capítulo 3 - revista eletrônica da faculdade metodista granbery
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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377 Curso de Administração - N. 15, JUL/DEZ 2013 O ESTUDO DO TEMPO: GERENCIANDO A PRODUÇÃO EM LOTES DE CONFECÇÕES Ítala Moraes Teixeira1 Viviane Aparecida do Nascimento2 Bruno Silva Olher3 RESUMO Este trabalho apresenta a importância do estudo dos tempos na produção em lotes. Um estudo capaz de proporcionar às confecções uma melhor visão, entendimento e métodos práticos. Para tanto, as operações são padronizadas e assim cronometradas de forma rigorosa e extremamente planejada. Em seguida é crucial a elaboração do planejamento de linha, que irá agilizar o trabalho em equipe, proporcionando aumento na qualidade e diminuição dos custos. Os resultados são expressos através da satisfação dos colaboradores, ao estarem inseridos em um ambiente mais adequado de trabalho e muito mais produtivo. Através deste artigo é possível notar que o estudo do tempo pode melhorar a administração e as finanças da empresa; pois garante diferencial competitivo, lucro, organização, conclusão do trabalho em tempo hábil, dentre outros benefícios, que têm se tornado cada vez mais necessários no atual ambiente competitivo e desafiador do mercado de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Confecção. Produção em lotes. Estudo do tempo. Layout. ABSTRACT This paper presents the importance of study of the times in batch production. A study able to provide clothing to better vision, understanding and practical methods. For both operations are standardized and well timed and extremely accurately planned. Then it is crucial to the development of the line planning, which will streamline teamwork providing increased quality and reduced costs. Results are expressed through the notorious and employee satisfaction, by being inserted into a suitable working environment more and more productive. Through this article you can see that significantly improves the study of time management and the company's finances, it ensures a competitive, profit, organization, completion of the work on Graduanda em Administração do IF Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba. Estagiária na área de produção – HM Uniformes. [email protected] 2 Graduanda em Administração do IF Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba. Estagiária na área de produção – HM Uniformes. [email protected] 3 Mestrando em Administração na Universidade Federal de Viçosa (UFV); Bacharel em Administração; Especialista em Gestão Estratégica de Operações, Logística e Finanças; Especialista em Educação Empreendedora. [email protected] 1 time, among other benefits, which has become increasingly necessary in current competitive environment and challenging labor market. KEY-WORDS: Manufacture. Production batch. Study time. Layout. 1 INTRODUÇÃO Toda e qualquer organização deve se focar em entender a essência do seu processo produtivo. Este trabalho busca se aprofundar no processo produtivo de confecções, no qual será utilizada a confecção para basear as pesquisas e trazer a este setor, conclusões que possibilitarão o melhor desempenho do seu processo produtivo e, consequentemente, melhor qualidade aos seus produtos. “A indústria de confecção constitui um setor relevante da indústria têxtil e se encontra disseminada em praticamente todas as economias do mundo, o que a torna extremamente competitiva.” (HENRIQUES et al, 2012, p. 1). Para tanto se faz necessária a otimização de processos e a apresentação de recursos fundamentais para a produção de peças de vestuário. O sistema de produção é um conjunto formado de macroprocessos, elementos independentes, mas que se inter-relacionam em função de um objetivo. Essa inter-relação é que será o nosso objeto de estudo; como ela é feita, se há falhas, onde; enfim, uma série de análises que demonstrarão onde estão as forças e as fraquezas do processo. Essa análise deve ser feita de forma bem programada, organizada, além de estar atenta à todas as atividades que afetam diretamente essa produção, assim como o ambiente externo. Em uma confecção, as atividades são basicamente divididas em: recebimento do pedido, retirada do risco (folha que determina o tamanho e modelo da peça), corte das peças, confecção das peças. Assim é possível ter uma visão geral de todos os passos que serão tratados a seguir. O tempo é muito precioso na produção em lotes de uma confecção, e como se está inserido em um contexto industrial cada vez mais dinâmico e competitivo, é extremamente importante estar à frente dos concorrentes e buscar estar o mais perto possível da perfeição em seus processos. No decorrer do trabalho, serão expostas as técnicas, meios e os consequentes resultados de ações essenciais para garantir essa posição privilegiada no mercado de trabalho. Portanto, o controle da produção será uma consequência das conquistas atingidas através do estudo dos tempos, com o auxílio da cronometragem, uma ferramenta indispensável para um bom gerenciamento da produção em lotes. A princípio já é notório que as partes deverão trabalhar em conjunto e assim o processo fluirá da melhor forma possível. O estudo foi fundamentado em pesquisa bibliográfica, desenvolvida pelo levantamento de informações em livros e artigos científicos. Os dados obtidos foram analisados e interpretados, para melhor compreensão dos mesmos, de maneira descritiva, proporcionando novas visões sobre a realidade conhecida das confecções e a importância do estudo do tempo para a eficiência organizacional. O estudo, em sua fase exploratória, proporciona uma visão geral do tema. Esta etapa representa um período de investigação informal e relativamente livre, no qual o pesquisador procura obter, tanto quanto possível, entendimento dos fatores que exercem influencia na situação que constitui o objeto da pesquisa. (...) Embora nesta etapa o pesquisador disponha de ampla liberdade para exercitar o seu próprio talento e adotar a conduta que lhe parece mais adequada, isso não significa que possa exercer a liberdade em sentido absoluto. O conhecimento proporcionado pelas ciências sociais não autoriza nos dias de hoje empreender um estudo sem que se possa previamente antecipar o comportamento humano nas mais diversas situações (GIL 2009, p.130). Conforme Fernandes e Gomes (2003), o estudo também se enquadra na característica de pesquisa descritiva, cujo objetivo principal é descrever, analisar ou verificar as relações entre fatos e fenômenos, ou seja, tomar conhecimento do que, com quem, como e qual a intensidade do fenômeno em estudo, sem deixar de lado a pesquisa bibliográfica que é a base para o entendimento, desenvolvimento do estudo e seus complementos. Pois um conhecimento prévio é absolutamente necessário, devendo ser feito antes de se tomar qualquer decisão a cerca do assunto. 2 CONFECÇÕES: PODUÇÃO EM LOTES Nas confecções são feitas quantidades limitadas de determinado produto por vez, onde cada produto exige um planejamento de produção próprio. As quantidades específicas de cada um desses produtos são separadas em lotes para melhor determinação e diferenciação de suas características. Em cada lote se repetem várias vezes as mesmas operações; nesse processo por lotes, os volumes são maiores porque os produtos são produzidos repetitivamente. Segundo Chiavenato (2008), as principais características de PCP em produção em lotes são as seguintes: A empresa é capaz de produzir bens/serviços genéricos de diferentes características; As máquinas são agrupadas em baterias do mesmo tipo; Em cada lote de produção, as ferramentas devem ser modificadas e arranjadas para atender aos diferentes produtos/serviços; A produção em lotes exige grandes áreas de estocagem de produtos acabados e grande estoque de materiais em processamento. Além dos aspectos abordados por Chiavenato (2008), outros devem ser ressaltados, como: permitir a utilização regular e plena da mão de obra, e impor a necessidade de um plano de produção bem feito. A produção em lotes está aliada à produção contínua, na qual se produzem determinados produtos sem modificação, por um longo período, em um ritmo de produção acelerado. Esse sistema de produção contínua, também chamado de fluxo em linha, apresenta uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço, produtos estes que são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro. As características desse sistema são: facilita o planejamento detalhado; permite dividir as operações de montagem; facilita medidas corretivas e a verificação diária da produção; exige máquinas e ferramentas altamente especializadas e disposta em sequência; o produto é mantido em produção por longo período sem modificação, permitindo planejamento em longo prazo; as despesas e investimentos em ferramentas e dispositivos de produção podem ser depreciados em longo prazo. A atividade que rege a produção em lotes de uma confecção é feita com máquinas de costura, nas quais cada operador tem suas funções pré-definidas, e o conjunto delas dá origem à peça que será o produto final. A dependência de mão-de-obra está associada ao fato de que a atividade mais crítica e menos automatizada do processo de produção de uma confecção é a costura. Esta tarefa é realizada em máquinas que ainda são operadas de maneira semelhantes às primeiras, construídas no século dezenove, requerendo a presença constante de operadoras. O trabalho de costura depende da habilidade das costureiras, o que o aproxima do artesanal, dificultando as estimativas de prazos de execução e o seu controle (HENRIQUES et al, 2012, p.1). Pode-se notar que há uma dificuldade de mensuração, como tratado acima, mas ao se padronizar as atividades, tal mensuração, fica mais fácil e, em seguida, é visto que com a cronometragem essa dificuldade é suprida. 3 ESTUDO DOS TEMPOS O estudo do tempo é uma técnica para determinar com exatidão o tempo necessário para se realizar certo trabalho dentro de normas pré-estabelecidas. Esse estudo é influenciado pelo tipo do fluxo de produtos e pelos operadores das máquinas, considerando que cada um tem suas habilidades, força e vontades diferentes. Para tanto, faz-se uso do tempo padrão, importante para (CHIAVENATO, 2008): Estabelecer padrões para a produção, permitindo o planejamento, buscando eficácia e avaliando o desempenho; Fornecer os dados para levantar os custos da produção; Fornecer dados para o estudo do balanceamento de estruturas de produção. Este estudo busca solucionar um problema, que Cleidiane Julia (2006) define bem através desta pergunta: Como eliminar falhas no processo produtivo dos produtos, principalmente com relação à programação da produção que afeta diretamente a entrega do produto ao cliente? Os objetivos específicos, segundo Cleidiane Julia (2006), são: Analisar o planejamento e controle da produção com ênfase na cronoanálise; Estudar a programação da produção; Apontar as falhas na entrega da produção decorrentes de má programação; Analisar os resultados dos tempos e métodos utilizados pela empresa, com intuito de verificar se os mesmos estão sendo implantados corretamente; Estudar as condições de equipamentos e sua influência na produção, quando estes não estão de acordo com as normas estipuladas pela empresa; Propor um projeto para a solução dos problemas apresentados. 3.1 Operações As operações variam de empresa para empresa e de peça para peça. Como tratado anteriormente, estas devem ser combinadas entre o operador e o cronometrista, para que ambos saibam como serão executados os passos. Em uma operação, segundo Machado (2011), tem-se um dos subdivisores do ciclo de trabalho. Composto de uma sequência de um, ou vários movimentos como: 1. Preparação (posiciona); 2. Execução (costura); 3. Conclusão (descarte). Estes podem apresentar diversos tipos: Elemento constante: é aquele que nunca muda o seu tempo. Exemplo: máquinas automáticas. Elemento variável: é aquele que muda o tempo de acordo com a habilidade do operador. Exemplo: operações manuais. Elemento cíclico: é aquele elemento que acontece a todo instante durante o processo de um produto. Exemplo: posicionar. Elemento não cíclico: é aquele que esporadicamente acontece durante a jornada de trabalho. Exemplo: abrir o pacote. Dentro das operações, a velocidade dos operadores deve ser analisada, o cronometrista irá determiná-la subjetivamente, referenciando-a como a velocidade normal, correspondente a 100 ou 100%. De acordo com Martins e Laugeni (2005), nesse ponto a prática de treinamentos deve ser habitual, para evitar erros, sendo este um treinamento comum, sistemático e contínuo da equipe de cronometristas utilizando operações padronizadas. Antes de se determinar o tempo padrão, é essencial a determinação das tolerâncias. Estas existem, pois o trabalhador não funciona como uma máquina, este tem seu trabalho interrompido diante de suas necessidades básicas. Segundo Martins e Laugeni (2005), elas se dividem em: Tolerância para atendimento às necessidades especiais: sendo considerado tolerante um tempo entre 10 e 25 min, 5% aproximadamente, em um dia de trabalho de 7 horas; Tolerância para alívio da fadiga: consideram-se as condições do trabalho, como ruídos, iluminação, umidade. Ambiente de trabalho com excesso de ruído, mais de 80dB; iluminação insuficiente, menos de 200 lux; condições de conforto térmico inadequado, temperatura ambiente fora da faixa de 20 a 24°C; e umidade relativa abaixo de 40% ou acima de 60%; vibrações; cores inadequadas das paredes; e desrespeito à ergonomia nos postos de trabalho, entre outros, geram fadiga. Também deve se acrescentar a Tolerância para espera. Estas podem ser evitáveis ou inevitáveis. Aquelas feitas intencionalmente pelo operador não serão consideradas na determinação do tempo padrão. Assim, já aptos a iniciar um bom trabalho de cronometragem e seguir com a coleta de informações necessárias para a resposta da questão que foi inicialmente colocada como o desafio do trabalho. 3.2 Cronometragens O tempo cronometrado para o estudo de tempos é o tempo medido pelo cronometrista ao observar o operador escolhido apanhar, posicionar e descartar. A cronometragem é feita para se conseguir o tempo padrão, que é o tempo necessário por um operador apto e treinado, possuindo habilidades médias, para executar uma operação de acordo com o método estabelecido, no qual já está incluída a tolerância necessária de acordo com a operação Para se determinar o tempo padrão, pode-se usar o cronômetro de hora centesimal ou a filmadora, que serão os métodos mais precisos. Segundo Henriques e Gonçalves (2008), o cronômetro de hora centesimal é o mais utilizado, podendo ser utilizado, também, o cronômetro comum. A filmadora é um equipamento auxiliar que apresenta a vantagem de registrar fielmente todos os diversos movimentos executados pelo operador. Este método permite ao analista verificar se o trabalhador respeitou todos os passos do trabalho, auxiliando na verificação da velocidade com que a operação foi realizada. Além da folha de observação, onde são registrados os dados colhidos, e a prancheta de observação, que apoia a folha e o cronômetro. O tempo padrão será usado para definições futuras, portanto deve ser coletado de maneira minuciosa e extremamente correta. Para tanto o operador que irá realizar a operação deve ser treinado para executá-la conforme o estabelecido, e tudo o que passar do comum deve ser anotado pelo cronometrista. É importante fazer uma cronometragem teste, na qual se obtêm os dados necessários para determinar o número de cronometragens ou ciclos. Esse número pode ser encontrado através de uma fórmula, mas que no nosso estudo não será necessária, sendo suficientes as informações obtidas pela cronometragem teste. 4 ELABORAÇÃO DO LAYOUT Layout é o arranjo físico das máquinas e equipamentos para o desenvolvimento do produto. Este deve ser adequado a produção para que a mesma seja eficiente e mais produtiva. Conforme Toledo Jr. (2004), layout é a utilização do espaço físico disponível da melhor maneira, resultando em um processo mais eficaz, visando menor distância para produzir com o menor tempo disponível. O seu principal objetivo é a redução do custo, gerada pela maior eficiência e produtividade, através de: melhor utilização do espaço disponível; redução da movimentação de materiais, produtos e pessoal; fluxo mais racional; menor tempo de produção; e melhores condições de trabalho. De acordo com Martins e Laugeni (2005), o layout das empresas industriais deve seguir uma sequência lógica, sendo definidas primeiramente a localização da unidade industrial, a determinação da capacidade de produção e, logo após, a elaboração do layout. A elaboração do layout deve ser feita a partir da visão global de toda organização, sendo adequada à real necessidade de cada setor, de maneira prática. É preciso que o layout seja adaptado a cada produto para que o mesmo tenha maior eficiência na sua produção e diminuição nos seus custos. Como dito anteriormente, na elaboração do layout é preciso, inicialmente, que se identifique a capacidade de produção da empresa, para que seja alocada a quantidade certa de máquinas, equipamentos e pessoas para cada operação e, também, estabelecida a área de estoque que será necessária, dentro outros fatores de importante planejamento. Logo após, deverá ser construído o espaço físico da organização, com o layout já estabelecido para as operações da empresa. Como o layout envolve todos os setores organizacionais, deve-se captar várias ideias, sugestões e experiências dos profissionais de cada departamento; assim, o layout será implantado da melhor maneira possível, gerando os diversos benefícios para o processamento do produto. Com a adequada implantação do layout surgirão diversos benefícios, tanto para a empresa quanto para os colaboradores. A melhoria nas condições do trabalho dos profissionais ocasiona a fabricação de produtos com maior qualidade e o andamento mais ágil do processo, devido à diminuição na movimentação dos materiais; assim os produtos chegarão aos clientes com maior precisão de datas. Segundo Martins e Laugeni (2005), o layout pode apresentar diferentes tipos: por processos ou funcional, em linha, celular, por posição fixa e combinados. O layout por processo ou funcional: todos os processos e equipamentos são desenvolvidos na mesma área, bem como as operações semelhantes, sendo flexível e ágil para atender às mudanças de mercado. É indicado para produções diversificadas em pequenas e médias quantidades. Layout em linha: máquinas colocadas de acordo com a sequência de operações; o material percorre o caminho previamente determinado no processo. É indicado para produtos com pouca ou nenhuma diversificação, com quantidades maiores e constantes ao longo do tempo. Layout celular: são alocadas em um mesmo local, nomeado de célula, máquinas diversas para a fabricação inteira do produto. O material se desloca dentro da célula de acordo com o seu processamento, adquirindo formato ao longo do percurso. A principal característica é a flexibilidade quanto ao tamanho de lotes por produto, o que garante maior qualidade e produtividade, apesar de ser específica para uma família de produtos. Esse layout é muito utilizado na produção em lotes de uma confecção, sendo de larga importância para o seu perfeito funcionamento e melhor aproveitamento dos recursos de toda a organização. O arranjo físico celular é aquele que os recursos transformados, entrando na produção, são pré-selecionados para movimentar-se para uma parte específica da operação, na qual todos os recursos transformados necessários a atender as suas necessidades imediatas de procedimento se encontram (SALCK et al, 2002, apud CLEIDIANE JULIA, 2006, p. 31). Layout por posição fixa: máquinas se deslocam até o local, executando as operações enquanto o material permanece fixo em determinada posição. Recomendado para produção unitária, não repetitiva. Como exemplo: aviões, navios. Layouts combinados: combinação do layout funcional e do layout de linhas, aproveitando as vantagens apresentadas em ambos. “Pode-se ter uma linha constituída de áreas em sequência com máquinas do mesmo tipo como no layout funcional, continuando posteriormente com uma linha clássica” (MARTINS e LAUGENI, 2005, p. 140). O layout de uma confecção geralmente é implantado com a adequação do layout de linha ao layout celular. As máquinas de cada célula são dispostas de acordo com a sequência das operações e adaptadas para a produção das peças, relacionando-as com a sua família de origem. 5 BALANCEAMENTO DE LINHAS Para Ferreira (1998), o problema de balanceamento de linha consiste em combinar as tarefas individuais de processamento e montagem para que o tempo total exigido em cada estação de trabalho seja aproximadamente o mesmo. Conforme Cleidiane Julia (2006), o balanceamento de linhas é fator de grande importância dentro da produção em lotes do setor de confecção, visto que o trabalho é distribuído aos operadores de forma igualitária, com o mesmo tempo de processo. Assim, os gargalos da produção são diminuídos, fazendo com que haja aumentos na produção e, consequentemente, menores custos e maior agilidade no processo, com a utilização do serviço das mesmas pessoas e da mesma quantidade de máquinas. “A expressão balanceamento de linhas, em uma indústria, significa balancear, isto é, nivelar com relação a tempos, uma linha de produção ou de montagem, dando a mesma carga de trabalho, as pessoas ou máquinas, em um fluxo de fabricação” (TOLEDO JR., 2004, p. 17). Em relação ao layout, o balanceamento de linhas oferece maior equilíbrio entre pessoas e máquinas, para se ter com maior precisão a sua funcionalidade, determinando a posição dos maquinários e pessoas em locais apropriados, para maior agilidade do processo. O balanceamento de linhas facilita a supervisão do desempenho dos colaboradores em cada função; isso fará que a organização tenha maior exatidão em estabelecer metas e prazos à equipe, acarretando em decisões mais certas quanto aos prazos de entregas aos clientes e quanto à qualidade de seus produtos. Segundo Toledo Jr. (2004), o balanceamento de linhas tem, como base para cálculos do roteiro de produção ou montagem de peça ou produto, os tempos padrões das operações, o programa de produção/dia, o tempo de trabalho/dia. Portanto, o balanceamento de linhas propicia, juntamente com o trabalho em equipe, maior agilidade, padronização, qualidade e menores custos na produção de uma confecção. Assim, há previsão de entregas e qualidade contínua dos produtos ofertados. 6 INCENTIVOS AOS COLABORADORES EM BUSCA DA EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO Os colaboradores são peças-chave para a prática do estudo do tempo, sendo de fundamental importância que estes tenham conhecimento dos benefícios que a nova visão de produção trará à organização, para que, a partir de então, eles possam se empenhar na melhor aplicabilidade desse estudo na realidade da confecção e, assim, também tenham o seu trabalho valorizado e melhor remunerado. Cada vez mais o mercado exige profissionais que desenvolvam competências inovadoras, criativas, de trabalhos multifuncionais e que saibam trabalhar em equipe. Por isso, para que os mesmos ampliem suas áreas de conhecimento, precisam de motivação e salários que reflitam no seu desempenho. Conforme Nascimento (2001), a administração racional do pessoal é um dos fatores em que consiste a eficiência de qualquer organização, seja de fins lucrativos ou não, o que abrange necessariamente o complexo e grave problema salarial, que influencia diretamente nos processos de produção, circulação, distribuição e consumo de riqueza. O salário deve estimular os colaboradores a desempenharem melhor as suas funções, a se qualificarem e a desenvolverem novas habilidades. Caso os colaboradores não sintam que todo seu esforço está sendo recompensado e bem visto pela organização, acabam se desmotivando, o que acarreta no desempenho de uma só função, sem a preocupação de melhorias em suas atividades e em colaborar com sua equipe nas tarefas do grupo. Como por exemplo, em uma confecção, o profissional de costura se especializar na operação de apenas uma máquina e não se preocupar com o restante do processo. Por isso, é necessário que haja planos de incentivos financeiros, que segundo Mark et al (2001), são divididos em duas categorias: planos de incentivos individuais ou para pequenos grupos, e os planos de amplitude organizacional. Planos de incentivos individuais ou para pequenos grupos: as gratificações são dadas a partir do desempenho do colaborador, tendo como base a produção e os indicativos de qualidade. A qualidade é calculada através do fator de ajuste de qualidade, dito percentual de retrabalho; quanto menor o retrabalho, maior a qualidade e, consequentemente, maiores os incentivos ofertados à pessoa ou ao grupo. Existe, atualmente, o pagamento por novas habilidades aprendidas pelo trabalhador; ele recebe uma porcentagem por adquirir o conhecimento de novas tarefas e ter uma maior visão das operações do processo. Planos organizacionais: Os principais planos de incentivos utilizados pela organização, de maneira geral, são a participação dos lucros e a participação nos ganhos. A participação nos lucros se trata da distribuição de uma porcentagem dos lucros da corporação para a força de trabalho. Já a participação nos ganhos também é a distribuição de bônus para toda a organização, mas difere no cálculo do bônus, que é feito através da medida sobre os custos controláveis ou unidades produzidas, e não sobre o lucro da organização; e, também, ela é sempre combinada com uma abordagem participativa para a gerência. O plano mais conhecido de participação de ganhos é o Plano Scanlon. Deste modo, uma melhor organização e planejamento da produção e os incentivos financeiros oferecidos aos colaboradores são meios para que os mesmos se sintam motivados a desempenhar as suas funções de maneira mais eficaz e eficiente, para o melhor sucesso da organização. Assim, as funções dadas à equipe serão efetuadas de maneira mais dinâmica, e os produtos serão produzidos com maior eficiência, qualidade e menor custo de processo. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da pesquisa, pode-se realçar a importância do estudo do tempo e do planejamento de um layout adequado para o melhor funcionamento da produção em confecções. Ter um bom planejamento e organizar a produção, a ponto de sanar todos os problemas e dificuldade da mesma, é o papel do estudo de tempo, sendo essencial a sua presença nas organizações. Pois, dessa forma, os próximos passos, como a cronometragem e consequente elaboração do layout, serão acertados, evitando retrabalho e desperdício de tempo e recursos. Uma confecção que está atenta aos novos estudos na área adquire um diferencial competitivo, oferecendo produtos com maior qualidade e em menor tempo aos seus clientes. Conclui-se que os pontos abordados neste trabalho são capazes de garantir à confecção os fatores principais para o seu melhor crescimento: maior produtividade, menores custos, eficiência nas operações e eficácia no processo, gerando qualidade nos produtos, além da distribuição de seus produtos em um tempo mínimo. Ao se efetuar o estudo dos tempos, através de cronometragem, e nova reestruturação do layout, com o balanceamento de suas operações, a organização se torna apta e forte para se destacar no mercado de trabalho. Certamente não é fácil se adequar, sendo necessários investimentos em treinamento e capacitação dos colaboradores, compra de novos maquinários ou suprimentos (quando necessário), entre outros. O novo é um desafio; e este, especificamente, é um desafio muito importante, que definirá a permanência ou não da empresa no mercado. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento e controle da produção. São Paulo: Manole, 2008. CLEIDIANE, Júlia. 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