universidade federal de minas gerais faculdade de farmácia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS SHIRLEIDE SANTOS NUNES AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO POLIETILENOGLICOL NA CIRCULAÇÃO E BIODISTRIBUIÇÃO DE LIPOSSOMAS PH-SENSÍVEIS, RADIOMARCADOS COM TECNÉCIO-99m EM MODELOS EXPERIMENTAIS BELO HORIZONTE 2016 SHIRLEIDE SANTOS NUNES AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO POLIETILENOGLICOL NA CIRCULAÇÃO E BIODISTRIBUIÇÃO DE LIPOSSOMAS PH-SENSÍVEIS, RADIOMARCADOS COM TECNÉCIO-99m EM MODELOS EXPERIMENTAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Valbert Nascimento Cardoso Co-orientadores: Prof. Dr. André Luís Branco de Barros Profa. Dra. Mônica Cristina de Oliveira Belo Horizonte 2016 COLABORADORES Profa. Dra. Elaine Amaral Leite – Laboratório de Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica – Departamento de Produtos Farmacêuticos – Faculdade de Farmácia – UFMG; Profa. Dra. Isabela da Costa Cesar – Laboratório de Pesquisa em Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia - UFMG; Dr. Marcelo Alexandre de Farias - Laboratório Nacional de Nanotecnologia. (LNNANO, Campinas); Dr. Rodrigo Portugal - Laboratório Nacional de Nanotecnologia. (LNNANO, Campinas). Renata Salgado Fernandes – mestranda pelo programa de Ciências Farmacêuticas - Faculdade de Farmácia – UFMG; Carolina Henriques Cavalcante - Aluna de iniciação científica - Laboratório de Radioisótopos - Faculdade de Farmácia – UFMG; A todos que tornaram esse trabalho possível, eu pude conhecer o quão grande é a disponibilidade para me auxiliar e o desejo do meu sucesso. AGRADECIMENTOS Eu tenho tanto e a tantos agradecer, meu tempo era curto, mas obtive tanta ajuda, sem muitas vezes precisar pedir, e por tudo sou tão grata! À Deus, por ser meu refúgio, amparo e fortaleza em cada passo dado, em cada conquista alcançada. Aos meus pais, Maria e Xisto, pelo apoio, exemplo, por serem a razão de eu querer crescer e ser uma pessoa melhor. Pelas orações que sempre me fortaceleram. Ás minhas irmãs, Sheila, Shirlinha, Lana, pela paciência, pela companhia e por sempre estarem prontas para o que eu precisasse. Aos meus cunhados, primos e toda a minha família pelo apoio e carinho. À Lu pela amizade, por contribuir para o meu crescimento e participar das minhas conquistas. Aos laços, por tornarem essa jornada mais leve e meus dias mais felizes. A todos os meus amigos pela torcida e carinho que sempre me ampararam. À Renata pelo companheirismo, pela cumplicidade, por ser minha “IC” e por ajudar a tornar esse trabalho possível. À Ju pela amizade, por estar disponível sempre que eu precisei. Carol e Liziane por serem as melhores colegas de bancada do mundo. Aos amigos do laboratório de farmacotécnica e do laboratório de radioisótopos pela ajuda, carinho e pelo incentivo. Aos IC’s Carol e Sued, pela grande ajuda e por contribuírem com este trabalho. Ao professor Valbert, pelos ensinamentos e incentivo, por ser um exemplo de pesquisador e de sucesso. Pela confiança e carinho a mim depositados. À professora Mônica, agradeço a orientação, o acolhimento, a confiança, os ensinamentos, a dedicação e por ser um exemplo de profissional e de caráter. A Dra. Viviane por incentivar meu crescimento e ser um exemplo de dedicação. A todos da medicina nuclear, pela paciência, companheirismo, carinho e por segurarem as pontas sempre que precisei. Sem vocês eu não teria conseguido. A professora Elaine, pelo carinho, pela paciência, pelo comprometimento e por ser um exemplo de competência. A professora Isabela pela disponibilidade e pela imensa contribuição depositada a esse projeto. Ao Dr. Rodrigo Portugal e ao Dr. Marcelo Alexandre de Farias, pela grande ajuda e contribuição nos experimentos de microscopia no LNNANO. Ao Vinicius, pela paciência e por estar sempre a disposição. À veterinária Maria Adelaide e ao José Batista por estarem sempre disponíveis, auxiliando nos cuidado com os animais. Ao Vanderli, pelo apoio, parceria e disponibilidade. A CNEN, CNPq e FAPEMIG pelo apoio financeiro. E por fim, ao professor André Luís Branco de Barros, pela amizade, por acreditar em mim, por torcer e contribuir para meu crescimento. Por trazer alegria e esperança em momentos em que acreditei não ser possível. Por estar onde e quando eu precisei. Pelo imenso aprendizado. Esse trabalho é tão seu quanto meu. “é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final... Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver”. (Martin Luther King). RESUMO Lipossomas são vesículas lipídicas amplamente estudadas em todo o mundo como carreadoras de diversas substâncias. O polímero hidrofílico polietilenoglicol (PEG) é adicionado à superficie dos lipossomas para prolongar o tempo de circulação sanguínea por reduzir a opsonização das vesículas, o que diminui a captação da formulação pelo sistema fagocitário mononuclear (SFM). Vários estudos afirmam que o peso molecular do PEG, bem como a combinação de diferentes tipos de PEG com pesos moleculares diferentes alteram a farmacocinética do lipossoma. Por essa razão, a proposta do presente estudo consistiu em avaliar a influência do peso molecular e de combinações de PEG com diferentes tamanhos de cadeia na farmacocinética e biodistribuição de lipossomas pH-sensíveis contendo o complexo 99mTc-HYNICβAla-Bombesina(7-14) em modelos animais de tumor 4T1 e tumor de Ehrlich. Foram preparadas oito formulações lipossomais, os resultados demonstraram que os lipossomas apresentaram adequadas propriedades químicas e físicoquímicas como diâmetro médio inferior a 300nm, populações monodispersas, potencial zeta próximo a neutralidade e teor de encapsulação da bombesina de 26,4 a 38,7%. As imagens obtidas por criomicroscopia eletrônica de transmissão (cryo-MET) permitiram a visualização de vesículas unilamelares com diâmetro médio 90 nm. Não foi encontrada diferença no tempo de meiavida (T1/2), dessa forma, para a composição de lipossomas avaliada, o PEG não aumentou o tempo de circulação. Os estudos de biodistribuição e imagens cintilográficas mostraram elevada captação pelos órgãos do SMF, fígado e baço. A formulação de PEG2000 apresentou maiores concentrações no sangue. Os lipossomas constituídos por DSPE, PEG2000 e PEG1000/5000 apresentaram maior captação no tumor em comparação ao músculo contralateral, porém não houve diferença estatística entre as formulações na relação tumor/músculo obtidas nos estudos de biodistribuição ou imagens cintilográficas. Os resultados sugerem que para essa formulação a adição do PEG não resultou em maior concentração do peptídeo radiomarcado no tecido de interesse, sendo necessários estudos adicionais para confirmar essa hipótese. Palavras-chave: Lipossomas, polietilenoglicol, tecnécio-99m, bombesina, tumor. ABSTRACT Liposomes are lipid vesicles widely studied throughout the world as nanocarriers for different substances. The hydrophilic polymer polyethylene glycol (PEG) might be added onto the surface of liposomes to prolong the circulation time by reducing the opsonization of the vesicles, leading to a reduced uptake by the mononuclear phagocyte system (MPS). Several studies claim that the molecular weight of the PEG, as well as combination of different types of PEG with different molecular weights may alter the pharmacokinetics of the liposome. Therefore, the purpose of this study was to evaluate the influence of molecular weight and PEG combinations with different chain sizes in the pharmacokinetics and biodistribution of pH-sensitive liposomes containing 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesin complex (7-14 ) in tumor models (4T1 and Ehrlich). Eight liposomal formulations were prepared, the results showed that the liposomes exhibited adequate chemical and physical-chemical properties, such as mean diameter less than 300nm, monodisperse populations, neutral zeta potential, and encapsulation content of 26.4 to 38.7%. The images obtained by transmission electron criomicroscopy (cryo-TEM) allowed visualization of unilamellar vesicles with an average diameter of 90 nm. There was no difference in blood half-life (T1/2), thereby for the composition of liposomes used in this study, PEG did not increase blood circulation time. Biodistribution studies and scintigraphic images showed high uptake by organs of the SMF, liver and spleen. The PEG2000 formulation showed higher concentration in blood. Liposomes with DSPE, PEG2000 or PEG1000 / 5000 showed higher uptake in the tumor compared to the contralateral muscle, but there was no statistical difference between the formulations when tumor-tomuscle ratio, obtained in the biodistribution studies or scintigraphic images, was analyzed. The results suggest that for this specific formulation, the addition of PEG was not efficient for increasing the concentration of the radiolabeled peptide in tumor tissue, however further studies to confirm this hypothesis is required. Keywords: liposomes, polyethylene glycol, technetium-99m, bombesin, tumor. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Diferentes tipos de nanotransportadores............................................. 21 Figura 2. Representação esquemática do processo de formação de lipossomas........................................................................................................... 23 Figura 3. Classificação de lipossomas de acordo com o diâmetro médio e número de bicamadas.......................................................................................... 24 Figura 4. Representação esquemática do efeito da modificação de superfície de nanopartículas pela incorporação de PEG na adsorção de proteínas plasmáticas e na biodistribuição.......................................................................... 25 Figura 5. Estrutura do mPEG-DSPE................................................................... 26 Figura 6. Estruturas químicas do CHEMS (A) e DOPE (B)................................. 27 Figura 7. Representação esquemática da organização estrutural de derivados da PE na ausência e na presença de CHEMS.................................................... 28 Figura 8. Comportamento de fases das membranas lipídicas............................ 29 Figura 9. Imagem de criomicroscopia ilustrando lipossomas de DPPC/DSPEmPEG2000........................................................................................... 32 Figura 10. Estrutura química do lisofosfolípide da DOPE (1-oleil 2-hidroxi fosfatidiletanolamina).............................................................................................. 35 Figura 11. Representação esquemática da interação fosfolípide-açúcar............. 36 Figura 12. Diferentes configurações apresentadas pelas moléculas de PEG...... 38 Figura 13. Acúmulo espontâneo de nanopartículas na região tumoral pelo efeito EPR.............................................................................................................. 43 Figura 14. Seqüência de aminoácidos dos peptídos PLG18-27 (Peptídeo liberador de gastrina), bombesina e NMB (Neuromedina B) ................................ 44 Figura 15. Estrutura dos agentes quelantes para o tecnécio-99m........................ 47 Figura 16. Extrusor de média pressão................................................................... 53 Figura 17. Curva da depuração sanguínea para o complexo 99m Tc-HYNIC-βAla- Bombesina(7-14) encapsulado nas formulações....................................................... 69 Figura 18. Fotomicrografias obtidas por cryo-MET para lipossomas de DSPE em diferentes campos............................................................................................ 71 Figura 19. Fotomicrografias obtidas por cryo-MET para lipossomas de PEG2000 em diferentes campos............................................................................ 71 Figura 20. Fotomicrografias obtidas por cryo-MET para lipossomas de PEG1000-5000 em diferentes campos ................................................................. 72 Figura 21. Perfil de liberação do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) encapsulado em lipossomas em presença de plasma a 37ºC.............................. 72 Figura 22. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em animais BALB/c acometidos pelo tumor 4T1......................................................................................................................... 74 Figura 23. Biodistribuição do complexo 99m Tc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em animais BALB/c acometidos pelo tumor 4T1........................................................................................................................ 74 Figura 24. Relações tumor/músculo para o complexo 99mTc-HYNIC-βAlaBombesina (7-14) nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos BALB/c com tumor 4T1.......................................................................................................................... 76 Figura 25. Imagens cintilográficas após administração intravenosa do complexo 99m Tc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) em camundongos Balb/C acometidos pelo tumor 4T1 nos tempos de 1 e 4 horas.................................................................... 78 Figura 26. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em camundongos Swiss acometidos pelo tumor de Ehrlich...................................................................................................... 79 Figura 27. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em camundongos Swiss acometidos pelo tumor de Ehrlich...................................................................................................... 79 Figura 28. Relações tumor/músculo para o complexo 99mTc-HYNIC-βAlaBombesina(7-14) nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos Swiss com tumor de 81 Ehrlich ............................................................................................................... Figura 29. 29 Imagens cintilográficas após administração intravenosa do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) em camundongos Swiss, A,B = DSPE 1,4 HORAS; C,D = PEG2000 1, 4 HORAS; E,F = PEG 1000-5000 1, 4 HORAS........................................................................................................................... 82 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Diâmetro médio e IP dos lipossomas após as etapas de preparo.................................................................................................................. 61 Tabela 2. . Diâmetro médio, IP, potencial zeta e distribuição de diâmetro das vesículas............................................................................................................... 64 Tabela 3. Teor de encapsulação do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(714) para as diferentes formulações lipossomais.................................................... 66 Tabela 4. Tempo de meia-vida das formulações lipossomais contendo o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14)...................................................... 68 Tabela 5. Relação alvo/não-alvo para para o complexo 99mTc-HYNIC-βAlaBombesina (7-14) nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos BALB/c com tumor 4T1........................................................................................................................ 78 Tabela 6. Relação alvo/não-alvo para o complexo 99m Tc-HYNIC-βAla- Bombesina(7-14) encapsulado nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG10005000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos Swiss com tumor de Ehrlich............................................................................................ 82 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANOVA Analysis of Variance/Análise de variância CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais CHEMS Cholesteryl hemisuccinate/Hemisuccinato de colesterila CPM Contagens por minuto cryo-MET microscopia eletrônica de transmissão após congelamento Da Dálton DI Dose injetada DMEM Meio de cultura Dulbecco’s Modified Eagle Medium DOPE Dioleoylphosphatidylethanolamine/ Dioleilfosfatidiletanolamina DOX Doxorrubicina DP Desvio padrão DSC Differential calorimetry scanning/Calorimetria exploratória diferencial DLS Dynamic Light Scattering /espalhamento dinâmico da luz DSPE Distearoylphosphoethanolamine/ Diestearoilfosfatildiletanolamina DSPE-mPEG2000 Distearoylphosphoethanolamine-methoxypolyethyleneglycol 2000/Diestearoilfosfatildiletanolaminametoxipolietilenoglicol2000 DSPE-PEG Distearoylphosphoethanolamine-polyethyleneglycol /Diestearoilfosfatildiletanolamina-polietilenoglicol DTPA Ácido Dietileno Triamino Pentacético EDDA Ácido etilenodiaminodiacético EPR Enhanced Permeability and Retention/Permeabilidade e retenção aumentados FALT Fixed aqueous layer thickness/espessura da camada aquosa fixa HII Fase hexagonal II HMPAO Hexametilpropilenoaminoxima HYNIC Ácido hidrazinonicotínico IP Índice de polidispersão LNLS Laboratório Nacional de Luz Síncroton LUV Large unilamellar vesicles/Lipossomas unilamelares grandes MET Microscopia Eletrônica de Transmissão MLV Multilamellar vesicles/Lipossomas multilamelares PCS Photo Correlation Spectroscopy/Espectroscopia de correlação do fóton PE Fosfatidiletanolamina PEG Polietilenoglicol PE-PEG Fosfatidiletanolamina/ Polietilenoglicol PLG Peptídeo liberador de gastrina ROI Região de interesse SFM Sistema Fagocitário Mononuclear SUV Small Unilamellar Vesicles / Lipossomas unilamelares pequenos Tm Temperatura de transição de fase SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 17 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 19 1. NANOTECNOLOGIA ....................................................................................... 20 2. LIPOSSOMAS.................................................................................................. 22 2.1 CLASSIFICAÇÃO .......................................................................................... 23 2.2. PROPRIEDADES FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DOS LIPOSSOMAS.... 28 2.3. ESTABILIDADE FÍSICA E QUÍMICA DOS LIPOSSOMAS ........................ 33 2.4. CRIOPROTEÇÃO ..................................................................................... 35 3. POLIETILENOGLICOL..................................................................................... 36 4. MEDICINA NUCLEAR ...................................................................................... 39 4.1. RADIOFÁRMACOS ...................................................................................... 40 4.2. NANORRADIOFÁRMACOS ...................................................................... 41 4.3. O ISÓTOPO TECNÉCIO-99m................................................................... 43 5. BOMBESINA .................................................................................................... 44 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 48 OBJETIVOS ............................................................................................................... 49 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 50 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 50 TRABALHO EXPERIMENTAL ................................................................................... 51 1. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 52 1.1. MATERIAL ................................................................................................ 52 1.2. MÉTODOS ................................................................................................ 52 1.2.1. PREPARO DOS LIPOSSOMAS ......................................................... 52 1.2.2. CARACTERIZAÇÃO DOS LIPOSSOMAS ......................................... 53 1.2.3. FORMAÇÃO DO COMPLEXO 99mTc- HYNIC-βALA-BOMBESINA..... 55 1.2.4. DETERMINAÇÃO DA PUREZA RADIOQUÍMICA .............................. 56 1.2.5. ENCAPSULAÇÃO (CONGELAMENTO/DESCONGELAMENTO ....... 56 1.2.6. TEOR DE ENCAPSULAÇÃO ............................................................. 56 1.2.7. PERFIL DE LIBERAÇÃO ................................................................... 56 1.2.8. DEPURAÇÃO SANGUÍNEA EM ANIMAIS SADIOS .......................... 57 1.2.9. DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS TUMORAIS NOS CAMUNDONGOS ............................................................................................ 57 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 60 2.1. PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DOS LIPOSSOMAS ........................... 60 2.1.1. PADRONIZAÇÃO DA METODOLOGIA ............................................. 61 2.1.2. PREPARO DAS FORMULAÇÕES ..................................................... 63 2.1.3. TEOR DE ENCAPSULAÇÃO ............................................................. 65 2.2. PUREZA RADIOQUÍMICA ........................................................................ 67 2.3. DEPURAÇÃO SANGUÍNEA EM ANIMAIS SADIOS.................................. 67 2.4. CRIOMICROSCOPIA ................................................................................ 69 2.5. PERFIL DE LIBERAÇÃO .......................................................................... 71 2.6. ESTUDOS DE BIODISTRIBUIÇÃO E IMAGENS CINTILOGRÁFICAS EM ANIMAIS COM TUMOR 4T1................................................................................ 73 2.7. ESTUDOS DE BIODISTRIBUIÇÃO E IMAGENS CINTILOGRÁFICAS EM ANIMAIS COM TUMOR DE EHRLICH ................................................................ 78 3. CONCLUSÃO .................................................................................................. 82 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS……………………………………………………………………………84 ANEXO 1 .................................................................................................................. 104 APÊNDICE ............................................................................................................... 105 17 INTRODUÇÃO A nanotecnologia é uma ciência capaz de manipular a matéria à escala atômica e molecular, criando novos materiais e desenvolvendo novos produtos à escala nanométrica (Scheu et al., 2006). Esta ciência aborda, sobretudo, a caracterização, manipulação, fabricação e aplicação de estruturas biológicas e não biológicas à escala referida. Materiais e produtos com tamanhos desta ordem de grandeza geralmente exibem características funcionais únicas, não encontradas em matérias similares à escala macro (Sahoo et al., 2007; Chau et al., 2007). Atualmente, a nanotecnologia é um dos principais focos das atividades de pesquisa em todo o mundo. Na área de ciências farmacêuticas, e em particular na encapsulação de fármacos, inúmeros estudos têm sido realizados com o objetivo de desenvolver sistemas que permitam direcionar e controlar a liberação de fármacos, e dessa forma obter alternativas terapêuticas com melhor eficácia e menos efeitos adversos. A terapia convencional é, muitas vezes, limitada devido à baixa solubilidade aquosa de muitos fármacos, além da impossibilidade de aumento da dose administrada o que poderia potencializar os efeitos adversos. Neste contexto, a encapsulação destes fármacos em nanossistemas, especialmente lipossomas, surge como uma alternativa para superar essas limitações. (BATISTA; CARVALHO; SANTOS-MAGALHÃES, 2007). Os lipossomas são vesículas formadas por bicamadas concêntricas de fosfolipídios, que apresentam capacidade de incorporar uma diversidade de compostos, sejam eles hidrofílicos ou hidrofóbicos (ALLEN; HANSEN; LOPES DE MENEZES, 1995; VOINEA; SIMIONESCU, 2002). Os lipossomas como carreadores de fármacos, são utilizados para alcançar a acumulação seletiva do fármaco no tecido ou células de interesse. Os lipossomas têm sido carreadores aceitos clinicamente no diagnóstico e tratamento de diversos processos patológicos, visto que eles alteram a farmacocinética biodistribuição dos fármacos encapsulados (MAMOT et al, 2003). e 18 Porém quando moléculas coloidais como os lipossomas são administradas por via intravenosa, podem sofrer adsorção de proteínas séricas como as opsoninas, ocasionando sua captura pelas células do sistema fagocitário mononuclear (SFM), sobretudo no fígado, baço e medula óssea (tecidos ricos em macrófagos), sendo rapidamente eliminados, limitando o direcionamento para outros tecidos (ALLEN e HANSEN, 1991; PATEL, 1992). Uma alternativa a essa limitação é o recobrimento desses lipossomas por polímeros hidrofílicos como o polietilenoglicol (PEG), que reduzem o reconhecimento pelo SFM e com isso aumentam o seu tempo de circulação. Várias pesquisas tem se concentrado no estudo do PEG, constatando-se que diferentes propriedades desse polímero, como concentração e peso molecular, alteram a sua interação com a nanopartícula e com o meio ao qual ele é adicionado. Por essa razão, o objetivo desse estudo foi avaliar a influência do peso molecular do PEG na farmacocinética e biodistribuição de lipossomas radiomarcados. Para isso foram preparados oito tipos de formulações lipossomais com diferentes pesos moleculares de PEG na forma isolada e com combinações de pesos moleculares diferentes. Em um primeiro momento no trabalho experimental é relatado o preparo e caracterização das formulações. A marcação do peptídeo HYNIC-βAla- Bombesina(7-14) com átomos de tecnécio-99m que foi encapsulado nos lipossomas. Em seguida, foi avaliado o tempo de meia-vida das formulações na corrente sanguínea. Ao final, as formulações de escolha foram utilizadas em estudos in vivo de biodistribuição e imagens cintilográficas em dois modelos tumorais distintos (4T1 e Ehrlich). 19 REVISÃO DA LITERATURA 20 1. NANOTECNOLOGIA A nanotecnologia é o ramo da ciência que estuda a compreensão, desenvolvimento e controle de estruturas e materiais manipulados em escala nanométrica. Um nanômetro (nm) corresponde à bilionésima parte do metro (1x10-9 m) e as estruturas produzidas nesta escala, assumem novas propriedades físicas, mecânicas, elétricas, químicas e biológicas (MELO et al., 2004; SCHEU et al., 2006). Materiais e produtos com tamanhos desta ordem de grandeza geralmente exibem características funcionais únicas, não encontradas em matérias similares à escala micro ou macrométrica (SAHOO et al., 2007; CHAU et al., 2007). Um dos principais fatores que diferencia significativamente os nanomateriais de outros materiais é o aumento expressivo na sua área superficial. Dessa forma, o fato de inúmeras reações químicas poderem ocorrer na superfície das partículas sugere que uma dada massa de material nanoparticulado será muito mais reativa que a mesma massa de material feito com partículas grandes (PISON et al., 2006). O desenvolvimento da nanotecnologia tem demonstrado ser um campo científico multidisciplinar, encontrando aplicações nas mais diversas áreas, desde setores de energia e eletrônica até indústrias farmacêuticas (ROSSI – BERGMANN, 2008). No campo das ciências farmacêuticas, podem-se destacar: novos medicamentos baseados em nanoestruturas, sistemas de difusão de medicamentos que atinjam pontos específicos no corpo humano; materiais de substituição (próteses) biocompatíveis com órgãos e fluidos humanos; kits de autodiagnostico; sensores laboratoriais construídos sobre chips; materiais para a regeneração de ossos e tecidos; protetores solares; produtos para recuperação da pele; produtos para maquiagem (ALVES, 2004, 2010; ROCO, 1999). A aplicação da nanotecnologia para o desenvolvimento de medicamentos mais seguros e eficazes veio alterar o panorama das indústrias farmacêuticas e de biotecnologia. Com o uso de nanomateriais desenvolveram-se os sistemas de liberação controlada de fármacos, frequentemente descritos como “Drug 21 Delivery Systems”, que oferecem inúmeras vantagens quando comparados aos fármacos convencionais (PIMENTEL et al, 2007). A vetorização de fármacos, baseada na teoria de Paul Ehrlich sobre a capacidade de minúsculas partículas em carrear moléculas ativas aos sítios específicos de ação, é uma das principais linhas da pesquisa biofarmacêutica das últimas décadas, fazendo parte de uma grande área que rapidamente emergiu no Brasil e no mundo. A utilização de sistemas coloidais nanoestruturados constitui uma alternativa que visa alterar a biodistribuição de fármacos após sua administração por diferentes vias (BANKER et al., 1996). São vários os estudos realizados por diferentes grupos de investigação em todo o mundo com o objetivo de desenvolver sistemas que permitam direcionar e controlar a liberação de fármacos, assim como caracterizar os nanotransportadores obtidos. (ARULSUDAR et al., 2004, PETERSEN et al., 2012). Os nanotransportadores podem ser constituídos por diferentes materiais, incluindo materiais orgânicos e inorgânicos. Atualmente, existem diferentes tipos de nanotransportadores como lipossomas, nanopartículas, complexos lipídicos, dendrímeros e micelas poliméricas, entre outros (COUVREUR et al., 1995;RAWAT, 2006; PARK, 2007;). Na Figura 1 apresentam-se os tipos mais comuns de nanotransportadores disponíveis atualmente. Figura 1: Diferentes tipos de nanotransportadores, adaptado de Rawat, 2006 22 De uma forma geral, os nanotransportadores são considerados como excelentes veículos para o transporte e liberação de fármacos pelas inúmeras vantagens que oferecem. Entre estas se destacam: a proteção do fármaco frente a degradação no organismo, a manutenção de níveis plasmáticos por tempo mais prolongado; o aumento da eficácia terapêutica; a liberação progressiva e controlada do fármaco; a diminuição expressiva da toxicidade do fármaco veiculado; a possibilidade de direcionamento a alvos específicos (sítioespecificidade); a possibilidade de incorporação tanto de substâncias hidrofílicas quanto lipofílicas; a diminuição da dose terapêutica e do número de administrações e o aumento da aceitação da terapia pelo paciente (RAWAT, 2006; PIMENTEL, et al., 2007) Embora estas vantagens sejam significativas, alguns inconvenientes não podem ser ignorados, como por exemplo; possível toxicidade relacionada aos constituintes do próprio veículo, ausência de biocompatibilidade dos materiais utilizados e o elevado custo de obtenção dos nanossistemas comparados com as formulações farmacêuticas convencionais (RAMOS; PASA, 2008). Por essas razões, diversas pesquisas buscam melhorar as características físicoquímicas e os processos de produção das nanopartículas com o intuito de aumentar a eficiência desses sistemas como carreadores de fármacos e possibilitar sua aplicação clínica. 2. LIPOSSOMAS Descobertos nos anos 60 por Alec Bangham, os lipossomas vem sendo investigados intensivamente, com vista à sua utilização como transportadores de fármacos para diversas aplicações clínicas (GREGORIADIS, 1995; TORCHILIN, 2005). Lipossomas são sistemas lipídicos dispersos constituídos frequentemente por fosfolípides, os quais em meio aquoso se organizam espontaneamente em bicamadas formando vesículas esféricas. Essas bicamadas circundam uma cavidade aquosa interna e se encontram envolvidas por um meio aquoso (Figura 2). Considerando que os lipossomas são constituídos por moléculas anfifílicas, os mesmos são capazes de encapsular substâncias hidrofílicas, lipofílicas e anfifílicas. Moléculas hidrofílicas são encapsuladas na sua cavidade interna, onde estão presentes os grupos polares dos fosfolípides. As substâncias lipofílicas são acomodadas na região apolar da bicamada e as 23 anfifílicas ao longo de toda sua extensão, interagindo com a região apolar e polar. Esses sistemas lipídicos foram descritos, na década de 60, por Bangham e colaboradores (1965) como modelos de membranas biológicas. A utilização dos lipossomas como sistemas de liberação de fármacos foi proposta na década de 70. Entretanto, as primeiras formulações de lipossomas estudadas não produziram os resultados esperados, devido à instabilidade das vesículas, à baixa taxa de encapsulação dos fármacos e à escolha inadequada da via de administração (LASIC, 1998). Figura 2 - Representação esquemática do processo de formação de lipossomas: auto-organização de moléculas individuais de fosfolípideos (a) a folhetos de bicamada membranar (b), seguido da formação em lipossomas (c). A bicamada lipídica é composta por moléculas lipídicas individuais dispostas ordenadamente com as suas caudas hidrofóbicas voltadas para o interior da bicamada e com os seus grupos polares voltados para o meio aquoso e para o meio exterior ao lipossoma (d). Imagem adaptada de Jesorka, A. e Orwar, O. (2008). 2.1 CLASSIFICAÇÃO As propriedades químicas e físico-químicas dos lipossomas variam de acordo com sua composição lipídica, diâmetro vesicular, lamelaridade, carga superficial e método de preparação. 2.1.1. LIPOSSOMAS UNILAMELARES E MULTILAMELARES 24 Os lipossomas são classificados de acordo com o diâmetro e número de bicamadas em (i) vesículas unilamelares pequenas (SUV), (ii) vesículas unilamelares grandes (LUV) e (iii) vesículas multilamelares (MLV). As vesículas unilamelares, formadas por uma bicamada única, são denominadas SUV quando possuem diâmetro compreendido entre 25-100 nm e em LUV, quando apresentam diâmetro entre 100 e 1000 nm (Figura 3). Os lipossomas multilamelares são formados por bicamadas sucessivas, separadas por compartimentos aquosos, com diâmetro > que 1 µm (NEW, 1990; SAHOO, 2003). Figura 3- Classificação de lipossomas de acordo com o diâmetro médio e número de bicamadas (LOPES et al., 2013b). 2.1.2 LIPOSSOMAS CONVENCIONAIS E DE CIRCULAÇÃO PROLONGADA Os lipossomas convencionais são constituídos essencialmente por fosfatidilcolinas e colesterol, e ainda um lipídeo com carga negativa ou positiva para evitar a agregação das vesículas, esses lipossomas quando administrados por via intravenosa, sofrem adsorção de proteínas séricas como as opsoninas (imunoglobulinas, fibronectina), ocasionando sua captura pelas células do sistema fagocitário mononuclear (SFM), sobretudo no fígado, baço e medula óssea (tecidos ricos em macrófagos), sendo rapidamente eliminados, limitando a utilização para outros tecidos (ALLEN e HANSEN, 1991; SENIOR e ALVING, 1987; PATEL, 1992; SZEBENI,1998). Investigações iniciadas na década de 90 foram realizadas com o objetivo de reduzir a captação dos 25 lipossomas convencionais pelas células do SFM e aumentar seu tempo de permanência na circulação. Os lipossomas de circulação prolongada, possuem um revestimento na superfície, que pode ser constituído de componentes hidrofílicos naturais (monossialogangliosíideo e fosfatidilinositol) ou sintéticos como os polietilenoglicois (PEG). Foi observado que a incorporação, na membrana dos lipossomas, de lipídeos acoplados ao PEG, altera sua interação com o ambiente, sendo o efeito mais importante a redução da captura pelos macrófagos, prolongando o tempo de circulação sanguínea. Esses lipossomas (Figura 4) denominados lipossomas de circulação prolongada ou furtivos, permitem uma distribuição do fármaco para outros órgãos além daqueles do SFM (FONTES et al., 2005). Figura 4. Representação esquemática do efeito da modificação de superfície de nanopartículas pela incorporação de PEG na adsorção de proteínas plasmáticas e na biodistribuição. Adaptado de AGARWAL et al., 2009. O derivado de PEG, metoxiPEGdiestearilfosfatidiletanolamina(mPEG-DSPE) – Figura 5, tem sido extensivamente utilizado no preparo de lipossomas de circulação prolongada. A presença de volumosos grupos hidrofílicos na superfície dos lipossomas parece constituir um obstáculo estérico às proteínas plasmáticas que podem atuar como opsoninas. Consequentemente, os lipossomas são menos reconhecidos e destruídos pelas células do SFM (KLIBANOV et al., 1990; WOODLE e LASIC, 1992; STORM et al., 1995). 26 Figura 5 - estrutura do mPEG-DSPE2000. Fonte: www.avantilipis.com (2016) Assim, lipossomas revestidos com PEG podem permanecer por mais tempo na circulação, uma vez que são menos captados pelo SFM, devido a formação de uma camada aquosa ao redor do lipossoma que dificulta o reconhecimento da partícula, constituindo um poderoso instrumento para auxiliar o diagnóstico e/ou tratamento de diversas doenças (CARMO et al., 2008b, SADZUKA et al., 2002). 2.1.3 LIPOSSOMAS pH-SENSÍVEIS Os lipossomas também podem ser classificados em polimórficos, estes se tornam reativos devido à mudança em sua estrutura em consequência de uma alteração de pH (pH-sensíveis), temperatura (termo-sensíveis) (BATISTA; CARVALHO; MAGALHAES, 2007) O uso de lipossomas pH-sensíveis como sistemas de liberação de fármacos foi sugerido a partir da observação de que tecidos enfermos (tumores, inflamações e infecções) apresentam um pH menor do que os tecidos normais (GULINO et al., 1967), além do fato de que alguns tipos de vírus desenvolveram estratégias para aproveitar-se da acidificação do meio do lúmen endossomal para infectar células (SIMÕES et al., 2004). Esses lipossomas exibem transições de fases, características dos seus constituintes fosfolipídicos, que são responsáveis pela desestabilização das vesículas em meio ácido e são estáveis em pH fisiológico (pH 7,4). Os lipossomas pH-sensíveis são constituídos por fosfolípides derivados da fosfatidiletanolamina (PE), como por exemplo, a dioleilfosfatidiletanolamina (DOPE). Estes derivados organizam-se em meio aquoso, a temperatura ambiente, sob a forma hexagonal, não sendo capazes de se apresentar na forma de vesículas (SIEGEL, 1986). 27 A formação de lipossomas com estes fosfolípides requer a adição de agentes estabilizantes, normalmente lipídeos carboxilados, como o hemisuccinato de colesterila (CHEMS), que em pH fisiológico se encontram sob a forma ionizada (Figura 6). Esses estabilizantes são capazes de se inserirem entre as moléculas de fosfolípides, e o aparecimento de repulsões eletrostáticas entre os grupamentos carboxila, presentes no estabilizante, e os grupos fosfato dos fosfolípides favorecem a organização lamelar (Figura 7), possibilitando a formação dos lipossomas. A exposição dos lipossomas pH-sensíveis a um meio ácido resulta na protonação dos agentes estabilizantes, com consequente desestabilização das vesículas e a liberação do material encapsulado (OLIVEIRA et al., 2000). Figura 6. Estruturas químicas do CHEMS (A) e DOPE (B). Fonte: www.avantilipis.com (2016) 28 Figura 7. Representação esquemática da organização estrutural de derivados da PE na ausência e na presença de CHEMS. 2.2. PROPRIEDADES FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DOS LIPOSSOMAS As propriedades e aplicações dos lipossomas dependem das características físicas e físico-químicas de suas membranas. 2.2.1. TRANSIÇÃO DE FASE DOS LÍPIDES A fluidez da bicamada, quando constituída de um único tipo de lípide, depende da temperatura de transição de fase (Tm) do estado gel (sólido) para o estado líquido-cristalino (fluido) (Figura 8). Quando a temperatura do meio é igual à Tm, as cadeias carbônicas dos lípides passam do estado ordenado (sólido) para o estado fluido no qual estas cadeias encontram-se desordenadas e têm grande liberdade de movimento. Portanto, de acordo com a Tm, as membranas lipossomais de diferentes composições podem exibir diferentes níveis de fluidez sob as mesmas condições de temperatura. A permeabilidade da bicamada depende da fluidez da membrana e da natureza do soluto 29 encapsulado. A taxa de permeabilidade mais elevada ocorre na Tm e é menor no estado “gel” em comparação com o estado fluido (FRÉZARD, 1999). Figura 8. Comportamento de fases das membranas lipídicas (Adaptado de FRÉZARD et al., 2005). Um componente lipídico importante, muito utilizado na composição dos lipossomas, é o colesterol. Este aumenta a rigidez das membranas no estado “cristal-líquido” e reduz a rigidez e os defeitos estruturais das membranas no estado “gel”. 2.2.2 DIÂMETRO DAS VESÍCULAS A obtenção de lipossomas com diâmetro reduzido e distribuição homogênea das vesículas é um importante fator para garantia da estabilidade dessa forma farmacêutica. Muitos estudos utilizam lipossomas unilamelares homogêneos com diâmetro compreendido entre 50 e 150 nm. Essa faixa é um meio termo entre a eficiência de encapsulação (aumenta de acordo com o aumento do diâmetro), a estabilidade do lipossoma (diminui com o aumento do diâmetro acima da faixa ótima de 80-200 nm) e capacidade de extravasamento (diminui com o aumento do diâmetro). Além disso, para preparações de uso endovenoso o limite de 5 μm apresenta relevância fisiológica, por ser um preventivo da oclusão da microvasculatura, uma vez que os capilares sanguíneos possuem diâmetro interno entre 4 e 9 μm (LASIC, 1998). São utilizadas diferentes técnicas para análise do diâmetro e distribuição dos lipossomas. Dentre estas estão compreendidas técnicas de espalhamento da luz (BERGER, N. et al., 2001; CASALS et al., 2003; YANG et al., 2006) e microscopia, como microscopia de criofratura (BERGER et al., 2001) e 30 microscopia de força atômica (RUOZI et al., 2005; RAMACHANDRAN et al., 2006). Neste trabalho foi empregada a técnica denominada espectroscopia de correlação de fótons (PCS) ou espalhamento dinâmico da luz (Dynamic Light Scattering) na análise do diâmetro das vesículas lipossomais. A técnica de PCS consiste em atravessar determinada amostra com um feixe de laser, de modo que as partículas presentes espalhem a luz. O espalhamento da luz está relacionado ao movimento browniano das partículas de modo que a intensidade da luz espalhada por estas forme um padrão de movimento. Por meio da dispersão da luz, torna-se possível determinar o diâmetro médio das partículas. Partículas menores são capazes de movimentarem mais rapidamente e causam rápidas modificações no espalhamento da luz. Por outro lado, partículas de maior diâmetro, as quais possuem menores coeficientes de difusão, resultam em menores flutuações na intensidade do espalhamento da luz (HASKELL et al., 1998). Esta técnica permite a medida de partículas cujos diâmetros estejam compreendidos na faixa de 1 a 5000 nm (MALVERN INSTRUMENTS, 1996a). 2.2.3. POTENCIAL ZETA A medida do potencial zeta é uma ferramenta muito útil na detecção da magnitude de interações repulsivas entre as partículas coloidais e é comumente utilizada para avaliar a estabilidade dos colóides (CASALS et al., 2003). O potencial zeta pode ser definido como a carga existente na fronteira entre a superfície de uma partícula individual e seus íons associados. A carga não pode ser medida diretamente, mas pode-se determinar a grandeza da carga elétrica pelas medidas da mobilidade eletroforética das partículas submetidas à aplicação de um determinado campo elétrico (FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Para a determinação do potencial zeta dos lipossomas foi utilizado um método que consiste na incidência de um feixe de luz e aplicação de um campo elétrico de força conhecida através da amostra. Neste método, as partículas carregadas se deslocam com velocidades distintas induzindo deslocamentos da frequência do feixe de luz incidente, gerando um espectro de frequências. 31 As frequências são então utilizadas para os cálculos das velocidades, as quais são convertidas para valores de mobilidades eletroforéticas e em seguida os dados são transformados em valores de potencial zeta. (MALVERN INSTRUMENTS, 1996b). 2.2.4. MORFOLOGIA DOS LIPOSSOMAS A caracterização morfológica dos lipossomas é de fundamental importância para garantir que as formulações desenvolvidas apresentem as propriedades físicas desejadas que terão impacto na incorporação do agente antitumoral nesses sistemas, no seu comportamento in vivo (biodistribuição e atividade antitumoral), assim como na sua estabilidade de armazenamento. O emprego da técnica de microscopia eletrônica de transmissão (MET) possibilita a análise morfológica dos lipossomas e objetiva à caracterização desses nanossistemas mediante a avaliação de parâmetros como lamelaridade e diâmetro, bem como a observação de alterações relacionadas aos fenômenos de agregação e fusão das partículas (NEW, 1990). O princípio da técnica de MET consiste na emissão de um feixe de elétrons por um filamento de tungstênio aquecido que promove a emissão termoiônica de elétrons que são acelerados em um tubo sob vácuo em direção à amostra. O feixe eletrônico transmitido incide sobre uma tela fluorescente, um filme fotográfico ou uma câmera de vídeo, gerando a imagem da amostra (OREFICE et al., 2006). A principal vantagem relacionada ao emprego de MET é sua elevada resolução que possibilita a análise de detalhes estruturais de lipossomas como a lamelaridade (BIBI et al., 2011). Entretanto, na análise de lipossomas por MET, o processo de desidratação durante o preparo da amostra pode causar o encolhimento da partícula e distorção no diâmetro e o pré-tratamento da amostra com corantes específicos pode gerar artefatos e causar alterações na estrutura original vesicular. As manchas dos próprios corantes podem também levar à formação de franjas claras e escuras que podem ser interpretadas como estruturas lamelares na amostra a ser analisada. Além disso, o alto vácuo e o bombardeamento de elétrons, característicos em MET, também podem causar alterações na morfologia dos lipossomas. Neste contexto, 32 algumas variações relacionadas ao preparo de amostra podem otimizar a análise e reduzir a ocorrência de artefatos, como por exemplo, a adoção do processo de congelamento da amostra em gelo amorfo (criomicroscopia) (SEDDON, 1990; BIBI et al., 2011). Uma das técnicas de preparo para análise por MET mais comumente utilizadas consiste na coloração negativa dos lipossomas. Como a possibilidade de espalhamento elástico é diretamente relacionada ao número atômico e considerando-se que as bicamadas de fosfolípides dos lipossomas são constituídas basicamente por carbono e hidrogênio, pode-se prever que haverá baixo espalhamento eletrônico por estas estruturas. Dessa forma, o contraste é fornecido por sais de metais pesados como o acetato de uranila, por tetróxido de ósmio ou por ácido fosfotúngstico, os quais espalham fortemente os elétrons. A partir da coloração negativa, o fundo encontra-se corado e os lipossomas não. Dessa forma, nas imagens por MET, a região exterior das vesículas aparece em preto enquanto a área interna é visualizada na cor branca (NEW, 1990; BIBI et al., 2011). Figura 9 – Imagem de criomicroscopia ilustrando lipossomas de DPPC/DSPEmPEG2000. A fotomicrografia permite a visualização dos lipossomas pela técnica de preparo por coloração negativa das vesículas após utilização de acetato de uranila. Adaptado de HOLZER, 2009. 2.2.5. EFICIÊNCIA DE ENCAPSULAÇÃO 33 A eficiência de encapsulação (EE) é a medida da razão do fármaco encapsulado em relação ao fármaco livre (não encapsulado) (OHNISHIE, 2013). Este é um parâmetro importante que deve ser considerado na escolha do método de preparação lipossomal. A EE pode ser otimizada dependendo do método de encapsulação e da manipulação da composição lipídica da membrana. É importante a obtenção de altas taxas de encapsulação, particularmente quando o fármaco possui doses elevadas ou quando não é possível o reaproveitamento do fármaco não encapsulado. A relação fármaco/lípide também deverá ser maximizada, visto que determina a quantidade de lípide a ser administrada ao paciente. Assim, quanto menor for a quantidade de lípide veiculada, menores serão os riscos de efeitos adversos associados aos mesmos (SWARBRICK;BOYLAN, 1994; FRÉZARD et al., 2005). Como anteriormente descrito, fármacos podem ser encapsulados no interior dos lipossomas (hidrofílicos) ou na bicamada lipídica (hidrofóbicos). A encapsulação desses fármacos durante o preparo dos lipossomas denominase encapsulação passiva, porém baixas taxas (5 a 15%) são alcançadas para moléculas hidrofílicas (BATISTA; CARVALHO; MAGALHAES, 2007; SANTOS e CASTANHO, 2002). Além disso, esse método gera lipossomas LUV não homogêneos, o que requer posterior sonicação ou extrusão para homogeinização das vesículas (BOZZUTO e MOLINARI, 2015; MUPPIDI et al., 2012). Uma metodologia utilizada para maximizar a eficiência de encapsulação de fármacos hidrofílicos é a técnica de congelamento/descongelamento em nitrogênio líiquido – N2 (freeze-thaw-FT). Lipossomas SUVs pré-formados são congelados com N2 (- 196°C), na presença do fármaco e de crioprotetor. Em seguida, são descongelados a uma temperatura acima da transição de fase (Tm) dos lipídios, o que culmina no rompimento da bicamada lipídica permitindo a entrada do fármaco nos lipossomas e consequente encapsulação do mesmo (COSTA; XU; BURGESS, 2014). 2.3. ESTABILIDADE FÍSICA E QUÍMICA DOS LIPOSSOMAS Para funcionar efetivamente como um vetor de fármacos, é importante que os lipossomas se mantenham suficientemente estáveis por um período de tempo 34 razoável. Esses podem sofrer mudanças tanto físicas quanto químicas durante a estocagem. As mudanças físicas podem ocorrer nas vesículas fosfolipídicas, incluindo agregação e fusão. Já as mudanças químicas incluem hidrólise das ligações éster dos fosfolípides em dispersões aquosas de lipossomas e oxidação dos fosfolípides que contêm ácidos graxos insaturados, bem como a oxidação do colesterol. Todas essas transformações podem causar a perda do material encapsulado (CHOW et al., 1995). Um dos aspectos mais importantes relacionados à estabilidade física dos lipossomas é a mudança do tamanho das partículas e de sua distribuição. A agregação e a fusão das vesículas são as principais fontes desta instabilidade. Agregação de lipossomas neutros é causada por interações de Van der Waals, e tende a ser mais pronunciada em vesículas grandes. Embora fatores como resíduos de solventes e traços de elementos possam potencializar esse processo, a formação de agregados de lipossomas é um fenômeno natural e inevitável para membranas sem carga. A maneira mais simples de contornar essa situação é utilizar lípides carregados na formulação (NEW, 1990). CASALS e colaboradores (2003) afirmam que a presença de 25% de lípides carregados confere uma suficiente estabilidade eletrostática que evita a agregação e fusão de vesículas por um período de 3 meses, a 4ºC. Outra forma de aumentar a estabilidade dos lipossomas é revesti-los com polímeros hidrofílicos não-iônicos, como PEG, o que leva ao aparecimento da repulsão de hidratação caracterizada pela presença de uma barreira estérica que impede a aproximação das vesículas (ULRICH, 2002). Muitas dispersões de fosfolípides contêm lípides insaturados (cadeias acila). Os lípides insaturados sofrem degradação oxidativa ou peroxidação lipídica. Essas reações podem ocorrer durante a preparação, o armazenamento ou no momento do uso. A peroxidação é um processo complexo envolvendo reações radicalares que resultam na formação de peróxidos cíclicos e hidroperóxidos. Essa degradação oxidativa acontece rapidamente se os lípides insaturados não forem protegidos durante a preparação e o armazenamento. Essa proteção é realizada pela manutenção do sistema em atmosfera de gás inerte, como nitrogênio ou argônio; pela remoção de metais pesados (adição de EDTA) e/ou pela adição de antioxidantes, como alfa-tocoferol ou butilhidroxitolueno. 35 A hidrólise dos lípides leva a formação de lisofosfolípides (Figura 10) e ácidos graxos livres. Os lisofosfolípides podem ser posteriormente hidrolisados em glicerofosfocompostos e ácidos graxos. Esses produtos de reação podem alterar a rigidez da bicamada lipossomal, a retenção do material encapsulado e o diâmetro das vesículas e, portanto, devem ser mantidos em níveis mínimos (VEMURI et al., 1995). Figura 10. Estrutura química do lisofosfolípide da DOPE (1-oleil 2-hidroxi fosfatidiletanolamina), fonte: www.avantilipiscom (2016). 2.4. Como CRIOPROTEÇÃO descrito anteriormente, o método de encapsulação por congelamento/descongelamento é utilizado para aumentar a EE. Porém, tanto o congelamento quanto o descongelamento podem induzir a danos nas membranas dos lipossomas, resultando no aparecimento de fenômenos relacionados à agregação e/ou fusão das vesículas. Os lipossomas podem ter seu diâmetro alterado se estabilizantes apropriados não forem empregados (MOHAMMED et al., 2006; CHEN et al, 2010). Assim sendo, para promover estabilidade física durante o processo de encapsulação, agentes crioprotetores como açúcares (por exemplo, sacarose, trealose e glicose) e seus derivados podem ser utilizados. Aminoácidos também têm sido estudados quanto a sua capacidade crioprotetora (MOHAMMED et al., 2007). Os açúcares inserem-se entre as porções polares do fosfolípide, levando à formação de ligações de hidrogênio (Figura 11). Essas interações entre os açúcares e os fosfolípides permitem a manutenção do estado físico das membranas durante o congelamento de forma similar à existente no estado hidratado. (van WINDEN et al., 1997). Além disso, a manutenção da integridade da membrana lipídica na presença de açúcares está associada com a formação de uma matriz vítrea dos açúcares à temperatura ambiente. Esta é amorfa, termodinamicamente instável e caracterizada por alta viscosidade e 36 baixa mobilidade molecular. A formação dessa matriz vítrea evita a fusão da membrana lipídica, sendo importante para a manutenção do diâmetro das vesículas e a retenção do conteúdo encapsulado (CACELA; HINCHA, 2006; RICKER et al., 2003; van WINDEN et al., 1997). Figura 11. Representação esquemática da interação fosfolípide-açúcar. 3. POLIETILENOGLICOL Em geral, quando um fármaco é encapsulado dentro de um lipossoma, a eliminação a partir do plasma diminui, enquanto o tempo de meia-vida plasmática (t1/2) e a área sob a curva aumentam (Cattel, L. et al., 2003; Gabizon, A. et al., 2002). A farmacocinética e a biodistribuição das formulações lipossomais encapsulando fármacos são influenciadas pelo tamanho, composição lipídica, dose de fármaco, estabilidade e via de administração (ALLEN e CULLIS, 2004). Consequentemente, a adição de PEG à superfície lipossomal também interfere na farmacocinética dessas formulações. Como anteriormente relatado, esse polímero é utilizado para aumentar o tempo de circulação da partícula na qual ele foi incorporado, no entanto, vários fatores devem ser avaliados para que ele mantenha as propriedades pelas quais foi adicionado. A concentração de PEG que pode ser acrescentada a formulação é de suma importância para a estabilidade e aumento de circulação (BRADLEY et al., 1998; TORCHILIN, 2007). Vários estudos avaliaram qual a concentração de PEG provocaria um maior aumento na circulação sem reduzir a estabilidade da nanopartícula. Acredita-se que apenas uma pequena quantidade de PEG pode ser acrescentada a superfície lipossomal. Concentrações de 5-10% de 37 fosfatidiletanolamina acoplado a PEG (PE-PEG) de massa molecular 10002000Da conferem excelente estabilidade às formulações (ULRICH, 2002; GARBUZENKO et al., 2005; TORCHILIN, 2007; VARGA et al., 2013). BRADLEY e colaboradores sugerem que 4-6 % de PEG (1500 Da) confere estabilidade a lipossomas, já que concentrações maiores de PEG favorecem o processo de micelização, isso porque, quando a quantidade de PEG aumenta, o mesmo acontece com grupo hidrofílico da cabeça do fosfolipíde, bem como a tendência para formar micelas em vez de bicamadas lipídicas (BEDU-ADDO et al., 1996; BRADLEY et al., 1998; SHIMADA et al., 2000) Além da concentração ideal do PEG na membrana lipossomal para manutenção da estabilidade e do aumento da circulação, outros fatores relacionados ao PEG alteram a farmacocinética da nanopartícula. Sugyiama e colaboradores estudaram amplamente a utilização do PEG e sua influência na circulação. Em termos das suas propriedades físico-químicas, os autores examinaram a interação entre o tempo de circulação prolongada dos lipossomas e as condições da molécula de PEG na superficie lipossomal (KUHI et al., 1994; TORCHILIN et al., 1995; JANZEN et al., 1996). Após a funcionalização com PEG, uma camada aquosa fixa é formada em torno dos lipossomas através da interação entre o polímeros de PEG e molécula de água (SHIMADA et al., 1995), que impede a aproximação de opsoninas, isso porque, as proteínas do soro não conseguem reconhecer a nanopartícula devido a água recolhida na superfície dos lipossomas. Como resultado, os lipossomas PEG-funcionalizados conseguem evadir das células do SFM, e consequentemente apresentam um tempo de circulação prolongado (WU et al, 1993; SCHMITZ et al, 1992;. Papafadjopoulos et al, 1991). A espessura da camada aquosa fixa (fixed aqueous layer thickness-FALT) em torno do lipossoma foi medida usando eletroquímica interfacial e foi constatado que a FALT de lipossomas PEG-funcionalizados aumentou em comparação com lipossomas sem a presença da molécula de PEG (SHIMADA et al.,1995; ZEISIG et al., 1996). A partir disso foram avaliadas várias cadeias de PEG com pesos moleculares diferentes, e verificou-se que a FALT em torno de lipossomas foi aumentada 38 com o aumento do peso molecular de PEG. Modelagem molecular das cadeias de PEG presentes na superfície de lipossomas mostrou que, pelo menos, duas conformações podem ser identificadas, "cogumelos" (enxertos isolados) e "escovas" (conformação de cadeia estendida determinada pela interação entre cadeias vizinhas) (NEEDHAM et al. , 1997). Como ja relatado que o peso molecular do PEG interfere na farmacocinetica, SUGIYAMA e SADSUKA (2007), avaliaram se a combinação de PEG com comprimentos de cadeia diferentes provocaria algum beneficio na FALT e/ou no tempo de circulação. Verificou-se que a inserção de cadeias de PEG com baixo peso molecular junto a estruturas contendo moléculas de PEG com alto peso molecular conduziu a mudança da conformação de cogumelo para escova, e consequentemente, levou a um aumento na camada de solvatação e no tempo de circulação das partículas (Figura 12). Figura 12. Diferentes configurações apresentadas pelas moléculas de PEG. (a) PEG de cadeia curta gerando menor espessura da camada protetora (La); (b) PEG de cadeia longa com espessura intermediária (Lb); (c) Mistura de PEGs (cadeias longa e curta) produzindo maior espessura da camada protetora (Lc).(Sugiyama et al., 2007). Outro estudo avaliou o efeito na atividade antitumoral da doxorrubicina (DOX) em lipossomas após a utilização de misturas de PEG comparados a mesma 39 formulação com a adição do PEG na forma isolada. Além do aumento da FALT provocado pela combinação de PEG de diferentes pesos moleculares (cadeias de polietilenoglicol curtas e longas), houve um ganho na biodistribuição e na atividade antitumoral da DOX, se comparado à mesma formulação com apenas um tipo de PEG (SADZUKA et al., 2002; SADZUKA et al., 2003) Esses achados confirmam a expectativa de que a FALT e um longo tempo de circulação dos lipossomas têm uma conexão direta (MATSUO et al., 2000; SADZUKA et al., 2005). Quando a concentração de PEG em torno do lipossoma é maior que 4,7 mol%, as cadeias de PEG se encontram na forma em 'escova' (TORCHILIN et al., 1994; KENWORTHY et al., 1995; NIKOLOVA et al., 1998), esta condição induz a um maior tempo circulação no sangue, evitando o aprisionamento por células do SFM (TORCHILIN et al., 1994). No entanto, não há um aumento expressivo na FALT quando apenas um tipo de PEG é acrescentado ao lipossoma, ainda que aumente o peso molecular das cadeias de polietilenoglicol, o que justifica a utilização de dois tipos de PEG com pesos moleculares diferentes (SADZUKA et al., 2002; SUGIYAMA et al., 2011). Uma vez confirmadas as alterações na farmacocinética das formulações lipossomais provocadas pela adição do PEG, torna-se relevante estudar a influência do peso molecular do PEG na biodistribuição e avaliar quais as alterações provocadas pela adição de diferentes tamanhos de cadeia desse polímero. Nesse contexto, a medicina nuclear é uma importante ferramenta para acompanhar a farmacocinética de diversas substâncias, incluindo nanoestruturas, pois uma vez radiomarcadas, é possível determinar a biodistribuição das mesmas através da atividade radioativa emitida por elas utilizando um contador de radiação (BOERMAN et al., 2000). 4. MEDICINA NUCLEAR A medicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza métodos seguros e não invasivos através de radionuclídeos para diagnóstico e tratamento de doenças. Seu surgimento iniciou-se após a descoberta dos Raios-X em 1895, por Wilhelm Conrad Roentgen (THRALL; ZIESSMAN, 2003). 40 Os materiais radioativos são administrados, normalmente, por via endovenosa, oral, inalatória ou subcutânea, e apresentam distribuição para órgãos ou células específicas, não havendo risco de reações alérgicas. A distribuição depende das características do radionuclídeo quando aplicado na forma isolada, ou este pode estar ligado a um grupo químico de alguma molécula, formando um radiofármaco, e dessa forma a distribuição depende da molécula radiomarcada. O diagnóstico é baseado em alterações bioquímicas e fisiológicas do órgão em exame, sem a necessidade de alterações anatômicas, fornecendo o diagnóstico da doença de forma não invasiva e em um estágio inicial (CONTI et al., 1996; THRALL; ZIESSMAN, 2003). 4.1. RADIOFÁRMACOS Os radiofármacos são moléculas ligadas a elementos radioativos (radioisótopos ou radionuclídeos) emissores de radiação, utilizados na medicina para terapia e para exames de diagnóstico por imagem. Os radiofármacos são compostos por dois componentes: carreador (moléculas) e radionuclídeo, sendo sua aplicação (diagnóstico ou terapia) diretamente relacionada ao radioisótopo utilizado (LIU, 2004). Os radiofármacos são alvo de grande interesse de pesquisadores em todo o mundo que buscam tecnologias inovadoras e melhores resultados para exames de imagem para diversas doenças, principalmente o câncer (BANERJEE et al., 2001, OLIVEIRA et al.,2006). Diversos radiofármacos, vem sendo utilizados tanto para o diagnóstico como terapia. No Brasil, há, aproximadamente 40 desses compostos sendo utilizados em Medicina Nuclear, gerando um volume de exames em torno de 3 milhões procedimentos/ano (SANTOS-OLIVEIRA, 2010). As características do radionuclídeo escolhido serão responsáveis pela aplicação e indicação do radiofármaco. Como exemplo, para aplicações em diagnóstico em Medicina Nuclear utilizam-se radiofármacos que apresentam na sua constituição radioisótopos emissores de radiação gama (γ) ou emissores de pósitrons (β+) (OLIVEIRA et al., 2006). 41 Assim, após a administração, o radiofármaco se distribui e atinge diferentes tecidos dependendo das características do carreador e por meio de equipamentos de detecção e imagem pode-se realizar a medida da radiação. Este procedimento permite avaliar a biodistribuição do radiofármaco e localizar os focos onde o mesmo foi mais captado (BOERMAN et al., 2000). 4.2. NANORRADIOFÁRMACOS Com o intuito de melhorar o desempenho dos radiofármacos, em especial quanto à sua penetrabilidade e direcionamento específico, pesquisas em nanotecnologia propiciaram o advento de radiofármacos em escala nanométrica, chamados nanorradiofármacos, que promoveram um novo paradigma tanto para a Medicina Nuclear quanto para a Radioproteção e Dosimetria e desponta como alternativa viável ao tratamento e diagnóstico de tumores (GARNETT & KALLINTERI, 2006, TING et al., 2010). No campo da oncologia diversos estudos têm sido realizados para a incorporação de agentes anticâncer em sistemas nanoestruturados devido à melhora no perfil de distribuição do fármaco nos tecidos e células. Isso se baseia no fato de que esses sistemas promovem uma liberação controlada do fármaco associada a uma distribuição mais seletiva (alvo-específica) de modo a superar as limitações encontradas nos tratamentos convencionais (CHO et al., 2008). Além disso, o uso da nanotecnologia permite a proteção dos radiofármacos de condições desfavoráveis, do microambiente tumoral (pH, oxidação, entre outros) e da ação de enzimas, mantendo-os íntegros e impedindo sua degradação prematura, além de aumentar sua biodisponibilidade, seu tempo de retenção e sua captação celular (CHO et al., 2008). Segundo KIM e colaboradores (2009), as estratégias de sistemas de direcionamento a um alvo podem ser classificadas em duas categorias: 1) sinalização passiva, que age em consonância com o efeito de permeabilidade e retenção aumentadas (EPR - Enhanced Permeability and Retention) e 2) sinalização ativa, que emprega vetores ou ligantes direcionais. 42 O direcionamento passivo é conseguido por meio da incorporação do agente terapêutico em uma macromolécula ou nanopartículas que atinge o órgão alvo de forma passiva. Fármacos encapsulados em nanopartículas ou acoplados a macromoléculas podem passivamente chegar aos tumores devido ao efeito EPR (BLAU et al., 2006, SINGH & LILLARD, 2009). Os nanocarreadores, de maneira geral, não conseguem extravasar pela vasculatura de tecidos saudáveis, cujas fenestrações do endotélio são de aproximadamente 2 a 4 nm. Em contrapartida, os tecidos tumorais demonstram um aumento de permeabilidade (fenestrações entre 300-800 nm), regulado, parcialmente, pela secreção anormal de i) fator de crescimento do endotélio vascular; ii) bradicinina; iii) óxido nítrico; iv) prostaglandinas; v) metaloproteinases. Associado a isso ocorre uma deficiência nos vasos linfáticos nesta região, dificultando a drenagem dos fluidos intersticiais. Estes dois fatores são os responsáveis pelo chamado efeito EPR (KOO et al., 2005, ALEXIS et al., 2008, CHO et al., 2008, DAVIS et al., 2008). Como resultado do aumento da permeabilidade vascular, partículas poliméricas, micelas ou lipossomas com tamanhos característicos na faixa de 10 a 500 nm e carregados com fármacos antitumorais podem favorecer a maior acumulação desses agentes no tecido tumoral (CHO et al., 2008). Em alguns casos, esse efeito pode aumentar a concentração do fármaco encapsulado nos tumores sólidos em 70 vezes (LIECHTY & PEPPAS, 2012). A eficiência desses sistemas é tão maior quanto maior for a capacidade da partícula de prolongar os períodos de circulação sanguínea (CHO et al., 2008). De modo resumido, nanopartículas com tamanho na ordem de 200 nm conseguem atravessar as fenestrações mais largas dos neovasos dos tumores sólidos, mas não conseguem transpor aquelas dos endotélios dos tecidos normais. O resultado disso é maior acúmulo das nanopartículas com fármaco no tumor com pouca ou nenhuma nanopartícula nos tecidos normais (OLIVEIRA et al., 2012). 43 Figura 13. Acúmulo espontâneo de nanopartículas na região tumoral pelo efeito EPR (CHO et al., 2008) 4.3. O ISÓTOPO TECNÉCIO-99m O tecnécio-99m (99mTc) é o radionuclídeo mais usado em medicina nuclear, por apresentar propriedades físicas e químicas ideais para um radiofármaco, tais como: meia-vida física de 6,01 horas, emissão gama de baixa energia (140 keV), alta disponibilidade do radioisótopo a partir de um sistema gerador de Molibdênio-99/Tecnécio-99m (99Mo/99mTc), além de apresentar um custo relativamente baixo (JURISSON, 1993; JONES, 1995; MARQUES et al., 2001; YANG et al., 2003). O 99mTc é um metal de transição da família VII B e tem número atômico 43, podendo existir em oito estados de oxidação (-1 a +7). A estabilidade desses estados de transição depende do tipo de ligação e do ambiente químico. Os estados +7 e +4 são mais estáveis e são representados em óxidos, sulfetos, haletos e pertecnetatos (DEWANJEE, 1990; SAHA, 1998). O íon pertecnetato (99mTcO4-) tem estado de oxidação +7 para o 99mTc, isso o torna uma espécie não reativa e incapaz de ligar a algum composto, sendo necessária a redução do 99mTc, do estado +7 para um estado de oxidação menor. O cloreto de estanho II (SnCl2 . 2H2O) é o agente redutor mais comum 44 usado na preparação de compostos ligados ao 99mTc (NOWOTNIK, 1990; SAHA, 1998). 99mTc O reduzido é uma espécie quimicamente reativa e combina com uma grande variedade de agentes quelantes. O agente quelante geralmente é doador de elétrons e forma uma ligação covalente coordenada com o 99mTc reduzido. (SAHA, 1998). Lipossomas radiomarcados para imagens tumorais vêm sendo pesquisados desde a década de 1970. Os lipossomas são geralmente marcados pela conjugação a moléculas-âncoras presentes tanto na cavidade aquosa (por exemplo, deferoxamina DF) quanto na membrana lipídica (por exemplo, Ácido Dietileno Triamino Pentacético - DTPA) (HAMOUDEH et al., 2008). OYEN et al. (1996) avaliaram lipossomas de circulação prolongada radiomarcados com 99mTc na detecção de infecção e inflamação. De BARROS et al. (2013) avaliaram lipossomas de longa circulação radiomarcados na identificação de tumores. Nesse último trabalho foi utilizado um peptídeo (bombesina) radiomarcado, encapsulado em lipossomas pH-sensiveis de longa circulação como possível radiotraçador para diagnóstico de câncer de mama. 5. BOMBESINA Bombesina é um tetradecapeptídeo (Figura 14) isolado da pele do sapo Bombina bombina e apresenta alta afinidade pelo receptor para o peptídeo liberador de gastrina presente nos mamíferos. A bombesina pertence à família de peptídeos que inclui o peptídeo liberador de gastrina, composto por 27 aminoácidos, e a neuromedina B, composta por 10 aminoácidos, que é derivada de suínos (PATEL et al., 2006). Figura 14. Seqüência de aminoácidos dos peptídos PLG18-27 (Peptídeo liberador de gastrina), bombesina e NMB (Neuromedina B) - (Adaptado de PATEL et al., 2006). 45 As atividades farmacológicas deste peptídeo incluem estimulação da liberação de hormônios como gastrina e somatostatina, além de estimular a contração do músculo liso do estômago e intestino. Além disso, os receptores para PLG e bombesina apresentam efeitos mitogênicos e estimulam a proliferação tumoral (LANGER; BECK-SICKINGER, 2001). Existem quatro subtipos de receptores para a família de peptídeos liberadores de gastrina que são conhecidos como BB1-R, BB2-R, BB3-R e BB4-R, sendo todos receptores acoplados a proteína G. Uma grande variedade de tumores apresenta expressão acentuada destes receptores como os tumores de pulmão, mama, pâncreas, cólon e próstata (MARKWALDER; REUBI, 1999, ZHANG et al., 2006, ZHANG et al., 2007). BREEMAN et al. (1999) relataram estudos com análogos de bombesina radiomarcados com 111In e encontraram que agonistas foram internalizados pelas células com receptores para este peptídeo enquanto que antagonistas não apresentaram esta característica, mostrando que para utilização como agentes de radiodiagnóstico os agonistas são mais adequados. Os análogos marcados com tecnécio-99m foram primeiramente testados em 1998 por BAIDOO et al. e também apresentaram boa afinidade pelos receptores para PLG. Vários estudos têm sido realizados utilizando análogos de bombesina acoplados a um agente quelante para o radionuclídeo desejado, geralmente, índio-111 ou tecnécio-99m e estes compostos foram utilizados com o intuito de identificar de tumores (BREEMAN et al., 2002; HOFFMAN et al., 2003, SCOPINARO et al., 2003, VARVARIGOU et al., 2004, DURKAN et al., 2007; SANTOS-CUEVAS et al., 2009; JACKSON et al., 2012, de BARROS et al., 2013). Alguns destes radiofármacos apresentaram elevada seletividade pelos receptores nas células tumorais, utilizando a sequência completa do peptídeo ou uma sequência truncada contendo apenas sete aminoácidos (Bombesina (714)NH2). Isto demonstrou que a porção C-terminal da sequência de aminoácidos é necessária para a manutenção da afinidade pelo sítio de ligação no receptor, desta forma a região oposta (N-terminal), normalmente é utilizada para a radiomarcação (FAINTUCH et al., 2009). 46 Gugger e Reubi (1999) demonstraram que 62% dos carcinomas de mama e 100% das metástases destes cânceres apresentaram maior expressão dos receptores para bombesina, confirmando a possibilidade da utilização de análogos destes peptídeos para fins de diagnóstico e terapia. Peptídeos radiomarcados com tecnécio-99m (99mTc) são bons candidatos para fornecer imagens de boa qualidade, pois, geralmente, peptídeos apresentam rápida depuração sanguínea e facilitada perfusão pelos tecidos, proporcionando uma boa relação alvo/não alvo para o tecido em análise. A radiomarcação de peptídeos pode ser realizada de três maneiras distintas: marcação direta, o radionuclídeo se liga diretamente ao peptídeo que se deseja estudar. É uma técnica simples e de fácil realização, porém é um processo limitado a peptídeos que apresentem ligações dissulfeto (S-S), como, por exemplo, a somatostatina. As outras duas formas de marcação de peptídeos utilizam agentes quelantes que são capazes de complexar com o radionuclídeo desejado. O agente quelante pode ser acoplado ao peptídeo antes ou após sua radiomarcação. Sendo o primeiro método mais utilizado, pois após a formação e purificação do composto final (peptídeo + agente quelante), este é, então, radiomarcado com o isótopo desejado em uma etapa rápida, sem múltiplos passos de preparação e purificação (LANGER; BECK-SICKINGER, 2001; de BARROS et al., 2013). Os agentes quelantes para o 99mTc exibem baixa taxa de dissociação e o átomo de tecnécio no estado de oxidação desejado. Uma variedade de quelantes tem sido desenvolvida para a marcação com encontram-se os triaminotiois (N3S), os 99mTc, diaminoditiois dentre eles (N2S2), o hexametilpropilenoaminoxima (HMPAO) e o ácido hidrazinonicotínico (HYNIC), mostrados na Figura 15 - (LANGER; BECK-SICKINGER, 2001, BLOK et al., 2004). 47 Figura 15- Estrutura dos agentes quelantes para o tecnécio-99m (JURISSON, 1993) O HYNIC complexa-se com tecnécio-99m de maneira rápida e com bons rendimentos e pode ser acoplado a moléculas como proteínas, polipeptídeos e glicoproteínas (LAVERMAN et al., 1999, WELLING et al., 2004, BANERJEE et al., 2005; KING et al., 2007; de BARROS et al., 2010). Devido ao seu caráter monodentado a complexação com átomos de tecnécio- 99m é realizada em presença de co-ligantes, como tricina e ácido etilenodiaminodiacético (EDDA), que estabilizam o metal formando uma ligação estável (GANDOMKAR et al., 2007, MIRANDA-OLVERA et al., 2007). A encapsulação do peptídeo bombesina radiomarcada no lipossoma permite acompanhar a biodistribuição da formulação lipossomal e com isso identificar as possíveis alterações provocadas devido a modificações na composição do lipossoma. 48 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os Lipossomas constituem a classe de nanocarreadores mais estudada e utilizada em todo o mundo, sendo o aumento do tempo de circulação do fármaco encapsulado um grande desafio e um dos principais objetivos na otimização da formulação lipossomal. Como anteriormente relatado, o PEG é amplamente utilizado para aumentar o tempo de circulação das formulações às quais ele é adicionado devido a uma redução da captação da formulação pelo SFM. Uma vez constatado que o peso molecular do PEG assim como a combinação de diferentes tipos de PEG com pesos moleculares diferentes alteram drasticamente a circulação do lipossoma, torna-se pungente estudar a influência do tamanho da cadeia de PEG sobre a farmacocinética da nanopartícula, por meio da radiomarcação da nanoparticula, já que esse método possibilita acompanhar o comportamento da mesma “in vivo”. Este estudo se torna relevante, pois permite avaliar os parâmetros farmacocinéticos das nanopartículas, além de fornecer dados quantitativos de captação no tumor, permitindo avaliar a capacidade do nanossistema em acessar a região tumoral. 49 OBJETIVOS 50 OBJETIVO GERAL Avaliar a influência do PEG na circulação e biodistribuição de lipossomas pHsensíveis, contendo o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) em modelos experimentais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Preparar, caracterizar físico-quimicamente e morfologicamente os lipossomas com cadeias de polietilenoglicois de diferentes tamanhos. • Realizar a radiomarcação do peptídeo HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) com tecnécio-99m • Encapsular o complexo 99mTc-HYNC--βAla-Bombesina (7-14) nas diversas formulações lipossomais preparadas. • Estudar a influência do uso de moléculas de PEG, de diferentes tamanhos de cadeia (PEG1000, PEG2000, PEG5000) no comportamento in vivo dos lipossomas, e avaliar o tempo de circulação sanguínea das formulações. • Realizar estudos de biodistribuição ex vivo e por imagens cintilográficas dos lipossomas PEGuilados, radiomarcados com o isótopo tecnécio-99m em camundongos acometidos de tumores de mama, 4T1 e Ehrlich. 51 TRABALHO EXPERIMENTAL 52 1. MATERIAL E MÉTODOS 1.1. MATERIAL O peptídeo HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) foi adquirido da GL BioChem (Shangai/China). O tecnécio-99m foi obtido de um gerador de molibdênio-99/tecnécio-99m (IPEN/Brasil). Dioleilfosfatidiletanolamina (DOPE), diesteraoilfosfatidiletanolamina (DSPE), Aminopoli(etilenoglicol)5000-diesteraoilfosfatidiletanolamina DSPE) foram adquiridos da Lipoid GmbH (Ludwigshafen, Alemanha). Aminopoli(etilenoglicol)2000-diesteraoilfosfatidiletanolamina DSPE) (mPEG5000- e (mPEG2000- Aminopoli(etilenoglicol)1000-diesteraoilfosfatidiletanolamina (mPEG1000-DSPE) foram comprados da Avanti Polar Lipids (Alabaster, EUA). O Hemisuccinato de colesterila (CHEMS) foi comprado da Sigma-Aldrich (Steinheim, Alemanha). Os demais reagentes foram adquiridos da SigmaAldrich Chemical Company (EUA). Os camundongos BALB/c foram adquiridos do Biotério Central da UFMG e mantidos sem restrição de água e ração, no biotério do laboratório de Farmacotécnica da Faculdade de Farmácia da UFMG. Os camundongos Swiss foram adquiridos do centro de bioterismo da Faculdade de Farmácia da UFMG e mantidos, sem restrição de água e ração, no biotério do laboratório de Farmacotécnica da Faculdade de Farmácia da UFMG. Todos os experimentos realizados em animais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), sob o protocolo nº 301/2014 (ANEXO 1). 1.2. MÉTODOS 1.2.1. PREPARO DOS LIPOSSOMAS Os lipossomas preparados neste trabalho são constituídos por DOPE, CHEMS e DSPE. As moléculas de PEG, nos diferentes tamanhos de cadeia, são acoplados ao lípide DSPE (DSPE-PEG). Desta maneira, foram preparados oito tipos de formulações lipossomais com concentração lipídica de 40 mM. Sendo 53 uma na ausência de PEG (DSPE não PEGuilado), três com apenas um tipo de PEG (PEG1000, PEG2000, PEG5000) e quatro com combinações equimolares dos diferentes tipos de PEG (PEG1000/2000, PEG1000/5000, PEG2000/5000 e PEG1000/2000/5000). Para o preparo dos lipossomas utilizou-se a metodologia descrita por Bangham (1965). Inicialmente, alíquotas das soluções de DOPE, CHEMS e DSPE (com ou sem PEG) em clorofórmio (razão molar 5,8/3,7/0,5, respectivamente) foram transferidas para um balão de fundo redondo para a formação do filme lipídico pela evaporação do clorofórmio em evaporador rotatório sob pressão reduzida. O filme lipídico foi hidratado com solução aquosa de NaOH 0,456 M (33 µL para cada mL de lipossoma), para ionização do CHEMS. Em seguida solução de NaCl 0,9% foi adicionada para completar o volume final da preparação. As vesículas multilamelares resultantes foram submetidas à extrusão através de membranas de policarbonato de 0,4, 0,2 e 0,1 µm utilizando um extrusor de média pressão (Figura 16). A formulação foi submetida a 5 ciclos de extrusão a fim de obter partículas com um maior grau de homogeneidade. Figura 16. Representação esquemática ilustrando o método de preparo dos lipossomas 1.2.2. CARACTERIZAÇÃO DOS LIPOSSOMAS 1.2.2.1. DIÂMETRO DAS VESÍCULAS E ÍNDICE DE POLIDISPERSÃO 54 O diâmetro médio e a distribuição do tamanho das partículas foram determinados por espectroscopia de autocorrelação de fótons, utilizando um contador de partículas equipado com raio laser monocromático (Zetasizer Nano ZS90 (Malvern, Inglaterra). A análise foi realizada em meio líquido e mediu o raio hidrodinâmico das partículas atribuindo-se teoricamente a elas um formato esférico. Para a determinação do diâmetro das vesículas foram utilizados aproximadamente 50μL de lipossomas diluídos em 1mL de solução de NaCl 0,9% até que se obtivesse a contagem adequada de partículas. Os resultados são expressos como média de 10 medidas. O índice de polidispersão das vesículas (IP) foi avaliado pela análise monomodal. Este índice avalia a distribuição da população de partículas em torno de um diâmetro médio das partículas. As medidas foram efetuadas em temperatura de 25ºC e em ângulo de 90º e as medidas foram realizadas em triplicata. 1.2.2.2. POTENCIAL ZETA O potencial zeta foi determinado por espalhamento dinâmico da luz e análise da mobilidade eletroforética das vesículas. As medidas foram feitas em triplicata em alíquotas diluídas em solução de NaCl 0,9% (200 vezes), empregando-se o equipamento Zetasizer Nano ZS90 (Malvern, Inglaterra), em temperatura de 25 ºC e em ângulo de 90º. 1.2.2.3. CARACTERIZAÇÃO DOS LIPOSSOMAS POR CRIOMICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO 1.2.2.3.1. PREPARO DAS AMOSTRAS Cryo-MET: As amostras foram preparadas em grades de cobre – Lacey Carbon Type A 300 mesh copper grid (TedPella, USA), as quais foram submetidas ao procedimento de Glow Discharge em um equipamento easiGlow (Pelco, USA), com os seguintes parâmetros: corrente de 15 mA; carga negativa; 25 segundos de descarga. 55 O congelamento em gelo amorfo (crio preparação) foi feito com a utilização de um equipamento Vitrobot Mark IV (FEI, Holanda) em temperatura (22 °C) e umidade (100%) controladas. O preparo das amostras seguiu os seguintes parâmetros: blot time 2,5 segundos; blot force -5, blot wait 20 segundos com um único blot. Então, 3 μL das amostras foram aplicadas nas grades e imersas em etano líquido. Após a imersão, a grade foi mantida em nitrogênio líquido até o momento da análise no microscópio e mantida a -173 °C durante toda a análise no microscópio. Esta etapa do estudo foi realizada em coloboração com o Dr Rodrigo Portugal, do centro de microscopia do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS, Campinas). 1.2.2.3.2. CONDIÇÕES DA ANÁLISE a) Aquisição de dados: microscópio eletrônico de transmissão modelo JEM1400 PLUS (JEOL, Japão), filamento de LaB6, operando a 120kV; o microscópio é equipado com uma câmera CCD Gatan MultiScan 794 (1k x 1k pixels) para a aquisição digital de imagens. b) Análise: a aquisição das imagens e medidas realizadas foram feitas com o software Digital Micrograph (Gatan Inc., USA); as imagens obtidas não foram submetidas a procedimentos de pós processamento. 1.2.3. FORMAÇÃO DO COMPLEXO 99mTc- HYNIC-βALA-BOMBESINA(714) Em um frasco âmbar foram adicionados 5 mg de ácido etilenodiamino-N, N’diacético (EDDA) e 20 mg de tricina e, em seguida, foram solubilizados em 0,5 mL de solução de NaCl 0,9% (p/v). Foram adicionados ao frasco 10 µg do peptídeo HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) e 10 µL de uma solução de cloreto estanoso em HCl 0,25 M (1mg/mL) e o pH foi ajustado para 7-8 com solução de NaOH 0,1N. O frasco foi lacrado e realizou-se vácuo. Em seguida, 0,5 mL de solução de NaCl 0,9% (p/v) contendo 37 MBq de pertecnetato de sódio foram adicionados ao frasco. A mistura reagente foi mantida em banho-maria fervente (100 ºC) por 15 minutos e resfriada em água corrente. 56 1.2.4. DETERMINAÇÃO DA PUREZA RADIOQUÍMICA O rendimento de marcação foi determinado por cromatografia em camada delgada (CCD) utilizando como fase móvel metiletilcetona para a determinação do percentual de TcO4- e solução acetonitrila:água (1:1) para avaliar a quantidade de TcO2. O rendimento de marcação foi considerado segundo a fórmula abaixo: % marcação = 100 - (% TcO4- + % TcO2) 1.2.5. ENCAPSULAÇÃO (CONGELAMENTO/DESCONGELAMENTO) Em alíquotas de 1 ml de lipossomas brancos, recém preparados, foi adicionado o crioprotetor (glicose) na razão crioprotetor:fosfolípide (m/m) de 2:1. Em seguida, os tubos foram agitados em vortex por 1 minuto e então foi adicionado 0,5 ml do complexo 99mTc-HYNIC-βAlaBombesina (7-14). As amostras foram congeladas em nitrogênio líquido por 5 minutos, seguido do descongelamento em banho-maria a 30ºC. Foram realizados 5 ciclos de congelamento/descongelamento. O diâmetro médio das vesículas e o índice de polidispersão foram determinados conforme descrito no item 2.2.2.1. 1.2.6. TEOR DE ENCAPSULAÇÃO Os lipossomas que congelamento/descongelamento passaram foram pelo submetidos processo à de ultracentrifugação (150000 x g, 90 minutos, 4°C). A porcentagem de encapsulação total (adsorvido + interno) foi determinada pela quantificação da radiação presente no sobrenadante e no pellet de lipossomas formado após a ultracentrifugação segunda a fórmula abaixo: % encapsulação total = (cpm pellet / cpm pellet + cpm sobrenadante) x 100 1.2.7. PERFIL DE LIBERAÇÃO Alíquotas de 92 µL dos lipossomas purificados em ultracentrífuga foram diluídas em 1000 µL plasma de camundongo e incubadas a 37ºC sob agitação 57 constante. Após os tempos de 10, 30, 60, 120, 240 e 360, 1440 minutos alíquotas foram retiradas e adicionadas em filtros AMICON® (10 kDa). Os filtros foram acoplados a eppendorfs e centrifugados (14.000 x g) por 30 minutos. Determinou-se a quantidade de radiação presente no líquido filtrado e no filtro. A quantidade de radioatividade retida no filtro foi considerada como sendo o complexo radiomarcado encapsulado e o percentual do complexo liberado foi determinado segundo a equação abaixo: % liberado = (cpm filtrado / cpm filtro + cpm filtrado) x 100 1.2.8. DEPURAÇÃO SANGUÍNEA EM ANIMAIS SADIOS Foram utilizados 48 camundongos BALB/c fêmeas, pesando 20-25 g. Estes animais foram divididos em oito grupos onde cada animal recebeu uma alíquota de 0,1 ml dos lipossomas contendo o complexo 99mTc-HYNIC-βAla- Bombesina(7-14). Foi realizada uma incisão na cauda dos animais e o sangue foi coletado, em tubos previamente pesados, nos tempos de 1, 5, 10, 15, 30, 45, 60, 90, 120 e 240 minutos após a administração do radiofármaco. Os tubos foram pesados e levados ao contador gama para determinação da radioatividade. Os resultados foram expressos em percentual da dose injetada por grama de sangue (%ID/g). 1.2.9. DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS TUMORAIS NOS CAMUNDONGOS 1.2.9.1. MODELO ANIMAL EXPERIMENTAL DE CÂNCER DE MAMA MURINO As células de adenocarcinoma de mama murino (4T1) foram inoculadas em camundongos BALB/c fêmeas com 6-8 semanas de vida. Os camundongos foram mantidos em área com controle de luminosidade, com livre acesso a água e ração. As células 4T1 foram cultivadas em meio DMEM suplementado com soro fetal bovino a 10%, penicilina 100UI/mL, estreptomicina 100 µg/mL, em câmara com 5% de CO2, 95% de umidade e 37ºC. Após 3-5 dias de cultivo, para a inoculação do tumor, as células foram tripsinisadas, contadas e ressuspendidas em meio DMEM na concentração de 2,5x107 células/mL.* Cem microlitros dessa suspensão foram inoculados (SC) na coxa direita dos animais. 58 1.2.9.2. BIODISTRIBUIÇÃO DOS COMPLEXOS EM ANIMAIS ACOMETIDOS PELO TUMOR Foram utilizados 36 camundongos BALB/c, pesando 20-25g, com tumor da linhagem 4T1 implantado na coxa direita, para cada complexo. Os animais foram divididos em três grupos, nos quais cada animal recebeu, pela veia caudal, 3,7 MBq da solução lipossomal contendo o complexo 99mTc-HYNIC- βAla-Bombesina(7-14) . Após os tempos de 1 e 4 horas os animais foram anestesiados com solução de Ketamina (80 mg/Kg) e Xylazina (15 mg/Kg) e, em seguida, submetidos à eutanásia. Órgãos e tecidos como: fígado, baço, rins, estômago, coração, pulmão, sangue, tumor, músculo, tireoide, foram retirados, pesados e levados ao contador gama para determinação da radioatividade, e os resultados foram expressos em percentual da dose injetada por grama de tecido (%ID/g). 1.2.9.3. IMAGENS CINTILOGRÁFICAS DOS COMPLEXOS EM ANIMAIS ACOMETIDOS PELO TUMOR Para esse estudo foram utilizados os mesmos animais do estudo de biodistribuição. Nos animais BALB/c acometidos pelo administrados, por via endovenosa, 37 MBq da solução de tumor, foram 99mTc-HYNIC-βAla- Bombesina(7-14). As imagens foram adquiridas nos tempos de 1 e 4 horas após a administração dos complexos radiomarcados. Os camundongos foram anestesiados e mantidos em posição de decúbito ventral sob a gama câmara (Nuclide TM TH 22, Mediso, Hungria). Uma janela de 20% simétrica foi utilizada para um pico de energia de 140 KeV. As imagens (300.000 contagens) foram obtidas e armazenadas em uma matriz 256 x 256. As imagens foram analisadas determinando-se a radioatividade nas regiões de interesse (ROI) pelo delineamento ao redor da área alvo (tumor) e da área não-alvo (músculo contralateral). 1.2.9.4. IMPLANTE DO TUMOR LÍQUIDO (ASCITE) DE EHRLICH As células, armazenadas em nitrogênio líquido, foram descongeladas a temperatura ambiente. Em seguida, transferiram-se as células de Ehrlich com o 59 auxílio de uma pipeta automática para um tubo falcon estéril. Adicionou-se solução de NaCl 0,9% (p/v) e o tubo foi levado à centrífuga (3000 x g, 5 minutos), retirou-se o sobrenadante e o pellet foi novamente lavado com solução de NaCl 0,9% (p/v). Ao final da segunda lavagem, o pellet foi ressuspendido com a mesma solução e o volume de 0,1 mL foi injetado, por via intraperitoneal, em camundongos Swiss. Os animais foram mantidos no biotério do laboratório de Farmacotécnica por oito dias sem restrição de água e ração. Após este período, os camundongos foram anestesiados com solução de Ketamina (80 mg/Kg) e Xylazina (15 mg/Kg) e o líquido ascítico foi retirado e colocado em um tubo falcon estéril. Centrifugou-se o líquido ascítico a 3000 x g por 5 minutos, retirou-se o sobrenadante e o sedimento foi ressuspendido com solução de NaCl 0,9% (p/v). Esse processo foi repetido e, em seguida, uma alíquota das células foi corada com solução de Tripan 0,4% e contada em microscópio, com aumento de 400x, com o auxílio de uma câmara de Neubauer . Após a contagem as células foram diluídas para uma concentração de 1x10 7 células/mL e estas foram aliquotadas em criotubos e armazenadas em nitrogênio líquido. 1.2.9.5. IMPLANTE DE TUMOR SÓLIDO DE EHRLICH EM CAMUNDONGOS SWISS Para o implante do tumor sólido de Ehrlich foram utilizadas células obtidas após coleta e lavagem do líquido ascítico, conforme descrito no item anterior. As células foram contadas, com auxílio de uma câmara de Neubauer, e o volume de 0,1 mL, contendo 106 de células foi implantado, por via subcutânea, na coxa direita de camundongos Swiss. Os animais foram mantidos no biotério do laboratório de Farmacotécnica com ciclo de claro-escuro e sem restrição de água e alimento. Foi permitido o crescimento do tumor a um diâmetro não superior a 10 mm. 60 1.2.9.6. BIODISTRIBUIÇÃO, EM ANIMAIS COM TUMOR DE EHRLICH, DO COMPLEXO 99mTC-HYNIC-βALABOMBESINA (7-14), ENCAPSULADO NOS LIPOSSOMAS. Foram utilizados 36 camundongos Swiss, pesando 20-25 g, com tumor de Ehrlich implantado na coxa posterior direita. Estes animais foram divididos em 3 grupos onde cada animal recebeu, pela veia caudal, 3,7 MBq da suspensão dos lipossomas contendo o complexo 99mTc- HYNIC-Ala-Bombesina(7-14). Após os tempos de 1 e 4 horas os animais foram anestesiados com solução de Ketamina (80 mg/Kg) e Xylazina (15 mg/Kg) e, em seguida, submetidos à eutanásia. Órgãos e tecidos como: fígado, baço, rins, estômago, coração, pulmão, sangue, tumor, músculo, tireóide foram retirados, pesados e levados ao contador gama para determinação da radioatividade, e os resultados foram expressos em percentual da dose injetada por grama de tecido (%ID/g) (de BARROS et al., 2011). 1.2.9.7. IMAGENS CINTILOGRÁFICAS, EM ANIMAIS COM TUMOR DE EHRLICH, DO COMPLEXO 14), 99mTC-HYNIC-βALA-BOMBESINA (7- ENCAPSULADO EM LIPOSSOMAS Para esse estudo foram utilizados os mesmos animais do estudo de biodistribuição, foram administrados, por via intravenosa, 37 MBq da suspensão dos lipossomas contendo 99mTc-HYNIC-Ala-Bombesina (7-14). As imagens foram adquiridas nos tempos de 1 e 4 horas após a administração do complexo radiomarcado, os camundongos foram anestesiados e mantidos em posição de decúbito ventral sob a gama câmara (NuclideTM TH 22, Mediso, Hungria). Uma janela de 20% simétrica foi utilizada para um pico de energia de 140 KeV. As imagens (300.000 contagens) foram obtidas e armazenadas em uma matriz 256 x 256. As imagens foram analisadas determinando-se a radioatividade nas regiões de interesse (ROIs) pelo delineamento ao redor da área alvo (tumor) e da área não-alvo (músculo contralateral). 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.1. PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DOS LIPOSSOMAS 61 2.1.1. PADRONIZAÇÃO DA METODOLOGIA No intuito de assegurar que todas as formulações lipossomais fossem preparadas de maneira uniforme e com características semelhantes foram realizados testes preliminares para determinar se alguma etapa no processo de preparo poderia alterar os parâmetros físico-químicos das formulações. A formulação contendo DOPE:CHEMS:DSPE-PEG2000 foi a de escolha para os estudos preliminares de padronização da metodologia devido ao menor custo do lípide DSPE-PEG2000. Os valores de diâmetro médio das partículas e índice de polidispersão (IP), da formulação lipossomal de PEG2000, estão representados na tabela 1. Tabela 1. Diâmetro médio e IP dos lipossomas após as etapas de preparo* PEG2000 Diâmetro médio (nm) IP Pós-hidratação 254 ± 34 0,43 ± 0,10 Pós-extrusão 131,7 ± 2,7 0,08 ± 0,02 645,8 ± 120,0 1 139,9 ± 7,6 0,10 ± 0,07 147,4 ± 6,9 0,13 ± 0,10 Pós-congelamento/descongelamento (ausência de crioprotetor) Pós-congelamento/descongelamento (presença de crioprotetor) Pós-ultracentrifugação * Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (n = 3). Ao término da hidratação dos lipossomas, estes apresentaram tamanho e IP elevados, o que justificou a calibração dos mesmos através de extrusão em membranas de policarbonato, após essa etapa houve uma redução de 1,93 vezes no tamanho dos lipossomas e uma redução drástica do IP 5,37 vezes, a formulação apresentou diâmetro de aproximadamente 131,7nm e IP de 0,08. Sabe-se que diâmetros na faixa de 50 a 200 nm são preferíveis. Uma vez que, partículas menores que 10 nm são rapidamente filtradas pelos rins e partículas maiores que 300 nm são facilmente reconhecidas pelo sistema imune, opsonizadas e removidas da circulação pelas células do sistema fagocitário mononuclear (LI et al., 2008; MAEDA et al. 2010; TORCHILIN, 2010) O IP reflete a distribuição do tamanho das vesículas na dispersão coloidal e pode variar de 0,0 (para sistemas totalmente monodispersos) a 1,0 (para sistemas totalmente polidispersos). A formulação apresentou IP menor que 0,3, esse 62 valor é preconizado para considerar uma população de determinado sistema como monodispersa, sendo compatível para administração endovenosa (YOON et al., 2013). Após a extrusão, procedeu-se o processo de congelamento/descongelamento dos lipossomas necessário para a encapsulação do radiofármaco. Como esperado, os lipossomas congelados na ausência de agentes crioprotetores apresentaram um acentuado aumento no diâmetro médio (4,92 vezes maior que o diâmetro apresentado pelos lipossomas antes do processo de congelamento/descongelamento) e, além disso, a formulação se mostrou totalmente heterodispersa (IP = 1). De BARROS et al., (2011), trabalhando com a mesma formulação avaliaram a influência da concentração e do tipo de crioprotetor na manutenção do diâmetro médio, IP durante o congelamento/descongelamento. Os autores relataram que o carboidrato glicose na razão açúcar: fosfolípide 2:1 (m/m) foi adequado para manter as vesículas com diâmetro e IP adequados. Por esta razão, optou-se neste trabalho pela utilização deste açúcar (na razão 2:1) como crioprotetor. Como mostrado na Tabela 1, quando os lipossomas foram colocados em presença de glicose na proporção 2:1 (m/m), não foram observados aumentos significativos no tamanho das vesículas e no IP durante o processo de congelamento/descongelamento. Esse achado corrobora os dados apresentados por de BARROS et al., (2011) indicando que a glicose na proporção 2:1 foi capaz de atuar, de maneira efetiva, na preservação do tamanho das vesículas. Isto pode ser explicado pelo fato de que durante o processo de congelamento/descongelamento os agentes crioprotetores, como a glicose, se inserirem entre as porções polares do fosfolípide, levando à formação de ligações de hidrogênio. São formadas múltiplas ligações de hidrogênio entre os açucares e a porção polar dos fosfolípides na superfície da bicamada podendo os açucares interagir com até 3 tipos diferentes de lipídeos, simultaneamente. (CHEN et al., 2010). Essas interações entre os açúcares e os fosfolípides permitem a manutenção do estado físico das membranas 63 durante o processo de congelamento de forma similar à existente no estado hidratado (VAN WINDEN et al., 1997). Também foi avaliado se o processo de ultracentrifugação alteraria as propriedades da formulação. Não houve aumento considerável no tamanho ou IP das vesículas em relação à etapa anterior (congelamento/descongelamento). Portanto, o processo de preparo dos lipossomas produz vesículas de tamanho reduzido e com população monodispersa e pode dessa forma, ser utilizada para administração endovenosa. A aplicação de nanossistemas como carreadores de fármacos ou agentes de diagnóstico para sítios tumorais requer a administração de vesículas de pequeno diâmetro (normalmente inferiores a 200 nm), visto que os lipossomas se utilizam das fenestrações existentes na neovasculatura dos tumores para extravasar nessa região e, consequentemente, gerar uma maior acumulação no sitio tumoral (FERRARI, 2005; CHO et al., 2008). Além disso, sabe-se que o diâmetro médio das vesículas pode alterar a biodistribuição das partículas, pois partículas maiores que 300 nm são rapidamente retiradas da circulação acumulando em órgãos como fígado e baço. Em contrapartida, partículas menores que 200 nm apresentam um tempo de circulação mais prolongado (LITZINGER et al., 1994; PEREIRA et al., 2008). 2.1.2. PREPARO DAS FORMULAÇÕES Uma vez padronizado o processo de preparação dos lipossomas, procedeu-se a preparação das demais formulações propostas. Os valores de diâmetro médio das partículas, índice de polidispersão (IP), potencial zeta e distribuição do diâmetro das vesículas das 8 preparações lipossomais estão representados na tabela 2. Tabela 2. Diâmetro médio, IP, potencial zeta e distribuição de diâmetro das vesículas para formulações com diferentes tipos e combinações de PEG. * Formulação Diâmetro médio (nm) IP Potencial zeta (mV) DSPE 212,3±17,9a 0,20±0,09 -9,7±1,2 Distribuição do diâmetro das vesículas % ˂200 200-500 >500 88,0±1,9 11,9±1,9 0,1±0,0 64 PEG1000 134,8±3,9b 0,11±0,01 -11,3±1,7 99,6±0,2 0,4±0,2 0,0 ± 0,0 PEG2000 137,0±2,1b 0,13±0,07 -4,1±0,6 99,6±0,1 0,4±0,1 0,0 ± 0,0 PEG5000 128,4±6,5b 0,11±0,04 -2,3±0,2 99,5±0,2 0,5±0,2 0,0 ± 0,0 PEG1000/2000 142,6±4,9b 0,14±0,04 -5,3±0,6 99,2±0,4 0,8±0,4 0,0 ± 0,0 PEG1000/5000 146,6±7,6b 0,11±0,03 -3,0±0,1 99,7±0,2 0,3±0,2 0,0 ± 0,0 PEG2000/5000 157,0±7,7b 0,17±0,03 -4,2±1,0 99,2±0,7 0,8±0,5 0,0 ± 0,0 PEG1000/2000/5000 142,3±6,0b 0,11±0,03 -4,8±0,9 99,6±0,1 0,4±0,2 0,0 ± 0,0 * Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (n =3). Letras diferentes apresentam diferenças estatisticamentesignificativas (p<0,05). Após o preparo e ultracentrifugação dos lipossomas foram determinados o diâmetro médio e o índice de polidispersão (IP) das vesículas. Os resultados demonstraram que sete das oito formulações avaliadas apresentaram tamanho reduzido sem diferença significativa entre elas (variando de 121,9 a 165,4 nm). Adicionalmente, todas as formulações testadas apresentaram-se monodispersas com o IP menor que 0,3 (Tabela 2). A formulação de DSPE apresentou um aumento considerável após o congelamento/descongelamento, que se manteve após a ultracentrifugação. Esse aumento pode ser devido a ineficiência do crioprotetor em evitar a agregação das partículas. (CHEN et al., 2010,. Como discutido anteriormente, a glicose foi utilizada na razão 2:1 (m/m) em relação aos lípides estruturais. No entanto, a massa molar do DSPE (811 g/mol) é muito menor que a massa do DSPE-PEG2000 (2801 g/mol), utilizado como referencia para escolha do crioprotetor. Isto resultou numa menor disponibilidade de glicose para exercer uma crioproteção efetiva, portanto, para a formulação contendo DSPE foi utilizada a razão glicose: fosfolípide 4:1 (m:m). Desta forma, foi possível alcançar reduções nos valores de diâmetro médio e IP dos lipossomas de DSPE, no entanto, estes valores (212,3± 17,9) ainda se mantiveram superiores aos valores encontrados após a extrusão (123,9±5,4), ou seja, a interação entre o grupo fosfato dos fosfolípides e o açúcar não foi suficientemente forte para evitar a agregação das vesículas. Essa diferença provavelmente se deve a ausência do PEG, este, por si só pode levar a um impedimento estérico o que 65 dificulta a agregação das vesículas, (PARR et al., 1994; HARASYM et al., 1995). Ao avaliar a distribuição das vesículas por número de partículas, constatou-se que para as sete formulações com PEG quase 100% vesículas apresentaram diâmetro inferior a 200nm. Enquanto que para a formulação de DSPE, cerca de 90% apresentaram diâmetro nessa faixa. Estudos realizados por Lasic (1998), Yuan e colaboradores (1995) mostraram que nanopartículas com diâmetros menores ou iguais a 500 nm podem extravasar-se e serem acumuladas em regiões com aumento da permeabilidade vascular. Como a grande maioria das partículas apresenta tamanho reduzido, menor que 200nm, o aumento de tamanho encontrado para a formulação de DSPE não deve produzir uma alteração drástica na farmacocinética das vesículas se comparado ás outras formulações. Os valores do potencial zeta dos lipossomas variaram de -2,1 a -5,7 mV para os lipossomas de PEG2000, PEG5000, PEG1000-2000, PEG1000-5000, PEG2000-5000, PEG1000-2000-5000 apresentaram valores de potencial zeta próximos a neutralidade. Este fato pode ser justificado pela baixa mobilidade eletroforética apresentada pelo grupo mPEG-DSPE, devido à grande resistência hidrodinâmica conferida pelo polímero mPEG (WOODLE et al., 1992). Os valores de potencial zeta para a formulação de DSPE e PEG1000 apresentaram-se ligeiramente mais negativos (-9,7±1,2 e -11,3±1,7; respectivamente), o primeiro provavelmente se deve a ausência do PEG e o segundo pode ser explicado pela ineficiência do PEG1000 em recobrir a superficie do lipossoma (HASHIZAKI et al., 2005; PASUT et al., 2015) na concentração utilizada, com isso a carga de superficie predominante para esses lipossomas deve-se ao grupo fosfato dos fosfolípides, que resulta na diminuição do valor do potencial zeta. 2.1.3. TEOR DE ENCAPSULAÇÃO Os valores de teor de encapsulação para as 8 formulações lipossomais estão representados na tabela 3. 66 Tabela 3. Teor de encapsulação do complexo diferentes formulações lipossomais. (n=3) Formulação 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) para as Encapsulação (%)* DSPE 26,3±7,1 PEG1000 30,3±6,4 PEG2000 31,3±8,4 PEG5000 29,3±9,1 PEG1000/2000 28,6±4,1 PEG1000/5000 27,4±6,4 PEG2000/5000 33,9±1,9 PEG1000/2000/5000 31,0±2,4 *Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (n =3). Segundo de BARROS e colaboradores (2011) a concentração lipídica dos lipossomas com melhores resultados na encapsulação da bombesina radiomarcada foi a de 40 mM, dessa forma essa concentração foi a de escolha neste trabalho. Em estudo de nosso grupo também foi avaliado a quantidade de bombesina adsorvida a membrana dos lipossomas, os valores encontrados foram considerados baixos, (3,0 ± 0,5%), por isso não foi realizada essa análise para as formulações lipossomais avaliadas no presente trabalho. A encapsulação de moléculas hidrofílicas, como o peptídeo bombesina, em lipossomas pode ser realizada durante o processo de hidratação do filme lipídico ou a partir dos lipossomas previamente formados, utilizando técnicas como congelamento/descongelamento ou liofilização. A adição da molécula a ser encapsulada durante a hidratação do filme lipídico pode apresentar alguns inconvenientes, visto que é um processo laborioso, podendo resultar em eventuais perdas das moléculas a ser encapsulada (SANTOS e CASTANHO, 2002; BATISTA; CARVALHO; MAGALHAES,2007; BOZZUTO e MOLINARI, 2015). Especificamente para produtos radiomarcados, pode-se adicionar a esse método o inconveniente de maior tempo de manipulação de material radioativo, expondo por um tempo desnecessário o usuário. Desta maneira, o método de escolha foi o método de congelamento/descongelamento, uma vez que essa técnica apresenta 67 rendimento similar a outras metodologias (SATTERFIELD, M. B.; WELCH, M. J., 2005), além de ser rápido e de fácil realização. Os valores de teor de encapsulação encontrados pelo método de congelamento/descongelamento foram semelhantes para as oito formulações avaliadas, variando de 26,4 a 38,7%, (tabela 3). Estes valores estão satisfatórios e condizentes com a literatura (SATTERFIELD, M. B.; WELCH, M. J., 2005; DZIUBLA et al., 2005) o que permitiu a condução dos estudos subsequentes. 2.2. PUREZA RADIOQUÍMICA O complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) foi avaliado por cromatografia em camada delgada e apresentou pureza radioquímica igual a 96,2% ± 2,5 (n=6) no sistema de eluentes utilizado. Estes resultados foram altamente reprodutíveis durante todo o período de experimentos. Altos níveis de impurezas radioquímicas resultam na presença de radiação em locais onde não é desejável (órgãos ou tecidos que tem afinidade pelo tecnécio não complexado), reduzindo a quantidade presente nos locais de interesse, o que prejudica os estudos de biodistribuição e gera imagens de baixa qualidade devido à alta radiação de fundo ao redor dos tecidos e no sangue, além de expor o paciente a uma dose desnecessária de radiação (THEOBALD, 1990). Por isso, é preconizado na literatura que o rendimento de marcação de um produto para estudos de biodistribuição seja superior a 90% (TRHALL & ZIESSMAN, 2003; SAHA, 2010). Desta forma, o complexo Bombesina(7-14) apresentou resultados satisfatórios 99mTc-HYNIC-βAla- para os estudos subsequentes. Não foram realizados estudos de estabilidade de marcação uma vez que o mesmo foi realizado por de BARROS e colaboradores (2010) para o mesmo complexo radiomarcado, e os resultados confirmaram a estabilidade do produto formado, o que permite sua utilização por tempo prolongado. 2.3. DEPURAÇÃO SANGUÍNEA EM ANIMAIS SADIOS 68 As curvas de depuração sanguínea, para os lipossomas contendo o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14), estão representadas na figura 13. Os parâmetros farmacocinéticos estão representados na tabela 4. Tabela 4. Tempo de meia-vida das formulações lipossomais contendo o complexo 99mTc- HYNIC-βAla-Bombesina(7-14). (n =6) Formulação T 1/2 DSPE 118,32a,b PEG1000 88,96a PEG2000 160,02b PEG5000 118,09a,b PEG1000/2000 101,69a,b PEG1000/5000 125,25a,b PEG2000/5000 161,77b PEG1000/2000/5000 135,12a,b T1/2 = tempo de meia vida das formulações; Letras diferentes apresentam diferenças estatisticamentesignificativas (p<0,05). Os lipossomas apresentaram rápida depuração sanguínea após administração em animais sadios da linhagem BALB/c. O tempo de meia-vida (T1/2) foi determinado para todas as oito formulações e não foi encontrada diferença estatisticamente significativa para as formulações, com exceção da formulação de PEG1000 que obteve menor tempo de circulação (88,96 minutos) comparado às formulações de PEG2000 e PEG2000-5000. É interessante ressaltar que ao contrário do relatado em estudos anteriores (SADZUKA et al., 2002, PHAN et al., 2005; SADZUKA et al., 2006; SUGIYAMA et al., 2007; CHOW et al., 2009) as formulações contendo PEG não provocaram um aumento considerável no tempo de circulação, independentemente do peso molecular ou da presença de PEG de diferentes tamanhos de cadeia. Sugerindo que, para essa composição de lipossomas, a presença de PEG não foi capaz de aumentar o tempo de circulação dos nanossistemas. Para o prosseguimento dos estudos foram escolhidas as formulações de DSPE, de PEG2000 e a de PEG1000-5000. Os lipossomas com PEG2000 69 foram tomados como a formulação padrão. Com o intuito de averiguar o efeito da presença de uma mistura de PEG, com diferentes tamanhos de cadeia, em comparação com lipossomas na ausência de PEG na biodistribuição das vesículas, foram selecionadas as formulações de DSPE e PEG1000-5000, respectivamente. Na Figura 17 estão representadas as curvas de depuração sanguínea para as três formulações selecionadas, pode-se perceber que o padrão de eliminação das formulações é muito semelhante, assim como foi observado pelos valores de tempo de meia vida encontrados (Tabela 4). Figura 17. Curva da depuração sanguínea para o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) encapsulado nas formulações de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000. (n=6). 30 %ID/g 20 DSPE PEG2000 PEG1000-5000 10 0 0 50 100 150 200 250 300 Minutos 2.4. CRIOMICROSCOPIA As imagens obtidas por criomicroscopia eletrônica de transmissão (cryo-MET) para os lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 (Figuras 18,19 e 20 respectivamente) permitiram a visualização de vesículas unilamelares de diâmetros variados tendo sido observadas população majoritária de vesículas com diâmetro médio em torno de 90 nm, mas lipossomas na faixa de 30-250 nm também foram observados, esses resultados podem ser corroborados pelos estudos de MOHR et al., (2014). Não foram encontradas diferenças no tamanho assim como na morfologia das três formulações. Poucas partículas 70 multilamelares foram observadas, os lipossomas analisados em sua ampla maioria apresentaram bicamada única com aproximadamente 5 nm de espessura para as formulações avaliadas, esses resultados estão de acordo coma literatura, isso se deve principalmente ao método de calibração utilizado, devido a extrusão, os lipossomas formados são em sua grande maioria unilamelares (CHANGSAN et al., 2009; dos SANTOS et al., 2002; KAISER et al., 2003; SEMPLE et al.,2005; ZHIGALTSEV et al., 2006). Não foi visualizada nenhuma modificação na superficie lipossomal nas formulações contendo PEG, nem aumento na espessura da bicamada devido a adição do polímero. A adição do PEG à superfície de lipossomas não é visualizada nas imagens Cryo-MET, devido ao baixo contraste do polietilenoglicol. Em oposição, lipossomas revestidos com carga positiva (lisina) e negativa (ácido glutâmico) pela tecnologia de camada por camada podem ser claramente visualizado por Cryo-MET (CIOBANU et al ., 2007) . A análise de tamanho das vesículas por criomicroscopia corrobora os resultados encontrados por DLS. Ambas as técnicas encontraram tamanhos semelhantes para as três formulações assim como foi possível visualizar populações basicamente monodispersas. Figura 18. Fotomicrografias obtidas por cryo-MET para lipossomas de DSPE em diferentes campos 71 Figura 19. Fotomicrografias obtidas por cryo-MET para lipossomas de PEG2000 em diferentes campos Figura 20. Fotomicrografias obtidas por cryo-MET para lipossomas de PEG1000-5000 em diferentes campos 2.5. PERFIL DE LIBERAÇÃO A Figura 21 apresenta o perfil de liberação do complexo 99mTc-HYNIC-Ala- Bombesina(7-14) a partir das formulações lipossomais de DSPE, PEG2000, PEG1000-5000 em presença de plasma a 37ºC. 72 Figura 21. Perfil de liberação do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) encapsulado em lipossomas em presença de plasma a 37ºC. (n = 3) 100 DSPE PEG2000 %Liberação 80 PEG10005000 60 40 * 20 0 0 500 1000 1500 tempo (min) *indica diferenças estatisticamente significativas (p0,05). Pode ser observada uma liberação do complexo 99mTc-HYNIC- βAlaBombesina(7-14) igual a 4,2 % e 5,01% no tempo de 10 minutos para as formulações de PEG2000 e PEG1000-5000, respectivamente. Durante o intervalo de tempo investigado, não foi observada uma liberação adicional estatisticamente significativa do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) a partir dessas duas formulações até o tempo de 6 horas. Pode-se supor que uma fração do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) liberada se deve à presença do radiotraçador adsorvido na superfície das vesículas. Os valores da liberação da bombesina após 24 horas foram de 17,05% e 18,55% para PEG2000 e PEG1000-5000. Esses valores são considerados baixos (EVJEN et al., 2011; FUGIT et al., 2015) indicando que as formulações possuem boa estabilidade frente a exposição ao plasma sanguíneo. Para a formulação de DSPE foram encontrados valores superiores a outras formulações, no tempo inicial foi encontrada uma liberação de 8,9% e no tempo de 24 horas um valor de 32,7%. Esse achados estão de acordo com dados apresentados pela literatura que relatam que a presença do PEG confere maior estabilidade as formulações frente a exposição a agentes biológicos (SUDHAKAR et al., 2016; MÉRIAN et al., 2015), e desse forma possuem uma maior capacidade de manter o fármaco encapsulado em seu interior. 73 2.6. ESTUDOS DE BIODISTRIBUIÇÃO E IMAGENS CINTILOGRÁFICAS EM ANIMAIS COM TUMOR 4T1 O perfil de biodistribuição de 1 e 4 horas após a administração do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) nas formulações de DSPE, PEG2000 E 1000-5000 estão representados nas figuras 22 e 23. Figura 22. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em animais BALB/c acometidos pelo tumor 4T1 (n=6). Todos os resultados foram expressos como média da dose injetada de 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina por grama de tecido, ± desvio padrão. 1 hora 15 DSPE PEG2000 PEG1000-5000 %DI/g 10 5 * 0 e o o gu gad baç n i f sa or ulo de ao ão go m oi c aç ulm ma u e r t us o ir p t t co m es rim *indica diferenças estatisticamente significativas (p0,05). Figura 23. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em animais BALB/c acometidos pelo tumor 4T1 (n=6). Todos os resultados foram expressos como média da dose injetada de 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) por grama de tecido, ± desvio padrão. 74 4 horas 15 DSPE PEG 2000 10 %DI/g PEG1000-5000 5 * 0 e o gu gad n fi sa ço ba rim e or ulo ão ago ão id ç m o c m l m ire ra tu us pu sto t co m e *indica diferenças estatisticamente significativas (p0,05). Os estudos de biodistribuição mostraram que o complexo 99mTc-HYNIC-βAla- Bombesina(7-14) encapsulado em lipossomas apresentou maior captação em órgãos do sistema fagocitário mononuclear, como fígado e baço (Figura22 e 23). No tempo de 1 hora, a captação no fígado foi inferior àquela apresentada pelo baço para todas as formulações. Já para o tempo de 4 horas, houve uma redução na captação pelo baço igualando aos níveis de captação apresentados pelo fígado. Esta redução pode ser devida à metabolização dos lipossomas contendo o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) pelos macrófagos presentes no baço. Dados da literatura mostram que mesmo lipossomas de circulação prolongada apresentam captação relevante pelo fígado e baço (PHILLIPS, 1999; AWASTHI et al., 2003; CARVALHO-JÚNIOR et al., 2007). Adicionalmente, foi possível observar uma captação expressiva no rim, esse fato pode ser explicado pela excreção do peptídeo bombesina em sua forma livre. Os estudos de biodistribuição demostraram captação renal ligeiramente elevada nos tempos de 1 hora (6,1±2,7%) e 4 horas (4,5±1,5%). Visto que a bombesina livre apresenta meia vida plasmática de cerca de 15 minutos (de BARROS, et al., 2011), estes dados sugerem que o peptídeo foi liberado dos lipossomas após metabolização nos órgãos do SFM. 75 Os órgãos como coração, pulmão, estômago e tireoide não obtiveram captação significativa. Cabe ressaltar que a baixa captação em estômago e tireoide é indicativa de estabilidade entre o agente quelante e o tecnécio. É de suma importância que a ligação entre o radioisótopo e o agente de interesse seja estável ao longo do tempo. Caso contrário, pode haver erros de interpretação dos dados farmacocinéticos e de biodistribuição, uma vez que a radiação detectada não irá refletir o destino da nanopartícula. (de BARROS et al., 2012). Ao avaliar-se a concentração no sangue das três formulações evidenciou-se que aquela contendo PEG2000 apresentou maior captação em ambos os tempos analisados (1 e 4 horas), sugerindo que essa nanoformulação apresenta um maior tempo de circulação. Interessantemente, esse achado não reproduz os dados encontrados nos estudos de depuração sanguínea, onde todas as formulações apresentaram tempo de meia-vida semelhante. Ainda mais interessante, quando foi utilizada uma mistura de PEG1000 e PEG5000 a formulação não apresentou ganho na captação sanguínea, contrariando os dados relatados na literatura para essa mistura de polímeros. Segundo SHIMADA et al.,(2000), a utilização da combinação de PEG com diferentes tamanhos de cadeia conduz a formação de uma maior camada aquosa ao redor dos lipossomas, culminando em um menor reconhecimento pelo SMF, e consequentemente maior tempo de circulação. No entanto, este conceito não foi efetivo para o sistema utilizado neste trabalho. Considerando a captação das formulações pelo tumor, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa em nenhuma formulação nos tempos avaliados, além disso, também não houve diferença na relação tumor/musculo (figura 24) em nenhum dos tempos. Estes dados corroboram os resultados encontrados nos estudos de depuração sanguínea, onde nenhuma formulação apresentou ganho no T1/2 e poderia resultar na maior captação pelo tecido tumoral. Figura 24. Relações tumor/músculo para o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração. em camundongos Balb/c com tumor 4t1. 76 relação tumor/musculo 8 DSPE PEG2000 6 PEG10005000 4 2 0 ra as ho hor 1 4 ra as ho hor 1 4 ra as ho hor 1 4 Para as três formulações houve uma maior captação no tumor em relação ao musculo contralateral em 1 e 4 horas, sendo que essa relação aumenta com o tempo. Esse resultado demonstra a capacidade das formulações em alcançar o sitio tumoral. As células 4T1 não apresentam em sua superfície receptores para o peptídeo bombesina, portanto a maior captação no tumor provavelmente, se deve ao efeito EPR (YUAN et al., 1995; MAEDA et al., 2000; CARMELIET & JAIN, 2000; GHOSH et al., 2008). Como já relatado, tumores precisam da formação de novos vasos sanguíneos para a manutenção do suprimento energético para seu crescimento. Estes vasos, no entanto, apresentam poros suficientemente grandes que permitem o extravasamento das vesículas (MAEDA, et al., 2000). Os lipossomas utilizados neste estudo apresentaram tamanho reduzido, indicando que seriam capazes de extravasar para o tecido adjacente e acumular na região tumoral (MAEDA et al., 2003; KOBAYASHI et al., 2014, ELBIALY & MADI, 2015). Apesar da formulação de PEG2000 ter apresentado maior captação no sangue nos tempos avaliados, esse ganho não se refletiu em maior captação pelo tumor. Esse resultado pode ser explicado pelo fato da presença de PEG pode prejudicar a interação entre o lipossoma e as células tumorais reduzindo a internalização pelo tumor (GAO et al.,2014). Esse achado sugere que, para esse sistema em especial, a presença de PEG pode ser um limitador para a captação tumoral, e consequentemente, para a entrega efetiva de fármacos à 77 estas células. Neste contexto, estudos posteriores de tratamento se fazem necessários para validar essa hipótese. As imagens cintiligráficas obtidas (Figura 25) apresentaram padrão de captação nos órgãos e tecidos compatíveis com os valores encontrados na biodistribuição. Também apresentaram maior captação pelo tumor quando comparado ao músculo controle (pata contralateral). A análise quantitativa das imagens possibilitou a obtenção da relação tumor/músculo e os valores obtidos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas quando comparados com aqueles apresentados para os estudos de biodistribuição (Tabela 6). Figura 25. Imagens cintilográficas após administração intravenosa do complexo 99mTc-HYNICβAla-Bombesina(7-14) em camundongos Balb/C acometidos pelo tumor 4T1. A,B = DSPE 1,4 HORAS; C,D = PEG2000 1, 4 HORAS; E,F = PEG 1000-5000 1, 4 HORAS Tabela 5 - Relação alvo/não-alvo para para o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos BALB/c com tumor 4T1. Formulação Relação Relação alvo/não-alvo 1H alvo/não-alvo 4H 78 2.7. DSPE 2,89±1,55 5,65±1,22 PEG2000 3,09±1,78 4,01±0,78 PEG1000-5000 2,99±1,89 3,57±1,39 ESTUDOS DE BIODISTRIBUIÇÃO E IMAGENS CINTILOGRÁFICAS EM ANIMAIS COM TUMOR DE EHRLICH O perfil de biodistribuição de 1 e 4 horas após a administração, em camundongos com tumor de Ehrlich implantado, do complexo 99mTc-HYNIC- βAla-Bombesina(7-14) nas formulações de DSPE, PEG2000 E 1000-5000 estão representados nas figuras 26 e 27. Figura 26. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), após administração intravenosa, em camundongos Swiss acometidos pelo tumor de Ehrlich (n=6). Todos os resultados foram expressos como média % da dose injetada de 99mTc-HYNIC-βAla- bombesina(7-14) por grama de tecido, ± desvio padrão. 1 hora 15 DSPE PEG2000 PEG1000-5000 %DI/g 10 5 * 0 e o o gu gad baç n i f sa or ulo de ao ão go m oi c aç ulm ma u e r t us ir o p t t co m es rim *indica diferenças estatisticamente significativas (p0,05). Figura 27. Biodistribuição do complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) , após administração intravenosa, em camundongos Swiss acometidos pelo tumor de Ehrlich (n=6). Todos os resultados foram expressos como média da dose injetada de 14) por 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7- grama de tecido, ± desvio padrão. 79 4 horas 8 DSPE 6 PEG2000 %DI/g PEG1000-5000 4 2 * 0 ng sa ue o ad if g ço ba o rim c ã aç or o de ao ag oi m l e m pu t ir to es or m u t o l cu us m *indica diferenças estatisticamente significativas (p0,05). Os resultados obtidos nos estudos de biodistribuição para o complexo 99mTc- HYNIC-βAla-Bombesina(7-14), encapsulado nos lipossomas após administração em camundongos Swiss com tumor de Ehrlich foram semelhantes aos estudos com os animais contendo o tumor 4T1. Como esperado, os lipossomas apresentaram importante captação por órgãos do sistema fagocitário mononuclear como fígado e baço, além de elevada captação nos rins. Não houve captação considerável em estômago e tireoide, confirmando a estabilidade de marcação, conforme observado nas figuras 26 e 27. Observou-se maior concentração no sangue nos tempos de 1 e 4 horas para a formulação de contendo PEG2000 em comparação com as formulações de DSPE e PEG1000-5000. Também foi encontrada considerável relação tumor/musculo, em todos os tempos para as formulações, sendo que a relação aumenta com o tempo, mas não há diferença estatisticamente significativa entre elas (figura 28), o que corrobora os resultados encontrados para o tumor 4T1, em que a maior captação no sangue apresentada pela formulação de PEG2000 não resultou em maior captação pelo tumor. 80 Outro fator importante que provavelmente favoreceu a maior captação pelo tecido tumoral é o fato deste tecido apresentar pH inferior ao fisiológico (STUBBS et al.,1999; PATRICK, 2005). Assim, os lipossomas pH-sensíveis são desestabilizados em contato com este meio ligeiramente ácido e liberam o peptídeo radiomarcado presente em seu interior (TACHIBANA et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2000). A maior concentração do peptídeo na região tumoral favorece a internalização pelas células do tumor, gerando relações tumor/nãoalvo maiores Figura 28. Relações tumor/músculo para o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina (7-14) encapsulado nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos Swiss com tumor de Ehrlich implantado. relação tumor/musculo 6 DSPE PEG2000 4 PEG10005000 2 ho ra ho ra s 4 1 ho ra ho ra s 1 4 4 1 ho ra ho ra s 0 As imagens cintilográficas obtidas (Figura 29) também apresentaram maior captação pelo tumor quando comparado ao músculo controle (pata contralateral). A análise quantitativa das imagens possibilitou a obtenção da relação tumor/músculo e os valores obtidos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas quando comparados com aqueles apresentados para os estudos de biodistribuição (tabela 7). Figura 29. Imagens cintilográficas após administração intravenosa do complexo 99mTc-HYNICβAla-Bombesina(7-14) em camundongos Swiss, nos tempos de 1e 4 horas. A,B = DSPE 1,4 HORAS; C,D = PEG2000 1, 4 HORAS; E,F = PEG 1000-5000 1, 4 HORAS. 81 Tabela 6 - Relação alvo/não-alvo para o complexo 99mTc-HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) encapsulado nos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000 nos tempos de 1 e 4h após a administração em camundongos Swiss com tumor de Ehrlich Relação Relação alvo/não-alvo 1H alvo/não-alvo 4H DSPE 2,58±0,81 4,11±0,85 PEG2000 1,61±0,79 2,89±1,01 PEG1000-5000 1,79±1,01 2,95±0,59 Formulação Diferentemente do tumor 4T1, o tumor de Ehrlich possui receptor para bombesina, dessa forma há uma interação entre o peptídeo e as células tumorais, o que facilitaria a sua internacionalização. No entanto, novamente, apesar da formulação de PEG2000 ter maior captação no sangue, ela não foi capaz de aumentar a concentração do peptídeo no sitio de interesse. Desta forma, podemos inferir que a capacidade de acumulação no tecido tumoral para este sistema não foi afetada pela presença de receptores para bombesina na superfície das células tumorais, visto que o perfil de distribuição e acumulação no tumor foi mantido para os dois modelos utilizados. Existem 82 relatos na literatura indicando a presença de PEG pode prejudicar o reconhecimento celular dos lipossomas, (SONG et al., 2002; GAO et al., 2014). A partir desses resultados pode-se concluir que a presença do polímero, no caso da formulação de PEG2000, embora tenha aumentado a captação no sangue não provocou maior acumulo no tumor. Neste contexto, cabe a ressalva em relação a utilização de moléculas de PEG e suas diversas concentrações e tamanhos de cadeia; a escolha da utilização ou não de PEG, bem como do tipo ou concentração, devem ser feitas de maneira criteriosa e individualizada, pois como observado nos resultados apresentados neste trabalho respostas distintas podem ser alcançada em formulações diferentes. Assim, a partir da avaliação pormenorizada, caso a caso, é possível otimizar a utilização de cada nanossistema a fim de alcançar resultados satisfatórios. 3. CONCLUSÃO Todas as formulações preparadas apresentaram diâmetro médio e IP adequados para administração endovenosa. O potencial zeta se mostrou próximo a neutralidade. As imagens de microscopia eletrônica de transmissão por criomicroscopia confirmaram o diâmetro médio das formulações realizadas por DLS, porém não foram capazes de evidenciar diferenças na superfície dos lipossomas de DSPE, PEG2000 e PEG1000-5000, devido ao baixo contraste apresentado pelas cadeias de PEG. A adição do PEG, independente do peso molecular ou da combinação de PEG com diferentes tamanhos de cadeia, não conferiu aumento no tempo de circulação dos lipossomas. A formulação sem PEG possui uma menor estabilidade em plasma comparado as outras formulações. Os estudos de biodistribuição e imagens cintilográficas para complexo 99mTc- HYNIC-βAla-Bombesina(7-14) demonstraram acúmulo hepático, esperado para nanopartículas devido à captação pelo SFM, além de baixo acúmulo em tireoide e estômago, indicando estabilidade do complexo radiomarcado. 83 Os estudos de biodistribuição e imagens cintilográficas em animais acometidos pelos tumores de mama 4T1 e de Ehrlich demonstraram que a formulação contendo PEG2000 apresentou maior circulação no sangue nos tempos avaliados. Os estudos de biodistribuição e de imagens cintilográficas em animais acometidos pelos tumores de mama 4T1 e de Ehrlich mostraram diferença de captação entre o tumor e o músculo contralateral para as três formulações avaliadas, porem não houve diferença entre as relações tumor/musculo para as formulações estudadas, consequentemente, a presença do PEG não conferiu aumento de captação da bombesina pelo tumor. A formulação de PEG 1000-5000 não promoveu aumento da concentração da formulação no sangue, nem de captação da formulação pelo sitio tumoral, esses resultados se mostraram contrários aos relatados na literatura, em que afirmar-se que combinações de PEG de diferentes tamanhos de cadeia modificam a conformação do polímero, culminando na formação de uma maior camada aquosa em torno do lipossoma que dificulta o reconhecimento do SMF provocando aumento na circulação da partícula. A capacidade de acumulação no tecido tumoral para este sistema não foi alterada pela presença do PEG, independentemente do modelo tumoral utilizado. Dessa forma outros estudos, como de tratamento do tumor, precisam ser avaliados, a fim de confirmar os benefícios da utilização do PEG e a necessidade ou não de sua adição a essa nanopartícula. PERSPECTIVAS Avaliação da ativação de macrófagos para as formulações de escolha; Calculo teórico da FALT; Teste em modelo tumoral para avaliar tratamento com formulações com e sem PEG. 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA 85 ALBENA N. NIKOLOVA A, MALCOLM N. Jones, Phospholipid free thin liquid films with grafted poly(ethylene glycol)-2000 : formation, interaction forces and phase states. Biochimica et Biophysica Acta, 1372, 237-243, 1998. ALEXIS, F., RHEE, J. W., RICHIE, J. P., et al., 2008, “New frontiers in nanotechnology for cancer treatment”, Urologic Oncology: Seminars and Original Investigations, v. 26, n. 1, pp. 74-85. ALLEN, T.; CULLIS, P., Drug Delivery Systems: Entering the Mainstream, Science, v.303 (5665), p.1818-22, 2004. ALLEN, T.M.; HANSEN, C. 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CERTIFICATE We hereby certify that the Protocol nº. 301 / 2014, related to the Project entilted “Development and pharmacokinetic studies of long-circulating and pH-sensitive liposomes radiolabeled with technetium-99m”, under the supervision of André Luís Branco de Barros, is in agreement with the Ethical Principles in Animal Experimentation, adopted by the Ethics Committee in Animal Experimentation (CEUA/UFMG), and was approved in 02/12/2014. This certificates expires in 02/12/2019. Cleuza Maria de Faria Rezende Coordenador(a) da CEUA/UFMG Belo Horizonte, 02/12/2014. Atenciosamente. Sistema CEUA-UFMG https://www.ufmg.br/bioetica/cetea/ceua/ 105 APÊNDICE 106 107