o caso do Departamento de Informática da UBI.
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o caso do Departamento de Informática da UBI.
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Departamento de Gestão e Economia Gestão do Conhecimento nas Organizações: O Caso do Departamento de Informática da UBI Joel José Puga Coelho Rodrigues Dissertação submetida à Universidade da Beira Interior como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Gestão Covilhã 2001 ii Dissertação realizada sob a orientação da Professora Doutora Maria Joaquina Barrulas, Investigadora do Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial e Professora Convidada da Universidade da Beira Interior. iii Para a Celina e a Catarina. iv Agradecimentos Ao concluir esta dissertação não posso deixar de expressar uma palavra de agradecimento a todos aqueles que, ou com o seu incentivo amigo, ou com úteis sugestões e observações contribuíram para a sua realização. Em primeiro lugar, quero agradecer à minha orientadora, Professora Doutora Maria Joaquina Barrulas, pela sua grande disponibilidade, orientações e críticas construtivas e pelo empenho e estímulo demonstrados durante a elaboração desta investigação. Admiro o profissionalismo com que acompanhou as várias etapas da sua execução. Aos meus colegas, docentes do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior, pela sua colaboração no preenchimento dos questionários e pelo interesse demonstrado no estudo. Em particular, quero agradecer ao Professor Doutor Mário Marques Freire, pelo seu apoio e parecer relativos às tecnologias de apoio à gestão do conhecimento e ao Sistema de Gestão do Conhecimento proposto. Não poderia também deixar de expressar a minha gratidão à instituição Universidade da Beira Interior por me ter facultado a frequência deste Curso de Mestrado do Departamento de Gestão e Economia, bem como aos mestrandos, pelo espírito de entreajuda, pelo excelente ambiente criado nas aulas, para o qual contribuiu também o perfil humano e científico dos professores nas diversas disciplinas. Ao meu amigo, Dr. Pedro das Neves, da Global Change – Consultores Internacionais Associados, pelo seu apoio e colaboração na obtenção de documentação. Aos meus amigos, pelo seu apoio e amizade, em particular à Dr.ª Pilar Villoria e ao Dr. Jesús González pela sua colaboração na realização da encadernação do documento, ao Dr. Rui Faria pela tradução do resumo em língua alemã, e ao Dr. Paulo Pinheiro e ao Dr. Ricardo Rodrigues pelas sugestões oportunas. Aos amigos da CVX-P, pelo seu estímulo e amizade, em especial, à Dr.ª Isabel Fael pelas suas sugestões e observações relativas à redacção do texto. Uma última palavra para os que me são mais próximos. Quero agradecer à minha família, de um modo especial à minha esposa, pelo seu apoio, carinho e compreensão pelas muitas horas que esta investigação também lhe retirou, sem os quais este trabalho não teria sido possível. v Resumo Nesta dissertação estuda-se o tema gestão do conhecimento nas organizações e abordam-se as tecnologias de suporte, apresentando-se sistemas que ilustram a sua aplicação. A presente investigação estuda o processo de geração, transmissão e partilha de conhecimento no contexto do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior. Em paralelo, propõe-se um Modelo de Gestão do Conhecimento que facilite a interacção entre as pessoas, armazene e favoreça a partilha de informação e conhecimento no Departamento. No modelo proposto, consideram-se dois níveis: o nível organizacional e o nível aplicacional/tecnológico. Ao nível organizacional são abordados os aspectos que devem ser considerados para implementar um processo de gestão do conhecimento no Departamento. Ao nível aplicacional é desenvolvido um Sistema de Gestão do Conhecimento integrado na intranet do Departamento, suportado em tecnologias que facilitam o armazenamento e a partilha de informação e conhecimento e que inclui, nomeadamente, documentação científica e administrativa, fora de discussão e “melhores práticas”. O sistema serve de suporte ao modelo em termos organizacionais. Como abordagem metodológica adequada para o desenvolvimento deste trabalho, foi escolhido um estudo de caso explicativo e interpretativo, recorrendo-se à triangulação de métodos, através da administração de um questionário, da observação participante e da análise documental, para caracterizar os docentes e o próprio Departamento. vi Abstract In this dissertation, the theme knowledge management in organizations is studied and supporting technologies are discussed along with the presentation of systems that illustrate their application. The research carried out studies the process of generation, transmittal and sharing of knowledge in the context of the Department of Computer Science of the University of Beira Interior. In parallel, a model of knowledge management is proposed, that will facilitate interaction between people, store and promote information and knowledge sharing in the department. In the proposed model, two levels are considered: the organizational level and the application/technological level. At the organizational level, are studied the aspects that should be considered to implement a knowledge management processes in the Department. At the application level, a Knowledge Management System is developed that is integrated in the department’s intranet and supported by technologies that facilitate the storage and sharing of information and knowledge that include scientific and administrative documentation, discussion fora and “best practice”. The system serves as a support for the model in terms of organization. As an adequate methodological approach for the development of this work, a study of an explicative and interpretative case was chosen, resorting to the triangulation of methods, through the use of a questionnaire, participating observation and documental analysis, in order to characterize the teaching staff and the department itself. vii Resumen En este estudio se desarrolla el tema «Gestión del Conocimiento en las Organizaciones» y se abordan las tecnologias de soporte, presentandose sistemas que ilustran su aplicación. La presente investigación estudia el proceso de generación, transmisión y puesta en común del conocimiento en el Departamento de Informática de la Universidad de la Beira Interior. Al mismo tiempo, se propone un modelo de gestión del conocimiento que facilite la interacción entre las personas, almacene y favorezca la participación de la información y del conocimiento en el Departamento. En el modelo propuesto, se consideran dos niveles: el nivel organizativo y el nivel tecnológico-aplicado. En el nivel organizativo se abordan los aspectos que deben ser considerados para implementar un proceso de gestión en el Departamento. En el nivel tecnológico-aplicado se desarrolla un sistema de gestión del conocimiento integrado en la intranet del Departamento, basado en tecnologias que facilitan el almacenamiento y la puesta en común de la informacion y del conocimiento, que incluye documentación cientifica y administrativa, forum de discusión y “sesiones prácticas mejoradas”. El sistema sirve de soporte al modelo desde el punto de vista organizativo. Como abordage metodológico apropiado para el desarrollo de este trabajo, se escoge el estudio de un caso explicativo e interpretativo, utilizando la triangulación de métodos, a través de la elaboración de un cuestionario, de la observación participativa y del análisis documental, para caracterizar los docentes y el propio Departamento. viii Résumé Dans cette dissertation on étudie le thème la gestion de la connaissance dans les organisations et on y aborde les technologies de support, en présentant des systèmes qui illustrent leur application. La présente investigation étudie le procédé de génération, transmission et partage de la connaissance dans le contexte du Département d’Informatique de l’Université de la Beira Interior. Parallèlement, on propose un Modèle de Gestion de la Connaissance qui facilite l’interaction entre les personnes, stocke et favorise le partage de l’information et de la connaissance dans le Département. Dans le modèle proposé, on considère deux niveaux: le niveau organisationel et le niveau applicationnel/technologique. Au niveau organisationnel on aborde les aspects qui doivent être considérés pour implémenter un procédé de gestion de la connaissence dans le Département. Au niveau applicationnel, on développe un Système de Gestion de la Connaissance intégré dans l’intranet du Département, supporté par des technologies qui facilitent le stockage et le partage d’information et de connaissance et qui inclut, notamment, de la documentation scientifique et administrative, des fora de discussion et de “meilleures pratiques”. Le système sert de support au modèle en termes organisationnels. Comme approche methodologique adéquate au développement de ce travail, on a choisi une étude de cas explicative et interprétative, en recourant à la triangulation des méthodes, à travers l’administration d’un questionnaire, de l’observation participante et de l’analyse documentale, pour caractériser les professeurs aussi bien que le Département. ix Zusammenfassung In dieser Doktorarbeit ergründe ich das Thema Wissensmanagment in Organisationen und die unterstützenden Techniken (Technologien), aufzeigend an Systemen, an denen man die Verwendung betrachten kann. Die derzeitige Untersuchung behandelt die Entwicklung des Entstehens, der Vermittlung und der Verteilung von Wissen im Rahmen des Fachbereichs der Informatik der Universität Beira Interior. Gleichzeitig wird ein Modell des Wissenmanagments vorgeschlagen, welches die interpersonelle Interaktion erleichtert, in dem Wissen und Information bereitgestellt und die Verteilung dieser vereinfacht wird. Im vorgeschlagen Modell werden zwei Phasen betrachtet: Die Phase der Organisation und die Phase der Anwendung. In der Phase der Organisation werden die Aspekte angesprochen, die für die Implementation eines solchen Wissenmanagments im Fachbereich, relevant sind. In der Phase der Anwendung wird ein System des Wissensmanagment entwickelt, welches im Intranet des Fachbereichs integriert wird, und durch Technologien unterstützt wird, die die Bereitstellung, Verteilung und Aufnahme vereinfachen. Zusätzlich enthält dieses System wissenschaftliche und administrative Dokumentationen, Diskussionsforen und Methoden, die zur Beschleunigung von Arbeitsprozessen beisteuern. Das System funktioniert nach den Prinzipien dieses Modells auf der Ebene der Organisation. Um eine angepasste methodische Betrachtungsweise über die Entwicklung dieser Arbeit zu erhalten, wurde ein verdeutlichendes und interpretierbares Fallbeispiel gewählt, welches auf die folgenden drei miteinander verbundenen Methoden zurückgreift, Verteilung von Fragebögen, Betrachtung mit gleichzeitiger Teilnahme und die Dokumenten-Analyse, welche eine Charakterisierung der Dozenten und damit des eigentlichen Fachbereich möglich macht. x Índice de Quadros Quadro I – Evolução das Funções de Gestão de Recursos..............................................11 Quadro II – Tipos de Conhecimento ...............................................................................15 Quadro III – Dois Tipos de Conhecimento .....................................................................16 Quadro IV – Exemplos de Repositórios de Conhecimento.............................................46 Quadro V – Situações Relevantes para Diferentes Estratégias de Investigação .............71 Quadro VI – Distribuição dos Docentes por Categoria...................................................85 Quadro VII – N.º de Docentes por Grau Académico ......................................................86 Quadro VIII – Disciplinas Leccionadas pelos Docentes .................................................87 Quadro IX – Síntese de Conhecimento ...........................................................................95 xi Índice de Figuras Figura 1 – Palavra Chave “Knowledge Management” na Base de Dados ABI/INFORM, 1988-1998 ..............................................................................2 Figura 2 – Hierarquia do Conhecimento ...........................................................................7 Figura 3 – Estágios de Desenvolvimento do Conceito de Gestão da Informação.............9 Figura 4 – Quatro Modos de Conversão do Conhecimento ............................................17 Figura 5 – Espiral de Conhecimento ...............................................................................19 Figura 6 – Categorias do Capital Intelectual ...................................................................25 Figura 7 – Modelo de Capital Intelectual ........................................................................26 Figura 8 – Níveis de Participação nas Comunidades de Prática .....................................30 Figura 9 – Ciclo dos Processos do Conhecimento ..........................................................36 Figura 10 – Tecnologia na Cadeia de Valor do Conhecimento.......................................38 Figura 11 –Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento .......................................40 Figura 12 – “Capital Intelectual” do DI ..........................................................................94 Figura 13 – Proposta de Modelo de Gestão do Conhecimento .......................................96 Figura 14 – Arquitectura dum Modelo de Gestão do Conhecimento............................102 Figura 15 – Arquitectura do Sistema de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI.......103 Figura 16 – Diagrama de Blocos do SGC .....................................................................108 Figura 17 – Estrutura do Sistema ..................................................................................111 Figura 18 – Sistema de Segurança da Intranet ..............................................................121 xii Índice Geral RESUMO......................................................................................................................... v ÍNDICE DE QUADROS ................................................................................................ x ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................. xi ÍNDICE GERAL .......................................................................................................... xii SIGLAS UTILIZADAS............................................................................................... xiv 1. 2. 3. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 1.1 OBJECTIVO DA INVESTIGAÇÃO .......................................................................... 4 1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .......................................................................... 4 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 6 2.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6 2.2 GESTÃO DA INFORMAÇÃO ................................................................................. 8 2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO ........................................................................... 13 2.3.1 Conhecimento ......................................................................................... 13 2.3.2 Tipos de Conhecimento .......................................................................... 14 2.3.3 O Conhecimento como Recurso das Organizações................................ 20 2.3.4 Capital Intelectual .................................................................................. 24 2.3.5 Comunidades de Prática ........................................................................ 27 TECNOLOGIAS DE APOIO À GESTÃO DO CONHECIMENTO .............. 33 FERRAMENTAS DE SUPORTE AO PROCESSO GC ............................................... 33 3.1 3.1.1 Criar Conhecimento ............................................................................... 39 3.1.2 Descobrir Conhecimento........................................................................ 42 3.1.3 Armazenar Conhecimento ...................................................................... 45 3.1.4 Recuperar Informação............................................................................ 51 3.1.5 Aplicar/Utilizar o Conhecimento ........................................................... 54 3.2 TECNOLOGIAS DE TRABALHO COOPERATIVO .................................................. 55 3.3 SEGURANÇA .................................................................................................... 64 xiii 4. METODOLOGIA................................................................................................. 69 4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 69 4.2 DESENHO DO ESTUDO ...................................................................................... 72 4.2.1 4.3 Protocolo do Estudo de Caso ................................................................. 73 5. RECOLHA DE DADOS ....................................................................................... 74 4.3.1 Administração de Questionário aos Docentes ....................................... 76 4.3.2 Observação e Análise Documental......................................................... 77 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................ 79 5.1 DESCRIÇÃO DO CASO ...................................................................................... 79 5.1.1 Estruturas de Apoio ao Ensino............................................................... 81 5.1.2 Infra-estrutura Tecnológica do DI ......................................................... 83 5.1.3 Circulação da Informação no DI ........................................................... 84 CARACTERIZAÇÃO DOS DOCENTES .................................................................. 85 5.2 6. 5.2.1 Apresentação e Análise dos Dados do Questionário ............................. 85 5.2.2 Dados recolhidos através da Observação e Análise Documental ......... 92 MODELO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA O DI/UBI.............. 93 6.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93 6.2 NÍVEL ORGANIZACIONAL ................................................................................ 97 6.2.1 Gerir a Informação................................................................................. 97 6.2.2 Criar um Ambiente Favorável à Partilha de Conhecimento................ 100 6.3 7. NÍVEL TECNOLÓGICO/APLICACIONAL ........................................................... 101 6.3.1 Arquitectura do Sistema de Gestão do Conhecimento ......................... 102 6.3.2 Ferramentas de Suporte ao SGC.......................................................... 105 6.3.3 Estrutura do SGC ................................................................................. 108 CONCLUSÕES................................................................................................... 123 7.1 SUGESTÕES PARA TRABALHO FUTURO .......................................................... 124 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 126 ANEXOS ..................................................................................................................... 139 xiv Siglas utilizadas CI Capital Intelectual DI Departamento de Informática GC Gestão do Conhecimento HW Hardware IA Inteligência Artificial I&D Investigação e Desenvolvimento SGC Sistema de Gestão do Conhecimento s.d. sem data SW Software UBI Universidade da Beira Interior USA (United States of America) Estados Unidos da América WEB Abreviatura de WWW – World Wide Web Introdução 1 1. Introdução A Gestão do Conhecimento tem vindo a impor-se como área de estudo em vários domínios e a ganhar o seu espaço, particularmente na última década, surgindo da tomada de consciência da necessidade de valorizar os recursos intangíveis das organizações. Como dizia Drucker, já em 1993, hoje vive-se na “sociedade do conhecimento”. É já abundante a literatura sobre o tema, incluindo teses de Mestrado e Doutoramento de várias universidades, como a University of Wisconsin – Madison (Olscheske, 1999), a Walden University (Thompsen, 1999), a University of Southern California (Kalman, 1999) e a University of Western Ontario (Bontis, 1999), por exemplo, o que atesta a sua relevância e interesse do tópico para estudantes e investigadores. Também no ensino são ministrados cursos de pós-graduação ligados à gestão do conhecimento, nomeadamente, em universidades americanas, inglesas e australianas, como são exemplo, a California State University Dominguez Hills (Shaw, 1999), a George Washington University (George Washington University, 2001), a University of Notthingham (University of Notthingham, 2001), a University of Luton (University of Luton, 2001), University of Central England in Birmingham (UCE, 2001) e a University of Technology – Sydney (UTS, 2001). A abundante referência ao tópico por parte de empresas de intervenção nas organizações (sobretudo, empresas de consultoria), atesta a importância que elas conferem a este tema, como factor de competitividade para as empresas. Reflectindo sobre a sociedade do conhecimento, Amidon (1995), aponta como fundamento para o sucesso das organizações o potencial humano que constituirá “o verdadeiro diferencial competitivo”, numa sociedade tecnologicamente muito evoluída e que, necessariamente, terá de apostar em redes de contacto cooperativo. Em termos empresariais, Skyrme e Amidon (1997) defendem que hoje, o enfoque no conhecimento tem iluminado a importância de ver os intangíveis como activos que podem ser desenvolvidos e usados para criar valor empresarial. “Numa economia onde a única certeza é a incerteza, a única fonte segura da vantagem competitiva1 durável é conhecimento” (Nonaka, 1991, p. 96). Nesta linha de 1 Vantagem competitiva é um dos quatro componentes em que Ansoff (1965) considera que assenta a estratégia de uma empresa (a par do conjunto de produtos e mercado, vector de crescimento e sinergia). Introdução 2 pensamento, considera-se que o grande bem a cuidar, a valorizar e no qual serão efectuados avultados investimentos e concentradas energias por parte das organizações, no século XXI, será, necessariamente, o conhecimento. O aumento do grau de importância da gestão do conhecimento advém da convergência e evolução natural de diversos factores (Wiig, 2000). Para este autor, a gestão do conhecimento não é, hoje, uma “alternativa ou um luxo”, mas advém da “necessidade conduzida pelas forças competitivas, procura do mercado, novos operadores e práticas de gestão, e a possibilidade de utilização de abordagens de gestão do conhecimento e tecnologias de informação”. Na década de noventa, verificou-se uma explosão pelo interesse do tema Gestão do Conhecimento. Como indicador, pode observar-se o levantamento do número de artigos publicados na base de dados ABI/INFORM efectuado por Despres e Chauvel em 1999, com a chave de pesquisa “knowledge management”, apresentado na figura seguinte. Figura 1 – Palavra Chave “Knowledge Management” na Base de Dados ABI/INFORM, 1988-1998 698 273 107 3 6 2 3 20 28 22 44 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Fonte: Despres e Chauvel (citados em Despres e Chauvel, 2000). A Thematic Analisys of the Thinking in Knowledge Management. Knowledge Horizons: the present and the promise of Knowledge Management/editado por Despres e Chauvel, Butterworth-Heinemann, USA; p. 56 Segundo este autor, a vantagem competitiva faz parte de um “trio de elementos (conjunto de produtos e mercados, vector de crescimento e vantagem competitiva) que descreve a trajectória da empresa em termos de produtos e mercados no seu ambiente externo” (p. 93). Tem como objectivo “identificar propriedades específicas e combinações individuais de produtos e mercados” (p. 93) que dão à empresa uma posição competitiva forte. Introdução 3 Segundo Amidon (1995), a gestão do conhecimento é um movimento que surgiu dentro da indústria, desligado dos meios académicos e das empresas ligadas à consultoria. Dentro da gestão do conhecimento, estão a emergir comunidades de prática2 que “transcendem qualquer função, sector, indústria ou geografia” (Amidon, 1995). O autor refere indica que, nestas comunidades, participam pessoas ligadas a diversas áreas, tais como: “sistemas de educação/aprendizagem, economia/finanças, qualidade/ benchmarking, recursos humanos, tecnologias de informação/Internet, e estratégia de investigação e desenvolvimento (I&D)/inovação”, entre outras. Seguindo a mesma linha de pensamento, Kelleher (2001), considera que neste século os estrategas ver-se-ão cada vez mais como “arquitectos de organizações que aprendem e como orquestradores de sistemas de gestão do conhecimento, servindo-se desta auto-criadora, auto-desmultiplicadora e inesgotável fonte de energia”. Por outro lado, os sistemas e as tecnologias de informação3 também têm desempenhado um papel extremamente importante em torno desta temática. Com a redução dos preços destas tecnologias e das comunicações, a transferência electrónica de dados aumentou exponencialmente a nível mundial, sobretudo através da Internet. Esta evolução tecnológica traduziu-se no desenvolvimento de ferramentas4 que permitiram o alargamento das técnicas para captura e disseminação de conteúdos (Denning, 2000). O tema Gestão do Conhecimento é reconhecidamente relevante para a sociedade e para as empresas em particular, mas também o é para uma universidade. Uma instituição como a Universidade, é em si mesma uma organização que gera e difunde conhecimento. De referir que a literatura consultada se debruça, fundamentalmente, sobre empresas. Neste contexto, uma vez que uma universidade ou um instituto de investigação deverá estar voltado para as empresas, o seu desenvolvimento e o 2 Do inglês: Communities of Practice (serão abordadas no capítulo 2). 3 Segundo Daniels (1997) um sistema de informação é um meio de transmitir informação de uma pessoa para outra. As tecnologias de informação são o dispositivo técnico que permite a execução desta operação. 4 Estas ferramentas electrónicas podem ser: bases de dados, gravações de áudio e vídeo, ferramentas interactivas e apresentações multimédia. Introdução 4 desenvolvimento de uma região ou de um país, coloca-se a questão de analisar a Gestão do Conhecimento no seio da instituição. Por outro lado, nas empresas, nomeadamente nas que se dedicam às tecnologias da informação, este tema é cada vez mais abordado. Logo, numa Universidade e, particularmente, num Departamento que trabalha em sistemas e tecnologias de informação, o tema também deve ser equacionado e estudado. 1.1 Objectivo da Investigação O objectivo deste trabalho é estudar o processo de geração e transmissão de conhecimento no contexto do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior. Analisar o tipo de conhecimento que é partilhado e identificar tipologias de conhecimento que são partilháveis (nomeadamente entre os docentes do Departamento). Propor um Modelo de Gestão do Conhecimento, que facilite a interacção entre as pessoas e armazene e favoreça a partilha de informação/conhecimento no Departamento. 1.2 Estrutura da Dissertação Esta dissertação encontra-se organizada em sete capítulos, encontrando-se as referências listadas a seguir ao último capítulo, ordenadas alfabeticamente segundo o apelido dos autores. No presente capítulo, o primeiro, apresenta-se um enquadramento do tema da dissertação, enumeram-se os seus principais objectivos e a organização da dissertação. Este capítulo salienta a relevância do tema “Gestão do Conhecimento” e a sua crescente importância verificada nos últimos anos. No segundo capítulo efectua-se uma revisão da literatura sobre a evolução histórica das funções de gestão de recursos, sobretudo desde o início do século XX, dando especial ênfase aos recursos valorizados nos últimos anos, a saber, a informação e o conhecimento, referindo-se também ao uso, por vezes, abusivo e desajustado destas terminologias. Abordam-se, em particular, os aspectos relacionados com a gestão do conhecimento, dando um destaque especial às comunidades de prática, onde se inclui a partilha de “melhores práticas”. Introdução 5 No terceiro capítulo, é efectuado um levantamento exaustivo das principais tecnologias de apoio à gestão do conhecimento, apresentando-as em função do ciclo dos processos do conhecimento. Em cada tipo de tecnologia são apresentados exemplos de sistemas que incorporam essa tecnologia. Na parte final deste capítulo, são abordados os aspectos relacionados com a segurança. O capítulo quatro é dedicado à metodologia de investigação utilizada para a elaboração deste estudo. Como abordagem metodológica adequada para o desenvolvimento deste trabalho foi escolhido um estudo de caso único (o Departamento de Informática da UBI), com recurso à triangulação de métodos (administração de um questionário, observação participante e análise documental). No quinto capítulo, apresentam-se os dados recolhidos que caracterizam os docentes e o próprio Departamento de Informática. O sexto capítulo sistematiza o Modelo de Gestão do Conhecimento proposto para o Departamento de Informática da UBI. Neste modelo, consideram-se dois níveis: o nível organizacional e o nível aplicacional/tecnológico. Ao nível organizacional, são abordados os aspectos que devem ser considerados, para implementar um processo de gestão do conhecimento no Departamento. Ao nível aplicacional, é desenvolvido um Sistema de Gestão do Conhecimento, integrado na intranet do Departamento, que serve de suporte ao modelo proposto em termos organizativos. A descrição do Sistema de Gestão do Conhecimento abrange a apresentação da sua arquitectura, das ferramentas de suporte e da estrutura, que inclui a descrição pormenorizada das suas principais funcionalidades. As conclusões do trabalho apresentado neste documento encontram-se resumidas no capítulo sete, onde são referidas algumas limitações do estudo. Na sequência do trabalho de investigação desenvolvido, são também apresentadas, nesse capítulo, sugestões para trabalho futuro. Revisão da Literatura 6 2. Revisão da Literatura 2.1 Introdução Ao iniciar este estudo, que se debruça sobre a gestão do conhecimento, importa analisar e fazer a distinção entre o que se entende por dados, informação e conhecimento, a partir de uma revisão da literatura existente sobre o tema. Autores como Berl e outros, Davenport e Prusak, Eliasson e Meadows, citados em Olscheske (1999), distinguem dados informação e conhecimento, segundo uma pirâmide que já se tornou “clássica” (ver figura 2). Nela, os dados representam símbolos ou factos fora de contexto e, deste modo, não são directamente nem imediatamente significativos. Os dados interpretados num contexto adquirem significado e valor como informação. Assim, pode-se definir informação como um conjunto de dados que foram organizados e classificados em contextos definidos. Conhecimento é informação que tem significados e valores extensivos anexados a ele, tanto pelo grupo ou unidade social, como pelos indivíduos que dele fazem parte, e que é utilizado e partilhado dentro de um contexto. Por sua vez, Ackoff (citado em Skyrme e Amidon, 1997), descreve a hierarquia dos dados até à sabedoria da seguinte forma: “A sabedoria está situada no topo da hierarquia dos tipos, tipos de conteúdos da mente humana. Descendo a partir da sabedoria, estão a compreensão, o conhecimento, a informação, e na base, os dados. Cada um destes inclui as categorias que estão abaixo deles – por exemplo, não pode haver sabedoria sem compreensão e não pode haver compreensão sem conhecimento.” (p. 28) Revisão da Literatura 7 Figura 2 – Hierarquia do Conhecimento Sabedoria Conhecimento A aplicação e uso produtivo da informação. Informação Dados organizados dentro de padrões com significado. Dados Dados desorganizados (números, sons, imagens). Fonte: Skyrme e Amidon (1997). Creating the Knowledge-Based Business: key lessons from an internacional study of best practice. Business Intelligence, London, p. 29 (adaptado) Na hierarquia do conhecimento, Amidon (1997) considera que dados são elementos de análise (factos e figuras). Informação são dados com contexto. Conhecimento é informação com significado. Sabedoria é conhecimento mais discernimento. Curiosamente, Drucker (1988) afirma que é necessário conhecimento para converter dados em informação, sendo este conhecimento, por definição, especializado. Com o objectivo de tornar mais compreensível a hierarquia do conhecimento, Skyrme (1999) apresenta os seguintes exemplos para cada um dos elementos da pirâmide: - Dados – 03772 41565 83385 10157. - Informação – Estação meteorológica de Heathrow; visibilidade 15 Km, céu completamente nublado; direcção do vento norte-oeste, velocidade 85 nós; temperatura 15.7 ºC. - Conhecimento – A minha experiência indica que este clima causará grandes atrasos nos voos. - Sabedoria – Eu farei uma reserva num comboio que vai através do túnel do Canal da Mancha antes dos outros passageiros descobrirem esta alternativa mais segura. Revisão da Literatura 8 2.2 Gestão da Informação A informação, sobretudo a partir da década de setenta, começa a ser considerada pelos gestores como um recurso com características e propriedades próprias, devido à sua intangibilidade, e cujo valor económico é, pelo menos, tão importante como os demais recursos materiais e humanos de uma organização. Neste ponto, considera-se necessário clarificar alguns conceitos. Neste sentido, Prusak (2000) distingue claramente o que entende por: gestão de tecnologia, gestão da informação e gestão do conhecimento. Em termos tecnológicos, considera que todos os colaboradores de uma organização, que esteja sensível às questões ligadas à gestão do conhecimento, devem ter um computador e, se possível, com uma câmara web, para poderem estar todos em contacto uns com os outros de uma forma rápida e fácil, com a vantagem de que as suas trocas de informação ficam guardadas nos seus equipamentos. Naturalmente, considera-se que estes equipamentos deverão estar sempre em óptimas condições de operacionalidade e isto consegue-se graças a uma boa gestão da tecnologia. Com a contribuição da tecnologia, fundamentalmente ligada à informática e às telecomunicações, pode ser efectuada a troca/partilha de informação, assim como o seu armazenamento em bases de dados, gestão documental, etc. Em meados dos anos setenta, surgiram nos EUA os conceitos de gestão da informação e gestão de recursos de informação, como resultado de um relatório elaborado pela National Commission on Federal Paperwork, com o objectivo de reduzir os custos com a burocracia federal. No entanto, Barrulas e Correia (1997) consideram que apesar destes conceitos se associarem ao tratamento automático e às tecnologias, eles estão relacionados com todas as iniciativas que visam melhorar a eficiência e a qualidade e capacidade de resposta de uma organização. Nesta perspectiva, Wilson (citado em Silva e Alves, 2001) refere que a gestão da informação assenta numa gestão eficaz de todos os recursos de informação importantes para a organização, quer em relação aos recursos criados internamente quer aos produzidos no exterior. Marchand e Horton (citados em Burk e Horton, 1988 e em Barrulas e Correia, 1997) sintetizam a evolução histórica da gestão da informação, ao longo dos últimos cem anos, desde as organizações da época da revolução industrial, considerando cinco estágios distintos. A figura seguinte apresenta a evolução desde a preocupação com a Revisão da Literatura 9 eficiência até à preocupação com o desempenho global da actividade empresarial e desde o desempenho de funções de apoio operacional até à função de gestão estratégica. Figura 3 – Estágios de Desenvolvimento do Conceito de Gestão da Informação Desempenho Global da Actividade Empresarial Estágio Cinco Gestão da informação estratégica Estágio Quatro Análise de informação sobre a concorrência Estágio Três Gestão dos recursos de informação da organização Estágio Dois Gestão de tecnologias automatizadas Estágio Um Gestão de documentação burocrática Eficiência Função de Apoio Operacional Função de Gestão Estratégica Fonte: Marchand e Horton (citado em Burk e Horton, 1988. InfoMap: A Complete Guide to Discovering Corporate Information Resources. Prentice Hall, Englewood Cliffs, New Jersey, p. 6 - adaptado) Caracteriza-se, em seguida, cada um dos estágios reconhecidos, apresentados por estes autores: Gestão de documentação burocrática – Começou em finais do século XIX e durou até à década de cinquenta. A gestão da informação foi efectuada recorrendo à burocracia e gestão de documentos físicos (em papel). Gestão de tecnologias automatizadas – Este estágio caracteriza-se pelo aparecimento das novas tecnologias e a gestão da informação corresponde, essencialmente, à gestão de tecnologias de informação. A eficiência técnica é o principal objectivo de negócio. Gestão dos recursos de informação da organização – Neste estágio, verifica-se uma mudança de enfoque em termos de gestão: primeiro, começa a assumir-se a informação como um recurso da organização, atribuindo-lhe valor económico semelhante, ou mesmo superior, aos restantes recursos humanos e materiais e, segundo, Revisão da Literatura 10 o realce é atribuído à procura da melhor relação custo-benefício, relativamente à utilização das tecnologias de informação, considerando tanto a informação “manual” como a “automatizada”. Análise de informação sobre a concorrência – Neste estágio, a função gestão da informação é orientada para os objectivos do negócio e assenta, essencialmente, na recolha e análise de informação relativa ao ambiente envolvente. Em função desta informação, são identificadas as vantagens competitivas e é definida a estratégia da organização. Gestão da informação estratégica – Este último estágio é considerado como aquele que coincide com a função de gestão estratégica de toda a organização, a partir da qual se estabelece a ligação entre as outras estratégias funcionais de negócio, como por exemplo, a financeira, a de produção e a de I&D. A partir da análise deste modelo de Marchand e Horton, Barrulas e Correia (1997) concluem que este continua a ser uma boa ferramenta para compreender a evolução da gestão da informação, apesar do desenvolvimento tecnológico e da globalização da sociedade e da economia verificados nos últimos anos. Consideram que os vários estágios do modelo podem coexistir no espaço e no tempo, em função das organizações e das próprias sociedades em que se inserem. Um outro aspecto importante, prende-se com a importância que os gestores têm atribuído a determinados recursos, ao longo dos últimos cem anos, em particular aos recursos de informação e de conhecimento. Um recurso, neste contexto, pode ser entendido como uma fonte ou um reservatório de algo importante em determinada circunstância. Para Burk e Horton (1988), um recurso é “alguma coisa fundamental para atingir sucesso e para a qual existe uma carência real, potencial ou perceptível” (p. 14). No quadro da página seguinte, estes autores sintetizam a evolução da função de gestão de recursos, apontando as causas para cada uma delas, assim como a década em que se considera o início de cada função. Revisão da Literatura 11 Quadro I – Evolução das Funções de Gestão de Recursos Recurso Função Início Causas Dinheiro/capital Gestão Financeira 1920s Consciência de investimento elevado, da escassez de capital e depressão Pessoa Gestão de pessoal 1930s Avanços nas ciências do comportamento e nas forças sociais (sindicatos, condições laborais) Equipamento e abastecimento; matérias-primas Gestão de material 1940s II Guerra Mundial; previsões de escassez extrema para armazenamentos estratégicos Terra e construções Gestão do espaço e da propriedade 1940s Necessidade do uso prudente de espaço nos escritórios/fábricas/laboratórios Energia Gestão dos recursos energéticos 1970s Embargo da OPEC; declínio das reservas de gás e petróleo; novas fontes alternativas Informação Gestão dos recursos de informação 1970s Computadores; explosão de informação; sobrecarga de trabalho burocrático para os contribuintes Conhecimento Gestão do conhecimento 1980s Sistemas inteligentes; inteligência artificial5; valor económico e cultural do conhecimento Fonte: Modificado de Horton (citado em Burk e Hortan, 1988. InfoMap: A Complete Guide to Discovering Corporate Information Resources. Prentice Hall, Englewood Cliffs, New Jersey, p. 15 - adaptado) Tendo em conta o âmbito deste estudo, apenas se analisam as funções de gestão dos recursos de informação e do conhecimento. Da análise do quadro, verifica-se que, a partir dos anos setenta, coincidindo com a crise das reservas energéticas de gás e do petróleo e a explosão dos computadores e da informação, a função de gestão de recursos de informação torna-se preponderante. A partir deste período, os meios de acesso e distribuição de informação, bem como a 5 Inteligência Artificial – A Inteligência Artificial (IA) pode ser representada sob a forma da seguinte equação: IA = Conhecimento + Raciocínio; na qual ‘conhecimento’ corresponde à forma de representar o conhecimento utilizando as tecnologias de informação e ‘raciocínio’ corresponde, em termos tecnológicos, às regras de inferência utilizadas para resolver um problema. Revisão da Literatura 12 própria informação em si, começam a constituir os recursos de informação de uma organização. Com a evolução dos sistemas e das tecnologias de informação, na década de oitenta, o novo recurso valorizado pelos gestores começa a ser o conhecimento. Neste período, o valor económico e cultural do conhecimento é realçado. A valorização crescente dos recursos informação e conhecimento, também se deve à divulgação e utilização do computador, bem como à sua crescente evolução tecnológica associada, verificada até aos dias de hoje (nomeadamente, as redes de computadores, das quais, a Internet é o melhor exemplo). Como exemplos de recursos de informação, podem-se considerar os seguintes: dados (gerados e recolhidos pelas organizações), fichas (conjuntos de dados agrupados em fichas de eventos, objectos e pessoas), texto (documentos existentes tanto em formato electrónico como em formato “papel”), multimedia (bases de dados e CD-ROMs multimedia, bem como as tecnologias web) e as tecnologias de informação (computadores, telecomunicações e software). Estes últimos apoiam a organização, transmissão, armazenamento e utilização de conhecimento, podendo ser considerados, também, como recursos de conhecimento. Skyrme (1999) realça que a função de gestão de recursos de informação é fundamental para a gestão do conhecimento explícito. Em termos de gestão do conhecimento, Prusak (2000) considera que esta função não pode ser realizada, dando um grau de importância demasiado elevado à tecnologia. Refere, inclusivamente, que a terminologia ‘gestão do conhecimento’ para tarefas designadas, até há relativamente pouco tempo, por ‘gestão da informação’, é abusiva e desapropriada, pois apenas se verifica uma alteração terminológica. O autor entende que o conhecimento é partilhado através do contacto pessoal, quando existe uma relação de confiança entre as pessoas. Este aspecto, é algo a que a tecnologia ainda não consegue responder, apesar de aproximar as pessoas a um nível jamais atingido, desde que elas não se encontrem fisicamente no mesmo local. Fahey e Prusak (1998) reflectiram sobre a definição do conceito de conhecimento em si, e as suas diferenças relativamente ao que se entende por dados e informação, e referem uma série de erros que são cometidos em termos da gestão do conhecimento. Todos estes erros são consequência das implicações que a ausência desta distinção provoca, falha que os autores classificam como um “erro crítico”. Revisão da Literatura 13 2.3 Gestão do Conhecimento Desde as civilizações antigas que o conhecimento ocupa um espaço fundamental na vida das pessoas, pois foi através da utilização, criação e evolução do saber que as comunidades se foram desenvolvendo ao longo dos tempos. Neste ponto, abordam-se as diversas vertentes da temática gestão do conhecimento. 2.3.1 Conhecimento A filosofia, desde o período da Grécia antiga, com Platão e Aristóteles, pode ser vista como a procura de respostas para a questão: “o que é o conhecimento?”. Actualmente, existem inúmeros autores, como os que são citados ao longo deste capítulo, que estudam a importância do conhecimento e dos activos intangíveis para as empresas e para as organizações em geral. Neste sentido, Davenport e Prusak (1998) definem conhecimento como uma “mistura fluida de experiência entrelaçada, valores, informação contextual e discernimento especializado que providencia uma grelha para avaliar e incorporar novas experiências e informação” (p. 5). O conhecimento tem origem e é aplicado nas mentes dos “conhecedores”. Nas organizações, ele “torna-se frequentemente implantado, não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas organizacionais, processos, práticas e normas” (p. 5). Por outro lado, Skyrme (1999) sintetiza os aspectos chave do conhecimento, a partir do seu estudo acerca do papel do conhecimento na criação de valor e dos seus benefícios para o negócio, nos seguintes pontos: - “Conhecimento é universal e estratégico; - O conhecimento vital, mais importante das organizações (sobretudo, das empresas), é geralmente o conhecimento do cliente; - O maior conhecimento das organizações é conhecimento tácito na cabeça das pessoas; deste modo, qualquer iniciativa de conhecimento tem que motivar e reter os trabalhadores do conhecimento; - Partilhar conhecimento, enquanto desafio cultural, ajuda a aumentar a performance global; Revisão da Literatura - 14 Aplicar conhecimento na inovação é provável que venha a criar benefícios maiores a longo prazo; - Existem benefícios de negócio demonstrados; - Pessoas em rede sustentam o sucesso das maiores iniciativas de conhecimento; perceber as redes de conhecimento6 e o modo de educar comunidades de prática é, deste modo, fundamental” (p. 68). Estes aspectos revelam-se de grande importância, pelo que devem ser considerados em qualquer iniciativa relacionada com o conhecimento. 2.3.2 Tipos de Conhecimento Quando se pensa em tipos de conhecimento, muitas teorias têm surgido, sobretudo, relativamente à sua classificação. Por exemplo, Wiig (citado em Skyrme e Amidon, 1997), classifica o conhecimento em quatro tipos, que considera como principais e que são os seguintes: 1. “Factual – factos, dados, observações; 2. Conceptual – conceitos, intuição, discernimentos; 3. Expectante – julgamento, hipóteses; 4. Metodológico – conhecimento procedimental” (p. 25). Savage (citado em Skyrme e Amidon, 1997 e referido em Skyrme, 1999), apresenta em seis questões muito simples, seis tipos de conhecimento, que são sistematizados no quadro da página seguinte. 6 Do inglês: knowledge networking. Segundo Maurer e Regli (2000) as redes de conhcimento são redes de pessoas e sistemas de computadores que trabalham em cooperação, desenvolvendo tarefas que envolvem conhecimento intensivo numa empresa distribuída, muitas vezes virtual. Revisão da Literatura 15 Quadro II – Tipos de Conhecimento Tipo Descrição/exemplo Saber - porquê O contexto amplo e a visão. Este conhecimento de contexto permite às pessoas realizar tarefas não estruturadas da forma mais apropriada. Um exemplo, é fazer o que é correcto por um cliente em vez de seguir, de uma forma servil, um procedimento. Saber - o quê O sentido básico de conhecer. Representa a experiência. Uma pessoa habilitada, por exemplo, instintivamente sabe qual é a causa provável do problema. Os profissionais podem, imediatamente, resolver situações muito mais rapidamente do que muitas análises baseadas em computador. Saber - como Este é o conhecimento de como ter as coisas feitas. Algum deste conhecimento é tornado explícito nos procedimentos da organização. Na prática, muito deste conhecimento é "tácito" e está dentro da cabeça das pessoas. Novos modos de encadear processos emergem da prática, mais rapidamente do que são escritos no manual de procedimentos. A aquisição de saber-como depende das aptidões e da prática, requerendo tempo para se desenvolver e refinar. Saber - quem Saber quem pode ajudar. Isto depende, até certo ponto, do juízo, tendo em conta a capacidade para apreciar as aptidões e forças de outras pessoas. Saber - quando Um sentido do timing. Os bons operadores do mercado de acções parecem ter a perícia de comprar quando toda a gente está a vender. Algumas empresas notabilizaram-se por causa de escolherem o melhor timing para a sua estratégia de entrada no mercado. Saber - onde Saber onde as coisas são feitas melhor. As alavancas de mudança são, muitas vezes, reforçadas ou atingem massa crítica em localidades onde pessoas com aptidões especializadas se congregam – lugares como Silicon Valley para a alta tecnologia, ou a City de Londres ou Nova York para a finança internacional. Fonte: Skyrme e Amidon (1997). Creating the Knowledge-based Business. Business Intelligence, London, p. 27 (adaptado) Nonaka e Konno (1998) introduziram o conceito Japonês de “Ba” na teoria organizacional. “Ba” (equivalente a “lugar” em Português) é um lugar de partilha destinado à promoção de relacionamentos, podendo mesmo ser um espaço físico (ex.: escritório ou sala de reuniões), virtual (ex.: correio electrónico ou forum de discussão), mental (ex.: partilha de experiências, ideias ou ideais) ou a combinação deles. O Revisão da Literatura 16 conceito “ba” foi proposto pela primeira vez pelo filósofo Japonês Kitaro Nishida e foi mais tarde desenvolvido por Shimizu. Estes autores adaptaram este conceito com o objectivo de elaborar o seu próprio modelo de criação de conhecimento. Segundo Nonaka e Konno (1998), o conhecimento, em contraste com a informação, não pode ser separado do seu contexto, ou seja, está embebido no “ba”. Se o conhecimento for separado do “ba” (do seu contexto), torna-se informação e, assim, pode ser comunicado independentemente do “ba”. Para estes autores, a informação reside nos media e em redes de computadores e é tangível, ao passo que o conhecimento reside no “ba” e é intangível. Para apoiar o processo de geração de conhecimento, é necessário um apoio no “ba”, ou seja, os espaços de partilha. O primeiro autor a considerar duas dimensões para o conhecimento – conhecimento tácito e conhecimento explícito – foi Michael Polanyi, nos anos sessenta, quando afirmou que “nós sabemos mais do que somos capazes de dizer”, tal como é referido por Nonaka (1991), Nonaka e Takeuchi (1995), Skyrme e Amidon (1997), Skyrme (1999) e Denning (2001), entre outros. Para Nonaka (1991), o conhecimento tácito é altamente pessoal. É difícil de formalizar e, por consequência, difícil de comunicar aos outros. O conhecimento tácito também está profundamente enraizado na acção e na obrigação individual para um contexto específico – habilidade ou profissão. Por outro lado, o conhecimento explícito é formal e sistemático. Por esta razão, ele pode ser facilmente comunicado e partilhado, nas especificações de um produto, numa fórmula científica ou num programa de computador. Nonaka e Takeuchi (1995), sintetizam os dois tipos de conhecimento no quadro seguinte: Quadro III – Dois Tipos de Conhecimento Conhecimento Tácito (Subjectivo) Conhecimento Explícito (Objectivo) Conhecimento de experiência (Corpo) Conhecimento racional (Mente) Conhecimento simultâneo (Aqui e agora) Conhecimento sequencial (Além e então) Conhecimento analógico (prática) Conhecimento digital (Teoria) Fonte: Nonaka e Takeuchi (1995). The Knowledge-Creating Company: how Japanese companies create the dynamics of innovation. Oxford University Press, New York, p.61 (adaptado) Revisão da Literatura 17 Na perspectiva de Nonaka e Takeuchi (1995), conhecimento tácito e explícito não são totalmente separados, mas podem ser entendidos como entidades “mutuamente complementares”. Nonaka (1991) afirma que quando os conhecimentos tácitos e explícitos interagem, algo de poderoso acontece, ou seja, é precisamente nesta troca entre conhecimento tácito e explícito que as empresas japonesas são boas especialistas em desenvolvimento. O modelo dinâmico de criação de conhecimento apresentado por Nonaka e Takeuchi (1995) está apoiado na assunção crítica que o conhecimento humano é criado e expandido através de interacções sociais entre conhecimento tácito e conhecimento explícito. Estes autores chamam a esta interacção “conversão de conhecimento”. Na figura 4, estão esquematizados os quatro modos de conversão de conhecimento apresentados por Nonaka (1991) e Nonaka e Takeuchi (1995). Os autores designaram estes quatro degraus, no processo de geração de conhecimento, como Modelo SECI — Socialização, Exteriorização, Combinação e Interiorização. Figura 4 – Quatro Modos de Conversão do Conhecimento Conhecimento tácito Conhecimento tácito A Conhecimento explícito Socialização Exteriorização Interiorização Combinação De Conhecimento explícito Fonte: Nonaka e Takeuchi (1995). The Knowledge-Creating Company: how Japanese companies create the dynamics of innovation. Oxford University Press, New York, p. 62 (adaptado) 1. Socialização: conversão de conhecimento tácito em conhecimento tácito. Socialização é o processo de partilha de experiências, tal como a partilha de modelos mentais e habilidades técnicas. A chave para adquirir conhecimento tácito é a experiência. Por exemplo, um indivíduo partilha o seu conhecimento tácito com outro. Nesse momento, eles socializam o conhecimento, mas apenas Revisão da Literatura 18 entre eles os dois, o que faz com que a socialização seja uma forma bastante limitada de criação do conhecimento. Neste caso, o conhecimento nunca se torna explícito, logo não pode ser facilmente apoiado pela organização como um todo. 2. Exteriorização: conversão de conhecimento tácito em conhecimento explícito. Exteriorização é o processo de articulação de conhecimento tácito em conceitos explícitos. Esta é a chamada quinta-essência7 do processo de criação de conhecimento, em que o conhecimento tácito se torna explícito, tomando as formas de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos. 3. Combinação: conversão de conhecimento explícito em conhecimento explícito. Combinação é o processo de sistematização de conceitos dentro do sistema de conhecimento. Este modo de conversão de conhecimento combina diferentes corpos de conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam conhecimento através de diversos meios, tais como, documentos, reuniões, conversas telefónicas ou redes de computadores. Esta combinação não estende a base de conhecimento existente na organização. 4. Interiorização: conversão de conhecimento explícito em conhecimento tácito. Interiorização é o processo de incorporar o conhecimento explícito em conhecimento tácito. Está intimamente relacionado com o “aprender fazendo”. Para o conhecimento explícito se tornar tácito, é útil que o conhecimento seja verbalizado ou esquematizado em documentos, manuais ou relatos orais. A documentação ajuda as pessoas a interiorizar o que experimentaram, enriquecendo assim o seu conhecimento tácito. De acordo com Nonaka e Konno (1998), existem quatro tipos de “ba”, que correspondem às quatro fases do modelo SECI. Assim, apresentam-se a seguir os quatro tipos de “ba” com as respectivas características: - Criar o “ba” é o primeiro “ba” pelo qual começa o processo de criação de conhecimento e corresponde à fase de socialização. Experiências face a face são a chave para a conversão e transferência de conhecimento tácito. - “ba” de interacção é o lugar onde o conhecimento tácito se transforma em explícito, representando o processo de exteriorização. O diálogo é a chave para estas conversões. 7 A quinta-essência é o extracto do máximo apuramento; o que há de melhor e mais subtil numa coisa (Costa e Melo, 1999). Revisão da Literatura - 19 Cyber “ba” é o lugar de interacção no mundo virtual em vez de ser no espaço e no tempo reais; representa a fase de combinação. - Exercitar o “ba” apoia a fase de interiorização e facilita a conversão de conhecimento explícito em tácito. Nonaka e Takeuchi (1995) consideram que a chave para a criação de conhecimento reside na mobilização e na conversão do conhecimento tácito. A interacção contínua e dinâmica entre conhecimento tácito e conhecimento explícito vai sendo construída através de mudanças entre os diferentes modos de conversão de conhecimento. Aqueles autores chamaram a este processo “a espiral de conhecimento” (ver figura 5): “A criação de conhecimento organizacional é um processo em espiral, começando no nível individual e movendo-se para cima através da expansão de comunidades interactivas, que cruzam sectores, departamentos, divisões e os limites da organização” (p. 72). Figura 5 – Espiral de Conhecimento Inter-organizacional Organizacional Equipa Individual Explícito Implícito Fonte: Nonaka e Takeuchi (citados em Skyrme e Amidon, 1997. Creating the Knowledge-Based Business: key lessons from an internacional study of best practice. Business Intelligence, London, p. 199 - adaptado) Revisão da Literatura 20 2.3.3 O Conhecimento como Recurso das Organizações O conhecimento, entendido como um recurso para a organização, é algo que pode ser gerido. Segundo Lawton (2001), Peter Drucker foi o primeiro a utilizar o termo “gestão do conhecimento”, em meados dos anos oitenta. Contudo, é nos anos noventa que se assiste a uma “explosão” de literatura sobre gestão em que a gestão do conhecimento é tópico recorrente. Vários autores retomam os conceitos de Nonaka e desenvolvem modelos e programas que visam “gerir o conhecimento das organizações” e tirar vantagens dos seus activos intangíveis. Skyrme (1997) considera que gestão do conhecimento é a gestão “explícita e sistemática do conhecimento vital”, assim como os seus processos associados de criação, organização, difusão, utilização e exploração. Este autor considera que o sucesso de um programa de gestão do conhecimento, depende de ser: - Explícito – assunções superficiais; codificando aquilo que é conhecido; - Sistemático – deixando as coisas como estão, não se vão alcançar os benefícios; - Vital – é necessário um enfoque; não se têm recursos ilimitados; - Processual – a gestão do conhecimento é um conjunto de actividades com as suas próprias ferramentas e técnicas. Embora muitos programas comecem por rever de que forma o conhecimento existente pode ser partilhado, este autor afirma que a sua experiência indica que é a criação de novo conhecimento e o processo de inovação que dão os melhores lucros a longo prazo. Segundo Sveiby (1999), gestão do conhecimento é a “arte de criar valor a partir dos activos intangíveis de uma organização”. No sentido de implementar uma filosofia de gestão do conhecimento, Davenport (1996), apresenta dez princípios orientadores, juntamente com o sentido das suas implicações no mundo real: 1. A gestão do conhecimento é dispendiosa – Empresas com conhecimento intensivo podem gastar entre 5 e 10% das suas receitas a desenvolver e gerir o conhecimento. 2. A gestão eficaz do conhecimento requer soluções híbridas, envolvendo tanto pessoas como tecnologias – enquanto os computadores e os sistemas de Revisão da Literatura 21 comunicação são bons para a captura, transformação e distribuição de conhecimento, altamente estruturado, as pessoas têm a capacidade de interpretar e sintetizar conhecimento díspar tornando-o útil para a tomada de decisões. 3. A gestão do conhecimento é altamente política – o adágio "conhecimento é poder" é preponderante. Se não existem políticas em andamento, então a organização não se apercebe do valor da gestão do conhecimento. 4. A gestão do conhecimento requer gestores do conhecimento – este não será bem gerido, se não houver um gestor a quem é dada responsabilidade pela gestão do conhecimento (tal como é feito noutros sectores como o financeiro e os recursos humanos). 5. A gestão do conhecimento beneficia mais de mapas do que de modelos, mais de mercados do que de hierarquias – aqui o argumento não é para uma base de dados compreensiva ou um dicionário de fontes de conhecimento (testemunhas da falência de empresas de larga escala modeladoras de dados), mas mapas simples de conhecimento que o mercado (consumidores) do conhecimento considera úteis. 6. A partilha e o uso do conhecimento são frequentemente actos não naturais – tem que se encorajar as pessoas para a partilha do conhecimento. 7. A gestão do conhecimento significa a melhoria do conhecimento dos processos de trabalho – os melhoramentos devem ser feitos para aqueles processos que envolvem a criação, o uso e a partilha de conhecimento. 8. O acesso ao conhecimento é apenas o começo – os utilizadores do conhecimento devem-se envolver mais activamente em redescrever o conhecimento em contextos relevantes e em transmiti-lo em formatos úteis. 9. A gestão do conhecimento nunca termina – ela não é uma iniciativa definitiva, é uma tarefa de gestão em execução constante como a gestão financeira ou de recursos humanos. 10. A gestão do conhecimento requer um contrato de conhecimento – com muito conhecimento na cabeça dos empregados e a mobilidade crescente, as empresas devem esclarecer quem possui e quem tem direito ao conhecimento dos empregados. Revisão da Literatura 22 Dentro da mesma linha de pensamento, Skyrme e Amidon (1997) sugerem quatro estratégias distintas, mas não necessariamente exclusivas, para a gestão do conhecimento, depois de estudarem diversas empresas que implementaram programas de gestão do conhecimento: 1. Gerir o conhecimento como o activo nuclear – o conhecimento é um activo da organização e, como tal, deve ser apoiado e protegido. Isto aplica-se a organizações que dependem de uma elevada capacidade intelectual, como é o exemplo da indústria farmacêutica. 2. Gerir o conhecimento para realçar a capacidade dos produtos ou serviços – neste caso, o conhecimento acrescenta valor aos produtos, tornando-os mais "refinados". Empresas de alta tecnologia, como a automóvel, computadores e aeroespacial são exemplos da aplicação deste tipo de estratégia. 3. Gerir o conhecimento como um negócio – é praticado, por exemplo, pelas empresas de consultoria e de pesquisa de mercado. 4. Gerir o conhecimento para realçar os processos de negócio e de gestão – identificar bem e tornar o conhecimento acessível, sempre que seja necessário. Isto pode melhorar a eficiência e a eficácia de um processo numa organização, sobretudo em ambientes competitivos, complexos e em constante mudança. Como exemplo, apresentam-se os serviços financeiros, as indústrias de processos e as manufacturas em geral. Após a apresentação dos aspectos mais importantes a ter em conta na implementação de uma filosofia de gestão assente nos princípios da gestão do conhecimento, Elliot e O’Dell (1999) apresentam quatro elementos chave, facilitadores para a gestão do conhecimento, em que cada um deles é essencial mas, simultaneamente, insuficientes uns sem os outros. Estes elementos são: cultura, tecnologia, infra-estrutura e medição. Cultura – cultura é a combinação da história, expectativas, regras não escritas e contexto social que afecta todo o comportamento dos colaboradores. Tecnologia – a tecnologia é a ferramenta que possibilitou o grande desenvolvimento das telecomunicações e das tecnologias de informação. O uso de Revisão da Literatura 23 tecnologias Groupware8 e Internet/Intranet9/Extranet10 tem uma grande importância para a partilha efectiva do conhecimento e das “melhores práticas”. Segundo estes autores, não é coincidência o facto de tanto o florescimento das tecnologias de informação como o reconhecimento de que o conhecimento é o activo mais valioso das organizações, terem surgido ao mesmo tempo. Infra-estrutura – a infra-estrutura inclui mecanismos de transferência, como tecnologia, processos de trabalho e redes de pessoas, além da estrutura organizacional e das regras de suporte aos processos da organização. As pessoas necessitam de ajuda, percebendo e transferindo conhecimento e as “melhores práticas”. Medição – como quase todas as iniciativas no mundo dos negócios, esta medida tem como objectivos avaliar o investimento e o respectivo rendimento para a organização, em intervalos de tempo regulares. Uma vez que é extremamente difícil medir algo que não se vê, a melhor forma de medir o impacto dos esforços de gestão do conhecimento e partilha das “melhores práticas”, é através dos seus efeitos na performance da organização. 8 Tecnologias Groupware caracterizam-se por aplicações de trabalho em grupo ou entre grupos (trabalho cooperativo). Existe uma vasta literatura sobre este tema e, geralmente, também se usa a designação de CSCW – Computer Supported Colaborative Work –, como sinónimo de groupware. Segundo Barrulas e Correia (1997), a designação CSCW “sublinha a dimensão trabalho como a componente fundamental destas tecnologias”, enquanto que a designação groupware realça a “dimensão de comunicação e criação de espírito de equipa”, que também está directamente relacionada com o trabalho. 9 Intranet – Aplicação das tecnologias, produtos e conceitos da Internet às redes privadas das organizações (Coelho, 2001). 10 Extranet – Liga partes seleccionadas da intranet de uma organização ao mundo exterior, utilizando as tecnologias, produtos e conceitos da Internet. Usam firewalls que apenas permitem o acesso a utilizadores autorizados, como por exemplo, clientes ou parceiros de negócio. Os firewalls serão abordados no ponto 3.3. Revisão da Literatura 24 2.3.4 Capital Intelectual Um conceito que aparece frequentemente associado à Gestão do Conhecimento e que inspira dificuldades é o Capital Intelectual. O capital intelectual, a par da informação e do conhecimento, também é considerado como um activo intangível das organizações. Segundo Sveiby (1998), o primeiro uso do termo “Capital Intelectual” foi atribuído a John Galbraith, em 1969. Prusak (citado em Sveiby, 1998), caracteriza capital intelectual como o “material intelectual que foi formalizado, captado e elevado para produzir um activo de maior valor”. Noutra perspectiva, Stewart (1999) apresenta a seguinte definição de capital intelectual: "O capital intelectual é material intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser usado para criar riqueza" (p. 14). Wagner e outros (2000), definem capital intelectual como a proporção de valor acrescentado de todos os recursos intangíveis da empresa. Particularmente, contém o conhecimento crucial da empresa que é necessário para obter vantagem competitiva. Estes autores dividem o capital intelectual em quatro categorias: capital humano, capital organizacional, capital mercado e capital inovação, como se pode observar na figura da página seguinte. Revisão da Literatura 25 Figura 6 – Categorias do Capital Intelectual Fonte: Wagner e outros (2000). Measurement System for the evaluation of Intellectual Capital. http://www.profactor.at/magic/english/frame_d.html. Segundo estes autores: - Capital Humano compreende competências como a habilidade, a perícia e o talento, assim como atitudes ligadas à liderança e à gestão. Refere-se ao potencial básico da organização. - Capital Organizacional refere-se aos processos, infra-estruturas, cultura e relações e assuntos de gestão. Assim, está relacionado com a habilidade em transferir este potencial para os produtos e serviços. - Capital do Mercado contém todas as competências relacionadas com o mercado, os clientes, os fornecedores e de relacionamento. Refere-se à competência para gerir e integrar os interfaces externos com os parceiros da organização, respectivamente, clientes e fornecedores. - Capital Inovação refere-se à capacidade de uma organização gerar valor no futuro, de uma forma contínua. Ele contém todos os componentes no desenvolvimento de processos, produtos e serviços, juntamente com a tecnologia e a gestão. Os líderes de algumas grandes empresas, como Amrstrong, Edvinsson, Saint-Onge e Petrash (citados em Skyrme, 1998), desenvolveram modelos para melhor identificar o capital intelectual das suas empresas e assim poderem criar mecanismos de Revisão da Literatura 26 controlo e gestão adequada do mesmo. Edvinson e Malone (1997), distinguem três categorias distintas no capital intelectual de uma organização: - “Capital humano – o conhecimento e as aptidões das pessoas. "Capital humano não pertence à empresa. Só lá está por aluguer." - Capital estrutural – "Aquilo que fica quando os empregados vão para casa à noite" - os processos da organização, as bases de dados, as marcas registadas, etc. - Capital de clientes – a largura e a profundidade de relações com os clientes; bem como também as patentes, marcas e outros activos intangíveis que têm valor no mercado” (Skyrme, 1998, p. 59). Figura 7 – Modelo de Capital Intelectual Capital de Clientes Capital Humano CI Capital Estrutural Fonte: Armstrong e outros, citados em Skyrme (1998). Measuring the Value of Knowledge. Business Intelligence, London, p. 59 (adaptado) Verifica-se que, no modelo proposto por estes autores, existe uma interacção entre as três categorias de capital intelectual apresentadas. Neste modelo, o capital intelectual de uma organização resulta da intersecção das áreas correspondentes a cada um dos tipos de capital mencionados. A importância que os gestores atribuem ao capital intelectual das suas empresas está patente no interesse também crescente de implementar processos que visam identificar e quantificar esse capital que é difícil definir mas que se sabe existir. Revisão da Literatura 27 2.3.5 Comunidades de Prática São cada vez em maior número os projectos sobre gestão do conhecimento descritos na literatura. No entanto, como afirma Prusak (2000), alguns projectos têm falhado, mas não necessariamente devido a alguma falha tecnológica. Defende Prusak que um componente facilitador para o sucesso dos projectos, é a aposta na conectividade entre as pessoas através de diferentes modos, com a maior largura de banda possível a nível global, o que leva à construção de comunidades. Através destas facilidades de ligação, as pessoas vão-se organizando em grupos, em comunidades, em redes informais de contactos e é nestas comunidades que reside o conhecimento das organizações. O conhecimento não pode ser separado das comunidades que o criam, usam e transformam (Allee, 2000). De facto, as pessoas partilham as suas experiências profissionais e os seus conhecimentos, grande parte das vezes de uma forma informal, através do diálogo e do contacto pessoal. Wenger (1998a), considera que faz sentido chamar a este tipo de comunidades comunidades de prática, em que esta aprendizagem colectiva resulta de práticas que reflectem tanto o trabalho que cada um desenvolve, como as suas relações sociais actuais. Este autor refere várias vezes que as comunidades de prática não são nada de novo e estão em toda a parte (Wenger, 1998a; Wenger, 1998b; Wenger, 2000). O termo “Comunidade de Prática” surgiu durante o trabalho de gestão do conhecimento desenvolvido no Xerox Parc, na transição da década de oitenta para a década de noventa (Skyrme, 1999). As comunidades de prática são formadas por pessoas que partilham a sua experiência prática, perícia especializada e conhecimento intuitivo em torno de interesses comuns, em que cada grupo desenvolve o seu próprio repertório cognitivo e social, governando as suas acções e interpretações. O processo de troca de conhecimento tem lugar numa base informal e os membros de cada comunidade desenvolvem uma identidade própria – partilhando valores e conhecimento – na resolução de problemas comuns, assim como se envolvem mutuamente no seu trabalho e partilham as suas preocupações diárias (Wenger, 1998a; Wenger, 1998b; Enkel e outros, 2000; Dove, 1999; Horibe, 1999; Allee, 2000). Davenport e Prusak (1998) acrescentam que os gestores deveriam olhar para estas comunidades como activos das organizações e para o modo de as preservar, alertando para o interesse em fortalecer estas redes informais de conhecimento. Revisão da Literatura 28 Afirmam, ainda, que os gestores não devem subestimar o valor da conversa entre as pessoas, pois é nestes grupos informais que o conhecimento (sobretudo tácito) do trabalho é partilhado. Horibe (1999) reforça esta ideia, salientando a importância da aprendizagem para uma organização e, particularmente, o facto dela se revestir de uma dimensão social. Para este autor, os dois aspectos devem ser encorajados. Segundo Wenger (1998b), Lesser e Prusak (1999) e Allee (2000) há importantes diferenças entre grupos de trabalho, equipas, comunidades de prática e redes de conhecimento. Para Lesser e Prusak (1999), os grupos de trabalho e as equipas têm uma orientação para a tarefa; são, muitas vezes, criados para um determinado propósito e têm requisitos formais para os seus membros. As equipas têm objectivos, podem ser criadas ou dissolvidas pela gestão e reportam-se a alguém, ao passo que as comunidades de prática incluem, muitas vezes, pessoas externas à organização (Horibe, 1999). Em relação às comunidades de prática, Wenger (1998a) descreve três dimensões importantes, como são o domínio, a comunidade e a prática, também referenciadas por Allee (2000). As pessoas organizam-se em torno de um domínio de conhecimento que as congrega e proporciona aos seus membros um sentido de empresa comum. Os membros identificam-se com este domínio de conhecimento (Wenger, 1998a). Em termos de comunidade, este autor afirma que as pessoas funcionam como tal, através de relações de compromisso mútuo que ligam os membros entre si de forma a constituir uma entidade social. Interagem regularmente e comprometem-se em actividades conjuntas que promovem o relacionamento e a confiança interpessoais. Na sua prática, considera que as pessoas constróem capacidades, desenvolvendo um repertório partilhado e recursos tais como ferramentas, documentos, rotinas, vocabulário, símbolos, etc., que incorporam o conhecimento acumulado da comunidade. Este repertório partilhado serve de base para a aprendizagem futura. As comunidades de prática, segundo Allee (2000), trazem benefícios para o negócio, para a comunidade em si e para as pessoas que dela fazem parte. Assim, apresenta as suas vantagens, sintetizadas nos seguintes pontos: - Para o negócio o “Ajuda a implementar a estratégia o Sustenta a rápida resolução de problemas, tanto localmente como em toda a organização o Auxilia no desenvolvimento, recrutamento e retenção de talentos o Constrói o núcleo das capacidades e competências em conhecimento Revisão da Literatura 29 o Difunde mais rapidamente as práticas para a excelência operacional o Possibilita o cruzamento fértil de ideias e o incremento de oportunidades para a inovação”. - Para a comunidade o “Ajuda a construir uma linguagem comum, métodos e modelos acerca de competências específicas o Firma conhecimento e perícias numa população mais alargada o Apoia a retenção de conhecimento quando os empregados deixam a organização o Incrementa o acesso ao conhecimento dos peritos na organização o Providencia meios para partilhar poder e influência com as partes formais da organização”. - Para o indivíduo o “Ajuda as pessoas nos seus trabalhos o Promove um sentido de comunidade estável com outros colegas e com a organização o Encoraja um sentido de identidade focado na aprendizagem o Ajuda ao desenvolvimento das habilidades e competências individuais o Auxilia um trabalhador do conhecimento11 a estar actualizado o Possibilita o aparecimento de desafios e oportunidades para contribuir para o trabalho comum”. Verifica-se que o conjunto destas vantagens produz, certamente, uma melhoria nos processos de uma organização, uma melhoria das competências e maior satisfação dos seus colaboradores, conduzindo, como consequência a uma melhoria da sua performance global. As comunidades de prática envolvem diferentes tipos de participação por parte dos seus membros. As categorias dos membros e a sua participação nestas comunidades, segundo Wenger (2000), incluem os seguintes níveis (ver figura 8): - Grupo nuclear — um pequeno grupo de pessoas cujo grande entusiasmo e compromisso estimula a comunidade; 11 Do inglês: knowledge worker. Revisão da Literatura 30 - Membros plenos — membros que são reconhecidos como praticantes e definem a comunidade; - Membros periféricos — pessoas que pertencem à comunidade mas com menor compromisso e autoridade, ou porque são recém-chegados ou porque não têm tanto compromisso pessoal com a prática; - Participação transaccional — pessoas que não pertencem à comunidade mas interagem com ela ocasionalmente para dar ou receber algum serviço; - Acesso passivo — uma grande variedade de pessoas que tem acesso aos artefactos produzidos pela comunidade, tais como as suas publicações, o seu sítio na web ou as suas ferramentas. Figura 8 – Níveis de Participação nas Comunidades de Prática Grupo nuclear Membros plenos Membros periféricos Participação transaccional Acesso passivo Fonte: Wenger (2000). Comunities of Practice: The Structure of Knowledge Stewarding. Knowledge Horizons: the present and the promise of Knowledge Management/editado por Despres e Chuvel. Butterworth-Heinemann, USA, p. 219 (adaptado) Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2000) desenvolveram um conceito similar ao das comunidades de prática, que designaram por “contexto facilitador” (enabling context), mas com diferenças importantes entre os dois. Consideram que o contexto facilitador é um espaço de partilha que encoraja o surgimento de relações interpessoais. Um dos aspectos que distingue este conceito das comunidades de prática prende-se com o facto do contexto ser determinado pelos participantes e estes poderem ser mudados facilmente. Ao passo que uma comunidade de prática tem um número de elementos razoavelmente estável, os membros de um contexto facilitador vão e vêm. Os autores afirmam que um contexto facilitador tem uma qualidade aqui e agora, sendo esta qualidade a que pode desencadear inovações reais. Stamps (1997) serviu-se do projecto Xerox’s Integrated Customer Service, como um exemplo de como grupos de pessoas, com um conjunto de interesses e perícias Revisão da Literatura 31 comuns, podem ser usadas para se educar mutuamente, em tempo real. O autor desenhou o projecto da Xerox para considerar de que forma é que um modo comum de pensamento e aprendizagem, resulta da compreensão da comunidade acerca da sua própria relação de simbiose com a organização mais vasta. No centro deste pensamento está a premissa de que o trabalho e a aprendizagem são actividades sociais, onde a aprendizagem se processa fazendo e existe um sentido comum do que é necessário para cumprir a tarefa. Embora tal pensamento, frequentemente, exija uma mudança de atitudes entre os gestores e os departamentos de formação, o aumento da produtividade e a inovação podem estar entre os benefícios alcançados pelo desenvolvimento e execução de uma estratégia de “aprendizagem” mais do que uma estratégia de “treino” (formação). Persaud, Kumar e Kumar (2001) efectuaram um estudo em que investigaram os mecanismos de gestão do conhecimento usados para gerir o conhecimento numa rede global de I&D e concluíram que, para além do conhecimento tácito ser melhor capturado utilizando suportes tecnológicos, a exteriorização e a interiorização12 são melhor alcançadas através de comunidades de prática informais. Uma iniciativa de gestão do conhecimento só tem sucesso se assentar em comunidades de prática, tendo em conta a sua importância e as suas características apresentadas (Adams e Freeman, 2000). Estes autores sustentam que nas comunidades de prática, o conhecimento é “gerado autonomamente e eternamente, e a transferência é como um aspecto intrínseco ao seu funcionamento”. Para esta criação de conhecimento, as pessoas necessitam de tempo para o diálogo e para a reciprocidade. Acrescentam que este relacionamento interpessoal leva à formação de grupos de aprendizagem, constituídos por pessoas que se vão aproximando e aprendendo umas com as outras, de acordo com os seus interesses comuns. Por outro lado, a transferência (partilha) de conhecimento é considerada como um aspecto intrínseco ao funcionamento destas comunidades (Adams e Freeman, 2000). Allee (2001) acrescenta que, além das comunidades de prática, as redes de conhecimento também são considerados aspectos chave para o sucesso da gestão do conhecimento. Outro aspecto relacionado e com interesse para as comunidades de prática, são as chamadas “melhores práticas” (best practices). Grant (2000) afirma que o grande 12 Exteriorização: conversão de conhecimento tácito em conhecimento explícito; Interiorização: conversão de conhecimento explícito em conhecimento tácito (Nonaka e Takeuchi, 1995). Revisão da Literatura 32 interesse na transferência de “melhores práticas” não se deve apenas à importância deste tipo de partilha, mas também, às questões que a sua aplicabilidade suscita. Estas dificuldades vão desde a própria natureza do conhecimento (as “melhores práticas” envolvem, muitas vezes, rotinas da organização que estão dependentes do conhecimento tácito dos membros da equipa e do relacionamento interpessoal) até aos impedimentos da estrutura organizacional, sistemas e procedimentos. Uma outra dificuldade, levantada por Malhotra (1997), está ligada à dificuldade em se assegurar uma única interpretação de “melhores práticas”, para a maioria das situações mal estruturadas, uma vez que o conhecimento é criado pelas pessoas no processo de utilização dos arquivos de informação. Por outro lado, Malhotra (1997) afirma que as soluções de gestão do conhecimento caracterizadas pela memorização das “melhores práticas” tendem a definir as suposições que estão contidas, não só em bases de dados de informação, mas também na estratégia da organização, sistemas de recompensa e sistemas de alocação de recursos. A partilha das “melhores práticas” tende a ser um dos objectivos definidos pelas organizações, na definição da sua estratégia, uma vez que incrementa as capacidades dos seus colaboradores. Num estudo realizado em 1996 pela American Productivity & Quality Center sobre gestão do conhecimento, dezasseis das dezanove empresas que responderam ao estudo indicaram que um dos seus objectivos é a transferência das “melhores práticas” (Elliott e O’Dell, 1999). Esta importância é corroborada por Flanagan (1999), quando afirma que para as empresas multinacionais que pretendam estender as suas operações internacionais no séc. XXI, o desafio chave será capturar as eficiências potenciais das operações globais. Segundo este autor, uma fonte importante desta eficiência e uma chave de orientação para o futuro é a habilidade para identificar e disseminar as “melhores práticas” globais pela organização. Kleiner e Roth (1997) fazem um reparo, relativamente aos elogios exagerados às “melhores práticas” que omitem os erros com os quais as pessoas podem aprender, bem como a lógica oculta e os esforços que tornaram possíveis os sucessos anteriores. As comunidades de prática são, pois, um aspecto fundamental de um processo de gestão do conhecimento em qualquer organização. O Modelo de Gestão do Conhecimento que é proposto para o Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior assenta em dois pilares fundamentais: redes de conhecimento e comunidades de prática (capítulo 6). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 33 3. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento A literatura é unânime em considerar que a “explosão” verificada na gestão do conhecimento na última década se deve, fundamentalmente, ao desenvolvimento tecnológico e ao apoio dado pelas tecnologias da informação. Segundo Lawton (2001), a tecnologia associada à gestão do conhecimento não é única, mas antes uma colecção de tecnologias de indexação, classificação e extracção de informação, conjugadas com metodologias desenhadas para alcançar os resultados desejados pelo utilizador. Segundo este autor, dá-se um grande impulso aos processos de gestão do conhecimento, entre 1995 e 1997, com a proliferação do web browser13. O browser simplificou o desenvolvimento de aplicações de gestão do conhecimento porque se começou a desenvolver para um interface normalizado. Pode-se considerar que um sistema de gestão do conhecimento integra várias tecnologias, tais como: correio electrónico, processamento de texto, gestão electrónica de documentos, bases de dados, agentes inteligentes, redes de computadores (Internet, intranet e/ou extranet), telecomunicações e mecanismos de segurança. Dentro deste conjunto de tecnologias, Skyrme (1999) destaca as ferramentas que são mais utilizadas na gestão do conhecimento: correio electrónico, intranet, Internet, data warehouse, suporte à decisão, groupware, videoconferência, acesso a informação on-line e gestão documental. Nos pontos seguintes, são abordadas em detalhe estas ferramentas de apoio à gestão do conhecimento e, dentre estas, as tecnologias de trabalho cooperativo vão ser apresentadas em separado, uma vez que foram as que causaram maior impacto nas redes de conhecimento, nomeadamente, a Internet e as intranets. 3.1 Ferramentas de Suporte ao Processo GC Os processos de gestão do conhecimento são apoiados pela tecnologia na captura e partilha do conhecimento existente nas pessoas, bem como na promoção do 13 Browser – produto de visualização e leitura de ficheiros de formato determinado na Internet. Conforme o formato a ler, existem browsers WWW (HTML ou XML), JAVA, VRML, etc. (Coelho, 2001). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 34 trabalho cooperativo e em facilitar o acesso à informação existente, nomeadamente, na Internet. O estudo sobre a tecnologia de suporte à gestão do conhecimento vai ser efectuado, tendo em conta as diferentes fases do ciclo do conhecimento. Na literatura encontram-se inúmeras variantes dos ciclos de conhecimento, com diferentes terminologias e diferentes relevos atribuídos a cada fase do ciclo. Em seguida, apresentam-se as contribuições de diversos autores relativamente a este assunto. Skyrme e Amidon (1997) referem os quatro processos comuns de gestão do conhecimento: identificação, criação, gestão de bases de dados de conhecimento e partilha e difusão do conhecimento. O processo de identificação do conhecimento caracteriza-se por identificar e, muitas vezes “mapear” o conhecimento importante, isto é, onde está (interno e externo), quem o possui, qual é e como aceder a ele. A criação de conhecimento envolve processos de criação de novo conhecimento, mais do que gerir o conhecimento existente. As bases de dados de conhecimento são bases de dados estruturadas de informação e ponteiros de conhecimento14, que podem ser geridas centralmente e conter referências para o conhecimento explícito e tácito. Os processos de partilha e difusão do conhecimento encorajam a livre circulação da informação e partilha do conhecimento entre as pessoas, assentes muitas vezes nas tecnologias da informação existentes. Zack (1999) propõe a “refinaria” do conhecimento. Por “refinaria”, este autor, entende “o processo para a criação e distribuição do conhecimento contido no repositório”. Este processo é composto por cinco fases: - Aquisição – criação de informação e de conhecimento dentro da organização ou sua aquisição a partir de fontes internas ou externas; - Refinamento – o conhecimento capturado, antes de ser armazenado, passa por um processo de refinamento que inclui diversas tarefas, tais como: limpeza, etiquetagem, indexação, ordenamento, abstracção, normalização, integração e re-categorização; - Armazenamento e recuperação – este estádio liga a criação do repositório de conhecimento com a sua distribuição; - Distribuição – este estádio contempla os mecanismos utilizados para tornar o conteúdo do repositório acessível; 14 Do inglês: knowledge pointers. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento - 35 Apresentação – o valor do conhecimento é influenciado pelo contexto da sua utilização. Este estádio compreende as capacidades para seleccionar, ordenar e integrar de forma flexível o conteúdo do conhecimento. Skyrme (1999) considera dois ciclos do conhecimento: ciclo de inovação e ciclo de partilha. O ciclo de inovação representa o progresso desde a criação de uma ideia (conhecimento não estruturado), a sua maturação, em que o conhecimento se torna mais estruturado e pode ser reproduzido, até à sua concretização em novos produtos ou processos. O ciclo de partilha do conhecimento apresenta os processos associados à recolha e partilha do conhecimento, tendo um repositório do conhecimento como ponto central. Tan (2000) refere seis etapas da gestão do conhecimento, onde explica como o conhecimento é criado e partilhado numa base de acontecimentos: 1. Identificação dos activos de conhecimento – identificar o conhecimento importante da organização, isto é, qual o conhecimento e onde este se encontra (tanto conhecimento tácito como explícito); 2. Criação de conhecimento – identificar onde é que o conhecimento é criado para depois se poder capturar; 3. Encapsulamento de conhecimento – o conhecimento é encapsulado através da indexação de fontes de conhecimento (exemplo: pessoas, equipas e documentos de projectos) e documentando o conhecimento (Summit Consultancy, citada em Tan, 2000). O conhecimento pode estar armazenado em sistemas de informação, como o Lotus Notes, por exemplo; 4. Partilha e disseminação – utilizar a distribuição de listas para saber quais as equipas interessadas em determinada área do conhecimento. Quando se cria novo conhecimento, envia-se um resumo por correio electrónico para os interessados. 5. Recuperação – em paralelo com o ponto anterior, quando uma equipa necessita de um conhecimento particular com urgência, utilizam-se ferramentas de pesquisa (como motores de busca, por exemplo) para encontrar e recuperar o conhecimento pretendido; 6. Aplicações do conhecimento – por fim, as equipas de trabalho têm todo o conhecimento necessário e durante a sua utilização vão criando novo conhecimento. Finalmente, Duffy (2000a e 2000b) definiu as seguintes fases para o ciclo de vida da gestão do conhecimento: aquisição e captura, organização e armazenamento 36 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento (classificação, indexação e mapeamento), recuperação (procura e acesso), distribuição e apresentação (partilha e disseminação) e manutenção do repositório de conhecimento. Esta manutenção do repositório de conhecimento consiste na aplicação de regras de purga e armazenamento do conhecimento, para não se correr o risco deste se tornar muito pesado e irrelevante. Por outro lado, Duffy (2000b) relaciona o ciclo de vida tradicional de um documento, com a gestão do conhecimento, considerando que a gestão do conhecimento se preocupa com a gestão do conteúdo do documento, e não, com o documento em si. Da reflexão sobre estes estudos concluiu-se que o ciclo dos processos do conhecimento, apresentado na figura 9, constituído pelos processos associados à criação, recolha, partilha e utilização do conhecimento, tendo um repositório de conhecimento como ponto comum, representa com clareza as principais etapas que constituem o ciclo dos processos. Figura 9 – Ciclo dos Processos do Conhecimento Aplicar/ Utilizar Criar Repositório de Conhecimento Partilhar/ Disseminar Recuperar - Identificar Organizar/ Armazenar Criar – processo de criação de novo conhecimento. Este é o processo de inovação e criatividade, servindo de interface entre o conhecimento tácito e o explícito – os conceitos de conversão do conhecimento: a interiorização e exteriorização de Nonaka e Takeuchi (1995). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento - 37 Identificar – processo de identificação e elaboração de mapas do conhecimento15 importante dentro da organização (“onde está”, “quem o tem”, “qual é” e “como aceder a ele”). - Organizar/Armazenar – o conhecimento explicitado é classificado e armazenado em bases de dados estruturadas e/ou em documentos. Desta forma, a sua futura recuperação torna-se mais fácil. Este processo serve de ponte entre a geração e a partilha do conhecimento. - Recuperar – este processo caracteriza-se por incorporar as ferramentas necessárias para pesquisar e encontrar o conhecimento pretendido quando este é necessário. Uma busca efectiva e eficiente depende dos mecanismos apropriados de armazenamento, da utilização de várias técnicas de procura, de esquemas de indexação e classificação bem desenvolvidos e de um fácil acesso aos dados. - Partilhar/Disseminar – nestes processos é encorajada a disseminação da informação e a partilha de conhecimento entre as pessoas. As tecnologias, sobretudo as redes informáticas e de telecomunicações favorecem estes processos, permitindo aproximar as pessoas e fornecendo meios para a troca de informação e conhecimento. - Aplicar/Utilizar – utilização do conhecimento e sua aplicação no trabalho desenvolvido pelas pessoas. Neste processo, o conhecimento vai sendo desenvolvido e refinado. Através do seu uso, novo conhecimento é criado e o próprio ciclo repete-se. Com base nos ciclos do conhecimento propostos por Skyrme (1999), este autor desenvolveu a cadeia de valor do conhecimento, assim como uma selecção de ferramentas de apoio. 15 Mapa do conhecimento é um sistema que contém as indicações sobre a categoria e os locais (documentos, sistemas, pessoas, ...) onde se pode encontrar e ajuda a identificar o conhecimento pretendido, mas não contém esse mesmo conhecimento. Um bom mapa do conhecimento pode ser um auxiliar precioso na procura de conhecimento pois, caso contrário, seria muito difícil ou mesmo impossível de encontrar. Segundo Davenport e Prusak (1988), “é um guia e não um repositório”, podendo também servir como um “inventário”. O mapa do conhecimento deve ser estruturado de acordo com o pensamento das pessoas e do seu modo de pesquisar a informação (Duffy, 2000a). 38 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento O termo “cadeia de valor”, proposto por Porter (1985), é um modelo que analisa as fontes ou a origem da vantagem competitiva16 de uma empresa. A cadeia de valor é uma teoria sistemática que analisa todas as actividades desenvolvidas pela empresa e o modo como estão interligadas umas com as outras. A cadeia de valor do conhecimento, à semelhança da cadeia de valor genérica de Porter (1985), é composta por todas as etapas desde a geração de conhecimento até à sua partilha, passando pela recolha e armazenamento do conhecimento. Para Skyrme (1999), este é um esquema simplificado, uma vez que não existe uma relação de um para um entre ferramentas e processos. Algumas ferramentas, como o mapeamento conceptual, podem ser usadas para identificar conhecimento existente e melhorar os discernimentos, assim como criar novo conhecimento. Figura 10 – Tecnologia na Cadeia de Valor do Conhecimento Identificar Identificar Descobertade deconhecimento conhecimento Descoberta Datamining mining Data Text mining Text mining Recuperar/ Recuperar/ Codificar Codificar Pushde deinformação informação Push Motoresde debusca busca Motores Criar Criar Ajudasao aopensamento pensamento Ajudas Mapeamento conceptual Mapeamento conceptual Repositório de conhecimento Difundir/ Difundir/ Utilizar Utilizar Bases de dados Apoioààdecisão decisão Apoio Videoconferência Videoconferência Data warehouses Groupware Groupware Documentos Agentesinteligentes inteligentes Agentes Infra-estrutura: Redes Internet; intranets Fonte: Skyrme (1999). Knowlegde Networking: creating a collaborative enterprise. Butterworth-Heinemann, Great-Britain, p. 74 (adaptado) As ferramentas de suporte aos processos de gestão do conhecimento, apresentadas nos pontos seguintes, estão organizadas em grupos de acordo com o ciclo do conhecimento (ver figura 9). Como foi referido, não existe uma relação de um para 16 Ver nota 1. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 39 um entre uma tecnologia e uma fase do ciclo do conhecimento, uma vez que uma tecnologia pode ser utilizada em várias etapas do ciclo. Contudo, para garantir uma melhor organização, apresentam-se para cada fase do ciclo do conhecimento, as respectivas tecnologias mais preponderantes. A descrição das tecnologias é efectuada na perspectiva da sua adequação às fases do ciclo dos processos do conhecimento, não se aprofundando sob o ponto de vista técnico, pois pretende apresentar-se e justificar o que se considera necessário para as fases de gestão do conhecimento referidas. 3.1.1 Criar Conhecimento A criação de conhecimento pode ser auxiliada por diversos tipos de ferramentas que ajudam o pensamento e a criatividade, quer individualmente quer em grupo. Para ilustrar este processo do conhecimento vão apresentar-se algumas ferramentas existentes actualmente no mercado. Um tipo de ferramentas que têm sido desenvolvidas estão ligadas à geração de ideias. Por exemplo, a aplicação IdeaFisher™ foi desenvolvida para auxiliar a criatividade e actividades de brainstorming (“chuva de ideias”). Contém um repositório de palavras e modelos, podendo ser utilizada em diversas situações, tais como: planeamento estratégico, resolução de conflitos, desenvolvimento do nome de produtos, escrita criativa e resolução de problemas gerais, entre outras. Estimula o surgimento de novas ideias a partir da utilização de técnicas de criatividade, como a associação de palavras ou Word Triggers (IdeaFicher, 2001). Outro tipo de ferramentas, dentro deste processo de criação de conhecimento, são as que ajudam a “mapear o raciocínio”17. A Idons-for-Thinking™ é uma ferramenta que permite combinar e remodelar pensamento diverso e complexo, palavras e esquemas visuais. Utiliza hexágonos de várias cores, de acordo com a natureza do conceito (por exemplo: verde para uma ideia nova, azul para uma estratégia e vermelho para uma acção). Combina imagens com as funcionalidades do programa, ajudando a organizar, armazenar e recuperar o conhecimento (Idon Software, 2001). 17 Do inglês: mind mapping. 40 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento Outro exemplo desta categoria de ferramentas é o MindMapper®. As suas principais características são as seguintes: - O assunto é representado por uma imagem central; - Os temas principais do assunto são colocados à volta da imagem central, como ramos principais; - Os temas menos importantes estão ligados aos temas principais; - Todos os ramos estão ligados formando uma estrutura nodal. O MindMapper® utiliza palavras, linhas, lógicas, cores, imagens e sons para estimular o cérebro. Pode ser utilizado em inúmeras situações, como por exemplo: estudo, ensino, formação, elaboração de esboços, gestão de projectos, desenvolvimento de pensamento criativo, tomada de decisões, criação de uma base de conhecimento, etc. (MindMapper, 2001). Na figura seguinte, apresenta-se um exemplo de utilização deste software, com os tópicos mais importantes deste sub-capítulo. Figura 11 –Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento G eração de Ideias M apas de Reciocínio Criar Relação entre Conceitos Inv enção M ineração de Dados Descobrir Exploração de Textos Visualização Ciclo do Conhecim ento Data W arehouse Armazenar G estão Docum ental Bases de Dados 'on-line' M otores de Busca Recuperar Agentes Inteligentes Pull - Push Tecnologias de apoio à G estão do C onhecim ento Sim ulação Aplicar/Utilizar Raciocínio Baseado em Casos Suporte à Decisão Videoconferência Tecnologias de Trabalho Cooperativo Internet Intranet Passw ords Perfis de Utilizador Perm issões Filtro de Pacotes Segurança Firew alls Proxies Inspecção de Estado Antivírus 41 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento A relação causal entre conceitos é outro tipo de ferramentas deste processo. Um exemplo deste software é o Decision Explorer™. Esta aplicação permite a captura de conceitos e ideias, explora-os e acrescenta nova compreensão e discernimento, disponibilizando mapas onde se podem visualizar e analisar os novos conceitos, bem como conjuntos que podem ser usados para facilitar a organização dos conceitos para análise (Decision Explorer, 2001). Esta ferramenta pode ajudar a: O - Extrair ideias coesas; - Encontrar os reais problemas; - Gerir a complexidade sem perder a riqueza do detalhe; - Construir soluções realizáveis, práticas e aceitáveis; - Ter o raciocínio efectivamente presente; - Manter a criatividade e o enfoque em reuniões de grupo. Decision Explorer™ pode ser aplicado em inúmeras situações, nomeadamente, na estratégia de gestão e desenvolvimento, captura de ideias, resolução de problemas, análise dos competidores, estruturação de relatórios e documentos, identificação de competências, elaboração de mapas cognitivos, etc. Outro aspecto relacionado com o processo de criação de conhecimento prende-se com a inovação. Existem aplicações que suportam estas actividades, apoiando as pessoas em sessões de brainstorming, selecção de opções e validação, como as desenvolvidas pela Invention Machine Corporation. Esta empresa, considerada líder a nível mundial, dedica-se ao desenvolvimento de soluções de inovação baseada no conhecimento, que capturam a informação relevante e extraem conhecimento utilizando tecnologia de processamento semântico e linguagem natural. Oferece as seguintes soluções: CoBrain, Knowledgist e TechOptimizer (Invention Machine, 2001). O CoBrain e o Knowledgist são programas que extraem conhecimento explícito, como tal, serão abordados mais à frente. Segundo o Engineering Automation Report (2000), o TechOptimizer é composto por um conjunto de módulos de software que ajudam os utilizadores a examinar problemas técnicos com novas abordagens e a surgir com conceitos mais inteligentes para resolver esses mesmos problemas. Para Arnst (2001), o software da Invention Machine “procura profundamente na Internet e analisa grandes volumes de texto retirado de jornais técnicos, fora científicos e outras fontes incluindo o índex completo de patentes dos EUA”. O software reorganiza o conteúdo dos documentos num formato de problemas e soluções. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 42 3.1.2 Descobrir Conhecimento As ferramentas que apoiam o processo de descoberta de conhecimento são extremamente importantes, uma vez que ajudam a identificar novos modelos e novo conhecimento em grandes volumes de dados, através da criação de mapas do conhecimento e da revelação de modelos e padrões implicitamente presentes nesses dados. Neste ponto são abordadas três tipos de ferramentas, consideradas mais importantes no processo de descoberta de conhecimento. Mineração de Dados A mineração de dados (do inglês: Data Mining) permite analisar grandes quantidades de dados e é tida como uma das principais actividades relacionadas com a compreensão, navegação e explosão do universo dos dados digitais. As suas raízes assentam na comunidade estatística (Hirji, 2001). Segundo Fayyad (2001), a mineração de dados é um processo automático de identificação e descoberta de estruturas úteis (padrões, modelos e relações) num conjunto de dados. Um padrão é considerado como uma descrição curta de um conjunto de dados; um modelo é uma descrição (estatística) de todo o conjunto de dados e uma relação é uma propriedade que especifica alguma dependência entre campos ou atributos sobre um subconjunto de dados. O objectivo da mineração de dados, na perspectiva de Skyrme e Amidon (1997), é permitir ao utilizador a descoberta de novo conhecimento e de relações inesperadas em grandes volumes de dados. Atinge fracções que as queries18 convencionais e as ferramentas de elaboração de relatórios não conseguem alcançar. O desenvolvimento dos algoritmos de mineração de dados deve-se, também, à contribuição de campos como a aprendizagem automática, o reconhecimento de padrões e a própria estatística (Hirji, 2001). 18 Queries são as consultas que permitem analisar a informação existente nas tabelas de uma base de dados, de forma a obter um conjunto filtrado de informação. Estas consultas têm múltiplas funções, tais como: seleccionar um conjunto de informação, normalmente segundo condições específicas, bem como até executar cálculos e outras operações sobre os dados (Sousa, 1999). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 43 Existem outras ferramentas da inteligência artificial que ajudam a construir modelos e responder a questões, que geralmente são classificadas dentro da mineração de dados, dentre as quais se destacam: - Os algoritmos genéticos – baseiam-se na evolução de experiências aleatórias por indivíduos, simulando a teoria evolucionista de Darwin. Procuram a primeira solução, que poderá não ser a melhor. A capacidade de cada indivíduo é determinada pela função objectivo, sobrevivendo apenas os indivíduos que podem procriar. Cada ciclo, no processo de avaliação, selecção dos sobreviventes, reprodução, avaliação, etc., é chamado geração. Estes algoritmos continuam a iteração de gerações até atingir o objectivo ou surgir outro critério de paragem (Berg, 2001). - As redes neuronais 19 – são inspiradas na arquitectura do cérebro humano. Uma rede neuronal funciona através da criação de ligações entre o processamento de diferentes elementos, cada um semelhante a um neurónio no cérebro humano. Cada neurónio possui inúmeros sinais de entrada que, através de um sistema interno de ponderações, produz um único sinal de saída que, tipicamente, será um sinal de entrada noutro neurónio (Kay, 2001 e Thieme e outros, 2000); - As árvores de decisão – são o modo de representar uma série de regras, sendo formadas por nodos e ramos (Hirji, 2001). Um exemplo de um sistema de mineração de dados é o Dowser®, desenvolvido pela RedeShed Software™, desenhado para encontrar as “regras” que descrevem as inter-relações entre dados em bruto. O Dowser® permite a descoberta de regras de relacionamento entre muitos conjuntos de dados, acrescentando a capacidade para fazer comparações em diferentes fases de tempo (Dowser Info Page, 2001). Outra aplicação que contém processos interactivos de mineração de dados é a Clementine®, desenvolvida pela SPSS® Inc., que tem como objectivo criar modelos preditivos sólidos para utilizar num determinado negócio. Apoia a resolução de problemas complexos de negócio e ajuda a identificar novas oportunidades, permitindo a tomada de decisões mais sábias (SPSS, 2001a). 19 Um exemplo de uma aplicação que incorpora redes neuronais é a Neural Connection, da SPSS® Inc., que permite fazer previsões, desenvolver modelos, classificar e reunir dados em clusters (SPSS, 2001b). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 44 Exploração de Textos A exploração de textos (do inglês: Text Mining), à semelhança da mineração de dados, também identifica relações em grandes conjuntos de dados. Este processo que consiste em analisar texto, com o objectivo de descobrir e capturar informação semântica para armazenar no repositório de conhecimento, tendo como objectivo último permitir a descoberta de conhecimento através do acesso, quer em modo texto quer em modo gráfico, para utilizar numa vasta gama de aplicações (Liddy, 2000). Para este autor, o processo consiste nas três fases que constituem o processo tradicional de descoberta de conhecimento a partir dos dados: - Preparação – selecção, “limpeza” e pré-processamento do texto; - Processamento – utilizar um algoritmo de mineração de dados para processar os dados preparados, comprimindo-os e transformando-os para identificar informação importante; - Análise – avaliação da saída para ver se foi descoberto conhecimento e determinar a sua importância. Na perspectiva de Fielden (2000), se a exploração de textos for implementada correctamente, nos próximos anos será tão importante como a mineração de dados o foi nos anos noventa. Por outro lado, segundo Liddy (2000) a exploração de textos também pode ser usada na recuperação de informação (que será abordada mais adiante). A aplicação SemioMap®, desenvolvida pela Semio Corporation™ é um exemplo de uma ferramenta que incorpora este tipo de tecnologias. Oferece uma perspectiva visual, extraída de vários textos fonte que são analisados e explorados por esta ferramenta. Os utilizadores podem navegar através de conceitos chave e pesquisar conteúdos específicos que desejem aprofundar (Semio Corporation, 2000). Visualização A visualização é uma técnica que ajuda a identificar novos padrões e relações e a descobrir novo conhecimento. A apresentação da informação em termos visuais torna-se uma ferramenta poderosa, uma vez que auxilia as pessoas na análise e interpretação dos dados. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 45 Como exemplo de aplicações visuais, apresentam-se duas desenvolvidas pela SPSS® Inc.: o nViZn™ e o famoso SPSS® – Statistical Package for Social Science. A aplicação nViZn™ transforma os dados em bruto em informação, oferecendo funcionalidades de visualização flexíveis que permitem mapear os conjuntos de dados em aplicações gráficas. Deste modo, facilita a análise dos dados e, consequentemente, a tomada de decisões (SPSS, 2001c). O package estatístico SPSS também incorpora técnicas de visualização, apresentando gráficos que auxiliam as análises estatísticas efectuadas. Outro tipo de ferramentas que oferecem técnicas de visualização são o vasto conjunto de produtos desenvolvidos pela Inxight Software Inc., pertencente ao grupo Xerox®. Disponibiliza produtos para três tipos de clientes ou utilizadores: produtores de software, construtores de aplicações para a web e para utilizadores finais. Estas ferramentas permitem efectuar a análise de texto, encontrar a informação que os utilizadores pretendem na web e uma navegação e exploração visual de conteúdos (Inxight Software, 2001). O NetMap™, criado pela NetMap Analytics®, faz parte de um tipo de ferramentas onde se tem verificado um crescimento e que se caracterizam por mostrar as relações entre diferentes elementos de informação. A partir de grandes volumes de dados, os algoritmos sofisticados do NetMap® seleccionam as ligações importantes entre entidades aparentemente não relacionadas. O NetMap® apresenta essas ligações de uma forma visual (NetMap Analytics, 2001). 3.1.3 Armazenar Conhecimento Os sistemas de armazenamento, quer de dados quer de informação e de conhecimento explícito, constituem o ponto central dos sistemas de informação de uma organização. Esta fase do ciclo do conhecimento, na qual se incide sobre a sua organização e armazenamento, é extremamente importante, pois residem nestes sistemas os conteúdos intangíveis da organização. Com a redução dos preços dos equipamentos de armazenamento electrónico, estes sistemas difundiram-se largamente, contribuindo para que o que antigamente era guardado em bibliotecas e arquivos físicos, hoje possa estar disponível em computadores de uma forma mais rápida, cómoda e acessível a um maior número de Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 46 pessoas. Deste modo, um repositório de conhecimento ligado à Internet, por exemplo, fica imediatamente disponível em qualquer parte do mundo. Existem vários tipos de repositórios onde se armazena conhecimento, como se pode observar no quadro seguinte, contendo também a utilização mais comum dos seus conteúdos. Quadro IV – Exemplos de Repositórios de Conhecimento Repositório Informação típica e sua utilização Internet Recursos compreensivos através de muitas disciplinas científicas e de negócios. Utilização inclui pesquisas científicas e de mercado. Bases de dados externas Informação competitiva e de marketing, notícias sobre negócios. Utilizadas para auxiliar a tomada de decisões de marketing e desenvolvimento de produtos. Bases de dados documentais Manuais, esquemas e correspondências dos clientes. Usadas no serviço de clientes para recolher toda a informação sobre um dado cliente. Data warehouse Transacções financeiras e dados de pontos de venda. Usadas para discernir padrões comerciais para mercados alvo, localização de armazéns, etc. Fonte: Skyrme, (1999). Knowlegde Networking: creating a collaborative enterprise. ButterworthHeinemann, Great Britain. (adaptado) Um exemplo de repositório de conhecimento é o Knowledge Organizer™, um componente adicional do Verity® Information Server, com aplicações cliente e servidor, que permite organizar, classificar e procurar informação intuitivamente através de um web browser. Apresenta diversas características, das quais se destacam as seguintes: - Organiza informação armazenada em servidores de ficheiros, repositórios em rede e portais20 da Internet, intranet ou extranet, dentro de uma hierarquia de directorias organizada por categorias chamada “árvore do conhecimento”; 20 Portal – Bhatt e Fenner (2001) definem portal como o ponto de partida central para conteúdos e aplicações. O seu objectivo é centralizar o acesso a informação que anteriormente exigia múltiplos interfaces. Consideram que as suas vantagens são a partilha do conhecimento, redução e poupança de tempo. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento - 47 Classifica os documentos automaticamente dentro de uma ou mais árvores do conhecimento baseada em regras de negócio, sistemas de ficheiros hierárquicos e URL’s21; - Suporta diversas árvores do conhecimento, cada uma mostrando um ponto de vista diferente acerca da mesma informação; - Melhora a manutenção do sistema, separando a recolha de dados da organização da informação, entre outras. Este software pode ser instalado numa intranet, organizando o seu conteúdo e corre tanto em ambiente Windows como em ambiente UNIX (Verity, 2001). Nestes pontos são abordados em detalhe os três tipos de sistemas de armazenamento de informação mais importantes: data warehouses, documentos e bases de dados. Data Warehouses Data warehouse consiste num conjunto de tecnologias que integram todos os dados de uma organização numa única base de dados, podendo armazenar grandes volumes de dados. A organização da informação em data warehouses é feita por assuntos (clientes, produtos, vendedores, ordens, transacções, etc.), para uma utilização mais fácil (Levine e Siegel, 2001). Para Howell-Jones (2000), um data warehouse é mais que um repositório de informação, pois fornece, numa plataforma aberta, informação a todos os membros da organização. Acrescenta que dentro dos diferentes modos de utilização da informação (explorar novas correntes de receitas, analisar os pontos fortes e os pontos fracos e ajudar na tomada de decisões de negócio), o data warehouse pode ser classificado dentro dos sistemas de apoio à decisão. Por outro lado, apesar da implementação dos sistemas de data warehouse ser complexa e ter causado inúmeras dificuldades às organizações (Sammon e Finnegan, 2000), estes sistemas têm crescido como uma tecnologia chave para a integração de várias fontes de informação distribuídas (Rundensteiner e outros, 2000). Estes autores apresentam alguns exemplos de utilização destes sistemas, num vasto conjunto de modernas aplicações, tais como os seguintes domínios: negócio (análise de marcas), 21 URL – Universal Resource Locate, define a localização de um recurso na Internet (exemplo: http://www.ubi.pt) (Coelho, 2001). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 48 lazer (viagens, estado do tempo ou informações turísticas), ciência (integração de diagnósticos e resultados de especialistas, enfermeiros e médicos), bibliotecas (museus, colecções de arte e outros recursos multimedia on-line) e educação (notas de leitura, sumários, exames e hiperligações para sítios na web). Como exemplo de data warehouse, apresenta-se o sistema Enterprise Data Warehouse da Oracle®, que combina a recolha de dados, design gráfico e ferramentas de gestão de dados para construir e gerir um data warehouse. Dispõe dos seguintes módulos: vendas, finanças, manufactura, clientes, marketing, recursos humanos, compras e análise da gestão de projectos (Whiting, 2001). Gestão Documental As bases de dados de documentos ou bases de dados de gestão documental são considerados outros tipos de repositórios electrónicos de conhecimento. Estas bases de dados representam um aspecto fundamental para a disseminação e partilha do conhecimento, pois facilitam o acesso de uma forma fácil e rápida aos documentos originais. A tecnologia de gestão documental permite organizar e arquivar diversos tipos de documentos em formato electrónico, disponibilizando mecanismos que possibilitam a definição de regras para automatizar a sua circulação e controlar o seu estado e localização em qualquer momento. Dentro das bases de dados de gestão documental podem-se considerar dois tipos de bases de dados, isto é, as que incluem todos os elementos relativos ao registo bibliográfico abreviado do documento (título, autor, data, publicação, resumo, etc.) e o próprio texto original do documento e aquelas que apenas contêm os elementos que identificam e caracterizam os documentos e apresentam, somente, a localização do texto original. Relacionados directamente com a gestão documental, encontram-se os sistemas de workflow, que permitem a “automatização dos circuitos de circulação de papel dentro das organizações” e a aceleração do tratamento dos processos, sabendo-se em cada momento o estado e a localização de determinado documento. Estes sistemas são muito úteis para a gestão de documentos de índole administrativa. Um exemplo de um sistema de gestão documental é o Novasoft NovaManage™, implementada pela Molten Metal Technology, que gere uma base de dados de Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 49 documentos e fornece ferramentas de acesso, revisão, distribuição, armazenamento e gestão de qualquer documento dentro de uma organização (anónimo, 1996). Em Portugal, também existem inúmeras ofertas de sistemas de gestão documental, podendo-se destacar, como exemplo, a solução ApliDOC desenvolvida pela Papelaco Telemática® (Papelaco Telemática, 2001) e o SmartDocs®, oferecido pela ICL® (ICL, 2001). A Portugal Telecom, principal operador português de telecomunicações e multimédia, instalou um sistema de gestão documental, denominado OFICE, em todas as delegações da empresa entre 1997 e 1998, com o objectivo de terminar com a circulação de papel e facilitar a comunicação entre os seus colaboradores. Este sistema permite, em qualquer momento do ciclo de vida útil de um documento, saber onde este se encontra e qual o tratamento de que foi objecto, inclusive, até ser arquivado. Bases de Dados On-line As bases de dados são as ferramentas que contribuíram para a vulgarização dos repositórios de informação em formato digital. Uma base de dados é uma colecção de dados organizada por conteúdos que pode ser facilmente acedida, gerida e actualizada (searchDatabase.com, 2000). Segundo estes autores, os principais tipos de bases de dados são os seguintes: - Bases de dados relacionais – são constituídas por conjuntos de dados organizados num conjunto de tabelas pré-definidas, nas quais os dados podem ser acedidos e reunidos de diversos modos, sem ter que reorganizar as tabelas da base de dados; - Bases de dados distribuídas – são aquelas que podem ser dispersas ou replicadas entre diferentes pontos de uma rede informática; - Bases de dados de programação orientada a objectos – são aquelas que são coerentes com os dados definidos em classes ou subclasses de objectos. Uma classe identifica uma categoria de objectos com as mesmas características (atributos, métodos e comportamentos), podendo ter uma ou mais subclasses que podem herdar algumas das suas características. A estrutura de classes e subclasses é chamada a hierarquia da classe. Um objecto é um bloco de código que pode ser reutilizado e é caracterizado pelo seu comportamento, encapsulando dados e o seu respectivo tratamento em diferentes partes do programa. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 50 A linguagem normalizada para interagir com bases de dados é a SQL – Strctured Query Language, permitindo tanto inserir, consultar, alterar e apagar dados como reunilos para elaboração de relatórios. Esta linguagem é utilizada por ferramentas como a IBM® DB2, Microsoft® Access® e SQL Server® e todas as tecnologias de bases de dados da Oracle®, Sybase® e Computer Associates® (searchDatabase.com, 2000). O gestor de uma base de dados é um utilizador que, tipicamente, tem as funções de atribuir e controlar os acessos de leitura e escrita, especificar a geração de relatórios e efectuar auditorias de utilização (searchDatabase.com, 2000). As bases de dados on-line são bases de dados conhecidas por terem a particularidade de estar permanentemente disponíveis e acessíveis através das tecnologias web, geralmente através da Internet. A web oferece uma procura e recuperação de informação e um interface consistentes e independentes do hardware e sistemas operativos utilizados (Mischo e Schlembach, 1999). Muita da informação necessária para as organizações é de origem externa e uma das fontes mais comuns deste tipo de informação são as bases de dados on-line, acessíveis quer através da Internet quer através das intranets das organizações (Kessler, 1999). Este autor sustenta que o acesso a este tipo de bases de dados on-line facilita muito o acesso a grandes quantidades de informação, num curto espaço de tempo, ao mesmo tempo que permite uma redução das despesas. Como exemplo de um sistema de bases de dados on-line, acessível através da Internet, apresenta-se a base de dados científica Proquest®, da ProQuest Company, que contém uma das maiores colecções de informação a nível mundial, incluindo resumos de artigos de mais de 8.000 publicações, muitos dos quais em formato de texto e imagem integrais. A ProQuest® disponibiliza inúmeros tipos de pesquisas, tais como: básica, avançada, guiada por campo, por publicação e linguagem natural, oferecendo também vários filtros, como por exemplo, a data de publicação do artigo (Proquest, 2001). Outro sistema semelhante a este é o da Emerald™, que consiste numa base de dados electrónica de artigos de jornais disponível on-line, contendo mais de 35000 artigos de gestão (Emerald, 2001). Segundo Jacso (2001), as bibliotecas digitais da ACM (Association for Computer Machinery) e da IEEE Computer Society (Institute of Electrical and Electronic Engineering) constituem um óptimo exemplo de bases de dados on-line. Estas bases de dados oferecem acesso grátis a informação bibliográfica (muitas vezes, incluindo, resumos), acesso ao texto completo a preços razoáveis e acesso completo aos seus assinantes. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 51 3.1.4 Recuperar Informação A fase de recuperação de informação existente num sistema de gestão do conhecimento revela-se de grande importância. Nesta fase, as ferramentas de recuperação de informação desempenham um papel chave na medida em que facilitam um acesso rápido à informação, quando esta é necessária. Em seguida, apresentam-se ferramentas que desempenham um papel importante nesta fase do ciclo do conhecimento. Motores de Busca Os motores de busca são uma ferramenta que ajuda a localizar informação na Internet. Este software procura informação que contenha um ou mais termos ou palavras chave especificadas pela consulta por parte dos utilizadores (Schwartz, 2000). Os motores de busca podem procurar texto utilizando uma palavra chave ou combinar várias palavras utilizando os operadores lógicos de Boole (AND – “e”, OR – “ou” e NOT – “não”). Os motores de busca mais avançados incorporam técnicas da inteligência artificial e podem aceitar consultas em linguagem natural, como a seguinte frase, por exemplo, “a importância da gestão do conhecimento num departamento de uma universidade”. Um exemplo de um motor de busca desenvolvido para integrar em sistemas de gestão do conhecimento é o USU KnowledgeMiner™, da USU AG. Este motor de busca semântico é flexível e poderoso, podendo ser aplicado a todos os conteúdos de uma intranet, incluindo documentos. Os resultados da pesquisa podem ser visualizados através de uma rede semântica que apresenta um mapa de tópicos a três dimensões (de acordo com a norma ISO 13250, que especifica o mapeamento de estruturas de informação). Os nodos são pontos à volta dos quais o conhecimento é agrupado dentro das fontes de dados que estão a ser pesquisadas e as linhas representam as relações individuais entre tópicos (USU, 2001). Na Internet existem inúmeros sítios que possuem motores de busca, dentre os quais se podem destacar, como exemplo, o yahoo! (www.yahoo.com) e o altavista (www.altavista.com). Em Portugal, mais propriamente no domínio “pt”, também estão disponíveis diversos portais com motores de busca. Como exemplo, apresenta-se o sapo 52 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento (www.sapo.pt), o netindex (www.netindex.pt), o clix (www.clix.pt) e a cidade virtual (www.cidadevirtual.pt). Um outro exemplo de motores de busca aplicados a bases de dados on-line está presente na base de dados científica Proquest®, da ProQuest Company, disponibilizando inúmeros tipos de procura, como a procura simples, avançada, guiada por campos que correspondem ao registo bibliográfico, linguagem natural ou por publicação (Proquest, 2001). Agentes Inteligentes Os agentes inteligentes são ferramentas que também podem apoiar a recolha e recuperação de informação podendo, por exemplo, ser integrados em motores de busca. Atkinson e outros (citados em Knapik e Johnson, 1998) definem os agentes inteligentes como sendo “entidades de software que levam a cabo um conjunto de operações em proveito de um utilizador ou de outro programa com algum grau de independência ou autonomia e, para fazer isto, emprega algum conhecimento ou os objectivos ou desejos do utilizador”. Os agentes inteligentes são uma tecnologia que pode ser utilizada em inúmeras áreas. Neste sentido, Knapik e Johnson (1998) consideram que os agentes inteligentes também podem ser definidos em termos dos domínios nos quais podem ser utilizados, incluindo, nomeadamente: - Procura de informação; - Filtragem de dados; - Monitorização de condições ou alerta aos utilizadores quando são detectados alarmes ou condições de set point; - Melhoria de acções em proveito do utilizador; - Providenciar o acesso e segurança nas transacções; - Apoiar a ajuda sensível ao contexto e tutoria on-line; - Gerir a complexidade dos sistemas de informação sobretudo em sistemas distribuídos, tanto em ambientes cliente-servidor como em sistemas ponto a ponto. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 53 Franklin e Graesser (citados em Skyrme e Amidon, 1997), apresentam as seguintes propriedades de um agente inteligente: - “Reactivo – responde atempadamente às mudanças do ambiente; - Autónomo – controla as suas próprias acções; - Orientado por objectivos – pró-activo e com objectivos; - Contínuo – corre continuamente; - Comunicativo e sociável – comunica com outros agentes, podendo incluir pessoas; - Aprendizagem e adaptável – muda o seu comportamento baseado nas suas experiências anteriores; - Móvel – capaz de se mover de uma máquina para outra; - Flexível – as suas acções não são pré-programadas; - Com carácter – “personalidade” credível e estados emocionais” (p. 410). Como exemplo da utilização de agentes inteligentes em sistemas de recuperação de informação, cita-se o Autonomy Update™, desenvolvido pela Autonomy Corporation. O utilizador pode criar um ou mais agentes e estes passam a ser os seus apoios na procura de informação, podendo configurar listas com sítios da Internet e intranets, bem como repositórios internos da organização. Ele cria automaticamente um relatório personalizado ou jornal que informa o utilizador acerca do seu trabalho específico, podendo também enviar-lhe alertas logo que surgem informações ligadas aos seus interesses, via telemóvel, correio electrónico, fax ou outra tecnologia push (Autonomy, 2001). Tecnologias Pull e Push As tecnologias pull (puxar) são utilizadas quando se tem necessidade de obter informação. Exemplos deste tipo de tecnologias são a procura em bases de dados on-line e na Internet. As tecnologias push (empurrar), pelo contrário, caracterizam-se pelo envio de informação da fonte para o utilizador. Um exemplo de utilização de tecnologia push é o tão conhecido correio electrónico. Outros tipos de tecnologias push foram desenvolvidos pelas empresas Pointcast® e BackWeb®. As últimas versões da aplicação Pointcast® procuram oferecer ao utilizador ligado à web e utilizando a tecnologia push, tudo o que é possível Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 54 num único interface, como por exemplo: correio electrónico, videoconferência, fax, notícias sobre inúmeras áreas definidas pelo utilizador, etc. (Coles, 2001). A empresa BackWeb® desenvolveu alguns produtos que utilizam tecnologia push (por exemplo: Proactive Portal Server™ e BackWeb Polite™) que permitem a difusão de actualizações de software, notícias e campanhas para os clientes de uma empresa através da Internet (BackWeb, 2001 e Mears, 2001). 3.1.5 Aplicar/Utilizar o Conhecimento As pessoas têm acesso à informação e ao conhecimento, existindo diversos modos de os aplicar e utilizar para apurar e expandir novo conhecimento. Neste ponto abordam-se dois tipos de ferramentas estruturadas, consideradas como exemplo das tecnologias que podem ser utilizadas nesta fase do ciclo do conhecimento. Simulação A simulação e os modelos computacionais ajudam uma equipa a partilhar modelos mentais e suposições desconhecidas. Através da simulação é possível construir e testar novos modelos, utilizando a informação e o conhecimento existentes, podendo chegar-se à criação de novo conhecimento. A aplicação SmartStat™, desenvolvida pela Knowledge Based Systems, Inc., é um exemplo de uma ferramenta de simulação que, utilizando variáveis estatísticas, apoia a tomada de decisões com avaliação quantitativa de variáveis e factores de risco. Esta aplicação trabalha em conjunto com o Microsoft® Excel™ e permite que o utilizador defina o tipo de distribuição estatística independente para cada célula – distribuição normal, uniforme, exponencial, triangular ou discreta (SmartStat, 2001). Raciocínio Baseado em Casos O raciocínio baseado em casos é um ramo da inteligência artificial que facilita a reutilização de conhecimento explícito, fundamentando-se na procura de casos iguais ou semelhantes, numa base de conhecimento de casos, especializado sobretudo em problemas e soluções. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 55 De acordo com Dempsey (citado em Skyrme, 1999), o projecto europeu CASTING – Case-Based Resoaning Stimulation of Industrial Usage promove a utilização da tecnologia de raciocínio baseado em casos. Este projecto retrata o raciocínio baseado em casos como um ciclo de quatro fases: - Recuperar casos semelhantes da base de conhecimento; - Reutilizar o conhecimento de certos casos para resolver problemas correntes; - Rever e adaptar a solução proposta; - Reter a experiência para o futuro. Apesar da utilização limitada destas tecnologias, segundo CASTING (s.d.), existem muitas empresas que as exploraram e desenvolveram com sucesso aplicações para: - Apoio a utilizadores (help desk); - Diagnósticos baseados em relatórios de falhas; - Gestão da configuração de redes de telecomunicações ou previsão de poluição; - Arquivo e recuperação de imagens radiológicas (aplicações médicas). 3.2 Tecnologias de Trabalho Cooperativo Em consequência do desenvolvimento tecnológico registado particularmente nos últimos anos, as tecnologias de trabalho cooperativo causaram um enorme impacto em termos de gestão do conhecimento, sobretudo no que se refere à partilha do conhecimento. Estas tecnologias apoiam o processo de partilha e disseminação do conhecimento, uma das fases do ciclo dos processos do conhecimento (ver figura 9), desempenhando um papel fundamental na implementação e no crescimento das redes de conhecimento. De notar que as tecnologias de trabalho cooperativo, geralmente designadas por Groupware, são sistemas constituídos por tecnologias de trabalho em grupo ou entre grupos. Groupware é também referido na literatura como sinónimo das conhecidas CSCW – Computer Supported Cooperative Work – ver nota 8. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 56 Segundo Cameron e outros (citados em Ehrlich, 1998) Groupware é a “tecnologia que comunica e organiza informação imprevisível, permitindo a grupos dinâmicos interagir através do tempo e do espaço”. Deste tipo de tecnologias fazem parte, nomeadamente, a Internet e as intranets, assim como o correio electrónico, as listas de distribuição automáticas, a conferência entre computadores, o trabalho conjunto sobre o mesmo ecrã, os fora de discussão, etc. Como exemplo de sistemas que integram tecnologias tipo Groupware pode referir-se o conjunto de aplicações e ferramentas oferecidas pela Lotus® Development Corp.: o Lotus Notes® e o Lotus Domino®. Estes sistemas podem ser utilizados em conjunto ou em separado. O Lotus Notes® integra software de correio electrónico e negócio electrónico (e-business) para a Internet e intranets, apresentando as seguintes funcionalidades: - Correio electrónico – integra as seguintes fontes de informação: correio electrónico, agenda, livro de endereços, etc.; - E-business – a página de apresentação web fornece informações práticas, como: reuniões, endereços Internet importantes e novas mensagens de correio electrónico; - Integração de caixas de correio – oferece uma única caixa de correio electrónico que serve para receber mensagens do Notes® e da Internet a partir do fornecedor de acesso à Internet (ISP – Internet Service Provider); - Mensagens em tempo real – com a integração do Lotus Sametime® é possível saber quem está on-line e enviar-lhe mensagens instantâneas ou conversar via texto (chat), podendo obter respostas mais rápidas (Lotus, 2001a). O Lotus Domino® R5 (versão 5) oferece a seguinte família de servidores: - Domino R5 Mail Server – suporta o correio electrónico, acesso à web e agendamento on-line; - Domino R5 Application Server – permite facilmente a integração de aplicações para a web (workflow, gestão de conteúdos, comércio electrónico, apoio a clientes, etc.; - Domino R5 Enterprise Server – tem todas as funcionalidades dos dois anteriores e reforça-as com agrupamentos para obter alta disponibilidade e fiabilidade exigidas pelas aplicações fundamentais para a organização (Lotus, 2001b). 57 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento Um tipo de software que suporta um conjunto de actividades utilizando o mesmo sistema e também faz parte das tecnologias CSCW é o conhecido ERP – Enterprise Resource Planing. Segundo Silva e Alves (2001), ERP incorpora de uma forma abrangente e integrada as actividades de gestão mais importantes de uma empresa nas mais importantes fases do seu negócio (ex.: desenvolvimento de produtos, aquisições, gestão de stocks, gestão contabilística e financeira, gestão de recursos humanos, gestão da qualidade, etc.). Estes autores consideram que um sistema ERP é a espinha dorsal da gestão da informação do negócio de uma organização. Um sistema ERP apresenta as seguintes características (Silva e Alves, 2001): - “Concepção modular; - Arquitectura independente da plataforma, baseada numa filosofia cliente-servidor; - Processamento descentralizado; - Parametrização de cada módulo, tendo em conta as necessidades e características da organização; - Integração da informação gerada em todas as áreas num único repositório, disponível em todas as áreas da organização; - Informação disponível on-line” (p. 38). Um dos sistemas ERP mais conhecidos são as soluções SAP®. Este sistema aberto e flexível integra todas as funções de uma empresa, de forma modular, suportando bases de dados, aplicações, sistemas operativos e hardware dos maiores fabricantes (SAP, 2001). Mais recentemente surgiu um termo — CRM – Customer Relationship Management — que consiste na “integração entre o marketing e as tecnologias de informação, para dotar a empresa de meios mais eficazes e integrados para obter, reconhecer e cuidar do cliente em tempo real” (Silva e Alves, 2001). Segundo estes autores, este método de gestão é considerado um dos mais sofisticados e eficientes com o qual as empresas podem vir a “aumentar a rentabilidade com os clientes actuais”. Uma das utilizações mais comuns destes sistemas é nos centros de atendimento permanente a cliente, os conhecidos call centers. A seguir, apresentam-se algumas ferramentas de trabalho cooperativo que apoiam a partilha e difusão de conhecimento. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 58 Sistemas de Apoio à Decisão em Grupo As tecnologias designadas por sistemas de apoio à decisão em grupo caracterizam-se, segundo Ferreira (1999), por serem sistemas integrados baseados em computador que facilitam a solução de um problema semi-estruturado ou desestruturado por parte de um grupo que tem a responsabilidade de tomar uma decisão. O objectivo destas ferramentas é aumentar a produtividade e a eficiência na tomada de decisões, ou pela rapidez do processo de tomada de decisão ou pela qualidade dos resultados das decisões. Para Turban (citado em Ferreira, 1999) isto é aperfeiçoado através do apoio dado pela troca de ideias, opiniões e preferências dentro do grupo. O VisionQuest®, da Intellect Corporation, é uma ferramenta de trabalho cooperativo utilizado para apoiar equipas no seu processo de tomada de decisões. Este sistema pode ser instalado em todos os computadores do grupo e foi desenvolvido para melhorar a sua tomada de decisões (Borkowski, 1999). Outro sistema que se pode integrar neste tipo de produtos é o V.I.S.A – Visual Interactive Sensitivity Analysis, uma ferramenta de apoio à decisão que ajuda a comparar estratégias alternativas ou opções, seguindo vários critérios. O objectivo do V.I.S.A é facilitar a modelização e análise de um modo tanto visual como interactivo, principalmente para melhorar a compreensão e a comunicação e, consequentemente, melhorar a tomada de decisões (V.I.S.A, 2001). O sistema GroupSystems®, da Ventana Corporation, oferece um interface amigável e apresenta-se como uma ferramenta de apoio às diferentes funcionalidades requeridas por um sistema de apoio à decisão em grupo (GroupSystems.com, 2001). Os serviços do GroupSystems® podem ser acedidos de dois modos: - GroupSystems® OnLine – serviço baseado na web para utilizar pela equipa a qualquer hora e em qualquer lugar; - GroupSystems® MeetingRoom – serviço baseado num servidor para utilizar pela equipa em reuniões efectuadas à mesma hora e no mesmo lugar. A empresa ExpertChoice® também oferece sistemas de apoio ao processo de tomada de decisões, tanto em grupo (Enterprise 2000 e Team 2000) como individuais (Professional 2000). Estes sistemas, instalados para grupos, ajudam a gestão a comunicar as prioridades aos decisores e apoiam-nos no momento de informar os gestores das vantagens das suas opções (ExpertChoice, 2001). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 59 Mais recentemente, têm-se desenvolvido ferramentas de apoio à decisão para a-Internet. Como exemplo, podem-se destacar as seguintes (links activos à data da escrita): - Consensus @nyWARE® (http://www.softbicycle.com/welcome.html); - Facilitate.com (http://www.facilitate.com). Videoconferência A videoconferência é uma tecnologia de trabalho cooperativo que permite a conversação à distância face a face entre pessoas ou grupos de pessoas e a partilha de aplicações (sobretudo em ambiente windows), simultaneamente (ou seja, em tempo real). Deste modo, as pessoas podem conversar, ver-se umas às outras e trabalhar sobre o mesmo programa. Fundamentalmente, existem dois tipos de videoconferência: ponto-a-ponto e ponto-multiponto. A videoconferência ponto-a-ponto consiste na interligação entre dois pontos (lugares) e a comunicação estabelece-se apenas entre eles. Numa sessão de videoconferência ponto-multiponto existe uma interligação entre diversos lugares, implementada de forma a que, quando os participantes de um ponto intervêm na comunicação, todos os restantes assistem à sua participação. Isto não invalida que, em determinadas alturas, possa haver uma comunicação entre dois pontos, em que os restantes participantes se limitem a acompanhar. Geralmente, existe um ponto que coordena a sessão para dar a vez aos restantes pontos, com o objectivo de evitar a sobreposição de participações. Inicialmente, quando surgiram os primeiros sistemas de videoconferência apenas era possível transmitir voz e imagem, usando as infra-estruturas de telecomunicações tradicionais. Actualmente, além destas, podem-se utilizar os computadores e a Internet, aplicando uma pequena câmara em cima do monitor, microfone e colunas de som, com um custo mais reduzido, oferecendo um conjunto mais vasto de funcionalidades, tais como: conferência áudio e vídeo, um quadro onde se pode desenhar (whiteboard), conversar via texto (chat), transferir ficheiros, partilhar programas, partilhar o ecrã, etc. Como exemplo deste tipo de ferramentas tecnológicas, que implementam estas funcionalidades, apresentam-se as seguintes: - Microsoft® Windows® NetMeeting® (Microsoft, 1999); - Workplace™, TeamWare Software (TeamWare.com, 2000); - Os produtos de videoconferência e as ferramentas de trabalho cooperativo desenvolvidos pela PictureTel (PictureTel, 2001). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 60 Outros serviços de videoconferência são também oferecidos pelos operadores de telecomunicações em regime de aluguer. Em Portugal, por exemplo, a Portugal Telecom, além de estúdios móveis, criou uma rede de estúdios de videoconferência, instalados nas principais cidades do país (sobretudo, capitais de distrito), com óptimas condições de acústica e qualidade de aquisição, visualização e transmissão de áudio e vídeo. Internet A infra-estrutura tecnológica de trabalho cooperativo mais popular é a Internet. Muitas vezes, a Internet é referida apenas como web, abreviatura de World Wide Web, o sistema global de consulta de informação existente na Internet, inventado por Tim Berners-Lee em 1989, no seio do CERN – Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, na Suíça (Monteiro e Boavida, 2000). A Internet pode-se definir como uma rede de computadores que suporta a arquitectura protocolar TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol) a qual permite o fornecimento de serviços de comunicação (serviços telemáticos) à escala global. Na década de noventa, verificou-se uma explosão da Internet, tendo-se banalizado a sua utilização em termos globais. Tendo em conta as dificuldades crescentes na localização de sítios na Internet, surgiram os serviços de busca de informação na web (como os portugueses SAPO – http://www.sapo.pt, AEIOU – http://www.aeiou.pt, NetIndex – http://www.netindex.pt, etc e os estrangeiros YAHOO – http://www.yahoo.com e AltaVista – http://www.altavista.com, por exemplo). Em 1999, apareceu um novo fenómeno na web: o Portal (definição, ver nota 20). Em termos de gestão do conhecimento e a partir da utilização da Internet surgiram as chamadas “redes de conhecimento” (ver nota 6). Estas utilizam a web como o seu meio básico de comunicação, tanto para a troca de informação como integrando conhecimento nas suas práticas de negócio (Maurer e Regli, 2000). Por outro lado, a Internet tem-se tornado um importante repositório de conhecimento explícito, tornandoo acessível e partilhável em termos globais. A Internet oferece diversas ferramentas de trabalho cooperativo, que podem ser divididas em dois tipos de funções: funções assíncronas e funções síncronas ou de tempo real. As ferramentas que executam funções assíncronas incluem ferramentas de 61 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento messaging22 e groupware, podendo-se apresentar: bases de dados de discussão, bulletin boards, correio electrónico, agendas e bases de dados partilhadas. Quanto às ferramentas síncronas, destacam-se as de conferência na web: chat e gestão de projectos (Agnew, 2000). A próxima geração da web, a que Tim Berners-Lee e outros chamaram a “web semântica” disponibilizará serviços inteligentes, tais como agentes de informação, agentes de procura e filtros de informação que oferecerão maiores funcionalidades e interoperacionalidades aos actuais serviços stand-alone. Nesta nova geração web, as ontologias podem desempenhar um papel fundamental, facilitando o processamento, partilha e reutilização de conhecimento baseado na web, entre inúmeras aplicações (Decker e outros, 2000). Segundo estes autores, ontologias são, geralmente, definidas como conceptualizações formais partilhadas em domínios particulares, fornecendo uma percepção comum dos tópicos que podem ser comunicados entre pessoas e sistemas aplicacionais. Tipicamente, contêm uma hierarquia de conceitos dentro de um domínio e descrevem cada propriedade fundamental do conceito através de mecanismos de atribuição de valores. As ontologias são usadas no comércio electrónico para facilitar a comunicação entre compradores e vendedores, na integração vertical dos mercados (como a VerticalNet® – http://www.verticalnet.com) e na reutilização de descrições entre diferentes lugares de comércio. Em termos de linguagens de programação para a web, inúmeros autores, como Morgan e Deckmyn (1999), Watson (2000) e Maurer e Regli (2000), entre outros, referem que o XML (Extensible Markup Language) é a melhor ferramenta para o desenvolvimento de sistemas de gestão do conhecimento assentes em tecnologias web, podendo ser usada para sumariar e categorizar dados em bases de dados, páginas web e outros documentos. Nesta linha de orientação, Decker e outros (2000) afirmam que o XML e o RDF (Resource Description Framework), actualmente, são normalizados para estabelecer a interoperacionalidade semântica na web. No entanto, acrescentam que o XML apenas endereça a estrutura de um documento, ao passo que o RDF apresenta mais facilidades, na medida em que oferece um modelo de dados que pode ser estendido para endereçar técnicas de representação de ontologias sofisticadas. 22 Messaging – estes produtos caracterizam-se pela utilização de um modelo de armazenamento e envio para trocar mensagens em redor (Radosevich, 1996). 62 Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento Lu e Cai (2000) apresentam um sistema baseado em ambiente web que suporta os processos de representação de desenhos, gestão de conflitos e integração de conhecimento, dentro de um grupo de design. Esta ferramenta, designada por STARS – Social-Technical Analisys Research System, foi desenvolvida pelo IMPACT Lab com o objectivo, não de subestimar as ferramentas CAD – Computer Aided Design, mas para preencher as falhas da coordenação de design que são ignoradas por estas ferramentas. O eRoom®, da eRoom Technology, Inc., é um exemplo de um sistema de trabalho cooperativo, assente em tecnologia web, que apoia actividades como a inovação de produtos e serviços, resolução de assuntos, cooperação em projectos, planeamento estratégico e inovação. O eRoom® é um ambiente que permite a reunião de conhecimento distribuído e a geração de novo conhecimento, o qual pode ser acedido a partir das ferramentas do próprio eRoom®. O eRoom® Real Time Servers, uma extensão do eRoom® Digital Workplace, tem a particularidade de integrar ferramentas de cooperação síncrona e assíncrona num mesmo ambiente de trabalho (eRoom, 2001). Como exemplo de um portal cooperativo, apresenta-se o LinqPortal®. Este portal é dinâmico, cooperativo e ajuda os colaboradores de uma organização a aceder directamente a informação e a cooperar com os seus colegas, clientes e parceiros, independentemente da hora e local onde se encontram (Linq, 2001). Outro portal que se pode destacar é o Brint.com. Este portal contém um grande repositório de artigos sobre áreas ligadas à tecnologia e ao negócio, bem como uma rede comunitária global de negócio electrónico, informação, tecnologia e gestão do conhecimento (Brint, 2001). Actualmente, verifica-se o surgimento no mercado de inúmeras ofertas de ferramentas de apoio à gestão do conhecimento, utilizando tecnologias web, tanto para a Internet como para intranets. Deste modo, mencionam-se, em seguida algumas empresas que utilizam este tipo de ferramentas (links activos à data da escrita): Web Assistants (http://www.webassistant.com), Arisem (http://www.arisem.com), Orbital Software (http://www.orbitalsw.com), Tridion (http://www.tridion.com), Hyperwave (http://www.hyperwave.com), Ibex Knowledge Systems (http://www.ibex.ch), Agilience (http://www.agilience.com), ServiceWare (http://www.serviceware.com), Alcor (http://www.alcor.com), (http://www.kmsoftware.com), (http://www.serda.com), Deskartes Intraespect Mediapps Knowledge Management (http://www.intraespect.com), (http://www.mediapps.com), Portal (http://www.portalb.com) e Active Intranet (http://www.activeintranet.com). Serda B Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 63 Intranet A partir do sucesso que revelou a Internet, repensou-se o conceito e aplicou-se às redes locais das organizações. Assim, surgiram as intranets. Segundo Coelho (2001), o grande valor acrescentado que a aplicação das tecnologias Internet trouxe para as organizações foi a possibilidade de “implementar ferramentas de trabalho cooperativo com uma fracção de custo necessário para montar uma solução tradicional”. As organizações investiram fortemente na instalação de intranets, tendo em conta o seu custo reduzido relativamente a outras tecnologias e o seu bom desempenho em termos tecnológicos. As intranets permitem a integração de aplicações existentes numa mesma plataforma, utilizam o mesmo interface e ficam acessíveis a partir dos web browser, para além de apresentarem vantagens decorrentes da simplicidade de utilização dos browsers e da facilidade de distribuição de informação e troca de mensagens na organização. Segundo Skyrme (1999) a chave para o sucesso na implementação de uma intranet é o seu bom conteúdo, uma arquitectura de informação bem desenhada e uma boa gestão da informação. Este autor apresenta as seguintes guidelines para criar uma intranet efectiva: 1. “Ligar a intranet aos objectivos e processos chave do negócio. Definir claramente quais os propósitos e as actividades que deve apoiar; 2. Enfoque no utilizador e no conteúdo. Muitas páginas de intranet estão organizadas por departamento. Quando isto se verifica, deve haver muitas hiperligações entre as páginas; 3. Não focar exclusivamente na web. Deve-se utilizar a intranet em conjunto com outras ferramentas e aplicações, incluindo correio electrónico, ligação via web browser a outras aplicações e bases de dados; 4. Proporcionar informação bem organizada – desenvolver uma estrutura de informação clara, usando um sistema de classificação consistente; 5. Usar um design simples e claro. Dar atenção aos clusters de informação e às hierarquias; 6. Fazer uma intranet fácil para os utilizadores publicarem. Providenciar modelos para tipos normalizados de informação, como por exemplo, exemplos de melhores práticas, etc.; Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 64 7. Incrementar a densidade de hiperligações entre diferentes clusters de informação. Os utilizadores valorizam ponteiros para outros locais com informação complementar; 8. Gerar oportunidades para interacção. Cada grupo de páginas de informação deverá ter associada uma base de dados para discussão onde as pessoas podem partilhar o seu conhecimento e posteriormente desenvolver as suas ideias; 9. Empregar editores do conhecimento para continuamente reverem e refinarem a informação, a partir de outras páginas e da discussão e com origem noutras fontes não baseadas em computador; 10. Manter e sustentar a intranet. Um programa sistemático de actualização, baseado na esperança de vida da informação, pode fazer parte do plano de gestão dos recursos de informação da organização” (p. 206). Como exemplo de grandes empresas que desenvolveram sistemas de gestão do conhecimento assentes em intranets, apresentam-se as seguintes: Siemens (Davenport e Probst, 2000), AT&T (considerada a maior do mundo com 80.000 utilizadores), Hewlett-Packard, Glaxo Welcome, Rover Group (Skyrme, 1999), Rank Xerox (Allee, 2000), General Electric e Asea Brown Boveri (Schrage, 1999). 3.3 Segurança Um dos problemas mais sérios dos sistemas de gestão do conhecimento, comum aos sistemas de informação em geral e à Internet, prende-se com a questão da segurança, uma vez que só se pretende que aceda ao sistema um utilizador certificado e autorizado previamente. Em termos mais vastos, é necessário garantir a segurança na troca e no acesso à informação sobre a Internet e a segurança nas redes internas (intranets) com o objectivo de proteger a informação vital para o funcionamento das organizações. Num sistema de gestão do conhecimento, a implementação de um sistema de segurança, além de proteger o próprio sistema, garante mais confiança e contribui para a participação dos utilizadores. Segurança é entendida como uma restrição de acesso a recursos de uma máquina, de uma rede ou partes desta rede, por parte de outros utilizadores ou Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 65 computadores (Martini, 2000). A segurança é, simplesmente, a gestão desta restrição, que se constitui, deste modo, numa política de segurança (do inglês: security policy). Segundo o RFC23 2196 (1997), uma política de segurança consiste num conjunto de regras que os utilizadores dos recursos tecnológicos de uma organização devem seguir. A segurança em redes e sistemas de informação reveste-se de diversos aspectos a considerar na protecção de sistemas de comunicação, dentre os quais se destacam os seguintes: autenticação, confidencialidade, integridade, controlo do acesso, não repudiação e disponibilidade (Monteiro e Boavida, 2000). Para se realizar uma transação é necessário fazer-se a autenticação, ou seja, a prova da identidade dos intervenientes. Feita a autenticação devem ser utilizados mecanismos que garantam o controlo do acesso de modo a ser impedido o acesso à informação por utilizadores ou entidades não autorizadas. Após a autenticação e o controlo do acesso é necessário garantir integridade e confidencialidade da informação transportada pela rede, bem como a não repudiação da transação realizada por parte de algum dos intervenientes. A disponibilidade dos recursos deve ser mantida, mesmo na sequência de ataques. Para aqueles autores, as técnicas disponíveis para a implementação das funcionalidades referidas dividem-se em dois grandes grupos: mecanismos de encriptação24 (ou de cifragem) e de assinatura digital25 e técnicas de autenticação e 23 RFC – Request For Comments – são documentos emitidos pelo Network Working Group, pertencente à IETF – Internet Engineering Task-Force para a implementação de funcionalidades na Internet. Se ao fim de seis meses não houver comentários, um RFC passa a definitivo. Caso contrário, entra em processo de iteração até ficar seis meses sem comentários e passar a definitivo. 24 A encriptação ou cifragem consiste na transformação reversível dos dados por forma a torná-los inteligíveis. A decifração é a operação inversa da cifragem. Alguns algoritmos de cifragem existentes são: DES (Data Encription Standard), IDEA (International Data Encryption Algorithm), RC2 e RC4 (Rivest Code), Diffie-Hellman e RSA (Rivest, Shamir e Adleman) (Monteiro e Boavida, 2000). 25 Assinatura digital – Modo de identificar de modo unívoco o autor de uma comunicação (Silva e outros, 1999). É constituída por um bloco de texto gerado através de um algoritmo de cifragem aplicado à mensagem a enviar com a chave privada do emissor. O receptor verifica a validade da assinatura, aplicando o mesmo algoritmo com a chave pública do emissor (Monteiro e Boavida, 2000). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 66 controlo de acesso. O controlo de acesso pode ser implementado por um conjunto diversificado de mecanismos, que se podem enquadrar em três situações: - Algo que se conhece (ex.: as palavras chave ou passwords); - Algo que se possui (ex.: smart cards e firewalls); - Algo que se é (ex.: scanning de retina ou outros sistemas biométricos). As passwords são os mecanismos mais utilizados pela sua simplicidade sendo, no entanto, os mais falíveis. Oliveira (2000) sugere que nas passwords se devem usar: letras maiúsculas e minúsculas, palavras com caracteres não alfabéticos (números ou sinais), de modo a que a password seja fácil de recordar para não ter que se escrever e fácil de digitar para não ter que se olhar muito para o teclado. Quando o controlo de acesso é feito em relação a utilizadores humanos, os sistemas biométricos são, possivelmente, os mecanismos mais seguros, contudo são também os mais caros (Monteiro e Boavida, 2000). Um Firewall é um numeroso conjunto de hardware e software colocado na fronteira de uma rede, cujo principal objectivo é controlar o acesso a essa rede por parte de utilizadores sediados noutras redes. Na maior parte dos casos, os firewalls são utilizados para controlar o acesso a uma intranet, protegendo-a de acessos não autorizados oriundos da Internet (Monteiro e Boavida, 2000; Martini, 2000; Skyrme, 1999; Coelho, 2001). Os firewalls, segundo Monteiro e Boavida (2000), podem ser classificados em três categorias, de acordo com a tecnologia em que se baseiam: filtro de pacotes (packet filters), de aplicação (proxies) e baseados em inspecção de estado (stateful inspection). Os firewalls do tipo filtro de pacotes, normalmente, são baseados em routers26. Estes firewalls encaminham os pacotes em função das listas de controlo de acesso (ACL – Access Control Lists), normalmente estáticas, ou seja, configuradas manualmente pelo gestor do sistema. Os firewalls de aplicação, também designados por proxies, como o próprio nome indica, funcionam ao nível da camada de aplicação da arquitectura protocolar TCP/IP. O 26 Routers são equipamentos activos de rede, denominados encaminhadores, que permitem a interligação de “redes de diferentes tecnologias e de diferentes âmbitos”, interligando “redes distintas e totalmente autónomas, fazendo o encaminhamento e a comutação dos pacotes entre as sub-redes às quais estão ligados” (Monteiro e Boavida, 2000). Permitem interligar redes locais entre si e interligar redes locais à Internet, por exemplo. A interligação entre redes pertencentes a diferentes organizações ou operadores também é feita, geralmente, por este tipo de equipamentos, designados normalmente por gateways. Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 67 proxy filtra todo o tráfego que atravessa a fronteira entre a parte privada e a parte pública da rede, podendo executar funções de autenticação, controlo de acesso e controlo do estado das ligações, o que possibilita uma filtragem inteligente da informação. Os firewalls baseados na inspecção de estado exploram a combinação de firewalls do tipo filtro de pacotes com proxies, actuando aos diversos níveis do modelo protocolar. Outro aspecto a considerar em termos de segurança diz respeito à monitorização e a auditoria de segurança. Para esta tarefa, existe uma grande variedade de sistemas, que vão desde a simples ferramenta de verificação de passwords (ex.: Crack27) até às ferramentas para detecção de vulnerabilidades nos sistemas (ex.: SATAN28 – Security Administrator Tool for Analising Network, o ISS29 – Internet Security Scanner e o COPS30 – Computer Oracle and Password System). Outra questão extremamente importante relativamente à segurança prende-se com a protecção contra os ataques efectuados por vírus. Segundo Oliveira (2000), um vírus é um programa, geralmente de pequenas dimensões, com uma série de instruções que o computador vai executar e lhe pode causar danos, bem como corromper a informação nele existente. Os vírus “escondem-se” em ficheiros executáveis (com extensão ‘.exe’ ou ‘.com’) ou em bibliotecas partilhadas do sistema operativo Windows®, de extensão ‘.dll’. Outros vírus, os chamados “vírus de macro”, escondem-se em macros associadas a documentos, geralmente de aplicações windows (ex.: ‘.doc’, ‘.xls’, ‘.ppt’, etc.). 27 O Crack analisa os ficheiros /etc/passwd para verificar a existência de passwords frágeis no sistema operativo UNIX (Monteiro e Boavida, 2000). 28 O SATAN realiza auditorias de segurança em servidores UNIX e na rede, examina os servidores e procura as suas fragilidades, dispõe de interface web e apresenta explicações sobre as principais fragilidades (Monteiro e Boavida, 2000). 29 O ISS realiza auditorias de segurança em servidores UNIX, procurando as fragilidades mais vulgares, sendo inferior ao SATAN (Monteiro e Boavida, 2000). 30 O COPS é constituído por um conjunto de programas que procuram detectar vulnerabilidades em sistemas de comunicação, executando funções semelhantes ao SATAN e ao ISS (Monteiro e Boavida, 2000). Tecnologias de Apoio à Gestão do Conhecimento 68 Os vírus podem estar “adormecidos” num computador, pois só o atacam quando um ficheiro com vírus é executado ou quando um ficheiro com macros infectadas é aberto. Depois do vírus infectar o computador, começa a atacar outros ficheiros. Quando se copia um ficheiro com vírus para outro computador (incluindo, através da Internet ou do correio electrónico, por exemplo), logo que seja executado, infecta o novo computador. O nome ‘vírus’, vem exactamente da capacidade destes programas indesejados se auto-replicarem, à semelhança do que acontece com os vírus nos seres vivos. A melhor forma de proteger um computador ou uma rede de computadores contra este indesejáveis programas é instalar um programa “antivírus”. Existem no mercado inúmeros produtos deste tipo, tais como o Norton AntiVirus™ (http://www.symantec.com) e o MacAfee™ (http://www.nai.com)31. Estes programas podem ser configurados para detectar a presença de vírus na memória e nos discos do computador, bem como na aplicação de correio electrónico. Atendendo a que estão diariamente a surgir novos vírus, é necessário actualizar periodicamente a base de dados com a definição dos vírus existente no programa antivírus. Esta actualização pode ser feita a partir da Internet, utilizando o próprio programa antivírus e a respectiva periodicidade não deve ser superior a uma semana (Wilson, 2001). 31 Pode ser encontrada uma lista exaustiva de programas, incluindo antivírus, em TuCows: http://www.tucows.com, que inclui diversos programas com licenciamento grátis (freeware). Também se pode fazer download (gravar um ficheiro a partir da web) e instalar software antivírus freeware de outros sítios da Internet tais como http://www.virusafe.com, http://www.pcpitstop.com e http://antivirus.cai.com (em 15 de Setembro 2001). Metodologia 69 4. Metodologia 4.1 Introdução O objectivo deste trabalho é estudar o processo de geração e transmissão de conhecimento no contexto do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior (UBI) e propor um Modelo de Gestão do Conhecimento que facilite a interacção entre as pessoas, nomeadamente os docentes, e armazene e favoreça a partilha de informação/conhecimento no Departamento. O desenho de um estudo inicia-se com a selecção do tópico e da metodologia mais adequada para efectuar esse mesmo estudo. Escolhida a metodologia, é elaborado o desenho do estudo e preparada a recolha de dados, tal como se aborda no presente capítulo. Segundo Quintas e outros (1997), a ideia de que o conhecimento pode ser gerido “é claramente fundamental para noções ligadas a organizações de aprendizagem, a empresas baseadas no conhecimento, a gestão dos activos intangíveis e ao capital intelectual”. É neste contexto que se insere o Departamento de Informática da UBI, seleccionado para o caso em estudo. A escolha de um departamento universitário deveu-se ao facto de uma organização deste tipo ser, em si, geradora de conhecimento, uma vez que o seu principal objectivo é reproduzir e transmitir conhecimento. Por outro lado, não foi encontrado qualquer estudo envolvendo universidades ou entidades similares, já que a literatura consultada se refere essencialmente a organizações empresariais. Seleccionado o tópico, a questão seguinte prende-se com a escolha da abordagem metodológica global mais adequada para o estudo. Neste sentido, Creswell (1994) aponta dois tipos de abordagem – quantitativa e qualitativa – cujas raízes se encontram no pensamento filosófico do século XX. Segundo a perspectiva deste autor, numa abordagem qualitativa, os investigadores interagem com o objecto do seu estudo, ao passo que numa abordagem quantitativa, se mantêm distantes e independentes do que está a ser investigado. A abordagem qualitativa caracteriza-se por ser flexível e indeterminada, permitindo ao investigador estudar, em detalhe e profundidade, os assuntos seleccionados, sendo conhecida como aquela que confia numa avaliação subjectiva de Metodologia 70 pessoas ou grupos de pessoas (Marchal e Rossman, 1989; Patton, citado em Hentschel, 1999; Chase Jr., 1997; Creswell, 1994). Patton (citado em Hentschel, 1999) defende que os métodos qualitativos “consistem em três tipos de recolha de dados: (1) em profundidade, com entrevistas abertas, (2) observação directa e (3) documentos escritos”. A abordagem quantitativa fornece resultados precisos e comparáveis, na qual, o detalhe contextual está geralmente ausente. O estudo quantitativo baseia-se em inquéritos dirigidos a problemas sociais ou humanos, fundamentado no teste de uma teoria composta por variáveis, medida com números e analisada com procedimentos estatísticos (Creswell, 1994; Skinner, Tagg e Holloway, 2000; Carey, citado em Hentschel, 1999; Chase Jr., 1997). Creswell (1994) acrescenta que este tipo de abordagem é denominada como a tradicional, positivista, experimental ou empírica. Este método, só por si, não é suficiente para “iluminar” um problema do tipo dos que acontecem no contexto organizacional em estudo. Trata-se de aspectos relacionados, nomeadamente, com: - Relacionamento interpessoal (comunicação, conflitos, interesses, ...); - Gestão dos activos intangíveis (informação, conhecimento, capital intelectual); - Circulação de informação; - Acesso à informação; etc. Assim, dada a natureza do problema em estudo e as possibilidades que as metodologias oferecem, foi escolhida para este estudo uma abordagem qualitativa. A essência da investigação qualitativa, segundo Olscheske (1999), consiste em duas condições: o uso de uma observação detalhada e próxima do mundo natural pelo investigador e a tentativa para evitar compromissos anteriores com algum modelo teórico. Yin (1994), considera que cada estratégia de investigação tem vantagens e desvantagens particulares: (a) o tipo de questões para investigação, (b) o controlo que o investigador tem sobre o comportamento dos eventos actuais e (c) o enfoque em fenómenos contemporâneos como oposição a fenómenos históricos. O quadro V apresenta estas três condições e mostra como cada uma está relacionada com as cinco maiores estratégias de investigação em ciências sociais: experimentações, questionários, análise de arquivos, histórias e estudos de caso. Metodologia 71 Quadro V – Situações Relevantes para Diferentes Estratégias de Investigação Estratégia Tipo de questões para investigação Requer controlo sobre o comportamento dos eventos Sim Enfoque em eventos contemporâneos Sim Experimentação Como, Porquê Questionário Quem, O quê, Onde, Quantos, Quanto Não Sim Análise de arquivo Quem, O quê, Onde, Quantos, Quanto Não Sim/Não História Como, Porquê Não Não Estudo de caso Como, Porquê Não Sim Fonte: Cosmos Corp. (citada em Yin, 1994. Case Study Research: design and methods. Sage Publications, 2ª Edição, USA, p. 6 - adaptado) Geralmente, segundo Yin (1994), os estudos de caso são a estratégia preferida quando são colocadas as questões "como" ou "porquê", quando o investigador tem pouco ou nenhum controlo sobre os eventos e quando se debruça sobre fenómenos (ou acontecimentos) contemporâneos dentro de algum contexto da vida real. Merriam (1990) considera que um estudo de caso “é um exame de um fenómeno específico tal como um programa, um acontecimento, uma pessoa, uma instituição ou um grupo social”. Yin (1994) e Olscheske (1999), definem um estudo de caso como uma pesquisa empírica que investiga um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando as fronteiras entre fenómeno e contexto não são claramente evidentes e em que são usadas várias fontes de evidência. Por outro lado, segundo Yin (1994) a pesquisa do estudo de caso - lida com situações tecnicamente distintas nas quais haverá muitas mais variáveis de interesse do que pontos de dados; - baseia-se em múltiplas fontes de evidência, com dados que devem convergir num modo triangular; - beneficia do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para guiar a recolha de dados e a sua análise. Tendo em conta o objecto em estudo, adoptou-se como abordagem metodológica o estudo de caso explicativo e interpretativo, por ser o mais adequado para o desenvolvimento do trabalho. A questão central deste estudo de caso é: “compreender o processo de geração, transmissão e partilha de conhecimento que resulta da actividade dos docentes do Departamento de Informática da UBI”. Metodologia 72 4.2 Desenho do Estudo Ao desenhar o estudo de caso, procura-se determinar a lógica que estabelece a ligação entre os dados a recolher (e as conclusões a obter), com a questão inicial do estudo. Um estudo de caso deve ter bem definidas as suas fronteiras. Neste estudo, proceder-se-á a um estudo de caso único, porque se estuda um departamento em particular – o Departamento de Informática –, no contexto de uma universidade (a Universidade da Beira Interior), sendo as questões seguintes, as mais importantes a que o estudo deve responder: 1. Que processo de gestão do conhecimento para o Departamento? 1.1 Quais as tipologias de conhecimento? 1.2 Como se pode armazenar o conhecimento/informação? 2. Como é que o conhecimento/informação pode ser partilhado e acedido pelos docentes? 3. Que Modelo de Gestão de Conhecimento para o Departamento? 4. Que ferramentas adequadas para construir o Sistema de Gestão de Conhecimento? As unidades de análise do estudo são os docentes do Departamento: professores e assistentes. Metodologia 73 4.2.1 Protocolo do Estudo de Caso Segundo Yin (1994), é importante que no âmbito da abordagem do estudo de caso se desenvolva previamente o respectivo protocolo. O protocolo do estudo de caso contém, tanto o instrumento, como os procedimentos e as regras gerais que devem ser seguidas no desenrolar do estudo. O protocolo desenvolvido para o presente estudo (ver anexo I), com base na metodologia proposta por Yin (1994), é constituído pelas seguintes secções: - Vista geral sobre o projecto do estudo de caso (objectivos e auspícios do estudo de caso); - Procedimentos de campo (procedimentos desenvolvidos durante o estudo de caso); - Questões do estudo de caso (questões específicas que o autor do estudo de caso tem que ter em mente na recolha de dados e potenciais respostas a essas mesmas questões); - Relatório do estudo de caso (linhas gerais e formato da narrativa), que será parte integrante da dissertação. Após a elaboração do protocolo do estudo de caso, o estudo foi desenvolvido segundo os procedimentos definidos, tendo como objectivo dar resposta às questões colocadas no protocolo. Metodologia 74 4.3 Recolha de Dados A preparação para a recolha de dados inclui o planeamento do modo como essa recolha deverá ser efectuada. Hentschel (1999) considera que um dos factores de controvérsia existentes na literatura sobre os métodos qualitativos e quantitativos, em relação aos métodos aplicados, é que os dados gerados não são claramente separados nesta fase de recolha de dados, sendo ambos denominados “qualitativo” e “quantitativo” de forma livre e arbitrária. Desta forma, pretende-se combinar vários métodos de recolha de dados, de tipo qualitativo, com o objectivo de propor um modelo de gestão de conhecimento “à medida” do departamento em estudo. As várias estratégias de investigação não são mutuamente exclusivas (Yin, 1994). Assim, tendo em conta o objecto em estudo, podem ser combinadas duas ou mais estratégias de investigação. Nesta linha de pensamento, Hentschel (1999) discute a integração de diferentes metodologias de recolha de dados, fazendo a distinção entre métodos de recolha de dados (contextuais/não contextuais) e tipos de dados (qualitativos/quantitativos). Neste estudo, e como é comum no decurso da maior parte dos estudos de campo, são usados vários métodos de investigação que se relacionam uns com os outros (Burgess, 1997). A esta forma de combinar métodos de investigação, chama-se “triangulação” ou combinação de metodologias em relação ao mesmo objecto de estudo (Patton, 1980). Denzin (citado em Patton, 1980 e em Burgess, 1997), identificou quatro tipos de triangulação: 1. Triangulação de dados – uso de várias fontes de dados num estudo; 2. Triangulação de investigador – uso de diferentes investigadores ou avaliadores; 3. Triangulação de teorias – uso de perspectivas múltiplas para interpretar um conjunto de dados; 4. Triangulação metodológica – uso de diversos métodos para estudar um único problema ou programa. Metodologia 75 Neste estudo, utilizou-se a triangulação de métodos e de dados para efectuar a respectiva recolha, através da administração de um questionário, da análise documental e da observação participante. Yin (1999) realça que quantas mais técnicas de recolha de dados forem utilizadas no mesmo estudo, mais forte será a evidência do estudo de caso. O papel de observador-participante, para Burgess (1997), envolve situações em que o investigador participa enquanto simultaneamente observa. No presente estudo, esta situação acontece naturalmente, pois o autor do trabalho é docente do Departamento de Informática. O custo e a qualidade da recolha de dados foram analisados por Pruchno e Hayden (2000), tendo em conta a utilização de entrevistas telefónicas, questionários e entrevistas pessoais. Neste estudo, o custo da recolha de dados é insignificante, pelas características descritas. Quanto à qualidade da recolha, neste trabalho, ela é procurada através da reunião de dados fiáveis sem perder ou esquecer outros dados relevantes, recorrendo à utilização de diversas fontes – docentes, documentos, correio electrónico, página web da Universidade e do Departamento –, e dos próprios métodos de recolha desses dados – questionário, análise documental e observação. Neste contexto, ao longo do estudo, é utilizado o método de observação e, frequentemente, a análise documental. Estes métodos são importantes, bem como as conversas informais, para conhecer o contexto da organização, a sua estrutura, os seus colaboradores e as suas infra-estruturas físicas e tecnológicas, uma vez que o autor é docente do Departamento. A informação recolhida com estes métodos é utilizada, tanto para a elaboração do questionário, como para o desenvolvimento do próprio Modelo de Gestão do Conhecimento. Numa primeira fase, foi administrado um questionário (ver anexo II) a todos os docentes do Departamento. Segundo Yin (1994), um questionário pode ser rapidamente desenhado para enumerar "os quês", visto que o estudo de caso não seria uma estratégia vantajosa nesta situação. Para este autor, geralmente, a questão "o quê" pode ser exploratória (no caso em que qualquer uma das estratégias de investigação pode ser usada) ou utilizada para analisar a prevalência (no caso em que os questionários ou a análise de fichas arquivadas serão mais favoráveis). Nos pontos seguintes, vão ser apresentados em detalhe os métodos de recolha de dados utilizados. Metodologia 76 4.3.1 Administração de Questionário aos Docentes A elaboração do questionário, bem como a formulação das perguntas, constituem aspectos de grande importância, uma vez que vão condicionar e influenciar a recolha dos dados e, consequentemente, as conclusões do estudo. O questionário foi elaborado tendo como objectivo o levantamento das qualificações, actividades e áreas de interesse dos docentes do Departamento. Contém as seguintes secções (anexo II): - Identificação; - Habilitações académicas; - Actividade docente; - Actividade de I&D; - Publicações; - Associações profissionais, científicas e técnicas. As questões foram apresentadas, tendo em conta o objectivo do estudo e a população à qual se dirigiam, sob a forma de questões abertas. Tratando-se de um questionário do “tipo analítico”, isto é, aprofundado com perguntas abertas/resposta livre (Oppenheim, 1993) e tendo em conta a bibliografia consultada, as questões foram colocadas de modo a melhor caracterizar o corpo docente do Departamento, de acordo com os objectivos a atingir, já apontados. O referido questionário foi administrado aos docentes do Departamento (18) entre os dias 5 e 16 de Março de 2001. Foi entregue pessoalmente a cada docente do Departamento (que se encontrava na UBI) e o autor apresentou os objectivos do seu estudo, assim como a importância que representam os sistemas de gestão do conhecimento para as organizações. Esta proximidade e o interesse suscitado pelo tema, motivou os docentes a colaborar, facto que facilitou também a recolha de dados pontuais, através de conversas informais. Aos três docentes que se encontravam em dispensa de serviço no estrangeiro, preparando a sua tese de doutoramento, os questionários foram enviados através de correio electrónico. Além da nota introdutória, que faz parte do próprio questionário, foram enviadas informações complementares relativas ao seu preenchimento. A taxa de resposta ao questionário foi de 100%, tendo sido todo o material recolhido dentro do prazo previsto. Metodologia 77 4.3.2 Observação e Análise Documental O principal método de recolha de dados utilizado neste estudo foi o questionário administrado aos docentes do Departamento. Contudo, tanto a observação participante como a análise documental constituíram, ao longo de todo o estudo, elementos fundamentais e complementares da recolha de dados. A observação participante foi utilizada sistematicamente ao longo do estudo, explorando todas as oportunidades que a condição de elemento da equipa do Departamento de Informática lhe permitiam, havendo, por parte do autor, a preocupação em registar todos os dados considerados relevantes. De entre os dados recolhidos através da utilização deste método de recolha de dados, destacam-se: - funcionamento dos “circuitos informais” de troca de informação no Departamento, nomeadamente, o relacionamento interpessoal, as zonas de trabalho comum e os espaços de convívio; - aspectos científico-pedagógicos do Departamento; - estrutura da rede informática e organização dos sistemas de informação existentes no Departamento; - interesses e actividades extra-profissionais dos docentes. Das situações em que foi utilizada a observação participante para a recolha de dados, destacam-se: - encontros e conversas informais; - a actividade docente do autor do estudo; - reuniões e comunicações científicas; - administração da rede informática e gestão dos sistemas de informação do Departamento; - reuniões departamentais; - reuniões da Comissão Pedagógica da Unidade Científico-Pedagógica das Ciências Exactas, à qual o autor pertence. A análise documental, de igual modo, também foi utilizada frequentemente ao longo do estudo. Actualmente, aquilo que se designa por análise documental, inclui necessariamente, a pesquisa de documentos electrónicos. Grande parte da documentação com interesse para os docentes está depositada na web e o correio Metodologia 78 electrónico é o veículo mais utilizado para fazer circular e difundir documentos entre os docentes, bem como entre o secretariado e os docentes e vice-versa. De entre as inúmeras pesquisas efectuadas destacam-se, sobretudo: - documentos relacionados com a criação do Departamento de Informática; - documentos relacionados com a criação da licenciatura em Engª Informática; - mensagens trocadas entre os docentes relativamente às disciplinas e respectivos regentes e conteúdos programáticos; - mensagens com informações e avisos enviadas quer pelo secretariado quer pelos docentes, sobretudo pela presidente do Departamento; - página web da universidade, dos serviços académicos, de alguns centros e de diversos departamentos, inlcuindo a do extinto Departamento de Matemática/Informática; - página web de alguns docentes do Departamento. Além dos documentos em formato electrónico, naturalmente, também foram pesquisados documentos produzidos e existentes no Departamento e na universidade em formato “papel”, quer de âmbito administrativo (estrutura orgânica, convocatórias, actas de reuniões, Guias de Actividades da Universidade, informações, ...), quer de âmbito científico (planos curriculares das disciplinas e dos cursos pelos quais o Departamento é responsável, relatórios de projectos e de estágios, artigos científicos, notas técnicas, ...). Os dados recolhidos e a respectiva análise são apresentados nos capítulos seguintes. Apresentação e Análise dos Dados 79 5. Apresentação e Análise dos Dados Neste capítulo apresentam-se os dados recolhidos durante a elaboração do presente estudo. A sua recolha foi efectuada de acordo com a metodologia de investigação apresentada no capítulo anterior. A recolha de dados, efectuada para descrever o caso em estudo, foi feita, essencialmente, através dos métodos de observação participante e da análise documental, ao passo que para caracterizar os docentes do Departamento foi administrado um questionário (anexo II). Os dados apresentados nos pontos seguintes sintetizam os aspectos e as características mais relevantes, considerados suficientes para servir de suporte à proposta de um Modelo de Gestão do Conhecimento para o Departamento de Informática da UBI. 5.1 Descrição do Caso A Universidade da Beira Interior (UBI) foi instituída pelo Dec-Lei n.º 76B/86, de 30 de Abril, tendo sucedido ao Instituto Universitário da Beira Interior, criado por sua vez pela Lei n.º 44/79, de 11 de Setembro. O seu primeiro Reitor tomou posse em 21 de Agosto de 1980. A UBI está sediada na cidade da Covilhã, servindo o país e preferencialmente a região onde se insere, a qual integra os distritos da Guarda e de Castelo Branco. Esta Universidade tem como unidades permanentes os Departamentos, que desenvolvem a sua actividade ao nível da sua própria gestão e da geração e transmissão de conhecimento, no domínio de uma disciplina ou grupo de disciplinas. Os Departamentos, agrupados por áreas afins, são a base da organização das principais unidades orgânicas da instituição — as Unidades Científico-Pedagógicas (Guia das Actividades Académicas, 2000). Apresentação e Análise dos Dados 80 As Unidades Científico-Pedagógicas da UBI estão organizadas de acordo com as seguintes áreas (UBI, 2001): - Unidade de Ciências Exactas; - Unidade de Ciências de Engenharia; - Unidade de Ciências Sociais e Humanas; - Unidade de Artes e Letras. Além destas Unidades Científico-Pedagógicas, existe a Faculdade de Ciências da Saúde, criada por Deliberação do Senado n.º 20/98, de 18 de Julho, na sequência da candidatura apresentada pela UBI e sua aprovação em Conselho de Ministros, através da Resolução n.º 140/98 (Faculdade de Ciências da Saúde, 2001). O Departamento de Informática foi criado “por decisão do Senado da Universidade da Beira Interior em 30 de Outubro de 2000” (ubiversitas, 2000). O Departamento de Informática é responsável pelas licenciaturas em Matemática/Informática e Informática Ensino, já existentes, e pela licenciatura em Engenharia Informática, cujo arranque se verificou no ano lectivo 2001/2002. O Departamento de Informática nasceu a partir da desagregação do Departamento de Matemática e Informática, em dois departamentos distintos. Na UBI, desde 1984 que existe um grupo de docentes a leccionar disciplinas de informática integrados no então Departamento de Matemática e Informática. Este Departamento assegura disciplinas de 21 das 23 licenciaturas da UBI (dados referentes ao ano lectivo 2000/2001). Em Outubro de 2001, a licenciatura em Engenharia Informática arrancou na UBI, com sessenta vagas. A licenciatura em Matemática/Informática deixou de ter vagas de ingresso a partir do ano lectivo 2001/2002 assegurando-se, contudo, que todos os alunos desta licenciatura a possam concluir sem quaisquer problemas. Em termos orgânicos, o Departamento de Informática faz parte da Unidade Cientifico-Pedagógica das Ciências Exactas, juntamente com os Departamentos de Matemática, Física e Química. Os assuntos relacionados com aspectos científico-pedagógicos do Departamento são da responsabilidade do seu Conselho Científico, onde têm assento todos os docentes com categoria igual ou superior a professor auxiliar. O Departamento de Informática da UBI é composto por dezanove docentes. Como o presente trabalho é efectuado por um docente do Departamento, no estudo Apresentação e Análise dos Dados 81 apenas são considerados os restantes dezoito. Assim, sempre que são referidos os docentes do Departamento, consideram-se os dezoito que colaboraram no estudo. As instalações do Departamento situam-se no Polo I da UBI - Bloco VI, partilhando o edifício com o Departamento de Matemática e com a Faculdade de Ciências da Saúde. 5.1.1 Estruturas de Apoio ao Ensino O Departamento de Informática, além de uma biblioteca e de salas de aula convencionais, dispõe do seguinte equipamento informático, e respectivas instalações, de apoio às aulas: - duas salas de aula equipadas com 30 computadores cada (salas 6.13 e 6.14); - um laboratório de Sistemas Lógicos/Digitais e Arquitectura de Computadores (6.15); - uma sala de Projectos (6.21) destinada às disciplinas de Projecto; - uma sala de Administração de Sistemas (6.22). Encontra-se em fase de instalação uma sala com computadores (no mínimo 25) que será aberta aos alunos como espaço de estudo e realização dos trabalhos práticos propostos nas disciplinas de Informática. Além destes equipamentos, também se encontram disponíveis, para docentes e alunos, os equipamentos do Centro de Informática da UBI, que dá apoio informático a toda a universidade. A biblioteca do Departamento, além de um espaço para leitura, disponibiliza literatura de referência na área de informática, assim como a assinatura de algumas revistas científicas, nomeadamente: - European Journal of Applied Mathmatics; - IMA Journal of Applied Mathmatics; - Journal for Geometry and Graphics; - Journal of Intelligent & Fuzzy Systems; - Lusíada: Revista de Ciência e Cultura; - Mathematical Intelligencer; Apresentação e Análise dos Dados - Microprocessing and Microprogramming; - SIAM Journal on Numerical Analysis; - Simulation Practice and Theory; - Software: Revista para Profissionais; - Studies in Applied Mathematics; - The Mathematical Intelligence (Springer-Verlag); - Zervalblatt (Springer-Verlag). 82 As revistas de divulgação de tecnologias da informação, de índole comercial são: - Cérebro: Revista de Informática; - Informação e Informática; - Linux Journal; - PC: Manual Informática; - Redes; - Revista de Informática; - Vida Informática. Como oferta, a biblioteca recebe as seguintes revistas comerciais de divulgação de tecnologias da informação: - Hewlett-Packard Journal; - IBM Directions; - IBM-Hoje; - IBM System Journal; - Informações IBM; - MacWorld; - Microsoft Magazine; - Revista IBM - Semana Informática. Em formato electrónico, os docentes e alunos do Departamento têm acesso às seguintes revistas de divulgação de tecnologias da informação on-line: - MacWorld (http://www.macworld.com); - Redes (http://www.fbnet.pt/red); - Semana Informática (http://www.zdnet.pt/semana); - Linux Journal (http://www.linuxjournal.com). Apresentação e Análise dos Dados 83 e às bases de dados científicas: - Emerald Library (http://www.emerald-library.com); - ProQuest on-line – inclui ABI/INFORM Global (http://www.umi.com). Esta biblioteca, a partir do ano lectivo 2001/2002, transfere-se para a biblioteca geral da universidade, cujas instalações foram concluídas no Outono de 2001, situando-se também no Polo I. 5.1.2 Infra-estrutura Tecnológica do DI A rede informática do Departamento está assente em cablagem estruturada, com cabo UTP – categoria 5, ligada a um bastidor que serve todo o edifício. Os principais sistemas operativos dos servidores são o UNIX (da Digital) e o Windows NT 4.0, existindo dois servidores UNIX e dois servidores Windows NT, e sendo utilizados cada um deles, respectivamente, por docentes e alunos. Estes equipamentos estão instalados na sala de Administração de Sistemas (6.22). O servidor UNIX dos docentes está ligado à Internet, máquina onde reside a página web do Departamento (http://www.dmi.ubi.pt) e as páginas pessoais de alguns docentes, cujos acessos podem ser feitos a partir da página oficial da universidade (http://www.ubi.pt). Sempre que algum docente se encontra fora da Universidade, inclusivamente no estrangeiro, pode trabalhar virtualmente no Departamento, uma vez que se pode ligar a este servidor através da Internet. Todos os docentes têm computador pessoal, ligado à rede informática do Departamento e com acesso à Internet. Também dispõem de um laboratório para sua exclusiva utilização (LAS – Laboratório de Sistemas), equipado com oito computadores, duas impressoras Laser a preto e uma Jacto de Tinta a cores, um scanner e outros acessórios multimédia. Apresentação e Análise dos Dados 84 5.1.3 Circulação da Informação no DI A informação que circula no Departamento pode-se dividir, essencialmente, em dois tipos, em função do seu formato: formato electrónico e formato “papel”. A informação em formato electrónico é, praticamente, toda gerada no Departamento e a sua divulgação ou é feita para uma ou várias pessoas em concreto, utilizando-se o seu endereço de correio electrónico, ou é divulgada para todos os docentes, através de uma mailing list32 dos docentes, cujo endereço é [email protected]. A partilha de documentos em formato electrónico (sobretudo, científico-pedagógicos) tem-se efectuado através de duas formas: correio electrónico ou colocação na página pessoal web que alguns docentes possuem. A informação em formato “papel” é encaminhada pelo secretariado do Departamento. Neste formato, inclui-se a informação que chega ao Departamento, assim como memorandos, convocatórias, etc. Cada docente tem o seu cacifo, devidamente identificado, sendo aí depositada toda a informação que lhe é dirigida, incluindo correspondência e outros tipos de documentos. Quando é necessário trocar documentos com docentes que estejam temporariamente ausentes do Departamento, como por exemplo, no estrangeiro, recorre-se ao correio postal, à telecópia (fax) ou ao correio electrónico. 32 Uma Mailing List é constituída por uma lista de endereços de correio electrónico e identificada por um endereço de correio electrónico. Quando se pretende enviar uma mensagem para todos os endereços que fazem parte da lista, apenas tem que se enviar para o endereço que identifica a lista e, deste modo, todos es elementos recebem a mesma mensagem. Apresentação e Análise dos Dados 85 5.2 Caracterização dos Docentes A caracterização dos docentes do Departamento de Informática da UBI, que constituíram as unidades de análise do estudo de caso, foi elaborada, fundamentalmente, através da administração do questionário. Foram ainda recolhidos dados que ajudaram a caracterizar os docentes, através da observação e da análise documental. 5.2.1 Apresentação e Análise dos Dados do Questionário Nos pontos seguintes, apresentam-se detalhadamente os dados recolhidos. Estes dados são apresentados por itens, de acordo com o questionário, para facilitar a sua leitura e dizem respeito à data da administração do questionário (entre os dias 5 e 16 de Março de 2000). I. Categoria O Quadro VI apresenta a distribuição dos docentes da Departamento de Informática por categoria. Quadro VI – Distribuição dos Docentes por Categoria Categoria N.º de docentes Professores auxiliares Assistentes 5 10 Assistentes estagiários TOTAL 3 18 Tratando-se de um departamento recente, os docentes do Departamento de Informática são maioritariamente assistentes (72,2%), não existindo professores catedráticos nem professores associados. Em média, leccionam na UBI há 6 anos. Apresentação e Análise dos Dados II. 86 Habilitações Académicas Em termos de habilitações académicas apenas se considera a obtenção dos graus de licenciatura, mestrado e doutoramento. Assim, no quadro seguinte apresenta-se o número de docentes por grau académico e respectiva licenciatura, mestrado ou doutoramento. Quadro VII – N.º de Docentes por Grau Académico Licenciatura N.º de docentes Engª Informática 3 Engª Electrotécnica 2 Matemática/ Informática 4 N.º de docentes Doutoramento N.º de docentes Engª Informática 1 Engª Electrotécnica 1 Sistemas e Automação 2 Informática 2 3 Matemática Aplicada 2 1 TOTAL 5 Mestrado Informática Matemática Matemática e Ciências da Computação 2 Informática de Gestão 1 Computação Gráfica 1 Matemática 4 Engª Geográfica 1 Física/ Matemática Aplicada 1 Engª Geográfica 1 TOTAL Computacional TOTAL 9 18 De referir que seis docentes realizaram provas de aptidão pedagógica e capacidade científica, estando mais dois docentes a preparar aquelas provas (assistentes estagiários). Em programas de doutoramento estão matriculados sete docentes e em cursos de mestrado, apenas um. Apresentação e Análise dos Dados 87 III. Actividade Docente O Quadro VIII mostra a lista de disciplinas leccionadas pelos docentes do Departamento (35 disciplinas), ordenada alfabeticamente. Quadro VIII – Disciplinas Leccionadas pelos Docentes Algoritmos e estruturas de dados Investigação operacional Algoritmos II Lógica Análise de sistemas I Métodos Numéricos Análise de sistemas II Probabilidades e estatística Análise numérica I Programação Arquitectura de computadores Programação e informática Bases de Dados Programação I Cálculo automático Programação II Complementos de informática Programação III Computadores no ensino da matemática Programação orientada a objectos Desenho assistido por computador Serviços de comunicação Ficheiros e Bases de dados Sistemas lógicos Informática Sistemas Operativos Informática I Sistemas paralelos e distribuídos Informática II Teoria das bases de dados Inteligência computacional Topografia Introdução à informática Topografia II Introdução ao multimédia Apresentação e Análise dos Dados 88 IV. Actividade de I&D Em resposta à questão sobre as áreas de investigação/interesse a que os docentes se dedicam, foram apresentadas as seguintes, classificadas segundo as áreas científicas definidas pelo Institute of Electrical and Electronic Engineering - IEEE Computer Society (2001) e pela Association for Computer Machinery - ACM (2001), através da Task Force “Year 2001 Model Curricula for Computing: CC-2001”: Algoritmos e complexidade: - Teoria da complexidade e computabilidade. Arquitectura e Organização: - Codificação. Ciências da computação: - Fundamentos matemáticos das ciências da computação; Computacional mathmatics; Model checking Análise e transformadas em Ondulas; Álgebra linear numérica; Análise numérica; Problemas de caminho mais curto multiobjectivo. Estruturas discretas: - Demonstração automática e assistida; Cálculo lambda e sistemas de tipo; Interpretação abstracta; Verificação formal; Lógicas. Computação gráfica e visual: - Ambientes virtuais; Computação geométrica; Computação gráfica. Apresentação e Análise dos Dados Gestão da informação: - Multimédia; Aplicações médicas (imagiologia); Sistemas de informação; Tecnologia de bases de dados. Sistemas inteligentes: - Reconhecimento de padrões; Processamento de imagem; Redes Neuronais; Conjuntos difusos; Algoritmos genéticos; Processamento automático de linguagem natural; Domótica. Redes de computadores: - Redes de comunicação ópticas (optical networking); Redes de computadores; Serviços e protocolos da camada de aplicação (arquitectura TCP/IP); Agentes para a Internet; Transmissão de informação sobre redes internet; Tratamento e comunicação de imagem; Compressão. Sistemas operativos: - Sistemas operativos; Tolerância a falhas. Fundamentos de programação: - Programação orientada a objectos; Programming techniques; Algoritmos e linguagens. Linguagens de programação: - Linguagens de programação; Programação funcional; Programação paralela. Engenharia de software: - Engenharia de software. 89 Apresentação e Análise dos Dados 90 Outras áreas científicas (não consideradas pelo IEEE e ACM): - Análise multiresolução; Polinómios matriciais; Matrizes de blocos; Teoria matemática de controlo; Ciências da terra e do espaço; Desenvolvimento de algoritmos para resolução de problemas geodésicos. A actividade de investigação dos docentes do Departamento de Informática desenvolve-se também no âmbito da participação em parcerias externas, tendo sido referido que há 8 docentes envolvidos em projectos nacionais e 3 em projectos europeus (Programas da União Europeia). V. Publicações No que se refere à produção científica, foram referidas as seguintes publicações e artigos: Disponível em formato Impresso Digital N.º de comunicações em congressos/conferências nacionais: 20 16 N.º de comunicações em congressos/conferências no estrangeiro: 31 39 N.º de artigos científicos publicados em Portugal: 9 16 N.º de artigos científicos publicados no estrangeiro: 16 35 76 106 TOTAL Revistas Científicas Para além das revistas científicas disponíveis na biblioteca do Departamento de Informática e da UBI, os docentes referiram as seguintes como assinaturas individuais: • Revistas on-line: - IEEE Computer – assinatura simultânea em formato “papel” (*); IEEE Communications Magazine – (*); IEEE Internet Computing – (*); IEEE Journal on Select Areas in Communications – (*); IEEE Spectrum – (*); Algumas revistas da BCS – British Computer Society; Geophisical Research letters – (*). Apresentação e Análise dos Dados 91 • Revistas em “formato papel” (além das revistas, que simultaneamente são assinadas em formato electrónico, assinaladas com * no item anterior): - IEEE/ACM Transactions on Networking; Communications of the ACM; ACM Computing Reviews; Optical Networks Magazine; Linux Manual; Journal of Geophisical Research. Consideraram ainda que as seguintes revistas científicas on-line deveriam ser disponibilizadas aos docentes do Departamento: - Todas as revistas do IEEE Computer Society; Todas as revistas da ACM – Association for Computing Machinery; Todas as revistas da SIAM – Society Industrial Applied Mathmatics; Virtual Reality (Springer-Verlag); Multimedia Systems (Springer-Verlag); The Visual Computer (Springer-Verlag); Computer Aided Design Journal; International Journal of Share Modelling; Computer Graphics Journal; Série LNCS da Springer-Verlag; TCS – Theoretical Computer Science – ENTCS (Elsevier Publishing); Logic and Computation; Geophisical Research Letters. VI. Associações Profissionais, Científicas ou Técnicas Dos dezoito docentes do Departamento, sete (38,9%) referiram estar ligados a Associações Profissionais, Científicas ou Técnicas: - IEEE Communications Society; IEEE Computer Society; IEEE Computerlectronics Society; ACM - Association for Computing Machinery; Internet Society; Ordem dos Engenheiros; APPIA – Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial; ATALA - Association pour le Traitement Automatique de la Langue (França); BCS – British Computer Society; SIAM – Society Industrial Applied Mathmatics; European Geophisical Society; European Geophisical Union. Apresentação e Análise dos Dados 92 5.2.2 Dados recolhidos através da Observação e Análise Documental Dos dados recolhidos e da observação e análise documental efectuada, procurou-se fazer um breve comentário e integração dos dados obtidos no universo dos docentes do Departamento de Informática. O relacionamento interpessoal entre os docentes e entre os docentes e o secretariado do Departamento e vice-versa caracteriza-se por uma grande proximidade e abertura. Um aspecto que facilita esta interactividade entre as pessoas é o facto dos gabinetes serem contíguos e haver mais do que um docente (dois, três ou quatro) por gabinete. Outro espaço de encontro e convívio é o Bar do Bloco VI, situado no rés-do-chão do edifício, junto à entrada. Ao longo de cada ano lectivo, com alguma regularidade, também são agendados jantares convívio entre os docentes, nomeadamente, junto ao Natal, no final do ano lectivo e após a prestação de provas públicas para a obtenção de grau de Doutor, por parte de algum docente do Departamento. Em termos de interesses e actividades extra-profissionais, alguns docentes praticam actividades desportivas (como, por exemplo, desportos radicais e futsal) e participam regularmente em eventos culturais. Verifica-se que, quer os docentes que praticam as mesmas actividades desportivas, quer os que participam nos mesmos eventos culturais, têm um relacionamento mais próximo em termos de departamento. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 93 6. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 6.1 Introdução Os dados recolhidos através da administração do questionário a todos os docentes do Departamento, da observação participante e da pesquisa documental, permitem construir o que se passa a designar por “capital intelectual” do Departamento de Informática, no qual se enumeram e se faz o apanhado das bases onde reside o conhecimento das pessoas e os meios que apoiam a sua aquisição. Este “capital intelectual” assenta em dois pilares fundamentais (figura 12): recursos humanos – os docentes – e recursos de informação. Os docentes, caracterizados no capítulo 5, secção 5.2, participam dos processos de conversão do conhecimento (Modelo SECI) propostos por Nonaka e Takeuchi (1995), como se apresenta a seguir: - Formação de base dos docentes — interiorização; - Áreas científicas de interesse — interiorização e combinação; - Projectos de investigação e desenvolvimento (I&D) — socialização, interiorização e exteriorização; - Participação em comunidades de prática on-line — socialização, interiorização e exteriorização. O envolvimento em projectos de I&D, além de facilitar a aquisição de conhecimento, também promove a criação e a partilha deste entre os seus membros. Por outro lado, os docentes têm acesso a comunidades de prática on-line através das associações profissionais, científicas e técnicas a que estão ligados. No que se refere aos recursos de informação mais relevantes para o processo de aquisição de conhecimento para o Departamento, foram considerados os seguintes: - revistas científicas on-line; - associações científicas e profissionais enquanto entidades que facilitam o acesso a outros recursos de informação (congressos, informação dirigida aos associados, ...); - recursos tecnológicos, nos quais se considera, fundamentalmente, a rede informática do Departamento e a própria Internet. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 94 A figura seguinte representa a interacção dos docentes do Departamento com os recursos de informação de que dispõem para adquirir conhecimento, melhorando, assim, as suas competências. Figura 12 – “Capital Intelectual” do DI Formação-base Docentes Docentes Áreas científicas Projectos de I&D Comunidades de prática on-line Revistas on-line Recursos Recursos de de Informação Informação Associações científicas e profissionais Tecnologias de informação e comunicação A partir desta figura, construiu-se um quadro (Quadro IX), que se designa por “súmula/síntese de conhecimento” e que resume as qualificações, os interesses e as associações a que os docentes pertencem. Este quadro identifica: - A formação-base dos docentes (entendida como a formação ao nível de licenciatura, provas de aptidão científica e pedagógica, mestrado e doutoramento, agrupados por grandes áreas científicas); - Os seus domínios de interesse, reunidos segundo as áreas científicas definidas pelo Institute of Electrical and Electronic Engineering - IEEE Computer Society (2001) e pela Association for Computer Machinery - ACM (2001), através da Task Force “Year 2001 Model Curricula for Computing: CC-2001”; - As revistas on-line que os docentes consideram que o Departamento deve assinar; - As associações a que os docentes pertencem ou estão ligados. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 95 Quadro IX – Síntese de Conhecimento Formação-base Engª Informática Áreas Científicas de Interesse Algoritmos e complexidade Revistas on-line Todas revistas IEEE Computer Society Todas revistas ACM – Association for Computing Machinery Todas revistas SIAM – Society Industrial Applied Mathmatics Associações IEEE Communications Society Engª Electrotécnica Arquitectura e organização IEEE Computer Society Informática Ciências da computação Matemática Estruturas discretas Virtual Reality (Springer-Verlag) ACM - Association for Computing Machinery Engª Geográfica Computação gráfica e visual Multimedia Systems (Springer-Verlag) Internet Society Gestão da informação The Visual Computer (SpringerVerlag) Ordem dos Engenheiros Sistemas inteligentes Computer Aided Design Journal APPIA – Associação Portuguesa Para a Inteligência Artificial Redes de computadores TCS – Theoretical Computer Science – ENTCS (Elsevier Publishing) ATALA - Association pour le Traitement Automatique de la Langue (França) Sistemas operativos Computer Graphics Journal BCS – British Computer Society Fundamentos de programação Série LNCS33 da Springer-Verlag SIAM – Society Industrial Applied Mathmatics Linguagens de programação International Journal of Share Modelling European Geophisical Society Engenharia de software Logic and Computation European Geophisical Union IEEE Computerlectronics Society Geophisical Research Letters Segundo Kelleher (2001), que participou no projecto europeu KALIF – Knowledge and Learning Infraestruture, KALIF é uma metodologia que se centra essencialmente na partilha do conhecimento, daí não se considerar uma metodologia abrangente para gestão do conhecimento. O projecto KALIF foi lançado em Setembro de 1998 e consiste num conjunto de actividades e serviços, que aparecem sob três formas: eventos, serviços disponíveis no sítio do projecto e serviços on-line que produzem o valor acrescentado KALIF. Os eventos são encontros (físicos) entre os membros da equipa focalizados na partilha de ideias, com o objectivo de criar um espírito de comunidade. Os serviços disponíveis no sítio são visitados pelos membros da equipa; Alí, desenvolvem entrevistas estruturadas para reunir lições que podem ser relevantes para outros e têm á sua disposição o que designam por clínicas. Clínicas são sessões de consultoria durante as quais é dado suporte sobre temas específicos de partilha. Existe uma variedade de serviços on-line disponíveis que podem fazer parte de 33 LNCS – Lecture Notes in Computer Science. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 96 uma aplicação KALIF, como por exemplo: uma livraria electrónica estruturada por temas sobre conhecimento, fora de discussão, um mapa de conhecimento no qual os membros da comunidade se apresentam uns aos outros, notícias electrónicas, etc. A chave do sucesso do método KALIF é a criação de situações win-win e de confiança. Para Kelleher (2001), situações win-win são aquelas em que cada membro participante da comunidade consegue uma relação custo-benefício positiva. Ora o Modelo de Gestão do Conhecimento proposto para o Departamento de Informática da UBI, pretende também assimilar esta metodologia, com o objectivo de tornar o sistema dinâmico e com interesse para os participantes, bem como incentivar a partilha de informação e conhecimento e o acesso a serviços on-line. Na figura seguinte, apresenta-se a proposta do Modelo de Gestão do Conhecimento para o Departamento de Informática da UBI. No modelo, consideram-se dois níveis: o nível organizacional e o nível aplicacional/tecnológico. Ao nível organizacional são abordados os aspectos que devem ser considerados para implementar um processo de gestão do conhecimento no Departamento. Ao nível aplicacional é desenvolvido o Sistema de Gestão do Conhecimento (SGC) sobre a intranet do Departamento, que é a ferramenta aplicacional que serve de suporte ao modelo proposto em termos organizativos. Figura 13 – Proposta de Modelo de Gestão do Conhecimento NÍVEL ORGANIZACIONAL Criar um Ambiente Favorável à Criação/Partilha de Conhecimento Gerir a Informação Sistema de Gestão do Conhecimento - SGC Nível Tecnológico/Aplicacional Nos pontos seguintes, vão ser abordados em detalhe cada um dos blocos do modelo apresentado. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 97 6.2 Nível Organizacional Em termos organizativos, o Departamento deve implementar procedimentos de gestão da informação e criar uma dinâmica que fomente e facilite a participação de todos os docentes no processo de geração e partilha do conhecimento. Assim, têm de ser criadas dinâmicas que facilitem o contacto e a participação das pessoas. Neste nível de abordagem, estudam-se separadamente as questões científicas e as questões administrativas. 6.2.1 Gerir a Informação 6.2.1.1 Informação Administrativa O Secretariado do Departamento, como elemento fundamental, deverá estar envolvido e motivado neste processo, uma vez que passa por ele a maior parte da informação administrativa de e para o Departamento. A informação administrativa gerada no Departamento deverá estar acessível aos docentes em formato digital (electrónico). É particularmente relevante a informação contida em documentos do tipo: - Actas dos “Conselhos do Departamento”; - Actas das “Comissões Científicas Departamentais”; - Memorandos; - Convocatórias; - Avisos; - Notícias sobre as actividades do Departamento. Também a informação administrativa, recebida no Departamento, com interesse para os docentes, deverá estar disponível em formato digital. Sempre que essa informação chega em formato impresso, o secretariado pode digitalizá-la através de um scanner ou resumir o assunto e informar electronicamente os docentes, alimentando, assim, a base de dados de gestão de documentos administrativos. Deste modo, quem Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 98 pretender informações mais detalhadas, poderá dirigir-se ao secretariado e consultar os documentos originais. Alguns tipos de informação são: - Informação gerada na universidade (reitoria, serviços administrativos, centros e departamentos); - Informação enviada pelo Ministério da Educação ou outros organismos do Estado; - Informação enviada por outras universidades ou instituições de ensino; - Informação enviada por instituições da região (por ex.: câmaras municipais, região de turismo, entidades ligadas à saúde, ...); - Informação enviada por sindicatos ou organizações profissionais. O trabalho do secretariado vai ser facilitado, uma vez que dispõe de um modo simples, rápido e eficaz de difundir informação para os docentes (utilizando o correio electrónico) e em qualquer momento pode recuperar informação armazenada na base de dados de gestão de documentos administrativos. Para tal, o secretariado do Departamento deverá ser sensibilizado e motivado para as vantagens do sistema pois, caso tal não se verifique, poderá levantar resistências e prejudicar o funcionamento pretendido. Deve ser criada uma agenda on-line do Departamento, onde são registadas as actividades e eventos com interesse para os docentes: - Seminários, congressos e reuniões científicas; - Defesas de dissertações e teses; - Apresentações de projectos e estágios; - Actividades promovidas pela Universidade; - Actividades promovidas pela Associação Académica (AAUBI) ou pelos núcleos de estudantes do Departamento; - Outros eventos com interesse, tais como: jantares debate, comemorativos ou de convívio, actividades de índole cultural e científica, encontros informais,. etc. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 99 6.2.1.2 Informação Científica A informação de carácter científico produzida em resultado da actividade de docência e investigação do Departamento deverá ser armazenada de forma estruturada e tornada acessível on-line. Neste âmbito, serão incluídos: - Documentos oficiais do Departamento (sobretudo de índole científica); - Teses de doutoramento; - Dissertações de mestrado; - Relatórios de provas de aptidão pedagógica e capacidade científica; - Guiões das cadeiras (programa, bibliografia, nomes dos docentes, cursos a que pertencem, ...); - Artigos científicos e comunicações em congressos. Para o armazenamento desta informação está previsto o desenvolvimento de uma base de dados de gestão de documentos científicos, na qual os docentes colocam os seus documentos, ao mesmo tempo que têm acesso à produção científica do Departamento. Esta informação apresenta-se como algo de extremamente importante em determinadas situações, tais como a integração de novos docentes no Departamento, a atribuição de uma nova disciplina, a elaboração de trabalhos científicos e o interesse por uma nova área científica já existente no Departamento. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 100 6.2.2 Criar um Ambiente Favorável à Partilha de Conhecimento No Departamento deverão ser fomentadas as comunidades de prática, quer ligadas a aspectos pedagógicos, quer por áreas científicas. Deste modo, o conhecimento tácito é partilhado, gerando-se também novo conhecimento e melhorando as competências dos docentes do Departamento, bem como, naturalmente, da própria Universidade. Uma forma de pôr em prática esta iniciativa poderá ser através da criação de fora de discussão ou grupos electrónicos, permitindo, também, a participação de docentes que estejam temporariamente ausentes da Universidade. Simultaneamente, a informação e o conhecimento que são explicitados pela participação de cada docente ficam armazenados no sistema, permitindo a memorização das “melhores práticas” desenvolvidas pelo Departamento. As “melhoras práticas” podem abranger, nomeadamente: - Aspectos pedagógicos; - Administração e gestão da rede informática e dos sistemas de informação do Departamento; - Instalação e resolução de problemas técnicos em Hardware e Software. Outros fora de discussão que também poderão ser criados prendem-se com assuntos de interesse vário para os docentes, tais como: hobbies, férias, desporto, etc. Este espaço permite a motivação dos participantes, estimulando a sua familiarização com o sistema. Por outro lado, os docentes do Departamento também devem estar motivados para a partilha do seu conhecimento explicitado, através da disponibilização dos seus documentos científicos, colocando-os na base de dados de gestão de documentos científicos, desenvolvida para o efeito. Um momento importante será o arranque do sistema. Este acontecimento deverá incluir um Workshop para a sua apresentação, seguido de um jantar convívio. De facto, a promoção de encontros informais, como actividades ao ar livre, facilitam muito o relacionamento interpessoal. Por outro lado, ao iniciar-se uma discussão electrónica, é importante partir de uma discussão presencial. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 101 6.3 Nível Tecnológico/Aplicacional O Sistema de Gestão do Conhecimento (SGC) é parte integrante do Modelo de Gestão do Conhecimento proposto para o Departamento de Informática da UBI. Este sistema serve de suporte, como uma ferramenta tecnológica, à implementação do modelo. A partir da revisão da literatura sobre a tecnologia de apoio à gestão do conhecimento (capítulo 3) e da recolha e análise dos dados que caracterizam os docentes e o próprio Departamento (capítulo 5), vai ser proposto o sistema que dá melhor resposta às necessidades e objectivos do modelo, fundamentalmente — facilitar a interacção entre os docentes e armazenar e partilhar a informação e o conhecimento do Departamento. Segundo LPI Software Funding Group (1998), as tecnologias Internet (internas e externas) são a plataforma computacional do futuro, confirmando o grande crescimento deste tipo de tecnologias nos últimos e nos próximos anos. Por outro lado, Shepherd (1998) analisou o custo-benefício da intranet e concluiu que as vantagens são evidentes, tendo em conta algumas funcionalidades que podem ser implementadas. Dentre estas, destacam-se as seguintes: - Publicação de informação – divulgar notícias e outras informações, na forma de directorias e documentos web; - Correio electrónico – implementar um sistema de correio electrónico integrado na intranet, permitindo que a informação possa ser tanto ‘pushed’ como ‘pulled’; - Gestão documental – permitir aos utilizadores ver, imprimir e trabalhar de forma colaborativa em documentos Office® (processamento de texto, folhas de cálculo, apresentações, etc.); - Formação – utilizar a intranet para divulgar formação; - Workfow – utilizar a intranet para automatizar os processos administrativos; - Bases de dados – utilizar a intranet como um front-end (interface) de sistemas específicos da organização, como bases de dados corporativas; - Discussão – usar a intranet como meio de os utilizadores discutirem e debaterem assuntos. Tendo em conta as tecnologias existentes no Departamento – rede informática, servidores, sistemas operativos e computadores –, as tecnologias de trabalho cooperativo disponíveis – fundamentalmente, aplicações Groupware: Intranet e Internet – e as suas Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 102 características apresentadas, foi escolhida a tecnologia Intranet para desenvolver e implementar o sistema. Uma outra vantagem em utilizar uma intranet prende-se com o facto de os docentes, utilizadores frequentes da Internet, se adaptarem facilmente ao interface do sistema. A intranet servirá de suporte ao Sistema de Gestão do Conhecimento do Departamento e vai ser desenvolvido um portal com o objectivo de construir um interface centralizado que permite ao utilizador interagir com o sistema através de um browser. 6.3.1 Arquitectura do Sistema de Gestão do Conhecimento Um sistema de gestão do conhecimento combina a utilização de várias tecnologias. Segundo Duffy (2000a), a chave para o sucesso na implementação de um sistema reside no bom desenho da sua arquitectura. No contexto dos sistemas de informação, segundo este autor, uma arquitectura identifica as diversas componentes do sistema e descreve o modo como elas interagem. Na figura 14 encontra-se representada uma arquitectura dum modelo de gestão do conhecimento, reproduzida por Lawton, que representa um sistema que armazena, classifica e distribui conhecimento. Figura 14 – Arquitectura dum Modelo de Gestão do Conhecimento Application layer Competitive intelligence Best-practice systems Interface KM services Customerrelationship management Product development Knowledge portal Discovery services Corporate taxonomy Collaboration services Knowledge map Content management Knowledge repository Infrastruture E-mail, file servers, and Internet/intranet services Information and knowledge sources Word processing Database Electronic document management E-mail Web People Fonte: Ovum, citada em Lawton, (2001). Knowledge Management: Ready for Prime Time?. IEEE Computer Magazine, February, p. 13. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 103 Da análise deste modelo em todas as suas componentes, concluíu-se haver uma base sólida para permitir a sua adaptação ao caso em estudo. A partir desta arquitectura e do estudo sobre as tecnologias de suporte à gestão do conhecimento, é proposta na figura 15 a arquitectura para o Sistema de Gestão do Conhecimento do Departamento de Informática (DI) da UBI. Figura 15 – Arquitectura do Sistema de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI Utilizador (Criação e Partilha de conhecimento; Comunidades de Prática) Acesso Contributo Interface (Portal do Conhecimento - Browser) Segurança (ao nível do utilizador) Intranet Serviços de Criação e Identificação Serviços de Recuperação Mapa do Conhecimento Fora de Discussão Bases de Dados Gestão Electrónica de Documentos Correio Electrónico Agenda do Departamento Pessoas (conh. tácito) Infra-estrutura: Rede Informática + Sistemas de Informação do Departamento Hiperligações Sistema de Segurança Armazenamento de Informação e de Conhecimento A arquitectura de gestão do conhecimento proposta considera seis camadas, sendo o utilizador do sistema representado como uma camada suplementar, uma vez que é por e para o utilizador que se desenvolve o sistema. O utilizador interage com o sistema, numa relação bidireccional, em que acede ao sistema para procurar, identificar e recolher informação e conhecimento e, por outro lado, contribui para a criação e partilha de novo conhecimento quando guarda no sistema nova informação e conhecimento explicitado. O modelo apresentado desenvolve-se no nível interno – a intranet –, e abrange o conjunto de todas as camadas do sistema, mas é também um sistema aberto com ligação à Internet, quer a partir das hiperligações que o sistema vai disponibilizar, quer a partir de qualquer ponto da rede informática do Departamento. Para ligação à Internet, está assinalado um sistema de segurança, para impedir o acesso, através de proxies e firewalls, a pessoas não autorizadas (os chamados Hackers), que podem danificar os sistemas, bem como uma protecção antivírus. Internet Internet Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 104 As seis camadas do sistema são: infra-estrutura tecnológica; fontes e armazenamento da informação e do conhecimento; mapa do conhecimento; criação, identificação e recuperação de conhecimento; segurança ao nível do utilizador e interface com o utilizador. A seguir apresenta-se uma breve descrição de cada uma destas camadas. 1. Infra-estrutura tecnológica – considera-se que a infra-estrutura tecnológica do Departamento engloba, quer as componentes “hard” — rede informática (incluindo o equipamento activo – routers, switches, hubs, etc. – e o equipamento passivo – bastidores, cabos, calhas, fichas, tomadas, etc.), servidores, computadores e outros postos de trabalho —, quer a componente “soft” — sistemas operativos, ferramentas de desenvolvimento e software aplicacional. 2. Fontes e armazenamento da informação e do conhecimento – esta camada inclui quer as fontes de informação e conhecimento (ex.: as pessoas e documentos) quer os suportes tecnológicos onde estes se podem armazenar (ex.: bases de dados e sistemas de gestão electrónica de documentos). 3. Mapa do conhecimento – o mapa do conhecimento pode ser definido como o “conhecimento sobre o conhecimento” (ver nota 15). 4. Criação, identificação e recuperação de conhecimento – esta camada é formada pelas ferramentas que apoiam a criação e o acesso à informação e ao conhecimento. Contém as componentes necessárias para gerir o acesso à base de conhecimento, formada por uma complexa combinação de ferramentas de administração do sistema e ferramentas de gestão do conhecimento (Duffy, 2000a). 5. Segurança ao nível do utilizador – a segurança ao nível do utilizador define diversos tipos de acesso ao sistema para diferentes níveis de utilização (ex.: administrador do sistema, utilizador com acesso apenas a determinadas opções, ...) e protege o sistema quanto à entrada de utilizadores não autorizados. 6. Interface com o utilizador – o interface com o utilizador protege-o da complexidade da tecnologia. Um interface bem desenhado deve ser amigável, intuitivo, compreensivo e ter valor para o utilizador (Duffy, 2000a). Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 105 6.3.2 Ferramentas de Suporte ao SGC Nesta secção vão abordar-se algumas ferramentas de suporte à gestão do conhecimento que são utilizadas no sistema proposto, seguindo as várias fases do ciclo do conhecimento apresentado no capítulo 3 (ver figura 9). Criar Conhecimento Para apoiar esta fase, a aplicação de criação de conhecimento que vai estar disponível no portal de conhecimento do sistema é o MindMapper®. Este software, cujas características se apresentaram na página 40, pode ser utilizado pelos docentes, por exemplo, na definição do conteúdo programático das disciplinas que vão leccionar. Identificar Conhecimento Dentro do conjunto de ferramentas disponíveis para auxiliar a identificar conhecimento, propõe-se o desenvolvimento de uma funcionalidade para classificar os documentos da base de dados de gestão de documentos científicos, utilizando, para tal, as palavras chave e o respectivo resumo do documento. Para a sua implementação, recorre-se a técnicas de mineração de dados (data mining) e a exploração de textos (text mining), já referidas no capítulo relativo às tecnologias de apoio à gestão do conhecimento (capítulo 3). Organizar e Armazenar Conhecimento Os meios tecnológicos utilizados para organizar e armazenar a informação e o conhecimento explicitado são as bases de dados, onde se inclui, naturalmente, a gestão electrónica de documentos. Todas as bases de dados são on-line, uma vez que estão permanentemente disponíveis através da intranet. As bases de dados criadas no sistema são as seguintes: - Base de dados com os utilizadores do sistema e respectivo registo da sua utilização (registo de logs) para, em caso de necessidade, se efectuarem auditorias ao sistema; Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI - 106 Base de dados que armazena as “melhores práticas” relacionadas com aspectos pedagógicos e com a rede informática e os sistemas de informação do Departamento; - Base de dados com as disciplinas leccionadas pelos docentes do Departamento; - Base de dados com hiperligações para sítios da Internet, revistas on-line e bases de dados científicas on-line com interesse para os docentes; - Base de dados de gestão electrónica de documentos científicos; - Base de dados de gestão electrónica de documentos administrativos. Cada base de dados, como é comum, tem como principais funcionalidades: inserir, consultar, alterar e remover registos. Existem apenas três bases de dados (hiperligações, as disciplinas e a gestão electrónica de documentos científicos), organizadas por assuntos – as áreas científicas –, uma vez que se pretende que haja um único registo de dados, para evitar a sua replicação. Estas bases de dados listam, numa determinada página, apenas o conteúdo relacionado com a área científica da página onde o utilizador actualmente se encontra. Para o utilizador, esta funcionalidade é perfeitamente transparente. Desta forma, apenas se cria uma base de dados que guarda informação e conhecimento das doze áreas científicas consideradas, em vez de criar uma base de dados para cada área (deste modo, criam-se três bases de dados em vez de trinta e seis). As bases de dados da gestão electrónica de documentos contêm os elementos que caracterizam esses mesmos documentos. Estes, encontram-se organizados por temas e armazenados num servidor de documentos, existindo uma hiperligação entre um registo na base de dados e o respectivo documento. Para criar a agenda do Departamento propõe-se a utilização da aplicação Microsoft® Outlook®, instalada em rede e disponível a todos os docentes do Departamento. Recuperar Informação A recuperação de informação armazenada no sistema é uma das tarefas mais importantes a implementar porque se o conhecimento explícito existente no sistema não se conseguir recuperar de uma forma simples e rápida, o resultado é, praticamente, semelhante à situação de o não ter. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 107 As ferramentas de recuperação a utilizar são: motores de busca (com a integração de agentes inteligentes e processamento de linguagem natural), agentes inteligentes, mineração de dados (data mining) e exploração de textos (text mining) integrados em tecnologias pull e push, além dos mecanismos oferecidos pelos motores das bases de dados. Partilhar/Disseminar Conhecimento A disseminação e partilha de informação e de conhecimento é um dos grandes objectivos deste Sistema de Gestão do Conhecimento. As ferramentas tecnológicas utilizadas para partilhar informação e conhecimento são: o correio electrónico, os fora de discussão e a base de dados com as melhores práticas. O correio electrónico, que pode ser considerado como uma das primeiras ferramentas de trabalho cooperativo é, ao mesmo tempo, uma tecnologia push que já entrou nos hábitos de trabalho da generalidade dos futuros utilizadores do sistema. De igual modo, a partilha das melhores práticas também foi abordada na fase de armazenamento do ciclo do conhecimento, dentro das bases de dados. Os fora de discussão criados são fundamentalmente de três tipos: fora científicos, fora de índole técnica e pedagógica e um forum ligado às actividades extra-profissionais. Os fora de índole científica são doze, existindo um para cada uma das áreas científicas consideradas segundo os interesses dos docentes (Quadro IX). Aplicar/Utilizar Conhecimento Nesta fase do ciclo do conhecimento, pode recorrer-se à tecnologia do raciocínio baseado em casos, apresentado no capítulo das tecnologias de apoio à gestão do conhecimento (ponto 3.1.5), para implementar uma funcionalidade que apoie a resolução de problemas ou situações semelhantes às que terão acontecido no passado. Concretamente, esta funcionalidade deve ser desenvolvida para aplicar sobre a base de dados das “melhores práticas”, relativamente aos aspectos pedagógicos, à administração da rede informática e sistemas de informação e à resolução de problemas com hardware e software. Deste modo, o conhecimento armazenado nesta base de dados, aplica-se em situações similares. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 108 6.3.3 Estrutura do SGC O Sistema de Gestão do Conhecimento (SGC), dada a sua complexidade, está estruturado em módulos com o objectivo de facilitar a sua compreensão e permitir uma implementação de forma faseada, organizada em vários projectos. Neste sentido, garante-se alguma independência e sequencialidade entre os módulos para que, à medida que vão sendo implementados e concluídos, possam de imediato ser testados, para depois se disponibilizarem para utilização. A figura seguinte apresenta um diagrama de blocos do sistema formado pelos diferentes módulos e respectivo inter-relacionamento. Figura 16 – Diagrama de Blocos do SGC Mapa do Portal Procura no Portal Áreas Científicas (12) Agenda do Departamento Páginas Principais Gestão Documental Disciplinas Leccionadas Fora de Discussão (A) Correio Electrónico Fora de Discussão (B) Sistema de Segurança Melhores Práticas Internet Hiperligações O diagrama de blocos contém todas as funcionalidades que respondem às necessidades propostas ao nível organizacional do Modelo de Gestão do Conhecimento. O principal factor que motivou a idealização desta estrutura para o sistema prende-se com as áreas científicas de interesse para os docentes do Departamento (Quadro IX). Considera-se que cada área científica constitui uma comunidade de prática, Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 109 criando-se para cada comunidade um forum electrónico para discussão e debate de assuntos com interesse para os seus membros. Os fora de discussão estão agrupados em dois tipos, conforme consta no diagrama de blocos : A. Fora de discussão de índole científica, cada um subordinado à área científica respectiva; B. Fora de discussão ligados a: 1. Aspectos pedagógicos; 2. Administração da rede informática e dos sistemas de informação do Departamento e instalação e resolução de problemas técnicos em hardware e software; 3. Actividades extra-profissionais. Prevê-se a criação de uma base de dados de melhores práticas a partir dos fora de discussão sobre aspectos pedagógicos e técnicos (pontos 1 e 2, do forum tipo B considerado). Outro aspecto, da maior importância, prende-se com a actualização e a procura de novo conhecimento. Para tal, o Departamento deverá ter acesso a revistas científicas consideradas necessárias pelos docentes, a projectos de investigação e a outras instituições. Hoje, a Internet é o meio mais acessível e no qual se encontra mais informação, e esta, mais actualizada. Para tal, o Sistema de Gestão do Conhecimento deverá contemplar um conjunto de hiperligações, tendo em conta as necessidades do Departamento, tais como: - Home-page do Departamento, que inclui as páginas pessoais dos docentes; - Associações a que os docentes pertencem ou estão ligados (profissionais, científicas, cívicas, ...); - Revistas científicas e técnicas acessíveis on-line (directamente ou via biblioteca); - Sítios de projectos em que os docentes participem; - Instituições, departamentos, institutos e outros organismos relevantes (para a Universidade, para o Departamento, para os docentes); - Conferências e reuniões científicas; - Locais de interesse ligados a áreas de investigação; - Outros locais de interesse. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 110 Após a elaboração deste diagrama de blocos desenvolveu-se a estrutura geral do Sistema de Gestão do Conhecimento, contemplando as principais funcionalidades do sistema e respectiva inter-relação. Na figura da página seguinte (figura 17) encontra-se representada a estrutura geral do sistema e no próximo ponto descreve-se, em pormenor, cada uma das suas principais funcionalidades. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 111 Figura 17 – Estrutura do Sistema Agenda do Departamento Mapa do Þ Portal Y Página Principal (Login) Y Procura no Sistema Y Correio Electrónico (inclui a Mailing List) Página Principal (Personalizada) Y Guiada: • Disciplinas • Documentos • Hiperligações • Por Fórum Genérica Linguagem Natural Base de Dados Melhores Práticas Engenharia Engenharia de de Software Software Y Y Forum Forum de de Discussão Discussão X X Forum Forum de de Discussão Discussão X X Fora Fora de de Discussão: Discussão: •• Aspectos Aspectos pedagógicos pedagógicos •• Adm. Rede Adm. Rede ee Sistemas Sistemas ee Reparação de HW Reparação de HW ee SW SW •• Actividades Actividades extra-profissionais extra-profissionais X X Total: 12 Áreas Científicas Algoritmos Algoritmos Arquitectura Arquitectura ee ee Complexidade Complexidade Organização Organização Y Y Recuperar Informação e Conhecimento X Y Y Base de Dados Gestão Documentos Administrativos Forum Forum de de Discussão Discussão X X Base de Dados X Disciplinas Base de Dados X Hiperligações Y Base de Dados X Gestão Documentos Científicos Firewall Firewall Screening Router DMZ Servidor WWW Servidor FTP Servidor SMTP Servidor de X Documentos Internet Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 112 6.3.3.1 Principais Funcionalidades O Sistema de Gestão do Conhecimento proposto para o Departamento de Informática da UBI é bastante complexo, como se pode observar na figura 17. Como tal, neste ponto descreve-se a respectiva estrutura, sendo apresentadas as suas principais funcionalidades organizadas por itens. ⇒ Interface Personalizado O interface deve ser intuitivo e amigável para o utilizador, disponibilizando uma ajuda on-line. O portal permite que um utilizador, depois de estar credenciado (com a atribuição de Nome de Utilizador – Login ou User Name e uma Palavra Passe – Password), para entrar no sistema, possa personalizar o seu próprio interface. Sempre que um utilizador, os docentes neste caso, insiram mais de três vezes o seu login ou password de forma incorrecta, o sistema suspende o seu acesso, por razões de segurança, e terá que contactar o administrador do sistema para regularizar a sua situação. Para personalizar o interface, o utilizador pode, nomeadamente, seleccionar as áreas científicas pelas quais tem interesse e as informações que deseja receber regularmente. Para tal, é criada uma base de dados que vai guardar o perfil do utilizador, assim como registar a sua navegação no sistema. Estes registos permitem ao administrador do sistema, em caso de alguma anomalia, como corrupção de informação e adulteração do conhecimento, por exemplo, efectuar uma auditoria e detectar o infractor. O utilizador também pode seleccionar e definir o envio de mensagens curtas para o seu telemóvel, para tomar conhecimento de novas participações no sistema, como por exemplo: envio de uma mensagem para um forum do qual o utilizador faz parte, colocação de um novo documento científico cujo assunto é de interesse para o utilizador, divulgação de uma informação de índole administrativa, etc. Esta funcionalidade pode ser desenvolvida através da utilização da linguagem WML – Wireless Markup Language, que faz parte do protocolo WAP – Wireless Applications Protocol, utilizando recursos da Internet (Dreier, 2000). Esta linguagem de programação para a web foi desenvolvida para a comunicação sem-fios através de telemóveis. Segundo Goldman (citado em Dreier, 2000) a linguagem WML foi desenvolvida especificamente tendo em Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 113 conta as peculiaridades deste tipo de dispositivos: ecrã de tamanho limitado, RAM (Read Access Memory) limitada, ROM (Read Only Memory) limitada, cobertura irregular, navegação com um dedo e outros tipos de particularidades desta tecnologia. A página principal do Portal pode estar definida como endereço colocado por defeito quando o browser é aberto. Esta página apresenta a intranet do Departamento de Informática da UBI, facilita o acesso à Internet como qualquer outra página (assinalada por Y na figura) e permite efectuar a autenticação do utilizador e a sua entrada no sistema. Assim, entra na segunda página, chamada Página Principal (Personalizada). Considera-se esta página também como principal, pois é a partir dela que o sistema está organizado. Como foi referido, é nesta página que o utilizador pode definir as suas áreas de interesse, personalizando o seu interface. Em todas as páginas do portal é possível aceder directamente à Página Principal (Personalizada) e sair do sistema (logout). Por razões de segurança, o utilizador deve sair correctamente do sistema, ou seja, fazer logout. Contudo, o sistema prevê esta situação e fecha automaticamente a sessão que o utilizador deixou aberta, informando-o acerca da situação através do envio automático de uma mensagem de correio electrónico. ⇒ Mapa do Portal O mapa do portal informa o utilizador tanto acerca da organização e da estrutura do portal como das suas funcionalidades, ajudando-o a navegar, sobretudo, quando este ainda não está familiarizado com o sistema. Esta funcionalidade é muito semelhante a qualquer uma deste tipo existente nos sítios da Internet. ⇒ Agenda On-line do Departamento A agenda on-line do Departamento, como o próprio nome indica, é uma agenda electrónica, permanentemente actualizada, na qual os docentes podem inserir, consultar, actualizar e remover eventos de interesse comum. Facilita a divulgação de eventos, além do correio electrónico, e envolve mais os docentes na vida do Departamento. Uma aplicação que pode dar resposta a esta necessidade é o Outlook®, da Microsoft®, podendo ser instalado em rede, no servidor da intranet, por exemplo, e acedido a partir do Portal. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 114 ⇒ Correio Electrónico O correio electrónico é uma ferramenta que facilita imenso a comunicação entre os docentes e já está em funcionamento no Departamento. Por conseguinte, neste momento colocam-se duas alternativas quanto à sua integração no portal: cada utilizador usa a aplicação cliente de correio electrónico que já tem instalada no seu computador, sendo aberta directamente a partir do portal, ou então implementa-se um cliente de correio electrónico no próprio portal. As duas soluções são válidas, contudo, a primeira é mais fácil e mais rápida de implementar. Por outro lado, também já existe uma mailing list, que tem sido muito utilizada e vai continuar a ser, com o endereço [email protected] onde estão inseridos os endereços de correio electrónico de todos os docentes do Departamento. Uma funcionalidade a implementar consiste na criação de uma aplicação que permita recuperar informação e conhecimento armazenados nas bases de dados, ficheiros e fora de discussão do sistema (assinalados com X na figura) e possa responder automaticamente a múltiplas questões. Para o utilizador, esta funcionalidade é activada através da elaboração de uma mensagem, enviada para um endereço destino pré-definido, em que no assunto e no corpo da mensagem escreve as frases ou palavras chave da sua pesquisa. O sistema, utilizando agentes inteligentes, mineração de dados e exploração de textos, elabora a mensagem e responde automaticamente ao utilizador. Neste caso, integram-se tecnologias pull para a recuperação da informação e tecnologias push para o seu envio ao utilizador (o correio electrónico). ⇒ Procura no Sistema Uma das opções mais comuns num portal é a possibilidade de localizar informação de uma forma rápida e simples, recorrendo aos motores de busca. Neste sistema, também se pretende implementar esta funcionalidade, na qual a procura se pode executar de três formas: - Uma pesquisa genérica em que a partir de palavras chave ou frases, combinadas através da utilização de operadores lógicos “e” – “AND”, “ou” – “OR” e “não” – “NOT”, o sistema percorre as bases de dados, os documentos e os fora de discussão e vai localizando informação de acordo com as palavras introduzidas. Esta pesquisa, em largura e profundidade, pode Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 115 tornar-se demorada em função da quantidade de informação e conhecimento armazenados; - Uma procura avançada, utilizando o processamento de linguagem natural. Esta pesquisa tem a mesma abrangência da anterior, contudo é mais avançada pois incorpora técnicas da inteligência artificial, sendo mais simples para o utilizador, pois pode colocar frases do tipo: ‘utilização de técnicas de inteligência artificial na construção de motores de busca’; - A pesquisa guiada tem a vantagem do utilizador seleccionar qual a base de dados (das disciplinas, gestão documental e hiperligações), os documentos e por forum, tornando-se assim, mais rápida e mais profunda, uma vez que é mais restrita e dirigida a um arquivo em particular. Esta funcionalidade também pode ser implementada através da aquisição da aplicação USU KnowledgeMiner™, referenciada no capítulo das tecnologias de apoio à gestão do conhecimento (ponto 3.1.4). ⇒ Base de Dados de Hiperligações A base de dados on-line para gerir as hiperligações deverá ter, nomeadamente, os seguintes campos: - URL; - Nome; - Descrição sumária; - Assunto (área científica). Para aceder a revistas ou bases de dados científicas on-line assinadas pelo Departamento ou pela Universidade, o sistema deve fazer a autenticação de tal forma que o acesso seja transparente para qualquer utilizador do sistema. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 116 ⇒ Disciplinas Leccionadas pelo Departamento • Disponibilizar a ferramenta de criação de conhecimento MindMapper® para ajudar os docentes, nomeadamente, a elaborar o conteúdo programático das disciplinas. • Criar a base de dados on-line das disciplinas leccionadas no Departamento, com os seguintes campos: - Nome da disciplina; - Área científica; - Licenciatura(s) a que pertence; - Ano da(s) licenciatura(s)/semestre; - Carga horária (aulas teóricas, teórico-práticas e práticas); - Por ano lectivo: o Conteúdo programático; o Bibliografia base; o Docentes: Regente; Outros docentes o Por licenciatura: N.º de alunos inscritos; N.º de alunos avaliados em frequência; N.º de alunos aprovados em frequência; N.º de alunos avaliados em exame de época normal; N.º de alunos aprovados em exame de época normal; N.º de alunos avaliados em exame de época de recurso; N.º de alunos aprovados em exame de época de recurso. Os dados referentes aos alunos, no ano lectivo em curso, estão disponíveis na página dos Serviços Académicos da UBI (http://academicos.ubi.pt). O preenchimento dos dados referentes à disciplina são da responsabilidade do respectivo regente. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 117 ⇒ Gestão Documental • Criar a base de dados on-line para gestão dos documentos científicos com os seguintes campos que correspondem ao registo bibliográfico abreviado: - Autor(es); - Título; - Data; - Revista, livro ou conferência; - N.º de Volume; - Editora; - N.º de páginas; - Local de publicação; - Palavras chave; - Área científica (os documentos devem ser classificados automaticamente, através da mineração de dados e da exploração de textos, utilizando as palavras chave e o resumo); - Resumo (abstract); - Hiperligação para o documento completo. • Criar a base de dados on-line para gestão dos documentos administrativos com os seguintes campos: - Autor(es); - Assunto; - Data; - Palavras chave; - Hiperligação para o documento completo. • Instalar o servidor de documentos no servidor da intranet, utilizando um servidor de ficheiros ou organizar os documentos por área científica, estruturados em directorias. Estes documentos incluem: teses de doutoramento, dissertações de mestrado, relatórios de provas de aptidão científica e pedagógica e de projectos, comunicações em congressos, artigos científicos e documentos oficiais do Departamento (de carácter científico). Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 118 ⇒ Fora ou Grupos de Discussão Electrónicos Criar os seguintes fora ou grupos de discussão electrónicos: • Um forum para cada uma das doze áreas científicas consideradas no modelo de gestão do conhecimento, com os seguintes temas: - Realização e participação em congressos ou conferências; - Investigação e desenvolvimento; - Elaboração de candidaturas a projectos tanto nacionais como europeus; - Desenvolvimento e participação em projectos; - Dúvidas e questões; etc. • Forum destinado a reflectir e procurar melhorar os aspectos relacionados com a pedagogia, podendo abordar os seguintes assuntos: - Calendário escolar; - Horários; - Taxas de aprovação e de abandono; - Infra-estruturas e equipamentos de apoio às aulas; etc. • Forum sobre a administração da rede informática e os sistemas de informação do Departamento, focando os seguintes aspectos: - Administração da rede informática e dos sistemas de informação; - Instalação e configuração de equipamentos; - Instalação e configuração de software; - Resolução de problemas relacionados tanto com hardware como com software; - Aquisição de hardware e software para o Departamento; - Segurança; etc. • Forum com assuntos extra-profissionais, que estimule o relacionamento interpessoal entre os docentes, podendo focar as seguintes vertentes: - Hobbies; - Desporto; - Cultura; - Temas da actualidade; - Criação e/ou remoção de fora; etc. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 119 ⇒ Base de Dados de “Melhores Práticas” Criar uma base de dados para guardar e partilhar as “melhores práticas”, a partir dos fora relacionados com os aspectos pedagógicos e com a administração da rede informática e dos sistemas de informação do Departamento. O(s) moderador(es) destes dois fora são responsáveis pela recolha das melhores práticas em cada um deles e por colocá-las na base de dados, podendo utilizar as ferramentas de apoio à identificação e recuperação de informação e conhecimento. A base de dados deve conter os seguintes campos: - Identificação da “melhor prática”; - Assunto; - Descrição; - Autor(es); etc. Esta base de dados também pode armazenar as chamadas “piores práticas”, desde que muito bem identificadas e assinaladas, para o utilizador não as confundir com as restantes. Deste modo, cria-se um registo das práticas que não se podem nem devem implementar, pois podem causar grandes transtornos ao Departamento (Schrage, 1999). Para esta base de dados cria-se uma funcionalidade que permite utilizar conhecimento nela residente para a solução de questões relativas a aspectos pedagógicos, à administração da rede informática e sistemas de informação e à resolução de problemas com hardware e software. A tecnologia que serve de base à sua implementação é o raciocínio baseado em casos (ponto 3.1.5). ⇒ Segurança da Intranet Em termos de segurança, consideram-se dois níveis, de acordo com a arquitectura do sistema (ver figura 15): segurança ao nível do utilizador e implementação de um sistema de segurança para interligação com o exterior – a Internet. • A segurança ao nível do utilizador é implementada através da definição de perfis de utilizador, nomeadamente: ‘administrador’ e ‘docente’ (os docentes do Departamento). Ao perfil de administrador são atribuídas as tarefas relacionadas com a gestão da intranet, que inclui: introdução e validação de novos utilizadores, elaboração de Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 120 auditorias, verificação da segurança do sistema e garantia do seu bom funcionamento. Tipicamente, este perfil não tem acesso ao conteúdo das bases de dados, dos fora de discussão, dos documentos e do correio electrónico. O perfil dos docentes do Departamento, que utilizam o portal de conhecimento como uma ferramenta de trabalho no seu dia-a-dia, tanto procuram e assimilam informação e conhecimento do sistema como o alimentam e dinamizam, com os seus contributos e a sua participação. • O sistema de segurança que serve de porta de ligação entre a rede privada – a intranet – e o exterior – a Internet –, compreende dois níveis de segurança: - Segurança em termos de ataque por vírus – instalação de um antivírus em rede (plataforma cliente-servidor) com o objectivo de proteger toda a rede informática do Departamento. O antivírus tem que ser actualizado regularmente, pelo menos uma vez por semana. - Segurança contra ataques vindos da Internet por parte de utilizadores não autorizados – os conhecidos Hackers. Na intranet utiliza-se a solução de segurança baseada numa proposta de Monteiro e Boavida (2000) e que se encontra representada na figura 18. Esta solução é formada por uma arquitectura de acesso robusta, com diversas linhas de defesa, fornecendo um elevado nível de segurança no ambiente intranet. Uma limitação inerente a este sistema, é a degradação da velocidade de acesso à Internet. Todavia, este pequeno inconveniente torna-se um detalhe secundário, desde que a rede não seja muito lenta e não haja servidores em tempo real, tendo em conta o elevado nível de segurança proporcionado por este sistema relativamente aos conteúdos existentes na intranet. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 121 Figura 18 – Sistema de Segurança da Intranet Intranet Firewall Firewall Screening Router Internet DMZ Servidor WWW Servidor FTP Servidor SMTP Fonte: Monteiro e Boavida (2000). Engenharia de Redes Informáticas. FCA – Editora de Informática, Lisboa, p. 358 - adaptado. Numa primeira linha de defesa é utilizado um screening router34, que executa funções de firewall. Num segundo nível é utilizado um firewall, que possui três interfaces: um para acesso à Internet, outro para acesso a uma sub-rede onde se encontram os servidores de acesso público (normalmente designada por rede desmilitarizada – Demilitarized Zone DMZ) e outra de acesso à rede privada (a intranet). Na DMZ são colocados os servidores de acesso público (servidores WWW, FTP35 e SMTP36) e o firewall encaminha o tráfego de e para esta sub-rede. 34 Screening router – neste caso, o router executa funções de filtragem de pacotes, com base nos endereços IP de origem e destino, no protocolo utilizado, nos portos e nos interfaces. Neste firewall também deve ser implementado o NAT – Network Adress Translation, que faz a conversão entre os endereços privados (não oficiais) e os endereços oficiais. Deste modo, os endereços das máquinas no interior da intranet não transparecem para o exterior. 35 FTP (File Transfer Protocol) – protocolo de comunicação para transferência de ficheiros na Internet. 36 SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – protocolo utilizado para transferência de Correio Electrónico na Internet. Modelo de Gestão do Conhecimento para o DI/UBI 122 Num terceiro nível de segurança é utilizado um segundo firewall, com tecnologia diferente do anterior e que deve ser um firewall de aplicação (os conhecidos proxies) que funcionam, como o nome indica, na camada de aplicação da arquitectura TCP/IP. Com a utilização deste tipo de firewall, todo o tráfego que passa na fronteira entre a rede privada e a rede pública é encaminhado para o firewall, isto é, para o proxy. Como o proxy funciona ao nível da aplicação, pode executar “funções de autenticação, controlo de acesso e controlo do estado das ligações, o que permite uma filtragem mais inteligente da informação” (Monteiro e Boavida, 2000). Conclusões 123 7. Conclusões Ao longo desta dissertação foi estudada a gestão do conhecimento nas organizações e as suas tecnologias de apoio, aplicadas ao caso em estudo – o Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior –, com o objectivo de propor um Modelo de Gestão do Conhecimento para este Departamento. Neste capítulo final, são apresentadas as conclusões do estudo e apontadas algumas direcções para trabalho futuro. Começou por efectuar-se um levantamento da literatura de referência sobre a temática Gestão do Conhecimento e seus processos associados, procurando actualizá-la com as mais recentes publicações sobre o tema. Seguidamente, apresentaram-se as principais tecnologias de apoio à gestão do conhecimento, propondo-se um ciclo dos processos do conhecimento que procura integrar e sintetizar os contributos de diversos autores, de uma forma harmoniosa e operatória. A metodologia utilizada – estudo de caso – revelou-se a mais adequada aos objectivos da investigação, possibilitando uma análise em profundidade do Departamento. Os dados recolhidos serviram de base ao Modelo de Gestão do Conhecimento proposto, abordando uma dupla vertente organizacional e aplicacional/tecnológica que, a ser implementado com sucesso conduzirá certamente a uma maior eficácia/eficiência da utilização de todos os recursos intangíveis do Departamento, ou seja, do “capital intelectual” do Departamento de Informática da UBI. Pelas potencialidades que apresenta, este modelo, poderá vir a ser aplicado noutros Departamentos com previsíveis benefícios para toda a Universidade. O carácter inovador desta investigação reside no tipo de instituição em estudo – um departamento, no contexto de uma universidade –, uma vez que a literatura consultada se debruça, essencialmente, sobre organizações empresariais. O presente estudo apresenta, no entanto, algumas limitações. A primeira é a natureza de um único estudo de caso – um departamento em concreto – efectuado por apenas uma pessoa durante um período de tempo limitado (um ano lectivo). Por outro lado, não coube nos objectivos deste trabalho estudar com uma profundidade mais detalhada determinados aspectos ligados às tecnologias, dada a sua vastidão e complexidade. Conclusões 124 As conclusões e o modelo proposto reflectem necessariamente as circunstâncias particulares do Departamento em estudo, não se pretendendo generalizar para outros universos, mas sim apresentar um modelo credível e potencialmente transferível. 7.1 Sugestões para Trabalho Futuro A partir da realização deste estudo e da proposta deste Modelo de Gestão do Conhecimento, o passo seguinte passa pela sua implementação no terreno (o Departamento de Informática), tanto em termos organizacionais como do desenvolvimento do Sistema de Gestão do Conhecimento. À medida que este Sistema vai sendo desenvolvido, uma das primeiras funcionalidades a construir para utilizar durante a implementação do Modelo proposto, pode ser a criação de um forum de discussão. Este forum tem como objectivo permitir que os docentes apresentem sugestões relativas à construção do Sistema, bem como à implementação do próprio Modelo. A partir da implantação do Modelo de Gestão do Conhecimento, torna-se possível medir o “capital intelectual” do Departamento. Neste sentido, pode ser desenvolvido um programa de melhoria contínua, com base em dados que podem ser recolhidos do Sistema de Gestão do Conhecimento do Departamento, considerando tanto variáveis quantitativas como variáveis qualitativas. Como exemplo de variáveis quantitativas a utilizar, sugerem-se, a título de exemplo: o número de participações em conferências ou reuniões científicas, o número de artigos científicos ou outros documentos de índole científica publicados e diversos rácios, como o ‘número de docentes com doutoramento por número total de docentes’, o ‘número de docentes envolvidos em projectos vs. número total de docentes’, etc. Em termos pedagógicos, incluindo o sucesso escolar, naturalmente, podem ser calculadas inúmeras taxas, tais como: taxas de aprovação (n.º de alunos aprovados vs. n.º de alunos avaliados, n.º de alunos avaliados vs. n.º de alunos inscritos), etc. Em termos de variáveis qualitativas podem considerar-se, como exemplo, o grau de qualidade da conferência ou reunião científica onde o docente participa e o nível qualitativo das revistas em que os artigos são publicados, entre outras. Relativamente às “melhores práticas”, pode ser criada uma equipa de peritos, que permita a avaliação e verificação das “melhores práticas” existentes no Sistema. Conclusões 125 Como o Modelo apresentado foi proposto para um departamento em particular – o Departamento de Informática da UBI – pode-se tentar replicar este estudo noutros departamentos universitários, quer de informática quer de outras áreas científicas, e chegar a uma proposta mais genérica de um Modelo de Gestão do Conhecimento. Este modelo poderia ser implementado em departamentos de ensino, pertencentes a instituições do ensino superior, e em institutos de investigação. Bibliografia 126 Referências ADAMS, Eric, FREEMAN, Christopher, (2000). Communities of practice: bridging technology and knowledge assessment. Journal of Knowledge Management, V. 4, (1). AGNEW, Marion, (2000). Collaboration on the desktop. Informationweek, (794) p. 87-94. ALLEE, Verna, (2000). 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