JanMar 2010 - Jesuítas em Portugal
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JanMar 2010 - Jesuítas em Portugal
JESUÍTAS Boletim trimestral . nº337 Janeiro/Março 2010 Enviado para a Beira Os Centros Universitários Informação aos amigos LISBOA Boletim trimestral | nº 337 Janeiro/Março 2010 JESUÍTAS BREVES DA PROVÍNCIA...............................................3 DA COMPANHIA EM RESUMO.....................................9 ENVIADO PARA A BEIRA............................................10 OS CENTROS UNIVERSITÁRIOS ...............................12 boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 MEIOS QUE UNEM O ...................................................15 INSTRUMENTO COM DEUS 2 Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim trimestral; Nº 337; Janeiro/Março 2010 Director: Nuno da Silva Gonçalves, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redacção: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redacção e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: Grafilinha – Trabalhos Gráficos e Publicitários; Rua Abel Santos, 83 – Caparide - 2775-031 PAREDE • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: [email protected] • Foto: fotograma do filme de divulgação do “passo-a-rezar” realizado pela OFICINA-Escola Profissional do Instituto Nun’Alvres. Breves da PROVÍNCIA - Iniciam em Setembro o 1º ciclo de Teologia, o Esc. Celestino Epalanga (Angola) em Abidjan, Costa do Marfim, os Esc. Carlos Carvalho, Paulo Duarte e Pedro Cameira, em Madrid e os Esc. Frederico Cardoso de Lemos, Gonçalo Machado e João Delicado, em Roma. - Na mesma altura, dão início ao 2º ciclo de Teologia, o Esc. Cristóvão Andrade, em Pastoral Juvenil e Catequética, na Universidade Salesiana de Roma; o Esc. António Santana, em Teologia Patrística, no Instituto Augustinianum de Roma; os Esc. Pedro McDade e Pedro Tomás (Angola), farão o programa de STL (Licenciate in Sacred Theology), na School of Theology and Ministry do Boston College. - O Esc. Firmino Kachipato (Angola) inicia, no próximo ano lectivo, os estudos de Filosofia no Arrupe College, em Harare, Zimbabué. - O Esc. Bruno Nobre, actualmente no 3º ano de Filosofia, em Braga, fará o seu tempo de magistério, a partir do próximo Verão, em Lisboa. Fará parte da Comunidade do Centro Inaciano do Lumiar e será professor na Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa. - O P. Rui Nunes, actualmente a terminar os estudos de cinema e televisão na Loyola Marymount University, em Los Angeles, foi destinado à Residência de Nossa Senhora de Fátima, no Porto. Trabalhará na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e na Oficina – Escola Profissional do Instituto Nun’Alvres. Nomeações do Padre Provincial O P. Provincial nomeou membros do Conselho de Curadores da Fundação Gonçalo da Silveira: Afonso Maria Canavarro de Rhodes Sérgio e José do Carmo Braamcamp Lobo de Vasconcelos. Orações Pedem-se orações: - pela Mãe do P. Mário Garcia (Comunidade de Soutelo). ESSEJOTA.NET: 2 Anos 2 anos, 15 secções, 24 edições, 72 colaboradores, 360 fotografias, cerca de 200.000 palavras escritas, 143.000 visitas, 10 minutos de duração média de cada visita, 250 visitas diárias (média), mais de 150 comentários dos visitantes no último ano, 1200 assinantes da newsletter… Se é verdade que os números são indicação de obra feita e metas alcançadas, se é verdade que os números também são estímulo para olharmos para o futuro com fidelidade criativa, parece-me que neste 2º aniversário do Essejota.net vale a pena visitar para além dos números. Aí encontramo-nos com uma identidade construída, a identidade Essejota. De um sonho de ter uma presença activa no universo da internet, começámos a aventura de criar um espaço onde se pudesse encontrar uma nova forma de falar do mundo, do mistério humano e da fé. Através de várias abordagens, desde a “Música” às “Razões de Fé”, não só fomos dando a conhecer o grande eixo da espiritualidade inaciana: “Encontrar Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus”, como fomos criando uma identidade própria, alicerçada precisamente neste modo inaciano de estar no mundo. Creio que cada um dos colaboradores, jesuítas e amigos, foi fazendo esta experiência à medida que foi traduzindo por escrito – numa linguagem actual – as suas reflexões sobre os mais variados temas. Mas, ao fim de centenas de emails ao longo destes dois anos e de duas assembleias gerais, podemos dizer que uma das maiores dádivas nesta formação de identidade foi a capacidade de nos sentirmos todos como um instrumento único na construção de uma fracção do Reino de Deus. O sentimento é de gratidão por todos e por tudo. A gratidão a par do reconhecimento das nossas fragilidades promovem o desejo de ir ainda mais além. Assim, atendendo que o ritmo do tempo na internet é velocíssimo, atrevo-me a dizer que o Essejota.net entrou agora na adolescência, tempo privilegiado para afirmar a identidade. Vislumbrando no horizonte a idade adulta, quisemos dar um passo arrojado próprio de adolescente, mas cientes das nossas capacidades e limites. A publicação virtual Essejota.net passará a ser quinzenal, já em Março, com novo visual, mais dinamismo, mais conteúdo e algumas novidades. Sinto que, acompanhando agora o passo-a-rezar.net, a grande comunidade inaciana em Portugal deixa um rasto de referência neste grande cosmos que é o mundo virtual. É forçoso que uma última palavra seja relativa a quem, fielmente ou pontualmente, nos visita. A identidade Essejota vai ganhando forma com as visitas, por elas, e para elas. Não por causa de números que representam mas sim por causa dos rostos e pessoas que estão e são o outro lado deste mundo virtual. Que possamos todos ser participantes de uma só comunidade no mundo real! Gonçalo Castro Fonseca, SJ boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Novos Destinos 3 Breves da PROVÍNCIA continuação boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 “Direitos Humanos e Destituição” na Assembleia da República 4 No Dia Internacional dos Direitos Humanos, dia 10 de Dezembro, o JRS-Serviço Jesuíta aos Refugiados foi a voz dos imigrantes e refugiados que, vivendo no nosso País, não têm os seus direitos fundamentais respeitados e que por isso se encontram em situação de destituição. A destituição entre os migrantes e refugiados é um problema crescente nos países europeus e diz respeito a uma situação de falta de meios para atender às necessidades básicas, tais como alojamento, alimentação, saúde ou educação, em consequência das políticas dos Estados que, por um lado, excluem ou limitam severamente o acesso de certos migrantes à assistência oficial e, por outro, privam-nos de uma efectiva oportunidade para melhorar essa situação. Esta situação resulta numa contínua negação da dignidade da pessoa humana. As circunstâncias concretas em que a destituição se manifesta podem variar de país para país, no entanto, em geral, este é um fenómeno comum que está a aumentar significativamente na Europa. Com a conferência pretendeu-se comunicar duas mensagens importantes: a primeira, que os direitos humanos não dependem do estatuto legal da pessoa, tal como defende o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, ao indicar que os cidadãos de países terceiros não podem ser excluídos dos mínimos garantidos pela legislação dos países que subscrevem a Declaração Universal dos Direitos Humanos, apesar de considerar que os migrantes podem receber diferente tratamento ao nível dos apoios sociais quando comparados com cidadãos nacionais. Este facto veio ditar a segunda mensagem: que são os governos que têm o poder de accionar os necessários mecanismos legais e que estes devem ser usados em favor daqueles que mais sofrem. “Com frequência, pequenos passos significam grandes melhorias” afirmou Michael Schöpf, sj o Director do JRS-Europa, na abertura da conferência sobre “Direitos Humanos e Destituição”que o JRS Portugal realizou no auditório da Assembleia da República. Michael Schöpf salientou ainda que o JRSPortugal tem mostrado uma grande capacidade de unir forças para promover uma sociedade mais inclusiva, esperando que esta boa prática de colaboração continue e se vá tornando cada vez mais conhecida noutros países da Europa, adiantando que o JRS procura alcançar igualmente o objectivo de trabalhar com todos os actores envolvidos na defesa dos Direitos Humanos de uma forma colaborativa, tanto ao nível local, como a nível nacional e europeu. Esta conferência contou também com dois momentos de grande emoção: a presença de Djalili Fusseini, um refugiado do Benim, que na primeira pessoa nos contou a sua aventura desde a partida forçada do seu país até à chegada a Portugal, altura em que passou pela dramática situação de total falta de meios de sobrevivência, até ao momento em que foi acolhido no Centro Pedro Arrupe, onde reside actualmente. Um segundo momento, igualmente de grande alegria, foi o lançamento do primeiro número da colecção “Acompanhar, Servir e Defender” do JRS-Portugal. O lançamento deste livro sugestivamente intitulado “Direitos Humanos e Destituição”, contou com o amável contributo da Professora Doutora Maria Manuela Silva, que fez a sua apresentação. Este livro reúne um conjunto de reflexões em torno da destituição realizadas por diversos especialistas em áreas temáticas como a habitação, a saúde ou o emprego. É assim mais um contributo para alertar a sociedade civil e o Estado para a necessidade de se encontrarem soluções que possam ser implementadas tanto ao nível das políticas públicas nacionais, como ao nível da legislação europeia, para que também a nível europeu as práticas existentes possam ser melhoradas. Nesta conferência, para além do Director do JRS-Europa, Michael Schöpf, SJ e de André Costa Jorge, Director do JRS-Portugal, participaram ainda como oradores convidados a Chefe de Missão da Organização Internacional das Migrações (OIM), Mónica Goracci, o Director Nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o Dr. Manuel Jarmela Palos, a Drª. Maria de Jesus Barroso Soares, presidente da Fundação Prodignitate e o ex-deputado e ex-Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Dr. Feliciano Barreiras Duarte. No seu conjunto, a publicação e a conferência foram passos muito importantes para se conseguir melhorar a situação dos cidadãos migrantes em situação de destituição e dar maior cumprimento à terceira dimensão da missão do JRS: defender (to advocate), isto é, ser a voz dos que não têm voz. André Costa Jorge Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas. Breves da PROVÍNCIA continuação Missão de Angola em Festa. agora. Peço a Deus que me guiou até hoje que continue a iluminar-me em todos aspectos da minha vida. O dia 13 de Fevereiro 2010 foi um momento de uma reminiscência para mim de todos os jesuítas que contribuíram directa ou indirectamente para a minha caminhada, até agora; aceitem os meus agradecimentos. Espero que este passo dado seja um estímulo para todos os meus queridos companheiros jesuítas angolanos em formação. Que o lema do nosso querido Américo Tarcísio ‘rumo à meta’continue a ser a nossa motivação. Pedro Pereira Tomás, SJ P. Diamantino Martins A Faculdade de Filosofia de Braga comemora o primeiro centenário do nascimento do P. Diamantino Martins, seu antigo professor, no dia 2 de Julho de 2010. Estão previstas para esse dia umas Jornadas de Filosofia com intervenções que apresentarão o pensamento do P. Diamantino Martins, figura marcante da "Escola de Braga", nomeadamente nos campos da Metafísica, Antropologia, Psicologia e Estética. Retomar a “Escola de Exercícios Espirituais” Na conjuntura actual, marcada pela descrença, consumismo e hedonismo, torna-se mais intenso o apelo a tirar partido da espiritualidade inaciana. Concretamente, a última Congregação Geral trouxe consigo uma grande novidade, que passa pelo seu pendor fortemente carismático, reflectindo-se no facto de citar mais vezes os Exercícios Espirituais que as próprias Constituições. O título do segundo dos seis decretos aprovados, não poderia ser mais elucidativo: “Um fogo que acende outros fogos – Redescobrir o nosso carisma”. A experiência interior está na base de tudo, confere fôlego à missão. Também se reconhece a importância, para a missão, da colaboração com outros não jesuítas, em particular, sacerdotes, religiosos(as) e leigos(as). Daí a necessidade de partilharmos a nossa espiritualidade. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Sou o Pedro, escolástico angolano da Companhia de Jesus. Estou a terminar o 3⁰ ano de Teologia em Nairobi – Quénia. Quero aproveitar esta oportunidade para partilhar convosco sobre a minha ordenação diaconal. No dia 13 de Fevereiro de 2010, pelas 10 horas locais, fomos ordenados 22 jesuítas de várias Províncias e Regiões de África, Madagáscar e Coreia do Sul, em Nairobi, na Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe. D. Rodrigo Mejia Saldariaga, SJ, Bispo titular da Vulturia e Vigário Apostólico de Soddo – Hosanna na Etiópia, foi quem nos ordenou. A cerimónia realizou-se num clima de festa com uma benção de chuviscos, depois de aproximadamente dois meses sem chuva. A beleza da decoração da Igreja e do local da recepção (almoço) foi mais uma razão para sentirmos a grandeza do evento. Cerca de 75 sacerdotes concelebraram a Eucaristia e mais de 2300 fiéis participaram e testemunharam a entrega ao Senhor dos 22 jovens jesuítas. A missa foi animada pelos estudantes de ‘Hekima College - Jesuit School of Theology’, e teve a duração de duas horas e meia. O Pe. Vata Diambanza, além de representar o Padre Provincial Nuno da Silva Gonçalves, encarregou-se da minha vestidura. Esta foi a primeira vez que este teologado teve o previlégio de ter 22 diáconos. Foi um evento em que curiosamente algumas religiosas, num tom de acção de graças, procuraram saber do segredo dos jesuítas em obtermos um número tão elevado de candidatos à ordenação diaconal. A minha resposta foi simples: sendo companheiros de Jesus, o senhor se encarrega de chamar sempre mais companheiros. Senti-me feliz, pois a missão de Angola vai escrever algo positivo nas páginas do diário da História. Depois da partida de muitos companheiros que me precederam, com tantas qualidades, sou agora o primeiro angolano a ser ordenado diácono, e considero este evento como uma grande oportunidade para mim de agradecer a Deus pela paciência e esperança que Ele me concedeu. Várias vezes confirmei as palavras de Sto. Inácio de Loiola, que ‘mesmo sendo pecadores o Senhor ainda nos chama’. Muitas vezes resisti à vontade de Deus, e não poucas vezes senti o caminho muito difícil e longo, porém, o Senhor teve paciência e continuou a segurar-me pela mão. Todavia, a caminhada continua. Este é apenas um passo da caminhada, mas é ao mesmo tempo um acontecimento que me estimula e que vai certamente dar uma possibilidade aos meus companheiros jesuítas em Angola, nossas amigas e amigos do JRS, da Cáritas de Angola, e da Paróquia de S. Francisco Xavier, para respirarem fundo e começarem a acreditar um pouco mais no progresso desta mínima Companhia de Jesus tão necessária em Angola. Finalmente o que mudou em mim? Creio que sou o mesmo Pedro. Com as mesmas necessidades da Graça de Deus porém, o sentido de responsabilidade é diferente 5 Breves da PROVÍNCIA continuação boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 No âmbito da Comissão da Renovação Teológica e Espiritual (RENTESP), da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, foram organizadas duas “Escolas de Exercícios Espirituais”: a primeira, coordenada pelo P. Alberto Brito, de 1999 a 2001; e a segunda, pelo P. Sérgio Diz Nunes, de 2001 a 2003. Depois, por diversas razões, a “Escola” não voltou a funcionar. Já deveria ter voltado a arrancar, mas a organização obriga, e só agora podemos, felizmente, anunciar a 3ª edição. Vai ter lugar em Soutelo, ao longo de dois anos, de Outubro de 2010 a Junho de 2012. No primeiro ano, durante cinco fins-de-semana, de Sexta-feira, às 20.00 horas até Domingo, às 17.00: aprofundamento da estrutura dos Exercícios Espirituais. O segundo ano orienta-se no sentido de aprender a orientar Exercícios. A “Escola” destina-se a pessoas comprometidas em Igreja (catequistas, membros da CVX e de outros movimentos, sacerdotes, religiosos(as), etc.). A metodologia é teórico-prática, com acompanhamento por um(a) tutor(a). Quanto às condições de admissão: ter feito oito dias de Exercícios Espirituais e ser aceite após entrevista pessoal. O acesso ao segundo ano é condicionado, não bastando ter frequentado o primeiro ano. As inscrições são feitas para o Centro de Espiritualidade e Cultura, 4730-570 Soutelo VVD; tel. 253 310 400; [email protected]; http://www.casadatorre.org. Luís Maria da Providência, SJ 6 Colégio das Caldinhas atingido pelo mau tempo O mau tempo que fustigou o País, no dia 27 de Fevereiro, causou estragos significativos no Colégio das Caldinhas. Foi particularmente atingida a OFICINA, Escola Profissional do Instituto Nun'Alvres, onde parte da cobertura foi levada pela força do vento. A realização de um encontro de Campinácios, nesse dia, facilitou a mobilização de esforços, o que permitiu rapidamente retirar e salvaguardar da chuva o equipamento mais sensível. Após uma interrupção de três dias para os trabalhos de recuperação, as aulas retomaram o ritmo normal. Missa dominical na Paróquia de Areias Desde o 1º Domingo da Quaresma até finais de Julho, será celebrada a Eucaristia dominical, na Paróquia de Areias, às 19h, por jesuítas do Colégio das Caldinhas. Esta Missa, integrada na Paróquia, é dedicada sobretudo aos alunos que frequentam os grupos de Catequese e GVX do Colégio, Grapa, Restolho e animadores da Pastoral assim como às suas famílias para que, todos juntos, formem uma comunidade de fé reunida em torno da celebração da Eucaristia de Domingo. Lourenço Eiró, SJ (Coordenador da Pastoral do Colégio das Caldinhas) Breves da PROVÍNCIA continuação Nasceu no CUPAV, no início do ano de 2009, um projecto de formação que pretende “responder activamente” à grande dúvida de muitos jovens que passam diariamente pelo CUPAV: “O que vai ser o nosso futuro depois de acabar a universidade?” Para responder a esta pergunta, a História do Futuro foi estruturada englobando três grandes perspectivas: a formação para a procura activa de trabalho, a formação pessoal e a formação para a atitude empreendedora. Na procura activa de emprego estão incluídos temas como Visão do Mercado, Técnicas de Entrevista, Networking, entre outras. Na formação pessoal estão presentes temas como Auto-conhecimento, Formação legal, Formação financeira, Gestão de tempo. Por fim, com vista à criação de uma atitude empreendedora, temos várias formações entre as quais, Técnicas de Empreendedorismo, Empreendedorismo pessoal, social e empresarial. Ao fim de quatro edições, com mais de 50 participantes e com um balanço bastante positivo, nomeadamente ao nível de integração profissional e de mudança de atitude face à busca de um projecto profissional, podemos constatar que esta formação interessa não só aos recém-licenciados mas também a jovens que, já tendo alguma experiência profissional, se encontram de novo à procura de emprego ou em fase de transição de carreira. A História do Futuro conta com a preciosa colaboração de mais de 30 formadores voluntários, a título individual ou de voluntariado empresarial, que generosamente disponibilizam o seu saber, experiência e competência ao serviço dos jovens que se encontram em início de carreira profissional. Está programada uma nova formação para o inicio de Março, estando abertas as inscrições, para todas as pessoas até aos 35 anos, com uma licenciatura ou curso de especialização. Para mais informações consultar o sítio www.historiadofuturo.org. As inscrições deverão ser feitas para o mail: [email protected]. Carmo Fernandes Passo-a-rezar.net - As origens O passo-a-rezar.net tem a sua origem na iniciativa dos jesuítas Francisco Martins e Vasco Themudo, que sentiram ser tempo de trazer para Portugal o que já se fazia em Inglaterra há cerca de cinco anos, com grande sucesso: pray-as-you-go.org. O Apostolado da Oração foi considerada a obra da Companhia de Jesus em Portugal mais indicada para levar por diante este projecto. O responsável desta obra, P. Dário Pedroso, acolheu com entusiasmo a proposta – que foi igualmente apoiada, desde o início, pelo Provincial da Companhia de Jesus, P. Nuno da Silva Gonçalves. Conseguida a autorização dos responsáveis do pray-as-you-go.org para usar o conceito e, até, numa primeira fase, os textos, procurou-se a colaboração da Rádio Renascença, para a gravação das vozes e edição do produto final. Em reunião com o Presidente do Conselho de Administração do Grupo Renascença, Cónego João Aguiar Campos (15 de Setembro de 2009), este colocou ao dispor do projecto todos os meios do Grupo, de forma totalmente gratuita. Em reunião, entre a equipa coordenadora (P. Dário Pedroso, Francisco Martins, Vasco Themudo e Elias Couto) e a Dra. Isabel Figueiredo, da RR (16 de Outubro de 2009), foi decidido inaugurar o passo-a-rezar.net a 17 de Fevereiro de 2010, Quarta-feira de Cinzas. As gravações começaram em Novembro de 2009, em Lisboa e no Porto. Em Janeiro de 2010, começou a preparar-se a divulgação do sítio. Com a colaboração de responsáveis da comunicação da Igreja no Patriarcado de Lisboa foi possível conseguir uma excelente cobertura da comunicação social (incluindo as televisões generalistas) para o lançamento do sítio. Refira-se que, nesta área, o passo-a-rezar.net contou com a colaboração intensa da Agência Ecclesia (nas suas diversas plataformas de comunicação, sobretudo internet e programa Ecclesia, na RTP 2), do Secretariado Nacional da Cultura e da OFICINA – Escola Profissional do Instituto Nun’Alvres, que produziu e realizou o vídeo de promoção do sítio. No dia 17 de Fevereiro, como previsto, surgiu o www.passo-a-rezar.net. Elias Couto boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 A História do Futuro renasce no CUPAV 7 Breves da PROVÍNCIA continuação Pavilhão Padre Amadeu Pinto Foi inaugurado no dia 23 de Janeiro de 2010 o novo pavilhão desportivo de Vila Nova de Santo André. Por decisão da Assembleia Municipal de Santiago do Cacém, o novo pavilhão tem o nome de Padre Amadeu Pinto, que foi um dos fundadores do Clube Estrela do Areal, hoje Estrela de Santo André. Nessa altura, o P. Amadeu Pinto era Pároco de Santo André e a Autarquia pretende, com esta homenagem, reconhecer o trabalho do P. Amadeu “no desenvolvimento do antigo Centro Urbano de Santo André e o seu elevado sentido humano”. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Cinquenta anos de Fraternidade 8 Quando, terminada a Terceira Provação, regressei a Portugal, fui destinado ao Colégio de S. João de Brito, como professor de religião e espiritual dos alunos maiores (Vasco Pinto de Magalhães, António Vaz Pinto, Dário Pedroso...). Comecei então a ser contactado por antigos alunos das Caldinhas, universitários em Lisboa, que pretendiam que a Companhia criasse para eles uma residência. Fui-lhes sempre dizendo que era inteiramente contrário a tal ideia: numa residência que pertencesse à Companhia, muito do inevitável odioso recairia sobre os jesuítas, dificultando-lhes a actividade apostólica: eles é que fixavam a disciplina, decidiam da alimentação, determinavam as horas de entrada... Como os rapazes continuavam a insistir, ocorreu-me a ideia de uma residência em moldes diferentes: uma residência que, num certo sentido, fosse dos alunos e funcionasse em auto-gestão. Assim nasceu a Fraternidade de Cristo Rei, inaugurada a 6 de Novembro de 1959, uma primeira sexta-feira, na qual se entronizou o Sagrado Coraçãode Jesus que ainda lá se conserva. A ideia era: uma vez começada a funcionar, o grupo de rapazes que lá vivessem era inteiramente responsável por todas as despesas do ano, sem deixar qualquer dívida para os do ano seguinte. Essas despesas distribuíam-se por duas colunas: despesas gerais fixas e alimentação. No fim do mês dividia-se por cabeça a despesa e cada um pagava a sua parte. Elegiam entre si, por um ano, presidente, secretário, tesoureiro e, mensalmente, um decidia com a cozinheira os menus. E a casa? Pois andámos à procura da casa ou andar que albergasse uns vinte e conseguimos, em óptimas condições, parte de uma moradia na avenida Elias Garcia. Mas com uma condição: quando falecesse a dona da moradia, nós sairíamos, pois a filha e o genro pretendiam construir ali um prédio. Esta condição, que não podia ter força legal, foi por nós assumida por um gentleman’s agreement. E todos os dias se rezava uma ave-maria a pedir que a senhora vivesse muito tempo...Morreu no ano seguinte! De novo à procura de instalações, que se encontraram na avenida Duque d’Ávila. A mudança foi, obviamente, feita pelos estudantes: alugaram uma carrinha e transportaram tudo para um terceiro andar da referida avenida, onde ainda funciona a Fraternidade. Mas era preciso assegurar que a Fraternidade – inteiramente em auto-gestão - não se afastasse do espírito inicial, bem presente no nome escolhido. Eu, desde o princípio, não quis ter qualquer autoridade: acompanhava os alunos, aconselhava (nas “mesas redondas” mensais), mas não mais. Recorri então a um amigo meu, também antigo aluno, o engenheiro João Leal de Faria. Ele teria toda a autoridade – podia inclusivamente encerrar a Fraternidade, sem ter que dar qualquer justificação – e não tinha nenhuma responsabilidade financeira. É óbvio que também aqui tudo se passava em regime de confiança, pois a casa estava alugada em nome dele. Mal eu sabia que, no ano seguinte à fundação da Fraternidade, o Provincial José Craveiro me enviava para Roma, a fazer o doutoramento em Teologia! Tivesse eu sabido disso, é claro que não teria existido Fraternidade. Considero por isso providencial essa ignorância. A construção revelou ser sólida e resistiu. Resistiu todos estes anos e assim nos encontrámos muitos, no passado dia 8 de Dezembro, a celebrar os primeiros (!) cinquenta anos da Fraternidade. Lá reencontrei com muita alegria vários dos fundadores e – o que mais positivamente me impressionou – lá verifiquei uma óptima relação humana entre os que por lá foram passando ao longo deste meio século e os actuais “fraternos”, como a si mesmos se designam. Em todo este tempo, apenas um foi convidado a sair, pelo engenheiro Leal de Faria, no primeiro ano; e morreu um na Guiné. Roque Cabral, SJ Exercícios Espirituais para Jesuítas Realizam-se os seguintes turnos: - no Rodízio, de 22 a 30 de Julho, com o Padre Alberto Brito; - em Soutelo, de 21 a 29 de Agosto, com o Padre Fernando António; - no Rodízio, de 16 a 24 de Outubro, com o Da Companhia EM RESUMO O Papa Bento XVI nomeou consultores do Secretariado Geral do Sínodo dos Bispos: - o Padre Paul Béré, professor no Instituto de Teologia da Companhia de Jesus, da Universidade Católica de África Occidental, Abidjan (Costa do Marfim), e no Colégio Jesuita Hekima, da Facudade de Teologia, em Nairobi (Quénia); - o Padre Samir Khalil, Professor na Universidade St. Joseph de Beirute (Líbano). O Santo Padre nomeou: - o Arcebispo Cyril Vasil, Secretário da Congregação para as Igrejas Orientais. NOMEAÇÕES do Padre Geral O Padre Geral nomeou: - Provincial da Província alemã o Padre Stefan Kiechle, de 50 anos. Nova Província na América do Sul As Províncias da Argentina e do Uruguai foram unificadas na nova Província Argentino-Uruguaia. Esta decisão reflecte a esperança de que a união melhore as condições do serviço apostólico da Companhia de Jesus nos dois países. A nova Província tem por Provincial o P. Alfonso José Gomez, anterior Provincial da Argentina, e conta com 200 jesuítas distribuídos por 17 comunidades. Renovação na OCIPE O P. José Ignacio García (CAS) é o Director do Jesuit European Office, em Bruxelas, desde 1 de Janeiro. Entretanto o P. Jacek Wróbel (PMA) é o novo Director da OCIPE de Varsóvia, e o P. Frank Turner mantém-se como Director da rede OCIPE, que inclui os gabinetes de Bruxelas, Budapeste e Varsóvia. Programa de reciclagem em Manresa Uma nova edição do Programa de Reciclagem em Manresa, em espanhol, começou em Janeiro, na Casa de Exercicios da Cova de Santo Inácio. Os participantes dedicam dois meses da sua vida a uma profunda reflexão, em ambiente de oração, sobre o mundo e a vida real, ajudados pelo pensamento teológico, e dentro da espiritualidade inaciana. Participam cerca de 30 pessoas, jesuítas, leigos, religiosos, homens e mulheres, sacerdotes de todo o mundo…. todos os que estejam preparados para tomar parte na experiência. Em 2011, realizar-se-á uma edição em língua inglesa. Haiti - depois do terramoto Decorridos dois meses sobre o terramoto e depois de prestados os primeiros auxílios de urgência, os jesuítas formaram, com outros colaboradores, um Comité de Urgência Haitiano-Dominicano que se reúne periodicamente para avaliar as necessidades e adaptar as ajudas alimentares às situações presentes. Os jesuítas integram também um comité de cinco pessoas, com sede no Noviciado de Tabarre, com o objectivo de estruturar um projecto de reconstrução, logo que termine a situação de emergência. Um ante-projecto foi já apresentado à comunicação social e será comunicado aos responsáveis políticos e a outras pessoas. Estão previstos encontros com os responsáveis das Nações Unidas, para informar sobre o sentir da população, em particular dos mais pobres e dos sem-voz, acerca da ajuda urgente e da reconstrução do país. A grande preocupação deste Comité é encontrar abrigo para a população, que continua a viver em situações muito precárias e deploráveis do ponto de vista higiénico, e desenvolver um projecto que faça renascer a esperança. “Alerta educativo” a favor de Fé e Alegria A ALBOAN (organização não governamental para o desenvolvimento, da Província de Loiola) lançou a campanha Alerta educativo para recolha de fundos a favor das escolas Fé e Alegria, nas Honduras, em resposta à solicitação de apoio para fazer frente aos gastos. Estes centros vivem grandes dificuldades desde o golpe de estado de 28 de Junho passado. De facto, o país atravessa um período de desorganização que alterou a situação institucional e agravou a crise económica. O sector educativo foi gravemente afectado porque o governo declarou a suspensão das aulas, a antecipação do final do ano lectivo e o corte da ajuda económica aos centros. Esta suspensão dos fundos públicos significa que Fé e Alegria deixa de receber a verba de 200 000€ e, por conseguinte, não consegue pagar salários, electricidade e material escolar, entre outros gastos. A campanha da Alboan visa recolher fundos para sustentar os centros de formação profissional e evitar o prejuízo que implicaria a perda do ano para centenas de jovens dos sectores mais pobres da sociedade hondurenha. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 NOMEAÇÕES do Papa Bento XVI 9 Sentir e SABOREAR boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Enviado para a Beira! 10 Olá! Sou o Gonçalo Machado e estou a fazer o Magistério em Moçambique. Para quem não sabe, o magistério é uma das etapas de formação de um jesuíta. Faz-se após o tempo de estudos de Filosofia, e antes dos estudos de Teologia, e é essencialmente um tempo em que realizamos uma missão de trabalho prático atribuído pelo Padre Provincial. A minha missão foi vir para África, mais concretamente para a cidade da Beira, em Moçambique, para dar aulas no Seminário Propedêutico do Bom Pastor, dirigir o Centro Cultural Padre Cirilo e ser guia da CVX. Já estou cá quase há dois anos e tenho gostado muito. Senti uma grande alegria com este destino, pois, além de que já antes de entrar para a Companhia de Jesus tinha o desejo de conhecer o continente africano e o seu povo, África foi indicada, pela última Congregação Geral, como área prioritária para a Companhia. Assim, vim com disponibilidade para aprender e com bastante entusiasmo. Cheguei a Moçambique em Setembro de 2008, no início do tempo das monções. Após algum tempo na cidade de Maputo, subi para a Beira, para a Comunidade Padre Sílvio Moreira, em Matacuane, onde actualmente residem o P. Afonso Mucane, o P. Manuel Ferreira, o magisteriante Horácio Manuel e eu. A adaptação ao local e às pessoas foi fácil. O povo moçambicano é bastante acolhedor e simpático e isso permitiu-me criar boas amizades com muitos jovens. Progressivamente, fui assumindo as minhas responsabilidades. O Centro que dirijo é bem diferente dos que existem em Portugal pois, como Centro Cultural, está vocacionado para responder essencialmente a objectivos no campo da educação e formação escolar e humana. As actividades pastorais têm força na Paróquia, que é mesmo ao lado. O Centro Cultural Padre Cirilo funciona com biblioteca, salas de estudo, explicações, cursos de informática, internet café, cursos de línguas, de guitarra, grupos de debate, filmes, etc. Quando tomei consciência de que ia dirigir uma obra da Companhia, senti-me admirado Conferência no Centro Padre Cirilo Campeonato de xadrez, no Centro Padre Cirilo e alegre, e também confrontado com a grande responsabilidade e humildade necessárias. Não me via com capacidade nem preparação para assumir uma obra. Contudo, ao longo do tempo fui experimentando que Deus está próximo e dá a graça para cada momento, e isso permitiu, junto com a equipa que lá trabalha, fazer um bom trabalho. Um dos grandes desafios e objectivos que assumi foi o de tentar incutir na equipa de voluntários que se dedica ao Centro o nosso modo de proceder. Não é tarefa fácil em tão pouco tempo, e tenho consciência de que muito ainda fica por fazer. Durante o ano de 2009, vieram para a Beira três voluntários da ONGD - Leigos para o Desenvolvimento. O Francisco (Kiko) e a Marta para o Centro e a Maria para as escolas comunitárias da Paróquia. Estiveram cá um ano e foi uma experiência muito interessante e enriquecedora partilhar com eles a missão. Pouco depois de ter chegado, comecei também a participar nas reuniões do grupo pré-CVX. Embora oficialmente ainda não exista CVX em Moçambique, esse é um dos desejos da Região e do Padre Regional, e já vem sendo feito algum trabalho no sentido de brevemente se poder oficializar a existência da CVX em Moçambique. Já iniciaram os contactos com a CVX do Zimbabué, a qual irá apoiar Moçambique nesse sentido. Até agora, existem dois grupos que se têm reunido e partilhado e, inclusivé, um deles já fez Exercícios Espirituais de oito dias e o outro de três dias. Após o tríduo, o grupo ganhou muito mais coesão e riqueza nas partilhas e agora está na fase de começar a pensar num pequeno trabalho de apostolado social que possa assumir. Ao longo do ano também ajudei a Pastoral Universitária Diocesana, em conjunto com uma Irmã Ursulina. Esta pastoral está inserida na Diocese, contudo tem tido a nossa colaboração. Foi um dos apostolados que mais consolação me deu. As aulas no Seminário foram e estão a ser uma experiência muito boa que me tem permitido criar uma maior proximidade com a Igreja local. Leccionei Português da 11ª classe a alunos que vêm do interior, do Sentir e SABOREAR continuação Recuperação de casas de idosos Gonçalo Machado Para mim, participar neste projecto foi o momento de trabalho mais forte e mais bonito desde que cheguei a Moçambique porque presenciei o muito que os jovens moçambicanos têm para dar quando são estimulados, e a alegria com que o fazem. Foi uma verdadeira experiência de caridade, solidariedade, generosidade e trabalho conjunto que não esqueceremos. Outra grande alegria que vivi foi ter participado no centenário da Missão de Lifidzi, lá em cima na Angónia. Agora, no final, sinto que foi um grande privilégio ter recebido este destino. Marcou-me a alegria e simplicidade do povo, as igrejas cheias, a dificuldade da missão, a Companhia Universal, o formigar de jovens, a dureza da vida, a força da cultura africana, a má nutrição de alguns amigos próximos, o confronto e a pressão das novas tecnologias, os falecimentos, a relação com os antepassados, a morosidade da Evangelização, a beleza das paisagens e o quanto ainda há para fazer para quem se disponibilizar a vir para este continente maravilhoso. Fica aí o convite! Abraços e até breve. Gonçalo Machado, SJ boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 mato, e cuja língua-mãe não é o Português. Assim, pediram-me para dar gramática, o que trouxe grandes vantagens para eles e também para mim. Os alunos são muito interessados e esforçados e fizeram grandes progressos. A grande dificuldade de muitos deles não é com os estudos, mas sim com as propinas, que este ano subiram para os 1000 meticais, algo como 25 euros por ano! Daí que estão sempre a pedir-me que arranje padrinhos em Portugal… Durante as férias escolares do Verão, que aqui coincidem com a época do Natal, realizámos um projecto de trabalho de voluntariado com jovens, tipo campo de férias. Foi dinamizado pela CVX e envolveu jovens e orientadores da Pastoral Universitária, da Universidade Católica, da Paróquia de Matacuane e do Centro Cultural Padre Cirilo. O Francisco Campos, SJ, que está na cidade do Maputo a fazer o magistério, também veio dar a sua preciosa contribuição neste projecto, que consistiu na reabilitação e apetrechamento de algumas casas de idosos que se encontravam muito degradadas, e na prestação de cuidados de saúde. Este projecto envolveu cerca de trinta jovens universitários voluntários e durou uma semana. Como o local era longe, dormimos lá, numas salas de aula emprestadas e improvisadas para o efeito, e isso foi muito bom para o grupo, pois ajudou-nos a conhecermo-nos melhor e a aprofundar as amizades. Todos estiveram muito entusiasmados desde o início e os resultados foram extraordinários. Conseguimos acabar a tempo e atingir os objectivos que tínhamos definido, e ainda deu para fazer uma pequena festa com os idosos no final, bem como ir dar um merecido mergulho no Índico, no último dia. Os idosos que residem neste Centro passam muitas dificuldades, porque, como dizem os responsáveis, as ajudas que vêm do estrangeiro normalmente dirigem-se às crianças e nunca aos idosos. O projecto terá continuidade com os alunos de medicina que regularmente lá irão, acompanhados de médicos, fazer consultas e tratamentos de saúde. 11 Servidores da MISSÃO DE CRISTO boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Os Centros Universitários 12 Foi numa Terça-feira, no início de Novembro. Numa pequena sala do Centro de Reflexão e Encontro Universitário (CREU), tínhamos acabado de abençoar o jantar e de cantar um cântico. Era a reunião quinzenal dos 12 estudantes que são animadores do Centro. Foi então que ouvimos uma voz, vinda de lá de fora, a chamar. - Ei, cantores! A Catarina foi à janela. A voz vinha de um terceiro andar de um prédio das traseiras. Era uma rapariga e chamava-se Cláudia. Era estudante de arquitectura paisagística. - Quem são vocês? – perguntou ela. Já várias vezes tenho ouvido gente aí a cantar. - Isto aqui é o CREU, é um centro católico para estudantes universitários. Anda cá ver. A Cláudia lá apareceu, a meio do nosso jantar. - Estou aqui no Porto a estudar mas não sou de cá. – disse ela. Mas vocês, o que é que fazem? De repente todos, ao mesmo tempo, começámos a tentar explicar o que se passa nesta casa. “Não, aqui não mora ninguém. Nem há aulas. É um espaço onde se pode estudar e conviver, mas é sobretudo um espaço que organiza actividades, principalmente para estudantes universitários. E estes são os nossos padres”. Apontaram para o Vasco e para mim. O Vasco e eu somos jesuítas. Já trabalhámos noutros centros e agora estamos no CREU. É difícil explicar, a alguém que chega, tudo o que se passa num centro universitário. Temos quatro centros destes em Portugal. Antes de mais, nos Centros, existem pequenos grupos. Alguns são grupos de fé (como as CVX, os grupos de preparação para o Crisma e para o Baptismo); outros são grupos de acção social (como os que visitam idosos ou reclusos ou dão apoio aos sem-abrigo ou vão para África no Verão); outros são grupos de debate de temas. À noite, quando se chega a um centro, o normal é encontrarem-se alguns destes grupos reunidos. É também à noite, depois do jantar, que acontecem algumas das principais actividades abertas a quem quiser aparecer: há noites (como o “Código d´Inácio”) sobre temas de espiritualidade, noites (como o “Bate-Papo”) de debate Reunião de grupos no CREU-IL Missa na capela do CREU-IL sobre um tema polémico, noites lúdicas (como o “Ovo Estrelado” ou o “Café Concerto” ou alguma festa). Há depois actividades que duram todo o fim-de-semana (como o “Curso de Relações Humanas”, o “Eneagrama”, o “CIF” onde um jesuíta responde a dúvidas sobre a fé, o “Ginásio de Oração” para quem quer aprender a rezar ou o “Nós e Deus”, uma espécie de retiro para quem anda afastado de Deus). Seria enfadonho continuar a lista. E, claro, há Exercícios Espirituais (este ano os centros organizam 34 turnos de Exercícios: 27 de 3 dias e 7 de uma semana). O Quico e a Catarina acompanharam a Cláudia a uma visita rápida ao CREU enquanto os outros arrumavam a loiça do jantar. Mostraram-lhe a pequena capela, o salão, duas salas para grupos e o mini-bar onde se lancha todos os dias. Estiveram um pouco à conversa com outros dois estudantes que iam animar um encontro de miúdos nessa noite. Subiram ao primeiro andar. Aí mostraram-lhe o gabinete do Vasco e o meu, uma pequena sala de computadores que serve também para reuniões de grupos e a sala maior do primeiro andar onde estava reunido um grupo chamado “Grão” que nasceu aqui no Centro e que faz acção social em África nos meses de Verão. Porque um Centro é, antes de mais, uma casa onde as pessoas se encontram. - Olha, tens aqui o programa de actividades do CREU. Aparece quando quiseres. E temos missa todos os dias da semana às sete da tarde. E, se quiseres, podes vir connosco 6ª feira à Noite Inaciana. - O que é isso? - É uma noite inteira de caminhada e oração para estudantes, até Fátima. Vamos de autocarro até Ourém, caminhamos a noite inteira e de manhã chegamos a Fátima. Vão lá estar jovens dos outros centros ligados aos jesuítas. Cláudia foi à Noite Inaciana. Eram mais de 500 jovens, este ano, a caminhar pela estrada fora, com archotes e violas. A noite começou com uma missa, já quase à meia-noite. Depois houve tempos de oração individual, de partilha 2 a 2, uma sopa quente a meio da noite com violas e danças, etc. Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação Peregrinação dos centros universitários à Senhora da Nazaré Exercícios Espirituais, uma experiência radical soa de fé. Disse que, depois de analisarem várias possibilidades de actividades radicais (escalada, rafting, canoagem, etc.), nenhuma lhes pareceu tão radical como estes “Exercícios” que um jovem seu conhecido tinha feito! Os Exercícios Pé-Descalço são 3 dias de silêncio e oração, seguindo os Exercícios Espirituais de Santo Inácio. A única diferença, em relação aos Exercícios tradicionais, é que não se realizam em casas de retiros mas numa casa qualquer, normalmente num local tranquilo junto ao mar. É uma modalidade barata de Exercícios, onde se dorme em saco-cama e a comida é feita por um outro estudante ou pelos próprios. Tudo em silêncio. Tentamos fazer propostas exigentes (neste sentido, sim, “radicais”) para quem já experimentou tudo e agora quer mais. Creio que esta exigência é das coisas que mais atrai os estudantes. Hoje, por exemplo, estamos a fazer um dia de jejum e solidariedade para início de Quaresma. Começou ontem à noite e chama-se “Operação Sandwiche”. É a primeira vez que o propomos no Porto e não sabíamos quantas pessoas viriam. Apareceram mais de 60 estudantes universitários. Por outro lado, preocupamo-nos em apresentar uma oferta diversificada de actividades, de modo a que cada um se possa encaixar onde se sentir melhor, de acordo com a sua maneira de ser e o seu nível de crescimento na fé. boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Como começou este trabalho dos centros universitários? Em 1975, dois jesuítas portugueses recém ordenados foram enviados pelo Provincial de então para Coimbra – uma cidade universitária – para fundarem aí o primeiro centro universitário. Ambos tinham frequentado universidades e tinham sentido a necessidade da evangelização do meio universitário. Foi aí, em Coimbra, numa casa quase abandonada junto da Universidade, que nasceu o “Centro Universitário Manuel da Nóbrega”: uma casa simples, um ambiente descontraído, uma missa diária, uma sala de estudo, um encontro por mês sobre um tema de fé, serões com personalidades públicas dos mais diversos quadrantes ideológicos … Depois, aos poucos, foram nascendo grupos CVX, fins-de-semana para responder a questões de fé, Exercícios Espirituais, cursos de relações humanas, etc. A “fórmula” resultou bem e dez anos depois já existiam mais dois centros: um em Braga (o “Centro Académico de Braga”) e outro em Lisboa (o “Centro Universitário Padre António Vieira”). Cinco anos mais tarde já se estava a criar o nosso centro do Porto. Que tentamos fazer nos centros? Antes de mais, tentamos apresentar as propostas tradicionais da fé mas numa linguagem acessível a estudantes universitários. Nada mais tradicional do que retiros de silêncio, missas, peregrinações, acção social, grupos de crescimento na fé, etc. O esforço que fazemos de inovação não se refere tanto aos conteúdos quanto à forma, à linguagem. Não só a linguagem das palavras - que procuramos que seja directa, descomplicada e acessível - mas também a linguagem estética. Por exemplo: Exercícios Espirituais num ambiente mais simples, despojado e pobre. Recebi há tempos um telefonema de uma jornalista de um canal de televisão. Iam começar um programa novo sobre actividades radicais para jovens e queriam que o primeiro episódio fosse sobre “Exercícios Espirituais Pé-Descalço”. Espantei-me com o interesse da jornalista. Portugal é um país secularizado e a jornalista nem era pes- 13 Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 Encontro dos animadores dos centros universitários 14 Tentamos também unir a fé à imaginação e à criatividade. Quando perguntei a um estudante de Coimbra que conselhos me daria quanto ao grupo de preparação para o Crisma que íamos começar ele respondeume: “P. Nuno, surpreenda-nos!” A criatividade começa nos nomes das actividades (“Operação Sandwiche”, “Ovo Estrelado”, “Briefing com Deus”, etc) e continua depois no modo pouco previsível como muitas se desenrolam. Tentamos fazer coisas “com” os estudantes e não só “para” os estudantes. Em cada centro há um grupo de animadores com quem se tomam todas as decisões importantes. Não são nossos “ajudantes”: formamos juntos uma equipa de trabalho. E num centro há normalmente muitos outros estudantes a liderar actividades e grupos. Há poucos anos, por exemplo, começámos a fazer fins-de-semana de iniciação à fé orientados por estudantes e para os quais convidam colegas que andam à procura de Deus. Acho que o fazem muito melhor que nós, jesuítas... Normalmente em cada centro há apenas um ou dois jesuítas e uma secretária. O trabalho que se faz só é possível por haver muitos leigos com responsabilidades grandes. Quais são os nossos problemas e as nossas questões? Uma delas é: “Como entrar mais na Universidade?” Trabalhamos sobretudo com os estudantes que vêm ter connosco aos centros. Mas os outros? Nem todos os estudantes vão à janela, como a Cláudia, perguntar quem somos! Numa sociedade laicista como a nossa, há todo o tipo de resistências por parte das universidades em relação à Igreja. Às dificuldades de penetração na Universidade junta-se ainda o facto de estarmos já muito sobrecarregados com o trabalho dentro dos próprios centros. Outra questão importante pode ser formulada assim: “Como ajudar os estudantes a uma integração maior na Igreja universal?” Há estudantes que, antes de frequentarem os centros, já tinham uma ligação forte à Igreja. Outros, porém, aproximam-se ou re-aproximam-se da fé através dos centros porque aqui descobrem uma espiritualidade que fez sentido para eles. Mas então é preciso depois ajudá-los a ganhar um sentido de comunhão eclesial mais amplo. E isto nem sempre é fácil. Outra questão tem a ver com o acompanhamento dos estudantes que, entretanto, acabam os cursos. Os primeiros estudantes a contactar os nossos centros em breve serão avós… Não se pode dizer simplesmente: “acabaste o curso, vai-te embora”. E, juntamente com eles, vêm os amigos que nunca chegaram a conhecer os centros enquanto estudantes mas que se sentem bem com a nossa espiritualidade e pedem a nossa atenção. Se não temos cuidado, a energia dos centros pode ser absorvida por não-estudantes. Temos optado por ter algumas actividades conjuntas e por criar, dentro de cada centro, um “departamento” que organiza actividades mais próprias para os que já não são estudantes e que, através de quotas, ajudam a financiar as actividades dos estudantes. O sistema tem resultado bem mas continua a tensão entre a dedicação que damos aos estudantes e aos não-estudantes. Por entre todas estas questões e dificuldades, creio, no entanto, que os nossos centros universitários cumprem o que prometem aos estudantes: “Aqui encontras o que as aulas não te dão”. Nuno Tovar de Lemos, SJ Nota: este artigo foi publicado no Anuário da Companhia de Jesus, em 2008 Abertura do After Paul, em Cernache Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS Maio Julho Exercícios Espirituais Exercícios Espirituais 3 DIAS 06 a 09| em Soutelo, pé-descalço, com Maria Helena Aguiar e o P. Luís Maria da Providência 13 a 16 | no Rodízio, Exercícios Espirituais e Renovamento Carismático, com o P. Jorge Oliveira 13 a 16 | em Soutelo, pé-descalço, com o P. Nuno Tovar de Lemos 20 a 23 | em Soutelo, com o P. João Santos 27 a 30 | em Soutelo, com o P. Dário Pedroso 27 a 30 | em PALMELA, com o P. Miguel Gonçalves Ferreira e Irª Rita Cortez, aci 3 DIAS 01 a 04 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia 7 DIAS 30 a 06 Jun | em Soutelo, com o P. Luís Ferreira do Amaral 8 DIAS 13 a 21 | em Soutelo, com o P. António Costa e Silva CASAIS 07 a 09 em SOUTELO, com o P. Mário Garcia Junho Exercícios Espirituais 7 DIAS 01 a 08 | na Costa Nova, com o P. Carlos Carneiro 22 a 29 | na Costa Nova, com o P. Filipe Martins 22 a 29 | em Soutelo, com o P. António Vaz Pinto 26 a 02 Ago | em Soutelo, com o P. António Valério 8 DIAS 01 a 09 | em Fátima, com o P. Gonçalo Eiró 03 a 11 | em Soutelo, com o P. Dário Pedroso 05 a 13 | em Soutelo, com o P. João Santos 17 a 25 | em Soutelo, com o P. Manuel Morujão 20 a 28 | em Soutelo, com o P. Domingos Freitas 22 a 30 | em Fátima, com o P. Gonçalo Eiró 22 a 30 | em Fátima, com o P. José Carlos Belchior e Drª Alzira Fernandes 22 a 30 | em Palmela, com o P. Vasco Pinto de Magalhães e Irª Ania Ramirez, aci 22 a 30 | no Rodízio, com o P. Sérgio Diz Nunes 22 a 30 | no Rodízio, com o P. Manuel Bello 30 a 07 Ago | em Fátima, com o P. João Vila-Chã 31 a 08 Ago | em Soutelo, com a Drª Alzira Fernandes e P. José Carlos Belchior 10 a 13 | no Rodízio, com o P. Filipe Martins 24 a 27 | em Soutelo, com António Santana, sj e o P. Luís Maria da Providência 30 DIAS 23 a 23 Ago | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência 4 DIAS 02 a 06 | na Costa Nova, com o P. Gonçalo Castro Fonseca 9 a 13 | no Rodízio, com o P. João Norton 09 a 13 | em Soutelo, com o P. José Eduardo Lima 09 a 13 | em Soutelo, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 7 DIAS 6 a 13 | no Rodízio, com o P. António Vaz Pinto 8 DIAS 05 a 13 | no Rodízio, com o P. Luís Maria da Providência 06 a 14 | em Palmela, EE Vocacionais, com o P. Carlos Carneiro e Irª Maria Vaz Pinto, aci 14 a 22 | em Soutelo, com o P. Sales Baptista 21 a 29 | em Fátima, com o P. António Costa Silva Consulte o programa anual em www.ppcj.pt/sjprog.htm boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Janeiro/Março 2010 3 DIAS 15
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