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03 CINEMA nov.dez.jan | trimestral | distribuição gratuita Festival de Roma Sitges Imago MÚSICA Trans Musicales London Jazz Oslo World Music ARTES VISUAIS BD Amadora Arte Lisboa ENTREVISTA I’m From Barcelona DocLisboa O essencial do Doc Documentário Japonês Retrospectiva Amos Gitai Entrevista a Pedro Sena Nunes www.festmag.com Editorial A luta do documentário CINEMA 06 > 13 pp MÚSICA 14 > 20 pp ARTES PERFORMATIVAS 21 p ARTES VISUAIS 22 > 23 pp FW > Antevisão RW > Reportagem Rec > Entrevista Quantas reportagens televisivas guardamos na memória? Que importância atribuímos à televisão no entendimento que fazemos no mundo? Numa altura em que se fala tanto de excesso de informação, de proliferação de imagens, de banalização da guerra e da vida privada, o que continuamos no entanto a procurar informação, imagens, retratos de guerra e perfis pessoais. Mas com outro conteúdo, com outra duração. Longe da voracidade e da simplificação do dia-a-dia. De outra forma seria difícil explicar o sucesso do DocLisboa, o mais importante festival português dedicado ao documentário. Como nenhum outro, este festival, organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, impôs-se no panorama cinematográfico nacional, com sessões esgotadas, masterclasses preenchidas e edições com suficiente sucesso para justificarem a publicação de uma revista semestral, a docs.pt. O combate, diga-se, é desigual, e o Cinema sai sempre a ganhar. Num documentário, o realizador, com meios muitas vezes inacessíveis aos jornalistas, parte em busca dos porquês, dos verdadeiros protagonistas e de pequenas histórias que ilustrem a visão global dos acontecimentos. Quando comparado com os 15 minutos que o canal do Estado dedica à reportagem, ou aos sempre escassos programas dos privados, um filme é como um longo e cativante livro, que nos proporciona uma diferente leitura do mundo. Ficamos a saber mais em relativamente pouco tempo. E em alguns casos, escapamos à versão oficial que tanta comunicação social se encarrega de reproduzir. Esmagados pela demagogia e pela ilusão do mais banal e desinspirado cinema norte-americano, o documentário devia tornar-se a luta do nosso tempo. Com os apoios financeiros necessários e inerentes. Esmagados pela relativização de conceitos e ideologias, pelas aparências e manobras de cosmética, o direito à informação não devia ter hora marcada, nem apenas uma edição diária. Devia ser constante, permanente, universal. Neste contexto, a realidade do Médio Oriente é o melhor exemplo que se poderia encontrar. Influenciada por fundamentalismos, extremismos, filtros políticos, conveniências ditas geo-estratégicas e por discrepâncias de meios, a informação que nos chega é forçosamente limitada. Nesta edição do DocLisboa temos a oportunidade de ver, como se de um olhar directo se tratasse, a evolução histórica de Israel através dos filmes do grande realizador Amos Gitai (ver pp. 7). A trilogia News From House, House e A House in Jerusalem configura uma história viva do presente daquele país, e uma interpretação pessoal, embora bem documentada, da sua essência. «Creio que o cinema tem a possibilidade de mostrar a realidade de maneira bem mais ampla do que os noticiários de TV. O essencial para mim é fazer filmes que abordem frontalmente as contradições do país em que vivo», diz o cineasta. E nós concordamos, agradecemos e só esperamos não sermos os únicos. • Filipe Pedro . D I R E C T O R A D E A R T E Filipa Lourenço . E D I T O R E S João Pedro Correia, Ricardo Duarte . C O N S U LT O R D E E D I Ç Ã O Luís Pedro Oeiras Fernandes . R E D A C T O R E S Alexandre Nunes de Oliveira (Barcelona), Ana Rocha Duarte, Cátia Monteiro, Filipe Araújo . C O L A B O R A M N E S TA E D I Ç Ã O Ana Serafim, Carla Martins Ramos, Catarina Medina, Cristina Brum (fotografia), João Paulo Gomes (fotografia), Jota Assis, Lino Ramos, Luís Bento (fotografia), Luís Mateus, Miguel Geraldes . E N T I D A D E P R O P R I E T Á R I A FMP . N I F 214 520 781 . M O R A D A Rua do Cerrado do Zambujeiro, n.º 27, 2.º Frente 2610-036 Amadora . N .º D E R E G I S T O D O I C S 124836 . D E P Ó S I T O L E G A L 236878/05 . I S S N 1646-3056 . T I R A G E M 20.000 exemplares . I M P R E S S à O Heska — Campo Raso 2710-139 Sintra . D I S T R I B U I Ç Ã O Master Shot — Largo do Sequeira, n.º7 1100-587 Lisboa . P E R I O D I C I D A D E Trimestral . E M A I L [email protected] . P U B L I C I D A D E [email protected] . I M A G E M D E C A PA Bien Mélanger, de Nicolas Fonseca DIRECTOR Our Daily Bread, de Nikolaus Geyrhalter DocLisboa: a edição da maturidade Em Outubro, o documentário vê-se e discute-se em Lisboa. E nada escapará a este olhar demorado sobre a actualidade. Das secções competitivas à homenagem a Amos Gitai, não esquecendo as áreas temáticas, este ano dedicadas ao Japão, ao Trabalho e às relações entre a ficção e o real, o mundo inteiro projecta-se no grande auditório da Culturgest. CINEMA docLisboa Lisboa Culturgest 20 > 29 Out www.doclisboa.org Bilhetes p/sessão Grande Auditório 2,5€ Pequeno Auditório 2€ Horários 11h > 23h «Esta é a edição da maturidade, da consolidação». Quem o diz é Ana Isabel Strindberg que, com Nuno Sena, assegura a direcção artística do DocLisboa 2006. A prová-lo está a consolidação da programação das edições anteriores, associada à vontade de conquistar novos públicos através de mais secções e prémios. Esta 4.ª edição teve o maior número de inscritos de sempre. Os programadores do festival visionaram mais de mil filmes, entre festivais que visitaram e documentários recebidos. Numa primeira fase foram pré-seleccionadas 850 obras, mas só cem conseguiram integrar o cartaz do festival. A programação inclui uma competição internacional e uma nacional, de longas e curtas-metragens. Já a secção Investigações, iniciativa que começou o ano passado, faz-se de documentários dominados pela actualidade, com temas muito diversos: recruta militar, eutanásia, emigração, globalização, Guantanamo e até visitas turísticas a campos de concentração, entre outros. E quando se fala de competição é importante não esquecer os prémios. Até porque este ano há várias novidades neste departamento. Dois novos prémios que serão atribuídos pelo júri da competição internacional: o Grande prémio cidade de Lisboa para melhor longametragem (sete mil euros) e o Prémio Johnny Walker para a melhor curta-metragem documental (três mil euros). Já o júri da competição nacional e das primeiras obras atribuirá o Prémio Sony para melhor primeira obra portuguesa (mil euros e uma câmara SONY HD). Outra das novidades é o importante prémio atribuído pelo júri investigações: DocLisboa Investigações A:2 (três mil euros) que consiste na aquisição de direitos de exibição no canal :2. O debate e a reflexão continuam a ser uma prioridade desta edição. Exemplos disso são as três secções de retrospectiva deste ano: Mostrar Trabalho revela o tema do trabalho como um dos mais filmados ao longo da História do documentário. E também perceber «a nova forma como o trabalho está ser filmado actualmente», diz Nuno Sena, outro dos programadores do festival. De 1930 a 2005, são apresentados diversos filmes: Enntuziasm: Sinfonia Dombassa, de Dziga Vertov e Robert Flaherty, onde é documentado o trabalho árduo dos mineiros nos anos 30; British Sounds, de Jean-Luc Godard e JeanHenri Roger, sobre fábricas, sindicatos e mulheres nuas; Louis Malle apresenta em Humain Trop Humain uma linha de montagem da nova fábrica Citröen em Rennes, no início dos anos 70. O Japão é outra das secções retrospectivas, 20 anos de filmes numa secção cujo título é Histórias Mínimas — o Documentário Japonês Contemporâneo. Nuno Sena justifica a escolha: «O Japão é um território cada vez mais fecundo no âmbito do documentário». A terceira secção retrospectiva é dedicada a Amos Gitai, que tem honras de abertura. O cineasta israelita estará presente no festival com as trilogias Wadi e House e para um encontro com o público. A referir as várias sessões especiais de filmes inéditos, fora de competição, assinados por nomes conceituados do documentário como Pirjo Honkasalo, Chantal Akerman, Vincent Dieutre e Eduardo Coutinho. Ainda a masterclass de Makoto Satô, Amos Gitai e outra das novidades deste ano — a oficina de cinema Primeiros Planos, que pretende sensibilizar os mais jovens para o cinema. Por último, o Lisbon Docs 2006, um fórum de financiamento e coprodução de documentários: de workshops para produtores, a uma sessão pública de pitching, a uma masterclass de networking. Está então confirmado que durante dez dias a Culturgest vai ser a maior sala de cinema do país. Fica feito o convite para a visitar. • T Catarina Medina RETROSPECTIVA AMOS GITAI Olhar de frente as contradições de Israel Amos Gitai é o realizador em destaque no DocLisboa. O seu mais recente documentário abre o festival, está programada toda uma secção em torno dos seus filmes, e Gitai dará ainda uma masterclass. É preciso referir que é israelita, crítico da ortodoxia e que grande parte da sua obra retrata o seu país? sido rejeitados pelos próprios patrocinadores. Field Diary (1982), filmado nos territórios ocupados antes e durante a invasão do Líbano, foi um dos primeiros: inicialmente encomendado pela televisão pública israelita, foi depois recusado. Actualmente, e depois de ter vivido em França e nos EUA, Gitai soma no currículo 40 filmes, entre documentários e ficção. O ponto central da sua obra é o Médio Oriente, abordando questões como pátria, exílio, religião, controlo social e utopia. Um estilo marcado por uma persistente «indagação do real ao longo do tempo, e de reais extremamente localizados, que define ética e politicamente um gesto cinematográfico» e o seu autor, segundo Augusto M. Seabra, comentando o realizador. Para além da trilogia House, o DocLisboa exibirá outras duas fitas: Wadi 1981–1991 e Wadi Grand Canyon, episódios de uma outra trilogia. Wadi é um enclave a leste de Haifa onde imigrantes europeus de Leste coabitam com árabes e russos. Os filmes retratam a situação política e social da região, muito deteriorada entre a data da primeira visita de Gitai ao local, em 1981, e da última, 20 anos depois. Além do documentário, Amos Gitai tem uma obra considerável na ficção, que nem por isso deixa de ter o mesmo fundo crítico. BerlinJerusalem (1989), premiado em Veneza, é um dos mais conhecidos, bem como os filmes à volta da personagem de lendas judias, Golem. Na fita Kippur (2000) o realizador regressa à sua experiência de guerra. Uma das sequências de September 11 – 11’09’’01, colectiva de 11 realizadores, é assinada por Gitai. Free Zone (2005), novamente sobre a temática do exílio, contou com Natalie Portman e Carmen Maura no elenco, facto que lhe deu alguma projecção extra. • T João Pedro Correira Trilogia House, de Amos Gitai Israel entra pelas nossas casas todos os dias e quase sempre pelos piores motivos: uma bomba, muitos mortos e feridos, um conflito que não sara. Israel nunca saiu das notícias e pode ser saturante. Mas, como será olhar Israel de uma perspectiva antibelicista, questionadora — até da tradição religiosa — e não alinhada com os grupos de interesse? «Creio que o cinema tem a possibilidade de mostrar a realidade de maneira bem mais ampla do que os noticiários de TV», defende Amos Gitai. É com News From Home/News From House que começa o DocLisboa. Este que é o mais recente trabalho de Amos Gitai é também o terceiro episódio de uma trilogia iniciada em 1980, com House, e continuada 18 anos depois, com A House In Jerusalem. A casa que é seguida pontualmente ao longo de todo esse período serve de metáfora às transformações por que passou Jerusalém ao mesmo tempo. De edifício abandonado pelo proprietário palestiniano na guerra de 1948, foi requisitada pelo governo israelita, mais tarde alugada a imigrantes judeus argelinos, posteriormente comprada por um professor universitário… «Os seus habitantes estão dispersos e o espaço comum foi desintegrado». Mas quem é Amos Gitai, que muitos apelidam do mais importante realizador israelita? Poderia ser arquitecto, tal como o pai, e uma vez que se formou e doutorou em arquitectura nos EUA. Mas a guerra bateu-lhe à porta, em 1973, e assim nasceu um realizador: com pouco mais de 20 anos o soldado Gitai fazia os seus primeiros filmes com uma câmara de oito milímetros a bordo de um helicóptero. «O essencial para mim é fazer filmes que abordem frontalmente as contradições do país em que vivo», diz. Talvez seja por isso que ganhou reputação de incómodo e alguns dos seus filmes tenham Pedro Costa responsável por Ficções do Real Outra nova secção, onde se procura conhecer mais sobre as relações entre ficção e documentário, dá pelo nome de Ficções do Real e pretende ser um espaço de reflexão. Todos os anos será convidado um cineasta para mostrar a sua visão sobre o tema, através de um conjunto de filmes escolhidos pelo realizador. Nesta primeira edição, a selecção dos filmes ficou a cargo de Pedro Costa. O realizador de No Quarto de Vanda apresenta o seu espaço de programação composto por cinco filmes: Les Yeux Ne Veulent Pas En Tout Temps Se Fermer Ou Peut-être Qu’un Jour Rome Se Permettra De Choisir À Son Tour, de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, uma produção alemã e italiana de 1969; Numéro Zéro, de Jean Eustache, um filme de um cineasta profissional e um filme de família; Onde Jaz O Teu Sorriso?, do próprio Pedro Costa, uma «comédia de remontagem»; Marguerite telle qu´en Elle-Même, de Dominique Auvray, sobre Marguerite Duras. A realizadora estará presente para falar sobre questões de montagem, numa conversa com Pedro Costa; e por último, Los Angeles Plays Itself, de Thom Andersen, um ensaio cinematográfico sobre as representações da cidade de Los Angeles no cinema. • T Catarina Medina 06|07 Olhar o Japão através dos seus documentários A 4.ª edição do DocLisboa propõe reflexão e debate em torno do cinema documental japonês. A cinematografia daquele país não é muito conhecida por cá – Ninguém Sabe, ficção de Hirokazu Koreeda, passou discretamente por Lisboa em meados do ano –, pelo que Makoto Satô e Naomi Kawase, dois dos realizadores representados na selecção, estarão presentes para ajudar a compreender o panorama do documentário nipónico. É nas décadas de 60 e 70 que se encontram os primeiros representantes do género, abordando movimentos e lutas sociais. Porém, o documentário japonês afastou-se substancialmente desse campo, à medida que os media dedicaram mais atenção à cultura do consumo, considera Nobuhiro Suwa, realizador que comentou a selecção do DocLisboa para esta retrospectiva. O filme mais aguardado da secção, The Emperor’s Naked Army Marches On (1987), de Kazuo Hara, é projectado na noite de 21 Out (sáb). «Um dos documentários mais polémicos sobre a história do Japão e as memórias da guerra», o filme retrata a obsessão de Okuzaki Kenzo em encontrar provas para a obscura morte de soldados japoneses na II Guerra Mundial. Kenzo, que publicamente acusou o imperador Hirohito de crimes de guerra cometidos naquele conflito, e inclusivamente o tentou assassinar com uma pistola artesanal em 1969, é naquele ano de 1987 um homem louco. A fita regista as suas visitas a antigos oficiais militares, agora em idade avançada, durante as quais Kenzo lhes arranca depoimentos escabrosos, por vezes recorrendo à violência. «Enquanto viver usarei a violência, se trouxer bem à humanidade», são palavras Living on the River Agano, de Makoto Satô O Japão é o país em foco na secção de retrospectivas do DocLisboa 2006. Em Histórias Mínimas – o Documentário Japonês Contemporâneo, uma dúzia de filmes ajuda a traçar o percurso da produção de cinema documental do país nos últimos 20 anos. Inclui The Emperor’s Naked Army Marches On, «um dos documentários mais polémicos sobre a história do Japão e as memórias da guerra». de Kenzo. O realizador limitou-se a filmar tudo. Makoto Satô, pessoalmente em Lisboa, apresentará a série Living on the River Agano (1992) e Memories of Agano (2004), o primeiro sobre a contaminação do rio Agano por descargas de mercúrio, e o segundo sobre a desertificação — e a morte? —, uma década depois. Naomi Kawase também terá vários filmes em exibição. O diário-documentário e por vezes autobiográ- fico são as principais características desta realizadora, de 37 anos. Um registo não ortodoxo que se tem afirmado como tendência e que em muito desagrada as velhas gerações de documentaristas nipónicos. Katatsumori (1994) é um exemplo disso: a história da tia-avó que criou Kawase. À excepção de 27 e 28 Out, todos os dias há documentários japoneses no DocLisboa. É só escolher. • T João Pedro Correia Dois por dia — algumas sugestões para o DocLisboa 21 Out (sáb.) 21h, G.A. The Fisherman and the Dancing Girl (Rússia, 2005, 54 min.) 23h, P.A. The Emperor’s Naked Army Marches On (Japão, 1987, 122 min.) 22 Out (dom.) 14h30, G.A. China Blue (EUA, 2005, 87 min.) (Portugal, 2006, 60 min.) 24 Out (3. ) a 21h, G.A. Elogio ao ½ (Portugal, 2005, 70 min.) 23 Out (2.a) 11h, P.A. Sisters In Law (Reino Unido, 2005, 106 min.) 18h30, G.A. Cartas a Uma Ditadura 18h30, G.A. Pátria Incerta (Portugal, 2006, 52 min.) 23h, G.A. Arcana (Chile, 2005, 96 min.) 25 Out (4.a) 14h30, P.A. Tanjuska and the Seven Devils (Finlândia, 1993, 80 min.) 21h, P.A. Ears Open, Eyeballs Click (EUA, 2005, 90 min.) 21h, G.A. Our Daily Bread (Áustria, 2005, 90 min.) 27 Out (6.a) 26 Out (5.a) 16h30, G.A. Yellow Box (Taiwan, 2006, 53 min.) 18h30, G.A. Onze Burros Caem no Estômago Vazio (Portugal, 2006, 28 min.) 18h30, G.A. Kinshaza Palace (Congo/França, 2006, 75 min.) 28 Out (sáb.) 16h30, G.A. Un Pont sur la Drina (Bélgica, 2005, 18 min.) 21h30, G.A. Enron: the smartest guys in the room (EUA, 2005, 110 min.), entrega de prémios e sessão de encerramento G.A. – Grande Auditório P.A. – Pequeno Auditório Elogio ao 1/2, de Pedro Sena Nunes O único português em competição Pedro Sena Nunes nasceu em Lisboa em pleno Maio de 1968. Após o Curso de Cinema, em 1992, participou na criação da Companhia de Teatro Meridional. Em seguida, de Barcelona a Budapeste, passando por Lyon, Sitges, Lisboa e Florença, participou em cursos e oficinas de cinema, fotografia, vídeo, teatro e escrita criativa. Mas esses tempos já lá vão. Actualmente é formador, colabora com regularidade com coreógrafos, encenadores, artistas plásticos, músicos e arquitectos. E realiza documentários e ficções em cinema e vídeo, além de trabalhos publicitários para televisão e rádio. Volta a participar no DocLisboa com um novo filme, Elogio ao ½, o único documentário português a participar na competição internacional. Para si é um motivo de grande orgulho? Sim, é mesmo isso, um motivo de grande orgulho! Acaba por ser um estímulo muito grande para o futuro próximo, quando um trabalho meu ganha um destaque como este. A distinção é feita a partir de um conjunto de 120 documentários que estiveram, tanto quanto sei, este ano a concurso no DocLisboa. Aliás, é o maior número de documentários alguma vez produzidos em Portugal durante um ano. A grande maioria desta produção é independente, o que também demonstra um sinal de vitalidade do género. O Elogio ao ½ é, em parte, uma chamada de atenção com vista a resolver alguns dos problemas da Meia Praia? Acha que a localidade corre o risco de se diluir no cimento algarvio? É uma chamada de atenção para ajudar a resolver alguns dos problemas da Meia Praia. Mas tenho consciência de que facilmente se diluirá nessa massa acimentada do Algarve. O mais grave está na massa cinzenta, com outro tipo de textura, pertença de alguns sujeitos que assumem poderes de decisão com contornos dúbios, sobretudo no que diz respeito ao tecido urbanístico do nosso país. Vivemos num tempo que exige uma reflexão profunda e uma mudança de atitude de todos. Elogio ao ½ apresenta uma combinação de três níveis diferenciados: imagem, som e palavras de testemunhos vivos do que foi, do que é e do que quer ser a Meia Praia. Quanto tempo demorou o processo de filmagem e edição do Elogio ao ½? Houve contratempos? Foram três meses para pesquisa e filmagens em seis períodos não contínuos, e mais três meses de edição muito difíceis e desconcertantes, por ter de conciliar o processo pedagógico, o arranque do ano lectivo na ETIC, onde sou responsável pela área imagem e som, e o trabalho de edição. Nunca estou satisfeito com os processos e o perfeccionismo faz parte dos meus princípios — nunca desisto. A fotografia (ou cinematografia) está muito cuidada. Houve alguma preocupação especial na filmagem daquelas cores e ambientes? Faz parte da minha formação ter muito cuidado com a imagem e o som. O trabalho de registo com a luz natural de cada espaço, exterior ou interior, é feito com o maior respeito pela atmosfera de cada ambiente. Cada plano tem um tratamento específico. O vídeo, a sua escrita, tem para mim como base o experimentalismo puro e a interpretação pessoal. Quais foram os documentários mais interessantes que viu este ano? Natureza Morta marcou-me pela visão vital que arrasta sobre o nosso passado recente, muitas vezes apagado, da ditadura. Parece-me uma reflexão essencial e focada na releitura que podemos fazer das imagens já arquivadas. Para além disso é um trabalho de uma riqueza e de uma diversidade imagética e sonora muito experimentais. Por tudo isto, destaquei-o nos VI Encontros de Viana – Cinema e Vídeo, em Viana do Castelo, onde sou responsável pela programação Olhares Frontais. DOCLISBOA ENTREVISTA Pedro Sena Nunes Vai andar pelo DocLisboa como espectador? O que é que tem mais curiosidade em ver? Todos os filmes portugueses. Tenho sempre muita curiosidade de conhecer e perceber especialmente quem está a começar. Mas também me interessam todos os filmes inéditos de Chantal Akerman a Eduardo Coutinho e a competição internacional, obviamente. Pretendo assistir e levar os meus alunos às masterclasses... Conclusão: apetece-me circular no festival a tempo inteiro. Quais são os seus próximos projectos? Mais um microcosmo da série Microcosmos — Beira Alta. Outro será Há Tourada Na Ponte, documentário que aborda um assunto ancestral que relaciona o homem da raia e o touro. É preciso desequilibrar. Provocar a mudança. Definir o novo eixo. O espectador tem de mudar de sítio, tem de aceder a um imaginário diferente, escolher o seu caminho numa realidade que também é a sua. É por isso que filmo. • T Filipe Pedro Alguns dos filmes mais proeminentes de Pedro Sena Nunes são: As Palavras Derretem-se Na Água (1998), Devaneios Flutuantes – Carlos Paredes (1998), Entraste no Jogo, Tens de Jogar, Assim na Terra Como No Céu (2000), Cacilheiros — Alerta (2002), A Morte do Cinema (2002), Burdião (2003), Da Pele À Pedra (2005) e Elogio Ao ½ (2006). 08|09 FESTA DO CINEMA FRANCÊS Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Évora, Almada, Funchal 4 Out > 21 Nov • www.festadocinemafrances.com A sétima edição da Festa do cinema francês chega a sete cidades. A nova temporada apresenta 32 antestreias por todo o país. No cartaz contam-se obras como Paris Je T’aime, visão fragmentada da cidade em declarações de amor de 22 confidentes, entre os quais Sylvain Chomet, Nobuhiro Suwa, Vincenzo Natali ou Gus Van Sant. Uma comédia da autoria de Valérie Lemercier que dá pelo nome de Palais Royal conta a atribulada sucessão ao trono de um príncipe inapto no reino europeu imaginário de Catherine Deneuve. Em Fauteuils D’Orchestre, Danièle Thomson coloca três artistas de sucesso, mas tendencialmente neuróticos, a fazer uma revisão de pendor existencialista à função da sua obra e do que esta trouxe às suas vidas. Dunia centra-se no conflito entre a expressão da feminilidade e as restrições que as mulheres encaram na sociedade egípcia. A realizadora, Jocelyn Saab, parte da caracterização de uma jovem para abordar questões como o desejo sexual feminino e a prática da excisão. Jocelyn Saab é uma das presenças confirmadas nesta edição. Em Lisboa a Festa ocupa o Cinema São Jorge, o Instituto Franco-Português e a Cinemateca, fixando-se também em auditórios e teatros das restantes cidades contempladas. Na televisão, a RTP1 e a 2: apresentam uma programação especial onde figuram filmes de festas anteriores, bem como a História dos Cahiers du Cinéma em 20 filmes. • T Cátia Monteiro Paris, Je T’aime, obra colectiva Vive la Fête! Documentários na Fonoteca IMAGENS SOBRE MÚSICA 2006 Lisboa • 21 > 25 Nov • www.cm-lisboa.pt/fonoteca Longe da MTV e do You Tube, apresentam-se Imagens sobre música. Trata-se de um conjunto de nove documentários onde se promovem diferentes enquadramentos do cenário musical português. A mostra Imagens sobre música chega pela segunda vez às instalações da Fonoteca Municipal de Lisboa, onde reside por uma semana. Alguns destes documentários passaram já por festivais de cinema, e são aqui repescados. É o caso de Movimentos Perpétuos — Tributo A Carlos Paredes, da autoria de Edgar Pêra, ou do Rockumentário, de Sandra Castiço, dedicado à banda Bunnyranch, ambos exibidos no último IndieLisboa. Em estreia está Humanos — A Vida em Variações, de António Ferreira, que acompanhou, durante as actuações ao vivo e na realização dos videoclips, a banda que recriou a música de António Variações. Bruno de Almeida apresenta dois trabalhos: The Art Of Amália e O Candidato Vieira, sobre figuras de destaque, embora em estilos e tons distintos, entre as personalidades musicais portuguesas. Há igualmente obras que se desprendem de personagens particulares para abarcarem um género musical, como faz Leonor Areal em Ópera Aberta. Estes e outros documentários vão ser exibidos na Fonoteca ao final da tarde, a partir das 18h, em regime de entrada livre. • T Cátia Monteiro Culturas híbridas NIPPON KOMA Lisboa Culturgest Pequeno Auditório 4 > 9 Dez Sessões 18h30 21h30 Bilhetes 2€ www.culturgest.pt A mostra de cinema japonês da Culturgest, Nippon Koma, faz nova incursão nos géneros documental e de animação. No sector dedicado ao documentário encontramos testemunhos, modos de vida ou retratos do quotidiano citadino. É exemplo Kiba, Tokyo Micropole, em que Catherine Cadou procurou captar a diversidade de estilos de vida e as tensões que pautam a evolução de um bairro da capital japonesa. No sector da animação cruzam-se diferentes técnicas e evocam-se temáticas distintas. A tecnologia de ponta encontra-se com a filosofia tradicional, num espaço onde criadores japoneses se esforçam por inovar sem cortar o cordão umbilical com a tradição. No programa Onedotzero reúnem-se curtas, videoclips e trabalhos de animação gráfica que dão conta dos progressos técnicos e da capacidade criativa postos em prática no último ano. Japão em dose concentrada. • T Cátia Monteiro Scope, de Yabuki Makoto Temos por cá karaoke, artes marciais, sushi e fanáticos de cinema anime. Os japoneses há muito que assimilam aspectos da cultura ocidental, sem se descaracterizarem. O Nippon Koma é por isso um lugar de descoberta e reencontro de culturas híbridas. Roma quer destronar Veneza? Pela primeira vez na sua história recente, Roma descruza os braços e aposta forte na construção de um festival de cinema de renome internacional, com estrelas planetárias na passadeira vermelha e o patamar de Cannes e Veneza na mira. A primeira edição do certame, que terá Nicole Kidman como madrinha e Sean Connery como convidado de honra, acontece no final de Outubro e já fez Veneza levar as mãos à cabeça. Conseguirá a loba levar a melhor ao leão? A pedra no sapato há muito que atormentava o andar da cidade eterna. Porto de abrigo da esmagadora maioria dos produtores e realizadores de cinema italianos, e mãe da outrora grandiosa Cinecittà, há anos que Roma ambicionava um festival capaz de a recolocar na rota das principais capitais da sétima arte. A resposta tardou. Mas 74 anos após Mussolini cortar a fita do mais antigo festival de cinema do mundo, em Veneza, a solução parece chegar. Chama-se Festa Internazionale Di Roma, assume-se como um evento com uma forte componente popular e acontecerá um pouco por toda a capital italiana, entre os dias 13 e 21 de Outubro. Nicole Kidman, que viajará até Roma para apresentar o seu recente Fur, de Steven Shainberg, é a madrinha da nova coqueluche do município. E o escocês Sean Connery, o actor homenageado desta edição inaugural, compromete-se a mostrar um conjunto significativo de filmes dos grande estúdios ainda por estrear, dar a conhecer novos talentos através de uma competição seleccionada por um júri liderado por Ettore Scola, rever 47 trabalhos protagonizados por Marcello Mastroianni e oferecer ao público mais jovem um festival infantil autónomo, intitulado Alice na Cidade. A polémica, contudo, já está instalada. Tem alimentando, de resto, várias dezenas de páginas na imprensa e roubado tempo de antena aos noticiários nacionais. Preocupada com os danos colaterais que a proximidade do evento romano poderá provocar na estabilidade do seu próprio festival, Veneza, actualmente a braços com a maior crise financeira de sempre, treme e lança-se em críticas ferozes, numa guerra que já gerou trocas de mimos menos cordiais. Segundo Davide Croff, director da bienal que organiza o encontro do Lido, Roma ameaça a sobrevivência do festival mais antigo do mundo. Mas os responsáveis pelo festival de cinema de Roma não compreendem o medo. Garantem que o orçamento da sua festa do cinema vem maioritariamente de fundos privados e que estão longe de os querer boicotar. Esforçam-se, isso sim, para que a loba, que será o seu símbolo, conquiste um lugar ao sol, ao lado do leão. A ver o que a história ditará. • T Filipe FESTA INTERNAZIONALE DI ROMA Roma 13 > 21 Out www.romacinemafest.org Araújo F Moreno Maggi Londres assinala 50 anos de cinema Juventude Em Marcha, de Pedro Costa, é um dos filmes a representar Portugal. Cinquenta anos depois de Throne Of Blood, de Kurusawa, e de outras películas de nomes como Fellini, Bergman ou Visconti, a cidade de Londres volta a reunir-se em torno de cinema. As honras de abertura cabem a The Last King Of Scotland, do realizador Kevin Macdonald, no que é a estreia europeia da fita. A estreia de Juventude Em Marcha em Portugal está marcada para 23 Nov (5.ª), mas Pedro Costa não tem parado com as apresentações internacionais da fita. Depois de ter competido em Cannes, o filme passará pelos festivais de Vancouver (Canadá) e São Paulo (Brasil). Neste London Film Festival, Colossal Youth — tradução oficial para inglês — será visionada duas vezes, a 27 (6.ª) e 30 Out (2.ª), no National Film Theatre. O filme foi ainda seleccionado para os Prémios de Cinema Europeu, cujas nomeações são conhecidas em Novembro. Juventude Em Marcha acompanha a demolição do bairro das Fontainhas e o realojamento num bairro social, o Casal da Boba, na Amadora. Rodado com actores não profissionais, o filme prossegue a história de Ossos e No Quarto Da Vanda. A outra participação portuguesa no festival londrino é Salitre — Mould, em inglês —, o sétimo trabalho de Leonor Noivo e o primeiro em 35 mm. A fita integra a programação de curtasmetragens. Macdonald a abrir, Iñarritu a fechar As expectativas acerca de The Last King Of Scotland são grandes. Kevin Macdonald, que é conhecido pelo seu percurso no documentário — One Day In September valeu-lhe um Óscar —, estreia-se com esta produção britânica na ficção. O filme trata a relação entre um médico escocês chegado a África durante o regime ditatorial do Presidente ugandês Idi Amin, representado por Forest Whitaker. Sandra Hebron, directora artística do London Film Festival, descreve The Last King Of Scotland como um filme não totalmente histórico, acessível mas sobretudo provocador. O encerramento do festival trará outra obra muito aguardada: Babel, de Alejandro González Iñarritu, com os actores Kate Blanchett, Brad Pitt e Gael García Bernal. O terceiro filme e o mais ambicioso do jovem realizador mexicano trata as mesmas temáticas de Amores Perros e 21 Grams, ou seja, as consequências de actos isolados e essa incógnita que é o destino. Mas entre estas duas obras haverá mais de 180 filmes para ver em 15 dias, entre longas-metragens e documentários, repartidos por oito categorias, às quais que se junta uma de curtas-metragens, com 131 títulos. Mais de 50 países estão representados e esperam-se cerca de 115 mil visitantes. Se há boas alturas para visitar Londres, esta é certamente uma delas. • LONDON FILM FESTIVAL Londres Reino Unido 18 Out > 02 Nov www.lff.org.uk T João Pedro Correia 10|11 Filmes premiados MELHOR CURTA-METRAGEM (EX-AEQUO) A For(r)est in the des(s)ert, de Luiso Berdejo Handyman, de Simon Rumley MELHOR REALIZADOR Martin Weisz, por Grimm Love PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI Homecoming (série Masters of Horror), de Joe Dante MELHOR FILME Requiem, de Hans-Christian Schmid MELHOR FILME FANTÁSTICO Exiled, de Johnny To MELHOR FILME “MIDNIGHT X-TREME” Tideland, de Terry Gilliam What is it?, de Crispin Glover Horror e muito mais A 39.a edição do auto-proclamado melhor festival de cinema fantástico do mundo ficou pautada pela descoberta dos novos valores Anders Morgenthaler (Princess), Martin Weisz (Grimm Love) e Bong Joon-ho (The Host), para além da reconfirmação de nomes como Satoshi Kon, Peter Chan ou Darren Aronofsky. Terry Gilliam fez as pazes com o seu próprio passado e, afinal, Joe Dante ainda sabe filmar (Homecoming, série Masters of Horror). Quanto a David Lynch, mestre que inspirou a imagem da presente edição, nem vê-lo. SITGES 2006 — FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DA CATALUNHA 6 > 15 Out www.cinemasitges.com Anuncia-se o final do festival e, horas antes, o fecho da sala de imprensa. Como louca, à descarada, alguma imprensa espanhola rouba os cartazes promocionais dos filmes apresentados durante os 10 dias de festival — e aqui não interessa se os filmes estão em competição, antestreia ou retrospectiva. Entre os mais cobiçados estão Scoop (a nova proposta britânica de Woody Allen, num tom mais divertido e jovial do que Match Point), Princess (brilhante estreia do dinamarquês Anders Morgenthaler nas longas metragens, numa combinação bem conseguida entre animação e filmagens reais, tal como já havia feito na curta Araki - The Killing of a Japanese Photographer), ou ainda El Maligno (curiosa variação espanhola para o filme de Tiago Guedes e Frederico Serra, Coisa Ruim, estreado na última edição do Fantasporto). Mas a saga continua com Paprika (o novo filme de Satoshi Kon, realizador do clássico de animação japonesa Perfect Blue), Tideland (Terry Gilliam adapta o livro de Match Cullin e descobre a sua Alice No País das Maravilhas, num filme mágico e inesquecível), Perhaps Love (citando a imprensa espanhola, este musical é a versão “Eastside” Story de Peter Chan) e Big Bang Love, Juvenile A (o novo devaneio de Takashi Miike — desta feita dedicado ao amor homossexual —, o mais prolífico realizador japonês da actualidade, com mais de 60 realizações nos últimos 15 anos). Ainda há que destacar Time (o 13.º filme do coreano Kim Ki-Duk — centrado nas operações plásticas e numa história de amor extremada, como é habitual —, quando o 12.º filme, O Arco, ainda está por estrear em Portugal...), The Fountain (valeu a pena a espera pelo sucessor de Pi e Requiem For A Dream; Darren Aronofsky proporciona-nos duas horas de pura magia, com imagens excepcionais, combinando drama e ficção científica numa história de amor intemporal) e The Abandoned (um filme tipicamente fantas, de fraco argumento, mas com muitos sustos e uma casa assombrada na Rússia rural, realizado por Nacho Cerdá). Também não se pode esquecer Exiled (o mais recente filme de Johnny To, a lembrar MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI JOVEM Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon, de Scott Glosserman MELHOR FILME ORIENT EXPRESS The Host, de Bong Joon-ho MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO The Girl Who Leapt Through Time, de Mamoru Hosoda MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO Dreams and Desires — Family Ties, de Joanna Quinn MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI The Book of the Dead, de Kihachiro Kawamoto PRÉMIO DA CRÍTICA — JOSE LUIS GUARNER Requiem, de Hans-Christian Schmid PRÉMIO CITIZEN KANE PARA REALIZADOR REVELAÇÃO Rian Johnson, por Brick o coreano Friends, belo mas fatalista, com planos soberbos e abordando a amizade entre gangsters em Macau), Moscow Zero (Luna, ou María Lidón, realizou um filme verdadeiramente medonho com uma assinalável colecção de cromos — Vincent Gallo, Val Kilmer, Sage Stallone e Joaquim de Almeida), El Laberinto del Fauno (a nova película fantástica de Guillermo del Toro) e The Host (de Bon Joon-ho, mais um nome a fixar do novo cinema coreano). Por fim, Black Book (um triller cuja acção decorre na II Grande Guerra, realizado por Paul Verhoeven) e The Sciende of Sleep (novo filme de Michel Gondry com Gael García Bernal e Charlotte Gainsbourg como protagonistas). Na verdade não podemos censurar estes pequenos larápios, uma vez que Sitges funciona a uma velocidade alucinante (as primeiras sessões começam às 8h30 da manhã e as maratonas duram frequentemente noite fora, até às 6h do dia seguinte) e, quiçá, se tenham deixado contagiar pelas personagens dos filmes que viram. • T Filipe Pedro Um projecto com futuro Uma casa nova, a Antiga Moagem – Cidade do Engenho e das Artes; uma grande adesão do público; e uma selecção oficial com qualidade suficiente para colocar o Interior na rota das actividades culturais a não perder. O Imago é hoje um projecto com futuro. Ao longo da 7.ª edição, passaram pelo Fundão mais de cem filmes, entre curtas-metragens – ficção, documentário, animação e experimental – e áreas temáticas dedicadas à nona arte e à divulgação de novos talentos. Nos vencedores, destacou-se Rabbit, do inglês Run Wrake, que arrecadou o Grande Prémio. O filme foi a escolha de um júri muito dividido. Ao longo dos cerca de nove minutos somos surpreendidos por uma divertida e mordaz manipulação do nosso imaginário escolar. Pegando nas ilustrações a que os manuais de inglês recorrem para aumentar o vocabulário dos alunos, Run Drake constrói uma história em que se vêem objectos, animais, plantas e casas encimados pela correspondente palavra inglesa, à laia de legenda. Pelo meio há um génio que transforma moscas e abelhas em jóias. Mas é sol de pouca dura. A ganância é sempre um doce de má digestão. Ao filme falta alguma espessura. É envolvente no primeiro visionamento, mas não tem segredos. De resto, foram esses espaços em brancos que fizeram de Antonio’s Breakfast um dos melhores momentos do festival. Um pai partilha com o filho a sua condição: a dependência. Doente, incapaz de se vestir, de comer, de se deslocar, de respirar sem ser mecanicamente assistido, em tudo depende de Antonio. Enquanto a enfermeira não chega, a vida faz-se de rotinas, de pequenos aconchegos que ocultam a tragédia. Uma promessa, este realizador inglês Daniel Mulloy, tal como o único português premiado: Diogo Camões. Morrer, o seu filme de estreia, é um extraordinário documentário sobre a última etapa do Homem. Filmado no Instituto Nacional de Medicina Legal, retrata com uma sensibilidade contida e expressiva a marcha exigida por lei e pelos costumes religiosos de um corpo até à sua morada definitiva. Sem diálogos, sem sensacionalismos e com pormenores poderosíssimos. Ainda entre os premiados, merece referência Terra Incógnita, do suíço Peter Volkart. Igor Leschenko, médico e cientista, desafia as leis da Ciência ao afirmar que existe uma ilha com zero graus de gravidade. Enceta, então, uma viagem a «Nanopol», numa demanda que o salvará, ainda que o mundo à volta o coloque num manicómio. O programa Onda Curta, através do prémio com o mesmo nome, adquiriu os direitos de transmissão desta curta, a par do assustador e bem disposto Monster, de Jennifer Kent, e do original e engenhoso Medianeras, de Gustavo Toretto. No geral, as competições foram muito diversificadas, incluindo as dedicadas aos jovens realizadores com menos de 25 anos e ao docu- Palmarés GRANDE PRÉMIO CIDADE DO FUNDÃO Rabbit, de Run Wrake PRÉMIO JOVEM REALIZADOR EUROPEU Antonio’s Breakfast, de Daniel Mulloy PRÉMIO DO JÚRI The Kiss, de Toma Waszarow; Menção Honrosa: Le Grand Bassin, de Fabianny Deschamps DOCS IN SHORTS Never Like The First Time, de Jonas Odell; Menção Honrosa: Du Soleil en Hiver, de Samuel Collardey UNDER 25 PRÉMIO JÚRI JOVEM Terra Incognita, de Peter Volkart; Menção Honrosa: Du Soleil en Hiver, de Samuel Collardey PRÉMIO DO PÚBLICO Medianeras, de Gustavo Taretto PRÉMIO ONDA CURTA Medianeras, de Gustavo Taretto; Monster, de Jennifer Kent; Terra Incognita, de Peter Volkart Terra Incognita, de Peter Volkart Internacional: Sports & Diversions, de Bum Lee; Nacional: Morrer, de Diogo Camões; Menção Honrosa: Carnivore Reflux, de Eddie White e James Calvert mentário. Várias técnicas, perspectivas e sensibilidades. Mas em relação à ficção, talvez se possa dizer que contar uma boa história não é uma das prioridades dos realizadores seleccionados. É mais visível o desejo de mostrar o que se sente, como se está e se vê o mundo. Alejandro Jodorowsky, Dave Mckean, Clint Eastwood e Nicolas Provost foram os realizadores homenageados deste ano. Uma das maiores surpresas foi a estreia absoluta e imprevista (não constava do programa) de Mr. Punch, de Dave Mckean, com argumento de Niel Damon. Dentro de uma pequena tenda, Mr. Punch está irrequieto, impaciente, com vontade de… matar alguém: o seu filho, a sua mulher, o polícia enviado para o prender, o carrasco com a missão de o enforcar. Por fim, o Diabo, num duelo final que salvará as crianças de todas as obrigações. Delirante. Excelente. Fora dos dois auditórios, com capacidade para cerca de 250 pessoas, a música teve direito a sessão contínua. A área Sound & Vision Experience, que explora as relações entre a música e a imagem, já é um clássico. Dois filmesconcerto, actuações do grupo sueco El Perro Del Mar e da dupla David Holmes & Andy Votel, e o showcase da editora Type Records animaram as noites do Fundão. • T Ricardo Duarte IMAGO FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA JOVEM Fundão 30 Set > 08 Out www.imagofilmfest.com A banda dos meus amiHos O sueco Emanuel Lundgren escreve uma série de temas e convida quase 30 amigos para irem lá a casa gravar umas canções. Alguns meses depois, o hype eclode e a brincadeira torna-se no álbum Let Me Introduce My Friends. Se a passagem da banda pelo festival Primavera Sound, em Junho, deixou “We’re From Barcelona” como hino da sua sexta edição, a actuação no Trans Musicales — outro marco na descoberta de novos talentos — não deixará a restante Europa indiferente. A dedução é nossa, mas as respostas são de Emanuel Lundgren, mentor dos I’m From Barcelona. Mais do que uma interessante banda de estúdio e de deixarem as pessoas boquiabertas com os vossos concertos, parecem ser amigos inseparáveis. Onde é que se conheceram? Terá sido num manicómio (imagino-vos a viverem todos juntos na mesma casa)? Não, não foi (risos). Mas o meu apartamento teve um papel importante em todo o processo e por vezes consegue ser um local onde acontecem coisas bastante esquisitas. Conhecemo-nos todos numa pequena cidade sueca chamada Jönköping e, de facto, somos muito mais um grupo de amigos do que uma banda. Até ao momento vocês lançaram dois telediscos muito faça-você-mesmo para “We’re From Barcelona” e “Collection Of Stamps”. O que se segue? Um vídeo ao vivo para “Treehouse” ou “Barcelona Loves You”? Bom, hoje em dia, com o YouTube, não vejo grande necessidade de lançarmos um vídeo ao vivo, uma vez que encontramos por lá imensos. Contudo, gostaria muito de ver uma animação para a “Treehouse”. Portanto, se alguém que está a ler esta entrevista tem sugestões malucas sobre isto, contacte-me, por favor! Pergunta polémica: apesar de muito bonita, a capa de Let Me Introduce My Friends não é ligeiramente inspirada na capa do terceiro álbum dos Eels, Daisies of the Galaxy? A capa é uma pintura de um artista de Gotemburgo, Henrik Persson. Não creio que ele se inspire muito na cultura Pop. Para realizar este trabalho, Persson viajou até aos seus tempos de escola, requisitando livros sobre árvores e plantas na biblioteca local. O nome da banda, I’m From Barcelona (sou de Barcelona), recorda-me alucinadas festas Erasmus organizadas por estudantes catalães onde gente de todas as proveniências se diverte à grande e, naturalmente, o filme francês A Residência Espanhola. Comentários? Infelizmente não vi esse filme nem estive nessas festas catalãs que referes, mas consigo imaginar a loucura. Tocámos em Barcelona em Junho e os catalães são impecáveis. Estão sempre prontos para aproveitar a vida ao máximo. Considerariam mudar-se para lá? Eu e a minha namorada regressámos a Barcelona umas semanas depois de termos tocado lá, para umas pequenas férias, e ficámos apanhadíssimos pela cidade. Mas para mim é demasiado quente. Sou ruivo e pálido, como tal, não aguento o sol. O norte gélido é perfeito para mim. Há uma frase no vosso sítio que admiro bastante e passo a citar: «I’m from Barcelona embraces the do-it-yourself mentality and live it’s hard to say where the band ends and the audience begins» (a banda segue a filosofia façavocê-mesmo e ao vivo é complicado saber onde termina a banda e começa a audiência). Perante isto, que episódios têm para contar de 10 meses de concertos, sabendo de antemão que testemunhei o momento em que as outras bandas que tocaram no mesmo palco se juntaram a vocês naquele que foi um dos momentos altos do sexto Primavera Sound? Nós gostamos tanto de ter o público connosco no palco que, por vezes, pode ir a extremos. Tocámos numa festa de estudantes na nossa cidade em que as pessoas estavam a dançar em cima de mesas mesmo antes da actuação ter começado. Para além da banda (risos), havia mais de 40 pessoas em palco e lembro-me de alguns tipos elevarem uma rapariga por cima da bateria. Tive de levar uma cadeira para o palco de modo a ficar mais alto e conseguir ver alguma coisa à minha volta. A banda estava mesmo por todo o lado, com pessoas a cair em cima da bateria. Lembro-me de ver o saxofonista algures no meio do público. Por falar nele, uma vez estava a beber uma cerveja no bar e estranhou o DJ estar a passar as nossas músicas nos minutos que antecediam o concerto. Na realidade o concerto já tinha começado e ele nem tinha reparado (risos). É muito complicado conseguir controlar tudo. Imagino (risos)… recentemente deram alguns concertos e actuaram na rádio no Reino Unido. Como é que correu tudo isso? Foram fantásticos, muito melhor do que alguém na banda poderia imaginar! Nem sabia bem o que esperar, mas senti-me mesmo em casa. O concerto na pequena loja da Rough Trade foi de loucos. Uma bizarra combinação entre uma sauna e um manicómio (se quiserem confirmar façam-no aqui: www.youtube.com/watch?v=aerrC3gDkyM). MÚSICA ENTREVISTA I’m From Barcelona www.imfrombarcelona.com Como tudo começou Durante os anos 90, Emanuel Lundgren encetou diversas tentativas intimistas de edições Indie Pop. Há cerca de um ano e meio atrás, preenchido por amor e sentimentos festivos, Lundgren escreveu um par de efusivas canções Pop e decidiu juntar todos os seus amigos de modo a registar o momento em disco. O seu apartamento transformou-se numa espécie de fábrica de sonhos à medida que as pessoas entravam e saiam com banjos, acordeões e kazoos. Algumas semanas mais tarde terminavam o EP totalmente feito em casa e Lundgren reuniu quase todos os 29 elementos que participaram nas gravações para um primeiro (e derradeiro) concerto em Agosto de 2005. O que ele pensou ser o final era, no fundo, o início de numerosos rumores acerca de uma sensacional nova banda, com culpas para a imprensa sueca e para a blogosfera, cuja partilha de informações resultou em mais de 20 mil downloads do sítio oficial da banda. O EP Don´t Give Up On Your Dreams, Buddy! foi lançado pela EMI sueca no início de 2006, seguido pelo primeiro longa duração Let Me Introduce My Friends. Um disco recheado de Pop eufórica e refrões lalala. O hino “We´re From Barcelona” chegou aos lugares cimeiros das tabelas de vendas e a banda foi convidada para alguns festivais, incluindo um importante festival de descoberta de novos sons em Barcelona. “Heróis pessoais”, “uma grande influência” ou “nunca ouvi na vida”? Eels – Já ouvi, claro. Alguns membros da banda pura e simplesmente adoram. Polyphonic Spree – Já assisti a um excelente concerto deles, muito embora não compreenda as pessoas que afirmam existir uma grande inspiração deles na nossa música. James – Sinceramente nunca ouvi. Devia conhecer? Beach Boys – Heróis pessoais. Brian Wilson escreveu alguns dos meus temas preferidos, incluindo o soberbo “God Only Knows”. Beatles – Gosto imenso de tudo o que os rodeia. Babybird – Já ouvi, mas tenho de escutar com mais atenção. Flaming Lips – Grande banda, grandes músicas. Fizeram tudo bem até agora. Sufjan Stevens – Adoro este tipo. Uma vez tive ocasião de falar com ele. Pareceu-me bastan- te tímido e cortês. Creio que podemos esperar obras-primas deste senhor. Vocês vão estar no festival Trans Musicales de Rennes, em França. Está a ser preparada alguma surpresa para a ocasião? Creio que ainda temos bastante tempo para comprar balões e preparar surpresas. Vai ser excelente actuar no festival, mas de momento penso mais nos membros da banda que se poderão (ou não) juntar a mim na ida a França. E depois disso? Estão preparados para tomar a Europa de assalto? Vamos seguir a corrente e ver o que acontece. O nosso objectivo é cantar, dançar e divertirmo-nos ao máximo com isto.• T Filipe Pedro F Ulf Magnusson 14|15 ENTREVISTA Josh Rouse Gosto de coisas que tenham um pequeno twist A calma por vezes é aparente e oculta alguma turbulência. É assim a música de Josh Rouse e é também essa dualidade que o define. À super�ície não se sente a crispação. O seu auto-controlo empurra-a para outros níveis, o que a transforma em algo de muito subtil. Os teus álbuns tendem a reflectir, não somente a tua personalidade, mas também o local onde vives, certo? Sim. Quero dizer, eu construo histórias sobre coisas que se passam ao meu redor e o local onde vivo influencia sempre as minhas canções. Sucede no Subtítulo, por exemplo, logo na faixa de abertura, “Quiet Town”… Sim. Tive uma ideia sobre a cidade onde vivia para escrever uma canção, sobre uns vizinhos engraçados e o ambiente. Imaginas-te a cantar em espanhol num futuro próximo? Não sei. Falo espanhol, mas não sei se me agrada a forma como o espanhol soa quando cantado. E é difícil escrever letras em espanhol e fazê-las rimar. Como foi gravar uma canção com a tua namorada, Paz Suey? Ela tem uma voz agradável… Foi divertido. Ela nunca tinha gravado e eu lembrei-me de fazer um dueto porque ela está sempre a cantar lá em casa. Então perguntei-lhe se queria cantar no disco e ela disse que sim. Agora estamos a gravar outras canções no pequeno estúdio que tenho em casa, em que ela também canta. Pensas incluir algumas destas canções no teu próximo álbum? Bem, não seria o meu álbum. Seria talvez o álbum dela ou um projecto a dois, com nome de banda, ou algo no género. Notas diferenças no resultado final, dependendo do tempo que levas a escrever uma canção? Por vezes as pessoas gostam mais das canções que escreves mais depressa porque sai apenas uma melodia e uma ideia. É mais directa e simples. Outras vezes, quando levas mais tempo a escrever as letras e a compor a música, a canção torna-se mais complexa, e é recebida de forma menos imediata. Em que medida o Brad Jones influencia o resultado final dos teus discos? Em larga medida. Ele toca muito e contribui com uma série de ideias para a música. Nos meus dois últimos álbuns ele foi responsável por grande parte do som. Quando tocas ao vivo, preferes fazê-lo a solo ou com uma banda? Gosto de ambas. Por vezes canso-me de tocar com uma banda porque se torna repetitivo. Mas também me farto de tocar a solo porque sinto falta da bateria e do baixo, entre outras coisas. Notas diferenças na ligação que estabeleces com a audiência? Sim. Quando tocas a solo provavelmente a ligação é mais intensa porque se gera um ambiente mais intimista, em que apenas tens a guitarra e a tua voz. Mas depende, há concertos com a banda em que a ligação é igualmente intensa. Algumas pessoas dizem que a tua música é muito delicodoce. O que respondes a isso? Evocas a tua adolescência numa banda de Punk Rock? (Risos). Não… Penso que é apenas a música que faço. É suave, sim, mas tem um bom ritmo. Quando era mais novo estava mais zangado, tinha mais energia. Agora gosto mais deste tipo de som. Mas as letras adicionam-lhe uma certa complexidade, porque nem sempre coincidem com o tipo de som. Por vezes são mais amargas… Sim, e penso que é isso que a torna na minha música. Acho que as letras são também reflexo da personalidade de quem as escreve. Então és uma pessoa doce? Sim, penso que sim. Com um pouco de… Sim, gosto de coisas assim. Gosto de filmes e de arte que sejam estranhos. Gosto de coisas que tenham um pequeno twist, que sejam ligeiramente distorcidas. • T Cátia Monteiro Porque é Londres uma referência do jazz? London Jazz Festival Londres, Inglaterra 10 > 19 Nov • www.serious.org.uk Um dos mais prestigiados festivais de Jazz do mundo é o de Londres. E se olharmos para o cartaz é fácil perceber porquê, e não é porque Jim Hall, guitarrista com uns joviais 76 anos de idade, passe por lá a tocar. É porque o festival londrino junta todo um rol de músicos incontornáveis do Jazz. Senão, olhe-se logo para o espectáculo de abertura: Wayne Shorter, um peso-pesado que dispensa apresentações, sobe ao palco em quarteto. Dave Holland presenteia o público com o seu quinteto. Evan Parker (na foto) lidera a sua aclamada Electro-Acoustic Ensemble. Herbie Hancock toca pela primeira vez no evento. Lee Konitz, maestro do Cool, recupera a formação em noneto. Cassandra Wilson apresenta o seu novo disco chancelado pela Blue Note. O sul-africano Abdullah Ibrahim actua sem rede, a solo no piano. E tantos outros, que é difícil enumerar, numa multiplicidade de estilos, do Flamenco do espanhol Tomatito, aos sons do Brazil pela voz de Seu Jorge. Vale ainda referir que Sara Tavares e o duo Maria João e Mário Laginha representarm Portugal. • T João Pedro Correia F Caroline Forbes Vegoose Festival Las Vegas, EUA • 28 + 29 Out • www.vegoose.com Por 117 euros (147 dólares) é possível aceder ao mais estranho festival de Outono, o Vegoose Festival, em Las Vegas. O mote é o fim-de-semana das bruxas e o cartaz é, no mínimo, interssante. Tom Petty and the Heartbreakers, The Killers, The Mars Volta, Damian Marley, Jurassic 5, Gomez e The Coup são alguns dos artistas agendados para o primeiro dia de hostilidades. Depois há Fiona Apple, Ben Folds, The Roots, Galactic, Jamie Lidell e Matt Costa, entre outros. Com o Halloween em pano de fundo, pode levar-se a máscara. E já que se está em Las Vegas, porque não passar nos casinos? derá ainda ver actuações de Ed Harcourt, The Veils, The Spinto Band, The Magic Numbers, do trio Peter, Bjorn and John, Surfin’ Bichos e Brakes. 28.o Rencontres Trans Musicales Rennes, França • 7 > 9 Dez • www.lestrans.com Oslo World Music Festival Oslo, Noruega • 31 Out > 5 Nov • www.world-music.no A World Music chegou às terras frias da Noruega. E Sara Tavares é um dos nomes deste festival, a decorrer em Oslo, que dela diz possuir «uma voz resplandecente e uma guitarra que soa a Verão». O evento tem início com os germânicos DJ Shantel & Bucovina Club, um «gypsytechno à moda dos Balcãs». Seguemse-lhes Paco de Lucia, nome conhecido do Flamenco, e Toumani Diabaté, músico do Mali que passou pelo Festival de Músicas do Mundo de Sines este ano. Cheb Mami – músico argelino que ficará para sempre associado a “Desert Rose”, tema que gravou com Sting – e Yasmin Levy são outros dos nomes programados para os seis dias de festival. 5.o Wintercase Barcelona, Valência, Madrid, Bilbao 1 > 26 Nov • www.wintercase.com Parece que veio para ficar, o Wintercase, festival itinerante de música independente. Barcelona, Valência, Madrid e Bilbao receberão cinco concertos cada. O cartaz desta 5.a edição contempla The Divine Comedy, Maximo Park, Violent Femmes e Arab Strap em destaque. Além destes, o público espanhol po- Como se avalia um festival? Pelo número de palcos? São oito, ao ar livre e em recintos fechados. Pelo preço dos bilhetes? Espectáculos gratuitos e pagos. Pelo número de bandas? Mais de cem grupos e cantores. Pela representatividade geográfica das sonoridades? Alemanha, Brasil, EUA, Finlândia, França, Holanda, Palestina, Reino Unido e Suécia. À 28. edição, os encontros de música da cidade francesa de Rennes mantêm a sua vitalidade e o seu papel decisivo na divulgação de novas tendências. Muitas vezes palco para estreias absolutas de bandas recém formadas – como no passado os Massive Attack, Nirvana, Portishead, Beck ou Ben Harper – o Trans Musicales oferece este ano um novo olhar sobre o futuro. A abrir, no dia 7 (5.ª), The Sunshine Underground, Cat Power e I’m From Barcelona. A fechar, no dia 9 (sáb), Peter Von Poehl, The Bishops e Shy Child. Nos entretantos, Cold War Kids, Erza, Beats and Styles, Kaiser Chiefs, Easy Star All Stars, Orville Brody and Goodfellas e muita diversidade cultural. De França, o Trans Musicales voa até Stavanger, na Noruega, em Fevereiro, e até Pequim, na China, em Junho, para duas extensões do festival. • T Ricardo Duarte 16|17 O mundo num castelo Festival Músicas do Mundo de Sines Sines 21 > 29 Jul www.fmm.com.pt Para além do verdadeiro serviço público que os funcionários da autarquia cumprem com um sorriso, a oferta de flores às bandas entre a actuação e o encore constitui outro hábito salutar. E os artistas não saem de Sines sem um DVD com a actuação do espectáculo que acabaram de realizar. Artistas de grande alma como K’Naan, da Somália, amigo pessoal de Michael Franti, é herdeiro da sua voz e da sua força linguística. Um dos grandes momentos do festival, com anunciada repetição em 2007. Também voz, presença, canções simples, cantaroláveis, de bater o pé, mas... pouco público tem Vusi Mahlasela. O sul-africano merece muito mais, sobretudo quando anuncia: «chegámos aos 12 Cordel do Fogo Encantado Värttinä O cheiro a hortelã invade o castelo de Sines, aumentando a aura já de si mágica do melhor festival português de Músicas do Mundo. anos de democracia, em pleno 2000 and fix». Em noite oficial de apresentação do novo disco, Sátiro (finalmente editado), as músicas mais requisitadas são de Macaréu. O público está ao rubro com a elevadíssima inspiração, humor e recriação tradicional de Paulo Marinho, José Manuel David, Carlos Guerreiro e restantes Gaiteiros de Lisboa. Finalmente um festival faz jus à banda, incluindo um merecido encore. Já Trio Rabih Abou-Khalil & Joachim Kühn, do Líbano, dá um concerto exigente. Sente-se uma permuta espiritual entre músicos, via raízes e diferentes culturas. Com improvisação a espaços, o baterista fecha os olhos e deixa a intuição fluir. No meio do público surge um cartaz gigante cujas palavras «Stop Bombing, Stop The War» emocionam Rabih. «É bom saber que há mais pessoas que pensam como nós». The Bad Plus aparenta ser muito profissional e competente, com um Jazz para ver sentado, num auditório. O trio americano aproxima-se frequentemente da Pop e do Rock na renovação do Jazz, regressando para um encore bastante ovacionado. Por seu lado, o indiano Trilok Gurtu revela-se espiritual no comando dos Misra Brothers (cítaras e vozes). Os seus dedos, com precisão cirúrgica, estabelecem a percussão num concerto curto, mas intenso. É impossível ficar indiferente à sensualidade emanada pelas três cantoras finlandesas dos Värttinä (apesar da fundadora Mari Kaasinen ter ficado em casa, com licença de parto). «Esta canção é um feitiço para deixar perdido de amor quem se ama», anunciam as feiticeiras de magia branca ao espalharem energias positivas pelo castelo de Sines. A semi-insularidade finlandesa transcrita na sua música, lembra, a espaços, a Pop japonesa, onde o mar tem um papel fulcral. Do Brasil chegam os Cordel do Fogo Encantado, embora os seus instrumentos sejam desviados para destino incerto. Apesar de actuarem com outros instrumentos que não os seus, as percussões são ultra vigorosas e as explosões, a poesia, o carisma e a atitude Rock do vocalista são de uma qualidade excepcional. Como de costume, o Festival Músicas do Mundo de Sines deixa muitíssimas saudades. Desde já fica o encontro marcado para Julho de 2007. • T Filipe Pedro F João Paulo Gomes These Americans do it better Lisboa soundz Lisboa 22 Jul Ainda o Sol torra a pele quando os You Should Go Ahead procuram atrair o público para um set de Rock e Punk onde o maior dinamismo do vocalista não chega para disfarçar a curta rodagem da banda. Howe Gelb e o Gospel Choir que o acompanha impressionam-nos com interacções vocais multiformes e algumas revisitações dos Giant Sand. Sem Belle & Sebastian, Isobel Campbell assume a dianteira, mas não dispensa o cruzamento com uma voz masculina, numa actuação descompensada pela dispersão dos músicos. Quem apenas conhece Anna Julia não reconhece a banda em palco. Camuflados sob um nome espanhol, os Los Hermanos revelam-se brasileiros na fusão de ritmos das canções e nos toques de bola que as alternam. As insinuações corporais do vocalista dos She Wants Revenge monopolizam a atenção do público, servidas por um tapete musical bem tecido, apesar de lhe reconhecermos alguns dos padrões. Dirty Pretty Things vs. The Strokes: a pose arrogante ou a postura despreocupada, mas de olhos no público? O estilo sobreleva-se à música ou a música serve-se com estilo? Uns soam iguais a si mesmos e a tantas outras bandas da next big thing londrina. Os outros fazem-se de ironia, espírito crítico e guitarras que crescem nos ouvidos para comandar o corpo da multidão. Em Lisboa, triunfam os nova-iorquinos. • T CM F Cristina Brum She Wants Revenge Em poucas horas esgota-se o elenco de um festival urbano dedicado às sonoridades Rock cruzadas com uma postura Hip. O Sol esconde-se e a noite cresce sobre o Tejo, enquanto um trilho de All Star aponta para o palco do Lisboa Soundz. Bailarico da aldeia Tal como a organização sugere «o Andanças é um festival onde não se vem ver, vem-se fazer». A participação do público torna-se imperativa para o sucesso deste evento recheado de oficinas de dança, boa música e elevado espírito comunitário. Do Andanças 2006 fica a memória de uma semana bem passada, do convívio, da diversidade cultural, dos WC e chuveiros asseados, da reciclagem, das comidas alternativas, das massagens, das actividades para crianças, das diversas formações, da organização na zona de campismo, da qualidade patente nas oficinas de dança e dos concertos de artistas como Olive Tree, Dazkarieh, Nação Vira Lata e Mu. Contudo, notámos que o Andanças necessita de algumas melhorias. À 11.ª edição, e apesar do espaço ser o campo de futebol local de Carvalhais (concelho de S. Pedro do Sul), não é normal um festival ter a quantidade de pó que se levanta no Andanças. A água esporádica não resolve o problema: que tal um relvado? Ou talvez palha e hortelã como no Festival de Músicas do Mundo de Sines? Outro aspecto anormal é a programação dos bailes, espectáculos e concertos ser tão desorganizada e com tantos problemas de som e luzes. E, apesar de existir um programa, este está em mutação permanente, dificultando as escolhas e aumentando os tempos mortos entre danças. O ideal é ir ao Andanças nos primeiros dois ou três dias de festival, uma altura muito mais serena, sem as enchentes e confusões de última hora (leia-se lutas e assaltos: um detector de metais seria um exagero, mas quando tudo entra e sai de um festival, questiona-se a segurança no mesmo). Em 2007 esperam-se algumas mudanças. • T Filipe Pedro Andanças Carvalhais 31 Jul > 6 Ago www.pedexumbo.com Sonos molhados e estrelas cadentes Paredes de Coura recebeu um suplemento vitamínico. A relva está mais verde deste lado da fronteira e são os vizinhos que o vêm cá confirmar. O festival amadurece com um cartaz coerente, imagem mais apelativa e proliferação de actividades exteriores ao recinto principal, em tudo coadjuvado pelos novos apoios e experiência acumulada. Entra na idade adulta, pelo que pode agora lidar com problemas de gente grande: a concorrência internacional. Finda mais uma época de caça ao festival de Verão, é tempo para um flashback sobre Paredes de Coura. Quatro dias de festival, em que três são a doer. A chuva que Morrissey nos traz no segundo dia elimina a competência metafórica do verbo: dói mesmo. A roupa acusa a irrigação pelo chuveiro natural, o plástico é alvo de sobrevalorização e a relva perde terreno para uma papa de terra ensopada. O acampamento ganha alguns lugares extra, enquanto os resistentes se agarram aos mitos do temporal de 2004 para alimentar a coragem. Melomanias, masoquismo – ou ambos – acompanham o público. E no palco? Morrissey traz Oscar Wilde, partilha a ironia e aquece a fazer reviver os Smiths. Ainda não lhe perdoámos ter abandonado o palco na introdução de “Panic”, mas aqui fica em karaoke surdo: Hang the DJ!. Os Maduros tiveram o mérito de introduzir uma língua inédita (que aguarda classificação pela Academia) na versão de “Call Up” dos Clash. Espanto! Êxtase! Delírio! O sensacionalismo promovido pelos !!! (na foto) num regresso triplamente justificado. Coreografias eróticas e batidas sonoras convertem o anfiteatro natural numa discoteca a céu aberto. Já os Broken Social Scene, menos explosivos, tecem trilhos sonoros complexos e delicados. Um revivalista provido de um ananás pensava levar Karen O a repetir o irrepetível da es- treia dos Yeah Yeah Yeahs em Portugal. Desta vez o sumo escorreu apenas sobre o público, mas a tensão em palco voltou a transbordar. Poucos estavam preparados para os impulsos eléctricos dos Gang of Four, profetas imparáveis do Post Punk. Muito aguardados, os Bloc Party foram competentes e receberam coros de um público entusiasmado. Os X-Wife prometeram o seu melhor concerto de sempre – e convenceram o público disso. Também os Vicious Five se têm tornado mais profissionais, mantendo o espírito reivindicativo. Fischerspooner e Bauhaus tocaram o céu de Paredes de Coura, com actuações inebriantes, embora de carácter distinto. Outras estrelas caíram por ali. Cento e tal decibéis elevaram-nas acima do chão. • T Cátia Monteiro F Luís Bento Paredes de coura Paredes de Coura 14 > 17 Ago www.paredesdecoura. com 18|19 Madrugadas quentes nos Açores O mais carismático dos festivais açorianos teve lugar, uma vez mais, na Praia Formosa da Ilha de Santa Maria. O Flamenco de fusão dos El Bicho, os Blues de Bernard Allison, o turbilhão sonoro dos Cabruêra, a orquestra de metais mais rápida do mundo — Fanfare Ciocarlia — e o Ska Rock dos Babylon Circus constituíram os principais destaques da 22.a edição do Festival Maré de Agosto. 17 > 20 Ago www.maredeagosto.com Desilusões e sugestões Já do lado das semi-desilusões encontrámos o virtuoso guitarrista Stanley Jordan e a respeitável senhora da música do mundo, Angélique Kidjo. Não resta qualquer dúvida sobre o rigor, a perícia e a autêntica entidade da guitarra que é Stanley Jordan, mas as mais de duas horas de actuação foram um excesso que deixou pelos cabelos parte do público e, sobretudo, o manager de Angélique Kidjo, que actuaria a seguir. Há alguns discos que a artista do Benin deixou a World Music para se centrar na música popular de outros continentes que não o seu. O melhor do concerto, ainda que sob vigilância apertada do intratável manager, foi o convite a alguns elementos do público para subir ao palco e dançarem um tema com Angélique. Alguns aspectos a melhorar incluem as condições do anfiteatro natural, a qualidade do som e das luzes, a animação entre concertos — sugere-se um sistema simples de DJ na zona do fosso ou da mesa de mistura —, o acompanhamento dos convidados — sejam músicos ou jornalistas —, os atrasos e os extras — excelente iniciativa a oficina de musicoterapia com Stanley Jordan, mas falta uma zona chill out e uma mostra de documentários ou telediscos musicais, por exemplo. De qualquer modo, o Governo Regional dos Açores e outras entidades como o Ministério da Cultura e a Sociedade Portuguesa de Autores deviam cooperar muito mais com o verdadeiro serviço público proposto, e anualmente comprovado, pela Associação Maré de Agosto. Vemonos em Agosto de 2007. • TF Filipe Pedro Bernard Allison Santa Maria Açores um disco a escutar com atenção, com o hype mesmo a estalar. Excelente discografia apresenta El Bicho. Mas ao vivo os espanhóis superaram largamente as expectativas. O vocalista Miguel Campello é o performer e o líder nato de El Bicho, e as suas acrobacias, apesar de acessórias, não passam despercebidas, animando o público num sinal de quem dá tudo o que tem. E, para o ajudar a cruzar Flamenco com tudo e mais alguma coisa, esteve pelo palco um autêntico senhor na guitarra, Victor Iniesta. Outro grande momento do festival foi protagonizado pelo guitarrista de Blues Bernard Allison. Sem paragens entre músicas — de modo a poderem tocar mais, como explicou o baixista —, Allison percorreu temas de uma já vasta discografia, devidamente apoiado pelos excelentes músicos Jasson (baixo), Andrew (bateria) e Mike (teclas). Mesmo sem ensaio de som, os romenos Fanfare Ciocarlia, a orquestra de metais mais rápida do mundo, deram um concerto irrepreensível. Entre danças e saltos, o público levantou bastante poeira durante a actuação dos Fanfare e dos artistas que se seguiram, os franceses Babylon Circus. Interactivo quanto-baste, com dois encores — e um terceiro muito pedido, inclusive pela organização, que não chegou a acontecer —, muita acção em palco e expressões divertidíssimas, os Babylon Circus foram um caldeirão de emoções e de influências — do Ska ao Rock, passando pela Chanson e pelo Dub. Seria complicado encontrar melhor final de festa para o Maré de Agosto. Angélique Kidjo FESTIVAL MARÉ DE AGOSTO O cartaz, ecléctico quanto-baste, dividiase entre a música do mundo e a aposta em novos talentos, caso óbvio dos portugueses Be-dom e Donna Maria, e dos brasileiros Cabruêra. Tal como o nome indica, os Bedom são um grupo de percussão com uma forte componente teatral que usa bidões, latas e o próprio corpo para produzir música. Aplauda-se a coordenação e destreza dos Stomp portugueses, lamentando-se a falta de ambição de levar as coisas mais além e o mergulho em piadas fáceis que, no entanto, poderão agradar a um público juvenil, se for esse o caso. Infelizmente já passava da meia-noite. Já os Donna Maria chegaram ao Maré com alguma rodagem, dois anos depois de editar o disco de estreia Tudo É Para Sempre e numa altura em que se espera o regresso a estúdio para a gravação do segundo álbum, com edição prevista para a Primavera de 2007. Não restam dúvidas de que a vocalista Marisa Pinto tem excelente voz e presença, embora falte, contudo, uma certa orgânica e definição à banda — a bateria electrónica e samplers não convencem; onde está a verdadeira percussão e a guitarra portuguesa? Para além disso deixem o Hip Hop para quem sabe. Os Cabruêra deram um grande show de bola, colocando toda a gente aos pulos. Quando alguém atirou uma caneta para o palco, o vocalista usou-a como palheta na guitarra. No final da actuação, o frontman cantou do meio do público, onde diversas rodas humanas se criaram, terminando num enorme mosh pit. Aposta segura, O Samba Da Minha Terra é Uma programação apetecível Amostra de novos projectos 14.ª QUINZENA DE DANÇA DE ALMADA MOSTRA-TE Almada • 27 Out > 12 Nov • www.cdanca-almada.pt 8.ª MOSTRA DE TEATRO JOVEM DE LISBOA ARTES PERFORMATIVAS Lisboa • 28 Out > 26 Nov • www.lxjovem.pt Glamour of Mundane Dream of a Saint, Arq. 2005 Pouco conhecido do grande público, mas famoso entre os profissionais, o cartaz da 14.ª Quinzena de Dança de Almada apresenta este ano mais de 10 produções internacionais. Durante 15 dias, Portugal faz parte do roteiro mundial da dança contemporânea. A convite da Companhia de Dança de Almada, que organiza este festival, duas dezenas de coreógrafos de todo o mundo mostram as suas peças, entre 27 de Outubro e 12 de Novembro. Os primeiros dias estão entregues ao grupo da casa, que estreia Not-possible, uma coreografia de Jean Paul Bucchieri, que retrata uma última possível dança. Depois, os mesmos bailarinos seguem com O sonho da princesa Clarice, de Carla Albuquerque e Maria João Mirco, um espectáculo colorido e cheio de fantasia, feito a pensar nos mais novos. Mais tarde entra em cena A hole in the view/Waltz behind the fence, de Ninrod Freed nos pés da israelita Tami Dance Theater Company, que sai do palco para dar lugar à equipa da Marie-Gabrielle Rotie Productions, que estreia Black Mirror, com o som a cargo do galardoado compositor Nick Parkin. A plataforma coreográfica estende-se ainda com a francesa Kyma Dance Company, o português Tiago Medeiros, segundo classificado do Concurso Coreográfico Nacional, os noruegueses Winter Guests, a sueca Lotta Gahrton Productions, a pareceria luso-francófona Companhia Lua, o Latina Dance Project ou o dinamarquês Paul Julius. Para além dos espectáculos, esta iniciativa abarca debates públicos, oficinas, ateliers para crianças, mostras de vídeo-dança e encontros com coreógrafos internacionais. Este ano vai custar ainda menos assistir ao evento, que submetido ao tema Fora de Portas, porque sai do Teatro Municipal de Almada e do Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada, e continua no Teatro Maria Matos, em Lisboa, e no Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro. • T Carla Martins Ramos Para ver como pára a representação na capital, dirija-se ao Museu Nacional do Teatro, onde os fins-de-semana deste Outono se vão encher com a programação da oitava Mostra de Teatro Jovem de Lisboa. O júri seleccionou para a edição de 2006 um total de dez peças de nove grupos de teatro e um criador independente. No palco da Estrada do Lumiar vão, assim, estrear, sempre por voltas das 15h, figurações com uma ficha técnica composta por menores de 30 anos. Por apenas 3,50 euros, o público alfacinha é convidado a assistir a Das Padeiras, de A Menina Dos Meus Olhos; Na Margem da Vida, do Teatro Do Silêncio; Na Boca da Noite, da Ditirambus Associação Cultural E Pesquisa Teatral; Padaria Esperança, das Asas D’Arte; Terrorismo, da AE da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; Escândalo, da AE do Instituto Superior Técnico (GTIST); Exaustos, do Teatro Do Vestido; A Fuga de Wang-Fô, de Joana Pupo; Cesariny, de Há-que-dizê-lo; e A Lenda da Boca do Inferno, da APPCDM. • T Carla Martins Ramos Uma festa reconfigurada Este ano o Festival Internacional de Marionetas do Porto saiu para a rua e trouxe um novo figurino. A iniciativa, organizada desde 1989, revestiu-se de outras artes mas promete manter o modelo nas próximas duas edições. A Praça D. João I estreou-se como palco principal do evento, enchendo-se todos os dias de centenas de pessoas que, por apenas dois minutos ou durante horas a fio, se sentaram na relva, instalada para o efeito, e assistiram gratuitamente aos espectáculos. A programação do Festival incluiu, para além do já habitual teatro contemporâneo para adultos, música, dança, novo circo, performance, instalação e artes plásticas. Doze das 24 peças foram também apresentadas no Rivoli Teatro Municipal que teve quase sempre casa cheia. O certame abriu com “A Incrível Tasca Móvel”, um espectáculo dos portugueses Piajio, que levaram à Praça D. João I um glamour popular, convertendo-a numa autêntica taberna-concerto. Já o encerramento ficou a cargo da tradicional companhia de marionetas norteamericana Bread & Puppett Theater, com o espectáculo “The battle of the terrorists and the horrorists”, em que foi distribuído pão quente às pessoas que por ali deambulavam. • T Carla Martins Ramos FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETAS DO PORTO Porto Rivoli e Prç. D. João I 14 > 24 Set www.fim.com.pt 20|21 ARTES VISUAIS 17.º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DA AMADORA Amadora 20 Out > 5 Nov www.amadorabd. com/fibda O país e o mundo em BD Este ano o festival de BD da Amadora é dedicado às periferias. Portugal num piso da exposição, o resto do mundo no outro e tudo isto na Brandoa. É que as periferias já não são assim tão longe. Se pensava que Quino e Hugo Pratt são autores europeus, esta é a edição do Festival internacional de BD da Amadora em que vai encontrá-los no seu devido lugar: por entre os seus compatriotas da América Latina. Se estava a pensar visitar a Brandoa na mesma altura em que a Sibéria, desengane-se, porque vai passar por ignorante se não conhecer depressa o Fórum Camões, onde vai decorrer nos próximos anos o maior festival de BD do país. Para além do mais, o certame fica a dez minutos de duas estações de Metro (Alfornelos e Amadora-Leste) e ao fim-de-semana haverá um autocarro especial desde a saída do Metro até à entrada do festival. 17 graus periféricos e o resto do mundo é o tema que este ano vai mostrar o que tem sido a BD em África, no mundo árabe, na América Latina e no Leste Europeu. As influências asiáticas terão o seu pequeno espaço através da exposição Nouvelle Manga na Amadora. Em compensação, a América Latina faz-se representar por praticamente todos os seus países e com originais de autores, como os referidos Quino e Pratt, que raramente são expostos fora dos seus países. Cuba e Bolívia são mesmo duas novidades absolutas em festivais internacionais de BD. Mas este festival da periferia vai mais longe. Olhar o outro, o olhar do outro agrega trabalhos de e sobre países longe dos centros globais, mas em que o ponto de vista é o local, sem exotismos, sem estranhamentos estrangeiros. Inclui autores como Alain Corbel e Guy Delisle. BD voyer, por seu turno, reunirá obras eróticas e só poderá ser visitada por maiores de 18 anos. Saindo do Fórum Camões e dando um passeio até à Galeria Artur Bual, faz-se uma incursão pela BD para além do papel: a escultura de João Limpinho inspirada na arte aos quadradinhos. Não menos interessantes serão as caricaturas em arame do artista com o sugestivo nome de guerra de Zé dos Alicates, em exposição nos Recreios da Amadora. No piso dedicado a Portugal haverá espaço para uma mostra do vencedor do Prémio de melhor desenho de autor português de 2005, Filipe Abranches, que, este ano, realizou a imagem de base do festival. Outros 17 autores portugueses contemporâneos estarão em destaque, assim como a obra Decálogo, com argumento de Frank Giroud. Finalmente, Os Lusíadas de José Ruy fazem parceria com a versão recém-editada do brasileiro Lailson. • T Luís Pedro Oeiras Fernandes I Filipe Abranches Além fronteiras 34 º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE ANGOULÊME Angouême França 25 > 28 Jan www.bdangouleme. com A ideia é ir construindo, ao longo das edições do Festival internacional de BD de Angoulême, uma espécie de enciclopédia ilustrada e imaginária de um universo que apaixona milhões de fãs em todas as latitudes. De resto, este ambicioso projecto, que tem a sua primeira parte em 2007, não pretende restringir-se aos principais focos da BD, o franco-belga, o anglo-saxónico e o japonês. Vai em busca de novos «horizontes», de riscos e rabiscos que extravasem fronteiras e continentes. Esse mesmo objectivo está na origem de uma das principais exposições da 34.ª edição do festival, dedicada à BD chinesa, com muitos segredos e técnicas revelados. Ainda em evidência vão estar Hergé, o criador de Tintin, para celebrar o centenário do seu nascimento, e Kid Paddle, o famoso e irreverente personagem que insiste em confundir jogos de vídeo com jogadas da vida real. • T RD Kid Paddle Para assinalar a universalidade da banda desenhada, o maior festival dedicado à nona arte decidiu organizar uma exposição que evoca a história, os argumentistas, os ilustradores e as personagens deste mundo feito de quadradinhos. O Estado da Arte Chicas sobre verdes, 2005, de Eva Navarro É única no género, mas isso não lhe retira mérito, nem destaque no calendário das artes plásticas nacionais. Antes pelo contrário: uma vez por ano, galerias de todo o país, com alguns convidados pelo meio, reúnem-se para avaliarem o estado da arte. Artistas, obras, tendências, vanguardas e continuidades na maior sala de exposições de Portugal. Depois do sucesso da edição passada, a Arte Lisboa — Feira de arte contemporânea regressa ao pavilhão quatro da FIL, entre os próximos dias 8 e 13 de Nov. O aumento da participação portuguesa — de 42 para 65 galerias — é a principal novidade deste ano. Estreiam-se nestas lides a MCO, a Monumental, a Pluba, a Sete, a Sopro e a Trema, cujo protagonismo tem vindo a acentuar-se, nomeadamente na divulgação de jovens artistas. A Os caminhos da Luzboa Nos últimos 10 dias de Setembro, Lisboa deixou-se encandear pela II Bienal Internacional da Luz, um evento para maiores de oito anos que chamou à rua cerca de 450 mil pessoas, segundo a organização. representação estrangeira é assegurada por uma embaixada espanhola constituída por 13 expositores, os mesmos que o ano passado, e por galerias do Brasil, da Alemanha, Hungria, México e Cuba. Ao nível das actividades paralelas, é visível uma aposta no reforço do Clube do Coleccionador, lançado na edição anterior, que fornece condições especiais a instituições e coleccionadores que mostrem intenção de adquirir obras durante a feira. Foi o que fizeram, por exemplo, a Fundação PLMJ, da sociedade de advogados homónima, e a Liberty Seguros, que se comprometeram com um investimento na ordem dos 30 e 20 mil euros, respectivamente. À Arte Capital, uma revista electrónica dedicada às artes plásticas (www.artecapital.net), coube a organização do ciclo de debates, este ano dedicado às plataformas digitais na era do excesso de informação, à dicotomia entre periferia e centro, ao coleccionismo, aos artistas emergentes, à singularidade da fotografia, à arte digital e às relações entre o verbo e a figuração plástica. Para os mais novos – dos três aos 12 anos – o espaço Arte Kids, uma das felizes novidades da edição transacta, proporciona visitas guiadas, jogos lúdicos e a oportunidade de criaram também eles uma obra de arte. Porque, uma vez por ano, artista é quem vende, quem compra, quem vê. No fundo, quem gosta de arte contemporânea. • T Ricardo Duarte Nesta segunda edição, a Luzboa recebeu o dobro do público que tinha acolhido em 2004, embora fora das contas estejam ainda os lisboetas que podem continuar a visitar o Museu do Triciclo, instalado num contentor na Praça do Comércio até ao final de Outubro. Do Luzboa destacaram-se sobretudo as intervenções na via pública. Suspensos em árvores, projectados em edifícios ou traçados em muros, foi possível ver um total de 24 trabalhos, submetidos ao tema A arte atravessa contigo a noite. Já com o sol-posto, entre as 20h e a meia-noite, candeeiros vermelhos, verdes ou azuis estiveram sempre acesos, desenhando três percursos diferentes que os transeuntes eram convidados a seguir para conhecer as obras de iluminação. Durante duas horas, o público podia caminhar, por exemplo, do Príncipe Real ao Largo Camões. A viagem iniciava-se com a peça checa Coração, de Jana Matejkova, em que a reprodução de um electrocardiograma através da luz dominava o jardim. Depois, seguia com um espectáculo produzido por uma centena de lanternas intermitentes, no miradouro de São Pedro de Alcântara. Mais tarde, terminava no Largo da Trindade com um surpreendente jogo de luzes dentro de uma pequena casa feita de ripas. Já no Chiado, quem decidiu percorrer o circuito verde ficou admirado com os mendigos-actores, compondo a intervenção Misérias Ilimitadas, do autor espanhol Javier Nuñes, e contemplou também, no Largo Camões, La Lune, um balão insuflável iluminado. Outro trajecto possível passava pelas escadinhas de São Cristóvão, onde dezenas de telas, assinadas pelos belgas Het Pakt, mostravam os rostos dos moradores daquela zona carismática ao som de um fado interpretado por residentes do bairro. Para além disso, foram organizadas várias visitas guiadas pelas ruas da capital, como a jornada de autocarro Ceci n’est pas un bus também do trio Het Pakt, em que os viajantes de olhos vendados despertavam no final do caminho num veículo completamente transfigurado pela projecção de imagens. • T Carla Martins Ramos ARTE LISBOA — FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA Lisboa 8 > 13 Nov www.artelisboa.fil.pt BIENAL INTERNACIONAL DA LUZ – LUZBOA 2006 Lisboa 21 > 30 Set www.luzboa.com 22|23 Stand Buy Chama Talento Depois de estar presente em Madrid, Barcelona, Nova Iorque ou Paris, a conhecida marca espanhola Menkes passa a ter representação em Portugal através da Chama Talento, uma excelente notícia tanto para profissionais quanto para entusiastas da dança clássica e contemporânea, de salão, de flamenco, de sevilhanas e de ginástica rítmica. Outra especialidade da Chama Talento passa pelo calçado para Drag-queens, fabricado de forma artesanal nas oficinas da Menkes. Além disso, a confecção de vestuário apropriado a espectáculos de teatro, ópera, cinema, televisão, campanhas publicitárias e trajes especiais de época está agora acessível na loja da Chama Talento. www.chamatalento.com Rua do Ferragial, n.º3, Lisboa Alga Zarra Muito mais do que uma marca, Alga Zarra é uma criação de Ana Araújo, pianista com formação clássica e licenciada em Jazz pela Berklee College of Music. Falamos de peças únicas de artesanato contemporâneo, imaginadas e concebidas por esta artista dotada. Qual foi a última vez que compraram malas, bolsas, almofadas, bonecos ou porta-chaves em formato “alga” ao som de um inédito e refinado jazz? O natal está à porta e estes são presentes originais. www.algazarra.org Cinecittá Pequena cidade do cinema O que fazem François Truffaut, Luchino Visconti, Woody Allen, Marlon Brandon, Russ Meyer todos juntos? Moram nas prateleiras do cantinho mais cinematográfico de Lisboa, a loja Cinecittà. Desde os tempos de universidade que Vasco Menezes, de 28 anos, sonhava abrir a sua loja de cinema. E conseguiu-o há um ano atrás. Fica perto do cinema King e pretende «criar um espaço de culto e de referência para quem goste de cinema, celebrando o poder iconográfico da 7ª Arte, nas suas mais diversas manifestações» diz o ex-crítico de cinema do Público. E clientes não faltam, «há várias pessoas que criaram o hábito de frequentar a Cinecittà para se “abastecerem” cinematograficamente, o que pode ser visto como a prova de que a criação do tal “espaço de culto e referência” está de facto a ser feita», afirma o lojista. Mas ao contrário do que o nome indica, esta não é uma loja de cinema italiano. Pelo contrário, este nome tem outra história. «Cinecittà foi aquele a que achei mais piada, talvez por a loja ser, no fundo, como uma pequena cidade do cinema», conta Vasco. Esta cidade tem de tudo e os produtos importados de merchandising são a grande atracção: dvd’s para comprar ou alugar, do clássico ao fantástico, da série B ao underground, passando pelo cinema de autor; postais; posters; t-shirt’s, fotografias, mousepads. Com vista a conquistar novos públicos, novos produtos: pins, blocos de notas, bases para copos, cigarreiras e art prints (mini posters impressos em cartolina A3). Vasco é a única pessoa atrás do balcão, algo que diz ser «bastante extenuante», mas o importante e o que lhe dá mais prazer é a possibilidade de criar um ambiente pessoal, pois pretende «algo que não seja apenas mais uma loja mas também um local de convívio e de troca de ideias por quem partilha as mesmas paixões. E o atendimento personalizado é um elemento essencial nesse objectivo», salienta. No futuro Vasco Menezes gostaria de abrir uma ou mais lojas em Lisboa e/ou no resto do país. «Espero que possa vir a acontecer, dentro da linha de crescimento e afirmação de uma identidade própria da Cinecittà, e a consequente chegada a um público cada vez mais vasto, objectivo que a meu ver tem de facto pernas para andar», afirma o proprietário. T. Catarina Medina www.cine-citta.net Cinecittà Av. Sacadura Cabral 4 Tori Amos Rhino Records, €60 Uma antologia de carreira da cantora/compositora Tori Amos com temas escolhidos pela própria ao longo de 5 CDs. Duas surpresas: contém muitas faixas inéditas e a caixa tem o formato de um teclado de piano! Caminhos da Arte Portuguesa Caminho, €9,90 cada Felizmente, ainda há editoras que ousam. E a Editorial Caminho arriscou mesmo ao decidir publicar um conjunto de 42 livros sobre os principais artistas portugueses do século XX, com textos de especialistas e reproduções de obras. Armando Alves, Pedro Proença e Pedro Cabrita Reis são os últimos números editados (26, 27 e 28, respectivamente). The Information Quinze canções com produção de Nigel Godrich (Mutations, Sea Change), num disco que demorou 3 anos a ser preparado. Como bónus, Beck junta um DVD com telediscos caseiros para cada tema do álbum e autocolantes para que a capa seja elaborada com a colaboração dos fãs. O Silêncio de… Rui Chafes Assírio & Alvim, €18 Se Durante o fim, sobre as três exposições simultâneas que teve em Sintra, já era um livro de uma sensibilidade extraordinária, O Silêncio de… não lhe fica atrás. Sublinha, aliás, a importância de Rui Chafes no panorama da escultura nacional e internacional. Mas desta vez não são as obras que nos impressionam, antes os textos aqui coligidos, escritos pelo próprio autor ao longo dos últimos anos. Um monumento à volumetria da escultura. LIVROS Beck Interscope, €15 Re-cycle Pang Brothers R3, Universe, €18 Orphans Tom Waits Anti, €40 Uma retrospectiva com um conceito diferente do habitual: trinta temas novos, versões de Ramones, Daniel Johnston, Kurt Weill & Bertolt Brecht e Leadbelly, arrumados em 3 discos temáticos e um livro de 94 páginas com vinte páginas de fotos inéditas. L’Univers 12Twelve Acuarela Discos, €15,90 Descrevendo a sua música, os espanhóis 12Twelve não usam nunca a palavra jazz. “Música instrumental, com boa dose de improviso”, dizem. Mas é óbvio por demais: “L’Univers”, o quarto disco dos 12Twelve, é uma excelente proposta de jazz europeu, com notória influência nórdica. Novo conto de horror dos criadores da série de filmes “The Eye”. Desta vez, os irmãos Pang oferecem-nos um verdadeiro relicário de fantasmagoria. The L Word Séries 1, 2 e 3 R1, Showtime, €110 Humor, drama e a vida agitada de um grupo de lésbicas, dos seus amigos, familiares e vizinhos em Los Angeles. “A Letra L” é aquela série imperdível de quem toda a gente fala, um sucesso da 2:. Manderlay Lars Von Trier R2, Ifc, €18 Segunda parte da trilogia que Von Trier dedica aos EUA, depois de “Dogville”, com Bryce Dallas Howard no papel de Grace. Danny Glover e Willem Dafoe também integram o elenco, num filme de 2005 inédito em Portugal. DVD’S CD’S A Piano The Collection Blog do jornalista António Pires, com atenção especial à música do mundo e aos artistas portugueses. www.myspace.com/ lindamartini Indie Rock com qualidade e cantado em português. Neste sítio é possível escutar os temas Cronófago, Lição de Voo n.º 1, Efémera e Amor Combate, para além de obtermos todas as informações sobre o álbum de estreia Olhos de Mongol. juramentosembandeira.blogspot.com Blog de Vítor Junqueira, um ponto de passagem obrigatório para quem gosta de música. MYSPACE BLOGS raizeseantenas.blogspot.com www.myspace.com/ burakasomsistema santosdacasa.blogspot.com Blog de Fausto Silva e Nuno Ávila, com base no programa da RUC com o mesmo nome; essencial para quem segue bem de perto a música portuguesa. lisboa: Kuduro progressivo? Baile Funk contextualizado? Kizomba e Techno? Clube Mercado e Lux totalmente ao rubro com DJ Riot, Lil John, Conductor, Petty e Kalaf? Hype confirmadíssimo na audição dos temas Buraka Entra, Yah, Com Respeito e Sem Makas, do EP de estreia From Buraka To The World. www.clubemercado.blogspot.com www.santiagoalquimista.com www.incognitobar.com www.myspace.com/ norton porto: www.maushabitos.com www.pitch-club.com BARES Tendinha dos Clérigos R. Conde Vizela, 78/82, Porto «Até ao momento, o sucessor de Pictures From Our Thoughts ainda não tem nome, e só um dos temas tem o título definido, alguns de vocês devem lembrar-se dele dos últimos concertos, Frames Of Yourself», afirmam os Norton, uma das mais interessantes bandas nacionais pós-2000, na entrada para o estúdio onde se preparam para gravar o segundo disco de originais. www.youtube.com/ watch?v=onLbeuEqNIE www.youtube.com/ watch?v=vToIbZRRxlw Darth Vaders há muitos, mas nenhum como este. É gestor de dia, até ser relegado para a noite, num supermercado de província e sonha com um grande império. Tem poderes especiais, mas falta-lhe habilidade para relações sociais. Aqui, nem a força lhe vale… www.youtube.com/ watch?v=7ENdnptHVps O último adepto do União da Madeira procura desesperadamente evitar a extinção da sua espécie. Uma produção nacional que surpreende pela qualidade técnica. Merece ser visto. YOUTUBE www.youtube.com/ watch?v=Br0DNBhx9ts Tem a certeza que sabe tudo sobre Jesus Cristo? Numa época de tantas conspirações, estes dois vídeos trazem à superfície a verdade mais que verdadeira... São duas pérolas do grande oceano do You Tube Última hora Número Projecta – Festival Internacional de Artes Multimédia, Cinema e Música de Lisboa aniversário, há tempo para recuperar dez filmes que passaram pelos ecrãs de Espinho. Lisboa • 2 a 12 Nov • www.numero-projecta.com Uma nova designação, resultado de uma parceria com a produtora Netamorphose, uma nova casa, o S. Jorge, e uma nova programação. O Festival Número está diferente, mas mantém os mesmos objectivos: a promoção da multimédia (vídeo, cinema e artes de vanguarda) e da cultura numérica, onde imagem e som são indissociáveis. A programação deste ano integra actuações de conceituados DJ’s e VJ’s, concertos de música electrónica, filmes concertos, mostras de vídeo arte e ciclos de cinema de vanguarda. Festival Internacional de Cinema do Funchal Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto Porto • 19 Fev a 4 Mar • www.fantasporto.com Ainda faltam muitos meses para o próximo Fantas, mas já começaram a ser divulgadas algumas novidades para abrir o apetite. Uma retrospectiva do cinema russo, a Grécia como país homenageado e uma viagem pelos filmes produzidos por Marin Karmitz. Entre as ante-estreias, destaque para The Foutain, de Darren Aronofsky, Isabella, de Ho Cheung Pang, The Host, de Bong Joon-Ho, ou Ausentes, de Daniel Calparsoro. Não faltam desculpas para encher mais uma vez o Rivoli Teatro Municipal, nesta 27.ª edição do mais popular festival português. Funchal • 13 a 19 Nov • www.funchalfilmfest.com A decorrer em dois recintos, no Teatro Municipal Baltazar Dias e no Cinemax, esta 2.ª edição homenageia o actor madeirense Virgílio Teixeira, popular figura do cinema português, sobretudo nas décadas de 40 e 50. Eternidade, de Quirino Simões, de 1995, é o seu último filme. Na secção retrospectiva a atenção vira-se para a francofonia, com a projecção da 7.ª Festa de Cinema Francês, organizada pelo Instituto Franco Português. As manhãs do festival serão dedicadas ao público juvenil com o programa Animarte. Na secção oficial Filmes do Atlântico concorrem películas de vários países. Mas apenas uma receberá a Caravela de Ouro. Festival Audiovisual Black & White Porto • 19 a 21 Abr 2007 • www.artes.ucp.pt/b&w A data limite de inscrição de obras é dia 23 de Fev (6.ª). O regulamento e a ficha de candidatura já estão disponíveis no sítio de Internet. Organizado pela Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, este festival, na sua 4.ª edição, tem como principal objectivo divulgar artistas, e em especial novos talentos, que «usam a estética a preto e branco para exprimir uma ideia peculiar que seria deturpada pelo uso da cor». FIKE – Festival Internacional de Curtas-metragens de Évora Indie Lisboa – Festival Internacional de Cinema Independente Évora • 17 a 25 Nov • www.fikeonline.net Lisboa • 19 a 29 Abr 2007 • www.indielisboa.com Organizado pelo Páteo do Cinema da S.O.I.R. Joaquim António de Aguiar e pelo Cineclube da Universidade de Évora, o FIKE conjuga dois conceitos: a exibição de curtas-metragens, em espaços competitivos e temáticos, e a promoção de actividades culturais. Para esta 6.ª edição, foi criada uma competição especial para celebrar o 20.º aniversário da elevação de Évora a Património da Humanidade. Um conjunto de curtas focará, nesse sentido, a herança cultural dos povos. Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho Espinho • 6 a 12 Nov • www.cinanima.pt Trinta anos são trinta anos. E como os 18, também só se comemoram uma vez. No caso do Cinanima talvez se possa dizer que não. Em 2006, aquele que é um dos mais antigos festivais de cinema de animação do mundo assinalou a sua 30.ª edição. Agora é a vez das bodas de prata mais cinco anos. Enfim, tudo pretextos para ver boas curtas e longas metragens. Além das competições, com 84 filmes, a programação inclui ciclos dedicados ao Magreb, a Mozart e à poesia. Em época de Já começaram a ser angariados os mais de 20 mil euros que constituem o atractivo rol de prémios do Indie Lisboa. O período de candidatura já abriu e prolonga-se até 16 de Fev (6.ª). As inscrições podem ser feitas através do sítio da Internet. O festival, que vai na 4.ª edição, mantém a sua estrutura: uma competição com primeiras e segundas obras, um observatório para os filmes dos mais relevantes cineastas contemporâneos, e um laboratório que explora novos territórios no cinema. Há, ainda, lugar para mais um herói independente e para um Indie Júnior, um realizador em início de carreira. Curtas Vila do Conde Vila do Conde • 7 a 15 Jul 2007 • www.curtasmetragens.pt Animações, Documentários, Filmes Experimentais, Ficções e Vídeos Musicais, em 16mm, 35mm ou BETACAM SP/Pal, produzidos em 2006 ou 2007, com menos de 60 minutos, de preferência com legendas em Português ou Inglês. Aceita-se quase tudo na 15.ª edição do maior festival de curtas-metragens de Portugal. As inscrições para a Competição internacional acabam no 13 Abr (6.ª), e para a nacional, dia 25 Mai (6.ª). 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 . www.airjamaicajazzandblues.com 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Clermont- Ferrand Short Fim Festival . www.clermont-filmfest.comcinemasitges.com Air Jamaica Jazz and Blues Festival Festival International de la bande desinée d’Angoulême . www.bdangouleme.com International Film Festival Rotterdam . www.filmfestivalrotterdam.com Solothurn Film Festival . www.solothurnerfilmtage.ch The Northern Lights Festival Tromsø . www.nordlysfestivalen.no Festival Premiers Plans . www.premiersplans.org Sundance Film Festival . www.festival.sundance.org/2007 Heritage Blues Festival . www.heritageblues.com Festival in the Desert Tours . www.sagatours.com Barbados Jazz Festival . www.barbadosjazzfestival.com Hokitika’s Wet West Film Festival . www.wetwestfilmfest.com/pages/festival 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Janeiro 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Artes Performativas Artes Performativas 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Cinema Música 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Oslo World Music Festival . www.world-music.no mostra-TE - Mostra de Teatro Jovem de Lisboa . www.lxjovem.pt Quinzena de Dança de Almada . www.cdanca-almada.pt London Balboa Festival . www.londonbalboafestival.co.uk OuTonalidades . www.dorfeu.com Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora . www.amadorabd.com Cine’Eco - Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela . www.cineeco.org DocLisboa - Festival Internacional de Cinema Documental . www.doclisboa.org Kosmopolis - Fiesta Internacional de la Literatura . www.cccb.org/kosmopolis The Times BFI London Film Festival . www.lff.org.uk Festivale Internazionale di Cinema et Donne . www.laboratorioimmaginedonna.it Norwich International Animation Festival . www.niaf.org.uk Fade in Festival . www.fadeinfestival.com Viennale - Vienna International Film Festival . www.viennale.at Festa Internazionale del Cinema di Roma . www.romacinemafest.org Festival O gesto Orelhudo . www.dorfeu.com Melbourne International Arts Festival . www.melbournefestival.com.au Lesben Film Festival Berlim . www.lesbenfilmfestival.de Recontres Internationales du Cinéma des Antipodes . www.festivaldesantipodes.org Otoño Aficionado - Festival de Teatro No Profesionale . www.festivales.com/torrelavegaaficionado Wiesbaden International Weekend of Animation . www.filme-im-schloss.de Sitges - Festival Internacional Cinema Catalunya . www.cinemasitges.com Festival Internacional do Teatro Cómico da Maia . www.teatroartimagem.org Barreiro Rocks . www.barreirorocks.com Marionetas na Cidade - Festival Nacional de Teatro de Marionetas . www.samarionetas.com Docupólis - Festival Internacional Documental de Barcelona . www.docupolis.org Festa do Cinema Francês . www.ifp-lisboa.com Festival Internacional de Jazz de Angra do Heroísmo . www.angrajazz.com Festival Temps d’Images . www.tempsdimages.org Dublin Theatre Festival . www.dublintheatrefestival.com Imago - Internacional Young Film Festival . www.imagofilmfest.com Festival SONDA . www.festivalsonda.com 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Outubro Novembro 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Dezembro 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 International Women’s Film Festival KIN . www.liza.am 01 Festival SONDA . www.festivalsonda.com 14 15 17 Cairo International Film Festival . www.cairofilmfest.com 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 23 Out. - 23 Dez. Música OuTonalidades . www.dorfeu.com Cairo International Film Festival . www.cairofilmfest.com 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Festival Internacional de Cine Documental y Cortometraje de Bilbao . www.zinebi.com IDFA - Internacional Documentary Festival Amsterdam . www.idfa.nl Festival Internacional de Cine de Gijón . www.gijonfilmfestival.com BAC! - Festival Internacional de Arte Contemporáneo . www.lasanta.org Otoño Aficionado - Festival de Teatro No Profesionale . www.festivales.com/torrelavegaaficionado Barcelona Hayride . www.bcnhayride.es International Film Festival of Kerala . www.keralafilm.com Rencontres Transmusicales . www.lestrans.com Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano . www.habanafilmfestival.com Festival de Cortometrajes Playa de las Americas - Arona . www.arona.org Tirana International Film Festival . www.tiranafilmfest.com Festival Tous Courts . www.aix-film-festival.com Nippon Koma - Festival de Cinema Japonês . www.culturgest.pt/actual/nippon_koma.html Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira . www.cineclubedafeira.net Beyond Media Festival . www.beyondmedia.it Numero Festival . www.numerofestival.com Wintercase - Festival Itinerante de Música Independente . www.wintercase.com Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação . www.cinanima.pt Festival Internacional de Cine Lésbico y Gai de Madrid . www.lesgaicinemad.com Guimarães Jazz . www.jazzportugal.ua.pt Festa do Cinema Francês . www.ifp-lisboa.com Rencontres Internationales du Documentaire de Montréal . www.ridm.qc.ca Torino Film Festival . www.torinofilmfest.org L’Alternativa - Festival de Cinema Independent de Barcelona . www.alternativa.cccb.org Festival Européen du Film Court de Brest . www.film-festival.brest.com Festival International du Film d’Amiens . www.filmfestamiens.org 13 18 Festival Internacional de Cine Documental y Cortometraje de Bilbao . www.zinebi.com Seixal MetalFest . www.seixal-metalfest.pt.to IDFA - Internacional Documentary Festival Amsterdam . www.idfa.nl Festival Internacional de Cine de Gijón . www.gijonfilmfestival.com BAC! - Festival Internacional de Arte Contemporáneo . www.lasanta.org One Take Film Festival . www.onetakefilmfestival.com Cinemad - Festival de Cine Independiente y de Culto . www.cinemad.org Mostra de Cinema Africano . [email protected] FIKE - Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora . www.fikeonline.net BAF - Bradford Animation Festival . www.nmpft.org.uk/baf/2006/home.asp Barcelona International Television Festival . www.oeti.org Festival Internacional de Cinema do Funchal . www.funchalfilmfest.com Otoño Aficionado - Festival de Teatro No Profesionale . www.festivales.com/torrelavegaaficionado The Times BFI London Film Festival . www.lff.org.uk 11 16 Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora . www.amadorabd.com OuTonalidades . www.dorfeu.com Quinzena de Dança de Almada . www.cdanca-almada.pt 10 12 mostra-TE - Mostra de Teatro Jovem de Lisboa . www.lxjovem.pt 02 03 04 05 06 07 08 09 Oslo World Music Festival . www.world-music.no 01 4º Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa 20 29 Outubro - Culturgest ANTESTREIAS WORKSHOPS PARA ONDE VAI ENCONTROS E DEBATES O DOCUMENTÁRIO PORTUGUÊS? SESSÕES ESCOLARES INVESTIGAÇÕES OFICINAS DE CINEMA O NOVO DOCUMENTÁRIO JAPONÊS LISBON DOCS: FÓRUM DE RETROSPECTIVAS FINANCIAMENTO E CO-PRODUÇÃO SESSÕES ESPECIAIS DE DOCUMENTÁRIOS MASTERCLASSES VIDEOTECA LOUNGE www.doclisboa.org Em Outubro, o mundo inteiro cabe em Lisboa Apordoc - Associação pelo Documentário - Rua dos Bacalhoeiros, 125 – 4º 1100-068 Lisboa – Portugal T.+F. +35121 887 16 39 [email protected] GÉRARD CASTELLO LOPES COMPETIÇÃO INTERNACIONAL