livro - Ágere - Cooperação em Advocacy
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livro - Ágere - Cooperação em Advocacy
Capa 4 Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA/ACDI) Permitida reprodução total ou parcial com menção expressa da fonte. 1ª Edição 5.000 exemplares Ágere Cooperação em Advocacy SHIS QI 11 Bloco M Sala 104 Lago Sul CEP 71625-205 Brasília DF Tel.: (61) 3248-4742 http://www.agere.org.br Distribuição gratuita Ágere Cooperação em Advocacy Autores Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro, Ana Lucia Lopes, Anderson Ribeiro Oliva, Alexandre Ratts, Adriane Damascena, Bárbara Oliveira Souza, Edileuza Penha de Souza, Gloria Moura, Iglê Moura Paz Ribeiro, Luiz Carlos dos Santos, Vera Lúcia Santana Organizadores dos textos Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro, Bárbara Oliveira Souza, Edileuza Penha de Souza, Iglê Moura Paz Ribeiro Coordenação Editorial Cléia Medeiros, Iradj Roberto Eghrari Assistente de Coordenação: Débora Lacerda Produção, diagramação, direção de arte e impressão Via Brasília Editora Sumário Prefácio Glória Moura A Ágere Cooperação em Advocacy, com esta publicação, consolida uma posição de vanguarda na formação de professores, alunos e demais interessados, no processo educativo brasileiro, a partir da difusão, da interpretação e do estudo da Lei 10.639/03 que "Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, obriga a incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a temática "História e Cultura Afro-Brasileira e dá outras providências". A aprofundada análise feita pelo Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno, consubstanciada no Parecer CNE/CP 03/2004, informou a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, do CNE, que "Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana". No entanto sabe-se do desconhecimento dos professores em relação aos conteúdos exigidos pela Lei. A partir dessa constatação foi organizada esta publicação "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola", tendo como base o conteúdo do Curso de Formação de Professores Ensino Afro-Brasil. Esta publicação representa uma das possibilidades através da qual se pensar o país em que vivemos com sua formação histórica e sua marca africana indelevelmente deixada em todas as instâncias da vida nacional. Perseguir a meta de conhecer nossas origens e nossas raízes é buscar sedimentar nossa identidade ainda inconclusa. Conhecer a África de ontem e de hoje, a história do Brasil contada na perspectiva do negro, com exemplos na política, na economia, na sociedade em geral, é uns dos objetivos a se atingir. Pretende-se ainda reafirmar a constante presença da marca africana dos nossos ancestrais na literatura, na música, na criatividade, na forma de viver e de pensar, de andar, de dançar, de falar e de rir, de rezar e festejar a vida. Busca-se, também, colaborar para uma crescente valorização da comunidade negra, contribuindo para a elevação de sua auto-estima e propiciar aos professores mecanismos para utilização deste conhecimento, na perspectiva de mudança da mentalidade preconceituosa. Conhecer e a aplicar a legislação tem a finalidade de fazer cumprir e garantir a plena eficácia do Art. 5º da Carta Magna "Todos são iguais perante a lei", na certeza de que não há desiguais, mas diferentes. O respeito à diferença deve ser um dos sustentáculos de uma sociedade democrática, marcada pela cidadania, pela inclusão, sonho de um país justo. A escola é uma das instituições responsáveis pela instauração desse processo. Ela forma gerações e poderá contribuir para a mudança do quadro de injustiças vigente. É ainda de sua competência respeitar matrizes culturais e construir identidades, visando à dignidade da pessoa, respeitando as especificidades da herança cultural inclusa na infinita diversidade que constitui a riqueza humana. O professor consciente de seu papel revolucionário será o baluarte da transformação de seus alunos fazendo-os seres pensantes e responsáveis por suas atitudes. Segundo o Prof. Paulo Freire é preciso descolonizar as mentes, a fim de que 8 Prefácio o nosso jeito de ser e a nossa cultura possam ser valorizados. Importante o fato de uma entidade da sociedade civil, não necessariamente integrante do movimento negro como tal, engajar-se no esfôrço de revelar o Brasil multicultural, interétnico, diverso e constituído por um mosaico onde se destaca a influência africana, mormente a de nações abaixo do Saara. A Ágere é uma das instituições pioneiras na divulgação da Lei 10.639, pois realiza desde 2005 o Curso Ensino Afro-Brasil, que atingiu aproximadamente 7.000 pessoas. Tratou-se de grande desafio superado com êxito o que veio tornar possível um acúmulo de experiências, inclusive quanto à metodologia desenvolvida por intermédio do ensino a distância. É importante ressaltar que há tempos o movimento negro vem realizando esforços para incluir nos currículos escolares a temática em questão. Ainda nos anos 80, no Estado da Bahia, foi instituída lei com objetivo de incluir no currículo das escolas oficiais o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira, experiência que teve pequena duração pela ausência de professores qualificados. No mesmo sentido, o VIII Encontro de Negros do Norte e Nordeste com o tema " O Negro e a Educação", realizado em Recife em julho de 1988 concluiu. que"a educação é a base sobre a qual se estrutura a forma de pensar e agir de um povo e que o currículo escolar, nega a importância da contribuição do elemento africano e seu papel histórico, econômico, político e cultural na formação da sociedade brasileira". Atualmente a Ágere vem desenvolvendo importante trabalho de divulgação dos valores afro-brasileiros, realizando pesquisas e oferecendo cursos. Esta publicação, é uma das contribuições para suprir uma das lacunas do ensino brasileiro. Apresentações 10 Apresentações O curso Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana - Ensino Afro Brasil surgiu a partir de um convênio entre a Ágere Cooperação em Advocacy e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação (MEC), no ano de 2005, com o objetivo de auxiliar na implementação da Lei 10.639/2003 com a formação de 5000 professores para melhor compreenderem e aplicarem o conteúdo daquela nova lei. O grupo beneficiado com o projeto foi composto por professores do ensino fundamental e médio, preferencialmente os professores das disciplinas História, Literatura Portuguesa e Artes, porém sem o impedimento de participação de profissionais das demais disciplinas, visto que o ensino de História e Cultura Afro-brasileria e Africana constituem tema a ser tratado de maneira transversal no currículo escolar. Gratuito e via internet, o curso permitiu que os participantes determinassem seus horários de estudo. Uma segunda fase desta mesma iniciativa teve início em maio de 2007 continuando a parceria com a SECAD/MEC. Ela possibilitou a reciclagem e o aprimoramento de 3.000 professores formados na primeira etapa, buscando formar professores para atuar nas escolas na forma de multiplicadores do processo de aplicação da Lei 10.639/03 e influenciando a formulação do Plano Político Pedagógico (PPP) de cada escola onde os participantes da segunda fase lecionassem. O PPP é um instrumento que cada escola deve construir a partir de condições específicas e coletivas, como produto de um processo contínuo e participativo. Com o curso os professores devem impactar no desenvolvimento do mesmo de modo a assegurar a aplicação da Lei 10.639/2003 nas escolas. A certificação foi de extensão universitária com a carga horária de cada fase, emitido por meio da parceria entre a Ágere e a Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM). Para atender ao grande número de interessados, o curso Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana começou uma nova turma ainda em 2007, com término em 2008, onde foram disponibilizadas mais 2.000 vagas com apoio da Agência Nacional Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA). A novidade foi a produção da presente obra com os conteúdos disponibilizados no curso e também alguns planos de aula desenvolvidos pelos próprios participantes. Ao final do curso os participantes são convidados a avaliar o mesmo. As médias já colhidas revela que 88% dos participantes consideraram que os conhecimentos adquiridos foram de muita utilidade para o desenvolvimento das atividades profissionais e 90% com relação ao valor pessoal, 97% classificaram os objetivos educacionais do curso entre bom e muito bom e 86% indicariam o curso para outra pessoa. Por estes resultados apresentamos nossos agradecimentos à equipe sempre presente da SECAD/MEC e da CIDA, a coordenação da Professora Glória Moura, aos autores dos textos, a empresa de tecnologia Faros que disponibilizou a plataforma de ensino a distância e aos tutores do curso, toda equipe da Ágere e especialmente aos participantes do curso. Durante as três turmas do curso depoimentos como o da professora Elenoide Maria de Oliveira Santos (Bahia). Eu trabalho pela rede pública estadual e municipal. Na rede estadual já construímos o PPP e introduzimos até uma proposta sobre Formação em HIstória Cultural Afro-Brasileira e Africana africanidades, na rede municipal o PPP da escola está engavetado, a coordenadora segurou o plano e não abre espaço para a sua elaboração. Já levantei uma proposta sobre África, estamos pensando em reunir num sábado pra ver o que é que sai-nos enchem de força para continuar buscando apoio para este trabalho, pois foram mais de 40.000 inscritos para 10.000 vagas disponibilizadas. Entendemos que todas e todos precisam saber quais são seus papéis em escreverem a história de nosso país, e muitas vezes são necessárias ferramentas como o curso e o livro ora apresentados para auxiliar no seu traçado. Ágere Cooperação em Advocacy 11 12 Apresentações É com grande satisfação que a Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional - ACDI/CIDA apresenta esta publicação que reúne o resultado das atividades do Projeto Ensino Afro Brasil. O projeto tem por objetivo oferecer o Curso de Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, oferecido, por meio de ensino à distância, a 5000 professores em todo o país. A publicação deste livro contribui para a implementação da lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares, nos estados e municípios. A ACDI/CIDA é o órgão do governo canadense responsável pelo apoio ao desenvolvimento internacional e tem por meta colaborar para reduzir a pobreza, promover maior eqüidade e alcançar o desenvolvimento sustentável. Para a ACDI/CIDA, o incentivo à igualdade de gênero e etnia é parte integral e essencial de sua missão. Assim, a ACDI/CIDA acolheu a proposta da Ágere que, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação -SECAD/MEC, nos permitiu apoiar esta iniciativa que promove igualdade étnico-racial e de gênero no Brasil. Anne Gaudet Conselheira Cooperação e Desenvolvimento Embaixada do Canadá Introdução 14 Introdução A valorização da Educação das Relações Étnico-Raciais, da história e cultura afrobrasileira e africana no espaço escolar origina-se da luta e da resistência do povo negro, como fruto da mobilização em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, cabendo destacar a luta anti-racista dos Movimentos Negros Organizados, consolidada após a assinatura da Lei Áurea como um movimento pelo direito à educação da comunidade negra. Neste contexto, podemos destacar a atuação do Jornal Quilombo1 que afirmava, em sua primeira edição, que era necessário "lutar para que, enquanto não for gratuito o ensino em todos os graus, sejam admitidos estudantes negros, como pensionistas do Estado, em todos os estabelecimentos particulares e oficiais de ensino secundário e superior do País, inclusive nos estabelecimentos militares". A educação, portanto, constitui-se como uma forte reivindicação das organizações negras ao longo da história de nosso país. Esteve presente na Frente Negra Brasileira2, bem como nas ações e orientações do Teatro Experimental do Negro (TTEN)3, como a primeira instituição a promover educação de jovens e adultos deste país. O movimento em prol da educação não foi interrompido nem mesmo durante a ditadura militar, culminando no processo nacional constituinte, no âmbito da Convenção Nacional do Negro pela Constituinte, realizada em Brasília, em 1986. Posteriormente, outro importante marco desse movimento é a realização, em 1995, da Marcha Zumbi dos Palmares, contra o racismo, pela cidadania e a vida, que traz em sua pauta mais uma vez reivindicações educacionais. Em todos esses marcos, que simbolizam o processo contínuo de luta pela construção de uma educação promotora da eqüidade, dos direitos e da pluralidade cultural, racial, étnica e social do país, é pautada, de distintos modos, a importância de se abordar em sala elementos que abarquem a história e cultura africana e afrobrasileira, bem como que se promovam novos paradigmas para as relações étnicoraciais em nosso país. Essas reivindicações históricas sinalizam para a importância de se ampliar o acesso à educação em todos os níveis para a população negra, bem como para a construção de currículos escolares que dêem conta da diversidade de nosso país. Esse processo envolve, fundamentalmente, a formação das professoras e professores para essas dimensões, a elaboração de materiais didáticos que trabalhem de modo não estereotipado e preconceituoso a magnitude da cultura e história afro-brasileiras e africanas e, fundamentalmente, o compromisso de construir uma sociedade a partir de parâmetros anti-racistas. Esses processos de luta dos movimentos negros tiveram reflexos também em legislações municipais, estaduais e nacionais. As Leis Orgânicas dos municípios de Salvador e Belo Horizonte, por exemplo, estabelecem proibições à adoção de livro 1 Quilombo, com seu subtítulo "Vida, problemas e aspirações do negro", dirigido por Abdias Nascimento era o combativo órgão da imprensa, fundado em 1949, preocupado em analisar as conseqüências do racismo sobre a população negra. Edição fac-similar. Rio de Janeiro: Editora 34, 2003. 2 Fundada em 16 de setembro de 1931, era dirigida por um Grande Conselho. Com os êxitos alcançados, a Frente Negra transformou-se em partido político em 1936 e foi fechada em 1937 pelo Estado Novo de Getulio Vargas. 3 Idealizado, fundado (em 1944) e dirigido por Abdias Nascimento, o Teatro Experimental do Negro tinha como objetivo a valorização do negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola didático que dissemine qualquer forma de discriminação ou preconceito. Essa mesma perspectiva está presente em outras leis municipais de outras regiões, como as da cidade do Rio de Janeiro e de Teresina. Para além dessa dimensão, há outras legislações estaduais que remetem ao dever do Estado de promover a adequação programática de disciplinas como geografia, história, estudos sociais, educação artística, entre outras, para a valorização da participação do negro na formação histórica da sociedade brasileira, como a Constituição do Estado do Bahia, de 1989 e a Lei 6.889, de 1991, do município de Porto Alegre. Há, portanto, um processo bastante longo de mobilizações sociais e de marcos legais que antecede a entrada em vigor da Lei 10.639, de 2003, e das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, de 2004. A Educação das Relações Étnico-Raciais, da história e cultura afro-brasileira e africana objetiva a inserção, no espaço escolar, das várias experiências e linguagens de resistência da população negra. A temática racial precisa ser tratada de modo a que se reduzam os estereótipos e a reprodução dos modelos que inferiorizam os estudantes que são identificados como negros e negras. A Lei 10.639/2003 é um dos marcos para a efetivação da educação anti-racista e a sua implementação passa fundamentalmente pela capacitação continuada de professores e profissionais da educação sobre essa temática. Tratado sob diferentes abordagens, o Movimento Negro organizado historicamente ressaltou a necessidade de a sociedade brasileira encarar a existência do racismo e da discriminação racial, e pôr em xeque a controvertida democracia racial. Em 2001, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que, dos 53 milhões de pobres brasileiros, 70% são negros. Essa desastrosa desigualdade econômica produz efeitos em todos os segmentos da sociedade, obrigando o governo brasileiro a intensificar políticas públicas para amenizar essa disparidade e, ao mesmo tempo, investir na correção das diferenças entre os grupos étnico-raciais nos setores sociais, econômico, político e cultural. Na educação, a alarmante taxa de analfabetos na população maior de 15 anos resulta em parte das discriminações raciais e da veiculação de idéias racistas na escola, e somente uma educação voltada para a pluralidade étnico-racial é capaz de desconstruir o racismo e seus derivados nos espaços escolares. A escola precisa promover relações entre conhecimento escolar/realidade, social/diversidade e éticocultural assumindo "que o processo educacional também é formado por dimensões como ética, as diferentes identidades, a diversidade, a sexualidade, a cultura, as relações raciais, entre outras4". Desde 2003, o Estado brasileiro tem possibilitado a intensificação de ações afirmativas no sentido de assegurar a efetivação dos direitos da população afrobrasileira como direitos humanos. Dentre essas ações, a interdição do racismo na escola se concretiza com a implementação da Lei 10.6395 e das Diretrizes 4 Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In Munanga, K. Superando o racismo na escola – Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, alfabetização e diversidade, 2005. 15 16 Introdução Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana6. O desafio é aprender e ensinar novas relações de afetividade, sedimentalizar ações que como afirma a professora Gloria Moura7, possibilitem "desenvolver na escola, novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidades que integram a identidade do povo brasileiro, por meio de um currículo que leve o aluno a conhecer suas origens e se reconhecer como brasileiro". A escola, como espaço da sociedade, deve promover o desenvolvimento da aprendizagem solidária, enriquecer os laços comunitários e afirmar o respeito às diferenças individuais e coletivas. A aquisição de saberes promove a abolição do racismo, do desrespeito às diferenças e da discriminação racial. Conceber uma educação anti-racista é, portanto, o único caminho capaz de construir o sentimento de pertença, ao mesmo tempo em que descortina perspectivas de uma educação de qualidade, imprime à escola valores e práticas da cosmovisão africana em que a ética, a emoção e a afetividade formam o tripé que sustenta o equilíbrio social e possibilita a edificação da cidadania. Existe hoje uma demanda na sociedade brasileira em relação ao conhecimento da história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica e superior. Com a publicação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, essa demanda ganha proporções ainda maiores. A inclusão do estudo da história do negro no Brasil, suas lutas, sua resistência e participação na formação da identidade nacional em todos os aspectos, justifica-se pelo elevado percentual da população afro-descendente e pela imensa importância da identidade afro-brasileira. A implantação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares implica alguns caminhos, dos quais cabe destacar: a elaboração de materiais didáticos sobre essa temática, a sensibilização e a construção de propostas pedagógicas das escolas para a consolidação de uma educação anti-racista (com redefinições dos planos políticos pedagógicos e dos currículos escolares) e a formação e capacitação continuada de professores/as e demais profissionais da educação para essa abordagem. A presente publicação é resultado de dois cursos voltados para a formação continuada de professores(as), na modalidade a distância, com foco na implementação da Lei 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Os cursos compuseram o Programa de Educação das Relações Étnico-Raciais Aplicando a Lei 10.639/2003, e foram realizados entre 2004 e 2007. 5 De 9 de janeiro de 2003 a Lei nº 10639, incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". "O Conselho Nacional de Educação, pela Resolução CP/CNE nº 1, de 17 de junho de 2004 (DOU nº 118, 22/6/2004, Seção 1, p. 11), instituiu diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, a serem observadas pelas instituições, em todos os níveis e ensino, em especial, por instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores. A resolução tem por base o Parecer CP/CNE nº 3, de 10 de março de 2004, homologado pelo Ministro da Educação, em 19 de maio de 2004." 7 GOMES, Nilma Lino. O direito a diferença. In. Munanga, K. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, SECAD, 2005. 6 História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola As iniciativas para a elaboração das duas etapas do curso Ensino Afro surgiram de professoras e professores comprometidos com essa questão, em diálogo com outras organizações não-governamentais, como a Ágere, e governamentais, como a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secad, do Ministério da Educação. A urgente necessidade de uma educação anti-racista implica na reformulação dos currículos escolares, visando a corrigir os estereótipos sobre as representações da História da África e a luta do povo negro no Brasil. A formação continuada dos profissionais da educação é o principal instrumento de empoderamento e valorização de professores e professoras, além de possibilitar uma intervenção que garanta o respeito às diferenças e à diversidade, ao mesmo tempo em que estabelece a criação de novos valores e paradigmas para a educação. Como parte desse movimento de promoção da eqüidade étnico-racial na educação, essa publicação amplia o leque de acesso ao conteúdo dos cursos realizados, com foco na formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e nas estratégias de multiplicação dessa temática na comunidade escolar. A publicação, além de reunir o conteúdo teórico dos cursos, traz uma seleção de 60 planos de aula que expressam, de modo diverso, uma dimensão prática da implementação de estratégias em diálogo com a Lei 10.639/2003. Reunir os conteúdos e resultados dos dois cursos na presente publicação representa os esforços de dar continuidade a essa corrente. A proposta desta publicação é uma iniciativa que visa a fortalecer, portanto, a implementação da Lei 10.639/2003, uma vez que se apresenta como mais um subsídio para a educação das relações étnico-raciais e da história e culturas afro-brasileiras e africanas nas escolas. Os Planos de aula representam uma multiplicidade de estratégias utilizadas por professoras e professores de diversas regiões do país, docentes nos mais variados níveis, no processo de implementação da Lei supracitada e das Diretrizes Curriculares para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileiras e Africanas. Como afirma o professor Carlos Rodrigues Brandão8, "chegou o tempo de aprendermos, ou reaprendermos, retornando à tradição de culturas ancestrais, a lição de antigos e de novos ensinamentos". Com essas palavras reafirmamos que esta publicação é também fruto das ações implementadas pelo Movimento Negro, que como já dissemos acima sempre pautou uma educação inclusiva, pública e de qualidade para todos e todas. Deste modo, queremos nos dirigir a professores e professoras, bem como a toda a comunidade acadêmica e escolar, especialmente aos/às profissionais de educação comprometidos/as com a construção de uma educação que compartilha a dialética do aprender e do ensinar em todos os níveis e para todos. Com a implantação da Lei 10.639/2003, as relações étnico-raciais ganham uma outra dimensão nas escolas, nos currículos e nos Planos Políticos Pedagógicos. Deste modo, sempre na perspectiva de contribuir com essa implementação que se faz urgente e necessária, e ainda, recorrendo e reconhecendo a valorização dos ensinamentos do Povo Negro, esta publicação está organizada em quatro seções, de forma a integrar os textos dos dois cursos, que estão organizados por proximidade temática. 8 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Aprender o amor – sobre um afeto que se aprende a viver. Campinas : Papirus, 2005 17 18 Introdução Na primeira seção, Cosmovisão africana e identidade negra no Brasil, são abordados aspectos relacionados à filosofia de vida africana e complexidade do ethos na identidade afro-brasileira. Na segunda seção, Espaços de resistência: história, bases legais e educação, estão os fundamentos legais da temática e do Projeto Político Pedagógico – PPP, bem como os fundamentos legais da questão étnico-racial, a partir da Constituição Federal, da Lei 9394/96 – LDB, da Lei 10.639/03 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Nessa seção também serão abordados os aspectos gerais que permeiam a dinâmica de pautar o PPP em diálogo com a Lei e as Diretrizes. Na Terceira Seção – A escola como espaço de transformação, estão presentes reflexões sobre os marcos que balizam a construção do PPP. O Marco Situacional, que pretende apresentar a visão dos professores sobre questões como Quem somos? Em que sociedade vivemos? Que sociedade queremos? Que educação queremos?, entre outros pontos. Nessa seção, estarão presentes também o Marco Conceitual, que define os parâmetros conceituais nos quais o PPP está assentado, e o Marco Operacional, que apresenta a operacionalização do PPP, via currículo escolar. A partir desses marcos, serão trabalhadas, nos textos, abordagens referentes à promoção da Educação das relações étnico-raciais socialmente construídas e em como essas relações estão presentes nos livros didáticos, nas interações da comunidade escolar e na estrutura social como um todo. Na quarta e última seção, Caminhos para a eqüidade na escola, trabalhamos na construção curricular da escola a partir da temática das relações étnico-raciais e da cultura e história afro-brasileira e africana. Nessa seção, estão presentes os planos de aulas construídos pelas(os) docentes cursistas, no curso anterior. Esses planos poderão oferecer indicativos de temáticas e práticas pedagógicas adequadas ao desenvolvimento do assunto. Também estará disponível nessa seção toda a relação de livros, filmes, sites e músicas que a equipe apresenta como sugestão de material a ser usado em sala, e aqueles voltados para aprofundar os conhecimentos dos docentes sobre a temática. Não temos dúvida de que a construção de um mundo melhor e mais justo passa também pela escola. Deste modo é tarefa de todos e todas tecer uma educação que represente e reconheça as diferenças, a diversidade e a pluralidade étnico-racial como possibilidade concreta de construir um espaço de combate ao racismo, aos preconceitos e de qualquer forma de discriminação. Buscamos abordar em cada seção deste livro situações do cotidiano de nossas escolas, a fim de que possamos aprimorar ainda mais a compreensão e a premissa, por parte dos/as gestores/as, professores/as, pessoal de apoio, grupos sociais e instituições educacionais, de que implantar a Lei 10.639/2003 é a responsabilidade de construir uma escola mais humana e mais fraterna. Já é passada a hora de toda e qualquer escola deste país reconhecer a necessidade das ações afirmativas como código de extensão do amor e da sobrevivência humana. Brasília, outono de 2008. Bárbara Oliveira Souza Edileuza Penha de Souza Seção I Cosmovisão africana e identidade negra no Brasil História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola A Canção dos Povos Bárbara Oliveira Souza & Edileuza Penha de Souza A Canção dos Povos Quando uma mulher, de certo povo africano, sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a "canção da criança". Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua canção. Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe cantam sua canção. Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção. Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, igual como em seu nascimento, cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem". Neste povo há outra ocasião na qual os homens cantam a canção. Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, o levam até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor. Então lhe cantam a sua canção. O povo reconhece que a correção para as condutas anti-sociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém. Teus amigos conhecem a "tua canção" e a cantam quando a esqueces. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou as escuras imagens que mostras aos demais. Eles recordam tua beleza quando te sentes feio; tua totalidade quando estás quebrado; tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso. 21 22 A Canção dos Povos Na história de diferentes povos da humanidade, a música representa o símbolo de fortalecimento e coesão social, de forma que quando analisarmos o conteúdo da apresentação "Canção dos Povos" podemos pensar o quanto a música significa para os povos africanos. O que caracteriza o processo histórico desses povos é o seu sentimento de pertença, princípios e valores que marca o ciclo filosófico da representação da vida e da morte como percurso contínuo. Esse processo histórico se caracteriza pela ancestralidade, e só por meio dela foi possível reconstruir as origens, as etnias e a memória. Como afirma Juana Elbein (1988): "Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total". A força vital é a dinâmica civilizatória1 que possibilitou a continuidade do povo negro na Diáspora. Ao serem arrancados do continente mãe, milhares de africanos e africanas reconstruíram sua territorialidade2, se apoderando dos valores e da circularidade3 herdada de seus ancestrais. Os elementos que compõem o panorama da ancestralidade estão presentes nas comunidades de terreiro, nos territórios quilombolas, nas escolas de samba, nos folguetos, maracatus, no congo, na congada e nas incontáveis manifestações culturais afro-brasileiras. Assim toda a identidade negra está pautada na representação do território e da territorialidade, do corpo e da corporalidade4, da comunidade e da comunalidade5 negra e esses elementos utilizam-se da musicologia individual e coletiva de cada individuo. (Luz, 1999). Uma proposta plural de educação só será possível com a recriação de nossas canções ancestrais, pois essas reúnem elementos para a superação dos obstáculos etnocêntricos6 "impertinentes na participação e na interação entre educador/educando, artista/comunidade" (Santos, 2002, p. 28). Música e dança precisam compor o currículo escolar como fonte de identidade, uma vez que somente a identidade possibilita o desenvolvimento de nossos destinos. (Luz, 1995). É preciso compreender que parte do distanciamento entre a escola e a comunidade está referendado na sociedade neocolonial/europocêntrica (centrada na perspectiva européia) que não se permite escutar as canções de seus educadores e educandos. Solidificada nas amarras do Estado burocrático, a escola dissemina 1 Nos referimos, aqui, ao contínuo civilizatório africano. Territorialidade: A territorialidade se dá através da força vital, da energia concentrada em tal espaço, sem fronteiras rígidas. A territorialidade pode ser concebida como os espaços de práticas culturais nas quais se criam mecanismos identitários de representação a partir da memória coletiva, das suas singularidades culturais. 3 Circularidade: A circularidade diz respeito ao caráter do pensamento cíclico, mítico, muitas vezes relacionado às sociedades tradicionais em que os tempos passado, presente e futuro se processam em círculo: elementos do passado podem voltar no presente, especialmente através da memória. 4 Corporalidade: Corporalidade é o viver cotidiano de cada pessoa, indivíduo e coletividade. Está relacionada à existência, ao trabalho, ao lazer, à sexualidade, enfim, à linguagem corporal que expressamos nessas atividades. 5 Comunalidade: representada nos valores da comunidade, a comunalidade é expressão lúdico-estética, estabelecendo "a referência à compreensão da arkhé que funda, estrutura, revitaliza, atualiza e expande a energia mítico-sagrada da comunalidade africano-brasileira"(Luz, 2000c, p. 47). 6 O eurocentrismo é tido como uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seu povo, suas línguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo necessariamente a protagonista da história do homem. Acredita-se que grande parte da historiografia produzida no século XIX até meados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, mesmo aquela praticada fora da Europa. Manifesta-se como uma espécie de doutrina, corrente no meio acadêmico em determinados períodos da história, que enxerga as culturas não-européias de forma exótica e as encara de modo xenófobo. 2 História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola estereótipos e ideologias equivocadas e destrói o referencial e visão de mundo de "outros sistemas simbólicos civilizatórios, que também expressam formas próprias em torno do ato de educar" (Luz, 1997, p. 202). Encontrar nossas canções nos possibilita transformar e criar permanentemente a relação com o outro que está na nossa sala de aula, na escola, na comunidade; bem como com o outro que traz uma cultura, um olhar diferente. Essas relações nos permitem encontrar nossa própria canção. Bem, é sobre isto que vamos refletir neste livro. A proposta colocada aqui é aprender com o que nos diferencia e com o que nos constrói, buscar nossas referências, nossa ancestralidade, a nossa canção. A busca pela nossa canção, pelos elementos que nos localizam no mundo é fundamental para o fortalecimento de nossa identidade. Para muitos povos africanos, a música ocupa o lugar da oralidade, da transmissão e perpetuação dos conhecimentos na vida. Reflexões sobre o tema • O que esta apresentação nos remete? • Será que podemos pensar nossa ancestralidade através dela? Podemos nos deixar ir ao encontro da nossa história e dos vários povos que a compõe? • É possível que esse encontro com nossa ancestralidade e com nossas raízes nos possibilite uma prática transformadora? Referências LUZ, Marco Aurélio, (1995). Agadá: dinâmica da civilização africanobrasileira. Salvador: Centro editorial e didático da UFBA. LUZ, C.P. Narcimária, (1996). Pawódà; dinâmica e extensão... In Luz, C.P. Narcimária. Pluralidade Cultural e Educação. Salvador: SECNEB. ________ (1997). O patrimônio civilizatório africano no Brasil: Páwódà Dinâmica e Extensão do conceito de Educação Pluricultural. In: Joel Rufino (org) Negro Brasileiro Negro -. Rio de Janeiro: Revista IPHAN, n.25 p.99-209. ________ (2000). Abebe: a criação de novos valores na Educação. Salvador: SECNEB. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais. Brasília: SECAD, 2006. SANTOS, Inaicyra Falcão dos, (2002). Corpo e ancestralidade: uma proposta pluricultural de dança-arte-educação. Salvador: EDUFBA, SANTOS, Juana Elbein dos, (1988). Os nagô e a morte: pàde, àsèsè e o culto égun na Bahia. Petrópolis: Vozes. SODRÉ, Muniz, (2002). O terreiro e a cidade - A forma social negro brasileira. Salvador: Secretaria da cultura e Turismo/ IMAGO. 23 24 A Canção dos Povos ________ (1997). Corporalidade e Liturgia Negra. In. Joel Rufino (org) Negro Brasileiro Negro -. Rio de Janeiro : Revista IPHAN, nº. 25. p. 29-33. ________ (1988). A verdade seduzida. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves. SOUZA, Edileuza Penha de. Identidade Capixaba. Prefeitura de Vitória Secretaria de Cultura: Vitória, 2001. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África Edileuza Penha de Souza e Bárbara Oliveira Souza "A história da África é necessária à compreensão da história universal, da qual muitas passagens permanecerão enigmas obscuros, enquanto o horizonte do continente africano não tiver sido iluminado". Joseph Ki-Zerbo Quando nós, educadores e educadoras em diferentes postos e modalidades, privilegiamos os valores africanos, reafirmamos a humanidade da memória civilizatória do continente-mãe. Em outras palavras, reconhecemos a necessidade de mudar o caminho percorrido de repressão e violência, que nos legou tão somente imagens distorcidas, equivocadas e limitadas de mundo negro. A comprovação científica de que a África é o berço da humanidade nos impõe o desafio de pensá-la como local de origem histórica e sócio-político-cultural de todos os povos. A resistência negra, fundamentou-se, em grande parte, na compreensão de mundo e nos valores ancestrais, e na crença de mudanças e continuidade da cosmovisão africana. Essa cosmovisão está sedimentada na visão ímpar de mundo, na qual o reconhecimento da pessoa humana passa pelas histórias e dá continuidade à herança herdada dos deuses e dos humanos: "Um importante elemento que encontramos na maioria das populações africanas é a não separação entre natureza e política, poder e religião, ou seja, não há uma estratificação entre estas camadas importantes da vida da sociedade. Tudo é visto de acordo com o princípio da integração, segundo o qual os vários elementos se comunicam e complementam" (Oliveira, 2003, p.37). Essa riqueza cultural que atravessou o Oceano Atlântico possibilitou a criação de novos valores do continuum africano, e nesse sentido, afirma Azoilda Loretto da Trindade (2002), "Para o povo negro, resistir foi algo além da complexidade da existência. Resistir e sobreviver esteve diretamente ligado à preservação da memória, da recriação de valores circulares e do respeito e veneração pelo plano cosmo que abriga nossos ancestrais". O ensino de história e cultura africana e afro-brasileira alimenta a educação pluricultural e possibilita, por meio de atividades lúdicas e estéticas, conhecer as singularidades africanas num contexto da história geral da humanidade; remete a interpretações que estão intimamente ligadas a uma dimensão histórica que ultrapassa a extensão territorial - 30.343.551 km², o que corresponde a 22% da superfície sólida da Terra -, (WEDDERBURN, 2005). Na proposta de curso sobre a história da África, o professor Henrique Cunha Jr. apresenta dezessete itens como obrigatórios para compor o conteúdo programático: 1. Justificativa político-cultural do estudo da História e Geografia africana no Brasil; 2. Questões conceituais da abordagem das africanidades e afrodescendência brasileiras; 3. Fontes documentais da História africana; 4. Metodologia da História africana; 5. Oralidade e História na África; 6. África como berço da 25 26 Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África humanidade e das civilizações; 7. Geografia física e populacional e econômica da África em três períodos históricos; 8. As civilizações da África do Rio Nilo: Egito, Núbia e Etiópia; 9. As civilizações da África do Rio Niger: Gana, Mali e Songai; 10. Reinos e povos da África Ocidental entre os Séculos XIV e XVIII; 11. As civilizações do Rio do Gongo: Séculos XV a XVIII; 12. As civilizações do Rio Zambeze, Grande Zimbábue e Império Monomopata; 13. As cidades - Estados do Oceano Índico: Povos Suarili entre os séculos VI e XVI; 14. As civilizações do Norte Africano; 15. As invasões coloniais européias e as reações africanas; 16. O subdesenvolvimento africano pela exploração européia e 17. As lutas de independência na África. Aprofundar esse e outros conteúdos sobre a história e a cultura africana é apenas um passo no sentido de conhecer importante parte da história, e é nessa perspectiva que os historiadores Cheik Anta Diop e Joseph Ki-Zerbo destacam outros aspectos na abordagem acerca do continente africano. Os saberes e as técnicas utilizadas historicamente pelos vários povos africanos são bastante significativos. Os sistemas de escrita, conhecimentos de astronomia, matemática (ossos petrificados encontrados entre o Congo e Uganda sugerem que há mais de 20 mil anos os africanos já pensavam numericamente), agricultura (no Brasil, os africanos aplicaram seus conhecimentos em técnicas de irrigação, rotação de plantios, adubagem com esterco e restos de cozinha e plantação de variadas culturas numa mesma gleba de terra), metalurgia (a partir do século XV, no reino do Benim, os africanos utilizavam o latão - liga de cobre e zinco na produção, já dominavam o ferro desde 600 anos a.C), arquitetura (senhores do sopapo, técnica conhecida como pau-a-pique, a arquitetura africana é rica em estilos e técnicas: tetos abobadados, arabescos, colunas talhadas e muitos outros), medicina ("Na medicina, praticavam desde a cesariana até a autópsia, passando por vários outros tipos de cirurgia, para não mencionar a vacina contra varíola e outras doenças" (Nascimento, 2006: 38). Portanto, uma característica marcante da experiência africana é o seu desenvolvimento tecnológico, cultural e humano, que deve compor, por sua vez, o conteúdo e a abordagem dos currículos, dos livros didáticos e na sala de aula sobre a África. A aproximação de professores e professoras comprometidos/as com o ensino da história da África conduz ao rompimento com estereótipos, preconceitos e discriminações que historicamente foram construídas em relação à África e aos povos africanos, ensejando-lhes avançar seus conhecimentos e práticas educativas com uma nova postura ante seu objeto de estudo. Como afirma o professor Carlos Moore: "Os estudos sobre a história da África, especificamente no Brasil, deverão ser conduzidos na conjunção de três fatores essenciais: uma alta sensibilidade empática para com a experiência histórica dos povos africanos; uma constante preocupação pela atualização e renovação do conhecimento baseado nas novas descobertas científicas; e uma interdisciplinaridade capaz de entrecruzar os dados mais variados dos diferentes horizontes do conhecimento atual para se chegar a conclusões que sejam rigorosamente compatíveis com a verdade". (2005, p. 161). Indiscutivelmente, a importância dos estudos sobre história da África passa pela matriz civilizatória que os povos africanos e seus descendentes desempenharam na História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola formação das Américas. Assinala elementos da cosmovisão e do processo coletivo em que envolve a socialização, a pessoa, o tempo, a palavra, a força vital, o universo, a família, a sociedade, a produção, a reprodução, o poder, a ancestralidade, a espiritualidade, a comunidade, a escola, o cosmo, a terra, a água, o ar, o fogo, a vida e a morte. Reflexões sobre o tema • Qual é a importância do estudo da história e da cultura africana para a humanidade? • Que mudanças e avanços o currículo de sua escola pode apresentar com a introdução dos estudos da história e cultura africana? Referências Livros CUNHA Jr.,Henrique. Africanidades, Afrodescendência e Educação. In: Revista Educação em Debate - Ano 23, v.2, n.42. Fortaleza, 2001 LARKIN, Elisa. Introdução à história da África. In: Educação-Africanidades-Brasil. Brasília: Ministério da Educação - Universidade de Brasília, 2006. OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Fortaleza: Ibeca, 2003. TRINDADE, Azoilda Loretto da. Debates: multiculturalismo e educação. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/mee/meeimp. htm >. Acesso em: 20 mar. 2007, às 11h15). WEDDERBURN, Carlos Moore. Novas bases para o Ensino da história da África no Brasil. In: Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília: MEC/Secad, 2005. Sítios da Internet Salto para o Futuro / TV Escola www.tvebrasil.com.br/salto Textos APPIAH, Kwame. Na Casa do Meu Pai. A África na Filosofia da Cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. CUNHA Jr.,Henrique. Semana de Cultura Negra na Escola. In: Revista Educação em Debate II - n.14, julho de 2002 ________. Africanidades Brasileiras e Afrodescendências. Mimeo. Teresina, 1996. DIOP, Cheik. Nations Nègres et Culture. Présence Africaine. Paris, 1955. 27 28 Africanidades - Cosmovisão Africana, História da África FRANCISCO, Dalmir. Ancestralidade e Política de Sedução. In: SANTOS, J. E. (org.) Democracia e diversidade humana. Salvador: SECNEB, 1992 KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Lisboa: Biblioteca Universitária, 14. LUZ, C.P. Narcimária. Pawódà: Dinâmica e Extensão... In: Luz, C.P. Narcimária. Pluralidade Cultural e Educação. Salvador, SECNEB, 1996 ______Odara - os contos de Mestre Didi. In: Revista da Faeba. Educação e Literatura. Salvador: UNEB - Departamento de educação, Campos I, ano 7, n.9, jan-jun/1998 ___________________. Descolonização e educação: Uma proposta política ... In: Sementes - caderno de pesquisa. Salvador: UNEB - Departamento de educação, Campos I, Vol. 1, n1/2, 2000 pp. 8-12 _________________. Abebe - A crianção de novos valores na Educação. Salvador: SECNEB, 2000 LUZ, Marco A. O. Agadá: dinâmica da civilização africano-brasileira. Salvador: Centro editorial e didático da UFBa, 1995 ______________ Da porteira para dentro, da porteira para fora... In. SANTOS, J. E. (org.) Democracia e diversidade humana. Salvador: SECNEB, 1992 (57 a 74) NASCIMENTO, Eliza Larkir. Introdução à História da África. In: Educação, Africanidades, Brasil. Brasília: Secad/UnB, 2006. OLIVER, R. A Experiência Africana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. SANTOS, Lea A. F. Ancestralidade e Educação. In: Sementes - caderno de pesquisa. Salvador, UNEB - Departamento de educação, Campus I, v.1/2, 2000 SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988 2a ed. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola O Ensino da História da África em debate (Uma introdução aos estudos africanos) Anderson Ribeiro Oliva Foto Anderson Oliva. Há alguns dias encontrei um professor, colega de trabalho, que retornara de sua primeira visita a uma cidade africana. Ele estivera em Luanda, capital de Angola. Perguntei sobre referências da cidade que ainda carrego frescas em minha memória e de alguns hábitos, comuns a certos grupos de pessoas que habitavam determinados bairros, e que tinha me familiarizado. Seu depoimento foi um misto de inquietação e descontentamento. Problemas para apanhar e despachar as bagagens no Aeroporto Internacional 4 de fevereiro, o trânsito caótico, o sistema de coleta de lixo urbano extremamente falho ou ainda os intermitentes horários de funcionamento de algumas casas de comércio ou órgãos públicos, marcaram seus olhares sobre Angola com os indícios do desprestígio e da incompreensão. Apesar disso o tamanho da cidade o havia impressionado. Já de sua estadia em Johannesburg, na África do Sul, em que pernoitou na volta, sobraram elogios e espantos. Mesmo já tendo escutado depoimentos e visto imagens sobre a cidade ele ficou admirado com seu traçado urbanístico, com o moderno aeroporto e com o hotel de luxo em que ficou. "Nem parecia estar na África", finalizava o colega. Vista de um avião da companhia angola TAAG na pista do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda. Exageros em parte dessa postura, podemos perceber que ela encontra elos com as narrativas de viagem de centenas de brasileiros, americanos ou europeus que viajam ou viajaram para a África. Discordo, em parte, de quase todos eles e de seus argumentos. Parece plausível que, em rápidas passagens por determinadas ruas de várias cidades africanas, alguns ocidentais, se impressionem pelo lixo acumulado nas sarjetas ou pelo trânsito caótico, eles estão lá. O mesmo serve para aqueles que se deparam com as estatísticas e os números de perdas humanas nas guerras, das vítimas de malária e dos contaminados pela Aids, eles também estão lá. Porém, essas realidades não revelam e nem sintetizam o que é a África, nem seus centros urbanos. Eles são, evidentemente, muito mais do que isso. Os graves problemas 29 30 O Ensino da História da África em debate existem, e vão continuar existindo nos próximos anos, mas há, nos passados e presentes africanos, muito mais do que fome, guerra, doença e sujeira. Além disso, é certo afirmar que as realidades descritas pelo colega muito pouco de distingam de alguns bairros e dados estatísticos que encontramos em nossas cidades. Sujeira e violência nunca foram exclusividades, muito menos identificadores das cidades africanas, apesar de parecer que elas, pelos olhares ocidentais muito limitados, deveriam se resumir a estas imagens. Por que então reduzir o outro a isso, enquanto olhamos para os mesmos problemas internos e achamos que são realidades passageiras ou de menor importância na construção de uma identidade positiva sobre nós mesmos? Refletindo acerca de tão profundo desconhecimento ou sobre essa carga imaginária negativa cheguei a uma conclusão, um tanto óbvia, no esforço de tentar explicar o porquê de existir, em nossas falas cotidianas, tão poucas expectativas ou impressões positivas sobre o continente negro: a África e suas múltiplas experiências históricas não nos foram apresentadas durante nossas trajetórias de vida e formações escolares, a não ser por meio de informações que estavam recheadas de equívocos e simplificações. Quantos de nós estudamos a África quando transitávamos pelos bancos das escolas? Quantos tiveram a disciplina História, Literatura, Arte ou Geografia da África nos cursos de Graduação? Quantos livros ou textos lemos sobre a questão? Tirando as leituras que associam a África e os africanos à escravidão, as breves incursões pelos programas do National Geographic ou Discovery Channel, ou ainda as imagens chocantes de um mundo africano em agonia, da Aids que se alastra, da fome que esmaga, dos grupos étnicos que se enfrentam com grande violência ou dos safáris e animais exóticos, o que sabemos sobre a África? Para começar a mudar esse quadro de imagens temos que, inicialmente, reconhecer a relevância de estudar a África, independente de qualquer outra motivação. Não é assim que fazemos com a Mesopotâmia, a Grécia, a Roma, com suas civilizações e legados ou ainda a Reforma Religiosa, os Estados Nacionais Europeus, Revoluções Liberais ou as contribuições da Europa Moderna em nossa formação, como nas artes, nas formas de pensamento ou na literatura. Muitos irão reagir à minha afirmação, dizendo que o estudo dos citados assuntos muito explica nossas realidades ou alguns momentos de nossa História ou características atuais. Nada a discordar. Agora, e a África, não nos explica? Não somos (brasileiros) frutos do encontro ou desencontro de diversos grupos étnicos ameríndios, europeus e africanos? A História da África e a História do Brasil estão mais próximas do que alguns1 gostariam. Se nos desdobramos para pesquisar e ensinar tantos conteúdos, em um esforço de, algumas vezes, apenas noticiar o passado ou características de algumas escolas de pensamento ou de padrões artísticos, por que não dedicarmos um espaço efetivo para a África em nossos programas ou projetos. Os africanos não foram criados por autogênese nos navios negreiros e nem se limitam em África à simplista e difundida divisão de bantos e sudaneses ou de culturas negro-africanas homogêneas. Devemos conhecer a África não apenas para dar notícias aos alunos, 1 Na realidade não estamos fazendo referência a nenhuma instituição ou grupo de pessoas específico, mas sim ao imaginário coletivo brasileiro, que com poucas exceções, não assume a sua africanidade. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola mas internalizá-la neles. Por isso devemos saber responder com boa argumentação às perguntas acima apresentadas. Porém, chega de defesas ou apologias de uma História, e nos concentremos nas "coisas sérias". O presente texto se propõe realizar uma dupla tarefa: entregar aos nossos leitores uma reflexão sobre a forma como a África tem sido tratada nas salas de aula brasileiras, a partir da análise dos conteúdos destinados à História da África em alguns manuais utilizados em nossas escolas. Conjuntamente a essa tarefa, que talvez se transforme em um manual de releitura dos livros didáticos pelos professores e alunos, também apontaremos como poderia ser a forma correta de abordagem de algumas temáticas visitadas, além de indicaremos referências bibliográficas aos docentes. Esperamos que essa indicação das referências bibliográficas permita o complemento de leituras e uma aproximação mais densa e substancial por parte dos interessados no assunto. A África ensinada no Brasil Ao levar em consideração que a freqüência ao ensino é obrigatória2 no Brasil, no que chamamos de Ensino Fundamental - com duração de nove anos – podemos supor que o material didático produzido e utilizado nas escolas seja um instrumento de grande importância para a construção do conhecimento e na elaboração de referências sobre a História da África e dos africanos. Talvez esse poder seja menor do que o da mídia ou das imagens daquele continente que chegam pela Internet, cinema ou TV e cercam nossos estudantes. Mas, mesmo assim, o estudo da história africana nas salas de aula brasileiras, não deixa de ser uma possibilidade de mudanças nos olhares lançados sobre os africanos e suas histórias. A partir desse contexto, apresentaremos a seguir análise realizada sobre a forma como alguns dos manuais escolares de História utilizados nas escolas brasileiras abordaram a História da África e representaram, por meio de imagens e textos escritos, os africanos. Com relação ao tratamento concedido a História do continente limitaremos o esforço analítico aos trechos que se referem ao período anterior ao século XIX, já que, sobre esse recorte da história africana é ainda maior o silêncio. Esperamos que seja uma boa contribuição inicial para tão importante debate. Os africanos dentro dos manuais escolares de História Silêncio, desconhecimento e poucas experiências positivas. Poderíamos assim definir o entendimento e a abordagem da história africana nas coleções de livros didáticos brasileiros. Apenas um número muito pequeno de manuais possui capítulos específicos sobre a temática. Nas outras obras, a África aparece apenas como um figurante que passa despercebido em cena, sendo mencionada como um apêndice misterioso e pouco interessante de outros assuntos. Tornou-se evidente também que, quando o silêncio foi quebrado, a bibliografia limitada e o distanciamento do tema por parte dos autores, criaram obstáculos significativos para uma leitura mais atenta e um tratamento mais pontual sobre a questão. 2 Nos anos noventa esta obrigatoriedade foi sendo aos poucos efetivada em números reais. Os índices de alunos matriculados no Ensino Fundamental correspondem à grande parte da população em idade escolar no país. 31 32 O Ensino da História da África em debate Antes de maiores reflexões sobre nosso objeto3, que se registre um elogio. Dentro de um total de mais de trinta coleções de História destinadas para o Ensino Fundamental apenas oito, dedicam o espaço exclusivo de um capítulo para tratar a história do continente africano anterior ao século XIX, e outras duas, reservam tópicos extensos para tratar à temática. Nas outras, quase sempre, a África aparece em óbvias passagens da História do Brasil, da América ou da Europa, ligadas à escravidão, à expansão ultramarina, ao domínio colonial no século XIX, ao processo de independência e às graves crises sociais, étnicas, econômicas e políticas em que mergulhou grande parte dos países africanos formados no século XX. Nos textos em enfoque, por razões que talvez espelhem a pequena intimidade com a bibliografia especializada em História da África e as circunstâncias específicas da elaboração de um livro didático, as imprecisões e equívocos acabam por predominar. Isso não exclui algumas boas reflexões realizadas pelos autores ou ainda abordagens adequadas dos conteúdos apresentados. No entanto, os livros, quase sempre, são marcados mais pelos desacertos do que pelos acertos. Façamos um breve balanço desses pontos, lembrando que eles não são comuns a todos os livros, mas sim fruto de um panorama geral desses manuais. Como estratégia de apresentação dividimos os aspectos analisados em tópicos, nos quais associamos as visões dos autores acerca de determinados conteúdos ou temáticas. Poucas palavras para muitas Histórias Um primeiro problema a destacar pode ser identificado com uma simples passada de olhos pelos índices dos manuais. Se elogiamos a disposição dos autores em conceder à África um capítulo específico, é inversamente sintomático o espaço reservado a tal tarefa. Existe clara tendência entre os volumes analisados – com exceção de dois livros – de dedicar um número significativamente menor de páginas ao tratar a África, concentrando suas abordagens em uma versão eurocêntrica da História. Por exemplo, enquanto os capítulos que tratam de temas como Europa Medieval, Absolutismo Monárquico, Reforma Religiosa e Renascimento Cultural ocupam em média de 15 a 20 páginas e vasta bibliografia, à História da África, na maioria dos casos, reserva-se algo entre 10 a 15 páginas (ver gráfico 1), e com uma literatura de apoio restrita. Por falta de conhecimento ou de interesse percebe-se um grande desequilíbrio ao se abordar a história da Europa e da África. É claro que não estamos tomando como referência exclusiva o valor quantitativo da questão, mas também qualitativo. Parece-nos óbvio que, tratar a história africana – abordando um período equivalente a pelo menos mil anos e englobando o complexo e diverso quadro das sociedades e civilizações do continente – em dez ou quinze páginas é algo que só se torna possível com extremas simplificações e generalizações. 3 Pesquisa apresentada na tese de doutorado defendida em 2007 junto programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UnB) – Lições sobre a África: diálogos entre as representações dos africanos no imaginário Ocidental e o ensino da História da África no Mundo Atlântico (1990-2005). Na tese tenciono fazer a análise acima citada em manuais didáticos de História produzidos a partir de 1990 – utilizados nas escolas brasileiras e portuguesas. Ver também meu artigo intitulado A África nos bancos escolares: Representações e imprecisões na literatura didática, presente na bibliografia. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Gráfico 1. Número de páginas dedicadas à temática Escala por números de livros Entre 10 e 20 páginas (10%) 1 Livro Mais de 20 páginas (20%) Entre 10 e 15 páginas (30%) Menos de 10 páginas (40%) 2 Livros 3 Livros 4 Livros Fonte: levantamento efetuado pelo autor. Frisamos que a expectativa sobre a abordagem escolar da história da África não se encerra na ilusória idéia de que todas as sociedades africanas tenham que ser mencionadas ou abordadas. Parece evidente também que qualquer assunto tratado em sala de aula ou em um livro didático é escolhido a partir de alguns critérios eleitos pelos autores, editoras, Estado – currículos – estudantes e professores. Assim como a forma de abordar o tema nunca vai deixar de ser uma leitura parcial, um recorte um tanto arbitrário das experiências enfocadas. Mas o que não é justificável, pelo menos em nosso entendimento, é o pequeno espaço concedido ao estudo da história da África. A África só dos grandes "Reinos" e "Impérios"? Outro elemento comum aparece quando os autores apresentam as sociedades africanas que serão estudadas. Eles, quase sempre, utilizam uma difundida idéia entre os historiadores pertencentes à chamada corrente da "Superioridade Africana"4 de que seria fundamental estudar as grandes civilizações encontradas na África. Porém, esse grupo de pesquisadores e intelectuais, no período próximo – anterior e posterior – às independências, utilizou padrões ou modelos europeus para afirmar ao mundo e aos próprios africanos que a História do continente negro possuía elementos sofisticados e formas de organização avançadas e que deveriam ser estudadas. 4 O historiador guineense Carlos Lopes organizou uma classificação para a historiografia africana na qual ela pode ser pensada em três correntes: a corrente da Inferioridade Africana; a corrente da Superioridade Africana; e os novos estudos africanos. Com relação à corrente da Superioridade Africana uma de suas principais características era supervalorizar o continente, utilizando categorias européias no estudo de antigas civilizações africanas, buscando igualar os feitos históricos africanos aos europeus. Ver LOPES, Carlos. A Pirâmide Invertida: historiografia africana feita por africanos. 33 34 O Ensino da História da África em debate Neste sentido encontrar os grandes "impérios" e "reinos", as grandes construções e as esplendorosas obras de arte, se tornou, portanto, quase que uma obsessão5 . Porém, já faz algum tempo que as novas historiografias africanas vêm alertando para o fato de que a África é uma região de grande autonomia, de imensa capacidade criativa e de fecunda participação na história da humanidade, e de que não seria preciso eleger sempre referências européias para sua afirmação. Porém, os autores dos manuais parecem desconhecer essa crítica, pois é justamente esse o critério adotado em oito6 dos dez livros para selecionar o que será estudado sobre a História da África. Por isso a presença é quase certa dos reinos de Gana, do Kongo, da Etiópia, do Zimbabue e dos impérios do Mali e Songhai. A princípio não temos nada contra a citação ou estudo dessas formações políticas, elas devem ser abordadas. Até por que, de fato, permitem a intimização, por parte de estudantes e professores, de uma África diversa, rica e fascinante. O que incomoda é sua supervalorização ou enfoque exclusivo, e não a sua presença quase sempre obrigatória. Tal ênfase ocorre em detrimento à outros contextos históricos também importantes, o que causa uma leitura distorcida de certas sociedades africanas. Gráfico 2. Tema central dos cápitulos e tópicos Outras Temáticas - 20% 2 Livros Reinos e Impérios Africanos - 80% 8 Livros Fonte: levantamento efetuado pelo autor. Parece também que a ênfase na abordagem da África Ocidental, encontrada em boa parte dos manuais, se confunde com a perspectiva de que a existência dos "grandes reinos e impérios" ocorreu em maior número naquela região. Dessa forma o "resto" da África, não recebe a mesma atenção, parecendo que suas sociedades seriam menos interessantes. 5 Sobre a questão ver os trabalhos de Philip Curtin – Tendências recentes das pesquisas históricas africanas e contribuição à história em geral – e Manuel Difuila – Historiografia da História de África. 6 Para informações e pesquisas mais completas acerca dessas formações políticas ver os seguintes estudos: BIRMINGHAM, David, A África Central até 1870; COSTA E SILVA, Alberto, A Enxada e a lança. A África antes dos portugueses; KI-ZERBO, Joseph, História da África Negra; M' BOKOLO, Elikia, África Negra História e Civilizações, até ao Século XVIII; NIANE, D. T. (org), História Geral da África, vol. IV: África entre os séculos XII e XVI; OLIVER, Roland, A Experiência Africana e FAGE, J. D. e OLIVER, Roland. Breve História da África. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola O vinho feito de palmeira era muito apreciado, embora fizesse muito mal à saúde quando bebido exageradamente. O guerreiro bêbado era fácil de ser derrotado, o sábio bêbado não passava de tolo.8 Apesar desses aspectos, um ponto positivo pode ser destacado do esforço dos textos em descrever a concentração dos grandes reinos e impérios africanos na África Ocidental. Ao abordarem, por exemplo, a relevância da metalurgia, o domínio da grande agricultura e o circuito comercial que envolvia as atividades econômicas entre as sociedades africanas dali com as de outras regiões, eles permitem a aproximação imaginária dos alunos com parte da cultura material desses povos. Outro acerto comumente encontrado refere-se ao destaque concedido ao perfil comercial de algumas sociedades na área9. A presença de caravaneiros árabes e africanos envolvidos nos negócios é, muitas vezes, corretamente apresentada. Ao mesmo tempo, a referência à alguns importantes centros urbanos do período como Tombuctu, Gao ou Djenné, com seus grupos de comerciantes ou artesãos, permite aos estudantes perceberem a ativa participação dos africanos nas atividades mercantis/intelectuais/culturais desenvolvidas naquela parte do continente. Os comerciantes habitavam uma cidade próxima e negociavam com os árabes do Norte da África, comprando tecidos, sal e cobre.10 Já outro reino africano citado com freqüência é o da Etiópia. A ênfase das informações concentra-se na idéia de que ele foi um grande reino cristão cravado em meio às sociedades islamizadas. Sua sobrevivência teria sido possível, segundo alguns autores, devido "à aliança entre os governantes locais e os poderosos líderes religiosos". Sendo assim, "em troca da construção de enormes igrejas de pedra e da doação de terras, os líderes religiosos apoiavam as guerras contra os islamitas"11. Parece um tanto limitante encerrar toda a importância ou história da Etiópia em um dado: ela ser cristã. E suas outras faces e características? Que fique claro que não negamos a importância das abordagens dessas regiões ou formações políticas africanas. Elas de fato possibilitam a construção de novos 8 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 181. O comércio foi uma característica econômica comum a várias regiões na África, não ficando limitada a citada área da África Ocidental. Tanto na África Central, com um comércio intra-africano até o século XV, como na parte Oriental do continente – com grande influência e participação do mundo árabe – as atividades mercantis foram comuns. 10 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p, 178. 11 DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 58. 9 35 36 O Ensino da História da África em debate referenciais imagéticas e conceituais sobre a África. Porém, a idéia transmitida por esse enfoque parece reforçar a perspectiva de que os "pequenos" grupos não possuem relevância alguma. Ou ainda diante da impossibilidade de atentar para as diversas sociedades que se espalham pelo continente, a seleção ocorreu espelhando-se na História da Europa: o estudo das grandes civilizações ou reinos. Não ignoramos a existência na África de organizações políticas ou sociais, com semelhanças às européias ou americanas, mas é preciso que se demonstre e enfatize suas singularidades e especificidades. Porém, esse importante debate sobre o sentido ou significado das categorias como "reino" ou "império" para estas sociedades africanas não ocorre. Esses conceitos são empregados e apresentados como se possuíssem o mesmo valor explicativo utilizado na compreensão das realidades européias. É muito provável que tal descaso confunda as referências adotadas ou construídas pelos alunos sobre a história africana. A utilização de modelos ou categorias europeus é de fato uma ação comum e pouco didática por parte dos autores. Em contra partida, como aspecto extremamente adequado, destacamos as tentativas realizadas por alguns livros de informar aos alunos a maneira como a História da África Ocidental foi reconstruída a partir do uso das fontes escritas árabes e européias e das fontes orais africanas. No caso da história dos impérios africanos dos séculos XI a XV, os historiadores encontram histórias orais transmitidas de geração em geração até os dias de hoje.12 A escravidão na África e o tráfico de africanos escravizados A "escravidão" em debate Ao analisar os efeitos da escravidão e do tráfico negreiro nas populações africanas os livros didáticos, com raras exceções, revelam um grande descompasso com as novas pesquisas historiográficas acerca da temática. Sobre as referências dos diferentes usos, sentidos e concepções da escravidão na África e na América e das motivações econômicas que alimentaram o tráfico negreiro, algumas posturas incomodam. Primeiro, poucos autores fazem alusão explicativa à escravidão tradicional africana - aquela existente antes da chegada dos europeus ou árabes -, como se a escravidão fosse uma invenção estrangeira naquele continente. Sabendo das profundas diferenças entre a escravidão praticada pelos africanos, e aquela utilizada sob influência dos árabes ou europeus, seria fundamental um comentário sobre o tema. Em alguns textos isso ocorre parcialmente. 12 Idem, ibidem, p. 63. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Outra forma de escravização consistia em uma prática antiga entre os africanos: os vencedores de uma guerra tinham o direito de levar parte dos derrotados para trabalhar em sua terra. Contudo, o escravo levava uma vida parecida com a dos trabalhadores livres: trabalhava lado a lado com eles, mantinha suas tradições e muitas vezes alcançava a liberdade ao lutar junto com os guerreiros da tribo.13 Porém, em outros, as narrativas estão recobertas de imprecisões e equívocos, como, por exemplo, quando o assunto tratado envolve a abordagem da escravidão e do tráfico praticado pelas sociedades islâmicas, marcados por um intenso fluxo e grande quantidade de indivíduos escravizados. A escravidão não era novidade na África. Desde o século XI os árabes adquiriam escravos africanos. Mas os árabes tinham poucos escravos e geralmente os filhos dos escravos já eram quase livres.14 É evidente que existem outras faces, não tão amistosas, da escravidão praticada na região e que são ignoradas ou omitidas pelos autores. Trabalhos de historiadores reconhecidos na temática como John Thornton e Paul Lovejoy revelaram há um bom tempo a existência de castigos, castrações, comercialização e sacrifícios envolvendo os usos da escravidão na África, principalmente nas sociedades islamizadas e no tráfico saariano. Ao mesmo tempo quase nada é dito sobre as carcaterísticas e especificidades da chamada escravidão doméstica ou de linhagem e parentesco, concentrando as informações acerca da escravidão atlântica, ou seja, aquela que envolveu o tráfico e o uso de africanos escravizados nas Américas15. Gráfico 3. Abordagens sobre a escravidão na África Livros que abordam a escravidão árabe (60%) Livros que abordam a escravidão tradicional africana (70%) Livros que abordam a escravidão atlântica (90%) 6 7 9 Fonte: levantamento efetuado pelo autor. 13 14 15 DREGUER, Ricardo e Toledo, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 59. SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 180. Sobre o assunto ver os seguintes trabalhos presentes na bibliografia: MANNING, Patrick, Escravidão e mudança Social na África; THORNTON, John, A África e os africanos na Formação do Mundo Atlântico; e COSTA e SILVA, Alberto da, A manilha e o Libambo. 37 38 O Ensino da História da África em debate Segundo, ao tentar situar o aluno perante as relações das práticas materiais com as mentalidades de certo período, algumas análises se revestem de um perigoso anacronismo. Ao afirmarem que mesmo sendo apoiada pela Igreja, governos, comerciantes, políticos, fazendeiros e pela mentalidade da época, a escravidão foi de alguma forma injusta em sua própria essência, os livros - que adotam tal postura explicativa - perdem os limites temporais e os critérios do relativismo, fazendo com que o aluno visualize uma história na qual, todos devem ter como valores e referências de vida os padrões ocidentais atuais16. Além das necessidades econômicas, existia a mentalidade da época. A escravidão não era escandalosa como é hoje. Até mesmo os padres tiveram escravos. Já pensou se alguém disser que temos de aceitar as injustiças sociais de hoje porque no futuro alguém vai falar que no nosso tempo 'as injustiças eram normais?17 Ao exigir da Igreja Católica do período uma postura contrária a que historicamente manteve o autor desconsiderou as perspectivas teológicas e temporais do catolicismo. A idéia de que a Igreja foi omissa ou permissiva não condiz com as práticas e posturas do Vaticano à época, são reflexões que encontram eco apenas a partir dos olhares contemporâneos18. Não podemos esquecer que os elementos que embasaram as bulas papais, que autorizavam os reis portugueses a escravizar eternamente os muçulmanos, os pagãos e os africanos negros, foram retirados de um imaginário maior, no qual o negro e os infiéis eram tipificados como inferiores aos homens da cristandade européia19. Não estamos justificando a postura de nenhuma instituição e nem negando a dramaticidade dos eventos envolvendo o tráfico de pessoas pelo Atlântico. O único incômodo é a iniciativa de julgar e emitir juízos de valor sobre fatos e contextos que se constituem em sua essência temporal e definidora com bases diversas das vivenciadas por estudantes e professores. De forma parecida, quase não existem menções aos africanos traficantes ou as formas de escravização usadas na África. Para boa parte dos autores, somente os comerciantes portugueses, espanhóis, ingleses e brasileiros fizeram parte das redes de lucro oriundas de tal atividade. A participação de africanos no comércio de homens é, apesar das positivas exceções, ignorada, a não ser pela perspectiva de que muitos escravos foram obtidos a partir dos conflitos entre grupos rivais do continente. Soma-se a esse quadro o uso pouco adequado de imagens que ilustram 16 Parece óbvio que pensar a escravidão a partir dos valores e concepções de mundo influenciadas pelas ideologias e posturas humanitárias que marcaram a segunda metade do último século, exige a rejeição e o combate da sua existência nos dias de hoje, ou mesmo no passado. Porém, isso é uma visão do presente. O conjunto de idéias, valores e interesses daquela época eram outros e não eram homogêneos. Mesmo que a violência fosse marca certa desse processo, ele era justificado para os homens do período, inclusive alguns africanos. 17 SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, p. 213. 18 Alertamos que, não estamos desconsiderando os esforços de alguns missionários, religiosos ou teólogos contrários à escravidão. Apenas evidenciamos o debate político, diplomático e religioso de esferas hierárquicas maiores acerca da questão ou que se tornaram características gerais da Igreja. 19 Acerca da questão, ver o trabalho de Carlos Lopes. A Pirâmide Invertida - historiografia africana feita por africanos. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola os africanos e escravos no Brasil em condição de submissão e de punição. Nelas é reproduzido o estereótipo do africano passivo e sofredor. Nos manuais em que a África não recebe uma abordagem específica um dos maiores equívocos encontrados é de se referir à sua história apenas a partir do tráfico de escravos. É como se o continente não tivesse uma trajetória histórica anterior à escravidão atlântica. Alguns autores dos manuais analisados aqui chamam a atenção para a influência dessa referência na elaboração do imaginário cheio de estereótipos compartilhado pela grande maioria de nossos alunos e professores acerca dos africanos. Em geral, quando no Brasil e na América falamos em África, todos se lembram logo da escravidão e exploração impostas aos africanos pelos europeus. É como se a história da África estivesse sempre presa à história dos povos dominadores.20 Entre diversidades e simplificações Uma das principais estratégias para desconstruir alguns dos estereótipos que simplificam ou inferiorizam os africanos aos olhares ocidentais é revelar aos alunos que abaixo do Saara não existiram apenas dois grandes grupos humanos: os bantos e os sudaneses. Ao longo da História da África, inclusive nos dias atuais, podemos encontrar centenas de grupos étnicos e diversas formas de organização políticasocial-cultural-econômicas no continente. Essa profunda diversidade é uma das faces mais vivas e características da África No começo dos capítulos quase todos os autores alertam, de forma bastante pontual, para essa diversidade cultural que teria caracterizado os povos africanos, assim como para o fato de que a grande civilização egípcia ser, antes de qualquer outra "coisa", africana. Esses argumentos serviriam para desconstruir as idéias equivocadas transmitidas pelo ensino da História e preservada no imaginário comum de uma África homogênea e simplista. A África é um imenso continente, ocupado por muitos povos que apresentam uma grande diversidade cultural. Tal diversidade resulta dos diferentes processos históricos vividos pelos habitantes de cada região na África.21 Uma África ocupada por tribos? Com relação à maneira de denominar ou identificar as sociedades africanas o uso de alguns termos ou conceitos demonstram muitas vezes o despreparo dos autores. Por exemplo, o conceito de tribo, utilizado por seis dos dez manuais (ver gráfico 4), parece ser por demais impreciso para se referir as sociedades do continente. Existe já, há algum tempo, um intenso debate acerca das marcas ou interdições da utilização dessa categoria. 20 21 MACEDO, José Rivair e OLIVEIRA, Mariley W. Brasil: uma história em construção, p.195. DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, mentalidades 7ª, p.56. 39 40 O Ensino da História da África em debate Diante do grande suporte que as pesquisas antropológicas e históricas já deram sobre o assunto, acredito que insistir nessa forma de se referir às sociedades da África não encontra mais justificativa22. Porém, a referência às sociedades africanas como tribais é freqüente. Parece existir uma continuidade de idéias com os mitos ou teorias que defendiam a suposta inferioridade dos povos africanos, já que tribo aparece, nestes casos, com o significado oposto ao de civilização. A utilização da categoria tribo também é recorrente para designar as sociedades dominadas pelos impérios. Será que existe nesta relação alguma intenção de inferiorizar os pequenos grupos? Em nenhum livro encontramos algum tipo de aparte explicativo sobre o significado, trajetória e ajustes que devem cercar a aplicação desse conceito. Gráfico 4. Associação das sociedades africanas aos conceitos de Tribal/Primitivo/Selvagem Sem referências - 4 (40%) 6 Tribais ou primitivos 9 Fonte: levantamento efetuado pelo autor. O uso de alguns outros termos ou conceitos como de nação ou de país também são recorrentes, e também estão encobertos de imprecisão. Fica evidente que os autores encontram dificuldades em tratar os grupos étnicos africanos, e confundem ainda mais os alunos ao usarem termos ou definições que se ajustam mais especificamente a outros contextos históricos do que ao africano, pelo menos até o início do século XX. Não que não possam ser aplicados no entendimento da África, mas, se utilizados, devem ser contextualizados. Neste caso o uso de termos como grupo étnico, sociedades ou povos parece ser mais didática e conceitualmente mais acertado. As cosmologias africanas esquecidas Outra falha encontrada em alguns textos é a pequena atenção dedicada às concepções cosmológicas23 das sociedades africanas. Em poucos momentos os livros 22 Ver os seguintes trabalhos, SOUTHALL, Aidan, The illusion of the tribe, pp. 38-51; DAVIDSON, Basil, The search for Africa, pp.141-145; e de TRAJANO FILHO, Wilson, Uma experiência singular de crioulização, pp. 6-8. 23 Ao nos referirmos em África ao que no Ocidente entendemos por religião utilizaremos o termo Cosmologia. Na verdade o termo procura condensar a idéia de uma estrutura de pensamento que articula as relações entre as esferas do físico e do metafísico de forma muito mais intimista e complexa do que no caso ocidental. As relações com as forças invisíveis, com os antepassados, com as normas de funcionamento das sociedades e do cosmos, se confundem nessa dinâmica perspectiva relacional. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola atentam para uma abordagem explicativa da relação entre as diferentes percepções e definições daquilo que os ocidentais chamam de Religião para as elaborações africanas sobre a questão. A literatura existente sobre o pensamento tradicional religioso africano oferece um rico subsídio para este debate, em minha opinião, fundamental para relativizar o universo africano e demonstrar como suas estruturas de explicação das relações sociais e da vida são diferentes das ocidentais27. Devido à polêmica que normalmente envolve o assunto nas salas de aula ele deveria ter presença obrigatória nos textos didáticos. Porém, o tema recebe apenas uns poucos parágrafos de atenção, em apenas alguns poucos livros. (...) uma parte importante dos africanos acreditava num único Deus: eles se tornaram muçulmanos (...) Muitos povos africanos desenvolviam o culto aos antepassados. Os parentes mortos eram adorados como deuses por seus familiares, que acreditavam que os espíritos podiam ajudar ou perturbar o cotidiano dos vivos. Por isso, era comum jogar-se um pouco de bebida na terra para que o espírito do parente morto pudesse beber e se alegrar.28 Assim, apesar da forte pressão dos imperadores, nobres e grandes mercadores a favor da adesão ao islamismo, a maioria da população do império continuava mantendo suas práticas religiosas, como a adoração aos deuses da natureza.29 Sobre essas passagens fica uma inquietante dúvida: que parte importante dos africanos era monoteísta? E esse é o único elemento que possibilitou a conversão ao islamismo? Acreditamos que estas idéias estejam erradas. Mais do que isso o que se percebe é a extrema simplificação e superficialidade ao se tratar das cosmologias africanas. Em certos trechos se empresta a todo universo africano algumas práticas, que se ocorriam em certas regiões do continente possuíam significados singulares e complexos, em outros, as complexas estruturas do pensamento africano ficam resumidas a estereótipos. Não podemos ignorar o fato de que o fenômeno religioso em África não tem as mesmas bases do que o Ocidental. Por isso, para os povos da região seria mais adequado usar o termo cosmologia e não religião. Além disso, é difícil aceitar que as complexas estruturas dos pensamentos cosmológicos africanos sejam resumidas pela idéia deles serem "adoradores de deuses da natureza". Os africanos islamizados e o islã africanizado. No tópico responsável pela abordagem das múltiplas relações, presenças e apropriações do islamismo com as sociedades africanas percebemos um movimento 24 25 26 Acerca da questão das cosmologias africanas,ver a obra de APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai. Ver SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, 6ª série, pp. 182-183. DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 61. 41 42 O Ensino da História da África em debate explicativo comum entre os livros e impreciso historicamente. Poderíamos falar em uma espécie de etnocentrismo árabe, a nortear essas análises. As ações históricas ocorridas na África do Norte, Ocidental e Oriental se tornam exclusividades dos grupos árabes muçulmanos que percorrem a região, restando aos africanos uma postura passiva perante o outro. As influências do islamismo e a própria islamização de algumas sociedades africanas são mencionadas, porém alguns aspectos são negligenciados ou citados de forma um tanto confusa. Um desses pontos é a idéia de que a conversão ao islamismo atingiu a todos os membros das sociedades em contato com os mercadores árabes ou dos estados islâmicos em expansão de forma quase instantânea. As estratégias de conversão das elites comerciais ou governamentais e a posterior e gradual conversão da população são fenômenos apenas parcialmente mencionados. Apesar de manterem diversas práticas tradicionais, converteram-se ao islamismo, absorvendo muitos aspectos da cultura islâmica(...) A adoção dos mesmos elementos utilizados por seus parceiros comerciais possibilitava maior controle sobre as relações comerciais, evitando-se prejuízos.27 Outro descuido é não mencionar a apropriação e influências dos africanos sobre o islamismo praticado na África. Seria correto afirmar que o Islã foi muitas vezes africanizado. Na arquitetura, nas formas teocráticas, nas interpretações alcorânicas, na convivência com as concepções cosmológicas locais, existiu uma participação ativa das sociedades da região sobre o Islã. Porém, a idéia mais repetida, inclusive nas imagens, é a da islamização dos africanos. Outros pontos positivos e elogios No uso das imagens, alguns autores parecem se sair um pouco melhor, apesar de algumas citações e fontes estarem imprecisas ou ausentes. A apresentação de mapas, que fogem das representações cartográficas tradicionais dos manuais, e de imagens de mesquitas em Mopti e Djenee e da cidade de Tombuctu e do Grande Zimbábue, assim como de esculturas feitas pelos africanos são importantes instrumentos na apresentação das formas arquitetônicas, das religiosidades, artes e filosofias africanas. Alguns autores, em válida iniciativa, chamam a atenção dos alunos para as representações elaboradas pelos africanos sobre os europeus, como algumas imagens feitas por uma sociedade do Golfo da Guiné em seus contatos com os portugueses nos séculos XV e XVI, revelando a postura mercantil e bélica dos europeus no continente africano. Alertar para as representações feitas dos europeus pelos diversos grupos africanos é um exercício fecundo para que os alunos passem a 27 DREGUER, Ricardo e TOLEDO, Eliete. História: cotidiano e mentalidades, 7ª, p. 62 e 63. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola reconhecer a participação ativa e a autonomia das sociedades africanas perante as relações estabelecidas com outras sociedades. Normalmente o que encontramos é a reprodução das imagens elaboradas pelos europeus sobre os africanos, nas quais percebemos a mudança de suas fisionomias, de seus gestos, roupas e comportamentos, que são europeizadas. A Historiografia consultada Com relação à utilização das pesquisas realizadas pelas historiografias africana e africanista, as bibliografias citadas, apesar de conterem nomes e obras importantes, são ainda bastante restritas se comparadas à difusão de estudos e pesquisas que a História da África passou nos últimos vinte anos. A presença dos trabalhos de Basil Davidson, Roland Oliver e Joseph Ki-Zerbo demonstra o contato com a vertente de estudos efetuados até a década de 1970. Já a citação da obra de Alberto da Costa e Silva revela o contato com estudos mais recentes, porém, essas referências são ainda insuficientes. O distanciamento com as novas investigações acerca da história do continente não mais se justifica. Nos últimos anos, a ação de um grupo considerável de pesquisadores brasileiros tem contribuído para minimizar o descaso com os estudos africanos no país. Congressos31, publicações e centros de pesquisa têm tentado estender os estudos sobre o passado africano. Destacaram-se, nessa tarefa, três centros de estudos. O mais antigo deles é o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao), da Universidade Federal da Bahia, criado no final dos anos 1950. Sob sua tutela, é publicada a revista Afro-Ásia. Nas décadas seguintes, surgiam mais dois importantes centros: o Centro de Estudos Afro-Asiáticos (1973), na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, e o Centro de Estudos Africanos (1978), da USP. Ambos também são responsáveis pela manutenção de importantes revistas, como a Estudos Afro-Asiáticos e a África, respectivamente. Nesse mesmo tempo, pesquisadores têm conquistado um espaço cada vez maior no cenário historiográfico internacional e nacional. Para evitar a repetição excessiva de nomes e títulos, serão mencionados apenas aqueles que são, para os estudos africanos realizados a partir do Brasil, indispensáveis e possuem publicações acessíveis ao público brasileiro. É claro que, devido a um descuido imperdoável, alguns nomes não serão citados. Isso ocorre não por demérito, mas sim pela existência de um dado positivo: o aumento do número de pesquisas impossibilita reunir todas em um só texto. Citemos, portanto, os trabalhos agregados em algumas áreas temáticas. Acerca do tráfico de escravos dois trabalhos são fundamentais32: o de Paul Lovejoy - A escravidão na África: uma história de suas transformações - e o de John Thorton - A África e os africanos na formação do Mundo Atlântico, 1400-1800. Sobre regiões específicas da África, como o reino do Kongo, do Ndongo, na África Central Ocidental, existem os trabalhos de Joseph Miller - Poder político e parentesco: antigos estados mbundu em Angola -, de David Birmingham - A África Central até 1870 - e de Selma Pantoja - Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Sobre Angola contemporânea, as reflexões de Marcelo Bittencourt – Dos jornais às armas: 43 44 O Ensino da História da África em debate trajectórias da contestação angolana - são importantes. Enfocando Cabo Verde, os trabalhos de Leila Hernandez - Os filhos da terra do sol: a formação do Estado-nação em Cabo Verde – e de Gabriel Fernandes - A diluição da África: uma interpretação da saga identitária cabo-verdiana no panorama político (pós) colonial - são boas referências. Acerca de Moçambique, destacam-se Valdemir Zamparoni - De escravo cozinheiro: colonialismo e racismo em Moçambique - e Edson Borges - Moçambique: Cultura e Racismo no País do Índico. Para um olhar em torno das relações internacionais África-Brasil, destacam-se as investigações de José Flávio Sombra Saraiva - O lugar da África -, e de Pio Penna - Conflito e busca pela estabilidade no continente africano na década de 1990. Acerca da África Austral ou do período colonial, encontramos alguns artigos, como o de Wolfgang Döpcke - A vinda longa das linhas retas: cinco mitos sobre as fronteiras na África Negra. Englobando temáticas gerais africanas, ou realizando grandes sínteses do continente, temos os textos clássicos de Joseph Ki-Zerbo - História da África Negra - de dois volumes, e do embaixador Alberto da Costa e Silva - A enxada e a lança e A manilha e o libambo além da excelente obra do africano Elikia M'Bokolo - África Negra História e Civilizações: até ao Século XVIII. Apesar desses avanços, ainda existe a necessidade de dinamizar os estudos da África e desvinculá-los daqueles ligados às temáticas afro-brasileiras, para percebêlos em seu próprio eixo histórico africano ou naquilo que é chamado de contexto ou Mundo Atlântico. Mesmo que o objetivo final desses estudos seja entender as relações históricas entre a África e o mundo, é preciso que os historiadores voltem suas óticas Reflexões Finais Acredito que, percorrida essa breve abordagem acerca da História da África, temos ainda não respondida a questão que introduz o texto - "o que sabemos sobre a África?". Talvez demore mais algum tempo para que possamos - professores e alunos - fazê-lo com desenvoltura. Porém, fica evidente que ensinar a História da África, mesmo não sendo uma tarefa tão simples, é algo imperioso, urgente. As limitações transcendem - ao mesmo tempo em que se relacionam - aos preconceitos existentes na sociedade brasileira, e se refletem, de certo modo, no descaso da Academia - com ainda um pequeno número de especialistas e pesquisas -, no despreparo de professores e na desatenção de editoras pelo tema. Por isso, não sei se aquela pergunta ainda uma tem resposta aceitável. É obvio que muito se tem feito pela mudança desse quadro. Louve-a nesse sentido a ação de alguns núcleos de estudo e pesquisa em História da África montados no Brasil, como o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), o Centro de Estudos Afro-Asiáticos e o Centro de Estudos Afro-Brasileiros. Enalteça-se a iniciativa legal do governo, do movimento negro e de alguns historiadores atentos à questão. Ressalte-a a ação de algumas instituições e professores que têm promovido palestras, cursos de extensão e oferecido cursos de especialização em História da África, como na Universidade Cândido Mendes, na Universidade de Brasília (UnB), na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Federal da Bahia (UFBA), entre outras. Porém, História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola ainda existem grandes lacunas e silêncios. A obrigatoriedade de se estudar África nas graduações, a abertura do mercado editorial - traduções e publicações - para a temática, até a maior cobrança de História da África nos vestibulares são medidas que possam aumentar o interesse pela História do continente que o Atlântico nos liga. Talvez assim, em um esforço coletivo as coisas tendam a mudar. Incursionar sobre a História da África parece ser algo tentador, motivador e necessário. Esperamos que o presente texto venha a contribuir na melhoria e continuidade de algumas iniciativas aqui abordadas, sempre objetivando a formação humana e o reconhecimento do continente que se conecta conosco pelas fronteiras Atlânticas. As histórias dos iorubás, dos haússas, dos umbundos ou kicongos deveriam estar tão próximas de nós quanto à história dos gregos e romanos. Nossa ancestralidade encontra conexões profundas com essa parte de nossa fronteira Atlântica. E, por fim, parece-me inegável que a África e os africanos nos reservam um poderoso campo de pesquisa e de entendimento acerca da trajetória da humanidade. Referências História da África APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. BIRMINGHAM, David. A África Central até 1870. Luanda: ENDIPU/UEE, 1992. BITTENCOURT, Marcelo. Dos Jornais às Armas. Trajectórias da Contestação Angolana. Lisboa: Veja, 1999. BOAHEN, A. Adu. (org). História Geral da África, vol. 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Damascena Muito antes da existência da Lei 10.639, de março de 2003, que institui o ensino da História da África e da cultura afro-brasileira nas escolas, intelectuais negros(as) ativistas e outros(as) estudiosos(as) da participação africana na formação do Brasil vinham apresentando a grande lacuna nos currículos de várias disciplinas que negavam ou reduziam a colaboração de africanos, africanas e descendentes na formação da cultura e do povo brasileiros ao passado escravista e ao mundo da música, da dança, da culinária e, no máximo, da religião. Podemos começar nosso texto com algumas perguntas básicas: Havia e há uma só África? Há um só Brasil? Haveria Brasil (ou Brasis) sem a África (as Áfricas)? O termo influência é suficiente para apreender a relação entre Áfricas e Brasis e entre africanos(as) e brasileiros(as)? O contato dos europeus com os africanos se dá em intricados processos de encontro e de confronto desde o século XV. Para as sociedades africanas organizadas em reinos, cidades-estado e territórios étnicos, os colonizadores foram construindo a idéia de uma África relativamente homogênea, habitada por "negros" termo também atribuído externamente por coletividades bastante dinâmicas e que se reconheciam por outras denominações como Fanti, Ashanti, Peul, Mandinga, Fulani, Bambara, Tchokwe, Lunda, Kuba, Luba, Kosa, Zulu, etc.. No processo de colonização, o país que denominamos Brasil também se formou no encontro/confronto de etnias e sociedades "européias", "africanas", "indígenas" (outra denominação externa). Como nos propõe o geógrafo negro Milton Santos, pensando em nossa formação socioespacial, temos, de certo modo, vários brasis, que ele divide como Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Região Concentrada (composta pelos Estados do Sudeste e do Sul)1. Esses vários Brasis apresentam processos históricos, composições étnicas e sociais relativamente distintas e desiguais entre si. Neste sentido, nosso processo de educativo, tendo em mente a relação das várias Áfricas, com os vários Brasis, sem perder de vista uma unidade em construção, tanto aqui, como lá, pode incorporar uma ampliação dos nossos conhecimentos nesse campo. Os(as) africanos(as), em grande maioria, ao ser forçados(as) a vir para o Brasil traziam consigo sua própria África, composta de lembranças e desejos. Um patrimônio cultural material e imaterial inscritos nos objetos, hábitos, textos orais e escritos, rituais, jogos, folguedos e muitas histórias. Lembranças e saberes que dizem respeito à religião, à tecnologia, e ao trabalho, que podem preservados quanto recriados no estilo de vida, nas habilidades artísticas, nos rituais religiosos e nas soluções técnicas e procedimentos intelectuais2. 1 SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro/São Paulo, Record, 2003. 2 SILVA, Petronilha B. Gonçalves. Aprender a conduzir a própria vida. In BARBOSA, Lúcia Maria de Assunção; SILVA, Petronilha B. Gonçalves & SILVÉRIO, Valter Roberto (orgs) De preto a afro-descendente: trajetos de pesquisa sobre relações étnico-raciais no Brasil. São Carlos: EdUFSCar, 2003, pp. 181-197. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola No Brasil, com o contínuo movimento do tráfico negreiro, ocorria uma regular chegada de africanos nos portos, o que contribuía para realimentar as lembranças, os traços, os valores e os costumes, que, pela distância, tenderia a desaparecer das práticas em terras tão longínquas. Não se pode perder de vista que a travessia e a transposição dos grupos para cá foi bastante violenta, causando mudanças bruscas para esta população. Junto a isso, a dinâmica da exploração aqui encontrada, conduz a novas formas de entender a realidade, tomada pelos olhos de quem traz suas tradições para poder dialogar com o presente. Diferentes origens possivelmente produzissem diferentes formas de encarar a realidade As várias tradições culturais, que podem ser relacionadas à África, formam um mosaico que demonstra a diversidade cultural e social mesmo aqui, pois havia muitas formas de ser escravizado(a), que se baseavam, algumas vezes, pela nação de origem e, sobretudo, pela atividade que este(a) desempenhava ou ainda se estava na cidade ou no campo. A participação africana na formação cultural brasileira Os(as) africanos(as) trazidos(as) compulsoriamente para o Brasil tiveram que lidar com o desconhecido e o arbitrário. Foi nesse contexto, numa situação concreta e desfavorável, que essa população teve que se reinventar, recorrendo a negociações que se constituíam cotidianamente ou, ainda muitas vezes, em formas de resistência. Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido. Ao passo que o acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas uma chave para tudo o que veio antes e depois.3 Não podemos perder de vista que, no Brasil, muitas expressões culturais negras estão fundamentadas em um princípio de resistência e de não submissão, construindo a idéia de que "a felicidade do negro é uma felicidade guerreira"4. A resistência se dá diante da expropriação a qual a população negra experienciou ao longo da História. Línguas africanas no Brasil Estudiosos das línguas africanas faladas no Brasil, como Yeda Pessoa de Castro e Nei Lopes, chamam atenção para esse aspecto pouco estudado da cultura brasileira. Nas religiões de matriz africana, em rituais e cânticos guardam-se e recriam-se línguas, a 3 4 BENJAMIM, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo, Brasiliense, s/d, 4ª. ed. p.27. Zumbi (Felicidade guerreira) Gilberto Gil e Waly Salomão. In: Trilha sonora do filme Quilombo. 51 52 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira exemplo do Yorubá no candomblé. No falar cotidiano, presume-se que há maior influência dos povos subsaarianos, dos grupos etno-linguísticos denominados bantos: Dentro do quadro da presença afro-negra no Brasil, verifica-se uma predominância das culturas bantas, que colaboraram para a formação da cultura brasileira, principalmente através de suas línguas, entre elas o Quicongo, o Umbundo e Quimbundo.5 Para refletirmos sobre este ponto, vejamos a seguinte frase: Após o jantar, um delicioso quibebe, uma mulher do quilombo fazia cafuné na sua filha caçula. A jovem lembrava como sua avó era a bamba do lugar. Estas e outras palavras de línguas africanas colocadas numa sintaxe portuguesa nos fazem refletir o quanto o nosso falar está marcado pela participação africana de Norte a Sul do Brasil. A língua não é apenas um conjunto de vocábulos e normas, pois traz sentidos que podem ser atribuídos a cada termo. Muitas vezes, quando pensamos ou falamos na "língua brasileira" , como diria Mário de Andrade, somos bastante africanos. Religiões de matriz africana A marca social de africanos e africanas no Brasil se destaca pela necessidade de sobrevivência e a não perda de si mesmo vislumbrava sempre a possibilidade de liberdade. Numa sociedade hierarquizada e escravocrata foi necessário, através das brechas do sistema, criar alternativas de socialização que no espaço urbano poderiam ser tanto as irmandades religiosas negras6, como igualmente as casas de culto aos orixás, denominado de Candomblé Ketu (relativos aos Yorubá, da Nigéria e do Benin), inquices (Candomblé Angola) ou voduns (Tambor de Mina, relativo ao povo do Daomé, no Benin). As religiões criadas e/ou praticadas pelos negros no Brasil em grande parte constituíam algo que vai além da relação transcendental e espiritual, tornavam-se também um espaço de ação política, local onde era possível estabelecer estratégias de sobrevivência e, na época da escravidão, de projetos de liberdade. A umbanda, criada no século XX, tem uma linha de orixás e outra de pretos(as) velhos(as) que nos permitem incluí-la nos cultos afro-brasileiros. No espaço rural e suburbano o que mais se destacava, sem dúvida, era o exemplo dos quilombos, formas de organização social que, em grande parte, diferiam da sociedade mercantilista e escravista vigente. 5 6 LOPES, Nei. Novo dicionário banto no Brasil. Rio de janeiro, Pallas, 2003, p. 18. QUINTÃO, Antônia Aparecida. Lá vem o meu parente: as irmandades de pretos e pardos no Rio de Janeiro e em Pernambuco (século XVIII). São Paulo, Annablume/FAPESP, 2002; Irmandades negras: outro espaço de luta e resistência (São Paulo: 1870-1890), São Paulo, Annablume/FAPESP, 2002. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola No Brasil, com o contínuo movimento do tráfico negreiro, ocorria uma regular chegada de africanos nos portos, o que contribuía para realimentar as lembranças, os traços, os valores e os costumes, que, pela distancia, tenderia a desaparecer das práticas em terras tão longínquas. Não se pode perder de vista que a travessia e a transposição dos grupos para cá foi bastante violenta, causando mudanças bruscas para esta população. Junto a isso, a dinâmica da exploração aqui encontrada, conduz a novas formas de entender a realidade, tomada pelos olhos de quem traz as suas tradições para poder dialogar com o presente. Diferentes origens possivelmente produzissem diferentes formas de encarar a realidade As várias tradições culturais, que podem ser relacionadas à África, formam um mosaico que demonstra a diversidade cultural e social mesmo aqui, pois havia muitas formas de ser escravizado(a), que se baseavam, algumas vezes, pela nação de origem e, sobretudo, pela atividade que este(a) desempenhava ou ainda se estava na cidade ou no campo. A participação africana na formação cultural brasileira Os(as) africanos(as) trazidos(as) compulsoriamente para o Brasil tiveram que lidar com o desconhecido e o arbitrário. Foi nesse contexto, numa situação concreta e desfavorável, que essa população teve que se reinventar, recorrendo a negociações que se constituíam cotidianamente ou, ainda muitas vezes, em formas de resistência. Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória e as práticas culturais. A memória, ao lado da identificação com certos valores culturais, aponta fortes sinais que vêm pautando os elementos que compõem a participação da população negra na cultura brasileira, com toda a multiplicidade que ela carrega: 53 54 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira Cultura e trabalho No Brasil, como um dos efeitos da escravidão, o trabalho manual recebe uma histórica desqualificação. Em certas partes do país é tratado como "coisa de negro" e ouve-se a expressão "trabalhar como um negro", ainda que não somente os(as) africanos(as) tenham sido escravizados(as). Por conseqüência, procede-se a uma desqualificação dos(as) trabalhos subalternos(as), sobretudo aqueles exercidos em sua maior parte por negros e negras. A população africana e negra (nascida em território brasileiro) deve ser vista para além da condição de mão-de-obra compulsória que trabalhou nos canaviais, na mineração, nas plantações de algodão, arroz ou café e no serviço doméstico. Na relação entre campo e cidade, quilombolas, escravizados(as) e libertos(as) forjaram formas de cultura próprias ou recriadas de sua "bagagem cultural"7. É necessário destacar a reconhecida habilidade dos africanos ocidentais com a mineração que aqui foram genericamente denominados de negros mina e marcaram profundamente a composição sociocultural de uma parte do país. Da Amazônia aos pampas, práticas culturais afro-brasileiras foram se constituindo em meio ao trabalho compulsório. Aqueles(as) que trabalharam no serviço doméstico, como amos e mucamas, participaram da formação do mundo privado patriarcalista. Nos principais centros urbanos era possível perceber várias possibilidades de relações, mesmo no período escravista. Um exemplo disso são os chamados "escravos de ganho", que imprimiam mais dinâmica às relações sociais, relações estas que podiam ser vistas como sinais de relativa mobilidade social e econômica. Nas cidades era igualmente comum a existência de um espaço denominado de "ccantos de trabalho", local onde os homens escravizados esperavam ser contratados para realizar serviços. Geralmente a reunião era em uma esquina onde era possível se encontrar com pessoas da mesma origem e da mesma nação, ou que falavam a mesma língua, ou ainda eram malungos (tinham vindo no mesmo navio negreiro). Esses encontros eram um momento que servia para a atualização com os que haviam chegado da África e para estabelecer outros termos de comunicação e de sociabilidade. Considerando que a população negra no Brasil teve compulsoriamente como principal espaço de exposição o trabalho. Foi o trabalho manual, o espaço mais provável de expressão artística e técnica da "mão afro-brasileira"8. Assim, trabalho e conhecimento expressavam-se concomitantemente para esse grupo. A condição de escravizado reforçava a idéia de coletividade muitas vezes necessária para o próprio trabalho. Podemos citar alguns nomes: Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho9 (1738-1814), autor de esculturas e fachadas de igrejas barrocas mineiras 7 8 9 Esta metáfora é utilizada tendo em mente que "não se levam para a diáspora todos os seus pertences", no caso dos(as) africanos(as). CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Etnicidade: da cultura residual mas irredutível. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Antropologia do Brasil: mito, história e etnicidade, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 101. ARAÚJO, Emanoel (Org.) (1988) A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo, Tenenge, 400p. Links sobre o tema: Sobre O Aleijadinho http://www.moderna.com.br/moderna/arte/aleijadinho/obras; Sobre Mestre Valentim http://www.portaldoscondominios.com.br/turismoRioIgrejaSFP.asp; Artigo de Marcelo Eduardo Leite sobre Christiano Jr. http://www.studium.iar.unicamp.br/10/6.html?studium10; Entrevista com Emanoel Araújo http://brazil-brasil.com/content/view/186/62/ História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola (Sabará, Ouro Preto, Congonhas do Campo), e de Valentim da Fonseca e Silva ou Mestre Valentim, nascido entre 1730 e 1740, falecido em 1814, escultor, cujas obras se encontram em igrejas ou parques cariocas (Passeio Público, Chafariz da Praça XV)10. Ambos são filhos de mãe africana e pai português. Para São Paulo, podemos citar o nome de Joaquim Pinto de Oliveira Thebas, construtor da torre da antiga Sé da cidade11. Não podemos esquecer os construtores e escultores das imagens dos antigos templos de matriz africana, cujas trajetórias estão por ser pesquisadas. Em todo o período escravista africanos(as) escravizados(as) trabalharam no serviço doméstico tanto nas fazendas quanto nas casas e sobrados urbanos. As chamadas "mucamas" ou "amas de leite" foram mulheres negras exploradas além do que era considerado trabalho. Eram também tratadas como objetos sexuais, aviltando ainda mais a condição exploratória e redutora do ser humano e de seu corpo. Há muitas formas de se perceber um passado que não passou, e o trabalho é um dos nexos fundamentais para entender uma sociedade que renovadamente se revela excludente e produtora de profundas desigualdades. Ainda nos dias de hoje, dentre os sujeitos de várias práticas culturais e artísticas afro-brasileiras, encontramos pessoas que trabalham como lavradores(as), cozinheiras(os), babás, pedreiros, garis, etc. e que são pouco reconhecidas como produtores de arte e cultura. Referências africanas: influências em tradições que se recriam A partir desse ponto pretendemos focalizar práticas culturais, a exemplo de alguns complexos de música/dança/ritual que fazem e refazem referências à África e à diáspora africana. O crescimento de estudos referentes à temática da cultura negra decorre da contribuição de pesquisadores(as), intelectuais e militantes que chamaram atenção para essa cultura como resultado de um processo de reelaboração e sustentação de uma "herança cultural negra multifacetada"12. Este processo nos aproxima sobremaneira da África num contínuo enriquecimento do que era costumeiro, tradicional, constituindo um dinâmico diálogo com outras culturas aqui presentes, que passaram a compor a expressão negra nas mais diversas formas: escolas de samba, capoeira, jongo, congada, blocos afro, maracatus e tantas outras. O patrimônio cultural da população negra é composto de bens materiais e imateriais que são expressões dessas comunidades, dos mais diferentes aspectos: objetos, costumes, canções, rituais, encontrados na religião, na culinária, nos modos de tecer e de vestir. Música negra A música é um importante veículo para se perceber a presença africana entre nós. No entanto, é muito comum quando se pensa na contribuição dos(as) africanos(as) 10 11 12 OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro. O Aleijadinho e Mestre Valentim. In ARAÚJO, Emanoel, Op. Cit., p. 55-75. LEMOS, Carlos A. C. Thebas. In ARAÚJO, Emanoel, Op. Cit., pp. 76-81. FRANCISCO, Dalmir. Comunicação, identidade cultural e racismo. In Brasil Afro-brasileiro. FONSECA Maria Nazareth Soares (org). Belo Horizonte: Autêntica, 2000. 55 56 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira no que se refere à música imaginar a predominância da percussão e dentro dela variações de ritmos, que dizem respeito a um saber musical que em grande parte não foi adquirido na educação formal e sim no convívio cotidiano e também muitas vezes pautado em rememorações. Não se pode perder de vista que o fazer poético em diferentes partes da África, se apresenta de diversas maneiras: cantos funerais, canções de ninar, preces e cantos religiosos. Junto a essas criações poéticas é possível encontrar algo totalmente estranho à chamada "tradição estética ocidental": o texto percussivo ou poesia dos tambores (drum poetry), executada pelos tambores falantes (talking drums). No Brasil, cada expressão musical marcadamente de "origem" africana constitui linguagens artísticas particulares e específicas. Mesmo dentro de cada uma desta existem particularidades que as distinguem entre si. A experiência é uma grande aliada, na medida em que vários participantes das festas populares e nos cultos de matriz africana, os músicos ou "tocadores", como são popularmente chamados, fazem soar tambores, sanfonas, cavaquinhos, ou seja, uma ampla gama de instrumentos, sem terem estudado música no sentido formal. Por outro lado não se pode esquecer da inserção e contribuição dos negros ao que se refere à música por volta de 1800 aqui no Brasil, onde grande parte dessa atividade, com destaque para a interpretação instrumental, era feita por negros e "mestiços", muitos deles ainda escravizados13. Na relação entre as formas culturais do Brasil e da África acontece numa justaposição ou apropriação, pois essas orquestras apresentavam Haydn, Mozart e compunham por vezes, à moda européia: A música é um importante veículo para se perceber a presença africana entre nós. No entanto, é muito comum quando se pensa na contribuição dos(as) africanos(as) no que se refere à música imaginar a predominância da percussão e dentro dela variações de ritmos, que dizem respeito a um saber musical que em grande parte não foi adquirido na educação formal e sim no convívio cotidiano e também muitas vezes pautado em rememorações. Não se pode perder de vista que o fazer poético em diferentes partes da África, se apresenta de diversas maneiras: cantos funerais, canções de ninar, preces e cantos religiosos. Junto a essas criações poéticas é possível encontrar algo totalmente estranho à chamada "tradição estética ocidental": o texto percussivo ou poesia dos tambores (drum poetry), executada pelos tambores falantes (talking drums). No Brasil, cada expressão musical marcadamente de "origem" africana constitui linguagens artísticas particulares e específicas. Mesmo dentro de cada uma desta existem particularidades que as distinguem entre si. A experiência é uma grande aliada, na medida em que vários participantes das festas populares e nos cultos de matriz africana, os músicos ou "tocadores", como são popularmente chamados, fazem soar tambores, sanfonas, cavaquinhos, ou seja, uma ampla gama de instrumentos, sem terem estudado música no sentido formal. Por outro lado não se pode esquecer da inserção e contribuição dos negros ao que se refere à música por volta de 1800 aqui no Brasil, onde grande parte dessa atividade, com destaque para a interpretação instrumental, era feita por negros e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola "mestiços", muitos deles ainda escravizados13. Na relação entre as formas culturais do Brasil e da África acontece numa justaposição ou apropriação, pois essas orquestras apresentavam Haydn, Mozart e compunham por vezes, à moda européia: Esses escravos músicos eram altamente qualificados e suas atividades diárias se concentravam no aperfeiçoamento da sua técnica... Criou-se entre os negros e mestiços da corte e das principais vilas e cidades, escravos e libertos, uma tradição musical complexa e plural, que trazia elementos diversos.14 Música, dança e ritual Dentre as influências africanas que se recriam, a linguagem musical é certamente um dos campos onde as referências africanas aparecem de maneira significativa formando um infinito mosaico de presenças e contribuições, constituindo um rico caleidoscópio rítmico das mais diversas expressões e possibilidades de identidades negras espalhadas pelo Brasil, tanto no passado como no presente. Hoje é possível constatar múltiplas manifestações musicais que traduzem as mais variadas temporalidades, nas quais é possível apreender dinâmicos processos de continuidade e descontinuidade relativos aos desdobramentos das heranças negro-africanas frente aos desafios do presente. As identidades negras contempladas na música brasileira hoje são resultados de muitas implicações históricas15, dentre elas a tradição da oralidade de inúmeras culturas africanas, a qual que se destaca pela força do improviso, presente em muitas expressões musicais, como nos cantos do congado, jongo, capoeira e no próprio samba (no tradicional pagode ou partido alto). Não se pode perder de vista que a música também ganha uma centralidade quando se tem um país onde, em alguns lugares, a educação ainda é um privilégio. Assim, a música dá um sentido à existência, por ser linguagem de maior abrangência, envolvendo geralmente a dança, a corporeidade e sendo exercitada em momentos de festas ou rituais. Culturas afro-brasileiras: congada, capoeira e samba Nessa parte do texto, trazemos uma seleção de práticas culturais encontradas, com variações, em todo o território brasileiro e lembramos quando possível outras de extensão regional. Todas apresentam músicas que fazem referência direta à África, aos navios negreiros, à escravidão e a outros aspectos da vida da população negra. A congada A congada aparece como um emblema das representações da população africana e de seus descendentes no Brasil, e também como porta de entrada para outras 13 COSTA E SILVA, Alberto da. Um Rio chamado Atlântico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira/UFRJ. NAPOLITANO, Marcos. História e música. Belo Horizonte, Autêntica. 2002. p.43. 15 Sobre o negro e a música consultar: COSTA, Haroldo. O negro na MPB. In: ARAÚJO, Emanoel (Org.) (2000) Negro de corpo e alma. São Paulo, Fundação Bienal, pp. 282-483; LOPES, Nei (1992) O negro no rio de Janeiro e sua tradição musical. Rio de Janeiro, pallas, 1992. 14 57 58 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira expressões significativas da cultura negra. São expressões oriundas das irmandades religiosas de pretos. Presentes desde o período colonial, reverenciavam os santos negros como São Benedito, Santa Efigênia (ou Ifigênia), Santo Antônio de Catagerona (ou Catigeró) ou de devoção negra, a exemplo de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo, São Gonçalo. Houve entre estudiosos dessa temática a noção de que as irmandades seriam uma expressão de adesão e conformismo dos negros no sistema escravista, tendo em vista que elas faziam parte da igreja católica. Estudos mais recentes apontam que essas irmandades constituíam espaços de resistências, de solidariedade culturais e sociais, base de muitas estratégias de sobrevivência e liberdade16. É preciso considerar que, mesmo as práticas tidas como lugares de interseções, de desvios e rupturas, como é caso das irmandades, que no escravismo seriam uma forma de dominação, foram, contraditoriamente, reapropriados pelos negros como espaço de reterritorialização práticas culturais ancestrais17. A festa de coroação de rei e de rainha do congo esteve presente no Brasil desde a colônia, mas teve seu fim decretado pela Igreja Católica no final do século XIX com o início do período chamado romanização da igreja no Brasil. Assim, o ato de coroação passa a transformar-se em auto de dança dramática, como espaço de louvor nem sempre ligados à igreja, como é caso da festa da congada18. Nessa festa, a linguagem musical, incluindo canto, percussão e dança, permite uma comunicação entre os participantes, possibilitando um contato com a esfera divina, cumprindo um compromisso com a ancestralidade, com a divindade, ou com o prazer de sentir-se integrado e de se reconhecer como negro e como congo (congueiro/a ou congadeiro/a)19. A capoeira Entre os africanos e seus descendentes escravizados no Brasil imperial, há registros e representações de uma expressão que contém música, dança e luta, parecidas em grande parte com a capoeira, como hoje a conhecemos, a exemplo de viajantes europeus como Rugendas, autor das litografias Jogo de Capoeira e SanSalvador, ambas datadas de 1835. Documentos estudados por historiadores demonstram a perseguição de que a capoeira foi alvo desde o reinado de D. João VI, especialmente nas cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Nesta última, no final do século XIX, as chamadas maltas de capoeiras incluíam brancos imigrantes e eram igualmente perseguidas20. Na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, que tinha uma política cultural altamente seletiva de construção da identidade nacional, a capoeira foi 16 QUINTÃO, Antônia Aparecida. As Irmandades Negras: outro espaço de luta e resistência (São Paulo: 1870 - 1890). São Paulo, Annablume, 200, 154p. DAMASCENA, Adriane (2004) Ser negro em Goiás: o caráter formativo das congadas. 3º Concurso Negro e Educação. Ação Educativa e ANPEd. 18 O maracatu também é uma das expressões que se originaram da festa de coroação de rei e rainha do congo e que fez aproximar o diálogo entre o sagrado e o profano, hoje com maior visibilidade o segundo. 19 Sobre a congada: LUCAS, Glaura (2002) Os Sons do Rosário. Belo Horizonte, ed. UFMG; MARTINS, Leda Maria (1997) Afrografias da Memória. Belo Horizonte, Mazza Edições, 1997. 20 ARAÚJO, Emanoel (Org.) (1988) A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo, Tenenge, p. 476-478. 17 História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola instituída como prática esportiva, na sua vertente denominada de regional, justaposta à outras artes marciais liderada por Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba. O outro estilo denominado de "Angola", tendo à frente Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha, é considerado por muitos como menos influenciado por outras culturas. Ambas têm crescido em integrantes oriundos tanto dos subúrbios e periferias de maioria negra, quanto entre segmentos médios, de maioria branca. Um samba, muitos sambas Sabemos que o samba é uma das principais criações afro-brasileiras, mas tendemos a reduzi-lo a um estilo musical com algumas variações e a situar seu "nascimento" na comunidade negra urbana carioca do início do século XX, a exemplo da "Pequena África", situada na Praça Onze na cidade do Rio de Janeiro, onde residiam Tia Ciata e outras pessoas, originárias da Bahia21. Somente com esses elementos teríamos muito a dizer sobre o samba. No entanto, ele nos leva mais além. O samba na verdade são muitos estilos de samba e ritmos correlatos22. Além de baiano e carioca é uma prática cultural tanto urbana, quanto rural e presente com essa e outras denominações em outras partes do país. As escolas de samba e blocos carnavalescos existem de Norte a Sul do país. O samba pode ser relacionado direta ou diretamente a gêneros e ritmos a exemplo do jongo, do samba de roda, do partido alto, do pagode, etc. A lista de sambistas negros(as) passa por nomes conhecidos e outros pouco lembrados: Donga, Sinhô, Pixinguinha, Ismael Silva, Candeia, Cartola, Antônio Vieira, Paulinho da Viola, Nei Lopes. E há a presença fundamental de mulheres compositoras e intérpretes: Ivone Lara e Leci Brandão; Clementina de Jesus, Clara Nunes, Elza Soares, Alcione, Teresa Cristina e outras. Nesse campo que combina música, dança e ritual, as culturas afro-brasileiras marcam o mapa brasileiro numa lista sem fim: marabaixo e batuque (Amapá), Boi Bumbá (Pará), Bumba-meu-boi e Tambor de Crioula (Maranhão) Dança da Súcia ou Sussa (no Norte de Goiás e Sul de Tocantins). Cultura afro-brasileira e espaço Ao abordarmos a participação africana e afro-brasileira na cultura brasileira não poderemos deixar de tratar dos referenciais espaciais atribuídos ou construídos. Inicialmente, destacamos os porões dos navios negreiros, com sua disposição degradante de pessoas tratadas como coisas e mercadorias, fato que marca a grande travessia do Atlântico e a desigualdade que estaria por se reconstituir em terra. Logo em seguida, ressaltamos os locais de vendas de escravizados(as), como praças, largos e mercados, a exemplo, do Largo da Memória em São Paulo, do mercado do Valongo no Rio de Janeiro ou do atual prédio do Centro de Cultura Negra no Maranhão. Separados(as) por condição física, sexo e faixa etária, os africanos viveram 21 22 SODRÉ, Muniz (1998) Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro, Mauad. ALVES, Arivaldo de Lima (2003) A experiência do samba na Bahia: práticas corporais, raça e masculinidade. Tese de doutorado em Antropologia. Brasília, UnB. 23 Cafua: espécie de prisão para escravizados (as), geralmente sem janelas. 59 60 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira aí um outro espaço de segregação. Nessa linha, incluímos as partes de edifícios rurais e urbanos como as senzalas e cafuás23 verdadeiras prisões, das quais por todo o país temos registros arquitetônicos e urbanísticos. A África, rememorada ou recriada em inúmeras práticas culturais, também permanece como o vasto território negro, para as populações afro-brasileiras urbanas ou rurais. Exemplo disso são as canções (sambas, toadas de congo e corridos de capoeira) que rememoram regiões como o Congo e Angola ou pontos específicos a exemplo da decantada Luanda, cujo nome, às vezes, aparece modificado como, por exemplo, Aruanda24. No entanto, vivendo numa situação de subalternidade, africanos e africanas, negros e negras, construíram espaços de sociabilidade, permanentes ou transitórios que podemos denominar de territórios negros. Territórios negros em espaço branco Os quilombos, as irmandades de "homens pretos" e "pardos" e os denominados terreiros, casa de cultos africanos e afro-brasileiros, constituem os territórios permanentes de maior antiguidade no Brasil, construídos desde os períodos colonial e imperial. Do Amapá ao Rio Grande do Sul, do litoral ao sertão, africanos(as) escravizados(as) formaram quilombos de todos os portes25. Os quilombos se configuraram também não somente em terras apossadas, mas incluem a permanência como grupo social em terras "de santo", adquiridas, doadas (de maneira verbal ou escrita) por serviços prestados à nação ou por proprietários ou ainda abandonadas por estes últimos em situação de absenteísmo ou falência. Os quilombos resultam mais de uma busca espacial de um espaço próprio que somente de um ato de fuga26 e em condições de longa permanência elaboraram práticas culturais próprias. Na segunda metade do século XIX, quando a maior parte da população negra era livre ou liberta, muitos desses agrupamentos negros se organizam nas áreas que podemos denominar de suburbanas em São Luís, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, dentre outras cidades. Tendo em vista que os espaços centrais da sociedade brasileira eram dirigidos por brancos e vetados, explicitamente ou não, aos negros e escravizados, como os templos católicos, foram organizadas irmandades de "pretos" e "pardos" e edificadas capelas dedicadas a vários(as) santos(as) de devoção. Essas igrejas marcam o espaço urbano de cidades brasileiras, tanto das capitais como do interior, e constituem parte do patrimônio cultural brasileira. Por outro lado grupos de africanos(as) e negros(as) nascidos no Brasil, formaram em meio ao sistema escravista, espaços de culto, que genericamente denominamos de terreiros. Alguns exemplos são: a Casa das Minas, construída por africanas por volta de 1847 em São Luís do Maranhão e a Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador, 23 CASCUDO, Luiz da Câmara. Made in África. São Paulo: Global, 2003. p.93. RATTS, Alecsandro JP. (Re)conhecer quilombos no território brasileiro. In FONSECA, Maria Nazareth Soares (org) Brasil afro-brasileira, 2000. 25 NASCIMENTO, Beatriz Textos e narração do filme Ori. São Paulo: Angra filmes, 1989. 26 MOURA, Glória. A força dos tambores: a festa nos quilombos contemporâneos. In SCHWARCZ, Lilia & REIS, Letícia Vidor (Orgs.) Negras imagens. Saio Paul, EDUSP/Estação Ciência, 1996, pp. 55-79. 24 História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Foto: Alex Ratts Foto: Alex Ratts ambas tombadas pelo patrimônio histórico. Nestes territórios negros o controle era sobretudo feminino, o que rompia frontalmente com o lugar social inferior das mulheres negras no período. Os espaços onde se apresentam as congadas, a exemplo de Catalão em Goiás, contemplam lugares permanentes como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e territórios transitórios que são apropriados em determinados momentos, como as ruas por onde passam os ternos de congo. Nesse rol entram os lugares de apresentação regular de capoeira, samba, além de outros ritmos e gêneros afro-brasileiros. Permanentes ou transitórios são "espaços próprios"27 apropriados pelo corpo, permitindo inúmeras vezes, a presença de pessoas de outros grupos étnico-raciais. D. Bibil liderança do quilombo de Conceição dos Caetano - Tururu - CE Localidade de Engenho II - quilombo Kalunga - Cavalcante - GO Estética e corporeidade africanas e afro-brasileiras Como sistema desumanizador, o escravismo atinge o corpo do homem e da mulher africanos de várias maneiras: a prisão na África, a travessia do Atlântico nos porões dos navios negreiros, a exposição nos "mercados de escravos", o trabalho forçado nas fazendas e nas "casas grandes", as condições subumanas das senzalas e cafuas, os instrumentos de suplício e os açoites28. No entanto, é necessário ir mais além e desvincular, ao menos em parte, o nexo entre o corpo negro e a escravidão. No entanto, para o homem e a mulher africanos o corpo também é visto como marca de identificação, portador de uma grande variedade de práticas culturais como penteados, turbantes e gorros, escarificações29, panos da costa. O corpo negro, africano e afrodescendente, torna-se igualmente a referência primeira da cultura negra por ser um elemento de destaque em práticas musicais e corporais, como a capoeira, a congada, o samba e a apropriação do espaço. A noção de estética nos parece mais abrangente para incluir a corporeidade e a indumentária, nesse campo mais específico ligado à arte e, particularmente, à música. 27 SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988. MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. A travessia da calunga grande: três séculos de imagens sobre o negro no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000. 29 Escarificações: cicatrizes de cortes feitos no rosto e em outras partes do corpo que indicam o grupo étnico, a cidade ou a região de origem e pertencimento. 28 61 62 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira O corpo africano e negro no sistema escravista A maior parte das práticas culturais que mencionamos no curso, desde o período escravista, tem o corpo como uma das principais referências. Para os colonizadores brancos, europeus e eurodescentes, os africanos e as africanas deveriam afastar-se cada vez mais dos seus referenciais de identidade, de grupo e de territorialidade. Por um lado, civilizar-se implicava, então, na negação de si mesmo e na aceitação de outros padrões estéticos e corporais. Dentre os elementos de violência que atingia o corpo africano estavam a imposição de andar descalço, que indicava a condição de escravizado, marcas de proprietários como se faz com o gado e cicatrizes de açoites. Por outro lado, o corpo negro passa a ser visto também como o portador da diferença racial: a cor da pele, a textura do cabelo, os penteados e adornos de cabeça, indumentárias tidas como não ocidentais, e que podiam ser marcas de pertencimento a grupos étnicos, o corpo que dança em movimentos e rituais considerados como sensuais e exóticos. No que diz respeito ao vestuário as mulheres negras eram vistas adornadas com jóias de ouro e, sobretudo, com panos-da-costa trazidos da África. Esses panos podiam ser usados para amarar crianças nas costas, colocados por cima do corpo e também na cabeça. O pano-da-costa viajou da África para o Brasil e do Brasil para a África, pois o uso do pano como xale ficou conhecido na África como hábito das brasileiras descendentes de escravizadas que voltaram do Brasil30. As que aqui ficaram utilizam indumentárias e adornos semelhantes, como as denominadas mães de santo (iyalorixás). Outras também utilizam os turbantes e os panos da costa, a exemplo das mulheres negras que comercializam produtos da culinária afro-brasileiras, denominadas de "baianas" e daquelas que são representadas nas "alas das baianas" das escolas de samba. A estética negra individual e coletiva O corpo é uma construção histórica e cultural que se modifica de uma sociedade para outra. Não se resume ao corpo físico, biológico, mas agrega os significados que a ele atribuímos na diferenciação social e racial31. O que estamos denominando de estética negra é uma recriação de elementos africanos e afro-brasileiros e compreende um vasto repertório de práticas: cabelos crespos e cacheados, tratados e penteados de várias maneiras, tranças do próprio cabelo ou complementadas com fibras artificiais, penteados "black power" ou "rastafari"; o uso de adornos (colares, pulseiras, etc.) de metal (especialmente dourados e prateados), madeira, fibras vegetais, búzios, "miçangas". Podemos também destacar o "visual" mais ligado a outros universos negros estrangeiros ou globais: camisetas customizadas ou estampadas com ícones da cultura negra, correntes metálicas (como colares), gorros, lenços, calças largas, tênis, etc.. A estética negra contemporânea, que mantém as várias estéticas africanas e africanizadas como "espelho", age no sentido de ampliar os parâmetros de beleza 30 31 SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. Petrópolis: Vozes, 1988. INOCÊNCIO, Nelson Odé. Representação visual do corpo afro-descendente. In PANTOJA, Selma (org). Entre Áfricas e Brasis. São Paulo: Marco zero, 2001, pp. 191-208. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola para além da pele e dos olhos claros, do cabelo liso e das roupas formais "ocidentalizadas". Trata-se de uma estética em busca de referenciais identitários, de auto-estima, de pertencimento e reconhecimento que foge ao padrão único e à idéia de exótico. Trata-se também de espaços de inovação e criatividade. Cultura negra e pensamento Em todas as práticas culturais enfocadas neste texto relacionamos a produção cultural à produção de conhecimento, o saber ao fazer, como dissemos, para além da redução da cultura afro-brasileira a contribuições isoladas e passadistas. A cultura e as práticas culturais são elaboradas cotidianamente transformando o conhecimento em experiência de aprendizagem, do mesmo modo que a própria experiência vivida se transforma em conhecimento. Através da socialização se aprende e, em todos os momentos a existência, a relação com outro e as ações ali vividas nos ensinam e nos constituem. Esta constituição é elaborada cotidianamente, e se revela nas mínimas coisas. Assim, pormenores normalmente considerados sem importância e triviais, carregam muitos elementos importantes que nos permitem captar a realidade. Considerar os mais diversos elementos presentes nas práticas como a alimentação, o vestuário, a oralidade, a gestualidade, sonoridade, odores, sabores, são sinais que permitem decifrar a diversidade e a complexidade da realidade histórica da população afro-brasileira. Tomar as diversas práticas sociais e culturais como práticas educativas é vê-la em processo, sendo construídas intensamente e carregadas de tensão entre diferentes indivíduos e diferentes comunidades, criando contextos interativos que, justamente por se relacionarem dinamicamente em diferentes ambientes culturais, os quais diferentes indivíduos desenvolvem identidades, contribuem para um ambiente formativo. Cultura negra e transmissão de conhecimento As expressões culturais e religiosas de matriz africana trazem processos educativos que dizem respeito ao próprio exercício das apresentações no momento da festa e nos rituais religiosos. Esses processos se revelam na música, na dança, no toque dos instrumentos e nos gestos. São elementos impressos e expressos no corpo através da prática e da tradição oral. O conhecimento se manifesta e se constitui no exercício e na função de cada membro do grupo ou da comunidade, que se apresenta, seja nas festas seja nos rituais religiosos. O saber se traduz no saber fazer, que advêm do saber ouvir, do saber ver, através do aprendizado com o outro. O saber é compartilhado e se materializa no momento das festas, onde se apresenta e se reconstrói, através dos participantes, a africanidade nos mais diversos aspectos, seja na estética, seja nos toques dos instrumentos. Outra fonte de conhecimento se encontra nas organizações negras formadas no século XX, especialmente as que se mantém na contemporaneidade, a exemplo dos movimentos negros e dos movimentos de mulheres negras. É necessário considerar também a formação nas universidades brasileiras de Núcleos Afro-Brasileiros e grupos 63 64 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira similares, compostos em grande parte por acadêmicos(as) negros(as). Merece destaque igualmente a criação, em 2000, da Associação Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores Negros (ABPN) que realiza encontros bianuais, além de intelectuais negros de relevância nacional como Milton Santos e Sueli Carneiro. Conhecimento e respeito à diferença Esse interesse de uma educação vinculada às práticas sociais e culturais aparece como reação à dominação por vias culturais, que são abraçadas como vias civilizatórias e de progresso, pautadas por uma visão linear e etnocêntrica de história, de cultura. Uma retomada de vozes que ficaram silenciadas por opressões históricas é fundamental e necessária para uma compreensão democrática de educação. O primeiro movimento para essa escuta é o reconhecimento da existência de espaços outros que não o da educação formal, como portadores de saberes. Para isso, é necessário tomar como imprescindível para o entendimento desses saberes os nexos entre educação e cultura, considerando que uma não existe sem a outra, ambas sendo alimentadas e alimentando-se na arte e na memória. O respeito às diferenças é um ponto crucial na construção de uma sociedade mais humana, cuja concepção de humanidade seja fundada na diversidade: "o que nos faz mais semelhantes ou mais humanos são as diferenças"32. Áfricas recriadas em terras brasileiras Podemos incluir na relação África/Brasil as referências que encontramos novamente no campo das artes e da estética, a exemplo da literatura e das artes visuais, mas igualmente de práticas culturais em que a corporeidade afrodescendente é relevante33. No caso da literatura brasileira destacamos poetas, escritores e escritoras que fazem diferenciadas menções às Áfricas, à "terra-mãe", à diáspora, ao mar, à escravidão e, sobretudo, à vida de negros e negras em terras brasileiras, "à dor e à delícia" de ser negro, ou seja, ao ônus e ao bônus de ser e de se identificar como negro no Brasil. No final do século XIX, a romancista Maria Firmina dos Reis, os poetas Castro Alves e Cruz e Souza se incluem dentre aqueles(as) cujas obras trazem citações diretas à África. No romance Úrsula publicado em 1856, as personagens negras mantém distintas relações com o continente africano: uma relembra com saudade a terra perdida, sofre ao rememorar o rapto, o navio negreiro; outra reforça sua ligação com o Brasil. Cruz e Souza, no texto O Emparedado, compõe um dos mais significativos exemplos da dificuldade de tornar-se artista no Brasil sendo, como diríamos nos termos de hoje, afrodescendente. 32 33 GOMES, Nilma L. Cultura Negra e Educação. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro: nº 23, 2003. ARAÚJO, Emanoel (org). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Artista?! Loucura! Loucura! Pode lá isso ser se tu vens dessa longínqua região desolada, lá do fundo exótico dessa África sugestiva, gemente, criação dolorosa e sanguinolenta de Satãs rebelados, dessa flagelada África, grotesca e triste, melancólica, gênese assombrosa de gemidos, tetricamente fulminada pelo banzo mortal; dessa África dos Suplícios, sobre cuja cabeça nirvanizada pelo desprezo do mundo Deus arrojou toda a peste letal e tenebrosa das maldições eternas! Na segunda metade do século XX, diversos(as) poetas emergem em publicações individuais ou coletâneas como Cadernos Negros (lançada em 1978). A exemplo de Oswaldo Camargo, Cuti, Paulo Colina e posteriormente Conceição Evaristo, Jônatas Conceição, Landê Onawalê e Esmeralda Ribeiro, dentre outros(as). A literatura afrobrasileira contemporânea continua trazendo referências diretas ou indiretas à África, à escravidão, ao racismo e à negritude, num movimento de descontinuidade e continuidade com as denominadas "raízes culturais". A literatura afro-brasileira, segue, às vezes, o mesmo percurso da pessoa negra em busca da reconstrução de si: Não sei se te contei Mas há algum tempo sou minha Me adquiri num mercado Onde o escambo era de posse pela liberdade Me obtive numa dessas voltas da morte Me acolhi num desses retornos do inferno Dei banho, abrigo, roupas, amor, enfim Adotei o meu mim Como quem se demarca e crava em si o mastro da terra à vista A cheiro, a tato, a trato, a paladar e tato Não sei se te contei Me recebi à porta da minha casa Abracei, mandei sentar Abracei eu mesma, destranquei a porta Que é preu sempre poder voltar. Dei apenas o céu à sua legítima gaivota Somos a sociedade E ao mesmo tempo a cota Visita e anfitriã Moram agora num mesmo elemento Juntas se ancoram Na viagem das eras No novelo do umbigo No embrião do centro No colo do tempo34 34 LUCINDA, Elisa. Adoção: In: LUCINDA, Elisa. O Semelhante - 1997 65 66 A Incisiva marca africana na cultura Brasileira No campo das artes plásticas, encontramos um vasto número de artistas que constroem suas obras a partir de um referencial africano ou afro-brasileiro, a África, as Áfricas ou o que denominamos aqui de culturas afro-descendentes, ou seja, as culturas dos africanos(as) em diáspora pelas Américas e em outras partes do mundo. É o caso da pintora Niobe Xandó, do pintor e escultor Rubem Valentim e do sacerdote do candomblé, escritor e também, escultor Mestre Didi (Deoscoredes dos Santos). Negritudes plurais e culturas negras dinâmicas Para concluir a abordagem desse texto, seguindo o princípio que traçamos desde o início, vamos abordar a pluralidade de culturas negras e sua dinamicidade no Brasil. A negritude, movimento de afirmação da identidade e das referências negras, busca suas fontes no vasto repertório dos africanos e das africanas na diáspora. Como dissemos que nem a África, nem o Brasil são homogêneos, não podemos afirmar a idéia de uma cultura afro-brasileira única ou mesmo "pura". Em se tratando de cultura, não há uma essência. O que existe é um processo dinâmico de construção. Da segunda metade do século XX até os dias atuais, vemos movimentos culturais, principalmente no campo das artes visuais35, da literatura e da música que incorporam referências africanas, mas também outras afro-descendentes, como aquelas que emergem no Caribe e nas Américas. É o que nos aponta Fernanda Felisberto, acerca da literatura: Nós, que tanto precisamos de nossa literatura para nos entreter, precisamos dela também para expressar as várias demandas que temos por igualdade de gênero, religiosidades distintas, e para exercer a auto-estima. Nossa literatura negra nos serve como um alicerce para a construção de uma identidade afro-brasileira autônima, sem amarras e legendas que legitimem a nossa permanência ou exclusão ao longo da história desse país36. Ressaltando igualmente a música negra que abrange dos ritmos que emergiram no território nacional, a exemplo do samba, e inclui outros que se formaram em terras estrangeiras como o jazz, o soul, o reggae, o funk e o rap. Deste modo temos o samba-reggae dos blocos afro baianos, como Ilê Aiyê e Olodum. A música de Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Gerson King Combo, Tim Maia, Sandra de Sá, Ivo Meirelles, Ed Motta, Paula Lima e Seu Jorge abriga essas justaposições de ritmos e referências. Um dos exemplos a destacar é o da cultura hip hop, que envolve elementos como o rap (a música), o break (a dança), os MCs e DJs (cantores e músicos eletrônicos) e o grafite (a arte visual). Considerada um estilo estrangeiro, cada vez mais, cresce no Brasil e muitos de seus artistas buscam referências africanas, afro-americanas e 35 36 MUNANGA, Kabengele (org.). Arte afro-brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2000. FELISBERTO, Fernanda. Introdução. In FELISBERTO, Fernanda. Terra de palavras – contos. Rio de Janeiro, Pallas/Afirma Publicações, 2004, p. 9. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola especialmente afro-brasileiras, a exemplo de Rappin' Hood com Leci Brandão, em Sou Negrão37, Marcelo D2 nas faixas Samba de Primeira e Batucada38 e de Racionais MC's em Júri Racional: Gosto de Nelson Mandela, admiro Spike Lee. Zumbi, um grande herói, o maior daqui. São importantes pra mim, mas você ri e dá as costas. (...) Porém, não quero, não vou, sou negro, não posso, não vou admitir! De que valem roupas caras, se não tem atitude? E o que vale a negritude, se não pô-la em prática? A principal tática, herança de nossa mãe África. A única coisa que não puderam roubar! Muitos desses grupos que se destacam no país mantêm conexões nacionais e internacionais, às vezes sendo originários de fora do chamado eixo Rio-São Paulo, como o faz o grupo Clã Nordestino, de São Luís do Maranhão. Esses exemplos, e todos os outros citados ao longo desse módulo do curso, constituem reencontros, possíveis e imaginários, dos descendentes de africanos, entre si e com a África, processo cujo entendimento é fundamental para a formação cultural brasileira. Não existe Brasil sem a África e, portanto, não existe identidade nacional sem a cultura afro-brasileira. 37 38 Rappin' Hood (2001) CD Sujeito Homem. São Paulo, Trama. Marcelo D2 (1998) Eu tiro é onda. Brasil, Sony Music Entertainment. 67 Seção II Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro Bárbara Oliveira Souza e Edileuza Penha de Souza "Pedaços de memórias marulhantes ainda chegam à noite nos seus ecos e roteiros de barcos são fantasmas na memória de luas macilentas". Rio Seco - Clóvis Moura Ao longo da história brasileira, negras e negros resistiram e lutaram contra a opressão e a discriminação através de uma multiplicidade de formas de resistência. Pensada em sentido amplo, a resistência abarca as várias estratégias empreendidas pelos povos negros para se manterem vivos e perpetuarem sua memória, valores, história e cultura. São estratégias presentes nos costumes, no corpo, no falar, nas vestimentas, nas expressões, nas organizações sociais, políticas e religiosas tais como os quilombos, irmandades e terreiros de candomblé. Essas estratégias de resistência são vivas e fortemente presentes nas manifestações e expressões da cultura afrobrasileira. Yorubá, Angola, Nagô, Jêje, Moçambique, Ketu, Mina, dentre várias outras etnias africanas trazidas ao Brasil, convergiram em inúmeras formas de resistência, com o objetivo de fortalecer suas identidades e coletividades. Um bom exemplo dessa convergência são os cultos religiosos afro-brasileiros, como o candomblé, que se apresentam como espaços de interação interétnica com variados ritos e denominações derivadas de tradições africanas diversas. Esse processo histórico nos faz pensar em um continuum de resistência, de força, que marca os últimos séculos de história de nosso país. Os primeiros africanos escravizados chegaram ao Brasil em 1554. Foram 316 anos de "tráfico negreiro", o que representa 63% do tempo de vida do país. Passados 118 anos após a assinatura da carta de "abolição", a população negra continua a conviver com uma situação de invisibilidade, exclusão, marginalização social e violência. Portanto, as estratégias de resistência que abordamos nessa aula abarcam todo esse processo histórico até os dias de hoje. As resistências historicamente se expressaram e se expressam com grande ênfase nos quilombos, irmandades, banzo (suicídio), revoltas, fugas, na religiosidade de matriz africana, nos movimentos hip-hop, no samba, no congo, na língua, na arte, nos movimentos sociais. "Muitos movimentos políticos, artísticos, musicais e culturais brasileiros tiveram e têm o negro como protagonista, como propulsor da mudança, como ator ou fonte de inspiração" (Munanga, 2006: 139). 71 Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro 72 Quilombos As primeiras referências aos quilombos foram pronunciadas pela Coroa Portuguesa e seus representantes que administravam o Brasil colônia. Essas referências aparecem no contexto de repressão da Coroa aos negros aquilombados. Em 1740, em uma correspondência entre o Rei de Portugal e o Conselho Ultramarino, os quilombos foram definidos como "toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em partes despovoadas, ainda que não tenham ranchos levantados, nem se achem pilões neles". Clóvis Moura (1981: 87) coloca que "o quilombo foi, incontestavelmente, a unidade básica de resistência do escravo. Pequeno ou grande, estável ou de vida precária, em qualquer região que exista a escravidão, lá se encontra ele como elemento de desgaste do regime servil". Alfredo Wagner Almeida destaca que a Constituição Brasileira de 1988, no artigo 68 do ADCT, opera uma inversão dos valores referentes aos quilombos em relação à legislação colonial, uma vez que a categoria legal através da qual se classificava quilombo como um crime passou a ser considerada como categoria de autodefinição, provocada para reparar danos e possibilitar acesso a direitos. (Almeida, 2002). Glória Moura (1997) trabalha o conceito contemporâneo de quilombo como comunidades negras rurais habitadas por descendentes de africanos escravizados, com fortes laços de parentesco. A maioria dos quilombos está baseada em culturas de subsistência, e se situa em terra doada, comprada ou secularmente ocupada. São comunidades que valorizam tradições culturais de antepassados (religiosas ou não) e as recriam no presente (Moura, 1997). O vínculo das comunidades quilombolas com sua historicidade, baseada em resistência e luta, é um aspecto fundante do universo simbólico e da consciência coletiva dessas comunidades. Entretanto, nem sempre a fuga e a memória da escravidão estão presentes em suas narrativas e histórias. Algumas se formaram a partir da ocupação de locais desabitados, como Furnas do Dionísio, Mato Grosso do Sul, a qual seu surgimento remete-se a um negro chamado Dionísio Vieira que ocupou uma porção de terra no sertão e formou com sua descendência a comunidade (Bandeiras e Dantas, 2002). A base de dados do Governo Federal1 aponta para a existência de mais de duas mil e quinhentas comunidades quilombolas no Brasil hoje. Essas comunidades estão presentes em todas as regiões do país e possuem maior concentração nos Estados do Maranhão, Pará e Bahia. Há grande diversidade de histórias de formação das comunidades quilombolas. A historiografia registra comunidades formadas por negros que se negaram a permanecer na condição de escravizados, fugiram e se aquilombaram. Há também diversos registros de quilombos que se constituíram após a Lei Áurea, como forma de resistência à imensa exclusão imposta pela sociedade brasileira à população negra. As Comunidades Quilombolas receberam vários nomes nas diversas regiões do Novo Mundo: Quilombos ou Mocambos no Brasil; Palenques na Colômbia e em 1 Os dados apontam para o quantitativo de comunidades quilombolas identificadas pelo Governo Federal, através da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Cuba; Cumbes na Venezuela; Morrons no Caribe inglês e EUA, Marronage nas ilhas do Caribe francês e Cimaronaje no Caribe espanhol. No Brasil, a resistência negra dos quilombolas esteve intimamente ligada à invisibilidade. Esse processo perpassou todo o século XX, como se pôde perceber nos livros didáticos e nas informações da mídia que tratavam (e ainda tratam muitas vezes) os quilombos como organizações extintas, do passado. Exemplo disso é a "descoberta", no início da década de 80, de uma comunidade negra, no meio do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, chamada de Kalunga. Esse fato se repetiu em inúmeras outras comunidades quilombolas do Brasil, como Oriximiná (PA), Cafundó (SP), Rio das Rãs (BA). Irmandades Negras A partir dos eixos da ancestralidade, identidade e cidadania, as irmandades retratam um histórico da resistência negra e abordam a construção da afirmação e da luta pela conquista de direitos dos negros e negras na sociedade brasileira. Num forte processo de africanização do cristianismo, as irmandades expressam valores e tradições que incorporaram também elementos herdados dos portugueses e indígenas. Constituíram-se como espaços de solidariedade, união e força, e representavam um dos poucos espaços onde era permitida a participação de negros e negras durante o período colonial. Mais do que isso, as irmandades representavam também uma estratégia para a liberdade, através da compra de africanos escravizados e sua posterior libertação. Realizavam cerimônias e festas, além de ornamentos para as igrejas sedes das irmandades. Cabe ressaltar que para além das festas, as irmandades foram espaços onde as redes de solidariedade e companheirismo entre os negros e também entre os brancos se fortaleceram, pois muitas vezes era a "única garantia de serem assistidos durante as enfermidades e até mesmo terem um enterro cristão" (Hoornaert, 1977, p. 383). Muitas dessas irmandades também expressavam (e ainda expressam) imageticamente santos com características bastante africanas, tais como Nossa Senhora Aparecida, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Nazaré, Santa Efigênia, dentre outros espíritos ancestrais que foram sendo representados por santos católicos. Esses cultos, afirma Marco Aurélio: "Eram uma conseqüência da expansão da religião africana que paralelamente se processavam durante a noite, quando concedidos pelo senhor, ou em espaços criados clandestinamente" (1995, p. 437). O catolicismo africanizado foi durante todo o período escravocrata uma das únicas formas de preservar as perseguidas religiões africanas. Nas romarias, procissões, festas e oratórios, bem como em outros espaços religiosos apropriados, a resistência da cultura negra se manteve. Terreiros de Candomblé No Candomblé, o modo de cultuar os deuses (os nomes que lhes são atribuídos, as cores, preferências por alimentos, cantos, louvações, música e dança) se deu a partir da distinção, pelos negros, dos modelos de rito chamados de nação. Esse modo de classificação se traduz numa alusão de que os terreiros, além de apresentarem muitos 73 74 Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro dos padrões africanos de culto, possuíam uma identidade grupal étnica com os reinos da África (Munanga, 2006). De acordo com Vagner Gonçalves, citado por Munanga (2006), os sudaneses foram os grupos africanos predominantes no século XIX, período em que as condições históricas, sociais e urbanas de perseguição aos cultos diminuíram em relação ao período colonial, no qual os povos bantos foram majoritários. Por esses fatores, a estrutura religiosa dos povos de língua ioruba legou ao candomblé sua infra-estrutura de organização, influenciada pelas contribuições de outros grupos étnicos, conforme já mencionado no início dessa aula. Desse processo, resultaram os dois modelos de cultos mais praticados no Brasil: o rito jeje-nagô e o angola. Nesses terreiros, cultuam-se orixás (divindades representantes essencialmente pela natureza), voduns, erês (espíritos infantis) e caboclos (espíritos indígenas). Revoltas, Estratégias Políticas e Movimento Negro Contemporâneo Pensar nas estratégias pós-abolição de organização política dos movimentos negros é fundamental para a reflexão da situação da população negra com o fim oficial da escravidão. O acesso ao mercado de trabalho, à educação, a boas condições de moradia, acesso à saúde, enfim, acesso aos direitos mais básicos continua sendo um desafio para grande parte dos negros e negras desse país, daí a importância de conhecermos alguns dos espaços de resistência empreendidos desde o início do século XX até os dias atuais. No período pós-abolição, o processo de luta e resistência adquiriu novas configurações e contornos. Nilma Lino e Munanga (2006) destacam importantes marcos da luta e resistência negra: • Revolta da Chibata: movimento liderado por um negro, apresentou oposição ao modo como eram tratados os marujos da marinha brasileira, no início do século XX; • Frente Negra Brasileira: Organização política que buscava tornar-se uma articulação nacional a partir da ação de militantes negros paulistas pós-abolição; • Teatro Experimental do Negro - TEN: Projeto pedagógico que destacava a educação como forma de garantir a cidadania para o povo negro. A arte e o teatro eram instrumentos importantes de expressão cultural e política do TEN. • Movimento Negro Unificado: Na década de 70, foi criado o Movimento Negro Unificado, MNU, a partir da unificação de várias organizações negras. O MNU é, na atualidade, uma das principais entidades negras. • Movimento de Mulheres Negras: Destaca a importância da articulação entre raça e gênero na discussão sobre relações étnico-raciais na sociedade brasileira de modo geral e nos movimentos sociais em especial. Por fim, cabe destacar a importância do dia 20 de novembro como símbolo do da resistência negra contínua no Brasil. As entidades do movimento negro, surgidas a partir dos anos 70, denunciaram o grande equívoco de atribuir como data simbólica do povo negro o 13 de maio: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola "Um dos importantes papéis do movimento negro da atualidade foi denunciar que o 13 de maio como dia nacional de luta contra o racismo e a discriminação racial não deveria ser comemorado como uma data que enfatizava a suposta passividade do povo negro diante da ação do branco" (Munanga, 2006: 130). Ainda na década de 70, foi proposto pelo MNU o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, como uma homenagem a Zumbi dos Palmares. Essa data resgata e traz para a memória nacional o sentido político da resistência, luta e força dos negros e negras brasileiros. Reflexões sobre o tema • Reflita sobre o contraponto entre a visão historicamente presente nos livros didáticos de que os quilombos foram extintos com a existência de mais de 2500 comunidades quilombolas atualmente. • Analise com sua turma e com colegas professores/as sobre a importância do Movimento Negro na construção de ações e projetos para consolidar a educação anti-racista e do legado que esse movimento traz sobre a discussão racial no país. • Trabalhe a música "O mestre sala dos mares", inspirada na revolta da Chibata, e discuta os significados desse importante marco histórico: O Mestre Sala dos Mares (João Bosco/Aldir Blanc) (letra original sem censura) Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo marinheiro A quem a história não esqueceu Conhecido como o almirante negro Tinha a dignidade de um mestre sala E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por batalhões de mulatas Rubras cascatas jorravam das costas dos negros pelas pontas das chibatas Inundando o coração de toda tripulação Que a exemplo do marinheiro gritava então Glória aos piratas, às mulatas, às sereias Glória à farofa, à cachaça, às baleias Glória a todas as lutas inglórias Que através da nossa história Não esquecemos jamais Salve o almirante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais Mas faz muito tempo 75 76 Espaços de Resistência: Quilombos, irmandades, terreiros e outras estratégias de resistência do povo negro Referências ALMEIDA, Alfredo W. B. de. Os Quilombos e as Novas Etnias. In: O'Dwyer, Eliane Cantarino. Quilombos: Identidade Étnica e Territorialidade. Rio de Janeiro: FGV, 2002. ANJOS, José Carlos Gomes dos & SILVA, Sergio Baptista (org). São Miguel e Rincão dos Martimianos - ancestralidade negra e Direitos Territoriais. Porto Alegre: UFRGS/Fundação Palmares, 2004. ANJOS, Rafael Sanzio; CIPRIANO, André. Quilombolas. Tradições e cultura da resistência. São Paulo: Aori Comunicação, 2006. BARROS, José Flávio Pessoa de. A Fogueira de Xangô, o Orixá do Fogo - uma introdução à música sacro afro-brasileira. Rio de Janeiro: Palllas, 2005. GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil. São Paulo: UNESP: POLIS, 2005. HOORNAERT, E. Formação do Catolicismo Brasileiro (1550-1800). Petrópolis: Vozes, 1977. LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Rio de Janeiro: Forense Universitário, 1988. MOURA, Clovis. Rebeliões na Senzala. Quilombos, insurreições, gerrilhas. 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Belo História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Horizonte: Maza, 1995. SANTOS, Juana Elben dos. Os Nago e a morte. Petrópolis: Vozes, 1988, 5ª ed. SANTOS, Maria do Rosário Carvalho dos (org). O caminho das Matriarcas. São Paulo: Imprensa oficial, 2005. 77 78 O Negro no Brasil O Negro no Brasil Prof. Luiz Carlos dos Santos. Embora muitos tenham dificuldades em saber quem é negro no Brasil, mesmo quando se leva em consideração a classificação feita pelo IBGE, de que negro é a associação estatística de pretos e pardos, a polícia parece não ter dúvidas. E centenas de nomes ligados à cor da pele em registros estatístico, do mesmo IBGE, só evidencia que ser negro no Brasil é, antes de tudo, uma posição política. A História Oficial do Brasil destinou ao negro um espaço que começa e termina na escravidão e sobre a civilização negro-africana espalhou-se uma nuvem de esquecimento e exotismo que o senso comum reproduz em suas narrativas que situam as culturas africanas e indígenas como primitivas. Entretanto, a palavra falada, instrumento de comunicação privilegiado entre os africanos escravizados ou não e, ao mesmo tempo, sopro divino de humanidade, farse-á presente com o seu som e sentido históricos, mostrando que o retrato do saber não é o saber e que a História contada pode ser outra, como a poesia abaixo expressa. " Eu quero uma história nova Não este conto de fadas brancas e ordinárias Donas de nossas façanhas Eu quero um direito antigo Engavetado em discursos Contidos, paliativos (cheios de maçãs e pêras) Bordados de culpa e crimes. Eu quero de volta, de pronto As chaves dessas gavetas Dos arquivos trancafiados Onde jazem meus heróis Uma "nova" história velha Cheia de fadas beiçudas Fazendo auê, algazarras Com argolas nas orelhas, De cabelos pixaim Engasgando príncipes brancos Com talos de abacaxi." Fadas Negras Nordestinas, In . Caxingulê, de Lepê Correia A Presença Negra no Brasil A presença negra no Brasil vem sendo mostrada, em prosa e verso, desde os primeiros anos da colonização portuguesa. Muitos historiadores indicam o ano de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola 1532 como o marco de entrada dos primeiros negros que aqui chegaram na condição de escravos. Entretanto, cabe ressaltar que a história do negro começa muito antes no continente africano, onde uma civilização, organizada através da palavra falada, vem construindo, dentro uma rica diversidade cultural, a sua história. A compreensão da história do Brasil, nesses últimos 500 anos, não é possível se não conhecermos de forma mais profunda a presença negra na sua constituição. O modo de viver, pensar e trabalhar do brasileiro está completamente impregnado da matriz africana. Desde a língua, passando pela gestualidade e pela religiosidade, é muito difícil não se identificar a mão e a alma negras naquilo que denominamos cultura brasileira. Quando pensamos na comida típica brasileira, o que nos vem à cabeça? A música que todos nós brasileiros identificamos como nossa, seja cantarolando ou mexendo com o corpo, qual é? As nossas festas populares que pintam de várias cores todas as regiões brasileiras estão encharcadas das diversas culturas africanas, sequestradas ainda no seu berço civilizatório e para cá trazidas. Poderíamos listar dezenas de manifestações culturais com a marca negra no Brasil. No entanto, como explicar, 505 anos depois, a situação de exclusão física da população negra no país, onde ela representa cerca de 45,8%. A História do Brasil vem sendo contada, como é comum nas sociedades ocidentais, a perspectiva dos grupos sociais hegemônicos, ou seja, daqueles que detêm o poder político, geralmente conquistado pela força das armas e não pela sofisticação das idéias. Por isso mesmo, o lugar do índio e do negro, embora sejam essenciais na formação social brasileira, parece ainda não ter sido encontrado para a historiografia oficial, que optou pelo olhar eurocêntrico sobre as nossas matrizes civilizatórias. Por tudo isso, conhecer a história do negro no Brasil é reconhecer a necessidade de que a mesma seja contada, agora enxergando-o como sujeito e, portanto, igual. Para tanto, devemos nos convidar a uma empreitada nova, no sentido de abrir os nossos velhos livros de história e relê-los, buscando compreender os significados de suas capas e títulos que, na maioria das vezes, apresentam homens e mulheres em situação de trabalho escravo. Abolida a escravidão, a imagem negra simplesmente some dos manuais de história e se fixa de forma perversa no imaginário. A escolha das respostas indica apenas o resultado de uma primeira leitura do texto introdutório e não que a sua escolha, caso não coincida com a mais adequada, está absolutamente errada. Não devemos nos esquecer que, assim como os nossos alunos, nós mesmos fomos formados sob uma ótica voltada para valorizar o que não está em nós mas sim, o que vem de fora. Até porque essa era a forma dos colonizadores europeus estarem sempre presentes entre nós. O Negro no Brasil Colônia: Colonização do Brasil A colonização do Brasil foi uma obra política dos portugueses que levou até as últimas consequências a exploração do trabalho escravo, realizado por índios e, 79 80 O Negro no Brasil essencialmente, por negros, trazidos de várias regiões do continente africano e, portanto, donos de uma considerável diversidade cultural. As histórias do Brasil Colônia não se resumem, no entanto, às articulações políticas da coroa portuguesa, sempre preocupada em tirar o máximo proveito das terras recém achadas e das gentes que escravizou para realizar o seu objetivo. Por isso mesmo, é importante ressaltar que a aparente passividade dos escravizados não foi verdadeira. Foram muitas as formas de resistência à escravidão e elas, aliás, começavam ainda em terras africanas, tornavam-se dramáticas durante a travessia do atlântico e no continente americano tomaram as mais diversas formas. E a mais conhecida entre nós foram os quilombos, forma de organização já conhecida pelos negros ainda no continente africano. As narrativas da historiografia oficial apresentam um processo de colonização cujos os conflitos se limitam aos desarranjos entre os portugueses, dando pouco ou nenhum destaque à resistência negra ao trabalho escravo, dando a entender que a escravidão foi bem aceita/assimilada pelos africanos. As fugas de escravos e a posterior formação de quilombos foi uma constante desde os primórdios da colonização, ganhando maior destaque no século XVII, com o Quilombo de Palmares. Os quilombos eram espaços para onde os escravos, que não aceitavam a sua condição, fugiam e lutavam contra a escravidão. Os quilombos também eram chamados de mocambos e abrigavam também índios e brancos pobres e, pela maneira como se contrapunham à escravidão, foram vistos como propostas alternativas de sociedade. A pujança que alcançou o quilombo de Palmares durante quase um século de existência, obrigando a administração portuguesa a ter de negociar com ela, mostra a importância que esse instrumento de luta negra conquistou entre nós. O quilombo, segundo Clóvis Moura, "nasce no bojo do sistema escravista e expressa uma das suas contradições mais agudas e violentas. Do ponto de vista organizacional, a não ser naqueles grandes como Palmares e o de Campo Grande, em Minas Gerais, é muito simples. A sua liderança é exercida pelo elemento que se destaca durante a fuga e a sua organização. Quase nunca há uma complexidade maior na sua estrutura. Todos se defendem e atacam quando necessário, algumas vezes plantam uma agricultura de subsistência. Mas nas proximidades das cidades isso não acontece", explica. Seria ainda interessante acrescentar que, além de Palmares, existiram centenas de outros quilombos espalhados pelo Brasil e tal constatação é feita pelo recente levantamento do geógrafo Rafael Sanzio Araújo dos Anjos em seu livro Territórios das Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos no Brasil, Primeira configuração, publicado em 1999. Em sua pesquisa, Rafael Sanzio mapeou cerca de 840 comunidades remanescentes de antigos quilombos, 511 delas só na região nordeste. Esses números mostram que a passividade negra diante da escravidão é apenas fruto de uma história mal contada. E a maior confirmação disso é a presença histórica de Zumbi dos Palmares, comandando aquele que foi considerado o maior quilombo brasileiro e que resistiu durante quase cem anos aos ataques portugueses. Se as formas de luta coletiva contra a escravidão se deram por todo canto do Brasil, seja sob o nome de quilombos, mocambos ou ainda as irmandades religiosas História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola que organizavam compras de africanos escravizados para libertá-los; o banzo parece ter sido uma alternativa individual para uma fuga definitiva do cativeiro, através do suicídio. A escravidão, para os negros, resultou de uma forma ou de outra, na sua exclusão social, ainda hoje observada nas periferias e favelas dos grandes centros urbanos do país. Sabemos também que o negro participou ativamente nas lutas internas da colônia, que objetivavam acabar com o arrocho político administrativo imposto pela metrópole portuguesa ao longo de toda a colonização e até mesmo ajudou na expulsão de inimigos dos portugueses do nosso território, como foi o caso de Henrique Dias, entre muitos outros. As Manifestações Literárias e a Construção do Imaginário Brasileiro Sobre o Negro Durante quase duzentos anos, o Brasil colônia falou uma "língua geral", ou seja, a modalidade expressiva da massa de sua população era uma mistura das línguas indígenas, do português e de línguas africanas. Alguns portugueses,geralmente filhos de senhor de escravo, iam estudar na metrópole e de lá traziam as novidades literárias, com as quais procuravam mostrar como era a sociedade da época. Nesse tempo, a forma de expressão mais valorizada era a poesia, declamada nos salões ou em praça pública, de acordo com a sua natureza. A praça e o púlpito, conforme assinala Luiz Roncari, em seu livro Literatura Brasileira, são os espaços privilegiados para a poesia (satírica, lírica e religiosa) e os sermões, cujos conteúdos estavam sempre afinados com os acontecimentos cotidianos dos respectivos grupos sociais, refletiam também as expectativas dominantes Numa sociedade escravocrata, a literatura, na maioria das vezes, evidenciou e formulou os elementos iniciais do que viria a ser a prática preconceituosa e mesmo racista que ainda hoje, crassa entre nós, seja na forma de piadas ou ditados populares; e que a religião cristalizou pelas crenças populares, ou através de sermões, como fez Vieira, pregando aos negros em um engenho da Bahia. Segundo afirma Jacob Gorender, em seu livro Brasil em preto e branco, o jesuíta deu a mais alta qualificação humana aos negros, comparando os sofrimentos deles aos de Jesus. Logo em seguida, porém disse-lhes que a migração forçada da África ao Brasil decorria de um desígnio da Providência Divina, que, dessa maneira, os conduzia pelo caminho da salvação de suas almas. Somente assim se livrariam os negros das crenças pagãs e far-se-iam cristãos, acrescentou. A carta de Caminha descrevia ao rei de Portugal como eram a terra descoberta e suas gentes, o encontro entre portugueses e nativos, no século XVI. E os jesuítas se empenhavam em defender os índios, fosse livrando-os da escravidão, fosse procurando dominar-lhes a língua, para submetê-los no campo da cultura, elaborando uma gramática tupi, como fez Anchieta; os poemas satíricos de Gregório de Matos e muitos dos atribuídos a ele, expressaram máximas, que até hoje povoam o imaginário do senso comum racista brasileiro, reforçando estereótipos com relação aos negros e mulatos, já no século XVII. A literatura dessa época tinha, na palavra falada, a sua fonte de expressão primeira e, por isso mesmo, ganhava os contornos dados pelo seu usuário. 81 82 O Negro no Brasil Como podemos observar na poesia abaixo: À negra Margarida, que acariciava um mulato Carina, que acariciais Aquele senhor José Ontem tanga de guiné Hoje Senhor de Cascais: Vós, e outras catingas mais, Outros cães, e outras cadelas Amais tanto as parentelas, Que imagina o vosso amor, Que em chamando ao cão Senhor Lhe dourais suas mazelas. Longe vá o mau agouro; Tirai-vos desse furor Que o negro não toma cor, E menos tomará ouro: Quem nasceu de negro couro, Sempre a pintura o respeita Tanto, que nunca o enfeita De outra cor, pois fora aborto, É como quem nasceu torto, Que tarde ou nunca endireita. A nem um cão chamais tal, Senhor ao cão? isso não: Que o senhor é perfeição, E o cão perro neutral: Do dilúvio universal A esta parte, que é Desde o tempo de Noé, Gerou Cão filhou maldito Negros de Guiné, e Egito, Que os brancos gerou Jafé. Gerou o maldito Cão Não só negros negregados, Mas como amaldiçoados Sujeitos à escravidão Ficou todo o canzarrão Sujeito a ser nosso servo Por maldito, e por protervo; E o forro, que inchar se quer, Não pode deixar de ser De nossos cativos nervo. (.......................................) (In. Literatura Brasileira - dos primeiros cronistas aos últimos românticos, de Luiz Roncari) História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Religiosidade e Sincretismo Vamos ler e cantar a poesia musicada que nos informa sobre o tema do capítulo. "Quando Bob Dylan se tornou cristão fez um disco de reggae por compensação abandonava o povo de Israel e a ele retornava pela contra-mão Quando os povos da África chegaram aqui Não tinham liberdade de religião Adotaram o Senhor do Bonfim Tanto resistência quanto rendição. Quando hoje alguns preferem condenar o sincretismo e a miscigenação Parecem que o fazem por ignorar os modos caprichosos da paixão Paixão que habita o coração da natureza mãe E que desloca a história em suas mutações que explica o fato de Branca de Neve amar não a um, mas a todos os sete anões eu cá me ponho a meditar pela mania da compreensão ainda hoje andei tentando decifrar algo que li, estava escrito numa pichação que agora resolvi cantar neste samba em forma de refrão Bob Marley morreu Porque além de negro era judeu Michael Jackson ainda resiste Porque além de branco ficou triste." ( De Bob Dylan a Bob Marley. Samba Provocação, Gilberto Gil) Ao resultado do casamento das religiões de origem africana com o catolicismo damos o nome de sincretismo, forma de sobrevivência religiosa que os negros encontraram para manter, durante todo o período escravista, os seus deuses escondidos por trás dos santos católicos. O candomblé, a umbanda, a macumba e a quimbanda são religiões afro-brasileiras que, diferentemente, são marcadas por uma forte relação com a natureza ou incorporam grupos sociais às suas representações religiosas, ou ainda são uma reinterpretação da visão do mundo católica, que se expressa através da incorporação. Em As Religiões africanas no Brasil, Roger Bastide escreve que "os negros introduzidos no Brasil pertenciam a civilizações diferentes e provinham das mais variadas regiões da África. Porém, suas religiões, quaisquer que fossem, estavam ligadas a certas formas de família ou organização clânica, a meios biogeográficos especiais, florestas tropicais ou savana, a estruturas aldeãs e comunitárias." No entanto, ao chegar ao Brasil, submetidos a uma organização social, baseada no 83 84 O Negro no Brasil trabalho escravo e patriarcal, e impedidos de praticarem suas crenças, os negros terão que reinventá-las, adequando-as à nova realidade. O candomblé, derivado dos povos ioruba, se organiza dentro de um terreiro; seu centro religioso é liderado por sacerdotisas, chamadas de mães de santo de sacerdotes, ou pais de santo. Os filhos de santo adoram um panteão de orixás, de acordo com um ciclo anual, semelhante à liturgia da igreja católica. Cada orixá do candomblé representa um elemento da natureza e possue uma cor e comida preferidas. Oxum, a deusa da beleza, veste amarelo, e Iemanjá, a rainha do mar, veste azul e branco. Nas cerimônias religiosas, os filhos de santos usam as cores de seus orixás. As comidas são colocadas diante do altar antes do início dos cânticos e danças, realizados a partir do toque dos tambores sagrados. A sintonia entre o orixá e o filho de santo é o que permite a incorporação, um dos momentos mais importantes do candomblé. A umbanda , que se desenvolve no Brasil a partir de 1920, apresenta elementos das religiões africanas, dos ritos e das crenças indígenas, do espiritismo e do cristianismo é, com certeza, praticada nas áreas urbanas da região sul e sudeste. O candomblé de caboclo, Xangô (nordeste), preto minas (sul) e batuque (norte). O papel da mulher nas religiões afro-brasileiras é fundamental e majoritário. Algumas sacerdotisas como Mãe Menininha do Gantoais, Mãe Stela e Mãe Hilda são muito respeitadas, além de conhecidas, em boa parte do país. É importante salientar que a palavra falada que circula nos espaços sagrados africanos e afrobrasileiros tem uma força vital e, por isso mesmo, está impregnada de Axé. O trabalho negro, fazendo arte e construindo o Brasil Vamos ler mais uma canção: O branco inventou que o negro Quando não suja na entrada, vai sujar na saída, ê Imagina só Vai sujar na saída, ê Que mentira danada, ê Na verdade a mão escrava Passava a vida limpando O que o branco sujava, ê Imagina só O que o branco sujava, ê Imagina só O que o negro penava, ê Mesmo depois de abolida a escravidão Negra é a mão De quem faz a limpeza História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Lavando a roupa encardida, esfregando o chão Negra é a mão É a mão da pureza Negra é a vida consumida ao pé do fogão Negra é a mão Nos preparando a mesa Limpando as manchas do mundo com água e sabão Negra é a mão de imaculada nobreza Na verdade a mão escrava Passava a vida limpando O que o branco sujava, ê Imagina só Eta branco sujão (A mão da limpeza, Gilberto Gil, 1984) A idéia que temos de trabalho escravo está associada apenas à agricultura como a única forma de uso das mãos em uma atividade produtiva. Junto com essa idéia, vem o desprezo por esse tipo de trabalho, como se fosse uma atividade menor. Por isso, cabe assinalar que foi o trabalho escravo a base fundante da sociedade brasileira, responsável também por um modo de pensar, o que significa dizer que as relações sociais foram impregnadas pelo modo como a sociedade produzia os seus bens, no caso, através do trabalho escravo. Tal situação fez com que os negros escravizados criassem um sistema de estratificação em que eles se distribuíam de acordo com as especificidades de seu trabalho que, precariamente, foi esquematizado assim por Clóvis Moura: A - Escravos do eito e de atividades extrativas. 1. Na agropecuária; 2. Em atividades extrativas (congonha,borracha, algodão, fumo, etc); 3. Na agro-indústria dos engenhos de açúcar e suas atividades auxiliares; 4. Nos trabalhos das fazendas café e algodão diretamente ligados à produção agrícola; 5. Escravos na pecuária. B - Escravos na mineração. a - O Escravo doméstico - O Escravo doméstico urbano poderá ser dividido em: 1. Escravos ourives; 2. Escravos ferreiros; 3. Escravos mestres de oficinas; 4. Escravos pedreiros; 5. Escravos taverneiros; 6. Escravos carpinteiros; 7. Escravos barbeiros;8. Escravos calafates; 9. Escravas parteiras; 10. Escravos correios; 11. Escravos carregadores em geral. b - O Escravo do eito e das atividades afins são - 1. Os Escravos trabalhadores nas minas de ouro; 2. Escravos extratores de diamantes. c - Escravos domésticos nas cidades ou nas casas-grandes. 1. Escravos carregadores de liteiras; 2. Escravos caçadores; 3. mucamas; 4. Escravas amas-deleite; 5. Escravas cozinheiras; 6. Escravos cocheiros. 85 86 O Negro no Brasil d - Escravos de ganho nas cidades. 1. Escravos barbeiros; 2. Escravos "médicos"; 3. Escravos vendedores ambulantes; 4. Escravos carregadores de piano, pipas e outros objetos; 5. escravos músicos; escravas prostitutas de ganho; 7. escravos mendigos de ganho. e - Outros tipos de escravos. 1. Escravos dos cantos ( de ganho); Escravos soldados; 3. Escravos do Estado; 4. Escravos de conventos e igrejas; 5. Escravos reprodutores. A especialização do trabalho escravo, apresentada acima, embora servisse ao conjunto do sociedade, não era suficiente para se pensar em uma mobilidade social dos negros que não fosse aquela permitida no interior da própria escravidão. Entretanto, demonstra o quanto foi fundamental a presença e o trabalho negros na formação brasileira, muito embora se tente, nos dias que correm, associar, de maneira racista, o trabalho de negro com tarefa mal feita, ou ainda associar o próprio negro com o estereótipo de preguiçoso e vagabundo, ou seja, uma raça que não gosta de trabalhar, embora o tenha feito por quase 400 anos. É importante destacar que o grande contingente de trabalhadores negros durante a escravidão estava nas plantações de cana-de-açúcar, algodão e café e que, com os seus pares da cidade, formavam a parcela escrava que continuamente se rebelava contra a escravidão, atitude pouco comum aos escravos que circulavam pela casa grande, mais propensos a aceitarem a ideologia dominante. Se tal divisão do trabalho nos faz pensar por quê, com o domínio tão grande das atividades laboriosas da sociedade, o negro não se emancipa, a resposta está no violento controle exercido pelas autoridades metropolitanas e, posteriormente, pelo estado escravista, que não se limitava a comandar pequenas expedições chefiadas por capitães do mato em busca de negros fugidos e aquilombados. Existia também um eficiente mecanismo de repressão que, através de esquema oficial e extra-oficial de aprisionamento e devolução de escravos, procurava garantir a "paz" nas senzalas. Um Brasil Independente e Escravocrata O comércio de africanos e o trabalho foram fundamentais para a acumulação de capital na Europa. Sabe-se hoje que os comerciantes de escravos tinham um lucro fabuloso que, somados às transformações econômicas e sociais pelas quais passaram países como Inglaterra e França, possibilitaram o surgimento de uma nova classe social, a burguesia, que vai revolucionar as relações sociais de produção, apoiada em ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Metrópoles escravocratas, outrora comerciantes de escravos africanos, vão agora repensar as suas atividades econômicas, contextualizando-as em um processo revolucionário. Os mazombos, filhos de portugueses nascidos no Brasil, ao voltar de seus estudos na Europa, procuravam adequar as teorias revolucionárias à situação da colônia que, com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, passa a ser violentamente controlada por Portugal, fiel à sua filosofia de que era a quantidade de ouro e prata que História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola determinava a riqueza de um país. Os movimentos emancipatórios que floresceram na segunda metade do século XVIII no Brasil, apesar das idéias "amalucadas", inspiradas na revolução francesa, não incluíam a escravidão. Eram os portugueses de segunda categoria, querendo igualdade com os de primeira, os reinóis. Entretanto, em 1798, em Salvador, foi deflagrada a revolução dos alfaiates, inspirada nos ideais da revolução francesa e haitiana, que pretendia proclamar a república e abolir a escravidão. Seus integrantes eram majoritariamente negros e tinham na liderança os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos que, juntamente com Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, foram esquartejados em praça pública, quando o movimento foi desmantelado. Se a escravidão já caracterizava o início de uma política expansionista européia em nome de Deus e da economia, as transformações burguesas desse período obrigará a metrópole portuguesa a tomar decisões que mudarão a sua relação política com o Brasil e que desaguarão na sua independência. Para o negro, tais mudanças foram pouco significativas. Uma vez que a sua condição de vida permaneceu basicamente a mesma, ainda que o Império fosse pressionado pela conjuntura internacional e pelas pressões internas desencadeadas por uma militância negra, mestiça e de brancos simpáticos à causa da liberdade, combatendo a escravidão nos tribunais e nas letras, como foram os casos de Luiz Gama, André Rebouças, José do Patrocínio, entre outros. A chegada do século XIX trouxe não só a família real para o Brasil e a Independência formal do país, mas também o romantismo e, com ele, o surgimento de uma imprensa e a formação precária de um público leitor, estímulo maior para quem escreve e para a expansão do conhecimento, instigando assim a formação de uma identidade nacional, ainda que centrada na Europa. É neste contexto que a literatura brasileira se constitui, idealizada nas características do novo estilo e, ao mesmo tempo, produzindo poetas, como Castro Alves e Cruz e Souza, profundamente ligados às questões da liberdade negra. Também dessa época nomes como Gonçalves Dias e Machado de Assis, escritores mestiços/pardos (conforme a nomenclatura atual do IBGE), sendo que primeiro, em seus escritos, se ocupou de forjar a identidade indígena, e o segundo pouco se ocupou da situação negra, tendo escrito apenas uma poesia, "Sabrina," sobre uma escrava que se apaixona e é enganada por um sinhozinho, e feito pouco menos de dez crônicas (Bons Dias), abordando o contexto pré abolicionista e pós, ressaltando as poucas ou quase nenhuma mudanças na vida daqueles que deveriam se beneficiar com o fim da escravidão. Um nome a ser destacado nesse período é de Luiz Gama, um dos primeiros poetas negros a assumir a sua identidade e a proclamá-la em prosa e verso, comportamento raro de se encontrar. Em "Quem sou eu", Gama satiriza a sociedade brasileira da época; é também um dos primeiros a elogiar a mulher negra em suas poesias: 87 88 O Negro no Brasil "(........................................) Eu bem sei que sou qual Grilo, De maçante e mau estilo; E que os homens poderosos D`esta arenga receosos Hão de chamar-me - tarelo, Bode, negro, Mongibelo; Porém eu que não me abalo, Vou tangendo o meu badalo Com repique impertinente, Pondo a trote muita gente. Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode? Bodes há de toda a casta, Pois que a espécie é muito vasta... Há cinzentos, há rajados, Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos, E, sejamos todos francos, Uns plebeus, e outros nobres, Bodes sábios, importantes, E também alguns tratantes... (.............................................) Para que tanto capricho? Haja paz, ha alegria, Folgue e brinque a bodaria; Cesse, pois, matinada, Porque tudo é bodarrada!" (Quem sou eu. In. Primeiras Trovas Burlescas, Luiz Gama. Org. por Ligia F.Ferreira) É dele também a afirmação de que "todo escravo que mata o seu senhor, está agindo em legítima defesa". É interessante notar que o pai de Gama, um senhor de escravos, o dá como pagamento de dívida, a um outro senhor. Sua mãe, a escrava Luiza Mahin foi um dos nomes mais importantes da revolta male, ocorrida na Bahia. Embora tenha sido um dos mais brilhantes militantes da causa negra no século XIX, defendendo e ganhando a liberdade de mais de mil negros, Luiz Gama, Orfeu de Carapinha, morre em 1882, com 52 anos de idade. Seu enterro foi um dos acontecimentos mais importantes da cidade de São Paulo, sendo acompanhado por figuras ilustres como advogados, lentes, jornalistas, magistrados e por cerca de 3 mil pessoas, das 40 mil que habitavam a São Paulo da época. Os jornais noticiaram o acontecimento durante semanas. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Um pouco antes de tudo isso, em 1835, acontece na Bahia o levante dos malês, objetivando a tomada do poder pelos negros muçulmanos. No entanto, presume-se que a delação de um dos integrantes precipitou os acontecimentos. Diz a história que ," na madrugada de 25 de janeiro de 1835, dia de Nossa Senhora da Guia, um grupo de escravos muçulmanos traçava os últimos planos de uma rebelião que eclodiria ao amanhecer. A ocasião era propícia, pois, com o grosso da população voltada para as celebrações católicas, a cidade estaria vulnerável. E o momento tornava-se ainda mais oportuno porque, para os muçulmanos, estava-se no fim dos mês do Ramadã, o mês sagrado islâmico, e próximo à festa do Lailat-al-Qadr, a "Noite do Poder", que o encerra, conforme nos informa Nei Lopes em sua Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. Foram dezenas de mortos e a repressão oficial, de olho no que acontecera no Haiti, puniu os participantes com a pena de morte, degredo e açoitamento, dispersando definitivamente o Islam Negro, do Brasil. Os Negros que Escrevem Durante a Escravidão: do Amor à Liberdade, Construindo a Identidade Da palavra falada em língua geral à escrita negra em papel branco. É sempre bom reafirmar, conforme nos ensina Eni P. Orlandi, que "Ler é saber que o sentido pode ser outro". E é o resgatar desse sentido, muitas vezes falado e tantas outras escrito, que procuramos fazer. Se até a primeira metade do século XVIII, falava-se na colônia uma mistura de tupi, português, banto e iorubá, conhecida como língua geral, a descoberta do ouro e a necessidade de controle total da colônia fizeram com que Portugal tornasse obrigatório o uso da língua portuguesa em todo o território brasileiro, principalmente na região das Minas Gerais. Os que escreviam na colônia representavam o poder europeu e, por conseguinte, estavam distantes dos interesses dos negros escravizados, e muito próximos da visão que associa uma sociedade não letrada a uma sociedade sem história. Portanto, propensa a ter a sua história reescrita pelos colonizadores. Por outro lado, como os diversos povos africanos, aqueles que para cá foram trazidos tinham tradições orais que informavam e garantiam as práticas culturais que até hoje povoam o imaginário popular brasileiro, de norte a sul, com histórias sobre o saci pererê nas fazendas, os maracatus, as folias de reis, os bois bumbás etc. A partir da segunda metade do século XVIII, alguns mulatos, timidamente, começam a expressar, por escrito, a sua presença no meio social: Caldas Barbosa é um deles. Cruz e Souza, Machado de Assis e muitos outros que seguirão o caminho das letras, levarão algum tempo para expressar com tranqüilidade e orgulho o ser negro no Brasil, posição, aliás, bastante corajosa, que começará a aparecer com Luiz Gama, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Abdias do Nascimento e Oswaldo de Camargo, já na transição e ao longo do século vinte, contagiando uma nova geração de poetas e escritores, dos quais Edimilson, Cuti, Ele Semóg, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Lepê Correia e muito outros já expressam, sem nenhuma dúvida, o ser negro no Brasil pela da literatura. 89 90 O Negro no Brasil Já as formas estéticas negras, por se relacionarem a uma forma de comunicação predominantemente oral, só podem ser percebidas em toda a sua plenitude e riqueza próprias, se inseridas no contexto e nas relações de comunicação para quais foram produzidas e criadas, conforme afirmam Helena Teodora, José Jorge e Beatriz Nascimento, no livro Negro e Cultura no Brasil. Ainda, segundo os autores, a participação do negro nas artes brasileiras pode ser vista de dois ângulos, aquela feita por negros em bases de criação branca, européia e hegemônica, e a feita por negros tendo como base a criação negro-africana. Mestre Didi e Rubens Valentim, entre outros nomes, são figuras importantes em nossas artes plásticas e refletem tais tendências. Artistas como Picasso, Braque, Cezzane, Calder e tantos outros foram fortemente influenciados pela arte negra e nela se inspiraram para criar movimentos artísticos que caracterizaram a vanguarda européia, tais como o cubismo, o fovismo, o dadaísmo e o expressionismo. E, como sempre acontece nesses casos, muitos artistas brasileiros entraram em contato com a arte negra via Europa. Da abolição aos nossos dias. A liberdade que exclui. Embranquecendo. É comum ouvir-se dos militantes dos movimentos negros que a "princesa Isabel assinou a lei Áurea, mas se esqueceu de assinar a carteira de trabalho". A ironia presente nesta afirmação, juntamente com o seu conteúdo explícito, é a mais cruel das realidades pós-abolição. Se ainda nos lembramos da variedade de trabalho exercida pelos negros durante a escravidão, podemos nos perguntar por que então a mão-de-obra negra será preterida em função do trabalho dos imigrantes que aportam no país, no momento em que uma massa escrava era liberta, mas não integrada à nova realidade econômica. Mesmo se considerarmos os fatores conjunturais externos (excesso de mão de obra na Europa) e os internos, que fizeram o estado brasileiro estimular a entrada de trabalhadores europeus, portanto, brancos, enquanto os ex-escravos eram abandonados à sua própria sorte. Fica muito difícil não enxergamos nessa medida uma atitude política deliberada para embranquecer o país e assim fugir dos estigmas formulados pela ciência da época, cujas teorias apontavam a inferioridade negra para, mais uma vez, saquear as riquezas do continente africano, agora justificado por teorias eugênicas e pela antropometria que habilitava os negros apenas à práticas sociais físicas. Há notícias de que, na década de 1920, um grupo de agricultores negros estadunidenses comprou um pedaço de terra na amazônia brasileira, mas quando o governo brasileiro soube qual era a sua cor, os impediu de entrar no país e devolveu o dinheiro da compra. Entretanto, para os imigrantes europeus as terras era dadas e a sua entrada no país, estimulada. É a esse comportamento, complementado por alguns outros, que chamamos de política de embranquecimento da população brasileira. A liberdade advinda com a abolição, além de excluir, possibilitava a agora república tornar seu sonho eurocêntrico numa realidade, empurrando para as periferias dos grandes centros a massa negra desempregada. Junto com essa política, um outro processo deu início ao branqueamento das personalidades nacionais, cuja a descendência negra era evidente, clareando fotos e ilustrações de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola personagens mestiços e mulatos que, com o tempo e algum esforço editorial, passaram a ser brancos: Machado de Assis é um bom exemplo. Quando nada disso resolvia, a alternativa era tornar alguns negros ilustres em invisíveis, dinâmica que até hoje caracteriza os meios de comunicação, os espaços acadêmicos e algumas atividades profissionais. Leia atenciosamente os versos da música abaixo: " Sim sou negro de cor Meu irmão de minha cor O que te peço é luta sim Luta mais que a luta está no fim Cada negro que for Mais um negro virá Para lutar com sangue ou não Com uma canção Também se luta, irmão Ouvi minha voz Luta por nós Luta negra demais É lutar pela paz Luta negra de mais Para sermos iguais". Tributo a Martin Luther King, de Wilson Simonal e Ronaldo Boscoli Movimentos Negros após a Abolição O lugar do negro: a favela, a escola de samba, o futebol Desde os primeiros quilombos formados pelas levas de africanos que aqui chegaram na condição de escravos, os negros não pararam de lutar e resistir contra a escravidão. De um jeito ou de outro, as organizações negras (como as irmandades) foram espaços de preservação e sociabilidade para esses grupos. A participação política no pós - abolição Com a abolição, uma nova realidade se apresentou ao negro, que passou, então, a procurar formas mais efetivas de organização que não só o preservasse em grupo, mas também o representasse nas suas reivindicações e lhe desse maior visibilidade social. A imprensa negra começou a sua atividade na década de 1920, dando notícias sociais sobre a comunidade. Nomes de jornais como Menelik, Alfinete e Clarim da Alvorada fazem parte da história do negro no Brasil. Outra organização importante foi a Frente Negra Brasileira. Fundada em 1931, possuía uma rígida organização de funcionamento, e cerca de 400 de seus membros andavam uniformizados e gozavam de um certo prestígio junto às autoridades e à população em geral, pois acreditavam que os componentes da Frente Negra eram 91 92 O Negro no Brasil pessoas de bem. Inicialmente estruturada em São Paulo, teve vários núcleos em outros estados como Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul. Como ideologia, sustentavam que a educação era o caminho para a vitória dos negros. Com o Estado Novo, a Frente Negra foi desagregada. Em 1954 surge a Associação Cultura do Negro, que reuniu nomes como Solano Trindade, Abdias do Nascimento e Fernando Góis. Apesar de ter uma proposta de aglutinar vários segmentos culturais do país, tinha também a preocupação de construir uma ideologia para o negro brasileiro. Alguns intelectuais como Florestan Fernandes, Sérgio Milliet e Carlos Burlemarqui participaram de conferências, congregando inicialmente negros de vários status. Em função de suas lutas ideológicas, a ACN perderá a unidade política, a sede e os seus principais nomes, ficando reduzida a uma entidade filantrópica e assistencial, agora com sede na Casa Verde, após ter sido despejada da sua antiga sede na rua 13 de maio. As escolas de samba também foram e são consideradas importantes centros que congregam negros, permitindo aos mesmos um espaço de sociabilidade e interação cultural. Foram originalmente reprimidas pelo estado e, posteriormente, promovidas à agremiação fundamental da folia de carnaval. Geralmente eram originárias de times de futebol, atividade esportiva anteriormente impedida aos negros. Dos anos 60 aos anos 70, a luta dos negros norte-americanos pelos direitos civis, as guerras de libertação dos países africanos colonizados e o fechamento político da sociedade brasileira imposto pela ditadura militar, a partir do golpe de 1964, espalhou a militância negra organizada pelos movimentos sociais de resistência e luta contra a ditadura. Nas brechas que surgiam, aqui e ali, eram formadas organizações culturais, como Sinba (Sociedade de Intercâmbio Brasil-África), no Rio de Janeiro, no início da década de 1970. Jornais como Árvore das Palavras circulam em São Paulo e Rio, o Jornal Versus abre um espaço para os negros, o MNU se consolida como entidade negra nacional e, depois de muita discussão, é criado o Dia da Consciência Negra, dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, herói negro transformado em referência nacional para as organizações negras espalhadas pelo país. Com o centenário da abolição, em 1988, o Brasil já possui um leque de organizações sociais preocupadas com a luta da população negra. Na USP, um grupo de funcionários e professores da universidade fundaram o Núcleo de Consciência Negra, que empreenderá uma luta por cotas na universidade e reparações para o povo Negro, isto nos anos de 1993/94. As mulheres negras também estão organizadas no Geledés, São Paulo; no Rio, o IPCN - Institutos de Pesquisa das Culturas Negras desenvolve suas atividades e o Cecun, no Espírito Santo; são algumas das organizações negras que continuam na luta contra o racismo e pela melhoria da qualidade de vida dos negros brasileiros. Um pouco antes de tudo isso, sambistas como Paulinho da Viola, Candeia e Martinho da Vila, desencantados com o rumo que as escolas de samba começaram a tomar, criaram a escola de samba Quilombos, para resistir à onda de descaracterização imposta às agremiações populares. O soul invade e contagia os bailes negros dos subúrbios cariocas na década de 1970, mas o samba continua resistindo. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola O Brasil e o Negro Apesar da força dos nossos poetas cantores, dos nossos artistas, da presença negra no futebol, na literatura e de termos também o maior geógrafo do mundo, a invisibilidade da população negra continua, hoje menos, mas continua. Não a invisibilidade no sentido real da palavra, mas aquela pusilânime e cínica que só os faz visíveis em datas e situações oportunas. Algumas caras negras começam a aparecer em peças publicitárias e outdoors dos grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte. Alguns jornais noticiam que já existe uma classe média negra com renda até R$ 3.000,00. As cotas, apesar da resistência dos antigos aliados da causa negra, já são uma realidade em diversas universidades públicas e o embranquecimento, tão caro a negros e brancos, parece não passar de falácia, já que, segundo o IBGE, no Brasil, 88% dos casamentos se dão entre pessoas da mesma raça, ou seja, branco casa com branca, negro casa com negra e pardo casa com parda. Apenas 12% da população brasileira pratica as uniões interétnicas. Qual é a cara do brasileiro? Se quisermos responder a essa pergunta observando os meios de comunicação de massa, nos surpreenderemos com o resultado. As imagens que povoam os outdoors das principais capitais, as capas de revistas nas bancas de jornais e os elencos da dramaturgia nacional (TV, cinema e teatro) são espetacularmente brancas, precisamente loiras, o novo ícone produzido a partir da mulata e da sua imagem erotizada. É na música e no futebol que normalmente encontramos a presença negra de forma mais destacada, muito embora tal evidência não signifique ausência de preconceito racial. Muito pelo contrário, as manifestações racistas estão ficando cada vez mais comuns entre as torcidas, bem como em campo, conforme têm noticiado os jornais e revistas, semanalmente. Apesar de o racismo ser, legalmente, crime inafiançável no Brasil, uma das maiores dificuldades é flagrar o racista, uma vez que aqui ninguém é racista, mas todo mundo conhece um, logo... O Negro no Brasil tem um longo caminho na conquista da chamada cidadania, aliás, pouco conhecida pela maioria da população. Tal situação, muitas vezes, sugere que a questão do negro e da discriminação que ele sofre é de natureza social e não racial. Muita folha de papel já foi usada na tentativa de convencer parcela significativa da população negra brasileira que o preconceito racial acaba quando se conquista a igualdade social e/ou econômica, já que o problema racial, entre nós, não existe, apenas as diferenças de classe. Entretanto, além dos argumentos conhecidos, apresentamos outros mais recentes, como, por exemplo, os freqüentes incidentes em campo de futebol no Brasil, em que jogadores negros são chamados de "macacos" e, o que é pior, apesar do testemunho de milhões de brasileiros de um ato discriminatório contra um jogador de futebol, em São Paulo, recentemente, A lei CAÓ, de autoria do exdeputado e jornalista, Carlos Alberto Oliveira, que torna o crime de racismo inafiançável, apesar do espetacular episódio, foi novamente descumprida. O agressor pagou a fiança e seguiu seu destino racista, ainda muito abalado com o que tinha provocado. 93 94 Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar Edileuza Penha de Souza & Bárbara Oliveira Souza Medo no ar! Em cada esquina sentinelas vigilantes incendeiam olhares em cada casa se substituem apressadamente os fechos velhos das portas e em cada consciência fervilha o temor de se ouvir a si mesma A historia está a ser contada de novo Medo no ar! Acontece que eu homem humilde ainda mais humilde na pele negra me regresso África para mim com os olhos secos. Agostinho Neto - Consciencialização - (Sagrada esperança) A escola tem um papel fundamental na formação de cidadãos capazes de conviver e dialogar com a diversidade cultural e histórica do Brasil, além de promover a maior identificação dos/as estudantes com os conteúdos e práticas ensinados na escola. São fatores que influenciam diretamente no interesse pelo aprender e na auto-estima dos estudantes. Portanto, à escola cabe o papel de reconhecer que tanto as pessoas que a compõem como as que integram a sociedade brasileira apresentam aspectos que as diferenciam: têm especificidades de gênero, raça/etnia, religião, orientação sexual, valores e outras diferenças definidas a partir de suas histórias pessoais. Essas diferenças tão presentes na construção identitária das pessoas e de suas realidades são, muitas vezes, motores de relações desiguais. Há vários exemplos, em nossa sociedade, de diferenças que fomentam desigualdades. Pensemos, por exemplo, em como a religião católica é tratada nos meios de comunicação e em espaços públicos como hospitais e escolas. Agora reflita sobre como as religiões afrobrasileiras, tal qual o candomblé, são tratadas nesses mesmos espaços. As diferenças de religiosidades geram uma relação na prática que é desigual. A constituição garante a liberdade de crença e religiosa e as instituições devem promover o respeito entre os praticantes de diferentes religiões, além de preservar o direito de alguns não terem uma prática religiosa. No entanto, é mais comum encontrarmos no cotidiano, crianças e adolescentes exibindo com orgulho para seus História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola educadores os símbolos de sua primeira comunhão, enquanto famílias que cultuam religiões de matriz africana são discriminadas por suas identidades religiosas. O estereótipo1 funciona como um carimbo que define antecipadamente quem são e como são as pessoas, alimentando os preconceitos. Dessa forma, o etnocentrismo2 se aproxima, também, do preconceito, que pode ser pensado como algo que vem antes (pré) do conhecimento (conceito). Ou seja, antes de conhecer já defino "o lugar" daquela pessoa ou grupo. Em nossa sociedade existem práticas, tradições e histórias que sofrem um profundo preconceito dos setores hegemônicos, ou seja, aqueles que se aproximam daquilo que é considerado como "correto" por parte daqueles que detêm o poder. Assim, os cultos afro-brasileiros iriam contra as "normais e naturais" religiões cristãs. O preconceito relativo às práticas religiosas afro-brasileiras está profundamente arraigado na sociedade brasileira por estas estarem associados a um grupo historicamente estigmatizado e excluído, os negros. Vale lembrar que espaços de resistência afro-brasileira, como o samba, a capoeira e os quilombos foram, durante décadas, proibidos e perseguidos pela polícia e que ainda possuem estigmas. Se estereótipo e preconceito estão no campo das idéias, discriminação é uma atitude. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar acesso, de negar humanidade. Nesta perspectiva, a omissão, a invisibilidade também se constitui como discriminação. A ausência de negros e negras ou a exposição como inferiores em livros didáticos, filmes, cartazes e outros recursos utilizados na escola reforça a estigmatização da população negra e dos/as estudantes negros. Por outro lado, há um reforço na construção do imaginário acerca da superioridade branca. A meta deve ser o respeito aos valores culturais e aos indivíduos de diferentes grupos, o reconhecimento destes valores e a convivência. A convivência com a diversidade implica experimentar o respeito à diferença. Estes são passos essenciais para a promoção da igualdade de direitos. O conceito de estereótipo consiste na generalização e atribuição de valor (na maioria das vezes negativo) a algumas características de um grupo, reduzindo-o a estas características e definindo os "lugares de poder" a serem ocupados. É uma generalização de características subjetivas para um determinado grupo, no caso dos estereótipos negativos, impondo-lhes o lugar de inferior, o lugar de incapaz. Desconstruir o estigma da desigualdade atribuído às diferenças é tarefa de todas as pessoas e o espaço da escola é particularmente importante neste processo. A escola, por sua intencionalidade, sua obrigatoriedade legal, por abrigar diversidades, 1 Estereótipo: O estereótipo é uma generalização sobre um grupo de pessoas que compartilha de certas qualidades características (ou estereotípicas) e habilidades. É utilizado em sentido depreciativo e negativo, considerando-se que os estereotipos são crenças ilógicas que podem ser modificadas com uma prática educativa adequada. 2 Etnocentrismo: O Etnocentrismo se caracteriza pela idéia de que a própria cultura possui maior valor dentre as demais. Esta concepção consiste en julgar a própria cultura como a melhor, a mais natural e humana. É, portanto, uma posição intransigente em relação aos valores e normas que caracterizam diferentes culturas. É uma postura que acaba por se caracterizar como segregacionista, uma vez que menospreza o valor dos individuos que pertencem a outras culturas. 95 96 Preconceito, estereotipo e discriminação no espaço escolar torna-se responsável junto com seus/as estudantes, familiares, comunidade, organizações governamentais e não governamentais por construir caminhos para a eliminação de preconceitos e de práticas discriminatórias. É no ambiente escolar que crianças e jovens podem se dar conta que somos todos diferentes e que a diferença não deve pautar a construção de relações desiguais. E mais: é nesse espaço que eles podem se dar conta de que podem ser, junto com os professores/as, os promotores da transformação do Brasil num país onde haja direitos iguais e respeito à diferença. Referências BENTO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco. São Paulo: Ática, 1999. BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana. LIMA, Maria Nazaré Mota de (org). Escola Plural - a diversidade está na sala de aula. Salvador: Cortez - Unicef - Ceafro, 2006. MUNANGA, Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. SILVA, Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador: EDUFBA/CEAO, 1995. LIMA, Heloísa Pires. Histórias da Preta. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1998. DIOUF, Sylviane A. As tranças de Bintou. São Paulo: Cosac Naif, 2004. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Propostas para uma educação anti-racista Edileuza Penha de Souza & Bárbara Oliveira Souza (...) Depois as doze horas de trabalho Escravo Britar pedra acarretar pedra britar pedra acarretar pedra ao sol à chuva britar pedra acarretar pedra A velhice vem cedo (...) Agostinho Neto - Civilização ocidental. Para edificar uma educação anti-racista é necessário repensar o universo simbólico da civilização africana que durante séculos foi negado à população brasileira. É preciso atentar-se para a "invisibilidade" da existência das crianças, adolescentes e jovens negros na escola. E ainda, observar qual tem sido o papel da escola em identificar como essas crianças, adolescentes e jovens reagem à discriminação por sua condição de negros. Pensar, portanto, uma educação anti-racista leva-nos a refletir sobre o conhecimento quase nulo que temos sobre a história da África, ao mesmo tempo em que nos permite diferenciar as idéias sobre teorias pseudocientíficas ao abordar a história africana e a história afro-brasileira. A luta contra o sistema escravista amparou-se em infinitos atos. Individualmente ou coletivamente, a resistência ao sistema opressor acompanhou a população negra antes mesmo da chegada ao "novo continente". O grande contingente de negros e negras arrancados de seu solo natal e trazidos para as Américas resistiu incansavelmente às estruturas do poder escravista colonial. Atitudes simples como quebrar ferramentas e louças, o "corpo mole", ou aquelas que demandaram precisão para serem elaboradas, como o suicídio - banzo, o assassinato de feitores e senhores, as fugas, as revoltas, as irmandades e os quilombos são alguns dos exemplos que ilustram que os negros e negras escravizados/as sempre estiveram distantes dos valores imperialistas dos colonizadores (SOUZA, 2006). Durante séculos, a escola brasileira tem reproduzido a falsa idéia de que o escravismo colonial mercantil em nada teria mudado a vida da população africana, uma vez que, segundo esse pensamento, os povos africanos já praticavam a escravização entre si e que os europeus meramente se engajaram na comercialização já estabelecida. Ora, primeiro é preciso que se entenda essa visão como uma idéia 97 98 Propostas para uma educação anti-racista racista, simplista e discriminatória. Ao retirar dos povos africanos sua humanidade, o mercantilismo europeu implantou durante três séculos um tipo de genocídio jamais visto na história mundial. Na África, como em outros continentes, a existência da escravidão baseava-se na captura de prisioneiros de guerra, em que o estado servil era reversível e não reduzia as pessoas à categoria de mercadoria. É preciso que se saiba que o continente africano desenvolveu primorosos sistemas de escritas (egípcio, núbio). A civilização africana em diferentes reinos e países desenvolveu, muito antes dos europeus, elevados conhecimentos de astronomia e matemática, o que possibilitou o desenvolvimento da agricultura, da navegação, da metalurgia, da arquitetura e da engenharia. Há registros históricos de cesarianas e autópsias praticadas por povos africanos cerca de 6.000 anos antes da era cristã. Construíram-se cidades e centros urbanos, criaram-se filosofias religiosas, complexos e duráveis sistemas políticos, além de obras de arte de alta sensibilidade e sofisticação. (Diop, 1960, 1967, 1981 e 1987; Ki-Zerbo, 1999; Larkin, 2006). Por múltiplas maneiras, a evolução dos povos africanos influiu nas diversas sociedades do mundo, de modo que somente um enfoque do estudo da História que privilegie as relações intra-africanas tanto quanto a interação do continente com o mundo exterior permitirá preencher lacunas do conhecimento mundial, inclusive sobre fenômenos e períodos. No entanto, em muitas instâncias ainda se isola a história da África da história do resto do mundo, o que, além de concorrer para ocultar parte da história dos povos extra-africanos, torna ininteligível a história dos povos africanos. As exigências analítico-interpretativas requeridas para a compreensão da evolução das sociedades africanas podem, simplificadamente, resumir-se a (Wedderburn, 2005): • Enfoque histórico-temporal de longa duração; • Preeminência histórica absoluta e exclusiva do continente africano na emergência da humanidade, na sua configuração antiga e moderna e no povoamento do planeta; • Anterioridade histórica da civilização egípcio-núbio-meroítica; • Evolução multilinear das sociedades africanas a partir de matrizes políticoeconômicas, filosófico-morais e lingüístico-culturais comuns; • Delimitação de fases específicas de evolução sócio-histórica, segundo momentos socioeconômicos precisos; • Enfoque societário centrado na estratificação social, nos modos de produção e nas estruturas políticas; • Delimitação das evoluções societárias segundo espaços civilizatórios específicos. A lei 10.639/2003 traz a possibilidade de descortinar essa história e encurtar caminhos para se apoderar de uma Educação anti-racista. Entretanto, construir uma educação anti-racista é, antes de mais nada, edificar a identidade da comunidade educacional como definidora da cosmovisão africana, como sublinha Oliveira: A cosmovisão africana redefine as concepções filosóficas a partir de sua própria dinâmica civilizatória, de acordo com o escopo de sua forma cultural. Assim, o universo é pensado como um todo integrado; a concepção de tempo privilegia o História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola tempo passado, o tempo dos ancestrais, e sustenta toda a noção histórica da cosmovisão africana. (2003:173-174): Para solidificar o desejo de mudar e transformar a escola num espaço lúdico e prazeroso, é preciso compreender e criar mecanismos para romper a cristalização do racismo, do preconceito e da discriminação que permeia nossas escolas, "como forma de romper a omissão e o silêncio dos profissionais da escola, possibilitando o respeito à diversidade e mudanças no cotidiano da escola" (Cavalleiro, 2005, p.11). Os conceitos de Racismo, Preconceito e Discriminação, formulados por Nilma Lino (2005), podem orientar professores e professoras a se posicionarem ante as diferentes situações e ações do cotidiano escolar, no sentido de subsidiar os/as estudantes negros e não-negros a respeitarem a si, mutuamente e àqueles com quem convivem, bem como possibilitarem a construção pessoal e coletiva da auto-estima e de práticas políticopedagógicas capazes de conceber e dar consistência a uma educação anti-racista: Racismo - Ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos raciais humanos. É um conjunto de idéias e imagens vinculadas aos grupos humanos baseado na existência de raças superiores e inferiores. O racismo individualizado manifesta-se por práticas discriminatórias de indivíduos contra outros indivíduos. O racismo institucional está presente, por exemplo, no isolamento de negros/as em determinados bairros, escolas e empregos. Também está presente no currículo escolar e nos meios de comunicação. Preconceito Racial - Uma indisposição, um julgamento prévio negativo que se faz de pessoas estigmatizadas por estereótipos de grupo racial de pertença, etnia, religião. Esse julgamento prévio tem como característica principal a tendência de ser mantido, mesmo diante de fatos que se contraponham a ele; Discriminação - É o nome que se dá para a conduta (ação ou omissão) que viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como a raça, o gênero, a idade, a orientação sexual, a opção religiosa e outros. A discriminação racial é tida como a prática do racismo e onde o preconceito se efetiva. Etnocentrismo - é um termo que designa a pretensa superioridade de uma cultura em relação a outras. Consiste em postular indevidamente como valores universais os valores próprios da sociedade e da cultura a que o indivíduo pertence. O etnocêntrico acredita que os seus valores e a sua cultura são os melhores, os mais corretos e isso lhe é suficiente. Discriminação Racial - pode ser considerada como a prática do racismo e a efetivação do preconceito. Enquanto o racismo e o preconceito encontram-se no âmbito das doutrinas e dos julgamentos, das concepções de mundo e das crenças, a discriminação é a adoção de práticas que os efetivam. Xenofobia - Segundo Rocha-Trindade (1995: 381), xenofobia é "a predisposição de um indivíduo ou de um grupo para a aversão ou a rejeição dos indivíduos cujos padrões de cultura e práticas sociais considera diferentes dos seus, sendo por isso encarados como estranhos e indesejáveis". Apoderar-se desses e de muitos outros conceitos é uma das formas de potencializar nossas escolas em direção a uma sociedade anti-racista e igualitária. É 99 100 Propostas para uma educação anti-racista trazer a nossas disciplinas a luz de ações dos movimentos sociais negros, como possibilidade de criar debates em torno da dinâmica das relações raciais na sociedade brasileira, como prática para construir um universo em que o processo de educação esteja amplamente potencializado como energia vital e espiritual "que se transforma em poder, em sucesso, em orgulho de seu pertencimento à raça negra" (Siqueira, 2006, p. 169). Reflexões sobre o tema Educar para a igualdade étnico-racial pressupõe romper com estigmas, com linguagens explícitas ou não de inferioridade de negros/as e indígenas. Como educadores/as temos a responsabilidade de ampliar e "deslocar" os conhecimentos, superar o velho, inventando o novo. No momento de rever nossas práticas, de remodelar nossos currículos, de elaborar o Projeto Político Pedagógico da Escola, precisamos refletir sobre algumas questões, como a descrita a seguir: – De que forma queremos abordar a África em sala de aula? Qual África devemos apresentar aos estudantes? Como essa apresentação poderá favorecer a mudança de olhar sobre a contribuição do continente africano para a humanidade? Referências CAVALLEIRO, Eliane. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Ministério da Educação (Coleção Educação para todos), 2005. GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília, Ministério da Educação, SECAD, 2005. DIOP, Cheik Anta. Antériorité des civilisations négres, mythe ou vérité historique? Paris: Présence Africaine, 1967 __________________. Civilisation ou Barbárie. Paris: Présence Africaine, 1981. __________________. L'Afrique noire précoloniale. Paris: Présence Africaine, 1960, 1987. KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. Portugal: Publicações EuropaAmérica, LTD, 1999. LARKIN-NASCIMENTO, Elisa. Introdução à Historia da África. In Educação, Africanidade. Brasília: UnB/SECAD, 2006. OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão africana no Brasil: Elementos para uma filosofia afrodescendente. Fortaleza: Ibeca, 2003. SOUZA, Edileuza Penha de. Tamborizar: a formação de crianças e adolescentes negros. In OLIVEIRA, Iolanda de, SILVA, Petronilha B. G. e PINTO, Regina Pahim. Negro e Educação: escola, identidade, cultura e política pública. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola São Paulo: Ação Educativa, ANPED, 2006. SIQUEIRA, Maria de Lourdes. Siyavuma - uma visão africana do mundo. Salvador: Autora, 2006. ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz e outros. Sociologia das Migrações. Lisboa: Universidade Aberta, 1995. WEDDERBURN, Carlos Moore. Novas bases para o ensino da história da África no Brasil. Ina Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília: Ministério da Educação, SECAD, 2005. 101 102 Propostas para uma educação anti-racista Propostas para uma educação anti-racista Dra. Vera Santana Histórico Jurídico da Discriminação Racial no Brasil Introdução O trabalho a seguir compõe o conjunto dos conteúdos legais desenvolvidos para a formação de professores da Educação Básica, em cumprimento à Lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em resposta à histórica reivindicação de movimentos sociais, especialmente o Movimento Negro, ressaltada a atuação de profissionais negros ligados à Educação. O texto tem como objetivo municiar educadores a lecionar saberes acerca do exercício da cidadania, a partir da identidade étnico-racial, dotando-os de informações e capacidade de instrumentalização de mecanismos legais que permitam a concretização de direitos, quer pelo cumprimento de medidas de competência do Estado, quer pelo acionamento do Poder Judiciário. Considerando que as ferramentas a serem operadas são do "mundo do direito", é importante assentar que, para tal, compreende-se todo o aparato jurídico-normativo regulador de condutas e definidor de ações, omissões e sanções, como as leis, decretos e outros atos normativos. Histórico Jurídico da Discriminação Racial no Brasil A longa história da escravidão brasileira, iniciada com os indígenas e consolidada pelo comércio e desumanização de negros africanos por quatro séculos, constituiu o grande aporte jurídico da discriminação racial que deitou seus tentáculos por todo nosso tecido social, em benefício de uma ideologia etnocêntrica, vale dizer, branca, européia, com danos diretos absolutamente irreparáveis ao povo africano e seus descendentes brasileiros, mas que atingem a toda a sociedade diante do comprometimento do seu desenvolvimento digno e justo, assentado que está na sistemática exclusão dos negros, praticamente vítimas de uma lei abolicionista que lançava no mercado da nova economia que se instituía uma massa humana desaparelhada para as relações de produção do capitalismo que se iniciava, gestando ao mesmo tempo políticas de promoção e estímulo da imigração de mão-de-obra branca a serviço das exigências do novo modo de produção econômica, jogando deliberadamente os negros à marginalização. Dado o anunciado propósito mobilizador do Projeto, não se prenderá o trabalho ao formal levantamento de toda a história do Direito e os negros no Brasil, tomando como ponto de partida a chamada Lei Áurea, que laconicamente aboliu o trabalho escravo, elegendo para a reflexão normas mais recentes, acompanhadas de referências sobre como "fazê-las pegar", aqui utilizando expressão corrente na designação de "leis que pegam e que não pegam", ou seja, que têm ou não eficácia, ainda que vigentes. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Embora com esta ressalva, é essencial aprofundar leituras históricas sobre as várias leis instituídas ao longo da mais duradoura escravidão, que somente se findou, em termos jurídicos, em 13 de maio de 1888. Ainda na perspectiva do conhecimento do Direito como fator de organização e mobilização social, e diante da irreversível tendência de amplas articulações e diálogos internacionais globalizadas, também serão destacadas as principais estruturas internacionais de defesa e proteção dos direitos humanos, especialmente o Sistema da Organização das Nações Unidas - ONU, noticiando alguns importantes documentos que o Brasil adota, ou seja, que passam a integrar o ordenamento jurídico nacional. Quanto à eficácia e aplicabilidade dos ajustes internacionais, é de se saber que é insuficiente, precário, bem como no Brasil a própria Constituição Federal, no que toca às garantias e direitos individuais e coletivos, pois a violação destes mandamentos é julgada pelo Poder Judiciário, que reúne homens e mulheres oriundos em sua esmagadora maioria, dos segmentos dominantes, que expressam e reproduzem ideologias e estereótipos racistas, deixando nítida a cor da Justiça. É certo que o processo de luta dos negros por liberdade foi fundamental para criar fissuras na organização estatal escravagista da época, ao lado de pressões internas de abolicionistas, e estrangeiras, especialmente da Inglaterra, pelo fim do tráfico negreiro. Evolução das Leis Contra a Discriminação Racial Breve histórico Com a formal abolição da escravidão, o Estado brasileiro implementou políticas de imigração em favor de trabalhadores, famílias brancas, européias, basicamente, estabelecendo sistemática exclusão e marginalização dos negros juridicamente libertos, mas materialmente impedidos de ingressar no mercado de trabalho regido agora pelas leis do capitalismo, vedado o acesso à educação, além de sofrer perseguição e sanções nas suas manifestações culturais e religiosas, como a prática da capoeira e o culto ao candomblé, respectivamente, buscando com isto quebrar laços de identidade fortalecedores da resistência à opressão. Dentro deste cenário, tornava-se inacessível aos afro-descendentes a ocupação de espaços muito distantes das sarjetas das cidades em formação ou a permanência nas fazendas em iguais condições de cativeiro, os porões das cadeias com ou sem o cometimento de qualquer crime, bastando para tanto ostentar a imagem criminosa da negritude, a origem africana. É sobre esta estrutura que as elites levam a cabo seus projetos de desenvolvimento do país, sem jamais considerar a necessidade de medidas que visassem a inclusão dos negros entre os nacionais para fins de uso e gozo das riquezas que estiveram sempre a construir. A convivência social construída "pelos de cima", de traço imperial mesmo com a Proclamação da República, deixa proeminente a marca do alijamento de homens e mulheres livres por lei, mas despossuídos de direitos, ficando à mercê de simpatias e 103 104 Propostas para uma educação anti-racista generosidades pessoais para vencer barreiras, lograr estudar, galgar uma ocupação decente, ainda que a Constituição democrática de 1934 repudiasse a discriminação, sendo neste ambiente que se faz a Lei 1.390, somente em em 3 de outubro de 1941, que "Inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de côr", conhecida como Lei Afonso Arinos, para punir a recusa a negros em estabelecimentos de ensino, comerciais, como hotéis, restaurantes, lojas etc., bem como a criação de obstáculos ao acesso a cargo público ou emprego em autarquias, sociedades de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, entre outras condutas. A Lei era evidentemente acanhada, até por definir a conduta racialmente preconceituosa e discriminatória como contravenção penal, o que significa ilícito de pouco potencial ofensivo à pessoa, à sociedade ou ao Estado, como um "crime menor". Mesmo tímida, não há farto registro de sua utilização, pois as vítimas, se por um lado desconheciam a existência da proteção legal, quando conheciam não acreditavam na sua aplicabilidade, não produzindo portanto os efeitos de inibição da prática do racismo, nem a contrapartida da sanção imposta pelo Estado quando cometida a contravenção penal. Desde a edição da Lei Afonso Arinos não houve nenhum outro avanço jurídico, normativo, embora tenha ocorrido a adesão do Brasil a convenções e outros compromissos internacionais formais. No plano interno, vai-se então direto à convocação da Assembléia Nacional Constituinte, eleita em 1986, não sem lembrar que a normalidade democrática do país foi interrompida pelo golpe de 1964, instalando-se a ditadura militar que matou, exilou, torturou e levou à clandestinidade centenas de militantes dos movimentos sociais e partidos políticos, atingindo também negros democratas, que lutavam em prol da justiça social e racial, jogando também as organizações negras na ilegalidade. Para suas relações internacionais, o Brasil pautou-se pela supremacia dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e a concessão de asilo político, sendo estes princípios essenciais, particularmente para o estreitamento de relações com países do Continente Africano. Com alicerces tão fincados na cidadania e respeito aos direitos humanos, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios passaram por processos democratizantes, com eleições de governantes e representantes legislativos, reescrevendo suas Constituições e Leis Orgânicas, ajustadas à Constituição Cidadã, impulsionando e consolidando o permanente experimento da cidadania. A partir da Constituição, e obedecida a estruturação hierárquica das leis, é que são as mesmas interpretadas e aplicadas, sendo este movimento o constante e renovado desafio que move os defensores do Direito, vistos estes como operadores da realização da igualdade como patamar elevado e harmônico "das gentes", sem qualquer forma de discriminação, e é neste enfrentamento que se faz o diferencial com aqueles que defendem a manutenção dos privilégios de poucos com a exclusão das maiorias. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Consagrados os princípios da igualdade, da dignidade humana e outros, o legislador constituinte relacionou uma série de garantias individuais e coletivas no artigo 5º da Carta Magna, como também se chama a Constituição, feita pela livre delegação popular, para dar-lhes vida e forma, preservando os direitos à honra, à imagem, à privacidade e muitos outros, cuidando no artigo 7º dos direitos sociais, para proibir, por exemplo, a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. No artigo 5º, merece especial realce o inciso XLII, que criminaliza o racismo, com as condições de inafiançabilidade - em caso de flagrante, não poderá ser feito o pagamento de quantia em dinheiro para responder ao processo penal em liberdade, e mais, é imprescritível - a qualquer tempo a vítima de racismo pode acionar o Estado para processar o acusado do ato criminoso. Este dispositivo veio a ser regulamentado já em 1989, pela Lei 7.716, que será adiante objeto de comentário especial. Ainda no campo constitucional, é também essencial o recurso contido no inciso LXXI do mesmo art. 5º, instituindo o Mandado de Injunção, ação destinada à cobrança do Estado, "... sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania". Os dispositivos referidos devem ser interpretados de maneira sincronizada com aqueles princípios e objetivos fundamentais do País, constituindo verdadeiros alicerces para que se erga uma Nação fraterna, o que requer a execução de políticas públicas que corrijam as distorções e desigualdades acumuladas por mais de 500 anos! A Constituição é a Lei Maior de um país, e seu cumprimento é dever de todos, obrigando especialmente às autoridades do Estado a vigilância e zelo por sua eficácia. A Legislação Brasileira e a Comunidade Negra A apreciação sobre a importância do conjunto do texto constitucional tem em mente compreender que a Constituição Federal deve sempre ser potencializada para a efetivação, ampliação e maximização do exercício de garantias e direitos, aí incluindo os tratados e convenções internacionais, objetivando acima de tudo a construção da sociedade livre, justa e solidária, conforme o artigo 3º da Carta Magna. Deste modo, os destaques pontuados não têm caráter conclusivo, nem esgotam a matéria, dando maior realce a comandos gerais de relevância no âmbito dos direitos humanos e sociais, ou de especificidade direta, imediata, para os afrodescendentes, pois, a despeito da proclamada igualdade, com proibição das discriminações, o racismo se acha incrustado em todo o tecido social, impedindo que nem sequer as garantias de alcance geral tenham efetividade, tais como a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, além do respeito à integridade física e moral do preso e outras conquistas que freqüentemente afrontadas, revelam as facetas mais visíveis da violência que 105 106 Propostas para uma educação anti-racista desumaniza a população negra, esmagando a auto-estima de crianças e jovens a partir das salas de aula com o pretenso aprendizado dos conteúdos de livros ditos didáticos, comumente preconceituosos e estereotipados, fazendo da evasão escolar fenômeno com maior incidência entre negros. Ademais, ante a indiscutível importância dos meios de comunicação, destaca-se ainda do texto constitucional o papel da Comunicação Social, tratada nos artigos 220 a 224, criando, inclusive, um Conselho como expressão da vontade política da sociedade de democratização na regulação da mídia, vedando a censura. Este capítulo é fundamental à construção da identidade dos afro-descendentes, por toda a influência cultural que tem notadamente a televisão sobre todos, ainda que em longínquos rincões. Embora avançado o tratamento dispensado, salta aos olhos que o Estado, competente para conceder ao particular a exploração dos meios de comunicação, não vem conduzindo este processo de maneira responsável e compromissada com a promoção da cultura e de valores que elevem a formação multicultural do povo brasileiro, resultando por transformar a justa proibição da censura em irresponsabilidade social, razão pela qual são disseminados comportamentos que agridem a dignidade humana, com notável estigmatização dos negros, aviltando sua história na África e no Brasil. Aqui, permita-se, deve-se lançar olhar especial às concessões exploradas por segmentos religiosos intolerantes, que satanizam a religiosidade africana, violentando a mística cultuada por seguidores dos cultos afro-brasileiros. Em outra esfera, dentre as maiores vitórias do Movimento Negro quando da elaboração da Constituição da República, destaca-se de particular importância o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, que dispõe: "Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos". O alcance deste artigo ganha maior dimensão porque extrapola a questão fundiária sobre a propriedade da terra, representando ao mesmo tempo medida reparadora e de resgate cultural, especialmente quando visto articuladamente com os artigos 215 e 216 que cuidam da Cultura como um direito, protegendo as manifestações culturais afro-brasileiras e tombando sítios que possuam reminiscências históricas dos antigos quilombos, por exemplo. Realçados alguns parâmetros constitucionais, cabe avaliar se, e como, vem sendo garantido o cumprimento da Constituição, tanto pela regulamentação das matérias que exigem legislação específica, de natureza complementar, quanto pela aplicabilidade deste instrumental, e, neste ponto, deve-se indagar acerca do nível de conhecimento que cada um e cada uma tem sobre os seus direitos. Diante da criminalização do racismo, como anotado, veio a Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que "Define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor", conhecida como Lei Caó, em homenagem ao autor do Projeto de Lei, o Deputado Federal Carlos Alberto, Caó, do Estado do Rio de Janeiro, modificada pelas Leis 8.081, de 21 de setembro de 1990, que "Estabelece os crimes e as penas História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados pelos meios de comunicação", e, posteriormente, a Lei 9.459, de 13 de maio de 1997, que, essencialmente, altera o Código Penal Brasileiro quando define os crimes contra a honra, criando a figura chamada de injúria racial, estabelecendo que constitui crime: "Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a a dignidade ou o decoro: (...) p. 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem: Pena - reclusão de um a três anos". Embora considerável o aparato legal para a punição do racismo, o acionamento do Poder Judiciário para julgamento de crime de racismo não expressa a realidade dos conflitos raciais do cotidiano, e mais, não foi produzida ainda sólida jurisprudência de condenação da prática de discriminação racial, em particular quando cometida via meios de comunicação. Sobre esta forma de manifestação do preconceito, e considerando a influência comportamental que as novelas brasileiras exercem sobre a coletividade, cabe comentar, a título de curiosidade, que muitos profissionais do direito entendem, por exemplo, que um personagem, vilão ou vilã, sempre mau, se se expressa preconceituosamente, não configura crime, pois faz parte da composição geral do personagem a encarnação de um ser cruel, inescrupuloso etc., como sendo inerente a tal perfil uma visão racial ou de gênero discriminatória. Estruturas Institucionais de Combate ao Racismo e Inclusão Racial Para ingressarmos neste tópico, adotaremos o marco de instituição da Fundação Cultural Palmares - FCP, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, quando, por meio da Lei 7.668, de 22 de agosto de 1988, o Poder Executivo foi autorizado a criar o órgão, "... com a finalidade de promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos, decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira", precedido este ato pela formulação e condução do "Programa Nacional do Centenário da Abolição da Escravatura". Atualmente, a FCP tem estrutura e estatuto definidos nos termos do Decreto 4.814, de 19 de agosto de 2003, e tem entre suas relevantes competências, a de "subsidiar a execução das atividades relacionadas com a delimitação das terras dos remanescentes dos quilombos, especialmente no que se refere à sustentabilidade econômica dessas comunidades, por meio do desenvolvimento de atividades culturais". A maturidade política do Movimento Negro no cenário democrático formal instaurado com a Constituição de 1988 permitiu fosse criado um ambiente político de resgate de histórias e heróis do povo negro, com a exuberância de Zumbi dos Palmares, resultando na realização, em 1995, da Grande Marcha de Brasília, por ocasião das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de Novembro, quando o governo de então acolheu parte das reivindicações levadas após ampla 107 108 Propostas para uma educação anti-racista discussão nacional, originando deste processo coletivo a criação do Grupo de Trabalho Interministerial com a finalidade de desenvolver políticas para a valorização da População Negra, via Decreto de 20 de Novembro de 1995. Os resultados do trabalho do Grupo, de notável qualidade formulativa, não se traduziram em ações de Estado, cabendo ainda o registro da criação do Conselho Nacional de Discriminação - CNCD, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e hoje integrante da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Em 13 de maio de 1996, publicou-se o Decreto 1.904, instituindo o Plano Nacional de Direitos Humanos - PNDH, documento que situa o Brasil num contexto internacional de vanguarda, ao trazer para o seio do Estado o reconhecimento contemporâneo de que a escravidão configura crime contra a humanidade. No PNDH o espaço dedicado aos Afro-descendentes vai do ponto 189 a 216. Relativamente às relações raciais, pode-se contabilizar avanços rumo à democracia social e racial, assegurando à parcela negra da sociedade, que, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, soma 45% (quarenta e cinco por cento) da população, a possibilidade de posicionar-se em igualdade de condições com brancos e brancas no acesso às oportunidades de formação e ocupação de espaços no mercado de trabalho, na vida política nacional. Com isto, vê-se que são razoáveis os instrumentos jurídicos e os meios operacionais apenas no interior do Estado, destinados a dar concretude à acalentada igualdade, mas longe se está da eliminação das barreiras opostas ao crescimento sócio-econômico e cultural dos afro-descendentes com afirmação ética e estética da negritude, sepultando teses e esforços de embranquecimento do Brasil e de sua História. Nesta trilha, destaca-se como momento de grande riqueza o processo organizativo da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul, consubstanciada na Declaração de 8 de setembro de 2001. O evento, chamamento mundial da Organização das Nações Unidas, elevou o debate em torno das desigualdades e conflitos raciais ao patamar das grandes questões internacionais, e, dada sua importância para todos os povos, impõe-se transcrição parcial, para destacar parte de sua introdução que remete à reflexão sobre o quanto é forte, cristalizada mundialmente, cultura excludente das maiorias, tendo sob diferentes formas de expressão as múltiplas estratégias de afirmação de privilégios, sendo o somatório dos alijados do poder, a maioria que não se quer silenciosa. A adesão do Brasil à Declaração, e acolhimento do Plano de Ação, disponibiliza à Sociedade e ao Estado confortável embasamento à implementação de políticas que afirmem a composição multirracial do povo brasileiro, para incluir os afrodescendentes na categoria de cidadãos e cidadãs. Com o impulso e ressonância da Conferência, bem como a eleição em 2002, de um Presidente da República saído das classes populares, vindo de Região que vivencia a discriminação como fator gerador de graves distorções e desigualdades regionais, criou-se cenários mais favoráveis à busca de realização de medidas História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola constantes dos Planos Nacional de Direitos Humanos e de Ação de Durban, contextualizando assim a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, em 21 de março de 2003, institucionalizada por meio da Lei 10.678, de 23 de maio de 2003, vinculada diretamente à Presidência da República, e mais, o Conselho Nacional da SEPPIR, a fim de agregar novas forças e contribuições governamentais nesta empreitada que é vencer o racismo no Brasil. Deste modo, o Poder Executivo Federal reúne atualmente uma Fundação Cultural e uma Secretaria de Estado, além de dois Conselhos, destinados a, articuladamente, inclusive com a sociedade, gestar, propor e desenvolver as políticas públicas eficazes no repúdio e combate aos preconceitos que recaem sobre os afro-descendentes, levando alternativas para a plena e definitiva inclusão econômica, política e social de negros e negras, de respeito à liberdade religiosa, de valorização e difusão da estética e da cultura negra. Lei 10. 639/03 A Lei 10.639/03, "Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" e dá outras providências", e após amplo debate e análise pelo Conselho Nacional de Educação, foi editada a Resolução no 1, de 17 de junho de 2004, do CNE, que "Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana". A Resolução, com toda propriedade, regula a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, ou seja, busca enfrentar as sólidas construções histórico-sociais que realimentam preconceitos e discriminações que resistem à democrática inclusão social dos afro-descendentes, cabendo avaliar também a interseção entre Direito e relações raciais. As exigências de militantes negros em favor de uma educação libertadora vêm de muito longe, exatamente pela real dimensão do significado da formação educacional não somente como mecanismo de qualificação de mão-de-obra. Com efeito, a visão de educação, defendida e reivindicada por educadores negros, situa o processo educacional como ferramenta maior de geração de cidadãos aptos a repelir ofensas e agressões raciais, não com o uso de qualquer método assemelhado à violência intrínseca ao preconceito, mas sim pelo manuseio dos recursos institucionais postos a serviço da cidadania. A edição então da Lei que modifica as Diretrizes Curriculares Nacionais vem ao encontro e em resposta a um anseio histórico, cabendo evocar consideração sob o título "PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES", em pesquisa promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, em parceria com instituições privadas de ensino e Governo Federal, trabalho compilado como "O Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam...", publicado em maio de 2004, página 107: Ao estudar a carreira dos professores, Huberman (1992) lista várias questões, que identifica como apaixonantes, a respeito desses profissionais e que considera serem 109 110 Propostas para uma educação anti-racista do interesse daqueles envolvidos no tema da educação. Algumas delas remetem à percepção dos próprios docentes sobre sua inserção no ofício de educar, o contexto em que vivem e os distintos momentos de sua trajetória. Será que há 'fases' ou 'estágios' no ensino? Será grande número de professores passam pelas mesmas etapas, as mesmas crises, os mesmos acontecimentos, o mesmo termo de carreira, independentemente da 'geração' a que pertencem, ou haverá percursos diferentes, de acordo com o momento histórico da carreira?". Para a comunidade negra brasileira, a Lei e sua regulamentação, referidas no início deste trabalho, tardou, mas quiçá seja este o momento certo, considerando as indagações lançadas acima, isto é, na percepção concreta dos professores brasileiros em que estágio se encontram para deslanchar processo de tamanha envergadura construir uma futura Nação, pois não se pode aplicar tal termo em sua bem acabada acepção a um país que, em toda a sua história, antes assentada na escravidão, e hoje calcada na exclusão de tão expressiva quantitativamente, e tão rica potencialmente parcela de seu povo? Em todo este tempo, tentou-se fazer conhecer que são várias as leis a respaldar o combate ao racismo e à exclusão racial, e também diversos os caminhos e vias que podem e devem ser garimpados. Instituições Nacionais Competentes para a Defesa da Promoção da Igualdade Racial A abordagem mais ampla do assunto trazendo à cena a Declaração de Durban tem o objetivo de explicitar a imperatividade dos Direitos Humanos na nova ordem mundial, e bem assim esclarecer a aceitação e adoção, pelo Brasil, dos ajustes internacionais de defesa e proteção destes Direitos, incluso o combate ao preconceito e à discriminação racial. De pronto, deve-se ter claro que esta análise tem um traço mais pragmático e ativo, e a apresentação das instituições nacionais terão maior realce, chamando a atenção, entretanto, que não se pretende desenvolver um "manual" de operação jurídica, vez não ser esta a finalidade do estudo, que se volta à busca de demonstração da necessidade e validade da instrumentalização do Direito para o exercício de direitos. Neste sentido, a estruturação do Ministério Público da União e dos Estados, previstos pela Constituição Federal no artigo 128, sobressai, sendo instituições permanentes, essenciais à função jurisdicional do Estado, incumbidas da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, a exemplo do direito à igualdade racial, que constitui requisito inafastável à ordem jurídica e ao regime democrático. Sobre a atuação do Ministério Público, um especial olhar deve ser lançado no trato de questões afetas às comunidades remanescentes de quilombos, e, relativamente a situações em torno das relações de trabalho, o Ministério Público do História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Trabalho é o espaço especializado e competente para investigar e representar junto ao Poder Judiciário, desde a ocorrência de trabalho escravo, até a apuração, a partir de indícios, da não contratação de mão-de-obra motivada por preconceito racial. Dentre os procedimentos implementados pelo Ministério Público, como o ajuizamento de Ação Civil Pública, vem se tornado freqüente no âmbito das relações de trabalho, a utilização de Termo de Ajustamento de Conduta, que consiste na reunião das partes envolvidas na formulação de consensos em torno de medidas e providências aptas a corrigir, eliminar, construir práticas que derrubem barreiras de acessibilidade ou mobilidade no emprego nos mais variados segmentos econômicos. Na área do trabalho, ainda há que se distinguir instâncias e procedimentos, quer se trate de serviço público ou privado, desde o ingresso, que na esfera pública se dá mediante concurso, como regra, possibilitando, em tese, a contratação de afrodescendentes, mas já se sabe que, embora demonstrando capacidade de entrada nestas condições, os processos de ascensão ou ocupação de funções gratificadas expõem a cara do racismo para mais uma vez obstar o crescimento profissional de homens e mulheres de ascendência africana. Embora registrado e até destacado notáveis avanços do Brasil na afirmação de intenções de eliminação do racismo, não se pode escamotear o visível e constatável distanciamento entre as manifestações formais neste sentido e a vontade política corporificada na determinação de destinação de recursos financeiros e econômicos à promoção de políticas públicas de inclusão, sendo exemplar, nesta hipótese, a arrastada titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos, que será trabalhada como paradigmática. Conforme exposto, data de 1988 o direito constitucional ao título de propriedade das terras ocupadas histórica e continuadamente por descendentes de escravos. Passados mais de 20 anos, a Fundação Cultural Palmares já identificou mais ou menos 1.500 áreas como Terras de Preto, expressão usada para designá-las, sendo porém sem significância o número das efetivamente tituladas pela União, excluindo, portanto, regularizações efetuadas por governos estaduais. Transcorrido todo este tempo, o Presidente da República, fez publicar o Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, que "Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades de quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias". Este Decreto revoga o anterior - 3.912/01, promovendo alterações substanciais, ao atribuir ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, competência para "... a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos, sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios". Ademais, diante da criação da SEPPIR, o Decreto busca harmonizar atribuições e competências da Secretaria e da FCP. No entanto, mesmo com previsão no Plano Plurianual - PPA, a União não tem conseguido repassar as verbas necessárias e os conflitos fundiários decorrentes das pressões sobre as comunidades quilombolas, 111 112 Propostas para uma educação anti-racista vindas não raras vezes de órgãos da mesma União, companhias hidrelétricas ou fazendeiros, fazem eclodir mais um foco de tensionamento social, a requerer das autoridades governamentais urgentes e eficazes medidas que tirem do papel a dívida social que muito parcialmente seria reparada com a pacificação destas áreas. O Brasil no Contexto dos Sistemas Internacionais de Proteção e Defesa dos Direitos Humanos A universalização da proteção aos Direitos Humanos é meta almejada pelos vários povos e remonta à Declaração de Direitos de Virgínia (EUA), de 1776, vindo, em 1789, na França, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Convenção sobre a Escravatura, de 1926, num crescendo de pactos, acordos e entendimentos diversos, envolvendo países de diferentes continentes, até a consolidação da Carta das Nações Unidas, em 1945, e a Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948, inclusive com específico tratamento a segmentos e categorias sociais, como às mulheres, à criança, aos estrangeiros, à organização sindical dos trabalhadores, e bem assim para a eliminação de toda forma de discriminação racial. Tendo em vista o objeto e objetivos do trabalho - o ensino de Relações ÉtnicoRaciais e de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana como materialização política de inclusão da comunidade afro-descendente, cita-se logo a Convenção Relativa à Luta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, acolhida pelo Brasil com a promulgação do Decreto 63.223, de 6 de setembro de 1968. Entretanto, a exemplo das distâncias entre as proclamações de vontades e a concretude das relações sociais travadas no dia-a-dia, o mundo real está longe da Paz e as desigualdades que oprimem e excluem indivíduos e coletividades em cada país ganham forma no âmbito das relações internacionais, com as divisões identificadas como nações de primeiro, segundo e terceiro mundos, ou ditos desenvolvidos, em desenvolvimento e atrasados, mas todas as classificações revelam a pirâmide sobre a qual se encaixam sociedades, culturas, sendo certo que muitos povos que vivem em condições de miserabilidade absoluta assim estão em boa medida por decorrência da exploração que faz a essência da escravidão e outras mazelas que acompanham a humanidade. Embora a realidade exibida nas imagens da televisão revelem com crueza o grau e a profundeza destas desigualdades, não são desprezíveis os esforços por uma ordem inclusiva, potencializadora das capacidades de todos e todas, em harmonia com o equilíbrio ambiental, e, nesta perspectiva, os movimentos sociais, com intensa atuação dos negros, vêm acionando instâncias do Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos, que tem na Organização das Nações Unidas - ONU e sua grande rede, sem prejuízo de fóruns regionais, a exemplo da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Com efeito, o descompasso interno entre uma normatização positiva, afirmativa de promoção da igualdade racial e a baixa concretização no cumprimento de seu ordenamento jurídico interno, ao qual se agrega robusto compêndio de Convenções, Pactos e Tratados Internacionais, tem levado ao uso cada vez mais recorrente do oferecimento de denúncias contra o Governo brasileiro nos referidos fóruns História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola internacionais, e, a título informativo sobe Proteção dos Direitos Humanos, setembro de 1968, oriunda da 11ª Sessão da UNESCO, realizada em 1960. Também deve-se realçar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, de 1965, ratificada pelo Brasil em 1968, a Convenção 111ª da Organização Internacional do Trabalho - OIT, que cuida da Eliminação de toda forma de Discriminação Racial no Trabalho, a Convenção Americana de Direitos Humanos, e, a título ilustrativo, a Secretaria Geral da ONU, registra cerca de 200 documentos, que, regularmente acolhidos pelo Estado brasileiro, adquirem força legal, devendo por isso ser invocados até junto ao Poder Judiciário para garantia e exercício de direitos. Por fim, dado o recorte genérico do trabalho, que fundamentalmente se propõe a lançar luzes de pesquisa, a ausência de citações bibliográficas ao longo do texto foi deliberada, para juntar como anexo as referências bibliográficas consultadas, que ganham um tom de "inspirações bibliográficas", pois muita releitura feita não se atém ao tema de modo específico, mas serve como verdadeira fonte de inspiração a ser partilhada. Referências • Constituição Federal de 1988; • Código Penal. • MUNANGA, Kabengele (org). História do Negro no Brasil - Vol. 1 "O Negro na Sociedade Brasileira: resistência, participação, contribuição Publicação da Fundação Cultural Palmares/MinC com apoio do CNPq, 2004. • JUNIOR, Hédio Silva. Anti-Racismo - Coletânea de Leis Brasileiras (Federais, Estaduais, Municipais) - Editora Oliveira Mendes, 1998. • As Mulheres e a Legislação contra o Racismo - Os direitos das Mulheres são Direitos Humanos - Publicação da CEPIA com apoio da Fundação Ford e CEERT. • Palmares em Revista Nº 1 - Fundação Cultural Palmares, 1996. • GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa - Princípio Constitucional da Igualdade - O Direito como Instrumento de Transformação Social. A Experiência dos Estados Unidos: Renovar, 2001. • O Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam, o almejam... UNESCO. • III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata - Declaração de Durban e Plano de Ação - Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura. • Direitos Humanos - Instrumentos Internacionais: documentos diversos. Senado Federal, 1996. Sites www.gruhbaspe.com.br www.ceert.org.br www.pgr.mpf.gov.br www.planalto.gov.br 113 Seção III Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP) História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Concepções que Envolvem o Projeto Político-Pedagógico (PPP) Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz. Tocando em frente – Almir Sater e Renato Teixeira A luta pelo acesso e valorização da educação formal tem sido pautada pela população negra desde a assinatura da Lei Áurea. Como salienta o pesquisador e sociólogo Sales Augusto (2005), após a chamada abolição da escravatura "Houve uma propensão da população negra a valorizar a escola e a aprendizagem escolar como um 'bem supremo' e uma espécie de 'abre-te sésamo' da sociedade moderna. A escola passou a ser definida socialmente pelos/as negros/as como um veículo de ascensão social". O espírito de luta, independência e liberdade foram e são as contrapartidas da situação de miséria e de exclusão sociais do povo negro, como marco de resistência. As comunidades de terreiro, os diversos grupos culturais, esportivos e religiosos, a imprensa negra e as entidades sócio-políticas e religiosas, além dos incontáveis quilombos, constituíram-se como instrumentos eficazes de combate ao racismo e à discriminação racial ao longo de toda a história do Brasil. As intensas demandas por parte da sociedade organizada no sentido de garantir uma educação mais justa e igualitária resultaram na Lei 10.639/20031, seguida da instituição e implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE em 10 de março de 2004. As Diretrizes alteram a Lei 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assegurando "o direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito às diferentes fontes da cultura a todos os brasileiros"2. As diretrizes são normas reguladoras, constituindo-se em orientações, princípios e fundamentos para que as instituições de ensino desenvolvam programas de formação do quadro docente, bem como promovam a educação cidadãos atuantes conscientesseio da sociedade brasileira, multicultural e pluriétnica. de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade brasileira, multicultural e 1 É importante que se entenda a Lei 10.639/2003 como bandeira de luta da sociedade organizada desde a assinatura da Lei Áurea. Para saber mais sobre o assunto, veja o texto "A Lei 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do Movimento Negro". SANTOS, Sales Augusto dos. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. 2 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (página 9). 117 118 Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP) pluriétnica3. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira reconhecem a necessidade de políticas de reparação e apontam caminhos de valorização e ações afirmativas, como a ação de combate ao racismo e à discriminação, bem como o fortalecimento de direitos e identidade da população negra e afro-descendente. Proporcionar uma educação com vistas a interromper a reprodução de práticas discriminatórias e racistas é o desafio posto a todos os educadores e educadoras, além de expressar o comprometimento com uma escola de qualidade, centrada no respeito às diferenças e na diversidade das crianças, adolescentes e jovens. A escola deve ser um locus privilegiado da construção da coletividade e, conseqüentemente, do espaço de cidadania, inclusão e respeito ao próximo. Para que a comunicação em tempos de ações afirmativas seja possível, é necessária a utilização de uma dinâmica pedagógica beneficiando as relações interativas das pessoas que compõem a comunidade escolar (estudantes, pais, professores, funcionários e direção). Para isso é necessária a construção conjunta do processo educativo, por meio de mecanismos que propiciem um planejamento coletivo, onde todas essas pessoas tenham plena participação criadora. Reunir, ritualizar, renovar e repensar os caminhos percorridos pela escola é o papel político-social de todos/as os/as envolvidos/as com a educação. É, portanto, trazer a igualdade de gênero, raça e o respeito à diversidade a todos os espaços educacionais o que conduz à institucionalização da eqüidade, da humanização e do desenvolvimento emocional como base para criação e/ou reformulação do Plano Político-Pedagógico. O Projeto Político-Pedagógico O crescimento da participação e do envolvimento dos/as professores/as nas questões pedagógicas, não só é necessário como garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Esta recomendação amplia a autonomia e a consciência do profissional quanto ao processo desenvolvido e aumenta o sentimento de pertencimento do/a professor/a ao Projeto Político-Pedagógico. A gestão democrática não é uma concessão do Estado, mas um conquista da comunidade escolar que toma consciência da necessidade de uma atuação transformadora das estruturas "a cada passo sobre o momento histórico" (Siqueira, 2006: 129). Com liberdade, ética e consciência política, maior é o alcance da autonomia pedagógica, administrativa e financeira, da escola. Nessa perspectiva, a instituição escolar precisa orientar-se por alguns princípios como o do caráter público da educação, da inserção social da escola e da gestão democrática, na qual as práticas participativas, a partilha do poder, a socialização das decisões desencadeia processos de aprendizagem do jogo democrático. Daí que, mobilizar-se, organizar-se para participar e decidir sobre as políticas em âmbito escolar é concorrer para a construção de uma democracia local, alargando as possibilidades para construções em outros âmbitos. 3 A sociedade brasileira é composta e fundamentada por várias culturas e povos, daí o seu caráter multicultural e pluriétnico. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola O Projeto Político-Pedagógico - PPP é um instrumento possível e legal na construção dessa gestão mais participativa e democrática. A professora Ilma Passos (2000) nos apresenta alguns pressupostos que regem a organização do PPP. São eles: • Igualdade de condições para acesso e permanência na escola; • Qualidade para todos; • Gestão democrática; • Liberdade; • Valorização do magistério. São muitas as concepções que envolvem o Plano Político-Pedagógico. Entretanto, constituir uma gestão democrática, sedimentada nos valores da liberdade, da valorização do magistério passa por incorporar novos formatos filosóficos para a escola. A estrutura organizativa do PPP precisa atentar para os princípios, valores e tradições que permeiam a escola, cenário vivo em que a tradição, os costumes, os saberes, diferentes modos de vida, o conhecimento são sementes que podem brotar, nascer, florir e frutificar em métodos pedagógicos, onde a experiência dos mais velhos e a estrutura organizativa promovam a implementação de uma escola plural sedimentada nos saberes e conhecimentos da ancestralidade africana. (Siqueira, 2006). Para que a escola seja mais igualitária, ela tem de ser de qualidade para todas as pessoas. Tanto qualidade pedagógica, como política. A escola necessita de mecanismos pedagógicos e participativos que garantam ao estudante um ensino de qualidade e ininterrupto, evitando a repetência e a evasão. Nesse sentido, a gestão democrática é condição indispensável para o rompimento com uma prática escolar autoritária e mantenedora dos privilégios dos grupos favorecidos historicamente. Mais participação, para a superação das dicotomias, entre teoria e prática, professor/a e estudante, comunidade e instituição, entre outras. Por isso, há necessidade de construir-se um projeto político-pedagógico que represente os anseios e possibilidades da comunidade educacional. A gestão democrática parte do princípio de que todos somos livres para tomar decisões. Liberdade é um princípio que a Constituição nos assegura e devemos, também, ter liberdade para desenvolvermos um espaço escolar problematizador e investigativo. Finalmente, uma escola livre, de qualidade, igualitária e democrática necessita de profissionais valorizados. Valorização dos profissionais da educação significa formação profissional qualificada e permanente e boas condições de trabalho, incluindo remuneração justa. (Cf Veiga, 2000). Reflexões sobre o tema: • Sua escola tem Projeto Político Pedagógico? Se sim, verifique como estão retratadas a história e cultura africana e afro-brasileira? Qual é o espaço dedicado ao tema? Como você pode contribuir para enriquecer essa abordagem? • Você acha que a escola brasileira e, particularmente a sua, é de qualidade? O que você considera uma escola de qualidade? • Que conhecimento da Lei 10.639/2003 você possui? Sua escola já realizou 119 120 Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP) alguma atividade para sua implementação? Quais? Dê que forma? • Quais são os impactos que a Lei 10.639/03 e as Diretrizes Curriculares para o Ensino da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana geraram em sua escola? • A cultura, história, literatura e tradições afro-brasileiras e a perspectiva étnicoracial estão presentes no Projeto Político-Pedagógico da sua escola? • Na sua opinião, é possível construir um Plano Político-Pedagógico segundo uma perspectiva de ancestralidade afro-brasileira? Referências Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação - CNE em 10 de março de 2004. Lei 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, RIOS, Terezinha. Significado e pressupostos do projeto pedagógico. In Série Idéias. São Paulo: FDE, 1982. SANTOS, Sales Augusto. A Lei 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do movimento negro. In Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Ministério da Educação (Coleção Educação para todos), 2005. SIQUEIRA, Maria de Lurdes. Siyavuma – uma visão africana do mundo. Salvador: Autora, 2006. VEIGA, Ilma P.A. (org) O Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma construção possível. 11a ed. Campinas: Papirus, 2000. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Marcos Fundamentais do PPP: Marco Situacional; Marco Conceitual; Marco Operacional Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro ...não sabemos o que segue, mas sim sabemos que os passos que seguem não somos nós que os podemos decidir; nem sequer encontrar; sabemos que para o que segue temos que ouvir outras vozes e necessitamos que essas outras vozes se ouçam entre si. Subcomandante Marcos – Crônicas Intergalácticas Na construção do PPP leva-se em conta os pressupostos teóricos e práticos que assentam o planejamento. Danilo Gandim (1994), chama estes pressupostos de marcos e os divide em três momentos diferenciados e interligados, são eles: o Marco Situacional; o Marco Conceitual e o Marco Operacional. Marco Situacional O Marco Situacional busca responder as perguntas: Como compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar? Qual o papel da escola? A quem ela serve? Que experiências ela propicia ao estudante e à comunidade? O ponto de partida deste marco é a prática social. Devemos procurar descrever e situar a escola no atual contexto da realidade brasileira, do Estado e do município. Explicitar os problemas e as necessidades da comunidade educativa, bem como apresentar uma análise crítica dos problemas existentes na escola, como os de: aprendizagem, formação dos trabalhadores/as (professores/as, direção), organização do tempo e do espaço, equipamentos existentes e necessários, critérios de distribuição de turmas e organização das atividades pelo tempo. É preciso levantar o máximo de dados possíveis para que seja construído um diagnóstico preciso. Os dados estatísticos devem ser analisados com atenção, eles ajudarão na definição das necessidades, tanto no que diz respeito ao pedagógico, como ao político/administrativo. O levantamento da necessidade de formação dos trabalhadores/as deve basear-se nas especificidades de cada grupo, para otimizar 121 122 Concepções que envolvem o projeto político-pedagógico (PPP) energia. Uma má escolha pode gerar desmotivação no grupo. Os equipamentos necessários à consecução do PPP devem ser pensados com cuidado para não provocar compras desnecessárias ou falta de equipamentos. Além de dados administrativos e estatísticos, devemos levar em consideração no Marco Situacional a participação dos pais na escola, tanto no que concerne ao acompanhamento pedagógico, como na participação da gestão democrática da escola. Os conflitos e contradições presentes na prática docente, também, devem ser objeto de observação. Um bom diagnóstico neste quesito pode ajudar a superar dificuldades na condução democrática da escola, bem como, no desenvolvimento curricular. Marco Conceitual O Marco Conceitual busca, em face da realidade descrita e analisada, quais concepções de educação, escola, gestão, currículo, ensino, aprendizagem e avaliação se fazem necessárias para atingir o que pretendemos? Ao contrário do Marco Situacional, no Marco Conceitual não temos um ponto de partida, mas um ponto de chegada que é a prática social transformada. A busca de respostas para concretizar o ideal de uma escola equânime, justa e plural é parte do compromisso coletivo. É preciso explicitar os fundamentos epistemológicos; didático-pedagógico; éticos e estéticos que darão suporte a prática do PPP. Por trás das escolhas destes fundamentos estarão colocadas questões como: idéia de sociedade, ser humano, educação, escola, conhecimento, ensino-aprendizagem, avaliação, cidadania, cultura, temos em nossa concepção. A coletividade deverá pensar nas relações estabelecidas entre as pessoas em suas especificidades étnicas, sociais, de gênero, de orientação sexual; entre as diferentes sociedades; bem como, nas relações entre conteúdo, método, contexto sócio-cultural e objetivos da educação. Estas relações são definidoras para conceber a Gestão Democrática e o Currículo. Com a Gestão Democrática, desenvolve-se a discussão continuada e coletiva da própria prática pedagógica. Esta discussão coletiva fortalece a participação efetiva de todos os segmentos da escola na defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia, liberdade. Fortalece, também, a própria execução e avaliação do PPP. Marco Operacional No Marco Operacional, busca-se respostas para os seguintes questionamentos: quais as decisões de operacionalização? Como redimensionar a organização do trabalho pedagógico? Que tipo de gestão queremos na escola? Este Marco define as mudanças a serem alcançadas, se institui no campo da luta por uma sociedade mais justa e equânime. Define o que é necessário para diminuir a distância entre a realidade atual e o que se almeja. Podemos pensar nesse marco, por exemplo, em ações de combate ao racismo e à discriminação na escola. Neste marco, é que definimos nossas grandes linhas de ação e a reorganização do trabalho pedagógico escolar na perspectiva administrativa, pedagógica, financeira e político-educacional. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Apresenta as grandes linhas de ações em termos de: redimensionamento da gestão democrática, conselho escolar, conselho de classe, grêmio estudantil, representante de turma, representação de pais, entre outros. Devem fazer parte das expectativas a serem explicitadas no âmbito do Marco Operacional, questões como: definição das ações relativas à formação continuada, equipamentos pedagógicas, ações relativas à recuperação de estudo dos estudantes, diretrizes para avaliação geral de desempenho dos trabalhadores da educação e organização do trabalho pedagógico. A construção destes marcos precede a elabora do Projeto Político Pedagógico e o subsidia. A definição dos marcos proporciona uma visão global e coletiva do pensamento da coletividade, portanto se estabelece no campo do conceito de um planejamento participativo e dialógico, a ser construído coletivamente na escola. Na quinta aula deste módulo apresentaremos algumas idéias para que o coletivo da escola se organize para o planejamento. Reflexões sobre o tema: • Como compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar? • Qual o papel da escola? Que experiências ela propicia ao estudante? • Como você caracterizaria a situação social brasileira e a situação do contexto em que sua escola está localizada? • A partir de sua realidade, que propostas poderiam ser elencadas para a construção da gestão democrática em sua escola? Referências GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo. 13ª ed. Petrópolis: Vozes, 1994. PADILHA, Paulo R. Planejamento dialógico. Como construir o projeto político-pedagógico da escola. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2006. VEIGA, Ilma P.A. (org) O Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma construção possível. 11ª ed. Campinas: Papirus, 2000. 123 124 Estrutura do Planejamento Político Pedagógico Estrutura do Planejamento Político Pedagógico Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro Algumas regras são boas porque fazem com que a gente tenha liberdade, porque senão vira bagunça. Liry - 10 anos - Projeto Filosofia na Escola O Projeto Político Pedagógico institui-se como obrigatório nas escolas a partir da LDB (Lei 9394/96), que em seu artigo 12, inciso 1, diz que "Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica". O termo projeto deriva do latim projectu, que significa lançar para diante, direcionar-se a um rumo. Pedagógico está relacionado com a constituição da humanidade, com o saber e sua assimilação e com as formas adequadas para se alcançarem estes objetivos. Político é o que pressupõe a opção e compromisso com a formação do cidadão para um determinado tipo de sociedade. O PPP tem a dupla dimensão de ser orientador e condutor do presente e do futuro. Deve estar sempre voltado para uma ação transformadora. É o instrumento balizador para o fazer escolar e, por conseqüência, expressa a prática pedagógica das instituições dando direção democrática à gestão e às atividades educacionais. É intencional, e deve refletir uma concepção de escola, de sociedade e de suas relações. Define quais ações educativas a coletividade deseja implementar e quais características a escola deve possuir para a atingir seus objetivos e metas. Finalmente, devemos reforçar que o PPP deve ser fruto do esforço coletivo e participativo. O processo de construção de um PPP pode ser desenvolvido com a resolução de várias questões, tais como: • Qual é a concepção de ser humano e mundo que buscamos? • Qual a concepção de sociedade que temos? • Qual a concepção de educação? • Qual a concepção de cidadão e cidadania? • Qual a concepção de currículo? • Que tipo de gestão está sendo praticada na escola? • O que queremos e o que precisamos mudar em nossa escola? O PPP é mais do que a necessidade de responder a uma solicitação formal. É a reflexão e a contínua expressão de nossas idéias sobre a escola e sua função social, sobre currículo, sobre valores. O processo é desenvolvido em espiral, num crescente dinâmico de integração entre todas as tentativas de respostas. Como processo, ele está em contínua construção, avaliação e reelaboração. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Pensar o PPP é mais do que um planejamento, sua construção concretiza um ideal de autonomia que toda a escola deve construir e vivenciar. É pensar a construção da identidade da instituição escolar, o que implica numa análise coletiva tanto da sua história, enquanto instituição, como na história e cultura de todas as pessoas que constituem a escola. É, também, refletir sobre quais direções intencionais serão assumidas em função das definições tomadas pelo PPP. O PPP deve representar a organização do trabalho pedagógico escolar que se deseja, em todas as suas especificidades, níveis e modalidades: Educação, Ensino fundamental e Ensino Médio, bem como, se for o caso da escola, do Ensino Especial, Ensino Profissional e Educação de Jovens e Adultos. Supõe reflexão e discussão crítica sobre os problemas da sociedade e da educação para encontrar as possibilidades de intervenção na realidade. Deve buscar a transformação da realidade social, econômica, política e exige a participação de todos os sujeitos do processo educativo, para a construção de uma visão global da realidade e dos compromissos coletivos. São muitos os formatos para a estruturação formal de um PPP. Apresentaremos abaixo algumas idéias que poderão compor o documento final a ser produzido pela escola: 1. Contextualização e caracterização da escola É necessário que o projeto represente com maior objetividade possível as características da comunidade em que a escola está inserida. Deve-se procurar levantar dados sobre: aspectos geográficos, históricos, sócio-econômicos, étnicoraciais, religiosos, dentre outros. Assim como expressar a realidade da escola: perfil dos/as estudantes, corpo técnico pedagógico, apoio, bem como, um breve histórico da instituição. 2. Objetivos Gerais e específicos Definem as prioridades que direcionarão o trabalho da instituição, tendo em vista as informações destacadas no diagnóstico. 3. Estrutura e Funcionamento Descrição das instalações físicas, dos recursos humanos e financeiros (e suas fontes), níveis e modalidades de ensino oferecidos. 4. Organização da escola âmbito espaço-temporal Níveis de oferta dos cursos. Em que tipos de agrupamentos os estudantes são distribuídos, calendários e rotinas escolares. No âmbito relacional, o PPP deve explicitar o que pensa do papel, do perfil e das responsabilidades: da direção, dos/as professores, dos/as coordenadores/as ou supervisores/as, dos/as estudantes, da família, dos/as funcionários/as, dentre outros. No âmbito administrativo financeiro deve-se definir os modelos e as instâncias de gestão, bem como, a responsabilidade de cada pessoa. 5. Organização curricular Quais são os princípios norteadores do currículo: epistemológicos; didáticopedagógico; éticos e estéticos. Qual organização curricular estará prevista: por série/por ciclo, por área/por disciplina. Neste item deve-se demonstrar de que 125 126 Estrutura do Planejamento Político Pedagógico maneira o coletivo da escola desenvolverá o seu trabalho em diálogo com as Relações Étnico-Raciais e com a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Reflexões sobre o tema: • Que sociedade queremos para viver? • Que escola temos e que escola queremos? Que tipo de relações queremos construir na escola e na comunidade? • Busque caracterizar um pouco sua escola: Onde ela está situada? Quais características sócio-culturais a comunidade escolar apresenta? • Qual diagnóstico (item 2) seria possível fazer sobre sua escola? Quais são suas maiores dificuldades e maiores possibilidades? Referências ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In MEC, Anais da Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília: 28/8 a 2/9/94. MACHADO, Antônio Berto. Reflexões sobre a organização do processo de trabalho na escola. In Educação em Revista nº 9. Belo Horizonte: jul. 1989, pp. 27-31. MARQUES, Mário Osório. Projeto pedagógico: A marca da escola. In Revista Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola nº 18. Iju: Unijuí, abr./jun. 1990. PEREIRA Elisabete Monteiro de A. Subsídios para a elaboração do projeto pedagógico. In http://www.prg.unicamp.br/projeto_pedagogico.html. Em 12/03/2007. VEIGA, Ilma Passos A. Inovações e o projeto político pedagógico. Uma relação emancipatória ou regulatória. http://72.14.209.104/search?q=cache:QlMBMdiErkJ:www.scielo.br/pdf/ccedes/v23n61/a02v2361.pdf+Projeto+pol%C3%ADtico +pedag%C3%B3gico&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=8 . Em 02/03/2007. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Princípios Filosóficos, Epistemológicos, DidáticoPedagógicos e Éticos que Embasam a Construção Curricular Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro Cada coisa tem um motivo para ser entendida do jeito como é entendida. Bianca, 10 anos - Projeto Filosofia na Escola Em outros momentos deste livro pudemos refletir sobre o papel central do currículo escolar e sua importância na construção de uma escola anti-racista e inclusiva. Vimos, também, que os currículos escolares devem ser construídos com base na "multiplicidade de valores, de historicidades e de olhares presentes nas identidades nacionais". A Constituição Federal, no seu artigo 210, determina que: "serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais" (1988). Entre os princípios que devem reger o ensino no Brasil, consagrados no artigo 3º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educacional (1996), podemos destacar alguns, que darão suporte à construção curricular das escolas: • Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; • Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; • Respeito à liberdade e apreço à tolerância; • Valorização da experiência extra-escolar; • Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. É necessário construir currículos que valorizem a pluralidade cultural identitária da sociedade brasileira e, como já vimos anteriormente, devem ter como "eixo os valores e práticas culturais dos estudantes e da comunidade na qual a escola está envolvida". Desta forma, poderemos afirmar as identidades dos estudantes, valorizando sua história, cultura e pertencimento étnico-racial. Tendo como base essa discussão, afirmamos, então, que a construção de um projeto político-pedagógico e a conseqüente formulação de uma proposta curricular necessita de princípios básicos que orientem as metas a serem alcançadas. Tais princípios devem se coadunar com legislação em vigor e visa o fortalecimento dos vínculos institucionais com a comunidade na qual a escola está inserida. Os princípios filosóficos devem favorecer a construção de currículos que desenvolvam a "consciência política e histórica da diversidade", afirmando à igualdade de direitos, valorizando a história e cultura africana e afro-brasileira e superando a forma discriminatória e injusta que as classes populares, incluindo os negros e indígenas, são tratadas. Desta forma, a construção curricular deve buscar o "fortalecimento de identidades e direitos", para que sejam desencadeados processos 127 128 Princípios Filosóficos, Epistemológicos, Didático-Pedagógicos e Éticos que Embasam a Construção Curricular de afirmação de identidades, até então desvalorizadas, pela garantia de amplo acesso à informação e melhoria da formação dos profissionais da educação. (Cf. Diretrizes Curriculares Nacionais, 2004, p. 7ss) Os princípios epistemológicos, que estão relacionados com o conhecimento e a aprendizagem, devem fundamentar a construção de um processo de ensinoaprendizagem construtivo e transformador. Um processo em que o/a professor/a irá auxiliar os/as educandos/as na busca problematizadora, como um co-investigador à procura de explorar a dimensão filosófica de nosso estar-no-mundo. Neste sentido, a relação pedagógica é deslocada do eixo de atenção do professor para o grupo, passando o professor a estar como fomentador e incentivador do debate reflexivo entre os/as estudantes. Deve-se levar em consideração que o processo de aprendizagem não está relacionado apenas ao conhecimento de conteúdos, mas, também, atua no campo das emoções e dos afetos. Enfim, a aprendizagem se dará entre seres humanos concretos em suas relações com o conhecimento e com o outro (professores/as, estudantes e demais pessoas com as quais são estabelecidas relações). Os princípios didático-pedagógicos levam em consideração as práticas educativas. Para a construção de uma educação anti-racista, o currículo escolar deve ser construído levando-se em consideração a necessidade da temática étnico-racial ser apresentada ao longo do processo educativo, e não apenas de forma esporádica. O currículo deve valorizar as contribuições do povo negro na história das comunidades, bem como da sociedade brasileira como um todo, apresentando, também, a história dos povos oprimidos, relatando as situações de opressão e a resistência destes povos. Por fim, deve-se abordar a situação étnico-racial a partir do cotidiano dos grupos que compõe a sala de aula. (MEC/SECAD, 2006, p. 69ss). Privilegiar as relações não autoritárias, solidárias e respeitosas das diferenças entre as pessoas são elementos centrais dos princípios éticos. Isso possibilita o desenvolvimento do processo de reconhecimento pessoal e a construção da autoestima, e proporciona uma estética da sensibilidade. A sensibilidade é vista aqui como "a forma elaborada do sentimento de ligação (reliance): uma 'empatia generalizada' em relação a tudo o que vive e a tudo o que existe."(grifo do autor) (Barbier, 1998: 183). Esta sensibilidade deve estar voltada ao encontro afetivo com o outro, e, como afirma Patrícia Santana, ao descrever o papel do afeto na Educação Infantil: "Fazse necessário que as demonstrações de afeto sejam manifestadas para todas as crianças indistintamente. (...). A educadora é a mediadora entre a criança e o mundo, e é por meio das interações que ela constrói uma auto-imagem em relação à beleza, à construção do gênero e aos comportamentos sociais" (In MEC/SECAD, 2006, p. 38). Reflexões sobre o tema: • Em que princípios filosóficos, epistemológicos, didático-pedagógicos e éticos podemos fundamentar um currículo anti-racista e valorizador das relações étnico-raciais, da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana? História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola • Posicione-se em relação aos princípios aqui apresentados. Procure refazê-los levando em conta sua própria realidade. Referências BARBIER, René. A escuta sensível na abordagem transversal. In BARBOSA, Joaquim Gonçalves (Coord). Multirreferencialidade nas ciências e na educação. Revisão da Tradução: Sidney Barbosa. São Carlos: EdUFSCar, 1998. BARBOSA, Joaquim Gonçalves (coord). Multirreferencialidade nas ciências e na educação. Revisão da Tradução: Sidney Barbosa. São Carlos: EdUFSCar, 1998. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm#art206v. Acesso em 25/03/2007 __________________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96. Disponível em: http://209.85.165.104/search?q=cache:SesfuatanYkJ: www.unioeste.br/prg/ download/Lei9394-96-LDB.doc+Lei9394/96&hl=ptBR&ct=clnk&cd=2.Acesso em 25/03/2007. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/CNE. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/ downloads/04diretrizes.pdf. Acesso em 04/04/2007. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SECAD. Orientações e Ações para a Educação Étnico-raciais. Brasília: SECAD, 2006. FREIRE, Paulo e SHOR, Ira. Medo e ousadia. Cotidiano do professor. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 129 130 Currículo escolar e relações étnico-raciais Currículo escolar e relações étnico-raciais Bárbara Oliveira Souza e Edileuza Penha de Souza A Razão da Chama Nos porões fétidos da história Comi podridões. Endoideci. Adoeci. Atiraram-me no mar do esquecimento Agarrei-me às ancoras passadas-presentes Cavalguei as ondas Desemboquei Rumo à vida Miriam Alves O currículo escolar é um aspecto central na discussão sobre a escola e sobre as relações que são estabelecidas nela. É nesse espaço que desde a mais tenra idade nos relacionamos com várias pessoas que se apresentam de modo distinto nessa relação. O/a professor/a e cada estudante trazem diferentes históricos, origens, formações familiares, pertencimentos étnico-raciais. A escola apresenta-se, então, como um espaço fundamental na construção das identidades sociais, fundadas por sua vez nessas múltiplas relações que são estabelecidas. No Brasil, compartilhamos um universo cultural e uma língua que nos caracteriza como brasileiros. Entretanto, trata-se de uma sociedade muito mais complexa, constituída justamente por sua imensa diversidade. As centenas de povos e línguas indígenas existentes, as várias correntes migratórias européias e os povos africanos que foram trazidos ao Brasil são fatores que complexificam e enriquecem a identidade nacional, constituída fundamentalmente pelos povos indígenas, europeus e africanos. A construção da identidade negra no Brasil é não apenas um mecanismo de reivindicação de direitos e de justiça, mas também uma forma de afirmação de um patrimônio histórico e cultural. As múltiplas identidades que nos constituem, entretanto, não integram o currículo escolar com a abordagem devida. Além do aspecto restrito, cabe ressaltar as abordagens explícitas de inferiorização de negros/as e indígenas e de supervalorização de brancos/as no currículo escolar como um todo e nos livros didáticos e paradidáticos em particular. Temos um desafio grandioso à frente, que é "desenvolver, na escola, novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidades que integram a identidade do povo brasileiro, por meio de um currículo que leve o aluno História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola a conhecer suas origens e a se reconhecer como brasileiro" (Moura, 2005: 69). Esse reconhecer-se está relacionado intimamente à inclusão no currículo escolar desse olhar mais diverso e plural da história do país, além da história e formação étnica de cada estudante. Dando ênfase à transmissão de conhecimentos nas comunidades quilombolas, Moura (2005) ressalta que a diferença entre a transmissão de saberes nas comunidades e nas escolas é que no primeiro caso o aprendizado e a socialização desenvolvem-se de modo "natural e informal" e no segundo o saber não se fundamenta na experiência do estudante. A discussão sobre Currículo Escolar deve fundar-se na multiplicidade de valores, de historicidades e de olhares presentes nas identidades nacionais. Ao se basear no padrão eurocêntrico1, a educação formal "desagrega e dificulta a construção de um sentimento de identificação, ao criar um sentido de exclusão para o aluno, que não consegue ver qualquer relação entre os conteúdos ensinados e sua própria existência durante o desenvolvimento do currículo" (Moura, 2005: 72). A auto-estima também se apresenta como elemento central na construção de um currículo escolar que proporcione aos estudantes negros/as se visualizarem nos livros, nas aulas e no aprendizado de forma positiva. Esse movimento envolve uma série de fatores, dos quais esse curso, Formação em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana 2ª etapa, já é um fruto. A escolha do livro didático e das atividades e estratégias utilizadas em sala de aula também devem levar em conta essa dimensão. "A desconstrução da ideologia que desumaniza e desqualifica pode contribuir para o processo de reconstrução da identidade étnico-racial e auto-estima dos afrodescendentes, passo fundamental para a aquisição dos direitos de cidadania" (Silva, 2005: 33). O patrimônio étnico-cultural dos povos africanos deve marcar de forma positiva a identidade das crianças, adolescentes e jovens negros. A integração lúdica e pluricultural abre perspectivas para um currículo escolar que contemple as relações étnico-racias, e esse passará necessariamente por rever seus conteúdos ligados a história e cultura afro-brasileira, bem como contemplará a "história dos povos africanos no período anterior ao sistema escravista colonial" (Silva (2), 2001: 66). Um currículo escolar que contemple as relações étnico-raciais faz surgir na escola e na sociedade "uma comunidade plena da consciência da participação de cada um na construção do bem comum" (Teodoro, 2005: 83). Implantar currículos capazes de responder às especificidades e pluralidades das identidades brasileiras, tendo como eixo os valores e práticas culturais dos estudantes e da comunidade na qual a escola está envolvida é fundamental. Outra dimensão importante é o fortalecimento da afirmação das identidades dos estudantes, valorizando sua história, cultura e pertencimento étnico-racial. 1 O eurocentrismo é uma visão de mundo que tende a colocar a Europa (assim como sua cultura, seu povo, suas línguas) como o elemento fundamental na constituição da sociedade moderna, sendo necessariamente a protagonista da história humana. Acredita-se que grande parte da historiografia produzida no século XIX até meados do século XX assuma um contexto eurocêntrico, mesmo aquela praticada fora da Europa. Manifesta-se como uma espécie de doutrina, corrente no meio acadêmico em determinados períodos da história, que enxerga as culturas não-européias de forma exótica e as encara de modo xenófobo. 131 132 Currículo escolar e relações étnico-raciais Referências MOURA, Glória. O direito à diferença. In Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. SILVA, Ana Célia. A descontração da discriminação no livro didático. In Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. SILVA Jr., Hédio. Discriminação racial nas escolas: entre a lei e as práticas sociais. Brasília: UNESCO, 2002. SILVA (2), Maria Aparecida. Formação de Educadores/as para o combate ao racismo: Mais uma tarefa essencial. In CAVALLEIRO, Eliane (org). Racismo e anti-racismo na escola – repensando nossa escola. São Paulo: Aummus, 2001. TEODORO, Helena. Buscando caminho nas tradições. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciais Bárbara Oliveira Souza e Edileuza Penha de Souza PELO DEVER de resistir e caminhar pelos destroços da nossa utopia, eis-nos aqui de novo, acocorados, aqui onde o tempo pára e as coisas mudam. E PARA QUE O NOSSO SONHO RENASÇA com a levitação do vento e do grão, eis-nos aqui de novo, passivos como os espelhos, no tear da nossa existência. ESTE SEMPRE SERÁ O nosso amanhecer. E a nossa perseverança é como a da erva daninha que lentamente desponta na pedra nua." João Armando ARTUR - Divagações Ao refletirmos sobre o conteúdo abordado nesse texto, podemos ponderar acerca das dimensões fortemente presentes no processo educacional, tais como as diferentes identidades, a sexualidade, as culturas, as relações de gênero e as relações raciais. Essas dimensões são estruturais na construção do diálogo entre a escola, a realidade social e as diversidades étnico-raciais e culturais, e são, por sua vez, também fundamentais para a identificação dos/as educandos com a escola e com o processo de aprendizagem. Qual é, então, a importância de estudar a cultura e história afro-brasileira e africana? Todas as pessoas têm direito a ter respeitada e valorizada sua identidade 133 134 A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciais étnico-racial e histórica, sua identidade de classe social, de gênero, de orientação sexual. A escola é parte vital desse processo, devendo ter em seu currículo a incorporação dessas temáticas. Com relação à especificidade de nosso curso, ou seja, a cultura e história afrobrasileira e africana e as relações étnico-raciais, cabe destacar que os currículos devem abordar de modo equânime as diferentes identidades constituintes da nação brasileira; devem discutir e problematizar as relações étnico-raciais no âmbito escolar e na sociedade; além de trabalhar e discutir nas diferentes disciplinas as histórias, costumes e a cultura africana e afro-brasileira. Repensar a construção e desenvolvimento do currículo escolar envolve também a reflexão sobre o papel do/a educador e da escola na formação social da/o cidadã/o. Todos esses fatores são aspectos importantes para a identidade, auto-estima dos/as estudantes e para a construção de uma sociedade que dialogue de modo mais plural e diverso com os vários povos e culturas constituintes das identidades nacionais. O nosso objetivo aqui não é apontar o quanto a escola reproduz as mazelas sociais. O que apostamos nesse curso é no potencial transformador da escola. Estamos convencidos/as de que se por um lado a escola não pode ser a única responsável pelas transformações na sociedade, por outro reconhecemos que sem ela, estas transformações não virão. Vocês, como professores/as multiplicadores são fundamentais nesse processo de transformação! Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a escola é um espaço privilegiado para a promoção da igualdade e eliminação de toda forma de discriminação e racismo, por possibilitar em seu espaço físico a convivência de pessoas com diferentes origens étnico-raciais, culturais e religiosas. Potencializar esse caráter transformador da escola envolve: • O estudo das diferentes raízes da cultura brasileira, que num fluxo e refluxo de relações não se constituem mais como gêges, bantus, nagôs, portuguesas, japonesas, guaranis, terenas, italianas, mas brasileiras de origem africana, européia, indígena e asiática1 . • O trabalho imagético de personagens negros em cartazes na escola, trazendo uma abordagem positiva, de modo a romper com a estigmatização tão presente em livros didáticos e na sociedade brasileira de modo geral. • Adoção de livros didáticos que abordem aspectos significativos da cultura e história afro-brasileira e africana, como a história da África e a influência das línguas africanas no português falado no Brasil. • Reconhecer a importância do livro didático na vida dos/as estudantes. O livro configura-se muitas vezes como o único ou o principal instrumento de estudo, por isso ressaltamos a relevância de que os conteúdos não tragam visões estereotipadas ou preconceituosas. Portanto, atenção educador/a: o processo de escolha destes livros é fundamental para a construção de uma educação anti-racista! 1 SILVA, Petronilha Beatriz G. Aprendizagem e ensino das Africanidades Brasileiras. In Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola • Levar para a sala de aula filmes, livros e músicas que abordem as inúmeras estratégias de resistência dos/as negros/as na história brasileira, tais como os quilombos, irmandades e o candomblé. Nas referências dessa unidade, abordaremos algumas dicas. • Dar visibilidade à produção intelectual negra (como Conceição Evaristo e Cruz e Souza) e às contribuições trazidas pelos povos negros ao Brasil (como a metalurgia, pecuária, agricultura, além da música, tradições, língua, danças, costumes, dentre outros). Fortalecer o currículo escolar para uma dimensão pluricultural envolve a reflexão sobre as práticas e relações: • Situações de conflitos étnico-raciais são muitas vezes pautadas como problemas entre os/as educandos/as que não devem ser "reforçados". São, todavia, situações fundamentais para refletir a postura tanto dos/as estudantes, como dos/as educadores/as, dos funcionários/as da escola, da família e da sociedade como um todo. • Piadas racistas e apelidos são comumente tratados como "brincadeiras", "carinho" ou problemas que não dizem respeito à escola. Essas situações também precisam ser trabalhadas pela escola e debatidas profundamente junto aos estudantes. Discuta com colegas professores/as e com as/os estudantes sobre a presença do racismo na sociedade brasileira e nas relações estabelecidas entre os sujeitos que a compõem! • A discriminação racial está na dimensão das relações. Por isso, a discriminação não é uma questão relevante apenas às pessoas que são discriminadas. A questão étnico-racial deve ser abordada por negros, indígenas, brancos e por outros grupos étnicos-raciais, afinal é uma questão de toda a sociedade. Reflexões sobre o tema Uma boa dica é conversar com outros educadores/as sobre as datas comemorativas e as festas previstas no calendário escolar. Como garantir a valorização e o respeito à diversidade nestes espaços e momentos? Sua escola já tem uma preocupação neste sentido? De que forma se dá esta inclusão da diversidade? A escola toda está envolvida ou é ação de alguns educadores? Se sua escola não tem, ainda, um olhar voltado para a diversidade, dialogue com outros educadores/as, sobre por onde começar. Quais seriam as primeiras iniciativas para isso? Por fim, cabe ressaltar que a construção da educação anti-racista é cotidiana e contínua. As relações étnico-raciais e a história e cultura afro-brasileira e africana devem estar presentes no Projeto Político Pedagógico, bem como no currículo escolar! Referências BENTO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco, São Paulo: Ed. Ática, 1999. 135 136 A Escola como espaço de desenvolvimento do currículo e das relações étnico-raciais BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana. CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e Anti-Racismo na Educação. Repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2001. MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988. MOURA, Glória. O direito à diferença. In: Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. MUNANGA Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. SECAD/MEC, 2005, p101-116. ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro. Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar. Belo Horizonte, Mazza, 2004. ROSEMBERG, Fúlvia, Literatura infantil e ideologia. São Paulo: Global, 1985. SILVA, Ana Célia da, A discriminação do negro no livro didático. Salvador: EDUFBA/CEAO, 1995. SILVA Jr., Hédio. Discriminação racial nas escolas: entre a lei e as práticas sociais, Brasília, UNESCO, 2002. SILVA, Petronilha Beatriz G. Aprendizagem e ensino das Africanidades Brasileiras. In Kabengele, Munanga. Superando o racismo na escola. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. SECAD/MEC. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/2003. Coleção Educação para Todos. Ministério da Educação: SECAD, 2005. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Aprendizagem e avaliação: suas relações com a cultura e a memória Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro Dai a ênfase que dou (...) não propriamente à análise de métodos e técnicas em si mesmos, mas ao caráter político da educação, de que decorre a impossibilidade de sua neutralidade Paulo Freire - Ação Cultural para a Liberdade. Podemos dizer que aprendizagem se relaciona à aquisição de novos conhecimentos, ao desenvolvimento de habilidades e ao aprendizado de novas práticas. No entanto, não é fácil tentar "enquadrar" o processo do aprender em conceitos fechados, pois qualquer conceito estará sob a interferência de posições pessoais, políticas e/ou ideológicas. O processo educativo contém em si a possibilidade da experiência com o objeto do conhecimento, com o professor, com o/a outro/a estudante/a. É esta experiência que irá permitir a construção do conhecimento, das habilidades e atitudes. O ser humano é um ser social que se constitui a partir das relações que estabelece com outras pessoas e com sua rede de relações interpessoais. Neste sentido, para que haja a aprendizagem, deve-se procurar privilegiar relações onde os/as estudantes possam ser sujeitos de seu processo educativo. E que, juntos, estudantes e professores possam na sua diferença pessoal, enriquecer o grupo e proporcionar espaços de aprender coletivos. A educação, segundo Paulo Freire, "é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. .... A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém" (1988, pp.27/28). Portanto, a aprendizagem só é possível para o sujeito do seu aprender. Em uma educação em que o sujeito do aprender é o/a educando/a, o momento da avaliação deve ser um espaço de grande importância: "A avaliação deve ser um momento de riqueza interior, de retomada, de visualização do que fazer, do como fazer e do para que fazer. Deve ser um momento que propicie uma reflexão de educandos e educador sobre o conhecimento adquirido....Provavelmente, será o momento mais importante do aprendizado do (a) estudante (a)" (Ribeiro, 2002, p.16). Por isso, é preciso ver quais sentidos podem ser extraídos do aprendizado. Por que aprendi? Para que aprendi? Qual o significado desta aprendizagem? Os/as estudantes, muito mais do que conhecer algo, necessitam apoderar-se deste conhecimento com vistas a sua vida cotidiana. Se a aprendizagem não for relevante 137 138 Aprendizagem e avaliação: suas relações com a cultura e a memória para ele/a, logo será esquecida. Portanto, avaliação não se esgota na conferência do conhecimento adquirido, mas na construção/reconstrução de valores e significados relacionados com a experiência vivida. É em seu contexto de vida que o/a estudante constrói sua aprendizagem. Portanto, é em seu contexto cultural e a partir dele que ocorrem as aprendizagens. Os/as estudantes trazem consigo conhecimentos e acúmulos que devem ser incorporados no processo de aprendizagem. Este deve basear-se também na vivência cotidiana dos/as estudantes, em suas práticas sociais, religiosas, nas relações étnicoraciais, opções de lazer e vivências socioculturais. "Cada um com seu retalho, de cor, de textura e tamanho diferentes busca costurar e contribuir para o gestar do que acontece no espaço educativo marcado pelo muito do que se aprende e que se ensina com as histórias de vida de todos os envolvidos. Abarcar os diferentes e suas diferenças requer disposição para uma tomada de postura política" (SECAD/MEC, 2006: 106). Nas relações dos seres humanos com o meio e com o outro, se constroem modos de vida e se constituem os desejos, anseios e respostas para as necessidades destes mesmos seres humanos. Neste sentido, pode-se dizer que a cultura é toda a organização humana, seus costumes e tradições, que formam o escopo identitário de um determinado grupo social. No Brasil, muitos grupos construíram seus referenciais culturais e identitários ao longo da história, em uma imensa gama de processos de aprendizagem formal e informal. Podemos destacar os quilombos, o samba, a capoeira e o candomblé que trazem modos próprios de educar e formar. Mas, quais são as referências abordadas no processo educacional em nossas escolas? Na maioria das vezes são referencias oriundas das vozes dos grupos sociais dominantes, predominantemente eurocêntricas. Diversas culturas que formam nosso mosaico identitário, que nos dão vida, voz e corpo, têm pouca abordagem na escola. Pensar uma abordagem anti-racista da educação parte da perspectiva de que professores/as e estudantes devem se reconhecer no processo de aprendizagem e dialogar sua prática escolar com os mais diversos campos de sua vida. Para isso, necessitamos construir uma sociedade, no dizer de Paulo Freire, aberta e desalienada, em que o ser possa entender-se e explicar-se a si mesmo "como um ser em relação com a realidade; que seu fazer nesta realidade se dá com outros homens, tão condicionados como ele pela realidade dialeticamente permanente e mutável e que, finalmente, precisa conhecer a realidade na qual atua com outros homens" (Freire, 1988, p. 48) Como se reconhecer em uma cultura que não pode ser percebida como sua? Devemos resgatar a história e a memória dos que oficialmente não puderam contála e não ocuparam os espaços da educação formal. Como fazer com que esta memória venha à tona? Para Ecléa "O único modo correto de sabê-lo é levar o sujeito a fazer sua autobiografia. A narração da própria vida é o testemunho mais eloqüente História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola dos modos que a pessoa tem de lembrar" (In: Neila Ribeiro, 2005, p.6). Manter a cultura viva passa pelo contar nossas histórias e, segundo, Benjamin: "Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece enquanto houve a história" (Benjamim , 1999, vol. I, p. 205). Para as culturas afrobrasileiras, educar e formar são práticas ancestrais, e não são exclusividade da escola. Entretanto, cabe à escola reconhecer a diversidade de formação da nação brasileira e de seus/suas estudantes. Por isso, é fundamental pensar na memória e na história também a partir das matrizes afro-brasileiras. Reflexões sobre o tema: • Que conceitos de aprendizagem você utiliza em sua prática pedagógica? • Que concepções de avaliação são importantes para sua prática docente? • Quais relações podemos estabelecer entre educação, cultura e memória? • Que metodologias de trabalho em sala de aula seriam mais adequadas para que os/as estudantes sejam ativos nos seus processos de aprendizagem? • Como você organiza o processo de avaliação de sua turma? Quais são os modelos utilizados? Que registros você cria? • Pesquise nos planos de aula colocados à sua disposição na terceira sessão deste livro estratégias de metodologia e avaliação que poderiam lhe auxiliar na prática docente. Referências BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. vol 1, Magia, Técnica, Arte e Política. Ensaio sobre literatura e história da Cultura, Pequena história da fotografia. A Obra de Arte na era de sua reprodutibilidade técnica, O narrador. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1999. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. MEC/SECAD. Orientações e Ações para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade / Ministério da Educação, 2006. RIBEIRO, Álvaro S. T. Educação Libertadora. Uma práxis (ainda) possível? In Revista de Pedagogia. Ano 3, nº 6. Brasília: UnB, 2002. RIBEIRO, Neila M. T. Reflexões a cerca da relação entre: memória, apropriação, fotografia digital, pintura e objeto. Monografia (TCC). Brasília: UnB/IdA, 2005. 139 140 A construção do projeto político-pedagógico A construção do projeto político-pedagógico: a partir de uma concepção participativa, dialógica e democrática Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro O coletivo é um organismo social vivo e, por isso mesmo, possui órgãos, atribuições, responsabilidades correlações e interdependência entre as partes. Se tudo isso não existe, não há coletivo, há uma simples multidão, uma concentração de indivíduos. Anton S. Makarenko O Projeto Político-Pedagógico deve ser a culminância de um trabalho coletivo, democrático, dialógico e participativo. Sabemos que não é fácil mobilizar a comunidade educativa para planejar suas ações, discutir e buscar soluções para seus problemas. Devemos considerar que o princípio da diversidade vale também para as questões do planejamento, portanto, não pretendemos estabelecer um caminho único para a realização do planejamento do PPP. São sugestões para serem desenvolvidas nas escolas. Para a construção do PPP, é necessário que a escola se organize coletivamente. Deverão ser montadas equipes de trabalho com a participação de todos os segmentos (direção, professores, funcionários, estudantes, pais e comunidade em geral). É fundamental que se constitua uma equipe coordenadora, com representação dos diversos grupos. O PPP não deve ser fruto de encomenda a algum especialista, mas sim, fruto da ação coletiva da comunidade educativa. É importante que a Equipe de Coordenação se capacite para o desenvolvimento da metodologia a ser utilizada. Lembre-se! Uma das etapas mais importantes no processo de construção do PPP é a da mobilização da comunidade. A participação do maior número de pessoas será significativa para a construção de um bom projeto. Para garantir a participação é necessária uma metodologia adequada. A problematização pode ser o ponto de partida para as investigações. As perguntas feitas ao longo do curso poderão balizar o trabalho da escola. Pode-se instituir uma Equipe de Elaboração, que ficará responsável pela sistematização dos trabalhos. Não adianta tentar construir um plano no final do ano, ou na semana pedagógica, pois serão necessários alguns meses para a concretização de todas as etapas (de 3 a 6 meses). Passada a fase de mobilização e organização geral, deve-se partir para a construção dos Marcos fundamentais ou referenciais. Eles se dividem em três: Marco Situacional, Marco Conceitual e Marco Operacional. Nesses marcos, a escola irá colocar seus sonhos, necessidades, posicionamentos, enfim, explicitará a direção que quer seguir. Algumas perguntas poderão ser úteis nesta etapa do trabalho, outras deverão ser construídas. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Marco Situacional: Questões de cunho mais geral Como compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar? Qual o papel da escola? A quem ela serve? Que experiências ela propicia ao/à estudante? Questões de cunho mais específico Qual é a importância das relações étnico-raciais na sua escola? Como esse tema é abordado no cotidiano escolar? Em sua matéria, há espaço para essa discussão? A cultura, história, literatura e tradições afro-brasileiras e a perspectiva étnicoracial estão presentes no Projeto Político-Pedagógico da sua escola? Como trabalhar os temas relacionados à história e cultura afro-brasileira e africana de modo adequado no currículo? Marco Conceitual Questões de cunho mais geral Que concepção temos de educação? Que concepções temos de escola? Que concepção temos de gestão? Que concepção temos de currículo? Que concepção de ensino, aprendizagem e avaliação se fazem necessárias para atingir o que pretendemos? Questões de cunho mais específico O que pensamos sobre racismo e preconceito? Que ensinamentos as sociedades africanas nos apresentam? É possível construir uma outra visão (outro olhar) sobre a história da humanidade? Marco Operacional Questões de cunho mais geral Quais as decisões de operacionalização? Como redimensionar a organização do trabalho pedagógico? Que tipo de gestão é adequada à escola? Questões de cunho mais específico Que impacto curricular teria o estudo da história da humanidade a partir da história africana? O ensino de geografia e história da África é condizente com o papel do continente africano na história mundial? 141 142 A construção do projeto político-pedagógico As línguas africanas, como as de origem banto, têm forte presença no português falado no Brasil. Fatos como esse têm visibilidade nas aulas de língua portuguesa? Devemos continuar a construir currículos eurocêntricos? A partir da elaboração das questões, é construído um roteiro de investigação. A coleta dos dados pode ser realizada por meio de entrevistas individuais ou em encontros com os diversos segmentos. Após a coleta dos dados deve-se sistematizar as respostas, pois, elas serão a base para a construção do PPP. A sistematização das respostas aos questionamentos iniciais deverá vir à plenária da comunidade educativa, para que seja discutida e finalizada a construção dos marcos referenciais. Finalizada a construção dos marcos referenciais, passe-se para a construção do Diagnóstico. Retrato da realidade e do contexto onde está inserida a instituição, destacando até que ponto a instituição está contribuindo ou poderá contribuir com mudanças na realidade/contexto em que está inserida. Quais as necessidades e prioridades da comunidade educacional. É fundamental a construção de perguntas que dêem conta dos problemas e as potencialidades da comunidade. Mais uma vez, pergunta-se à comunidade, sistematizam-se as respostas e elabora-se um texto para ser apreciado pela comunidade. Aprovado o texto, parte-se para a próxima etapa. A próxima fase é a da Programação. É o momento da construção do projeto propriamente dito. É a hora da definição dos objetivos (gerais e específicos), das estratégias de ação e do currículo. Uma vez mais, os segmentos da comunidade serão ouvidos. Elabora-se um texto. Apresenta-se esse texto à plenária para aprovação ou reconstrução. Dessa forma, mais do que um instrumento poderoso na construção de uma escola democrática, estaremos constituindo um espaço de participação e diálogo permanente da comunidade educativa. Reflexões sobre o tema • Por que é importante para uma instituição de ensino a elaboração de um projeto educacional? • Como têm sido conduzidas as ações de planejamento na sua instituição escolar? • Quais as dificuldades principais que precisam ser enfrentadas para viabilizar este processo? • De que maneira a comunidade escolar tem pensado e vivenciado a temática das Relações Étnico-Raciais e a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana? Referências BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana. GANDIM, Danilo. A prática do planejamento participativo. 13ª ed. Petrópolis: Vozes, 1994. GEMERASCA, Maristela P. e GANDIM, Danilo. Planejamento participativo na escola. O que é e como se faz. São Paulo: Loyola, s/d. Seção IV Planos de aula 144 Planos de aula História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola INTRODUÇÃO Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro & Iglê Moura Paz Ribeiro Não há saber mais ou menos, há saberes diferentes Paulo Freire Esta sessão objetiva apresentar sugestões para os(as) professores(as) construírem sua ação pedagógica, com foco na construção de uma educação mais equânime. Nestas sugestões a equipe de trabalho selecionou sessenta Planos de Aula, que foram construídos pelos/as participantes da primeira fase do curso de capacitação de professores(as), no âmbito do Programa de Educação das Relações Étnico-Raciais Aplicando a Lei 10.639/2003, realizados entre 2004 e 2007. Também, apresentamos sugestões de materiais didáticos para uso em sala, bem como para a formação dos(as) docentes. São sugestões de filmes, livros e sítios virtuais, músicas e outras indicações que podem contribuir com a prática docente voltada à construção de uma educação das relações étnico-raciais e da história e cultura afro-brasileira e africana. A construção de uma escola transformadora passa necessariamente pela construção de currículos capazes de promover relações identitárias no seio comunidade escolar. É no currículo escolar que se pode desenvolver, segundo Glória Moura, novos espaços pedagógicos que propiciem a valorização das múltiplas identidades que integram a identidade do povo brasileiro, um currículo em que o aluno conheça suas origens e a se reconhecer como brasileiro. O currículo deve valorizar olhares plurais. Pois, é na pluralidade dos olhares que os estudantes podem reconhecer-se como ser, com identidade diversa. Portanto, a discussão sobre os currículos escolares deve incluir um olhar diversificado sobre a história e cultura de nosso país e de nossas origens, superando a visão eurocêntrica que dominam nossos currículos. Neste sentido, a sala de aula é, em última e primeira instância, o local privilegiado desta construção curricular. Portanto, o Plano de Aula deve ser o instrumento de organização deste espaço, assim como, o que oportunizará a efetiva inserção dos objetivos e ações propugnados nos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas. Assim sendo, os mesmos apresentam-se como um caminho para o desenvolvimento de atividades pedagógicas que procurem, não só conscientizar, como promover relações de aceitação e convívio baseados em uma prática que seja construída na e pela diversidade, tendo como eixo os valores e práticas culturais dos estudantes e da comunidade na qual a escola está envolvida. Por isso, os Planos selecionados apresentam como principal característica uma abordagem inter e, até mesmo, transdisciplinar, da temática das relações étnicoraciais, o que possibilita uma maior integração do tema ao desenvolvimento dos currículos escolares. Simbolizam o resultado do esforço de educadores e educadoras em construir, no espaço da sala de aula, conhecimentos necessários para a valorização da história e cultura africana e negra no Brasil. Os mesmos apresentam, também, como características: a diversidade de séries e disciplinas; abrangência da 145 146 Planos de aula temática; objetividade na organização do plano; coerência entre tema, objetivos, habilidades e procedimentos. Dentre os mais de cinco mil Planos de Aulas produzidos pelos cursistas, apenas sessenta estão sendo publicados, por uma compreensiva limitação de páginas desta publicação. Temos a certeza de que eles poderão ser muito úteis, assim como os demais que não foram, ainda, publicados. Outra importante dimensão dessa sessão são as contribuições com materiais de diversas linguagens para serem utilizados em sala e no processo contínuo de formação dos(as) educadores(as). Estão presentes nessa seção, sugestões de filmes, livros, endereços virtuais, dentre outros, que, por desenvolverem a temática das relações étnico-raciais e temáticas afins, poderão auxiliar na construção das práticas pedagógicas que abarquem as dimensões dispostas na Lei 10.639/2003. Esperamos que esses subsídios auxiliem nesse importante processo de construção uma escola que busque cada vez mais oportunizar ao educando ser sujeito ativo de seu conhecimento, construindo-o e reconstruindo-o, na medida de sua curiosidade, oportunidade e necessidade. Do mesmo modo, esperamos que essa seção ofereça aos professores e professoras elementos de qualidade para fortalecê-los(as) como agentes neste processo de construção do conhecimento e para que possam, desse modo, contribuir para que a sala de aula seja um espaço de criação de relações mais igualitárias. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Planos educação básica Educação Infantil e Ensino Fundamental (1 ao 5 ano) Plano 1 Autor(a): Rosângela Maria Moreira Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil " Tema: Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Titulo: A imagem negra na cultura brasileira Publico Alvo:Ed. Inf. - 1° Ano Disciplinas: História, Sociologia Objetivos: Desenvolver a compreensão para reconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-as e enriquecendo a construção de identidades positivas. Conceitos: Identidade; Valores Sociais; Manifestação de sentimentos, idéias e opiniões, Narração de fatos (Referências); Estilo de vida; Normas sociais e convenções necessárias para o convívio entre as pessoas Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De se adaptar - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De se adaptar - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De se organizar e organizar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De identificar problemas - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De escrever Valores: Solidariedade; Respeito; Justiça; Diálogo; Cooperação Recursos Didáticos: Imagens de famílias negras, profissionais negros, políticos, escritores e cientistas negros, textos com histórias em que aparecem negros vivendo situações cotidianas, músicas, paródias, cantigas de roda, danças populares e filmes com referências negras. Procedimentos: 1º: Selecionar previamente, materiais sobre o assunto - cartazes, vídeos, fotos, livros, revistas, jornais; 2º: Garantir, sempre que possível, o trabalho em grupos, para que os alunos possam ser parceiros de fato, colocando em jogo os saberes individuais, tanto nas atividades de escrita como nas de leitura; 3º: Pedir às crianças que falem sobre semelhanças e diferenças encontradas quanto a idade, tamanho, peso, gênero, altura e estrutura física; 4º: Observar, identificar e descrever as características diferenciadas em sala de aula; 5º: Trabalhar com as crianças as noções de antes e depois de um marco significativo, a noção de geração criança, pais, avós, bisavós. 6º: Desenhar, pintar, colar, recortar figuras do seu cotidiano; 7º: Promover freqüentemente leituras de pequenos textos, livros de histórias e vídeos relacionados a cultura negra; 147 148 Planos de aula 8º: Incentivar a análise dos alunos da estrutura da história mediante perguntas; 9º: Solicitar que as crianças identifiquem os valores expressos nas músicas, nos filmes, nos textos lidos; 10º: Pedir para as crianças contarem a sua história de vida; 11º: Ouvir músicas e aprender a letra; 12º: Participar dos grupos das cantigas de roda e danças; 13º: Ouvir e respeitar idéias dos colegas; 14º: Interpretar e relacionar os textos de acordo com o contexto no qual estão inseridos; 15º: Fazer releitura das imagens de referência negra; 16º: Produzir pequenos textos; 17º: Pedir para que os alunos montem um painel de todo conhecimento produzido ao longo do trabalho e expor na Semana da Consciência Negra ou em outra data significativa para a escola. Link: www.ipea.gov.br;www.ceert.gov.br;www.palmares.gov.br; Observações: No 1ª ano, o professor alfabetizador deverá: 1- trabalhar coletivamente de forma produtiva; 2- intensificar as práticas de leitura e escrita; 3utilizar instrumentos funcionais de registro do desempenho e evolução dos alunos e de documentação do trabalho pedagógico; 4- reconhecer que há atos inteligentes por trás das escritas dos alunos que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente; 5- encarar os alunos como pessoas que precisam ter sucesso em suas aprendizagens para se desenvolver pessoalmente e para ter uma imagem positiva si mesmos; 6- avaliar o desempenho do aluno no processo, utilizando instrumentos e técnicas variadas. Referências Bibliográficas: - Parâmetros Curriculares Nacionais - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual-1ª a 4ª ANO,1997 - Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa - 1ª a 4ªano, 1997 - Chagas, Conceição Corrêa das Negro - uma identidade em construção: dificuldades e possibilidades. Petrópolis: Vozes, 1997 - MEC - Coletâneas de Textos - Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2002 - Revista Professor, 2000, 2003, 2004 Plano 2 Autor(a): Terezinha Maria Inácio Alves Caetano Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Titulo: Mama África Público Alvo: Ens. Fund. - 2º Ano Disciplinas: todas as áreas Objetivos: Despertar o interesse dos/as alunos/as para a questão racial, nos dias de hoje. Promover a elevação da auto estima. Conceitos: Racismo; Beleza; Liberdade Habilidades : - De questionar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De realizar tarefas - De escrever Valores: Respeito; Solidariedade; Justiça; Amor; Trabalho; Fé. Recursos Didáticos: Imagens, Microsistem, retroprojetor, livros, revistas , jornais, vídeos História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Procedimentos: Iniciar as atividades com exibição do filme "Kiriku e a feiticeira". Após realizar um comentário do filme, anotar as observações dos alunos, referentes ao que mais gostaram, o que chamou mais atenção, que mensagens você percebeu, qual personagens mais gostou, a imagens mais significativa, os valores, étnicos, morais e éticos observados. Após conversa sobre o filme, apresentar aos alunos imagens do mapa mundi, identificando o continente "África", relacionando-o ao filme. Propor recorte de jornais e revistas, montando um mural sobre as crianças negras e como elas vivem. Ouvir a música "Mama África" criando uma coreografia para apresentação aos outros colegas. Observações: Ao trabalhar com crianças, na faixa etária de 7 anos, percebe-se como são criativos e adoram conhecer coisas novas. Se interessam por pesquisas, assuntos interessantes com ajuda do professor. As atividades não podem ser extensas, facilitando o desinteresse. Variar diariamente, dosando músicas, filmes, recortes,e desenhos. Referências Bibliográficas: - CALSAVA, Kátia, São Paulo: Folha de São paulo, 25 de agosto,2001 - Página 25 - Video Kiriku e a feiticeira - Música Chico César "Mama África" Plano 3 Autor(a): Wanessa de Castro Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Titulo: Africanidades Publico Alvo: Ens. Fund. - 3º Ano Disciplinas : Todas as áreas Objetivos: OBJETIVO GERAL: Desenvolver a percepção para a importância da música africana e afrobrasileira na formação do povo brasileiro. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Reconhecer ritmos brasileiros advindos das raízes africanas; Identificar a importância da música da formação moral e ética dos indivíduos e das coletividades; Promover a valorização dos ritmos que fazem parte da cultura do povo brasileiro. Conceitos: - Diversidade artística e cultural; Auto-estima; Música na formação social de indivíduos e coletivos. Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De se adaptar - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De reter e memorizar - De encantar - De se adaptar - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente 149 150 Planos de aula - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De criar produtos e artefatos - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Respeito; Reconhecimento; Convivência; Valorização do outro. Recursos Didáticos: 1. Aparelho de som; 2. CD's; 3. Letras das músicas; 4. Fotos relacionadas às músicas e/ou aos compositores/cantores; 5. Papel ofício e cartolina; 6. Lápis de cor, giz de cera e/ou tintas diversas; 7. Revistas e jornais; 8. Instrumentos musicais disponíveis: pandeiro, meia lua, ganzá, tumbadora, violão. Procedimentos: Detalhamento dos procedimentos: 1. Pedir às crianças que tragam de suas casas CD's de músicas que eles gostem ou achem interessantes, curiosos, etc.; 2. Selecionar algumas músicas dentre as trazidas pelas crianças para serem analisadas (uma ou duas a cada dia para não ficar muito cansativo) de modo que abordem o tema ou os ritmos em questão; 3.Fazer uma análise contextual das músicas, questionando sobre: a. O que acham que fala a música; b. Por que o autor tratou desse assunto; c. O que o assunto tem a ver com nossa comunidade e com cada um da turma; d. Qual a importância do assunto tratado na música; e. Como se sentiriam se elas fossem as pessoas sobre as quais falava a música; f. E daí por diante, fazendo o encaminhamento das questões e tentando sempre mostrar a importância da valorização das manifestações culturais e artísticas; 4. Discutir sobre os cantores e autores das músicas: como eles são, como vivem, se são valorizados ou não e por quê, a importância de se valorizar a música brasileira, etc. 5. Pedir que as crianças desenhem e pintem o que compreenderam da música que ouviram (lembrando que é ou duas em cada dia); 6. Em outro momento pedir que identifiquem em fotos de jornais e revistas as situações que estavam retratadas na música; 7. Ou identificar nos jornais e revistas pessoais parecidas com os cantores/compositores das músicas; 8. Selecionar, a partir de discussão com as crianças, uma música dentre as trabalhadas, para juntos cantarmos e apresentarmos a toda escola no próximo evento coletivo; 9. Pesquisar sobre a vida dos autores e cantores da música escolhida; 10. Ensaiar a música escolhida utilizando os instrumentos disponíveis; 11. Apresentar à escola a música ensaiada bem como um pouco da história da música e dos autores e cantores. Materiais de Apoio: Link: http://www.papodesamba.com.br/site/index.php?a=galeriadebambas&pg=3 Link: http://www.dancandoparanaodancar.org.br/root/root_br/index.htm Link: http://www.afroreggae.org.br/ Link: http://www.meninosdomorumbi.org.br/frames/principal.html Link: http://www.batala.com.br/ Link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samba Observações: O plano de aula pode ser aplicado para qualquer ano, podendo ser adaptado a cada idade dos alunos envolvidos.Além disso, pode-se aprofundar o plano e torná-lo em um projeto que pode ser desenvolvido durante todo o ano. Referências Bibliográficas: Foram consultados apenas os sites sugeridos pelo curso e aqueles que acrescentei nos materiais de apoio. Plano 4 Autor(a): Elaine Gislei Camargo de Oliveira Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 2 - Recontando a História da África Titulo: História em construção Público Alvo: Ens. Fund. - 1ª Série/2º Ano Disciplinas: 1ª Série/2º Ano Objetivos: Oferecer situações de discussão; Identificar e entender alguns conceitos; Desenvolver a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola habilidade de falar, perguntar, responder, expor idéias, dúvidas, descobertas, verificação e registros; Estimular o respeito a diversidade;formar cidadãos preocupados com a coletividade. Objetivos: Oferecer situações de discussão; Identificar e entender alguns conceitos; Desenvolver a habilidade de falar, perguntar, responder, expor idéias, dúvidas, descobertas, verificação e registros; Estimular o respeito a diversidade;formar cidadãos preocupados com a coletividade. Conceitos: Identidade; Preconceito; Discriminação social; Igualdade; Afro-descendência. Habilidades: - De questionar - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De encantar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De falar - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De realizar tarefas - De escrever Valores: Morais; Éticos; Culturais; Familiares; Sociais. Recursos Didáticos: Mapa Mundi; Revista Nova Escola On-Line (Animação, África Berçoddq Humanidade e do Conhecimento); Livro Ilê Ifê, O Sonho de Do Aiô Afonjá; www.acordacultura.org.br; Sucatas Procedimentos: Detalhamento dos procedimentos: 1ª Etapa: Reunir todos na roda de conversas, fale que cada pessoa constrói o seu modo próprio de ser, viver e conviver, e que isto é a sua identidade. Fale também das relações entre as pessoas, na família e em sociedade. Questione-os sobre seus conhecimentos a respeito de preconceito, descriminação e diversidade racial. 2ª Etapa: Levar as crianças à videoteca para assistirem ao desenho animado - Kiriku e a feiticeira. E uma história que relata a coragem, a curiosidade e a astúcia sobre uma comunidade subjugada por uma terrível feiticeira. Kiriku, um menino que nasceu para lutar e combater o mal enfrenta o poder da Karabá, a feiticeira maldosa e seus guardiões. Kiriku aprende em sua luta que a origem de tanta maldade é o sofrimento e só a verdade, o amor, a generosidade e a tolerância, aliados à inteligência, são capazes de vencer a dor e as diferenças. 3ª Etapa: Após leve as crianças para a sala e comece a contar a história do tráfico de negros vindos da África para o Brasil, mostre mapas deixe a criança visualizar e após questionar, problematize as questões levantadas pelas crianças, coloque-se como um interlocutor interessado nas opiniões delas. 4ª Etapa: Divida a turma em grupos e ajude-os a organizarem murais e maquetes. Registre a opiniões deles levante hipóteses. 5ª Etapa: Analise com a turma os registros e debata as hipóteses, anote tudo e crie um texto ou livro e peça aos alunos que ilustrem a história que elas criança. 6ª Etapa: Faça uma exposição dos trabalhos e convide os pais para verem as criações realizadas por seus filhos. Incentivando os alunos a relatarem os conhecimentos adquiridos. Materiais de Apoio: Link: http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_animacao/gal_animacao_242893.shtml Link: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u159.jhtm Link: www.acordacultura.com Observações: Observe em brincadeiras como esta a auto-imagem das crianças, verifique se elas valorizam suas origens e a diversidad. Convide os pais para participarem das atividades. Referências Bibliográficas: - http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_animacao/gal_animacao_242893.shtml - http://www.africa-turismo.com/mapas.htm - http://www.weshow.com/br/p/21909/colonizacao_europeia_da_africa - http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u159.jhtm - www.acordacultura.comEstes sites tem um vasto material a ser utilizado em sala de aula. Este material prende a atenção do aluno por suas riquezas de detalhes. 151 152 Planos de aula Plano 5 Autor(a): Princípio: Tema: Titulo: Publico Alvo : Ricardo Luiz da Silva Fernandes "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil Quilombos do Estado do Rio de Janeiro, um novo ritmo social Disciplinas : História, Português Ens. Fund. - 5º Ano e artes. Objetivos : Objetivo Geral:Possibilitar que os/as alunos/as tomem conhecimento do verdadeiro processo de luta e resistência do povo negro a escravidão; Conhecer a luta por liberdade e o movimento liderado por Zumbi dos Palmares. Possibilitar que um novo pensamento possa ser construído sobre o povo negro dentro de nossa sociedade, para que os negros assumam suas raízes e se façam parte da sociedade sem perder sua identidade cultural. Objetivos específicos:: Enfatizar a presença das raízes africanas na sociedade brasileira; Possibilitar o convívio com diferentes práticas culturais;Destacar a importância das lutas de Zumbi e dos demais movimentos quilombolas para o povo negro e seus descendentes; Compreender o que é, e quem é/foi herói na nossa sociedade no processo de libertação da escravatura; Valorização o outro independente de seu grupo étnico; Desmistificar uma serie de mitos perpetuados durante séculos pela sociedade brasileira. Proporcionar aos/ás alunos/as possibilidades para atuar como agentes da luta pela igualdade dentro e fora de seu espaço escolar. Conceitos: Visando trabalhar de forma multicultural, apresentaremos a possibilidade de trabalhar com a história do movimento quilombola no Brasil, através de atividades que demonstrem a importância e a relevância de Zumbi dos Palmares para a libertação do povo negro. Enfatizando que no Brasil existiu muitos homens e mulheres que lutaram pela sua liberdade e pela liberdade de seu povo. Conceber a comunidade quilombola como comunidade que faz parte da construção da sociedade brasileira e da luta e resistência do povo negro.Estudar sobre os costumes e a sabedoria dos quilombos.Utilizar contos africanos e brasileiros, poesia, música e danças para que o projeto seja trabalhado através de diversas linguagens. Reunindo junto com os/as estudantes o maior numero de informações possíveis para a elevação da auto-estima dos afros-descendentes. Habilidades : - De questionar - De criar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De encantar - De estar atento - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De convencer - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo - De criar produtos e artefatos - De usar tecnologias - De criar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores : Entender o processo de luta e resistência do povo negro, por meio de história e relatos dos quilombos brasileiros; Sendo o conhecimento uma construção sócio-histórica produzida História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola diferentemente em cada grupo étnico e cultural, entendemos, que cada um tem um modo próprio de ver e entender o mundo. Rezadeiras, jongo, congo, religiões afro, brincadeiras de roda, agricultura natural voltada para o respeito da natureza. Tudo Isso está presente na construção do movimento quilombola. Marcos de revolução e organização política, os quilombos brasileiros sempre estiveram numa luta cotidiana, a luta pela liberdade. No período colonial, as comunidades se organizavam para vencer as forças militares que tentavam apagar sua força para evitar a desmoralização política do sistema político implantado.Os afro-brasileiros precisam re-aprender a quebrar as regras impostas pelo poder, assumindo suas praticas culturais dentro das escolas, onde os/as alunos/as possam aprender sobre os heróis negros, a cultura africana, da vida dos trabalhadores escravos, das revoltas lideradas pelos quilombolas, e tudo o que posso apoderar mais os negros e negras. Recursos Didáticos: Todas as atividades precisarão dos seguintes recursos: o material para impressão de informativos Tintas, pinceis, pano e papel cartolina; Câmera digitalo Gravador digitalo Filmadora; Data show Laptop Procedimentos: Toda a turma será responsável por reunir dados sobre Zumbi dos palmares e o movimento quilombola, os alunos serão divididos em grupos, onde um grupo será responsável por pesquisar na Internet, outro em entrevistas os professores, um em livros didáticos, e por fim fotografias. E em seguida todos os dados serão apresentados para turma que organizará um acervo sobre Zumbi que será utilizado para consulta da turma e de toda e escola. Materiais de Apoio: Toda a turma será responsável por reunir dados sobre Zumbi dos palmares e o movimento quilombola, os alunos serão divididos em grupos, onde um grupo será responsável por pesquisar na Internet, outro em entrevistas os professores, um em livros didáticos, e por fim fotografias. E em seguida todos os dados serão apresentados para turma que organizará um acervo sobre Zumbi que será utilizado para consulta da turma e de toda e escola. Link: http://www.youtube.com/watch?v=QFuyx8gtI40 Observações: Essa idéia de igualdade e de identidade brasileira esteve presente também no campo político e foi um dos combustíveis do Getulismo. Modelo político que se apropriou das práticas populares para facilitar sua dominação e calar manifestações contrarias aos seus ideais.Outro fator importante é o papel do marketing e da construção de projetos divulgadores desse mito. A mídia brasileira, até hoje veicula essa idéia, que é abordada em novelas, seriados, filmes, revistas e jornais. Um grande defensor dessa teoria é o jornalista Ali Kamel, que lançou o livro: "Não somos racistas". Que discute e defende a igualdade racial presente dentro das relações sociais brasileiras. Essas ações foram e ainda são responsáveis pela inclusão desse conceito no imaginário coletivo.Assim, negros e índios viveram e ainda vivem sobre essa identidade homogenia, fato que desmobilizou, dificultando a organização de bandeiras de luta que lutassem por interesses de seus grupos raciais. A construção do projeto educacional brasileiro ainda vive sobre a égide da democracia racial. A formação dos educadores e as diretrizes educacionais não conseguem aprofundar as relações raciais presentes no contexto brasileiro. Relações que foram influenciadas pelas construções históricas, que possuem total ligação com o viés econômico e que estão totalmente conectados com a manutenção das estruturas de poder.Nesse sentido, não pode deixar de estar presente nesses questionamentos abordagem relativas à identidade brasileira sem ter como referência a estrutura de poder vigente. Não podemos deixar de lado as seguintes questões quando pensamos na democracia racial: que grupos de beneficiaram dessa mentalidade homogenizadora? Que caminhos foram percorridos para a efetivação desse conceito? E que grupos tiveram suas identidades culturais omitidas? As elites brasileiras se apropriaram das relações sociais e culturas para efetivarem suas relações de poder sobre a massa. Assim, a identidade brasileira teria a função de integrar o povo, construir um senso de igualdade e facilitar as imposições. Mesmo depois da abolição da escravatura o que vigora no discurso da população é uma idéia depreciativa da cultura tradicional e as escolas reproduzem esses preconceitos, pois abordam de forma distanciada e superficial os conhecimentos populares, ignorando o conhecimento que os alunos constroem durante toda sua vida através de interações sociais.O processo educativo deve se apropriar dessas informações e utilizar esse campo como um meio de discussão sobre a identidade cultural e implementar um ensino multicultural. Pautado na diversidade e que aborde cotidianamente as diferentes matrizes que originaram a população brasileira. Como indicado por Laraia (1997) "O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos 153 154 Planos de aula sociais e mesmo posturas corporais são assim produtos de uma herança produtos de uma herança cultural". (p.71).Abordar a identidade negra possibilita aos educandos um contato com sua cultura, com a historia de seus ascendentes e assim favorece o autoconhecimento. Por exemplo, todos compreendemos que nossa língua é formada pela junção de vários idiomas e que cada um teve uma participação fundamental e importante. Mas, nos bancos escolares é discutida a importância dos dialetos africanos para a nossa língua? Você pode citar alguma palavra que venha dessa unção? Dessa maneira, mostrar o significado dos cantos afros como expressão de liberdade é fundamental para compreender a construção da diversidade brasileira e manutenção de uma identidade negra. Referências Bibliográficas: - BAKTIN, M. (1992). Marxismo e filosofia da linguagem. (6ª ed.). São Paulo: Hucitec.Brasil: pne verso reverso. (2001). Rio de Janeiro: Folha Dirigida. - CASCUDO, L. C. (2001). Made in Africa. São Paulo: Global. - CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo, Cortez, 1991. - COOPER, F. (2005). Além da escravidão. Rio de janeiro: Civilização brasileira.Educação indígena: parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental. (1999). Brasília, DC: MEC. - FOUCAULT, M. (1977). Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes. - FOUCAULT, M. (1979). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal. - GEERTZ, C. (1978). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar. - KARASCH, M. C. (1943). A vida dos escravos no Rio de Janeiro. São Paulo: Companhia das letras. - MACHADO, A. (1988). A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense. - MOREIRA, A. F. B. (2004). O pensamento de Foucault e suas contribuições para a educação. Educação Sociedade, 25(87), Recuperado em: 03 novembro, 2006. - MUNANGA Kabengele (Org). Superando o Racismo na Escola. SECAD/MEC, 2005, p101-116. - NASCIMENTO, A. (2002). O quilombismo. Rio de janeiro: OR. - ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro. Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar, Mazza Edições, Belo Horizonte, 2004. Plano 6 Autor(a): Princípio: Tema: Titulo: Publico Alvo: Danielle Andrezza de Sousa "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Diversidades afro-brasileiras Ens. Fund. - 3º Ano Disciplinas: Plano interdiciplinar, todas as áreas Objetivos: Identificar diferentes palavras de origem africana; Conhecer diversos estilos musicais relacionados a cultura afro-brasileira;produzir frases e textos relacionados a cultura afro-brasileira; Selecionar na biblioteca da escola alguns livros de literatura infantil que contemplem personagens afro-brasileiros; Confeccionar cartazes com ilustrações referentes a cultura afro-brsileira; Apreciar apresentação de capoeira, maculelê e de samba-de-roda e outros presentes ou não na comunidade; Conhecer a biografia de Mestre Bimba e de Mestre Pastinha; Manusear instrumentos musicais como pandeiro, berimbau e atabaque; Pesquisar os principais escultores afro-brasileiros; Reproduzir as principais obras de escultores afro-brasileiros utilizando papel marchê; Compor músicas utilizando diversos estilos musicais tais como samba, pagode, hip hop, reggae, rap e outros,Refletir sobre a importância da cultura africana e afro-brasileira; Fazer e experimentar diversos pratos típicos da culinária de origem africana; Promover a valorização da arte; Sensibilizar os alunos e as alunas de que todo preconceito é prejudicial para a pessoa humana; Conceitos: Idiomas africano; Cultura africana; Capoeira; Respeito a diversidade; Direitos Humanos; Escultores afro-brasileiros; Estilos musicais de origem africana; Culinária de origem africana; Livros de literatura infantil com personagens afro-brasileiros. Habilidades: - De questionar - De criar História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De se adaptar - De estratégias e idéias - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De reter e memorizar - De encantar - De se adaptar - De estratégias e idéias - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo mundo das artes - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores : Igualdade, Respeito, Responsabilidade, Solidariedade, Ética, humanidade Procedimentos: 1º dia: Conversa informal sobre a cultura afro-brasileira e questionamentos.o Confecção de cartazes com ilustrações referentes à cultura afro-brasileira. Reflexão e sensibilização sobre a importância da cultura africana e afro-brasileira. Assistir apresentação de capoeira, maculelê e samba de roda. Participar de uma aula experimental de capoeira e depois ilustrar essa experiência. Conhecer a biografia de mestre Bimba e de mestre Pastinha. 2º dia: Conhecer diferentes estilos musicais relacionados à cultura afro-brasileira. (afoxé, jongo, lundu, maracatu, maxixe, samba.); Conhecer também os músicos e compositores; Audição de músicas relacionadas à cultura afro-brasileira e africana; Conhecer e manusear diferentes instrumentos musicais (pandeiro, atabaque e berimbau); Compor e parodiar músicas, em grupos, utilizando diversos estilos musicais. 3º dia: Pesquisar na internet diferentes escultores e pintores afrobrasileiros e diferentes esculturas e obras de arte produzidas por afro-brasileiros. (Mestre Valentim, Veríssimo de Freitas, Manoel da Cunha, Aleijadinho e Athayde) Pinturas (Estevão Silva, Emanuel Zamor, Firmino Monteiro, Pinto Bandeira, os irmãos João e Artur Timóteo da Costa, Benedito José Tobias); Reproduzir as principais obras de escultores afro-brasileiros utilizando papel marche; Reproduzir as principais pinturas. 4º dia: Experimentar diversos pratos culinários de origem africana, observar o preparo dos alimentos, aprender as receitas e confeccionar um caderno de receitas. (vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha). 5º dia: Identificar diferentes palavras de origem africana, que utilizamos cotidianamente. (Caçula, cafuné, molambo, moleque, orixá, vatapá, abará, acarajé, bangüê, senzala, mocambo, maxixe, samba e candomblé.); Leitura espontânea dos livros selecionados; Produção de frases e textos relacionados à cultura afro-brasileira; Auto-avaliação. Recursos Didáticos: Computador; Enciclopédia; Dicionário; Dicionário Infantil ilustrado; Televisão; Aparelho de som; CDs musicais; Aparelho de DVD; DVDs diversos, documentário da cultura africana e musicais; Papel marchê; Cartolina; lápis; lápis de cor; giz de cêra; apontador; borracha; canetinha 155 156 Planos de aula hidrocor; Instrumentos musicais (pandeiro, atabaque e berimbau); Livros de literatura infantil; Folders com ilustrações de esculturas; Caderno;folha de papel A4; Livros didáticos relacionados ao tema; Tinta guachê; Cola colorida; Revistas; Tesoura; Cola; Ingredientes culinários; Equipamentos de cozinha. RECURSOS HUMANOS: Grupo de capoeira, estudantes; Professora; Professora de Informática; Merendeira; Bibliotecária. RECURSOS FÍSICOS: Sala de aula; Sala de informática; Pátio da Escola; Biblioteca; Refeitório da Escola. Materiais de Apoio: Selecionar na biblioteca da escola alguns livros de literatura infantil que contemplem personagens afro-brasileiros Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho); Érico Veríssimo (As Aventuras do avião vermelho); Maria José Dupré (A montanha mágica e A ilha perdida); Viriato Corrêa (Cazuza); Ziraldo (O menino Marrom); Geni Guimarães (A cor da ternura); Sônia Rosa (O menino Nito); Célia Godoy (Ana e Ana); Marilda Castanha (Agbalá, um lugar-continente); Júlio Emílio Braz (A menina que tinha o céu na boca); Heloísa Pires Lima (A semente que veio da África ); Bernardo Aibê (A ovelha negra); Sylviane A. Diouf (As tranças de Bintou); Raquel Coelho (Berimbau); Gercilda de Almeida (Bruna e a Galinha D' Angola ); Rogério Andrade Barbosa (Como as histórias se espalharam pelo mundo); Rogério Andrade Barbosa; (Duula, a mulher canibal); Joel Rufino dos Santos; (Gosto de África - Histórias de lá e de cá) ; Rogério A. Barbosa (Histórias Africanas para contar e recontar); Heloísa Pires Lima (Histórias da Preta); (Ifá, o adivinho) Reginaldo Prandi; (Lendas Negras) Júlio Emílio Braz ; ( Menina bonita do laço de fita) Ana Maria Machado;( O amigo do rei) Ruth Rocha; (O espelho dourado) Heloísa Pires Lima; (O filho do vento) Rogério Andrade Barbosa;(Os reizinhos de Congo) Edimilson de Almeida Pereira; ( Que mundo maravilhoso!) Julius Lester e ( Tanto, tanto!) Tristh Cooke. Observações: Este plano de aula é abrangente nos aspectos das Diversidades Afro-brasileiras e busca promover o conhecimento da Lei 10.639/03 para troca e discussões com outras professoras da escola; Por esse motivo foi previsto muito mais que uma aula. Seus procedimentos são flexíveis, levando-se em conta a realidade de cada turma. A duração desse plano de aula é de aproximadamente uma semana. Alguns vídeos sobre a cultura e diversidade afro-brasileiras estão disponíveis no Setor de Multimídias da Secretaria de Estado de Educação de Brasília/DF, e poderão ser exibidos, afim de melhor compreensão do conteúdo. Atuando numa Escola Inclusiva, é importante lembrar que alguns alunos/as necessitam de uma adaptação para realizar as atividades propostas. A avaliação será processual. Referências Bibliográficas: - MENDONEA R. A influência africana no português do Brasil - 1973 - Civilização Brasileira. - RAIMUNDO J. Elemento afro-negro na língua portuguesa - 1933 - Renascença Editorao. - MELO GC. A língua do Brasil - Rio de Janeiro, Padrão, 1946. - ELIA S. A unidade lingüística do Brasil - Padrão. - FERREIRA CS. Remanescentes de um falar crioulo brasileiro - Revista Lusitana, 1969. - CÂMARA JR JM. Línguas européias de ultramar: o português do Brasil - JM Dispersos. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio…, 1972. - C VOGT, P FRY. Cafundó: A África no Brasil: linguagem e sociedade- Cia. das Letras, São PauloSP, 1996. - MACEDO D. Alfabetização, linguagem e ideologia - grupo de 2 - Educação Sociedade; SciELO Brasil. - CABECINHAS R., L Cunha Colonialismo, identidade nacional e representações do negro, 2003 - GUSMÃO NMM. Os filhos de África em Portugal: Antropologia, multiculturalidade e educação, grupo de 2, 2004. - HANNERZ U. Os limites de nosso auto-retrato. Antropologia urbana e globalização - grupo de 2.- Mana, 1999 - SciELO Brasil Plano 7 Autor(a): Joelma de Souza Vieira Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Quem sou eu? Qual minha origem? Público Alvo: Ens. Fund. - 1º Ano Disciplinas: Interdiciplinar Objetivos: Conhecer, preservar divulgar a cultura afro-descendente; Reafirmar a auto-estima positiva da população negra; Estimular atitudes de reconhecimento e identificação; Destacar a beleza negra História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola tanto cultural, quanto fisicamente. Conceitos: - Identidade; Memória; Cultura afro. Habilidades: - De questionar - De trabalhar linguagens - De estratégias e idéias - De refletir sobre o acumulado - De analisar e sintetizar - De estratégias e idéias - De estar atento - De organização e articulação - De falar - De se organizar e organizar - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De ler e escrever Valores: Respeito à diferenças; Reconhecimento; Convivência Procedimentos: Confecção da árvore genealógica de cada aluno, pedir a cada um para trazer fotos de seus familiares. Depois da montagem da árvore, observar e comentar a composição da mesma. Leitura do livro MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA, de Ana Maria Machado. Comentário e produção de texto sobre o livro.Desenho da menina do livro, levando em conta sua cor, saindo dos desenhos "padrões" da escola, pintando sua pele.Trabalho sobre a identidade a partir da música "Identidade" de Jorge Aragão.Construção de um painel com fotos de negros, em situações positivas. Mostrar sua origem, usando o mapa da África. Comentar sobre o continente, suas características e a herança que nos deu, principalmente na cultura (lendas, danças, comida). Fazer um jogo da memória com palavras de origem africana para brincar com os alunos. Com a música "Respeitem meus cabelos, brancos" (Chico César), discutir a beleza afro-descendente, usando o painel e a partir daí, montar um salão de beleza, com desfile da BELEZA NEGRA para valorizar e reafirmar a identidade dos afro-descendentes. Produzir um texto coletivo, falando a importância dos negros como parte da sociedade e condenando o preconceito. Recursos Didáticos: Músicas: Respeitem meus cabelos, brancos (Chico Cesar); Identidade (Jorge Aragão). Livro: Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado); Mapa da ÁfricaFotos das famílias dos/as alunos/asMaterial de salão de beleza; Roupas diversas e coloridas; Cola; Tesoura; Papéis diversos; Aparelho de som; Lápis de cor/ Lápis de cera. Materiais de Apoio: Link: www.ceert.org.br Observações: Este plano foi utilizado numa turma de Período Intermediário do 1º Ciclo de Formação (1ª série), horário integral.O trabalho foi produtivo, embora necessite de mais tempo para que os assuntos desenvolvidos diminuam o preconceito e a negação do negro na sociedade. Referências Bibliográficas: - SAPÉ. Boletim... RJ: Rio de Janeiro, fev/1996. - Site: A cor da cultura - Revista Nova Escola Plano 8 Autor(a): Princípio: Tema: Maria Aparecida dos Santos "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 10 - O Direito como instrumento de combate ao racismo 157 158 Planos de aula Titulo: Somos todos Iguais? Público Alvo: Disciplinas: Educação infantil Ens. Fund. - 1º ano Objetivos: Conscientização das diferenças entre pessoas, mostrando que a diversidade não implica inferioridade. Ensinar o que é preconceito e discriminação. Promover a auto-estima por meio do auto-conhecimento e liberdade de expressão. Trabalhar noção de cidadania, igualdade de direitos e deveres.Discutir e questionar preconceito étnico e racial, sexismo, discriminação e exclusão. Conscientizar as crianças participantes da necessidade de compreender e respeitar a diversidade étnico-racial, as diferenças físicas e de gênero, para a formação de uma sociedade igualitária. Conceitos: Respeitar as diferenças; Preconceito de gênero; Preconceito racial étnico. Habilidades: - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De identificar problemas - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Solidariedade; Respeito; Justiça; Responsabilidade Recursos Didáticos: Sugere atividades e abordagens, bem como leituras possíveis, para trabalhar o preconceito com alunos desde a educação infantil até o ensino fundamental.Leitura de histórias, textos, notícias que evidencie a amizade e respeitooObservação dos acontecimentos na própria salaoCartazes, desenhos, teatro e dramatizações. Procedimentos: A aula ocorrerá a partir de um projeto mais amplo: "Projeto: Somos todos iguais?" de modo abordar a nossa história através de poesia, arte,expressão corporal, teatro.Será desenvolvido durante o ano letivo com maior ênfase no segundo semestre.AvaliaçãoSerá a partir de mudanças de comportamento em relação ao grupo, aceitando as diferenças individuais. Materiais de Apoio: Link: www.somostodosiguais.com.br Observações: O preconceito e a discriminação são herança que a sociedade recebe e repassa num ciclo que precisa ser quebrado.Atitudes de discriminação e injustiças permeiam todos níveis sociais.Daí a importância deste tema ser trabalhados desde a educação infantil. Referências Bibliográficas: Orientações dos PCN - temas transversais, mais especificamente: ética e pluralidade cultural. Sugestões de leitura: Homem não chora, de Flávio de Souza. FTD. Plano 09 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Clever Alves Machado "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Rompendo com o preconceito e a discriminação racial na creche História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Público Alvo: Disciplinas: Todas as áreas Educação Infantil. - 1º Ano Objetivos: Abordar e romper com o preconceito e a discriminação racial na Creche sem criar nenhum choque entre as crianças, ajudando-as a compreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor, permitindo-lhes maior conhecimento da história de vida das mesmas. Conceitos: Compreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor, permitindo-lhes maior conhecimento da história de vida das mesmas Habilidades: - De conviver com transformações - De se adaptar - De identificação de problemas - De encantar - De se adaptar - De estar atento - De conviver com a diversidade - De conviver com transformações - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De perceber a interioridade humana - De adaptar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Solidariedade, respeito, justiça, igualdade, auto-estima, amor ao próximo Recursos Didáticos: Filmes, livros, textos, revistas Procedimentos: Reuniões de envolvimento e sensibilização das famílias, membros da diretoria e demais funcionários da creche; Diálogos participativos; Desenhos; Recortes e colagens de figuras; Contatos com flores e animais; Leitura de livro; Contação de histórias; AVALIAÇÃO: Avaliar durante as atividades: estimulando, orientando e desafiando as crianças; Registrar os avanços da turma, de uma forma geral, e individualmente, de cada criança. Desta forma acompanhando o desenvolvimento das crianças. Observações: Lamentavelmente no interior das instituições de Educação Infantil, são inúmeras as situações nas quais as crianças negras desde pequenas são alvo de atitudes preconceituosas e racistas por parte dos profissionais da educação quanto dos próprios colegas e seus familiares. A discriminação vivenciada cotidianamente compromete a socialização e interação tanto das crianças negras quanto das brancas, mas produze desigualdades para as crianças negras, à medida que interferem nos seus processos de constituição de identidade, de socialização e de aprendizagem. Propomos com este plano de aula: abordar e romper com o preconceito e a discriminação racial na Creche sem criar nenhum choque entre as crianças, ajudando-as a compreender as diferenças entre os seres como uma riqueza, algo positivo, um valor por meio do lúdico, pesquisas, levantamentos, assim como do contato com os familiares das crianças, para permitir maior conhecimento da história de vida das mesmas. Referências Bibliográficas: - MLPC. Sou preto da linda cor. Uma proposta metodológica de combate ao racismo na Educação Infantil. Cartilha. Belo Horizonte, 2001. - BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006. - MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do Laço de Fita. Editora Ática, 4ª edição, 1999. 159 160 Planos de aula Plano 10 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Maria Regina dos Santos Silva "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil Todos nós temos uma história Ens. Fund. - 4ª Série/5° Ano Disciplinas: Ens. Fund. 4ª Série/ 5°Ano:Língua portuguesa Geografia, História, Artes, Literatura Objetivos: Conhecer e valorizar alguns aspectos e legados dos povos africanos para a humanidade, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; Ler/ouvir e compreender histórias sobre diversidade e também a biografia do herói africano Zumbi dos Palmares;Reconhecer as marcas típicas de uma biografia;Planejar para produzir sua autobiografia; Compreender a cidadania por meio do conhecimento de sua identidade sociocultural, expressando a percepção que tem de si, dos lugares onde vive e dos grupos dos quais faz parte;Adotar, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Utilizar o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas. Conceitos: Conhecer as histórias dos povos africanos, bem como suas contribuições para o povo brasileiro; Entender a importância da cidadania e respeito ao outro. Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De se adaptar - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De estar atento - De identificar problemas - De perceber a interioridade humana - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Respeitar e valorizar a diversidade cultural do povo brasileiro; Valorizar as contribuições trazidas pelo povo negro; Participar das atividades em grupo, expondo suas opiniões, ouvindo os colegas e tomando decisões conjuntas e respeitando pontos de vista diferentes do seu. Recursos Didáticos: Livros didáticos, biografia de Zumbi, HQ sobre Zumbi (Dia da Consciência Negra), Revista Nova Escola-nov/2005, mapa mundi, livros de histórias sobre diversidade, computador, enciclopédias, figuras, lápis de cor, canetinhas, canetões, lápis grafite, borracha, apontador, folhas sulfite e pautadas, lousa e giz. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Procedimentos: 1) Em roda, conversar com os alunos, apresentando-lhes o módulo de trabalho e dar início aos estudos utilizando o mapa mundi; 2) Disponibilizar materiais sobre o assunto, previamente selecionados pelo professor (livros, enciclopédias, figuras, revistas, etc); 3) Ler histórias (uma por dia) na roda de leitura, dando oportunidade, em seguida, para discussões orais, recontos, realizações de desenhos e/ou dramatizações; 4) Exibir a radionovela "Tchau, tchau, racismo", no computador, e, em seguida, reflexão e discussões a respeito; 5) Ler a biografia de Zumbi; discussão e pintura da HQ (expor); 6) Para casa, pedir a atividade Pesquisando sua família, para que a criança descubra mais informações sobre ela (como por exemplo o local do seu nascimento, nome dos pais, avós, etc), para um complemento do repertório dela; 7) Propor aos alunos a escrita de sua biografia, um pequeno texto. Se o aluno quiser, poderá fazê-lo em forma de HQ. 8) Exposição das biografias e da HQ que pintaram, no corredor da escola ou local bem visível para toda a comunidade. 9) Socialização das descobertas entre os alunos, podendo visitar outras salas de aula (mesma série ou série dos alunos menores ou até dos maiores), contando o que aprenderam, bem como convidando-os a lerem as biografias expostas. Materiais de Apoio: Link: http://www.nonaarte.com.br/titulo.asp?titulo=120 http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/ Reportagens_publicadas/negro-com-orgulho Arquivo: anexos/id1069999/Materiais.doc Observações: Já foram feitas algumas observações nos procedimentos. O professor poderá adaptar a aplicação do plano no que julgar necessário. Por exemplo: aplicar para séries mais avançadas, problematizando um pouco mais os procedimentos; para classes mais infantís, o contrário. Referências Bibliográficas: - Revista Nova Escola - Ed. Abril - nov/2005 "África de todos nós"; - Resolução CEB nº 2, 26/junho/1998. - Referencial Curricular Nacional para o Ensino Fundamental, Brasília: MEC/SEF, 1998. - CAVALCANTI, Cláudia; SENE, Eustáquio de MOREIRA, João Carlos. Geografia Paratodos. Espaços do dia-a-dia - 1ª série - Ens. Fundamental - Ed. Scipione. - SOURIENT, Lílian; RUDEK, Roseni; CAMARGO, Rosiane de. Interagindo com a História 1. Ed. Do Brasil. - VESENTINI, J. William; MARTINS, Dora; PÉCORA, Marlene. Vivência e Construção - Geografia - 1ª série - Ed. Ática. http://www.museuafrobrasil.co.br/downloads/revistanegrasnov06.pdf - http://www.nonaarte.com.br/titulo.asp?titulo=120 - http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/ - Reportagens_publicadas/negro-com-orgulho - http://www.plenarinho.gov.br/cidadania/Reportagens_publicadas/viva-a-diversidade - http://www.plenarinho.gov.br/brasil/galeria-de-personalidades/zumbi-dos-palmares - www.google.com.br - http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/zumbi_dos_palmares.htm Plano 11 Autor(a): Rafaela Carolina Barbosa Ruela Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Titulo: Conhecendo a si e nossas heranças Público Alvo: Ens. Fund. 2º Ano Disciplinas: Todas as áreas Objetivos: 1-Trabalhar atitudes, posturas e valores que eduquem os pequenos cidadãos. 2-Divulgar e produzir conhecimentos étnico-raciais. 3- tornar capazes de interagir e negociar objetivos comuns a todos, garantindo o respeito. 4-Reconhecer e valorizar a identidade, história, cultura dos afro-brasileiros pela nação brasileira, ou seja, suas manifestações culturais. Conceitos: Igualdade; Respeito; Cidadania; Diversidade Cultural 161 162 Planos de aula Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De se adaptar - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De reter e memorizar - De encantar - De se adaptar - De retórica e jogo - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Liberdade; Respeito/Justiça; Amor/Auto-estima; Inclusão. Recursos Didáticos: Fotos; Música; Textos; Cartazes; Exposição de trabalhos; Materiais para confecção de instrumentos musicais (sucata); Jornais/revistas; Papel, lápis de cor, canetinhas, giz de cera; Livro para Leitura Compartilhada "Diversidade" de Tatiana Belinky. Procedimentos: 1- Para iniciar a aula será feita a Leitura Compartilhada do Livro "Diversidade" de Ana Maria Machado; 2- Dando continuidade, será feita a seguinte questão aos alunos: O que é ser um Cidadão? A partir daí fazer anotações numa cartolina das opiniões dos alunos para que após a conclusão de todas as atividades possa ficar exposto em sala de aula. Como complemento desta atividade, propor fazer a brincadeira da dança da cadeira, só que ao contrário: Ao invés de tirar cadeiras e crianças, só retire cadeiras. Conforme for retirando as cadeiras, as crianças em colaboração devem ajudar todos a se sentarem. No final restará apenas uma cadeira. Converse com os alunos sobre o que aconteceu na brincadeira, e pergunte como foi possível que todos se sentassem? Com certeza vários dos motivos respondidos já estarão escritos no cartaz. 3Continuando as atividades do dia faça a leitura dos Direitos da Criança, baseado nos princípios da Declaração Universal. Falar que todos somos sujeitos do mesmo direito, não importa quem seja, TODOS. Apresentar cada um dos direitos e discutir cada um deles. Dividir a sala em grupos para que cada grupo represente através de uma ilustração um dos direitos apresentados (o professor deve indicar para que não haja repetições). Coloque os desenhos em exposição na escola. Texto retirado do site: pt.wikipedia.org 4- Coloque em evidência seguinte direito:"A criança tem o direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade. "A partir daí abordar o assunto da diversidade de raças, falar sobre o preconceito que existe, questionar como podemos combatê-lo e dizer que em especial iremos estudar uma das raças do nosso país e do mundo e inserir a histórias dos negros enfatizando suas manifestações no Brasil, falando da sua importância como cidadão que é, suas histórias e nas manifestações culturais em nosso país. Mostrar sua importância na Arte, evidenciando as obras de Aleijadinho. Na música, na dança (capoeira), na comida (feijoada), etc. 5- Terminar as atividades do dia confeccionando instrumentos musicais criados pelos negros e apresentar nas salas de aula uma música ensaiada por todos como produto final desta aula maravilhosa. Com os alunos faça a escolha da música História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola a ser apresentada, de preferência alguma que seja do repertório de nossa herança negra.nossa herança negra. Materiais de Apoio: Links: www.aleijadinho.com.br pt.wikipedia.org www.mundonegro.com.br Observações: Como produto final deste plano de aula, o/a professor/a pode optar por uma Avaliação coletiva de como foi a aula.Também pode ser feita uma Linha do tempo que demonstre os fatos históricos dos negros no Brasil. A professor/a sempre deve estar pronto para aquilo que não foi planejado pois tudo dependerá dos conhecimentos prévios que a turma já tem sobre o assunto. Referências Bibliográficas: - QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica. - Jogos e Brincadeiras de A à Z - www.mundonegro.com.br - Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - SCHMIDT, Dora. Historiar- Fazendo, contando e narrando a História. Volume 1. Ed. Braga - www.mundoeducacao.com.br Plano 11 Autor(a): Rafaela Carolina Barbosa Ruela Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Conhecendo a si e nossas heranças Público Alvo: Ens. Fund. - 2º Ano Disciplinas: Todas as áreas Objetivos: 1-Trabalhar atitudes, posturas e valores que eduquem os pequenos cidadãos. 2-Divulgar e produzir conhecimentos étnico-raciais. 3- tornar capazes de interagir e negociar objetivos comuns a todos, garantindo o respeito. 4-Reconhecer e valorizar a identidade, história, cultura dos afro-brasileiros pela nação brasileira, ou seja, suas manifestações culturais. Conceitos: Igualdade; Respeito; Cidadania; Diversidade Cultural Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De se adaptar -De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De reter e memorizar - De encantar -De se adaptar - De retórica e jogo - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De perceber o pequeno e o local 163 164 Planos de aula - De realizar tarefas - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Liberdade; Respeito/Justiça; Amor/ Auto-estima; Inclusão Recursos Didáticos: Fotos; Música; Textos; Cartazes; Exposição de trabalhos; Materiais para confecção de instrumentos musicais (sucata); Jornais/revistas; Papel, lápis de cor, canetinhas, giz de cera; Livro para Leitura Compartilhada "Diversidade" de Tatiana Belinky. Procedimentos : 1- Para iniciar a aula será feita a Leitura Compartilhada do Livro " Diversidade" de Ana Maria Machado. 2- Dando continuidade, será feita a seguinte questão aos alunos: O que é ser um Cidadão?- A partir daí fazer anotações numa cartolina das opiniões dos alunos para que após a conclusão de todas as atividades possa ficar exposto em sala de aula.Como complemento desta atividade, propor fazer a brincadeira da dança da cadeira, só que ao contrário: Ao invés de tirar cadeiras e crianças, só retire cadeiras. Conforme for retirando as cadeiras, as crianças em colaboração devem ajudar todos a se sentarem. No final restará apenas uma cadeira. Converse com os alunos sobre o que aconteceu na brincadeira, e pergunte como foi possível que todos se sentassem? Com certeza vários dos motivos respondidos já estarão escritos no cartaz. 3- Continuando as atividades do dia faça a leitura dos Direitos da Criança, baseado nos princípios da Declaração Universal. Falar que todos somos sujeitos do mesmo direito, não importa quem seja, TODOS. Apresentar cada um dos direitos e discutir cada um deles. Dividir a sala em grupos para que cada grupo represente através de uma ilustração um dos direitos apresentados (o professor deve indicar para que não haja repetições). Coloque os desenhos em exposição na escola. Texto retirado do site: pt.wikipedia.org. 4- Coloque em evidência o seguinte direito: "A criança tem o direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade."A partir daí abordar o assunto da diversidade de raças, falar sobre o preconceito que existe, questionar como podemos combatê-lo e dizer que em especial iremos estudar uma das raças do nosso país e do mundo e inserir a histórias dos negros enfatizando suas manifestações no Brasil, falando da sua importância como cidadão que é, suas histórias e nas manifestações culturais em nosso país. Mostrar sua importância na Arte, evidenciando as obras de Aleijadinho. Na música, na dança (capoeira), na comida (feijoada), etc. 5Terminar as atividades do dia confeccionando instrumentos musicais criados pelos negros e apresentar nas salas de aula uma música ensaiada por todos como produto final desta aula maravilhosa. Com os alunos faça a escolha da música a ser apresentada, de preferência alguma que seja do repertório de nossa herança negra. Materiais de Apoio: Links: www.aleijadinho.com.br www.pt.wikipedia.org www.mundonegro.com.br Observações: Como produto final deste plano de aula, o/a professor/a pode optar por uma Avaliação coletiva de como foi a aula. Também pode ser feita uma Linha do tempo que demonstre os fatos históricos dos negros no Brasil. O? A professor/a sempre deve estar pronto para aquilo que não foi planejado pois tudo dependerá dos conhecimentos prévios que a turma já tem sobre o assunto. Referências Bibliográficas: - QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luiz. Pedagogia Lúdica. Jogos e Brincadeiras de A à Z - www.mundonegro.com.br - Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - SCHMIDT, Dora. Historiar - Fazendo, contando e narrando a História. Volume 1. Ed. Braga - www.mundoeducacao.com.br História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Plano 12 Autor(a): Chris Alves da Silva Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Ei amigo! Vamos brincar de Mbube, Mbube? Público Alvo: Ens. Fund. - 4º Ano Disciplinas: Interdiciplinar Objetivos: Brincar faz parte do desenvolvimento de todo ser humano. É por meio da brincadeira a criança aprende a estar em grupo, vivência a cultura dos mais velhos, descobrindo o mundo a sua volta. E esta descoberta possibilita o respeito.Eis então uma excelente oportunidade de mostrar e vivenciar como as crianças africanas brincam e se desenvolvem através das brincadeiras, tão presentes no cotidiano infantil, desmistificando preconceitos e mostrando uma infância africana. Conceitos: Diversidade e criatividade das Brincadeiras Africanas; A influência Africana nas brincadeiras Brasileiras; A importância do brincar para o desenvolvimento infantil Habilidades: - De questionar - De criar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De estratégias e idéias - De se organizar e organizar - De criar tecnologias - De refletir multidisciplinarmente - De trabalhar com quantidade e qualidade - De encantar - De se adaptar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De conviver com transformações - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De identificar problemas - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De adaptar tecnologias - De escrever - De operar com lógica Valores: Convivência; Respeito; Cooperação Recursos Didáticos: Os recursos didáticos a serem utilizados são:- Espaço livre para desenvolvimento das brincadeiras propostas.-Giz, caixas vazias, bola e materiais de sucata para confecção de jogo de tabuleiro Yote. Procedimentos: Sensibilização (aula 1): Propor inicialmente em classe uma roda de conversa, apresentando um 165 166 Planos de aula mapa da África para as crianças. Durante a conversa a educadora/educador pedirá para que cada criança fale alguma coisa a respeito da África e seus moradores. Anotar, a parte, as palavras ou idéias que surgirem durante a conversa. Depois que todos falarem, converse claramente a respeito das idéias que surgiram durante a conversa. Esse passo será importante para desmistificar preconceitos. É interessante conversar sobre a história da África com as crianças.Em seguida contar a história de Adhemar Ferreira, esportista negro brasileiro (É necessário uma pesquisa prévia) para as crianças. Escolher uma música instrumental alegre de fundo para dar um clima todo especial a história. Antes de passar para a atividade do dia, ouvir a opinião das crianças sobre a história de Adhemar Ferreira propondo a elaboração de um texto coletivo com ilustração feita pelas crianças. Outra atividade a ser desenvolvida é confeccionar um "passaporte" onde deverão ser coladas imagens da África e de seus moradores. No final do "passaporte" deverá ter espaço para que as crianças possam desenhar/escrever sobre as brincadeiras apresentadas.O objetivo da confecção do passaporte é concretizar toda a conversa sobre a África nesta aula inicial. O passaporte deverá ser carimbado ou ter colado em uma página específica um símbolo africano a medida que as crianças irão apreendendo uma brincadeira africana. Obs.: O mapa utilizado na aula 1 deverá ser fixado pelas crianças em um lugar bem visível. Aula 2: Como texto coletivo elaborado na aula anterior, na roda de conversa, relembrar a história de Adhemar Ferreira, informando a classe que hoje irão aprender brincadeiras africanas. Mas antes de apresentar as brincadeiras é preciso que as crianças estejam com o passaporte em mãos. Para sistematizar as brincadeiras apresentadas as crianças poderão utilizar o espaço em branco no fim do "passaporte" para desenhar e escrever no fim de cada aula.Levar as crianças para um espaço maior (pátio, quadra) para apresentar às crianças a brincadeira Mbube, Mbube (Leão e o Impala). É interessante mostrar imagens do leão, do impala e principalmente do povo Zulu. Não esquecer também de mostrar no mapa da África onde o povo Zulu mora. Contar as crianças sobre a origem da palavra Mbube cujo significado é utilizado para nomear o leão, predador do impala. Esse termo é muito utilizado pelo povo Zulu. Após a conversa inicial, com as crianças sentadas em círculo explicar as regras da brincadeira e brincar com as crianças. Brincando de Mbube, Mbube (Leão e o Impala). RegrasTodos os jogadores formam um círculo. Dois começam a brincadeira: um será o leão; o outro, o impala. O leão deve caçar o impala em um minuto, ziguezagueando entre os outros jogadores, enquanto esses gritam mbube, mbube. Se o predador não conseguir pegar sua presa no tempo determinado, será eliminado e se incorpora ao círculo dos companheiros. O grupo elege um novo leão. Se o leão pega o impala, se escolhe um outro para ser o leão.Obs.: Muitos conteúdos poderão ser trabalhados durante o projeto. Desde a escrita, ortografia para os alunos, até sobre as questões ambientais. As crianças estarão aprendendo a respeitar a África, os africanos e a si mesmo, sentindo-se representadas, nas histórias, nos desenhos. Aula 3: Retomar os desenhos (sistematização) sobre a brincadeira do Mbube, mbube. Incentivar a fala das crianças sobre como se sentiram na brincadeira, como foi conhecer o povo Zulu. Apresentar nesta aula mais uma brincadeira o Mamba. Mamba é a maior, a mais venenosa e veloz serpente africana. Ao contrário do que se pensa a Mamba não ataca as pessoas, seu bote é certeiro somente quando se sente ameaçada. Esta serpente pode ser encontrada nos seguintes países: Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue.Moçambique, Botswana e Namíbia. Com as informações acima, antes de apresentar a brincadeira para as crianças é necessário uma conversa com a turma para contar essas informações para elas de forma significativa. Com um cartaz, mostrar a foto da serpente que pode chegar a 2,5 a 4,5 metros, para que as crianças percebam o tamanho da serpente, com uma corda ou até mesmo riscando no chão com um giz os metros indicados. A turma pode ficar em cima da marca para perceberem quantas crianças "caberiam" na serpente.Mais uma vez o mapa da África será importante para mostrar onde essa serpente aparece, localizando cada país. É interessante mostrar imagens dos países e de seus moradores. No fim da aula não esquecer de sistematizar com o desenho no "passaporte" ou texto coletivo o que foi apresentado em sala.Depois desse primeiro momento apresentar as regras da brincadeira:Brincando de Mamba. Regras: Uma pessoa é escolhida para ser a mamba, que vai ser o pegador. O professor desenha no chão um quadrado de 10 metros x 10 metros (tamanho ideal para 20 crianças). Durante a brincadeira, todos os participantes devem permanecer dentro dessa demarcação, mas tentando escapar da serpente. A um sinal, o jogo começa. A mamba tenta pegar os jogadores. Quando um é pego pela serpente, deve posicionar-se atrás da mamba, segurando-a pela cintura ou pelos ombros. Cada participante que é tocado pela mamba se junta ao último do "corpo" da serpente. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Dessa forma ela vai ficando cada vez mais comprida. Se um jogador sai do quadrado, deve ser eliminado do jogo. Só a criança que é a cabeça da serpente pode capturar os jogadores, mas o "corpo" da fileira que se formou deve ser usado para interceptar ou atrapalhar os fugitivos. Os jogadores não podem cruzar o corpo da serpente. A brincadeira acaba quando restar apenas um jogador sem ser pego. E recomeça com esse sendo a mamba. Obs: Nesta aula, poderão ser abordados conteúdos de ciências, em português mais uma vez o texto coletivo, importante para o desenvolvimento da oralidade e escrita das crianças. Além do incentivo a pesquisa.As crianças também terão oportunidade mais uma oportunidade de conhecer a África e os africanos de uma forma diferente da que é mostrada muitas vezes na televisão. Possibilitando desta forma um pensamento diferente em relação a questão racial. Arquivo: anexos/id1070176/Materiais para pesquisa.doc Observações: Cada sugestão pode ser aplicada segundo a realidade de cada escola. O professor precisa estar sensível a necessidade dos estudantes. A criatividade também é um fator importante para o desenvolvimento do plano de aula sugerido! Referências Bibliográficas: - HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula. Ed. Selo Negro. - MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o Racismo na Escola. Ed. MEC/BID/Unesco. - BARBATO, Maria Ângela; DOJGE, Janine J. A Descoberta do Brincar. - GENTILE, Paola. A África de todos nós. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/ 0187/aberto/mt_99706.shtml> Acesso em: 03/01/08. Plano 13 Autor(a): Cláudia Bernadete Alves Freitas Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Na criação do Aiyê, uma possibilidade de leitura e criação textual. Público Alvo: Ens. Fund. - 4º Ano Disciplinas: Interdisciplinar Objetivos: Utilizar a tipologia textual narrativa, através de mitos de criação do universo para:-apresentar aos alunos/as outras formas de entender o mundo que não só a eurocêntrica - Cosmovisão Africana;-valorizar as várias manifestações culturais legadas pelos africanos e afro-brasileiros como formadoras da cultura brasileira;-elaborar outras formas de compreensão de si e do outro. Conceitos: - Cosmovisão africana; Diversidade cultural; Mitologia Yorubá - Habilidades : - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo)- De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De se adaptar - De se organizar e organizar - De refletir multidisciplinarmente - De encantar - De se adaptar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De falar - De se organizar e organizar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens 167 168 Planos de aula - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De adaptar tecnologias - De escrever - De operar com lógica - De agir multidisciplinarmente Valores: Respeito pelo outro; Convivência; Diversidade; Tolerância; Aceitação Recursos Didáticos: Livros contendo mitos africanos, entre eles um sobre a Criação do Mundo (Aiyê), folhas, lápis, borrachas, microcomputador, canetas hidrocor, cartolina, lápis de cor. Procedimentos: Pensando com Kaufmann & Rodriguez, em como introduzir o tema de leitura e produção de textos na sala de aula, a maior preocupação é em mostrar aos alunos o prazer pela produção de significados que a leitura e a escrita de textos pode proporcioná-los.Aqui neste projeto para Língua Materna abrimos espaço para pensar também em como encarar um projeto interandonos com a questão africana e afro-brasileira, que agora, tem como obrigatória sua apreciação na escola. A escolha foi dos Mitos Africanos, onde temos como tipologia a narrativa. Em P. Diagne (1982,p.247) a autora afirma que é na narrativa o lugar onde se encontra o passado. Retrata que a história e a lingüística são duas ciências que interagem em pelomenos dois aspectos; primeiro o da língua, como sistema e instrumento de comunicação, é um fenômeno histórico. Segundo, como alicerce do conhecimento, do passado e do conhecimento deste, e por conseguinte, fonte privilegiada do documento histórico.Sendo assim, optei por trabalhar nesta perspectiva porque alia narrativa, história e lingüística que se tornam os três fios de uma trama, onde podemos contemplar a questão negra em uma abordagem interessante para os alunos.Alguns pontos que precisam ser salientados antes da aplicação do projeto(preparação), para facilitar a compreensão dos alunos acerca do que será abordado: 1º) A África é um país ou um continente? Esta é uma confusão corrente nas escolas e a maioria das pessoas pensa que se trata de um país falando uma língua só: a "língua africana". Precisamos, antes de mais nada desfazer este engano, pois a África é um continente enorme e com cerca de 2.000 idiomas e dialetos, sendo falados em mais de 50 países africanos. E não existe a "língua africana" e sim muitas línguas na África, como por exemplo: lingala, swaili, português, shona, inglês, etc. 2º) O que é cosmovisão? É a visão de mundo, a interpretação humana diante da vida e do universo, que pode conter diferenças conforme as influências sofridas pelos povos, é algo bem mais amplo do que a religiosidade, embora esta seja parte bastante importante. 3º) A África é habitada apenas por pessoas negras?Este é outro equívoco que podemos desfazer, explicando que parte da África foi invadida e dominada pelos árabes e é chamada África Branca. Existindo também os brancos descendentes de europeus. A África também é chamada de o berço da humanidade, pois é lá que são encontrados os vestígios mais antigos dos antepassados da espécie humana. 4º) Qual a importância da África para nós que vivemos no Brasil?Conhecer a história da África é importante para entendermos e valorizarmos uma das muitas culturas que formaram nossa gente e nosso país. Resgatar as origens africanas de nossa cultura, para que entendamos nosso país como também afro-descendente, em sua matriz. E não ver somente como folclore toda a herança africana.Estes são alguns pontos que a professora precisaria se ater para preparação do projeto, elucidando questões que são muitas vezes nebulosas para as crianças e tornando mais ricas as futuras discussões do projeto. Etapas Previstas: 1) Ler para as crianças o mito "A criação do mundo e dos homens"(ver anexo), que narra, na visão do povo yorubá, como se deu o princípio de todas as coisas. Explorar toda a riqueza de fatos e símbolos existente no mito, para conversar com as crianças, realizando uma História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola interpretação coletiva do mito e também discutindo e problematizando as questões étnicas quesurgirão após a leitura, incentivando o questionamento dos alunos acerca dos assuntos desencadeados pela narrativa. 2) Fazer um levantamento das palavras novas que aparecem no mito, apresentando um dicionário de palavras em yorubá. Estimular as crianças a criarem frases em que utilizem as palavras recém conhecidas, após a explicação da professora e o entendimento por parte dos alunos. 3) Elaborar com os alunos um dicionário da turma com palavras que sejam de origem yorubá e banto que atualmente fazem parte do vocabulário que 4) Realizar leituras de outros mitos do usamos no Brasil e muitas vezes não sabemos a origem.4 livro usado como referência, para facilitar o contato das crianças com diversos destes tipos de 5) Solicitar dos alunos uma contos mitológicos, preparando-as para uma futura escrita.5 produção textual com o tema da criação do mundo, onde as crianças podem abordar ou a visão de criação do mundo de outra cosmovisão (gênesis, por exemplo) ou também incentivar as crianças a pensar em uma criação de um mundo próprio delas, o que seria contemplado e o que não seria, fazendo com que o aluno possa produzir duas vezes, uma vez que estará criando um texto e também um mundo, se for sua escolha. 6) Apresentar para os alunos outros dois tipos de linguagens textuais yorubás: os orikis(evocações) e itans(poemas) e fazer as relações entre estes tipos e nossos poemas.Estas duas tipologias yorubás de poemas são extremamente parecidas, mas a diferença reside na função para que são utilizadas, o oriki tem a finalidade de evocar um poder específico de um Orixá ou de alguém, ou seja, a função expressiva de manifestar a subjetividade do emissor atuando junto à do receptor. O itan, por sua vez possui o predomínio da intencionalidade estética, onde o autor utiliza-se de uma vasta gama de símbolos, metáforas, enfim dando toda uma significação de beleza ao texto.Na seqüência destas explorações, realizar oficinas de criação de poemas, com estruturas que podem reproduzir os poemas da Língua Portuguesa ou da Língua Yorubá (orikis e itans). 7) Como finalização dos estudos referentes à influência negra no Brasil e no Estado, utilizaríamos a tipologia de cartazes para compor uma exposição, mostrando para a escola as aprendizagens e as descobertas da turma sobre este tema. A tipologia de cartaz cumpre bem a função de promover a atividade executada pelo grupo de alunos, dando visibilidade ao trabalho e às discussões realizados em sala de aula.Temas de reflexão lingüística:-Lingüística textual: uso literário da linguagem. Metáforas, imagens, comparações, etc. Diferenciação das partes e superestruturas dos textos em todas as tipologias utilizadas, onde a ênfase maior recai sobre a narrativa, mas também inclui os poemas e os cartazes. - Gramática oracional: uso dos tempos verbais, diferenciação entre pretérito perfeito e imperfeito. - Ortografia e Vocabulário: explorar a escrita de palavras com X, CH, e diferentes grafias surgidas nas línguas Yorubá e Banto, atendo-se também à criação do dicionário com palavras destas línguas que influenciam nossa Língua Portuguesa. - Pontuação: trabalhar preferencialmente vírgulas, margens, travessões para o diálogo e também entonação de voz na leitura.As possibilidades de integração com outras áreas do currículo são múltiplas, uma vez que podemos abordar questões de localização, estudando mapas (Geografia) e fazendo relações de proporção do Continente Africano e do país Brasil. Discussões ecológicas (Ciências) e de medicina natural, através do estudo dos usos das plantas/ervas, muito difundido dentro da Cosmovisão Africana. Trabalho plenamente integrado com História, revendo toda a trajetória negra no país e no estado. Pode ser utilizado como viés para o ensino de Matemática também, explicando-se como se dá a construção do número em Yorubá, onde o próprio nome do número já contém em si uma operação matemática. Possibilidade de integração também com Estudos Sociais, problematizando os valores, as etnias, as religiões, o gênero, enfim, inúmeras indagações que podem surgir com esta temática. As Artes e a Música também podem ser abordadas e proporcionariam um trabalho riquíssimo de conhecimento cultural. A rede de relações que pode ser explorada é muito vasta e talvez boa parte das idéias não tenha sido mapeada aqui, pois esta temática pode ser trazida por diverso viés e conforme a abordagem abre um número ímpar de possibilidades. Reflexão pessoal: Creio que o presente projeto seja passível de implantação para uma turma de quarta série porque cumpre sua função de instigar leituras diversificadas e de promover a reescrita e também a produção textual das crianças. Com a temática escolhida, abre-se o espaço para o diálogo e o conhecimento menos superficial de uma cultura formadora da matriz identitária do povo brasileiro. Pois, como considera Jolibert (1994,p.44-45), o professor teria de facilitar o entendimento do aluno, através de questionamentos levantados pelos textos e não apenas fazer com que estes decifrem e oralizem um texto, ajudando os alunos a analisarem e se colocarem frente às questões apresentadas pelos textos.O projeto apresenta- 169 170 Planos de aula se como possibilidade de ser e não como pretensão de ser, está aberto a possíveis reformulações de acordo com a turma onde venha a ser aplicado, podendo arrefecer uma ou outra característica, sem perder ou precisar alterar totalmente a estrutura inicial.Propõem-se a desenvolver potencialidades de leitura e escrita nos alunos por um viés de criatividade e de prazer, os quais serão constantemente avaliados pela professora, se estão efetivamente sendo atingidos e caso não estejam sendo percebidos em relação aos alunos, pedem reformulação projeto por parte da professora. O nível de envolvimento dos alunos com o projeto é que determinará sua manutenção por maior ou menor tempo de duração. Respeitando sempre o aluno como sujeito da aprendizagem e o professor como parceiro nesta viagem fantástica e generosa do conhecimento. Materiais de Apoio: Livro Contendo mitos africanos, entre eles um sobre a Criação do Mundo (Aiyê), folhas, lápis, borrachas, microcomputador, canetas hidrocor, cartolina, lápis de cor. Link: http://www.lendas.orixas.nom.br/ Observações: O presente plano de aula pode ser aplicado também em qualquer outra série, desde que seja levado em consideração a idade dos alunos/as e o aprofundamento das questões levantadas, bem como as formas mais adequadas e interessantes de propor atividades sobre o tema. Referências Bibliográficas: - CHAIB, Lídia RODRIGUES, Elizabeth. Ogum, o rei de muitas faces e outras histórias dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. - DIAGNE, P. Parte I. História e Lingüística. In: Kizerbo J. (coord.). História Geral da África: I.Metodologia e pré-história da África. Tradução Beatriz Turquetti... et al. São Paulo: Ática, Paris, UNESCO, 1982. P.247- 285. - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, O Negro no Rio Grande do Sul, 2005. Ministério da Cultura. Fundação Cultural Palmares. - JOLIBERT, Josette e colaboradores. Formando Crianças Leitoras. Vol.I. Tradução Bruno C. Magne - Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. - KAUFMAN, Ana Maria RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, Leitura e Produção de Textos. Tradução Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. - CHAIB, Lídia & RODRIGUES, Elizabeth. Ogum, o rei de muitas faces e outras histórias dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Plano 14 Autor(a): Andréia dos Santos Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Título: Riquezas e contribuições do povo africano a cultura brasileira Público Alvo: Disciplinas: Todas as disciplinas Ens. Fund. - 1º Ano Objetivos: Conhecer a cultura negra, conscientizando os alunos da verdadeira história da conquista do Brasil e suas conseqüências.Eliminando assim as situações de preconceitos, valorizando as contribuições africanas para a formação da identidade brasileira.Estimular a convivência,aceitação e respeito com relação às diferenças raciais e suas riquezas culturais. Conceitos: Preconceito racial; Contribuições da cultura africana ao Brasil; A beleza das diversidades raciais. Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De estratégias e idéias História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De encantar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De se organizar e organizar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De perceber a interioridade humana - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Igualdade; Respeito; Convivência; Consciêntização; Sensibilidade; Critícidade. Recursos Didáticos: Obras de arte de Tarsila do Amaral, Candido portinari. Textos informativos a respeito do povo africano.Filmes ,músicas e imagens de negros(as) dos dias de hoje como artistas, cantores. Fotos dos próprios alunos. Procedimentos: Levantamento prévio a respeito dos conhecimentos que os escolares têm em relação ao povo africano e suas contribuições para o crescimento do povo brasileiro. Listar o que acreditam ser de riqueza da beleza brasileira. Solicitar que ilustrem a si mesmo pós terem se visualizado em um espelho. Tendo o professor como escriba, pedir para que digam o que cada um tem em comum. Associar a lista realizada das riquezas de beleza brasileira com a descrição em comum que realizaram de si mesmo. Conduzi-los a perceber que cada um tem a sua maneira e características próprias na qual compõem a riqueza e diversidade do povo brasileiro. Realizar uma rede de idéias baseando-se na imagem de um artista ou cantor afro e levá-los a relacionar com a beleza listada de cada colega de classe. Materiais de Apoio: Link: www.sandradesá.com.br Observações: A aula poderá se estender visto que a mesma destina-se a turma de 1º Ano e se esta for aplicada no inicio do ano letivo onde as crianças estão em processo de alfabetização.Quanto a avaliação será realizada com base no alcance dos valores propostos como respeito a diversidade, igualdade. Referências Bibliográficas: Revista Nova escola www.google.com.br Revista Raça www.sandradesá.com.br Material do curso: Texto: A participação africana na formação cultural brasileira. Candido Portinari, Tarsila do Amaral Plano 15 Autor(a): Princípio: Tema: Titulo: Público Alvo: Maria José de Araújo "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Nossa África no Brasil Ens. Fund. - 1° Ano Disciplinas: Educação Infantil 171 172 Planos de aula Objetivos: Ampliar conhecimento da cultura africana estabelecendo relações com a nossa culturareconhecer e valorizar características, hábitos e costumes dos povos africanos; reconhecer a história da áfrica e contextualizá-la com os dias atuais Conceitos: Natureza; Sociedade; Linguaguem oral; Linguagem escrita; Linguaguem plástica Habilidades: De questionar De criar De enriquecer o repertório De trabalhar linguagens De operar com lógica De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostos De conviver com transformações De se adaptar De assumir riscos De estratégias e idéias De identificação de problemas De se organizar e organizar De refletir multidisciplinarmente De analisar e sintetizar De encantar De se adaptar De identificação de problemas De estar atento De entender o outro, o mundo e a si mesmo De organização e articulação De assumir riscos De conviver com a diversidade De convencer De falar De se organizar e organizar De conviver com transformações De trabalhar linguagens De agir multidisciplinarmente De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferente De se livrar dos padrões De estar atento De identificar problemas De perceber a interioridade humana De perceber o imenso e o complexo De perceber o pequeno e o local Valores: Morais; Étnicos; Éticos; Identidade. Recursos Didáticos: Papel, canetinha hidrocolor, giz de cera-lápis de cor, livros, tinta, argila, pincel, tesoura, tnt-tinta plástica-barbante ou resto de lã-palito de churrasco; livros; foram utilizados livros do acervo da escola (Emei Professora Laura da Conceição Pereira Quintaes. Município de São Paulo). Menina bonita do laço de fita. Aventuras de um macaco. As tranças de bintou. Bruna e a galinha de angola. Procedimentos: Desenvolvimento da Atividade. Esta atividade foi desenvolvida para alunos da pré escola com idade entre cinco e seis anos. Antes de trabalhar os livros escolhidos é ideal que o/a professor/a leia pelo menos três a quatro estórias com os alunos. Em roda de conversa, abordar os História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola conteúdos que aparecem, ambiente, pessoas, animais, fauna, etc. Os livros que eu li foram: Menina Bonita do Laço de Fita conta a estória de uma menina negra, que tem como vizinho um coelho branquinho, ele sempre pergunta. menina bonita do laço de fita como faço para ser tão pretinho como você. Aventuras de um macaco,.é a estória de um macaquinho que todos achavam que era muito pequeno e fraco, até que ele consegue enganar um grande crocodilo. As tranças de Bitou. Uma menina que por ser pequena não pode usar tranças (tradição) Bruna e a galinha d´angola. É a estória de uma menina chamada Bruna que ganha uma galinha d'angola de sua avó, a galinha acha um baú antigo com panos. A avó conta da origem da galinha d'angola, e dos panos. Na roda de conversa ficou decidido que iríamos trabalhar Bruna e a galinha d´angola, foi feito um texto coletivo onde os alunos ditaram e eu fui escrevendo na lousa a reescrita da estória, foi combinado com a classe que alguns alunos iriam copiar o texto da lousa, e cada aluno desenhou o que mais gostou da estória, com canetinhas, giz de cera ou lápis de cor. Em seguida os alunos recortaram o desenho e colaram em um papel craft (pardo); no meio ficou o texto. Esta folha fez parte de um livro grande feito por todo o turno da manhã (8 salas). Este plano de aula é a finalização de todo o trabalho com as estórias da África, poderíamos ter feito apenas este trabalho no papel, mas como é importante trabalhar as diversas linguagens plástica; também trabalhamos com argila, primeiro sentimos o material, amassamos muito, fizemos um ovo, a partir do ovo moldamos uma galinha,alguns quiseram apenas fazer o ovo, outros fizeram ovos, galinhas, e até o ninho, outros fizeram a menina Bruna, depois de seca os alunos pintaram a argila com guache ou tinta plástica, alguns também usaram canetinhas hidrocolor. Ainda foi possível explorar ainda mais as artes confeccionando panos, foram recortados pequenos pedaços de TNT (formato retangular, um pouco maior que uma sultite), de diversas cores, os alunos, pintaram com guache ou tinta plástica, também fizeram colagem de sulfite com formato de ovo; depois de seco os panôs foram presos em palitos de churrasco, presos com barbante; ou somente no barbante. Materiais de Apoio: Link: ww.wikipédia.com.br www.brasilescola.com.br www.google.com.br: "cultura africa" Museu Afro-Brasil Observações: Trabalhar com crianças pequenas, é muito gratificante porque elas se entusiasmam e se interessam por tudo. É muito importante antes da atividade os alunos poderem manusear os livros, e na roda de conversa levarem a observar o contexto, onde na estória da Bruna a avó conta que veio da África, é uma oportunidade para mostrar gravuras, fotos, revistas, e também falar das tradições, onde além dos panôs, existe a arte das máscaras,dança, etc.. Na atividade da montagem da folha da estória incentivar sempre terem zelo com os materiais, e além da elaboração , faz parte também da atividade a arrumação e limpeza da sala Referências Bibliográficas: A maioria do material usado neste plano faz parte do acervo da escola, como os livros Menina bonita do laço de fita, Aventuras de um macaco, Bruna e a galina d'angola, As tranças de Bintou também há outros que não citei: Contos da África, Porque a girafa não tem voz, O cassolo e as abelhas, e pesquisas feitas através do google sobre cultura africana, animais, máscaras e árvore tradicional baobá Plano 16 Autor(a): Fabiana Ignacio Rodrigues Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Titulo: CONSCIÊNCIA NEGRA Público Alvo: Disciplinas: Interdiciplinar Ens. Fund. - 2º Ano Objetivos: Trabalhar as diferenças e semelhanças entre os grupos étnicos e sociais, que lutaram no passado por causas políticas, sociais, étnicas ou econômicas dando ênfase a raça negra bem como as descendências e ascendências entre os indivíduos. 173 174 Planos de aula Conceitos: Cultura Afrobrasileira Habilidades: De questionar De criar De enriquecer o repertório De trabalhar linguagens De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostos De conviver com transformações De se adaptar De assumir riscos De estratégias e idéias De identificação de problemas De se organizar e organizar De refletir multidisciplinarmente De analisar e sintetizar De se adaptar De estratégias e idéias De identificação de problemas De estar atento De entender o outro, o mundo e a si mesmo De organização e articulação De assumir riscos De conviver com a diversidade De falar De se organizar e organizar De conviver com transformações De trabalhar linguagens De agir multidisciplinarmente De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferente De se livrar dos padrões De estar atento De identificar problemas De perceber a interioridade humana De perceber o imenso e o complexo De realizar tarefas De criar produtos e artefatos De escrever De agir multidisciplinarmente Valores: Respeito; Ética; Cidadania Recursos Didáticos: Pesquisa; Levantamentos prévios; Cartazes; Músicas; Textos informativos; Vídeos; Livros de histórias-Informática Procedimentos: 1º Troca de idéias referentes ao tema consciência negra. O que sabem e o que gostariam de saber. 2º Pesquisa sobre os assuntos levantados na roda de conversa. 3º Socialização das informações adquiridas. 4º Produção de texto coletivo abordando temas destacados. 5º Pesquisas sobre origem dos negros escravizados no Brasil. 6º Elaboração de cartaz com informações sobre os escravos. 7º Elaboração de Cartaz com imagens de negros que se destacaram positivamente na história do Brasil e na mídia atual. 8º Leitura da história "Menina bonita do laço de fita" de Ana Maria Machado. 9º Confecção do livro Menina Bonita do laço de fita segundo interpretação dos alunos. 10º. Vídeos: 'Kiruku e a Feiticeira', 'Desventura em série', 'O duelo de Titan', 'Pelé Eterno'. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Materiais de Apoio: Links: www.ceert.org.br/vistaminhapele www.museuafrobrasil.com.br, www.potalafro.com.br Observações: As etapas das atividades foram se desenvolvendo de acordo com os resultados das pesquisas e posteriores socializações dos assuntos abordados. Referências Bibliográficas: Mapa da àfrica Revista EDUCAÇÃO - Ano 06 Nº 65, setembro de 2002 "Brasil mostra a sua cara". País teima em ignorar o abismo social que separa brancos e negros no trabalho, na cultura e na escola. Revista NOVA ESCOLA - Ano XIV - Nº 120 - março DE 1999 "Ele vai começar a gritar". Um assunto sobre o qual pouco se fala: também na escola os negros sofrem com o preconceito. Mas o número de alunos e professores dispostos a acabar com esse silêncio cresce cada dia mais. Poesias: EU-MULHER (Conceição Evaristo); LINHAGEM (Carlos Assumpção); UM SOL GUERREIRO (Celinha; e outros dos Cadernos Negros Livros Afro-Brasileiros hoje de Darien J. DavisRacismo no Brasil de Lilia Moritz Schwarcz AQUINO, Julio Groppa. Diferenças e Preconceitos na Escola. Plano 17 Autor(a): Flávia Andréa dos Santos Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Título: O Negro Através da Música: representação, atuação e características. Público Alvo: Ens. Fund. - 2º Ano Disciplinas: Interdiciplinar Objetivos: Interagir com a música negra, na percepção de suas características, ritmos e diversidade cultural. Compreender através da música, a composição da identidade negra, os elementos de peculiaridade, de reivindicação e contestação. Utilizar-se das letras das músicas, para compreender os elementos que caracterizam a cultura afro-brasileira. Ampliar o processo de aquisição da escrita e leitura, por meio do contato com as letras das músicas. Conceitos: Música Negra; Identidade; Diversidade Cultural; Influências Culturais; Cultura afro-brasileira. Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De estar atento - De conviver com a diversidade - De falar - De trabalhar linguagens - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias -De escrever Valores: Respeito a diversidade cultural; Valorização da cultura negra; Refletir sobre a discriminação racial; Saber ouvir a fala do outro. Recursos Didáticos: Debates; Material audiovisual: vídeo,tv,som,computador; CDs, DVDs e fitas de vídeo; Cartazes com as letras das músicas expostas; Papel ofício para a reescrita das músicas e ilustração das 175 176 Planos de aula mesmas. Procedimentos: Em um primeiro momento buscamos apresentar trechos de tipos diferenciados de composição musical. Tencionando desenvolver em especial as habilidades de escuta, distinção e caracterização. Buscamos apresentar em forma de exposição CDs, personagens que retratem a música negra. Assim como, de grupos que atuam no maracatu, afoxé, samba, coco-de-roda, tambor de crioula, ciranda, pagode, bumba-meu-boi, hip hop, jazz, soul, reggae, funk e o rap.- Solicitamos que os alunos apontem o que mais lhe chamou atenção, e selecionem o que gostariam de primeiro entrar em contato. Selecionamos letras das músicas para serem lidas, analisadas e reescritas. Trabalharemos a escuta destas músicas, conjuntamente com a interpretação das mesmas. Utilizamos à exposição de letras em cartazes, buscando interagir com o vocabulário não compreendido ou específico.- Propor ao grupo, identificar elementos característicos da influência negra, da composição da cultura afro-brasileira. Bem como, sua representação e atuação. Dar ênfase aos debates, as re-elaborações de conceitos e superações de preconceitos. Buscando socializar as experiências vivenciadas por meio de apresentações nos espaços de socialização. E por fim, ter introduzir a família (por meio das atividades propostas) na resignificação da identidade negra. Materiais de Apoio: Links: http://www.movimentohiphop1.hpg.ig.com.br/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Rural http://pt.wikipedia.org/wiki/Maracatu_Na%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Afox%C3%A9_(bloco) http://www.mundonegro.com.br/ http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0177/aberto/mt_242379.shtml http://www.tambordecrioula.hpg.ig.com.br/principal.htm Observações: Nossa proposta de ação buscará estar vinculada a um projeto maior, que deverá ser desenvolvido na unidade de ensino. Uma possibilidade é trabalhar com o tema: "Música na Escola". Com ele tencionamos diminuir o grau de agressividade e desenvolver a capacidade de concentração, escuta e reflexão. Com as apresentações das músicas negra, poderemos acrescentar a estes objetivos, o da valorização da cultura Afro-brasileira, e o reconhecimento da identidade negra. Referências Bibliográficas: - BORI, Alfredo. Cultura brasileira. São Paulo: Ática, 1987.- BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, ética/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1997. - BENCINI, Roberta. A questão Racial na Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ edicoes/177,Nov 2004. - GENTILE, Paola. A África de todos nós. Disponível em: - http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0187,nov/2005. - CDs: Maracatu, Afoxê, Samba, Ciranda, Pagode, - Coco, Tambor de Crioula, Bumba-meu-boi, hip hop, jazz, soul, reggae, funk e o rap.- http://www.portalafro.com.br/musicas. Plano 18 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Telci Teodoro da Silva "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Raça e Cidadania Disciplinas: Todas as áreas do Ens. Fund. - 3º Ano Conhecimento Objetivos: O Objetivos educacionais é criar entendimento de que cidadania e igualdade de direitos, só podem ser alcançadas com respeito às diferenças, sejam sociais, sejam étnicas ou raciais (sempre no sentido histórico-cultural) Conceitos: Origens; contribuição histórica; Igualdade racial História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Habilidades: - De questionar De criar De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostos De identificação de problemas De se organizar e organizar De refletir multidisciplinarmente De se adaptar De estratégias e idéias De identificação de problemas De conviver com a diversidade De convencer De falar De se organizar e organizar De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferente De se livrar dos padrões De identificar problemas De perceber a interioridade humana De realizar tarefas De escrever De agir multidisciplinarmente Valores: Respeito, humanidade, igualdade. Recursos Didáticos: Mapas para entender as origens. Filmes com temas culturais que enfoque a participação do africano e seus descencendetes na formação do Brasil;fotos de família dos alunostexto a ser copilado pelos próprios alunos Procedimentos: Estimular os/as alunos/as a elaborarem conhecerem alguns motivos que podem ser a causa da discriminação racial e assim produzam desenhos, textos cênicos e até mesmo tragam suas famílias para relatar se já sofreram ações racistas e o que sentiram. Materiais de Apoio: Links: www.ritosdeangola.com.br www.ensinoafrobrasil.org.br Observações: Aqui vai variar de acordo com a maioria em sala de aula e a composição da comunidade. Se a maioria for branca ou pelo menos se identificar como tal, o procedimento é recriar o imaginário em relação ao negro.Se a maioria for negra, deve se pautar em ações afirmativas da negritude e na igualdade de direitos de todos, como cidadãos, independente da raça, cor, religião, etc. Referências Bibliográficas: - AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos. In:_______. Guia da Cidade, 2.ed. Salvador: 1977. ________. Tenda dos Milagres. 2000: Fundação Salvador. Fundação Casa de Jorge Amado. - BARTH, Fredrik. Ethnic Groups and Boundaries: the social organization of culture difference. Oslo: Universit et sforlaget, 1969. - BASTIDE, Roger. As religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1985. - CANCLINI, Néstor García. Las culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad. 1989: México, Grijalbo. - CARNEIRO, Edson. Religiões Negras: Negros Bantos, 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 198 - CAROSO, Carlos; BACELAR, Jeferson (Org.). Faces da Tradição Afro-Brasileira. Salvador: Pallas, 1999. - CARVALHO, José Jorge de. O olhar etnográfico e a voz subalterna. Horiz. Antropol., Porto Alegre, v. 7, n. 15, 2001. Disponível em: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 21. ed. Rio de Janeiro: Ed.J.O.,1989. (Coleção Documentos Brasileiros, v. 1).MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003. RAMOS, Arthur. O Negro Brasileiro. São Paulo: Ed. Nacional, [c1934] RODRIGUES, R. Nina. O Animismo 177 178 Planos de aula Fetichista dos Negros Bahianos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935. - SEGATO, Rita L. Santos e Daimones. Brasília: UnB, 2004. - SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2004. - ____________. Introdução a uma ciência pós-moderna. São Paulo: Graal, 1989. - VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo - do Tráfico de Escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos, dos Séculos XVII a IX. Nova Edição. Bahia: Corrupio, 1981. - ____________. Os Libertos: sete caminhos na liberdade de escravos da Bahia no século XIX. São Paulo: Corrupio, 1992. Plano 19 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Melina Ernestina Modesto Torelli "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Diferentes, mas iguais Disciplinas: História, Geografia, Ens. Fund. - 5ºAno Português e Educação Artística Objetivos: Conscientizar os/as alunos/as sobre o que é preconceito racial; Permitir que conheçam, aceitem e respeitem os negros e sua importância;- Diminuir a discriminação racial na escola. Conceitos: Preconceito; Discriminação Habilidades: De questionar De enriquecer o repertório De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De conviver com transformações De se adaptar De identificação de problemas De se adaptar De identificação de problemas De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De identificar problemas De perceber a interioridade humana Valores: Aceitação, valorização, reconhecimento Recursos Didáticos: Livro "Menina bonita do laço de fita", de Ana Maria Machado. DVD "Vista minha pele". Procedimentos: Fazer uma roda de conversa e explicar aos/as alunos/as que ninguém é igual ao outro, todos temos nossas diferenças, mesmo irmãos gêmeos possuem algo que os torna diferentes. Há pessoas altas, outras baixas, uns magros, outros gordos, uns alguns têm cabelo liso, outros tem cabelo crespo e há brancos e negros em todos os lugares. Pela aparência, ninguém pode ser considerado melhor ou pior que ninguém.Contar a história do livro "Menina bonita do laço de fita" (Ana Maria Machado). Discutir com eles sobre o livro, o desejo do coelho em ser negro e o orgulho que a menina tinha em ser dessa raça. Mostrar aos alunos imagens onde a cor branca e a cor preta se completam: zebra, café com leite, arroz e feijão, leite e chocolate, chocolate branco e chocolate preto, cachorro Dálmata, carros brancos com pneus pretos, pessoas brancas de cabelos pretos, bola de futebol, sorvete de flocos, bolo prestígio, café com chantilly. Dar espaço para os alunos participarem oralmente fazendo seus comentários e dando opiniões. Mostrar a eles o filme "Vista minha pele".Voltar no assunto de que não deve haver discriminação ou diferença entre as pessoas, sejam elas como forem, brancos e negros, cada um com suas diferenças físicas, porém, têm valores e direitos iguais, um precisa do outro para viver em sociedade. Materiais de Apoio : Link: - História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - http://vidacavalcanti.blogspot.com/2007/12/contando-menina-bonita-do-lao-de-fita.html http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1044 http://criancanegritude.blogspot.com/2006/08/menina-bonita-do-lao-de-fita.html http://aldeiagriot.blogspot.com/2008/02/o-curta-mais-um-filme-daquela-safra-que.html Observações: Esse plano de aula pode ser adaptado para outras séries do Ciclo I e Ciclo II do Ensino Fundamental. Referências Bibliográficas: - MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de Fita. Ed. Ática, 7ª ed., 2004. - Filme Vista Minha Pele. Direção: Joel Zito Araújo. Produção: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades CEERT. - Site: www.google.com.br Site: http://portal.mec.gov.br/secad/index.php?option=content&task=view&id= 97&Itemid=228 Plano 20 Autor(a): Ana Clícia Xavier Adrião Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: O Entendimento da Identidade Público Alvo: Disciplinas: 1º Ano/1º Ano Ens. Fund. - 1º Ano/1º Ano Objetivos: Possibilitar através do diálogo o reconhecimento da variedade cultural brasileira; Valorizar a identidade étnico-racial existente no Brasil; Identificar as diversas manifestações culturais afrobrasileiras; Pesquisar as diversas contribuições que formaram a identidade nacional. Conceitos: Identidade; Variedade cultural; Manifestações culturais afro-brasileiras; Contribuições da identidade nacional Habilidades: -De questionar -De enriquecer o repertório -De se organizar e organizar - De encantar - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De estar atento - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De operar com lógica Valores: Convivência; Igualdade; Respeito; Limites; Reconhecimento; Relacionamento. Recursos Didáticos: Revistas, jornais (gravuras e fotos); Papelão, tinta e cola; Cartolina, papel madeira e papel sulfite; Argila e madeira; Cd e Gravador. Procedimentos: Conversa informal sobre o que as crianças conhecem e/ou entendem sobre as manifestações culturais afro-brasileiras (conhecimento de mundo). Entendimento sobre o que vem a ser identidade cultural e possibilitar o contato com livros, revistas, gravuras e fotos que retratem a variedade cultural afro-brasileira. Produza junto com os estudantes um mural de fotografias, gravuras e figuras que retratem as diversas manifestações culturais de outras raças. Pesquisa realizada com as crianças e os pais sobre letras de músicas, instrumentos, danças e as diversas contribuições que formaram a identidade nacional. Trabalho com argila e madeira para produção de instrumentos artísticos usados na cultura afro-brasileira. Preparo de máscaras, após pesquisar os diversos rituais praticados pelos africanos. Através da linguagem corporal, as crianças terão a presença de um professor que ensine danças africanas como capoeira, samba e maracatu. Organização de uma feira cultural para expor as diversas manifestações culturais afro-brasileiras, após a realização das atividades propostas. 179 180 Planos de aula Link: http://vidacavalcanti.blogspot.com/2007/12/contando-menina-bonita-do-lao-de-fita.html http://www.capoeirabrasil-ce.com.br/instrumentos.htm http://www.canalkids.com.br/arte/musica/instrumentos.htm http://mundoetnico.com.br/ http://www.canalkids.com.br/arte/danca/maracatu.htm Observações: Este plano foi elaborado para estudantes da educação infantil (alfabetização) e/ou para a 1ª ano do ensino Fundamental. Por não disponibilizar de muitos materiais em mão, fiz uma pesquisa na internet, para buscar subsídios teóricos e exemplos através de gravuras, fotos,modelos, já que o assunto escolhido exigi pesquisas em decorrência do pouco ou quase nada das crianças conhecerem sobre o referido assunto. Preparei o material e fiz um levantamento para saber o que as crianças sabiam ou entendiam sobre as manifestações culturais afro-brasileiras, apresentava os materiais conforme o diálogo que tivemos sobre o assunto. Referências Bibliográficas: Instrumentos usados na capoeira: http://www.capoeirabrasilce.com.br/instrumentos.htm Instrumentos usados no samba: http://www.canalkids.com.br/arte/musica/instrumentos.htm Instrumentos e máscaras usadas no maracatu; http://www.canalkids.com.br/arte/danca/maracatu.htm As Máscaras Africanas: http://mundoetnico.com.br/ Revista: Nova Escola."A Questão Racial na Escola. Ed. 177. São Paulo: Abril, 2004. Parâmentros Curriculares Nacionais. De 1º a 4º Ano. Pluralidade Cultural. São Paulo: Abril, 2004. Plano 21 Autor(a): Fabiana de Jesus Amorim Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Título: Somos diferentes mas somos todos iguais Público Alvo: Ens. Fund. - 1º Ano/2º Ano Disciplinas: 1º Ano/2º Ano Objetivos: Este projeto visa desenvolver na educação infantil e nas series iniciais do ensino fundamental o reconhecimento da importância do estudo das diversidades culturais, em especial da cultura negra e sua grande influência na formação cultural de nosso país. Além de desenvolver uma postura contra qualquer discriminação baseada em diferenças de raça/etnia, crença religiosa e outras características individuais ou sociais, o projeto tem como objetivo refletir sobre nossas diferenças e também a igualdade que une todos os povos. Serão apresentadas diferentes culturas de forma bastante lúdica. Conceitos: Pluralidade cultural; Aspectos físicos; Socialização; Auto conhecimento. Habilidades: De questionar De criar De enriquecer o repertório De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De criar novos pressupostos De conviver com transformações De retórica e jogo De estratégias e idéias De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De falar Valores: Preconceito, discriminação, igualdade, solidariedade, fraternidade. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Recursos Didáticos: Livro "Menina bonita do laço de fita", de Ana Maria Machado. DVD "Vista minha pele". Procedimentos: Entrevistas e pesquisas; Teatro; Músicas; Recorte e colagem; Jogos; Caça palavras; Confecções de murais; Poemas; Dinâmicas; Bilhete; Registro de todo o projeto desenvolvido sobre o tema proposto pelos próprios alunos. Materiais de Apoio: Links: www.smilinguido.com.br www.portalpositivo.com.br Observações: Esse plano de aula pode ser adaptado para outras séries do Ciclo I e Ciclo II do Ensino Fundamental. Referências Bibliográficas: - ALVES, Rubem. - A Alegria de Ensinar. - Ars Poética, 1994 __________. - Estórias de quem gosta de ensinar. - Ars Poética, 1995 AQUINO, Julio Groppa. Os direitos humanos na sala de aula. São Paulo: Moderna. - AZEVEDO, Julio; Ordonez, Marlene. A escravidão no Brasil: trabalho e resistência. São Paulo: FTD, 1996 . - CHARON, Joel M. Sociologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. - DEMO, Pedro. Charme da exclusão social. Campinas: Autores associados, 2002. - FERREIRA, Naura S. Carapeto. Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios. 3ª ed. - Editora Cortez, 2001. - MORAIS, Regis de.- Sala de Aula. Que espaço é esse? - Editora Papirus - BARBOSA, Rogério Andrade. Coleção Bichos da África "Fabulas e lendas". Editora Melhoramento. - RADESPIEL, Maria. Pluralidade Cultural "Temas Transversais" Editora Iemar - _____________ - Eventos Escolares. Editora Iemar - BATITUCI, Graça. A Maneira Lúdica de Ensinar - Editora Fapi. - PINTO, Gerusa Rodrigues. O dia-a-dia do Professor. Editora Fapi. Plano 22 Autor(a): Soraia Moura Alves Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: As comemorações festivas em Cidelândia Público Alvo: Disciplinas: 1º Ano/2° Ano Ens. Fund. - 1º Ano/2° Ano Objetivos: Abrir espaço entre a criança e o mundo que a cerca, possibilitando a ela perceber as diferenças de cada colega a partir de sua origem; Mostrar às crianças que as diferenças que elas vêem na sala de aula não se resume apenas aquele espaço e sim a toda a escola, a comunidade e as outros cantos do mundo; Traduzir as suas percepções e envolvendo-as em situações vivenciadas em casa, na rua e na escola. Conceitos: Sentimento; Família Comunidade; Escola Pais; Colegas; Professores. Habilidades: De criar De trabalhar linguagens De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De conviver com transformações De identificação de problemas De se organizar e organizar De analisar e sintetizar De encantar De se adaptar De estar atento 181 182 Planos de aula De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade Habilidades: De falar De trabalhar linguagens De se livrar dos padrões De estar atento De identificar problemas De perceber o imenso e o complexo De perceber o pequeno e o local De realizar tarefas De criar produtos e artefatos De adaptar tecnologias De escrever De agir multidisciplinarmente Valores: Vivenciar cada ação por eles praticada; Traduzir suas idéias. Recursos Didáticos: Documentários; Filmes educativos; Livros; Revistas; Recortes ilustrados; Entrevistas com pais e familiares. Procedimentos: Criar um ambiente dentro da escola que leve a criança a perceber as diferenças com as quais elas convivem dia-a-dia dentro e fora da escola; Após essa experiência pedir a elas que se manifestem dizendo o que perceberam de diferente. Levando em conta que as brincadeiras: cantigas de roda, pequenas encenações, ...são o meio mais fácil de aproximá-las é mais do que justo que elas passem a perceber todos os diferentes gostos de cada colega e assim familiarizala com as diferentes culturas mesmo que inicialmente para elas não seja perceptível. Sendo assim torna-se mais prático aproximá-las da realidade local por meio de apresentações culturais como as danças e o teatro. elas como forem, brancos e negros, cada um com suas diferenças físicas, porém, têm valores e direitos iguais, um precisa do outro para viver em sociedade. Materiais de Apoio: Links: www.unidadenadiversidade.org.br; http://www.ensinoafrobrasil.org.br/app/alunos/curso/apoio.php?Cont_id=51&Mod_id=1&Cur so_id=101#; http://www.ensinoafrobrasil.org.br/app/alunos/curso/apoio.php?Cont_id=16&Mod_id=1&Cur so_id=101#; http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2005/09/23/ult580u1684.jhtm Observações: Acompanhar os alunos fazendo visitas a suas casas conhecendo assim um pouco mais da realidade de cada um e de sua família. Desenvolver atividades extraclasse voltadas a cultura Referências Bibliográficas: cidelandense. - CD-ROM Almanaque Abril 2001; - CD Almanaque Abril 2004; - NASCIMENTO, Maria Nadir. História do Maranhão. São Paulo: FTD, 2001. ____________. Geografia do Maranhão. São Paulo: FTD, 2001. - SCHMIDT, Mario Furley. Coleção Nova História Crítica (6ª e 7ª anos). São Paulo: Nova Geração, 1999. Plano 23 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: (todas Lurdes de Oliveira Rosa "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Racismo e outras formas de discriminação Disciplinas: 1º ano/2º Ano Ens. Fund. 1º Ano/2º Ano as áreas) Objetivos: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Desenvolver nos alunos valores. Reconhecer que não há seres inferiores ou superiores. A discriminação é rival da convivência democrática. Conceitos: Diálogo; Respeito mútuo; Justiça. Habilidades: De enriquecer o repertório De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De conviver com transformações De se organizar e organizar De trabalhar com quantidade e qualidade De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De falar De enxergar o outro sob um ângulo diferente De perceber a interioridade humana De realizar tarefas De criar tecnologias De escrever De agir multidisciplinarmente Valores: Convivência; Respeito; Reconhecimento Recursos Didáticos: Livros, mapas ,fotos, filmes, painèis musicas. Procedimentos: Materiais de Apoio: Link: http://www.accara.vilabol.uol.com.br/ fotos/zumbipoa.html Observações: Fique atento ao uso de estereótipos entre os alunos.Valorize a arte do diálogo no cotidiano. Estimule o respeito e a solidariedade .Aproveite as situações concretas do cotidiano para a discussão ética. Referências Bibliográficas: Oficío de Professor. 2002. Fundação Victor Civita; PCNs.1998; A Vida De Zumbi Dos Palmares, outubro de 1995. Pesquisa na internet: A vida de Zumbi dos Palmares. Plano 24 Autor(a): Sônia Maria de Godoy Leão Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: A Influência da Cultura Africana no Nosso Cotidiano Público Alvo: Ensino Fund. - 2º Ano/3° Ano Disciplinas: Ensino Fund. - 2º Ano/3° Ano Objetivos: Conhecer as várias etnias e culturas, valorizá-las e respeitá-las; Reconhecer as qualidades da própria cultura, exigir respeito para si e para outros; Resgatar a influência da cultura africana na construção da identidade brasileira. Conceitos: Diversidade cultural, artística e lingüística. Habilidades : De enriquecer o repertório De trabalhar linguagens De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De reter e memorizar De se adaptar De estar atento De entender o outro, o mundo e a si mesmo De conviver com a diversidade De falar De trabalhar linguagens 183 184 Planos de aula De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) De enxergar o outro sob um ângulo diferente De estar atento De realizar tarefas De escrever De escrever De agir multidisciplinarmente Valores: Interação; Respeito; Reconhecimento. Recursos Didáticos: Mimeógrafo, rádio toca cds, dicionários, figuras/quadros com reproduções diversas, internet, livros Procedimentos: Pesquisas da influência da cultura africana na alimentação. Lista dos alimentos usados no nosso dia a dia. Ex: Abacaxi, mandioca, etc... Pesquisa na influência da linguagem africana. Lista de palavras "afro-brasileiras". Compor e decompor cada palavra listada para reconhecimento de letras e sílabas (leitura e escrita). Produção de textos. Músicas (letras/ritmos/danças). Cultos religiosos. Vestuário (influência). Materiais de Apoio: Link: www.lingua portuguesa.ufrn/ www .mundomissao.com.br/ www.mundo negro.com.br Observações: O tema servirá de material também para alfabetização, usando as palavras-chave que surgirão nos textos apresentados. Referências Bibliográficas: - BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e branco. Editora Ática - Artigos - Revista Nova Escola Plano 25 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Márcia Teresa Pinto Mendes "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras O sotaque de zabumba como referência de identidade Disciplinas: Língua portuguesa; Ens. Médio - 3º Ano História; Artes; Filosofia; Sociologia Objetivos: Co-relacionar a cultura popular como elemento principal para diversidade cultural do Maranhão; Relacionar sua importância como fator determinante da identidade do negro no Maranhão. Conceitos: Valorização, identidade, auto-estima, resgate cultural . Habilidades: - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De identificar problemas - De perceber o imenso e o complexo - De criar produtos e artefatos - De escrever - De agir multidisciplinarmente História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Valores: Auto-estima, resgate, preservação cultural, identidade. Recursos Didáticos: Bibliografia especializada; entrevistas com os conhecedores do assunto; pesquisa em livros, periódicos, etc. Procedimentos: Levantar os conhecimentos prévios dos alunos com o objetivo de identificar o que eles sabem a respeito da herança cultural afro-brasileira. Discutir com os alunos o que representa a cultura do Bumba-meu-boi, mais precisamente o sotaque de zabumba, como identidade negra no Brasil. Depois disso, apresentar aos alunos uma proposta de trabalho, onde se aborde as peculiaridades dessa manifestação (música, indumentária, instrumentos, dança e personagens), no sentido de resgate da cultura do povo maranhense. Explicar o objetivo do trabalho e organizar a turma em grupos, definindo quem serão os interlocutores, os temas, o que se espera dos alunos, o tempo de duração da preparação, a data da apresentação e os passos da tarefa. Deixe claro também que a avaliação se dará durante e no final da atividade.Apresentar aos alunos uma espécie de Workshop, com a indumentária do sotaque de Zabumba, solicitando que eles identifiquem as peças favoritas e expliquem por que as preferem. Falar sobre os diferentes artistas, incluindo os temas mais freqüentemente bordados por eles, seus trabalhos mais famosos e o estilo de cada um. Identificar as variações culturais e estéticas das imagens. Identificar e caracterize a influência da cultura afrodescendente no campo das artes plásticas, mais precisamente na indumentária da zabumba. Materiais de Apoio: Link: http://www.cmfolclore.ufma.br Observações: Como forma de ampliar o tema em estudo, poderão ser propostas no decorrer da aula, entrevistas com os cantadores e produtores dos grupos de zabumba, bem como a observação in loco de apresentações da referida manifestação. Referências Bibliográficas: - SILVA, Marcos (org.). Dicionário Crítico Câmara Cascudo. São Paulo: Perspectiva, FFLCH-USP, FAPESP; Natal: EDUFRN, Fundação José Augusto, 2003. 330 p. - NUNES, Izaurina de Azevedo (org.). Olhar, Memória e reflexões sobre a gente do Maranhão. São Luís: CMF, 2003. - BOLETINS DA COMISSÃO MARANHENSE DE FOLCLORE. Org: Comissão Marahense de Folclore. Endereço eletrônico: www.cmfolclore.ufma.br. Plano 26 Autor(a): Solange P. dos Santos Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Capoeira: jogando, dançando ou lutando contra o preconceito? Público Alvo: Disciplinas: 2º Ano/3º Ano Ens. Fund. - 2º Ano/3º Ano Objetivos: Valorizar a diversidade cultural existente na comunidade. Despertar o interesse por práticas advindas das classes não hegemônicas. Trabalhar a construção de auto-estima positiva. Incentivar a pesquisa, leitura e produção de texto. Conceitos: Saúde; Resistência; Diversidade. Habilidades: - De questionar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De refletir multidisciplinarmente - De trabalhar com quantidade e qualidade - De reter e memorizar - De encantar 185 186 Planos de aula - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De convencer - De falar - De se organizar e organizar - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De adaptar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Disciplina; Responsabilidade; Respeito; Convivência. Recursos Didáticos: Textos, fotos, revistas, livros, vídeos-clipes, máquina fotográfica, televisor com vídeo-cassete ou dvd, caderno, lápis, sulfite, guache. Procedimentos: Distribuir revistas e fotos para observação. Sondar o conhecimento dos alunos sobre o assunto. Discorrer brevemente sobre origem, continuidade, condição atual, perfil dos praticantes. Pedir pesquisa sobre grupos existentes na comunidade. Verificar a possibilidade de assistir a uma apresentação e tirar fotos. Verificação de aprendizagem através de textos, desenhos, recortes ou pinturas. Organizar o material produzido e fazer uma exposição no mural da escola. Materiais de Apoio: Link: http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/capoeira.htm http://carosamigos.terra.com.br/ http://www.capoeira.esp.br/ http://www.capoeiradobrasil.com.br/ http://www.capoeiradobrasil.com.br/ http://www.muzenza.com.br/port/pes_bib.php Observações: O professor pode levar os alunos para assistirem apresentações que geralmente acontecem em praças ou mesmo no local onde são realizadas as aulas, tirar fotos, fazer entrevistas e produzir material para ser socializado posteriormente. Referências Bibliográficas: - MEC/SEF/PCN - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual - Vol 10 - 1997 Artigos: - SANTOS, Ynaê Lopes dos. Zumbi dos Palmares, in Rebeldes Brasileiros, Vol I, Editora Casa Amarela SILVA, Rodriigo da. Chica da Silva, in Rebeldes Brasileiros, Vol I, Editora Casa Amarela Links: http://www.capoeira.esp.br/ http://www.capoeiradobrasil.com.br/ http://www.muzenza.com.br/port/pes_bib.php Plano 27 Autor(a): Márcia Teresa Pinto Mendes Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Título: Conheça seus semelhantes Público Alvo: Disciplinas: Ens. Fund. - 3º Ano/4° Ens. Fund. - 3º Ano/4° Ano Ano Objetivos: Desenvolver a percepção do aluno, levando-o a identificar e respeitar as diferenças culturais História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola existentes, detendo-se principalmente na cultura afro-descentende. Explorar recursos de oralidade e escrita estimulando a expressão criativa através de desenhos e dramatizações. Conceitos: A situação do negro na sociedade atual. Habilidades: -De questionar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo De agir multidisciplinarmente Valores: Auto-estima, resgate, preservação cultural, identidade. Recursos Didáticos: Bibliografia especializada; entrevistas com os conhecedores do assunto; pesquisa em livros, periódicos, etc. Procedimentos : Materiais de Apoio : Link: www.accara.vilabol.uol.com.br/ fotos/zumbipoa.html Observações : Fique atento ao uso de estereótipos entre os alunos.Valorize a arte do diálogo no cotidiano. Estimule o respeito e a solidariedade .Aproveite as situações concretas do cotidiano para a discussão ética. Referências Bibliográficas : Oficío de Professor. 2002 Fundação Victor Civita; PCNs.1998; Plano 28 Autor(a): Eliana Marques Fiad Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Título: Conhecendo a arte brasileira e suas influências Público Alvo: Disciplinas: 4º Ano/5º Ano Ens. Fund. - 4º Ano/5º Ano Objetivos: Desenvolver a percepção para diferentes estilos artísticos e identificar a cultura afro-descendente nos estilos artísticos brasileiros. Conceitos: Cidadania, respeito, reconhecimento; Valorização, desafios, reconhecimento; Ética, dignidade, respeito Habilidades: - De conviver com transformações - De se organizar e organizar - De analisar e sintetizar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De falar - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De operar com lógica Valores: Convivência, respeito, reconhecimento. Recursos Didáticos: Cartões, figuras e imagens de reproduções artísticas, vídeos e palestras Procedimentos: Solicite que as crianças classifiquem as imagens em categorias que considerem significativas. Incentive-as a classificarem os quadros de mais de uma maneira. Discuta com elas as categorias que selecionaram como assunto, forma, cor, humor, artista ou estilo de arte. Se as crianças precisarem de ajuda, sugira essas ou outras categorias. Peça que identifiquem seus quadros 187 188 Planos de aula favoritos e expliquem por que os preferem. Fale sobre os diferentes artistas, incluindo os temas mais freqüentemente pintados por eles, seus quadros mais famosos e o estilo de cada um. Identifique as variações culturais e estéticas das imagens. Identifique e caracterize a influência da cultura afro-descendente no campo das artes plásticas. Materiais de Apoio: Link: www.casadeculturadamulhernegra.org.br,www.elportico.com/arte/ Observações: Com esse trabalho é necessário que os alunos reflitam e percebam o quão importante a cultura afro-descendente para os brasileiros, sua trajetória cheia de encontros e desencontros, de luta, garra, amor e esperança. Descobrir que os negros são pessoas que lutam, vivem e tem as mesmas condições de dignidade que qualquer outro ser, saber respeita-los é fundamental, para vivermos em harmonia, se tivesse sido sempre assim, o mundo seria muito melhor, todos poderiam viver sem medo do amanhã. Referências Bibliográficas: - SOUZA, Edgard Rodrigues de. "Entendendo a Arte: Desenho e Pintura: o Trabalho do Artista" Editora Moderna, 1998 - JÚNIOR, José Florêncio Rodrigues. "A taxonomia de objetivos educacionais". Brasília: Universidade de Brasília, 1994. - Artigo "Origens da pintura", endereço: http://www.canalkids.com.br/arte/pintura/origens.htmwww.nethistoria.com - www.antroposmoderno.com - www.unb.br/acs/artigos/at0504-03.htm - www.faced.ufba.br - www.usinadeletras.com.br - www.espaçoacademico.com.br - www.candomble.jor.br Plano 29 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Helenice A. R.carvalho "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Memória e Identidade Disciplinas: Língua Ens. Fund. - 5º Ano portuguesa; História; Artes Objetivos: Aumentar a auto-estima dos alunos afro-descendentes; Despertar nos alunos a importância do negro nas artes (músicas, pinturas e esportes etc; Desenvolvimento e percepção para diferentes estilos artísticos; Conscientizar os educandos sobre o afro descendentes no Brasil e suas contribuições para a cultura brasileira; Compreender que no Brasil a cultura se faz, através da mistura das etnias negra, européia e indígena; Analisar a cultura afro-descendentes, conscientizando-se a sua importância. Conceitos: Exercício de cidadania e participação; Diversidade artística e cultural; Estética da cultura afrobrasileira; Caráter da produção natural Habilidades: - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De conviver com transformações - De conviver com a diversidade - De falar - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De operar com lógica Valores: Respeito; Solidariedade; Convivência; Cooperação; Sociabilização Recursos Didáticos: Quadros de personagens artísticas; Textos; Paradidáticos; Filmes; Músicas; Cartões; Slides Procedimentos: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola 1º momento: Deverá ser apresentadas obras pintadas por Cândido Portinari, Tarsila do Amaral etc e como os autores expressam o relato sobre o negro. Em seguida, os(as) estudantes farão suas releituras. 2º momento: Após, discussão do trabalho, sobre a forma e estilos que os artistas trabalharam na obra, as cores que utilizou, se houve ou não humor na arte; 3º momento: Em seguida dando continuidade, a explicação da valorização da cultura negra e a contribuição para a cultura brasileira, ex: música, religião, vocabulário, alimentação etc, expressar para os educandos a importância, o respeito, a compreensão e contribuições dos negros para a cultura, é necessário o conhecimento para saber valorizar o negro como presença cultural na sociedade brasileira. 4º momento: Finalizando o trabalho com uma exposição dos trabalhos da turma com as variações culturais das obras trabalhadas. Link: www.educar.com.br www.google.com.br Observações: Revistas, jornais, artigos, livros,CDS,filmes etc. Com todos esses item desempenharei com meus alunos um bom trabalho que é meu objetivo maior. Referências Bibliográficas: - AZEVEDO,Heloiza de Aquino; Tarsila do Amaral. - AZEVEDO, Heloiza de Aquino; Candido Portinari. - MUNANGA, Kabengele (org) 2000. artes afro-brasileira, São Paulo, Fundação Bienal de S.Paulo. Napolitano, Marcos, História e Música, Belo Horizonte, Autêntica, 2002. - CONTRIM, Gilberto "Historia e Consciência do Brasil, Saraiva,1996. Pllano 30 Autor(a): Márcia Cristina Lia Neiva Ribeiro Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 4 - A participação e representação política do negro no Brasil Título: O Negro em Movimento Público Alvo: Ens. Fund. - 5º Ano Disciplinas: Língua portuguesa; Geografia; História; Artes Objetivos: Compreender que o entendimento da história supõe uma íntima relação entre o presente e seus elementos constituídos e definidos no passado. Conceitos: Habilidades: - De questionar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De identificar problemas - De perceber o imenso e o complexo - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De agir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente 189 190 Planos de aula - De identificar problemas - De perceber o imenso e o complexo - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De agir multidisciplinarmente A Vida De Zumbi Dos Palmares.outubro de 1995.Pesquisa na internet:A vida de Zumbi dos Palmares. Plano 31 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Regina Lúcia Paz dos Santos "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Educar para a Igualdade Racial Ens. Fund. - 6º Ano Disciplinas : Língua portuguesa; História; Artes Objetivos: Estabelecer a relação entre a história social do negro no Brasil e a questão do preconceito, melhorar a auto-estima dos alunos afro-descendentes; Despertar a turma para a diversidade da raça humana, promovendo o respeito pelas diversas etnias. Conceitos: Origem cultural, cultura negra no Brasil e geografia dos povos africanos que aqui chegaram. Habilidades: - De questionar - De trabalhar linguagens - De operar com lógica - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De retórica e jogo - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De usar tecnologias - De adaptar tecnologias Valores: Dignidade, auto-estima, solidariedade, igualdade de direitos, respeito, responsabilidade, amor, fidelidade, honra. Recursos Didáticos: Televisão e vídeo ou DDV; Aparelho de som, CD; Livros paradidáticos; Filmadora; Máquina fotográfica; Computador Com Internet; Jornal e revistas. Procedimentos: 1º momento: Apresentação do projeto para os alunos, professores, diretor. E elaborar o cronograma para o desenvolvimento da proposta; 2º momento: Palestra para o entendimento do assunto com História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola o tema: Discriminação racial com a presença da comunidade educativa; 3º momento: Exibição do filme "Quilombo de Palmares" e Debate sobre a questão da escravidão e o procedimento da relação dos escravos no Brasil. Para os alunos desenvolverem os conhecimentos já adquiridos; 4º momento: Leitura do livro: "Dia de Branco". Após a leitura o debate , iniciando com a pergunta, Você é preconceituosa ? Identificar esta realidade presente na cidadania da sociedade. 5º momento: Aula expositiva do professor sobre as Leis que precederam a abolição da Escravatura: Ventre Livre e Sexagenário. 6º momento: Recriação da capa e conteúdo do livro lido. 7º momento: Oficina: Produção de poesias, concurso. Presença da comunidade para participar da oficina e para ser jurado; 8º momento: Construção do painel temático sobre a importância da África no Brasil para ser exposto na escola. 9º momento: Organizar o desfile Afro para eleger um "Mister Negro" e uma Miss Negra", entre os alunos da escola. Avaliação dos trabalhos diariamente diante da atuação, interesse e responsabilidade do trabalho. Link: [email protected] Observações: Durante o desenvolvimento do projeto será avaliado: a participação individual e coletiva do aluno; mudanças de comportamento a partir do tema trabalhado Referências Bibliográficas: - Livro: Dia de Branco, Marcos Bagno, Editora Lê; - Revista Nova Escola,Dezembro-1997; - Revista Nova Escola, Março-1999; - Revista Nova Escola, Novembro-2004; - Filme, Quilombo de Palmares. Carlos Diegues-Globo Vídeo-1984. Plano 32 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Eliane Maria Pereira "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 4 - A participação e representação política do negro no Brasil A questão racial na historia do Brasil Disciplinas: História; Ensino; Ens. Fund. - 6º Ano Religioso; Sociologia Objetivos: Contribuir para a real visualização do negro em nossa história possibilitando a interpretação critica sobre o preconceito racial, percebendo o significado do silêncio. Conceitos: Respeito, discriminação; Superioridade e inferioridade racial. Habilidades: - De questionar - De enriquecer o repertório - De criar novos pressupostos - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De perceber o imenso e o complexo 191 192 Planos de aula Educação Fundamental (6º ao 9º ano) Plano 33 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Augusto de Jesus Soares "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Uma história de luta e conquistas Ens. Fund. - 6º Ano Disciplinas: Língua portuguesa; Geografia; História; Artes Objetivos: Perceber a importância histórica do negro no Brasil, suas lutas e o processo de dominação a que foi submetido para o conhecimento desta realidade na sociedade brasileira. onceitos: Co A vida dos povos africanos, na África e no Brasil; Conseqüências da abolição para o africano no Brasil; O negro no Brasil contemporâneo Habilidades: - De interpretar a realidade do negro as normas, os conflitos, presentes na história; - De conviver com a diversidade e transformações; - De refletir conhecimentos multidisciplinares; - De analisar e sintetizar conhecimentos na diversidade; - De identificar as diferenças de conviver com a diversidade; - De Conviver com transformações de trabalhar linguagens; Valores: Valores familiares; valores culturais; valores sócio-econômicos; valores religiosos; busca da cidadania. Recursos Didáticos: Textos de apoio, vídeo-aula, pesquisas, Internet,debates, interdisciplinaridade. Procedimentos: 1º momento: pesquisa e aprofundamento do tema, a partir dos recursos abaixo: Filmes: AMISTAD - Zumbi dos Palmares para perceberem a realidade vivida pelo negro; Explicação do professor sobre o filme; Sistematização de um texto com a turma que apresente as principais informações do filme com a explicação do professor; 2º momento: Em sala de aula: Textos de apoio para novos conhecimentos e estudos: O professor explicará os textos fará exercício, para melhor entendimento dos educandos: Formas de luta do negro no Brasil colonial Abolição... e agora ? Negro e a constituição de 1988. 3) Momento: Trabalho interdisciplinar com cronograma para as outras disciplinas atuarem: Geografia: África, o continente negro . Educação Artística: A cultura como forma de luta. Português: A contribuição africana na formação do idioma português. 4º momento: Apresentação dos trabalhos com exposição oral dos alunos. 5º momento: Seminário interdisciplinar: o trabalho será organizado interdisciplinarmente com a responsabilidade dos professores de Ensino religioso, história, artes, geografia, mas todos os professores deverão participar, não esqueça do cronograma para melhor qualidade no trabalho, no estudo deverá constar no estudo o aspecto histórico religioso Tema: A luta dos povos africanos no Brasil. Avaliação dos trabalhos diante e durante o andamento dos trabalhos. Observações: O plano de aula deve ser desenvolvido de maneira multidisciplinar, utilizando os vários recursos existentes na escola, de maneira que o projeto seja apresentado aos educandos, com matizes variados e multifacetados, estimulando o protagonísmo juvenil. Quem deve desenvolver o conteúdo são os alunos, através de atividades que agucem a curiosidade e levem ao objetivo final, que é a compreensão da importância doelemento africano na construção da identidade do povo brasileiro. Referências Bibliográficas: - Revista nossa história ( história da capoeira )livros: O Quilombo dos Palmares - Canga Zumba - Constituição Brasilleira de 1988. - Ser negro no Brasil (Ed. Moderna ) - Geografia da África (Igor Moreira) - Filmes: Amistad ( Steven Spilberg ) - Quilombo dos Palmares ( Cacá Diegues Formação em HIstória Cultural Afro-Brasileira e Africana Plano 34 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Glícia Maria Araújo Lima Torres "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras A cultura afro-brasileira Ens. Fund. - 6º Ano Disciplinas: Língua portuguesa; Geografia; História; Artes; Literatura Objetivos: Construir e reconstruir diferentes maneiras de interpretar as manifestações culturais dos grupos éticos formadores do povo brasileiro; Contribuir para o exercício do olhar plural, possibilitando o estabelecimento de relações entre as múltiplas manifestações culturais dos grupos étnicos formadores da cultura brasileira, em particular, a afro-brasileira. Abordar em sala de aula temas da pluralidade cultural para viabilizar o processo de reconhecimento e valorização das diferenças culturais dos grupos étnicos. Conhecer as manifestações culturais afro-brasileiras. Conceitos: Pluralidade Cultural; Cultura afro-brasileira; Contexto sócio-cultural; Respeito à diversidade cultural; Ética; Diferenças culturais; Cidadania Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De operar com lógica - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De conviver com transformações - De se adaptar - De assumir riscos - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De refletir multidisciplinarmente - De refletir sobre o acumulado - De analisar e sintetizar - De trabalhar com quantidade e qualidade - De encantar - De se adaptar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De assumir riscos - De conviver com a diversidade - De convencer - De falar - De se organizar e organizar - De conviver com transformações - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De identificar problemas - De perceber a interioridade humana 193 194 Planos de aula - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De usar tecnologias - De escrever - De operar com lógica - De agir multidisciplinarmente Valores: Preconceito; Respeito à diversidade étnica e cultural; Ética; Inclusão; Igualdade Recursos Didáticos: Textos, cds, livros, revistas, internet, micro-sistem, cartuchos de tintas para impressora, gravador, fita cassete, filmadora, máquina fotográfica, filme para máquina fotográfica, fita para filmadora, computador, impressora. Procedimentos: 1º momento: O primeiro momento será com "O canto das três raças" de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, na interpretação de Clara Nunes; 2º momento: uma reflexão sobre o passado que está presente na nossa história "e o que a música nos diz" sobre a formação étnica, discriminação e massacre contra negros e índios; 3º momento: Aula expositora da professora sobre a escravidão e o valor cultural das etnias formadoras do povo brasileiro; 4º momento: Socializar os conhecimentos adquiridos em um debate, para construir novas maneiras de aprender sobre o assunto estudado; 5º momento: Estudando o texto: "A cultura afro-brasileira" a partir de uma leitura compartilhada entre o alunos e professor; 6º momento: Sistematizando nossos conhecimentos: os alunos irão sistematizar todas os conhecimentos até aqui construídos elaborando uma síntese da aula, na qual o aluno terá que elaborar uma síntese da aula, explicando na brincadeira as manifestações culturais da população negra na sociedade brasileira. E brincando de "batata-quente", Vai partilhando com seus colegas suas aprendizagens até aqui construídas; 7º momento: Finalizar o estudo com uma exposição criada pelos alunos que criativamente farão uma exposição dos conhecimentos adquiridos deste estudo. Materiais de Apoio: Link: www.planetaweb.com.br htt://www.geocities.com/Atens/Acropolis/1322/page2 htm (Museu lle Axe Opô Afonjá Observações: Organização de festival de danças afro-brasileiras. Levantamento dos principais autores afrodescendentes da literatura, da música, das artes-pláticas, do teatro. Levantamento da gastronomia afro-brasileira Referências Bibliográficas: - BRASIL, MEC/SEF. Secretaria da educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1997. - _________________Parâmetros Curriculares Nacionais. Temas Transversais. Brasília, 1997. - _________________Parâmetros Curriculares Nacionais. História e Geografia. Brasília, 1997. - ORIÁ, Ricardo; SOUZA, Simone; AMORA, Zenilde. História do Ceará- Estudo e Ensino. 3 ed. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/ NUDOC-UFC, 1994. - PEREIRA, Amauri Mendes. História e Cultura Afro-Brasileira: Parâmetros e desafios.[on line] http://www.espaçoacadêmico.com.br/036/36/pereira.htlm. - REDEH-Rede de Defesa da Espécie Humana. Cidadania, Ética/Raça. Por uma educação não discriminatória de Jovens e Adultos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1997. Plano 35 Autor(a): Alana Cavalcanti Cruz Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Título: Por uma outra história da escravidão brasileira Público Alvo: Disciplinas : História Ens. Fund. - 6º Ano Objetivos: Contextualizar a história dos negros, antes de se tornarem escravos no solo brasileiro. Tratar o período colonial para além do conceito Casa Grande e Senzala. Falar do preconceito existente naquele período, fazendo um paralelo com a atualidade. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Conceitos: Preconceito, escravidão, mão-de-obra, trabalho Habilidades : - De questionar - De criar - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De encantar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos Valores: Honestidade, dignidade e amor ao outro Recursos Didáticos: Quadro e pincel, imagens através do retroprojetor. Procedimentos: O primeiro momento: será a contextualização da história de vida dos africanos antes deles serem escravizados no solo brasileiro, para isso serão seguidos os seguintes passos: Apresentação do mapa do continente africano. Através deste recurso será ressaltada a multiplicidade da cultura africana. Explicação de forma panorâmica dos seguintes povos africanos: Berbere, bantos, soninkés e do Império de Gana ressaltando as suas peculiaridades culturais. Desta forma, será entregue aos alunos um texto complementar, para que eles leiam em casa e entendam mais especificadamente os povos africanos citados. O segundo momento: seguindo as informações contidas nos livros didáticos, relacionadas a era açucareira no Brasil, refletir com os estudantes sobre este modelo de colonização e escravização. Desta forma o contexto do Brasil, será abordado seguindo o conceito de Casa grande e Senzala. O terceiro momento: Amostragem sobre o preconceito com o negro surgiu, pelo fato das pessoas entenderem essas pessoas apenas como mão-de-obra, não levando em consideração as suas particularidades culturais. Nesse momento resgataremos as informações contidas no texto complementar sobre os povos africanos. O quarto momento: A descontração cristalizadas na historiografia, e que só servem para marginalizar cada vez mais os negros, tais como: Casa Grande e Senzala. Pois ao consideramos apenas ela, estaremos limitando o conhecimento da sociedade colonial. E ressaltar a presença do negro na sociedade brasileira suas festas, com a capoeira, a comida, uma sociedade que apresentou sua organização social o Quilombo. O quinto momento: (Conhecer a importância de Zumbi). Desta forma pretendemos conhecer sua organização social, religiosa e econômica mostrar a importância deste movimento no Brasil. 1. Montar uma maquete, sobre o período colonial, explicando a história fugindo da estrutura: "Casa Grande e Senzala". Observações: As imagens utilizadas como recurso didático, além de serem exibidas através do retroprojetor, podem também ser utilizadas no power point. Referências Bibliográficas: www.teg3.com.br/africa - http://ritosdafrica.vilabol.uol.com.br/ - COTRIM, Gilberto (1999) Saber e Fazer história,6ªano, São Paulo, Saraiva. - RODRIGUE, Joelza Éster (2001). História em documento: Imagem e texto,6ªano, São Paulo, FTD. Plano 36 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: portuguesa; Denique Moreira de Rezende "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 9 - A estética e corporeidade africanas e afro-brasileiras Máscaras que revelam a África Disciplinas: Ens. Fund. - 7° Ano Língua Matemática; Geografia; 195 196 Planos de aula História; Artes. Objetivos: Apresentar a beleza africana através das máscaras e trajes para conhecer a realidade destes povos presentes no continente. Compreender o contexto histórico - geográfico da do negro no Brasil e produzir máscaras para estudar as forma de representações artístico literária, que expressem a identidade da nossa realidade e da realidade dos negro presentes no contexto local/ nacional. Conceitos: Multiplicidade de povos da África, características antropológicas universais, estética africana, o pilar negro da sociedade brasileira, a condição do negro na sociedade contemporânea Habilidades: - De questionar - De criar - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De refletir multidisciplinarmente - De encantar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De falar - De se organizar e organizar - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana - De usar tecnologias Valores: Respeito; Reconhecimento; Tolerância; Fraternidade; Solidariedade; Alegria; Justiça Recursos Didáticos: Sucata; Retro-projetor; Transparências com imagens dos povos, mapas e máscaras; Textos de fontes diversas Procedimentos: 1º momento: Máscaras. Pesquisar máscaras que representem a cultura Afro no mundo. Criar um acervo iconográfico sobre o assunto.Verificar diante da pesquisa sobre outras máscara, e o que representam, e sua elaboração. 2º momento: O poder do sagrado na religiosidade Afro. Apresentar o texto Xamãs de Daniel Nunes Gonçalves e a música Noite dos mascarados (Chico Buarque). Comparar a função das máscaras nas duas situações. Apresentar imagens de máscaras africanas de diversos povos e tempos. Verificar o material do qual são feitas; o que representam; a função das máscaras; Elaborar uma comparação sobre as máscaras africanas com as do acervo iconográfico. Separar as máscaras por função: diversão, representação cênica, religiosidade. Em grupos, redigir textos que informe a função, procedência, importância social, tempo e espaço, sobre essas máscaras de acordo com o tema escolhido. Mostrar nos continentes as épocas que as máscaras exercem os mesmos papéis, logo fazem parte da expressão humana. Elaboração de uma exposição dos conhecimentos sobre as máscaras representando o poder do sagrado e da religiosidade Afro. 3º momento: O berço da civilização. Elaborar um painel com o mapa da África assinalando os lugares onde se encontram os povos que produzem as máscaras. Desenvolver pesquisa como estudo sobre esses povos. Reproduzir máscaras com sucatas ou colando tiras de papel de jornal em balões de encher, que após serem estourados e divididos em dois verticalmente servirá de base para a reprodução. Representar em folhas de cartolina as estampas das roupas africanas que servirá de fundo para a exposição de máscaras. Exposição das máscaras criadas pela turma com os conhecimentos adquiridos em painel. 4º momento: Por de trás da máscara. Buscar representações da arte e da beleza negra no dia-a-dia. Comparar imagens da arte da África com as do negros no Brasil. Debate nas turmas sobre o tratamento que temos dado aos negros em nossa sociedade. Confeccionar máscaras para representação cênica desta realidade. Confeccionar máscaras como uma nova expressividade, com um novo tratamento e novos sentimentos para com estes seres humanos de forma atualizada sem preconceito. 5º momento: Criar um Salão de novas caras e com todas as cores. Organizar História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola exposição com as máscaras separadas por função: antes do estudo e depois do estudo com as pesquisas realizadas que guiem os visitantes. Apresentar a encenação e convidar a platéia a colocar as novas máscaras que propõe um novo tratamento ao diverso, ao negro, e ao Brasil. Assinar um documento ou carta - com a intenção de se comprometer com esse novo tratamento dentro da comunidade e para incentivar a criação de ações para que sejam cumpridas diante desta realidade vivida em nosso país. Link: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/mae/mae-mito.html http://www.mae.usp.br http://www.thecauldronbrasil.com.br/article/articleview/320/1/5/ http://www.ritosdeangola.com.br/Resgate/resgate04.htm Observações: Esta aula é um projeto de sensibilização dos alunos para a riqueza artística e cultural africana. Por isso, há de ser desenvolvida em mais de uma aula, envolvendo a maioria dos professores no mesmo objetivo. Iniciando com a valorização da cultura negra, ofertamos meios para comparar os argumentos pró e contra a discriminação e assim edificamos argumentos sólidos para o banimento desta prática em nossa sociedade. Referências Bibliográficas: - BELIEL, Ricardo Escola de Semba in Revista Terra, edição 158, São Paulo: Peixes, junho de 2005 - GONÇALVES, Daniel Nunes Xamãs in Revista Terra, ed. 158, São Paulo: Peixes, junho de 2005 Plano 37 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Maria Cecília Rodrigues "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil O racismo e suas formas de manifestação Disciplinas: Língua portuguesa; Ens. Fund. - 7º Ano Matemática; Ciências Naturais; Geografia; História; Ensino Religioso; Filosofia; Biologia Objetivos: Refletir aspectos do preconceitos de raças, de forma a conscientizá-los sobre o quanto "brincadeiras", apelidos e chamamentos de cunho racistas servem como mantenedouros de uma sociedade desumana e excludente. Desenvolver atitudes de respeito pelo outro, e principalmente, aprender a respeitar as diversidades culturais, religiosas ou físicas/estéticas presentes na sociedade brasileira. Conceitos: Conceituando "raças"; Ressaltando as semelhanças, aprendendo a respeitar as diferenças; A contribuição dos indígenas, negros e brancos na construção do Brasil Habilidades: - De questionar para interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo); - De criar novos princípios de conviver com transformações sociais; - De identificação de problemas com as diferenças; - De se organizar frente as diferenças sociais; - De comprender multidisciplinarmente outros conhecimentos; - De identificação de problemas étinicos raciais - De entender o outro, o mundo e a si mesmo no contexto da diversidade; - De conviver com a diversidade em sua pluralidade. Valores: Respeito pelo outro; Consciência de seus direitos e deveres; Indignação a qualquer forma de preconceito/racismo; Capacidade de criar concepções próprias independente da valores familiares; Valorização de si mesmo Recursos Didáticos: Vídeos; Cartazes; Textos diversos que abordem o tema sob diferentes aspectos; Painéis; Procedimentos: 1º momento: Pesquisar com os alunos abordagem da mídia do papel desempenhado pelos negros em telenovelas, filmes e propagandas. Elaborar um vídeo, assisti-lo fazendo uma crítica sobre este 197 198 Planos de aula assunto nos meios de comunicação Os grupos apresentaram a crítica e após, discussões do assunto abordado. 2º momento: Elaborar questionários sobre o preconceito racial. Buscando conhecer principalmente o espaço ocupado por brancos e negros no mercado de trabalho da cidade e a remuneração de cada uma destas classes trabalhadoras. Após a coleta de dados, juntamente com o professor de matemática, mensurar os resultados obtidos verificando a análise dos dados aqui representados. 3º momento: Interagindo com a área de Ciências, propor uma pesquisa, onde os alunos conheçam e discutam, as mais recentes descobertas no campo cientifico, das análises de DNA (mapeamento do código genético) que comprovam que, as diferenças genéticas, entre as raças, são mínimas, praticamente inexistentes, essas descobertas jogam ao chão qualquer tentativa de se definir uma suposta "superioridade racial". 4º momento: Desenvolver no ambiente escolar, jogos que sirvam pra exemplificar a igualdade entre os alunos, não importando sua cor, sexo ou religião. (Complementar o estudo com filmes sobre a participação de negros e brancos nas Olimpíadas). E se estes atletas foram desprestigiados por serem negros em sua presença nas Olimpíadas. Como foi a atuação dos negros com atletas diante de outros países? 5º momento: Elaborar um painel com as reportagens de personalidades negras de sucesso nos diversos campos de conhecimento. Após as discussões, jogos, coletas de dados, análise dos vídeos, filmes, textos, sistematizar os conhecimentos com os alunos organizando: textos: redações, artigos e histórias para darem significado ao conhecimento construído. 6º momento: Criar peças teatrais a partir dos conhecimentos construídos e aprestarem para a escola os frutos do trabalho desenvolvido. 7º momento: Júri simulado: "Negros e brancos são importantes na formação de nossa sociedade?" o trabalho do júri será partindo desta problemática presente na sociedade brasileira. 8º momento: Avaliação diária dos trabalhos desenvolvidos diante do processo, onde a participação, interesse e responsabilidade serão vínculo do trabalho. Observações: Para a aplicação da aula o professor poderá utilizar outros recursos além dos citados ou até em substituição aos mesmos. O vídeo pode ser substituído pela leitura de artigos de revistas, recortes de propagandas,leitura de jornais, etc.Caso não seja possível fazer a pesquisa de campo, sugiro que seja feito pelo menos um levantamento dos alunos matriculados na escola e um comparativo entre o número de alunos brancos e negros, índice de evasão entre os mesmos, características familiares etc. Diante do resultado obtido o professor poderá fazer debates sobre a situação encontrada (localização da escola, inserção do negro na comunidade, índice e possíveis causa da evasão entre alunos negros e brancos, e também deve estar atento às diversas possibilidades da pesquisa. Para o júri simulado sugiro que se convoque tanto para testemunhas quanto para o júri, pessoas da comunidade, dessa forma os alunos poderão interagir com diferentes formas de encarar o tema e comparar opiniões. Referências Bibliográficas: - http://www.espaçoacademico.com/Cor e segregação no Brasil - www.pnud.org.br/raca/reportagens/ - Vídeo: Amistad - Vídeo: Homens de Honra - Vídeo: A Espera de Um Milagre - DVD: Homens das Cavernas, documentário da BBC sobre a evolução humana. Plano 38 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Maria de Fátima Gomes "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 2 - Recontando a História da África "A História da África que não Conhecíamos" Disciplinas: Língua portuguesa; Ens. Fund. - 7º Ano Geografia; História; Artes Objetivos: Conhecer os conceitos históricos, explorando a capacidade de trabalhar de forma interdisciplinar a História da África; Conhecer as diversas manifestações históricas e artísticas de alguns reinos e impérios africanos contribuindo para que a História da África fazer parte do universo dos alunos; Conceitos: Identificar permanências e mudanças; identificar semelhanças e diferenças; comparar formas de representação a vida; comparar explicações sobre os africanos; perceber as diferenças culturais; História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola compreender a diversidade cultural; identificar as diferenças do modo de vida. Habilidades: - De questionar - De criar - De enriquecer o repertório - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De identificação de problemas - De se organizar e organizar - De refletir sobre o acumulado - De analisar e sintetizar - De trabalhar com quantidade e qualidade - De reter e memorizar - De encantar - De estratégias e idéias - De identificação de problemas - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De convencer - De falar - De se organizar e organizar - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De se livrar dos padrões - De estar atento - De perceber o imenso e o complexo - De perceber o pequeno e o local - De realizar tarefas - De criar produtos e artefatos - De usar tecnologias - De escrever - De agir multidisciplinarmente Valores: Recursos Didáticos: Revistas (Istoé, Veja, Época), que possam ser recortadas; Fita de vídeo; transparências e retroprojetor; slides e projetor; máscaras africanas; jornais velhos; cola; tesoura; lápis de cor e/ou tinta; Atlas: histórico e geográfico - atual; Mapas: histórico e geográfico - atual; cartolinas; T.V; vídeo, enciclopédias e livros diversos que tragam informações sobre a África; Fitas cassetes; gravador; computadores; retratos de família; máquina fotográfica; filmadora; fita crepe/adesiva; se possível, roupas e acessórios afro; papel ofício; xerox; CD's de músicas africanas; fita cassete; livros e CD's de história da arte africana. Procedimentos: Informando aos alunos sobre o estudo que estarão iniciando na próxima aula sobre a África. Solicitando que os mesmos tragam para a aula revistas que possam ser recortadas. 1ª Aula: TEMPESTADE DE IDÉIAS: Solicitar aos alunos que procurem e recortem, nas revistas, todas as gravuras de pessoas que eles julgarem que, de uma forma ou de outra, façam referencia à África. Realizar uma "tempestade de idéias", que explique a escolha que fez dos recortes. Anote todas as explicações no quadro. Em grupos cooperativos de 5 alunos, peça a eles que respondam à seguinte problematização: A História da África está presente nos recordes? SIM? - NÃO? Por que? Após responderem, pedir que os grupos que questionem: Por que sabemos tão pouco sobre a História da África? Por que devemos estudar a História da África? Como é que os africanos contam sua História? De onde vem esse nome África? O que significa? Encerre a aula e solicite aos alunos que façam, em casa, uma consulta ao livro didático de História, e anotem o que descobriram sobre a África e tragam tudo para a próxima aula. 2ª Aula: SOBREVOANDO O CONTINENTE AFRICANO. Iniciar a aula a partir das anotações dos alunos 199 200 Planos de aula sobre o resultado da pesquisa ao livro didático, que foi pedido na aula anterior. Escreva no quadro a contribuição que cada aluno trouxe de casa; Ressaltar que, para conhecermos um pouco mais o Brasil, é preciso que conheçamos também a África não só, pelo nosso livro didático, mas também, por outras fontes disponíveis, inclusive, todas aquelas que se encontram na biblioteca da escola.Na biblioteca da escola. Verificar qual o material presente para servir de fonte bibliográfica para eles. Elaborar as anotações de todas as "descobertas" feitas neste "sobrevoando" o grande continente e, na aula seguinte, cada grupo informaria aos demais colegas da turma, tanto a fonte utilizada para o "sobrevôo" quanto o que foi aprendido nesta etapa do trabalho. 3ª Aula: ORGANIZANDO AS DESCOBERTAS: Anotar no quadro, todas as descobertas apresentadas pelos grupos como, por exemplo: localização geográfica do continente no globo; quantidade de países que compõem a África; etc; Entregue a cada aluno uma folha onde esteja desenhado, 3 mapas do Brasil e um mapa da África, e peça que eles que recortem e colem os Brasis na África a fim de que possam ter uma idéia da grandiosidade do continente. Ressaltar as informações colhidas nos Atlas e mapas quanto às línguas oficiais dos 53 países do continente, bem como os inúmeros dialetos que conseguirem descobrir; Dos mapas históricos ressalte as informações colhidas acerca dos "Estados, Reinos e Impérios" africanos existentes antes dos portugueses aportarem no continente e as todas as características dos mesmos; 4ª Aula: "AVRINGA": Sorteie o nome dos povos africanos que os alunos estudarão, em 3 (três aulas, tais como: (Tekrur - Mali - Mossi - Núbios - Songhai - Bornu-Karen - Hauça Congo - Lunda - Monomotap - Iorubas - Benin - Etíopes - Ashantes - etc). Pedir aos alunos que procurem levantar o maior número possível de informações sobre o tema de estudo, a fim de que possam fazer uma bela apresentação e exposição, como trabalho final, de tudo o que aprenderam, nos aspectos artístico e cultural, religioso, sociais, econômico/comerciais e políticos, etc. Disponibilizar o material didático e bibliográfico de tudo o que tiver sobre os temas propostos para os grupos, afim de que possam, inclusive, ilustrar seja o trabalho escrito ou cartazes a apresentação que farão. Combine com os alunos a apresentação dos trabalhos, dos grupos, em 2 (duas) aulas, ou seja, as 5ª e 6ª Aulas. Recolha todo o material preparado e apresentado pelos alunos e guarde para a 7ª aula. 7ª Aula: "SISTEMATIZANDO NOSSOS CONHECIMENTOS": Iniciar o seminário sobre tudo o que aprenderam no "mergulho" que fizeram, para começarem a conhecer a África. A) Expor os cartazes e murais para o trabalho ser apresentado; B) Os assuntos serão conduzidos pelos grupos seguindo a orientação do professor; C) Apresente seu estudo com o grupo, utilizando os cartazes para o enriquecimento. D) Após sua apresentação os alunos deverão entregar, por escrito a pesquisa que foi utilizada na apresentação, seguindo as normas da ABNT; E) Após a apresentação teórica um momento cultural com músicas, danças e ritmos, vestimentas que represente o povo da África estudada; Arquivo: ARTIGOS, CARTILHAS, REVISTAS, JORNAIS, SITES, CD's, VÍDEOS, etc. Escravismo. Revista do Departamento de História. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, 1988. Navios Negreiros. São Paulo: Edições Paulinas, 1981. Rebeldes Brasileiros: Homens e Mulheres que desafiaram o poder. Coleção Caros Amigos, Fascículos: 6- Chica da Silva; 8- João Cândido; 12- Lima Barreto. Brasil: 500 Anos (1530 - 1620) - São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999. Royal Gold of the Asante Empire. In. National Geographic. Pág. 36. october 1996. Revista do Centro de estudos AfroAsiáticos 30. Rio de Janeiro, 1996. Varia História / Departamento der História, FAFICHMG, nº1 - Belo Horizonte: Depatº de História da FafichUFMG, 1985. Ouro de Minas: 300 Anos de História. Cadernos Especiais (1, 2, 3 e 4) do jornal Estado de Minas. Belo Horizonte: 2005 Revista Raça Brasil (Anos 1,2,3 e 4) Revistas: Veja, Istoé, Época, para recortes. Vídeos: a) O Nilo Discovery Channel; b) Kiriku - Animação; c) África antes da Colonização Européia (Edições Del Prado) d) Nelson Mandela (Documentário). CD's: Arte Nok - Arte Ioruba - Arte da Costa do Marfim - Mascaras e Fetiches (Enciclopédia Multimídia da Arte Universal - nº3 CARAS). ATLAS: ARRUDA, José Jobson de A. Histórico Básico. São Paulo: Editora Ática, 1995. SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2002 Observações: Uma das formas de se variar a atividade seria, para uma escola pública, pedir aos alunos que trabalhem com fotografias da própria família ou invés de recortes de revistas; Outra variação, seria trabalhar com recortes de revistas, que contenham manifestações culturais as mais variadas, presentes no Brasil hoje, e que podem contribuir para o primeiro contato com a África, aqui entre nós, como por exemplo, a Congada, a Capoeira, as Cavalhadas, os Batuques, a Percussão, a escultura, O Candomblé, o Samba, as Comidas, o Palavras. O objetivo, dessas História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola formas de variação seria para dar início ao conhecimento das Áfricas que cada brasileiro traz consigo; de aprender a se admirar, de se sentir feliz por descobrir, por apresentar o que descobriu, enfim contribuir para dar um passo na ampliação do interesse e da curiosidade de alunos das 6ª anos que ainda se mostram abertos e animados com os conteúdos históricos que temos estudados. Referências Bibliográficas: - ABRANCHES, Henrique. A Konkhava De Feti. Luanda: União dos Escritores Angolanos. 1985. - ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. - ANDRADE, Elaine Nunes (org). RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo: Summus, Selo Negro Edições, 1999. - BONALS, Joan.(trad. Neusa Kern Hickel) O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2003. - BONALS, Joan.(trad. Neusa Kern Hickel) O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2003. - BOTELHO, Ângela Vianna e REIS, Liana Maria. Dicionário Histórico Brasil: Colônia e Império. Belo Horizonte: O autor, 2001. - BRAZ, Júlio Emílio. Zumbi: o despertar da liberdade. São Paulo: FTD, 1999. - ____. Lendas Negras. São Paulo: FTD, 2001. - CAMPOLINA, Alda Maria Palhares et alli. Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte, Secretaria de Estado da Cultura - Arquivo Público Mineiro/COPASA MG, 1988. - CAMPOS, Flávio de. "Reflexões sobre a Escravidão". In: 500 Anos De Brasil: Histórias e reflexões. São Paulo: Scipione, 1999, p. 22 - 32. CANDAU, Vera Maria. (Org.) Ensinar e Aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. Rio de Janeiro: DPA,2000. - CARVALHO. José Murilo de. Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. - CASCUDO, Luís da Câmara. Made in África. - 5. ed. - São Paulo: Global, 2001. COSTA, Emilia Viotti da. A Abolição. 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São Paulo: Contexto, 2004. 201 202 Planos de aula - LARANJEIRA, Maria Inês. Da arte de aprender ao ofício de ensinar: relato, em reflexão, de uma trajetória. Bauru: EDUSC, 2000. - LIBBY, Douglas Cole e PAIVA, Eduardo França. A Escravidão no Brasil: relações sociais, acordos e conflitos. São Paulo: Moderna, 2000. - LIMA, Heloisa Pires. História da Preta. São Pasulo: Companhia das Letrinhas, 1998. - LIMA, Jorge de. Novos Poemas; poemas escolhidos / poemas negros. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1997. - MAESTRI, Mário. O Escravismo no Brasil. São Paulo: Atual, 1994.mares. FAE, 1985. - MANSUR,Odila C. - MORETTO, Renato Alves. Aprendendo a Ensinar. São Paulo: Elevação, 2000. - MATTOS, Ilmar Rohloff de. (Org) Histórias do ensino de História no Brasil. Rio de Janeiro: Access, 1998. - MELO. Regina Lúcia Couto de. E COELHO, Rita de Cássia Freitas. Educação e Discriminação dos Negros. Belo Horizonte: IRHJP, 1988. - MIRA. João Manoel Lima. A Evangelização do Negro no Período Colonial Brasileiro. 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Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro. 1999. Plano 39 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: portuguesa; Hilda Rodrigues da Costa "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras O papel do negro no contexto das artes literárias Disciplinas: Ens. Fund. - 8º Ano Língua História; Artes; Sociologia; Literatura Objetivos: Conhecer a história da arte negra para interagir com os aspectos da história e da literatura brasileira que identifique sobre o papel do negro na sociedade brasileira. Analisar características História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola da cultura negra nas artes literária e sua influência na cultura brasileira como importante para interagir com novos conhecimentos socioculturais. Conceitos: Contribuição da cultura africana na formação da cultura brasileira; A formação de uma identidade cultural; A analise e o debate sobre a influência da cultura afro na literatura brasileira; Habilidades: - De trabalhar linguagens para interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo); - De conviver com a diversidade e com transformações sociais; - De trabalhar linguagens multidisciplinarmente Valores: Socialização; Conhecimento; Respeito; Reflexão; Identidade; Valorização Recursos Didáticos: Textos narrativos e poéticos de diversos autores; Músicas típicas; Revistas; Filmes; Dicionário para pesquisa de vocabulário. Procedimentos: 1º momento: Iniciaremos nossa aula com apresentação de imagens que venham a representar a cultura Africana e sua influência na cultura brasileira, com uma leitura ( não-verbal) incentivaremos os alunos a identificar de onde pertencem tais imagens, o que eles nos falam através do desenho e das cores, que histórias elas representam. 2º momento: Apresentar de forma informal um pequeno resumo das imagens apresentada, para darmos inicio ao conteúdo a ser estudado. 3º momento: Nesta fase o educando será incentivado a participar com perguntas e até curiosidades sobre o tema abordado. 4º momento: Reflexão sobre os questionamentos elaborados. 5º momento: Diante da exposição do conteúdo será apresentado o samba-enredo da Beija-Flor, vencedora do carnaval de 2007, "Áfricas; Do berço real à corte brasiliana." - letra e música - para que o educando faça a interação entre o ler e o ouvir, desenvolvendo suas habilidades de relacionar a história, a arte e a cultura brasileira com a africana. Conseqüentemente a interação entre os mundos, sendo capaz de refletir, analisar e questionar os fatos apresentados. Materiais de Apoio: Links: www.beija-flor.com.br www.nacoeseaculturadacor.uniblog.com.br www.revista.agulha.nom.br/grego www.vidaempoesia.com.br Observações: Este plano de aula possui uma característica diferenciada, pois ele possui uma extensão maior, uma vez que o seu desenvolvimento será continuo e não em uma única aula. Referências Bibliográficas: - ALKMIM, Tânia. Sociolingüística. In.: Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. (org) MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina, 4 ed. São Paulo: Cortez, 2004. v. l. BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. LAHUD, Michel. 9 ed. São Paulo: HUCITEC, 2002. - BONNEW RTZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de Pierre Bourdieu. Trad.: MAGALHÃES, Lucy. Petrópolis: Vozes, 2003. BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Trad. CORRÊA, Mariza. Campinas: Papirus, 1996. - CAMPBELL. Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990. - FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª ed. 34ª imp.. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. - FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. - ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2003. - PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad. RAMOS, Patrícia Chittoni Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. - ARROYO, Miguel. Oficio de mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis: Vozes, 2000 - BRITO, Manuel Bueno. Linguagem básica e leitura sistemática. Goiânia : UFG, 1994. - 203 204 Planos de aula FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 2ª edição; Nova Fronteira, 1996. - FIORIN, José L. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Cortez, 1990. IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 4ª edição. São Paulo: Cortez, 2004. - (Coleção questões da nossa época). - LOPES, Luiz Paulo da Moita. Oficina de lingüística aplicada: a natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem. São Paulo: Mercado das letras, 5ª ed, 2003. MEURES, José Luiz ROTH, Desireé Motta. (orgs). Generos textuais e práticas discursivas: subsídios para o ensino da linguagem. Bauru: Edusc, 2003 (coleção Signum). - MORTIMER, Eduardo F SMOLKA, Ana Luiza B. (orgs). Linguagem, cultura e cognição: reflexões para o ensino e a sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar; trad. Patricia C. Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras, 1998. SUASSUNA, Lívia. Ensino de língua portuguesa: uma abordagem pragmática. Campinas: Papirus, 5 ed., 2002. - SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2004. Plano 40 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Luiza Pereira da Silva "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras A influência do negro na música brasileira Disciplinas: Língua portuguesa; Ens. Fund. - 8º ano Matemática; Ciências Naturais; Geografia; História; Artes; Ensino Religioso Objetivos: Identificar os elementos culturais africanos presentes na música popular brasileira, referenciando os diferentes elementos culturais trazidos pelos africanos ao Brasil; Identificar os atuais movimentos culturais negros existentes no Brasil e quais os seus campos de atuação, identificando as múltiplas manifestações musicais presentes na música afro-brasileira; Conceitos: História, memória, cultura, arte, práticas culturais, formação cultural, musicalidade, corporeidade, território, estética Habilidades: - De enriquecimento de repertório musicais africanos; - De trabalhar linguagens musicais diversas; - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações sociais e identificação de problemas e conflitos diante da diversidade; - De refletir multidisciplinarmente diante do contexto musical; - De refletir sobre o contexto musical afrobrasileiro. Valores: Solidariedade, coletividade, humanismo, ética, identidade, tolerância, respeito, perseverança Recursos Didáticos: Recursos audio-visuais (filmes, imagens, fotografias, músicas, instrumentos musicais), internet, livros, jornais, revistas, etc. Procedimentos: 1º momento: Problematizar o tema através de perguntas aos alunos: De quais manifestações culturais vocês já ouviram falar? Quais suas origens? Quais as origens da capoeira? Quem pratica capoeira atualmente? 2º momento: Solicitar aos alunos trazerem imagens e/ou pequenos textos sobre manifestações étnico-culturais contemporâneas, pesquisadas em jornais, revistas, livros, internet, televisão, etc.; 3º momento: Fazer levantamento em sala para descobrir a origem dos alunos e saber se há afro-descendentes; 4º momento: Trazer para a sala de aula alguém da comunidade que seja conhecedor e preparado para abordar sobre as tradições História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola culturais afro-brasileiras praticadas pela comunidade; 5º momento: Sugerir aos alunos que tragam CDs e letras de músicas de grupos que abordem a questão étnica; 6º momento: Analisar letras de músicas que abordem a questão étnica e as músicas cantadas por grupos afro para conhecer seus ritmos diante da cultura brasileira; 7º momento: Assistir filmes e documentários, ouvir músicas relacionadas ao tema, debatendo-os a partir de um roteiro previamente elaborado; Expressão em diferentes linguagens: oral (entrevistas, debates e depoimentos), visual e escrita, Exposição de painéis com o resultado das pesquisas e produções dos alunos; Apresentação de grupos musicais locais, Formação de grupo cultural na escola. Materiais de Apoio: CD, HISTÓRIA DO MUNDO: AVENTURA VISUAL. São Paulo: Globo, 1997; VIAGEM PELA HISTÓRIA DO BRASIL. Caldeira, Jorge. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Filmes e vídeos: MISSISSIPI EM CHAMAS. Estados Unidos, 1988. 125 min. Direção: Alan Parker. Disttribuição: Flashstar Home Vídeo. QUILOMBO. Brasil, 1984. 119 min. Direção: Cacá Diegues. Distribuição: Globo Vídeo; UM GRITO DE LIBERDADE. Inglaterra, 1987. 157 min. Direção: Richard Attenborough. Distribuição: CIC Vídeo; A COR PÚRPURA. Estados Unidos, 1985. 154 min. Direção: Steven Spilberg; AMISTAD. Estados Unidos, 1997. 154 min. Direção: Steven Spilberg. Distribuição: CIC Vídeo; RAÍZES. Estados Unidos, 1977. Direção Marvin J. Chomsky e John Erman. Produção: Warner Bros TV/American Broadcasting Company; QUEIMADA. Itália, 1970. 113 min. Direção: Gillo Pontecorvo; CASAGRANDE & SENZALA. Brasil, 1995. 46 min. Direção: Maria Inês Landgraf. Produção: TV Cultura, Fundação Padre Anchieta-São Paulo. Formato UP/Pal-m; www.capoeirascience.com/videos%20de%20capoeira.html-11k; www.berimbrasil.com.br/ berimFLASh/videos.htm-47k; www.berimbrasil.com.br/berimFLASh/berim2005/home.htm-74k; www.dvdja.com.br/dvdja/produtos.asp?ID=2290&tipo=filmes-80k.;www.gruhbas.com.br/ (Bolando aulas de História). Leitura para o professor: CHAUÍ, Marilena de Souza. Conformismo e Resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1987; FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. 30. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992; HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996; CARRIL, Lourdes. Terras de Negros. Herança de Quilombos. São Paulo: Scipione, 1997. Leitura para o aluno: DIMENSTEIN, Gilberto. O Cidadão de Papel. São Paulo: Ática, 1996; LUSTOSA, Isabel. A História dos Escravos. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1998. PEREIRA, Carlos Eduardo, MOTT, Maria Lúcia, No Tempo da Escravidão no Brasil: São Paulo: Scipione, 1996. (Crianças na História); MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História Temática: diversidade cultural e conflitos, 6ª Ano / Montellato, Cabrini, Catelli. - São Paulo: Scipione, 2002. - (Coleção História Temática). Observações: Este plano de aula poderá ser aplicado às turmas de 7ª Ano do Ensino Fundamental e EJA (3ª e 4ª Etapas). É importante que as pesquisas sejam desenvolvidas na comunidade onde moram os alunos e que sejam valorizados os saberes locais. A proposta é interdisciplinar, com o envolvimento de todas as áreas do conhecimento, tornando o trabalho coletivo, integrado, motivador de um currículo vivo. Referências Bibliográficas: - Curso Educação Africanidades Brasil - Livro de Apoio; - MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias. História Temática: diversidade cultural e conflitos, 6ª Ano/Montellato, Cabrini, Catelli. - São Paulo: Scipione, 2002. - (Coleção História Temática); - MOZER, Sônia. Descobrindo a História: Brasil independente, 6ª Ano / Mozer, Telles. - São Paulo: Ática, 2002. - (Coleção Descobrindo a História); - Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC / SEEF, 1998. 436p. Plano 41 Autor(a): Elisandra Teixeira Marcondes Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Título: A produção cultural e artística dos negros no Brasil Público Alvo: Disciplinas: Língua portuguesa Ens. Fund. - 8º ano História; Artes; Literatura Objetivos: Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, cultivando atitudes de respeito e 205 206 Planos de aula reconhecimento a variedade cultural.Valorizar as diversas culturas presentes no país, para reconhecer a contribuição desta cultura no processo de constituição da identidade brasileiraReconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-a criticamente e enriquecendo, dessa forma, a vivência de cidadania frente as diferenças sociais. Repudiar a toda e qualquer forma de discriminação baseada em diferenças de raça,etnia, classe social, crença religiosa, sexo e outras características individuais ou sociais. Conceitos: Religiosidade negra: resistência político-cultural; a umbanda e o candomblé; Congado; A origem da capoeira; Estilos musicais : rap e funk. Habilidades: - Desenvolver atitudes de solidariedade frente as discriminações raciais; - Valorizar o convívio pacífico e criativo dos diferentes na diversidade cultural; - Compreender a desigualdade social como realidade em transformação; - Respeitar o outro como direito de cidadania. Valores: Entender que diferentes etnias desenvolvem diversas formas de organização de festas e celebrações também permite essa compreensão pela aproximação que o adolescente pode fazer de sua própria vivência. O vestuário, que traz diversos dados sobre o usuário, tais como marcas de diferenciação de gênero, idade, posição social, profissão. Para ele será fácil compreender tal diferenciação por dados de sua vida cotidiana: modelos e tecidos que os jovens usam são exemplos dessas marcas diferenciadoras; A religiosidade negra que é rica e variada. No Brasil, nossos ancestrais africanos enriqueceram a nossa cultura com diferentes expressões e formas de se realcionar com o mundo mágico e sobrenatural. Recursos Didáticos: Livros de literatura, livros didáticos e dicionários. Sites na Internet, computadores, CD room, etc. Revistas, jornais e textos argumentativos. Máquina fotográfica, aparelho de som, TV e retroprojetor. Lousa e giz. Sulfite, lápis, caneta, caneta hidrocolor, tesoura, etc. Procedimentos: 1º Momento: Inicialmente mostrar, aos alunos, figuras de pessoas negras, destacando os traço distintivos da raça e comentando o por quê desses traços. 2º momento: Problematizar a aula perguntando aos alunos, se eles são afro descendentes e fazer um relatório deste momento. E destacar junto aos alunos sobre sua importância nesta influência afro e a colaboração desta descendência em nossa cultural e em nossa sociedade. 3º momento: Conhecimento da obra literária o "Pai João" de Jorge de Lima e para contrastar com a obra de Tarcila do Amaral "A Negra". os traços presentes na poesia. Usar o material para criar um mural afro cultural na escola. Este momento será de responsabilize do professor que apresentará a obra com as devidas explicações, para os alunos. 4º momento: Vamos construir um cronograma para o estudo interdisciplinar aconteçer sem atrapalhar o trabalho das outras disciplinas. O estudo continuará com a pesquisar sobre a religiosidade africana, especificamente o Candomblé e a Umbanda, pois elas são as religiões afro-descendentes. Para contribuir na pesquisa serão disponibilizados: documentários, livros sobre o assuntos que da religiosidade cultural destes povos. 5º momento: A partir da pesquisa com o professor de matemática os alunos, destacaram as principais regiões onde houveram manifestações religiosas e suas denominações. Ex: candomblé- Bahia ; xangôPernambuco e Alagoas; tambor de mina- Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumba no Rio de Janeiro. E vão comprovar com gráficos a amostragem destas manifestações em cada região. 6º momento: Com o professor de artes verificar na pesquisa as amostragens de gravura destas divindades religiosa: Iemanjá, Ogum, Oxalá e explicar a origem do nome. Elaborando uma exposição para a apresentação destas divindades. 7º momento: Elaborar um documentário sobre as festividades desta religiosidade para ilustrar o estudo e os conhecimentos construídos e ser apresentado para a escola. 8º momento: com o professor de Educação Física vamos estudar a importância dos movimentos presentes na capoeira e como ela surge no contexto afro-brasileira.Pode-se trazer vários grupos de capoeira para enriquecer o estudo. 9º momento: Recreio dirigido onde as turmas apresentarão suas danças e músicas com os ritmos afros. 10º momento: Pesquisar os penteados, as roupas e elaborar um desfile com a amostragem por década que influenciaram a moda brasileira. Observações: O plano de aula pode ser mais extenso dependo do objetivo de cada professor. Não detalhei como trabalhar os objetivos, pois cada professor tem a sua maneira de atingir o seu aluno.O plano é flexivel, podendo o professor começar por qualquer um dos tópicos. o resultado final não precisa ser necessáriamente um mural, pode ser um jornal, ou relato sobre memorias, tudo depende da facilidade História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola que o professor tiver. O importante é contribuir para a formação social, respeito e cidadania do aluno. Referências Bibliográficas: - AREIAS,Almir. Oque é capoeira. São Paulo: Brasiliense, 1983. - DAYRELL, Juarez. Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001.__ . A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude em Belo Horizonte. Tese ( doutorado em Educação) . Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2001). - PRANDI, Reginaldo. As religiões negras no Brasil: para uma sociologia dos cultos afro-brasileiros. Revista USP, São Paulo, n.28, dez./fev.,1996. - SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Ática, 1994. - SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada institução: os capoeiras na corte imperial 1850-1890. Rio de janeiro: Access, 1999. - TAVARES, Júlio. Educação, através do corpo: a representação do corpo nas populações afroameríndias. In: Negro de corpo e alma. Mostra do Redescobrimento. São Paulo: Fundação Bienal, 2000. - BRASIL- Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 5a.a 8a. séries do Ensino Fundamental, temas transversais. Brasilia: MEC/SEF, 1998. Plano 42 Autor(a): Magali Terezinha Sia Malagó Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 6 - As religiões africanas no Brasil Título: Religiões de Matriz Africana Público Alvo: Disciplinas: Língua portuguesa Ens. Fund. - 8º Ano Objetivos: Conhecer a diversidade africana e suas prática religiosas trazidos para o Brasil durante a escravidão e compreende-las diante à realidade brasileira. Conceitos: Compreender a diversidade cultural significa aceitar o outro, estabelecendo a igualdade em oposição à inferioridade Habilidades: - De trabalhar linguagens que interprete (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) diante da diversidade; - De conviver com as transformações sociais para entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade; - De interpretar multidisciplinarmente as várias linguagens da diversidade. Valores: Respeito pelo outro, a partir da compreensão da diversidade. Respeito às diferentes culturas, bem como a valorização dos indivíduos, seus conhecimentos, seus saberes e sua maneira de agir e pensar. Recursos Didáticos: Textos, músicas e imagens. Procedimentos: 1º momento: Apresentar a proposta de trabalho aos alunos sobre a prática religiosa africana do Brasil. 2º momento: Trabalho em grupos de 5 alunos e levantamento bibliográfico sobre o assunto. 3º momento: Realização da pesquisa na aula com cronograma para este fim; 4º momento: Produção de texto: os grupos deverão construir um texto enfatizando as repressões exercidas pela elite dominante brasileira às expressões africanas, compreendendo os motivos que os levavam a tais repressões e ainda as formas que os negros encontraram de reconstruir cada prática, tendo a finalidade de continuar realizando-a. 5º momento: Apresentação dos textos: Cada grupo apresentará o texto à classe, abrindo espaço para questionamentos e opiniões da turma para enriquecimento do trabalho.Estes textos farão parte da pesquisa. 6º momento: Apresentação do trabalho de pesquisa dos grupos para o professor; 7º momento: Organização da construção de um painel, onde será exposta A prática religiosa africana do Brasil. Materiais de Apoio: Artigo publicado na Revista Veja, edição 1638 de 1° mar/2000- "Abaixo os santos- expoentes do 207 208 Planos de aula candomblé baiano não querem mais saber de sincretismo com os católicos." Cartolina cola, tesouras, lápis de cor, que serão utilizados para construção do painel. Observações: Durante o desenvolvimento das atividades novas estratégias poderão ser acrescentadas, de acordo com o desempenho de cada grupo, tendo como objetivo um resultado final satisfatório. Referências Bibliográficas: - MUNANGA, Kabengele (org.). Arte afro-brasileira. São Paulo, Fundação Bienal de SP, 2000. - _______. História do negro no Brasil. Vol. 1, Fundação Cultural Palmares/Min/C, 2004. - _______ e Lino, Nilma. Religiosidade negra: resistência político-cultural. In: O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006 Plano 43 Autor(a): Wellington Cardoso de Oliveira Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 2 - Recontando a História da África Título: Áfricas Público Alvo: Disciplinas: Geografia Ens. Fund. - 9º Ano Objetivos: Estudar a importância da África e a contribuição do negro na construção e organização do Brasil em suaa diversas formas de manifestações culturais para perceber a pluralidade diante destes povos. Conhecer a África a partir de outras perspectivas, para valorizar este continente e sua influência diante do povo brasileiro. Conceitos: Raça; afro-descendência; cultura; identidade Habilidades: - Reconhecer os afro-descendentes diante dos colegas da escola; - Identificar conhecimentos multidisciplinarmente da África e do Brasil Valores: Igualdade, amizade, auto-reconhecimento, cultural. Recursos Didáticos: Vídeo, mapa da África antigo e atualizado, jornais, revistas, fotografias, Procedimentos: Tempo de duração: Serão usadas seis aulas com duração de 50 minutos cada. 1º momento: Apresentação aos alunos do estudo sobre a África, com conversa informal para levantar o grau de conhecimento sobre o assunto. 2º momento: Os alunos pesquisaram levantaram fontes em jornais, livros que abordem sobre o continente africano. 3º momento: alunos em duplas, de posse da fonte bibliográfico irão elaborar um relatório sobre os assuntos colhido procurando organizá-los com as diferentes visões sobre a África. 4º momento: início da pesquisa com sobre a história da África, agora com a visão da própria dupla. 5º momento: filme "Lagrima ao Sol" Atividades: Fazer uma análise do filme "O que os vídeos trazem sobre a África?". com relatório de como o filme mostra o continente africano, procurando destacar o que é verdade e o que é do senso comum. Acrescentar na pesquisa. 6º momento: Aula expositiva do professor nesta aula falaremos sobre a importância da África e sua diversidade cultural. Após discussão sobre os vários conhecimentos que já construímos sobre a África. 7º momento: pesquisa no âmbito familiar, como os membros da sua família sobre os que se autodenominam negros, diante do questionário usado pelo IBGE. 8º momento: Vídeos sobre as diversas formas pela qual fomos influenciados pela cultura africana, religião, música, comidas, etc. 9º momento: Apresentação da pesquisa dos grupo do trabalho sobre a cultura africana esta presente no Brasil. 10º momento: os alunos apresentaram de diferentes formas tais como: teatro, comidas de origem africanas, capoeira, vídeos e pesquisas. 11º momento: A avaliação: deverá constar todo o estudo até aqui desenvolvido: a organização, a participação, as apresentações, o comprometimento nas atividades propostas. Link: www.capoeiramestrebimba.com Observações: O presente plano de aula foi elaborado para alunos de oito anos mais, o mesmo pode ser trabalho também com alunos de outras séries, basta que o professor que irá utiliza-lo faça História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola algumas adaptações levando em consideração a ano que vai trabalhar. Para o plano de aula proposto não existe uma data especifica para sua aplicação mais se pede que seja em períodos posteriores a avaliação periódica. Referências Bibliográficas: - CEAB. Caderno do Centro Afro-Brasileiro de Estudos e Extensão. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2001. - MEC- Textos retirados do curso Afro-descendetes: 2005. - MOURA, Glória. Os quilombos contemporâneos e a educação. Humanidade Consciência Negra. Brasília: UNB, n 47, 1999.MEC/ SEED/ TV escola Salto para o Futuro - Repertório Afrodescendestes-2004. Plano 44 Autor(a): Idê Néia Acorsi Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Origem do Folclore - Contribuição da cultura Africana Público Alvo: Disciplinas: Artes Ens. Fund. - 9º ano Objetivos: Conhecer a contribuição da cultura africana na formação do povo brasileiro que constitua espírito crítico e possibilite uma visão ampla da cultura afro-descendente na contribuirção da pluralidade; Objetivos específicos: Estudar geograficamente a cultura e o povo da África relacionando e interagindo de forma dinâmica; Relaçionar a cultura africana na época da colonização a atualidade;Pesquisar os elementos folclóricos de origem africana em sua multiplicidade; Conceitos: Habilidades: - De estudo e enriquecimento da diversidade; - De entendimento do outro, e do mundo em suas diversidades; - De organização e articulação - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens diversas no contexto as diversidades; Valores: Reconhecimento, respeito, valorização cultural, consciência negra Recursos Didáticos: Livros de história do Brasil para pesquisa; revistas e jornais para pesquisa; figuras e imagens de objetos folclóricos; vídeos sobre musicas e danças folclóricas de origem africana; elaboração de projetos e confecção de objetos. Procedimentos: 1º momento: os alunos que farão uma pesquisa sobre as manifestações culturais e folclóricas da cidade na biblioteca. 2º momento: Após a pesquisa será com os familiares incluindo os idosos. 3º momento: com os dados das duas pesquisas, uma mesa redonda, onde todos contaram as histórias ouvidas, e identificarão as manifestações herdadas da cultura africana. 3º momento: escolher a partir destas manifestações, uma dramatização com a turma. Deve estar presente no trabalho: a diversidade cultural brasileira com os aspectos da oralidade dessas histórias. E a possibilidade delas serem recontadas de diferentes maneiras. 4º momento: Na comunidade local, pesquisar as manifestações folclóricas desta região e os lugares onde os grupos folclóricos se encontram. Faça uma visita acompanhada pelo professor. E registre as experiências de campo com entrevistas, desenhos ou recriações da atividade assistida. 5º momento: Com os conhecimentos adquiridos construa um museu folclórico em algum lugar da escola; (aproveite as feiras culturais ou de Ciências promovidas pela sua escola). Catalogue com os alunos os diferentes elementos do folclore regional. Estimule os alunos a trazerem objetos do folclore de origem africana que tenham em casa e expôlo temporariamente no museu, ou até, confeccionarem algum objetos como: instrumentos musicais, vestuário, comidas típicas, brinquedos, entre outras. Links: www.terrabrasileira.net www.brasilfolclore.com.br Observações: O presente plano de aula é flexível, pode ser adaptado e desenvolvido em todas as anoss do 209 210 Planos de aula Ensino Fundamental e Médio. Os conteúdos podem ser aprofundados dependendo do tempo disponível e características das turmas. Referências Bibliográficas: - Nova Escola: a revista do professores; Fundação Victor Civita, edição novembro de 2004 - HADDAD, D.A., Morbin, D.G., A ARTE DE FAZER ARTE, Saraiva 2002 - Uma história do povo Kalunga, MEC, 2001 - VIEIRA, I.L., Moura, J.A., Deckers, J. EDUCAÇÃO ARTISTICA: área de comunicação e expressão, Ed. Lê, Belo Horizonte, 19 - Centro de Estudos Supletivos de Londrina - apostila, Educação artística 1º Grau, 1997. Plano 45 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Antônia Maria Lima De Sousa "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 9 - A estética e corporeidade africanas e afro-brasileiras A importância da estética e da corporeidade africana para a cultura brasileira Disciplinas: História Ens. Fund. - 9º Ano Público Alvo: Objetivos: OBJETIVO GERAL: Desenvolver o conhecimento e a valorização da cultura afro-brasileira para compreensão desta realidade no contexto socio cultural brasileiro. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: o Proporcionar o espírito de solidariedade despertando uma conscientização de valorização da cultura africana. o Analisar costumes, valores, expressão corporal e a estetica dos africanos ao longo da historia o Estabelecer relações entre o aspecto da africana e dos afor-descendetes brasileiros. Conceitos: Estética,Corporeidade, Cultura afro-descendente, costumes Habilidades: - De refazer novos pressupostos para conviver nas diferenças; - De conviver com a diversidade - De valorizar o outro em sua diversidade ser diferente e importante no social; - De verificar multidisciplinarmente os vários conhecimentos abordados; Valores: Solidadriedade: Quem é solidário com o outro sempre encontra o bem em seu caminho. Respeito: É preciso respeitar o modo de vida de cada um para que o seu seja respeitado. Justiça: Seja prudente evitando conflitos desnecessários, mas não seja covarde escravo dos poderosos. Auto estima: Não se deixe abater por criticas negativas ou comparações pois cada um tem sua própria beleza. Recursos Didáticos: Os recursos didáticos necessários para a aplicação do plano proposto está assim exposto: Cartaz com fotos mostrando vestuário, gorros, turbantes, pulseiras, pano da costas, xales, abadás. Um cartaz representando a cultura africana ooutro a cultura afro-descendente brasileira. Computador, vídeo, fita ou cd de um bloco de micaretas, fotos de indumentárias africanas em power point. Material para divisão do grupos. (Dinâmica) aparelho de som, cd com a música pavimentação dos Titãs, cópias da música. Procedimentos: A(o) professora(o) anteriormente deve: 1. Pedir aos alunos que façam uma pesquisa sobre a importância do corpo para os africanos, enfatizando a estética, o vestuário, pintura.2. Pedir para que eles tragam: Recortes de jornais, revistas (atuais e antigas), cd's de musicas, vídeos de danças que tenham relação com a estética e corpo do negro. Cola, tesoura, pincel coloridos, cartolina. (Todo material conseguido poderá servir para os trabalhos que irão apresentar). Execução: O tema é bastante rico e envolve muitos conhecimentos. Possivelmente antes da pesquisa feita os alunos não tinham a dimensão de sua importância. No entanto, mesmo não tendo o conhecimento ainda sistematizado, todos eles já viram algo a respeito através da mídia (televisão, jornais e revistas). Com isso, e a pesquisa feita é bem provável que eles tragam de casa algumas informações com as quais tenham construído representações desse tema. 1º momento: Diagnostico: verificar o que eles sabem. Um bom ponto de partida pode ser os carnavais fora de época, é um dos recursos que deveremos utilizar já que em toda cidade do nordeste tem sempre. Em Teresina tem em todos os bairros, e nestes carnavais os Abadás são História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola conhecidos por qualquer jovem. Passar um vídeo com no Máximo 3 minutos de duração onde mostre os blocos procurando enfocar uma turma vestida com o abadá. Abre-se uma discursão sobre a vestimenta, estética, a origem, as diferenças e semelhanças do abadá vestido na África e do abada do carnaval. No desenrolar da discursão são apresentados cartazes com diversos abadás. 2º momento. Faz o seguinte questionamento: são somente os abadás que são utilizados no nosso dia-a-dia? Na nossa moda? Não. São utilizados lenços nas cabeças, xales, pulseiras, brincos, penteados, gorros e colares. (utiliza-se o computador mostrando fotos com os respectivos acessórios). Com essa discursão podemos dar início a construção de um novo conceito de cultura brasileira e da importância que a cultura africana tem para nós. Descobrindo isso os alunos são levados a verificar que a estética é mais abrangente e que nela está incluídos a corporeidade e a indumentária. Já que o corpo é a principal referencia para a grande variedade de práticas culturais africanas, o aluno passa a ter uma noção de quanto é importante o corpo para o africano. Constrói-se o conceito de estética. Onde a estética aqui estudada é uma recriação de elementos africanos e afro-brasileiros e que compreende não só a beleza mais um vasto repertório de práticas. As estéticas: africana e africanizada servem como parâmetro para a estética contemporânea ampliar seus modelos de beleza para alem da pele, cor de olhos, cabelos. 3º momento: Com essas informações e mais as evidências históricas discutidas antes, será possível determinar como é importante a marca africana para a cultura brasileira e que por isso devemos conhecer e valorizá-la. Para facilitar a compreensão desse processo, é proposta à turma a seguinte tarefa: Ouvir e cantar a música Pavimentação dos Titãs. Em seguida pedir a todos individualmente que faça mais uma estrofe da música respondendo o seguinte questionamento: Como é feita a cultura afro-brasileira? Dá 10 minutos (individual). Faz grupos e dá mais 10 minutos para o grupo refazer a música; Cada grupo apresenta a sua música e colocar em votação. PAVIMENTAÇÃO, Titãs. Composição: Paulo Miklos & Arnaldo Antunes. “Ninguém sabe como o plástico é feito. Ninguém sabe. Como o leite é feito ninguém sabe, Não se sabe. A formula da Coca-Cola é segredo. A da Pepsi também. Foi feita por alguém. Plástico foi feito por ninguém. Sabe como o chão é feito. Do que é feito o chão. Pé esquerdo, pé direito, Pavimentação. Mas do que é feito o chão? É feito de pedra, É feito de pixe. É feito de pedra e pixe. Pá pá pá pavimentação, pavimenta, Menta, mentalização! Mas ninguém sabe como a gente é feita, Se a gente é feita ou não. Mão esquerda, mão direita, Bate palma então! Pá pá pá pavimentação, pavimenta, Menta, mentalização! Mas do que é feita a gente? É feita de pé, É feita de mão. É feita de pé e mão. Ou não?” 4º momento: Reflexão dos alunos e da professora em relação a nossa diversidade cultural. Colocar em discussão os valores e sentimentos que temos em relação a nossa herança africana. Próxima aula: Um grupo apresentar um desfile apresentando os vestuários africanos. Outro apresenta uma dança típica afro-brasileira. O grupo que apresentar a música pavimentação com coreografia. Dinâmica de apresentação: Para que seja rápido o trabalho deverá já está digitado com todas as normas e logo após a divisão ser entregue ao grupo o qual deverá imediatamente partir para a concretização do mesmo. Um só tema para todos os grupos, porém cada grupo vai apresentar de uma maneira diferente (5 minutos). Faça em casa três espécies de vestuário típicas da cultura afro. Exemplo: turbantes, abadás, e colares. Reproduza em quantidades iguais ao numero de alunos que compõem cada grupo. Misture e distribua na sala aleatoriamente. Então reúna os grupos pelo tipo de vestuário recebido pelo aluno.Grupo A = abadasGrupo B= turbantesGrupo C= colares. Materiais de Apoio: Será utilizado o conteúdo do curso, como também textos e fotos dos sites: 1-LARA ,Silvia Hunold. Mulheres Escravas, Identidades Africanas . no site http://www.desafio.ufba.br/gt3006.html acesso em 15.06.2005. Neste texto encontra-se fotos que mostram o vestuários dos escravos. Muito rico em dados para fundamentação teórica do professor. 2- Exposição: Em torno de Zumbi. Roupas. Retirado do site http://www.eciencia.usp.br /exposicao/em_torno_de_zumbi/ navio_negreiro.htm acesso em 15.06.2005. OUTROS TEXTOS: 01. NEGRAS BAIANAS http://jangadabrasil.com.br/agosto48/pa48080c.htm. 02. INDUMENTARIAS http://www. lendorelendo-gabi.com/folclore/cultura_popular_e_folclore_pag1c.htm Observações: Todas as orientações dadas a concretização desse plano já estão nos procedimentos. Como tambem o professor deverá nos recursos adaptar o que for mais acessivel para ele. Como por exemplo ao invés do bloco pode apresentar um grupo de Hip hop ou hap introduzindo a aula através da músicas, movimentos. No mais é óbvio que a organização e a criatividade do professor fará com que este plano na prática seja um sucesso. 211 212 Planos de aula Referências Bibliográficas: - Conteúdo do curso, UNIDADE 5 - AULA 5.72 - LARA, Silvia Hunold. Mulheres Escravas, Identidades Africanas. no site http://www.desafio. ufba.br/gt3-006.html acesso em 15.06.2005. - Exposição: Em torno de Zumbi. - Roupas. Retirado do site http://www.eciencia.usp.br/exposicao/em_torno_de_zumbi/ navio_negreiro.htm acesso em 15.06.20054 - NEGRAS BAIANAS.http://jangadabrasil.com.br/agosto48/pa48080c.htm5- INDUMENTARIAS Plano 46 Autor(a): Andrea Amorim Pereira Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: Grafite - A Arte Proibida Público Alvo: Ens. Fund. - 9º Ano Disciplinas: Artes Objetivos: Estudar as artes visuais negras presentes na cultura brasileira e sua diversidade de valorização a identidade negra nas manifestações artísticas; Conhecer na diversidade artística a cultural brasileira nas obras do Grafite e de outros artistas afro-descendentes para reconhecimento e identificação da linguagem plástica presentes no meio ambiente, em produções criativas; Objetivos Específicos: Elevar a auto-estima do educando através da produção artística visual dos mesmos por meio do desenho, colagem e pintura; Reconhecer o Grafite como expressão espontânea da presença do negro na nossa cultura; Refletir a importância do Grafite como uma modalidade artística de grande valor para a luta contra o preconceito e a discriminação racial; Conhecer para minimizar as pichações nas paredes, mobiliário da escola, muros e na comunidade;.Reconhecer a diferença entre Grafite e Pichação. Conceitos: Alfabetizar para a arte partindo do conhecimento da própria cultura. Fortalecer a cidadania compreendendo o contexto em que se vive, formar senso crítico e acumular bagagem cultural. Diferenciar o Grafite da Pichação, identificando seus elementos básicos e reconhecendo a sua contribuição para a contrução de forma harmoniosa do nosso espaço urbano. Valorizar o Grafite e reconhecê-lo como uma forma de manifestação artística, sendo utilizada como construtora da cidadania e um meio de criticar a sociedade em que está inserida; Conhecer o Grafite como uma forma de expressão artística com plena autenticidade. Habilidades: - De criar e comprender as várias lingugens artisticas; - De refletir multidisciplinarmente as várias linguagens artisticas - De refletir sobre o contexto literário diante do meio ambiente. - De entender o outro em sua diversidade, Valores: Respeitar todos os seres humanos. Valorizar a auto-estima. Desenvolver o senso crítico. Respeitar e valorizar os direitos humanos. Respeitar o patrimônio público; Recursos Didáticos: Livros; Revistas; Papel ofício; Lápis de cor; Tintas; Pincéis; Lápis Grafite; Cartolina Preta; Corretivo; Carbono branco ou amarelo; Internet; Vídeo;. Televisão; Textos e fotos; Filme DVD ("Basquiat - Traços de uma vida") e Música (hip hop); Revistas ilustrativas sobre o tema. Procedimentos: Introdução: As várias pichações encontradas no ambiente escolar e na comunidade, o "modismo" que se tornou o grafite na vida dos alunos e da nossa sociedade, o interesse dos alunos em aprender sobre o Grafite e a sua riqueza em trabalhar com uma forma de expressão que faz parte do cotidiano dos nossos alunos. Foi o gancho para a realização do planejamento dessas atividades. O Grafite é uma expressão artística que conquistou fãs e inimigos, gerando polêmicas, (o preconceito) mas que conseguiu o seu reconhecimento. Sabemos que a arte tem uma função tão importante quanto à dos outros conhecimentos no processo ensino aprendizagem, onde se pode mostrar que a arte é uma via para expor o que eles pensam sobre o mundo de forma crítica. Ao mesmo tempo o grafite trata-se de uma atividade que pode ser exercida profissionalmente, e que tem características História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Etapas: 1º culturais e ideológicas que devem ser descobertas e exploradas. momento: No início da aula lancei o tema "Grafite - A Arte Proibida", onde os alunos foram estimulados a falarem sobre o assunto de forma espontânea e sobre o que sabem acerca do tema proposto. Onde foi apresentado textos sobre a origem e o histórico do Grafite e do Hip Hop. 2º momento: Apresentei as turmas o filme "Basquiat - Traços de uma vida", que envolve a temática da aula, e após a exibição os alunos foram convidados a debaterem o assunto do filme, fazendo relação com o tema proposto. 3º momento: Convidamos um grupo de grafiteiros da Comunidade para dar palestra sobre o assunto e realizar oficinas sobre a Arte do Grafite. 4 ° momento: Para levantar a auto-estima e valorizar uma arte tão discriminada foi proposto a criação de grafites a partir do nome dos alunos (assinaturas - tags), a criação de grafites utilizando o corretivo, material que é mais utilizado dentro da escola para a realização das pichações, entre outras propostas (pintura em pedras em grupo sobre problemas sociais de forma crítica). 5º momento: Solicitei um trabalho com descendentes de estrangeiros (italianos, africanos, japoneses, árabes, alemãe) onde pedi que fosse feito um levantamento de artistas nascidos nos países dos antepassados dos alunos. Depois, uma pesquisa sobre os descendentes desses povos que vieram para o Brasil. Aos poucos, todos percebem como a arte se transforma, mesclando as tradições originais com novas (locais), no nosso caso o GRAFITE. 6º momento: Foi solicitado que eles se dividissem em grupos de 5 e escolhessem um grafite ao redor da escola ou na comunidade , fotografassem e depois escrevesse um texto fazendo uma leitura se utilizando dos conceitos e elementos adquiridos nas aulas de Arte. Os alunos desenvolveram vários trabalhos práticos utilizando todos esses conceitos. 7º momento: Finalizamos a atividade com uma exposição dos trabalhos. História: Quando se fala sobre o grafite, conversa-se também sobre a época (contexto histórico) em que foi feita, o tipo de sociedade que esse tipo de Arte retrata; Geografia: Localizar-se geograficamente e espacialmente onde se originou o Grafite e onde podemos encontrar; Arte: Os artistas (Keith Haring e Jean Michel Basquiat), cores, figuras em positivo e negativo, figura e fundo; Língua Portuguesa: Leitura, e interpretação de textos sobre o grafite e escrita analisando imagens do Grafite; Matemática: Proporção, simetria e perspectiva. Avaliação: A avaliação será pautada no processo do aluno, com critérios para observar o seu aproveitamento dentro do conteúdo oferecido: Levar em consideração o percurso do aluno dentro do projeto, sua própria trajetória; O posicionamento do aluno em relação à produção: A capacidade de analisar as produções realizadas; A busca de adquirir o conhecimento dentro do projeto por conta própria. Link: www.metro.sp.gov.br/cultura/tearte.asp Observações: O professor tem que estimular os alunos a conhecer as manifestações de arte popular (Grafite) que gravitam ao redor da escola, dessa forma estará abrindo uma janela para a cultura universal. Mais do que desenvolver a sensibilidade, alfabetizando o para compreender a produção do mundo inteiro. Devemos também levar em consideração o percurso do aluno dentro da realização das atividades, sua própria trajetória, o posicionamento do aluno em relação à produção, a sua capacidade de analisar as produções realizadas. Levando o aluno a adquirir o conhecimento com autonomia e a importância do negro na formação da nossa cultura. Referências Bibliográficas: - RAMOS, C. M. Grafite, pichação cia. São Paulo: Anna Blume, 1994. Descreve toda a trajetória do grafite, desde sua origem, e traz reflexões sobre a piichação. - CHAGAS, C. C. das. Negro: uma identidade em construção. São Paulo, Vozes, 1996. - Grafitti nas Escolas, Denis Sena, 27 págs., Ed. Uneb. - Imagem no Ensino da Arte, Ana Mae Barbosa, 152 págs., Ed. Perspectiva. - HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000. Link(s):- www.acordacultura.org.br 213 214 Planos de aula Ensino Médio Plano 47 Autor(a): maria joseane gomes vieira Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 6 - As religiões africanas no Brasil Título: Ethos e inclusão social Público Alvo: Ens. Médio - 1 o Ano Disciplinas: História Objetivos: Refletir, em sala de aula, sobre as diferentes concepções de religiosidade, permitindo ao aluno sua identificação como sujeito social na nossa história, compreendendo o sincretismo religioso observado no Brasil; Refletir sobre o espaço ocupado pelas religiões africanas no contexto de insurgência da identidade afro-descendente no Brasil;Analisar, sucintamente, a presença dos ethos afro-descendentes e suas características culturais no contexto brasileiro. Conceitos: Ethos, afrodescentes, religiões Afrodescentes, inclusão Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De criar novos pressupostos - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De conviver com transformações - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De perceber a interioridade humana Valores: Identidade - ética - cultura Recursos Didáticos: 1. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.2. Livros pertinentes ao tema abordado.3. Pesquisa de campo e pesquisa oral, inclusive em comunidade de afrodescentes; "Comunidade Caiana", Alagoa Grande, PB.4. Pesquisa em Internet.5. Leitura e audição de músicas e filme para ilustrar a temática.6. Uso do material didático deste curso;7. Consulta a materiais iconográficos. Procedimentos: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: 1º momento: Leitura e audição da música "Lavagem Cerebral", de 1.1. Debate sobre preconceito, racismo e exclusão.1 1.2 Elaboração de painel ilustrativo Gabriel Pensador.1 sobre os conceitos apresentados na discussão. 2º momento: Apresentação do filme "Xica da Silva", de Cacá Diegues, enfatizando aspectos da exclusão social e religiosidade dos afrodescendentes no Brasil. 2.1 Discussão sobre a visão da sociedade sobre o afrodescente e sua cultura na história do brasileira; 2.2 Análise das diferentes formas de cultos africanos e sua influência sobre o catolicismo 3º momento: Leitura de fragmentos do livro "Candomblé e Umbanda; Caminhos da Devoção Brasileira", de Vagner Gonçalves da Silva. 3.1 Compreensão e interpretação de temas relevantes à temática abordada; 3.2 Elaboração de painel apontando diferenças e semelhanças entre elementos pertencentes as diferentes formas de culto africanos e as religiões cristãs do Brasil. 3.3 Seminário sobre "Ethos, religião e inclusão no Brasil. 4º momento: Aula passeio na comunidade "Caiana". 4.1 Conversa informal sobre hábitos, costume e práticas religiosas da comunidade. 4.2 Participação e interatividade em ritos culturais promovidos pela comunidade. 4.3 Relatório sobre as atividades desenvolvidas. 5º momento: Pesquisa sobre materiais iconográficos que abordem a cultura e rituais religiosos afro-brasileiros. 5.1 Exposição oral sobre o material coletado. 5.2 Produção de textos, músicas, danças e pintura sobre o tema discutido. 5.3 Exposição, na escola, dos matérias produzidos. Observações: O plano deve iniciar-se com a audição da música e seguido de uma leitura cuidadosa e reflexiva da letra.Não se deve impor ao aluno nenhuma forma de resposta tida como correta ou errada. Ao professor cabe mediar o debate, deixando que todos exponham suas idéias e compreensão do que foi lido e ouvido.O painel deve ser feito pelos alunos e deve ficar exposto até o final do projeto, assim poderemos avaliar como ocorreram mudanças de entendimento, compreensão e, até mesmo, de atitudes, frente à temática abordada.Deve-se deixar bem claro que não se está discutindo História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola preferências de práticas religiosas, e sim, a identididade e raiz dos cultos religiosos plurais no nosso país.O professor ou professora não deve esquecer que o tema gera discussões e que ele(a) deve estar preparado para eventuais manifestações ou choques de idéias que possam vir a ocorrer em sala. Referências Bibliográficas: - LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra. Rio de Janeiro: Forense, 1988. MONTES, Maria Lucia. As figuras do Sagrado - entre o público e o privado. In.: SCHWAREZ, Lilia Moritz (Org. do volume) História da Vida privada no Brasil. Contrastes da Intimidade Conteporânea. Vol. 4. São Paulo: Companhia das letras. 1998. - SILVA, Maria Beatriz Nizza da. (Org.) Brasil - colonização e escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. - SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda. São Paulo: Selo Negro, 2005. Internet: www.mulheresnegras.org/alvaro2.html www.candombledeangola.hpg.ig.com.br www.ritosdeangola.com.br www.ensinoafrobrasil.org.br Plano 48 Autor(a): Denilson Gameleira Rego Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 1 - O preconceito racial no Brasil Título: Da Cor Brasileira Público Alvo: Disciplinas: História; Sociologia Ens. Médio - 1o Ano Objetivos: Analisar a contribuição da cultura africana, na formação da cultura brasileira, reconhecendo a presença constante do negro em todos os momentos históricos do Brasil; Compreender os motivos que levam ao racismo, presentes desde a formação da nacionalidade brasileira. Conceitos: Formação Cultural; Racismo; Cultura Africana Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De analisar e sintetizar - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De conviver com transformações - De agir multidisciplinarmente Valores: Convívio Social; Respeito Recursos Didáticos: Conversa informal; Quadro de Giz; Recortes de jornais e Revistas; Publicações, livros didáticos, revistas, jornais, etc. Procedimentos: 1º momento: Apresentar o contorno do Mapa do Brasil e solicitar aos alunos pesquisar as imagens de rostos de pessoas que pertençam aos grupos étnicos-raciais presente no povo brasileiro e preencher o mapa; 2º momento: A partir da exposição do cartaz, introduzir o tema da formação cultural brasileira, lançando questionamentos à sala, sobre estas imagens e como estas etnias chegaram ao Brasil. Registrar no quadro; 3º momento: Após a delimitação do assunto, reconhecer o povo africano como a força de trabalho escravo no Brasil; 4º momento: Em grupos de 5 alunos pesquisar os seguintes assuntos: África e seu povo; A cor brasileira; Cultura, Racismo e desigualdades sociais; 5º momento: Exposição do estudo dos grupos; Link: http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/forms/default.aspx Observações: De acordo com as características da comunidade, pode-se incluir mais formas de diversificar a 215 216 Planos de aula aplicação da aula, como uma visita à algum local, nos moldes de aula de campo. Também pode ser usada fita de video, com algum tema que trate do tema especifico, para introdução do debate e troca de idéias. Referências Bibliográficas: - Livro sobre Racismo no Brasil: http://www.efpa.com.br/Telas/produto.asp?Id_Produto =200 - Dialogos contra o Racismo: http://www.unidadenadiversidade.org.br Plano 49 Autor(a): carolina de oliveira miranda Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Título: O Barroco de Aleijadinho em Ouro Preto - Igreja São Francisco de Assis Disciplinas: História; Artes Público Alvo: Ens. Médio - 1o Ano Objetivos: Reconhecer Aleijadinho como importante contribuinte da formação da cultura afro-descendente brasileira, contextualizar o tempo e a obra de Aleijadinho- propiciar aos estudantes a pesquisa de campo sobre a obra de Aleijadinho, de maneira multidisciplinar Conceitos: Identidade nacional expressiva em Aleijadinho arte e tradições religiosas afro-brasileiras, obra aberta, luz e sobra, estilo de Aleijadinho, sensibilização para mensagem fruído Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De refletir multidisciplinarmente - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De trabalhar linguagens - De agir multidisciplinarmente - De aguçar os sentidos (ser humano, natureza e si mesmo) - De realizar tarefas Valores: Reflexão e crítica, reconhecimento e auto-afirmação, sensibilização para linguagens artísticas frente a obra Recursos Didáticos: Livros didáticos de história, filmes fotográficos, fita VHS para filmadora, ônibus de excursão de Jamapará-Anta-Congonhas do Campo-Ouro Preto, 1 pacote de papel ofício, 45 lápis HB/2B, 10 caixas de lápis de cor, 10 bastões de pastel seco dourado, 10 bastões de pastel seco preto, 10 bastões de pastel seco amarelo, 10 bastões de pastel seco ocre, bastões de cola quente, TNT colorido Procedimentos: 1º Momento: Roda de Leitura sobre o autor, despertar interesse em conhecer um pouco da História Artística deste representante do povo afro-brasileiro; 2º Momento: Discussão coletiva identificando a obra do autor, através de imagens projetadas pelo professor; 3º Momento: Elaboração de textos individuais e coletivos; 4º Momento: Pesquisa em jornais, revistas atuais que aborde notícias referentes ao autor; 5º Momento: Organizar a excursão; 6º Momento: Excursionar Observações: O plano pensado atende a projetos de excursões com contextualização prévia aos alunos de escolas de municípios das regiões rurais/interiores, onde as possibilidades de biblioteca e instituições culturais inexistem ou não oferecem exposições de obra de arte. Muitos alunos de nossa região aprendem história e artes visuais apenas em livros ou pranchas de imagens.- para que a excursão possa atingir os objetivos propostos é necessário que o planejamento da mesma seja feito com antecedência.- o Teleposto tem sido um excelente aliado do professor há visitas e excursões em formas de projetos e financiamentos. Referências Bibliográficas: - MANGUEL, Alberto. Lendo imagens:uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 221-245. - MINISTÉRIO DA CULTURA, et al. Pele escura, Estrada dura, Beleza pura. Desconstruindo o racismo na escola e na comunidade. Rio de Janeiro: CECIP/Fundação FORD/Fundação Cultural Palmares/MINC, sem data. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - SANTOS, Elzelina Dóris dos. Contando a história do Samba. Belo Horizonte: Mazza, 2003. - ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afrobrasileiro: uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar.Belo Horizonte: Nzinga coletivo de mulheres Negras, sem data. - BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte: Anos Oitenta e Novos Tempos. 4. São Paulo: Perspectiva , 1991. - ______. As mutações do Conceito e da Prática. In: BARBOSA, Ana Mae (org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 2. São Paulo: Cortez, 2003. - HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. São Paulo: ARTMED, 2000. - BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte. Vol. 6. Brasília: MEC/SEF, 1997. Plano 50 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Silvana Goretti Dias da Costa "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 1 - O preconceito racial no Brasil A africanidade brasileira e a desconstrução do preconceito Disciplinas: Língua portuguesa; Ens. Médio - 1ª Ano Geografia;História; Artes; Literatura Objetivos: Propiciar ao educando o conhecimento da nossa realidade histórica retratando de maneira justa e fiel a importância do povo africano em nossa formação social,cultural e econômica como forma de desconstrução do preconceito, resgate e valorização das nossas raízes. Conceitos: Sociedade; cultura; escravidão; preconceito; construção e descontrução; diversidade; sociedade; cultura; escravidão; preconceito; construção; desconstrução; diversidade. Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De refletir multidisciplinarmente - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Valores: Respeito; reconhecimento; justiça; valorização. Recursos Didáticos: Vídeo/tv (fitas); retro-projetor (lâminas); lousa; textos suplementares: Procedimentos: 1º Momento: Introdução ao conteúdo com os conhecimentos e conceitos prévios dos educandos. 2º Momento: Aula expositiva sobre a importância da representação dos negros na História do Brasil, dando especial enfoque à participação da África e de parte do seu povo na nossa formação social, cultural e econômica; 3º Momento: Fazer interpretação de textos sobre a temática e das informações recebidas, para desenvolver atitudes críticas frente à nova realidade apresentada; 4º Momento: Com estas leituras organizar trabalhos em grupos, oportunizando o desenvolvimento de uma postura pró-ativa; 5º Momento: Elaborar uma crítica construída de forma coletiva, partindo da cientificidade e do conhecimento prévio, buscando neles a visão da realidade local a partir da realidade global, procurando formas de colocá-los em nossa prática cotidiana. 6º Momento: Socialização do estudo realizado. Observações: O tempo da aula será otimizado a partir do trabalho em grupo com espaço para observação e verbalização, permitindo a exposição de pontos de vista individuais e coletivos.será permitido ao educador e aos educandos observar o nível de preconceito arraigado e buscar formas de desconstrução, através do resgate às raízes e de aplicação de estratégias e ações que resultem em elevação da auto-estima e do respeito. Referências Bibliográficas: - FREIRY, GILBERTO. "Casa Grande e Senzala".São Paulo, SP, Global, 2003, 47ª Ed. 217 218 Planos de aula - HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE, "Raízes do Brasil", São Paulo, SP, Cia das Letras, 1995, 26ª Ed. - MORIN, EDGAR "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro". Brasília, DF, UNESCO, 2003. - http//www.comciencia.br http//www.ensinoafrobrasil.org.br Plano 51 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Maria Auxiliadora dos Santos "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Palavras do Português do Brasil de Origem Africana Disciplinas: Língua portuguesa; Ens. Médio - 1 o Ano Geografia; História; Literatura Objetivos: Resgatar a imagem do negro como participante dos principais movimentos culturais e sociais do país, a partir do estudo da vida e obra dos principais autores negros brasileiros; Buscar a elevação da auto-estima dos alunos afro-descendentes, pelo confronto com exemplos literários e sociais. Conceitos: Igualdade; Respeito; Auto-estima positiva; Raça; Etnia; Língua; Linguagens oral e escrita; Variação lingüística; Identidade cultural Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De trabalhar linguagens - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Valores: Ética; Cidadania; Respeito às diferenças culturais, religiosa etc.; Solidariedade; Amor; Compromisso; Coragem Recursos Didáticos: Pincéis; tesoura; cola; cartolina; papel ofício; papel sulfite; lápis de cor; giz; régua; dicionário: livros didáticos de autores diversos; textos de romances de Jorge Amado e outros; equipamento de som e DVD; CD João Bosco e outros; DVD filmes de romances de Jorge Amado; Video; fitas VHS registros da cultura afro-brasileira; Jornais e revistas: Procedimentos: 1º Momento: Conhecer a obra de alguns dos principais autores(as) negros(as) do Brasil, pela leitura de textos de nossa literatura. 2º Momento: Identificar o vocabulário de palavras de origem afrobrasileira, que resultará num dicionário; 3º Momento: Produzir textos empregando tais palavras (poemas ou prosas); 4º Momento: Elaborar cartazes com poemas, prosas, desenhos, fotos, gravuras, legendas e etc; 5º Momento: Criação de peças teatrais empregando as palavras e contextos pesquisados; 6º Momento: Construção do um jornal temático; Link: http://www.usinadeletras.com.br http://www.acordacultura.org.br/ http://bibivirt.futuro.usp.br http://www.liceuliterario.org.br/ http://www.quilombodospalmares.org.br/ Observações: Este plano de aula pode ser adaptado para o ensino fundamental do segundo seguimento. Referências Bibliográficas: - AMADO, Jorge. Capitães de areia. 76º ed. Rio de Janeiro, Record, 1993. - ______ Mar morto. 85º. Rio de Janeiro: Record, 2004 - ______ Tereza Batista cansada de guerra. 26º ed. Rio de Janeiro: Record, 1992. - ALENCAR, José de. O tronco de ipê. 6º ed. São Paulo, Ática, 1983. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - ALMEIDA, José Américo de. A bagaceira. 37º ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 2004. - Boletim PPCOR, Reflexões iniciais sobre cotas nas Universidades. 2004.- Câmara - Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. Itatiaia, 1984.- Declaração de Durban e Plano de Ação. Fundação Cultural Palmares.- Fatumbi Verger, Pierre. Orixás, Corrupio, 1997. - FREYRE, Gilberto. Casa Grande Senzala. Rio de Janeiro, Record, 1999. - HASEMBALG, Carlos Alfredo. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro, edições, 1979 - JACCOUB, Luciana e Beghin, Nathalie. Desigualdades raciais no Brasil, um balanço da intervenção governamental, Brasília: Ipea, 2002. Plano 52 Autor(a): Fabio Ribeiro Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil TÍtulo: "Sou negro, sou forte. Não aceito, luto." PÚblico Alvo: Disciplinas: História Ens. Médio - 2º Ano Objetivos: Proporcionar ao aluno a reflexão e a percepção de que os negros no Brasil não aceitaram passivamente a escravidão, com o conhecimento de suas lutas, resistências e reivindicações, visualizando o protagonismo negro no Brasil. Conceitos: Escravidão, passividade/protagonismo, violência/tolerância, representações Habilidades: De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) De se organizar e organizar De identificação de problemas De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade De enxergar o outro sob um ângulo diferente Valores: Respeito às diferenças, tolerância, sociabilidade, protagonismo intelectual Recursos Didáticos: Textos fotocopiados; Retroprojetor; Transparências; Cartolina; Jornais, revistas (para recortar); Lápis de cor e outros instrumentos de desenho. Procedimentos: 1º momento: apresentar aos alunos as gravuras 1 e 2, por meio do retroprojetor, e logo a seguir problematizar a questão da escravidão no Brasil e de suas representações, pedindo-se aos alunos que levantem hipóteses explicativas para estas representações. 2 º momento: Serão formados grupos com 5 alunos e distribuir-se-á os textos 1, 2, 3 e 4. Cada grupo deverá ler e sintetizar as idéias centrais de cada texto. 3º momento: O professor sorteará 4 grupos, para que cada um faça a apresentação de um dos textos ( painel aberto). 4º momento: Debate a partir das questões: As idéias transmitidas pelos textos coincidem com as das imagens? Por quê?" Podemos falar em passividade ou em protagonismo da população escrava brasileira? "Havia 'brechas' de negociação entre escravos e senhores (tolerância) ou tudo era resolvido apenas por meio da violência?" 5º momento: Conclusão: Os grupos produzirão um material visual retratando a visão que possuíam das lutas da população negra e a que passaram a ter após a atividade. Tal material será produzido numa cartolina através de desenhos, colagens, etc. 6º momento: Apresentação dos grupos que apresentarão suas produções. Materiais de Apoio: Arquivo: TEXTOS: Texto 1 - "Relação da francezia formada pellos omens pardos da cidade da Bahia no anno de 1798" transcrição de manuscrito constante de Notícias da Bahia, Arquivo do IHGB, L 399. Texto 2 - "Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que se conservaram levantados", citado em REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociação e conflito; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhia das Letras, 1999, pp.123-124. Texto 3 - Crônica de Machado de Assis citada em CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo, Companhia das 219 220 Planos de aula Letras, 1990, p.95-97. Texto 4 - Processo judicial da africana de nação Rebola Cristina, citado em CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, p.110. IMAGENS: Gravura 1 - Henry Chamberlain, "Mercado", 1822, citada em in Souza, L. de M. - Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São Paulo, Companhia das Letras, 1997. Gravura 2 - Henry Chamberlain, "Negros de Ganho", 1822, citada em in Souza, L. de M. - Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I São Paulo, Companhia das Letras, 1997. Observações: O professor deverá aplicar o trabalho conforme as características de seu público e os recursos disponíveis na escola. Referências Bibliográficas: - Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São Paulo: Companhia das Letras, 1997. - FILHO, Walter Fraga. Mendigos ,moleques e vadios na Bahia do séc. XIX. São Paulo/Salvador,Hucitec/EDUFBA,1996. - MATTOSO, Kátia M. de Queiroz.Bahia: a cidade de Salvador e seu mercado no século XIX . São Paulo/Salvador: Hucitec/Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 1978. - FRANCO , Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo, 1997, UNESP. - PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1981. "Relação da francezia formada pellos omens pardos da cidade da Bahia no anno de 1798" transcrição de manuscrito constante de Notícias da Bahia, Arquivo do IHGB, L 399.REIS, João José e SILVA, Eduardo. Negociação e conflito ; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo, Companhia das Letras, 1999. - CÂNDIDO, Antônio. O discurso e a cidade. São Paulo, 1998, Duas Cidades. - JANCSÓ, István. Na Bahia, contra o império; história do ensaio de sedição de 1798. São Paulo, Hucitec,1996. - _____________. "A sedução da liberdade - cotidiano e contestação política no final do século XVIII" in Souza, L. de M. - Cotidiano e vida privada na América portuguesa, História da Vida Privada no Brasil, vol.I . São Paulo: Companhia das Letras, 1997. - NOVAIS, Fernando. "Condições de privacidade na colônia" in Souza, L. de M. - MACHADO, Maria Helena. O plano e o pânico. São Paulo, EDUSP, 1994. - CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade; uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. - GEBARA, Ademir. O mercado de trabalho livre no Brasil (1871-1888). São Paulo: Brasiliense, 1986. - AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco; o negro no imaginário da elite do século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. - HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Plano 53 Autor(a): Vanda da Silva Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil Título: Um olhar sobre o negro no seculo XIX: Rugendas e suas obras. Público Alvo: Disciplinas: História; Artes Ens. Médio - 2º Ano Objetivos: - problematizar a leitura das imagens dentro so seu contexto histórico, possibilitando aos alunos reconhecer as imagens como documentos históricos;perceber de que forma a imagem dos negros foram construidas no seculo XIX. Conceitos: Construção da memória social sobre o negro; imagem- fonte histórica; Habilidades: - De refletir multidisciplinarmente - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De enxergar o outro sob um ângulo diferente História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - De agir multidisciplinarmente Valores: Perceber e respeitar o outro; valorizar o debate e o saber a respeito de diferentes opiniões; Recursos Didáticos: Transparências com imagens de obras de Rugendas; Ou uso de datashow. Reproduções de obras de Rugendas; cartolinas; lápis de cor, giz de cera ou tinta guache; Procedimentos: 1º momento: Apresentar ao alunos a imagem" A preparação da mandioca" de Rugendas. (Pode - se utilizar o retro- projetor ou data show). 2º momento: problematizar com as seguintes perguntas: O que eles observam nesta imagem? O que a obra retrata? Quando ela foi produzida? -Quem é o autor da obra? 3º momento: Com o professor que fará a explanação sobre o contexto histórico que a obra foi produzida e apontar questões como: a) cena retratada por Rugendas apresenta o trabalho escravo como uma atividade agradável, podemos observar as expressões do rosto, as próprias vestimentas que procuram embelezar as mulheres,a figura cordial do branco (papel de fiscalizar o trabalho). b) apontar estas questões para demonstrar de que forma as imagens dos negros e da escravidão foram construídas através do olhar europeu. c) destacar a importância de ler as imagens como um documento. 4º momento: alunos em grupo (04 integrantes), distribuir aleatoriamente reproduções de obras de Rugendas. As obras escolhidas são as seguintes: Lavadeiras no Rio de Janeiro, Colheita de café, Dança do Lundu, Jogo de Capoeira ou Dança de Guerra, Enterramento de um negro na Bahia, Mercado de Negros, Negros jovens, Castigo público no campo de Santana. No grupos a tarefa é de apreciação da obra (ler a obra e perceber a sua linguagem), produzir (fazer uma releitura da obra com o material oferecido - cartolinas , lápis de cor tintas etc..) O professor deverá oferecer aos alunos, uma cartolina dividida em 04 partes e pedir para que cada membro do grupo, produza na parte que lhe coube a leitura que faz da obra, após o termino fazer a junção das partes. Demonstrar como cada uma estabelece um olhar diferente sobre uma mesma obra, a importância de situar a obra dentro o olhar do seu autor, pois a mesma é fruto de seu momento histórico. Link: www.moderna.com.br/moderna/arte/icones/proposta www.itaucultural.org.br/aplicExternas/Enciclopedia/artes2003/index ww.pitoresca.com.br/brasil/rugendas/rugendas.htm Observações: Esta atividade pode ser explorada em conjunto com a disciplina de Artes, onde o professor pode apresentar os conhecimentos da forma como eram preparadas as pranchas de desenhos (esboços) dos viajantes que por aqui passavam e representavam o nosso cotidiano, o uso de tintas, as diferenças entre as litogravuras, as aquarelas, etc.Aplicar o método triangular discutidos pelos arte- educadores e utilizada nos procedimentos como um suporte para trabalhar imagens ao ensinar historia. Referências Bibliográficas: - BARBOSA, Ana Mae e SALES, Heloísa M. O ensino da arte e sua história. São Paulo: MAC, 1990. - BITTENCOURT, Circe (org.) O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998. - BOSI, Alfredo. O Olhar (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 1989. - DIENER, Pablo COSTA, Maria de Fatima.Rugendas e o Brasil. São Paulo: Capivara,2002 - LE GOFF, J. História e Memória. 2. ed.Campinas: Editora da Unicamp, 1996. - NIKITIUK, Sônia L. (org.) Repensando o ensino de história. São Paulo: Cortez, 1996. - PAIVA,Eduardo França. História e Imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. Plano 54 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Antonia Joselia dos Reis Silva "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 2 - Recontando a História da África A Situação do Negro na Àfrica pré-período escravocrata europeu. Disciplinas: História Ens. Médio - 2º Ano 221 222 Planos de aula Objetivos: Analisar o contexto pré-período escravocrata europeu, enfatizando as muitas habilidades dos negros que chegaram a desenvolver várias técnicas: técnicas de criação de gado, de trabalhos de mineração, de artesanato, de trabalhos de ferro. Perceber a existência de vários grupos étnicos bem como diversos costumes e valores.- Entender que o povo negro, dentro das suas possibilidades, possuiam todo um potêncial de desenvolvimento que com a chegada dos europeus foi podado. Conceitos: Liberdade, escravidão, exploração Habilidades: - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Vaalores: Respeito ao próximo, solidariedade, senso de justiça, respeito à diversidade Recursos Didáticos: Retroprojetor, transparência, televisão, filme AMISTARD, livros Procedimentos: 1º momento: fazer um texto dissertativo a partir das figuras que retratam o negro em dois momentos históricos: na África (livre) e no Brasil (escravizado). 2º momento: leitura conjunta dos textos seguida de discussões acerca dos mesmos. 3º momento: assistir o filme AMISTAD, que enfoca a situação desumana a que os negros eram submetidos, a começar pela viagem nos navios negreiros. 4º momento: leitura dos textos de Kátia de Queirós Mattoso, extraídos do seu livro SER ESCRAVO NO BRASIL, para abordagem sobre a situação penosa e exploratória em que os escravos eram submetidos ao chegarem aqui no Brasil. 5º momento: fazer um texto sobre a importância da liberdade a partir de algumas gravuras mostradas no retroprojeto. Observações: Na conclusão do meu curso (história )fiz a monografia enfocando a questão quilombola no brasil, mais especificamente no maranhão. para essa empreitada passei quase um mês em campo (quilombo de São Sebastião dos Pretos, localizado em Bacabal-MA). Fiz filmagens, gravações, colhi objetos , fotografei. Enfim, reuni um arsenal de coisas relevantes para se trabalhar com essa temática, que para mim é apaixonante, haja vista que sou negra e busco entender minha história para poder melhorar a história do meu povo a partir da minha prática como professora e formadora de opinião que sou). Portanto utilizarei esse material para tornar mais prática minhas aulas. Referências Bibliográficas: - ALMEIDA, Alfredo W. B. de. A IDEOLOGIA DA DECADÊNCIA. São Luís: IPESIMA, 1983. - BASTIDE, R. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973. - GOVERNO DO ESTADO ENTREGA ESCRITURA COLETIVA DE TERRA EM ÁREA QUILOMBOLA. Jornal o Debate. São Luis: 25 de novembro de 2003. - MATTOSO, Kátia de Queiros. SER ESCRAVO NO BRASIL. 2° ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmentros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997. - PROJETO VIDA DE NEGRO. Quilombo Jamary dos Pretos - Terra de mocambeiros. Coleção Negro Cosme - Vol. II. São Luís: SDDH/CCN - PVN 1988. - SILVA, Antônia Joselia dos Reis. As relações Sociais e a pluralidade cultural dos remanescentes quilombolas de São Sebastião dos Pretos. Imperatriz, 2004. - Monografia(Licenciatura Plena em História)- Curso de História,Universidade Estadual do Maranhão. Plano 55 Autor(a): Princípio: Tema: Maria Iraci Cardoso Tuzzin "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Título: Público Alvo: Os negros em Panambi -RS Ens. Médio - 2º Ano Plano 56 Autor(a): Princípio: Daianna Basílio de Araújo Pompeu Neves "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Disciplinas: Língua portuguesa Literatura Objetivos: Identificar a presença de personagens negras nos contos de Machado de Assis.Verificar a presença de personagens negros na novela "A lua me disse"Comparar a presença negra na escrita de narrativas machadianas (contos)do sec.XIX com a escrita de narrativas no sec.XXI para a TV. Analisar a realidade de pessoas negras na comunidade panambiense. Conceitos: Estilos, diversidade artística e cultural, preconceito Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De estar atento - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Valores: Tolerância, respeito, reconhecimento Recursos Didáticos: Laboratório de informática, Word, Internet- Power point. Biblioteca escolar. Os contos de Machado de Assis. A biografia de Machado de Assis. Jornais e revistas. Televisão e videcassete/DVD. Novela da rede globo "A lua me disse". Fitas de vídeo. Empresa jornalística Local, Espaço para publicação de redações Procedimentos: 1º momento: Levantar informações biográficas na biblioteca ou na internet sobre as obras Machado de Assis. Atividade realizada em duplas. 2º momento: Socializar as obras pesquisadas, utilizando "power-point"/telão. Cada dupla deverá justificar a escolha e comentar a obra com suas características consideradas interessantes. 3º momento: Em sala de aula, as duplas irão ler "contos" escolhidos de Machado de Assis. E localizar neste contexto a presença do negro e como ela, está inserida diante da realidade brasileira. 4° momento: Este estudo será para ser desenvolvido em casa: gravar alguns capítulos da novela da rede Globo de televisão "a Lua me disse". Selecionar cenas em que aparecem personagens negros atuando. 5º momento: Levar estas cenas selecionadas para a sala de aula, e com elas, elaborar uma análise da presença de personagens negros, destas cenas e compará-las: aos personagens negros em narrativas escritas no século XIX presentes nos poemas; com os personagens negros presentes nos escritos no século XXI. 6º momento: Elaborar as conclusões, trazendo-as para a realidade vivida com a população negra da cidade de Panambi-RS. E verificar houve mudanças? quais foram esta mudanças? se não houve, quais as causas? 7º momento: Dissertação sobre as mudanças que " Os negros em Panambi" estão vivenciando. 8º momento: Escolher os melhores textos dissertativos, e no dia da Consciência Negra, fazer uma manifestação na mídia a partir destas mudanças. Se elas aconteceram ou não. Link: http://www.bibvirt.futuro.usp.br Observações: Conforme a realização das aulas for ocorrendo, ajustes, cortes, adaptações... serão realizadas. Referências Bibliográficas: - FARACO, Carlos Alberto. Português: Língua e Cultura. Curitiba: Editora do Brasil, 2003. - CAPEDELLI, Samira Yousseff. SOUZA, Jésus Barbosa. LITERATURA PRODUÇÃO DE TEXTOS GRAMÁTICA. São Paulo: Saraiva, 1998. http://www.antroposmoderno.com.brhttp://www.ladonegro.nethttp://www.isi.usp.br/~curto/ismalia html - http://www.veja.com.brJornal Folha das Máquinas 223 224 Planos de aula Tema: Título: Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras A Presença Negra na Literatura Brasileira, Lima Barreto e Machado de Assis Disciplinas: Ens. Médio - 2ª Série Língua História; Artes; Literatura Público Alvo: portuguesa; Objetivos: Reconhecer a presença do negro nas artes brasileiras, primordialmente na Literatura Brasileira, que é o alvo deste plano; pesquisar situações de preconceito vivenciadas pelos 2 autores propostos - Lima Barreto e Machado de Assis - bem como observar em que essas situações podem ter influenciado direta ou indiretamente no enredo de algumas de suas obras; Conceitos: Cultura (Literatura), preconceito racial, História do séc. XVIII e XIX Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De identificação de problemas - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Valores: Históricos, morais e éticos Recursos Didáticos: Visita a bibliotecas; exibição de documentários sobre o Pré-Modernismo e sobre o Realismo, pesquisa em compêndios de literatura brasileira e obras dos autores propostos como base para as pesquisas, aula expositiva dialogada. Produção de texto argumentativo ao final da aula Procedimentos: 1º momento: Literatura na biblioteca com livros de História referentes à cultura negra - Abolição da Escravatura, O Tráfego Negreiro, O Continente Africano, dentre outros. 2º momento: A problematização do assunto a ser abordado - O que vocês percebem nestas na história? Como o negro é apresentado? Quantas páginas são reservadas para a história do Continente Africano? E a história da civilização egípcia? A menção às diversas tribos e dinastias africanas da época? É mostrada a riqueza da cultura africana antes de escravidão? E as ilustrações de como o negro é mostrado? - A partir destes questionamentos e outros que forem surgindo durante a execução do plano, o professor 'aquecerá' as atividades subseqüentes. 3º momento: Explanação do professor sobre a importância dos estudos sobre a raça negra e os aspectos básicos do período escravocrata que vêm sendo passados de maneira errônea ao longo das décadas : A partir da explanação do professor, os alunos elaborarão seus questionamentos sobre o assunto. Após o professor fará alguns questionamentos como: os negros já eram escravos antes de virem para o Brasil? Havia só uma nação negra na África? Como era a organização social dos negros na África? Aqui no Brasil, eles se uniram ou permaneceram separados? É interessante notar que, esses dados, serão a problemática para os alunos para pesquisarem e construir conhecimentos para as respostas, que serão, em outra ocasião, apresentadas a turma. 4º momento: O próximo passo será a Literatura propriamente dita com documentários curtos do período Realista da Lit. Brasileira, e , em seguida, no período Pré-Modernista dessas duas tendências estéticas da Lit. Brasileira. Este estudo levará os alunos a pesquisarem a biografia de Lima Barreto e Machado de Assis. 1. E levantarão dados da importância do negro na literatura, 2. O preconceito racial vivenciado pelos autores, como fator determinante nas idéias e situações apresentadas em seus texto 3. pesquisarem obras de cada um dos autores (contos, resumo de livros, fragmentes de narrativas), procurando os traços desse preconceito. Essa pesquisa terá como culminância o seminário por grupos de alunos. 5º momento: O seminário ocorrerá primeiramente com a exposição com a técnica de colagem, apresentando o enfoque: na história do negro. 1º com amostragem do que o negro sofreu; 2º a influência da cultura negra engendrada no Brasil. 3º o seminário com a apresentação em grupo do trabalho desenvolvido na pesquisa. 4º durante o seminário que será apresentado ás outras turmas, os alunos que forem assistir terá uma ficha para serem colhidas e registradas, o que foi significativo e as principais idéias das apresentações. Os alunos a partir desta, sistematizarão textos argumentativos, individualmente, com a abordagem dos grupos. 5º com os melhores textos será organizados um livro com a sistematização do estudo, e será enviado para a turma que apresentou e estes com a professora avaliarão o estudo e se conseguiram abordar o assunto. Link: www.academiabrasileiradeletras.org.br História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Observações: Esse plano de aula foi criado visando o trabalho em uma escola estadual de uma pequena cidade no interior de Minas Gerais, o que prevê poucos recursos audio-visuais, além da TV e Vídeo, que a escola já possui, e Internet apenas para aqueles alunos que a possuem em casa, pois a escola ainda não tem. A prioridade é utilizar materiais que a escola já tem, e que nem por isso se constituem em material pobre, uma vez que neles é possível encontrar traços marcantes da História do Negro no Brasil do séc. XX. Referências Bibliográficas: - Livros de história do ens. fundamental que o governo de minas gerais distribui nas escolas estaduais - Revistas usadas mantidas nas bibliotecas das escolas para recortes e pesquisas - Curso de lit. de lingua portuguesa - Ulisses Infante, Editora Escipione - Português - Faraco E Moura, Ens. Médio Editora Ática - Contos de machado de assis baixados pelo professor na internet - Obra Completa de Lima Barreto - Machado De Assis p/ Principiantes Org. Marcos Bagno Ed. Àtica. - Lit. Ocidental. Salvator D'onofrio, Ed. Àtica Plano 57 Autor(a): Paulo Sergio Moreira da Silva Princípio: "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema: Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras Título: A Caretagem como prática cultural: fé, folia e negritude na Bahia Público Alvo: Disciplinas: História Ens. Médio - 3o Ano Objetivos: Dar visibilidade a cultura afro-brasileira, bem como compreender as transformações e sua circularidade no cotidiano da sociedade. Conceitos: Cultura popular, religiosidade, negritude Habilidades: - De trabalhar linguagens - De identificação de problemas - De agir multidisciplinarmente Valores: Convivência, respeito, aprendizagem Recursos Didáticos: Fotografias, Charges, Mapas, Vídeo Procedimentos: 1º momento: análise das imagens, identificando as características peculiares em cada uma; 2º momento: Refletir sobre os múltiplos elementos culturais existentes em cada fotografia; 3º momento: Localizar nestas imagens elementos afro-descendente; 4º momento: Relacionar os elementos culturais existentes nesta prática com outras existentes no Brasil, na atualidade. Materiais de Apoio: Arquivo: anexos/id1000025/fig.283.jpg anexos/id1000025/fig.282.jpg anexos/id1000025/01.jpg Observações: O presente plano, tem por objetivo de compreender as várias reelaborações culturais existentes nas manifestações populares, bem como analisar a sua importância na formação da identidade do povo brasileiro. Também tem o caráter comparativo com outras manifestações populares existentes no Brasil Referências Bibliográficas: - FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Histórias e Paisagens - Rio de Janeiro - Livraria Francisco Alves, 1921 - GONZAGA, Olímpio. Memória Histórica de Paracatu-Uberaba-Typ. Jardim Cia 1910 225 226 Planos de aula - MELLO, Antônio de Oliveira. Afonso Arinos e o Sertão-Rio de Janeiro - 1961 - ----------------Paracatu Perante a História - Patos de Minas -1964 - ----------------Minha terra: suas lendas e seu folclore - Belo Horizonte - 1966 - ----------------De Volta ao sertão: Afonso Arinos e o Regionalismo Brasileiro -Paracatu - 1975 - -----------------Paracatu do Príncipe: minha terra - Paracatu - 1979 - -----------------A Igreja de Paracatu nos caminhos da História-Paracatu - 1987 - -----------------As Minas Reveladas: Paracatu no tempo - Paracatu - 1994 - -------- -----------------Memórias de um tempo - Paracatu - 1999 - -----------------Paracatu do tempo e em tempo -Paracatu -2001 Dissertações e Teses. GABARRA, Larissa Oliveira. A dança da tradição: congado em Uberlândia/ MG (século XX) Uberlândia: UFU, 2003 (Dissertação de Mestrado) - KATRIB, Cairo Mohamad Ibrahim. Nós mistérios do rosário: as múltiplas vivências da festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, Catalão-GO (1936-2003) Uberlândia: UFU, 2004 (Dissertação de MestradoFontes Visuais - DVD - Honrados Amados Benditos. Instituto Fala Negra e afro-descendência -Paracatu. 2005. - VHS - Caretas e Zambiapunga. Bahia singular e plural. TVE Bahia. Março. 2000 - VHS - São João na roça. Opará vídeos. 1999 Plano 58 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: portuguesa; Luiza Luzanira de Negreiros Torres "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 3 - Representações do negro na História do Brasil Brasil, uma parceria entre índios, brancos e negros Ens. Médio - 3º Ano Disciplinas: Língua Matemática; Ciências Naturais; Geografia; História; Artes; Educação Física; Língua Estrangeira; Ensino Religioso; Filosofia; Sociologia; Química; B i o l o g i a ; Literatura Objetivos: GERAIS: Desenvolver o senso crítico, a partir do conhecimento e do aprendizado cognitivo e ético, moral, vivenciado através de experiências compartilhadas que valorizem os princípios norteadores da igualdade, diversidade e inclusão social, em atividades educativas interdisciplinares; ESPECÍFICOS: Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens e suas manifestações específicas. Confrontar opiniões, analisando e interpretando textos referentes aos temas propostos relacionando-os com diferentes contextos e referências. Desenvolver habilidades de leitura em diversos gêneros textuais, favorecendo o acesso ao patrimônio histórico-cultural da sociedade brasileira. Analisar criticamente os acontecimentos políticos, econômicos e étnico-sócio-culturais, na perspectiva de participar efetivamente da construção/reconstrução da sociedade em sua gênese como protagonista que é necessário ser. Conceitos: Habilidades: - De trabalhar linguagens - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com transformações - De identificação de problemas - De refletir multidisciplinarmente - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De agir multidisciplinarmente Valores: "A sociedade está passando por uma profunda crise ética e moral porque a prática dos VALORES História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola HUMANOS foi esquecida. Não é somente a forma humana que distingue o homem do animal, mas, o que ele oferece, e como usa os valores que lhe são inerentes. O AMOR é uma energia psíquica que nasce no coração humano como uma "centelha", que, não desenvolvida para além do sentimento instintivo, não sairá do estágio primário da animalidade. A INTELIGÊNCIA mal usada é uma inconseqüência. O homem deve utilizá-la filtrando ações e manifestações através dos critérios do coração para encontrar a VERDADE sobre si mesmo, distinguindo o bem do mal, atento à sua condição de LIVRE ARBÍTRIO. A EDUCAÇÃO deve proporcionar o crescimento das crianças, adolescentes e jovens como luzes para si mesmo, mas, que iluminem os demais como mensageiros para um mundo melhor. Deve ainda moldar- lhes o CARÁTER à partir do desenvolvimento de infinitas potencialidades de uma mente nutrida pelos reais valores da vida humana, cujo pilar seja a instituição chamada FAMÍLIA com base na HONESTIDADE, DISCIPLINA e RESPEITO. A preocupação de TER e não em SER desencadeia os valores humanos, condena a SOLIDARIEDADE, a GENEROSIDADE e o BOM SENSO. As atitudes tranqüilas, corajosas, e imparciais são decisivas para reduzir a violência, o preconceito, incentivar à ORDEM, DISCIPLINA, COOPERAÇÃO, RESPONSABILIDADE, AMIZADE, COMPAIXÃO, COMPREENÇÃO, TOLERÂNCIA... permitindo a qualquer pessoa a possibilidade de viver bem com todos. A toda hora a vida nos dar OPORTUNIDADE de exercitarmos estes valores; ótimo, porque para SER É NECESSÁRIO TREINAR. Recursos Didáticos: Plano de aula - interdisciplinar. Estrutura física: sala de aula, e sala de multimeios equipada, pátio coberto, e cozinha completa da escola. Recursos humanos: Orientadores, grupo gestor, funcionários, alunos e comunidade. Material de consumo: Giz, papéis: (ofício e 40 kg ), madeira, pautado e duplex. Fitas para impressora (matricial e a jato), Cartolinas. Transparências comuns e para computador. Massa para bolos. OBS: estes recursos contemplam o desenvolvimento de um projeto mensal, além do plano de aula. Procedimentos: 1° momento: Leitura paragrafada de um texto didático - expositiva; 2º momento: Consultar o dicionário para as palavras desconhecidas do texto: como por ex.: colonização - escravo - África - Brasil - quilombo - favela - primórdios - mocambo - banzo - pujança - remanescente - exclusão; 3º momento: Trabalho em grupo: (de 4) - destacar as informações mais importantes do texto, selecioná-las e organizá-las em folhas de papel ofício em forma de esquema e expor em painel, na sala; 4ª momento: Leitura de aprofundamento - Texto informativo; 5º momento: Pesquisar e atualizar a situação étnica do Brasil; 6º momento: Recolher todo material exibido neste projeto (em todas as disciplinas) para, no final organizar uma exposição pública na escola, num encontro de pais ( título- Meu Brasil afro-brasileiro verde amarelo). 7º momento: Apresentação: Exposição com Experiências. Link: www.ensinoafrobrasil.org.br Observações: Este plano deve ser adaptado para todos os espaços disciplinares existentes no currículo da escola, adequando com textos e conteúdos próprios de cada espaço curricular, utilizando, de preferência, os próprios textos didáticos e para-didáticos utilizados pelas escolas. Sugestões foram apresentadas no original deste plano, que não estão sendo reproduzidos aqui, pela extensão dos mesmos e pela multiplicidade de textos didáticos e para-didáticos utilizados nas escolas, nem sempre compatíveis com os textos adotados na escola em que a professora autora deste plano atua. Este plano está sujeito a adaptações e mudanças de acordo com a situação, criatividade e o interesse de quem interessar possa. Estão colocados na perspectiva da pedagogia de projetos e metodologia de pesquisa. O material didático é um excelente pano de fundo para a execução e aprofundamento na temática desse plano e, é através das pesquisas que surgirão textos e outros materiais que formarão os conteúdos. As avaliações deverão ser feitas individuais e coletivas, em casos de projeto. Referências Bibliográficas: - MONTELLATO, Andréia, CABRINE, Conceição. His- tória Temática - Diversidade Cultural e Conflitos - 6ª ano. Terra e Propriedade- 7ª ano. Editora Scipione -2001 - DOTTORI, Cláudio (UFRJ) Geografia vol. 2 Tele-curso 2000 Fundação Roberto Marinho - CARVALHO, Geraldo C. de Sousa. Química: de olhono mundo do trabalho. vol. único para o Ensino Médio Ed. Scipione, 2004. 227 228 Planos de aula Plano 59 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Público Alvo: Paulo Francisco Pereira "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 5 - A presença negra nas artes brasileiras Retrato em branco e preto da televisão brasileira. Disciplinas: História; Artes; Ens. Médio - 3ª Série Literatura Objetivos: Reconhecer a participação de atores e atrizes negros/as nas telenovelas brasileiras, respeitado sua contribuição na construção sua contribuição na construção dessa manifestação cultural, identificando os/as atores e atrizes negros/as e seus papéis na telenovela brasileira. Relacionar a atuação de artistas negros/as nas telenovelas brasileira com a inserção da população negra na sociedade brasileira, especialmente em determinados setores, visando a formação de juízos críticos sobre a representação de negros na cultura brasileira. Conceitos: Representação, Identidade, Preconceito Racial, Cultura e Arte Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De entender o outro, o mundo e a si mesmo - De conviver com a diversidade - De agir multidisciplinarmente - De enxergar o outro sob um ângulo diferente - De agir multidisciplinarmente Valores: Reconhecimento, Respeito, Crítica Recursos Didáticos: Textos, fichas de trabalho, TV, Vídeo Cassete, DVD, computador, internet. Procedimentos: 1º momento: Distribuição de fichas para preenchimento de nomes de ator e atriz de telenovelas brasileiras de preferência dos/as estudantes da turma. Elaborando um levantamento dos nomes, identificação da etnia dos/as atores e atrizes, elaboração de quadro estatístico e discussão dos resultados. 2º momento: Distribuição de novas fichas para preenchimento de nomes de ator e atriz negros/as de telenovelas brasileiras de preferência dos/as estudantes da turma e das razões da preferência.Com levantamento dos nomes e das razões da preferência e discussão dos resultados. 3º momento: Formação de grupos de trabalho com número de estudantes correspondente ao das telenovelas brasileira em análise. Acompanhamento dos/as desta atividade pelo professor sobre as telenovelas, durante uma semana com assistência e anotações em fichas. 4º momento: Pesquisa em sites referentes ao tema em grupos, para discussão de suas observações e elaboração de um dossiê crítico. 5º momento: Leitura de resenhas, comentários e análises do professor oportunizando a elaboração científica dos dossiês. 6º momento: Exposição dos dossiês com exibição de trechos em telenovelas. 7º momento: Elaboração de roteiro da novela com personagens negras considerando a análise procedida. Links: www.portalafro.com.br www.afirma.inf.br www.aomestre.com.br/ente/e_zeze.htm www.cinemando.com.br/200301/iniciativas/manifestorecife.htm www.cidan.org.br www.uol.com.br/revistaraca Observações: A atividade pode se restringir a uma única novela ou eleger como foco os telejornais diários. O último procedimento pode ser dispensado se a atividade for realizada em turmas do ensino fundamental. Referências Bibliográficas: - ALENCAR, Mauro. Hollywood brasileira: panorama da telenovela no Brasil. São Paulo: Senac, 2002. - BENJAMIN, Roberto. A África está em nós: história e cultura afro-brasileira. João Pessoa: Grafset. 2003. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola - BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico/raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004. - ______.Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, 1999. - BUCCI, Eugênio. Brasil em tempo de tv. São Paulo: Boitempo, 1996. - ______. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. - ______. A tv aos 50, São Paulo: Perseu Abramo, 2000. - ______.Videologias: Ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2005. - FONSECA, Maria Nazareth Soares. (Org). Brasil afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. - MARCONDES, Beatriz; MENEZES, Gilda; TOSHIMITSU, Thais. Como usar outras linguagens na sla de aula. São Paulo: Contexto, 2000. - MONTELLATO, Andréa; CABRINI, Conceição; CATELLI JR., Roberto. História temática: diversidade cultural e conflitos. São Paulo: Scipione, 2000. - NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. - ______. A televisão como documento, In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sla de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2001. - RATTS, Alex; DAMASCENA, Adriane A. A incisiva marca africana na cultura brasileira. Disponível na Internet, acessado em 18 de junho de 2005. (Unidade Vdo Curso de Formação em História e Cultura Afro-brasileira e África). - ROCHA, Maria José; PANTOJA, Selma (Org.). Rompendo silêncios: história da África nos currículos da educação brasileira. Brasília: DP Comunicações, 2004. - SALIBA, Elias Thomé. Experiências e representações sociais: reflexões sobre o uso e o consumo das imagens. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula.4. ed. São Paulo: Contexto, 2001.Currículo Autores Plano 60 Autor(a): Princípio: Tema: Título: Carmem Aparecida Cardoso "Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil" Tema 7 - Manifestações culturais afro-brasileiras A presença da música negra na afirmação da identidade cultural brasileira - o Rio de Janeiro no início do século XX Disciplinas: História Ens. Médio - 3o Ano Público Alvo: Objetivos: Compreender como a cultura negra e seus representantes foram importantes para a afirmação da identidade cultural brasileira; Reconhecer a cultura negra como expressão da nacionalidade, conhecendo as formas de resistência à marginalização e à discriminação nas manifestações culturais, como a música e a dança negra. Conceitos: Identidade; Cultura; Nacionalidade; Resistência; Alteridade Habilidades: - De interpretar (o mundo, as normas, os conflitos, os outros e a si mesmo) - De conviver com a diversidade - De enxergar o outro sob um ângulo diferente Valores: Respeito; Reconhecimento; Alteridade; Solidariedade Recursos Didáticos: Texto sobre o contexto do Rio de Janeiro no início do séc. XX. Fotos/charge/pintura (reproduções) de imagens do Rio de Janeiro do início do séc. XX e de músicos negros da época. Aparelho de som, CDs. Procedimentos: 1º momento: com os alunos em grupos pesquisar, como atividade extra-classe sobre os seguintes temas: a "origem" do samba no Rio de Janeiro, no início do século XX, junto à comunidade negra que vivia na chamada "Pequena África". Vida e obra dos músicos: Sinhô; Pixinguinha; Donga; João da Baiana; Heitor dos Prazeres; O maxixe. O carnaval no início do 229 230 Planos de aula século XX - cordões carnavalescos e escolas de samba. Livro "Que cara tem o Brasil? - as maneiras de pensar e sentir o nosso país", de Mônica Velloso, cap.3: "Iluminai os terreiros que nós queremos sambar!" Obs.: a idéia é para os alunos estudarem os temas acima e venham para a aula com informações para participarem da discussão em sala. 2º momento: em sala a leitura do texto sobre o contexto vivido pela cidade do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, destacando: as condições de vida de sua população, as reformas realizadas para "modernizar"/"civilizar" a cidade e suas conseqüências para a população mais pobre, os "gostos" culturais da elite sob influência européia. O texto pode ser selecionado a partir de um livro didático, para-didático ou outro. 3º momento: discussão conjunta do texto e dos temas estudados pelos alunos previamente procurando: compreender como a população negra do Rio de Janeiro vivia na época e como pôde "impor" a sua cultura (no caso estudado, a música); perceber a "infiltração" da cultura negra, afro-brasileira, nos espaços ditos dos brancos (da elite); identificar os espaços de vivência, troca e criação da cultura afro-brasileira: as ruas, os quiosques, o beco, o morro, a festa da igreja, o carnaval, a capoeira, os terreiros de candomblé; perceber os laços de solidariedade firmados entre os negros na luta pela sobrevivência; identificar o olhar da elite sobre a cultura negra (usando trechos de escritos de jornais ou outro documento da época). 4º momento: organizar as apresentações do estudo de maneira sistematizada, com os resultados da pesquisa. 5º momento: com as músicas (em CD, em fita ou interpretação), fotos ou outro material obtido no trabalho de pesquisa. Link: www.brasilfolclore.hpg.ig.co.br/capoeira.htm www.ginganago.com/capoeira/histoire/sources/tia_ciata.asp www.nzinga.org.br/ www.papodesamba.com.br/ Observações: É importante a pesquisa prévia dos diversos temas para que os alunos participem da discussão na aula e somem conteúdos, já que o texto a respeito do contexto do Rio de Janeiro no início do século XX - se selecionado de um livro didático -, provavelmente só abordará as condições físicas e sociais da cidade e as reformas realizadas, sem detalhes sobre a formação étnica da população, seu modo de vida e cultura. É possível acrescentar outros temas à pesquisa prévia, como a capoeira e as religiões afro-brasileiras, estendendo o estudo do tema para mais aulas; o estudo desse conteúdo - e a compreensão do contexto vivido no Rio de Janeiro, a capital brasileira, no início do século XX - será importante também para o estudo das revoltas da Vacina e da Chibata. O estudo do tema pode também ser feito juntamente com a disciplina de Artes. Referências Bibliográficas: - VELLOSO, Mônica. "Que cara tem o Brasil? As maneiras de pensar e sentir o nosso país". Rio de Janeiro, Ediouro, 2000 (cap. 3 - "Iluminai os terreiros que nós queremos sambar!") - MOURA, Roberto. "Tia Ciata e a Pequena África". Rio de Janeiro, Funarte, 1983. - Hilária Batista de Almeida, Tia Ciata. Link:www.ginganago.com/capoeira/histoire/surces/tia_ciata.asp- Samba, Carnaval. Link:www.papodesamba.com.br/ Capoeira: www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/capoeira.htmwww.nzinga.org.br Currículo Autores Anderson Ribeiro Oliva Doutor em História Social pela Universidade de Brasília - UnB Professor de História da África da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB. Alex Ratts Mestre em Geografia e doutor em Antropologia pela USP, professor dos História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola cursos de graduação e mestrado em Geografia do Instituto de Estudos SócioAmbientais da Universidade Federal de Goiás, Coordenador Geral do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Descendentes (NEAAD/UFG). Glória Moura Professora da Faculdade de Educação/Universidade de Brasília. Graduou-se em Pedagogia na Universidade Federal Fluminense. Mestrou-se em Planejamento Educacional na Universidade de Brasília. Doutorou-se em Educação na Universidade de São Paulo. Consultora do MEC/Pnud produziu "Uma História do Povo Kalunga", livro didático para remanescentes de quilombos. Ana Lucia Lopes Pedagoga e Antropóloga. Trabalha com implantação e gestão de projetos pedagógicos e culturais. Pesquisa relações étnico-raciais e educação. Participação no o Núcleo de Educação do Museu AfroBrasil. Luiz Carlos dos Santos Professor do Ensino Médio e Universitário, Jornalista e Mestre em Sociologia. Consultor de História Oral do Museu AfroBrasil/ SP. Foi coordenador executivo do Núcleo de Consciência Negra na USP (1992/1996) e secretário da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África (SINBA)/RJ.(1975/76). Vera Lúcia Santana Araújo Graduada em Direito pela Faculdade de Direito do Centro Unificado de Brasília-DF. Exerceu cargos públicos, como de Consultora-Jurídica Adjunta do Governador Cristovam Buarque/Distrito Federal; Diretora da Fundação Cultaral Palmares/MinC; Coordenadora Jurídica do Departamento Nacional de Trânsito; Coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, dentre outros. Militante de movimentos sociais e de direitos Humanos, foi Conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e é Conselheira do Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Advoga em diversas áreas do Direito, tanto no âmbito consultivo quanto litigioso. Adriane A. Damascena Historiadora, especialista em História cultural e mestra em Educação pela Universidade Federal de Goiás, Coordenadora Administrativa do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Descendentes (NEAAD/UFG). Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro Graduado em Educação Física e Teologia. Especialista em Ensino de Filosofia, pela UnB e Ecumenismo, pela Universidade de Genebra/Conselho Mundial de Igrejas. Professor de Multiculturalismo, Filosofia da Educação e 231 232 Planos de aula Estágio Supervisionado, na Faculdade de Educação da UnB. Coordena projetos de extensão nas áreas de Filosofia na Escola, Educação Étnico-Racial, Multiculturalismo e Religiosidade e Educação e Saúde. Bárbara Oliveira Souza Antropóloga, Cientista Social e mestre em Antropologia Social, pela Universidade de Brasília. Atua com formação de professores para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Pesquisadora das relações étnico-raciais. Atuou na coordenação da pesquisa nacional "Chamada Nutricional Quilombola", bem como em outros trabalhos de pesquisa voltados para as comunidades quilombolas. Edileuza Penha de Souza Historiadora, professora da disciplina Pensamento Negro Contemporâneo, da Universidade de Brasília, militante do Movimento de Mulheres Negras e da luta contra o racismo. Publicou, entre outros, o livro Negritude, Cinema e Educação - caminhos para implementação da Lei 10.639/2003, da Mazza Edições. Integrou a equipe da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD, do Ministério da Educação para implementação da Lei 10.639/2003. Iglê Moura Paz Ribeiro Graduada em Educação Física e Teologia. Especialista em Ensino Religioso, pela UCB e Psicopedagogia pelo Instituto Superior de Educação Franciscano Nossa Senhora de Fátima. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade de Internacional de Lisboa e reconhecida pela Universidade Católica de Brasília. Professora no Instituto Superior de Educação Franciscano Nossa Senhora de Fátima.