FENÔMENOS DE TRANSPORTES I LEITURA COMPLEMENTAR
Transcrição
FENÔMENOS DE TRANSPORTES I LEITURA COMPLEMENTAR
FENÔMENOS DE TRANSPORTES I LEITURA COMPLEMENTAR – VISCOSIDADE Devido à fluidez ocorre a fácil mudança da forma do fluido sob ação de uma tensão cisalhante. Em virtude da coesão molecular (atrito interno entre as moléculas do fluido) surge a viscosidade, que é a resistência do fluido ao cisalhamento. Portanto a viscosidade é contrária a fluidez. Os líquidos mais viscosos têm baixa fluidez e vice-versa. Tanto a viscosidade quanto a fluidez são propriedades características de cada fluido que se manifestam no seu interior, independente do material sólido com que estão em contato. A pressão não interfere na viscosidade de um fluido, exceto em condições excepcionais. Entendemos por viscosidade dinâmica (µ) aquela que surge diretamente da Lei de Newton da Viscosidade. Os fluidos que obedecem ao que é observado nesta lei são chamados de fluidos Newtonianos (apresentam proporcionalidade entre as taxas de tensão de cisalhamento e o gradiente de velocidades entre as placas paralelas). Sabemos que a massa de um corpo é uma característica da quantidade de matéria contida neste corpo, isto é, trata-se da inércia que o corpo opõe ao movimento. Em análises cinemáticas os efeitos da viscosidade serão tanto maiores quanto menor a inércia do fluido, ou seja, quanto menor sua massa específica (ρ). Então é útil estabelecer a razão entre a viscosidade dinâmica do fluido e a sua massa específica, estando, portanto, definida a viscosidade cinemática (ν) como sendo a relação entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido. VISCOSÍMETROS São aparelhos de laboratório que fornecem a viscosidade cinemática (ν) em unidades específicas. Em geral, determina-se nos viscosímetros um intervalo de tempo (Δt) que certo volume do fluido gasta para escoar através de um orifício ou de um tubo padronizado. Na Europa empresa-se o viscosímetro Engler, medindo a viscosidade cinemática em “Graus Engler”. Neste caso o grau de viscosidade é a razão entre o escoamento de 200cm³ do fluido em questão e o tempo de escoamento da mesma quantidade de água a 20oC através de um tubo padronizado. Esta escala também é chamada alternativamente de “Segundos Engler”. Particularmente na Inglaterra também se usa o viscosímetro Redwood, que escoa 50cm³ de fluido. Nos Estados Unidos usa-se habitualmente o viscosímetro Saybolt Universal para pequenas e médias viscosidades, que se exprime em SSU (Segundos Saybolt Universal). Nele determina-se o total de segundos necessários para escoarem 60cm³ do fluido a uma temperatura conhecida através de um tubo padronizado. Para viscosidades mais elevadas utiliza-se o viscosímetro Saybolt FUROL (Fuel and Road Oils) que são expressas em SSF. Sua determinação é semelhante ao SU, porém utiliza-se um tubo de diâmetro maior. Existem diversos outros tipos de viscosímetro, sendo que a maioria deles emprega o mesmo funcionamento básico já descrito; alguns empregam a Lei de Stokes, seja com esferas em queda dentro de um tubo preenchido com o fluido analisado ou até mesmo uma bolha de ar ascendente em um tubo preenchido com o fluido analisado. Mas o tipo de viscosímetro mais interessante e onde se visualiza mais claramente a Lei de Newton da Viscosidade, são os viscosímetros de cilindros concêntricos que consiste em obter o torque necessário a se aplicar em um eixo acoplado ao cilindro interno de forma a garantir que ele gire em uma velocidade pré-determinada sendo que no espaço entre o cilindro interno e o externo existe o fluido analisado. Tendo em vista a grande variação da viscosidade com a temperatura, todos os viscosímetros possuem sua temperatura bastante controlada de forma que a temperatura seja sempre apresentada juntamente com a viscosidade obtida. Conforme o tempo Δt em SSU, os óleos lubrificantes para motores de veículos são classificados sob a sigla SAE (Society of Automotive Engineer). Esta classificação é feita associando-se um número puro à viscosidade determinada em laboratório. Quanto maior o número, maior será a viscosidade. A classificação SAE divide os óleos lubrificantes em dois grupos: – Óleos de “grau de inverno”: Óleos que possibilitem uma fácil e rápida movimentação, tanto do mecanismo quanto do próprio óleo, mesmo em condições de frio rigoroso ou na partida a frio do motor, e cuja viscosidade é medida a baixas temperaturas e tem a letra W acompanhando o número de classificação. Os testes para óleos de grau de inverno levam em consideração a resistência que o mesmo oferecerá na partida a frio do motor e a facilidade de bombeamento e circulação em baixas temperaturas. – Óleos de “grau de verão”: Óleos que trabalhem em altas temperaturas, sem o rompimento de sua película lubrificante, pois quanto mais quente o óleo, menos viscoso ele se apresenta. Os óleos de grau de verão têm portanto sua viscosidade medida a altas temperaturas e não possuem a letra W. Os testes dos óleos de grau de verão verificam a operabilidade do lubrificante em altas temperaturas, ou seja, a sua capacidade de oferecer proteção em regimes extremos. Existem óleos que, ao mesmo tempo, atendem a estas duas exigências, é o caso dos Óleos Multiviscosos, cuja classificação reune graus de óleos de inverno e de verão. Os números que aparecem nas embalagens dos óleos lubrificantes automotivos (30, 40, 20W/40, etc.) correspondem à classificação da SAE, que se baseia na viscosidade dos óleos a 100°C, apresentando duas escalas: 0W até 25W – Escala de baixa temperatura. 25W até 60W – Escala de alta temperatura. A letra “W” significa “Winter” (inverno, em inglês) e ela faz parte do primeiro número, como complemento para identificação. Quanto maior o número, maior a viscosidade, para o óleo suportar maiores temperaturas. Graus menores suportam baixas temperaturas sem se solidificar ou prejudicar a bombeabilidade. Um óleo do tipo monograu só pode ser classificado em um tipo escala, já um óleo com um índice de viscosidade maior pode ser enquadrado nas duas faixas de temperatura, por apresentar menor variação de viscosidade em virtude da alteração da temperatura. Desta forma, um óleo multigrau SAE 20W/40 se comporta a baixa temperatura como um óleo 20W reduzindo o desgaste na partida do motor ainda frio e em alta temperatura se comporta como um óleo SAE 40, tendo uma ampla faixa de utilização. FÓRMULA GERAL DOS VISCOSÍMETROS ν A. ∆t B ∆t Onde ν = viscosidade cinemática em centistokes e A e B são constantes que obedecem a tabela abaixo: VISCOSÍMETRO SSU – Δt < 100s SSU – Δt > 100s Redwood Engler A 0,226 0,220 0,260 0,147 B 195 135 171 374