Jader
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Jader
A CARA DA CORRUPÇÃO E DA IMPUNIDADE (TÃO FEIA QUANTO PARECE) A impunidade é revoltante. A impunidade ofende, agride, constrange aqueles que, de alguma forma, sofrem os seus efeitos. A impunidade de Jader Barbalho é revoltante. A impunidade desse elemento ofende, agride, constrange e revolta toda a sociedade paraense, que de alguma forma sofre os efeitos da desfaçatez com que corruptos como ele se conduzem na vida pública. A impunidade desse cidadão é ofensiva diante das provas - cabais, insofismáveis, irretorquíveis - de que ele acumulou uma fortuna estima em R$ 30 milhões por meio de expedientes escusos, espúrios, fraudulentos, à margem da lei e em ofensa aberta, escancarada, repugnante a princípios éticos básicos para quem, no exercício de mandatos eletivos, tem o dever de aplicar bem o dinheiro público. Nos 25 anos de JADER BARBALHO ILUSTRAÇÃO: J.BOSCO / ARTE: AIRTON NASCIMENTO Ações no STF Inquérito 1332 Crime contra a administração pública, peculato Inquérito 1830 Crime contra o sistema financeiro nacional, obtenção de financiamento mediante fraude Inquérito 2051 Crime contra a administração pública, desvio de verbas e organização criminosa Inquérito 2052 Crime contra a administração pública, peculato Ação Penal 339 Crime contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas Ação Penal 374 Crime contra a administração pública, desvio de verbas, organização criminosa, lavagem de dinheiro impunidade com que a Justiça brasileira contempla esse espécime, disseminou-se em alguns círculos a certeza de que Jader Barbalho é um monumento vivo à esperteza, eis que nunca teria deixado provas visíveis das falcatruas que comete. Enganam-se os que pensam assim. A afirmação do auditor fiscal do Banco Central Abrahão Patruni Júnior, ao relatar corajosamente todo o caminho do dinheiro que saiu dos cofres do Banpará em direção aos bolsos de Jader Barbalho e familiares seus, desmente a impressão de que larápios de categoria não deixam rastros porque são ladinos, espertos, finórios. “Estou pronto para explicar o meu relatório aos parlamentares. Se me deixarem falar, não restarão mais dúvidas. Os beneficiários das aplicações do Banpará são Jader Barbalho, seus familiares e empresas de sua propriedade”, disse o auditor do BC, mesmo sob ameaça de morte. Isso não foi apenas uma proclamação de coragem. Foi uma sentença que confirma a corrupção. Foi uma sentença que nega em absoluto a impressão de que ladrões finórios conseguem sempre montar esquemas azeitados de roubalheira e assim ficam imunes a quaisquer suspeitas. Jader Barbalho pode ser esperto algumas vezes. Mas a corrupção que ele tem praticado ao longo de 25 anos é permanente, continuada, frequente, intensa. E deixa rastros. Muitos rastros. Se assim não fosse, ele não teria seu nome associado à corrupção e à impunidade. Não fosse assim, jamais teria acumulado um patrimônio tão grande que nunca antes, jamais, em tempo algum foi acumulado por um homem público no Estado do Pará. As bodas da impunidade que premiam Jader Barbalho, muito embora despertem a revolta geral, são um convite aos paraenses, para que levantem suas vozes e se empenhem ao máximo para escorraçar da vida pública os ladravazes que a desonram. 2 GERAL RONALDO BRASILIENSE “E stou pronto para explicar o meu relatório aos parlamentares. Se me deixarem falar, não restarão mais dúvidas. Os beneficiários das aplicações do Banpará são Jader Barbalho, seus familiares e empresas de sua propriedade”, afirmou o auditor fiscal do Banco Central, Abrahão Patruni Júnior, autor do relatório sobre o desvio de R$ 10 milhões, em valores atuais, ocorrido no Banco do Estado do Pará (Banpará) quando Jader era governador, entre 1983 e 1986. Após receber inclusive ameaças de morte, Abrahão Patruni decidiu falar sobre o escândalo do Banpará, que investigou como funcionário do quadro de carreira do Banco Central do Brasil. Ele reafirmou que o relatório de número 9200047419 é uma bomba contra o Jader Barbalho (PMDB-PA). ‘’Basta ler’’, disse. Segundo Patruni, entre os anos de 1984 e 1987 o então governador Jader Barbalho montou uma operação engenhosa que desviou dinheiro do Banpará para uma conta no banco Itaú, agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Uma parte desse montante voltava para os cofres do Estado e outra era retirada em cheques ao portador. A parte retirada correspondia exatamente à correção pelas perdas inflacionárias, num tempo em que a inflação variava entre 30 e 40% ao mês. WANDERLEY LIMA/FOLHA POPULAR Folha corrida em vez de currículo RASTREAMENTO Ao rastrear o caminho desses cheques, Abrahão Patruni concluiu que o desvio chegou a R$ 1 milhão e há fortes indícios do envolvimento de Jader Barbalho. Registrou tudo isso no relatório 9200047391, de 209 páginas, que foi divulgado na imprensa em 1996. Na época, Jader queria pressionar o governo com a CPI dos Bancos. Houve, então, uma orientação no BC para que Patruni terminasse rapidamente o relatório. A intenção era ameaçar Jader e fazê-lo desistir da CPI dos Bancos. E funcionou. A investigação, no entanto, prosse- ‘’Basta ler’’, disse auditor fiscal do BC sobre o relatório do desvio milionário guiu. Patruni foi percorrendo todo o caminho dos cheques e descobriu que o montante do desvio era dez vezes maior, R$ 10 milhões, e que o dinheiro ia para contas de empresas de Jader, de seus empregados, do pai do senador, o falecido Laércio Barbalho, e de Elcione Barbalho, Justiça feita: Jader algemado desembarca em Palmas, em 2002, depois de sair de Belém, após ser preso pela Polícia Federal ex-mulher de Jader e hoje deputada federal do Pará pelo PMDB. POLÍCIA Jader Barbalho não tem curriculum vitae, tem prontuário, e feito por sua própria polícia. E nesse prontuário a polícia do Pará acompanha a evolução do patrimônio de Jader Barbalho a partir de sua posse no governo do Estado, em 15 de março de 1983. Mal tinha se instalado no governo comprou a Rádio Clube do Pará pelo valor estimado em um milhão de cruzeiros, ficando o restante a ser quitado através de compensação financeira vinda da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Em 11 de novembro de 1983 oito meses depois da posse - Jader adquiriu a fazenda Rio Branco Ltda, pagando 10 milhões de cruzeiros e assumindo um débito da ordem de 200 milhões correspondentes a obrigações trabalhistas e financiamentos contraídos junto aos bancos do Brasil, da Amazônia, Econômico e Bradesco. Foi nessa época, segundo o prontuário da Polícia do Pará, que Jader Barbalho se associou às bancas de Jogo do Bicho Estrela do Norte e BM, que passaram a injetar 20 milhões de cruzeiros mensalmente na modernização do jornal Diário do Pará, do próprio Jader Barbalho. Em primeiro de dezembro de 1983 - ainda no primeiro ano de seu governo - Jader adquiriu do empresário Lopo Álvares de Castro, por 80 milhões de cruzeiros, o prédio de dois andares localizado na rua Gaspar Viana, 773 a 785, com área construída de 2.084,84 metros quadrados, onde instalou o jornal Diário do Pará. Os primeiros meses do primeiro governo de Jader Barbalho, em 1983, são mais do que suficientes para demonstrar seu incrível talento de fazer negócios milionários apenas com seu salário de governador, que não chegava a 800 mil cruzeiros, à época. (R.B.) Ao perder mandato no Senado, Jader pôde ser preso pela Polícia Federal O ex-senador Jader Barbalho teve os bens declarados indisponíveis pela Justiça do Estado do Tocantins em processo a que responde por desvio de dinheiro da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), junto com outro membro da família, seu primo - José Priante, que também é réu na ação. Jader foi preso na manhã do dia 2 de fevereiro de 2002, em Belém, às 9h30, pela Polícia Federal, a mando da Justiça do Tocantins, que havia expedido um mandado de prisão provisória contra ele e um grupo de pessoas acusadas de desvio de dinheiro. O ex-senador foi levado algemado, às 11h30, para a Superintendência da Polícia Federal do Tocantins. Aquela foi a segunda vez que a Justiça havia decretado a prisão de envolvidos em desvio de recursos públicos da Sudam. A primeira foi em abril de 2001, quando foi decretada a prisão de 27 pessoas, entre funcionários da Sudam e contadores de empresas que participavam das fraudes. Todos, no entanto, acabaram soltos. A prisão de Jader foi facilitada pelo fato de ele ter renunciado ao mandato de senador no início de outubro de 2001, após um embate com o falecido e todo-poderoso senador Antônio Carlos Magalhães, ocasião em que as investigações se intensificaram contra ele sobre o caso Sudam. Sem mandato, ele não desfrutava de foro privilegiado e, por isso, foi mais fácil levá-lo para a cadeia. Do contrário, ele não poderia ser preso por decisão de um juiz de primeira instância. Seria necessária autorização do Senado e ele ainda só poderia ser processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte de Justiça do País. Na época, a Comissão de Investigação do Conselho de Ética do Senado já havia comprovado a sua participação no desvio de dinheiro do Banco do Estado do Pará (Banpará) quando foi governador do Estado, na década de 80. O esquema milionário de desvio da Sudam, comandado pelos Barbalhos, foi fisgado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O delegado Helbio Afonso Dias Leite, responsável pelo inquérito, pediu na época ao Su- premo a quebra dos sigilos bancários de Jáder, do primo e então deputado federal José Priante, e ainda da mulher do ex-senador Márcia Centeno e do irmão de Jáder, Leonel Barbalho. A PF teve acesso a uma farta documentação que comprova a participação dos Barbalho na farra com dinheiro público da Sudam, corroborada pela quebra de sigilo telefônico dos envolvidos, provas com base nas quais o Ministério Público pediu à Justiça Federal do Tocantins o envio ao Supremo de parte do inquérito que incrimina Jader e Priante. Algumas dessas provas, colhidas ao longo da investigação, “apontam para a existência de fortes indícios da participação na trama delituosa de fraudes cometidas pelo senador Jader Barbalho e o deputado federal José Priante”, justifica o procurador da República Mário Lúcio de Avelar. No relatório enviado ao Supremo, o delegado da Polícia Federal aponta os contadores Geraldo Pinto e Maria Auxiliadora Barra Martins como peças-chave no esquema de Jáder e Priante na Sudam. A dupla ficou ainda mais comprometida com a apreensão de documentos no escritório da contadora e do ex-superintendente da Sudam Arthur Tourinho, apadrinhado político de Jáder. Veja o que diz um dos bilhetes apreendidos na casa da contadora: “P/Priante: fazer declaração de que não conheço, não usei seu nome, não tenho ligação”. Já na casa de Tourinho, a PF encontrou dois memorandos internos, um destinado a Sen. J.B. e outro para J.B., com informações sobre a tramitação de 26 projetos na Sudam. Os próprios empresários que participavam das fraudes denunciaram a participação da dupla de parlamentares no esquema, conforme publicado na imprensa, na época. Segundo eles, Maria Auxiliadora e Geraldo Pinto cobravam 10% sobre os projetos fraudados aprovados na Sudam. Na outra ponta, Jader Barbalho ficava com 9% dos 10% da propina. CABEÇAS Abaixo do senador, funcionavam como cabeças do esquema Leonel Barbalho, irmão de Jader e lobista de projetos constituídos em nome de “laranjas” e o deputado José Priante, segundo a imprensa, “acusado também de chantagear empresários e forçá-los a fazer contribuições eleitorais”. Reportagem publicada em revista de circulação nacional, na época, dá conta de que o empresário Aloísio Pollmeier, da JCA Agroindustrial, revela em depoimento à Polícia Federal “que deu um cheque de R$ 400 mil para pagamento de comissão a José Priante e não deixa dúvida sobre o poder de Jáder. Aloísio contou aos federais que, numa reunião no Palace Hotel, em Altamira, teve uma discussão com Irlendes Carmos Venzeler Rodrigues, o Alemão, assessor de Priante. Alemão exigiu que ele honrasse o cheque da propina pago a Priante. ‘Isso não é papel que se faça’, censurou Alemão, lembrando que a comissão, a ser dividida entre Priante e Jáder serviria para o deputado pagar uma dívida com o senador. “Jader não perdoa”, advertiu Alemão, segundo o depoimento de Aloísio Pollmeier”. GERAL 3 Patrimônio familiar cresce sem parar Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=BarLeEUBeK4 Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=CXiG3lXVz4o Parte 3 - http://www.youtube.com/watch?v=-p8dWWbeIDI Parte 4 - http://www.youtube.com/watch?v=Zdn9eOfM8QI Parte 5 - http://www.youtube.com/watch?v=4J2Q8wKvp9g Parte 6 - http://www.youtube.com/watch?v=93f7Ej4enW4 Parte 7 - http://www.youtube.com/watch?v=GOPmKK3LsJY Parte 8 - http://www.youtube.com/watch?v=4f-lQEHLwm4 Parte 9 - http://www.youtube.com/watch?v=sd6Rh4PQVeY Documentário sobre desvios recebe prêmio Os crimes - a maioria deles impune - cometidos por Jader Barbalho chamaram a atenção do mundo. Um documentário produzido em 2007 pelo cineasta americano Jason Kohn mostra um Brasil completamente devastado pelo “tiroteio” moral a que o líder do PMDB no Pará cometeu contra seu próprio povo. “Manda Bala” mostra ao mundo que o Brasil é um dos países mais violentos e corruptos do mundo. O filme ganhou o prêmio do júri de melhor documentário no Festival de Cinema Sundance, em Utah, nos Estados Unidos. Exibindo a fazenda de rãs que Jader usava para roubar milhões de dólares, o documentário compara o “ficha suja” a um milionário que investe uma pequena fortuna para blindar seus carros e a um cirurgião plástico que reconstrói as orelhas de vítimas de sequestro mutiladas. De acordo com o jornal americano Los Angeles Times, o documentário Manda Bala foca em “como os ricos ficam mais ricos e os pobres tentam se safar fazendo sequestros e outros crimes”. O filme rendeu o prêmio de melhor fotografia para a cineasta paranaense Heloísa Passos e chegou a ser exibido na mostra de cinema DC Filmfest, realizada em Washington. Para estabelecer supostas ligações entre corrupção e o submundo do crime no Brasil, Kohn se valeu de uma gama bem diversificada de personagens e de imagens fortes, que mostram o funcionamento do criadouro de rãs de Jader, como forma de ocultar um desvio milionário de verbas. Em entrevista à BBC, de Londres, o jovem diretor disse que tudo o que Jader fez é violência. “O filme não é de forma alguma jornalístico. O escândalo de corrupção que o filme mostra foi levantado há anos pela imprensa brasileira. E ele visa mostrar que seja no Brasil ou em outra parte do mundo; roubar milhões de pessoas que não têm nada é um ato de uma violência extraor- Jason Kohn, autor do filme “Manda Bala”, viu em Jader um exemplo de corrupção dinária.” Entre as pessoas entrevistadas pela equipe de Jason Kohn, formada por brasileiros, está Diniz, criador de rãs que realmente gosta da profissão. Sua esposa lhe mandou escolher entre ela e as rãs e ele optou pelas rãs. Suas fazendas para criação eram usadas por Jader para lavar dinheiro ilegalmente. O delegado da Polícia Federal Hélio Dias Leite também é personagem do documentário. Ele dá detalhes de sua investigação sobre a lavagem de dinheiro na criação de rãs, corrupção, e como coletou as evidências contra o BarbalhoMor, que aparece nas gravações com tremenda cara-de-pau, concedendo uma entrevista à equipe de Kohn. Nas imagens da entrevista, gravada na sala do filho de Jader, Jader Barbalho Filho, no prédio da TV RBA, na avenida Almirante Barroso, em Belém, o retrato da mentira. Ou, no mínimo, o ficha suja achou que ninguém veria o filme. Ao ser perguntado sobre o ranário, as denúncias de corrupção e outros crimes envolvendo dinheiro público, Jader deu um show de cinismo: “precisaria de mais tempo para falar sobre isso, mas isso... isso não”, e repentinamente termina a entrevista. M ansões multimilionárias, apartamentos luxuosos, emissoras de rádio e de televisão, um jornal, milhares de cabeças de gado, aviões e fazendas cujos valores superam os R$ 6 milhões. Em três décadas de vida política, Jader Barbalho emendou mandatos e cargos públicos e inflou o próprio patrimônio e o de seus familiares. As contas de como o peemedebista conseguiu multiplicar o próprio patrimônio deixariam corado o ministro da Casa Civil Antonio Palocci, acusado de ter elevado o seu patrimônio no período em que foi ministro do governo Lula de R$ 375 mil para R$ 7,5 milhões, entre os anos de 2006 e 2010, Palocci multiplicou o próprio patrimônio por 20, enquanto Jader, até o ano de 1995, conseguiu a proeza de elevar o patrimônio em 60 mil vezes. A casa modesta que ele ocupava na década de 1970, quando ainda era casado com Elcione Barbalho, a hoje deputada federal e sócia das empresas do ex-marido, não vale mais do que R$ 60 mil. O imóvel está no bairro do Marco, na modesta vila Marlene, próximo à passagem Carmem. Vizinhos da época afirmam que foi nesta casa que Jader teve o primeiro filho e que começou o alpinismo político e econômico sustentado nos cargos para que foi eleito. Jader também morou, ainda naquela década, em uma outra modesta casa, no conjunto Bela Vista, periferia de Belém. Hoje, Jader Barbalho pode escolher entre mansões que parecem castelos, em condomínios fechados, e apartamentos espaçosos que em nada lembram a casinha dos tempos em que assumiu como vereador em Belém. Jader Filho, que nasceu e passou os primeiros anos de vida na casa do bairro do Marco, hoje ocupa uma mansão de mais de R$ 1 milhão no conjunto residencial Cristal Ville, em Val-de-Cães. Para ser vizinho do herdeiro de Jader Barbalho, é preciso desembolsar pelo menos R$ 900 mil no condomínio, considerado um dos mais requintados e caros de Belém, onde morou durante dois anos a ex-governadora Ana Júlia Carepa, a um custo de R$ 70 mil por ano. O outro filho de Jader Barbalho, o prefeito reeleito de Ananindeua, Helder Barbalho, ocupa uma não menos modesta casa no condomínio Lago Azul, o mais caro e cobiçado de Ananindeua, onde o imóvel mais barato disponível para a venda hoje vale R$ 2 milhões. Jader, o pai, se divide entre uma mansão de mais de R$ 1,3 milhões em um terceiro condomínio de luxo, o Água Cristal, também no bairro de Val-de-Cães, reduto da elite empresarial da capital do Pará, e um apartamento de cobertura na travessa 9 de Janeiro, bairro de Na- AS CASAS DA FAMÍLIA BARBALHO FOTOS: TARSO SARRAF E FERNANDO ARAÚJO/AMAZÔNIA ASSISTA AO “MANDA BALA” NO YOUTUBE Acima, a mansão de Jader Barbalho. Ao lado, a modesta casa que ele ocupava na década de 1970. Abaixo, residência de Helder, prefeito de Ananindeua, no requintado Lago Azul zaré, em prédio luxuoso próximo ao Museu Paraense Emilio Goeldi. Jader comprou, neste meio período, uma casa na praia do Cumbuco, em Fortaleza, no Ceará. Além de imóveis, a lista do patrimônio acumulado por Jader Barbalho nos últimos 30 anos, período em que ele não exerceu outra função senão a dos cargos políticos a que foi eleito, tem espaço também para o Jader Barbalho latifundiário. Em outubro do ano 2000, há exatos 11 anos, a revista Veja teve acesso às declarações de imposto de renda oferecidas pelo então senador Jader Barbalho à Receita Federal. De lá, a revista colheu os números que estamparam capa da edição da última semana de outubro de 2000: “O senador de 30 milhões de reais”. À época, Jader se declarava dono da Agropecuária Rio Branco, empreendimento com sede a 100 quilôme- tros de Belém, que tem pelo menos outras duas fazendas administradas por ela. O político também era proprietário de um avião King Air, prefixo PT-OZP, conforme apurou a revista. Salários incompatíveis com patrimônio. Entre 1974 e 1982, Jader exerceu dois mandatos na Câmara dos Deputados. Em valores atualizados, ganhava R$ 8.600 por mês. Nesse período, porém, seu patrimônio cresceu a um ritmo de 17 mil reais por mês, o que corresponde ao dobro do seu salário. Entre 1982 e 1990, Jader foi governador do Pará e ministro da Reforma Agrária e da Previdência Social. Ganhava, em valores atualizados, R$ 8.100 por mês. Mas sua fortuna no mesmo período suplantou R$ 170 mil mensais _ dez vezes mais do que nos oito anos anteriores. Os números aparecem em matéria publicada pela revista Veja na última semana de outubro do ano 2000. 4 GERAL JUSTIÇA, ENFIM Prisão provisória do ex-senador resultou de investigações sobre desvios na Sudam HENRIQUE FELÍCIO/AMAZÔNIA Assalto à Sudam continua impune “J ader Fontenelle Barbalho, líder da organização criminosa, estabeleceu um sistema de controle da direção da Sudam com a finalidade de deixar fluir os recursos do Finam para seus comparsas de forma fraudulenta, depois tornar estes recursos ‘limpos’, dando-lhes circulação econômica regular meramente aparente e inexistente, consoante demonstrado nos provas anexadas, as quais algumas referidas exemplificativamente no corpo desta denúncia, isto com o objetivo de beneficiar a si e a terceiros. Para tanto, se valeu da sua condição de homem público ocupante de diversos cargos importantes na República.” Esse é o texto, ipisis litteris, da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, assinada pelos procuradores da República Mario Lucio Avelar, Pedro Taques e Ubiratan Cazzeta, que resultou no pedido de prisão preventiva de Jader Barbalho e mais nove pessoas envolvidas no esquema de corrupção que surrupiou mais de R$ 130 milhões dos cofres da Sudam. Na denúncia, os procuradores deixam claro o envolvimento de Jader Barbalho com o propinoduto de corrupção que levou o presidente Fernando Henrique Cardoso a extinguir a Sudam. Para o Ministério Público, não resta dúvida de que Jader Barbalho teve “participação e envolvimento direto e indireto com a consecução e execução dos empreendimentos Propamar da Amazônia S/A e Propanorte Agro-industrial e Empreendimentos da Amazônia S/A, e vinculação com os projetos de seus aliados políticos Agropecuária Vitória Régia S/A, Agropecuária Pedra Roxa S/A, Agro-industrial Bela Vista S/A, Ecopalma Agroindústria Palmiteira S/A, Agropecuária Pingüim S/A, Sabisa Santarém Biscoitos e Massas S/A, Agropecuária Rio Novo de Altamira S/A, Centeno & Moreira S/A, Agroindústria Guará S/A, Frupasa Indústria de Fruticultura S/A, Diana Agro-industrial S/A, Frango Modelo S/A, Agropecuária Beira da Mata S/ A, Indústria de Café Ouro Preto S/A, Agropecuária WR S/A, Selo Verde da Amazônia S/A”. “Do apurado exsurge que dos 151 (cento e cinqüenta e um) projetos financiados pela Sudam no período compreendido entre os anos de 1998 a 1999, na referida região geográfica, com dispêndio (liberado e não aprovado) de R$ 547.393.877,00 (quinhentos e quarenta e sete milhões trezentos e noventa e três mil oitocentos e setenta e sete reais), 20 (vinte) destes projetos pertencem diretamente à organização criminosa e são mero simulacro para amealhar recursos públicos mediante fraude, consumindo R$ 132.035.598,00 (cento e trinta e dois milhões trinta e cinco mil quinhentos e noventa e oito reais), atualizados. Isto é, aproximadamente 25% do total dos recursos líquidos aportados para a região foram gastos em menos de 15% dos Projetos em curso na região geográfica referida”, denunciam os procuradores. Para os procuradores da República que investigaram a roubalheira na Sudam, uma fraude de tal magnitude só pode ser perpetrada, como foi, mediante “a montagem de organização criminosa com ramificações políticas e altamente profissionais.” Foi com base na denúncia do Ministério Público que o juiz federal do Tocantins decretou a prisão preventiva de Jader Barbalho. “É melhor prevenir que chegar à situação hoje vivida no país vizinho, da Argentina, onde a sociedade perdeu a paciência com a tolerância das instituições com a corrupção naquele país”, disse o juiz em sua sentença. “A magnitude da lesão, a posição política dos requeridos, aliadas à quantidade de crimes perpetrados, no período de associação criminosa, o número de pessoas envolvidas, o menosprezo do conceito de honestidade na Sudam, ao ponto de não ser aprovado um projeto sequer sem o pagamento de propina (conforme depoimentos testemunhais), são mais do que suficientes para afetar a ordem pública, de forma a carac- Ranário criado por Jader com recursos da Sudam está abandonado, no bairro do Tapanã Superintendência foi extinta por conta da marca nociva deixada por Barbalho terizar a necessidade de prisão preventiva dos requeridos”, justificou o juiz Rocha Santos. O juiz lembra que a associação criminosa dos acusados, conforme os indícios, “foi tão eficaz a ponto de levar à extinção da autarquia federal Sudam, tamanho o descrédito que se instalou na referida instituição pública, sendo que, tais circunstâncias não se podem negar, afetaram a credibilidade das instituições públicas brasileiras, de forma, repito, a exigir o acautelamento provisório dos requeridos.” E acrescenta: “A posição econômica e política dos requeridos, principalmente no Estado do Pará, onde Jader Barbalho sempre teve domínio político, tem imposto às testemunhas o receio de colaborar com a Justiça, delatando os fatos supostamente delitivos, conforme depoimento de Carlos Antônio Domingos de Oliveira, o qual assevera que “se sente ameaçado e não tem coragem para revelar possíveis nome de pessoas importantes envolvidas no esquema de corrupção da Sudam e por essa razão requer seja incluído no Programa de Proteção às Testemunhas, sendo essa concretizada, compromete-se a revelar nomes e valores pagos de propina.” Em sua sentença, o juiz Alderico Rocha Santos destaca: “Constatase que as provas até então colhidas constituem-se em indícios razoáveis de que os requeridos, no período de 1996 a 2000, associaram-se, de forma permanente e estável, com o intuito de praticarem vários crimes, entre os quais os de falsificação de documentos, uso de documentos falsos, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, dando-lhe a aparência de origem lícita, aplicação de recursos em finalidades diversas da prevista nos projetos. Verifica-se que o desvio de recursos públicos pelos requeridos foi da ordem de R$ 132.035.598,00 (cento e trinta e dois milhões, trinta e cinco mil, quinhentos e noventa e oito reais). E prossegue: “O requerido Jader Fontenelle Barbalho há muito anos vem ocupando cargos de destaque na República Brasileira. Não obstante à credibilidade que lhe foi depositada pela sociedade brasileira, existem indícios de que o mesmo sempre esteve envolvido em desvio de recursos públicos, conforme amplamente divulgado, por exemplo, ‘caso Banpará’, desapropriação de terras inexistentes, quando ministro da Reforma Agrária, participação em venda de TDAs fraudulentas, etc. O seu envolvimento com fraudes e desvio de recursos públicos levou à instauração de procedimento ético-disciplinar perante o Senado, implicando na renúncia do cargo de Senador pelo mesmo, para evitar uma análise do mérito da questão”, conclui. FAMILIARES E AMIGOS PARTICIPARAM DE ARMAÇÕES Fazer trapalhadas sozinho não foi suficiente para Jader Barbalho. Ele envolveu em suas armações mulheres, primos, cunhados e amigos. O objetivo era e continua sendo um só: 1 Márcia Cristina Zahluth Centeno - ex-mulher Presidente da empresa Centeno & Moreira, cujo ranário, instalado nos arredores de Belém, foi investigado sob suspeita de desviar 9,6 milhões de reais da Sudam. Também foi sócia, entre 1996 e 1998, de José Osmar Borges, um dos mais notórios fraudadores da Sudam 2 José Osmar Borges Foi sócio de Márcia entre 1996 e 1998 na Agropecuária Campo Maior. Encerrada a sociedade, as terras da agropecuária foram incorporadas à área da fazenda Rio Branco, que pertence a Jader. É acusado de desviar, por meio de suas seis empresas em Mato Grosso, mais de 100 milhões de reais da Sudam. Já esteve preso pela Polícia Federal 3 José Priante Primo de Jader, é deputado federal. Nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, fica claro que mantinha negócios escusos com um dos fraudadores da Sudam, Geraldo Pinto da Silva, dono de um escritório ligado às fraudes. 4 Laércio Barbalho O pai de Jader (já falecido) também fez parte da lista dos que receberam dinheiro desviado do ludibriar o Sistema Financeiro e ficar cada vez mais poderoso. A seguir, parte da lista de pessoas envolvidas nas tramoias do peemedebista. Banpará por ele, na época em que era governador do Pará. 5 José Artur Guedes Tourinho Amigo de Jader desde a adolescência, foi indicado pelo senador para ser o superintendente da Sudam, cargo que ocupou de 1996 a 1999. Era o chefe da autarquia na época em que se descobriram os desvios da Centeno & Moreira – e não tomou nenhuma providência. Perdeu o cargo na Sudam quando foi revelado que José Osmar Borges, o ex-sócio de Jader, fizera depósitos em sua conta bancária. Seus bens estão bloqueados por ordem da Justiça. 6 Camilo Afonso Centeno Foi um dos sócios de José Osmar Borges, um dos maiores fraudadores da Sudam. Hoje, é diretor da emissora de TV de Jader 7 Maurício Vasconcelos Foi superintendente da Sudam por indicação de Jader Barbalho. Ficou no cargo menos de um ano, assumindo, em seguida, também por sugestão de Jader, a secretaria executiva do Ministério da Integração Nacional. Foi afastado sob suspeitas de envolvimento em corrupção. 8 Elcione Barbalho Recebeu, em sua conta bancária, depósitos feitos por Jader, seu então marido, de dinheiro desviado do Banpará. Sua carreira política está ligada à visibilidade conseguida pelo exmarido. Exerceu vários mandatos e ocupou diversos cagos públicos. 9 Antônio César Pinho Brasil Processado por irregularidades na desapropriação de uma fazenda no Pará, na época em que era assessor do então ministro Jader Barbalho, foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão. GERAL 5 “Salário” levou à fortuna de R$ 30 mi PATRIMÔNIO Jader consegue acumular bens impossíveis a partir de seus vencimentos H á poucos casos na história do Brasil de políticos que enriqueceram na vida pública como a do ex-governador, ex-senador e ex-deputado paraense Jader Fontenelle Barbalho. Depois de atuar na política estudantil, Jader elegeu-se vereador por Belém após o golpe militar de 1964. De lá para cá, em 48 anos, exercendo única e exclusivamente cargos públicos, Jader construiu uma fortuna avaliada pela revista Veja em R$ 30 milhões. Nela estão incluídos mansões, casas, apartamentos, emissoras de rádio e televisão, um jornal - o Diário do Pará, mais de 8.500 cabeças de gado (segundo a declaração de bens e rendimentos de Jader apresentada em 1994 ao Tribunal Regional Eleitoral), além, é claro, de várias fazendas de gado, capitaneadas pela Agropecuária Rio Branco, uma espécie de “holding” dos empreendimentos do ex-senador. Além de vereador na capital, Jader Barbalho elegeu-se sucessivamente deputado estadual, deputado federal, governador do Estado (1983 a 1987), foi indicado ministro da Reforma Agrária (1987-1988) e ministro da Previdência Social (1988-1989) pelo expresidente José Sarney. Depois, elegeu-se novamente governador do Pará (1990-1994) e senador da República (1994-2001). No Senado foi obrigado a renunciar ao mandato para não ser cassado por corrupção e, por consequência, perder seus direitos políticos por dez anos. Nesses anos todos - Jader, formado em direito, nunca exerceu a advocacia. Mas, em contrapartida, mostrou muita habilidade para enriquecer no poder. Bens e imóveis adquiridos por Jader Barbalho ao longo da sua carreira política Em 1974, Jader tinha um patrimônio modestíssimo.De uma casinha modesta no conjunto Bela Vista, quando ainda era casado com a hoje deputada federal Elcione Zaluth Barbalho, Jader evolui para apartamento de cobertura na travessa 9 de Janeiro em prédio próximo ao Museu Paraense Emilio Goeldi. Já divorciado de Elcione e casado com Márcia Zaluth Centeno, sua sobrinha, Jader comprou casa na praia do Combuco, em Fortaleza, no Ceará, e até renunciar ao mandato morava na mansão que pertenceu ao ex- banqueiro José Eduardo Andrade Vieira, em Brasília. ENRIQUECIMENTO Até 1995, ano em que se separou da primeira mulher, Elcione, e dividiu os bens com elas e os dois filhos, o patrimônio do ex-senador cresceu nada menos que 60.000%. Entre 1974 e 1982, Jader exerceu dois mandatos na Câmara dos Deputados. Em valores atualizados, ganhava R$ 8.600,00 por mês. Nesse período, porém, seu patrimônio cresceu Depois de se separar de Elcione, patrimônio do ex-senador cresceu incríveis 60.000% a um ritmo de 17 mil reais por mês, o que corresponde ao dobro do seu salário. Entre 1982 e 1990, Jader foi governador do Pará e ministro da Reforma Agrária e da Previdência Social. Ganhava, nessa época, em valores atua- lizados, R$ 8.100 por mês. Mas sua fortuna no mesmo período suplantou R$ 170 mil mensais dez vezes mais do que nos oito anos anteriores. Finalmente, entre 1991 e 1995, como governador do Pará, pela segunda vez, Jader ganhava mensalmente, em valores atuais, R$ 8.600, mas seu patrimônio disparava, no mesmo período, num ritmo de R$ 412 mil mensais – o equivalente a 48 vezes o salário que recebia. A principal fazenda de Jader Barbalho, a Rio Branco, é a maior joia da coroa de seu patrimônio. Segundo a revista Veja, a Rio Branco foi declarada ao Imposto de Renda como se valesse R$ 400 mil, mas seu valor real giraria em torno de R$ 6 milhões. A descrição de Veja sobre a fazenda Rio Branco: “É um show: tem 6.000 hectares, uma casa de três andares, 1.400 metros quadrados, com nove suítes, três quadras de esporte e pista de pouso para jatinho.” Jader costuma visitar a fazenda Rio Branco a bordo de um de seus dois aviões. Além de um King Air, o ex-senador tem um Baron, monomotor que utiliza em viagens curtas. Como se vê, o Jader Barbalho é um excelente poupador do dinheiro alheio. Jader desapropriou quando era ministro fazenda que nunca existiu A desapropriação da fazenda Paraíso, que nunca existiu, no sudeste do Pará, por Jader Barbalho, então ministro da Reforma Agrária, no governo Sarney, representou uma das maiores fraudes da história da reforma agrária. Foram emitidos 55.221 títulos da dívida agrária (TDAs) para pagar a operação ilegal. Na sentença condenatória, o juiz-substituto Eduardo Morais da Rocha, da 12ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, diz que a negociata atingiria hoje “milhões de reais”. No processo, ainda em tramitação, a Justiça já condenou, por desvio de dinheiro público, o ex-deputado federal Antonio César Pinho Brasil a cinco anos e quatro meses de prisão. Antonio Brasil aparece em praticamente todas as ações judiciais movidas para apurar fraudes na desapropriação de terras para fins de reforma agrária no período em que Jader Barbalho esteve à frente do Mirad, entre 1987 e 1989. Além de Antonio Brasil, foram condenados dois funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) – Raimundo Hugo de Oliveira Picanço e Luiz Fernando da Silva Muinhos – e um suposto fazendeiro, Vicente de Paula Pedrosa da Silva, todos envolvidos na desapropriação fraudulenta da fazenda Paraíso, no município de Viseu, sudeste do Pará. A propriedade desapropriada, na realidade, nunca existiu. Tratava-se de uma fazenda “fantasma”. Isso não impediu que o imóvel, de supostos 58 mil hectares, fosse desapropriado em 1988, para fins de reforma agrária, em decreto assinado pelo então ministro da Reforma Agrária, Jader Barbalho, no governo José Sarney. À época, Antônio Brasil era secretário-geral do Mirad. O suposto proprietário da fazenda Paraíso, Vicente de Paula Pedrosa da Silva, recebeu 55.221 Títulos da Divida Agrária (TDA) pela fazenda inexistente. “Como o nome diz, a fazenda Paraíso está no céu” - O curioso é que em 1987, um ano antes da desapropriação fraudulenta, o Incra enviou a Viseu uma agrônoma para vistoriar as terras a serem desapropriadas. Surpresa: após percorrer centenas de quilômetros de estradas vicinais, não localizou a tal fazenda “Paraíso”. O fazendeiro Nelson Antunes Borges, latifundiário na região de Viseu, consultado pela funcionaria do Incra sobre a localização da fazenda, respondeu: “Como o nome diz, a fazenda Paraíso está no céu.” Em seu relatório de vistoria enviado à presidência do Incra, a agrônoma é contundente: aponta que na área de Viseu onde estaria a fazenda Paraíso existem “várias fazendas de grande extensão, tendo também superposição de títulos expedidos pelo governo do Estado.” Apesar do relatório, o então ministro Jader Barbalho assinou o ato de ofício, o decreto de desapropriação da fazenda Paraíso, no dia 23 de maio de 1988. Por alguma razão desconhecida, o Ministério Público não incluiu Barbalho na lista de réus. O caso até hoje continua impune e Jader, rico, livre e solto. 6 GERAL Jader é campeão... de faltas à Câmara TRISTE RANKING Ex-deputado teve 45 ausências não explicadas no parlamento C om 45 ausências não explicadas, o ex-deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) liderou o ranking dos parlamentares com mais faltas não justificadas entre todos os 513 deputados do País. Na legislatura passada, Jader faltou a 216 sessões de votação, dos 422 dias com sessões reservadas a votações no plenário, ocorridas entre fevereiro de 2007 e dezembro de 2010. Com esse número, o peemedebista que renunciou ao mandato após ser barrado pela Lei da Ficha Limpa e que ainda não tem cargo público a partir deste ano - mais faltou do que esteve presente da legislatura que se encerrou. O percentual de ausência chega a 61,4%. Os dados fazem parte de levantamento do Congresso em Foco, com base em informações oficiais da Câmara. No número total de faltas (216), o peemedebista ficou com a segunda colocação. Perdeu o título negativo para Nice Lobão (DEMMA), mas quando são verificadas as ausências sem qualquer tipo de justificativa, o ex-deputado assume a ponta: não explicou porque deixou de comparecer a 45 sessões. Em segundo lugar nesse quesito aparece Ciro Gomes (PSB-CE), com 41 faltas não justificadas. Além de ser um deputado sem presença, Jader foi também flagrado como um deputado sem trabalho. De acordo com o levantamento do site, o exdeputado ostenta outro título negativo: “O de parlamentar que não compareceu a nenhuma reunião de trabalho de comissão na atual legislatura”. Segundo definição da própria Câmara dos Deputados, é nas comissões onde o trabalho parlamentar de fato acontece. “As comissões são órgãos técnicos com a finalidade de discutir e votar as propostas de leis que são apresentadas à Câmara. As comissões se manifestam emitindo opinião técnica sobre o assunto, por meio de pareceres, antes de o assunto ser levado ao plenário; com relação a outras proposições elas decidem, aprovando-as ou rejeitando-as, sem a necessidade de passarem pelo Plenário da Casa. Na ação fiscalizadora, as comissões atuam como mecanismos de controle dos programas e projetos executados ou em execução, a cargo do Poder Executivo”. Durante todo seu mandato, segundo o Congresso em Foco, o peemedebista não compareceu a nenhuma das 20 comissões existentes na Câmara. Sem presença, sem trabalho e sem projeto. O levantamento do site comprova outro fato negativo: Jader, em quatro anos de mandato como deputado federal, não apresentou nenhum projeto de lei ou proposta de emenda constitucional. O peemedebista renunciou ao mandato em novembro de 2010, em protesto por ter sua candidatura barrada pela Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa. Jader Barbalho integra um grupo com uma marca pouco lisonjeira. São os dez parlamentares que acumularam maior número de faltas na Jader faltou a 216 sessões de votações e mais esteve ausente que presente Câmara durante toda a legislatura. Na média, eles não estavam presentes em quase metade dos 422 dias com sessões reservadas a votações no plenário ocorridas entre fevereiro de 2007 e dezembro de 2010. Três deles mais faltaram do que registraram presença - caso inclusive do peemedebista, cujo percentual de ausência chega a 61,4%. A lista dos deputados que menos compareceram ao plenário na atual legislatura é composta por representantes de nove Estados e oito partidos políticos. Encabeçam a relação os deputados Nice Lobão (DEM-MA), Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou ao mandato em novembro, Vadão Gomes (PP-SP), Ciro Gomes (PSB-CE) e Marina Magessi (PPS-RJ). Marcos Antonio (PRB-PE), Miguel Martini (PHS-MG), Fernando de Fabinho (DEM-BA), Silas Câmara (PSCAM) e Alexandre Silveira (PPSMG) completam o ranking dos dez parlamentares que somaram mais ausências nos últimos quatro anos. De todos, apenas três foram reeleitos: Nice Lobão, Silas Câmara e Alexandre Silveira. Em tese, faltar a uma sessão deliberativa implica em corte no salário. Mas, na prática, os parlamentares pouco sentem o peso de suas ausências no bolso. Das 1.862 faltas acumuladas por esses dez deputados, 1.713 (92%) foram abonadas pela Câmara, com a apresentação de justificativas, como problemas de saúde e compromissos políticos. Só 149 das ausências ficaram sem explicações, ou seja, sujeitas a desconto. Imóveis adquiridos com dinheiro suspeito foram omitidos da Justiça Jader Barbalho deixou de declarar ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará duas propriedades adquiridas em 1988 e 1989. A primeira delas foi comprada pelo próprio Jader em agosto de 1988. Pertencia a Aderval Reuter Mota, que, quatro dias depois, recebeu depósito com cheque administrativo do Banco do Estado do Pará (Banpará), no valor de Cz$ 17 milhões. Documentos obtidos pela Polícia Federal reforçam a suspeita de que, além de não ter declarado todos os seus bens, Jader poderia ter usado recursos desviados do Banpará para pagar pela propriedade. “Já havia a desconfiança da PF de que os benefícios que supostamente tenham sido auferidos pelo ex-senador Jader foram usados indiretamente na compra de propriedades”, afirmou na época o então corregedor-geral do Senado, senador Romeu Tuma (PFL-SP), já falecido. Ele informou que tam- bém requisitara aos cartórios do Pará todas as certidões de bens adquiridos por Jader no período em que foi governador e ministro da Reforma Agrária e da Previdência Social, nos anos 80. Nas declarações de renda que entregou ao TRE em 1994, quando disputou o Senado, e em 1998, na eleição ao governo do Estado, quando foi derrotado por Almir Gabriel, Jader omitiu a compra de duas fazendas. Em 1994, incluiu entre seus imóveis rurais as Fazendas Poliana, Modelo e Chão Preto, todas em São Domingos do Capim. DIFERENÇAS Quatro anos mais tarde, Jader repetiu a declaração, excluindo a Poliana e incluindo a Fazenda Cinderela, em Paragominas. Ele informou que a Cinderela foi comprada em 1996 por R$ 500 mil, a Modelo foi adquirida em 1989, por R$ 333,2 mil, e o Retiro Chão Preto, em 1992, por R$ 11,9 mil. Mas certidão fornecida pelo Cartório de Registro de Imóveis de Guamá (PA), em 24 de julho de 2001, mostra que ele comprou mais duas áreas de terra. A primeira, em 26 de agosto de 1988 - um mês após deixar o Ministério da Reforma Agrária - localizavase em São Domingos do Capim. A outra, em 5 de abril de 1989, fica na BR-010 e hoje é conhecida como Fazenda Chão de Estrelas. A Polícia Federal investigou a ligação do vendedor da propriedade, Aderval Reuter Mota, com os desvios do Banpará e com o patrimônio de Jader. Mota foi beneficiado com Cz$ 17 milhões (cerca de R$ 210,8 mil), no dia 31 de agosto de 1988, em cheque administrativo do banco estadual, conforme foi registrado pelo Banco Central num documento com o número 1.665/6. Naquele mesmo dia, houve também um resgate feito pelo jornal do ex-senador Jader, o Diário do Pará. Aderbal Mota também é citado como beneficiário do Banpará na nota técnica da 5.ª Câmara de Defesa do Patrimônio Público da Procuradoria-Geral da República. Ele é mencionado entre os “beneficiários de aplicações financeiras”, sem especificar se era resgate parcial ou total. Jader afirmou na época que não existia nenhuma irregularidade em suas declarações. Explicou que, se as propriedades não estavam na lista do TRE como bens em nome de pessoa física, estão em outras declarações, como pessoa jurídica. “Não há nenhum de meus bens sem declaração”, garantiu. IRMÃOS O ex-senador Jader Barbalho também usou dinheiro do Banpará para comprar um imóvel em Belém de um de seus irmãos, Joér- cio Fontenelle Barbalho. A transação está registrada no 2º Cartório de Registro de Imóveis da capital. Deu-se no dia 1º de outubro de 87 por Cz$ 300 mil, segundo registro oficial. A Folha de S.Paulo tem cópia do documento. Ao final do mês, a transação foi concretizada pelo dobro desse valor. Em 30 de outubro de 87, Joércio recebeu dois cheques administrativos do Itaú, de Cz$ 300 mil cada um. Segundo informações da 5ª Câmara do Ministério Público Federal, Joércio recebeu R$ 119 mil em resgates do Banpará. Só no dia 30 de outubro daquele ano, recebeu R$ 37 mil, em valores atualizados. O imóvel comprado do irmão não está na declaração de bens de Jader porque foi vendido no ano seguinte, em 13 de junho de 88. O comprador foi a empresa A. M. Fidalgo Materiais de Construção, que pagou pelo imóvel Cz$ 10 milhões, ou R$ 195 mil atualizados. GERAL 7 O ex-deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) nem chegou a completar seu mandato como senador, mas conseguiu uma aposentadoria gorda de R$ 19.240 pela passagem na Casa entre 1995 e 2001. Ato da diretoria-geral Nº 3326/2011 publicado no dia 28 de fevereiro de 2010 , no boletim administrativo, indicou que desde 1º de fevereiro Jader é o mais novo aposentado do Senado. O peemedebista conquistou benefício no valor de 72% do subsídio total de R$ 26.723 após pedido de averbação do tempo de contribuição “com respectivo recolhimento das contribuições própria e patronal ao Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC).” De 2003 a 2010, o paraense alegou que passou 2.791 dias trabalhando como deputado federal. Em 2001, Jader renunciou ao mandato de senador após ser acusado de mentir à Casa sobre o suposto envolvimento dele em desvios de verbas do Banco do Estado do Pará (Banpará) e impedir a tramitação de um requerimento solicitando o envio de relatórios elaborados pelo Banco Central sobre o assunto. Na época, o Conselho de Ética já havia dado parecer favorável à abertura do processo contra o então presidente do Senado por quebra de decoro parlamentar. Os quase três mil dias de trabalho alegados pelo ex-deputado foram marcados pela ausência. Nos dois mandatos na Câmara, Jader figurou no topo das listas de mais faltosos das sessões da Casa. No fim do ano passado, a dois meses de conclusão do seu mandato, o peemedebista renunciou novamente e deixou o cargo. Apesar de as regras para aposentadorias nas Casas serem similares, o plano de saúde do Senado é considerado mais generoso e concede, inclusive, cota de R$ 32 mil anuais JOSÉ CRUZ/ABR Apesar da renúncia, aposentadoria égorda DENÚNCIAS CONTRA JADER Paraíso fiscal O Ministério Público Federal descobriu uma conta bancária do senador Jader Barbalho em Liechtenstein, paraíso fiscal entre a Suíça e Áustria. De acordo com reportagem do Jornal do Brasil, procuradores localizaram na conta o depósito de um cheque de US$ 120 mil feito por José Osmar Borges, ex-sócio de Jader, acusado de ser um dos maiores fraudadores da Sudam. Paraíso 2 Gravação telefônica acusa Jader de ter recebido um cheque no valor de US$ 4 milhões do empresário Vicente Pedrosa, no saguão de um hotel em São Paulo, pela compra de 55.221 TDAs (Títulos da Dívida Agrária) pela desapropriação de uma fazenda inexistente, em maio de 1988. Na época, Jader era ministro da Reforma Agrária. Câmara dos Deputados em dia vazio em Brasília. Jader Barbalho contribuiu. para ex-senadores receberem a título de ressarcimento por consultas médicas realizadas em instituições não credenciadas. Aposentadoria como essa concedida ao ex-deputado Jader Barbalho assombra as discussões do governo federal que, neste momento, estuda mudar as regras de aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada. O governo quer estabelecer idade mínima de 65 anos para homens e 60 anos para mulheres para fins de aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso depois de 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens) de contribuição. O valor máximo do benefício do INSS é de R$ 3,6 mil. Já o sistema dos parlamentares deve permanecer inalterado. Se estivessem vinculados a um plano de previdência privada comum, os ex-senadores, como Jader Barbalho, precisariam contribuir 30 anos com cerca de R$ 5 mil mensais para alcançarem benefício similar. O Plano de Seguridade Social dos Congressistas exige que o parlamentar contribua por 35 anos para alcançar o valor integral do benefício, equivalente ao subsídio pago aos deputados e senadores em atividade. Só que, para inteirar os 35 anos, outras contribuições recolhidas pelos parlamentares (de qualquer valor) em outros empregos podem ser adicionadas à contagem. Na ativa, os parlamentares que aderem ao plano têm descontados 11% do subsídio que recebem. Apesar de terem contribuído com menos de R$ 2 mil, pelo valor calculado na última legislatura (de R$ 16 mil), os ex-parlamentares que se aposentam agora receberão mais de R$ 26 mil mensais (valor definido pelo recente reajuste). Ligação com fraudador A quebra do sigilo bancário de empresários suspeitos de fraudes na Sudam complicou a vida de Jader. O Ministério Público Federal detectou a remessa de um cheque de R$ 400 mil da conta de José Osmar Borges, para a do senador. Sudam José Osmar Borges, acusado de desviar R$ 133 milhões da Sudam, foi sócio de Jader, de 1996 a 1998, em uma fazenda no nordeste do Pará. Jader, que tinha grande influência na Sudam, indicou dois exsuperintendentes envolvidos nas fraudes. Banpará O Supremo Tribunal Federal abriu inquérito criminal para apurar a participação de Jader no desvio de dinheiro do Banpará. O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, apontou indícios do crime de peculato. O Conselho de Ética do Senado concluiu que Jader foi beneficiário de 11 cheques administrativos emitidos pelo Banpará em 1984 e 1985. O desvio de R$ 5,5 milhões ocorreu quando Jader era governador do Estado. Ranário A Polícia Federal investigou irregularidades no ranário pertencente à mulher de Jader, Márcia Centeno. O projeto recebeu incentivos da Sudam. Empresários disseram ter depositado cheques na conta bancária do ranário. Em troca, receberam notas fiscais de compra de rãs. INSS A Câmara dos Deputados aprovou a criação de CPI para investigar a gestão de Jader no Ministério da Previdência (1988-90). Ele é acusado de superfaturamento na compra de equipamentos e na venda de imóveis da Previdência. A venda de um casarão à falida construtora Encol foi anulada pela Justiça Federal. Castanhais O Incra investiga fraude atribuída a Jader na compra de 60 áreas de castanhais no sudeste do Pará. Relatório do Tribunal de Contas da União constatou superavaliação dos imóveis quando o ex-senador era ministro da Reforma Agrária. Seringal O Ministério Público Federal pediu perícia judicial para avaliar se Jader desviou o financiamento público R$ 1,3 milhão que recebeu para plantio de seringueiras no Pará. Grilagem A CPI da Grilagem apurou indícios de fraudes atribuídas ao senador na compra das fazendas Rio Bonito e Buriti, no Maranhão, e da gleba Vila Amazônia, em Parintins, no Amazonas. FONTE: ONG AMIGOS DA TERRA ACM lançou livro sobre a trajetória de corrupção de Jader na vida política A vida regada de escândalos envolvendo desvio de recursos público, da qual Jader Barbalho foi o protagonista, rendeu até livro. E daqueles que o título vai direto ao ponto: “Jader Barbalho - o Brasil não merece”, assinado pelo ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães, falecido em 2007. “São incontáveis casos de irregularidades cometidas durante as gestões de Jader Barbalho no Ministério da Previdência, no Ministério da Reforma Agrária, no governo do Estado do Pará e na administração de órgãos estaduais e federais como o DNER e a Sudam, cujos dirigentes são ligados ao grupo político ou “empresarial” de Jader. Em vários casos, o ex-senador surge como a autoridade máxima, que assina ou delega a terceiros a responsabilidade por autorizar atos lesivos à administração. Em outros, são pessoas sabidamente ligadas ao esquema liderado por Jader, que aparecem diretamente ou por meio de “laranjas”, escreveu ACM. Em seu livro, Antônio Carlos Magalhães fala sobre: A crônica rica de um ex-menino pobre; Uma casa e uma cascata de hipotecas; Desmandos, atos de improbidade e violência, fraudes enriquecimento ilícito - Denúncias de irregularidades que nunca são respondidas; Jader no Governo do Pará; Os cheques do Banco do Estado do Pará que foram parar na conta-corrente do gover- nador; O Banco do Estado do Pará, o Instituto Tecnológico de Brasília, cheques e desvio de dinheiro; O caso de superfaturamento em obra de Penitenciária no Pará; Jader se beneficia do Probor; Garimpo Castelo dos Sonhos, uma história de violência e desapropriação irregular de terras; O esquema de corrupção na Secretaria de Transportes - um depoimento gravado; O pagamento indevido de indenização por desapropriação conhecido como “Caso Aurá”; Jader no Ministério da Previdência; A venda de imóvel com valor depreciado à Encol que ficou conhecido como “Caso Encol”; As irregularidades para liberação de recursos para construção de hospital em Osasco; Obras contrata- das e superfaturadas; Decisões do Ministro Jader lesivas ao Erário; Jader no Ministério da Reforma Agrária; A desapropriação irregular de terras que ficou nacionalmente conhecida como “ Polígono dos Castanhais”; A desapropriação irregular de terras conhecida como “Caso da Fazenda Paraíso”; A emissão irregular de Títulos da Dívida Agrária; Jader na Sudam; Um histórico de indicações políticas; Como funciona o esquema; O trabalho do Ministério da Fazenda; O trabalho do Ministério Público; O que a Imprensa diz do Caso Sudam; e Jader no DNER; Num dos trechos, diz ACM: “A história do cidadão Jader Barbalho tem sido fonte de interesse jornalístico. Não pelas razões que Jader preferiria. Não se trata de realizações que, face os diversos cargos públicos que ocupou, deveriam ser muitas. E não são. A muitos causa estranheza e perplexidade, de fato, a incrível fortuna que Jader Barbalho amealhou desde que ingressou na vida pública, onde tratou, predominantemente, de sua vida privada. Verdadeira a versão corrente no Pará de que Jader jamais teve uma Carteira Profissional assinada. A verdade é que Jader jamais exerceu atividade que se pudesse classificar de geradora de riqueza pessoal. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal, governador, ministro (duas vezes) e senador”. DOSSIÊJADER 8 GERAL DA NOITE PARA O DIA Mesmo que somasse tudo o que ganhou, Jader não compraria nem metade do terreno C omo é possível alguém, da noite para o dia, comprar uma emissora de televisão? Foi exatamente o que fez Jader Barbalho, que, se tivesse somado em cifras tudo o que ganhou com os subsídios de vereador, deputado estadual, federal, governador e ministro, entre 1966 e 1990, compraria, no máximo, metade do terreno onde funciona a TV RBA - só a metade, já que o terreno inteiro, de aproximadamente 4 mil metros quadrados, está avaliado, por especialistas consultados por O LIBERAL, em aproximadamente 5,2 milhões. Jader comprou a TV RBA em 1990 - ano em que foi eleito governador pela segunda vez - da família do empresário Jair Bernardino, que morreu em 1989, num acidente aéreo. O valor pago pelo negócio foi de 13 milhões de dólares, o equivalente a 20 milhões de reais em valores já convertidos para os de hoje, já que em 1990 a moeda brasileira era o cruzeiro. Levantamento feito pela reportagem mostra que entre 1966 e 1970, quando Jader teve seu primeiro mandato de vereador de Belém, ele acumulou, em ganhos, cerca de R$ 432 mil; de 1970 a 1974, como deputado estadual, faturou R$ 456 mil; entre 1975 e 1982, já deputado federal, recebeu aproximadamente 1,5 milhão, referente a dois mandatos; e, por fim, R$ 552 mil, como governador do Pará, em 1982, ano em que foi eleito. Somados, os valores recebidos com base na média salarial de políticos no Brasil - por Jader até o ano em que comprou a TV RBA da família de Jair Bernardino chegam a cerca de 4,188 milhões de reais, ou aproximadamente 2 milhões de dólares. Ou seja, um valor muito distante dos 13 milhões de dólares, ou cerca de 20 milhões de reais cobrados pela família do antigo dono da emissora, o que demonstra que Jader precisou desembolsar dinheiro extra, não se sabe de onde, para efetuar a transação. Mas, a cada ano, a cada mandato, o patrimônio de Jader Barbalho foi crescendo. Aparentemente humilde, Jader foi aos poucos enriquecendo e construindo, às claras, um patrimônio escuso, como mostrou a revista Veja em incontáveis reportagens publicadas entre 2000 e 2010, com base em provas estarrecedoras, sentenças e testemunhas-chave citadas nas dezenas de processos contra Barbalho. Segundo "Veja", Barbalho deu fim a documentos que o incriminariam ARY SOUZA/AMAZÔNIA Mistério ronda a aquisição da RBA Jader teve que desembolsar 20 milhões de reais em valores de hoje para comprar a tevê RBA em plena Almirante Barroso. Caíram do Em uma de suas edições, a Veja mostra que Jader deu fim a uma infinidade de documentos que provam seus crimes de roubo de dinheiro público, como o desaparecimento do processo que o acusa de desviar 10 milhões de reais do Banpará, em 1984, para a conta de familiares. “Enviado ao Ministério Público do Pará em 1992, o processo desapareceu. Agora, soube-se que uma ação popular, que trata do mesmo desfalque, também sumiu. Ninguém viu, ninguém sabe onde está”, disse a reportagem da revista A dúvida, realmente, é como o menino que viveu uma infância humilde em uma casa simples, juntamente com oito irmãos, que chegou a receber ajuda de colegas de escola para pagar despesas como a passagem do ônibus, poderia ter acumulado um patrimônio milionário somente com os subsídios de parlamentar, muito embora sendo advogado que nunca exerceu a profissão e nem sequer, até hoje, teve a carteira de trabalho assinada. UMA CONTA QUE NÃO FECHA Veja os ganhos médios e os valores acumulados por Jader Barbalho entre 1966 e 1990, ano em que ele comprou a TV RBA 1966/1970 1970/1974 1974/1982 1982/1986 1986/1988 1988/1990 Como vereador Como deputado estadual deputado federal Como governador do Pará Como ministro da Reforma Agrária no governo José Sarney Como ministro da Previdência Social Salário médio mensal Salário médio mensal Salário médio mensal Salário médio mensal Salário médio mensal Salário médio mensal R$ 9 mil R$ 9,5 mil R$ 16 mil R$ 11,5 mil R$ 26 mil R$ 26 mil Total acumulado no mandato de 4 anos Total acumulado no mandato de 4 anos Total acumulado no mandato de 4 anos Total acumulado no mandato de 4 anos Total acumulado no mandato de 2 anos Total acumulado no mandato de 2 anos Valor pago pelo negócio R$ 432 mil R$ 456 mil R$ 1,5 milhão R$ 552 mil R$ 624 mil R$ 624 mil R$ 20 milhões* Total acumulado por Jader até o ano da compra da TV RBA R$ 4,188 milhões* * Valores e moedas da época já convertidos para os de hoje A prisão e as algemas para Barbalho foram, infelizmente, só um detalhe Quem é preso nunca esquece. E quem é levado à prisão sob o peso, sob a frigidez das algemas, aí é que não esquece mesmo. Não é o caso, parece, de Jader Barbalho. Quando esse elemento foi preso, em 2002, em Belém, todos apostavam que ali se encerrava um ciclo e começava outro. Apostavam os mais crédulos, os mais otimistas, os mais ingênuos e inocentes - inclusive os que já não tinham mais idade para alimentar tantas crenças, ingenuidades e inocências - que aquela prisão encerrava um ciclo de dilapidações e de- marcava o início do fim da impunidade. O tempo, este sábio, se encarregaria de demonstrar que todos estavam redondamente enganados - sobretudo, é claro, os crédulos, ingênuos e inocentes. Uma vez preso, o elemento que há muito já associara seu nome à corrupção continuou com suas delinquências. Uma vez preso, o elemento que se associou à marca da rapinagem continuou na impunidade, que o brinda até hoje, já lá se vão 25 anos. As algemas, para Jader Barbalho, ao que parece não passaram de um detalhe em sua folha corrida. Ser algemado e preso, para esse cidadão que há 25 anos debocha da Justiça e de quantos ainda não perderam as esperanças de ver a imagem da corrupção expurgada da vida pública no Pará, não passou de mais um episódio banal na trajetória de quem jamais cultivou um pingo de preocupação em se orientar por preceitos éticos aceitáveis. Cair nas mãos da polícia não significou, para Jader Barbalho, nada mais do que uma consequência incontornável de sua ética muito especial, que transformou o público em privado. As algemas, que para muitos poderiam representar a degradação, a humilhação, o constrangimento, o limite do limite das vilanias, tiveram para Jader Barbalho o peso de uma pluma. Por quê? Porque a corrupção, para corruptos contumazes, é uma banalidade. A corrupção, para quem se acostumou a debochar das leis, não é uma perversão, mas uma demonstração de esperteza. A corrupção, para quem nunca teve a menor vergonha de ser tido como corrupto, não representa qualquer mancha moral, e sim uma qualidade que fica ao juízo de cada um. E o corrupto - qualquer um - sempre pensa que ainda resta alguém para considerar que ele, apesar de corrupto, não está fazendo nada demais. É por isso que, aqui e ali, esse elemento há 25 anos impune proclama debochadamente que suas eleições sucessivas representam, para ele, uma absolvição. Não há dúvida: quem é preso e algemado nunca esquece. Mas a prisão e as algemas, para Jader Barbalho, ao que parece não passaram de mero detalhe. GERAL 9 Ex-presidente Lula ainda deu uma força para que Jader pudesse regularizar emissora CRISTINO MARTINS/AMAZÔNIA TEVÊ E RÁDIO FERNANDO ARAÚJO/AMAZÔNIA Concessões de Jader por um fio RELATORIA O problema veio à tona porque o presidente à epoca da Comissão de Ciência, Tecnologia, Informática e Comunicação da Câmara, Vic Pires Franco (PFL-PA), chamou para si a relatoria dos 225 processos, e deu um mês para as empresas apresentarem a documentação. A ameaça provocou uma corrida nas empresas para acertarem a situação. E m ato inédito, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva pediu ao Congresso a devolução de 225 processos de renovação de concessões de rádio e televisão, ameaçados de rejeição pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados. A medida impediu o fechamento de emissoras de políticos que estavam com concessões vencidas, algumas há mais de 15 anos, e que continuam funcionando. O governo agiu a pedido do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), que tinha duas rádios e uma TV nessa situação, e que se viu ameaçado de perder as emissoras. Ele procurou o então ministro das Comunicações, Hélio Costa, também do PMDB, que mandou um ofício à Câmara pedindo os processos de volta. O ofício de Costa foi ignorado porque só o presidente da República tem competência legal para requisitar a devolução dos processos enviados ao Legislativo. Então, o ministro acionou o presidente Lula. O Diário Oficial da União publicou as mensagens do presidente e a relação dos 225 processos que o Executivo queria de volta. Na prática, Lula deu uma segunda chance às empresas da lista, que corriam o risco de DÍVIDAS Elcione Barbalho aparece como sócia de duas redes de comunicação em transferência “tosca” perder suas concessões. A argumentação do Ministério das Comunicações para requisitar os processos é que seria tarefa dele, e não do Congresso, cobrar a documentação das empresas. O curioso é que o Executivo nunca havia demonstrado tal preocupação antes disso. Em 2002 existiam cerca de 700 processos de radiodifusoras parados na Câmara, com documentação incompleta. Cobradas pela Comissão de Ciência e Tecnologia, cerca de 500 se ajustaram. As que não se enquadraram, com poucas exceções, são as que foram requisitadas pelo ex-presidente Lula, aliado político de Jader. A pilha de processos parados é uma síntese dos problemas da radiodifusão no País. Há na lista empresas que foram vendidas há vários anos e cuja documentação continua nos nomes dos antigos donos, embora a lei exija que a mudança societária seja previamente aprovada pelo governo. Há emissoras que foram desativadas, mas sobrevivem na documentação oficial. Além de Jader Barbalho, outros importantes políticos figuram nos processos, como o senador Edison Lobão (PFL-MA), os ex-senadores Hugo Napoleão (PFL-PI) e Freitas Neto (PSDB-PI) e o ex-presidente Fernando Família Barbalho, incluindo Helder Zahluth, se beneficiou de transferência de concessão de televisão Collor. A concessão da Rádio Mirante, de Imperatriz (MA), pertencente a Fernando Sarney, filho do ex-presidente e senadorJoséSarney(PMDB-AP),caducou em 1996. As da família de Edison Lobão venceram em 1993. O ex-senador Odacir Soares, de Rondônia, tem duas rádios na lista requisitada por Lula. O ex-senador Sérgio Machado (PMDB-CE), presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, é sócio de outra. Há pelo menos dois políticos paulistas: o ex-deputado federal José Abreu (PTN) e o deputado estadual Edmir Chedid (PFL) A renovação de concessão só pode ser autorizada se a empresa estiver em dia com o INSS, com o FGTS e com o fisco municipal, estadual e federal. Pelo menos quatro emissoras de TV com processos parados estão inscritas na dívida ativa da Previdência Social: Rede Brasil Amazônia (de Jader Barbalho), Sampaio Radio e Televisão (do ex-vice-governador alagoano Geraldo Sampaio) e as TVs Cabo Branco e Paraíba, do ex-senador José Carlos da Silva Jr. Além de políticos, a lista inclui lideranças empresariais da radiodifusão, como o vice-presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e de Televisão), Orlando Zovico, e o presidente da Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo), Edilberto Paula Ribeiro. Processo contra a televisão da família Barbalho já está no Tribunal Federal Chegou no último dia 10 de maio ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) a ação civil pública, em fase de recurso, do Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) para modificar a sentença da 1ª Vara Federal que julgou, no primeiro semestre do ano passado, improcedente a anulação da transferência de concessão de outorga entre as emissoras de TV Rede Brasil Amazônia de Televisão (RBA) e Sistema Clube do Pará de Comunicação, ambas do ex-deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA). Agora o processo será distribuído para um dos desembargadores do TRF-1 que assumirá a relatoria do caso. Segundo previsão da assessoria de comunicação, a distribuição deverá ocorrer nos próximos dias. No recurso de apelação interposto, a procuradora da República Ana Carolina Alves Araújo Roman alega que está comprovado que a RBA não tinha idoneidade financeira e moral para a renovação da outorga. Portanto, pede “à anulação de transferência de concessão de canal de televisão, outorgada à RBA, e depois transferida ao Sistema Clube do Pará de Comunicação Ltda., face ao cometimento de ilegalidades e a conduta omissiva da União Federal com relação a tais irregularidades.” De acordo com o recurso, a decisão da 1ª Vara não sustentou que há indícios claros de favorecimento político para que a emissora de Jader Barbalho continuasse operando sem ter que pagar as suas dívidas. A procuradora ressalta que houve manobra política para a transferência de concessão entre as duas TVs. Pela Constituição, os atos de concessão e renovação de outorga para exploração de serviços de radiodifusão devem ser aprovados pelo Executivo e pelo Congresso Nacional. Mas a outorga da RBA e a conseqüente transferência para o Sistema Clube do Pará estavam sob análise da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados em 2006. Essa Comissão, que foi presidida pelo próprio Jader Barbalho no ano anterior, tinha como presidente, no momento da análise do caso RBA, o ex-deputado federal Vic Pires Franco (DEM-PA). Prevendo a rejeição pela comissão, o presidente Luís Inácio Lula da Silva teve uma atitude inédita, motivada por solicitação do então aliado paraense, que se viu ameaçado de perder a emissora: requi- sitou ao Congresso a devolução ao Ministério das Comunicações de 225 processos de renovação de concessões de rádio e televisão, entre eles o da RBA de Jader. Segundo a ação, de outra maneira a concessão da TV não seria transferida à nova empresa, uma vez que pelos critérios de concessão do Legislativo, ela só pode ser autorizada se a empresa estiver em dia com o INSS, com o FGTS e com o fisco municipal, estadual e federal. Cenário bem distinto da emissora de Jader Barbalho, que naquela época já possuía débitos exorbitantes. Só ao Fisco as dívidas da RBA ultrapassavam a casa dos R$ 82 milhões. Na Receita Federal, o débito daquele momento chegava a R$ 59,5 milhões relativos a Imposto de Renda, PIS, FGTS, Cofins, IPI e taxas de importação. Pela manobra política, o peemedebista só teve o trabalho de pagar algumas dívidas da RBA e aderir a um parcelamento especial junto à Receita Federal para garantir o atestado de bom comportamento necessário para que a transferência da TV para a recém-criada e saneada empresa Sistema Clube do Pará. A previsão é de que as atuais dívidas da empresa sejam bem mais exageradas e quase incalculáveis. A ação indica que nem mesmo esses parcelamentos negociados para a transferência foram pagos. “A transferência é flagrante e tosca burla a legislação, cujo êxito decorreu de conduta omissiva da União. Não há como considerar idônea, do ponto de vista financeiro e moral, uma empresa contumaz sonegadora de tributos federais e contribuições previdenciárias. Sua falta de idoneidade, inclusive, pode ser medida pela circunstância de ter ingressado, em relação a parte dos débitos, em generosos parcelamentos fiscais justamente no período do pleito de transferência, obtendo certidão de regularidade fiscal, para logo em seguida deixar de pagar. Conduta dolosa, portanto, incontroversa”, diz o recurso, completando que a manutenção da outorga só beneficia a família dos Barbalhos. “Note-se, inclusive, que as duas redes de comunicação têm os mesmos sócios, a saber: Jader Fontenelle Barbalho Filho, Jader Fontenelle Barbalho, Elcione Therezinha Zahluth Barbalho e Helder Zahluth Barbalho. Ao realizar a ilegal transferência da concessão, essas pessoas físicas continuaram se beneficiar dos efeitos da outorga, ainda que por intermédio de pessoas jurídicas distintas, pela razão de que a RBA possuía uma série de pendências frente ao Fisco Federal, incluindo Receita Federal, Procuradoria da Fazenda Nacional e Instituto Nacional do Seguro Social.” O processo que chegou na última semana na segunda instância pleiteia a anulação de ato jurídico, nulidade do ato de concessão, perda definitiva da outorga em benefício da RBA, além da realização de um novo processo licitatório para a concessão do direito. “O Ministério Público Federal pelo conhecimento e provimento do presente recurso e que seja reformada a sentença que julgou improcedente a presente ação, colhendo-se a pretensão formulada na inicial, a fim de que seja declarada a nulidade do ato que resultou na transferência da concessão da Rede Brasil Amazônia de Televisão Ltda. em benefício do Sistema Clube do Pará de Comunicação Ltda., bem como não seja renovada a outorga em benefício da Rede Brasil Amazônia de Televisão Ltda., realizando-se um novo processo licitatório para a referida concessão”, enfatiza a procuradora. 10 GERAL Uma história de amor voraz pelo dinheiro alheio REPERCUSSÃO A péssima fama de Jader Barbalho rendeu capas de jornais e revistas em todo o País J ader Barbalho é, sem dúvida, um dos paraenses mais conhecidos fora do Estado. Afinal, sua história de amor pelo dinheiro público ganhou notoriedade quando ele ainda engatinhava na política. O “corrupto”, como foi apontado - e continua sendo - pelos maiores veículos de comunicação do País, foi com tanta sede ao pote que conquistou a fama rapidamente e para nunca mais perdê-la. Em 1988, por exemplo, quando exercia a função de ministro da Previdência Social, virou manchete e ganhou surpreendentes 13 páginas na revista de maior circulação do Brasil, a Veja, com uma matéria que envergonhou os paraenses. Nela, a reportagem revelava que o cidadão que saiu de Belém já contava com 39 acusações nas costas, descobertas pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). O órgão denunciava, entre outras falcatruas, enriquecimento ilícito, irregularidades durante o primeiro governo de Jader e que o dinheiro do jogo do bicho seria aplicado no jornal Diário do Pará. Desde então, não houve mais quem parasse o Barbalho. Sua fama de corrupto cresceu tanto que ele virou o campeão de manchetes. Era o nome do Pará sendo levado de forma negativa para o resto do Brasil. Quando o assunto era desvio de dinheiro público, ele aparecia como protagonista. Tanto é que ganhou destaque em várias reportagens que viraram manchete da Veja, com os títulos: “Por que eles não ficam presos: Nunca se investigou tanto a roubalheira, mas condenar corruptos ainda é coisa rara” (7 de julho de 2004); “A praga da impunidade: Por que eles não ficam presos” (15 de agosto de 2007); e “Um caso de amor com o nosso dinheiro. Como os corruptos ficam milionários da política” (25 de fevereiro de 2009). Na Istoé não foi diferente. Quando o assunto foi “Os fichas-sujas do congresso” (25 de fevereiro de 2009) lá estava a foto de Jader na capa. Antes, em 21 de fevereiro de 2007, a Época já havia estampado a foto do Barbalho em sua capa, ao lado de outros notórios corruptos, e questionada “Que congresso é esse?”. Caso Banpará, caso Sudam, irregularidades enquanto esteve no governo, na Câmara, Senado ou Ministério. Por onde passou o peemedebista deixou seu rastro. Nada passou despercebido pela imprensa brasileira - com exceção do veículo de comunicação de propriedade da família dele, claro, que parecia viver em outro mundo quando não publicava as denúncias divulgadas por toda a mídia. Com inteligência, bom humor e senso de indignação ao tomar as dores dos paraenses, colunistas renomados também registraram essa história de corrupção protagonizada por Jarder Barbalho. Recentemente, Ancelmo Góis, por exemplo, mostrou o quanto seria prejudicial a existência de outros políticos com a índole do peemedebista. “Sobre a ideia de dividir o Pará em três, um maldoso argumentou: ‘Se um Estado só produz um Jader Barbalho, o que produzirão três?’ Mas a terra do pato no tucupi e de Carajás tem gente boa como Fafá de Belém”, escreveu Ancelmo. ENQUETE O LIBERAL foi às ruas para ouvir a população. Perguntamos se seria possível Ja- Claro que Jader não conseguiria ficar rico só com o salário de político. Ninguém consegue ter tanto dinheiro só com a política” Nágia Maria Ferreira dona-de-casa Para mim isso é fraude, roubo. O Jader meteu a mão na gente...” Marlucy Montão, cozinheira der Barbalho acumular um patrimônio tão robusto e adquirir, inclusive, uma emisso- ra de televisão. Veja o que os entrevistados disseram. É muito difícil enriquecer assim. Pelas coisas que ele têm, é claro que roubou. Jader só se tornou político para ter acesso ao dinheiro público” Pelo patrimônio que ele tem, não é possível ter tudo só com salário de político. Ele não é digno de ocupar nenhum cargo político” Com certeza conseguiu tudo o que tem de outra maneira. Tem alguma coisa a mais que nunca ninguém conseguiu explicar. Ele roubou muita gente...” Acho que não dá para ficar rico com salário de deputado, vereador... Ele cometeu muitas falcatruas. Só com o salário de parlamentar não dava para ele ter chegando onde chegou” Carlos Marvão, balconista Jones Lima Cunha, autônomo Sérgio Moraes, músico Daniel Almeida, cobrador Está por nascer o corrupto que não faça da mentira a própria verdade Como é possível alguém, da noite para o dia, comprar uma emissora de televisão? Isso não é possível. A menos que Jader Barbalho esteja na parada. Como é possível a corrupção se sustentar sem que faça da mentira a sua arma predileta? Isso não é possível. A menos que corruptos deixem de seguir, ao pé da letra, a cartilha da corrupção. Não há corrupto que seja cultor da verdade. Ainda está por nascer o corrupto que não faça da mentira a sua própria verdade. Por que seria diferente com Jader Barbalho? Por que ele, o primus inter pares (o maior entre seus pares) da corrupção, haveria de evitar a mentira? Alguém acredita que esse elemento, há 25 anos na impunidade, seria capaz de se desviar de todas as qualidades éticas aceitáveis para cultivar apenas uma, a verdade, como a bússola a orientar-lhe os passos? Jader tem passado as últimas três décadas chafurdando na lama da corrupção; logo, não poderia deixar de lado a mentira, o embuste, o logro para enganar os inocentes e ingênuos. Jader Barbalho não seria quem é - um corrupto de renome - se não tivesse um suporte de comunicação para propagar a sua fama. Ele não poderia chegar aonde chegou - ao topo da corrupção - se não tivesse um jornal, uma rádio ou uma emissora de televisão para propagar as suas mentiras, as suas ficções, as suas infâmias. Mas como comprar veículos de comunicação, sendo Jader apenas um parlamentar - inexpressivo que não teria meios financeiros suficientes para operações e negócios de porte? Esse seria um obstáculo intrans- ponível para qualquer cidadão que anda em sintonia com a lei. Mas esse jamais seria um obstáculo intransponível para um elemento que sempre andou na contramão da lei. É o caso de Jader Barbalho. Adquirir veículos de comunicação sem ter meios financeiros próprios para tal é uma ignomínia que merece a mais forte repulsa de todos. A repulsa deve ser muito maior, todavia, quando os veículos de comunicação adquiridos de forma espúria incorporam os preceitos éticos de seu dono e passam, eles próprios, a mentir despudoradamente, a distorcer a verdade. A mentira, para os veículos de comunicação que Jader Barbalho adquiriu com dinheiro que entrou em seus cofres por vias transversas, são o combustível que permitem a esse debochado viver num mundo dele - apenas e tão somente dele. Isso é visível, por exemplo, quando o debochado se vale de seus próprios veículos para dizer que estabeleceu um caso de amor com o Pará! Eis o mundo de Jader Barbalho. O mundo da mentira. DOSSIÊJADER GERAL 11 NA CALÇADA DA LAMA A trajetória do paraense que conseguiu envergonhar o Estado ao ganhar destaque nos principais veículos de comunicação do país. 26 de março de 1998 O Globo “PMDB desafia FH: quer Jader na Justiça” Matéria diz que a cúpula peemedebista tenta nomear para o Ministério da Justiça do líder do partido, o então senador Jader Barbalho. 16 de outubro de 2000 Época “Senadores em Guerra” Matéria destaca a disputa dos três maiores caciques do Congresso Nacional pela presidência do Senado e revela as irregularidades ocorridas no Banpará quando Jader Barbalho, era governador do Estado. Foi feito um resumo sobre a história de vida do peemedebista, com infográfico sobre sua evolução patrimonial. Além dos desvios no Banpará, dizia a reportagem, pelo menos mais quatro acusações de enriquecimento ilícito. 11 de abril de 2001 Veja Os aliados de Jader Barbalho usaram o dinheiro desviado da Sudam na campanha eleitoral de seus candidatos, diz a matéria da revista. 18 de abril de 2001 Veja “Apareceu a prova que faltava” Matéria mostra que documentos comprovam que Jader Barbalho era sócio de um fraudador da Sudam acusado de desviar R$ 133 milhões. 25 de abril de 2001 Veja “Jader cai no caldeirão da Sudam” Matéria revela que a mulher do peemedebista, Márcia Cristina Zaluth Centeno, é dona de uma empresa suspeita de desviar R$ 9 milhões. Sua contadora fraudou a Sudam. 2 de maio de 2001 Veja “O sistema planetário de Jader” Matéria destaca pessoas próximas a Jader Barbalho envolvidas em denúncias de fraude, entre elas Márcia Cristina (esposa), José Priante (primo), Laércio Barbalho (pai), Camilo Afonso Centeno (cunhado), Elcione Barbalho (ex-esposa) e José Artur Tourinho (amigo), todos mostrados através de um infográfico que representa uma “sistema solar”, onde Jader é o astro-rei da corrupção. caminho para a cassação. 1 de agosto de 2001 Veja “O último a chegar” Reportagem dizia que enquanto o Supremo Tribunal Federal analisava o pedido de quebra de sigilo bancários de Jader Barbalho, os membros do Conselho de Ética do Senado receberam denúncia que pode resultar na abertura de processo por quebra de decoro parlamentar e os maiores partidos da Casa já articulavam abertamente um nome para assumir a presidência do Senado, na certeza de que Jader Barbalho, licenciado, não voltaria a assumir o posto. 9 de maio de 2001 Veja “Desfalque dos 10 milhões volta à cena” Matéria destaca o escândalos envolvendo o desvio de dinheiro do Banpará por Jader Barbalho quando ele era governador do Estado e afirma que, após 17 anos, o caso seria apurado pela primeira vez. 13 de junho de 2001 Veja “Mais fraco do que nunca” Reportagem diz que, além das riquezas inexplicadas e conexões com fraudadores da Sudam, Jader tem também que explicar negócios envolvendo fraude na distribuição de títulos da dívida agrária (TDAs). 18 de junho de 2001 Época “Jader sobe ao cadafalso” Oposição pede CPI para apurar denúncias contra o presidente do Congresso, cada vez mais isolado pelo PMDB e pelo governo FHC. A matéria aproveita para mostrar, mais uma vez, a evolução patrimonial do então senador. 20 de junho de 2001 Veja “Entre ligações e títulos” Um resumo sobre a situação complicada em que se encontrava o senador Jader Barbalho, às vésperas da eleição para a presidência do Senado. Foi destacado, principalmente, a relação de Jader com Osmar Borges, principal fraudador da Sudam. 20 de junho de 2001 Istoé “Lenha da fogueira” Matéria diz que apareceram as primeiras provas da meganegociação com 55,2 mil títulos da dívida agrária (TDAs) emitidos de forma fraudulenta, o que complica a situação de Jader Barbalho. 6 de agosto de 2001 Época “Vôo para Altamira” Agricultor revela como Jader Barbalho e o primo, José Priante, cobravam propina para liberar verba da Sudam. 25 de outubro de 2000 Veja “O senador de 30 milhões de reais” Matéria mostra que o então presidente nacional do PMDB nunca se afastou da políti- 27 de junho de 2001 Veja “O quartel-general” Segundo a reportagem, o maior fraudador da Sudam alugou uma mansão em Brasília onde se reuniu com o senador Jader Barbalho. Matéria inicia destacando todos os principais escândalos envolvendo a vida pública de Jader. Diz ainda que ele se tornou um constrangimento para o PMDB. 11 de julho de 2001 Folha Online “Depoimentos complicam situação de Jader no caso de Títulos de Dívida Agrária” Mostra que dois depoimentos prestados à Polícia Federal em Belém revelam a venda ilegal dos títulos. 14 de julho de 2001 Folha Online “Relatório do BC acusa Jader de lesar Banpará” Diz a matéria que o relatório de fiscalização do Banco Central revela que Jader lesou os cofres do Banpará quando ele foi governador do Estado pela primeira vez, entre 1983 e 1986. ca. Mas, mesmo assim, fez uma fortuna surpreendente, aumentando seu patrimônio de R$ 61.200 para R$ 29,7 milhões de 1974 a 2000. 18 de julho de 2001 Folha Online “Veja quais são as principais acusações contra Jader” Matéria destaca o envolvimento do peemedebista em fraudes no Banpará, títulos de dívida agrária e Sudam e ainda cita o patrimônio suspeito de Jader. 18 de julho de 2001 Veja “As provas do crime do Banpará” Segundo a matéria, documentos provam que Jader desviou dinheiro público e dividiu com pai, irmãos e amigos. 18 de julho de 2001 Veja “Mancha de Batom. Promotores mostram que empresas depositavam na conta pessoal de Jader Barbalho e seus parentes” A matéria continua repercutindo sobre o desvio de dinheiro do Banpará. 25 de julho de 2001 Veja “Jader cai, mas a mentira fica” Matéria diz que o peemedebista, apesar de deixar a presidência do Senado, deixou para trás papéis que provam que ele faltou com a verdade e abrem 5 de setembro de 2001 Veja “E Jader disse não, não e não” Matéria afirma que o peemedebista mentiu sobre o seu envolvimento com o desvio de recursos no Banpará e deu, inclusive, provas para a cassação. A reportagem mostra também uma pesquisa em que 86,3% das pessoas envolvidas afirmaram acreditar que Jader é culpado. 3 de outubro de 2001 Veja “Agora só resta renunciar” Matéria diz que, depois das fraudes no Banpará, Jader pretende renunciar (o que acabou acontecendo) ao mandato para, assim, fugir da cassação e permenecer com os direitos políticos até 2011. 28 de novembro de 2001 Istoé “Mais uma do Barbalho” Documentação apresentada por Jader para justificar a posse da Fazenda Chão Preto refere-se a área já desapropriada. 17 de fevereiro de 2002 Veja “Tribunal revoga a prisão de Jader” O peemedebista acusado de fraude na Sudam, consegue habeas-corpus. 10 de abril de 2002 Folha Online “Depoimento de irmão de Jader compromete ex-senador no caso Sudam. 12 GERAL NA CALÇADA DA LAMA 27 de abril de 2002 Gazeta do Povo Matéria mostra que um esquema na Sudam foi utilizado pela Usimar para enviar verbas ao exterior. Jader Barbalho aparece denunciado por formação de quadrilha, estelionato, peculato e lavagem de dinheiro. Ele recebia comissão de 20% para liberar os recursos da Sudam. 2 de outubro de 2002 Veja “Por que todos mentem? A rotina humana das pequenas mentiras diárias e das grandes fraudes que iludem as multidões” Matéria traz uma ilustração com a imagem de Jader Barbalho e diz que o peemedebista, como presidente do Senado, mentiu aos seus colegas senadores sobre seu envolvimento em desfalques no Banpará, o que lhe custou o mandato. 24 de novembro de 2003 Portal Terra “Procurador geral denuncia Jader Barbalho” O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, ofereceu denúncias contra Jader por crime de peculato, quando era ministro do Desenvolvimento Agrário, em 1988. 2 de junho de 2004 “Nova ação contra Jader” Desta vez o deputado federal do PMDB é acusado de associar-se a outras pessoas para o extravio ilegal de mogno da área dos índios caiapós, no sul do Pará. 3 de junho de 2004 Correio Braziliense Matéria diz que Jader será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, que recebeu processo contra o peemedebista envolvido na participação em extração ilegal de mogno da reserva indígena caiapó. 4 de junho de 2004 Portal da Central Única dos Trabalhadores (CUT) “Jader Barbalho é acusado de explorar mogno de reserva indígena”. Site da CUT divulga processo que retrata da suposta participação de Jader na extração ilegal de mogno. 5 de julho de 2004 Época “O Baile da Impunidade” Matéria diz que leis em gestação e ações no Supremo Tribunal Federal podem dificul- tar apuração de escândalos, como os que envolvem Jader Barbalho. 7 de julho de 2004 Veja “Por que eles não ficam presos?” A matéria destaca Jader Barbalho como um dos políticos corruptos fora da prisão. 2 de maio de 2005 Site da Câmara dos Deputados Em pronunciamento, Aluizio Mercadante afirma que as provas contra Jader envolvendo o desvio de recursos da Sudam são “concretas, documentadas e fartas”. 1 de junho de 2005 “É a cara do Brasil” Coluna André Petry Mostra que Jader, após ser acusado de chefiar a máfia da Sudam, patrocinar roubalheiras de R$ 1,7 bilhão e ser preso, virou deputado federal e está muito rico. 11 de outubro de 2006 Veja “A turma do mal” Matéria faz uma crítica ao sistema político do País, que permite que figuras folclóricas, como Clodovil, e mensaleiros, sanguessugas e outros envolvidos em escândalo assegurem o seu lugar no Congresso. No boxe, mais uma vez Jader Barbalho ganha destaque. Ele é citado por desviar dinheiro do Banpará, da Sudam e da Reforma Agrária. 15 de agosto de 2007 Veja “A praga da impunidade. Por que eles não ficam presos?” Matéria classifica a Justiça Brasileira como incapaz de manter presos assassinos confessos e corruptos pegos em flagrantes e mostra que Jader, por exemplo, processado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, crime contra a administração pública e desvio de recursos da Sudam e do Banco do Estado do Pará (Banpará), foi campeão de votos nas eleições em 2006. 21 de fevereiro de 2007 Istoé “Que congresso é esse?” Mostra que o parlamento, na ocasião, tem 74 envolvidos na Justiça - entre eles Jader Barbalho - 12 ex-mensaleiros e sanguessugas anistiados e uma numerosa bancada de novatos folclóricos. A reportagem diz ainda que Jader, além de não ter nenhum projeto de Lei, tentava emplacar um sobrinho como presidente da Eletrobrás e um amigo na Eletronorte. 18 de abril de 2007 Veja “A volta do incorrigível” Reportagem mostrava que a RBA devia R$ 80 milhões aos cofres da União, 59,5 milhões à Receita Federal, 15,7 milhões ao INSS e 7,2 milhões GERAL 13 25 de fevereiro de 2009 Istoé “Os fichassujas do Congresso. A lista completa dos parlamentares que respondem por crimes na suprema corte” Jáder tem suas fotos publicadas na capa ao lado de outros políticos suspeitos de corrupção. A matéria diz que pesam contra Jader quatro ações, entre elas estelionato, formação de quadrilha e fraudes. 27 de novembro de 2008 Folha de S.Paulo A coluna Painel destaca que Jader Barbalho tentava, havia seis meses, obter visto de entrada nos Estados Unidos. Porém, o pedido vinha sendo rejeitado pela embaixada em Brasília. A razão seria uma investigação do FBI e da Cia sobre atividades do deputado. 13 de maio de 2009 Veja “Verdades que envergonham” Na matéria a Veja mostra que autoridades, deputados e senadores envolvidos em grandes escândalos foram absolvidos pelos eleitores. Entre eles, Jader Barbalho, que renunciou à presidência do Congresso após denúncias de enriquecimento ilícito e um ano depois foi eleito deputado federal. de FGTS. Porém, no dia 21 de dezembro do ano anterior, o presidente Lula assinou um decreto autorizando que Jader transferisse a concessão da RBA, que estava atolada em dívidas, para uma empresa devidamente sanada, a Sistema Clube do Pará. 14 de maio de 2008 Portal G1 “Justiça Federal determina bloqueio de bens de Jader Barbalho” A desembargadora federal Selene Maria de Almeira, do Tribunal Regional Federal, bloqueou os bens de Jader Barbalho e de outros dez réus que respondiam a ações criminais por envolvimento em desvio de recursos da Sudam. 9 de outubro de 2008 Veja Carta ao leitor: Olhos e ouvidos do Brasil Resposta da Veja às declarações de Jader Barbalho, que se disse vítima da “má imprensa”, quando se solidificaram as suspeitas contra ele envolvendo enriquecimento na carreira política à sociedade com fraudadores do dinheiro público. Ao tentar se explicar sobre seu envolvimento com fraudadores da Sudam, Jader acusou a Veja de mover-lhe uma campanha e citou o jurista baiano Rui Barbosa, falando das incompreensões que costumam ser vítimas os homens públicos. Em resposta, a revista semanal destacou outra citação de Rui “que cairia bem a Jader”. “De tanto ver triunfar nulidades/ De tanto ver prosperar desonra/ De tanto ver crescer a injustiça/ De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus/ O homem chega a desanimar-se da virtude/ A rir-se da honra/ a ter vergonha de ser honesto”. 15 de outubro de 2008 Veja “De volta para o futuro” Reportagem mostra que alguns políticos, mesmo tendo a vida marcada por corrupção, continuam se destacando nas urnas. Entre eles, José Priante, que naquele ano chegou ao segundo turno nas eleições para prefeito de Belém. A matéria observa que, ao lado do primo, Jader Barbalho, Priante foi um dos protagonistas do escândalo da Sudam. 25 de fevereiro de 2009 Veja “Um caso de amor com o nosso dinheiro. Como corruptos ficam milionários na política”. Matéria mais uma vez destaca a riqueza repentina de Jader Barbalho, que em três décadas na política acumulou R$ 30 milhões. 29 de setembro de 2010 Blog do Noblat TSE confirma que Jader Barbalho é ficha suja. 1 de setembro de 2010 Portal Uol Depois de Roriz, TSE considera Jader Barbalho “ficha suja” 28 de outubro de 2010 Portal G1 STF confirma que Lei da Ficha Limpa vale para eleições 2010. “Jader Barbalho é ficha suja”, diz a matéria. 14 GERAL Artigo de Romulo Maiorana Leitores, espectadores e internautas que acessam os meios de comunicação das ORM endossaram apoio Na sexta-feira, 20 de maio, O LIBERAL exibiu na capa um editorial assinado pelo presidente das Organizações Romulo Maiorana (ORM), Romulo Maiorana Júnior, que fala, de modo simples e transparente, de sua opinião Jader Barbalho, um nome que os paraenses têm vergonha de pronunciar.’ Enviado por Alberto Silva Parabéns sr. Romulo Jr! Precisamos muito de pessoas como você para amenizar esta corrupção que atrasa nosso estado há décadas. Que Deus te abençoe! Enviado por Murilo Antonio V. Correa O povo de Maracanã lhe agradece pela coragem!! Vamos acabar com esse ladrão de colarinho branco, a anhanga do PMDB tem que ir é pro xadrez, junto com nosso prefeito papudinho!’ Enviado por “Filhos de Maracanã” Sou paraense residente em Boa Vista (RR). Amo o Pará, apesar do pessoal da ALQAEDA (HELDER, JADER...). Depois dessa atitude, Romulo, te candidata. Eu e outros paraenses votaremos.’ Enviado por Raimundo Alves de Souza Valeu Romulo Maiorana. O povo tem que deixar de ser burro e não votar nesse vagabundo nem para síndico de prédio. Meus Parabéns!!!!!!!!’ Enviado por Paulo Silva É lamentável que no Pará ainda tenham idiotas que votam nesse safado a cada eleição!!! É mais do que provado o enriquecimento ilícito desse ficha-suja! Isso não pode mais acontecer em nosso estado!!! FORA CORRUPTOS! PARABÉNS RM!’ Enviado por Alex Parabéns ao sr. Romulo Maiorana Jr. pela coragem. Estou de alma lavada. Nós não merecemos um crápula como esse.’ Enviado por Nazaré Barroso Gostei Romulo você é um cara de coragem, pois este cêncer tem que ser curado deste Estado. Ficha suja tem que ir para a cadeia. Enviado por Sérgio Costa Parabéns Romulo, você se tornou o porta voz da grande maioria do povo paraense. Precisamos aniquilar esses vagabundos corruptos das nossas vidas, só assim o Pará crescerá, um dia conseguiremos. Enviado por Sérgio Irmãozinho..... Foi Show... Não citou o nome do canalha, mas nem precisa saber muito... Derrube o cara com tuas palavras... Vocês dois são gente grande e gente grande pega gente grande.... e nós que somos pequenos vibraremos com tua vitória .... Enviado por Rafael Sempre amei o Pará, mais certas vezes tenho vergonha deste maravilhoso Estado por conta destes politicos que temos. Deus é grande, e um dia estaremos livres destas pestes que estão acabando com o estado e enchendo os bolsos. Ananindeua esta um caos. Enviado por Caudio Andrade pessoal sobre a impunidade de Jader Barbalho é envolvido. O texto também foi publicado no Portal ORM Na qualidade de presidente regional do PT do B do Estado do Pará, quero dar meu testemunho e elogiar o brilhante, excelente, primoroso, nota dez e outros tantos adjetivos que podem ser utilizados com referência ao artigo de Romulo Maiorana Jr. publicado na edição do jornal O LIBERAL do dia 20/05/2011. Meu pai, dr. José Maria de Lima, administrador, cientista político e jornalista, foi superintendente de administração da Sudam de 2004 a 2007, durante a gestão do dr. Frederico Alberto de Andrade, e saiu por não concordar com os rumos que o novo superintendente Artur Tourinho, outro ladrão, estava dando para a autarquia - que terminou sendo extinta por corrupção. Meu pai, dr. José Maria de Lima, hoje aposentado do Ministério de Integração, após 35 anos de serviço A assessoria jurídica do ladr... ops! Jader deve estar de orelha quente a esta hora. Senadorzinho de merda esse Jader... Enviado por Netto Tenho parentes fora do Estado e eles fazem piadas com os paraenses por elegerem esse bandido de marca maior, pois não entendem como Jader é tão querido se nunca fez nada pelo nosso povo. Enviado por Marvin Se já não bastasse, ainda temos que ouvir a Rádio Clube e a RBA idolatrar o prefeito de Ananindeua como se a cidade fosse uma verdadeira maravilha na terra. Durma-se com esse barulho! Enviado por Fábio e recebeu, em poucas horas, centenas de acessos. Até o dia seguinte, mais de 80 mensagens de congratulações público federal, exercendo os mais altos cargos nas diversas esferas da administração federal, estadual e municipal (secretário de administração da Prefeitura de Macapá e vice-prefeito da cidade de Macapá), sem nunca ter respondido a nenhum processo durante toda a sua vida pública e tendo concluido o curso do mais alto nível do País - Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra do Brasil -, é sabedor que a empresa de refrigerantes Fly é geradora de emprego em nosso Estado e foi um dos projetos da Sudam que não deram prejuizo à nação brasileira. Ao fazer este esclarecimento, nosso partido se coloca à disposição desse importante orgão de comunicação de nosso Estado do pará. Zezinho Lima Presidente regional do PTdoB-PA Tradicionalmente, o Pará so perde para o Maranhão em termos de políticos corruptos. Essa tradição, claro, começou com o Jader. Fora Jader (“ficha suja”), Marinor (lesa) e Paulo Rocha (mensaleiro). Enviada por Luiz Costa Como cidadã brasileira e moradora desta cidade, faço com respeito e admiração de suas palavras, as minhas. A corrupçao não pode mais fazer parte de nossa sociedade. Que venhamos aprender a escolher com dignidade os nossos políticos. Enviada por Luana Garcia Simplesmente porreta o comentário de Romulo Maiorana Jr. Esse é o cara. Nota 10. RCA, essa foi genial. Rede de Corrupção da Amazônia. Enviado por Jorge Mesquita e apoio a Romulo Maiorana foram enviadas. Os leitores consideraram importante a coragem do presidente das Basta observar a conduta do pai que leva o filho ao trabalho desde novo (Romulo Maiorana), que esta sendo seguido pelo neto; ao pai que se junta à sobrinha da esposa, põe seu filho no seu mesmo desvio de conduta (roubo) para entendermos. Parabéns. Enviada por Antônio Carlos Caro Romulo Junior, parabéns pelo desabafo, você não teve medo, mas sim coragem. É preciso mesmo levantar esse estandarte, o Pará não aguenta mais, e ele ainda quer a criação de Carajás e Tapajós pra estender os tentáculos da RCA. Deus te ilumine. Enviada por Edilson Holanda Estou orgulhoso de ser paraense e ter uma pessoa com coragem pra desafiar esse pilantra do Jader Roubalho. Parabéns Romulo Maiorana, você está 100% corretíssimo sobre o que fala desse cidadão. Ronaldo Porto é o maior puxa saco de Jader Barbalho. Enviada por Sérgio Queiroz Cuidado governador! Nós ainda o temos como umas das reservas morais e confiável de nosso Estado e até agora não compreendemos como V.Exa. pôde se aliar a um ficha suja de 1ª grandeza. Com quem ele se alia, ele trai, veja ana e alacid. acabou com eles. Enviado por Regina Pelo amor de Deus, paraenses, sabotem a família Barbalho nas próximas eleições. O Pará precisa sair do lixo político em que se encontra. Salve Romulo Maiorana Jr. Enviado por Gláucia Freitas GERAL 15 gera repercussão ao editorial que mostra a face nociva de Jader Barbalho ao Pará ORM, que citou o peemedebista como o pior político que o Pará já teve. Os desabafos mostram o alto grau de insatisfação O que você fez Romulo, nada mais nada menos, é a vontade de cada um Paraense... Parabenizo a sua atitude, e se você me permitir, faça das sua palavras as minhas, a este crapula, ladrão e corrupto. Enviada por Osvaldo Neto Nossa, passei a ser fã do Romulo Maiorana Jr. agora mesmo. Ele falou o que estava engasgado na garganta de todos os paraenses que têm dignidade. Esse senadorzinho é mesmo um lixo,escória. Ele é a própria fossa. Romulo disse bem ,ele é um câncer. Enviado por Elda Liane Silva de Freitas Falou e disse !!! Parabéns !!! Enviado por Afonso Fernandes Quem não tem integridade, tenta denegrir quem tem. Esse senhor “ficha Suja” tenta passar uma imagem de que é o defenssor do Estado. Esta é enganando o povo paraense e com aquele sorriso de deboche e fica agradencendo pelos votos que ganhou. Enviada por Jorge Souza Mas como a RCA foi comprada por 13 millhões se eles viviam na maior pindaíba. Nem casa tinham! É uma coisa que o povo do Pará gostaria de saber, como foi que JB enriqueceu tão rapidamente. Será que ele vai matar a curiosidade do povo? POBRE POVO! Enviado por Carlos da população com políticos “ficha suja” que ainda tentam sobreviver. Abaixo, confira alguns dos comentários dos Vocês da Região Metropolitana estão sentindo na pela a falta de Justiça para com esses corruptos. Isso é uma vergonha para o Pará. Por isso, queremos a divisão do Estado, queremos fazer nossa própria história e não depender mais de politicos corruptos. Enviado por Emerson de Oliveira Você não é deputado, você é moleque: Capitão Nascimento sobre Jader. Jader, o Senhor é um fanfarrão; Capitão Nascimento sobre Jader: Pede pra sair, deixa o homem trabalhar! Lula conversando com a polícia federal sobre Jader. Enviado por Paraense Jader Barbalho é nada mais que a personificação da corrupção mais suja que há dentro da política brasileira. Quando parlamentar, foi o que menos trabalhou. Fato. Por que isso não acaba? Interesses pessoais. Uma corja cerca essa pessoa. Enviado por Hugo Macedo O texto foi pesado, devido à gravidade do assunto e da pessoa a que se reporta, temos que dar um BASTA nesta situação. Parabéns pela coragem de compartilhar sua indignação com todos nos. Eu me orgulho de ser PARAENSE. Parabéns Romulo Jr. Enviado por Lígia Desejo externar minha satisfação com os programas que a TV Liberal tem levado ao ar pela manhã na defesa dos direitos do povo paraense. Enviado por Helena Lédo Paranhos internautas de vários municípios do Pará e de outros Estados, postados no Portal ORM (www. orm.com.br): Parabéns por tentar dizer em poucas linhas que é esse corrupto chamado Jader Barbalho. Enviado por Romildo O paraense não está acostumado com verdadeira política pública e se vende a falsas oportunidades! Enviado por Luana Paranhos O Pará e sobretudo o parense não merecem tanto a divisão do Estado é fruto desse canalha. Enviado por Gabriel Felício Marques Parabéns. Concordo plenamente! Quem nunca ouviu o famoso ditado paraense: “Ele rouba, mas faz!”. Isso não existe, apenas os fracos e medíocres pensam dessa forma. Em nossas vidas, o que irá ficar será apenas a lembrança de nosso caráter! Enviado por Diego Castro Já está mais que na hora desse vagabundo e toda a sua cambada de puxasacos serem colocados no fundo de uma cela para que apodreçam. Mas antes que isso aconteça, ele terá que devolver tudo que roubou dos cofres públicos. Enviado por Max Fernandes Romulo Maiorana tem toda razão. O filho do Jader, prefeito de Ananindeua, recebeu do governo federal na era Lula 102.000.000 milhões de reais pra consertar Ananindeua. Até agora o dinheiro sumiu e Ananindeua está jogado a baratas e ratos. Junto com o Jader. Enviado por José Ribamar Meus parabens ao sr. Maiorana Jr. pela coragem de falar tudo desse grupo RCA, que realmente não passa de organização criminosa. Só não quero acreditar que os juízes do nosso Pais não tenham rabo preso, pois querem colocar o esse ladrão no poder (ficha limpa). Enviado por Júnior Eu participei da coleta de assinaturas para a aprovação da lei da Ficha Limpa e estou com esse pilantra entalado até agora. Eu queria ter oportunidade de dizer esses desaforos todos na cara desse bandido, que, infelizmente, vai ser senador. Enviado por Nazareno É isso aí!!!Fora “fichasuja”!!! Chega de denegrir a imagem do Pará, chega de associar o nosso Estado a um” ficha-suja”, termo que cabe muito bem a esse cidadão, será que o que ele retirou do povo do Pará ainda não foi o suficiente?! Enviado por Debora Não sei como ainda tem gente que se arvora a defender JB. Ele é indefensável pelos inúmeros processos que carrega por desvio de dinheiro público, e isto é público e nótório, é conhecedíssimo por essas práticas. Enviado por Diana Romulo Maiorana jr para Governador.... Enviado por Kizy Finalmente alguem da imprensa teve a coragem de dizer umas verdades a respeito desse cidadão. Parabens Romulo, você acaba de conseguir mais um fã. Parabéns pela sua coragem e dignidade. Temos que acabar com essa corja de safados em nosso Estado. Enviado por Odair Jader Barbalho, sem dúvida, é a principal razão da miséria do nosso Estado. Precisamos fazer uma campanha efetiva para que esse individuo seja defenestrado da política do nosso Estado. Bandido! Corrupto! Ladrão! Enviado por Thiago Rodrigues Queria parabenizar o Sr° Romulo Maiorana pelo dossiê que saiu no jornal O LIBERAL de domingo contra o Sr° Jader Fontenelle Barbalho. O pior ladrão que o Estado do Pará teve. O Jader não começou a roubar desde agora e sim desde de criança. Enviado por Josy Kelly Parabéns pela coragem, precisamos de pessoas que defendam o nosso Estado de pessoas sujas Enviado por Mauro Parabéns Romulo Maiorana! Esse câncer tem que sumir de nossas vidas. Ele acabou com o governo da Ana Júlia e vai destroçar em 6 meses o governo do Jatene. Fora, ladrão! Enviado por Márcio Nogueira Rodrigues Parabéns, precisavamos realmente de alguem de peso que se pronunciasse perante essa situação vergonhosa em que o Pará está vivendo. O povo também tem que parar de eleger ladrões, que têm como objetivo vender o Estado e não defênde-lo. PARABÉNS. Enviado por Rosy Alô população de Ananindeua.... Atenção para o bandido jr. que vocês reelegeram. Romulo e Ronaldo, o Pará está com vocês. Enviado por Gláucia Gostei. Li no domingo a denúncia. Independentemente do teor, sempre que leio algo no DP denunciando corrupção, me sinto o idiota dos idiotas. Jader foi, é e será o maior corrupto do Pará. Bilionário, continua saqueando os cofres públicos vorazmente. Enviado por Ferreira 16 GERAL IDAS E VINDAS Jader usa todas as artimanhas para tentar voltar ao poder após decisão do STF NELSON JÚNIOR/STF Ficha suja deixa a Justiça lenta Voto do ministro Luiz Fux determinou o retorno de vários processos ao Supremo A decisão de não validar a Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2010 abriu um vai-e-vem de processos entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e os tribunais estaduais. Devido a prerrogativa de foro privilegiado concedida aos deputados e senadores, ações contra parlamentares que conseguiram o aval da Justiça para assumir mandatos eletivos vão voltar a tramitar na Suprema Corte. O expediente é uma garantia de protelar ainda mais o desfecho desses processos. Exatas 69 ações deixaram os gabinetes dos ministros este ano com destino a instâncias inferiores, porque os políticos não foram eleitos para cargos no Congresso. No entanto, com o voto do ministro Luiz Fux, no dia 23 de março, uma grande parcela deles está retornando. O campeão de provocar idas e vindas das ações que tramitam contra ele é Jader Barbalho (PMDBPA). Depois de renunciar ao mandato de deputado federal em 30 de novembro do ano passado - dois meses antes do término da legislatura -, o peemedebista levou os processos nos quais é réu para a Justiça Federal dos Estados do Mato Grosso e Tocantins e para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília. Nem bem caminharam na instância inferior e Barbalho agora força a subida - mais uma vez - das ações para o STF, já que, se tomar posse no Senado, volta a ter foro pri- que concedem regalias a eles próprios. Tanto que uma proposta de emenda à Constituição (PEC) apresentada em 2007 pelo ex-deputado Marcelo Itagiba está pronta para ser votada em plenário há quase dois anos. Aprovada pelas comissões, ela adormece na fila do plenário à espera da boa vontade dos líderes partidários. AÇÕES vilegiado. Como na Suprema Corte os processos demoram mais para serem decididos do que nas Justiças estaduais, as ações que acusam o parlamentar de falsidade ideológica, formação de quadrilha, estelionato, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, entre outros, tem mais chances de prescrever. Para o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e da Comissão de Justiça e Paz da CNBB, Marcello Lavenère Machado, o recurso utilizado por Jader Barbalho levanta uma discussão sobre a continuidade dessa prerrogativa aos parlamentares. “O foro privilegiado foi criado para dar uma certa proteção a esses representantes do povo, para que eles fossem menos vulneráveis, não estando sujeitos, por exemplo, Peemedebista levou ações que tramitam contra ele para MT , TO e Distrito Federal a condenação de um juiz de menor qualificação, que a gente chama de monocrático. Só que o foro especial hoje não é visto como uma forma de melhorar a democracia, mas sim de ajudar a esse tipo de parlamentar a fugir da responsabilidade dos seus atos”, afirma o advogado, completando que o “foro privilegiado se transformou em garantia de impunidade”. “Eu como membro do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral só tenho a lamentar a atitude de políticos, como esse (Jader Barbalho), que renunciam para que o processo saia do Supremo Tribunal Federal e vá para a primeira instância e, agora, com a possibilidade de ter sido eleito para o Senado Federal, volta as ações para o Supremo. Esse vaivém dos processos só visa atrasar o julgamento. Nós não aceitamos a demora no julgamento dessas responsabilidades desses políticos que são fichas-sujas. Lamentamos que esse expediente, em algum momento, surta efeito. Temos que permanecer vigilantes, melhorar outras leis do tipo da ficha limpa, elaborar outras leis nesse mote, e aplicá-las para não permitir situações como essas.” Somente o Congresso poderia mudar a situação atual, entretanto, os parlamentares não parecem nada dispostos a modificar regras De acordo com o acompanhamento processual, da página do STF na internet, pelo menos três ações penais em que o ex-deputado Jader Barbalho é réu deverão retornar a Suprema Corte. Todos eles, foram encaminhados, no início do mês de fevereiro, pelo o ministro Ricardo Lewandowski. Os destinos foram as Justiças Federais de Mato Grosso e Tocantins e para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília. “Falsidade ideológica, formação de quadrilha ou bando, estelionato, lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores” são apenas algumas das acusações formalizadas contra Jader na Ação Penal nº 397, ajuizada pelo Ministério Público Federal no ano de 2005. Essa ação foi remetida à 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Mato Grosso. Já na Ação Penal nº 374, também interposta pelo MPF em 2004, Jader responde por crime contra a administração pública. Os autos foram remetidos à Justiça Federal do Tocantins. E na Ação Penal nº 549, de autoria do MPF, as acusações são de crime praticado por funcionário público contra a administração em geral e emprego irregular de verbas públicas. Esse processo foi enviado ao TRF da 1ª Região, sendo que os crimes tiveram procedência no Tocantins. Senador Antônio Carlos Magalhães “peitou” Barbalho Foi no Senado Federal que Jader Barbalho viveu alguns dos momentos mais impactantes de sua trajetória. Antes de sair do congresso pela “porta dos fundos”, ao ter que renunciar para não ser cassado por desvio de dinheiro público do Banpará, o peemedebista protagonizou momentos de guerra com o seu maior adversário político: o baiano Antônio Carlos Magalhães, já falecido. Eles trocavam acusações em plenário e montaram dossiês um sobre o outro. ACM chamava Jader de corrupto. A briga entre os dois começou ainda no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso e teve início uma disputa pesada pela sucessão no Senado. Mas foi no segundo mandato de FHC que o conflito ficou aquecido. Antônio Carlos Magalhães, ao que tudo indica, não tinha nem um pouco de dificuldade em encontrar munição para disparar contra o inimigo declarado. Nessa época, já jorravam denúncias relacionando Jader Barbalho em casos de corrupção (envolvendo, entre outros órgãos, o Banpará e a Sudam) e enriquecimento ilícito. O senador baiano foi autor da CPI do Judiciário, que acabou sendo um tremendo sucesso de público e crítica. Ela rendeu a cassação do primeiro senador – Luiz Estevão, do PMDB, e amigo de Jader Barbalho – e a revelação do esquema de desvios de verba do TRT de São Paulo. Na época, Jader revidou com a criação da CPI dos Bancos. A investigação não fez o mesmo barulho. Nunca ficou tão claro o uso político das comissões de inquérito do Congresso. As CPIs costumam nascer de algo concreto e não de simples rixa. Mas para Jader isso não fazia a menor diferença e ele foi capaz de travar com seu rival um duelo de CPIs, gastando dinheiro público mais preocupado em vencer a guerra política do que trazer à tona e punir responsáveis por supostas irregularidades. Nessa guerra nenhum dos dois venceu. Jader Barbalho, mais desmoralizado do que nunca, renunciou ao mandato de senador em 2001 para escapar de possível cassação por quebra de decoro parlamentar. Na ocasião, ele estava afogado em um rio de denúncias de desvio de dinheiro público. Foi justamente por essa renúncia que, eleito, ele é considerado inelegível pela Justiça. Antônio Carlos Magalhães, por sua vez, foi acusado de ter acesso a uma lista de votação onde constava o voto de cada um dos senadores que participaram da sessão que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), acusado de envolvimento na obra superfaturada da sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. A referida lista, segundo a denúncia, teria sido apresentada a ACM pelo senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), então líder do governo. Os dois parlamentares foram alvos de um pedido de quebra de decoro parlamentar após uma investigação conduzida pelo Conselho de Ética do Senado e negaram envolvimento no caso. No entanto, a confissão de Regina Borges, então diretora da Empresa de Processamento de Dados do Senado, de que a lista foi entregue por ela a Arruda a pedido do próprio senador e depois mostrada por este último a ACM tornou insustentável a posição dos dois que, sem saída, apresentaram seus pedidos de renúncia para evitar a cassação de seus mandatos e a consequente perda dos direitos políticos. Arruda renunciou em 24 de maio de 2001 e Antônio Carlos Magalhães seis dias depois. Mas ACM não saiu do senado sem deixar registros preciosos sobre o verdadeiro Jader. Não aquele que sai estampado nas páginas do jornal da família Barbalho. “A flagrante incompatibilidade entre os sinais exteriores de riqueza que ostenta o senador Jader e suas declarações de renda tem sido também motivo de perplexidade por qualquer pessoa sensata e honesta e objeto de extensas matérias de Imprensa”, disse o baiano em seu livro, “Jader Barbalho, o Brasil não merece”. “O Senado não poderá ser o palco para a vitória de qualquer corrupto. Considero este livro uma demonstração de amor à Instituição e ao Brasil. ‘O ladrão prostitui, com o roubo, as suas mãos. O mentiroso, com a mentira, a própria boca, a palavra, a consciência. O ladrão ofende o próximo nos bens da fortuna. O mentiroso, não é no patrimônio, é na honra, na liberdade, na própria vida’”, concluiu ACM, em sua obra.