HANDBOOK DE RESULTADOS DE PESQUISAS
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HANDBOOK DE RESULTADOS DE PESQUISAS
HANDBOOK DE RESULTADOS DE PESQUISAS - PPGA/NUCS/UNIR Volume I Pedro & João Editores 2009 HANDBOOK DE RESULTADOS DE PESQUISAS - PPGA/NUCS/UNIR José Moreira da Silva Neto, Dr. Organizador Pedro & João Editores 3 Copyright © Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR Direitos desta edição reservados à Editora da Universidade Federal de Rondônia - EDUFRO Campus Universitário UNIR, Br. 364, Km 9,5 – Caixa Postal 295 76801-974 – Porto Velho, RO – Brasil Tels.:(69) 2182-2141 – (69) 8111-3309 e-mail: [email protected] Web site: www.mestradoadm.unir.br Volume I - 1ª edição – 2009 EDITORES: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito & Valdemir Miotello CAPA: Patrícia dos Santos da Silva REVISÃO DE ORIGINAIS: Cristiano Borges Rodrigues ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Processo de organizar e dar sentido às idéias e fatores orientados para o desenvolvimento de organizações, agronegócio e sustentabilidade em Rondônia. FICHA CATALOGRÁFICA Biblioteca Central Prof. Roberto Duarte Pires H236h Handbook de Resultados das Pesquisas - PPGA/NUCS/UNIR. / Organizador: José Moreira da Silva Neto. São Carlos: Pedro & João Editores / Porto Velho, Rondônia: EDUFRO, 2009. 150f. ISBN: 978-85-99803-92-9 Inclui Bibliografia 1. Administração. 2. Pesquisas Organizacionais. 3. Pesquisas em Tecnologia de Gestão. 4. Pesquisas – atividades governamentais. 5. Agronegócio e Sustentabilidade. I. Título. II. Silva Neto, José Moreira da. Bibliotecária Responsável: Eliane Gemaque / CRB 11-549 4 Sumário Agradecimentos.......................................................................................... 9 Apresentação ............................................................................................11 ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES GOVERNAMENTAIS ................ 15 Estudo do Comportamento das Variáveis Restritivas ao Sucesso dos Programas Federais, Executados Pelos Municípios, Frente aos Princípios da Nova Administração Pública.......17 M.e Ricardo Plácido Ribeiro e Dr. José Moreira da Silva Neto Gestão Estratégica de Programas: Eficiência, Eficácia, Efetividade e Aprendizado Contínuo como Critérios de Avaliação do Plano Plurianual. ................................................22 M.e Rubem Pinto de Melo e Dr. José Moreira da Silva Neto Gestão da Informação na Controladoria do Ministério Público: Um estudo de caso ........28 M.e Jorge Alberto Elarrat Canto e Dr. Tomás Daniel Menéndez Rodriguez Características de Gestão e do Controle na Fundação Universidade Federal de Rondônia: uma análise de documentos oficiais ..................................................................33 M.e Ivanda Soares da Silva e Dr. Osmar Siena Planejamento Estratégico do PJRO: um estudo da perspectiva sociedade a partir da percepção do usuário para melhoria dos seus serviços............................................38 M.e Rosemeire Moreira Ferreira e Dr. Haroldo Cristóvam Teixeira Leite Função Ativa da Avaliação Institucional: um Estudo Sobre o Processo de Auto-Avaliação na Unir .......................................................................................................44 M.e Rita de Cássia Ramalho Rocha, Dr. Jorge Luiz Coimbra Oliveira e Dra. Maria Berenice Alho da Costa Tourinho ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES EMPRESARIAIS....................... 49 Traços Organizacionais e os Desafios à Autoperpetuação: Análise da Trajetória de Crescimento de um Grupo Varejista em Porto Velho-RO ......................................51 M.e Fabrício Fernandes Mamanny e Dr. João Vicente André Cooperativismo no Estado de Rondônia: principais ramos de atividades......................57 M.e Francisco Emanoel da Silveira, Dr. Theóphilo Alves de Souza Filho e Dr. Carlos André da Silva Muller ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES EM AGRONEGÓCIO ............... 61 Avaliação dos Sistemas de Informação das Agroindústrias de Torrefação e Moagem de Café em Rondônia ............................................................................................63 M.e Degson Ferreira e Dr. Theóphilo Alves de Souza Filho Análise da Contribuição das Cooperativas de Cafeicultores de Rondônia para a Sustentabilidade Econômica dos Empreendimentos Produtivos: um Estudo Multicaso ....68 M.e Lucimara Gonçalves de Resende e Dr. Sidinei Aparecido Pereira Força Competitiva dos Supermercados Como Compradores de Produtos Lácteos da Indústria Laticinista de Rondônia ....................................................................72 M.e Ademar Silva Scheidt Junior e Dra. Mariluce Paes De Souza Processo de Inovação em Micro Empresas no Arranjo Produtivo Local do Agronegócio Leite ......................................................................................................77 M.e Dércio Bernardes de Souza e Dra. Mariluce Paes De Souza Ambiente Organizacional da Cadeia Produtiva do Agronegócio Leite no Estado de Rondônia.................................................................................................81 M.e Moacyr Boris Rodrigues Maia e Dra. Mariluce Paes De Souza Gestão Da Informação Para O Processo Decisório: Estudo No Agronegócio Soja...........87 M.e Deyvison de Lima Oliveira e Dr. Sidinei Aparecido Pereira Potencialidades e Perspectivas do Arranjo Produtivo Local da Piscicultura no Município de Pimenta Bueno – Rondônia ...........................................................................91 M.e Marcelo Batista de Oliveira e Dr. Theóphilo Alves de Souza Filho Cadeia produtiva de hidropônicos: um estudo da eficiência do elo denominado sistemas produtivos no município de Porto Velho/Ro, utilizando o índice de Malmquist ............98 M.e Ramiro Vieira da Silva, Dr. Haroldo Cristóvam Teixeira Leite e Dr. Tomás Daniel Menéndez Rodriguez Empreendedorismo e inovação na pecuária em Rondônia: Estudo de caso sob a ótica da teoria do desenvolvimento econômico de Joseph Alois Schumpeter......................... 104 M.e Silvio Gilberto Bueno e Dr. João Vicente André ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS, ATIVIDADES E OUTROS FATORES À SUSTENTABILIDADE................................................................................ 107 Ambientalismo, Conhecimento Tradicional e Reservas Extrativistas na Amazônia Legal: a Visão Dos Técnicos do Instituto Chico Mendes ................................................. 109 M.e Daniel Santos Menezes e Dr. Osmar Siena Contribuição do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária para o fortalecimento da Agricultura Familiar em Rondônia .................................. 114 M.e Lilian Kécia Saldanha Rabelo Campelo e Dra. Mariluce Paes de Souza Sustentabilidade da Produção Extrativa da RESEX do Rio Ouro Preto (RO) .............. 119 M.e José Otávio Valiante e Dr. Osmar Siena Nova Economia Institucional e sua Aplicação aos Sistemas Agroflorestais Utilizando a Matriz Estrutural Prospectiva....................................................................... 125 M.e Otacílio Moreira de Carvalho e Dr. Sidinei Aparecido Pereira Marketing turístico em organizações que desenvolvem o turismo no espaço rural ........ 130 M.e Ronie Peterson Silvestre e Dr. João Vicente André Objetivos e Metas Econômicas e Socioambientais das Empresas: um Estudo Aplicado nas Empresas Produtoras de Biocombustíveis em Rondônia ....................................... 136 M.e Edilson Bacinello e Dr. Haroldo Cristóvam Teixeira Leite CURRICULO RESUMIDO DOS AUTORES (PESQUISADORES)............................141 Agradecimentos O conhecimento aplicado em um processo de pesquisa se posiciona entre fronteiras temporais. Todavia, senão todo o conhecimento, pelo menos grande parte dele vem sendo construído ao longo da existência humana, portanto, o conhecimento também se posiciona entre fronteiras evolutivas. Daí, a racionalidade do pesquisador para a compreensão de qual estágio do conhecimento (temporal e evolutivo) pode ser mais útil para apoiar o seu processo de pesquisa. Isso nos remete ao reconhecimento do autor que revelou o conhecimento naquele estágio de sua construção. É para este autor que contribuiu com o conhecimento que apoiou o processo de pesquisa e que deve ou deveria estar relacionado na parte de referências do relatório que originou os resumos apresentados neste Handbook que dedicamos nossos agradecimentos. O processo de pesquisa independente da metodologia utilizada, certamente, não conduziria a resultados confiáveis e importantes se não existissem nos ambientes estratégicos e focos de pesquisas, pessoas dispostas a contribuir com as verdades que fenômenos, fatos, transformações etc., causaram em contextos de predominâncias destas pessoas. São também, a estas pessoas que dedicamos nossos agradecimentos. O processo de pesquisa necessita sim de métodos, criatividade, consciência, foco, atitude e racionalidade. Necessita principalmente de pessoas persistentes e visionárias ao conhecimento que possibilite melhorar e facilitar a vida deles e de outras pessoas. São estes persistentes visionários que estão sempre dispostos a empreenderem energias próprias à conjectura e consecução de conhecimentos à melhoria da vida. São para os autores, discentes e docentes que realizaram as pesquisas, cujas sínteses compõem este Handbook que dedicamos nossos agradecimentos. Acreditamos finalmente, que todas as pesquisas realizadas, cujos resumos estão contidos neste Handbook, somente foram possíveis porque receberam apoio material e intelectual de organizações como: Universidade Federal de Rondônia (UNIR) detentora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração (PPGMAD); CAPES; CNPQ; MEC; CNE; MCT; FINEP SUFRAMA e também, de organizações como: USP, UFRGS, UFPR, UFSC, UFRJ, UFPA, UFAC e EMBRAPA/RO que cederam professores e pesquisadores para as bancas de defesas de dissertações – relatórios de pesquisas. São para estas instituições e seus professores/profissionais que dedicamos nossos agradecimentos. Prof. José Moreira da Silva Neto, Dr. Apresentação Este Handbook é composto por sínteses de pesquisas realizadas pela primeira turma (2006/2008) do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Administração (PPGA) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e alternam temas das linhas de pesquisas: Controladoria de Organizações e Gestão de Agro Negócio e Sustentabilidade, ou transversalmente de ambas. Os Capítulos (resumos ampliados) foram distribuídos em quatro partes que são: (I) Organizações, tecnologias e atividades governamentais; (II) Organizações, tecnologias e atividades empresariais; (III) Organizações, tecnologias e atividades em agronegócio; (IV) Organizações, tecnologias e atividades à sustentabilidade. O propósito de cada capítulo foi: CAPITULO 1 - evidenciar, por região, área e ação de governo, o comportamento das variáveis restritivas ao sucesso dos programas governamentais federais, executados pelos municípios, frente aos princípios da NAP. CAPÍTULO 2 - investigar no sistema integrado de planejamento e orçamento federal se os programas e a gestão do plano plurianual são avaliados segundo critérios de eficiência, eficácia, efetividade e aprendizado contínuo de forma a demonstrar e quantificar os resultados sociais da ação governamental. CAPITULO 3 - identificar instrumentos de gestão da informação que pudessem ser aplicados na controladoria do Ministério Público de modo a facilitar o processo de gestão organizacional. CAPITULO 4 - identificar as características de gestão e do controle interno federal presentes na UNIR e suas relações com paradigmas de administração pública. CAPITULO 5 - identificar ações, sob a perspectiva dos usuários, necessárias à melhoria dos serviços judiciários. CAPITULO 6 - analisar o processo de autoavaliação institucional na UNIR desenvolvido no ano de 2006, em sua função ativa, a partir da percepção dos gestores da universidade sobre a existência de relação entre as metas resultantes do processo de autoavaliação e ações de mudanças correspondentes. CAPITULO 7 - analisar a trajetória de crescimento do Grupo Alpha à luz do modelo de traços organizacionais verificando sua propensão à autoperpetuação ou autodestruição organizacional. CAPITULO 8 - analisar o contexto de atuação das cooperativas do Estado de Rondônia por meio de agrupamentos dos principais ramos de atividades e correlacioná-los aos respectivos municípios. CAPÍTULO 9 - avaliar o nível de contribuição dos sistemas de informações existentes nas agroindústrias de torrefação e moagem de café das cidades de Cacoal, Ji-Paraná, Jaru, Ariquemes e Porto Velho (Rondônia) visando oferecer subsídios às suas decisões empresariais. CAPÍTULO 10 - análise da contribuição prestada pelas cooperativas de cafeicultores em Rondônia visando à sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos. CAPÍTULO 11 - identificar a força competitiva dos compradores de produtos lácteos da indústria laticinista de Rondônia a partir da percepção dos supermercados que atuam no mercado do município de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. CAPÍTULO 12 - descrever o processo de inovação do arranjo produtivo local do agronegócio leite composto pelos municípios de Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Rolim de Moura e Cacoal visando identificar os municípios que apresentam micro empresas mais inovadoras. CAPÍTULO 13 - avaliar a atuação de instituições que integram o ambiente organizacional da cadeia produtiva do agronegócio leite no Estado de Rondônia a partir da análise de documentos formais de gestão onde constem as ações planejadas e os resultados alcançados por estas. CAPÍTULO 14 - mensurar e compreender a utilização das informações de fornecedores, controle interno (custos), clientes, concorrentes e mercado/governo na fundamentação do processo decisório quanto a investimentos, comercialização da produção e continuidade do negócio nos empreendimentos produtores de soja. CAPÍTULO 15 - analisar as potencialidades e perspectivas do Arranjo Produtivo Local da Piscicultura do município de Pimenta Bueno, estado de Rondônia. CAPÍTULO 16 - avaliar a eficiência do elo da cadeia de hidropônicos denominado Sistemas Produtivos, relacionado às Organizações Produtoras no Município de Porto Velho, quanto a sua produtividade. CAPÍTULO 17 - identificar, a partir de uma análise sob a ótica da teoria de Joseph Alois Schumpeter sobre o desenvolvimento econômico, quais são as mudanças no sistema produtivo do empreendimento estudado e descrever como ocorrem as principais combinações dos meios de produção que influenciam essas mudanças e contribuem para o estabelecimento novo referencial de produtividade na pecuária. CAPÍTULO 18 - identificar e analisar as vertentes ambientalistas presentes no ICMBIO e suas relações com as concepções de RESEXs, extrativismo e conhecimento tradicional (CT). CAPÍTULO 19 - avaliar a contribuição do programa de assessoria técnica, social e ambiental à reforma agrária (ATES) para o fortalecimento da agricultura familiar, nos assentamentos Antônio Pereira Nery, Martim Pescador e Primavera localizados nos municípios de Vale do Paraíso, Urupá/Alvorada D’Oeste e Theobroma respectivamente, no Estado de Rondônia. CAPÍTULO 20 - analisar a sustentabilidade da produção extrativista da RESEX Rio Ouro Preto (RO). CAPÍTULOS 21 - descrever como as variáveis de maior motricidade (variáveis que influenciam o sistema analisado), identificadas a partir da matriz estrutural prospectiva, afetam o desempenho das atividades produtivas e das transações dos produtos agroflorestais e serviços ambientais das associações de produtores do projeto RECA e da APAFLORA por meio de uma síntese comparativa entre a evidenciação empírica realizada nas organizações estudadas e os pressupostos teóricos e analíticos da nova economia institucional. CAPÍTULO 22 - examinar o desenvolvimento de organizações que executam a atividade turística no meio rural em Rondônia em relação ao composto de marketing turístico em cada uma de suas variáveis: produto, preço, praça (acessos e facilidades), promoção, programas, parcerias e pessoas. CAPÍTULO 23 - determinar as possíveis incompatibilidades e concordâncias nas variáveis de controle dos objetivos e metas econômicas e dos objetivos e metas socioambientais nas empresas que exploram a atividade produtora de biocombustíveis em Rondônia. Finalmente, apresentamos currículo resumido e e-mail de cada autor que participou desta obra para que o leitor possa apresentar sua opinião sobre o tema (capítulo) que lhe interessar. José Moreira da Silva Neto, Dr. Organizador ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES GOVERNAMENTAIS Estudo do Comportamento das Variáveis Restritivas ao Sucesso dos Programas Federais, Executados Pelos Municípios, Frente aos Princípios da Nova Administração Pública M.e Ricardo Plácido Ribeiro e Dr. José Moreira da Silva Neto CONJUNTURA: a necessidade de tornar a administração pública mais ágil e flexível para responder aos novos desafios impostos, principalmente, pela redução das receitas públicas dos estados nacionais e a maior cobrança da sociedade por resultados motivou uma série de reformas administrativas a partir da década de 1970 em uma série de países, dentre eles: Reino Unido, os Estados Unidos, a Austrália, a Suécia e a Nova Zelândia. Esse movimento, denominado de nova administração pública (NAP) ou administração gerencial (AG), tem como pressuposto a busca de alternativas que superem a inflexibilidade e a previsibilidade criticadas no modelo burocrático weberiano adotado pelas organizações públicas. Nesse sentido, Bresser Pereira (2006, p. 28) alega que a administração gerencial busca um realinhamento do Estado voltando-o para o atendimento das necessidades do cidadão e a obtenção de resultados implicando na necessidade de se empreender uma administração por objetivos, que pressupõe a estruturação das atividades do governo em projetos e programas que devem ser dirigidos, acompanhados e avaliados constantemente. A ação governamental brasileira é atualmente organizada por programas de governo que são constituídos para reduzirem ou eliminarem problemas específicos da sociedade e servem de instrumentos de organização dos recursos alocados pelo governo para o alcance de objetivos previamente definidos. Contudo, a execução dos programas federais não é restrita a esta esfera de governo, tendo em vista que a implementação dos programas ligados as áreas de educação, assistência social e saúde é realizada simultaneamente pela União, Estados e Municípios. Entretanto, na maioria dos casos, o Município é responsável pela execução finalística dos programas. Dessa forma, inferir as dificuldades de se implementar e mensurar os resultados qualitativos e quantitativos desses programas diante da dimensão territorial do Brasil - com 5.564 municípios e 26 Estados, mais o Distrito Federal - e as características do Plano Plurianual 2004- 17 2007 que tem 374 (trezentos e setenta e quatro) programas governamentais e aproximadamente 3.854 ações programáticas (BRASIL, 2003) aponta a relevância da atividade de avaliação e acompanhamento das organizações e programas governamentais. Dentre outras organizações, a Controladoria-Geral da União – CGU avalia e acompanha as organizações e os programas governamentais principalmente por meio do Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos de Unidades Municipais e Estaduais. Assim, periodicamente são definidas por sorteio as Unidades a serem fiscalizadas e após concluídos os trabalhos, seus resultados são encaminhados aos partícipes e publicados na Internet. Ao considerar que os programas governamentais operacionalizam as políticas públicas do governo federal, a avaliação de sua implementação pode oferecer subsídios para identificar a aplicação dos recursos públicos federais e se os resultados e efeitos alcançados são os esperados. Diante disso, este trabalho procura a identificação dos aspectos observados nas avaliações da CGU e se seus resultados oferecem subsídios à melhoria da gestão dos programas avaliados. OBJETIVO: evidenciar, por região, área e ação de governo, o comportamento das variáveis restritivas ao sucesso dos programas governamentais federais, executados pelos municípios, frente aos princípios da NAP. SUPORTE TEÓRICO: o referencial teórico-empírico foi dividido em três vertentes: a primeira trata do levantamento do estado da arte quanto às principais características e princípios da NAP e sua implementação na administração pública brasileira. Assim, buscou-se descrever as premissas gerais deste movimento trabalhando com autores como Barzelay (2002), Ferlie et al (1999), Osborne e Gaebler (1998), que abordam a NAP no contexto internacional, aliando-os com autores nacionais como Abrucio (2006), Bresser Pereira (2006) e Paula (2005), os quais descrevem como estes princípios foram introduzidos na gestão pública brasileira. Em segundo lugar, foi realizada a descrição do processo de avaliação na administração pública federal, inicialmente pelo processo de planejamento das políticas públicas pelo governo federal, sua operacionalização mediante os programas de governo e sua posterior avaliação, sendo enfocado, especialmente, os aspectos teóricos ligados a esta atividade, utilizando-se como referência conceitos descritos por United States Government Accountability Office - GAO e International Organization of Supreme Audit Institutions – INTOSAI. Por último, resultante da pesquisa 18 documental, apresenta-se como o processo de avaliação de programas é desenvolvido no âmbito da Controladoria Geral da União - CGU. METODOLOGIA: a pesquisa classifica-se quanto aos meios de investigação em pesquisa bibliográfica e documental, quanto aos fins é considerada exploratória e descritiva, segundo abordagem de Vergara (2007). Realizou-se a análise do conteúdo de 197 (cento e noventa e sete) relatórios produzidos pela CGU entre os anos de 2005 a 2007 mediante a fiscalização de Unidades Municipais a partir de Sorteios Públicos, com o intuito de identificar e classificar as variáveis restritivas apontadas nestes documentos. Para tanto, construíu-se um instrumento de coleta de dados composto por seis categorias (resultados, eficiência, conformidade com normas, controles internos e controles democráticos) criadas a partir da correlação entre as duas teorias que fundamentam este trabalho: nova administração pública e auditoria pública (GAO e INTOSAI). Catalogou-se e classificou-se as categorias em 7.841 (sete mil, oitocentas e quarenta e uma) variáveis restritivas ao sucesso dos programas evidenciadas nos relatórios de avaliação ao final do processo de coleta de dados. A técnica de análise de conteúdos e a estatística descritiva permitiram a apresentação e a interpretação desses resultados na classificação e análise das informações, que foram apresentadas de três formas: primeira, para cada região geográfica do país; segunda, consolidada para as áreas de Assistência Social, Educação e Saúde e por último, para as quinze ações de governo mais presentes nos relatórios. RESULTADOS: por meio do instrumento de coleta de dados produzido neste trabalho, identificou-se que as fiscalizações realizadas pela CGU nos municípios investigam a existência de variáveis restritivas aos resultados da ação governamental, à eficiência de sua implementação, aos mecanismos de controle interno e democrático dos programas e à conformidade com as normas. Quanto à freqüência de aparecimento desses cinco aspectos nos relatórios, detectou-se que mais de 60% (sessenta por cento) das falhas apontadas nas avaliações realizadas nos anos de 2005, 2006 e 2007 referem-se a variáveis restritivas à conformidade com as normas e à eficiência da execução da ação de governo. Este dado aponta ênfase da avaliação da CGU no processo de gestão dos recursos do programa pelos órgãos municipais, evidenciando a gestão eficiente ou não dos recursos do programa principalmente quanto à qualidade e ao uso adequado desses recursos em conformidade com as normas. O terceiro aspecto mais freqüente nos relatórios são as variáveis restritivas aos resultados. Porém, esta 19 análise é limitada à eficácia da ação de governo, ou seja, visa identificar se as ações atingem os objetivos e metas previstos no PPA. Por último, verificou-se as variáveis restritivas aos controles internos e aos controles democráticos, sendo este último o que obteve menor freqüência de falhas das cinco categorias. Em relação às Regiões, o estudo apontou o maior índice de falhas na execução dos programas nos municípios localizados nas Regiões Norte, Centro Oeste e Nordeste, respectivamente, enquanto as Regiões Sudeste e Sul apresentaram os menores índices. Quanto às áreas, o maior percentual de restrição foi identificado nas ações de governo ligadas respectivamente a área de saúde, educação e assistência social, sendo a ineficiência na gestão dos recursos a falha mais freqüente observada nos programas da educação e assistência social, enquanto o descumprimento das normas foi a mais intensa evidenciada nos programas da saúde. CONCLUSÕES: a pesquisa possibilitou concluir que a avaliação da CGU sobre a execução dos programas governamentais federais pelos municípios contempla aspectos ligados aos princípios da Nova Administração Pública, embora esteja mais orientada para o processo de gestão do programa do que para os seus resultados. E, quanto ao oferecimento de feedback à eliminação das variáveis restritivas e à melhoria contínua da gestão dos programas, observou-se na pesquisa documental efetuada e no comportamento das variáveis restritivas por área, que o planejamento das avaliações da CGU direciona as fiscalizações para investigar como está sendo implementado os programas nos municípios, focalizando os pontos críticos de sua execução. Desse modo, as informações advindas das avaliações oferecem subsídios para a melhoria contínua do processo de gestão dos programas, como pôde se observar nos resultados das avaliações referentes às ações de governo: Atenção Básica, Censo Escolar e Vigilância Epidemiológica. Inclusive, permitindo identificar, por Região, as características das variáveis restritivas ao sucesso dos programas mais freqüentes nos relatórios. Além do mais, as informações geradas pelas avaliações indicam aos Ministérios a necessidade de se aprimorar a legislação ou o desenho dos programas para que estes possam surtir os efeitos esperados na sociedade, embora não comuniquem quanto à efetividade dos programas. Apesar de a avaliação indicar essas informações, a análise do comportamento das inconsistências apontadas para as ações de governo durante o período, de acordo com os resultados da pesquisa, não evidenciam na prática a redução substancial ou a eliminação das variáveis restritivas destas ações de governo avaliadas. 20 PALAVRAS-CHAVE: avaliação de programas governamentais; administração pública; Controladoria Geral da União. nova NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste relatório-resumo de pesquisa se encontram in: RIBEIRO, Ricardo Plácido. Título: Estudo do comportamento das variáveis restritivas ao sucesso dos programas federais, executados pelos municípios, frente aos princípios da nova administração pública. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www. dominiopublico. gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A074 5C2A7C7A91F85 21 Gestão Estratégica de Programas: Eficiência, Eficácia, Efetividade e Aprendizado Contínuo como Critérios de Avaliação do Plano Plurianual. M.e Rubem Pinto de Melo e Dr. José Moreira da Silva Neto CONJUNTURA: o principal propósito das reformas administrativas consiste em assegurar os mecanismos necessários ao aumento da eficiência, da eficácia e da efetividade da administração pública. No Brasil, o processo integrado de planejamento e orçamento público se configura como um desses mecanismos e tem o plano plurianual (PPA), que sintetiza os esforços de planejamento de toda a administração pública e orienta a elaboração dos demais planos e programas do governo, como principal instrumento de gestão. Nele, o plano de governo do agente político legitimamente eleito é transformado em orientação estratégica e detalhado em programas, ações, projetos e atividades. Esse enfoque estratégico ganhou impulso no setor público a partir do PPA 2000-2003, denominado programa avança Brasil. Desde então, referências a esses conceitos nas leis instituidoras dos planos plurianuais têm se repetido ininterruptamente. Porém, uma leitura corriqueira de relatórios anuais de avaliação do plano plurianual não evidencia, de forma inequívoca, a presença de critérios de eficiência, eficácia, efetividade e aprendizado contínuo na gestão do plano e nos resultados dos programas. Dessa forma, a premissa fundamental desta pesquisa foi que a orientação da gestão pública por tais princípios, declarada vivamente no estágio de planejamento, não se materializaria nas demais etapas do ciclo de gestão do plano plurianual, sendo de difícil identificação nos resultados apresentados nos relatórios anuais de avaliação. Assim, considerando a importância do processo de avaliação no ciclo de gestão do plano plurianual e lacunas observadas nos relatórios anuais de avaliação do PPA 2004/2007, a pesquisa foi conduzida no sentido de investigar se os programas e a gestão do plano plurianual seriam avaliados segundo critérios de eficiência, eficácia, efetividade e aprendizado contínuo de forma a demonstrar e quantificar os resultados sociais da ação governamental. 22 OBJETIVO: investigar se no sistema integrado de planejamento e orçamento federal os programas e a gestão do plano plurianual são avaliados segundo critérios de eficiência, eficácia, efetividade e aprendizado contínuo de forma a demonstrar e quantificar os resultados sociais da ação governamental. Colecionou-se elementos que ultrapassaram o objetivo inicial no desenvolvimento da pesquisa. Optou-se, assim, por não descartar esses achados incorporando-os, então, ao estudo na forma de apêndice. Esse incremento à pesquisa consistiu na integração da metodologia do atual sistema de planejamento e orçamento governamental com o balanced scorecard (BSC) tecnologia de gestão que objetiva traduzir a estratégia em ação, constituindo-se em fator de inovação do processo de avaliação e gerenciamento dos programas públicos através da sinergia dos conceitos de efetividade, eficácia, eficiência e aprendizado contínuo com os objetivos dos programas, a orientação estratégica da organização pública e as demandas da sociedade. SUPORTE TEÓRICO: a pesquisa foi estruturada sobre três vetores básicos: a administração pública, o pensamento estratégico e o balanced scorecard - BSC. Em relação à administração pública, a pesquisa procurou aprofundar o entendimento sobre o modelo racional-legal de Max Weber, os modelos pósburocráticos de gestão e a evolução da administração pública brasileira à luz desses modelos. Abordou-se ainda o processo de planejamento e orçamento do setor público e o modelo de gestão de programas vigente no poder público federal. Transversalmente, analisou-se os fatores de poder e política na gestão pública, principalmente a dicotomia entre política e administração (MARTINS, 2006; WEBER, 1999), a Teoria da Agência (FAMA e JENSEN, 1983; FONTES FILHO, 2003; PRZWORSKI, 1998; SLOMSKI, 1999, 2005) e o processo de decisão política (LINDBLOM, 1981). A fundamentação sobre a gestão estratégica teve como esteio os princípios das dez escolas de estratégia identificadas na obra de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000). Nesse segmento buscou-se ampliar a compreensão dos conceitos de estratégia e da diferença entre planejamento estratégico e gestão estratégica, além de identificar e relacionar as escolas de estratégia mais próximas às características da administração pública e aquelas mais adequadas para a gestão dos programas governamentais. O último segmento trata dos fundamentos da metodologia do balanced scorecard (e seu complemento, os mapas estratégicos) desenvolvida por Kaplan e Norton (2000; 2004; 2006). Por fim foi delineada a interligação entre os três segmentos abordados, estabelecendo as premissas para uma gestão estratégica de programas públicos. 23 METODOLOGIA: a pesquisa classifica-se como exploratória, descritiva, metodológica e aplicada com uma abordagem qualitativa, utilizando fundamentalmente as técnicas de pesquisa bibliográfica e documental como fonte dos dados. Tem origem em duas suposições: (1) o atual sistema de avaliação do plano plurianual do Governo Federal deixa entender que a gestão dos programas no plano plurianual não se orienta segundo os critérios de eficiência, eficácia, efetividade e aprendizado contínuo; (2) a tecnologia de gestão estratégica balanced scorecard (BSC) pode ser integrada ao sistema de planejamento e orçamento públicos da União como instrumento capaz de traduzir o desempenho dos programas em indicadores sob diferentes perspectivas e proporcionar o alinhamento estratégico entre os detentores de interesse (stakeholders) da ação governamental. Em decorrência disso, a dissertação foi dividida em duas partes básicas: (1) a identificação da presença (ou ausência) dos conceitos de efetividade, eficácia, eficiência e aprendizado contínuo na avaliação dos programas do PPA 2004/2007 e; (2) a construção do modelo de gestão estratégica de programas baseado no BSC. Para a primeira parte, coletou-se dados em documentos oficiais (leis, decretos e portarias) e administrativos (relatórios, manuais e orientações). Foram preteridas outras técnicas de coletas de dados, como entrevistas e questionários, em razão de se ter pretendido, exclusivamente, inferir a presença (ou ausência) dos critérios de efetividade, eficácia, eficiência e aprendizado contínuo nos relatórios anuais de avaliação do PPA 2004/2007. O conceito de aprendizado contínuo não é mencionado no Decreto n.º 5.233/2004, porém é citado no plano de gestão do PPA 2004/2007 (BRASIL, 2004a) como um dos resultados do processo de avaliação. Esse conceito foi incluído na pesquisa por ser inerente ao ciclo de gestão do plano plurianual. Para o tratamento, apresentação e análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo – AC que, segundo Bardin (2006), é a mais indicada para pesquisa documental e qualitativa. Não houve tratamento estatístico dos dados, embora tenha sido usada a estatística descritiva para a organização dos resultados. A construção do modelo proposto foi conduzida com base em fontes bibliográficas, principalmente Kaplan e Norton (1997; 2000; 2004 e 2006). O exemplo de aplicação do modelo advém de dados extraídos de documentos do programa Assistência Básica em Saúde (Saúde da Família). RESULTADOS: inferiu-se dos resultados da pesquisa que os gerentes de programa não conseguem, pelo instrumento oferecido ou por desinformação, transformar suas dificuldades e necessidades em medidas objetivas auxiliativas à 24 tomada de decisão em instâncias superiores. Percebe-se o peso maior dos critérios da eficácia e da eficiência na avaliação dos programas devido à desatenção em dois pontos fundamentais. Primeiro: os efeitos e impactos dos resultados dos programas para a população-alvo, representados pelos critérios de efetividade. Em segundo lugar, a infra-estrutura de conhecimento que deve dar suporte ao desenvolvimento dos programas e aos resultados almejados. Assim, pode-se medir metas e produtos sem saber por que e para quê. Do ponto de vista dos objetivos desta pesquisa, confirma-se a hipótese de que o atual sistema de avaliação do Plano Plurianual do Governo Federal não demonstra objetivamente se a orientação da gestão dos programas pelos critérios de eficiência, eficácia e efetividade é materializada nas demais etapas do ciclo de gestão do Plano Plurianual. Infere-se da análise de conteúdo empreendida no Relatório Anual de Avaliação do PPA 2004/2007 – exercício 2007, ano base 2006 que os critérios orientadores da gestão são ignorados tanto pela grande maioria dos gerentes de programa quanto pelo próprio Ministério do Planejamento, responsável pela gestão estratégica do programa. Ao tempo em que se responde ao problema de pesquisa confirmando a premissa inicial de uma ausência de avaliação segundo os critérios definidos pelo próprio governo da gestão do PPA e dos resultados dos programas, a pesquisa aponta para a necessidade de se investigar os motivos dessa inobservância. Apontar-se-á, em pesquisas futuras, se isso decorre da falta de assimilação dos conceitos, por insuficienciados instrumentos de gestão ou causas diversas. Em complemento, propõem-se um modelo de gestão estratégica de programas baseado na integração da metodologia do balanced scorecard com os critérios do sistema de planejamento e orçamento públicos do Governo Federal. O achado do modelo foi a convergência dos critérios do ciclo de gestão do PPA com as perspectivas tradicionais do BSC. Assim, as perspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento converteram-se, no modelo proposto, nas perspectivas de efetividade, eficácia, eficiência e aprendizado contínuo, demonstrando alinhamento com a cultura de gestão orçamentária em processo de consolidação no Brasil e a viabilidade da integração do BSC ao sistema de planejamento e orçamento da administração pública. CONCLUSÕES: entre os principais achados da pesquisa está a identificação da ausência de relação entre o discurso e a prática no que se refere à gestão do plano plurianual orientada pelos critérios de efetividade, eficácia e eficiência. Por outro lado, o BSC revelou-se uma ferramenta poderosa e facilmente adaptável para as demandas do setor público. Sua utilização no tratamento de 25 construções teóricas complexas como a dicotomia política/administração e a teoria da agência, pode proporcionar um instrumento criativo e eficaz para a redução da assimetria informacional em todos os níveis do serviço público. Do ponto de vista teórico, embora a pretensão do estudo não seja responder à questões complexas como a relação dicotômica entre política e burocracia e também a assimetria informacional, a pesquisa pode contribuir para a ampliação da discussão e do conhecimento desses temas. O que pode ter efeito prático na gestão pública. Embora se busque não incorrer em subjetividades, tentando manter sempre o máximo grau de objetividade, a característica da dissertação, baseada em pesquisa documental e análise de conteúdo, ainda que cercada de rigor metodológico, pode acabar envolvendo o julgamento do pesquisador. Portanto, diante dos resultados alcançados, não se pode inferir se a intenção do gerente do programa revelou-se na sua comunicação tal como almejava ao redigir o relatório Dessa forma, não é seguro afirmar que um indicador classificado pelo pesquisador como de efetividade, por exemplo, tinha essa mesma intenção quando registrado pelo gerente. Da mesma forma, não se pôde detectar se a ausência de referências a algum tema foi resultado do desinteresse, desconhecimento ou impossibilidade instrumental do gerente para se manifestar. Limitações de tempo e de recursos impediram a realização de testes empíricos do modelo de Gestão Estratégica de Programas. A validação do modelo depende de um teste empírico. As limitações apresentadas remetem a sugestões de pesquisas futuras que possam validar ou refutar os resultados aqui apresentados. Dessa forma, sugere-se o desenvolvimento de um estudo que busque revelar as relações compreensão/ utilização e utilização/resultados dos critérios da efetividade, eficácia, eficiência e aprendizado contínuo na gestão do Plano Plurianual por parte dos gerentes de programa e dirigentes políticos. É necessário também investigar se a prática da gestão estratégica na administração pública reduz a assimetria da informação nos diferentes níveis de gestão, bem como a dicotomia entre política e administração. Por fim, recomenda-se a aplicação do modelo de gestão estratégica em uma amostra de programas durante um ciclo orçamentário, analisando seus resultados e comparando-os com os resultados de programas semelhantes em uma amostra de controle. PALAVRAS-CHAVE: gestão pública; gestão estratégica; plano plurianual; avaliação de programas; balanced scorecard. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste relatório-resumo de pesquisa se encontram in: MELO, Rubem 26 Pinto de. Gestão estratégica de programas: eficiência, eficácia, efetividade e aprendizado contínuo como critérios de avaliação do plano plurianual. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do; jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 27 Gestão da Informação na Controladoria do Ministério Público: Um estudo de caso M.e Jorge Alberto Elarrat Canto e Dr. Tomás Daniel Menéndez Rodriguez CONJUNTURA: os avanços experimentados pelo ambiente privado na busca da satisfação do cliente promovem, desde o pós-guerra, um aumento progressivo da criticidade social em relação à qualidade de bens e serviços oferecidos alterando as expectativas da sociedade e também estimulando uma exigência maior quanto aos serviços prestados pelo poder público. O interesse em promover a modernização da funcionalidade do Estado, agora potencializado pelas novas exigências sociais, inicia, a partir da década de 1980, um conjunto de medidas intitulado Reforma Geral do Estado, voltado para uma melhor gestão dos recursos públicos. Esse modelo conduziu à uma reestruturação do ambiente público focada no interesse de atender os anseios do cidadão, valendose dos recursos sugeridos pela administração, sem desobedecer aos ditames legais e às restrições orçamentárias. Observando-se a relevância constitucional conferida ao Ministério Público Estadual na fiscalização do cumprimento da lei e na capacidade de, a partir dessa instituição, atuar nos diversos órgãos, entendeuse que uma análise nesse ambiente poderia apresentar um melhor campo de observação e de transformação social. Entre os vários instrumentos gerenciais da atualidade disponíveis nessa direção, destacam-se as ferramentas de apoio ao processo de tomada de decisão, baseadas na análise das informações armazenadas nos bancos de dados das organizações: a gestão da informação. A relevância deste recurso levou à busca de uma resposta para o questionamento: Como as ferramentas de gestão da informação podem auxiliar as funções de Controladoria no Ministério Público? OBJETIVO: identificar que instrumentos de gestão da informação podem ser aplicados na controladoria do Ministério Público de modo a facilitar o processo de gestão organizacional. SUPORTE TEÓRICO: a reforma do Estado, apresentada por Pereira, Kettl e Matsuda, distendeu-se por inúmeros países promovendo alterações significativas no modelo de gestão do ambiente público. Esta realidade, analisada por Keinert 28 e Draibe, possibilita a identificação das fases experimentadas pelo Estado Brasileiro desde o surgimento da República até o advento da fase contemporânea denominada administração gerencial, marcada pela utilização dos instrumentos gerenciais típicos do mundo privado tratando assemelhadamente as instituições públicas, conforme a proposta de Osborne e Gaebler. Analisando o papel do Ministério Público diante de sua missão constitucional, expressa no art. 127, evidencia-se a importância das ações da controladoria do órgão, no exercício satisfatório das garantias de direitos. Para o cumprimento desta missão, o Conselho Nacional dos Ministérios Públicos propôs a composição de um plano geral de atuação, na forma de um planejamento de curto prazo das ações a serem empreendidas em diferentes direções, valendo-se dos instrumentos de gestão disponíveis tanto para a elaboração como para o acompanhamento da execução. Tais instrumentos podem ser obtidos na literatura proposta por Garber, Carmona, Silva e Silva, Osborne e Gaebler, Rezende e Castor, Chiavenato e nas páginas eletrônicas do Ministério do Planejamento, do Programa Gespública e do IBGE. Assim, posibilitou-se a coleta de dados e métodos viabilizadores da composição de um conjunto articulado de ferramentas quantitativo-computacionais que permitam a gestão das informações disponíveis no órgão, facilitando, desta forma, o exercício das ações de controladoria das atividades desenvolvidas pelo Ministério Público, no planejamento de curto prazo. Como estudo de caso foi utilizado o Ministério Público do Estado de Rondônia pela riqueza das informações que dispõe de modo a ser considerado o melhor informatizado dentre todos os demais órgãos do gênero. METODOLOGIA: a pesquisa – do tipo aplicada e quantitativa – vale-se de uma análise de um ciclo anterior do plano geral de atuação, identificando os pontos de fragilidade evidenciados por práticas utilizadas que divergem dos pontos condensados no referencial teórico. A cada um dos pontos de melhoria identificados são apresentadas soluções gerenciais baseadas nos conceitos de gestão da informação que compõem um conjunto de ferramentas de gestão possibilitadoras de uma revisão na forma de elaboração e de acompanhamento da execução do plano geral de atuação. Os instrumentos propostos se apóiam em métodos quantitativo-computacionais, alguns aplicados da forma como propõe o referencial teórico, outros com as devidas adequações ao contexto do ambiente de estudo. Neste sentido, o produto final das ferramentas identificadas foi testado em campo validando cada um dos instrumentos propostos e, a partir do resultado final colhido, aferiu-se a capacidade de tais métodos para auxílio à 29 tomada de decisão na controladoria do Ministério Público em suas ações de planejamento. RESULTADOS: a análise do ciclo anterior identificou pontos de melhoria em 6 áreas: (a) instrumentos de benchmarking: não se observou as práticas dos demais Estados, tampouco se comparou com a realidade de outras unidades da Federação. Solucionou-se com a elaboração de uma planilha resumindo o mais notável no planejamento de cada Estado e com uma tabela comparativa para análise de porte; (b) instrumentos de diagnóstico prévio: inexistência de consulta popular para a elaboração do PGA 2004-2006. A remoção desta deficiência deu-se com uma pesquisa de imagem e satisfação envolvendo 2000 pessoas e instituições na sede das 22 Comarcas — com um erro de 2,19% e um grau de confiabilidade de 95% — no intuito de identificar os principais problemas sociais do Estado e a imagem da sociedade em relação aos serviços prestados pelo MP. No objetivo de confirmar os dados coletados na pesquisa, realizou-se onze audiências públicas para recolher os reclamos da população sobre os problemas levantados na pesquisa. Esta iniciativa resultou em 960 manifestações, que foram todas consignadas durante a feitura do Plano; (c) instrumentos para desdobramento do Plano: o plano anterior se apresenta como uma carta de intenções sem um desdobramento das ações a serem realizados contendo apenas diretrizes para as várias áreas de atuação. Como solução, estabeleceu-se nove diretrizes alinhadas com os principais problemas identificados na pesquisa. Em seguida, desdobrou-se cada diretriz em um número diferente de objetivos de modo a estabelecer um projeto de trabalho a ser executado. O desdobramento das diretrizes conduziu a 118 objetivos. Posteriormente, o desdobramento de cada objetivo resultou em um conjunto de ações práticas cronogramadas mensalmente e com seu executor estabelecido permitindo, desta forma, a composição de uma agenda mensal de atividades a ser executadas em cada órgão; (d) instrumentos de gestão de fatos e dados: apesar de possuir um banco de dados com detalhamento sobre os vários processos em curso no MP há mais de 20 anos, deliberou-se prioridades sem considerar estas informações. Como solução, concebeu-se instrumentos quantitativos para a espacialização dos delitos cometidos no Estado com o objetivo de identificar as zonas de maior periculosidade para uma ação mais incisiva do Poder Público nessas localidades. Pesquisas sobre tempo médio de processos e volume de ações em andamento foram consideradas para uma análise. Análises de sazonalidade e de tendências foram utilizadas para projeções dos índices de criminalidade e do volume em estoque, considerando as técnicas 30 de regressão linear e exponencial; (e) instrumentos para indicadores de desempenho: no plano anterior, não se estabeleceu meta, tampouco indicador de desempenho ou instrumento de controle. Assim, no nível dos objetivos, decidiu-se indicadores para cada um deles com suas respectivas metas. No âmbito das ações, em cada área se acompanhou as realizações observando o grau de execução nas diversas comarcas. Isso permitiu aferir as ações com maior grau de execução, bem como as com maior índice de comprometimento. Como os valores de referência eram as médias praticadas em cada caso, as metas eram dinâmicas e alteravam a cada nova realização elevando os índices automaticamente e aumentando o grau de exigência para com os inadimplentes; (f) instrumentos de acompanhamento da execução: nenhum instrumento foi concebido para acompanhar a realização do PGA 2004-2006. Para corrigir esta carência, diversas ferramentas foram construídas. A mais abrangente serviu para o lançamento das execuções e permitiu avaliar cada órgão, diretriz e objetivo. Relatórios gráficos de execução completavam a tarefa de gerenciamento de modo que as reuniões trimestrais com a alta administração, para acompanhamento da execução, podia identificar os pontos de estrangulamento e as ações que deveriam ser empreendidas para uma elevação do grau de execução. Instrumentos setoriais para acompanhar o envolvimento das promotorias nas respostas às proposituras do plano foram desenvolvidos para cada área respeitando a especificidade de cada uma delas, que não permitia o simples exportar de uma prática sem as necessárias adequações ao contexto de cada uma delas. CONCLUSÕES: é possível, sim, gerenciar a coisa pública, valendo-se das ferramentas do mundo privado. É possível empreender um rumo às organizações do Poder Público de modo que a eficiência passe a ser observada em suas atividades. É possível que uma instituição pública se volte para o cidadão e tenha foco na sua missão constitucional. Para isso, entretanto, ferramentas quantitativas se mostram essenciais e os métodos quantitativos são instrumentos inalienáveis nesse propósito. Assim, a gestão da informação se impõe como tarefa de urgência em todas as organizações públicas e privadas, com maior premência nas primeiras, por lhes faltar a concorrência que possa promover as transformações pela força do mercado. Sem o uso de métodos quantitativos e sem gestão da informação, o PGA do ciclo anterior não avançou restando apenas como um desiderato sem uma estratégia para execução. O ciclo seguinte, valendo de diversos instrumentos quantitativos, alcançou todas as instâncias do Ministério Público do Estado de Rondônia empreendendo uma 31 mudança cultural pela resignificação da informação como instrumento de apoio à tomada de decisão e permitiu, por meio de indicadores de desempenho, aferir a execução dos pleitos das audiências públicas. A criação dos indicadores de desempenho também possibilitou espacializar fenômenos criminológicos, compor histórico do desempenho em cada área e analisar tendências dos processos que cursam na instituição. Isto evidencia que essa ferramenta gerencial pode facilitar sobremaneira o cumprimento da missão do Ministério Público como garantidor de direitos. Todas essas evidências validam o uso da gestão da informação na controladoria do Ministério Público para as suas ações de planejamento. PALAVRAS-CHAVE: Controladoria; Métodos quantitativos; Gestão pública; Planejamento; Gestão da informação. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: CANTO, Jorge Alberto Elarrat. Gestão da informação na controladoria do Ministério Público: um estudo de caso. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov. br/pesquisa/Pesquisa PeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 32 Características de Gestão e do Controle na Fundação Universidade Federal de Rondônia: uma análise de documentos oficiais M.e Ivanda Soares da Silva e Dr. Osmar Siena CONJUNTURA: as instituições federais de ensino superior (IFES), como entidades da administração federal indireta, estão sujeitas ao quadro de transformações imposto pelas propostas de mudanças que o Estado Brasileiro foi submetido devido aos acontecimentos internacionais relacionados aos estados nacionais e suas administrações. A análise de como instituições dessa natureza vêm encarando esta necessidade de mudança oferece a oportunidade para investigar quais as práticas de gestão e controle interno emergem dos documentos produzidos e qual paradigma de administração pública se identifica. Nesse contexto, considerou-se relevante avaliar a trajetória da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) por meio de estudo dos relatórios de gestão e documentos emitidos sobre avaliação de gestão pelo órgão de controle federal, no período de 1990, 1995, 2000 e 2005. Desse modo, trabalhou-se como problema de pesquisa a seguinte indagação: quais as características da gestão e do controle interno federal exercido na Fundação Universidade Federal de Rondônia manifestas nos relatórios de gestão e de controle e suas relações com os paradigmas burocrático e gerencial de administração pública? A abordagem do problema está delimitada no período de 1990, 1995, 2000 e 2005 considerando uma amostra intencional, bem como a relevância da pesquisa abranger desde um período de tempo anterior ao lançamento do plano diretor de reforma do Estado até a sua posterior implantação para permitir o conhecimento das condições identificadas nesses momentos distintos. O trabalho aborda aspectos relativos à gestão e controle numa instituição federal de ensino superior, tendo como cenário o contexto de mudança da administração pública para um modelo gerencial delineado pelo plano diretor de reforma do aparelho do Estado. Enfocando esse prisma, o grande desafio das organizações da administração pública é migrar de uma administração burocrática, com resquícios da herança patrimonialista dos tempos imperiais, para administração gerencial ou pós-burocrática. Não se tem por objetivo entrar no mérito se a administração burocrática é mais apropriada que a gerencial ou não, mas sim, 33 constatar quais as características de gestão e de controle emergem nos registros e documentos oficiais pesquisados. OBJETIVO: identificar as características de gestão e do controle interno federal presentes na UNIR e suas relações com paradigmas de administração pública. SUPORTE TEÓRICO: tendo como ponto de partida o plano diretor de reforma do aparelho do estado formulado em 1995 pelo Ministério da Administração e Reforma do Estado, a pesquisa baseou-se em estudiosos brasileiros entre os quais Bresser Pereira, Spink, Abrucio, e em pesquisadores das mudanças ocorridas em outros países como Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos e de países da América Latina. As mudanças, como conseqüência do descrédito do modelo de intervenção estatal, levou Abrucio (2006, p. 175) a afirmar que “o tipo de Estado que começava a se esfacelar em meio à crise dos anos 70 tinha três dimensões – econômica, social e administrativa – todas interligadas.”. A agilidade de ação que o desenvolvimento econômico exige dos governos e a manutenção de modelos administrativos baseados no modelo burocrático weberiano provoca uma crítica aos Estados. Esse fato parece representar um dos maiores obstáculos às mudanças que visam promover a modificação dos parâmetros de organização do setor público. A tarefa de mudar o setor público não é simples porque não há consenso nem neutralidade nos discursos de defesa das reformas. A partir da proclamação da república, várias reformas no Estado brasileiro tomaram forma preservando aspectos da administração patrimonialista herdada dos tempos do império, o que fez com que a administração burocrática iniciada com o Governo Vargas na década de 1930, cujos traços característicos são a objetividade, eficiência e coerência, sofresse um processo de adaptação e adquirisse uma característica peculiar na administração pública brasileira resultando em uma burocracia com características e valores diferentes da weberiana. O plano diretor de reforma do aparelho do Estado de 1995, pretendendo migrar para uma administração pública gerencial estabeleceu a segmentação das atividades como forma de modernizar a gestão pública e restabelecer a governança do setor público. Nessa proposta, definiu-se atividades específicas para o Estado dividindo-o em núcleo estratégico, atividades exclusivas, serviços não-exclusivos e a produção para o mercado. Entre as atividades consideradas como serviços não-exclusivos do Estado, incluiu-se as universidades, cuja atividade ficou sujeita à publicização e é o tipo de organização pública objeto deste estudo, no caso a Fundação Universidade Federal de Rondônia, sobre a qual foram realizados estudos para 34 identificar as características de gestão e de controle. De acordo com Bresser Pereira (2006), a mudança para um paradigma de administração gerencial requer a definição de mecanismos de controle como elementos norteadores da gestão. No contexto da universidade pública não há consenso sobre o termo controle aplicável a essas organizações dadas as suas peculiaridades, porém a pesquisa realizada utilizou o controle interno exercido pelo Governo sobre as entidades da administração pública federal indireta pela Controladoria Geral da União ao qual estão sujeitas. Esse controle aplicado no âmbito das atividades administrativas convive com o modelo de avaliação de desempenho acadêmico instituído Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior-SINAES, que abrange a avaliação das instituições (auto-avaliação e avaliação externa); dos cursos (reconhecimento e recredenciamento) e do desempenho dos alunos (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes-ENADE). METODOLOGIA: a pesquisa desenvolvida adotou a abordagem qualitativa, caracterizando-se quanto à natureza como descritiva. Em relação aos procedimentos técnicos é bibliográfica e documental, como base para obtenção dos dados relativos à identificação das características de paradigmas de gestão e de controle existentes na Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, com o objetivo de identificar, através de análise temática, as características que possam estar associadas a paradigmas de gestão e controle na Fundação Universidade Federal de Rondônia e está incluída na observação direta extensiva da pesquisa documental. Para o processamento dos dados e aplicação da técnica de análise de conteúdo utilizouse o software NVIVO 8 (free trial), que é um programa orientado para a análise de dados qualitativos (CAQDAS) como ferramenta informacional. RESULTADOS: Por meio do relatório Node Summary do programa NVIVO 8 identificou-se a freqüência das características de paradigmas de gestão e controle representadas pelos nós da árvore (tree nodes). Em relação ao paradigma de administração burocrática, a freqüência absoluta das referências codificadas resultantes da aplicação da análise de conteúdo utilizando o software NVIVO 8 demonstrou que: (a) o exercício de 1990 apresentou a maior freqüência dessas características, sendo a de maior incidência o item “Processo de gestão: padronização e formalismo”; (b) 1995 teve como destaque a característica “Estratégia ou instrumento de gestão: obediência à regra estatuída”; (c) em 2000 a maior incidência foi “Competência: cumprir normas”; e (d) em 2005, aparece a característica “Estratégia ou instrumento de gestão: hierarquização”. Quanto 35 ao paradigma de administração gerencial, percebe-se que há registro das características do paradigma com média inferior aos números absolutos apresentados pelas características de administração burocrática, conforme se apresenta a seguir: (a) no exercício de 1990, considerando a baixa presença, mas não inexistência, de características do paradigma de administração gerencial, a maior incidência ocorreu para o item “Pressuposto: participação; (b) em 1995, o destaque registrado refere-se a “Estratégia ou instrumentos de gestão: revitalização da gestão pública”; (c) em 2000, as características mais freqüentes constam nos itens: “Orientação: Eficiência”; e (d) no exercício 2005, registra-se o item “Estratégia ou instrumento de gestão: fortalecimento da capacidade de gestão de políticas públicas” com maior freqüência. A análise das freqüências de características do paradigma de controle burocrático indicou que: (a) no exercício de 1990 a característica mais freqüente foi o “Critério de verificação: legalidade dos procedimentos”; (b) em 1995, ocorreu uma situação peculiar específica: a realização de uma auditoria operacional na área de recursos humanos, cujo relatório foi incorporado ao relatório de auditoria de gestão do exercício. Como freqüência mais relevante obteve-se “Critério de verificação: legalidade dos procedimentos”; (c) a maior freqüência registrada no exercício de 2000 nessa dimensão correspondeu aos itens “Paradigma: controle de procedimentos” e “Critério de verificação: legalidade dos procedimentos”; e (d) em 2005, a ocorrência relevante consta no item “Critério de verificação: legalidade dos procedimentos”. As características do paradigma de controle gerencial que emergiram dos relatórios apresentaram: (a) no exercício de 1990, a maior freqüência refere-se ao item “Responsabilidades: avaliar a gestão dos administradores e resultados alcançados para comprovar a legalidade”; (b) em 1995, a ocorrência com maior presença registrada o item “Responsabilidades: avaliar a gestão dos administradores e resultados alcançados para comprovar a legalidade”; (c) em 2000, a maior freqüência ocorreu no item “Responsabilidades: orientar administradores de bens e serviços públicos”; e (d) no exercício 2005, a principal ocorrência se registrou no item “Responsabilidades: orientar administradores de bens e serviços públicos”. CONCLUSÕES: pela análise geral dos resultados presentes nos documentos verifica-se o registro da diminuição das características dos paradigmas de gestão e controle burocrático com um aumento gradativo das características gerenciais de ambos até o exercício de 2000. Porém, em 2000 e 2005, os resultados das características tanto de gestão como de controle gerencial apresentaram uma redução, ao mesmo tempo em que houve um aumento das características 36 burocráticas. Tal constatação representa, aparentemente, a formação de um novo paradigma a partir da necessidade de manutenção de características de gestão burocrática presentes, com elevada freqüência em todos os exercícios, associadas às características de gestão gerencial originadas de características burocráticas, cuja presença representa um peso diferente no novo paradigma. PALAVRAS-CHAVE: administração pública; gestão pública; controle interno; universidade; análise de conteúdo. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: SILVA, Ivanda Soares de. Características de gestão e do controle na Fundação Universidade Federal de Rondônia: uma análise de documentos oficiais. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www. dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E 4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 37 Planejamento Estratégico do PJRO: um estudo da perspectiva sociedade a partir da percepção do usuário para melhoria dos seus serviços M.e Rosemeire Moreira Ferreira e Dr. Haroldo Cristóvam Teixeira Leite CONJUNTURA: a prestação jurisdicional é atividade exclusiva do poder judiciário. Este órgão ganhou evidência a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, na qual foi assegurada sua autonomia administrativa e financeira. Por outro lado, o Judiciário é visto como um sistema moroso na prestação do serviço público, fato decorrente da incompatibilidade estrutural entre sua arquitetura e a realidade socioeconômica onde tem que atuar. A realidade brasileira é caracterizada por situações de miséria que negam o princípio da igualdade perante a lei, impedem o acesso de parcelas significativas da população aos tribunais e comprometem a efetividade dos direitos fundamentais pelo aumento do desemprego, da criminalidade urbana oriunda dos setores sociais excluídos da economia formal, para os quais a transgressão se converteu em uma possibilidade de sobrevivência e por um sistema legal incoerente, fragmentário e incapaz de gerar previsibilidade das expectativas, dada a abundância de leis devido aos casos específicos e conjunturais, além do excesso de normas singelas para situações altamente complexas (FARIA, 2004). As principais causas da lentidão da justiça são decorrentes da explosão de processos; do número deficiente de juízes de primeiro grau; da forma inadequada de recrutamento dos juízes; do desaparelhamento do apoio administrativo no primeiro grau; das leis processuais: formalismo excessivo e o sistema irracional de recursos. Além dessas causas, a instituição se depara com escassez de recursos materiais, deficiências na infra-estrutura, conjunto de problemas relacionados à esfera legislativa e os ritos processuais (SADEK, 2004). Para combater a morosidade e promover a celeridade na prestação jurisdicional, promoveu-se uma reforma no judiciário por meio da Emenda Constitucional nº 045/2004, que trouxe novas ações para a modernização do poder. No campo da gestão administrativa, técnicas da iniciativa privada começam a ser importadas com vistas à melhoria dos serviços finais, tais como as mudanças no modelo de gestão. Para gerenciar esse processo de modernização 38 do judiciário, criou-se o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tem entre as suas atribuições o planejamento estratégico da instituição em âmbito nacional. Nas palavras de Mendes (2008, p. 1), a estrutura processual e administrativa é um desafio a ser enfrentado a partir da perspectiva do planejamento estratégico de todos os tribunais, a ser coordenado pelo CNJ, com fins de dirimir o problema da lentidão processual, aumentar a transparência e o acesso dos cidadãos à prestação jurisdicional. O poder judiciário de Rondônia (PJRO) consolida sua modernização com a elaboração e a implantação de um Planejamento Estratégico no ano de 2007, que prioriza as ações para o alcance dos objetivos estratégicos e o alinhamento desses com as metas e indicadores dos diversos planos de ações, viabilizando a atuação coordenada das unidades organizacionais que compõem o Judiciário. O plano está formatado em quatro linhas de atuação: (a) sociedade; (b) processos internos; (c) orçamento; e (d) capital humano e crescimento organizacional. A sociedade é o usuário final da prestação jurisdicional, nesse sentido, torna-se necessário identificar que necessidades os usuários manifestam priorizando as ações para a melhoria dos serviços judiciários do PJRO. OBJETIVO: identificar as ações, sob a perspectiva dos usuários, necessárias à melhoria dos serviços judiciários. SUPORTE TEÓRICO: conforme Guazzi (1999), a satisfação do usuário requer o conhecimento de suas necessidades, sendo imperativa sua participação na identificação e definição das ações que serão realizadas para a melhoria dos serviços prestados. A administração pública, em sintonia com as mudanças no contexto global e as exigências da sociedade, no sentido objetivo, define-se como uma atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos, já no sentido subjetivo corresponde ao conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas cujo exercício da função administrativa do Estado é atribuído por lei (SANTOS 2003, p. 127). Ao longo dos anos, o setor público passou por três modelos de gestão: o patrimonial, o burocrático, até chegar ao modelo atual e o gerencial. No primeiro modelo, os cargos públicos eram considerados como prebendas, o patrimônio público não se diferenciava do patrimônio privado, prevalecia a corrupção e o nepotismo (SANTOS, 2003). O modelo burocrático surgiu para combater as deficiências do patrimonial. A burocracia privilegiava a divisão do trabalho especializado, a hierarquia como propulsora da eficiência, a padronização, a impessoalidade, a meritocracia, o contrato, a carreira e a aposentadoria do servidor público. 39 Contudo, esse modelo apresentou muitas disfunções que acabaram por resultar em uma conotação pejorativa do termo burocracia: exagero apego às regras e regulamentos; conflito entre as regras formais e informais; papelada; ritualismo; lentidão; resistência à mudança; impessoalidade no relacionamento entre os membros da organização; atrito com o público; posição hierárquica como base no processo decisório, independentemente da competência do ocupante do cargo; e exibição de sinais de autoridade (VERGARA, 2004). O terceiro modelo surgiu na década de 1990, quando se compreendeu que o maior desafio da administração pública era de natureza gerencial, dessa forma, buscou-se um modelo de gestão com foco em resultados e dirigido para o cidadão, com vistas a orientar as organizações para a transformação gerencial e permitir avaliações comparativas de desempenhos entre as diversas organizações públicas e estrangeiras, e até mesmo com as do setor privado. Materializa-se esse modelo a partir do plano diretor da reforma do Estado, em 1995, com a mudança da administração baseada em um modelo burocrático para se apoiar num modelo gerencial: a administração por resultados, caracterizada por estratégias de gestão tendente a reduzir o tamanho da máquina administrativa e com isso aumentar a eficiência nas atividades imprescindíveis à atuação do Estado. Também na década de 1990, surge a preocupação com a qualidade na prestação dos serviços públicos. Atualmente, vigora o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA, que tem a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão e para o aumento da competitividade do país. Para Matias-Pereira (2007), as mudanças são resultados da revolução tecnológica e de gestão e todos os esforços empreendidos para a obtenção de resultados estão ligados ao planejamento, que no setor público tem como propósito definir objetivos para o futuro e os meios para alcançá-los, de forma que as transformações realizadas sejam decorrentes do resultado das decisões geradas por alguns ou todos os seus habitantes (SALDANHA, 2006). Nesse sentido, as deliberações governamentais não podem ser regidas pelo improviso, ao contrário, exige-se, cada vez mais, a definição de rumos sustentáveis, seja a médio ou a longo prazo para atender as necessidades da sociedade. Para Saldanha (2006), o planejamento governamental apresenta três dimensões que devem ser mantidas em equilíbrio para que os objetivos tornem-se viáveis, os recursos suficientes e a estrutura mais adequada e flexível: (a) os objetivos: que correspondem as intenções da instituição; (b) os recursos: orçamentários e financeiros; e a estrutura organizacional: estrutura formal da instituição com recursos humanos e materiais. Com a reforma da administração pública, o planejamento ganhou 40 nova ênfase, principalmente no que se refere à gestão estratégica, bem comoé possível detectar as técnicas da iniciativa privada cada vez mais adotadas no contexto do setor público para que o planejamento seja mais realista, passível de realização e mensuração. Contudo, o que ainda carece de atenção é a forma como a sociedade se insere no processo de planejamento. Muito se discute em relação ao planejamento participativo, mas essa prática não é adotada comumente. No âmbito do estado de Rondônia, são raras as medidas adotadas para inserir a sociedade no contexto da definição dos planos, programas e ações de seu interesse. Atendo-nos ao Poder Judiciário, a proposta é mais incomum, não sendo praticado este procedimento pedagógico. Para tal propositura, apresenta-se o método do Desdobramento da Função Qualidade (QFD) que surgiu na década de 60, no Japão, no contexto do Controle da Qualidade Total (TQC), com o objetivo de gerar satisfação, como em clientes, funcionários, comunidade e a sociedade como um todo (CHENG E MELO FILHO, 2007). O QFD não é uma ferramenta de qualidade, apesar de trazer a melhoria da qualidade, corresponde a uma ferramenta de planejamento poderosa; é um sistema que traduz as necessidades do usuário em apropriados requisitos para a organização do estágio inicial até a entrega do produto ao usuário final (EUREKA E RYAN, 2003). O método é operacionalizado por meio de matrizes, sendo a matriz mais utilizada a casa da qualidade. Essa matriz, além de estar presente em todas as versões do QFD, inicia todos os desdobramentos. Para Peixoto e Carpinetti (2006, p. 22), todas as matrizes do QFD apresentam grande familiaridade com a matriz da casa da qualidade que “[...] é a ferramenta básica do QFD. Alguns autores, inclusive, descrevem apenas a matriz da qualidade em seus trabalhos, muitas vezes (mas não obrigatoriamente) adaptada e aplicada em situações específicas”. METODOLOGIA: utilizou-se, neste trabalho, o método de abordagem qualitativa com enfoque exploratório, para alcançar os objetivos previamente estabelecidos, pois se propõe descobrir variáveis significativas na situação atual além de propor melhorias futuras. O aprofundamento das opiniões dos entrevistados quanto as necessidades se deu por meio de um questionário com perguntas abertas. A técnica de amostragem se classifica como nãoprobabilística, sendo a determinação da quantidade de elementos para realização da pesquisa classificada em uma amostra intencional. RESULTADOS: a sociedade é usuária do serviço judiciário ao dirimir questões em que se sintam prejudicados de alguma forma. Contudo, não é o indivíduo (a 41 pessoa física) que impetra as ações, mas seu representante, seja por meio de uma instituição (ONG, associações, órgãos públicos, sindicatos, entre outros) seja por meio de advogados. Neste trabalho, os usuários selecionados foram às instituições que representam a sociedade, quais sejam: Associação Comunitária de Defesa do Meio Ambiente, do Consumidor, dos Direitos Humanos, do Patrimônio Público, da Moralidade e de Pessoas com Necessidades Especiais – Cidade Verde; Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CDCA; Comissão Justiça e Paz - (CJP); Ordem dos Advogados do Brasil – OAB; Programa Estadual de Defesa do Consumidor - PROCON; Defensoria Pública; Casa da Cidadania - primeira Titularidade – Defesa dos Direitos do Idoso e do Deficiente. Como resultado da aplicação do QFD, obteve-se que os usuários dos serviços judiciários podem perfeitamente participar do processo de definição das ações a serem realizadas para a melhoria da prestação jurisdicional. Foram identificadas pelos usuários seis ações que atendem as suas necessidades e promovem a celeridade e a qualidade na prestação jurisdicional. São elas: capacitar servidores; maior agilidade nos julgamentos dos processos; ampliar a prestação jurisdicional; otimizar e melhorar as informações pela internet; maior transparência; e melhorar a infra-estrutura física. Reunindo esses critérios com as ações definidas no planejamento estratégico da instituição, elaborou-se a matriz da qualidade posibilitando a verificação de quais os itens prioritários que a instituição deve realizar na percepção do usuário. Dessa forma, em um contexto onde o judiciário é considerando um sistema fechado e lento, a necessidade de conhecimento da instituição, ou seja, a transparência e a acessibilidade são as prioridades máximas definidas pelos usuários. CONCLUSÕES: a casa da qualidade proposta e sua aplicação revelaram que a utilização da ferramenta desdobramento da função qualidade (QFD) no planejamento se mostrou um método com a capacidade de incluir o usuário do serviço judiciário na formatação do planejamento estratégico da instituição, contribuindo, dessa forma, para a melhoria dos serviços, uma vez que a priorização das ações a serem realizadas referem-se aquelas mais prementes na sociedade. De outra forma, a visão do planejamento deixa de ser somente institucional, a participação passa a ser uma prática real no contexto do Judiciário. A proposta do método visa desencadear mudanças na instituição, pois permitirá desdobrar os desejos e necessidades dos usuários em itens que podem ser padronizados e aprimorados, contribuindo para a melhoria e o aumento da qualidade dos serviços prestados. Foi constatada também a insatisfação quanto ao atendimento prestado no balcão pelas diversas classes de servidores. Na 42 identificação dos elementos prioritários para a melhoria dos serviços judiciários, em razão da instituição ter realizado seu plano estratégico, os itens foram selecionados tendo como base as ações estratégicas definidas para a melhoria dos serviços. Por meio da aplicação do questionário, os usuários expressaram suas reais impressões com os serviços prestados, contribuíram com sugestões positivas e negativas sobre o Poder Judiciário, o que além de identificar as suas necessidades, serve de alerta para a instituição. Analisando a matriz da qualidade observou-se três necessidades prementes: (1) promover a imagem e o funcionamento do PJRO perante a sociedade; (2) melhorar o atendimento prestado ao usuário; e (3) ampliar o campo de atuação da justiça digital. Dentre os aspectos de comprovação da utilização do QFD se destacam: (a) o uso da ferramenta é perfeitamente cabível no planejamento participativo; (b) por meio da elaboração das matrizes de relação e correlação, fica transparente para a instituição priorizar quais ações devem ser implementadas para atender as necessidades mais prementes dos usuários. Para estudos futuros recomenda-se a elaboração de outras matrizes do QFD desenvolvidas para o setor de serviços e a partir da matriz da qualidade estabelecer indicadores de mensuração, bem como a utilização do método no alinhamento entre as prioridades e planos de ação; recomenda-se, ainda, a utilização do QFD na construção do planejamento estratégico desde sua fase inicial; como ferramenta para avaliar o grau de satisfação do usuário e para determinar o grau de satisfação dos servidores da instituição (usuários internos). PALAVRAS-CHAVE: organização e administração pública; qualidade e planejamento estratégico; poder judiciário; desdobramento da função qualidade; casa da qualidade. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: FERREIRA, Rosemeire Moreira. Planejamento estratégico do PJRO: um estudo da perspectiva sociedade a partir da percepção do usuário para melhoria dos seus serviços. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodico Form.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 43 Função Ativa da Avaliação Institucional: um Estudo Sobre o Processo de Auto-Avaliação na Unir M.e Rita de Cássia Ramalho Rocha, Dr. Jorge Luiz Coimbra Oliveira e Dra. Maria Berenice Alho da Costa Tourinho CONJUNTURA: o sentido da educação superior e o papel das universidades tem sido objeto de profundas discussões no âmbito acadêmico e das políticas sociais e, invariavelmente, permanece permeado por muitos conflitos. As teorias hegemônicas sobre a crise da universidade brasileira apontam para uma profunda crise de identidade social, agravada pelas mudanças nas políticas de educação vigentes. A partir dos anos 90, de maneira mais efetiva, a educação superior passa a integrar interesses políticos de reestruturação do ensino, movidos pela tendência às ações que visam à reforma do Estado sob a influência do modelo administrativo neoliberal e declínio do Estado de Bem-Estar. Nesse período, destacam-se alguns documentos importantes, tais como: World Declaration on Higher Education for the Twenty-first Centure: Vision and Action and Framework for Priority Action for Change and Development in Higher Education, que resultou da conferência da UNESCO e The Financing and Management of Higher Education: a status reports on worldwide reforms, decorrente de estudo do Banco Mundial, ambos desenvolvidos em 1998. De maneira análoga à orientação do Banco Mundial referenciada neste estudo, as propostas atuais para reforma do ensino superior no Brasil sugerem mais racionalidade e pragmatismo. A avaliação institucional integra as ações de reformas da educação superior permitindo uma compreensão global da universidade e, desta forma, norteando as ações de melhorias necessárias à instituição. Considerando o AVALIES como o atual modelo de avaliação e ferramenta de controle do Ministério da Educação do Brasil e ciente de que as decisões em uma universidade obedecem a dinâmicas e procedimentos diferenciados, sobretudo na forma de colegiados, o referido trabalho orientouse como corolário de investigação para responder à seguinte pergunta: existem mudanças na gestão da UNIR decorrentes do processo de avaliação institucional? OBJETIVO: analisar o processo de autoavaliação institucional na UNIR desenvolvido no ano de 2006, em sua função ativa, a partir da percepção dos 44 gestores da universidade sobre a existência de relação entre as metas resultantes do processo de autoavaliação e ações de mudanças correspondentes. SUPORTE TEÓRICO: para uma melhor compreensão do contexto e elementos da avaliação institucional, desenvolveu-se estudo sobre a ideologia pragmática permeiada na educação superior (SGUISSARDI, 2000) em que as políticas para educação seguem orientações racionais e modelos que visam aumentar a eficácia e a efetividade do ensino, seguindo o modelo gerencial aplicado à reforma do Estado (OSBORNE e GABLE, 1994). Predominam na literatura, as concepções que ressaltam as limitações e disfunções das mudanças aplicadas ao ensino superior a partir de uma orientação baseada na racionalidade e eficiência, semelhantes à lógica dos mercados (CHAUÍ, 2001). Embora se reconheça que situações críticas são sempre salutares por representar capacidades opostas de propor o novo, instala-se uma preocupação em relação à descontinuidade das propostas de avaliação institucional no Brasil, revelando dinâmicas que não permitem definir um modelo hegemônico de avaliação. A evolução histórica da avaliação institucional, no Brasil, enquanto processo sistemático das instituições de ensino superior, é marcado por descontinuidade e variação dos modelos de avaliação, considerando-se o período pelo qual a avaliação vem sendo aplicada de forma sistemática. A avaliação começa a ser consolidada enquanto prática sistemática e se estabelece como instrumento de gestão consistente e global a partir da década de 90, mediante iniciativas de avaliação desenvolvidas por instâncias como: Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES, Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais – ABREUEM – e dos diversos Fóruns de Pró-Reitores de Graduação e Planejamento. Diferentes programas de avaliação se desenvolvem desde esse período: o Programa de Avaliação da Reforma Universitária – PARU, o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB, o Exame Nacional dos Cursos – ENC – (Provão) e, mais recentemente, o modelo de avaliação institucional vigente, AVALIES, que integra o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior – SINAES. Essa realidade sugere o acompanhamento histórico das distintas propostas de reforma do ensino superior apresentando contradições evidentes em seus princípios norteadores: seja em defesa da educação como bem público ou revelando propostas que atendem à lógica de mercado na perspectiva de que são orientações que não convergem para uma mesma finalidade. Seguindo a orientação teórica de que a avaliação deve gerar efeito transformador, interferindo nas decisões políticas da universidade em função dos seus resultados (BALZAN e SOBRINHO, 2005), a função ativa da avaliação institucional se relaciona diretamente à institucionalidade do processo avaliativo, passando a integrar as questões e os ordenamentos da 45 universidade. A teoria da burocracia profissional (MINTZBERG, 1995) permite a compreensão das complexas relações de poder estabelecidas nas universidades, onde a lógica racional que constitui a base da burocracia (WEBER, 1982) assume novos formatos organizacionais. METODOLOGIA: para a realização deste estudo, utilizou-se como método de pesquisa a abordagem quanti-qualitativa através de estudo de caso único na Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. O procedimento de coleta de dados envolveu pesquisa bibliográfica e pesquisa descritiva cuja amostra foi selecionada aleatoriamente, sendo definido 65% da população geral a ser pesquisada, com nível de confiança de 95%. Utilizou-se um questionário contendo três dimensões de investigações sobre a avaliação institucional e o processo de auto-avaliação na UNIR como instrumento de pesquisa. RESULTADOS: os resultados demonstram que os gestores da universidade são, em sua maioria, professores e pesquisadores com formações diversas e sem formação em gestão. Nos últimos dois anos, período subseqüente ao processo de auto-avaliação da UNIR, houve elevada rotatividade dos ocupantes dos cargos de gestão. A maioria dos gestores está no cargo há menos de dois anos e isso deve interferir no desconhecimento do processo de autoavaliação institucional. O envolvimento dos gestores no processo de autoavaliação, e seu conhecimento sobre as atividades da Comissão Própria de Avaliação que coordena o processo avaliativo, revelam considerável distanciamento desses em relação à avaliação. Contraditoriamente, os mesmos gestores que desconhecem a avaliação afirmam ser uma ferramenta para a autoconsciência institucional e de prestação de contas da universidade à sociedade. Embora considerem legítimo o processo de autoavaliação na UNIR, desconhecem os seus resultados e o relatório de autoavaliação. Mesmo assim, acreditam na inconsistência dos resultados. Os gestores consideram relevante a discussão do relatório de autoavaliação nos diversos segmentos da universidade, mas não compartilharam esse documento em seus setores, assim como os resultados da avaliação institucional não pautam as suas decisões. Os gestores não associam mudanças na universidade que sejam decorrentes da avaliação desenvolvida no ano de 2006. CONCLUSÕES: os indicadores de desempenho da educação, sobretudo das universidades federais, devem atender à exigência da administração pública de prestar contas à sociedade sobre as responsabilidades assumidas promovendo as ações de accountability, promovendo uma nova forma de gestão, mais flexível e 46 sintonizada com as necessidades do mercado. Nesse contexto, a avaliação assume um posicionamento central como ferramenta de controle. Acredita-se que a trajetória em direção às medidas e indicadores de desempenho na educação superior deva absorver o dinamismo e complexidade do universo acadêmico e, portanto, deva distanciar-se das generalizações e decisões verticalizadas, movidas essencialmente por determinação legal. Inclusive porque esse estudo sugere que o poder legal instituído hierarquicamente pelo MEC não segue padrões previsíveis nas universidades. O gestor que ocupa postos de mando estratégicos na universidade, comumente, é também professor e pesquisador, predominando as decisões ligadas ao poder da perícia. Parece faltar à UNIR uma cultura sólida de avaliação contribuidora ao aprimoramento e planejamento das suas ações, o que só será possível quando os sistemas de avaliação forem institucionalizados. Deve-se reconhecer que a universidade não produz “produtos” prontos e acabados, e que, portanto, necessita de sistemas específicos de medição. Todas as ações da avaliação institucional, no sentido de consolidar um “retrato” da instituição, sugerem não ter passado de uma ação burocrática que permaneceu distante de resultados efetivos. Inicialmente havia uma expectativa de influência da avaliação institucional desenvolvida no ano de 2006 sobre o planejamento dos gestores em suas decisões gerenciais. Entretanto, não foi identificada relação existente entre as metas resultantes do processo de autoavaliação e ações de mudanças efetuadas pelos gestores a partir do processo avaliativo. São diversas as suposições acerca dos motivos contribuidores à falta de consolidação da avaliação institucional através da sua função ativa. Há de se desenvolver novas investigações que contribuam para o aprofundamento dos estudos sobre avaliação institucional fornecendo mais subsídios para compreensão do processo de avaliação institucional na Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. PALAVRAS-CHAVE: educação superior; sistemas de avaliação; avaliação institucional; mudanças; gestão universitária. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: ROCHA, Rita de Cássia Ramalho. Função ativa da avaliação institucional: um estudo sobre o processo de auto-avaliação na UNIR. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A 7C7A91F85 47 ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES EMPRESARIAIS Traços Organizacionais e os Desafios à Autoperpetuação: Análise da Trajetória de Crescimento de um Grupo Varejista em Porto Velho-RO M.e Fabrício Fernandes Mamanny e Dr. João Vicente André CONJUNTURA: após 1981, ano de criação do estado de Rondônia, a recém criada unidade da federação passou por mudanças ambientais significativas até o início da década de 1990, época na qual o ciclo do ouro entra em declínio e a abundância de outrora é substituída por uma escassez significativa. O setor comercial de Porto Velho parecia despreparado para as dificuldades de mercado. Tal ambiente, entretanto, estimulou a instalação de empresas provenientes do interior, onde os empresários estavam acostumados com um mercado mais difícil. Com isso, o comércio portovelhense foi estimulado, primeiro por inovações proporcionadas pelos novos empreendedores, em seguida, pelo advento do Plano Real, o qual trouxe um ambiente de estabilidade econômica a longo prazo. Nesse contexto, se desenvolveu a trajetória de crescimento de um grupo varejista com quatorze lojas na cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, na região norte do Brasil, e possui destaque entre os empreendimentos que iniciaram suas atividades pequenas e superaram os desafios de crescimento. O grupo, o qual foi chamado de Alpha, surgiu a partir da vinda de lojistas de Cacoal, interior de Rondônia, para Porto Velho no sentido de entrar no mercado de confecções. A partir dos bons resultados da primeira loja, ocorreu a expansão para outros ramos, zonas comerciais e cidades. O Grupo Alpha apresentou três fases históricas que se diferenciam em razão das formas como os desafios de crescimento foram tratados. O grupo demonstrou uma forte propensão inicial ao crescimento saudável motivado pelo empreendedorismo que colocava o grupo em posição de destaque no mercado. Todavia, conforme a empresa cresceu, os pequenos problemas dos primeiros anos se agravaram e atrapalharam as expansões e, dessa forma, os próprios diretores decidiram não abrir mais lojas até organização e suficiência do grupo. Segundo o modelo de traços organizacionais, são as respostas recorrentes das empresas aos desafios de crescimento que formam traços característicos, os quais sugerem a propensão da empresa ao sucesso ou insucesso no longo prazo. 51 A teoria sugere que, em geral, esses traços se formam nos primeiros anos de existência da firma. Anteriormente à presente pesquisa, aplicou-se o modelo de traços organizacionais em empresas, geralmente, de capital aberto, grande porte e mais de cinqüenta anos de existência. No entanto, empresas de capital fechado, menor porte e em seus primeiros anos também podem apresentar traços característicos indicadores da sua propensão a longo prazo. Ainda, quanto mais cedo a trajetória de crescimento for entendida mais facilmente podem ser melhorados ou corrigidos. Nesse sentido, o caso do Grupo Alpha fornece informações suficientes para a análise da trajetória de empresas que nascem pequenas e, em função do crescimento, enfrentam os desafios da passagem para porte médio e/ou grande. OBJETIVO: analisar a trajetória de crescimento do Grupo Alpha à luz do modelo de traços organizacionais verificando sua propensão à autoperpetuação ou autodestruição organizacional. SUPORTE TEÓRICO: no âmbito dos estudos sobre longevidade se destaca Fleck (2004), que analisou a trajetória de duas grandes empresas do setor energético mundial: General Eletric e Westinghouse. A análise comparativa da autora detectou comportamentos persistentes de cada empresa no decorrer de doze décadas, porém sistematicamente diferentes entre si. Os comportamentos da General Eletric sugerem traços voltados para a autoperpetuação, enquanto os traços da Westinghouse sugerem uma tendência à autodestruição. A autora identificou traços que se desenvolveram nos anos de formação das empresas e se replicaram durante a trajetória. Três traços orientados aos negócios foram identificados: o espírito empreendedor, os motivos de crescimento e a abordagem da mudança. Adicionalmente, identificou-se quatro traços organizacionais: a diversidade, os conflitos das prioridades, a complexidade e as necessidades de talentos gerenciais. De acordo com os resultados empíricos da pesquisa, o cultivo da propensão organizacional à autoperpetuação é afetado por traços organizacionais desenvolvidos desde cedo. Tais idéias foram desenvolvidas no artigo de Fleck (2005) Building up Capabilities for Sustained Corporate Growth, no qual a autora relata que o conjunto de capacitações desenvolvidos pela empresa forma um arquétipo de autoperpetuação ou de autodestruição. Fleck (2005) sustenta que a sobrevivência organizacional é um indicador de sucesso a longo prazo apenas se esta coexistir com uma alta performance sustentável. Em Fleck (2006), as idéias de Building up capabilities for sustained corporate growth foram aprimoradas e resultaram nos dois 52 processos associados ao crescimento e desenvolvimento das empresas: o crescimento contínuo e a preservação da integridade. Segundo a plataforma teórica de Fleck (2006), existem condições necessárias que servem de requisitos para passos posteriores rumo ao sucesso de longo prazo. O modelo demonstra um fluxo que resulta no sucesso de longo prazo, o qual possui duas condições necessárias (CN): o crescimento organizacional e renovação e a integridade organizacional. Esses dois fatores se desenvolvem a partir da existência de folgas supridas por mecanismos de reforço que geram novas folgas. O crescimento organizacional e renovação tem com CN os desafios do empreendedorismo e navegação no ambiente. Por outro lado, a integridade organizacional se desenvolve a partir das respostas aos desafios de formação de recursos humanos e da diversidade. Todos os demais desafios são influenciados pela forma como a empresa soluciona seus problemas e sistematiza informações, o que é tratado pelo desafio da complexidade. Ainda, os mecanismos de reforço do crescimento organizacional e renovação influenciam a integridade organizacional e viceversa. Para cada um dos desafios existem escalas que formam arquétipos de sucesso ou fracasso, tal como proposta em Fleck (2006). Portanto, o modelo sugere a existência de traços organizacionais formados pelo conjunto de respostas das empresas aos desafios do crescimento, que podem indicar propensão à autodestruição ou à autoperpetuação. METODOLOGIA: entendeu-se que devido ao caráter exploratório e descritivo da pesquisa, as perguntas como e porquê são as mais adequadas à consecução do objetivo. Para tanto, necessitou-se mesclar a estratégia histórica e o estudo de caso. A primeira por focar em situação do passado e o segundo por focar em eventos contemporâneos, ambos necessários para construção de trajetórias históricas. A coleta de dados ocorreu através de uma única fonte secundária, o sítio na internet do grupo, de onde se obteve informações sobre as bandeiras existentes e antigas, as mudanças das lojas e suas reformas, bem como notícias recentes sobre o grupo. No entanto, a principal fonte de informações foram as entrevistas realizadas com proprietários, gerentes, subgerentes, compradores e vendedores. As entrevistas foram focadas na construção da história evolutiva do Grupo Alpha. Para tanto, foram realizadas entrevistas com pessoas chave na trajetória da empresa. Com a devida permissão dos proprietários do Grupo Alpha, realizou-se quatorze entrevistas. Uma prática comum do grupo é a passagem de gerentes e subgerentes por várias lojas do grupo ao longo da carreira. Com isso, a pesquisa conseguiu abranger pessoas que presenciaram o crescimento de cem por cento das empresas do grupo. Dentre as entrevistas, 53 treze foram gravadas e resultaram em quatrocentos e cinqüenta e um minutos de gravação. Apenas uma entrevista, com um dos proprietários, realizou-se com anotações em papel combinada com respostas por e-mail. Era pedido ao entrevistado que contasse sua história da empresa, o que o deixava à vontade e provocava novas questões. Em todas as entrevistas o entrevistador seguiu um roteiro com os seguintes temas: solução de problemas, sistemas de informação, desafios enfrentados, momentos marcantes, capacitação, visão a respeito do crescimento do grupo, motivos de expansão e desafios futuros. Solicitou-se apenas aos proprietários e à gerente de marketing a dividissem da história da empresa em fases. Primeiramente, realizou-se a transcrição das entrevistas gravadas para o computador. Todas as transcrições foram realizadas pelo pesquisador, no sentido de se aprofundar no conteúdo das entrevistas e, possivelmente, iniciar a geração de insights. Em seguida, apresentou-se essas transcrições aos entrevistados no sentido dos mesmos confirmarem as informações ali contidas. Alguns entrevistados fizeram algumas alterações em sua transcrição e a maioria confirmou o conteúdo. Com isso, aumentou-se o grau de confiabilidade dos dados e reduziu-se substantivamente a subjetividade na interpretação dos dados. Adiante, retirou-se das transcrições e das fontes secundárias todos os eventos que caracterizem respostas da empresa aos desafios de crescimento, tais eventos foram denominados fatos/respostas e, em seguida, organizados em planilhas no software Microsoft Excel com forma de preparação para análise. RESULTADOS: a predominância do empreendedorismo voltado para a autoperpetuação ocorreu durante a fase 1, os primeiros anos de existência do grupo, nos quais foram identificadas uma série de inovações no comércio local. As lojas do Grupo Alpha foram as primeiras a utilizar vitrines, expositores, arcondicionado, piso branco e iluminação forte. Os empreendedores aproveitaram as oportunidades de mercado através de inovações constantes e consolidaram rapidamente suas lojas. Existem, duas formas de navegar no ambiente do Grupo Alpha. Em relação aos clientes e aos funcionários ela é ativa. Para os clientes a empresa se mantém atenta às tendências de moda e inovações de mercado de maneira que sua imagem garanta sucesso em promoções e credibilidade no relacionamento. Para os funcionários existem ações voltadas para o lado social mediante benefício ao transporte e alimentação, bem como a correção com obrigações trabalhistas. As declarações dos funcionários comumente demonstraram um sentimento de bem estar ao trabalhar no grupo. O desafio da diversidade foi o mais representativo no caso do Grupo Alpha. 54 Identificou-se 42 fatos/respostas ligados a este desafio durante toda a existência do grupo com predominância de ocorrências na fase três. O pólo da autodestruição (AD) é aquele com ações voltadas à fragmentação e o pólo da autoperpetuação (AP) é aquele voltado à integração, favorecendo à integridade organizacional de Selzinck (1957). De fato, apesar da manutenção da identidade organizacional, o aumento da diversidade gerou a perda de algumas características integradoras. Segundo os proprietários, o atendimento ao cliente já foi melhor dentro do Grupo e hoje é motivo de preocupação. Também diminuíram hábitos de confraternização antes da abertura de lojas, o que demonstra os efeitos das diferenças no comportamento organizacional. O desafio da formação de recursos gerenciais apresentou o menor número de fatos/respostas registrados, apenas oito: um na primeira fase e sete na terceira. A história da empresa permitiu observar que a escolha entre os melhores vendedores, na mioria das vezes, para os cargos gerenciais baseou as contratações em elementos como confiança e responsabilidade. Ao passo que o desafio da gestão da diversidade obteve o maior número de fatos/respostas voltados ao pólo da autoperpetuação, o desafio da gestão da complexidade, o segundo mais representativo, obteve o maior número de fatos/respostas voltados para a autodestruição. Constatou-se a profissionalização como um dos desafios ao crescimento das empresas a partir dos dados coletados para esta pesquisa. O caso do Grupo Alpha apresenta um conjunto de empresas que nasceram pequenas e são novas ainda. Adicionalmente, o grupo conta com familiares em cargos diversos, bem como os funcionários mais antigos também são tratados de maneira familiar. Portanto, observou-se um ambiente familiar numa acepção que ultrapassa as relações consangüíneas. CONCLUSÕES: diante dos resultados obtidos pela pesquisa, pode-se concluir que existe, num certo aspecto, uma tendência do Grupo Alpha à autoperpetuação. A manutenção dessa tendência depende significativamente da forma como o grupo lidará com o desafio da complexidade nos próximos anos. Novos fracassos podem interromper de uma vez por todas o crescimento saudável e minar os demais traços organizacionais bem desenvolvidos. Os desafios futuros do Grupo Alpha se identificam na resposta sistemática ao desafio da complexidade. As falhas com a gestão das informações e a solução de problemas atrasaram o crescimento saudável do grupo, mas se identificou a tempo. Nos próximos anos, o grupo deverá se utilizar de seus traços fortes para apoiar a mudança da gestão da complexidade. Essa mudança é fundamental na medida em que o mercado de Porto Velho passa por evolução e aumento 55 eminente da competitividade com a chegada de grandes concorrentes do setor de vestuário, calçados, cama, mesa e banho. O alto profissionalismo desses competidores é amplamente conhecido e afetará diretamente os resultados futuros. Pesquisas que utilizam o estudo de caso apresentam dificuldade na generalização de suas conclusões. Em função disso, sugere-se que em estudos futuros, com outras empresas, seja levado em conta como o desafio profissionalização afeta o crescimento de empresas pequenas e/ou familiares. A adaptação ao modelo foi necessária nessa pesquisa, porém o fato de ser a primeira iniciativa do tipo dificultou a análise. Outra sugestão é a de serem realizadas mais pesquisas junto ao Grupo Alpha para se aferir como o tema da sucessão dos fundadores é tratado. Comentou-se sobre a sucessão em algumas entrevistas de maneira rápida e, como não pertencia ao foco desta pesquisa, não foram levantados maiores dados. Para tanto, outros pesquisadores poderiam se aprofundar sobre como os termos tratados quanto a sucessão e sua influência no futuro dos negócios. Sugere-se, também, o aprimoramento dos instrumentos de coletas de dados e de análise voltados para empresas de capital fechado. Poderiam se fazer novos testes com a análise de conteúdo combinada com outros métodos qualitativos, no sentido de avaliar melhor sua aplicabilidade à análise de trajetórias. Para isso, seria válida a tentativa de entrevistar com roteiro rígido, de forma a padronizar os assuntos tratados, impedindo que o entrevistado se prenda no que ele mais gosta de falar. PALAVRAS-CHAVE: crescimento; longevidade saudável; pequena empresa; empresa familiar. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: MAMANNY, Fabrício Fernandes. Traços organizacionais e os desafios à autoperpetuação: análise da trajetória de crescimento de um grupo varejista em Porto Velho-RO. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do; jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 56 Cooperativismo no Estado de Rondônia: principais ramos de atividades M.e Francisco Emanoel da Silveira, Dr. Theóphilo Alves de Souza Filho e Dr. Carlos André da Silva Muller CONJUNTURA: o cooperativismo nasceu da necessidade do homem se organizar para enfrentar as mais diversas dificuldades, principalmente àquelas voltadas para a sobrevivência e melhoria da qualidade de vida. Assim sendo, por meio de trabalhos associativos se criou gradativamente grupos de forma mais organizada, possibilitando, assim, fortalecer as operações para fornecimento de bens comercializáveis. A cooperativa é uma organização sem fins lucrativos, entretanto, busca recuperar os custos de produção e do capital investido, segundo a concepção capitalista, deve se apropriar dos mecanismos úteis de gestão realizando bom desempenho com todos os agentes econômicos. As funções de produção e comercial de uma cooperativa assemelham-se ao de uma empresa com fins lucrativos, por isso deve ter conhecimento de seus clientes, mercados e das relações de trocas. Na filosofia cooperativista, as pessoas são o seu maior investimento pela necessidade dos indivíduos, desprovidos de meios econômicos ou materiais, de obterem, por intermédio de um sistema associativista de ajuda mútua, meios de obtenção dos bens da vida, de subsistência sem a necessidade de acúmulo de grandes somas de capital. No entanto, o contexto brasileiro indica dificuldades enfrentadas pelas cooperativas instaladas há mais de 100 anos em diversos Estados da Federação, em relação ao baixo tempo de residência, entendida como período de sobrevivência ou de permanência da cooperativa. Espera-se que o mesmo fenômeno tenha ocorrido no Estado do Rondônia servindo como problema de pesquisa para esse estudo. OBJETIVO: analisar o contexto de atuação das cooperativas do Estado de Rondônia por meio de agrupamentos dos principais ramos de atividades e correlacioná-los aos respectivos municípios. SUPORTE TEÓRICO: Piaget (1973) define que troca é um ato de realizar operações conjuntas, porém nem toda ação conjunta se constitui em uma 57 cooperação. Para cooperar na ação, o indivíduo deve atingir pelo menos o terceiro estágio do desenvolvimento cognitivo humano. A razão deste prérequisito é simples. Só é possível cooperar caso o indivíduo consiga operar, ou seja, se as operações realizadas por ele (e pelos outros indivíduos envolvidos) constituam ações interiorizadas, reversíveis e que se coordenem em estruturas totais formando sistemas (operações próprias do terceiro estágio). A estrutura organizacional, administrativa e operacional das cooperativas brasileiras, conforme consta na bibliografia nacional, discorre sobre uma série de deficiências de conhecimentos doutrinários, legais e operacionais de seus líderes. Nesse sentido, Maurer Junior (1973), mencionando o “empirismo administrativo” como ponto fundamental. Gava (1972) retrata a “má administração” e a estrutura organizacional como as barreiras. Na mesma linha, Hammerschidt (1980) e Crúzio (1989) identificaram diversos problemas de estrutura organizacional das cooperativas com relação ao processo decisório e administrativo desempenhados em nível institucional, organizacional e técnico. Além do mais, Gerber (1973), retrata que nem o consumidor nem o produtor estão preparados para assumir tais funções devido à falta de preparo ou por causa do tempo à dedicação das atividades com as quais ganham a vida. Sobre outro enfoque, pode-se ter uma relação comparativa entre a atuação cooperativa e governança corporativa, mantida as devidas diferenças, pois traz consigo relação entre diretoria e cooperações na condição de stakeholders. Em meio a esses novos atores de Governança, elaborou-se vários códigos das melhores práticas corporativas com a finalidade de torná-las mais eficientes. METODOLOGIA: para o método utilizado, optou-se pela premissa da generalização das observações, por intermédio do levantamento bibliográfico, com o fito de subsidiar os principais pontos nodais. Realizou-se a amostragem por meio das informações das cooperativas do Estado de Rondônia nos últimos dez anos de existência, perfazendo um universo de 350 empresas organizadas e consolidadas. Durante a execução da amostragem, os dados das cooperativas foram armazenados, catalogados, categorizados, tabulados e analisados evidenciando os segmentos mais promissores na formação de um conjunto de informações referente à propriedade específica de cada grupo relacionado às cooperativas. Desta forma, elaborou-se um banco dados, que posteriormente auxiliou no suporte da construção dos agrupamentos do universo amostral. Elaborou-se a análise dos componentes principais (ACP) a partir do modelo proposto por Pfeiffer (1980) onde são classificados dois grupos pelo método de combinação dos elementos agrupados: os hierárquicos e não-hierárquicos. No 58 método hierárquico, o grupo representativo é dos municípios polos do Estado de Rondônia e, os não-hierárquicos, representados pelo ramo de atividade, se agrupam simultaneamente com as similaridades entre os agrupamentos definidos pelos elementos com a menor semelhança entre si. RESULTADOS: evidenciou-se que, das 350 cooperativas inicialmente estudadas, 77,43% saíram do mercado no período inferior a dez anos. No clusters foram evidenciados os três, grupos de forma bem definida, segundo ramo de atividade e mercado de atuação. O grupo um se apresentou como destaque (polos de Porto Velho e Ji-Paraná), o grupo dois (polo de Ariquemes) e o grupo três (polos de Rolim de Moura, Cacoal e Vilhena). O trabalho é o principal ramo de atividade dos polos encontrados e sua relação é significativamente mais forte principalmente nas cidade de Porto Velho e JiParaná devido a expressiva participação em termos quantitativos e qualitativos em serviço prestado, qualificação de mão obra e formação de recursos humanos no Estado de Rondônia. O segundo ramo de atividade demonstrado é o da agropecuária, com destaque nos polos de Ji-Paraná, Ariquemes, Vilhena e Rolim de Moura. Conforme matriz de proximidade, pode-se observar que a atividade do trabalho e crédito não são discordantes e presenciam no Estado de forma diversificada com características próprias e peculiares inerentes de cada microrregião. Quanto às cooperativas cuja atividade principal é o crédito,observou-se a atuação também na saúde, trabalho, educação, turismo e lazer. As cooperativas relacionadas à atividade de Saúde, também atuam em outros ramos de atividade como o turismo e lazer e infraestrutura. Os dados analisados demonstram baixa relação do setor mineral com as atividades de crédito devido ao processo de autofinanciamento dessas cooperativas, uma vez que, para requerer o alvará de pesquisa mineral, prospecção e lavra junto ao Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, deve-se obrigatoriamente apresentar uma capacidade de suporte econômico, tanto em nível de pequenas, médias ou grandes mineradoras. Por outro lado, quando a atividade mineral é realizada pelos garimpos, pode-se justificar a não utilização das cooperativas de créditos por parte dos garimpeiros, uma vez que esse grupo de trabalhadores são autônomos quando realizam a prospecção mineral ou a lavra diretamente, devido a dependência de seus próprios maquinários e esforços. Deve-se salientar que a atividade de mineração tanto em nível empresarial como na forma de garimpos é amplamente difundida nos polos de Ariquemes e Pimenta Bueno, com uma participação efetiva na economia e no PIB do Estado de Rondônia. 59 CONCLUSÕES: realizou-se o estudo do cooperativismo relacionando-os as respectivas cidades e com seus ramos por atividade. Faz-se, inicialmente, os aspectos da gênese do cooperativismo no mundo e suas bases fundamentais, retratando com os respectivos momentos políticos - econômicos da época de formação até os dias atuais. Para isto, realizou-se uma revisão preliminar da filosofia cooperativista fundamentando-as aos principais estudos que alicerçam as organizações sociais. Realizou-se um breve documento relativo às cooperativas em nível regional, nacional e internacional, com ênfase, especificamente no Estado de Rondônia. A base metodológica do trabalho foi norteada pelos modelos estatísticos, seguindo sistematicamente “pari passo” as etapas que vão desde dados brutos até a organização em seus respectivos intervalos de classe, subdivididos por atividades, cidade e ramo. Efetuou-se a análise dos dados amostrais, em fase posterior, seguido da aplicação da multivariada, na forma de clusters, a partir da qual foi possível concluir que houve dificuldades enfrentadas pelas cooperativas instaladas no estado de Rondônia por apresentarem o mesmo fenômeno do baixo tempo de residência que ocorreu com as demais cooperativas em nível nacional. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: SILVEIRA, Francisco Emanoel da. Cooperativismo no Estado de Rondônia: principais ramos de atividades. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 60 ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES EM AGRONEGÓCIO Avaliação dos Sistemas de Informação das Agroindústrias de Torrefação e Moagem de Café em Rondônia M.e Degson Ferreira e Dr. Theóphilo Alves de Souza Filho CONJUNTURA: os sistemas de informações (SI’s), como instrumentos de auxílio imprescindível à gestão dos processos de negócio, visam agregar valor para as empresas e diminuir a incerteza das decisões fornecendo informações essenciais à tomada de decisões e ao gerenciamento das atividades realizadas com segurança e rapidez. A necessidade que as agroindústrias de torrefação e moagem de café têm de utilizar este tipo de tecnologia decorre, em sua essência, da grande quantidade de informações que devem ser acessadas, coletadas, filtradas, processadas, analisadas e distribuídas pelos seus gestores ou tomadores de decisão. Alguns fatores restringem e inibem a plena adoção e utilização dos SI’s. Entre esses fatores está a problemática relacionada à incerteza de retorno sobre os investimentos realizados para adquirir esses recursos. Apresentar resposta para esta dúvida nem sempre é tarefa fácil. Primeiramente, devido às inúmeras variáveis que podem e devem ser consideradas no momento de se efetuar uma avaliação deste nível. Segundo, devido à existência de custos e situações intangíveis que acabam dificultando o estabelecimento de critérios e parâmetros de avaliação (OLIVEIRA, 2002). Não obstante, a importância desses sistemas no apoio à realização dos objetivos da organização e sua capacidade de criar vantagens competitivas, faz-se necessário realizar sua avaliação, porque ela se tornou um elemento chave na determinação do rumo a seguir pela organização, assim como um dos componentes relevantes na missão da mesma (DRURY e FARHOOMAND, 1998; FERREIRA e BUFONI, 2004). A partir destas considerações, percebe-se que fica cada vez mais evidente a necessidade de se ter e de se avaliar sistemas capazes de processar informações e convertê-las em conhecimentos úteis para usuários específicos, bem como mecanismos para acessá-las em tempo real, facilitando, assim, a utilização e disseminação da informação e do conhecimento nos processos de tomada de decisão. OBJETIVO: avaliar o nível de contribuição dos sistemas de informações existentes nas agroindústrias de torrefação e moagem de café das cidades, em 63 Rondônia, de Cacoal, Ji-Paraná, Jaru, Ariquemes e Porto Velho visando oferecer subsídios às suas decisões empresariais. SUPORTE TEÓRICO: a expressão sistemas de informação (SI) é utilizada com sentido bastante amplo, tanto na literatura técnica como em publicações de modo geral (CAMPOS FILHO, 1994; MANÃS, 1994; KUWABARA, 2003; OLIVEIRA, 2004; OLIVEIRA, 2005). Contudo, é senso comum entre autores como Turban, McLean e Wetherbe (2004) e Stair e Reynolds (2002) a ideia de um conjunto em que os elementos interagem entre si para proporcionar a informação como produto desse processo, a despeito do emprego de qualquer tecnologia. Como qualquer sistema, um SI inclui entradas (dados e instruções) e saídas (relatórios e cálculos) (O’BRIEN, 2004), e também emvolve pessoas, procedimentos e facilidades físicas operando em um determinado ambiente (TURBAN, MCLEAN e WETHERBE, 2004). Peixoto (2003) salienta que a questão dos SI’s envolve tanto aspectos técnicos como organizacionais incluindo recursos humanos, negócios, metas, e principalmente, uma postura administrativa ampla e bem elaborada. A implementação dessa tecnologia resulta em benefícios, tanto à estrutura organizacional quanto para as rotinas específicas de trabalho. A visão adotada no presente estudo, de que os SI’s são sistemas sociotécnicos, envolvem a coordenação de tecnologia, organizações e pessoas. Em relação aos benefícios obtidos pelos SI’s, Perez (2006) enfatiza que muitos desses benefícios são intangíveis e estão distribuídos entre muitas aplicações atuais e futuras, dificultando estimar seu valor ou avaliar a necessidade de seu aperfeiçoamento. Porém, Miranda et al (2006) salientam o uso das tecnologias com o objetivo de melhorar os processos internos, de reduzir custos, de melhorar a qualidade e disponibilidade das informações importantes, tanto no âmbito interno quanto externo das organizações e agregar valor aos serviços e produtos disponibilizados aos consumidores. A crença geral é de que estes sistemas são importantes, porque são capazes de criar vantagens competitivas de diversas maneiras. Entretanto, há controvérsias sobre os reais benefícios advindos com a adoção e utilização de tais sistemas. Por isso, avaliar um sistema de informação pode ser, em si, desejável. O processo de avaliação de SI ganha relevância à medida que as organizações adotam uma postura orientada para a qualidade, podendo utilizar-se de tais instrumentos para prover e medir a qualidade de seus serviços a seus clientes tanto internos quanto externos. Todavia, avaliar um SI não é uma tarefa muito fácil, principalmente devido ao número de variáveis ou dimensões que podem e devem ser levadas em conta no momento de se caracterizar o valor do sistema. Autores como Dias 64 (1993), Souza (2004), Brito e Senger (2006) e Dias (2006) alertam para o fato de que não existe uma maneira única, objetiva e direta para medir a eficácia ou avaliar um SI. Outra possível explicação para essa dificuldade de se avaliar os SI’s reside no fato de que a avaliação incorpora várias dimensões, conforme relatadas por Brito e Senger (2006). Entre as principais dimensões que diferenciam os diversos estudos existentes sobre o tema, Souza (2004) destaca: os objetivos e o momento da avaliação; o nível de análise empregado; o ponto de vista dos interessados (stakeholders) utilizado na avaliação; o tipo de SI considerado; as variáveis empregadas na análise; e a perspectiva teórica e metodológica utilizada. Considerando-se o estudo realizado por Souza (2004) sobre a avaliação do grau de informatização de empresas industriais paulistas, assim como também o realizado por Kuwabara (2003) sobre a avaliação de sistemas de informações em um hospital-escola público, esta pesquisa utilizou como base o fator efetividade, o qual está contido na dimensão “variáveis empregadas na análise”. METODOLOGIA: a perspectiva da investigação nesta pesquisa é qualitativa de cunho descritivo, adotando-se como procedimento metodológico o estudo de casos múltiplos. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se da observação sistemática in loco e da aplicação de formulários com perguntas fechadas ou dicotômicas do tipo “sim” ou “não” ou tricotômicas do tipo “sim”, “não” ou “não sei”; perguntas de múltipla escolha enquadradas como “perguntas com mostruário”; e perguntas combinando respostas de múltipla escolha com respostas abertas. Os dados foram coletados considerando as seguintes dimensões: “determinação das exigências da informação”, “distribuição das informações”, “obtenção das informações” e “uso dos sistemas de informações”. RESULTADOS: analisando a dimensão determinação das exigências da informação, em se tratando da contribuição dos SI’s existentes nas agroindústrias pesquisadas, pode-se destacar que ela se apresenta apenas como regular, tendo em vista o cômputo aproximado de 3 (três) na escala adaptada de Likert entre todas as agroindústrias. Isso demonstra que, (a) apesar de existirem equipamentos de informática em todas as agroindústrias pesquisadas, não há equivalência de profissionais nessas agroindústrias desenvolvendo sistemas para auxiliar no processo de gestão; (b) quando existem necessidades de alguma alteração ou adequação nos sistemas existentes, a maior parte das agroindústrias pesquisadas faz uma solicitação a terceiros por intermédio de uma conversa informal, geralmente por telefone ou pessoalmente. No que se refere à dimensão distribuição das informações, pode-se enfatizar que o nível de 65 contribuição médio geral dos SI’s da amostra pesquisada, nesta segunda dimensão, é de aproximadamente 4 (quatro) na escala tipo Likert, o que leva a caracterização do nível de contribuição desses sistemas para as decisões nas agroindústrias, a se denominar de contribuição boa. Para esse nível de contribuição equivale dizer que: (a) embora alguns respondentes tenham dificuldades de obtenção das informações via computador, todos têm acesso de forma facilitada aos sistemas existentes nas agroindústrias para a realização de seus trabalhos; (b) a maior parte dos usuários pesquisados é informada quando uma nova solução ou aplicação é disponibilizada para os seus setores de atuação. Quanto à dimensão obtenção das informações, pode-se destacar que o nível de contribuição parcial dos SI’s das agroindústrias pesquisadas é de aproximadamente 5 (cinco) na escala adaptada de Likert. Esta classificação na escala tipo Likert caracteriza um nível de ótima contribuição desses sistemas para as decisões empresariais nessas agroindústrias. Para esse nível de contribuição apresentado significa dizer que: (a) as informações são obtidas, na maior parte das vezes, por meio do acesso aos sistemas disponíveis nas agroindústrias, ou mediante buscas e pesquisas na internet, ou solicitação a outras pessoas para suprimento das necessidades; (b) os sistemas de informações atendem a maior parte das necessidades informacionais para a gestão da área usuária. No tocante à dimensão uso dos sistemas de informações, merece ressaltar que o nível de contribuição dos SI’s para as decisões empresariais das agroindústrias pesquisadas é de aproximadamente quatro na escala adaptada de Likert, levando essa contribuição a se caracterizar como boa. Esse nível de contribuição demonstra que a maioria das atividades apoiadas por sistemas de informações informatizados é realizada com auxílio de sistemas de terceiros, pacotes isolados, sistemas externos e recursos do pacote office como, por exemplo, planilhas tipo Excel, bancos de dados tipo Access ou processadores de texto tipo Word. Cabe ressalvar que, provavelmente devido ao seu pequeno porte, uma parcela de agroindústrias realiza as atividades das áreas comercial, de produção e estoques, de suprimentos e de administração e finanças de forma manual, sem o apoio de recursos de informática. CONCLUSÕES: analisando-se todas as quatro dimensões, pode-se destacar que, não obstante a disseminação de informações ser realizada de forma satisfatória nas agroindústrias pesquisadas, os usuários obterem as informações de que necessitam para realização de seus trabalhos por meio do acesso aos sistemas existentes nas agroindústrias, (consulta à internet ou solicitação a alguém), e os sistemas de informações apoiarem na execução das atividades e 66 tarefas dessas organizações; o relacionamento entre o pessoal da área de informática e os usuários dos sistemas precisa e pode ser melhorado em alguns aspectos: como na adoção da prática de reuniões somente quando necessário ou por demanda de um serviço, e na utilização de instrumentos mais formais para apresentação das necessidades informacionais e avaliação do desempenho dos sistemas das áreas usuárias. Concluindo, pode-se enfatizar que mesmo com algumas limitações e restrições (baixa autonomia em relação aos outros, baixa flexibilidade e performance, além da necessidade de redigitação de dados) e alguns desafios a serem equalizados ou superados (falta de profissionais da área de informática que desenvolvam sistemas adequados à realidade da organização, baixa existência de procedimentos formais para avaliação do desempenho dos sistemas e dificuldades de obtenção de informações) em relação aos sistemas de informações existentes nas agroindústrias, constatou-se por intermédio desta pesquisa que a contribuição geral desses sistemas é considerada boa, pois de certa forma, facilitam a realização dos trabalhos pelos usuários, fornecendo, através do acesso ao sistema da agroindústria e do acesso à internet, as informações necessárias e adequadas sob a ótica de cada um e, portanto, atendendo, em grande parte, as atuais necessidades informacionais dos tomadores de decisão das agroindústrias de torrefação e moagem de café pesquisadas. PALAVRAS-CHAVE: sistemas de informação; avaliação de sistemas de informação; segmento agroindustrial; agroindústrias de torrefação e moagem de café. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: FERREIRA, Degson. Avaliação dos sistemas de informação das agroindústrias de torrefação e moagem de café em Rondônia. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www. dominiopublico.gov.br/ pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C 7A91F85 67 Análise da Contribuição das Cooperativas de Cafeicultores de Rondônia para a Sustentabilidade Econômica dos Empreendimentos Produtivos: um Estudo Multicaso M.e Lucimara Gonçalves de Resende e Dr. Sidinei Aparecido Pereira CONJUNTURA: atualmente, as cooperativas de cafeicultores atuam em dois segmentos de mercado. Um representado pelo subsistema de café commodity, predominante nas transações realizadas pela maioria das empresas do agronegócio café, o outro, denominado de segmento especial de café fino, também conhecido como café gourmet, é um subsistema, que difere do primeiro basicamente em relação aos atributos de qualidade presentes no produto transformando o café numa especialidade. Quando se trata de competitividade no segmento commodity, as transações do produto são reguladas basicamente pelo mercado, onde compradores e produtores/vendedores, encontram as informações necessárias para realizar as transações. Nesse mercado predomina a homogeneidade do produto e os negócios são influenciados pelas forças de mercado, onde os produtores se colocam como tomadores de preços. Nesse contexto, será competitivo aquele agente que conseguir produzir com menor custo. Além disso, o mercado do café commodity é fortemente influenciado por outras conjuturas sem relação às forças tradicionais de mercado, como volume de produção e custos, mas também por especulações e informações manipuladas para outros interesses, que podem influenciar diretamente o valor pago ao produtor (XIMENES, 2008). Outro aspecto relevante desse mercado se relaciona aos agentes transacionais, onde a oferta é praticada por um grande número deles; enquanto a procura está afeta a um pequeno número de compradores, caracterizando, assim, uma estrutura de mercado oligopsônica. Por seu lado, a cafeicultura rondoniense, em sua grande parte, orienta-se para o mercado de commodities, exigindo boa capacidade de gestão para reduzir custos e aumentar a produtividade (fatores essenciais à sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos). No entanto, a cafeicultura em Rondônia é caracterizada, segundo a EMBRAPA-RO, por: baixo nível tecnológico e de uso 68 de insumos; má qualidade do produto, o que acarreta baixa produtividade; dificuldades de comercialização; custos de produção relativamente elevados; e não uso sustentável da terra. Ainda segundo o estudo, agrava-se ainda mais a situação dos produtores devido os preços praticados no Estado, insuficientes frente aos custos de produção e comercialização. Esses fatores comprometem a sustentabilidade da lavoura levando ao abandono. A problemática que se firma no estudo é: as cooperativas de café rondonienses são capazes de prestar apoio aos cooperados de forma a contribuir para a sustentabilidade econômica dos empreendimentos? OBJETIVO: análise da contribuição prestada pelas cooperativas de cafeicultores em Rondônia visando à sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos. BASE TEÓRICA: o referencial teórico aborda a problemática da cafeicultura mundial, brasileira e rondoniense. Além disso, traz esclarecimentos sobre a qualidade e produtividade como fatores imprescindíveis à sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos, inclusive sobre as cooperativas (organizações diferenciadas) que buscam implementar estratégias mercadológicas especiais para atuar em um mercado extremamente competitivo e mundialmente interligado. A seleção de um modelo de gestão que atenda as necessidades de uma organização é algo complexo. Segundo Have et al (2003, p. 14), mesmo sendo o modelo tecnicamente adequado, “poderá não levar ao resultado desejado.” Nesse caso, “o modelo não tem necessariamente de ser rejeitado; em vez disso, depende de como o gerente entende a situação, faz os ajustes necessários para levar a organização de volta ao normal e alcance o objetivo original.” Segundo Ferreira et. al. (2005, p. 17), em qualquer modelo de gestão se encontram duas dimensões a consideradas: a forma e a função”. Segundo os autores, o modelo de gestão é resultado da configuração organizacional adotada e das tarefas a serem cumpridas. Considerando esses aspectos, Oliveira (2006, p. 40-43) identificou alguns problemas comuns na gestão das cooperativas: falta de cooperação entre elas; inexistência de adequados modelos de gestão; inabilidade para trabalhar com a concorrência; e confusão entre “propriedade de gestão” e “propriedade da cooperativa”. Tais problemas podem ser solucionados com a adoção de soluções simples, tais como: cadastro dos cooperados; núcleo de cooperados sustentados por agentes; informações adequadas e atualizadas; plano estratégico com indicadores de desempenho; classes de cooperados pelo nível de interação com a cooperativa; 69 foco nos jovens; e nos filhos de cooperados. Ainda segundo o autor, as organizações cooperativistas estão atentas às forças mercadológicas para adequar sua estrutura e produtos. METODOLOGIA: o método de investigação se pautou à abordagem qualitativa para análise e interpretação dos dados coletados e como procedimento metodológico utilizou-se o estudo de casos múltiplos - que permite o levantamento quantitativo e a descrição qualitativa de elementos corroborativos à resposta do problema levantado. Para coleta de dados, empregou-se questionário estruturado em forma de questões fechadas, dividido em seis categorias de variáveis: perfil das cooperativas, apoio técnico, apoio estrutural e logístico, relação financeira, informações de mercado e gestão dos empreendimentos voltado ao cooperado. A pesquisa envolveu todas as cooperativas de cafeicultores em operação no Estado de Rondônia representando 100% do universo da investigação. RESULTADOS: as cooperativas de cafeicultores rondonienses são constituídas por agricultores migrantes de outras regiões do país e se encontram em processo de adequação e estruturação em razão da migração do modelo associativista para o cooperativista. A grande maioria dos cooperados é composta de produtores que exploram pequenas propriedades rurais, enquadrados na agricultura familiar, valendo-se das cooperativas fundamentalmente para comercialização da safra, não havendo a exploração de todo o potencial que esse tipo de organização pode oferecer. A pesquisa revelou que a maioria dos fatores considerados essenciais à sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos está presente nas atividades de apoio prestadas pelas cooperativas, porém, manifestamente abaixo dos níveis necessários. Os serviços de apoio técnico que vão do uso adequado de insumos à exploração otimizada dos recursos naturais, não são oferecidos pela maioria das cooperativas e, aquelas que o oferecem, não o fazem de maneira satisfatória. O apoio estrutural e logístico, bem como as informações de mercado, são oferecidos dentro de um padrão aceitável, enquanto o aporte financeiro, essencial para o fortalecimento do pequeno produtor, não atende as necessidades dos cooperados. No quesito gestão, os serviços oferecidos estão aquém do necessário, evidenciando a limitação do corpo funcional e diretivo das cooperativas. CONCLUSÃO: os resultados da pesquisa revelam que as cooperativas de cafeicultores de Rondônia realizam uma contribuição classificada na categoria de 70 nível média baixa para a sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos de seus cooperados. PALAVRAS-CHAVE: cooperativismo; qualidade; sustentabilidade econômica. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: REZENDE, Lucimara Gonçalves de. Análise da contribuição das cooperativas de cafeicultores de Rondônia para a sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos: um estudo multicaso. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www. dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E 4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 71 Força Competitiva dos Supermercados Como Compradores de Produtos Lácteos da Indústria Laticinista de Rondônia M.e Ademar Silva Scheidt Junior e Dra. Mariluce Paes De Souza CONJUNTURA: no mercado regional, os principais compradores dos produtos derivados do leite industrializados em Rondônia são as redes de supermercados localizadas na capital e, em segundo plano, os médios supermercados. A pesquisa anual de comércio promovida pelo IBGE (2006) registrou 1.925 estabelecimentos comerciais ativos no município de Porto Velho de diversos segmentos como: confecções, autopeças, panificadoras, etc. Do total de estabelecimentos comerciais, 24 são supermercados. A atual dependência da indústria laticinista aos compradores de outros estados é minimizada pelos compradores locais, em especial os supermercados de Porto Velho, maior centro consumidor de Rondônia. Conforme as indústrias começam a produzir derivados do leite diferentes dos queijos mussarela, o comércio local absorve em maior quantidade devido ao desinteresse dos compradores de outros estados por outros produtos lácteos. A indústria local, nos últimos anos, investe na produção de diversos derivados do leite e o mercado local tem substituído os produtos importados de outros estados por produtos industrializados na cadeia produtiva do leite em Rondônia. Considerando a tendência de evolução, o crescimento e o fortalecimento da Cadeia Produtiva Agroindustrial do Leite em Rondônia, com suas peculiaridades e possibilidades de consolidação a partir das ações nos diversos segmentos (em especial dos compradores regionais e distribuidores nacionais) surgiram os seguintes questionamentos: como os supermercados de Porto Velho avaliam a sua força competitiva como compradores de produtos lácteos das indústrias laticinista Rondoniense? Os supermercados de Porto Velho compram mais produtos lácteos produzidos em Rondônia ou de outros estados? Quais as vantagens que a indústria oferece aos supermercados como compradores? OBJETIVO: identificar a força competitiva dos compradores de produtos lácteos da indústria laticinista de Rondônia a partir da percepção dos 72 supermercados que atuam no mercado do município de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. SUPORTE TEÓRICO: Com base no referencial teórico de Michael Porter, na área da administração e da economia, o campo da organização industrial estuda os determinantes estruturais da lucratividade durante décadas. A pesquisa sobre análise de setores industriais e da competitividade mostrou como um sistema de forças, dentro e fora de um setor, influencia coletivamente a natureza e o nível da competição no setor e, em última análise, o seu potencial de lucratividade (MONTGOMERY & PORTER, 1998). Além disso, na luta por participação de mercado, a competição não se manifesta apenas através dos demais concorrentes. Pelo contrário, a competição em um setor industrial tem suas raízes em sua respectiva economia subjacente e existem forças competitivas que vão bem além do que esteja representado unicamente pelos concorrentes estabelecidos neste setor em particular (PORTER, 1989). Tradicionalmente, os supermercados são vistos como canais de distribuição considerando-se apenas facilitadores para a distribuição de produtos, como um intermediário entre a indústria e o consumidor final. Essa é uma concepção ultrapassada, pois atualmente os supermercados são considerados pelas indústrias como parte integrante de uma cadeia que, além de promover a distribuição, agregam valor ao produto (CRESCITELLI; IKED, 2006). A influência dos varejistas no processo de comercialização é indiscutível: sem uma boa rede de distribuição é praticamente impossível para uma empresa de médio ou grande porte obter desempenho satisfatório. Outra característica atual do varejo é a sua tendência de concentração em grandes redes, o que transfere o domínio, nesse setor, do fabricante para o varejista. Assim, segundo Slack (2002), o poder dos compradores é maior quando o grau de concentração dos distribuidores supera o da indústria vendedora, isso ocorre quando os produtos comprados da indústria representam uma parcela importante dos custos do distribuidor; quando os clientes têm baixos lucros - o que os torna mais sensíveis aos preços dos produtos adquiridos -, quando os produtos comprados da indústria não são diferenciados dos demais fornecedores; ou mesmo quando o custo de mudança de fornecedores é fraco. Desse modo, quanto mais os distribuidores se enquadrarem nessa proposição, maior será o seu poder junto às indústrias, para tanto, as indústrias têm que analisar muito bem o cliente desejado para não sofrer pressões comerciais. 73 METODOLOGIA: utilizou-se a abordagem qualitativa com enfoque descritivoexploratório como método de pesquisa realizando-se a descrição do processo de identificação das forças competitivas com base no instrumento de pesquisa primária utilizada na pesquisa. RESULTADOS: os resultados da pesquisa revelaram que os supermercados locais tem grande força frente aos fornecedores (laticínios) como compradores de produtos lácteos. Os principais produtos adquiridos pelos supermercados junto aos laticínios rondonienses são o leite UHT e o queijo mussarela adquiridos integralmente pela indústria local. Entretanto, cabe salientar que apesar dos produtos acima citados serem os principais, a participação das indústrias locais nos demais produtos é significativa e apresenta expansão em quantidade de produto, quantidade de marcas e em qualidade. Destaca-se que o leite em pó, o leite condensado, o doce e o creme de leite, encontrados nas gôndolas dos supermercados quase todos são derivados do leite produzido em Rondônia, com exceção do iogurte. A principal estratégia adotada pela indústria para a inserção nos supermercados locais refere-se a oferta de frete CIF e o baixo custo do produto. Os produtos derivados do leite têm importância no faturamento dos supermercados, sendo responsáveis em média por 14% do faturamento total. Já os produtos lácteos rondonienses representam 8%, em média, do faturamento total dos supermercados. Esta representatividade no faturamento demonstra a importância econômica que os produtos derivados do leite têm para o setor supermercadista de Porto Velho-RO. Quanto à margem, os supermercadistas apontam de margem bruta 12% para o leite UHT, 20% para o leite em pó, 25% para o queijo mussarela e 30% para os demais produtos derivados do leite, verificando-se que além do faturamento elevado, a margem é significativa, com exceção do leite UHT, onde a diferenciação se dá apenas pelo baixo custo de fornecimento. Para os supermercadistas locais o principal entrave para a compra dos produtos industrializados em Rondônia é com relação ao desconhecimento das marcas, a falta de publicidade industrial, o apoio dos fornecedores, as embalagens e a quantidade de produtos disponibilizados pela indústria. Estes são entraves minimizados pelos fornecedores de outros estados pelo investimento em publicidade e na diferenciação de produtos e embalagens. Tendo em vista estes fatores, os supermercados locais percebem as vantagens disponibilizadas pela indústria local, sendo que 41,2% dos supermercados consideram vantagem competitiva alta em se adquirir produtos lácteos rondonienses e 41,2% consideram esta vantagem indiferente da origem do produto e apenas 17,6% dos supermercados consideram esta vantagem baixa. 74 CONCLUSÕES: o estudo realizado na distribuição de produtos lácteos, através do modelo de análise ampliada de Porter para a competitividade, alcançou os objetivos propostos dimensionando a situação atual do segmento de distribuiçãoe as expectativas dos compradores com relação às indústrias de lácteos de Rondônia e de outros estados. Embora se direcionou o estudo aos supermercados na cadeia produtiva do leite, a análise da competitividade com enfoque sistêmico, considerou o relacionamento da agroindústria láctea com os elementos jusantes da cadeia do leite, em especial o setor de distribuição. Assim, tendo como base a teoria dos fatores de competitividade e utilizando a metodologia desenvolvida para analisar a competitividade de empresas agroindustriais e da indústria brasileira, este trabalho verificou a força competitiva dos supermercados no setor lácteo em Porto Velho considerando os seguintes determinantes de competitividade: concorrentes, compradores e relação de mercado. De maneira simplificada, o posicionamento e a diferenciação percebidos pelo público-alvo podem ser descritos como o produto da interação entre as imagens de marcas concorrentes, decorrentes de estratégias de marketing que possuem por propósito viabilizar os posicionamentos pretendidos pelas empresas. Quanto aos fornecedores atuais, devido o volume de compra, os supermercados tem mais força competitiva, tornando-os ditadores de regras de compra. Quanto aos concorrentes industriais existentes no mercado, a exploração neste segmento é pequena devido ao elevado investimento em máquinas e equipamentos. Percebeu-se que os supermercados não trabalham em larga escala com produtos substitutos do leite, passando apenas a ofertar os mesmos produtos. Por sua vez, as indústrias não buscam a diferenciação de produtos diferenciando-se pela percepção que o cliente tem da marca quanto ao custo e a qualidade. Como principais contribuições, esta pesquisa proporcionará para as empresas distribuidoras e industriais um portfólio da situação atual da indústria láctea possibilitando, a partir daí, um melhor direcionamento dos competidores existentes. Para a academia, proporcionou-se uma análise mais detalhada da distribuição de produtos lácteos, que não se encontrava disponível na literatura. PALAVRAS-CHAVE: força competitiva; supermercado; indústria; comprador; produtos lácteos. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: SCHEIDT JUNIOR, Ademar Silva. Força competitiva dos supermercados como 75 compradores de produtos lácteos da indústria laticinista de Rondônia. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jses sionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 76 Processo de Inovação em Micro Empresas no Arranjo Produtivo Local do Agronegócio Leite M.e Dércio Bernardes de Souza e Dra. Mariluce Paes De Souza CONJUNTURA: o processo inovativo no arranjo produtivo local (APL) possui fortes componentes tácitos, cumulativos e localizados onde cada espaço local possui atributos específicos que contribuem de forma decisiva na dinâmica inovativa. Nesse entendimento, as experiências históricas da evolução da atividade na região, bem como suas interações, são reflexos do ambiente em que as empresas estão localizadas, considerando-se os diversos aspectos contribuidores ao processo inovativo. Dessa forma, as interações locais geram externalidades traduzidas através de dificuldades e benefícios oferecidos pelo território que geram fluxo de conhecimentos, reduz custos de coleta e circulação de informações, favorecendo o aprendizado, cooperação e inovação. Como cada ambiente tem seu padrão de evolução, não sendo possível copiar ou reproduzir experiências onde as interações têm suas raízes no ambiente local, o processo de inovação é decorrência das dimensões aprendizado, cooperação e inovação que agem como facilitadores dessa dinâmica. Considerando que os estudos realizados nessa região não revelaram tais características e, também, a dimensão espacial do arranjo produtivo local da bacia leiteira da região central do Estado de Rondônia que apresenta 18.820 Km2 de território, abrangendo seis (06) municípios: Jaru, Ouro Preto d’Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Rolim de Moura e Cacoal, os quais se encontram interligados por divisões geopolíticas e com similaridades socioeconômicas, torna-se necessário identificar o processo de inovação de cada um destes municípios através das dimensões aprendizado, cooperação e inovação que formam os elementos facilitadores da dinâmica inovativa das micro empresas deste agronegócio buscando revelar quais municípios apresentam empresas que mais inovam. OBJETIVO: descrever o processo de inovação do arranjo produtivo local do agronegócio leite composto pelos municípios de Jaru, Ouro Preto do Oeste, JiParaná, Presidente Médici, Rolim de Moura e Cacoal visando identificar os municípios que apresentam micro empresas mais inovadoras. 77 SUPORTE TEÓRICO: com base no referencial teórico neo-schumpeteriano, o processo de inovação é compreendido como um sistema complexo e interativo onde participam diversos agentes com diferentes papéis. Nessa visão, a inovação consiste em um conjunto de melhorias na tecnologia, nos métodos ou maneira de fazer as coisas, caracterizando-se como a busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e novas técnicas organizacionais. Trata-se de um novo paradigma organizacional que conquista a atenção de estudiosos e gestores das organizações em virtude da importância representativa no desempenho e competitividade de empresas e países. Desde seu conceito lançado por Schumpeter, suas abordagens e seu processo de investigação têm evoluído ao longo dos anos, em que aos poucos o modelo linear de inovação passa a dar lugar para um novo modelo interativo e sistêmico em que, as inovações tornam-se complexas e cercadas de incertezas resultantes do esforço de múltiplos agentes, cuja interação configura os mecanismos associados ao desenvolvimento de novos produtos e processos. Nessa perspectiva, surgem outros formatos organizacionais, como os arranjos produtivos locais que em virtude da proximidade espacial de seus agentes ganham destaque especial. A importância do processo inovativo para as empresas, principalmente nas duas últimas décadas, é decorrência das transformações do capitalismo mundial como a crescente globalização dos mercados, formação de blocos econômicos e redução de barreiras nacionais ao comércio (REZENDE; JUNIOR, 1998) No contexto do agronegócio nacional, as transformações deste setor originaram-se da reestruturação produtiva a partir das mudanças estruturais ocorridas no final dos anos 1980, como: a crise das formas tradicionais de intervenção do Estado, a abertura da economia, a formação do Mercosul, a desregulamentação e o processo de estabilização da economia, definidores de um novo ambiente competitivo (SOUZA, 2002). Para o agronegócio do leite no Brasil, esse processo de reestruturação produtiva também teve seus reflexos, gerando desdobramentos sobre as articulações entre os agentes no interior de cadeias produtivas e sobre o padrão de localização das atividades produtivas. Damasceno (2005, p. 12/13) comenta que “a busca de maior eficiência na utilização de fatores produtivos tem conduzido a uma nova dinâmica espacial, realçando a importância à formação e aglomerações produtivas”, principalmente quanto à questão da dimensão local e da proximidade espacial no desempenho competitivo e inovativo para essas empresas. Em Rondônia se formou uma bacia leiteira localizada na região central do estado com significativa presença de micro empresas. Segundo IBGE/SIDRA (2007), essa microregião fechou o ano de 2005 como a segunda 78 maior produtora de leite no Brasil e a terceira mais dinâmica no ranking nacional. Esse aglomerado de agentes e empresas do agronegócio leite em Rondônia foi mapeado e delimitado pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia – ADA (2006), como um arranjo produtivo local - APL. METODOLOGIA: utilizou-se como método de pesquisa a abordagem qualitativa com enfoque descritivo-exploratório em que se realizou a descrição do processo de inovação com base no relatório e nos instrumentos de pesquisa primária utilizados no estudo para a Agência de Desenvolvimento da Amazônia ADA (delineadora e mapeadora desse APL no ano de 2006), utilizando a metodologia, instrumento de pesquisa e estrutura analítica da Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – RedeSist do Instituto de Economia da UFRJ. RESULTADOS: os resultados revelaram que as micro empresas do arranjo apresentam um processo inovativo pouco estruturado com inovações incipientes onde a interação entre as empresas e os demais agentes necessitam de maior articulação para que possam desenvolver ações cooperativas e de aprendizagem na promoção de inovações. Os municípios com empresas que atribuíram maiores índices de importância para as dimensões aprendizado, cooperação e inovação foram Jaru, Ouro Preto do Oeste e Rolim de Moura. Entretanto, cabe salientar que o índice desse processo inovativo se mostrou relativamente baixo nos municípios do APL, e as inovações realizadas demonstram a ocorrência, possivelmente, através de esforços internos nas próprias empresas evidenciando a baixa sinergia do arranjo. Por conseguinte, em decorrência das interações dessas dimensões, o município com empresas que mais inovam foi Rolim de Moura, terceira posição em relação aos índices de importância das dimensões do processo inovativo. Logo em seguida, tem-se Ouro Preto do Oeste, segunda posição, e em terceiro Jaru. CONCLUSÕES: considerando que o modelo de análise desse processo infere na importância para esforços desenvolvidos internamente nas empresas, bem como no âmbito de um sistema de redes de relacionamento com outras empresas, instituições, órgãos governamentais dentre outros agentes do arranjo, evidenciase a carência no processo interativo de estruturação, articulação e coordenação no APL. Indicador de que a dinâmica inovativa para as empresas é incipiente. O estudo corrobora para aspectos relacionados ao processo inovativo em arranjos produtivos locais, principalmente cujo processo é influenciado pela evolução histórica do APL, que no caso desse estudo do ambiente do arranjo são os 79 municípios do processo. Em relação à estrutura e setor foco do estudo (agronegócio do leite), as empresas apresentaram características incipientes e esporádicas quanto às inovações, sendo que a grande maioria busca atender mecanismos qualificadores da legislação regulamentadora da atividade, conforme se pode relacionar evidenciando as poucas atividades de desenvolvimento de novos desenhos de produtos e processos em quase todas as empresas dos municípios. Em síntese, a pesquisa sinaliza para a necessidade de políticas públicas setoriais visando o fortalecimento e consolidação do arranjo e que possam contribuir para sua estruturação e, também, na articulação de ações voltadas para o desenvolvimento e sustentabilidade dos agentes presentes. Com base nesses resultados, recomenda-se pesquisas futuras voltadas a identificar: quais os agentes propulsores do melhor desempenho do processo inovativo apresentado pelas empresas Jaru e Ouro Preto do Oeste em relação as empresas de Ji-Paraná e Presidente Médici; avaliar os motivos do baixo desempenho do processo inovativo das empresas de Ji-Paraná considerando a presença significativa de instituições nesse município, em comparação com Jaru e Ouro Preto do Oeste que apresentam número menor de instituições, porém com interações mais significativas favorecendo sua dinâmica inovativa. De qualquer forma, em razão dos resultados obtidos nesse estudo, propõe-se para as empresas do município de Ji-Paraná e Presidente Médici (reveladas como as menos inovadoras que as diferenças na dinâmica inovativa com as empresas de Jaru e Ouro Preto do Oeste) sejam progressivamente diminuídas através de uma ação mais conjunta entre os ambientes organizacional e institucional. PALAVRAS-CHAVE: processo de inovação; aglomerações produtivas; arranjos produtivos locais; microempresas; agronegócio leite. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: SOUZA, Dércio Bernardes de. Processo de inovação em micro empresas no arranjo produtivo local do agronegócio leite. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico. gov.br/pesquisa/ PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 80 Ambiente Organizacional da Cadeia Produtiva do Agronegócio Leite no Estado de Rondônia M.e Moacyr Boris Rodrigues Maia e Dra. Mariluce Paes De Souza CONJUNTURA: o diagnóstico do leite realizado pelo SEBRAE/RO, em 2002, demonstrou o perfil da cadeia produtiva do agronegócio leite a partir de: dados do IBGE; dados do Serviço de Inspeção Federal - SIF; e pesquisa primária com produtores e laticínios estabelecidos em Rondônia. Encontram-se, neste diagnóstico, as principais necessidades da cadeia produtiva do agronegócio leite, como educação, qualidade do leite, máquinas e equipamentos, organização social e comercialização, que são corroboradas por Santana, em 2003, na descrição e análise da cadeia produtiva do agronegócio leite no estado. Este estudo descreveu a cadeia produtiva utilizando uma metodologia para permitir o mapeamento e identificar os principais segmentos da cadeia, as formas de integração e qual a governança em ação. Em 2006, uma pesquisa para atender o Plano de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal: estudos diagnósticos de Aglomerações – PDSA 2005-2008, da ADA, mapeou o arranjo produtivo local do agronegócio leite, localizado na Região Central do Estado de Rondônia, onde se pode observar as mesmas incidências de necessidades da cadeia produtiva pontuadas, em 2002, no diagnóstico do SEBRAE/RO. Tais contribuições fornecem subsídios para promoção de estudos sobre questões que envolvem o ambiente institucional e o ambiente organizacional da cadeia produtiva do agronegócio leite em Rondônia, pois, pode-se observar que os fatores pontuados como necessidades são estruturantes para promover o desenvolvimento da cadeia. Considerando que as informações pontuadas nos estudos citados, nos anos de 2002, 2003 e 2006, apresentam coincidências nos mesmos fatores: educação, qualidade do leite, organização social e máquinas e equipamentos, e comercialização, estas traduzem as principais necessidades da cadeia produtiva do agronegócio leite. Dentre as finalidades das instituições governamentais em nível federal: Embrapa e SFA/RO; em nível estadual: SEAPES e IDARON e a instituição não-governamental EMATER/RO, que integram o ambiente organizacional desta cadeia, são direcionados ao desenvolvimento do agronegócio em Rondônia, inclusive na cadeia produtiva do 81 leite, este estudo buscou responder as seguintes questões: (a) as ações que estão sendo planejadas e realizadas pelas instituições EMBRAPA, SFA, SEAPES, IDARON e EMATER/RO, estão voltadas às necessidades da Cadeia Produtiva do Agronegócio Leite?; e (b) os objetivos são aderentes às necessidades pontuadas? Qual o percentual de realização das metas previstas? OBJETIVO: avaliar a atuação de instituições que integram o ambiente organizacional da cadeia produtiva do agronegócio leite no Estado de Rondônia a partir da análise de documentos formais de gestão onde constem as ações planejadas e os resultados alcançados por estas. SUPORTE TEÓRICO: um dos grandes alicerces da sociedade moderna industrial foi o surgimento de organizações, tendo como função principal produzir bens e serviços para serem colocados no ambiente onde elas estavam inseridas (ANSOFF, 1983). As organizações, incluindo as voltadas ao agronegócio, precisam atentar às macros funções da Administração (planejar, organizar, dirigir e controlar), sendo que o planejamento atentar possibilita formular e desenvolver estratégias para o alcance dos objetivos e metas com eficiência facilitando a consecução de resultados satisfatórios. O planejamento constitui-se em um processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações, seja pelo governo ou por organizações de direito privado, visando à consecução de determinados objetivos (FERREIRA, 2004). Na perspectiva deste estudo, julgou-se importante verificar qual concepção atual da Administração Pública Brasileira. De acordo com Bresser-Pereira (2000) existem três formas de administrar o estado: a administração patrimonialista, a administração pública burocrática e a administração pública gerencial. As ações do setor público dependem de como está estruturado o ambiente institucional e o organizacional. Neste estudo, estes dois ambientes se fundamentam nos trabalhos de Douglas North. Este pesquisador distingue instituições de organização. Sobre as instituições North (1994, p. 13), assim se posiciona: “as instituições compreendem regras formais, limitações informais (normas de comportamento, convenções e códigos de conduta auto-impostos) e os mecanismos responsáveis pela eficácia desses dois tipos de normas. Em suma, constituem o arcabouço imposto pelo ser humano o seu relacionamento com os outros.” Com referência as organizações, North (1994, p.13) as apresenta como compostas “[...] de grupos de indivíduos dedicados a alguma atividade executada com determinado fim.” As organizações governamentais, na execução das políticas de governos para efetivar as políticas públicas, e equacionar situações 82 sociais necessárias para o bem estar geral da população, baseiam-se nas regras criadas no ambiente institucional pelos seus atores. Porém seus atos refletem os interesses, tanto dos atores que criaram as regras, como dos grupos de interesse existentes na sociedade, inclusive os empresários (NORTH (1994). O ambiente institucional brasileiro voltado para o setor agropecuário, em especial o do leite, constitui-se nas diretrizes que integram o ambiente organizacional e baseiam-se em planejar e desenvolver ações. Existem as regras gerais e as específicas, as quais favorecem a avaliação das atividades desenvolvidas pelo conjunto de organizações que são responsáveis pela pesquisa, fiscalização e inspeção de produtos de origem vegetal e animal, tanto na esfera federal, como estadual e municipal, bem como pela prestação de assistência técnica e extensão rural voltadas ao suporte das cadeias produtivas. A conceituação de cadeia produtiva tem como base o trabalho de Zylberzstajn (1995), como “filière” proveniente da expressão cunhada pela escola francesa, mas especificamente a de economia industrial, onde coloca a noção de várias atividades que levam a transformação de uma “commodity” em produto acabado, pronto para ser consumido O ambiente organizacional das cadeias produtivas envolve: instituições públicas e privadas voltadas ao setor financeiro, comercial, educacional e industrial, universidades, institutos de pesquisa, associações, cooperativas e outras organizações não governamentais. As mudanças no meio rural alteraram a configuração das propriedades rurais, dando origem a concepção do agribusiness (agronegócio em português), que na visão de Batalha (2000, p. 5) é “[...] a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição destes produtos e itens produzidos a partir deles.” Para Santana (2003, p. 2), ao se referir à cadeia produtiva específica no agronegócio, a “cadeia produtiva é um corte feito dentro do agronegócio, focando apenas um produto específico, ou seja, é o conjunto das atividades de fabricação e distribuição dos fatores de produção para as unidades de produção rurais.” No caso deste estudo, aplica-se esta conceituação para o entendimento da cadeia produtiva do agronegócio leite representando-a através de sete segmentos considerados principais por Gomes (2001): insumo, produção, captação, indústrias, distribuição, mercado e consumo. METODOLOGIA: a abordagem da pesquisa foi qualitativa. Quanto aos objetivos a pesquisa se caracterizou, como descritiva e exploratória. O universo da pesquisa constituiu-se das seguintes instituições: Embrapa; SFA/RO; SEAPES; IDARON, e EMATER-RO, integradoras do ambiente organizacional 83 da cadeia produtiva do agronegócio leite em Rondônia. A escolha destas instituições ocorreu em função de seus objetivos ao desenvolvimento de atividades voltadas à cadeia produtiva do agronegócio leite. A coleta dos dados teve como fontes secundárias os seguintes documentos formais de gestão das instituições: planejamento das instituições; relatório de resultado; e relatório de gestão social. Os dados levantados referente a instituições SFA/RO, IDARON e EMATER-RO e o PROLEITE foram lançados em uma matriz. Os dados das Instituições Embrapa e SEAPES foram sistematizados através de textos e quadros. O cálculo do alcance das metas, por instituição, realizou-se através de média pondera. RESULTADOS: os percentuais alcançados na execução das atividades, por fator, no período estudado 2004 a 2007, pelas instituições SFA/RO, IDARON, EMATER-RO e o PROLEITE mantiveram acima de 90%, considerando-se ótimo. A SFA/RO desenvolve ações em dois fatores: qualidade do leite e organização social. A IDARON também desenvolve ações na área animal em dois fatores: educação e qualidade do leite. Não se lançou percentual para a educação por não se identificar a meta prevista, impossibilitando o cálculo do alcance da meta, mas se realizou ações em todos os anos do período estudado. A EMATER-RO tem atividades que contemplam todos os fatores definidos. O Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira – PROLEITE custeou atividades nos fatores educação e qualidade do leite. Talvez as metas anuais ainda estejam aquém das deficiências, tendo em vista o universo da necessidade, mas os dados mostram se combate, de acordo com as características de ação de cada organização integrante da cadeia. Portanto, ações tem sido realizadas pelo ambiente organizacional estruturado. CONCLUSÕES: após avaliar a atuação de instituições que integram o ambiente organizacional da cadeia produtiva do agronegócio leite no Estado de Rondônia, pode-se entender como as ações são planejadas e ainda conhecer o percentual de execução das metas prevista. Isto possibilitou concluir que: (a) a Embrapa é a instituição realizadora das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), visto que suas ações se voltam para os resultados de longo prazo, ou orientados para o futuro. Sua principal contribuição voltou-se às áreas endêmicas para Tristeza Parasitária Bovina (TPB); caracterizar morfologicamente espécies de carrapato do gênero Amblyomma em Rondônia; cultivares de plantas forrageiras nos sistemas pecuários dos rebanhos bovinos; (b) a SEAPES é a instituição de fomento das políticas públicas estaduais, com apoio financeiro e 84 técnico, no entanto, os recursos são repassados através de convênio para a EMATER-RO, a qual executa as políticas e diretrizes do PROLEITE. Atua também como apoio técnico a IDARON E A EMATER/RO, assim como a outros parceiros; (c) a SFA/RO é uma instituição descentralizada do Ministério da Agricultura com finalidade da defesa sanitária, inspeção, classificação e fiscalização agropecuária. No período desenvolveu ações voltadas a organização social e qualidade do leite; (d) a IDARON é uma autarquia com personalidade jurídica de direito público. Atendeu duas necessidades da cadeia, educação, com o enfoque na educação sanitária e qualidade do leite, com ações de fiscalização da vacinação do rebanho, inspeção de produtos de origem animal e o controle do trânsito animal; e (e) a EMATER-RO é uma associação civil, com personalidade jurídica de direito privado cujas ações são voltadas para todas as necessidades elencadas. Concluiu-se, ainda, que os documentos formais de gestão das instituições possibilitaram a avaliação da atuação, na perspectiva do objetivo geral da pesquisa, podem ser melhorados. No geral, as metas seguem uma lógica quanto aos quantitativos anuais. Considerando o cenário, as ações não sanam definitivamente as necessidades mas favorecem a melhoria do desenvolvimento da cadeia. Recomenda-se à Embrapa que crie mecanismo de divulgação de ações e resultados para a sociedade. Criar mecanismos que facilitem a reunião de informações técnicas dispersas atualmente facilitando o acesso a pesquisadores de outras áreas. Recomenda-se a EMATER-RO, para facilitar a sistematização do planejamento que é efetivado participativamente com os clientes e diminuir o excesso de burocracia resultante da tabulação dos Planos Operacionais dos Escritórios locais, que invistam na redefinição do Banco de Dados - SIATER com o objetivo de um dos relatórios a ser processado ser o PROATER. Possibilitar-se-á, assim, informações mais concretas sobre as metas previstas, quantitativo que pretende alcançar, e quais métodos serão utilizados especificamente para o alcance da meta. Esta prática oferecerá maior transparência para a sociedade, quanto à execução e possibilita a análise quanto à eficácia das metodologias aplicadas. Deve, ainda, disponibilizar os relatórios de atividades no site. Recomenda-se, para a SFA/RO, a manutenção nos relatórios de gestão da estrutura utilizada no Relatório de Gestão de 2006 referente aos indicadores de gestão: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade do desempenho dos programas, bem como a análise crítica dos resultados. Recomenda-se para a IDARON a criação de mecanismo para apurar o custo com ações voltadas para o rebanho e registrar no relatório de atividades e no relatório de avaliação dos PPAs, bem como disponibilizá-los no site. 85 Recomenda-se, como continuação desta pesquisa, conhecer o reflexo das ações executadas por tais instituições nas empresas que compõe a cadeia. PALAVRAS-CHAVE: ambiente institucional; ambiente organizacional; cadeias produtivas; agronegócio leite. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: MAIA, Moacyr Boris Rodrigues. Ambiente organizacional da cadeia produtiva do agronegócio leite no Estado de Rondônia. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C 7A91F85 86 Gestão Da Informação Para O Processo Decisório: Estudo No Agronegócio Soja M.e Deyvison de Lima Oliveira e Dr. Sidinei Aparecido Pereira CONJUNTURA: a gestão dos empreendimentos rurais passa nesse momento por mudanças em decorrência das novas exigências do mercado no tocante ao processo produtivo e à relação do empreendimento com outros agentes que os circundam (NANTES e SCARPELLI, 2007, p. 632). Dentre essas transformações, observa-se que os empreendimentos rurais começam a assumir a produção como um negócio em si, passível, portanto, de adequação aos princípios da administração e aos instrumentos de gestão estratégica. Diante da reduzida margem de contribuição (rentabilidade marginal) dos empreendimentos do setor, as decisões passam a ter caráter estratégico (CALLADO e MORAES FILHO, 2005), principalmente aquelas relacionadas a investimentos, comercialização da produção e continuidade do negócio. Assim, um número maior de decisões é demandado e mais informações são necessárias para apoiá-las. Considerando que: (a) a informação é o insumo que fundamenta o processo decisório; (b) a gestão da informação é abordada na proposta abrangendo as informações da cadeia de produção agrícola (cadeias fornecedora, interna e a compradora/consumidora), informações dos concorrentes e informações não estruturadas (do mercado e governo); (c) as decisões mencionadas são concernentes a investimento, comercialização da produção e continuidade do negócio; (d) o empreendimento rural base para a pesquisa é o de produção de soja, busca-se resposta para o seguinte problema de pesquisa: qual a relevância das informações de fornecedores, controle interno (custos), clientes, concorrentes e mercado/governo na fundamentação dos processos decisórios relacionados a investimentos, comercialização da produção e continuidade do negócio nos empreendimentos rurais produtores de soja no município de Vilhena? OBJETIVO: mensurar e compreender a utilização das informações de fornecedores, controle interno (custos), clientes, concorrentes e mercado/governo na fundamentação do processo decisório quanto a 87 investimentos, comercialização da produção e continuidade do negócio nos empreendimentos produtores de soja. SUPORTE TEÓRICO: o processo decisório é entendido como “[...] processo de colher informações, atribuir importância a elas, posteriormente buscar possíveis alternativas de solução e, depois, fazer a escolha entre as alternativas.” (GOMES, GOMES e ALMEIDA, 2006, p. 2). Pode ser estudado sob a perspectiva de uma das duas escolas: a americana e a francesa. Ensslin, Montebeller e Noronha (2001, p. 15) abordam o processo decisório sob o prisma do conceito de paradigma, criado por Thomas Kuhn. Para os autores, a decisão pode ser representada por dois paradigmas: o racionalista e o construtivista. O paradigma racionalista é tido como tradicional (apesar de amplamente usado), já que representa conjunto de métodos que objetivam a solução ótima em uma dada situação. No intuito de fornecer respostas a situações complexas, a escola francesa propõe metodologias multicritérios para o processo decisório. O paradigma construtivista, segundo Ensslin, Montebeller e Noronha (2001, p. 35-36), é adotado pelas metodologias voltadas ao apoio à decisão. Por esse paradigma, os valores do decisor influenciam o processo e devem ser considerados. Nesse prisma, as metodologias de apoio à decisão não objetivam definir uma única solução, mas sim, indicar um conjunto de alternativas que levem à decisão (ENSSLIN, MONTIBELLER E NORONHA, 2001, p, 35-36). A tomada de decisão, como um todo, centra-se na informação, seja a estruturada ou a não estruturada. Gil (1999) define informações estruturadas como “[...] aquelas sobre as quais a organização tem mais domínio; são as que retratam e representam a base de sua operacionalização” e como informações não estruturadas as “[...] necessárias ao exercício de situar a organização no segmento econômico a que pertence e de projetar um perfil de seu comportamento esperado.” As informações estruturadas, geralmente, são as produzidas internamente pela organização e estão disponíveis no seu sistema de informação. As não estruturadas são obtidas junto ao público externo, mercado etc. Possuem caráter mais subjetivo que as estruturadas, pois geralmente estão ligadas a algum posicionamento da empresa no contexto do mercado. As informações desse ambiente têm crescido em importância para a tomada de decisão, já que estão mais suscetíveis ao aspecto temporal. METODOLOGIA: quanto aos objetivos, a pesquisa se caracteriza pela exploração e descrição dos dados levantados. No tocante aos procedimentos, adota-se o “Estudo de Campo”, considerando que o objetivo está associado ao 88 aprofundamento das variáveis mensuradas por meio de questões abertas do questionário da entrevista. Quanto à abordagem, a pesquisa se fundamenta na análise quantitativa, predominantemente. Porém, caracteriza-se ainda pela abordagem qualitativa, através da busca de maior profundidade na análise dos dados. Segundo Richardson (1985, p. 29) o método quantitativo de pesquisa “é freqüentemente aplicado nos estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis bem como nos que investigam a relação de causalidade entre fenômenos.” Para esse autor, a natureza do problema de pesquisa ou o seu nível de aprofundamento que, de fato, determina a escolha do método (quantitativo ou qualitativo). RESULTADOS: a análise da utilização das informações para o processo decisório relacionado a investimentos revelou que as informações produzidas pelo próprio empreendimento (controle interno/custos) evidenciam-se como as mais relevantes, seguidas pelas informações de clientes e do mercado/governo (não estruturadas). Para o processo decisório relacionado à comercialização da produção, os resultados evidenciaram que as informações produzidas na cadeia interna (custos totais) e informações de fornecedores (custos de insumos) são mais utilizadas para fundamentação desse processo. No tocante ao processo decisório relacionado à continuidade do negócio, observou-se também maior utilização das informações produzidas na cadeia interna (custos totais) e informações de fornecedores (custos de insumos). CONCLUSÕES: os três processos decisórios apresentaram uma fonte de informações comum, tida como a mais empregada para o respaldo aos processos: controle interno – custos totais de produção. Essas informações são mais relevantes ainda para a fundamentação do processo decisório de comercialização da produção. Isso é justificado pela necessidade de se conhecer a estrutura de custos totais para a adoção da estratégia de comercialização antecipada da produção – a principal estratégia adotada pelos empreendimentos. O trabalho apresentou resultados que permitiram a criação das propostas de estruturação dos processos decisórios nos três aspectos estudados. A principal estrutura para cada processo foi definida com base na fonte primeira de informações para as decisões: controle interno – custos totais. Partindo-se dessa fonte, é possível estabelecer a estrutura lógica adotada pelos empreendimentos (gestores) em cada um dos processos. Na essência, a estrutura obedece à seguinte ordem: definição do problema; aplicação das fontes de informações para respaldo ao processo; definição de alternativas à resolução do problema; 89 análise de conseqüências de cada alternativa; implementação da decisão; e avaliação do processo. PALAVRAS-CHAVE: gestão de agronegócio; cadeia de valor; gestão da informação; processo decisório NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: OLIVEIRA, Deyvison de Lima. Gestão da informação para o processo decisório: estudo no agronegócio soja. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Pesquisa PeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 90 Potencialidades e Perspectivas do Arranjo Produtivo Local da Piscicultura no Município de Pimenta Bueno – Rondônia M.e Marcelo Batista de Oliveira e Dr. Theóphilo Alves de Souza Filho CONJUNTURA: em 2005, o município de Pimenta Bueno já se apresentava com quatro associações e uma cooperativa de produtores de peixes. Fazem parte da cooperativa: quatorze produtores locais em propriedades com áreas que variam de 12,1 a 600 hectares. Estas propriedades constituíram áreas com disponibilidade de superfície alagadas que variam de 0,32 a 24,2 hectares, e têm disponível aproximadamente 22 viveiros. Há predominância da espécie tambaqui na criação e, apesar das iniciativas dos produtores, o nível de assistência técnica disponibilizado pelo governo é baixo (RONDÔNIA, 2005). Ainda, um diagnóstico situacional para o apontamento da realidade local desencadeado pelo SEBRAE/RO em parceria SEAPES/EMATER, iniciado em 2003, que teve por objetivos: (a) o apontamento da situação econômicofinanceira; (b) os problemas enfrentados na piscicultura; (c) a disponibilidade de mão-de-obra; (d) a situação social e econômica da propriedade; (e) o potencial da propriedade e do produtor; (f) o sistema de produção da piscicultura; e (g) o tipo de solo e o potencial de área para a piscicultura se configuram em lacunas a serem preenchidas com esse estudo (RONDÔNIA, 2006). Pode-se ainda observar a necessidade crescente de proteína animal para alimentar uma população que demanda alimentos com baixo nível de colesterol. A opção para isto só poderia vir da exploração agrícola representado pela produção de soja, principalmente, e de alternativas menos impactantes como é, por exemplo, a produção de peixes em ambientes controlados considerando a piscicultura como uma atividade econômica importante para a ascensão do meio rural, pois visa à promoção da geração de renda, redução do desmatamento, constituindo-se numa alternativa econômica à pecuária bovina leiteira e de corte, bem como outras atividades de cunho rural. O presente estudo visa verificar a seguinte questão: quais as potencialidades e perspectivas da piscicultura desenvolvida no município de Pimenta Bueno em Rondônia? Para obter parte dessas respostas, a presente pesquisa procurou identificar cada segmento que participa da atividade 91 piscícola, juntamente com o envolvimento dos representantes dos órgãos de assistência técnica com atuação no estado e no município; e, ainda, junto aos produtores locais organizados individualmente, ou em associações, ou cooperativas. Assim, os componentes desse contexto onde o tema se situa necessita ser pesquisado e, como resultados esperados do presente estudo, buscar-se-á a análise da atual situação da piscicultura em Rondônia, utilizando para isto a metodologia de Arranjo Produtivo Local (APL), e orientando-se na teoria das cinco forças competitivas de Porter (1989), que propõem indicadores determinantes à viabilidade econômica ou não de uma indústria. A realização da análise de APL, tendo por base essa metodologia, poderá indicar as potencialidades e perspectivas da piscicultura no município de Pimenta Bueno e apontar os pontos fortes e fracos que propiciam avanços ou retrocessos nos empreendimentos dos piscicultores. OBJETIVO: analisar as potencialidades e perspectivas do Arranjo Produtivo Local da Piscicultura do município de Pimenta Bueno, estado de Rondônia. SUPORTE TEÓRICO: neste tópico serão apresentados aspectos referentes à estrutura competitiva das indústrias, basicamente através das cinco forças competitivas, teoria desenvolvida a princípio por Porter (1989; 1991). Nesta teoria são abordadas forças que atuam e determinam a concorrência e a rentabilidade da indústria. São elas: ameaça de novos entrantes; ameaça de produtos ou serviços substitutos; poder de negociação com os fornecedores; poder de negociação com os clientes; e manobras pelo posicionamento entre os atuais concorrentes. Para Porter (1989), o potencial de lucro de uma organização, bem como a formulação de suas estratégias depende da intensidade da concorrência no ambiente competitivo de uma indústria. A concorrência num determinado setor não abrange apenas os sujeitos participantes, pelo contrário, existem forças competitivas que vão além dos atuais concorrentes. O estado de concorrência em uma indústria depende, segundo o autor, de cinco forças competitivas, representadas por: entrada de novos concorrentes; rivalidade entre os atuais concorrentes; ameaça de produtos substitutos; poder de negociação dos fornecedores; poder de negociação dos compradores. Essas forças competitivas influenciam no lucro final da indústria, ou seja, na sua rentabilidade. Essa influência ocorre quando o poder de negociação dos compradores influencia o preço que as empresas podem cobrar por determinado produto ou serviço, enquanto que o poder de barganha dos fornecedores influencia nos custos das matérias-primas e de outros insumos. De outro lado, a 92 rivalidade entre os concorrentes influencia os preços, assim como aumenta os custos para os concorrentes em áreas como: fábricas, publicidade dentre outros. Já a ameaça de entrada coloca um limite nos preços e modula o investimento exigido para deter novos entrantes. Segundo Farina (1999b), a competitividade, apesar de possuir diversas definições dependentes da perspectiva de análise, pode ser conceituada como a capacidade de sobreviver e de preferência crescer de forma sustentável em mercados correntes ou em novos mercados. De acordo com Saes (2004), produtores rurais podem adotar estratégias de diferenciação para se proteger de variações negativas e preço, que venham a prejudicar sua rentabilidade. No entanto, tal estratégia não garante que o ganho adicional de receita relacionado ao investimento do produtor, seja entregue diretamente ao produtor, visto que este distribui seus produtos por meio de canais de distribuição existentes em sua cadeia produtiva e que estes canais podem ser compostos de elementos dotados de poder competitivo em níveis mais elevados que o produtor. Saes (2004, p. 09) destaca três tipos de estratégias de diferenciação que podem ser utilizadas por produtores rurais, e detalha os atributos diferenciais: (a) qualidade excepcional: produto de qualidade superior e perceptível, localização e atributo chave (ex.: marca); (b) orgânico: ausência de agrotóxicos e fertilizantes altamente solúveis; e (c) origem: referência regional, região, fazenda, núcleo de produtores, alcance de preços acima da concorrência. A agregação de valor pode estar presente não apenas no elo de produção rural, pode, por exemplo, estar na marca ou na região da empresa que beneficia e embala o produto. O consumidor que demanda por tais atributos passa a perceber valores na relação com o produto e essa empresa ganha poder competitivo em relação aos demais elos da cadeia produtiva, por ser responsável pelo desenvolvimento dos atributos relevantes ao público-alvo. Quanto ao micro ambiente, Farina (1999b) destaca a importância da capacidade por redução de custos de produção, integrar ações gerenciadas com outros membros da cadeia no intuito de eliminar custos de transação, buscar economias de escala e escopo. Outra estratégia bastante comum e defendida por Campeão (2003) é o agrupamento entre produtores em um mesmo mercado para somar forças competitivas à jusante ou gerar volume de compra e melhorar o poder de barganha com empresas a montante. A competitividade não advém somente da “dotação de fatores e recursos”, e dos seus preços relativos, ela resulta das estratégias empresarias deliberadas de investimentos, baseando-se na capacidade tecnológica endógena e sistêmica, produzindo com eficiência e introduzindo novos produtos. Setores de uma economia mais competitiva requerem uma combinação de fatores ligados à capacitação da indústria, principalmente quanto 93 à capacidade tecnológica, e às estratégias econômicas do país (das empresas, indústrias) em linha com concorrentes mundiais (COUTINHO; FERRAZ, 1994). Em relação aos padrões de concorrência, Farina (1999b) enfatiza que estes podem mudar ao longo do tempo, decorrentes, por exemplo, de mudanças tecnológicas, no próprio ambiente competitivo e nas estratégias individuais das empresas na busca por diferenciação, as quais, se bem sucedidas, podem alterar o padrão de concorrência ao serem imitadas pelos concorrentes. METODOLOGIA: trata-se de uma pesquisa qualitativa em virtude do problema se relacionar com a caracterização das potencialidades e perspectivas da atividade piscícola no arranjo produtivo local em Pimenta Bueno, através da identificação de sua estrutura competitiva. Assim, realizou-se uma pesquisa exploratória com a caracterização de sua estrutura competitiva, evidenciando as potencialidades e perspectivas dessa atividade para o município de Pimenta Bueno – RO. RESULTADOS: demonstrado os agentes que compõem o APL da piscicultura em Pimenta Bueno, buscou-se, primeiramente, analisar como os agentes do arranjo adotam suas estratégias, aspectos gerenciais e padrão de concorrência. Em termos de gerenciamento da propriedade, os produtores não-integrados valorizam mais a mão-de-obra como diferencial competitivo, mas ressaltam que deveria haver maior capacitação dos recursos humanos. Como a maioria destes possui sistemas de produção extensivos, caracterizou-se que grande parte destes não utiliza estratégias de diferenciação em relação aos outros produtores, destacando a experiência e o conhecimento na atividade como elemento diferenciador. Dentre os dez agentes não-integrados, com exceção de um que apontou a diferença de sua propriedade das demais está em relação o trabalho com dedicação e a qualidade de sua produção, todos os demais alegaram não haver esforços ou ações de diferenciação competitiva. Sendo afirmado por estes também que as atitudes dos outros produtores não afetam suas decisões, demonstrando inexistência de uma competição elevada no município na percepção destes produtores. Para os produtores integrados, a visão que estes possuem em termos de gerenciamento da propriedade se volta à importância atribuída ao aprendizado e conhecimento adquirido na atividade, mas que para a região estes aspectos ainda são incipientes. Diferentemente dos não-integrados, estes têm como opinião a existência de propriedades com diferenciais competitivos, como aquelas com nível tecnológico mais elevado, acompanhamento de assistência técnica e mão-de-obra qualificada. O diferencial 94 competitivo, segundo eles, está no fato de que a integração lhes passa uma ‘visão’ de coordenação da atividade na região. Outro elemento ressaltado é quanto aos aspectos relacionados à coletividade e adoção de inovações na propriedade como fatores considerados relevantes e que influenciar suas decisões estratégicas. A indústria frigorífica considera relevante possuir fornecedores de insumos que adotem tecnologias adequadas em suas propriedades bem como busca disponibilizar para estes, não esporadicamente, algum tipo de assistência técnica. O gerente-proprietário enfatizou como diferencial da empresa o planejamento que se faz na gestão da indústria buscando adquirir insumos de boa qualidade. Entre os produtores não integrados, apenas 30% realizam algum tipo de parceria com outros produtores, principalmente buscando a redução de despesas. Como estes não são integrados com a indústria frigorífica do município se descaracteriza qualquer tipo de parceria no relacionamento entre estes. Dos piscicultores integrados, 100% trabalham com algum tipo de parceria com outros proprietários, seja em todo o processo produtivo, como notado em alguns casos observados voltado apenas para aquisição de insumos. Com a indústria, estes possuem relacionamentos mais próximos, principalmente em virtude destes comprarem toda a produção e suas parcerias em relação à logística. Os agentes não-integrados, questionados sobre investimentos que realizariam futuramente na propriedade, 70% responderam que: pretendem ampliar o número de tanques da propriedade; construir área para comercialização de peixes, suínos e outros animais com venda direta ao consumidor; além de investir em outras espécies de peixes. Por outro lado, 30% responderam que não farão investimentos em decorrência de: não possuírem condições financeiras; alto custo dos insumos, sendo que um produtor está pensando em abandonar a atividade em decorrência destes fatores. Para os integrados, todos inferiram que irão realizar investimentos na melhoria tecnológica dos sistemas de produção, como a renovação de equipamentos empregados atualmente cujo objetivo principal é a melhoria da produtividade. A indústria frigorífica objetiva otimizar o sistema produtivo para reduzir a ociosidade de máquinas e equipamentos buscando reverter o atual momento produtivo em que a indústria se posiciona. Os produtores não-integrados destinam sua produção para Pimenta Bueno e outros municípios da região centro sul do estado. Seus principais canais de comercialização incluem a venda de peixes na própria propriedade, em residências, e destes 20% também entregam para a CONAB. Cabe ressaltar que estes não entregam seus produtos para o frigorífico do município, revelando uma relação distante entre estes, e falta de articulação entre os agentes do APL desintegrados da indústria. Os 95 produtores integrados destinam sua produção para a região também, principalmente para a indústria frigorífica, que compra a produção destes em grande quantidade. Já a indústria comercializa seus produtos diretamente com distribuidores e redes de supermercados do município e do entorno de Pimenta Bueno. CONCLUSÕES: ao se fazer uma análise da piscicultura no Brasil, no estado de Rondônia, e especificamente em Pimenta Bueno, através da caracterização das forças competitivas nela atuante, percebe-se que alguns fatores devem ser alterados ou mesmo aperfeiçoados. Isto é natural, pois em se tratando de uma atividade ainda incipiente a nível estadual, muito há que ser feito. No entanto, Pimenta Bueno apresenta referencial competitivo razoável em relação às outras regiões do país devido ao clima tropical, quente e úmido e a diversidade de espécies nela existentes. Além do mais, notou-se sua colaboração para o aumento de renda dos produtores rurais, colaborando dessa forma para o desenvolvimento econômico local. A atividade no município depende do desenvolvimento da aqüicultura no estado no que concerne a eliminação de alguns fatores restritivos e do enfrentamento de desafios, como o risco da ação ambientalista por considerar a piscicultura uma atividade potencialmente poluidora. Á Sedam, cabe conceder a licença ambiental permitindo legalizar o empreendimento. A Emater, que presta assistência técnica aos piscicultores e também se preocupa com a questão ambiental realizando todo o trabalho de orientação e fiscalização para o crescimento da atividade em Pimenta Bueno sem agressão ao meio ambiente, tenta acompanhar alguns produtores ao longo do ciclo da produção, buscando o aprimoramento das técnicas de cultivo com o intuito de diminuir o custo de produção do peixe e aumentar a eficiência da produtividade nas propriedades. Com a caracterização das forças competitivas do APL, infere-se que a competitividade da piscicultura é indiscutível, em razão de suas potencialidades e as significativas razões para sua adoção na propriedade, como o aproveitamento de áreas e dos resíduos orgânicos (dejetos), a utilização de mão-de-obra familiar e um bom retorno financeiro por capital investido conferindo-lhe perspectivas de crescimento contínuo. PALAVRAS-CHAVE: forças competitivas; arranjo produtivo local; piscicultura; potencialidades e perspectivas; Pimenta Bueno. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: OLIVEIRA, 96 Marcelo Batista de. Potencialidades e perspectivas do arranjo produtivo local da piscicultura no município de Pimenta Bueno – Rondônia. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www. dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E 4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 97 Cadeia produtiva de hidropônicos: um estudo da eficiência do elo denominado sistemas produtivos no município de Porto Velho/Ro, utilizando o índice de Malmquist M.e Ramiro Vieira da Silva, Dr. Haroldo Cristóvam Teixeira Leite e Dr. Tomás Daniel Menéndez Rodriguez CONJUNTURA: diante da necessidade de produção de alimentos cada vez em maiores quantidades e a escassez de áreas produtivas próximas de áreas urbanas, proporcionar alternativas de produção que atendam essas necessidades tornou-se o desafio para as organizações produtoras de alimentos. Junto ao aumento descontrolado da população surgiu uma maior necessidade dos alimentos, e com isso a necessidade de criação de técnicas de produção que proporcionem alta produtividade com qualidade. A hidroponia atende essas exigências, sendo muito explorada em países da Europa, na Austrália, Israel e Estados Unidos entre outros. Em um momento em que muito se fala em globalização, a inovação e a capacidade de criação, com vias ao atendimento da demanda por produtos e serviços necessitam ser observadas, muitas vezes adaptando experiências anteriores a realidades locais, e pode ser decisiva para o sucesso ou insucesso das organizações, mesmo na produção de alimentos. Neste contexto, a busca de novas técnicas de produção de alimentos assume papel importante para as organizações e uma necessidade a ser observada por toda população. Devido ao aumento da necessidade do consumo decorrente do aumento populacional, a agricultura sofre forte pressão para aumentar a produtividade e a busca por novas técnicas de produção tem sido uma constante, sendo que a hidroponia permite a produção de grande variedade de produtos, mesmo fora da safra tradicional ou em ciclos menores de produção, para possibilitar as organizações produtoras o alcance de vantagens competitivas no mercado. Em Rondônia, segundo a Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia - EMATER-RO, o cultivo de hidropônicos, como alternativa de nova técnica de produção, iniciou-se em Porto Velho por volta de 1996. Um início difícil, segundo o órgão, pois na época pouca era a bibliografia existente sobre o assunto e os empreendimentos que existiam eram muito fechados e não 98 difundiam o conhecimento sobre essa técnica. A iniciativa desses empreendimentos mudou, segundo os gestores das duas maiores redes no município, o perfil do produto colocado à disposição dos cidadãos de Porto Velho pelos supermercados, pois, desde a inserção destes produtos no mercado, a busca pelo produto equivalente, oriundo da cultura tradicional, caiu ao ponto de saírem dessas redes. Sendo assim, o problema de pesquisa que o presente trabalho procura responder é: existe eficiência do elo da cadeia de hidropônicos, denominado sistemas produtivos, no município de Porto Velho/RO, no que diz respeito a sua produtividade? OBJETIVO: avaliar a eficiência do elo da cadeia de hidropônicos denominado Sistemas Produtivos, relacionado às Organizações Produtoras no Município de Porto Velho, quanto a sua produtividade. SUPORTE TEÓRICO: ao se estudar o conceito de agronegócio, aprofundando o tema das organizações produtoras, Dalf (1999, p. 07) aponta características comuns em organizações diferentes como hospital, igrejas ou mesmo grandes corporações de negócios, possuindo a mesma definição de que como organizações “são entidades sociais que são dirigidas por metas, são projetadas como sistemas de atividades deliberadamente estruturados e coordenados e são interligados ao ambiente externo”, da mesma forma, objetivando o sucesso, esse deve também ser a definição das “organizações” produtoras de hidropônicos com objetivos claros de gestão. Tratar a agricultura como um negócio o crescimento da até certo ponto é recente. Santiago (2005. p. 36) lembra que desde os “primórdios, a humanidade tinha a economia baseada na produção agrícola. Seja no Egito antigo, com grandes produções as margens do Nilo, seja na idade média (...) realidade vivida até o surgimento a industrialização, no final do século XVIII.” Em uma economia que permanece em constante evolução, Araújo (2003, p. 15) ressalta, ”sobretudo que os avanços tecnológicos, mudaram totalmente a fisionomia das propriedades rurais, sobre tudo nos últimos 50 anos.[...] O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos índices de produtividade”, levando a uma mudança de conceitos e a adaptação a essa nova realidade. A agricultura passa por uma etapa de transição com grandes transformações, originadas principalmente a partir daquelas ocorridas no comércio internacional. A atividade agrícola anteriormente voltada para a autossuficiência da propriedade foi obrigada a modernizar-se, adequando-se às exigências do mercado. Justificando-se aí os estudos realizados na Universidade de Havard por Davis e Goldeberg (1957) apresentando os primeiros conceitos 99 do agribusiness abordando todos os autores que discutem o sistema produtivo da agricultura, onde todas as partes de alguma forma influenciam ou contribuem na composição do sistema agroindustrial (BATALHA, 1997). Para Davis e Goldberg citados por Zylbersztajn (2005, p. 120) “O agribusiness moderno não pode ser visto como o resultado de um plano pré-concebido. Ao invés, ele é o produto de forças complexas e evolutivas que atuam mais ou menos espontaneamente sem uma coordenação central”, sendo esse um dos maiores desafios das organizações produtoras de produtos agrícolas. A discussão sobre cadeias produtivas no agronegócio iniciou com os estudos de Davis e Goldberg (1957) e os primeiros conceitos de agribusiness, e posteriormente nas cadeias de produção agroindustriais que Batalha (1997) lembra terem suas bases nas definições de commodity system approach, abordagem criada também por Davis e Goldberg da escola americana e na análise de Filières, com origem na escola econômica industrial francesa. Há a convergência destes dois conceitos para uma só definição, onde a cadeia de produção agroindustrial passa a ser tratada como um conjunto de atividades de transformação, ligadas entre si através de processos técnicos, e que têm um fluxo comercial-financeiro constante de jusante a montante e de montante a jusante do processo. O objetivo dessa cadeia passa ser o de agregar valor ao processo produtivo e a seus produtos finais. Castro et al (1995), adaptando um modelo de Zylbersztajn (1995), apresentam uma proposta de ambiente institucional no agronegócio com a descrição dos atores desta cadeia, partindo dos fornecedores de insumo, chamados de produtores antes da porteira, a propriedade agrícola/sistemas produtivos em si, onde ocorrem as produções, chamado de elo dentro da porteira, e os elos pós-porteira, onde estarão as agroindústrias, os setores de comércio atacado e varejo e o ultimo elo, que são os consumidores finais dos produtos agrícolas (o elo pesquisado no presente é o chamado de propriedade agrícola/sistemas produtivos da cadeia produtiva de hidropônicos). Para Sediyama e Pedrosa (2007), a hidroponia é uma técnica alternativa de cultivo em ambiente protegido, na qual o solo é substituído pela solução nutritiva onde se contém todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas. Esta técnica é também conhecida como cultivo sem solo, e deve ser aproveitada em todo seu potencial. Castellane e Araújo (1995), citando Hanger (1986), fazem um comparativo da hidroponia com a cultura tradicional ressaltando algumas vantagens: a exigência de menos trabalho na cultura de hidropônicos; triplicação da produção devido a falta de disputa de nutrientes na água; raízes em ambientes melhores proporcionam plantas mais saudáveis; economia de água e nutrientes; redução no número de pulverizações em virtude do controle do ambiente; e por 100 fim, a possibilidade de produção em locais onde seria inviável a pratica da agricultura tradicional. Ao publicarem o modelo CCR de estudos da produção, que supõe retornos constantes de escala, ou seja, acréscimos nos recursos produzirão acréscimos proporcionais nos produtos gerados, Abraham Charnes, William Cooper e Edwardo Rhodes (CHARNES et al, 1978) iniciaram o que se reconhece como o nascimento dos modelos de Data Envelopment Analysis – DEA (análise envoltória de dados). Este modelo permite a determinação da eficiência do Decision Making Unit – DMU, um termo utilizado na técnica DEA para referenciar unidades homogêneas que utilizam insumos semelhantes para produzir produtos semelhantes e têm autonomia para tomar decisões, ou seja, as unidades produtivas comparando-as com as demais, considerando-se os recursos utilizados (inputs) e os resultados alcançados produtos ou serviços gerados (outputs). Charnes et al (1978), buscando determinar a eficiência de unidades produtivas, quando não se deseja considerar somente o aspecto financeiro das organizações, desenvolveu a abordagem DEA. Para o caso estudado, o DEA permite a avaliação da eficiência relativa de cada sistema produtivo/organizações produtoras de hidropônicos no Município de Porto Velho considerando-se os recursos utilizados (inputs) e os produtos gerados (outputs). O uso do índice de Malmquist possui a vantagem de desconsiderar informações de preços e ser obtido pelo DEA. Um das dificuldades encontradas é a indisponibilidade da quantia dos insumos nos dados dos censos agropecuários. A relação entre as quantidades de produto e os fatores de produção possibilita o cálculo do índice de Malmquist empregando a DEA desconsiderando os valores da produção e os gastos com diferentes insumos. O índice de Malmquist tem sido empregado em muitas pesquisas em diversas áreas de atuação. A abordagem a partir do índice de Malmquist permite a análise da eficiência produtiva de organizações com múltiplos insumos e produtos, partindo da construção de uma superfície limite, onde as organizações mais eficientes se situem sobre ela (fronteira) e as menos eficientes se situem internamente. A relação “produtos/insumos” sobre a superfície de referência deve ser a maior possível dentre as observadas nas organizações pesquisadas. Portanto, o grau de ineficiência de uma organização qualquer do conjunto é avaliado pela distância do seu vetor produto/insumo até a superfície de referência. METODOLOGIA: utilizou-se como método de pesquisa a abordagem qualitativa com enfoque descritivo-exploratório em que se realizou a análise da eficiência produtiva das organizações produtoras de hidropônicos no município de Porto Velho no período de 2005 a 2007. A pesquisa ocorreu em etapas, 101 realizando-se o levantamento e a catalogação das organizações produtoras e a pesquisa de campo para levantamento dos dados para avaliar a produtividade. A análise foi feita com a utilização do software DEA-SAED –1.0 – software de análise envoltória de dados – versão 1.0. trata-se de uma ferramenta computacional desenvolvida para avaliação técnica e da produtividade através da análise envoltória de dados, programa livre, desenvolvido na Universidade Federal do Paraná – UFPR. RESULTADOS: o estudo possibilitou a identificação dos elos da cadeia produtiva de hidropônicos no município de Porto Velho/RO, sendo que o primeiro elo se localiza em outros Estados, uma vez que não existem lojas que forneçam os insumos necessários na cidade. Os demais elos existem no município e funcionam interligados entre si. O estudo possibilitou a comprovação de que, a partir da análise do índice de Malmquist, o elo da cadeia produtiva de hidropônicos é considerado eficiente em sua totalidade, sendo esta eficiência decorrente principalmente da mudança tecnológica no período. Ao analisarmos separadamente as organizações produtoras, percebe-se que algumas enfrentaram problemas no período e com uma maior atenção e apoio a essas organizações, o resultado positivo seria ainda melhor na totalidade da cadeia. CONCLUSÕES: a partir dos dados levantados e as análises por meio da ferramenta DEA e o índice de Malmquist, constatou-se a eficiência produtiva do elo denominado sistemas produtivos da cadeia produtiva de hidropônicos, no Município de Porto Velho/RO, eficiência decorrente principalmente da mudança tecnológica na produção, que tem sido a responsável pela evolução dos índices eficiência da produção. Das organizações pesquisadas, apenas duas participam de reciclagens constantes (reciclagens anuais, segundo os gestores das organizações) e trabalham em conjunto com pesquisadores nacionais testando novas tecnologias e práticas de produção, que após publicação passam a servir de base para todos os produtores. Em Porto Velho, a área destinada para o cultivo de hidropônicos aumentou consideravelmente nos últimos anos. Além dessa expansão geográfica, busca-se constantemente o aumento da produtividade por parte dos sistemas produtivos através da utilização de sementes de qualidade, bancadas de produção feitas de acordo com as normas, uso de tecnologia para produção e busca de informações sobre novas técnicas de produção, fazendo-se uma adaptação para a realidade regional, visto as diferenças existentes no quanto ao clima, água e outros fatores que afetem a produção. Com a tendência de crescimento populacional por que passa o município, e a decorrente necessidade 102 de produção de todo tipo de alimentos, o aproveitamento do potencial produtivo desta cadeia assume fundamental importância para a população, merecendo especial atenção por parte dos órgãos responsáveis pela orientação e assistência técnica aos produtores. Através da pesquisa com os responsáveis pelas organizações produtoras, identificou-se que um dos aspectos relacionados à influência de fatores na produtividade é a inexistência de assistência técnica especializada em cultivo de hidropônicos nos órgãos de assistência técnica no município, dificultando a atividade dessas organizações no alcance dos resultados almejados. Quando surge alguma praga ou doença, os produtores são obrigados a enviar amostras de seus produtos contaminados para pesquisadores nos grandes centros do país. A variável mão-de-obra qualificada é relevante para os gestores das organizações e pode determinar a variação nos índices de produtividade. Porém, apesar de sua importância, não é considerado pela maior parte das organizações, pois na maioria o número de empregados não ultrapassa três trabalhadores e esses acabam por ser treinados na própria organização. Em sua maioria, a mão de obra qualificada nas empresas é composta por membros das famílias donas das organizações. Com relação à tecnologia empregada nas organizações, todas procuram atualizar, na medida do possível, seus equipamentos reformando suas bancadas e aplicando sementes especiais, para a obtenção de melhores rendimentos produtivos e defensivos, com tecnologias mais adequadas ao controle de pragas na cultura de hidropônicos. Quanto à presença de defensivos no cultivo de hidropônicos, uma de suas características é a reduzida utilização na cultura, observando criteriosamente os prazos de descanso após aplicação em virtude de ser uma cultura de período relativamente curto onde o respeito a esses prazos garante produtos saudáveis aos consumidores. PALAVRAS-CHAVE: organizações; produtividade; índice de Malmquist. cadeia produtiva; hidroponia; NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: SILVA, Ramiro Vieira da. Cadeia produtiva de hidropônicos: um estudo da eficiência do elo denominado sistemas produtivos no município de Porto Velho/Ro, utilizando o índice de Malmquist. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 103 Empreendedorismo e inovação na pecuária em Rondônia: Estudo de caso sob a ótica da teoria do desenvolvimento econômico de Joseph Alois Schumpeter M.e Silvio Gilberto Bueno e Dr. João Vicente André CONJUNTURA: considerando a busca de melhores índices de produtividade como a solução para a sobrevivência das empresas no atual cenário econômico globalizado e em crescente competitividade em face dos recursos tecnológicos que cada vez mais oferecem melhores soluções de produção, comunicação e gestão empresarial e, ainda, considerando as crescentes exigências do mercado internacional que impõem a necessidade de efetivos cuidados ambientais no processo produtivo, além da óbvia preocupação para com a crescente escassez de recursos naturais, além de uma vez verificada a existência de um empreendimento pecuário em Rondônia que obtém produtividade significativamente superior aos padrões rondonienses, amazônicos e brasileiros, torna-se necessário entender quais os fatores propiciam tal disparidade produtiva buscando conhecer e entender as mudanças no sistema produtivo empreendimento e como ocorrem as combinações dos meios de produção que influenciam tais mudanças. OBJETIVO: identificar, a partir de uma análise sob a ótica da teoria de Joseph Alois Schumpeter sobre o desenvolvimento econômico, quais são as mudanças no sistema produtivo do empreendimento estudado e descrever como ocorrem as principais combinações dos meios de produção que influenciam essas mudanças e contribuem para o estabelecimento novo referencial de produtividade na pecuária. SUPORTE TEÓRICO: a teoria do economista Joseph Alois Schumpeter (18831950) credita o desenvolvimento econômico ao empresário empreendedor que, pela inovação, quebra padrões produtivos, cria novos paradigmas e desloca, assim, a referência produtiva para um novo padrão que será então o alvo na busca de uma nova situação de equilíbrio, em outra realidade econômica. Esse fato ocorre devido às mudanças abruptas e descontinuadas às quais Schumpeter 104 denomina destruição criativa (fenômeno gerador da riqueza e do desenvolvimento econômico). A teoria schumpeteriana diz que mudanças ocorrem, num sistema econômico, de forma progressiva ou de forma abrupta. As mudanças progressivas, ou incrementais, decorrem de pequenos e sucessivos ajustes no sistema concedendo aos seus agentes oportunidade de contínuas adaptações, enquanto que as mudanças abruptas ocorrem repentinamente, causando rupturas e desequilíbrio no sistema propiciando as transformações fundamentais no sistema, não raro com o desaparecimento de agentes e sua substituição por novos elementos. Esse processo de desequilíbrio no sistema gera o fenômeno do desenvolvimento econômico por conseqüência das mudanças operadas na busca por uma nova situação de equilíbrio. De acordo com Schumpeter, as mudanças incrementais induzem ao crescimento econômico, enquanto as mudanças abruptas levam ao desenvolvimento econômico. Segundo o autor, para produzir é necessário efetuar combinações dos meios de produção e, assim, inovar significa obter novas combinações, enquanto as mudanças ocorrem se, e somente se, estiverem presentes o empresário e a inovação tecnológica – entendido o empresário não como o dono do empreendimento, o financiador ou o administrador, mas sim, aquele que executa novas combinações dos meios de produção. Verificou-se seis tipos de mudanças possíveis no sistema produtivo: (a) introdução de novo produto no mercado; (b) introdução de nova qualidade de um produto conhecido; (c) obtenção de nova fonte de matéria prima; (d) utilização de novo método de produção; (e) criação de novo mercado; e (f) estabelecimento de nova configuração na estrutura de mercado. Dado como pressuposto que o produto do empreendimento estudado (item a) é tradicional no mercado e as mudanças relativas ao mercado (itens e e f) afetam a produtividade de forma indireta e, muito embora essa influência seja importante, seu estudo foge ao alcance e objetivos do trabalho, a delimitação do tema focou o estudo sobre as possíveis mudanças relativas aos itens: (b) introdução de uma nova e superior qualidade no produto conhecido e aceito no mercado, sem que esse produto seja descaracterizado e mantendo todos os bons atributos com os quais os consumidores se familiarizavam, acrescentando-lhe novas e vantajosas características; (c) introdução de um novo método de produção que ainda não tenha sido testado, não necessita, necessariamente, ser baseado numa descoberta científica, podendo se basear em uma maneira diferente de lidar com a mercadoria ou manusear máquinas, ferramentas e utensílios; (d) conquista de uma nova fonte de matéria prima ou de produtos semimanufaturados 105 necessários para a produção, independentemente da existência anterior dessa fonte ou sua criação ou adaptação para este fim. METODOLOGIA: utilizou-se como método de pesquisa a abordagem qualitativa com enfoque descritivo, em um estudo de caso através de pesquisa bibliográfica e documental, entrevistas semi-estruturadas e abertas aplicadas em grupo e individualmente, observação no campo de produção e elaboração de diário de campo. CONCLUSÕES: não se encontrou novas qualidades no produto do empreendimento estudado e, da mesma forma, não se detectou novas fontes de matéria prima, nem tampouco se verificou ali a existência de novos processos, de forma a não se caracterizar no objeto de estudo a ocorrência de mudanças abruptas capazes de quebrar a ordem produtiva vigente e estabelecer novos paradigmas no mercado produtivo da carne bovina em Rondônia. Por outro lado, detectou-se a presença de mudanças progressivas, ou incrementais, às quais se atribui o poder de promover o crescimento econômico. Evidenciou-se no estudo, no entanto, que a excelência produtiva obtida no empreendimento é fruto de um conjunto de fatores, interdependentes e interligados a diferentes áreas do conhecimento zootécnico, além de uma postura administrativa que se nega à comodidade da repetição e conjuga: planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo; planos táticos e operacionais claros e compartilhados com todos os colaboradores; constante experimentação e avaliação de novas soluções, métodos e recursos; formação e capacitação de pessoas; estabelecimento de parcerias que minimizem custos e acelerem resultados de pesquisa para o desenvolvimento tecnológico; e visão de sustentabilidade e efetivos métodos de preservação ambiental. PALAVRAS-CHAVE: agronegócio; desenvolvimento econômico; empresário inovador; produtividade zootécnica; teoria econômica de Schumpeter. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: BUENO, Silvio Gilberto. Empreendedorismo e inovação na pecuária em Rondônia: estudo de caso sob a ótica da teoria do desenvolvimento econômico de Joseph Alois Schumpeter. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Pesquisa PeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 106 ORGANIZAÇÕES, TECNOLOGIAS, ATIVIDADES E OUTROS FATORES À SUSTENTABILIDADE Ambientalismo, Conhecimento Tradicional e Reservas Extrativistas na Amazônia Legal: a Visão Dos Técnicos do Instituto Chico Mendes M.e Daniel Santos Menezes e Dr. Osmar Siena CONJUNTURA: o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) herdou do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA) parte de seus recursos humanos e suas atribuições. Com isso, o ICMBIO herdou também a complexidade do pensamento ambientalista existente no IBAMA, os conflitos, complementaridades e contradições entre as vertentes desse pensamento. A influência das preferências dos agentes públicos na definição e execução de políticas públicas é importante para se considerar. Criou-se o ICMBIO com o objetivo de realizar a gestão das unidades de conservação (UCs). O sistema nacional de unidades de conservação (SNUC), por sua vez, abarcou a diversidade do pensamento ambientalista brasileiro, marcado por uma década de discussão da sociedade civil e parlamentar na sua construção (SANTILLI, 2005). O pensamento ambientalista se distingue em vertentes que variam desde a defesa da proteção total dos recursos naturais ao seu uso utilitarista pela sociedade de consumo. O grau de permissividade de utilização das UCs varia conforme sua categoria determinada no SNUC. As reservas extrativistas (RESEXs) se situam na categoria de UCs de uso sustentável e é fruto de reivindicações de populações tradicionais da Amazônia, iniciada pelos seringueiros do Estado do Acre (ALEGRETTI, 1997; ALMEIDA, 2004). As Resexs correspondem também a uma expressão da vertente sócioambientalista, onde a forma como se concebe e se lida com o conhecimento tradicional adquire importância por definir sua utilidade para validação das ações a serem empreendidas no uso dos recursos naturais. Assim, a compreensão da relação do pensamento ambientalista dos técnicos do ICMBIO, com suas concepções sobre o conhecimento, as reservas extrativistas e o extrativismo se torna estratégica para o desenho de mecanismos adequados para o prevalecimento dos objetivos institucionais do ICMBIO frente as ideologias pessoais. 109 OBJETIVO: identificar e analisar as vertentes ambientalistas presentes no ICMBIO e suas relações com as concepções de RESEXs, extrativismo e conhecimento tradicional (CT). SUPORTE TEÓRICO: pode-se compreender o processo de formação das RESEX a partir da resposta das comunidades de seringueiros do Acre aos impactos das políticas de desenvolvimento implementadas pelo aparato governamental na Amazônia, nas décadas de 1970 e 1980 (GONÇALVES, 2001; 2003). Para o Estado brasileiro, a Amazônia das décadas de 1950 a 1970 possuía o caráter de fronteira agrícola. A produção foi dominada por empresas agropecuárias e fazendeiros individuais, que prevaleceram também na apropriação da terra (BECKER, 1994). O processo de expulsão dos seringueiros promoveu a organização da categoria para manutenção dos territórios tradicionalmente ocupados e após aproximadamente duas décadas são criadas as RESEXs (GONÇALVES, 2003; ALMEIDA, 2004). As RESEXs apresentam resultados favoráveis à conservação ambiental (IBAMA, WWF, 2007), à recuperação da dignidade (ALLEGRETTI 1997; DANTONA, 2003; GONÇALVES, 2003) e à subsistência das PTs (CASTELO, 2000; MACIEL, 2006). As origens do ambientalismo brasileiro remonta aos relatos dos viajantes e ao conflito renascentismo-mercantilismo, expresso no conflito pela escolha de seu nome: “Terra de Santa Cruz” versus terra do pau “Brasil”. O primeiro tem suas origens no pensamento romântico-cristão, constituindo uma visão idílica da natureza, o segundo, na exploração da árvore de tinta, dos recursos naturais para a acumulação de riquezas (PÁDUA, 1987). No Brasil, o movimento e a institucionalização ambientalista se organiza no século XX (DRUMMOND, 1997), com ascensão nos anos 1970 (VIOLA, 1987; BENTES, 2005). A primeira vertente ambientalista organizada a despontar na história é o preservacionismo, e consiste na defesa da manutenção de áreas verdes intocadas pelo homem com o objetivo de conservar a diversidade biológica e assegurar o direito à vida das espécies não-humanas. A segunda vertente, o sustentabilismo, desponta no seio do mundo industrializado se preocupando com a utilização racional dos recursos naturais, o combate à poluição e a regulação ambiental da economia. A terceira linha se concentra na preocupação com a divisão dos custos ambientais, freqüentemente recaídos sobre as populações excluídas. Com um olhar crítico sobre a sociedade contemporânea, o socioambientalismo se ocupa com os direitos das minorias e com a diversidade cultural, atribuindo qualidades conservacionistas no uso dos recursos naturais pelas populações tradicionais (ALIER, 2007). Entremeando a discussão ambientalista, questiona- 110 se a supremacia do conhecimento científico ortodoxo e da teoria sistêmica sobre outras formas de conhecimento e culturas tradicionais, processo denominado por Santos (2005a) de “colonização de saberes”. Leff (2001) apresenta proposta de construção do conhecimento ambiental, articulando o conhecimento científico ao conhecimento de populações tradicionais. Preconiza o cuidado com dois extremos: (a) a negação do conhecimento científico e excessiva relativização que pode levar a irresponsabilidade ambiental; (b) a negação do conhecimento tradicional, desconsiderando saberes empíricos que poderiam trazer alternativas culturais à crise atual, insolucionada pelos padrões científicos e estruturas de poder predominantes. METODOLOGIA: a pesquisa é descritiva com delineamento do tipo levantamento em perspectiva transversal. Utilizou-se o método comparativo com partições cruzadas verificando similaridades e dissimilaridades de grupos de respondentes entre linhas ambientalistas, visões de conhecimento, RESEX e extrativismo, diretorias/coordenações de procedência, formação acadêmica e estado de exercício. Aplicou-se questionário com questões disponibilizadas em escala do tipo Likert à 91 técnicos de uma listagem de 250 técnicos fornecida pelos núcleos de UCs regionais. Do total, 81 questionários foram aproveitados. Utilizou-se para análise dos dados a distribuição de freqüências, análise fatorial e de clusters hierárquicos. RESULTADOS: a vertente ambientalista predominante no ICMBIO é o preservacionismo, seguido do sustentabilismo e do socioambientalismo. A visão do conhecimento predominante é a visão dialógica, seguida da científica sistêmica, da anárquica e da científica pura. A concordância com a visão de Resex enquanto UC predominou. Para Resex agrária e oportunista, predominou a discordância. A concepção de extrativismo enquanto atividade legítima predominou, em oposição à sua falência e oportunismo. Na Coordenação Geral de Resex e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (CGRES) e na Diretoria de Proteção Integral (DIPI) prevaleceu o preservacionismo, enquanto na Coordenação Geral de Florestas Nacionais (CGFN) detectou-se com mais presença o sustentabilismo. Em todos esses departamentos o conhecimento dialógico, a Resex UC e o extrativismo legítimo prevaleceram. A análise fatorial demonstrou forte ligação e explicação da variância pelas variáveis socioambientalismo, conhecimento dialógico e anárquico, Resex UC e extrativismo legítimo. Desse grupo de variáveis, realizou-se a análise de clusters hierárquicos de onde foram retiradas três classes 111 de respondentes: (a) os favoráveis ao socioambientalismo; (b) socioambientalistas moderados e; (c) sócio-opositores. Os favoráveis e opositores prevaleceram, seguidos dos moderados. Verificou-se maior número de opositores na DIPI e na CGRES, enquanto na CGFN prevaleceram os moderados e os favoráveis. Prevaleceram no grupo com formação acadêmica em biológicas e saúde os sócio-opositores em detrimento dos moderados nos formados em agrárias e da terra. Nos grupos humanas e sociais, bem como exatas e tecnológicas, predominaram os sócio-favoráveis, enquanto os técnicos dos estados campeões de desmatamento – Pará, Rondônia e Mato Grosso – apresentaram maior sócio-oposição. Em geral, os estados que menos desmataram apresentaram maior sócio-favorabilidade, com exceção do Amapá, onde os extremos empataram. As questões abertas refletiram essa diversidade de posicionamentos. CONCLUSÕES: as diretrizes do ICMBIO são de execução de políticas públicas com base no SNUC, com clara atribuição de gestão ambiental com participação social. Essa pesquisa verificou um quantitativo significativo de servidores com formação na área de ciências biológicas e saúde, superando as demais. Essa área demonstrou a predominância de preservacionistas e de opositores ao socioambientalismo. Em geral, a prevalência no ICMBIO do preservacionismo predispõe a uma tendência em se priorizar o aspecto ambiental sobre o social. A seqüência histórica do aparecimento das vertentes ambientalistas também ocorre em termos quantitativos, e não há preferências puras por uma ou outra linha, antes sobrepõem-se os aspectos que as compõem. A concordância elevada com o conhecimento dialógico pode indicar um caminho para o fortalecimento da visão socioambientalista no instituto. As visões de RESEX indicam que há um reconhecimento de sua adequação como modelo de conciliação entre conservação e justiça social. Na CGRES, porém, verificou-se uma oposição considerável de sócio-opositores, na mesma proporção dos sociofavoráveis. Aqui se necessita uma maior atenção, dado o impacto das ações da coordenação sobre as populações tradicionais. Ações institucionais de combate ao desmatamento parecem influenciar a cultura da organização e a visão dos técnicos, principalmente nos estados campeões do desmatamento, onde prevalecem os sócio-opositores, demonstrando uma maior resistência à participação social na definição das ações de preservação. Importa para o ICMBIO a construção de uma visão coletiva e mecanismos de controle a fim de minimizar preferências pessoais ou corporativistas sobre os objetivos institucionais. Cursos e treinamentos sobre a temática PTs e UCs, supervisões in 112 loco das ações do instituto e a consolidação dos conselhos como instâncias de controle externo são recomendáveis. O cenário é favorável também para realização e divulgação de pesquisas e ações que incorporem o diálogo entre o conhecimento tradicional e o técnico-científico. Uma avaliação e revisão da distribuição de profissionais por habilidades e preferências podem equacionar as distorções verificadas. PALAVRAS-CHAVE: ambientalismo; conhecimento; ICMBIO; extrativismo. reservas extrativistas; tipos de NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: MENEZES, Daniel Santos. Ambientalismo, conhecimento tradicional e reservas extrativistas na Amazônia Legal: a visão dos técnicos do Instituto Chico Mendes. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jses sionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 113 Contribuição do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária para o fortalecimento da Agricultura Familiar em Rondônia M.e Lilian Kécia Saldanha Rabelo Campelo e Dra. Mariluce Paes de Souza CONJUNTURA: as várias políticas públicas voltadas à agricultura familiar, nas quais, via de regra, busca-se a sustentabilidade do pequeno produtor no campo, ainda que as estratégias definidas não sejam efetivas, foram sucessivamente reformuladas, em especial para assentados, beneficiários da reforma agrária. As contínuas alterações no estado da arte da melhor forma de fazer extensão rural para assentados levaram o governo a definir os mais variados projetos e programas, cujos efeitos foram apenas parciais. Mais recentemente, o programa de assessoria técnica, social e ambiental à reforma agrária (programa ATES) apresentou como proposta assessorar as famílias trabalhadoras rurais assentadas, com enfoque nas questões produtivas, sociais e ambientais, de forma a contribuir para o desenvolvimento das unidades familiares. O programa ATES intenciona conciliar as ações no âmbito das dimensões de sustentabilidade, de maneira que as famílias, através de metodologias participativas, possam reconhecer a necessidade de organização para a promoção de ações nos assentamentos além de políticas governamentais pré-estabelecidas. O reconhecimento das ações realizadas e os métodos utilizados nos assentamentos Antônio Pereira Nery, Martim Pescador e Primavera em Rondônia atende parte dos objetivos propostos, ao passo que representa importante fator de avaliação quanto à contribuição do programa ATES para o fortalecimento da agricultura familiar nos assentamentos em Rondônia. O estudo do relacionamento entre as atividades empreendidas pelos responsáveis do programa ATES e os resultados das dimensões econômica, social e ambiental dos assentamentos passa a ser um problema de pesquisa relevante, pois se buscou compreender como o programa ATES tem contribuído para o fortalecimento da agricultura familiar em Rondônia, a partir da produção familiar, geração de renda, organização social, acesso à saúde e educação e práticas de preservação ambiental. 114 OBJETIVO: avaliar a contribuição do programa de assessoria técnica, social e ambiental à reforma agrária (ATES) para o fortalecimento da agricultura familiar, nos assentamentos Antônio Pereira Nery, Martim Pescador e Primavera localizados nos municípios de Vale do Paraíso, Urupá/Alvorada D’Oeste e Theobroma respectivamente, no Estado de Rondônia. SUPORTE TEÓRICO: apresenta-se referencial bibliográfico sobre a agricultura familiar no Brasil, região norte e o estado de Rondônia, bem como, reforma agrária, extensão rural, assentamentos rurais e assessoria técnica para as famílias assentadas. As ações de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar e os debates voltados à prestação de assistência técnica são constantes há pelo menos 50 anos. A discussão acerca do desenvolvimento de técnicas no meio rural partirá da necessidade de trabalhar e identificar as deficiências, em campo, na base, e com a participação e envolvimento dos agricultores e agricultoras. As diversas formas de extensão rural promovidas contribuíram para a evolução histórica na prestação de serviços de assistência técnica no Brasil. Um dos principais enfoques dado nas discussões sobre extensão rural estava na associação da questão produtiva, com os aspectos sociais e ambientais, entendendo que o processo de desenvolvimento rural ocorre, inclusive, com a transversalidade das ações dessas dimensões. Inserido no contexto do desenvolvimento rural sustentado, a concepção para o perfil da prestação de serviços de ATES se volta para a construção do conhecimento e ações direcionadas à melhoria da qualidade de vida das famílias assentadas nos projetos de reforma agrária (BRASIL, 2005). Identificar a forma como as famílias administram a produção, o trabalho e como recebem as políticas públicas, e compreender como a produção contribui para o fortalecimento dessas famílias representou um dos principais pontos explorados na pesquisa. O foco de investigação esteve concentrado nos assentamentos Antônio Pereira Nery, Martim Pescador e Primavera localizados na região central do Estado de Rondônia, onde se avaliou se as ações realizadas pelas dimensões social, ambiental e produtiva, contribuíram para o fortalecimento da agricultura familiar. A iniciativa da implementação de uma proposta de assessoria técnica voltada para os assentamentos rurais representa um importante avanço no tocante à prestação de serviços para o meio rural, principalmente quando a proposta apresenta como premissa básica o trabalho de orientação, acompanhamento e execução de ações voltadas para além das questões produtivas, contemplando em uma nova conjectura, as dimensões sociais e ambientais. 115 METODOLOGIA: utilizou-se como método de pesquisa a abordagem qualitativa com enfoque exploratório e descritivo. O tipo de pesquisa é classificado como levantamento onde os dados das unidades familiares permitiram identificar as atividades desenvolvidas nos lotes rurais nas dimensões produtiva, social e ambiental, bem como possibilitou a análise comparativa das ações nos assentamentos estudados. RESULTADOS: embora o leite tenha se apresentado como a principal atividade dos assentamentos estudados, não se trata do maior responsável pela obtenção de renda pelas famílias assentadas. Porém, na composição da renda monetária obtida através das atividades realizadas nas propriedades rurais, a produção agrícola e pecuária trouxe aos assentamentos as principais formas de aquisição de renda. As atividades agrícolas voltadas para as culturas temporárias nos três assentamentos, culturas também consideradas de subsistência, demonstraram maior representação no cultivo do arroz, feijão e milho e a produção nos três assentamentos voltada para culturas perenes, principalmente o café e o cacau, dedicaram-se à comercialização. As atividades agrícolas articuladas com as atividades pecuárias na maioria das unidades familiares representaram a principal forma de obtenção de renda por parte das famílias assentadas. Entre os assentamentos estudados, o PA Antônio Pereira Nery aponta maior representação em relação aos demais assentamentos na renda oriunda da comercialização dos produtos agropecuários – primários e benefícios previdenciários. Observou-se a criação de animais nos assentamentos, sobretudo bovinos e aves, sendo que o processo de comercialização de animais se concentrou no PA Martim Pescador. A renda derivada do serviço prestado em atividades externas aos lotes rurais, e ainda, comercialização dos produtos agropecuários – derivados destacaram-se no assentamento Primavera. A constituição do processo produtivo, atrelou-se à utilização de insumos em uma maior quantidade, de orgânicos nos casos dos assentamentos Antônio Pereira Nery e Primavera, e se observou mais inorgânico no assentamento Martim Pescador. Identificou-se, ainda, uma baixa utilização de recursos tecnológicos, sendo, portanto, predominante a utilização de preparação manual da terra e a prática limitada de conservação do solo nos três assentamentos. O processo de organização das famílias ocorreu principalmente no envolvimento de beneficiários nas associações e sindicatos, e esse nível de participação reflete, seja na forma de aquisição ou comercialização de produtos. A comercialização dos produtos identificados nos assentamentos se realizaram através do contato estabelecido com atravessadores. Utilizou-se timidamente as práticas de 116 preservação ambiental nos PA’s estudados e pode ter sido reflexo do baixo número de ações realizadas nas unidades familiares dos assentamentos durante a atuação do ATES nos assentamentos de reforma agrária. A realização de ações mais específicas, como orientações e capacitações voltadas para o destino do lixo – orgânico, inorgânico, embalagens de agrotóxicos e utilização de insumos, por exemplo, foram identificadas com maior freqüência no segundo convênio do programa. CONCLUSÕES: as práticas voltadas para o desenvolvimento rural, focado na perspectiva dos assentamentos rurais, exigiu na última década o envolvimento de atividades que atendessem além das questões produtivas, e que pudessem enfim, atuar também sob as atividades social e ambiental. Assim, as ações de ATES realizadas nos assentamentos estudados ocorreram no âmbito das dimensões preconizadas no programa e, por esta razão, as variáveis trabalhadas na presente pesquisa contemplaram as questões produtiva, social e ambiental a fim de atender aos objetivos propostos. A abordagem sobre o programa ATES, quando da sua implementação no Brasil e em Rondônia, recapitula a operacionalização dos serviços de extensão rural e remete aos questionamentos apresentados sobre o aspecto da descentralização da prestação de serviços e, portanto, das atribuições e competências de cada instância governamental. A análise do programa ATES em Rondônia, que atendeu ao primeiro objetivo especifico do presente estudo, demonstra a ocorrência das ações propostas de realização das atividades no âmbito das dimensões produtiva, social e ambiental nos assentamentos com certa desenvoltura, apesar de alguns entraves pertinentes à fase inicial de execução. As principais ações desenvolvidas nos assentamentos apresentaram coerência com a identificação produtiva e as ações no âmbito da dimensão social se realizaram principalmente em nível de orientação e conscientização sobre o associativismo. As ações com a realização de métodos participativos foram freqüentes no assentamento Martim Pescador. Ao contrário do que foi observado nesses dois assentamentos, no PA Antônio Pereira Nery, as ações foram mínimas nas questões sociais e ambientais. Essa constatação pode ser atribuída, também, em função da deficiente composição das equipes técnicas. A ausência de profissionais em alguns núcleos, principalmente da área social, de certa maneira limitou a realização de ações de fortalecimento do processo de organização no assentamento, e assessoria no tocante à saúde preventiva das famílias. Os beneficiários do PA Martim Pescador, representaram os que menos realizaram práticas de preservação ambiental das unidades familiares e as ações desenvolvidas no âmbito dessa 117 dimensão, podem ser consideradas limitadas nos três assentamentos estudados diante da complexidade e da exigência que se apresenta a fim de obtenção de resultados. A identificação e análise das ações realizadas nos assentamentos Antônio Pereira Nery, Martim Pescador e Primavera, bem como a comparação dessas ações executados nos PA’s e realizadas no âmbito das dimensões social, ambiental e produtiva atenderam ao segundo e ao terceiro objetivo especifico proposto na pesquisa e traduziram as principais atividades realizadas nos assentamentos de reforma agrária estudados. PALAVRAS-CHAVE: agricultura familiar; assentamentos; assessoria técnica; Rondônia NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: CAMPELO, Lilian Kécia Saldanha Rabelo. Contribuição do programa de assessoria técnica, social e ambiental à reforma agrária para o fortalecimento da agricultura familiar em Rondônia. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Pesquisa PeriódicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 118 Sustentabilidade da Produção Extrativa da RESEX do Rio Ouro Preto (RO) M.e José Otávio Valiante e Dr. Osmar Siena CONJUNTURA: segundo Terborgh e Schaik (2002) existe uma aceitação na sociedade da ideia de que a humanidade tem a obrigação moral de dividir o planeta com outras formas de vida, flora e fauna. Segundo os referidos autores, essa obrigação moral tem sido reconhecida por muitos governos sob a forma de áreas protegidas, legalmente constituídas. Refletindo de certa maneira esta realidade, o Código Florestal Brasileiro de 1965 criou uma série de categorias de reservas, dividindo-as em dois grandes grupos: (a) áreas onde não se permite a exploração de recursos naturais - parques (nacionais estaduais e municipais) e as reservas biológicas; e (b) áreas onde se permite o uso dos recursos naturais apenas para fins de pesquisa, como é o caso das florestas nacionais estaduais e municipais. Em 1990, após anos de lutas do movimento dos seringueiros, inicia a criação das reservas extrativistas (RESEXs), áreas na floresta, definidas de interesse ecológico e social, destinadas à exploração sustentável dos recursos naturais renováveis, mediante contrato de concessão de uso. As RESEXs são unidades de conservação (UCs) onde uma regra particular procura garantir o uso econômico sustentável das florestas. Denomina-se, portanto, reserva extrativista uma área ocupada por populações que vivem dos recursos da floresta, regularizada através da concessão de uso, transferida pelo Estado para associações legalmente constituídas, explorada economicamente segundo plano de manejo específico e orientada para o benefício social das populações através de projetos de saúde e educação (IEA, 1989). Uma dificuldade enfrentada pela população inserida em RESEX está no aspecto econômico, que se apresenta como um desafio na definição de políticas públicas e privadas e nas ações desenvolvidas pelos moradores das RESEXs e seu entorno, no sentido de conciliar as relações econômicas com a proteção ao ambiente natural. Esta realidade dificulta a melhoria da qualidade de vida da população residente nessas unidades (IEA, 1989). Nota-se uma carência de estudos sobre a sustentabilidade da produção neste tipo de UC. Por isso, este trabalho discute o tema sustentabilidade da produção em RESEX, especificamente o caso da reserva extrativista do Rio Ouro Preto, criada pelo Decreto N° 99.166, de 13 de março de 1990, localizada no município de Guajará-Mirim, Estado de Rondônia. É a 119 maior reserva federal em extensão territorial do estado de Rondônia e a mais antiga possuindo uma área de 204.000 hectares (ha) e uma população estimada de 600 pessoas distribuídas em cerca de 180 famílias. Esses fatores, além de ser uma das primeiras a receber a implantação de um modelo de gestão específico, apontam para a importância da reserva Rio Ouro Preto no contexto das RESEX. Por isso, esta pesquisa busca responder o seguinte questionamento: Qual a sustentabilidade da produção extrativa, da RESEX Rio Ouro Preto (RO)? OBJETIVO: analisar a sustentabilidade da produção extrativista da RESEX Rio Ouro Preto (RO). SUPORTE TEÓRICO: comunidade ou população tradicional pode ser definida como populações capazes de utilizar e ao mesmo tempo conservar os recursos naturais de uma área protegida. A análise da destruição e da conservação dos recursos naturais permitiu aos pesquisadores perceberem a existência destes grupos humanos. Para elas, a natureza tem papel relevante na definição e desenvolvimento de modos de vida específicos, geralmente em sintonia com as regras básicas do ecossistema florestal e aquático. Dessa forma, adquirem conhecimentos dos ciclos biológicos da natureza e desenvolvem tecnologias simples, porém, adaptadas ao seu modo de vida e à lógica do meio ambiente. Essas comunidades desenvolvem uma cultura própria, rica de saberes que envolvem as leis da natureza (DIEGUES, 2001). A relação entre as populações tradicionais e o meio ambiente é positiva quando há possibilidade de manter o progresso humano de maneira permanente. Trata-se, portanto, de concretizar um desenvolvimento econômico sustentável incrementando o padrão de vida material dos pobres. A pobreza e a miséria são inimigos potenciais do meio ambiente na medida em que as necessidades de sobrevivência obrigam muitas vezes as populações tradicionais a agredirem o meio ambiente. Para tornar tais populações aliadas na conservação deve-se incrementar a oferta de alimentos, a renda real, os serviços educacionais, os cuidados com a saúde, etc. Isto é, tornase necessário executar projetos de desenvolvimento sustentável com tais populações (WAGLEY, 1988). Atualmente, existem várias reservas extrativistas na Amazônia, muitas criadas como parte de uma estratégia de resolução de conflitos. Muitas dessas reservas, entretanto, enfrentam problemas de viabilidade e sustentabilidade econômica. Cunha e Almeida (2002) observam como alternativa para lidar com esses problemas, a criação de políticas que protegessem os produtos extrativistas, com subsídios para sua produção, com cota para proteger seus mercados e com a eliminação dos subsídios que 120 estimulam a agricultura e a pecuária. Essas políticas poderiam ser acompanhadas de outros mecanismos como uma certificação dos produtos que indique a derivação de sistemas de conservação da natureza. Outra solução apontada pelos autores é o pagamento de uma “renda mínima florestal” aos extrativistas pelo conjunto de serviços ambientais por eles mantidos. Esse pagamento transformaria a manutenção da floresta como um capital, reduzindo a tentação de convertê-la à curto prazo em uma riqueza pouco sustentável. Dentre as possibilidades econômicas destacadas pelo Conselho Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) como viáveis para serem desenvolvidas nas RESEX estão cerca de 10 produtos potenciais (CNPT/IBAMA, 2001): madeireiro; fitoterápicos; alimentícios; sementes florestais; artesanato; manejo de fauna; pesqueiro; ecoturístico; serviços ambientais; visitação pública e lazer. A produção extrativista, ou extrativismo, é definida por Lescure (2003, p. 77) como “[...] os sistemas de exploração dos produtos da floresta voltados para a venda em mercados regionais, nacionais ou internacionais, tal como tem sido praticada por mais de um século, caracteriza-se pelo nível reduzido de investimento e pela utilização de tecnologia rudimentar.” A força de trabalho humana permanece o principal instrumento de extração, transporte e transformação dos produtos. Também destaca que os preços da borracha, produto usado como exemplo, têm sido mantidos com as vantagens proporcionadas pelos subsídios governamentais. Uma abordagem similar poderia ser efetivada relativamente a outros produtos oriundos das práticas extrativas. A opção pela manutenção do extrativismo causa polêmica em algumas correntes de pensamento. Por um lado, alguns autores, como Homma (1989), enfatizam que o extrativismo vegetal está fadado ao extermínio no médio e longo prazo devido ao desmatamento dentro das RESEX. Por outro lado, há autores como Kageyama (1996) e Rêgo (1996), que defendem a viabilidade do extrativismo a partir de alternativas factíveis com base em um novo sistema de produção denominado “neo-extrativismo”. Segundo Rego (1996, p. 01) “[...] o sistema neoextrativista supõe a construção de uma nova base técnica ou um desenvolvimento técnico por dentro do extrativismo, subordinado aos padrões e exigências sócio culturais dos seringueiros [...]”. Um ponto comum entre todos autores é a afirmação sobre o imenso atraso tecnológico existente nas regiões extrativistas e a necessidade urgente de superação desse entrave para um efetivo desenvolvimento. Esse novo modelo, o neoextrativismo, propõe um salto de qualidade pela incorporação de processos tecnológicos e envolve alternativas de extração de recursos associados ao cultivo, criação e beneficiamento de produção (REGO, 1999). Um dos maiores 121 entraves está nos padrões tecnológicos que as comunidades não possuem. A busca de alternativas produtivas sustentáveis promovedoras de inovações no processo produtivo das atividades existentes nas RESEX necessita de particular atenção pois, notadamente, estas alternativas estão intimamente relacionadas à forma de exploração (manejo) da floresta e sua conservação (MACIEL, 2003). Sobre a sustentabilidade das RESEXs, entendida como a capacidade de manter as áreas conservadas ao longo do tempo, sem a injeção de recursos externos e apoio direto do governo, Aragon (1998) coloca que esta sustentabilidade somente será alcançada se a renda obtida pelas populações tradicionais permitirem sua permanência nestas áreas, em condições sociais e econômicas satisfatórias, sendo essa permanência relacionada diretamente à aplicação de instrumentos de gestão ambiental participativa e se for reconhecido pela sociedade que os serviços ambientais fornecidos pelos extrativistas devem ser compensados. METODOLOGIA: o problema principal foi abordado na forma qualiquantitativa. Quanto aos objetivos a pesquisa foi descritiva, pois buscou a descrição das características da população na procura pelo estabelecimento de algum tipo de relação entre as variáveis. Tem características de pesquisa documental, pois foram colhidos e analisados dados em documentos sobre características socioeconômicas. Levantou-se, no estudo de campo, a produção extrativista potencial, empregando-se as técnicas de levantamento e observacional de coleta de dados. A pesquisa se concretizou em três etapas. A primeira constituiu-se de levantamento para identificar temas prioritários sobre a RESEX do Rio Ouro Preto por meio de uma ficha para a geração de idéias junto a pessoas envolvidas com a RESEX do Rio Ouro valendo-se, para tal, da ferramenta brainwriting 6-3-5 para a geração de idéias acerca de um problema de pesquisa previamente identificado. Na segunda etapa foram identificados e analisados os dados socioeconômicos das famílias com o objetivo de determinar as condições sociais e renda, com base na produção atual. Na terceira etapa se verificou a produção extrativa potencial, a partir de levantamento de informações de campo. RESULTADOS: a RESEX do Rio Ouro Preto é formada por 179 famílias, compondo 11 comunidades distribuídas por toda a sua extensão territorial. Após a análise dos dados socioeconômicos se conclui em relação à qualidade de vida dos moradores da RESEX do Rio Ouro Preto que o nível não está satisfatório. Nota-se na educação que as condições físicas das escolas não são 122 adequadas para atender com eficiência aos estudantes matriculados, interferindo negativamente no ensino. As residências da população não possuem condições quanto aos materiais de construção utilizados e ao tipo de acabamento. Precário também são o saneamento, o abastecimento de água e de energia elétrica na maioria delas. Na questão saúde, a precariedade é também acentuada, tendo em vista a inexistência de serviços básicos na localidade. A renda das famílias da RESEX do Rio Ouro Preto está baseada na produção local corrente e em outras rendas auferidas pelas pessoas que porventura possuam outras atividades ou recebam benefícios sociais. A renda anual familiar média atual conquistada com a produção é R$ 3.892,00. Constatou-se que, atualmente, a atividade agrícola é predominante, representando 57,55% da renda e que, embora contrariando o ideal proposto para as RESEXs, é a maneira de sobrevivência da população moradora. A atividade extrativista praticada atualmente pela população contribui com apenas 15,25% na renda anual. Constatou-se, um potencial rico na RESEX em recursos naturais que podem ser explorados de forma sustentável e sem agressão ao meio ambiente. Demonstrou-se que se as famílias explorarem os produtos mais conhecidos, seringa, castanha, açaí e copaíba em uma área de 10 hectares a renda teria um acréscimo de 79,65% em relação à atual. Neste caso, a contribuição do extrativismo na formação da renda aumentaria para 52,83%. Se a essa exploração acrescentar-se a produção de farinha e óleo de babaçu e ainda o patoá, a renda anual familiar passaria para R$ 22.995,00 e, neste caso, a contribuição do extrativismo seria de 85,6% na formação da renda. Nesta situação, as famílias teriam a renda para sobrevivência provinda da atividade extrativa o que estaria em conformidade com o objetivo proposto para RESEXs. CONCLUSÕES: pode-se concluir que a sustentabilidade da produção extrativa na RESEX do Rio Ouro Preto será alcançada quando as famílias, puderem explorar os produtos, na área de dez hectares próximos às moradias. Atualmente o perfil sócio-econômico da população não é favorável devido à baixa renda conseguida com a produção. O potencial extrativo da RESEX e a possibilidade de exploração sustentável aponta para a melhoria da qualidade de vida da população. Quanto à sustentabilidade da produção, apresenta-se uma estimativa de renda maior do que a atual com o aumento da exploração extrativista dentro de uma realidade possível para as famílias. Para alcançar este nível de desenvolvimento, algumas medidas devem ser promovidas, como o incentivo à auto-gestão da RESEX, por meio de formação de associações e cooperativas. Outro fator relevante é o beneficiamento e a comercialização dos 123 produtos da extração, buscando agregar valor à produção. Também relevante é a diversificação da produção, com o objetivo de reduzir os riscos e incertezas comuns quando ocorre a monocultura ou a produção de poucas culturas. Evidenciou-se a importância de pesquisas futuras no sentido de se encontrar outros produtos exploráveis de forma sustentável, bem como estudos sobre agregação de valores para os produtos conhecidos e, ainda, estudos de mercado para os mesmos. PALAVRAS-CHAVE: extrativismo. reservas extrativistas; sustentabilidade; renda; NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: VALIANTE, José Otávio. Sustentabilidade da produção extrativa da RESEX do Rio Ouro Preto (RO). Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriódico Form.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 124 Nova Economia Institucional e sua Aplicação aos Sistemas Agroflorestais Utilizando a Matriz Estrutural Prospectiva M.e Otacílio Moreira de Carvalho e Dr. Sidinei Aparecido Pereira CONJUNTURA: a produção, comercialização e distribuição de bens e serviços na economia são realizadas mediante uma série de transações. Essas transações envolvem desde a aquisição de insumos até a comercialização dos produtos agroindustrializados para o mercado nacional e internacional, com características e instituições diferenciadas. A competitividade das organizações depende do ambiente institucional favorável e da forma como os produtores se organizam e conduzem suas relações dentro de uma rede de organizações. Não obstante o número de produtores, das organizações envolvidas e do esforço para institucionalizar e organizar a produção, a coordenação ou governança das transações dos produtores agroflorestais em termos macro demonstram insuficiência, resultando em problemas como a perda de competitividade dos agentes envolvidos e da cadeia de sistemas agroflorestais – SAFs como um todo. Essas organizações, necessárias ao desempenho das atividades agroflorestais, são constituídas por organismos públicos e privados, bem como organizações nãogovernamentais que surgem como articuladores e coordenadores dessas atividades produtivas. Os produtos agroflorestais e os serviços ambientais oriundos de SAFs são considerados de mercado amplo, com grandes oportunidades de mercado, inclusive para comercialização internacional. Contudo, uma série de problemas impede um maior fluxo produtivo e comercial, gerando insegurança nas expectativas dos produtores e dos demais agentes envolvidos. Dessa forma, há a necessidade de identificar os problemas encontrados na produção e comercialização dos produtos agroflorestais e negociação dos serviços ambientais do projeto RECA e da APAFLORA. Quais os entraves institucionais e organizacionais de maior motricidade na produção e transação dos produtos e serviços agroflorestais do projeto RECA e da APAFLORA e como essas variáveis afetam o desempenho das duas organizações? A pesquisa restringe sua análise sobre duas organizações de produtores agroflorestais no Estado de Rondônia, o projeto RECA e a APAFLORA. 125 OBJETIVO: descrever como as variáveis de maior motricidade (variáveis que influenciam o sistema analisado), identificadas a partir da matriz estrutural prospectiva, afetam o desempenho das atividades produtivas e das transações dos produtos agroflorestais e serviços ambientais das associações de produtores do projeto RECA e da APAFLORA por meio de uma síntese comparativa entre a evidenciação empírica realizada nas organizações estudadas e os pressupostos teóricos e analíticos da nova economia institucional. SUPORTE TEÓRICO: a pesquisa teve como referência a abordagem teórica e analítica da nova economia institucional – NEI e sua aplicação aos sistemas agroflorestais – SAFs. A NEI é uma abordagem complementar aos pressupostos da economia neoclássica, cuja linha de pensamento consiste no individualismo metodológico, na racionalidade ilimitada dos agentes econômicos interagindo com informações precisas, consistentes e de fácil acesso. As relações de trocas seriam, de certa forma, maximizadas, pois reduziriam as incertezas e os riscos, resultando em menores custos de transação. A análise neoclássica da economia ocorre em um ambiente estéril, onde é assumida a inexistência de custos associados ao funcionamento da economia, superestimando o papel do mecanismo de preços como eficiente alocador dos recursos escassos e negligenciando os fatores institucionais. O objetivo fundamental da NEI é estudar o custo das transações como o indutor dos modos alternativos de organização da produção (governança), dentro de um arcabouço analítico institucional. A NEI se utiliza de três vertentes teóricas: a organização industrial, o ambiente institucional e as estruturas de governança ou economia dos custos de transação – ECT. A vertente do ambiente institucional mostra que as instituições são importantes para minimizar os custos de transação, e a mudança institucional leva à reestruturação das organizações. De acordo com os pressupostos da NEI, existem regras formais e informais no mercado, que dão forma ou estruturam o comportamento da sociedade. Esse conjunto de regras faz parte do ambiente institucional e exerce forte influência no desempenho das organizações. A abordagem das estruturas de governança incorpora o conceito de custos de transação nas trocas implicando na necessidade de arranjos contratuais e organizacionais que minimizem esses custos. A expressão governança é utilizada para designar a matriz institucional onde a transação é definida. Estrutura de governança pode ser compreendida, então, como um conjunto de regras ou instituições – tais como contratos entre particulares ou normas internas às organizações - que governam uma determinada transação. A vertente da moderna organização industrial ajuda a entender que tipo de 126 associação emergirá em função das características da indústria na qual as empresas atuam. A teoria da organização industrial tem como escopo analisar as formas pelas quais os processos de mercado orientam as atividades dos produtores, no atendimento a demanda dos consumidores, como os mercados falham, como se ajustam ou podem ser ajustados de forma a alcançar um desempenho próximo a um padrão ideal. Os SAFs são formas de uso da terra onde componentes florestais são associados com cultivos agrícolas e/ou animais, aproveitando áreas degradadas ou unidades de conservação, contribuindo para a redução das pressões do homem ao ambiente natural. Os produtores agroflorestais encontram-se organizados por meio de associações e/ou cooperativas, integrando a produção primária ao beneficiamento em agroindústrias próprias. O enfoque da NEI nos Sistemas Aagroflorestais - SAFs não decorre apenas da presença de instituições e organizações específicas dessa atividade produtiva. Os SAFs são áreas em que as instituições e as organizações são especialmente importantes. Direitos de propriedade da terra, políticas de garantia de preços mínimos, reforma agrária, políticas de segurança alimentar em seu duplo sentido - acesso a alimentos e garantia de qualidade mínima -, comércio justo e créditos pela redução de emissão de gases de efeito estufa (carbono) são elementos do ambiente institucional que têm efeito sobre as ações dos agentes produtivos dos SAFs e sobre suas organizações. METODOLOGIA: quanto aos fins, esta pesquisa utilizou uma abordagem exploratória e descritiva. A investigação exploratória é realizada em uma área na qual há pouco conhecimento acumulado enquanto a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno, estabelecendo correlações entre variáveis e definindo sua natureza. A pesquisa descritiva não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve. Para o levantamento das variáveis se consultou dez especialistas em SAFs no Estado de Rondônia atuantes em órgãos públicos de apoio às atividades agropecuárias e que dão suporte às atividades agroflorestais locais, sendo identificadas trinta e três variáveis institucionais e organizacionais consideradas limitantes e restritivas. As variáveis foram tratadas com a técnica matriz estrutural prospectiva, que possibilitou identificar dez variáveis motrizes de forte influência sobre o sistema estudado. As variáveis motrizes identificadas na fase exploratória da pesquisa foram aplicadas nas duas organizações estudadas (projeto RECA e APAFLORA) por meio de entrevistas apresentadas aos gestores e líderes com a finalidade de descrever como essas variáveis afetam o desempenho competitivo das organizações. 127 RESULTADOS: a pesquisa identificou que os principais entraves e restrições ao desempenho das organizações se encontram no ambiente institucional, tanto referente às questões comportamentais dos agentes como das políticas governamentais. Das trinta e três variáveis identificadas, dezenove fazem parte do ambiente institucional e quatorze do ambiente organizacional. As variáveis do ambiente institucional de maior expressão e que afetam o desempenho das organizações estudadas referem-se ao pouco conhecimento do mecanismo de funcionamento do mercado, tanto à demanda quanto à oferta e o não reconhecimento dos serviços ambientais prestados pelas organizações de produtores agroflorestais. As restrições de ordem organizacional se referem às limitações dos produtores com relação à gestão da propriedade agroflorestal, da associação e da agroindústria, bem como à falta de coesão e reduzida participação dos produtores associados no processo de gestão e desarticulação com os segmentos produtivos do ambiente organizacional do projeto RECA e da APAFLORA. Para as duas organizações estudadas, as dez variáveis motrizes identificadas na pesquisa afetam o desempenho competitivo e influenciam o sistema, representado pelo conjunto das demais variáveis. CONCLUSÕES: as constatações identificadas na pesquisa dão confiabilidade às variáveis levantadas, bem como à utilização da ferramenta prospectiva MEP para a identificação das variáveis motrizes e a análise dessas variáveis nas organizações estudadas, permitindo comparações com os pressupostos teóricos e analíticos da NEI. No que se refere à investigação e descrição da influência das variáveis motrizes sobre as duas organizações de produtores agroflorestais estudadas, a pesquisa identificou quatro principais variáveis que interferem de forma negativa no desempenho dessas organizações: coordenação, articulação – estruturas de governança; gestão da organização rural e agroindustrial; mercado e organização dos produtores em associações e/ou cooperativas. As duas primeiras variáveis (coordenação e gestão) têm efeito semelhante sobre as duas organizações. As organizações integrantes do ambiente das associações estudadas reúnem condições para minimizar problemas específicos, como a capacitação, extensão, assistência técnica, pesquisa de mercado, entre outras, presentes nas associações estudadas. Contudo, é a articulação entre essas organizações, de forma coordenada que apresenta maiores contribuições para as restrições e limitações ao desempenho do projeto RECA e da APAFLORA. Essa rede de organizações agroflorestais propiciaria as alterações institucionais favoráveis às organizações de produtores agroflorestais, em especial no que se refere às políticas públicas de ordem econômica e social. Além de promover as alterações institucionais 128 relevantes, as redes cooperativas também contribuiriam para o cumprimento das regras do jogo (instituições) consideradas favoráveis às organizações agroflorestais, em especial à compensação dos serviços ambientais prestados pelos SAFs. Outro problema comum entre as duas associações estudadas é a gestão do empreendimento rural, da associação e da agroindústria. As associações são dirigidas pelos próprios associados, pequenos produtores familiares, com limitações acerca dos processos de gestão. As organizações de apoio às associações contribuem de forma favorável com os aspectos técnicos da produção, restando uma lacuna nas atividades de gestão. A produção é integrada verticalmente, tornando mais complexo os aspectos da gestão, em especial os processos de formação de preços, controle de custos e avaliação de resultados, inexistentes em ambas as associações. A pesquisa cumpriu com o seu objeto ao identificar as variáveis institucionais e organizacionais de maior motricidade influenciadoras no desempenho das atividades produtivas e econômicas do projeto RECA e da APAFLORA e possibilitou descrever como essas variáveis atuam sobre as duas associações de produtores agroflorestais. A abordagem da economia neoinstitucionalista se mostrou uma eficiente ferramenta teóricoanalítica, identificando como o mercado pode não se apresentar como um mecanismo eficiente de governança para as organizações agroflorestais estudadas, bem como face aos custos de transação resultantes das falhas de mercado. Os direitos de propriedade não compensados, resultantes dos serviços ambientais prestados pela produção agroflorestal, são custos de transação para os produtores do RECA e da APAFLORA, aspectos esses analisados pela NEI. PALAVRAS-CHAVE: nova economia institucional; sistemas agroflorestais; matriz estrutural prospectiva; custos de transação; estruturas de governança; organização industrial. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: CARVALHO, Otacílio Moreira de. Nova economia institucional e sua aplicação aos sistemas agroflorestais utilizando a matriz estrutural prospectiva. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www. dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do;jsessionid=3729E 4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 129 Marketing turístico em organizações que desenvolvem o turismo no espaço rural M.e Ronie Peterson Silvestre e Dr. João Vicente André CONJUNTURA: o turismo no espaço rural se manifesta no Brasil como uma atividade que, por uma série de razões, é considerada uma “locomotiva” do desenvolvimento local e regional (GREFFE, 1994 apud RUSCHMANN, 2000, p. 64). Dentre algumas razões, destaca-se a diversificação da economia regional, pelo estabelecimento de micro e pequenos negócios; melhoria das condições de vida das famílias rurais; diminuição do êxodo rural; reencontro dos cidadãos com suas origens rurais e com a natureza; geração de novas oportunidades de trabalho; criação de receitas alternativas valorizadoras das atividades rurais; agregação de valor ao produto primário por meio da verticalização da produção e o resgate da autoestima do campesino (EMBRATUR, 2004). Suas características reproduzem a vida no campo e do meio natural. Apesar de recente, a atividade contribui o desenvolvimento sócio-econômico de vários municípios no Brasil e também de outros países (ZIMMERMANN, 2000; GRAZIANO, 2000; PRESVELOU, 2000). Rondônia, apesar de possuir grande potencial turístico devido às suas riquezas naturais e afinidade com as práticas agrosilvopastoris, ainda é carente de empreendimentos que fomentem o lazer e o contato com o meio natural e rural (ZIMMERMANN, 2000; SILVESTRE, 2004). Por muitos anos, o Estado se concentrou na atividade exploratória da madeira nativa em detrimento de outras atividades menos fomentadas proporcionalmente. A falta de uma economia mais diversificada gera problemas para a maioria dos municípios que sofrem crise econômica em virtude da mudança de padrões para a comercialização da madeira nativa. Outro problema apresentado por vários estudiosos é a carência de pesquisas sobre o tema no país. A maior parte das pesquisas são realizadas nas regiões sul e sudeste, o que pode ser constatado através de trabalhos disponíveis em anais de congressos, sites na WEB e outras obras. Em Rondônia, a carência por estudos na área é evidente. Pouco se conhece sobre a atuação e até mesmo a existência de alguns empreendimentos no Estado. Para conhecer como essas novas organizações desenvolvem, buscou-se a análise mercadológica de suas ações. Dessa forma, 130 norteou-se a pesquisa através da seguinte questão: até que ponto o composto de marketing turístico nas organizações de atividade turística no meio rural em Rondônia, comparado à literatura pertinente, é desenvolvido? OBJETIVO: examinar o desenvolvimento de organizações que executam a atividade turística no meio rural em Rondônia em relação ao composto de marketing turístico em cada uma de suas variáveis: produto, preço, praça (acessos e facilidades), promoção, programas, parcerias e pessoas. SUPORTE TEÓRICO: utilizou-se o conceito de turismo no espaço rural para abranger um leque maior de experiências turísticas na área rural. Para Tulik (apud SALLES, 2003 p. 21), “a dificuldade para se estudar o turismo rural advém, primordialmente, da ambigüidade do termo e dos critérios utilizados para delimitar espaços rurais e urbanos.” Para dirimir as “confusões terminológicas” entre turismo rural e ecoturismo ou turismo ecológico, a mesma autora sugere o tratamento “turismo no meio rural” – “como tudo que ocorre no meio rural, em relação ao aproveitamento do turismo”. Em Portugal emprega-se oficialmente a expressão “turismo no espaço rural” (RODRIGUES, 2000). Cals, Capellà e Vaqué (apud GRAZIANO, 2000) também utilizam este termo. Os pressupostos teóricos de marketing são baseados em Kotler (1998); Grönroos (1993); Hoffman (2003); Mill e Morrison (apud MCINTOSH, 2002); e Ruschmann (1990). O conceito de marketing turístico utilizado para o trabalho é proposto por McIntosh (2002, p. 403). O marketing “antecede as atividades de venda e propaganda, ao mesmo tempo em que é antecedido por elas, é o quadro geral do processo de chegada dos bens e serviços, do produtor ao usuário [...] seu papel é adequar o produto ou serviço certo ao mercado ou público certo.” A pesquisa buscou conhecer as ações das organizações através de um composto de marketing que para Kotler (1998, p. 97) “é o conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo.” Essas ferramentas foram popularizadas por McCarthy em 1960 e nos anos 80 passou a ser criticada por tratar o marketing de forma muito limitada (GRÖROOS, 1993). Em marketing de serviços, Booms & Bitner (apud GRÖROOS, 1993, p. 170) encontraram 7 Ps acrescentando aos quatro Ps tradicionais as variáveis pessoas, processos e physical evidence (evidência física). Resumindo, Amaral (2005, p.13) concluiu que entre 1975 e 1995, nove autores propuseram adição de Ps ao tradicional 4 Ps de McCarthy. Este trabalho se restringiu ao marketing turístico dentro de uma abordagem gerencial do mix de marketing defendido por Mill e Morisson (apud MCINTOSH, 2002). Esses 131 autores identificaram três características diferentes e essenciais para o desenvolvimento de ações mercadológicas voltadas às atividades turísticas além dos quatro Ps tradicionais: produto, preço, praça e promoção. Essas características são: programas, parcerias e pessoas. Os sete Ps idealizados por Mill e Morrison serviram de balizas para o levantamento bibliográfico correspondente. Os problemas e as melhores práticas contidas na literatura foram alinhados aos sete Ps e comparadas com as práticas desenvolvidas pelas organizações em estudo. O trabalho procurou valorizar o desenvolvimento sustentável da atividade. De forma bastante sucinta, foram abordados alguns dos principais pontos críticos que o turismo possui em relação aos ecossistemas. Apesar de não fazer parte do objetivo geral, se faz necessário manter a pesquisa tendo em mente os aspectos ligados à sustentabilidade ambiental, social e econômica. Autores como Ruschmann (1997); Swarbrooke (2000) e Lemos (2005), apontam para a necessidade de uma relação mais harmônica entre organizações turísticas ecossistemas e seus stakeholders. METODOLOGIA: desenvolveu-se estudos de casos múltiplos com os proprietários dos empreendimentos. Foram pesquisados oito empreendimentos em vários pontos no estado, uma amostra de 61,53%. A pesquisa qualitativa do tipo exploratória e descritiva utilizou como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica e o levantamento. Foram utilizadas como instrumento de coleta de dados, a entrevista em profundidade com questões semiestruturadas e a observação participante de forma aberta. Criou-se neste trabalho o lazer comum a fim de caracterizar as atividades de lazer que são facilmente encontradas em outros ambientes na zona urbana como: clubes, áreas recreativas de associações e sindicatos, escolas, praças e residências. Os resultados poderão promover futuras discussões sobre o comportamento das pessoas em relação à zona rural. RESULTADOS: quanto à variável produto/serviço, os empreendimentos não se especializaram em uma única modalidade de turismo no espaço rural. Para tornar o empreendimento mais atrativo, lançam mão de diversas atividades de acordo com a demanda e o potencial existente no local, dessa forma, o lazer comum predomina entre as atividades oferecidas pelos empreendimentos. O turismo ecológico é aproveitado em todas as propriedades, valendo-se principalmente das trilhas. As ofertas relacionadas ao turismo rural, como o preconizado neste trabalho, estão relativamente reduzidas e o principal atrativo encontrado foi a cavalgada. Observou-se que o a lazer comum recebe atenção de destaque enquanto outras relacionadas ao meio rural e natural, apesar de 132 existirem, são oferecidas em menor freqüência. O leque de produtos turísticos relacionados à pesca também é reduzido em relação ao potencial encontrado na maioria das propriedades. No turismo de aventura se destacam o arborismo e a tirolesa. Observou-se o turismo cultural em apenas uma propriedade. A modalidade Fazenda Escola também é pouco explorada, sendo apenas um empreendimento planejado para essa finalidade que, além ser uma alternativa viável para cobrir a baixa taxa de ocupação de segunda a sexta, pode ser utilizado por diversas instituições para inserir jovens e crianças nesse novo contexto mundial de sustentabilidade, agroecologia, conservação dos ecossistemas, saberes locais etc. A variável preço é praticada de forma diferente entre os empreendimentos, sendo um mecanismo para controlar o fluxo de pessoas na propriedade e selecionar o público-alvo desejado. As principais estratégicas relacionadas ao preço são: discriminação de preços em forma de descontos sazonais, preços acima da média, preço baixo em day use, preço por conjunto de serviços (preço de pacote) e preços em pacote misto. Para algumas empresas, o preço serve de mecanismo controlador da demanda enquanto algumas capacidades não estiverem disponíveis. Quanto à variável acesso, as propriedades, em sua grande maioria, dependem de turistas além da cidade onde está instalada. Observou-se que os empreendimentos pesquisados estão dispersos no estado. Essa dispersão geográfica prejudica a ação conjunta dos empreendimentos, além de favorecer possíveis entrantes nas proximidades dos empreendimentos consolidados, oferecendo produtos e serviços diferenciados voltados a nichos específicos. As vias não-pavimentadas mantêm um estado de conservação que varia de boa a regular. Seis empreendimentos estão distantes da capital do estado em média 417 km e apenas dois estão a aproximadamente 45 km. Turistas vindo da capital são freqüentes em propriedades no interior do estado. Essa tendência pode sinalizar uma demanda reprima. Quanto às facilidades, todas as propriedades possuem uma infraestrutura básica para o conforto e necessidades dos clientes. Sete empresas ficam em média 16 km da cidade mais próxima e uma fica distante 50 km. Todas possuem telefone fixo, mas o acesso ao telefone celular e à internet ainda é precário ou inexistente. A instalação de empreendimentos turísticos mais próximos dos centros urbanos é vantagem competitiva devido ao acesso para visitas de um dia ou por poucas horas. No tocante aos resultados da quarta variável, as empresas pesquisadas preferem se comunicar com o mercado através de canais diretos, principalmente a propaganda boca-a-boca e o site na internet. A TV foi considerada um ótimo veículo para atrair um número maior de clientes, mas é pouco utilizada devido ao preço e por não selecionar o público-alvo de maneira eficaz, trazendo pessoas 133 além da capacidade disponível no empreendimento. A maioria dos empreendimentos investe em canais que atingem públicos-alvos específicos. A variável programação é pouco utilizada pela maioria, enquanto os que realizam com mais freqüência detectam como uma forma significativa a aumentar as vendas de um pacote turístico ou atrair uma clientela para usufruir de outros serviços. Os demais empreendimentos confirmam a importância das programações na atividade turística e desenvolvem projetos para o futuro. Notou-se que são poucas as programações tradicionalmente relacionadas ao ambiente e a cultura rural. Quanto à variável parceria, a pesquisa identificou a existência com outros empreendimentos turísticos, produtores rurais, agências de viagem, organizações sem finalidade turística, sindicatos e outros organismos governamentais. As parcerias ainda são pouco utilizadas como estratégia, principalmente com outros empreendimentos turísticos, sendo um dos principais motivos a ausência de outras iniciativas turísticas nas proximidades dos empreendimentos estudados. Os empresários concordam que as parcerias são essenciais para o desenvolvimento da atividade turística. Como resultado da última variável, pessoas, observou-se a empregabilidade de 137 pessoas. Em épocas de maior demanda, esse número pode aumentar em média até 35%. Os maiores desafios verificados na administração dos recursos humanos são a falta de habilidades técnicas e interpessoais dos funcionários e a distância entre os empreendimentos e as cidades motivando a desistência do emprego. Apesar de serem menos experientes no atendimento ao público e outras habilidades empresariais comparadas às pessoas da zona urbana, as pessoas residentes próximas às propriedades possuem a cultura e os saberes locais, e para as demais habilidades exigidas, são capacitadas no próprio empreendimento. CONCLUSÕES: constatou-se nos empreendimentos analisados um grande potencial para a atividade turística, tanto através dos elementos naturais como pelas instalações rurais existentes. Em alguns casos, observou-se potenciais a serem disponibilizados aos clientes através de equipamentos, facilidades, acesso e divulgação. Cada propriedade possui características singulares que, se bem aproveitadas, podem servir como vantagem competitiva e, juntas, poderiam formar uma rede de produtos e serviços turísticos com grande diversidade. Quase todas propriedades possuem menos de dez anos de existência em uma atividade econômica recente no Brasil e em vários outros países. Com turistas predominantemente regionais, um dos principais desafios é o desconhecimento das características desses consumidores para atividades turísticas no espaço rural. O uso eficiente e eficaz das ferramentas mercadológicas (sete Ps) estudadas são 134 aprendidas através dos erros e acertos em cada plano implementado. Todos os pesquisados são pessoas que viram no turismo uma oportunidade de negócio para suas propriedades rurais e não sobrevivem, necessariamente, da agricultura familiar. Muitas ofertas turísticas e outras ações mercadológicas poderão ser adequadas à região. Para estruturar e desenvolver essa atividade, deve-se ter a sinergia entre a iniciativa privada e o apoio do Estado e das populações locais. Planejar e desenvolvê-la poderá gerar, de um lado, um meio alternativo de recursos econômicos tanto para pequenos produtores rurais como para empresários e outros empreendedores, e do outro, um aumento na promoção de equipamentos de lazer, descanso, entretenimento e educação ambiental para a população rondoniense, concebendo então, a relação entre desenvolvimento e sustentabilidade. Espera-se que os resultados desse trabalho possam contribuir para a realização de novas pesquisas em áreas distintas, pois outras questões dignas de aprofundamento foram geradas. PALAVRAS-CHAVE: turismo no espaço rural; marketing turístico; desenvolvimento sustentável; serviços turísticos. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: SILVESTRE, Ronie Peterson. Marketing turístico em organizações que desenvolvem o turismo no espaço rural. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico. gov.br/pesquisa/Pesquisa PeriodicoForm.do;jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 135 Objetivos e Metas Econômicas e Socioambientais das Empresas: um Estudo Aplicado nas Empresas Produtoras de Biocombustíveis em Rondônia M.e Edilson Bacinello e Dr. Haroldo Cristóvam Teixeira Leite CONJUNTURA: percebe-se atualmente a participação do estado de Rondônia rumo à produção de biocombustíveis (etanol e biodiesel) com a implantação de três indústrias no interior do Estado, sendo uma na cidade de Santa Luzia para a produção de etanol, uma em Rolim de Moura para a produção de biodiesel e outra em Ji-paraná também para a produção de biodiesel. A matéria-prima para a produção do etanol será a cana-de-açúcar e, por sua vez, a produção de biodiesel será a partir do sebo de boi gerado pelos frigoríficos da região. Cabe ressaltar que estas indústrias incentivam o cultivo de oleaginosas, tais como o pinhão manso para futura exploração de seu óleo vegetal. Por se tratar de uma atividade inovadora, tanto na região Amazônica como no Estado de Rondônia, são necessários estudos sobre os possíveis impactos socioambientais que poderão advir desses empreendimentos. Pelo fato de possuir a maior floresta tropical do planeta e ser detentora da maior biodiversidade de espécies vegetais, muitas ainda desconhecidas, essa região possui características próprias. Dessa forma, percebe-se divergências entre os interesses socioambientais e os interesses econômicos, os quais sempre nortearam o rumo dos negócios nas empresas. Faz-se então, necessário, o desenvolvimento de técnicas de controle gerenciais que possam orientar as empresas no alcance de suas metas e objetivos, aliados as necessidades socioambientais. A ideia fundamental se baseia no fato das empresas se organizarem, de forma a buscar a sustentabilidade de seus empreendimentos. Tanto as empresas quanto os órgãos de controle aos agentes socioambientais, podem se desenvolver e atuar num processo de continuidade eficiente, criando sistemas de controle voltados a uma cultura, onde as questões socioambientais sejam analisadas de forma conjunta com as questões financeiras. Surge então, uma questão a ser estudada e norteadora da pesquisa: quais as possíveis incompatibilidades e concordâncias nas variáveis de controle dos objetivos e metas econômicas e dos objetivos e metas socioambientais nas empresas que exploram a atividade produtora de biocombustíveis em Rondônia? 136 OBJETIVO: determinar as possíveis incompatibilidades e concordâncias nas variáveis de controle dos objetivos e metas econômicas e dos objetivos e metas socioambientais nas empresas que exploram a atividade produtora de biocombustíveis em Rondônia. SUPORTE TEÓRICO: a teoria do desenvolvimento econômico, em nível mundial, apresenta varias concepções no âmbito da teoria econômico-social, sofrendo mudanças ao longo do tempo. Furtado (1980, p. 10) afirma que “a teoria do desenvolvimento tendeu a confundir-se, em conseqüência, com a explicação do comportamento do sistema produtivo que emergiu com a civilização industrial.” Sandroni (2001, p. 169), em uma visão mais abrangente, contempla que “o Desenvolvimento Econômico é o Crescimento econômico (aumento do Produto Nacional bruto per capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia.” Para Bresser Pereira (2003, p. 31), “o desenvolvimento é um processo de transformação global que visa de modo mais direto o crescimento do padrão de vida da população.” É por isso que, geralmente, a expressão “desenvolvimento econômico” é usada como sinônimo de “desenvolvimento”. Inserem-se neste contexto as organizações, as quais podem ser definidas, segundo Srour (1998), como relações coletivas que abrangem vários tipos de atividade, formando um espaço em que agentes sociais processem matériasprimas, transformando-as em produtos finais. Para Figueiredo & Caggiano (1997, p. 76-77), “os objetivos organizacionais traduzem as políticas e os ideais da organização [...] as metas estabelecem linhas específicas para a organização, ou seja, são os objetivos quantificados.” A problemática socioambiental é uma realidade para as empresas e organizações, as quais, além dos demonstrativos econômico-financeiros, poderão também apresentar outros relatórios, destacando-se, entre outros, o sustainability reporting guidelines (GRI), o balanço social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), a resolução n° 1003 das normas brasileiras de contabilidade (NBC T 15), a atual obrigatoriedade da utilização da demonstração do valor adicionado (DVA), assim como a norma britânica (BS) 8900 – diretrizes para a gestão do desenvolvimento sustentável. Um outro segmento importante relativo as causas ambientais pode ser mencionado na norma brasileira (NBR), International Organization for Standardization (ISO) 14001, servindo como corpo estratégico de tomada de decisões da organização, que pode rever as metas, objetivos e os programas de gestão. No que se refere à região Amazônia, alguns empreendimentos não fazem considerações ecológicas e sociais no sentido de 137 atingir o desenvolvimento sustentável. Os sistemas agrícolas nesta região são caracterizados por sua insustentabilidade (GEPAI, 2001). Especificamente no Estado de Rondônia, percebe-se um grande aumento de derrubadas e exploração dos recursos naturais, de forma descontrolada, onde o interesse econômico tem sobrepujado os interesses sociais e ambientais (PERFIL SOCIOECONÔMICO INDUSTRIAL DE RONDONIA, 2003). Atualmente se encontra em andamento alguns projetos de usinas para a produção de etanol e biodiesel. Um exemplo pode ser verificado na região que compreende a zona da mata, entre as cidades de São Felipe e Santa Luzia, com a implantação da usina Boa Esperança para produção de etanol. Para poder lograr os problemas relacionados às causas socioambientais e alcançar desempenhos significativos nas dimensões sustentáveis, necessita-se o desenvolvimento de conhecimentos que permitam o surgimento de inovações economicamente viáveis, ambientalmente saudáveis e socialmente inclusivas, bem como, de incentivos favorecedores da sua difusão, por parte dos agentes econômicos. METODOLOGIA: utilizou-se como método de pesquisa a abordagem qualitativa e quantitativa com enfoque descritivo-exploratório, onde se determinou as variáveis econômicas relativas às empresas e as variáveis socioambientais relativas aos órgãos de controle desses agentes. A pontuação dos dados se realizou com base na escala Likert e os questionários foram submetidos ao cálculo do Alpha de Cronbach. O suporte às informações e dados coletados foram fornecidos pelo software SPSS, versão 15.0. RESULTADOS: Para as empresas, os interesses presentes, de acordo com a pesquisa, são na seguinte ordem (do mais presente ao menos presente): lucro; produção; mercado; inovação; transparência e accountability; recursos humanos; a claridade e o sistema de gestão ambiental; relevância e a comparação; precisão e neutralidade; e a inclusão e integridade. Para os órgãos socioambientais, observa-se uma alternância, do mais presente ao menos: a claridade e o sistema de gestão ambiental; relevância e a comparação; precisão e neutralidade; inovação; transparência e accountability; inclusão e integridade; mercado; os recursos humanos; a produção; e o lucro. CONCLUSÕES: através dos questionários aplicados a todos os gerentes e/ou responsáveis das empresas e dos órgãos de controle socioambiental, percebe-se que o lucro é o grande motivador dos empreendimentos, sendo o principal objetivo das empresas. Por parte dos órgãos socioambientais é o menos 138 importante dentre as variáveis estudadas. Por outro lado, a claridade e o sistema de gestão ambiental são os principais objetivos dos órgãos de controle socioambiental, enquanto para as empresas tem pequena importância. Essas divergências demonstram a grande incompatibilidade existente entre o pensamento das duas vertentes estudadas, seguidas de outras distorções de menor valor, que relatam um longo caminho com relação à sustentabilidade dos empreendimentos. Percebe-se, também, a existência de variáveis muito próximas em grau de interesse entre o que pensam os elos estudados, destacando entre estas, a inovação, a transparência e a accountability. Ressalta-se que essa concordância pode ser um caminho a ser seguido com vistas a fortalecer as bases desses negócios, inclusive no referente à gestão equilibrada desses empreendimentos. Demonstrou-se a importância da controladoria no processo de gestão das empresas, conciliando os interesses econômicos com os socioambientais, de forma a demonstrar que os mesmos não devem ser analisados isoladamente e sim, num sistema de complementaridade. A sociedade não pode esperar das empresas uma preocupação prioritária com a geração de empregos, trabalhos sociais e com as questões ambientais, como meta central de suas atividades, pois sem lucro para reinvestir, as mesmas certamente deixarão de existir. Pode-se dizer que a missão de uma empresa é criar valor para a sociedade, buscando se perpetuar em suas atividades com vistas a remunerar melhor as partes interessadas. Nesse sentido, pode-se afirmar que dentre uma das preocupações por parte das empresas e dos órgãos de controle socioambiental, deve haver sistemas de controle desses diversos agentes, os quais podem ser desenvolvidos através da controladoria, analisando, além das questões econômicas, as questões socioambientais. PALAVRAS-CHAVE: objetivos econômicos. objetivos socioambientais; controladoria; biocombustíveis; sustentabilidade. NOTA BIBLIOGRÁFICA: informações específicas e analíticas sobre os aspectos teóricos e empíricos deste resumo ampliado se encontram in: BACINELLO, Edilson. Objetivos e metas econômicas e socioambientais das empresas: um estudo aplicado nas empresas produtoras de biocombustíveis em Rondônia. Publicado em 2008, no banco de teses e dissertações da CAPES, no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do; jsessionid=3729E4295B778C1A0745C2A7C7A91F85 139 CURRICULO RESUMIDO DOS AUTORES (PESQUISADORES) M.e ADEMAR SILVA SCHEIDT JUNIOR: mestre em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2008), especialista em metodologia do ensino superior (2005), graduado em administração de empresas pela Faculdade de Ciências Administrativas e de Tecnologia de Rondônia (2002) e graduação em formação pedagógica para formadores de educação profissional pela Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Extensão - UNISUL (2005). Atualmente é professor - Faculdades Integradas Aparício Carvalho e coordenador do curso de administração. Tem experiência na área de administração, com ênfase em gestão e produção. Atua principalmente nos seguintes temas: docência, arranjos produtivos locais, indústrias, comércio e consultoria em gestão, planejamento e processos. Dr. CARLOS ANDRÉ DA SILVA MULLER: possui graduação em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2002), mestrado (2004) e doutorado (2007) em economia aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Venceu o Prêmio BM&FBOVESPA: derivativos na categoria agropecuários em 2007 pela melhor tese de doutorado. É professor adjunto pela Universidade Federal de Rondônia no departamento de administração. Tem experiência na área de mercados futuros agropecuários, gestão do agronegócio, conhecimento em séries temporais e métodos matemáticos aplicados à tomada de decisão (email: [email protected]). M.e DANIEL SANTOS MENEZES: com graduação em administração pela Fundação João Pinheiro (2001) e mestrado em administração pela Fundação Universidade Federal de Rondônia (2008). Atualmente é analista ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Tem experiência na área de administração, com ênfase em administração pública atuando principalmente nos seguintes temas: reserva extrativista, unidades de conservação, ambientalismo, tipos de conhecimentos e extrativismo. M.e DEGSON FERREIRA: mestre em administração pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR (2008), graduação em administração com habilitação em gestão de sistemas de informação pela Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba - FACER-GO (2005). Possui experiência na área de administração, 141 com ênfase em administração de sistemas de informação, atuando principalmente nos seguintes temas: sistemas de informação, cadeia produtiva, sistema agroindustrial de café, administração pública e tomada de decisão. M.e DÉRCIO BERNARDES DE SOUZA: possui graduação em administração pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2006), mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia UNIR (2008). Ocupa atualmente o cargo de presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas do Agronegócio Rondoniense IEPAGRO. É professor das Faculdades Integradas Aparício Carvalho FIMCA e pesquisador do Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia CEDSA da Universidade Federal de Rondônia, aonde participa do projeto de monitoramento da cadeia produtiva do agronegócio leite em Rondônia. Tem experiência na área de administração, com ênfase em gestão do agronegócio, gestão de inovação tecnológica, planejamento estratégico, inovação tecnológica e organizacional, estratégias competitivas, sistemas produtivos e inovativos locais e competitividade em cadeias produtivas. M.e DEYVISON DE LIMA OLIVEIRA: graduação em ciências contábeis pela Universidade Federal de Rondônia (2003) e mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2008). Atualmente é professor da Universidade Federal de Rondônia, tem experiência na área de administração, com ênfase em gestão de agronegócios, atuando principalmente nos seguintes temas: processo decisório, mensuração, gestão da informação, gestão de agronegócio e contabilidade. M.e EDILSON BACINELLO: possui graduação em ciências contábeis (2001), especialização em metodologia do ensino superior (2002) e mestrado em administração (2008) pela Universidade Federal de Rondônia. Atualmente é professor da União das Escolas Superiores de Porto Velho, do União das Escolas Superiores de Rondônia e da Faculdade de Educação de Jaru. M.e FABRÍCIO FERNANDES MAMANNY: com graduação em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2004), concluiu o MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e o mestrado em administração pela UNIR. Atualmente é chefe do serviço de administração e finanças na superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes nos Estados de Rondônia e Acre. Tem experiência na área de 142 administração, com ênfase em empreendedorismo, atuando principalmente nos seguintes temas: empreendedorismo, gestão de pequenas empresas, estratégia, desenvolvimento, sustentabilidade, gestão financeira e orçamentária. M.e FRANCISCO EMANOEL SILVEIRA: mestre em administração, com linha de pesquisa em cooperativismo, graduado em administração de empresas pela Universidade de Fortaleza (1990), pós-graduado em metodologia do ensino superior pela Universidade Federal de Rondônia, atuando como assessor da presidência na Fundação Rio Madeira - RIOMAR e responsável pela área de desenvolvimento de projeto e setor de contas a receber. Dr. HAROLDO CRISTOVAM TEIXEIRA LEITE: graduação em ciências contábeis pela Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro (1974), mestrado em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999) e doutorado em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Professor titular da Universidade Federal de Rondônia, experiência na área de administração, com ênfase em administração pública. Atua principalmente nos seguintes temas: educação continuada, planejamento estratégico e benchmarks. M.e IVANDA SOARES DA SILVA: possui graduação em ciências contábeis pela Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR (1984), MBA em administração pela FIA/USP, especialização em gestão avançada de negócios e metodologia do ensino superior e mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia. Atualmente é contadora da Fundação Universidade Federal de Rondônia. Dr. JOÃO VICENTE ANDRÉ: graduação em ciências econômicas pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal - AEUDF (1987), mestrado em teologia pela Faculdade de Ensino Teológico em São Paulo - FATEBOM (2002), mestrado em administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (1997), doutorado em ciências (desenvolvimento socioambiental) pela Universidade Federal do Pará - UFPA (2004), e outro doutorado em Teologia, concluído em julho de 2008 pelo Seminário Brasileiro de Teologia - SBTe (MG). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Rondônia - UNIR. É professor do Programa de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Rondônia-UNIR, atuando na área de economia do agronegócio. É pastor evangélico da Igreja Metodista Wesleyana 143 em Porto Velho - RO. Tem experiência nas áreas de economia e teologia, com ênfase em economia regional e teologia bíblica, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento regional, campesinato e agricultura, economia e desenvolvimento endógeno, salvação, discipulado cristão, predestinação e soberania de Deus. M.e JORGE ALBERTO ELARRAT CANTO: mestre em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2008) e engenheiro elétrico pela Universidade Federal do Pará (1984). Com experiência em sistemas de telecomunicações e em gestão estratégica, atua principalmente na elaboração e execução de planejamentos institucionais e de planos de ação, baseados em métodos quantitativos e análise de indicadores de desempenho, segundo o modelo de Gestão Critérios de Excelência. Dr. JORGE LUIZ COIMBRA DE OLIVEIRA: doutorado em sociologia pela Universidade de São Paulo (2003). professor adjunto da Universidade Federal de Rondônia, orientou dois trabalhos de iniciação cientifica nas áreas de sociologia e educação, atua na área de sociologia, com ênfase em sociologia do desenvolvimento, principalmente nos seguintes temas: Amazônia, análise de discurso, burocracia, elite, meio ambiente, polonoroeste, Rondônia, Rondônia/extrativismo/mineração/ e universidade/extensão/formação. Dr. JOSÉ MOREIRA DA SILVA NETO: graduação em ciências contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Campos Salles – SP. (1982), especialização em contabilidade: análise e controladoria pala Fundação Universidade Federal de Rondônia (1988), especialização em contabilidade e controladoria pela Universidade de São Paulo (1993), mestrado em ciências contábeis e controladoria pela Universidade de São Paulo (1998) e doutorado em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004). Atualmente é professor associado do curso de ciências contábeis e coordenador / professor do programa de mestrado em administração da Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Tem experiência na área de administração, com ênfase em controladoria de organizações e ciências contábeis, atuando principalmente nos seguintes temas: controladoria de ativos estratégicos, tecnologia de informação, gestão estratégica de custos e desempenho, avaliação de desempenho organizacional, avaliação de gestão da qualidade, accountability e governança orientadas para as organizações de mercado, estado, sociedade civil e meio ambiente. ([email protected]). 144 M.e JOSÉ OTAVIO VALIANTE: possui graduação em administração (1993), especialização em recursos humanos (2002) e mestrado em administração (2008) pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Atualmente é dedicação exclusiva da Universidade Federal de Rondônia. M.e LÍLIAN KÉCIA SALDANHA RABELO CAMPELO: graduação em ciências econômicas pela União Pioneira de Integração Social (2003), especialização em administração pública pela Universidade Federal de Rondônia (2005) e mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2008). Colaboradora do Instituto de Estudos e Pesquisas do Agronegócio Rondoniense (IEPAGRO), atuou como consultora/articuladora de projetos de assentamentos de reforma agrária com o programa ATES através do Governo Federal. Pesquisadora do Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (CEDSA) da Universidade Federal de Rondônia, tem experiência na área de economia, com ênfase em economia rural, atuando principalmente nos temas como: assentamentos, assessoria técnica, PRONAF e políticas públicas para a agricultura familiar. M.e LUCIMARA GONÇALVES DE REZENDE: graduada em administração de empresas pela Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio Pr. (1988), pós-graduação em controladoria institucional e ambiental (2005) e mestrado em administração (2008), ambos pela Universidade Federal de Rondônia. Docente na Faculdade Interamericana de Porto Velho – RO, com experiência em consultoria em administração pública e privada e organismos internacionais como UNESCO e PNUD. M.e MARCELO BATISTA DE OLIVEIRA: mestre em administração (2008), especialização em metodologia do ensino superior (2004), graduação em administração (2002) e em geografia (2003)pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. Atualmente é professor das Faculdades Integradas - FIMCA e do Colégio Tiradentes da Polícia Militar. Ministra cursos, treinamentos e palestras na área de administração, com ênfase em administração de empresas, atuando principalmente nos seguintes temas: marketing, vendas, planejamento estratégico, agronegócio, organização sistemas e métodos, desenvolvimento sustentável, meio ambiente, Rondônia, fruticultura, piscicultura e geografia geral. 145 Dra. MARIA BERENICE ALHO DA COSTA TOURINHO: possui graduação em serviço social pela Universidade Federal do Amazonas (1981), mestrado em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1986) e doutorado em Psicologia Social e do Trabalho - Universidad de La Habana (2002). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Rondônia, com experiência na área de educação, com ênfase em planejamento e avaliação educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, instituição, educação, análise conceitual e legislação. Dra. MARILUCE PAES DE SOUZA: graduação em administração de empresas pela Universidade Federal de Rondônia (1984), mestrado em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1998) e doutorado em desenvolvimento sustentável do trópico úmido pela Universidade Federal do Pará (2004). Atualmente é coordenadora do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia - CEDSA, vice-coordenadora do departamento de administração e professor titular da graduação e mestrado da Universidade Federal de Rondônia. Tem experiência na área de economia, com ênfase em desenvolvimento regional, atuando principalmente nos seguintes temas: administração, aprendizagem organizacional, desenvolvimento sustentável, agronegócio leite e arranjo produtivo local. M.e MOACYR BORIS RODRIGUES MAIA: possui graduação em administração (1984), especialização em gestão de turismo (2001) e mestrado em administração (2008) pela Universidade Federal de Rondônia. Dr. OSMAR SIENA: graduado em física pela Universidade Estadual de Londrina (1980), mestrado em administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e doutorado em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Tem experiência na área de gestão acadêmica e administrativa, tendo exercido as funções de pró-reitor de graduação, pró-reitor de planejamento e reitor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Atualmente é professor associado da UNIR, atuando como docente e pesquisador do curso de graduação e de mestrado em administração na linha de pesquisa gestão do agronegócio e sustentabilidade. Na pesquisa desenvolve projetos nos seguintes temas: gestão de organizações acadêmicas, desenvolvimento sustentável - indicadores de sustentabilidade; cadeias-rede de produtos da floresta e produtos agroecológicos. 146 M.e OTACÍLIO MOREIRA DE CARVALHO: graduação em ciências econômicas (2002), especialização em controladoria institucional e ambiental (2003) e mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia UNIR. Docente na Faculdade Porto Velho e nas Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA e economista da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia - IDARON, tem experiência na área de economia, com ênfase em teoria econômica, políticas econômicas e cenários prospectivos. M.e RAMIRO VIEIRA DA SILVA: com graduação (1991) e mestrado (2008) em administração pela Universidade Federal de Rondônia, é estatutário do Governo do Estado de Rondônia e professor do curso de administração da Faculdade Porto Velho. M.e RICARDO PLACIDO RIBEIRO: graduado em administração pela Fundação Universidade Federal de Rondônia (2002), especialização em administração Pública pela ULBRA/PVH (2003) e mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia (2008). Analista de finanças e controle Controladoria-Geral da União. Tem experiência na área de administração, com ênfase em controladoria e finanças. M.e RITA DE CÁSSIA RAMALHO ROCHA: com formação de psicólogo clínico (1994), graduação em licenciatura plena em psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba (1993), especialização em gestão empresarial pela Universidade Candido Mendes (1997) e mestrado em administração pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR (2008). Atualmente é professora substituta da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) no departamento de psicologia. Professora e coordenadora do curso de graduação em administração da Faculdade Porto Velho, tem experiência na área da psicologia organizacional, gerenciamento de recursos humanos, comportamento organizacional e consultoria na área de gestão de pessoas. Pesquisadora na área de gestão da educação superior e sistemas de controle- avaliação institucional. M.e RONIE PETERSON SILVESTRE: possui graduação em administração (2004) pela Fundação Assistencial e Educacional Cristã de Ariquemes e mestrado em administração (2008) pela Universidade Federal de Rondônia UNIR. Atualmente é professor nas disciplinas de administração rural, empreendedorismo e teoria geral da administração - Faculdades Associadas de 147 Ariquemes – FAAr e Faculdade de Educação de Jaru - UNICENTRO. Tem experiência na área de administração, com ênfase em agronegócio (turismo no espaço rural). M.e ROSEMEIRE MOREIRA FERREIRA: graduação em ciências contábeis (1999), especialização em controladoria (2005) e mestrado em administração (2008) pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Coordenadora de programação orçamentária - Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia com experiência na área de orçamento e planejamento governamental. M.e RUBEM PINTO DE MELO: economista (2002) com especialização em controladoria (2005) e mestrado em administração (2008) pela Universidade Federal de Rondônia. Tem como linha de pesquisa a utilização de ferramentas de gestão estratégica na administração pública. Atualmente é estatutário no Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia. Dr. SIDINEI APARECIDO PEREIRA: docente do quadro permanente da Fundação Universidade Federal de Rondônia desde 1984 e atualmente ocupa o cargo de professor adjunto. Graduação em ciências econômicas (1975) e ciências contábeis (1976), mestrado (1999) e doutorado (2003) em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. No ensino de graduação atua nos cursos de administração, ciências contábeis e economia. Na pós-graduação é coordenador do curso de especialização em controladoria institucional e ambiental e é docente do programa de mestrado em administração - PPGMAD. Já exerceu as funções de coordenador de curso de graduação, chefe de departamento, pró-reitor de administração e pró-reitor de planejamento e controle. Além disso, é avaliador institucional do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, do INEP-MEC. Tem experiência profissional nas áreas de administração pública, financeira, controladoria, gestão, análise e avaliação de organizações e de avaliação de cursos e de instituições de educação superior. M.e SILVIO GILBERTO BUENO: graduação (2004) e mestrado (2008) em administração pela Universidade Federal de Rondônia. Tem experiência na área de administração, com ênfase em administração de empresas (e-mail: [email protected]). 148 Dr. THEOPHILO ALVES DE SOUZA FILHO: possui graduação em administração de empresas pela Faculdade de Ciências e Administrativas Moraes Junior (1975), mestrado em administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989) e doutorado em desenvolvimento sustentável do trópico úmido pela Universidade Federal do Pará (2004). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Rondônia, com experiência na área de economia, com ênfase em economia regional e urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: Amazônia, arranjos produtivos locais, desenvolvimento sustentável, agronegócio e cadeia produtiva. Dr. TOMAS DANIEL MENENDEZ RODRIGUEZ: graduação em licenciatura pelo Instituto Superior Pedagógico Juan Marinello de Matanzas (1982), especialização em matemáticas pela Universidad de La Habana (1984), doutorado em matemática pela Saint Petersburg State University (1992) , pósdoutorado pelo Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (2004) e aperfeiçoamento em Equaciones en Derivadas Parciales y Teoria de Oper pelo Instituto de Matemática e Física de La Acamedia de Ciências de Cuba (1986) . Professor adjunto da Universidade Federal de Rondônia, membro de corpo editorial da Revista de Ciências Sociais Aplicadas (RCSA) e membro de corpo editorial da Revista Eletrônica da FIP (REFIP). Tem experiência na área de matemática, com ênfase em análise, atuando principalmente nos seguintes temas: nonlinear system, problemas periódicos, countable System, função de green generalizada, ressonância matemática e convergência. 149