DISSERTAÇÃO SÍNDROME DE DOWN E CARDIOPATIA
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DISSERTAÇÃO SÍNDROME DE DOWN E CARDIOPATIA
DISSERTAÇÃO SÍNDROME DE DOWN E CARDIOPATIA CONGÊNITA: ESTADO NUTRICIONAL EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS CAROLINE D’AZEVEDO SICA INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia Síndrome de Down e cardiopatia congênita: estado nutricional em diferentes faixas etárias Autor: Caroline D’Azevedo Sica Orientador: Dra. Lucia Campos Pellanda Dissertação submetida como requisito para obtenção do grau de Mestre ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, da Fundação Universitária de Cardiologia / Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Julho de 2012 Dedicatória A Deus, minha família, amigos, colegas de trabalho e orientadora pelo apoio, força, incentivo e amizade. Sem eles nada seria possível. S565s Sica, Caroline D’Azevedo. Síndrome de down e cardiopatia congênita: estado nutricional em diferentes faixas etárias / Caroline D’Azevedo Sica; orientação [por] Lucia Campos Pellanda – Porto Alegre, 2012. 71f ; tab. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/ Fundação Universitária de Cardiologia Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2012. 1.Síndrome de down.2.Avaliação nutricional.3.Dados antropométricos.4.Curvas de crescimento.5.Atividade física. I.Lucia Campos Pellanda.II.Título. CDU:612.39:616.12-007 Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva CRB 10/1850 AGRADECIMENTOS A Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para superar as dificuldades, mostrar o caminhos nas horas incertas e me suprir em todas as minhas necessidades. Aos meus pais, Luiz Humberto e Ana Luísa, a quem dedico esta dissertação, meus maiores incentivadores, dispostos a sacrificar tudo para que possamos realizar nossos sonhos, agradeço por tornarem possível tudo que eu fiz e tudo que eu poderei fazer, sempre acreditando na minha capacidade, onde isso só me fez mais forte e determinada para sempre tentar ser a melhor, fazer o melhor de mim e sempre correr atrás dos meus sonhos. Meus sinceros agradecimentos pelo amor incondicional, apoio, carinho, incentivo e por todos os ensinamentos e formação do meu caráter. Pais especiais que souberam, com maestria, conduzir meu caminho, incentivando sempre meu crescimento pessoal e profissional. Amo muito vocês! Aos meus irmãos, Thiago e Paola que direta ou indiretamente me apoiaram e incentivaram para que eu lutasse por tudo aquilo que fosse me realizar pessoalmente ou profissionalmente, acreditando sempre no meu potencial. À minha orientadora professora Lucia, antes de mais nada pela paciência que teve comigo, pelos ensinamentos e dicas de pesquisa, assim como pelas horas de leitura gastas no meu trabalho, por me mostrar o caminho da ciência, por ser exemplo de profissional, por fazer dos meus momentos de desesperos em momentos mais tranquilos com sua calma em excesso, deixando-me mais segura e confiante naquilo que estávamos fazendo. Agradeço muito pelo apoio nas horas das matrículas e oportunidade de bolsa científica, muito obrigada por tudo Lucia! As minhas amigas nutris Carlinha, Kelly, Pri, Rê e Zica, e as não nutris Julia e Simone, pela amizade sincera e carinhosa, por compartilharem comigo grandes momentos, tanto de alegria, quanto de dúvidas e incertezas. Também pela especial companhia nas horas do chimarrão com bastante comilança e sempre regada de muitas risadas, nos momentos de distração, como festas, barzinhos e jantinhas; pela compreensão nos momentos de minha ausência e principalmente por acreditar na minha capacidade e me incentivar sempre que necessário. Adoro muito vocês! Ao Vitor, pelo apoio, pela paciência e compreensão nos meus momentos de ausência e de estresse, agradeço pelo companheirismo, carinho e amor que me foi dado, sempre me incentivando e acreditando no meu potencial. Aos meus amigos e colegas de trabalho da Estratégia de Saúde da Família do Kephas, pelo apoio e incentivo nos momentos de desespero, nas minhas horas de ausência para as aulas do mestrado, com a ajuda nas compensações de horas e principalmente pelo carinho que me deram neste período. A nutri sem noção agradece muito por tudo! As minhas colegas e amigas de Pós Graduação Camila, Pri e Lili, obrigada pelo apoio nas horas de desânimo onde achava que estava tudo perdido e errado, me ajudando com muitas risadas nervosas e apreensivas, agradeço pelos momentos de distração no meio das aulas e pelo incentivo que tudo iria dar certo, obrigada gurias! Finalmente, gostaria de agradecer ao Instituto de Cardiologia por abrir as portas para que eu pudesse realizar este sonho que era a minha dissertação de mestrado. Proporcionaram-me mais que a busca de conhecimento técnico e científico, mas uma LIÇÃO DE VIDA. Ninguém vence sozinho... OBRIGADA A TODOS! Sumário 1 BASE TEÓRICA_ __________________ 1.1 INTRODUÇÃO 1 1.2 FUNDAMENTAÇÃO 4 1.2.1 Síndrome de Down 4 1.2.2 Cardiopatia congênita na Síndrome de Down 5 1.2.3 Métodos de avaliação de crianças e adolescentes com Síndrome de Down 8 1.2.4 Avaliação nutricional e atividade física 11 1.2.5 Cardiopatia congênita e a presença de fatores de risco para aterosclerose na infância 15 1.2.6 Marcadores inflamatórios 2 3 4 16 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL 19 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO 19 METODOLOGIA __________________ 3.1 COLETA DE DADOS PROTOCOLO DO ESTUDO 20 3.2 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA 20 3.3 AVALIAÇÃO ATIVIDADE FÍSICA 21 3.4 AVALIAÇÃO DIETÉTICA 22 3.5 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA 23 3.6 AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA 24 ARTIGO_____ __________________ RESUMO 25 ABSTRACT 27 INTRODUÇÃO 29 METODOLOGIA 30 RESULTADOS 32 DISCUSSÃO 34 TABELAS 41 GRÁFICOS 4 APÊNDICE III – 5 46 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO QUESTIONÁRIO SOBRE ALIMENTAÇÃO 47 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DISCUSSÃO 55 BASE TEÓRICA 1.1 INTRODUÇÃO A Síndrome de Down (SD) é uma anomalia genética localizada no vigésimo primeiro par de cromossomos, apresentando um cromossomo 21 extra (trissomia do 21). Esta anomalia promove alterações físicas e mentais, tais como hipotonia muscular (sobretudo oral), cardiopatia congênita, baixa imunidade, distúrbios gastrointestinais, obesidade, atraso no desenvolvimento psicomotor e problemas neurológicos, auditivos e visuais (GRANZOTTI et al., 1995; MARQUES e MARREIRO, 2006; LOPES et al., 2008). Nos últimos anos, os avanços da medicina no acompanhamento e no tratamento dos portadores de Síndrome de Down possibilitam aumento significativo na expectativa de vida e melhora na saúde global desses pacientes, devido principalmente à prevenção das complicações relacionadas à SD (SOMMER et al., 2008). As cardiopatias estão incluídas no quadro de doenças associadas à síndrome (MORBAN, 1978; RIBEIRO et al., 2003). De acordo com vários autores, há íntima associação entre cardiopatias congênitas e desnutrição, tendo sido demonstrado que as lesões cardíacas associadas à cianose, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão pulmonar levam ao maior comprometimento do crescimento e do desenvolvimento pôndero-estatural, resultando em maior agravo nutricional. As crianças com cardiopatia congênita geralmente são desnutridas e apresentam algum grau de comprometimento funcional e/ou estrutural dos órgãos. Existe, ainda, 1 deficiência na ingestão de nutrientes, decorrente do controle de líquidos necessário em alguns pacientes (VIEIRA et al., 2007). Por outro lado, estudos evidenciam maior prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes portadores de SD. Uma das causas pode ser decorrente do fato que esses indivíduos possuem redução na taxa metabólica basal e, consequentemente, redução do gasto de energia do organismo (RIBEIRO et al., 2003). A adiposidade central em crianças sem síndrome tem sido relatada como fator de risco para doenças cardiovasculares e DM tipo II, aumento da pressão sanguínea e dislipidemias. Maior incidência de doenças cardiovasculares é encontrada em populações com altos níveis de colesterol total e LDL, e baixos níveis de HDL (MASSIN, 2007). O marcador de inflamação Proteína C Reativa (PCR) tem sido relatado como um fator de risco para infarto em vários estudos de inicialmente saudáveis. Variações na concentração de PCR foram encontradas por indicadores sociodemográficos, tais como idade, raça ou etnia, sexo, e fatores de risco para doença cardiovascular, como medidas antropométricas, perfil lipídico, pressão arterial, tabagismo, atividade física, tolerância à glicose e sensibilidade a insulina (EARL, 2003). Há poucos estudos descrevendo a frequência de obesidade e sobrepeso em crianças com Síndrome de Down e cardiopatia congênita. Esta associação é importante porque potencialmente somaria riscos para doenças cardiovasculares adquiridas no futuro. Sob a perspectiva da Epidemiologia do curso da vida, fatores nocivos que ocorrem em diferentes estágios do desenvolvimento podem ter consequências duradouras, que acumulem ao longo da vida. Assim, a desnutrição seguida de 2 sobrepeso e obesidade poderia representar um risco maior do que cada um destes fatores isoladamente. Assim, este estudo propõe avaliar o estado nutricional, a condição antropométrica, aspectos dietéticos, a frequência de fatores de risco familiar para cardiopatia isquêmica e prática de atividade física domiciliar de portadores de Síndrome de Down e cardiopatia congênita, em diferentes faixas etárias, dos 2 aos 18 anos de idade. 3 1.2 FUNDAMENTAÇÃO 1.2.1 SÍNDROME DE DOWN A Síndrome de Down (SD) é conhecida desde a antiguidade e, segundo Hayes & Batsham (1993), sua prevalência em todas as regiões do mundo é em média, de um a cada 700 nascidos vivos. De acordo com estes dados, pode-se estimar para o Brasil uma prevalência aproximada de 300 mil pessoas com essa deficiência. A SD é um conjunto sindrômico que ocorre devido à trissomia do cromossomo 21. Esta trissomia é resultado de um erro na distribuição dos cromossomos, no lugar de apresentar 46 cromossomos em cada célula (23 da mãe e 23 do pai, que formam 23 pares), o indivíduo apresenta 47 cromossomos. O elemento extra fica unido ao par número 21, por isso o nome trissomia do 21. Existem três tipos de trissomia 21, detectadas por um exame chamado cariótipo (estudo de cromossomos), são eles: trissomia 21 simples (ou padrão); mosaico, e translocação (NASCIMENTO, 2004). Essa alteração de cromossomo gera retardo ao desenvolvimento, fascies características, hipotonia presente em 100%, distúrbios de audição presente em 50 a 70%, de visão presente em 15 a 50%, alterações na coluna vertebral presente em 1 a 10%, obesidade, envelhecimento precoce, diminuição intelectual do Q.I (quociente intelectual) e alguns fatores de risco relacionados a cardiopatias presente em 40% e uma das causas mais frequentes de deficiência intelectual, acometendo cerca de 18% do total de deficientes intelectuais em instituições especializadas (SILVA E KLEINHANS, 2006) 4 Os indivíduos que apresentam a SD possuem características muito semelhantes: a ponte nasal é achatada e as fissuras palpebrais são delicadas, estreitas e oblíquas, isto é, inclinadas no sentindo látero-superior. É comum a presença de pregas epicânticas, que são pregas cutâneas da pálpebra superior (que se estende do nariz até a parte interna da sobrancelha) cobrindo o canto interno do olho. O estrabismo também é uma característica comum, assim como os dentes pequenos e, frequentemente, de alinhamento anormal. O encurtamento nas extremidades é típico naqueles com SD: as mãos são curtas e largas e os dedos são mais curtos. Os pés caracterizam-se por serem curtos e largos (RAMOS et al., 2002). A SD pode ser diagnosticada logo após o nascimento devido à manifestação de seus principais fenótipos, como: hipotonia muscular generalizada, occipital achatado, pescoço curto e grosso, prega única na palma das mãos, comprometimento no comprimento e retardo mental. Os familiares nem sempre sabem que a criança é portadora desta síndrome, ou ainda, o que realmente é a SD, já que, popularmente esta ainda é denominada de mongolismo (SANTOS, FRANCESCHINI e PRIORE et al., 2006). Vários fatores podem estar associados ao aumento da possibilidade de nascer um filho com SD: idade materna de 35 ou mais, a partir dessa idade, o risco de ter um filho com anormalidade cromossômica dobra a cada dois anos e meio; idade paterna de 45 anos ou mais; nascimento anterior de uma criança com SD ou outra anormalidade cromossômica; translocação cromossômica balanceada em um dos pais; e pais com desordens cromossômicas (DAL BOSCO et al, 2011). 5 1.2.2 CARDIOPATIA CONGÊNITA NA SÍNDROME DE DOWN A cardiopatia congênita é a manifestação de uma alteração na estrutura cardiovascular normal ou da incapacidade de essa estrutura atingir desenvolvimento completo durante o período fetal, produzindo graus variáveis de disfunção circulatória. Sua etiologia é multifatorial e pode decorrer da interação entre predisposição genética e fatores ambientais intra-uterinos ou entre fatores pós-natais e anormalidades hemodinâmicas. As cardiopatias congênitas ocorrem em aproximadamente oito de cada mil nascidos vivos e sua incidência é baixa no Brasil e na América Latina (cerca de 1%) (VIEIRA et al., 2007). Apesar disso, as cardiopatias congênitas revestem-se de relevante importância, pois, dentre as inúmeras possibilidades de defeitos, encontram-se anomalias com alterações anatomo funcionais, acarretando desde discretas modificações hemodinâmicas até situações mais complexas (WHEAT, 2002; VIEIRA et al., 2007). As cardiopatias congênitas podem ser definidas como anomalias do coração ou dos grandes vasos que possuam significância funcional (real ou potencial) (GUITTI, 2000). Estão entre as anormalidades congênitas mais frequentes e resultam, principalmente, do desenvolvimento incompleto do coração nas seis primeiras semanas de gestação. (FERREIRA, 2004; LOFFREDO, 2000). De um modo geral, as cardiopatias congênitas podem ser divididas em dois grupos: Cianóticas, que são aquelas cujos defeitos estruturais levam à dessaturação do sangue arterial; e Acianóticas, as que não provocam dessaturação, e correspondem a cerca de 70% das cardiopatias congênitas. As manifestações clínicas mais comuns destes defeitos incluem sopros cardíacos, sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, anormalidades de pulso periférico, entre outras (FERREIRA, 2004). 6 A doença cardíaca contribui significativamente para a morbidade e mortalidade de crianças com SD, que podem desenvolver insuficiência cardíaca, doença pulmonar vascular, pneumonia ou insuficiência de crescimento. Nos primeiros dias de vida, os sintomas ou sinais podem estar ausentes ou serem mínimos, apesar da presença de anomalias significativas da doença cardíaca (TUBMAN et al., 1991). Na SD, as malformações cardíacas ocorrem em 40% a 50% dessas crianças e a mais frequente é o defeito de septo atrioventricular (30% a 60%), seguida do defeito do septo ventricular (cerca de 30 %). Outras cardiopatias são: a comunicação interatrial ostium secundum (cerca de 10%), a persistência do canal arterial e a tetralogia de Fallot. Em torno de vinte anos de idade, podem ocorrer o prolapso da valva mitral associado ou não ao da valva tricúspide e o refluxo aórtico (BRAVO-VALENZULA et al., 2011). Uma patologia relativamente frequente nessas pessoas, portadoras de SD, é o defeito do septo atrioventricular (DSAV), que é uma malformação cardíaca que representa cerca de 3% das cardiopatias congênitas em geral, e está normalmente relacionado ao indivíduo com SD, sendo este o problema mais representativo. O DSAV completo inclui uma valva atrioventricular única, uma comunicação interatrial tipo ostium primum e uma comunicação interventricular de via de entrada. A característica principal é o hiperfluxo pulmonar que se manifesta precocemente nas primeiras semanas de vida. Isto ocorre basicamente em decorrência de alterações anatomo-funcionais. Ainda em decorrência desta patologia, os indivíduos com SD sofrem uma complicação pulmonar criando uma hiper-resistência, gerando uma doença vascular oclusiva nos meses seguintes, ao contrário das crianças que não possuem a síndrome (FERRIN et al, 1997). 7 Nas cardiopatias congênitas, o grau de comprometimento pôndero-estatural depende do tipo e da repercussão hemodinâmica das mesmas. As crianças com doença cardíaca congênita moderada a grave apresentam maior comprometimento quando comparadas àquelas com cardiopatia leve ou às sem doença cardíaca. O aprimoramento das técnicas cirúrgicas e métodos diagnósticos nas últimas décadas têm permitido corrigir defeitos cardíacos mais precocemente e com melhores resultados. A recuperação pôndero-estatural desses pacientes no pós-operatório, dentro dos potenciais genéticos, gera questionamentos e estudos. O aumento da sobrevida e melhora na qualidade de vida dessa população estão relacionados à correção cirúrgica das cardiopatias congênitas (BRAVO-VALENZULA et al., 2011). De acordo com vários autores, há íntima associação entre cardiopatias congênitas e desnutrição, tendo sido demonstrado que as lesões cardíacas associadas a cianose, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão pulmonar levam a maior comprometimento do crescimento e do desenvolvimento pondero-estatural, resultando em maior agravo nutricional. As crianças com cardiopatia congênita geralmente são desnutridas e apresentam algum grau de comprometimento funcional e/ou estrutural dos órgãos. Existe, ainda, deficiência na ingestão de nutrientes, decorrente do controle de líquidos necessário em alguns pacientes (VIEIRA et al., 2007; MASSIN, 2007; MOONS et al., 2006). 1.2.3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN O crescimento de crianças com SD difere das demais, pois se caracteriza por precocidade no início do estirão de crescimento e velocidade reduzida de 8 crescimento linear, o que resulta em indivíduos de estatura mais baixa em relação à população em geral (CREMERS et al., 1996). Há também predisposição para o excesso de peso, particularmente entre os adolescentes e os adultos (CHUMLETA e CRONK, 1981; PASHER, 1995; LUKE et al., 1996). Essa predisposição também pode estar relacionada, entre outros fatores, ao próprio déficit de crescimento que determina necessidades energéticas reduzidas. Por outro lado, o excesso de peso constitui fator de agravamento para outras enfermidades que acometem esse grupo populacional, como as cardiopatias e a hipotonia muscular, além de ser fator de risco para distúrbios metabólicos. Desta forma, a avaliação do estado nutricional é importante para o diagnóstico e acompanhamento da situação nutricional desse grupo de indivíduos. Em alguns países, já foram desenvolvidas distribuições apresentando os percentis de índices antropométricos, tais como peso para idade (P/I), peso para estatura (P/E) e estatura para idade (E/I), específica para crianças e adolescentes com SD, as quais refletem a menor velocidade de crescimento e o déficit na estatura observado nesse grupo (GRANZOTTI et al., 1995; LUKE et al., 1996; FARKA et al., 2002; MYRELID et al, 2002). A distribuição elaborada nos EUA é uma das mais referidas na literatura e contém as distribuições de peso, estatura e perímetro cefálico por idade (PC/I), segundo o sexo, compreendendo a faixa etária de 2 a 18 anos (CRONK, 1988). Na Espanha, foram desenvolvidas distribuições para crianças e adolescentes com SD do terceiro mês aos 17 anos de idade, incluindo os mesmos índices abordados na distribuição estadunidense (CHUMLEA e CRONK, 1981). Na Suécia e no Reino Unido e Irlanda (STYLES et al., 2002), foram desenvolvidas distribuições específicas do peso, estatura/comprimento e perímetro cefálico, segundo a faixa 9 etária e o sexo, do nascimento aos 18 anos de idade (MYRELID et al., 2002). Na Itália (CREMERS et al., 1996; PIRO et al., 2005) desenvolveram curvas de peso, comprimento/estatura e perímetro cefálico para crianças com SD de 0 a 5 anos de idade. Na Arábia Saudita, Al Husain (AL HUSAIN, 2003) também elaborou curvas, segundo a faixa etária e o sexo, de peso, comprimento/estatura, perímetro cefálico e do índice peso por comprimento/estatura para crianças de 0 a 5 anos de idade com SD, as quais foram comparadas com curvas elaboradas para crianças da mesma faixa etária que não apresentavam a doença. No Brasil, Mustacchi realizou estudo longitudinal com 174 crianças de 0 a 8 anos de idade com SD, na região urbana de São Paulo, no período de 1980 a 2000. O autor obteve avaliações de peso, estatura e perímetro cefálico e elaborou distribuições dos índices E/I, P/I e PC/I, segundo faixa etária e sexo. No país, observa-se escassez de estudos que investiguem a avaliação de índices antropométricos em crianças e adolescentes com SD. Assim como não há registro de trabalhos que esclareçam quanto à utilização dessas distribuições específicas para indivíduos com a SD (MUSTACCHI, 2002). Segundo Cronk et al (1988), citados por Santos et al (2006) algumas das considerações relevadas quanto às curvas de crescimento pôndero-estatural dizem respeito às morbidades frequentemente encontradas entre os portadores de SD, como hipotireoidismo e doenças cardíacas congênitas. Neste estudo foram comparadas crianças portadoras de SD (sem mosaicismo) com e sem doenças cardíacas congênitas e também confrontando os resultados obtidos quanto à taxa de ganho de estatura e de peso, com a população americana sem a síndrome. A maior deficiência de crescimento foi evidenciada nas crianças com doença cardíaca congênita moderada ou grave quando comparadas com as crianças sindrômicas sem a doença 10 cardíaca ou com nível leve, onde foram feitas curvas específicas para crianças com e sem doença cardíaca. Na comparação destas curvas foi visto que não havia diferença significativa entre elas, sendo proposta a utilização tanto em crianças com e sem doenças cardíacas congênitas. 1.2.4 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E ATIVIDADE FÍSICA A antropometria é um recurso utilizado para diagnóstico nutricional, objetivando verificar se o crescimento bem como as proporções corporais individuais ou coletivas está dentro do esperado (MELLO, 2002). Portadores de Síndrome de Down frequentemente apresentam sobrepeso/obesidade, porém, sabe-se que indivíduos portadores da trissomia do cromossomo 21 possuem velocidade de ganho de peso desde a infância até a adolescência semelhante à dos não portadores de SD, não acontecendo o mesmo com a velocidade do ganho estatural, que se encontra reduzida, podendo ser este um fator capaz de justificar o sobrepeso/obesidade entre os portadores de SD (CRONK et al., 1988). A epidemia de sobrepeso/obesidade não reconhece limites geográficos, nem sociodemográficos, desta forma, outros possíveis fatores determinantes do sobrepeso/obesidade entre portadores de SD são, baixa atividade física, padrão alimentar inadequado, bem como transição nutricional vivido por toda sociedade, nestas últimas décadas (GUTIÉRREZ-FISAC et al., 2003). A avaliação nutricional se dá por meio de história dietética, história familiar, dados socioeconômicos, medidas de peso, altura, e composição corporal (PRIORE, et al, 2005). 11 Os hábitos alimentares também são levados em consideração. Há necessidade de se observar a cultura alimentar valorizando o que se come e o que se cozinha como práticas sociais carregadas de simbolismo, significado, história e identidade. Através da culinária é possível proporcionar uma experiência de vivência e reflexão sobre as relações entre alimentação, cultura e saúde. (CASTRO, et al., 2007). A importância de conhecer o consumo alimentar prende-se ao fato de existir correlação positiva entre dieta hipercalórica e risco de morbimortalidade. As dietas inadequadas, com elevado teor de lipídios, energia e carboidratos simples, podem ser consideradas fatores de risco para doenças crônicas e obesidade. O consumo alimentar está relacionado não somente quanto ao volume da ingestão alimentar, mas também à composição e qualidade da dieta. Além disso, os padrões alimentares mudaram, explicando, assim, em parte, o contínuo aumento da adiposidade nas crianças. Podem-se observar as seguintes mudanças: pouco consumo de frutas ou hortaliças, aumento do consumo de guloseimas (bolachas recheadas, salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da manhã (DAL BOSCO et al., 2011). A obesidade pode ser definida como a situação de excesso de tecido adiposo, podendo ocorrer de duas maneiras: obesidade primária, que implica na ingestão alimentar excessiva pura; e obesidade secundária, em que há pré-existência de alguma doença que leva ao excesso de peso. Em indivíduos portadores de SD, observam-se prevalências elevadas de excesso de peso e obesidade. A literatura existente realça tendência à obesidade, e que provoca aumento no risco de enfarte agudo do miocárdio, hipertensão arterial e diabetes no sujeito obeso (DAL BOSCO et al., 2011). Mesmo com um consumo calórico normal, aparece geralmente quadro de obesidade, associado à hipoatividade física (MUSTACCHI, 2000; PUESCHEL, 12 2000). Segundo Castro (2005) os problemas relacionados ao condicionamento físico e a obesidade diferem de acordo com a severidade da deficiência. A mesma autora aponta que em geral há um alto colesterol sanguíneo e grandes dobras cutâneas marcando um desenvolvimento motor com diferença entre seus pares que não possuem síndrome. Segundo o Manual do American College of Sports Medicine – ACSM (2006) a composição corporal é a proporção relativa de gordura e o tecido livre de gordura no corpo. A avaliação corporal se torna importante devido sua poderosa correlação entre obesidade e um maior risco de doenças crônicas. As crianças com SD devem ser estimuladas a praticar exercícios físicos para oferecer o desenvolvimento da massa magra e auxiliar no gasto calórico. A atividade física caracteriza-se por qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso (DAL BOSCO et al., 2011). Ordonez, Rosety & Rosety (2006) citando Tsimara et al. (2003) comentam que o trabalho aeróbio apresenta características mais favoráveis à síndrome devido este tipo de atividade física atuar de forma bastante significativa no percentual de gordura e na capacidade cardiorrespiratória dos portadores de trissomia 21. Ainda comentam o alto índice no perímetro da cintura e no quadril encontrado nos participantes de seus estudos, indicando um maior risco para doenças cardiovasculares. O lazer fisicamente ativo e o exercício promovem melhora tanto do condicionamento cardiovascular (EKELUND et al., 2007; BELL et al., 2007) como também na redução das medidas de circunferência, redução do IMC, colesterol, frequência cardíaca, sensibilidade a insulina, satisfação com o próprio corpo, 13 sintomas de depressão e asma (BELL et al., 2007; DOWNS et al., 2007; JOHNSTON et al., 2007; FANELLI et al., 2007; RIZZO et al., 2008). Segundo uma meta-análise publicada recentemente, os modelos de abordagem para promoção de atividade física e exercício devem ser polivalentes combinando escola, família e comunidade para desenvolver intervenções educacionais, políticas e mudanças ambientais (GRIFFIN et al., 2008). A atividade física é considerada, dentre outros fatores, um importante elemento na promoção da saúde e qualidade de vida da população. Vários estudos demonstram que o sedentarismo ou a falta de atividade física, juntamente com o fumo e a dieta inadequada, são fatores de risco associados ao estilo de vida, o que pressupõe aumento substancial no risco de desenvolver /agravar várias doenças, principalmente as de natureza crônico-degenerativa, como cardiopatias, câncer, hipertensão, diabetes melito e obesidade (BARA et al., 2000; YOUNG et al., 2005) Atualmente, estão disponíveis vários instrumentos para avaliar o nível de atividade física (NAF) de determinada população. Esses métodos podem variar desde monitores eletrônicos (como, por exemplo, os sensores de movimentos) até levantamentos realizados através de questionários. Dentre os questionários utilizados, o Questionário Internacional de Atividade Física (International Physical Activity Questionnaire – IPAQ) tem sido proposto nos últimos anos como um possível modelo de padronização, permitindo assim a comparação dos resultados entre estudos realizados em diferentes países. O uso do IPAQ mostrou resultados positivos em vários trabalhos utilizando populações diversas (SILVA et al., 2007). 14 1.2.5 CARDIOPATIA CONGÊNITA E A PRESENÇA DE FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE NA INFÂNCIA A associação de algumas alterações fisiológicas desencadeadas pela doença congênita com a aterosclerose na vida adulta e, consequentemente, o aumento de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular, ainda não são claras. A correção da doença congênita pode predispor estas crianças, no futuro, a modificações fisiológicas (NELANGI et al, 2007). Destas correções, pode-se formular hipóteses de que a manipulação cirúrgica das artérias coronárias (ex: cirurgia de Jatene ou correção de coronárias com origem anômala), o comprometimento do endotélio e o aumento da espessura da intima carotídea (observado, por exemplo, após reparação da coartação da aorta) e, possivelmente, outras alterações inflamatórias. Moons et al (2006), relatam que a evidência empírica indica que os doentes com anomalias cardíacas congênitas podem estar propensos a desenvolver doença coronariana. Em seu estudo, apenas 20,4% dos homens e 21,0% das mulheres tinham estilo de vida saudável, o restante apresentavam, como fator de risco, o sedentarismo, hipertensão, diabetes e obesidade. Um estudo feito com adolescentes com doença congênita mostrou a alta prevalência de fatores de risco modificáveis além de história familiar positiva para a doença cardíaca (MASSIN et al, 2007). Stefan (2005) relata que a atividade física restrita em crianças com cardiopatia congênita foi associado com o desenvolvimento da obesidade, mesmo naquelas que no início do estudo tinham peso adequado e que ao longo do tempo tinham sua atividade física restrita. 15 Poucos estudos existem sobre a presença destes fatores de risco na população de crianças com Cardiopatia Congênita uma vez que estas crianças também estão expostas aos fatores de risco para a DCV. Talvez pela própria patologia onde envolva um cuidado maior e um protecionismo pelos pais, estas crianças se apresentem com muitos dos fatores de risco presentes em crianças saudáveis: sedentarismo, hábitos alimentares não saudáveis e obesidade, dentre outros (MASSIN, 2007). 1.2.6 MARCADORES INFLAMATÓRIOS A fisiopatologia da síndrome isquêmica aguda é comum a todas as suas formas de apresentação. Considera-se que a ruptura da placa e a trombose sejam as responsáveis pela conversão da doença arterial coronariana da forma estável para a instável. A intensidade das manifestações clínicas costuma guardar relação com o calibre do vaso e a placa rota, o grau de trombose e a presença de circulação colateral. A oclusão do vaso, além da ruptura da placa, depende de vários fatores, como diâmetro do vaso, geometria da lesão, vasoconstrição distal, agregabilidade plaquetária e equilíbrio entre fatores endógenos homeostáticos e trombolíticos. A obstrução coronariana costuma ser total no infarto agudo do miocárdio e parcial na angina instável e no infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (DUARTE et al., 2005; MOUCO et al., 2006). A concentração plasmática elevada da lipoproteína de baixa densidade (LDLC) tem relação direta com o desenvolvimento de doença arterial coronariana e a baixa concentração plasmática da lipoproteína de alta densidade (HDL-C) tem sido apontada como um dos mais fortes fatores de risco independentes para a doença 16 aterosclerótica coronariana. Novas evidências indicam que aumentos modestos nos triglicerídeos aumentam o risco de eventos coronarianos e a progressão da doença arterial coronariana, como também a formação de novas lesões (DUARTE et al., 2005). As dislipidemias estão associadas a uma maior atividade inflamatória, mas fatores de risco clássicos da doença aterosclerótica como o diabetes e a hipertensão arterial também parecem associados à inflamação. Mais recentemente ficou evidenciado que os marcadores da inflamação podem identificar indivíduos de alto risco para uma evolução adversa, que não pode ser predita apenas pela análise de fatores de risco ou perfil lipídico. O marcador de inflamação PCR tem sido relatado como um fator de risco para infarto em vários estudos de inicialmente saudáveis. Variações na concentração de PCR foram encontrados por indicadores sociodemográficas, tais como idade, raça ou etnia, sexo, e fatores de risco para doença cardiovascular, como medidas antropométricas, perfil lipídico, pressão arterial, tabagismo, atividade física, tolerância à glicose e sensibilidade a insulina (EARL, 2003). Em quatro estudos com indivíduos em idade média, a dosagem da PCR adicionado à previsão do valor do escore de Framingham ou a determinação de lipídios. Consenso declara possíveis funções da PCR na prevenção primária, sugerindo que as concentrações de 1 a 3 mg/L indicam risco intermediário, os níveis de maiores 3 mg/L indica um risco aumentado e os níveis maiores 10 mg/L podem indicar outras doenças inflamatórias (MARY et al., 2005). Mais de 20 grandes estudos prospectivos tem demonstrado que a proteína C-reativa ultra-sensível (PCR-us), um biomarcador inflamatório, é um preditor independente de futuros eventos cardiovasculares, além de predizer o risco de incidência de hipertensão e diabetes (HABIB et al., 2011; GANGULI et al., 17 2011). Os níveis elevados de PCR us têm sido associados a eventos cardiovasculares futuros. Alguns estudos demonstraram que os níveis de PCR-us foram preditores de mortalidade precoce e tardia em pacientes com síndrome coronariana aguda. Paralelamente, vários estudos clínicos e epidemiológicos têm associado os níveis de fibrinogênio com doenças cardiovasculares (ANNEL et al., 1987; DUARTE et al., 2005). 18 OBJETIVOS 2.1 GERAL Avaliar o estado nutricional e o consumo alimentar em portadores de Síndrome de Down e cardiopatia congênita em diferentes faixas etárias, dos 2 aos 18 anos de idade. 2.2 ESPECÍFICOS Descrever a condição antropométrica (peso, altura e circunferências), deste grupo específico; Descrever a ingesta dietética diária, analisando os macronutrientes e micronutrientes; Investigar a frequência de fatores de risco familiar para cardiopatia isquêmica, como sobrepeso, obesidade, pressão arterial elevada, sedentarismo, dislipidemias e marcadores inflamatórios; Identificar a frequência alimentar nesta faixa etária, para densidade energética. 19 METODOLOGIA 3.1 COLETA DE DADOS E PROTOCOLO DO ESTUDO Estudo transversal, envolvendo crianças a partir dos 2 anos à adolescentes de 18 anos de idade, portadores de Síndrome de Down e cardiopatia congênita atendidas no Ambulatório de Cardiologia Pediátrica do Instituto de Cardiologia. Variáveis estudadas: valor energético total (VCT), circunferências (cintura e quadril), pressão arterial (PA), perfil lipídico e atividade física diária. Foi solicitada aos pais/responsáveis pela criança a autorização para participar da pesquisa. Após o consentimento e inclusão da criança, foi solicitado aos pais/responsáveis o preenchimento de um questionário contendo perguntas sobre histórico familiar, hábitos de alimentação e atividade física. Foram excluídos da pesquisa participantes com condições clínicas que impedissem a avaliação antropométrica (cadeirantes, má formação de membros inferiores, etc) e primeiras consultas sem diagnóstico de cardiopatia. 3.2 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA Para realização da avaliação antropométrica foram coletadas medidas de peso, estatura e circunferências. O peso foi aferido em balança digital, com capacidade de 150kg e precisão de 50g, estando o indivíduo com roupas leves, sem sapato, agasalho de frio, brinquedos e outros materiais capazes de interferir no peso real. A estatura foi verificada em 20 antropômetro fixo, com 2 metros de extensão e subdivisões de 1cm. Ambas as aferições seguiram os protocolos de Jellife (1968). As circunferências da cintura e quadril, foram realizadas com a utilização de fita antropométrica, inextensível, dividida em centímetros e subdividida em milímetros (JELLIFE, 1968; CAMERO, 1984; WHO, 1995). O estado nutricional dos participantes foi avaliado pelas curvas utilizadas para avaliação de portadores de Síndrome de Down, quanto ao peso e comprimento/estatura de crianças e adolescentes, preconizadas pelo Center for Disease and Control and Prevention (CDC, 2000), estas curvas foram propostas por Cronk et al.(1988), considerando as morbidades frequentemente encontrada entre os portadores, como hipotireoidismo e doenças cardíacas congênitas. 3.3 AVALIAÇÃO ATIVIDADE FÍSICA O instrumento utilizado para medida do nível de atividade física foi o Questionário Internacional de Atividade Física ((International Physical Activity Questionnaire - IPAQ), em sua versão curta. Este teve sua validade testada no Brasil por Matsudo et al.(2001) em um estudo realizado numa amostra de 257 homens e mulheres que se submeteram ao questionário (versão longa e curta). Dentre as várias conclusões observadas, o IPAQ em suas duas formas teve sua validade e reprodutibilidade comparadas com as de outros instrumentos já aceitos e utilizados internacionalmente para medir nível de atividade física. As perguntas do questionário foram relacionadas às atividades realizadas na última semana anterior à aplicação do questionário. Os resultados foram tabulados, 21 avaliados e posteriormente classificados de acordo com a orientação do próprio IPAQ, que divide e conceitua as categorias em: Sedentário – Não realiza nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana; Insuficientemente Ativo – Consiste em classificar os indivíduos que praticam atividades físicas por pelo menos 10 minutos contínuos por semana, porém de maneira insuficiente para ser classificado como ativos. Para classificar os indivíduos nesse critério, são somadas a duração e a freqüência dos diferentes tipos de atividades (caminhadas + moderada + vigorosa). Ativo – Cumpre as seguintes recomendações: a) atividade física vigorosa – ≥ 3 dias/semana e ≥ 20 minutos/sessão; b) moderada ou caminhada – ≥ 5 dias/semana e ≥ 30 minutos/sessão; c) qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/semana e ≥ 150 min/semana; Muito Ativo – Cumpre as seguintes recomendações: a) vigorosa – ≥ 5 dias/semana e ≥ 30 min/ sessão; b) vigorosa – ≥ 3 dias/ semana e ≥ 20 min/sessão + moderada e ou caminhada ≥ 5 dias/semana e ≥ 30 min/sessão. 3.4 AVALIAÇÃO DIETÉTICA Foi utilizado o método para avaliação dietética do Recordatório 24 horas e questionário de frequência alimentar adaptado, onde foram analisados os alimentos mais consumidos nessa faixa etária. Foi aplicado um Recordatório de 24 horas referindo ao consumo alimentar do dia anterior à consulta. Desta forma, avaliou-se a composição da dieta para energia, carboidratos, lipídios, proteínas, vitamina A, C, D e E, cálcio, ferro, ácido graxo 22 monoinsaturado, ácido graxo poliinsaturado, ácido graxo saturado e fibra alimentar. Para o cálculo da composição dietética foi realizado padronização de receituário, conforme preparações por 100g de alimentos, propostos por Pinheiro et al. (1994). Os recordatórios foram calculados no software Nutwin. Gorduras totais, ácido graxo saturado, monoinsaturado e poliinsaturado, foram avaliados conforme preconizado pela WHO (2003), para população geral, objetivando reduzir a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. A ingestão de fibras foi avaliado conforme preconizado pelas Dietary Reference Intakes (DRI), segundo o sexo e faixa etária. A distribuição percentual dos macronutrientes foi avaliada conforme valores propostos pelo Institute of Medicine (2002/2005). 3.5 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA O sangue foi coletado no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, na primeira consulta após aceitação da participação da pesquisa, estando os participantes em jejum de pelo menos 12 horas. Foi utilizado parte do soro para determinação de Colesterol Total e frações (triglicerídeos, LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade e HDL – Lipoproteína de Alta Densidade), glicose em jejum e Proteína C reativa. Sendo utilizado papa de hemácia para determinação de hemoglobina, hematócrito e demais índices hematometria: Volume Corpuscular Médio (VCM) e Hemoglobina Corpuscular Média (HCM). 23 3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA As prevalências foram descritas sob a forma de proporções. As variáveis contínuas foram descritas através de médias e desvios-padrão, ou medianas e intervalos interquartis. Estimou-se que um tamanho amostral de 65 pacientes, considerando uma prevalência de sobrepeso de 12% com margem de erro de 0,08. Um banco de dados foi elaborado especialmente para a análise com o auxílio do programa estatístico SPSS versão 19.0. 24 ARTIGO RESUMO Objetivo: avaliar o estado nutricional, a condição antropométrica, aspectos dietéticos, a frequência de fatores de risco para cardiopatia isquêmica e prática de atividade física domiciliar de portadores de Síndrome de Down e cardiopatia congênita, em diferentes faixas etárias, dos 2 aos 18 anos de idade. Métodos: Estudo transversal, envolvendo crianças e adolescentes de 2 a 18 anos de idade, portadores de Síndrome de Down atendidas no Ambulatório de Cardiologia Pediátrica do Instituto de Cardiologia, portadores de cardiopatia congênita. Foram estudados, valor energético total (VCT), circunferências (cintura e quadril), pressão arterial (PA), perfil lipídico, atividade física diária e frequência de fatores de risco para cardiopatia isquêmica, como sobrepeso, obesidade, hipertensão arterial e dislipidemias. Os participantes foram divididos em dois grupos: grupo I a faixa etária foi entre 2 e 10 anos de idade, o grupo II a faixa etária foi de idade igual ou maior de 10 anos até os 18 anos de idade. Resultados: Foram avaliadas 68 crianças e adolescentes portadores de Síndrome de Down, sendo que 36 (52,9%) eram do sexo feminino e 32 (47,1%) do sexo masculino. A prevalência dos fatores de risco foi maior para hipertensão arterial, doença arterial coronariana e dislipidemia. No grupo I encontrou-se uma prevalência de 5,4% com baixa estatura para idade, 68,4% eutróficos e 13,2% com sobrepeso quando analisado peso para idade. No grupo II encontrou-se uma prevalência de 23,3% com baixa estatura para idade e 76,6% eutróficos quando analisado peso para idade. 25 Conclusão: As crianças e adolescentes com Síndrome de Down e Cardiopatia Congênita encontram-se na grande maioria com peso adequado para idade, assim como estatura para idade, em desacordo com o paradigma de que estes indivíduos, em sua maioria, teriam um estado nutricional desfavorável com sobrepeso e baixa estatura para idade. Podemos associar as mudanças no estado nutricional destes indivíduos devido ao crescimento no núcleo familiar, estes são atendidos por profissionais das diversas áreas da saúde, onde possuem um acompanhamento adequado para suas características. Palavras-chave: Síndrome de Down, avaliação nutricional, dados antropométricos, curvas de crescimento, atividade física 26 ABSTRACT Objective: To evaluate the nutritional status, anthropometric status, diet, the risk factor frequency for ischemic heart disease and physical activity at home of patients with Down syndrome and congenital heart disease in different age groups, from 2 to 18 years old. Methods: Cross-sectional study involving children and adolescents 2-18 years old, suffering from Down Syndrome in the Clinic of Pediatric Cardiology at the Institute of Cardiology, patients with congenital heart disease. Were studied the total energy value (TCV), circumferences (waist and hip circumferences), blood pressure (BP), lipid profile, daily physical activity and frequency of risk factors for ischemic heart disease, such as overweight, obesity, hypertension and dyslipidemia. Participants were divided into two groups: group I, the age range was between 2 and 10 years old, group II was between 10 and 18 years old. Results: We evaluated 68 children and adolescents with Down Syndrome, from which 36 (52.9%) were female and 32 (47.1%) were male. The prevalence of risk factors was greater for hypertension, coronary artery disease and dyslipidemia. In group I was found a prevalence of 5.4% with low height for age, 68.4% were eutrophic, and 13.2% were overweight for their age. In group II we found a prevalence of 23.3% with low height for age and 76.6% eutrophic when analyzing weight for age. Conclusion: Children and adolescents with Down Syndrome present and congenital heart disease, in the majority, adequate weight for age as well as height for age, disagreeing with the paradigm that these individuals mostly have an unfavorable nutritional status, overweight or low height for age. We associate the changes in nutritional status of these individuals due to family or parental care itself, 27 these are attended by professionals from different areas of health, which keep adequate monitoring to its characteristics. Keywords: Down Syndrome, nutritional assessment, demographics, growth rates, physical activity 28 Introdução A Síndrome de Down (SD) acomete cerca de 1:700 nascidos vivos. Segundo dados levantados pelo IBGE no Censo de 2000, existem aproximadamente 300 mil pessoas com SD em nosso país, com uma expectativa de vida de 50 anos de idade, sendo esta estatística semelhante aos dados mundiais (SILVA E KLEINHANS, 2006; RIBEIRO et al., 2003). Por outro lado, as cardiopatias congênitas ocorrem em aproximadamente oito de cada mil nascidos vivos e sua incidência é baixa no Brasil e na América Latina (cerca de 1%) (VIEIRA et al., 2007). A doença cardíaca, que ocorre em 40% a 50% dos casos de SD, contribui significativamente para a morbidade e mortalidade de crianças com SD, que podem desenvolver insuficiência cardíaca, doença pulmonar vascular, pneumonia ou insuficiência de crescimento. (BRAVO-VALENZULA et al., 2011). Portadores de SD frequentemente apresentam sobrepeso/obesidade, porém, sabe-se que indivíduos portadores da trissomia do cromossomo 21 possuem velocidade de ganho de peso desde a infância até a adolescência semelhante à dos não portadores de SD, não acontecendo o mesmo com a velocidade do ganho estatural, que se encontra reduzida, podendo ser este um fator capaz de justificar o sobrepeso/obesidade entre os portadores de SD (CRONK et al., 1988). O acompanhamento nutricional pode efetivo na melhoria da qualidade de vida das crianças com SD, e participar na prevenção de agravos à saúde devido às patologias associadas à síndrome. Através de medidas antropométricas é possível fazer o acompanhamento e crescimento morfológico, bem como de alterações de medidas corporais decorrentes da prática de exercícios físicos e dietas, 29 proporcionando dados de grande valia para os profissionais que atuam nestas áreas (RIBEIRO et al., 2003). Sob a perspectiva da Epidemiologia do curso da vida, fatores nocivos que ocorrem em diferentes estágios do desenvolvimento podem ter consequências duradouras, que acumulem ao longo da vida. Assim, a desnutrição seguida de sobrepeso e obesidade poderia representar um risco maior do que cada um destes fatores isoladamente. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional, a condição antropométrica, aspectos dietéticos, a frequência de fatores de risco para cardiopatia isquêmica e prática de atividade física domiciliar de portadores de SD e cardiopatia congênita, em diferentes faixas etárias, dos 2 aos 18 anos de idade. Métodos Estudo transversal, envolvendo crianças e adolescentes de 2 a 18 anos de idade, portadores de Síndrome de Down atendidas no Ambulatório de Cardiologia Pediátrica do Instituto de Cardiologia, portadores de cardiopatia congênita. Foi solicitada aos pais/responsáveis pela criança a autorização para participar da pesquisa. Após o consentimento e inclusão da criança, foi solicitado aos pais/responsáveis o preenchimento de um questionário contendo perguntas sobre histórico familiar, hábitos de alimentação e atividade física, da criança. Foram excluídos da pesquisa participantes com condições clínicas que impedissem a avaliação antropométrica (cadeirantes, má formação de membros inferiores, etc) e primeiras consultas sem diagnóstico de cardiopatia. 30 As variáveis estudadas foram: valor energético total (VCT), circunferências (cintura e quadril), pressão arterial (PA), perfil lipídico, atividade física diária e frequência de fatores de risco para cardiopatia isquêmica, como sobrepeso, obesidade, hipertensão arterial e dislipidemias. O estado nutricional dos participantes foi avaliado pelas curvas utilizadas para avaliação de portadores de SD, quanto ao peso e comprimento/estatura de crianças e adolescentes, preconizadas pelo Center for Disease and Control and Prevention (CDC, 2000), estas curvas foram propostas por Cronk et al.(1988), considerando as morbidades frequentemente encontrada entre os portadores, como hipotireoidismo e doenças cardíacas congênitas. Os participantes foram divididos em dois grupos conforme a faixa etária, sendo o grupo I a faixa etária entre 2 e 10 anos de idade, o grupo II a faixa etária foi de idade igual ou maior de 10 anos até os 18 anos de idade. Foi utilizado o método para avaliação dietética do Recordatório 24 horas referindo ao consumo alimentar do dia anterior à consulta, avaliando a composição da dieta para energia, carboidratos, lipídios, proteínas, vitamina A, C, D e E, cálcio, ferro, ácido graxo monoinsaturado, ácido graxo poliinsaturado, avaliados conforme preconizado pela WHO (2003), ácido graxo saturado e fibra alimentar, avaliado conforme preconizado pelas Dietary Reference Intakes (DRI), segundo o sexo e faixa etária. A distribuição percentual dos macronutrientes será avaliada conforme valores propostos pelo Institute of Medicine (2002/2005). Os recordatórios foram calculados no software Nutwin. O sangue foi coletado no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, na primeira consulta após aceitação da participação da pesquisa, estando os participantes em jejum de pelo menos 12 horas. Foi utilizado parte do soro para 31 determinação de Colesterol Total e frações (triglicerídeos, LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade e HDL – Lipoproteína de Alta Densidade), glicose em jejum e Proteína C reativa. As prevalências foram descritas sob a forma de proporções com respectivos intervalos de confiança de 95%. As variáveis contínuas foram descritas através de médias e desvios-padrão, ou medianas e intervalos interquartis. A associação entre fatores de risco foi avaliada através do teste do qui quadrado Um banco de dados foi elaborado especialmente para a análise com o auxílio do programa estatístico SPSS versão 19.0. Resultados Foram avaliadas 68 crianças e adolescentes portadores de SD, sendo que 36 (52,9%) eram do sexo feminino e 32 (47,1%) do sexo masculino. A maioria dos responsáveis pelos indivíduos que responderam ao questionário socioeconômico, de frequência alimentar e Recordatório 24 horas era representada pelas mães. No que se refere à escolaridade dos responsáveis, a grande maioria possuía o ensino fundamental incompleto. Avaliou-se a presença (ou não) de doenças crônicas não transmissíveis entre os familiares (avós, pais e irmãos), onde a prevalência destes fatores de risco foi maior para hipertensão arterial, doença arterial coronariana e dislipidemia (Tabela 1). Averiguou-se também a prática de atividade física e entre a população estudada 19,1% (n=13) foram classificados como muito ativo, 45,6% (n=31) como ativo, 14,8% (n=10) como irregularmente ativo e 20,6% (n=14) como sedentários. 32 Na Tabela 2 foram diagnosticadas as cardiopatias congênitas em ordem decrescentes e observou-se a frequência de Defeito septo atrioventricular (DSAV) em 52,9%, Comunicação interventricular (CIV) em 36,8%, Comunicação interarterial (CIA) em 33,8% e Persistência do canal arterial (PCA) em 20,6%. Os dados referentes à classificação do estado nutricional dos participantes estão descritos na Tabela 3. No grupo I encontrou-se uma média de peso de 19,8±7,35 kg e estatura de 104,7±13,91 centímetros, com uma prevalência de 5,4% (n=2) com baixa estatura para idade, 68,4% (n=26) eutróficos e 13,2% (n=5) de sobrepeso quando analisado peso para idade, sendo a média de idade na consulta de 5,5±2,24 anos. No grupo II encontrou-se uma média de peso de 46,8±12,28 kg e estatura de 140,6±9,56 centímetros, com uma prevalência de 23,3% (n=7) com baixa estatura para idade e 76,6% (n=23) eutróficos quando analisado peso para idade, sendo a média de idade na consulta de 14,03±2,59 anos. A Tabela 4 mostra a ingestão de macronutrientes e micronutrientes de acordo com o Recordatório 24 horas e recomendações segundo a DRI, em médias e desvio padrão. Quando analisado a população estudada, observou-se uma ingesta adequada dos macronutrientes em ambos os sexos e faixas etárias, também observou-se que as crianças do sexo feminino 77,8% (n=28) consomem a quantidade recomendada de carboidratos, 97,1% (n=35) consomem a quantidade recomendada de proteínas, 38,9% (n=14) consomem a quantidade recomendada de lipídeos e 47,2% (n=17) consomem abaixo do recomendado para lipídeos. Já a ingestão no sexo masculino foi de 53,1% (n=17) da quantidade recomendada de carboidratos, 90,6% (n=29) da quantidade recomendada de proteínas e 43,8% (n=14) consomem a quantidade recomendada de lipídeos, não existindo diferença significativa entre os grupos. 33 Os exames laboratoriais e pressão arterial são apresentados na Tabela 5. A frequência alimentar está descrita na Figura 1, onde observou-se que 48,5% (n=33) nunca consomem salgadinho, 77,9% (n=53) nunca consomem ovo frito, 51,5% (n=35) nunca consomem batata frita, 64,75(n=44) nunca consomem outras frituras, 77,9% (n=53) nunca consomem bolacha recheada, 45,6% (n=31) nunca consomem doces e 60,3% (n=41) nunca consomem sobremesas. Também observou-se um consumo diário de 70,6% (n=48) de leite, 52,9% (n=36) de frutas, 54,4% (n=37) de verduras/legumes e 76,5% (n=52) de carne. Discussão Neste estudo transversal, observou-se que as crianças e adolescentes com SD encontram-se na grande maioria com peso adequado para idade, assim como estatura para idade, em desacordo com o paradigma de que estes indivíduos, em sua maioria, teriam um estado nutricional desfavorável com sobrepeso e baixa estatura para idade. A avaliação nutricional deve ser a mais completa possível, para favorecer a precisão da classificação nutricional, assim, devem constar de dados referentes à causa dos diagnósticos, história alimentar, exame físico, medidas antropométricas e dados laboratoriais. Em 1988, foram publicadas as primeiras curvas propostas por Cronk et al, as quais vêm sendo utilizadas para avaliação antropométrica desses indivíduos. Recomenda-se a utilização dessas curvas apropriadas e especificas para SD, corrigidos para crianças e adolescentes com estatura menor e taxas de crescimento mais lentas, assim para avaliar seu desenvolvimento. 34 A prevalência de sobrepeso e obesidade em pessoas com SD, no Brasil são extremamentes altas: cerca de 70% em homens e mais de 95% em mulheres, sendo que os fatores etiopatogênicos principais nestes casos são a história familiar de obesidade, a inatividade física e ingestão inadequada de calorias. A taxa metabólica basal é significativamente menor frente aos indivíduos da mesma faixa etária e gênero sem a síndrome (GRANZOTTI et al., 1995). No presente estudo difere do encontrado na literatura, dentre os parâmetros antropométricos encontrou-se maior número de crianças e adolescentes com peso adequado para idade. O excesso de peso também foi encontrado na amostra, mas com menor representatividade e somente no grupo das crianças (n=5; 13,2%). Podemos observar que as mudanças no estado nutricional destes indivíduos portadores de SD ocorrem devido ao crescimento no núcleo familiar, estes são atendidos por profissionais das diversas áreas da saúde, onde possuem um acompanhamento adequado para suas características. Os portadores desta síndrome estão vivendo uma vida plena, num ritmo próprio, porém numa idade cronológica um pouco atrasada. Para o indicativo que reflete a relação estatura/comprimento por idade segundo Cronk et al (1988), pode-se observar neste estudo que houve um crescimento adequado para idade, tanto para as crianças como para os adolescentes, mas com menor representatividade, no entanto, semelhante ao encontrado em estudo realizado por Lopes et al (2008), no qual nenhuma criança do grupo analisado estava abaixo do percentil 5 (p5) para o índice estatura para idade. O índice de peso/estatura (P/E) e índice de massa corporal (IMC) para idade, que avaliam a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura, não foram 35 utilizados neste estudo, pois os padrões de referência utilizados não apresentam curvas para esses índices, assim como a avaliação por meio de dobras cutâneas. Um estudo realizado por Whitt-Gloves et al (2006), apontou para um aumento da atividade intensa, que serviu como uma forma de prevenir sobrepeso e obesidade nesta população. São ressaltadas as limitações das crianças com SD em aumentarem sua participação na crescente atividade física, esse aumento teria como resultado o incentivo na prevenção da obesidade. Sendo compatíveis com os dados obtidos neste estudo, onde a avaliação do nível de atividade física mostrou que 64,7% encontravam-se ativa ou muito ativa, segundo o método de avaliação utilizado (IPAQ). Devido às condições e doenças a que os indivíduos com SD estão sujeitos, o manejo nutricional é fundamental. As crianças e os adolescentes com esta anomalia genética devem ter uma dieta saudável, com adaptações às suas condições clínicas. O estabelecimento do hábito alimentar ocorre na infância, por isso é importante que a oferta de alimentos seja precocemente inserida a uma dieta saudável, com alimentos variados e apropriados para a idade e desenvolvimento das crianças e adolescente. De acordo com os dados encontrados neste estudo com base no Recordatório 24 horas, à ingestão de carboidratos e proteínas, na maioria dos participantes, em ambos os sexos, consome a quantidade recomendada de carboidrato segundo as Recomendações de Ingestão Dietética (DRI) (SHABAYEK, 2004). Já com relação aos lipídeos, houve um equilíbrio entre os participantes que consomem quantidade abaixo da recomendação e o recomendado, sendo compatível com os nossos achados, onde os pesos dos nossos participantes encontram-se dentro da normalidade para estatura. 36 Quanto ao consumo de micronutrientes, podemos observar que a ingestão de Fibra, Cálcio e Vitamina E entre os indivíduos está abaixo do que é recomendado pela DRI. Enquanto a Vitamina C e Vitamina B12 encontram-se acima do recomendado nestes indivíduos. Os demais micronutrientes estudados apresentaramse dentro das recomendações. Embora deva ser estimulada por ser de suma importância na regulação das funções do organismo, inclusive no metabolismo de lipídios, redução dos ácidos graxos, diminuição da glicose, diminuição da incidência de câncer e na absorção intestinal, a ingestão de fibras ficou abaixo do recomendado. A vitamina A esteve dentro do recomendado. É necessário considerar que aproximadamente 90% dessa vitamina são armazenados nos depósitos de gordura, pulmões e rins, o que permite o redirecionamento temporário em seu consumo diário. Cozzolino (2005), concluiu, em seus trabalhos, que pelo fato de a vitamina A se encontrar em quantidades variadas em determinados alimentos, seus níveis de consumo variaram amplamente entre os dias, sendo, portanto, necessários vários dias de avaliação para se obter uma estimativa confiável do consumo usual para um indivíduo. A vitamina E, que no presente estudo encontra-se abaixo do recomendado, é o principal antioxidante da membrana celular, transfere um hidrogênio fenólico para os radicais livres peroxil, inibindo a cadeia de reação destes ácidos graxos nas membranas dos fosfolipídeos (COZZOLINO, 2005). O cálcio atua no crescimento ósseo, sendo sua principal função; porém possui propriedades de tamponamento sanguíneo, e manutenção da pressão sanguínea normal, sendo que pessoas com hipertensão tendem a ter níveis mais baixos de íons de cálcio no sangue que o normal. Há uma tentativa de demonstrar a influência da 37 quantidade de cálcio no início do processo da hipertensão ou ainda como prevenção da hipertensão, porém os resultados ainda são controversos (SILVA & COZZOLINO, 2005). A ingestão média dos participantes deste estudo apresentou baixa ingestão de cálcio, porém apresentam pressão arterial dentro do recomendado pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002). A vitamina C foi encontrada neste estudo acima do recomendado. É importante ressaltar que a vitamina C é instável ao calor e à oxidação, e que seu conteúdo em frutas e vegetais pode variar segundo as condições de produção, armazenamento e preparação. Como não é uma vitamina de depósito, precisa de consumo diário, sendo elemento essencial na absorção do ferro da dieta (COZZOLINO, 2005). Ao contrário, Hansen e Dorup encontraram ingestão de vitamina C abaixo das recomendações do RDA, o mesmo ocorrendo com as vitaminas B1, B6, D e E. As doenças crônicas figuram como principal causa de mortalidade e incapacidade no mundo, responsável por 59% dos 56,5 milhões de óbitos anuais. São os chamados agravos não transmissíveis, que incluem doenças cardiovasculares, DM, obesidade, câncer e doenças respiratórias (OPAS, 2003). Neste estudo, avaliouse a presença (ou não) de doenças crônicas não transmissíveis entre os familiares, bem como o grau de parentesco (avós, pais e irmãos). Dos que apresentavam analisou-se, obesidade, dislipidemia, diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial (HAS) e doença arterial coronariana (DAC), sendo a maior prevalência para HAS, DAC e dislipidemia. A ocorrência de malformações cardíacas nessa população ocorre em 40% a 50% dos casos, sendo a mais frequente o Defeito do septo atrioventricular (DSAV) e Comunicação interventricular (CIV). O DSAV é uma malformação cardíaca cuja 38 prevalência é, em geral, cerca de 3% das cardiopatias congênitas (MUSTACCHI, 2002). Está associado geralmente aos portadores da síndrome de Down, tornando-se o defeito mais representativo. Neste estudo, forma encontrados resultados que vem ao encontro da literatura, onde as cardiopatias mais encontradas foram DSAV, CIV, CIA, PCA e T4F, apresentando uma ou mais alterações cardíacas morfológicas (MUSTACCHI, 2002). Proteína C-Reativa é a maior proteína plasmática de fase aguda rapidamente exibida, com pronunciada elevação da concentração sérica em resposta a infecções ou injúria tecidual. Atualmente grande número de estudos tem demonstrado associação direta desta proteína com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disso, grande associação tem sido encontrada entre concentração de PCR e infarto do miocárdio como efeito a longo prazo, incluindo risco de morte. Porém, a PCR não é apenas um marcador inflamatório de cardiopatia, mas também um participante ativo desta (DANESH et al., 2004; VERMA et al., 2004). Fatores ambientais como estilo de vida, exercício físico e obesidade encontram-se associados a níveis elevados de PCR; desta forma pode ser considerada pró-aterogênica, possuindo efeito importante no desenvolvimento da aterosclerose, e não somente seu marcador de risco (DANESH et al., 2004; VERMA et al., 2004). Os dados apresentados neste estudo sobre a proteína C-Reativa, encontra-se elevados, ocorrendo uma associação positiva entre a cardiopatia e a SD. Algumas limitações deste estudo devem ser consideradas. Por se tratar de um estudo transversal, sem acompanhamento no tempo, não foi possível estabelecer uma relação temporal entre os hábitos alimentares e presença de excesso de peso nos indivíduos portadores de SD. Neste estudo, em particular, podemos explicar os 39 achado de uma alimentação saudável e com distribuição normal de macronutrientes, entre as crianças e adolescentes com SD, através da consciência do problema por parte das famílias e escolas, com tomadas de atitude em relação à mudança de hábitos. Ou ainda, estes responsáveis possuem o conhecimento sobre orientações para controle de peso e sobre dieta saudável, atribuindo a este fator as respostas adequadas dos questionários. Todas estas ações têm o intuito de evitar a necessidade de tratar a obesidade e suas consequências no futuro próximo, desta população de indivíduos portadores de SD. Para tanto, estudos com mais detalhamento, na ampliação da amostra realizando um diagnóstico da realidade local adicionando intervenção dietética e/ou atividade física, podem embasar o planejamento de condutas preventivas. Entretanto, devido à quase inexistência de dados nacionais e à relevância do tema, assim como os achados consistentes com outros estudos, mostram a importância de um acompanhamento e investigação minuciosa nos pacientes portadores de SD. 40 TABELAS Tabela 1: Dados socioeconômicos e características familiar da população estudada (n=68) Variável n (%) Escolaridade pai Sem contato 9 (13,2) Ensino Fundamental incompleto 33 (48,5) Ensino Fundamental completo 8 (11,8) Ensino Médio incompleto 2 (2,9) Ensino Médio completo 15 (22,1) Ensino técnico / superior 1 (1,5) Escolaridade mãe Ensino Fundamental incompleto 33 (48,5) Ensino Fundamental completo 16 (23,5) Ensino Médio incompleto 2 (2,9) Ensino Médio completo 16 (23,5) Ensino técnico / superior 1 (1,5) Idade Gestacional Prematuro 10 (14,7) A termo 57 (83,8) DM Gestacional 1 (1,5) HAS Gestacional 8 (11,8) Fatores de risco (avós, pais e irmãos) Obesidade Dislipidemia 11 (16,2) 34 (50) DM 25 (36,8) HAS 51 (75) DAC 37 (54,4) DM – Diabete Mellitus; HAS – Hipertensão Arterial; DAC – Doença Arterial Coronariana 41 Tabela 2: Cardiopatias congênitas da amostra (n=68) Variável n (%) Cardiopatias DSAV (Defeito septo atrioventricular) 36 (52,9) CIV (Comunicação interventricular) 25 (36,8) CIA (Comunicação interatrial) 23 (33,8) PCA (Persistência do canal arterial) 14 (20,6) T4F (Tetralogia de Fallot) 10 (14,7) IT (Insuficiência tricúspide) 7 (10,3) EP (Estenose pulmonar) 6 (8,8) IMi (Insuficiência mitral) 5 (7,4) FOP (Forame oval patente) 3 (4,4) OUTRAS 9 (13,3) 42 Tabela 3: Avaliação antropométrica da população estudada (n=68) 2 ≤ 10 anos n (%) 10 ≥ 18 anos n (%) Feminino 21 (55,3) 15 (50) Masculino 17 (44,7) 15 (50) Baixo peso 7 (18,4) 7 (23,3) Eutrófico 26 (68,4) 23 (76,7) Sobrepeso 5 (13,2) 0 2 (5,4) 7 (23,3) 36 (94,8) 23 (76,7) Variável Sexo Peso/Idade Estatura/Idade Baixa estatura Adequado 43 Tabela 4 – Ingestão de macronutrientes e micronutrientes no Recordatório 24 horas (n=68) Nutriente Média ±DP 1882,82 495,16 Carboidratos (%) 54,45 11,35 Proteínas (%) 17,50 4,48 Lipídeos (%) 27,17 8,93 19,89 9,65 Cálcio (mg) 1126,06 963,72 Ferro (mg) 14,81 6,58 Sódio (mg) 1626,72 940,93 Zinco (mg) 10,37 4,08 Vitamina A (RE) 749,90 1037,9 Vitamina E (ATE) 5,12 2,38 168,71 121,30 Vitamina B12 (mcg) 6,47 3,98 AG Saturado (g) 22,45 15,33 AG Monoinsaturado (g) 17,94 10,77 AG Poliinsaturado (g) 9,03 4,53 Macronutrientes VCT (kcal) Micronutrientes Fibra (g) Vitamina C (mg) VCT – Valor energético total; AG – Ácidos graxos; DP – Desvio padrão 44 Tabela 5: Avaliação laboratorial de crianças e adolescentes (n=68) Variáveis Média ±DP PAS (mmHg) 105,67 11,59 PAD (mmHg) 66,94 9,69 C-HDL (mg/dL) 42,31 12,07 C-LDL (mg/dL) 92,02 27,23 Triglicerídeos (mg/dL) 86,48 28,75 Glicemia Jejum (mg/dL) 88,94 10,98 Hematócrito (%) 39,96 4,04 Hemoglobina (g/dL) 13,33 1,43 PCR (mg/dL) 0,61 0,73 PAS – Pressão arterial sistólica; PAD – Pressão arterial diastólica; PCR – Proteína C Reativa 45 GRÁFICOS Figura 1: Distribuição frequência alimentar 100% 90% 80% 70% Fim de semana 60% 4x/sem 50% 2x/sem 40% Diariamente Nunca 30% 20% Frios Refrigerante Carne Verd/Leg Frutas Leite Sobremesa Doces Bolacha recheada Outras frituras Batata frita Ovo frito 0% Salgadinho 10% 46 APÊNDICES ANEXO I – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, ____________________________________________, (grau de parentesco) ______________________________________________________ de (nome do participante)_______________________________________________, n.º de prontuário __________________, abaixo assinado, concordo meu (filho, neto,...) __________________ participe do estudo: Síndrome de Down e cardiopatia congênita: estado nutricional em diferentes faixas etárias. Fomos devidamente informados e esclarecidos pelo pesquisador sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Existe a garantia que posso retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção do acompanhamento no Ambulatório de Cardiologia Pediátrica Preventiva do IC-FUC. Se houver qualquer dúvida, estamos à disposição para esclarecê-la, através do telefone 32303600 ramal 3863 ou 91786264 (Nutricionista Caroline D’Azevedo Sica). Informamos que a pesquisa não traz riscos à saúde e que pode desistir de participar sem que isso acarrete alteração no atendimento do paciente na Instituição. Porto Alegre, ____ de __________________201__. _________________________________________________ (Assinatura do responsável) _____________________________________________________ (Assinatura do participante) 47 ANEXO II – QUESTIONÁRIO APLICADO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA SERVIÇO DE CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA AMBULATÓRIO DE CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA PREVENTIVA Estudo Colaborativo: Síndrome de Down e cardiopatia congênita: estado nutricional em diferentes faixas etárias Número do prontuário:_____________ Data: ____/____/______ Identificação do Paciente Nome completo: _________________________________________________ Data de nascimento: ___/___/____ Idade na consulta:_________ Sexo:________________________ Cor:__________________________ Escolaridade:_______________________________ Rua: ___________________________________nº________Complemento:_____ Bairro:______________________ Cidade: _________________ Estado:_____ Telefones de contato (residencial, comercial, celular, vizinho): 1) ____________________Tipo:___________ Falar com:______________ 2) ____________________Tipo:___________ Falar com:______________ Dados e História Familiar Profissão pai: ______________________mãe: __________________________ Escolaridade pai:____________________mãe: _________________________ Peso pai: __________________________mãe:________________________ Altura pai:_________________________ mãe: ________________________ Idade pai: _______________________ mãe: _________________ Irmãos: número ______ Irmão 1: Idade:______ Peso:_______ Altura:_______ Irmão 2: Idade:______ Peso:_______ Altura:_______ Irmão 3: Idade:______ Peso:_______ Altura:_______ Para as perguntas abaixo se você responder sim indique o grau de parentesco (pai, mãe, avó, avô, tios ou irmãos) e a idade desta pessoa: SIM NÃO Obesidade Dislipidemia Diabete mellitus HAS CI, AVC, morte súbita ( 1 )Vó ( 1 )Vó ( 1 )Vó ( 1 )Vó ( 1 )Vó ( 2 )Vô ( 2 )Vô ( 2 )Vô ( 2 )Vô ( 2 )Vô QUAL FAMILIAR ( 3 )Pai ( 4 )Mãe ( 5 )Irmãos ( 3 )Pai ( 4 )Mãe ( 5 )Irmãos ( 3 )Pai ( 4 )Mãe ( 5 )Irmãos ( 3 )Pai ( 4 )Mãe ( 5 )Irmãos ( 3 )Pai ( 4 )Mãe ( 5 )Irmãos 48 Pré-natal: Peso máximo da mãe durante a gestação: ______________ Diabetes gestacional: ( 1 ) sim ( 2 ) não Hipertensão: ( 1 ) sim ( 2 ) não Valor: _________________ Problemas na gestação:_______________________________ Ao Nascimento: Idade gestacional: ( 1 ) a termo ( 2 ) prematuro ______meses Peso:______Comprimento:_____Perímetro cefálico:______ Peso da mãe ao nascimento:_____ Tabagismo Familiar: ( 1 )sim ( 2 )não Há quanto tempo?_____ Quantos cigarros por dia? _______ Fumo passivo (outras pessoas que moram na mesma casa): ( ) sim ( ) não Seu filho(a) já fez exame de colesterol? ( 1 ) sim ( 2 ) não Quando? _________________________ Quais foram os valores? __________ Seu filho(a) já fez exame de glicose? ( 1 ) sim ( 2 ) não Quando? _______________________ Qual foi o valor? _______________ Foi indicada atividade física pelo médico? ( 1 ) sim Qual?_______________________ ( 2 ) não Data da Consulta Data PA sentado PA deitado Manguito utilizado CT HDL LDL TG Glicemia Hematócrito Hemoglobina Proteína C reativa Atividades diárias (TEMPO MINUTOS) Deslocamento p/escola Recreio (brincar) Dorme à tarde Tempo de sono - noite Atividades que normalmente faz - 49 Dados do PRONTUÁRIO do paciente: Cardiopatia: Descrever: Cardiopatia 1:_________ Cardiopatia 2:_________ Cardiopatia 3:_________ Cardiopatia 4:_________ Cardiopatia 5:_________ Intervenções: Cateterismo ( 1 )Diagnóstico ( 2 ) Terapêutico ( 3 ) Ambos ( 4 ) Não Data:________________ Descrever:___________________________________________________________ Cirurgia 1: CEC: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Cirurgia 2: CEC: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Cirurgia 3: CEC: ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Data: ____________________ Data: ____________________ Data: ____________________ Descrever: Cirurgia 1:___________ Cirurgia 2:___________ Cirurgia 3:___________ Cirurgia 4:___________ Cirurgia 5:___________ Medicações: (1) AAS (2) Warfarin (3) Clopidogrel (4) Furosemida (5) Hidroclorotizida (6) Fenitoina (7) Fenobarbital (8) Captopril (9) Espironolactona (10) Carbamazepina (11) Digoxina (12) Propranolol (13) Puran T4 (14) Outros (especificar): _____________________________________________________ Estado clínico atual/sintomas: ( ) Cianose ( )Dispnéia ( ) Fadiga ( ) Dor torácica ( ) Outros____________ 50 Questionário sobre alimentação da criança 1) Quantas refeições a criança faz por dia? ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) Mais que 6 Sim ou não 2) Você come salgadinhos? 3) Você come ovo frito? 4) Você come batata frita? 5) Você come outras frituras? 6) Você come bolachas recheadas? 7) Você come chocolates ou outros doces? 12) Você come alguma sobremesa ou doce feito com leite 11) Você toma leite ou outro alimento feito com leite? Quantas vezes? Todos os 2 dias na dias semana 4 dias na semana Só no fim de semana ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 1 ) sim desnat ( 2 ) sim integral ( 3 ) não 8) Você come frutas? ( 1 ) sim ( 2 ) não 9) Você come ( 1 ) sim verduras e legumes? ( 2 ) não 10) Você come carne? ( 1 ) sim ( 2 ) não 12) Você toma ( 1 ) sim diet refrigerante? ( 2 ) sim normal ( 3 )não 13) Você come ( 1 ) sim frios/embutidos? ( 2 ) não 14) Qual a carne que você come? ( 1 ) gado ( 2 ) galinha ( 3 ) peixe ( 4 ) todas 15) Qual a carne que você come mais vezes na semana? ( 1 ) gado ( 2 ) galinha ( 3 ) peixe 16) Que alimento feito de leite você come ou toma? ( 1 ) leite c/achocolatado ( 2 ) leite c/café ( 3 ) iogurte ( 4 ) queijo ( 5 ) outro, qual?____________ 17) Seu filho faz as refeições vendo TV? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não 51 Antropometria para pacientes com SINDROME DE DOWN: Circunferência Antropometria Braço D Braço E Cintura Quadril Peso Altura IMC INQUÉRITO RECORDATÓRIO 24H REFEIÇÃO ALIMENTO MEDIDA CASEIRA DESJEJUM COLAÇÃO ALMOÇO LANCHE DA TARDE JANTAR CEIA 52 QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA – VERSÃO CURTA Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação ! Para responder as questões lembre que: Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez. 1a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício? dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 1b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando por dia? horas: ______ Minutos: _____ 2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA) dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas: ______ Minutos: _____ 53 3a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração. dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas: ______ Minutos: _____ Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro. 4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana? ______horas ____minutos 4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana? ______horas ____minutos 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Al Husain M. Growth charts for children with Down’s syndrome in Saudi Arabia: birth to 5 years. Int J Clin Pract. 2003; 57:170-4. Annel WB, D’Agostinho RB, Belanger AJ. Fibrinogen, cigarette smoking and risk of cardiovascular disease: insights from the Framingham study. Am Heart J 1987; 113:1006-10. Bara MG, Biesek S, Fernandes A, Araújo CGS. Comparação de atividade física e peso corporal pregressos e atuais entre graduados e mestres em educação física. Rev Bras Cie Esp. 2000;2:30-5. 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