Manual de Residente-DSTs
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Manual de Residente-DSTs
Série Manual do Médico Residente, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP Urologia Doenças Sexualmente Transmissíveis Dr. Chen Shan – Chefe do Grupo de DSTs da Divisão de Urologia da USP. Dr. Conrado Alvarenga – Membro da Divisão de Urologia da USP. Introdução Doença sexualmente transmissível é um termo usado para referir às doenças causadas pelos germes transmitidos através do contacto sexual. Outras formas de transmissão destes patógenos são poucos comuns, podem ocorrer por forma indireta tais como uso de utensílios pessoais ou públicos mal higienizados. Podem ser divididos em: as DSTs que provocam doenças locais: Uretrites, Úlceras genitais, Verrugas genitais e parasitas; e as que causam doenças sistêmicas, sem manifestação clínica na porta de entrada: AIDS e Hepatites. URETRITE A uretrite é um processo inflamatório da uretra, que pode ser resultado de condições infecciosas ou não infecciosas. Neste, abordaremos somente a parte infecciosa de transmissão sexual. A uretrite pode ser classificado como Uretrite Gonocóccica (UG) quando o agente etiológico é a Neisséria gonorrhoeae e Uretrite Não Gonocóccica (UNG) quando a bactéria N. Gonorrhoeae não esta presente. Ele é caracterizado pela secreção uretral, que pode variar de purulenta em grande quantidade até mucopurulenta, em mínima quantidade e pode não apresentar sintoma, que podem chegar a 75% em mulheres1. Quando vem acompanhado desintoma, pode ser desde leve prurido uretral até dores fortes na micção ou continuamente Quadro clínico • Uretrite Gonocóccica Período de incubação de 1-2 semanas (12h - 3 meses) Prurido uretral, disúria, dor uretral e secreção amarelada espessa em quantidadeabundante • Uretrite Não Gonocóccica Período de incubação de 2-3 semanas (1-5 semanas), Prurido uretral, disúria, dor uretral e secreção uretral mais fluida em pequena quantidade. Em boa parte dos pacientes são assintomáticos, principalmente em mulheres que chegam a índice de 75 % dos casos1 Diagnóstico O diagnóstico é baseado no encontro dos agentes, para isso deve solicitar: 1- Raspado uretral para exames de: gram a procura principalmente do N. Gonorrea e que é um diplococo gram negativo intracelular. O Mycoplasmas Homini e a Ureaplasma é feito pela cultura específica de rapado uretral 2- Exame de urina jato inicial matinal, ou pelo menos 2 horas após micção, para: pesquisa de Chlamydia Trachomatis e Mycoplasma genitalium por PCR, porém no nosso meio ainda não dispõe de kit comercial. Urina tipo I para confirmar o processo inflamatório (>4 cel/campo) e urocultura com antibiograma, principalmente nos homossexuais. O Trichomonas representa menos de 2 % das uretrites, seu diagnóstico pode ser feito pela procura do agente pela gota fresca em SF ou Gram. O HSV pode ser agente de UNG e sua presença deve ser lembrado quando tem quadro de repetição principalmente quando associado a lesão herpética em outras partes do corpo. Seu diagnóstico é feito por pesquisa de HSV por PCR na urina de jato inicialmatinal. Para evitar que faça mais de um raspado uretral, que é doloroso, a pesquisa de N. gonorrea pode ser feito por PCR. Lembrar que no nosso meio ele custa 5 vezes o preço do Gram e ambos métodos tem sensibilidade próximo, ao redor de 95%. Os mycoplasmas são os principais agentes de falha de tratamento de uretrites porque são bastante resistentes aos quinolonas de 1ª e 2ª geração, eritromicina e azitromicina2 Em meio que não tem recursos laboratoriais, o tratamento é baseado na “abordagem sindrómica”: Secreção amarelada, espessa em grande quantidade fala a favor de uretrite gonocóccica. Secreção em pequena quantidade, pode ser até bem fluida com aparência de urina, fala a favor de uretrite não gonococcica3. Tratamento A N. Gonorrhoeae era tratado com Penicilina até 1980,Cipro até 2005, Ceftriaxona 125 mg até 2010 e desde então passou a usar Ceftriaxona 250 mg, dose única4 . Pode usar também como dose única: Cefixima 400 mg VO, Tianfenicol 5 gr VO, Espectinomicina 2 gr IM, Ceftriaxona 250 mg + Azitromicina 1 gr ou Cefixima 800 mg+ Azitromicina 1 gr5. A resistência da N. Gonorrhoeaea tetraciclina é de 95%, penicilina é de 80% e ciprofloxacina é de 60% 6. As uretrites não gonocócicas são tratados com a vibramicina na dose de 100mg vo de 12/12h por 7 dias ou Azitromocina 1000 mg vo dose única, visase principalmente a Chlamydia Trachomatis, que é bastante sensível a esses dois antibióticos. Para os casos resistentes deve fazer pesquisa para Mycoplasmas, trichomonas, fungos e herpes e medica-los conforme o agente. Quando o agente não foi possível ser evidenciado, pode usar as quinolonas principalmente as de 3ª geração, a Moxifloxacina 400 mgvo/dia / 7 dias7. É importante tratar as parceiras e evitar contato por 60 dias e fazer controle pós tratamento com urina tipo I do jato inicial de urina matinal para certificar da cura de uretrite. < 5 leucócitos /campo. Conduta prática para uretrite 1- Anamnese e examinar o paciente 2– Solicitar : Urina jato inicial matinal: para urina tipo I e urocultura com ATB principalmente para os homossexuais e para pesquisa de Clamydiatrachomatis por PCR. Além disso: exame do raspado uretral: para Gram-pesquisa principalmente de N. Gonorroeae, também para Trichomonas, Leveduras e corpúsculos virais para cultura específica para Ureaplasma urealiticum e Mycoplasma homini e exame de sangue para: hemograma, glicemia, creatinina, anti HIV, Anti HCV, AntiHBs, AgHBS e RSS. 3- Opções de tratamento: • Secreção uretral abundante, espessa e amarelada- Ceftriaxona 500 mg IM. • Secreção uretral escassa e fluida – Azitromicina 1 grama VO, ou Doxiciclina 100 mg VO de 12/12h por 7 dias. 4- Reorientar o tratamento com o resultado dos exames laboratoriais . Figura 1 e 2 – uretrite gonocócica. ULCERAS GENITAIS São lesões ulceradas, localizada na região genital, causadas por agentes adquiridos pelos contatos sexuais. Classicamente são ulceras de: Herpes simples, cancroide, sífilis, linfogranuloma venéreo e granuloma inguinal. Lembrar das úlceras não venéreas tais como os causados por fungos, aftas, carcinomas, drogas, traumas e Crohn . Em uma úlcera pode ter mais de um agente e sua incidência varia de uma região para outra. No nosso meio, cidade de São Paulo, é raro os casos de úlcera de linfogranuloma venéreo e granuloma inguinal. As úlceras genitais são fatores de risco para transmissão de HIV8. O diagnóstico é baseado no histórico do paciente, exame físico e identificação do agente através dos exames laboratoriais. Para todos os pacientes devem ser pedidos exames de sangues para DSTs Cancróide São úlceras causadas pelo Haemophilus ducreyi que é um bacilo gramnegativo intracelular de transmissão exclusivamente sexual. É causa comum de úlceras genitais em todo o mundo, principalmente em países não desenvolvidos. É raro em países desenvolvidos como EUA9. É também conhecida como “cavalo”, cancro mole, cancro venéreo, cancro de Ducreyi. Quadro Clínico Tem período de incubação de 1 a 15 dias, em média de 3 a 5 dias. Inicia-se como uma lesão eritemato-papular, que evolui para pústula, e finalmente forma úlcera que são lesões dolorosas, geralmente múltiplas devido à auto-inoculação, frequentemente formam “ulceras em imagem de espelho”. A borda é irregular, apresentando contornos eritemato - edematosos e fundo recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido que, quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil. Em 50% formam adenopatia inguinal dolorosa, habitualmente unilateral, que posteriormente drena-se espontaneamente formando fístula. Figura – Cancroide peniano Diagnóstico O diagnóstico definitivo do cancroide requere a identificação do H. ducreyi que pode ser feito através do exame de Gram. O material deve ser colhido da base da úlcera ou do aspirado do bubão inguinal. A cultura tem sensibilidade de 7080 % 10, porém é de difícil realização e resultado demorado. O PCR é o método diagnóstico “padrão ouro”11, porém é mais caro e pouco disponível em nosso meio. Um diagnóstico provável de cancroide pode ser feito se tem os seguintes dados: 1- Tem uma ou mais úlceras, dolorosas, irregulares, múltiplas, “sujas”. 2- Tem adenomegalia dolorosa. 3- Não encontrar T. pallidum no campo escuro e 4- Teste para HSV negativo9. Tratamento A Azitromicina 1 grama VO em dose única ou Ceftriaxona 250 mg intramuscular em dose única são os medicamentos de escolha. Também pode ser usado a Ciprofloxacina 500 mg VO 2 vezes por dia por 3 dias. Tem relatos de casos isolados resistentes a ciprofloxacina, porém não tem comprovação em cultura com antibiograma devido à dificuldade da H. ducreyi crescer em meio de cultura9. Sífilis Sífilis é uma doença sistêmica causado por Treponema Pallidum adquirido através de contacto sexual. A porta de entrada transforma-se emúlcera e quando não tratada,a doença apresenta evolução lenta com fases de latência e agudização, levando destruição de órgão profundos. Estima-se aumento de 600% nos casos diagnosticados se sífilis nos últimos 5 anos na cidade de São Paulo. A sífilis é classificada em recente, tardia e terciária. Recente, quando é infectada a menos de 1 ano e tardia, quando tem mais de um ano de evolução. O sífilis recente é dividido em primária que tem a presença da úlcera com ou sem adenomegalia; em secundária, a fase sistêmica incluindo as manifestações cutâneas que na sua maioria apresenta linfadenopatia e latente, quando não tem nenhuma manifestação clínica. Quando não tratado ao redor de 30 % evoluem para fase tardia com comprometimento do sistema vascular central, sistema osteo-articular e sistema neurológico central12. Quadro clínico Ao redor de 21 dias após contacto, no local da entrada surge uma pápula que evolui para ferida, chamado de cancro duro, caracterizado porlesão ulcerada em geral únicacom bordas duras e bem delimitadas, fundo da úlcera é limpa que pode ter pequena secreção serosa e é indolor (exceto se infecção secundária ou mista). Quando surge no local de dobra, pode apresentar ulcera em espelho. Esta úlcera, mesmo não tratada, cicatriza em algumas semanas. Frequentemente pode apresentar adenomegalia inguinal em 70-90%, uni ou bilateral, móvel, pouco doloroso, que não fistuliza13. De 4 a 8 semanas após aparecimento da úlcera, aparece as lesões secundárias, que são sintomas sistêmicas e em 80% tem as manifestações cutâneas12. Diagnóstico Lesão ulcerada em geral única com bordas duras e bem delimitadas, fundo da úlcera é limpa que pode ter pequena secreção serosa e é indolor. Diagnóstico laboratorial Microscopia em campo escuro para identificar o Treponema pallidum que é uma bactérias gram-negativas com forma espiral do grupo das espiroquetas. É o único exames que dispomos para diagnóstico na fase primária. Deve-se limpar a lesão com solução salina, secar com gaze e apoiar uma lâmina sobre a lesão. Não se deve usar solução bactericida ou sabão. Uma lesão só é considerada negativa após 3 exames negativos. Vale ressaltar que pesquisa de T. pallidum em campo escuro de lesões em cavidade oral não são úteis, pois pode-se confundir com treponemas comensais. • Teste treponêmico: absorbed) FTA-Abs (fluorescente treponema lantibody Imunofluorescencia indireta; TP-PA (T. pallidum passive particle agglutination ) • Teste não treponêmico: VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) Floculação microscópica; RPR (Rapid Plasma Reagin) Interpretação da sorologia . FTA-Abs: em geral permanece por resto da vida, indica que teve contato prévio, pode não ter relação com a úlcera atual( cicatriz sorológica) VDRL: É um teste que correlaciona com atividade da doença. Considerado positivo quando o título é > 1/8, principalmente quando tem aumento de 4 vezes em exames consecutivos14. Começa tornar positivo 1 semana após surgimento do cancro, porém alguns só positivam em 6 semanas. Normaliza 12 anos depois do tratamento, alguns podem ficar com cicatriz sorológica (VDRL< 1/8). Diagnóstico diferencial: Sífilis primária: cancro mole, herpes genital, donovanose, linfogranuloma venéreo, câncer. Causas de VDRL falso-positivo: Os falsos positivos em geral tem VDRL < 1/8 - Infecciosas: leptospirose, hanseníase, endocardite subaguda, malária, hepatite (principalmente C), mononucleose, tuberculose, tripanossomíase, pneumonia por pneumococo e por Mycoplasma sp. - Não infecciosas: uso de drogas ilícitas intravenosas, doença autoimune, gravidez, febre reumática, transfusão sanguínea, vacinação, doença hepática crônica9, 15. Tratamento • Sífilis primária Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI, IM dose única • Sífilis secundária e latente recente Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI, IM por semana por 2 semanas, • Latente tardia e sífilis terciária (exceto neurossífilis) Penicilina Benzatina 2,4 milhões U I,IM por semana por 3 semanas • Neuro-sífilis Penicilina Cristalina 3-4 milhões UI, IV 4/4 horas por 14 dias Caso paciente seja alérgico a penicilina - Doxiciclina 100 mg vo de12/12h por 14 dias16,13, 9 Linfogranuloma venéreo È uma doença de transmissão sexual causado pela bactéria gram negativa, a Chlamydia Trachomatis soro tipo L1, L2 ou L3 que acomete todo tecido linfático. Tem sua incidência maior em regiões equatoriais. Ele é mais rara na região sul e sudeste do nosso meio. Quadro Clínico Tem período de incubação de 2 a 3 semanas, pode variar de 3 a 40 dias. Inicia-se geralmente como uma bolha no pênis, que evolui para pequena úlcera em geral indolor, que cicatriza espontaneamente em poucos dias. Frequentemente não é percebida pelo paciente. Duas a quatro semanas após, surge linfadenomegalia inguinal dolorosa, frequentemente acompanhada de febre, cefaléia, artralgia, leucocitose e hipergamaglobulinemia17. Pode levar a elefantíase genital como complicação tardia. Em homossexuais, o quadro pode ser de predominante processo inflamatório retal, que pode evoluir com estenose e fístula. Diagnóstico O diagnóstico em nosso meio em geral é feita pela suspeita clínica, e exclusão de outras causas de úlceras/ linfadenopatia. A cultura específica, imunofluorescência direta e PCR são métodos de identificação do agente17, 9, porém não está disponível no nosso meio. Tratamento Preconizado: Doxicilina 100 mg VO 12/12h por 21 dias , ou Eritromicina 500 mg VO, 12/12h por 21 dias, ou Azitromicina 1gr VO por semana por 3 semanas A linfadenopatia deve ser aspirado e se necessário drenado Granuloma Inguinal (Donovanose) É uma úlcera de lenta progressão, acomete pele e tecido subcutâneo da região genital, inguinal e perineal. É causado por Klebsiella granulomatis, bactéria gram negativo garanulomatis. intracelular, É de conhecido transmissão como Calymmatobacterium predominantemente sexual. Ocorre principalmente em regiões equatoriais. Quadro Clínico Após um período de incubação de 45 (7-180) dias, inicia-se como um nódulo subcutâneo que escarifica e transforma em úlcera que pode ser desde superficial sem muita reação ate úlcera profunda purulenta e destrutiva. Em geral tem crescimento lento indolor com fundo rico em tecido de granulação, friável, que sangra facilmente, A adenomegalia regional não é frequente Diagnóstico O diagnóstico é feito pela identificação do Corpúsculo de Donovan no interior dos monócitos em biopsia da úlcera pelo coloração de Giemsa. Não há métodos específicos de identificação, pois não se desenvolve em culturas específicas. Pode ter recorrência da doença 6-18 meses após tratamento efetivo9, 18 Tratamento Preconizado: Azitromicina 1gr VO por semana, ou 500 mg por dia por 3 semanas, ou até cicatrização total da úlcera Doxicilina 100 mg VO 12/12h por 3 semanas ou até cicatrização da úlcera. Ciprofloxacina 750 mg VO 12/12h por 3 semanas ou até cicatrização da úlcera Eritromicina 500 mg VO 6/6h por 3 semanas ou até cicatrização da úlcera Herpes Genital Herpes genital é causado pelo vírus herpes simplex (HSV), HSV-1 e HSV-2. É a úlcera mais prevalente das DST19. Uma vez adquirido o vírus, ele permanece pelo resto da vida no hospedeiro, reativando de tempos em tempos quando há “redução de imunidade”. Estas crises de recorrência ocorrem principalmente com o HSV-2. Quadro Clínico O período de incubação é desconhecido, pode variar de alguns dias até anos, a sua prevalência chega a mais que 90% em prostitutas, enquanto é menor que 6 % nos monogamicos20 Inicia-se com pápula que pode ser pruriginosa ou dolorosa que transforma em pústula e rompem facilmente, formando a úlcera. Em geral formam grupamentos de pequenas úlceras dolorosas com hiperemia ao redor que duram 1-2 semanas e curam espontaneamente. Na primo infecção em geral é acompanhado de mal esta, febre, cefaleia e adenomegalia dolorosa em mais de 50 %. Nos episódios de recorrências, em geral só tem manifestação local com período clínico mais curto. Diagnóstico O diagnóstico em geral é clínico pela presença de grupo(s) de pequenas úlceras próximas bem sugestivas e pela história da recorrência. A pesquisa de DNA viral por PCR é o método de escolha para diagnóstico laboratorial. Tratamento Deve manter a úlcera limpa com solução antiséptica ou agua e sabão. Uso tópico de creme antiviral não é recomendado. Não existe medicamento que erradique o vírus, os antivirais só reduzem o período clínico. Três deles podem ser usados e tem efetividade semelhante. Devem ser usado no inicio do quadro e manter na primo infecção por 7 a 10 dias e nas recorrência por 5 dias. Aciclovir 400mg, VO de 8/ 8h ; Famciclovir 250mg VO de 8/8h e Valaciclovir 1g VO de 12/12h9. Figura – Herpes fase inicial HPV/VERRUGAS GENITAIS Papilomavirus humano é um “DNA vírus”–Vírus de uma molécula de DNA de dupla fita, contendo 7900 pares de base nitrogenada . Tem identificado > 150 tipos de HPV21, pelo menos 40 podem acometer região genital 9, 22 . São classificadas de auto risco pela capacidade de levar desenvolvimento de câncer no colo uterino(tipo 16,18) , e baixo risco que em geral não leva a formação de câncer, mas formam a verruga(tipo 6, 11), estes são responsáveis por 90% das verrugas genitais23. Sua transmissão se dá através de contato íntimo, na relação sexual, é raro por outros meios. A maioria das pessoas sexualmente ativas serão infectados pelo menos uma vez na vida. A incidência significantemente associado com aumento do número de parceira e com homossexualismo24, 25, 26, 27. É uma doença auto limitada, a maioria cura-se espontaneamente em 8 meses pelo desenvolvimento de resistência do hospedeiro. Porém em 9% da pessoas, o vírus pode permanecer por mais que 2 anos28. Quadro Clínico Após período de incubação de semanas até décadas, manifesta-se como pápulas lisas ou rugosa, ou verrugas sesseis como tapetes até verrugas espiculadas e pediculados de tamanho puntiforme até > 5 cm . Pode ter coloração hipocrômica, normocrômica, avermelhada, hipercrômica ou melânica (forma clínica). Alguns são tão minúsculos que só podem ser visto com magnificação (forma subclínica). Em sua maioria evoluem sem sinal clínico ou subclínica (forma latente), O vírus permanece latente junto ao DNA da célula hospedeira, alguns só vem manifestar clinicamente década após. Localizam-se preferencialmente no prepúcio, porém pode acometer toda região peniana, escrotal, suprapúbica, região crural, anal e na uretra. Figura – HPV meato uretral Figura – HPV na haste peniana Figura - HPV extenso genital Diagnóstico O diagnóstico é feito pela detecção de verrugas no exame físico. A biopsia pode ser útil nos casos de dúvida diagnóstica, verruga ulcerada ou não responsiva ao tratamento. Não é recomendado uso de teste de detecção de DNA viral em homem, nem uso de ácido acético para identificar área acetobranca, porque não alteram a conduta9 Tratamento O tratamento para HPV visa destruir as verrugas, porque ainda não tem medicamentos ou meios de destruir o vírus. Pode usar tanto meio mecânico, físico ou químico que tem resultados parecidos. Para verruga pequena em pequeno número, pode usar crio(gases fluoretados) ou ácido bi ou tricloroacético 80-90%, podofilina alcóolica a 20 %, que podem ser usados pelo próprio paciente, alertando que aplique somente sobre a verruga, não pode escorrer para tecido ao redor, manter a área aplicada em posição, principalmente na região do prepúcio e lavar 30 minuto após em agua corrente. Deve repetir semanalmente (1x/semana) até desaparecimento total da verruga. A podofilotoxina a 0,5% em gel ou solução, deve ser aplicado sobre a lesão 2x/dia em ciclo de 3 dias consecutivos e pausa de 4 dias até desaparecimento da verruga. Não deve exceder área de 10 cm2 ou 0,5 ml. Para verrugas maiores ou numerosos, é mais efetivo usar eletrocauterização, laser ou ressecção, nesses são feito pelo médico com anestesia local. Para condiloma prepucial múltiplo ou volumoso recomenda-se postectomia. Nos casos que não tem margem cirúrgica, quando compromete extensamente sulco balanoprepucial e borda coronal, nesses devem ser feitos a postotomia e fazer cauterização das verrugas. Para condiloma gigante a eletrocoagulação com alta intensidade (eletrofulguração) é o mais efetivo. Imiquimod a 5% em creme em noite alternada por 3-4 meses, tem o objetivo de estimular a imunidade local, portanto reduzir as recidivas29. Condiloma uretral As verrugas próximas ao meato devem ser tratado como as da pele, tomando cuidado de não cauterizar toda circunferência no mesmo ato para evitar estenose, as da fossa navicular quando preciso pode fazer a meatotomia para cauterização. Em 15-20 % das verrugas só são vistas com uretroscopia, para esses a cauterização endoscópica com laser ou eletrocoagulação tem resultado semelhante. Cuidado para não cauterizar demasiadamente, pelo risco de estenose30, 31, 32. Prevenção Vacina anti-HPV Existem várias vacinas para HPV liberada pelo FDA: a vacina bivalente (Cervarix), é especifico para proteção de câncer do colo do útero, porque é específico para HPV 16 e 18. A vacina quadrivalente ( Gardasil ) protege tanto Ca de colo uterino em 66% quanto as verrugas genitais em 90%, porque tem VLP (virus-like particle) 6, 11, 16 e 18. A vacina 9-valente (Gardasil-9) cobre 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, aumenta em 15-20% de proteção contra Ca de colo uterino. As vacinas devem ser aplicadas antes do inicio da atividade sexual e antes dos 14 anos de idade. Nas idades de 9-11 anos conseguem títulos maiores de anticorpo. Devem usar 3 doses (0, 2 e 6 meses)33, 34, 35, 9, 36 O uso de preservativo é essencial para reduzir a transmissão de DST, deve chamar a atenção para sua importância e deve ser usado desde o início do ato, porém deve deixar claro que ele não é 100% seguro como o governo divulga nas vésperas de carnaval. No HPV mesmo usando o preservativo, são infectados em 37,7% das pessoas37. Pediculose Pubiana Chato (Pthirus pubis) é o parasita que causa pediculose pubiana ou ftiríase e habita os pêlos da região pubiana, principalmente. No entanto pode ainda ser encontrado em outras regiões do corpo. Aloja-se rotineiramente na base dos pêlos, onde deposita seus ovos. O tempo de incubação entre a contaminação e os sintomas varia entre 7 a 14 dias e a transmissão é feita através do contato íntimo, ou de roupas de uso pessoal, roupas de cama e toalhas. A principal queixa dos pacientes é prurido bastante desconfortável na região pubiana. Diagnóstico O diagnóstico pode ser feito pela observação dos piolhos e das lêndeas na base dos pelos e da presença de parasitas na pele da região afetada. Tratamento Os medicamentos usados para a combater a escabiose devem ser aplicados nas áreas afetadas (púbis, coxas, tronco, axilas, etc.). Alguns exemplos são: benzoato de benzila e loção de permetrina. A aplicação deve ser feita localmente e repetida entre sete e dez dias após. O objetivo da primeira aplicação é eliminar os insetos adultos; o da segunda é eliminar aqueles que ainda não haviam eclodido após a primeira aplicação. Recomenda-se a troca das roupas diariamente, tanto de cama e como de banho, de todos os familiares. HIV / Hepatites B e C REFERÊNCIA 1-Walsh PC, Retik AB, Vaughan ED, Wein AJ. 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