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EFEITO DA APOCININA NO DÉFICIT NEUROMOTOR INDUZIDO PELO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO EM RATOS (1) Ney Brasil Lemos Neto (2), Priscila Marques Sosa(3), Mauren de Assis Sousa (4), Pâmela Billig Mello Carpes(5) (1) Trabalho executado com recursos da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unipampa. Acadêmico de Fisioterapia. Bolsista PROEXT/MEC. Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS. ([email protected]) (3) Mestranda em Bioquímica na Universidade Federal do Pampa. ([email protected]) (2) (4) (5) Pós-doutoranda PPG Bioquímica/Unipampa. ([email protected]) Professora, Universidade Federal do Pampa. Campus Uruguaiana. ([email protected]) RESUMO: A hemorragia intracerebral (HIC) é um tipo de acidente vascular encefálico (AVE), podendo causar sequelas como incapacidade funcional e até mesmo a morte. A HIC é causada pelo extravasamento de sangue nos tecidos cerebrais, gerando acúmulo de radicais livres, através da atividade da NADPH-oxidase, e morte neuronal. Em contrapartida, a apocinina é capaz de inibir a atividade da NADPH oxidase, protegendo contra o estresse oxidativo. Tendo em vista o grande número de casos de HIC, este estudo investigou o efeito da administração da apocinina (2,6 e 24 horas após lesão), sobre o déficit neuromotor em modelo de HIC em ratos. Utilizou-se 44 ratos Wistar divididos em quatro grupos (n=11/cada): SHAM (cirurgia controle, sem indução de HIC), HIC, HIC+Apocinina e SHAM+Apocinina. Para avaliação neuromotora foram utilizados os seguintes testes: Neurological Deficit Score (NDS) e Campo Aberto (CA), aplicados 1 e 3 dias após a cirurgia. Não houveram diferenças entre os grupos HIC e HIC+Apocinina no NDS, tanto no dia 1 quanto no dia 3 (P>0,05). Também não ocorreram diferenças entre estes grupos na capacidade locomotora (P>0,05) e exploratória (P>0,05). Nossos resultados demonstram que a apocinina nas referidas doses não é capaz de reverter os danos motores causados pela HIC. Palavras-Chave: Hemorragia Intracerebral, estresse oxidativo, NADPH-oxidase e apocinina. INTRODUÇÃO A HIC corresponde de 15 a 20% dos casos de AVE, sendo considerada uma das principais causas de incapacidade funcional dos pacientes (GEBEL; BRODERICK, 2000). Ela é causada pelo extravasamento de sangue no encéfalo, gerando, entre outras desordens, acúmulo de radicais livres, que culmina com a morte neuronal. A formação de radicais livres após a HIC está relacionada à ativação da NADPH oxidase: um complexo de enzimas ligado à membrana plasmática (BEDARD; KRAUSE, 2007). A apocinina é um composto medicinal, descrito como inibidor da atividade da NADPH-oxidase (VAN DEN et al., 2001) que tem mostrado capacidade de melhorar a função motora de ratos após traumatismo cranioencefálico (FERREIRA et al., 2013). Assim, considerando a grande necessidade de tratamentos que minimizem o dano motor ou auxiliem na recuperação neuromotora após HIC, este estudo objetivou investigar o efeito do tratamento com apocinina sobre o déficit neuromotor em um modelo de HIC em ratos. METODOLOGIA A amostra foi composta por 44 ratos Wistar, divididos em 4 grupos (n=11/cada): HIC tratado com apocinina, HIC sem tratamento, SHAM (cirurgia controle, sem indução de HIC) e SHAM tratado com apocinina. Os grupos HIC, após a anestesia, foram submetidos à cirurgia estereotáxica de acordo com as coordenadas de Paxinos e Watson (1986): 5 mm anterior, 3,5 mm lateral ao bregma e 6,5 mm a partir da duramater (alcançando o estriado direito), para a administração de 1 uL de colagenase, (enzima que degrada a lamina basal dos vasos sanguíneos) (Nakamura et al, 2006). Os ratos tratados receberam apocinina por administração intraperitoneal 2 e 6 e 24 horas após a indução de HIC (TITOVA et al., 2007), na dose de 0,5 mg/kg (FERREIRA et al., 2013). 24 horas e 3 dias após a cirurgia foram realizados os testes comportamentais: NDS (para avaliação neuromotora) e Campo Aberto (para atividade locomotora e exploratória). Para a análise estatística, após a verificação da distribuição dos dados (teste de Shapiro-Wilk), utilizamos ANOVA de duas vias. Foram considerados significativos valores de P ≤ 0,05. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais/UNIPAMPA (protocolo 032/2014). RESULTADOS E DISCUSSÃO Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa Não foram observadas diferenças na avaliação das funções neurológicas quando comparados os ratos do grupo HIC e do grupo HIC+apocinina, tanto no dia 1 quanto no dia 3: (P>0,05) (figura 1). Também não houve diferença nos resultados do teste de Campo Aberto entre os animais do grupo HIC e HIC+apocinina (Cruzamentos: P>0,05 e Elevações: P>0,05), tanto no dia 1 quanto no dia 3 (figura 2). Figura 1 - Resultados do NDS. Tanto no dia 1 quanto no dia 3, houve aumento do déficit neurológico nos animais do grupo HIC e a apocinina não foi capaz de reverter este déficit. Valores expressos como média e desvio padrão. ** P < 0,001; *** P < 0,0001 em comparação ao grupo Sham. A B Figura 2 - Resultados do Campo Aberto. A. Os animais do grupo HIC apresentaram diminuição da capacidade locomotora e a administração de apocinina não reverteu este resultado nos dias 1 e 3 após a lesão. B. Os animais do grupo HIC apresentaram diminuição da capacidade exploratória e a administração de apocinina não reverteu este resultado tanto no dia 1 quanto no dia 3 após a lesão. Valores expressos como média e desvio padrão. * P < 0,01; ** P < 0,001; *** P < 0,0001 em comparação ao grupo Sham. Considerando que estudos prévios relatam efeitos positivos da apocinina no tratamento de lesões do SNC (FERREIRA et al., 2013), estudos adicionais são necessários para que possamos afirmar que de fato a apocinina não tem efeito no tratamento da HIC. É importante considerar que a incapacidade da apocinina em reverter o dano motor causado pela HIC pode estar relacionada às doses, ao tempo de administração e/ou ao período de início de tratamento e avaliação, considerando que estudos em modelos de traumatismo cranioencefálico observaram efeitos deste composto a partir de uma semana após lesão (FERREIRA et al., 2013). CONCLUSÕES A apocinina não se mostrou uma alternativa eficaz no tratamento dos danos neuromotores causados pela HIC. Estudos adicionais são necessários, para avaliar o efeito de diferentes doses e tempos de administração. REFERÊNCIAS BEDARD, K., KRAUSE, K.H., 2007. The NOX family of ROS-generating NADPH oxidases: physiology and pathophysiology. Physiol. Rev. 87, 245–313. FERREIRA A.P.O. et al., 2013. The effect of NADPH-oxidase inhibitor apocynin on cognitive impairment induced by moderate lateral fluid percussion injury: Role of inflammatory and oxidative brain damage. Neurochemistry International 63:583–593. GEBEL J. M. and BRODERICK J. P. 2000. Intracerebral hemorrhage.Neurol. Clin.18, 419–438. NAKAMURA T et al. 2006. Iron-induced oxidative brain injury after experimental intracerebral hemorrhage. Acta Neurochir Suppl. 96, 194-8. TANG J, et al. 2005. Role of NADPH oxidase in the brain injury of intracerebral hemorrhage. J. Neurochem; 94: 1342– 50. TITOVA E. et al., 2008. Effects of apocynin and ethanol on intracerebral haemorrhage-induced brain injury in rats. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology 34, 845– 850. VAN DEN WE et al., 2001. Effects of methoxylation of apocynin and analogs on the inhibition of reactive oxygen species production by stimulated human neutrophils. Eur. J. Pharmacol. 433: 225 – 30. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa