Parte 1 – The Walt Disney Studios, prazer em conhecê-lo.
Transcrição
Parte 1 – The Walt Disney Studios, prazer em conhecê-lo.
1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Parte 1 – The Walt Disney Studios, prazer em conhecê-lo. “Acredite e vá! Acredite em qualquer coisa, mas acredite…e trabalhe…por que você chega lá! Se podemos sonhar, podemos realizar!” DISNEY, Walt. *Uma breve biografia de Disney – O nascimento dos Estúdios Walter Elias Disney nasceu em Chicago no dia 5/12/1901, era filho de Elias e Flora Disney, e tinha mais quatro irmãos, sendo que o seu irmão mais chegado e aquele que o acompanhou por sua vida inteira era Roy Disney. Aos quatro anos Disney mudou-se com sua família para uma fazenda na cidade de Marceline. Os anos que passou morando nesta cidade foram seus anos mais felizes e que marcaram profundamente a vida de Disney. Nessa época Walt começou a desenhar e a ler o autor de maior peso nos EUA na época, Mark Twain e este foi só o começo de uma vida cheia de livros. Mais tarde Marceline foi a inspiração para a construção da Main Street, entrada do parque Magic Kingdom. Infelizmente seus dias felizes em Marceline ficaram para trás, quando seu pai comprou os direitos de distribuição de um jornal em Kansas City. Em 1910 Walt e sua família mudaram para Kansas City onde moraram até 1916. Nesta época Walt viu seu primeiro filme, ainda em preto em branco e mudo: Branca de Neve com Magarite Clark e nunca o esqueceu. Em 1916 o Jornal Kansas City declarou falência e logo Elias Disney levou a família de volta para Chicago, onde tinha conseguido um emprego em uma fábrica de geleias. Em Chicago, Walt frequentou a escola McKinley School, onde desenhava os cartoons do jornal da escola, enquanto fazia aulas de desenho da Academia de Artes de Chicago, paga a contragosto pelo pai. A 1ª Guerra Mundial então explodia no mundo e Roy logo foi chamado para servir ao exercito. Na época Disney tinha apenas 17 anos, então não foi aceito no exercito, mas conseguiu achar uma forma de ajudar o país, ele falsificou um documento e virou motorista de ambulância. Com seu trabalho bem feito e efetivo, ele foi mandado para dirigir ambulância na França, e morou lá por um ano trabalhando na Cruz Vermelha. Walt fazia desenhos para vender e todo o dinheiro que conseguia com estas vendas, enviava para a mãe e pedia que ela montasse uma poupança para ele. Walt voltou com uma economia de U$600,00. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Na época em que estava servido na França, Disney conheceu e se tornou amigo de Roy Kroc, o criador da rede McDonald’s e também conheceu Ub Iwerks, um brilhante desenhista que ensinou a Walt ótimas técnicas de desenho e montou com Disney a sua primeira empresa. Mais tarde Roy diria: “Disney era um rapaz estranho. Enquanto a maioria de nós procurávamos por mulheres, Disney se debruçava sobre desenhos e aprimoramentos. Hoje todas aquelas mulheres já estão mortas, no entanto os desenhos de Disney foram imortalizados!” Em 1920, quando voltou para os EUA, pegou os U$600,00 de economia e mudou-se para Kansas. Ele e Ub desenhavam peças simples que mal davam para mantêlos, até que Disney ficou sabendo que uma empresa de animação, Kansas City Film Ad.Company, procurava por desenhistas. Walt e Ub inscreveram-se na seleção, mas apenas Disney passou. Sob nenhum protesto de Ub, Disney aceitou ao convite e nesta empresa que ele teve o primeiro contato com a animação. E também foi neste emprego que Disney começou a demonstrar mais do que qualquer coisa que tinha uma mente inovadora e era um verdadeiro “homem das ideias”. Ao deparar-se com a técnica da empresa, Walt ficou profundamente incomodado com a falta de refino dos desenhos. A empresa utilizava uma técnica chamada “corte”, que usava o mesmo fundo de uma imagem, mudando nela apenas a figura que deveria se mexer, sendo que este que se mexeria era uma figura recortada e recolada diversas vezes, modificada em milímetros para tirarem-se as fotos. Walt achava que o acabamento era visivelmente mal feito e que não dava qualquer veracidade ao desenho e ao invés de reclamar com a empresa, Walt decidiu ir atrás de uma alternativa para os desenhos. Ele se debruçou sobre livros por dias, estudando técnicas de desenho, física (movimento, óptica), etc; até que conseguisse ter a ideia da técnica do “papel e lápis” ou “flipbook”. A técnica criada por Walt usava o mesmo princípio de fundo fixo, mas diferentemente da técnica usada pela empresa ele redesenharia o personagem em movimento em cada uma das folhas de um bloco, e as folhas deste bloco devem ser finas e quase transparentes, de forma que quando o movimento fosse dado, surgissem mudanças pequenas e aparentemente imperceptíveis. Utilizando esta técnica, o primeiro desenho produzido pela dupla Iwerks-Disney foi uma série popular que satirizava o mau estado das ruas de Kansas. A série foi Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso vendida para Milton Field da empresa Newman e os desenhos se tornaram tão queridos que Disney e Iwerks se tornaram celebridades locais. Como a Kansas City Film não se interessou em comprar a técnica de Walt, o segundo resolveu tentar montar peças maiores como a Little Red Riding Hood (Chapeuzinho Vermelho). Disney montou com Ub a Laugh-O-Gram Films, onde investiram todas as suas economias contratando desenhistas entusiastas e jovens para ajudarem na produção do longa. Porem o fundo monetário dos amigos acabou secando e um a um os desenhistas foram abandonando o projeto. Até Iwerks precisou voltar para o seu antigo emprego, o que não estragou a amizade e nem parceria entre os dois. Com os problemas financeiros que Walt passou, ele precisou mudar-se para o escritório da empresa (Laugh-o-gram films) que o aluguel tinha sido adiantado por seu irmão Roy. Neste período sua única companhia era um rato que aparecia de vez em quando e que Disney alimentava-o com pedaços de pão. Para usar o banheiro e tomar banho, Walt tinha que ir até uma estação de trem próxima. Eram tempos difíceis, até que um dentista pediu que Disney preparesse uma campanha educacional sobre dentição, em troca ele receberia U$500,00. Com este dinheiro Walt investiu em uma nova empreitada. Fez uma série de curtas de animais em animação, ao lado de uma garotinha de carne e osso, a jovem Virginia Davis. O projeto de Walt pegava a técnica de Fleisher, mas invertendo o processo. Fleischer tinha criado uma série de filmes chamada “Out of the Inkwell” (Fora do Tinteiro) que contava uma história de cartoons no mundo real (lembram-se de “uma cilada para Roger Rabbit”?), só que o que Disney queria fazer era: “Em vez de fazer com que uma figura de desenho animado contracene com atores e cenários reais, quero usar uma menina real, circulando em um mundo de cartoons.” Se tinha uma coisa que Walt sabia fazer, além de ter ideias, era de construir um Networking. Ele era tão comunicativo e adorável que sua agenda telefônica era imensa e cheia de contatos valiosíssimos. Inclusive o contato de Margaret Winkler, distribuidora da série “Fora do Tinteiro”. A resposta de Margaret foi excelente, mas Disney precisava terminar o filme para que pudesse receber por ele. Walt então convidou alguns de seus antigos amigos desenhistas e os propôs mais uma parceria. Eles aceitaram. Logo Alice in the cartoonland estava sendo produzido. Só que, no meio da produção o dinheiro acabou e Disney foi novamente levado a Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso abandonar este projeto. Escreveu para Roy lamentando a falência e seu irmão o chamou para morar com ele em Los Angeles. Walt ponderou bastante, mas decidiu seguir o conselho de seu irmão. Pegou o resto do dinheiro que tinha e pagou os desenhistas. Pegou o que já tinha sido filmado de Alice e partiu para LA. Em 1923 Walt estava frustrado com a animação, completamente desanimado e achava que tinha fracassado o suficiente para ter aprendido a lição. Não seria mais diretor de animação, tornaria-se diretor de filmes cômicos, como seu maior ídolo, Charles Chaplin. Em LA Walt passava seus dias entre ajudar o tio Herbert (onde estava hospedado) a cuidar de Roy (que estava saindo de uma pneumonia) e dividido em mais duas esperanças: conseguir um emprego de diretor – que era quase impossível, uma vez que Walt não tinha qualquer experiência. – e encontrar com Chaplin pelas ruas de Los Angeles. Apesar da sua determinação em não mais produzir filmes em animação, quando Margaret ligou falando que o pagaria U$1.500,00 p/ película de Alice em uma série de 12, Disney não teve como recusar e logo voltou a sonhar com tudo que envolvesse o desenho. Walt correu até Roy e o convenceu a entrar na empreitada. Roy tinha U$250,00 em economias e estas foram acrescidas de U$500,00 que tio Herbert emprestou. Com este dinheiro eles produziram seis filmes de Alice e assinaram um contrato para mais filmes com Margareth. Assim nascia a Disney Brothers Production. Com uma nova perspectiva, Walt chamou seu grande amigo Ub Iwerks para Los Angeles e a parceria de desenhos entre os dois voltou à ativa. Logo o nome de Disney era um dos mais comentados na Hollywood Boulevard, só que mesmo depois de 27 animações de Alice, Disney Brothers Production não conseguiu alavancar como bem sucedida quanto se esperava. Com o pouco lucro que conseguiram decidiram mudar o local da empresa e investir em uma mudança de nome: The Walt Disney Studios nascia. Em 1926 Margaret informou a Walt Disney que a Universal Pictures procurava por um personagem novo e eles queriam um coelho. Disney e Iwerks criaram um coelho esbelto e jovem chamado Oswald, e os críticos e produtores da Universal se apaixonaram loucamente por ele. Tudo parecia se estabelecer de uma maneira quase Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso certa. Walt não tinha se acostumado com o sucesso e não o queria, de forma que quando mais uma bomba coorporativa estourava em seu peito, ele conseguiu dar a volta por cima. Em 1928 Walt reuniu-se com Margaret para renovar o contrato com ela e com seu novo sócio, Mintz. Acontecia que quando Disney assinou o primeiro contrato com Margareth não leu uma das clausulas que dava todos os direitos de personagens criados por ele e vendidos através de Margareth, para a empresa que comprou a ideia. Ou seja, o Coelho Oswald agora pertencia à Universal e a Margareth. Assim, Disney foi “intimado” a associar-se à Universal, ou eles ficariam com o Oswald e continuariam a série de desenhos sem ele. Disney não aceitou e descobriu que 14 de seus 17 desenhistas já tinham assinado contratos secretos com a Universal. Apenas 3 (incluindo Ub) tinham ficado na The Walt Disney Studios. A partir daquele dia Oswald virou peça exclusiva da Universal e Disney prometeu a si mesmo que nunca mais trabalharia para alguém. Na volta para casa lembrava-se de seus tempos mais difíceis em que seu único companheiro era Mortiner (nome que ele deu ao ratinho que aparecia de vez em quando no escritório de Kansas). Foi ai que teve a ideia de criar um camundongo com feições humanas. Sua esposa Lilly não gostou do nome Mortiner e sugeriu o seu nome favorito, Michael. “Que tal Mickey?!”, Disney concluiu. Quando encontrou seu irmão e Iewrks disse entusiasmadamente: “Não temos mais o Oswald Rabbit, mas temos o Mickey Mouse!”. A personalidade de Mickey é uma mistura bem dosada de Disney com uma forte influência de seu ídolo: Charles Chaplin, e uma frase de Chaplin era o hino de Disney na hora da criação de Mickey. “Devemos olhar para os adultos como uma criança em potencial e para crianças como possíveis adultos. Devemos fazer coisas claras à inteligência de ambos!”. CHAPLIN, Charles. Mickey teve dois curtas adoráveis e, obviamente, mudos e sem cor, mas o camundongo não despertou grande interesse do publico. Até que Walt assistiu a um excelente filme da Warner Bros. com som. Voltou com uma ideia. Colocaria uma voz em Mickey. “Roy, como as pessoas vão gostar de Mickey se elas nem sabem como ele fala!” “Mas Walt, não temos dinheiro para isso!” Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso “Precisamos tentar. Vamos irmão!” “Certo, mas como você pretende colocar som em uma animação? Isto nunca foi feito!” “Irmão...eu não faço a menor ideia! Mas vou descobrir!” “Se você não descobrir, estamos falidos!” Parte 2 – O Mickey de Fantasia: som, cor e técnicas na animação como arte. “Eu estava aflito, pois, com a chegada do cinema falado, os desenhos animados não interessariam a mais ninguém. E eis que aplico o som e todo mundo se apaixona pelos bonecos que falam!” DISNEY, Walt É bem verdade que conforme o tempo foi passando, o nome de Disney tornouse uma lenda e muitos pensavam até que ele tinha criado o desenho animado, mas de fato ele não criou o desenho animado. Ele o aprimorou, colocou som e cor. Em outras palavras, ele tornou a animação uma arte. À titulo de compreensão, a animação foi praticamente criada por Winsor McCoy (1908 – 1911) com o curta “Pequeno Nemo na terra dos sonhos”. Nesta criação de McCoy, cada frame tinha que ser desenhado e redesenhado. Esta técnica foi muito utilizada por anos afins, apenas com a inserção do trabalho de equipe. Os desenhos animados só ganharam algum folego comercial por volta de 1913, quando o estúdio Bray criou o Colonel Heeza (sátira ao Presidente Theodore Rooselvel) e durante a 1ª Guerra com o personagem O Fazendeiro Alfafa – este personagem só perdeu em popularidade para Mickey. Antes de Mickey também tivemos personagens icônicos para a Animação como Popeye, Betty Boop e Gato Félix. Este último foi o único personagem assinatura, antes de Mickey, que “falava” por uma empresa. Depois de Mickey muitas empresas começaram a investir em tal, como a Warner criou o Pernalonga e sua turma, por exemplo. *Som Mesmo sem dinheiro, Walt fez um 3º desenho de Mickey o “Steamboat Willie”, que foi todo preparado para receber som. Disney desenvolvia a técnica perfeita para acrescentar às imagens. E o mais curioso, é que mesmo sem saber como usar os Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso equipamentos de som, ele criou o método de sincronização entre som e imagem. O método se tornou o sistema básico de todos os desenhos animados que se seguiram. Novamente que fique claro, Walt não criou a sonorização, mas ele foi o primeiro a colocá-la em um desenho animado. Para que conseguisse colocar a tão esperada voz em Mickey, ele recorreu a um método ainda muito rudimentar, oferecido por seu amigo da Cruz Vermelha, Powers. Powers criara um novo sistema de sincronização sonora, que gostaria de aperfeiçoar e difundir no cinema. Com o momento de voluntariedade de Disney ele deixou o maestro reger a trilha sonora, mas foi um desastre. Um desastre certo, pois tudo ficou desconexo com o desenho. Disney decidiu que ele mesmo iria reger a orquestra da próxima vez. E da próxima vez, Disney ficou a frente da orquestra, e ele mesmo gravou a voz de Mickey e ficou como tal até o ano de 1945. Ficou perfeito. E assim em 28/11/ 1928 Mickey sonorizado teve sua grande estreia. Um sucesso estrondoso invadiu a The Walt Disney Studios. E ao final de um ano Disney e sua equipe produziram mais de 15 desenhos do camundongo. O Mickey falando, assobiando e cantarolando. As pessoas sentem atração por estas musicas ate hoje e para Mickey, seus sons eram chamados de “Alegres sons de Mickey Mouse!”. *Cor. Por volta de 1931 uma empresa chamada Technicolor desenvolvia um método para colocar cor em filmes. Disney pensou que se parasse em som, outra empresa poderia passar a sua frente e criar uma animação com som e cor. Disney foi atrás dos “homens do dinheiro” com seu irmão Roy. Ninguém queria apoiar a ideia, achavam um absurdo o desenho ser colorido. Diziam que a graça do desenho era o fato de ele ser em P&B e que Walt estava louco. Sem consegui nenhum patrocínio, Walt resolveu tentar a sorte indo diretamente na Technicolor tentar um contrato de apoio. O diretor da empresa já sabia da fama de Disney em empreendedorismo e criação de novas técnicas, a utilização do som, por exemplo. Para ele foi uma honra ser procurado por Walt e nem pestanejou em ceder uso de cor para Walt. O acordo foi assinado. Technicolor deu direitos de utilização exclusivos para Walt por 2 anos. Em troca ela apareceria nos títulos iniciais nos desenhos e em todas Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso as publicidades que poderiam vir a aparecer para The Walt Disney Studios. O acordo inicial de 2 anos se prolongou por mais 5, que se prolongou por mais 10 até que as duas se tornassem sócias. Em 1932 Flowers and Trees foi lançado como a primeira animação em cor e som. O publico aclamava por mais desenhos visualmente lindos e auditivamente sincronizados. Disney criou então a série “Sinfonias Tolas” que foi produzida até perto da década de 40, totalizando mais de mil curtas. “Sinfonias Tolas” também davam uma maior liberdade para Walt, que não precisava se prender a uma história específica e linear. Ele pode criar personagens novos (Donald, Pluto, Tico e Teco) para contar diferentes histórias. Neste momento é importante dizer que, com o crescimento e reconhecimento da empresa, Disney praticamente parou de desenhar. Seu foco era o campo das ideias, era criar histórias que pudessem ser transformadas em animação. E pensando em uma profissionalização e um investimento necessário, todos os seus desenhistas estudavam na Chouvinard Art Institute, uma academia de artes que ensinava técnicas de pintura e artes plásticas. A ideia de Disney era que cada vez mais a animação se parecesse com uma arte. Assim uma nova personalidade aos desenhos dos Studios era empregada. O “ser cômico” não era mais tão importante quanto o ser artístico de o mais real e perfeito o possível. Graças a isto, em 1932 Disney ganhou seu 1º Oscar por Filme Colorido e outro prêmio de honraria pela criação de Mickey Mouse. Em 1933 Walt ganhou outro Oscar pelo filme “Os 3 porquinhos” e assim se iniciou a série de mais de 60 prêmios da Academia pelos seus trabalhos. – a empresa que mais recebeu Oscars até hoje. Em 1934 Disney reuniu seus animadores e lhes contou uma história, interpretando cada um dos personagens e dando ênfase em cada detalhe de cenários, para que eles mesmos pudessem visualizar. Ao final, todos estavam ansiosos e animados com aquela ideia de um conto de fadas que todos já conheciam. Ao final do “show” Disney tinha encenado o seu 1º Longa Metragem: Branca de Neve e os sete anões. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso *Branca de Neve Walt jamais se esquecera do primeiro filme que assistira na vida, a bela história da moça mais bela do reino, interpretada no cinema mudo por Margarite Clark. Sua tenacidade em tentar contar uma história mais longa era mal vista, novamente, pelos “homens do dinheiro” que achavam um absurdo um desenho animado ter mais de 10 minutos. Disney, na verdade queria, não só um longa, mas um filme realmente. Queria uma história inteira contada em detalhes visuais e beleza de tirar o fôlego. Queria fazer uma obra de 90 minutos. Ninguém queria bancar e muitos estavam até mesmo ofendidos com a ideia. Disney então levou a cara a tapa mais uma vez. Hipotecou a casa e fez um empréstimo dando como garantia sua apólice de seguro de vida. Roy e Lilly (sua esposa) estavam aflitos, mas confiavam em Walt. Ele já mostrara inúmeras vezes que conseguia o que queria com muito esforço e dedicação. Ub já estava planejando como seriam as personagens, assim como toda a sua equipe de desenho. Ao final de tudo Branca de Neve e os sete anões se tornou um clássico inesquecível do cinema e um verdadeiro sucesso nas bilheterias. Mesmo assim, o filme levou 3 anos para ser concluído e cenas foram refeitas inúmeras vezes, graças a “mania de perfeição” (IWERKS, Ub) de Walt. O orçamento inicial de U$500 mil dólares foi ultrapassado, chegando a quase U$ 1,7 milhão. Em 1937 corriam boatos em Hollywood, que Disney não seria capaz de produzir um filme em animação e que desta vez ele iria à falência. Os jornais até chamavam a empreitada de “A grande tolice de Disney”. Todos acreditavam que desta vez nem Roy conseguiria salvar Walt. Para intensificar a profundidade da tela, dando a noção exata de espaço e perspectiva, Disney investiu em uma câmera de macro, que depois foi substituída pela multiplana. Além disto não se importava em deixar seus desenhistas soltarem a imaginação. Ao mesmo tempo em que o filme precisava ser belo, precisava ser interessante e cativante. O projeto provou-se muito mais cansativo do que todos esperavam, telas inteiras as vezes precisavam ser refeitas e os gastos estavam estrondosos. As comoções existentes fora do estúdio eram impressionantes. Desde críticos de cinema, até pessoas na rua. Todos comentavam sobre a estreia de Branca de Neve. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Assim, sem querer, a expectativa de que o filme fosse um fracasso acabou fazendo o filme se tornar um sucesso de bilheteria logo no primeiro dia. Todos queriam ver a Tolice de Disney. Branca de Neve, ao final de tudo, teve uma renda aproximada de 8 milhões de dólares em sua primeira exibição. Foi a maior bilheteria de todos os tempos, só superada por E o Vento Levou. – Mesmo assim, aqui deve se considerar que a maior parte do publico de Disney é infantil, logo eram cobradas meia-entradas, o que significa que na verdade, Branca de Neve teve quase o dobro de publico. A revista Times (que tinha falado sobre a tolice de Disney) redimiu-se em suas páginas de destaque: “Branca de Neve é uma combinação hollywoodiana que não perde seu valor. Traz de volta a beleza e a fantasia melancólica e sonhadora das crianças do mundo inteiro. Trata-se de uma obra prima que vai ser assistida e amada por novas gerações, muito depois de que as atuais estrelas de Hollywood estiverem dormindo num lugar onde nenhum beijo de príncipe poderá acordá-las.”. Quando Disney foi receber o Oscar de melhor filme em cores das mãos de Shirley Temple, ela o deu uma estatueta maior e sete menores dizendo: “Sei que as crianças do mundo inteiro estão muito felizes ao ver que você está recebendo estatuetas tão lindas.”. Com os lucros de Branca de Neve os irmãos pagaram as dividas e compraram uma enorme terra na California, onde iniciaram a construção de seus modernos estúdios de LA. Em 1940 já tinham lançado dois outros longas, Pinóquio e Bambi, assim como novos personagens da turma da Disney, como os sobrinhos de Donald, Mancha Negra, Vovó Donalda e Margarida. Pinóquio trazia às telonas novas técnicas e tinha uma das mais belas sequencias de animação já filmadas, mas não teve tanto sucesso quanto Bambi, quem nem chegou aos pés do sucesso de Branca de Neve. Com a Segunda Guerra Mundial o Governo havia provocado o bloqueio de todo o dinheiro da Europa, um mercado que representava quase 50% de toda a receita dos estúdios. Elias, preocupado com uma falência de seu filho começou a propor soluções para investir naquele terreno, como hospitais, escolas e...um parque de diversões. “Não é uma má ideia, papai. Mas ainda não é hora.” *Reconhecimento Enfim, a “Tolice de Disney” não era mais um sonho, tinha se tornado realidade Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso e era admirada e aplaudida mundialmente. Disney até mesmo recebeu em Paris uma medalha de honras pela criação de Mickey Mouse. Era só o começo de um reconhecimento de continuou apenas a crescer com as criações que vieram em seguida: “A essência da vida de Walt Disney sempre foi a mesma, toda a vez que quis fazer alguma coisa nova e diferente do primeiro camundongo Mickey, ao primeiro longa-metragem, sempre teve alguém que lhe dissesse que o publico não iria gostar. Mas Walt, um gênio invulgar e obstinado, acreditou em si mesmo, apostou num ratinho manso que vivia em sua mesa de desenho e conseguiu um estúdio de muitos milhões de dólares, admiração internacional como realizador de espetáculos, fama como educador e o maior numero de Oscars já conseguido por alguém em toda a historia do cinema.” MCEVOY, J.P, New York Times. A 12 de janeiro de 1936 o jornal The New York Times fez a feliz comparação entre os dois gênios do cinema, Charlie Chaplin e Walt Disney. “Assim como Chaplin, Disney é um bom psicólogo, e ambos fazem em seus filmes as únicas coisas que hoje em dia permanecem internacionais.”. René Clair, aclamado critico de cinema explicou simplesmente: “A razão do sucesso de Charlie e de Walt é que não sofrem interferência de fora. Atuam como produtores e diretores de suas próprias produções. Seus dons artísticos são sublimes.” Em 1934 o correspondente internacional do Daily Herald escreveu: “Depois de uma rápida viagem de volta ao mundo, retorno a Nova York para dizer que Mickey Mouse esteve comigo a maior parte do tempo. Pacifico, Japao, China e até em Manchoulli.” Mas o maior de todos o reconhecimentos para Disney foi quando Chaplin exigiu que antes da exibição cinematográfica de Luzes da Cidade, fosse passado um desenho de Mickey Mouse e que assim fosse em todas as sessões. “Ao grande gênio que nos encanta em todas as pinceladas.” Ele teria dito. Pouco antes da sua morte em (65) Walt foi indicado ao Nobel da Paz. Quando ele soube da indicação disse: “Aqueles que concedem o premio pela paz, veem o bem como se fosse algo extraordinário. Eu não, porque estou convencido deque o bem é a base de tudo. Tenho confiança no futuro e não temo a pólvora, a nitroglicerina do Sr. Nobel, a bomba, os foguetes e tudo o mais. Há muita maldade no mundo. Uma maldade inevitável, as vezes é necessária. Mas também há o bem e eles são maioria! Acredito que tudo que aconteceu é para tudo terminar bem.” * Fantasia Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Em 1940 Walt teve a ideia de misturar animação e pinceladas que se movimentavam com música clássica. Ele misturou duas artes que aparentemente não tinham nada a ver entre si. Assim, ele criou Fantasia. Fantasia foi um dos filmes mais caros dos estúdios, mas em compensação é considerado uma obra prima cinematográfica, tanto do ponto de vista estético, quanto do musical. A história de Fantasia passa por vários clássicos da música clássica. Obras de Bach, Dukas, Beethoven e Ponchelli, por exemplo são utilizadas para dar o tom e o ritmo da história, deixando lado diálogos e os efeitos sonoros que deixaram Disney tão famoso. Vinicius de Moraes escreveu: “Fantasia é a festa nupcial da musica com a cor, do som com o desenho, da melodia com a forma. É a orgia do bizarro numa equilibrada sucessão de imagens visuais e sonoras, que vão desde o supra-realista ao anedótico, do didático ao satírico, do lírico ao cômico. É uma polifonia policrômica de nuances jamais vista. Festa para os olhos e para os ouvidos!” Mesmo com toda a beleza visual e auditiva que representou Fantasia, o filme foi um fracasso de bilheteria e com a iminência de uma 2ª Guerra Mundial, os Estudios não estavam em sua melhor forma. Roy estava preocupado de mais com o dinheiro e Walt tinha sido “recrutado” pelo Governo para fazer trabalhos visuais para propaganda política e motivadora dos soldados na Guerra. Walt Disney contribuiu enormemente para elevar o moral de civis e militares. A turma do Mickey acabou se transformando em mascotes para transportar ao povo mensagens de calor humano, bom humor e confiança. Só que quando a guerra acabou, os irmãos Disney deviam quase 5 milhões de dólares aos bancos. A única solução encontrada por Roy, então, foi de abrir a empresa para vendas de ações. Apesar de Walt ter sido contra a venda teve que ser feita, de outra forma não seria possível salvar o Walt Disney Studios de uma iminente falência. Com o dinheiro que entrou das vendas, Walt não queria pagar as dividas. Queria fazer um novo longa-metragem. Roy achava uma missão suicida, já que depois de Branca de Neve o irmão não teria conseguido produzir filmes de bilheteria e que se destacassem no cenário hollywoodiano. Os dois discutiram sobre o assunto, mas Walt acabou levando a melhor e produzindo um dos filmes de maior sucesso de toda sua história: Cinderela. Cinderela foi um sucesso, porque se manteve fiel ao espirito original, coisa que Disney sabia fazer como ninguém. O espirito do conto lembra Branca de Neve, só que Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso com muito mais glamour, graça e humor. Cinderela, a Madrasta e o Príncipe receberam toques mais realistas, enquanto que os outros personagens eram misturas de caricaturas. E a combinação deu certo. Em seguida a este sucesso, Walt lançou Alice no País das Maravilhas. História baseada no livro homônimo de Lewis Carroll. Mas Alice não rendeu tantos bons frutos assim, apesar de ser considerada uma das personagens mais conhecidas e adoradas no mundo da Disney. Mesmo com a baixa receptividade, Walt não parou e lançou, praticamente em seguida: Peter Pan (53) e A Dama e o Vagabundo (55 – a primeira história 100% original dos estúdios). Pensando em expandir o negócio de filmes, Walt decidiu gravar filmes com atores de carne e osso. A ilha do tesouro (53), A espada e a Rosa (53) e Rob Roy (54) foram sucessos retumbantes, principalmente na bilheteria internacional. Estes filmes foram gravados no Reino Unido. Em meados da década de 50 o estúdio voltava lentamente ao seu normal e avançava a passos miudinhos para uma formatação de várias vertentes e prolongamentos. Enquanto Walt se dedicava ao projeto da Disneyland, os estúdios não pararam de produzir filmes belíssimos, em 1959 foi lançado A Bela Adormecida, que hoje é visto como um dos maiores clássicos da Disney, mas que quando foi lançado foi extremamente criticado e não rendeu bons lucros. Em 1963 eles lançaram o sucesso A espada era a lei, baseado na história do Rei Arthur e finalmente o filme que é considerado uma obra-prima: Mary Poppins. Este filme acabou sendo um sucesso de crítica, obtendo 13 indiações para o Oscar e cinco premiações. O filme também foi responsável por aumentar a popularidade de Julie Andrews, a eterna Noviça Rebelde. Entre 1980 e 1991 a Disney produzia cerca de um filme a cada seis meses o que popularizou a empresa como a “fazedora de magia” na animação. Neste período filmes como “A Pequena Sereia”, “O rei leão” e “A Bela e a Fera” estouraram nos cinemas com uma repercussão positiva. O Rei Leão, inclusive bateu os recordes de A Branca de Neve, sendo o filme mais bem sucedido de bilheteria passando até mesmo as entradas inteiras de “E o vento Levou”. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Depois de 1991 a produção de animações reduziu bastante e os studios passaram a investir ainda mais em técnicas que pudessem ser inovadoras. Como foi o caso do filme Pocahontas de 1995 e Mulan de 1996. Nestes filmes as personagens são étnicas e tem traços mais marcantes e intensos, assim como as cenas de ação e as sequencias são muito mais aceleradas que nos outros filmes de animação. Nenhum longa feito na década de 90, no entanto teve tanto sucesso quanto Tarzan, o filme ultrapassou 1bilhao de dólares na arrecadação mundial e foi a primeira empreitada da Disney na indústria fonográfica, em que um filme era lançado em vídeo e logo em seguida teve o cd da trilha sonora nas lojas. Foi o primeiro longa da Disney em que as musicas não eram cantadas pelos personagens e sim eram de fato trilhas, e a trilha foi assinada pelo brilhante Phil Collins. A trilha sonora genial ganhou grammys e Oscar, abrindo uma nova porta para a Disney Co. investir. Um dos primeiros investimentos neste setor foram os cds das trilhas sonoras de Tarzan (11 milhoes de copias) e Rei leão (7,5 milhões), ambas assinadas por Phil Collins e o cd com a trilha de A Bela e a Fera, que só pela música cantada por Celine Dion vendeu mais de 5 milhoes de cópias. Parte 3 – O Maravilhoso Mundo de Disney: parques, cast members e Administração. Até hoje o método Disney de empresa é analisado por muito estudantes de RP e Administração, este método consegue misturar a magia do mundo de Walt com o empreendedorismo e racionalidade de Roy. O começo desta empreitada começou quando Disney saiu com suas filhas para um parque de diversões local. Ele adorava sair com as filhas, mas odiava a sujeira e falta de organização daqueles parques. Ele se lembrou da ideia de seu pai em criar um parque de diversões, uma ideia que ele tinha apenas sugerido, mas que Disney vira potencial. E naquele momento via muitíssimo potencial. Sua primeira ideia para o parque seria em relação ao local. Ele deveria ser um pouco afastado e para chegar la, o publico teria que pegar uma locomotiva. A partir do momento em que ele entrasse no parque esqueceria do mundo exterior. Além disto, os visitantes seriam recebidos pelos personagens disneyanos e poderiam ver um pouco de Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso como tudo aquilo era magico e real ao mesmo tempo. Em 1952 Walt percebeu que estava chegando a hora de por em ação a ideia que há tantos anos vinha se tornando uma obsessão. Como a The Walt Disney Studios, que contava com outros acionistas não quis fazer parte da empreitada, Walt criou o nome fantasia WED (suas iniciais) para pagar todas as dividas da criação do parque sozinho. E as ideias não pararam, Walt sabia como seria o parque. Seria o primeiro parque de diversões “multitemático”: um espetáculo ambiental que incluiria arquitetura, paisagismo, numerosas personagens, a comercialização de produtos e ate as roupas dos empregados. Ele queria investir nisto, pois sabia que seria icônico. “Walt Disney era um inventor. Criou prazeres inesperados e novos estados de mente: aventuras verdadeiras e inocentes e perspectivas únicas no mundo. Os parques são lugares onde tudo isso vem a tona.” FINCH, Cristopher. Mas e o dinheiro? Disney não conseguiu plantar uma árvore de dinheiro como todos queriam, na verdade ele se utilizou do vilão da época: ele usou a televisão. A TV na época se popularizava nos EUA e era considerada uma vilã pelos diretores e produtores de cinema, pois ela poderia acabar com a arte. Ninguem via potencial na televisão e muitos ainda achavam que ela deveria ser ignorada para poder desaparecer. Walt, no entanto teve a ideia de usar a televisão para divulgar em grande escala o projeto e, posteriormente, a existência do parque. A primeira experiência de Walt com a Tv foi para um especial de Natal de uma hora de duração patrocinado pela Coca-Cola. Ele consistia em uma mostra de seus curtas mais conhecidos e uma viagem pelo interior dos estúdios, mostrando um pouco da técnica da Disney. Usando um pouco desta experiência, Walt foi até ABC, uma rede que acabava de se instalar e que estava muito a fim de concorrer com as gigantes NBC e CBS. A condição de Walt eraque a tv investisse nos parques. Em troca, ele montaria um programa semanal em rede nacional. O nome do programa foi Disneyland e abertura dele ficaria sob a responsabilidade de Tinker Bell. Walt seria o apresentador e ele mostraria todas as “terras” que existiriam no parque. A terra da aventura, a terra da fantasia, a terra da fronteira e a terra do amanhã. O seriado estreou em 1954 e logo transformou a ABC numa das redes de TV mais importantes do país. E com a criação de novos curtas para a Tv, Disney nem Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso imaginava que produzia-se um verdadeiro mercado de bulgigangas dos personagens que eram apresentados em seu show. Logo eram produzidos Donalds de pelúcia, boné de pele de guaxinim (do personagem David Crockett), além de vestidos da Branca de Neve e varinhas de condão da fada-madrinha de Cinderela. O homem dos negócios da Disney, Roy, contratou Jefferds, um empreendedor de Nova York que conseguiu reter a identificação destes produtos para que eles só fossem produzidos pela Disney e que os outros produtos que não tivessem o selo da empresa, seriam considerados pirataria. Este foi o início da label Disney. Com a ABC injetando dinheiro, o público aclamando pela Disneyland e Walt se dedicando quase que em tempo integral aos projetos, logo chegava a véspera do lançamento. O lançamento foi em um domingo, o “domingo negro”. Não pense que ninguém apareceu, muito pelo contrário. O parque ficou entupido de gente, lixo se acumulava, pessoas eram mal tratadas pelos funcionários terceirizados e os convites eram falsificados. A ABC que cobria todo o evento, tentou se focar nas coisas positivas daquele lugar maravilhoso, mas outras emissoras também estava presentes e ao contrário da ABC, elas não pouparam esforços para mostrar a inauguração como um fiasco e criticaram a empreitada de Disney até não conseguirem mais. Após o fiasco de inauguração, Walt passou a fiscalizar pessoalmente todos os detalhes que precisavam de retoques e ainda tudo que precisava ser corrigido na estrutura do parque. Walt fechou o parque para reformas, mas continuou fazendo a propaganda dele no seu programa Disneyland. Assim, em sua segunda inauguração o público voltou em massa e saiu muito satisfeito. Para que o pessoal que atendesse nos parques não cometesse as mesmas gafes que os funcionários terceirizados, Disney montou um esquema de treinamento, que anos depois se tornou a Universidade Disney. Neste treinamento ele ensinava aos funcionários que quem trabalhasse na Disneyland precisava ser cortês, paciente, sempre tratar o visitante como VIP. Assim, Disney cunhou o uso de termos teatrais, adaptandoos para o ramo do entretenimento: 1 – Visitante = Guest member (hóspede) 2 – Funcionário = Cast Member (membro do elenco) Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso 3 – Ambiente de trabalho = Stage (palco) 4 – Uniforme = Costume (fantasia) 5 – Área reservada aos funcionários = backstage. A regra de Disney era: o único lugar em que pode haver realidade, e esta, ainda sim dosada, é no backstage. Os nossos Guests members precisam acreditar que estão num mundo mágico. Precisam estar em um mundo mágico. Empresarialmente falando a Disney foi crescendo gradativamente como uma Corporação, mas que segue uma filosofia própria. Ela é uma das únicas empresas no mundo que não possuem um organograma padrão, e sim uma série de funções que se entrelaçam e que são importantes individualmente, e claro, ainda mais essenciais em grupo. Para que o parque não deixasse de crescer, Disney começou a procurar parcerias e apoios. Quem era responsável por isto era a mente empreendedora dos irmão, Roy Disney. Em menos de uma década Roy fez parcerias milionárias com a Goodyear, Pepsi, General Eletric e a Ford. Cada uma das empresas tinha patrocinado completamente pelo menos uma atração do parque, o que dava a Walt a liberdade de criar, e a Roy a tranquilidade da estabilidade. Mesmo com a Disneyland California, Walt não tinha qualquer pretensão em ficar so por ali. Primeiro por que a sua ideia inicial era a de criar um lugar em que as pessoas pudessem realmente se ausentar do mundo real e ficar submersas no clima da magia. Sua ideia era a de realmente criar um mundo novo. Afastado de praticamente tudo. Apesar de, a principio ter pensando em uma comunidade perfeita para o amanhã (o que se tornaria o EPCOT alguns anos depois) Wat então ampliou tudo aquilo, criando o modelo de um complexo que iria desde hotéis até novos parques. Seu nome seria Disney World – o Mundo de Disney. *A morte de Walt Existem pessoas que não nasceram para envelhecer... A era pós Walt Disney começou no dia 15 de dezembro de 1966, dez dias após o seu aniversario de 65 anos. A causa da morte foi um colapso circulatório agudo resultante de um câncer no pulmão e agravado pelos quatro maços de cigarros que ele fumava por dia. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Naquela noite os noticiários do mundo inteiro lamentaram a perda e todos se lembravam daquele homem simples que se transformava em um mito. O âncora Eric Sevareid foi o único que não deu um minuto de silencio pela morte de Walt, ele disse: “Se ele colocou som em seus desenhos, não queria que o mundo ficasse em silencio. E sinceramente teríamos que ter todo o tempo do mundo para dizer coisa certa sobre Walt. Ele foi um original. Ele foi um feliz acidente, um dos mais felizes que o século viveu. Ele provavelmente curou ou pelo menos aliviou mais problemas humanos do que todos psiquiatras do mundo. Não existe uma pessoa que, tendo entrado na mente e na imaginação de Walt por pelo menos algumas horas e que não tenha se sentido uma pessoa muito melhor depois.” “Um camundongo falante, elefantes voadores, Branca de Neve, Mary Poppins...tudo é sonho, fuga da realidade. Ele ciriou um mundo de fantasia, e a fantasia de Disney é imortal. Muitos acham que jamais verão alguém como ela.” NADER, Ginha. *Era pós-Walt Disney O Disney World de Walt já havia começado a se construido em Orlando e logo apos a sua morte, muitos cogitaram se não seria mais sensato a parada de toda a construção. Roy chamou a todos e disse que tinha certeza que Walt gostaria que esfretassem o momento de dor que passam e que eles iam conseguir terminar aquele projeto. Presidida por Roy a organização levou adiante o projeto e logo o Magic Kingdom foi construído. O Magic Kingdom tem os moldes muito similares ao Disneyland da California, mas é mais moderno, adota a infra-estrutura de uma cidade lazer e não tem o risco da poluição visual que existia na Disneyland. Depois de três anos de planejamento e dois anos de construções, a Disneyworld estava finalizada. O ano era de 1971 e a cerimônia foi realizada no palco em frente ao castelo da Cinderela. Dois meses depois da abertura do Magic Kingdom Roy Disney morreu e um mês depois Ub Iwerks, que há tempos era o diretor de desenhos, também morreu. Tinham desaparecido os três pilares do império Disney. A imaginação, a administração e a criação. Os três tinham ido embora e o que aconteceria depois? The Walt Disney World Localizado no Lake Buena Vist, Orlando, Florida o Mundo de Disney tem Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso aproximadamente 120km² (área do tamanho da cidade de São Francisco). 25% desta área foi destinada p/ conservação natural e apenas 70% da área restante que já foi utilizada, entre parques, hotéis e resorts. Os parques nesta área são: Magic Kingdom, Animal Kingdom, Epcot e Hollywood Studios. Além dos muitos outros parques aquáticos, e a cidadela construída para entretenimento a Disney Downtown. Excelência em Administração. Por ano, cerca de 100mil trabalhos de Administração são produzidos no mundo todo sobre a excelência da Disney como uma organização diferente. Não existe uma formula, na verdade o que a Disney Co. faz de diferente das outras corporações é inserir seus funcionários completamente no clima da empresa de forma que eles compreendam do que a Disney é feita. Ela é feita de sonhos (representadas pela figura de Walt) ela é feita de dedicação (Ub Iwerks) e é feita de empreendedorismo (Roy). Estes três pilares são apresentados para cada um dos funcionários novos e reapresentados continuarmente para os funcionários mais antigos. Aqueles que trabalham na Disney não apenas vestem a camisa da empresa, eles vestem a verdadeira fantasia. Eles investem tempo e dedicação para entender como a empresa funciona e não aceitam “não” como resposta. A filosofia básica daqueles que trabalham na Disney é que todos trabalhem juntos, como um time para que o espetáculo seja tranquilo, real e mágico. Uma organização mais informal, amigável e divertida seria mais eficiente, assim ações como todos se chamarem pelo primeiro nome e chamarem os funcionários de Cast Members, garante a animação e o clima necessários para um excelente trabalho. “As experiências, assim como os produtos e serviços devem satisfazer as necessidades do consumidor, dar resultados e ser praticáveis.” AMADOR, Sonia A. E assim os conceitos que o próprio Walt criou dão conta de explicar no que gira em torno toda a companhia Disney: - Qualidade: “Tudo que leva o nome Disney é nossa responsabilidade.” -Importância: “Quando ele vem aqui, vem por causa da integridade que nós estabelecemos durante anos. Eles viajam quilômetros, milhas. Somos então responsáveis por eles.” -Cultura: “Tivemos uma duradora resistência na divergência entre o que era Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso a visão geral de divertimento e o que era definido como educacional, sustentada por antigos e insustentáveis pontos de vista...não esqueçam, o sorriso não é inimigo da cultura.” -Curiosidade: “Ao invés de ficar reclamando do por que de algo ser assim, pense em por que tem que ser assim e como posso fazer para melhorar.” -Divertimento: “Se não tivermos diversão naquilo que fazemos para trabalhar, não é bom para nós e não será bom para quem ver o produto final.” -A concepção de convidado: “Você não constrói estas coisas para você, você as constrói para os nossos convidados.” -Equipe: “Não me coloco como autoridade de maneira nenhuma. Sigo as opiniões das pessoas comuns que eu encontro e me orgulho desta unidade de equipe em minha organização.”. Parte 4 – “É divertido fazer o impossível!”: Touchstone, Pixar, Buena Vista e outros empreendimentos. Roy era um mestre em conseguir parcerias e investir corretamente o dinheiro. Walt em contrapartida sempre esteve mais preocupado com a criação e com o mundo das ideias, deixando sob a responsabilidade de Iwerks colocar em prática, mesmo assim os dois Disneys juntos criaram estabilidade e fizeram a Disney Co. ser o que é hoje. Após a morte de Walt seus sucessores buscavam formas de manter o nome da empresa e ainda atingir outros públicos. A label Disney não precisava estar em todas as assinaturas dos novos empreendimentos, parte desta decisão se deu pela própria imagem de família que a empresa construíra, o que não impediu que outras etiquetas pudessem ser criadas dentro das organizações Disney. Além disto, poucos sabem, mas a Disney reúne mais de vinte companhias que dela fazem parte ou são vinculadas. Algumas valem a menção, pois são as mais significativas. *No cinema Em 1984 a Touchstone Pictures foi criada por Ron Miller (genro de Walt Disney) e produziu o mega sucesso Splash: uma sereia em minha vida. Com este filme, Ron pretendia mostrar aos acionistas seus esforços em restabelecer o criativo da companhia, mas foi muito criticado por querer trazer um outro tipo de público para a Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Disney. Logo a etiqueta foi responsável por uma grande parte do capital Disneyano por seus filmes de comedia e de ação. Entre 1984 e 1988 os estúdios foram campeões de bilheteria com filmes como Três solteirões e um bebe, Uma cilada para Roger Rabbit e Bom dia, Vietnam. (pesquisar mais sobre a Touchstone) A Hollywood Pictures também foi comprada pela Disney para unir forças à Touchstone e aumentar o faturamento da empresa além da distribuição dos filmes. Esta parceria foi responsável por sucessos como Armagedom e (citaroutros) Para que a distribuição fosse intensificada a Disney criou a Buena Vista e comprou a Miramax, as duas distribuidoras seriam a porta de saída dos filmes da Disney (Buena Vista) e a porta de entrada para filmes que valessem a pena serem distribuídos nos Estados Unidos (Miramax), a exemplo do filme “A vida é bela” que teve a distribuição da Miramax/Buena Vista. A parceria entre as duas já rendeu bons frutos e em 1998, por exemplo, emplacou seis dos vintes maiores sucessos de bilheteria. Com o retumbante aparecimento da Dream Works de Spilberg e companhia, a Disney se sentiu “ameaçada” pela primeira vez. A Dream Works trouxe muitas novidades para a animação e logo se tornou referencia com filmes icônicos como Shrek, Era do Gelo e Principe do Egito. Como forma de se “defender” a Disney uniu forças com a Pixar, projeto inovador de Steve Jobs, fundador da Apple. A Pixar é responsável não so pela parte técnica mas também pela criação de roteiros. À Disney cabe a divulgação,a promoção e o marketing em escala mundial dos lançamentos. Assim como os custos da produção. Os lucros então são divididos em 50%. A parceria entre as duas já rendeu excelentes resultados como os sucessos de Toy Store, Os Incriveis, Vida de Inseto, Procurando Nemo e o aplaudido em pé, UP. *Na TV Em 2001 aDisneycomprou o canal a cabo da FoxFamily WordlWide.Esta compra fez com que os canais que era exclusivamente norte-americanos chegassem na Europa e na América Latina. Hoje a companhia é responsável pela distribuição internacional dos canais Disney Chanel, Toon Disney, ESPN e SoapNet. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso A Disney também foi a primeira empresa a criar um padrão de filmes para a Televisão, a exemplo de High School Musical, Lemonade Mouth, Cheetah Girls e As aventuras de Aaron Stone. Todos estes filmes são intensionamentel produzidos para atender a demanda dos adolescentes que acham que não mais devem assistir a desenhos animados. Outro investimento da Companhia para este público são os seriados como Feiticeiros de Waverly Place, Hannah Montana e Sunny entre estrelas. Os atores adolescentes destes filmes de TV e dos seriados tem parte da sua carreira promovida pela Disney e todos eles tem em comum que precisam saber: cantar, dançar e atuar. *Musica Além de novas etiquetas no cinema, a Disney resolveu se aventurar pelo mundo da musica. Primeiro assinava as suas próprias obras como Disney, lançando as trilhas sonoras de maior repercussão naquelas épocas, como Tarzan, A Bela e a Fera, O Rei Leão e A Pequena Sereia. Estes cds levam a label Disney na assinatura, assim como todos os cds de trilhas sonoras que vieram depois destes, no entanto ficava complicado eles tentarem lançar seus artistas com este label, caso contrário eles poderiam ficar estigmatizados por este contrato. Foi assim que a Disney comprou selos musicais em algumas gravadoras, como a EMI, (continuar) *Broadway Quando a Disney disse que iria para a Broadway foi muito criticada pois ninguém acreditava que pudesse dar certo. Ignorando todos os achismos, Eisner colocou um grupo de pessoas experientes da Broadway a cabo de produzir o primeiro musical. A Bela e a Fera. Desde 1995 até os dias de hoje, A Bela e a Fera continua em cartaz permanente na Broadway, assim como outros sucessos desta empreitada, como O Rei Leão, Mary Poppins e a Pequena Sereia. Além de Oscars e Grammys agora a Disney também coleciona Tonnys. *Online A criação do site disney.com foi uma empreitada lógica e muito bem planejada. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida 1º Clic – Culturas, Linguagens e Interfaces Contemporâneas Minicurso Além de propagar os parques da empresa, o site também promove os artistas da label Disney e tem disponíveis conteúdos para downloads e afins. O site tem muitas opções para os navegadores: jogos, novidades, videoclipes e filmes inteiros para assistir. Além disso é possível curtir a página da empresa no Facebook (bem como todas as outras paginas de filmes, artistas, musicas e personalidades), e seguir os twitters da companhia. Lá você tem um twitter que fala somente de parques (@disneyparks), um de momentos (@disneymoments), somente de citações (@disneywords) e claro, o oficial que fala pela empresa como um todo (@disney_world). No Youtube é possível ver filmes inteiros hospedados na pagina oficial da Disney, assim como é possível participar de enquetes e dar sugestões para os filmes, desenhos animados, seriados e até musicas. Do Rato ao Mundo: Ideologias, Interfaces e a(s) estética(s) da Disney Ana Carolina Almeida