Junta de Freguesia da Ribeirinha
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Junta de Freguesia da Ribeirinha
RIBEIRINHA DAS ORIGENS À ACTUALIDADE Por Carlos Faria Dia da Freguesia e de apresentação do símbolos heráldicos 21 de Setembro de 2009 1. DAS ORIGENS DA RIBEIRINHA NATURAIS A Freguesia da Ribeirinha situa-se no extremo Nordeste da ilha do Faial, e ocupa a vertente norte de um antigo vulcão com com cerca de 800 mil anos, extinto talvez há mais de 500 mil anos e por onde a ilha se começou a formar. Este grande vulcão construiu, pelo menos, toda a área do Faial entre a Ribeirinha, o Canto dos Espalhafatos e a Ponta da Espalamaca até ao cruzamento do Estrada para a Caldeira com a da Ribeira Funda. Assim, podemos dizer que a Ribeirinha é uma das mais pequenas freguesias do Faial, mas foi por aqui que o Faial começou a nascer... só mais tarde surgiu o vulcão que originou a Caldeira Vertentes nordeste (em cima) e oeste (em baixo) do cone do estratovulcão da Ribeirinha 1. DAS ORIGENS DA RIBEIRINHA POVOAMENTO Quando e por onde terá começado o povoamento da Ribeirinha? Neste campo parecem não existirem informações muito precisas, apenas conheço alguns indícios: Gaspar Frutuoso pouco antes de 1591, ao descrever o Faial fala da Ponta da Ribeirinha, dos ilhéus da Ribeirinha, da ribeira da Ribeirinha e do pesqueiro Barba Feita, mas não refere qualquer povoação para esta zona. Sabe-se que em 1600 foi criada a freguesia de Pedro Miguel a qual se estendia entre a Praia do Almoxarife e os Cedros, incluindo por isso o que hoje é a freguesia da Ribeirinha, dado que o Salão era então um lugar pertencente aos Cedros. A freguesia da Ribeirinha foi criada em 1666 e nessa data já deveria existir a igreja uma vez que então estas divisões de autárquicas estavam intimamente ligadas à criação de paróquias. Assim, tudo indica que entre 1591 já deveria haver gente a viver nesta zona e que o lugar cresceu o suficiente para em 1666 ter uma igreja elevada à categoria de Paróquia.. Mas por onde começou o povoamento? Sabe-se que quando os homens cá chegaram a zona estaria toda coberta de árvores, sobretudo: faia-da-terra, vassoura/rama e paubranco (não havia incenso). Por isso tiveram de cortar a lenha para abrir terreno e de ter água por perto, só depois fizeram as primeiras casas e começaram a cultivar, talvez escolhessem uma zona a caminho dos Cedros que estava então já a nascer e a crescer do lado norte da ilha. Assim, 3 lugares reuniam condições para isso: Chã, perto da fonte da Bengalada, Relvinha, com a ribeira e a nascente do Valado, e o então Alto da Ribeirinha, hoje dos Espalhafatos, com a fonte do Parol. Assim não admira que o povoamento tenha nascido ao longo do caminho entre a Vila da Horta e os Cedros, que na zona do meio se tenha construído a igreja que se tornou no centro antigo da Ribeirinha. O tempo passa e as necessidades alteram-se, então, quando não havia água corrente e quase todos no meio rural viviam da agricultura, construir nas ribeiras e junto às nascentes era fundamental à sobrevivência, pois era onde havia água e não se ocupavam as terras mais férteis com casas. Assim as povoações iniciais terão crescido, a Ribeirinha chegou ou ligou-se à Chã da Cruz e o Alto estendeu-se até ao Canto. A história fala das dificuldades iniciais, os assaltos dos piratas ou corsários, por vezes designados por mouros, ficaram registados na toponímia da freguesia “Poceirão dos Mouros” na Ribeirinha e o Alto da Ribeirinha fica Alto dos Espalhafatos a lembrar os despojos e vestuários dos derrotados em lutas ali ocorridas e a vida continuou. Durante séculos o Faial foi pouco abalado por grandes sismos, até que no século XX tudo mudou. 2. ACTUALIDADE DA RIBEIRINHA No século XX o Faial foi abalado por 4 grandes crises sísmicas em 3 delas a Ribeirinha foi significativamente afectada: 1926, além de casas, a igreja foi muito danificada; 1958, o Alto e o Canto dos Espalhafatos afectados pelo sismo P Norte; 1998, praticamente toda a freguesia é destruída. Um dos motivos da frequente destruição da freguesia é o seu desenvolvimento ao longo de uma falha geológica activa (Ribeirinha) e ser atravessada pelo menos por outra (Chã da Cruz) Assim surgiu a iniciativa do Governo Regional, em cooperação com a Universidade dos Açores, de avaliar os riscos naturais e reconstruir em locais considerados mais seguros: - Na Ribeirinha foram identificados riscos associados a falhas, escorregamentos de massas e inundações. - Nos Espalhafatos sobretudo falhas e alguns riscos de escorregamentos e pequenos riscos de inundações. Assim, depois do vulcão da Praia do Norte em 1672, pela segunda vez na história do Faial uma freguesia foi reconstruída noutro local depois de uma catástrofe natural. 3. O FUTURO DA RIBEIRINHA A Ribeirinha da actualidade pode estar mais segura, alguns locais talvez estejam melhores, mas ainda há feridas a cicatrizar, as zonas que estiveram na origem da Ribeirinha e dos Espalhafatos fazem parte da nossa história e precisam de estar acolhedoras como memória das nossas raízes: Sem esquecer o Farol já do século XX Queiram os cerca de 400 habitantes desta freguesia, unir-se, dar as mãos e deixar uma Ribeirinha e Espalhafatos tão ou mais bela do que aquilo que os seus fundadores até aos nossos pais nos deixaram... Fim Bibliografia Frutuoso, Gaspar: Saudades da Terra, Livro VI Lima, Marcelino (1943): Anais do Município da Horta Macedo, A.L.S. (1871):História das quatro ilhas que formam o distrito da Horta. Madeira, José (1998): Estudos de Neotectónica nas ilhas do Faial, Pico e S. Jorge: uma contribuição para o conhecimento geodinâmico da junção tripla dos Açores.Tese de Doutoramento, Universidade de Lisboa