Geografia: Conflitos Mundiais (Parte 1)
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Geografia: Conflitos Mundiais (Parte 1)
Geografia: Conflitos Mundiais (Parte 1) Questão Israel x Palestina: A região da Palestina desde a Antiguidade vem sendo palco da ação de potências que se sucedem com o passar do tempo. A terra foi disputada por hebreus e filisteus, macedônios, persas, romanos, árabes e turcos-otomanos. A criação do Estado de Israel demonstra claramente que a vontade de elementos estranhos à região marca a Geografia, Política, Economia e História local. Durante a gestão do brasileiro Oswaldo Aranha na presidência da ONU (Organização das Nações Unidas), o Estado de Israel foi criado no território da Palestina. Sua criação se deu num momento em que a opinião pública internacional olhava com complacência as vítimas do Holocausto nazista, em que milhões de judeus foram assassinados em campos de concentração na Europa. A região da África Centro-Oriental, ou mais precisamente o atual território de Uganda, foi cogitada para a instalação do Estado de Israel. No entanto, optou-se pela Palestina em função da crença religiosa da ‘terra prometida’, e pelo fato de milhares de judeus terem ocupado terras palestinas, fugindo da perseguição na Europa. Entretanto, havia uma população palestina ali instalada, e a reprovação de outras nações árabes à criação de Israel foi unânime. A sustentação de Israel inicialmente se deu pela ação das superpotências, pois a União Soviética, primeiro país a reconhecer Israel, se interessou pela possibilidade de um embrião socialista no Oriente Médio, e os Estados Unidos ambicionavam um ponto de influência numa região de maioria muçulmana. A supremacia dos Estados Unidos sobre a política e a postura geopolítica de Israel ocorreu em virtude do forte auxílio financeiro, logístico (sustentação da guerra, planejamento e execução de infraestruturas, a ela ligados), político ao país, frente as hostilidades que se seguiram após a sua criação. Com a criação do Estado de Israel, criou-se também um Estado de menor dimensão para os palestinos. Estes, por sua vez, não aceitaram dividir a Palestina com os judeus, e nesse cenário de animosidade explícita, vários conflitos ocorreram na região. Podemos destacar: 1953: Guerra do Suez (Israel com o apoio de França e Reino Unido declaram guerra ao Egito que nacionalizou o Canal de Suez, bloqueando o acesso ao Porto de Eliat); 1967: Guerra dos Seis Dias (Israel, alegando defender-se de um possível ataque, invadiu a Faixa de Gaza e a Península do Sinai [Egito], Cisjordânia [Jordânia] e as Colinas de Golã [Síria]); 1973: Guerra do Yon Kippur (tentativa do Egito, Síria e Jordânia de retomar os territórios perdidos em 1967). Dessa guerra, originou-se a Primeira Crise do Petróleo. Obs: O Yon Kippur é um feriado judaico no qual se comemora o ‘Dia do Perdão’. 1982: Guerra do Líbano (Israel invade o sul do Líbano, mas tropas da Síria e da Palestina instaladas no sul do Líbano atacaram o norte de Israel); 1987: Primeira Intifada (a ‘Guerra das Pedras’, foi uma ação popular, comandada pela OLP [Organização para a Libertação da Palestina], atualmente é chamada de AP [Autoridade Palestina], nos territórios de Gaza e Cisjordânia, reivindicados pelos palestinos. A Intifada levou as autoridades israelenses e palestinas a conversações; em 1991 à Conferência de Madrid, e em 1993 à assinatura de um acordo, ratificado em 1994, denominado acordo árabe-israelense, que criou o Estado Palestino, na Faixa de Gaza e na cidade de Jericó, na Cisjordânia, sob a liderança de Yasser Arafat. Diminuição do território da Palestina (em verde) após a criação do Estado de Israel, entre 1946 e 1999. Uma ação popular da Primeira Intifada • 2000: Segunda Intifada (Yasser Arafat, líder da Palestina, recusa proposta de Paz de Israel). • 2001: Ariel Sharon é escolhido novo Primeiro Ministro de Israel. Em seu mandato inicia-se a construção da ‘Barreira Israelense na Cisjordânia’. • 2004: Morre Yasser Arafat. • 2005: Grupo Hamás domina a Faixa de Gaza e ataca Israel com mísseis. • 2006: O grupo Hamás é eleito pelo voto e torna-se maioria no Parlamento da Palestina. • 2008: Novamente o Hamás ataca Israel com mísseis. Israel responde com ataques aéreos e invasão terrestre. • 2012: Israel intensifica ataque contra Gaza e destrói sede do Hamás. Obs: Grupo Hamás é uma organização palestina, de orientação sunita (uma das subdivisões do islamismo), que inclui uma entidade filantrópica, um partido político e um braço armado. É considerado um grupo terrorista por: Canadá, União Européia, EUA, Japão e Israel. A ‘barreira israelense na Cisjordânia’ (muro da Cisjordânia). Ariel Sharon e Yasser Arafat Questão do Golfo Pérsico: Já foi demonstrado que a região do Oriente Médio é política e economicamente instável. Esta instabilidade é gerada pela oposição entre interesses de grupos locais, agravada pela ação de potências extra-regionais (Inglaterra, França, EUA e União Soviética). A ação destas potências, que ocorreu em função da expansão de alguns impérios sobre a região, ou, mais especificamente, pelo interesse dos europeus em exercer hegemonia sobre o flanco sudeste de seu continente e sobre o Canal de Suez (canal criado no século XIX que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho), ou mesmo após a Segunda Guerra Mundial, decorrente do embate indireto entre EUA e URSS. Em 1938, o México era o maior produtor exportador de petróleo do mundo. Neste ano, o governo mexicano decidiu Nacionalizar as atividades petrolíferas no país o que obrigou as grandes empresas exploradoras de petróleo a procurar novos locais de extração deste recurso. O Golfo Pérsico (ou Golfo Árabe) foi considerado o local com maior potencial para exploração de petróleo. Durante décadas, a implantação de uma infra-estrutura de exploração e um livre trânsito de capitais ocidentais foram observados na região. Este quadro de relativa tranquilidade se manteve até o início dos anos 70, quando as grandes companhias de petróleo – as Sete Irmãs (Cartel constituído pelas maiores companhias de petróleo do mundo capitalista: SHELL, TEXACO, GULF, SOCAL, EXXON, MOBIL e a BRITISH PETROLEUM) – passaram a enfrentar sérios problemas advindos do fortalecimento da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo, cartel formado por alguns dos maiores produtores mundiais de petróleo, no qual podemos destacar no Oriente Médio: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kwait, Catar e Emirados Árabes Unidos). A situação de crise se agravou no final da década de 70, com o triunfo da Revolução Islâmica do Irã. O Golfo Pérsico A Revolução Islâmica no Irã: No final da década de 70 do século XX, a situação política e econômica do Irã era caótica. Durante décadas, o Xá (título de nobreza) Reza Pahlevi tentou ocidentalizar o país. Tentou promover reformas, acabar com o poder excessivo da religião sobre o Estado, enfim, extinguir a ditadura. Pahlevi conseguiu durante seu governo desagradar a maior parte da população e subordinar o país, onde predominam muçulmanos radicais, ao ocidente, mais especificamente aos EUA, que viam o Irã, com o Xá Reza Pahlevi à sua frente, como um grande aliado no Golfo Pérsico, e que faziam questão de manter as forças armadas do país como uma das mais poderosas da região. Em 1979, o Aiatolá (líder religioso que assume vida política) Khomeini retorna do exílio na França e, com o apoio da população e, principalmente, da Guarda Revolucionária Xiita, assume o poder no Irã. Estava consolidada a primeira Revolução Islâmica dos tempos modernos. A oposição interna ao regime Xiita que se estabelecia no país foi suprimida à força. O próprio Xá e seus aliados fugiram do país. Obs: Xiita é a ala mais radical do Islamismo. A Guerra Irã x Iraque: Em 22 de setembro de 1980 inicia-se o conflito entre Irã e Iraque, apresentando como causa imediata a partilha das águas do estreito de Chat El Arab, mas outros motivos ainda podem ser mencionados, como o desejo do Iraque de recuperar terras perdidas para o Irã em 1975; a questão do separatismo Curdo, que sempre foi um ponto de desacordo entre os dois países; a preocupação do governo de Bagdá com a evolução do Islamismo Xiita em seu território, além do ódio pessoal de Khomeini em relação ao Iraque, de onde foi expulso em seu exílio. Este conflito, que até o final de 1985 não apresentava expectativa de término a curto prazo, apresentou desdobramentos paralelos, como a diminuição da produção de petróleo do Irã; a venda de peças de museus tradicionais do Irã para financiar o conflito; as ameaças de fechamento do Estreito de Ormuz por parte do Irã, impedindo o comércio de petróleo de todo o Golfo Pérsico para o restante do mundo, entre outros fatos decorrentes da guerra. O conflito Irã-Iraque terminou em 1988. O Irã ainda apresenta inúmeros problemas internos provocados pela guerra, pela estagnação política, pelo radicalismo do partido governamental e pela posição de isolamento de seu governo. O líder Khomeini faleceu no ano de 1989. O Iraque, desde a década de 1960, tem enfrentado problemas internos com o Curdistão (região localizada a noroeste do país, de população Curda). A rebelião curda pretende a autonomia, o que se torna inviável ao Iraque, por significar perda de até 30% da renda obtida com o petróleo extraído na região. Apesar da guerra contra o Irã e dos problemas internos, o Iraque, em meados dos anos 80, conseguiu superar sua instabilidade econômica, graças à gigantesca ajuda externa por intermédio dos países pró-ocidente. Outro fator importante para a sua recuperação foi a possibilidade de normalizar a exportação do petróleo, ao colocar em funcionamento um oleoduto que leva o petróleo até a Turquia. Em 1988, termina a guerra e o Iraque se vê com uma dívida enorme. Em 1990, o Iraque ocupa o Kwait e em consequência sofre várias sanções internacionais, como o embargo econômico. Saddam Hussien e Khomeini A Guerra do Golfo: A Guerra entre Irã e Iraque provocou destruição da infraestrutura da produção de petróleo em ambos os países, na ordem de 60%. Computou a soma de 1 milhão de mortos e grandes atrocidades, como o massacre dos Curdos no norte do Iraque, a incorporação de crianças nas linhas de frente de batalha e a poluição irreversível do mar no Golfo Pérsico. Com o fim da guerra, tanto o Irã como o Iraque passaram a sentir a verdadeira dimensão do caos econômico, político e social no qual se inseriram durante a década de 80. O Irã viveu um período conturbado após a morte do Aiatolá Khomeini, enquanto o Iraque, além dos problemas residuais da guerra, tinha uma grande dívida para pagar com aqueles que lhe forneceram dinheiro durante a guerra. Com o caos estabelecido em seu país, Saddam Hussien passou a contar com a insatisfação de sua população, pois os resultados da guerra foram totalmente negativos. Com um muito armamento restante da guerra contra o Irã, e sob a alegação de queo Kwait fazia parte de seu território por direito, além da alegação de que o Kwait havia explorado petróleo numa zona neutra (área de fronteira entre Iraque e Kwait, onde foi decidido que não haveria soberania de nenhum país), o Iraque invadiu o Kwait em agosto de 1990. A invasão do Kwait, repudiada pela comunidade internacional, de imediato chegou a provocar um pequeno choque com o aumento do preço do barril de petróleo (aproximadamente 160 litros), mas não causou maiores problemas, pois a condenação da ONU e a prontificação dos Estados Unidos em chefiar uma ‘força de paz’ na região estabilizaram o mercado e controlaram o preço. Ataque militar durante a Guerra do Golfo.
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