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44 ISSN 1983-1390 revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo A crise chegou 9 771983 00044 00037 139001 00044 ANO 25 • Nº 44 • maio/junho • 2016 Beleza em alta Conheça os planos da rede Onodera Estética para continuar crescendo Antes um oásis de renda e geração de empregos, o setor de serviços foi duramente atingido pela recessão. É o que mostra pesquisa inédita da FecomercioSP Negócios da saúde Tecnologia e deficiências do sistema público geram oportunidades Ficou novo, de novo Brasileiros estão preferindo reformar roupas e calçados para economizar Crianças hi-tec Escolas especializadas ensinam programação, robótica e impressão 3D UM BRASIL INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO: O QUE OS ESPECIALISTAS PENSAM? A nova série do UM BRASIL, em parceria com o Columbia Global Center do Rio de Janeiro e o Lemann Center for Brazilian Studies da Universidade Columbia, reúne especialistas para discutir a inovação no setor público brasileiro. Confira e assista em: www.umbrasil.com C A RTA AO L EI TOR Radiografia do setor de serviços Graças a um convênio firmado com de construção civil foi a que teve o pior a Secretaria de Finanças e Desenvol- resultado, com queda de 16% no fatu- vimento Econômico da Prefeitura de ramento. Já as empresas optantes do São Paulo, a Federação do Comércio Simples tiveram crescimento de 10,4%. Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo Presidente Abram Szajman Superintendente Antonio Carlos Borges de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lan- Negócios relacionados à área da saú- çou em março a Pesquisa Conjuntu- de tiveram um crescimento no fatura- ral do Setor de Serviços (PCSS). Assim, mento de 2,6% na cidade de São Paulo mensalmente vamos divulgar, com no ano passado, segundo a PCSS. Ou- base na arrecadação do ISS (Imposto tra matéria desta edição mostra o au- sobre Serviços), um verdadeiro raio X mento no número de clínicas médicas do segmento no município, mostran- que cobram preços mais acessíveis à do quais áreas estão crescendo, quais população. Elas atendem casos de bai- precisam de ações e políticas públicas xa complexidade e são alternativas ao especiais e principalmente onde es- sistema público e os altos custos dos tão as oportunidades para os empre- planos de saúde. Relatório da consul- endedores. Sem dúvida, é uma ótima toria PricewaterhouseCoopers (PwC) ferramenta para tomada de decisões. prevê um futuro promissor para as empresas dessa área. Nos anos anteriores, quando a economia brasileira apresentou vigoroso Outro segmento em alta da área de crescimento, que no final não soube- serviços são as escolas que ensinam mos aproveitar, o setor de serviços foi tecnologia, programação e robótica um dos mais beneficiados e se apresen- para crianças. Essa é uma tendência tou como a porta de entrada de muitos mundial que chega ao Brasil. No fim empresários iniciantes, que finalmen- de 2013, o presidente norte-americano te realizaram o sonho de ter o próprio Barack Obama fez um discurso pe- negócio. A primeira PCSS, que é capa dindo aos jovens que não se conten- desta edição, mostra que a crise econô- tassem em jogar um game ou baixar mica atingiu com força as atividades um aplicativo, mas que criassem seus de serviços. Em 2015, o setor faturou próprios jogos e programas. Isso tam- R$ 7,4 bilhões a menos bém deveria ser incentivado no Brasil. do que no ano anterior, Somos um povo criativo e as crianças representando uma que- hoje têm facilidade em lidar com no- da de quase 3%. Das vas tecnologias. O investimento em 13 atividades pes- educação é bom para o empreendedor quisadas, a área Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Renato Opice Blum, José Pastore, Jorge Duarte, Pedro Guasti e Antonio Carlos Borges Editora Editor-chefe e jornalista responsável André Rocha MTB 45653/SP Editor Carlos Ossamu Repórteres Filipe Lopes, Iracy Paulina, Rachel Cardoso e Raíza Dias Estagiária Priscila Oliveira Diretores de arte Clara Voegeli e Demian Russo Editora de arte Carolina Lusser Designers Laís Brevilheri, Paula Seco e Maria Fernanda Gama Assistentes de arte Cíntia Funchal e Vitória Bernardes Estagiário Yuri Miyoshi Revisão Flávia Marques e Bruna Baldini Colaboram nesta edição Barbara Oliveira e Lúcia Camargo Redação Rua Santa Cruz, 722, 5º andar Vila Mariana – CEP 04122–000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3170 1571 Fale com a gente [email protected] Impressão RR Donnelley e também para o futuro do País. Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que administra o Sesc e o Senac no Estado Aqui tem a força do comércio ÍNDICE 18 em queda livre Pesquisa inédita da FecomercioSP mostra que setor de serviços perdeu R$ 7,4 bilhões em 2015 8 14 26 28 32 40 entrevista Com 55 unidades, rede Onodera Estética aposta em unidades compactas para enfrentar a crise Saúde para todos Conheça as diversas oportunidades que estão surgindo nas áreas médica e odontológica Alta tensão José Goldemberg explica as razões de a eletricidade ser cara no Brasil Restaurou, ficou novo Na esteira da crise econômica, aumenta a procura por serviços de consertos, restauração e brechós 44 48 52 58 Terra das palmeiras virou polo industrial Indaiatuba se destaca pelos índices de emprego, renda, educação e saúde 62 Cybercrianças em ação Cresce a oferta de cursos que ensinam tecnologia para alunos mais jovens Quando a casa vira escritório O home office ganha força para melhorar a qualidade de vida e a produtividade Força suplementar Mercado de suplementos nutricionais está mais forte e atrai marcas populares um dia no pari Bairro atende lojistas e varejistas, e hoje é um grande centro de compras Bares com preços justos Para o happy hour escolha música ao vivo, pratos mexicanos ou cozinha alemã AGENDA CULTURAL 64 Roteiro SP novidades na Lei de Zoneamento 66 A cota ambiental visa promover a ampliação da vegetação e a melhoria do microclima Opção, qualidade e credibilidade. R$ 173,28 - Exato Adesão Trad. 15 F AHO QC COP (registro na ANS nº 473.988/15-4), da SulAmérica Saúde, faixa etária até 18 anos, com coparticipação e acomodação coletiva (tabela de julho/2015 - SP). Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. A comercialização dos planos respeita a área de abrangência das respectivas operadoras de saúde. Os preços e as redes estão sujeitos a alterações, por parte das respectivas operadoras de saúde, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei nº 9.656/98). Condições contratuais disponíveis para análise. Março/2016. 1 Empregador do Comércio: estar do seu lado é oferecer os melhores planos de saúde. Só a Qualicorp oferece inúmeras opções com o melhor da medicina para você escolher uma que atenda às suas necessidades. Líder de mercado, temos parceria com a FECOMERCIO-SP e mais de 500 entidades de classe para negociar o melhor para você. 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Ele dava aulas de musculação média de 200 m2 s e um cardápio de e judô, enquanto Edna montou uma 120 procedimentos, a versão tradicio- sala de massagem e limpeza de pele. nal (chamada de Full) requer investi- Surgia aí a semente do que seria o mento inicial de R$ 600 mil. A Express Clube Onodera, que se tornaria a tem em torno de 80 m2, oferece 30 pro- maior rede de tratamento de beleza cedimentos e o candidato a franquea- do País. Hoje, a Onodera Estética tem do desembolsa em torno de R$ 220 mil. 55 unidades franqueadas, uma equipe com mais de 1.200 colaboradores Com isso, a expectativa da empresa é e oferece serviços de tratamento cor- ampliar sua rede em mais dez unidades poral, facial e medicina estética. ainda este ano. Nesta entrevista, Lucy Onodera, filha da fundadora e direto- E a intenção é seguir crescendo. Para ra de marketing da empresa, fala sobre tanto, o comando da franquia está essa meta de expansão, as estratégias introduzindo uma novidade sob me- de fortalecimento da marca, os segre- dida para tempos de crise e menor dos deste concorrido mercado e os cui- disponibilidade de capital para aplicar dados com o aprimoramento dos servi- em um negócio: o modelo de franquia ços oferecidos, entre outros temas. edição 44 • maio | junho • 2016 9 EN T R E V ISTA Luc y Onoder a, diretora de marketing da Onodera Estética “ Sempre pensamos no ganha – ganha para todos os envolvidos: o cliente quer ver resultado, o franqueado precisa ter lucro e os funcionários precisam estar satisfeitos em trabalhar na rede” Como nasceu a Onodera? a academia da novela Dancin’ Days (apre- Tudo começou em meados dos anos sentada na TV Globo em 1978) que ofe- A Onodera está presente em quais estados brasileiros? 1970, quando minha mãe, Edna, conhe- recia tudo que a mulher precisava para Estamos na Bahia, Distrito Federal, Es- ceu o meu pai, Ikuo Onodera. Ele era téc- ficar mais bonita. Só que ela não tinha pírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas nico da Seleção Brasileira de Judô e dava muito capital para investir e queria fa- Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio aulas da modalidade em uma academia zer muitas coisas. Os dois primeiros anos Grande do Sul, Santa Catarina, São Pau- no bairro da Liberdade, na capital paulis- foram bem difíceis, ela quase quebrou. lo e Sergipe. Com o novo modelo de fran- ta. Na época, minha mãe trabalhava na Com muita perseverança, conseguiu ven- quia, queremos aumentar nosso ritmo área comercial de um jornal e teve uma cer os obstáculos e, três anos depois, já de crescimento e também continuar ideia para aproveitar essa sala de treino, contava com três lojas. Tinha um trunfo com a qualidade dos serviços oferecidos que não era usada o dia inteiro. Nos ho- a seu favor. Trinta anos atrás, a mulher em nossas unidades. Pretendemos abrir rários ociosos do espaço, ela começou estava entrando no mercado de traba- dez unidades em 2016. A intenção é am- oferecendo aulas de ginástica e jazz. lho, ganhando o próprio dinheiro, possuía pliar nossa presença no Nordeste e che- recursos para gastar e queria se cuidar gar ao Mato Grosso do Sul e às cidades Quando foi incorporada a parte de estética? mais. Ou seja, minha mãe soube iden- do interior nos estados onde já estamos. Veio bem depois, em 1981, quando nos promissor que tinha tudo para se ampliar. Há planos para expansão internacional? Nesse momento não. O Brasil possui acordo com o proprietário: durante o Como a empresa se organizou para conquistar mais espaço nesse mercado? primeiro ano, em vez de pagar aluguel, Com a inauguração da terceira loja, em ela investiria na reforma. Morávamos 1998, minha mãe percebeu que pode- no mesmo local. Lá meu pai dava aula ria democratizar a estética, atingir um Qual a estratégia da Onodera para divulgação da marca? Que mídias são mais exploradas? de musculação e de judô e minha mãe público maior. Nesse ano eu comecei a Estamos presentes em todas as mídias criou uma sala com serviço de limpeza trabalhar com ela e percebemos que a e contamos com campanha publici- de pele e massagem. Em 1995, ela con- forma de ampliar nossa atuação seria tária na TV, ações de co-branding com seguiu montar uma clínica só de esté- por meio do modelo de franquia. Ao outras marcas, perfis nas redes sociais tica, no bairro de Moema, que batizou longo de 1999, nos dedicamos ao estu- e ativações via assessoria de imprensa. com o nome de Clube Onodera. do de viabilidade e a formatar o negócio tificar com clareza um mercado muito mudamos para um casarão no bairro da Aclimação. O imóvel estava bem deteriorado. Então, minha mãe fez um com esse objetivo, então a primeira loja muito potencial ainda para explorar. Quais os desafios enfrentados no início da empresa? franqueada foi aberta no ano seguinte. A prova de que escolhemos o caminho Por que resolveram lançar uma versão mais compacta da franquia? No espaço de Moema, minha mãe que- certo é que, hoje, temos 55 unidades em Notamos que muitas pessoas que nos ria fazer uma coisa especial, um serviço 12 estados brasileiros e somos uma das procuravam tinham menos de R$ 300 diferenciado. Ela tinha como inspiração referências nesse mercado. mil para investir. Como não permitimos 10 edição 44 • maio | junho • 2016 um endividamento muito grande de nossos franqueados, muitas vezes acabávamos perdendo candidatos, porque não tinham capital suficiente. Então, com essa nova versão, vamos conseguir atender essa faixa de interessados. O que foi decisivo para pavimentar a expansão da rede? A inovação. Estamos constantemente buscando tratamentos inovadores que realmente entreguem resultado para os clientes. Sempre pensamos no ganha – ganha para todos os envolvidos: o cliente quer ver resultado, o franqueado precisa ter lucro, e os funcionários precisam estar satisfeitos em trabalhar na rede. Como a rede se organiza para inovar sempre nos serviços oferecidos? Em 2004, montamos um Centro de Pesquisa próprio que avalia todos os tratamentos que aparecem no mercado. Antes de chegar às lojas, todos os procedimentos passam pela avaliação desse centro. E se não forem realmente bons, não incluímos em nosso cardápio. Muitas vezes, testamos três máquinas diferentes para um mesmo tratamento para escolhermos a que apresente melhor desempenho. Temos também uma equipe de especialistas para criar e desenvolver procedimentos, tornando nossos tratamentos cada vez mais eficientes. edição 44 • maio | junho • 2016 11 EN T R E V ISTA Luc y Onoder a, diretora de marketing da Onodera Estética O segredo é ter bons aparelhos? por telefone para checar o andamen- quentam sempre; as que não estão to das unidades. Esse trabalho é feito mais frequentando; e as que vieram Nesse ramo, o atendimento prestado por meio de nossas Gerentes de Rela- pela primeira vez. Dá uma média de pelos colaboradores também é im- cionamento, que ajudam o franquea- dez clientes por loja. Os contatos são portantíssimo. Por isso, trabalhamos do na gestão e na consultoria. feitos por telefone e procuram avaliar o nível de satisfação das clien- fortemente para aprimorar as nossas equipes. A cada três meses, realizamos Como é feita essa consultoria? tes. Mas estamos reformulando a um treinamento presencial com par- Esse procedimento é bem personali- metodologia. Ainda esse ano, essa ticipação de um colaborador de cada zado e feito de acordo com a necessi- pesquisa passará a ser feita online unidade, que funciona como multipli- dade de cada franqueado. A gerente para conseguirmos atingir 100% das cador. De volta às suas lojas, esses co- faz um diagnóstico da unidade e foca clientes. Também complementamos laboradores passam os conhecimentos nos pontos em que ele tem mais de- essas informações, com um serviço adquiridos para os demais funcionários ficiência dando orientações para a de Cliente Oculto. da unidade. Depois, para checar se os melhoria no resultado dos negócios. ensinamentos foram bem assimilados, Além disso, a gerente analisa os indi- Como funciona esse serviço? todos têm que fazer uma prova virtual. cadores e realiza o treinamento que Pessoas contratadas pela Onodera vi- achar necessário no local. sitam as unidades franqueadas a cada três meses como se elas fossem clien- Além desse treinamento, existem outras estratégias para manter o padrão de qualidade do atendimento? Como medem a satisfação dos clientes? tes comuns para avaliar o atendimen- Temos uma pesquisa de opinião que detalhados, apontando como foram Acompanhamos de perto cada fran- ouve todo mês cerca de 500 clientes tratadas, o que funcionou, o que preci- quia, mantendo contato pessoal ou divididas em três grupos: as que fre- sa melhorar, entre outras observações. 12 edição 44 • maio | junho • 2016 to. Depois elas produzem relatórios “ lor mais elevado. Em compensação, o Para nossas clientes, tratamentos estéticos não são supérfluos, ajudam a melhorar a autoestima e a qualidade de vida. Por isso, a procura é alta mesmo com crise” custo-benefício desse tipo de serviço é muito bom. Pensando no resultado, vale muito a pena. Em geral, os clientes têm expectativas altas quando procuram um tratamento estético. Como a Onodera lida com isso para não causar frustrações? De que forma essas informações ajudam a aperfeiçoar os serviços prestados? panhar o lançamento de aparelhos e Treinamos a equipe para ser muito trans- novas tecnologias, além de manter parente. Os profissionais não devem fa- contato frequente com os fornecedo- zer promessas para as clientes que não Por meio dessas pesquisas, a Onodera res de equipamentos de alta tecnologia podem ser cumpridas. Eles as orientam faz um ranking das franquias. Os fran- voltados ao setor de estética. e deixam claro que o procedimento estético não dará resultado sozinho, que queados recebem um feedback que indica quais pontos devem ser melhorados na unidade. Os resultados também ajudam a formatar os nossos treinamentos. A crise econômica afetou o movimento em seu segmento? O público masculino tem se interessado cada vez mais por tratamentos estéticos. A Onodera investe nesse nicho de clientes? ele deve ser aliado a atividades físicas e a uma alimentação correta. Além disso, oferecemos acompanhamento com nutricionista durante o tratamento. E informamos que, para que o resultado dos Nossa estratégia é mais focada no pú- procedimentos permaneça, é necessário Os tratamentos estéticos não são enca- blico feminino. Entretanto, alguns dos realizar manutenção. rados como supérfluos por nossas clien- tratamentos que oferecemos também tes, e sim como métodos que ajudam a podem ser utilizados por homens e são melhorar a autoestima e a qualidade procurados por eles. Alguns exemplos são É difícil se estabelecer nesse ramo? de vida. Não são luxo, e sim formas de limpeza de pele e tratamentos médicos. É fácil montar uma clínica de estética estar bem com o corpo e consigo mesma. Por isso, a procura ainda é muito alta mesmo considerando o momento de crise, o que muda é que as pessoas pedem mais descontos e temos maior dificuldade para conversão de vendas. no mercado. Difícil é permanecer em Muitos segmentos do consumo focam no poder de compra da classe C. A Onodera também tem ações voltadas para atrair esse público? funcionamento e prosperar, porque trabalhamos com um público exigente. Como todo serviço, existe uma série de variáveis que podem implicar no sucesso ou fracasso da empresa. Se Não definimos os clientes por classe so- você contratar a pessoa errada, não in- Como a Onodera se organizou para enfrentar esse período de recessão? cial. Estamos abertos para atender todos vestir em treinamento adequado, não aqueles que tenham interesse em fazer fizer o acompanhamento necessário, procedimentos estéticos. Por isso, ofere- as chances de não dar certo são gran- Temos um planejamento estratégico cemos uma grande variedade de trata- des. Portanto, é preciso manter um e fazemos estudos de mercado cons- mento, com diversas faixas de preço. olho na gestão e outro, no cliente. Com tantemente. Além de procurar sempre oferecer tratamentos inovadores que mais de 60 mil atendimentos por mês, não podemos dizer que nunca tem a frequentar as unidades. Participa- É possível oferecer tratamentos estéticos de alta tecnologia a preços acessíveis? mos sempre de feiras dedicadas a esse Não é tão fácil, já que um tratamento consultar a Onodera no Reclame Aqui, setor e viajamos ao exterior para acom- de alta tecnologia costuma ter um va- fazem com que as clientes continuem problema. Mas a gente trabalha para resolver tudo muito bem. Se você for verá que nossa carinha está "verde". & edição 44 • maio | junho • 2016 13 OPORT U N IDA DE S POR rachel cardoso Saúde para todos Inovações tecnológicas melhoram relação com pacientes e deficiências dos sistemas tradicionais no atendimento abrem diversas oportunidades de negócios nas áreas médicas e odontológicas, provocando um redesenho do setor A s plataformas digitais têm as empresas da área – independente- promovido profundas mudanças nas mente do ambiente econômico – e isso relações de consumo e não é diferente se deve não somente às inovações tec- entre pacientes e o anêmico sistema nológicas, mas ao aumento da deman- de saúde, público ou privado. Nesse da, pressão por redução de custos e a contexto, entrada de novos players no mercado. muitos empreendedores têm seguido à risca a velha máxima de fazer do limão uma limonada: estão É o caso do Dr. Agora, uma rede de clí- transformando as brechas deixadas nicas inspirada no conceito de varejo pelas deficiências dos modelos atuais da americana MinuteClinic, criada em oportunidades de negócios. Base- nos anos 2000 nos Estados Unidos. ado no que acontece em outras indús- Hoje existem lá mais de 800 estabe- trias, a tendência é que o impacto no lecimentos do tipo, instalados em far- futuro da medicina redesenhe todo mácias e supermercados. No Brasil, o setor, escreve o médico Bertalan a legislação ainda restringe a cópia Mesko, PhD e autor do livro A Guide to exata do modelo, mas uma primeira the Future of Medicine. unidade foi inaugurada em meados de 2015 na capital paulista e oferece 14 edição 44 • maio | junho • 2016 Relatório da PricewaterhouseCoopers consultas rápidas com clínico geral, (PwC) prevê um ano promissor para e sem necessidade de agendamento prévio, por R$ 89. Desde a inaugu- Com a mesma linha de pensamento São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e ração, outras duas unidades foram nasceu o Grupo Genera, atualmente in- Salvador. Além das análises de rotina abertas também em São Paulo. cubado no Centro de Inovação, Tecno- – como detecção de doença e investi- logia e Empreendedorismo (Cietec), ins- gação de genealogia familiar –, expli- “A ideia é atuar no atendimento primá- tituição ligada à Universidade de São ca Di Lazzaro, são conduzidos inúme- rio, em situações de baixo risco, como Paulo (USP). O empreendimento se pro- ros projetos de inovação em genética alternativa socioeconômica viável ao põe a fazer exames genéticos a preços e biologia molecular por uma equipe pronto-socorro”, diz o sócio-fundador populares, como o serviço DNA Barato, qualificada dentro da própria USP: “O do Dr. Agora, Luiz Guilherme Berardo. 30% mais em conta que os tradicionais. SUS é parte importante do atendi- Embora o objetivo seja dar acesso para “Fizemos uma promoção para tornar e então começamos a olhar a saúde a população de baixa renda, o execu- a marca conhecida e selecionamos 20 como produto, com toda a ética ne- tivo acredita que outros perfis de pa- casos para exames em que cobramos cessária ao processo”, ele afirma. cientes devem frequentar as clínicas. o valor simbólico de R$ 1”, diz o médi- “Nossa proposta é oferecer um serviço co Ricardo di Lazzaro, sócio-fundador Foi assim também com o empreende- melhor, mais barato e de vizinhança”, da empresa. dor Estevão Valle, diretor da Clínica + 60, mento, mas não dá conta do recado afirma Berardo, para quem ainda há sob a batuta da Artemísia – aceleradora muito espaço de crescimento com a Desde que foi criada em 2010, a Ge- de negócios sociais: “Buscamos trazer disseminação de informações sobre os nera já realizou 40 mil atendimen- um impacto positivo para a questão novos modelos que surgem. tos entre as cidades em que atua: do envelhecimento da população e do edição 44 • maio | junho • 2016 15 OPORT U N IDA DE S Saúde pa r a todos aumento do contingente de idosos sem Aplicativos vos forem desenvolvidos e utilizados de planos de saúde pela alta dos preços Foi justamente graças às novas tecno- forma inteligente, poderão gerar uma nessa faixa etária”, diz Valle. logias que a Dr. Cuco nasceu. A plata- redução de gastos no setor de US$ 14 bi- forma gratuita se conecta aos softwa- lhões anualmente. Segundo o médico, o negócio – que res de prontuários médicos e converte mira o cuidado integral multidiscipli- a prescrição em lembrete, para que os Foi de olho nesses recursos que a Dr. nar de pessoas mais velhas – surgiu medicamentos sejam tomados corre- Cuco construiu seu plano de negócios. pela demanda por atendimento vol- tamente. “A cada 100 prescrições rea- “A medida que o paciente se engaja no tado para doenças crônicas: “Quem lizadas, apenas de 15 a 20 são realiza- tratamento, acumula pontos que po- tem muito médico acaba não tendo das adequadamente pelos pacientes”, dem ser revertidos em benefícios rela- nenhum. É preciso contemplar o todo, conta o Chief Procurement Officer cionados à saúde e ao bem-estar”, con- principalmente quando o paciente (CPO) da empresa, Gustavo Comitre. ta Comitre, que ressalta a gratuidade tem queixas que vão da cabeça aos pés, como os idosos”. da solução para médicos e pacientes. Não à toa, o mHealth – mercado de aplicativos de saúde para pacientes – O potencial de empresas como o Dr. Criada em 2013, em Belo Horizonte cresce mais de 60% ao ano no Brasil, Cuco pode ser medido pela curta tra- (MG), a Clínica + 60 mantém hoje ofer- segundo o próprio Dr. Cuco. Pesquisa jetória de sucesso: em pouco mais de ta de 12 especialidades que vão desde da PwC indica ainda que se os aplicati- um ano de existência já foi selecio- nutrição e psicologia até cardiologia e neurologia. A consulta custa R$ 150 e prevê acompanhamento telefônico 24 horas por dia. “Temos plena convicção de que é um negócio escalável e que se desenvolverá graças ao suporte das novas tecnologias”, afirma Valle. O SUS é parte importante do atendimento, mas não dá conta do recado e então começamos a olhar a saúde como produto, com toda a ética necessária ao processo” Ricardo di Lazzaro, sócio-fundador do Grupo Genera, que criou o serviço DNA Barato 16 edição 44 • maio | junho • 2016 Foto: Débora Klempous “ “ A ideia é atuar no atendimento primário, em situações de baixo risco, como alternativa socioeconômica viável ao pronto-socorro. Nossa proposta é oferecer um serviço melhor, mais barato e de vizinhança” Luiz Guilherme Berardo, Foto: Rubens Chiri sócio-fundador do Dr. Agora Hoje o Dr. Consulta, oficialmente lançado em 2011, é uma rede de clínicas voltadas para as classes C e D, com valor nado para o Circuito Internacional jovens e adultos em regiões carentes de atendimento para quase todas as Albert Einstein de Startups, recebeu e de difícil acesso. Hoje atendem em especialidades por, no máximo, R$ 150. aceleração no programa Startup-SC média 8 mil pacientes por mês. Apesar dos preços baixos, o serviço é de do Sebrae, além de participar com ex- bom nível, a cargo de profissionais for- posição no evento Hospital Innovation O paciente de ortodontia paga uma mados nas melhores universidades de Show e Feira Hospitalar. mensalidade de R$ 50 mensais e os medicina do País. E, ao contrário do que demais procedimentos clínicos são se possa imaginar, a iniciativa não tem Todo esse histórico do Dr. Cuco, porém, oferecidos com um desconto de 40% nada a ver com filantropia. assim como o reforço nos investimen- da tabela de referência da Associação tos desse tipo de negócio, ganhou im- Brasileira de Odontologia. O modelo É um empreendimento criado para pulso por conta de pioneiros como já garantiu a abertura de negociação fazer dinheiro, com metas rígidas de Dr. Consulta e Multi Orto. São iniciati- com fundo de investimento para uma desempenho e controle de custos. A vas que abriram passagem para toda forte expansão para todos os outros expectativa era de faturamento de essa transformação em curso no País. estados do Nordeste. R$ 6 milhões em 2014. Srougi não quis Baixa renda Caminho semelhante seguiu o médico do é de silêncio: “No segundo semestre Desde que saiu da faculdade, o dentis- Thomaz Srougi, sócio-fundador do Dr. posso falar com prazer”. ta Orestes Maciel percebeu a dificul- Consulta, pós-graduado em estreladas dade de acesso e o alto custo para o universidades americanas, montou es- Não seria surpresa se houvesse algu- tratamento ortodôntico da população critório na favela de Heliópolis e criou ma novidade para anunciar até lá, a de baixa renda. Criou então, em 2004, um negócio que está atraindo o inte- exemplo da negociação em curso na em Recife (PE), uma rede com foco em resse de acadêmicos de todo o mundo. dar entrevista porque diz que o perío- Multi Orto. & edição 44 • maio | junho • 2016 17 C A PA POR Filipe Lopes ilustraçÃo laís brevilheri Em queda livre Pesquisa inédita divulgada pela FecomercioSP, em parceria com a Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São Paulo, revela que em um ano o setor de serviços da capital paulista perdeu R$ 7,4 bilhões C A PA O Em q ued a l iv re setor de serviços se destacou (FecomercioSP), em parceria com a recorte necessário para identificar as nos últimos anos pelo dinamismo e Secretaria de Finanças e Desenvolvi- características reais do mercado em pela representatividade na economia mento Econômico da Prefeitura de São determinadas regiões. Assim, a PCSS brasileira, responsável pela geração de Paulo. Trata-se de um verdadeiro raio X é o primeiro indicador mensal de ser- empregos e renda. Mas a crise atingiu do segmento no município, além de viços em âmbito municipal, com infor- em cheio este mercado. Em dezembro mostrar quais áreas estão crescendo e mações de todas as empresas presta- de 2015, o faturamento real do setor quais precisam de ações e políticas pú- doras de serviços sediadas na cidade de serviços da cidade de São Paulo re- blicas especiais para voltar a ter fôlego. de São Paulo que recolhem o Imposto gistrou queda de 4,8% na comparação sobre Serviços (ISS), fornecidos pela com o mesmo mês de 2014, atingindo No Brasil, as receitas do segmento al- Secretaria de Finanças e Desenvolvi- um montante de R$ 21,5 bilhões – cerca cançaram a ordem de R$ 1,5 trilhão em mento Econômico. O indicador conta de R$ 1 bilhão a menos do que o alcança- 2014, sendo que somente o Estado de com série histórica desde 2010, permi- do naquele mês. Essa foi a primeira que- São Paulo contribuiu com mais de 40% tindo o acompanhamento do setor em da registrada para o mês de dezembro desse valor – algo em torno de R$ 600 uma trajetória de longo prazo. Con- desde 2010. No acumulado ao longo do bilhões. O município de São Paulo tam- siderando a diversidade do setor, as ano, as prestadoras de serviços da capi- bém tem grande relevância nos re- atividades são reunidas em 13 grupos, tal paulista faturaram R$ 256,5 bilhões; sultados estaduais e nacionais, repre- levando-se em conta as suas similari- R$ 7,4 bilhões a menos do que em 2014, sentando, aproximadamente, 20% do dades e representação no total do que o que representa uma queda de 2,8%. Produto Interno Bruto (PIB) nacional. é arrecadado do ISS no município. Por Estes dados fazem parte da Pesqui- Para analisar e diagnosticar soluções identificar o total do faturamento (real sa Conjuntural do Setor de Serviços para retomar o crescimento deste e nominal) por atividade, as variações (PCSS), lançado em março pela Fede- setor é preciso ter dados concretos e percentuais em relação ao mesmo mês ração do Comércio de Bens, Serviços atualizados, o que não ocorria com a do ano anterior e mês imediatamente e Turismo do Estado de São Paulo frequência satisfatória e nem com o anterior além do acumulado no ano. meio dos relatórios gerados é possível 20 edição 44 • maio | junho • 2016 Segundo o presidente do Conselho de tanto para investidores com interesse mento Econômico da capital paulista, Serviços da FecomercioSP, Aguinaldo na capital paulista, como para gesto- Rogério Ceron, a divulgação dos dados Rodrigues da Silva, o estudo vai ajudar res de políticas públicas no município, traz benefícios para todos: “A acade- o empresário de serviços a compreen- que terão em mãos séries históricas mia passa a ter acesso a um conjunto der melhor as dimensões do merca- que possibilitarão a elaboração de aná- de dados ricos em informações para do e a dinâmica do setor e, com isso, lise de tendências e projeções”, afirma. avaliar o setor, que é carente de dados mapear suas reais necessidades e de- em todo o território nacional. Para o senvolver o trabalho mais adequado, A produção de indicadores de servi- empresariado, a pesquisa revela todo em conformidade com uma realidade ços na cidade de São Paulo a partir da o cenário do segmento com dados econômica que a pesquisa demonstra: base de dados do ISS arrecadado tam- concretos, o que reduz incertezas e os “Com dados de evolução do fatura- bém contribui para o planejamento ajuda na tomada de decisões. Para a mento bastante confiáveis e segmen- fiscal, econômico e para o desenvol- população em geral, o conhecimento tados pelas diversas áreas do setor de vimento urbano do município. Para o acrescenta na transparência entre po- serviços, a pesquisa também será útil, secretário de Finanças e Desenvolvi- der público e cidadãos, além de ajudar “ Com dados de evolução do faturamento bastante confiáveis e segmentados, a pesquisa será útil para investidores e gestores de políticas públicas, que terão em mãos dados que possibilitarão análise de tendências e projeções” Aguinaldo Rodrigues da Silva, Foto: Rubens Chiri presidente do Conselho de Serviços da FecomercioSP edição 44 • maio | junho • 2016 21 C A PA Em q ued a l iv re “ Para a população em geral, o conhecimento acrescenta na transparência entre poder público e cidadãos, além de ajudar a mostrar esse setor tão importante para a economia local e nacional, considerado o motor da cidade” Rogério Ceron, secretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São Paulo a mostrar esse setor tão importante para a economia local e nacional, considerado o motor da cidade, mas que antes tinha as informações pouco divulgadas”, aponta Ceron. Cenário de retração Segundo a PCSS, das 13 atividades que compõem a pesquisa, dez apresentaram queda de receita no mês de dezembro em relação ao mesmo mês de 2014. O setor que mais sofreu retração no período foi construção civil, que viu seu faturamento encolher 26,3% no comparativo entre meses e -16% no acumulado anual (R$ 2,1 bilhões no faturamento). Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, depois de um período longo de alta nas receitas, o segmento de construção civil registrou um ano muito ruim, resultado do aumento do desemprego, da queda no rendimento da população, dos juros altos e da escassez de crédito. Para Silva, do Conselho de Serviços da FecomercioSP, o momento exige das empresas prestadoras de serviços uma atenção especial para a qualidade do trabalho oferecido para poderem reaquecer o setor: “Ganha destaque, nesse novo cenário, a ênfase em qualidade que, embora seja importante no setor industrial, é ainda mais relevante no setor de serviços, fazendo com que surja a necessidade de as empresas desenvolverem um entendimento apurado sobre qualidade na prestação de serviços, buscando alcançar a satisfação dos clientes, conscientes de que assim procedendo terão possibilidades maiores de obte- Foto: Rubens Chiri rem bons resultados em curto e longo prazo”, afirma. Ainda de acordo com Silva, são três atitudes que as empresas devem ter para superar as adver- 22 edição 44 • maio | junho • 2016 Faturamento do setor de serviços paulistano ao longo dos anos Em 2015, as empresas que compõem o setor de serviços da cidade de São Paulo registraram faturamento real de R$ 256,5 bilhões, queda de 2,8% na comparação com o ano anterior. Esse foi o pior faturamento do segmento desde 2012 e a maior queda de variação acumulada entre os anos, desde 2011. Entre 2014 e o ano passado, as empresas prestadoras de serviços encolheram R$ 7,4 bilhões em seus faturamentos. pesquisa conjuntural do setor de serviços – município de são paulo faturamento real anual (em r$ bilhões) 206,1 2010 244,3 226 2011 2012 259,3 263,9 256,5 2013 2014 2015 atividades que mais cresceram e encolheram o faturamento em 2015 Atividades % Simples Nacional 10,4 ˚ Saúde 2,6 ˚ Mercadologia e comunicação -8,8 ˙ Construção civil -16 ˙ Técnico-científico -18,7 ˙ Fonte dos dados primários: Secretaria das Finanças da PMSP | Metodologia e cálculos: FercomercioSP C A PA Em q ued a l iv re sidades: investir em seleção e trei- te propulsor da economia brasileira. namento de pessoal na prestação de Desde que foi criado, esse sistema de bons serviços; padronizar o processo tributação simplificou o recolhimento de trabalho por toda a organização; e de impostos e diminuiu a carga tribu- monitorar a satisfação do consumidor tária. Quando reduzimos custos e a por meio do sistema de sugestões, re- burocracia, incentivamos o empreen- clamações e comparação de compra, dedorismo. Esse resultado da pesquisa possibilitando que os serviços fracos comprova isso”, aponta. sejam detectados e corrigidos. Na contramão da crise Para 2016, os economistas da Federação afirmam não haver indícios de que o O estudo mostrou ainda, que apesar cenário possa mudar, pois alguns indi- da crise, alguns setores seguem for- cadores econômicos apontam para um tes e aquecidos, capazes de crescer aprofundamento da crise econômica, mesmo em meio às incertezas atuais. sugerindo que será mais um ano de As únicas três atividades que regis- fraco desempenho para o setor de ser- traram crescimento em dezembro, na viços. Na contramão da crise, as ativida- comparação com o mesmo mês de des do Simples Nacional e saúde devem 2014, foram empresas optantes pelo permanecer registrando resultados Simples Nacional (10,4%); do ramo de positivos, o que pode amenizar o re- saúde (2,6%); e viagens, hospedagem, sultado negativo do setor de serviços eventos e assemelhados (2,9%). na cidade de São Paulo. Em 12 meses, as empresas prestado- Munição para investir ras de serviços optantes pelo Simples A nova PCSS também serve como Nacional elevaram seus faturamentos pesquisa de mercado para quem em 10,4%. De acordo com a Federação, pretende empreender no setor de o Simples Nacional, ao longo de toda serviços na cidade, já que conta com a série histórica vem registrando re- todo o histórico de crescimento e sultados positivos nas suas receitas. queda das empresas. Segundo Ce- A entrada em vigor da Lei Comple- ron, o estudo pode ajudar a diminuir mentar nº 123/2006 e a vigência da LC a taxa de mortalidade das empresas nº 147/2014 favoreceram a formaliza- nascentes na capital, já que antes o ção de um número maior de ativida- empresário poderia tomar decisões des que optam pela tributação e dão equivocadas por não contar com continuidade aos resultados positivos uma base de dados real, agora ele das receitas do setor. conta com mais informações para investir nos campos certos, buscar 24 edição 44 • maio | junho • 2016 Segundo o ex-ministro da Secretaria parcerias e planejar melhorias para da Micro e Pequena Empresa e presi- seu negócio: “A divulgação dos dados dente do Sebrae Nacional, Guilherme também é importante para o empre- Afif Domingos, os resultados favo- endedorismo na cidade, pois eviden- ráveis à modalidade de tributação cia áreas em expansão e mostra as atestam o sucesso da medida. “Esse melhores oportunidades de negócios resultado é mais uma prova de que para se investir”, afirma. Com isso, o o Simples Nacional é um importan- empreendedor ganha dimensão de mercado e planeja melhor sua atua- informações sobre o desempenho de aponta Domingos. O ex-ministro acre- ção com mais segurança. um determinado setor, mais consegui- dita ainda que os resultados obtidos mos elementos para elaborar um bom no inédito estudo na capital paulista Para o presidente do Sebrae Nacional, plano de negócios. Ter informações tendem a refletir a maioria das gran- a pesquisa sobre serviços é uma im- confiáveis e que retratem a realidade des cidades brasileiras. portante ferramenta para todos co- de uma região pode ser a peça-chave nhecerem o desempenho das empre- para planejar o empreendimento com Segundo o presidente do Conselho de sas do setor de serviços em São Paulo, maior solidez. Entre os fatores que Serviços da FecomercioSP, as pesqui- que abriga 35% das micro e pequenas determinam a sobrevivência das em- sas conjunturais são ferramentas cer- empresas do País: “Quanto mais temos presas o principal é o planejamento”, tas para entender melhor a concorrência que existe no segmento, trabalhar “ Quanto mais temos informações sobre o desempenho de um determinado setor, mais conseguimos elementos para elaborar um bom plano de negócios. Ter informações confiáveis e que retratem a realidade de uma região pode ser a peça-chave para planejar o empreendimento com maior solidez” Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae devidamente com o market share do negócio e encontrar soluções estratégicas e adequadas para as empresas: “Acreditamos que a Pesquisa Conjuntural irá produzir indicadores que permitem acompanhar o comportamento do setor de serviços, e que servirá de norte para empreendedores que pretendem investir em negócios no segmento”, afirma Silva. Convênio de sucesso A divulgação da pesquisa só foi possível pelo convênio firmado entre a Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São Paulo e a FecomercioSP, que uniu dois especialistas para contribuir com o setor de serviços. “Nós tínhamos as informações, mas não tínhamos a capacidade de trabalhar e divulgar os dados para toda a população. E nisso, a FecomercioSP tem todo um know how para trabalhar o conjunto de dados e transformar em informações acessíveis, além do poder de divulgação e impacto para alcançar um grande número de pessoas e empresas”, afirma Ceron. Por isso, a abertura do setor público com a federação é Foto: Luiz Prado comemorada e, segundo o secretário, será mantida para outros projetos futuros, que também sejam interessantes e capazes de agregar aos diversos setores da cidade. & edição 44 • maio | junho • 2016 25 A RT IGO POR José Goldemberg Por que a eletricidade é cara no Brasil? A té 2010 a tarifa da eletrici- dade residencial no Brasil estava na droeletricidade, o que foi agravada tema de “bandeiras tarifárias” para por dois fatores: desencorajar o uso de eletricidade, co- média mundial (cerca de R$ 300 por brando um valor adicional pelo consu- megawatt-hora). Era menor do que nos 1. Em primeiro lugar o fato que há países industrializados da Europa, da mais de dez anos as novas usinas hi- Rússia e até nos Estados Unidos. droelétricas foram construídas com A bandeira verde significa normalida- reservatórios menores devido às di- de e a tarifa não sobe. A bandeira ver- A razão para tal é que na Europa se ficuldades em obtenção de licencia- melha significa que as usinas térmicas usa em geral gás e carvão para gerar mento ambiental. foram ligadas para cobrir o déficit de eletricidade. Já no Brasil, até recente- mo de cada 100 kilowatt-hora a mais. produção das usinas hidroelétricas, o mente, a produção era feita em usinas 2. Em segundo lugar a decisão do que aumenta muito os custos de ele- hidroelétricas que não dependem de Governo Federal em encorajar o uso de tricidade. Com esta tarifa, o custo au- combustíveis fósseis como gás e car- eletricidade por meio de isenções tri- menta em R$ 3 pelo consumo de cada vão, mas do fluxo de água dos rios. butárias nos produtos da linha branca. 100 killowatt-hora a mais. A bandeira A energia elétrica no Brasil seria ain- As tarifas foram mantidas fixas até da mais barata se nela não incidissem 2012 quando o governo reduziu as cerca de 40% de impostos e taxas (es- tarifas em 20% por meio da Medida Recentemente a situação das hidroe- taduais e federais). Provisória nº 579. Esta medida foi in- létricas melhorou, as térmicas foram terpretada como demagógica e eleito- parcialmente desativadas e as ban- Ainda assim, o sistema elétrico brasi- reira tendo em vista as eleições presi- deiras vermelha e amarela estão sen- leiro era, até 2010, bastante eficiente denciais em 2014. do eliminadas. tir de 2010 o governo federal decidiu Passadas as eleições as tarifas explo- É um ganho pequeno: o preço da ener- administrar os preços da energia elé- diram e em 2015 aumentaram qua- gia elétrica cai apenas alguns poucos trica de uma forma desastrada com se 50% para compensar as perdas pontos percentuais, o que não com- o resultado que subiram quase 50%, sofridas pelas empresas que só ha- pensa o aumento bruto de quase 50% atingindo R$ 430 por megawatt-hora viam sido socorridas com recursos do em 2015. Tesouro Nacional. O que ocorreu a partir de 2010 foi que As consequências deste aumento começou a chover menos, prenun- brutal foram tão graves que em mea- ciando uma crise na produção de hi- dos de 2015 o governo adotou um sis- amarela é intermediária e eleva o custo em R$ 1,50 para cada killowatt-hora. e pouco poluente. Sucede que a par- 26 edição 44 • maio | junho • 2016 em 2015. & José Goldemberg é o Presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP Exporte os seus produtos com mais facilidade Adquira o seu Certificado de Origem FecomercioSP e expanda a sua rede de negócios no mercado internacional com mais segurança e rapidez. Para mais informações, ligue (11) 3254-1652 ou 1653 ou pelo e-mail [email protected] Atendimento: Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - s1 das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30 Aqui tem a força do comércio edição 44 • maio | junho • 2016 27 EMPR EENDEDOR ISMO por iracy paulina fotos Débora Klempous Restaurou, ficou novo Na esteira da crise econômica e com a queda na renda das famílias, profissionais antes esquecidos, como costureira e sapateiro, estão sendo lembrados, assim como os tradicionais brechós, que vendem artigos usados 28 edição 44 • maio | junho • 2016 C ostureira de mão cheia, Maria dimento. Percebi que isso conta até juntamente com o número de aten- da Gloria de Oliveira Pereira recebe mais do que o preço”, explica Gloria. dimentos das lojas”, contabiliza Zita. diariamente uma média de 50 pesso- Os serviços mais procurados são: bar- as em seu ateliê, o Arte da Costura, O vento a favor também foi perce- ras, ajustes simples e, agora, reparos no bairro da Pompeia, zona Oeste de bido pela Linha e Bainha, do Grupo e customização de peças em geral. Os São Paulo. Os clientes chegam com Acerte Franchising, que atua no valores desses serviços são o principal sacolas cheias de roupas usadas para ramo de costura expressa, com chamariz: começam na casa dos R$ 10 e reformar ou consertar. Feliz com o mo- serviços de reforma, ajustes e cus- podem ir até R$ 50, dependendo do tipo vimento, ela conta que a procura por tomização de peças. Com sede na de peça, ou seja, são feitos sob medida seus serviços cresceu cerca de 30% em capital paulista, a rede tem 21 uni- para o bolso apertado pela crise. um ano, seguindo o agravamento da dades franqueadas espalhadas pelo crise econômica: “As pessoas, estão interior de São Paulo e nos estados Para aproveitar melhor o momen- mais cautelosas na hora de comprar, do Maranhão, Mato Grosso, Pará, to e dinamizar os negócios, a Linha e então abrem o armário para ver o que Paraná e Pernambuco. Bainha lançou o serviço expresso, com podem reabilitar, depois de uma refor- entrega rápida aos clientes em 24 ho- ma ou um ajuste”, conta Gloria, que “Percebemos que os brasileiros es- ras. A estratégia é conquistar mais já teve uma oficina de costura para tão com um novo comportamento clientes entregando qualidade e ra- atender confecções e, antes de abrir de consumo mais consciente. Tem pidez no atendimento. “Também in- o negócio próprio, trabalhou na rede sido necessário frear os gastos e se vestimos no serviço de customização Sapataria do Futuro. adequar à realidade econômica en- e personalização de peças com apoio frentada pelo País. Por isso, as pes- de estilistas, que tem o poder de reno- Se a crise econômica é ruim para o co- soas estão pensando duas vezes var uma roupa antiga, trazendo para mércio de artigos novos, pode ser um antes de comprar novos bens e en- o cliente um visual mais moderno terreno de oportunidades para profis- xergando nas reformas e consertos de acordo com a moda atual”, expli- sionais da restauração como Gloria: uma alternativa para economizar”, ca Zita. “Nossa perspectiva de cresci- “O mercado está bom para esse tipo avalia Zita Sobral França, gestora da mento é de 25%, mesmo em tempos de de negócio, tanto que tenho mais dois marca Linha e Bainha. crise, pois acreditamos que os nossos concorrentes na região onde estou ins- serviços se tornam necessários para talada”, conta a costureira. "Mas, para Por isso, segundo ela, desde março do esse novo público que pensa em um manter a freguesia, é preciso fazer ano passado houve um aumento na consumo consciente”. um trabalho de qualidade. Muitos dos demanda de reforma e customização novos clientes que estou conquistan- de peças de roupa nas lojas da Linha Novos clientes do chegam por indicação de quem já e Bainha: “Registramos um aumento Dono da Sapataria Conserta Já, insta- experimentou e gostou do meu aten- progressivo de 30% no faturamento, lada há 40 anos numa galeria na re- edição 44 • maio | junho • 2016 29 EMPR EENDEDOR ISMO R es t au rou, f icou novo gião central da capital paulista, Rafael no máximo dois. Estão mais cautelosos cou que um crescimento de 210% do Araújo Cortez também planeja aprovei- com os gastos, investem apenas no que número de pequenos negócios dedi- tar essa nova orientação do consumi- realmente precisam”, observa ele. Em cados a esse ramo entre 2007 e 2012. dor para refazer a carteira de clientes. sua sapataria, as maiores demandas E a expansão desse mercado continua, Ele conta que, com a saída de muitas são pela colocação de sola em sapatos embora em ritmo mais lento, segun- empresas do entorno de onde atua e, e troca de zíper de bolsas. do outro levantamento da entidade. mais recentemente, por conta do de- Desta vez, analisando os números semprego, viu sua clientela diminuir. Usados em alta Há três anos, atendia 100 clientes por De fato, de acordo com o índice Sebrae verificou uma alta de 8% dos dia. Hoje, essa média está em 70. Isso Intenção de Consumo das Famílias empreendimentos dedicados ao co- porque, nos últimos meses, ele arrega- (ICF), apurado pela Federação do mércio varejista de artigos usados, de çou as mangas para conquistar novos Comércio de Bens, Serviços e Turismo janeiro a outubro de 2015, ou seja, em clientes aproveitando a onda de quem do Estado de São Paulo (FecomercioSP), plena crise econômica. Desde janei- está segurando as compras e inves- os consumidores estão mais cautelo- ro de 2013, houve um crescimento de tindo na restauração de peças usadas sos na hora de abrir a carteira. De acor- 31% – o número de empresas do gêne- para economizar: “Como fico dentro de do com os dados disponíveis em março, ro saltou de 10,8 mil para 14,1 mil em uma galeria, preciso chamar o clien- o índice sinalizou uma queda de 33,2% outubro do ano passado. te para cá. Então, usei a estratégia de em relação ao mesmo mês de 2015. de optantes pelo Simples Nacional, o Segundo Wilsa Sette, coordenadora distribuir panfletos em locais de grande circulação aqui pelas redondezas, É nessa esteira que ganham forças al- nacional de varejo de moda do Sebrae, como as estações de metrô”, explica. ternativas mais baratas, como as ofe- não se pode negar o atual cenário eco- recidas pelo mercado de restauração. nômico como um fator que impulsio- Segundo Cortez, os clientes estão voltan- Por esse mesmo motivo, também vem na esses números: “A roupa de brechó do, embora ainda não seja possível cra- ganhando um número cada vez maior var um percentual de crescimento. Mas de adeptos o setor de brechós. É o que ele notou uma mudança de comporta- mostram números de pesquisas reali- mento da clientela, que tem a ver com a zadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio situação econômica difícil: “Antes, tinha à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). cliente que trazia até uns oito sapatos Usando informações da base de dados de uma vez para reparar. Hoje, trazem da Receita Federal, a instituição verifi- “ As pessoas, estão mais cautelosas na hora de comprar, então abrem o armário para ver o que podem reabilitar, depois de uma reforma ou um ajuste. Mas, para manter a freguesia, é preciso fazer um trabalho de qualidade” Maria da Gloria de Oliveira Pereira, dona do ateliê Arte da Costura 30 edição 44 • maio | junho • 2016 “ Como fico dentro de uma galeria, preciso chamar o cliente para cá. Então, usei a estratégia de distribuir panfletos em locais de grande circulação aqui pelas redondezas, como as estações de metrô” Rafael Araújo Cortez, dono da Sapataria Conserta Já é muito barata, chega a custar entre de 30% do faturamento, mesmo nessa Já Fabíola Loureiro, sócia do Acervo de 70% a 80% do valor de uma peça equi- época de crise”, afirma Wilsa. Coisinhas, na Bela Vista, em São Paulo, valente nova. Por isso, atrai consumi- preferiu não se especializar: “Temos mais dores que procuram vestuário de qua- A especialização dentro desse nicho é de duas mil peças bem variadas. Temos lidade a preço acessível”, diz ela. uma das tendências que ela aponta: desde roupas para ocasiões especiais até “Notamos que há uma segmentação aquelas mais básicas, para o dia a dia. Entretanto, Wilsa também aponta muito grande. Tem brechó que tra- Nosso critério de seleção é a qualidade”, uma mudança de comportamento do balha só com grifes, os que vão para explica Fabíola que abriu o brechó em consumidor: “Há uma tendência mun- a área infantil, outros apostam no 2014, junto com duas colegas de facul- dial de valorização do consumo cons- vintage, entre outros”, afirma. dade. Instalaram o negócio no andar de ciente, o que inclui comprar artigos cima do café que uma delas já possuía. usados”, afirma ela. Desde 2014, o setor É o caso da professora de história da “No início, pegamos roupas de amigas comandado por ela desenvolve um tra- moda Brigida Cruz, de Campinas, que em consignação. Só depois, quando as balho com brechós do País. “Esse é um criou o Que Chuchu, um brechó dedi- coisas começaram a dar certo, come- negócio de baixo risco e que não requer cado a peças vintage em 2008, a princí- çamos a comprar peças para reforçar o grandes investimentos, uma vez que o pio para venda apenas online. No final nosso estoque”, comenta Fabíola. empresário não precisa comprar um do ano passado, resolveu montar uma grande estoque, pode trabalhar com loja física e pagou uma consultoria Desde o ano passado, ela notou um au- peças em consignação”, considera. em visual merchandising para se ins- mento de 50% no número de clientes in- talar em uma casinha antiga do bair- teressados em comprar roupas usadas Ela explica que os brechós que se pre- ro de Barão Geraldo, em Campinas. “O em sua loja: “Percebemos também uma ocupam em profissionalizar a gestão, cliente quer chegar em um brechó e procura maior por parte de quem deseja investir em marketing e implantar um ter a sensação de que está numa loja nos vender as peças que estão ociosas bom visual merchandising (evitando a de shopping, com tudo bem organiza- em seu guarda-roupa, como forma de velha ideia de ambiente bagunçado, do, num ambiente agradável”, conta ganhar um dinheiro extra”, conta ela. tradicionalmente associada a esse tipo ela. “As pessoas entram, tiram foto, Com o sucesso do negócio, Fabíola e as de comércio) estão conseguindo se postam no Facebook. Depois que im- sócias já estão preparando a mudança destacar mais no mercado: “Em nossas plantei o novo visual, as vendas au- para um espaço maior do que os 40 m2 pesquisas, muitos relataram aumento mentaram em 50%”, festeja. que o Acervo de Coisinhas ocupa. & edição 44 • maio | junho • 2016 31 R A IO X POR BARBARA OLIVEIRA Terra das palmeiras virou polo industrial 32 edição 44 • maio | junho • 2016 Fotos: Divulgação Indaiatuba é uma das melhores cidades brasileiras para se viver e se destaca pelos índices de emprego, renda, educação e saúde; mais de 850 indústrias, algumas de grande porte, estão instaladas no município N a língua tupi-guarani, Indaia- Se as palmeiras-indaiás são raras nos tuba significa terra de muitas palmei- dias de hoje é porque elas deram lu- ras (indaiá+tuba). Indaiás são aque- gar a um acelerado processo de urba- las palmeiras baixas de dois a três nização na cidade, com a instalação metros de altura. Eram abundantes de 850 indústrias, cerca de 4.600 es- na região e suas folhas serviam para tabelecimentos comerciais e 8 mil forrar telhados. Por causa dos coqui- unidades de serviços. Com boas es- nhos dessas pequenas árvores, seus colas de ensino técnico e profissio- primeiros fundadores a chamaram nalizante e salários acima da média de Cocaes, ainda no século 18. Somen- (o mínimo de R$ 1.800 na indústria), te em dezembro de 1830 a antiga Vila a cidade ocupa elevadas posições em da Freguesia de Itu recebeu o nome qualidade de vida, segundo o ranking de Indaiatuba. Localizada entre Itu e de diversos organismos. Campinas, e a 107 quilômetros de São Paulo, o município é hoje um dos mais Entre as conquistas recentes estão prósperos da região, com forte voca- os índices divulgados no ano passa- ção industrial e uma das melhores ci- do pela Federação das Indústrias do dades do Brasil para se viver. Rio de Janeiro (Firjan) contemplando edição 44 • maio | junho • 2016 33 R A IO X Ter r a d a s pa l mei r a s v i rou polo i ndu s t r i a l Indaiatuba com o 1º lugar na região mento Humano Municipal) da ONU, a está acima de 8%. O prefeito mantém metropolitana de Campinas; o 2º no cidade subiu 29 posições em relação à um projeto de desenvolvimento mu- Estado de São Paulo e o 3º no Brasil em década anterior. Saltou para a 76ª co- nicipal de longo prazo, iniciado em emprego, renda, educação e saúde. O locação em 2010 (o estudo é apresen- 1997 quando foi eleito pela primeira Índice Firjan de Desenvolvimento Mu- tado a cada dez anos). vez: “Temos uma infraestrutura privi- nicipal (IFDM) somou 0.9009 (quanto legiada, com plano diretor, água, rede mais perto de 1 mais alto é o estágio Infraestrutura privilegiada de desenvolvimento). A edição de 2015 “Estamos acima da média dos esta- informa Nogueira. “Indaiatuba está considera a base de dados relativos a dos brasileiros”, comemora o prefeito a poucos minutos do aeroporto de 2013 e faz comparações da série histó- Reinaldo Nogueira (PMDB), que cum- Viracopos, na região metropolitana rica a partir de 2005. Em todos esses pre seu segundo mandato (assumiu de Campinas, tem acesso a estradas anos, o município paulista sempre es- em 2008). “Inclusive na taxa de de- asfaltadas (Santos Dumont, Anhan- teve entre os primeiros colocados no semprego, que foi de 3,1% no ano pas- guera, Bandeirantes e Castelo Bran- Brasil. No IDHM (Índice de Desenvolvi- sado”. A média nacional de dispensas co), trata 98% da rede de esgotos e de esgotos e incentivos às empresas”, possui uma mão de obra qualificada graças às suas escolas técnicas. Elas Atraídas pelos incentivos e infraestrutura regional, importantes fábricas acabaram se instalando na região nos últimos 20 anos, entre elas a Toyota, inaugurada em 1998, e que emprega 2 mil pessoas ajudam a formar o profissional e a mantê-lo no próprio município”, observa Nogueira. “Além disso, não tivemos falta d’água em 2015 e se parar de chover hoje, poderemos abastecer a cidade e as fábricas por mais seis meses”, garante. Isso porque a barragem do rio Capivari-Mirim, prestes a ser inaugurada, foi construída para armazenar 1,3 bilhão de litros d’água. Parte da obra, no valor total de R$ 30 milhões, recebeu verba a fundo perdido da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), e no seu entorno foram plantadas 110 mil mudas de árvores nativas com a ajuda da iniciativa privada. Nesse mesmo espaço serão instaladas pistas para caminhada e uma ciclovia, além de deques de pesca, quadras e parque infantil. A conclusão dessas novas obras está prevista para este ano. Atraídas pelos incentivos e infraestrutura regional, importantes fábri- Fotos: Divulgação cas acabaram se instalando na região nos últimos 20 anos. Entre elas a Toyota, inaugurada em 1998. A empresa emprega duas mil pessoas e é 34 edição 44 • maio | junho • 2016 – empresários corporativos, trabalhadores de complexos industriais, funcionários da companhia aérea Azul (com sede em Viracopos), passageiros em trânsito (o aeroporto fica a 10 km dali) ou, simplesmente, turistas. Neste ano, haverá um reforço hoteleiro com a inauguração do Palm Plaza Hotel, com 512 novos leitos, e, em 2017, ficará pronto Fotos: Divulgação o Wise Hotel, com outros 236 leitos. “Além do turismo de negócios, temos uma demanda grande de visitantes nos finais de semana por causa de eventos No esporte, Indaiatuba é conhecida pelos torneios de polo – campeonatos brasileiros: o Aberto esportivos”, diz o secretário Stochi. O do Estado de São Paulo e o Aberto do Helvetia, este último homenageia o nome do principal clube município paulista recebe competições da cidade, o Helvetia Polo Country Club, fundado em 1975 pelo italiano Giorgio Moroni. nacionais e internacionais, especialmente de polo e ciclismo. A cidade será rota do revezamento da tocha olímpica, em agosto, e receberá ciclistas de vá- na unidade de Indaiatuba que sai o governo municipal, que suspende ou rios países para os treinos oficiais dos modelo Sedan Corolla para os merca- isenta impostos (IPTU, ITBI e INSSQN). jogos Rio 2016. Um velódromo foi inau- dos nacional, argentino e uruguaio. gurado no começo deste ano e é o úni- Apesar da crise no setor automobi- Grandes empresas lístico, a marca fechou o ano passado O processo de industrialização em União Ciclista Internacional. Tem 250 com 68 mil unidades comercializa- Indaiatuba é mais ou menos recente. ml e capacidade para receber mil pes- das, 40% no market share de sedans Começou timidamente na década de soas nas arquibancadas. A prova mais médios, e vendeu 17 mil carros para 1970 com a produção de máquinas e tradicional do ciclismo brasileiro acon- os dois países vizinhos. Neste ano a algumas metalúrgicas. A partir daí, tece em Indaiatuba, sempre no dia 1º de previsão da Toyota é vender 74 mil a cidade foi alterando seu perfil es- maio, e costuma atrair 20 mil pessoas unidades do Corolla. sencialmente rural (de plantações de para a cidade, informa Stochi. café, cana-de-açúcar, algodão, bata- co do Estado a atender os padrões da “Nos últimos anos tivemos média de ta) para ganhar uma vocação indus- Esportes 40 novas empresas chegando à cida- trial. Essa mudança provocou a ur- Outras atrações de Indaiatuba são de. Só no ano passado foram abertas banização do município, estimulou os esportes de elite: hipismo, golfe 43”, informa o secretário de Desen- o comércio e os serviços locais, antes e polo; este concentra as competi- volvimento Renato Stochi, lembrando muito dependentes das vizinhas Itu ções mais importantes – campeona- que empresas tradicionais estão lá e Campinas. Desde os anos 1990 a tos brasileiros, o Aberto do Estado há mais tempo: John Deere (máqui- população triplicou e hoje é estima- de São Paulo e o Aberto do Helvetia, nas agrícolas), Filtros Mann, Enge- da em 231 mil pessoas. este último homenageia o nome do lhard (filtros para veículos), Yanmar principal clube da cidade, o Helvetia (tratores), Unilever, Tigre, Labogem Toda essa movimentação pede novos Polo Country Club, fundado em 1975 (farmacêutica), Indafarma (quími- investimentos não só em unidades ha- pelo italiano Giorgio Moroni. Quando ca), Metal Leve e Jeans Paragata. To- bitacionais, mas também em hotelaria. foi inaugurado, o Helvetia Country das essas empresas são beneficiadas O município ainda não tem capacidade dispunha apenas de uma sede, um por incentivos fiscais concedidos pelo para receber tantos novos hóspedes campo e algumas cocheiras, mas com edição 44 • maio | junho • 2016 35 Radiografia de Indaiatuba habitantes principal atividade industrial 231.033 em 2015* Automobilística, peças e máquinas colheitadeiras pib municipal produto interno bruto R$ 6,1 bilhões em 2015 idh municipal índice de desenvolvimento humano 0,788 em 2010 ifdm em 2013 índice firjan de desenvolvimento municipal, que mede emprego, renda, educação e saúde 3º. lugar no Brasil com 0,9009; 2º. lugar no Estado de São Paulo e 1ª. posição na região metropolitana de Campinas polo econômico 850 indústrias, 4.595 estabelecimentos comerciais e 8.084 unidades de serviços *Estimativa Fontes: Prefeitura Municipal, Programa das Nações Unidas para o Desevolvimento (PNUD), IBGE 36 edição 44 • maio | junho • 2016 emprego x desemprego Em janeiro de 2016, total de admissões foi de 2.406 pessoas e o de demissões foi de 2.531, taxa negativa de 0,18%; em 2015, o índice de desemprego foi 3,18% esportes O polo é a principal modalidade esportiva na cidade e reúne competidores em torneios nacionais e internacionais no Helvetia Polo Country Club colonização Suíça, alemã, italiana, espanhola, árabe, japonesa a influência de famílias experientes entre as melhores cidades para se vi- Outra posição destacada foi conquis- e conhecedoras de polo, Moroni con- ver se não fosse pelo seu ensino em tada em dezembro do ano passado, no seguiu ampliar o espaço e difundir a vários níveis: básico, técnico e pro- Fórum Internacional de Robótica do modalidade esportiva, atraindo com- fissionalizante. A Fundação de Edu- Japão, o maior encontro de robótica do petidores de todo o País. O clube pos- cação e Cultura do município, a Fiec, mundo, em que são apresentados pro- sui 43 campos dentro e fora da sede é uma instituição de cursos técnicos jetos para serem desenvolvidos pelas (33 em outras propriedades parti- da qual a comunidade se orgulha indústrias posteriormente. O tema era culares) e recebe 20 competições na muito, segundo o prefeito Reinaldo saúde e cinco alunos da Fiec apresenta- temporada que começa em maio e Nogueira. Seus alunos já saem dali ram um projeto de robô para interagir termina em outubro. A Federação aos 16, 17 anos com estágio ou em- com crianças de um hospital infantil. Paulista de Polo atesta que ali se pra- prego garantido e em condições de Os brasileiros foram classificados entre tica o polo de melhor nível no Brasil. prestarem vestibular para a faculda- os quatro finalistas, junto com duas de desejada. Por ano, cerca de 1.300 equipes do Japão e uma da Coreia do Helvetia também é o nome de uma das estudantes saem da escola com um Sul. Outras participações ocorreram colônias fundadas por imigrantes suí- diploma na área profissional esco- em concursos do Google e da Cisco. ços na divisa entre Indaiatuba e Cam- lhida, e a evasão escolar que estava pinas. As primeiras famílias lá chega- em 14% baixou para 7%. “Fizemos A Fiec conta com 30 laboratórios, ram há 128 anos. Com eles, os italianos, algumas mudanças para atrair mais 400 computadores em rede e im- alemães, portugueses, espanhóis, ára- alunos e impedir que eles percam o pressora 3D e os cursos mais pro- bes e japoneses povoaram a região interesse pelas aulas”, diz o superin- curados no momento são logística, ao longo dos últimos dois séculos e tendente da Fiec João Martini Neto. administração, edificações e nutri- formaram esse caldo étnico e cultural São 17 cursos técnicos, entre quími- ção. Segundo Martini, uma pesquisa tão característico no processo de urba- ca, mecatrônica, logística, mecânica, entre os estudantes formados na es- nização brasileira. Só mais tarde, já na segurança do trabalho, enfermagem cola nos últimos cinco anos indicou segunda metade do século 20, foram e gastronomia. que 84% deles estão trabalhando em incorporados à população os migrantes brasileiros do Nordeste e do Sul. Indaiatuba: “Esse resultado atinge o As mudanças feitas na escola envolveram maior participação dos estu- Cada grupo étnico foi formando sua dantes em concursos e competições colônia e sua associação separada- educacionais nacionais e internacio- mente, mas, hoje, esses descenden- nais, o que desafia a criatividade indi- tes de imigrantes festejam suas tra- vidual e coletiva. Um desses desafios dições e origens numa festa única na foi a participação na final mundial do cidade. A Festa das Nações Unidas de concurso “4x4 na Escola”, realizado na Indaiatuba reúne sete etnias e acon- Inglaterra pela fábrica de jipes Land tece anualmente desde 1998. Neste Rover. Em 2015, os alunos da Fiec cria- ano será realizada em julho. “Reuni- ram um protótipo de um veículo 4x4 mos cerca de dez mil pessoas durante capaz de superar vários obstáculos os três dias de festa”, informa Marcel e foram sabatinados, em inglês, por Zerbini, vice-presidente da Associação engenheiros da fábrica. Os meninos das Entidades Étnicas do município. de Indaiatuba eram os únicos partici- Alunos premiados nosso objetivo que é capacitar gente para permanecer na cidade”. & pantes de uma escola técnica pública e ficaram em sexto lugar (de um total Um dos fatores fundamentais para de 13 países). Serão convidados para o desenvolvimento de um país é a as próximas competições na sede da educação. E Indaiatuba não estaria montadora inglesa. edição 44 • maio | junho • 2016 37 38 edição 44 • maio | junho • 2016 edição 44 • maio | junho • 2016 39 INOVAÇ ÃO POR Raíza dias Cybercrianças em ação Cresce a oferta de cursos que ensinam programação, robótica, impressão 3D e outras tecnologias para alunos mais jovens. Para os empreendedores, o retorno tem sido positivo; já, os pais sonham ter em casa um futuro Bill Gates ou Mark Zuckerberg M ontar um circuito eletrôni- Uma tendência que tem despontado investindo em levar, para os mais no- co, hackear um instrumento, criar um no mercado são escolas, oficinas e ne- vos, aprendizado com diversão, pre- robô com materiais reciclados, progra- gócios que focam em ensinar assuntos gando, basicamente, a teoria do "faça mar e criar games. Essas são atividades tecnológicos para esse público mais você mesmo". difíceis que só podem ser desenvolvi- jovem, seja por cursos, workshops, kits das por adultos, correto? A resposta é: ou metodologias aplicadas pelas ins- Para o coordenador dos cursos de ad- não, de acordo com empreendedores tituições educacionais convencionais. ministração e gestão de Tecnologia da que viram na tecnologia uma oportu- Informação da FIAP, Cláudio Carjaval, o nidade de negócio a ser explorada por Com equipamentos e grade curri- olhar empreendedor sobre o assunto é crianças e adolescentes. cular adaptados, empresários estão uma boa estratégia para não só con- 40 edição 44 • maio | junho • 2016 tribuir com as lacunas educacionais de que qualquer pessoa pode produzir poderia ser valioso. Posicionada como do País como, também, lucrar: "Ainda qualquer produto, tendo muito a ser plataforma de educação e inovação, a não estamos conseguindo resolver explorada. "Não é algo mais exclusivo Makers Brasil oferece cursos de proto- problemas como gostaríamos, mas os- das grandes corporações. É possível tipagem, impressão 3D, Arduino (placa cilações importantes têm acontecido, que uma escola consiga implementar utilizada como plataforma de prototi- como fomentar e inspirar crianças a tecnologia dentro da sala de aula e que pagem eletrônica que torna a robótica utilizarem a tecnologia para solucio- uma pequena empresa tenha área de mais acessível) etc. "Eu sempre tive von- nar questões e transformar o mundo". pesquisa e desenvolvimento sem gas- tade e já tinha trabalhado com crianças tar bilhões", explica. no passado. Mas, quando começamos, Brechas valiosas não sabia exatamente se o mercado Nos últimos três anos o Brasil come- Inicialmente com consultorias em ino- estava preparado para esse público. Em çou a dar sinais de que a educação vação, Cavallini deu um passo além, le- pouco tempo colocamos crianças nos tecnológica para crianças pode ser vando educação tecnológica para todas cursos e evoluímos com os temas. No um negócio, com o surgimento de as idades, além de perceber que esse ano passado começamos com a con- diversas iniciativas com esse caráter. déficit das escolas com a tecnologia sultoria para as escolas, a fim de levar a Os modelos de negócios estão se estruturando aos poucos, descobrindo as brechas do sistema educacional do País, vistas, na verdade, como oportunidades de atuação empresarial. O dono da escola de programação e robótica SuperGeeks, Marco Giroto, teve essa percepção enquanto morava nos Estados Unidos. Trabalhando em um projeto no Vale do Silício com crianças, viu que podia ensinar programação também para quem não era adulto: "Vi que as ferramentas de programação começaram a ficar muito fáceis e que as crianças aprendiam muito rápido". “ A nossa ideia não é só ensinar programação, mas sim ciências da computação, que abrange, também, robótica, redes, segurança da informação e inteligência artificial” Marco Giroto, dono da escola de programação e robótica SuperGeeks Giroto teve, então, a ideia de trazer um curso na área para o Brasil, já que, segundo ele, muito provavelmente as escolas regulares americanas devem absorver mais facilmente a temática como conteúdo programático fundamental. No Brasil, a expectativa dele é que esse movimento seja mais lento, abrindo a chance de cursos livres paFotos: Débora Klempous ralelos abocanharem a oportunidade. Ricardo Cavallini, sócio-fundador da Makers Brasil, percebeu que a chamada revolução industrial 4.0 é a brecha edição 44 • maio | junho • 2016 41 INOVAÇ ÃO C ybercr i a nç a s em aç ão tecnologia para a sala de aula e não só como robótica, eletrônica e programa- Para Carjaval, da FIAP, é preciso saber como um curso extracurricular". ção, por meio de kits. "O Explorum vai aproveitar essa lacuna na educação ser uma plataforma online de autocon- brasileira: "É necessário entender que A Farofa Studios, laboratório de inven- sumo. Vamos criar uma comunidade é um conceito novo, estudar a tecno- ções multiplataforma, também reco- em que é possível baixar vídeos de au- logia de forma mais prática e resol- nheceu o potencial do ensino tecno- las para fazer algumas coisas em casa, vendo problemas reais. As expectati- lógico no Brasil e, então, deu origem a enquanto outras aulas serão dadas vas precisam ser alinhadas antes de startup Explorum. Trata-se de uma pla- aqui e outras em escolas. Estamos ca- cada projeto. As empresas precisam taforma educacional baseada na cultu- pacitando alguns professores para que se diferenciar, seja no marketing, no ra maker, que visa, principalmente, dis- ensinem nas próprias escolas", conta modelo de negócio, o que ensinará seminar em cursos e escolas conceitos um dos sócios, Eduardo Azevedo. em termos de tecnologia e encontrar nichos para se destacar em relação à “ concorrência", indica. Eu sempre tive vontade e já tinha trabalhado com crianças no passado. Mas, quando começamos, não sabia exatamente se o mercado estava preparado para esse público. Em pouco tempo colocamos crianças nos cursos e evoluímos com os temas” Ricardo Cavallini, sócio-fundador da Makers Brasil Diversidade nos negócios Nesse novo expoente empresarial, os negócios que estão surgindo travam diversas batalhas, como montar um conteúdo programático adequado às crianças e aos adolescentes, diversificar a temática, atrair o público-alvo com assuntos do seu universo infantil, desenvolver material de ensino prático, entre outros. O ponto positivo desse cenário é que, para os empreendedores, não falta criatividade. E o resultado tem sido positivo. Saulo Lisboa fundou a Dadalab, empresa que monta kits de experimentos e realiza oficinas práticas para crianças. Entre os ensinamentos estão: montar robôs articulados e que andam, garra mecânica, aerobarco, sintetizador, moinho gerador de energia e muitos outros. Tudo com material reciclado e com itens do dia a dia. "As crianças costumam sair das aulas sentindo que conseguem fazer, começam a abrir portas e ir atrás de outras coi- Em dois anos de atuação, a Dadalab já se mantém financeiramente, montando os kits e oferecendo cursos não só no próprio espaço da empresa, 42 edição 44 • maio | junho • 2016 Fotos: Divulgação sas", conta o idealizador. como também fechando parcerias com outras instituições. "Estamos estruturando para começarmos a vender online. Para isso, estamos preparando tutoriais, vídeos, manuais para passar essa experiência que temos ao vivo", diz Lisboa. A intenção é que a plataforma esteja no ar no segundo semestre do ano. A SuperGeeks usou a imaginação na A Makers Brasil não tem o público ela monta coisas com barbante, condu- hora de montar a escola. O curso re- infantil como principal cliente, mas íte, prego, parafuso, tudo o que ela tem gular completo tem duração de cinco soube olhar para esse nicho como em mãos em casa, criando um projeto anos, sendo dividido por dez fases. oportunidade. Por isso montou cursos do que ela quiser", explica o sócio. "Começa com softwares educacio- específicos não só para os mais jovens, nais mais simples, linguagem de pro- como também para a família, unindo A ideia do Explorum é que a renda gramação visual em bloco e depois adultos e crianças. "Em três anos aten- principal seja via venda dos kits. "O vai passando para sistemas mais pro- demos mais ou menos mil alunos. Por kit não é vendido sozinho, porque não fissionais. A nossa ideia não é só en- ser algo muito de nicho e algo novo, é se consegue fazer nenhuma aplicação sinar programação, mas sim ciências um número expressivo", conta Cavalli- dele se não tiver alguma orientação. da computação, que abrange, tam- ni. "Estamos sentindo esse mercado. Então, o usuário compra o kit e leva bém, robótica, redes, segurança da Quando se fala em curso para criança, outras coisas, como tutorial, material informação e inteligência artificial", é algo que tende a crescer bastante". A pedagógico, todo o guia para fazer explica Giroto. Nas temáticas das empresa estuda, hoje, a possibilidade implantação, fora que ainda tem de fases estão inclusos atrativos para o de franquear o negócio. passar por treinamento em horas para público infantil, como o jogo Mine- fazer aquela aplicação". Além disso, craft e desenvolvimento do próprio O Explorum é a prova de que o ramo é va- a startup espera angariar capital por game. Além disso, a grade curricular lioso. Inicialmente como braço da Farofa meio de consultorias com escolas pri- inclui, na reta final, aulas de empre- Studios, a startup, que nasceu no segun- vadas para, também, ter condições de endedorismo e cursos rápidos. do semestre de 2015, ganhou força para levar o conteúdo gratuitamente para ficar de pé sozinha e a expectativa é que instituições públicas. O modelo tem dado certo. A primeira o break even (ponto de equilíbrio) venha venda do curso rendeu 40 matrícu- em 2018. De acordo com Azevedo, a sa- A expectativa é atender escolas e en- las, em maio de 2014. "Não tínhamos cada da empresa foi desenvolver um kit tregar kits em São Paulo no final deste nada no começo, só o dinheiro dos aberto, que deixa o aluno com diversas ano para, em 2017, estar com a plata- alunos para montar a estrutura ini- possibilidades, diferentemente dos que forma operando para chegar a outros cial. Começamos o curso e no final do existem hoje no mercado. "O nosso kit estados. No quinto ano, a meta é criar ano estava com 250 alunos", lembra vem com MDF todo furadinho, com vá- brinquedos tecnológicos, como: "mon- Giroto. Com um ano de operação, a rias caixinhas, incluindo o Arduino, mais te o sistema de irrigação da sua casa" SuperGeeks resolveu se tornar fran- alguns motores, fios e cabos. A criança para, então, licenciar a marca. quia e, hoje, conta com 20 unidades pluga no computador, faz a programa- espalhadas pelo Brasil, contabilizan- ção via linguagem Scratch, e monta No meio de tantas possibilidades, a tec- do cerca de dois mil alunos. "Estamos uma sequência de coisas, transfere para nologia só se faz uma verdadeira aliada engatilhando mais 20 unidades para a placa de Arduino e ele faz com que isso dos empreendedores que, com uma o próximo semestre e mais 30 para funcione na prática na unidade física. E ideia na cabeça e sabedoria computa- 2017", estima o empresário. aí a gente entrega isso para a criança e cional, fazem o ensino virar lucro. & edição 44 • maio | junho • 2016 43 CENÁ R IOS POR filipe lopes Quando a casa vira escritório Com problemas de deslocamento nas grandes cidades, o home office ou teletrabalho ganha força em empresas para melhorar a qualidade de vida e a produtividade dos funcionários, graças aos recursos tecnológicos hoje existentes O paulistano gasta em média produtividade corporativa – apontada ção do trabalho pode trazer muitos 2h38 no trânsito todos os dias para se como maior dificuldade competitiva benefícios, como aumento de produti- deslocar da sua casa para trabalhar, es- brasileira em relação a outros países. vidade, diminuição da rotatividade da tudar e desempenhar outras atividades, mão de obra, redução de gastos com segundo a 9ª edição da Pesquisa sobre Entre as alternativas adotadas pelas transporte e economia de energia, Mobilidade Urbana encomendada pela companhias, a flexibilização do traba- além da possibilidade de aumentar a Rede Nossa São Paulo e pela Federação lho se destaca, com prática do home qualidade do trabalho: “Quem tem de do Comércio de Bens, Serviços e Turismo office ou teletrabalho em funções que se deslocar por grandes áreas e perde do Estado de São Paulo (FecomercioSP) não exigem atividade presencial con- muito tempo no trânsito até o traba- ao Ibope e divulgada no ano passado. Os tínua. Existem empresas que adota- lho, geralmente não fica muito tempo problemas com mobilidade urbana são ram o trabalho remoto durante todos no emprego e essas vagas são ocupa- comuns em grandes cidades pelo mun- os dias da semana, havendo reuniões das por pessoas menos qualificadas”. do afora, onde existe concentração de periódicas com a equipe para alinhar empregos nas regiões centrais e os tra- planos e metas. Já outras companhias Quebra de paradigma balhadores residem nas áreas periféri- estipulam dias específicos para a prá- O home office já é prática comum cas, precisando percorrer muitos quilô- tica do home office, feito algumas ve- em algumas companhias brasileiras metros todos os dias. A perda de tempo, zes por semana, sendo a maior parte como estratégia de sustentabilida- a baixa qualidade de vida gerada pelo do tempo do funcionário destinado à de corporativa. Segundo a Pesquisa estresse do trânsito e a má qualida- atividade presencial. Em alguns casos, dos Profissionais Brasileiros realizada de dos transportes públicos fazem as também têm a possibilidade do traba- pela Catho, 37,2% dos entrevistados empresas buscarem alternativas para lho móvel, que permite ao colaborador dizem fazer home office em algum motivar seus funcionários e melhorar a trabalhar onde estiver, seja em um momento da semana. Além disso, o local fixo (casa) ou em trânsito (com Brasil é apontado como o segundo smartphones, notebooks ou tablets). país mais aberto ao home office para executivos, contando com cerca de Segundo o CEO da empresa de secre- dez milhões de pessoas trabalhando tárias compartilhadas Prestus, Ale- em casa, segundo dados da Socieda- xandre Borin, as companhias têm de de Brasileira de Teletrabalho e Telea- entender que investir em flexibiliza- tividades (Sobratt). Fotos: Rubens Chiri “ Superados os desafios, construímos uma prática sólida e hoje somos a maior empresa do País a oferecer esta modalidade de trabalho, e isso ocorreu gradualmente, ao passo que os bons resultados foram reconhecidos” Rogério Nunes, diretor de Relacionamento com o Cliente da GOL edição 44 • maio | junho • 2016 45 CENÁ R IOS Q u a ndo a c a sa v i r a escr itór io A companhia aérea Gol foi uma das ticipar de reuniões de equipe e treina- disponível: “Superados os desafios, pioneiras no Brasil a permitir o tra- mentos que não podem ser ministra- construímos uma prática sólida e hoje balho home based no atendimento dos por vídeo). somos a maior empresa do País a ofe- ao consumidor, em 2009. A equipe re- recer esta modalidade de trabalho, e mota realiza atendimento aos clientes A prática do home based permitiu re- isso ocorreu gradualmente, ao passo em diversas frentes, tirando dúvidas dução de custos para a GOL, melho- que os bons resultados foram reco- sobre os serviços da companhia, auxi- ria nos indicadores de performance e nhecidos. Enfrentamos o paradigma liando na compra de passagens e em produtividade, aumento na satisfação e hoje colhemos o resultado que satis- procedimentos que devem ser reali- de clientes atendidos e, principalmen- faz nossos clientes, colaboradores e a zados pelos passageiros. Os próprios te, grande evolução na qualidade de própria companhia”, conclui. colaboradores são responsáveis pela vida dos colaboradores. “Fato que bem infraestrutura para a atividade, aces- elucida este ganho, é que nas duas Segundo o presidente do Conselho de sando a base de dados da empresa por últimas pesquisas realizadas esse pú- Emprego e Relações do Trabalho da meio de sistema integrado, que garan- blico figurou entre os mais satisfeitos FecomercioSP, José Pastore, o home te segurança dos dados permitindo de toda a companhia”, aponta Nunes. office permite aos prestadores e aos apenas contato durante o expediente. Para fundamentar a prática, a Gol se tomadores de serviços ajustarem Segundo o diretor de Relacionamento baseou no modelo americano de home suas competências e suas necessi- com o Cliente da companhia, Rogério office e o adaptou às necessidades do dades: “Para a mulher casada e com Nunes, não existe diferença de acesso perfil do trabalhador e das legislações filhos, por exemplo, a execução de entre colaborador presencial ou remo- brasileiras. Ao colocar esse novo mo- trabalhos em casa lhe dá liberdade e to e as metas e os benefícios também delo em prática, de acordo com Nunes, forma segura de gerar renda. O mes- são os mesmos, sendo a única diferen- alguns desafios tiveram que ser supe- mo ocorre para os jovens da geração ça o contato com a equipe home based, rados, principalmente na adaptação Y, que gostam de fazer seus próprios que ocorre, na maior parte do tempo, de processos e rotinas da empresa, horários e trabalhar em ambientes por videoconferência (comparecem à análise e interpretação da base legal diferenciados. Isso é bom para quem empresa para receber feedback e par- e adequação da tecnologia nacional presta serviço e para quem contrata profissionais”, aponta. Os órgãos públicos também passaram a utilizar o teletrabalho para flexibilizar as atividades. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) adotou a prática, em 2014, autorizando 87 funcionários de 56 cartórios da capital a trabalharem em casa duas vezes por semana. A atividade precisou de intenso trabalho de conscientização dos juízes, nem sempre afeiçoados à gestão levada a efeito na iniciativa privada, depois das chefias e, finalmente, dos servidores públicos. De acordo com o presidente do TJ-SP, desembargador José Renato Nalini, os resultados conquistados nas primeiras experiências superaram as expectativas: “A produtivi- 46 edição 44 • maio | junho • 2016 equiparou os direitos de quem trabalha a distância, ou em casa, aos de Vantagens do teletrabalho ” A flexibilização do local de trabalho permite, por exemplo, contar com mais horas produtivas e com produtividade mais alta, evitando o desgaste do deslocamento do profissional que as grandes cidades impõem. ” Permite que as empresas tenham “braços” espalhados por várias localidades, o que ajuda a estar mais presente (e perto) de clientes, fornecedores e parceiros. quem exercer funções em empresa ou local fixo, com hora extra, adicional noturno e assistência em caso de acidente de trabalho. Por conta disso, as empresas devem tomar uma série de cuidados ao implantar a prática do home office para não ser vítima de práticas ilícitas, contabilizar hora extra indevida e perder dados sigilosos. Para Pastore, a equiparação mantém a atividade rígida, mesmo que sua essência seja a flexibilidade: “No Brasil o trabalho a distância foi ” Facilita focar nas atividades-fins, mantendo no ambiente físico quem realmente é necessário, e “deslocar” as atividades-meio, diminuindo custos operacionais, por exemplo. regulado pela Lei nº 12.551/2011, que é demasiadamente rígida, pois equiparou esse tipo de trabalho ao presencial para todos os efeitos legais. ” Possibilita otimizar os seus recursos humanos, alocando-os de forma mais racional em suas áreas de atuação, sem “inchaço” do quadro funcional ou duplicação de funções. ” Permite que o espaço do ambiente de trabalho seja reduzido, em função do menor número de funcionários no mesmo. Fonte: Marcia Vazquez, consultora sênior de carreira da empresa Thomas Case & Associados Ficou longe da flexibilidade que se impõe para esse tipo de trabalho. Porém, enquanto a lei não muda, recomendo aos empresários que a sigam com rigor”, afirma. Segundo a professora de Direito do Centro Universitário Newton Paiva (MG), Daniela Lage, é importante que a empresa estabeleça o controle sobre horas trabalhadas ou confeccione um contrato de trabalho flexível baseado em metas: “Quando o trabalho é realizado presencialmente, a empresa tem controle maior sobre horas trabalhadas e horas dade esperada era de 30%, chegou emulação entre os que atuam na ex- extras; mas no ambiente remoto, a 60% e, em poucos casos, a 90% a periência e os ainda não chamados, se não houver dispositivos que con- mais. Como o trabalho é a realização a melhora no ambiente de trabalho trolem o tempo de trabalho, como de tarefas mensuráveis, não é difícil convencional, esvaziado às vezes do sistemas de login e logoff, durante cotejar aquilo que se faria no lugar excesso de pessoas que, naturalmen- determinadas horas, a fiscalização reservado ao desempenho e aquele te, conversam, transitam e podem fica mais difícil. Agora, se o contrato obtido em casa ou no espaço escolhi- até atrapalhar o serviço dos colegas. trabalhista previr prestação de ser- do pelo funcionário”, afirma. Além da produtividade maior, segundo Na- Direitos e deveres lini, houve incremento na autoesti- Em 2011, houve mudança na Consoli- ma dos funcionários, um espírito de dação das Leis do Trabalho (CLT), que viços baseada em metas, sem carga horária preestabelecida, a companhia não corre o risco dessa cobrança indevida”, aponta. & edição 44 • maio | junho • 2016 47 N EG ÓCIOS POR Rachel Cardoso Força suplementar Mercado de suplementos nutricionais está mais forte, concorre com alimentação saudável e atrai marcas populares pelo potencial de expansão, mesmo em tempos de crise econômica e queda no consumo A procura por melhor qualida- internacionais, que têm seus produtos de de vida, associada à alimentação vendidos em 11 mil pontos, entre lojas saudável, fortalece o mercado de su- especializadas e farmácias. Nos Esta- plementos nutricionais no Brasil, que dos Unidos são 50 milhões de consu- tem registrado crescimento médio midores, mais de 2,5 mil marcas e 100 anual de 25% nos últimos cinco anos. mil pontos de vendas. Por aqui, estima-se que o comércio em torno desses produtos movimen- Mas a quantidade de lojas que co- te mais de R$ 1,5 bilhão (algo perto mercializam estes produtos por aqui de US$ 400 milhões), segundo a con- tem saltado significativamente. No sultoria Nielsen. Nos Estados Unidos, Estado do Amazonas, por exemplo, onde o setor é bem mais maduro, o os estabelecimentos quintuplicaram faturamento chega a US$ 4 bilhões nos últimos três anos. A média de anuais, pelos cálculos da Associação inauguração de espaços passa de 1,1 Brasileira das Empresas de Produtos mil anualmente em todo o País: “Te- Nutricionais (Abenutri). mos muito a crescer, mas para isso é preciso oferecer informação e um tra- Também são da Abenutri os núme- balho de fortalecimento da cultura ros que mostram existir 2,5 milhões do suplemento”, diz o presidente da de consumidores de suplementos ali- Abenutri, Marcelo Bella. mentares no mercado doméstico, me- 48 edição 44 • maio | junho • 2016 nos de 10% do público potencial total. Compartilha da opinião de Bella o São 250 marcas pertencentes a 100 sócio-fundador da Órion Farmácia de empresas, sendo 60% nacionais e 40% Manipulação Esportiva, André Alves da Silva. A empresa nasceu em 2001, aminoácidos e energéticos, com 15% Ele faz, porém, ressalva sobre a eficá- criando um novo nicho para manipu- cada um e hipercalóricos, com 5%. cia do que é consumido: “Produtos lação segmentada, além da estética e Em relação ao perfil do consumidor, muito baratos demandam o consumo do emagrecimento: “Hoje o consumo 80% são jovens entre 15 e 30 anos. de uma quantidade tão grande para de suplementos já não é mais privilé- São 80% homens e 20% mulheres fazer o devido efeito que, no fim das gio de esportistas de alta performan- das classes de A a D. contas, podem sair mais caro e talvez ce e passou a fazer parte da dieta dos não proporcionar o resultado espera- brasileiros”, avalia. Passos como o da Ultrafarma podem do”, afirma. mudar as estatísticas da AbenuDe olho nesse comportamento, re- tri e jogá-las para o alto. “A entrada Para lidar com essa divisão do bolo des tradicionais, como Ultrafarma, de novos e populares concorrentes, de vendas nos últimos anos, a Órion Mundo Verde e Herbalife, entre ou- sem dúvida, dilui as vendas, mas decidiu investir na formação de novos tras, têm investido pesado no ramo, também leva informações para pes- profissionais, oferecendo cursos para ao lançarem marcas próprias, a pre- soas que não teriam alcance a esse farmacêuticos e, também, se trans- ços mais em conta. E com direito a conhecimento e isso é bom para o formou num centro multidisciplinar propaganda em rede nacional, com mercado como um todo”, avalia Silva, de atendimento, contando com ou- celebridades do cacife de Neymar Jr., da Órion. tros profissionais qualificados, como por exemplo, que fechou contrato com a Ultrafarma. A empresa, que é 100% nacional e patrocinadora oficial da Seleção Brasileira de Futebol, escolheu o jogador não só para a nova campanha (anteriormente estrelada pela apresentadora Marília Gabriela), mas para licenciar a Linha de Suplementos, Vitaminas e Minerais Sidney Oliveira, empresário que fundou a rede que leva seu nome. E os produtos não se restringem ao mercado nacional. Eles vão ser levados também para a China, com o selo do craque. “ Temos muito a crescer, mas para isso é preciso oferecer informação e um trabalho de fortalecimento da cultura do suplemento” Marcelo Bella, presidente da Abenutri Criada há pouco mais de um ano, a Linha Sidney Oliveira expandirá suas vendas para o mercado asiático por meio do Alibaba, o maior site de vendas online do mundo. O mercado Hoje, 20% das compras do mercado nacional são feitas pela internet, 50% nas lojas físicas especializadas e Fotos: Rubens Chiri 30% em farmácias. Para o segmento de sport nutrition, os produtos à base de proteínas são os campeões de venda, com 65%. Em seguida vêm os edição 44 • maio | junho • 2016 49 N EG ÓCIOS Forç a s uplement a r nutricionistas, – habilitados recente- Segundo o diretor de marketing da Sa- Um dos objetivos da Sanavita é justa- mente a prescrever medicamentos fi- navita, Guilherme Moraes, a previsão mente esclarecer sobre as funcionali- toterápicos – à disposição dos clientes é levar para as gôndolas em breve pro- dades e os benefícios dos produtos e a qualquer horário. dutos exclusivos e que foram testados na orientação da busca por mais in- e aprovados por atletas profissionais e formações por meio dos profissionais amadores. “No caso da linha Speedo da saúde: “Como não se trata de um Na Sanavita, tradicional fabricante de by Sanavita, potencializaremos os es- mercado consolidado no Brasil, ainda Piracicaba, a resposta para acompa- forços de comunicação por meio de in- existe muita dúvida sobre a suple- nhar a crescente demanda do merca- fluenciadores e a ativação com consu- mentação”, diz Moraes. do também veio da inovação. Foram midores finais em diversos pontos de dois anos de diversos investimentos contato, lembrando que a Speedo é a A Sanavita é fornecedora nacional de em pesquisa para apresentar uma patrocinadora oficial da Confederação diversos canais especializados, como proposta que envolva uma parceria Brasileira de Desportos Aquáticos, e lojas de produtos naturais, farmá- com a Speedo, empresa de acessórios estará em 2016 ao lado de seus atletas cias de manipulação e lojas de suple- para a prática de natação fundada em olímpicos”, diz Moraes sobre o proces- mentos esportivos. Entrega inclusive 1914, na Austrália. so de lançamento. para concorrentes como a Mundo Parceiro de peso Ganho de massa Potencial de peso Movimento do mercado global (em bilhões)* Divisão do mercado global* 2015 US$ 220 Ásia-Pacífico 2014 US$ 200 América do Norte 32,6% 2013 US$ 193 Europa Ocidental 14,4% 2012 US$ 174 América Latina 2011 US$ 153 Europa Oriental 2010 US$ 120 África, Oriente Médio e Austrália 2009 US$ 100 *Os números acima incluem 2008 US$ 78,5 2007 US$ 59,8 *Valores aproximados 50 edição 44 • maio | junho • 2016 44,2% 3,1% 2,7% vitaminas e minerais Fonte: Abenutri 3% Verde. Mas, ao que tudo indica, há espaço para todos. Sinal disso é que mesmo em um perío-do de retração no consumo há uma evolução da categoria, em destaque por novos consumidores que estão cada vez mais em busca da sustentabilidade do corpo e reservam boa parte do orçamento para tal finalidade. Não à toa, o tíquete médio na Sport Nutrition Center (SNC) fica em R$ 140, podendo chegar a R$ 250 em shoppings de alto padrão. No mercado há mais de 20 anos e com faturamento estimado em mais de R$ 140 milhões – con- “ Produtos muito baratos demandam o consumo de uma quantidade tão grande para fazer o devido efeito que, no fim das contas, podem sair mais caro e talvez não proporcionar o resultado esperado” André Alves da Silva, sócio-fundador da Órion Farmácia de Manipulação Esportiva forme declarado por seu diretor Fábio Fotos: Débora Klempous Ramos ao site do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (SincovagaSP) –, a rede projeta crescimento alinhado aos 25% estimados pelo mercado como um todo. Na avaliação de Ramos, esse é um nicho que deve seguir o mesmo cami- Diante do crescimento exponencial do em relação a normas de rotulagem, nho da indústria de cosméticos, que mercado, a Associação Brasileira das ingredientes, publicidade, entre ou- no passado era muito pequena e hoje Empresas de Produtos Nutricionais tros itens, tanto a partir de denúncias, domina o setor de beleza. Para isso, a (Abenutri) lançou programa de moni- como de análises ativas periódicas por principal batalha é combater o cresci- toramento para garantir uma expan- parte da Abenutri. mento da pirataria, com itens falsifica- são positiva e um fortalecimento da dos vindos do exterior. imagem da indústria de suplementos. Na prática, as denúncias sobre pro- O objetivo é assegurar a qualidade dutos irregulares do varejo serão ava- Mais transparência dos produtos disponíveis no mercado liadas por um conselho de ética para Criados nos Estados Unidos na década brasileiro – sejam nacionais ou impor- verificar a legitimidade da acusação. de 1910, os suplementos alimentares ti- tados – e, consequentemente, a segu- A empresa avaliada então deve en- nham como objetivo suprir as necessi- rança dos consumidores. frentar análise técnica e receberá um dades dos soldados quando ficaram um prazo para apresentar respostas ou longo período sem acesso a comida e De acordo com a entidade, o progra- água, além de serem aliados dos astro- ma de monitoramento consiste em adequar o produto à legislação. nautas da NASA durante suas viagens verificar, por meio de análise técnica Caso a empresa se negue a fazer as ao espaço. Mais de um século depois, e laboratorial, se os suplementos nu- modificações necessárias, a Abenutri estes produtos conquistaram adeptos tricionais disponíveis estão de acordo notificará autoridades competentes, pelo mundo todo e movimentam mais com a legislação sanitária nacional. que punirá a companhia com as con- de US$ 200 bilhões globalmente. São feitas avaliações de conformidade sequências cabíveis. & edição 44 • maio | junho • 2016 51 U M DI A No... POR Raíza dias fotos RUBENS CHIRI ... Pari 52 edição 44 • maio | junho • 2016 Vocação para o comércio Bairro de São Paulo reúne diversos estabelecimentos comerciais que, com variedade e quantidade, atendem os públicos lojista e varejista, e está se tornando um grande centro de compras E xtensão do Brás, futura “25 de A região é marcada por estabelecimen- Março” e reduto de imigrantes, o bair- tos comerciais que vendem, em sua ro do Pari, na zona central de São Pau- maioria, artigos para casa e decoração, lo, desponta no cenário comercial da além de itens de vestuário. É possível cidade com a identidade de ser o local encontrar pelas ruas do Pari, também, ideal para quem quer vender não só lojas de ferramentas, acessórios, má- para o varejo, mas, principalmente, quinas e equipamentos e outras varie- para o atacado. dades. O comum entre a maioria dessas é o fator que mais atrai a clientela O bairro tem mais de 400 anos, mas não só do Estado de São Paulo, como a força econômica tem se mostrado também do País inteiro: preço baixo. crescente na última década, com as residências cedendo lugar a lojas e O bairro que cedo madruga shoppings populares, como cita a em- O atacado é a força do bairro que, dia- presária local Sônia Osório, dona do riamente, abre as portas às 2 horas da restaurante português Casa Santos: madrugada, encerrando o longo expe- "Todo dia é uma porta nova que abre diente às 16 horas. Nessa correria inten- aqui e uma casa antiga que é demoli- sa para atender a clientela que chega da para levantar prédios", conta. com grandes sacolas, ônibus, dinheiro edição 44 • maio | junho • 2016 53 U M DI A No... Pa r i “ Nesse horário, de madrugada, não é fácil encontrar pessoas para trabalhar. Geralmente quem aceita são peruanos, bolivianos e paraguaios” Maria Sônia Brito Silva, proprietária da Brito's Essa disputa por valor em conta aca- Prova dessa pressão financeira são bou atraindo para o bairro vendedores os dados do Índice Fipe Zap de Pre- informais, que fazem da rua o ponto ços de Imóveis Anunciados. Segundo comercial. "Isso atrapalha muito, por- o indicador, o preço médio do metro que desvaloriza nossa mercadoria. quadrado, para locação, era de R$ 22 Vendemos peças a R$ 25, enquanto, em fevereiro deste ano. Há oito anos, na rua, eles vendem por R$ 15, já que no mesmo mês, era R$ 15, aumento não têm os mesmos gastos que nós. A de quase 47%. Para a venda, o au- gente paga aqui em torno de R$ 4 mil mento foi de R$ 1.257/m2 em feverei- no bolso, listas de compras e disposi- a R$ 5 mil de aluguel por um box. Não ro de 2008 para R$ 6.764 no mesmo ção, apenas a virada do sábado para o tem como a gente pagar esse valor e mês deste ano, elevação que ultra- domingo é reservada para o descanso. seguir o preço dos camelôs", desabafa passa os 400%. "Eu trabalho sozinha o dia inteiro. Eu ti- a empresária Cristina de Oliveira, dona nha alguns funcionários, mas não con- da Cattleya Confecções, que fabrica Os lojistas que estão a mais tempo segui mais pagá-los. E nesse horário, roupas distribuídas em três boxes da instalados na região comentam que de madrugada, não é fácil encontrar proprietária no Pari. a procura por fazer negócios no Pari pessoas para trabalhar. Geralmente tem ficado cada vez mais acirrada. E quem aceita são peruanos, bolivianos e O aluguel da região, inclusive, tem essa disputa tem atraído, inclusive, paraguaios, que não conseguem outro sido motivo de dor de cabeça para estrangeiros, como bolivianos e chi- emprego no horário comercial", conta muitos lojistas. Dos entrevistados neses. "Tivemos épocas melhores, mas Maria Sônia Brito Silva, dona de dois pela reportagem, a maioria se quei- agora está difícil e concorrido, inclusi- boxes de lingeries, chamados Brito's, xou dos valores, que têm elevado bas- ve porque estão vindo muitos chineses em um dos shoppings no Pari. tante, forçando-os a negociar reajus- com mercadoria importada", explica tes ou, por vezes, mudar o endereço Fernando Andrade, dono da loja de de- Os dias de maior movimento são as se- dos estabelecimentos, mesmo que coração Global Design. gundas e terças-feiras, quando ônibus para o prédio vizinho. "Estávamos na de vários estados e cidades estacio- loja ao lado há mais de seis anos. Es- Uma nova “25 de Março” nam nos grandes galpões distribuídos tamos mudando por causa do aluguel, A avenida Vautier é a principal via do pelo Pari. Os passageiros são, em sua que está pesado. O novo está mais em bairro, com os principais shoppings maioria, lojistas que viajam tantos conta", afirma Wang Lang, dono da JP, populares do Pari e grandes lojas. No quilômetros em busca de preço baixo loja de flores artificiais, utensílios, de- entanto, o seu entorno é recheado, para revender os itens. coração e variados. também, de vias movimentadas e es- 54 edição 44 • maio | junho • 2016 tabelecimentos comerciais que são o tou um pouco o fluxo de clientes, mas cliente de varejo. Antigamente era motor do Pari, como as ruas Canindé, ainda está engatinhando, tem muita mais atacado", conta. Carnot, Tiers e Carlos de Campos. coisa para acontecer", indica. Estes endereços, aos poucos, estão re- Cristina de Oliveira, que tem três rua e migrou para o Pari foi a Maria Sô- cebendo comerciantes que, por vezes, boxes no Pari, começou a ser comer- nia, da Brito's: "Para cá vem clientes de estavam alocados na famosa Rua 25 ciante de maneira informal, também Minas Gerais, Espírito Santo, do inte- de Março e fizeram a troca em busca na ‘25 de Março’, e aproveitou o em- rior de São Paulo e outras cidades e es- de mais espaço, expansão e um novo purrão da prefeitura com a legaliza- tados. A vantagem do Pari é que aqui é viés para o negócio, focado em ataca- ção da Feirinha da Madrugada no vi- point, vem ônibus de todas as cidades do: "Fiquei 12 anos na ‘25 de Março’ e zinho, o Brás, para se formalizar: "Eu e tem os estacionamentos adequa- mudei para cá por causa do espaço, fabrico, corto as roupas e faço tudo. dos nos shoppings. O que afeta é que preço do aluguel, que antes era mais Aqui é diversificado, porque tem a cada dia nascem novos shoppings. barato, e oportunidade de crescer no atacado e varejo. Como o bairro pas- Mas acredito que ainda terá cliente mercado. Na ‘25 de Março’ estava mui- sa bastante na televisão, vem muito para todo mundo", diz. Outra que iniciou a jornada na famosa to limitado. E a clientela aqui é mais de lojista enquanto lá era de varejistas", conta Antônio Carlos Alves, dono da loja de ferramentas A2. Comerciante do Pari há 10 anos, Alves vê o bairro como região que tem muito a oferecer para os empreendedores: "Nessa minha mesma atividade tem mais umas seis lojas semelhantes na rua. O bairro está se desenvolvendo, a gente vê que está atraindo muitos chineses e outras pessoas de fora, que estão investindo alto. Eu acho que o Pari vai deslanchar e crescer cada vez mais", afirma. Andrade, da Global Design, também começou o negócio na ‘25 de Março’: "Tínhamos a loja lá e montamos um depósito aqui. Faz um tempo que houve uma saturação e o pessoal veio pra cá. Abrimos a loja aqui e depois fomos aumentando". O empresário conta que percebeu maior procura no Pari: "Antigamente o bairro era todo de casas. Se olhar para fotos de 15 anos atrás verá que era tudo residência, com poucas lojas. Depois começou o movimento de compra, derruba e faz e, agora, o pessoal está vindo. Aumen- edição 44 • maio | junho • 2016 55 U M DI A No... Pa r i Prova dessa enxurrada de centros de em reforma que, em breve, abrirão as tem que ser aqui. Do jeito que estão compras é a Galeria Pagé, importan- portas de mais lojas no Pari. saindo esses shoppings e estaciona- te prédio da ‘25 de Março’ que, ago- mentos, dá para receber e absorver ra, está chegando também ao Pari. Pari de todos Andando pelo bairro é possível ver O potencial do bairro é visto com bons planejado para ter tudo em um só lu- diversas ofertas, não só desse shop- olhos não só por brasileiros, mas tam- gar", comenta. ping, como também de tantos outros. bém estrangeiros que estão no País e O que não falta são placas de opor- que veem no comércio um bom inves- Em menos de um ano de operação, o tunidades, prédios em construção e timento econômico. A pluralidade de estabelecimento já superou a expec- nacionalidades é uma marca. tativa de retorno, segundo o empresá- essa quantidade de clientes. Aqui foi rio: "Aqui tem bastante concorrência, “ Ali Cheaito, dono da loja de varieda- mas depende do jeito de cada lojista des Mônaco Imports, é de origem trabalhar", aponta Cheaito. libanesa e, depois da experiência na importação, abriu no último ano uma O português Luiz da Cruz é conhecido O bairro está se desenvolvendo, a gente vê que está atraindo muitos chineses e outras pessoas de fora, que estão investindo alto na região” loja no Pari. Como boa parte dos es- no bairro. No Brasil há 40 anos, in- tabelecimentos do bairro, a Mônaco vestiu no Pari há mais de 30, quando aposta na diversificação dos produ- comprou o tradicional Rei das Esfihas, tos, comercializando itens de utilida- marca reconhecida na região. Antônio Carlos Alves, dono da loja de ferramentas A2 de doméstica, papelaria, eletrônicos, materiais de época e festas: "É o me- Os bons negócios com o prato o lhor lugar atacadista na região e para instigaram a abrir mais uma mar- distribuição em São Paulo. É uma ca nas proximidades, o restaurante região que foi estruturada para re- Barakiah, que oferece mais opções ceber ônibus e muitas pessoas. Para de alimentos de origem árabe. Hoje atender o público de fora de São Paulo são duas unidades do empreendimento, uma fora do Pari. Além disso, o empresário planeja a abertura de mais uma casa da mesma marca: "Me interessei pelo fluxo de pessoas no Pari. Foi um bairro que cresceu bastante comercialmente e me deu a oportunidade de abrir mais uma loja. A região, quando cheguei, já era forte e tinha um potencial grande. Cada vez aumenta mais o número de consumidores e é uma região efervescente. O crescimento do Pari é visível", conta ele. Ambos os restaurantes alocados no bairro recebem um fluxo considerável de clientes que não só moram e trabalham pelas redondezas como, também, reconheceram os pratos de Cruz como tradicionais. 56 edição 44 • maio | junho • 2016 O bairro do Pari tem mais de 400 anos e a região possui muitos estabelecimentos comerciais que vendem artigos de decoração, vestuário, ferramentas e máquinas bairro, ressaltando a importância para os novos comerciantes", analisa Sônia. Outro ponto importante do bairro é a Praça da Kantuta, que se tornou reduto dos bolivianos em São Paulo. O local fica tomado por uma ampla feira de comidas e bebidas típicas, cabelei- O Pari tem outros pontos considerados solteiros e hoje vêm com filhos e ne- reiros e artesanatos, sendo não só um de tradição para quem busca outras tos", indica a proprietária Sônia Osório. ponto de encontro dos imigrantes que nacionalidades como experiência. É o moram na capital paulista como, tam- caso do restaurante português Casa A família proprietária da Casa Santos bém, espaço turístico para quem quer Santos, no bairro desde 1947, famoso conseguiu acompanhar de perto a evo- conhecer um pouco mais da cultura pelo bacalhau servido. "Essa é uma lução do Pari: "O bairro está crescendo do país vizinho. O espaço funciona aos casa antiga e tradicional. Temos clien- muito e tem bastantes novidades, rece- domingos, sendo um bom exemplo da tes que frequentam aqui há mais de bendo gente do Brasil inteiro. Esse mo- pluralidade de etnias que o Pari abriga 30, 40 anos, que vinham quando eram vimento é importante para valorizar o no centro da cidade. & edição 44 • maio | junho • 2016 57 GA ST RONOMI A POR Lúcia Camargo Bares com preços justos Paulistano é louco por bares e nada melhor do que o happy hour com amigos após o trabalho ou a qualquer hora no fim de semana. As opções são muitas, escolha entre música ao vivo, pratos mexicanos ou cozinha alemã regada a muita cerveja 58 edição 44 • maio | junho • 2016 A crise econômica é um fato, Os melhores lugares ficam no mezani- mas uma reunião entre amigos em no, se o seu interesse for ver de perto um bar bacana pode ser a pedida para a apresentação musical, de estilo dife- espairecer e esquecer os problemas rente a cada dia da semana. Na progra- por algumas horas. Então, aproveite mação entram blues, jazz, soul, MPB e três sugestões de bares que oferecem bossa nova. A escala das atrações é interessantes opções de bebidas, pra- divulgada via redes sociais. Caso o ob- tos e porções para dividir à mesa, sem- jetivo seja namorar, peça uma mesa pre com preços justos, porque todos no andar de baixo, onde a iluminação querem beber e curtir, mas sem deixar é difusa e o clima se torna romântico. a conta bancária “no vermelho”. No cardápio, nomes de pratos e porO Piratininga, cujo nome foi inspirado ções homenageiam personalidades do na primeira denominação da capital mundo da música. Tom Jobim é a pica- paulista (São Paulo de Piratininga) é nha preparada no sal grosso, grelhada um dos pioneiros da Vila Madalena no na churrasqueira servida com batata estilo bar com música ao vivo. Aberto rústica e arroz de carreteiro (com ba- em 1992, mantém a tradição. Os gar- con, ovos mexidos e salsinha); a salada çons usam colete e anotam os pedidos Norah Jones leva rúcula, beterraba, em um bloquinho, a decoração é pon- uvas, cogumelos e bacon, ao molho de tuada por objetos que remetem aos mostarda com mel. E entre as porções anos de 1930 e 1940, o chope gelado de bom tamanho para dividir em até (Stella Artois, R$ 9,50) é imediatamen- três pessoas estão a Nina Simone, que te reposto quando o copo fica vazio e consiste em filé mignon em cubos, ao acontecem shows ao vivo todos os dias. molho madeira com anéis de cebola Fotos: Divulgação Sí Señor: no estilo tex-mex, uma mistura entre Texas e México, o menu oferece enchiladas, burritos, quesadillas, frijoles, guacamole, entre outros pratos, além de saladas, molhos e pimentas duas noites em São Paulo. Na primeira, foram em busca da caipirinha criada pelo barman. Passarinho prepara também caipirinha de tangerina e lima-da-pérsia, mojitos, entre outros coquetéis. Ele garante que seu dry martini é o melhor da cidade. Tacos e margueritas e ervas, servido no réchaud (R$ 49); ou entro e pimenta-do-reino, ou o steak O Sí Señor tem perfil completamente então pastéis de camarão, feitos com tartar (R$ 46), feito com carne bovina diferente. Da decoração à cozinha, a escarola e requeijão, estes sem nome crua, alcaparras, salsinha, mostarda casa se concentra no tex-mex, estilo de personalidade conhecida. Com seis escura, molho inglês, conhaque, gema nascido na fronteira do estado ame- unidades de bom tamanho, custa R$ 33. de ovo e pimentas. ricano do Texas com o México, que mistura sabores e costumes dos dois Se quiser apenas aquecer o estômago Os drinques criados pelo premiado países. O termo tex-mex tem origem para começar a noite, pode ir bem o barman Passarinho são atrações à par- no nome da linha de trem que corta- caldinho de feijão (R$ 9,50). Caso pre- te. Sua fama corre o mundo. Vimos de va a região, a Texas-Mexican Railway, fira algo mais fresco, peça o tartar perto um exemplo disso. A reportagem fundada em 1875. de salmão (R$ 40), que leva, além do da C&S visitava o bar em uma segun- peixe cru, guacamole (pasta de aba- da-feira à noite quando chegaram Depois da pequena aula de história, cate com temperos), mostarda Dijon, dois rapazes russos. Em viagem pela vamos à comida. Na hora do almoço, pimenta-dedo-de-moça, tomate, co- América Latina, a dupla ficaria apenas funciona em sistema de bufê. Custa edição 44 • maio | junho • 2016 59 GA ST RONOMI A B a res com preços ju s tos R$ 52 por pessoa e você pode se servir de um pouco de tudo: tacos, enchiladas, burritos, quesadillas, frijoles, guacamole, entre outros pratos, além de saladas, molhos e pimentas. E ainda frutas e doces. Ou seja, abrange entrada, prato principal e sobremesa. O clima muda no happy hour, com animados grupos que optam por ignorar o trânsito das seis da tarde e embarcam nas fajitas, burritos e chili com carne. Essa é a hora em que a casa faz mais promoções. A caneca de chope Brahma, que normalmente custa R$ 8, é vendida a R$ 5,90. Os drinques da linha frozen, nos sabores maracujá, limão ou misto, hawaii frozen mojito e summer fresh margarita, listados no cardápio por R$ 21, saem por R$ 15,80. E as porções Fotos: Divulgação de chili fries, nachos bacon barbecue, burger bits, quesadillas, nachos supreme ou chili com carne, com valores variados entre R$ 38 e R$ 44, nessa faixa horária custam todos R$ 32. Os preços de happy hour valem de segunda a sexta, das 17h às 22h; e aos sábados, das 15h às 19h. Um grupo de três pessoas pode também dividir o coyote especial, porção de coxas de frango empanadas à moda country, servidas com polenta Fritz Cervejaria Artesanal: além das cervejas, não deixe de experimentar o schlachtplatte, uma grelha com eisbein (joelho de porco), kassler (porco defumado), cinco salsichões alemães, chucrute e batata soutê e nachos, acompanhadas de salsa de tomate. Custa R$ 48,80. Ou, se a fome Agora, se preferir algo um pouco exóti- Mas há promoções que valem apenas for grande, o suculento lumberjack: são co e um tanto mais apimentado, vá de para algumas unidades, como o pra- 700 g de carne do corte Angus Sirloin sombrero, a costela ao molho Monterrey to tex-mex do dia vendido a R$ 24,80 (parecido com o contrafilé) servidos com batatas rústicas, acompanhada de nas unidades paulistanas de Moema, com batatas rústicas e cebola roxa ma- abacaxi em calda com canela (R$ 64,80, Morumbi, Higienópolis, além de Belo rinada. Chega acompanhado de molho para até três pessoas). Horizonte, Brasília, Goiânia, Barra, Ri- barbecue, maionese e uma cesta de beirão Preto, São José do Rio Preto, São pães. É vendido a R$ 88,80 e serve até A rede Sí Señor conta com 20 lojas quatro pessoas. Uma porção de peso. no País. A decoração e o serviço são Não à toa ganhou o apelido de “o desa- parecidos em todas, assim como o Para sobremesa, quem é fã de chocola- fio do lenhador”. gosto “caliente” da pimenta jalapeño. te precisa pedir o oreo madness (R$ 21), 60 edição 44 • maio | junho • 2016 Caetano e Campinas. o sanduíche de biscoito de chocolate re- elaborada; dunkel, que leva extrato de Quer algo para comer sozinho? Peça o cheado com sorvete de creme e choco malte torrado; e weizen, feito de trigo. pastel de eisbein com catupiry (R$ 7,70). crisps, coberto com calda de chocolate. Depois de escolher o sabor do chope, Crocante, bem recheado e com catupi- Apenas para adoçar o final da refeição, pode pedi-lo na caneca de 300 ml ou ry na medida certa, que confere cremo- opte pela porção de três minichurros 570 ml. Os preços vão de R$ 7,20 (klar sidade sem tomar o gosto do petisco (R$ 7,80) servida com um potinho de pequeno) a R$ 17,90 (weizen grande). para si. E entre os pratos individuais há o Goleiro Oliver Kahn (R$ 31,90), ironica- doce de leite e café. Os pratos e as porções são fartos. Entre mente um filé de frango com legumes as especialidades alemãs, uma das me- na manteiga de ervas e arroz; o famo- Nossa terceira indicação embarca na lhores opções para acompanhar o cho- so paprika schnitzel (R$ 37,50), que é o culinária alemã. A Fritz Cervejaria Ar- pe é o schlachtplatte, que serve até seis filé suíno grelhado ao molho de pápri- tesanal de São Paulo está instalada na pessoas. Uma grelha chega à mesa com ca acompanhado de spätzle (espécie avenida Cidade Jardim. O ponto é agi- eisbein (joelho de porco), kassler (porco de bolinho de massa artesanal típica); tado, mas com certo afastamento da defumado), cinco salsichões alemães, mônaco (R$ 36), filé mignon à milane- rua e as árvores ao redor amenizam o chucrute e batata soutê. Custa R$ 136. sa com molho de tomate, mozzarella, Salsichão e chope artesanal servido com batata frita e arroz. E para barulho e fazem a diferença para dar o clima tranquilo na hora do almoço, do As demais especialidades servem três quem quer algo leve, salmão primavera happy hour ou à noite. pessoas, como escondidinho do Fritz (R$ 36,90): o peixe grelhado vem acom- (R$ 63), que inclui salsichão fatiado ou panhado de legumes e arroz branco. Quando chega um cliente que não co- eisbein desfiado com purê de man- nhece a casa, o garçom oferece a de- dioquinha, catupiry, bacon, palmito, No almoço dos dias de semana, há op- gustação gratuita de chopes. Servidos coberto com mozzarella; ou o eisben ções incluindo entrada, prato principal em shots (copinhos de 30 ml), chegam completo, que vem com um salsichão e sobremesa, no combinado que custa à mesa cinco amostras: klar, o chope weisswurst (branco), um salsichão cer- R$ 29,90 por pessoa. Geralmente são claro, tipo pilsen; natur, produzido sem vela (feito com mistura de carne bovi- destacados pratos do cardápio normal filtros; köelsch, de fermentação mais na, suína e bacon) e chucrute. para figurarem como escolhas do dia. Para finalizar a refeição com algo típico, escolha a torta alemã (R$ 14) ou apfelstrudel com sorvete (R$ 17,90). & serviço Fritz Cervejaria Artesanal Avenida Cidade Jardim, 655 – São Paulo. Tel.: (11) 2774-3817 www.fritzcervejariaartesanal.com.br Fotos: Divulgação Piratininga Bar Piratininga Bar: programação eclética de música ao vivo e boa comida na Vila Madalena Rua Wisard, 149 – Vila Madalena. São Paulo. Tel.: (11) 3032-9775 Sí Señor Alameda Jauaperi, 626 – Moema. São Paulo. Tel: (11) 3476-4650 www.sisenor.com.br edição 44 • maio | junho • 2016 61 AGE N DA CULTURAL por Priscila Oliveira Botânica do bairro Resultado de um minucioso mapeamento da vegetação espontânea existente nas redondezas da Unidade do Sesc Bom Retiro, a intervenção na escadaria reúne e abriga todas as espécies encontradas, proporcionando maior visibilidade a estas ervas, consideradas daninhas. Onde: Sesc Bom Retiro Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro Quando: até 31 de julho de terça a sexta das 9h às 20h30; aos sábados, das 10h às 18h30 e aos domingos, das 10h às 17h30 Informações: (11) 3332-3600 Onde: Sesc Santana Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Santana Quando: até 19 de junho de terça a sábado das 10h às 20h e aos domingos das 10h às 17h Informações: (11) 2971-8700 Anti-higiênica, por Camila Soato 62 edição 44 • maio | junho • 2016 Fotos: Diculgação A artista apresenta recortes de imagens que fragmentam e narram momentos bizarros aos olhos de uma sociedade que tenta controlar os corpos femininos, seus desejos e escolhas. Um elogio à mundiçagem, aquela proibida por séculos de história de bons modos sobre os corpos femininos. Nesta exposição teremos um conjunto de obras da dupla Gisela Motta e Leandro Lima que exploram a região ambivalente entre o sintético do natural e o natural do sintético com uma reunião de nove obras produzidas pela dupla desde 2007. Onde: Sesc Santo Amaro R. Amador Bueno, 505 – Santo Amaro Quando: até 26 de junho de terça a sexta das 10h30 às 21h e sábados e domingos das 11h às 18h Mais informações: (11) 5541-4000 Contando Ovelhas Elétricas Atores profissionais e artistas amadores de diversas áreas se encontram em cena e dividem o mesmo palco. O espetáculo toma o que as experiências teatrais têm de mais comuns – o evento comemorativo, a festa, a apresentação amadora de fim de ano, o exercício - e as subverte, colocando – as num espaço de artes, num contexto profissional. Onde: Sesc Consolação R. Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque Quando: até 29 de maio, quinta a sábado, 21h e domingo, 18h Mais informações: (11) 3234-3000 Amadores edição 44 • maio | junho • 2016 63 ROTEIRO SP por Priscila Oliveira São Paulo celebra a arte sacra A cidade guarda esplêndidos acervos artísticos que representam a comunhão com Deus Pateo do Colégio – Centro (próximo à estação Sé do Metrô) Horário: de terça à sexta, das 8h40 às 16h30 (mediante agendamento prévio) Informações: (11) 3105-6899 Museu Anchieta Paróquia Nossa Senhora do Brasil Praça N. Sra. do Brasil, s/nº Jardim América Horário: segunda a domingo das 8h às 19h Informações: (11) 3082-9786 A Paróquia Nossa Senhora do Brasil é um dos templos mais elegantes da capital de São Paulo, com inspiração nos templos mineiros e com um interior que recorda belas igrejas portuguesas. Possui painéis de pastilha cerâmica que lembram a Igreja de São Basílio, em Moscou, e a balaustrada de suas torres remete a minaretes muçulmanos. No seu interior encontra-se o altar-mor de madeira entalhada que pertenceu à Igreja de Sant’Ana de Mogi das Cruzes, com data estimada de 1740, de acordo com o escritor francês Germain Bazin na obra L’Architecture Religieuse Baroque au Brésil. 64 edição 44 • maio | junho • 2016 Fotos: Diculgação Inaugurado em 1979, tem como missão resgatar a memória e a importância do local, proporcionando reflexões acerca da fundação de São Paulo e sobre o papel dos jesuítas no dia a dia desses primeiros habitantes. O acervo do museu é predominantemente composto de peças de arte sacra que remetem à vida social paulistana intrinsecamente ligada à religiosidade dos primórdios da cidade. Sala Metrô Tiradentes Av. Tiradentes, 676 – Luz Horário: terça a domingo das 9h às 17h Informações: (11) 3326-3336 (agendamento de visitas monitoradas) O Ministério da Cultura, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, o Banco Safra e o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS-SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo) inauguraram a Sala Metrô Tiradentes, um novo espaço de exposições com acesso livre aos usuários do metrô que, ao dinamizar o aproveitamento das estações para além do transporte de passageiros, cria uma grande oportunidade para que milhões de pessoas tenham acesso à arte, como uma forma de aproximá-la mais dos cidadãos. Museu de Arte Sacra dos Jesuítas Largo dos Jesuítas, 67 – Centro, Embu das Artes Horário: de terça a sexta, das 8h40 às 16h30 Informações: (11) 3082-9786 O Museu de Arte Sacra dos Jesuítas é constituído por duas coleções: Igreja de Nossa Senhora do Rosário, reunidos ao longo de três séculos, e de objetos oriundos da Igreja de São Gonçalo Garcia – localizada no centro de São Paulo – , que a partir de 2005 passou a integrar o acervo. Em exposição há imagens sacras confeccionadas durante os séculos 17, 18 e 19, paramentos litúrgicos e objetos utilizados nas celebrações religiosas. Destaca-se o conjunto de imagens de roca e de vestir entalhadas em madeira, uma das principais coleções deste gênero no País. edição 44 • maio | junho • 2016 65 A RT IGO POR Cristiane Lima Cortez Novidades na Lei de Zoneamento s A taxa de permeabilidade, relação entre a parte permeável, que permite a infiltração de água no solo, livre de qualquer edificação, e a área do lote, também foi ampliada, sendo determinada para cada perímetro de qualificação ambiental. Ainda, para as construções não obri- ão Paulo é uma cidade incapaz derando tipo do solo (natural, laje ou gadas a cumprir os dispositivos aci- de reter de maneira natural as águas com pavimento semipermeável), por- ma, o projeto de lei sobre incentivo por pluviais: 80% escoam superficialmen- te, tipo e preexistência da vegetação. meio do IPTU Verde está tramitando te, logo comprometendo o sistema de na câmara de vereadores. drenagem e causando as conhecidas Em relação à drenagem, além das já ci- enchentes. Em contrapartida, bosques tadas áreas ajardinadas e cobertura Aliar a taxa de permeabilidade com urbanos retêm 80% do volume das chu- verde, são também pontuadas as áreas a retenção e uso das águas de chuva vas, alimentando o lençol freático. cobertas com pavimento poroso ou se- no interior dos lotes é aparentemente mipermeável sem vegetação. uma boa solução, que seria mais eficaz A nova lei de zoneamento e ocupação se os sistemas de reservação também do solo busca mitigar os impactos da Para ser aplicada, o território da cidade permitissem que parte das águas acu- impermeabilidade do solo causada de São Paulo foi dividido em perímetros muladas se infiltrasse em áreas perme- pelo desenvolvimento urbano - gran- de qualificação ambiental, que expres- áveis, alimentando o lençol freático e des bairros-chácaras substituídos por sam a situação ambiental e o potencial aliviando o sistema de drenagem. Ain- construções, jardins das casas troca- de transformação, incidindo em maio- da, o uso das águas pluviais para fins dos por garagens para automóveis, pa- res ou menores cotas ambientais. não potáveis gera economia do uso da ralelepípedos das ruas cobertos por água tratada, bem-vinda em épocas de asfalto, entre outros; somando-se a Reformas com aumento de área supe- isso o excesso de córregos canaliza- rior a 20% e novas construções, situa- dos e o intenso assoreamento por se- das em lotes com área a partir de 500 Assim, mais do que uma exigência le- dimentos, lixo e entulho fragilizam o mC, terão de adotar ações para atin- gislativa, aumentar a área permeável sistema de drenagem urbana. gir a cota ambiental e captar, reservar e a vegetação, ter sistema para cap- e aproveitar as águas pluviais prove- tação, reservação e uso de água de Uma novidade da lei é a cota ambien- nientes das coberturas para fins não chuva, incluindo controle de escoa- tal, que visa promover a qualificação potáveis, com volume mínimo obri- mento superficial, é uma necessidade. ambiental, em especial a ampliação da gatório estabelecido em lei. Caso con- Se os empresários fizerem sua parte vegetação e a melhoria do microclima trário, não conseguirão o licencia- em um exercício de cidadania conjun- e da retenção e da infiltração natural mento. Mas, se excederem o valor da ta, contribuirão para que a cidade de das águas pluviais, por meio de solu- cota ambiental, obterão desconto na São Paulo não tema as chuvas e ofere- ções construtivas e paisagísticas usa- outorga onerosa, que é a taxa paga das como indicadores de cobertura ve- pelo direito de construir. getal e drenagem. Também, os lotes com área total supePara a cobertura vegetal podem ser rior a 500 mC devem instalar reservação computadas áreas ajardinadas, vege- de controle de escoamento superficial tação, coberturas verdes, jardins ver- com vazão máxima de saída do lote e do ticais e fachadas/muros verdes; consi- volume mínimo determinados em lei. 66 edição 44 • maio | junho • 2016 escassez hídrica e de crise econômica. ça melhor qualidade de vida! & Cristiane Lima Cortez é Bacharel e Mestre em Engenharia Química, Doutora em Energia e Assessora do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura apresentam Banco do Brasil Seguridade apresenta e patrocina Texto WALTER DAGUERRE Direção Geral JOSÉ POSSI NETO Direção Musical MIGUEL BRIAMONTE Coreografia VANESSA GUILLEN ESTREIA EM 11/03 Teatro Fecomercio Sala Raul Cortez Quinta: 21h /Sexta: 21h30 /Sábado: 21h /Domingo: 19h Novo Portal FecomercioSP A fonte de informação que entende a rotina do comerciante ficou ainda melhor. Para oferecer aos empreendedores da sua base o suporte completo para crescer, nós, da FecomercioSP, buscamos sempre novas maneiras de melhorar nossos serviços e meios de divulgação de informações. Por isso, lançamos um novo portal. Totalmente reformulado tanto em design quanto em conteúdo, nosso novo site ficou mais intuitivo, mais fácil de navegar e mais acessível, trazendo assuntos selecionados pela nossa equipe, como artigos e estudos sobre economia, sustentabilidade, legislação, negócios, e-commerce, tecnologia, capacitação, educação e cultura. Confira o resultado do nosso esforço contínuo em proporcionar o apoio que todo comerciante precisa para tomar suas decisões com mais segurança e confiança, ajudando o Brasil a continuar no caminho do crescimento. Acesse agora: www.fecomercio.com.br