracultura, uma forma de se rebelar aos abusos cometidos pela ditadura. A geração anos 1960, estava cansada de repressão, de consumismo, de ‘ordem e progresso’. Era preciso encontrar um mundo novo, com liberdade individual e sexual. A vontade de fazer as coisas de modo diferente era manifestada através da música, das roupas, do vocabulário e no uso freqüente de substâncias ilícitas que proporcionavam mesmo que por instantes, uma nova realidade. “Eu senti na pele os abusos na ditadura. A maconha era usada como uma forma de libertação. Hoje, é diferente as drogas viraram uma arma do capitalismo”, diz o vendedor, Pedro Fonseca. Corrupção + exclusão social = violência O tráfico de drogas na capital gaúcha vem crescendo nos últimos anos. A violência em Porto Alegre ainda não é proporcional a de outras grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, em que as pessoas perderam a confiança na polícia, tendo na figura do traficante um herói. E, onde facções criminosas como o Comando Vermelho levam vantagem sobre as autoridades policiais. Entretanto, Porto Alegre está longe de ser um modelo de segurança pública. Apesar, de não possuir contato direto com o crime organizado de outros estados, os infratores gaúchos também praticam ações como: a corrupção de policiais, o uso de menores para auxiliar no comércio ilegal, e também tem controle de crimes dentro dos presídios. O sociólogo justifica esse quadro pela falta de seriedade dos lídeFotos: Bruna Geremias res políticos, ao se tratar de segurança pública. “Temendo uma perda de mandato, os governantes não pensam na descriminalização dos entorpecentes. Somente esquecendo as questões morais poderíamos diminuir o crescimento da violência”, indaga Morais Atualmente, os entorpecentes tomaram uma proporção tamanha que o tráfico constitui a terceira mercadoria global. O desemprego e a falta de condições sociais são alguns fatores que levam os homens a aderirem a esse estilo de vida. Como afirma o traficante, A.S: “ao ver meus dois filhos passando fome, por falta de um emprego para o pai pratiquei meu primeiro delito. Mudei da água para o vi- nho, virei assaltante, depois traficante”. Segundo o delegado do Departamento de Investigações sobre Narcotráfico (Denarc), Luís Fernando de Oliveira, o tráfico é uma das mercadorias mais lucrativas do mercado. A falta de oportunidade, somada a ausência de estrutura familiar são fatores que levam os jovens a praticarem o comércio ilegal. Para ele, a única forma de acabar com a violência é repensando a questão social. Um crime diferente O narcotráfico é um crime distinto dos demais. Não há uma classe definida para quem está envolvido com o comércio ilegal. No meio rural a maconha ganha espaço, em zonas menos favorecidas a cocaína e o craque são mais presentes. E, entre a classe média e alta, prevalece o uso de êxtase e dietilamida do ácido lisérgico (LSD), ressalta o delegado do (Denarc). Ele revela também, que as investigações aos comerciantes de substâncias ilícitas são as mais trabalhosas, por não existirem testemunhas que acusem o crime. “Quando estamos investigando um assalto, ou um assassinato, há uma vítima, alguém foi prejudicado. Mas ao trabalharmos com o tráfico é diferente, pois os usuários nunca vão denunciar quem lhes fornece a mercadoria. Precisamos ser muito criativos, usar vigilância e grampeação telefônica”, explica ele. Para A.S, o traficante não é um ladrão, ou um assassino, ele só vende o que as pessoas querem comprar. A culpa pela violência geralmente é posta nos comerciantes ilegais, porém os consumidores também são responsáveis por grande parte dos delitos. “É fácil por a culpa nos traficantes, mas a gente não obriga ninguém a usar nada. Um viciado rouba a família, rouba desconhecidos, e se tiver que matar ele mata para sustentar o vício”, disserta, A.S. A vida na Boca de Fumo As Bocas de Fumo (local onde a droga é armazenada) funcionam como uma empresa, todos os envolvidos com o tráfico possuem uma função especifica. Os cargos se estendem do endolador (quem enrola a droga) ao patrão (chefe da boca). O dinheiro adquirido é dividido de maneira proporcional à função exercida por cada um. “O patrão fica com a maior parte do dinheiro, porque precisa pagar os empregados, comprar armas, repor a mercadoria, e ajudar a comunidade no que for preciso”, explica o aviãzinho S.G. Os entorpecentes percorrem um extenso caminho até chegar aos usuários. Nada é vendido puro, a droga é pesada, refinada e entregue aos consumidores. A facilidade com que os alucinógenos são repassados para a população, somada com a desonestidade de alguns policiais são agravantes do comércio ilegal. “Quem não quer vir até o morro, como a Vocabulário do tráfico Arrego - Dinheiro destinado aos policiais para não prender os traficantes. Aviãozinho - Aquele que busca e entrega a droga para o consumidor Doce - Ácido alucinógeno Draga, berro, ferro - Arma Roupa no varal - Área sendo vigiada Boca de fumo - Local onde a droga é armazenada Pray (play boy) - Cliente Branco - Cocaína Bicho solto - Criminoso X9 - Dedo duro Malhada - Droga misturada Patrão - Chefe da boca de fumo Samango - Policial Tomar Bote - Ir preso maioria dos ‘play boys’, pode recorrer a nós ‘entregadores’ que levamos a mercadoria-(droga), até o consumidor”, afirma o aviãozinho. “Sempre tem os policiais que tu consegue comprar, além disso, alguém avisa quando a polícia está chegando. Um traficante nunca é pego desprevenido”, completa ele. Além da polícia, os comerciantes de substâncias ilícitas enfrentam confrontos internos diariamente. Quando ocorre uma disputa por ‘boca de fumo’ o tiroteio é inevitável. Entretanto, essa não é uma prática comum, pois há respeito entre os infratores e somente casas que estão falidas são tomadas. “Um traficante só entra em confronto por ‘boca de fumo’ quando sabe que vai ganhar” salienta, S.G. Uma cidade muito longe Na Ditadura Militar, os revolucionários que se opunham ao regime Vigente, foram encarcerados ao lado de criminosos comuns. O contato com os idealistas fez com que todos os presos tivessem consciência dos seus direitos e de como a união e a organização poderiam lhes favorecer. Em meio a esse ambiente, surgiu no presídio da Ilha Grande, situado no Rio de Janeiro, a facção criminosa Comando Vermelho. O movimento tinha como principal objetivo denunciar os abusos cometidos pelas autoridades carcerárias. Os ideais de paz, justiça e liberdade pregados pelos integrantes do Comando são cultivados também pelos contraventores do Sul, porém com outro significado. Como afirma S.G: “O tráfico gaúcho possui esses fatores. Mas é a paz e a justiça da favela. Com os traficantes vendendo drogas, ganhando o dinheiro deles, sem polícia entrando no morro, sem x9 (delator) entregando os caras”. Semelhante ao que ocorre nos presídios cariocas os delinqüentes gaúchos também possuem um controle do crime seg uranç a seg ur a nç a bruna Geremias mesmo estando atrás das grades. Segundo A.S, os prisioneiros que possuem um bom poder aquisitivo permanecem trabalhando com o comércio ilegal através de informantes. O contraventor justifica essa atitude por razões sociais: “a justiça prende, mas o governo não sustenta a família do preso, muito menos dá assistência ao mesmo, É preciso sobreviver de alguma forma”. Apesar, das facções criminosas possuírem armamento semelhante ao da polícia e comportarem um grande número de adeptos, uma revolução marginal hoje seria sufocada com facilidade, como alega o delegado. “Há vinte anos atrás, talvez o crime organizado tivesse sucesso. Atualmente não, pois falta liderança e conscientização entre os contraventores”. O crime não compensa Apesar de o comércio indecoroso proporcionar um poder aquisitivo maior ele é repudiado pelos próprios infratores, como expõem o traficante, “o Brasil é um país rico, porém mal administrado, onde quem rouba milhões dos cofres públicos é absolvido e quem rouba um pacote de biscoitos vai para a cadeia. Apesar disso, o crime não compensa e em circunstância alguma vai compensar o tempo que ficamos longe dos nossos filhos e familiares. O primeiro delito é como uma tatuagem fica marcado para sempre”. Obs.: Alguns entrevistados preferiram não se identificar, por isso o nome e o sobrenome dos mesmos foram substituídos por iniciais. Universo IPA | Dezembro 2007 seg a seg ururanç a nç a Identidade do tráfico 53 Maternidade ausente Universo IPA | Dezembro 2007 Anna Paula Medeiros 54 Dar á luz pode ser um dos momentos mais felizes e gratificantes de uma mulher. Mudanças físicas e psicológicas ocorrem no período da gestação. Mas, sentimentos como tristeza, ansiosidade, confusão e medo, quando permanecem ou tornam-se piores, exigem um tratamento médico imediato para um diagnóstico que atinge cerca de 10% á 30% das mulheres no mundo, a chamada depressão pós-parto. A preocupação em criar um ser humano, planejar a sua existência para além da sua própria vida e a perda do status de uma gestante, leva a nova mãe a reconhecer seu bebê como uma pessoa e não como uma imagem idealizada. O calor, o aconchego, a sensação de proteção que ao logo dos meses foi sentido como apenas seu, como parte de si, passa a ser compartilhado com as demais pessoas. Isso provoca na mulher um estado de total confusão, como se tivessem lhe arrancado algo de muito valioso ou como se tivesse pedido uma das partes mais importantes de seu corpo. E assim como na morte que ocorre a separação definitiva, no nascimento isso não é diferente, a marca desta separação dá origem a uma cicatriz, o umbigo. Para suportar tais dificuldades o cérebro da paciente cria alguns mecanismos de defesa. Ao mesmo tempo em que pode demonstrar-se cheia de energia, eufórica, falante, preocupada com o espaço físico ou com a ordem do ambiente onde está, também pode apresentar um quadro de depressão intensa seguida da necessidade de isolamento, choro, ciúmes e provocando até mesmo febre. Para operadora de tele marketing Mariana de Carvalho, 28 anos, foi a perda de sua independên- cia. “Sentia tristeza o tempo todo, sentia medo de fazer algo de errado, medo de não saber o que meu filho estava pedindo através do seu choro”, conclui a operadora que foi mãe solteira aos 17 anos. Mas, assim como as mulheres os homens também são suscetíveis a caírem em depressão, porém com menos intensidade, e pode se manifestar em até dois anos após o nascimento de seu filho. A depressão masculina se inicia-se devido ao abandono da mulher que passa a viver em torno do bebê. É como se ele percebesse que sua função é a de somente trabalhar e satisfazer as exigências impostas pela mulher. Em alguns casos esses fatores podem levar até a separação de um casal, como é o caso da dona de casa, Luciana M., 29, que não quis ser identificada, foi abandonada pelo marido durante o período que teve o distúr- A questão não é simples: exclusão, impossibilidade de abortar legalmente, o desinteresse das autoridades competentes que poderiam levá-la a entregar o filho nos Juizados da Infância e da Juventude, medo, ausência de amor, falta de estrutura familiar, desespero... Como nesses casos, a mãe dificilmente é localizada, torna-se impossível traçar seu perfil, mas é possível criar um perfil das mães que doam o seu bebê para adoção: solteira, mais de 20 anos, educação primária incompleta, trabalha esporadicamente como empregada doméstica e não conta com o apoio da família. Geralmente ela engravida em uma relação eventual e, na maior parte dos casos, essa mãe já teve outros filhos, que também foram doados ou estão em instituições. As estatísticas mostram que é na cidade de São Paulo onde acontecem os casos mais freqüentes e mais tristes. Dados mostram que, a cada dia, duas crianças são abandonadas na cidade, em abrigos ou nas ruas. Só nos primei- Saúd e Abandono ros três meses deste ano, mais de 200 crianças foram desamparadas. Isso resulta em uma média de 15 crianças a cada semana. Um dos casos que pode ser lembrado e que chocou o país foi em julho deste ano, na periferia de Paulínia, em Campinas. Um recém-nascido, ainda estava com o cordão umbilical, foi encontrado nu, enrolado em um lençol, dentro de um bueiro de 1,20 m de profundidade. O choro do bebê foi ouvido por um ciclista que passava pelo local e pediu socorro. O bebê foi levado por guardas municipais para o hospital, onde lá recebeu os cuidados necessários sa úd e as piores formas de violência contra um filho. No Brasil e também na maior parte dos países o aborto continua sendo pauta de discussões que questionam até que ponto uma mãe tem direito sobre a vida da criança que carrega em seu ventre. Hoje a legislação brasileira prevê pena de uma a três anos de prisão em casos envolvendo aborto; de seis meses a três anos em casos de abandono; se houver alguma lesão física à prisão passa a ser de um a cinco anos e nos casos de morte, a detenção vai de quatro a 12 anos. Desenvolvimento Um problema que afeta de uma a cada mil mães influência diretamente no desenvolvimento do bebê, em sua vida ou em sua saúde, pois é comum durante a amamentação, o período de tratamento o uso de anti-depressivos.Uma pesquisa das universidades de Bristol e Oxford mostrou que a depressão pós parto exerce efeitos negativos na criança. O sentimento de abandono causa tendências anti-sociais, e também dificuldades afetivas e de relacionamento, como o desinteresse em ter amigos, mentiras ou furtos. As crianças de mães deprimidas apresentam maior risco de terem desordem comportamental, e maior risco de para apresentarem alterações no funcionamento cerebral. As mães em situação de depressão normalmente tem menos capacidade de interagir com seus filhos o que agrava muito mais a convivência em meio a sociedade. Crianças em atividade de recreação Maltratos A principal característica da DPP é a rejeição total do bebê, como se ele fosse um inimigo. Trata-se de um estado capaz de causar freqüentes agressões aos filhos. Segundo a psicóloga, Gilda Monteiro, em entrevista para um site direcionado ao público feminino, “quando a violência ocorre fora de uma situação de DPP é porque a mulher foi maltratada, abandonada ou rejeitada durante sua infância (...) quando há a morte da criança, geralmente foi por espancamento. Quanto mais a criança chora, mais apanha”, acrescenta. O aborto e o abandono são considerados Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Fotos: Anna Paula Medeiros Distúrbio atinge cerca de 10% à 30% das mulheres no mundo bio“. Quando percebi não chegava mais perto do meu filho, tinha medo e meu marido no momento que eu mais precisava acabou saindo de casa”, relata a paciente. O tratamento para a depressão pós-parto (DPP) exige acompanhamento psiquiátrico e farmacêutico, além disso, depende da sensação de segurança e confiança que devem ser transmitidas por familiares e amigos, essenciais na recuperação de quem sofre deste distúrbio, segundo a Psicóloga da Universidade Federal do Rio grande do Sul (UFRGS), Diana Battistel e que durante a entrevista relembra um dos casos que acompanhou. “Lembro de ter atendido uma paciente em uma Clínica Psiquiátrica particular da capital, em que tratava pacientes de internação e ambulatório com os mais diversos transtornos. Ela estava sofrendo de Transtorno Depressivo Maior Com Início no Pós-Parto – seus sintomas eram graves e a paciente possuía histórico de episódios depressivos, maníacos, mistos, com sintomas psicóticos. A paciente mantinha tratamento permanente com seu psiquiatra, mas não investia em psicoterapia, mesmo já havendo sido lhe recomendado. Após o nascimento de seu bebê, passou a ter sintomas severos de depressão, tendo vontade de morrer e de agredir seu filho, o que lhe provocava muita culpa e exigia presença constante do marido. Com isso, ele não podia trabalhar e se complicava a situação familiar. Por insistência da família e de seu médico, ela aceitou a internação e a psicoterapia, que realizávamos de duas a três vezes por semana. Trabalhamos seus sentimentos, pensamentos e comportamentos em relação à gestação, a ser mãe, ao seu bebê e como poderia ser diferente. É um trabalho árduo, que exige muita dedicação do paciente e vínculo deste com o terapeuta. É preciso ouvir o paciente e entender suas motivações, sem julgamentos, fornecendo apoio. Com as sessões, ela demonstrou alguma melhora e vontade de seguir, de ser feliz junto à sua família e de continuar aderindo ao tratamento”, conclui a médica. 55 Fotos: site SXC.HU saúd e um universo paralelo? tamente para tratar psicologicamente dessa família que precisa de apoio. “São pessoas mui“São pessoas muito to sinceras, ou eles sinceras, ou eles confiam em ti, ou eles não confiam, confiam em ti, ou eles e se tu consegues que eles não confiam, e se tu confiem em ti, isso é para semconsegues que pre”, observa Kueles confiem em ti, perstein. Afirma, também, que paisso é para sempre”. ra conquistar uma criança autista, tem que se descobrir do que elas gostam. Despertar o interesse delas, para ganhar credibilidade. Até na parte do ensino, entender o que os atrai é muito importante. Alguns despertam habilidades em algumas áreas, esses são chamados de autistas com ilhas de pensamento. O filme “O gênio do vídeo game” mostra o interesse e desempenho de um menino autista nos jogos que o irmão mais velho e não autista não consegue ganhar. O Transtorno autista não tem cura, mas pode ser tratado e acompanhado de modo que a criança leve uma vida sadia e feliz. Alguns autistas conseguem ingressar em faculdades, e até mesmo no mercado de trabalho, embora ainda no Brasil isso seja mais difícil que nos paises desenvolvidos. sa úd e sasaúd úd e e Autismo: para crianças que necessitam de tratamento clínico. Kuperstein afirma ser a favor da inclusão, mas isso depende muito do modo como essa será feita. Completa, também, que as escolas brasileiras são pouco preparadas para receber crianças com algum tipo de síndrome ou deficiência mental e que essas escolas devem sempre ser acompanhadas e assessoradas por especialistas. Por terem dificuldades para aceitar mudanças, o funcionamento dentro de casa, às vezes, torna-se muito complicado. As coisas não podem ser trocadas de lugar, ou de cor bruscamente, isso deve ser trabalhado com a criança primeiramente. Elas criam rotinas, nas quais sabem como agir, a partir do momento que as modificam, elas simplesmente sentem-se perdidas. A professora Roberta Mundt Silva explica que primeiramente encontrou dificuldade para lidar com um aluno autista: “A principio foi difícil, mas depois que ganhei sua confiança ficou muito mais fácil. Sempre o avisava das atividades do próximo dia, e se alguma coisa na sala de aula fosse modificada”. Além dos pais, os irmãos dessas crianças devem passar por acompanhamento psicológico. A psicóloga explica que muitos irmãos não entendem o “abandono” de seus pais para se dedicarem ao irmão autista. E muitos acabam criando quadros de depressão ou até mesmo dificuldades nas atividades escolares. Dentre os serviços oferecidos no site www.autismo.com.br, existem Grupos de Pais e Grupos de Irmãos, que são exa- 56 Muitos ouviram falar, mas poucos sabem o que é realmente e quais os sintomas de uma criança autista. Após, por muito tempo ser tratado como uma deficiência, hoje em dia o Transtorno (ou síndrome) Autista, conforme o Autism Society of American (ASA), pode ser detectado logo nos primeiros anos de vida, pois a maioria dos sintomas está presente nesse período. Acontece em 20 de 10 mil crianças nascidas, e chega ser quatro vezes mais comum no sexo masculino. As causas desse transtorno ainda são desconhecidas, e embora tenha uma patologia diferenciada do Retardo Mental e da Lesão Cerebral, alguns autistas também apresentam essas doenças. Segundo a psicóloga Ana Paula Lemos, as crianças autistas preferem estar só, não formam relações pessoais íntimas, não costumam abraçar, evitam contato visual, são muito resistentes a mudanças, são excessivamente presas a objetos familiares e repetem continuamente atos e rituais. Elas podem começar a falar depois das demais crianças de mesma idade, podem usar o idioma de modo diferente, e podem também, por não conseguir ou por não querer, não falarem. Muitas vezes, os autistas repetem aquilo que lhes foi perguntado, além de terem dificuldades de entender o que foi dito. E é normal que troquem pronomes, usando o “tu” ao invés do “eu” quando se referem a si próprio. Escolas no Brasil Hoje em dia no Brasil, existem escolas especializadas para essas crianças. A pioneira delas nasceu aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Surgiu de um sonho da Pedagoga Adriana Latosinski Kuperstein, no ano de a 1994. Começou com poucos alunos até que em 2001 se tornou a primeira escola para crianças com transtorno autista e deficiência mental do Brasil a Escola Especial de Ensino Fundamental Re-fazendo. Mas não se manteve por muito tempo, em 2002 deixou de ser escola e voltou a ser oficina de aprendizagem. A Re-fazendo não atende mais alunos diretamente, mas presta assessoria para escolas e famílias, o que faz com que ela atenda mais de mil autistas de variadas partes do país. Kuperstein é formada em Pedagogia e sempre atuou na área de transtorno autista. Diz que viu fora do país tratamentos fantásticos e escolas apropriadas e bem estruturadas. Conta também que muitas vezes fora chamada de maluca por colegas aqui no Brasil. Mas afirma ter atingido o seu objetivo, que foi ver alguns alunos concluírem a oitava série através das provas oferecidas pela Secretaria da Educação (SEC). Quando se fala em abrir outra escola, a resposta é imediata: “Não. Ainda me sinto responsável pelos meus antigos alunos, hoje já adultos. É muito triste saber que muitos estão em casa, deixaram de falar, voltaram a fazer suas necessidades fisiológicas nas roupas.” Por ser uma síndrome, o grau de comprometimento pode variar do mais severo ao mais brando. Isso é o que diferencia as crianças para uma inclusão em escolas normais, Sintomas associados ao autismo - Dificuldade de relacionamento com outras crianças - Riso inapropriado - Pouco ou nenhum contato visual - Não quer ser tocado - Isolamento; modos arredios - Gira objetos - Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos - Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade - Ausência de resposta aos métodos normais de ensino - Aparente insensibilidade à dor - Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente - Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares) - Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal) - Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina - Age como se estivesse surdo - Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras - Não tem real noção do perigo - Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos. Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 Gabriella cardoso 57 go Die de de dra An uz Cr Será que funciona? Universo IPA | Dezembro 2007 Diego de Andrade Cruz 58 Você ouviu aquele ditado que diz, que são dos carecas que elas gostam mais! Pois é, nem todo mundo pensa assim, especialmente quem está perdendo os seus cabelos. A calvície é um problema que persegue 50% dos homens antes dos 50 anos. Há pouco tempo, não havia muito que fazer quando os cabelos começavam a cair. Hoje, avanços da medicina fazem com que a alopecia androgenética (como é chamada a calvície cientificamente) possa ser plenamente controlada. A causa da calvície é genética, mas apesar disso, a calvície pode pular gerações ou aparecer isoladamente em meio a gerações de não-calvos. Além da predisposição genética, outros fatores podem contribuir para a queda de cabelos. Os estresses físicos e psíquicos, regimes alimentares rigorosos, anemia, distúrbios metabólicos ou qualquer redução significativa do peso pode provocar a alopecia. Além disso, o uso de anabolizantes, cigarro e álcool pode agravar o problema. O fator genético faz com que o folículo piloso fique sensível aos hormônios masculinos, em particular à testosterona. No homem, após a puberdade, quando os níveis desses hormônios começam a aumentar, e quando geneticamente predisposto, a calvície se manifesta. Essas alterações começam gradualmente a partir dos 20 anos de idade.Todo mundo perde cabelo. Fios caem, outros nas- cem, numa renovação constante. Normalmente, por dia, a pessoa pode perder cerca de cem fios de cabelo Seja qual for a causa, a perda de cabelos, trás um verdadeiro desconforto para o ser humano, as tentativas para combatê-las são descritas desde a mais remota antigüidade. Histórico da calvície Desde o antigo Egito a calvície é motivo de preocupação para os homens, onde produziam fórmulas mirabolantes que incluíam pata de cachorro cozida com casco de asno, mistura de gorduras de leão, hipopótamo, crocodilo e de ganso. Estas fórmulas eram friccionadas diretamente sobre o couro cabeludo. O egípcio Hakiem-El-Demagh, considerado o primeiro especialista em doenças do couro cabeludo, idealizou várias fórmulas para a calvície e o próprio Hipócrates em seu respectivo tempo receitava para quadros iniciais massagens de láudano com óleo de rosa, de linho ou de oliva verdes. Em casos mais avançados prescrevia cataplasma à base de cominho, fezes de pombo, alho socado e urtiga. Por toda a idade média vários medicamentos foram sugeridos, inclusive urina de cachorro, poções dos mais variados animais, e infusões de inúmeros vegetais e até rituais de exorcismo. Porém, uma fórmula que se tornou muito famosa, foi idealizada por volta do ano de 1600, e era feita de várias plantas medicinais, vinho, semente de rabanete, bago de uva, óleo de linhaça, trigo, etc. Essa fórmula foi adotada na época pelo exército alemão, porém adicionaram saliva de cavalo como complemento. Enfim, em todos os tempos sempre houve preocupação com o tratamento da calvície e obviamente as portas foram abertas para a exploração comercial e não deixaram de existir os aproveitadores, charlatões, curiosos e inúmeras outras modalidades de promessas de cura para a doença. Segundo a Dermatologista Patrícia Royes Salenave, a finasterida atua bloqueando a ação da enzima (5-alfa-redutase) que transforma a testosterona em diidrotestosterona, hormônio que promove a miniaturização dos pêlos até a sua atrofia, cujo resultado final é a calvície. Com o bloqueio da enzima, os pêlos que ainda não atrofiaram (pêlos velus) podem voltar a crescer, recuperando áreas que estavam rarefeitas. Em geral, o paciente em uso de finasterida começa a melhorar após quatro meses de tratamento. A queda de cabelo é a primeira a ceder, e em seguida ocorre aumento da densidade capilar. Por volta de um ano de tratamento, o paciente atinge o máximo de densidade e em seguida ocorre a manutenção, explica Salenave. O medicamento foi inicialmente utilizado para o tratamento do aumento da próstata, a Hiperplasia Prostática benigna. A observação de seus efeitos sobre a calvície de pacientes que utilizavam o tratamento, chamou a atenção do dos cientistas que, reduziram a concentração da finasterida, nos pacientes e notaram que continuavam a crescer os cabelos. Para manutenção do resultado, o tratamento deve ser contínuo pois, com a sua interrupção, os cabelos voltam cair no mesmo ritmo de antes conclui salenave. Em Homens com calvície avançada o tratamento não obteve resultado satisfatório. Com relação aos efeitos colaterais estudos clínicos indicam que menos de 2% dos homens que começaram a Que dor de cabeça! O cabelo não é fundamental para a sobrevivência orgânica do ser humano. Segundo o psicólogo Douglas Pedroso, do ponto de vista estético-psicológico e social, a sua imagem se reflete no padrão cultural vigente, deixando-o com baixa auto-estima o tornando inseguro e infeliz quando começa a perder o seu cabelo. A falta de cabelo tem representações internas que afetam a saúde global do indivíduo. Entre os jovens a preocupação é muito grande, visto que na sua idade a perda de cabelos causa uma grande decepção, pois essa é a fase de conquistas e descobertas e a calvície gera um empecilho muito grande para eles. Existem homens que ficam impotentes por conta da tarefa, outros reclamam queda no desempenho profissional, relata Pedroso. Por conta disso o psicólogo recomenda que não ponha a perda do seu cabelo em primeiro lugar, continue a viver normalmente e procure um especialista se necessário. A finasterida X esporte No esporte existe a alegria e o sofrimento, suas conquistas e seus dramas. Desde a Olimpíada de Seul em 1988 na Coréia do Sul, quando o velocista Canadense Bem Johnson vencedor de duas medalhas de ouro que quebrou o recorde mundial o esporte nunca foi mais o mesmo. Johnson foi flagrado em um exame anti-doping e por causa disso foi suspenso por dois anos. Hoje em dia principalmente nas olimpíadas os exames são obrigatórios, por conta de diversos escândalos envolvendo atletas renomados. Visto que diversos anabolizantes estão presentes no mercado e, por conseqüência sendo usados por diversos atletas. Por isso desde 2004 a finasterida está incluída na lista de substâncias proibidas pela (WADA) Agência Mundial Anti-Doping, por “mascarar” a presença de outras substâncias anabolizantes. Este ano o jogador de futebol do Sport Club Internacional, o zagueiro Marcão foi pego no exame realizado na partida contra o Juventude no dia 21 de Mitos sobre a calvície saúd e Desde a Idade Antiga ela é um problema, por muitos anos ficou sem solução, será que agora a CALVÍCIE encontrou um inimigo a altura? julho, pelo Campeonato Brasileiro. Marcão foi suspenso por 120 dias pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como cumpriu metade da pena foi liberado do restante mediante o pagamento de cestas básicas. Atualmente, a finasterida é usada para a fabricação dos principais medicamentos utilizados no combate a queda dos fios capilares, e os resultados da sua utilização são cada vez mais animadores. Os calvos comemoram. sa úd e versão número dois tomar finasterida notaram algum efeito colateral. Sobre o diagnóstico da alopecia androgenética, existem duas maneiras de fazê-lo. Primeiro, por meio do padrão clínico, ou seja, da observação das entradas e da parte superior da cabeça (que inclui a chamada coroa do padre). Posteriormente, por meio de biopsia de um fragmento do couro cabeludo, em que o patologista vai avaliar e identificar a presença das enzimas, conclui a Dermatologista. O medicamento pode ser encontrado em farmácias com um preço bem acessível variando entre 30 a 50 reais Verdades - Banhos e secadores muito quentes ajudam na queda de cabelo. - Boné aquece o cabelo causando excesso de oleosidade que ajuda o cabelo a cair. - Lavar cabeça com água fria ajuda a não cair o cabelo. - Fumar aumenta a queda de cabelo. Mentiras - Lavar a cabeça diariamente enfraquece os fios. - Cortar o cabelo regularmente evita a queda. - Dormir com o cabelo molhado faz cair o cabelo. - Tomar sol no couro cabeludo faz cair o cabelo. - Raspar a cabeça faz engrossar os fios de cabelos. Fonte: Dermatologista Números - Estima-se que existam cerca de 40 milhões de homens calvos no Brasil. - No mundo, há cerca de 2 bilhões de pessoas calvas (5% são mulheres). - Até os 50 anos de idade, 50% dos homens brasileiros ficam calvos. - Até os 80 anos, 80% dos homens brasileiros desenvolvem a calvície. - No mundo, 15% dos homens que nascem com predisposição genética para calvície vão desenvolvê-la a partir dos 17 anos; 80%, entre 24 e 26 anos; e 5%, após os 30 anos de idade. - Em cada 100 homens calvos, 50 são brancos, 30 são amarelos e 20 são negros. - Uma pessoa possui, em média, de 100 mil a 120 mil fios de cabelo. Fonte: Folha de São Paulo Links Úteis www.clubedoscarecas.com.br www.dermatologia.net www.brasil.cavizie.net Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Comprimido da felicidade Estudos científicos sobre a doença, a partir da década de 1940, mostraram que a doença não se desenvolvia antes da puberdade, bem como em pacientes que por um distúrbio hormonal não produziam testosterona. A partir dos anos 70, conhecendo-se um pouco mais sobre homens com deficiência da 5-alfa redutase começou-se a desvendar o mistério da ação hormonal. A revolução do tratamento da queda de cabelos começou na década de 1980 e, por incrível que pareça, aconteceu por acaso. Os cientistas envolvidos no desenvolvimento de um medicamento anti- hipertensivo por via oral, o minoxidil, perceberam que a substância fazia crescer pêlos no corpo. Remédios à base do composto passaram a ser produzidos para o combate à calvície, porém, os resultados do seu uso sempre se mostraram limitados. Mas foi na década de 1990 que foi descoberta a substância com o nome de finasterida. Mas foi apenas em 1997 que ela foi aprovada para o tratamento oral de homens, em forma de comprimido. A substância proporcionou uma nova abordagem no tratamento da queda de cabelos, para a qual existem poucas opções terapêuticas. 59 só pensamos no assunto quando acontece conosco Universo IPA | Dezembro 2007 Renato M. Oliveira 60 Pelo terceiro ano seguido, caiu no país o número de doadores. E, pela primeira vez, foi registrada queda nos transplantes de fígado, iniciados nos anos 1980. Os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) fizeram com que a entidade antecipasse a sua campanha nacional para alertar a população sobre a baixa taxa. No primeiro semestre deste ano, o índice nacional ficou em 5,4 doadores a cada milhão de pessoas, menos que no mesmo período de 2006 (5,8), 2005 (6,4) e 2004 (7,6). O número também ficou abaixo dos primeiros seis meses de 2003, quando 5,6 pessoas a cada um milhão se tornaram doadores efetivos. Foram 2.221 transplantes no primeiro semestre deste ano. De acordo com o responsável pelo Registro Brasileiro de Transplantes da ABTO, Valter Duro Garcia, a ausência de uma política estabelecida para os transplantes, a desigualdade na distribuição dos centros e a dificuldade no fornecimento de medicamentos, são alguns dos fatores que explicam a nova queda. “É apenas a ponta do iceberg do apagão dos transplantes”, diz. “O país está chegando a resultados iguais aos de 1998. Tudo o que avançou nesses anos está se perdendo agora. A nossa expectativa era crescer pelo menos 0,5 doadores por milhão de habitantes por ano”, conclui. Para o diretor da ONG Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), do Rio de Janeiro, Paulo Renato Gomes, o dado é reflexo da crise na saúde no país. “Tem até médico cardiologista em greve. E o problema não é só de uma região Esperança Somente as pessoas que estão na lista de espera, aguardando pela notícia de que finalmente surgiu um doador, sabe o quanto é angustiante. Para essas pessoas o tempo e o relógio andam mais depressa. Por outro lado, cada dia que passa, a esperança se renovada. Acompanhe o depoimento da assistente social, Maysa Simon Manzatti, 29 anos, da cidade de Penápolis, São Paulo: “Sou diabética tipo um desde que nasci e ces de ficar bom. Tivemos que sair de São José do Norte para morar em Porto Alegre. Entramos na lista de espera e ficamos certos de que iríamos conseguir. Só dependíamos do doador. É muito triste ver uma pessoa sofrer. Se não acontecesse o transplante ele morreria. E foi exatamente isso o que ocorreu. Quem faz o transplante ganha uma vida nova. Vi transplantados renascerem. Espero que as pessoas não tenham medo de doar os órgãos. Ainda tem muita gente esperando”. Realmente a questão “doação de órgãos” merece ser tratada de forma mais consciente. Você pode pensar como milhares de pessoas pensam: “pode acontecer com outros, mas comigo nunca”. Pessoas que foram transplantadas sabem o que é voltar a viver. É o caso da aposentada Ana Cássia Ramalho, 34, que mora em São Paulo. Aos três anos ela contraiu diabetes. Passou então a conviver com as doses diárias de insulina. Aos 29 anos ficou cega por quase um ano. Foi então que fez uma cirurgia no Hospital oftalmológico de Sorocaba, recobrando parte de sua visão. Mas a neces- Ana Paula (direita) fez transplante de pâncreas e rim, com Maria Aldice, mãe de Carine (foto sobre a mesa). Carine teve aneurisma e a família doou pulmões, coração, fígado, córneas, rins e pâncreas saúd e James F. Burdick sidade de um transplante de pâncreas era inevitável. Felizmente ele aconteceu no dia 26 de abril de 2004. Ramalho diz que agora está tudo bem: “Estou curada do diabetes e não preciso mais usar insulina. Estou em estado de graça. Aproveito a oportunidade para dizer que sempre quis ser doadora. Na qualidade de receptora essa minha vontade está ainda mais viva. Deixei minha família avisada dessa decisão”. Um transplante de pâncreas e rim em 2004, feito no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, mudou a vida de Viviane Pelichero Lyra. Depois de 20 anos, “sinto-me uma nova mulher. Resgatei minha qualidade de vida. Sobretudo, serei grata até os últimos dias de minha vida, á família do doador, pois sem eles nada disto teria acontecido”, conclui. Além da dor de uma família e a alegria de quem recebe um transplante, está a parte afetiva. Muitas famílias de doadores e transplantados acabam formando um vínculo muito forte, unindo-as de forma impressionante. A questão muitas vezes passa a ser, não de quantas vidas um transplante pode salvar, mas o conforto que pode trazer à família do doador. Os benefícios de quem recebe um transplante são imensos, como vistos nos depoimentos. Mas a experiência de uma família que, em um gesto de grandeza e amor pela vida, doa os órgãos de seu familiar é compensada pelo fato de saber que parte daquela pessoa pode viver na vida de outra. Quando Bráulio de Freitas Oliveira, pai sa úd e “Transplante é muito mais do que uma simples cirurgia. É um procedimento que envolve a mais profunda conexão entre seres humanos”. Arquivo pessoal Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Doação de órgãos: ou de outra, é de todo o Brasil”, afirma. Gomes revela que a estrutura “horrível” dos hospitais, onde o atendimento é “péssimo”, também contribuiu para esse dado. Bahia, Goiás e o Distrito Federal tiveram doações que não foram concretizadas por falta de infra-estrutura. O transplante é, sem dúvida, a tão esperada resposta para milhares de pessoas com insuficiências orgânicas terminais ou cronicamente incapacitantes. É um procedimento médico com enormes perspectivas, porém impossível de ser executado sem o consentimento de uma população consciente da possibilidade, necessidade e responsabilidade de, depois da morte, destinar os seus órgãos para salvar vidas. Não existe transplante sem doador. A questão da escassez de órgãos para transplantes, mais acentuada no Brasil do que em outros países, somente será resolvida através de um intenso esforço de educação de toda a sociedade. A conscientização da sociedade como um todo, tarefa de longo prazo, deve ser iniciada nas escolas. Neste sentido, a incorporação dessa temática nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino é determinante para se lograr uma atitude crítica que permita o debate e a análise sobre a doação de órgãos. tenho 15% de meus dois rins funcionando. Hoje me encontro em quarto lugar na fila de espera. Quando você está numa situação assim, que é o de correr contra o tempo, a espera se torna ainda mais sofrível. A espera é sufocante. Tem dias que você sente vontade de desistir de tudo. Meu pedido é que as pessoas que tem a intenção de ser um doador, deixem isso bem claro aos seus familiares. É difícil julgar as pessoas com relação ao fato de não doarem os órgãos de um ente que acaba de falecer. Apelo para que as pessoas tentem entender desse assunto que é a doação de órgãos, antes que elas mesmas, ou alguém de sua família, precise.” O rim é um órgão que pode ser de doador vivo, bem como o fígado, dependendo do tipo de doença. O tempo estimado de espera por um rim é de, no mínimo, três anos. Em muitos casos, as pessoas que aguardam esse tipo de transplante, terão que fazer sessões de hemodiálise. A espera por transplante de pâncreas é de cinco a seis meses, o que pode variar de acordo com o volume de doações recebidas. Enquanto algumas pessoas esperam por um órgão na esperança de viver, outras não viveram o suficiente para concretizar esse momento. Foi o caso de Carla Gaudério, que perdeu o seu marido Alamir em abril de 1999. Ele sofria de uma infecção decorrente de tuberculose. Precisava receber um novo pulmão. O depoimento de Gaudério é ao mesmo tempo, emocionante e desafiador: “o sofrimento é terrível. O Alamir tinha todas as chan- 61 O que é transplante? É um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas...) de uma pessoa doente (RECEPTOR) por outro órgão ou tecido normal de um DOADOR, vivo ou morto. O transplante é um tratamento que pode salvar e melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas. Maysa Manzatti, que aguarda por transplante de pâncreas e rim mais sérias”, explica o especialista. Mas nem todos os transplantados enfrentam dificuldades para obter as medicações. Através da portaria 2577/06, o Governo Federal passou a ceder 80% para aquisição dos medicamentos de Alto Custo e os 20% restantes as Secretárias Estaduais se responsabilizam. Na teoria, o Governo Federal e os Governos Estaduais é quem devem arcar com os custos da medicação. O problema, ás vezes, está no repasse da verba, o que pode ocasionar a falta de alguns medicamentos. A aposentada Ramalho diz que nunca teve problemas com a falta de medicação em São Paulo. Ramalho precisa usar imunossupressor. “Aqui o sistema funciona”, conclui. A professora Ana Paula Lima da Silva, 31, que fez transplante duplo de pâncreas e rim, retira seus remédios gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A professora diz que ainda não enfrentou nenhum tipo de problema para retirar os medicamentos. Segundo a professora, o que atrapalha mesmo é a burocracia com os papéis que os médicos são obrigados a preencher. As viagens de deslocamento para São Paulo a cada três meses faz parte do tratamento, pelo fato de morar em São José dos Campos. O advogado Célio Fernandes de Oliveira, 40, transplantado a cin- “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perderemos também a felicidade”. Carlos Drummond de Andrade co anos e oito meses, também não encontra dificuldades para retirar seus medicamentos uma vez por mês através do SUS. Gesto de amor Uma lenda conta a experiência que um turista teve com um velho sábio que morava nas montanhas. As pessoas ficavam maravilhadas diante da sabedoria daquele homem. Um dia, um homem resolveu desmascarar aquele sábio. Então, ele arquitetou um plano. Iria subir a montanha com um passarinho na mão. Colocaria as mãos para trás e perguntaria ao sábio: “mestre, tenho um pássaro na minha mão. Ele está vivo ou morto?”. A estratégia daquele homem era a seguinte: se o sábio respondesse que o pássaro estava vivo, simplesmente ele apertaria a mão, matando a ave. Se a resposta fosse o contrário, ele soltaria o pequeno pássaro. E o homem subiu a montanha cheio de confiança. Ele iria provar que o sábio não era tão sábio assim. Chegando perto daquele ancião e com as mãos para trás, segurando a pequenina ave, perguntou: “mestre, seguro em minhas mãos um pássaro. Diga-me, ele está vivo ou morto?”. A resposta veio prontamente: “se está vivo ou morto, depende de você”. Muitas pessoas ainda aguardam na fila à espera de um transplante. Doar é um gesto de amor, e dos mais altruístas. E pensar que o maior exemplo de doação já visto foi o do próprio nosso Senhor Jesus Cristo. Ele deu a Si mesmo para salvar. Não precisamos de exemplo mais digno e mais motivacional do que este. A dor e o sofrimento de quem aguarda por um transplante só é compensada pela esperança de viver. James F. Burdick disse o seguinte: “Transplante é muito mais do que uma simples cirurgia. É um procedimento que envolve a mais profunda conexão entre seres humanos”. Por isso deixe dito aos seus familiares que você é um doador. Esse gesto salva vidas. Depende de você. Quem pode e quem não pode ser doador? A doação pressupõe critérios mínimos de seleção. Idade, o diagnóstico que levou à morte clínica e tipo sangüíneo, são itens estudados do provável doador para saber se há receptor compatível. Não existe restrição absoluta à doação de órgãos a não ser para pessoas portadoras do vírus da Aids e pessoas com doenças infecciosas ativas. Em geral, fumantes não são doadores de pulmão. Por que existem poucos doadores? Uma das razões é porque não se tem essa preocupação em vida. É muito mais cômodo não pensarmos sobre isso, seja porque “não acontece comigo ou com a minha família” ou “isso só acontece com os outros”. Doação de órgãos é uma via de duas mãos. Você nunca sabe em que lado pode estar. Quero ser doador. O que devo fazer? Todos são doadores, desde que a família autorize. Portanto, a atitude mais importante é comunicar para a sua família o seu desejo de ser doador. Quando se pode doar? A doação de órgãos, como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Em geral, nos tornamos doadores em situação de morte encefálica e quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos. O que é morte encefálica? Morte encefálica é a parada definitiva e irreversível do encéfalo (cérebro e tronco cerebral), provocando em poucos minutos a falência de todo o organismo. É a morte propriamente dita. No diagnóstico de morte encefálica, primeiro são feitos testes neurológicos clínicos, os quais são repetidos seis horas após. Depois dessas avaliações, é realizado um exame complementar (um eletro encefalograma ou uma arteriografia). Pessoa em coma pode ser doadora? Não. Coma é um estado reversível. Morte encefálica, como o próprio nome sugere, não. Como proceder para doar? Um familiar pode manifestar o desejo de doar os órgãos. A decisão pode ser dada aos médicos, ao hospital ou à Central de Transplantes mais próxima. Quem paga os procedimentos de doação? A família não paga pelos procedimentos de manutenção do potencial doador, nem pela retirada dos órgãos. Existe cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) para isso. O que acontece depois de autorizada a doação? Desde que haja receptores compatíveis, a retirada dos órgãos é realizada por várias equipes de cirurgiões, cada qual especializada em um determinado órgão. O corpo é liberado após, no máximo, 48 horas. Quem recebe os órgãos doados? Os receptores são escolhidos com base em testes laboratoriais que confirmam a compatibilidade entre o doador e o receptor. Quando existe mais de um receptor compatível, a decisão de quem receberá passa por critérios tais como tempo de espera e urgência do procedimento. Em princípio, a família do doador não escolhe o receptor. Como funciona o sistema de captação de órgãos? Se existe um doador em potencial (vítima de acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, etc..) a função vital dos órgãos deve ser mantida pelo hospital. É realizado o diagnóstico de morte encefálica e a Central de Transplantes é notificada. A Central localiza e entra em entendimento com a família do doador e pede o seu consentimento, mesmo que a pessoa tenha manifestado em vida o desejo de doar. Após isso, o doador é submetido a uma bateria de exames para verificar se não possui doenças que possam comprometer o transplante (hepatite, AIDS, etc.,) Com estes procedimentos, a Central de Transplantes faz um cruzamento de compatibilidade com os pacientes na lista de espera, identifica um receptor e aciona as equipes de captação e de transplante. Quantas partes do corpo podem ser aproveitadas para transplante? O mais freqüente: dois rins, dois pulmões, coração, fígado e pâncreas, duas córneas, três válvulas cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal (ossos do tórax), crista ilíaca (enxerto de cartilagem), cabeça do fêmur, tendão da patela, ossos longos, fáscia lata (fibras, nervos dos músculos), veia safena, pele. Mais recentemente foram realizados transplantes de uma mão completa. Um único doador tem a chance de salvar, ou melhorar a qualidade de vida, de pelo menos 25 pessoas. Pode-se escolher o receptor? Nem o doador, nem a família podem escolher o receptor. Este será sempre indicado pela Central de Transplantes. A não ser no caso de doação em vida. Quem é beneficiado com os transplantes? Milhares de pessoas, inclusive crianças, todos os anos, contraem doenças cujo único tratamento é um transplante. A espera por um doador, que muitas vezes não aparece, é dramática e adoece também um círculo grande de pessoas da família e de amigos. Qual a chance de um transplante ser bem sucedido? É alta. Mas muita coisa depende de particularidades pessoais, o que impede uma resposta mais precisa. Existem no Brasil pessoas que fizeram transplante de rim, por exemplo, há mais de 30 anos, tiveram filhos e levam uma vida normal. Quais os riscos e até que ponto um transplante interfere na vida de uma pessoa? Além dos riscos inerentes a uma cirurgia de grande porte, os principais problemas são infecção e rejeição. Para controlar esses efeitos o transplantado usa medicamentos pelo resto da vida. Transplante não é cura, mas um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade. saúd e A qualidade de vida de um transplantado melhora consideravelmente. Mas o que acontece depois do transplante, quando a vida recomeça? E os medicamentos e tratamentos? E a possibilidade de rejeição? Quanto custa ser um transplantado? Muitos pacientes recém-transplantados podem sofrer durante quase um mês e ainda enfrentar o medo da rejeição do novo órgão. É o caso do funcionário público Élson Vasco, 43, que há dois anos fez um transplante de rim. Mas o medo de perder novamente as funções renais ainda assombra. O remédio que Élson precisa ingerir diariamente para evitar a rejeição ficou em falta na Farmácia de Alto Custo de Brasília durante quase um mês. Durante dez dias o funcionário público não pôde tomar as cápsulas de Tacrolimus, um eficiente imunossupressor que custa cerca de R$ 800. “Essa é a terceira vez que o remédio fica em falta. Tenho medo que isso se repita mais vezes”, reclama. Cerca de 50 pacientes, principalmente doentes renais, tomam o Tacrolimus no Distrito Federal. A autônoma Dayse Luci Terraço Alves, 48, também fez várias viagens ao Hospital de Base para conseguir o remédio. Ela se submeteu a um transplante de rim há três anos e desde então precisa tomar o medicamento para eliminar qualquer risco de rejeição. “Fiz hemodiálise durante quase seis anos até conseguir um rim novo. Não quero nem pensar em voltar à máquina depois de tanto sacrifício. Não podemos ficar todo esse tempo sem o remédio”, explica Alves. Ela ficou quatro dias sem o Tacrolimus e chegou a sentir até alguns efeitos sobre o seu corpo. O mesmo aconteceu com a autônoma Elaine Cristina Blanquez, 41, que em 2004 fez transplante de pâncreas. A autônoma chegou a enfrentar por dois meses a falta da medicação no posto de saúde, tendo que recorrer a amigos. O nefrologista Rafael de Aguiar Barbosa, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, lembra que o paciente transplantado precisa tomar o remédio pelo resto da vida. “Esse medicamento é usado depois do transplante de qualquer órgão sólido. Se o paciente não tomar o Tacrolimus pode ter um quadro de rejeição aguda e até complicações Tire suas dúvidas sobre doação de órgãos sa úd e Pós-transplante “É difícil julgar as pessoas com relação ao fato de não doarem os órgãos de um ente que acaba de falecer. Apelo para que as pessoas entendam sobre a doação de órgãos. Antes que elas mesmas, ou alguém de sua família, precisem”. Tenho um familiar esperando um transplante. Matematicamente, qual a chance dele encontrar um doador? É muito difícil responder a esta questão do ponto de vista de probabilidade. Mas considere inicialmente que ele seja do grupo sangüíneo A+. Na população brasileira, a chance de encontrar outro indivíduo A+ é algo em torno de 35%, ou seja, 35 em 100 ou 0,35. Mas o doador e o receptor devem ser também compatíveis em termos de tecido. Neste caso, a chance de encontrar indivíduos semelhantes é menor. Considere, ainda, que o doador deverá ser uma pessoa cujo órgão a ser doado tenha peso e tamanho semelhante ao do receptor, tenha sofrido um acidente cerebral, tenha boas condições de saúde e tenha chegado vivo a um hospital e cuja equipe médica tenha tido a boa vontade de entrar em contato com uma Central de Transplante. Logo, matematicamente falando, a chance de alguém encontrar um doador plenamente compatível é pequena. Agora, pense no seguinte: se você opta por “NÃO SER DOADOR”, você realmente está contribuindo para diminuir a chance de sobrevivência de outra pessoa e a felicidade de muitos. As pessoas têm vida normal após um transplante? Após o transplante, os receptores devem tomar diversos medicamentos. Os mais importantes são para evitar a rejeição. Estes medicamentos, que devem ser usados pelo resto da vida, podem causar uma série de efeitos não desejáveis. Para combater estes para efeitos, outras drogas devem ser administradas. As estatísticas mundiais mostram que a maioria (mais de 80%) das pessoas que receberam um coração por transplante, por exemplo, retornaram às suas atividades anteriores. Alguns praticam esportes, existindo até federações de transplantados. Quanto custa um transplante e quem paga? Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS. A maioria dos planos privados de saúde não cobrem este tipo de tratamento, cujo custo pode variar entre R$ 5 mil a R$ 60 mil. Quem faz transplante no Brasil? Segundo o Ministério da Saúde, existe no Brasil cerca de 117 instituições cadastradas para realizar transplante de órgãos: Rim (111), Medula óssea (13), Fígado (6), Coração (9) e Pulmão (3). Deste total, 40 estão localizadas na Região Sul (PR, SC, RS) dos quais, 20 são Hospitais do Rio Grande do Sul. Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Universo IPA | Dezembro 2007 62 do médico Ricardo soube da morte cerebral de seu filho, resolveu, juntamente com a família, doar os seus órgãos. Foram salvas seis vidas. Entre elas a do ator Norton Nascimento, que recebeu o coração de Ricardo. “Em todos nós, familiares, esta doação serviu como um conforto, quando então nos conscientizamos que sua morte não foi em vão”, comenta o pai do médico. 63 Calafrios, náuseas, tremedeiras são alguns dos sintomas de uma O fóbico sente um medo desproporcional doença pouco conhecida. Trata-se da fobia, muitas vezes, vista como uma “frescura” pela maioria das pessoas que não sofrem com essa doença, diferente do medo que é um sentimento comum aos indivíduos, em algum momento da vida. Universo IPA | Dezembro 2007 Márcia Dihl 64 É o medo de ser atropelado que faz uma pessoa olhar para o lado na hora de atravessar uma rua. Também se controla a velocidade de um carro por medo de acidentes. Da mesma forma, pessoas que nunca viram um animal venenoso têm medo de encontrar algum. Seres humanos e animais sentem medo e esse sentimento tem por objetivo promover a sobrevivência, por isso alguns psicólogos definem o medo como um sentimento bom. Portanto, pode-se dizer que o medo é racional, pois ninguém em sã consciência ousaria passar perto de uma favela quando traficantes e policiais estão trocando tiros. Certos medos poderiam ser universais, como apontam alguns estudos que indicam que as pessoas podem ser geneticamente predispostas a temer determinados animais como aranhas, cobras e ratos, porque eles estão diretamente relacionados com doenças, além de serem venenosos, como no caso de algumas cobras e aranhas. O programa “Fear Factor” – Fator medo - da famosa rede de TV americana NBC é um defensor da idéia do medo universal. Existe ainda outro aspecto do medo, chamado condicionamento. O condicionamento é o que leva algumas pessoas a temerem um cachorro, enquanto outras convivem com o animal dentro de suas casas. Se uma criança foi mordida por um cachorro, ela pode estar condicionada a sentir medo mesmo depois de adulta. O cérebro da pessoa relaciona a visão do cachorro com a dor da mordida sentida na infância. O psicólogo, Martin Seligman, desenvolveu uma experiência de condicionamento em que apresentava aos participantes fotos de certos objetos e lhes dava um choque elétrico em seguida. O objetivo era criar uma fobia do objeto da foto. Quando era uma foto de aranha ou cobra bastavam dois a quatro choques para estabelecer uma fobia, ao passo que apresentando fotos de uma árvore ou flor, era preciso muito mais choques para criar um medo real. Racional x Irracional Mas então qual é a diferença entre medo e fobia? Segundo o psicólogo, Leandro Feix, a diferença está relacionada com a razão, pois as pessoas convivem com o medo, que é racional. Hoje em dia quase todas as pessoas têm medo de sair de casa e serem assalta- As fobias têm cura Se você conhece alguém que sofre de algum tipo de fobia, sabe que não adianta tentar convencer a pessoa de que nada vai acontecer se ela subir em um prédio alto, por exemplo. A pessoa que tem acrofobia - medo de altura - não deixará de ter medo ao ouvir você dizer que nada acontecerá a ela se lhe acompanhar até o 13ª andar. Geralmente, o fóbico não precisa de um profissional para reconhecer a sua fobia, no entanto, a cura para a doença dificilmente é alcançada sem ajuda terapêutica. O momento de procurar auxílio deve ser decidido pelo próprio indivíduo, que muitas vezes tende a adiar o tratamento, por acreditar que os sintomas desaparecerão com o tempo. Um dos tratamentos indicados em caso de fobias específicas – veja no quadro alguns exemplos – é a terapia cognitiva comportamental, que trabalha com a dessensibilização sistemática, na qual o paciente desaprende a ter medo. Por exemplo, se uma criança desde pequena sabe que algum familiar tem medo de agulha, ou em algum momento vê alguém gritar ou chorar ao levar uma injeção, a criança está aprendendo a ter medo de agulhas. “A pessoa explica para o terapeuta o seu medo e juntos eles constroem, o que se chama de uma hierarquia de medos, pois uma coisa é se ver uma agulha, outra é falar sobre agulhas, ou ainda ver al- saúd e guém tomar uma injeção, assim como imaginar o objeto. À medida que a pessoa vai hierarquizando seus medos, paciente e terapeuta vão trabalhando um a um, como se fosse uma grande escadaria aonde eles vão subindo degrau por degrau”, esclarece Feix, especialista nesse tipo de procedimento. No entanto, alguns psicólogos não acham que a terapia cognitiva seja o melhor tratamento, pois não se preocupam com a essência da fobia. Em algumas fobias não desenvolvidas em função do pânico são aplicados métodos como inundação de estresse, no qual o paciente é inundado por seus medos, até que o seu cérebro reconheça que não existe risco. Outro método utilizado é o Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR), originalmente usado em pacientes com estresse póstraumático. Nesse tipo de terapia, os dois hemisférios cerebrais são alternadamente estimulados com estímulos tácteis ou auditivos, enquanto o terapeuta estimula o paciente a vivenciar os seus pensamentos, sensações e imagens fóbicas com o objetivo de alterar o processamento das memórias. A terapia psicanalítica oferece tratamento para resolver esse tipo de doença. De acordo com o Feix, a diferença é que não se tem uma resposta imediata do problema, pois o psicanalista busca a origem e o significado individual da fobia e a terapia cognitiva comportamental não se preocupa com a origem e sim com uma solução imediata. Não é possível prever em quantas sessões o paciente estará curado, no entanto, pesquisas apontam que em poucos meses o paciente alcança bons resultados. “Tendo em vista que é uma aprendizagem, assim que o tratamento acaba o paciente não sente mais medo nenhum, mas ele precisa, aos poucos, se colocar em situações que antes causavam medo para ele. Agindo assim, a pessoa fará uma prevenção à recaída”, conclui Feix. sa úd e uma barata transforma situações corriqueiras do cotidiano como tomar banho, ir ao trabalho ou permanecer em determinado local um verdadeiro inferno. “Ao me deparar com uma – o fóbico muitas vezes não consegue pronunciar o nome objeto de medo – eu saio de mim. Perco o controle, o bom senso, a educação, pois subo em qualquer lugar que me deixe segura! Já parei até no hospital em um dos ataques”, relembra a integrante da comunidade, Renata Regina Barbosa, que faz tratamento psicológico porque quer ter um filho e acredita que sofrendo de fobia não tem condições de ser uma boa mãe. Outras fobias Acrofobia – medo de altura Agorafobia - medo de lugares abertos Aracnofobia – medo de aranha Cinofobia – medo de cães Claustrofobia – medo de locais fechados Fotofobia - medo da luz Ofidiofobia - medo de cobra Triponofobia - medo de injeções Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Márcia Dihl Medo não é fobia das. O fóbico sente um medo irracional que faz com que não consiga sair de casa por um medo intenso e desproporcional de ser assaltado. Phobos é o nome da deusa grega do medo e do pânico, que deu origem à palavra fobia, classificada como uma psicopatologia. A fobia está relacionada a uma situação, bicho ou objeto. Os sintomas mais comuns da fobia são: formigamento, dor no peito, taquicardia, dificuldade para respirar, sudorese – suor excessivo -, tonturas, tremores e, em alguns casos, desmaios. “Esses e outros sintomas são produzidos pelo alto nível de ansiedade que o indivíduo está exposto, ou seja, visualizar o objeto de medo muitas vezes pode desencadear um ataque de pânico no qual o fóbico não tem controle de suas emoções”, explica Feix. A questão da fobia envolve muito mais do que simplesmente o medo. Ela transforma o dia-a-dia de pessoas que, fora dessa circunstância, têm uma vida completamente normal. No Orkut, maior site de relacionamentos da internet, existe uma comunidade com o título “Fobia de barata”, que conta com 5.809 participantes. É um local para os fóbicos discutirem o problema e trocarem experiências sobre o tema. Um aviso importante consta na comunidade: somente pessoas com fobia podem participar, no entanto, qualquer pessoa pode visitar a comunidade. Nela encontramse desabafos e acontecimentos inimagináveis para quem não sofre com esse mal, que vão desde chamar o porteiro para matar uma barata até o relato contado por uma senhora que afirmou ter ligado para o 190 informando que sua casa havia sido invadida por um intruso. O policial preocupado com o estado em que a senhora se encontrava lhe perguntou se era possível ver o intruso, ao que ela respondeu tratar-se de uma barata. O atendente da polícia esclareceu que se uma viatura fosse até o local ela seria detida por falsa denúncia. Para essas pessoas ver 65 brutalmente no trânsito. Perdem-se familiares, amigos, crianças, idosos, enfim, todos estão sujeitos, a qualquer momento, a tornar-se mais uma vítima. Está claro que o trânsito não está seguro. A imprudência e a imperícia, hoje, são os causadores dos maiores acidentes. Direção ofensiva, falta de educação e respeito pode transformar uma simples ida ao supermercado, numa tragédia sem igual para a família. Para minimizar as seqüelas das vítimas decorrentes do acidente, é necessária uma atuação profissional e capacitada para que o acidentado não acabe por morrer. E é nessa hora que os socorristas entram em ação. A ambulância é o instrumento principal utilizados pelos socorristas em socorro às vítimas Universo IPA | Dezembro 2007 Heloisa Pacheco 66 Ronaldo Ruaro, Cléber Peixoto, Julimar Fortes Pinheiro, parecem nomes de pessoas comuns entre tantos outros nomes, de indivíduos que possuem as suas próprias características e donos de suas vidas. Mas as diferenças acabam por aqui, pois todos estão ligados por um mesmo sentimento comum: a paixão em defender e salvar vidas. São homens de grande coração, que no seu dia-a-dia encaram a violenta e cruel realidade dos acidentes de trânsito. O gosto pelo desafio é o principal fator que levou esses três homens, anônimos diante das tragédias, a seguirem nessa profissão, que por muitos deve ser entendida como uma vocação, haja vista que cria enorme vínculo com a profissão. Quem decide por seguir nessa missão, visa uma busca, um anseio, ou mesmo um objetivo de vida. O técnico em enfermagem, Cléber Peixouma das causas preponderantes na escolha to, 31 anos, dedicou grande parte da sua vida, de sua profissão. Desafio esse, de possuir coaté agora 15 anos, à paixão por salvar vidas. nhecimento técnico, equilíbrio psíquico e caAinda no exercício de sua atividade, ele afirma pacidade física para suportar o desgaste físico que desde adolescente, gostava de assistir e mental. Ele ressalta: “Cada situação nova que programas na televisão relativos à emergênnos é apresentada, é um desafio a nós nos cia. Por conseguinte, a área de atendimento aperfeiçoar-mos”. pré-hospitalar foi chamando a sua atenção, O Comandante do Oitavo Comando Realiadas a oportunidagional de Bombeiros de des que obtivera duCanoas, Capitão Julimar “Já vi muita coisa ruim, rante o decorrer da sua Fortes Pinheiro, 34, fore vou continuar vendo” mou-se Aspirante na vida, que possibilitaram o ingresso nessa área. Brigada Militar em 1994, O médico, Ronaldo Ruaro, há dez anos leatuando no policiamento ostensivo até o ano va a vida salvando outras vidas. Com 35 anos de 1997. Nesse mesmo ano integrou ao Corpo de idade e três filhos ainda crianças, esse divide Bombeiros, visto que era a sua antiga aspide a sua vida com a vocação e a família. Conração. Ele define a sua profissão como gratifisidera a sua vida muito corrida, emocionante cante, e valiosa por ser reconhecida pela poe desafiadora, devido a intensa atividade propulação. Atualmente, Fortes precisa atuar em fissional. São horários e plantões a cumprir. todas as situações de risco existentes, como Ruaro lembra que a sensação desafiadora foi salvamentos a altura e aquático. Mas afirma Para ser socorrista Segundo Fortes, é essencial afinidade com o serviço. Outro ponto importante, é um bom treinamento, uma dedicação e uma doação enorme. Muitos que decidem por seguir na vida como socorrista, visam mais que um emprego. Imprescindível é não ter nenhum tipo de problema ao se deparar com sangue e situações de estresse extremo. Perante uma situação calamitosa deve ser mantida a tranqüilidade, “até porque nós seremos o referencial para que aquela pessoa vitimada se sinta protegida. Se tiver mais apavorada que a própria vítima, tu não será a pessoa indicada para ser socorrista”. Isto se percebe no primeiro atendimento. E é nesse primeiro contato que alguns desistem. É necessário auto-controle e tomadas de decisões rápidas. Um juízo crítico muito rápido a cerca das situações. Uma boa disposição para aprender e aceitar desafios. “Sem dúvida uma capacidade boa de lidar com seres humanos em toda sua complexidade”, sintetiza Peixoto. Obstáculos As dificuldades dependem exclusivamente da realidade da ocorrência. Uma das máximas usadas pelo Corpo de Bombeiros e relembrada por Fortes é “Cada Ocorrência é um Ocorrência Diferente”. Os principais obstáculos é o trânsito intenso, difícil acesso e o efetivo isolamento da área. De acordo com Ruaro, há também diversos relatos de agressão. “As pessoas não entendem que somos seres huma- saúd e Todo dia vidas são interrompidas nos, eles vêem o uniforme, a instituição, mas esquecem que nós somos como eles, pessoas normais, temos famílias, a gente sente fome, frio”, afirmou o socorrista. Muitas vezes, os curiosos que se aglomeram ao redor dos acidentes, menosprezam os riscos que os socorristas correm. Em condições de risco, como um fio elétrico na área do acidente, os socorristas estão proibidos de resgatar a vítima. A segurança deles está sempre em primeiro lugar, para que não se tornem outras vítimas. Um outro problema que chama muita atenção, é a sombra da figura do socorrista herói que norteia a mente das pessoas. “Não me considero um herói, e nem quero. É muito difícil ser herói, quero ser um ser humano normal. Eu quero chegar em casa, vestir meu chinelo, quero ser um cidadão comum. Apenas desenvolvo um trabalho muito bonito, que foi até o que me levou a optar por essa profissão”, explicou Ruaro. Fortes conclui: “A gente não quer ser um herói, o herói morre. Eu sou um profissional que vai fornecer o melhor suporte possível, para que a vítima sofra menos traumas enquanto estiver nas minhas mãos”, conclui Fortes. sa úd e o homem que leva a vida salvando vidas tanto ele diz que por mais que tente, são tantas situações que fica muito complicado. E completa: “São dados que irão ficar na minha memória para sempre, vou carregar para o resto da vida comigo”. Ele recorda um caso recente que o marcou: “Houve um atendimento na BR-116, no qual houve uma colisão entre duas motocicletas. Onde estavam em cada uma delas, o motociclista e caroneiro. Em uma delas, estava um casal. A colisão e por conseqüência a queda foi leve, não havendo maior repercussão. Mas por terem caído na BR-116, a namorada foi para o lado da pista. Segundo relato do motociclista para nós na ambulância, quando ele lembrou da companheira, tentou puxá-la pela mão, mas uma carreta passou por cima dela. Ele presenciou a cena”. Ruaro lembra que uma das coisas que o chocou foi a reação do motociclista, que em alternados momentos agia como uma criança, e em outros tentava assimilar o fato ocorrido e, portanto, gritava sem nenhum referencial. “Ele não suportava a situação e toda equipe emocionou-se também”, afirmou o socorrista. Os 10 mandamentos do socorrista 1. Mantenha a calma. 2. Tenha sempre em mente a seguinte ordem de segurança: - Primeiro eu (socorrista)- Depois minha equipe (incluindo os transeuntes) - Por último a vítima 3. Ao prestar socorro, é fundamental ligar ao atendimento pré-hospitalar de imediato ao chegar ao local de acidente. 4. Sempre verifique se há riscos no local, para você e sua equipe antes de agir no acidente. 5. Mantenha sempre o bom senso. 6. Mantenha o espírito de liderança, pedindo ajuda e afastando os curiosos. 7. Distribua tarefas, assim os transeuntes que poderiam atrapalhar lhe aguardarão e se sentiram, mais úteis. 8. Evite manobras intempestivas (realizadas de forma imprudente, com pressa). 9. Em caso de múltiplas vítimas, dê preferência àquelas que correm maior risco de vida, como por exemplo, vítimas de parada cardiorespiratória ou que estejam sangrando muito. 10. Seja SOCORRISTA e NÃO HERÓI (lembre-se do segundo mandamento). Universo IPA | Dezembro 2007 Socorrista, Heloisa Pacheco sasaúd úd e e Profissionais minimizam possíveis traumas de acidentes, atuando em prol da vida humana que tem uma intimidade maior na área de pronto-socorrismo e combate a incêndio, visto que é o cotidiano. “Diversidade”, essa palavra define o dia-adia de todos os socorristas. A cada nova ocorrência, surge um novo obstáculo, um desafio diferente, uma dificuldade a mais a ser superada. Desse modo, a capacidade de aprender e superar as expectativas são fundamentais para os socorristas. Ruaro explica que nunca fez um plantão igual ao outro: “Têm plantões cujas cenas nos toca, sendo que já me emocionei com eventos muito delicados”. O também socorrista, Fortes, ressalta que acumulou muitas vivências ao longo de sua carreira. Conta que atendimentos envolvendo crianças costumam marcar mais drasticamente as suas vidas. “Nós trabalhamos com a desgraça alheia, e não nos acostumamos com isso. Mas como a rotina é essa, nos propusemos a trabalhar nessa área sem heroísmo. Já vi muita coisa ruim,e vou continuar vendo. Assim como irei continuar tendo gratificações extremas”. Para ele, conseguir salvar uma pessoa, ou minimizar um grande trauma, é uma dádiva divina. “São essas gratificações que fazem com que esqueçamos por alguns minutos essas lastimáveis situações”, completa. É qualificação para todos os socorristas estarem preparados emocionalmente para quaisquer eventos traumáticos. As emoções, mesmo que contidas no momento de ação, após necessitam ser expressadas. Cada um possui uma maneira de liberá-las, com reflexão, atividades esportivas, lazer. A condição diferencia, mas a necessidade é certa. O socorrista Peixoto costuma dedicar as suas manhãs livres à prática de esportes, onde este tem a possibilidade de “metabolizar” a sobrecarga ocasionada pelo alto número de atendimentos. A tarefa dos socorristas está ligada a minimizar o risco de outros traumas e complicações após o acidente. Não há tempo a perder, os minutos são valiosos. Os segundos são cruciais. Os primeiros dez minutos após o evento traumático, que seria a colisão, são decisivos à vítima. É o momento entre a vida e a morte. Segundo nomenclatura internacional, é chamado de “Dez Minutos de Platina”. Após, chama-se “Golden Hour”, que seria a primeira hora ou a “Hora de Ouro”. Considerado o tudo ou nada, é o que decide, muitas vezes, a sorte daquela pessoa que está nas mãos dos socorristas. Não pode haver tempo para pensar, ao contrário, é necessário agir prontamente no foco da cena, isto é, na vítima. São tantos acidentes diários, que o controle de quantas vítimas salvara é uma tarefa complexa de ser realizada. A idéia de fazer um controle no decorrer de seus dez anos no exercício passou pela cabeça de Ruaro, entre- 67 Durante a sua gestação Adriana Antunes tomava muito líquido e passava cremes hidratantes Saúde e beleza na gravidez Universo IPA | Dezembro 2007 Kamila Johann 68 Ser mulher é muito bom, pois se tem várias vantagens das quais os homens não podem desfrutar. Uma delas é ser mãe. Dar a luz a uma criança é uma dádiva, é um momento muito importante, é uma hora de fazer muitas escolhas e grandes mudanças, além de ter alguns cuidados. A Revista Universo IPA vai lhe ajudar a ter as devidas precauções para ter uma gestação saudável e bonita. Está pronta para ter uma gravidez divina e maravilhosa? Então, leia esta matéria que irá lhe auxiliar para ter uma gestação saudável e bonita. Alimentação saudável Em primeiro lugar, para ter uma gestação saudável, é necessário alimentar-se bem de forma balanceada e fazer exercícios físicos. Aquela história de que quando se está grávida deve-se comer por dois é o maior erro. Segundo a nutricionista do Serviço Social da Indústria (SESI) de Porto Alegre, Neusa de Camillis, é indispensável uma alimentação saudável, rica em proteínas, carboidratos e vitaminas. “O ideal é que a mulher planeje sua gestação, fazendo uma dieta balanceada a contar de seis meses antes de engravidar até o nascimento do feto, para ajudar na formação do bebê e, após, durante a amamentação, para enriquecer, com nutrientes, o leite dele”, reforça a idéia de Camillis, a coordenadora do curso de nutrição do Instituto Metodista IPA de Porto Alegre, Magda Cammerer. Ambas nutricionistas concordam com a idéia de que se deve “controlar o garfo”, pois durante a gravidez é muito fácil ganhar peso. Quando o assunto é exercícios físicos, o Coordenador Administrativo da Associação Desportiva do IPA (ADIPA), Daniel Geremia, afirma que durante a gestação, por causa do aumento de peso e do crescimento da barriga, a mulher tende a ter dores lombares e o impacto com o chão durante a atividade física é muito maior do que quando não se está grá- Descubra as situações que podem afetar uma gravidez tranqüila vida. Por esses e outros motivos, Geremia aconselha que gestantes, principalmente durante o primeiro trimestre da gravidez, façam exercícios leves, como a hidroginástica, porque a água diminui o impacto da grávida com o solo. Também, sugere que façam caminhadas tranqüilas, de duas a três vezes por semana, para não deixar o sedentarismo tomar conta do corpo por causa da gravidez, o que é muito ruim para a mulher grávida. Pele e cabelos bonitos Ter um cabelo bem tratado e uma pele bonita durante a gravidez é essencial, até porque é o período da vida em que a mulher fica muito mais sensível, pois se sente gorda, inchada e feia, além de estar se preparando para a chegada de um bebê. Estrias, celulite, flacidez e qualquer outro tipo de marca ou mancha apavoram as mulheres, então não dá para comentar o que se passa na cabeça de uma grávida, não é mesmo? Muitos obstetras recomendam que a gestante não pinte os cabelos, pois a amônia pode afetar o bebê. “Normalmente, aconselho minhas pacientes que usam tinturas a pintarem o cabelo com uma coloração semelhante a sua natural, para que não precise pintar durante o resto da gravidez”, comenta a Ginecologista e Obstetra, Suzane Matte. “O ideal é investir em hidratações com cremes caseiros e cortes, para não deixar de ser bela por causa de uma tintura”, aconselha a Cabeleireira, Valquíria Fernandes. Com relação à pele, a Dermatologista, Irene Schimitt, sugere a ingestão de muito líquido, para hidratar a cútis e prevenir as temidas estrias. “Dá para abusar de cremes para o corpo e óleos, pois eles complementam a hidratação que a água traz para o corpo”, reforça Schimitt. Consumir gelatina também é uma boa opção para quem não quer ter essas imperfeições na pele, pois ela possui colágeno, substância essa que influencia na elasticidade da pele, podendo reduzir a flacidez e, dependendo do caso, prevenir a pele da celulite. A ingestão de pouco açúcar, frituras e refrigerantes também atinge diretamente a pele, por isso, evite ao máximo. Viu que não dá para relaxar, mesmo estando grávida? Então, mãos à obra mamãe! Muita água, creme hidratante, óleo corporal e gelatina para ficar bonita e ter um bebê saudável e orgulhoso da mãe bonita que ele tem. Mas lembre-se de evitar o refrigerante, o açúcar e as frituras. Moda para grávidas É muito importante cuidar da saúde e da aparência durante a gestação, mas também é essencial estar bem vestida, pois a beleza generalizada é o melhor cartão de visitas para as pessoas. Infelizmente, lojas grandes e famosas não possuem confecções para grávidas, o que, muitas vezes, impede que uma gestante fique na moda. Para piorar, a maioria dos pontos comerciais que possuem vestuário para grávidas, raramente, tem preços acessíveis à população, ou seja, boa parte das peças de roupa custa caro. Existem algumas saídas para você que quer estar bem vestida durante a gestação, como encomendar roupas sob medida para um alfaiate ou costureira, ou, até mesmo, apelar para confecções esquecidas ou muito utilizadas presentes no seu armário. Através de pesquisas, algumas dicas para você, futura mamãe, estar na moda usando o que tem no armário ou arranjando soluções bem acessíveis financeiramente. Erros - Comprar roupas normais só que de numeração maior. A modelagem dessas roupas não são próprias para as “novas formas” da mulher e, conseqüentemente, acabam lhe caindo mal. - Usar roupas do marido ou namorado. Por que usar confecções masculinas num mo- - Escolha roupas fáceis para vestir. Neste caso, peças com ajustes especiais (botões, elásticos, faixas etc.) são as mais recomendadas. - Use malhas na barriga ou calças de cintura baixa. Estas roupas não atrapalham a acomodação do bebê e nem deixam a mamãe desconfortável. - Abuse dos vestidos. Além de serem confortáveis, dão um toque bem delicado à gestante. - Procure usar sapatos ou sandálias sem salto. Estar confortável é essencial e o salto prejudica a locomoção da mulher grávida, fazendo com que ela corra mais riscos de cair. - Use estampas e decotes a vontade, mas não exiba muito o barrigão. Não precisa mostrar a barriga para todos perceberem que você está grávida, a discrição é a principal característica da elegância. - Não use roupas escandalosas. Você chama bastante a atenção das pessoas com a gravidez, por isso não queira exibir-se com peças chamativas demais. - Resumindo, você, futura mamãe, não pode deixar de cuidar da alimentação e parar de se exercitar, porque “maus hábitos alimentares e físicos não prejudicam apenas a sua saúde, mas também a de seu bebê que está para chegar”, explica Matte. Também, não pode se esquecer de que não existe uma dieta geral para todas as mulheres, portanto, deve procurar um Nutricionista para acompanhar de perto a sua gestação. Dicas de sites para a mulher grávida » www.clinicafgo.com.br » meunene.uol.com.br » www.copacabanarunners.net/ gelatinas-e-colageno.html » www.minhavida.com.br » guiadobebe.uol.com.br » www.bolsademulher.com » www.omelhordamoda.com.br/resultado_ categoria103.asp?CatID=103&order=3 »w ww.planetabebe.com.br/ contents/biblioteca/html/biblioteca.htm saúd e sa úd e Dicas Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Fotos: Feu Antunes mento tão feminino? - Usar roupas de amigas que estiveram grávidas. Lembre-se de que os corpos femininos não são iguais e que algumas mulheres engordam demais e outras de menos. - Usar somente os costumeiros modelos de macacão para gestante, ou com babados, ou em apenas cores pastéis e cheios de detalhes desatualizados. Existem muitas opções de roupa para mulheres que se encontram nesse momento tão especial. 69 Danielle oliveira Um tema que gera polêmicas a Universo IPA | Dezembro 2007 dermatologistas, esteticistas e pes- 70 soas adeptas à técnica: bronzeamento artificial. Quais os riscos? Há quem diga que a técnica das câmaras de bronzeamento pode causar inúmeros danos à saúde e quem diga que não há problema. Saiba das opções de bronzeamento e dos riscos que você corre com esse procedimento. Por ano, quase 2 milhões de brasileiros se rendem às facilidades do sol artificial. Ele está disponível em qualquer esquina, dos centros especializados ao salão de cabeleireiro do bairro. A falta de tempo para ir à praia, o medo de descascar depois do sol e o temor pelos efeitos dos raios solares são os motivos que tem feito com que as pessoas optem por técnicas artificiais de bronzeamento. É um tratamento prático e não custa caro, uma sessão pode variar de R$ 10 a 80. Mas é bem arriscado. Você precisa saber Segundo a Vigilância Sanitária, uma clínica precisa de alguns documentos para estar apta a fazer o procedimento: comprovante de treinamento da operadora da máquina, o certificado do médico responsável e o selo de permissão de uso da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, segundo a esteticista da Estética Mara, Neila Maria Ruschel, antes de se submeter ao tratamento, a cliente precisa estar ciente dos riscos assinando um termo e levar um atestado médico afirmando que a pessoa pode fazer o bronzeamento artificial. O bronzeamento a jato não precisa nem tem contra indicação. De acordo com a esteticista, quem tem histórico de câncer de pele ou alergia ao sol não deve fazer o tratamento. Na estética em que trabalha, ela conta que a cama é esterilizada. Ela explica também que em termos de segurança, a cliente usa um óculos próprio para a cama, pois os olhos desprotegidos podem desenvolver queimaduras e cataratas. Cada sessão custa em média R$ 10 e dura de 15 a 30 minutos, dependendo do tom de pele que a pessoa está e o máximo que se pode fazer é uma sessão por dia, ressalta. As recomendações que a esteticista dá são de evitar produtos que acelerem o bronzeamento, não passa protetor solar durante a sessão e o autobronzeador pode usar somente nos dias que não forem feitas as sessões. Bronzeamento artificial Camas de bronzeamento: O método mais antigo e a opção mais procurada. Nas câmaras de raios UVA, uma sessão dura, normalmente, de 15 a 30 minutos, como se estivesse exposto ao sol por um dia inteiro. Após a sessão, a sensação é de ressecamento, coceira e vermelhidão, causados pelos raios UVB. O uso de protetor solar não evita que as radiações, principalmente do tipo UVA, atinjam a segunda camada da pele, a derme. Pode ser feito em clínicas de estética. Bronzeamento a jato: Na clínica estética, você veste o biquíni e, com um jato de ar se- saúd e SASaúd úd e e Estética Mara A técnica mais procurada de bronzeamento artificial: câmaras de bronzeamento. A longo prazo, ela pode causar inúmeros danos à saúde sa úd e vale a pena correr o risco? Muitas pessoas não entendem porque os dermatologistas não recomendam o bronzeamento artificial nas câmaras. Dentro das cabines, não há barreira alguma para os raios UVA nem para os UVB. O dermatologista Walmor Bonatto desaconselha a utilização quando o objetivo é apenas estético, porque os raios podem lesar a pele e trazer danos a médio e longo prazo. Ele explica que o bronzeamento artificial com raios UVA e UVB (raios ultravioleta A e B) só é indicado para determinados tipos de doenças de pele como em alguns casos de psoríase e vitiligo. Como alternativa, o médico aconselha os cremes autobronzeadores de aplicação local ou o bronzeamento a jato que tem a mesma base, sendo soluções que não descascam nem provocam o envelhecimento precoce. “Em longo prazo, além de ser nocivo para a pele, a cama de bronzeamento artificial pode queimar, causar flacidez, acelerar o envelhecimento e aparecimento de rugas, há risco de lesões oculares como catarata e cegueira e provocar diversos tipos de câncer de pele”, afirma o dermatologista. Segundo Bonatto, a intensidade das luzes é duas a três vezes maior que a radiação solar e quanto maior a freqüência, pior são os efeitos. O UVA penetra profundamente na pele alterando fibras elásticas e colágenas, perda da elasticidade e manchas. Existem vários estudos publicados que comprovam tudo isso, como o realizado por cientistas norte-americanos da “Darmouth Medical School” (DMS), situada em Hanover (New Hampishire – EUA). Até algum tempo atrás, vários profissionais consideravam que esses raios eram seguros. Os efeitos nocivos dos raios ultravioletas UVA e UVB não são visíveis imediatamente, porém, os danos da irradiação são cumulativos e podem dar os primeiros sinais somente após dez anos ou mais. Os pesquisadores também alertam que quanto mais jovens são os usuários dos solários, mais perigos correm. melhante ao utilizado em pintura de carro, recobriu que tinha dermatite de pele, o seu dercebe uma aplicação de loção bronzeadora. matologista disse que o sol ajudaria a exterBastam, em média, 20 minutos para aplicar o miná-las, ela começou a observar que no veproduto e 20 minutos para esperá-lo secar. Ele rão elas sumiam e quando chegou o inverno, age apenas na camada mais externa da pele começou a fazer o bronzeamento. Desde en(onde o princípio ativo, a diclassroxiacetona, tão, faz o ano todo, mas com menos intensiDHA, encontra a queratina e, juntos, produdade no verão. “Faço três sessões por semana zem uma substância de tom marrom-dourano inverno e no verão uma ou duas. Todas do, a melanoclassina), por isso não oferece vezes que paro, minhas dermatites voltam danos à pele. O efeito dura cerca de sete dias. com tudo. Acho que nem envelhecimento Autobronzeadores: De acordo com o derprecoce ocorre, aliás, tudo em excesso não é matologista, dentre bom”, observa. as opções de bronA estudante de “O bronzeamento artificial zeamento artificial, Medicina, Samy pode queimar, causar flacidez, Spencer, 21, conta essa é a mais segura acelerar o envelhecimento que quando fez a por ser um produto cosmético que reasua primeira sessão, e causar câncer de pele“ ge com as proteínas se assustou um pouda pele, trazendo modificação do tom da peco, pois ficou com as costas vermelha e ardenle poucas horas após a aplicação. Por não pedo. O tempo da sessão foi de dez minutos. netrar na pele, o produto não estimula a pro“Fiquei com medo de fazer de novo e nunca dução de melanina, não oferecendo riscos de mais fiz”, declara. envelhecimento precoce nem câncer de pele, A jornalista Aline Fernandes, 23, diz: “Eu famas a aplicação deve ser feita longe do sol. zia bronzeamento artificial nas camas e adoraExistem no mercado internacional produtos va. Abusei, fiz 68 sessões em menos de dois que proporcionam uma coloração bem prómeses, fiquei um tempo com ardência quando xima da conquistada pelo bronzeamento name expunha ao sol, mas passou. Parei de fazer tural. É uma boa alternativa que apenas tinge por preocupação com a saúde”. Uma vez quana pele sem que seja preciso submeter o corpo do precisou ficar bronzeada do dia pra noite, à radiação. fez a técnica a jato e ficou toda manchada, cor Pílulas de bronzeamento: São comprimisim cor não, parecia que tinha contorno sobre dos à base de aminoácidos que estimulam a suas células, escamou e mesmo com esfoliaprodução de melanina quando a pessoa se ção, não saiu, foram três dias de alergia. expõe ao sol (melanina é o pigmento responA bancária Pamella Lara, 22, não aconsesável pela cor da pele). As cápsulas estimulam lha o bronzeamento a jato, pois relata que fez a produção de melanina, o pigmento natural e se arrependeu. Na sua opinião, ficou horrível da pele. Naturais, sem conservantes, açúcares porque a pele parece estar encardida, manou corantes artificiais, ainda não foram recochada e com uma cor amarelada, em algumas nhecidas como um produto que possa ser partes do corpo ficam mais e outras menos utilizado especificamente para bronzeamenbronzeadas. “Realmente não vale a pena, fiz to pelo Food and Drug Administration (FDA), duas vezes, uma em 2005 e a outra foi agora órgão americano responsável pelo controle e há pouco tempo. Fiz de novo porque achei regulamentação das drogas e medicamentos que poderia ter sido o local que eu fiz, mas lançados no mercado. infelizmente não é”, relata. Convém avaliar muito bem a necessidade real do bronzeamento artificial, pois esse procedimento não é recomendado pela SociedaFaz 17 anos que a advogada Michele Soude Brasileira de Dermatologia. Lembre-se: za, 35, é adepta da técnica de bronzeamento Cuide da sua pele hoje, para que ela continue artificial. Para ela, a cor é perfeita e a rapidez é saudável e nova amanhã, portanto sinal veralgo inacreditável. Quando a advogada desmelho às lâmpadas de UVA e UVB. Opinião de quem fez Você sabia que... - Um estudo sueco, em 1994, concluiu que quem tem menos de 30 anos e se bronzeou dez vezes ou mais com lâmpadas de UVA em um ano, aumenta em sete vezes as chances de desenvolver melanoma e carcinoma. O melanoma é a doença atinge dois entre mil brasileiros, sendo responsável por seis de cada sete mortes causadas por câncer de pele. - Na Inglaterra, segunda colocada mundial de bronzeamento artificial (a campeã é a Alemanha) essa é a segunda forma mais comum de câncer, com 4 mil casos a cada ano e quatro mortes por dia. - As emissões de UVA enfraquecem as células da pele e o sol tomado após as sessões prejudica ainda mais. - Adolescentes e grávidas devem evitar esse tipo de bronzeamento. Ao final de cada sessão, é necessário ingerir água. - Não se deve expor em aparelhos e ao sol no mesmo dia. Universo IPA | Dezembro 2007 Bronzeamento artificial: Vale a pena? 71 A busca para obter o corpo perfeito atinge não somente mulheres, mas também homens. O exagero dessa busca pode causar doenças graves como a Vigorexia nos homens e a conhecida Anorexia em mulheres. Isso ocorre quando não estão satisfeitos com os seus corpos, fazendo o possível e, muitas vezes, até mesmo prejudicando a sua saúde para assim conseguirem os seus objetivos. Muitos ainda recorrem ao uso de drogas artificiais como anabolizantes para obter o resultado desejado mais rapidamente, com isso trazendo muitas complicações tanto para os homens como em mulheres, causando problemas nos tendões, ossos e ligamentos, ainda podem causar a impotência sexual nos homens entre outros danos à saúde e nas mulheres pode causar o engrossamento da voz e ganho de pêlos. O Coordenador do Curso de Educação Física e Professor do Centro Universitário Metodista IPA, Leandro Vargas, debate muito em aula com os seus alunos assuntos polêmicos como: Uso de anabolizantes, preparação precoce e o culto ao corpo. “A mentalidade está mudando muito em relação do culto ao corpo, em média de 50% da população ainda pratica exercícios físicos direcionados à vaidade por indução da mídia, mais ainda há pessoas que se preocupam com a saúde”, afirma Vargas. Cresce a cada dia o número de academias especializadas no treinamento e condicionamento físico, ao entrar na academia o aluno passa por uma avaliação física, onde são coletados dados sobre alimentação e histórico de saúde, que são levados em conta na montagem do seu treinamento. Todos passam por um período de adaptação, onde o objetivo principal é melhorar o condicionamento físico, que aprendam corretamente os movimentos para então começar o treinamento específico, sistema adotado pela Academia Athletic. O professor Miguel Jorge Rodrigues Júnior, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que trabalha há quatro anos na Academia Athletic, explica saúd e Paula Anacleto sa úd e Como lidar com o culto ao corpo, mantendo como prioridade a saúde Idosos se reúnem em todo o Brasil para a prática de exercícios físicos ao ar livre Homens e mulheres associam-se às academias de ginástica com o objetivo de adquirir ou melhorar a sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar a forma física que é recomendado aos alunos procurarem um acompanhamento nutricional, uma vez que a Academia não possui esse tipo de serviço. “Eu juntamente com os estagiários da área procuramos dar um acompanhamento a todos os alunos que precisam, desde o início até quando houver necessidade. Se o aluno deseja seguir o tempo todo sobre nossa orientação, assim será, só não prescrevemos dietas, pois não temos formação para isso”, complementa ele. Verão Com a chegada do verão a procura por academias tem um aumento significativo, com isso a Athletic aumenta o número de instrutores, para assim manter o nível do atendimento, pois o treinamento é montado de acordo com os interesses e necessidades de cada aluno e é oferecida uma atenção maior a esse público quando preciso. O professor ainda deixa algumas dicas sobre a importância do exercício físico realizado corretamente. “Pratiquem atividade física frequentemente, tanto por questão de saúde quanto por estética e tenham sempre um acompanhamento médico. Procure uma aca- demia com pessoal qualificado para desenvolver seu treinamento”, explica Rodrigues Júnior. Hoje, as academias dispõem de espaço e estrutura para atender a todos. Mas há alguns estabelecimentos especializados, como a Academia Urgetrauma, Vida Ativa, que apesar de ter o aluno mais novo com 14 anos e o mais velho, com 89, tem como carro chefe a terceira idade. A média dos inscritos é de 53 anos e em sua maioria aposentados, como é o caso de Oswaldo Romagna Carpes, de 82 anos, que freqüenta a academia desde outubro de 2006. Existem, cada vez mais, evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo na manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento. “Como a longevidade está aumentando a cada ano, a população idosa está crescendo, com isso as doenças que estão aparecendo são as degenerativas, ou seja, degenera nervo, articulação, a musculatura vai se perdendo e isso acontece a partir dos 30 anos de idade”, afirma a Professora Luciana Natividade. Formada em Educação física pela UFRGS, Natividade trabalha na academia da Urge- Dicas para manter uma boa qualidade de vida - Auto-estima elevada. Estar de bem consigo mesmo é o primeiro passo para uma vida saudável. - Alimentar-se bem: o café da manhã é a refeição mais importante, dá energia para o dia que vem pela frente. A janta deve ter no cardápio alimentos leves e nutritivos. - Praticar atividades físicas é sinônimo de disposição. É essencial escolher algum exercício com o qual você se identifique e que não exija esforço além do normal. Para a terceira idade a dica é praticar natação e caminhada. - Praticar atividades alternativas, como a yoga e meditação, que auxiliam na concentração e no bem-estar em geral. - Evitar o sedentarismo. - Dormir bem evita cansaço, ansiedade e mau-humor. Uma noite tranqüila de sono é fator decisivo para a saúde, tanto do corpo como da mente, para enfrentar um dia desgastante no trabalho ou na escola. Para isso, dormir em um local confortável e silencioso é fundamental. - Ser otimista. Pensamentos positivos atraem coisas boas. - Estabelecer boas relações sociais, tanto em casa quanto no trabalho. - Reservar um tempo no seu dia para o lazer. Oswaldo Carpes, 82, pratica regularmente atividades físicas - Combata o estresse excessivo através de atividades de relaxamento e respiração. Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Universo IPA | Dezembro 2007 72 Fotos: Paula Anacleto www.saoluis.ma.gov.br Em busca da longevidade trauma, Vida Ativa, desde o início, ou seja, já faz cinco anos e meio. A Vida Ativa possui um trabalho diferenciado, não somente por ser ligada à ortopedia e traumatologia, mas sim pela maneira de atendimento. Possuindo seis professores atuantes, onde existe um limite de dez alunos por professores, contando com o apoio de um estagiário para assim auxiliar no posicionamento, na postura, ligar esteira, entre outros aparelhos. “Aqui eu sou responsável pelo setor de avaliação. Todos os alunos passam por mim, entram aqui e fazem a avaliação, preenche um questionário sobre todo o relatório de saúde, objetivo e depois faço uma avaliação de condição corporal, avaliação postural, com isso fazendo o fechamento da avaliação desse aluno”, explica Natividade. Essa avaliação ocorre de três em três meses e é obrigatória, todo o aluno tem que ter esse acompanhamento. Ainda há orientação nutricional, com dicas de como manter uma alimentação adequada. Contudo, segundo relato dos professores entrevistados as possíveis relações entre saúde, envelhecimento e exercícios físicos têm sido muito importantes, para então encontrar o segredo de um envelhecimento saudável. 73 Michelle Neckel RODRIGO BRUSTOLIN “Os bons médicos, quando alguém os consulta e se queixa da vista, respondem, naturalmente, que não é possível cuidar dos olhos isoladamente, mas que é necessário tratar simultaneamente da cabeça, se se quiser passar bem os olhos. De igual modo, julgar, enfim, que a cabeça se cura em si mesma, separadamente de todo o corpo, é uma grande insensatez. Partindo deste princípio, debruçando-se sobre todo o corpo, as suas prescrições procuram, através do todo, tratar e curar a parte”, (Platão). Platão com essa citação fornece uma visão das raízes da medicina, que se fundamentam nas idéias do “pai” da medicina, Hipócrates. Ele acreditava que o homem tinha que ser visto como um todo não em pequenas partes. Colocava também o ambiente que vivemos como um dos determinantes para a saúde do homem. A partir desses fatos vivenciamos uma ironia. As raízes da medicina moderna hoje são encaradas como alternativas ou complementares. A tentativa de ampliar os conhecimentos nas diversas áreas das ciências médicas, acabaram por transformar a medicina ortodoxa e o corpo humano em um enorme quebra-cabeças. Os avanços científicos são inegáveis, mas para isso a ciência transformou seres humanos em máquinas, como um jeito de melhor estudar-los. Nesse contexto, em pleno século XXI, é que os idéias de Platão e Hipócrates voltam a tona, e com elas culturas a muito esquecidas ou pouco valorizadas agora são resgatadas para nutrir o homem com tratamentos muito diferentes entre si mas que tem em comum a concepção de homem como homem. Temos então uma explosão de terapias alternativas vindas de todas as partes do mundo, principalmente do oriente, trazidas especialmente pela medicina tradicional chinesa, e todo seu conhecimento milenar. Acupuntura, shiatsu, Tai chi, a fitoterapia tradicional, todas essas são formas de tentar equilibrar o corpo, a mente e a alma, e assim trazer a cura para muitas doenças e prevenir varias outras. Segundo Paulo Olivetti R. Prates, Fisioterapeuta e estudioso de terapias holisticas, o principal obstáculo encontrado por todas as terapias chamadas alternativas são provas que realmente funcionam, e é por isso que o cuidado quando se procura uma forma de tratamento que fuja dos tradicionais, tem que ser redobrado. Então antes de cair de cabeça em alguma promessa de cura, pesquise e pergunte sobre o tratamento para amigos e pessoas que já passaram por ele. As terapias alternativas não são a solução para todos os males mas com certeza podem trazer muitos benefícios para a qualidade de vida. Deixe os preconceitos de lado e dê uma chance a essas terapias, que são mais que terapias, são estilos de vida. Universo IPA | Dezembro 2007 Alguns tipos de terapias 74 música acupuntura - Estimulação de pontos específicos do corpo a partir de agulhas ou outros instrumentos. aromaterapia - Trata enfermidades e desiquilíbrios do corpo utilizando variadas misturas de aromas. ayurveda - De origem indiana, é considerada a mãe da medicina, com seus mais de cinco mil anos. A Ayurveda usa um conjunto de variadas técnicas em sua abordagem terapeutica. cromoterapia - Consiste na utilização das cores para a cura de doenças. Shiatsu - Pressionando com os dedos os pontos sensíveis do corpo, relaxa e equilibra o corpo. Homeopatia - Utiliza sintomas parecidos com os das doenças, através de concentrados muito fracos diluidos em álcool. A Musicoterapia é a utiliza- coterapia no Instituto de Música de São Leopoldo,a sua sede e das Faculção da música e os seus elemen- dades EST. tos, por um musicoterapeuta A rede de ensino é a única a oferecer o curso nos estados do Rio Grande do qualificado. Sul e Santa Catarina. Para Piasenski, a tendência é de um reconhecimento caEssa terapia, que é reconhecida cien- da vez maior da profissão. “Os estudantificamente, se propõe a atender todas tes que estagiam no Hospital Psiquiátrias faixas etárias e as doenças que podem co São Pedro, por exemplo, recebem ser tratadas psicologicamente, como a cada vez mais pacientes encaminhados depressão e as psicoses. por psiquiatras e psicólogos. Isso comO mercado de trabalho é amplo. Os prova a diferença benéfica que a Musimusicoterapeutas podem atuar em coterapia faz”, argumenta. hospitais, clínicas, escolas regulares ou A estudante do oitavo semestre, especiais e instituições geriátricas, entre Joana Haaf, escolheu cursar Musicoteoutras. “O leque é bem grande. São tra- rapia para poder melhorar a qualidade tados transtornos mentais e até pacien- de vida das pessoas. “Não imaginava tes com deficiência física”, afirma a Mu- que teria que estudar tanto assim, afisicoterapeuta e professora de Vera Pia- nal, dentro do curso, estudamos músisenski. ca e psicologia. É muito gratificante. Em cidades como São Paulo e Rio de Atingimos a pessoa com a música e asJaneiro existem disim é mais fácil versas clínicas que chegar até o pro“Atingimos a pessoa propõe a cura atracom a música. Assim, blema”, diz. Haaf vés da música, asainda ressalta que a fica mais fácil chegar Musicoterapia é disim como instituições que oferecem ferente da musicaaté o problema” o curso. lização, pois se tem No estado, a Associação dos Musi- a pessoa como um todo e não apenas coterapeutas (AMT-RS) e a Associação na questão musical. “Percebe-se a reaGaúcha de Musicoterapia (Agamusi), ção do paciente com determinadas que são as duas únicas associações que canções,o seu comportamento é muifazem parte da União Brasileira de Musi- to revelador”, conclui. coterapia (Ubam), lutam para que a proPara o estudante de Direito e músifissão seja cada vez mais abrangente na co, integrante da banda de reggae Reárea da saúde. gae Por Nós, Ricardo Matter, a música A Agamusi, fundada no ano de em si é a principal fonte recarregadora 1999, visa promover o desenvolvimen- de energias. “A música estimula os indito da Musicoteapia, organizando con- víduos a voltar-se para dentro de si, do ferências e congressos dentro e fora do seu próprio eu, captando os sons que país. A associação conta com 28 sócios, forem aceitos pelo seu corpo, ocasioentre eles, sócios colaboradores, que nando um relaxamento”, acredita. são profissionais e estudantes de ouA terapia através da música exige tras áreas. dedicação de ambas as partes, pacienCriada no ano de 1968, a AMT-RS tes e musicoterapeutas. Com o passar também tem o objetivo de incentivar do tratamento, os resultados positivos a profissão no Estado. Assim, no ano devem ser usufruídos para que se tenha de 2002, implantou o curso de Musi- uma vida melhor. Como são as sessões de sasaúd úd e e sasaúd úd e e da vida O poder da Musicoterapia? Podem se desenvolver de duas maneiras Com pacientes ativos (maior parte dos casos) – o próprio paciente toca o instrumento, canta, dança, enfim, realiza as atividades junto com o musicoterapeuta. Com pacientes receptivos – o musicoterapeuta toca as canções. Essas sessões são indicadas para pessoas com grandes dificuldades motoras. A forma como o profissional interage com os pacientes depende muito do tipo de doença e do objetivo a ser alcançado. Os instrumentos mais usados são o violão, o piano e instrumentos de percussão. A freqüência das sessões varia de caso para caso. Podem ser feitas uma vez por semana, uma vez por mês, ou quando convir. Os preços ficam, em média, entre 5 e 20 reais. Valores referentes a Clínica de Musicoterapia do ISM Universo IPA | Dezembro 2007 Simbolismo 75 Universo IPA | Dezembro 2007 76 A necessidade que cada um apresenta de se relacionar e ter um contato significativo com outras pessoas é essencial para o nosso bem-estar. A dança, na sua forma elementar, faz com que o homem expresse pela sua movimentação, um estado emocional. Considerada ciência ou arte, entende-se como a completa possibilidade física do corpo humano, permitindo o jogo de músculos, segundo as leis naturais do ritmo e da estética. Depois de algum tempo de pesquisas, foi constatado que a união da dança com a terapia, oferece uma alternativa para melhorar as competências pessoais comunicativas, bem como a auto-exploração e o auto-conhecimento. Oferece também uma forma diferente de abordar questões problemáticas quando as palavras poderão ser difíceis ou dolorosas, geralmente recomenda-se como serviço primário ou complementação a outras formas de reabilitação ou tratamento continuo. A dança e terapia desperta sua consciência de vida, tudo que é praticado em aula, avançando para a auto-aceitação, sentindo-se relaxadas, autoconfiantes, criativas e seguras. No plano físico traz ao indivíduo o benefício de fortalecer a musculatura, modela o corpo, aumenta flexibilidade, ativa circulação, melhora coordenação motora, no plano mental relaxa a mente de tensões, aumenta a percepção e concentração, agilizando o raciocínio. No espiritual a tendência é ficar no esquecimento, equilibra e desbloqueia os centros de energia (chakras) proporcionando harmonia e saúde. Christina Schafer, descendência austríaca, nascida em São Paulo, em 22 de setembro de 1950, estudou pedagogia com pós-graduação. Pesquisadora das danças femininas de diversas etnias desde 1993, desenvolveu a dança como terapia para mulheres baseada no estudo hlístico do ser humano somado às próprias vivências e práticas. Participou de alguns cursos de dança como: Iranianas, turcas, sem perder saúde Camila Batista Professor Jairo Moraes trabalha com a dança como forma de terapia de casal saudi, ciganas, armênias, da região do Mar Negro, russas, indianas, havaianas, egípcias, gregas e outras etnias. Reunindo todas essas informações, alguns professores reavaliaram suas aulas, e resolveram colocar a dança e a terapia num mesmo trabalho. Jairo Martins de Moraes, 49, formado em Educação Física, professor de dança há dez anos, desenvolve hoje um trabalho chamado Dança Livre. O grupo é formado por alunos da terceira idade, onde ele direciona suas atividades para coordenação motora, ritmo e principalmente o resgate da auto-estima, o resultado é gratificante, pois demostram em atitudes a satisfação pessoal. O projeto teve início há cinco anos, com alguns alunos da Associação Cristã dos Moços do Rio Grande do Sul (ACM). Além da Dança de Salão, Tango(curso realizado em Buenos Aires) e Gafieira com grupos, oferece a oportunidade de um aprendizado individual, onde o aluno escolhe o ritmo desejado, tendo um evento especial. A Confraria do Tango é um pequeno grupo, onde reúnem-se toda terça-feira, amantes do tango que aproveitam essa oportunidade para trocar passos e experiências. Montou um corpo de bailarinos, que normalmente são contratados para todo os eventos, sendo que a idéia é passar um pouco deste conhecimento a todos. Além de suas aulas particulares, divide o seu tempo entre duas academias, a Escola Cadica Danças e Ritmos, fundada em 1995 e sob o comando da coreógrafa e bailarina Cadica Borghetti. O seu carro-chefe é a dança flamenca, mas oferece: Fusão Flamenco-Gaúcho, Dança de Salão, Dança do Ventre, Jazz, Yoga, Sapateado Americano, Violão. Flamengo. Ritmos, Salsa, Dança Cigana, Street Dance e Tango, supervisiona pessoalmente cada uma das aulas. A Escola de Dança Aline Rosa, especializada em Ballet Clássico, tem como mentora Aline Rosa, a sua formação é Ballet Russo e a especialização em Sapateado Americano, atualmente dirige os espetáculos, com 160 bailarinos. O verão está chegando e você, mais uma vez, entra em guerra para baixar os seus níveis de colesterol e triglicerídios. A família aprencom a balança, mas está na hora de emagrecer com inteligência. O deu a importância das frutas na alimentação diária. “A média brasileira desejo de estar em forma vai além do final da estação. Apesar das é de meia fruta por dia, quando o necessário seria mais de três. Essa dietas milagrosas mostrarem os seus resultados rapidamente, é muito não deveria ser a nossa realidade, já que vivemos em um país tropidifícil mantê-las e muitas vezes o peso volta na mesma rapidez em cal, com uma variedade de frutas”, afirmou Flávia Felippe, em uma que foi eliminado. Por isso, é preciso usar todos os truques que a natureunião aberta a comunidade, no dia 11 de setembro no auditório reza oferece e eliminar a gordura sem perder saúde. da Livraria Cultura. Essa reunião buscava incluir cada vez mais a faO grupo Leve com Ciência faz isso em Porto Alegre. Profissionais mília na mudança alimentar. Além da explanação de Felippe pôde se especializados elaboram um dieta balanprestigiar os trabalhos feitos pelas crianças ceada, fazendo uma reeducação alimentar. do Gurizada Leve. Assim, manter o peso não é mais o maior O Universo IPA procurou a coordenadora problema. Para manter o grupo motivado do curso de nutrição, Magda Cammerer, para existem reuniões semanais, onde cada um saber a sua opinião sobre essa forma de ené pesado, compartilham experiências, ajucarar uma dieta. “Para ter bons resultados dam-se mutuamente e o melhor de tudo: não adianta fazer apenas NINGUÉM PASSA FOME. Universo IPA – Você conhece o grupo O grupo existe há 19 anos, a idéia de Leve com Ciência e a sua forma de trabaexercícios, ou apenas ter fazer reuniões para discussão surgiu logo, lhar com as pessoas que desejam emagreuma boa alimentação. porque vencer sozinho é muito difícil. Secer com saúde? gundo a assistente social e doutora na área Magda Cammerer – Conheço, a Flávia É preciso saber dosar as de obesidade, Flávia Maria Felippe, em casos duas coisas, pois não existe Felippe que é uma das coordenadoras é nosde alcoolismo e dependência de drogas são sa aluna do curso de Nutrição. Acredito no benefício quando indicados tratamentos em grupo. No Leve trabalho dela, a reeducação alimentar realuma equipe de profissionais tenta abranger mente é a melhor saída. atuam separados”. a obesidade em todas as suas dimensões, alimentar, familiar, emocional, social. O grupo Universo IPA – Você acredita que é desempenha um papel de responsabilizador, mais fácil mudar os hábitos alimentares pois quando um falta sabe-se que ele transde uma criança? grediu. No grupo é planejado e discutido as Magda – Com certeza, a criança comedificuldades que são comuns entre ele. Isso ça a formar seu paladar durante a gestação, diferencia o Leve com Ciência das demais de acordo com o que sua mãe come. Até os clínicas de nutrição, uma vez que atua em todas as faixas etárias. Aucinco anos está formando seus hábitos alimentares. Porém, quando xiliando as pessoas para que façam mudanças comportamentais, que chega a adolescência é preciso orientar novamente, pois os jovens são mais duradouras, acreditando que uma reeducação alimentar é sofrem muita influência dos amigos e da mídia, acabando por consumuito eficaz, pois ensina a comer de tudo um pouco. mir muito “fast-food”. É exatamente por isso que muitas crianças são levadas por seus pais para participar do Gurizada Leve. As crianças aprendem brinUniverso IPA – Você está de acordo com a citação “nós morcando, desenham, fazem música e entendem que o “Fast-food” não remos pela boca”? é para se comer todo dia. Para isso, é feito um acompanhamento em Magda – Claro que sim, digo isso até em aula. Nosso alimento é conjunto com os pais. Se a família não estiver envolvida, os resultados nosso combustível, podemos prejudicar nossa saúde quando comenão serão satisfatórios, pois é preciso que os pais recheiem a geladeira mos demais ou de menos. com alimentos saudáveis e, aos poucos, os pequeninos começam a comer e gostar de frutas e legumes. Um exemplo de família que frequenta unida o Leve com Ciência Atualmente a alimentação não tem recebido a sua devida importância. Ingeé a da D.W.A. Ela é a caçula do grupo Gurizada Leve da unidade Nilo, rimos muita farinha branca e gorduras saturadas. Por isso, devemos priorizar as fibras com apenas seis anos de idade sabe que se deve usar pouca gordura e o leite. As fibras solúveis podem ser encontradas em vegetais e, ajudam na desinpara preparar os alimentos. Após um tempo o seu pai, L.S.A, 44 anos, toxicação do organismo e no melhor funcionamento do intestino. Enquanto o leite entrou no programa. Depois de alguns exames médicos, percebeu é muito importante para o fortalecimento dos ossos. Os jovens cada vez menos toque uma mudança nos hábitos alimentares seria muito importante mam leite e isso pode ocasionar em sérios problemas mais tarde. Dica “O amor, a arte é a grande diferença do trabalho de cada um”, segundo Jairo Moraes saúd e sasaúd úd e e Márcia Silva Emagreça sa úd e Fotos: Márcia Silva Universo IPA | Dezembro 2007 Dança como terapia 77 Universo IPA | Dezembro 2007 Legalizar? 78 No país a desigualdade social é enorme e a má distribuição de renda caminha junto com o tráfico. É um raciocínio lógico, o cidadão sem oportunidade de trabalho acaba inserindo-se ao mercado do tráfico. Esse mercado, infelizmente, paga mais que o salário mínimo brasileiro, que é R$ 380. Mesmo sendo um ‘serviço’ perigoso, essas pessoas acabam optam pelo tráfico a outras fontes de renda. Assim, no Brasil a legalização deveria ser discutida. Deve-se estudar os prós e os contras de legalizar. Tal como a ‘ceva’, as drogas fazem com que um belo dinheiro gire no mercado, gerando propinas para corrupção, armas e a violência, um grande pesadelo da sociedade contemporânea. O estudante G. M. 20 anos, usuário de maconha há cinco anos e a favor da legaliza- Den ise T am er No solo seco de Pernambuco, produção nacional de vinhos ganha destaque Videiras do semi-árido nordestino ec onomi a da Universidade Hebraica de Jerusalém. O especialista afirma ser uma piada a maconha e a heroína receberem o mesmo tratamento pela Organização das Nações Unidas (ONU), diz não fazer sentido científicamente, nem do ponto de vista médico. A estudante D. T., 21, considera que esse assunto tem muitos aspectos a se discutir, sobre as vantagens e desvantagens da legalização, e não deve ser considerado um tabu. “É importante focar o assunto na sociedade e não considerar a legalização da maconha como uma banalização geral das drogas. Economicamente, socialmente e no âmbito da saúde”, conclui. Mapa da região do Vale do São Francisco Foto: Andrei Braga Vessozi O consumo de bebida alcoólica é responsável por 80% de mortes no trânsito brasileiro devido à motoristas embriagados. É o que indicam os Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O álcool não é visto como uma droga ilegal, mas existem inúmeras conseqüências de uso indevido dele com graves resultados. Ele diminui os reflexos, atrapalha a coordenação e interfere na concentração. A preferência nacional, a cervejinha gelada, não é vista como uma vilã, até porque envolve um grande mercado que circula muito dinheiro. As campanhas publicitárias, principalmente da cerveja, associam o consumo do álcool à alegria e à vitalidade. Porém, a cerveja não é uma bebida leve por ter apenas 5% de teor alcoólico. Tomar uma lata de cerveja (350ml) significa ingerir 17,5ml de volume de álcool, que corrigido pelo fator de densidade do álcool (0,8) representa 13 gramas de álcool puro. Segundo pesquisas da revista Superinteressante, a cada ano a indústria global de bebidas lucra US$ 450 bilhões. A cocaína, a heroína e o ecstasy giram um mercado que rende US$ 330 bilhões por ano. O álcool é considerado uma droga lícita, ao contrário da maconha, cocaína, heroína e crack. Todos sabem que o consumo de drogas no Brasil envolve muito mais os métodos de venda e o mercado, do que o consumidor em si. ção, acredita que a polícia está diretamente ligada ao tráfico. “O salário dos policiais é pouco e é uma profissão arriscada. Então eles acabam aceitando propinas para ganhar mais dinheiro e sobreviver no contexto econômico atual”, declara. O brasileiro Fernando Gabeira lançou um livro em que responde questões sobre a maconha e discute o papel social que a planta desempenhou na escravidão e seu uso em rituais religiosos na selva amazônica. Pessoalmente, Gabeira defende a legalização da maconha e seu uso industrial mais amplo possível. “São 350 subprodutos derivados da canabis”, diz. Existem países em que a erva é liberada como na Holanda, lugar em que o governo considera a maconha menos nociva que as outras drogas. Surgiram assim os koffeshops, bares onde o usuário escolhe a variedade da erva no cardápio, e então sumiram os traficantes. Mas no Brasil a legalização é muito delicada. A advogada Fernanda Silveira afirma que o Estado não está evoluído a ponto de legalizar a droga. “Não existem projetos de legalização, mas com a nova lei de 2006, em que o usuário sofre penas alternativas, a doutrina se divide e há uma parte que diz que o uso não é mais crime. Porém ainda há uma grande discussão a respeito”, pondera. A ex-usuária P. B., 25, não defende a legalização da maconha em si, mas a sua legalidade para fins medicinais. Para este fim, o potencial de derivados da maconha está mais que evidente, e as grandes empresas farmacêuticas estão se voltando para ele de maneira tímida, “por uma questão de relações públicas”. Essa é a opinião do cientista que provavelmente é quem mais entende da bioquímica da cannabis no mundo, Raphael Mechoulan, reúne os municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina. Para Daniela Agatti Chesine, enóloga da Expand, a verdadeira dificuldade encontrada no Brasil é a falta de tradição na produção de vinhos, além do ‘terroar’ (solo). “Nossos vizinhos argentinos e chilenos são favorecidos pelo clima e pelo solo, por isso conseguem preços competitivos aos Europeus e levam vantagens sobre os vinhos nacionais”. Para fabricar seu vinho Premium, o Paralelo 8, a vinibrasil tem um alto custo, por isso é lançado em série limitada. “O brasileiro para ser um vinho top de linha, é fabricado em curta escala devido ao elevado custo em tecnologia e barricas. O que torna-o mais caro ao bolso, mas muito atrativo ao paladar”. ec onom i a Denise Tamer Para quem pensa que os bons vinhos nacionais são do Vale dos Vinhedos, na Serra gaúcha, saiba que está desatualizado. No nordeste brasileiro, com solo semi-árido, estão sendo produzidos vinhos que, logo nas primeiras safras, são destaques em revistas internacionais especializadas. Com isso, fica totalmente desmistificado que vinhos de boa qualidade no Brasil são produzidos apenas nas proximidades dos paralelos 40°. Situada a nordeste do Estado, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Em latitude próxima das condições ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, enfrenta chuvas que costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, “período crucial à maturação das uvas. Por esse motivo, o Vale do São Francisco vem se destacando” acrescenta Rogério Concli, proprietário da Expand em Porto Alegre. A região do Vale do São Francisco conta atualmente com seis vinícolas produtoras. Dentre estas destaca-se a Vini Brasil, uma parceria entre a Expand (importadora nacional) e a Dão Sul, eleita a melhor vinícola Portuguesa em 2001 pela Revista de Vinhos, que traz a tecnologia de produção dos portugueses para o solo Pernambucano. Os estudos para viabilizar a plantação, clones de tipos de uvas vindos das mais diferentes partes do mundo, ao clima seco da região de Petrolina, onde fica a vinícola, são feitos por especialistas da Universidade de Lisboa. A parceria já tem quatro anos e a primeira safra do vinho brasileiro é de 2003. No momento estão sendo cultivadas novas variedades nos vinhedos, incluindo as castas portuguesas Touriga Nacional e Aragonês, além das tradicionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Tempranillo, Merlot e da novidade no Brasil, Alicante Bouschet que é originada no século 19, da cruza das uvas Aramon e Teinturier, muito usada na França, Espanha e Califórnia. Segundo Concli, o clima é propicio. Com mais de 300 dias de sol por ano e a abundante água do Rio São Francisco, que é controlada para obtenção de melhores resultados. Estes fatores contribuem para o designado “ciclo vegetativo contínuo”, permitindo que as várias etapas do ciclo vegetativo da videira existam praticamente no mesmo dia. Isto é, “em diferentes parcelas é conseguido no mesmo dia fazer a poda, ver a floração da videira, provar os primeiros bagos maduros e fazer a colheita” completa. Pernambuco consolida-se, definitivamente, como um dos maiores produtores vitivinícolas do país. Responsável por 5 milhões de litros de vinho por ano, a vinicultura pernambucana detém 15% do mercado nacional e emprega diretamente 30 mil pessoas no Vale do São Francisco, única região do mundo que produz duas safras e meia por ano. Como parte dos planos de criação do Pólo Vitivinícola, o governo está implantando e pavimentando a Estrada da Uva e do Vinho, margeando o Rio São Francisco. O pólo Vinho Rio Sol, medalha de bronze no Decanter World Wine Awards. E ao centro o Premium Paralelo 8 Universo IPA | Dezembro 2007 sasaúd úd e e Drogas no Brasil Andrei Braga Vessozi 79 Muitas empresas bloqueiam o acesso a Orkut e MSN para evitar sobrecarga na rede e não comprometer a produtividade dos funcionários Universo IPA | Dezembro 2007 Eliandra Lopes 80 O Microsoft Service Network (MSN), programa de trocas de mensagens instantâneas e o Orkut (rede social filiada ao Google, seu nome é originado no projetista chefe, engenheiro Orkut Büyükkokten), site de relacionamento, se utilizados de maneira correta podem contribuir para uma maior produtividade, tanto no campo profissional quanto no social. Porém, algumas opiniões ainda são divergentes entre empresas e órgãos públicos sobre o uso dessas ferramentas de comunicação no dia-a-dia profissional. Em cer- tas empresas a utilização do MSN ainda é proibida, em contrapartida, há empresas que permitem. Percebendo a necessidade do mercado, o corretor de seguros, Regis Duarte Mendes, utiliza o MSN há quatro anos. “Por um lado é bom, pela facilidade, rapidez e eficiência, mas por outro, falta privacidade. Mesmo assim, a Internet é o meio mais utilizado no momento e temos que aproveitar o acesso rápido. O tempo realmente é dinheiro em se tratando de comunicação”, observa ele. Alguns profissionais do ramo são mais conservadores, acreditam que a falta de contato direto com o cliente possa vir a prejudicar no momento da venda. “Claro que prejudica, por isso felizmente temos que evoluir nessa área. Comunicação é a base de tudo, temos que estreitar nossos relacionamentos seja por qual meio de comunicação for: telefone, internet e etc”, complementa Mendes. A redução das contas telefônicas e as facilidades nos contatos profissionais são as principais justificativas de quem utiliza esses programas. Para o empresário, Gunther Paulo Baingo, com o uso da Internet os custos do telefone diminuíram 20%, no mínimo, ao mês. “Para o cliente é muito mais fácil acessar a In- ternet para verificar os preços dos produtos e fazer uma encomenda”, argumenta Gunther. Para ele, o empresário tem que partir do princípio que o funcionário tem que estar disposto às regras impostas pela empresa e quem não concordar estará sujeito a perder o emprego. “Como o acesso à Internet se restringe a uma quantidade pequena de funcionários, não há casos de desobediência”, afirma. Entretanto, existem opiniões contrárias. É o caso da empresa Magna Engenharia Ltda, que proibiu o uso de conversas instantâneas e sites de relacionamento pela falta de produtividade de seus funcionários. “MSN e Orkut distraem muito o funcionário, eu era um dos que vivia no MSN na empresa na época em que era liberado, quase nem trabalhava. Rendi muito mais depois da proibição”, declara o Engenheiro Civil Andrei Schedler. Com a empresa de Manufatura de produtos eletrônicos e eletromecânicos de São Paulo, não foi diferente. De acordo com o Analista de Suporte de Sistemas de Gestão Administrativo, o uso indevido por parte dos colaboradores, que utilizavam a Internet para fins particulares, gerou uma “perda” da performance dos sistemas da empresa, atrasando entregas de trabalhos e relatórios administrativos. A empresa por fim adotou um sistema mais severo fazendo com que os funcionários assinem um termo de responsabilidade ao não uso da Internet no local de trabalho. “Concordo com a empresa, pois o uso particular de envio de imagens, fotos, downloads não faze tec nolog i a www.sxc.hu tec nolog i a Alternativa de comunicação nas empresas A interagibilidade e a redução dos custos justificam as ferramentas alternativas de comunicação parte da atividade dos colaboradores. Este tipo de atividade deve ser feito na residência particular de cada um, os colaboradores sentiram uma grande melhoria na performance dos sistemas e nos dão feedback positivo”, explica o analista. O economista e especialista em planejamento estratégico e gestão empresarial, João Baptista Sundfeld, em entrevista para o site Gazeta do Povo on-line, calcula que a internet usada de maneira errada causa prejuízos em torno de US$ 178 bilhões ao ano nos Estados Unidos. Em uma tentativa de reduzir esse número algumas empresas proíbem a utilização desses programas em horário de expediente e permitem a sua utilização apenas em horário de intervalo. Porém, Sundfeld acredita que a proibição é ruim porque abala um alicerce fundamental do relacionamento entre empresa e funcionário: a confiança. “O excesso de controle é indesejável, autonomia é importante’’, afirma o economista. Segundo a psicóloga Claudine Prisco, que trabalha para a empresa Lexsis In- formática, na área de recrutamento e seleção, a admissão de um funcionário passa por uma série de etapas, tais como: verificar a formação e experiência técnica do candidato, assim como as suas características de personalidade de acordo com a função a ser desempenhadas (por exemplo, uma pessoa extremamente extrovertida pode não se dar bem como vendedor, mas pode se sair muito bem como programador), medir o nível de maturidade emocional e analisar características relacionadas a princípios morais e éticos (respeito, confiança, responsabilidade, comprometimento). As três últimas etapas estão diretamente relacionadas à questão do uso da internet no local de trabalho. “Na empresa onde trabalho já se utilizou o MSN para atendimento de suporte ao cliente. Porém, está prática teve de ser substituída por outro programa. Era difícil monitorar o uso do MSN e por uma questão de imaturidade e distorção de valores, o uso deste recurso foi considerado inadequado”, explica Prisco. Contudo, para que os funcionários se sintam comprometidos e motivados a produzir e respeitar as regras da instituição onde trabalham é necessário que se sintam valorizados pessoal e profissionalmente. “O reconhecimento expresso por palavras de incentivo bem como através da ampliação de benefícios e o exercício de uma política salarial justa, nesta ordem de importância, propiciará o surgimento do desejo de corresponder às expectativas”, complementa a psicóloga. Universo IPA | Dezembro 2007 tec nolog tec nolog ia ia inimigos ou aliados? Site: www.sxc.hu MSN e Orkut: “Por um lado é bom, pela facilidade, rapidez e eficiência, mas por outro, falta privacidade. Mesmo assim, a internet é o meio mais utilizado no momento e temos que aproveitar o acesso rápido. O tempo realmente é dinheiro em se tratando de comunicação”. 81 Todos os anos entram no merca- do novidades tecnológicas, mas nunca houve tantos lançamentos no ramo de aparelhos eletrônicos como nos últimos anos. Pesquisas e o desenvolvimento no ramo tecnológico, além do interesse comercial, determinam um crescimento frenético na quantidade de novos produtos e aparelhos eletrônicos. matheus simon corrêa Universo IPA | Dezembro 2007 O especialista em administração de empresas, Eduardo de Souza, cita alguns lançamentos tecnológicos recentes tais como binóculos com câmera digital, relógios com celular e porta retratos digitais e ressalta o perfil do público consumidor desses aparelhos: “São em sua maioria do público masculino, entre 18 e 25 anos e pertencentes às classes B e C”. Segundo Souza, a maioria das pessoas adquire esses produtos por status, com algumas exceções: “Também não podemos generalizar, existe o jornalista que compra seu mp4 para gravar entrevistas e estudantes que compram aparelhos para gravar as aulas”. Confira logo a seguir as novidades do momento, que logo serão realidade no dia-a-dia de vocês. 82 Tecnologia touchscreen Segue crescendo no mercado a quantidade de eletrônicos com esta tecnologia, tais como celulares e aparelhos de mp4 (mpeg vídeo layer-4). Botões e teclas agora fazem parte do passado, você pode comandar tudo através da tela sensível, bastando dar toques com os dedos ou com a caneta para navegar pelos menus e acessar as opções desejadas. A tendência é que daqui para frente os aparelhos eletrônicos, em geral, comecem a dispor dessa tecnologia. A vendedora de eletrônicos, Marilei Mota, considera que as suas principais vantagens são o fato de ter um acesso mais fácil para as opções do aparelho e o diplay é maior e melhor para tirar fotos e visualizar os vídeos, no entanto, existem pontos fracos, como o fato de ser mais fácil de arranhar, às vezes se atrapalha querendo fazer algo mais rápido e também o aparelho deve sempre ser mantido limpo. O vendedor de eletrônicos, Murilo Dantas, faz um contrapeso entre pontos positivos e negativos dos aparelhos touchscreen: “É mais prático ter tudo na tela, porém às vezes pode ficar menos funcional, pois fica melhor ter um botão próximo a mão do que colocar o dedo na tela, também tem a desvantagem de apesar de as telas serem resistentes a riscos, com o tempo ela fica mal tratada”. E complementa de forma positiva: “Fora isto, aparelhos touchscreen são muito melhores que os de botões, sem contar também que tem as explicações na própria tela que nos aparelhos Touchscreen: A tendência é que todos aparelhos comecem a dispor da tecnologia de toque na tela de botões normais não teria”. Diversas empresas disponibilizam a tecnologia em seus aparelhos, mas os preços dos mesmos ainda é bastante salgado no Brasil, um mp4 com tecnologia touchscreen podem custar entre 200 e 400 reais, um celular fica na faixa de 500 a 3000 reais, dependendo do fabricante. Porta retratos digitais Uma das grandes novidades dos últimos anos chama a atenção pela grande quantidade de recursos que o aparelho dispõe: Pode exibir fotos de forma seqüencial, possui calendário, relógio digital, reproduz as fotos no display, pode ter memória interna de 16MB ou 32MB, exibe fotos como projetor, aceita cartões de memória, exibe retratos como projetor de slides, exibe filmes, possui alto-falantes e ainda dá para definir o tempo de exibição das fotos. A vendedora Dalila Gomes ressalta que o principal ponto do aparelho é poder deixar mostrando quantas fotos desejar em seqüência, mas considera que a sua principal desvantagem é o fato de a bateria acabar muito rapidamente. O preço dos aparelhos no mercado variam entre 100 e 500 reais. Relógios com diversos recursos, como mp3 e celular, se tornaram realidade nos últimos anos Relógios multi-funções PMP Atualmente, um relógio não serve mais apenas para mostrar as horas, pode ser sinônimo de versatilidade e utilidade, possuindo muitas funções diferentes. O que antes era visto em filmes como os de James Bond e Dick Tracy, aparelhos totalmente mirabolantes e cheio de funções, está se tornando realidade. Relógios que possuem celular acoplado e bluetooth, câmeras filmadoras e tocador de mp3 se tornaram realidade. O estudante de Direito e vendedor, Mário Rodrigues, ressalta as funções do aparelho: “O relógio-celular é uma grande novidade no mercado, ainda raro no Brasil, que trás como benefícios, dentre outros, o fato de ser cômodo, devido ao seu tamanho, assim como a sua funcionabilidade: associa-se a um relógio um celular, mp3, mp4, com 512mb de armazenamento e bluetooth, além de trazer todas as opções que um celular comum trás: SMS, MMS, etc”. No entanto, Rodrigues ressalta que o aparelho possui desvantagens como o fato de não ter um preço acessível a todos e, para não ser prejudicado esteticamente, a sua tela não pode ultrapassar 1,8 polegada. Um relógio com mp3 pode custar entre 200 e 500 reais, um com celular está na base de 800 a 1,5 mil reais, dependendo do fabricante. A abreviação vem de “Personal Mobile Player” e é erroneamente conhecido como MP5, pois não se trata de um tipo de arquivo, como são os MP3 (música) e MP4 (vídeo). A maioria dos aparelhos PMP são fabricados e importados da China, mas são feitos a partir de chips de grandes multinacionais da área da tecnologia, portanto, sendo encontrado em importadoras. É um dos aparelhos de maior sucesso do momento, sendo sucesso de vendas desde que foi lançado há dois anos, pois engloba todas as utilidades em um único aparelho, tornando-se extremamente útil e eficiente: toca mp3, roda vídeos, tem câmera fotográfica e filmadora. Dentre as suas principais características técnicas ele possui o poder de ter bastante memórias (até 4GB), câmera de alta resolução (entre 2MP e 12MP), rodar jogos de 8 bits, tela de três polegadas conectividade ao PC com cabo USB e a televisões através de cabo AV. O preço dos aparelhos no mercado brasileiro está variando entre 200 a 1 mil reais, dependendo do fabricante e das especificações técnica dos mesmos, contando, é claro, as devidas taxas de importação. PMP: Um dos aparelhos mais procurados do mercado atualmente devido à sua versatilidade tec nolog i a sem limites tec nolog i a Tecnologia Mais uma tecnologia que logo deve fazer parte do cotidiano: o Comando de voz, sistema em que o aparelho possui um sensor que detecta caracteres de voz programados: Você fala o que é para fazer e ele executa a tarefa desejada. Um aparelho muito interessante é o plug ligado a luz através do comando de voz, com ele você pode acender, apagar e controlar o nível de brilho de suas lâmpadas. Para o aparelho funcionar basta ligá-lo na tomada e conectá-lo às luminárias, lâmpadas e abajures ao plug e está pronto para uso. O aparelho custa em média 150 reais. No modo programável basta seguir um procedimento simples, e com ele é possível programar o plug para ligar e desligar as lâmpadas ou aparelhos a ele ligados com qualquer palavra em qualquer idioma. Exemplo: Programar o aparelho para ligar luzes de natal com o comando “Feliz Natal”. Comando de voz: meio que facilita digitação Na área da informática o comando de voz está presente através de microfones acoplados a fones de ouvido que facilitam a digitação, a pessoa apenas vai falando o que deseja escrever e o próprio sistema digita as palavras desejadas. Assim, tornando mais rápido o trabalho e livrando quem utiliza o sistema de tendinites e outros problemas de saúde ligados a digitação prolongada e contínua. O assistente de contabilidade e usuário do sistema de comando de voz, Arturo Angelin, considera que os principais benefícios do sistema são a rapidez e agilidade na execução das tarefas desejadas, mas ressalta um ponto importante para quem utiliza o aparelho: “O sistema de comando por voz nos deixa muito acomodados”. Essas são as principais novidades no ramo de aparelhos eletrônicos, que logo devem fazer parte da rotina da maioria das pessoas mundo afora quando seus preços se tornarem realmente acessíveis, algo que devido à rapidez do desenvolvimento tecnológico e lançamentos de mais produtos, deve tornarse realidade em breve. Universo IPA | Dezembro 2007 tec nolog tec nolog ia ia Comando de voz 83 Parcerias A sessão de Zoologia O zoológico que recebe em torno de 500 mil visitantes anualmente, vinha sofrendo um processo de degradação, resultante da falta de investimentos e da acentuada redução do quadro de funcionários. Há cerca de cinco anos, dentro de um programa de trabalho, que inclui parcerias com instituições públicas e privadas, está passando por um processo lento de recuperação e qualificação. Na administração atual não foram realizadas obras de melhoria, diferente da administração anterior (governo Rigotto). “Havia uma outra forma de gerir estes recursos e existia um orçamento prévio”, ressalta o diretor do Parque, João Carlos Corrêa Jardim. Esse é o nome do setor responsável pelos tratadores e por todos os animais que estão em exposição (alguns fora de exposição, em setores especiais), e que estejam em bom estado físico. A sessão organiza e controla as informações de todos os animais, assim como as providências que devem ser tomadas no recinto de cada um deles. O biólogo, Renato Petry Leal, fala da importância da equipe de tratadores que tem contato diário com os animais: “os tratadores analisam e devem perceber qualquer alteração na rotina ou no comportamento dos animais”. A permuta com outros zoológicos é a Conheça mais sobre o Zoológico e aprenda a importância da conscientização ambiental Seja o verdadeiro amigo da onça, dos macacos, das girafas... Juliana Schweitzer “Todos os animais que estão nos zoológicos brasileiros, são animais nascidos em cativeiro. Hoje em dia não se tira mais animal da natureza, a função é justamente estudar os que estão em cativeiro para man- Universo IPA | Dezembro 2007 ter os que ainda estão em seu habi- 84 tat natural”. Quando se chega ao Parque Zoológico, situado em Sapucaia do Sul/RS, não se avista os animais logo na entrada é preciso caminhar bastante por um caminho de árvores imensas até enxergar o primeiro animal: as girafas. Daí para frente a caminhada é repleta de descobertas. Aberto ao público em 1962, o Parque Zoológico é uma das unidades de preservação mais visitadas do Brasil. O Parque, que reúne aproximadamente 1.550 animais, representando 182 espécies, em uma área total de 780 ha, não tem como proposta apenas apresentar animais vivos ao público visitante. Ou seja, mais do que um local de lazer, é um local em que o aprendizado é constante. O Parque cumpre funções importantes como pesquisa, conservação das espécies ameaçadas de extinção, conservação da flora e fauna, melhorias das condições ambientais e educação. Com uma equipe dedicada, o Zôo oferece projetos e visitas orientadas centralizadas sempre na conservação da biodiversidade. principal forma de aquisição. Apreensões feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e pela Polícia Florestal, também, passam por uma triagem de avaliação junto ao hospital veterinário onde é definido se o animal apreendido fica ou não. A reprodução é muito importante para a permuta e só é realizada quando existe condição biológica e estrutural, além da análise de vários fatores (importância para a natureza, ameaça de extinção, raridade, valor para permuta, valor biológico, idade e criadores registrados disponíveis). As girafas e os rinocerontes, por exemplo, vieram em troca de animais reproduzidos no Zôo, de grande valor no exterior. Um elefante para exportação é extremamente caro, chegando a custar 200 mil reais. O Zoológico, assim como a Fundação Zoobotânica e o Estado, nunca conseguiu comprar um animal. No caso de Pink, uma elefanta ameaçada se extinção que vive sozinha, a falta de recurso fica explícita, “está muito difícil conseguir um macho para a reprodução. A falta de recurso também interfere muito nesse processo, sem contar que nós não temos pessoal treinado para trabalhar com elefantes”, comenta o biólogo. entrete ni me nto Hospital é o bicho entr eteni m e nto Ao longo desta reportagem você irá saber como funcionam os principais setores do zôo, conhecer projetos, procedimentos, curiosidades e, acima de tudo, entender a importância da Educação Ambiental nesse processo. De acordo com Jardim, o Zoológico apura cerca de 1 milhão de reais anualmente, enquanto o ideal seria 1,5 milhões de reais. O valor do ingresso para a entrada no Parque é de quatro reais, praticamente simbólico. Para se ter uma idéia, nos Parque da Europa o ingresso custa dez euros. O presidente da Fundação Zoobotânica, Luiz Gheller, tem se empenhado para conseguir parceiros, mas há dificuldades na captação de recursos em empresas privadas. Conforme o diretor do parque, algumas empresas não gostam de ter sua marca ligada ao Zoológico, comparam a um depósito de animais, a prisão, o que não é verdade. Mas, existem expectativas favoráveis. Jardim antecipa a informação de uma possível parceria com a Petrobrás para a recuperação de animais atingidos em acidentes ambientais. Ainda sem definição de datas, mas bem encaminhado segundo ele. Entre os projetos do Parque Zoológico, está previsto um local só para animais domésticos (mini vacas, mini cavalos, cabritos, ovelhas, boi franqueiro etc.), onde as crianças poderão aprender na prática, a origem e as características de cada animal. A atração educativa, comum em zoológicos do mundo todo, está entre os principais projetos do Parque. O Zoológico conta com um hospital Veterinário que dispõe infra-estrutura adequada. Equipados com aparelhos de diagnóstico por imagem, incubadoras e laboratório, o hospital é habilitado também a fazer cirurgias que vão desde a traumatologia até cesariana e vasectomia. O médico veterinário, ex-diretor, com experiência de 32 anos no Zôo, Cláudio Giacomini, fala com propriedade sobre os cuidados médicos: “o tratamento realizado com animais silvestres é basicamente focado na medicina preventiva”. O cuidado com a profilaxia é fundamental, pois caso o animal adoeça pode ser fatal. Isso acontece devido ao instinto animal que se defende dos predadores escondendo a sua fragilidade para não se tornar uma presa fácil. Muitas vezes ele está doente e não aparenta sinal algum, e no momento em que ele não conseguir mais se manter em estado de rigidez, pode ser tarde demais. Foi o caso de um rinoceronte, de aproximadamente 25 anos, que parou de caminhar e a acabou morrendo por insuficiência respiratória. Detalhe, o animal pesava em torno de 3 toneladas. Leão: um dos animais mais procurados no Zôo de Sapucaia Universo IPA | Dezembro 2007 entrete me nto entr eteni mni e nto Fotos: Juliana Schweitzer A reprodução de animais é fundamental para a permuta 85 Turi smo T ur i sm o Pink, a elefanta indiana ameaçada de extinção em exposição no Parque Zoológico habitat natural”, comenta o veterinário sobre a função primordial do zoológico. Biodiversidade O Centro de Educação Ambiental (CEA) desenvolve projetos e visitas orientadas previamente agendadas. De acordo com o Técnico com formação superior em Artes práticas, um dos responsáveis pelas visitas, Valmir Ragure, a atividade tem enfoques variados conforme o interesse dos grupos, sendo sempre tema central a conservação da biodiversidade. Os grupos, basicamente escolas, são recebidos no auditório com projeção de slides sobre os animais do parque, destacando a diversidade e características gerais, observação e manuseio do material exposto no pequeno museu e logo depois, visita aos espaços característicos. Locais disponíveis para visitas Universo IPA | Dezembro 2007 Locais - Aves e répteis - Lago Central, Fazenda Mirim e Carnívoros - Setor de Nutrição e Carnívoros - Animais ameaçados de extinção - Primatas e ungulados (animais que possuem cascos nas patas) 86 O CEA também desenvolve projetos e atividades adequadas para grupos com necessidades especiais e realiza eventos em datas comemorativas, oficinas, exposições, feiras de artesanato e mutirões de limpeza. Zoomania Consiste em uma gincana anual com escolas da região. “Cada macaco no seu galho, cada lixo na sua cesta” Atividade educativa de coleta seletiva de lixo, onde os participantes recebem sacolas e instruções. Na entrega das sacolas com o lixo seletivo, os participantes ganham um bótons e folheto. O projeto acontece aos domingos, dia de maior público, para conscientizar na manutenção e limpeza do Parque. Conheça os projetos Zooanima Consiste em visitas em hospitais e asilos da região, onde se desenvolve atividades especificas buscando auxiliar na geração de novos conhecimentos. Atualmente as atividades estão sendo desenvolvidas no Hospital São Lucas - PUC. Zôo na sua Escola Atividades com portadores de necessidades especiais em parceria com Unisinos. Através de processos educativos, recreativos e de lazer, visa contribuir para despertar a consciência de preservação. Conhecendo o Zôo Subprojeto do “Conhecendo o Patrimônio Natural” Objetiva sensibilizar o público-alvo, quanto a importância da preservação da biodiversidade, e o papel que cada um desempenha neste contexto. Torres beleza e cores Verônica Lara Torres é um dos núcleos mais antigos do Rio Grande do Sul. O Seu nome é devido à existência de três rochedos que se estendem à beira-mar: Torre norte (Morro do Farol), Torre centro (Morro das furnas) e Torre sul (Praia da Guarita). O primeiro navegador português a apontar em Torres foi Pedro Lopes de Souza, por volta de 1531. Desembargando no Boipetiba, atual rio Mampituba, fez registro dos indígenas no local. A região de Torres era inicialmente habitada por indígenas Carijós, Minuanos e Arachanes, que viviam da caça e pesca e se dedicavam a uma rudimentar agricultura. Os índios Carijós, de Santa Catarina, e Arachanes, do Rio Grande do Sul, que em seu comércio de trocas usavam uma picada, costeando os banhados dos sopés internos, começando na Praia Grande e indo até a Itapeva. Em 1500, essas trilhas, abertas em meio a matagais começaram a ser usadas também por paulistas, compradores de índios, que os levavam a São Paulocomoescravos. Entre os anos de 1600 a 1640, estima-se que viviam, no Sul do Brasil, cerca de 500 mil índios, que aos poucos foram desaparecendo por causa das doenças introduzidas pelo contato com o branco, escravidão e lutas tribais. Através da documentação existente sobre os indígenas do litoral, sabemos que os Carijós eram dóceis e interesseiros. Por esse motivo houve um comércio muito grande entre paulistas que viviam ao sul em busca de escravos e os caciques. Entre os índios, os negociantes que ficaram mais famosos foram o cacique Tubarão, que deu origem à cidade de Tubarão, em Santa Catarina, e o cacique Maracanã. Aos poucos, a região foi ficando despovoada de índios. Sabe-se que, por volta de 1700, quando os lagunenses desceram pelo litoral, quase nãoencontraramíndios. Desaparecidos os índios, mantiveram-se os caminhos. Era o elo principal entre o resto do Brasil e os núcleos avançados do povoamento português, na Colônia do Sacramento (1679) e no presídio de Rio Grande (1737). Assim, Torres assumiu a importante função de controlar a estratégica passagem, na qual foi instalado um posto fiscal que logo se transformou em Guarita Militar da Itapeva e Torres (entre1774e1776). Colonos e açorianos, vindos do Desterro (atual Florianópolis) e de Laguna (SC) começaram a instalar-se na região. O Título de Fundador de Torres se confere ao Alferes Manoel Ferreira Porto, militar que veio para Torres tomar conta da guarda que aqui existia. Em 1809, Dom Diogo de Souza, Primeiro Capitão-Mor da Capitania do Rio Grande do Sul, mandou reforçar a Guarnição de Torres e autorizou a construção de São Domingos das Torres, além de um presídio militar. Os trabalhos foram realizados por prisioneiros. Segundo o escritor Ruy Ruben Ruschel, a atual localização se deve ao sargento Manoel Ferreira Porto, Comandante da Guarnição, que em 1815 obteve a licença do Bispo Dom João Caetano Coutinho para edificar a capela no local. Os colonos a desejavam no Morro da Itapeva, mas ele mandou construí-la junto ao Posto da Guarda, atual Morro do Farol. Em 1826, D. Pedro I passou pelo povoado de Torres. No dia 05 dezembro, a caminho do Sul do País por motivo da guerra da Cisplatina. No dia 25 do mesmo mês e ano, ele retornou pernoitando novamente no complexo administrativo-militar da época, situado entreaigrejaeobaluarte. Universo IPA | Dezembro 2007 entrete me nto entr eteni mni e nto Divulgação O veterinário também ressalta a importância dos tratadores, que devem ter “olho clínico” nesses casos. São eles que percebem a mudança de comportamento, a alimentação, possíveis fraturas ou ferimentos. Quando isso acontece é realizada uma avaliação que define onde o animal será tratado. No caso dos maiores e mais ferozes, o tratamento é no próprio recinto onde são medicados diariamente pela equipe: veterinário, tratador e/ou algum auxiliar. “No tratamento ministrado procuramos não tocar nos animais, elegemos sempre o medicamento via oral. Usamos a contenção em último caso”, conclui Giacomini. Se for necessária a imobilização, há duas jaulas especiais que diminuem o espaço do animal, facilitando a aproximação e a execução de exames intravenosos. Existem contenções até para aves, répteis e cobras. Se você for até o Parque, a fim de realmente conhecê-lo, sairá com bastante histórias para contar. Entre as novidades, o nascimento de hipopótamos gêmeos, fato considerado raro. Talvez mais raro ainda seja criar a dupla mas, felizmente, a equipe está conseguindo com o apoio da mãe. “Todos os animais que estão nos zoológicos brasileiros, são animais nascidos em cativeiro. Hoje em dia não se tira mais animal da natureza, a função é justamente estudar os que estão em cativeiro para manter os que ainda estão em seu 87 Divulgação 88 Turi smo dendo ver todas as praias, as torres, a Lagoa do Violão, as serras, as dunas e a Ilha dos Lobos. Morro das furnas - A mais importante das torres por seu tamanho é a do meio, também conhecida por Morro das Furnas. Fica a 600 metros do Farol separadas pela Praia da Cal. É um tabuleiro alongado, com 135 mil m2 de superfície superior. Toda a encosta oriental compõe-se de falésias perpendiculares, batidas no sopé pelas ondas do mar: aí estão as furnas, tão famosas e admiradas. Lagoa do violão - Localizada no centro da cidade, tem esse nome por seu formato original de um violão. O local é aproveitado para a realização de esportes aquáticos. Ilha dos lobos - Única Ilha Marítima do Rio Grande do Sul. Possui esse nome porque é a T ur i sm o cípio disponibiliza e aproveite com responsabilidade os nossos atrativos naturais que são únicos e por isso são a nossa maior riqueza”, declara o Secretário de Turismo, Comércio e Indústria de Torres, Roniel Lummertz. A população urbana e rural somam 30.877 habitantes, o seu clima é temperado ameno seco, com verões quentes (apresentando até 35 graus) e inverno ameno apresentando geralmente a máxima do inverno no Estado. O calor é suavizado por uma leve brisa refrescante que vem do mar. Apresenta uma temperatura média de 24º C. Na vegetação há espécies naturais como: Ipê Amarelo, Quaresmeira, Ingazeiro e Jambolão; espécies exóticas: Pinos, Acácia, Eucalipto e Casuarina. Dentro da região litorânea que se prolonga entre os Rios Ararangua e Tramandaí destaca-se um lugar, de apenas dez quilômetros de comprimento, que faz exceção ao todo. Por sua anormalidade geográfica, nele se formou a primeira cidade costeira da região, Torres. “Tens em tuas lindas praias, o mar... a beija-las com raios de amor misturados com luar. Rendendo-te Terra Querida, E amiga, a homenagem de sempre te orvalhar”, trecho retirado do livro: “Torres, eu te amo” do poeta e pintor Garcia da Rosa. Parque da Guarita Divulgação Morro do Farol Verônica Lara Igreja São Domingos Verônica Lara Pontos turísticos Guarita - Desenhado pelo famoso paisagista BURLE MARX com a ajuda do ecólogo JOSÉ LUTZEMBERGER. Possui um lindo anfiteatro natural cercado por um lago artificial, palco de várias apresentações culturais. No Parque está localizada a Praia da Guarita, é a praia mais bela de Torres, rodeada pelas Torres Centro, Sul e Guarita que dá o nome a este complexo paisagístico. Morro do farol - Denominado assim devido à construção do primeiro farol em 1912. O objetivo desse farol é sinalizar a existência de terras aos navegantes. O farol possui 18 metros de altura, acendendo de oito em oito segundos, sendo visto em noites claras a uma distância de oito milhas marítimas ou 12 Km. O paredão mais elevado tem cerca de 600 metros de largura e a sua altitude superior de 46 metros e meio. Antigamente, o cemitério da cidade se localizava no Morro do Farol, junto ao farol, exatamente no local onde hoje existem as torres de transmissão. Local ideal para se avistar as belezas naturais da cidade, po- única ilha do Brasil onde, nos meses de julho a novembro, os lobos marinhos - procurando águas mais quentes - chegam para o acasalamento. Constitui-se em uma importante área de descanso e alimentação de pinípedes (leões e lobos marinhos) além de servir de ponto de passagem para cetáceos (golfinhos, baleias e botos), aves e tartarugas marinhas. Igreja São Domingos - Inaugurada em 24 de outubro de 1824, a sua construção é no estilo colonial barroco simples e possui uma única torre construída em 1898 pelo Padre Lamônaco. Existe no seu interior imagens doadas por Dom Pedro I, de grande valor histórico. Foi tombada pelo projeto Pró-Memória, sendo proibido qualquer dano ao prédio e às suas peças. Ponte Pênsil - Construída em 1985, substitui uma antiga ponte de madeira. Essa de concreto e cabos de aço permite o acesso a localidade de Passo de Torres (SC). Santinha - Local de límpida vertente de água cristalina, que sai da rocha do Morro do Farol. Nesse local foi colocada a imagem da Santa Nossa Senhora Aparecida. Está localizada entre a Prainha e a Praia da Cal. Ponte Pênsil Verônica Lara Santinha Divulgação Visão aérea Morro das Furnas Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 Turi T ur i smsmo o Verônica Lara Os alemães chegaram em 1826 e foram separados, pelo comandante da fortaleza, conforme a religião que professavam: os protestantes formaram a colônia de Três Forquilhas. Os católicos, por sua vez, foram inicialmente para a estrada de Mampituba, depois junto ao Rio Verde e, finalmente, entre as lagoas do Forno e Jacaré, construindo a Colônia de São Pedro de Alcântara. Por volta de 1830, famílias de origem italiana, vindas de Caxias do Sul, fixaram moradia no distrito de Morro Azul. Dentre as personalidades que deram forte impulso ao desenvolvimento de Torres, destaca-se quem lançou a “indústria turística”, que dominou o cenário econômico local, da primeira até a segunda grande guerra: José Antônio Picoral, filho da colônia São Pedro de Alcântara, tornou-se próspero comerciante em Porto Alegre/RS, mantendo, porém, vínculo com a terra de origem. Depois de um frustrante veraneio em Tramandaí, Picoral decidiu transformar Torres em uma moderna Estação Balneária e, em 1915, após entendimentos com João Pacheco de Freitas, Luiz André Maggi, Carlos Voges e outros torrenses, instalou o seu Balneário Picoral, marco histórico da introdução do turismoemTorres. Em 1836, devido a Revolução Farroupilha, iniciada em 1835, Torres sentiu as dificuldades da guerra civil, que a deixou no mais completo abandono, prejudicando e recuando o desenvolvimento. No ano seguinte, através da Lei de 20 de dezembro de 1837, seria criada a Freguesia de São Domingos das Torres, 28ª da Província. O desenvolvimento da Freguesia deu-lhe o privilégio de ser elevada a categoria de Vila e Município, o que ocorreu em 21 de maio de 1878 pela Lei Provincial nº 1152, dando-se a sua instalação a 22 de fevereiro de 1879. Torres possui um grande envolvimento com a parte histórica do Brasil e mantém a sua história viva na rua Júlio de Castilhos, onde as casas antigas formam um conjunto arquitetônico em estilo colonial. Atualmente, com 123 anos, é a mais bela praia do litoral gaúcho, devido a suas inúmeras belezas naturais, o seu clima delicioso e as suas vastas praias brancas, atrai milhares de pessoas de todas as partes do Brasil e de seus países vizinhos. No verão, durante os três meses de temporada passam por Torres cerca de 400 mil turistas, entre eles 100 mil são veranistas fixos. A rede hoteleira conta com 5.386 leitos, em 59 estabelecimentos, divididos em hotéis, pousadas e motéis. Na gastronomia são mais de 80 estabelecimentos que oferecem variedades, qualidade e bom preço. “Nos preparamos para receber os veranistas, com cursos de qualificação em parceria com SEBRAE e SENAC. Venha para Torres e desfrute das diversas atividades que o muni- 89 dades a Beira-mar desde campeonatos desportivos, atividades físicas orientadas, arenas que são montadas oferecendo diversos serviços aos freqüenta- Lagoa do Violão Balonismo Conta a lenda que há muito tempo atrás naufragou um navio espanhol na ilha que se localiza em frente a Praia Grande, e que hoje é chamada Ilha dos Lobos. Tal naufrágio não deixou sobreviventes, com exceção de um jovem rapaz que conseguiu chegar à praia porque estava com seu violão. O jovem foi encontrado, em seguida, pela filha do chefe de uma tribo que por acaso passava pela praia que hoje se denomina Praia da Cal. Aquela índia de grande beleza e formosura chamava-se Ocarapoti (em tupi-guarani significa flor silvestre). Resgatado e trazido para a tribo, o jovem recuperou-se, e com seu violão, passou a entoar canções que encantavam a todos na tribo. Era tão grande a admiração que despertava, que recebeu o nome de Puiara (o dono da música). Passou o tempo e Ocarapoti estava cada vez mais apaixonada. O seu pai, chefe da tribo, começou a estranhar o fascínio que Puiara exercia sobre toda a tribo. Resolveu, então, matar Puiara. No ritual, o jovem foi morto e cremado, de suas cinzas foi feita uma “pasta” que todos na tribo comeram. Acreditavam que, dessa maneira, os dons musicais de Puiara passaria para os demais integrantes da tribo. Inconformada com a morte de seu amor, Ocarapoti pegou o violão de Puiara e dirigiuse a um lugar afastado, atrás do Morro do Farol. Tanto sofreu, tanto chorou que de suas lágrimas surgiu uma lagoa que pouco a pouco começou a tomar forma daquele instrumento musical: a Lagoa do Violão. O sucesso das muitas edições do evento consolidou Torres como a Capital Brasileira de Balonismo. O Festival é hoje o principal evento promovido pelo município, em 2007, o Festival completou a sua 19ª edição. Eventos consecutivos como esse são realizados apenas em dois outros lugares no mundo: Albuquerque, no Novo México, e Chateau D’Ouex, na Suíça. A cada ano, aumenta o número de balões no evento, colorindo ainda mais o céu de Torres. Também, balonistas e as suas equipes ganham a empatia do público que, gradativamente, cresce a cada nova edição do Festival. O festival além de colorir o céu Torrense, ilumina as noites com shows nacionais e baladas nas boates da cidade. dores da praia. Além disso, são oferecidos pelas agências de receptivos roteiros integrados, tais como: Citytur + Barco – excelente para se conhecer os principais atrativos turísticos do município, pois integra a parte terrestre com a aquática, mostrando dois olhares da cidade. Possuímos o Turismo de aventura – o município vem trabalhando forte nesse segmento uma vez que aventura não necessita de sol e mar, podendo ser trabalhado o ano inteiro, o que para uma cidade litorânea no sul do Brasil é fundamental. Dentre das modalidades podemos destacar: paraglider, rapel, surf, surf com duck, beach rafting, rafting, canoagem, mountain bike, e claro não poderia faltar o vôo de balão, uma vez que Torres é considerada a Capital Nacional do Balonismo. E, neste ano, há uma novidade: Tour com carruagem real – está em funcionamento o passeio pelos Reveillon principais atrativos e pontos turísticos de Torres. É O Reveillon de Torres é nacionalmente conhecido, sendo considerado o quarto maior do Brasil realizado a beira-mar. Cerca de 300 mil pessoas buscam a Praia Grande, um dos cartões postais do município, para celebrarem a passagem de ano com os amigos e familiares. A festa ao ar livre teve como atração nacional para a virada de ano 2007/2008, o cantor Dudu Nobre com o seu novo show, o qual canta os mais adorados Samba Enredos das Escolas do Rio de Janeiro. E o famoso e aguardado show piromusical, que integra fogos de artifício, com uma trilha musical e shows de lazer. Complementam a programação atrações estaduais que comandam a festa até o amanhecer. Divulgação possível sentir-se na Idade Média e passear em uma verdadeira carruagem saída de um conto de fadas. Têm muitas opções de lazer espalhadas pelo município e ainda atividades na região, através dos roteiros integrados, ou seja, uma qualificada programação de verão será oferecida contemplando diversas faixas etárias. Roniel Lummertz “O céu é meu teto, a terra minha Pátria e a liberdade é minha religião”. h i stóri a Culturais: shows, peças teatrais, sarais, filmes. Ativi- hi stóri a qualificada e diversificada programação. Atividades Filhos do vento De origem incerta, cercado de mistério e preconceito e injustamente perseguido ao longo dos séculos, o povo cigano faz dos lugares por onde passa, a sua própria Pátria. Seguindo a sua filosofia de vida, onde o Céu é seu teto, a terra sua Pátria e a liberdade é sua religião. Sempre que se ouve falar do “povo das estradas” como são conhecidos, relaciona-se aos seus talentos na arte de ler a mão, de suas adivinhações mas esquece-se que por trás dessa simples imagem mística, existe uma admirável história de um povo que habita a Terra há mais de 3 mil anos. Há diferentes relatos de sua origem, assim como de seu dialeto, porém a hipótese mais aceita é que vieram do norte da Índia fugindo das guerras e dos invasores e como aqui encontraram facilidades, espalharam-se e estabeleceram-se. Essa invasão foi a única na história da humanidade que foi realizada sem guerra, dor e derramamento de sangue. Esses eternos viajantes, são logo reconhecidos por suas roupas coloridas e ornamentos, principalmente por seus hábitos ruidosos. Cantam e dançam tanto na alegria como na tristeza, pois para o cigano a vida é uma festa. A sua cultura é belíssima e riquíssima em detalhes e fatos históricos, porém a sua tradição não mais tão rigorosa, posto da realidade que vive-se em cidades nos dias atuais. Como exemplo dessas mudanças culturais, Anderson Bagesteiro, mais conhecido como Pai Neco, assimilou o seu povo, o sangue cigano. Pois é neto de cigano por parte do avô, Mathias Bagesteiro. Após a sua jornada, aqui chegaram na década de 30 e 40 e instalaram-se na praça Moinhos de Vento em Porto Alegre, hoje Parcão. Bagesteiro, aos 17 anos, descobriu a sua descendência e mesmo não tendo nascido e se criado entre os ciganos nos acampamentos, cultua as origens do seu povo que veio da Espanha. Hoje, além de realizar casamentos cigano, possui um grupo de dança, “Alma Cigana”,o qual tem objetivo de mostrar a beleza e o significado espiritual dos cultos milenares do povo cigano. Com a mesma finalidade também resolveu realizar uma grande festa cigana a qual ocorre todos os anos no Parque Moinhos de Vento, Parcão. Este ano realizada no mês de novembro. Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 Para a temporada de verão é montada uma Carla Oliveira Fotos: Arquivo Turi T ur i smsmo o Divulgação 90 “Vem chegando o verão...” 91 Hoje, os verdadeiros ciganos são uma raridade, muitos deixaram de lado suas origens e se entregaram à vida e aos costumes dos não ciganos, “os gadjes” como são chamados. 92 Os ciganos são um povo como tantos outros povos que seguem as suas tradições e o seu modo todo especial de viver, que é passado de geração em geração. E quando se trata de comportamento. São muito rígidos. Mas, na forma de viver, a palavra ordem é ser livre. Ao contrário do que muitos pensam, hoje em dia vivem em casas, assim como a cigana Natália Silva*, moradora da cidade de Gravataí aproximadamente há 40 anos. “Cigano gosta mesmo é de morar em barraca, mas moram em casas por se ter mais conforto”, diz ela. Cigana Silva fala também que nunca ficam sozinhos, é um povo unido. Geralmente se reúnem em grupos para festejar os ritos de passagem: o nascimento, a morte, o casamento e os aniversários. Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças. Religiosidade Não há uma religião típica cigana, normalmente assimilam a religião do lugar onde se encontram, mas jamais deixam de lado o misticismo envolto de mistério e poderes mágicos, que faz parte de seus hábitos e comportamento. De acordo com o cigano Aristides Souza*, morador de um acampamento também em Gravataí, hoje seguem a religião Católica, muitos ainda o Evangélico. Em outros países possuem a sua igreja própria, aqui freqüentam a Igreja Católica. Fala também que, quanto aos santos, além da Santa Sara Kali, são devotos de outros santos, ele, muito devoto a Nossa Senhora Aparecida. Ainda se tratando de misticismo, Bagesteiro conta que para a lua se pede amor, para o céu se pede a fartura e fortuna e para as estrelas se pede paz de espírito. Por isso Lua Cheia é o maior elo com o “sagrado”. Para eles tudo na vida é “makbub”, está escrito na estrelas, motivo pelo qual são atentos observadores do céu e adoradores da natureza. Acreditam também na força do destino (baji) contra o qual não adianta lutar. CURIOSIDADES - Cada grupo cigano tem o seu líder, o Barô/Gagu, cargo exercido pelos mais velhos. - A figura feminina também tem a sua importância e é comum haver lideranças femininas como as Phury-day (matriarca) e as Bibi(tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte. - O mestre de cura (ou xama cigana) é um Kaku (homem mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles usam ervas, chás e toques curativos. “Para lua se pede o amor, para o céu a fartura, fortuna, para estrelas se pede paz de espírito”. Os ciganos adoram dançar e quando dançam, o fazem com a alma, o coração e com total liberdade para os seus movimentos, sem nenhuma coreografia pré-estabelecida. A dança cigana tem grande influência árabe e espanhola, hoje mais espanhola devido a dança flamenca, diz Bagesteiro. Casamento Tradição essa que a todos fascina. O casamento é uma das tradições mais preservadas entre os ciganos, pois representa a continuidade da raça e é pelo casamento que entram no mundo dos adultos. Desde pequenas as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento, que acontece por volta dos 17 anos, conta o cigano Souza. Os acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir as famílias. São eles também que oferecem a fes- Santa Sara Kali Universo IPA | Dezembro 2007 Costumes e tradição Outro fato importante é o de não se submeterem as regras da maioria da sociedade não cigana e o de não aceitarem de modo algum serem empregados dos “gadjes” (nãociganos), assim apegam-se a antigas profissões artesanais, como ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalo, comerciantes de miudezas e o melhor de suas qualidades que é a arte divinatória, as quais é ensinado as crianças desde cedo. Cigana Silva ressalta, “ cigano gosta de trabalhar, fazer negócio, ganhar dinheiro”. A leitura da sorte é uma das principais fontes de renda para a maioria dos grupos, portanto as mulheres cada vez mais assumem o controle econômico da família. O resultado é uma situação contraditória, em que o homem manda, mas é a mulher quem sustenta o grupo. Não ser mãe é um pecado quase que mortal para a mulher cigana. Criada para educar os filhos e cuidar do marido, ela também deve se casar virgem. Outra “lei” curiosa que se refere ás mulheres é que elas jamais podem mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas são consideradas impuras. Por isso, as saias são compridas e rodadas. Também são proibidas de contar os cabelos. Dança Mãe Natureza O colorido e o brilho da vestimenta não pode faltar Referente à religiosidade, Bagesteiro fala um pouco da história da Santa Sara Kali, Padroeira Universal do povo cigano. A Santa por quem nutrem o mais devoto amor e respeito, instiga mais ainda a sua provável origem da Índia devido à sua pela negra. A tradição das mulheres casadas não andarem sem o lenço na cabeça, em sinal de respeito, originou-se de um gesto de Sara Kali. Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, ofereciam um lenço, o mais bonito que encontrassem. Para as mulheres ciganas, o milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem as suas vidas sem filho. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo, conta cigana Silva. h i stóri a hi stóri a * Sobrenome fictício, não revelado. Universo IPA | Dezembro 2007 i stóri hihstóri a a Arquivo Anderson Bagesteiro ta e quem faz o enxoval para a noiva. O curioso é que o casamento com os não ciganos só é permitido para os homens, mas não para as mulheres ciganas. No caso de casarem com brasileiro, são excluídas do grupo. Segundo a cigana Silva, também é permitido o casamento entre primos. Quando acontece de um cigano casar com uma mulher fora do seu grupo, essa tem que se adaptar a sua cultura e seguir as suas tradições. O mesmo aconteceu com a hoje cigana Karina Silva*, morada de Gravataí. Aos 17 anos conheceu o cigano que se casou e há quase dez anos cultua as suas tradições. Antes do casamento, os noivos não podem ter nenhum tipo de intimidade, iniciação sexual. Quando o casamento acontece, durante três a quatro dias, os noivos ficam separados na festa dando atenção aos convidados, somente na segunda ou terceira noite é que podem ficar pela primeira vez a sós, conforme o cigano Souza. A cigana Silva conta ainda que, mesmo hoje em dia, exigem a virgindade da noiva, que é a honra da mulher, caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais e a festa acaba. E no caso de ser virgem, deve comprovar através da mancha no lençol, que é mostrada no dia seguinte do casamento. Neste dia ela também se veste com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada. Quanto ao dote, de ter de pagar ao pai da noiva em moedas de ouro, hoje em dia não existe mais, diz o cigano Souza,“quem vai vender a própria filha?”. É com essa história que os ciganos, povo tradicionalmente nômade, também conhecido como “filhos do vento” e ligado ao misticismo, à música e alvo de muitos preconceitos, contam a sua própria origem ainda cercada de mistério... 93 Tomada do Reichtag pelo Exército Vermelho. Terminava assim a Segunda Guerra Mundial A questão polonesa O pacto não significava que Stálin e Hitler tivessem abandonado inteiramente as suas ideologias. O historiador americano John Lukacs, autor de mais de 20 livros, entre eles “O duelo: Churchill x Hitler” e “Uma nova República”, disse que Stálin desejava manter a URSS fora de uma guerra que se aproximava rapidamente. “Num certo momento, a União Soviética poderia recolher as ruínas da Europa e surgir triunfante num continente devastado pela guerra”, constatou Lukacs. Em discurso dado ao Politburo, principal organismo político do Partido Comunista, Stálin declarou: “sei o que Hitler quer. Ele pensa que é mais esperto que eu, mas fui eu que o enganei”. A guerra, explicou ele, “vai nos ignorar por um pouco mais de tempo”. Às 2 horas da manhã de 17 de setembro, Stálin ordena que o Exército Vermelho ataque a Polônia. Os ucranianos saudaram as tropas soviéticas como verdadeiros libertadoros. A população polonesa, contudo, sofreu com ataques tão cruéis e trágicos quanto os dos nazistas. O primeiro-secretário de Moscou, Nikita Khruchióv, suprimiu quaisquer partes da população que pudessem se opor ao poder soviético: padres, oficiais, nobres e intelectuais foram seqüestrados, assassinados ou deportados, para que fosse eliminada a própria existência da Polônia. Em novembro de 1940, um décimo da população polonesa – ou seja, 1,17 milhão de inocentes – havia sido deportada. Trinta por cento deles estavam mortos em 1941. Os presos foram 60 mil. Fuzilados, 50 mil. Os soviéticos comportaramse como conquistadores. Para Stálin, a sugestiva, mas imprecisa, expressão “esferas de influência” significava total liberdade de ação na região da nova fronteira russo-germânica que tinha ficado ao seu lado. As partes da Polônia ocupadas pelos soviéticos foram simplesmente anexadas à União Soviética. Hitler e a União Soviética Em abril de 1940, Hitler invadiu a Dinamarca e a Noruega. No dia 10 de maio do mesmo ano, os exércitos germânicos rumaram para o Oeste. A Holanda rendeu-se em quatro dias, a Bélgica em 18, a França em menos de seis semanas. No dia da queda de Paris, Stálin ordenou a plena incorporação dos Estados bálticos ao seu Império. Dias depois, apresentou um súbito ultimato à Romênia, exigindo a entrega da Bessarábia. Hitler estava agora perturbado com a interpretação de Stálin a respeito do significado “esfera de influência”. De acordo com o historiador britânico Simon Sebag Montefiore, foi neste momento que o olhar e mente de Hitler começaram a se deslocar para Leste, imaginando o que a conquista da União Soviética pela Alemanha poderia significar nesta guerra. “A Alemanha havia conquistado toda a Europa, ou a maior parte dela”. A partir de então, disse o historiador, “faltavam apenas os dois extremos do continente: a União Soviética a e Inglaterra”. O resultado da ordem do líder soviético de dar carta-branca ao reconhecimento aéreo alemão foi o desastre: às 3h15 da manhã de 22 de junho, a Luftwaffe destruiu quase metade da força aérea russa. O povo da Alemanha soube ao acordar que estava em guerra contra a União Soviética. Começava aí a “Operação Barbarossa” - referência ao antigo rei germânico e titular do Sacro Império Romano no Século 17. A explicação mais aceita sobre os propósitos do Führer ao atacar a URSS é de que seus EUA aderem à guerra Até o ano de 1941, apesar da insistência de Churchill, os Estados Unidos ainda não haviam declarado apoio aos países Aliados. De acordo com o doutor em história Carlos Gomes de Araújo, os EUA, por ter uma política predominantemente anti-comunista, não poderiam declarar apoio à União Soviética, país responsável pelo levante comunista que mudou o curso da história. Araújo disse que “os americanos precisavam de uma desculpa que permitisse o apoio dos cidadãos americanos à entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra”. Essa “desculpa” veio dos japoneses: em 7 de dezembro de 1941, o ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor leva os Estados Unidos a declararem guerra aos países do Eixo. O término do conflito Um ataque iminente Stálin pensava que Hitler planejava invadir a Inglaterra. Nenhum de seus agentes tinha conhecimento da declaração de Hitler a seus generais, em 31 de julho de 1940, para preparar uma eventual invasão da Rússia. O aumento das tropas alemãs na Polônia e a anexação do território da Romênia à esfera 1941: o combate h i stóri a Primeiro de setembro de 1941. A invasão da Alemanha nazista à Polônia dá início a que seria uma das mais sangrentas batalhas de todos os tempos. Deixando um saldo que ultrapassa os 50 milhões de mortos – número a que não são somadas as 28 milhões de pessoas, entre civis e militares, mutiladas em combate – a Segunda Guerra Mundial está entre os mais marcantes acontecimentos do século 20. Na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), 20 milhões de pessoas perderam a vida. Na Alemanha, 13 milhões. O plano de Adolf Hitler, líder da Alemanha durante a Segunda Guerra, ainda levou a cabo mais de 6 milhões de judeus, vítimas de um cenário de completa degradação humana dentro dos campos de concentração. Faltando pouco para o início da guerra, em face da decisão de invadir a Polônia, Hitler concluiu que um acordo com o líder máximo da União Soviética, Iossif Vissariónovitch Djugachvili, mais conhecido como Jo seph Stálin, apelido adotado no submundo revolucionário, era urgentemente necessário. As reuniões entre as potências começaram no dia 12 de agosto de 1939, mas a discrepância entre o que o ocidente estava disposto a oferecer e o preço exigido por Stálin era insuperável. Após quase dez dias de negociações, em 23 de agosto, o comissário para o exterior (cargo equivalente ao de ministro das relações exteriores) da União Soviética, Viatcheslav Molotov, assinava o pacto germano-soviético de não agressão. Esse pacto, que levara o nome dos ministros das relações exteriores das duas potências, Ribbentrop-Molotov, destinava-se a dividir a Polônia e a Europa Oriental em esferas de influência: Stálin ficaria com o leste da Polônia, Letônia, Estônia, Finlândia e a Bessarábia, na Romênia, enquanto Hitler ficaria com a Lituânia. Hitler aprovara os termos do pacto. Em primeiro de agosto de 1939, certo de que Stálin não interferiria em seus planos, Hitler ordena que três Stukas (aviões de combate alemães) invadam o espaço aéreo da Polônia em missão de ataque. Era o início oficial da Segunda Guerra Mundial. Dois dias após o ataque, Inglaterra, França, Austrália, Índia e Nova Zelândia decidem entrar no combate, declarando guerra à Alemanha. Os Estados Unidos declaram-se neutros. motivos foram basicamente ideológicos. Muitos historiadores têm usado esse argumento. Em princípio, isso parece convincente, mas as próprias palavras de Hitler são uma prova do contrário. Carvalho, contudo, discorda. Ela disse que “Hitler lutava contra toda a esperança, imaginando que fosse possível evitar que os Estados Unidos entrassem numa guerra verdadeira contra ele”. Caso a Rússia fosse eliminada, continua a historiadora, “talvez então passasse a ser impossível para Roosevelt e Churchill permanecerem contra a Alemanha”. Em 29 de maio, Hitler disse a Walter Hewel, confidente e membro de seu círculo mais íntimo, que, uma vez derrotada a Rússia, “isso forçará a Inglaterra a procurar a paz. Espero que este ano”. Partindo do princípio de evitar uma guerra contra os Estados Unidos, Hitler expediu uma ordem peremptória a todos os navios de guerra e submarinos alemães no Atlântico: “evitem, sob quaisquer circunstâncias, atingir navios norte-americanos; nem mesmo reajam se atacados”. hi stóri a Fotos: Robert Kappa Robson Pandolfi goslavo, assim como a expulsão das delegações desses países de Moscou. Stálin queria demonstrar a sua intenção de colaborar com a Alemanha. O estadista britânico Winston Churchill e o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, mandaram-lhe informações detalhadas a respeito da concentração das tropas alemãs na fronteira da Polônia. Stálin foi em frente, acreditando em Hitler. Da longínqua China, veio um relatório de Chiang Kai-Shek, apontando a data do ataque alemão para 21 de junho de 1941. De Tóquio, o agente de estado russo Richard Sorge foi enfático: “a Alemanha começará uma guerra com a União Soviética em meados de Junho. Repito, nove exércitos e 150 divisões iniciarão uma ofensiva no amanhecer de 22 de junho”. Stálin demitiu Sorge. Mais revelador ainda, de acordo com Lukacs, é o caso dos vôos de reconhecimento realizados pelos alemães, violações óbvias do princípio soviético de soberania do Estado. Stálin mandou expedir uma ordem: “em caso de violações da fronteira germano-soviética por aviões ou balões alemães, não abram fogo”. Desembarque dos Aliados na Normandia Após quase seis anos de batalha, a chegada das tropas soviéticas à Berlim força Hitler a tomar uma decisão extrema: no dia 30 de abril de 1945, o Füher e sua esposa, Eva Braun, suicidam-se. Hitler mata-se com um tiro na têmpora direita. Eva seguiu o suicídio, bebendo cianeto. Seus corpos nunca foram encontrados. No dia 7 de maio, o almirante Doenitz reune-se com o alto comando alemão e assina a rendição da Alemanha. No entanto, somente com o lançamento das duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki - fato que culminou na rendição do Japão - é que oficialmente chega ao fim a Segunda Guerra Mundial. Universo IPA | Dezembro 2007 i stóri hihstóri a a Universo IPA | Dezembro 2007 94 O terror da guerra de influência de Hitler começaram a deixar Stálin inquieto. O líder soviético propôs, então, um projeto com escopo muito maior: a divisão da Europa, Ásia e África entre as esferas de influência da Alemanha, Itália, Japão e União Soviética. Não houve resposta de Berlim, nem mesmo uma confirmação do recebimento da proposta. Neste momento, a imprensa soviética publicava ocasionais comunicados da Wehrmacht, as forças armadas nazistas. Em primeiro de março de 1941, o Exército alemão invadiu a Bulgária. Em seguida, os exércitos de Hitler invadiram e dominaram a Iugoslávia ao estilo Blitzkrieg, a guerra relâmpago de Hitler. Isso levou a um episódio surpreendente na história da diplomacia stalinista: um tratado de não agressão com os japoneses. A chave para o que se seguiu não é mais a competência de Stálin como estadista, mas a persistência de sua fé em Hitler. Os relatórios chegavam toda hora a Moscou, não apenas sobre a quantidade crescente de divisões alemãs na Polônia, mas também sobre a decisão de Hitler de invadir a Rússia, alguns deles mencionando meados de junho. De acordo com a historiadora gaúcha Nara Carvalho, “dizer que Stálin teve relutância em acreditar neles [Hitler] é atenuar o fato: ele simplesmente não acreditou”. A historiadora declarou que Stálin não podia acreditar que Hitler resolvesse entrar em uma guerra com ele num momento em que a Alemanha enfrentava a Inglaterra. “Uma guerra em duas frentes era algo que Hitler não iria desejar”, disse Carvalho. Stálin faria ainda outra tentativa de impressionar Hitler com sua amizade: em 10 de maio de 1491, ordenou o rompimento das relações entre a União Soviética e os governos belga, holandês, norueguês, grego e iu- 95 O eterno carro do povo Após 57 anos, o Fusca segue uma paixão entre os brasileiros muitos apelidos alusivos as suas cores e ao seu formato, virou tema de diversas músicas, protagonista de filme dos estúdios Walt Disney (todo mundo lembra do Herbie, o simpático Fusca que anda em duas rodas e até pensa...) e tornou-se alvo de ditos populares bem conhecidos: “Fusca é igual coração de mãe”, “Quem tem um, não vende”, “Com um arame e uma chave de fenda não se fica empenhado” e “Fusca é um cheque na mão”, referindose a sua valorização no mercado. A origem do nome Fusca está relacionada com a pronúncia alemã. Ao abreviar a palavra Volkswagen para VW, os alemães falavam “fauvê”. A abreviação logo se transformou em “ful- que” e “fulca”. Em Curitiba, se fala “fuqui”, em Porto Alegre é “fuca” e em São Paulo virou Fusca, nome que foi dado oficialmente ao carro, após ser rebatizado em 1983, pois até então os registros do Departamento Nacional de Trânsito (Detran) o denominavam VW Sedan. Você ainda vai ter um A verdade é que qualquer um pode ter o “besouro”, como ficou conhecido devido ao seu design, e perpetuar essa paixão, porque dois dos motivos que fazem do carro um sucesso entre os brasileiros são o preço acessível (com menos de R$ 3 mil se compra um bom Herbie, o mais famoso Fusca Em 1968, a Walt Disney imortalizou o Fusca com o filme “Se meu Fusca Falasse”, a hilariante história de um Fusquinha desprezado pelo seu dono e comprado por um piloto fracassado pela bagatela de US$ 75. Herbie é um carro dotado de carisma, inteligência e coração de gente que, com o número 53 pintado na lataria, leva sempre os seus condutores a vitórias em corridas alucinantes. Além desse filme, outros cinco títulos completam a saga do simpático carro que conquistou o mundo: “As Novas Aventuras do Fusca” (1974), “O Fusca Enamorado” (1977), “A Última Cruzada do Fusca” (1980), “Se Meu Fusca Falasse” (1997) – uma versão para a TV norte-americana - e “Herbie: Meu Fusca Turbinado” (2005). Adoradores do besouro A fuscamania está passando de geração para geração: são mais de mil comunidades no site de relacionamento Orkut com a palavra Fusca, que ganhou até sinal gráfico na tela do computador, uma reprodução perfeita do capô, faróis e pára-lamas formada por parênteses, letras “O”, barras, underlines e ponto de exclamação. Os clubes e encontros estão disseminados por todo o país e em Porto Alegre não é diferente. A partir de bilhetes deixados junto a diversos Fuscas da cidade, nasceu, em março de 1996, o Porto Alegre Volkswagen Fusca. Presidido, há dois anos, pelo reparador automotivo, Wilson Muller Ochotorena, 41 anos, o clube passou a se chamar Porto Alegre Fusca Clube depois de uma crise que quase o levou a extinção, com a presença de somente dois carros em um encontro no iní- Amor e Ódio pelo VW Mas todo esse amor e simpatia pelo besouro não são unânimes. Prova disso é o mecânico automotivo, Renato Sperrhake, 46, 24 anos de profissão, que nunca teve um Fusca e jamais o compraria porque garante não gostar do automóvel. “O Fusca foi bom na época dele, 77, 78, 80 (ano). É um carro que gasta muito, não tem porta-malas, uma mecânica totalmente ultrapassada, não oferece nem um pouco de potência e economia, a suspensão dele é dura, antiquada. Hoje em dia, tu pegas um Golzi- O novo Fusca imagem.com.mx 96 A TV era a grande sensação do momento, Getúlio Vargas voltava ao seu segundo mandato “nos braços do povo”, como se dizia na época, e a nação ainda amargava a derrota para a seleção uruguaia na final da Copa do Mundo, no Maracanã lotado, quando, no final do ano de 1950, desembarcava no porto de Santos, um carro diferente, com desconhecido formato arredondado. Mal sabiam os brasileiros que aportava, naquele dia, o carro que seria consagrado pelo povo e considerado, décadas depois, “o carro do século”. Por ironia da história, o ditador Adolf Hitler, mundialmente conhecido pelas maldades praticadas contra a humanidade, foi o visionário que solicitou a criação do carro mais amado de todos os tempos. A pedido de Hitler, - que queria um carro barato, com espaço para quatro ou cinco pessoas, que alcançasse e mantivesse a velocidade de 100 km/h e uma média de consumo de 14km/litro - Ferdinand Porsche trabalhou arduamente durante cinco anos na criação daquele carro que, em 1939, começaria a ser fabricado para a modernização e recuperação da economia alemã, objetivos tão almejados pela política do ditador. Os brasileiros tiveram de esperar 20 anos para que, em 1959, o Volkswagen começasse a ser fabricado no Brasil. Três anos depois se tornou líder de vendas no país. Daí em diante, o Fusca, se tornou mania nacional. Ganhou belfastcity.gov.uk Universo IPA | Dezembro 2007 Armindo J. K. Júnior Depois que deixou de ser fabricado no Brasil em 1986, o ex-presidente Itamar Franco tentou reavivar o Fusca entre os anos de 1993 e 1996 com a retomada da produção. Por razões mercadológicas, o carro saiu de linha novamente. Eis que ressurge, no ano de 1998, uma reedição do mito consagrado pelo povo, o New Beetle, com formas idênticas ao antigo Volkswagen, porém com mecânica (o motor passa para a parte dianteira, entre outras alterações), suspensão e plataforma do Golf quarta geração. O carisma do carro original se manteve, mas nem de longe o New Beetle é um carro popular, pois conta com refinamentos como banco de couro, direção hidráulica, câmbio automático, ar-condicionado e air-bags, justificando o seu alto valor. Manteve-se, além do design, algumas características do Fusca, como duas alças na coluna central entre os bancos dianteiros e traseiros, uma alça no painel em frente ao banco do carona, e um irreverente vaso para flores ao lado do volante, como nos primeiros Fuscas produzidos na Alemanha até a década de 50. nho 94, 95, que já é ultrapassado também, dá de dez a zero no Fusca, no tamanho do portamalas, de economia e de desempenho”, desabafa Sperrhake. Imagine investir mais de R$ 20 mil em um Fusca. Loucura? Não para o empresário João Gilberto da Silva Vargas, 41. Ele concretizou o sonho cultivado desde os 18 anos de idade época na qual não tinha condições financeiras – e personalizou o modelo 1972 adquirido pelo pai em 1983. Bem diferente de quando herdou do pai em 1984, a máquina possui hoje pintura metálica, freio a disco nas quatro rodas, suspensão dianteira com sistema de regulagem de altura, bancos revestidos em couro, painel (com velocímetro, marcador de combustível, de pressão, contagiros, etc.) customizado, volante e manopla da marca Shutt, vidros elétricos, alarme, antifurto, sistema de som completo, DVD dez polegadas, ignição eletrônica, surdina de competição, pintura especial no motor, pneus importados e rodas de liga leve de 17 polegadas. Todas essas modificações despertam a curiosidade e a admiração dos populares, que buzinam, tiram fotos, elogiam e até param na sinaleira para perguntar detalhes do lindo Fusca azul índigo, cuja velocidade atinge 160 km/h e breve terá suspensão a ar e um motor mais potente, segundo Vargas. “Nunca o deixo na rua, só vou a encontros com ele. Não rodo em dias de chuva e nunca o deixo no sol. Nunca fizeram ofertas, mas perguntam quanto valeria. Não tenho nenhuma intenção de vender, acho que não tem preço, o valor é sentimental”, orgulha-se Vargas, que resguarda o seu Fusca e usa uma camionete Blazer no dia-a-dia. h i stóri a Paixão: Vargas investiu R$ 20 mil no seu Fusca hi stóri a cio de 2004. Hoje, o Clube é um dos maiores e mais antigos do Estado, contando com 43 sócios. O Clube visita outros clubes co-irmãos de cidades da Região Metropolitana, da Serra Gaúcha e do Vale do Taquari a partir de um calendário previamente definido, saindo sempre do Largo Zumbi dos Palmares (antigo Largo da Epatur), no centro da Capital, habitual ponto de encontro no terceiro domingo de cada mês. Ochotorena, que ajudou a reerguer o Clube em agosto de 2005, tem um Fusca modelo 1983, personalizado com rodas de liga leve, som, motor com pintura especial e trava elétrica nas portas. “Cada vez mais pessoas estão dando atenção ao Fusca. Com o crescimento dos clubes, mais valor tem sido agregado ao carro. Atualmente, Fusca com preço baixo, ou está ruim ou o proprietário está ‘apertado’”, garante Ochotorena. O “Almanaque do Fusca” (Ediouro, 197 páginas, R$ 39,90), escrito por Fábio Kataoka e Portuga Tavares, considerado um livro de memórias, particulares e coletivas, conta que o Fusca influenciou o cinema, a economia, a arte, a moda e a cultura pop, sendo responsável pelo recorde de quilometragem, de tempo de fabricação e que há dez anos representava 30% da frota de carros no país, sendo preferido por 83% dos brasileiros. Ao todo, passou por 90 mil alterações mantendo o mesmo design original. Curiosidades - 20 de janeiro é o Dia Nacional do Fusca. - 22 de junho é o Dia Mundial do Fusca. - Em 1964, foi lançada uma versão com teto solar, apelidada de “Cornowagen”: um fracasso de vendas. - Em 1979, o Fusca ganha lanternas traseiras maiores e o apelido de “Fafá”, em homenagem aos seios fartos da cantora Fafá de Belém. - Em 1993, a lista de espera de compradores do novo Fusca chegou a 13 mil pessoas. - Em 30 de junho de 2003, saia da linha de montagem, no México, o Fusca de número 21.529.464, o último fabricado no mundo. Universo IPA | Dezembro 2007 i stóri hihstóri a a Armindo J. K. Júnior Projetado por Ferdinand Porsche, que dá nome a carros esportivos e luxuosos, o Fusca foi o modelo mais vendido de todos os tempos exemplar) e o baixo preço das peças de manutenção. Segundo o gerente da Auto Peças Vega, Adriano Silva, a procura por peças de Fusca é pequena, representando apenas 5% do volume de clientes. Com exceção da parte elétrica, que possui um único fabricante (Bosch), motivo que impede o barateamento, o resto - sistema mecânico, de lataria e de suspensão – é barato, chegando a custar até 77,8% menos em relação a outros carros populares mais novos. “É mais fácil conseguir peças para Fusca do que para carro importado, mesmo produzido no Brasil. Qualquer cidade que tu vais tem um Fusca”, diz Silva. Desejar um carro potente não é mais desculpa para desprezar o querido automóvel. De acordo com o dono da Auto Peças Vega, Pablo Vega, está a venda no mercado um kit com pistão 2.2, que dá ao Fusca uma potência de 200 cavalos, semelhante ao Opala. “É original, sem turbina, para arrancada mesmo. Isso é interessante pela valorização do carro. O carro é de 59 e ainda hoje o pessoal está fazendo alterações para ele continuar rodando. Isso denomina todo o carinho pelo carro”, afirma Vega. 97 1 or que muitos jovens depois de forP mados não desejam atuar na área? Porque, desde o ingresso em busca de uma formação superior, eles sofrem com a pressão da família, dos amigos, da mídia e com suas próprias dúvidas. As áreas de atuação crescem a cada dia mais, aumentando assim o dilema dos adolescentes sobre o que escolher. Como recebem uma avalanche de informações sobre os inúmeros cursos existentes, ficam confusos e decidem-se de acordo com as referências e não pensam em seus próprios anseios. Quando descobrem que e não gostam do que estão cursando, ficam com medo de serem repreendido pelos pais e continuam nesta situação, assim formam-se e enterram o diploma. 3 O que a senhora sugere para que esses problemas possam ser evitados? Sugiro aos pais que não pressionem seus filhos, deixem-nos decidir com calma, sem pressão sem cobrança. E aos filhos, digo-lhes que devem se expressar, afirmar que não estão satisfeitos e mudar de curso o mais ápido possível. Mas para evitar isso, antes de prestar vestibular, leiam, informem-se, conversem com pessoas que trabalham na área, não pensem apenas no dinheiro, pois, trabalhar em busca de um salário alto não dá certo. O trabalho não deve ser fonte de insatisfação e sim de prazer. • Realização profissional é um estado de prazer, entusiasmo, paixão, vibração ao realizar algo. • A realização profissional é estritamente pessoal. Tem gente que se sente ralizada por SER alguma doisa, ou por TER algo que desejava. De qualquer forma, isso é um ponto de vista muito subjetivo e pessoal. • O sucesso na carreira e na vida pessoal vem sempre acompanhado de constante crescimento. p rofi ssão O que você precisa saber sobre realização profissional prof i ssã o Trabalha-se para poder sobreviver. Mas o objetivo de qualquer emprego é satisfazer as necessidades do outro. A psicóloga Júlia Miralha enfatiza: “Infelizmente, muitas pessoas não tiveram oportunidades para trabalhar no que realmente gostam. Estas sonham com uma profissão, mas, por vários motivos, acabam realizando outra. Isso não significa que a sua ocupação tenha menos importância ou menos valor”. De acordo com a socióloga Andréia Martins, proprietários e clientes, todos são, pois um médico atende seus pacientes e também necessita ser atendido. O trabalho é essencial para o sustento da sociedade, presta-se serviços e recebe-se também. Por esse motivo é que há uma diversidade de cursos, no ensino superior, cada indivíduo escolhe o que mais se identifica e durante um período estuda para alcançar a profissão que deseja. A área é ampla e há um leque de opções dentro deste ofício que possibilita a especialização do profissional. Com pouca idade os jovens são chamados a optar por uma carreira universitária e isso gera insegurança e incerteza sobre o futuro. Adolescentes após o amadurecimento perdem o interesse e, muitas vezes, trocam de curso, porém nem todos têm recursos para fazer isto e acabam concluindo para enfim conquistar o diploma. O mais comum é que esses indivíduos atuem em uma área distinta daquela para a qual se formaram ou ingressem em um novo curso superior. Como ressalta a artesã, Carolina Bittencourt Ludmann, 27 anos: “Achei que cursando Direito eu seria uma advogada de sucesso até porque meu pai é perito e eu conseguiria emprego e estabilidade. Logo percebi que eu não gostava e fui arrastando até me formar, com isso, perdi muito tempo e dinheiro. Hoje eu me sinto feliz, fazendo o que realmente gosto”. Ludmann nunca atuou na área em que é formada e ganha o suficiente para se manter com seus trabalhos manuais. Miralha diz que “a formação precoce resulta no desinteresse e na falta de profissionalismo, estágios realizados durante o ensino superior, sendo eles remunerados ou não, auxiliam o estudante a ter certeza se é isto que ele mesmo quer. Entretanto, alguns estágios são rápidos e não dão 2 as pessoas que se formam e mesmo E não gostando do que fazem, executam o ofício? Estas tendem a desenvolver doenças. Os problemas de saúde podem se manifestar através de sintomas físicos, emocionais e comportamentais. Entre os sintomas físicos, os mais freqüentes são: as dores musculares, incluindo dor de cabeça, taquicardia, hipertensão arterial e problemas gastrintestinais. Sintomas emocionais: angústia, depressão, ansiedade, preocupação e insônia. Comportamentais: agressividade, passividade, distúrbios alimentares e mudanças na libido. Além da saúde debilitada o serviço prestado por este profissional não tem qualidade alguma, pois não será bem feito, porque isso prejudica a empresa o cliente e principalmente a ele mesmo. • A mulher encontra mais dificuldades para realizarse do que os homens. Além de ter que vencer preconceitos, precisa ser eficiente e eficaz naquilo que desempenha. • O sucesso profissional está ligado ao equilíbrio emocional. Ele é o responsável pelas relações saudáveis no trabalho e em casa. Indivíduos bem resolvidos nos relacionamentos interpessoais saemse bem no trabalho. • O trabalho não é a única forma de realização pessoal. Embora a busca pela sobrevivência, salário e posição se confunde com o principal papel desempenhado na vida, muitas pessoas vêm descobrindo que a realização pode estar do outro lado. Atividades junto a comunidades, trabalhos sociais e voluntários também são fontes canalizadoras de energia e de vibração. O trabalho de corte e costura, visto como uma atividade quase exclusiva das mulheres, proporcionou ao costureiro Leandro a oportunidade de ganhar dinheiro e combater o preconceito • Os líderes são pessoas comuns extremamente comindependência e nem estabilidade, assim os jovens ficam desmotivados e procuram trabalhos que paguem mais ou onde o período seja superior ao do estágio que contaria em seu currículo. As incertezas aumentam a cada passo que se dá, o mercado de trabalho é concorrido para uns, e fácil para outros, mas, há inúmeras razões que fazem os estudantes procurar ofícios que não tenham nada a ver com a sua formação”. Segundo o economista Carlos Pias, “dos 87 milhões de brasileiros com idade entre 20 e 59 anos, apenas 6,2% têm ensino superior completo”. É visível, atualmente, que conseguir um emprego na área de interesse, além de árdua tarefa transformou-se em desafio à grande parte dos recém formados, O costureiro, Leandro Bernardo Teixeira, 28, relata que: “Sou formado em Ciências Contábeis há dois anos e, apesar de gostar de trabalhar na área, é difícil encontrar um emprego que ofereça segurança, então acabei buscando outra forma de ganhar dinheiro com as reformas em roupas eu e minha esposa não passamos dificuldades, pois também acabo executando a profissão prometidas com algo. A conversa, o relacionamen- Dicas para acertar na escolha da carreira to e a inter-dependência são fatores motivadores ao crescimento pessoal. • A realização pessoal tem bônus e ônus, prós e con- • Relacione as profissões que você um dia pensou em tras. Para alcançar o sucesso, há um preço a se pa- escolher. Analise quais foram os interesses que le- gar. Os ônus, normalmente, são a perda da convi- varam você a escolher cada uma delas. vência familiar, menos tempo para o lazer e stress. • Escreva quais são os fatores que mais pesam na sua • A verdadeira realização ocorre quando o ser huma- escolha profissional: influência da família, mercado no consegue o reconhecimento nas áreas pessoal, de trabalho, questão financeira,etc. familiar, social, profissional e espiritual. Não neces- • Relacione as características pessoais que você pos- sariamente, nesta ordem. sui que ajudam no seu relacionamento interpessoal como: disposição, bom humor, etc. DICA DE LEITURA • Faça uma lista de suas principais habilidades. • Converse com profissionais da área que você pretende escolher para conhecer a rotina de trabalho da profissão. • Planeje metas do que você deseja alcançar em sua carreira. • Relacione quais as profissões que você admira. • Pense em quais são as atividades que lhe dão prazer e as que você tem que fazer por obrigação. A artesã Carolina Bittencourt Ludmann desenvolve seus trabalhos manuais com muita paixão e consegue juntar uma boa quantia em datas comemorativas, como o Natal. Este ano ela pretende inovar as tradicionais árvores natalinas decorando-as com fuxicos verdes e vermelhos, criando também prendedores de roupas, panos de pratos pintados a mão com tintas variadas para tecido, verniz e cola quente. O objetivo é enfeitar os artesanatos, produzindo de acordo com o pedido dos clientes e com as datas comemorativas Auto-análise para o Êxito Profissional, de João Mohana, enfatiza a importância do autoconhecimento para atingir a realização profissional. Universo IPA | Dezembro 2007 p rofi prof i ssãssão o Universo IPA | Dezembro 2007 Clarissa Mendelski Fotos: Clarissa Mendelski 98 O diploma está guardado de contador”.Dentre os vários tipos de trabalhadores, o autônomo, é o que desenvolve a sua atividade com mais liberdade e independência. É ele quem escolhe para quem prestará serviço, assim decide como e quando, tendo autonomia para formar os seus preços de acordo com as regras do mercado e a legislação vigente. Para quem não conseguiu atingir um curso superior o jeito de ganhar dinheiro é tornando-se um trabalhador autônomo, porque o mercado de trabalho além de ser competitivo exige que se tenha um ciclo de amizade. Os amigos indicam e se o indivíduo for empregado ele passa a indicar também, é um ciclo vicioso. Em entrevista realizada com a psicóloga Júlia Miralha, pode-se analisar a insatisfação com a profissão escolhida: 99 Anjos da guarda Bombeiros fazem de tudo para ajudar vítimas de um grande incêndio Universo IPA | Dezembro 2007 Aline Chieza 100 O Corpo de Bombeiros da Brigada Militar tem como missão o combate e a prevenção de incêndios, o salvamento e as atividades de defesa civil. Hoje a corporação está organizada em 12 Comandos Regionais de Bombeiros e o Grupamento de Busca e Salvamento. Esses 12 Comando Regionais estão subdivididos em frações menores fazendo essas atividades acima citadas. O Grupamento de Busca e Salvamento tem como uma de suas características a especialização de atividades de busca, salvamento, resgate e atendimento de ocorrências que envolvam produtos perigosos como explosivos, substâncias tóxicas, produtos radioativos. Para atender essa gama de atividades o GBS (Grupo Aéreo de Busca e Salvamento) possuem diariamente, nas 24 horas do dia, as seguintes guarnições: mergulho, aquática, de cães de busca e salvamento, de salvamento terrestre e de produtos perigosos. Segundo o Major Humberto Teixeira dos Santos, a guarnição de mergulho trabalha na busca e resgate de afogados, em todo o Estado do RS, na busca e resgate de bens móveis, como armas, veículos e outros objetos que estejam relacionados a crimes e que estejam submersos. A maioria das ocorrências são de resgate de afogados, em rios, lagos, açudes e riachos. A equipe aquática não realiza mergulhos e a maioria de suas atividades se dão no nível da água. Suas ocorrências mais comuns são: salvamento de pessoas que estejam se afogando, atendimento a pessoas ilhadas, auxílio a tripulações de barcos a deriva ou ader- nados, resgate de corpos que estejam boiando, etc. O atendimento de ocorrências são em regra no lago Guaíba e no delta e suas ilhas. A equipe de busca e salvamento com cães utiliza para atendimento das ocorrências o binômio adestrador-cão. Eles trabalham com o salvamento de pessoas em matas e no meio aquático, bem como com buscas de pessoas vivas ou mortas. As raças utilizadas são o Terra Nova e o Labrador. A equipe do salvamento terrestre trabalha em uma gama bastante ampla de ocorrências, tais como: salvamento de pessoas presas as ferragens de veículos acidentados (extricação), resgate de animais (macacos soltos, cavalo que cai em um buraco, cachorro solto em logradouro público e colocando Segundo o terceiro sargento Gerson Barth, o início das atividades começam as 08:00 hs com o término as 20:00 hs, e das 20:00 hs até 08:00 hs, totalizando 12 horas. As ocorrências geralmente ocorrem na usina do gasômetro, o que eles chamam de guarnição aquática. Quanto aos suicídios eles fazem muito estudo antes de irem ao local, segundo o sargento José Glademir da Costa Escobar, morrem muitos pescadores, principalmente no inverno, devido as bebidas alcóolicas e festas geralmente com os jovens. A tendência maior de acidentes é no feriado, na Oscar Pereira e também no final de semana. Os produtos perigosos, passam por fiscalização, junto com a Defesa Civil, Ibama, fazendo uma blitz enorme para atender os incêndios e com isso diminuiu bastante. Muitas vezes, eles deixam de curtir a família para ficar trabalhando, mas dizem que vale muito a pena, quando se é para salvar vidas, ajudando o próximo. A brigada de incêndio é de fundamental importância aliar os meios materiais existentes a sua perfeita utilização, necessitando para tanto de pessoas treinadas e em condições de obter o máximo de rendimento e eficiência no emprego de tais materiais no combate a princípios de incêndio. Tornaria oneroso e inviável para uma empresa manter um efetivo permanente e exclusivamente para a prevenção e combate a princípios de incêndios, surgindo como solução as Brigadas de Incêndios, as quais são desempenhadas pelos empregados da empresa, preparados e treinados para atuar com rapidez e eficiência na extinção de princípios de incêndios. O incêndio começa pequeno, crescendo em intensidade e abran- - Conhecer os riscos de incêndios do prédio; - Promover medidas de segurança, propostas pelo técnico de Segurança da Empresa; - Participar das inspeções regulares e periódicas. É importante que a Brigada de Incêndio, após o término do expediente, tem a missão de verificar se as portas, janelas, gavetas foram Dicas de prevenção de incêndios Apague cinzas de cigarros, não durma fumando, não deixe crianças brincar com fósforos, não deixe crianças sozinhas em casa, não sobre-carregue o sistema elétrico, substitua pluges e tomadas defeituosas, verifique periodicamente chaves e fios gerais, não jogue cigarros a esmo, matas e rodovias, não se esqueça de desligar ferros e equipamentos antes de sair, não solte balões, não faça ligações diretas nem force fusíveis, cuidado com álcool, cêras, removedores e aerosóis, guarde os produtos em locais seguros, não acumule lixo nem guarde resíduos de combustíveis líquidos. Mais informações pelo site: www.brigadamilitar.rs.gov.br ou pelo e-mail: [email protected]. p rofi ssão fechadas. Nas ações de emergências é preciso analisar a identificação da situação: alarme e abandono de área, corte de energia, acionamento do Corpo de Bombeiros ou ajuda externa, primeiros socorros, recepção e orientação ao corpo de bombeiros, preenchimento do formulário de registro de trabalhos de bombeiros. prof i ssã o gência à medida que o tempo passa, sem um combate efetivo. Dispõe sobre as medidas de segurança que as empresas devem adotar contra incêndios. Salienta que deverão ser realizados exercícios sob a direção de pessoas capazes de prepará-los, estabelecendo um chefe e ajudante em número de 10% do efetivo total da empresa. A Brigada de Incêndio é um grupo organizado de pessoas voluntárias, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, abandono de área, combate a um princípio de incêndio e prestar os primeiros socorros, dentro de uma área preestabelecida. As atribuições da Brigada de Incêndio é combater princípios de incêndios, efetuar salvamentos e executar os procedimentos preventivos, de acordo com os planos existentes: Anjos da guarda em ação, eles não param nunca Universo IPA | Dezembro 2007 salvando vidas Fotos: www.sxc.hu p rofi prof i ssãssão o Corpo de Bombeiros em risco pessoas...), remoção de enxames de abelhas, corte e poda de árvores que estejam em situação de risco, acidentes em empresas ou indústria onde precise ações de salvamento. Essa equipe trabalha no salvamento em altura, onde se utilizam cordas e técnicas de rapel. Os casos mais comuns são de tentativa de suicídio de pessoa que queira se jogar de um prédio, pintor preso a jaú, salvamento em incêndios de prédios altos e edifícios. Já a guarnição de produtos perigosos trabalha no atendimento de ocorrências que envolvam esses produtos. As ocorrências mais comuns são de vazamento de GLP, amônia, líquidos inflamáveis. Trabalham basicamente em Porto Alegre, mas precisando podem se deslocar para o interior do Estado. Ainda, durante o verão é constituído o GABS, que se ocupa com a busca e o salvamento com a utilização de aeronave, em especial o helicóptero. Em geral esse grupo trabalha no litoral norte do Estado durante o verão. 101 utilização de uma série de princípios Bárbara Barbieri Há quem entre em um estabelecimento e ao escutar a frase “posso ajudá-lo” entre em estado de choque. É como se o seu cérebro, inconscientemente, mandasse uma mensagem dizendo “cuidado, vendedor se aproximando”. Ou ainda quando se está procurando emprego e nos classificados só acha anúncios para vendas, pensa “não, vendedor não”. Uma das profissões mais antigas do mundo, pois, desde que o homem existe alguém vende algo para alguém. Tudo é venda. Todos os gestos, todos os movimentos e a própria dinâmica da vida caracterizam sempre uma ação de venda. Olhando ao redor, percebe-se que tudo foi ou será vendido. O ser humano é fruto de uma venda: pessoas se conhecem, vendem uma imagem de bom parceiro, se casam e o resultado é o nascimento de outro ser. O que, às vezes, não é percebido é que vender é fundamentalmente um ato de relações humanas entre uma pessoa que tem uma necessidade, um desejo ou uma vontade e outra que tem um produto, serviço, idéia ou imagem que atenda à primeira. O mercado de trabalho, para um vendedor, é amplo, pois toda empresa tem a sua área comercial. Palestrante e consultor admi- nistrativo, Januário da Fonseca, 52 anos, afirma que “toda empresa deve ter uma área comercial, os outros setores só darão suporte para que essa área prospere”. Representantes de vendas, consultores de venda, agente de marketing todos se resumem a mesma palavra: vendedor. Consequentemente, o vendedor que ali está, para atender, ou para levar o produto até o consumidor, é um divulgador de idéias, bens e serviços, não um carrasco que irá obrigar alguém a comprar algo que não necessita. Vendedora há sete anos, Sabrina Schmidt, 27, conta como interage com o cliente: “com certeza, antes de vender é necessário conhecer o cliente, perceber o que ele realmente quer, pois se tem alguém que entra numa loja ou cota um serviço é porque tem interesse. Só que depende da abordagem, se torna chato, forçado e corre o cliente ou cria antipatia”. O estudante, Gabriel Tauchen, 19, diz que não se sente incomodado com a presença de vendedores, pelo contrário sempre espera que eles estejam por perto para ajudar e dar informações sobre o produto. “Se não tiver o que quero não fico sem jeito de sair de mãos abanando”, comenta. Para alguns vendedores o conceito da profissão, tanto para quem procura emprego, quanto para o consumidor mudou muito. Criada em família de vendedores a vendedora, Daisy Schmitt, 48, afirma que “as pessoas já tiveram. Até mudaram para consultor de ven- das. Hoje, vejo que até mesmo pelo fato de o próprio vendedor ter mais conhecimento de Marketing, ele se porta melhor junto ao cliente, tem novas formas de abordagem, está mais técnico”. São vários os motivos que levam o profissional a escolher a área de vendas. A vendedora de provedor de internet, Fabiana Oliveira ,27, esclarece porque optou pela profissão: “para fazer um salário melhor conforme meus próprios esforços”. Schmitt aponta outro motivo: “gosto de trabalhar com vendas, encantar clientes, mas o principal: sempre com bons produtos, nunca vendi algo que não gostaria de consumir”. Houve o tempo que ser vendedor era sinônimo de falta de preparo e pura lábia. A profissão exigia pouco, pois não possuia recursos para treinamento e preparo pessoal. Esse panorama acarretava no aparecimento de pessoas que, por falta de opção, tentavam atuar como vendedores. A profissão vendedor, antiga e necessária, ficou desmoralizada. Hoje é diferente, o mercado exige o “profissional”. O desenvolvimento pessoal e profissional, assim como a sobrevivência, dependem da constante habilidade do vendedor de se motivar, informar e reciclar. “Vendas é uma especialidade que exige grande capacidade de negociação, visão estratégica, ambição, formação e amor pelo trabalho. Sem este último, esqueça”, comenta o comerciante, Marcelo Freitas, 47. Universo IPA | Dezembro 2007 Venda o seu peixe 102 Para quem nunca trabalhou com vendas, a arte de vender não é tão simples como se pensa. Arte significa a capacidade natural ou adquirida de por em prática os meios necessários para obter um resultado. Abaixo algumas dicas, fornecidas pelos entrevistados, de como exercitar a arte de venda. 1. Ser persistente. Resultados dinâmicos em vendas levam tempo, dão trabalho e exigem persistência. 2. Praticar técnicas de venda. 3. Saturar a mente com materiais motivacionais e de vendas: Brian Tracy, autor da série The Psychology of Selling (A Psicologia das Vendas), diz que a maneira mais eficiente de um vendedor aumentar a quantidade de dinheiro que ganha é ler os melhores livros de vendas, 30 minutos por dia. 4. Trabalhar duro e ser inteligente: Técnicas de venda e idéias motivacionais são como uma alavanca. Sozinhas elas não fazem nada. 5. Conhecer profundamente o produto, o serviço ou a idéia que está vendendo. Isto quer dizer conhecer as características, custos e processo logístico do produto ou serviço de A a Z. 6. Conhecer o mercado. Para conhecer de fato o mercado, a dica é visitar as feiras do seu setor e correlatos e conversar muito com os compradores, seus clientes. 7. Vender solução. Pode ser algo simples como indicar a quantidade exata do produto que resolverá o problema do cliente. 8. Agregar valor. Isso quer dizer fornecer benefícios úteis para o cliente. 9. Vender a imagem da empresa. Porque o vendedor não é um simples representante de vendas, ele é o representante da empresa. 10. Negociar. Não apenas negociar na hora de conquistar o cliente, mas durante todo o processo, e também depois de concluir o negócio. 11. Assessorar. Garantir ao cliente que será representado dentro da empresa. Isso diz respeito a todos os processos que se relacionem com os seus clientes, da cobrança à assistência técnica. 12. Desenvolver relacionamento duradouro. A chave para um bom relacionamento está nos detalhes. Transparência também é muito importante. esp orte s ou criar produtos e serviços. É uma profissão que envolve o domínio e a Raio-X da arbitragem brasileira No país do futebol, a arbitragem não é considerada profissional Presidida por Sérgio Corrêa, a Comissão Nacional de Arbitragem é responsável pelas alterações e tudo o que diz respeito à arbitragem no futebol Brasileiro. espor tes vendas iguais. Vender é tão ou mais importante do que produzir, inventar Atualmente, dez árbitros Brasileiros figuram no quadro da Fifa, entidade que rege o futebol mundial. A relação é a seguinte: Alício Pena Jr - Federação Mineira de Futebol, Sálvio Spinola Fagundes Filho, Paulo César Oliveira e Wilson Luiz Seneme - Federação Paulista de Futebol, Carlos Eugênio Simon e Leonardo Gaciba - Federação Gaúcha de Futebol, Djalma José Beltrami - Federação Carioca de Futebol, Heber Roberto Lopes - Federação Paranaense de Futebol, Wagner Tardelli de Azevedo - Federação Catarinense de Futebol, Wilson Souza de Mendonça - Federação Pernambucana de Futebol. ALEX SANDRO GONÇALVES Uma das maiores polêmicas em torno da arbitragem nacional, atualmente, é no que diz respeito à profissionalização. Mesmo o Brasil sendo considerado o país do futebol, a arbitragem ainda não possui tal reconhecimento. No entanto, apesar das cobranças e exigências feitas aos árbitros, é quase nula a estrutura oferecida. No Brasil é comum se destacar algum erro cometido por árbitros de futebol, mas quase impossível apontar algum acerto. O árbitro de futebol entra em campo com a fama de vilão e tem como meta principal provar o contrário ao final da partida. Se um atacante de um determinado time erra um gol, costuma se dizer que faz parte do jogo. Quando o árbitro erra, se diz que é de forma intencional. Em 2005 o Brasil foi sacudido pelo “escândalo do apito“. Na época foi descoberto um plano de compra de jogos, contando inclusive com o apoio de alguns árbitros envolvidos na máfia. Tal acontecimento gerou uma desconfiança ainda maior em torno da arbitragem Brasilei- ra. Chegou a virar moda nos estádios de futebol de todo o Brasil as torcidas gritarem “Edilson”, sempre que consideram algum erro do árbitro da partida. A brincadeira é uma clara alusão à Edílson Pereira de Carvalho, o principal árbitro envolvido no esquema de apostas. O ex-árbitro gaúcho Luiz Cunha Martins é um dos membros desta comissão. Aos 56 anos e tendo passado mais de 20 à serviço da arbitragem, Cunha tem experiência suficiente para ser um dos comandantes do departa- mento nacional de árbitros e afirma: “O Rio Grande do Sul sempre teve destaque nacional na arbitragem ao longo dos anos. O maior exemplo é o nosso atual momento. Temos três árbitros no quadro da Fifa, que é a entidade que rege o futebol mundial. Temos os árbitros Carlos Simon e o Leonardo Gaciba, além do árbitro assistente Altemir Hausman. O Simon já trabalhou nas duas últimas Copas do Mundo e tanto o Gaciba quanto o Altemir são fortíssimos candidatos para a próxima Copa do Mundo em 2010 na África do Sul”. Nascido na cidade de Pelotas em 26 de junho de 1971, Leonardo Gaciba da Silva formou-se árbitro de futebol na Federação Gaúcha em 1989. Desde 2005, Gaciba pertence ao quadro de árbitros da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), entidade maior do futebol mundial e é um dos principais nomes para ser o árbitro Brasileiro na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Nas Universo IPA | Dezembro 2007 A venda é um ato único e original. Nunca se repete. Jamais haverá duas Fotos: Marcelus A. B. Trois p rofi prof i ssãssão o Profissão: vendedor 103 Universo IPA | Dezembro 2007 “Na minha opinião a arbitragem pode ser resumida como um investimento sem a certeza do retorno” 104 temporadas de 2005 e 2006, Gaciba foi eleito o melhor árbitro do Campeonato Brasileiro. Como todo o profissional que trabalha com futebol, o maior sonho de um árbitro é participar de uma Copa do Mundo. Gaciba traçou um projeto pessoal no início de sua carreira, ser o árbitro Brasileiro na Copa do Mundo de 2014. No entanto, devido à sua regularidade, é bem provável que Gaciba atinja o seu principal objetivo com quatro anos de antecedência, pois tem grande possibilidade de ser o Brasileiro indicado para o mundial de 2010. Sendo integrante da Fifa, Gaciba necessita entre outras obrigações, manter um ótimo nível físico e técnico, pois as avaliações da entidade que rege o futebol no mundo são cada vez mais criteriosas. Tendo a possibilidade de ser escalado para atuar em qualquer parte do mundo, também é fundamental que o árbitro da Fifa seja poliglota. Buscando se manter no nível de exigência da Fifa, Gaciba passou por cursos de idiomas e também dispõe de um profissional de preparação física para aprimorar o seu condicionamento. Todas as despesas são pagas pelo próprio Gaciba, pois no Brasil o árbitro de futebol não conta com nenhum tipo de apoio financeiro para custear seus gastos. Na Europa, os árbitros são remunerados mesmo quando não estão atuando, além de terem toda a estrutura de que precisam. As escalas dos árbitros no Brasil acontecem a partir de um sorteio realizado pela comissão de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol. O árbitro que não vence o sorteio, automaticamente está fora da escala e por consequência ficará sem receber. Atual- mente, no país do futebol, árbitro que não vence sorteio é árbitro que fica sem dinheiro. UNIVERSO IPA - Como você vê a convivência entre árbitros de futebol e a imprensa? Gaciba - Houve uma mudança muito grande no relacionamento com a imprensa. Nós árbitros passamos a entender melhor o trabalho da imprensa. Inclusive quero parabenizar os veículos de comunicação que têm se preocupado em formar profissionais entendidos no campo de arbitragem, isso também facilitou muito a convivência. UNIVERSO IPA - Qual é a sua opinião sobre o atual momento da arbitragem Brasileira? Gaciba e seu preparador físico Léo Rossatto, antes do treinamento realizado na Sogipa UNIVERSO IPA - Na sua avaliação, quais são as principais diferenças entre a arbitragem na Europa e na América do Sul? Gaciba - Dentro de campo a principal diferença é que na América do Sul o jogo é mais brigado, mais disputado. Aliás, os árbitros Europeus consideram o futebol Sul Americano o mais difícil de se trabalhar, porque os jogadores são mais habilidosos e malandros. Na questão do extra-campo a diferença mais sensível é no que se refere a estrutura. Por exemplo: aqui no Campeonato Brasileiro, devido às dimensões do nosso país, dependendo do local em que vou trabalhar perco até três dias no deslocamento. Com isso tenho prejuízo no meu descanso e até mesmo na minha alimentação. Em um campeonato que constantemente se joga quarta e domingo, por muitas vezes durmo e me alimento dentro de um avião. Na Europa, um árbitro Fifa toda vez que vai participar de um grande evento fora de seu país, recebe no mínimo o período de um mês para que posso se preparar da melhor maneira possível. Aqui no Brasil, se eu não apitar um jogo, automaticamente não receberei nada. UNIVERSO IPA - Qual é a sua opinião UNIVERSO IPA - Com o aumento da cobrança por parte da Fifa tanto na parte física quanto na parte técnica, como é a sua rotina atualmente? Gaciba - Esse é um lago bom de ser frisado, pois a maioria dos torcedores que vai ao estádio reclamar da arbitragem não imagina o quão puxado é o treinamento de um árbitro. Diariamente no período da tarde, realizo o meu treino físico. Treino na Sogipa, com a supervisão do preparador físico Leonardo Rossatto, 40 anos, especialista em trabalhar com atletas de ponta no atletismo nacional. Quanto a parte muscular, três vezes por semana freqüento uma academia, além de controlar a parte da alimentação, que é fundamental. UNIVERSO IPA - Foram abordadas até agora as questões técnicas e físicas do árbitro de futebol, agora você poderia falar sobre o lado bom da arbitragem. Gaciba - Eu sempre lembro daquele menino sonhador que vivia lá no interior de Pelotas, na colônia. Costumo dizer que um pedaço de plástico, que é o apito, me levou a conhecer três continentes e inúmeros países pelo mundo afora. Há 18 anos, o meu sonhe era apenas ser árbitro de futebol, hoje sou um árbitro do quadro Fifa. Me sinto realizado. Amo a arbitragem. Se fico algum tempo longe do campo de futebol, chego a sentir o cheiro da grama. Hoje quando vou à igreja, não vou mais para pedir e sim para agradecer por tudo que alcancei até aqui”. UNIVERSO IPA - Existe um lado ruim de ser árbitro de futebol? Gaciba - O lado ruim é a cobrança a que um árbitro é submetido. Pelos constantes treinamentos e também pala distância da família. Mas minha esposa e meu filho entendem. Nos momentos em que estamos juntos aproveitamos intensamente. espor tes esp orte s sobre a profissionalização da arbitragem? Gaciba - Acho engraçado, pois no país que é referência mundial no futebol, justamente o responsável maior por uma partida não é considerado profissional. Apesar de torcer muito por isso, não acredito na profissionalização da função de árbitro de futebol, pelo menos a curto prazo. Um dos maiores problemas para que isso ocorra é questão de quem será o vínculo empregatício do árbitro. Se a decisão não partir da Fifa, que é a entidade maior do futebol mundial, fica muito difícil de se concretizar. Temos agora um bom exemplo que vem da nossa vizinha Argentina, onde os árbitros do quadro Fifa recebem um salário da Federação nacional e aos poucos estão alcançando uma estrutura necessária. “Aqui no Brasil, se eu não apitar um jogo, automaticamente não receberei nada” UNIVERSO IPA - Quais são os jogos que você considera mais marcantes na sua carreira? Gaciba - Olha, como já fiz mais de 700 partidas, fica difícil enumerar com exatidão. Mas, com certeza lembro de pequenos detalhes de cada jogo que participei. Considero as decisões de Campeonatos Brasileiros, os Gre-Nais e minha estréia em Copas Libertadores da América como as principais atuações sem dúvida”. UNIVERSO IPA - Ainda com relação à Copa do Mundo. O fato de nas últimas quatro Copas, em três edições os árbitros escolhidos terem sido Gaúchos, pode atrapalhar a sua indicação? Gaciba - Não acredito nisso. Como disse antes, futebol é momento. Com certeza no momento certo, a Fifa e a comissão nacional saberão indicar o árbitro que melhor possa representar o futebol Brasileiro numa Copa do Mundo”. UNIVERSO IPA - Mesmo você se dizendo um homem realizado existe ainda um sonho a realizar? Gaciba - A partir do momento em que entrei no quadro da Fifa, em 2005, tracei um projeto pessoal de ser o Árbitro Brasileiro na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Se alcançar esse objetivo já em 2010, na África do Sul melhor ainda. Sei que é algo muito difícil, pois temos excelentes árbitros no quadro Fifa. Esse é sem dúvida o maior sonho da carreira de um árbitro de futebol. No entanto, se por acaso não acontecer estarei preparado, pois temos o exemplo de muitos jogadores fenomenais que nunca foram á uma Copa do Mundo. Outros foram, mas acabaram decepcionando. Futebol é momento. Busco estar sempre preparado para a hora que minha oportunidade aparecer, eu saber aproveitá-la”. Sites de arbitragem www.cartaovermelho.esp.br Site especializado em arbitragem www.safergs.com.br Sindicato das árbitros do Rio Grande do Sul www.anaf.com.br Associação Nacional dos Árbitros de Futebol www.fgf.com.br Federação Gaúcha de Futebol www.cbfnews.uol.com.br Site da Confederação Brasileira de Futebol www.conmebol.com Site da Confederação Sul Americana de Futebol www.fifa.com Federação Internacional de Futebol Associado Universo IPA | Dezembro 2007 esp orte espor tes s Gaciba - A arbitragem Brasileira vive um momento de transição. A nova comissão nacional de arbitragem chefiada pelo Sérgio Corrêa, vem fazendo um trabalho de mescla entre árbitros mais experientes com a nova safra de árbitros do Brasil. Aliás, é necessária uma renovação, afinal temos um pequeno número de árbitros de ponta no quadro nacional. De uma maneira geral é bom o momento da arbitragem Brasileira. O grande problema é que no nosso país se cobra um profissionalismo sem ser dado um mínimo de estrutura e condições. Na minha opinião a arbitragem pode ser resumida como um investimento sem a certeza do retorno. 105 de um sonho Alojamento em péssimas condições Fernanda Vaz Universo IPA | Dezembro 2007 Fernanda Vaz 106 De longe é possível avistar um enorme ônibus com escuninos das mais variadas cidades nos clubes gaúchos como o dos do Grêmio. Mais perto, uma fileira de meninos subindo as cearense Fernando Gomes, volante do Internacional. Assim escadas do transporte um a um indicam que ali está comecomo a torcida organizada azul celeste “Alma Castelhana”, o çando a rotina desses futuros jogadores de futebol. Sete horas Grêmio vem se identificando com os vizinhos argentinos e todos se apresentam para cumprir a primeira regra básica também dentro de campo. Nos alojamentos do Monumental para poder residir nos alojamentos do clube: ir para a escola. desde 2005, o meia-esquerda Sílvio Leonardo Tarón, argentiQuando os pais desses garotos assinam o contrato de vínculo no de San Pedro de las Missiones, está falando o português com o time o termo de que é obrigatório estar frequentando fluente e já não sofre com as dificuldades na escola Monteiro a escola é muito bem explicado. O ônibus azul decorado com Lobato de Porto Alegre. “No início foi muito difícil. Eu tinha as estrelas de conquistas como a Libertadores e o campeonasó 12 anos e a saudade de casa era muito forte. Demorei pato mundial leva e busca os meninos para o colégio. No time ra me adaptar na escola mas não trocaria o Grêmio por nerival, o Inter, não é muito diferente. Seis nhum outro time. Sou muito bem trae meia todos estão de banho tomado tado aqui”, explica com um portunhol “O sonho de se tornar se dirigindo para o refeitório para o calento o meia que sonha em ter tanto jogador de futebol fé matinal antes da jornada escolar. sucesso quanto seu compatriota LeoNo Beira-Rio o monitoramento dos nel Messi do Barcelona. ultrapassa as fronteiras 58 atletas residentes funciona 24 horas Assistente social do Sport Clube Indo Estado e até do país” por dia para os menores de idade. Os ternacional, Bernadete Jhonson, é resmaiores em folga nos finais de semana ponsável por tudo que envolve o dia-aque não antecedem jogos podem chegar nos dormitórios até dia dos jovens atletas. Jhonson procura manter contato com a meia-noite. No Olímpico cada saída deve ser autorizada peos pais dos garotos toda semana afim de manter o elo entre lo coordenador responsável por sua categoria e festas até aljogador e sua casa. “O atleta cresce com essa união entre o tas horas não são permitidas. Todo dia tem treino no centro clube e a família”, diz a assistente social. de treinamento tricolor em Eldorado do Sul. No colorado as Como numa fábrica de sonhos os centros de treinamento folgas são apenas nas segundas-feiras. dos clubes recebem garotos entre 12 e 19 anos, que treinam “Não costumamos usar o termo treinamento e sim trabaincessantemente e dormem na esperança de um dia serem lho, pois esses meninos trabalham muito para garantir seus como Ronaldinho Gaúcho, Alexandre Pato, Anderson ou Nilfuturos. Como qualquer outro serviço, eles são remunerados mar. Só param para pensar na vida fora da clausura em datas de acordo com as suas necessidades”, salienta o coordenador especiais, como o Natal e o feriado de páscoa, quando a maiotécnico do Grêmio José Alzir. ria dos meninos voltam para suas cidades para verem os seus O sonho de se tornar jogador de futebol ultrapassa as pais e sentir nem que seja por um final de semana o aconchefronteiras do Estado e até do país. É possível encontrar mego de seus lares. Os times de ponta estão apostando cada vez mais nas categorias de base para formar novos atletas em casa. Mas a fantástica fábrica de jogadores que alimenta qualquer clube do país muda de realidade quando não se trata da elite do futebol brasileiro. A precariedade em que se encontram os alojamentos podem até colocar em risco a saúde dos futuros boleiros do Santa Cruz. Vazamentos, canos remendados, mofo e humidade fazem parte do “lar” dos meninos do time de Recife. “É impressionante como ainda não tomaram providências diante de uma calamidade dessas. É um absurdo o modo como vivem os próximos heróis do Santa Cruz”, exclama o torcedor nordestino Inácio França, o Santinha, que mantém um blog de debates sobre a equipe da segunda divisão. Eles passaram pelas concentrações Alexandre Pato Anderson Nilmar Thiego Bruno Teles Rafael Sóbis Carlos Eduardo Fábio Rokenback As dez regras básicas do alojamento Com passagens por quatro concentrações de clubes, o zagueiro Fernando Nunes do Ceilândia de Brasília, enfrentou uma lista de desafios que incluem até mesmo falar alemão e holandês. Revelado nas categorias de base do Grêmio, deixou o apartamento onde morava com a mãe pela primeira vez quando foi morar nos alojamentos do Juventude no estádio Alfredo Jaconi. Com apenas 14 anos, Nunes iniciava a sua tragetória por equipes do país e do mundo. Com 16 anos chamou a atenção de olheiros de um time da segunda divisão alemã. Morou na cidade de Munique por um ano e meio e estudou a língua local. Costumava ir para os dormitórios mais cedo para conversar com o único companheiro que falava português. Antes de chegar a central do Brasil, o zagueiro passou ainda pelo futebol holandês. Na Holanda viveu a sua melhor fase. Além de sua adaptação ter sido facilitada pelo fato de o técnico e outros três integrantes da equipe serem brasileiros, foi Campeão do Mundo pela seleção brasileira sub-18. Hoje, o gaúcho da Zona Norte da Capital defende o time brasiliense e divide os alojamentos do clube com outros 38 atletas, que como ele sonham com o sucesso e o brilhantismo da elite do futebol verde e amarelo. 1. Idade mínima de 12 anos. 2. Freqüentar a escola. 3. Saídas apenas com autorização. 4. Todos devem estar nos quartos até as 22 horas. 5. Folgas são sempre monitoradas. 6. Visitas nos quartos não são permitidas. 7. Não criar desavenças com os colegas. 8. Festas apenas nas folgas e até a meia-noite. 9. Manter a organização dos seus pertences. 10. Respeitar o pratrimônio do clube. Currículo internacional esp orte é o preço Além das baixas na temporada 2007 e escândalos envolvendo negociações com a MSI, pais de jogadores denunciam o ex- gerente de bases do clube Evanir Jesus de Moraes. Wando de Moraes, como é mais conhecido, foi demitido do cargo junto de outros cinco funcionários. Reportagens de jornais paulistas revelaram supostos casos de pedofilia nas categorias de base do Corínthians. Como afirmam pais de atletas, Moraes levava os meninos para sei sítio em Indaiatuba, interior de São Paulo, sob promessa de festas e churrascos e os obrigava a manter relações sexuais com ele. Apimentado com fortes declarações do pais do jogador Willian, atualmente jogando no Donotsk da Ucrânia, o ex-gerente responde a cinco processos criminais por aliciamento de menores. Segundo o representante comercial Severino Vieira do time paulista “as denúncias foram feitas apenas por parte de meninos com menos de 14 anos de idade”. Vieira afirma que ficava apavorado com histórias de garotos que eram de outros Estados e participavam de churrascos na casa de campo de Moraes. espor te de casa No Corínthians, o sonho vira pesadelo Universo IPA | Dezembro 2007 Vaz esp orte espor te Fotos: Fernanda Saudade Futuros craques passam por necessidades 107 Fotos: Camila Domingues “Quem nunca imaginou, pegar onda no Guaíba” o “Regguei das Tramandas” do Armandinho co- esp orte s menta o sonho de todo portoalegrense surfista, aproveitar o lago Praticantes do Kitesurf fazem de Porto Alegre uma cidade com estilo litorâneo espor tes Capital Algo muito parecido com isto faz a galera do Kitesurf. Mas nesse caso não são as ondas que impulsionam. A força dos ventos aliada ao Kite, uma espécie de grande Pipa, junto uma prancha parecida com a de wakeboard, levam o praticante água à dentro, e também projetam saltos que podem chegar a dez metros de altura. marcelus a. b. trois O Kitesurf, como é praticado hoje, foi criado em 1984 pelos irmãos franceses Bruno e Dominique Legaignoix. Os dois eram navegadores, surfistas e windsurfistas e criaram uma pipa com câmaras de ar que, caso caísse na água, poderia ser reerguida facilmente sem ajuda de terceiros. Atualmente, os kites são feitos do mesmo material que as asas-delta e os pára-quedas. Em Porto Alegre, o esporte foi trazido em 2002 por Renato Posolo, proprietário da Guardaria Raia 1. Guardaria é como são chamados os locais onde o praticante desse esporte náutico, pode deixar o equipamento para que não precise ficar carregando todo vez que forem aproveitar os ventos. localizados à beira de lagos, represas ou mesmo do mar, o local facilita a vida do kitesurfista. O equipamento tem cinco elementos básicos. A prancha, pode ter diversos formatos: a bidirecional, no formato de retângulo com quatro pequenas quilhas, uma em cada canto da prancha, é o modelo mais tradicional e o mais apropriado para o Guaíba e lagos em geral. Parecendo uma pequena prancha de surf, existe a modelo wave, utilizada por quem gosta de unir o estilo do kitesurf com o surf. Essa modalidade é praticada na praia droppando as ondas como se fosse um surf tradicional, mas tendo a impulsão do kite e podendo fazer manobras entrando no mar. Para os indecisos, existe a prancha mista, que une a bidirecional com a wave. Para o Kitespeed, onde o objetivo é atingir a maior velocidade, as pranchas são menores, com menos atrito na água e assim obtem uma maior velocidade. A praia de Ipanema é um dos picos do Kitesurf, em Porto Alegre No final da tarde a melhor hora para os praticantes da Capital. Os ventos são mais fortes “O esporte é uma família, se tu estiver numa roubada, alguém vai te ajudar” Os saltos são uma das características do Kitesurf. Com uma boa impulsão, podem chegar a dez metros de altura Universo IPA | Dezembro 2007 Estilo praiano na Guaíba para droppar umas ondas. 109 No Rio Grande do Sul, existe a Federação Gaúcha de Kitesurf (FGKS), que ministra cursos para credenciar instrutores e assim disponibilizar uma maior segurança aos novatos. Quando for procurar alguém para aprender o kitesurf, pergunte se ele tem alguma qualificação para dar aulas. Isso garantirá uma maior segurança, pois estará lidando com pessoas treinadas para isso. A FGKS também promove o Campeonato Gaúcho de Kitesurf Speed, realizado em Osório, Pelotas, Rio Grande e Xangrí-la. A competição premia os kitesurfistas que atingirem a maior velocidade impulsionados apenas pela pipa. O Rio Grande do Sul tem bons locais para a prática. Varzinha, Cassino, Pelotas, Tapes, Porto Alegre e Osório são os “picos” mais tradicionais do esporte. No Brasil, os locais que mais atraem praticantes são Ilha Bela em São Paulo e as praias do Nordeste, como Maraca- 110 O trapézio, também chamado de colete ou cinto, fica na altura do umbigo. Conecta o kite ao velejador. É como um largo cinto, que tem um gancho na frente para prender as linhas do kite. Tem dois modelos: cadeira, que prende o praticante também por entre as pernas. E o cintura, que não tem essa característica, ele apenas faz a volta ao tronco. A barra de controle é onde o kitesurfista se apoia e dá os comandos da pipa. Ela tem cerca de 90 centímetros e é presa ao trapézio. Quando puxada, leva o kite para a “zona de pressão”, onde recebe mais vento e ganha velocidade. Se ela for aliviada, “frouxada”, o kite sai dessa zona e a velocidade é reduzida. Em casos de emergência a barra é desprendida da pessoa, desligando o velejador do kite e evitando que seja arrastado pelo vento. O elo de ligação fica por conta das linhas. Três tipos são usados no Kitesurf. A linha de vôo, com 30 metros, liga o kite à barra de controle. A linha de freio, que como o seu nome diz, serve para frear o kite. E as linhas principais, também chamadas de Kevlar, caracterizadas pela alta resistência e baixa elasticidade, controlam o kite. O que não poderia faltar, o “propulsor” deste esporte, o kite. Com formato de asa arcada, existem básicamente dois tipos. O kite “C”, que tem o seu formato semelhante a letra “C”, é o modelo mais antigo entre os kitesurfistas. De difícil controle em momentos de fortes ventos, causou muitos acidentes entre os iniciantes. Para evitar esse problema, os fabricantes criaram o modelo “Bowl”. Ele permite um maior alívio na zona de pressão, evitando os acidente. Com uma curvatura nas bordas, impede também o contato total da pipa quando caída na água. Os tamanhos variam de seis à 16m², para Porto Alegre o tamanho habitual fica entre dez e 12m². Em Osório, onde o vento é mais veloz, os kites utilizados são os de sete à dez m². Outros formatos foram criados durante a história do esporte, mas estes dois são os que perduraram à evolução. O kitesurf é um esporte muito saudável, aliando o surf, wakeboard, skate, snowboard e windsurf, vem, a cada ano, ganhando novos praticantes. Mas controlar o kite não é como manter uma pipa no ar, a velocidade na água pode chegar a 80 quilômetro horários, o que o transforma em um esporte de alto risco. são suaves. Um bom equipamento inicial custa em torno de cinco mil reais. Esse valor pode ser reduzido para cerca de 1,8 mil reais, comprando-o usado e de uma qualidade um pouco inferior, como a dos kite “C”. O custo das aulas também é alto. Seadi, por exemplo, cobra 750 reais por cinco aulas de uma hora cada. Ele qualifica o valor pelo material de primeira que oferece aos clientes. Elias também é instrutor pela FGKS. Segundo ele, o público que tem procurado esse esporte fica entre os 20 e 30 anos, predominantemente de classe média alta. Seadi deu aulas a jovens de 14 anos e afirma conhecer praticantes com mais de 50 anos de idade. Serviços www.fgks.com.br Site FGKS www.kitesurfmania.com.br Portal de notícias sobre kitesurf www.raia1.com.br Loja Raia 1 O valor do equipamento para iniciar no esporte é de 5 mil reais, mas esse número pode diminuir para 1.8 mil comprando materiais usados Linhas Barra Trapézio, ou colete Prancha Existe a possibilidade do praticante literalmente sair voando em uma rajada de vento mal controlada. Diversos incidentes foram registrados por todo mundo, inclusive fatais. Por esses motivos os praticantes recomendam a iniciação nas escolas, onde todas as medidas de segurança são tomadas e os alunos aprendem como agir em situações de perigo. Tomando as medidas corretas, o esporte se transforma em uma saudável forma de lazer. Universo IPA | Dezembro 2007 Universo IPA | Dezembro 2007 A praia de Ipanema, na Capital, sedia todo ano o campeonatot de Kitesurf dos jogos radicais de Porto Alegre ípe em Pernambuco. Um dos destaques gaúcho é Elias Seadi, 20 anos. Ele começou no windsurf com 11 anos e no kite com 16. Bicampeão brasileiro júnior de fórmula wind e vice-campeão da América Latina, o jovem esteve de março a junho de 2007 no Hawai treinando tanto o kite quanto o windsurf. O Hawai não é tradicional apenas no surf, a praia de Canaha é considerada a melhor do mundo para a prática do kitesurf, e Seadi esteve lá treinando. “Eu vi os caras que são meus ídolos”, afirma ele, com uma expressão de satisfação. Nas praias hawaianas as grandes marcas testam os modelos que serão lançados no mercado. Marcas como Cabrinha e Naish, tradicionais nesse esporte, têm profissionais que levam a vida na praia testando e desenvolvendo os equipamentos. Outra grande característica desse esporte é o convívio harmônico entre os participantes. Ao contrário do surf, onde ocorrem brigas até mesmo dentro do mar, no kite existe uma cooperação muito grande. “O esporte é uma família, se tu estiver numa roubada, alguém vai te ajudar”, afirma o bicampeão. Os valores para começar no esporte não esp orte s Kite no RS espor tes esp orte espor tes s Os velejos são feitos no travéz. Ou seja, em um A praia de Ipanema [e um dos pontos do Kite- de 90º com a ângulo surf linha do vento 111 Pontuação bRUNA CABRERA O tênis foi criado no século 13 pelos franceses, entretanto há quem acredite que quem ensinou o tênis aos franceses foram os italianos. Era um jogo praticado somente pela alta burguesia dos países e cem anos depois de sua criação, com suas regras complicadas (porém mais parecidas com as de hoje) e sem a utilização de raquetes, a aristocracia britânica começou a praticá-lo. O tênis pode ser jogado por dois (simples) ou quatro competidores (duplas), em uma quadra retangular, dividida por uma rede de 0,9 m de altura no centro da quadra. Para uma partida simples a quadra mede 8,2 m de largura. Para duplas é 2,8 m a mais de largura totalizando 11 m de largura. Piso pode ser de grama, saibro, asfalto, concreto, grama artificial, ou materiais sintéticos. A bola pode ter entre 6,35 e 6,67 cm de diâmetro e pesar entre 57,7 e 58,5g. Bolas amarelas e brancas são usadas em torneios competiti- Universo IPA | Dezembro 2007 Désik praticando... 112 vos e são as cores mais comuns. Aqui no Brasil não é um esporte muito comum, pois os custos são muito altos. Em média um professor chega a cobrar 55 reais a hora/aula e dificilmente disponibiliza de material, sendo o aluno responsável por levar sua raquete, que pode custar de 500 a Mil reais. O tênis também ajuda no preparamento físico. O professor de tênis e Presidente da Associação Gaúcha de Árbitros de Tênis (Agat), Nicolás Sanchez, diz que os exercícios propostos em aula são puramente para ajudar o aluno a se deslocar em quadra. “É bom que o aluno pratique a natação paralelamente. É preciso muita carga pulmonar já que o tempo de duração de uma partida pode chegar a cinco horas”, afirma Sanchez. Um outro benefício da natação é a inexistência de impacto durante a prática, dando um descanso para articulações do joelho e tornozelo. Sanchez afirma que a idade apropriada para se formar um campeão do tênis seria iniciar os treinamentos aos seis anos de idade, “mas idade boa não existe, a idade certa é a que tu está com vontade de praticar”. Um jogador profissional tem um treinamento diário de cinco horas. Duas horas de prática em quadra de manhã mais duas horas de tarde. A hora restante é dedicada à preparação física. Um aluno que queira praticar por diversão ou adquirir uma forma física mais saudável pode praticar o esporte três vezes por semana durante uma hora. “O importante é se divertir na pratica do esporte”, declara Sanchez. Jean Marie Désik veio da França para lecionar Engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi influenciado pelo pai desde adolescente. Em uma conversa descontraída, ele elogiou muito o americano Andre Agassi pelo seu espírito esportivo e acredita que o que falta no pais é a divulgação do esporte e incentivo as novas gerações “quando o Brasil tem jogadores de ponta é notícia”. No Rio Grande do Sul encontram-se os melhores árbitros de tênis do Brasil, reunidos na Agat, tendo um índice de acerto de 80%. Para o pan-americano todos os árbitros da Agat foram convocados para o evento. Sanchez esteve lá mas reclamou da organização do esporte no evento. “As quadras foram feitas às pressas. Quando chegamos a quadra ainda estava úmida. Chegamos a creditar que não haveria tempo de preparar tudo”, aponta Sanchez. A partida semifinal e final não puderam ser nas quadras feitas para o Pan Americano porque estava chovendo e não havia cobertura nas quadras. As partidas ocorreram em um clube local, sem público e o dinheiro de todos os ingressos foram devolvidos. ... professor Sanchez dando aula para Désik Como jogar Baseado no livro de regras da Confederação Brasileira de Tênis, existe um total de 30 regras. Porém é inviável colocar todas elas aqui, então será apresentada uma síntese delas, além da explicação de como acontece a partida. Um saque inicia todo ponto em um jogo de tênis. O jogador que iniciar o ponto é chamado de sacador, e o que recebe a bola é chamado de recebedor. Para sacar, um jogador lança a bola para o ar e bate nela antes dela tocar o chão, atingindo a área de serviço do oponente. O seu pé deve permanecer fora da quadra até a bola ser validada. Um foot fault é chamado se o pé do sacador entra na quadra antes do saque se completar. No primeiro serviço de um jogo, o sacador fica do lado direito da quadra e tenta acertar a bola na área de serviço localizado diagonalmente em relação ao sacador. Duas tentativas são permitidas para cada serviço. Se a bola bate primeiro em alguma parte da quadra, exceto a área de serviço, comete-se uma falta. Uma falta é também chamada se a bola é sacada na rede, ou se ela bater na rede antes de bater a quadra do oponente saindo da área de serviço. Depois de uma falta o sacador deve sacar novamente. Se em ambas as tentativas resultarem em faltas, uma dupla falta é chamada, e o oponente vence o ponto. Se a bola do sacador tocar a rede e então cair na área de serviço diagonalmente oposta, chama-se let, o sacador poderá sacar de novo. Um serviço válido que não é rebatido pelo oponente é chamado de ace. Depois do primeiro ponto ter sido jogado, o serviço é feito do lado esquerdo da quadra. A cada ponto deve-se alternar o lado de saque até terminar o game. O oponente saca no próximo game, e a alternância de saque continua. Nas duplas, o serviço se alterna entre as A pontuação é idêntica em jogos simples e duplas. O jogo de tênis é dividido em sets, que por sua vez é dividido em games. Os pontos são contados da seguinte maneira: 15, 30, 40, e game. Um empate em 40 é chamado de deuce. Um jogo deve ser vencido por dois pontos caso o jogo empate em 40 iguais, o jogador que vencer o próximo ponto é dito que tem a vantagem. Em uma competição de tênis, a pontuação do sacador é sempre dada primeiro. Os jogadores ou equipes mudam os lados quando a soma dos games jogados for ímpar. Jogadores devem vencer seis games para vencer o set, mas devem vencer por uma diferença de dois games. Se um set ficar iguais em cinco-cinco, ao menos sete games vitoriosos são necessários para vencer o set. Um tiebreak é usado se um set ficar empatado em seis-seis. Um tie-break é normalmente jogado por sete pontos, mas vence quem fizer uma diferença de ao menos dois pontos. O vencedor de um tie-break vence o set por sete-seis. O jogos de tênis são disputados em melhor de três sets para as mulheres e melhor de cinco sets para os homens. esp orte s Glossário espor tes esp orte espor tes s Fotos: Bruna Cabrera Mesmo não tendo tanta popularidade no país, o tênis é encarado por alguns como esporte a ser praticado por lazer Sanchez no credenciamento do Pan Ace - Saque que não dá chance ao adversário de pegar a bola na tentativa de resposta. Backhand - Pancada de esquerda, batida com as costas da mão viradas para a frente. Break - Quebra de serviço, quebra de saque, ganhar o game em que foi o adversário quem sacou Break point - Ponto que favorece o recebedor e assim pode conduzir à quebra de saque. Forehand - Pancada de direita, batida com a palma da mão virada para fora. Let - Lance no qual durante a execução do saque, a bola toca a fita da rede (net) e cai dentro da área de saque, resultando em um novo primeiro ou segundo serviço. Match point - Ponto que permite encerrar a partida. Set point - Ponto que permite encerrar um set. Smash - Golpe dado por sobre a cabeça, quando a bola vem alta do adversário. Fonte: www.tenissite.com.br/glossario.htm Uma quadra de tênis pode ser de grama, saibro, ou em piso duro. O saibro é composto de uma mistura argila e areia e a a grama pode ser sintética Universo IPA | Dezembro 2007 tênis Os benefícios na prática do equipes e também jogadores. Depois de um saque bem sucedido a bola é rebatida pelos jogadores até algum jogador falhar na devolução. Uma batida é mal-sucedida quando um jogador deixa a bola bater no chão mais de uma vez em sua quadra, bate na rede, ou rebate fora da área de jogo do adversário. Se a bola bater na linha da quadra, é considerado em jogo. Se, depois de bater na rede , a bola cair fora da quadra do oponente, considera-se fora. Quando a batida não é bem-sucedida, o oponente recebe um ponto. 113 em público Arquivo Pessoal c onc ur so c onc ur so Amamentação Fernanda Denardim amamenta o seu filho João Pedro Universo IPA | Dezembro 2007 Tássia Jaeger 114 O ato de amamentar em público é natural para muitas pessoas. Para outras, entretanto, é incômodo. Em alguns estados norte-americanos existe uma lei que dá à mãe o direito de amamentar em locais públicos sem ser perturbada. No Brasil, por sua vez, não existe lei nem que proíba, nem que permita o ato, assim a mãe pode optar pelo que preferir. Essa liberdade de escolha, no entanto, não impede que alguns cidadãos sintam-se desconfortáveis com a situação. Através de uma matéria publicada no site www.aleitamento.org.br, é possível conhecer alguns casos de discriminação a mães que amamentaram seus filhos em locais públicos dos Estados Unidos. A lei é desrespeitada até mesmo em estados onde vigora. No estado de Maryland, por exemplo, solicitaram que uma mãe amamentasse no banheiro ou cobrisse o bebê com uma manta, dentro da cafeteria Starbucks. Cenas semelhantes a essa se deram em Utah, na loja Burger King; em Wisconsin, na loja Victoria’s Secret; em Massachusetts, no Gilette Stadium e em Ohio, na loja Walmart. Alguns casos vão além de um pedido para se retirar. Em Boston, no estádio Fenway, se alguém considerar ofensivo uma mulher amamentando, um segurança pode decidir se ela deve ir para outro lugar ou não. No Colorado, o Carter Lake multou em 50 dólares uma mãe por amamentar na área. Ela foi acusada de exposição de suas partes genitais. No YMCA (Young Men´s Christian Association), foi solicitado a uma mulher que parasse de amamentar na piscina. Alegaram não ser permitido comida ou água na área. Segundo a mãe, entretanto, o pedido se deu porque ela poderia distrair os salva-vidas. Já no Chile, a amamentação pública é proibida. Em Lima, capital do Peru, as mulheres de classe média dizem que amamentar é coisa de “chola”, ou seja, de serrana. Por outro lado, no Iêmen (país árabe), onde as mulheres só deixam os olhos à mostra, na hora de amamentar deixam o seio para fora do véu. E na Austrália, a amamentação foi incluída como parte de uma lei anti-discriminação. Quem pedir a uma mulher que está amamentando para que se retire, pode ter que pagar uma multa de até 40 mil dólares australianos. Apesar da liberdade de escolha que o Brasil oferece, o assunto gera diversidades. Os que acham normal, justificam sua visão pelo fato de que no nosso país é comum vermos seios de fora, seja na TV, em anúncios publicitários, outdoors, revistas e até nas praias. Eles não entendem como a amamentação em público pode ofender uma pessoa, enquanto a erotização generalizada na mídia seja aceita passivamente. Carla Simone Santos, 39 anos, auxiliar de serviços gerais, é mãe de duas duplas de gêmeos do sexo masculino, dois meninos de 15 anos e dois de 10. Ela é uma das pessoas que pensam dessa maneira: “Hoje em dia, a mulher está sempre se expondo.Amamentar é tão lindo, saudável e natural”. Sueli Sueishi concorda: “Chega a ser doentio uma pessoa relacionar o ato a algo libidinoso e sexual”. Sueishi é mãe de Tomás, de 1 ano e 9 meses e mora em Saratoga Springs, Nova Iorque, EUA. Ela é jornalista e coordena o portal Desabafo de Mãe, site onde se debate esse assunto entre outros ligados à maternidade. Ela conta que quando teve o primeiro filho, morava em Raleigh, na Carolina do Norte (EUA) e que lá não é comum amamentar em público. Por ser estrangeira respeitou as regras e, quando amamentava o filho fora de casa, sempre o cobria com uma manta: “Quando não tinha jeito, eu ia para o carro ou corria para o vestuário de alguma loja de departamento”. Do outro lado da moeda estão as pessoas que acham que a situação pode gerar incômodos. Para elas, o fato do país inteiro estar passando por uma total objetivação e superexposição do corpo feminino, não justifica que as mães também se exponham dessa maneira. Essas pessoas dizem que não tem como saber se o olhar de um homem pode ou não ser desrespeitoso, apesar de muitos homens afirmarem que uma mulher amamentando “não dá tesão”. Quem tem essa opinião, é a estudante de Direito, Aline Azambuja, de 22 anos. Ela acha que a mulher deve ser discreta: “Acho um desrespeito com as outras pessoas, pois nem todos podem se sentir à vontade. Eu, por exemplo, não me sinto”. Azambuja diz que se estivesse acompanhada não gostaria de ver uma mulher com o seio de fora, pois se sentiria constrangida e enciumada: “Acho vulgar e desnecessário, pois se ela pode ir para um lugar mais reservado não tem porque se expor tanto”. Fernando Sanmartin, 25 anos, estudante de Administração em Hotelaria, casado com Fernanda Denardin, 27, publicitária, é pai de João Pedro de 5 meses e fica dividido diante da situação. De acordo com ele, sua esposa não se importa de amamentar em locais públicos, mas, por opção pessoal, procura se preservar. Ele admite que, no início, sentia um pouco de ciúmes, mas agora entende que em certas ocasiões não há como evitar. Apesar disso, Sanmartin acredita que os homens não enxergam a mulher com outros olhos quando estão amamentando, por se tratar de uma relação de amor entre mãe e filho. IPA - INSTITUTO PORTO ALEGRE DA IGREJA METODISTA conselho diretor presidente Edson Santa Rita Rubim vice-presidente Ricardo Hidetoshi Watanabe secretária Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan conselheiros Vilmar Pontes da Fonseca Maria Flávia Kovalski Marcelo Montanha Haygertt reitoria Adriana Menelli de Oliveira revista elaborada pelos estudantes do 2º semestre do curso de jornalismo IPA coordenação de curso Mariceia Benetti professsores(as) Ana Paula Megiolaro, José Antônio Meira da Rocha e Rogério Soares editores-chefes Ana Paula Megiolaro e José Antônio Meira da Rocha conselho editorial Me. Ana Paula Megiolaro Fernando Antunes Me. Lisete Ghiggi Drª. Liciane Ferreira (coordenadora de turismo) Drª. Mariceia Benetti (coordenadora de jornalismo) Me. José Antônio Meira da Rocha Me. José Valentim Peixe diagramação Turmas do 2º semestre noturno e diurno do curso de Jornalismo IPA revisão Ana Paula Megiolaro arte e foto de capa Carlos Tiburski ajor - agência experimental de jornalismo IPA arte-final Carlos Tiburski distribuição Thays Leães contato Rua Cel. Joaquim Pedro Salgado, 80, Prédio B - Rio Branco - POA/RS 51 3316.1269 | [email protected] impressão Editora Pallotti (1.000 exemplares)