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THOMAS CARDOSO CHAGAS NETO Caracterização microbiológica e epidemiologia molecular de Enterococcus spp. isolados de infecções da corrente sanguínea de pacientes do Projeto SCOPE Brasil Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Doutor em Ciências. São Paulo 2015 THOMAS CARDOSO CHAGAS NETO Caracterização microbiológica e epidemiologia molecular de Enterococcus spp. isolados de infecções da corrente sanguínea de pacientes do Projeto SCOPE Brasil Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Doutor em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Campos Pignatari Coorientadora: Dra. Mirian Silva do Carmo Rodrigues Este trabalho foi realizado com auxílio financeiro fornecido pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). São Paulo 2015 ii CHAGAS-NETO, Thomas Cardoso Caracterização microbiológica e epidemiologia molecular de Enterococcus spp. isolados de isolados de infecções da corrente sanguínea do Projeto SCOPE Brasil. Thomas Cardoso Chagas-Neto - São Paulo, 2015. xxv, 153. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Infectologia. Título em inglês: Microbiology characterization and molecular epidemiology of Enterococcus spp. isolated from bloodstream infections in the Brazilian SCOPE Project. 1. Enterococcus spp., 2. Enterococcus faecalis, 3. Enterococcus faecium, 4. ERV, 5. Teste de sensibilidade aos antimicrobianos, 6. Tipagem molecular, 7. Infecção de corrente sanguínea, 8. Epidemiologia, 9. MALDI-TOF MS, 10. Hemocultura, 11. Espectrometria de massa, 12. Resistência bacteriana. iii UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DISCIPLINA DE INFECTOLOGIA Chefe do Departamento: Profa. Dra. Maria Tereza Zanella Coordenador do curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Ricardo Sobhie Diaz Chefe da Disciplina de Infectologia: Prof. Dr. Celso Franciso Hernandes Granato São Paulo 2015 iv THOMAS CARDOSO CHAGAS NETO Caracterização microbiológica e epidemiologia molecular de Enterococcus spp. isolados de infecções da corrente sanguínea de pacientes do Projeto SCOPE Brasil BANCA EXAMINADORA: Presidente: Prof. Dr. Antonio Carlos Campos Pignatari Professor Titular e Diretor do Laboratório Especial de Microbiologia Clínica (LEMC), Disciplina de Infectologia, Departamento de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Titulares: Profa Dra Ilana Lopes Baratella da Cunha Camargo Professora Assistente, Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP) Profa. Dra. Angela Maria Silva Professora Associada III da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Dr. Guilherme Henrique Campos Furtado Infectologista, Departamento de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Dra. Cecília Vieira Franco de Godoy Carvalhaes Infectologista e Coordenadora Médica do Setor de Microbiologia do Laboratório Central, Hospital São Paulo, Departamento de Patologia Clínica, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Suplentes: Dra. Luci Correa Infectologista, Departamento de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Profa. Dra. Marinês Dalla Valle Martino Professora Adjunta da Disciplina de Microbiologia do Departamento de Ciências Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) v Épígrafe “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Cora Coralina vi SUMÁRIO Dedicatória.......................................................................................................... ix Agradecimentos................................................................................................... x Lista de siglas e abreviaturas................................................................................ xvi Lista de tabelas................................................................................................... xviii Lista de quadros.................................................................................................. xx Lista de figuras.................................................................................................... xxi Resumo.............................................................................................................. xxiv 1. 2. 3. 4. INTRODUÇÃO.......................................................................................... REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 2.1 Caracterização do agente etiológico.................................................. 26 2.2 Epidemiologia das infecções causadas por Enterococcus spp.......... 33 2.3 Histórico da resistência de Enterococcus spp. à vancomicina........... 35 2.4 Importância da tipagem molecular de Enterococcus spp. resistentes à vancomicina........................................................................................... OBJETIVOS.............................................................................................. 3.1 Objetivo Geral................................................................................... 31 32 38 42 43 3.2 Objetivos Específicos....................................................................... 43 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 4.1 Desenho do estudo.......................................................................... 44 4.2 Seleção das amostras...................................................................... 46 4.3 Critérios de Inclusão das amostras.................................................. 47 4.4 Identificação dos isolados clínicos................................................... 48 4.4.1 Avaliação da pureza e viabilidade das amostras................................. 48 4.4.2 Re-identificação bacteriana por método fenotípico.............................. 48 4.4.3 Identificação por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz / Matrix Associated Laser Desorption-Ionization – Time of Flight (MALDI-TOF MS) ................................................................ 4.4.3.1 Identificação das espécies de Enterococcus por Vitek MS® (BioMérieux®)....................................................................................... 4.4.3.2 Identificação das espécies de Enterococcus por Microflex LT® MALDI-TOF BioTyper (Bruker Daltonics).................................................. 4.4.4 Identificação molecular..................................................................... 45 49 50 51 53 4.4.4.1 Multiplex PCR para identificação de espécies e genes van.............. 53 4.4.4.2 Extração do DNA genômico.......................................................... 53 4.4.4.3 Reação da PCR........................................................................... 54 Avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos.............................. 55 4.5.1Microdiluição em caldo automatizada pelo sistema Phoenix®................ 56 4.5 vii 4.5.2 Etest®.............................................................................................. 57 4.6 Tipagem Molecular............................................................................. 58 4.6.1 Gel de Eletroforese em Campo Pulsado (Pulsed Field Gel Electrophoresis - PFGE) ........................................................................... 4.6.2 Tipagem molecular por sequenciamento de múltiplos locus (Multilocus Sequence Typing - MLST) ........................................................................ 5. 60 4.6.2.1 Extração do DNA genômico por Qiamp DNA mini kit....................... 61 4.6.2.2 Análise do eBURST..................................................................... 65 4.6.3 Tipagem por espectrometria de massas............................................. 4.6.3.1 Tipagem por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz (MALDI-TOF), utilizando o equipamento Vitek MS®....................................................................................................... 4.6.3.2 Tipagem por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz (MALDI-TOF), utilizando o equipamento Microflex LT® BioTyper®.......................................................................... 65 4.7 Análise estatística............................................................................... 69 RESULTADOS......................................................................................... 71 5.1 Análise bacterianas............................................................................ 72 5.2 Análise dos dados epidemiológicos................................................... 72 5.3 Análise dos dados microbiológicos.................................................... 75 5.3.1 Identificação dos isolados e concordância entre o Phoenix®, o Vitek MS® e 0 Microflex LT® com a identificação molecular.................................. 5.3.2 Avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos pelos métodos de microdiluição em caldo automatizado (Phoenix®) e Etest®........................... 6. 7. 8. 9. 58 65 66 75 77 5.3.3 Detecção do mecanismo de resistência à vancomicina....................... 80 5.3.4 Tipagem molecular das amostras de ERV.......................................... 5.3.4.1 Gel Electrophoresis - PFGE) e sequenciamento de múltiplos loci (Multilocus Sequence Typing - MLST)………............................................ 5.3.4.2 Análise do eBURST obtido por sequenciamento de múltiplos loci (Multilocus Sequence Typing - MLST)…….……....................................... 81 5.3.4.3 Tipagem por espectrometria de massas………….......................... 89 5.3.4.3.1 Tipagem de Enterococcus spp. por Vitek MS®……............…… 89 5.3.4.3.2 Tipagem de Enterococcus spp. por Microflex LT®…..............… 91 5.4 Avaliação dos dados epidemiológicos após a caracterização microbiológica dos isolados…………………………………….....………… DISCUSSÃO............................................................................................. CONCLUSÕES......................................................................................... ANEXOS................................................................................................... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ viii 81 86 107 112 134 137 139 Dedicatória À minha mãe, Almerinda Sá, a minha fonte de inspiração, por representar para mim um grande exemplo de vida, superação e por fazer o bem por onde anda. E também por me mostrar que eu posso ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. Aos meus irmãos, Sobretudo, Adilene Sá e Ana de Lourdes Sá, que foram o grande alicerce de mais um sonho realizado e que estiveram presentes nos momentos mais importantes da minha vida. À minha tia, Ada, meu porto seguro, meu oráculo, uma das mães que Deus me deu. Por todos os conselhos sempre bem aplicados e por estar sempre presente na minha vida. À minha grande amiga e sobrinha, Anne Caroline, meu grande orgulho, por me inspirar em sorrir e me dar força para comungar a vida. À família mais especial de todas, a minha família Sá, Pela minha formação moral e educacional, por acreditarem na minha vida, mesmo quando os médicos não acreditavam mais e por fazer tudo, exatamento tudo parecer possível, quando acreditamos Numa Força Maior. Às meus grandes amigos e irmãos de coração, André Coelho, Clara Fonseca, Domingos Parra, Isabella Neto, Leila Magalhães, Rodrigo Merlin, Thaís Teles e Tony Pedroso, pela amizade, cuidado, carinho e por compartilharem momentos decisivos na trajetória do meu doutorado. E por segurar a minha mão no momento que minhas pernas tremeram e me ajudarem a continuar a minha caminhada. ix Agradecimentos Especiais Meu agradecimento mais profundo não poderia deixar de ser a todos os pacientes que foram incluídos neste estudo, que nos ensinaram a diagnosticar e com isso aliviar os sintomas das doenças. E quando a medicina não foi suficiente, a humanização sem dúvida entrou na posologia certa para que o melhor possível fosse feito. Sobretudo, aqueles que não resistiram a doença, que isso não tenha sido em vão, que toda a nossa persistência em pesquisar formas de diagnósticos e tratamentos precoces tenha sido bem explorada com essa experiência permitindo salvar mais vidas no futuro. A todos vocês que mesmo em suas moléstias, transformaram a nossa vida corrida, em doce rotina por fazer ciência e tentar salvar vidas, a minha sincera gratidão. x Agradecimentos Desafio maior do que elaborar esta tese, foi simplificar meus agradecimentos em poucas páginas a todas as pessoas que fizeram parte dessa minha trajetória na UNIFESP. Agradeço a Deus, pela dádiva da vida, num corpo que me presenteou com momentos de grande aprendizado, pela cura do câncer que me proporcionou o impulso para contribuir de forma especial espalhando pelo mundo “o Amor através da Ciência e a Alegria através do Sorriso”. E ainda por me presentear com uma família maravilhosa e amigos que me confundem os laços de sangue com os espirituais. Ao Hospital do Câncer de São Paulo, ao GRAACC e a toda sua equipe e todos Hospitais do mundo, sobretudo aqueles que tratam dos seus pacientes com amor e com a alegria de acreditar que a vida vale a pena, em cada uma de suas formas. Que mesmo com dificuldades, limitações, multilações, o amor tudo vence, mesmo na ciência que cada vez mais se percebe a importância da intervenção de um plano superior, onde “a ciência sem a espiritualidade é manca, a espiritualidade sem a ciência é cega”. Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Campos Pignatari, por me aceitar no seu laboratório, confiar no meu potencial e me permitir voar na minha imaginação científica, além da sua disponibilidade, compreensão, atenção, pela grande oportunidade de evolução profissional que me foi concedida para aprender Microbiologia de ponta, com profissionais exemplares e por me mostrar o tipo de profissional que pretendo ser. À Profa Dra Antônia Machado, por abrir as portas da “Microbiologia”, por acreditar em mim, sobretudo no maior desafio da minha vida (montar um laboratório de Microbiologia em Angola), por enviar um “menino” para África, que retornou homem e capaz de enfrentar muitas diversidades profissionais e pessoais, graças a confiança em mim depositada durante aquele grande desafio. Obrigado também por xi todos os conselhos e além de tudo pela grande amizade, te-la como líder me faz acreditar que o mundo ainda tem jeito e me dá força para lutar e enfrentar os desafios com honestidade, determinação e prudência. À Eliete Frigatto, a quem tenho a honra de chamar de amiga, por me receber aos 22 anos de idade no Laboratório Central, sentando ao meu lado e me ensinando praticamente tudo que sei sobre Microbiologia Clínica, obrigado por me ensinar tanto sobre microbiologia e sobre a vida. E também por me ensinar o que é amor incondicional, acredito que nunca conseguirei ser um ser humano tão evoluído assim como você. Mas ter a sua amizade é uma graça divina. Obrigado por fazer parte da parte mais bonita da história da mina vida, sem você nada disso teria sido possível. À Dra Cecília Godoy, pelo grande apoio, persistência e paciência para me ensinar o que se tornou uma grande paixão na minha vida “MALDI-TOF MS”. E também por segurar a minha mão em momentos muito importantes da minha vida e não me deixar cair. À Profa Dra Ana Gales, por me acolher no seu laboratório e permitir que eu desenvolvesse os meus experimentos, onde sempre fui recebido com muito respeito. À Profa Dra Miriam S. do Carmo e ao Dr André Mario Doi, por acreditarem neste trabalho, que parecia impossível e me ajudarem a torna-lo realidade. Pela amizade, carinho, cuidado e por todas as palavras de encorajamento nos momentos difíceis. Às minhas amigas Luciana Barros de Santana e Jussimara Monteiro, que sempre me incentivaram na minha carreira acadêmica. À Drª. Ângela Maria da Silva, responsável por despertar meu interesse em fazer carreira acadêmica na UNIFESP. Ao meu cunhado/irmão Adenilson Oliveira Barroso, pelo apoio oferecido na minha chegada em São Paulo, permitindo que eu iniciasse essa aventura microbiológica. xii À Lisete Liviero, que me acolheu desde o primeiro dia que me viu no Laboratório Central como filho postiço, e que sempre me encheu de energias positivas para vencer todos os obstáculos. À Leila Paula de Almeida, que mesmo “desconfiada e assustada com minha presença, conseguiu perceber que o retirante nordestino não era assaltante (nunca irei esquecer, sorrio sempre que lembro e não poderia deixar de compartilhar isso), abriu a porta da UNIFESP e ouviu minha longa história”. Aos meus amigos Raquel Girardello e Rodrigo Cayô por compartilhar os seus conhecimentos nos momentos críticos da minha tese com atenção, dedicação e comprometimento. À Rosana Capecce, pelo carinho e cuidado nos momentos decisivos da minha tese, por todo apoio na burocracia desse trabalho. Ao Henri Berghs, que na “prorrogação do segundo tempo” apareceu como um anjo da guarda e me permitiu usar as ferramentas que fizeram uma grande diferença no meu trabalho e provavelmente na saúde pública, sem o seu apoio esse trabalho não teria sido tão especial. A todos os colegas dos Laboratórios LEMC/ALERTA: Adriana Pereira de Matos, Ana Carolina Ramos da Silva, Ana Paula Streling de Oliveira, André Mario Doi, André Coelho, Bruno Cruz Boettger, Carlos R. V. Kiffer, Clara R. L. Fonseca, Dandara Cassu Corsi, Elke Kreuscher Gumpl, Fernanda Matsiko Inoue, Fernanda Rodrigues da Costa, Flávia Silva Palomo, Graziela Braun, Jhonatha Rodrigo Cordeiro de Moura, Juliane de Mello Fonseca, Karen de Castro Bauab, Kátia Daliria Lorenzete, Katya da Silva Patekoski, Lorena Cristina Corrêa Fehlberg, Loren Paschoal, Lucimila Luchesi, Lygia Schandert, Marco Antonio Zonta, Marina Francisco Visconde, Marcus Vinícius Gaspari, Milene Quiles, Mirian Silva do Carmo, Paulo José Martins Bispo, Rafael Affini Martins, Rodrigo Cayô da Silva, Roberta Cristina Cabral Mingrone, Talita Trevizani Rocchetti, Talita Barone Carneiro, Thaís Freitas Teles Rezende, Thais Avila Fernandes Catan, Vinícius Gomes de Sales Oliveira, Vinicius de Oliveira xiii Alves e Willames Marcos Brasileiro da Silva Martins que compartilharam comigo toda a trajetória da minha tese, esse trabalho só foi possível graças a cada um de vocês. À minha família do Laboratório Central, em especial: Ana Caroline Toti, Ana Paula Toledo, Ademir de Medeiros, Agda Vinagre, Celeste de Cássia, Cida Gomes, Clara L. Fonseca, Clarice Yumi Matsumoto, Clayde Barquetta, Cynthea Carolina, Daniela Anjos, Eliete Frigatto, Eloá Roventini Andrade, Elza Silva, Erivan José P. Tavares, Euza Costa, Fernando Pereira Pinto, Flávia Silva Palomo, Ivete, Karen Bauab, Katiane Santin, Laide Silva, Lisete Livieiro, Luiza Reis, Márcia Pozo Pereira, Marina Falopa, Mirela Baretta, Regina Gangi, Regina Corrêa, Sandra Ferraz Bonifácio, Sueli Maldjan, Sueli Dias, Tânia Guimarães, Vanessa Corrêa Fanchini, Viviane Almeida Gouveia, Vivian Pereira da Mota, Viviane Santos Amaral e a todos que mesmo não citados me apoiaram, ouviram meus desabafos e compreenderam a minha ausência, sem vocês tudo isso teria sido mais difícil. Ao Departamento de Biofísica da UNIFESP, ao Prof. Dr. Luiz Juliano Neto a e Prof . Dra. Maria Juliano, pela colaboração e apoio aos nossos estudos. À toda equipe, especialmente, ao Diego Magno Assis e Lilian, pelos auxílios e dedicação a mim dispensados. À minha amiga/cunhada Heloísa Santiago, por me adotar como filho, pelos conselhos sempre bem aplicados e por nutir meu espírito com bastante força e alegria. As minhas amigas Flávia Palomo, Eloá Roventtini e Viviane Gouveia por compreender minha ausência e me substituir sempre que precisei nas atividades do Laboratório Central e por todas as palvras de incentivo. Aos meus grandes amigos de todas as horas Magnus Silva e Eduardo Interaminense, por todo o apoio nos momentos difíceis. Pelas críticas construtivas e pela grande amizade. xiv À Cynthea Carolina por todas as palavras de apoio, sempre muito bem colocadas e que me deram ainda mais alegria para continuar. À Andrea Ramos por todo apoio oferecido durante a finalização desta tese, pela disposição em resolver toda burocracia sempre com alegria. A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a minha formação acadêmica e me ajudaram a vencer mais uma etapa importante da minha vida. À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) auxílio financeiro concedidos para a viabilização deste trabalho. Muito obrigado! xv Lista de siglas e abreviaturas adk AM aro AST ATCC ATP atpA bpm cels CIM CLSI cols. ºC Da ddl DF DNA DO DP EDTA EFM EFMRV EFMSV EFS EFSRV EFSSV ERV ESV g gdh gki GMS GO GRAACC gyd HCCA ICS ID IOP IPCSL irpm K Kb kV LEMC LZ Adenilato kinase Ampicilina Shikimato desidrogenase Antimicrobial susceptibility testing American Type Culture Colection Adenosina tri-fosfato ATP sintetase de cadeia alfa Batimentos por minuto Células Concentração inibitória mínima Clinical Laboratory Standards Institute Colônias Celsius Daltons D-alanina/D-alanina ligase Distrito Federal Ácido desoxiribonucleico Densidade ótica Daptomicina Ácido etilenodiamino tetra- acético Enterococcus faecium Enterococcus faecium resistente à vancomicina Enterococcus faecium sensível à vancomicina Enterococcus faecalis Enterococcus faecalis resistente à vancomicina Enterococcus faecalis sensível à vancomicina Enterococcus spp. resistente à vancomicina Enterococcus spp. sensível à vancomicina Grama Glicose-6-fosfato-desidrogenase Glicose kinase Gentamicina-sinergismo Goiás Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer Gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase Ácido α-ciano-4-hidroxinâmico Infecção de corrente sanguínea Identificação Instituto de Oncologia Pediátrica Infecção de corrente sanguínea primária confirmada laboratorialmente Incursões respiratórias em um minuto Potássio Kilobases Kilovolts Laboratório Especial de Microbiologia Clínica Linezolida xvi M m/z mA Molar Massa/número de carga de íons Miliampère Matrix Assisted Laser Desorption Ionization - Time Of Flight MALDI-TOF MS Mass Spectrometry min Minutos mL Mililitro Multilocus Sequence Typing MLST mM Milimolar 3 mm Milímetro cúbico MO Medula óssea NaCL Cloreto de sódio ng Nanograma nm Nanômetro NPP Nutrição parenteral prolongada pb Pares de bases Protein Chain Reaction – Reação da polimerase em cadeia PCR Pulsed Field Gel Electrophoresis - Gel de Eletroforese em PFGE Campo Pulsado PMIC Positive minimum inhibitory concentration pmol Picomole pstS Cassete transportador de ATP fosfato ligase purk Fosforibosil-aminoimazol carboxilase rpm Rotações por minuto Staphylococcus coagulase Negativo SCoN SDQ Somas dos quadrados dos desvios seg Segundos sin Sinergismo SIRS Síndrome da resposta inflamatória sistêmica Surveillance and Control of Pathogens of Epidemiological SCOPE Importance SP São Paulo Sequence typing ST STS Estreptomicina-sinergismo TBE Tris borato EDTA Tripticase Soy Broth = Caldo tríptico de soja TSB Tx Transplante UFC Unidades formadoras de colônia Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis UHCA Unweighted Pair-Groups Method Using Arithmetic Averages UPGMA UTI Unidades de Terapia Intensiva VC Vancomicina X2 Chi-quadrado xpt Xantina fosforibosil transferase yiqL Acetil-CoA acetiltransferase µL Microlitros µM Micromolar xvii Lista de Tabelas Tabela 1. Dados nacionais dos 10 principais patógenos isolados ICS em estudos de vigilância epidemiológica que incluem isolados bacterianos brasileiros..................................................................................................... 28 Tabela 2. Centros médicos participantes do Projeto SCOPE Brasil e que enviaram amostras de Enterococcus spp.................................................... 48 Tabela 3. Pontos de corte de sensibilidade aos antimicrobianos estabelecidos para Enterococcus spp. pelo CLSI, documento M100-S25 segundo tabelas 2D e 3I............................................................................... 57 Tabela 4. Intervalo das concentrações utilizadas por cada metodologia de teste de sensibilidade aos antimicrobiano e pontos de corte esperados para cepas padrão ATCC de acordo com o documento M100-S25, CLSI 2015.............................................................................................................. 59 Tabela 5. Critérios de concordância segundo os valores Kappa................. 69 Tabela 6. Dados demográficos dos pacientes e dos principais fatores de risco geralmente associados ao desenvolvimento de ICS por Enterococcus spp. apresentados pelos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil............................................................................................... 75 Tabela 7. Concordância entre as identificações dos isolados de E. faecalis e E. faecium, incluídas no Projeto SCOPE Brasil, obtidas pelos métodos Phoenix®, Vitek MS®, Microflex LT® com relação ao método de referência (PCR)........................................................................................... 76 Tabela 8. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, obtido pelo sistema Phoenix®, dos 144 isolados de Enterococcus spp. incluídas no Projeto SCOPE Brasil............................................................................................... 78 Tabela 9. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos dos isolados de E. faecalis e E. faecium, incluídos no Projeto SCOPE Brasil, e que apresentaram resistência à vancomicina pelas metodologias, Phoenix® e Etest®............................................................................................................ 78 Tabela 10. Teste do X2 para verificar a relação do desenvolvimento de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV com as principais doenças de base e fatores geralmente associados a ICS e que foram apresentados pelos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil.............. 108 Tabela 11. Teste do X2 para verificar a relação do desenvolvimento de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV de acordo com o sexo dos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil.............................................. 109 xviii Tabela 12. Teste do X2 para verificar a relação do desenvolvimento de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV de acordo com a idade dos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil.............................................. 109 Tabela 13. Relação dos isolados de EFSRV, EFSSV. EFMRV e EFMSV em relação ao desfecho clínico nos episódios de ICS dos pacientes do Projeto SCOPE Brasil................................................................................... 109 Tabela 14. Incongruências nas identificações dos isolados de Enterococcus spp., incluídos no Projeto SCOPE Brasil, pelos sistemas Phoenix e Vitek MS® em relação a PCR, e a sensibilidade à ampicilina e vancomicina.................................................................................................. 138 xix Lista de Quadros Quadro 1. Correlação do valor do score com a confiança na identificação de gênero e espécie, segundo recomendações do manual do programa BioTyper MALDI 3.0..................................................................................... 54 Quadro 2. Oligonucleotídeos utilizados para determinação dos genes van e confirmação da identificação de E. faecalis e E. faecium adaptado de Dutka-Malen et al. (1995)............................................................................. 54 Quadro 3. Oligonucleotídeos utilizados para realização de MLST de E. faecalis e E. faecium.................................................................................... 63 Quadro 4. Condições de ciclagem para a reação de MLST para E. faecalis e E. faecium.................................................................................... 64 Quadro 5. Distribuição das amostras de Enterococcus spp. isoladas de ICS de pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil de acordo com o centro médico e região geográfica onde foram isoladas.............................. 73 xx Lista de Figuras Figura 1. Etapa da transpeptidação: formação das ligações cruzadas nas cadeias peptídicas................................................................................. 37 Figura 2. Ligação entre a vancomicina e a porção terminal D-Ala-D-Ala do peptidoglicano.......................................................................................... 38 Figura 3. Fluxograma dos ensaios laboratoriais realizados com os isolados de Enterococcus spp. incluídos no Projeto SCOPE Brasil............. 47 Figura 4. Distribuição das espécies de Enterococcus isolados de ICS do Projeto SCOPE e identificadas por PCR e MALDI-TOF MS........................ 76 Figura 5. Regressão linear das CIMs de linezolida (A) e daptomicina (B), para os 35 isolados de EFSRV e EFMRV, obtidas por Etest® e microdiluição em caldo sistema Phoenix®. As áreas azuis indicam as CIMs dentro da categoria Sensível, de acordo com os pontos de corte estabelecido pelo CLSI M100-S25............................................................... 80 Figura 6. Distribuição dos 144 isolados de Enterococcus spp., incluídos no Projeto SCOPE Brasil, de acordo com a espécie e a resistência à vancomicina.................................................................................................. 81 Figura 7. Dendrograma UPGMA obtido pelo programa BioNumerics 7.5 após análise do PFGE da similaridade dos isolados de EFSRV, contendo o ST e perfil de sensibilidade aos antimicrobianos....................................... 83 Figura 8. Dendrograma UPGMA obtido pelo programa BioNumerics 7.5 após análise do PFGE da similaridade dos isolados de EFMRV, contendo o ST e perfil de sensibilidade aos antimicrobianos....................................... 85 Figura 9. eBURST de E. faecalis baseado nos STs totais representados pelos isolados contidos no banco de dados on-line E. faecalis MLST, incluíndo os STs dos isolados de EFSRV do Projeto SCOPE Brasil submetidos à técnica de MLST (http://efaecalis.mlst.net )........................... 87 Figura 10. eBURST de E. faecium baseado nos STs representados pelos isolados contidos no banco de dados on-line E. faecium MLST, incluíndo os STs dos isolados de EFMRV do Projeto SCOPE Brasil submetidos à técnica de MLST(http://efaecium.mlst.net)................................................... 88 Figura 11. Dendrograma dos espectros de massas dos 35 ERV, obtido pelo Vitek MS®, incluindo a tipagem por PFGE e MLST (A- E. faecalis e B- E. faecium)............................................................................................... 90 Figura 12. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV obtidos através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 05 picos e B com 10 picos e tipagem por PFGE e MLST......................................................... 92 xxi Figura 13. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV obtidos através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 30 picos e B com 50 picos picos e tipagem por PFGE e MLST................................................ 93 Figura 14. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV, obtidos pelo programa BioTyper 3.1 OC........................................ 94 Figura 15. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) do espectro de massas dos 20 isolados de EFMRV obtido através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 05 picos e B com 10 picos e tipagem por PFGE e MLST......................................................... 96 Figura 16. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) do espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV obtidos através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 30 picos e B com 50 picos e tipagem por PFGE e MLST......................................................... 97 Figura 17. “Pseudogel” dos espectro de massas dos 20 isolados de EFMRV, obtidos pelo programa BioTyper 3.1 OC........................................ 98 Figura 18. Dendrograma do tipo UPGMA obtido através do programa BioNumerics 7.5 dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®...................................................... 100 Figura 19. Dendrograma UPGMA obtido através do programa BioNumerics 7.5 dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®...................................................... 101 Figura 20. Dendrograma do tipo Ward obtido através do programa BioNumerics 7.5 dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®...................................................... 102 Figura 21. “Pseudogel” dos espectro de massas analisados no MALDITOFMicroflex LT® dos 15 isolados de EFSRV, obtidos pelo programa BioNumerics 7.5. A intensidade pré-processamento do espectro de massas pode ser evidenciado com os através da intensidade na cor verde de cada massa.............................................................................................. 103 Figura 22. Dendrograma do tipo Ward obtido através do programa BioNumerics 7.5 dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®...................................................... 104 Figura 23. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®, obtidos pelo programa BioNumerics 7.5. A intensidade pré-processamento do espectro de massas pode ser evidenciado com os através da intensidade na cor verde de cada massa.............................................................................................. 105 xxii Figura 24. Dendrograma do tipo Ward obtido através do programa BioNumerics 7.5 baseado apenas nos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV e dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDITOFMicroflex................................................................................................. 106 Figura 25. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV e dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®, obtido pelo programa BioNumerics 7.5................................................. 107 Figura 26. Distribuição geográfica do número de isolados de EFSRV e EFMRV enviados de acordo com o Centro médico participante.................. 110 Figura 27. Distribuição geográfica dos STs de EFSRV e EFMRV encontrados no estudo de acordo com o Centro médico participante.......... 111 xxiii Resumo Introdução: Infecções de corrente sanguínea (ICS) por Enterococcus spp., especialmente quando relacionadas com isolados resistentes à vancomicina, apresentam altas taxas de morbidade e terapia antimicrobiana limitada. Objetivos: Caracterizar o perfil epidemiológico e molecular de Enterococcus spp. isolados de hemoculturas de pacientes com ICS participantes do programa SCOPE Brasil. Material e Métodos: Entre junho de 2007 e dezembro de 2011, 144 cepas de Enterococcus spp. foram isoladas a partir do primeiro episódio de ICS hospitalar de pacientes de 12 centros médicos de quatro regiões brasileiras. Todas as 144 amostras foram re-identificadas pelo sistema automatizado Phoenix® e a identificação final das espécies foi confirmada por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz - matrix associated laser desorption-ionization - time of flight (MALDI-TOF MS) (Bruker Microflex, Vitek MS® BMX) e reação da polimerase em cadeia (PCR) (oligonucleotídeos, ddlE.faecalis, ddlE.faecium). Além disso, os isolados foram submetidos a testes de sensibilidade aos antimicrobianos pelo sistema Phoenix® e para aqueles que apresentaram resistência à vancomicina, foram submetidos ao Etest® para confirmação das CIMs de daptomicina, linezolida, teicoplanina e vancomicina. O mecanismo de resistência a vancomicina foi confirmado por PCR para os genes vanA e vanB e a tipagem por gel de eletroforese em campo pulsado - pulsed field gel electrophoresis (PFGE) foram feitas para os isolados resistentes à vancomicina. A tipagem pela técnica de sequenciamento de múltiplos loci - multilocus sequence typing MLST foi realizada para 22 isolados selecionados com base nos perfis de PFGE. Avaliou-se a aplicabilidade da técnica de MALDI-TOF MS para tipagem de Enterococcuss spp. comparando os dendrogramas do tipo UHCA e UPGMA com o algoritimo de Ward. Resultados: A espécie mais prevalente foi o E. faecalis com 110 isolados, seguidos por E. faecium com 33 isolados e apenas um E. durans. Todos os 35 isolados resistentes à vancomicina apresentaram o gene vanA, dos quais 15 da espécies E. faecalis (EFSRV) e 20 da E. faecium (EFMRV). De acordo com a PFGE foram encontrados dois padrões (B e C), que prevalecem entre EFSRV entre EFMRV foi observado um maior polimorfismo e três grupos, sendo padrão A, o predominante. MLST evidenciou em E. faecalis os STs 9; 103; 525 e 526. Enquanto em E. faecium STs encontrados foram 18, 412, 478 e 896. Conclusões: E. faecalis foi a espécie mais prevalente. Neoplasias foram as doenças de base mais encontradas. ST526 foi o mais encontrado entre os EFSRV e o ST412 o mais prevalente entre os EFMRV. A tipagem com os espectros produzidos no Microflex LT® e analisados no BioNumerics 7.5 apresentou uma boa concordância com o MLST para E. faecalis, quando utilizado o algoritmo de Ward desconsiderando a intensidade dos espectros. Mesmo utilizando Ward para E. faecium não houve boa correlação com o MLST. xxiv Abstract Introduction: Bloodstream infection (BSI) caused by Enterococcus spp. particulally related to vancomycin-resistant isolates, present high rates of morbi-mortality and limited antimicrobial therapy. Objective: To characterize the epidemiological and molecular profile of Enterococcus spp. isolates from patients of SCOPE Brazilian program followed with BSI from June 2007 to December 2011. Methods: we enrolled 144 strains of Enterococcus spp. isolated from the first hospital episode of BSI of patients admited to 12 hospital from four Brazillian regions . All these 144 isolates were reviewed by the automated system BD PhoenixTM and their final species identification was confirmed by Matrix Associated Laser Desorption-Ionization – Time of Flight (MALDI-TOF) (Bruker Microflex, VitekMS BMX) and PCR (ddlE.faecalis, ddlE.faecium). In addition, the isolates were submited to antimicrobial susceptibility testing by PhoenixBD. Those isolates resistant to vancomycin were also examined using EtestTM to confirm the minimum inhibitory concentration (MIC) for daptomycin, linezolid, vancomycin and teicoplanin. The mechanism of resistance to vancomycin was confirmed by using vanA and vanB gene PCR and pulsed-field gel electrophoresis (PFGE) was used to typing. We performed multilocus sequence typing (MLST) in 22 isolates that were selected based on PFGE profiles. We further evaluated the applicability of Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization Time-ofFlight (MALDI-TOF) technology for Enterococcus spp. typing comparing the dendrograms obtained by UHCA, UPGMA and Ward algoritm. Results: The most prevalent species was E. faecalis (110 isolates), followed by E. faecium (33 isolates) and only one E. durans. All 35 vancomycin resistant isolates (15 E. faecalis, EFSRV and 20 E. faecium, EFMRV) carried vanA gene. According with PFGE analysis, we found the patterns B and C as more prevalent in EFSRV. Among the EFMRV isolates we observed a greater polymorphism (patterns A, B, and C) among all three groups, being predominant the pattern A. We evidenced by MLST the sequence types (STs) 9; 103; 525, and 526 in E. faecalis, whereas 18, 412, 478 and 896 in E. faecium. Conclusions: E. faecalis was the most prevalent specie. Cancer was the most frequent underlying disease on the course of BSI. ST526 and ST412 were the most frequent among EFSRV and EFMRV isolates respectively. EFSRV typing by using Microflex LTTM and BioNumerics 7.5 program correlated with MLST results when Ward's algorithm was applied not taking into account the intensity of the spectra. However, we do not observe the same correlation among EFMRV isolates. xxv Introdução 1. INTRODUÇÃO 26 Introdução Infecção da corrente sanguínea (ICS) é uma das principais causas de mortalidade sobretudo em pacientes hospitalizados, frequentemente está associada a um aumento na taxa de morbi-mortalidade. Além disso, representa uma das mais significativas complicações durante o processo infeccioso, o que torna a hemocultura um exame de importante valor preditivo de infecção (Araújo, 2012). Atualmente, apesar do grande avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos, o procedimento mais utilizado para o diagnóstico etiológico de ICS requer a cultura em meio líquido, continuamente monitorizada, seguida da pesquisa direta pela coloração de Gram e subcultivo para a realização de testes fenotípicos de identificação, automatizados, ou não, seguido do teste de sensibilidade aos antimicrobianos. Esse processo geralmente necessita de 3 a 5 dias (Bizzini et al., 2011). O gênero Enterococcus tem emergido como um dos mais importantes microrganismos multirresistentes nosocomiais, podendo ocasionar uma grande variedade de infecções incluindo as ICSs. Estudos multicêntricos internacionais apontam Enterococcus spp. variando entre o segundo e o oitavo agente mais isolado de ICS (Magil et al., 2014; Billington et al., 2014; Biavasco et al., 2007; Martínez-Ordriozola et al., 2007; Tsai et al. 2005; Wisplinghoff et al., 2004). Em estudos nacionais Enterococcus spp. foi o oitavo microrganismo mais prevalente nas ICS (ANVISA 2014; Gales et al., 2012; Marra et al., 2011) (Tabela 1). 27 Introdução Tabela 1. Dados nacionais dos 10 principais patógenos isolados de ICS em estudos de vigilância epidemiológica que incluem isolados bacterianos brasileiros. Estudo de Vigilância Referência Período Critério Nº de centros médicos UF participantes Total de isolados 10 principais patógenos S. aureus SCoN Klebsiella spp. E. coli Acinetobacter spp. P. aeruginosa Enterobacter spp. Candida spp. Enterococcus spp. Serratia spp. S. maltophilia Proteus spp. Brazilian SCOPE Marra et al., 2011 Jun/2007- Mar/2010 1º episódio de ICS confirmado 16 8 2.447 15,4 13,8 13,2 12,5 8,9 6,1 5,6 4,5 (8º) 3,5 1,6 SENTRY Gales et al., 2012 2005-2008 20 primeiros isolados consecutivos do mês 1 único isolado por paciente 4 4 3.807 % (posição) 20,2 14,5 12,1 12 9,1 8,7 6,1 5 (8º) 3,3 1,9 - ANVISA ANVISA, 2014 Jan a Dez/2012 ICS em UTI 908 27 19.009 16,5 19,9 12,4 5,9 11,4 8,9 4,9 6,3 5,8 (8º) 2,9 - Embora não sejam considerados patógenos primários, o sucesso de Enterococcus spp. em sobrepujar os mecanismos de defesa do hospedeiro e ocasionar ICS pode ser explicado devido a sua grande versatilidade na aquisição de elementos genéticos codificadores de fatores de virulência incluindo mecanismos de resistência aos antimicrobianos (Higuita & Huycke, 2014; Leavis et al., 2007). Entre os principais mecanismos de resistência em Enterococcus destacam-se os genes vanA/B localizados em plasmídeos, resposávies por mutações no alvo da vancomicina, resultado na resistência aos glicopeptídios (Short et al. 2014; Whang et al. 2013). Esse fato representa um grande problema de saúde pública em todo mundo em virtude da limitação terapêutica, proporcionando o aumento da taxa de morbi-mortalidade (Short et al. 2014; Whang et al. 2013). A identificação precoce da espécie de Enterococcus causadora da ICS é de fundamental importância, uma vez que esses patógenos apresentam peculiaridades de virulência, e sobretudo em relação ao perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, impondo a necessidade de uma antibioticoterapia direcionada (Arias & Murray, 2012). A antibioticoterapia empírica administrada para pacientes apresentando sintomas de ICS e com fatores de riscos para Cocos Gram-positivos, sobretudo em hospitais com altos índices de Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina, pode 28 Introdução utilizar uma combinação de antimicrobianos incluindo usualmente a vancomicina (Liu et al., 2011). O aumento frequente de isolados de Enterococcus spp. resistentes à vancomicina (ERV), tem chamando a atenção em várias casuísticas por todo o mundo, levando a falha terapêutica empírica (Billington et al., 2014; Arias & Murray, 2012). Deste modo, a detecção precoce de Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium, sobretudo aqueles apresentando resistência à vancomicina é crucial para o melhor manejo do paciente e controle do uso de antimicrobianos, permitindo direcionamento no tratamento e consequentemente maiores chances de sucesso terapêutico, diminuindo morbi-mortalidade, além da implementação de barreiras para controle da disseminação dos isolados resistentes à vancomicina no ambiente hospitalar (Billington et al., 2014; Sood, et al., 2008; Martínez-Ordriozola et al., 2007; DiazGranados & Jernigan, 2005). Além disso, a confirmação da concentração inibitória mínima (CIM) da vancomicina e confirmação do mecanismo de resistência, geralmente vanA e menos frequentemente vanB, é de fundamental importância, considerando que esses mecanismos são plasmidiais e apresentam transferência horizontal (d’Azevedo et al., 2009; Arias et al., 2009; Toye et al., 1997). As infecções por Enterococcus eram consideradas de fonte endógena da microbiota normal do paciente e sem destaque entre as infecções graves em humanos. Essa perspectiva se modificou de forma significativa, quando os Enterococcus spp. passaram a ser considerados como um dos principais microrganismos isolados de infeções hospitalares. Além disso, a emergência e a disseminação de isolados de Enterococcus spp. multirresistentes e as evidências de aquisição desse microrganismo por fonte exógena tem gerado a necessidade de tipagem dos isolados para auxiliar no controle de infecção e estudos epidemiológicos em várias instituições médicas (Teixeira & Melquior, 2013). Os métodos utilizados para a investigação epidemiológica dos ERV devem ser capazes de subsidiar informações para o controle da disseminação desses microrganismos em diferentes ambientes e entre pacientes (Teixeira & Melquior, 2013; d’Azevedo et al., 2009; Arias et al., 2009; Toye et al., 1997). A utilização de ferramentas moleculares para laboratórios clínicos, sobretudo 29 Introdução no Brasil, ainda parece distante, isso porque as técnicas envolvendo a análise do DNA, mesmo a PCR convencional exigem infraestrutura adequada, necessitanto de equipamentos específicos e material de consumo de alto custo. As técnicas de tipagem molecular mais utilizadas para epidemiologia de isolados multirresistentes são gel de eletroforese em campo pulsado-pulsed field gel electrophoresis (PFGE) e sequenciamento de múltiplos loci - multilocus sequence typing (MLST). A primeira é bastante laboriosa e demorada, necessitando de pelo menos cinco a sete dias para liberação do resultado (Bedendo & Pignatari, 2000; Tenover et al., 1997; Tenover et al., 1995). O segundo requer um sequenciador e a utilização de reagentes também de alto custo, impossibilitando a implantação nos laboratórios de rotina, limitando-se aos laboratórios de pesquisa (Ruiz-Garbajosa et al., 2006; Homan et al., 2002). Uma possível alternativa mais barata seria a utilização da espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz (MALDITOF-MS). Essa representaria um grande avanço, sobretudo pela possibilidade de diagnóstico precoce da espécie de Enterococcus spp. e de vários outros microrganismos, podendo até mesmo identificar o microrganismo diretamente do frasco de hemocultura positivo (Chen et al., 2013). Entretanto, a utilização dessa ferramenta para tipagem de microrganismos ainda não está bem estabelecida (Lash et al., 2014). A padronização de um protocolo utilizando a técnica de MALDI-TOF MS poderia otimizar de forma significativa o diagnóstico do agente infeccioso pela tipagem do mesmo, em tempo reduzido e realizado num mesmo ensaio laboratorial. Uma vez com estrutura montada, os equipamentos de MALDI-TOF MS disponíveis no mercado necessitam apenas de reagentes rotineiros utilizados para realização do ensaio, passando a ser de baixo custo, inclusive, podendo ser produzidos in house (Patel et al., 2015; Lash et al., 2014; Carbonnelle et al., 2011). Existem poucas informações disponíveis sobre as características das ICSs por Enterococcus spp. nos hospitais brasileiros. Deste modo, um estudo multicêntrico incluindo isolados de diferentes regiões do Brasil é de grande importância, identificando as espécies mais prevalentes, bem como suas peculiaridades de sensibilidade aos antimicrobianos e a disseminação clonal dos isolados resistentes à vancomicina. 30 Revisão da Literatura 2. REVISÃO DA LITERATURA 31 Revisão da Literatura 2.1 Caracterização do agente etiológico Espécies de Enterococcus estão amplamente distribuídas na natureza, podendo ser encontradas no solo, plantas, água, alimentos e em animais, incluindo mamíferos, aves, insetos e répteis. Em humanos habitam predominantemente o trato gastrointestinal (Lebreton, Willems & Gilmore, 2014). Esses microrganismos são cocos Gram-positivos podendo se apresentar de forma isolada, aos pares ou em cadeias curtas. Esses não apresentam catalase e costumam crescer em temperaturas entre 10 a 45ºC. São anaeróbios facultativos e a maioria das espécies cresce em meios de cultura líquidos contendo 6,5% de NaCl, sendo também são capazes de hidrolisar esculina em presença de 40% de sais biliares, além de produzirem pirrolidonil arilaminidase (Teixeira et al., 2007). O gênero Enterococcus pertencente a família Enterococcaceae onde são conhecidas atualmente 44 espécies (Higuita & Huycke, 2014; Ludwig, Schleifer, & Whitman, 2009). As espécies mais frequentemente associadas às infecções em humanos são E. faecalis e E. faecium. Outras espécies, tais como E. casseliflavus, E. durans, E. hirae e E. gallinarum são também encontradas em amostras clínicas, no entanto, em menor frequência (Higuita & Huycke, 2014; Hidron et al., 2008; Biviasco et al., 2007; Teixeira et al., 2007). A resistência a vancomicina entre isolados de Enterococcus spp. é um grande problema também no laboratório clínico, uma vez que espécies raramente associadas com infecções em humanos como, E. casseliflavus, E. gallinarum e E. flavescens podem apresentar resistência aos glicopepitídios, devido a presença dos genes vanC1/C2 e C3. Entretanto, esses genes estão localizados no cromossomo e não apresentam um grande impacto epidemiológico na dispersão da resistência no ambiente hospitalar (Fard et al., 2014; Clark et al., 1998, Dutka-Malen et al., 1995). Diferentemente dos gêneros Streptococcus spp. e Staphylococcus spp., os Enterococcus spp. não produzem um conjunto de toxinas pró-inflamatórias potentes, entretanto, apresentam uma grande versatilidade em adquirir genes, muitas vezes codificadores de fatores de virulência, incluindo resistência aos antimicrobianos. Entre os principais fatores de virulência encontrados em Enterococcus spp. estão: adesina, substância de agregação, superóxido extracelular, metaloendopeptidase, citolisina, hialuronidade e proteína de superfície 32 Revisão da Literatura de Enterococcus, que contribui na formação do biofilme e colonização de cateter (Arias & Murray, 2012; Top, Willems & Bonten, 2008; Leavis et al., 2006; Willems et al., 2005). Todos esses fatores associados proporcionam um cenário favorável na adaptação desse microrganismo no ambiente hospitalar (Top, Willems & Bonten, 2008). Deste modo, embora não sejam considerados patógenos primários, eventualmente, estas bactérias conseguem sobrepujar os mecanismos de defesa do hospedeiro, podendo ocasionar uma grande variedade de infecções em humanos, incluindo as ICSs (Park et al. 2009; Singh et al. 2009). Enterococcus spp. resistente à vancomicina (ERV) tem crescido consideravelmente como causa de infecção invasiva em pacientes hospitalizados, sobretudo em unidades de tratamento intensivo (UTI) e em pacientes oncológicos (Reale et al., 2009; Teixeira & Facklam 2003; Franz et al., 1999) diminuindo às opções terapêuticas disponíveis e, consequentemente, contribuindo para aumento da morbi-mortalidade. Deste modo, a detecção precoce de pacientes infectados por ERV é fundamental para adequado manejo do paciente infectado, bem como para o controle da disseminação desse patógeno no ambiente hospitalar (Deplano et al. 2007; Reale et al., 2009). 2.2 Epidemiologia das infecções causadas por Enterococcus spp. Embora saibamos que Enterococcus spp. pode causar infecção humana na comunidade e no hospital, esses microrganismos somente começaram a ser reconhecidos como causas comuns de infecções hospitalares no final de 1970, passando então de simples bactérias de baixa patogenicidade para serem consideradas a segunda ou terceira causa mais comum de infecção nosocomial. Essa evolução adaptativa impôs um dos principais desafios terapêuticos da atualidade, especialmente quando associados com ICS (Biavasco et al., 2007; Tsai et al., 2005; Wisplinghoff et al., 2004). Estudos internacionais mais recentes apontam que Enterococcus spp. esteve entre o terceiro e quinto isolado mais frequente entre as ICS (Billington et al., 2014; Magil et al., 2014). Já os estudos brasileiros apontam Enterococcus spp. como o oitavo microrganismo mais isolado das ICS (ANVISA, 2014; Gales et l., 2012; Marra 33 Revisão da Literatura et al., 2011). Ao longo dos anos, a proporção de infecções enterocócicas provocadas pela espécie E. faecalis em relação às demais chega aproximadamente a 10:1 (Teixeira et al, 2007). Entretanto, nos últimos anos, o que se percebe é um declínio nessa taxa para 3:1 (Higuita & Huycke, 2014; Mundi et al. 2000). Embora E. faecalis continue sendo a espécie mais predominante em infecções clínicas, isolados de E. faecium vêm aumentando gradativamente, provavelmente devido ao maior número de fatores de virulência e aos maiores índices de resistência aos antibióticos ampicilina, gentamicina e estreptomicina e principalmente a resistência à vancomicina, mais comuns nessa espécie (Billström et al., 2007; Edwards, 2000). O espectro de infecções que podem ser causadas por Enterococcus spp. inclui as infecções do trato urinário, infecções de feridas, principalmente as cirúrgicas, assim como as úlceras de decúbito, infecções de pele em queimados, e ICS (Tan, et al., 2010; Carvalho, et al., 2008; Malani et al. 2002). Também podem causar endocardite, infecções pélvicas e intra-abdominais e, mais raramente, infecções no trato respiratório, sistema nervoso central, otite, sinusite, artrite séptica e endoftalmite (Werner, et al., 2008; Teixeira et al., 2007). A patogênese das infecções enterocócicas ainda é pouco compreendida. No entanto, estudos epidemiológicos demonstram a existência da relação entre alguns clones específicos com a ocorrência de surtos hospitalares, sugerindo também um subconjunto de linhagens virulentas como responsáveis por infecções de proporções epidêmicas (Ochoa et al., 2013; Damani et al., 2010; Panesso et al., 2010; Leavis et al., 2006). Entre os principais fatores associados aquisição de ICS por Enterococcus spp. os mais relatados são: pacientes imunocomprometidos, neoplasias, pacientes internados com tempo de hospitalização prolongado, uso de cateter venoso em posição central, presença de cateter vesical e utilização de antibioticoterapia de amplo espectro (Billington et al. 2014; Gudiol et al., 2013; Ghanem et al. 2007; Martínez-Odriozola et al. 2007; Wisplinghoff et al. 2004). Apesar de alguns estudos multicêntricos revelarem controvérsias quanto a resistência de Enterococcus spp. à vancomicina ser um preditor de mortalidade em ICS, a grande maioria desses estudos relatam que o prognóstico é reservado, sobretudo, devido as limitações terapêuticas podendo dificultar a evolução clínica do paciente, e aumentar o índice de mortalidade. No entanto, essa relação pode variar 34 Revisão da Literatura de acordo com a população de pacientes estudada e está diretamente condicionada a condição de base do paciente (Billington et al. 2014; Hayakawa et al., 2014). De acordo com dados do CDC, entre os 20.000 casos de infecções por ERV nosocomiais, houve 1.300 mortes atribuídas somente no ano de 2013, esses dados não incluem apenas ICS. De acordo com a literatura, a resistência à vancomicina pode variar de acordo com a espécie. Considerando as duas espécies mais associadas à infecções em humanos, E. faecium destaca-se com maior índice de resistência à vancomicina, chegando até 78% de resistência, de acordo com os dados reportados por Adam e colabordores (2011), podendo variar conforme a região geográfica e os critérios de cada estudo. Dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) apontam que 77% dos E. faecium foram resistentes à vancomicina (EFMRV) no ano de 2013 nos Estados Unidos/ Já no estudo de Mira e colaboradores (2014), na Sérvia, essa resistência ocorreu em cerca de 54% dos E. faecium. Dados nacionais baseados no Boletim informativo da ANVISA (2014) 48,9% foram EFMRV. Entre os E. faecalis resistentes à vancomicina (EFSRV) os índices são menores. 2.3 Histórico da resistência de Enterococcus spp. à vancomicina A vancomicina é um antimicrobiano bactericida que foi isolado pelo grupo de Eli Lilly em 1956, a partir da fermentação do fungo Amycolatopsis orientalis (relacionado à Nocardia) encontrado em amostras de solo coletado no interior das selvas de Bornéu (Levine, 2006). Com o nome de origem inglesa “to vanquish” (aniquilar, destruir, vencer), vancomicina tornou-se quase uma lenda devido ao seu excelente desempenho frente a cepas de S. aureus resistentes à oxacilina. Possui atividade contra cocos Gram-positivos, C. difficile e Corynebacterium spp., contudo, não possui atividade contra bactérias Gram-negativas e micobactérias (Silveira et al., 2006). Sua disponibilidade para uso clínico ocorreu em 1958, após aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA). Nessa mesma época, outros agentes antiestafilococos (tetraciclinas, cefalosporinas, eritromicina e meticilina) passaram a serem utilizados, recebendo maior aceitação do que a vancomicina devido a sua nefrotoxicidade e ototoxicidade, levando a vancomicina a ser relegado para a posição de uma droga de última instância (Silveira et al., 2006; Griffith, 1981). 35 Revisão da Literatura A vancomicina age impedindo a síntese da parede celular bacteriana, através da ligação na porção terminal D-Ala-D-Ala de um pentapeptídeo encontrado em precursores de peptidoglicano, interferindo na etapa de transpeptidação (Silveira et al., 2006; Eggert et al., 2011) (Figura 1). Fonte: Eggert et al. (2011). Figura 1. Etapa da transpeptidação: formação das ligações cruzadas nas cadeias peptídicas. O peptidoglicano (heteropolissacarídeo, tendo na sua constituição os monossacarídeos ácido N-acetilmurâmico - NAM e N-acetilglucosamina - NAG) é responsável pela rigidez e forma da parede celular bacteriana (Eggert et al., 2011). Especificamente, a vancomicina impede a incorporação do ácido N-acetilmurâmico e do N-acetilglucosamina, que são subunidades constituintes da matriz do peptidoglicano, principal componente estrutural da parede celular das bactérias Gram-positivas (McComas et al., 2003). Com a sua característica hidrofílica, a molécula de vancomicina forma ligações através de seus átomos de hidrogênio com as interações do terminal D-AlaD-Ala ligadas aos peptídeos NAM e NAG. Esses pontos de ligação formados (cinco) previnem a junção entre as subunidades do peptidoglicano (Figura 2) (Silveira et al., 2006; McComas et al., 2003). 36 Revisão da Literatura Fonte: Silveira et al, (2006). Figura 2. Ligação entre a vancomicina e a porção terminal D-Ala-D-Ala do peptidoglicano. A consolidação da vancomicina como um antimicrobiano importante frente a bactérias Gram-positivas multirresistentes, trouxe um período de certa tranqüilidade nos programas de investigação e desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos pelas empresas farmacêuticas. Entretanto, com o surgimento das primeiras cepas de ERV na década de 1970 e a emergência da sua disseminação no ambiente hospitalar, lançou desafios para o tratamento de infecções causadas por esses microrganismos nos últimos anos, levando a necessidade da busca de novos antimicrobianos para o tratamento deste patógeno multirresistente (Silveira et al., 2006). Entre os antimicrobianos lançados nos últimos anos pelas indústrias farmacêuticas para o combate de microrganismos multiresistentes, alguns já foram aprovados pelo FDA como opção terapêutica para os enterococos multiresistentes. Entre os recentes antimicrobianos introduzidos na prática clínica nos últimos anos estão: linezolida (oxazolidinonas); daptomicina (lipopeptídeos cíclicos) e tigeciclina (glicilciclinas). Apesar dos altos custos, podem ser alternativas terapêuticas diante de ERV. Entretanto, esses medicamentos apresentam certas limitações para o uso e a resistência em alguns já foi relatada, por exemplo, E. faecalis são intrinsecamente resistentes a Quinupristina/dalfopristina (Werner et al., 2008). 37 Revisão da Literatura 2.4 Importância da tipagem resistentes à vancomicina molecular de Enterococcus spp. A tipagem molecular de ERV é uma ferramenta importante para vigilância epidemiológica, caracterização de surtos, diagnóstico, tratamento e manuseio dos pacientes que apresentam infecções por microrganismos multirresistentes, sobretudo quando relacionadas à infecções nosocomiais em pacientes debilitados (Arias & Murray 2012). O emprego de métodos moleculares nos últimos anos tem substituído progressivamente ensaios fenotípicos para tipagem de estirpes bacterianas. Entretanto, a tipagem de ERV geralmente é uma ferramenta subutilizada, isso porque a grande maioria dos centros que apresentam ERV como patógeno problema no hospital não apresentam infraestrutura suficiente como salas adequadas, equipamentos e insumos para realização dessas técnicas e ensaios moleculares, geralmente ficando restrito aos laboratórios de pesquisa. Entre as técnicas moleculares de tipagem utilizada na análise de surtos de infecções e na avaliação da disseminação de cepas multirresistentes no ambiente hospitalar, ou mesmo entre diferentes hospitais, utiliza-se principalmente a técnica de PFGE, ainda considerada “padrão ouro” para análise desse tipo de estudo. MLST é técnica mais utilizada para estudos epidemiológicos globais (D’Azevedo et al., 2008; Titze-de-Almeida et al., 2004). PFGE é uma técnica em que as moléculas de DNA são digeridas por endonucleases de restrição (Barbier et al., 1996; Gordillo et al., 1993) gerando produtos de ácidos nucleicos de tamanhos diversos. O polimorfismo do tamanho dos fragmentos de restrição é então usado para discriminar estirpes bacterianas, podendo trazer respostas importantes quanto ao grau de similaridade entre os isolados avaliados (Jayarão, Dore & Oliver, 1992; Miranda, et al., 1991). Embora PFGE seja considerado o "padrão ouro" para tipagem de Enterococcus spp. (Morrison et al., 1997, Olive & Bean, 1999), seu uso é limitado por ser demorado e laborioso (da Silva, et al. 2012; Bebendo & Pignatari, 2002; Miranda, et al., 1991). Além disso, a técnica de PFGE apresenta algumas limitações consideráveis, como por exemplo: o padrão de macrorrestrição encontrado pode variar de acordo com a diferença no tempo de isolamento das amostras analisadas, do tipo de enzima de restrição utilizada no ensaio e também do tipo de análise 38 Revisão da Literatura interpretativa dos resultados, requer um técnico treinado e podendo não discriminar isolados bacterianos não relacionados (Vitali, Gherardi & Petrelli, 2015; Hedberg et al., 2001). Sabe-se também que os resultados do padrão de macrorrestrição podem apresentar variação de leitura interobservador. Algumas bandas de mesmo tamanho podem se sobrepor e dificultar a análise. A mudança em um sítio de restrição pode significar mais do que uma mutação e algumas cepas podem não ser adequadamente discriminadas por essa técnica. Todos esses fatos dificultam a construção de um banco de dados com o padrão de bandas obtidas pela macrorrestrição, o que é praticamente inviável e não parece ser uma proposta do método seguro. Sugere-se que a técnica de PFGE seja utilizada como uma triagem na avaliação de surtos, porém não devendo ser utilizada para análise filogenética (Vitali, Gherardi & Petrelli, 2015; CDC 2013,Hedberg et al., 2001). Mesmo com todas essas limitações, a tipagem por PFGE pode trazer respostas importantes e caracterizar isolados clonais num ambiente hospitalar, sobretudo para análises pontuais, análises de surtos e em número limitado de isolados. Além disso, pode-se também classificar como clonais, isolados considerados pertencentes a grupos moleculares diferentes pela técnica de MLST, assim como classificar como diferentes, espécimes pertencentes ao mesmo Sequence Typing (ST) obtido por MLST (da Silva et al. 2012; Bebendo & Pignatari, 2002). Outra técnica utilizada para tipagem de Enterococcus spp. é a MLST que realiza o sequenciamento de genes conservados (HouseKeeping genes) - avaliando as mutações ocorridas nas sequências dos nucleotídeos (Top, Willems & Bonten, 2008). A técnica de MLST é baseada em diferenças alélicas em sete genes conservados e é a análise atualmente preferida para avaliação de relação clonal podendo ser aplicada para microrganismos de vários gêneros. Entretanto, para o gênero Enterococcus, o método está padronizado apenas para as espécies E. faecalis e E. faecium (Arias & Murray, 2012; Top, Willems & Bonten, 2008). O objetivo dessa técnica é proporcionar um sistema de tipagem preciso e altamente discriminativo que pode ser utilizado para diferenciar vários microrganismos, sobretudo isolados multirresistentes (Arias & Murray, 2012; Willems et al., 2012; Top, Willems & Bonten, 2008; Willems et al., 2005). Essa técnica necessita da utilização de um sequenciador e também requer 39 Revisão da Literatura uma infraestrutura especializada. A análise dos dados deve ser realizada em um programa de análise de sequencias de nucleotídeos, por um profissional habilitado, frente as sequencias consensos submetidas no site www.mlst.net, que contem o banco de dados das sequencias depositadas dos sete alelos dos microrganismos em questão. Esse método de bioinformática permite gerar um número para cada alelo e, em seguida, um conjunto com o número dos sete alelos são submetidos no mesmo site para verificar o número do Sequence Typing/Número da sequencia (ST) (Top, Willems & Bonten, 2008). Também é possível a construção de uma árvore filogenética com relação aos números de loci variantes a partir do primeiro isolado padrão depositado nesse banco de dados, essa análise se chama e-Burst, posicionando o ST encontrado em comparação com todos os STs depositados mundialmente no banco, permitindo avaliar a origem clonal (Top, Willems & Bonten, 2008). A maioria dos STs encontrados entre isolados E. faecalis, de origem hospitalar, estão normalmente relacionados aos dois complexos clonais mais importantes nessa espécie, CC2 e CC9 (van Schaik & Willems, 2010; RuizGarbajosa et al., 2006). O aumento da frequência de isolamento de E. faecium em todo o mundo é devido à presença de uma subpopulação policlonal (geralmente pertencentes ao complexo clonal 17 (CC17) (Willems & van Schaik, 2009; Willems, 2005). Alguns autores sugerem que isolados de origem hospitalar geralmente estão associados aos STs supracitados (Galloway-Pena et al., 2012; van Schaik et al., 2010; Willems et al., 2009). As linhagens de E. faecium, derivadas do CC17, são caracterizadas por apresentar resistência à ampicilina e quinolonas, e à presença dos genes esp (enterococcal surface protein), que confere facilidade de adesão em superfícies, como cateter, e gene hyl (hialuronidase) por exemplo (da Silva et al., 2012; Freitas et al., 2010; Willems et al., 2001). No Brasil, estudos de tipagem de ERV por MLST de diferentes amostras clínicas humanas evidenciam a presença dos STs 525 e 526 entre isolados de E. faecalis resistentes à vancomicina (EFSRV) (De Almeida, et al. 2014) e ST 103, encontrado por Merlo et al. (2015). Outros estudos envolvendo tipagem de E. faecium resistentes à vancomicina (EFMRV) apresentam predominantemente os STs 412 e 478, que são derivados do CC17 (Merlo et. al., 2015; da Silva et al., 2012; Palazzo et al., 2011). 40 Revisão da Literatura A utilização de sequenciamento do genoma microbiano total tem sido descrita como uma ferramenta completa, por informar além das mutações ocorridas em genes conservados, a presença de assinaturas moleculares presentes nos microrganismos, como fatores de virulência e mecanismos de resistência. Entretanto, a utilização dessa ferramenta para os laboratórios clínicos ainda representa uma perspectiva de longo prazo, já que os equipamentos que realizam o sequenciamento total são de alto custo, dificultando a utilização do método para uso rotineiro. Além disso, a maior dificuldade na metodologia pode está relacionada com a análise e interpretação dos resultados devido ao grande número de informações geradas (MacLean, Jones & Studholme 2009). A tipagem molecular pode fornecer informações importantes sobre a variabilidade fenotípica de ERV, como distribuição geográfica, a patogenicidade, e mecanismos de virulência incluindo resistência aos antimicrobianos. A tipagem de ERV tem uma aplicação direta no estudo da dinâmica desses e sua dispersão no ambiente hospitalar. Essa metodologia pode fornecer subsídios para compreender o comportamento das infecções causadas por esses microrganismos, incluindo o aumento da virulência e transmissibilidade dos isolados, a resistência a múltiplos antimicrobianos e o melhor gerenciamento de controle do uso racional de antimicrobianos. Além disso, essas informações permitem também adequar a padronização dos protocolos de tratamento empíricos, sobretudo nas ICSs, através do manejo mais individualizado dos pacientes portadores de EFSRV e ou/ EFMRV, como a implantação de barreiras para conter a disseminação do patógeno, evitandose a transmissão para outros pacientes e para o ambiente hospitalar (Ochoa et al., 2013; d'Azevedo, et al., 2009; Furtado, et al., 2005). 41 Objetivos 3. OBJETIVOS 42 Objetivos 3.1 Objetivo Geral Caracterizar o perfil epidemiológico e molecular de Enterococcus spp. isolados de hemoculturas de pacientes com ICS participantes do programa SCOPE Brasil. 3.2 Objetivos Específicos Verificar a prevalência das espécies de Enterococcus isoladas do primeiro episódio de ICS em pacientes pertencentes ao estudo SCOPE Brasil; Verificar a prevalência das doenças de bases e fatores associados ao desenvolvimento de ICS E. faecium e E. faecalis, de acordo com as fichas clínicas. Verificar a acurácia entre os métodos de identificação fenotípica e os métodos moleculares; Avaliar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos entre os isolados de Enterococcus spp. e a prevalência dos genes van entre os isolados de EFSRV e EFMRV de acordo com a região geográfica; Avaliar a tipagem molecular dos isolados de EFSRV e EFMRV pelos métodos de PFGE e MLST; Verificar a aplicabilidade da técnica MALDI-TOF MS para a tipagem molecular de ERV. 43 Material e Métodos 4. MATERIAL E MÉTODOS 44 Material e Métodos 4.1 Desenho do estudo Este estudo é um seguimento do projeto SCOPE Brasil, que por sua vez é uma extensão de um estudo realizado na Virginia Commonwealth University, nos Estados Unidos, denominado de SCOPE (Surveillance and Control of Pathogens of Epidemiological Importance). O estudo foi coordenado pelos Doutores Richard P. Wenzel e Michael B. Edmond (Wisplinghoff et al. 2004), que mostraram dados epidemiológicos sobre mais de 24.000 ICSs em 49 hospitais americanos durante um período de sete anos. O SCOPE Brasil foi realizado entre os anos de 2006 e 2012, com a participação de 16 centros hospitalares pertencentes as cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). Apenas 12 centros médicos enviaram amostras de Enterococcus spp. entre os anos de 2007 e 2011, que foram submetidas a caracterização microbiológica e molecular, cujo fluxograma dos ensaios desenvolvidos estão demonstrados na Figura 3. As amostras de Enterococcus spp. foram submetidas à caracterização fenotípica, à análise macro e micromorfológica e à identificação bioquímica pelo sistema automatizado Phoenix®. A identificação foi confirmada através da técnica de MALDI-TOF e PCR. O teste de sensibilidade aos antimicrobianos foi realizado pelo método de microdiluição utilizando o sistema automatizado Phoenix®. As amostras resistentes à vancomicina foram submetidas ao E-test® e PCR para detecção dos genes vanA e vanB. Também foi realizada nesses isolados tipagem molecular pelas técnicas de PFGE e MLST. Também avaliamos a aplicabilidade da técnica de espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz (MALDITOF-MS) para tipagem de Enterococcus spp. O fluxograma dos ensaios realizados pode ser visualizado na Figura 3. 45 Material e Métodos ERV= Enterococcus spp. resistentes à vancomicina; ESV= Enterococcus spp. sensíveis à vancomicina; DP= daptomicina; LZ= linezolida; TC=teicoplanina;VC= vancomicina ID= identificação das espécies. Figura 3. Fluxograma dos ensaios laboratoriais realizados com os isolados de Enterococcus spp. incluídos no Projeto SCOPE Brasil. 4.2 Seleção das amostras Foram incluídas 144 amostras de Enterococcus spp. isoladas de ICS e coletadas entre os anos de 2007 e 2011. As amostras clínicas incluídas no estudo foram oriundas de 12 centros médicos brasileiros, pertencentes ao programa SCOPE (Surveillance and Control of Pathogens of Epidemiological Importance), conforme descrito na (Tabela 2). 46 Material e Métodos Tabela 2. Centros médicos participantes do Projeto SCOPE Brasil e que enviaram amostras de Enterococcus spp. Nº Centros* Centro Médico Cidade/UF 1 Hospital São Paulo São Paulo/SP 2 Hospital do Rim e Hipertensão São Paulo/SP 3 Hospital Estadual de Diadema Diadema/SP 4 Instituto de Oncologia Pediátrica IOP/GRAAC São Paulo/SP 5 Hospital Nove de Julho São Paulo/SP 6 Hospital Israelita Albert Einstein São Paulo/SP 7 Santa Casa de Porto Alegre Porto Alegre/RS 9 Hospital Universitário Walter Cantídio Fortaleza/CE 10 Hospital Santa Casa do Pará Belém/PA 12 Hospital das Clínicas de Goiânia Goiânia/GO 13 Hospital de Base de Brasília Brasília/DF 15 Hospital Espanhol de Salvador Salvador/BA *Os centros de Nº 8, 11, 14 e 16 não enviaram amostras de Enterococcus spp. 4.3 Critérios de inclusão das amostras As ICSs hospitalares foram definidas pelo isolamento de uma ou mais amostras de hemoculturas positivas após pelo menos 48 horas da admissão do paciente no hospital. Foi incluída no estudo apenas uma amostra de cada paciente, sendo esta a primeira amostra positiva caracterizada como de origem hospitalar. Para a inclusão no estudo, alguns critérios de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) foram considerados, tais como: Febre com temperatura corporal acima de 38 oC ou hipotermia com temperatura corporal abaixo de 36 oC; Taquicardia com frequência cardíaca acima de 90 bpm; Taquipnéia com frequência respiratória acima de 20 irpm, ou hipocapnéia (pressão parcial de CO 2 < 32 mmHg); Leucocitose ou leucopenia com leucócitos acima de 12.000 cels/mm 3 ou abaixo de 4.000 cels/mm 3, ou presença de mais de 10% de formas jovens (bastões). Além dos isolados clínicos, as cepas padrão American Type Culture Collection (ATCC) de S. aureus 29213 e E. faecalis 29212, foram utilizadas para o controle de qualidade dos ensaios laboratoriais, sobretudo, em relação aos testes de 47 Material e Métodos sensibilidade aos antimicrobianos, conforme as recomendações do documento M100-S25 do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI, 2015). 4.4 Identificação dos isolados clínicos 4.4.1 Avaliação da pureza e viabilidade das amostras As amostras foram recebidas em swab contendo meio de Amies com carvão ativado, a fim de manter a viabilidade dos microrganismos durante o transporte dos mesmos até o Laboratório Especial de Microbiologia Clínica (LEMC), onde as amostras foram semeadas em ágar sangue e, em seguida subcultivadas e incubadas a 35 ± 1 °C durante 24 horas. As amostras consideradas puras foram armazenadas em Tripticase Soy Broth - caldo tríptico de soja (TSB) contendo 20% de glicerol a -70°C, até serem submetidas aos testes laboratoriais. Antes de cada ensaio laboratorial, os isolados foram submetidos a dois repiques sucessivos em ágar sangue. 4.4.2 Re-identificação bacteriana por método fenotípico Todos os microrganismos recebidos vieram previamente identificados pelo centro de origem. Entretanto, todos os isolados bacterianos incluídos no estudo foram re-identificados, para uniformizar a plataforma de identificação bioquímica de Enterococcus spp. Deste modo, a identificação inicial do microrganismo foi baseada nas características macromorfológicas em ágar sangue (colônias geralmente ou α hemolíticas; apesar da literatura relatar que algumas amostras podem apresentar hemólise β, nenhum dos isolados incluídos neste estudo apresentaram esse tipo de hemólise). Em seguida, com a colônia suspeita foi realizado esfregaço em lâmina que foi corado pelo método de Gram, para avaliação das características morfotintoriais. Todos os isolados foram submetidos à identificação bioquímica e teste de sensibilidade através do sistema automatizado Phoenix® (Becton Dickinson Microbiology Systems, Coceysville, Md) utilizando o painel PMIC/ID105. Os painéis combinados do sistema Phoenix permitem realizar simultaneamente testes de identificação e sensibilidade aos antimicrobianos. O painel combinado compõe-se de dois lados: um lado para identificação do microrganismo, chamado ID, com substratos desidratados para a identificação e um 48 Material e Métodos lado para o teste de sensibilidade aos antimicrobianos, chamado AST, com diversas concentrações de agentes antimicrobianos, controles de crescimento e de fluorescência, para determinar a sensibilidade das bactérias. O lado ID do painel PMIC/ID 105 apresenta 51 cavidades contendo diversos testes bioquímicos convencionais, cromogênicos e fluorogênicos para determinar a identificação do organismo. O princípio do método está relacionado à utilização e degradação de substratos específicos como carboidratos e compostos aminados, e consequente alteração do pH que é detectada por diversos indicadores colorimétricos e fluorimétricos. Além disso, existem outros testes que detectam a capacidade do microrganismo de hidrolisar, degradar, reduzir ou utilizar determinados substratos. Entre os substratos presentes no PMIC/ID 105, utilizados para identificação da espécie, estão: 4mu-bd-celobiosidio, L-alanina-amc, 4mu-bd-glucosidio, L-prolinaamc, ácido-amc L-piroglutâmico, L-fenilalanina-amc, L-triptofano-amc, 4mu-fosfato, metionina-amc, 4mu-ad-glucosidio, arginina-amc, Glicina-prolina-amc, 4mu-bdglucuronidio, L-leucina-amc, 4mu-n-acetil-bdglucosaminidio, L-arginina-amc, 4mufosfato (com trealose), L-histidina-amc, L-isoleucina-amc, 4mu-bd-galactosidio, colistina, polimixina B, ácido D-glucônico, ácido 3-metil glutárico, D-fructose, ácido iminodiacético, ácido alfa-cetoglutárico, D-manitol, 3-metiladipico, timidina, alaninaalanina-pna, L-prolina-pna, valina-alanina-pna, pnp-ad-glucosidío, pnp-fosfato, betagentiobiose, d-sucrose, maltotriose, N-acetil-glucosamina, D-trealose, D-tagatose, maltose, dextrose, uréia, esculina, nitrocefin, metyl-alfa-dglucopiranosidio. 4.4.3 Identificação por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz / Matrix Associated Laser DesorptionIonization – Time of Flight (MALDI-TOF MS) A identificação do microrganismo se baseia na análise dos perfis de proteínas detectados diretamente da colônia bacteriana (Vitek MS® BMX) ou após uma extração prévia das proteínas ribossomais totais (Microflex LT®) que são aplicadas num suporte de metal. Após a colônia diretamente inoculada ou o extrato proteico secar no suporte, uma matriz específica (o ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico - HCCA) é aplicada sobre o mesmo, após secagem da matriz, a mistura é irradiada com laser. A matriz absorve a luz do laser e ocorre a dessorção, juntamente com as moléculas das proteínas, no processo de ganho de carga elétrica (ionização). Os 49 Material e Métodos campos elétricos conduzem os íons para o tubo do espectrômetro de massa (tempo de voo), que os separa de acordo com a sua relação massa/carga (m/z), e por fim, a quantidade de cada íon é medida. A detecção é efetuada no fim do tubo de vácuo. Os perfis de massas/carga obtidos são comparados com espectros de referência contidos nos bancos de dados, através da criação de diversos algoritmos pertencentes a cada sistema (Keys et al., 2004; Fenselau & Demirev, 2001; Demirev et al., 1999 Krishnamurthy & Ross, 1996; Karas & Hillenkamp, 1988; Tanaka et al., 1988). O equipamento Microflex LT® MALDI-TOF adquire os espectros e o programa BioTyper analisa no máximo 96 amostras por corrida e disponibiliza placas de metal reutilizáveis, já o VITEK MS® analisa quatro placas descartáveis de 48 amostras cada (172 amostras em uma única corrida), porém, devem ser analisadas de 16 em 16 ou os spots remanescentes serão inutilizados (Patel, 2013). 4.4.3.1 Identificação (BioMérieux) das espécies de Enterococcus por Vitek MS® O sistema VITEK MS® recomenda a análise dos padrões de proteínas detectados diretamente dos microrganismos, por isso, não foi realizada a extração de proteínas conforme descrito anteriormente. apesar da possibilidade de analisar até 172 amostras em uma única corrida, em cada dia do ensaio, foram analisadas apenas 48 amostras em duplicata. Deste modo, algumas colônias de cada microrganismo foram cuidadosamente inoculadas diretamente no suporte descartável a fim de preencher toda a superfície do spot, além disso, entre cada grupo de 16 amostras, foi inoculada também uma cepa controle E. coli ATCC 25922 como calibrante. Após a secagem das amostras e do calibrante à temperatura ambiente, adicionou-se 1 µL da matriz ácido α-ciano-4hidroxinâmico (HCCA 10mg/mL) (BioMérieux) sobre cada amostra. Os espectros de massa gerados de acordo com o perfil proteico de cada amostra foram comparados com uma série de espectros depositados no programa Saramis® (v.4.1.2) (Spectral Archiving and Microbial Identification System, AnagnosTec, Postdam-Golm, Alemanha, www.anagnostec.eu). Para identificação das espécies, optamos pelo programa Saramis® que permite identificação dos microrganismos, bem como avaliação de similaridade por perfil proteico, diferentemente do programa Myla®, que apenas realiza a 50 Material e Métodos identificação. Portanto, a identificação foi baseada na similaridade do espectro do microrganismo testado com aquele de referência no banco de dados, denominado de superespectro, que representa o espectro de picos conservados derivados de múltiplos isolados de uma espécie ou grupo em particular. O superespectro exige que pelo menos 75% dos picos correspondentes de uma amostra sejam semelhantes em relação ao seu banco de dados para gerar um resultado de identificação. O valor atribuído relaciona-se à especificidade destes para a espécie ou gênero em questão. Estes valores de confiança variam de 0 a 100% (Patel, 2015). Resultados acima de 90.1% são considerados confiáveis para a identificação do gênero e da espécie; entre 80.1 – 90.0 identificação confiável para o gênero bacteriano e, provavelmente, para a espécie; entre 75.0 e 80.0, identificação provável somente do gênero. Os espectros foram analisados em um intervalo de 2.000 a 20.000 m/z, onde m representa a massa e z representa o número da carga de íons Como controle da extração e da leitura das proteínas foi utilizada a cepa E. coli DH5α como calibrante, conforme recomendação do fabricante. Além disso, foram utilizadas como controles externos de identificação as cepas de E. faecalis ATCC 29212, E. faecalis ATCC 51299 e E. faecium ATCC 700221 (Manual do usuário VitekMS®; Patel et al., 2015). 4.4.3.2 Identificação das espécies de Enterococcus por Microflex LT® MALDI-TOF BioTyper (Bruker Daltonics) Para a leitura das massas das amostras bacterianas pelo equipamento Microflex LT®, foi realizada a extração das proteínas ribossomais pelo método de ácido fórmico/acetonitrila conforme recomendações do manual do equipamento. Foram selecionadas de cinco a sete colônias bacterianas, as quais foram ressuspensas em 300 μL de água destilada estéril em tubo de polipropileno de 1,5 mL. A esta mistura, foi adicionado 900 μL de etanol absoluto (Carlo Erba, Rodano, Milão, Itália) e centrifugado por 2 minutos a 13.000 rotações por minuto (rpm). Após a centrifugação, todo o sobrenadante foi descartado e o precipitado ressuspenso em 50 μL de ácido fórmico 70% (Sigma Aldrich, St. Louis, Missouri, EUA). Após vigorosa agitação, 50 μL de acetonitrila pura (Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha) foram adicionados e a solução foi novamente centrifugada por 2 minutos a 13.000 rpm 51 Material e Métodos (Marko et. al, 2012). Em seguida, 1 µL do sobrenadante foi adicionado em placa de aço inoxidável, própria para uso no equipamento. Após a extração das proteínas ribossomais, cada amostra foi inoculada em triplicata para a avaliação da reprodutibilidade da identificação bacteriana. Após a secagem das amostras e do calibrante à temperatura ambiente, adicionou-se 1 µL da matriz ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico (HCCA 10mg/mL) (Sigma Aldrich, St. Louis, Missouri, EUA) sobre cada amostra. O Microflex LT® MALDI-TOF BioTyper analisa no máximo 96 amostras por corrida e disponibiliza placas de metal reutilizáveis. Deste modo, cada placa continha 31 amostras em triplicata além do calibrante (em um spot). Posteriormente, a placa foi introduzida no espectrômetro de massas Microflex LT® MALDI-TOF BioTyper (Bruker Daltonics, Alemanha). Esse equipamento encontra-se alocado no Departamento de Biofísica da UNIFESP. Os espectros de massa gerados de acordo com o perfil proteico de cada amostra foram obtidos através do programa FlexControl versão 3.3 em seguida os dados foram importados e comparados com uma série de espectros depositados no banco de dados do programa BioTyper MALDI OC 3.1 (Bruker Daltonics, Alemanha) para que a identificação da espécie bacteriana fosse realizada. Os critérios de identificação bacteriana utilizados são aqueles especificados pelo próprio fabricante: scores ≥ 2.3 foram considerados confiáveis para a identificação do gênero e da espécie; entre 2.0 e 2.2, identificação confiável para o gênero bacteriano e, provavelmente, para a espécie; entre 1.7 e 1.9, identificação provável somente do gênero, enquanto scores de identificação abaixo de 1,7 foram considerados como não confiáveis (Quadro 1). Nesse estudo os scores ≥ a 2.0 foram considerados confiáveis para identificação de espécie (Maldi BioTyper 3.1 OC, User Manual). Os espectros foram analisados em um intervalo de 2.000 a 20.000 m/z. Como controle da extração e da leitura das proteínas foram utilizadas as cepas E. faecalis ATCC 29212 e E. coli ATCC 25922. 52 Material e Métodos Quadro 1. Correlação do valor do score com a confiança na identificação de gênero e espécie, segundo recomendações do manual do programa BioTyper MALDI 3.0. Variação do Score 2.300 – 3.000 Alta confiabilidade na identificação de espécie 2.000 – 2.299 Identificação do gênero confiável, identificação da espécie provável 1.700 – 1.999 Provável identificação do gênero 0.000 – 1.699 Identificação não realizada Descrição 4.4.4 Identificação molecular 4.4.4.1 Multiplex PCR para identificação de espécie e genes van Para confirmação da identificação das espécies e dos genes van (para amostras que apresentaram resistência para pelo menos um dos glicopeptídeos testados), foram realizados ensaios de PCR multiplex com o DNA genômico de todas as amostras com posterior amplificação dos genes vanA, vanB, vanC1, vanC2-C3, ddlE.faecalis e ddlE.faecium, segundo Dutka-Malen et al. (1995) com algumas modificações: incluímos a pesquisa do gene 16S como controle de extração. A pesquisa dos genes vanC1 e vanC2/C3 foi realizada apenas quando a PCR não amplificou bandas para E. faecalis ou E. faecium. Os oligonucleotídeos utilizados estão descritos no (Quadro 2). Quadro 2. Oligonucleotídeos utilizados para determinação dos genes van e confirmação da identificação de E. faecalis e E. faecium adaptado de Dutka-Malen et al. (1995). Gene Tamanho do fragmento 16S (8F/1493R) 1485 produto de PCR ddlE. faecalis 941 ddlE. faecium 550 vanA 732 vanB 635 vanC-1 822 vanC-2/C-3 439 Sequências (+ 5` - 3`) Posição + AGA GTT TGA TCC TGG CTC AG - ACG GCT ACC TTG TTA CGA CTT + ATC AAG TAC AGT TAG TCT - ACG ATT CAA AGC TAA CTG + TAG AGA CAT TGA ATA TGC C - TCG AAT GTG CTA CAA TC + GGG AAA ACG ACA ATT GC - GTA CAA TGC GGC CGT TA + ATG GGA AGC CGA TAG TC - GAT TTC GTT CCT CGA CC + GGT ATC AAG GAA ACC TC - CTT CCG CCA TCA TAG CT + CTC CTA CGA TTC TCT TG - CGA GCA AGA CCT TTA AG 8 - 27 1493 - 1473 98 – 116 1038 – 1021 ----175 – 191 907 – 891 173 – 189 807 – 791 246 – 272 1067 – 1051 455 – 486 885 – 869 Conteúdo GC (%) 50 48 38 39 37 39 53 53 53 53 53 50 47 47 53 Material e Métodos 4.4.4.2 Extração do DNA genômico O DNA genômico foi obtido pelo método de extração do fenol-clorofórmio, utilizando Brazol® (LGC Biotecnologia Ltda.). Para tanto, 500µL do inóculo bacteriano (ajustado à escala 1 de McFarland: cerca de 3 x 108 UFC/mL) foi adicionado a um microtubo de 1,5mL e acrescido de 500µL de Brazol. A solução foi homogeneizada por 5 segundos no agitador mecânico e em seguida, foram adicionadas esferas de vidro de 0.5 mm de diâmetro. O conjunto foi submetido à agitação por 10 minutos no desruptor de células Genie® (Scientific Industries, Inc EUA). Uma alíquota foi transferida para um novo tubo ao qual foram acrescentados 180 µL de clorofórmio gelado e a mistura homogeneizada por 5 segundos no agitador. A solução foi centrifugada a 20.000 g por 12 minutos a 8oC. O sobrenadante foi retirado, transferido para outro tubo contendo 500 µL de etanol gelado, agitado por cerca de 5 segundos e centrifugado a 20.000g por 12 min a 8 oC. Desta vez o sobrenadante foi desprezado e ao material precipitado foram adicionados 500 µL de etanol gelado. O tubo foi novamente centrifugado a 20.000g por 12 min a 8oC. O sobrenadante foi desprezado e o DNA precipitado foi deixado a secar em temperatura ambiente até que todo etanol evaporasse. Posteriormente foram adicionados 50 µL de água ultra pura (Invitrogen ®, Thermo Fisher Scientific Inc.) e o tubo colocado a 65ºC por 30 minutos para eluição completa do DNA. O DNA extraído, foi quantificado em espectrofotômetro (GeneQuantpro, Amersham Pharmacia Biotech, Cambridge, Inglaterra) por verificação da absorbância da Densidade Óptica (DO) em 260nm. Segundo Sambrook et al. (1989) a absorbância igual a 1 contém uma concentração de 50 µg/mL de DNA de fita dupla. Também foi medida a absorbância da DO em 280nm para detectar a presença de proteínas e calcular a pureza do DNA. A razão entre as leituras DO260nm/DO280nm permite uma estimativa da pureza do DNA, cujo ideal encontra-se entre 1,8 e 2,0. A razão abaixo de 1,6 indica grande quantidade de proteínas e contaminantes, e na sua ocorrência, a extração foi realizada novamente. 4.4.4.3 Reação da PCR Para cada reação da PCR foram adicionados em microtubos de 0,2 mL os seguintes componentes: 10 µL da PCR Master Mix GoTaq® Green 2X (Promega, 54 Material e Métodos Madison, WI, EUA): [Taq DNA polimerase 50 µg/mL em tampão com pH 8.5, deoxinucleotídeos (dATP, dGTP, dCTP, dTTP, 400 µM cada) e 3mM de MgCl2]; 0,5 µL de cada oligonucleotídeo a 20 µM (vanA F/R; vanB F/R; ddlE. faecium faecalis F/R e ddlE. F/R); 1 µL do DNA extraído [1pmoL] e 5 µL de água MiliQ estéril, obtendo um volume final de 20 µL. As amplificações foram realizadas em um termociclador MasterCycler gradient (Eppendorf, Hamburgo, Alemanha), sob as seguintes condições: Ciclo de desnaturação inicial de 95°C por 10 minutos, seguido de 35 ciclos a 95°C 1 minuto (desnaturação); 50°C 1 minuto (hibridização); 72°C 1 minuto (extensão). Para o ciclo de extensão final, foi utilizada a temperatura de 72°C por 10 minutos. O termociclador foi programado para manter as reações a 4°C até a sua retirada do aparelho. O perfil dos amplicons foi analisado por separação eletroforética em gel de agarose (Ultra Pure Agarose-Invitrogen) na concentração de 1,0% (w/v). Um grama de agarose foi dissolvido em 100 mL da solução tampão Tris-Borato-EDTA (TBE) [90 mM Tris base; 90 mM ácido bórico; 2 mM EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético bisódico)] 0,5X, fundido em microondas e acrescido de 4 µL de brometo de etídio 0,5 µg/mL (USB Corporation, Cleveland, EUA). A separação eletroforética foi realizada com o gel imerso no tampão de corrida (TBE 0,5X), a 120 voltz x 90 mA durante 40 minutos. Foram adicionados 10 µL de cada produto de PCR nos orifícios do gel e para estimativa do tamanho das bandas do produto amplificado (amplicom) utilizouse 6 µL do marcador de peso molecular de 100 pares de base (pb) (Invitrogen, Carlsbad, Califórnia, EUA), corridos paralelamente às amostras. O sistema de transiluminador de luz ultravioleta associado a uma câmera fotográfica (UVP – BioDoc – it TM System) foi utilizado para captura das imagens que foram utilizadas para análise dos fragmentos amplificados. 4.5 Avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos A avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos foi realizada pelo método de microdiluição em caldo utilizando o sistema automatizado Phoenix® conforme recomendações do documento M100-S25 do CLSI, além disso, a metodologia de teste elipsométrico, Etest®, foi utilizada para avaliação das concentrações inibitórias mínimas (CIM) de daptomicina, linezolida, teicoplanina e vancomicina, apenas para 55 Material e Métodos os isolados que apresentaram resistência parcial ou total a quaisquer dos seguintes antimicrobianos: glicopepitídio, linezolida e/ou daptomicina, pelo método Phoenix®. Para controle da qualidade e confiabilidade dos resultados obtidos pelos testes de sensibilidade, foram incluídas duas cepas conhecidas, E. faecalis ATCC 29212 e S. aureus ATCC 25923 como microrganismos-controle, e os pontos de corte de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados conforme as orientações estabelecidas pelo documento CLSI M100-S25, 2015 (Tabela 3). Tabela 3. Pontos de corte de sensibilidade aos antimicrobianos estabelecidos para Enterococcus spp. pelo CLSI, documento M100-S25 segundo tabelas 2D e 3I. Antimicrobianos Ampicilina Daptomicina Gentamicina-sinergismo Linezolida Estreptomicina-sinergismo Teicoplanina Vancomicina Categoria de sensibilidade (µg/mL) Sensível Intermediário Resistente ≤8 --≥ 16 ≤4 ----≤ 500 --> 500 ≤2 4 ≥8 ≤ 500 --≥ 1000 ≤8 16 ≥ 32 ≤4 8 - 16 ≥ 32 Para avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos, foram avaliadas a porcentagem de sensibilidade, e as concentrações inibitórias mínimas capazes de inibir 50% e 90% da amostragem, respectivamente CIM50 e CIM90. 4.5.1 Microdiluição em caldo automatizada pelo sistema Phoenix® O método Phoenix AST (Antimicrobial Susceptibility Test - teste de sensibilidade) consiste em um teste de microdiluição em caldo. O sistema apresenta 85 cavidades contendo antimicrobianos liofilizados em um gradiente de concentração seriada. Para realizar a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) utilizou-se um indicador de redox (resazurina, fornecido no kit) para detectar o crescimento bacteriano na presença de um agente antimicrobiano. Para determinar o crescimento bacteriano, utilizaram-se contínuas medições das mudanças ocorridas no indicador, assim como a turbidez gerada pelo crescimento do microrganismo. O inóculo foi obtido através de solução salina (caldo ID Phoenix®) e ajustado à escala 0,5 de McFarland. A inoculação é realizada com o painel inclinado e os orifícios de inoculação (ID e AST) localizados na parte superior e os inóculos 56 Material e Métodos específicos adicionados manualmente. O inóculo fluiu para baixo em forma de espiral e preenche as cavidades do painel à medida que o líquido passa para a almofada, onde o excesso é absorvido. As tampas são colocadas manualmente nos orifícios de inoculação. Na linha divisória da tampa do painel existe uma abertura que permite a entrada de ar, para garantir suficiente tensão de oxigênio no painel durante a realização do teste. Entre os antimicrobianos disponíveis no painel PMIC/ID105, avaliamos a sensibilidade frente aos seguintes: ampicilina (AM), daptomicina (DP), estreptomicina sinergismo (STS), gentamicina Sinergismo (GMS), linezolida (LZ) e vancomicina (VC), os intervalos das concentrações dos antimicrobianos podem ser visualizados na Tabela 4. 4.5.2 Etest® O inóculo foi preparado em solução salina e ajustado à escala 0,5 de McFarland. As placas de Müeller-Hinton cátion-ajustado foram mantidas à temperatura ambiente por 30 minutos antes do início do ensaio. Um volume de 100 µL referente a cada inóculo foi dispensado sobre a superfície do ágar e distribuído de forma homogênea, em quatro direções diferentes, com auxílio de zaragatoa alginatada. A seguir, as placas foram deixadas abertas, em fluxo laminar, por 15 minutos ao menos, para absorção do inóculo pelo ágar. As fitas de Etest® de daptomicina (suplementada com cálcio diretamente peloo fabricante), linezolida, teicoplanina e vancomicina (com gradiente de concentração entre 0,016 a 256 µg/mL, Tabela 4), foram aplicadas no ágar inoculado conforme orientações do fabricante (Etest® Guide, BioMérieux, EUA). As placas foram incubadas em estufa a 35 2º C por 24 horas. A interpretação da CIM foi realizada considerando a intersecção entre a fita de Etest® e a zona elíptica de inibição de crescimento bacteriano. Quando a intersecção localizou-se entre duas numerações, foi considerada a concentração acima da intersecção. As CIMs de daptomicina e linezolida obtidas por Etest® foram comparadas com aquelas obtidas pelo Phoenix®, apenas para os isolados que apresentaram-se resistentes à vancomicina pelo Phoenix®. 57 Material e Métodos Tabela 4. Intervalo das concentrações utilizadas por cada metodologia de teste de sensibilidade aos antimicrobianos e pontos de corte esperados para cepas padrão ATCC de acordo com o documento M100-S25, CLSI 2015. Antimicrobianos/Metodologia Phoenix ® Ampicilina Daptomicina Gentamicina-sinergismo Linezolida Estreptomicina-sinergismo Vancomicina E-test ® Daptomicina Linezolida Teicoplanina Vancomicina 4.6 Sigla AM DP GMS LZ STS VA Sigla DP LZ TC VC Intervalo (µg/mL) 0.125 – 16 0.25 – 4 500 0.5 – 4 1000 0.5 – 32 Intervalo (µg/mL) 0.016 - 256 0.016 - 256 0.016 - 256 0.016 - 256 Valor esperado da CIM (µg/mL) S. aureus ATCC – 29213 E. faecalis ATCC – 29212 0.5 – 2 0.25 – 1 --1–4 --≤ 0.5 – 2 S. aureus ATCC – 29213 0.25 - 1 1–4 0.25 - 1 ≤ 0.5 – 2 0.5 – 2 1–4 ≤ 500 1–4 ≤ 1000 1–4 E. faecalis ATCC – 29212 1-4 1–4 0.25 - 1 1–4 Tipagem molecular Todos os 35 isolados ERVs, que apresentaram o gene vanA confirmado, foram selecionados para realização da tipagem molecular pela técnica de PFGE como triagem para a análise pelo MLST. Além disso, todos os 35 isolados também foram submetidos à tipagem por espectrometria de massas de acordo com o perfil proteico obtido pelos equipamentos Vitek MS® e Microflex LT®. 4.6.1 Gel de eletroforese em campo pulsado (Pulsed Field Gel Electrophoresis - PFGE) A análise do DNA cromossômico dos isolados de E. faecium e E. faecalis resistentes à vancomicina foi realizada pela técnica de PFGE, que é amplamente utilizada como método de tipagem epidemiológica, permitindo a análise de todo o genoma da bactéria, possibilitando uma diferenciação das linhagens, muito aplicada para análise de surtos (Homan et al. 2002). Deste modo, o DNA cromossomal das amostras foi preparado em blocos de agarose e clivados com a enzima endonuclease SmaI pelo método de Bannerman e colaboradores (1995), e posteriormente submetidos à eletroforese em campo pulsado. Tais etapas foram realizadas como se segue. As amostras bacterianas foram subcultivadas em ágar sangue para a obtenção de colônias puras e isoladas. Em seguida, cerca de quatro colônias de cada amostra foram transferidas para um tubo contendo 4 mL de TSB, e incubadas 58 Material e Métodos a 35ºC entre 18 e 24 horas até fase final de crescimento exponencial, determinado pela DO de 0,7-0,9 em 620nm (CELM, E210D). O caldo contendo as bactérias crescidas foi centrifugado a 15.000 rpm por 15 minutos, o sobrenadante desprezado e o sedimento resuspenso em 1 mL de solução salina. A solução com as bactérias foi transferida para tubo de microcentrífuga de 1,5 mL com peso previamente conhecido. O material foi centrifugado a 15.000 rpm por aproximadamente 30 segundos e o sobrenadante cuidadosamente aspirado e desprezado. Para determinar a quantidade de bactérias o tubo contendo as bactérias precipitadas foi pesado novamente. As bactérias foram ressuspensas em solução salina na proporção de 1:1 (peso/volume). Em novo tubo, contendo 10µL da solução 1:1 da suspensão bacteriana foram adicionados 15µL de lisostafina diluída e 300µL de solução tampão TEM (Tris 0,1M, pH 7,5, EDTA 0,1M, NaCl 0,1M). Essa solução foi homogeneizada e misturada com 340µL de gel de agarose de baixo ponto de fusão a 2%. Cerca de 100µL da solução resultante foi aplicada em formas para formação de pequenos blocos. Após gelificar, os blocos de agarose, contendo o DNA cromossomal, foram incubados por no mínimo cinco horas em solução EC (Tris 6mM, ph 7,5; NaCl 1M; EDTA 0,01M; Brij 58 0,5%; sarcosil 0,5%; desoxicolato 0,2% e água destilada, contendo 200µL de lisozima) à 37oC e posteriormente, incubados em 2mL de solução ES (EDTA 0,4M, pH 9,3, Sarcosil 1%) contendo 100µL de proteinase K (20mg/mL, Sigma - P4914) por 12 horas. Os blocos foram lavados várias vezes em solução tampão CHEF-TE (Tris 0,1M, pH 7,5, EDTA 0,1 M, pH 7,5) e armazenados nessa solução contendo 10U da enzima de restrição Smal para cada amostra, permitindo a digestão do cromossomo bacteriano. A digestão foi realizada entre 12 e 18 horas a uma temperatura de 25ºC. Após a digestão, foi realizada a eletroforese em gel de agarose a 1,2% no sistema CHEF-DR III (Bio-Rad, Richmond, CA, EUA). Como padrão de peso molecular utilizou-se DNA concatenado do bacteriófago I (New England Biolabs, Beverly, EUA). A eletroforese foi realizada com corrente alternada de 5 a 60 segundos, voltagem de 6 V/cm a 13oC por 23 horas. Os géis foram corados com brometo de etídio (0,08 µL/mL) por uma hora, descorados em água bidestilada por mais uma hora e fotografados sob luz ultravioleta. 59 Material e Métodos Os perfis migratórios obtidos após a fotografia do gel foram analisados visualmente seguindo os critérios de Tenover et al. (1995), onde amostras são consideradas idênticas (mesmo clone) quando apresentam todas as bandas iguais; amostras com até seis bandas devem ser consideradas um subtipo de um mesmo clone, e amostras que apresentam sete ou mais bandas discordantes serão consideradas amostras não relacionadas epidemiologicamente (Tenover et al., 1997, Tenover et al.,1995). Além da análise visual, os perfis de PFGE das amostras foram submetidos ao programa de análise de géis BioNumerics (Applied Maths, Kortrijk, Belgium) versão 7.5. Em todas as imagens, a definição de bandas foi realizada automaticamente pelo programa e depois conferida visualmente. O coeficiente de similaridade de Dice foi utilizado, e os dendrogramas foram construídos utilizando o algoritmo de análise filogenética UPGMA (Unweighted Pair-Groups Method Using Arithmetic Averages) (Sader, Hollis & Pfaller, 1995; Sneath & Sokal, 1973). Os valores de otimização e tolerância utilizados para o conjunto de isolados foram de 0,8 e 1,0%, respectivamente. Isolados apresentando similaridade acima de 80% entre si foram considerados pertencentes ao mesmo grupo (Strüelens et al., 1993; McDougal et al., 2003). 4.6.2 Tipagem molecular por sequenciamento de múltiplos loci (Multilocus Sequence Typing - MLST) Entre os isolados de E. faecium e E. faecalis resistentes à vancomicina e submetidos à análise do perfil eletroforético por PFGE, foram selecionadas amostras representantes de cada perfil para tipagem molecular por MLST, em que, foi selecionado um isolado de cada padrão de bandas diferentes, para isolados pertencentes ao mesmo cluster, foi selecionado um isolado para clusters contendo até quatro isolados. Para clusters apresentando cinco ou mais isolados, foram selecionados dois isolados, considerando o maior tempo de isolamento e centros diferentes entre os isolados. MLST é uma técnica altamente discriminatória na caracterização de isolados bacterianos, com base em perfis alélicos gerados pela determinação da sequência interna de fragmentos de sete genes conservados. Para cada fragmento de gene, as diferentes sequências são designadas como alelos distintos, e cada isolado é definido pelo conjunto dos sete alelos, criando, assim, o perfil alélico ou tipo de 60 Material e Métodos sequência (sequence typing - ST). Uma vez que existem muitos alelos para cada um dos sete loci, é improvável que tenham perfis idênticos alélicos por acaso, e isolados com o mesmo perfil de alelos podem ser considerados membros de um mesmo clone. As principais vantagens do MLST são a capacidade de comparar os resultados obtidos em diferentes estudos via bases de dados informatizadas na Internet permitindo o estudo de surtos hospitalares locais, bem como comparações globais de microrganismos, além de epidemiologia a longo prazo entre diferentes laboratórios em todo o mundo (Andrei & Zervos, 2006). Cada um dos sete genes sequenciados foi comparado com o banco de dados disponível em: http://efaecalis.mlst.net/ e http://efaecium.mlst.net/, conforme a espécie, recebendo então um número correspondente a cada alelo (gene), gerando um total de sete números. Com base nos sete números alélicas, cada isolado foi atribuído a um ST específico também disponível no site. 4.6.2.1 Extração do DNA genômico por Qiamp DNA mini Kit Para ter um DNA com a pureza desejada para a realização das reações de MLST o DNA genômico das amostras bacterianas crescidas em ágar Columbia contendo sangue de carneiro a 5% foi extraído utilizando-se o kit Qiamp DNA minikit (QIAGEN- Hamburg, Germany), conforme especificações do fabricante: em um microtubo de 1,5mL contendo 50µL de proteinase K foram adicionados 500 µL do inóculo bacteriano (escala 1 de McFarland, cerca de 3 x 108 UFC/mL). O material foi homogeneizado em vórtex por cerca de 10 segundos, acrescido de 200µL do Buffer AL, novamente homogeneizado em vórtex por 15 segundos e em seguida incubado a 56ºC por 10 minutos, para possibilitar a ação da Proteinase K, para quebra da parede de peptidoglicano. Após a incubação foram adicionados 500µL de etanol (96 - 100%) ao microtubo e o material foi homogeneizado no vórtex por 15 segundos. Toda a solução foi transferida para uma coluna acoplada a um microtubo de 2 mL o conjunto foi centrifugado a 6.000 x g por 1 minuto. O material precipitado foi descartado e a coluna, transferida para um tubo limpo, recebeu 750 µL do Buffer AW. O conjunto foi centrifugado a 6.000 x g por 1 minuto, o precipitado foi descartado e a coluna transferida para novo microtubo limpo recebeu 750 µL do Buffer AW2. O conjunto foi novamente centrifugado 8.000 x g por 3 minutos, o precipitado descartado e a coluna transferida para outro microtubo limpo recebeu 61 Material e Métodos 50µL do Buffer AE para eluição do DNA. O tubo foi incubado a temperatura ambiente 15 - 25ºC por 5 minutos, após esse tempo, o tubo foi centrifugado a 6.000 x g por 1 minuto e o DNA coletado. O DNA extraído teve sua concentração definida por dosagem no espectrofotômetro Nanodrop (Texas, EUA) sendo utilizado para cada reação apenas 20 ng/µL de DNA. A tipagem molecular por MLST baseia-se no sequenciamento de sete genes constitutivos (housekeeping) segundo os procedimentos descritos para E. faecalis por Ruiz-Garbajosa et al. (2006). Para E. faecium foram utilizadas as recomendações de Homan, et al. (2002). A escolha dos genes conservados utilizados no esquema de MLST está disponível no site: http://www.mlst.net/ e os oligonucleotídeos utilizados para amplificação por PCR dos respectivos genes de acordo com cada espécie podem ser visualizados no Quadro 3. 62 Material e Métodos Quadro 3. Oligonucleotídeos utilizados para realização de MLST de E. faecalis e E. faecium. Oligonucleotídeo Sequencia (5’ – 3’) Produto (pb) gdh-1 GGCGCACTAAAAGATATGGT Glicose-6-fosfato-desidrogenase 530 gdh-2 CCAAGATTGGGCAACTTCGTCCCA gyd-1 CAAACTGCTTAGCTCCAATGGC Gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase 395 gyd-2 CATTTCGTTGTCATACCAAGC pstS-1 CGGAACAGGACTTTCGC Cassete transportador de ATP fosfato 583 ligase pstS-2 ATTTACATCACGTTCTACTTGC gki-1 GATTTTGTGGGAATTGGTATGG Glicose kinase 438 gki-2 ACCATTAAAGCAAAATGATCGC aroE-1 TGGAAAACTTTACGGAGACAGC Shikimato desidrogenase 459 aroE-2 GTCCTGTCCATTGTTCAAAAGC xpt-1 AAAATGATGGCCGTGTATTAGG Xantina fosforibosil transferase 456 xpt-2 AACGTCACCGTTCCTTCACTTA yiqL-1 CAGCTTAAGTCAAGTAAGTGCCG Acetil-CoA acetiltransferase 436 yiqL-2 GAATATCCCTTCTGCTTGTGCT Enzima/Gene/E.faecium Oligonucleotídeo* Sequencia (5’ – 3’) Produto (pb) adk-1 TATGAACCTCATTTTAATGGG 437 adk-2 GTTGACTGCCAAACGATTTT Adenilato kinase adk-1n GAACCTCATTTTAATGGGG 395 adk-2n TGATGTTGATAGCCAGACG atpA-1 CGGTTCATACGGAATGGCACA 556 atpA-2 AAGTTCACGATAAGCCACGG ATP sintetase de cadeia alfa atpA-1n TTCAAATGGCTCATACGG 438 atpA-1n AGTTCACGATAAGCAACAGC ddl-1 GAGACATTGAATATGCCTTATG D-alanina/D-alanina ligase 465 ddl-2 AAAAAGAAATCGCACCG gdh-1 GGCGCACTAAAAGATATGGT Glicose-6-fosfato-desidrogenase 530 gdh-2 CCAAGATTGGGCAACTTCGTCCCA gyd-1 CAAACTGCTTAGCTCCAATGGC Gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase 395 gyd-2 CATTTCGTTGTCATACCAAGC purK-1 GCAGATTGGCACATTGAAAGT purK-2 TACATAAATCCCGCCTGTTTC Fosforibosil-aminoimazol carboxilase 492 purK-1n* CAGATTGGCACATTGAAAG purK-2n* TTCATTCACATATAGCCCG pstS-1 TTGAGCCAAGTCGAAGCTGGAG Cassete transportador de ATP fosfato pstS-2 CGTGATCACGTTCTACTTCC 583 ligase pstS-1n* TTGAGCCAAGTCGAAGC *n=oligonucleotídeos alternativos, para otimizar a reação; Fonte: http://efaecium.mlst.net; http://efaecalis.mlst.net Enzima/Gene/E.faecalis As reações de PCR foram realizadas em volume final de 25µL contendo 12,5 µL de Master Mix 2X, 0,5 µL dos oligonucleotídeos senso e antisenso (10pmol/µL), 0,5 µL do DNA genômico (20 ng), e 10 µL de água miliQ autoclavada. As amplificações foram realizadas em um termociclador MasterCycler Gradient (Eppendorf, Hamburgo, Alemanha), conforme as recomendações descritas no site www.mlst.net. As condições de ciclagem estão descritas no Quadro 4. 63 Material e Métodos Quadro 4. Condições de ciclagem para a reação de MLST para E. faecalis e E. faecium. Etapas E. faecalis E. faecium Temperatura ºC Tempo Temperatura ºC Desnaturação inicial 94 5 min 95 Desnaturação 94 30 seg 94 35 Anelamento 52 30 seg 50 ciclos Extensão 72 1 min 72 Extensão final 72 7 min 72 *min= minutos; seg= segundos. Fonte: http://efaecium.mlst.net; http://efaecalis.mlst.net Tempo * 15 min 30 seg 30 seg 30 seg 5 min A análise do produto de PCR para confirmação da qualidade dos amplicons foi realizada por eletroforese em gel de agarose a 1,5%, preparado em TBE. Um marcador de peso molecular de 1 Kb (Fermentas, EUA) foi utilizado como controle do padrão de bandas. Os géis foram corados com brometo de etídio (0,08µL/mL) e fotografados sob luz ultravioleta. O produto de PCR foi diluído 1:10 em água destilada e as sequencias foram determinadas utilizando o kit “ABI PRISM Big Dye Cycle Sequencing Ready Reaction” (Perkin-Elmer, Applyed BioSystems), contendo os terminais fluorescentes de BigDye e os oligonucleotídeos usados inicialmente na amplificação por PCR. As reações foram realizadas utilizando-se 5 µL do produto de PCR diluído, 5 µL do tampão de reação 5X, 1 µL de oligonucleotídeo senso ou antisenso (3,2 pmol/ µL) e H2O destilada e autoclavada em quantidade suficiente para 20 µL. A mistura foi submetida a uma ciclagem de 94C por 2 minutos seguida por 25 ciclos de: 96C por 10 segundos; 50C por 30 segundos e 60C por 4 minutos. Após o término da ciclagem, o produto amplificado foi precipitado com 80μL de isopropanol 75% (temperatura ambiente), secado a 95ºC por 30 segundos, ressuspenso em 20µL de formamida e aplicados em sequenciador ABI 3100 (Perkin-Elmer, Applyed Biosystem). As sequencias resultantes da amplificação dos sete genes conservados, de cada clone inserido na pesquisa, foram analisadas utilizando as ferramentas de alinhamento do programa DNAStar e comparadas com aquelas depositadas no banco de dados do site MLST de E. faecalis (http://efaecalis.mlst.net) e E. faecium (http://efaecium.mlst.net) a fim de se obter um conjunto de sete números, um para cada gene estudado, e este conjunto de números foi representado por outro código (também numérico) que se chama Tipo de Sequência (Sequence Type ou ST). Desta forma, os alelos em cada um dos sete loci definiram o perfil alélico correspondente, para cada isolado. 64 Material e Métodos 4.6.2.2 Análise do eBURST A análise do eBurst permite verificar a distribuição dos STs e as origens e relações dos complexos clonais e outros grupos. O algoritmo eBURST identifica mutuamente os grupos exclusivos de genótipos relacionados na amostragem [normalmente um tipo de sequencia múltipla no banco de dados - MLST e em seguida identifica o genótipo (ST)] relacionando com cada grupo fundador. O algoritmo então prevê a descendência do genótipo fundador previsto para os outros genótipos do grupo, demonstrando o resultado como um diagrama radial, onde o genótipo fundador fica localizado no centro do diagrama. Esse procedimento foi desenvolvido para utilização com os dados produzidos por MLST (ST e seus perfis alélicos). Para verificar a relação dos STs encontrados neste estudo, utilizamos o programa eBurst v.3 E. faecalis Database e eBurst v.3 E. faecium, disponível em: http://eburst.mlst.net. O eBurst utiliza os seguintes critérios: sete loci por isolado; pelo menos seis loci idênticos para definição do grupo, pelo menos três variações de loci para definição de subgrupo. 4.6.3 Tipagem por espectrometria de massas Para avaliação da similaridade conforme o perfil de proteínas foi realizada uma calibração externa em ambos os equipamentos, Vitek MS® e Microflex LT®, utilizando a amostra padrão E. coli DH5α que apresenta os valores das suas massas moleculares de proteínas ribossomais bem definidos, a saber: 4365,4; 5096,8; 5381,4; 6241,4; 6255,4; 6316,2; 6411,6; 6856,1; 7158,8; 7274,5; 7872,1; 9742,0 e 12227,3 Da. 4.6.3.1 Tipagem por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz (MALDI-TOF MS), utilizando o ® equipamento Vitek MS Os espectros foram adquiridos no modo linear, com um retardamento de 104 ns e uma voltagem de aceleramento de +20 kV. Os espectros finais foram obtidos pela soma de 20 tiros de laser acumulados por cada espectro parcial e 50 espectros parciais produzidos por amostra, levando a um total de 1000 tiros por cada espectro 65 Material e Métodos final. As listas dos picos foram comparadas no banco de dados Saramis®, gerando um agrupamento estatístico baseado nas similaridades espectrais, para realização de um dendrograma do tipo Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean (UPGMA), que evidencia o número de massas idênticas pelo Saramis. O algoritmo UPGMA é um método de construção de árvore filogenética baseado num agrupamento por aglomeração simples, que reflete a estrutura presente em uma matriz de similaridade de pares (ou uma matriz de dissimilaridade). Em cada passo, os dois aglomerados mais próximos são combinadas em um grupo. A distância entre quaisquer dois grupos A e B é tomado como sendo a média de todas as distâncias entre pares dos objetos " x " em A e de "y " em B , ou seja, a distância média entre os elementos de cada conjunto (Sokal & Michener, 1958). Os critérios utilizados foram: 0.08% de tolerância, intensidade absoluta ≥ 0, intensidade relativa ≥ 0, 50 picos e massas entre 2.000 e 12.500 Da. 4.6.3.2 Tipagem por espectrometria de massa por ionização e dessorção a laser - assistida por matriz (MALDI-TOF), utilizando o equipamento Microflex LT® BioTyper® Os espectros gerados pelo Microflex LT® foram analisados no programa BioTyper 3.1 OC e adquiridos no modo linear, com um retardamento de 200 ns e uma voltagem de aceleramento de +20 kV. Os espectros finais foram obtidos pela soma de 20 tiros de laser acumulados por cada espectro parcial e 50 espectros parciais foram produzidos por amostra, levando a um total de 1000 tiros por cada espectro final. As listas dos picos foram comparadas no banco de dados do BioTyper Bruker 3.1 OC, gerando um agrupamento estatístico baseado nas similaridades espectrais. A tipagem através do perfil proteico foi realizada por dois programas diferentes: BioTyper 3.1 OC e BioNumerics 7.5. Para o primeiro foram avaliadas as seguintes condições: intensidade máxima 1 (influência 1) e intensidade mínima 0,05 (influência 0,5) e o número de picos (3, 5, 10, 30 e 50 picos). Além disso, o dendrograma obtido pelo BioTyper 3.1 OC é do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA), que utiliza como estratégia para o agrupamento hierárquico aglomerativo ou divisório além da presença e ausência do pico a intensidade dos mesmos, demonstrando o nível de distância entre os diferentes perfis de massas encontrados. 66 Material e Métodos O programa BioNumerics 7.5, foi utilizado para possibilitar a comparação do padrão de similaridade obtido pela análise dos perfis proteicos gerados pelo Microflex LT® com o método de PFGE, devido à possibilidade de construção de dendrograma por porcentagem de similaridade. Deste modo, os perfis proteicos também foram analisados a partir da construção de um dendrograma utilizando o algoritmos UPGMA e método da variância de Ward (Ward, 1963) com o objetivo de melhor agrupar os isolados semelhantes. Para tanto, o padrão de picos obtidos no BioTyper 3.1 OC foi convertido em txt e importados para BioNumerics 7.5. Para ambos os algoritmos, UPGMA e Ward, foram utilizados os parâmetros padrão do programa, onde o valor de tolerância constante foi de 0,5 e tolerância linear de 300ppm. Além disso, utilizou-se o coeficiente de similaridade de Dice (para otimizar a comparação com o dendrograma obtido pelo PFGE). Um coeficiente de similaridade acima de 80% foi selecionado para definição cada grupo de isolados. Como os dendrogramas construídos a partir dos espectros obtidos pelo método de MALDI-TOF MS com o algoritmo UPGMA considerando a intensidade dos picos, que é uma variável inconstante, optou-se por realizar outro tipo de algoritmo a partir dos mesmos perfis proteicos, o algoritmo de Ward. Esse algoritmo realiza uma análise binária verificando apenas a presença ou ausência dos principais picos, porém não leva em consideração a intensidade dos mesmos. Isso elimina a interferência dessa variável no agrupamento dos isolados uma vez que ocorre interferência significativa de acordo com o inóculo bacteriano, concentração e volume da matriz utilizada e distribuição heterogênea desses nos spots presentes nas placas de inox. O método de Ward (1963) apresenta bons resultados tanto para distâncias Euclidianas quanto para outras distâncias e procura por partições que miniminizem a perda associada a cada agrupamento. Essa perda é quantificada pela diferença entre a soma dos erros quadráticos de cada padrão e a média da partição em que está contido. O agrupamento pelo método de Ward foi feito a partir das somas de quadrados dos desvios dos espectros das massas encontradas de cada isolados e a partir do quadrado da distância euclidiana entre todos os espectros analizados, considerando a equação: 67 Material e Métodos p SQDiiꞌ = 1 2 d2iiꞌ, em que: SQDiiꞌ = SQDj iiꞌ i sendo SDQj(ii’), a soma dos quadrados dos desvios para a j-ésima variável considerando os acessos i e i’. E, p d2iiꞌ Yij − Yiꞌj 2 j=1 em que: dii’2: quadrado da distância euclidiana entre os acessos i e i’; p: número de caracteres avaliados; Yij: a distância média entre caractere j para o caractere i. A soma dos quadrados dos desvios total foi dada por: 1 g i< SQDTotal = g g 2 iiꞌ diiꞌ , sendo g o número de isolados. Nessa análise de agrupamento, identificou-se na matriz de quadrados das distâncias euclidianas – dii’2 (ou na matriz de somas dos quadrados dos desvios – SQDii’) o par de isolados que proporcionou menor soma dos desvios. Com esses isolados agrupados, uma nova matriz de similaridade de dimensão inferior, foi recalculada, considerando que: SQD (ijklm) = 1/k d2 (ijklm) onde k é o número de espectros dos grupos estudados, que variou em cada grupo EFSRV/EFSSV/EFMRV e EFMSV. d2(ijklm...) = d2ij + d2ik + d2il + d2im+ d2jk + d2jl + d2jm + d2kl ... Como o Método de Ward (1963) baseia-se originalmente na distância euclidiana: 𝑎−𝑏 2 = 𝑎𝑖 − 𝑏𝑖 2 𝑖 68 Material e Métodos Neste estudo, utilizamos o algoritmo de Ward, no entanto, a similaridade entre os isolados foi quantificada pelo coeficiente de Dice. Todos os cálculos foram realizados automaticamente pelo programa BioNumerics 7.5. Deste modo, avaliou-se a similaridade pelo padrão proteico dos isolados de EFSRV, o mesmo foi realizado com os isolados de EFMRV. Foi gerado também um dendrograma considerando apenas o padrão proteico produzido pelo MALDI-TOFe um “pseudogel” referente ao padrão proteico respectivo entre os isolados de EFMRV e EFSR. O BioNumerics 7.5 permite a construção de dendrograma considerando mais de um método de tipagem ao mesmo tempo. Assim, foi construído um dendrograma considerando o padrão dos espectros dos isolados de EFSRV e EFMRV pelo MALDI-TOFe o padrão de bandas respectivo obtido no PFGE. 4.7 Análise estatística O teste de Kappa foi utilizado para avaliar a concordância dos métodos Phoenix®, Vitek MS® e Microflex LT® Bruker BioTyper com o método padrão (PCR), na identificação das espécies dos isolados incluídos no estudo. O teste de Kappa é um teste de concordância para 2 amostras de natureza qualitativa (categorizadas) e deseja-se saber o grau de concordância ou equivalência entre as 2 classificações (Pereira, 1995). Quanto maior o valor de K e mais próximo de um melhor a concordância. O valor zero indica grau de concordância igual ao acaso (Tabela 5). Tabela 5. Critérios de concordância segundo os valores Kappa. Critério Concordância <0,001 Ruim 0,001 a 0,20 Fraca 0,21 a 0,40 Sofrível 0,41 a 0,60 Regular 0,61 a 0,80 Boa 0,81 a 0,99 Ótima 1,00 Perfeita Para verificar a relação entre os principais fatores associados à aquisição de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV ou EFMSV entre os pacientes incluídos no estudo 69 Material e Métodos e a relação das espécies de Enterococcus spp. e a resistência desses à vancomicina com a condição na alta foi utilizado o teste de Chi-quadrado (X2). O teste de X2 é indicado para verificar as diferenças nas distribuições de uma característica categorizada (2 ou mais categorias) em função de outra também categorizada. Esse teste mede o grau de relacionamento entre as duas características, em amostras independentes. Em alguns casos o teste de X 2 não pode ser aplicado em função da baixa frequência observada em algumas classificações (Siegel, 2006). O teste de X2 deve ser utilizado quando o número de células (cruzamentos) com frequência inferior a 5 não exceder a 20% do total de células. No caso específico de tabelas 2 x 2, deve-se considerar o número de casos: para casuísticas maiores ou iguais a 20 deve-se utilizar o teste X2 com correção de continuidade de Yates. E para frequências menores que 20 deve-se utilizar o teste de Fisher (Siegel, 2006). Quanto à relação entre os grupos EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV com a idade dos pacientes incluídos no estudo, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis. Tratase de um teste não paramétrico e é indicado quando se quer comparar 3 ou mais grupos de informações quantitativas de amostras independentes e não se deseja assumir suposições acerca da distribuição das amostras analisadas. A interpretação do valor de p é a mesma de outros testes estatísticos, ou seja, quando o valor de p for ≤ 0,05, infere-se que há diferença significativa entre os grupos, para valores > 0,05 não existe relação significante (Siegel, 2006). 70 Resultados 5. RESULTADOS 71 Resultados 5.1 Amostras bacterianas Durante o período de Junho de 2007 e Dezembro de 2011, foram incluídas neste estudo 144 amostras de Enterococcus spp. Essas amostras foram enviadas por 12 dos 16 centros médicos participantes do SCOPE ao centro coordenador, o (LEMC) (Quadro 5). Em 2008 foram enviadas o maior número de amostras n= 69, e os centros que mais apresentaram infecções por Enterococcus spp. foram o centro 13 (34 casos), e os centos 1 e 7 (cada um com 31 casos). Duas amostras foram excluídas deste estudo, por serem encaminhadas como sendo Enterococcus spp. entretanto, após re-identificação, tratavam-se de outros gêneros (identificados pelo Phoenix® e por MALDI-TOF MS, Microflex® LT e VitekMS). 5.2 Análise dos dados epidemiológicos Quanto à distribuição de casos de infecções por Enterococcus spp. de acordo com as regiões brasileiras, a região Sudeste apresentou o maior número de casos, (n=68; 47,2%), seguido das regiões Centro-Oeste (n=36; 25%), Sul (n=31; 21,5%), Nordeste (n=6; 4,2%) e Norte (n=3; 2,1%) (Quadro 5). Esse fato pode estar relacionado com o maior número de Centros participantes do estudo estarem localizados na região Sudeste. 72 Resultados Quadro 5. Distribuição das amostras de Enterococcus spp. isoladas de ICS de pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil de acordo com o centro médico e região geográfica onde foram isoladas. Anos/Espécies Centro 2007 2008 2009 2010 EFS EFM EFS EFM EFS EFM 1 2 3 12 5 7 2 1 1 4 1 3 2 4 1 5 2 1 6 1 3 7 10 11 3 1 10 3 1 1 9 3 15 2 Total 19 5 24 EFS Total EFM 10 31 1 5 3 8* 9 1 10 Sudeste 3 4 7 (68) 47,2% 3 0 3 7 1 8 26 5 31 1 1 4 1 1 11 1 3 1 2 3 3 1 1 53 16 69 31 7 38* (n) % 21 1 5 isolados 2 2 1 Região EFM 1 1 Total de EFS 1 12 12 EFM 3 1 13 EFS 2011 6 4 10 1 1 2 EFS = Enterococcus faecalis EFM = Enterococcus faecium * = + 1 isolado, que foi identificado como E. durans = único isolado dessa espécie no estudo foi enviado em 2009 pelo Centro 2 73 3 Sul (31) 21,5% Norte (3) 2,1% 1 1 2 Centro-Oeste 26 8 34 (36) 25% 3 3 Nordeste 3 3 (6) 4,2% 110 33 143 144 144* Resultados Entre os 144 casos de ICS por Enterococcus spp., foi possível avaliar 118 fichas clínicas, já que 26 amostras foram enviadas sem os dados clínicos. Dessas 118 fichas clínicas analisadas, pode-se observar que a mediana de idade foi de 58 anos, houve um predomínio do sexo masculino 63/118 (53,4% dos casos). Entre as doenças de bases mais frequentemente informadas nas fichas clínicas dos pacientes portadores de ICS pelos Enterococcus spp. incluídos no estudo, podem-se destacar: neoplasias (25,4%), doenças renais (26%), respiratórias (15%) e cardiovasculares (13%). Quanto aos fatores associados a ICS, os mais encontrados foram cateter venoso em posição central (78%), cateter vesical (56%), ventilação mecânica (52%) e diálise peritoneal (20%). Quanto à fonte da bacteremia, a grande maioria, 92/118 pacientes (78%), foi proveniente de infecção primária associada à utilização de cateter venoso central, seguido por trato respiratório inferior com 16/118 casos (13,5%) e trato urinário 10/118 casos (8,5%). Sobre os fatores de risco avaliados nas fichas clínicas, o mais frequente foi cateter venoso central que ocorreu em 92/118 pacientes (78%), seguido de internação em UTI, 62/118 pacientes (52,5%), cateter vesical em 56/118 (47,5%), e ventilação mecânica em 52/118 (44%) dos pacientes. Quanto à mortalidade, houve 62/118 (52,5%) óbitos , dos quais 63% (n=39) dos pacientes que estavam internados na UTI foram a óbito, contra 41,1% (n=23) que não estavam internados na UTI (Tabela 6). 74 Resultados Tabela 6. Dados demográficos dos pacientes e dos principais fatores de risco geralmente associados ao desenvolvimento de ICS por Enterococcus spp. apresentados pelos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil. Parâmetros Nº (%) Dados demográficos dos pacientes Idade (mediana) 58 --- Masculino 63 53,4 Internação em UTI 62 52,5 Infecção monomicrobiana 109 92,4 Doença de base Neoplasias 30 25,4 Renal 26 22 Respiratória 15 12,7 Cardiovascular 13 11 Trauma 11 9,3 Neurológica 10 8,5 Gastrintestinal 7 5,9 Potenciais fatores associados Cateter venoso central 92 78 Cateter vesical 56 47,4 Ventilação mecânica 52 44,1 Diálise peritoneal 20 16,9 NPP 7 5,9 Acesso arterial 5 4,2 Neutrófilos <1000 3 2,5 Fonte de bacteremia primária 92 78 Mortalidade UTI 39 63 Não-UTI 23 41,1 Mortalidade geral 62 52,5 5.3 Análise dos dados microbiológicos 5.3.1 Identificação dos isolados e concordância entre o Phoenix®, o Vitek MS® e o Microflex LT® com a identificação molecular Todas os 144 isolados encaminhados foram re-identificados pelo sistema automatizado Phoenix®, com auxílio do Painel PMIC/ID 105. Além disso, foram utilizadas duas plataformas de identificação por Espectrometria de Massas (MALDITOF MS) como o VITEK MS® e o Microflex LT®. Todas as metodologias foram capazes de identificar todas as amostras incluídas no estudo. Entretanto, vale ressaltar que a identificação final foi baseada na PCR. Deste modo, analisando as identificações obtidas pela técnica de PCR com oligonucleotídeos específicos, E. 75 Resultados faecalis foi a espécie mais prevalente 110 amostras (76,2%) seguido de E. faecium com 33 amostras (23,1%) e apenas uma amostra foi identificada como E. durans (0,7%) (Figura 4). A identificação do E. durans foi obtida através do sistema Phoenix® e confirmada pela técnica de MALDI-TOF MS. 1 (0,7%) 33 (22,9%) E. faecalis 110 E. faecium (76,4%) E. durans Figura 4. Distribuição das espécies de Enterococcus isolados de ICS do Projeto SCOPE e identificadas por PCR e MALDI-TOF MS. As identificações fenotípica (Phoenix®) e por espectrometria de massas (Vitek MS® e Microflex LT®) foram comparadas com a genotípica (PCR) para as espécies E. faecalis e E. faecium (Tabela 7). Vale lembrar que a única espécie de E. durans incluída no estudo foi identificada pelo Phoenix® e por MALDI-TOF MS, onde todas as metodologias foram consistentes. Tabela 7. Concordância entre as identificações dos isolados de E. faecalis e E. faecium, incluídas no ® ® ® Projeto SCOPE Brasil, obtidas pelos métodos Phoenix , Vitek MS , Microflex LT com relação ao método de referência (PCR). PCR Metodologias Phoenix® Vitek MS ® Microflex LT® E. faecalis % N E. faecium N % Total N % E. faecalis E. faecium 109 76,2 3 2,1 112 78,3 1 0,7 30 21,0 31 21,7 Total 110 76,9 33 23,1 143 100,0 E. faecalis 108 75,5 2 1,4 110 76,9 E. faecium 2 1,4 31 21,7 33 23,1 Total 110 76,9 33 23,1 143 100,0 E. faecalis 110 76,9 0 0,0 110 76,9 E. faecium 0 0,0 33 23,1 33 23,1 110 76,9 33 23,1 143 100,0 Total Teste de Kappa [K] ; (p) [0,920] ; <0.001 [0,921] ; <0.001 [1,000] ; <0.001 Resultado Concordantes Concordantes Concordantes 76 Resultados Considerando o valor de k, todos os métodos de identificação demonstraram ótimo nível de concordância. Entretanto, o método Microflex LT® apresentou-se superior aos outros, com uma concordância perfeita (K=1,000), onde todos os isolados identificados apresentaram score ≥ 2.0, dos quais, 123 (85,4%) isolados apresentaram score superior a 2.3 e apenas 21 (14,6%) isolados apresentaram score entre 2.0 e 2.29. Entretanto, mesmo os isolados com score inferior a 2.3, a concordância foi de 100% com a identificação molecular. Enquanto que, Phoenix® e Vitek MS® foram considerados equivalentes e apresentaram uma concordância ótima, com valores de k respectivamente 0,920 e 0,921. Todos os quatro isolados que apresnetaram incongruência na identificação pelo Phoenix® comparando com a identificação molecular pela PCR apresentaram valores de confiança de 99%. Entre os quatro isolados com erro da identificação da espécie identificados pelo Vitek MS®, um apresentou 88,7% e os outros três apresentaram 99,9% de confiança. Sendo que os isolados com incongruência na identificação por esses dois métodos (Phoenix® e Vitek MS®) tratavam-se de isolados diferentes. 5.3.2 Avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos pelos métodos de microdiluição em caldo automatizado (Phoenix®) e Etest® O teste de sensibilidade quantitativo foi realizado pelo sistema Phoenix® para todos as amostras de Enterococcus spp. (n=144) e interpretados conforme os pontos de corte estabelecidos pelo CLSI, documento M100-S25. Assim, é possível observar na Tabela 8 abaixo, o perfil de sensibilidade, a CIM50 e CIM90 das amostras em geral, e também distribuídas conforme as duas espécies mais prevalentes, E. faecalis e E. faecium. Deste modo, 100% das amostras foram sensíveis à daptomicina, como esperado, 98,2% dos E. faecalis foram sensíveis a ampicilina, contra 6,1% dos E. faecium. Quanto aos aminoglicosídeos, gentamicina-sinergismo e estreptomicinasinergismo, foi possível observar maior sensibilidade de E. faecium à gentamicinasin (90%) contra 57,6% de sensibilidade para os E. faecalis, enquanto que E. faecalis apresentou maior sensibilidade à estreptomicina-sin 58,3% quando comparado com E. faecium com 27,3 % de sensibilidade. Em relação à linezolida, quatro amostras apresentaram resistência intermediária pelo método Phoenix®, com CIM de 4µg/mL, sendo três E.faecalis e 77 Resultados um E. faecium, ou seja, as sensibilidades à linezolida de E. faecalis e E. faecium foram respectivamente de 98,2% e 97%. Apenas 39,4% (n = 13) dos E. faecium e 86,4% (n = 95) dos E. faecalis foram sensíveis à vancomicina (Tabela 8). ® Tabela 8. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, obtido pelo sistema Phoenix , dos 144 isolados de Enterococcus spp. incluídas no Projeto SCOPE Brasil. Enterococcus spp. (n=144)* Antimicrobianos (Phoenix®) CIM (µg/mL) a CIM50 CIM90 2 >16 Estreptomicina SIN <500 Gentamicina SIN E. faecalis (n= 110) a S (%)b CIM (µg/mL) CIM50 CIM90 77,1 2 4 >500 58,3 ≤1000 <500 >500 57,6 Daptomicina 2 4 Linezolida** 2 Vancomicina 1 Ampicilina S (%)b E. faecium (n=33) CIM (µg/mL)a S (%)b CIM50 CIM90 98,2 >16 >16 6,1 >1000 66,4 >1000 >1000 27,3 >500 >500 47,3 ≤500 ≤500 90 100 2 4 100 2 4 100 2 97,9 2 2 98,2 2 2 97 >32 75,7 1 >32 86,4 >32 >32 39,4 * Inclui 1 isolado de E. durans. a) CIM = concentração inibitória mínima (CIM50 e CIM90, é aquela capaz de inibir, respectivamente 50 e 90% da amostragem); b) S = porcentagem de sensibilidade. **Antes da confirmação da CIM, realizada por Etest®. Foi realizada a confirmação da CIM para linezolida dos quatro isolados que apresentaram resistência intermediária com CIM de 4µg/mL pelo Phoenix®. A CIM de linezolida obtida utilizando o Etest® foi de 2µg/mL para as quatro amostras, sendo consideradas sensíveis. Todas as amostras que apresentaram resistência à Vancomicina foram submetidas ao Etest® para daptomicina, linezolida, teicoplanina e vancomicina. A Tabela 9 demonstra o perfil de sensibilidade das amostras de E. faecalis e E. faecium que apresentaram resistência à vancomicina pelo método Phoenix®. 78 Resultados Tabela 9. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos dos isolados de E. faecalis e E. faecium, incluídos no Projeto SCOPE Brasil, e que apresentaram resistência à ® ® vancomicina pelas metodologias, Phoenix e Etest . EFSRV* (n= 15) Antimicrobianos CIM (µg/mL)a CIM50 EFMRV** (n=20) S (%)b CIM90 CIM (µg/mL)a CIM50 CIM90 S (%)b Phoenix® Daptomicina 2 2 100 2 4 100 Linezolida 1 2 100 2 2 100 >32 >32 0 >32 >32 0 Vancomicina ® Etest Daptomicina 0,25 0,38 100 1,5 2 100 Linezolida 1,5 2 100 2 2 100 Teicoplanina 48 >256 0 64 >256 0 Vancomicina >256 >256 0 >256 >256 0 * EFSRV = E. faecalis resistente à vancomicina; ** EFMRV= E. faecium resistente à vancomicina; a) CIM = concentração inibitória mínima (CIM50 e CIM90, é aquela capaz de inibir, respectivamente 50 e 90% da amostragem); b) S = porcentagem de sensibilidade. Todas as 35 amostras de Enterococcus spp. (15 E. faecalis e 20 E. faecium) que foram resistentes à vancomicina tiveram sua resistência confirmada pelo Etest® com CIM > 256 µg/mL para vancomicina acima de 32 µg/mL para teicoplanina. Todas as amostras foram sensíveis a daptomicina e linezolida pelo Etest®. Entre os ERV, E. faecalis apresentou apenas 6,7% de sensibilidade à gentamicina-sin contra 100% de sensibilidade para os E. faecium. Devido a algumas discrepâncias entre as CIMs obtidas para linezolida entre os métodos Phoenix® e Etest® o que levou a mudança de categoria de sensibilidade de intermediário utilizando o sistema Phoenix®, para sensível segundo o Etest®, e para verificar comparar as CIMs obtidas para daptomicina, optou-se por avaliar a concordância entre ambos os métodos frente a esses dois antimicrobianos. De acordo os resultados demonstrados na Figura 5, é possível observar baixa concordância entre ambos os métodos para ambos antimicrobianos, com diferenças de até duas diluições. 79 Resultados Linezolida Daptomicina Figura 5. Regressão linear das CIMs de linezolida (A) e daptomicina (B), para os 35 ® isolados de EFSRV e EFMRV, obtidas por Etest e microdiluição em caldo sistema ® Phoenix . As áreas azuis indicam as CIMs dentro da categoria Sensível, de acordo com os pontos de corte estabelecido pelo CLSI M100-S25. 5.3.3 Detecção do mecanismo de resistência à Vancomicina Todos os 35 isolados de ERV com CIMs confirmadas por Etest®, apresentaram o gene vanA positivo pela técnica de PCR convencional. Ou seja, 24,3% dos isolados incluídos no estudo apresentaram o gene vanA. Dos quais, 15/110 (13,6%) foram E. faecalis e 20/33 (60,6%) foram E. faecium (Figura 6). Todas essas amostras positivas para o gene vanA foram submetidas à tipagem molecular. 80 Resultados (9,1%) (57,1%) (24,5%) (42,9%) EFSSV = Enterococcus faecalis sensível à vancomicina; EFMSV = Enterococcus faecium sensível à vancomicina; EFMRV = Enterococcus faecium resistente à vancomicina; EFSRV = Enterococcus faecalis resistente à vancomicina. Figura 6. Distribuição dos 144 isolados de Enterococcus spp., incluídos no Projeto SCOPE Brasil, de acordo com a espécie e a resistência à vancomicina. 5.3.4 Tipagem Molecular das Amostras de ERV 5.3.4.1 Gel de Eletroforese em Campo Pulsado (Pulsed Field Gel Electrophoresis - PFGE) e Sequenciamento de Múltiplos Locus (Multilocus Sequence Typing - MLST) Foi possível realizar a tipagem de todos os 35 isolados de ERV, dos quais 15 eram E. faecalis e 20 eram E. faecium. E a análise do perfil de bandas obtido foi realizada conforme os critérios de Tenover et al. (1995) e pelo programa BioNumerics versão 7.5 (Applied Maths Kortrijk, Belgium). E. faecalis. A Figura 7 demonstra o dendrograma obtido por PFGE para os 15 EFSRV após análise no BioNumerics 7.5, onde é possível observar dois diferentes grupos, um com 94,2% de similaridade contendo sete isolados, todos pertencentes ao centro 01. E o outro com 93,9% de similaridade contendo quatro isolados pertencentes aos centros: 01, 02 e 03, todos localizados no estado de São Paulo. Também é possível observar os padrões eletroforéticos analisados 81 Resultados visualmente segundo os critérios de Tenover et al., 1995, onde foram encontrados cinco padrões: A, B,C,D e E. O padrão C foi o mais frequente contendo sete isolados todos pertencentes ao centro 1 e classificados como sendo do mesmo grupo pela análise feita no BioNumerics 7.5, onde a similaridade entre todas as amostras desse grupo foi de 94,2%, além disso, as duas amostras desse grupo que foram submetidas ao MLST apresentaram mesmo ST (526), evidenciando uma similaridade genética pelas duas metodologias PFGE (tanto pela análise do BioNumerics 7.5, quanto pela análise visual segundo Tenover et al. (1995) quanto pela técnica de MLST). Seguido do padrão B contendo quatro isolados, o padrão D apresentou dois subtipos D1 (um isolado) e D2 (um isolado) o padrão A foi observado em apenas um isolado. Após a análise da técnica de PFGE, sete isolados foram selecionados para pesquisa do ST pela técnica de MLST. Os STs encontrados foram: 09, 103, 525 e 526. É possível observar que o ST 526 foi encontrado entre isolados pertencentes a diferentes grupos do PFGE, onde dois deles apresentaram similaridade de 43,9% (amostras: A35797 e A51376). 82 Resultados Figura 7. Dendrograma UPGMA obtido pelo programa BioNumerics 7.5 após análise do PFGE da similaridade dos isolados de EFSRV, contendo o ST e perfil de sensibilidade aos antimicrobianos. 83 Resultados E. faecium. A Figura 8 demonstra o dendrograma obtido da mesma forma que foi realizado para E. faecalis. O padrão de PFGE analisada pelo BioNumerics 7.5 gerou três diferentes grupos, o maior contendo 10 isolados com 82,4% de similaridade, o segundo com quatro isolados com 83,4% e o terceiro grupo composto por apenas dois isolados com 86,7% de similaridade. Quatro isolados não foram agrupados em nenhum grupo. Entre os isolados de E. faecium houve uma maior variedade no padrão de bandas na maioria dos isolados, com apenas dois isolados com padrão de bandas idênticos (34632 e 36611). Os centros médicos que enviaram isolados de EFMRV estão localizados em SP, GO, RS e também DF. Quanto aos padrões eletroforéticos, foram encontrados seis padrões: A, B, C, D, E e F. O padrão mais frequente foi o A, contendo 10 isolados e 10 subtipos, presentes no mesmo grupo do dendrograma obtido pela análise no BioNumerics 7.5, com 82,4% de similaridade dentro desse grupo. O padrão D foi o segundo mais frequente com 6 isolados e 5 subtipos diferentes, já os padrões B,C, E e F foram representados por apenas um isolado cada. Após a análise da técnica de PFGE, 15 isolados foram selecionados para pesquisa do ST pela técnica de MLST. E os STs encontrados foram: 18, 412, 478, e 896. Sendo o ST 412 o mais frequentemente encontrado (11 isolados, presentes nos grupos A, D, E e F) pertencentes aos três diferentes grupos obtido pela análise no BioNumerics 7.5 e presentes nos centros 1, 6, 7, 12 e 13. Assim como ocorrido para E. faecalis, foi possível observar que o ST 412 foi encontrado entre isolados pertencentes a diferentes grupos do PFGE, onde dois deles apresentaram similaridade de 56,2% (amostras: A36790 e A46.755, p.ex.). 84 Resultados Figura 8. Dendrograma UPGMA obtido pelo programa BioNumerics 7.5 após análise do PFGE da similaridade dos isolados de EFMRV, contendo o ST e perfil de sensibilidade aos antimicrobianos 85 Resultados 5.3.4.2 Análise do eBURST obtido por Sequenciamento de Múltiplos Loci (Multilocus Sequence Typing - MLST) Os isolados de EFSRV submetidos à técnica de MLST apresentaram quatro diferentes STs: 9, 103, 525 e 526. O ST526 foi o mais encontrado no nosso estudo, representado por três isolados, esse ST trata-se de um subgrupo do complexo clonal (CC) 6. O segundo ST mais encontrado no nosso estudo foi o ST103 (presente em dois isolados). Os STs 9 e 525 foram encontrados em apenas um isolado cada. Entretanto, o ST9 é um complexo clonal fundador, apresentando oito (08) subgrupos, enquanto que o ST525 é um singleton, ou seja, apresenta uma variação muito grande quando comparados com todos os outros STs e ainda não foi vinculado a nenhum complexo clonal, devido ao seu grau de variação nos loci (RuizGarbajosa et al., 2006). O eBURST, que contém todos os STs de E. faecalis e os STs encontrados nesse estudo podem ser visualizados na Figura 9. Quantos aos EFMRV, observamos também a presença de quatro STs: 18, 412, 478 e 896. No entanto, o ST412 foi o mais encontrado, presente em 11 isolados, esse ST é um subgrupo fundador derivado do maior complexo clonal de E. faecium o CC17. O ST478 foi observado em dois isolados do nosso estudo, esse ST é derivado do subgrupo 412. O ST18 e o ST896 foram encontrados em apenas um isolado cada. O ST18 é um grande subgrupo fundador, contendo mais de 500 STs derivados dele. Enquanto que ST896 é um singleton e foi classificado muito recentemente, por isso ainda não é possível localizá-lo no eBURST contendo os STs totais. O eBURST dos E. faecium do nosso estudo pode ser visualizado na Figura 10 abaixo. 86 Resultados Figura 9. eBURST de E. faecalis baseado nos STs totais representados pelos isolados contidos no banco de dados on-line E. faecalis MLST, incluíndo os STs dos isolados de EFSRV do Projeto SCOPE Brasil submetidos à técnica de MLST (http://efaecalis.mlst.net). 87 Resultados 478 412 18 Figura 10. eBURST de E. faecium baseado nos STs representados pelos isolados contidos no banco de dados on-line E. faecium MLST, incluíndo os STs dos isolados de EFMRV do Projeto SCOPE Brasil submetidos à técnica de MLST (http://efaecium.mlst.net). 88 Resultados 5.3.4.3 Tipagem por Espectrometria de Massas Neste estudo investigamos a acurácia dos equipamentos de Espectrometria de Massas Vitek MS® e Microflex LT® para realizar a tipagem de EFSRV (n=15) e EFMRV (n=20) e correlacionamos com a tipagem obtida pelas técnicas de PFGE e MLST. Além disso, avaliamos a acurácia do Microflex LT ® para diferenciação entre os EFSSV de EFSRV e EFMSV de EFMRV. 5.3.4.3.1 Tipagem de Enterococcus spp. por Vitek MS® O dendrograma obtido após análise no software Saramis® é do tipo UPGMA e analisa o número de massas idênticas. No entanto, não foi possível realizar nenhum correlação com os dados da similaridade obtida pela técnica de PFGE, tanto com relação aos critérios de Tenover et al., (1995) quanto em relação aos dados obtidos pelo BioNumerics 7.5, também não foi possível observar uma correlação com os STs obtidos pela técnica de MLST. O perfil de similaridade de acordo com o número de massas idênticas de EFSRV pode ser visualizado na Figura 11A, onde é possível observar dois diferentes grupos, um contendo 11 isolados (onde cinco apresentaram mais que 80 massas idênticas) e outro contendo quatro isolados com mais de 50 massas idênticas em cada grupo. O dendrograma obtido com relação as massas idênticas de EFMRV não evidencia a separação em grupos, onde todos os isolados apresentaram acima de 40 massas idênticas, apenas 9 isolados apresentaram acima de 80 massas idênticas, como demonstrado na Figura 11B. 89 Resultados A B ® Figura 11. Dendrograma dos espectros de massas dos 35 ERV, obtido pelo Vitek MS , incluindo a tipagem por PFGE e MLST (A- E. faecalis e B- E. faecium). 90 Resultados 5.3.4.3.2 Tipagem de Enterococcus spp. por Microflex LT® A tipagem através do perfil proteico obtido pelo Microflex LT® foi realizada por dois programa diferentes: BioTyper 3.1 OC e BioNumerics 7.5. BioTyper 3.1 OC Os dendrograma UHCA obtido com auxílio do programa BioTyper 3.1 OC demonstram o nível de distância entre os perfis proteicos encontrados entre os isolados de EFSRV (Figura 12A, 12B, 13A e 113B) e EFMRV avaliados (Figura 15A, 15B, 16A e 16B). Além disso, o programa permitiu gerar um “pseudogel” contendo perfis proteicos apresentados em bandas, conforme as Figuras 14 e 17, respectivamente EFSRV e EFMRV. Para E. faecalis, é possível observar que nos quatro dendrogramas, considerando 5, 10, 30 e 50 picos (Figuras 12A, 12B, 13A e 13B respectivamente), as amostras foram separadas em dois diferentes grupos maiores um com distância espectral de 0.8 e outro com 1.0 em todos os quatro dendrogramas. No entanto, houve uma migração dos isolados de acordo com os picos, gerando padrões de similaridade completamente diferentes, mesmo para os isolados pertencentes a padrões idênticos de PFGE e mesmo ST. Além disso, alguns isolados foram migrados para grupos diferentes de acordo com o número de picos, p. ex.: 34501 (pertencente ao grupo identificado em azul, no dendrograma considerando 5 picos, Figura 12A, passou para o grupo em vermelho quando foram considerados os 10 principais picos, Figura 12B), modificando o padrão de similaridade consideravelmente. Assim, não foi possível observar uma concordância significativa entre a similaridade obtida com os diferentes picos com a similaridade obtida pelo PFGE (Figura 7). Quanto ao “pseudogel” (Figura 14), é possível observar uma diferença na intensidade dos picos encontrados (representados em bandas), com algumas características semelhantes entre alguns isolados, como um pico de cerca de 4.200Da presente em todos os isolados. Também é possível observar que os isolados 34812 e 34501 apresentam um pico de pouco menos de 4.800 Da (com diferença na intensidade). 91 Resultados A B Figura 12. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV obtido através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 05 picos e B com 10 picos de proteínas e tipagem por PFGE e MLST. 92 Resultados A B Figura 13. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV obtido através do programa BioTyper 3.1 OC dos isolados de EFSRV. A – com 30 picos e B com 50 picos e tipagem por PFGE e MLST. 93 Resultados Figura 14. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV, obtido pelo programa BioTyper 3.1 OC. 94 Resultados Entre os isolados de E. faecium, é possível observar que nos quatro dendrogramas, considerando 5, 10, 30 e 50 picos (Figuras 15A, 15B, 16A e 16B respectivamente), as amostras também foram separadas em dois diferentes grupos maiores, ambos com distância espectral acima de 1.0. É possível observar também que o isolado 34.632 migrou de grupo de similaridade quando comparado o dendrograma considerando 5 picos (Figura 15A) com os dendrogramas considerando 10, 30 e 50 picos (Figuras 15B, 16A e 16B respectivamente). Também foi possível observar uma maior consistência entre as similaridades avaliadas com 10, 30 e 50 picos, mesmo existindo algumas diferenças na distância espectral de alguns isolados quando houve a mudança do número de picos. Entretanto, assim como os isolados de EFSRV, não é possível estabelecer uma correlação segura com o padrão de similaridade obtido por PFGE (Figura 8). Esse resultado concorda com a literatura em que demonstraram que o MALDI-TOF MS não é uma boa ferramenta para se analisar similaridade genética, utilizando a análise por dendrograma UHCA (Lash et al., 2014). Quanto ao “pseudogel” (Figura 17), é possível observar uma grande diversidade no padrão de picos (dispostos em bandas) também com diferença na intensidade dos mesmos. 95 Resultados A B Figura 15. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV obtido através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 05 picos e B com 10 picos e tipagem por PFGE e MLST. 96 Resultados A B Figura 16. Dendrograma PCA do tipo Unsupervised Hierarchical Cluster Analysis (UHCA) dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV obtido através do programa BioTyper 3.1 OC. A – com 30 picos e B com 50 picos e tipagem por PFGE e MLST. 97 Resultados Figura 17. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV, obtido pelo programa BioTyper 3.1 OC. 98 Resultados BioNumerics 7.5 Inicialmente, analisou-se o espectros dos isolados de EFSRV (Figura 18) e EFMRV (Figura 19) utilizando o algoritmo UPGMA. No entanto, é possível observar que isolados apresentando padrões espectrais diferentes foram considerados idênticos. Deste modo, modificou-se o algoritmo para construção do dendrograma, para Variação Mínima de Ward, que desconsidera a intensidade dos picos. Para cada análise construindo dendrograma com auxílio do BioNumerics 7.5, foi gerado um “pseudogel” de pré-processamento, evidenciando o padrão espectral disposto em bandas, onde a intensidade das massas pode ser correlacionada com a intensidade das bandas. Assim, foram realizadas as seguintes análises: Avaliou-se a similaridade entre os isolados de ERV, em que, a Figura 20 demonstra o padrão de similaridade entre os isolados de EFSRV: onde é possível observar que os isolados de nº 34501; 35797; 36525; 37072; 37292; 37660; 37792; 39453 e 51376 apresentaram mesmo padrão espectral e consequentemente 100% de similaridade. Além disso, é possível observar que a partir dos espectros do MALDI-TOF MS, encontramos uma boa concordância com a técnica de MLST, uma vez que os isolados que apresentaram o mesmo ST apresentaram maior similaridade entre si. Os dois isolados que apresentaram ST 103 apresentaram similaridade de 80%, e todos os isolados pertencentes ao ST 526 apresentaram 100% de similaridade, como só tivemos um isolado pertencente ao ST 9 e um pertencente ao ST 525, não foi possível avaliar o agrupamento de outros isolados pertencentes a esses STs. No entanto, isolados pertencentes ao padrão de PFGE B e C foram agrupados como sendo 100% semelhantes segundo a técnica de MALDI-TOF MS. O “pseudogel” referente aos espectros dos isolados de EFSRV pode ser visualizado na Figura 21. Para EFMRV (Figura 22) é possível observar que, os isolados 36611 e 37080; 32738 e 41093; 37207 e 39935; 37802 e 43274 apresentaram mesmo padrão espectral entre si e o “pseudogel” respectivo pode ser observado na Figura 23. Vale lembrar que, as Figuras 18, 19, 20 , 22 e 25 incluem o padrão de bandas de PFGE, apenas para permitir uma melhor comparação entre os métodos, no entanto, apenas os espectros de massas foram utilizados como critérios para a construção dos dendrogramas. 99 Resultados Range de Massas: m/z 2.000 a 12.500 Análise da matriz de distância: Euclidiana Método de agrupamento: UPGMA Tolerância constante: 0,5 Tolerância linear: 300ppm Figura18. Dendrograma do tipo UPGMA obtidos através do programa BioNumerics 7.5 considerando apenas os espectros de ® massas dos 15 isolados de EFSRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT . 100 Resultados Range de Massas: m/z 2.000 a 12.500 Análise da matriz de distância: Euclidiana Método de agrupamento: UPGMA Tolerância constante: 0,5 Tolerância linear: 300ppm Figura 19. Dendrograma UPGMA obtido através do programa BioNumerics 7.5 considerando apenas os espectros de massas dos 20 isolados de ® EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT . 101 Resultados MALDITOF Range de Massas: m/z 2.000 a 12.500 Análise da matrix de distância: Euclidiana Método de clusterização: Ward Tolerância constante: 0,5 Tolerância linear: 300ppm PFGE – EFMRV x EFSRV Nº Centro Padrão ST Figura 20. Dendrograma do tipo Ward obtido através do programa BioNumerics 7.5 considerando apenas os espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT®. 102 Resultados ® Figura 21. “Pseudogel” dos espectros de massas analisados no MALDI-TOFMicroflex LT dos 15 isolados de EFSRV, obtido pelo programa BioNumerics 7.5. A intensidade pré-processamento do espectro de massas pode ser evidenciada através da intensidade na cor verde de cada massa. 103 Resultados Range de Massas: m/z 2.000 a 12.500 Análise da matriz de distância: Euclidiana Método de agrupamento: Ward Tolerância constante: 0,5 Tolerância linear: 300ppm Figura 22. Dendrograma do tipo Ward obtido através do programa BioNumerics 7.5 considerando apenas os espectros de massas dos 20 isolados de ® EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT . 104 Resultados Nº ® Figura 23. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT , obtido pelo programa BioNumerics 7.5. A intensidade pré-processamento do espectro de massas pode ser evidenciado com os através da intensidade na cor verde de cada massa. 105 Resultados Com relação a acurácia do MALDI-TOF em diferenciar os isolados EFSRV de EFMRV analisados no mesmo dendrograma construído com base no algoritmo de Ward considerando apenas o padrão espectral, é possível observar a migração entre os isolados de mesma espécie, com exceção de dois isolados, ambos EFMRV (amostras: 30578 e 47347) que não apresentaram a massa de 7311.41 KDa, que está presente em todos os outros 18 isolados de EFMRV (Figura 24). O “pseudogel” referente aos espectros dos isolados de EFMRV e EFSRV pode ser visualizado na Figura 25. Range de Massas: m/z 2.000 a 12.500 Análise da matriz de distância: Euclidiana Método de agrupamento: Ward Tolerância constante: 0,5 Tolerância linear: 300ppm EFMRV EFSRV Figura 24. Dendrograma do tipo Ward obtido através do programa BioNumerics 7.5 baseado apenas nos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV e dos 20 isolados de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex. 106 Resultados EFSRV EFMRV EFSRV EFMRV Figura 25. “Pseudogel” dos espectros de massas dos 15 isolados de EFSRV e dos 20 isolados ® de EFMRV analisados no MALDI-TOFMicroflex LT , obtido pelo programa BioNumerics 7.5. 5.4 Avaliação dos dados epidemiológicos após a caracterização microbiológica dos isolados Após a realização dos ensaios laboratoriais, foi possível analisar os dados dos pacientes das 118 fichas clínicas enviadas e avaliar alguns dados epidemiológicos associados a espécie de Enterococcus e a sensibilidade à vancomicina, ou seja, entre os principais fatores associados a infecções pelo 107 Resultados microrganismo estudado, aparentemente, apenas cateter vesical apresentou um p = 0,032, que foi significativo para E. faecalis (tanto para os resistentes à vancomicina quanto para os sensíveis). Quanto aos isolados de E. faecium observou-se o mesmo diante de neoplasias com p = 0,048 (Tabela 10). 2 Tabela 10. Teste do X para verificar a relação do desenvolvimento de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV com as principais doenças de base e fatores geralmente associados a ICS e que foram apresentados pelos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil. Grupo Fatores associados Doenças de base Doenças de base/ Grupo Teste de Teste de Fatores associados EFSRV EFSSV χ2 (p) EFMRV EFMSV χ2 (p) Diabetes mellitus 0 (0,0%) 3 (4,2%) 1 1 (5,6%) 2 (16,7%) 0,709 Gastrointestinal 0 (0,0%) 2 (2,8%) 1 4 (22,2%) 1 (8,3%) 0,617 Neoplasia 4 (28,6%) 16 (22,2%) 0,866 9 (50,0%) 1 (8,3%) 0,048* Neurológico 2 (14,3%) 8 (11,1%) 1 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 Trauma 0 (0,0%) 10 (13,9%) 0,304 0 (0,0%) 1 (8,3%) 0,836 Acesso arterial 0 (0,0%) 4 (5,6%) 0,834 0 (0,0%) 1 (8,3%) 0,836 Cateter periférico 3 (21,4%) 11 (15,3%) 0,861 4 (22,2%) 2 (16,7%) 1 Cateter venoso central 13 (92,9%) 55 (76,4%) 0,304 13 (72,2%) 11 (91,7%) 0,402 Cateter vesical 11 (78,6%) 31 (43,1%) 0,032* 8 (44,4%) 6 (50,0%) 1 Diálise peritoneal 0 (0,0%) 3 (4,2%) 1 0 (0,0%) 1 (8,3%) 0,836 Hemodiálise 3 (21,4%) 9 (12,5%) 0,645 2 (11,1%) 2 (16,7%) 1 Neutrófilos < 1000 0 (0,0%) 2 (2,8%) 1 2 (11,1%) 0 (0,0%) 0,654 NPP* 0 (0,0%) 5 (6,9%) 0,695 1 (5,6%) 1 (8,3%) 1 Tx MO* 0 (0,0%) 1 (1,4%) 1 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 Tx Sólido* 0 (0,0%) 3 (4,2%) 1 0 (0,0%) 2 (16,7%) 0,296 UTI* 10 (71,4%) 36 (53,7%) 0,358 8 (47,1%) 6 (54,5%) 1 Ventilação mecânica 9 (64,3%) 27 (37,5%) 0,118 8 (44,4%) 8 (66,7%) 0,411 *NPP= nutrição parenteral prolongada; Tx= transplante; MO= medula óssea; UTI=unidade de tratamento intensivo Nas fichas clínicas enviadas pelos centros médicos não apresentavam os dados relacionados a tempo de internação e uso prévio de antimicrobianos, por isso, não foi possível avaliar a relação desses fatores com nenhum dos grupos. Para verificar se existiu relação entre os grupos (EFSRV, EFSSV, EFMRV, EFMSV) com o sexo utilizou-se o teste de Chi-quadrado. Onde não houve relação significante entre os sexos com nenhum grupo (Tabela 11). Além disso, não foi observada relação significante entre a condição na alta ou óbito entre os grupos de pacientes que apresentaram infecção por: EFSRV, ESFSV, EFMRV e EFMSV 108 Resultados (Tabela 12). Também não houve relação significante entre os grupos e a distribuição da idade (Tabela 13). 2 Tabela 11. Teste do X para verificar a relação do desenvolvimento de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV de acordo com o sexo dos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil. EFMRV Sexo EFMSV EFSRV EFSSV Total Teste de N % N % N % N % N % F 8 40,0 5 35,7 10 66,7 40 42,1 63 43,8 M 12 60,0 9 64,3 5 33,3 55 57,9 81 56,3 20 100,0 14 100,0 15 100,0 95 100,0 144 100,0 Total χ2 (p) 0,285 Resultado Não diferentes 2 Tabela 12. Teste do X para verificar a relação do desenvolvimento de ICS por EFSRV, EFSSV, EFMRV e EFMSV de acordo com a idade dos pacientes incluídos no Projeto SCOPE Brasil. GRUPO Teste de EFMRV EFMSV EFSRV EFSSV Total Média 48,93 43,45 62,93 53,01 52,57 Mediana 61,00 45,50 63,00 59,50 58,50 Desvio-padrão 27,09 26,16 15,87 24,45 24,45 19 14 15 94 142 N Resultado Kruskal-Wallis (p) 0,238 Iguais Tabela 13. Relação dos isolados de EFSRV, EFSSV. EFMRV e EFMSV em relação ao desfecho clínico nos episódios de ICS dos pacientes do Projeto SCOPE Brasil. EFMRV Grupos/ Condição EFMSV EFSRV EFSSV Total Teste de N % N % N % N % N % Alta 6 35,3% 5 41,7% 5 35,7% 31 50,0% 47 44,8% Óbito 11 64,7% 7 58,3% 9 64,3% 31 50,0% 58 55,2% 17 100,0% 12 100,0% 14 100,0% 62 100,0% 105 100,0% Total χ2 (p) 0,612 Resultado Iguais A Figura 26 demonstra a distribuição geográfica, dos isolados de Enterococcus spp. enviados pelos centros médicos incluídos no estudo, evidenciando o número de isolados de EFSRV e EFMRV. Deste modo, é possível observar no mapa, os estados apresentados em cor laranja representam aqueles que enviaram amostras de ERV, sendo E. faecalis representado em verde e E. faecium em azul. Assim, somente os centros 1,2 e 3 enviaram isolados de EFSRV. E os centros 1,3, 4, 6, 7, 12 e 13 enviaram isolados de EFMRV. Apenas os centros 1 e 3 enviaram tanto EFSRV quanto EFMRV. Sendo que o centro 1 enviou o maior 109 Resultados número de isolados resistentes à vancomicina, com 18 isolados dos quais 11 foram EFSRV e 7 EFMRV. E o centro 2 enviou apenas 2 isolados de EFMRV. 1 5 11 7 10 2 9 15 13 Centros participantes Envio de ESV 12 Envio de ERV 61 2 5 4 3 1 EFMRV (1,3,4,6,7,12,13) EFSRV (1,2,3) 3 7 2 1 2 Figura 26. Distribuição geográfica do número de isolados de EFSRV e EFMRV enviados de acordo com o Centro médico participante. A distribuição geográfica dos STs encontrados entre os isolados de EFSRV e EFMRV submetidos a MLST pode ser visualizada na Figura 27. Onde foram analisados ERV enviados pelos centros 1, 2, 3, 4, 6, 7, 12 e 13. Os STs encontrados de EFSRV foram o 9, 103, 525 e 526. O Centro 1 apresentou os STs 9, 103 e 526. O Centro 2 apenas o ST 103 e o Centro 3 apresentou os STs 525 e 526. Quanto aos EFMRV, os STS encontrados forma 18, 412, 478 e 896. Sendo o ST 412 o mais frequente, presente em 6 centros pertencentes a estados diferentes, 3 centros no estado de SP (centros 1, 4 e 6), o centro 7 (RS), o centro 12 (GO) e o centro 13 (DF). O ST 478 foi encontrado apenas em dois centros: 1 e 13. O ST 18 e ST 898 apenas nos centros 4 e 3 respectivamente. 110 Resultados 10 9 15 13 12 61 2 543 7 Figura 27. Distribuição geográfica dos STs de EFSRV e EFMRV encontrados no estudo de acordo com o Centro médico participante. 111 Discussão 6. DISCUSSÃO 112 Discussão A grande maioria dos Enterococcus spp., incluindo espécies que são importantes agentes de infecção hospitalar, são membros da microbiota do trato gastrointestinal de humanos e animais, inclusive insetos. No entanto, ao longo dos anos, sobretudo nas duas últimas décadas, Enterococcus spp. tem emergido como um dos principais causadores de infecções hospitalares. Vários estudos evidenciaram que Enterococcus spp. está entre as espécies mais prevalentes causadoras de ICSs (Magil et al., 2014; Lebreton, Willems & Gilmore, 2014; ANVISA, 2014; Marra et al., 2011; Chowdhury et al. 2009; Hidron et al. 2008; Olivier et al. 2008; Murdoch et al., 2009; Wisplinghoff et al. 2004). Esse fato está provavelmente relacionado a alguns fatores, tais como: a maior ocorrência de doenças degenerativas e neoplásicas, o grande número de transplantes de órgãos realizados, a maior utilização de terapias imunossupressoras, quimioterapia e uso de antimicrobianos de amplo espectro, bem como a realização de maior número de procedimentos médicos invasivos, proporcionando a translocação desses microrganismos. É importante destacar que, geralmente, as ICSs por Enterococcus spp. estão associadas com alta mortalidade e prognóstico reservado, sobretudo quando causadas por isolados resistentes à vancomicina (Short et al. 2014; Whang et al. 2013). Diante dessa problemática, estudos epidemiológicos sobre infecções nosocomiais são ferramentas fundamentais na elucidação de questões específicas, relacionadas a distribuição dos microrganismos mais frequentemente encontrados, suas características de virulência e peculiaridades com relação ao perfil de sensibilidade e os mecanismos de resistência aos antimicrobianos, além de tipagem molecular. Este trabalho consiste na maior casuística de ICSs por espécies de Enterococcus num estudo multicêntrico realizado no Brasil. Neste estudo a correlação entre o agente etiológico como causa da infecção foi muito bem estabelecida com critérios clínicos e laboratoriais rigorosos e padronizados, evitando a valorização de colonizantes e contaminantes. Deste modo, pudemos observar dados consistentes e realistas sobre o panorama dessas infecções em alguns centros brasileiros. Consequentemente, este estudo permitiu a caracterização epidemiológica das espécies de Enterococcus spp. causadoras de ICS em 12 centros médicos brasileiros, contribuindo com a compreensão sobre: (i) distribuição das espécies mais prevalentes e o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos; (ii) 113 Discussão confirmação da presença do gene vanA entre os isolados resistentes à vancomicina; (iii) caracterização molecular dos isolados apresentando gene vanA por três diferentes métodos, PFGE, MLST e MALDI-TOF MS. Estudos semelhantes já foram realizados em outros países, onde as conclusões obtidas e a melhor compreensão dessa problemática mundial, proporcionaram condutas clínicas e laboratoriais mais adequadas (Warren et al. 2001; Wisplingghoff et al. 2004; Martínez-Odriozola et al. 2007; Vicent et al. 2009; Marra et al. 2011). Dados Epidemiológicos: O presente estudo é uma extensão do projeto SCOPE Brasil, que foi conduzido por Marra et. al. (2011), onde foram avaliados 2.668 casos de ICSs, dentro os quais 104 isolados foram do gênero Enterococcus. Na casuística de nosso trabalho, além dos 104 Enterococcus spp. incluídos no estudo acima, acrescentaram-se mais 40 isolados de Enterococcus spp. que foram enviados pelos diversos centros após a finalização do SCOPE Brasil. No estudo SCOPE Brasil, Enterococcus spp. foi o oitavo microrganismo mais frequentemente isolado entre os 2.688 casos de ICS estudados. Outros dados nacionais, como o de Gales et al. 2012) (estudo SENTRY) e o boletim informativo da ANVISA (2014) concordam com os achados por Marra et al. (2011) (que incluem as amostras do presente estudo), onde Enterococcus spp. foi também o oitavo microrganismo mais isolado de ICS. Nossos dados (Marra et al. 2011) nacionais da epidemiologia dos principais microrganismos causadores de ICS são divergentes dos encontrados nos estudos internacionais (Biavasco et al., 2007; Tsai et al., 2005), onde Enterococcus spp. foram a segunda causa mais comum de ICS nos Estados Unidos, enquanto que os relatos de Billington et al. (2014) no Canadá e Wisplinghoff et al. (2004) no Estados Unidos, apontaram Enterococcus spp. como terceiro microrganismo mais isolado das ICS avaliadas. Já no estudo espanhol conduzido por Martínez-Odriozola et al. (2007), Enterococcus spp. foi o quinto isolado mais frequente causador de ICS. Esse fato pode ser melhor compreendido se considerarmos que o Brasil é um país de clima tropical e que apresenta temperaturas mais elevadas, o que pode contribuir com o isolamento de bacilos Gram-negativos com mais frequência, modificando a epidemiologia dos microrganismos mais isolados quando comparado com países de 114 Discussão clima frio (Marra et al., 2011). Recentemente, Magill et al. (2014) realizaram um estudo multicêntrico americano incluindo 183 centros médicos e constataram que o Enterococcus spp. foi o quinto agente mais prevalente de ICS. Com relação aos dados demográficos dos pacientes estudados, observamos que a mediana de idade foi de 58 anos, sendo que 53,4% dos pacientes pertenciam ao sexo masculino e que 92,4% das hemoculturas dos pacientes que apresentaram ficha clínica disponível (118 fichas clínicas) foram monomicrobianas. Observamos também que 21 pacientes tinham menos que 16 anos de idade. Esses dados diferem discretamente dos encontrados por Billington et al. 2014, onde a mediana de idade foi de 68 anos, 66% do sexo masculino e 74% dos hemoculturas monomicrobianas e no estudo de Martínez-Odriozola et al. 2007 no qual verificou-se que 62,3% dos pacientes foram do sexo masculino e 80% do total de hemoculturas foram monomicrobianas. Quanto à idade dos pacientes, nesse estudo não foi calculada a mediana e separou-se por faixa etária, onde 38,7% dos pacientes apresentavam entre 56 e 75 anos de idade e 34,8% apresentavam acima de 75 anos. Com relação as doenças de base e fatores associados a ICS por Enterococcus spp. nossos achados são muito similares aos encontrados em outros estudos (Billington et al., 2014; Ghanem et al., 2007; Martínez-Odriozola et al., 2007; Wisplinghoff et al., 2004). Alguns dados foram diferentes dos encontrados no nosso estudo, como algumas doenças de bases que apresentaram uma prevalência maior entre pacientes portadores de ICS por Enterococcus spp., por exemplo, síndrome da imunodeficiência humana (Martínez-Odriozola et al. 2007). Provavelmente, as divergências encontradas entre o nosso estudo com os dados descritos na literatura podem estar relacionadas com os critérios de inclusão dos pacientes entre os diversos estudos. Dados microbiológicos: No presente estudo, entre os 144 isolados de Enterococcus spp., a espécie E. faecalis foi a mais prevalente com 76,4% (n=110), seguido de E. faecium 22,9% (n=33) e apenas 0,7% de E. durans (apenas1 isolado). 115 Discussão Nossos dados são semelhantes aos publicados no Boletim Informativo (ANVISA, 2014), em que, das 662 espécies de Enterococcus identificadas, 71,9% (476) eram E. faecalis e 28,1% (186) eram E. faecium. Prevalências semelhantes foram encontradas por Billintong et al. (2014) num estudo canadense onde n=467, 70% eram das espécies E. faecalis e n=169, 25,4% eram E. faecium e 4,6% (n=31) eram pertencentes a outras espécies. No estudo realizado na Sérvia E. faecalis foi responsável por 55.05% (n=49) e E. faecium por 41.57% (n=37) das ICS (Mira et al., 2014), em outro estudo europeu (Espanha), por Martínez-Odriozola et al. (2007), E. faecalis e E. faecium apresentaram uma prevalência de 69,9% (n=127) e 21,9% (n=40), respectivamente, outras espécies apresentaram 8,2% (n=15). Em outras casuísticas, E. faecium foi mais prevalente que E. faecalis, como por exemplo, no estudo espanhol conduzido por Gudiol et al. (2013), no qual 51,4% (n=54) contra 36,2% (n=38), respectivamente. Entretanto, esse estudo foi realizado em um centro de referência em câncer, o que pode ter contribuído com a mudança na prevalência das espécies, já que aparentemente existe uma maior prevalência de infecções por E. faecium nesse grupo de pacientes. Quanto às plataformas utilizadas para identificação dos isolados incluídos neste estudo, todas as três (Phoenix®, Vitek MS® e Microflex LT®) demonstraram resultados concordantes com a técnica de PCR. Todas as metodologias apresentaram 100% de concordância com a identificação do gênero Enterococcus. Entretanto, apenas o Microflex LT® Bruker® que utiliza a técnica de espectrometria de massas demonstrou-se 100% concordante com valor de k =1,000 e p < 0,001 para ambas espécies E. faecalis e E. faecium. O Vitek MS® BMX identificou corretamente 97,2% (n=140) dos isolados em nível de espécie, apresentando incongruências na identificação de quatro isolados, onde identificou dois E. faecalis (identificado como E. faecalis pela técnica de PCR) como sendo E. faecium (com porcentagem de confiança de 99,9% para ambos) e identificou como sendo de E. faecalis dois isolados de E. faecium (com porcentagem de confiança de 99,9% e o outro com 88,7%), apresentando o valor de k = 0,921 e p < 0,001. O equipamento Phoenix® também apresentou 97,2% de concordância em relação a identificação molecular, onde houve erro na identificação de um isolado de E. faecalis identificado como E. faecium e três isolados de E. faecium, identificados como E. faecalis. Todos os quatro isolados com erro na identificação pelo Phoenix® apresentaram acima de 97% de confiança, sendo que o manual do equipamento 116 Discussão considera que a espécie deve ser confiável com valores acima de 94% (valor de confiança mínimo para espécie, estabelecido pelo manual do fabricante). Na prática laboratorial, usualmente, espécies de E. faecalis são sensíveis a ampicilina e isolados de E. faecium tendem a ser resistentes. Deste modo, todos os isolados que apresentaram identificação incongruente pelo sistema Phoenix ou pelo Vitek MS® apresentaram o perfil esperado frente à ampicilina, ou seja, os E. faecalis foram sensíveis e os E. faecium resistentes à ampicilina (Merlo et al., 2015; Arias & Murray et al., 2012) e todos os quatro isolados com inconsistência na identificação pelo Vitek MS® apresentaram resistência à vancomicina com CIM > 256 µg/mL (Anexo 2). Para o único isolado de E. durans, não foi possível realizar a confirmação da espécie através da técnica de PCR, no entanto, esse isolado teve sua identificação concordante entre as três metodologias: Phoenix®, Vitek MS® e Microflex LT® Bruker®. Todos as identificações incongruentes foram repetidas no mesmo dia com a mesma colônia, no entanto, mantiveram-se os mesmos erros de identificação. Quanto ao Phoenix®, os erros podem ter sido gerados devido a espécimes com variações no metabolismo enzimático de carboidratos ou aminoácidos, gerando o biótipo inconsistente com os dados moleculares. Já o Vitek MS® recomenda realizar o ensaio de espectrometria de massas utilizando o microrganismo direto da colônia sem extração de proteínas, isso pode ter influenciado na identificação dos isolados. Como o equipamento Vitek MS® ficou disponível por tempo limitado para a realização dos experimentos deste estudo, não foi possível realizar os testes a partir da extração de proteínas. Nossos achados concordam com relatos anteriores (Fang et al., 2012; Schulthess et al., 2012; van Veen et al., 2010), onde houve 100% de concordância na identificação de E. faecalis e E. faecium, utilizando o equipamento Microflex LT® Bruker® e muito semelhantes aos encontrados por Çekin et al. (2012) onde houve 97,8% de concordância na identificação de espécies de Enterococcus com o método molecular de referência, utilizando o sistema Phoenix®. Resultados similares foram obtidos nos estudos de Moon et al. (2013) e Fang et. al. (2012), que verificaram 100% de concordância na identificação de E. faecalis e E. faecium, utilizando Vitek MS®. 117 Discussão Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos e presença do gene vanA: Quanto ao perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, optou-se por analisar o perfil de sensibilidade do gênero, em seguida, estratificado de acordo com as espécies E. faecalis e E. faecium, pois alguns laboratórios nacionais ainda não conseguem realizar a identificação final da espécie utilizando os métodos de identificação convencionais. Deste modo, ao avaliar a sensibilidade do gênero no nosso estudo, todos os 144 isolados (100%) apresentaram sensibilidade a daptomicina e linezolida, após confirmação das CIMs desses antimicrobianos por Etest®. Já para ampicilina, estreptomicina-sinergismo e gentamicina-sinergismo, a sensibilidade foi respectivamente 77,1%, 58,3% e 57,6%. Para vancomicina, a sensibilidade do gênero foi de 75,7%. Quando os isolados foram estratificados por espécie, verificou-se que: o único isolado de E. durans foi sensível a todos os antimicrobianos avaliados, entre os 110 E. faecalis, 98,2% foram sensíveis à ampicilina, 66,4% a estreptomicina-sinergismo e apenas 47,3% de sensibilidade à gentamicina-sinergismo. Entre os 33 isolados de E. faecium observamos um baixo índice de sensibilidade aos antimicrobianos, onde apenas 6,1% foram sensíveis a ampicilina e 27,3% foram sensíveis à estreptomicina-sinergismo. Vale ressaltar que os nossos E. faecium apresentaram maior sensibilidade à gentamicina-sinergismo (90%) quando comparados com os isolados de E. faecalis (57,6%). Quanto à vancomicina, 35/144 (24,3%) isolados foram resistentes dos quais: 60,6% (n=20/33) foram E. faecium e 13,6% (n=15/110) foram E. faecalis. Todos esses 35 isolados apresentaram o gene vanA positivo, nenhum apresentou vanB, concordando com estudos brasileiros, em que o gene vanA foi o único mecanismo de resistência à vancomicina encontrado entre os Enterococcus spp. (Merlo et al., 2015; Resende et al., 2014; da Silva et al., 2012; d`Azevedo et al., 2009; d`Azevedo et al., 2008). Em nosso país, são raros os relatos de resistência à vancomicina devido à presença do gene vanB entre isolados de Enterococcus spp. (Merquior et al.2012; Cantarelli et al., 2011). Houve uma discrepância significativa entre as CIMs obtidas pelo Phoenix® para daptomicina e linezolida quando comparadas com as CIMs obtidas por Etest®. Para o Phoenix houve uma tendência de CIMs maiores para ambos os antimicrobianos, com diferença de até duas diluições. Para daptomicina todos os 118 Discussão isolados foram considerados sensíveis por ambas as metodologias, apesar de cinco isolados apresentarem até duas diluições acima das CIMs, quando utilizado o Phoenix. Enquanto que, para linezolida houve mudança da categoria de sensibilidade para dois isolados, que apresentaram resistência intermediária segundo o Phoenix com CIM de 4 µg/mL, já para o Etest® foram considerados sensíveis (um apresentando CIM de 1 µg/mL e o outro apresentando 2 µg/mL). Vale ressaltar que, as amostras avaliadas com relação a sensibilidade à daptomicina, foram enviadas numa época em que esse antimicrobiano ainda não era utilizado no Brasil. Ao analisar os dados sobre prevalência de ERV isolados de ICS na literatura, é possível observar que existe uma variação na epidemiologia de acordo com a região geográfica e critérios de inclusão no estudo (Marra et al., 2011). Na maioria dos relatos em diversas partes do mundo, existe uma tendência entre os isolados E. faecium de se apresentarem mais resistentes à vancomicina do que E. faecalis (Anvisa 2014; Mira et al., 2014; Adam et al., 2011). Aparentemente, o mesmo ocorre com relação a gentamicina-sinergismo (Mengeloğlu et. al., 2011). Deste modo, nossos achados concordam com os resultados obtidos por Adam et al. (2011), que ao avaliar a prevalência de patógenos resistentes em mais de 8.000 hemoculturas colhidas entre 2007 e 2009 no Canadá, em que todos os 502 isolados de Enterococcus spp. apresentaram sensibilidade a daptomicina e linezolida. No entanto, quanto a sensibilidade à vancomicina, Adam et al. (2011) relataram que apenas 5/479 isolados de E. faecalis (cerca de 1%) e 18/23 (78%) dos E. faecium apresentaram-se resistentes. Sendo que, todos os 18 EFMRV apresentaram gene vanA, quanto aos cinco EFSRV, quatro apresentaram vanB e apenas um apresentou vanA. Enquanto que, Mira et al. (2014) encontraram 54,05% (n=20) de resistência à vancomicina entre os isolados de E. faecium e nenhum isolado de E. faecalis foi resistente nessa casuística. Além disso, 91,4% dos E. faecium desse estudo foram resistentes a gentamicina-sinergismo contra 63% dos E. faecalis. Segundo dados relatados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças Infecciosas – Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em 2013, dos 66.000 isolados de Enterococcus spp./ ano 20.000 foram resistentes à vancomicina, dos quais, 77% dos E. faecium (n=10.000) e 9% dos E. faecalis (n=3.100). Entre os isolados que não tiveram a espécie identificada, 40% deles (n=6.900) foram 119 Discussão resistentes à vancomicina, entretanto, esses dados incluem amostras de sangue, sítios cirúrgicos e trato urinário. Esse fato pode gerar dados incongruentes, devido ao tipo de infecção e critérios de inclusão dos pacientes/isolados no estudo. Nossos achados são muito semelhantes aos dados nacionais, sobre ERV isolado de ICS apresentados pela ANVISA (2014), onde 19,1% (210/1098 isolados) de todos os Enterococcus spp. foram resistentes à vancomicina. Ao estratificar esses dados pelas espécies verificou-se que 11,3% (54/476) dos E.faecalis e 48,9% (91/186) dos E.faecium relacionados com ICS primária confirmada laboratorialmente (IPCSL) foram resistentes à vancomicina. A resistência à vancomicina entre os isolados de Enterococcus spp. que não tiveram sua espécie identificada foi de 14,9% (65/436) dos isolados. Segundo a literatura, as CIMS de daptomicina e linezolida obtidas pelo sistema Phoenix®, geralmente apresentam uma ou mais diluições acima daquelas obtidas pelo Etest® (Riedel et al. 2014; Davies et al. 2013). Além disso, alguns estudos demonstraram que, os métodos comerciais comumente utilizados pelos laboratórios de rotina de microbiologia clínica frequentemente produzem CIMs entre 1-2 log2 de diferença para daptomicina frente a isolados de Enterococcus spp., em comparação com o método de Microdiluição em Caldo (Bryant et al. 2014; Riedel et al., 2014; Riedel et al. 2012). Tipagem molecular dos isolados de Enterococcus spp. resistentes à vancomicina: A tipagem molecular aplicada à microbiologia clínica permite caracterizar a diversidade dos microrganismos de interesse médico, contribuindo para a sua classificação e para a discriminação entre indivíduos da mesma espécie, apresentando um grande potencial para esclarecer sobre a origem e disseminação de uma estirpe causadora de um surto infeccioso. A tipagem molecular dos isolados de ERV enviados de diversas parte do Brasil realizada nesse trabalho é importante para melhor caracterizar a diversidade das linhagens circulantes no nosso país e melhor compreender o comportamento desses microrganismos diante de ICSs e até mesmo dar subsídios para condutas terapêuticas. 120 Discussão Desse modo, as amostras avaliadas no nosso estudo foram submetidas a duas técnicas de tipagem padronizadas e utilizadas em todo o mundo: PFGE e MLST, e uma terceira, que pode ser promissora para utilização num futuro bem breve, MALDI-TOF MS. Gel de Eletroforese em Campo Pulsado (PFGE): A genotipagem por PFGE foi realizada para todos os isolados de ERV. Os perfis de macrorrestrição do DNA genômico dos 15 E. faecalis resistentes à vancomicina, enviados por três centros médicos incluídos no estudo, analisados pelo programa BioNumerics 7.5, revelou dois diferentes grupos “clusters”, respectivamente com sete e quatro isolados. Todos os sete isolados pertencentes ao mesmo grupo foram enviados pelo centro 1 e apresentaram o mesmo padrão de PFGE (padrão C) pelos critérios de Tenover et al. (1995), provavelmente, tratam-se do mesmo clone circulante nesse centro na época do estudo. Entre esses sete isolados, quatro foram enviados no ano de 2008 e três no ano de 2009, cinco dos sete pacientes apresentavam acesso central como fonte bacteriana e 5 foram a óbito. Quanto ao grupo formado por quatro isolados, todos com mesmo padrão de PFGE (padrão B) e enviados por 3 centros diferentes, dois localizados na cidade de São Paulo (Centros 1 e 2) e um em Diadema (Centro 3). Dois isolados foram enviados no ano de 2008, um em 2009 e outro em 2011, demonstrando a persistência desse clone circulante por pelo menos 3 anos. Quatro isolados de EFSRV não foram agrupados em nenhum dos dois clusters (a similaridade foi inferior a 80%). Sobre os EFMRV, foi possível observar um maior polimorfismo no padrão de macrorrestrição dos isolados, com uma grande variação no padrão de PFGE (19 padrões diferentes: A1-A10; B; C; D1-D5; E; F), onde três grupos apresentaram similaridade superior a 80%. Um grupo apresentou 82,4% de similaridade (contendo 10 isolados), esse grupo é representados por isolados enviados pelos centros 01 (seis isolados) e 04 (um isolado) localizados na cidade de São Paulo e pelos centros 12 (um isolado) e 13 (dois isolados), respectivamente localizados em GO e DF. É interessante observar que apesar da distância geográfica entre os centros, ocorre a presença de um mesmo clone em diferentes regiões do Brasil. 121 Discussão O segundo grupo apresentou 83,4% de similaridade (quatro isolados: três do RS e um de SP) e o terceiro grupo apresentou 86,7% de similaridade contendo apenas dois isolados, que foram enviados pelo mesmo centro localizado no DF. Novamente observamos a presença do mesmo clone em regiões geográficas distintas. A maior prevalência de ERV (de ambas espécies, E. faecalis e E. faecium) ocorreu entres os anos de 2008 e 2009. Esse fato, pode ser explicado devido ao maior número de amostras enviadas pelos centros participantes durante esses dois anos (107 dos 144 isolados incluídos, onde 28 foram ERV). Além disso, as reformulações ocorridas no projeto SCOPE entre 2010 e 2011 podem justificar a diminuição do número de amostras enviadas, durante esse período, pelos centros participantes. Quanto ao maior número de ERV isolados no estado de SP, isso pode ser melhor compreendido devido à metade dos centros (seis) estarem localizados nesse Estado. Entre os seis centros paulistas encontram-se hospitais de alta complexidade e Hospitais/Escola, além disso, a localização do LEMC (laboratório para onde os isolados foram enviados) na mesma cidade pode ter contribuído com o maior número de isolados concentrados em SP. Nossos achados concordam com o estudo conduzido por Zanella et al. (2003) que caracterizou o polimorfismo de 85 EFSRV e 62 EFMRV, onde também foram encontrados cinco tipos diferentes de PFGE (A, B, C, D, E) para E. faecalis (o tipo A apresentou oito subtipos e o tipo B dois subtipos, totalizando 15 padrões de bandas diferentes). Para E. faecium, foram encontrados apenas três tipos (M,N,O), no entanto, houve 18 padrões de bandas diferentes, evidenciando também um grande polimorfismo para essa espécie. Apesar dos isolados avalizados por Zanella et al. (2003) serem originários de diversos sítios biológicos diferentes e de apenas um centro médico, o padrão de polimorfismo obtido foi semelhante ao nosso estudo. Em outro estudo Brasileiro, conduzido por D`Azevedo et al. (2008) no Hospital São Paulo, onde foram avaliados nove EFSRV e 10 EFMRV obtidos de cultura de vigilância, foram encontrados três padrões e seis tipos (com sete padrões) de PFGE respectivamente. O número menor de padrões de PFGE pode ser explicado por se tratarem de poucos isolados incluídos no estudo e por serem oriundos de pacientes internados no mesmo hospital. Morrison et al. (1999) também evidenciaram um alto polimorfismo nos padrões de PFGE de 30 isolados EFMRV, de diferentes pacientes, durante um 122 Discussão período de 11 meses, encontrando 17 padrões de bandas distribuídos em quatro grupos distintos com similaridade de 82%. Assim como, Stampone et al. (2005) também observaram um grande polimorfismo entre oito EFSRV, bem como entre os 31 EFMRV isolados de ICS num estudo ocorrido na Itália entre os anos de 2001 e 2003. Existem poucos estudos multicêntricos de tipagem molecular de Enterococcus spp. por PFGE, isolados de sangue. A grande maioria dos estudos envolve amostras isoladas de vários sítios biológicos e geralmente oriundas do mesmo centro médico (mesmo hospital) o que pode dificultar a análise comparativa com a literatura (o nosso estudo envolve apenas isolados de hemoculturas e oriundos de centros médicos localizados em diferentes regiões do Brasil). O uso limitado da técnica de PFGE pode ser explicado por ser laboriosa, de alto custo e demorada (Bedendo & Pignatari, 2000). Sequenciamento de Múltiplos Loci (Multilocus Sequence Typing - MLST): No nosso estudo, encontramos quatro STs diferentes entre os E. faecalis resistentes à vancomicina: ST9 (um isolado), S103 (dois isolados), ST525 (um isolado) e ST526 (três isolados). Como apenas os centros médicos localizados no estado de SP enviaram EFSRV e, além disso, o número de isolados selecionados para realização do MLST foi de apenas sete isolados, não foi possível observar a dispersão nacional de nenhum ST predominante. Entre os STs de EFSRV encontrados no nosso estudo e que estão mais relacionados com infecções nosocomiais destacam-se: o ST526, que, de acordo com o eBurst, apresenta um locus variante (single loci variation – SLV) do complexo clonal 2 (CC2), e o ST9 que é o próprio complexo clonal 9 (CC9) (Solheim et al., 2011; Clewell et al. 2002). De acordo com a literatura, os complexos clonais CC2 e CC9 apresentam quase que exclusivamente isolados de origem nosocomial (Kawalec et al., 2007; Ruiz-Garbajosa et al., 2006; Clewell et al. 2002), outros 2 complexos clonais também relacionados com isolados hospitalares são CC28 e o CC40 (Solheim et al., 2011; Solheim et al., 2009; Ruiz-Garbajosa et al., 2006), entretanto nenhum dos dois últimos foram encontrados no nosso estudo. Segundo Clewell et al. (2002), em E. faecalis, uma grande variedade de plasmídeos conjugativos e transposons estão envolvidos na transferência genética 123 Discussão de determinantes de resistência e de fatores de virulência, o que também pode ter facilitado também a adaptação dos CC2 e CC9 no ambiente hospitalar. Em um estudo brasileiro conduzido por De Almeida et al. (2014), foram analisados cinco EFSRV, nesse estudo também foram encontrados os ST 525 e ST 526. Sendo, quatro isolados pertencentes ao ST 525 (três isolados de sangue e um de urina) e um ST 526 isolado de urocultura. Entre os 15 EFMRV submetidos a tipagem por MLST no nosso estudo, encontramos quatro STs diferentes: ST18, ST412, ST478 e ST896. Entre esses STs, observou-se que o ST412 foi o mais prevalente, encontrado em 11 dos 17 isolados de EFMRV. A análise do eBurst nos permitiu observar que o ST412 apresenta três loci variantes do ST17 (CC17) e foi isolado de seis diferentes centros médicos no nosso estudo: Centros 1; 4; 6; 7; 12 e 13, localizados em três estados brasileiros, a saber: nos estado de SP (centros 1, 4 e 6), RS (centro 7) em GO (centro 12) e no DF (centro 13) demonstrando uma disseminação significativa nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. O ST478 que apresenta quatro loci variantes do ST17 foi identificado em dois isolados do nosso estudo, um enviado pelo centro 1 (SP) e um enviado pelo centro 13 (DF). O ST18, que apresenta dois loci variantes do ST17 e que é um subgrupo fundador, foi observado em um isolado do centro 4 (localizado em SP) e o ST896 em apenas um isolado do centro 3 (SP). Todos os 11 isolados de ST412 do nosso estudo foram resistentes a ampicilina, 8 isolados (73%) foram resistentes a estreptomicina-sinergismo, no entanto, nenhum isolado apresentou resistência a gentamicina-sinergismo. Dos 11 pacientes que tiveram ICS por EFMRV pertencentes ao ST412 nove apresentavam cateter venoso em posição central e tiveram esse acesso como fonte bacteriana primária e sete foram a óbito. No nosso estudo não foram avaliados os fatores de virulência dos isolados, entretanto, de acordo com os dados apresentados na literatura, os isolados pertencentes ao CC17 e seus STs variantes, geralmente apresentaram o gene esp (enterococcal surface protein - proteína de superfície enterocócica) que contribui na produção de biofilme (Deplano et al., 2007), esse fato provavelmente pode ter contribuído com a colonização do cateter previamente a ICS dos isolados derivados do CC17 avaliados no nosso estudo. Recentemente, estudos de tipagem molecular demonstraram que a maioria das cepas de EFMRV associadas com infecções nosocomiais, em todo o mundo, 124 Discussão fazem parte da mesma linhagem conhecida como CC17 (Leavis et al., 2007; Camargo, Gilmore & Darini, 2006; Klare et al., 2005; Willems et al., 2005; Willems et al., 2001). Supõe-se que a aquisição de sequências de inserção (IS) proporcionou ao CC17 um aumento da plasticidade no seu genoma, facilitando sua adaptação do mesmo no ambiente hospitalar (Leavis et al., 2007). Além disso, isolados pertencentes ao CC17 e seus STs variantes são geralmente resistentes à ampicilina e carreiam vários genes codificadores de fatores de virulência como a proteína superfície enterocócica e a hialuronidase e, na maioria das vezes, a ilha de patogenicidade putativa (Top, Willems & Bonten, 2008; Leavis et al., 2006; Willems et al., 2005; Klare et al., 2005; Bonora et al., 2004; Leavis et al., 2004; Werner et al., 2003; Willems et al., 2001). Segundo Ochoa et al. (2013), Damani et al. (2010) e Panesso et al. (2010), existem vários STs pertencentes ao complexo clonal 17, como ST16, ST17, ST18, ST203 e ST412, que estão disseminados em todo o mundo. Dois desses STs foram encontrados no nosso estudo ST18 e ST412. STs pertencentes ao CC17 e suas variantes também foram encontrados em estudo conduzido por Damani et al. (2010), que avaliaram 359 ERV, dos quais 199 isolados (55,4%) apresentaram o ST412, onde todos foram resistentes a ampicilina, estreptomicina-sinergismo e 95% (190 isolados) foram resistentes a gentamicina-sinergismo. Na Cidade do México, Ochoa et al. (2013) analisaram 12 EFMRV, onde seis pertenciam ao ST412, sendo dois desses isolados de hemocultura. O ST412 foi o mais prevalente em um estudo multicêntrico realizado na América do Sul incluindo quatro países (Colômbia, Equador, Peru e Venezuela). Outros STs encontrados nesse estudo foram: ST17, ST18, ST125, ST203, ST280, e ST282, todos pertencentes ao CC17 (Panesso et al., 2010). Os STs encontrados no nosso estudo (SCOPE Brasil) concordam com outros estudos brasileiros que avaliaram isolados contemporâneos (isolados entre os anos de 2007 e 2011). Em um estudo de vigilância de EFSRV e EFMRV, realizado durante o ano de 2009, conduzido por Merlo et al. (2015) num hospital brasileiro, na cidade de Belo Horizonte, foi observada uma prevalência do ST103 entre cinco dos 14 EFSRV estudados. Entre os EFMRV, o ST412 foi identificado em 35 dos 47 isolados estudados, sugerindo uma disseminação desses STs no hospital onde o estudo foi realizado. Tal estudo é contemporâneo ao projeto SCOPE Brasil, o que 125 Discussão pode justificar o isolamento de ERV com os mesmos STs em ambos. Em outro estudo brasileiro realizado por da Silva et al. (2012) dos 53 EFMRV isolados de diversos materiais clínicos (sendo a grande maioria oriundos de cultura de vigilância) incluídos nesse estudo, foi realizada tipagem por MLST de 31 isolados, onde 38.7% (n = 12) foram pertencentes ST412 e 32.3% (n = 10) ao ST478. Palazzo e colaboradores (2011) realizaram a tipagem por MLST de 11 isolados de E. faecium isolados no ano de 2007 num hospital universitário da cidade de Campinas, entre os quais, um isolado de hemocultura foi pertencente ao ST412 e sete foram pertencentes ao ST478 (incluindo um isolado de hemocultura). Esse último apresentou dois loci variantes (doble loci variation) do ST203, que por sua vez é pertencente ao CC17. Todos esses relatos reforçam a capacidade adaptativa dos ST412 e ST478 (ambos variantes do CC17) ao ambiente hospitalar. Os dados encontrados no nosso estudo, somados aos relatos encontrados em outros estudos brasileiros, sugerem uma disseminação desse ST entre vários centros médicos brasileiros. No entanto, vale ressaltar que a maioria destes estudos foram realizados com isolados colhidos de diversos materiais clínicos humanos, sendo a grande maioria obtida de culturas de vigilância, aparentemente, não foi realizado nenhum estudo nacional sobre tipagem de ERV por MLST incluindo apenas isolados de ICS durante o período do nosso estudo. Tipagem por Espectrometria de Massas: MALDI-TOF MS é considerado revolucionário, devido à sua precisão na identificação de microrganismos, velocidade e custo-efetividade em relação às técnicas de cultura existentes (Murray, 2012; Dekker et al., 2011; Bizzini & Greub, 2010; van Veen et al., 2010; Seng et al., 2009; Carbonnelle et al., 2007). A identificação acurada e rápida de microrganismos isolados de ICS, juntamente com a realização de uma “Tipagem em Tempo Real por MALDI-TOF MS” pode nos fornecer informações preciosas sobre clones que possam apresentar fatores de virulência e resistências aos antimicrobianos mediadas por genes cromossomais, proporcionando uma gestão dos pacientes em tempo real, sobretudo nos casos de infecção por isolados multirresistentes que geram uma limitação terapêutica significativa como é o caso das ICS por E. faecalis ou E. 126 Discussão faecium resistentes à vancomicina, agilizando o uso antimicrobiano adequado e prevenindo o uso excessivo de antibióticos empíricos e sua toxicidade. Pensando em melhor compreender a epidemiologia de ERV isolados de ICS no Brasil, decidimos avaliar a acurácia da técnica de MALDI-TOF MS 5para realizar a identificação de espécies de Enterococcus e a tipagem destes num mesmo ensaio laboratorial. Para tanto, verificamos a aplicabilidade dos equipamentos Vitek MS® (BioMérieux) e Microflex LT® (Bruker) para realização de tipagem de EFMRV e EFSRV através do padrão de proteínas. Além disso, verificamos a acurácia do Microflex LT® na tipagem e diferenciação entre os isolados E. faecalis e E. faecium de acordo com a sensibilidade à vancomicina. Avaliamos o padrão proteico dos 15 isolados de EFSRV e dos 20 EFMRV, obtido pelo Vitek MS® (BioMérieux) utilizando o programa Saramis®, através do dendrograma do tipo UPGMA com o objetivo de comparar a relação do padrão de similaridade com o método de tipagem considerado PFGE e com a tipagem por MLST. O dendrograma gerado pelo Saramis® apresenta a similaridade de acordo com o número de massas idênticas e não por porcentagem de similaridade ou distância espectral (Manual do usuário Saramis®). Vale ressaltar que, a base de cálculo utilizada para gerar o padrão de similaridade no Saramis® é do tipo Euclidiana e também considera a intensidade dos picos. Sendo essa, uma variável errática, não foi possível estabelecer uma relação entre o padrão de similaridade gerado pelo Vitek MS®, tanto para os isolados de EFSRV quanto para os isolados de EFMRV, quando comparado com a tipagem por PFGE e MLST dos mesmos isolados. Não foi possível gerar um dendrograma com o algoritmo Ward utilizando o sistema Saramis®, o que poderia ter facilitado a comparação do dendrograma com os espectros produzidos pelo Vitek MS® com o dendrograma obtido pelos outros métodos, já que o algoritmo de Ward permite a construção de dendrograma representando porcentagem de similaridade. Também não foi possível realizar a importação do padrão de espectros obtidos pelo Vitek MS® para melhor avaliação utilizando o BioNumerics 7.5, que permite gerar dendrograma desconsiderando a intensidade dos picos. Além disso, não encontramos nenhum estudo na literatura que utilizou o Vitek MS® e o sistema Saramis® para tipagem de ERV. Deste modo, nós não conseguimos comparar os nossos dados com outras experiências semelhantes para 127 Discussão análise da similaridade. Quanto ao Microflex LT® (Bruker) realizamos duas análises, uma pelo programa BioTyper 3.1 OC e outra pelo BioNumerics 7.5. No primeiro programa, o agrupamento foi realizado utilizando o padrão Euclidiano e o dendrograma do tipo UHCA, que é o padrão disponível pelo programa BioTyper 3.1 OC. No segundo programa, realizamos as análises por UPGMA (para facilitar a comparação com o dendrograma também UPGMA obtido através da análise por PFGE) e pelo método de Ward, desconsiderando a intensidade, possibilitando uma melhor reprodutividade do método por gerar uma relação binária sobre a presença ou ausência de cada espectro de massa, permitindo uma comparação com os métodos de tipagem que já estão padronizados. Apesar de ser uma técnica de fácil execução e de baixo custo, a sua utilização para tipagem de microrganismos ainda não está muito bem padronizada, fazendo-se necessário estabelecer alguns parâmetros. Quando utilizamos a técnica de MALDI-TOF MS para tipagem dos Enterococcus spp. levantamos algumas questões, que podem ter sido geradas por outros pesquisadores, por exemplo: 1 - Qual a matriz de distância, utilizada para agrupamento (“clusterização”), pode ser a mais adequada? Acreditamos que a matriz pode depender do objetivo de cada análise. No nosso caso, encontramos melhores resultados com o método Euclidiano, com algumas modificações realizadas no tipo do algoritmo. É importante lembrar que a técnica de MALDI-TOF MS utiliza as proteínas ribossomais e pode gerar dezenas de picos, são necessários mais estudos para avaliar quais massas devem ser utilizadas como parâmetro de tipagem e isso pode variar de acordo com a espécie do microrganismo analisada, além da tolerância constante que deve ser utilizada para a variação dos espectros. 2 - Qual o algoritmo de agrupamento mais adequado para cada tipo de análise? Obtivemos melhores resultados com o algoritmo de Ward, excluindo a intensidade dos picos, que foi possível apenas utilizando o programa BioNumerics 7.5. Sugerimos que o algoritmo para agrupamento seja realizado baseando-se apenas nas massas, desconsiderando a “intensidade” das mesmas, que pode sofrer influência quanto à matriz utilizada, o volume da matriz aplicado no spot, se o ensaio foi realizado com ou sem extração de proteínas, pelo tipo de método de extração de proteínas utilizado e pelo manipulador durante o preenchimento do spot (Croxatto, et al 2012). 128 Discussão 3 - Qual o ponto de corte utilizado para avaliar a relação clonal entre os isolados, seja por distância espectral, número de massas idênticas ou porcentagem de similaridade? No nosso estudo, consideramos um coeficiente de similaridade acima de 80% para definição de cada grupo de isolados. No entanto não existem parâmetros na literatura para similaridade por MALDI-TOF MS e os estudos disponíveis utilizaram algoritmos diferentes e não propuseram um coeficiente de similaridade (Rim et al., 2015; Lash et al., 2014). Não estamos totalmente convencidos que o coeficiente de similaridade de 80% pode responder as nossas dúvidas sobre a relação clonal entre os isolados de Enterococcus spp. Este é um estudo pioneiro, utilizando esse coeficiente de similaridade e o algoritmo de Ward, no entanto, precisamos de mais estudos para deixar esses dados mais consistentes. Nossos resultados do padrão de similaridade entre os isolados de EFSRV e EFMRV pelo programa BioTyper 3.1 OC não permitiram estabelecer nenhum critério de padronização do método, porque os resultados não foram reprodutíveis. Avaliamos todos os métodos de clusterização disponíveis nesse programa e obtivemos uma grande variação na similaridade dos isolados quando modificamos os algoritmos. Além disso, o tipo de dendrograma disponível no BioTyper 3.1 OC é sempre UHCA e todos os métodos de agrupamento disponíveis realizam uma análise multidimensional no cálculo da distância espectral correlacionando a massa e a sua intensidade respectiva (Manual do Usuário MALDI BioTyper 3.1 OC). Ou seja, se utilizados os espectros dos mesmos isolados em dias diferentes de ensaio, os dendrogramas respectivos podem produzir um arranjo no padrão de similaridade completamente diferente, dificultando a análise comparativa com os método de tipagem conhecidos, tornando as ferramentas disponíveis pelo BioTyper 3.1 OC para tipagem de Enterococcus spp. questionáveis ou pelo menos irreprodutíveis. Quanto as análises realizadas no programa BioNumerics 7.5, com os espectros importados do Microflex LT®, verificamos alguns pontos importantes para serem discutidos: Quando utilizamos o método de agrupamento UPGMA não tivemos uma boa concordância com PFGE e MLST, porque alguns isolados com padrão de bandas diferentes bem como STs diferentes, apresentaram similaridade superior a 80% pela análise do padrão de massas, para ambas as espécies. Isolados apresentando padrão de massas completamente diferentes foram 129 Discussão considerados idênticos entre os isolados de E. faecalis, o que pode ter ocorrido devido ao método de agrupamento levar em conta a intensidade das massas e selecionar automaticamente os picos considerados principais como parâmetro de clusterização. Verificamos uma boa correlação entre a tipagem utilizando os espectros de massas importados pelo Microflex LT® e as outras metodologias utilizadas nesse estudo para tipagem dos ERV quando utilizamos o algoritmo de Ward para construção dos dendrogramas no BioNumerics 7.5. Para EFSRV observamos uma polarização dos isolados pertencentes a STs diferentes e um agrupamento aos STs idênticos com similaridade superior a 80%. Entretanto, o número de amostras utilizadas para realizar a tipagem pela técnica de MLST no nosso estudo foi limitada, impossibilitando avaliar a acurácia do MALDI-TOF MS para tipagem de outros STs, por exemplo o ST9 e o ST525, representados por apenas um isolado cada. Para E. faecium a correlação entre a similaridade baseada nos espectros de massas, mesmo utilizando o algoritmo de Ward, com PFGE e MLST não foi muito boa. Um isolado pertencente ao ST18 e outro pertencente ao ST 412 apresentaram 96% de similaridade, além disso, o método não agrupou isolados pertencentes ao mesmo ST. Esse fato pode ser explicado devido ao polimorfismo encontrado entre isolados de E. faecium (Morrison et al., 1999). No entanto, observamos a presença dos picos de massas: 4431, 6349, 7297 e 7312 em todos os isolados do ST412. Observamos também que o pico 6349 não esteve presente no ST896. Embora, esses dados tenham sido encontrados em um pequeno número de isolados estudados, esses achados podem ser significativos e sugerir que a presença dessas massas podem sugerir alguma relação com os isolados pertencentes aos STs derivados do CC17. Para tanto, torna-se necessária a construção de um banco de dados com vários STs diferentes bem como a inclusão de vários indivíduos representando o mesmo ST, afim de verificar a reprodutibilidade desses achados, além de confirmar a exclusividade desses picos no ST412, que apresentou-se predominante entre os EFMRV no nosso estudo. Existem várias ferramentas que devemos melhor compreender para utilização do MALDI-TOF MS para tipagem molecular, como por exemplo: o range de 130 Discussão massas que deverão ser consideradas na análise; o número principal de componentes (que avalia as características diferentes, relacionadas com presença ou ausência de picos e intensidade); a análise do tipo Principal Component Analysis (PCA), que realiza uma análise onde cada pico e sua intensidade respectiva gera um dimensão diferente dentro de um gráfico de PCA, ou seja cada pico uma dimensão, talvez esse método de análise não apresente um poder discriminatório suficiente para realização de tipagem de microrganismos, devido à sua falta de reprodutibilidade; a tolerância constante que permite avaliar um range do desvio padrão das massas que devem ser consideradas idênticas; o tipo da análise de matriz de distância (ou seja, qual a fórmula base para cálculo da similaridade entre os isolados analisados) e o método de clusterização. Vale ressaltar a importância de um software que permita a personalização da análise sobre a seleção dos picos, além de identificar os picos discriminatórios para cada espécie. Não conseguimos realizar a padronização de um protocolo para tipagem de Enterococcus spp. utilizando MALDI-TOF MS, sobretudo da espécie E. faecium, provavelmente devido ao seu grande polimorfismo que pode ser observado no PFGE e na variedade dos STs existentes. Além disso, a profundidade analítica filogenética que pode ser alcançada com base no proteoma avaliado no nosso estudo é relativamente limitado, pelo menos com relação às duas espécies analisadas. Existem atualmente cerca de 10 trabalhos publicados sobre a utilização do Microflex LT® para tipagem de bactérias patogênicas. (Rim et al., 2015; Lash et al., 2014; Gherardi et al., 2014; Johansson et al., 2014; Josten et al., 2013; Mencacci et al., 2013; Christensen et al., 2012; Wolters et al., 2011; Murray, 2010; Barbuddhe et al., 2008). Além disso, não existem protocolos definidos para tipagem de Enterococcus spp., bem como da matriz e até mesmo os programas de informática ideais para esse tipo de análise. Todos esses fatos podem resultar numa má reprodutibilidade e comprometer o tamanho e a qualidade dos picos o que influencia diretamente no agrupamento dos dendrogramas (Rim et al., 2015; Hamprecht et al., 2014; Lash et al., 2014). No entanto apenas cinco desses estudos realizaram a construção de 131 Discussão dendrograma a partir dos espectros de massas para avaliação da similaridade dos microrganismos analisados (Rim et al., 2015; Lash et al., 2014; Mencacci et al., 2013; Christensen et al., 2012; Wolter et al., 2011). Apenas um trabalho foi publicado sobre tipagem de E. faecium utilizando os espectros de massas obtidos pelo Microflex LT® (Lash et al., 2014) relatando que a técnica de MALDI-TOF MS não apresenta poder discriminatório para tipagem de E. faecium e S. aureus. No estudo conduzido por Rim et al. (2015) avaliando Acinetobacter baumannii, todos os cut-offs utilizados foram baseados em consultas com profissionais especializados em bioestatística e esses pontos de corte foram considerados arbitrários. Apesar da falta de protocolos para tipagem por MALDI-TOF MS, verificamos que o método de extração de proteínas ribossomais totais da colônia (com acetonitrila e ácido fórmico) evidenciaram melhores escores no Microflex LT® quando comparamos com o método direto da colônia sem a extração no Vitek MS®, concordando com os achados de Griffin et al. (2012). A dificuldade da correlação entre MALDI-TOF MS e os outros métodos de tipagem pode ser explicada porque a técnica de espectrometria de massas utilizada detecta apenas um subproteoma bacteriano bastante aleatório num range de massas limitado (2.000-12.000 m/z) (Lash et al., 2014). Além disso, nessa metodologia, apenas um número selecionado de proteínas é preferencialmente ionizado, o que reduz o número possível de sinais disponíveis para caracterização dos isolados e que a maior parte dos picos de massas e biomarcadores taxonespecíficos correspondem às proteínas ribossomais (Suarez et al., 2013). Deve ser considerado que o nosso estudo apresenta algumas limitações, por exemplo: apenas 22 isolados foram submetidos a técnica de MLST; não realizamos sequenciamento do genoma completo dos nossos isolados o que poderia ter facilitado a comparação com a análise pelo MALDI-TOF MS. Por outro lado, sabemos que é um estudo multicêntrico pioneiro no Brasil, sobre a epidemiologia molecular de isolados de Enterococcus spp. de ICS multicêntrico, trazendo informações importantes sobre a distribuição dos ERV no Brasil e sobre os clones mais prevalentes, além da utilização do MALDI-TOF MS para tipagem. O nosso estudo pode também ser o início de uma nova proposta de tipagem, onde o MALDI-TOF, que apresenta resultados de identificação de microrganismos em pouco tempo, possa também, num futuro bem próximo ser utilizado para 132 Discussão realização da tipagem de microrganismos de interesse clínico, assim como segregar os Enterococcus spp. resistentes à vancomicina dos sensíveis e quem sabe, até mesmo trazer informações sobre fatores de virulência e mecanismos de resistência, proporcionando uma tipagem em tempo real” e uma gestão dos pacientes também em “tempo real”. Deste modo, são necessários mais estudos utilizando o MALDI-TOF MS com o objetivo de padronizar a tipagem de microrganismos com protocolos de análise de dendrograma reprodutíveis e que possam trazer informações importantes e confiáveis para a prática médica. Apesar de ser um método de fácil execução, rápido e de baixo custo-efetividade, quando comparado com os métodos de sequenciamento e de PFGE, o poder discriminatório de MALDI-TOF MS para tipagem de Enterococcus spp. ainda não foi totalmente explorado. Outros estudos incluindo amostras de hemoculturas e de outros sítios e também amostras de surtos, de diferentes centros médicos do Brasil poderão fornecer maior diversidade molecular permitindo a construção de um banco de dados de proteínas e de STs. 133 Conclusões 7. CONCLUSÕES 134 Conclusões E. faecalis foi a espécie mais prevalente entre os isolados de Enterococcus spp. de ICS. Neoplasias foram as doenças de base mais encontradas entre os pacientes com ICS por Enterococcus spp. Entre as doenças de bases e fatores associados ao desenvolvimento de ICS, neoplasia foi significante para E. faecium e cateter vesical para E. faecalis. Tanto o método fenotípico quanto MALDI-TOF MS apresentaram boa concordância com o método molecular para identificação das espécies de Enterococcus isolados de ICS. E. faecalis foram mais sensíveis a ampicilina e estreptomicina-sinergismo e E. faecium apresentaram-se mais sensíveis a gentamicina-sinergismo. Todos os isolados foram sensíveis a daptomicina e linezolida. Todos os isolados resistentes à vancomicina apresentaram o gene vanA, sendo 60,6% dos E. faecium e 13,6% dos E. faecalis. De acordo com a tipagem por PFGE foram encontrados dois padrões (B e C) predominantes entre os EFSRV, entre os EFMRV observou-se um maior polimorfismo e três clusters, sendo o padrão A, o predominante. Na tipagem por MLST o ST526 foi o mais encontrado entre os EFSRV. Para EFMRV o ST412 foi o mais prevalente, encontrados em três regiões diferentes do Brasil, sugerindo uma disseminação desse clone . Vitek MS®, através do programa Saramis® e o Microflex LT® utilizando o programa BioTyper 3.1 OC não apresentaram poder discriminatório para tipagem dos ERV. A tipagem com os espectros produzidos no Microflex LT ® e analisados no BioNumerics 7.5 apresentou uma boa concordância com o MLST para E. faecalis, quando utilizado o algoritmo de Ward desconsiderando a intensidade 135 Conclusões dos espectros. Mesmo utilizando Ward para E. faecium não houve boa correlação com o MLST. 136 Anexos 8. ANEXOS 137 Anexos 8.1 Anexo 1 Tabela 14. Incongruências nas identificações dos isolados de Enterococcus spp., ® incluídos no Projeto SCOPE Brasil, pelos sistemas Phoenix e Vitek MS em relação a PCR, e a sensibilidade à ampicilina e vancomicina. Nº isolado 30.667 31.925 37.144 38.038 Nº isolado 34.501 34.632 39.453 41.093 Metodologia de Identificação ® PCR Phoenix E. faecium E. faecalis E. faecalis E. faecium E. faecium E. faecalis E. faecium E. faecalis Metodologia de Identificação ® PCR Vitek MS E. faecalis E. faecium E. faecium E. faecalis E. faecalis E. faecium E. faecium E. faecalis CIM (µg/mL) AM VC >16 ≤0,5 8 ≤0,5 >16 1 >16 1 CIM (µg/mL) AM VC >256 4 >256 >16 >256 4 >256 >16 138 Referências Bibliográficas 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 139 Referências Bibliográficas Adam HJ, De Corby M, Rennie R, Karlowsky JA, Hoban DJ, Zhanel GG; Canadian Antimicrobial Resistance Alliance (CARA). Prevalence of antimicrobial resistant pathogens from blood cultures from Canadian hospitals: results of the CANWARD 2007-2009 study. Diagn Microbiol Infect Dis. 2011; 69 (3):307-13. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Boletim Informativo Segurança do Paciente e Qualidade dos Serviços de Saúde - Ano IV, número 7, Março de 2014. 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