Santa Casa da Misericórdia de Aveiro
Transcrição
Santa Casa da Misericórdia de Aveiro
N.º 47 + Janeiro A Março 2014 Santa Casa da Misericórdia de Aveiro Editorial A Dom António Francisco Guardo no coração a pedagogia vivida: chegar como quem aprende, observar como quem se maravilha, acompanhar como quem aceita ritmos diferentes, ponderar como quem quer tomar decisões acertadas, situar-se à frente, no meio ou atrás como quem preza sobretudo a comunhão, rasgar horizontes como quem sonha com o futuro emergente no quotidiano e no modo como é vivido. Georgino Rocha, capelão da SCMA A notícia vinha correndo e acabou por chegar a confirmação: o nosso Bispo, Dom António Francisco, dará entrada na diocese do Porto nos primeiros dias de Abril. A sua chegada a Aveiro coincidiu com a primeira eleição da atual Mesa Administrativa e, desde o primeiro contacto, assumimos que estava ali quem nos podia escutar, aconselhar, indicar caminhos e, sobretudo, ensinar. Os nossos encontros, previstos para serem breves, ultrapassavam uma hora e jamais esquecerei o conforto que aqueles momentos me proporcionaram. O nosso Bispo deu-nos o prazer e a honra de estar connosco em todos os atos importantes desta Santa Casa, sendo enorme a Provedor confiança e segurança que nos transmitiu. Fazemos nossas as palavras do nosso Capelão como sincero reconhecimento por tudo quanto nos deu. Obrigado Dom António Francisco. A sua passagem por estas terras foi breve mas ficará sempre nos nossos corações. Sabemos que leva um pouco deste povo empreendedor. Os nossos desejos dos maiores êxitos no seu apostolado, estando certos que não deixaremos de nos encontrar enquanto andarmos nestas coisas da solidariedade, pois parte substancial do distrito ficará à sua guarda. Pensamos ter dado o passo definitivo para por em andamento a segunda fase da obra Irmãos Rangel, uma vez que nos foi dada a necessária autorização dos irmãos para concluirmos o processo de garantias ao empréstimo Jessica/CGD. Foram trabalhosas negociações. Mas a obra tem de ser concluída e essa motivação fez-nos andar para a frente mesmo mordendo o lenço. Nunca será por demais apelarmos à presença dos irmãos nas nossas instalações e, sobretudo, nas assembleias gerais. Necessitamos de opiniões, reparos e conselhos pois os tempos que atravessamos assim o exigem. Precisamos de ultrapassar os condicionalismos que nos vem sendo colocados ao arranque dos projetos que temos em carteira: Casa do Seixal, Unidade de Cuidados Continuados e Solar de Sarrazola. Como lembrou Bento XVI “A urgência não está inscrita só nas coisas, não deriva apenas do alcançar dos acontecimentos e dos problemas, mas também do que está em jogo”. Março 2014 O Provedor Lacerda Pais 1 Sede COMEMORAÇÃO DOS 515 ANOS DA MISERICÓRDIA DE AVEIRO A origem da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro está ligada à fundação da primeira Irmandade da Misericórdia, na Sé de Lisboa a 15 de Agosto de 1498, por iniciativa de D. Leonor de Lencastre. Esta nova confraria regia-se por princípios estabelecidos no seu "Compromisso", o qual foi aprovado por D. Manuel I e confirmado pelo papa Alexandre VI. Ao longo destes últimos cinco séculos tem a Misericórdia de Aveiro vindo a prestar apoio aos mais necessitados, cumprindo assim com o preceituado nas 14 obras de misericórdia. Não obstante as vicissitudes da história do país terem condicionado uma ação menos abrangente, resistiu e manteve-se inabalável no cumprimento integral de tais preceitos. É pois de assinalar tão longa e dedicada existência. Nesse sentido, teve a Mesa Administrativa a gentileza de oferecer aos Irmãos da Misericórdia e cidadãos de Aveiro um programa de atividades de índole cultural e cultual, que decorreu ao longo de três meses. Assim, a 3 de Novembro, deu-se início às cerimónias comemorativas com um discurso de abertura do Provedor Dr. Lacerda Pais seguido de uma comunicação a marcar os 10 anos de aniversário do restauro do órgão de tubos, pelo Prof. Domingos Peixoto. O Padre Georgino Rocha presidiu à habitual Missa Dominical acompanhada pelo Coro da Misericórdia e pela organista Dra. Marília Canhoto. Esta cerimónia culminou com a apresentação do Hino da Misericórdia de Aveiro, com texto de Eugénio Beirão, música de João Gamboa e acompanhamento de Domingos Peixoto. A 16 de Novembro, esteve uma vez mais o centenário órgão de tubos em destaque pela mão do organista Nuno Alexandrino, acompanhado por Paulo Margaça no trompete piccolo, com um repertório de música clássica adaptado à temática da comemoração do aniversário da Santa Casa. Na segunda parte do concerto, e inspirados na herança histórica da Santa Casa e na antífona “Onde há caridade e o amor, Deus está presente”, o grupo coral Voz Nua apresentou obras como ‘Ubi Caritas’ do Maurecie Durufle, ‘Bogoroditse Devo’ de Sergei Rachmaninoff, numa versão do ‘Ave Maria’, escrita no século XX e ‘Beatus Vir’ do compositor Claudio Monteverdi. Ainda com a colaboração do grupo coral Voz Nua, sob a orientação da maestrina Aoife Hiney, decorreu na Igreja da Misericórdia um concerto de Natal com a especial participação dos alunos do Centro Infantil de Aveiro (SCMA). Por forma a fundamentar documentalmente a atividade da Instituição nos últimos 515 anos, realizou-se uma exposição na qual se assinalaram alguns momentos de interesse histórico, cujos registos avivam a memória do papel assistencial desta instituição de solidariedade, a sua importância, determinação e espírito perseverante para com o povo da região. Foram vários os documentos expostos, que integram o acervo documental histórico da Misericórdia, como atas de reuniões de mesa, compromissos, registos de Irmãos, legados de benfeitores e registos de propriedades. Para finalizar esta data tão significativa para a história da instituição, não poderíamos deixar de homenagear os Provedores que por ela passaram e que a mantiveram viva. Essa homenagem concretizou-se com uma exposição intitulada “Os Provedores da Misericórdia”, na qual foi possível conferir, através de uma linha cronológica, os mandatos para os quais foram eleitos ou nomeados, e lembrá-los pelos retratos da nossa Galeria de Provedores. 2 Detalhes da Cerimónia e Inauguração da Exposição 3 Casa da Cruz Atelier de coroas/ Cavalgata Festejámos a cavalgata: festa popular em Espanha que celebra a chegada dos Reis à cidade para distribuir os presentes pelas crianças. A cavalgata, na nossa Instituição consistiu na realização de coroas e a elaboração de postais. As crianças juntaram-se por valências para trocar os postais com os outros amigos. Depois da troca dos postais fomos à sala do Polivalente para assistir a um teatro feito pela Educadoras sobre a Lenda do Bolo-Rei. Troca de postais com os amigos Teatro a Lenda do Bolo-Rei Hora do conto Foi no passado dia 27 de Fevereiro, que a nossa escolinha recebeu a visita de dois contadores de histórias da editora Estação das letras – o Tiago e o Paulo. No período da manhã, as crianças das salinhas dos 12/24 meses, dos 12/36 meses e dos 24/36 meses ouviram e viram a dramatização da história Artur e os três porquinhos. Estiveram com muita atenção e curiosidade durante toda a história para acompanharem o desenrolar da mesma e, também, para ficarem a saber qual o desfecho, pois esta história tinha um personagem muito especial: o Artur, o pequeno pintainho. Era visível a atenção prestada A história, Artur e os três porquinhos, contada pelo Tiago e o Paulo 4 S. Gonçalinho Em janeiro festeja-se o S. Gonçalinho, uma festa muito popular para os aveirenses que a vivem de uma forma intensa durante os 5 dias que lhe são reservados. Este ano a Festa de S. Gonçalinho decorreu do dia 9 a 13 de janeiro. As crianças do Pré escolar foram a Aveiro assistir às atividades do “S. Gonçalinho para as crianças”, que decorreu no dia 13 de janeiro. Viram uma peça de teatro, animação de palhaços e foram distribuídas cavacas. Uma tradição que se cumpre todos os anos com muita alegria Festival “Unidos com Europa” No Festival, que decorreu no dia 30 de janeiro, foram representados alguns países europeus: Portugal, Espanha, Itália, França e Reino Unido. As apresentações pautaram-se pela diversidade e transmitiram claramente parte do conhecimento adquirido durante este mini projeto. Não há dúvida que as crianças se empenharam na preparação deste evento. No final de cada atuação sentia-se a satisfação no ar. A sala 12/24 meses representou o “Flamenco”. A sala dos 12/36 meses a Dança: “Tarantella”. A sala dos 24/36 meses: Dança: “Malhão”. “A sala dos 3/5 anos a canção: “How many fingers do you have” e a sala dos 4/5 anos a canção de embalar: “Frère Jacques”. 5 Hora do conto no Pré Escolar Durante uma tarde chuvosa de Fevereiro, as crianças do Pré escolar viram três histórias animadas pela “Estação das letras”: “O capuchinho vermelho”, “Corre, corre, cabacinha” e “ Os três porquinhos”. Viram as histórias dramatizadas de várias formas: com fantoches, projetadas no teto e encenadas pelo ator Tiago Duarte. Comemoração do Dia dos Namorados – oferta de amuletos da sorte A pretexto de comemorar o dia dos namorados, organizámos uma celebração diferente do que se faz habitualmente, porque iniciámos o período dedicado às temáticas referentes ao continente africano. Neste dia especial, as crianças agruparam-se por valência, ora na sala dos dois anos (creche), ora no salão (préescolar), onde receberam a visita da deusa Ísis, interpretando um importante ritual egípcio, do tempo dos faraós. Esta personagem, que representava os valores da amizade e do afeto para o povo do Egipto, distribuiu a cada criança um amuleto e muitas mensagens de boa sorte. Todas as crianças receberam, assim, um coração, que é símbolo universal dos afetos e passaram o Dia de S. Valentim com a sua auto estima em alta. A visita da deusa Ísis, cumprindo um importante ritual do tempo dos faraós Diferentes formas de ouvir e ver as histórias representadas. Distribuição do amuleto, mas também de mensagens de boa sorte 6 A deusa Ísis oferece um coração, símbolo universal dos afetos Conto “A árvore generosa” Os pais aderiram em força ao convite feito pela editora Estação das Letras e no fim da tarde, do dia 27 de Fevereiro, vieram à Casa da Cruz para ouvirem e verem a dramatização da história “A árvore Generosa”. Este livro é o mais conhecido do escritor e ilustrador norte-americano Shel Silverstein. O clássico, escrito em 1964, comoveu gerações com a história de uma árvore e um menino. Com poucas palavras, Silverstein fala da relação entre o homem e a natureza, onde uma árvore oferece tudo a um menino, que a deixa de lado ao crescer, ao mesmo tempo que se torna num homem egoísta. Mas para agradar ao menino que ama, a generosidade desta árvore não tem fim - ainda que isto signifique a sua própria destruição. Os pais juntarem-se aos seus filhos para ouvirem e verem a dramatização da história “A árvore Generosa” Desfile de Carnaval O Continente Africano foi o Rei do nosso Carnaval, que saiu à rua no passado dia 28 de Fevereiro. Pelos passeios de Esgueira desfilaram girafas, leões, zebras e faraós. Esta foi mais uma ótima oportunidade de contactar com a comunidade envolvente e de dar visibilidade aos projetos desenvolvidos na Casa da Cruz, destacando o pleno envolvimento das crianças. Aproveitamos para agradecer a todos os que acompanharam e colaboraram no desfile, em especial aos pais. Duas fortes qualidades aliam-se neste livro. O facto de abordar questões fundamentais como o tempo, a morte, a vida, a relação amorosa e de amizade, tudo o que nos posiciona face aos outros e a nós próprios, assim como a aposta ao nível estético, na sobriedade narrativa e ilustrativa, com o traço simples e preciso de Silverstein. As zebras 7 Foram momentos muito divertidos e deixaram nas crianças o desejo de que a experiência se repita em breve. Os faraós Muita diversão e alegria marcaram este dia Os coloridos leões Um dia na savana com… Deram largas à imaginação e puderam brincar, personificando qualquer animal a seu gosto. No dia 11 de Março, as crianças das valências de creche e pré-escolar tiveram uma manhã bem diferente e divertida! Para libertar energias, testar o equilíbrio e indo ao encontro do projeto Unidos com a África as nossas crianças puderam brincar num insuflável e aí dar largas à sua imaginação e fazerem de conta que estavam na savana, onde eram leões, zebras girafas e elefantes. 8 Complexo Social da Moita Visita de dois grupos corais No dia 5 de Janeiro, o Complexo Social da Moita recebeu a visita de dois grupos Corais que nos presentearam com as suas atuações. O Grupo Coral Polifónico de Aveiro apresentou um conjunto de músicas populares portuguesas e algumas alusivas a Aveiro, todas bem conhecidas dos utentes que participaram com alegria, acompanhando a música com palmas e os que podiam até dançaram um pouco. Em seguida, pelas 16h30, atuou o Grupo Coral da Igreja do Carmo que cantou as Janeiras, antecipando o Dia de Reis. Os utentes também acompanharam com alegria as canções que tão bem conheciam. Grupo Coral da Igreja do Carmo No dia 7 de Janeiro, pelas 15 horas, decorreu o Concerto de Piano que contou com a atuação da professora Eva Ribau, do conservatório de Aveiro. Os utentes ficaram muito entusiasmados pelas músicas, cantando sempre que sabiam a letra. A professora Eva escolheu um reportório popular, mas também tocou uma valsa e um corridinho. Grupo Coral Polifónico de Aveiro 9 Festa do S. Gonçalinho No dia 13 de Janeiro de 2014, como já é habitual, um grupo de utentes da Estrutura Residencial foram até à Capela de São Gonçalinho assistir à celebração da Eucaristia. A professora Eva Ribau, do conservatório de Aveiro No final da Eucaristia, encontravam-se no adro da capela algumas centenas de crianças para uma manhâ de animação. Houve tempo para falar com amigos, familiares e com alguns mordomos da festa que ofereceram um saco de cavacas para trazer para a Estrutura Residencial e partilhar com os restantes utentes. Altar da Capela de S. Gonçalinho Uma assistência muito atenta ao som produzido pelo instrumento musical maravilhoso que é o piano. 10 Grupo de Danças e Cantares da ADAC No dia 19 de Janeiro, o grupo cultural de Danças e Cantares da ADAC promoveu um pequeno espetáculo que decorreu no hall de entrada do Complexo Social da Moita. O grupo, composto por cerca de 30 elementos e trajados a rigor, apresentou um repertório alusivo à nossa cultura folclórica que muito animou a tarde de domingo dos utentes. No final, em jeito de agradecimento, ofereceu-se a cada elemento do grupo um sorriso íman, para recordarem os sorrisos que proporcionaram nesta tarde. Foi um agradável espetáculo, com muita música, dança e convívio 11 Dia dos Namorados O Dia dos Namorados ou dia de São Valentim celebra-se a 14 de Fevereiro. Este dia é conhecido por ser o dia mais romântico do ano. Este ano convidamos os familiares a declararem o seu amor e carinho pelos familiares aqui institucionalizados. Fosse através de uma carta, de um postal, de uma frase ou de uma foto. Toda a demonstração de carinho que nos chegou serviu para decorar “A Árvore do Amor” que foi colocada no Hall de entrada. O resultado final foi muito interessante. Seguem-se algumas das mensagens expostas: “Chegar à terceira idade, não significa o fim da vida. É sim sentir a felicidade, de mais uma etapa vencida.” (familiar do casal Manuel Neves e Maria da Luz Nunes). “Em 1960 juramos amor para sempre. Hoje dia dos namorados, quero dizer-te que te amarei até à eternidade.” (esposa do Sr. Dâmaso Melo). “Mãe há só uma, tu e mais nenhuma. Toda a vida trabalhaste! Graças ao teu esforço e ao do pai sou o que sou hoje. Dei-te dois netos maravilhosos que te adoram. Obrigada por tudo mãe! Adoro-te.” (filha da utente Ilda Rodrigues). “Maria eu te Amo Muito” (marido da utente Maria de Jesus Coelho). Para além da construção da Árvore do Amor foram entrevistados cerca de 25 utentes das várias valências. As perguntas foram iguais para todos “O que é para si o sentimento Amor?”; “Como conheceu o seu marido/esposa?”; “Lembra-se do seu 1º beijo?”; “Como foi o dia do seu casamento?”. As respostas foram variadas e algumas muito engraçadas, tendo em conta a idade e o contexto social da época de namoro. Ficam aqui registadas algumas respostas: O que é para si o sentimento Amor? “Eu sei lá o que é o Amor. Já se passou há tanto tempo. Agora não sei.” Ilda Rodrigues; “O Amor é a melhor coisa que a gente tem na vida.” Natália Mendonça; “O Amor é uma coisa impressionante.” Margarida Saraiva; “ O Amor é uma coisa que se sente. É uma pessoa gostar imenso uma da outra, é darem-se bem.” Maria da Luz Pinheiro; “ O Amor é um sentimento humano de ternura de duas pessoas de sexo diferente.” Maria Luisa Vilhena; “Ai isso agora, eu sei lá o que é o Amor…é namorar! É gostar de um pessoa e essa pessoa gostar de mim.” Conceição Costa; “O Amor para mim é a melhor coisa do mundo, tenha a certeza.” Conceição Surrador; “Aí o Amor, é a coisa mais bela do mundo. Quando se ama e quando é o verdadeiro amor. Trocam-se tantos beijinhos e tantas palavras doces. É uma maravilha.” Eduardo Tavares; “O Amor é capaz de ter um bocado de várias coisas. É preciso que a gente se dedique inteiramente. É necessário compreensão entre os dois, é necessário a gente saber cativar. O Amor é uma coisa bonita evidentemente.” Etelvina Capela; “O Amor é uma coisa boa. É uma companhia que se tem.” Graciete Guimarães; 12 “O Amor é a gente entender-se bem e dar-se bem. É sentirmos a falta um do outro.” Rosa Costa; “O Amor é uma coisa muito bonita, muito sentimental. Mexe com o coração dos dois.” Olinda Modesto; “O Amor é gostar de outra pessoa, é ter consideração por essa pessoa, amar muito e fazer tudo por essa pessoa.” António Modesto; “O Amor é o agrada e agarra.” Natália Augusta. Lembra-se do Primeiro beijo? “Já não me lembro bem mas foi bom.” Ruth Zenhas; “Foi na minha terra, porque eu namorei 2 anos por carta sem o ver. Foi um beijo às escondidas, pois valha-me Deus alguém sonhar naquele tempo.” Cândida Romão; “Lembro. Foi assim…roubado. O meu marido roubou-me um beijo, mas depois eu também lhe dei!” Conceição Costa; “Esse primeiro beijo… ela era muito arisca! Toquei-lhe entre a janela, eu do lado de fora e ela do lado de dentro. Toquei-lhe e ela tumba, deume uma chapada.” Eduardo Tavares; “Foi às escondidas, porque antigamente namorava-se à janela, ao portão, e foi dado às escondidas, mas foi bonito, foi sentido.” Olinda Modesto; No dia 14 de Fevereiro, foi apresentado um filme com as entrevistas e com fotografias dos nossos utentes acompanhados pelas suas caras metades. O filme foi do agrado de todos os utentes e alguns até largaram umas lágrimas de alegria ao recordarem momentos passados. Outras atividades Ao longo do mês de Fevereiro e Março, entre outras atividades, foram desenvolvidas diversas ações, desde jogos de mesa tradicionais a atividades de cariz cognitivas e de expressão plástica com os utentes da Estrutura Residencial, Centro dia e Serviço domiciliário. Uma das atividades desenvolvidas foi a construção de um Jornal de Parede, que ficará exposto na sala de animação, onde foi elaborado. O seu propósito é ajudar os utentes a localizarem-se no tempo, bem como a estarem atentos ao que se passa à sua volta e, ainda, estarem informados sobre a atualidade. Além de notícias o Jornal de Parede possui um calendário que inclui o tempo e a estação do ano. A realização destas atividades permitiram fortalecer a motricidade, precisão manual e coordenação psicomotora, bem como estimular a criatividade e a concentração. “ O primeiro beijo foi logo uma bofetada na cara. Ele deu-me sem ordem e eu pimba!” Natália Augusta. 13 Outra atividade que contou com uma grande participação foi a construção do jogo do Bowling. Inicialmente, pintá-mos folhas de jornal de diversas cores e após estas estarem secas, cortamo-las em tiras e colocamo-las dentro de garrafas de plástico, por cores. No final jogou-se um pouco, tentando derrubar as garrafas. Esta construção permitiu explorar com os utentes as cores e a contagem. 14 Carnaval Jogo A Malha O jogo da Malha foi também uma atividade muito bem acolhida pelos utentes demonstrando que ainda têm muita pontaria. No dia 27 de Fevereiro, comemorou-se mais um dia de Carnaval no Complexo da Moita. A festa foi realizada com a “prata da casa”, teve início pelas 14h30 e contou com música, coreografias e teatro. “Os índios andam por aí!”, abriu o espetáculo. Os utentes vestidos de índios representaram uma pequena peça de teatro, seguida de uma coreografia alusiva aos índios. Em jeito de carnaval, surgiu uma ministra muito séria que mostrava os motivos pelos quais não havia necessidade de existir feriados em Portugal. Houve posteriormente um momento mais “religioso” em que um padre juntamente com o seu sacristão ouviam os lamentos de duas senhoras muito crentes a reclamar da falta de dinheiro na paróquia. Seguiu-se um estudante que defendia com muita convicção as razões pelas quais diz não ter tempo para estudar. Para concluir o programa assistiu-se a uma pequena peça de teatro intitulada “O Cão” seguida de uma coreografia apresentada pelos utentes. Assim se assinalou mais um carnaval, com música, teatro, alegria e boa disposição. A realização destas atividades permitiram fortalecer a motricidade, precisão manual e coordenação psicomotora, bem como estimular a criatividade e a concentração. 15 Festa de Carnaval 2014 Dia do Pai Dia 19 de Março, Dia do Pai, mais um ano que os nossos utentes celebraram esta data de forma especial. Na sala de trabalhos foram realizados umas caixinhas com uma mensagem aos pais e colocaram-se doces antes de serem fechadas cheias de ternura. Essas caixas foram todas recortadas, moldadas e pintadas pelos utentes presentes na sala de trabalhos. Neste dia, um grupo de utentes realizou uma carta para os pais, cada um contribuindo com uma frase, que aqui se transcreve: “Meu querido Pai (D. Ilda Rodrigues) hoje é o teu dia (D. Natália Mendonça), eu gosto muito de ti (D. Olinda Modesto), desejo-te muita saúde (D. Natália Mendonça), foste sempre muito querido (D. Olinda Modesto) e foste o meu educador (Sr. Rui Vilela). 16 Contigo eu aprendi a ser carinhoso com a minha filha pois tento ajudá-la em tudo o que eu posso na vida. (Sr. António Modesto). Dá-me saúde para continuar a viver (D. Fernanda), sempre, sempre amigo, fiel, amoroso, honesto, carinhoso, bom trabalhador e sábio em todas as ações no decorrer do tempo (Sr. António Modesto). Foste sempre muito trabalhador e amigo de todos (D. Ilda Rodrigues). Por hoje é tudo. Beijinhos e um grande abraço O doce dentro da caixa alimenta a lambarice, a mensagem alimenta a alma Deste/a teu/tua filho/a As caixas prontas para serem entregues com lindas mensagens Os “papás” ficaram contentes com a prenda Quem conta um Conto Numa sessão do “quem conta um conto” usou-se uma série de palavras alusivas à chegada da primavera com o intuito de se fazer uma história, mas rapidamente as pessoas se interessaram em fazer rimas. De palavras soltas como “Sol”, “Chuva”, “piquenique”, “perfume”, “chilrear”, “Cores”, “terra”, “jardim”, “flores”, “família” entre muitas outras, o resultado final foi este. Um cravo e uma caixa 17 Primavera Colorida Quinta Ecológica da Moita A primavera está chegar Vamos abrir as janelas Para novo ar entrar A QEM iniciou o ano de 2014 com a exibição do documentário premiado sobre Empreendedorismo Social “Quem se importa” de Mara Mourão, a 31 de janeiro, num serão concorrido e aquecido à lareira da Sala Tyto alba do Centro de Educação Ambiental, antiga casa dos caseiros. O debate teve como convidados a Dra Rosa Madeira e Dra Paula Santos do Dep. De Educação da UA e o Dr Acácio Conde, Secretário da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro e Coordenador Distrital da Rede Europeia Anti-Pobreza. Seguiu-se durante o mês de Fevereiro a Recuperação e Manutenção das Linhas de água e Vegetação Ribeirinha, através do projeto europeu Promoriver, do qual a ASPEA é o parceiro Português, tendo recebido voluntários que se juntaram aos da QEM. Vou colher uma Margarida Para minha casa enfeitar Ela ganha vida Após sol e chuva apanhar Sentir a vida crescer Ouvir andorinhas a chilrear Ver as flores nascer E os campos floridos a ficar Árvores para plantar Com família e amigos Vamos apreciar Surge novo ciclo Para todos Amar No jardim debaixo de uma árvore A terra transborda de cores Vamos fazer todos um piquenique E deliciarmo-nos com bons sabores Altura de semear Favas, batatas, couves Vamos todos ajudar Para ver desabrochar A PRIMAVERA, que interessante, Vai-se embora charmosa e elegante Chega VERÃO muito contente Com sol surpreendente Foi instalado o Apiário Pedagógico com o apoio do apicultor profissional e formador Harald Hafner – A Abelha Azul, e ajuda dos voluntários da QEM. A inauguração foi a 22 de fevereiro, com grande sucesso, durante o evento “Conhecer as abelhas e Outros Insetos Polinizadores”. Teve a colaboração também dos estudantes de Biologia da UA Fábio Mota e Vasco Santos, responsáveis pelo inventário dos insetos polinizadores na QEM, da apicultora Jenny Tavares voluntária na QEM e da educadora Helena Burbuleta que nos contou a estória “Ciclo do Mel”. Estiveram presentes durante as atividades da visita da manhã e da tarde cerca de 100 pessoas, entre adultos, crianças, apicultores e curiosos em conhecer melhor o mundo destes importantes insetos. No final, após um dia animado, as opiniões foram unânimes, tendo os participantes deixado testemunhos em como acharam as atividades excelentes, em como aprenderam imenso sobre as abelhas e outros polinizadores em apenas um dia, em como se aperceberam que é urgente e importante agir para a sua conservação e nossa sobrevivência e como podem facilmente contribuir. 18 O Apiário Pedagógico será dedicado a atividades diversas de formação e divulgação para o público em geral, escolar e apicultores, estando a partir deste momento abertas as inscrições para grupos de adultos, crianças e escolas, com pré-marcação para [email protected] ou 965879150. O módulo de atividades “Conhecer as Abelhas e Outros Insetos Polinizadores” inclui uma introdução ao mundo das abelhas, polinizadores e apicultura, seguida do trilho na mata para conhecimento da flora melífera com interesse para estes insetos, da exemplificação do estudo científico dos polinizadores e da visita ao Apiário Pedagógico, terminando com a prova de mel. Está em estudo a colocação de um sensor ambiental para monitorizar a atividade das abelhas, dentro de uma colmeia do Apiário Pedagógico, fazendo parte do projeto da tese de mestrado do aluno André Nobre da UA. Estes cerca de 70 alunos para além da intervenção artística e pedagógica do Jardim Aquático anteriormente mencionado, estão a desenvolver protótipos de merchandising, brinquedos pedagógicos. Recebemos a aluna Federica Brognara do Instituto Politécnico de Turim que vem terminar a sua tese de mestrado realizando um projeto de energias renováveis na QEM. Para seguir as nossas atividades e fotografias visitenos no facebook Quinta Ecológica da Moita e contacte-nos para [email protected]. A 21 de Março comemorou-se a Festa da Primavera trazendo mais de 80 alunos de Oliveirinha para conhecerem a QEM e participar nas oficinas “Conhecer as Abelhas e Outros Insetos Polinizadores”, “Há Vida na Água”, “Florestar a Mata” e “À Descoberta da Mata com Arte”. O Jantar da Primavera terminou o dia, tendo estas duas atividades feito parte do projeto das alunas Alexandra Marco, Patrícia Alfres e Tânia Jacinto da Escola Profissional de Aveiro. Os trabalhos de recuperação da antiga casa dos caseiros para Centro de Educação Ambiental continuam a decorrer, além do Voluntariado Ambiental da QEM às 4feiras e 6feiras das 14h às 17h, que tem ajudado igualmente na limpeza do bambuzal, manutenção da Horta Pedagógica Mandala e outras tarefas de manutenção na Mata da Moita e charcos. A QEM está a desenvolver um Projeto Educativo de atividades com alunos da Escola Superior de Educação de Viseu. Encontra-se em estudo pelos alunos finalistas de Design do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, o projeto do Jardim Aquático dos Anfíbios e Répteis, como forma de reaproximar as população destes seres mal-amados, mas muito abundantes e com papel ecológico importante na Mata da Moita. 19 Festa da Divina Misericórdia No dia 27 de abril, o domingo a seguir à Páscoa, ocorre a Festa da Divina Misericórdia, festa instituída por João Paulo II e que tem vindo a ser implementada na Igreja. Por sugestão do nosso capelão, Dr. Pe. Georgino Rocha, a SCMA fará sua esta festa e irá celebrá-la de modo condigno. 20