Geografia: Conflitos Mundiais (Parte 3)
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Geografia: Conflitos Mundiais (Parte 3)
Geografia: Conflitos Mundiais (Parte 3) Conflitos Separatistas (Europa/Ásia): Os conflitos separatistas envolvem questões religiosas, territoriais, políticas e culturais. O embate entre grupos ou comunidades com características diferenciadas muitas das vezes resulta em genocídios. O termo Conflito Étnico identifica qualquer conflito que tenha em sua essência o choque de pessoas com origens religiosas, raciais, culturais ou geográficas. O enfrentamento violento está sempre presente e por vezes as ações são tão violentas que violam as determinações do Código de Guerra. É o caso do genocídio, que leva à morte milhares ou milhões de pessoas, sem distinção entre civis e militares, homens, mulheres ou crianças. Em alguns casos, especialmente no Oriente Médio, o termo Conflito Religioso é usado no lugar de Conflito Étnico porque os motivos religiosos são bem mais destacados em relação aos demais. A lista de Conflitos Étnicos é enorme. Para o continente europeu podemos citar: o Conflito nos Bálcãs, que colocou em choque as várias nacionalidades que compunham a Iugoslávia, levando ao seu esfacelamento; o processo de independência da Bósnia, que colocou croatas, sérvios e muçulmanos em conflito, resultando em uma limpeza étnica dos não sérvios na região; a Guerra do Kosovo, onde a população que ansiava por direitos para a população de origem albanesa foi massacrada; a Questão Basca, no qual um povo com identidade e cultura própria no norte da Espanha luta por sua independência; a Questão Irlandesa, que deseja conquistar a independência da Irlanda em relação ao Reino Unido; e os Conflitos no Cáucaso, que geram disputam entre as cerca de 50 etnias que vivem na região, como a Ossétia, Daguestão e Chechênia. No continente Asiático há, por exemplo, o Conflito Étnico na Caxemira (envolvendo Paquistão e Índia, ambos os países possuem armas nucleares), onde há resquícios do fim do imperialismo inglês que colocam em confronto as etnias da região. O Sri Lanka é uma ilha habitada por diversas etnias que se enfrentam, principalmente, por questões religiosas. A Indonésia vivencia a opressão que uma maioria muçulmana impõe sobre uma minoria católica. O mesmo tipo de confronto ocorre nas Filipinas. A China enfrenta os movimentos separatistas em aproximadamente 40% do território por causa das diferenças culturais e da insatisfação com as exigências impostas com a revolução socialista. E, por fim, os Curdos representam o maior povo sem Estado no mundo, vivendo no Oriente Médio, buscam a independência de um território para seu povo. Guerras Civis na África: A maioria dos problemas africanos estão ligados a fatores desse tipo, o que é uma consequência da exploração que as potências capitalistas desenvolveram no continente. No século XIX, a África foi toda dividida entre os países imperialistas que buscavam suas matériasprimas e as zonas de influência no continente. A divisão do território foi toda feita sem se levar em consideração as diferenças étnicas em cada região, deixando, muitas vezes, grupos rivais, ou, pelo menos, de práticas culturais muito distintas vivendo em um mesmo território. As consequências desse processo são vistas até hoje, marcando os grandes problemas de instabilidade social e política no continente. No caso africano, podemos citar o Genocídio de Ruanda, no qual milhares de tutsis foram mortos por hutus; os conflitos no Chifre da África (porção que inclui: Somália, Etiópia, , ocasionando em devastação da região; e os Conflitos na Nigéria, onde há confrontos entre grupos religiosos e o governo do país. Conflito em Ruanda: A monarquia de Ruanda começa a se organizar no século XI, e após quatro séculos consolida-se, chefiada por um mwami (título local para o rei), da etnia Tutsi. Em algumas áreas do país surgiram principados independentes hutus, e em outras, comunidades tutsis e hutus cooperavam sob o controle nominal do rei. Durante o século XVII, casamentos mistos eram comuns, fazendo com que em muitos casos a classificação de um indivíduo como membro do povo hutu ou tutsi se tornasse difícil Em 1899, o mwami submeteu-se ao protetorado alemão sem resistência, convertendo Ruanda em parte da África Oriental alemã. Na Primeira Guerra Mundial, tropas do vizinho Congo Belga expulsaram os alemães, assumindo o controle do território. Após o conflito, a Liga das Nações atribui um mandato à Bélgica sobre Ruanda e seu vizinho Burundi, passando os dois futuros países a serem administrados como o território de Ruanda-Urundi, em separado da colônia belga maior, o Congo Belga. Após a Segunda Guerra Mundial, Ruanda-Urundi torna-se Território Fiduciário das Nações Unidas, com a Bélgica como administradora. Os líderes hutus passam a ser incentivados pelos militares belgas, e provocam uma revolta popular em novembro de 1959, resultando na queda da monarquia tutsi. A Assembléia Geral da ONU determina a resolução da tutela belga e independência total para Ruanda e Burundi efetiva a 01 de julho de 1962. Gregoire Kayibanda, líder do PARMEHUTU (Partido do Movimento de Emancipação Hutu), torna-se o primeiro presidente eleito, promovendo uma ideologia Hutu supremacista, e uma série de antitutsi "pogroms", provocando a fuga de Tutsis. Em 1973, os militares tomam o poder pela força, liderados pelo major-general Juvénal Habyarimana, que dissolveu a Assembleia Nacional, o PARMEHUTU e aboliu toda a atividade política. Ele seria reeleito em 1983 e novamente em 1988. Respondendo a pressão da opinião pública para uma reforma política, o presidente anuncia em julho de 1990 sua intenção de transformar o estado em uma democracia multi-partidária. Em outubro de 1990, exilados tutsis de Ruanda se uniram à Frente Patriótica Ruandesa (FPR) e invadiram o país a partir de sua base em Uganda. A guerra se arrastou por quase dois anos até que um acordo de cessar-fogo foi assinado em 1992. O conflito é reiniciado em abril de 1994, quando o avião que levava o presidente Habyarimana e o presidente do Burundi foi derrubado ao se preparar para aterrar em Kigali, matando ambos. Grupos militares e milícias começam a prender e matar todos os Tutsis e moderados políticos. O caos se espalhou rapidamente a partir de Kigali para todo o país, num genocídio de rapidez sem precedentes, deixando mais de 800 mil tutsis e hutus moderados mortos nas mãos de bandos organizados de milícias, os Interahamwe. A FPR derrotou o exército ruandês e tomou Kigali, acabando com a guerra a 16 de julho de 1994. Mais de 800.000 indivíduos tinham sido assassinados, outros 2 milhões fugiram, e outro milhão foram deslocados internamente. A comunidade internacional respondeu à catástrofe humanitária com um dos maiores esforços de ajuda humanitária já montados. A operação de paz da ONU, a UNAMIR, permaneceu em Ruanda até 8 de março de 1996. Em 2001, com mais de 120.000 ruandeses na prisão e praticamente nenhum sistema judicial existente (a maioria dos advogados e juízes foram mortos ou fugiram durante o genocídio), o governo começou a implementar um sistema de justiça de base na aldeia, conhecida como "gacaca", para abordar os casos de genocídio. Em dezembro de 2010, funcionários das gacaca relataram ter concluído mais de 1,2 milhões de processos. Conflito na Nigéria: O capítulo mais antigo da história da Nigéria localiza-se por volta de 800 a.C., quando o povo Nok, civilização do neolítico e da idade do ferro, se estabelecem na área de Jos (norte do país). É por volta do século XI que se tem notícia do estabelecimento de cidades-estado, reinos e impérios importantes, incluindo os reinos Hausa e a dinastia Borno ao norte, e os reinos de Oyo e Benin ao sul. Em 1472 os portugueses são os primeiros europeus a chegarem à região, dando início ao estabelecimento de vários entrepostos comerciais e ao tráfico de escravos. No século XIX, o comércio de outros produtos, em especial do óleo de palma e da madeira substituem o tráfico de escravos, tendo mérito nisto também a ação da marinha britânica em perseguir e desbaratar o comércio escravagista. Na segunda metade do século os britânicos vão consolidando o domínio sobre o país, estabelecendo protetorados nas metades norte e sul da Nigéria. Em 1914, os dois protetorados são unificados na chamada Colônia e Protetorado da Nigéria, onde em algumas áreas é estabelecida administração direta inglesa e em outras os europeus são representados pelos monarcas africanos locais. Tal situação permanece até 1 de outubro de 1960, quando a Nigéria conquista sua independência. Desde o início, a jovem república sofre com a instabilidade política, que atinge seu auge em 1967, quando três estados do leste decidem se separar do país, formando a República de Biafra (região que conta com a presença de mais de 250 etnias), iniciando um conflito com o governo em Lagos. Mesmo durando três anos, a Guerra Civil Nigeriana foi marcada pela extrema violência tanto das forças do governo quanto das forças separatistas.
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