Mostra científica de 2011
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Mostra científica de 2011
Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Coordenação Geral: Loysa Farjado Peixoto da Silva, Vice- Diretora Letícia Martins de Martins, Diretora de Pesquisa Coordenação Cultural Eloá Costa Comitê Científico Ricardo Muniz Muccillo da Silva, MSc Guilherme Pressi, MSc Beatriz Petrella dos Santos, MSc Patricia Beatriz de Macedo Vianna, MSc Evanisa Helena Maio de Brum, Dr. Evaldo Reis Furtado Júnior, MSc Ângela Kretschmann, Dr. Marcelo Almeida Sant'Anna, MSc Lucas Nunes Ogliari, MSc Tatiana Gomes Rosa, Dr Paula Grazziotin Silveira Rava, MSc Luiz Lentz Junior, MSc Funcionária Responsável: Franciele Araujo Bolsistas Guilherme Yung Canuto, Acadêmico do Curso de Direito Guilherme, Acadêmico do Curso de Direito Rosângela, Acadêmica do Curso de Psicologia Faculdade Inedi Diretor Geral Antonio Carlos Peixoto da Silva Vice Direção Loysa Farjado Peixoto da Silva Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca SUMÁRIO DESAFIOS DO DIREITO AUTORAL: COMBATE AO PLÁGIO E PIRATARIA OU ACESSO À CULTURA? DESAFIOS DO DIREITO AUTORAL: COMBATE AO PLÁGIO E PIRATARIA OU ACESSO À CULTURA? DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO: DO BEBÊ IMAGINÁRIO AO BEBÊ REAL. A DOR EXISTENCIAL DISCUTIDA PSICANALITICAMENTE OBESIDADE E SUPERAÇÃO: UM DESAFIO À ÓTICA PSICANALÍTICA DEMOCRACIA & EXCEÇÃO: PARADOXOS DA ATUALIDADE? LOGISTICA E INTERNACIONALIZAÇÃO: UTILIZAÇÃO NO CENÁRIO ATUAL BARREIRAS LOGÍSTICAS NO INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ESTRATÉGIAS PROCESSO E DE SISTEMA GKO DE FRETES LOGÍSTICA REVERSA E ECOLOGIA DAS OPERAÇÕES DA COCA COLA A CRISE DA ECONOMIA GAÚCHA E A DEFASAGEM DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (1955 – 1965) INTERLOCUÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS ENTRE DIDÁTICA E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM EMPRESAS DISCRIMINAÇÃO AINDA GENÊRO E SEXUALIDADE EXISTE? REFLEXÕES SOBRE A Educação Inclusiva no contexto de uma escola municipal do município de Cachoeirinha: espaço físico, prática pedagógica e a perspectiva da gestão O BARROCO MINEIRO: EDIFICAÇÕES RELIGIOSAS “NUNCA SE DEIXE ATRAIR PARA UMA ARMADILHA1”: A IMAGEM AMÉRICA 1 DOS SUPER-HERÓIS COMO SUPERMAN FERRAMENTA Frase retirada da revista Marvel 2002, pag 23. E CAPITÃO IDEOLÓGICA NORTE- Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca AMERICANA RESUMOS Princípios da Legalidade PLANO SUSTENTABILIDADE VERDE - CIA DAS CADEIRAS Plano de Marketing da Empresa Cadeiras Modular Pesquisa de Estatística A copa... É nossa? PROPOSTA DE REDUÇÃO DE SETUPS Como utilizar o sistema de incentivo na organização? A COLETA SELETIVA NO AMBIENTE DE TRABALHO O posicionamento de mercado e suas estratégias como principal diferencial para o crescimento das empresas. ANÁLISE DA NECESSIDADE DE AUMENTO DE CAPACIDADE X GARGALO PRODUTIVO. UM ESTUDO SOBRE COMO AS EMPRESAS REALIZAM AÇÕES DE MARKETING NAS REDES SOCIAIS Bolsa de Valores Processo de Internacionalização de Empresas ANÁLISE DOS PROCESSOS DE FORNECIMENTO DE LANCHE NA CATINA DO COMPLEXO DE ENSINO SUPERIOR DE CACHOEIRINHA PRINCIPIO DA PUBLICIDADE POSICIONAMENTO: UM ESTUDO A PARTIR DA PERCEPÇÃO DO GESTOR DE MARKETING DE UMA LOJA E DOS CLIENTES SOBRE POSICIONAMENTO Plano de marketing empresa Cademad Melhoria Continua através de um Kaizen Empowerment. Fracasso ou Sucesso de Uma Organização? Plano de Marketing GM Brasil - Segmentação do mercado automobilístico Estudo do processo de lançamento da linha de fotoprotetores No Red Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Planejamento de Negócios PLANO DE MARKETING DA EMPRESA CADEIRART: UM MODELO PARA AS PEQUENAS EMPRESAS CADEIRART – UMA EMPRESA COM PENSAMENTO SUSTENTAVEL: UM MODELO PARA PEQUENAS EMPRESAS Consumo de Bebida Energética entre Alunos de Administração e Comércio Exterior Redes Associativas e sua segmentação de mercado WAREHOUSE MANAGEMENT SYSTEM (WMS) Alianças Estratégicas - Case Marcopolo Lucro Presumido e Lucro Real Fusão Itaú e Unibanco AVP - Ajuste a Valor Presente Empresas Holding Substituição Tributária Não existe minuto grátis Vantagens e desvantagens dos principais Métodos de Custeio Gestão estratégica de custo Despesa com Pessoal de Acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal COR DO BOTIJÃO DE GÁS PARA RESIDÊNCIA “P13” NAF - Núcleo de Apoio Fiscal O impacto da mensuração dos custos através dos principais Métodos de custeio International Financial Reporting Satandards (IFRS) A Origem da Substituição Tributária ENQUADRAMENTO TRIBUTARIO Consolidação Patrimonial A REVOLUÇÃO FRANCESA E OS DIREITOS HUMANOS A CONTURBADA FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO O direito de propriedade no império romano e na sociedade comtemporânea Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A Indignidade da Pessoa Humana nas Origens do Nosso Sistema Jurídico. HISTORIA DO DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL Medida Provisória e Separação de Poderes A filosofia Grega ainda hoje reflete no nosso direito? Relações Jurídicas Direito Romano CODIGO DE HAMMURABI PRINCÍPIO DA MORALIDADE LIMITAR A PRIVACIDADE OU LIMITAR O DISCURSO: DILEMAS DO EXERCÍCIO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS LEGALISMOS E LEGALIDADE: A LIBERDADE, E A PRISÃO DA LEI A Primeira Constituição O melhor lugar do cinema Protagonistas do sucesso: Um olhar da Pedagogia Social MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO: O QUE EMBASA A PRÁTICA DAS PROFESSORAS ALFABETIZADORAS ATUALMENTE A Obesidade Infantil e O Cálculo do IMC Caminhos da profissionalidade docente. Contação de Histórias na Educação Infantil: O que pensam os professores? Temas Transversais e a Matemática ASPECTOS REFERENTES À METODOLOGIA E PRÁTICA DA PRODUÇÃO CULTURAL OBSERVADOS EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE CACHOEIRINHA (RS) A importância do conhecimento sobre calorias dos alimentos. Consumo Consciente Identidade e Cotidiano da Educação Infantil Planejamento: Um caminho para a ação pedagógica diária. Planejamento de ensino:teoria ou prática? USO CONSCIENTE DE SACOLAS PLÁSTICAS ENVOLVENDO Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca FRAÇÕES Fatores determinantes da escolha profissional na adolescência Contemporaneidade e a Psicopatia na adolescência O DILEMA VOCACIONAL DO ADOLESCENTE: UMA VISÃO COMPREENSIVA DO FENÔMENO Síndrome ou Doença de Machado Joseph SMJ/DMJ A doença de Alzheimer do ponto de vista do cuidador Fatores que influenciam a escolha profissional dos adolescentes. Asilo Santa Bárbara: Idosos institucionalizados e auto-estima. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM EMERGÊNCIAS E DESATRES TRANSTORNOS MENTAIS: ESTIGMA E PRECONCEITO ESTUDANDO A INFÂNCIA:RELATOS DA TRAJETÓRIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM PSICOLOGIA Consumo de álcool e outras drogas entre os estudantes COMPREENDENDO GRUPOTERAPIA OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca O JARDIM DO CURSO DE DIREITO – E SUAS “FLORES”: “O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS” Paula Pinhal de Carlos 2 Marcelo Almeida Sant´anna3 Darcy Paulo Gonzalez de Moraes4 Emerson de Lima Pinto5 Mario Antônio Taddei Sá6 Rogério Pastl7 Ângela Kretschmann (org.)8 Resumo: O propósito de chamar de Jardim o momento em que os professores do Curso de Direito se encontram para conversar e debater uma obra literária representa o desejo de encontro e diálogo de experiências, vivência transdisciplinar, e partilha, convívio e aprendizagem. Além disso, o Jardim merece ser, na proposta dos filósofos gregos do epicurismo, um lugar muito privilegiado, e raro, de liberdade, ou, na proposta dos estóicos, que ensinavam nos “pórticos” de Atenas, uma busca de serenidade. Entende-se que retomar a questão da necessária construção de um espaço verdadeiramente livre não é senão reconhecer que o mundo atual não é tão distinto das agruras do passado, dos temores e das prisões da época antiga, já que hoje elas apenas se apresentam com novas aparências e feições. A violência das cidades, a corrupção política, a ausência de condições de vida verdadeiramente humanas, que o Estado pretende privilegiar aos seus cidadãos, só isso já demonstra o quanto estamos antes presos a uma falsa liberdade. E o jardim peripatético antigo mostra-se então atual, mais do que interessante, uma proposta de viver a liberdade, ainda que restrita a seus limites. O Curso de Direito, que inicia suas atividades no ano de 2011, vem propor, através de um diálogo singular que começa com os professores, aproximar o direito e a literatura na vida de cada um de nós e de nossos alunos. Como os alunos iniciam o curso basicamente com as disciplinas propedêuticas, o primeiro livro escolhido para discussão foi o célebre texto de Lon Fuller, “O Caso dos Exploradores de Cavernas”, que foi originalmente 2 Doutora em Ciências Humanas, Professora das disciplinas de Sociologia Jurídica e Antropologia e Direitos Humanos, na FACENSA e CESUCA 3 Advogado. Mestre em Direito, Professor das disciplinas de Direito Penal e História do Direito, no CESUCA. 4 Advogado. Mestre em Direito, Professor das disciplinas de Direito Civil I – Parte Geral, e Direito Civil II, no UNILASALLE e no CESUCA. 5 Advogado. Mestre em Direito, Professor da disciplina de Ciência Política e Teoria Geral do Estado e Direito Constitucional I, na UNISINOS, UNILASALLE e CESUCA. 6 Mestre em Direito, Professor de Filosofia Geral e Filosofia do Direito. 7 Advogado. Mestre em Direito, Professor das disciplinas de Introdução ao Estudo do Direito e Teoria Geral do Processo. 8 Advogada. Doutora em Direito, Coordenadora do Curso de Direito do CESUCA, Professora de Introdução ao Estudo do Direito e Inovação e Propriedade Intelectual, UNISINOS e CESUCA. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca escrito e publicado pelaFaculdade de Direito de Harvard e, a seguir, traduzido por Plauto Faraco de Azevedo. Palavras-chaves: Exploradores de cavernas, diálogo, direito e literatura Introdução O Jardim é hoje qualquer lugar onde é possível dialogar livremente. O Jardim é uma sala de aula, é uma reunião de amigos, é um lugar imaginário ou construído, onde se pode pretender falar e ser ouvido, aprender e ensinar e, nesse processo múltiplo, promover o conhecimento e divulgá-lo. Isso é liberdade, dentro de um contexto pouco otimista para os tempos de hoje e, por isso mesmo, com mais razão para existir. E essa recuperação é importante para uma época que também, assim como na Grécia destruída,9 apresenta-se fragmentada e caótica e, portanto, uma época em que o espaço especial de liberdade está bastante reduzido. Ainda que o discurso oficial e a internet tragam uma aparência de liberdade, o Jardim real, onde as pessoas editam e promovem suas ideias e visam seu esclarecimento, só existe onde é proposto voluntariamente, conscientemente e de forma comprometida com o saber. A obra escolhida para dar o início a esse percurso, “O Caso dos Exploradores de Cavernas”, de Lon Fuller, visa propor uma reflexão do Direito, e sendo assim, não se limita a representar uma análise do direito através da literatura, como se estivéssemos assistindo um filme e tentando compreender seu enredo. É muito mais do que isso, pois visa questionar o próprio jurídico em situações limites, buscando razões que se encontram em última análise na própria razão de viver de cada um de nós. Como refere o tradutor Plauto Faraco de Azevedo,10 no seu prefácio à obra traduzida, nenhuma disciplina é tão suscetível de abordagens tão diversas 9 O Mestre do Jardim escreveu a Meneceu que “o maior Bem consiste em saber bastar-se a si mesmo. A Sabedoria é o maior dos bens: ela ensina a quem quer ser feliz que é necessário ser sábio, honesto e justo, e ensina-nos também que não se pode ser sábio, honesto e justo sem conhecer simultaneamente a felicidade” (DUMONT, Jean-Paul. A filosofia antiga. Trad. de Luís Carvalho. Lisboa: Edições 70, 1962., p. 88). 10 Nos termos de sua introdução ao livro que traduziu, e lembra que o conteúdo do livro é tão profundo que não se revela numa primeira leitura, mesmo que feita com muito cuidado (FULLER, L. Lon. O caso Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca quanto a disciplina de Introdução à Ciência do Direito (que em geral é chamada hoje de Introdução ao Estudo do Direito) e, ao mesmo tempo, tão fecunda. O livro vem, então, como uma semente que se quer plantar, para fazer crescer, no Jardim, a curiosidade, e ordenar o espírito sedento do aluno, preparando-o para observar, estudar e viver um Direito que não se reduz à dogmática pura e simples, mas que pretende tornar possível a comunicação da própria dogmática com a Filosofia, a Sociologia Jurídica, a História do Direito, a Ciência Política, e também com as mais variadas áreas, de modo a restar, por fim, re(valorizada) a própria dogmática. A proposta de diálogo pretende servir de instrumento de diálogo transdisciplinar, para que nós professores possamos nos aproximar e também para que possamos nos aproximar de nossos alunos com uma metodologia diferente. Pretende-se constituir numa experiência nova e sempre aberta e, através dos textos selecionados, poderão também ser desenvolvidas outras atividades adicionais em sala de aula. Naturalmente, cada obra escolhida, como o próprio “O Caso dos Exploradores de Cavernas” bem o demonstra, pode ser percebida, analisada e trabalhada sob inúmeras perspectivas, tanto dogmáticas, quanto filosóficas, linguísticas, políticas, religiosas, antropológicas, sociológicas, econômicas etc. Aqui, até em função dos limites do presente artigo, a análise será limitada a pequenas questões que têm por fim antes suscitar o debate futuro: a questão inicial ilustrativa da diferença entre o direito natural e o direito positivo, do próprio conceito de Direito e da Justiça; o significado do estado de necessidade, no Direito Penal; o significado atual do Estado de exceção, na área da Teoria Geral do Estado; a função e validade dos contratos entre particulares, no Direito Civil. Em resumo, estamos diante de quatro acusados, membros da Sociedade Espeleológica, conhecida como organização amadorística de exploração de cavernas, que, no início de maio do ano de 4299, ingressaram junto com Roger Wethmore, também membro da Sociedade, no interior de uma caverna de rocha calcária. Aconteceu então um desmoronamento e eles ficaram lá presos por muito tempo. Foi feito um enorme esforço de salvamento, dos exploradores de cavernas. Trad. Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editor, 1976. p. X). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca efetuados gastos enormes11 e perdidas diversas vidas (10 operários morreram com novo desabamento), ocorrendo o salvamento no trigésimo segundo dia. Nesse meio tempo, entretanto, as provisões alimentares e de água terminaram. Um médico, consultado através de rádio, disse-lhes que dificilmente sobreviveriam mais de 10 dias, tempo que se estimava necessário para o salvamento. Foi então que Whetmore sugeriu que a sorte fosse lançada através de um par de dados que ele trazia consigo, escolhendo-se aquele que serviria de alimento aos demais. Assim foi feito, mas o próprio Whetmore acabou desistindo do jogo, antes de lançar os dados, mas não se opôs ao fato de que alguém os lançasse por ele. O resultado foi que Whetmore perdeu e, assim, foi morto pelos demais. Após serem salvos, submetidos a tratamento de saúde e psicológico, foram denunciados pelo homicídio de Roger Whetmore.12 Os tópicos que se pretendem desenvolver têm, como refere Godoy, 13 a proposta de possibilitar que a Literatura se constitua em um veículo do Direito e, na presente caminhada de um curso de direito que principia, a proposta é de um veículo bastante simples, não uma carruagem de uma época lendária, movida por cavalos mágicos e voadores, ou uma máquina de última geração, movida por energia solar e com 1000 cavalos, mas simplesmente como um instrumento primeiro de aproximação e, logo, de diálogo. Um veículo, obviamente, que leve a algum lugar, e esse lugar é o conhecimento do Direito – no espaço de um Jardim que se apresenta como o locus da racionalidade e da liberdade.14 11 Em outubro de 2010 o mundo assistiu assombrado o desmoronamento de uma mina no Chile e o emocionante salvamento de 33 mineiros. Também no Chile lembramos que o presidente Pinera chegou a mencionar que o gasto para salvar os mineiros presos ultrapassou a soma de 10 milhões de dólares. 12 FULLER, L. Lon. O caso dos exploradores de cavernas. Trad. Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editor, 1976, p. 7-8. 13 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito e literatura: os pais fundadores: John Henry Wigmore, Benjamin Nathan Cardozo e Lon Fuller. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direito-e-literatura-os-pais-fundadores-john-henry-wigmorebenjamin-nathan-cardozo-e-lon-fu>. Acesso em: 19 ago. 2011, p. 3-4. 14 O Jardim que pode se dispersar pelos corredores e “pórticos” da sala de aula, da faculdade, da própria cidade, como queriam os estóicos: num caso onde os nervos afloram à pele, nada como recorrer aos estóicos para buscar o ideal da serenidade perfeita – seria isso possível em uma situação extrema? Para os estóicos, como refere Arnaldo Schüler, a plena impassibilidade (apatheia) é alcançada pelo sábio com a extirpação de toda e qualquer paixão (pathe) ideal que não pode ser confundido com uma ética do orgulho, da insensibilidade ou do fatalismo (SHÜLER, Arnaldo. Dicionário enciclopédico de teologia. Canoas: Ulbra, 2002, p. 187). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 1. O Direito Natural e o Direito Positivo, Profa. Paula Pinhal de Carlos “O Caso dos Exploradores de Cavernas” consiste numa referência de grande utilidade para tratar de uma das questões básicas estudadas pelos iniciantes no Direito, que é a da diferenciação entre Direito Natural e Direito Positivo. Essa diferenciação é também geradora de um conflito, o qual está presente nos votos efetuados pelos juízes no livro, o que nos leva a um questionamento sobre a obrigatoriedade e o fundamento do Direito. Em outras palavras, o que é questionado é por que o Direito é obrigatório. Por que devemos obedecer às normas? Além disso, questiona-se também o que fundamenta o Direito. Seria a razão? A justiça? O acordo feito entre os seres humanos em torno de alguns valores fundamentais? Para Paulo Dourado de Gusmão, o Direito Positivo “é o direito vigente aplicado coercitivamente pelas autoridades do Estado”.15 O Direito positivo caracteriza-se, portanto, por ser aquele criado pelos seres humanos. Não há necessidade de identificação com o conceito de justo, nem com a moral, por exemplo. O Direito consiste nas normas criadas pelos seres humanos, dentro das regras que o próprio Direito prevê para a sua criação. Logo, não há nada além do Direito positivado. Se a norma é vigente e pode ser aplicada pelas autoridades de maneira coercitiva, assim deve ser feito. Já o Direito Natural postula que há leis superiores àquelas criadas pelos seres humanos. Segundo a teoria do Direito Natural, conforme Silvio de Salvo Venosa, “existe um direito superior e antecedente a toda lei positiva humana”.16 Se o Direito Positivo ignora a existência do Direito Natural, o contrário não é verdadeiro: para o Direito Natural há leis criadas pelos seres humanos, mas estas são antecedidas pelo Direito Natural. Esse Direito, por sua vez, vinculase ao conceito de justo e é baseado na natureza humana. Segundo tal teoria, mesmo diante da ausência do Estado, há um Direito justo. No livro “O caso dos exploradores de cavernas”, alguns espeleólogos vêem-se presos no interior de uma caverna, sem previsão de resgate. Diante da escassez de alimentos, que se agrava dia após dia, decidem que um deles 15 GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 44.ed. atual. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 53. 16 VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 39. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca será morto para servir de alimento aos outros. Estaríamos diante de um caso de homicídio, motivo pelo qual o Direito Positivo, que prevê que “qualquer um que, de própria vontade, retira a vida de outrem, deverá ser punido com a morte”, deve ser aplicado? Ou, pelo contrário, cabe aqui a aplicação da razão, do Direito Natural, vinculado ao conceito de justo? Entendo que é o Direito Natural quem pode melhor dar resposta à difícil questão proposta pelo livro. É possível afirmar que talvez não haja um Estado dentro daquela caverna. Os exploradores, embora tivessem contato com o mundo exterior, não poderiam fazer valer suas regras, sob pena de sacrificar a própria vida. Ademais, mesmo quando buscaram que a solução sobre a controvérsia instaurada frente à escassez de alimento viesse do Estado (juiz, médico etc.), este se absteve de tal decisão. Logo, se algum Direito existia ali na caverna, era apenas o Direito Natural. Para os espeleólogos, matar alguém violava o Direito Natural. Se não fosse assim, vários já teriam sido mortos, pois a fome passou a fazer parte dos dias de todos eles. O homicídio só passou a ser visto como opção frente às adversidades impostas por aquela situação excepcional, de estarem presos, sem alimentos ou previsão de resgate. Além disso, realizaram um procedimento para decidir quem deveria ser morto. Discutiram sobre qual o critério a ser utilizado e, por fim, entenderam que a sorte deveria decidir qual seria sacrificado. Compreenderam, portanto, que ali estava a decisão ou pela morte de todos por fome, ou pela morte de um deles que pudesse servir de alimento aos outros. Logo, a partir da razão humana, que fundamenta o Direito Natural, seria possível exigir conduta diferente dos exploradores? Entendo que não. Talvez seja possível, contudo, questionar o fato de Whetmore ter desistido do pacto pouco antes de serem jogados os dados, mas isso diz respeito aos contratos, tema a ser abordado adiante, em especial pelo Prof. Darcy Paulo. 2. A compreensão do “estado de necessidade”, Prof. Marcelo Almeida Sant´Anna É interessante perceber como vida e morte despertam paixões nos juristas, principalmente quando a morte decorre de atos violentos, ainda que se verifique a indiferença em relação a diversos aspectos da vida, os quais – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca apesar de triviais – são capazes de colocar o homem exposto a situações degradantes e mortíferas. Esse interesse e essa indiferença, certamente, constituem um paradoxo, que flui na sociedade pós-moderna, tal como Bauman refere em suas obras.17 Deixando essa discussão um pouco mais de lado, diversas abordagens e reflexões surgem no contexto da obra e prosseguem fora dela através da pena dos juristas comentadores, cada uma com a prepotência – peculiar à violência intrínseca ao Direito – de se achar mais técnica e “justa”. Nossa visão, com a devida vênia dos colegas, não será diferente. Os debates sobre o Estado, sobre a Justiça, sobre o Contrato, são todos muito produtivos e interessantes, mas somente isso. O infortúnio desses exploradores revela ao mundo um caso clássico de direito penal, de aplicação direta do direito positivo penal. As questões cíveis e de Estado são muito úteis no crescimento intelectual e na quantificação de eventuais indenizações a serem pagas ou não aos envolvidos. Contudo, o núcleo, o conflito humano principal, o agir no limite entre homens e animais se resolve pelos institutos da teoria geral do delito.18 Determina nosso código penal: Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Importante refletir. A morte de um dos homens para que os demais se alimentassem de seu corpo constitui o fato que salva do perigo, sendo esse perigo o próprio soterramento e o isolamento sem alimentos.19 Os exploradores não deram causam ao desmoronamento, já que esse ocorreu por forças naturais e imprevisíveis. Assim, o grupo não poderia evitá-lo. Cabe – todavia – 17 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999; BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; BAUMAN, Zygmunt. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro : Zahar, 2005. 18 Trata-se de uma saudável provocação, chamando os colegas ao debate. 19 Sobre o estado de necessidade ver BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal.ParteGeral.v. 1. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 308 e seguintes. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca questionar se não havia outra forma de evitar o perigo, (por exemplo, não entrando na caverna ou entrando com provisões suficientes). Com relação à primeira questão, verifica-se que a exploração é uma atividade lícita e incentivada pelo Estado, seja do ponto de vista turístico, seja por questões científicas. Nesse caso, não se pode admitir que ora se incentive uma conduta, ora essa mesma conduta não seja desejada pelo direito. Já as provisões, entre elas os alimentos, devem ser avaliadas diante de circunstâncias normais. Se para o percurso de uma rota conhecida de uma hora são necessários determinados tipos de equipamentos, se esses equipamentos foram providenciados, então o grupo atendeu ao dever de cuidado de evitar imprevistos normais. Não se pode exigir a previsibilidade de algo fora das expectativas hodiernas. Nesse aspecto, observa-se que os exploradores levaram consigo provisões. Entretanto, o imprevisto mostrou-se muito mais intenso do que a previsão. A morte de um dos membros do grupo para alimentação, ainda que constitua ato repulsivo a nossa cultura,20 foi absolutamente necessária à sobrevivência dos demais. Uma vez constatada a possibilidade concreta de morte de todos, ao Estado não é permitido exigir que o indivíduo sacrifique sua vida pela vida de outro ou de outros, afirmação que - sob ponto de vista dos bens jurídicos envolvidos – revela uma igualdade entre bem jurídico preservado e bem jurídico sacrificado. Tais assertivas, então, permitem dizer que não há crime, não há ilicitude, na medida em que o próprio ordenamento jurídico justifica essa medida extrema. De sorte que, se de um lado a lei proíbe, de outro a mesma lei consagra a exceção necessária para a harmonia do sistema jurídico. 3. Contratualismo e Teoria Geral dos Contratos Privados, Prof. Darcy Paulo Gonzales de Moraes 20 Não podemos olvidar que, antes da colonização lusitana, vários povos indígenas praticavam o canibalismo, o que consistia em grande honra à vítima. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Ante certas peculiaridades do texto, poder existir certa dificuldade em distinguir o que seja a noção contratualista da sociedade, e suas consequências, e a teoria dos contratos na ordem jurídica privada. Conforme esclarece Norberto Bobbio, o Contratualismo compreende variadas e complexas definições, podendo sê-lo por perspectivas diversas. Em um amplo sentido, compreende todas as teorias políticas que visualizam a origem da sociedade e o fundamento do poder político, do Governo, da soberania e do Estado a partir de um Pacto Social, expresso ou tácito, havido entre a maioria dos indivíduos, cuja ocorrência encerra o Estado Natural (correspondente aos indivíduos antes desse pacto), inaugurando o Estado Social e Político. Em um sentido mais delimitado, compreende a escola filosófica que surgiu na Europa entre o século XVII, até o século XVIII, entre os quais destacaram-se J. Althusius, T. Hobbes, B. Spinoza, S. Pufendorf, J. Locke, J.-J. Rousseau, I. Kant21. Ainda segundo Bobbio22: “É igualmente necessário fazer uma distinção analítica entre três possíveis níveis explicativos: há aqueles pensadores que sustentam que a passagem do estado de natureza ao estado de sociedade é um fato histórico realmente ocorrido, isto é, estão dominados pelo problema antropológico da origem do homem civilizado; outros, pelo contrário, fazem do estado de natureza mera hipótese lógica, a fim de ressaltar a idéia racional ou jurídica do Estado, do Estado tal qual deve ser, e de colocar assim o fundamento da obrigação política no consenso expresso ou tácito dos indivíduos a uma autoridade que os representa e encarna; outros ainda, prescindindo totalmente do problema antropológico da origem do homem civilizado e do problema filosófico e jurídico do Estado racional, vêem no contrato um instrumento de ação política capaz de impor limites a quem detém o poder.” Observe-se que o Contratualismo, em princípio, parece opor-se à teoria do Direito Natural, que assevera ter a sociedade formado-se a partir de um natural instinto do homem. Todavia, nele se assentam seus princípios básicos, 21 22 BOBBIO, Noberto. (Orgs.). Dicionário de Política, 11ª ed. Brasília: UNB, 1997. f. 272-275. BOBBIO, Noberto. Op. e loc. Cits. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca evoluindo apenas em suas formulações. Basta verificar a síntese do pensamento dos seus principais filósofos, fundamentada em que a propriedade é um direito natural do homem. O Estado de Natureza é um estado de liberdade perfeita, organizado por uma lei natural que a todos obriga; portanto, quando a razão humana estabelece que todos são iguais, independentes, nenhum deve criar conflitos para os outros em suas vidas, suas liberdades e, principalmente, relativamente aos seus bens, pois só assim cumpre-se aquela lei natural obrigatória a todos. Modifica-se um pouco esse entendimento, quando Rosseau propõe, no seu livro O Contrato Social, que o povo é soberano, pois ele é, ao mesmo tempo, parte ativa no processo de elaboração das leis, e parte passiva, pois as obedece dentro da sociedade. Esse pensamento, influencia a revolução francesa, pois visava a retirada do poder da monarquia. O Estado Convencional é resultado de uma vontade geral, manifestada pela maioria dos indivíduos. A nação (o povo organizado) é superior ao rei, pois não existe direito divino ao poder da realeza. O Direito é decorrência legislativa da Soberania Popular. O Governo é instituído para promover o bem comum, e só é suportável enquanto justo, pois se assim não ocorrer, o povo tem o direito de substituí-lo, refazendo o Contrato Social. Noutro recorte histórico, Bobbio verifica que no século XIX, o Contratualismo parece sair de cena, porque a origem de um Estado de Natureza, do qual os homens teriam saído mediante um contrato, mostra-se abstrata e irreal, após a realização de estudos antropológicos, retirando do Contratualismo possibilidades teóricas para explicar a ordem orgânica e a mudança social, resultante dos conflitos. Porém, partindo do Pacto Social (regras de jogo que devem ser estabelecidas antes do seu início), os teóricos do Contratualismo buscam justificar um fundamento para a obrigação política e para o cumprimento da lei: John Rawls visa a uma maximização da igualdade; James Buchanan, a readequar os princípios liberal-democráticos ao Welfare State (Estado de Bem-estar Social); Robert Nozick, a reapresentar de modo tão radical a liberdade individual que acaba por defender a anarquia; todos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca traduzindo diferentes soluções de maior ou menor interferência do Estado na vida social e econômica23. A visão dos contratos privados não é necessariamente uma oposição ao denominado Contrato Social, mas é totalmente diferente quanto aos seus fins. Enquanto o pensamento contratualista busca explicar o mundo e as relações de poder nele estabelecidas, na relação contratual privada tem-se a tentativa de resolução de conflitos entre indivíduos, revelando grande importância social, haja vista constituir instrumento jurídico fundamental nas relações da sociedade contemporânea. Etimologicamente, contrato refere-se ao vínculo jurídico estabelecidos entre vontades diversas, com um determinado objeto específico, criador de direitos e obrigações. A expressão contractus, tem significado de unir, de ajuste, de pacto ou de convenção. Pacto origina-se de pacis si, estar de acordo. De sua vez, convenção, provém de conventio, de cum venire, vir junto. Constitui, portanto, o concerto estabelecido entre duas ou mais pessoas, que assumem certas obrigações ou regulam entre si direitos24. Com efeito, na teoria clássica, Contrato é o acordo de vontades, entre duas ou mais pessoas, com conteúdo patrimonial, para adquirir, modificar, conservar ou extinguir direitos. Trata-se espécie de Negócio Jurídico, isto é, ato humano que atende aos elementos da ordem jurídica, que a vontade humana declara para a produção de efeitos esperados pelas partes. O Contrato, por sua vez, possui uma dupla função: a econômica, dado o seu conteúdo patrimonialístico, fazendo circular a riqueza, dentro do sistema em que é privilegiado o Direito de Propriedade; e a social, porque ele possibilita as relações equilibradas dos indivíduos em sociedade, pela exigência de respeito aos pactos assumidos. Os contratos exigem elementos (pressupostos) necessários para sua existência, validade e eficácia. Os elementos subjetivos são a existência de duas ou mais pessoas para a sua formação; a aptidão específica para contratar; a capacidade para a prática da vida civil e consentimento das partes contratantes. Os elementos objetivos são a licitude do objeto; a possibilidade 23 BOBBIO, Noberto. Op. e loc. Cits. LARROUSE. Grande Enciclopédia Larousse Cultural, vol. 7, São Paulo: Nova Cultural, 2004. f. 1598. 24 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca física e jurídica do objeto; a determinação do objeto (certo, determinado ou determinável); a economicidade do objeto. Além disso, podem existir requisitos formais, isto é, pertinentes a formula do contrato de acordo com as disposições legais sobre o assunto. Norteia-se a Teoria Geral dos Contratos clássica em três princípios básicos: 1) Autonomia da Vontade: significando a liberdade das partes de contratar, de escolher com quem contratar, o tipo e o objeto do contrato e de dispor do seu conteúdo, de suas cláusulas, conforme os interesses que pretendem auto-regulados; 2) Obrigatoriedade do Pacto: significando que o contrato faz lei entre as partes (Pacta Sunt Servanda); 3) Relatividade dos Efeitos do Contrato: os efeitos do contrato só se realizam entre as partes que nele intervém manifestando a sua vontade, vinculando-os e não afetando a terceiro nem a seu patrimônio. Contemporaneamente, a Teoria Geral dos Contratos Privados tem-se modificado, pois o contrato não interessa mais apenas às partes contratantes, deixando de ostentar uma característica essencialmente privada. Seu fundamento primeiro não está mais no Direito Privado, mas no Direito Constitucional (Direito Público). Daí, o surgimento de novos princípios a orientar a matéria com máxima amplitude. Destaquem-se da Constituição Federal brasileira de 1988, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CF), o Princípio da Solidariedade Social (art. 3º, I, CF), o Princípio da Igualdade (art. 5º, CF), o Princípio da Proteção de Direitos da Personalidade (art. 5º, V, X, CF), e os Princípios da Propriedade Privada e da Função Social da Propriedade (art. 5º, XXII e XXIII e 170, III, da CF). Esses princípios constitucionais incidem diretamente sobre o Direito Privado, sobre os Contratos gerando efeitos que atenuam a perspectiva individualista clássica da matéria, para torná-la ética, social e eficiente, acrescentando nova base principiológica à Teoria dos Contratos, concorrentes com os demais princípios individuais tradicionais. Assim, tem-se o Princípio da Função Social do Contrato, estabelecendo que a “liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”, como dispõe o art. 421, do Código Civil brasileiro, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca significando que qualquer contrato deve ter utilidade social, deve conter justiça, não deve se prestar para abuso econômico e deve respeitar as normas de ordem pública e os bons costumes. Exige o respeito ao principio da dignidade da pessoa humana, relativização do principio da igualdade das partes contratantes, consagração da cláusula implícita de boa fé objetiva, respeito ao meio ambiente e ao valor social do trabalho. Outro princípio é o da Boa Fé Objetiva, impondo às partes contratantes agir com lealdade, honestidade, honradez, probidade e confiança recíproca, objetivamente significando o modo concreto de agir das pessoas, de modo adequado e conforme a lei, e subjetivamente, a intenção da pessoa ao contratar, devendo prevalecer sua intenção verdadeira e não as fórmulas contratuais adotadas. Esse princípio exerce a função de interpretação dos contratos, conforme a real intenção das partes, visando a manter o equilíbrio do contrato, como consta, exemplificativamente, do art. 113 do Código Civil brasileiro; também, impõe limitação do direito subjetivo dessas, permitindo revisar o abuso de direito (art. 187 do mesmo Código Civil) e, por fim, visa a atender aos deveres acessórios ao contrato, como a proteção, a informação e a lealdade entre todos os pactuantes (art. 422 do CC). Enfim, o Princípio da Equivalência Material, implicitamente deduzido de diversos dispositivos normativos, cuida do atendimento à igualdade ou isonomia constitucionais (tratando os iguais de modo igual e os diferentes de modo diferente). Segundo este, no contrato entre as partes, deve existir equivalência de obrigações, reciprocamente. Se esse equilíbrio é abalado, deve ser permitido revisar o pacto, inclusive judicialmente, para seu restabelecimento ou sua rescisão sem ônus. Dele derivam, no Código Civil brasileiro a proteção do aderente em contrato de adesão (arts. 423 e 424), na possibilidade da resolução por onerosidade excessiva (cláusula “rebus sic stantibus” implícita em todos os contratos, arts. 478/480) e na anulabilidade da convenção pelo vício da lesão (art. 157). Retomando o texto O Caso dos Exploradores de Cavernas, verifica-se da brevíssima análise das matérias discutidas, como antes expostas, que a solução para o caso é de extrema complexidade e, em qualquer visão doutrinária, não se poderá ter um verdadeiro sentido de justiça. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca De um lado, é muito improvável a ideia de considerá-los em Estado de Natureza, pois se nessa situação fosse possível criar regras particulares, por que não o seria em outras tantas, em que os limites humanos são testados. O risco de se cair no descumprimento contumaz da lei, por sempre ser possível (ao menos em tese) sustentar circunstâncias em que o Direito regular não poderia (ou não deveria) alcançar as pessoas, tornando-as legisladores, juízes e executores individuais de normas particulares, é inevitável. A insegurança jurídica, então, é consequência óbvia. Noutro norte, a aplicação sem qualquer medida da lei, sem consideração aos fatores humanos envolvidos, igualmente levaria a outras dificuldades. Se assim pudesse ocorrer, não seriam necessários juízes, nem Poder judiciário, bastariam rotinas de leitura das leis e aplicação incontinenti de seus efeitos (contemporaneamente, qualquer programa de informática resolveria de modo muito eficiente todos os julgamentos). Ora, nem os mais prosaicos e rotineiros contratos privados podem renunciar à eventual interpretação de suas cláusulas. Menos ainda, tratando-se de vidas humanas. Igualmente, não haveria segurança jurídica nessas rotinas, sem contar a necessidade de que o ordenamento jurídico pudesse prever todas as situações da vida, de modo a disciplinar integralmente todas as relações. Isso é impossível. Igualmente, não se pode admitir que possam as pessoas contratar visando objetos ilícitos, imorais, com flagrante violação dos princípios fundamentais que norteiam uma sociedade (v. g. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana). Menos ainda, poder-se-ia admitir a imposição desse contrato a qualquer das partes, com base em qualquer doutrina jurídica, pois o simples conhecimento basilar dos conteúdos principiológicos, que devem nortear essa matéria, afasta por inteiro essa pretensão. Admitir-se essa situação de máximo privilégio ao Contrato, tornando-o absolutamente intangível, também geraria circunstâncias de extrema insegurança jurídica. Basta imaginar situações como comercialização de órgãos humanos, ou o contrato de trabalho escravo ou absolutamente subserviente. Então, verifica-se que o Direito exige constante adequação e atualização permanente pela sociedade, a fim de conseguir dar conta da resolução de conflitos cada vez mais complexos. Por isso, a adoção de qualquer sistema Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca fechado, para aplicação do Direito à vida, esbarrará na insuficiência de argumentos para uma solução justa. Daí, a necessidade de migração do Direito para novos horizontes de fundamentação, assentados intransigentemente nos Direito Humanos Universais e em suas consequências lógicas para qualquer ordenamento jurídico, como única forma de busca de sentido de justiça. 4. O Estado de Exceção, a legalidade e a legitimidade, pressionados pela opinião pública: Prof. Emerson de Lima Pinto Em “O Caso dos Exploradores de Cavernas” o debate sobre a legalidade e legitimidade do Estado, pressionados pela opinião pública, vem à superfície e destaca diversos problemas teóricos que, se no ano 4.300 ainda não estão resolvidos, imagine o leitor como se processa em nossa realidade debutante do século XXI. Ainda direito natural e direito positivo apresentam uma tensão presente na cátedra do direito que, no entanto, tem sido permeada por diversos filósofos (Habermas/Heidegger/Gadamer) que tem contribuído neste debate. A situação em análise apresenta uma espécie de suspensão do direito, o Estado de Exceção e, para pensarmos sobre tal condição torna-se fundamental abordarmos a legalidade e legitimidade. Para tanto, Cadermatori 25 diferencia os conceitos de legitimidade e legitimação. Ele considera o significado de legitimidade como “quotidianamente, dizer que um poder é legítimo equivale a assegurar que é justo e; que é merecedor de aceitação, isto é, significa atribuir-lhe valoração positiva”. Por outro lado, ele diz que para o poder ser legitimado “significa que de fato suscita consenso”. O princípio da legalidade tem por finalidade a concretização de um dos objetivos maiores do Estado de Direito, ou seja, “do Estado que deve respeitar as próprias leis que edita”.26 Em outras palavras, significa a submissão da 25 Cadermatori, 1999, p. 93. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 4.ed.rev.ampl.atual. com EC nº 19/98 (Reforma Administrativa) e EC nº 20/98 (Reforma da Previdência). Rio de Janeiro: Editora Lúmen Juris Ltda, 1999. p. 12. 26 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Administração Pública à legislação. Denota, também, o sentido de garantia, em que existe a certeza jurídica de limitação do poder das autoridades estatais, tornando o poder objetivado aos ditames legais. 27 O caso em tela inicialmente suscita eventual situação de legitimidade para os espeleólogos28, mas, também, os problemas decorrentes do princípio democrático. A legitimidade só se dá nas democracias pelo critério numérico, diante da vontade da maioria, sob a expressão da soberania popular, pois surge do livre debate e da discussão racional. O governo mostra-se afastado do processo decisório e após ávido por uma resposta simbólica e exemplar para a sociedade. Nesse âmbito, o governo legítimo (pela narrativa do texto, após o holocausto futurista, com rígida separação de poderes) é aquele que radica a vontade das maiorias e se afirma de modo perverso (violação das minorias). E aí passamos a (re)lembrar alguns dos dilemas enfrentados por nossos fictícios magistrados e, em especial, o magistrado Foster J. O formalismo atuante no pensamento dos magistrados (Foster) de nosso caso aparece na seguinte assertiva: “Se os trágicos acontecimentos deste caso tivessem tido lugar a uma milha dos nossos limites territoriais, ninguém pretenderia que nossa lei lhes fosse aplicada. Reconhecemos que a jurisdição tem base territorial. As razões desse princípio não são de nenhum modo óbvias e raramente são examinadas. Penso que esse princípio baseia-se na suposição de que só é possível impor-se uma única ordem jurídica a um grupo de homens”29 (grifo nosso) Nessa linha de pensamento, José Afonso da Silva leciona: “O princípio da legalidade é nota essencial do Estado de Direito. É, também, por conseguinte, um princípio basilar do Estado Democrático de Direito, como vimos, porquanto é da essência de seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na 27 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo. 9.ed.rev.ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 141. 28 FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de caverna. Trad. de Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre, Fabris, 1976, p.1. 29 FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de caverna. Tradução original do inglês e introdução por Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre, Fabris, 1976. pág.13. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca legalidade democrática. [...] É nesse sentido que se deve entender a assertiva de que o Estado, ou o Poder Público, ou os administradores não podem exigir qualquer ação, nem impor qualquer abstenção, nem mandar tampouco proibir nada aos 30 administrados, senão em virtude da lei. (grifo nosso) Portanto, entendendo o significado dos termos, a diferença é que o significado de legitimidade é considerado para o resultado de um processo de consenso ou adesão chamado de legitimação e, nesse sentido, parece-nos contra-senso sustentar a tese do contrato firmado entre os homens presos. É legítimo o que se faz de acordo com a lei. Por outro lado, Bonavides 31 entende que, de acordo com o conhecimento filosófico, a legitimidade “repousa no plano das crenças pessoais, no terreno das convicções individuais de sabor ideológico, das valorações subjetivas, dos critérios axiológicos variáveis segundo as pessoas.” Neste âmbito, ela não responde aos fatos, à ordem estabelecida, mas inquire acerca dos preceitos fundamentais que justificam ou invalidam a existência do título e do exercício do poder e da regra moral, em que o poder dos governantes deve ser modificado para receber a aceitação dos governados. Com a sociedade de massas do século XX, a opinião pública tem uma configuração inteiramente distinta, tendo em vista o desenvolvimento da tecnologia de informação: ela pode ser “criada”, “influenciada” ou formada, porém nunca “ignorada”. Bonavides (ano, p. X) adverte que “alguns publicistas a vêem enfraquecida. Nós a vemos materialmente forte, abalada apenas do ponto de vista ético, pois as esperanças nela depositadas como guardiãs da pureza e da legitimidade dos governos democráticos se desmancharam. Tão forte materialmente que a Ciência Política não pode ignorá-la, depois de haver entrado nos segredos de sua manipulação”, o que fica claramente demonstrado nas preocupações do juiz Handy J. O magistrado Handy J. analisa os argumentos e identifica as escolas filosóficas de seus colegas com adequação e, em sua fundamentação, de 30 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 20.ed.rev.atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 419. 31 Bonavides, 1995-1999, p. 115. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca modo solar e didático, com cinismo e pragmatismo traz ao debate o tema referente à opinião pública e seu peso no momento de decidir o caso. Demonstra sincera preocupação com a repercussão da decisão que será adotada e inclina-se de modo populista a asseverar com tranqiilidade o que demonstra o desejo de uma opinião publica pré-formada.32 A opinião pública, deixando de ser espontânea (ou livre) e racional, para a ser artificial e irracional. Assinala assim em seu curso histórico duas distintas fases de “politização” intensiva: a do Estado liberal e a do Estado social (democrático-ocidental ou autocrático-oriental, de cunho marxista - num e noutro sempre o Estado da sociedade de massas). O equilíbrio dos poderes e a legalidade são lembrados pelo magistrado Keen J. e sua decisão racional, que possui o lugar da fala do pensamento dogmático e positivista nesse julgamento: “esta é, porém, segundo o nosso sistema constitucional, uma questão da competência do chefe do Poder Executivo e não nossa”.33 32 “Portanto, é perfeitamente claro o sentimento da opinião pública frente ao caso. Aliás, poderíamos tê-lo sabido sem a sondagem, com base no senso comum ou mesmo observando que neste Tribunal há manifestamente quatro homens e meio, ou seja noventa por cento, que partilham da opinião comum.(...) Isto torna obvio não somente o que deveríamos, mas o que devemos fazer, se desejamos preservar entre nós e a opinião pública uma harmonia razoável e decente. O fato de declararmos estes homens inocentes não nos envolve em nenhum subterfúgio ou ardil pouco digno. Tampouco é necessário qualquer princípio de interpretação legal que não esteja de acordo com o modo de proceder deste Tribunal. Certamente nenhuma pessoa leiga pensaria que, absolvendo estes homens, nós tivéssemos desvirtuado a lei mais do que nossos predecessores o fizeram quando criaram a excludente da legítima defesa”. (grifo nosso) – (FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de caverna. Tradução original do inglês e introdução por Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre, Fabris, 1976. pág.61-2). 33 FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de caverna. Tradução original do inglês e introdução por Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre, Fabris, 1976. pág.40-1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Os direitos de justiça abrangem direitos sociais de desenvolvimento que numa escala evolutiva introduzem os direitos da segunda e terceira geração. Justiça e liberdade são o binômio dos direitos fundamentais. Até aqui a legitimidade se submetia à legalidade e isso fica claro na visão do magistrado Keen J. Entretanto, com a nova visão do Estado Constitucional a legalidade passou a ocupar um lugar secundário, inferior, subordinando-se a uma nova legitimidade, em ascensão que logo tomou a primazia e, traduzida em princípios, subiu ao cume da hierarquia normativa nos ordenamentos constitucionais. “Quando prevaleciam por única constante na caracterização do Estado Moderno os direitos da primeira geração, a lei era tudo. Quando se inaugurou, porém, a nova idade constitucional dos direitos sociais, como direitos da segunda geração, a legitimidade – e não a lei – se fez paradigma do Estatutos Fundamentais. No Constitucionalismo contemporâneo a Teoria da Norma Constitucional passou as ter, a nosso ver, a legitimidade por fundamento. A legitimidade é o direito fundamental, o direito fundamental é o princípio, e o princípio é a Constituição na essência; é, sobretudo, sua normatividade. Ou, colocado em outros termos; a legalidade é a observância dos valores e dos princípios. Ambas se integram na jurisdicidade e eficácia do sistema.”34 Essa distinção é importante, sobretudo, porque, como assevera o pensamento de Ferrajoli, pode acontecer que uma norma seja vigente e eficaz mesmo sendo inválida, como pode acontecer que uma norma seja válida, mas nem por isso eficaz, o que é absolutamente incompatível com um Estado de 34 BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 4.ed., Local: editora, 2003, p. 32. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Exceção, uma vez que a ordem jurídica encontra-se numa espécie de suspensão. E, sobre o Estado de Exceção e a anormalidade da lei, Castor destaca: “não podem ser apreendidas nem, compreendidas plenamente no plano do direito por sua própria condição de excepcionalidade, caso contrário não seriam excepcionais. Por isso o estado de exceção criou-se como forma legal daquilo que não pode ser Legal. Tenta legitimar aquilo que não tem legitimidade, jurídica, ou seja, a exceção, e como conseqüência a arbitrariedade de quem decide a exceção. [...] Na base da exceção encontra-se sempre uma vontade soberana que tem o poder de decretá-la, de forma mais ou menos arbitrária, suspendendo total’ ou parcialmente a ordem. A exceção revela o soberano. Ao decretar a exceção, o soberano sai das penumbras do direito como aquele que tem o poder de suspender o direito e impor uma ordem a partir de sua vontade soberana.”35 (grifo nosso) O Estado de Exceção apresentou-se na caverna. Ao invés do povo exercendo seu poder soberano representado pelo Estado por meio dos seus poderes constituintes, foi improvisado em ambiente natural (caverna). O elemento artificial foi a soberania exercida por todo povo da pólis por meio de uma distorcida realidade democrática. Não houve proclamação de guerra contra outro Estado soberano, mas sim legalizou-se uma espécie de nova ordem na qual o direito (existente no Estado exterior) acabou dando lugar à faticidade que impôs uma nova normatividade de legitimidade discutível. Dessa forma, o princípio da legalidade pode ser considerado um dos mais importantes na atuação do Estado e da Administração Pública, não exclusivamente por ser um princípio constitucional e expresso, mas também porque “nasceu com o Estado de Direito e constitui uma das principais garantias de respeito aos direito individuais”.36 Em linhas gerais, “significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às 35 CASTOR, Ruiz. O estado de exceção como paradigma de governo. Revista IHU On-Line. Disponívle em: <...>. Acesso em: ..., p.39-40. 36 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 12.ed. São Paulo: Atlas, 2000, p. 67. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca exigências do bem comum”,37 que autoriza ao Chefe do Poder Executivo a proceder com o perdão caso os exploradores fossem condenados à morte. Ou seja, o princípio da legalidade impõe que a Administração Pública só faça o que a lei permitir, sendo que “qualquer ação estatal sem o correspondente calço legal, ou que exceda ao âmbito demarcado pela lei, é injurídica e expõese à anulação”.38 Portanto, pode-se mencionar que uma das formas dessa diretriz se expressar é através da fiscalização da atividade discricionária sempre contida pela lei no Estado legítimo, mas ausente no Estado de exceção. Agamben sinaliza que, “entre os elementos que tornam difícil uma definição de Estado de Exceção, encontra-se, certamente, sua estreita relação com a guerra civil, a insurreição e a resistência. Dado o que é oposto ao estado normal, a guerra civil se situa numa zona de indecibilidade quanto ao estado de exceção, que é reposta imediata do poder estatal aos conflitos internos mais extremos.”39 O princípio da legalidade é princípio essencial e formador do Estado Democrático de Direito, ou seja, é o que o qualifica e lhe dá identidade. Assim, o Poder Público, em todos os atos, deve estar submetidos às disposições legais, não podendo existir, para a ação do agente público, outra fonte que não a lei em nossa doutrina dominante. Por essa razão, o magistrado Keen J. é tão servo da lei quanto da concepção de vida (a sua) e de morte (dos espeleologistas) em razão do crime produzido no Estado de Direito que, é bem verdade, naquele momento estava distante dos infelizes. Todavia, por fim, convém destacar que o princípio da legalidade pode sofrer restrições na sua aplicabilidade diante de circunstâncias excepcionais expressas na Constituição Federal. Para tais casos, o Presidente da República está autorizado a adotar providências incomuns para enfrentar a ocorrência atípica; é o caso, por exemplo, das medidas provisórias, da decretação do “Estado de defesa” e do “Estado de sítio”40 mesmo em nossa sociedade contemporânea. Portanto, diante das ações exercidas pelo Estado, há que ser sempre levado em consideração que, até que se prove o contrário, o ato administrativo é válido, devendo ser cumprido e respeitado pelos seus destinatários até a declaração de sua invalidade pelo Judiciário ou pela própria Administração. E quanto ao caso? A quem assiste razão? No holocausto nazista convivemos com os Sonderkommando?41 A queda do avião nos Andes? A sobrevivência 37 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo arasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 2001, p. 82. 38 GASPARINI, Diogenes. Direito administrativo. 6.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 7. 39 AGANBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004, p. 12. 40 MELLO, Celso Antônio Bandeira da. Curso de direito administrativo. 13.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Malheiros Editores, 2001, p. 76. 41 AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). São Paulo: Boitempo, 2008, p. 34. A figura extrema da “zona cinzenta” é o sonderkommando. As SS recorriam a esse eufemismo – Esquadrão Especial – para nomear o grupo de deportados a quem era chefia da à gestão das câmaras de gás e dos fornos crematórios. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca nesse caso se impõe! Mesmo que ela provoque marcas tão profundas que melhor talvez tenha sido a morte na morte, e não a morte em vida. No século XXI estamos mais perto de Hobbes do que de Rousseau? Pelo visto, no século XLIII também estaremos mais perto da barbárie, mas vivos! 5. A questão da Justiça e do Direito, Profa. Ângela Kretschmann Aqui podemos começar lembrando as diferenças entre Direito e Moral, para logo discutir a questão da Justiça. Lembramos que nem tudo o que é legal é moral, assim como, nem tudo o que é legal é justo. E é assim que, observando o caso, a sentença que aplica a condenação em função da prática de ato ilícito, como homicídio, na época e na lei previsto como crime (“quem quer que prive intencionalmente a outrem da vida será punido com a morte”), está portanto, respeitando a Llegalidade. Por outro lado, ficaria bem fácil julgar o caso, aplicando-se a lei então vigente e caso encerrado. Contudo, não é assim que ocorre na teoria jurídica e mais ainda na aplicação prática. É isso que vem fazer no caso o Juiz Forster, criticando o simplismo adotado pelos demais julgadores, argumentando que a própria ei, no caso, deveria ser julgada. Seria, portanto, uma questão de Justiça a ser levada em conta, e aplicada à Lei, para verificar se deveria a Lei valer no caso analisado. O caso que é colocado em discussão tem o condão de alertar sobretudo para a questão da aplicação da Justiça, quando respeitada a Legalidade. Ou, em outras palavras, o caso demonstra o quanto não é possível simplesmente invocar a aplicação da Lei sem uma análise da situação concreta, merecendo compreender se, na situação em análise, nas condições existentes, seria possível exigir das pessoas envolvidas, outra ação ou atividade, ou se seria razoável que, numa situação de desespero, tomassem uma atitude que, ainda trazia ou vinha revestida de razoável racionalidade, visto que a morte de um deles foi resultado de uma combinação de vontades: participar de um jogo – mortal. Talvez mais do que propor uma reflexão, a obra visa trazer a lume uma questão jurídica fundamental para os iniciantes do curso de Direito: entre os fins do Direito, que se aprende desde o início da faculdade, estão a Justiça e a segurança jurídica, que vistos como valores tornam-se difíceis de equilibrar, e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca estende-se a mão à antiga idéia de aequitas (equidade) romana para tentar a melhor solução, a mais justa, e segura – em termos legais. Na realidade, quando o Juiz Forster argumenta que o próprio tribunal estaria para ser julgado, caso condenasse os sobreviventes, estava buscando explicar o quanto a aplicação da letra fria da lei pode gerar outra injustiça, talvez maior do que aquela causada pelo que estavam sendo julgados os réus, uma vez que, ao tentarem sobreviver, aceitando proposta feita pela própria vítima, restariam condenados à forca quando fossem libertados. Na verdade, o caso, que parece tão hipotético e, ao mesmo tempo, tão distante de nossa realidade, mostra-se bastante próximo e real. Basta lembrar que outros casos já ocorreram na história42 e que há também os casos reais que inspiraram a própria história escrita por Lon Fuller.43 O principal argumento vincula-se ao estado de natureza em que se encontravam, onde não se poderia exigir a aplicação das leis do Estado, pois estavam os espeleólogos em estado natural, numa caverna isolada onde as leis não poderiam valer, onde o que valiam eram seus instintos de sobrevivência e seria, portanto, injusto condenar à morte aquele que tentasse se salvar, estando num estado de natureza, tentando, portanto, salvar o bem que lhe é mais importante, a vida. Aqui, relevante apontar a justiça reexaminada, nas palavras de Perelmann, que expõe que qualquer análise da justiça deveria começar com a questão: “será a justiça a única virtude referente às nossas relações com outrem ou será apenas uma das virtudes, em competição com outras, tis como a equidade, a misericórdia, a generosidade?” O autor pondera que Platão escolheu a primeira opção, enquanto Aristóteles, e ele próprio, Perelman, escolheu a segunda. São filosofias distintas, ainda que ambas idealistas. 42 ...em 1972, um avião da Força Aérea do Uruguai, com atletas de rúgbi, caiu nos Andes, entre o Chile e a Argentina. Muitos passageiros morreram. Outros, após longos dias de sofrimento, resolveram canibalizar os mortos, para garantir a sobrevivência. Dezesseis, ao final, foram salvos. O episódio está em vários livros e filmes, dentre os quais a película Vivos, de Frank Marshall e o texto Os Sobreviventes — A Tragédia dos Andes, de Piers Paul Reed, além do recente A Sociedade da Neve, de Pablo Vierci(LEITE NETO, José Rollemberg. O Dia. Direito não cogita censurar resgate de mineiros. Aracajú, SE, 17/10/2010). 43 ...Queen v. Dudley e Stephens (L. R. 14 Q. B. Div. 273; 1884) e United States v. Holmes (1 Wall. 1; 1842) - os mais atraentes e importantes temas da teoria jurídica, mostrando, paralelamente, que os mesmos problemas que preocupavam os homens da época de Péricles continuam a afligir-nos nos dias que correm... (AZEVEDO, Plauto Farraco, na introdução a do livro de FULLER, L. Lon. O caso dos exploradores de cavernas., cit. p. 4) Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Contra uma justiça absolutista, inspirada no espírito das matemáticas, Aristóteles traz o ideal da prudência, inspirado longamente na experiência da práxis humana e funcionamento das instituições humanas, e responde: Quando a situação, saindo do trivial, não tiver sido prevista pelo legislador, o juiz deverá procurar, inspirando-se na equidade, uma solução mais justa do que a da lei, mais adequada ao problema.44 Talvez poderíamos perguntar aqui se o que mais teria levado os sobreviventes à condenação não teria sido o modo como friamente decidiram tudo através de um jogo de dados, enquanto que se, ao contrário, tivessem se engalfinhado, lutando pela vida, com unhas e dentes, talvez se pudesse perceber que efetivamente não apenas estavam, mas se sentiam em um estado de natureza, pois afinal, sendo tudo resultado planejado, parece também que o estado de natureza alegado acaba desaparecendo, e o uso dos instintos desaparece ainda mais. Então o julgamento atenta para a frieza com que, mesmo numa situação desesperadora, enfrentam de modo racionalíssimo a questão. Há ali uma grande contradição, portanto, que observo, e que, apesar de fundamentar a tese da imoralidade da aplicação da Lei, no caso concreto, antes serve para condená-los ainda mais. Uma demonstração de desequilíbrio psicológico, de uso dos instintos, sim, parece que os levaria a um verdadeiro estado de necessidade, e o uso dos instintos teria se feito ouvir. No entanto, o que se ouviu? Um jogo, racionalmente proposto, racionalmente jogado, uma vida posta por dados. E uma morte planejada. É então de se admitir que assumiram o ato e só nos restaria falar em perdão, porque o crime foi cometido.45 E a questão do perdão, do apagamento da memória, tanto a nível social quanto pessoal, merece considerações filosóficas mais aprofundadas, o que deixo, adiante, para o Prof. Mário Taddei Sá. 6. Liberdade e responsabilidade na ação, Prof. Mário Antônio Taddei Sá 44 45 PERELMAN, Chaïm. Ética e direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 248-249. RICOUER, Paul. A memória, a história, o esquecimento. São Paulo: Unicamp, 2007, p. 505. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Na introdução do texto, encontro elementos que não me permitem mais ficar calado. O filósofo quer participar do encontro neste Jardim colorido de idéias, mas aberto aos diálogos, reflexões, conflitos, construções e descontruções. Busco no Existencialismo o espaço propício para este passeio, no encontro com Heidegger, Sartre, Husserl, Nietzsche e outros. Portanto, a iniciativa do diálogo é uma dialética que nos proporciona a oportunidade de alcançarmos os objetivos acadêmicos necessários para não estagnarmos na técnica e colocarmos nossos olhares na essência do Direito com uma visão mais holocêntrica. O ponto de partida pode ser a Fenomenologia (método elaborado por Husserl) que nos leva à “Filosofia da Vivência”, proporcionando a teoria filosófica transformar-se numa prática cotidiana. Husserl parte do pressuposto de que “para se conhecer a verdadeira natureza do fenômeno é necessário aproximar-se dele com consciência pura, abstendo-se de pensar dele qualquer coisa que possa ter sido dita pela filosofia, história, literatura ou até mesmo pelo bom senso”.46 Seu discípulo principal, Martin Heidegger, parte da fenomenologia defendendo a idéia da intencionalidade da consciência. Nesse sentido, Ser Humano significa tornar-se humano. Ao nascer sou apenas “filho de humanos”, pois, segundo o filósofo, cheguei ao mundo de forma passiva, que ele chama de facticidade. Não pedi para nascer e, agora, encontro-me diante desse universo que não criei mas nele eclodi! O homem é um ser no mundo, ou seja,um ser-aí. A partir do ser-aí surge a especificidade do SER: a existência. Assim, posso escolher sair da passividade e participar ativamente de meus atos. Numa segunda fase, esse homem pode tomar a iniciativa de descobrir o sentido da existência e orientar as suas ações através da transcendência (o prefixo “trans” significa “ir além de”)”.47 Ele é o único responsável por suas ações e desenvolvimento de sua individualidade. Assim, “os homens não são iguais. Nosso desejo é não possuir nada em comum. A natureza odeia a 46 47 BATTISTA, Mondin. Curso de filosofia. V. 3. São Paulo: Paulinas, 1983, p. 185. ARANHA, Maria Lúcia, et al. Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna,1993, p. 304. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca igualdade, ela ama a diferenciação do indivíduo, das classes, das espécies (Nietzsche).”48 Nessa dimensão, tenho a liberdade de partilhar, conviver e participar do processo de aprendizagem neste Jardim, com pessoas de diferentes pensamentos, conhecimentos e atitudes. Como foi citado, o Jardim é peripatético (perípatos, significa “caminhando entre colunas”, nome da Escola de Aristóteles, que funcionava no canto esquerdo no fundo do Liceu). Também eu caminho nele, nos vários ambientes. Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista francês, nos ajuda a pensar na liberdade como possibilidade humana. Ele defende a ideia que a liberdade não tem limites. Na responsabilidade de gerenciar a liberdade, engaja-se não somente o indivíduo, mas também a humanidade, pois é ela o grande projeto de convivência das diversas liberdades. “O homem está condenado a ser livre, bem como a humanidade está condenada a fazer conviverem estas liberdades. Significa que não existe nada que a impeça a não ser ela mesma, ou que não temos a liberdade de deixarmos de ser livres. Para ela todas as atividades são equivalentes”.49 É aqui que o filósofo não admite mais a omissão de calar e busca na liberdade o seu processo de libertação, de contemplação à ação criadora, desafiando seus próprios limites, encontrando no seu interior as próprias potencialidades de superação e propiciando aos demais uma discussão sobre o problema. No “O Caso dos Exploradores de Cavernas”, talvez o filósofo seja morto pelos demais, devido ao seu posicionamento diante de uma situação que se refere à essência e sobrevivência, provocando um processo de desacomodação do grupo. Quando nos encontramos na caverna estamos acomodados no processo da facticidade, dirigidos pelas “sombras”, pelas ilusões, presos às correntes dos preconceitos e das aparências, às vezes vencidos pelo próprio individualismo ou vaidade daqueles que se acham superiores. O filósofo não iria se oferecer ao sacrifício, mas provocaria, pela sua atitude, uma indignação perante os demais, levando-os ao desejo calar-lhe para sempre, transformando-o em alimento para os outros. “A dúvida é a dona 48 BATTISTA. Op. Cit., p. 75. BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2001, p. 348. 49 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca do desespero existencial. É essa dúvida que martiriza o homem, e é dela que se vive, e é nela que mora a chave da responsabilidade existencialista; entre múltiplas escolhas de liberdade, a que mais convenha àquele sujeito”. 50 Sartre afirma que essa liberdade sofre o condicionamento absoluto, pois o homem isolado, separado da sociedade, não existe: ele existe junto com os outros e cercado das coisas materiais. Por isso não temos a liberdade absoluta sem condicionamento. “Tudo o que acontece no mundo remonta à liberdade e à responsabilidade da escolha originária”.51 “Assim, ao compreender o seu ser, o homem dá sentido ao passado e projeta o futuro (pró-jeto - ser lançado adiante). “As pessoas fortes não precisam disfarçar o desejo sob o manto da razão, seu argumento é simplesmente: ‘EU QUERO’. Ao superar a facticidade, atingem um estágio superior, que é a EXISTÊNCIA, a pura essência do ser” .52 Aí, o homem tende a recusar o seu próprio ser, que ainda se acha oculto. Essa dificuldade chama-se angústia (processo desconfortável de superação): “Ela surge da tensão entre o que o homem é e aquilo que virá-a-ser, como dono do seu próprio destino. Na sua obra o Ser e o Nada, Sartre cita a consequência desta postura: - Inautenticidade: é a despersonalização que faz o homem mergulhar no anonimato. Anula qualquer originalidade. A aparência pertence também à realidade: ela é uma das formas de sua essência. Inautenticidade é impessoalidade: come-se, bebe-se, vive-se’’.53 Ao contrário, então, a autenticidade será o homem que se pro-jeta no tempo, em direção ao futuro. Existir é lançar-se continuamente a possibilidades sempre renovadas. E, na linha de Heidegger, “a melhor coisa no homem é a força de vontade, o poder e a permanência da paixão. Sem paixão somos incapazes da ação”.54 Se quisermos definir o homem numa perspectiva existencialista, só se poderá dizer o que ele é pelo que efetivamente faz, pois “a conduta do homem 50 BITTAR; ALMEIDA. Op. cit., p. 348. SARTRE, Jean-Paul. Crítica da razão dialética. São Paulo: DP&A Editora, 2002. 52 ARANHA, Maria Lúcia, et alii. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna,1993. p. 306. 53 ARANHA, Maria Lúcia, et alii. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna,1993. p. 308. 54 ARANHA, Maria Lúcia, et alii. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna,1993. p. 306. 51 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca medíocre é ditada pelo medo”.55 No existencialismo camusiano, citado por Bittar e Almeida, “focaliza-se o homem nos momentos que ele é mais homem, ou seja, na própria vivência das situações. Então, há nisso preocupação de identificar no homem não algo diferente do que realmente é, mas como se comporta de fato”.56 Com isso, é possível concluir que “não importa o que fazem no homem, mas sim o que ele faz do que fizeram dele”.57 7. Direito e interpretação – a solução justa no caso dos Exploradores de Caverna, Prof. Rogério Lins Pastl O Caso dos Exploradores de Cavernas é uma obra clássica que auxilia a todo estudante – incluindo-se os professores de Direito – a conhecer e a cada vez mais exercitar a argumentação jurídica e as diversas formas de interpretação jurídica, face aos mais diversos legítimos entendimentos que possam ser lançados em virtude da morte Roger Whetmore. Um dos desafios que o texto impõe ao leitor diz respeito à interpretação do direito. Qual técnica interpretativa deve ser utilizada a fim de apresentar uma boa solução à problemática trazida pelo autor. Qual decisão deve “reinar” ante as demais? Entre tantas alternativas existentes e que, em tese, poderiam ser utilizadas pelo operador do direito no processo de interpretação – todas legítimas e válidas – deve ser destacada a possibilidade de ser empregada a interpretação literal, a qual, como se sabe, limita sua análise às palavras da lei, procurando determinar o sentido da norma a partir da significação das palavras e da relação entre elas. De outra banda, igualmente a interpretação sociológica poderia ser lançada, buscando adaptar o sentido da lei às realidades do caso concreto e às necessidades sociais. No caso da obra em comento, vige o princípio in claris cessat interpretatio? 55 BATTISTA, Mondin. Curso de Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1983. v. 3, pág. 74. BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de., cit. P. 345. 57 Com Sartre, cfe . ARANHA, Maria Lúcia, et alii. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna,1993. p. 304. 56 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Com todo respeito aos entendimentos contrários, tem-se que mesmo a norma jurídica mais clara a ser aplicada ao caso concreto carece, sim, de um exercício de interpretação, até para que o operador defina-se acerca da utilização do método gramatical (literal). Particularmente, vejo que o operador do direito deve se permitir formular exercícios interpretativos que sejam mais próximos da concretização do direito em virtude da realidade social e fática, procurando fazer do direito um instrumento da justiça58. Esta posição, entretanto, não induz ao rápido e equivocado raciocínio de que o operador do direito – em especial o magistrado – pode se afastar da lei, no sentido de direito positivo, e dar guarida a decisões arbitrárias e desarrazoadas, movidas pelo sentimento de paixão referido por Reis Friede59. Perelman60 afirma que o julgador deve ser suprido de elementos e argumentos sólidos que venham a robustecer sua decisão, optando, assim, entre as várias possibilidades de decidir que as partes lhe ofereceram. O julgamento dos espeólogos sobreviventes coloca em choque dois valores fundamentais: a vida de Whetmore ou a sobrevivência dos demais. Lembre-se que Roger Whetmore, vítima do homicídio, foi quem teve a ideia de que um dos aventureiros deveria servir como alimento aos demais. A obra, por outro lado, reproduz a posição válida e legítima, como já foi dito, de juízes que representam diversas correntes jurídicas: o direito natural é representado por Foster; o positivismo de Hans Kelsen por Keen; Handy, o moderado, e Tatting, que não encontra uma resposta jurídica para fazer o julgamento, abstendo-se de julgar. 58 “A melhor interpretação da lei é que se preocupa com a solução justa, não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo da exegese dos textos legais pode levar a injustiças” (RESP299, RSTJ 4/1355, Min. Athos Gusmão Carneiro no RESP 2447/RS, ADV 92/201-203) 59 “A correta aplicação dos critérios de interpretação da norma jurídica, mais do que qualquer outro fator, é que torna verdadeiramente seguro o ordenamento social, impedindo, em última instância, a subversão à ordem legal (geradora de instabilidade social) e afastando a indevida imposição da “justiça social abstrata” (ou de outras essências da paixão) sobre a própria concepção normativa inafastável das regras de Direito, particularmente do denominado Direito Positivo”. FRIEDE, Reis. Ciência do direito, norma, interpretação e hermenêutica jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2011,p. 159. 60 PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica. Traduzido por Vergínia K. Pupi. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Filio-me, com todo respeito e acatamento a entendimentos diversos, à solução engendrada pelo magistrado Handy, a qual busca a aplicação da justiça ao caso concreto. Lembre-se de suas palavras inseridas na obra: “o mundo não parece mudar muito, mas desta vez não se trata de um julgamento por quinhentos ou seiscentos frelares e sim da vida ou morte de quatro homens que já sofreram mais tormento e humilhação do que a maioria de nós suportaria em mil anos”61. Há um diálogo claro entre o direito natural e o positivismo, sendo que o juiz Handy decide com amparo no bom senso e, em última análise, na lei. O mestre gaúcho, Professor Ovídio Baptista, de saudosa memória, afirma neste sentir, que o texto frio da lei não diz nada, se as necessidades sociais e o trabalho dos especialistas sobre o texto não o revelarem para as suas necessidades e funções62. Neste espaço, vem o tempero do magistrado, fruto de sua experiência, de sua condição-de-ser-no-mundo63. Para regular a situação fática, determinada lei necessita que seus intérpretes, retirem-lhe do anonimato, colocando-a na vida, na realidade social e particular do caso concreto. Como sobreviver naquele contexto? O Direito não tem outra alternativa: tem de ser efetivo. Necessita, para tanto, libertar-se das amarras que lhe prendem a momentos históricos importantes, mas superados em face da atualidade extremamente dinâmica. Não se desconhece posições contrárias e que rejeitam a atualidade ou a permanente necessidade de atualização do Direito. Digno de registro o magistério de Savigny64 ao referir que a análise caso a caso pelo Direito seja 61 FULLER, Lon L. O caso dos Exploradores de Cavernas. Trad. Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Fabris, p. 72. 62 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. As Ações Cautelares e o Novo Processo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 63. 63 HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo, vol. I e II, Trad. de Marcia de Sá Cavalcante. Petrópolis, Vozes, 4ª ed., 1993. 64 Pero quien haya observado con atención casos litigiosos se dará cuenta fácilmente de que esta empresa ha de ser infructuosa, porque los casos reales presentan diversidades más allá de lo imaginable. Precisamente en los códigos más modernos se ha abandonado por completo todo esfuerzo por aparentar esta integridad material, sin que se haya sustituido por ninguna otra cosa. Y evidentemente tal integridad puede conseguirse de otra manera, que puede explicarse mediante una expresión técnica de geometría. En efecto, en cada triángulo hay datos conocidos, de cuya combinación se infiere necesariamente todos los demás: por ejemplo, mediante la combinación de los lados y el ángulo comprendido entre los mismos, está dado el triángulo. De modo análogo, cada parte de nuestro Derecho tiene fragmentos tales que de ellos se derivan los demás: podemos llamarlos de los principios rectores. SAVIGNY, Friederich Karl von. De la Vocación de Nuestra Epoca para la Legislación. Madri: Aguilar,1970, p. 64. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca muito trabalhosa e difícil, sendo por isso que a ciência do Direito deve ser pensada à semelhança das ciências exatas. Rejeita-se, entretanto, esta formulação. O Direito deve deixar de ser pensado como ciência generalizante, livrando-se do dogmatismo, e buscar aproximação com a História, compreendendo os fatos que são versados nos litígios como fragmentos da história das partes, que devem sim, ao contrário do professado por Savigny, ser analisados de forma individual, levando-se em consideração todas as peculiaridades do caso concreto. Ou seja, a interpretação da lei tem de levar em consideração não só seu texto, mas também as condições de seu intérprete para desenvolver essa tarefa. Dessa maneira, busca-se conciliar o texto da lei com os fatores sociais, criando-se jurisprudencialmente o direito, o que representa uma grande diferença com o que é defendido pelo positivismo. Vale lembrar as palavras de Engisch65: O resultado a que chegamos com referência à tão discutida discricionariedade é, portanto, este: que pelo menos é possível admitir na minha opinião é mesmo de admitir a existência de discricionariedade no seio da nossa ordem jurídica conformada pelo princípio do Estado de Direito. De discricionariedade, note-se, neste sentido: no sentido de que, no domínio da administração ou no da jurisdição, a convicção pessoal (particularmente, a valoração) de quem quer que seja chamado a decidir, é elemento decisivo para determinar qual das várias alternativas que se oferecem como possíveis dentro de certo 'espaço de jogo' será havida como sendo a melhor e a 'justa'. É problema da hermenêutica jurídica indagar onde e com que latitude tal discricionariedade existe. Isso, entretanto, não quer dizer que o uso da discricionariedade e a interpretação da norma jurídica devam ser exercitada livremente, sem a devida fundamentação. Não se pretende com as palavras acima conceder um mandato, um salvo-conduto aos magistrados, aos operadores do direito. O assunto, aliás, recebeu a devida atenção de Agnes Heller: 65 ENGISCH, Karl. Introdução ao Pensamento Jurídico. 5. ed. Traduzido por J. Baptista Machado. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1965, p. 227-28. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca ... quando e onde a norma deve ser aplicada, a quem e como, assim como se ela se aplica ou não ao caso em questão são assuntos que podem ser respondidos apenas se o julgamento levar em consideração motivações, necessidades e caracteres quanto a essas condições serem relevantes à aplicação da norma.66 A interpretação gramatical da norma jurídica está sujeita a percalços. O manejo da linguagem é capaz de produzir algumas armadilhas. Uma palavra pode ter vários sentidos, vários significados. Se ao juiz, segundo a lógica formal, cabe a missão de revelar o sentido da lei e se o artigo de lei que se prestar, em tese, a solucionar o caso concreto, contiver uma ambigüidade, como deverá proceder o magistrado? Como resolver as antinomias?67 Lembre-se a lição de Perelman relativa aos elementos que devem chegar às mãos do juiz e que ajudarão a formar sua convicção. Ademais, uma língua, elaborada para um outro fim, é freqüentemente inapta para outro: a língua dos cálculos não é a língua dos poetas ou dos diplomatas, nem a dos juristas 68. Outra não é a posição de nosso maior jurista, Rui Barbosa69, em relação a atuação do magistrado, frente ao caso concreto: Outro ponto dos maiores na educação do magistrado: corar menos de ter errado que de se não emendar. Melhor será que a sentença não erre. Mas, se cair em erro, o pior é que se não corrija. E, se o próprio autor do erro o remediar, tanto melhor; porque tanto mais cresce, com a confissão, em crédito de justo, o magistrado, e tanto mais se soleniza a reparação dada ao ofendido. Muitas vezes, ainda, teria eu de vos dizer: Não façais, não façais. Mas já é tempo de caçar as velas ao discurso. Pouco agora vos direi. Não anteponhais o draconianismo à equidade. Dados a tão cruel mania, ganharíeis, com razão, conceito de maus, e não de retos. Demonstra-se, assim, o apego à posição de um dos julgadores. Não se trata de optar entre o certo ou o errado. Trata-se, apenas, de demonstrar uma 66 HELLER, Agnes. Além da Justiça. Traduzido por Savannah Hartmann. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998, p. 356-57. 67 Ver o Capítulo III de BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: Editora UNB, 1999, 10ª. ed. p.71-110. 68 PERELMAN, Chaïm. Op. cit., p. 155. 69 Barbosa, Rui. Oração aos moços. Rio de Janeiro: Organizações Simões,1951, p. 67/8. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca maior receptividade a uma ou outra forma de encarar o fato contido na ficção literária. Demonstra-se, pois, uma maior simpatia pela forma de coadunar a norma jurídica ao caso concreto, com auxílio da interpretação técnica. O magistrado, na condição de operador do direito, estará sempre frente a um dilema ao decidir uma causa de maior complexidade ou de interesse popular, como no caso da aludida obra literária, devendo estar atento às necessidades e reclamos da sociedade, buscando aplicar a norma jurídica no sentido de buscar a decisão que seja o mais justa possível. O magistrado, outrossim, deve fugir do estereótipo proposto por Montesquieu, a quem em geral toca a missão de ser a boca que pronuncia a vontade da lei 70, reproduzindo apenas o que os textos legais positivam, sendo, assim, seres inanimados, desprovidos de pensamento ou vontade própria, imbuídos única e exclusivamente de reproduzir, tal como um molde perfeito e acabado, aquilo que o “perfeito” texto da lei, mediunicamente, previra. Considerações Finais: A proposta do diálogo produziu uma saudável troca de visões acerca do modo como o Direito é percebido e aplicado. Destaca-se efetivamente como verdadeiro espaço não apenas de liberdade, mas propriamente libertário, para a difusão e desenvolvimento do conhecimento do Direito. O que aconteceu com o projeto de diálogo foi além do que se poderia imaginar. É o que acontece quando algumas pessoas resolvem de boa vontade viver intensamente o Direito. E viver a possibilidade de aproximação uns com os outros e com nossos alunos. Os texto é pensado e dedicado à primeira turma ingressante do Curso de Direito do CESUCA. É o resultado de uma proposta de diálogo que visa estabelecer bases para o conhecimento uns dos outros, e do desejo de construir juntamente com o Curso de Direito uma memória, para que mais tarde possamos olhar para trás e ver nossas pegadas pelo caminho. É uma expressão de desejo no sentido de um convite, para que possamos por muitas 70 MONTESQUIEU, C. de Secondant. Do Espírito das Leis. Traduzido por Gabriela de Andrada Dias Barbosa. Rio de Janeiro: Ediouro, 1967. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca outras oportunidades que nos são oferecidas, expor e aprender. Os professores estão continuamente aprendendo e ao partilhar, tornam possível a multiplicação do próprio aprendizado, para os demais, mas também para si mesmos. Suas ideias e conclusões são ouvidas e ponderadas, sendo ainda um modo pelo qual os estudantes podem conhecer melhor seus mestres. E claro, com isso, todos são convidados a participar. Certamente o diálogo não termina aqui, pelo contrário, ele aqui começa. Os projetos seguem e novos diálogos se estabelecerão em torno de outras obras que nos auxiliam a pensar o Direito. Certamente este primeiro passo tem um valor próprio, pois vem vinculado às leituras e debates do semestre, e ainda, tornou possível um excelente diálogo entre todos os professores das disciplinas. É possível imaginar que o que aqui se escreveu, nem de longe espelha o que se viu nos corredores, nas salas de aula, nos jardins, é apenas uma mostra, perfumada, do quanto o Direito envolveu a todos nós. Que os frutos sejam colhidos por todos, e novas sementes plantadas. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DESAFIOS DO DIREITO AUTORAL: COMBATE AO PLÁGIO E PIRATARIA OU ACESSO À CULTURA? 71 Ângela Kretschmann72 Resumo Antes da chamada “era digital” pouco se falava em direito autoral, e a pesquisa seguia um curso lento mas tranquilo. Com a chegada da internet, intensificou-se a produção científica, pois o tempo e o espaço ficaram reduzidos, o acesso ampliou-se, e a produção da pesquisa teve um desenvolvimento rápido, mas nada tranquilo. Ocorre que repentinamente parece que surgiu, junto com a internet, o temido “direito autoral”. Entretanto, o Direito Autoral é direito até mesmo de razoável antiguidade, pelo menos, ainda que leis próprias só tenham surgido a partir do século XVIII, é certo que o plágio já era condenado mesmo na época da Roma Antiga. O presente artigo busca demonstrar que tanto a pesquisa, quanto o direito autoral, possuem papéis importantes no desenvolvimento e difusão do conhecimento. Os desafios, entretanto, para provar isso, por parte do direito autoral, são grandes. Atualmente é acusado de inibir o desenvolvimento científico, pois suas normas estão sendo utilizadas muitas vezes para impedir o acesso a artigos, livros, e demais obras que compõe a produção cultural da humanidade. A Constituição Federal, lei maior de nosso Estado Democrático de Direito, garante, como direito fundamental dos cidadãos brasileiros, o acesso à informação, à cultura e à educação. Também o direito autoral constitui um direito fundamental dos cidadãos brasileiros. Na prática, o que tem acontecido muito, é o direito à educação e à informação e mesmo à cultura, restarem limitados pelo direito do autor, uma vez que o autor poderá não autorizar a difusão de sua obra pela internet, por exemplo. Depois de resolver-se a questão básica de “quem pode o quê”, na seara dos direitos e garantias, no uso de suas prerrogativas, o presente artigo se propõe enfrentar outro aspecto relevante para a pesquisa científica: a questão da originalidade das publicações. E é ali que se pode observar a importância que o direito autoral reserva para o crescimento da pesquisa e do 71 Texto desenvolvido especialmente para a Mostra Científica do Cesuca, 2011. Coordenadora do Curso de Direito do CESUCA. Pós-doutoranda pela Universidade de Münster, Alemanha. Doutora em Direito (UNISINOS, 2006); Mestre em Direito (PUC/RS, 1999), Professora de Direito da Propriedade Intelectual, Unisinos, desde 1992. Membro da CEPI (Comissão Especial da Propriedade Intelectual da OAB/RS), integrante da ABAPI (Associação Brasileira de Agentes da Propriedade Industrial). 72 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca desenvolvimento científico. Sem uma previsão legal contra fraudes, como plágio, por exemplo, não é possível pretender uma pesquisa científica séria e comprometida com o desenvolvimento do saber. Além disso, pesquisadores podem se sentir frágeis caso não tenham garantidos direitos importantes como o reconhecimento de sua autoria, e mesmo, direitos que garantam o exercício de prerrogativas ligadas à produção intelectual. Por tudo isso, entende-se fundamental enfrentar aqui as questões da importância do direito de autor, ao lado do acesso à cultura, educação e informação, todos direitos fundamentais que não se opõe nem se contradizem, antes, têm por escopo promover a criação segura, além de valorizá-la, e o desenvolvimento científico. Palavras-chave: direito autoral, direito à cultura, produção científica. DESAFIOS DO DIREITO AUTORAL: COMBATE AO PLÁGIO E PIRATARIA OU ACESSO À CULTURA? 1. Introdução – os grandes desafios ao direito autoral É necessário desde logo deixar claro que é possível encontrar, em uma grande variedade de livros sobre direito autoral, a indicação de que o mesmo veio ao mundo para promover a cultura, as artes, o ensino, a pesquisa. Com base nisso também organizações internacionais foram nascendo e defendendo o direito autoral, que é parte do ramo mais amplo do direito, conhecido como Direito da Propriedade Intelectual, que engloba por um lado o direito de autor (Lei 9.610/98), e por outro a propriedade industrial (Lei 9.279/96). São as previsões da Lei Autoral que interessam aqui, pois é a legislação que definirá o que constitui reprodução não autorizada, bem como as prerrogativas que do autor que devem ser respeitadas e que, não o sendo, podem levar à acusação de prática de plágio. Se o direito autoral realmente nasceu para promover a cultural é algo que hoje está sendo colocado em questão. Afinal, historicamente o direito autoral surgiu como “copyright”, nos países de tradição anglo-saxônica. Esse “copy” somado ao “right”, obviamente não significa direito do autor, mas direito de reproduzir, ou melhor entendido à época, um direito concedido pelo rei ao editor para que ele, com exclusividade, pudesse reproduzir as obras de certos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca autores.73 O direito só foi efetivamente direcionado aos autores a partir das revoluções liberais, e mais especialmente, dos ideais de igualdade e liberdade da Revolução Francesa, com o apoio à teoria dos direitos da personalidade e da propriedade. Todos deveriam ter direitos inalienáveis aos frutos do próprio trabalho. E assim é que propriamente nasce o direito autoral. Esse direito autoral com o tempo vai se fortalecendo, ganhando poder, envolvendo-se com empresas produtoras de bens culturais, e que vão buscando aprimorar cada vez mais o controle sobre os bens intelectuais que são produzidos. Assim que surge por exemplo, a contra gosto de muitos teóricos do direito autoral, a proteção autoral para o software, comparado a uma obra literária ou artística, o que, obviamente, é no mínimo teórica, científica e inclusive artisticamente questionável, entretanto, politicamente foi assim que restou decidido. Entendeu-se, lá pelos idos de 1998, que a lei autoral seria a lei que mais proteção traria aos interesses dos grandes produtores de software, e assim foi feito. O software consta então como um dos objetos protegidos pela lei autoral, ao lado da música, da pintura, da escultura, dos livros, e dos próprios trabalhos escolares. Esse é um pequeno exemplo de como a legislação de direitos autorais veio, com o tempo, sofrendo interferência de interesses comerciais, e trazendo tanto poder aos detentores das prerrogativas do autor (que em geral cedem a grandes empresas) que começou a ser visto como um mal (desnecessário) que está antes impedindo o progresso das artes e das letras do que promovendo-o, contrariando, portanto, suas promessas indiciais e o que diz a maior parte dos livros sobre direito autoral. Se o paradigma de proteção autoral efetivamente se estabeleceu como um instrumento de proteção e promoção do desenvolvimento cultural, fatos novos trazidos pelo desenvolvimento tecnológico ligando usuários a novas mídias que gravam e reproduzem obras intelectuais estão contestando essa “razão de ser” do direito autoral, e colocando em cheque seu verdadeiro 73 ROSE, Mark. Nine-tenths of the law: The English Copyright debates and the Rhetoric of the Public Domain. Disponível em Law and COntemporary Problems, Duke University, acesso em 17/07/10, http://www.law.duke.edu/shell/cite.pl?66+Law+&+Contemp.+Probs.+75+%28WinterSpring+2003%29, p. 75, 77 e 86. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca significado para os dias atuais. O que temos visto nos jornais são grandes empresas, corporações ou companhias multimilionárias ganharem os jornais promovendo o combate à pirataria de obras intelectuais, e comparando a pessoa que faz o download de uma música, ou de partes de uma obra intelectual protegida, com aquelas pessoas efetivamente criminosas que reproduzem de modo ilícito produtos de marcas famosas, falsificando-os e colocando em risco até a saúde do público consumidor. Outras questões, entretanto, têm chamado mais atenção dos críticos ao direito autoral: em uma época em que a tecnologia permite o acesso praticamente sem limites, o direito autoral têm servido para “atrapalhar” o acesso livre de pesquisadores em geral que desejam simplesmente ter acesso a bens culturais para desenvolvimento de suas pesquisas. É assim que se observa o desabafo honesto do professor Ladislau Dowbor, destacando inicialmente que a “geração de ideias é um processo colaborativo”, e a própria internet surgiu desse esforço colaborativo. Ele fez uma publicação, para, inclusive, enriquecer seu currículo, mas qual não foi sua surpresa quando, ao pedir cópia de sua própria publicação, foi solicitado que pagasse a soma de $25,00 (vinte e cinco dólares) pelo exemplar: Em maio de 2011 foi publicado um artigo meu na revista Latin American Perspectives, da Califórnia. Sou obrigado a publicar, pois sem isto o programa da PUC-SP onde sou professor não terá os pontos necessários ao seu credenciamento. Publicar um artigo normalmente significa disponibilizar uma pesquisa para que outros dela possam aproveitar, e para assegurar justamente o processo colaborativo onde uns aprendem com os outros e colocam a ciência sempre alguns passos mais à frente. Em termos acadêmicos, a revista mencionada é classificada como “internacional A” pelo Qualis, e isto soma muitos pontos no currículo. A universidade funciona assim: quem não publica se trumbica, para resgatar o Chacrinha. A versão do mesmo ditado em Harvard apareceu sob forma de um pequeno cartaz que puseram em baixo de um crucifixo na parede: “Foi um grande mestre, mas não publicou nada”. Com justa razão foi crucificado. Publicar é preciso. Mas alguém vai ler? No século Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca XXI, os atos de publicar e de disponibilizar se dissociaram. Não constituem mais o mesmo processo. Quando me comunicaram que o artigo foi publicado, fiquei contente, e solicitei cópia. Enviaram-me o link da Sage Publications, empresa com fins lucrativos que me informa que posso ver o artigo que eu escrevi, com as minhas ideias, artigo aliás sobre a nova geração de intelectuais no Brasil, pagando 25 dólares.74 Bem, esse exemplo pode ilustrar muito bem a situação atual do direito autoral no Brasil – e no mundo – pois as Convenções Internacionais, e no caso do Brasil, a Convenção de Berna, originária de 1886, e ratificada pelo Brasil inicialmente em 1922 (na semana da Arte Moderna) estabelecem que o autor pode ceder seu direito. O que temos então é basicamente o seguinte: uma Lei Autoral que tem servido para grandes empresas que comercializam bens intelectuais, e ao mesmo tempo, impedido o acesso de pesquisadores a conteúdo fundamental para aprofundar suas pesquisas, tornando esse acesso impossível porque é efetivamente caro. Vive-se então uma mudança profunda no modo de produção, e como ressalta Yochai Benkler, não se trata de um retorno ao modo pré-industrial, mas é a possibilidade prática que resulta de nossa compreensão da informação e da cultura como objetos de produção.75 Como se estivéssemos criando uma espécie de feudalismo informacional. Pior ainda, o autor pode ser impedido de acessar, pelo caso relatado, o resultado de sua própria pesquisa. Dessa forma, efetivamente, não seria o próprio e poderoso “Direito Autoral” que estaria, no lugar de promovendo o desenvolvimento cultural, representando verdadeiro bloqueio a ela, cobrando uma espécie de pedágio dos próprios colaboradores? E com isso, diante do dilema que vive o direito autoral, não estaria ele provocando, então, a própria pirataria, às vezes, espantosamente, com o apoio dos próprios autores? Seria cômico, se não fosse trágico, mas a situação é tão absurda que é praticamente inacreditável. 74 DOWBOR, Ladislau. O professor frente a propriedade intelectual. Disponível no blog do autor, na data de 18/08/11: http://dowbor.org/wp/index.php/artigos/3088/, acesso em 04 de setembro de 2011. 75 BENKLER, Yochai. The wealth of Networks: how social production transforms Markets and Freedom. Yale University Pressa, New Haven and London, 2006. p. 34. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2. Mas o que é o pirata? E o que é o plagiário? São agentes distintos, mas podem estar vinculados a uma mesma ação ilícita. O pirata é aquele que reproduz obra intelectual sem autorização, e o plagiador é aquele que tenta se passar por autor de algo que não criou. O pirata está geralmente vinculada a obras famosas que se reproduzidas trazem ganho econômico. Por isso tem músico que já chegou a se orgulhar de ser objeto de plágio (principalmente os que cederam todos seus direitos às gravadoras e já não ganham mais nada, nem perdem, com o plágio). Para muitos músicos o direito autoral parece ter se virado contra eles, pois a legislação que permitiu que cedesse todas as suas prerrogativas patrimoniais acabou autorizando que o novo titular da obra – a gravadora – o impedisse até mesmo de cantar a própria música. Já temos casos assim nos tribunais brasileiros.76 Não é difícil constatar o plágio nos dias de hoje, e pode-se dizer que é tão fácil encontrá-lo quanto o plagiador encontra formas de plagiar. Se o autor de um plágio não reproduz o que plagiou em vários exemplares, teremos que não haverá pirataria, mas apenas plágio. É o que geralmente acontece com trabalhos de conclusão, dissertações e teses. Por isso as instituições de ensino têm se aparelhado, inclusive tecnologicamente, para combater esse modo como alguns estão fazendo uso (mau) da própria tecnologia. Afinal, com tantos textos disponibilizados na internet, o recorta e cola tornou-se quase o exercício mental por excelência, no lugar da reflexão e criação originais. Considerando as notícias de professores demitidos de instituições de ensino por praticarem plágio em teses e dissertações, considerando que a 76 “Os artistas Zé Ramalho, Roberto e Erasmo Carlos estão no meio de uma briga entre editoras musicais e gravadoras. O conflito começou em 1999, quando um grupo de 28 editoras musicais que detêm direitos sobre parte das canções nacionais tentou aumentar as taxas cobradas das gravadoras para usar as músicas em CDs e DVDs. Segundo reportagem do jornal O Globo, o reajuste não foi aceito e foi parar na Justiça.” (Cfe. CONJUR. Zé Ramalho e Roberto Carlos brigam por direitos sobre suas músicas, em 12/07/2008, disponível em http://www.conjur.com.br/2008-jul12/ze_ramalho_roberto_erasmo_carlos_brigam_direitos). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca própria União já foi condenada por plágio em livro publicado pelo MEC,77 observa-se que o plágio não se restringe a uma camada específica da sociedade, ele se espalha sem rumo, entre os que não questionam verdadeiramente os motivos pelos quais estão estudando ou trabalhando com o ensino, isso significa, em última instância, ausência de um perfil ou preocupação ética, e ausência mesmo de uma preocupação pessoal e mesmo descaso consigo próprio. Pode acontecer, entretanto, que a última geração de jovens já não tenha condições de fazer uma análise crítica a esse respeito, e venha realmente a agir sem dolo em alguns casos, pois é uma geração que nasceu num sistema que já “recorta” e “cola”, já reproduz incessantemente, sem questionar, numa época em que se passou a valorizar mais a rapidez da informação do que conteúdo em si e o respeito à eventual autoridade ou não de seu emissor (autor). Para evitar o plágio, e demonstrar a seriedade científica, o autor de um trabalho que se pretende científico – e mesmo que não se pretenda científico – deve fazer a adequada citação do texto, com sua fonte completa, desde Em algumas instituições de ensino a questão do plágio já é verificada de modo mais técnico, com uso de instrumentos tecnológicos que detectam o plágio no lugar do professor precisar analisar se o aluno demonstrou alteração inédita de forma de expressão ou de ter que submeter partes do texto em alguns “sites de busca” a fim de identificar a origem real do texto. A Universidade americana de Harvard teria sido uma das primeiras a adotar um programa que submete todos os trabalhos a análise preliminar, antes de o mesmo ser encaminhado a uma banca ou mesmo ao orientador. No Brasil, os casos de instituições de ensino que buscam um instrumento de apoio para evitar a pesquisa com fraude também se intensifica. A UNESP (Universidade Estadual Paulista) teria sido uma das primeiras a adquirir o programa – chamado “Turnitin”, que é capaz de detectar a existência ou sugerir a possível 77 O juiz Carlos D’Ávila, da 13ª Vara Federal em Salvador, condenou a União ao pagamento de R$ 41,4 mil a professora por danos morais e materiais. Um dos três autores do livro do MEC, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi condenado a pagar R$ 20,7 mil. A ação tramitava desde 2007 (Cfe. GUIMARÃES, Thiago. Bahia: Estadão, em 19/10/11, http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/uniao+e+condenada+por+plagio+em+livro+do+mec/n15969 61174604.html). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca existência de diversos graus de plágio, que são apontados através de cores no texto.78 O objetivo é manter a ética e integridade das pesquisas evitando cópias, o que pode inclusive, não apenas prejudicar o candidato à uma formatura, mas seu diploma, seu bom nome e o bom nome da própria instituição. 3. Qualquer coisa está protegida pelo direito autoral? Não é qualquer coisa, mas quase tudo. O objeto da lei autoral são obras artísticas e literárias, mas com o tempo o lobby político se estabeleceu também em relação à legislação autoral e atualmente até mesmo banco de dados são protegidos pela lei, expressamente, além do software. Obviamente, nem um, nem outro, revestem-se de obras literárias, muito menos artísticas. Fato é que isso decorre da enorme proteção que a lei concede, tornando-a interessante como instrumento para interesses de grandes corporações, como já mencionamos. No caso, ficam protegidos os interesses de grande empresas produtoras de software, como Microsoft, e de outro, empresas que começam a deter grande conteúdo formador de imensos bancos de dados, como o Google. O artigo 7º., da Lei 9.610 é o que faz a previsão do objeto, e ali estão tanto a fotografia, os textos, as cartas, os desenhos, as músicas, esculturas, etc. Salienta-se que o artigo refere de modo genérico que: Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; III - as obras dramáticas e dramático-musicais; 78 Junto com a notícia do Estadão da aquisição do software, vêm também as notícias de que “Professor é demitido da USP por plágio”: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/unesp+adota+software+para+evitar+plagios/n15969730978 44.html, Agência Estado, acesso em 22 de outubro de 2011. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; V - as composições musicais, tenham ou não letra; VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova; XII - os programas de computador; XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual. Nesse sentido, observe-se que como critério para o nascimento do direito de autor sobre uma obra está apenas a exteriorização da mesma, o que pode ser feito de forma oral ou não, fixada em suporte material ou não, de modo que uma conferência, ou uma música cantada numa roda de samba, inventada ali mesmo, assim como também costumam ser muitas vezes as aulas dos professores, estão protegidas pelo direito autoral, e não é por outra razão que o aluno, apesar de poder anotar as questões da aula, deve pedir autorização para utilizar publicamente o conteúdo da mesma. O registro da obra é claramente facultativo, portanto, não há por que se preocupar em registrar a obra para possuir direito. É apenas necessário que a mesma seja exteriorizada de forma original, pois, por outro lado, ideias igualmente não são protegidas pelo direito, nos termos do artigo 8º. As ideias são livres – pelo menos por enquanto (!) – e com base nelas muitas obras são escritas. Discute-se se isso também não irá se restringir, uma vez que um banco de dados não constitui obra, mas reunião de muitas informações, e informações, a princípio, também nunca foi objeto do direito de autor, até Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca porque, a informação é de interesse público, deve ser livre porque é o acesso a informações é um direito fundamental de cada um de nós. Os direitos que o autor possui dividem-se em prerrogativas de natureza moral e pecuniárias. As prerrogativas morais são aquelas que possuem vínculo personalíssimo com o autor, ou seja, são consideradas uma emanação de sua personalidade, e por isso mesmo, o autor não pode se desfazer delas ou transferir a outra pessoa. Estão nesse rol as prerrogativas do artigo 24 da Lei 9.610/98: o direito de paternidade (de ser reconhecido autor da obra); o direito de nominação (o direito de ter seu nome indicado quando da utilização da obra); o direito ao inédito (o direito de manter a obra inédita, de não torná-la pública, se não o desejar)79; o direito de manter a integridade da obra80; o direito de modificar a obra, antes ou após sua publicação; o direito de retirar a obra de circulação (é o exercício do que se chama direito de arrependimento, ou seja, o autor pode se arrepender de ter tornado a obra pública e pede ou exige sua retirada.81 Finalmente, há ainda o direito de acesso, ou seja, o direito de fazer cópia de uma obra cujo exemplar seja único e esteja em vias de ser destruído por quem for o proprietário do exemplar. Já prerrogativas patrimoniais ou pecuniárias abrangem aquelas formas de exploração da obra intelectual. Estas prerrogativas são transferidas integralmente aos herdeiros do autor, e mesmo o autor está livre para negociálas, estabelecendo contratos de autorização, licença ou cessão da obra para terceiros. A legislação autoral é bastante extensiva em relação às prerrogativas patrimoniais. Aliás, pode-se dizer que a lei abrange com sua redação, toda e qualquer possibilidade de exploração econômica de uma obra, afirmando categoricamente que todo e qualquer uso depende sempre de prévia e expressa autorização do autor ou titular dos direitos. Observe-se, no inciso X do artigo 29, a parte sublinhada, que concede amplos poderes ao autor ou 79 No caso de morte do autor, os herdeiros, que recebem pela Lei as prerrogativas de defesa da paternidade, nominação, direito ao inédito e de manter a integridade, poderão decidir se publicam a obra ou não, considerada então, uma obra póstuma, que possui toda proteção como qualquer outra obra que ele tenha publicado em vida, com a diferença que os herdeiros é que irão exercer o direito, explorando a obra economicamente. 80 Veja-se o caso da Igreja em Santo Ângelo, em nossa comunidade. 81 Observe-se, na comunidade, o caso da obra “E que tudo mais vá para o inferno”, de Roberto Carlos. OU ainda, a obra do Tim Maia, que enquanto vivo pediu a retirada da obra “”Universo em Desencanto”. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca titular, sobre usos que inclusive sequer se tem conhecimento que possam existir no momento, mas que já dependem de autorização. Esse é um dos motivos pelos quais a lei é muito criticada, fazendo entender que foi criada para grandes corporações que exploram as obras intelectuais comercialmente apenas, sem a menor preocupação com a difusão da cultura. 4. Qual a solução, então? Onde encontrar a liberdade? Em função do pouco espaço dado pela lei para a recriação, para a realização de obras a partir de outras existentes, algumas soluções foram buscadas por interessados em se libertar da política prisional da lei autoral. Assim surgiu, por exemplo, o creative commons. Como dizem os autores Ronaldo Lemos e Sérgio Branco, a estrutura da proteção autoral é secular e insatisfatória. 82 Estamos aqui com o copyleft e o creative commons, por exemplo. O creative commons surgiu na esteira dos desenvolvimentos do software livre, e vem com os mesmos princípios. Use e deixe usar. É de ser observado, entretanto, que o copyleft não pode ser visto como o oposto do copyright, “porque usa as regras deste para que todos recebam uma versão da obra e possam reproduzi-la, modificá-la e distribui-la.83 Afinal, se o copyleft usa as regras do copyright não pode então estar sendo seu oposto, mas antes seu discípulo. Até porque, o Copyleft reserva o direito autoral, não libera a obra para o domínio público, mas exige que no caso de derivação ou redistribuição, o produto derivado mantenha a mesma licença (o 82 LEMOS, Ronaldo & VIEIRA JÚNIOR, Sérgio. Copyleft, Software Livre e Creative Commons: a nova feição dos direitos autorais e as obras colaborativas. Disponível em: http://virtualbib.fgv.br/dspace/handle/10438/2796, P. 2. 83 LEMOS, Ronaldo & VIEIRA JÚNIOR, Sérgio. Copyleft, Software Livre e Creative Commons: a nova feição dos direitos autorais e as obras colaborativas. Disponível em: http://virtualbib.fgv.br/dspace/handle/10438/2796, P. 3. Isso principalmente levando em conta a afirmação de Pedro de Paranaguá Muniz e Pedro de Camargo Cerdeira de que “os contratos copyleft visam, entre outros detalhes, criar justamente o conceito de direito moral de paternidade dentro do instituto copyright, já presente no ordenamento jurídico brasileiro como direito cogente” (MONIZ, Pedro de Paranaguá e CERDEIRA, Pablo de Camargo. Copyleft e Software Livre: Uma Opção pela Razão – Eficiências Tecnológica, Econômica e Social – II. Revista da ABPI, n. 72. p. 21). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca produto derivado de obra caída em domínio público receberá proteção, enquanto no copyleft forma-se uma cadeia de derivações livres).84 O creative commons traz a proposta de licença antecipada. O autor entra no site e lá deposita sua obra dizendo que ela pode ser utilizada livremente por outros. A licença mais comum é a que autoriza o uso não comercial da obra. Ou seja, na prática se pretende apenas separar o uso com intuito lucrativo, do uso meramente privado. Na prática é como se retornássemos à época do registro, pois o interessado em disponibilizar sua obra depositam a mesma, e assim, isso pode valer como um registro. Um registro que indica que a obra está parcialmente livre ou totalmente livre (no sentido das prerrogativas patrimoniais). Outra proposta é a do Coloriuris, que se apresenta como um “terceiro” entre as partes que resolvem contratar o uso de uma obra intelectual protegida. Trata-se, como explica Pedro Canut, de uma ferramenta jurídica vinculada às facilidades da rede digital que trabalha os contratos tipo de cessão de direitos conforme as legislações de direitos autorais dos países. Visa, portanto, tornar válidas as contratações, mormente através do consentimento do titular dos direitos e do usuário dos conteúdos, de modo que cada um tenha a cópia do contrato de cessão e cópia do documento jurídico (url) que envolve a cessão, com a garantia de que a manifestação de vontade está depositada em um servidor seguro escolhido pelo titular da obra.85 Pelo menos o ColorIuris está livre das críticas enfrentadas pelos problemas trazidos por outras espécies de licenças “públicas”, como o creative commons, de acusações de violação das normativas autorais, ineficiência e ineficácia do sistema. 84 SIMON, Imre & VIEIRA, Miguel Said. A Propriedade Intelectual diante da emergência da produção social. IN VILLARES, Fábio (org). Propriedade Intelectual: tensões entre o capital e a sociedade. Paz e Terra: São Paulo, 2007. p. 61-62 e 77). 85 CANUT. Pedro. Coloriuris: uma aportación independiente a la cultura libre. Mira Editores: Zaragoza, 2008. p. 24-30. E ainda: “ColorIURIS cumple los requisitos de CAUSA, OBJETO u CONSENTIMIENTO, así como las directivas comunitarias en materia de contratación electrónica, derecho de consumidores y usuarios y protección de datos (y sus transposiciones al ordenamiento jurídico español), que es la normativa que nos afecta atendido el domicilio social de ColorIURIS, AIE, entidad sin ánimo de lucro para si misma titular del sistema” (p. 135). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A criatividade pode ser motivada por outros instrumentos além da propriedade intelectual, mas é evidente que a propriedade intelectual continua sendo um importante instrumento de proteção a legítimos interesses e direitos de autores, sendo, aliás, ainda, um importante instrumento de proteção do autor contra as os próprios interesses de conglomerados internacionais que estão fazendo dos bens culturais verdadeiros “poços de petróleo” do século XXI. É também, um importante instrumento da pesquisa científica, que usa a lei autoral para sedimentar e dar confiança aos resultados das produções intelectuais. O plágio, assim, não encontra suporte na Lei, e merece ser veementemente combatido, pois representa um verdadeiro e antigo mal presente nas sociedades. Permiti-lo seria avalizar, privilegiar e premiar, não apenas a preguiça intelectual, mas também a má-fé e o abuso, o furto intelectual, tão odioso na época da Roma Antiga que a palavra plagiarius era consagrada para o ladrão que assaltava caravanas para pegar pessoas e escravizá-las. Precisamos é saber utilizar de modo adequado as leis de propriedade intelectual, e muitas vezes, o próprio sistema jurídico dá conta de soluções contra abusos de poder e de concorrência desleal, basta boa vontade e coragem para denunciar. Ou então, basta coragem para ir contra a Lei, quando ela é evidentemente injusta, e criada para privilegiar interesses privados de grandes corporações, e denunciar o impedimento de acesso à cultura, educação e informação. Referências bibliográficas BENKLER, Yochai. The wealth of Networks: how social production transforms Markets and Freedom. Yale University Pressa, New Haven and London, 2006. CANUT. Pedro. Coloriuris: uma aportación independiente a la cultura libre. Mira Editores: Zaragoza, 2008. DOWBOR, Ladislau. O professor frente a propriedade intelectual. Disponível no blog do autor, na data de 18/08/11: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca http://dowbor.org/wp/index.php/artigos/3088/, acesso em 04 de setembro de 2011. LEMOS, Ronaldo & VIEIRA JÚNIOR, Sérgio. Copyleft, Software Livre e Creative Commons: a nova feição dos direitos autorais e as obras colaborativas. Disponível em: http://virtualbib.fgv.br/dspace/handle/10438/2796. MONIZ, Pedro de Paranaguá e CERDEIRA, Pablo de Camargo. Copyleft e Software Livre: Uma Opção pela Razão – Eficiências Tecnológica, Econômica e Social – II. Revista da ABPI, n. 72. p. 21). VILLARES, Fábio (org). Propriedade Intelectual: tensões entre o capital e a sociedade. Paz e Terra: São Paulo, 2007. ROSE, Mark. Nine-tenths of the law: The English Copyright debates and the Rhetoric of the Public Domain. Disponível em Law and COntemporary Problems, Duke University, acesso em 17/07/10, http://www.law.duke.edu/shell/cite.pl?66+Law+&+Contemp.+Probs.+75+%28Wi nterSpring+2003%29, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO: DO BEBÊ IMAGINÁRIO AO BEBÊ REAL. ¹ Geni Rebelatto² [email protected] Lisiane Fortuna2 [email protected] Roberta Marques Medeiros2, 3 [email protected] Silvia Letícia Kraemer2 [email protected] Tatiana Gomes Rosa2, 4 [email protected] Vera Machado2 [email protected] Viviana Rodrigues2 [email protected] Evanisa Helena Maio de Brum87 [email protected] Resumo Tornar-se mãe é sem dúvida um momento marcante na vida de uma mulher. Muito além de aspectos físicos que estão naturalmente ligados a gravidez e ao nascimento de um filho, há um mundo de emoções e sentimentos que são aflorados neste período e que devem ser observados atentamente. Paralelo aos sentimentos de alegria, felicidade e satisfação em poder vivenciar a maternidade, seguem sentimentos de dúvida e incertezas em relação ao bebê que irá nascer. Desta forma, a mãe nutre durante a gestação expectativas quanto ao seu filho, como por exemplo, em relação às características físicas e 1. Artigo apresentado à disciplina de Desenvolvimento Humano I do curso de Psicologia da Faculdade Cesuca, sob a orientação da Profª Draª Evanisa Helena Maio de Brum 2. Acadêmica do Curso de Psicologia do CESUCA 3. Graduada em Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia Institucional 4. Graduada em Biologia, Mestre em Bioquímica, Doutora em Fisiologia 5. Doutora em Psicologia, Professora do Curso de Psicologia do CESUCA Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca emocionais; tendo também, na maioria dos casos, preferência quanto ao sexo. Posteriormente, com o nascimento da criança, ela irá se deparar com a realidade, que poderá ou não estar de acordo com tais expectativas. Foi neste sentido que o presente estudo foi realizado, objetivando investigar a relação existente entre o bebê imaginado pela mãe durante a gravidez com o bebê real que surge com o nascimento, e de que forma a mãe lida emocionalmente com a transição do bebê imaginário para o bebê real. Para tanto, foram entrevistadas 25 puérperas, com idade entre 16 e 41 anos, primíparas e multíparas. O questionário continha perguntas semi estruturadas. Com a análise de dados, foi possível verificar que mesmo de forma inconsciente as mães criaram um bebê imaginário, e passaram por sentimentos de luto e algumas frustrações, mas lidaram de maneira relativamente bem com a transição do bebê imaginário para o real, apegando-se sempre a ideia principal que é intrínseca a maternidade: um filho saudável é o que mais importa. Palavras-chaves: bebê imaginário, bebê real, luto. Introdução A gravidez é um período no qual acontecem mudanças significativas na vida de uma mulher. “Além do corpo da gestante encarregar-se do crescimento físico do feto, acontece, no seu psiquismo, a formação da ideia de ser mãe e a construção de uma imagem mental do bebê” (STERN apud FERRARI, PICCININI, LOPES, 2007, p. 306). Para Aulagnier (apud FERRARI, PICCININI, LOPES, 2007, p. 306): A gestação deveria ser considerada em dois níveis – o biológico e o da relação de objeto. O plano biológico refere-se à lenta transformação da célula em ser humano. Quanto à relação de objeto, essa célula é representada, desde o seu princípio, pelo corpo imaginado que precede e acompanha a criança. Assim, na medida em que a gestação se desenvolve, vai se processando, no psiquismo da mãe, uma preparação para entrar em relação com a criança que está para nascer. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Corroborando o que afirma Aulagnier, “F. Tustin, fala de “gestação psíquica” como sequência da gestação anatômica, e isso nos parece compreender a posição particular da criança recém-nascida como objeto externo-ainda-internalizado [...]” (TUSTIN apud BYDLOWSKI, GOLSE, 2002, p. 216). Segundo Maldonado (1997) a percepção da gravidez pode ocorrer bem antes da confirmação pelo exame clínico e mesmo antes da data em que deveria ocorrer a menstruação. Algumas vezes a mulher percebe de forma inconsciente as transformações em seu corpo que assinalam a presença da gravidez e expressam essa percepção através de sonhos ou intuições. A partir da confirmação de uma gestação dá-se início uma reviravolta no psiquismo da mulher. “A gestante vive nesse período um estado psíquico particular o qual Gilles Lortie denominou de “inconsciente à flor da pele” (ANDRADE, 2002, p.170)”. Raphael-Leff (apud ANDRADE, 2002, p. 171) também descreve, ...um estado psíquico particular no período gestacional, ao qual ele denominou de “permeabilidade das fronteiras” entre diferentes níveis de consciência, o que significa que a consciência está inundada de fantasias e pensamentos que antes eram inconscientes. Dentro desta instância de estado psíquico particular encontra-se o bebê imaginado pela mãe, e segundo Melgaço (apud SUASSUNA, 2008, p. 12): A concepção de um filho inicia-se bem antes de ele ser gerado, porquanto ele já está presente nas fantasias inconscientes de uma mãe e de um pai, antes mesmo de se encontrarem. Na gravidez, essas fantasias vão se modulando na imagem que vão construindo daquele bebê. Esse bebê imaginário, cuja existência é fundamental, vai sendo investido de desejo, e essa imagem será Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca confrontada e organizada, posteriormente, com o bebê da realidade. “Diferentemente de qualquer outra relação de intimidade, nesta os indivíduos são quase que invisíveis um para o outro e, por isso, as expectativas formam a base da relação” (RAPHAEL LEFF, apud PICCININI et al, 2004, p. 1). A mãe estabelece uma relação imaginária com o feto desde a descoberta da gravidez, sendo que ela não faz dele a representação de um corpo em desenvolvimento, mas sim de um corpo imaginado já plenamente desenvolvido (PICCININI et al, 2003). “O bebê imaginário seria construído durante a gestação, sendo o bebê dos sonhos diurnos e das expectativas, o produto do desejo de maternidade” (PICCININI et al, 2003, p. 83). A mãe pode imaginar que seu filho será menino, ou que será menina; que terá olhos azuis iguais aos do pai, ou esverdeados iguais aos seus; que será calmo e tranquilo ou que será agitado. Todas estas expectativas fazem parte da gestação, e revelam muito das predileções da mãe. Estas preferências podem estar relacionadas com sua história familiar, seu vínculo afetivo e emocional com o marido, pois conforme Andrade: “A mãe engaja-se na maternidade com sua personalidade, com sua história pessoal (incluindo os fatores transgeracionais), sua história de cônjuge, bem como em função de eventos atuais” (2002, p. 168). Todos estes fatores irão participar da formação de um bebê imaginário, único e exclusivo da mãe. O imaginar é uma experiência particular e repleta da subjetividade, que vai dando vida a este bebê. Sobre isto Soussan afirma: O imaginário, imaginar, é uma experiência radicalmente subjetiva, ela exprime o Homem e sua condição. Mas ela se afirma também no registro marcado da intersubjetividade, da relação com o outro e da comunicação. O imaginário, como o inconsciente, é estruturado como uma linguagem e se organiza em palavras na nossa psique: nesse sentido, ele nos fala. Ele convoca todos os nossos sentidos, nossas emoções, nossa soma de experiências interiorizadas desde a infância, vivências, compartilhamentos, segundo os usos da Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca época, os modos e as representações (SOUSSAN apud SUASSUNA, 2008, p.12). Em relação ao bebê real, este surge a partir do nascimento. De acordo com Serge Lebovici (apud ANDRADE, 2002) com a maternidade surge o bebê real, que é aquele que a mãe toma em seus braços no momento do nascimento, e ele pode vir a confirmar as expectativas e fantasias dela ou ser extremamente diferente de tudo que foi imaginado durante a gestação. Desta forma, o parto torna-se o momento de separação entre estes dois bebês, que até então viviam juntos, um dentro do outro, o imaginário e o real, e é nessa hora que há a perda de um estado e passagem a outro. No nascimento a imagem do bebê real será confrontada e organizada, posteriormente, com o bebê imaginado, fazendo com que gradualmente a distância entre o bebê sonhado na gravidez e o bebê real venha a ser diminuída, e as decepções naturais sejam aceitas sem muito sofrimento. Neste momento também é fundamental que haja um processo de luto, para que a mãe possa se relacionar de forma apropriada com seu filho, possibilitando-lhe um desenvolvimento normal; pois ainda que lenta e gradual a aceitação da realidade é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança. Conforme nos ensina Maldonado (1997, p. 90): Outro aspecto importante é que, para a mãe, a realidade do feto in útero não é a mesma realidade do bebê recém-nascido e para muitas mulheres é difícil fazer essa transição; em especial as que apresentam forte dependência infantil em relação à própria mãe ou ao marido podem facilmente gostar do filho enquanto ainda está dentro delas e amar uma imagem idealizada do bebê, mas não a realidade do recém-nascido. Porém, fazer o processo de luto entre a criança que se esperava e aquela que de fato nasceu realmente exige muito de uma mãe no aspecto Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca psicológico e emocional. Lebovici (apud ANDRADE, 2002, p. 168) afirma que “a distinção entre a criança imaginária e a criança real permite que compreendamos, em parte, a angústia inicial e a ambivalência das parturientes [...]”. Quanto à existência de um bebê antes e outro após o nascimento, dois conceitos esclarecem e afirmam que a mulher está conectada a uma imagem imaginária e que posteriormente ocorre a passagem daquela para a imagem real. Tais conceitos são a “transparência psíquica” de Bydlowski e a “preocupação materna primária” de Winnicott. Faz-se necessária breve explicação sobre eles: Segundo Bydlowski (apud BYDLOWSKI, GOLSE, 2002, p. 217): O período de transparência psíquica corresponde inicialmente a um período em que o bebê ou o futuro bebê possui já certa concretude (ele foi concebido e se desenvolve no ventre da mãe), mas não tem ainda para esta a figura de um objeto externo perceptível, que não se instalará senão com o acontecimento do parto; essa criança real tem o seu correspondente imaginário, fantasmático, narcísico e mítico. Por sua vez, Winnicott descreve o período pré-natal do último mês de gravidez como a preocupação materna primária, momento em que a mãe começa a se voltar para o bebê real. Ele assim define: “o feto (não ainda, mas já quase recém-nascido) começa a apresentar um status exterior, embora ainda esteja no corpo de sua mãe [...]” (WINNICOTT apud BYDLOWSKI, GOLSE, 2002, p. 218). E continua: “a atenção psíquica da mãe, que até esse momento se dirigia principalmente para ela mesma como continente, dirige-se progressivamente para o seu conteúdo, o feto, futuro recém-nascido [...]”. Para Bydlowski e Golse (2002) os dois processos citados apontam que a atenção psíquica da mãe vai gradativamente focar o recém-nascido, o bebê real, mas somente mais tarde o bebê será investido como um verdadeiro “objeto Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca externo”, ou seja, não mais como puro representante do objeto interno, mas como um interlocutor externo [...]. 1 Objetivo Este estudo buscou investigar a relação existente entre o bebê imaginado pela mãe durante a gravidez com o bebê real que surge com o nascimento, e de que forma a mãe lida emocionalmente com a transição do bebê imaginário para o bebê real, verificando especificamente três categorias temáticas: 1) Escolha do nome do bebê; 2) Aparência física e perfil emocional; 3) sentimentos em relação ao bebê após o nascimento. 2 Metodologia O delineamento de Estudo de Casos Coletivos (Stake, 1994) foi utilizado para investigar as impressões e sentimentos maternos em relação à transição do bebê imaginário para o bebê real. Com este delineamento, objetivou-se examinar tanto as semelhanças quanto às particularidades entre os casos, visando uma compreensão aprofundada do fenômeno estudado. Participaram do estudo 25 puérperas com idade entre 16 e 41 anos. Destas 11 eram primíparas e 14 eram multíparas, residentes na região metropolitana de Porto Alegre, com níveis sócios econômicos variados, sendo que 21 mães viviam com seus companheiros e 4 não residiam com o pai do bebê. Em relação ao grau de escolaridade 7 possuíam o ensino fundamental, sendo 4 incompleto (16%) e 3 completo (12%); 10 possuíam ensino médio completo (40%); e 8 possuíam ensino superior, sendo 6 superior completo (24%) e 2 superior incompleto (8%). O convite para participação ocorreu por intermédio da Secretaria de Saúde do município de Cachoeirinha/RS, que forneceu o endereço do posto de saúde no qual foram contatadas as entrevistadas. Não priorizamos a participação apenas de mulheres primíparas na pesquisa por considerarmos existente a relação do bebê imaginário e o bebê real na maternidade em todas as gestações. Conforme Martine Lamour e Marthe Barraco (apud ANDRADE, 2002, p. 168) “o processo de maternal idade é contínuo, dura a vida toda e cada novo filho vai reavivá-lo”. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca As entrevistas aconteceram nas residências das puérperas. Após contato inicial por telefone lhes era explicado o objetivo do estudo, e assim elas declaravam interesse ou não em participar da pesquisa. O contato inicial foi realizado com 27 puérperas, destas, 25 aceitaram participar. No primeiro contato pessoal as puérperas assinaram termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e somente após a assinatura do termo participaram da pesquisa. 3 Resultados Utilizou-se análise de conteúdo qualitativo-quantitativa para investigar os sentimentos das puérperas em relação ao bebê imaginário e ao bebê real. Para fins de análise e com base na literatura científica a cerca do tema foram criadas três categorias temáticas: 1) Escolha do nome do bebê; 2) Aparência física e perfil emocional; 3) sentimentos em relação ao bebê após o nascimento. A seguir apresentam-se os resultados e as respectivas tabelas para cada uma das categorias temáticas exemplificadas com verbalizações das próprias mães. Em relação à escolha do nome antes do parto observou-se que a maioria dos bebês já possuía um nome antes mesmo de nascer, evidenciando a ideia de um bebê que foi imaginado durante a gestação. Segundo Melgaço (apud SUASSUNA, 2008, p. 12) “a concepção de um filho inicia-se bem antes de ele ser gerado, porquanto ele já está presente nas fantasias inconscientes de uma mãe e de um pai antes mesmo de se encontrarem”. As falas das mães confirmam a ideia do autor – “O nome foi escolhido antes do parto, por ser um nome forte e ter essa ligação com o Rei Arthur”. Verificou-se uma maior prevalência da vontade da mãe na escolha do nome (68%). O índice de 32% corresponde à escolha de outras pessoas da família, incluindo o pai. O que talvez justifique uma maior incidência da mãe e menor participação do pai na escolha do nome é que “a formação do vínculo entre pai e filho costuma ser mais lenta, consolidando-se gradualmente após o nascimento e no decorrer do desenvolvimento da criança” (MALDONADO, DICKSTEIN, NAHOUM apud PICCININI et al, 2004, p. 303). Diferentemente da mãe que sente o filho crescer dentro de si favorecendo um maior vínculo antes Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca do nascimento. Verificamos que 92% dos casos o nome escolhido correspondeu ao bebê real, sendo este um dos aspectos que devem ser analisados face à transição do bebê imaginário para o bebê real. Em relação aos desejos das mães quanto ao sexo do bebê, as mesmas manifestaram uma clara preferência por um determinado sexo (72%), também evidenciando a presença de idealizações. –“Tínhamos preferência por menina porque já tínhamos um menino e quando se confirmou foi só felicidade.”; “Sim, nós gostaríamos que fosse um menino porque já temos um casal, uma guria de 22 e um guri de 23 anos”; “Sempre desejei uma menina, porque na minha família tem muitos meninos”. Observamos que há uma preferência pelo sexo do bebê, pois quando o contrário acontece, nota-se uma frustração por parte da mãe, conforme o relato a seguir – “Tenho uma tristeza por ter sido menino durou uns três dias, quando ganhei não caiu à ficha que era mãe... passo a mão na barriga e ainda procuro... depois quero tentar uma menina”. Tabela 1: Porcentagem de Respostas para a categoria “Escolha do nome do bebê” (N=25) Sim Não Total de Respostas Escolha do nome antes do parto Mãe escolheu o nome 25 O bebê condiz com o nome escolhido Preferência pelo sexo 24(96%) 1(4%) 17(68%) 23(92%) 18(72%) 25 8(32%) 2(8%) 7(28%) 25 25 Fonte: A pesquisa Quanto à aparência física do bebê as mães apresentaram grande tendência, antes do nascimento, para que esta fosse identificada com o pai (60%), o que de fato na amostra da pesquisa veio a se confirmar; pois de Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca acordo com a percepção materna 64% dos bebês se assemelhavam fisicamente ao pai ao nascer. É possível que esta tendência diga respeito à vontade que a mãe possui de presentear e satisfazer o companheiro de alguma forma. “As falas das entrevistadas confirmam - “com meu marido, porque ele é loiro de olhos azuis, bonito, queria muito que ele se parecesse com o pai” – “ com o pai, é a cara do pai, até o corte de cabelo”. Em contra partida os dados revelam uma forte preferência, antes do nascimento, pelo perfil emocional atrelado ao da mãe (52%), o que também se confirmou, após o nascimento do bebê, pois na percepção das puérperas 44% dos bebês se assemelharam a mãe ao nascer. As falas corroboram as preferências das parturientes – “Eu esperava que ela fosse como eu, tranquila e calma”. Informação relevante é que no aspecto predileção pelo perfil emocional o segundo lugar na preferência das mães não condiz com a figura paterna. Um percentual de apenas 16% para o pai e 32% para outros familiares (o que inclui irmãos do recém-nascido e avós). Ambas as informações confirmam a existência de uma criança previamente imaginada e idealizada. Tabela 2: Porcentagem de Respostas para a categoria “Aparência física e perfil emocional” Antes do nascimento Após o nascimento Pai Mãe Outros Pai Mãe outros Aparência física 4(16%) 15(60%) 7(30%) 3(10%) 16(64%) 5(20%) Perfil emocional 6(24%) 4(16%) 13(52%) 8(32%) 8(32%) 11(44%) Fonte: A pesquisa Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Os dados encontrados mostram um equilíbrio entre sentimentos positivos (52%) e negativos (48%), porém os sentimentos negativos foram identificados após o parto, com a constituição da maternidade. Estes sentimentos negativos em relação ao bebê referem-se ao medo e a ansiedade das parturientes de como vão encenar o papel de mãe, que para boa parte delas (44% primíparas) era uma experiência totalmente nova. As mães temem não conseguir se adaptar a todas as atividades relativas à maternidade e sentem-se inseguras com a ideia de não conseguir identificar as necessidades do bebê – “Tenho muito medo de não conseguir dar conta de cuidar, muita insegurança de não saber o que ela precisa”. Salientamos também que o bebê que nasce não é necessariamente aquele que foi imaginado pela mãe, tendo sua própria personalidade, cabendo à mãe adaptar-se a ele e prover suas necessidades físicas, emocionais e psíquicas. “Com o nascimento, vem o confronto entre o filho imaginário, idealizado, e o filho real que se impõe com a sua existência” (SANTOS et al, apud SUASSUNA, 2008, p. 17). O bebê, ao nascer, se constitui num enigma, pois pode representar esperança de auto realização para os pais e, ao mesmo tempo, ameaça expor as dificuldades ou deficiência dos mesmos (MALDONADO, 1997). Contudo, como pontua Stern (1997), estes medos e ansiedades são normais no processo de constituição da maternidade. Tabela 3: Porcentagem de Respostas para a categoria “Sentimentos em relação ao bebê após o nascimento” Medo e ansiedade Tranquilidade e segurança Sentimentos Positivos 13(52%) Sentimentos Negativos Fonte: A pesquisa - 12(48%) - Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 4 Considerações finais Como visto acima foi possível verificar que mesmo de forma inconsciente as mães criaram um bebê imaginário, isso foi verificado através das respostas das puérperas, em relação à expectativa quanto ao sexo, perfil físico e emocional e a escolha do nome anterior ao parto, confirmando o que diz Soussan (apud SUASSUNA, 2008, p. 14): “todo bebê é imaginário. Antes que nasça de um corpo, ele nasce de um psiquismo: toda vida nova é pensada antes de se ‘ser’. O bebê não tem escolha: ele deve nascer na identidade do imaginário”. As mães realizaram projeções para os filhos, esperando que eles nascessem com determinadas características, sejam elas físicas ou emocionais, concordando com o que afirma Lebovici (apud SUASSUNA, 2008, p. 13): A criança imaginada é, portanto, o fruto do desejo de gravidez que permite à sua mãe desenhar seu perfil, expor os receios e as ambições que seu futuro suscita em sua vida pré-consciente: a criança é tardia e rara em nossa civilização e é também objeto de conteúdos fantasmáticos; desse modo, as interações fantasmáticas organizam-se onde a criança imaginada pela mãe confronta-se com as proto-representações do bebê. Sentimentos em relação ao bebê antes e após o nascimento “parecem estar a serviço, na representação materna, “de dar mais identidade” ao bebê durante a gestação” (PICCININI et al, 2004, p. 229). Conforme a literatura, isso se mostra saudável, pois o vínculo é formado na relação materno-filial. Pode-se pensar que imaginar, interagir, acreditar, preocupar-se são atitudes que revelam a existência de um vínculo com o bebê, o que permite nomeá-lo e torná-lo mais real. Desde o início da gravidez é estabelecida uma relação imaginária da mãe com o bebê, a qual fica representada por um corpo imaginado possuidor de todas as Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca caracterizações necessárias para a completude de um corpo (AULAGNIER apud PICCININI et al, 2004, p. 229). Em relação ao período de luto, as entrevistadas demonstraram ter passado por ele, na maior parte dos casos, tranquilamente, somente duas puérperas ainda não haviam conseguido se adequar ao bebê real, demonstrando claramente sua insatisfação por não ter nascido o bebê imaginado. As mães passaram por sentimentos de luto e algumas frustrações, mas lidaram de maneira relativamente bem com a transição do bebê imaginário para o real, apegando-se sempre a ideia principal que é intrínseca a maternidade: um filho saudável é o que mais importa. “Um bebê não é jamais o bebê que nós cremos. Os pais não são jamais os pais que nós cremos” (SOUSSAN apud SUASSUNA, 2008, p. 1). Referências ANDRADE, M.A.G. Tornar-se Pai, Tornar-se Mãe: O processo de parentificação. In: Corrêa Filho, L.; Corrêa, M.E.G.; França. P.S (orgs). Novos Olhares sobre a Gestação e a Criança até os 3 anos: Saúde Perinatal, Educação e Desenvolvimento do Bebê. 1. ed. Brasília: L. G. E., 2002. BYDLOWSKI, M.; GOLSE, B. Da Transparência Psíquica à Preocupação Materna Primária: uma Via de Objetalização. In: Corrêa Filho, L.; Corrêa, M.E.G.; França. P.S (orgs). Novos Olhares sobre a Gestação e a Criança até os 3 anos: Saúde Perinatal, Educação e Desenvolvimento do Bebê. 1. ed. Brasília: L. G. E., 2002. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca FERRARI, A.G.; PICCININI, C.A.; LOPES, R.S. O Bebê Imaginado na Gestação: Aspectos Teóricos e Empíricos. Psicologia em Estudo, Maringá, v.12, n. 2, p. 305-313, mai./ago.2007. MALDONADO, M.T. Psicologia da Gravidez: parto e puerpério. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. PICCININI, C.A. et al. O Bebê imaginário e as expectativas quanto ao futuro do filho em gestantes adolescentes e adultas. Interações, [ S.l.]. v. 8. n.16, p. 81108, Jul./Dez. 2003. PICCININI, C.A. et al. Expectativas e sentimentos da gestante em relação ao seu bebê. Psicologia: Teoria e Pesquisa. [on-line]. 2004, vol.20, n.3, pp. 223232. ISSN 0102-3772. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n3/a03v20n3.pdf >. Acesso em: 10 set. 2011. PICCININI, C.A. et al. O Envolvimento Paterno Durante a Gestação. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 17, n. 3, p. 303-314, 2004. STERN, D. A constelação da maternidade: o panorama da psicoterapia pais/bebê. Porto Alegre: Artes Médicas. (1997). SUASSUNA, A.M.V. Os Bebês do Imaginário parental. 2008. Disponível em: < site > Acesso em: 10 set. 2011. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A DOR EXISTENCIAL DISCUTIDA PSICANALITICAMENTE Carina Labres 1 Meique Emília 1 Rosane Castro1 Paula Rava2 Evanisa Helena Maio de Brum2 Resumo Este trabalho apresenta uma reflexão sobre a dor psíquica, princípio do prazer, Narcisismo, Pulsão de morte e os métodos de enfrentamento que o paciente encontra para lidar com os fatos duros da vida, os dados da existência. O presente texto baseou-se em pesquisa bibliográfica sobre a teoria da técnica Psicanalítica e um caso clinico de Irvin D. Yalom analisados com base na teoria psicanalítica. Os resultados revelaram que o vínculo criado no setting terapêutico definirá a resolução dos conflitos internos do paciente e, consequentemente, da dor existencial, desde que o terapeuta possa servir de continente tendo suas próprias questões elaboradas. Palavras Chaves: Dor Psíquica- Princípio do prazer- Narcisismo. 1 – Acadêmicas do Curso de Psicologia do CESUCA 2 – Professora do Curso de Psicologia do CESUCA Introdução Ter consciência de si mesmo é o que muitos desejam, isto é, conhecer a sua própria essência; o que vai ao fundo da alma, curar as feridas e encontrar a energia da vida. Quer-se sofrer menos nesta existência. Mas, para isso, temos que reconhecer o medo da morte. Todos sabemos que vamos crescer, desenvolver-nos e, inevitavelmente vamos morrer. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca O ser humano esforça-se para lidar com os fatos duros da vida. Esforçase para enfrentar suas dores, suas angústias da maneira que aprendeu no decorrer de sua vida. Seguimos exemplos dos que estão próximos, buscamos compensações em algo que nos alivie, pelo menos por algum tempo até a angústia bater a nossa porta novamente. Muitos adquirem a crença na qualidade pessoal; outros vão em busca do prazer sexual, ou ainda na crença de um eterno salvador. São essas estratégias que cada pessoa encontra para aliviar suas dores da alma (Yalom, 2008). Para abordar essas questões, no presente artigo fazemos uma análise de um caso literário através de pesquisa bibliográfica, na tentativa de compreender as dores existenciais da alma humana. Começamos contando parte do caso clínico do psicoterapeuta Yalom (1996), ‘Não seja gentil’, do Livro o Executor do amor. Seu paciente Dave, um homem de 69 anos de idade, o procura por estar impotente sexualmente. Ele o surpreende ao solicitar que seja o guardião de suas cartas de amor, um amor por Soraya sua amante que estava morta há trinta anos. Objetivo Identificar a teoria psicanalítica sobre a dor psiquíca, princípio do prazer, narcisismo, pulsões e os métodos de enfrentamento que o paciente encontra para lidar com os fatos da sua história de vida no caso clinico do autor e psiquiatra Irvin D.Yalon. Metodologia Análise de um caso literário através de pesquisa bibliográfica (Gil, 1999) sobre Psicanálise. Discussão e Resultados Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Irvin, na sua análise, vê que o eixo da personalidade de Dave é o segredo em torno do qual giravam todas as outras coisas; casara-se quatro vezes e não compartilhava sua vida com as ex-esposas e nem com a atual. Sentia-se numa prisão. Ele aguçara a curiosidade da esposa por recusar-se a compartilhar até mesmo inocentes migalhas de informação sobre sua vida. No início, a visão do terapeuta era crítica sobre o comportamento de seu paciente, e concluiu que Dave era ridículo, patético, um homem velho que caminhava em direção à morte, conformado com um maço de cartas que era a prova que ele amara e havia sido amado. A partir dessas observações, Yalom se auto avaliou e percebeu que julgou de forma arrogante e inadequada seu paciente; Considerou-se hipócrita, pois também guardava suas cartas de amor, embora não as lesse há quinze anos, por causar sofrimentos, e não conforto, porém não conseguia destruí-las. Fez a seguinte reflexão: ”Jamais tire qualquer coisa, se você não tiver nada melhor para oferecer em troca”. Desde o início, o terapeuta sentiu-se atraído por Dave, mas o paciente não permitia empatia completa. Irvin surpreende-se em uma sessão quando Dave respondeu que o que mais o incomodava era a impotência sexual que havia sido a razão para Dave procurar terapia. No decorrer das sessões, Dave demonstrava melhora na sua qualidade de vida. Segundo Yalom, a raiva diminuiu, seu desempenho sexual melhorou, e a convivência com a esposa estava mais branda. Mas, o que alimentava sua paixão pelo segredo? Aceitar a proposta de guardar as cartas seria formar uma aliança com a patologia? Com receio, o terapeuta sugeriu que seu paciente fizesse parte de um grupo terapêutico, ele aceitou. No quarto encontro, Dave revelou que contava os dias para a próxima sessão, mas esse entusiasmo infelizmente não era pela auto descoberta, mas sim por causa de quatro mulheres atraentes que faziam parte do grupo. No encontro seguinte, Dave relatou um sonho forte que tivera na noite seguinte à sessão anterior. O sonho: ‘A morte me cerca completamente. Posso Cheirá-la. Tenho um pacote com um envelope dentro dele, e o envelope contém alguma coisa que é imune à morte, à decomposição ou à deterioração. Eu o mantenho em segredo. Vou pegá-lo e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca senti-lo e, subitamente, vejo que ele está vazio. Fico muito angustiado com isso e percebo que ele foi aberto. Mais tarde, descubro na rua aquilo que pensava estar dentro do envelope, um sapato velho e sujo com a sola caindo.’ O sonho era revelador, o mistério sobre o inconsciente de Dave ganhou luz; o significado de suas cartas de amor estava ali representado pelo envelope, a negação à morte. Elas afastavam o envelhecimento e mantinham a paixão de Dave congelada no tempo. O sapato velho e sujo, a representação da imagem que ele tinha de si próprio. Um velho sujo cuja alma estava prestes a abandoná-lo. Dave ficou chocado com o material que foi revelado através do sonho, por ser muito doloroso, revelou ao grupo que precisaria de um tempo para digerir todo o conteúdo que havia sido trabalhado na sessão, despediu-se e não retornou mais; a terapia havia terminado para ele. Por fim, Yalom declarou ter sentido pena de Dave, por seu isolamento, seu apego à ilusão, sua falta de coragem, sua falta de disposição para enfrentar os fatos duros da vida. E pensou que teria que examinar suas próprias cartas algum dia. Assim, como Dave, muitos pacientes fazem essa escolha de não olhar para o conteúdo interno que os faz sofrer; optam por simplesmente ir levando a vida sempre da mesma forma, mas há muitos também que se permitem, que colocam toda a sua esperança em encontrar algo dentro de si que os liberte do terror da morte, e essa é a nossa função enquanto terapeutas, encontar dentro de cada um de nossos pacientes a energia da vida, a alegria de viver. Mas, para possibilitarmos isso aos nossos pacientes temos que servir de continente, termos nossas próprias questões elaboradas. Partimos da história de Dave para refletir sobre a dor psíquica, as noções do Eu, o princípio do prazer, a angústia da morte e os métodos de enfrentamento. E perguntamos qual abordagem terapêutica deve ser utilizada nesses casos e como aliviar , a dor de não existir? Paulo José Carvalho da Silva, (2007) em seu artigo Uma história da noção de dor em Freud, comenta que Freud em sua obra fez muitas considerações à dor; a psicanálise permite concluir que a dor é uma Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca manifestação da vida da espécie humana e refere-se a um excesso próprio da pulsão. A ideia da dor que Freud fala em sua obra foi desenvolvida com a clínica da histeria, em que a noção de dor vem como efeito das pulsões. O valor afetivo que damos aos objetos corresponde ao tamanho da dor que sentimos. Dessa forma, a dor aponta a impossibilidade de descarga da tensão pulsional, pede a escuta de sua história. No caso de Dave, como não houve essa descarga da pulsão, ela foi representada com a somatização no físico, originando sua impotência sexual. Ainda para Freud (1905), a pulsão representa o conceito de algo que é o limite entre o somático e o psíquico, uma fonte de excitação que estimula o organismo a partir de necessidades vitais interiores e o impele a executar a descarga dessa excitação para um determinado alvo. A natureza dessa força energética só pode ser conhecida por meio dos seus representantes psíquicos. Assim transformando o somático em psíquico, com as respectivas sensações das experiências emocionais primitivas, o indivíduo vai construindo o seu mundo interno de representações, colocando seus sentimentos em palavras. No decorrer do tratamento, Dave apresentou melhoras na sua qualidade de vida, ao ser acolhido pelo terapeuta, que na escuta de sua história, ressignificando alguns aspectos da sua foi vida, e os sintomas físicos foram diminuindo. Toda pulsão implica a existência de quatro fatores: uma fonte, uma força, uma finalidade e um objeto. Ainda se pode caracterizar dos trabalhos de Freud, o deslocamento da pulsão de uma zona corporal para outra, o intercâmbio entre as distintas pulsões, a compulsão à repetição e as transformações das pulsões. Dave, ao procurar novos relacionamentos amorosos, estava numa tentativa de reencontrar as experiências de satisfação que lhe dessem esta descarga da tensão interna oriunda das excitações do corpo. Essa descarga lhe proporcionaria o equilíbrio psíquico. Que a fonte provém das excitações corporais, ditadas pelas necessidades de sobrevivência. A força determina o aspecto quantitativo da energia pulsional, ou seja, representa o importante aspecto “econômico” do psiquismo. A finalidade é a descarga da excitação para conseguir o retorno a um estado de Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca equilíbrio psíquico. Objeto é aquele que seja capaz de satisfazer e de apaziguar o estado de tensão das excitações do corpo, ou que he sirva como depósito de descarga (ZIMERMANN, 1999). Ao guardar as cartas e não destruí-las Dave tinha uma representação, a prova de que amou e foi amado, e isso o mantinha vivo, pois representava o desejo, o prazer corporal, a energia da vida. Para Freud, as pulsões não estariam localizadas no corpo e nem no psiquismo, mas na fronteira entre os dois e teriam como fonte o ID. A pulsão de vida seria representada pelas ligações amorosas que estabelecemos com o mundo, com as outras pessoas e com nós mesmos, enquanto a pulsão de morte seria manifestada pela agressividade que poderá estar voltada para si mesmo e para o outro. O princípio do prazer e as pulsões eróticas são outras características da pulsão de vida (RÊGO,1995). Dave ao procurar relacionamentos com amantes, estaria buscando essa pulsão de vida existente nas ligações amorosas, uma forma de sofrer menos por algum tempo . Já a pulsão de morte, além de ser caracterizada pela agressividade, traz a marca da compulsão à repetição, do movimento do retorno à inércia pela morte também (ZIMERMANN, 1999). Embora pareçam concepções opostas, a pulsão de vida e a pulsão de morte estão conectadas, fundidas e onde há pulsão de vida, encontramos também a pulsão de morte. A conexão só seria acabada com a morte física do sujeito. Isso ficou explícito no sonho de Dave, havia o envelope representando o amor, a pulsão de vida, a energia que dá prazer , a satisfação em viver. Assim sentia-se bem consigo mesmo e pleno com sua existência, mas, quando vê que está vazio, o seu vazio interno, a pulsão de morte. O vazio que essa perda deixou em seu coração, representava a perda do objeto que lhe dava o sentimento de plenitude, ou seja, de simplesmente existir. Podemos constatar o enlaçamento existente entre as duas pulsões na dinâmica da neurose da angústia. A pulsão de morte no sujeito será a responsável pela elevação da tensão ou excitação libidinal que será escoada pela pulsão de vida que levará o indivíduo, impulsionado pelo princípio do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca prazer, a procurar objetos que venham a minimizar os impactos da angústia, que era o que Dave buscava ao procurar novos relacionamentos amorosos. A pulsão sexual situa-se no limite somatopsíquico, sendo que a parte psíquica, Freud denominou libido, que alude a “todas as pulsões responsáveis por tudo o que compreendemos sobre o nome de amor”. Todo o prazer corporal que não era devido à satisfação direta das pulsões do ego, como a fome, a sede e a necessidades fisiológicas, ele considerou sendo sexuais ou eróticas (ZIMERMANN, 1999). Em sua obra Freud (1930), descreve como se desenvolve o Eu em um ser humano. Quando a criança é recém-nascida, essa ainda é incapaz de distinguir o seu Eu do mundo externo; esse mundo como fonte de sensações que fluem sobre ela. O primeiro momento em que o Eu é contrastado com um objeto é quando este descobre que uma fonte vital de prazer lhe é subtraída, só reaparecendo quando grita. Essa fonte é o seio da mãe; na realidade, o primeiro objeto que diz existir algo externo a ele. A outra função importante que forja o Eu, forçando-o a separar-se das sensações, é o confronto movido pelo “princípio do prazer”, uma das forças motrizes de todo o desenvolvimento humano, com as inevitáveis sensações de sofrimento e de desprazer. Surge, então, uma tendência a isolar do Eu tudo o que pode tornar-se fonte de tal desprazer, a lançá-lo para fora e criar um puro Eu em busca do prazer, que sofre o confronto com um exterior estranho e ameaçador (Rêgo, 1995). O que é possível verificar no caso de Dave, que tendia a se isolar das pessoas. Rêgo (1995) fala que é através desta luta do homem com o seu mundo exterior que começa a se diferenciar o Eu do mundo externo, começando o ser humano a introduzir o “princípio da realidade”, que estrutura todo o seu desenvolvimento posterior. A finalidade do “principio da realidade” é, no seu confronto com o “princípio do prazer”, capacitar o ser humano a construir defesas que o protejam dos desprazeres de que o mundo externo o ameaça. Ao não compartilhar a sua vida nem com a esposa, Dave estava se defendendo de possíveis críticas por parte dela. Ele foi evitando uma proximidade maior, para não se sentir invadido e, assim, poder sentir-se livre, livre do desprazer. Mantendo-se em segredo, sentia-se menos ameaçado pelo Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca mundo externo. Descrevendo a estruturação do Eu do ser humano, Freud (1930), identificou nesta relação do Eu com os objetos existentes no mundo externo, principalmente com sensações que estes objetos causam no interior do ser, um importante ponto de partida de distúrbios patológicos. Ainda Rêgo (1995) concluiu que algumas coisas difíceis de serem abandonadas, por proporcionarem prazer são não EU, mas objeto, e certos sofrimentos que se procura extirpar mostram-se inseparáveis do Eu, por causa de sua origem interna, a fim de desviar certas excitações desagradáveis que surgem do interior, o Eu não pode utilizar senão os métodos que utiliza contra o desprazer oriundo do exterior. No auge do sentimento de amor, a fronteira entre Eu e objeto ameaça desaparecer. Dave quando enamorado de Soraya, o “EU” e o “Tu” eram um só, não existia a demarcação de um ego autônomo e unitário, ficando evidente a sua posição narcisista, a sua unidade simbiótica com a mãe (ZIMERMANN, 1999). As suas cartas de amor expressavam a representação inconsciente dessa fusão com a mãe e, ao destruí-las, estaria o seu ego exposto às pulsões destrutivas e o pavor de aniquilamento decorrentes da pulsão de morte. O princípio geral, que mostra ser o propósito de todo ser humano diante da vida, de buscar intensamente o prazer e evitar o sofrimento é o “Princípio do Prazer” (FREUD, 1930). Manter-se em segredo foi à maneira que Dave encontrou para dizer não às regras impostas pelo mundo exterior e, assim, não sofrer. O mais penoso sofrimento do ser humano é decorrente do relacionamento com outros seres humanos, então se vê obrigado, como uma forma de defesa, a moderar as suas expectativas, domesticando o princípio do prazer, reduzindo-o ao princípio da realidade, assim, colocando, em primeiro lugar, a tarefa de evitar o sofrimento. No caso de Dave, podemos levantar a hipótese que seu isolamento era defensivo pelo receio de sofrer com a proximidade afetiva. O ser humano tenta de diversas formas buscar o prazer, sem com isso ter a garantia de sucesso; identifica-se com intoxicação química, com religião, e com fruição das obras de artes como formas legítimas de conseguir prazer, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca colocando em primeiro plano uma importante técnica, a arte de viver, que é o “amor”. Esse conjunto de processos mentais internos dirigem a sua libido para um objeto para extrair satisfação dele (RÊGO, 1995). Freud (1930) colocou que, mesmo essa arte, é frágil em garantir uma perene realização do princípio do prazer, uma vez que o ser apaixonado demonstra uma grande vulnerabilidade diante do objeto. Nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos; nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor. Isso, porém, não liquida com a técnica de viver. Exatamente por defender-se dessa proximidade, Dave teve tantos casamentos e amantes. Desenvolveu essa defesa, pois ter muitas mulheres fazia com que não construísse intimidade com nenhuma. Em condições normais, a criança reconhece a presença e a necessidade do outro, de modo a constituir o seu mundo desde esse outro, o qual será constitutivo e fundante do seu self. Em caso contrário, como acontece nos transtornos narcisistas, o indivíduo tanto pode apresentar uma demanda excessiva em obter o reconhecimento dos outros, como ele pode negar e fugir dessa vital necessidade, refugiando-se em sua própria subjetividade, muitas vezes, em um estado de isolamento, solidão, encastelado em uma autarquia narcísica e em uma constante declaração de guerra aos demais (ZIMERMANN, 1999). Esse último é o caso de Dave. Pacientes como Dave estão em busca de alguém que lhes reconheça a fragilidade, nesta busca de reconhecimento eles podem deslocar essa necessidade que não foi satisfeita para a construção de fetiches (ZIMERMANN, 1999), Como no caso de Dave que desenvolveu a necessidade de ter muitas mulheres, o que servia defensivamente para que ele não conseguisse desenvolver a intimidade com sua esposa. Desta forma, parece que Dave utilizou-se da sedução como uma forma de defender-se originando um falso self, não expressando seus desejos e necessidades. Na sua relação com a mãe, que não foi suficientemente boa, passou a criar objetos idealizados para si, sem se preocupar com os desejos dos outros. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A necessidade de ser reconhecido como alguém especial pode levar o paciente a não compreender os outros. Para estes pacientes compreender os outros seria nivelar-se aos demais, o que ele poderia não suportar, e uma das consequências poderia ser a transgressão dos costumes habituais da família e da sociedade, inclusive os sexuais (RÊGO,1995). Dave não conseguia entender a esposa, bem como o motivo que a levava a ter tanta curiosidade pela vida dele e por não compreendê-la foi cada vez mais se afastando dela. Ele não conseguia se colocar no lugar do outro para fazer as mudanças necessárias para melhorar seu relacionamento conjugal. Sentia-se superior a ela, não fornecendo informações da sua vida que a fizesse sentir-se segura no relacionamento dos dois. O reconhecimento do outro como fonte de vida, de amor, de verdade e de segurança representa um sentimento catastrófico diante da possibilidade de depender e de vir a ser frustrado em seus anseios. Tais pessoas fogem de um vínculo de dependência afetiva por meio de uma autossuficiência onipotente, ou diante de frustrações, como as separações, por exemplo. Eles costumam projetar-se no analista, como uma tentativa de restabelecer a fantasia de estar fundido com ele. Essa última possibilidade apresenta-se comumente mascarada por uma configuração de aparência edípica, que apresenta uma situação de “pseudogenitalidade”, na qual esses indivíduos “amam” aqueles que os fazem sentirem-se amados, ou seja, a intensa atividade aparentemente genital, que exige uma contínua e ininterrupta troca de parceiros, obedece a uma irrefreável e vital necessidade primitiva de serem reconhecidos como capazes de serem amados e desejados (ZIMERMANN, 1999). Ao pedir que o terapeuta guardasse suas cartas de amor, Dave estava buscando esta fusão, este reconhecimento. A angústia, gerada ao entrar em contato com a fatalidade da morte faz com que o ser humano mobilize-se a vencê-la, acionando diversos mecanismos de defesa, expressos através de fantasias inconscientes sobre a morte. Muito comum é a fantasia de existir vida após a morte; de existir um mundo paradisíaco, regado pelo princípio do prazer onde não existe sofrimento. Ao contrário dessas fantasias prazerosas, existem aquelas que Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca provocam temor, com um ser aterrorizante, com face de caveira, interligado a pavores de aniquilamento. O indivíduo pode relacionar à morte com o inferno. São fantasias persecutórias que tem a ver com sentimentos de culpa e de remorso. Além disso, existem identificações projetivas com figuras diabólicas, relacionando à morte, à desintegração e à dissolução (ANGELA FONSECA, 2006). Dave não suportou olhar a realidade, a sua terapia foi um sucesso, seus segredos foram desnudados, mas ele morreu, continuando uma pessoa viva, mas, morta por dentro. Optou por não mexer em suas feridas, preferiu continuar a sua vida da mesma forma, uma vida sem sentido. Aqui fica uma reflexão sobre a intervenção do terapeuta; como ele também não tinha solucionado a sua relação com suas próprias cartas de amor, e ele reconheceu que precisaria fazer isso algum dia, como poderia ser o continente que Dave necessitava para sentir-se compelido a resolver as suas? Considerações Finais Falar sobre a morte provoca certo desconforto, pois damos de cara com o inevitável, com a certeza de que um dia a vida chega ao fim. Nós, Terapeutas, ao iniciarmos uma caminhada com cada paciente que venham em busca de acolhimento, temos que estar conscientes que vamos, muitas vezes, nos deparar com histórias que nos levarão a refletir sobre nossas próprias vidas e também com a dor de não existir. A empatia construída no setting terapêutico criará a possibilidade de transformar a vida das pessoas que nos procuram e a nossa também, ao estarmos abertos às nossas questões internas, pois possibilitaremos àqueles que nos procuram a se permitirem ter um olhar mais profundo para as suas dores. Os pacientes que buscam terapia compartilham seus mais profundos segredos, seus abandonos e seus sofrimentos. Muitos desses sofrimentos são transformados quando paciente e terapeuta constroem um vínculo afetivo que possa lhe dar suporte à resolução de questões dolorosas. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Enquanto terapeutas, somos responsáveis por trazer vida, alegria a nossos pacientes e fazermos com que ressignifiquem suas vidas, isso é o que nos fará sentir e ter reconhecimento pelo outro, a satisfação do dever cumprido enquanto profissional e como ser humano. Todos nós passamos por crises existenciais durante o desenvolvimento do ciclo de vida; algumas pessoas as enfrentam com muita determinação e coragem, conseguindo ultrapassá-las sem entrarem no sofrimento psíquico. Em contrapartida, existem as que a dor psíquica é tão intensa que acabam por isolar-se do resto do mundo, pois perdem o contato com a realidade que as rodeia, morrendo para a vida. No caso Clínico que acabamos de ver, podemos observar o quão intensa é essa dor e como o paciente organizou sua vida para evitar o sofrimento. Ele isolou-se de um mundo real, deixando que suas fantasias internas fossem representadas através de suas fantasias de satisfação real, apoderando-se do princípio do prazer sem deixar que o princípio da realidade desse o equilíbrio psíquico necessário à sua vida. Em nome do sofrer menos, deixou de viver uma vida real. O paciente repetia suas experiências na busca de uma satisfação real e usava a sua sexualidade como descarga da pulsão de morte sem transformála. A intervenção do terapeuta em casos como o de Dave deve ter cuidados metodológicos, para que, no seu devido tempo e dentro do seu limite psíquico, os pacientes possam com a ajuda do analista, ir reconstruindo a sua ligação com a vida. Pessoas que não estão plenamente vivas sentem uma dor contínua e podem mascará-las com drogas, com sexo e com vícios. Através da empatia, da valorização dos aspectos positivos do paciente, o terapeuta poderá levar o paciente ao encontro de si mesmo, possibilitando a cura dessa dor e, consequentemente, a transformação desta pulsão de morte em uma existência plena, consciente. Ficam aqui algumas lacunas a serem pesquisadas nesse sentido. Quais métodos os terapeutas devem utilizar para religar pacientes como Dave, pacientes de difícil acesso? Quais teorias devemos usar? A Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca cultura, a criatividade, a confiança poderão ser a chave para esses pacientes? Temos ainda que fazer muitas pesquisas, relacionar casos, para melhor compreender essas questões que se abatem sobre o ser humano e podermos trazer à vida para preencher os vazios da existência. Referências YALOM, Irvin. O Executor do amor. Porto Alegre: Artmed, 1996. YALOM, Irvin. De Frente para o sol. Rio de Janeiro: Agir, 2008. ZIMERMANN, David. Fundamentos Psicanalíticos Teoria, Técnica e Clínica. Porto Alegre: Artmed, 1999. ANGELA, FONSECA. Disponível in: Um estudo teórico sobre a morte. http://www.zemoleza.com.br/carreiras/28088.html# RÊGO, JOÃO. disponível in: /www.fuhtndaj.gov.br/docs/inpso/cpoli/JRego/TextosCPolitica/Hobfreud/hbintr.ht m LATIN AMERICAN JOURNAL OF FUNDAMENTAL PSYCHOPATHOLOGY ON LINE. Ano VII. N.1, MAIO/2007. Silva, Paulo Jose Carvalho da. Uma história da noção de dor em Freud. OBESIDADE E SUPERAÇÃO: UM DESAFIO À ÓTICA PSICANALÍTICA Jessica Rodrigues Fernandes1 Claudia da Silva Vargas de Bortoli1 Evanisa Helena Maio de Brum2 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Paula Rava2 RESUMO Através dos textos literários é possível observar sentimentos e pensamentos humanos, o que auxilia a compreensão do funcionamento psíquico do ser humano. Freud também utilizou esse método, extraiu as características psicológicas de personagens da literatura, formulando sua própria teoria. O objetivo deste trabalho é analisar um caso clínico da literatura à luz da teoria psicanalítica. Para tanto realizamos a análise do caso através de pesquisa bibliográfica. Os resultados revelaram que a paciente do caso viveu muitos traumas, sacrifícios e preconceitos por sua condição de obesidade, para proteger-se e sobreviver desenvolveu um falso self. Após reviver situações transferenciais com o analista pode repetir e elaborar seus traumas, sendo um exemplo de superação. Por fim, acabou revelando facetas do seu verdadeiro “self”. Palavras-chave: psicanálise, obesidade, personalidade, transferência. 1 – Acadêmicas do Curso de Psicologia do CESUCA 2 – Professoras do Curso de Psicologia do CESUCA INTRODUÇÃO Através dos Textos literários é possível observar sentimentos humanos, pois nele encontramos uma transcrição dos mesmos. Assim os literários proporcionam um instrumento que ajuda para compreensão do pensamento e dos sentimentos humanos. A análise de casos descritos na literatura pode contribuir para que se compreenda a personalidade humana. Freud também utilizou esse método, extraiu as características psicológicas de personagem literárias, formulando a própria teoria. Neste trabalho abordaremos alguns conceitos psicanalíticos como falso e verdadeiro self, transferência compulsão à repetição. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Numa acepção geral, entende-se por self aquilo que define a pessoa na sua individualidade e subjetividade, isto é, a sua essência. O termo self em português pode ser traduzido por "si" ou por "eu", mas em termos psicanalíticos entende se por personalidade. Este termo foi utilizado inicialmente por vários psicanalistas ingleses, entre eles Donald Winnicott, para designar a pessoa enquanto lugar de atividade psíquica, ou seja, o self seria o produto de processos dinâmicos que asseguram a unidade e a totalidade do sujeito. O conceito de transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do nosso presente, transferência executada pelo inconsciente. Para a teoria freudiana, esse fenômeno é fundamental para o processo de cura. Na Psicanálise, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostos para o analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciadas e sentidos na atualidade. O manuseio da transferência é muito importante na técnica de análise. Desta forma, este estudo aborda conceitos psicanalíticos de falso e verdadeiro self, transferência e a concepção freudiana sobre a compulsão à repetição. Objetivo Analisar um caso clínico da literatura à luz da teoria psicanalítica. Metodologia A metodologia utilizada foi análise de um caso clínico da literatura de autoria de Irvin Yalom (1996) através de pesquisa bibliográfica (GIL, 1999). O CASO CLÍNICO A LUZ DA TEORIA PSICANALÍTICA Na ocasião em que procurou o atendimento psicológico, Betty, 27 anos, filha única, solteira e que trabalhava como relação pública em uma instituição varejista. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Ela pesava 115 quilos e media, apenas, 1m e 55 cm. Betty cresceu em um pequeno rancho no estado americano do Texas e, aos 12 anos de idade ficou órfã de pai. De acordo com o relato de Betty, desde que tinha 21 anos, salvo breves períodos, ela engordou. Para o terapeuta do caso “Ela falou todas essas coisas num tom alegre de conversa, como se estivesse falando sobre outra pessoa, ou como se ela e o analista fossem estudantes da faculdade trocando histórias no dormitório”. A incapacidade de se relevar e a sua necessidade de se “divertir” “[...] em nossa conversa face a face Betty jamais era real, era toda simulação e falsa alegria” (YALOM, 1989, p.86). Podemos constatar através deste trecho que Betty desenvolveu um falso self. De acordo com Winnicoltt (1960), o que pode ser observado quando uma pessoa não expressa naturalidade em seu modo de agir, vivendo como se ela interpretasse um personagem e consequentemente ocultando seu verdadeiro self. Outra forma de identificação é quando constatamos a presença de sensação de vazio, como pode ser visto no trecho abaixo, no qual o terapeuta revela seus pensamentos quanto ao caso: “Mas Betty disse que não sabia como ser de outro jeito: eu estava lhe pedindo para ela livrar-se de todo seu repertório social”. Revelar-se? Se ela fosse se revelar o que mostraria? Não havia nada lá dentro. Ela estava vazia (YALOM 1989, p. 94). “O primeiro passo em qualquer mudança terapêutica é a assunção da responsabilidade” (YALOM 1989p.90). Yalom percebeu que para a terapia ter efeito era preciso que a paciente se sentisse de alguma maneira responsável pelas próprias dificuldades, se não como então ela poderia mudar a situação? Betty externalizava seus sentimentos colocando a culpa em tudo que era externo a ela. Yalom nos fala sobre o caminho a seguir para trabalhar as questões centrais na psicoterapia. Segundo ele, esse percurso só seria aberto quando o paciente começasse a desenvolver sentimentos com relação ao Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca relacionamento paciente e psicoterapeuta. No relacionamento com o terapeuta é possível identificar, trazer os conceitos de transferência, fundados por Freud (1938) e amplamente discutido por Bollas (1992), bem como os conceitos de contratransferência (ZIMERMAN, 1999). Para Yalom (1996, p.83) os processos contratransferências fazem parte de um currículo de autodesenvolvimento do terapeuta, em que ninguém se gradua, e revelam sentimentos irracionais que o terapeuta tem em relação ao paciente. Enquanto a transferência se refere aos sentimentos que o paciente transfere ao terapeuta, mas que de fato se originam de relacionamentos anteriores, O trecho abaixo ilustra o quanto o terapeuta teve que superar seu preconceito com pessoas gordas para conseguir “conectar-se” com Betty, portanto, revelando seus sentimentos contratransferênciais: Eu sempre me senti reprimido por mulheres gordas. Eu as acho desagradáveis: seu absurdo andar bamboleante para os lados sua ausência de contornos corporais-seios, colo, nadegas, ombros, maxilar, ossos do rosto, tudo, tudo aquilo que gosto de ver numa mulher, oculto por uma avalanche de carne. E eu odeio suas roupas, os vestidos desformes, folgados ou, pior, os blue jeans apertados, elefantinos, com as cochas em forma de barriu. Como elas ousam impor seu corpo a todos nós? (YALOM, 1996, p.83-84). Mesmo diante destes sentimentos contratransferências Yalom estava disposto a tratar Betty, pois após 25 anos de prática decidiu que era hora de mudar. Era hora de se permitir viver e “re-significar” a sua relação com mulheres obesas, o que no principio, era uma tarefa inconcebível. Após algumas sessões, Betty teve seu primeiro grande insight. O analista conseguiu mostrar para Betty a tendência à repetição dela, pois achava que sempre seria abandonada assim como o pai fez ao falecer e ela só tinha 12anos e se sentiu muito desamparada tendo inclusive que tomar conta da própria mãe. Então ela pensou que não poderia apegar-se a ninguém, pois certamente o perderia. A partir desta lógica inconsciente Betty passou a não se Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca apegar a nada e a ninguém. O analista complementa essa ideia ao afirmar: “O problema é que com essa atitude é que você acaba com uma vida despovoada. Talvez isso seja parte da razão pela qual você se sente vazia por dentro. De uma maneira ou de outra os relacionamentos terminam. Não existe isso de garantia vitalícia. É como se recusar a ver o nascer do sol porque você odeia vê-lo se pôr”. Betty respondeu: “Soa maluco quando você coloca assim, mas é o que eu faço. Quando conheço uma pessoa de que gosto, começo imediatamente a imaginar como será despedir-me dela”. Betty que havia tido uma breve depressão, apresentou melhoras; estabeleceu uma vida social; começou a participar de um grupo de autoajuda e tomou a iniciativa de cuidar de seu corpo. Mas, todo esse movimento levou-a a ter sintomas físicos (dores na cabeça e nas costas, dificuldades respiratórias), pois, ela associou a sua redução de peso com a perda de peso que seu pai tivera em decorrência do câncer. Sendo assim, ela pensou que poderia ficar propensa a desenvolver a mesma moléstia. Conforme Yalom (1996, p.97), esses sentimentos perturbadores compunham em grande parte os problemas de peso de Betty. Não apenas a comida representava a sua única forma de gratificação, não apenas era uma maneira de amenizar seu sentimento de vazio, não apenas a magreza evocava a dor da morte do pai, como ela também sentia, inconscientemente, que perder peso resultaria na sua morte. Diante desse quadro Betty começa a recordar traumas e se desestabiliza emocionalmente. O fato de Betty estar recordando traumas é muito importante para seu tratamento, pois esse seria o primeiro passo para a dinâmica apontada por Freud (1914) em seu trabalho intitulado: Recordar, Repetir e elaborar. Para o autor os sintomas psíquicos são originários de conflitos inconscientes e para que os sintomas sejam esbatidos é necessário, como um primeiro passo no tratamento, que o paciente possa recordá-los. Dando continuidade ao processo psicanalítico, Betty seguia com suas atividades e reduzindo de peso. Ela começou a ter experiências que, até então, eram desconhecidas. Ela notou que alguns homens passaram a conversar com ela, sendo que, um deles, acompanhou-a até o carro; o seu cabeleireiro lhe Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca ofertou uma massagem capilar sem ônus e, seu chefe fortuitamente lhe olhava os seios. Mas, apesar de ter fantasias sexuais, ela jamais tivera qualquer contato físico com um homem isso lhe remetia um trauma sexual. Além disto, ela percebeu a repulsa do terapeuta pelo seu corpo, pois ele nem mesmo tocou a sua mão durante todo o tratamento e isso a fazia repetir concretamente o trauma sexual, estar gorda para ela era estar viva, pois seu pai morreu muito magro. Podemos agora perguntar o que é que ele [o paciente; no caso Betty] de fato repete ou atua (acts out). A resposta é que repete tudo o que já avançou a partir das fontes do reprimido para sua personalidade manifesta: suas inibições, suas atitudes inúteis e seus traços patológicos de caráter. Repete também todos os seus sintomas, no decurso do tratamento. E podemos agora ver que, ao chamar atenção para compulsão à repetição, não obtivemos um fato novo, mas apenas uma visão mais ampla. Só esclarecemos a nós mesmos que o estado de enfermidade do paciente não pode cessar com o início de sua análise, e que devemos tratar sua doença não como um acontecimento do passado, mas como uma força atual. (FREUD, 1914). Yalom conta sobre o tratamento: “Nós logo estávamos passando sessões inteiras falando a respeito de seu pai. Chegara o momento de desenterrar tudo. Eu a arrastei a reminiscências e a encorajei a expressar tudo o que ela podia lembrar sobre a enfermidade, a morte, a aparência de seu pai no hospital quando ela o viu pela última vez, os detalhes do funeral, as roupas que ela usava o discurso do ministro, as pessoas que compareceram”. Isso a fez perceber a relação inconsciente construída em relação a sua compulsividade por comer, o medo de emagrecer e morrer como seu pai que definhou de câncer estando muito magro e, portanto, a magreza simbolizava isso para ela: a morte, e para evitá-la comia compulsivamente. Nesse estágio, a psicoterapia passou a ocorrer três vezes por semana . Foi possível explorar com profundidade e intensidade as lembranças de Betty com o seu pai. O imprescindível dentro do tratamento foi à conscientização Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca dela de ter construído uma imagem do pai dentro dos modelos de sucesso social que, até então, ela conhecia. Destruir essa imagem e construir uma representação do pai como ser humano com defeitos e qualidades independente de sua interferência enquanto filha, foi o começo da construção dela por si própria. O analista simplesmente ao dar à resistência um nome poderia não resultar em sua cessão imediata. Deve-se dar ao paciente tempo para conhecer melhor esta resistência com a qual acabou de se familiarizar, para elaborá-la, para superá-la, pela continuação, em desafio a ela, do trabalho analítico segundo a regra fundamental da análise. Só quando a resistência está em seu auge é que pode o analista, trabalhando em comum com o paciente, descobrir os impulsos instintuais reprimidos que estão alimentando a resistência; e é este tipo de experiência que convence o paciente da existência e do poder de tais impulsos (FREUD, 1914). Com o tratamento Betty conseguiu elaborar seus traumas e assumir seu verdadeiro self, mas para isso ela passou pelo processo de recordar, repetir para então elaborar o trauma através da transferência com o terapeuta para em fim conseguir superar seus problemas, o parágrafo seguinte ilustra a questão: [...] Elaboração das resistências pode, na prática, revelarse uma tarefa árdua para o sujeito da análise e é uma prova de paciência para o analista. Todavia, trata-se da parte do trabalho que efetua as maiores mudanças no paciente e que distingue o tratamento analítico de qualquer tipo de tratamento por sugestão. (FREUD, 1914) CONCLUSÃO Através do caso de Betty foi possível perceber a presença de um falso self (WINNICOTT,1983), a importância dos processos transferenciais e contratransferenciais para o andamento do tratamento (ZIMERMAN, 1999), bem como a necessidade de que o paciente repita seus conflitos na Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca transferência com o terapeuta para que possa recordá-los e elaborá-los (FREUD, 1914). Desta forma, foi possível através da análise do caso “sentir se dentro do sentir de Yalom” e tomar Betty como nossa paciente, nos permitindo pensar as teorias psicanalíticas à luz do caso. Yalom demostrou assim como Betty ser um exemplo de superação, pois durante o tratamento desta paciente ele conseguiu superar seu próprio preconceito com pessoas gordas e assim doar-se inteiramente ao caso e produzir um processo de transferência com a paciente, “conectar se a ela”, buscando entendê-la e ajudá-la. Ele fez uma combinação com ela para fazê-la falar de coisas mais pessoais já que de inicio ela só falava coisas superficiais. Combinou que daria uma nota de 1á 10 para ao grau de revelação das coisas ditas por ela na sessão terapêutica e assim se fez, mas Betty continuava a falar coisas superficiais e se dava nota 10, Yalom decidiu confrontá-la pela primeira vez dizendo assim: “Betty você se dá um 10, mas eu não senti dessa maneira. [...]”. Esse confronto entre paciente e terapeuta foi muito importante para que Betty fizesse importantes revelações e iniciasse o processo contratransferêncial. Betty voltou a pesar 67k e conseguiu manter laços afetivos mais fortes com as pessoas. Yalom a estimulou a revelar facetas de sua verdadeira personalidade, de seu verdadeiro self. Este estudo tem como uma possível limitação o fato de tratar-se da análise de um único caso. Pode-se pensar que uma sugestão para estudos futuros seja que esse tipo de análise seja estendido para outros casos, tendose inclusive a possibilidade de se estabelecer comparações entre eles. Também destacamos como limitação do estudo o fato de analisarmos o caso através do relato literário, o que com certeza não permite que seja realizada uma análise ampla e aprofundada da paciente em questão. REFERÊNCIA BOLLAS, C. (1992). O conhecido não-pensado: primeiras considerações (p. 335 – 342). In: Bollas, C. (1992). A sombra do objeto, Rio de Janeiro, Imago. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca BRUM, E. (2004) Patologias do Vazio: Um Desafio à Prática Clínica Contemporânea. Psicologia Ciência e Profissão, 24 (2), 48-53. FREUD, S. (1914). Recordar, Repetir e elaborar. In: Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago, 1980. V. XII. Freud (1938) A técnica da psicanálise. In: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1980. V. XXIII. WINNICOTT, D. (1983) . Distorções do ego em termos de falso e verdadeiro self. In: O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre, Artmed. WINNICOTT, D. (1983). Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo. In: O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre, Artmed. WINNICOTT, D. (1983). Preocupação Materna Primária. In Winnicott, D. Textos Selecionados da Pediatria à Psicanálise. RJ: Imago. ZIMERMAN, D. (1999). Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artes Médicas. YALOM, I. (1996). O Executor do Amor e outras histórias sobre psicoterapia. Porto Alegre: Artmed. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DEMOCRACIA & EXCEÇÃO: PARADOXOS DA ATUALIDADE? Marcelo Almeida Sant’Anna Resumo A Constituição Federal de 1988, aparentemente, superou o período de Exceção Militar, inaugurando uma nova etapa da história nacional. No entanto, as experiências pretéritas demonstram que os diversos períodos de Exceção marcaram profundamente o país e não se restringiram ao Regime Militar de 1964. Tal fato exige reflexão. A doutrina constitucionalista em geral manifestase no sentido de que houve a superação do Estado de Exceção, todavia, há posições mais críticas que visualizam a atualidade em perspectivas mais complexas. Essa posição defende a idéia de que a atualidade não apresenta a superação do Estado de Exceção, mas sim sua indistinção com a normalidade. A divergência entre essas concepções, além das opções acadêmicas, tem por base uma diferença metodológica, na medida em que o atual Estado de Exceção é mais facilmente percebido através de uma abordagem complexa e interdisciplinar. Nesse sentido, a história nacional, a criminologia, a sociologia e a teoria política são disciplinas que, ao lado do direito, irão justificar a afirmação de que vivemos ainda em um Estado de Exceção. Palavras-chave: Estado de Exceção. Democracia. História do Brasil. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DEMOCRACIA & EXCEÇÃO: PARADOXOS DA ATUALIDADE? Introdução A atualidade indica a continuidade de um processo de amadurecimento econômico e jurídico do país. As instituições de Estado têm funcionado buscando implantar e obedecer as diretrizes traçadas na Constituição de 1988, ainda que se verifique desvios e violações. Essa “ordem” jurídica, que representa determinada estabilidade, autoriza a afirmação de que o Brasil é um Estado Democrático de Direito e que o período de Exceção88 restou superado. Tal assertiva, bem representada por boa parte dos teóricos constitucionalistas, entende a atualidade nacional como democrática e constitucional, na qual os direitos fundamentais encontram-se em pleno vigor89. Posição muito mais crítica é aquela que não aceita a completa superação da Exceção pelas atuais democracias, ao contrário, sustenta a projeção do fenômeno através da indistinção entre Estado Democrático e Estado de Exceção. Nesse sentido, posiciona-se AGAMBEN90, um dos teóricos que mais estudou a tema e cujas análises são indispensáveis para a compreensão do Direito na atualidade. Diante dessas diferentes perspectivas, esse artigo pretende contribuir para o debate abordando os aspectos principais da teoria de AGAMBEN – sem contudo aprofundá-la - e relacionando-a a temas sensíveis no plano nacional. Sustenta-se, a título de hipótese principal, a indistinção entre Exceção e norma; 88 Iremos utilizar a expressão Exceção com a inicial maiúscula para indicar os fenômenos relacionados ao Estado de Exceção. 89 Sem olvidar as pequenas diferenças, o entendimento teórico predominante dessa corrente pode ser expresso pela assertiva que formulamos. Nesse sentido: SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 16.ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 1999. p. 90; MENDES, Gilmar Ferreira [et. al]. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 148; CHIMENTI, Ricardo Cunha [et. al]. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 32-33; DALLARI, Dalmo de Abreu. Constituição Resistente. In Os 10 Anos da Constituição Federal: temas diversos. MORAES, Alexandre [coordenador]. São Paulo: Atlas, 1999. p .45-63; MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 32. 90 AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: O poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002; AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. Homo sacer II. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004; AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). Tradução de Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2008. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca o que se verifica com mais facilidade nas relações de direito penal, ou melhor, na submissão do indivíduo ao poder de polícia de Estado. Utilizando uma abordagem complexa e buscando colocar em diálogo mais de uma disciplina, nosso método tem por base o pensamento complexo de MORIN91. A própria escolha metodológica já um indicativo de nossa posição, na medida em que não se pode conceber os fenômenos Excepcionais atuais pela disjunção de saberes, sob pena de reduzirmos nossa visão 92, bem como incorrer em indesejável simplificação93. Ademais, não se ignora que o atual Estado de Exceção modificou-se; suas características estão adaptadas à contemporaneidade, o que exige esforço redobrado para seu entendimento. 1 A democracia desejada É curioso observar a história nacional e os movimentos que lutaram pela modificação dos regimes e governos. Há uma violência institucional ao longo de nossa linha do tempo, a qual surge nos mais variados períodos e com características distintas. A fundação de nosso Estado-Nação, por exemplo, apresenta – claramente – o paradoxo de nosso surgimento e a violência institucional daquele momento, mesmo diante do mito do povo pacífico que se buscava forjar94. Assim, apenas para situar nossos argumentos, algumas palavras sobre as transições constitucionais podem ser úteis. O processo de independência do Brasil, ou seja, a emancipação política nacional deveria ter, considerando uma idéia lúdica de projeção de heróis genuinamente nacionais, uma figura brasileira. No entanto, nosso primeiro grande líder foi um português, responsável pelos rumos iniciais de nossa nação e, conforme diziam os textos jurídicos da época, “Defensor 91 MORIN, Edgar. Método 1: a natureza da natureza. Tradução Ilana Heineberg. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2008. 92 MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Tradução de Eliane Lisboa. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. p. 59. 93 MORIN, Edgar.op. cit. p. 11. 94 GAUER, Ruth Maria Chittó. Medo e violência na fundação do Estado-Nação. Civitas - Revista de Ciências Sociais. Ano 1, n. 2, dezembro de 2001. p. 80-81. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Perpétuo do Brazil”95. Nesse primeiro momento, havia o propósito de realizar uma assembleia constituinte e promulgar a primeira carta magna. Entretanto, logo após o início dos trabalhos da assembleia96, ficaram nítidas as diferenças entre os grupos políticos97 e, principalmente, o propósito de reduzir os poderes de Dom Pedro. Tal conflito irá determinar o fim do primeiro processo constituinte brasileiro. O processo constituinte envolve discussão e confronto de idéias; há ganhos e perdas, conforme as maiorias e minorias interagem ao longo do processo; situação que caracteriza uma assembleia e a própria atividade legislativa. Contudo, o Poder tinha mais “argumentos” a oferecer e, em pleno processo constituinte, se pode observar a Exceção98 que fundou nosso Estado, pois a resposta oferecida por Dom Pedro foi a dissolução da Assembleia Constituinte de 1823. Desse modo, mediante um decreto, soldados, baionetas99 e com o Imperador à frente da tropa100, dissolveu-se o corpo constituinte e pavimentou-se o caminho para a imposição de um texto constitucional que preservasse todo o poder de Dom Pedro101, anunciando a introdução do já extinto “Poder Moderador”102. 95 Collecção das Leis do Imperio do Brazil, a qual está digitalizada e disponível no seguinte endereço: <http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteudo/colecoes/Legislacao/Legimp-F_106.pdf> Acesso em 28/09/2011. 96 A Assembléia Constituinte de 1823 representava a elite intelectual e econômica do Brasil: “19 eclesiásticos, 22 desembargadores, 23 bacharéis, 7 militares” Representavam o Rio Grande do Sul: Marechal Chagas Santos, Antônio Martins Bastos, Joaquim Bernardino de Sena Ribeiro da Costa e José Feliciano Fernandes Pinheiro (CALMON, Pedro. História do Brasil. v. V. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959. p. 1520). 97 CALMON, Pedro.op. cit. p. 1520. 98 . Nosso “estado-nação foi construído sob a égide da exceção, na medida em que a emancipação política foi coordenada por um monarca português que cancelou a Assembléia Constituinte de 1823” (ROSA, Susel Oliveira da. Estado de exceção e vida nua: violência policial em Porto Alegre entre os anos 1960 e 1990. 2007. Tese (Doutorado em História)–Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, 2007. p. 39). Ainda, “O golpe de Estado de 12 de novembro de 1823 resultou na dissolução da primeira Constituinte. É um dos episódios políticos mais controvertidos de toda a história do País. Ao nosso ver, sua raiz assenta na contradição com que se fez a independência: sem ruptura revolucionária que em outras colônias da América assinalou tal processo, separando o elemento colonizador das correntes nativistas” (BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. História Constitucional do Brasil. 4. ed. Brasília: OAB Editora, 2002. p. 54). 99 CALMON, Pedro. História do Brasil.op. cit. p. 1525. 100 BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de.op. cit. p. 79. 101 O Imperador presidiu um Conselho que redigiu o projeto da nova constituição “que a 11 de dezembro estava pronto para ser aprovado pelas municipalidades. Preparou-lhes o espírito o govêrno, destacando para presidir as províncias homens respeitáveis, nelas relacionados, e recomendando a seus adeptos que demonstrassem a vantagem da Carta assim feita, sobre as tumultuárias idéias da Constituinte dissolvida. A Câmara do Rio de Janeiro tomou a iniciativa de adotar o projeto (9 de janeiro de 1824) e pediu às Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Os ideais constitucionais republicanos de parte da elite nacional restaram frustrados; subjugados pelo poder de fato – que passou a ser “jurídico” –, aos opositores restou a adaptação e o desejo de no futuro obter um pacto constitucional democrático. No entanto, o que a história seguinte apresenta são sucessivas e Excepcionais intervenções. A primeira república103, que inicia com o propósito de romper com o Regime Imperial, foi marcada por sucessivas decretações de Estado de Sítio104, sendo que poucos presidentes republicanos não se socorreram desse instrumento105. As experiências futuras também não se afastaram muito desse modelo, conforme bem observou SUSEL: Analisando a história republicana do país podemos dizer que os intervalos democráticos, quando não acompanhados de decretos de “estado de sítio”, foram sucedidos por ditaduras: poucos anos separam o governo de Washington Luís da ditadura do “Estado Novo” (que vigorou de 1937 até 1945). No curto ”intervalo democrático”, entre os anos de 1945 a 1964, as investidas militares com intenções golpistas foram constantes: em 1945, Getúlio Vargas retirou-se do poder sob ameaça de ser deposto; em 1954, o mesmo Vargas recebeu um comunicado do Exército para renunciar sob ameaça de intervenção militar – seu suicídio adiou a intervenção. A renúncia de Jânio Quadros em 1961 propiciou outra tentativa militar, só dissuadida pela influência da campanha pela “Legalidade” e com a concordância de João Goulart em assumir a Presidência da República sob a forma parlamentarista. Nesse caso, o ordenamento demais fizessem o mesmo. Quase num plebiscito. Não tardaram as mensagens solicitadas.” (CALMON, Pedro. op. cit. p. 1527-1528). 102 SILVA, José Afonso da.op. cit. p. 78. 103 “A república finalmente instituída no final do século XIX, foi instaurada pelos militares que trataram de impor a ordem republicana, usando e abusando da força.”(ROSA, Susel Oliveira da.op. cit. p. 39). 104 Uma das formas de Exceção. 105 “durante o período que se inicia com a proclamação da república e termina com a revolução de 30, somente os governos presididos por Campos Sales, Moreira Pena, Nilo Peçanha, Delfim Moreira e Washington Luís não vivenciaram a decretação de tal instituto.” (PIVATTO, Priscila Maddalozzo. A elaboração dos trabalhos constituintes sobre o estado de sítio e a redação dos arts. 34, n. 21; 48, n. 15 e 80. <http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/Anais/Priscila%20Maddalozzo%20Pivatto.pdf> Acesso em 07.10.2009. p. 1. Texto não mais disponível.) Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca jurídico foi alterado para garantir a manutenção desse mesmo ordenamento.106 E, como bem investigada por outros estudos - em passado recente observa-se a Exceção Militar; a qual, ainda que criticada por vários segmentos da sociedade, gozou de certo respaldo (ou indiferença) popular107. Como se percebe, nas raízes de nossa história há sucessivos e diferentes momentos de Exceção, nos quais a violência de Estado contra opositores políticos foi utilizada como instrumento de manutenção do poder; o desejo de democracia, mais de uma vez, veio acompanhado de medidas Excepcionais. Ainda que não existam estudos profundos que avaliem os reflexos desses momentos nas respostas sociais aos eventos políticos 108, há pesquisas consistentes sobre a violência atual praticada pelas polícias, o que nos permitirá fazer a conexão com a teoria de AGAMBEN. Esses aspectos apresentam a dimensão do desafio de 1988, qual seja, uma constituição que assegure o estatuto jurídico fundamental do indivíduo, limitando os poderes do Estado e tutelando as liberdades civis. Todavia, a Constituição Imperial também trazia consigo direitos fundamentais109, os quais estavam – de certa forma – submetidos a instrumentos de Exceção constitucionalmente fundamentados; de modo que o simples fato de existir constitucionalmente não significa que determinada garantia tenha “vida real”. A questão que se coloca diz respeito a atualidade, na medida em que depois de 1988 não houve a declaração formal da Exceção, contudo, da mesma forma como nossa história já apresentou, isso não determina sua inexistência. 106 ROSA, Susel Oliveira da.op. cit. p. 42. COUTO, Ronaldo Costa. História indiscreta da ditadura e da abertura: Brasil: 1964-1985. 2. ed. Rio de Janeiro: Redord, 1999. p. 48. Ver também: TOLEDO, Caio Navarro. 1964: O golpe contra as reformas e a democracia. In: REIS, Daniel Aarão e outros (orgs.). O golpe e a ditadura militar: quarenta anos depois (1964-2004). Bauru: Edusc, 2004. p. 68 e 71. 108 Com a devida vênia, se esses estudo existem, não fomos capazes de localizar. 109 “Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte [...] XXXIV. Os Poderes Constitucionaes não podem suspender a Constituição, no que diz respeito aos direitos individuaes, salvo nos casos, e circumstancias especificadas no paragrapho seguinte. XXXV. [...]” (CAMPANHOLE, Hilton Lobo; CAMPANHOLE, Adriano. Constituições do Brasil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 810-812.) 107 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Certamente, a doutrina constitucionalista clássica não compartilha desse entendimento, mas a divergência tem origem na abordagem metodológica do problema. O recorte unicamente jurídico do tema indicará somente uma resposta: a de que se superou o Estado de Exceção, aceitandose o Brasil como um Estado Democrático de Direito. Neste cenário, os abusos, as violações e as diversas formas de supressão de direitos civis não são fenômenos de Estado, mas desvios individuais e como tais devem ser enfrentados de acordo com as soluções democrático-constitucionais. Por outro lado, uma abordagem complexa que examine a teoria política, a história, a criminologia e os dados empíricos que essas disciplinas oferecem permite outra constatação, com pretensões acadêmicas mais profundas. Não basta a vigência da constituição no plano formal, é indispensável verificar se a Carta Magna se constituiu enquanto instrumento verdadeiro de proteção individual; é preciso analisar os limites reais a que estão submetidas as instituições de controle social, em especial as polícias, pois a Exceção se utiliza da força policial, sempre justificando sua intervenção jurídica e politicamente. 110. 2 Estado de exceção Carl Schmitt foi um importante teórico que se dedicou a analisar o tema da Exceção, em que pese vários fatos de sua vida o conectem ao nazismo, sua teoria não deixa de ser um referencial importante. O pensamento schmittiano sobre a Exceção observa dois tempos;111 em La Dictadura (1921)112, SCHMITT apresenta o Estado de Exceção através da figura da ditadura, a qual compreende o estado de sítio, mas essencialmente é Estado de Exceção.113 Já na obra Teologia Política (1922) as expressões ditadura e estado de sítio 110 Foi justamente o que os militares fizeram em 1964 ao editar os atos institucionais, os quais - além da suspensão de direitos fundamentais - exteriorizavam as justificativas daquele movimento que pretendia chamar-se de revolucionário, mesmo que isso representasse uma falsa afirmação. 111 AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. Homo sacer II. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004. p. 54. 112 Utilizamos uma tradução publicada em espanhol do original em alemão Die Diktatur. (SCHMITT, Carl. La Dictadura. Desde los comienzos del pensamiento moderno de la soberanía hasta la lucha de clases proletaria. Tradução de José Díaz García.Madrid: Alianza, 1999.) 113 AGAMBEN, Giorgio.op. cit. p. 53. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca “podem desaparecer, sendo substituídos por estado de exceção”.114 Esse é – podemos dizer – o ponto de partida para a compreensão do problema. SCHMITT tem como fundamento a suspensão do ordenamento jurídico através da figura do soberano, sendo que a suspensão caracterizaria a própria Exceção. Cabe ao soberano declarar a Exceção ou, nas palavras de SCHMITT, “Soberano é aquele que decide sobre o estado de exceção.”115 Nota-se que tal entendimento apresenta uma noção “clara” e bem definida entre Exceção e norma e a decisão soberana é aquela que suspende ou não o Direito, é aquela que declara ou não o Estado de Exceção. As diversas disputas internas, quando intensas o suficiente para elevar os antagonismos às últimas consequências, exigem – segundo SCHMITT – uma resposta soberana capaz de encerrar as contendas116. Nessa perspectiva, o Estado de Exceção é um instrumento de manutenção da ordem, é um exercício de soberania, é uma forma de eliminar as disputas internas de um Estado através da suspensão do ordenamento jurídico. O vazio que se estabelece pela suspensão do ordenamento não é implica em um vazio completo, subsiste uma ordem, ainda que não seja seja uma ordem jurídica, subsiste uma ordem soberana, desprendida de qualquer mandamento jurídico, na medida em que há a suspensão do Direito.117 A análise da história do Brasil facilita a compreensão da teoria de SCHMITT. Tomemos como exemplo a dissolução da primeira Assembleia Constituinte. As tropas de D. Pedro que tomaram o prédio da Assembléia na dissolução do corpo constituinte são a expressão concreta do Estado de Exceção instaurado. Não se tratava de uma situação anárquica ou de caos, pois “subsistia, em sentido jurídico, uma ordem, mesmo que não uma ordem jurídica”118. A decisão de D. Pedro não estava presa a nenhum vínculo normativo, sendo que do ponto de vista real é livre e absoluta, não há direito que pudesse condicionar ou limitar as ações do Imperador, pois a ordem 114 AGAMBEN, Giorgio.op. cit. p. 55. SCHMITT, Carl. Tradução de Elisete Antoniuk e Luiz Moreira. Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. p. 7. 116 SCHMITT explica que: “Todos concordam que, quando surgem contradições dentro de um Estado, cada partido quer, evidentemente, somente o bem geral – nisso consiste, pois, o bellum omnium contra omnes -, mas concorda que a soberania também, portanto, o próprio Estado, consiste em dirimir essa discussão e determinar definitivamente o que seja ordem e segurança pública quando estas são perturbadas etc. (...) pois toda ordem repousa em uma decisão” (SCHMITT, Carl. op. cit. p. 10.). 117 SCHMITT, Carl. op. cit. p. 13. 118 Ibidem. 115 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca jurídica estava suspensa por força da decisão. Nesse aspecto, o exercício da autoridade durante a Exceção não envolve ponderações jurídico-científicas, pois não se trata de uma lacuna na lei, mas de uma lacuna no próprio direito119. A ordem jurídica, segundo SCHMITT120, necessita de uma normalidade fática que não constitui mero pressuposto passível de esquecimento, pelo contrário, a situação normal assegura a validade da norma jurídica, sendo que o soberano é aquele que decide sobre a existência dessa normalidade. “O soberano cria e garante a situação como um todo na sua completude. Ele tem o monopólio da última decisão.”121 Assim, não há como não visualizar nas ações de D. Pedro o pleno exercício da soberania. O Imperador frente às discussões parlamentares “decidiu” que o Estado corria risco e, instaurando um Estado de Exceção, dissolveu a Assembléia Constituinte, prendeu opositores, usou a polícia para reprimir os adversários políticos e, finalmente, criou uma nova ordem jurídica, outorgando a Constituição de 1824. Assim, a decisão de D. Pedro não se confunde com nenhuma norma jurídica, pois o soberano pode criar o direito sem auxílio do direito ou da razão.122 AGAMBEN, por sua vez, não despreza as idéias de SCHMITT, no entanto, faz consideráveis avanços, aprofundando as idéias sobre o Estado de Exceção. Nota-se que na visão de SCHMITT é possível identificar – claramente – a decisão que declara a Exceção, contudo, essa é uma das grandes diferenças entre esses autores. Para AGAMBEN, a atualidade apresenta a indistinção entre Exceção e norma; e issoé o que se pretende abordar a seguir. Após 1988 não se verificou atos ou leis que suspendessem – às claras – garantias fundamentais, no mesmo sentido, não houve decretação de Estado de Sítio ou Estado de Emergência, contudo, isso não significa que a Excepcionalidade foi retirada do sistema, muito pelo contrário. Nesse aspecto, a teoria schmittiana sobre o Estado de Exceção é suficiente para explicar esse fenômeno quando se pode visualizar uma decisão que suspende o ordenamento, tal como ocorreu no Império, na maioria dos governos da 119 SCHMITT, Carl. op. cit. p. 15. SCHMITT, Carl. op. cit. p. 13. 121 SCHMITT, Carl.op. cit. p. 14. 122 Ibidem. 120 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Primeira República e no Regime Militar de 1964. Entretanto, no período que se inicia com a Constituição de 1988, a doutrina de SCHMITT é insuficiente, de modo que será através do trabalho do AGAMBEN que poderemos entender os problemas que envolvem o atual Estado de Exceção. Não desconhecemos a discussão que envolve essa posição, uma vez que nem toda doutrina constitucional aceita a idéia de que vivemos um Estado de Exceção 123. Em que pese essas opiniões mereçam nosso respeito, entendemos que as idéias de AGAMBEN são fundamentais para a compreensão de temas sensíveis que se situam entre Direito, Sociologia, História e Criminologia; e - como já dissemos – parte das divergências envolvem opções metodológicas de pesquisa. O Poder Instituído, em diversos momentos de nossa história, utilizou de violência para reprimir as oposições internas; significa dizer que houve a utilização de forças de repressão (polícias e forças armadas) para o combate político interno. As polícias, em especial durante o Regime Militar de 1964, articularam mecanismos eficientes de combate aos “inimigos” do Poder e, mesmo após a Carta de 1988, suas técnicas continuaram a ser utilizadas, elegendo novos “inimigos”. Assim, se na Ditadura Militar de 1964 o inimigo era o militante de esquerda, encerrado Regime Militar, a violência policial continuou a ser praticada, sendo que a população pobre ficou mais vulnerável a essas técnicas. Não houve a simples desarticulação do aparato repressivo do Estado, da mesma forma como a Constituição de 1988 não modificou profundamente a estrutura policial, essas estruturas continuaram a operar, reinventando novas técnicas e – de certa forma – adaptando-se ao novo regime. Nesse sentido, CHOUKR destaca que A superação formal do regime militar alterou muito pouco a essência da organização e funcionamento das estruturas policiais e, ao contrário do que se poderia imaginar na superação de um regime fortemente militarizado e policialesco para um de face democrática, deu-se no seio do texto constitucional124 guarida a todas 123 124 Conforme autores já citados anteriormente. O autor se refere ao artigo 144 e parágrafos da CF. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca as estruturas policiais já existentes, indo além, acrescentando estruturas policiais de âmbito municipal.125 Diversos trabalhos e pesquisas expõem essa violência, demonstrando como as polícias mantiveram técnicas violentas de combate ao crime, operando ainda dentro dos padrões de Exceção.126 No entanto, após 1988 o Brasil inaugurou um novo ciclo político-institucional, com claros contornos democráticos, com o restabelecimento do estatuto jurídico do indivíduo... As garantias constitucionais não foram – em nenhum momento – formalmente suspensas, todavia, o Estado, através de determinados mecanismos de controle social, continua a praticar violações Excepcionais. Essa violência que se desdobra até os dias de hoje, nos remete aos estudos de AGAMBEN sobre o sintagma “força-de-lei”. Com raízes no direito romano e no direito medieval – cujo conteúdo era de eficácia ou capacidade de obrigar -, a expressão, a partir da revolução francesa, passa a indicar “o valor supremo dos atos estatais expressos pelas assembléias do povo”127, os quais não poderiam ser anulados nem pelo soberano. Diante disso, entende-se a distinção realizada pela doutrina moderna entre eficácia da lei e força de lei. A primeira consiste na produção de efeitos jurídicos de todo ato legislativo válido, já a segunda relaciona-se com “a posição da lei ou dos atos a ela assimilados em relação aos outros atos do ordenamento jurídico, dotados de força superior à lei (como é o caso da constituição) ou de força inferior a ela (os decretos e regulamentos)”128. Tanto na concepção antiga quanto na moderna, o sintagma não se refere à lei propriamente dita, mas àqueles decretos editados pelo 125 CHOUKR, Fauzi Hassan e AMBOS, Kai (org.). Polícia e Estado de Direito na América Latina. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. p. 3. 126 ZALUAR, Alba. Democratização inacabada: fracasso da segurança pública. Revista de Estudos Avançados. Instituto de Estudos Avançados da USP. v. 21 n° 61. São Paulo: USP, 2007; BAUER, Caroline Silveira. Avenida João Pessoa, 2050 – 3° andar: terrorismo de estado e ação de polícia política no Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul (1964-1982). 2006. Dissertação (Mestrado em História)-Faculdade de História, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006; ROSA, Susel Oliveira da. op. cit.; ATHAYDE, Celso, BILL, MV e SOARES, Luis Eduardo. Cabeça de Porco. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005; SOARES, Luiz Eduardo. Elite da tropa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006; BICUDO, Hélio Pereira. Do Esquadrão da Morte aos Justiceiros. São Paulo: Editora Paulinas, 1988 e BICUDO, Hélio Pereira. Meu depoimento sobre o esquadrão da morte. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 127 AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 60. 128 Ibidem. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Poder Executivo que possuem força de lei. Há, dessa forma, uma clara distinção entre a aplicabilidade da norma e sua essência formal (lei, decreto, ato e etc.). Apesar de ser uma das características do Estado de Exceção a concentração dos poderes legislativos no Poder Executivo 129, o Estado de Exceção também se apresenta como um “‘estado da lei’ em que, de um lado, a norma está em vigor, mas não se aplica (não tem ‘força’) e em que, de outro lado, atos que não têm valor de lei adquirem sua ‘força’”130. Dito isso, é essencial que se visualize novamente a questão das práticas policiais. Conforme demonstramos, há elementos que indicam que as técnicas da polícia política de 1964 mantêm-se até os dias de hoje, em especial nas relações entre forças policiais e as camadas mais pobres da sociedade. O policial que invade uma residência durante a noite sob pretexto de “combater o crime”, levando consigo o “alvo de sua investigação”, conduzindo-o até a delegacia para “prestar esclarecimentos” e exercendo outras técnicas violentas situa-se no limiar onde termina o ordenamento e inicia a Exceção. Essas práticas policiais reivindicam a “força-de-lei” que surge na anomia do atual Estado de Exceção. A “força-de-lei”, conforme explica AGAMBEN, “flutua como elemento indeterminado”131 na anomia do Estado de Exceção, razão pela qual o autor prefere escrevê-la como “força-de-lei”. Ao reivindicar esses poderes de Exceção, a autoridade policial coloca-se na posição de soberano132, decidindo sobre vida e morte, já que as garantias constitucionais de 1988 - apesar de estarem em vigor - não se aplicam, pois não têm “força”; entretanto, a decisão soberana do policial – apesar de não ser lei – aplica-se, pois adquiriu “força”. Assim, a remodelagem das Instituições de Estado e a introdução de todo um sistema de garantias constitucionais foram insuficientes para eliminar completamente essas práticas. O atual Estado de Exceção manifesta-se através de medidas Excepcionais de controle social, as quais guardam simetria às técnicas 129 AGAMBEN, Giorgio. op. cit.p. 32. AGAMBEN, Giorgio. op. cit. p. 61. 131 Ibidem. 132 “Na biopolítica moderna, soberano é aquele que decide sobre o valor ou sobre o desvalor da vida enquanto tal” (AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer:O poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 149). 130 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca utilizadas durante o Regime Militar, o que - além de demonstrar que as idéias de AGAMBEN são adequadas à realidade brasileira – comprova as extensas raízes da Exceção Militar. Todavia, para que se identifique o atual Estado de Exceção, é necessário que se utilize uma abordagem complexa e que se busque visualizar a adaptação dessas técnicas à nova ordem constitucional, conforme já dissemos. A primeira questão que surge na análise da atual Exceção, diz respeito à atuação das forças policiais. Braço armado do Estado e responsável pelo exercício direto de técnicas invasivas de controle social sobre a sociedade civil, a polícia pode ser uma instituição empregada dentro de limites constitucionais mediante freios no exercício desse poder que preservem a vida de todos - ou utilizada como instrumento de força no combate de inimigos previamente selecionados pelo Poder – o que leva a proteção da vida de alguns e a eliminação da vida de outros. No Regime Militar de 1964, criou-se um intrincado aparato repressivo político, o qual ficou responsável pelo combate aos inimigos internos. Esse combate travou-se dentro de um Estado de Exceção, razão pela qual os agentes policiais tornaram-se verdadeiros soberanos, reivindicando a força-de-lei e dispondo sobre vida e morte. As técnicas utilizadas por esse aparato iam desde a simples intimidação a complexas torturas físicas e psicológicas, passando pelo seqüestro e chegando ao extermínio. A Constituição de 1988 alterou esse cenário e as forças de Exceção ocultaram-se, ou melhor, buscaram a indistinção entre Exceção e normalidade, acomodando-se nas fendas da democracia. O ordenamento jurídico e o próprio sistema se encarregaram de manter oculta essa força, mesmo que isso não tenha surgido da vontade expressa do constituinte de 1988. Trata-se, certamente, de uma das contradições atuais, na medida em que se buscou a estabilidade democrática também para eliminar a Exceção, mas o modelo adotado preservou os mesmos mecanismos Excepcionais já utilizados anteriormente.Ainda, o modelo democrático “tradicional” nega a atual Exceção, a qual não observa mais a clara distinção schmittiana, nesse aspecto, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca somos incapazes de perceber que o soberano poderá ser até o guarda de nossa esquina. Referências AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: O poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. Homo sacer II. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004. AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). Tradução de Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2008. ATHAYDE, Celso, BILL, MV e SOARES, Luis Eduardo. 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Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca LOGISTICA E INTERNACIONALIZAÇÃO: ESTRATÉGIAS E UTILIZAÇÃO NO CENÁRIO ATUAL Idegar Santos Nunes Rodrigo Pessoa Sandro de Deus Letícia Martins de Martins RESUMO No mundo globalizado, a interação entre estruturas alternadas do mercado, os vários fluxos de produtos, as diferentes e recentes tecnologias, o curso internacional do processo produtivo (tendência de migração para países emergentes), obtenção de benefícios estratégicos nas empresas e outras novas oportunidades de negócios que surgem a cada dia, obrigam as empresas a se internacionalizarem para se manterem em atividade e competitivas. Neste processo de transformação são utilizados diferentes meios para alcançar a internacionalização e conseqüentemente a logística também se transforma com a finalidade de atender aos pedidos nesse novo cenário. O presente trabalho analisa a proximidade e a importância da logística no processo de internacionalização das empresas, trazendo os meios mais populares, segundo a literatura da área, de internacionalização e analisando de que forma a logística tem, ou pode ter, influencia nestes meios. Palavras-chave: Logística. Globalização. Tecnologia. Produção. Internacional. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca LOGISTICA E INTERNACIONALIZAÇÃO: ESTRATÉGIAS E UTILIZAÇÃO NO CENÁRIO ATUAL 1 INTRODUÇÃO Dificuldades de vendas no mercado interno, consolidação e defesa da posição de mercado, possibilidade de preços mais rentáveis, prolongamento do ciclo de vida dos produtos e diversificação de riscos são algumas das questões de ordem com que as empresas precisam lidar em um mundo globalizado. (BALLOU, 1993) Sacramento et Al (2003) colaboram afirmando que é preciso que as empresas evoluam sua participação internacional por meio da aquisição crescente de conhecimento, de controle e de exposição a risco. Todas estas questões precisam de ação imediata, cuja resposta encontra-se no processo de internacionalização. A internacionalização de empresas prevê que uma empresa pode desenvolver atividades no mercado internacional através de exportação, licenciamento, estabelecimento de subsidiárias, desenvolvimento de alianças estratégicas, aquisição ou fusão com empresas locais. (Fleury, 2004) Todos estes processos de internacionalização, em maior ou menor grau, farão uso da logística, que, em linhas gerais, é o processo que vai tratar das atividades de movimentação e armazenagem, com vistas a facilitar o fluxo de produtos. Assim sendo, por exemplo, se for selecionado o processo de exportação para a internacionalização, que é normalmente o processo que as empresas iniciantes utilizam pois esta alternativa não demanda investimentos volumosos, serão trazidas à tona, em termos de logística, questões como: transportes, manutenção dos estoques, armazenagem, manuseio, entre outros. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Portanto o presente artigo explora como a logística se integra aos principais meios de internacionalização de empresas, considerando a internacionalização como um caminho para a sobrevivência das empresas no mercado atual. Utilizou-se de metodologia exploratória com base em artigos e obras de autores da área. 2 REVISÃO DE LITERATURA A literatura referente à internacionalização é ampla, passando pelos campos da administração, negócios e economia (Iglesias e Veiga, 2002), abordando o tema sob diferentes aspectos. Na área de administração, a principal corrente é a comportamentalista, que explicam a internacionalização por um processo gradual ou evolutivo. Por exemplo, para Lee e Caves (1998), a expansão internacional de empresas se dá em bases incrementais, de forma que os passos iniciais servem como investimentos em informação e ajudam a identificar o custo e o grau de certeza dos passos seguintes. Pelo campo econômico, a internacionalização representa mercados consumidores e fornecedores em escala global, o que pode entre outros pontos: Aumentar significativamente a receita da empresa; Diminuir custos de operação; Para Melin (1992), a internacionalização é a maior dimensão do processo contínuo de estratégia em grande parte das empresas. Ela determina o desenvolvimento corrente e as mudanças em termos de escopo, idéias de negócios, orientação das ações, organização de princípios, natureza do trabalho gerencial, dominação de valores e convergência de normas. Entendo então que a internacionalização é um processo evolutivo, segundo a administração, e que pelo campo econômico proporciona vantagens Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca para a empresa, é preciso estar preparado para esta etapa tão importante não trajetória de uma empresa. Um aspecto fundamental discutido na literatura de negócios internacionais é a distinção entre exportação, licenciamento ou investimento direto, que constituem as três formas gerais pelas quais uma empresa pode participar de negócios em mercados estrangeiros. (ABRAHÃO, 2008) Entende-se por exportação a venda de produtos a um país no exterior sem que sejam necessários investimentos produtivos na nação onde serão comercializados os produtos (HITT et al, 1999). O licenciamento, em certos casos, pode ser uma maneira efetiva de iniciar operações internacionais, especialmente para as empresas detentoras de tecnologia avançada. As alianças estratégicas têm sido utilizadas pela virtude da maior facilidade em obter experiência em mercados externos, com a vantagem de menor exposição ao risco da atividade internacional da corporação. A maioria das empresas inicia suas práticas internacionais por meio da exportação. (AVBEURG, 2003) Abaixo em maiores detalhes verifica-se como estes três meios de internacionalização se utilizam da logística. 2.1 Exportação Na exportação, em primeiro lugar, a empresa transfere produtos, serviços ou recursos através das fronteiras nacionais, o que implica em selecionar que país ou países as transações vão ocorrer. Em segundo lugar, empresa tem que selecionar a modalidade de troca da transação, ou seja, uma estratégia de entrada para o mercado externo. Considera-se então o envio do produto, na forma de consumo final ou de manufatura para o país de atuação, o que deverá ser feito utilizando-se dos diversos modais de transportes existentes. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Wanke (1996) considera a exportação como multimodal visto que podem se dar por ferrovias, rodovias, e hidrovias. Dependendo das condições de infra-estrutura logística do país de destino, este processo pode se tornar trabalhoso. Por exemplo, no caso do Brasil, nos diz Abrahão e Eiras (2008), que a nota média dos usuários atribuida aos transportes marítimo e ferroviário foi de 6,3 e 6,6 respectivamente, numa escala que varia de 0 a 10. Ou seja, a falta de estrutura, os custos elevados, e outras questões que influenciam diretamente no uso dos modais pode vir a comprometer uma estratégia de exportação. Ainda deve ser considerada a adaptação do produto nas normas do país importador como por exemplo, defesa do consumidor, segurança, saúde, e proteção ao meio ambiente. Certamente, isto também irá envolver questões logísticas como embalagem, armazenagem, programação de envio dos produtos e embalagem de proteção para acondicioná-lo de forma adequada para que não sofra danos durante o processo de transporte e para que chegue ao destino com segurança (HAPPI, 2002). 2.2 Licenciamento Na estratégia de licenciamento a empresa licenciadora oferece alguns ativos a uma empresa estrangeira licenciada, recebendo em contrapartida, royalties pela sua utilização. Trata-se, segundo os autores, de uma das formas mais rentáveis de penetração nos mercados estrangeiros, uma vez que não exige muitos recursos das empresas e permite contornar as barreiras à importação. O licenciamento é uma maneira simples de entrar no mercado internacional. Segundo Kotler (2006), o licenciador concede a uma empresa estrangeira o uso do processo de fabricação, da marca, da patente, dos segredos comerciais ou de outros itens de valor em troca do pagamento de uma taxa ou de royalties. O licenciador consegue entrar no país com pouco risco, enquanto o licenciado passa a dominar um processo específico de Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca produção, ou desfruta a popularidade de um produto ou marca muito conhecidos. Como desvantagem do licenciamento, pode-se evidenciar que o licenciador tem menos controle sobre o licenciado do que poderia ter em suas próprias instalações de produção e venda. E corre o risco de, caso o licenciado obtenha sucesso no empreendimento, pode tornar-se um concorrente. Podemos citar a franquia como a forma mais completa de licenciamento. Nestes termos, entende-se que a logística não representa um item de grande importância ao licenciamento. Porém se analisarmos pelo viés da internacionalização, o licenciamento constitui uma importante maneira de se internacionalizar sem se preocupar com barreiras à importação. Barreiras a importação são políticas que restringem o fluxo de consumo de bens importados em determinado país. (MORINI, SIMÕES, DAINEZ; 2006) Alguns exemplos de barreiras a importação são: tarifas de importação, imposição de cotas de importação e barreiras não tarifárias. As tarifas de importação são impostos cobrados no momento em que o produto entra no país. Se as tarifas forem altas o suficiente, podem tornar os produtos importados com preços mais elevados que os nacionais, o que por si só inviabiliza o consumo. (MORINI, SIMÕES, DAINEZ; 2006) A imposição de cotas caracteriza-se pela restrição direta à quantidade de um bem que pode ser importada. (MORINI, SIMÕES, DAINEZ; 2006) Por fim, as barreiras não tarifárias são impostas pelo funcionamento da burocracia estatal, ou seja, são regulamentos sanitários, normas técnicas, padrões de segurança, documentações entre outros, que visam dificultar o comercio internacional. (MORINI, SIMÕES, DAINEZ; 2006) Ao visualizar estes exemplos e o conceito de licenciamento não fica difícil perceber o quão prático se torna este processo tanto em termos de logística, pois seu uso se torna extremamente baixo, se não nulo, e em termos de internacionalização, com a maior possibilidade de desvio à entrada do produto no país, pois basicamente o produto da internacionalização via licenciamento é a informação, que não pode ser barrada. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2.3 Aliança Estratégica Na aliança estratégia ocorre quando duas ou mais organizações decidem conjugar esforços para perseguir um objetivo comum. Por conjugar esforços entenda-se tecnologias, trabalho, custos, investimentos, entre outros. (GARRIDO, LARENTIS & ROSSI. 2006) Podem-se encontrar dois tipos de alianças estratégicas: a Contratual, na qual duas ou mais empresas, mediante contratos, sem a criação de uma nova empresa para planejar, desenvolver, produzir e vender produtos ou serviços, e as Joint Ventures, que são, o oposto, uma associação cooperativa de duas ou mais empresas, com os mesmos propósitos da Contratual, porém há a criação de uma nova empresa para gerenciar essa relação (CAMELO, COELHO E BORGES. 2010). O alerta aqui é que por muitas vezes isto podem haver alianças que são constituídas com objetivos estratégicos e que acabam por se revelar menos importantes do que o previsto. No sentido oposto, há também alianças operacionais, por exemplo para gerir problemas logísticos, que com o evoluir do tempo e com a sedimentação da relação entre empresas, acabam por adquirir uma dimensão estratégia. Em outras palavras, quando os parceiros não comunicam claramente entre si os propósitos e objetivos que os motivam, para alguns uma aliança pode ser estratégica, enquanto que para os seus parceiros a mesma aliança pode ter um papel meramente operacional. (FLEURY, FLEURY; 2004) Todavia, voltando ao papel da logística, verifica-se o quão abrangente e necessário torna-se o uso da logística nesta forma de internacionalização. A junção de recursos, anteriormente mencionada, para atingir um objetivo comum, nos remete ao conceito de supply chain, que trata da integração de processos industriais e comerciais, partindo do consumidor final até os fornecedores iniciais, para, justamente, prover produtos, serviços e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca informações que agreguem valor ao cliente. Indo diretamente de encontro ao objetivo da aliança estratégica. Portanto na aliança estratégica iremos utilizar não somente conceitos básicos de logística como modais de transporte, mas sim conceitos mais avançados como integração, agregação de valor ao consumidor final e usar a logística de forma a ganhar competitividade para induzir novos negócios. 3 MÉTODO A metodologia utilizada neste artigo foi de um resgate literário entre o papel e as potencialidades da logística e da internacionalização de empresas, estabelecendo pontos de convergência entre os mesmos e as principais estratégias utilizadas. Segundo Yin (2001) esta metodologia será caracterizada como exploratória de caráter qualitativo e descritivo, dada a sua natureza de buscar os pontos em comum e dissertar sobre as estratégias utilizadas entre os dois. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 4 RESULTADOS A revisão de literatura mostrou em diversos pontos as ligações, cruzamentos e estratégias possíveis de logística para os principais processos de internacionalização de empresas. No caso da exportação, por exemplo, deve-se dar atenção aos modais de transporte. Calcular seu uso e sua viabilidade no país para onde pretende se exportar é fator de sucesso para esta estratégia. No caso do licenciamento, o que se usa em menos intensidade de logística, foi possível notar a importância das barreiras comerciais. Na aliança estratégica utilizou-se da logística em seu conceito mais abrangente quanto trata-se da união de uma série de recursos que precisam ser orquestrados de forma estratégica para garantir o sucesso da iniciativa, e não só aspectos relacionais ao produto final. 5 CONCLUSÃO Através do presente estudo pôde-se reafirmar a sinergia que existe entre logística e internacionalização de empresas, e que hoje já não é mais possível falar de internacionalização sem um profundo conhecimento das técnicas e atividades logísticas que as acompanham. Verificou-se também que lacunas em termos de operações logísticas como a infra-estrutura dos modais de transporte podem por em risco um processo de internacionalização. Por fim, cada vez mais internacionalização e logística deverão evoluir em conjunto para o sucesso das empresas e mercados em que estão inseridas. 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A logística tem assumido uma importante interligação no setor de fornecimento, informação e agilidade de transporte, tendo uma resposta imediata aos desafios do mercado. A finalidade deste trabalho busca através de uma pesquisa de estudos fazer um levantamento das principais barreiras logísticas que podem diferir ou mesmo impedir a internacionalização das empresas. Concluímos que as principais barreiras citadas no estudo estão relacionadas com a dificuldade em várias fases do processo de internacionalização, quanto à qualidade e cumprimento de prazos da parte dos fornecedores e em alguns casos dificuldades nos transportes locais. Palavras-chave: Barreiras. Internacionalização. Logística. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca BARREIRAS LOGÍSTICAS NO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS 1. INTRODUÇÃO A Logística é uma área onde a cadeia de fornecimento é planejada, controlada e armazenada de forma eficiente as matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como todas as informações referente desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com finalidade de atender às exigências dos clientes. (CARVALHO, 2002, apud HENRIQUES, 2010, p.1). Conforme Carter (ET. AL., 1997, apud HENRIQUES, 2010, p.1) a internacionalização organizações, tem tendo assumido interferido um importante diretamente no papel dentro das desenvolvimento das estratégias de integração das cadeias de fornecimento de mercados globais, pelos seus gestores. É a logística que aproxima geograficamente todos os mercados que estão separados, minimizando o lead-time e satisfazendo aos clientes pelo mínimo custo possível. A internacionalização é um diferencial competitivo entre as organizações, pois cada vez mais o mercado cobra exigências de estratégias sofisticadas para ganhar vantagens nos canais de distribuição e informação. Portanto, existem enormes assimetrias no ambientes de negócios internacionais como o impacto na gestão de operações internacionais ele torna-se mais complicado e de difícil controle do que quando se compara com os mercados internos. Fatores como a indisponibilidade de infra-estruturas de transportes, diferentes níveis de disponibilidades locais de serviços logísticos, diferenças culturais sociais e organizacionais. Para que o sistema logístico seja efetuado de forma eficaz, é necessário que a empresa conheça quais são as principais barreira e obstáculos a serem enfrentados. Este artigo tem como objetivo demonstrar as principais barreiras enfrentadas pelas empresas no seu processo de internacionalização. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2. REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo falaremos sobre conceitos e teorias sobre logística e internacionalização, além de descrever algumas barreiras logísticas no processo de internacionalização de empresas. 2.1 Conceitos de logística Para Ballou (1993, p.24), a logística empresarial reúne todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos e os fluxos de informação desde a compra de matéria-prima até o consumidor final, prestando bons serviços aos clientes a um custo aceitável. O serviço logístico tem como meta fornecer bens e serviços adequados, no lugar e hora certos com o menor custo. De acordo com Moura (1998, apud VENTORINI, 2004, p. 25), “a logística consiste em fazer chegar a quantidade certa das mercadorias certas ao ponto certo, no tempo certo, nas condições certas e ao mínimo custo”. A logística é o processo de planejar, implementar e controlar a eficiência, o fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações correlatas, do ponto de origem ao ponto de consumo, com o objetivo de atender às exigências dos clientes (COUNCIL OF LOGISTIC MANAGEMENT, 1996, apud BEZERRA E MONTEIRO, 2003, p. 2) 2.2 Internacionalização de Empresas Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Conforme Barreto e Rocha (2003, apud VALENTE, 2008, p. 3) a internacionalização refere-se ao processo de envolvimento da empresa com o exterior, para dentro (inward) pela importação, ou para fora (outward) pela exportação, juntamente com licenças de fabricação, contratos de franquia ou tecnologia ou até mesmo investimento direto no exterior. Para Silva e Seifert (2004, apud CANCELLIER E SHMITT NETO, 2006, p.2) a internacionalização pode ser entendida, “como o conjunto de respostas estratégicas que promove o envolvimento em negócios internacionais”. Segundo Kraus (2000, apud CANCELLIER E SCHMITT NETO, 2006, p. 2) internacionalização é um processo ocorrido com o passar do tempo, no qual a empresa produtora exportadora aumenta o seu envolvimento e comprometimento em operações internacionais. Uma empresa pode se internacionalizar das seguintes formas: • Através de seus esforços em organizar e ampliar a sua estrutura de comércio exterior seja na exportação ou na importação, através de um planejamento adequado de sua área comercial e logística; • Pelo estabelecimento de uma representação comercial ou uma filial de distribuição de produtos no exterior, com o objetivo de ampliar mercados, prestar assistência técnica, viabilizar a logística de transporte ou para até para fixação da marca da empresa; • Pela constituição de ativos no exterior, através de construção ou compra de uma planta industrial com o intuito de ampliar sua produção ou de diversificar os seus negócios; • Através da fusão ou aquisição de empresa para que ocorra a associação ou incorporação a concorrentes no exterior, o que é uma estratégia de aumento de participação e eliminação de concorrência. (ALLAIN e LOHBAUER, 2005, apud VALENTE, 2008, p. 3). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2.3 Teorias de Internacionalização Existem dois grandes enfoques teóricos sobre internacionalização de empresas: as Teorias Econômicas, que conforme Carneiro, Dib e Hemais (2005, apud Almeida da Silva, 2011, p. 16), procuram analisar o processo de internacionalização e se referem a decisões baseadas em pesquisas de mercado e no contexto de atuação das empresas, com o objetivo da otimização via mercado e as Teorias Comportamentais que, segundo os mesmos autores, se baseiam nas percepções, comportamentos e atitudes dos dirigentes e estariam ligadas à redução dos riscos na condução das decisões de onde e como expandir. 2.4 Escolha dos Canais de Distribuição Na atuação do comércio internacional, torna-se essencial na estratégia de exportação das empresas o papel dos intermediários (agentes/distribuidores), que desempenham a função de conduzir o produto ao consumidor final (RIBEIRO, 2010, p. 27). As empresas começam a exportar através de um agente, estabelecendo depois uma subsidiária externa e em alguns casos passam a produzir no exterior (JOHANSON E VAHLNE, apud RIBEIRO, 2010, 27). A escolha do canal de distribuição, a ser utilizado no mercado externo deve ter relação com o desempenho de exportação da empresa, sendo decisiva para a administração (AULAKH e KOTABE, 1997, apud RIBEIRO, 2010, p. 28). Os responsáveis pela gestão do canal de distribuição devem avaliar continuamente a relação entre os resultados alcançados e a disponibilidade de recursos (TELLES E STREHLAU, 2006, apud RIBEIRO, 2010, p. 28) Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Figura 1 Fonte: Carina Pasqualoto (2006, p. 61) A figura 1 demonstra os tipos de canais de distribuição comuns para a internacionalização, relacionando o grau de controle que os fabricantes possuem sobre os mesmos. 2.5 Formas de Ingresso no Mercado Internacional As organizações optar em entrar no mercado internacional de diversas formas, como exportação direta ou indireta, joint ventures, franchising e licenciamento. Exportação Direta: nesta categoria, a empresa estabelece seu próprio departamento de exportação e vende os produtos por meio de um intermediário localizado no mercado estrangeiro. Exportação Indireta: a empresa tem um baixo envolvimento com a operação, pois a exportação é realizada através de um intermediário localizado no país de origem. Licenciamento: o licenciamento se dá através de um contrato através da licenciadora, oferece alguns ativos, como marcas e patentes, tecnologias e processos de produção, e uma empresa do mercado externo, a licenciada, em troca do pagamento de royalties. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Joint Ventures: é a criação de uma nova empresa no país-alvo, através de uma parceria entre organizações locais e empresas estrangeiras, podendo também ter o envolvimento do governo. Esta modalidade traz vantagens como o acesso à rede de distribuição e o compartilhamento de experiência cultural e política. Franchising: é um acordo entre o franqueador que fornece ao franqueado o direito de uso da marca registrada do produto ou serviço e do conceito do negócio em troca de royalties. O franqueado gerencia o negócio e entra com o capital necessário. Esta é a forma mais rápida de entrar no mercado internacional. 2.6 Análise das Barreiras à Internacionalização Existem vários estudos que abordam quais são os fatores que dificultam as empresas, na decisão de exportar para um determinado mercado. Um dos estudos que tentou unir todas as potenciais barreiras à internacionalização e as sua respectiva hierarquização foi realizado por Klassen e Whybark. Categorias das Barreiras à Gestão das Operações Internacionais, segundo Klassen e Whybark (1994, apud HENRIQUES, 2010, p. 4) Social/Cultural/Legal Cultura/Idiomas diferentes Leis locais Padrões ambientais Ética local Pressões políticas locais Gestão de Pessoas Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Caminhos da carreira de gestão Fornecimento de gestão local Suporte profissional local Nível de qualificação dos trabalhadores Atividades sindicais Consideração monetária Questões comerciais locais Taxas e tarifas Remessa de lucro Divisas Riscos e incertezas Investimentos na produção Gerência Estrutura organizacional Alianças Estratégicas Estratégia de manufatura Falta de visão global Informação / Controle Comunicação internacional Medidas de desempenho Descentralização das decisões Previsão e Planejamento Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Marketing Padrões internacionais de qualidade Competição Global Identificação de Mercados Adaptação de produtos Distribuição / armazenagem Serviço pós-venda Logística / Suporte Gestão de Logística Global Fornecimento de matérias-primas Infra-estrutura local Tecnologia Transferência de tecnologia Acesso à tecnologia estrangeira Gestão da tecnologia Um estudo realizado por Alexandrides (1971, apud HENRIQUES, 2010, p. 6) demonstrou que uma das grandes dificuldades para iniciar um processo de exportação está na falta de informações, concorrência acirrada e dificuldade de encontrar bons mercados externos. Conforme Cancellier e Schmitt Neto (2006, p. 12 e 13) foi realizada uma pesquisa, no ano de 2005, sobre o processo de internacionalização na empresa Cerâmica Portobello, uma das maiores empresas de revestimento cerâmico da América Latina, revelando algumas barreiras enfrentadas desde o início do processo até os dias atuais, conforme segue abaixo: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Barreiras internas: Falta de conhecimento em produção; Falta de mão-de-obra especializada; Barreiras externas: Incerteza no câmbio; Custos altos de transportes; Concorrência agressiva; Restrições Governamentais às importações; Burocracia em órgãos do governo; Legislação complexa de comércio exterior; Juros altos no Brasil Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para não depender somente do mercado interno, que pode apresentar dificuldades econômicas e crescimento da concorrência, as empresas devem investir no mercado externo. A logística pode garantir vantagem competitiva, uma vez, que qualifica a resposta para atender com maior rapidez a necessidade do cliente. Com a existência de barreiras diante do processo de internacionalização, é importante que as organizações possuam a capacidade de identificá-las, desenvolvendo primeiramente um conhecimento sobre o mercado alvo e fazendo uma análise interna sobre a sua capacidade de atuação no mercado externo. REFERÊNCIAS ALMEIDA DA SILVA, Vanessa. Fatores influenciadores no processo de internacionalização: um estudo em empresas gaúchas no setor de máquinas e equipamentos. 2011. Disponível em: <http://www.ufsm.br/adm/ mestrado/dissertacoes/dissertacoes_2011/VanessaAlmeidadaSilva.pdf> BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. BEZERRA, André. Vantagem Competitiva em Logística Empresarial Baseada em Tecnologia de Informação. Disponível em: http://1alog.vilabol.uol.com.br/competitiva_log.pdf CANCELLIER, Éverton. O Processo de Internacionalização de Empresas sob uma Ótica Contextualista: um Estudo de Caso na Cerâmica Portobello S/A. 2006. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead /9semead/resultado_semead/trabalhosPDF/250.pdf> HENRIQUES, Golçalves. Barreiras Logísticas à internacionalização – Uma revisão da literatura. 2010. Disponível em: <http://repositorio- aberto.up.pt/bitstream/10216/44708/2/GONALO%20HENRIQUES.pdf> Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca PASQUALOTTO, Carina. Ações e adaptações no composto mercadológico no processo de internacionalização de empresas gaúchas no setor moveleiro. 2006. Disponível em: http://tede.pucrs.br/tde_arquivos/2/TDE-2006-10- 25T165642Z-85/Publico/384099.pdf RIBEIRO, André. O processo de internacionalização: A gestão de vendas nos mercados externos. 2010. Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/14569/1/Relat%C3%B3rioEst%C 3%A1gioCurricular_MestradoGest%C3%A3o_.pdf> VALENTE, EDNA. A Logística como Estratégia de Internacionalização: o Caso da Companhia Nitro Química. 2008. Disponível em: <Erro! A referência de hiperlink não é válida.> VENTORINI, Paulo. Determinação das variáveis intervenientes num processo de internacionalização de empresas através da implantação de um centro de distribuição: O caso da Eletrônica Selenium. 2004. Disponível <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/publicacoes/paulo_r_ ventorini.pdf> em: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca SISTEMA GKO DE FRETES Gilson Anflor Bruna Hofstatter Camila Machado Oraci Cardoso Letícia Martins de Martins Resumo O presente artigo tem como objetivo mostrar a importância do sistema de TI integrado ao ERP da empresa na gestão do negócio logístico, bem como as funcionalidades do sistema GKO de fretes que permitem informações mais ágeis, ganho de tempo, maior controle das cargas com trocas de informações (EDI's). Com a aplicação do mesmo, as empresas diminuem custos e ganham em qualidade de serviços, além de manter-se competitiva no mercado de trabalho cada vez mais acirrado. Palavras-chaves: fretes, logística, tecnologia da informação. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca SISTEMA GKO DE FRETES 1. Introdução Tendo como principal modalidade de transporte o rodoviário, as empresas Brasileiras buscam alternativas para tornarem-se mais eficientes e consequentemente mais competitivas. Neste sentido, a TI apresenta-se como uma poderosa ferramenta de apoio que, numa visão ampla, busca otimizar espaço/tempo e por conseqüência a redução de custos. O artigo propõe uma explanação do assunto “gestão do transporte” utilizando o sistema GKO como uma parte da solução corporativa para o gerenciamento eletrônico do transporte. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2. Sistema GKO de Fretes A GKO é uma empresa que trabalha com um sistema informatizado de controle de fretes, com atuação de vinte anos no mercado logístico, com ênfase na gestão de fretes. Além do desenvolvimento GKO fretes, a GKO oferece serviços de consultoria apoio na contratação e gestão de fretes terceirizados. Este sistema pode ter ganho de até 60% das rotinas logísticas, em matéria de conferência dos fretes, alocação por linha de negócio, utilizando um tempo menor para conferir as faturas. Percebe-se hoje, com o aumento contínuo de tecnologias, a necessidade de otimizar os dados e transforma-los em informações com o objetivo de agilizar os processos dentro de uma organização. Segundo Nicolosi (2000, p.04), dados são normalmente compreendidos em números e textos. Armazenados e manipulados são transformados em informações. Reiterando que para ser transformado um dado em informação é necessário um sistema, software que traduza e represente-os em forma de informação. Para O’Brien (2006, p.12), dados são mais que insumos para um sistema de informação. Esse recurso tem sido ampliado pelas empresas de sistema de informação.Cada vez mais a utilização de recursos de dados tem aumentado extremamente no conceito dos gestores, executivos e profissionais relacionados a sistema de informação. De acordo com O’Brien (2004, p. 133), os dados de uma empresa precisam ser administrado como outros importantes ativos da empresa. Conforme Turban (2004, p. 44) o crescente uso de multimídia e de sistemas orientados para objetos torna o gerenciamento eletrônico de documentos um dos tópicos mais importantes da tecnologia da informação. O mesmo autor afirma que na era digital, uma entrega de produto ou serviço precisa ser ágil (Turban 2004, p. 234). A seguir, seguem os benefícios que podem ser colhidos através desse sistema: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca eliminação das perdas por cobranças indevidas; redução de custos a partir das simulações; maior controle desde a coleta até a entrega; melhoria da qualidade do serviço de transporte; liberação de pessoal para tarefas de maior valor agregado; conferência >> reduz pelo menos 2% valor do frete geral; simulação >> pode reduzir entre 5% e 10% do frete; qualidade >> entregas no prazo, redução de reentregas, devoluções, extravios. Com o aumento da demanda por serviços de rapidez e qualidade, abrese espaço para que empresas invistam em tecnologias da informação visando agilizar todos os processos que proporcionem satisfação completa à seus clientes. Segundo Fleury (2000, p. 287), os sistemas de informação atuam como elos que ligam as atividades logísticas em processo integrado. Para Cruz (2000, p. 34), “sistema de informação é um conjunto de tecnologias que disponibiliza os meios necessários a operação do processo decisório em qualquer organização por meio do processamento dos dados disponíveis. O sistema GKO de fretes utiliza diversos recursos da tecnologia da informação que permite ao cliente rastrear seu pedido onde quer que ele esteja, obtendo maior controle desde a coleta até a entrega da mercadoria. Conforme Turban (2004, p. 233), o atendimento de pedidos trata-se não apenas da entrega do pedido exato dentro do prazo determinado, mas também todos os serviços relacionados a esse pedido. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca GKO GKOInformática Informática Fluxo Fluxo da da Informação Informação 1) 1)Notas NotasFiscais Fiscais 3) 3)Notas NotasFiscais Fiscais 4) 4)Provisão Provisão 3.1) 3.1)Pré-Fatura Pré-Fatura 5) 5)Conhecimentos Conhecimentos 6) 6)Faturas Faturas 8) 8)Pagamento Pagamento 9) 9)Escrituração EscrituraçãoFiscal Fiscal Cliente Cliente GKO GKOFrete Frete 10) 10)Ocorrências Ocorrênciasde deEntrega Entrega Rotinas RotinasGKO GKOFrete Frete (exemplos): (exemplos ): 2) 2)Cálculo CálculoValor ValorFrete Frete 7) 7)Conferência Conferência Relatórios Relatórios(exemlpos): (exemlpos ): Performance Performancede deEntrega Entrega Avaliação Avaliaçãode deTransportadoras Transportadoras Custo Custodo doFrete Frete Lançamentos LançamentosContábeis Contábeis Simulação Simulaçãode deFretes Fretes Fonte: informações da empresa GKO Transportadoras Transportadoras Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Dados de Embarque Embarcado Provisões, rateios, etc GKO Transportado FRETE Fonte: informações da empresa GKO O sistema permite o cadastramento de qualquer tabela para qualquer tipo de carga, de qualquer transportadora para qualquer modal. A partir de um conjunto de notas fiscais embarcadas ou a embarcar, o GKO frete identifica o valor do frete. O pré-cálculo é a base para todos os resultados que dependem de calcular corretamente o valor a ser pago pelo transporte. O GKO fretes possui uma série de relatórios gerenciais, cada um com várias alternativas de critérios de seleção e apresentação dos dados, permitindo aos usuários alcançar suas metas no que tange à contratação e controle dos fretes. Abaixo segue um modelo de um arquivo gerencial, relacionado a performance de entrega dos fretes: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca GKO Informática Fonte: informações da empresa GKO De acordo com Rebouças (2007, p. 31), existem vários benefícios em um sistema de informações gerenciais, tais como: redução dos custos das operações; melhor interação com os fornecedores; entre outros. A conferência do valor cobrado pelas transportadoras (ou a emissão de pré-faturas pelo embarcador) é a forma mais rápida de gerar retorno para o usuário do GKOfrete. Os erros de cobrança, originados das mais diversas formas e que são eliminados com o uso do sistema, correspondem usualmente, a pelo menos 2,0 % do valor do frete. A conferência dos valores associados a reentregas, devoluções, etc., também é realizada via GKO frete. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Contudo, comprova-se a eficácia do sistema GKO de fretes em relação a agilidade nos processos logísticos, aumentando o índice de acertividades e consequentemente diminuindo custos. Também é constatado que não basta apenas melhorar a qualidade do transporte de mercadorias e sim gerenciar todos os processos desde a implantação de pedidos até a entrega final ao cliente. Para Ballou (1993, p. 113), o transporte representa a maior parcela dos custos logísticos na maioria das empresas. Entretanto, este autor ratifica a importância do gerenciamento nos procedimentos e serviços destinados a rapidez e automação tanto na movimentação das cargas, quanto no acompanhamento das informações e documentos. 3. Considerações finais A tecnologia da informação (TI) é, sem dúvida, um dos fatores mais relevantes à vantagem competitiva empresarial. Os aplicativos disponíveis no mercado, oferecem inúmeras ferramentas para a gestão da cadeia logística. GKO fretes, ocupa uma fração do ERP organizacional e, neste sentido, corrobora para sucesso competitivo da organização tendo sempre em face a consciência do enfoque nos negócios e não na tecnologia. Servindo esta, como suporte a tomada de decisões de forma mais adequada e eficiente. Referências O’ BRIEN, James A. Sistema de Informação. 2 ed. São Paulo: Saraiva 2006. NICOLOSI, Deniys E. C. Microcontrolador 8051 Detalhado. 1 ed. São Paulo: Érica 2000. BALLOU. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. CRUZ, Tadeu. Sistemas de informações gerenciais: tecnologias da informação e a empresa do século XXI. São Paulo: Atlas, 2000. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca FLEURY, Paulo Fernando. Logística empresarial: A Perspectiva Brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de informações gerenciais: estratégicas, táticas, operacionais . São Paulo: Atlas, 2007. O’BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da Internet – 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. TURBAN, Efraim. Tecnologia da informação para gestão – 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca LOGÍSTICA REVERSA E ECOLOGIA DAS OPERAÇÕES DA COCA COLA Gerson André Czycza Juliana Correa Markowski Andreza Martins Alexandre Dias Letícia Martins de Martins RESUMO O artigo aborda os aspectos da Logística que só agora começa a ser olhado mais atentamente pelas empresas. Enquanto a logística tradicional trata do fluxo de saída dos produtos, a Logística Reversa tem que se preocupar com o retorno de produtos, materiais e peças ao processo de produção da empresa.Devido a legislações ambientais mais severas e maior consciência por parte dos consumidores, as empresas estão não só utilizando uma maior quantidade de materiais reciclados como também tendo que se preocupar com o descarteecologicamente correto de seus produtos ao final de seu ciclo de vida. Além disto, várias empresas têm feito da Logística Reversa uma arma estratégica em seu planejamento de negócios.Estaremos analisando os resultados das pesquisas realizadas com as empresas produtoras dos refrigerantes Coca Cola. Com foco na gestão ambiental, inicia-se com o processo de substituição das embalagens retornáveis de vidro, por embalagens feitas de PET, passando por projetos sociais de reciclagem e beneficiamento dessas embalagens usadas, chegando ao atual sistema de uso de embalagens retornáveis de vidro para produtos de consumo doméstico. Através de entrevistas direcionadas, os dados foram analisados sobre a ótica de processos de logística reversa voltados para operações industriais que promovem atividades varejistas mais sustentáveis favorecendo, tanto a reciclagem, como o uso adequado de recursos que possam favorecer empresas, funcionários, população. Os resultados são apresentados em virtude de um direcionamento de ações da indústria em relação à sua cadeia de consumo em favor de sistemas inteligentes de distribuição e comercialização. Palavras-chave: Logísticareversa - reaproveitamento Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca LOGÍSTICA REVERSA E ECOLOGIA DAS OPERAÇÕES DA COCA COLA INTRODUÇÃO Nos últimos tempos muito se temavançado em relação a conceitos e aspectos mercadológicos relativos às embalagens dos produtos que são comercializados aos consumidores, principalmente os que são classificados como produtosalimentícios A competitividade empresarial de setores que atendem o mercado de produtos alimentícios pode ser definida por vários aspectos, porém, parte-se do pressuposto quase pode definir essa mesma competitividade empresarial a partir dos elementos do Composto de Marketing. (McCARTHY, 1989) Mais precisamente, os elementos desse composto de marketing que teriam estreita relação a componentes de sustentabilidade ambiental seriam os que se referem a produtos e distribuição, pelo próprio impacto acerca de insumos produtivos e demais recursos energéticos para logística. O que não se percebe quando da orientação para preços e comunicação, salvo aquela em meio impresso. Grandes organizações, com sua complexidade e dinamismo empresarial, sugerem maior impacto ambiental, em se considerando a abrangência e a amplitude das suas atividades empresariais, que se expressam até em níveis globais. Como no caso da The Coca Cola Company, que em Minas Gerais é representada atualmente por uma indústria engarrafadora local KOFMG, de origem mexicana. (KOTABE; HELSEN, 2000) Essa organização, acima citada, garantindo sua estreita relação com as diretrizes da matriz norte-americana, sobretudo considerando a sua política de gestão ambiental que incorpora toda a legislação brasileira e avança em alguns casos, para a construção de uma imagem positiva aos seus stakeholders globais e locais, possui, dentro de suas operações, sinais consistentes de sustentabilidade. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Através dos seus exemplos expostos nesse artigo, pode-se evidenciar uma constante preocupação com adequação, competitividade e imagem dentro das operações comerciais dessa empresa com o seu mercado, desde a década de 1990 com a antiga REMIL até os dias de hoje. Numa constante evolução, o que se pretende demonstrar aqui, essas operações poderiam se transformar em tônicas para outros setores empresariais que também se baseiam em produtos não-duráveis para o varejo alimentício. 1CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA Atua no Brasil sob o comando de uma empresa de capital predominantemente norte-americano desde a década de 1940. A The CocaCola Company fabrica e distribui bebidas não alcoólicas, trabalhando com marcas que são comercializadas por todo o planeta. A divisão brasileira está entre as cinco maiores do mundo, e a cadeia de suprimentos é composta por uma fábrica de insumos, dezenas de fabricantes independentes de produtos finais, além de um centro produtor de novos produtos. Essas unidades elaboram os produtos em suas 41 unidades industriais e realizam a distribuição aos pontos de venda. O projeto Reciclou, Ganhou foi criado m 1996, com o objetivo de promover a educação ambiental e estimular a reciclagem minimizando os impactos no meio ambiente. Este projeto tem como frentes de atuação a educação ambiental e o incentivo à coleta seletiva e à reciclagem de materiais, principalmente embalagens utilizadas na indústria de bebidas. O projeto também reconhecido como fonte geradora de renda às instituições parceiras (ONGs, hospitais, cooperativas, catadores de lixo etc). A meta do programa é estar presente em todos os estados Brasileiros em 2008, além de promover a reciclagem de 10% do PET pós-consumo produzido pelo Sistema Coca-Cola até 2010. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A forma de atuação do Reciclou, Ganhou é a realização de parcerias com escolas públicas e privadas, hospitais, entidades filantrópicas, estabelecimentos comerciais e comunidades – por meio das associações de moradores –, cooperativas de reciclagem e também catadores autônomos, que tornam possível a coleta nas ruas. Assim, o material reciclável é recolhido nos postos de coleta e revertido, em sua maioria, em equipamentos necessários aos parceiros, como computadores, materiais esportivos e móveis para as escolas, além de recursos em dinheiro e brindes variados. A coleta e reciclagem do Reciclou, Ganhou é feita atualmente por 30 cooperativas associadas em todo Brasil, abrangendo 23 estados brasileiros, o que contribui para posicionar o Brasil na liderança da reciclagem de alguns materiais. Em 2006, o país reciclou 96,2% das latas de alumínio colocadas no mercado (127,6 mil toneladas) e apresenta um dos mais altos índices do mundo. Na reciclagem do PET, 48% das embalagens pós-consumo são recicladas. Isso representou o equivalente a 174 mil toneladas em 2005. Vale ressaltar que a legislação brasileira proíbe a utilização do PET reciclado na embalagem de bebidas e demais produtos alimentícios, o que restringe as possibilidades de reutilização do material para embalagens de alimentos. Ciente disso, a Coca-Cola Brasil implementa novos usos e aplicações para o PET pós-consumo, como o uso de fibras sintéticas para a confecção de roupas para funcionários de suas fábricas, e peças para pontos-de-venda da marca como banners, porta-canudos, racks para produtos, porta-guardanapos e outras peças de merchandising. O programa Reciclou, Ganhou provoca grande mobilização e a CocaCola Brasil entende que as parcerias são fundamentais para o seu sucesso. A cada parceiro institucional cabe uma tarefa: a Tetra Pak apóia as cooperativas doando prensas e facilitando o contato com as indústrias que processam a embalagem longa vida; os governos locais, através das suas secretarias de meio ambiente e de educação, apóiam o projeto nas escolas e nos eventos como o Dia Mundial do Meio Ambiente e Limpeza de Rios e Praias; o CEMPRE desenvolve materiais educativos para escolas e cooperativas, além de divulgar Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca os preços dos materiais reciclados; a ABIPET prepara materiais educativos e premia os melhores projetos socioambientais. Quando o Programa Reciclou, Ganhou foi lançado, limitava-se à troca de embalagens de vidro e de alumínio, já que não existiam as embalagens de PET. Rapidamente, a Coca-Cola Brasil assumiu forte liderança nas atividades de reciclagem em todo o País, estabelecendo um padrão de destaque em nível internacional. Em 1992, a empresa foi uma das fundadoras do CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem, associação mantida por algumas das maiores empresas do País em vários setores e dedicada à conscientização da sociedade sobre a importância da redução, reutilização e reciclagem de lixo, através de banco de dados, pesquisas, seminários e publicações. 2. LOGÍSTICA Christopher (2008. p.3) define logística desta forma: (...) é o processo de gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de matériasprimas, partes e produtos acabados(além dos fluxos de informação relacionados) por parte da organização e de seus canais de marketing, de tal modo que a lucratividade atual e futura seja maximizada mediante a entrega de encomendas com o menor custo associado. Entende-se então que a logística trata-se de todo o planejamento para que o produto chegue ao cliente no dia certo, no local certo e na hora certa, entendendo esse conceito, veremos a seguir a logística reversa que pode-se afirmar que funciona de uma maneira contrária a logística convencional. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2.1LOGÍSTICA REVERSA Segundo Mueller (2005, p.1) O ciclo comercial das empresas não termina quando os produtos são vendidos, consumidos e descartados pelos consumidores, existe uma grande preocupação com o que acontece com os restos desses produtos quando são descartados. A logística reversa surge com um objetivo de preservar a ecologia e também como uma estratégia de mercado causando mais confiança para os consumidores. Conforme Mueller (2005, p.1) A Logística Reversa pode ser classificada como sendo apenas uma versão contrária da Logística como a conhecemos. O fato é que um planejamento reverso utiliza os mesmos processos que um planejamento convencional. Ambos tratam de nível de serviço, armazenagem, transporte, nível de estoque, fluxo de materiais e sistema de informação. No entanto a Logística Reversa deve ser vista como um novo recurso para a lucratividade. Entendemos então a logística reversa como o contrário da logística convencional, ela serve para o aproveitamento dos refugos dos produtos, e para que haja um reaproveitamento, o ciclo de vida do produto não termina após a utilização pelos consumidores, muitos precisam retornar ao fabricante, esses materiais são utilizados para repor o conteúdo e retornar ao consumidor. A logística reversa serve tanto para a ecologia como para a competitividade da empresa, as empresas que visam o futuro estão adotando esse processo. A logística de pós consumo pode ocorrer com produtos em condições de uso que podem ser reutilizados, em produtos que estão no fim de sua vida útil que normalmente serão desmanchados e reutilizados, em produtos descartáveis após o consumo podem ser utilizados através de reciclagem industrial podendo ser utilizado como matéria prima para a fabricação de outros produtos. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Um dos produtos muito debatidos na questão de reciclagem e reaproveitamento são as garrafas Pet. Nos últimos tempos, as bebidas neste tipo de embalagem aumentaram circunstancialmente. A tentativa de inserir novamente as garrafas de vidro no mercado, não tem tido muito sucesso. Segundo Leite (2003), os custos são semelhantes, pois a garrafa retornável exige um longo de processo de esterilização, no entanto no caso das Pet, além de fabricação existe também a preocupação com o meio ambiente, tendo os fabricantes, hoje em dia, que se preocuparem o processo reverso das mesmas. Leite acredita que as garrafas retornáveis ainda possuem algumas vantagens sobre as descartáveis, como exemplo a qualidade e proteção do produto. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2.2 LOGÍSTICA REVERSA COCA COLA As operações da antiga REMIL – Refrigerantes Minas Gerais Ltda, cresciam assim como o próprio crescimento do consumo do refrigerante no Brasil durante o final do século passado. As então chamadas “embalagens tamanho família” ampliam sua capacidade de um litro para um litro e duzentos e cinqüenta ml. O que representa um crescimento de disponibilidade de 25% e ao mesmo tempo uma redução de embalagem na mesma proporção. Quatro e não cinco. (MACHADO; ALVES, 2007) Mas ainda assim, a competitividade entre as empresas do setor e os novos hábitos de consumo conduziram a viabilidade de ampliação dessa disponibilidade. Sem a orientação de “Tamanho Família”, houve a introdução das embalagens PET de dois litros na década de 1990. Uma revolução em termos de logística, pois poderia ampliar a otimização da frota em função de um peso menor com embalagens descartáveis e um aproveitamento melhor da carga útil da frota. Dentro dos anos 2000, precisamente com a troca do controle das operações da The Coca Cola Company em Minas Gerais, que passou para o grupo mexicano FEMSA, houve a reintrodução das embalagens de vidro em função ainda do aumento de consumo, competição com outras empresas e viabilidade operacional das embalagens. A Coca-Cola fez as contas e também chegou à essa conclusão. No passado, ela incentivou a adoção do plástico tipo PET e alimentou um inimigo: as “tubaínas”, que conseguiram vender, numa garrafa igual, um refrigerante mais barato. Resultado: hoje elas têm mais de 30% do mercado. Agora, a Coca descobriu que o vidro pode ser uma solução econômica para vencer a guerra de preço contra as rivais de marca secundária. Não é por acaso que seus últimos lançamentos, dirigidos às classes C e D, foram feitos em vidro. Fonte: www.istoedinheiro.com.br/noticias/11801_A+REVANCHE +DO+VIDRO. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Estas questões operacionais, são apenas um reflexo de uma mentalidade empresarial que sustenta o interesse em busca de soluções comerciais viáveis e ao mesmo tempo integradas com um preocupação ambiental. De acordo com a diretora de Supply Chain – Engenharia & Meio Ambiente, NellandaMoulin Rocha Lima em entrevista realizada em 18 de agosto de 2010 na Coca-Cola FEMSA-MG/ KOF. A Coca Cola tem sua Visão de Sustentabilidade dentro do cenário e quadrantes apresentados na FIG.1, englobando o econômico, social e ambiental com foco no Lucro, Pessoas, Portfólio, Parceiros, e Planeta. Figura.1: Visão de Sustentabilidade. Fonte: cedido por Nellanda Lima(2010). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Usa-se na empresa “um método científico denominado “análise de ciclo de vida” (ACV) para determinar o impacto ambiental da embalagem, ajudando a tomar decisões ambientalmente responsáveis.”. Elas deverão - reduzir uso de materiais; - possuir um desenho aproveitável; - dispor de materiais sustentáveis. Sobre o Dropsize (quantidade entregue por cliente) a KOFMG tem a seguinte política e medição com uma ocupação dos veículos que é calculada por meio da metodologia de cubagem. A ocupação média dos caminhões é de 85% e o Dropsize médio por cliente é de 40 cubos/cxs, sendo que para os clientes de Key account (contas chave) o Dropsize é de 320 cubos/cxs. Para perceber a importância desse aproveitamento de frota, tem-se o comparativo entre a utilização de embalagens PET e de vidro retornável que comprova a preocupação com a destinação final com as embalagens descartáveis e ao mesmo tempo a sua importância para o aumento do consumo. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Gráfico1: Gráfico comparativo de utilização de embalagens em relação ao volume vendido. Fonte: Depto. De Marketing da KOFMG. Sobre o retorno das embalagens de vidro retornável a Sra. Nellanda Lima faz os seguintes comentários. O retorno financeiro para as embalagens retornáveis (vidros) para qualquer operação é mais interessante, em função do processo de preparação e logística reversa do ativo. Os custos recorrentes do uso de embalagens descartáveis são maiores em função do processo de aquisição, transporte e da ausência da logística reversa para o processo de supply. Fica claro que é de difícil dissociação da atual forme de pensamento sustentável incorporado nos anos 2000, com as operações em si. Além disso, há várias ações que compõe e servem de exemplo dentro da área de meio ambiente da KOFMG: Reciclou, ganhou; brindes e embalagens sustentáveis; Eko Feira estes projetos ambientais devem ter resultados produtivos, não só a promoção da marca Coca-Cola. 3 METODOLOGIA Este capítulo se destinará a detalhar os métodos de pesquisa que serão utilizados neste trabalho para obter informações desejadas ao assunto apresentado. A modalidade escolhida para este trabalho foi o estudo de caso, posto que a pesquisa sobre Logística reversa o será efetuada mediante análise da atuação de uma empresa chamada COCA COLA COMPANY. “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados.” Antônio Carlos Gil Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A partir das informações obtidas serão traçadas conclusões no intuito de entender e exclarecer o objetivo declarado nesse projeto. 4 RESULTADOS O Reciclou, Ganhou tornou-se o principal programa sócio-ambiental do Sistema Coca-Cola Brasil. Prova disso é que os fabricantes da marca no país passaram a investir compulsoriamente no Programa como parte do contrato com a Corporação, exigência que não existe em nenhum outro país do mundo. Hoje, no Sistema Coca-Cola Brasil, é tão importante investir no Reciclou, Ganhou e nas questões sociais quanto na capacitação de pessoas e no cumprimento da legislação. O investimento médio de uma fábrica Coca-Cola no programa é de 150 mil reais/ ano,entre produção de folhetos, cartazes, compra de maquinário, uniformes de trabalho, brindes para efetuar as trocas pelos materiais coletados nas escolas e demais entidades parceiras, assim como o oferecimento de transporte e treinamento às lideranças das cooperativas associadas. Ao todo, aproximadamente 2 milhões de pessoas são beneficiadas diretamente pelo projeto no país. No início, em 1996, o programa era voltado apenas para alunos de escolas. A partir do lançamento do eKOsystem, em 1997, a Coca-Cola Brasil associou -se a instituições públicas, hospitais, ONGs e cooperativas de catadores para aumentar a abrangência e capilaridade do programa. Em 2006, o Reciclou, Ganhou encerrou o ano contabilizando parceria com 4,7 mil instituições em todo Brasil. Uma destas instituições é o Hospital Gafrée Guinle, no Rio de Janeiro. Parte dos recursos financeiros gerados pelo Reciclou, Ganhou foi aplicada, em 2004, em obras e reformas que resultaram na ampliação em 30% da capacidade de atendimento no laboratório e no ambulatório do hospital, considerado referência nacional no tratamento de portadores de HIV. Os investimentos da Companhia no Reciclou, Ganhou ultrapassaram R$ 4 milhões ao longo destes 10 anos. Só em 2006, foram R$ 1,2 milhão investidos pelo Sistema no programa. Estes investimentos são alocados em Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca treinamento de lideranças das cooperativas, transporte, compra de galpões para armazenamento de materiais, treinamento para segurança do trabalho, compra de prensas para o processamento de resíduos, pesquisas etc. Recentemente, a Coca-Cola Brasil investiu R$ 300 mil no desenvolvimento de um rack para exposição de produtos da marca, feito a partir de PET reciclado. A partir de maio de 2007, o material será usado para abastecer os mais de um milhão de pontos de venda no país. Como empresa cidadã responsável a Coca-Cola Brasil e seus fabricantes conduzem seus negócios visando ao desenvolvimento sustentável e reafirmando, a cada momento, seu compromisso em fazer a diferença para as comunidades em que atuam. Essas ações têm impacto direto tanto nos negócios quanto nos resultados financeiros da Coca-Cola Brasil. 5 CONCLUSÃO O que consiste a Logística Reversa é a atividade que busca integrar o processo reverso à logística direta, se referindo dos produtos de seu ponto de consumo até o seu ponto de origem. Recuperar valor de um produto logístico que é devolvido se torna seu objetivo estratégico, desta maneira a empresa fideliza seus clientes e acaba obtendo uma boa imagem corporativa devido às suas práticas sustentáveis. O canal reverso é essencial. Ocorre quando a quantidade de produtos não consumidos retornada é grande frente a distribuição total. A logística reversa não só contribui para o fortalecimento da imagem como também recupera uma parcela significativa de valor, sendo parte fundamental da operação da empresa. A regularidade, pontualidade e qualidade do canal reverso são importantes para o sucesso do negócio das empresas que aderiram esse procedimento. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca REFERENCIAS ADLMAIER, D.; SELLITTO, M. A. Embalagens retornáveis para transporte de bens manufaturados: um estudo de caso em logística reversa. Produção, [S.l.], v. 17, n. 2, p. 395-406, maio/ago. 2007. ALBERTO, S. G.; PRADO FILHO, J. F.; RIBEIRO, P. C. C. Logística reversa na prática da reciclagem de resíduos celulósicos. IX Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais, São Paulo, 2006. Anais do IX SIMPOI, 2006. CARMO, M. S. F. C.; OLIVEIRA, J. A. P.; ARRUDA, R. G. L. O trabalho com resíduos pelos classificadores – o papel da semântica do lixo no reconhecimento social e identidade profissional. In: XXX Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Salvador, 2006. Anais do XXX ENANPAD, 2006. CARRIERI, A. P.; SILVA, A. R. L.; PIMENTEL, T. D. O tema da proteção ambiental incorporado nos discursos da responsabilidade social corporativa. 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São Paulo: 7 Letras, 2002-03. LIMA ,Nellanda. Material cedido por e-mail em 01/09/2010. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A CRISE DA ECONOMIA GAÚCHA E A DEFASAGEM DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (1955 – 1965) Ricardo Muniz Muccillo da Silva Leticia Martins de Martins Evaldo Reis Furtado Júnior Resumo O objetivo do estudo é aprofundar as transformações ocorridas no desenvolvimento industrial gaúcho no período de 1955 a 1965. Nas décadas anteriores, o Rio Grande do Sul se destacava por ter uma das indústrias mais pujantes do país e gozava o status de “celeiro do país”, com uma ampla gama de produtos de origem agropecuário, que atendia os mercados interno e externo. Porém, em meados da década de 1950 a economia gaúcha sofreu uma desaceleração no crescimento e em consequência endógenas e exógenas. Assim, a pesquisa procura explicar, os principais fatores da desaceleração da economia gaúcha no período acima citado, classificando os possíveis problemas e consequências da mudança de padrão industrial, pois, considerase o período o ponto de inflexão da indústria gaúcha, ou seja, o período de mudança de perfil. Para isto, foi realizada uma revisão das principais obras acerca do tema, e uma análise dos dados obtidos no Censo Industrial do Brasil. O objetivo será o de descrever e localizar os determinantes da crise. Palavras-chave: Indústria gaúcha – Crise Econômica – Indústria de Transformação Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A CRISE DA ECONOMIA GAÚCHA E A DEFASAGEM DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (1955 – 1965) 1. Introdução Até a metade do século XX, a economia do Rio Grande do Sul atingiu taxas consideráveis de crescimento, dentro de um padrão singular de desenvolvimento. Porém, esse padrão começou a se romper à medida que a maior integração regional do país começou a ganhar força. A base do crescimento econômico regional permaneceu a mesma do inicio do século até a década de 1950, ou seja, o crescimento foi determinado pelo papel do Rio Grande do Sul como um estado exportador agropecuário e agroindustrial para o mercado interno brasileiro e para a manutenção e ampliação do mercado interno regional, ainda relativamente protegido. Entretanto, se, por um lado, a manutenção dos empecilhos geográficos para importação permitiu a maturação e o desenvolvimento da indústria gaúcha, por outro, fomentou, em alguns aspectos, uma indústria defasada tecnologicamente, em relação à indústria paulista, que contou com mercados de maior escala, maiores investimentos públicos e aporte de capital estrangeiro em maior fluxo. Entre os fatores determinantes da crise, estavam os fatores endógenos referentes aos limites do padrão de acumulação da economia gaúcha: deficiências da infra-estrutura regional, escalas de produção normalmente insatisfatórias e processos técnicos ultrapassados. Esses aspectos puderam ser identificados com mais clareza devido à maior integração rodoviária do mercado nacional, pois, rompia-se a barreira geográfica e contemplava-se a integração das regiões nacionais com a diminuição do custo logístico ou custo de transporte. A economia brasileira realizou um grande salto no desenvolvimento industrial na década de 1950 e 1960, consequência do Plano de Metas (1955-59), resultado da ação de um Estado desenvolvimentista sob o Governo de Juscelino Kubitschek. Porém, o Plano de Metas direcionou, na sua quase totalidade, os investimentos públicos e privados na região sudeste do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Brasil, o que favoreceu o distanciamento da indústria gaúcha em relação à indústria do centro do país. Para Castro (1977), a hipótese de que as indústrias nascidas e crescidas no Rio Grande do Sul, que contavam com um relativo isolamento e mercado regional carente de manufaturas, dificilmente sobreviveriam aos impactos derivados da integração. Possivelmente, grande parte da explicação da crise na década de 1950, estaria no plano externo: as “exportações” gaúchas (beneficiadas ou não) para o centro iam sendo substituídas por vendas de outras áreas (Paraná, Goiás, Mato Grosso) recém incorporadas; o antigo mercado cativo estadual ia sendo invadido pelas importações procedentes de São Paulo e de outros estados. O choque da concorrência prejudicou o setor primário da economia gaúcha, por exemplo, na crise do trigo, gerada pelos acordos feitos pelo Governo Federal com os EUA para importação a baixo preço dos excedentes da produção de trigo daquele país. Ademais, a pecuária vivenciava uma longa trajetória de relativa estagnação e já apresentava sinais de instabilidade no final da década de 1930, enquanto o esgotamento das fronteiras agrícolas provocava forte emigração de produtores gaúchos para oeste de Santa Catarina, Paraná e Centro Oeste do Brasil. O excedente demográfico do Rio Grande do Sul permitiu a criação de novas zonas de produção agrícolas e, por consequência, novos concorrentes para os produtos primários do Rio Grande Sul. Na primeira metade do século, a indústria gaúcha havia construído um perfil baseado nas indústrias tradicionais essencialmente elaboradoras de produtos da agricultura, pecuária e silvicultura, pois o Rio Grande do Sul era dotado de condições extremamente favoráveis para a competição desses setores. Outro ponto-chave da crise era que muitos gêneros das indústrias tradicionais gaúchas tiveram um baixo, nulo e até mesmo negativo crescimento, quando no mesmo período as indústrias tradicionais brasileiras cresciam a taxas de, aproximadamente 7% (ACCURSO, CANDAL E VERAS, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 1965). Portanto, é necessário observar a ineficiência da evolução do setor primário gaúcho, que lhe fornecia matérias-primas necessárias para a expansão. A falta de elasticidade de oferta das matérias-primas agrícolas e a incapacidade dos empresários em inovar tecnológica e administrativamente, a fim de obterem recursos de financiamento adicionais, foram as principais causas mediatas do estancamento das indústrias tradicionais gaúchas, embora outros fatores adicionais atuassem cumulativamente: o custo do transporte para os principais centros consumidores e os custos da energia. A estrutura e a evolução do produto e do emprego industrial brasileiro e gaúcho confirmaram a direção geral do desenvolvimento industrial e salientaram a inferioridade da estrutura industrial gaúcha em relação à brasileira, inferioridade que se agravou na década de 1950 e 1960, com maior integração regional dos mercados. 2. Integração do Mercado Regional A questão do transporte foi a principal barreira a ser removida para que ocorresse a integração dos estanques mercados regionais do Brasil do final da década de 1920 e na década de 1930. A solução para o problema dos transportes permitiria a fácil circulação das mercadorias de produção nacional (TARGA, RIBEIRO e HERRLEIN Jr., 1998). Assim, a importância dessa questão é evidente, enquanto o sistema de transportes não estivesse articulado no sentido de integrar as regiões, as economias regionais estariam a salvo da concorrência das mercadorias produzidas em São Paulo, ou seja, manteriam uma dinâmica própria de desenvolvimento. “A carência de meios de transportes que integrassem as regiões constituía natural barreira à competição interregional” (TARGA, RIBEIRO e HERRLEIN Jr., 1998). Targa, Ribeiro e Herrlein Jr. (1998) destacaram que, expansão da malha rodoviária reforçou o aspecto integrador das regiões brasileiras. Mesmo dispondo da cabotagem e das ferrovias, foi o transporte rodoviário que acabou se expandindo ao ritmo da economia, primeiro regionalmente, depois interregionalmente até o estabelecimento das ligações rodoviárias do centro-sul, em Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca meados dos anos 1950, e praticamente em todas as regiões em torno de Brasília. Gradativamente, o transporte rodoviário ganhou força entre 1939 e 1960, dobrando a quilometragem global e acrescendo em oito vezes os quilômetros pavimentados, mas é importante notar que esse maior incremento foi a partir da década de 1950. Na Tabela 1, pode-se verificar a ascensão da malha rodoviária. Tabela 1 Extensão do sistema rodoviário no Brasil 1939 – 1970 DISCRIMINAÇÃO 1939 1952 1960 1965 1970 Rodovias pavimentadas (Km) 1500 2218 12500 25546 48577 Participação % na extensão total 2,8 3,5 11,5 18,9 26,9 Índice (1939 = 100) 100 147,9 833,3 1703,1 3238,5 Rodovias não pavimentadas (Km) 52831 61129 96112 109192 132333 Participação % na extensão total 97,2 96,5 88,5 81,1 73,1 Índice (1939 = 100) 100 115 181 206 250 Extensão total (federal e estadual) 54331 63347 108600 134738 180910 (Km) Percentual total 100 100 100 100 100 Índice (1939 = 100) 100 117 200 248 333 Fonte: IBGE/ DNER apud Targa, Ribeiro e Herrlein Jr. , 1998 p.265. A efetiva integração do mercado nacional dependeria da evolução do sistema de transportes, ou seja, da remoção da “barreira” constituída pela deficiência em transportes. O governo brasileiro, em diferentes momentos da história, investiu nesse sentido, e o sistema rodoviário recebeu a maior parte Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca desses investimentos. O privilegio dado às rodovias deveu-se ao fato de as outras modalidades de transporte, ferroviário e cabotagem, exigiram o investimento de um grande volume de capitais, e no sistema rodoviário os maiores investimentos seriam na pavimentação de estradas e na construção de pontes. O advento da indústria automobilística no Brasil e a criação da Petrobrás para controlar a pesquisa, a extração e o refino de petróleo foram fatores que contribuíram para a expansão da malha rodoviária. Em conjunto, essas condições só seriam dadas a partir da década de 1950, quando passou a efetivar-se a integração do mercado nacional e as economias regionais já não estavam mais a salvo da concorrência com os produtos vindos do centro do País. A integração da malha rodoviária efetivou a integração das regiões brasileiras, pois houve propósito explícito de integrar espacialmente as regiões através do desenvolvimento tanto da infra-estrutura quanto dos transportes e da comunicação133. Assim, a indústria paulista estava mais preparada para concorrer no mercado nacional, com um parque industrial mais desenvolvido e mais complexo. Em São Paulo, já na metade do século XX, as indústrias do grupo dinâmico já representavam boa parcela do total de indústrias. Esse ramo industrial contava com alguns facilitadores para sua geminação, como a obtenção de créditos especializados, do tipo outorgados pelo BNDE, a capacidade de obtenção de “Know-how”134 estrangeiro e a existência de economias de escala externa e de complementaridade, pois, os ramos dinâmicos da indústria abririam um leque de opções de indústrias periféricas de sustentação, vantagens que os grandes complexos industriais, como os de São Paulo, estavam em melhores condições de oferecer. Contudo, em um primeiro momento, a integração nacional trouxe para o estado o aumento da concorrência e o maior assédio dos produtos produzidos no centro do Brasil. Porém, isto não pode ser encarado como o fator causador da crise no Estado gaúcho, mas sim, um dos fatores que expôs as deficiências do parque industrial gaúcho e as desigualdades regionais do país. 133 134 Targa, Ribeiro e Herrlein Jr., 1998, p.268. Know-how: Termo inglês que significa “Como fazer”. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 3. Fatores Geradores da Crise Em meados da década de 1950, o Rio Grande do Sul chegou ao limite de sua capacidade de desenvolvimento baseado na exportação para os demais estados da Federação de produtos agrícolas e bens de consumo de origem agropecuária. Assim, o Estado começou a sofrer uma desaceleração do crescimento. O horizonte tornou-se nebuloso e alguns autores deflagraram previsões nefastas para a economia do Rio Grande do Sul. Oliveira (1961), na obra “Rio Grande do Sul: um novo nordeste, o desenvolvimento econômico e as novas disparidades regionais”, chega a comparar a economia gaúcha com a possibilidade de virar um “novo nordeste”. Apesar da previsão do autor não se concretizar, os números destacam, no mínimo, uma crise na economia gaúcha e uma aparente desaceleração do crescimento industrial. A questão é saber o que teria provocado à estagnação da economia gaúcha por volta de 1956/57. De que modo um ciclo de expansão que, superando problemas tão difíceis como guerra, paz, falta de energia, etc., em apenas dois anos enfrentou uma drástica desaceleração e, em consequência, ciclos de baixo crescimento135. Para Muller (1998), enfatizando diferentes aspectos, as barreiras ao desenvolvimento do Estado resumiram-se em quatro dificuldades distintas relacionadas à distância geográfica e a problemas de infraestrutura. A primeira é a dificuldade insuperável de distância em relação ao mercado consumidor nacional, acentuado pela precariedade da infraestrutura de transportes que tanto preocupara os governantes nos anos 1920. A segunda estava relacionada à falta de uma indústria de base regional, em grande medida inviável pelo porte do mercado estadual para os produtores desse segmento (aço, cimento, derivados do petróleo, etc.). A terceira é parte da infraestrutura precária do estado, ou seja, graves deficiências nos setores de energia e comunicação. E a quarta, é a falta de escala na produção estadual para enfrentar os concorrentes do Sudeste do país já beneficiado pelos fatores acima mencionados. 135 O período que vai de 1930 a 1950, aproximadamente, pode ser entendido como uma fase na qual os constituintes do modelo histórico de acumulação e dominação gaúcha eram explorados ao máximo e sempre a favor das classes agropecuárias e industriais dominantes. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A trajetória da questão energética era representativa da situação econômica do Rio Grande do Sul na década de 1950. A produção agrícola e industrial estava em alta e a urbanização avançava. Em parte por isso, o Estado viu aumentarem as carências e as deficiências do sistema. O governo reagiu com encampações, criação de órgãos especializados, planos de investimentos, mas as ações empreendidas não foram suficientes, a produção passou a ressentir-se, cada vez mais, do custo das falhas no abastecimento, as receitas e os investimentos foram caindo, os custos financeiros aumentavam e os recursos federais se tornavam cada vez mais escassos. A questão energética era apenas um dos pontos cruciais do aspecto de investimentos públicos em infraestrutura, tão reclamados pelos gaúchos, pois, o setor privado nacional não tinha capital e muito menos interesse em investir nas áreas de infraestrutura. Através do Plano de Metas, o governo Juscelino Kubitschek priorizou os investimentos públicos na região sudeste do país, o que gerou um aumento do desequilíbrio entre os estados brasileiros. Accurso, Candal e Veras (1965) ainda destacam, em seu estudo 136, problemas relacionados ao setor primário, e avaliam que as dificuldades do Estado surgiram da inviabilidade da continuação de seu crescimento extensivo, fato que ocorreu em meados da década de 1940 e que foi ocultado por um movimento favorável de preços. Isso permitiu aos proprietários agrícolas um volume absoluto de renda elevado, o que evitou uma tomada de consciência do fenômeno. Com maior intensidade aplica-se esta conclusão à pecuária que transferiu via mecanismos de preços, as consequências do fenômeno. As causas deste insatisfatório crescimento da produção agropecuária gaúcha estavam intimamente ligadas ao problema da propriedade da terra, isto é, revestiam-se de características estruturais que tornavam inócuos os instrumentos tradicionais de estímulo à produção (crédito, preço, etc). 136 Accurso, Candal e Veras. Análise do insuficiente desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul. Boletim da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Porto Alegre, Assembléia Legislativa, 1965. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Considerando-se a elevada participação da agropecuária na renda e no emprego, é óbvio que seu comportamento inadequado influiu em todo o sistema econômico gaúcho. O outro setor importante, o industrial, possuía uma estrutura que o tornava, dependente em grande medida, do setor agropecuário. Isso, somado a outros fatores, explica o baixo crescimento quanto comparado ao da indústria brasileira, com a característica mais trágica de ter fornecido emprego apenas a uma parcela mínima da população. Assim, alguns autores destacam que a crise na agricultura contaminou os setores industriais do Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, notava-se a estagnação do desenvolvimento da lavoura mecanizada em decorrência de determinados fatores, e o êxodo do homem rural sul-rio-grandense para outros estados, em busca de melhores condições de vida, principalmente para região a centro-oeste. Pode-se definir que a estrutura agrária tornou-se arcaica, obsoleta, constituindo-se um obstáculo quase intransponível à racionalização da produção rural gaúcha. Em decorrência dessa não racionalização, a produção tornou-se antieconômica e os produtos agropecuários perderam sua capacidade competitiva nos mercados nacional e internacional. Ainda sim, em meados da década de 1950, embora o setor primário ainda obtivesse bons resultados, já havia sinais de queda. Accurso, Candal e Veras (1965) calculam que, na primeira metade da década, a produção primária cresceu 9,8% e, na segunda, recuou 3,0% (ambas, médias anuais), o que fez com que a produção da pecuária e da agricultura chegasse a 1960 com níveis de produção de, respectivamente, 20% e 7% menores que os de 1956. Os mesmos autores atribuem a estagnação ao esgotamento da base física já que “80% da área total se encontrava ocupada pelos estabelecimentos rurais e ao aumento dos custos de produção a taxas superiores às do aumento da produtividade”. A cultura do arroz, destacada no começo do século, como uma das principais atividades econômicas do Estado, por exemplo, é um caso típico. A passagem de irrigação natural para a irrigação mecânica – cada vez mais necessária face à escassez de terras – eleva o custo unitário de 4,3%, e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca como a produtividade média aumentou tão-somente 4%, é fácil concluir pela sua ineficácia econômica. Accurso, Candal e Veras (1965) ainda destacam que, segundo registro do setor industrial de 1965 (IBGE), os ramos tradicionais estavam diretamente ligados ao setor primário, conforme já citado anteriormente. As estimativas da formação da renda setorial apresentavam a seguinte distribuição: Setor Primário 41%; Setor Secundário 15%; Setor Terciário 44%; e a distribuição da população ativa setorial era de 58%, 14% e 28% respectivamente, reforçando a idéia da importância do Setor Primário na base produtiva. Na questão agrícola, o Rio Grande do Sul acompanhou o crescimento dos centros urbanos, consumidores de seus produtos, embora não tenha merecido uma posição de maior destaque na estratégia de desenvolvimento nacional, entre os anos 1930 e 1940. Em meados dos anos 1950, a agricultura estaria relacionada intensamente com os demais setores da economia, distinguindo-se os produtos de base produtiva empresarial, como arroz, o trigo (após 1945), a soja (nos anos 1960) e as culturas tradicionais componentes da cesta básica alimentar dos assalariados. O desenvolvimento rural significou a geração crescente do fluxo de alimentos e matérias-primas para o mercado internacional, com a criação de um mercado para os produtos industriais na própria agricultura, a liberação da mão-de-obra para indústria e centro urbanos, e a geração de divisas pelas exportações e na poupança de divisas, substituindo importações por produtos nacionais. A dependência da economia gaúcha em relação ao desempenho do setor agrícola, tanto no que diz respeito às safras agrícolas, quanto aos fatores que garantem a renda no campo: concessão de crédito e nível de preços de produtos agropecuários, internamente e vendas para fora do país. Desse modo, a relação que se estabeleceria entre o setor primário gaúcho e sua indústria dar-se-ia tanto à montante - aquisição de produtos do setor agropecuário - quanto à jusante - venda de insumos e equipamentos à agropecuária, tais como os fertilizantes, as máquinas e os implementos agrícolas. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Para Dalmazo (1992), o desempenho do Setor Primário ficava por conta da produção de oito principais produtos agropecuários, com participação de 70,2% no setor (milho, arroz, trigo, lã, produção bovina, produção suína, feijão e soja), que passaram por um período de estagnação a partir de 1956, com tendência de queda de crescimento nos últimos anos (1958-59). Os principais fatores do fraco desempenho sinalizavam os investimentos pouco significativos de modernização agrícola que poderiam alterar o quadro, a política de preços mínimos injusta, o contingenciamento e o ágio cambial sobre importações de bens de capital e insumos agrícolas. Em relação à indústria, os indicadores apontavam um baixo crescimento entre 1956 e 1958, considerando que o Setor Secundário retirava 65% das matérias-primas da agropecuária e empregava em torno de 10% da população ativa. Essa estagnação não se verificou na indústria química, farmacêutica, na de calçados, na de tecidos e na de vestuário. Tabela 2 Taxas de crescimento da economia gaúcha por setor (Médias Anuais %). Setores 1949/60 1949/53 1956/60 Primário 3,8 9,8 -3,0 Secundário 5,4 9,5 1,7 Terciário 5,2 7,2 2,8 Total 4,9 8,6 0,3 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Fonte: Accurso, Candal, desenvolvimento Veras (1965). Análise do insuficiente econômico do Rio Grande do Sul. Boletim da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Porto Alegre, Assembléia Legislativa, p.18. O fraco desempenho do setor era atribuído à indústria de alimentação, que se manteve estacionária desde o ano de 1953. As razões também indicavam a falta de crédito para investimento, a política cambial que penalizava os insumos e os bens de capital, além da falta de incentivos fiscais e as condições de transporte. Cabe ressaltar a importância da Alimentação, vestuários e calçados, têxteis, fumo, bebidas, couro, peles e madeira, que representavam 67% do total das vendas da indústria. Nessas condições, é natural que todo o setor secundário estivesse fortemente influenciado pelo comportamento da agropecuária. Portanto, na lógica pode-se concluir que a crise do setor primário contagiou e afetou a maior parte da indústria gaúcha. Essa influência ocorreu sob dois aspectos. Pelo lado da produção, o ritmo lento ou nulo da oferta primária e, inclusive, com custos crescentes, impedia um abastecimento adequado e diminuía sua capacidade competitiva; do lado do mercado, à medida que o setor responsável pela maior parte da formação de renda não se desenvolvia, bloqueava a capacidade de compra para os demais. As causas do insuficiente desenvolvimento da indústria passaram diretamente pelos “elementos endógenos”, estes, por sua vez, impediram que o setor realizasse as modificações necessárias para fazer frente à crescente demanda. Essas modificações se constituíram basicamente no aumento do capital fixo, na melhoria tecnológica aí implícita, e nas transformações na estrutura e nos métodos administrativos, o que envolvia as atitudes dos empresários e as formas de propriedade das empresas. A Tabela 5 destaca a evolução da indústria gaúcha no período da crise. Na média geral, o Rio Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Grande do Sul obteve desempenho parecido com as demais regiões do país, com exceção do estado de São Paulo que obteve um crescimento superior às demais regiões do Brasil e do estado gaúcho. Além dos problemas já mencionados no setor primário da economia gaúcha, a FEE (1978) destaca que o insuficiente crescimento da indústria do Rio Grande do Sul, na melhor das hipóteses, levantadas pela literatura do período, que o ponto central da questão estava sendo mascarado. Caracterizar uma situação desfavorável do Estado como sendo de crise decorrente da “incapacidade empresarial”, como seguidamente era apregoado, reflete tão somente a adoção de um enfoque micro para uma questão fundamentalmente macroeconômica. Na realidade, os problemas com que se deparou a indústria de transformação gaúcha no início da década de 1960 eram fruto de uma inadequação do parque industrial do Estado a um novo perfil de demanda do País. Portanto, provavelmente a indústria paulista estava mais preparada e adaptada para atender este novo perfil, o que causou perda considerável e em consequência, adequação do parque industrial gaúcho à realidade nacional e internacional. Dalmazo (1992) destaca, o estudo preparado pelo GAP especialmente para o Conselho Nacional de Economia em junho de 1960 (RS. GAP, 1962), que aborda os períodos onde a crise tornou-se mais aguda. Na visão global, o estudo acusa indicadores de uma grande crise econômica a partir de 1957. A evolução da economia gaúcha, após ter uma década de crescimento acelerado do Produto Industrial, foi de, aproximadamente, 7,6% anual, entre 1947 e 1956, seguida de um período com taxas anuais menores - 4,6%, entre 1956 e 1959, passou a dar sinais de estagnação e retração das atividades produtivas, principalmente no setor agrícola. A análise concentra sua atenção sobre as causas e os efeitos da crise que atingiram a base produtiva e a sociedade sulrio-grandense. Dalmazo (1992) destaca que o diagnóstico da crise da economia gaúcha identificava quatro razões. A primeira, a perda nas relações de troca de produtos agropastoris e da indústria de bens de consumo em relação às manufaturas do Centro-Sul. A segunda, a desigualdade gerada pela política Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca cambial, efeitos da Instrução nº 70 da SUMOC, que introduziu o regime de ágios para importação. Todos os insumos, máquinas e equipamentos importados da agropecuária estavam sujeitos a taxas de câmbio mais elevadas, bem como as importações de insumos e máquinas da indústria de bens de consumo. Para compensar a implantação do sistema de ágios, a Instrução nº 70 previa a realização de investimentos federais compensatórios no estado. O GAP estimou uma soma vultosa em torno de Cr$ 9,4 bilhões da época, correspondentes às taxas diferenciais de câmbio cobradas sobre importações do Rio Grande do Sul entre, 1953 e 1959. Entretanto, além de sugar esses recursos, os investimentos federais não aconteceram e até decresceram em termos reais no mesmo período. A terceira causa relaciona-se com as perdas atribuídas pelo processo inflacionário na produção e nas finanças públicas. Como quarta causa, é apontada a exclusão da economia gaúcha do bloco de investimentos do Plano de Metas. Essas considerações repõem no seu lugar por excelência a questão da industrialização do Rio Grande do Sul no tempo, questionada a eficácia do planejamento estadual nessa fase do capitalismo monopolista de Estado. Mais do que isso, o diagnóstico da crise da economia gaúcha apontava para a superação dos pontos de estrangulamento, das distorções política econômica, dos possíveis pontos de germinação de riqueza, etc., todos centrados na política e econômica do Governo Federal, na estratégia dos investimentos da União e no planejamento nacional articulado ao planejamento estadual. Por fim, a superação da crise parecia apontar desdobramentos políticos e, de quebra, de paradigmas, ou seja, uma reformulação consistente das atividades econômicas no Rio Grande do Sul. Para isto era necessária, a mobilização do Governo regional e do empresariado gaúcho. 4. Conclusão O insuficiente crescimento da economia gaúcha se colocava do lado da oferta, não podendo ser a crise debitada a causas exógenas, portanto, a relação cambial era importante até certo ponto, mas pouco afetaria o epicentro Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca da crise, pois existiam efetivamente outros problemas a serem discutidos. As causas da crise eram atribuídas ao esgotamento da base física, sem modificações na produtividade do Setor Primário; à inflexibilidade da estrutura de propriedade agrária; ao fato de que, em geral, nos investimentos realizados não prevalecia o critério reprodutivo; à dependência estrutural da economia ao Setor Primário; e à rigidez da indústria por estar excessivamente vinculada ao setor primário. Outro fator relevante, para estagnação da indústria gaúcha foram os gargalos promovidos pela falta de investimento, principalmente, do governo federal na melhoria da infraestrutura disponível. Era preciso melhorar as condições para o aumento do investimento e dar novas condições para os empresários da região. Por fim, desenvolveram-se as principais dificuldades enfrentadas pela indústria gaúcha entre anos de 1955 e 1965, as transformações que marcaram o rompimento do padrão gaúcho de desenvolvimento baseado apenas na produção de bens de consumo leves e de base agropecuária, a necessidade de uma política voltada para o crescimento da indústria dinâmica e pesada, a qual abriu o caminho para mudanças na estrutura industrial a partir da década de 1960, e o desenvolvimento de um parque industrial mais completo e preparado para competir com um mercado nacional mais integrado. Referências ACCURSO, Cláudio F. Industrialização gaúcha e financiamento. 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A análise qualitativa dos dados coletados apontou transformações em relação à conduta inerente ao paradigma dominante tradicionalmente, acompanhado de reflexões influenciadas pelas tendências progressistas, sendo essas as principais conclusões deste estudo. Palavras-chave: didática, tendências pedagógicas, educação superior. INTERLOCUÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS ENTRE DIDÁTICA E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 1 INTRODUÇÃO Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca As pretensões deste artigo estão centradas na discussão sobre a condução da prática docente. O objetivo do trabalho é contribuir para a elucidação do tema através da identificação de perfis correspondentes à pesquisa de campo realizada com professores universitários. Procurando oferecer um instrumento de análise para o professor poder avaliar sua prática de sala de aula, Libâneo (2006) disponibiliza um levantamento sobre as tendências pedagógicas, fornecendo uma explanação dos pressupostos teóricos e metodológicos das mesmas. O autor classifica as diferentes tendências pedagógicas em dois grandes grupos: liberais e progressista. Dentro do primeiro grupo estão inclusas a tendência tradicional, a renovada progressivista, a renovada não-diretiva e a tecnicista. Já no segundo grupo, pode-se citar a tendência libertadora, a libertária e a crítico-social dos conteúdos. A partir dos objetivos propostos, a pesquisa realizada foi delineada por meio da revisão bibliográfica da temática, bem como, orientada por um estudo de campo. O intuito da investigação foi o aprofundamento das questões propostas, por meio da análise qualitativa dos dados coletados, em contraste com alguns aspectos da literatura estudada. Os dados foram coletados através de um processo de interrogação, tendo como instrumento um questionário auto-aplicado, de caráter semi-estruturado, o qual foi respondido por professores da Educação Superior de diferentes curos: Matemática, Pedagogia, Administração, Ciências Contábeis. Quanto à sua estrutura, o artigo está organizado em seis seções. A segunda apresenta o detalhamento da metodologia utilizada para a pesquisa de campo. No decorrer, é apresentada uma revisão bibliográfica acerca da história da didática, seguida das discussões teóricas acerca das tendências pedagógicas. Por fim, a próxima seção aborda a discussão dos resultados da pesquisa no campo da Educação Superior. O trabalho é finalizado com as Considerações Finais e Referências. 2 METODOLOGIA Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A pesquisa, de cunho qualitativo, aconteceu por meio de um estudo de campo. A partir dos objetivos delimitados, o artigo foi delineado através das características inerentes à revisão bibliográfica da temática, bem como orientada pela pesquisa de campo, com o intuito do aprofundamento das questões propostas. O trabalho foi de cunho qualitativo, em relação à abordagem do problema. Os dados foram coletados por meio de um questionário auto-aplicado (semi-estruturado) para a obtenção de dados primários. Os participantes foram professores universitários que atuam em uma dada instituição de ensino superior na Região Metropolitana de Porto Alegre. A seqüência das operações científicas, após a etapa de coleta, englobou a realização da separação dos elementos ou partes componentes das respostas reunidas. O agrupamento dos dados em categorias distintas propiciou a exploração de significações à ordenação dos aspectos investigados. Isso se traduz pela análise, a qual visa à organização dos componentes característicos de tal forma que possibilite dar prosseguimento ao trabalho. No plano de trabalho, o presente processo assumiu as seguintes etapas: estabelecimento de categorias; codificação; tabulação; análise e interpretação. Esse formato pode ser encontrado em outras pesquisas. 3 DIDÁTICA E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS Como área específica da Pedagogia, a didática tem apresentado características peculiares em diferentes momentos históricos. Oriunda da expressão grega tecnhé didatiké, a palavra didática remete à arte ou técnica de ensinar, envolvendo elementos como o professor, o aluno, a disciplina ou o conteúdo, os contextos dos processos de ensino e de aprendizagem, e as estratégias metodológicas utilizadas pelos docentes. A partir de uma linha do tempo, é possível identificar, em meados do século XVII, época em que a burguesia era a classe emergente, o nascimento da Didática Magna, obra escrita por Comênius, tendo como meta principal ensinar tudo a todos, com Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez, colocando em evidência o conceito de igualdade amplamente difundido pela revolução francesa (COMÊNIUS, 1997). Abordando um conceito de educação individual e em oposição à didática de Comênius, no século XVIII, Rosseau defendeu a idéia de que a educação deve nos dar tudo o que não temos ao nascer e iremos precisar quando adultos. Tendo como cenário a atuação da burguesia como classe revolucionária, difundiu princípios didáticos característicos do seu pensamento: respeitar o desenvolvimento dos indivíduos, interferindo o mínimo possível, sem impor conteúdos, mas apresentando situações que os levem a descobrir por conta própria (VEIGA, 2008). Na entrada do século XIX, o cenário era outro: a burguesia passava a necessitar de uma escola eficiente, pois precisava preparar-se culturalmente para o avanço científico e difundir suas ideologias às classes populares. É quando surge Herbart, que toma a Pedagogia como ciência e fundamenta-a com a ética e a psicologia, apresentando as seguintes etapas para o ensino: preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação. De acordo com Giraldelli, (1986), a metodologia oriunda da proposta de Herbart instalouse com naturalidade nas redes públicas de ensino, as quais se expandiram a partir desse período, sendo importante destacar que mesmo tratando-se de educação pública o interesse das camadas populares era excluído. Nesse cenário, surge a Escola Nova, tendo como principal representante John Dewey e apresentando uma visão reacionária, contra o método herbartiano. Trazendo uma proposta científica, adotava como metodologia procedimentos de laboratório: atividade, problema, dados, hipóteses e experimentação. Ou seja, o método didático defendido por Herbart foi substituído pelo método da pesquisa, desestruturando o trabalho da sala de aula, conforme destaca Giraldelli (1986). Para Saviani (1988), a proposta de Dewey colocou em evidência “à voz” dos alunos, relegando ao segundo plano os resultados da aprendizagem. Giraldelli (1986) aponta que o movimento escolanovista introduziu a idéia da participação democrática dentro da sala de aula, na medida em que “dava voz aos alunos”. Entretanto, não mostrava Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca preocupação com uma possível democracia fora da escola, pois no pensamento de Dewey a preparação dos alunos em uma proposta democrática seria suficiente para que os mesmos a levassem à sociedade enquanto cidadãos. No Brasil, essa trajetória histórica não pode ser desconsiderada, tendo influenciado de forma significativa o sistema educacional brasileiro como um todo. Já no período colonial a didática aparecia na atuação dos jesuítas, que difundiam a ideologia da coroa portuguesa, tendo como público, fundamentalmente, os índios e os escravos. O plano de educação dos jesuítas, o Ratio Studiorum, foi amplamente difundido nesse período, combinando métodos de motivação, disciplina e instrução, sendo este último, baseado na memorização dos conteúdos, os quais eram sistematicamente revisados pelo professor. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil no ano de 1759 por Marquês do Pombal , o sistema educacional brasileiro passa por um período de retrocesso. São implantadas as famosas aulas régias ou avulsas e o ensino secundário deixa de ser organizado na forma de cursos (SAVIANI, 1988). Durante o Império e a Primeira República, os sistemas educacionais continuaram basicamente sob a égide da Igreja, reproduzindo a ideologia das classes dominantes. Já na entrada da década de trinta, a didática era uma área que normatizava a educação, apresentando um conjunto de regras rígidas para balizar o trabalho docente. Todavia, a teoria e a prática eram separadas. Ainda nesse período, o Brasil passa a viver profundas transformações no contexto educacional, período em que é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, defendendo o ensino público e gratuito. As publicações oriundas do movimento abordavam a necessidade do processo de ensino valorizar e acentuar a descoberta como metodologia experimental e o estudo do meio. Nessa década, é possível destacar dois importantes marcos, a Constituição de 1934 e a de 1937, que absorve boa parte de sua antecessora, introduzindo o ensino profissionalizante, fundamentalmente, para as classes menos privilegiadas e a obrigatoriedade das disciplinas de educação moral e política. A dualidade do sistema educacional brasileiro, já identificada nesse período, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca permitia e assegurava a reprodução da estrutura de classes capitalistas em consolidação (ARANHA, 1996). O cenário de estagnação dos debates educacionais perdurou até 1945 e em 1946 inicia-se as discussões acerca da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que acabou sendo sancionada somente em 1961. Entretanto, no final da década de 50, a didática passa a “dar voz” ao discurso da Escola Nova, defendendo a valorização da criança e a superação do ensino tradicional. Aqui se percebe o início da Psicologia aplicada à Educação, com os discursos abordando aspectos como “aprender fazendo” e a necessidade do professor atentar para as diferenças individuais dos sujeitos. Também são difundidos diferentes métodos e técnicas de ensino, como os centros de interesse, metodologia de projetos, estudo dirigido, unidades didáticas, etc., acentuando o caráter técnico (nas aplicações práticas de sala de aula) dos processos de ensino e de aprendizagem (CANDAU, 1983). De acordo com a mesma autora, a Escola Nova percebia somente aspectos internos do funcionamento da educação ou da escola, sem fazer as necessárias relações com os aspectos político, econômico e social. No período pós-golpe militar de 1964 a Escola Nova entra em crise, e a tendência tecnicista passa a ser o centro. Nesse momento, as palavras produtividade, eficiência, racionalização, operacionalização e controle são incluídos ao ideário da didática no Brasil, sendo permeada pela visão empresarial, na qual as técnicas de ensino passam a ser a parte mais importante dos processos de ensino e de aprendizagem, em detrimento do aluno e do professor, quem passa a ter um papel de mero executor de objetivos instrucionais e estratégias de ensino, formalizados por meio de um plano de ensino “engessado” e sem relações com as necessidades socioafetivas dos educandos. De acordo com Candau (1983), tanto a escola nova, como a tendência tecnicista, silenciavam a dimensão política da educação, contribuindo para a formação acrítica dos sujeitos. De acordo com Saviani (1988), as teorias crítico-reprodutivistas marcaram o cenário brasileiro a partir de 1974, apresentando argumentos para elucidar as reais funções da política educacional do governo. Em oposição ao Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca que desejavam os professores, a didática passa a fortalecer um discurso reprodutivista, ou seja, “por trás dos jogos de seu Aparelho Ideológico de Estado político, que ocupava o primeiro plano do palco, a burguesia estabeleceu como seu aparelho de Estado n° 1, e portanto dominante, o aparelho escolar, que, na realidade, substitui o antigo aparelho ideológico de Estado dominante, a Igreja, em suas funções. Pode-se acrescentar: o par Escola–Família substitui o par Igreja–Família.” (ALTHUSSER, 1998 p. 78). Com essa constatação, a negação da neutralidade do viés “técnico” deixa de ter sentido, e um sentimento antitecnicista passa a contemplar a ideologia dos professores. A este respeito, Libâneo (1994) destaca que a crítica antitécnica emergente naquele momento dava ênfase à dimensão “saber ser” da docência, a qual sem dúvida é fundamental para o posicionamento crítico do educador frente ao processo de ensino. Entretanto, de acordo com o autor, as dimensões “saber” e “saber fazer” não podem ser deixadas de lado, pois implicam diretamente no domínio do conteúdo e na utilização de recursos de trabalho pelo professor, pondo em risco as próprias finalidades políticas da sua prática. Com o fim da ditadura militar na década de 80, várias lutas sociais emergem no contexto nacional, dentre essas, a dos professores, que buscavam o direito de participar da redefinição das políticas educacionais. Indo adiante nessa proposta, Vera Candau organizou no ano de 1982 o Seminário “A Didática em questão”. Como resultado das discussões, dentre outros aspectos, foi possível identificar que a didática não possuía um conteúdo próprio, unificado e homogêneo, que trazia argumentos a favor da ruptura entre teoria e prática, estando reduzida a aspectos meramente instrucionais, sem a devida preocupação com as dimensões humanas e políticas do ensino. O contexto atual, balizado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), não faz referência a nenhuma abordagem educacional específica, mas a uma educação de qualidade. Nessa perspectiva, a função da didática está relacionada com a proposta de facilitar a compreensão dos papéis sociopolíticos da escola, da educação e dos processos que dela fazem parte, bem como, de ampliar a perspectiva dos professores acerca do “como ensinar” e às finalidades da sua prática Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca pedagógica. A ação docente precisa considerar os aspectos cognitivos e socioafetivos, compreendendo as demandas dos sujeitos da educação e de suas realidades sociais, em uma perspectiva de construção do conhecimento. Em um mundo globalizado, com informações ao alcance dos alunos de forma instantânea, também é pertinente que o professor reflita sobre a necessidade de inovar, de ser criativo. Depositar informações fragmentadas no cotidiano dos alunos não faz mais sentido. É preciso muito mais, é preciso ousar, transformar a prática e aceitar que a formação do educador deva estar em constante movimento, buscando novas estratégias que possam encantar e (re)encantar a educação. De acordo com Libâneo (2006), deve-se observar que há limitações quanto à tentativa de classificação das tendências pedagógicas, pois nem sempre são mutuamente exclusivas. De acordo com esse autor, temos dois grandes blocos: Pedagogia: Liberal e Progressista. 4 PRÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR A didática, uma disciplina eminentemente pedagógica, como assim refere Libâneo (1994), pode ser percebida de diferentes formas com relação à atuação dos sujeitos e instituições envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem. A disposição dos componentes da didática, bem como o sentido estritamente conceitual dos seus aspectos, foi heterogênea ao longo da história, o que resultou em arcabouços distintos à educação. Logo, como uma entidade, cuja finalidade pode ser sintetizada através das influências e interrelações convergentes para a formação da personalidade social e caráter dos indivíduos inseridos na sociedade, a educação teve a sua forma modificada por muitas vezes em determinados momentos por decorrência desse contexto. Hoje, ainda, as mudanças ou reconstruções da teoria da didática, muitas vezes discutidas por questões transdisciplinares, no mesmo sentido epistemológico Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca tratado por Assmann137 (1998), a educação parece estar em uma via de transição de paradigmas. Talvez seja apenas uma mescla de formatos, conceitos, teorias; ou pode ser uma síntese das discussões desenvolvidas entre os participantes de todo o enredo educacional. Com propriedade, esse panorama merece um estudo mais acurado. Efetivamente, restituindo o objeto deste trabalho, o qual teve uma investigação de campo, instrumentalizado por questionário auto-aplicado a professores dos cursos de graduação em Matemática, Pedagogia, Administração e Ciências Contábeis, muitos aspectos interessantes podem ser ressaltados. Com relação aos participantes da pesquisa, os professores, a qualificação de perfis distintos tornou-se perceptível. Alguns docentes mostraram-se com características bem definidas quanto aos componentes aparentes de uma tendência pedagógica em específico, destacando-se a abordagem crítico-social dos conteúdos, assim como outros se declararam, através das perguntas que lhes foram indagadas, um tanto quanto abrangentes. Alguns trechos das respostas obtidas serão citados adiante, com o intuito de analisar com profundidade algumas especificidades. Sobre os aspectos que inspiraram a atuação dos profissionais interrogados, entre as respostas, foi identificado que a postura de professores dos participantes da pesquisa, em sua vida escolar e acadêmica, serviu de influência à sua conduta própria como professor. Com efeito, pode-se despertar a seguinte reflexão: os professores não contribuem apenas para a construção de conhecimentos, competências e habilidades necessárias e inerentes a cada instrução, mas, de fato, a sua conduta, no exercício da profissão, poderá gerar certo legado através de resquícios de suas atitudes para seus alunos, talvez futuros professores. Essa herança poderá vir de diversas maneiras, como citado dentre as respostas, de que as experiências poderão formar um educador diferente da experiência absorvida por esse indivíduo, caso tenha sido traumática a relação entre professor e aluno. Nesse mesmo sentido, além 137 Ver capítulo 9: Transdisciplinaridade: por uma racionalidade transversal. In: ASSMAM, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca dos momentos traumáticos, reconheceu-se a formação de um docente a partir do estabelecimento de vínculo afetivo entre mediador e discente. Segundo Carneiro (2010), em artigo que discute a didática e as tendências pedagógicas, os diferentes traços das tendências não resistem isoladamente no espaço didático-pedagógico atual. Entretanto, apesar de, realmente, ter sido contextualizado, através das respostas dos professores, que as características podem estar sendo colocadas em prática de forma conjunta, obteve-se, também, resultado bem definido no que diz respeito à aderência de uma tendência específica. Ainda, pareceu existir uma relação entre o professor melhor situado perante as alternativas tratadas pelas tendências e os elementos descritos para a formação de sua atuação como docente. Dentre as respostas, o professor que demonstrou atuar com base em inspirações reflexivas e pedagógicas específicas na sua prática docente, expressou melhor sua inclinação por certo perfil. Outro aspecto destacado por Carneiro (2010), é que essa mistura no cotidiano pedagógico está ocorrendo de forma eclética, e não surgindo de maneira dialética, pois, segundo o autor, não está acontecendo um avanço qualitativo, na medida em que cada professor constrói sua conduta com parcelas daquilo que lhe é mais interessante. Como parte integrante das propriedades elementares pretendidas neste trabalho, indagou-se sobre avaliação. Notadamente, a pesquisa exprimiu destacada utilização de diferentes formas de tentar diagnosticar a aprendizagem dos alunos. Embora as avaliações somativas tenham participado de todas as respostas, apresentaram-se mecanismos diversos para analisar o desempenho do aluno no seu curso de aprendizagem. Mesmo tendo sido colocado como dispensável a avaliação através de provas, em particular, é difícil desvencilhar-se deste tipo de acompanhamento. Uma questão importante: será que isso não pode ser um reflexo dos próprios alunos que se habituaram a esse tipo de avaliação e possuem receio de acompanhamentos alternativos? Parece que a nota ainda está muito presente nos processo de ensino e de aprendizagem, e tanto professores quanto alunos, ainda sentem-se “presos” a essa formalidade, até mesmo por questões institucionais. Por sua Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca vez, em resposta dada, vislumbrou-se também que o professor utiliza esse processo para acompanhar sua própria condução do fluxo a que está inserido, como demonstra a resposta de um professor abaixo. [...] Minhas avaliações são formativas, levando em consideração o nível de desenvolvimento real e potencial dos alunos no início do semestre. As avaliações também possibilitam que eu possa avaliar meu próprio desempenho como docente, redefinindo o planejamento, caso seja necessário. Sobre os conteúdos, as manifestações cercearam as significações culturais perante a realidade social, porém, em particularidade, ressaltou-se a iniciativa dos alunos como forma de estabelecer a constituição destes. Para os métodos utilizados, semelhante à avaliação, alguns destacaram o uso de diferentes formas, sem dispensar a exposição e demonstração verbal da matéria, e prática de exercícios. Já em sentido contrário, obteve-se uma resposta interessante, a qual associou o método com o processo de aprendizagem, envolvendo a experiência e o saber, com a forma de como se dá o aprendizado. Esse resultado desvia a atenção para um elemento interessante. Dentre todos os métodos utilizados para os professores no ambiente de ensino e aprendizagem, é preciso refletir sobre o método que abranja, justamente, os componentes da didática, pois a didática que foca somente a ação de ensinar pode vir a torna-se vazia. Nesse sentido, cita-se a seguinte resposta expressada por um docente. Utilizo diferentes metodologias de ensino. Ou seja, conforme o tipo de conteúdo e nível de desenvolvimento (aprendizagem) dos alunos em relação à temática, opto por um ou outro método. Por exemplo: quando os alunos não conhecem nada sobre o assunto, dificilmente opto por uma aula expositiva, pois neste caso, minha fala ainda não tem significado para os alunos (o que Ausubel chama Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca de subsunçores). Neste caso, primeiramente, solicito uma pesquisa na Internet e em livros, com questões chave para a compreensão do conteúdo. Após esse primeiro contato com a temática, parto para uma aula expositiva/dialogada, aprofundando tópicos, discutindo, tirando dúvidas. Na continuidade, são realizadas outras atividades, como seminários, pesquisa de campo, etc. Acredito que a teoria ilumina a prática e a prática “alimenta” a teoria. Seguindo, agora com a relação entre professor e aluno, demonstrou-se o que, intuitivamente, vê-se no cotidiano. De maneira geral, entre as respostas, o professor está sofrendo transformações, demonstrando não atuar somente como autoridade máxima sala de aula. O vínculo entre esses sujeitos fortaleceu o papel do docente como mediador, ressaltado nas indicações do questionário, que atua de modo a manter o respeito, estimular os alunos e envidar esforços para consubstanciar o processo de aprendizagem, dentre outras especificidades. Por fim, outro quesito intrigante foi os conceitos sobre o papel da escola. Em suma, as declarações afirmaram a escola não mais como um depósito ou armazém de informações e conhecimentos, mas um ambiente de mediação, orientação e além de tudo, discussão da realidade social. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em observação, as tendências pedagógicas progressistas, as quais colocam o professor em seu papel mais definitivo de mediador nos processos de ensino e aprendizagem, podem estar revisitando as reflexões dos profissionais de nosso sistema educacional, neste caso no espaço da Educação Superior. Em contraste ao perfil predominante das tendências liberais em geral, a postura de professor crítico-social dos conteúdos apareceu para destacar as práticas docentes do diálogo, inserindo os sujeitos na construção não somente de uma sociedade da informação, mas de indivíduos sociais em sentido amplo. Todavia o ambiente de aprendizagem, como a sala Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca de aula, ainda deve levar sobre si fluxos e refluxos que tornem difícil a efetivação de um processo de educação melhor ajustado às necessidades sociais atuais. O fato de os profissionais possuírem a instrução (conteúdo curricular) sobre sua área de atuação não garante a formação de sua personalidade pedagógica, nem mesmo ilumina seus anseios didáticos. Essas angústias tornam-se presentes entre os sujeitos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem, sendo sentidos por ambos os lados, por parte de professores e alunos. Ainda que as experiências sejam relevantes para formação de professores, é imprescindível que a formação didático-pedagógica alicerce suas decisões docentes. Como se percebeu durante a pesquisa, os professores de hoje podem absorver resquícios de suas experiências passadas com seus professores durante a vida escolar e acadêmica, além da interferência de outros fatores, obviamente. No entanto, mesmo considerando todas as diferentes influências sobre a formação docente, a prática torna-se mais esclarecida com a luz da teoria, o que pode oferecer alternativas aos docentes sobre suas tendências. Por fim, outro elemento incitador nesta pesquisa, porém passível de descrédito por muitos, é o desenvolvimento de vínculo afetivo entre os sujeitos nas instituições educacionais, quais sejam, professores e alunos. Afinal, a escola, como instituição estrutural da sociedade em suas diversas perspectivas, poderia se entrelaçar mais em outros aspectos sociais, e não apenas no desenvolvimento de avanços cognitivos, mas também socioafetivo. Parece ser instável o modelo de escola tradicional, com professores tradicionais, em meio à sociedade transformada ou em transformação. Isso porque os paradigmas tradicionais liberais pendem as relações mais verticais, as quais não se adaptam a sociedade da informação e comunicação, que dispõe de muitas informações rapidamente e converge para um paradigma holístico que leva em consideração as diferentes esferas do ser humano. REFERÊNCIAS Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca ALMEIDA, M. S.; OLIVEIRA, V. F.; FERRAZ, T. C. P.; CASTRO, T. F. Autoavaliação do curso de engenharia de produção da UFJF: a percepção dos alunos sobre os seus aspectos didático-pedagógicos. Revista Eletrônica Produção & Engenharia, v.2, n.1, p.34-44, jan./jul. 2009. ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1998. ARANHA, Maria Lúcia de A. História da Educação. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Moderna, 1996. ASSMANN, Hugo. 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Luciane Barbosa Comerlato. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho foi proposto na disciplina de Prática IV: Educação em espaços não-escolares, do curso de Graduação em Pedagogia do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha (CESUCA), com o objetivo de levantar questões acerca da atuação do pedagogo em espaços não-escolares, sendo este um processo novo no mercado de trabalho, buscando compreender a constituição docente através das experiências vinculadas. Para essa experimentação foi desenvolvido um projeto junto a profissionais da área comercial, mais especificamente vendedores autônomos de uma empresa de distribuição de alimentos de Porto Alegre. Com a aplicação de dinâmicas na empresa, foi possível agregar motivação ao grupo, priorizando seus relatos de vivências com uma avaliação semi-estruturada do grupo aplicador. A partir de suas narrativas, procuramos enfocar o significado de desafios, presente nas questões profissionais, pois, nesta especificidade, o pedagogo prepara reflexões sobre suas práticas. Os profissionais desta área vivem constantemente desafiados por novas situações que exigem uma visão perceptiva e abrangente em relação aos interesses e necessidades de seus clientes. Por isso, as atividades planejadas objetivaram atenuar as práticas competitivas (visando o bem-estar dos participantes) e reforçar o desenvolvimento de atividades que estimularam a capacidade de interação com o seu grupo de atuação, de percepção de situações e de superação dos desafios que permeiam essa modalidade profissional. 2 DA PEDAGOGIA ESCOLAR À PEDAGOGIA EMPRESARIAL – UM BREVE COMENTÁRIO Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Durante muito tempo a escola era tida como o único lugar onde o conhecimento era adquirido. Por meio da escola, o aluno era preparado para tornar-se mão de obra qualificada, ou seja, esta instituição se configurava como a chave que abre as portas para o mercado de trabalho. No final do século XIX e início do século XX, surge o filósofo, psicólogo e educador americano, John Dewey cujas ideias foram difundidas por todo o mundo, por defender a educação como forma de progresso social. Segundo ele, a aprendizagem se daria através de exercícios de participação, ou seja, quando experiências são compartilhadas, todavia, isso só é possível onde não há barreiras para a livre expressão do pensamento. A escola de sua época não possibilitava isso a seus alunos. Nos anos 60, outro educador e filósofo denominado Ivan Illich denunciou a institucionalização da escola e sua reprodução dos modelos hierarquizados da sociedade. Para ele, o professor, enquanto único detentor do saber, limita a troca de ideias entre os alunos e o ensino torna-se monopolizado. Ao escrever o livro “Sociedades sem escolas”, ele defende que o conhecimento deve ser compartilhado por todos, e para que os caminhos do aprender fiquem mais interessantes é preciso se chegar a uma educação menos escolar. Muitos educadores não concordaram com suas ideias, mas é possível identificar que seus ideais estão cada vez mais tomando conta da sociedade moderna. As tecnologias têm favorecido de forma contínua a troca de experiências entre as pessoas. As informações não são apenas colhidas nas escolas, mas os espaços de interação e troca de conhecimentos têm sido favorecidos com o avanço dos meios de comunicação. Essas e outras ideias elucidam o caráter processual da educação e nos remete ao pensamento de descentralização do ensino, ora focado unicamente na instituição escolar. Segundo Souza (2009, p. 72), “a educação varia muito de acordo com o lugar e o tempo em que é realizada. Ela existe em todos os lugares e é exercida de modo diferente de acordo com os tipos de sujeito que cada sociedade deseja formar” (grifo nosso). Convergente a essas ideias é possível pensar nas múltiplas áreas de atuação de um educador, possibilitadas por meio de sua formação profissional. Com as transformações nos currículos dos cursos de Pedagogia abrem-se Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca novas portas para que o especialista em educação atue na promoção do ensino e dissemine os benefícios que este traz aos diversos segmentos sociais: empresas, hospitais, orfanatos, asilos, casas de abrigo, etc. Enfim, muitas são as áreas de atuação do pedagogo. Porém, neste artigo daremos um enfoque maior para o trabalho do pedagogo nas empresas, ressaltando a experiência vivenciada através da prática de aplicação de dinâmicas de grupo neste ambiente e os resultados obtidos por meio dela. 3 A FINALIDADE DA ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM EMPRESAS A nova roupagem da formação do pedagogo trouxe conflitos e desconforto a muitos acadêmicos que ingressaram em cursos de formação esperando estudar questões teóricas e práticas puramente no universo da escola. Outro ponto a ser discutido e difundido é a falta de oportunidade que o pedagogo ainda não dispõe nas empresas. Para isso é preciso que o profissional que deseje espaço neste mercado tenha segurança quanto sua atuação do âmbito empresarial. Estas competências se referem, além do capital de conhecimento disponível, também aos recursos intelectuais de que se dispõe com objetivo a ampliar este conhecimento, sua flexibilização e profundidade. Ainda, envolvem a compreensão da forma como os contextos interferem no exercício profissional de um pedagogo e a possibilidade de intervenção durante o treinamento. Estão inseridos os modos como se criam e se sustentam os vínculos pessoais, bem como, a intuição, a improvisação e a orientação pertinente ao trabalho. Nesse sentido, Amélia Escotto do Amaral Ribeiro, autora do livro “Pedagogia Empresarial – atuação do pedagogo na empresa” comenta sobre a prática pedagógica em empresas afirmando que: Tem como finalidade principal provocar mudanças no comportamento das pessoas de modo que estas melhorem tanto a qualidade do seu desempenho profissional quanto pessoal. [...] existe, portanto, para dar suporte tanto em relação à estruturação das mudanças quanto em relação à ampliação e à aquisição de conhecimento no espaço organizacional. (RIBEIRO, 2008, p. 11) Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Assim, dá-se atenção a este profissional e ao seu delineamento docente, através das experiências vivenciadas nos espaços educativos, com o intuito de investir na formação profissional dos colaboradores da empresa, através de treinamentos técnicos e autoformação. A autoformação precisa ser considerada como um processo, que ocorre a partir de uma relação do sujeito - não a partir de uma produção individualizada -, de um ‘cuidado de si’ e da relação com outros, sejam contextos institucionais, acontecimentos, outros sujeitos ou bibliografias. Pois, ninguém se forma no vazio. Ir formando-se pressupõe troca, experiência, interações sociais, aprendizagens. Acessar o modo como cada sujeito vai se formando é considerar sua singularidade e sua história, atendo-se ao modo peculiar como age, reage e interage. Consequentemente, percursos de vida e de formação tornam-se sinônimos. Empresa que investe em seus colaboradores, transforma historicamente a sociedade, permanecendo no mercado por várias gerações, tornando-se uma empresa sólida e estável. Portanto necessidades são estabelecidas pela empresa e são repassadas para seus profissionais, através de metas. Isso faz parte do mundo capitalista, visto que a competição está presente no mercado e faz parte da natureza humana (LA ROSA, 2004), estressando colaboradores que enfrentam desafios no seu dia-a-dia. Optar pela atuação de pedagogos é adotar estratégicas para que estes profissionais não percam o foco de sua função criando ou recriando outros pontos para a discussão, buscando novas combinações e aprofundamento, permitindo o uso descritivo, interpretativo, reflexivo, sistemático e crítico dos desafios da vida, através do enfoque de momentos recompensadores com o alcance de suas metas, põe em evidência a forma como cada pessoa, mobiliza os conhecimentos, os valores, as energias, para ir se constituindo em constante diálogo com os contextos envolvidos. Para tratar dessas questões, o pedagogo precisa utilizar métodos de ensino que privilegiem e tornem efetivas suas intervenções, favorecendo o exercício de sua função e privilegiando seu papel dentro da empresa. Dessa forma, é necessário que haja um planejamento prévio das ações e uma Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca esquematização do que será proposto ao grupo de trabalho, bem como traçar objetivos que encabecem os feitos pedagógicos. Desse pressuposto é que advém a ideia de aplicação de projetos dentro das empresas. Como em um projeto previsto para o ambiente escolar, é necessário que se tenha conhecimento das pessoas com as quais a sequência didática será aplicada, se faça um diagnóstico dos problemas do grupo, e um planejamento de estratégias para alcançar determinado fim. Então, levando em consideração a prática pedagógica em empresas, acima citada, Ribeiro sustenta que “a motivação de cada elemento da organização é o ponto chave para a efetivação/ operacionalização de programas, projetos, atividades (na área de serviços, inclusive)” (RIBEIRO, 2008, p. 55). Conforme afirma La Rosa, As aprendizagens vão acontecer em função das necessidades do indivíduo; estas tendem a gerar um desequilíbrio, fazendo com que imediatamente surjam motivos; por motivos entenda-se a energia impulsora, tensional que dispõe o indivíduo ‘à busca de’. [...] pode-se dizer que, para que ocorram as aprendizagens é necessário um estado de alerta (moderado), impulso, vontade e desejo de aprender, ou seja, motivação. (La Rosa, 2004, p. 28) Para promover essa motivação é preciso escolher atividades que contemplem as necessidades e interesses do público, pois conforme afirma Ribeiro: “quanto maior for o envolvimento do aprendiz nos processo de aprendizagem, maior será a capacidade de retenção”. (RIBEIRO, 2008, p. 23). Essas aprendizagens levam as pessoas a se adequarem e participarem dos meios em que estão, pois a construção do conhecimento seja qual for a área à que se remete, é indispensável para o exercício profissional e o acompanhará por toda a vida, independente de sua carreira, pois “quanto mais se desenvolve, mais o ser humano se torna completo” (LA ROSA, 2004). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Nestas narrativas, procuramos indicativos de autonomia para pedagogos, tendo presente algumas colaborações extraídas dos estudos de Skinner. No que se refere à motivação do profissional, observa que: Algumas vezes os homens trabalham para atingir objetivos distantes. Em um sentido muito real, plantam na primavera para colherem no outono e estudam anos por amor a carreira profissional. Mas faz tudo isso não porque a cultura em que vivem construiu artifícios mediadores sob forma de reforçadores condicionados: o estudante estuda porque é admirado ao fazê-lo, porque ser instruído é ‘uma coisa boa’, porque, assim, livra-se da condição aversiva de não-saber. As culturas nunca são particularmente bem sucedidas na construção de reforçadores desta espécie, daí a importância do ataque direto ao problema com uma tecnologia de ensino. (SKINNER, 1972, p.147) Efetivam-se, portanto, necessárias ao desenvolvimento do compromisso ético e social, disponibilizando recursos intelectuais, capacitando, assim, o pedagogo às responsabilidades de que exercite motivação em seus colaboradores, desenvolvendo competências. Essas competências podem ser desenvolvidas através da aplicação de estratégias que movimentem as estruturas cognitivas, psicológicas e filosóficas de um indivíduo. Um aspecto relevante da filosofia de vida é a questão dos valores. Segundo La Rosa (2004, p. 17), “Os valores constituem os objetivos últimos da vida humana, aquilo que buscamos em nossas ações. Existem valores econômicos, intelectuais, morais, religiosos... A alegria e o sentimento da autorealização se ligam indissoluvelmente aos valores vividos”.Um meio bastante indicado para desenvolver as questões mencionadas pelos autores anteriormente citados é as dinâmicas de grupo, por se caracterizarem como atividades alegres e reflexivas em relação a hábitos e atitudes executadas. 4 A PRÁTICA NA EMPRESA Em relação à formação atual do pedagogo, é importante ressaltar que os espaços que oferecem esse tipo de curso devem proporcionar aos seus alunos momentos de experiência prática em contextos não-escolares. Assim surgiu o Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca projeto “Desafios vencidos, metas alcançadas”. Os momentos de práticas envolveram um total de 36 horas, alternadas entre dias em que se fizeram discussões entre o grupo realizador da prática, conhecimento da área na qual seria efetivada a prática, levantamento das necessidades do público, delimitação de estratégias, elaboração do projeto. Após o planejamento das ações, as acadêmicas apresentaram o projeto para a empresa, localizada na zona norte da cidade de Porto Alegre/ RS. Foram aplicadas três dinâmicas de grupo: “Quem comanda?”; “Desatando nós”; “Dinâmica do desafio”, cujo objetivo principal se destinou a motivar os trabalhadores para o exercício efetivo de suas atividades. Ao final das três aplicações, retomamos um grande círculo e abrimos espaço para que os participantes expusessem suas hipóteses quando ao objetivo de cada dinâmica. Dessa forma o grupo foi estimulado a refletir sobre suas ações e os desafios constantemente enfrentados por eles, e a pensar que são capazes de vencer as situações adversas, no momento em que se disporem a resolvê-las, tendo maior êxito quando amparados por seus colegas, os quais desempenham as mesmas funções. Assim, quando um desafio é vencido, uma meta é alcançada. E por mais difícil que possa parecer algum momento, ele é passível de solução. Após a realização das dinâmicas e das discussões, foi entregue ao grupo de participantes uma ficha avaliativa (ANEXO 1), para apreciarem o trabalho desenvolvido. Depois das atividades, as acadêmicas se reuniram em uma sala reservada e analisaram os resultados das apreciações (ANEXO 2). Com a realização dessas etapas foi possível obter maior interação com as práticas pedagógicas em uma empresa e relacionar as bibliografias estudadas às experiências vivenciadas. 5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO É interessante ressaltar, no término dessas reflexões, a importância que o pedagogo tem para a educação, seja ela estabelecida em espaços escolares ou não-escolares. Sua vinculação intrínseca com a aprendizagem é inevitável, visto que seu papel visa otimizar esses processos nos locais onde atua. Em Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca uma empresa, por exemplo, o especialista em educação trata, dentre outras coisas, de questões acerca das relações pessoais e interpessoais, visando o bem-estar dos profissionais. Dessa forma, a produtividade aumentará e a empresa será favorecida. Através dessa experiência, foi possível notar, na prática, que o pedagogo em uma empresa tem um papel necessário, porém ainda não conhecido e difundido entre os que podem desfrutar de seus benefícios. Isso se tornou claro quando propomos as dinâmicas e notamos certa resistência por parte do grupo; todavia, no decorrer das aplicações os participantes demonstraram interesse e efetividade nas intervenções. Então, para que haja uma valorização da função pedagógica na empresa, é necessário que o educador tenha segurança quanto à realização do seu trabalho e mostre clareza em relação aos objetivos delimitados, produzindo um trabalho de qualidade e inovador, através da utilização de seu conhecimento das áreas didáticas e psicológicas, que não são construídos, por exemplo, em um curso de administração. Afinal, o desafio do “educador está em criar formas de trabalho pedagógico” (Lane e Codo apud La Rosa, 2004, p. 33). Diante disso, seu trabalho será valorizado e começará a ser requisitado em outras empresas. Assim, o mercado de trabalho para o pedagogo será tão grande quanto suas áreas de atuação. ANEXO 1 Projeto “ DESAFIOS VENCIDOS, METAS ALCANÇADAS” 01 Instrutoras Acadêmicas: Data: /2011 Instituição Organizadora: Aline Klein, Andrea Passos, Luciane Barbosa. Cesuca Faculdade Inedi Instituição Aplicada: XXX 0 1 – Os temas abordados foram compatíveis com suas necessidades: / Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2 ( ) Satisfatório ( ) Parcial ( ) Insatisfeito Gentileza comentar a opção escolhida: ____________________________________________________________ _________ ____________________________________________________________ _________ ____________________________________________________________ _________ 2 – Você sabia o papel do pedagogo? ( ) Sim ( ) Não ( ) Soube hoje 3 – Você gostou do trabalho desenvolvido hoje. ( ) Gostei ( ) Não Gostei ( ) Tanto Faz 4 – Avalie o desempenho do orientador: Parcial. Foi claro e apresentação. objetivo na Esclareceu as dúvidas surgidas. Foi receptivo participantes. às opiniões Sim Não sua ( ) ) ( ) ( ( ) ) ( ) ( dos ( ) ) ( ) ( 6 – Deixe sua opinião sobre esta parte do treinamento. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca ANEXO 2 Os temas abordados foram compatíveis com suas necessidades? 25 20 15 Satisfatório Parcial 10 Insatisfeito 5 0 Você sabia o papel do pedagogo? 20 15 Sim 10 Não Soube hoje 5 0 Você gostou do trabalho desenvolvido hoje? 25 20 15 Gostei Não gostei 10 5 0 Tanto faz Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca O desempenho do orientador: Foi claro e objetivo na sua apresentação, esclareceu as dúvidas surgidas, foi receptivo às opiniões dos participantes? 25 20 15 Sim Não 10 Parcialmente 5 0 Comentários sobre os temas abordados: - “Sempre existem novidades (se aprende algo)” - “Ajuda muito com os problemas citados.” - “Podendo aprender mais, pois cada dia é sempre uma experiência própria.” -“Sim, aprendemos que em equipe tudo é possível e que devemos enfrentar desafios.” -“ Desatando”- resolver problemas do desconhecido é diário.” - “Foi e vai ser muito aproveitável para mim no dia a dia, para realizações no meu serviço.” - “Desafio: importante para crescimento profissional e pessoal.” - “Agregou no dia a dia.” - “Bem interessante gostei faz parte do dia a dia.” - “Aprendizado, lidar com dificuldades do dia a dia. Aprender situações diversas.” - “Porque muitas vezes devemos de fazer coisas básicas no dia a dia e foi que comentamos hoje.” Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca - “Sim todos os temas vão de encontro ao dia a dia vividos na nossa profissão.” - “Desenvolve capacidade de resolver problemas em conjunto.” - “Descontraídos e relaxantes.” - “A dinâmica escolhida foi muito, pois souberam adaptar a nossa realidade.” - “Claro. Tudo mais claro com o trabalho em grupo é super importante.” - “Foi muito divertido e emocionante.” Comentários deixados no último item: - “Proveitosa, pois sempre soma ao nosso conhecimento.” - “Excelente.” - “Achei bem legal ajuda a unir a equipe.” - “Proveitosa. Espero por mais.” - “Toda dinâmica serve para aproximar as pessoas e demonstrar habilidades em equipe.” - “Aprofundar.” - “Muito bom, parabéns.” - “Muito satisfatório.” - “Bom.” - “Como já comentei no item acima, agregou no dia a dia e foi bem interessante.” - “Importante a todos. Aproximação dos colegas e diferenças decorridas no dia a dia.” - “Muito interessante. Sempre temos coisas novas a aprender.” - “Foi muito explicativo e direto de fácil entendimento.” - “Foi uma atividade diferente, mas bem aplicável no dia a dia.” - “Inovadora.” - “Boa.” - “Boa.” Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca - “Super proveitosa.” - “Muito revigorante depois de um dia de trabalho.” REFERÊNCIAS GONÇALVES, Roseli. Atuação do pedagogo na empresa. WebArtigos.com, 2009. Disponível em < http://www.webartigos.com/articles/14896/1/APEDAGOGIA-EMPRESARIAL-E-AS-PRATICAS-PEDAGOGICAS-DENTRODA-EMPRESA/pagina1.html> Acesso em: 5 jun. 2011. LA ROSA, Jorge (Org.). Psicologia e Educação: O significado do aprender. 8ª ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral. Pedagogia empresarial: atuação do pedagogo na empresa: atuação do pedagogo na empresa. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008. SKINNER, Burrhus F. Tecnologia do ensino. São Paulo: Herder, EDUSP. 1972. SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução à sociologia da educação. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. UNIVESP. John Dewey. Univesp TV, 2010. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=XSFtv7DRSN4> Acesso em: 10 jun. 2011. (vídeo) UNIVESP. Sociedade Sem Escolas. Univesp TV, 2010. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=Stmz8aY682U> Acesso em: 13 jun. 2011. (vídeo) Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DISCRIMINAÇÃO AINDA EXISTE? REFLEXÕES SOBRE GENÊRO E SEXUALIDADE Leonardo Rocha de Almeida Maria da Graça Souza Horn Resumo Este artigo, realizado para aprovação em disciplina do curso de Pedagogia, tem como foco uma reflexão sobre as caracterizações de gênero e sexualidade existentes na sociedade, com caráter quantitativo e uma amostra nãoprobabilística. Foram selecionados respondentes que estivessem cursando a partir do Ensino Médio. Percebemos que o grupo pesquisado algumas vezes indiferencia os termos de orientação e opção sexual. Também constatamos a persistência do conceito arraigado do brincar masculino e feminino. Palavras-chave: Gênero; sexualidade; orientação sexual; homossexualidade. DISCRIMINAÇÃO SEXUALIDADE AINDA EXISTE? REFLEXÕES SOBRE GENÊRO E 1. Introdução Recentemente questionamos os parâmetros sociais existentes sobre gênero. Entretanto é recorrente uma falta de conhecimento sobre a diferença entre gênero e sexualidade. Neste ponto alguns são enfáticos, meninos e meninas devem ter suas brincadeiras próprias, pois assim não haverá “erros de conduta” na vida adulta. Na pesquisa realizada, criamos um questionário com enfoque quantitativo, buscando o maior número possível de respondentes (QUEIROZ, 2003), mas com as respostas provenientes deste instrumento, em grande parte objetivo, acabamos por, a partir das justificativas, questionar se a formação acadêmica influência a reflexão sobre a diferenciação de gênero e sexualidade, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca de uma forma empírica, pois nenhum dos respondentes aparentemente tem estudos sobre o tema. As informações têm o foco delimitado para pessoas cursando a partir do Ensino Médio. 2. Primeiras informações Lidar com o tema gênero e sexualidade não é tarefa fácil, e algumas pessoas ficam receosas em responder perguntas nesta temática. Podemos pensar se o temor nessas questões ocorre por uma perda de identidade ou sensação de pertencer a um grupo social, como explica Hall: “As velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado”. (2005, p.7) Podemos perceber que o indivíduo hoje necessita lidar com a existência de vários grupos em seu meio social, mas que às vezes não está apto a exercer as devidas relações com eles, criando estigmas e “pré conceitos”. Durante a realização do questionário, alguns respondentes demonstraram desconforto ao perceber que uma das perguntas era a sua orientação sexual. Diferente de textos antigos, que ainda definem como opção sexual, consideramos esta denominação incoerente. Tal fato ocorre, pois se buscarmos o termo em um dicionário encontraremos como primeira definição: “Ato ou faculdade de optar; livre escolha” (FERREIRA, 2004, p. 1442). Neste enfoque não compreendemos a sexualidade como uma escolha, que o indivíduo usufrua de plenos poderes para escolher o que sente, ressaltamos que há, sim, uma escolha, demonstrar ou não a orientação sexual. Quando chegamos a esta reflexão entramos em um momento de controvérsia social, pois ainda hoje a diferença no que determina o desejo sexual causa um rótulo perante o grupo ao qual pertencemos. Então fica recorrente a visão estereotipada do homossexual/bissexual. Fry e MacRae realizaram pesquisas em 1983, e quase todo o estudo permanece muito atual. Há uma passagem em que se referem ao que realmente choca a sociedade: o relacionamento entre dois homens que não tem as características de gênero masculino, mesmo que, a partir do referencial de Louro, “[...] Compreendemos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca os sujeitos como tendo identidades plurais, múltiplas; identidades que se transformam, que não são fixas ou permanentes, que podem, até mesmo, ser contraditórias.” (1998 p. 24) Quando citamos Louro (1998) e Fry e MacRae (1983), desejamos fazer um comparativo, uma união destes dois pensamentos, quando a primeira fala sobre a pluralidade do indivíduo, o segundo aplica a essa singularidade como fato que irá causar estranhamento entre a sociedade. Quando nos referimos à singularidade, não nos referimos simplesmente ter uma orientação diferente, mas sim ao fato que ao agirmos de uma forma diferente do que é esperado sentiremos o punho firme da sociedade perante nós. Esse fato é expresso por Fry e MacRae (1983) ao expor que em um relacionamento em que exista um dos parceiros que desenvolva as características femininas e outro as características masculinas, nessa dicotomia de papéis, ocorre então um aceite maior da sociedade, entretanto afirmam que a relação em que ambos desempenham o mesmo papel, em especial ao homossexual que desempenha o papel oposto ao seu sexo biológico, essa será repreendida pela sociedade. 3. Singularidades no grupo respondente Dos quarenta respondentes analisados, obtivemos 22 homens e 19 mulheres (Tabela 1), este fato ocorreu, pois um dos respondentes classificouse em ambos os sexos. A segunda questão gerou desconforto em alguns, pois questiona a Tabela 2: Densidade dos respondentes Sexo f Masculino 22 Feminino 19 Total críticas visto que 40 orientação sexual, ocorreram outros não responderiam com sinceridade esta questão. Todavia, consideramos que houve a sinceridade de Tabela 1: Orientação sexual do grupo Orientação f Heterossexual 27 Homossexual 6 Bissexual 6 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca alguns como demonstra (Tabela 2) uma heterogeneidade das respostas. Percebemos que 13 pessoas diferem do que é visto como esperado na sociedade, seguir o padrão heterossexual. Com isso podemos perceber, ao contrário das críticas, que muitos aparentemente foram sinceros ao responder o instrumento. Os respondentes residem em Porto Alegre (Tabela 03). Podemos notar que 68% habitam na Capital, importante ressaltar que este instrumento foi aplicado, devido ao tempo determinado pela pesquisa, principalmente por meio eletrônico, por tanto a existência da alternativa “N.D.A.138”. Tabela 3: Localidade dos respondentes Localidade f Porto Alegre 27 Grande Porto Alegre 9 Interior 2 N.D.A. 2 No estudo, sentimos a necessidade de classificar os respondentes em Total Pois uma de nossas hipóteses 40 iniciais é que o grau seu grau de escolaridade. de escolaridade influência a visão do gênero e da sexualidade como características independentes. Nota-se que quase 50% dos respondentes têm nível de Pós-Graduação, este englobando lato-sensu e stricto-sensu. Tabela 4: Nível de Escolaridade A Escolaridade f Ensino Médio 8 Técnico 1 Graduação 12 Pós-Graduação 19 Total 40 partir destas informações podemos analisar que dentre os respondentes, mesmo em uma amostra não-probabilística, obtivemos um grupo heterogeneidade. 138 Nenhuma das anteriores Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 4. O círculo mágico da sexualidade A primeira pergunta reflexiva do questionário, diz respeito à orientação sexual, neste caso falamos do círculo mágico da sexualidade, fazendo referencia ao “O” de orientação e opção. Ocorrendo por muitos trocarem ambos os termos, por desconhecer a singularidade de cada palavra ou compreender que a sexualidade é uma escolha, como explicamos anteriormente não ser o nosso entendimento. “Você considera que desde a infância a criança demonstra sua orientação sexual?”, pergunta capciosa para alguns. Houve um respondente que questionou se verdadeiramente seria o termo “orientação”. Acreditamos que sim. Temos como definição do termo: “3. Fig. Impulso, tendência, inclinação” (FERREIRA, 2004 p.1449). A partir da análise, nossa concepção é a sexualidade como uma tendência que independe da escolha do indivíduo. Retornamos a afirmar que há sim uma escolha, mas não a orientação sexual. Demonstrar essa inclinação é a verdadeira opção. Nos dados tabulados percebemos (Tabela 5) que 63% dos respondentes Tabela 5: Respostas sobre a orientação sexual na infância Questão 5 f Sim 25 Não 13 Sem opinião sobre o assunto 1 Em branco 1 consideram que na infância a criança demonstra sua orientação sexual. Um 40 fato interessanteTotal a ser citado, dentre os 25 respondentes, oito diferem do caráter considerado normal pela sociedade (heterossexualidade), sendo quatro homossexuais e quatro bissexuais, constatamos que alguns destes ao justificarem as respostas, tendem a expressar experiências pessoais. Talvez em uma tentativa de afirmar sua orientação sexual. 5. Algumas perguntas são iguais? Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Esse questionamento foi explicitado na justificativa de alguns respondentes, que consideraram as perguntas seis e sete equivalentes, pois questionavam: “Você considera errado um menino brincar de boneca, casinha e cabeleireiro?” (Tabela 6) e “Você considera errado uma menina brincar de carrinho, luta e futebol?” (Tabela 7), respectivamente. Estas perguntas Tabela 6: É errado meninos brincarem com jogos de menina? Questão 6 f Sim 4 Não 34 Sem opinião sobre o assunto 1 Em branco 1 finalizavam o questionário. Total 40 Mesmo que pareça para alguns, elas são distintas, pois evidenciam a discriminação por gênero existente ainda na sociedade. Apesar das mulheres sofrerem discriminação quando adultas, tendo de lutar por seus direito (LOURO, 1998), durante a infância elas desfrutam de uma liberdade quando dizemos respeito ao brincar. Entendendo brincar a partir de Wajskop (1995 apud FORTUNA 2003 p. 7): Brincar é uma atividade paradoxal: livre, imprevisível e espontânea, porém, ao mesmo tempo, regulamentada; meio de superação da infância, assim como modo de constituição da infância; maneira de apropriação do mundo da forma ativa e direta, mas também através da representação, ou seja, da fantasia e da linguagem Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Desse pensamento, entendemos que o brincar não discrimina as crianças e faz restrições. Os limites aparecem a partir do grupo social em que convivem, pois ele irá tanger o brincar de determinadas formas. Podendo Tabela 7: É errado meninas brincarem com jogos de meninos? Questão 7 f Sim 2 Não 38 Sem opinião sobre o assunto 0 40 ocorrer variações Total culturais do entendimento do que pertence ao masculino e feminino (FRY, 1983). Percebemos que uma de nossas hipóteses do mito da homossexualidade continua presente. O brincar com certos jogos como demonstração de feminilidade inconveniente. Entretanto, ainda vemos a disparidade e controvérsia nas respostas, enquanto 10% acreditam ser “errado” meninos brincarem de boneca e outros jogos, em uma visão de senso comum, femininos, notamos que apenas metade desse percentual também considera “errado” meninas participarem de jogos tipicamente masculinos. Notamos então uma controvérsia que nos possibilita pensar que as meninas dispõem de maior liberdade nas escolhas de suas brincadeiras, ficando clara uma discriminação do brincar para os meninos, que é regulamentado por uma questão que às vezes eles mesmos não entendem. Vale ressaltar, que esta controvérsia, 5%, não partiu apenas do que nos era esperado, houve também um respondente que se denomina “bissexual” que acredita serem inadequados certos jogos para meninos. Importante ressaltar que usamos o termo “errado”, pois consideramos de fácil entendimento, já que não sabíamos a quem este questionário chegaria, todavia houve alguns respondentes que consideraram a palavra inadequada. 6. Transformações existem? Levar em conta a origem de grande parte dos respondentes é importante, assim como o fator cultural influência e muito na sua visão, trabalhamos aqui com grande parte de pesquisados provenientes do Rio Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Grande do Sul. Local em que os costumes tendem a prevalecer perante a razão. Apesar de trabalharmos com uma amostra não-probabilística, podemos notar que vários tabus parecem estar caindo por terra. Entretanto seria interessante definir o que faz a rigidez do brincar de menino e menina estar sendo destituído. Todavia essa dicotomia ainda existe, mesmo que em menor escala, em alguns meios sociais. Partindo do estudo de Fry e MacRae (1983), feito a mais de duas décadas, evidenciamos que não ocorreram grandes mudanças quanto ao estigma imposto nos homossexuais, masculinos e femininos. Ainda há uma dicotomia neste ponto, em que devemos perceber sempre a existência de um casal, características femininas e características masculinas, quando pensamos assim caímos na falha de, em certo ponto, considerar homossexuais apenas aqueles que apresentam características diferentes do que é esperado por sua biologia. Talvez quando chegarmos a um hibridismo destes termos, tanto perante aos outros quanto de nós mesmos, ao contrário de algumas correntes no mundo que como afirma Hall: “[...] Existem também fortes tentativas para se reconstruírem identidades purificadas, para se restaurar a coesão, o “fechamento” e a Tradição, frente ao hibridismo e à diversidade.” (2005, p. 92): A esta vertente, somos totalmente contra, pois chegamos em um ponto que retornar a uma identidade independente chega a ser utópico. A humanidade, principalmente o Brasil, já demonstra uma transformação incalculável. Tentar retornar e perder os conflitos intelectuais do encontro cultural é extremamente prejudicial para o desenvolvimento da reflexão individual. Então pensemos, somos um aglomerado de várias vertentes culturais, nossas tradições, experiências etc. Mas ressalvamos um fato quando lidamos com a questão da sexualidade que talvez alguns ainda não percebam que vem crescendo desde os estudos de Fry e MacRae, a criação e consolidação de uma cultura homossexual que aos poucos ganha espaço em decisões econômicas e sociais. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Referências FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. FORTUNA, Tânia Ramos. O Brincar na Educação Infantil. Revista Pátio Educação Infantil. Porto Alegre, n. 3 Ano I, p.6-9, dez. 2003 FRY, Peter; MACRAE, Edward. O que é homossexualidade. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. LOURO, Guacira Lopes. Genero, sexualidade e educação: uma perspectiva pos-estruturalista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. QUEIROZ, Tânia Dias (Org.). Dicionário prático de pedagogia. São Paulo: Editora Rideel, 2003. 256 p. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CONTEXTO DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA: ESPAÇO FÍSICO, PRÁTICA PEDAGÓGICA E A PERSPECTIVA DA GESTÃO Jacilene Telles Gomes CESUCA – Faculdade Inedi [email protected] Karine Beatriz Arnhold Garcia CESUCA – Faculdade Inedi [email protected] Evandro Alves (Or.) CESUCA – Faculdade Inedi [email protected] Resumo O presente trabalho tem por objetivo apresentar observações realizadas numa escola municipal de Cachoeirinha, a partir de aspectos que norteiam a educação a respeito do tema Inclusão. Foram analisados aspectos como: espaços físicos da escola, a forma como os ambientes são utilizados do ponto de vista da inclusão, características do público que atende e de que modo a escola, bem como a direção, equipe pedagógica e docentes veem a inclusão e sua importância para a prática pedagógica. A análise feita a partir de observações e entrevistas com a direção da escola, o corpo docente e discente da escola, chegando a resultados sobre a forma diferenciada que a gestão trata sobre o tema da inclusão e os professores. A partir disto pode-se concluir questões sobre a importância do trabalho em conjunto da gestão e corpo docente da escola para que se chegue a uma educação realmente inclusiva, e não como acontece na escola observada, a gestão totalmente empenhada no Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca processo de inclusão de alunos, e os professores indiferentes quanto a esta prática. Palavras- chave: Educação – Inclusão - Gestão. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CONTEXTO DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRINHA: ESPAÇO FÍSICO, PRÁTICA PEDAGÓGICA E A PERSPECTIVA DA GESTÃO 1. Introdução A inclusão já é uma realidade nas escolas brasileiras, a questão atual é de que forma e em quais contextos a inclusão é trabalhada. Com o objetivo de visualizar o panorama da inclusão no município de Cachoeirinha, uma escola foi tomada como referência para nossa discussão a cerca da inclusão. Pontuando aspectos físicos, prática pedagógica e a perspectiva da gestão no ambiente escolar. 2. Princípios e contexto da educação inclusiva A questão da inclusão é um tema que vem ganhando espaço, tanto no meio acadêmico quanto no meio social, o “problema” é antigo, mas as ações para favorecer a inclusão das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, – PNEE -, são muito recentes e carecem de atenção. Abrange a necessidade de favorecer de forma pedagógica a aprendizagem de todos os alunos em um mesmo contexto educacional. No Art. 205 da Constituição Federal de 1988 consta a educação como direito de todos, dever do Estado e da família, e o seu Art. 206, traz a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. De acordo com a Constituição, o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino, desde a educação infantil, como consta no Art. 208, que segue: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade. Quando a integração do aluno especial não for possível na escola regular, ele tem direito ao atendimento educacional em instituições especializadas, como está disposto no artigo 58 § 2º da LDBN/96. Define inclusive a educação especial para o trabalho, visando à integração na vida em sociedade, aborda igualmente o acesso aos benefícios dos programas sociais disponíveis para o mesmo nível do ensino regular. Veja o Art. 58º: Art. 58º. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. A escola deve estar preparada em sua estrutura arquitetônica, pedagógica e principalmente poder contar com uma equipe de gestão que Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca busque alternativas e recursos a fim de contemplar os objetivos da educação inclusiva. 3. Aspectos observados na escola 3.1 ASPECTOS FÍSICOS É muito importante lembrar que o termo acessibilidade diz respeito não apenas à eliminação de barreiras arquitetônicas, mas também ao acesso à rede de informações, de comunicação, equipamentos e programas adequados. (BRASIL, 2006, p.26) A escola tem como público-alvo alunos do Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, estando inserida em um bairro residencial onde a renda salarial é de até um salário mínimo. Sendo assim, atende alunos de baixa renda, em situação de vulnerabilidade social. Frequentam a escola 430 alunos, divididos em dois turnos: manhã e tarde. A escola tem nove salas de aula e as seguintes salas especializadas: sala de vídeo (com TV, DVD e cadeiras plásticas), sala dos professores, Biblioteca, SIR (Sala de Integração e Recursos), Laboratório de Informática (com dez computadores), Laboratório de Aprendizagem, Secretaria, Sala da Direção, Sala da Orientação e Sala da Supervisão, além do Refeitório. Todas as salas possuem cortinas, janelas com vidros (alguns quebrados), são pintadas de cores vibrantes, bem como as portas, tornando o espaço colorido e alegre. Na área externa, a escola conta com pracinha em espaço cercado, horta e quadra esportiva coberta, além de espaços arborizados e é totalmente cercada por muros. A escola funciona das 8h às 12h e das 13h às 17h, de segunda à sexta-feira. Sendo que no contra-turno escolar possui o Projeto Mais Educação, que atende cerca de 150 alunos. Conversamos com a responsável Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca da escola, o projeto é desenvolvido em atividades que acontecem no turno inverso ao de aula, realizando trabalhos integrados com a sala de aula. No pátio da escola em área central está localizado um palco de madeira, obtido através de um projeto enviado a empresa Souza Cruz. Nesse palco acontecem inúmeras apresentações de produções das turmas, como também de convidados. O Laboratório de informática é utilizado pelos alunos da escola por meio de reserva, além dos alunos que participam do Projeto Mais Educação. Há dez computadores, porém um não estava funcionando. As aulas são programadas pelos professores, sendo que há acesso a Internet. O laboratório é coordenado por um estagiário da prefeitura. Na Biblioteca há um projeto de Hora do Conto, realizado uma vez por mês com duração de 50 minutos para cada turma, na qual é realizada a contação de uma história e uma atividade sobre a mesma. Além disso, os alunos retiram livros uma vez por semana. A escola desenvolve desde julho de 2009 o Projeto Criarte que tem como objetivo promover uma opção diferente de férias durante as férias de Julho. O projeto é coordenado pela Orientadora Educacional e pela Diretora, que realizam o trabalho de forma voluntária. O projeto prevê a participação dos alunos da escola, de suas famílias e de toda a comunidade escolar. A escola conta ainda com um Educador Social, concursado, que trabalha 40h semanais na escola, atendendo os alunos de Inclusão. Este profissional é da área da saúde e trabalhou cerca de 10 (dez) anos no Conselho Tutelar de Gravataí e em Postos de Saúde, o que lhe deu experiências significativas com crianças. O “professor” atende os alunos, auxilia a professora, retira da sala quando estão muito agitados, nervosos, faz visitas domiciliares, encaminhamentos, etc. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 3.2 PRÁTICA PEDAGÓGICA 3.2.1 Na sala de AEE Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar a formação dos alunos no ensino regular (BRASIL, 2008). A escola possui um SIR (Sala de Integração e Recursos), que está sendo transformada em uma SAEE (Atendimento Educacional Especializado). A responsável na escola é uma professora com 20 anos de experiência em Educação Especial. São atendidos na Sala de AEE dez alunos de inclusão e três alunos que estão em avaliação. As crianças atendidas apresentam Deficiência Mental, Transtorno de aprendizagem e de comportamento, Paralisia Cerebral e Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor. O planejamento é realizado de forma individualizada, de acordo com as necessidades de cada aluno, em conjunto com pais e professores, o atendimento é feito no turno inverso da aula. A sala utilizada é específica para este atendimento. É uma sala ampla, arejada, com cortinas nas paredes, porta com grades. Conta com 2 (dois) computadores, e mais 4 (quatro) que estão aguardando sua instalação para uso pelos alunos. Tem dezenas de jogos, brinquedos, todos em bom estado. Conta ainda com pia, espelho, quadro branco, estantes, tapetes e almofadas. É um ambiente colorido e agradável. A responsável diz que há jogos motores, porém estes não puderam ser montados devido a materiais de outros setores que estão ocupando uma parte da sala. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Imagem da sala de AEE A escola presta serviço de apoio a outras escolas que ainda não possuem a SAEE, além promover externamente formação de professores que estão trabalhando com alunos de inclusão. 3.2.2 Na classe regular A escola e sala de aula devem ser um espaço inclusivo, acolhedor, um ambiente estimulante que reforça os pontos fortes, reconhece as dificuldades e se adapta às peculiaridades de cada aluno. (Brasil, 2005, p.15) Foi observada uma sala de aula de 3º ano, com vinte e dois alunos. As crianças apresentam idade entre oito e nove anos, sendo que quatro não estão alfabetizados. Os alunos sentam-se uns atrás dos outros em fileiras. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A sala de aula não é pintada e não parece interessante. A professora tem uma mesa igual a dos alunos. Na sala há alguns cartazes como: aniversariantes, ajudante do dia, alfabeto (na parede lateral da sala), combinações e regras da escola. Não há nenhum trabalho dos alunos exposto e aparentemente não há um lugar específico para isto. Não há armário na sala (o armário fica na sala dos professores), há somente as classes, cadeiras e o quadro verde. A professora titular tem trinta anos, é formada no curso de Magistério e está cursando Letras na PUCRS. Antes de trabalhar na escola, a professora trabalhava em creches. Ao ser questionada sobre o aluno de inclusão, a professora diz que até agora não sabe o motivo da inclusão do mesmo, sabe que ele tem deficiência motora e de fala e que usa óculos. O aluno observado tem Paralisia Cerebral e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e dificuldades com a fala. Ele senta-se na classe em frente a professora, a qual realizava atividades diferenciadas para o mesmo. Ele é atendido na sala de AEE e também faz acompanhamento para desenvolver a psicomotricidade relacional de forma aquática, que é um projeto desenvolvido pelo CAEB (Centro de Atendimento a Educação Básica). Além dele, também há uma aluna que toma medicação, porém esta não tem um diagnóstico preciso. A professora comenta que suspeita-se de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). A professora é interrompida várias vezes pelos alunos. Enquanto a turma realiza as atividades do quadro, o aluno brinca com jogos de montagem. Não há interação nenhuma entre o aluno de inclusão e os demais, mesmo que a turma já o acompanhe desde o ano anterior. Pelo observado, o trabalho realizado pela professora é individualizado, solitário, monótono e sem perspectiva. Os alunos chamam a professora a todo instante, talvez por um único instante de fala por parte deles. São passadas no quadro atividades do tipo: formar frases com palavras soltas, separação silábica, etc. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca O aluno observado recebe atividades diferenciadas que são escritas pela professora em seu caderno. Para realização das mesmas é necessário que a professora fique ao lado dele e o auxilie. Ela comenta que ele já está conseguindo ler algumas palavras, mas que não consegue escrever por causa de sua dificuldade na coordenação motora. 3.3 GESTÃO Segundo a diretora, o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola não contempla de maneira específica os alunos de inclusão, este PPP tem cinco anos, e neste ano de 2011 está sendo discutido junto a comunidade escolar, compreendendo pais, alunos e professores e funcionários da escola, para uma nova sistematização e organização do PPP, contemplando inúmeras questões que atualmente estão a cargo da escola, como questões relativas a sexualidade, meio ambiente, separação de lixo, comemorações, e é claro, a inclusão e todos as nuances do Multiculturalismo. 4. Análise do relato da observação 4.1 ASPECTOS ARQUITETÔNICOS A escola possui rampas de acesso, há um local da escola com desnível, e esta rampa tem corrimão, em outros locais, não há corrimãos. As salas de aula apresentam desníveis para o corredor. Há banheiros adaptados na escola. A escola não tem estacionamento específico para carros, logo, não há vagas preferenciais. Não há placas em braile, pisos de orientação, quinas arredondadas, e brinquedos de específicos para os alunos de inclusão. Nos corredores, espaços ao ar livre e salas de aula, não há faixas indicativas ou orientações sobre acessibilidade. Segundo a Diretora, essas “melhorias” demandam valor financeiro, que a escola não dispõe para sua realização, já que não recebe verba específica para tal fim, exatamente por isso o PPP está em fase de reformulação. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Não há nesta escola alunos com deficiência visual, nem surdos, e mesmo com rampas não há nenhum cadeirante nessa escola. Ao redor, do lado externo da escola não há nenhum item adaptado. Para atender aos alunos que lá estão, e que em sua maioria não possuem deficiência física, algo que poderia ser utilizado é a horta suspensa e brinquedos inclusivos na pracinha, que auxiliaria o maior envolvimento de todos. A escola já é referência no município por contar com 12 (doze) alunos de inclusão, principalmente por ter profissional habilitado e a Sala de Atendimento Educacional Especializado, o que com certeza auxilia os alunos de Inclusão a se sentirem mais seguros e confiantes do espaço que ocupam. 4.2 PRÁTICA PEDAGÓGICA Deve-se pensar na formulação de um currículo para os alunos com necessidades especiais numa base comum aos demais alunos, pois a educação inclusiva tem como objetivo oferecer condições gerais de progressão escolar. O currículo não sofre alteração fundamental, mas as características de aprendizagem dos alunos com necessidades especiais são levadas em conta. O processo de identificação das necessidades educacionais especiais é de extrema importância, se esse processo não ocorrer com o devido cuidado, a seleção dos materiais educativos de apoio e a escolha das estratégias metodológicas e didáticas podem não corresponder ao que realmente o aluno requer. De acordo com Denari (2006, p.37): A ênfase no desenvolvimento, na aprendizagem e sua avaliação, bem como no processo de investigação documental, aliada à prática docente, poderia constituir a coluna vertebral de um plano de estudos que atenda à diversidade e permita a realização das adequações curriculares correspondentes para a atenção às Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca necessidades educacionais transitórias ou permanentes. especiais, sejam estas O docente e toda escola precisam compreender a realidade do aluno para que a intervenção seja feita da melhor maneira possível. O que se observou em sala de aula foi, além do despreparo, a falta de dados sobre um aluno que está em sala desde o início do ano e o professor não consegue favorecer de forma significativa sua aprendizagem e tão pouco a interação no grupo. Segundo a professora, psicóloga e psicopedagoga responsável pelo Laboratório de Aprendizagem da escola, “a inclusão é importante na escola para criar bons cidadãos no futuro, que tenham conscientização sobre as diferenças, sejam físicas, neurológicas, ou qualquer outra”. Revela a dificuldade das famílias de entenderem os limites de seus filhos, que não há perdedores, mas sim pessoas diferentes com capacidades diferentes. Ao mesmo tempo, há famílias extremamente desleixadas com seus filhos, que não levam ao médico, ao psicólogo, atrasando todo o trabalho. A Orientadora da escola coloca que o trabalho com a Inclusão é realizado de maneira conjunta entre os diferentes setores da escola, a professora e a escola. Relata também a dificuldade ora cultural, ora familiar dos pais/cuidadores de levarem adiante tratamentos, e até atendimentos feitos na própria escola em turno inverso. Muitas vezes há intervenção do Conselho Tutelar, para que a família realmente leve seu filho nas atividades solicitadas. 4.3 GESTÃO A diretora que tem vinte e quatro anos de magistério em escolas municipais destaca que há professores muito resistentes com a Inclusão, e então o administrativo “pega junto”. A escola em questão, segundo a diretora, não é uma escola classificatória e sim que acompanha a vida escolar e familiar de seus alunos, busca “entender o verdadeiro sentido da educação”. A respeito dos alunos de inclusão, ela coloca que é realizado um trabalho diferenciado Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca não só com os alunos, mas também com os professores, percebendo-se um amadurecimento ao longo da caminhada. É preciso assumir que as diferenças são normais, e que cada indivíduo tem seu tempo, seu ritmo, e o processo de aprendizagem deve ser repensado e adaptado às necessidades do educando, cabe ao educador e à escola acreditar que o aluno pode aprender, que ele pode crescer cognitivamente e que a intencionalidade da ação educativa pode fazer algo para isso, mas o sucesso da escola inclusiva vai além, como consta no documento de Salamanca (1994; item 6): O sucesso das escolas inclusivas que favorecem um ambiente propício à igualdade de oportunidades e à plena participação depende dum esforço concertado, não só dos professores e do pessoal escolar, mas também dos alunos, pais e voluntários. A reforma das instituições sociais não é, somente, uma tarefa de ordem profissional; depende, acima de tudo, da convicção, empenhamento e boa vontade (grifo meu) dos indivíduos que constituem a sociedade. A realização efetiva da inclusão depende dos esforços de todos os envolvidos no processo educativo, é preciso uma relação de apoio e de cumplicidade entre: escola, família, alunos, professores, serviço de apoio, comunidade, ou seja, é necessário um trabalho em conjunto. 5 Considerações Finais A partir da observação realizada, é possível formar um grande mosaico sobre a questão da Inclusão nas escolas. A escola observada não teve qualquer ingerência sobre o processo de Inclusão de alunos, passou a recebêlos e adequaram-se às dificuldades e desafios que foram acontecendo ao longo dos anos. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Como era uma escola pequena, que a partir de 2005 iniciou o processo para atender os alunos até a antiga 8ª série, recebeu também novos espaços físicos, como novas salas de aula e outras benfeitorias, o que lhe permitiu contemplar alguns itens de acessibilidade. Nesta corrida contra o tempo, já que a escola passou a receber alunos de diferentes tipos de inclusão, e assim junto com questões de acessibilidade, aspectos urgentes quanto à formação de professores passaram também a fazer parte do planejamento e organização da escola. Devemos considerar ainda que a inclusão envolve além de conhecimentos cognitivos, aspectos afetivos. Trata-se de fazer este aluno sentir-se parte da escola. Os principais desafios quanto a Inclusão referem-se a questões de valores, ética e responsabilidade que um professor deve ter com sua profissão. O que foi muito gratificante nesta observação é o empenho da equipe gestora que, além buscar recursos financeiros, está aberta para receber qualquer aluno, acredita no sucesso da inclusão e favorece a educação de todos. Em contrapartida, encontramos em sala de aula a parte docente desacreditada no sucesso da inclusão, desmotivada, com uma aula extremamente tradicional, com métodos que não abrangiam o aluno de inclusão que estava em sala de aula. É preciso reter o bom exemplo com que essa gestão tem tratado a inclusão, sem deixar que o desânimo, o senso comum e as adversidades bloqueiem o desenvolvimento do papel de educadores, independente da necessidade do aluno. Sobretudo no que diz respeito à inclusão o professor é o mediador e não pode se omitir desse papel. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal 1988. BRASIL. Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm> Acesso em: 08 abr. 2011. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBN 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm> Acesso em: 08 abr. 2011. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, Secretaria de Educação Especial. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física. Brasília, 2006 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, Secretaria de Educação Especial. Saberes e Práticas da inclusão: Introdução. Brasília, 2005 DECLARAÇÃO de Salamanca. UNESCO. Sobre os Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Espanha: [S.n.], 1994. Disponível <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>Acesso em: em: 08 abr. 2011. DENARI, Fátima. Um (novo) olhar sobre a formação do professor de educação especial: da segregação à inclusão. In: RODRIGUES, Davi (org.). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca O BARROCO MINEIRO: EDIFICAÇÕES RELIGIOSAS Moacir Almeida de Oliveira Faculdade Porto-Alegrense [email protected] Resumo O presente artigo apresenta um breve panorama do contexto sociocultural durante o período colonial no Brasil. A análise está centrada, em linhas gerais, nas edificações religiosas de Minas Gerais e naqueles que participaram com seu trabalho nas Igrejas do Barroco Mineiro (BOSCHI, 1988). A principal problemática está em apresentar a não participação da população no reconhecimento das edificações religiosas como patrimônio. E também, não menos importantes, as questões voltadas ao Patrimônio, embasadas em Maria Beatriz Pinheiro Machado e Katani Maria Nascimento Monteiro (2010), das edificações religiosas. Palavras-Chave: Barroco Mineiro no Brasil Colônia. Edificações religiosas. Patrimônio Cultural. O BARROCO MINEIRO: EDIFICAÇÕES RELIGIOSAS 1. Introdução O Barroco Mineiro tem ampla relação com o desenvolvimento do Brasil caracterizando o ciclo do ouro, além de responsável por passagens que se destaca em nossa história, por exemplo, a Inconfidência Mineira. Alguns anos depois da ocupação das terras brasileiras, os portugueses ainda cultivavam novas maneiras de exploração e enriquecimento em território brasileiro. A exploração do sertão (ou interior) do Brasil teve como objetivo capturar indígenas para o trabalho escravo, mas no século XIII isso perdeu a Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca importância. No final do século XVII uma expedição de bandeirantes139 partiu de São Vicente-SP e foi dirigida por Fernão Dias que seguiu em direção da região onde hoje é o estado de Minas Gerais. Essa expedição acabou não encontrando nem ouro nem pedras preciosas, entretanto, criou novas rotas para exploração do sertão e alguns anos após, alguns integrantes dessa expedição encontraram ouro nessa região, dando início ao chamado período Ciclo do Ouro no Brasil. No tocante ao desenvolvimento de Minas Gerais estão os homens criativos, por exemplos, artistas, artesões, e artífices. Estes por sua vez, se destacavam “no interior do corpo social: se não chegavam a atingir a condição de ‘homens de qualidade’, pelo menos não foram marginalizados socialmente.” (BOSCHI, 1988, p. 14.). Uma característica destes homens era de serem livres e assim poderiam vender seu trabalho. Estes trabalhadores, além de livre, eram autônomos e, exceto os pintores, dedicavam-se a outras áreas, mas voltadas ao campo artístico. (BOSCHI, 1988, p. 14.). Há que se considerar ainda que a análise da hierarquização e da estratificação social em Minas não se faz tendo como referência a riqueza e a capacidade dos indivíduos, mas sim, à luz da estima e da distinção que aquela sociedade conferia às pessoas e às atividades por elas envolvidas. (BOSCHI, 1988, p. 14.) A região de Minas Gerais oferecia as condições necessárias pra o trabalho de marceneiros e carpinteiros, que formavam o maior grupo de artistas. Seus trabalhos em madeiras se destacavam nas construções dos templos religiosos e elementos que compões o seu interior. Nas primeiras edificações o papel assim mineiro. não Já religiosas se apresenta do são os voltados mais “às 139 arquiteto, muitos mesmo em território engenheiros estavam necessidades dos Os bandeirantes eram responsáveis pela procura de pedras preciosas e metais no interior do Brasil. Também foram responsáveis pela expansão do território brasileiro. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca aparelhos burocráticos, militar e repressivo”. (BOSCHI, 1988, p. 14.). Figura 1: Cidade de Tiradentes, matriz de Santo Antonio construída em 1710. Fonte: http://www.revistadobotafogo.com.br/Tiradentes%20apresenta%E7 Não se pode esquecer outra profissão fundamental para a construção das igrejas: pedreiros. Pedreiro, segundo um dicionário da época, era o ‘oficial que trabalha em obra de pedra e cal, em obras de alvenaria ou cantaria’. Quase 400 desses oficiais trabalharam em Minas Gerais, apenas no século XVIII. [...] foram eles responsáveis tanto e tão expressivas construções religiosas. (BOSCHI, 1988, p. 20.). Dadas algumas profissões e seus posicionamentos nas sociedades, não destacaremos obras específicas, mas discorremos um pouco sobre aqueles que tiveram papel fundamental para o patrimônio cultural do Brasil, que construíram igrejas é que pretendemos analisar o barroco mineiro, que segundo Boschi é a “primeira grande cristalização artística de uma autêntica cultura brasileira” (BOSCHI, 1988, p. 07.), e Mello complementa ao dizer que “todas as obras religiosas mineiras foram construídas pelo próprio povo” (MELLO, 1983, p. 107.), ou seja, a relação entre a edificação religiosa mineira como patrimônio cultural para a população brasileira. 2. Patrimônio Cultural Cada edificação construída por estes profissionais não tinham sido objetivadas para uma análise futura da sua cultura. Segundo Pesez (2005, p. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 243) por muito tempo “as eras pré-históricas definiam-se excepcionalmente por seus instrumentos de pedras, depois de bronze e de ferro.” Pouco ainda se sabe sobre o modo de vida destes pré-históricos, pois as informações obtidas são por meio da arqueologia. (PESEZ, 2005.) Toda construção está ligada ao seu tempo e a sociedade em que está inserida. Entretanto, com o passar do tempo a sobrevivência das edificações adquirem valor cultural e histórico como aborda Rocha: Se um prédio sobrevive a vários ciclos, ele passa também a ter um valor de permanência e unicidade, mesmo que não apresente ornamentação ou sofisticação arquitetônica. O fato de ser um sobrevivente já faz dele um bem de valor documental, tanto mais valioso quanto longínqua sua origem no passado ou mais rara sua ocorrência. (ROCHA, 2002. p. 231.). Em seu desenvolvimento histórico, Minas Gerais configurou-se a partir da busca pelo ouro. Porém, os que lá estavam, em sua maioria, eram negros e pela falta de mulheres brancas ocorreu o crescimento de mulatos. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Figura 2: Igreja de São Francisco de Assis – Ouro Preto. Fonte: http://www.ayrtonmarcondes.com.br/blog/?p=657 Minas Gerais foi terra de exploração. Não houve grandes investimentos para o desenvolvimento intelectual, o que levou a participação do povo, da miscigenação brasileira, ou seja, daqueles que colocavam à disposição sua mão-de-obra. Neste ponto as ordens religiosas se aproveitaram desta disponibilidade, pois havia concorrência entre elas e sua forma de apresentar suas grandezas foi através da arquitetura das capelas. Para mostrar um aparente fervor religioso, o indivíduo não media recursos. A sua vaidade e o exibicionismo de sua generosidade faziam dele um contribuinte permanente das receitas financeiras das irmandades. Com isso, parece não ter havido limite para as encomendas de construção, pintura e esculturas, [...] furto da própria evolução social, criavam-se novos tipos dessas associações, como as ordens terceiras, a partir da década de 40. (BOSCHI, 1988, p. 36.). Conforme Boschi, a prestação de serviço está ligada a religiosidade e com isso o investimento das ordens religiosas para seu status. A expressividade barroca no Brasil, em especial no estado de Minas Gerais, ganhou visibilidade como bem a ser preservado à memória da cultura artística/arquitetônica do Brasil Colônia ao ser resgatada por Mário Andrade em 1924. Na obra de Caio Boschi, O Barroco Mineiro: Artes e Trabalho, é apresentado o envolvimento dos profissionais na edificação das igrejas, esculturas e outros bens. Em todo trabalho prestado os artista, pedreiros e outros eram contratados. Boschi não aborda, mas podemos supor que se não houvesse contrato os trabalhadores não fariam nada para preservar aquilo que outrora construíram. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A herança da arte e da cultura barroca, fundamentalmente baiana e mineira, foi o mote principal dos tombamentos, as obras religiosas também representaram um filão muito importante. O barroco representa a autêntica arte brasileira. Cidades, casas e igrejas coloniais e barrocas foram consideradas signos de um Brasil original e esquecido, um exemplo de originalidade cultural. (GIOVANAZ, 2002. p. 214). Figura 3: Igreja matriz de Perdões – MG - Construída em 1870, em um estilo barroco, ainda preserva alguns móveis e imagens que datam do século XIX. Fonte: http://youngpeoplecalledtolive.blogspot.com/ Nesta perspectiva de preservação das edificações históricas no Brasil, o brasileiro tem dificuldade de perceber que o bem material é seu, faz parte da sua história cultural. Garbinato (2000. p.43) diz que “a igreja é a casa de Deus – e por isso merece respeito”, e em um país dito cristão e pela sua lógica que diz “todos são filhos de Deus” então a igreja é de todos, é patrimônio a ser preservado. A patrimonialização de um bem é um ato político por excelência. Significa que elegemos algo para representarnos em detrimento de outras possibilidades. Todos os Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca bens patrimonializados contribuem para a formação de identidades de grupos e categorias sociais. (MACHADO e MONTEIRO.2010, p. 26) Esta distância entre a população e o bem aproxima a elite dos seus interesses nas discussões do que deve ser preservado que “como ilustração, temos os exemplos do Ciclo do Ouro e Barroco Mineiro, o patrimônio edificado com a presença do Estado e das elites nacionais”. (GARBINATTO, 2000. p. 45). A distância entre as autoridades e o povo é a mesma daquela entre a sociedade civil e o passado, devido à falta de informação, ainda que os habitantes das cidades coloniais dependam do turismo para sua própria sobrevivência. Quem são os maiores inimigos da preservação dessas cidades coloniais? Em primeiro lugar, a própria administração municipal, não afectada pelos problemas sociais e ignorante das questões culturais em geral mas, às vezes, os moradores também, inconscientes da importância dos monumentos, contribuem para a deformação do quadro urbano. Novas janelas, antenas parabólicas, garagens, telhados e casas inteiras bastam para transformar uma cidade colonial em uma cidade moderna, uma mera sombra de uma antiga cidade colonial, como é o caso de tantas delas. (GARBINATTO, 2000. p. 45). Estas edificações religiosas construídas pelo povo e para o povo é, pois, sem dúvida alguma de grande valor histórico-cultural para nossa sociedade. Sem escola artística e com a rica diversidade cultural entre índio, branco e negro gerou o que chamamos de patrimônio popular. 3. Considerações Finais Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Percebemos que ainda há muito a se estudar sobre as edificações religiosas do barroco mineiro e sobre aqueles que foram pivôs destas obras de arte. Entretanto, a distância que há entre a população e sua historia e seu passado ainda é muito grande. Não muito diferente ocorre com as igrejas de Minas Gerais, que foram construídas no período da colônia com características barroca. De Ouro Preto temos algumas informações: As igrejas são muitas, uma perto da outra, às vezes não mais de 100 metros de distância, porque havia rivalidades entre as irmandades, por exemplo: os pretos não podiam estar junto aos brancos e vice-versa. Então as irmandades porfiavam em construir sua Igreja independente, grandiosa, cheia de ouro e prata, principalmente nas imagens e nos altares, sempre no seu estilo barroco, em alto relevo e belíssimas obras de arte. (ALVES, 1987. p, 34.). Figura 4: Igreja matriz de congonhas (MG). Fonte: http://www.sempretops.com/viagens/cidadeshistoricas-de-mg/ No caso de Minas Gerais a participação do povo na construção artística foi significativa no que diz respeito à pluralidade cultural, porém quem trouxe à luz estes elementos, infelizmente, não foram os que compunham a sociedade Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca mineira. No Brasil sempre se destaca o que é interesse da elite e estes, geralmente, sem consultar a população definem o que deve ser preservado e o que não deve. O envolvimento da população local na própria gestão dos bens culturais constitui, assim, aspecto essencial para que o turismo seja não apenas fonte de recursos econômicos, como de satisfação cultural para a própria população local. (FUNARI, 2004) Outra questão histórica que vemos é a marginalização dos índios, negros e pobres, mas através do entrelaçamento cultural Minas Gerais se caracterizou pelo seu estilo artístico. Porém, devido essa marginalização as edificações religiosas (e outras) são consideradas de responsabilidade da Igreja e do Estado. Enquanto houver o pensamento de que “isso não é meu” a elite continuará definindo o que melhor lhe agrade. Referências ALVES, Gregório de Protásio. O Aleijadinho e o Alferes Tiradentes. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1987. BOSCHI, Caio C. O Barroco Mineiro: Artes e Trabalho. São Paulo: Brasiliense, 1988. FUNARI, P. P. A. . Lazer, patrimônio e turismo: algumas considerações. Patrimônio. Lazer & Turismo (UNISANTOS), Campinas, v. 2, n. novembro, 2004. GARBINATTO, Valeska. Ensino de história e patrimônio histórico: pontes para a construção da memória e cidadania. CIÊNCIAS E LETRAS, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Educação e Patrimônio Histórico-Cultural, n.º27, jan. / jun. – Porto Alegre, 2000. MACHADO, Maria Beatriz Pinheiro. MONTEIRO, Katani Maria Nascimento. Patrimônio, identidade e cidadania: reflexões sobre Educação Patrimonial. BARROSO, Vera Lucia Maciel, et al.. (Org.). Ensino de História: desafios contemporâneos. Porto Alegre: EST: EXCLAMAÇÃO: ANPUH/RS, 2010. MELLO, Suzy de. Barroco. São Paulo: Brasiliense, 1983. PESEZ, Jean-Marie. História da cultura material. LE GOFF, Jacques; CHARTIER, Roger. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 5º ed. ROCHA, Luiz Antônio. Intervenção e Re-utilização – o uso possível e o impacto das decisões. CIÊNCIAS E LETRAS, Patrimônio e Educação, n.º31, jan. / jun. – Porto Alegre, 2002. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca “NUNCA SE DEIXE ATRAIR PARA UMA ARMADILHA140”: A IMAGEM DOS SUPER-HERÓIS SUPERMAN E CAPITÃO AMÉRICA COMO FERRAMENTA IDEOLÓGICA NORTE-AMERICANA Rodrigo Moraes Cunha FAPA [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo desenvolver uma análise acerca das representações ideológicas e culturais presentes em capas de histórias em quadrinhos (HQs) estadunidenses. Pretende-se relacionar as imagens do Capitão América e do Superman como uma produção atual, motivada pelos atentados do “Onze de Setembro”. A análise das imagens possibilita averiguar quais representações os “norte americanos” constituem de seus adversários durante o esforço de guerra. O engajamento das editoras de HQs, como parte do sistema propagandístico, na prestação de apoio ao estado de belicosidade, também pode ser claramente identificado. A principal problemática está em demonstrar como as editoras apresentam os conflitos armados ao seu publico leitor (em sua grande maioria adolescente), tanto no período da Segunda Guerra Mundial, como na atual “Luta ao Terror”. As capas de HQs foram utilizadas para angariar fundos, vendendo títulos e selos de guerra e atualmente continuam servindo como ferramenta para arregimentar o apoio político da população em geral. A análise das imagens está fundamentada na obra do autor John B. Thompson (2000), utilizando o conceito de hermenêutica de profundidade. Busca-se uma explicação a partir do pensamento marxista da história, tendo como principal teórico o pensamento de Eric Hobsbawm a partir da obra Globalização, democracia e terrorismo em que apresenta uma coletânea de conferencias onde faz um balanço dos principais temas dos nossos dias, tais como: imperialismo, nacionalismo e hegemonia, guerra e paz, ordem pública e disponibilidade de armas, o poder da mídia. (2007), demonstrado como se utiliza estes símbolos como ferramenta de propaganda ideológica. 140 Frase retirada da revista Marvel 2002, pag 23. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Palavras-chave: Capitão América; Superman; Ideologia; “NUNCA SE DEIXE ATRAIR PARA UMA ARMADILHA”: A IMAGEM DOS SUPER-HERÓIS SUPERMAN E CAPITÃO AMÉRICA COMO FERRAMENTA IDEOLÓGICA NORTE-AMERICANA 1. Introdução Com os atentados desferidos nas torres gêmeas, em New York, e no pentágono, os editores das duas principais editoras de histórias em quadrinhos do EUA não perderam tempo e aproveitaram o espírito patriótico, para lançar uma série de cartazes e aventuras, tanto do Capitão América bem como do Superman. As duas maiores expressões dos quadrinhos representantes e defensores do American way of life141. Como diz Souza: “No caso do Capitão América, foi decidido cancelar a revista regular do herói e criar uma nova série, [...] publicações mais “adultas” e mais “realistas”[...]. Para essa nova visão do personagem, mais humanista e apresentando temas políticos.” (SOUZA, 2003). Sem tempo Figura 1: Nós nunca nos esqueceremos do 11 de setembro para perder os responsáveis pelo Capitão América lançaram uma demonstrando serie seu de cartazes (figura1) apoio, mediante a frase informada no cartaz, e implicitamente, o que estava por vir quando se presta atenção na figura em si. Na figura seguinte não há frase, mas sim uma compreensão bem simples que é a de reverencia aos verdadeiros heróis do 11-09 (figura 2). As 141 Modo de vida americano. Tradução livre Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca mensagens eram postas nestes cartazes e espalhados por toda a cidade. Contudo, estes cartazes não tiveram apenas o Sentinela da Liberdade como garoto propaganda. O ultimo kripitoniano, comumente chamado de Superman, também se engajou nesta onda patriótica promovida pelas grandes editoras de quadrinhos estadunidenses. Esta técnica utilizada pelos editores responsáveis pelos respectivos heróis não é nova, ao contrario, ela é bem antiga e amplamente trabalhada ao longo da história, principalmente a partir do Figura 2: Superman reverenciando bombeiros, médicos e pessoas comuns. século XX. No entanto, para a luta contra o terrorismo, inimigo desconhecido, já que este não é um país, mas pessoas que diante de um poderoso império, neste caso os EUA, e sua ganância optaram pelo uso da violência. 2. Dois heróis uma história Para que ficassem mais atuais, já que estes heróis já viveram muitas guerras desde suas criações, tais como a própria segunda guerra, onde ambos, Capitão América e Superman, participaram ativamente no esforço de guerra, bem como durante toda a guerra fria e seus conflitos bélicos secundários. Neste caso Superman possui maior destaque já que o Capitão América fora cancelado em meados de 1954, sendo resgatado posteriormente por volta dos anos 1960. Assim, para que fosse à luta contra o terrorismo – anos 2000 – e conseqüentemente adquirisse mais leitores, e gerasse lucro para as editoras responsáveis pelos direitos autorais dos personagens, estes heróis tiveram que passar por uma atualização, o capitão América fora reformulado ao ponto de um leitor não precisar saber nada do que passara anteriormente na vida do personagem para entender as histórias. Já, quanto ao Superman fora necessário apenas descentralizar os ideais dele, isto é, diminuíram a carga dos ditos “valores estadunidenses” que ele defendera e carregara por tanto tempo. Logo, alcançando toda uma nova geração de leitores, pois estes heróis estavam ativos historicamente o que os tornavam mais atrativos para estes Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca jovens e também fazendo com que antigos leitores voltassem a ler as novas aventuras destes ícones dos quadrinhos. Tudo isto reflete no intrigado mundo das coleções, algo significativo na sociedade estadunidense, histórias bem roteirizadas dentro de um contexto histórico-social bem movimentado contribui para a valorização de uma publicação. No mercado ianque de HQ, encontram-se revistas com valores diferenciados dos seus preços originais, indiferentemente se for uma antiguidade ou pela história em si ou mesmo por um fato marcante na vida da personagem seja ela qual for. Então, neste mercado de alta liquidez de produtos colecionáveis uma HQ pode vir a custar milhares de dólares, tento em vista que seu valor de capa nunca passa de poucos dólares. Estas novas gerações, de possíveis leitores, que a indústria de quadrinhos tenta arregimentar, está inserida por completo em uma cultura visual, isto é, utilizam-se de elementos visuais em uma tentativa de formação de conceitos. Neste contexto encontram-se as histórias em quadrinhos (HQs). 3. Hq como objeto dês pesquisa Contudo, HQs merecem ser vistas não apenas como uma forma simplória de entretenimento de uma extensa gama de leitores, tampouco como uma forma de expressão artística medíocre ou mesmo como um objeto que merece o desprezo acadêmico. Mas deve que ser visto como um objeto que esta, a cada ano, sendo pesquisado por historiadores desprovidos de preconceitos acadêmicos. Assim, a cada ano que se passa crescem as quantidades de trabalhos acadêmicos, no âmbito nacional. Dessa forma, o HQ não deve ser visto como objeto que não merece nenhuma consideração acadêmica, mas como uma forma de retratar desejos, medos e vontades, tanto individuais quanto sociais, sendo assim um objeto merecedor de continua analise histórica. Bem como a busca pelo lucro, já que este produto é um elemento comercializado. Pode-se, então, qualificar as HQs como sendo um instrumento da indústria cultura com o objetivo comercial de alcançar essa massa popular por possuir grande Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca capacidade de consumo, já que este produto é relativamente barato, portanto, alcançável para todos. Assim sendo, parte constituinte do processo de industrialização permanente da sociedade contemporânea. Como nos é apresentado por Guareschi (2000, p. 19.) “A comunicação e a informação passam a ser alavancas poderosas para expressar e universalizar a própria vontade e os próprios interesses dos que detém os meios de comunicação.” Ou seja, toda e qualquer forma de comunicação é utilizada como propagadora de intenções dos que detêm o poder e, logo, as HQs possuem um papel muito importante para tal iniciativa. E Thompson diz (2002, p.15.) “Se levarmos a mídia a sério, descobriremos a profunda influência que ela exerce na formação do pensamento político e social.” Desta forma, devemos ver a mídia como formuladora de valores e conceitos, estes por sua vez, são transmitidos pelos seus meios de comunicação e, conseqüentemente, no presente caso das HQs. 4. Hq e a ralação com o consumidor As histórias em quadrinhos com sua forma artístico-narrativa trabalham, em sua essência, o entretenimento de massa, mas a sua finalidade, devido ao seu grande alcance, é a de ser uma poderosa máquina de construir estigmas, apresentado não só pela narrativa, mas sim em uma junção de expressões psicológicas dos personagens aliadas à paisagem em que ele está inserido, passando-nos muito mais do que simplesmente o texto isoladamente passaria. A interpretação dos quadrinhos devem se basear na idéia de que as histórias são significativas para os leitores e propõem um ‘contrato’ baseado nos recursos compartilhados entre os quadrinhos e os leitores. Os quadrinhos convidam os leitores a entrarem em sua própria ‘realidade’ referindo-se a aspectos específicos de seu cotidiano. O poder exercido às massas com as HQs é percebido quando Guareschi cita que: A posse da comunicação e a informação tornam-se instrumento privilegiado de dominação, pois criam a possibilidade de dominar a partir da interioridade da Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca consciência do outro, criando evidências e adesões, que interiorizam e introjetam nos grupos destituídos a verdade a evidência do mundo do dominador, condenando e estigmatizando a pratica e a verdade do oprimido como pratica anti-social (GUARESCHI, 2000, p. 19). Conseqüentemente, podemos dizer que os meios de comunicação agem como um “quarto poder” na sociedade, considerando assim, que a mídia atua como mecanismo hegemônico dos que estão no poder, onde são desenvolvidos projetos de sociedade, articulando e direcionando o processo político-ideológico destes. Deste modo, vemos que os meios de comunicação influenciam na formação da opinião pública, já que estes ao invés de dar informação pura, nos repassam a opinião que estes possuem sobre tal informação, nos dando um entendimento pré-determinado, ou melhor, pré-imposto pelos que estão no poder, ou seja, dominação ideológica e hegemônica. Visto que, a sociedade estadunidense se utiliza amplamente da imagem como propagadora de conceitos e valores, este meio de comunicação deve, por conseguinte, ser devidamente investigado, já que esta forma de entretenimento atinge várias faixas etárias, tornando-se uma ferramenta útil para a disseminação de valores ideológicos de legitimação ou de contestação de uma determinada ordem social. Logo, tais preceitos são aplicados nas HQs diante da sua grande importância na formação da opinião publica. Possibilitando, de tal modo, uma maior disseminação da ideologia antiterrorista. Conforme Pereira nos informa “É extremamente corriqueiro falar que vivemos sobre o signo da imagem” Pereira (2010). Isto é, vivemos em uma sociedade extremamente dependente da imagem. Onde o processo midiático utiliza, amplamente, a imagem, tanto para informar, quanto para desinformar. As histórias em quadrinhos (HQ’s), produto que utiliza amplamente a combinação imagem e texto, podem ser utilizadas como mecanismo de controle e manipulação da opinião publica. Isso ocorre em todos os países em que aja esse tipo de publicações, onde a indústria das HQs é gigantesca, e no Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Brasil ela é presente de forma constante desde o ano de 1967. Esta indústria age de forma, muitas vezes, ambígua. Ora criticando ações dos seus respectivos Estados, ora omitindo ações dos mesmos. Notamos que as HQs são amplamente utilizadas não somente como mero mecanismo de lazer, mas sim como instrumento propagador de ideologia. Como afirma Lopes Filho: As histórias em quadrinhos, longe de ser apenas mero entretenimento, estavam carregadas de ideologia, respondendo a questões instigantes, como a de que forma as histórias em quadrinhos poderiam intervir no estilo de vida de seus leitores ou em suas decisões. (Lopes Filho, 2006, p. 3) Verificamos que este produto da indústria cultural tem duas funcionalidades. A primeira é a de entretenimento, e a segunda, mais implícita e sutil, que é a função ideológica. A sutileza, por vezes, é deixada de lado quando se pretende que a massa popular tome um posicionamento, seja ele favorável ou não, a cerca de um determinado fato. Thompson nos mostra: De fato, em alguns casos, a ideologia pode operar através do ocultamento e do mascaramento das relações sociais, através do obscurecimento ou da falsa interpretação das situações; mas essas são possibilidades contingentes, e não características necessárias da ideologia como tal. (THOMPSON, 2000, p. 76). À ideologia, continua a ilustrar a idéia de que a indústria das histórias em quadrinhos é um farto setor de propagação da mesma, já que, este meio de comunicação de massa possui um amplo consumo. Dessa forma, segundo Thompson (2000, p. 76) “Podemos compreender os fenômenos simbólicos como ideológicos”. Logo vemos que ideologia e simbolismo estão intimamente ligados, isto é, texto e imagem interagem de forma a transmitir a idéia que esta querendo ser passada. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 5. Quadrinhos e a indústria da propaganda Sabe-se que o Capitão América e o Superman são personagens, desde o momento que foram criados, altamente propagandísticos e fontes de transmissão de idéias, ou de ideologias, vêem que este sempre fora vastamente utilizado para estender o alcance ideológico estadunidense visando, claramente, angariar apoio popular para as suas ações, bem como ampliar a disseminação dos “valores” americanos. Superman e o Capitão América, são um símbolo norte-americano, assim como a estatua da liberdade, estes por sua vez foram apresentados ao publico, a partir de 2002, sobre uma nova roupagem, a luta contra o terror. Isto é, os personagens foram redirecionados ideologicamente sobre um fenômeno significativo. Conseqüentemente, foram utilizados como elementos propagandísticos com o fim de obter apoio popular para as retaliações realizadas pós 11 de setembro por parte dos EUA. Os personagens enquadram-se dentro do conceito de ideologia que é apresentado por John B. Thompson (2000, p. 74): “Fenômenos ideológicos são fenômenos simbólicos significativos, desde que eles sirvam em circunstâncias sócio-históricas especificas para estabelecer e sustentar relações de dominação”. Ambos os heróis são um fenômeno simbólico, pois são claramente utilizados para sustentar relações de dominação, isto é, por meio destes símbolos ocorre a transmissão ideológica. Ideologia ou fenômenos ideológicos estão totalmente ligados a construção simbólica. Ou seja, para ocorrer um fenômeno ideológico tem que haver a construção de símbolos que estejam relacionados com o contexto histórico-social no ato da sua criação. Logo, o Capitão América e o Superman são construções simbólicas, ou seja, um fenômeno ideológico criado para levar a todo o mundo os valores de liberdade e justiça monopolizados pelos estadunidenses como unicamente seus. Este fenômeno ideológico, estruturado nas figuras do Superman e do Capitão América possui a intenção de manter e ampliar o poder e a dominação Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca estadunidense frente à população seja ela norte-americana ou estrangeira, por meio da fabricação de produtos com alto nível ideológico nos ‘meios’ de alta circulação entre as massas populares - como as revistas em quadrinhos. Ambos os heróis são elementos divulgadores da ideologia estadunidense no mundo, incluindo no Brasil. Promovendo, assim, a compreensão que estes possuem do momento histórico pelo qual essas aventuras percorrem. Conseqüentemente, isto esta ligado ao poder. Ao trabalharmos com personagens como o Capitão América e o Superman, altamente carregados de símbolos, se estuda o poder e conseqüentemente as relações que a partir dele surgem. Assim, o poder nos é apresentado conforme Thompson apresenta: Em um sentido mais geral, “Poder” é a capacidade de agir na busca de seus próprios objetivos e interesses: um individuo tem poder de agir, poder de intervir em uma seqüência de eventos e alterar seu curso. Agindo dessa forma, o individuo apóia-se e emprega os recursos que lhe estão disponíveis. Assim, a capacidade de agir na busca de seus próprios objetivos e interesses depende da posição do individuo dentro de um grupo ou instituição. (THOMPSON, 2000. p. 199). As relações de poder e sua conseqüência, as formas de dominação só ocorrem quando há relações estabelecidas entre pessoas ou grupos de pessoas. Portanto, só ocorre relação de dominação quando há uma desigualdade entre pessoas ou grupo de pessoas, seja ela econômica ou política. Dominação é uma relação de poder econômico e ou político estruturada verticalmente de cima para baixo. Partindo deste principio verificamos que ao utilizarem esse mecanismo de divulgação ideológica, que podem ser as histórias em quadrinhos, neste caso, tanto do Capitão América quanto do Superman, os estadunidenses, caracterizados aqui pelas empresas de entretenimento participam ativamente dos sucessivos governos, promovendo, desta forma, a dominação ideológica. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca De tal modo, dominação, no entendimento de Thompson é: Podemos falar de “dominação” quando relações estabelecidas de poder são “sistematicamente assimétricas”, isto é quando grupos particulares de agentes possuem poder de uma maneira permanente, e em grau significativo, permanecendo inacessível a outros agentes, ou a grupos de agentes, independentemente da base sobre a qual tal exclusão é levada a efeito. (THOMPSON, 2000, p. 78). Para haver dominação de um grupo sobre outro, ou outros, é necessário que aja, como disse Thompson (2000): “relações estabelecidas de poder”. Desta forma, confirmamos que as HQs, principalmente as do Capitão América e do Superman, são um mecanismo de dominação, por tratar-se de um elemento presente em muitos países. Utilizável para o sistema propagandístico pró-estadunidense, participando desta forma de um sistema de dominação muito amplo, que atinge muitos países, incluindo o Brasil. O termo formas simbólicas tem a ver com a ideologia o poder e a dominação, verificamos os personagens, como elementos dos procedimentos, como nos informa Thompson: “São constantemente valorizadas e avaliadas, aplaudidas e contestadas pelos indivíduos que as produzem e recebem”. (THOMPSON. 2000. p 193). Podemos dizer que o publico consumidor das HQs tanto aplaudem como contestam as ações das personagens. Vemos que nas histórias em quadrinhos o publico não é um mero recebedor de mensagens, mas sim, também, um questionador das mensagens passadas por esta forma simbólica. Conseqüentemente, afirmo que os personagens Capitão America e Superman são uma forma simbólica conforme Thompson descreve: Formas simbólicas são expressões de um sujeito (ou sujeitos). Isto é, as formas simbólicas são produzidas, construídas e empregadas por um sujeito que, ao produzir e empregar tais formas, está buscando certos objetivos e propósitos e tentando expressar aquilo que ele “quer dizer” ou “tenciona” nas e pelas formas assim produzidas. (THOMPSON. 2000. P. 183) Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Os objetivos e propósitos incrustados nas aventuras destes heróis, do referido momento analisado, são o de transmissão de um determinado tipo de informação, neste caso, a propaganda antiterrorista estadunidense, assim sendo, vemos ambos os personagens como formas simbólicas, pois estes podem ser a expressão de um sujeito, ou sujeitos neste caso. Considerações finais As histórias em quadrinhos são a ínfima parte de um complexo sistema econômico, conhecido como indústria cultural, onde o lucro em cima das atividades culturais é um negócio muito lucrativo. Os autores Adorno e Horkheimer, parafraseados por Thompson, nos esclarecem o que é a industrial cultural: “mercantilização das formas culturais” (Thompson, 2000. p 130). A indústria cultural é um conglomerado de meios de comunicação como, o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, que formam um sistema com o objetivo de gerar lucros a partir da promoção econômica da cultura. A produção de HQs faz parte deste filão econômico. Gerando lucro para seus respectivos representante e ainda propagando a ideologia estadunidense onde essas revistas sejam publicadas. Logo, vemos que em um país com 190 milhões de habitantes é um grande filão econômico, justificando assim a penetração dessa mídia em solo tupiniquim. Propagando, a propaganda estadunidense, por mais este meio de comunicação. O período analisado nas aventuras tanto as do Capitão América quanto as do Superman, nos mostra um alto nível propagandístico ideológico em que se tenta nos transmitir certas mensagens de cunho político ideológico com a finalidade de obter apoio popular, não somente estadunidense, mas pelo mundo a fora. Construindo assim o conceito de antiterrorismo, que pretende nos passar a idéia de nação em defesa de seu território, sem nenhum outro tipo de intenção. Assim, antiterrorismo é o desenvolvimento preventivo de políticas publicas, e ações junto aos meios de comunicação, que visem o impedimento de ações violentas que apontem objetivos políticos, religiosos e/ou ideológicos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca com o fim de angariar apoio junto à população. Não somente a população estadunidense, mas, sim a opinião publica internacional. As HQs destes ícones da cultura pop internacional são a ferramenta apropriada para este feito, por tratar-se de personagens que carregam em si os “valores” estadunidenses e conseqüentemente os propaga pelo mundo a fora, por meio da publicação de suas revistas numa centena de países. REFERENCIAS CHAGAS, Luciana Zamprogne, Capitão América: Interpretações Sócioantropológicas de um Super-Herói de Histórias em Quadrinhos. Disponível em www.uel.br/grupopesquisa/gepal/anais_ivsimp/.../7_CarlosBoaretto.pdf Acesso em: 15/05/2010 LOPES Filho, A. Sangue, suor e lágrimas. O Capitão América e a Indústria Cultural segundo Theodor Adorno. http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/iniciacom/article/view/646/869 MORAES, Denis de (org.) Sociedade Midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006. SOUZA, Nano. (2003) “Capitão América: Vilão ou Herói?”. Matéria do site Universo Visitado em 28/02/2011 HQ. Disponivél em: http://www.universohq.com/quadrinhos/2003/capitao_americap1.cfm Acesso em: 18/09/2010 THOMPSON, John B. A Mídia e a Modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998. THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social critica na era dos meios de comunicação de massa. 5. Ed. Petrópolis: Vozes, 2000. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca RESUMOS Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca ADMINISTRAÇÃO Adm-1 | Princípios da Legalidade Autor: Cristiane Soares Garcias E-mail: [email protected] Co-autor: João Paulo de Oliveira Troxinski Co-autor: Deise Joelma Barancelli Co-autor: Juliana da Silva Justin Co-autor: Cássio José Dapont Caye Orientador: Marcelo Almeida Sant'Anna Palavras-Chave: Copa do Mundo Resumo: Copa do Mundo: Legalidade e Eficiência, difícil conciliação? É possível conciliar o princípio da eficiência ao princípio da legalidade sem que as formalidades administrativas representem obstáculos aos bons resultados na Administração Pública, pois elas devem ocorrer simultânea e conjuntamente, de modo peculiar nas obras referentes à Copa do Mundo que o Brasil sediará. Nesse aspecto, a pesquisa desenvolve o tema através de uma perspectiva interdisciplinar. Buscando contextualizar o tema proposto, indispensável a lição de MEIRELLES(1990): legalidade significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob a pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. MEDAUAR(2004), por sua vez, conceitua que eficiência é o princípio norteador de toda a atuação da Administração Pública. As funções administrativas devem atuar de modo rápido e preciso para produzir resultados que satisfaçam as necessidades da população. A eficiência exige, portanto, que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. A partir do que foi apresentado coloca-se um assunto em evidência: a Copa do Mundo no Brasil em 2014. O ponto de discussão é o que envolve o cumprimento de prazos para entrega de obras e reformas que serão necessárias para tal evento e a gestão dos recursos investidos. Cita-se algumas obras no setor de transportes e também reformas e ampliações nos aeroportos das cidades-sede. É função do Administrador Público, pois, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca acompanhar todo o processo desde a licitação até o último ato de conclusão da obra. Não pode haver dúvidas ou desconfianças a respeito de onde foi investido cada centavo do dinheiro público. O Administrador deve zelar e contribuir para que todos os trâmites legais sejam cumpridos e executados com a devida transparência, com orçamentos reais e sem desvios ou superfaturamentos em benefícios particulares. Concomitantemente a isso, exigir a eficiência de todo o processo de construção ou reforma, não perdendo tempo com entraves burocráticos ou desnecessários. Afinal, três anos passam depressa mediante a estrutura exigida pela entidade mundial organizadora da Copa. É evidente que a Copa do Mundo será benéfica para o país, até porque ela nos trará retornos econômicos consideráveis, assim como visibilidade mundial e gerará diversos empregos. Então cabe aos Administradores conciliar as formalidades administrativas e aliá-las a eficiência, pois é errôneo afirmar que em nome de uma a outra seja sacrificada, cumprindo suas funções e responsabilidades que a Administração lhe apresenta e sendo um representante dos anseios públicos demonstrando toda a transparência e eficiência que se espera de alguém Adm-5 | PLANO SUSTENTABILIDADE VERDE - CIA DAS CADEIRAS Autor: MOISES AVELHANEDA CARDOSO Co-autor: EDUARDO ATAIDE Co-autor: LISANDRA BERLOTTO Co-autor: Thiago Borba Orientador: RICARDO MUNIZ Palavras-Chave: PLANO SUSTENTABILDADE CIA DAS CADEIRAS Resumo: A preservação do meio ambiente está recebendo cada vez mais relevância no âmbito mundial, pretendendo garantir qualidade de vida para esta e futuras gerações. O reciclo mesmo parcial, de insumos e matériasprima é uma forma bastante significativa de reduzir, em alguns casos até eliminar, o uso do meio ambiente como depósito de lixo. Organismos internacionais criaram selos verdes de qualidade representando um fator de competitividade dos produtos de países que respeitam o meio ambiente. Todas as crises ecológicas ocorridas nas últimas décadas despertaram na Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca maioria dos países a consciência ambiental que incentivou a criação de agendas de governos e grupos não governamentais sobre a problemática da necessidade de gestão ambiental. A ampla divulgação das crises ambientais ocorridas e dos movimentos ecológicos tem contribuído para uma conscientização cada vez mais presente na maioria da população e isso tem exigido das empresas a preocupação com a qualidade dos seus produtos e serviços que buscam a certificação dos sistemas de gestão ambiental. Tachizawa (2002, p.24) esclarece que “a gestão ambiental e a responsabilidade social, enfim, tornam-se importantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico” posteriormente complementa com a afirmação de que “gestão ambiental é a resposta natural das empresas ao novo cliente, o consumidor verde e ecologicamente correto”. A CIA das Cadeiras S.A. atuante no ramo moveleiro e juramentando seu respeito ao Meio Ambiente, vem apresentar seu “Plano de Sustentabilidade Verde” com objetivo de contribuir com o setor em no qual está inserida. A CIA das Cadeiras hoje promove o desenvolvimento econômico das regiões onde opera, gerando, conjuntamente, ações de respeito ao meio ambiente e de responsabilidade social. Adm-6 | Plano de Marketing da Empresa Cadeiras Modular Autor: Fernanda dos Santos Ferreira Co-autor: Thaniê Xavier Ouriques Co-autor: Mariana Kovara Jung Co-autor: Valéria Muniz Joras Co-autor: Fernanda Ferreira Pereira Orientador: Ricardo Muniz Muccillo da Silva Palavras-Chave: marketing; estratégias; clientes Resumo: A Empresa Cadeiras Modular é um empreendimento que tem como objetivo atingir a satisfação máxima do cliente oferecendo conforto e comodidade. Dessa forma, a expectativa é distribuir no mercado o produto, que alcance as necessidades dos clientes, promovendo a qualidade de vida e construindo uma marca forte, através da utilização de novas tecnologias e inovação de matérias-primas. As cadeiras Modular são fabricadas com Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca matéria-prima de primeira linha, possuindo o foco no produto, por isso aposta na credibilidade da empresa perante seus clientes, e ao nicho de mercado em atuação. O produto possui muito valor agregado, e seu preço de venda é competitivo. Visto que o mercado solicita a cada dia mais qualidade, a Empresa Cadeiras Modular apresenta tendência de crescimento no mercado. Sendo assim, está sempre buscando aperfeiçoar o conhecimento de seus profissionais, e ter uma visão de cenário competitivo, para manter-se atualizada e inovando a cada novo dia. A principal fatia de mercado atingida são os acadêmicos que residem em repúblicas, e necessitem de respostas rápidas aos seus desejos. Se tratando de um público basicamente jovial, considera-se que passeios e viagens sejam acontecimentos que necessitam de transporte do nosso produto, e que o mesmo seja leve, prático e de fácil acomodação. Apostando também num mercado mais maduro, a Empresa Cadeiras Modular desenvolve produtos que se adéqüem a vida de aposentados e pessoas idosas, apresentando designs confortáveis, leves e resistentes, propiciando uma melhor qualidade de vida para esse público. A Empresa Cadeiras Modular busca manter-se como uma das marcas mais lembradas no ramo de cadeiras de madeira aplicando estratégias para tornarse líder de mercado, dentre estas o treinamento de seus funcionários e divulgação nos canais de comunicação. O produto é composto de madeira sustentável, que segue as especificações de padrões de qualidade de produção, sendo dobrável e resistente, uma tendência de consumo no mercado que contem selo sustentável e regida pela ISO 14001. A Modular investe seus esforços em Pesquisa e Desenvolvimento procurando sempre por aprimoramentos que agreguem valor aos produtos. Devido ao aluguel de espaços comerciais para auxiliar na divulgação, as cadeiras de madeira tornaram-se rotina na vida das pessoas justamente por seu design moderno, leve e dobrável. A propaganda é outra forma de investimento, que busca canais de mídia via internet, jornal e vendedores com demonstração de produtos nos principais locais das regiões. Em suma, a Empresa Cadeiras Modular busca atender as necessidades e as exigências do mercado para tornar-se a marca top of mind, e apresentar bons resultados em relação às demais empresas concorrentes. Adm-10 | Pesquisa de Estatística Autor: Maria Carolina Pinto da Silva Co-autor: Samara Machado Weber Orientador: Marecelo Becker E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Palavras-Chave: Média carros alunos Resumo: Através desta pesquisa temos a intenção de mensurar a quantidade de carros por alunos que freqüentam a faculdade e se os espaços disponíveis nos carros acomodam todos os alunos. Falar sobre o espaço disponível nos carros dos alunos nos dias atuais é de extrema importância, pois nossa sociedade vem enfrentando problemas como poluição do meio ambiente, despesas extras principalmente com combustível, tempo para locomoção e fluxo de trânsito, já que o mau aproveitamento desses espaços é evidente. Saber a quantidade de espaço disponível para acomodar todos os alunos diariamente e semanalmente nos permitirá criar um cadastro de caronas para interferir positivamente nesses problemas. Esta investigação contou com uma pesquisa de campo onde contamos de segunda-feira a sexta-feira os carros estacionados em via pública e privada ao redor da instituição para que pudéssemos fazer o levantamento de dados necessários para fazer uma média de carros nos dias da semana, depois realizamos uma contagem de todas as turmas da instituição durante os cinco dias da semana, fazendo uma média de cinqüenta alunos por turma, levantando a média de alunos frequentadores da faculdade nesses dias da semana. Através do cruzamento de dados concluímos que não haveria espaço para todos os alunos frequentadores da faculdade, apesar do grande volume de carros que percebemos ao redor da instituição durante a semana; porém atitudes simples para a otimização desses espaços melhorariam o trânsito ao redor da instituição, diminuiriam a emissão de poluentes e as despesas dos alunos, que organizados melhorariam o trânsito da cidade de Cachoeirinha. Teremos o maior prazer de auxiliar nesses melhoramentos, com a criação de um “Cadastro de Caronas”, onde os alunos poderão trocar informações para fornecer caronas para seus colegas. Adm-12 | A copa... É nossa? Autor: Cristiane Dearmas Leite Co-autor: Nathana Pires Righi Co-autor: Mônica Lidiane Muller Co-autor: Lidiane Almeida da Silva Co-autor: Cristiane Regina Silva da Silva E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Orientador: Marcelo Almeida Sant'Anna Palavras-Chave: Impessoalidade, princípios, administração. Resumo: Este trabalho busca analisar e entender um dos princípios constitucionais da administração pública, especificamente o princípio da impessoalidade. Nosso método de pesquisa tem por base a análise bibliográfica e coleta de dados empíricos, nessa perspectiva, podemos definir nosso método como interdisciplinar. Iniciamos definindo o que a Doutrina entende sobre o Princípio da Impessoalidade que determina que atividade administrativa deva ser voltada ao interesse público buscando as melhores alternativas para a sociedade como um todo sem favoritismo próprio ou de um conjunto de pessoas. Outra vertente desse mesmo princípio é a que prevê que os atos não serão imputados a quem os pratica, mas a entidade a qual está vinculado. Conforme o art. 37, §1, da CF/88, que representa a garantia de observância deste principio:” A publicidade dos atos, programa, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos dever ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. Esse conteúdo pode ser classificado em positivo e negativo. Positivo quando se assegura que a neutralidade e a objetividade têm que prevalecer em todos os comportamentos da administração pública. Negativo, quando constitui indicativo de limites definidos à atuação administrativa. Diante das obras a serem realizadas para a Copa do Mundo de 2014, considerando que parte dessas obras favorece entidades privadas, interessa saber se a utilização de recursos públicos ofende ou não tal princípio. No entanto, os benefícios concedidos a tais instituições privadas, nada tendo a contribuir para a população que identifique como bem comum, são a legitima violação deste princípio, onde essas obras serão privilegiadas, com isenção de impostos ou ate mesmo com utilização de dinheiro público. Tendo em vista que a população, após o evento, não terá a sua disposição para uso comum por se tratar de bens privados, não teremos acesso livre a estes lugares, até mesmo eventos públicos, precisarão efetuar a locação e pagar pela utilização destes espaços, sendo assim, fica explicita a não aplicação deste princípio. Em geral a população sabe disso, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, divulgada pelo jornal Gazeta Esportiva em agosto de 2010, 10.856 pessoas em 382 municípios, 57% rejeita o uso de dinheiro público para este fim, já os que defendem o uso de verbas públicas são somente 37%. O princípio da impessoalidade veda a prática de atos administrativos desvinculados do interesse público. Seria interessante que o poder executivo, neste caso, que vai fazer uso do dinheiro público para colaborar com o projeto da copa, fosse demonstrando às claras para Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca população onde e como estão sendo investidos, e os benefícios que trarão ao fim do evento, considerando que serão menos investimentos em obras verdadeiramente para uso público, como hospitais, escolas, transporte, estradas e outros. Adm-13 | PROPOSTA DE REDUÇÃO DE SETUPS Autor: Eliza Szupka E-mail: [email protected] Orientador: Diego Augusto de Jesus Pacheco Palavras-Chave: capacidade, setups, produtividade. Resumo: Objetivando uma melhor performance e otimização na sua operação de carregamento, a empresa Yara Brasil Fertilizantes realizou um levantamento dos possíveis gaps nas unidades de Rio Grande e Porto Alegre (maiores unidades da empresa no país), que poderiam estar prejudicando o seu desempenho e assim, os resultados. Ao mensurar estes gaps, foi diagnosticado uma necessidade de melhor aproveitamento da capacidade produtiva de seus maquinários (os misturadores e ensacadores), pois perdiase muito tempo entre uma troca e outra das formulações processadas, temos então os chamados SETUPS. Foram implementados planos de ação para sanar o problema diagnosticado com base no sistema JIT (Just in time). Entre os planos de ação implantados estão a redução do portfólio de formulações, o agendamento prévio das fórmulas a serem carregadas diariamente por parte dos clientes FOB (clientes que retiram na fábrica seus produtos) e a programação de entrega para os clientes CIF (clientes que recebem o produto na sua propriedade). Após 6 meses da implantação, a empresa observou uma melhora na produtividade de 22 % nos seus misturadores, o que significa uma boa margem para que se possa trabalhar agora com o aumento da capacidade fabril, ou a redução de turnos de trabalho mantendo o mesmo volume de entregas. Adm-14 | Como utilizar o sistema de incentivo na organização? Autor: Camila Vettorazzi Menegotto Co-autor: Priscila de Carvalho Miranda Orientador: Diego Augusto de Jesus Pacheco E-mail: [email protected] : Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Palavras-Chave: Incentivo, Sistema e métodos. Resumo: Este artigo irá discutir como utilizar o sistema de incentivo dentro da empresa com foco na área de produção, utilizando como objeto de estudo uma metalúrgica onde iremos observar por meio de entrevistas com os gestores da produção quais os impactos causados na organização como um todo através dos diferentes meios de incentivos motivacionais,onde iremos questionar sobre como as recompensas em dinheiro tomam a forma de bonificações,participação nos lucros e ganhos e sistemas de incentivos. Serão analisados os métodos de incentivos individuais ou em grupos nos diferentes setores da organização e com base nesta análise iremos propor um modelo para aprimorar programas de motivação nas indústrias visando atingir as metas em menor tempo hábil. Adm-15 | A COLETA SELETIVA NO AMBIENTE DE TRABALHO Autor: Renata Osdeberg E-mail: [email protected] Co-autor: Daniela Pinho Orientador: Marcelo Becker Palavras-Chave: lixo; coleta seletiva; reciclagem Resumo: Identificar o grau de conhecimento dos colaboradores da empresa Gerencial Auditoria e Consultoria sobre a utilização no ambiente de trabalho da coleta seletiva e a importância deste procedimento adotado foi o principal objetivo deste trabalho. O trabalho dos catadores nos lixões, a inserção destes trabalhadores no circuito econômico dos resíduos recicláveis, marcado pela informalidade, pela exploração de pequenos e grandes negociantes e pela dominação dos que controlam o processo de industrialização. A presença do poder público municipal na triagem e comercialização dos resíduos, através da instalação das Centrais de Triagem, é mais um elemento importante. Partindo do pressuposto de que os índices de recuperação dos resíduos e de reciclagem de materiais no Brasil, são alcançados a partir da exploração e da precarização do trabalho dos catadores, procuramos abordar também as formas de organização coletiva que atualmente estão aparecendo: cooperativas e associações. Neste sentido, apresentamos o processo que vivenciamos dentro da organização da empresa. Com relação às questões organizativas da coleta seletiva, discutimos e o seu processo, destacando o cumprimento, as formas de organização e sua importância. As formas e as Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca dificuldades encontradas pelos trabalhadores na organização, a relação com as informações e acessos locais de resíduos para futura reciclagem. Ainda dentro da lógica de recuperação dos resíduos recicláveis, a valorização do cumprimento desta lei. De maneira geral, procuramos discutir algumas questões regidas por um sistema dentro desta empresa, que muitas vezes apresenta a coleta seletiva como solução para os problemas decorrentes do consumismo, pela crescente geração de resíduo. Adm-17 | O posicionamento de mercado e suas estratégias como principal diferencial para o crescimento das empresas. Autor: Róger José dos Santos Marcos Co-autor: Andréia Teixeira Co-autor: Márcio Souza Ribeiro Co-autor: Bianca Leal Lopes Co-autor: Guilherme de Lima Orientador: Alexandre Garcia Palavras-Chave: Diferencial, reconhecimento e segmentação. Resumo: As empresas sempre estão em busca da ampliação de seu público alvo. De maneira eficaz, pensamentos e estudos fazem com que essas metas se tornem mais próximas e alcançáveis. Uma grande estratégia de posicionamento de mercado vem de uma excelente percepção das necessidades encontradas pelo próprio cliente em potencial. Sendo assim, para conseguir mostrar seus diferenciais e se destacar entre os demais concorrentes, é necessário obter uma ampla leitura de mercado e promover ações para desenvolver tais tarefas. Visto isso, buscou-se entender como a empresa CBM Indústria Química, que atua no ramo de auxiliares de processos para as indústrias tais como: desmoldantes, desengraxantes, protetivos para matrizes, removedores de sujeiras para matrizes e outros está passando por um processo mais lento de reconhecimento e fixação da marca. Sabemos que a empresa atua em um mercado mais específico, técnico e competitivo, tal como, das diferenças que os consumidores possuem no que diz respeito a sua forma de comprar e aos produtos e serviços que costumam adquirir. Com isso, o presente artigo tem como propósito analisar as ações estratégicas de posicionamento de mercado, tipo de segmentação e, também, o Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca reconhecimento da empresa perante sua atuação no mercado alvo. Em suma, este estudo proporcionará à empresa uma visão atual sobre como superar tais dificuldades e assim, identificando os pontos mais importantes a serem atingidos. Adm-18 | ANÁLISE DA NECESSIDADE DE AUMENTO DE CAPACIDADE X GARGALO PRODUTIVO. Autor: Silvia Regina de Almeida E-mail: [email protected] Palavras-Chave: Demanda, Capacidade e Gargalo Resumo: Este artigo analisa os pontos dentro de um sistema industrial que limitam a capacidade final de produção, Onde impossibilita atender a demanda do mercado em um determinado intervalo de tempo. Tendo como objetivo o aumento da capacidade produtiva de um determinado recurso. Foi desenvolvido um estudo do gargalo, onde identificamos a necessidade de redução no tempo de Set Up e com isso a redução do tempo produtivo em 41,6% (de 60 min para 25 min o tempo de execução de uma peça). Além disso, também foi necessário o aumento de um turno para esse recurso. Logo, esse aumento de capacidade possibilitou a realização da programação de produção e a entrega da demanda requerida. Adm-19 | UM ESTUDO SOBRE COMO AS EMPRESAS REALIZAM AÇÕES DE MARKETING NAS REDES SOCIAIS Autor: Everton Rosa E-mail: [email protected] Co-autor: Jader Luiz Pereira Júnior Co-autor: Leandro Santos Orientador: Alexandre Garcia Palavras-Chave: Palavras-chave: beneficiar; stakeholders; comunicação. Resumo: UM ESTUDO SOBRE COMO AS EMPRESAS REALIZAM AÇÕES DE MARKETING NAS REDES SOCIAIS Autores: Everton Rosa, Jader Júnior e Leandro Santos Orientador Prof. Alexandre Garcia RESUMO Percebe-se que hoje em dia as redes sociais fazem parte das nossas vidas, mesmo que Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca por acaso, elas nos permitem ficar conectados com o mundo inteiro, sem que seja preciso sair de nossas casas ou escritórios. Portanto, o presente artigo buscou compreender de que forma as empresas podem se beneficiar deste canal de marketing proporcionado gratuitamente pela internet e principalmente pelas redes sociais. Para que os resultados fossem atingidos, realizou-se entrevistas de caráter exploratório com funcionários e gestores de 3 empresas de ramos diferentes buscando avaliar como se utilizam das redes sociais diariamente para trocar experiências, buscar contatos, aumentar seus canais de acesso com toda a sua gama de stakeholders e por consequência melhorar seus resultados no que diz respeito a comunicação, que é o principal recurso utilizado nas redes sociais atualmente. Em marketing, sempre busca-se a comunicação com os clientes, e a única maneira de fazer isso é estando onde o cliente está. A decisão de utilizar as redes sociais via internet é um passo natural, porque é ali que o público está. Após resultados da pesquisa, foi possível perceber que a maioria das empresas ainda não utiliza as redes sociais ou a internet corretamente, algumas, ainda tem o pensamento de que enviar um email com propagandas é fazer marketing, mas isso por definição é spam, mesmo nome dado a propagandas em páginas de redes sociais que na maioria dos casos não atinge seu principal objetivo, que é divulgar o produto ou a marca e fazer com que o público se interesse por ele. Ainda que seja em menor escala, alguns gestores citaram o quão importante é esta nova vivência com seus parceiros de negócios. Disseram também que as redes sociais podem sim propiciar ganhos para ambos os lados e que se utilizada corretamente podem trazer benefícios a curto prazo melhorando principalmente a comunicação. Adm-20 | Bolsa de Valores Autor: Glaci Fátima de Jesus E-mail: [email protected] Co-autor: Marcel Fernandes Co-autor: Marcelo Borges Fortes Orientador: Guilherme Pressi Palavras-Chave: Mercado de Capitais - Bolsa de Valores - Investimentos Resumo: O mercado atual nos exige conhecimentos básicos sobre o mercado de capitais. Diante disto, faremos uma breve exposição sobre a Bolsa de Valores, relacionando os conceitos e teorias apresentados no livro “Mercado Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca de Capitais: Fundamentos e Técnicas”, do autor Juliano Lima Pinheiro. Tendo como objetivo apresentar conceitos básicos referente a Bolsa de Valores. O estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica, onde foi consultado material já elaborado, no caso o livro do Pinheiro. De acordo com Pinheiro, as Bolsas de Valores são instituições de caráter econômico que tem como objeto a negociação pública mercantil de títulos e valores mobiliários, é um local onde se compra e vende ações. Nelas ocorre a canalização da oferta e demanda dos investidores e a publicação oficial dos preços ou cotações resultantes das operações realizadas. A Bolsa tem de cumprir os seguintes requisitos: livre concorrência e pluralidade de participantes; evitando posições dominantes no mercado; produto homogêneo; facilitação de contratação e transparência na fixação de preços; geração de confiança. Sendo os principais objetivos descritos na literatura: Facilitar a troca de fundos entre as entidades que precisam de financiamentos e os investidores; Proporcionar liquidez aos investidores da bolsa; Fixação do preço dos títulos através da lei de oferta e demanda; Dar informações aos investidores sobre as empresas que negociam em Bolsa e Proporcionar confiança aos investidores. Os participantes da Bolsa podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Estes se destacam em três modelos de atuação: Especuladores: utilizam esses mercados para obter lucros financeiros a curto prazo, sem se preocuparem com as ações que estão comprando; Investidores: utilizam esses mercados para obter rendimentos a longo prazo; e os Gestores Financeiros: captar recursos a baixo custo e investir recursos sem risco, com prazos adequados. A função de uma Bolsa de Valores é de transferir os recursos da economia. Segundo a Federação Mundial de Bolsas, durante as últimas décadas, as Bolsas de Valores Mobiliários passaram a desempenhar um novo papel de grande importância no sistema financeiro internacional. Os mercados que operam por meio de Bolsas regulamentadas cresceram em uma escala nunca antes imaginada, o que lhes atribui papel ativo e grande responsabilidade no centro da economia mundial. No final dos anos 90, as Bolsas passaram a ser identificadas com o espírito altamente comercial dessa época. As Bolsas tornaram-se o símbolo do capitalismo e encontram-se no centro desse sistema. O nível de suas atividades dá uma imagem imediata da situação socioeconômica de toda uma Nação. Com a realização do presente estudo foi possível apresentar alguns conceitos e teorias sobre a Bolsa de Valores que constam na bibliografia utilizada, assim permitindo que os mesmos sejam expostos de maneira a agregar conhecimento referente ao mercado de capitais. Adm-21 | Processo de Internacionalização de Empresas Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Autor: Sabrina Poletti Co-autor: Ana Paola Poletti Garcia Co-autor: Cristiane Alves dos Santos Orientador: Letícia Martins de Martins Palavras-Chave: Processo, internacionalização e logística. Resumo: Diante das vantagens vindas do processo de globalização, a internacionalização das empresas é uma maneira de se buscar novas oportunidades e mercados consumidores para potencializar a competição internacional. A forte concorrência no mercado local também justifica essa expansão dos negócios para o exterior do país, estimulando a competitividade, a globalização e a abertura dos mercados. A imagem da empresa passa a ser uma referência nacional como internacional por questão das exigências para exportação, também contribui para gerar mais renda e emprego, colaborando para desenvolvimento econômico. Pontos fortes e fracos devem ser considerados, questões como idiomas, hábitos, culturas e leis. A importância deste estudo está, portanto, no fato de se fazer uma pesquisa, analisando as necessidades, os fatores relevantes e as estratégias para o início ou até mesmo a continuidade de negócios internacionais. Esta pesquisa deve resultar claramente que esta atividade não será esporádica, a empresa deverá estar em condições de atender sempre as demandas, identificar importadores potenciais, características da demanda, tratamentos tarifários e canal de distribuição. A internacionalização de uma empresa pode ser entendida como um processo crescente e continuado de atuação desta em outros países que não o de origem, de forma que parte de seu faturamento seja proveniente do exterior. A partir de uma revisão da literatura, será estudada a relação da logística no processo de exportação, desde a produção até o consumidor final. Adm-22 | ANÁLISE DOS PROCESSOS DE FORNECIMENTO DE LANCHE NA CATINA DO COMPLEXO DE ENSINO SUPERIOR DE CACHOEIRINHA Autor: Eduardo Cassiano Silva Galho Co-autor: Róger José dos Santos Marcos E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: Paulo Roberto Wurzel Orientador: Diego Augusto de Jesus Pacheco Palavras-Chave: Identificação JIC/JIT, Mudança de layout, melhoria no atendimento. Resumo: Este artigo analisa a relação de melhoria do atendimento da cantina da no Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha. Por meio de um estudo de caso e observações em campo, onde deverá contemplar os sistemas utilizados na confecção, distribuição e cobranças dos lanches fornecidos pela Entidade de Ensino, serão feitos propostas que propiciem agilidade no atendimento, mudança de layout, identificação do JIC/JIT, reduzindo custos e ampliando os lucros. Adm-23 | PRINCIPIO DA PUBLICIDADE Autor: CAMILA PACHECO FONSECA E-mail: [email protected] Co-autor: THAYSE BARBOSA Co-autor: BRUNE BARBOSA PACHECO Co-autor: TIAGO COSTA Orientador: MARCELO ALMEIDA SANT'ANNA Palavras-Chave: Princípio da publicidade, Licitação e Copa do mundo Resumo: O Princípio da Publicidade, nos leva a pensar em como esta sendo feito os processos de licitação para Copa de 2014, que será sediada em nosso país, um evento de proporção mundial com exposição global que vai exigir investimentos vultuosos e fiscalização intensa, afinal a maior parte da verba virá dos cofres públicos, ou seja, dinheiro do contribuinte, diante deste contexto, passamos a estudar o Princípio da Publicidade, conforme a Constituição Federal, publicidade visa a satisfação de determinado interesse coletivo, que neste caso é a acessibilidade ao andamento dos processos de licitações para construção das infra-estruturas para Copa de 2014, já a Lei de Introdução ao Código Civil, art. 1º, descreve a publicidade como a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos obedecendo ao principio da publicidade, que segundo Meirelles, no caput do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca art. 37 da Carta Magna, publicidade é o princípio da administração pública, tendo este a abrangência de todos os atos concluídos, em formação, pareceres, prestação de contas, dentre outros, sendo todos documentos públicos que devem ser de fácil acesso a população, este princípio tem a finalidade de dar transparência aos atos administrativo. Partindo da premissa, transparência e acessibilidade das licitações perante a sociedade, logo se trata de fiscalizar as nossas contribuições, ou seja, a situação problemática esta em saber se a população brasileira esta tendo acesso e se atenta a essas informações. Com o contexto do art. 37 da Constituição Federal, que demonstra como deve ser feita a publicidade dos atos, ou seja, entendemos por tornar público através da acessibilidade, onde podemos dizer que a mesma, é o grau de dificuldade para acessar determinada informação e com a compreensão necessária, através de um veículo que irá torna - lá publica, portanto não basta o ato ser público se não é de fácil acesso a população. O evento coloca o país em evidencia mundial e se verificou que há uma quebra de paradigma, pois o Governo por sua vez disponibiliza o site www.copa2014.gov.br, onde a população pode acompanhar o andamento de todos os processos com clareza e transparência, sendo atualizado com frequência e com descrições claras dos projetos que estão em andamento, oportunizando a população algo inovador nunca feito em um evento deste porte no país onde todos os atos sempre foram obscuros. A pesquisa foi norteada pelo método bibliográfico e pelos direcionamentos do orientador que trouxe o enriquecimento técnico. Adm-25 | POSICIONAMENTO: UM ESTUDO A PARTIR DA PERCEPÇÃO DO GESTOR DE MARKETING DE UMA LOJA E DOS CLIENTES SOBRE POSICIONAMENTO Autor: Daiane da Silva Schultz E-mail: [email protected] Co-autor: Jaqueline da Silva Bitencourt Co-autor: Jeferson dos Santos Pedro Co-autor: Itamar Gil de Quadros Orientador: Alexandre dos Santos garcia Palavras-Chave: Posicionamento – Mercado- Eletrodomésticos Resumo: Este trabalho relata uma pesquisa realizada em uma loja de eletrodomésticos sobre posicionamento no mercado. Mercado este que sofreu Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca muitas alterações nas ultimas décadas, devido à ascensão de classes no Brasil, que provocou um aumento no consumo das populações da chamada classe C, que segundo pesquisas do Instituto Data Popular, são os maiores consumidores de eletrodomésticos no Brasil. Para entender este segmento buscou-se através da aplicação de questionários com o gestor de marketing da loja e com os clientes comparar qual o posicionamento que a loja acredita que se encontra e qual a real percepção dos clientes. Nesse sentido, este trabalho visa contribuir para uma maior compreensão sobre a real influência do posicionamento na escolha do consumidor. Adm-26 | Plano de marketing empresa Cademad E-mail: [email protected] Autor: Cristiane Nery Lopes Fonseca Co-autor: Daniela Justo Hahn Co-autor: Cheila Mariane Fraga Co-autor: Élton Lima dos Santos Co-autor: Gilson Souza de Anflor Orientador: Ricardo Mucillo Palavras-Chave: sustentável, Cademad, cadeiras de madeira, desenvolvimento Resumo: Este plano de negócios refere-se a uma empresa de transformações de madeiras que fabrica cadeiras de qualidade e durabilidade desde 2005, a empresa CADEMAD. Para ter certeza do segmento e regiões que pretendia atuar, realizaram-se estudos de mercado e pesquisas ambientais, buscando atingir um potencial de fidelidade com o público consumidor. Analisou-se o mercado local, a melhor estrutura, os recursos necessários, os principais concorrentes, os melhores fornecedores, criou-se um plano de negócios desenvolvendo preços e estratégias, pontos fortes e fracos, possíveis ameaças e oportunidades, missão, valores e uma visão que abrange todo o negócio. A empresa localiza-se na cidade de Cachoeirinha (RS), onde é líder e mercado, possui uma filial em Florianópolis (SC), e conta com uma rede de fornecedores que armazenam, processam e comercializam os componentes a serem adquiridos dentro das especificações exigidas do INMETRO e qualidade pela ISO 9000, garantindo processo produtivo de qualidade. A Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Cademad fabrica um modelo de cadeira feita com madeira maciça oriunda de reflorestamento, que visa o desenvolvimento sustentável, promovendo a importância da preservação ambiental. Esta cadeira é dobrável, fácil de guardar e ótima para transportar, segura e resistente com capacidade para suportar até 140 kg. A monitoração dos preços praticados pelos concorrentes é de suma importância, pois o mercado de cadeiras de madeira é muito sensível ao preço, para que não ocorra retração no consumo de demanda, não se pode trabalhar com margem acima ou abaixo de 30% do preço médio de mercado. Para promover a marca e o seu produto, participa de feiras e eventos relacionados ao ramo moveleiro, distribui panfletos e coloca cartazes em pontos estratégicos de atuação. Possui site e redes sociais que contempla todas as informações da empresa. Atualmente, o mercado é dominado por cadeiras plásticas, mas a tendência por produtos ecologicamente corretos está mudando o comportamento de mercado, tornando-o atrativo e promissor. A empresa está ciente que é uma linha de produto pouco versátil e muito semelhante aos concorrentes, que necessita de diretrizes que simplifique seu sistema produtivo e que possa dar respostas rápidas á crescente demanda dos clientes. A empresa tem grande preocupação com a qualidade dos produtos, desde a compra até a venda, um planejamento bem elaborado e troca de informações mensuráveis entre os gestores serão preponderante para o gerenciamento da empresa. Através da análise SWOT, percebeu-se se que no ambiente externo da empresa há predominância de oportunidades para o negócio em relação às ameaças, e pode obter muito sucesso se utilizar da criatividade para inovar e conquistar os clientes, enquanto isso no ambiente interno, os pontos fortes da empresa são mais relevantes do que os pontos fracos, sendo assim, a Cademad encontra-se no estágio de Desenvolvimento, com grande possibilidade de explorar o mercado e obter sucesso no segmento. A Estratégia, Missão e Visão da empresa ressaltam a qualidade dos produtos ecologicamente corretos, fazendo sua marca conhecida através do desenvolvimento sustentável, sem agredir o meio ambiente. Adm-27 | Melhoria Continua através de um Kaizen Autor: Luana Katiele Silva de Azevedo E-mail: [email protected] Co-autor: Tiago dos Santos Orientador: Diego Pacheco Palavras-Chave: Melhoria continua; Qualidade; Produtividade; Custo; entrega; Resumo: Melhoria continua através do Kaizen Embora muitas práticas do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca sistema Toyota já tenham sido adotada por muitas empresas, ainda é possível notar a ausência de ferramentas como o Kaizen, além de diminuir os custos, disponibiliza para os colaboradores um ambiente mais organizado e seguro, em inúmeras organizações. O presente artigo demonstrará como a GESTAMP CORPORATION, empresa sistemista que atua no complexo automotivo General Motors, implementou em sua linha robotizada de produção o evento Kaizen. A realização desta pratica tornou-se necessária para eliminar algumas falhas encontradas no processo, tais como: a falta de Kanbans visuais, otimização do espaço dentro da célula, excesso de embalagens, falta de identificação dos materiais de processos, e ferramentas utilizadas na manutenção dos Robôs e difícil acesso para realizar manutenção nos equipamentos. Outro ponto a ser considerado foi a melhora da iluminação nos postos de trabalho, agregando qualidade nos produtos produzidos com inspeção no próprio posto. Durante uma semana gestores e colaboradores mudaram seu foco para a melhoria continua, organizando o fluxo de materiais na célula, redefinindo o tamanho dos lotes e componentes, eliminando o transbordo de alguns componentes, transbordo este que ocorria antes de ser encaminhados para solda. Como resultado deste projeto ficaram visíveis dois principais pontos: 1° - o tempo desperdiçado com o embalamento, identificação e transporte de materiais foram eliminados; 2°- ouve a redução do led time no produto onde se pode obter ganho em produtividade. Adm-28 | Empowerment. Fracasso ou Sucesso de Uma Organização? Autor: Marcelo Souza da Silva [email protected] E-mail: Co-autor: Fernanda da Silva Cunha Co-autor: Luciani Coimbra Fagundes Co-autor: Lisiane da Silva Ferreira Orientador: Diego Augusto de Jesus Pacheco Palavras-Chave: Empowerment; Ferramenta de Gestão Resumo: Muitas empresas assistem seu capital intelectual, desperdiçado, migrar para o mercado e empresas concorrentes, devido a desmotivação do colaborador. Para evitar estas desmotivações e perda de participação dos colaboradores dentro da organização, foi criada uma ferramenta de gestão, o "empowerment". Empowerment nada mais é do que dar a todos os seus Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca colaboradores o poder de decidir importantes questões da organização. Após aplicação de um survey, com amostragem de 100% em uma empresa multinacional, obteve-se os mais diversos resultados, conforme cada etapa de implementação da ferramenta foi os resultados. O objetivo deste artigo é apresentar as primordiais etapas de implementação da ferramenta empowerment e mostrar onde estão os erros que a organização estudada obteve, que desmotivou seus funcionários, gerou altos custos e perdas para a empresa. Outro resultado foram as diversas situações constrangedoras para a organização que poderiam ser evitadas se antes aplicada tal ferramenta de gestão. Adm-30 | Plano de Marketing Autor: Carla Alves de Oliveira E-mail: [email protected] Co-autor: Sandro Wladimir Baumhardt Co-autor: Claudia Bierhals Co-autor: Izabel Haito Co-autor: TATIANE LAWALL BERNARDES Orientador: Ricardo Muniz Palavras-Chave: Marketing - Análise de SWOT - Estratégia Resumo: A área de marketing, juntamente com as áreas de Produção, Financeiro e RH da empresa HHOBB Indústria Moveleira Ltda, vem por meio desta, apresentar seu Plano de Marketing. O presente Plano pretende criar subsídios que permitam o alcance de suas metas, de modo a superar as expectativas de seus clientes. A empresa possui sede na região Sul e atua no ramo moveleiro. Sua marca traz duas cadeiras simbolizando a letra “H” e as demais insinuando assentos. Para a elaboração do presente plano foi necessário realizar um estudo de campo nas regiões onde a organização pretende atuar e os dados coletados apresentaram os seguintes cenários: a região denominada como II apresenta um desenvolvimento tecnológico grande, com hábitos de consumo que variam de acordo com a moda do momento, composta por jovens e apresentando grande concentração de instituições de ensino. Já a região denominada como III possui uma população conservadora, que apresenta elevada e contínua expansão, onde observa-se Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca que o nível econômico é bastante elevado e o comércio é muito desenvolvido. Com base nestes dois cenários, optou-se pela região II para direcionar as ações que resultem em forte atuação e a região III para alcançar a liderança de mercado. A empresa possui três módulos fabris (capacidade produtiva de 1380 unidades), possuindo uma expectativa de vender no mínimo 85% da quantidade produzida e visando um aumento gradativo deste percentual de modo a alcançar um patamar de vendas que a posicione entre as primeiras no ranking de atuação, no que tange a fabricação de cadeiras de madeira. Sua posição perante o mercado trata-se de “mais por mais”, apresentando produtos que oferecem qualidade e durabilidade, além de estilo diferenciado. O preço é determinado por três fatores: custo total da empresa, o quanto o mercado está disposto a pagar e a forma como a concorrência trabalha. Com base no Ciclo PDCA, na etapa relativa a controle da qualidade de seus produtos, a HHOBB pretende implantar um plano de comunicação, monitorando a satisfação de seus clientes. A análise SWOT, realizada com base nos resultados obtidos, possibilitou a elaboração de um plano de melhorias. As informações geradas pelo SIM (Sistema de Informação de Marketing) são avaliadas e direcionadas ao responsável da área, proporcionando condições seguras para tomada de decisão. Os benefícios desse sistema podem ser evidenciados a partir do crescimento que apresentam: valor agregado aos produtos, maior eficiência no atendimento e uma administração mais segura, trazendo vantagens competitivas. Os gestores de Marketing reconhecem a importância de elaborar um Plano, gerindo ferramentas de apoio à tomada de decisão não medindo esforços no que tange a confiabilidade dos dados coletados, analisados e apresentados no presente Plano. É fato que, a presidência e seus diretores acreditam que a partir da implantação deste plano, a HHOBB atingirá o retorno de seus investimentos em curto prazo. Em suma, o presente artigo pretende servir de base para outros trabalhos que objetivam a elaboração de um Plano de Marketing, bem como, contribuir para o bom andamento dos negócios da HHOBB. Adm-31 | GM Brasil - Segmentação do mercado automobilístico Autor: Jéssica Machado Pinto Co-autor: Renato Souza Pinto Co-autor: Douglas Souza da Silva E-mail: : [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: Bruna Rahde Teixeira Co-autor: Juliana Gilgen Roliano Co-autor: Carla Veridiana da Silva Pinto Orientador: Alexandre dos Santos Garcia Palavras-Chave: GM Brasil; Segmentação de mercado; inovação. Resumo: Este artigo pretende, através de pesquisa em fontes secundárias, evidenciar quais os benefícios e as formas de se segmentar mercado, usando como exemplo o case de uma das maiores montadoras do mundo. Para tanto, falará sobre a força da GM Brasil no cenário mundial onde esta atualmente em 3° lugar dentro da GM global, tendo como objetivo principal atender as particularidades de cada consumidor através da inovação de seus produtos. Atualmente seu portifólio conta com 20 modelos, cada veículo tem como objetivo conquistar um público alvo, uma das estratégias visa posicionar sua linha dentro de um faixa mais ampla e diversificada de clientes. A GM Brasil possui diversas segmentações, pois além de sua variedade de produtos consegue também, por exemplo, conquistar clientes pelo preço, conforto e diversas diferenciações entre eles. Com um mercado cada vez mais competitivo os clientes ficam mais informados e exigentes obrigando a GM a lançar carros para atender grupos específicos, com isso a GM Brasil busca entender seus clientes e trabalhar em diferentes áreas segundo seus valores. Com 3,5 milhões de veículos vendidos por ano no cenário global, com participação em 130 países esta em 4º lugar em seu segmento, com destaque para a América Latina que levou a criação da GM América do Sul, que rendeu com a estratégia de marketing mais bem sucedida do mundo inteiro. Não basta ser líder no mercado, importa também o peso da marca e sua confiança. Adm-32 | Estudo do processo de lançamento da linha de fotoprotetores No Red Autor: Silvia Lucinda do Santos Co-autor: Robson Terra Souza Co-autor: Mariana de Souza Vieira Co-autor: Ana Lucia Alves Madruga E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: Carolina Barcelos dos Santos Silva Orientador: Alexandre Garcia Palavras-Chave: marketing, mercado, posicionamento. Resumo: Este trabalho teve como estudo o processo para a implementação e lançamento no mercado de novos produtos, na continuidade da linha de fotoprotetores, marca própria de nome “No Red” da Ação Magistral, uma associação de farmácias de manipulação. O artigo, baseado no processo do projeto dos produtos, procurou abordar a segmentação, posicionamento de mercado e composto de marketing, descritos conceitualmente. Por meio da entrevista explicativa junto aos gestores na associação, procurou-se relacionar a criação dos novos produtos através da necessidade de novos conceitos. O consenso abordado nas opiniões relatadas na entrevista identifica a necessidade de ampliação da linha de fotoprotetores baseados nos produtos existentes e as expectativas de aceitação dos produtos no mercado. Para atingir o resultado positivo deste novo conceito da linha, a associação trabalha em paralelo com a comunicação visual (embalagens) dos produtos assim como a estratégia de marketing a ser implantada para atingir o público alvo. Seguindo assim as etapas para a conclusão do projeto. Adm-34 | Planejamento de Negócios Autor: Amanda Cristina dos Santos Morosini E-mail: [email protected] Co-autor: Juliana Torres Muller Co-autor: Lisiane da Silva Ferreira Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Planejamento de Negocios Resumo: A finalidade deste trabalho é demonstar como é elaborado um planejamento de negócios, mostrando as empresas p melhor caminho ao sucesso. Adm-36 | PLANO DE MARKETING DA EMPRESA CADEIRART: UM MODELO PARA AS PEQUENAS EMPRESAS Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Autor: Marileia Silveira da Silva E-mail: [email protected] Co-autor: Ana Cristina de Souza Valnier Co-autor: Mauro Luis Voltz Co-autor: Marelino Alves Pereira Co-autor: Mauricio Rafael Orientador: Ricardo Muniz Muccillo da Silva Palavras-Chave: Plano de marketing; Cenário Econômico; Diferencial competitivo. Resumo: No atual cenário econômico onde se encontra a empresa Cadeirart, a concorrência exige a procura por cadeiras de melhor qualidade e que se destacam no mercado, bem como a busca pelo desenvolvimento de novos modelos. Foi pensando nisso, que a Cadeirart busca um mercado com oportunidades de crescimento e de parcerias comerciais, pretendendo ser líder de mercado de uma região com grande desenvolvimento tecnológico, onde os hábitos de consumo variam conforme a moda e tem um público jovem predominante, também onde se concentram as maiores instituições de ensino. A empresa busca ter forte atuação em outra região conhecida pela sua população “bairrista” e conservadora, que está em franca expansão e se configura como a mais nova entre as regiões, ela também possui um nível econômico bom e apresenta bastantes pontos de comércio. Com base na pesquisa realizada através de Livros, Revistas e Artigos de Internet, a Cadeirart vislumbrou uma grande oportunidade de se destacar dentre as demais empresas do mesmo ramo de cadeiras de madeira, apesar de estar em um mercado extremamente competitivo, a Cadeirart tem um bom relacionamento com seus clientes e fornecedores, caracterizando-se por sua variedade de modelos e cores. Este plano de marketing tem o objetivo de orientar a empresa na elaboração de ações detalhadas e direcionadas ao seu mercado de atuação que possibilita a captação de novos clientes, o aumento das vendas e da lucratividade do negócio. Este plano de gestão será regularmente utilizado e atualizado, pois permitirá analisar o mercado, adaptando-se as suas constantes mudanças e identificando tendências. Por meio dele, serão definidos os resultados a serem alcançados e a formulação de ações para atingir a competitividade. Primeiramente, vamos conhecer a empresa e o seu mercado de atuação, onde será traçado o perfil do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca consumidor, as decisões tomadas pelos dirigentes com relação aos objetivos e metas, as ações de divulgação e comunicação, o preço, a distribuição, a localização do ponto de venda, os produtos e serviços adequados ao seu mercado, ou seja, todas as ações necessárias para o sucesso de seu negócio. O produto chegará ao mercado com preços acessíveis, mas o que o tornará mais competitivo será a sua qualidade, o seu conforto, o seu design moderno, as suas cores diversas e a embalagem, já que a concorrência não possui grandes investimentos nesses aspectos. A divulgação do produto será feita através de propagandas veiculadas pela Internet, Revistas e Jornais com grande circulação, utilizando a imagem de belíssimas cadeiras. Usando estas estratégias será possível o atendimento da demanda, gerando um grande diferencial competitivo, fazendo com que o produto chegue ao cliente com qualidade e rapidez, satisfazendo as suas necessidades. O presente estudo tem a finalidade de demonstrar como será realizada a inserção da empresa Cadeirart no mercado de cadeiras de madeira, bem como sua aceitação pelo consumidor. Como já existem nessas regiões grandes empresas neste segmento, isso estimulará a busca por novas alternativas que destaque o produto Cadeirart, tornando-o ainda mais competitivo. Adm-37 | CADEIRART – UMA EMPRESA COM PENSAMENTO SUSTENTAVEL: UM MODELO PARA PEQUENAS EMPRESAS Autor: Marileia Silveira da Silva E-mail: [email protected] Co-autor: Ana Cristina de Souza Valnier Co-autor: Mauro Luis Voltz Co-autor: Marelino Alves Pereira Co-autor: Mauricio Rafael Orientador: Ricardo Muniz Muccillo da Silva Palavras-Chave: Sustentabilidade; Preservação Ambiental; Aproveitamento de Resíduos. Resumo: A preservação do meio ambiente dentro das empresas está recebendo cada vez mais relevância no âmbito mundial, pretendendo garantir qualidade de vida para esta e futuras gerações. Foi pensando nisso, que a empresa Cadeirart Indústria e Comércio de Cadeiras Ltda., já percebendo que Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca precisaria melhorar o seu desempenho ambiental, através de modificações em seus processos produtivos, com a adoção de tecnologias limpas, desenvolveu um projeto de sustentabilidade que obedecesse aos quatro requisitos básicos: ser ecologicamente correto; ser economicamente viável; ser socialmente justo e ser culturalmente aceito. Desenvolveu novos produtos sustentáveis, estudando o uso de resíduos da madeira utilizada na fabricação de suas cadeiras para a composição de blocos de concretos na construção civil das regiões onde atua. A serragem formada durante a fabricação das cadeiras é aproveitada como matéria-prima para a concretagem em obras de alvenaria, esse processo torna o concreto mais resistente às variações de temperatura e reduz consideravelmente o peso dele, diminuindo os riscos decorridos de excesso de pesagem. As lascas de madeira também são reutilizadas na fabricação de pallets recicláveis. A empresa apresenta uma proposta diferente, além de pensar na sustentabilidade ela está realizando a inclusão social convidando membros da sociedade a participar de visitas internas a fabrica e assim ter a oportunidade de conhecer os processos e conferirem a destinação dada aos resíduos originados no processo fabril. Esses cidadãos são parte de uma cooperativa que está construindo casas em convênio com a prefeitura da cidade para a comunidade carente. A empresa acredita que desta forma está agregando valor à sua marca. O relacionamento com seus stakeholder’s são de extrema importância nesta fase de expansão pelo qual a empresa está passando. Diante da diversidade de concorrentes de produtos similares que sua região de instalação apresenta esta preocupação com o meio-ambiente e com a sociedade torna-se uma grande vantagem competitiva e um diferencial para a Cadeirart. Adm-46 | Consumo de Bebida Energética entre Alunos de Administração e Comércio Exterior Autor: Tatiana Pain Co-autor: Eduardo Lopes Co-autor: Antonio Brittes Co-autor: RICARDO FELIPE MULLER Co-autor: Fernanda Majewski Orientador: Evaldo Reis Furtado Júnior E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Palavras-Chave: Bebidas Energéticas; Estudantes Resumo: Foi realizada uma pesquisa para avaliar o consumo de bebidas energéticas em uma amostra de alunos graduandos dos cursos de Administração e Comércio Exterior da Faculdade Cesuca, localizada em Cachoeirinha, região metropolitana, no estado do Rio Grande do Sul, dentre estes 100 cursam administração e 100 cursam Comércio Exterior. Este estudo descritivo objetivou caracterizar o padrão de consumo de bebidas energéticas utilizando um questionário auto-aplicável (dados sócio-demográficos e caracterização do consumo). Variáveis associadas ao consumo: curso, faixa etária, sexo, por quer consume ou consumiu. Padrão de consumo: 87% já consumiram algum tipo de bebida energética, os que responderam que nunca consumiram foram orientados a não concluírem o preenchimento da pesquisa, sendo assim apenas 175 alunos continuaram a preencher o questionário, destes 45,71% possuem uma marca favorita, dentre elas destacam-se Red Bull, Bali, Fuston, Nitrix, Monster e Fire Night, sendo que o energético predileto de 56,25% dos que possuem uma marca preferida é o Red Bull. Apenas 9,14% responderam que utilizam o energético para estudar, 10,86% para realizar atividades físicas, 36% para amenizar o sono e 44% para misturar com bebidas alcoólicas. Apenas 16,57% não sentiram nenhum efeito, diferente de 83,43% que sentiram diferentes reações ao uso da bebida, destacando-se 63,33% sentiram disposição, um dos efeitos prometidos por todos os fabricantes. Apenas 2,86% não consumiriam o produto novamente e 71,43% raramente o consomem, 57,14% avaliam o preço na hora da compra e para 42,86 este não é um requisito na hora da escolha. 100% dos que consomem o produto não se consideram dependentes. CONCLUSÃO: o consumo de energéticos parece estar ligado ao consumo de bebida alcoólica. Adm-47 | Redes Associativas e sua segmentação de mercado Autor: Daniela Krone Dominski E-mail: [email protected] Co-autor: Tainá Ferrari Orientador: Alexandre Garcia Palavras-Chave: Público alvo; redes associativas; segmentação de mercado Resumo: Através deste estudo viemos apresentar empresas que buscam atuar de forma unida e associada, com o intuito de ganhar vantagens nas negociações em conjunto com as demais empresas que tenham o mesmo Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca objetivo, agregando valor aos produtos e serviços em benefício de seus clientes. Desta forma as redes associativas atuam na segmentação de mercado socioeconômico visando atender seu publico alvo que neste caso são as classes C, D e E. As empresas ganham na competitividade e no compartilhamento, pressuposto da união de pequenas e médias organizações em rede, onde a união faz a força. Destaca-se, que as redes são formadas com o intuito de obter força no mercado globalizado. Nesse sentido, este artigo procurou discorrer sobre segmento de diferenciação tomando por base a Rede Unimax de Supermercados, situada no Rio Grande do Sul. Assim, observa-se que as organizações pesquisadas, pequenos e médios supermercados, por meio da união em rede e da colaboração no gerenciamento de suas atividades, obtiveram maiores ganhos organizacionais, agregando valor às diferentes atividades efetuadas. Adm-48 | WAREHOUSE MANAGEMENT SYSTEM (WMS) Autor: Zeli Fernandes E-mail: [email protected] Co-autor: Daiane da Silva Schultz Co-autor: Gisele Luiz Co-autor: Katiana Conceição Orientador: Leticia Martins Palavras-Chave: WMS, armazenagem, tecnologia Resumo: Atualmente a área logística passa por modificações tecnológicas, ferramnetas desenvolvidas exclusivamente para o controle de armazéns e depósitos auxiliam no processo logístico de forma a alavancar o seu potencial competitivo. As empresas que apresentam um diferencial no atendimento ao cliente como rapidez e eficiência, absorvem uma fatia maior do mercado. Para alcançar este patamar investem em sistemas que permitem um controle total de seus processos. O WMS é um sistema desenvolvido para auxiliar este controle, automatizando o gerenciamento de armazens e a movimentação de mercadorias. Adm-60 | Alianças Estratégicas - Case Marcopolo Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Autor: Andre Henrrique Czupriniak E-mail: [email protected] Co-autor: Renata de Assis Bierhals Orientador: Leticia Martins Palavras-Chave: aliança estratégica, logística, comércio exterior Resumo: Cada dia que passa, vem ascendendo as alianças estratégicas (também conhecidas como parcerias) entre as organizações. A definição de alianças estratégicas é a junção de duas ou mais empresas com um único objetivo. Esta junção pode acontecer de diversos modos e também não tem um tempo certo para que esta meta seja alcançada, porém, para que esta aliança seja bem sucedida, é fundamental que ambas as partes possuam intenções estratégicas harmonizáveis, declaradas explicitamente e estabelecidas desde o início. As empresas brasileiras passam por uma dificuldade muito grande na hora de aumentar as exportações dos produtos de maior valor agregados. A Marcopolo empresa de sucesso no mercado mundial é um raro caso que com base em pesquisas iremos entender o motivo pelo qual é uma empresa de grande nome no mercado nacional e internacional. O presente artigo tem como objetivo fazer uma analise teórica das alianças estratégicas realizadas pela empresa Marcopolo, de Caxias do Sul/RS, tendo por base alguns estudos já realizados anteriormente, buscando com isso a demonstração de que a utilização de mecanismos comerciais para formação de parcerias com outras empresas pode ser de fundamental importância na conquista de novos mercados, através da sinergia das operações comerciais e de logística integradas. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca CIÊNCIAS CONTÁBEIS CC-5 | Lucro Presumido e Lucro Real Autor: Juliani Killes Jaques E-mail: [email protected] Co-autor: Nádia Dimer Ferreira Co-autor: Nátila da Rosa Marchi Co-autor: Francieli Brand Co-autor: Bruna Bender Contino Co-autor: Vanessa Svenson Barros Co-autor: Karen Locateli Otazú Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Lucro Resumo: Importante decisão tributária deve ser efetivada, anualmente, pelos administradores empresariais, relativamente às opções: Lucro Real ou Lucro Presumido. Como a legislação não permite mudança de sistemática no mesmo exercício, a opção por uma das modalidades será definitiva. Se a decisão for equivocada, ela terá efeito no ano todo. A opção é definida no primeiro pagamento do imposto (que normalmente é recolhido em fevereiro de cada ano). Lucro real anual por estimativa: No lucro real anual por estimativa, a empresa pode recolher os tributos mensalmente calculados com base no faturamento, de acordo com percentuais sobre as atividades, aplicando-se a alíquota do IRPJ e da CSLL, de forma semelhante ao Lucro Presumido. Nesta opção, a vantagem é a possibilidade de levantar balanços ou balancetes mensais, reduzindo ou suspendendo-se o valor do recolhimento, caso o lucro real apurado for efetivamente menor que a base presumida. No final do ano, a empresa levanta o balanço anual e apura o lucro real no exercício, ajustando o valor dos tributos ao seu resultado real. Lucro real trimestral: No lucro real trimestral, o IRPJ e a CSLL são calculados com base no balanço apurado no final de cada trimestre civil. Nesta modalidade, o lucro real do trimestre não se soma ao prejuízo fiscal de trimestres seguintes, ainda que dentro do mesmo ano-calendário. O prejuízo fiscal de um trimestre só poderá deduzir até o limite Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca de 30% do lucro real dos trimestres seguintes. Essa pode ser uma boa opção para empresas com lucros lineares. Mas para as empresas com picos de faturamento, durante o exercício, a opção pelo Lucro Real anual pode ser mais vantajosa porque poderá suspender ou reduzir o pagamento do IRPJ e da CSLL, quando os balancetes apontarem lucro real menor que o estimado. Outra vantagem é que o prejuízo apurado no próprio ano pode ser compensado integralmente com lucros do exercício. Lucro Presumido: O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real. O IRPJ e CSLL pelo Lucro Presumido são apurados trimestralmente. A alíquota de cada tributo (15% IRPJ e 9% da CSLL) incide sobre receitas com base em percentual de presunção variável (1,6% a 32% do faturamento, dependendo da atividade). Há alguns tipos de receita que entram direto no resultado tributável, como ganhos de capital. Mas nem todas as empresas podem optar pelo lucro presumido, pois há restrições relativas ao objeto social e o faturamento. O limite da receita bruta para poder optar pelo lucro presumido é de até R$ 48 milhões da receita bruta total, no ano-calendário anterior. Esta modalidade de tributação pode ser vantajosa para empresas com margens de lucratividade superior CC-6 | Fusão Itaú e Unibanco Autor: Simone Santos Consul E-mail: : [email protected] Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Fusão Resumo: Fusão Itaú e Unibanco No Dia 03/11/2008 Os bancos brasileiros Unibanco e Itaú anunciaram que se unirão para formar um conglomerado com valor de mercado entre os 20 maiores do mundo. O novo banco deverá ser o maior do hemisfério sul, segundo comunicado oficial do banco Itaú. Os controladores da Itaúsa e Unibanco constituirão uma holding em modelo de governança compartilhada. O Conselho de Administração será presidido por Pedro Moreira Salles (atual Unibanco) e o presidente-executivo será Roberto Egydio Setubal (atual Itaú). O anúncio foi feito com base em uma negociação de mais de um ano. Segundo o Itaú e o Unibanco, com a fusão dos dois bancos serão aproximadamente 4.800 agências e postos de atendimento (representando 18% da rede bancária) e 14,5 milhões de clientes de conta corrente (18% do mercado). Em volume de crédito, representará 19% do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca sistema brasileiro, e em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21%. Mercado de ações As ações ordinárias do Unibanco e da Unibanco Holdings serão substituídas por ações ordinárias da Itaú Unibanco Holding. Cada 1,1797 ação das duas empresas virará 1 ação da Itaú Unibanco Holding. Já cada 1,7391 ação Unit do Unibanco passará a valer 1 ação preferencial. Por sua vez, cada 3,4782 ações preferenciais do Unibanco e da Unibanco Holdings valerão 1 preferencial da nova empresa. Conforme comunicado enviado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde os dois bancos têm ações negociadas, a associação contemplará reorganização societária, que resultará na migração dos atuais acionistas do Unibanco Holdings S.A. e Unibanco - União de Bancos Brasileiros S.A., mediante incorporações de ações, para uma companhia aberta, a ser denominada Itaú Unibanco Holding S.A., atual Banco Itaú Holding Financeira S.A., cujo controle será compartilhado entre a Itaúsa – Investimentos Itaú S.A. e os controladores da Unibanco. -Em 2010 a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou a proposta para suspensão de processos administrativos contra executivos do Itaú Unibanco. Os processos serão extintos após o cumprimento das obrigações assumidas. Roberto Egydio Setúbal, diretor presidente e vicepresidente do Conselho de Administração do Itaú Holding Financeira, apresentaram proposta de pagamento de R$ 267,6 mil à CVM, que equivale ao dobro do ganho potencial obtido nas operações questionadas - aquisição de 40 mil ações preferenciais do holding Itaúsa, antes da divulgação do fato relevante da fusão do Itaú e Unibanco, em 3 de novembro de 2008. Os administradores do Unibanco Pedro Moreira Salles, Israel Vainboim e Franciso Eduardo de Almeida Pinto propuseram pagamento à CVM no valor de R$ 150 mil cada um. Os três aprovaram, em 24 de outubro de 2008, aumento de limite de recompra de ações CC-7 | AVP - Ajuste a Valor Presente Autor: Nádia Dimer Ferreira Co-autor: Christian Vieira da Rocha Co-autor: Andressa Mello Otto Co-autor: Renan Stangherlin Co-autor: Vanessa Svenson Barros Co-autor: Eliane Silva Imperatori Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Orientador: Lindomar Junior Fonseca Alves Palavras-Chave: Ajuste a Valor Presente Resumo: Este trabalho objetiva trazer um enfoque ao (AVP) Ajuste a Valor Presente, de forma a expor esclarecimentos para aplicabilidade do conceito na prática contábil. A escolha do tema ocorreu devido a sua importância e complexidade, especialmente no que tange o novo tratamento dispensado as operações com juros implícitos, prática comum na esfera brasileira. A pesquisa irá ser realizada pelo método descritivo, baseando-se na literatura disponível e na legislação vigente do meio contábil. O surgimento do conceito de AVP contribuiu significativamente para a melhoria na qualidade das demonstrações contábeis e o advento da NBC T l9.4l estende a obrigatoriedade a todas as empresas de pequeno e médio porte do país. Dessa forma, difunde rapidamente a harmonização contábil aos padrões internacionais e reforça o conceito adaptando-o a realidade atual do país. CC-8 | Empresas Holding Autor: MARCELLE THIESEN SANTANA E-mail: [email protected] Co-autor: TIELLI THIESEN TIDRA Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Holding - grupos econômicos - sociedade Resumo: O objetivo dessas empresas normalmente é evitar a concentração de todo o capital em uma única empresa. Holding é uma empresa criada com a finalidade de participar de outras empresas, passando a controlá-las. Para ser considerada uma empresa Holding não basta estar escrito no seu contrato social que ela pode participar de outras empresas, mas ela deverá controlar um grupo de empresas se beneficiando de sua estrutura econômica para isso. Podem ser constituídas sob a forma de Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações. A principal característica de uma holding é ter seu patrimônio investido em ações de outras sociedades. Diferenciam-se das outras empresas por investirem pelo caráter de permanência e não apenas em curto prazo que visam lucros. Segundo o § 3º, do art. 2º da Lei da S.A, existem dois tipos de empresas holding. A holding Pura, quando seu objetivo social consta somente a participação no capital de outras sociedades. E a holding Mista, quando além da participação, ela também explora alguma atividade empresarial. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Existem vantagens e desvantagens para se criar uma empresa holding. Podese dizer que quando uma holding é bem administrada, isso possibilita uma gestão integrada e menos custosa para várias empresas simultaneamente. Já como desvantagem, devido à regulamentação rígida quanto a este tipo de empresa, há uma maior carga tributária incidente sobre os rendimentos auferidos e as vendas de participações. As empresas holding não são a solução para todos os problemas de controle empresarial de uma sociedade. Se for mal administrada, pode ocasionar custos desnecessários, gerando prejuízo para a organização. Para ser constituída uma empresa holding deverá ser analisada a conveniência de cada caso. Cabe aos investidores da empresa decidirem se será favorável ou não ao grupo. No mundo globalizado em que vivemos hoje, surgem cada vez mais os grupos econômicos. Dentro desses grupos estão as empresas holding, que são cada vez mais comuns atualmente. CC-10 | Substituição Tributária Autor: Roger de Carvalho Ferreira Martins Co-autor: Lucas Felipe Apollo Poletti Co-autor: Bruno Vargas Machado Co-autor: Ederson dos Santos Herbstrith Orientador: Arno Uszack Palavras-Chave: ICMS ST Resumo: A pesquisa tem como objetivo principal conceituar e determinar a finalidade e os motivos pelos quais foi criado este método de tributação, enfatizando as vantagens de utiliza-lo, que tipo de empresa se utiliza deste método desta forma identificando o substituído e o substituto da tributação. De forma clara e objetiva para que possa ser facilmente assimilado por leitores de outras áreas afins que tem dificuldade de assimilar a linguagem contábil, procuramos através do apoio a literatura desenvolver está pesquisa de facil manuseio, pois a substituição tributaria do ICMS está presente nas empresas e precisa ser demonstrado pois pode afetar diretamente os resultados de uma empresa. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca CC-13 | Não existe minuto grátis Autor: Cleber Bittencourt Lacerda E-mail: [email protected] Orientador: Beatriz Petrella Palavras-Chave: Limitada = Ilimitada? Resumo: Comerciais de TV de operadoras de telefonia celular são simples e bonitos – fáceis de entender. Nas letrinhas miúdas do contrato, contudo, até a palavra ‘‘ limitada’’ ganha conotações bem limitadas. Pouca gente consegue avaliar seu perfil ao celular. Uns falam muito, mas acham que falam pouco. Outros, vice-versa. Toda noite na TV, a dois ou três comercias de telefonia celular em horário nobre, e às vezes até mais. Cada operadora de telefonia celular oferece uma vantagem melhor que a outar, assim parece. Mas se uma pessoa examinar os contratos com cuidado ficará surpreso ao descobrir: por mais vantajoso que pareça a promoção, a operadora nunca perde. Mas, na propaganda de TV e folhetos promocionais, a operado só destaca os aspectos mais vantajosos do contrato. Quanto aos outros aspectos cabe ao cliente ler o contrato com atenção, traduzir os termos técnicos e montar as fórmulas. Em geral, se mesmo assim você gostou da promoção e comprou um celular a prestação (para pagar em uma ano), talvez seis meses depois da compra vocês seja obrigado a pegar mais do que espera porque a promoção acaba de repente. Em razão da nova legislação brasileira as operadoras são obrigadas a fornecer ao cliente um perfil detalhado do uso do celular, caso o cliente e peça um, e insista. Todas as contas variam muito conforme o número de torpedos e o tráfego de dados. Usa-se telefone celular para visitar a página dos amigos no Facebook, por exemplo, transmite- se uns 500 quilobytes todas a vez que se conectar ao Facebook – só para baixar as fotos com o rosto dos amigos, além de outras fotos. Precisa-se tomar muito cuidado com o jeito como as operadoras tarifam cada chamada Oi e TIM, por exemplo, cobram uma taxa fixa por ligação, não importa a duração da ligação, caso o cliente use uma celular Oi para ligar para outro celular Oi (ou de TIM para TIM). Visto que esse esquema soa muito vantajoso, ele aparecem em tudo quanto é comercial de TV, de rádio e de jornal. Você tem como fazer as contas de vagar, usando seu próprio perfil como base de cálculo. É o único jeito. Os cálculos variam conforme, por exemplo, o tipo de celular escolhido ou o número de minutos ‘’grátis’’. A conta mensal de um plano com 2000 minutos incluídos fica bem mais cara que a conta de um plano com 100 minutos, embora o custo por minuto bem mais baixo no plano de 2000 minutos. (Se uma pessoa fala 2000 minutos por mês mas tem uma plano de 100 minutos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca joga-se muito dinheiro fora). Os dois valores citados no artigo ficaram próximos uma do outro, mas a diferença entre eles é de R$1680,00 em 30 anos. CC-14 | Vantagens e desvantagens dos principais Métodos de Custeio Autor: Andressa do Amaral Tomaz E-mail: [email protected] Co-autor: Danielle Schmidt da Conceição Co-autor: Aline Rolin da Silva Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Métodos de Custeio Resumo: Este trabalho tem como objetivo demonstrar as diferenças do resultado da empresa com cada um dos métodos de custeio. Analisando as vantagens e desvantagens de cada um concluindo qual o melhor método para obter um maior lucro. Calcularemos estes métodos de custeio com base em gastos da empresa Padaria MasterPan situada em Canoas. Esta possui dez funcionários. Os produtos que serão utilizados para mensuração do custo unitário são: Pão Francês e Doce, produzidos e comercializados pela mesma. São vendidos por dia 3000 pães Francês e 800 pães doce, ambos são vendidos por R$ 5,30 o kg (quilo). As matérias primas utilizadas para a fabricação são: farinha, sal, açúcar, fermento, reforçador de massa, água e gelo. Nossos cálculos serão baseados na produção mensal. Considerando que o custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos envolvidos na produção de bens ou serviços prestados sejam eles diretos, indiretos, fixos e variáveis. Este método atende aos princípios fundamentais da contabilidade aceitos no Brasil. Portanto a empresa que não adotar o mesmo deverá obrigatoriamente no final do exercício fazer ajustes para o enquadramento fiscal. O método de custeio por absorção tem como a principal vantagem que não é preciso fazer nenhum ajuste, pois esta ao contrário do método de custeio variável está enquadrada, pode ser menos custoso, pois não necessita de separação dos custos fixo dos variáveis e através desse método podemos obter um custo mais preciso. E a principal desvantagem deste custo e que está na elaboração do preço de venda sem a real margem de contribuição resultando num preço de venda menos eficiente. E o método de custeio direto (variável), somente os gastos variáveis são apurados nos custos das vendas e os custos fixos são considerados diretamente no Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca resultado do exercício, este método é muito eficiente nas tomadas de decisões gerenciais em curto prazo, mas a utilização deste custo implica na restrição fiscal e legal. O custo variável se destaca, pois tem maior facilidade de encontrar a margem de contribuição de cada produto e a geração de informações para administração quando necessita saber quais produtos são mais rentáveis. E a principal desvantagem é a exclusão dos custos fixos onde ocasiona uma grande variação, assim impactando significativamente no resultado de um período. De maneira geral o custeamento variável e utilizado para tomadas de decisões em curto prazo que pode prejudicar a continuidade da empresa em um projeto em longo prazo. No método de custeio ABC, são considerados para apuração do custo unitário, os custos efetivos (fixos ou variáveis), assim como as despesas incorridas durante o processo produtivo. Este método tem como principal vantagem, a formação de um preço de venda justo, pois são considerados todos os gastos do período. Analisando os resultados apurados dos três métodos, o que demostrou maior lucro, foi o método de custeio ABC, apesar de não ser aceito pela contabilidade, este método nos possibilita cobrir todos os gastos que a empresa precisa para produzir, vender e lucrar. CC-15 | Gestão estratégica de custo Autor: Roger de Carvalho Ferreira Martins Co-autor: Lucas Felipe Apollo Poletti Co-autor: Henrique da Silveira Ferrão Co-autor: Ederson dos Santos Herbstrith Orientador: Arno Uszack Palavras-Chave: custo Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo a realização da gesão esrategica de custos e a analise da cadeia de valor de uma psquisa de campo realizada com apoio teorico em literaturas e orientação do professor. Visa demonstrar atraéz de uma simples pesquisa os diferentes angulos que um unico custo pode ter afetando o custo efetivo otal e a visão estrategica onde se compara com o custo beneficio, para que possamos concluir qual o melhor custo de acordo com o nivel de qualidade e o objetivo da instituição. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca CC-16 | Despesa com Pessoal de Acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal Autor: Henrique da Silveira Ferrão Orientador: Tarcísio Neves da Fontoura Palavras-Chave: Receita, Responsabilidade, Fiscal. Resumo: De acordo com o Artº 18 da Lei de Responsabilidade Fiscal entendese como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. O gasto com pessoal é quase a metade da Receita Líquida Corrente dos Órgãos governamentais, nos Municípios e nos Estados passa da metade, isto representa que a arrecadação dos órgãos tem que ser o suficiente o bastante para cobrir os gastos nesta porcentagem para os Administradores Públicos conseguirem cumprir com LRF. A porcentagem destinada da Receita Corrente Líquida para cada Município é de 60%, como determina a LRF, sendo que destes, 54% é destinado ao Executivo e 6% ao Legislativo. O gasto com pessoal é excessivo, é de uma porcentagem muito grande, fazendo com que assim sobre menos verba para a realização de benfeitorias para a população. Os gestores públicos estão cientes de que existem determinados limites legais para essas despesas e que tais limites podem impedir ou dificultar a expansão da força de trabalho do setor público. Mas são poucos os gestores públicos que tem dimensão da real despesa com pessoal no ente que atuam. CC-17 | COR DO BOTIJÃO DE GÁS PARA RESIDÊNCIA “P13” Autor: Michelly Fraga Neuhaus E-mail: [email protected] Co-autor: Cléo Augusto Marion de Souza Orientador: Marcelo Becker Palavras-Chave: botijão de gás, cores, pesquisa Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Resumo: Este estudo visa pesquisar qual o destaque que há em relação ao botijão de gás utilizado em residências, o P13, pois o mesmo é disponível no mercado sob cinco cores diferentes, sendo elas: prata, chumbo, dourado, verde e azul. As quais, por vezes são desconhecidas das pessoas que compram para utilização doméstica. Por isso, com essa pesquisa queremos demonstrar o tamanho da população que conhece essas diversas cores e, se a cor do botijão influencia na hora da compra deste produto que faz parte do dia-a-dia das famílias no mundo todo. CC-19 | NAF - Núcleo de Apoio Fiscal Autor: Jaqueline Winkler E-mail: [email protected] Co-autor: Lucas Felipe Apollo Poletti Co-autor: Bruno Vargas Machado Co-autor: Cristiane da Silva Hoffmann Orientador: Guilherme Pressi Palavras-Chave: NAF Resumo: Texto do Banner que seria o objetivo do NAF: Um trabalho executado em parceria com a Receita Federal, no qual a medida que se difunde o conhecimento, também é prestado atendimento comunitário com serviços contábeis. A comunidade ganha atendimento em questões mais básicas, os alunos recebem uma oportunidade de qualificação profissional e a instituição melhora sua avaliação institucional. CC-22 | O impacto da mensuração dos custos através dos principais Métodos de custeio Autor: Andressa do Amaral Tomaz Co-autor: Danielle Schmidt da Conceição Co-autor: Aline Rolin da Silva E-mail: : [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Métodos de Custeio Resumo: Este trabalho tem com o objetivo demonstrar as diferentes formas de mensurar o custo unitário de um produto com base nos principais métodos de custeio. Calcularemos estes com base em gastos da empresa Padaria Masterpan situada em Canoas. Esta possui dez funcionários. Os produtos que serão utilizados para mensuração do custo unitário são: Pão Francês e Doce, produzidos e comercializados pela mesma. São vendidos por dia 3000 pães Francês e 800 pães doce, ambos são vendidos por R$ 5,30 o kg (quilo). As matérias primas utilizadas para a fabricação são: farinha, sal, açúcar, fermento, reforçador de massa, água e gelo. Nossos cálculos serão baseados na produção mensal. Considerando que o custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos envolvidos na produção de bens ou serviços prestados sejam eles diretos, indiretos, fixos e variáveis. Este método atende aos princípios fundamentais da contabilidade. Portanto a empresa que não adotar o mesmo deverá obrigatoriamente no final do exercício fazer ajustes para o enquadramento fiscal. E o método de custeio direto (variável), somente os custos variáveis são considerados, e os custos fixos e as despesas são deduzidos diretamente no resultado do exercício, este método é muito eficiente nas tomadas de decisões gerenciais em curto prazo, mas a utilização deste custo implica na restrição fiscal e legal. O custo variável se destaca, pois tem maior facilidade de obter-se a margem de contribuição de cada produto e a geração de informações para administração quando necessita saber quais produtos são mais rentáveis. E a principal desvantagem é a exclusão dos custos fixos onde ocasiona uma grande variação, assim impactando significativamente na formação do custo. De maneira geral o custeamento variável é utilizado para tomadas de decisões em curto prazo que pode prejudicar a continuidade da empresa em um projeto em longo prazo. No método de custeio ABC, são considerados para apuração do custo unitário, os custos efetivos (fixos ou variáveis), assim como as despesas incorridas durante o processo produtivo. Este método tem como principal vantagem, a formação de um preço de venda justo, pois são considerados todos os gastos do período. Com base nos custos apurados, através dos três métodos, o que demostrou ser mais adequado para a formação de um preço de venda justo foi o Método ABC, pois considera todos os gastos utilizados no processo produtivo, apesar de não ser aceito pelas normas brasileiras de contabilidade, ele somente pode ser utilizado para tomadas de decisões. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca CC-24 | International Financial Reporting Satandards (IFRS) Autor: Bruna Bender Contino Co-autor: Edilaine Gomes de Brito Co-autor: Ana Paula Wannmacher da silva Co-autor: Daniela Wolfart Co-autor: Yngryt Barbosa Lemes Orientador: Lindomar Junior Fonseca Alves Palavras-Chave: DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS IFRS Resumo: Unificação dos padrões contábeis para empresas brasileiras. Todas as companhias brasileiras de capital aberto começaram elaborar as suas demonstrações financeiras consolidadas com base na International Financial Reporting Satandards (IFRS), a partir de dezembro de 2010. Esta norma torna a contabilidade brasileira conectada ao resto do mundo e é um grande passo no caminho para a maior transparência das informações financeiras e melhoria das práticas de Governança Corporativa que é um dos fatores primordiais no momento da escolha do investidor, pois quanto maior a transparência e comparabilidade das demonstrações financeiras, mais úteis elas se tornam, facilitando o processo de tomada de decisão e aumentando a confiança. Com base nisto, iremos demonstrar como estas normas estão sendo utilizadas no Brasil, bem como as principais vantagens na emissão destes relatórios através de exemplos, banners e pesquisas na área, uma vez que há também uma tendência a adoção das normas pelas pequenas e médias empresas. CC-25 | A Origem da Substituição Tributária Autor: Pricila Formolo Portinho E-mail: [email protected] Co-autor: DAIANE FORMOLO PORTINHO Orientador: Arno Palavras-Chave: ICMS, Substituição Tributária, Tributo, Recolhimento Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Resumo: A Substituição Tributária é uma forma de tributação que implica na transferência total ou parcial da responsabilidade pelo recolhimento do tributo a um integrante determinado da cadeia produtiva que não o contribuinte direto. A imposição desta obrigação de recolher o tributo por outrem é determinada por lei e no caso do ICMS regulamentada por Decreto do Governo do Estado. Este resumo tem como objetivo mostrar o início da Substituição Tributária, onde surgiu para facilitar os controles de interesse da arrecadação tributária, centrando-os em menor quantidade de sujeitos passivos, o que facilita a fiscalização. Surgindo com o Protocolo do Confaz n.° 02 de 1972, firmado pelos estados da região Norte e Nordeste, visando diminuir a elisão fiscal na circulação de farinha de trigo, cerveja, refrigerante e cana-de-açúcar, uma vez que na época, e até hoje, é complicada a tributação destes produtos no varejo, ficando muito mais fácil atribuir à responsabilidade á indústria. Com esta medida os estados aumentaram em muito a arrecadação do ICMS na circulação destes produtos, comprovando que a imposição da tributação na origem, ou seja, na fabricação ou importação dos produtos é muito mais eficaz do que fiscalizar cada elo da cadeia produtiva A sistemática da ST foi introduzida ao sistema tributário nacional através da Lei Kandir: Lei complementar n°87 de 1996, que traz a ST expressamente em seu artigo 6°: Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário a qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que assumirá a condição de substituto tributário. A metodologia utilizada foi a de pesquisa científica através de literatura específica no assunto em que está sendo discutido. O resultado da sistemática Substituição Tributária visa conter a elisão fiscal comum em mercadoria vendida em grandes quantidades em que o poder de fiscalizar da Secretaria da Fazenda fica limitado, por exemplo: combustível, autopeças, cosméticos, perfumaria, bebidas, ferramentas e entre outros. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto por substituição tributária fica a cargo do primeiro elo da cadeia produtiva da indústria ou do importador, salvo raras exceções. Isto significa que a indústria ou o importador recolherá, por substituição tributária, o imposto devido pelo atacadista e pelo varejista, ficando atribuída a responsabilidade a terceiros não vinculados ao fato gerador, uma vez que o fato gerador será à saída do estabelecimento atacadista ou varejista. Assim, a Substituição Tributária surge para diminuir consideravelmente a elisão fiscal do ICMS no atacado e principalmente no varejo. Com o sucesso da medida, os Estados passaram a adotar a sistemática da Substituição Tributária cada vez mais, aumentando consideravelmente a arrecadação do ICMS. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca CC-27 | ENQUADRAMENTO TRIBUTARIO Autor: RAQUEL MACIEL DE MEDEIROS E-mail: [email protected] Co-autor: Márcia Cristina Bilião da Gama Co-autor: LUANA DE OLIVEIRA GALVÃO Co-autor: Vilmara Vanessa Ribeiro da Silva Co-autor: Ana Paula Campiol Co-autor: MINGLAN CARINA CARDOSO Orientador: ARNO USZACKI Palavras-Chave: REAL PRESUMIDO SIMPLES Resumo: ENQUADRAMENTO TRIBUTARIO É muito importante, ao se constituir uma empresa, fazer uma análise, para serem definidos alguns procedimentos e já iniciar sabendo os pontos fortes e fracos tributários. É muito comum o futuro empresário ter uma boa idéia, ter dinheiro para os investimentos necessários e depois descobrir que a atividade não dá o retorno financeiro esperado, isto ocorre, porque quando da constituição da empresa, não foi feito o enquadramento tributário correto. Atualmente há no Brasil três regimes tributários, o Lucro Real, cuja expressão lucro real significa o próprio lucro tributável, para fins da legislação do imposto de renda, distinto do lucro líquido apurado contabilmente. O lucro Presumido onde os impostos são calculados com base num percentual estabelecido sobre o valor das vendas realizadas, independentemente da apuração do lucro. E também há o Simples Nacional que é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de 01.07.2007. O presente estudo tem por objetivo realizar uma comparação entre os três regimes tributários, verificando qual deles é o mais rentável, através de um Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca quadro comparativo com dados de uma empresa fictícia que será utilizada na pesquisa. Dados da empresa em valores estimados: • Faturamento médio: R$ 65.000,00 por mês; • Compra aproximada: R$ 30.000,00 por mês; • Despesas aproximadas: R$ 7.000,00 por mês; • Não possuirá estoque; • Irá adquirir a mercadoria de seu estado CC-30 | Consolidação Patrimonial Autor: Camila Souza Athanasio Orientador: Arno Uszacki Palavras-Chave: Consolidação Patrimonial Resumo: Com este resumo, poderemos entender de uma forma mais simplificada e interessante de como podemos realizar consolidações dentro das empresas. Entendemos que a consolidação baseia-se no controle de capital volante, consideramos uma empresa consolidada quando a sua relação com a Cia aberta, indicar que suas atividades são controladas, direta ou indiretamente, individualmente ou em conjunto, onde esta norma é aplicável somente as Companhias abertas. A participação minoritária é registrada com base na parcela do capital social, reservas e resultados pertencentes a acionistas ou sócios minoritários, já a consolidações de controladas em conjunto deve ser feita de forma proporcional ou integral respeitando o controle exercido pela investidora, as demonstrações financeiras consolidadas devem incluir todas as controladas. As participações societárias em EPEs incluídas na consolidação devem ser avaliadas pelo método de equivalência patrimonial (Instrução CVM 408/04), dentre as consolidações podemos ter exclusões, de acordo com as condições estipuladas. Na consolidação temos alguns prazos, um deles é baseado nas demonstrações das entidades controladas, onde que para fins, devem ser levantadas na mesma data, ou até no Maximo 60 dias antes da data das demonstrações financeiras da controlada, quando houver lançamentos em datas diversificadas , as mesmas deverão será ajustadas, fazendo com que reflitam efeitos de relevância de natureza econômico-contábil nas entidades o que ocorrem dentro da data base das demonstrações consolidadas. O destaque para as empresas que resolverem destacar as demonstrações em seu balanço devem ser destacados em grupos isolados no bálano patrimonial antes do patrimônio liquido, sabemos que estamos nos adequando as normas da contabilidade internacional e que muitas destas regras mudaram, onde deveremos nos adequar as novas formas de consolidação. Hoje, atualmente, publicamos nossas consolidações de acordo coma lei 6404/76, onde é Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca composto por vários tipos de linhas de demonstrações, que até o dado momento são aceitas pelas normas brasileiras de contabilidade, estas, servem para que possamos realmente conhecer a vida de uma empresa, pois além de conhecermos a mesma fisicamente, devemos conhecê-la contabilmente. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DIREITO Dir-5 | A REVOLUÇÃO FRANCESA E OS DIREITOS HUMANOS Autor: Ciro Mattos Noronha E-mail: [email protected] Co-autor: Juliana da Rosa Co-autor: Ronaldo Augusto Pedroso Alves Co-autor: Rosângela Silva do Nascimento Co-autor: Vivian Lyrio da Silva Leite Orientador: Marcelo Almeida Sant’Anna Palavras-Chave: Direitos Humanos, Revolução Francesa, Iluminismo. Resumo: O resumo tem como objetivo ressaltar a importância da Revolução Francesa na construção dos Direitos Humanos. Pois ocorreu na França entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799, por causas sociais, principalmente econômicas, sendo influenciada pelo Iluminismo (principalmente por Rousseau), dando início à Idade Contemporânea. A França se dividia em Clero, Nobreza e o Povo. O povo era composto pela burguesia, camponeses sem terra, proletários, artesãos, os quais pagavam altos impostos ao tesouro real, impostos, dos quais o clero e a nobreza estavam isentos. Com o declínio do feudalismo e da economia agrícola, a população passou a concentrar-se nas cidades, passando a sofrer exploração em seu trabalho nas fábricas, e vivendo em péssimas condições de moradia e saúde, sem os mínimos direitos que possibilitassem uma vida digna. Neste cenário totalmente absolutista a Revolução Francesa veio para mudar a história humana, possibilitando a redução das desigualdades entre os homens e a liberdade dos indivíduos, que até então se encontravam em situação de opressão, miséria e fome, conforme já mencionado, culminando na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em 26 de agosto de 1789 foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, marcando o fim de uma época e o inicio de outra, tendo sido o preâmbulo e base para a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sintetizando em dezessete artigos os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade da Revolução Francesa. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi promulgada em 1948, pela ONU, (foi formada no período pós-guerra, na Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Conferência de Yalta, em 1945, a fim de estabelecer bases para promover a paz e gerenciar conflitos, a fim de evitar guerras), retomando os ideais da Revolução Francesa representando a manifestação histórica que formara em âmbito universal; o reconhecimento dos valores supremos de igualdade, liberdade e fraternidade. Conforme pesquisas realizadas, constatamos que nesta época a preocupação da sociedade com os direitos humanos foi tão notória que hoje percebe sua consolidação no preceito de diversas constituições, inclusive a brasileira que garantiu plenamente a proteção aos direitos fundamentais do homem. A Carta Magna trouxe os direitos fundamentais de igualdade e liberdade, os quais constituem cláusulas pétreas, fundamentais, e encontram-se regulados entre os artigos 5º e 17°. É no quinto artigo que percebemos a clara influência dos ideais da Revolução Francesa, quando diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Não fosse a Revolução Francesa ter dado início à preocupação aos direitos do cidadão talvez hoje nossa constituição não tratasse dos direitos fundamentais com tanta relevância. Dir-6 | A CONTURBADA FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO Autor: MARIA DOLORES MARQUES LOPES E-mail: [email protected] Orientador: MARCELO SANTANNA Palavras-Chave: Estado Brasileiro; Direito Brasileiro Resumo: Esta pesquisa científica tem como objetivo o questionamento acerca das origens do Direito Brasileiro e da formação do Estado Brasileiro. Para tanto, empreendeu-se uma análise histórica, do período colonial até as primeiras transformações políticas que permitiram sua formação, destacando as dificuldades enfrentadas para que o nosso país conquistasse sua autonomia político-jurídica. O método-base utilizado foi uma abordagem interdisciplinar entre Direito e História, instrumentalizado por uma pesquisa bibliográfica. Quando pensamos em Direito Brasileiro, temos a concepção de que foi originado com intuito de criar normas sociais para que os brasileiros pudessem regular suas relações, promovendo a civilização social deste país. Mas ao retrocedermos na linha do tempo, percebe-se que desde que se instituiu os primeiros documentos no Brasil-Colônia, a pura intenção era o favorecimento e enriquecimento das metrópoles, com um Direito voltado para o exterior do Brasil. Toda a regulamentação social, política e jurídica eram Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca ordenadas pelo Direito Português, a exemplo das Ordenações Filipinas. Nosso Direito e autonomia políticas tiveram turbulenta formação, e não derivaram de uma evolução gradativa, nem da construção natural no dia-a-dia das relações sociais brasileiras. Em meio à tantas exaltações positivas sobre a Independência do Brasil, em 1822, presume-se que a independência políticoadministrativa em relação a Portugal tenha proporcionado uma espécie de emancipação na história jurídica do país e na formação do Estado Brasileiro. Quando Dom Pedro I deixou a premissa de que “escolheu o Brasil e não Portugal”, despertou o espírito patriótico dos brasileiros. Ao nomear uma Assembléia Constituinte para promulgar a 1ª Constituição Brasileira, D. representou o “bom monarca”, demonstrando interesse na evolução políticojurídica do país. Mas percebendo que a Constituição esboçada por Antonio Carlos de Andrada e os liberais-democratas não sairia a contento porque estava voltada para a soberania nacional e o liberalismo econômico, dissolveu-a imediatamente e outorgou nova Constituição, onde tinha controle sobre os quatro poderes da época: o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador. Reanalisando essa cronologia, compreende-se em que circunstâncias Direito e Estado Brasileiros foram formados. Basicamente, a partir de interesses laterais, onde mesmo outorgada a Constituição, o jugo do colonizador estrangeiro continuou latente, na forma de uma manipulação intuitiva a anular a autonomia conquistada pelo Brasil. Somente através do Ato Adicional de 1834, as províncias puderem ter relativa autonomia, começando a dar ao Brasil o formato do Estado atual e uma legislação mais elaborada. A partir desse feito e das tendências reformistas e descentralizadoras que influenciaram o curso da história brasileira, foi instituído o Estado Nacional brasileiro ao qual pertencemos hoje, com histórico de condicionamento por forças e pressões externas à sua economia. Um Estado politicamente herdeiro do absolutismo português, coroado pela formação de um sistema judiciário favorável à classe dominante, limitativo da soberania do povo sobre as grandes decisões. Esse histórico reflete diretamente na situação atual na nação brasileira, e talvez possa explicar em grande parte o porquê da distância da maioria de nossa população em relação à posições de cidadania e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Dir-7 | O direito de propriedade no império romano e na sociedade comtemporânea Autor: Beatriz Pereira E-mail: [email protected] Co-autor: Daniela C. Oliveira Orientador: Marcelo Sant'Anna Palavras-Chave: Direito, Evolução, Propriedade Resumo: O objetivo deste resumo é apresentar o histórico do desenvolvimento do direito de propriedade na Era Romana até a atualidade, para tanto, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica buscando o conhecimento de suas características no direito romano a luz do mundo globalizado. O direito romano teve grande influencia em nosso direito atual. Na época seu objetivo era resolver os conflitos, mediante aplicação prática da justiça, sendo um conjunto de normas a serem seguidas pelos cidadãos romanos.O povo romano foi o primeiro a conceber a autonomia da ciência jurídica. Logicamente, os romanos não deixaram de conceber em termos jurídicos uma das corporações mais duradoras e contestadas da civilização humana, “o Direito de Propriedade”, que define a divisão da sociedade em classes, determinando o poder econômico e político para quem detém o poder jurídico sobre a propriedade, tendo sua definição pelos romanos como um poder absoluto da pessoa sobre a coisa, tudo era permitido pois não cabia só o direito de usar, usufruir, mas também o direito dê dispor da coisa como melhor lhe conviesse. A propriedade, primeiramente, restringiu-se somente á casa e ao campo que a cercava e também a sepultura familiar, sendo a primeira forma de propriedade em Roma, exclusiva de cidadãos romanos, a “Propriedade Quiritária”. No período clássico, o direito de propriedade aumentou, coincidindo com a época de maior poder político dos romanos, sendo necessário um avanço jurídico, com isso as terras conquistadas foram reconhecidas como propriedade pretoriana ou bonitária, como já era a quiritária. Teve ainda, mais dois tipos de propriedade; a provincial que eram terras de poder pleno do Estado que este concedia a particulares, mediante pagamento pelo seu uso, e ainda a propriedade peregrina concedida aos estrangeiros, desaparecendo com a Constituição de Caracala onde foi concedida cidadania romana a todos os habitantes do império, surgindo um único conceito de propriedade. A evolução do Direito de Propriedade no Brasil Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca passou por várias etapas; O Tratado de Tordesilhas em 1494, que foi o primeiro marco divisório das terras brasileiras, chegando a Constituição de 1988, que estabelece, agora, como norma e principio, o atendimento a função social da propriedade esclarecendo em seu artigo 5º igualdade de todos sem distinção de qualquer natureza, garantindo a inviolabilidade do direito, entre outros, o de propriedade, que deverá,também, atender sua função social. O Novo Código Civil Brasileiro trouxe a inovação no §1º do artigo 1.228, o qual enfatiza as finalidades econômicas e sociais do direito de propriedade,sendo este, muito semelhante ao direito de propriedade romano,porém,traz em sua redação o esclarecimento das finalidades deste direito, que deverá estar de acordo com propósitos econômicos e sociais tendo um olhar ao equilíbrio ecológico e ao patrimônio histórico.As transformações do Estado contemporâneo deram à propriedade, além da função social, também a de servir como instrumento de realização da igualdade social,porém,não podemos esquecer que a propriedade continua sendo privada, portanto deve ser respeitada. O que antes era um direito absoluto, hoje deve cumprir um papel social, contribuindo para a erradicação da pobreza, e redução Dir-8 | A Indignidade da Pessoa Humana nas Origens do Nosso Sistema Jurídico. Autor: Alessandra freitas E-mail: [email protected] Co-autor: Jade Santa Maria Co-autor: Bárbara Rodrigues Co-autor: Sandra Kolesny Orientador: Marcelo Almeida Sant'Anna Palavras-Chave: direito romano Resumo: Desde o tempo romano a desigualdade acontece, ocorrendo a violação ao princípio da dignidade da pessoa humana que encontra raízes na fundamentação do nosso sistema jurídico, naquela época essas desigualdades sociais e a indignidade não era vista como um problema ou contraste social,e sim como um fato comum. Hoje em dia buscamos a dignidade nos nossos direitos mais básicos mais básicos como economia estável,planejamento familiar,saúde adequada. Na sociedade romana havia desigualdades sociais, esta gerou várias intituições políticas e jurídicas, bem Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca como muitos conflitos de classes, principalmente a classe dos Patrícios e Plebeus. Os Patrícios eram beneficados pelo direito romano classe de grandes propritários de terras, que promoviam as desigualdades sociais, entre pobres, livres, plebeus e escravos.Este fato gerou as rebeliões plebéias fortalecendo-as, e com isso elaborando um conjunto de leis que garantiam mais igualdades entre classes sociais , a lei das Doze tabuas. Desde o tempo romano vimos que existia diferenças de classes sociais, considerndo a sociedade de hoje ainda existe? A dignidade humana foi passando por muitas adaptações durante séculos, pode ser definida como o valor absoluto de cada ser humano, que não sendo indispensável, é insubstituível. Esta independe das circunstâncias concretas, já que é inerte a toda e qualquer pessoa, visto que todos são iguais em dignidade, reconhecidos com pessoas, ainda que não se portem igualmente digna na relação com seus semelhantes. Na contituíção a dignidade esta assegurada uma ordem econômica para que todos tenham uma existência digna, uma ordem social com planejamento familiar e da pessoa humana com paternidade responsável além de assegurar também à dignidade a criança e ao adolescente. Pode se afirmar que,na condição de limite da atividade dos poderes públicos, a dignidade necessariamente é algo que pertence a cada um e que não pode ser perdido ou alienado, porquanto, deixando de existir, não haveria mais limite a ser respeitado(este sendo considerado o elemento fixo e imutável). Como tarefa importa ao estado, a dignidade da pessoa reclama que este guie as suas condições tanto no sentido de preservar a dignidade existente, quando a promoção da dignidade,especialmente criando condições que possibilitemos pleno exercício e fruição da dignidade sendo portanto dependente (a dignidade) da ordem comunitária, já que é de se perquirir até que ponto é possível o indivíduo realizar, ele próprio, parcial ou totalmente , suas necessiades existenciais básicas ou se necessita,para tanto, do concurso do estado ou da comunidade ( este seria, portanto, o elemento mutável da dignidade). Foi um trabalho muito extenso, realizado através de muita leitura e têm necessidade de uma pesquisa mais extensa, para termos uma conclusão mais específica. Dir-9 | HISTORIA DO DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL Autor: NAIR CAMBIM SCHILLING Co-autor: GILBERTO BORGES Co-autor: GELSON DIAS E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: LILIAN TATIANE WOLF Orientador: MARCELO ALMEIDA SANT'ANNA Palavras-Chave: HISTÓRIA, DIREITOS, CONSUMIDOR Resumo: Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, versa sobre os aspectos históricos que contribuíram para a formação do Direito do Consumidor no Brasil. Para compreendermos a lei vigente precisamos conhecer a história que antecedeu a sua criação, assim como entendermos a necessidade de adequar à norma jurídica ao desenvolvimento econômico e social contemporâneo. Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um grande crescimento mundial em novas tecnologias e incentivo ao consumo, com a liderança dos EUA, dominando a economia do planeta do ponto de vista capitalista, modelo que hoje chamamos de globalização. Esta sociedade de massa, dominada pelos EUA um século antes do CDC já possuía lei de proteção ao consumidor, que é a Lei Antitruste americana. A consciência social e cultural em defesa do consumidor teve uma trégua a partir dos anos 60 nos EUA, quando começou a surgir as Associações dos Consumidores. A preocupação com as relações de consumo no Brasil surgiu a partir das décadas de 1940 e 1960, com a criação de diversas leis regulando aspectos de consumo Lei 12221/51, lei de economia popular, constituição de 1967, emenda nº 1/1969 cita a defesa do consumidor. No Brasil o movimento em defesa do consumidor se deu de forma diferente dos outros países. O Estado tomou para si o dever de garantir e promover os direitos dos consumidores. Na década de 1970 surge um POA uma Associação de defesa dos Consumidores, que passa a publicar a Revistas do Consumidor. Na década seguinte as associações são criadas em outros Estados, dando inicio as discussões por entidades públicas e privadas em torno da preparação do código de defesa do consumidor, a participação entre as entidades da Comissão de defesa do consumidor da Assembléia Legislativa do RS e o Conselho Nacional de defesa do consumidor ligado ao Ministério da Justiça. Os planos de governo propiciaram ao consumidor maior conscientização na luta por seus direitos, especialmente no plano cruzado, com o congelamento de preços e seus agentes fiscalizadores do controle dos preços pelos consumidores. Na Constituição de 1988, questões relativas ao consumo ganharam destaque no art.48 do ADCT que dispõe: o Congresso Nacional dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição elaborará código de defesa do consumidor. No entanto, só foi criado em 11 de setembro de 1990 com a Lei nº 8078. Antes do CDC a proteção do consumidor era exercida por fundamentos de diplomas diversos, Código da Propriedade Industrial, Lei sobre Crimes contra Economia Popular, Lei Antitruste, Código Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Penal etc. Evidenciando a dificuldade do consumidor em reclamar seus direitos, não existindo norteadores de relação entre consumidores e fornecedores. O CDC trouxe inovações para o universo jurídico, como conceito de consumidor, fornecedor, adoção de responsabilidade objetiva, inversão do ônus da prova, bem como no art.6º um rol de direitos básicos do consumidor. Por fim, um Direito formalmente assegurado não significa sua efetivação no cotidiano social, é necessário que a sociedade lute com vigor na sua observância, para que atinja sua finalidade. Dir-10 | Medida Provisória e Separação de Poderes Autor: Bruna Saibro da Rocha E-mail: [email protected] Co-autor: Andieli Ritzel Sandim Co-autor: Rosinéia Padilha Claudino Co-autor: Marriê Malonn Co-autor: Rodrigo Killes Jaques Co-autor: Felipe Oliveira Rodrigues Orientador: Marcelo Almeida Sant'Anna Palavras-Chave: Medidas Provisórias, Poderes, Separação de Poderes Resumo: O Brasil, como se sabe, é uma república federativa presidencialista organizada mediante leis, decretos, regulamentos etc. E composta por três poderes: o executivo, o legislativo, e o judiciário. Questiona-se, no entanto, se as MPs (Medidas Provisórias) violam o princípio constitucional da separação dos poderes, quando utilizadas fora dos critérios estabelecidos no artigo 62 da CF. Busca-se responder tal indagação, através de uma abordagem complexa, sem considerar um resultado fechado, mas aberto a novas perspectivas e projeções. Inicialmente salienta-se que não há uma "separação" de poderes, mas sim, de funções, sendo elas classificadas em típicas e atípicas. Tome a exemplo o poder executivo, que adquire um meio de criar leis com as MPs. Da mesma o poder judiciário e legislativo, os quais exercem funções executivas em razão da autonomia orçamentária. As MPs brasileiras têm suas raízes históricas baseadas na Constituição Italiana de 27 de dezembro de 1947. Essa inspiração italianizada aplicada em nosso código civil sofreu algumas Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca alterações com base na Emenda Constitucional nº 32. De acordo com o Art. 62 o Presidente da República poderá editar ou adotar MPs com força de lei, apenas em caso de relevância ou urgência. Segundo as normas sitadas anteriormente, o prazo de vigência da mesma se dá em 60 dias. No entanto, se a medida não for apreciada ou convertida em lei no prazo estipulado pela norma, a mesma se renovará por novos sessenta dias, podendo chegar então aos 120 dias. Há, porém, algumas MPs que poderão passar o referido tempo, pois, durante o recesso parlamentar o prazo das mesmas ficará suspenso, ou seja, no período que está diante da sessão ordinária - 2 de fevereiro a 17 de julho e 1º de agosto a 22 de dezembro - os dias de prazo não serão contabilizados. A tramitação de uma MP se dá quando a mesma é apreciada pelo Congresso Nacional e passa pelas duas casas, sendo a primeira a câmara dos deputados e a segunda o senado (casa revisadora). Enquanto isso ocorre algumas situações como a aprovação da mesma, convertendo-se assim em lei, promulgando-a e publicando-a; ou a aprovação com emenda, que deverá ser sancionada ou vetada pelo presidente; ou ainda a rejeição expressa, ou tácita. Decorridos 45 dias, sem que haja uma apreciação pelas casas, haverá o travamento da pauta no congresso nacional. A participação do Poder Executivo tem sido ampliada, não apenas no que tange sua iniciativa, mas também na edição de atos com força de lei, na forma de medidas provisórias. O aumento das quantidades de medidas provisorias criadas tem gerado grandes discussões sobre o abuso do poder executivo, que acaba resultando na usurpação da função legislativa pelo executivo. Considerando o que foi exposto para que uma MP possa respeitar o principio da separação dos poderes, além das vedações constitucionais e das normas citadas anteriormente, é necessário resgatar os requisitos técnicos que permitem sua edição (urgência e relevância), os quais devem ser observados tanto por parte do Poder Executivo quanto do Legislativo. Dir-11 | A filosofia Grega ainda hoje reflete no nosso direito? Autor: Mariana Daltoé E-mail: [email protected] Orientador: Marcelo Santa'nna Palavras-Chave: Historia, Justiça, Jusfilosófica Resumo: A filosofia grega, desde milênios, vem influenciando a vida das sociedades. Desde sempre, ela vem se relacionando com o conceito de justiça, também é uma ciência na qual se usa o saber racional, empregando métodos sistemáticos para aplicar a lógica. Nosso direito é baseado em Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca princípios romanos, mas pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles, e os Sofistas interferiram na história do nosso direito. Os gregos, não foram grandes juristas, mais na área do direito, contribuíram criando a ciência política, e destas premissas que desempenhamos esta pesquisa, interdisciplinar na qual relaciona a historia com o direito. A Filosofia é um trabalho intelectual, em que se despreza qualquer ação. Ela analisa os atos das pessoas em sociedade, fazendo críticas baseadas na prática jurídica, visando melhor a atuação desta. A Filosofia tem por objetivo melhorar a vida social, e a Filosofia do Direito relaciona-se com a sociedade política, pois preocupa-se com problemas universais; é um saber crítico a respeito dos conceitos jurídicos e o seu compromisso é manter acesa e atenta as modificações quotidianas do direito e dos fatos sociais, tem como finalidade o próprio exercício do pensamento. Na Grécia antiga, começando por Sócrates, um dos Filósofos que deu início a um pensamento mais complexo, no qual se pode começar a entender gestos da sociedade, que por uso de métodos discursivos em público, em um jogo de perguntas e respostas em que a prudência era vista como virtude do caráter fundamental. Depois de Sócrates, vieram Platão e Aristóteles, sendo que uma das teorias de ambos consistia em que numa sociedade sempre haveria escravos, pois, sempre existiriam pessoas inferiores e outros que eram dotados de qualidades. Platão tinha uma concepção de idealismo: para ele existia uma realidade (divina) e outra (humana) como uma justiça e para ele na justiça humana não existe certo ou errado. Aristóteles tinha como teoria uma ciência prática; para este, justiça é genericamente uma virtude e a ética que distingue o certo do errado. Os sofistas nunca constituíram uma escola com base em outros estudos. No máximo, eles constituíram um conjunto de pensadores contemporâneos que possuíam algumas afinidades. Sócrates e Platão possuíam eventual desprezo por este grupo. A evolução humana só ocorreria através de uma lei que iria além das forças divinas, que deveria de existir uma lei humana, isto tudo por conta de que a Grécia estava vivenciando uma época de expansão de fronteiras onde a arte (escultura pintura e teatro) mitologia, filosofia, literatura, história, política e a intensificação do comércio estavam em ascendência, chamadas de Século de Péricles. Com estes pensadores que se pode dizer que foi se fundamentando os conceitos jurídicos, que mais tarde foram também objetos de estudo para os romanos. E hoje ser utilizado em algumas fontes de estudo. Deve-se ressaltar, que o saber filosófico grego, continua influenciando as historias das idéias jusfilosóficas. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Dir-13 | Relações Jurídicas Autor: Leonardo dos Anjos Corrêa E-mail: [email protected] Co-autor: Leonardo de Souza Co-autor: Jacqueline de Melo Machado Mendes Co-autor: Gustavo Mesquita de Vargas Co-autor: Juliana da Rocha Martins Co-autor: Itamar Gil de Quadros Orientador: Marcelo Almeida Sant'Anna Palavras-Chave: Relação Jurídica Resumo: Relação jurídica A pesquisa realizada busca esclarecer o entendimento relacionado ao termo “relação jurídica”, bem como apresentar os seus sujeitos e suas aplicações no dia a dia. O método utilizado para formular este conceito se deu através de pesquisa bibliográfica. Relação jurídica é uma relação que se concretiza por meio de um vínculo de atributividade, ou seja, aquilo que une as partes e que pode se dar por meio legal ou por meio de acordo de vontades estabelecidas por seus agentes. Podemos entender como agente um sujeito, pessoa, capacidade ou competência. As Relações jurídicas fundamentais decorrem da lei e estabelecem direitos fundamentais. Exemplo: Respeitando o direito do outro em sociedade. Esta relação tem como objetivo garantir que se faça valer o “facti species” (direito subjetivo) de um determinado sujeito respeitando as leis e buscando a melhor resolução das responsabilidades que cabe a cada um dos agentes. O Vínculo entre os sujeitos, cujo quais também podemos denominar como pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas consiste na posição que a parte ocupa na relação, seja ela titular de um direito ou titular de um dever. Nestas relações é preciso saber quem é quem, que sabe ou não sabe, quem tem razão ou quem não tem por isso as relações jurídicas buscam detectar as formas de resolução de conflitos. Elas se estabelecem através de três elementos. Sujeito Ativo: Aquele que é portador do direito de ver cumprida uma determinada obrigação, ou seja, o credor, aquele que possui o direito subjetivo; Exemplo: Um locador de Imóvel possui o direito subjetivo de receber os honorários referentes à utilização do imóvel locado por um tempo pré- Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca estabelecido entre as partes. Sujeito Passivo: Aquele que deve cumprir a obrigação. É o devedor da prestação principal, titular do dever jurídico. Exemplo: Locatário de Imóvel que tem como dever pagar ao locador uma quantia pelo uso do imóvel, porém também possui o direito de fazer uso deste em perfeitas condições. Objeto: Motivo/coisa/razão pelo qual a relação jurídica existe, ou seja, o sujeito ativo (locador) aluga seu imóvel para obter lucro enquanto o sujeito passivo (locatário) aluga o imóvel para ter onde morar ou trabalhar. As relações jurídicas se fazem presente por meio de normas técnicas, Kelsen vai nos dizer que as relações jurídicas não se dão por meio de pessoas, mas sim por meio de normas que nos possibilitam alcançar a resolução dos conflitos. As relações jurídicas se apresentam em fatos relacionados à sociedade, através destas relações podemos alcançar aquilo que chamamos de disciplina social, pois quando se faz presente à realização dos direitos subjetivos, construímos uma sociedade mais justa e jurídica. Dir-14 | Direito Romano Autor: Mardoqueu Boesing Ramos E-mail: [email protected] Co-autor: Maico Zimmer Co-autor: Sedenir Cardoso Medeiros Orientador: Marcelo Santana Palavras-Chave: Direito Romano, Realeza, Republica, Império, Fontes do Direito e Sistemas Juridicos romano-germânico. Resumo: Nos meados do século VIII e VII a. C, Roma era dominada pela organização clânica das grandes famílias, cuja autoridade do chefe era quase que ilimitada. O direito, era arcaico, consuetudinário, onde cada clã possuía seu código. Direito e religião não estão diferenciados. A atividade legislativa parece não ter havido, pois as leis reais que a tradição atribui a, são decisões de caráter religioso tomadas pelo rei na qualidade de chefe religioso. Conhece-se muito pouco do direito consuetudinário, não houveram registros escritos deste período. Conforme Fustel de Colanges, em a Cidade Antiga (pg.298), por durante longas gerações as leis eram apenas orais, transmitiamse de pai para filho, juntamente com a crença e as fórmulas da oração, tradição sagrada que se perpetuava ao redor do lar da família ou do lar da cidade. Passado esse período primitivo, Roma entra na sua primeira fase constitutiva, onde o cenário político divide a história em três períodos, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca correspondente a três regimes diferentes: a Realeza (até 509 a. C, a República (509 – 27 a. C) e o Império , também divido em : Alto Império (até a época de Diocleciano em 284 d. C) e baixo Império(até a época de Justiniano, morto em 566), ao qual sucedeu o Império Bizantino. Na fase da Realeza, o Rei, escolhido pelos chefes das famílias , não ascende ao poder supremo senão com a permissão das forças religiosas, políticas e populares. O poder do rei é quase que ilimitado, é, antes de tudo um chefe, dispondo do seu poder para governar seus súditos. Por volta do ano 470 a. C, temos o início da República Romana , caracterizada por um regime de várias assembleias e magistraturas. O Senado, composto apenas pelos chefes de família (patres) , via os seus membros designados cônsules. De um direito individualista, somente os cidadãos romanos, gozavam do direito dos Romanos, do ius civile. Os estrangeiros ficavam submetidos ao ius gentium, direito comum a todos os homens, conforme a razão natural. O direito à cidadania, foi concedido não só a pessoas, mas também à grupos, com a conquista dos vastos territórios. NO período do Alto Império, época clássica do direito romano (sec. II a. C até o fim do Sec. III d. C), aparece como um sistema individualista. Houve uma diminuição da liberdade dos cidadãos , culminado dessa forma na separação da política pública da política privada. As fontes do direito romano clássico continuam a ser a lei e o costume. A lei no entanto desempenha um papel cada vez mais importante, tendendo a suplantar o costume. O Direito Romano do baixo império desenvolveu-se no século IV ao VI da era cristã. Período de decadência política e intelectual, de regressão econômica. Sob influência do cristianismo, transformará numerosos princípios do direito privado. O centro do Império passa de Roma para Constantinopla, em 476 d. C . De grande influência sobre os direitos europeus, perdura atualmente, no sistemas jurídicos romano-germânico e latino-americanos . Dir-16 | CODIGO DE HAMMURABI Autor: MICHAEL DOS SANTOS E-mail: FAUSTINO,CRISTIANE BORGES,AXEL [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Orientador: MARCELO SANTANA Palavras-Chave: CODIGO DE HAMMURABI Resumo: O CODIGO DE HAMMURABI O código de hammurabi :kammu-rabis rei da babilônia no 18 seculo estendeu grandemente o seu império e governou uma confederação de cidade estoergiu no final de seu reinado uma estela em diorito,escrevendo 21 colunas,282 clausulas que ficaram conhecidas como código de hammurabi.o que nos levou a escolher uma tema como este foi pelo formato a quem era realmente dirigido esses códigos ,pra órfãos ,viúvos,escravos Como o código de Hamurabi influenciou os direitos civil e penal,e os contratos? temos como objetivos demonstrar como o direito era exercido naquela época ,os costumes daquele povo. O código de hamurabi e um dos conjuntos de leis mais antigos escritos já encontrados um documento da antiga mesopotâmia.a sociedade era dividida em três classes,que também pesavam na aplicação do código. Awilum:homens livres proprietários de terras,não dependiam do palacio ,Muskenum:funcionários públicos,Wardum:escravos comprandos ou vendidos ate conseguirem sua liberdade. As leis que regulamentavam os direitos e deveres e deveres do babilônicos eram transmitidas oralmente.quanto as leis criminais a pena de morte era largamente aplicada seja na foqueira na forca. a multilaçao era infligida de acordo com a natureza da ofensa.o código de hamurabi o texto lesgila sobre materrias muitos variadas ,de alçada dos nossos códigos comercias,penais,e civis.a ênfase era dada ao roubo,agricultura,criação de gados,danos a propriedade,assim como assasinatos,morte e injurias que .a punição ou pena e diferentes da clases sócias .as leis não toleram desculpas ou explicações ou falhas todos teriam que cumplilas era exposto livremente a todos.no entanto poucas pessoas sabiam ler naquela época.o código de hamurabi fixam diferentes regras da vida cotidiana os preços :o honorário do médicos varia de acordo com a classe social,os salários de acordo com a natureza do trabalho.o código ainda e bastante seguido por outros paises com pequenas alterações.por questões de invasões que se seguiram a morte de hammurabi. essas lei o influenciou ao nosso direito hoje e a questão de ter uma pena ou uma sanção insposta pelo estado se acaso alguém infligir a lei pode ser preso ,condenado .claro que não são condenados a morte .mais a questão de crime hoje matar alguém no código civil e crime assim como roubo .,mais foi algo influiente pra nossos direitos hoje .a questão dos contratos aonde os mesopotamicos praticavam a venda ,o arrendamento,(de instalações agricolas,casas)o deposito ,o empréstimo a juros,a ordem (com clausula de reembolso ao portador )o contrato social.eles faziam operações bancarias e financeiras e tinha comandita de comerciantes graças o desenvolvimento da economia e a troca de relações comercias . ALGUNS ARTIGOS DO CODIGO Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca DE HAMURABI 1. Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte. 2. Se alguém fizer uma acusação a outrem, e o acusado for ao rio e pular neste rio, se ele afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se ele escapar sem ferimentos, o acusado não será culpado, e então aquele que fez a acusação Dir-19 | PRINCÍPIO DA MORALIDADE Autor: PEDRO FABIANO DA SILVA FREITAS E-mail: [email protected] Co-autor: DEBORA DIVIANE OLIVEIRA DA SILVA Co-autor: DIOGO FRANKE KERBER Co-autor: RAFAELA MARTINS MIRO Co-autor: DOUGLAS LAZARO DE CARVALHO Co-autor: JOÃO VITOR FRAGA MELLO Orientador: MARCELO DE ALMEIDA SANT'ANNA Palavras-Chave: Moralidade, Administração Pública e Nepotismo Resumo: Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica com a finalidade de apresentar um dos princípios do Direito Administrativo, conforme preceitua a Constituição Federal/88, através do artigo 37. Dentre os princípios, conceituaremos o da moralidade, que trata dos deveres e do modo de proceder dos homens perante a sociedade, traremos opiniões de alguns autores; como exemplo será abordado um assunto polêmico: O nepotismo. O ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer não só a lei, mas à própria moral, porque nem tudo que é legal é honesto, como já diziam os romanos. HAURIOU [1926], cita que o princípio da moralidade pode ser definido como um conjunto de regras que regulam a ação da Administração Pública, já o pensamento de MEIRELLES [1993], é que todo ato Administrativo Público deve ser conceituado como a boa-fé, a ética e a honestidade, todo administrador deve separar o legal do ilegal, o justo do injusto e o honesto do desonesto, por fim, para GASPARINI [1995], moralidade é um princípio extremamente importante para o processo de licitação e da contratação. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Gasparini também afirma que a violação da moralidade administrativa se dá, inclusive quando a Administração Pública contraria a moral comum. Também agrega que a probidade administrativa seria um aspecto da moralidade administrativa e não um princípio diverso como pretende alguns autores. A palavra nepotismo vem do latim “nepos”, que significa neto ou descendente, a etimologia demonstra que a palavra surgiu na Itália, no sentido de indicar a excessiva autoridade que os sobrinhos e outros parentes dos Papas exerceram na administração eclesiástica. Para a grande maioria, é uma forma de corrupção na qual um funcionário público utiliza-se de seu poder para conceder cargos públicos às pessoas ligadas a ele por laços familiares, salientamos que há hipóteses legais de contratação sem concurso, como exemplo o cargo em comissão, porém torna-se ilegal a contratação de parentes, apesar de tudo, é bom ressaltar que o nepotismo não é crime, alguns poderosos o fazem, pois precisam da confiança de um familiar, mas quando se comprova a intenção da prática, o agente público fica sujeito a ação civil pública por ato de improbidade administrativa. A presente pesquisa tem como finalidade ressaltar o princípio da moralidade na administração pública, espera-se que os espaços sejam realmente preenchidos pelos que efetivamente demonstrem maior capacidade técnica e psíquica, respeitadas as restrições legais e constitucionais, apurados por processo seletivo amplo, impessoal e moral. Em nosso estágio atual da democracia, é inconcebível outra forma de acesso aos quadros públicos, desprezando-se as condições de parentesco, amizade ou posições partidárias ou ideológicas. Dir-21 | LIMITAR A PRIVACIDADE OU LIMITAR O DISCURSO: DILEMAS DO EXERCÍCIO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS Autor: Angela Kretschmann E-mail: [email protected] Co-autor: Mariana Daltoé Orientador: Angela Kretschmann Palavras-Chave: liberdade de expressão, privacidade, direitos fundamentais Resumo: Considerando que a liberdade de discurso e expressão em geral vai atingir esferas da vida privada, convém esclarecer o significado da privacidade e da intimidade nos dias contemporâneos, fortemente influenciada pela civilização digital. As transformações que estamos vivendo em função da era digital nos impõe a necessidade de reflexões relativas às formas de institucionalização do exercício democrático das liberdades fundamentais, sob Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca uma perspectiva transdisciplinar. A proteção da liberdade ao discurso diverge nos países, e mesmo nos países sabidamente democráticos. Nos Estados Unidos, por exemplo, críticas até mesmo exageradas ou abertamente agressivas tendem a receber aceitação são toleradas, pela Emenda n. 1 da Constituição Americana. Ela aparece prioritária diante de outros direitos, quase como que uma base da própria dignidade, entendendo-se que só há possibilidade de a dignidade se manifestar a partir da comunicação livre. No Brasil, assim como na Alemanha, por outro lado, a personalidade tende a prevalecer, antes da liberdade de expressão. Na realidade as garantias fundamentais para o pleno desenvolvimento da personalidade estão no rol dos direitos fundamentais, e a nível de Lei Ordinária, a própria tutela da personalidade encontra-se no Código Civil. Recentemente, no Brasil a Lei de Imprensa foi declarada inconstitucional, e de fato, os dispositivos constitucionais são bastante claros buscando conceder a liberdade chamada “negativa” de falar, de se expressar, de criar. Ao mesmo tempo, no mesmo artigo que trata dos direitos fundamentais, vemos os dispositivos que protegem a honra, a imagem, o nome, enfim, a própria dignidade. Também resta protegida a intimidade e a privacidade das pessoas. Com tudo isso, entretanto, e com tantas mudanças operadas pelo desenvolvimento tecnológico, não é difícil de constatar que as mudanças que percebemos em vários institutos jurídicos, como a família, o casamento, a propriedade, e mesmo nos negócios jurídicos, não se perceba também mudanças que dizem respeito à forma como a privacidade e a intimidade vêm sendo concebidas. A abordagem ocorrerá através da coleta de dados históricos em relação ao efetivo respeito à liberdade de expressão, bem como, ao direito à privacidade, imagem e intimidade, sendo que a técnica de pesquisa também envolverá fontes primárias, como legislação e fontes secundárias, bibliográficas a partir da coleta de dados de livros, boletins, revistas, publicações avulsas e em especial, decisões dos tribunais. Espera-se com esta pesquisa esclarecer a efetiva extensão da liberdade de expressão e do discurso no Brasil e sua convivência junto a outros direitos fundamentais como a honra, dignidade, imagem das pessoas. Espera-se ainda, esclarecer as diferenças entre o exercício da liberdade de expressão de outros Estados Democráticos com o Brasil, onde entende-se, como nos Estados Unidos, que a liberdade é prevalente em relação a outros direitos fundamentais, e analisar suas causas e consequências para o efetivo exercício da cidadania. Dir-22 | LEGALISMOS E LEGALIDADE: A LIBERDADE, E A PRISÃO DA LEI Autor: Marília Dalmas de Oliveira E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: Caroline Fontoura Wertonge Co-autor: Guilherme Möller Co-autor: Guilherme Yung Orientador: Angela Kretschmann Palavras-Chave: Legalidade, Constituição Federal, desobediência civil Resumo: No ano em que o Rio Grande do Sul lança a comemoração pelos 50 anos de luta pela legalidade, perguntas não faltam para questionar essa mesma legalidade. Aquela luta pela legalidade, da década de 1960, era a luta por uma legalidade específica. Foi uma época em que se desenhava no Brasil uma nova legalidade. Isso leva a pensar nas diversas faces da legalidade e que podemos falar de várias legalidades. Será que a legalidade deve ser defendida a qualquer custo, como Sócrates fazia crer, a ponto de dar sua vida por ela? Os critérios para que se obedeça a lei, mudaram? Há possibilidade jurídica de desobediência legal? O artigo pretende demonstrar as mais diversas relações históricas de amor e ódio das sociedades pela lei, ora na luta por sua revogação, ora na luta por seu respeito incondicional. Objetiva desmistificar e distinguir os legalismos de uma legalidade que se pretende legítima, e que merece ser comemorada nos dias atuais, esclarecendo os motivos pelos quais nos dia atuais a Constituição Federal pode e deve ser defendida contra quaisquer tentativas de regimes totalitários ostensivos ou mesmo políticas subliminares que possam visar fragilizar um sistema democrático e os direitos humanos conquistados e expressos na Carta Constitucional. A pesquisa seguirá o método hermenêutico, através da apresentação e comparação de doutrinas e jurisprudência, segundo seu próprio contexto histórico e sua autoridade emissora, abordagem através da coleta de dados históricos em relação ao surgimento da legislação. Espera-se, com a presente pesquisa, concluir acerca da efetiva aplicação da Lei, em especial, a Carta Constitucional, e ao mesmo tempo, a influência que a política exerce em sua aplicação. Se, afinal, a lei pode constituir uma liberdade, ou em que situação, pode representar antes um limite à liberdade, a ponto de ser instrumento de aprisionamento, e assim, em que caso se justificaria a desobediência à lei. Dir-23 | A Primeira Constituição Autor: Willian de Paula Camargo E-mail: Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca [email protected] Orientador: Marcelo Santanna Palavras-Chave: Constituição Resumo: A Primeira Constituição Brasileira INTRODUÇÃO Este resumo versa sobre a primeira constituição brasileira, datada de 25 de março de 1824. O objetivo deste resumo, é relatar os pontos mais relevantes desta constituição, a qual tinha como “rótulo” ser uma constituição feita para o povo. Contudo, veremos adiante que não se tratava de uma constituição para o povo, e sim, uma constituição excludente, e que nos faz perguntar se realmente era seu objetivo tornar o Brasil uma nação independente, uma vez que, ela dava a Don Pedro I o controle total do Estado, e que o mesmo ainda mantinha elos estreitos com a corte portuguesa. DESENVOLVIMENTO Antes de analisar a constituição de 1824, cabe salientar que em 1822 houve uma tentativa frustrada de criar a primeira Constituição brasileira. Para a elaboração dessa constituição de 1822 foram convocados oitenta deputados de catorze províncias. Nessa constituinte, formaram-se dois grupos políticos: um liberal, que defendia a limitação do Poder Imperial e que dava maior autonomia política às províncias; e outro conservador (formado praticamente por portugueses), que apoiava um regime político centralizado. Em novembro de 1823, o Imperador organizou o chamado Conselho de Estado. Esse conselho tinha o objetivo de organizar uma constituição “digna” da aprovação imperial, e Don Pedro I controlava a elaboração do texto constitucional. A constituição de 1824 estabeleceu um governo monárquico, hereditário, constitucional, representativo e afirmava que “ o império é a associação política a todos os cidadãos brasileiros”. “Cidadãos brasileiros” eram aqueles que, nascidos no Brasil, fossem ingênuos (filhos escravos nascidos livres) ou libertos, além de portugueses que residissem no Brasil na época da proclamação da independência. O texto constitucional estabelecia a Igreja Católica como a religião oficial do Brasil, mas permitia a prática das demais religiões em cultos domésticos. Os membros do clero católico eram subordinados ao Estado, e por este nomeados. O Sistema Eleitoral era totalmente excludente. As eleições eram indiretas, somente homens maiores de 25 anos poderiam votar e ainda deveriam possuir uma renda anual mínima de 100 mil réis. Os deputados e senadores para elegerem-se deveriam ter renda anual mínima, respectivamente, 400 mil réis e 800 mil réis. Certamente a principal característica dessa constituição foi a criação de um quarto poder além do executivo, legislativo e judiciário: era o poder moderador, o qual era exercido exclusivamente pelo imperador. Com o poder moderador, Don Pedro tinha nas mãos um poder superior aos demais, pois através deste poderia, inclusive, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca anular atos e decisões dos demais poderes. Além disso, a pessoa do imperador era descrita como sagrada e inviolável, não estando sujeito a nenhum tipo de responsabilidade. CONCLUSÃO Ante o exposto, nota-se que nossa primeira constituição tinha por objetivo simplesmente manter a concentração do poder e o autoritarismo político, o que motivou diversas rebeliões separatistas pelo território nacional. Ainda assim, de todas as nossas constituições, foi a que mais tempo vigeu, de 1824 até 1889. REFERÊNCIAS A HISTÓRIA CONSTITUCIONAL DO BRASIL, Paulo Bonavids e Paes de Andrade CONSTITUIÇÃO DE 1824, Site www.Planalto.gov.br Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca EDUCAÇÃO Edu-10 | O melhor lugar do cinema Autor: Julio Cesar Da Silva Dias E-mail: [email protected] Orientador: Marcelo Becker Palavras-Chave: cálculo-cinema-matemática Resumo: A proposta de trabalho para a realização da amostra científica consta de um problema do cotidiano, um problema bem simples, onde demonstraremos a importância e utilidade da matemática no dia-a-dia, com um enfoque no curso superior. Utilizaremos uma situação bem comum: qual o melhor lugar para sentar em uma sala de cinema??? A partir dessa situação, buscaremos informações sobre estrutura da sala de cinema, como medidas de tela, parede, inclinação de poltronas, etc..e através do uso do cálculo matemático tentaremos encontrar a posição ideal para se ter a melhor visão da tela de cinema. O objetivo principal dessa proposta é que o aluno compreenda que a matemática faz parte da vida, podendo ser utilizada em situações que nem sequer imaginamos . Edu-11 | Protagonistas do sucesso: Um olhar da Pedagogia Social Autor: Sabrina Boeira da Silva Orientador: Terezinha Consul Palavras-Chave: educação social; protagonismo; atuação pedagógica. Resumo: O projeto foi desenvolvido a partir das perspectivas visadas na disciplina de Prática IV: Educação em espaços não-escolares, abordando uma ação pedagógica ampla, realizada junto as instituições que desenvolvam projetos de caráter educacional não escolar com vistas ao desenvolvimento de competências referentes à compreensão do papel da educação em diferentes instâncias. “Protagonistas do sucesso” foi desenvolvido com crianças e adolescentes com idades entre sete e quinze anos incompletos que se encontram em situação de vulnerabilidade social, integrantes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos PETECA, promovido pela SMTCAS – Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social – da Prefeitura de Gravataí. Desenvolver questões voltadas para autoestima, capacidade de superação, carência, harmonia no ambiente. Conhecer suas potencialidades e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca limitações, entendendo que cada ser é único e possui qualidades e defeitos através disso promover o respeito mútuo erradicando situações de bulling. A execução desse projeto se deu através da realização de oficinas pedagógicas que incluíam decoração expressiva, que objetivou criar um espaço de socialização e interação ampliando a comunicação entre o grupo e dinâmicas que desenvolvessem a percepção do eu e do trabalho em equipe. Percebeuse a importância da atuação do pedagogo em espaços sociais e não escolares, devido à sua visão globalizada do que é necessário para formar o indivíduo como um todo. Sendo que o pedagogo é um profissional munido com o conhecimento didático, metodológico e humano. Constatou-se com a realização deste projeto que esses conhecimentos são fundamentais, pois é intrínseca no ser humano a priorização do individualismo e não da coletividade, cabendo ao pedagogo a mediação das relações. Edu-12 | MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO: O QUE EMBASA A PRÁTICA DAS PROFESSORAS ALFABETIZADORAS ATUALMENTE Autor: ROSANE SOUZA MARTINS DE E-mail: [email protected] Orientador: ZORAIA BITTENCOURT Palavras-Chave: Alfabetização. Métodos. Atualidade. Resumo: Vários pesquisadores contribuíram nos estudos sobre o processo de alfabetização, pois suas obras influenciaram a forma de alfabetizar. Baseados nessas pesquisas, foram criados métodos ao longo dos anos, que, muitas vezes, foram tidos como uma receita dentro das escolas. O objetivo principal deste trabalho é falar um pouco sobre esses pesquisadores e suas obras publicadas, apresentando os métodos de alfabetização e o quanto influenciaram e influenciam a educação. Através de uma pesquisa de campo, foram entrevistados quatro alfabetizadores no intuito de se ter uma amostra de como os métodos de alfabetização estão presentes na escola atual e em quais autores estes docentes baseiam sua prática pedagógica. O trabalho constatou que os professores conhecem os pesquisadores que contribuíram com a alfabetização, mas não se detêm em somente um método, não vendo o resultado dessas pesquisas como receita para alfabetizar. Edu-13 | A Obesidade Infantil e O Cálculo do IMC Autor: Iolanda Silva Duarte E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: Liziane Duardes Braga Orientador: Lucas Nunes Ogliari Palavras-Chave: Temas Transversais – Saúde – Cálculo IMC Resumo: As competências estão inseridas nas discussões pedagógicas levando futuros professores a buscar elementos que propiciem o seu entendimento e formas de incorporá-las aos projetos educativos. Elas significam uma retomada de princípios pedagógicos, levando os alunos a encontrarem um significado nos conteúdos escolares, preparando-os através do aprendizado da metodologia de resolução de problemas, visando uma construção que oriente e possibilite de fato a inserção destes como cidadãos no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura . O hábito de omitir refeições, especialmente o desjejum, juntamente com o consumo de refeições rápidas, fazem parte do estilo de vida dos adolescentes, sendo considerados comportamentos inadequados que podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade. A obesidade na adolescência é um fator preditivo da obesidade no adulto. Segundo dados da Associação Brasileira de Estudo da Obesidade (ABESO), a obesidade na infância colabora prejudicialmente da mesma forma, pois uma criança obesa de dois anos de idade tem o dobro de chances de ser um adulto obeso. A educação para saúde só pode ser efetiva se promover mudança no comportamento da criança, tornando-a consciente do que é necessário à conservação da saúde. Os objetivos a serem atingidos são no sentido, não somente o de contribuir para que os alunos adquiram conhecimentos relacionados à saúde, mas, principalmente, no sentido de que eles sejam auxiliados a adquirirem, ou reforçarem hábitos, atitudes relacionados com esta prática que levem para a vida adulta. Elaboramos, portanto, um plano de aula para a 6ª série do ensino fundamental, que além de focar no conteúdo de multiplicação e divisão de números racionais, preocupa-se com a questão da obesidade infantil, enfocando assim o tema transversal ligado a Saúde. Inicialmente, apresentaremos um texto informativo sobre a obesidade infantil e o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). Depois desta leitura, será apresentado um exemplo do cálculo do IMC e em seguida, será solicitado que os alunos calculem o seu próprio IMC e verifiquem os resultados na tabela. Importante ressaltar que os cálculos de IMC, serão conferidos com o uso de calculadoras (trazidas de casa pelos alunos); esta ação auxiliará os alunos também no aprendizado com calculadoras. Após serão discutidas questões pertinentes a práticas alimentares mais saudáveis , bem como da importância dos mesmos levarem essas informações obtidas para seus lares e compartilhar com toda a família. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Edu-15 | Caminhos da profissionalidade docente. Autor: Zelia Teresinha Novakovski Nunes E-mail: [email protected] Co-autor: Tatiane dos Santos da Silva Co-autor: Andréa Silveira dos Passos Co-autor: Jandira Lucia Falkovski Orientador: Marialva Linda Moog Pinto Palavras-Chave: Professores-Formação-Profissionalidade. Resumo: CAMINHOS DA PROFISSIONALIDADE DOCENTE. Resumo Este estudo problematiza a realidade dos professores que no sentido positivo: passa pela missão; responsabilidade sobre o trabalho desenvolvido; busca de formação continuada; diminuição do recrutamento dos educadores semformação; aumento rápido dos anos de estudo; e uma tendência a especializarem-se. Por outro lado existe a desprofissionalização que inclui profissionais: que possuem a formação feita por um grupo de outro meio; diminuindo a autonomia do grupo profissional; a diversidade das formações e experiências de cada um; e a multiplicidade de vias de formação. A remuneração considerada muito abaixo de sua qualificação e a dessindicalização também contribuem para a desprofissionalização do docente. A profissão passa por um processo de declínio da ocupação docente devido a decadência do salário, das diferentes exigências de formação, determinando diferenças e hierarquias, subordinação estrita a normas e diretrizes emanadas do Ministério da Educação e o desprestígio da imagem do professor. Esta pesquisa bibliográfica, realizada pelas alunas do curso de Pedagogia na disciplina Educação e Trabalho em 2011/2, objetiva compreender os caminhos da profissionalidade docente. Explorou-se o posicionamento dos professores, que há 30 ou 40 anos atrás, sentiam-se mais preparados, mais bem pagos, mais valorizados, mais profissionais. Como resultado, percebemos que a precarização do trabalho docente pode estar repercutindo sobre a construção da identidade de nossos professores, que em outros países tem salários mais dignos e não apresentam disparidade entre os níveis de ensino. Os resultados mostram ainda que há uma grande confusão entre Profissionalidade, Profissionismo e Profissionalismo. A Profissionalidade significa competência e qualificação. Profissionismo envolve estratégias e retóricas coletivas que tentam transformar uma atividade em profissão e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca finalmente Profissionalismo nos fala de adesão individual à retórica e as normas da corporação, e começa a socialização profissional. O resultado apontou também para o fato de que vários fatores levam ao desprestígio social e são eles: professores universitários assumiram a pesquisa e professores da escola básica, a formação; relação moderna entre saber e formação; aparecimento das ciências da educação; Instituições escolares tratadas como questão pública; desconfiança dos grupos sociais sobre os saberes transmitidos pela escola, pouca aplicação na sociedade atual. Mas os achados nos mostram que não podemos esquecer a nossa missão profissional que diz que o professor é mediador, herdeiro, crítico e intérprete da cultura, onde no espaço escolar, o professor é o principal ator onde passam as diferentes culturas. O professor é capaz de estabelecer elos entre os diversos saberes do mundo, sendo o fiel depositário da cultura. Edu-16 | Contação de Histórias na Educação Infantil: O que pensam os professores? Autor: Alyne Marmitt E-mail: [email protected] Orientador: Cristine Lima Zancani Palavras-Chave: Educação Infantil. Contação de histórias. Desenvolvimento Infantil. Resumo: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE PENSAM OS PROFESSORES? A contação de histórias se faz presente nas rotinas da educação infantil, porém a forma como vem sendo abordado este momento é o que nos preocupa. Através da leitura ativamos a criatividade, criamos um mundo imaginário que permite interagir melhor com a realidade que nos rodeia, potencializamos a reflexão crítica e nos proporcionamos descobertas. Para tanto, realizamos uma pesquisa com professores da educação infantil da rede privada e pública dos municípios de Gravataí e Porto Alegre, visando analisar como é realizada a contação de histórias por estes professores, partindo então para uma reflexão de como deveria ser trabalhado o momento da leitura nesta etapa do desenvolvimento da criança. Durante as entrevistas, percebeu-se o distanciamento dos educadores para com o momento da contação de histórias, onde muitos relataram que se preocupam mais em atingir metas pré destinadas ao contar histórias pelo simples prazer que esta ação proporciona. Por fim, concluímos a importância da contação de histórias para o desenvolvimento integral da criança, possibilitando aprendizagens significativas e prazerosas, mas que, infelizmente, os Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca professores estão deixando passar despercebido este momento. Edu-17 | Temas Transversais e a Matemática Autor: Isabel Soares Martins E-mail: [email protected] Co-autor: Geraldo Carlos Teixeira Júnior Orientador: Lucas Nunes Ogliari Palavras-Chave: Matemática - Temas Transversais - Educação Resumo: O Banner traz uma proposta acerca dos temas transversais dos PCN’s, focado no consumo que os alunos têm fora da sala de aula, consumo estes que mudam a rotina dos alunos. Será feita uma análise dos valores que eles gastam em supermercado ou numa determinada compra, passando estes valores para uma função, ou seja, os produtos em função de seus valores. Ou até mesmo para uma equação que mostre o índice de gastos e se os mesmos forem contínuos e graduais. Além disto, serão feitos os cálculos proporcionais a um gasto em uma loja no centro da cidade e o gasto feito no Shopping da cidade, para checarmos se há diferença de valores ou não. O banner terá como foco a junção do dia a dia com a sala de aula, provando que a matemática não serve para se trabalhar apenas entre quatro paredes, numa sala de aula, mas no ambiente dos alunos, na análise de seus gastos e de suas economias. Edu-18 | ASPECTOS REFERENTES À METODOLOGIA E PRÁTICA DA PRODUÇÃO CULTURAL OBSERVADOS EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE CACHOEIRINHA (RS) Autor: ANDRESSA UNGER PISONI E-mail: [email protected] Co-autor: PRISCILA DE SOUZA PEDROSO Orientador: EVANDRO ALVES Palavras-Chave: escola, práticas pedagógicas e produção cultural. Resumo: O presente trabalho consiste no relato de uma observação em uma escola de educação básica do município de Cachoeirinha (RS). O objetivo Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca deste trabalho é realizar um levantamento e análise inicial referentes à utilização cultural no cotidiano das práticas pedagógicas. Foi realizada a observação, enfatizando três aspectos: o espaço físico, as práticas pedagógicas e a entrevista com a equipe diretiva. No espaço físico, realizouse observação para verificar a existência de projetos culturais e como eles se articulavam no ambiente escolar. Foram observadas práticas pedagógicas no contexto de um projeto de leitura e realizada entrevista com a professora que conduzia o projeto em estudo. Foi realizada entrevista com integrante da equipe diretiva. Os resultados preliminares apontam que, nesta observação, do ponto de vista da gestão e dos espaços físicos para carências da instituição escolar em utilizar elementos, processos e produtos da cultura de forma mais consistente em suas atividades. Aponta também para a positividade da prática pedagógica realizada como um passo importante para qualificar a prática pedagógica e promover a aprendizagem significativa. Palavras chaves: escola, práticas pedagógicas e produção cultural. Edu-19 | A importância do conhecimento sobre calorias dos alimentos. Autor: Edilaine Carvalho Fochezatto E-mail: [email protected] Co-autor: Thaise Barros Estigarriba Orientador: Lucas Nunes Ogliari Palavras-Chave: saúde Resumo: Com o intuito de tratar da matemática relacionando os conteúdos de unidades de medidas (kg, g, m , cm...) e números racionais (envolvendo o estudo dos sinais), a proposta que lançamos para o banner é a de desenvolver competências e habilidades que propiciem aos alunos a conscientização para se realizar uma alimentação adequada. Utilizando a matemática podemos tornar esta conscientização possível. A atividade será proposta a uma turma de 6ª série, de uma escola do município de cachoeirinha. Primeiramente os alunos medirão sua altura e “peso” para saber qual a quantidade de calorias que cada um pode ingerir por dia. Em um segundo momento, os alunos serão solicitados a fazerem uma lista dos alimentos que eles comem em um dia, para que se tenham dados para a análise proposta. Os alunos terão a possibilidade, com esta proposta, de manusear embalagens de alimentos, sabendo identificar e compreender a Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca relação das calorias em nossas vidas. Edu-22 | Consumo Consciente Autor: Katiuscia Sarmento Lumertz E-mail: [email protected] Co-autor: Joice Teixeira Lima Orientador: Lucas O. Nunes Palavras-Chave: Temas Transversais - Consumo - Cidadania Resumo: O nosso trabalho está sendo aplicado na turma 61 (7º ano) da Escola Municipal Parque dos Eucaliptos de Gravataí, durante a disciplina de Estágio I. Tem como foco principal a relação da matemática com o consumo. Uma das orientações presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais é de abordar em sala de aula temas como ética, saúde, trabalho e consumo, orientação sexual, pluralidade cultural e meio ambiente – temas transversais. Buscamos contextualizar o conteúdo e ao mesmo tempo possibilitar a construção de uma postura crítica e analítica dos alunos a respeito das propagandas enganosas e estratégias de marketing a que os consumidores são submetidos, fortalecendo assim sua cidadania, que é um dos objetivos para o qual os temas transversais foram criados. Para isso realizamos um trabalho em grupos, de 3 ou 4 componentes, em três etapas. Na primeira etapa cada integrante do grupo ficou responsável de trazer um encarte de propaganda de Supermercado, tendo o cuidado para não haver repetições de encartes no mesmo grupo. Na segunda etapa o material solicitado foi utilizado para a confecção em aula de um cartaz. O cartaz conteve a pesquisar de preços, ou seja, os alunos compararam os preços de cinco tipos de produtos encontrados nos encartes. Foi solicitado aos grupos que comparecem produtos semelhantes, mas vendidos em quantidades diferentes (exemplo: arroz 5 kg e arroz 1 kg), para que verificassem em qual estabelecimento seria mais vantajoso à compra de determinado produto em grande quantidade. Para a formulação dos cálculos foram utilizadas regras de três simples, como meio de fixar o conteúdo trabalhado em aula. Na última etapa do trabalho os grupos apresentaram à turma os seus cartazes, analisaram os resultados das pesquisas e discutiram com a turma qual o melhor supermercado para fazer a compra de cada produto. Esperamos que com esta proposta os alunos realmente criem uma postura critica e analítica, exercitem assim sua cidadania. E que obtenham também um aprendizado mais significativo, além de ter ocorrido à fixação do conteúdo com uma maior facilidade. Mostrando assim, a importância de trazer para a sala de aula, o cotidiano do aluno, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca através dos temas transversais. Edu-23 | Identidade e Cotidiano da Educação Infantil Autor: Janete Maia Mendes Co-autor: Beatriz Tormes e Souza Co-autor: Fernanda Ferrari Kolesny Co-autor: Andressa Lopes Machado Co-autor: Aline Ramos Jung Co-autor: Jéssica Schardosim Co-autor: Vanessa Deos Orientador: Marialva Pinto Palavras-Chave: Observação - Prática - Educação-Infantil Resumo: Este estudo é resultado de uma pesquisa, realizada em escolas de Educação Infantil com crianças de 0 à 6 anos, nos municípios de Cachoeirinha e Gravataí, da rede privada e municipal. Nosso objetivo foi conhecer a realidade dos alunos, a prática escolar e o trabalho dos funcionários presentes nessas escolas. A metodologia utilizada foi a observação participante com aplicação e contação de histórias infantis, destacando a capacidade de atenção dos alunos, raciocínio, concentração, entre outros. As visitas nos proporcionaram verificar alguns aspectos comuns e outros aspectos que demonstram especificidades de cada Instituição de Educação Infantil. Foi possível observar pontos como estrutura física, rotina dos alunos, organização das salas de aula, quantidade de alunos por professor, qualificação e preparo profissional. Com o resultado de nossa pesquisa, endossamos a idéia de que os aspectos acima expostos, fundamentalmente trabalhados e exercidos, produzem melhores resultados nos aprendizados de nossas crianças. Este trabalho enriqueceu nossos conhecimentos e foi possível relacionar teoria com a prática profissional. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Edu-24 | Planejamento: Um caminho para a ação pedagógica diária. Autor: Fabiana da Silveira Bernardo E-mail: [email protected] Co-autor: Tagiane Co-autor: Sue Ellen da Silva Gonçalves Co-autor: Juliana Jaines Costa Co-autor: Catiele Schinoff da Silva Co-autor: ANA CRISTINA KWIECINSKI Orientador: Patrícia Beatriz de Macedo Vianna Palavras-Chave: Planejamento de ensino- pensamento reflexivo- ação diária Resumo: Planejamento: um caminho para a ação pedagógica diária O trabalho apresenta dados relativos ao planejamento do ensino, levando em consideração a abordagem do pensamento reflexivo na ação didática dos professores da rede publica e privada. O objetivo principal foi identificar a crença ou descrença no planejamento de ensino, assim como a sua utilização diária por parte dos professores de escolas municipais, estaduais e particulares do município de Cachoeirinha. O método utilizado foi o estudo de caso, tendo como instrumento de coleta uma entrevista semi-estruturada e a observação em campo empírico. Os dados foram analisados por meio de analise textual interpretativa das entrevistas e observação. Os resultados apontam para a necessidade do planejamento de ensino para direcionar a pratica pedagógica docente, pois o mesmo contribui para a segurança do educador, da mesma forma que se utiliza como acompanhamento da construção do conhecimento do aluno, embora diversas vezes o planejamento desenvolvido não seja colocado em ação, devido à crença de não ser necessário aplica-lo, tendo em vista a experiência docente dos professores. Entretanto, os mesmos reconhecem que o planejamento possibilita a “iluminação” da pratica, pois oferece elementos que norteiam as ações pedagógicas diárias. Palavras chaves Planejamento de ensino Pensamento reflexivo Ação didática Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Edu-27 | Planejamento de ensino:teoria ou prática? Autor: Zelia Teresinha Novakovski Nunes E-mail: [email protected] Co-autor: Suelen Parodi dos Santos Co-autor: Rosângela Gomes de Gomes Co-autor: Andréia Maria dos Santos Mayresse Co-autor: Tatiane Marcolino Stanguerlin Orientador: Patrícia Beatriz de Macedo Vianna Palavras-Chave: docente Planejamento de ensino-pensamento reflexivo-prática Resumo: RESUMO Planejamento de ensino: teoria ou prática? Pensar no planejamento pedagógico como crença para a pratica da educação é algo que se faz há muito tempo, porém ainda é um assunto que diariamente é discutido pelos profissionais da educação, mas apesar de muito ser discutido não existe um consenso de sua real importância para o aperfeiçoamento da pratica como processo de reflexão dos objetivos a serem alcançados no fazer pedagógico. Primeiro é interessante se definir que o método utilizado para esta pesquisa foi o estudo de caso, tendo como instrumento coleta de dados, sendo uma entrevista semi-estruturada com observação em campo empírico de professores da rede pública e privada do município de Cachoeirinha. Os dados foram coletados e analisados por meio de texto interpretativo das entrevistas e observações. A pesquisa se restringe ao município de Cachoeirinha, mas sabe-se que ao serem questionados sobre este tema os profissionais da área em geral apontam para a crença da necessidade do planejamento para dar diretrizes à prática pedagógica docente. Ocorre que muitas vezes este planejamento faz parte somente de uma exigência burocrática, onde muitos profissionais admitem que não conseguem colocar em pratica o que foi desenvolvido no planejamento, porque o que foi planejado esta embasado no PPP da escola que geralmente não está de acordo com a realidade dos alunos e o contexto onde a escola está inserida. O planejamento deixa então de ser um instrumento de apoio ao trabalho para tornar-se mais uma exigência burocrática a ser cumprida, do que propriamente uma visão muitas vezes não assumida pela maioria dos entrevistados, mas que está presente na realidade da maioria das escolas. O trabalho apresenta dados Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca relativos ao Planejamento do Ensino, levando em consideração a abordagem do Pensamento Reflexivo na ação didática. Edu-30 | USO CONSCIENTE DE SACOLAS PLÁSTICAS ENVOLVENDO FRAÇÕES Autor: DOUGLAS EDSON SCHEREIBER E-mail: [email protected] Co-autor: LUCIANO BERGMANN Orientador: LUCAS NUNES OGLIARI Palavras-Chave: CONSUMO, MEIO AMBIENTE, MATEMATICA Resumo: O presente banner tem como objetivo relacionar a matemática com um dos temas transversais, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais. Desta forma, o tema em questão dá-se acerca do consumo e meio ambiente, com o intuito de proporcionar a alunos do ensino fundamental a conscientização a respeito da utilização de sacolas plásticas no cotidiano. Os conteúdos de matemática envolvidos nesta proposta serão relacionados a frações e proporções, visando uma integração com a família e envolvendo-a na busca por um consumo e uso de sacolas plásticas de forma consciente. Conseguindo conscientizar os alunos sobre o número de sacolas que são utilizadas, e sobre outras maneiras de como podem ser realizadas suas compras, através de sacolas reutilizais, dentre outras possibilidades. Esperase, com este trabalho, desenvolver habilidades e competências que levem o aluno a se posicionar de forma crítica perante os malefícios que a produção de lixo, e também a compreender importância da matemática com uma ferramenta do cotidiano. Esta proposta está sendo desenvolvida em turmas de 5ª e 6ª séries, de escolas públicas, de forma que as atividades, a coleta dos dados, bem como a sua análise estão expostos no trabalho final, ou seja, no banner. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca PSICOLOGIA Psi-1 | Fatores determinantes da escolha profissional na adolescência Autor: Alexandre Cardoso de Almeida E-mail: [email protected] Co-autor: Aline Vargas da Silva Co-autor: Suhelen Dorneles Santos Co-autor: Pâmella da Silva Brites Orientador: Márcia Elisabete Wilke Franco Palavras-Chave: Adolescência, escolha profissional, influências. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Resumo: Este estudo foi realizado por estudantes do curso de Psicologia do segundo ao quarto semestre da disciplina de Desenvolvimento Humano II – 2011/2 da Instituição Cesuca Faculdade Inedi. O presente artigo tem como objetivo compreender quais os fatores de influência determinantes da escolha profissional dos adolescentes. Foi realizada uma pesquisa quantitativa e qualitativa, através de aplicação de questionários com questões objetivas e subjetivas em alunos de um curso pré-vestibular privado na cidade de Cachoeirinha / RS. Para tanto, foram analisadas as respostas dos estudantes através de um embasamento teórico de Erik Erikson, Luiz Carlos Osório e alguns artigos relevantes da categoria. Buscamos esclarecer o que é a escolha profissional do adolescente, quando e como a mesma acontece e qual a função do psicólogo nesta escolha. Psi-2 | Contemporaneidade e a Psicopatia na adolescência Autor: Susi Caron da Silva Ghisleni E-mail: [email protected] Orientador: Márcia Elisabete Wilke Franco Palavras-Chave: Psicopatia, comportamento, Adolescentes Resumo: A Psicopatia, no sentido integro da palavra, além de um constructo complexo, pode sintetizar tanto características de personalidade quanto reações comportamentais (Dabvis & Feldman, 1981), agressivas ou não, e inclui o comportamento, a afetividade e as características interpessoais, como a insensibilidade e a falta de empatia, tradicionalmente conhecida como a essência do transtorno. O conceito atual de psicopatia refere-se a um transtorno caracterizado por atos anti-sociais contínuos (sem ser sinônimo de criminalidade) e principalmente por uma inabilidade de seguir normas sociais em muitos aspectos do desenvolvimento da adolescência e da vida adulta. Os portadores deste transtorno não apresentam quaisquer sinais de anormalidade mental (alucinações, delírios, ansiedade excessiva, etc.) o que torna o reconhecimento desta condição muito difícil. A literatura explica que aspectos sociais como a racionalidade, as normatizações, a influência da ciência, a busca por incessante pela identidade e legitimação e valorização das permanências culturais, são conceitos arrogados na vida dos adolescentes e podem se mal Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca conduzidos ou em excesso, influenciar no desenvolvimento da psicopatia. Para sintetizar este contexto, usaremos neste artigo recortes do livro "O psicopata americano", de Bret Easton Ellis, e cases de psicopatas já diagnosticados, como ilustração e ponto de partida refletindo acerca de alguns dos aspectos citados. Há um verdadeiro círculo vicioso na formação de novos psicopatas. Uma pessoa agredida e tratada com violência desde cedo na vida e mais tarde desenvolvendo o transtorno de personalidade anti-social será um agressor violento de seus filhos e reproduzirá o quadro qual viveu a sua infância (Dabvis & Feldman, 1981). Psi-3 | O DILEMA VOCACIONAL DO ADOLESCENTE: UMA VISÃO COMPREENSIVA DO FENÔMENO Autor: Josiane Guimarães dos Passos E-mail: [email protected] Co-autor: Ivana Beatriz Luz Co-autor: Luiz Francisco dos Santos Orientador: Márcia wilke Franco Palavras-Chave: Adolescentes; escolha vocacional; intervenção Resumo: Este trabalho é o relato da experiência de uma proposta de intervenção, atividade do ESTÁGIO BÁSICO II- OBSERVAÇÃO E INTERVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL, cadeira do quarto período do curso de Psicologia da faculdade CESUCA, frequentada no semestre 2011/2, onde foram observadas duas turmas do último ano do ensino médio de uma escola estadual de Cachoeirinha, nas quais via-se a necessidade de apoio aos alunos angustiados pela difícil hora da escolha vocacional. O objetivo da intervenção não visou soluções absolutas as dúvidas apontadas pelos adolescentes, mas fomentar ferramentas psicológicas como tranquilidade, otimismo e autonomia, que os ajudasse a lidar com elas. Durante seis encontros, usando a técnica observacional assistemática e levantamento quanti-qualitativo, foi possível identificar o foco da intervenção. Utilizando o teste L.I.P(Levantamento de Interesses Profissionais) de Carlos Del Nero, pode-se verificar com qual ou quais áreas profissionais cada um se familiariza e se estas estão de acordo com as disciplinas nas Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca quais apresentam melhor desempenho. O que se constatou com a verificação dos testes, foi a confirmação da indecisão dos adolescentes na escolha profissional, por apresentarem percentuias de interesse muito próximos entre uma área e outra bem distintas, o que não acontece com o mesmo teste aplicado a pessoas já na fase adulta bem definida. O que se levou ao conhecimento das turmas foi que a indecisão na escolha vocacinal é extremamente comum nessa fase do desenvolvimento, que o ser humano é dinâmico e mutável e asssim podem ser suas escolhas. Que o mais importante é fazer uma opção o mais próximo possível de suas aptidões, levando em conta anseios próprios de realização, para aumentar sua garantia de sucesso. Psi-5 | Síndrome ou Doença de Machado Joseph SMJ/DMJ Autor: Débora Vieira da Silva Carpes E-mail: [email protected] Co-autor: Mirian Salgado de Oliveira Orientador: Tatiana Gomes Rosa Palavras-Chave: Doença de Machado Joseph; genética; ataxia. Resumo: Resumo A DMJ é uma doença crônica que afeta estruturas neurológicas responsáveis pela coordenação de movimentos e equilíbrio. É uma doença genética e herdada de forma autossômica dominante. Seu início é sutil, gradual, aparecendo normalmente em adultos jovens. Afeta principalmente o caminhar, produzindo oscilações e desvios para os lados, e com o avanço da doença, até mesmo quedas. Este estudo tem por objetivo apresentar e divulgar a Doença de Machado Joseph (DMJ) apresentando sua origem histórica, seus principais sintomas, como é herdada, como é diagnosticada e o que pode ser feito para melhorar seus sintomas pois se trata de uma doença relativamente nova e ainda pouco conhecida no Brasil. O método utilizado neste estudo foi revisão bibliográfica, através de pesquisas em sites, artigos científicos, teses de doutorado entre outros. Os artigos científicos relatam que os primeiros registros da DMJ, datam 1972, e foram descritos por dois grupos de investigadores Norte Americanos. A primeira família descendia de William Machado, que era habitante da ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores. A Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca segunda família, também descendia de açorianos provenientes dessa mesma ilha. E em 1976, uma terceira família foi identificada, também de origem açoriana (porém da ilha de Flores) e se chamava “Joseph”. A partir deste ano, a comunidade de investigadores clínicos concluiu que as três famílias deveriam ter a mesma doença, que passou a ser chamada com o nome das primeiras famílias conhecidas: “Machado Joseph”. A DMJ é uma doença muito frequente em açorianos e seus descendentes, mas hoje em dia sabemos que há doentes com a DMJ nas mais variadas populações. Como os portugueses dominavam o comércio marítimo 400-500 anos atrás, supõe-se que foi justamente através das navegações dessa época que a DMJ se difundiu. Os sintomas mais comuns da DMJ são os desequilíbrios, fala mal articulada, dificuldade em realizar os movimentos finos das mãos, ou seja, ataxia progressiva, além de manifestações oculares: a visão dupla. A DMJ não causa deterioração mental. E por se tratar de uma condição muito limitante, é comum os doentes apresentarem depressão e isolamento social. Apenas em 1994 foi descoberto o gene responsável pela DMJ. Este gene (MJD1) está localizado no cromossomo 14. Apesar de ainda não haver tratamento ou prevenção para a DMJ, alguns cuidados podem melhorar a qualidade de vida dos portadores, como: fisioterapia e fonoaudiologia. Ambas auxiliando nas funções motoras e ensinando ao paciente a lidar com situações como os engasgos e marcha desequilibrada, além de acompanhamento com psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais. Nossa expectativa com esse trabalho é de que a DMJ seja, cada vez mais, de conhecimento de profissionais da área da saúde para desta forma proporcionar uma melhor qualidade de vida aos portadores desta síndrome. Psi-6 | A doença de Alzheimer do ponto de vista do cuidador Autor: Nádia Maria Viana Vazata Co-autor: Kelly Ribeiro Aguiar Co-autor: Aline Fontes de Freitas Co-autor: Carina Renata Pellisoli E-mail: [email protected] Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Co-autor: Amanda Passarela Ferreira Orientador: Paula Grazziotin Silveira Rava Palavras-Chave: Alzheimer; Cuidador; Privações. Resumo: A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. Sabe-se que os neurônios morrem pelo acúmulo de proteínas em formas que não são normalmente encontradas no cérebro, tanto dentro como fora dos neurônios, mas ainda não se sabe por que se inicia este processo. O fato é que as pessoas portadoras de Alzheimer podem ter problemas de memória, perdas de habilidades motoras, problemas de comportamento e confusão mental. Como conseqüência da evolução da doença, pode haver comprometimento de três áreas fundamentais: a cognição, as atividades do dia-a-dia e o comportamento. Este comprometimento faz com que a pessoa fique cada vez mais dependente, necessitando de acompanhamento progressivamente intenso, o que vai causando desgaste extremo em seus cuidadores. Este trabalho teve como objetivo investigar as dificuldades, sofrimentos e privações pelas quais passam os cuidadores de pacientes com Alzheimer, bem como se eles conseguem desenvolver suas próprias atividades, apesar de cuidarem de pacientes com esta doença. Para tanto, realizou-se um estudo de caso único, com análise de conteúdo qualitativa. Participou deste estudo uma senhora de 50 anos de idade, que respondeu a uma entrevista semi estruturada, contendo 14 questões. Os resultados revelaram que a senhora já cuidou de três pacientes com esta doença e que pelo fato de não ser parente conseguia tempo para desenvolver suas atividades, principalmente quando a doença ainda se encontrava numa fase intermediária, mas que se abalava muito, emocionalmente, pelas dificuldades dos pacientes e pelo descaso de familiares que continuavam suas rotinas normalmente, limitando-se apenas a visitá-los. Também relatou que muitas vezes tinha o sono interrompido como, por exemplo, pelo fato de uma das pacientes levantar de madrugada e começar a fazer almoço e esperar os filhos como se fosse meio dia ou acompanhá-la quando saía à rua, pois aconteceu de a paciente sair e se perder, só voltando com ajuda de um conhecido. Sofria bastante quando a doença chegava numa fase mais adiantada e os pacientes necessitavam ir para clínicas e, principalmente, quando, pela convivência que tivera, percebia a proximidade da morte. Estas Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca questões são importantes e instigam a continuidade dos estudos com relação ao desgaste dos cuidadores de doentes com Alzheimer. Seria bom se pelo menos eles tivessem acesso às orientações e dicas de como cuidar do idoso com Alzheimer e também de como se cuidar. O trabalho seria menos áspero e mais fácil de suportar. Aí está o papel do grupo de suporte ou de autoajuda (ABRAZ), que existe para servir de cooperação no trabalho dos cuidadores/familiares. Psi-7 | Fatores que influenciam a escolha profissional dos adolescentes. Autor: Jéssica Fernandes E-mail: jessyfer [email protected] Co-autor: Débora Vieira da Silva Carpes Orientador: Márcia Elisabete Wilke Franco Palavras-Chave: Adolescência, profissão, influências. Resumo: Resumo Este trabalho tem como base uma pesquisa empírica com contextualização teórica, realizado na disciplina de Desenvolvimento Humano II, a qual trata de questões próprias da adolescência, durante o 2º Semestre de 2011 do curso de Psicologia da Faculdade CESUCA – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha/RS, a pesquisa foi aplicada em um curso prévestibular na região metropolitana da grande Porto alegre. A instituição que participa da pesquisa atende adolescentes que buscam aprovação e inclusão universitária. Pretendemos através desta investigação, destacar quem são as principais influências durante a jornada na escolha profissional. Na contemporaneidade podem ser os pais, amigos, escola ou mídia entre outros abordados no questionário. A fundamentação teórica baseia-se nas teorias de Freud e Erick Erikson, entre outros. A adolescência é uma fase de intensas transformações e duvidas. Um período de desestabilidade emocional onde o adolescente passa pela procura da identificação pessoal e procura ocupacional que determinará a profissão a seguir, o tipo de pessoas com quem vai trabalhar, quais instrumentos vai manusear. Abrindo-se um “leque de opções” para o adolescente e isso naturalmente gera muitas duvidas. Buscamos saber o que o adolescente leva em conta na hora dessa importante escolha. Diante disso é interessante saber quem ou oque mais Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca influência na hora da decisão. Utilizamos como instrumento da pesquisa um questionário com dez questões objetivas, com intuito de um levantamento de dados quantitativo e qualitativo. Quem participou da pesquisa foi um grupo de adolescentes com idade de 14 a 25anos, estes estão cursando ou concluindo o ensino médio. As interrogações do questionário destinam se diretamente aos estudantes que responderam as perguntas, com isso teremos resultados reais, extraídos diretamente do objeto de análise. O resultado da pesquisa está em processo de avaliação e conferência de dados para que sejam reveladas as maiores influências na escolha profissional do adolescente. Nossa expectativa com esse trabalho é a de trazer ao conhecimento de pais, educadores e outros, qual o fator (ou os fatores) que mais influenciam o jovem na sua escolha profissional. Psi-15 | Asilo Santa Bárbara: Idosos institucionalizados e auto-estima. Autor: Daniela de Candido Garcia E-mail: [email protected] Co-autor: Carina Renata PELLISOLI Co-autor: Lucimara Oliveira BITTENCOURT Orientador: Márcia Elisabete Wilke Franco Palavras-Chave: Idosos, auto estima, intervenção. Resumo: Este trabalho é resultado de uma intervenção com contextualização teórica da disciplina de Estágio Básico II do curso de Psicologia da Faculdade CESUCA – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha/RS, no asilo Santa Bárbara, que existe há 21 anos, localizado na cidade de Gravataí/RS. A instituição que participa da intervenção atende idosos, tanto de sexo masculino quanto feminino, com idades entre 64 à 90 anos, num total de 17 asilado. Apesar de ser privada, o asilo recebe ajuda da comunidade devida a cobrança de uma taxa simbólica mensal. A investigação busca a valorização da auto estima de cada asilado que nessas instituições são perdidas por serem vistos no grupo como um todo. A auto-estima fortalece, dá energia e motivação. Segundo Freud (1976), a instância psíquica denominada ego é a parte do aparelho mental que está em contato com a realidade Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca externa e tem como finalidade garantir a segurança e o equilíbrio do funcionamento mental. Por esta razão, ele seria em primeiro lugar, um ego corporal, uma projeção mental da superfície corporal, uma espécie de correlação intrínseca entre o nosso corpo e a representação que temos dele na nossa mente. Utilizamos como instrumento de pesquisa, em primeiro momento a observação feita em quatro sessões, após uma atividade com música para os idosos acompanhar o ritmo com palmas para trabalhar sua coordenação motora, após realizamos pintura de unhas em todas as idosas. Os resultados evidenciam a ausência do trabalho com a auto estima e valorização dos idosos nessa instituição. Obtivemos um retorno imediato e positivo das mesmas tendo em vista que as idosas sentiram-se mais bonitas e felizes após a intervenção, que por sinal vivem com o pensamento imposto pela sociedade que são inválidos e de certa forma esperam pela morte. Com nossa atividade pudemos trabalhar a auto estima e individualismo de cada asilada. Psi-22 | ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM EMERGÊNCIAS E DESATRES Autor: Iara T. Rodrigues Monteiro E-mail: [email protected] Co-autor: Reasilva Elisangela Zanini Demetrio Orientador: Jorge Luis Cruz de Vasconcellos Palavras-Chave: psicologia das emergências; intervenção Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca psicológica; prevenção em saúde. Resumo: INTRODUÇÃO O desastre pode ser entendido como resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais (Castro & Coimbra, 2007). A importância da intervenção do psicólogo nas comunidades antes, durante e após situações de emergências e desastres é fundamental para a reconstrução de uma nova etapa de vida das vitimas atingidas direta e indiretamente nas situações de desastre (Bock, A. M. B; Oliveira, M. V. de; Duarte, Y. M.; Zamberlam, T.; Lopes, D. da C., 2006). Apesar da maioria das pessoas serem resilientes a essas situações, nem todos conseguem se recuperar precisando tratamentos a longo prazo. É necessário desenvolver estratégias para atender a população na educação, prevenção, pós-trauma e na reestruturação para dar continuidade ao recomeço de vida após calamidades. OBJETIVO Conhecer o papel e as estratégias desenvolvidas pelo profissional de psicologia nas situações de emergências e desastres. MÉTODO Foram realizadas quatro entrevistas estruturadas e, aplicados quatro questionários, com 10 questões, com os seguintes focos: papel e atuação do psicólogo; percepção de risco e emergências; culpabilização e criminalização de pessoas que moram em áreas de risco; necessidades de debates em locais de grande concetração de publico. A entrevista pode ser definida como “uma conversa entre duas ou mais pessoas com um propósito específico em mente” (Moreira, 2002). As entrevistas estruturadas mediante questionário totalmente estruturado, é aquela onde as perguntas são previamente formuladas e tem-se o cuidado de não fugir a elas (Lakatos, 1996). Os sujeitos desta pesquisa são profissionais atuantes nos seguintes grupos: Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária (GPPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); CVBRS – Cruz Vermelha Brasileira do Rio grande do Sul; Centro de Controle do Stress - Núcleo de Estudos e Atendimentos em Psicoterapias Cognitivas (NEAPC). RESULTADOS São apresentados, a seguir, os resultados referentes a cada categoria pesquisada: atuação do psicologo: restabelecer funcionamento psicólogico; papel do psicólogo momento pós-desastres: apoio psicossocial, minimizar e prevenir as conseqüências imediatas dos traumas sofridos; prevenção de emergências e desastres: psicoeducação, sensibilização da comunidade para a presença de Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca risco; percepção de risco: auxiliar no processo comunicação do risco para tomada de decisões, tomar providências preventivas paliativas; responsabilidade social: tratar da responsabilidade social do individuo através da conscientização e ações de prevenção; debate do tema em locais de grande concetração de publico: treinamento e orientação da população vulnerável para aumentar as chances do grupo se ajudar, enquanto o socorro não chega; organizar debates em locais de grande concentração de público, iniciar conscientização; fomentar debates na sociedade: campanhas públicas veiculudas em todas as mídias. Constatamos ser de grande importância a inserção do psicólogo nas situações de desastres e emergências. É necessário propor projetos de prevenção para a população conseguir enfrentar esse tipo de situação, possibilitando dar continuidade ao recomeço de vida após calamidades. Psi-23 | TRANSTORNOS MENTAIS: ESTIGMA E PRECONCEITO Autor: Liege de Oliveira Araujo E-mail: [email protected] Co-autor: Ezequiel Lisboa Co-autor: Franciele Araujo da Silva Co-autor: Ricarda Sanches Minhos Orientador: Jorge Luis Cruz de Vasconcellos Palavras-Chave: transtornos mentais; estigmatização; processo de inclusão. Resumo: A Reforma da Saúde Mental oferece, no cuidado de pessoas com transtornos mentais, estratégias para inclusão social, tornando mais evidente uma questão que deve ser enfrentada na nossa sociedade: o estigma por terem um problema mental (Chiaverini, D.H., 2011). O estigma é uma relação entre atributo e estereótipo, sendo o atributo profundamente depreciativo e fundamentado nas representações sociais sobre determinados Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca fenômenos (Goffman, 1988). O estigma e a discriminação se estendem aos familiares, amigos e profissionais de saúde mental, atingindo tudo o que se relaciona com os transtornos mentais (Chiaverini, D.H., 2011). Na sociedade ainda prevalece o medo e antipatia, considerando os portadores de transtornos mentais “imprevisíveis” e “perigosos”, marcados pelo distanciamento social, tornando-os alvo de estigma e consequente discriminação social (Link, 1987; Lai et al., 2000; Link; Phelan, 2001; Ribeiro, 2005). Tanto o estigma quanto o autoestigma afetam a vida social, ocupacional, relacional, tendo um impacto negativo nas oportunidades de participação social, em sua recuperação e, consequentemente, em sua qualidade de vida (Sartorius, N. & Emsley, R.A., 2000; Thornicroft, G. & Maingay, S., 2002). OBJETIVO Identificar a presença de preconceito/estigma e percepção de causas do Transtorno Mental, em graduandos de diferentes semestres do curso de psicologia. METODOLOGIA Foi aplicado um questionário, com trinta questões relacionadas a duas grandes categorias: preconceito/estigma e percepção de causas do Transtorno Mental. Priorizou-se o uso de perguntas fechadas, em forma de afirmações de múltipla escolha com escala tipo Likert, utilizada como "forma de Levantamento" (Gil, 1991). Primeiramente foi realizado um estudo Piloto, aplicado em 35 estudantes. Com o objetivo de uma análise crítica para aperfeiçoar o instrumento de coleta de dados da pesquisa. O Pré-teste foi realizado com o questionário numa versão quase definitiva e formatação em seu estado final (Marconi & Lakatos, 1996). Form aplicados no total 144 questionários válidos, distribuídos da seguinte forma: 20 no 10 semestre, 48 no 20 semestre, 17 no 30 semestre, 39 no 40 semestre e 20 no 50 semestre, sendo 119 do sexo feminino e, 25 do masculino. A aplicação foi realizada em sala de aula, com o tempo médio de 10 minutos. Foram comparadas amostras independentes de alunos que se encontram em diferentes semestres do curso. CONCLUSÃO As diferenças encontradas em relação à percepção de causa, preconceito/estigma dos Transtornos Mentais, mostram que os estereótipos acerca da doença mental diminuem dos semestres iniciais para os mais avançados. Os estudantes do primeiro ano, que iniciam a sua formação acadêmica, poderão estar mais próximos da opinião do público em geral, por outro, os que estão mais avançados apresentam opiniões acerca da doença mental condicionadas pela própria formação. Apontamos a urgência de ações e intervenções para combater o estigma e lidar com suas consequências. A Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca inclusão da visão do portador do transtorno mental no planejamento de tais intervenções pode torná-las mais efetivas (Thornicroft, 2009). Deve-se romper com os mecanismos de segregação, já seculares, pelos quais os portadores de transtornos mentais são apartados, discriminados e excluídos. Psi-28 | ESTUDANDO A INFÂNCIA:RELATOS DA TRAJETÓRIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM PSICOLOGIA Autor: Simone Brehm Wurzel Co-autor: Felipe Pereira Assis Co-autor: Camila Francisco Zanette Co-autor: Josiane Guimarães dos Passos Orientador: Marcia Elisabete Wilke Franco Palavras-Chave: Infância; Pesquisa; Pesquisador Resumo: A Psicologia tem como objeto de estudo o homem nas suas relações sociais, seus pensamentos e sentimentos. Este trabalho pretende mostrar no meio acadêmico a importância da pesquisa na formação do profissional psicólogo, oportunidade que lhe aproxima da realidade que irá atuar com seu conhecimento específico. De acordo o Conselho Federal de Psicologia (1999, p.21) o profissional deve ter “(...) uma postura científica frente ao conhecimento da psicologia, com capacidade de identificar as demandas sociais e responder a elas, mantendo um permanente compromisso com a transformação da sociedade”. A pesquisa que vem sendo realizada na Faculdade Inedi – CESUCA em um programa de iniciação científica, tem como objetivo compreender quais as possibilidades de viver infâncias na contemporaneidade, sob a perspectiva das crianças. Neste momento, buscamos refletir como na visão das crianças de 5 a 12 anos, alunas de cinco escolas municipais de Cachoeirinha, articulam as possibilidades de viver infâncias. Inicialmente, utilizamos os seus desenhos e os relatos orais produzidos pelas crianças, a partir do desenho de um dia livre. O método utilizado é quanti-qualitativo, buscando analisar como aparecem para as crianças as possibilidades de infâncias hoje.A partir da análise de seus desenhos e de suas falas podemos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca perceber como elas vivem as infância, em que espaços e com quem. Foi possível constatar que quando a criança está com a palavra, ela evidencia que produz mudanças, configurando-se assim como agente histórico e social. Trabalhos de pesquisa e análise da produção científica, possibilitam ao acadêmico revelar tendências da área, compreensão de temáticas abordadas e entendimento nas produções de textos, analisar criticamente temas e teorias da Psicologia. Essas reflexões possibilitam avanços e superações para a profissão. Psi-37 | Consumo de álcool e outras drogas entre os estudantes Autor: Alessandra R. de Souza E-mail: [email protected] Co-autor: Felipe Pereira Assis Co-autor: Cassia Souza Co-autor: Karine Moraes Orientador: Jorge Luiz Cruz de Vasconcellos Palavras-Chave: Álcool, Drogas, Estudante Resumo: CONSUMO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ENTRE OS ESTUDANTES INTRODUÇÃO Uma das ferramentas importantes para o planejamento de ações de prevenção em saúde é a utilização de instrumentos de rastreamento, com o objetivo de identificar pessoas que necessitem de níveis diferenciados de intervenção (Babor TF, Higgins-Biddle JC, Saunders JB, Monteiro MG). No Brasil, até há pouco tempo não existiam estudos a esse respeito, o que constituía uma expressiva lacuna epidemiológica que deve ser preenchida, uma vez que estratégias de controle e prevenção do uso de álcool devem ser propostas com base em dados que indiquem a dimensão do problema existente (Henrique IFS, De Micheli D, Boerngen de Lacerda R, Lacerda LA, Formigoni MLOS, 2004). Conforme dados do CEBRID, as drogas mais consumidas entre adolescentes são álcool e tabaco. Um levantamento realizado no ano de 2004, em 27 capitais brasileiras, com estudantes entre 12 e 18 anos, indicou que no mês anterior à pesquisa, 44,3% havia consumido algum tipo de bebida alcoólica e Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 9,9% havia fumado tabaco. O uso dessas drogas é bastante tolerado pela sociedade e o contexto de uso favorece a socialização dos adolescentes com seus pares (Galduróz JCF, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA, 2004) OBJETIVO Conhecer o consumo de álcool e outras drogas entre os estudantes. MÉTODO A população foi composta por 44 estudantes. Aplicação do questionário ASSIST (Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test). Esse instrumento é um questionário de triagem breve, constituído por oito questões referindo-se ao uso do álcool, tabaco, maconha, cocaína, anfetaminas, inalantes, hipnóticos e sedativos, alucinógenos, opiáceos e outras drogas, assim como seus derivados. O ASSIST pode ajudar a identificar e alertar as pessoas que podem estar sob-risco de desenvolver problemas relacionados ao seu uso no futuro e também propicia o início de uma discussão com o paciente sobre seu uso de drogas atual (Humeniuk; Poznyak, 2004). RESULTADOS Conforme os escores do ASSIST, o consumo regular de álcool, atingindo 89% dos entrevistados, destes 31% faz uso de uma a duas vezes por mês e 24% afirma utilizar semanalmente. Dos entrevistados 44% afirma utilizar derivados do tabaco sendo que 10% utilizam diariamente ou quase todos os dias. Para o uso de maconha 26% dos entrevistados disseram já ter feito uso dessa substância, porém 0,6% afirmam utilizar mensalmente, enquanto 95% não utilizaram nesse mesmo período. No uso de cocaína/ Crack, nenhum entrevistado confirma ter feito uso da substância nos últimos três meses, porém 22% afirmam ter utilizado em algum momento da vida. Segundo dados do CEBRID, as drogas mais consumidas entre adolescentes são álcool e tabaco (Galduróz JCF, Noto AR, Carlini EA., 1997; Galduróz JCF, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA., 2004). O rastreamento indica a necessidade de um trabalho preventivo na educação para a saúde. Esses dados podem auxiliar no desenvolvimento de políticas nacionais para reduzir os problemas de bebidas alcoólicas. O abuso de drogas acarreta prejuízos sociais, psíquicos e biológicos. (Kessler, et al., 2003; Tavares, Béria, & Lima, 2001). COMPREENDENDO OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GRUPOTERAPIA Camila Francisco Zanette1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca [email protected] Fabiane Mohr Raffler1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Felipe Pereira Assis1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Fernanda Vaz Hartmann2 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Resumo A grupoterapia tem sido uma proposta de tratamento que vem ganhando destaque nos dias atuais. Isto se dá não somente por sua aplicação nos serviços públicos de saúde, mas também por ser uma abordagem que congrega uma série de teorias, enriquecendo as ferramentas terapêuticas. Procurando compreender a aplicação prática dos conceitos da grupoterapia, este trabalho tem o objetivo de realizar a análise de um caso clínico sob a luz dos conceitos trazidos na revisão bibliográfica. Os resultados mostram como os fenômenos grupais ocorrem e a relevância dos mesmos na compreensão das redes relacionais e dos mecanismos despertados pela interação dos membros do grupo. Palavras-chaves: grupoterapia, interação. fenômenos grupais _______________________________________________________________ _________________ 1 - Graduandos do curso de Psicologia do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha - CESUCA Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2 - Mestre em Psicologia do Desenvolvimento, Especialista em Terapia de Casal e Família, Professora do CESUCA. COMPREENDENDO OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GRUPOTERAPIA 1. Introdução O mundo está em constantes modificações, há transformações biológicas, psicológicas, sociais, econômicas e culturais. Estas transformações irão interferir diretamente na família e como consequência no desenvolvimento do individuo alterando os seus padrões de funcionamento, interferindo na formação de sua personalidade, propiciando ou não o surgimento dos transtornos mentais. Com o aparecimento dessas grandes modificações, a psicologia passou a ser mais especializada para dar conta desta nova demanda. O primeiro movimento histórico que transformou a aplicabilidade da Psicologia foi o surgimento da industrialização. A psicologia dos grupos apareceu pela primeira vez através desse grande processo de transição para uma sociedade industrial e capitalista, buscando dar conta do grupo e não somente do individuo isolado. Outro marco para o surgimento de novas demandas para a Psicologia foi a Desinstitucionalização, que surgiu para diminuir o número de pacientes em hospitais psiquiátricos, fazendo com que exista uma superação do modelo arcaico centrado no conceito de doença para um que visa tratar o sujeito em sua existência e em relação com suas condições concretas de vida (AMARANTE, 1995). A Reforma Psiquiátrica busca retirar os pacientes das instituições asilares, e reinserir os indivíduos acometidos por transtornos mentais na sociedade de forma humanizada e receptiva, dando assistência integral a estes sujeitos, diminuindo o estigma e aumentando a adesão ao tratamento, através do acompanhamento oferecido pelos órgão substitutivos, como por exemplo, os Centros de Atenção Psicossocial (BRASIL, 2005). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Segundo o Ministério da Saúde a modalidade de atendimento grupal é preconizada pela reforma psiquiátrica, servindo como método e estratégia de atendimento para portadores de transtornos mentais, facilitando novos modelos de vinculação (OSÓRIO, 2007). A Psicologia Grupal tem como objeto de seu estudo os micro grupos humanos, compreendendo este como sendo aqueles nos quais os indivíduos podem reconhecer-se em sua singularidade (ou perceberem uns aos outros como seres distintos e com suas respectivas identidades psicológicas), mantendo ações interativas na busca de objetivos compartilhados. O grupo psicológico, por assim dizer, é um ser provisório, formado por elementos heterogêneos que por um momento se combinam exatamente como as células que constituem um corpo vivo formam, por sua reunião, um novo ser que apresenta características muito diferentes daquelas possuídas por cada uma das células isoladamente (OSÓRIO, 2003). A grupoterapia é um método que abrange diversas modalidades, e desta forma, consegue atender uma gama de indivíduos em seus diversos aspectos, facilitando o manejo através da troca de experiências. Bion (1970) fala que o grupo possui dois níveis de funcionamento (um consciente e outro inconsciente) e que estes níveis oscilam ao longo do processo terapêutico. Portanto, o grupo não é somente produto inconsciente, e sim, um ser ativo e continente. É dentro deste movimento grupal que surgem os aspectos psicológicos, que deverão ser trabalhados através da condução do grupoterapeuta. A montagem de um grupo terapêutico é feita a partir de características pré-determinadas pelo responsável (equipe e/ou terapeuta), ou seja, eles podem ser compostos por indivíduos do mesmo gênero, de mesma faixa etária, de família, de casais ou tipo de transtorno. Outro fator importante e que deve ser considerado nesse processo é o tipo de abordagem teórica que o terapeuta poderá utilizar na condução do grupo. Por exemplo, um grupo de pacientes Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca vítimas de abuso sexual pode ter uma condução cognitivo-comportamental ou sistêmica. Os grupos são divididos em dois, grupos operativos e grupos terapêuticos. Os operativos são aqueles de ensino aprendizagem. Já os grupos terapêuticos são os grupos psicoterápicos propriamente ditos, que são dirigidos ao insight e às mudanças na estruturação psíquica. Segundo Zimerman (2000). Os dois tipos de grupos – tanto os com finalidade essencialmente psicoterápica e aqueles que não – tem por finalidade a prevenção da saúde mental. Durante o desenvolvimento da terapia em grupo, podemos perceber diversos fenômenos do campo grupal. Entre eles estão a transferência, a contratransferência, a formação de lideres, o porta voz, os papéis, a resistência, entre outros. Dentre os mecanismos, aquele que funciona como o “gatilho” de todo o processo é o de identificação projetiva, que consiste no processo psicológico pelo qual o indivíduo assimila um aspecto, propriedade ou atributo de outrem e se transforma segundo o modelo introjetado (Osório, 2003). Outro conceito importante é o de transferência, considerado o mecanismo pelo qual deslocamos sentimentos originalmente experimentados em relação a figuras significativas de nossa infância (mãe, pai e seus subrogados) para outras pessoas, e que no caso da grupoterapia pode se fazer presente tanto na figura do terapeuta como nos demais integrantes do grupo. Neste casos recebem uma segunda identificação, ou seja, chama-se de Transferência Cruzada as transferências de membros do grupo uns em relação aos outros e de Transferência Múltipla a transferência primária vivenciada em relação a outro paciente do grupo (ZIMERMANN, 2000). Pensando nos conceitos de transferência, podemos analisar a Psicologia dos Grupos como uma abordagem com ênfase principal nas relações, ou seja, os vínculos que se estabelecem entre os membros do grupo são os condutores do processo terapêutico. Segundo Zimerman (2000): O termo vínculo tem sua origem no latino vinculum, o qual significa uma união, com as características de Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca uma ligadura, uma atadura de características duradouras. Da mesma forma, vínculo provém da mesma raiz que a palavra “vinco” (com o mesmo significado que aparece, por exemplo, em “vinco” das calças, ou de rugas, etc), ou seja, ela alude a alguma forma de ligação entre as partes que estão unidas e inseparadas, embora claramente delimitadas entre si. Trata-se portanto, de um estado mental que pode ser expresso por meio de distintos modelos e com variados vértices de abordagem. (ZIMERMAN, 2000, p. 124). O vinculo é uma ligação tanto emocional quanto física, que ocorre entre os membros participantes, e entre estes com o grupoterapeuta. O vinculo é a base da transferência, fenômeno essencial para o processo terapêutico. Segundo Bion (1970) existem dois tipos de vínculos, o do amor, do ódio. O enfoque do trabalho psicanalítico priorizava o conflito resultante da oposição destas duas forças. Contudo, através do vínculo do conhecimento, postulado por Bion, passou então a haver uma mudança na compreensão do conflito psíquico, onde o indivíduo se vincula com as verdades que estão contidas nas relações amorosas e agressivas, isto é através de uma tomada de conhecimento ou de um desconhecimento. (ZIMERMAN, 2000). Além d contribuição sobre vínculo, Bion contribui com os pressupostos básicos de funcionamento grupal. Segundo ele, existem quatro tipos de funcionamento do grupo, quais sejam: dependência, onde o grupo se comporta como se esperasse a liderança de alguém; luta-fuga, onde há um evitamento de situações que podem vir a causar ansiedade, causando um enfrentamento ou afastamento das lideranças emergentes no grupo; acasalamento, onde existe uma expectativa de que alguém - que está para nascer - viesse para liderar o grupo, e por último a modalidade trabalho onde predomina a o espírito de colaboração dos indivíduos para a realização de uma tarefa, o seja, apenas nesta ultima modalidade o grupo possui maturidade emocional para se focar na tarefa de forma simétrica e coesa. Outros fenômenos do campo grupal parecem importantes de ser pontuados neste artigo. São o fenômeno de Resistência, onde forças inconscientes se opõe ao processo terapêutico, obstruindo o seu progresso, ou Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca seja, o indivíduo evita um sofrimento psíquico que seria insuportável naquele momento. A Associação Reativa que são provocadas sob forma de um protesto contra o estado de ânimo, através das verbalizações ou as ações físicas de outro membro do grupo ou do grupo como um todo. A Ressonância, uma possibilidade de que uma certa manifestação de um dos membros possa encontrar equivalência afetiva e despertar emoções similares em outro participante. E por fim, os Actings que representam uma forma de atuação nãoverbal, muito primitiva, anterior a possibilidade de expressão verbal das emoções. (OSÓRIO, 2003). Em razão das múltiplas abordagens teórica que subsidiam a proposta de grupoterapia, e que cada uma desta abordagens propõe uma maneira de ver e compreender o homem e, consequentemente, de ver os fenômenos grupais, parece importante que a figura do terapeuta consiga transitar por esta pluralidade sem perder o eixo de referência. Após esta breve revisão sobre a grupoterapia, apresentaremos um caso clínico a fim de fazer uma aproximação entre a teoria e a prática, oportunizando a compreensão do processo e fenômenos grupais que ali se instalou.. 2. Objetivo Este trabalho objetiva compreender os aspectos teóricos da grupoterapia a partir do entendimento de um caso clínico. 3. Métodos Foi selecionado uma das sessões de grupoterapia que ocorreu em um dos grupos já constituídos na Unidade de Saúde Mental Adulto de Cachoeirinha. Trata-se de um grupo de 10 mulheres, com diferentes faixas etárias, composto após triagem da terapeuta e que foram encaminhadas pelas Unidades Básicas de Saúde por apresentarem transtorno de ansiedade, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca transtorno depressivo e dificuldades nas relações interpessoais. Os encontros ocorrem semanalmente, com uma hora e meia de duração. A presente pesquisa utilizou o delineamento de estudo de caso coletivo (Stake, 1994). O objeto da pesquisa é compreender o material fornecido no entendimento do fenômeno estudado, isto é, os fenômenos grupais que ocorrem em uma grupoterapia. A seleção da sessão se deu por acreditar que esta apresenta um material rico na compreensão dos fenômenos grupais, tendo em vista que o grupo tem que enfrentar uma situação de mudança, a partir da inserção de duas novas integrantes do grupo. 4. Discussão e Resultados O grupo iniciou em março de 2011. A proposta de trabalho é de grupo fechado, sendo que desde o início da grupoterapia duas pacientes abandonaram o grupo. Em junho de 2011 a terapeuta comunica ao grupo que duas novas integrantes entrarão nas vagas que estão em aberto e o grupo não revela qualquer objeção. . Na semana seguinte, chegam as duas novas pacientes. A paciente “A” apresenta-se ao grande grupo e imediatamente começa a explanar suas dificuldades, ficando um bom tempo com a palavra. A entrada ou saída de membros pode quebrar a homeostase do grupo. Segundo Osório (2003) em todo o grupo acontece um fenômeno chamado “busca de homeostase”, ou seja, o grupo procura atingir um equilíbrio entre as ansiedades de seus diferentes membros e alcançar um estado de mínima perturbação. Neste momento, parte do grupo começa a demonstrar sinais de inquietação, muitos se mexem nas cadeiras, e, revelam com expressões faciais o seu desconforto. Esse fenômeno chama-se Actings (atuações) que é a manifestação de sentimentos não elaborados pelo indivíduo através da conduta. Analisando de forma mais abrangente, o Acting representaria, segundo Osório (2003), uma forma de comunicação não-verbal, muito primitiva, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca anterior à possibilidade de expressão verbal das emoções. Quando o paciente não consegue traduzir sua dificuldade em fala, então atua, utilizando o corpo para manifestar-se. A terapeuta interrompe a fala da paciente “A” e passa a palavra. Alguns membros falam sobre a sua semana. A paciente “C” diz que não falaria nada na sessão que se segue, pois sente-se desconfortável. A presença da nova integrante fez com que a paciente “C” reagisse desta maneira. Osório (2003) entende este fenômeno como sendo uma associação reativa, provocada sob forma de um protesto contra o estado de ânimo, contra as verbalizações ou até contra as ações físicas de outro membro do grupo ou do grupo todo. A terapeuta segue a sessão e pede para que ela fale sobre seu desconforto. A paciente "C" fala não estar se sentindo bem na presença da nova integrante do grupo, que não é nada pessoal, mas que não está disposta a revelar sua vida na frente de quem não conhece. Expõe também que com as demais integrantes é diferente, pois, estão desde o inicio do grupo juntas. A paciente “C” encontra-se nesse momento com uma ansiedade paranóide, um estado que denuncia um medo ao ataque por parte da nova integrante. Este pensamento surgiu através de uma nova situação deixando-a vulnerável, demonstrando que ela ainda não possui condições para lidar com este momento. A associação reativa é um tipo de resistência à mudança e a iniciar a tarefa grupal. A paciente “B” se alia a paciente “A”, dizendo também não estar se sentindo confortável. A possibilidade da manifestação de um membro do grupo encontrar equivalência afetiva e despertar emoções similares em outro participante do mesmo grupo, chama-se “ressonância” (OSÓRIO, 2003). Portanto, a paciente "A" fez com que o mesmo sentimento (ou um parecido) fosse despertado na paciente "B". Em seguida, formou uma aliança entre alguns membros do grupo, com finalidade defensiva. A paciente “C” retoma a palavra e diz estar disposta a deixar a grupoterapia. A paciente “A”, recém-chegada, pede a palavra e diz que se alguém deve sair é ela, pois não parece justo que as mais antigas abandonem o grupo por sua causa. A ansiedade depressiva da paciente “A” Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca revela um medo à perda, pois, a perda do conhecimento advinda do “ofício” de doentes seria a inércia que se opõe à cura e freia a mudança (OSÓRIO, 2003). Segundo Bion (1970), o grupo está sujeito ao surgimento de certos estado mentais compartilhados que se opõem ao cumprimento da tarefa, chamados supostos básicos. Até aqui o grupo estava no suposto básico de “luta-fuga”, em que há um movimento de confronto ou evitamento das situações ansiogênicas, bem como de enfrentamento ou afastamento das lideranças emergentes no grupo (OSÓRIO, 2003). A paciente “D” intervém e pede à terapeuta que decida quem deve sair. Com esta declaração, surge o suposto básico de “dependência”, que acontece quando o grupo se comporta como se estivesse à espera dos cuidados e da liderança de alguém (geralmente o grupoterapeuta) para desenvolver a tarefa. (OSÓRIO, 2003). A terapeuta diz que não irá decidir por ninguém, pois percebe a dificuldade que o grupo está mostrando em lidar com a mudança, com situações novas e desconhecidas. Também apresentam dificuldade de entender que aqueles que chegam recebem mais atenção da terapeuta. Mas ela acredita que o grupo saberá administrar estas ansiedades e conflitos. A paciente “A” diz que mesmo que aquelas que ameaçaram sair decidam ficar no grupo, não pretende ficar mais, pois foi muito ruim se sentir não aceita (começa a chorar). Refere que no grupo se reproduziu o que muitas vezes ocorre em casa, quando ela se sente criticada e não compreendida e, consequentemente, excluída. Esse relato mostra o fenômeno de espelhamento, que corresponde metaforicamente ao que ocorre em uma galeria de espelhos, onde podemos perceber, pela imagem refletida sob distintos ângulos, aspectos nosso que ignorávamos (ou negávamos) existir. Esse efeito é obtido no grupo pelas múltiplas e recíprocas identificações projetivas e introjetivas que nele ocorrem. A outra paciente nova, paciente “B”, diz que ela vai ficar no grupo, independente das colegas, pois sabe o quanto precisa e que não pretende se abandonar em nome dos outros como sempre fez. A terapeuta assume a palavra, dizendo que fica muito satisfeita de saber que “B” prioriza a si e seu tratamento. Refere que todas chegaram ali por Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca questões que antecedem ao grupo, conflitos pessoais, problemas de relacionamento, sintomas psíquicos, etc. Desta forma, nenhuma optou por estar no grupo pelo grupo e sim por elas mesmas. ”O trabalho em grupo reativa algumas questões vividas em nossa família, nossas relações, assim, é aqui que temos a oportunidade de enfrentar estas situações de forma diferente. E que forma é esta? A forma que consiga não se auto-abandonar, que consiga estabelecer uma coexistência entre o eu e o outro. Que permita falar de sentimentos ruins sem pensar que isto irá gerar uma desintegração das pessoas e do grupo. Aqui no grupo nos propomos a ser verdadeiros, inteiros, e aprender a estabelecer um diálogo e negociação com as diferenças apontadas pelo outro. Fico satisfeita ao saber que à medida que houve uma inquietação, um desconforto de alguns membros do grupo, este foi dito para que pudéssemos ver aqui, na relação em que este desconforto foi produzido, o que houve e porque houve. Os sentimentos hostis existem e devemos aprender a lidar com eles. Eles surgem no dia a dia, e aqui surgiram em função de um sentimento de abandono de alguns do grupo e da preferência que eu estaria dando a alguém recém-chegado. Aceito estes sentimentos e afirmo que em nada mudou a minha relação com qualquer uma de vocês. Espero então, que vocês reflitam sobre o que conversamos hoje e que, se decidirem retornar na próxima semana, serão muito bem-vindas. Por hoje é isto, já estamos na nossa hora.” Neste momento a terapeuta exerce uma função continente, onde dará sustentação e continência ao grupo que poderá evoluir de um mero estado de afiliações individuais para uma situação de integração, pertencência e de pertinência (ZIMERMAN, 2000). Da mesma forma que uma mãe adequadamente boa exerce o papel auxiliador na organização dessas sensações dispersas contendo as angústias do filho, fazendo com que a criança consiga atingir uma plena integração psíquico-corporal. Apesar do conflito ocasionado pela entrada das novas integrantes no grupo, o mesmo conseguiu se reorganizar e voltar as atividades. Na semana seguinte todas as pacientes retornaram e seguiram com o tratamento, nenhuma desistiu de acompanhar o grupo. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 5. Considerações Finais A proposta de grupoterapia, dentro da grande pluralidade de escolas teóricas da Psicologia, talvez seja a de maior aplicabilidade nos dias atuais, pois seus preceitos podem ser utilizados na saúde, no ambiente educacional e também nas instituições. O que permite esta "mobilidade" é justamente a amplitude de seus recursos teóricos, que utilizam-se desde os conceitos da Psicanálise, passa pelos pressupostos de Bion, de Pichón-Riviere, de Kurt Lewin, do Psicodrama, da Teoria Sistêmica e, finalmente, da escola da Comunicação. No que diz respeito à clínica, esta bagagem teórica oferece a figura do terapeuta uma riqueza enorme de possibilidades de intervenção, criando um processo paradoxal dentro do setting terapêutico: ao mesmo tempo que facilita por oferecer vários recursos, deixa o trabalho do terapeuta mais complexo e exigente, na medida que tem que dominar diferentes propostas de leitura do contexto com diversas possibilidades de intervenção. Esta riqueza parece encantar os profissionais da área da psicologia, que cada vez mais tem se mostrado simpáticos a esta abordagem teórica. Além da "sedução" da riqueza teórica também existe o fator da aplicabilidade. Sabe-se que com a criação e paulatino crescimento dos espaços formais da ação do psicólogo nas esferas públicas, principalmente por intermédio dos CAPS e dos CRAS, os profissionais da psicologia precisam lançar mão de propostas de intervenção que tenham como objeto de estudo o coletivo. Acredita-se que esta abordagem tenha ainda muito a contribuir no desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência que visa compreender o comportamento humano. 6. Referências AMARANTE, P. Novos Sujeitos, Novos Direitos: O Debate em Torno da Reforma Psiquiátrica. Caderno de Saúde Pública: n. 11, n. 3, 1995, 491-494 p. BION, W. R. Experiência com grupos: Os fundamentos da psicoterapia de grupo. Tradução de OLIVEIRA, W. I. Rio de Janeiro: Imago, 1970. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETÁRIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília: novembro de 2005. OSÓRIO, L. C. Grupoterapias: Abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed, 2007. OSÓRIO, L. C. Psicoterapia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. STAKE, R.. Case Studies. Em N. Denzin & Y. Lincoln (Orgs.). Anais do I Handbook of Qualitative research. Londres: Sage, 1994. ZIMERMAN, D. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas, Ed. 2, 2000. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca COMPREENDENDO OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GRUPOTERAPIA BANNER Camila Francisco Zanette1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Fabiane Mohr Raffler1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Felipe Pereira Assis1 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Fernanda Vaz Hartmann2 Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha [email protected] Resumo A grupoterapia tem sido uma proposta de tratamento que vem ganhando destaque nos dias atuais. Isto se dá não somente por sua aplicação nos serviços públicos de saúde, mas também por ser uma abordagem que congrega uma série de teorias, enriquecendo as ferramentas terapêuticas. Procurando compreender a aplicação prática dos conceitos da grupoterapia, este trabalho tem o objetivo de realizar a análise de um caso clínico sob a luz dos conceitos trazidos na revisão bibliográfica. Os resultados mostram como os fenômenos grupais ocorrem e a relevância dos mesmos na compreensão das redes relacionais e dos mecanismos despertados pela interação dos membros do grupo. Palavras-chaves: grupoterapia, interação. fenômenos grupais Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca _______________________________________________________________ _________________ 1 - Graduandos do curso de Psicologia do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha - CESUCA 2 - Mestre em Psicologia do Desenvolvimento, Especialista em Terapia de Casal e Família, Professora do CESUCA. 1. Introdução O mundo está em constantes modificações, há transformações biológicas, psicológicas, sociais, econômicas e culturais. Estas transformações irão interferir diretamente na família e como consequência no desenvolvimento do individuo alterando os seus padrões de funcionamento, interferindo na formação de sua personalidade, propiciando ou não o surgimento dos transtornos mentais. Com o aparecimento dessas grandes modificações, a psicologia passou a ser mais especializada para dar conta desta nova demanda. O primeiro movimento histórico que transformou a aplicabilidade da Psicologia foi o surgimento da industrialização. A psicologia dos grupos Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca apareceu pela primeira vez através desse grande processo de transição para uma sociedade industrial e capitalista, buscando dar conta do grupo e não somente do individuo isolado. Outro marco para o surgimento de novas demandas para a Psicologia foi a Desinstitucionalização, que surgiu para diminuir o número de pacientes em hospitais psiquiátricos, fazendo com que exista uma superação do modelo arcaico centrado no conceito de doença para um que visa tratar o sujeito em sua existência e em relação com suas condições concretas de vida (AMARANTE, 1995). A Reforma Psiquiátrica busca retirar os pacientes das instituições asilares, e reinserir os indivíduos acometidos por transtornos mentais na sociedade de forma humanizada e receptiva, dando assistência integral a estes sujeitos, diminuindo o estigma e aumentando a adesão ao tratamento, através do acompanhamento oferecido pelos órgão substitutivos, como por exemplo, os Centros de Atenção Psicossocial (BRASIL, 2005). Segundo o Ministério da Saúde a modalidade de atendimento grupal é preconizada pela reforma psiquiátrica, servindo como método e estratégia de atendimento para portadores de transtornos mentais, facilitando novos modelos de vinculação (OSÓRIO, 2007). A Psicologia Grupal tem como objeto de seu estudo os micro grupos humanos, compreendendo este como sendo aqueles nos quais os indivíduos podem reconhecer-se em sua singularidade (ou perceberem uns aos outros como seres distintos e com suas respectivas identidades psicológicas), mantendo ações interativas na busca de objetivos compartilhados. O grupo psicológico, por assim dizer, é um ser provisório, formado por elementos heterogêneos que por um momento se combinam exatamente como as células que constituem um corpo vivo formam, por sua reunião, um novo ser que apresenta características muito diferentes daquelas possuídas por cada uma das células isoladamente (OSÓRIO, 2003). A grupoterapia é um método que abrange diversas modalidades, e desta forma, consegue atender uma gama de indivíduos em seus diversos aspectos, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca facilitando o manejo através da troca de experiências. Bion (1970) fala que o grupo possui dois níveis de funcionamento (um consciente e outro inconsciente) e que estes níveis oscilam ao longo do processo terapêutico. Portanto, o grupo não é somente produto inconsciente, e sim, um ser ativo e continente. É dentro deste movimento grupal que surgem os aspectos psicológicos, que deverão ser trabalhados através da condução do grupoterapeuta. A montagem de um grupo terapêutico é feita a partir de características pré-determinadas pelo responsável (equipe e/ou terapeuta), ou seja, eles podem ser compostos por indivíduos do mesmo gênero, de mesma faixa etária, de família, de casais ou tipo de transtorno. Outro fator importante e que deve ser considerado nesse processo é o tipo de abordagem teórica que o terapeuta poderá utilizar na condução do grupo. Por exemplo, um grupo de pacientes vítimas de abuso sexual pode ter uma condução cognitivo-comportamental ou sistêmica. Os grupos são divididos em dois, grupos operativos e grupos terapêuticos. Os operativos são aqueles de ensino aprendizagem. Já os grupos terapêuticos são os grupos psicoterápicos propriamente ditos, que são dirigidos ao insight e às mudanças na estruturação psíquica. Segundo Zimerman (2000). Os dois tipos de grupos – tanto os com finalidade essencialmente psicoterápica e aqueles que não – tem por finalidade a prevenção da saúde mental. Durante o desenvolvimento da terapia em grupo, podemos perceber diversos fenômenos do campo grupal. Entre eles estão a transferência, a contratransferência, a formação de lideres, o porta voz, os papéis, a resistência, entre outros. Dentre os mecanismos, aquele que funciona como o “gatilho” de todo o processo é o de identificação projetiva, que consiste no processo psicológico pelo qual o indivíduo assimila um aspecto, propriedade ou atributo de outrem e se transforma segundo o modelo introjetado (Osório, 2003). Outro conceito importante é o de transferência, considerado o mecanismo pelo qual deslocamos sentimentos originalmente experimentados Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca em relação a figuras significativas de nossa infância (mãe, pai e seus subrogados) para outras pessoas, e que no caso da grupoterapia pode se fazer presente tanto na figura do terapeuta como nos demais integrantes do grupo. Neste casos recebem uma segunda identificação, ou seja, chama-se de Transferência Cruzada as transferências de membros do grupo uns em relação aos outros e de Transferência Múltipla a transferência primária vivenciada em relação a outro paciente do grupo (ZIMERMANN, 2000). Pensando nos conceitos de transferência, podemos analisar a Psicologia dos Grupos como uma abordagem com ênfase principal nas relações, ou seja, os vínculos que se estabelecem entre os membros do grupo são os condutores do processo terapêutico. Segundo Zimerman (2000): O termo vínculo tem sua origem no latino vinculum, o qual significa uma união, com as características de uma ligadura, uma atadura de características duradouras. Da mesma forma, vínculo provém da mesma raiz que a palavra “vinco” (com o mesmo significado que aparece, por exemplo, em “vinco” das calças, ou de rugas, etc), ou seja, ela alude a alguma forma de ligação entre as partes que estão unidas e inseparadas, embora claramente delimitadas entre si. Trata-se portanto, de um estado mental que pode ser expresso por meio de distintos modelos e com variados vértices de abordagem. (ZIMERMAN, 2000, p. 124). O vinculo é uma ligação tanto emocional quanto física, que ocorre entre os membros participantes, e entre estes com o grupoterapeuta. O vinculo é a base da transferência, fenômeno essencial para o processo terapêutico. Segundo Bion (1970) existem dois tipos de vínculos, o do amor, do ódio. O enfoque do trabalho psicanalítico priorizava o conflito resultante da oposição destas duas forças. Contudo, através do vínculo do conhecimento, postulado por Bion, passou então a haver uma mudança na compreensão do conflito psíquico, onde o indivíduo se vincula com as verdades que estão contidas nas relações amorosas e agressivas, isto é através de uma tomada de conhecimento ou de um desconhecimento. (ZIMERMAN, 2000). Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Além d contribuição sobre vínculo, Bion contribui com os pressupostos básicos de funcionamento grupal. Segundo ele, existem quatro tipos de funcionamento do grupo, quais sejam: dependência, onde o grupo se comporta como se esperasse a liderança de alguém; luta-fuga, onde há um evitamento de situações que podem vir a causar ansiedade, causando um enfrentamento ou afastamento das lideranças emergentes no grupo; acasalamento, onde existe uma expectativa de que alguém - que está para nascer - viesse para liderar o grupo, e por último a modalidade trabalho onde predomina a o espírito de colaboração dos indivíduos para a realização de uma tarefa, o seja, apenas nesta ultima modalidade o grupo possui maturidade emocional para se focar na tarefa de forma simétrica e coesa. Outros fenômenos do campo grupal parecem importantes de ser pontuados neste artigo. São o fenômeno de Resistência, onde forças inconscientes se opõe ao processo terapêutico, obstruindo o seu progresso, ou seja, o indivíduo evita um sofrimento psíquico que seria insuportável naquele momento. A Associação Reativa que são provocadas sob forma de um protesto contra o estado de ânimo, através das verbalizações ou as ações físicas de outro membro do grupo ou do grupo como um todo. A Ressonância, uma possibilidade de que uma certa manifestação de um dos membros possa encontrar equivalência afetiva e despertar emoções similares em outro participante. E por fim, os Actings que representam uma forma de atuação nãoverbal, muito primitiva, anterior a possibilidade de expressão verbal das emoções. (OSÓRIO, 2003). Em razão das múltiplas abordagens teórica que subsidiam a proposta de grupoterapia, e que cada uma desta abordagens propõe uma maneira de ver e compreender o homem e, consequentemente, de ver os fenômenos grupais, parece importante que a figura do terapeuta consiga transitar por esta pluralidade sem perder o eixo de referência. Após esta breve revisão sobre a grupoterapia, apresentaremos um caso clínico a fim de fazer uma aproximação entre a teoria e a prática, oportunizando a compreensão do processo e fenômenos grupais que ali se instalou.. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca 2. Objetivo Este trabalho objetiva compreender os aspectos teóricos da grupoterapia a partir do entendimento de um caso clínico. 3. Métodos Foi selecionado uma das sessões de grupoterapia que ocorreu em um dos grupos já constituídos na Unidade de Saúde Mental Adulto de Cachoeirinha. Trata-se de um grupo de 10 mulheres, com diferentes faixas etárias, composto após triagem da terapeuta e que foram encaminhadas pelas Unidades Básicas de Saúde por apresentarem transtorno de ansiedade, transtorno depressivo e dificuldades nas relações interpessoais. Os encontros ocorrem semanalmente, com uma hora e meia de duração. A presente pesquisa utilizou o delineamento de estudo de caso coletivo (Stake, 1994). O objeto da pesquisa é compreender o material fornecido no entendimento do fenômeno estudado, isto é, os fenômenos grupais que ocorrem em uma grupoterapia. A seleção da sessão se deu por acreditar que esta apresenta um material rico na compreensão dos fenômenos grupais, tendo em vista que o grupo tem que enfrentar uma situação de mudança, a partir da inserção de duas novas integrantes do grupo. 4. Discussão e Resultados O grupo iniciou em março de 2011. A proposta de trabalho é de grupo fechado, sendo que desde o início da grupoterapia duas pacientes abandonaram o grupo. Em junho de 2011 a terapeuta comunica ao grupo que duas novas integrantes entrarão nas vagas que estão em aberto e o grupo não revela qualquer objeção. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca . Na semana seguinte, chegam as duas novas pacientes. A paciente “A” apresenta-se ao grande grupo e imediatamente começa a explanar suas dificuldades, ficando um bom tempo com a palavra. A entrada ou saída de membros pode quebrar a homeostase do grupo. Segundo Osório (2003) em todo o grupo acontece um fenômeno chamado “busca de homeostase”, ou seja, o grupo procura atingir um equilíbrio entre as ansiedades de seus diferentes membros e alcançar um estado de mínima perturbação. Neste momento, parte do grupo começa a demonstrar sinais de inquietação, muitos se mexem nas cadeiras, e, revelam com expressões faciais o seu desconforto. Esse fenômeno chama-se Actings (atuações) que é a manifestação de sentimentos não elaborados pelo indivíduo através da conduta. Analisando de forma mais abrangente, o Acting representaria, segundo Osório (2003), uma forma de comunicação não-verbal, muito primitiva, anterior à possibilidade de expressão verbal das emoções. Quando o paciente não consegue traduzir sua dificuldade em fala, então atua, utilizando o corpo para manifestar-se. A terapeuta interrompe a fala da paciente “A” e passa a palavra. Alguns membros falam sobre a sua semana. A paciente “C” diz que não falaria nada na sessão que se segue, pois sente-se desconfortável. A presença da nova integrante fez com que a paciente “C” reagisse desta maneira. Osório (2003) entende este fenômeno como sendo uma associação reativa, provocada sob forma de um protesto contra o estado de ânimo, contra as verbalizações ou até contra as ações físicas de outro membro do grupo ou do grupo todo. A terapeuta segue a sessão e pede para que ela fale sobre seu desconforto. A paciente "C" fala não estar se sentindo bem na presença da nova integrante do grupo, que não é nada pessoal, mas que não está disposta a revelar sua vida na frente de quem não conhece. Expõe também que com as demais integrantes é diferente, pois, estão desde o inicio do grupo juntas. A paciente “C” encontra-se nesse momento com uma ansiedade paranóide, um estado que denuncia um medo ao ataque por parte da nova integrante. Este pensamento surgiu através de uma nova situação deixando-a vulnerável, demonstrando que ela ainda não possui condições para lidar com este Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca momento. A associação reativa é um tipo de resistência à mudança e a iniciar a tarefa grupal. A paciente “B” se alia a paciente “A”, dizendo também não estar se sentindo confortável. A possibilidade da manifestação de um membro do grupo encontrar equivalência afetiva e despertar emoções similares em outro participante do mesmo grupo, chama-se “ressonância” (OSÓRIO, 2003). Portanto, a paciente "A" fez com que o mesmo sentimento (ou um parecido) fosse despertado na paciente "B". Em seguida, formou uma aliança entre alguns membros do grupo, com finalidade defensiva. A paciente “C” retoma a palavra e diz estar disposta a deixar a grupoterapia. A paciente “A”, recém-chegada, pede a palavra e diz que se alguém deve sair é ela, pois não parece justo que as mais antigas abandonem o grupo por sua causa. A ansiedade depressiva da paciente “A” revela um medo à perda, pois, a perda do conhecimento advinda do “ofício” de doentes seria a inércia que se opõe à cura e freia a mudança (OSÓRIO, 2003). Segundo Bion (1970), o grupo está sujeito ao surgimento de certos estado mentais compartilhados que se opõem ao cumprimento da tarefa, chamados supostos básicos. Até aqui o grupo estava no suposto básico de “luta-fuga”, em que há um movimento de confronto ou evitamento das situações ansiogênicas, bem como de enfrentamento ou afastamento das lideranças emergentes no grupo (OSÓRIO, 2003). A paciente “D” intervém e pede à terapeuta que decida quem deve sair. Com esta declaração, surge o suposto básico de “dependência”, que acontece quando o grupo se comporta como se estivesse à espera dos cuidados e da liderança de alguém (geralmente o grupoterapeuta) para desenvolver a tarefa. (OSÓRIO, 2003). A terapeuta diz que não irá decidir por ninguém, pois percebe a dificuldade que o grupo está mostrando em lidar com a mudança, com situações novas e desconhecidas. Também apresentam dificuldade de entender que aqueles que chegam recebem mais atenção da terapeuta. Mas ela acredita que o grupo saberá administrar estas ansiedades e conflitos. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca A paciente “A” diz que mesmo que aquelas que ameaçaram sair decidam ficar no grupo, não pretende ficar mais, pois foi muito ruim se sentir não aceita (começa a chorar). Refere que no grupo se reproduziu o que muitas vezes ocorre em casa, quando ela se sente criticada e não compreendida e, consequentemente, excluída. Esse relato mostra o fenômeno de espelhamento, que corresponde metaforicamente ao que ocorre em uma galeria de espelhos, onde podemos perceber, pela imagem refletida sob distintos ângulos, aspectos nosso que ignorávamos (ou negávamos) existir. Esse efeito é obtido no grupo pelas múltiplas e recíprocas identificações projetivas e introjetivas que nele ocorrem. A outra paciente nova, paciente “B”, diz que ela vai ficar no grupo, independente das colegas, pois sabe o quanto precisa e que não pretende se abandonar em nome dos outros como sempre fez. A terapeuta assume a palavra, dizendo que fica muito satisfeita de saber que “B” prioriza a si e seu tratamento. Refere que todas chegaram ali por questões que antecedem ao grupo, conflitos pessoais, problemas de relacionamento, sintomas psíquicos, etc. Desta forma, nenhuma optou por estar no grupo pelo grupo e sim por elas mesmas. ”O trabalho em grupo reativa algumas questões vividas em nossa família, nossas relações, assim, é aqui que temos a oportunidade de enfrentar estas situações de forma diferente. E que forma é esta? A forma que consiga não se auto-abandonar, que consiga estabelecer uma coexistência entre o eu e o outro. Que permita falar de sentimentos ruins sem pensar que isto irá gerar uma desintegração das pessoas e do grupo. Aqui no grupo nos propomos a ser verdadeiros, inteiros, e aprender a estabelecer um diálogo e negociação com as diferenças apontadas pelo outro. Fico satisfeita ao saber que à medida que houve uma inquietação, um desconforto de alguns membros do grupo, este foi dito para que pudéssemos ver aqui, na relação em que este desconforto foi produzido, o que houve e porque houve. Os sentimentos hostis existem e devemos aprender a lidar com eles. Eles surgem no dia a dia, e aqui surgiram em função de um sentimento de abandono de alguns do grupo e da preferência que eu estaria dando a alguém recém-chegado. Aceito estes sentimentos e afirmo que em Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca nada mudou a minha relação com qualquer uma de vocês. Espero então, que vocês reflitam sobre o que conversamos hoje e que, se decidirem retornar na próxima semana, serão muito bem-vindas. Por hoje é isto, já estamos na nossa hora.” Neste momento a terapeuta exerce uma função continente, onde dará sustentação e continência ao grupo que poderá evoluir de um mero estado de afiliações individuais para uma situação de integração, pertencência e de pertinência (ZIMERMAN, 2000). Da mesma forma que uma mãe adequadamente boa exerce o papel auxiliador na organização dessas sensações dispersas contendo as angústias do filho, fazendo com que a criança consiga atingir uma plena integração psíquico-corporal. Apesar do conflito ocasionado pela entrada das novas integrantes no grupo, o mesmo conseguiu se reorganizar e voltar as atividades. Na semana seguinte todas as pacientes retornaram e seguiram com o tratamento, nenhuma desistiu de acompanhar o grupo. 5. Considerações Finais A proposta de grupoterapia, dentro da grande pluralidade de escolas teóricas da Psicologia, talvez seja a de maior aplicabilidade nos dias atuais, pois seus preceitos podem ser utilizados na saúde, no ambiente educacional e também nas instituições. O que permite esta "mobilidade" é justamente a amplitude de seus recursos teóricos, que utilizam-se desde os conceitos da Psicanálise, passa pelos pressupostos de Bion, de Pichón-Riviere, de Kurt Lewin, do Psicodrama, da Teoria Sistêmica e, finalmente, da escola da Comunicação. No que diz respeito à clínica, esta bagagem teórica oferece a figura do terapeuta uma riqueza enorme de possibilidades de intervenção, criando um processo paradoxal dentro do setting terapêutico: ao mesmo tempo que facilita por oferecer vários recursos, deixa o trabalho do terapeuta mais complexo e exigente, na medida que tem que dominar diferentes propostas de leitura do contexto com diversas possibilidades de intervenção. Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha Faculdade Inedi Vª Mostra Científica do Cesuca Esta riqueza parece encantar os profissionais da área da psicologia, que cada vez mais tem se mostrado simpáticos a esta abordagem teórica. Além da "sedução" da riqueza teórica também existe o fator da aplicabilidade. Sabe-se que com a criação e paulatino crescimento dos espaços formais da ação do psicólogo nas esferas públicas, principalmente por intermédio dos CAPS e dos CRAS, os profissionais da psicologia precisam lançar mão de propostas de intervenção que tenham como objeto de estudo o coletivo. Acredita-se que esta abordagem tenha ainda muito a contribuir no desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência que visa compreender o comportamento humano. 6. Referências AMARANTE, P. Novos Sujeitos, Novos Direitos: O Debate em Torno da Reforma Psiquiátrica. Caderno de Saúde Pública: n. 11, n. 3, 1995, 491-494 p. BION, W. R. Experiência com grupos: Os fundamentos da psicoterapia de grupo. Tradução de OLIVEIRA, W. I. Rio de Janeiro: Imago, 1970. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETÁRIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília: novembro de 2005. OSÓRIO, L. C. Grupoterapias: Abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed, 2007. OSÓRIO, L. C. Psicoterapia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. STAKE, R.. Case Studies. Em N. Denzin & Y. Lincoln (Orgs.). Anais do I Handbook of Qualitative research. Londres: Sage, 1994. ZIMERMAN, D. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas, Ed. 2, 2000.