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INFECÇÕES POR BARTONELLA SPP NO PERÍODO DE 2005 A 2010 EM LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA PARA RICKETTSIOSES, RIO DE JANEIRO, BRASIL Karina Koppe de Andrade ¹ Cristiane da Cruz Lamas ² Membros do gênero Bartonella são bastonetes Gram negativos que parasitam eritrócitos e endotélio de mamíferos. Com estudos de biologia molecular, 4 espécies pertencentes ao gênero Rochalimaea foram incorporados ao gênero Bartonella. Hoje são reconhecidas 24 espécies, sendo 14 patogênicas ao homem. Bartoneloses são zoonoses descritas com reservatórios em vários animais, sendo os gatos domésticos os principais quanto à transmissão humana. Bartonella spp são responsáveis por uma gama significativa de apresentações clínicas. Embora sejam responsáveis, classicamente, pela Doença da Arranhadura do Gato (DAG), observam-se outras manifestações como a febre de origem obscura, hepatoesplenomegalia, endocardite infecciosa, neurorretinite, entre outras. O objetivo deste trabalho é descrever casos de bartonelose em laboratório de referência no período de Dezembro de 2005 à Julho de 2010. Para isso foi criada planilha do Microsoft Excel®, a fim de correlacionar as fichas de notificação SINAN de Rickettsioses com o Banco de dados do LHR. O diagnóstico foi estabelecido por amostras de soro pareadas testados por imunofluorescência indireta, utilizando-se kit comercial B.henselae IgG (Bion) e/ou por análise molecular, PCR (primers CAT1/CAT2). No período de estudo, 165 pacientes tiveram amostras enviadas com fichas SINAN ao LHR por suspeita de bartonelose. Destes, 47 (28,48%) tiveram comprovação de infecção através de IFI IgG e/ou PCR (9 por PCR positivo, 34 por sorologia com cut:off de 1:128, 4 com PCR e sorologia positivos). Dos confirmados, 44 procediam do Rio de Janeiro, 1 do Maranhão e 1 da Bahia. A idade foi de 22±17,2 anos; 29 (61,7%) pacientes eram do sexo masculino. Quarenta (85,1%) referiam contato com animais domésticos, principalmente gatos. Os sinais e sintomas mais prevalentes quando relatados foram febre/calafrios (31, 65,95%), linfonodomegalia (29, 61,7%), hepatoesplenomegalia (10, 21,27%), prostração (14, 29,78%), cefaléia (14, 29,78%) e hiperemia conjuntival (5, 10,67%). Em nove pacientes (19,14%) alterações oftalmológicas foram descritas. Dois (4,25%) dos pacientes apresentaram endocardite isoladamente. Três (6,38%) pacientes apresentaram eritema nodoso. ____________________ ¹ Discente do Curso de Medicina, UNIGRANRIO ² Docente da Escola de Ciências da Saúde, UNIGRANRIO PCR+IFI; 4 PCR; 9 IFI; 34 Fig 1. Gráfico dos métodos diagnósticos utilizados para confirmação diagnóstica entre 2005 e 2010. 35 Febre Linfonodomegalia 30 Cefaléia Prostração 25 Mialgia Hepatoesplenomegalia 20 Diminuição da Acuidade Visual Alterações Respiratórias 15 Hiperemia Conjuntival Dor Abdominal 10 Perda Ponderal Exantema 5 Fotofobia Dirréia 0 Fig. 2. Sinais e sintomas mais prevalentes nas Bartoneloses em nosso meio. 6% 10% FUO 29% DAG 10% Conjuntivite Angiomatose Bacilar Endocardite 10% Doença Oculoglandular de Parinaud Peliose Hepática 19% 16% Fig. 3 Síndromes mais diagnosticadas, quando diagnosticadas, tendo como agente causal Bartonella spp. coelho; 5 roedores; 2,5 macaco; 5 ovelha; 2,5 galinha; 2,5 suíno; 5 onça; 2,5 equino; 12 bovino; 10 cão; 77 gato; 92 Fig. 4. Gráfico sobre as porcentagens de contato de animais domésticos e selvagens. Uma vez finalizada a coleta de dados e a análise dos mesmo, concluímos que houve aumento na incidência dos casos de bartoneloses ao longo dos anos, principalmente pela maior atenção da equipe médica acerca destes patógenos e suas manifestações clínicas. Estamos utilizando nossos dados para redigir o artigo proposto e encaminhá-lo ao Cadernos de Saúde Pública, visando auxiliar na melhor elucidar a epidemiologia e a clínica das bartoneloses em território nacional. Ainda não conseguimos redigir uma ficha própria para bartonelose, assim sendo permanecemos com as coletas de dados na ficha SINAN para febre maculosa brasileira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adal KA, Cockerell CJ, Petri WA, Jr. Cat scratch disease, bacillary angiomatosis, and other infections due to Rochalimaea. N Engl J Med. 330:1509-15; 1994. Anderson BE, Neuman MA. Bartonella spp. As emerging human pathogens. Clin Microbiol Ver. 10: 203-219; 1997. Avidor B et al. Bartonella koehlerae, a new cat-associated agent of culture-negative human endocardits. J Clin Microbiol, 42:3462-8; 2004. Bass JW, Vincent JM, Person DA. The expanding spectrum of Bartonella infections:II. Cat-scratch disease. Pediatric Infect Dis J, 16:163-179; 1997. Benslimani A, Fenollar F, Lepidi H, et al. Bacterial zoonoses and infective endocarditis, Algeria. Emerg Infect Dis 11: 216-24; 2005. Benson LA, Kar S, McLaughlin G, Ihler GM. Entry of Bartonella bacilliformis into erythrocytes. Infect Immun, 54: 347-53; 1986. 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