Revista dos museus
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Revista dos museus
MUSEUS ESPAÇOS DE MEMÓRIA ESPECIAL CASTELO BRANCO Um passeio pelo concelho para conhecer os principais museus e a história da cidade DESTACÁVEL 20PÁGINAS jorge revista museus 76.indd 1 29-11-2012 11:45:54 jorge revista museus 68.indd 2 29-11-2012 09:35:25 8 10 12 14 16 18 19 20 22 23 24 26 28 30 32 34 38 40 42 ÍN DI CE Belmonte Museu dos Descobrimentos Museu Judaico Uma vila com muito para ver Covilhã Museu de Arte Sacra Uma cidade tecida nos fios do tempo Museu do Queijo Memória da cidade 10 Fundão Museu Judaico em Belmonte Museu Arqueológico Cidade do Engenho e da Arte Rota pelos museus do Fundão Casas da Floresta Gouveia Uma cidade com história Museu Abel Manta Museu da Miniatura Automóvel Vila Nova de Foz Côa 14 Museu de Arte Sacra na Covilhã Museu do Côa Guarda É vasto o tempo que um Museu Guarda Idanha-a-Nova As aldeias museu Centro Cultural Raiano Mais património a descobrir 20 Museu Arqueológico do Fundão 2012DEZEMBRO jorge revista museus 76.indd 3 3 29-11-2012 12:04:36 44 46 48 52 53 54 56 58 Penamacor Museu Municipal Torre de Menagem Proença-a-Nova Centro de Ciência Viva Museu Isilda Martins Vila Velha de Ródão 38 Monsanto uma aldeia portuguesa ÍN DI CE Turismo Cultural Um Livro de Pedra Lagar de Varas Memória do Olival Vila de Rei 60 62 64 69 74 Museu da Geodésia O Mundo das Aldeias Onde ficam os museus e como lá chegar Museu de S. Roque da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Outros museus a visitar na Beira Interior 48 Centro de Ciência Viva 54 4 Um Livro de Pedra DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 4 29-11-2012 12:05:01 jorge revista museus 68.indd 5 29-11-2012 09:36:20 ESPAÇOS QUE NOS AJUDAM A DECIFRAR O TEMPO AUTOR: Fernando Paulouro Neves A Beira Interior tem hoje uma cartografia vasta de museus que nos ajudam a decifrar o tempo e a perceber melhor o território A memória da terra e dos homens é o repositório da aventura humana, desde os gestos e palavras iniciais à construção da “liberdade livre”, que não é outra coisa senão a desmedida capacidade de sonhar em tudo aquilo que o gesto criador contribuiu para a superação de atavismos arcaicos, desconstrução de mitos, batalhas em suma pela libertação do homem. Essa capacidade de o homem se fazer a si próprio está inscrita no território, quando a memória, de que o património edificado ou documental, que é a sua grande dimensão, não foi destruída (às vezes por incúrias e analfabetismo) ou não se sumiu para sem- pre no pó do tempo. A luta pela preservação desse bem coletivo tem sido um longo caminho de afirmação cultural. E foi decerto essa perspetiva que levou a UNESCO a considerar o património como um conceito muito amplo da aventura criadora do homem, na certeza de que é na expressão multifacetada dessa memória, que agora nos parece intemporal, que se pode buscar a resposta para a nossa identidade, para a pergunta fundamental: quem somos? De onde viemos? Como e quando? A museologia é hoje um elemento fundamental do património, preservando-o, dandolhe visibilidade, interpretando os passos da história . A Beira Interior tem hoje uma cartografia vasta de museus que nos ajudam a decifrar o tempoe os tempos. Com eles, percebemos melhor o seu território, vamos aprendendo a saber quem somos. É assim desde as gravuras do Vale do Coa (os traços do rumor do mundo dos primeiros artistas), à aventura humana gravada nas rochas do Vale do Tejo (em parte submersas), dos museus locais e regionais ao Museu Cargaleiro, verdadeiro centro de arte de nível europeu. A par dessa realidade, que em muitos aspetos representa um esforço notável de atenção à memória coletiva e de moderni- zação, há toda a outra dimensão do riquíssimo património construído, às vezes pequenos monumentos à escala harmoniosa do território, outras surpreendentes instantes vividos na dimensão infinita da paisagem, com as diversidades da Beira, que obrigam sempre os olhos a parar para ver melhor e descobrir as particularidades da ocupação ou do abandono humano das terras. Esta viagem pela memória do território é uma forma de fazer o elogio do esfotrço cultural que os museus representam, um reencontro com o tempo passado e presente a pensar na afirmação da região no futuro. Ficha Técnica Esta revista faz parte integrante da edição do Jornal do Fundão do dia 6 de dezembro de 2012 e não pode ser vendida separadamente Diretor-Geral: Vasco Pinto Leite Diretor: Fernando Paulouro Neves Coordenador de Redacção: Luís Nave Textos Catarina Canotilho, Célia Domingues, Filipe Sanches, Lúcia Reis, Nuno Francisco, Romão Vieira Grafismo: Jornal do Fundão Paginação: Benvinda Martins Jorge Chorão Publicidade Coordenadora: Teresa Godinho Anunciação Salvado Luísa Pereira Nina Telefone: 275 779350 (geral) 275 779365 (publicidade) 275 779355 (redação) Fax: 275 779369 (redação) 275 759171 (publicidade) E-mail: [email protected] [email protected] site: www.jornaldofundao.pt Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Rua Consiglieri Pedroso, nº90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena - Portugal Tel: (00351) 21 434 54 00 Fax: (00351) 21 436 01 83 Mail: [email protected] Jornal do Fundão Rua Jornal do Fundão, n.º 4 6231 Fundão 6 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 6 29-11-2012 12:41:29 jorge revista museus 68.indd 7 29-11-2012 09:38:03 MUSEU DOS DESCOBRIMENTOS EM BELMONTE A AVENTURA DE CABRAL AUTOR: Filipe Sanches FOTOGRAFIAS: Filipe Sanches e Arquivo SÃO 16 SALAS que mostram a epopeia do navegador Da partida de Belmonte até à colonização do Brasil, passando por toda a preparação da viagem, a vida em alto mar e o primeiro avistamento das terras de Vera Cruz. Tudo isto no primeiro museu que Portugal dedicou à época áurea dos Descobrimentos Belmonte foi a primeira localidade do país a preencher uma lacuna imperdoável no panorama museológico português. Como é que um país que deu novos mundos ao mundo não tinha um espaço inteiramente dedicado à época áurea dos Descobrimentos? Ora, o Centro Interpretativo “À Descoberta do Novo Mundo” (DNM), inaugurado em abril de 2009, tem cumprido esse papel à risca, dando particular enfoque, como se compreende, à viagem do belmontense Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Dividido em dois pisos do antigo Solar dos Cabrais, o museu tem 16 salas que mostram, de forma interativa e com recurso a tecnologias multimédia, a epopeia dos Descobrimentos. Para se ver tudo, uma visita poderá demorar perto de três horas, tempo que no final se considerará bem empregue. A partida é dada em Belmonte. Na 8 primeira sala encontra-se a pretensa pia batismal onde Cabral terá recebido o primeiro sacramento. Depois, tal como o próprio, parte-se para Lisboa, cidade que à época já era bem cosmopolita. Daí à temática dos descobrimentos é só percorrer as datas que nos guiam até à partida da armada. Seguimos numa dessas embarcações. Pelo caminho ficamos a saber como se faziam as próprias navegações, aquilo que se comia a bordo, como se vivia e até como era vista e vivida a presença das mulheres na própria nau. São conteúdos interativos e interpretativos que, de forma apelativa e sintética, oferecem uma verdadeira aula de história durante a qual também se passa um dia em mar alto. Posteriormente, já no Brasil, fica-se a conhecer a biodiversidade com que Cabral se deparou. Como decorreram os primeiros contactos com os ameríndios também é tema que integra os conte- DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 8 30-11-2012 09:03:14 NAU Uma das salas, em madeira, simula o interior de uma nau da época dos Descobrimentos údos. Segue-se a construção do Brasil enquanto cultura e enquanto país. Da escravatura, passando pela língua, até aos dias de hoje – com capoeira e Carnaval, música e comércio –, muitos aspetos são abordados. Fecha-se com chave de ouro na concretização da identidade e da união dos dois povos. Os conteúdos do museu foram recolhidos e investigados durante cinco anos, com visitas a 123 instituições de todo o mundo (arquivos, museus e bibliotecas). Teve também o contributo da RTP em algumas das imagens. O museu DNM significou um investimento de 2,5 milhões de euros, mas em quase quatro anos já registou perto de 100 mil entradas pagas. O espaço tem sido um êxito. Logo na inauguração, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva enviou para a cerimónia uma mensagem em vídeo. Pouco tempo depois, foi o Presidente da República portuguesa a visitar o local. Cavaco Silva ficou impressionado. E o reconhecimento da qualidade do museu também veio em forma de prémios. O DNM venceu, por exemplo, em 2010, o Prémio Inovação e Criatividade, da Associação Portuguesa de Museologia. “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ANÍBAL CAVACO SILVA, JÁ PASSOU PELO LOCAL, TENDO DEIXADO RASGADOS ELOGIOS” 2012DEZEMBRO jorge revista museus 76.indd 9 9 30-11-2012 09:03:57 SÍMBOLO Estrela de David está logo à entrada do Museu Judaico de Belmonte “A JUSTA HOMENAGEM AOS JUDEUS QUE DURANTE SÉCULOS VIVERAM QUASE NO ANONIMATO EM BELMONTE” 10 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 10 29-11-2012 12:06:35 MUSEU JUDAICO EM BELMONTE A HISTÓRIA DA RESISTÊNCIA AUTOR: Filipe Sanches FOTOGRAFIAS: Filipe Sanches e Arquivo O primeiro espaço em Portugal dedicado à história do judaísmo. É considerado um dos 50 melhores do mundo Foi pioneiro em Portugal e ocupa lugar de destaque na oferta turística de Belmonte. Falamos do Museu Judaico, inaugurado em abril de 2005 e que se complementa também com a sinagoga existente na vila e com os próprios judeus de Belmonte, atualmente mais abertos ao exterior, mas que durante décadas se “fecharam” nos seus rituais religiosos. O Museu Judaico tem mais de 30 mil visitantes por ano. Os conteúdos têm sido constantemente mudados e aprofundados, numa dinâmica rigorosa e muito interessante e que faz do museu um dos melhores do género em toda a Península Ibérica. Aliás, o reconhecimento internacional tem sido notório. Os elogios são muitos, tal como as distinções. Uma das últimas veio do jornal britânico Telegraph, que colocou o museu na lista dos 50 melhores pequenos museus da Europa, lado a lado com espaços sobejamente conhecidos de importantes destinos turísticos como Veneza e Florença (Itália), Provence e Rouen (França),Valência, Lanzarote e Tenerife (Espanha) e Atenas e Creta (Grécia). O visitante encontra uma retrospetiva do Judaísmo em termos nacionais e internacionais, destacando-se, naturalmente, a história da comunidade judaica de Belmonte, que resistiu a vários séculos de isolamento e perseguição por parte da Inquisição. A representa- ção do quotidiano é feita com diversos utensílios e roupas, como por exemplo os que eram utilizados no fabrico do pão ázimo ou os que serviam para rituais de morte de animais para consumo. Peças para as cerimónias religiosas, livros, pedras com inscrições, pinturas e outros elementos de elevada importância e rigor históricos estão devidamente expostos nas diversas salas do museu, que se divide em três pisos e que conta, no seu interior, com um auditório e com o Centro de Estudos Judaicos Adriano Vasco Rodrigues. Durante alguns anos, a Câmara Municipal de Belmonte lamentou o facto de não poder exibir uma epígrafe judaica que tinha sido encontrada na vila e levada para Castelo Branco. A autarquia expôs o assunto à Secretaria de Estado da Cultura e à opinião pública (o Jornal do Fundão também contribuiu com alguns artigos) e foi possível estabelecer um acordo com o Museu Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco. A epígrafe, de valor incalculável, regressou então a Belmonte, sendo hoje uma das peças mais importantes do acervo. O Museu Judaico tem contribuído de forma significativa para o aumento de turistas estrangeiros em Belmonte. É frequente ver pelas ruas da vila muitos visitantes de origem judaica, sobretudo de Israel, Estados Unidos da América e Brasil. O RESGATE PELAS MÃOS DE SAMUEL SCHWARZ Um dos temas em foco no Museu Judaico é a “Obra do Resgate”, movimento que, nos anos 20 e 30 do século XX, teve como objetivo levar para o judaísmo normativo os criptojudeus que viviam em Portugal, nomeadamente em Belmonte. Quem deu a conhecer ao mundo a comunidade judaica de Belmonte foi o polaco Samuel Schwarz, que tem o destaque merecido. 2012DEZEMBRO 11 jorge revista museus 76.indd 11 30-11-2012 09:05:03 INÚMEROS ESPAÇOS PARA VISITAR MUITO PARA CONTAR CASTELO É um dos espaços musealizados no concelho, que tem uma vasta oferta Concelho de Belmonte fez uma forte aposta no turismo cultural AUTOR: Filipe Sanches FOTOGRAFIAS: Filipe Sanches e Arquivo Para além do Centro Interpretativo “À Descoberta do Novo Mundo” e do Museu Judaico, o concelho de Belmonte tem muitas outras ofertas na área da museologia, como o Ecomuseu do Zêzere, o Museu do Azeite, a Igreja de Santiago, o Castelo, o assentamento romano da Fórnea, a Casa da Torre em Caria e a Torre de Centum Cellas (Colmeal da Torre). À exceção deste último espaço, todos os equipamentos são geridos pela Empresa Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social de Belmonte, que já tem ao seu serviço uma dezena de pessoas. O Ecomuseu está implantado num antigo celeiro da família Cabral, denominado Tulha dos Cabrais. O espaço aborda a vida do Rio Zêzere, desde o seu nascimento, até desaguar no Tejo, sublinhando a sua importância para a riqueza agrícola da região. No Museu do Azeite, dá-se a conhecer ao visitante as técnicas da produção do azeite e a importância que teve e continua a ter na economia local. Na Igreja de Santiago, para além da história do monumento, está em foco o percurso Mérida-Braga, utilizado pelos peregrinos que iam a Santiago de Compostela. Continua a ser local de passagem obrigatória. No Castelo de Belmonte foram aproveitadas também algumas salas para musealização e exposições temporárias ou fixas. Na margem direita da estrada que liga Belmonte a Caria pode ser vista uma antiga “villa romana”. No local existe sinalética com toda a informação necessária. Em Caria, a Casa da Torre serve de “quartel-general” para todo o espólio arqueológico do concelho e onde especialistas da área podem debater ideias. Por vezes recebe sessões teóricas ou práticas sobre investigação e restauro de peças, por exemplo. Recentemente, abriu mais um espaço para atrair visitantes. Trata-se do Lagar de Maçaínhas, que vai recuperar a sua função agrícola, produzindo azeite, mas que, ao mesmo tempo, permitirá a presença de turistas interessados em observar ao vivo a produção ou participar em tibórnias de degustação. Quanto à Torre de Centum Cellas, situada na freguesia de Colmeal da Torre, continua a ser o mesmo enigma de sempre. Votado quase ao abandono pelo Estado, o monumento vai sobrevivendo à erosão dos dias. Mas os turistas não dispensam uma visita a uma obra de granito fantástica, que terá sido quinta de um cidadão abastado, convento, cadeia. Enfim, há muitas teorias... 12 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 12 30-11-2012 09:05:42 jorge revista museus 68.indd 13 29-11-2012 09:39:17 MUSEU DE ARTE SACRA DA COVILHÃ O CULTO EXPOSTO CRUCIFIXO Obrigatória a referência às imagens dos oragos das desaparecidas freguesias de São Vicente, do Salvador do Mundo e de um Cristo deposto AUTOR: Romão Vieira Peça que pertenceu à Ordem Terceira e segundo a tradição popular, pela sua expressão, fez recuar os franceses, em 1810. FOTOGRAFIAS: Arquivo e Filipe Pinto Mais de seis mil pessoas já passaram e visitaram o Museu de Arte Sacra, a mais recente unidade museológica do Município da Covilhã, inaugurada em 20 de outubro de 2011 e que veio preencher uma lacuna e, naturalmente, enriquecer o concelho e a região. O museu constituía uma antiga aspiração concretizada pela autarquia que, assim, veio melhorar a oferta cultural da cidade e valorizar a zona histórica da Covilhã. Instalado na casa doada por Maria José Alçada - um edifício de 1921, projetado pelo arquiteto Raul Lino – situado em pleno centro da cidade, junto ao Jardim Público, este museu resulta dum protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal e a Diocese da Guarda, tendo as paróquias que integram o concelho da Covilhã cedido, para exposição, vário património sacro que não se encontrava ao culto. Numa área de exposição de 850 m2, o património museológico está repartido por dois edifícios, cujo percurso tem como pedra basilar os 7 sacramentos propostos pela igreja católica – batismo, confirma- ção, matrimónio, ordem, penitência, eucaristia e unção dos enfermos. O espólio do museu, com mais de 600 peças, com realce para as coleções de pintura, escultura, ourivesaria, paramentaria e figuras de roca, abrange um período temporal desde o século XII à atualidade. À entrada encontramos, simbolicamente colocadas, duas imagens, uma de Santo António, o Santo português mais popular e outra de Santo Antão, evocando um dos cultos mais antigos da diocese da Guarda e ao qual João Aibéo em 1897 deu nova vida. Seguem-se algumas peças que pertenceram às Ordens Terceiras da Covilhã e do Teixoso, importantes irmandades de leigos que souberam manter o espírito franciscano introduzido, na Covilhã, nos inícios do século XIII, com a Instalação do Convento de São Francisco. Convento que também aqui se encontra presente através da reprodução do frontispício de dois inventários que agora decoram os interessantes candeeiros do vão formado pelo acesso ao piso superior. No piso inferior, chama-se ainda a atenção para uma sala onde 14 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 14 30-11-2012 09:06:22 se pode observar imagens de roca e outras articuladas que mostram como a fé era vivida, na rua e na praça pública, durante o século XVIII. Será no entanto a sala do tesouro que neste piso mais atenções desperta. Ali encontramos alguns relicários entre os quais sobressai o que contém a relíquia do Santo Lenho. Ainda nessa sala, destaca-se a curiosa imagem de Santa Marinha padroeira de uma das desaparecidas freguesias da Covilhã. Na escadaria, depois de observarmos a imagem da Imaculada Conceição descrita por Frei Agostinho de Santa Maria, no século XVIII, somos surpreendidos por um grande crucifixo. Trata-se de uma peça que pertenceu à Ordem Terceira e segundo a tradição popular, pela sua expressão, fez recuar os franceses, em 1810, aquando da invasão do convento de São Francisco. Em 1918, foi ainda o motivo de uma contenda entre os irmãos terceiros, a junta da paróquia e o pároco que disputavam a sua posse. O percurso segue agora de acordo com os sete sacramentos o que constitui um dos aspetos mais originais desta unidade, conferindo um caráter pedagógico e catequético às visitas. Mencionar neste texto todas as peças dignas de interesse é impossível. Será no entanto obrigatória a referência às imagens dos oragos das desaparecidas freguesias de São Vicente, do Salvador do Mundo e de um Cristo deposto, descrito, pela primeira vez, em 1656, por Frei Manuel da Esperança. Esta última peça integrava um conjunto de que faziam parte mais sete imagens, hoje desaparecidas, e segundo a tradição foi oferecida por João Fernandes Cabral, o irmão mais velho do descobridor do Brasil. Dignas de destaque são ainda duas imagens do Espírito Santo, uma oriunda da Vila do Carvalho e outra, em pedra de Ançã, proveniente do Tortosendo. Na sala da Eucaristia são as inúmeras alfaias litúrgicas a merecer uma visita mais demorada. A primeira exposição temporária foi dedicada às confrarias e aí dominam as bandeiras destas organizações de fiéis. Desperta-nos a atenção a bandeira da Confraria das Almas, da Erada, que tem representado no anverso Frei Miguel Contreiras, identificado pela inscrição F.M.I que significa Frei Miguel Instituidor, por ter sido um dos fundadores da Misericórdia de Lisboa e o seu primeiro provedor. A visita termina com a reprodução de uma igreja, no último piso. Com caráter didático, é ali descodificada a principal simbologia relativa aos templos cristãos. O ESPÓLIO DO MUSEU ABRANGE UM PERÍODO TEMPORAL DESDE O SÉC. XII À ATUALIDADE. 2012DEZEMBRO 15 jorge revista museus 76.indd 15 30-11-2012 09:06:52 Museu de Lanifícios UMA CIDADE TECIDA NOS FIOS DO TEMPO AUTOR: Nuno Francisco FOTOGRAFIA: Filipe Pinto A UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR É a responsável por um vasto património representativo daquele que foi um dos mais importantes constituintes do ADN da cidade da Covilhã: a indústria dos lanifícios. O Museu dos Lanifícios é o testemunho presente da pretérita grandiosidade industrial da Covilhã, que chegou a ser conhecida pela Manchester portuguesa. Este é um espaço de ciência e tecnologia que tem como missão a salvaguarda e a conservação “ativa” do património industrial têxtil. História da “Manchester Portuguesa” Ouvem a velha cidade ao compasso do tear? Ouvem a Covilhã industrial no compasso rígido das máquinas, das ribeiras soltas, do fio do tempo que tece a cidade? Passo ante passo, a bruma dos tempos dissipa-se ante a nossa passagem. Um passadiço para um pretérito de uma outra cidade ao compasso do bater do tear; para o tempo em que milhares de homens e mulheres que se cruzaram com o soberbo capítulo da Covilhã industrial, que legou em gerações um testemunho lugares e momentos irrepetíveis, de esforço, suor, na construção de um tempo que perdurou na memória dos compêndios de história. Esta era a Covilhã dos lanifícios, fonte que consituiu parte do seu ADN: a Manchester portuguesa nas faldas da Estrela, das fábricas que definiram toda uma paisagem urbana. A Universidade da Beira Interior está intimamente ligada a esta realidade, ela que emergiu por entre as velhas fábricas de lanifícios, vítimas do ocaso do setor. Do vazio das instalações de antigas fábricas ergueu-se uma universidade. No mesmo espaço, a instituição que também marca a cidade de forma indelével, tomou em mãos o testemunho patrimonial de parte da história da cidade. O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior foi criado com o objetivo de salvaguardar a área das tinturarias da Real Fábrica de Panos, uma manufatura do Estado, fundada pelo Marquês de Pombal em 1764, integrada nas instalações da UBI e classificada como imóvel de interesse público, em 1982. Este é um museu de ciência e tecnologia que tem como missão a salvaguarda e a conservação “ativa” do património industrial têxtil, bem como a investigação e divulgação da tecnologia associadas ao processo de industrialização dos lanifícios. Dentro destas vastas paredes está contextualizada antropológica, económico-social, cultural e político-institucional toda a atividade a Covilhã. Entremos, então, neste longo caminho até ao passado. No roteiro desenhado pelas palavras da sítio oficial, embarcamos pelo Núcleo da Real Fábrica de Panos, que se integra no edifício pombalino da Real Fábrica de Panos, com uma área global de cerca de seis mil metros quadrados, mandado edificar, por Provisão Régia de D. José I, em junho de 1764. Foi construída para funcionar como uma manufatura de Estado, sofrendo acrescentamentos durante o reinado de D. Maria I, quando veio a ocupar uma área de cerca de dez mil metros quadrados. Dedicado à fase da pré e proto industrialização dos lanifícios, este núcleo vive das estruturas arqueológicas e arquitetónicas preservadas in situ. O projeto de musealização procurou articular informações de natureza técnica (fabrico e tingimento dos panos de lã e construção de um espaço manufatureiro) e de natureza arqueológica e histórica. Encontram-se musealizados 700 metros quadrados correspondentes aos espaços ocupados pelas antigas tinturarias pombalinas, onde se integram as salas de Tinturaria dos Panos de Lã, Tinturaria das Lãs em Meada e Tinturaria das Dornas, o Tanque de Água e os Corredores das Fornalhas, espaços que constituem as áreas de exposição permanente. Este núcleo dispõe ainda de uma Galeria de Exposições Temporárias e de uma área de Reservas e de Serviço de Museografia. Para além do edifício da Real Fábrica de Panos, a Universidade da Beira Interior dispõe ainda de outro edifício histórico, a Real Fábrica Veiga, que foi arquitetonicamente intervencionada com a finalidade de nela se instalar um novo núcleo museológico, a sede do Museu e o Centro de Documentação/Arquivo-Histórico. Trata-se de um imóvel 16 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 16 30-11-2012 09:33:25 O projeto de musealização procurou articular informações de natureza técnica e de natureza arqueológica e histórica em cantaria de granito, situado junto à Ribeira da Goldra, na Covilhã, mandado construir por José Mendes Veiga, cuja actividade empresarial decorreu entre finais do século XVIII e inícios do século XIX. Este novo núcleo apresenta a evolução tecnológica ocorrida no campo dos lanifícios, durante os séculos XIX e XX. Para o efeito, e de acordo com o programa e projecto museológicos elaborados, foi reunido um significativo espólio fabril, muito dele extremamente impressionante, dando-nos um fiel retrato de como era esta gigantesca indústria.. Em Abril de 2005, foi inaugurado o complexo remodelado da Real Fábrica Veiga/Centro de Interpretação dos Lanifícios, com as valências de sede do Museu, Núcleo Museológico da Industrialização dos Lanifícios (séculos XIX-XX) e Centro de Documentação/Arquivo Histórico. Este Núcleo Museológico encontra-se aberto ao público desde 17 de Maio de 2011, data em que foi oficialmente inaugurado. O testemunho de um tempo também pode ser apreciado fora das imponentes paredes do museu. O Museu dos Lanifícios tem um núcleo museológico ao ar livre situado junto à Ribeira da Carpinteira (Sineiro, junto ao Pólo IV da Universidade da Beira Interior),tendo sido inaugurado em 30 de Abril de 1998. É o resultado de um processo de conservação e musealização in situ de um conjunto de râmolas de sol e de um estendedouro de lãs, pertencente à antiga firma de Ignácio da Silva Fiadeiro (em laboração de 1910 a 1939), ocupando ocupa uma área total de 652,7 metros quadrados. A criação deste núcleo reveste-se de uma significativa importância, porquanto constitui um marco na política de salvaguarda do património industrial da Covilhã e na criação do ecomuseu de lanifícios da Serra da Estrela. Trata-se igualmente de uma intervenção que valoriza a relação entre as vertentes do património industrial e natural, através do reconhecimento das paisagens culturais, inseridas na vertente ecológica do património. António dos Santos Pereira, diretor do Museu dos Lanifícios, afirma que o museu estando precisamente localizado em antigas unidades industriais de produção de lanifícios, para além da sua função original e evidente enquanto preservação da memória “deve, também, ser um testemunho às novas gerações para que estas tenham iniciativa”. E como ela é necessária nos tempos que correm. 2012DEZEMBRO 17 benvinda - revista museus teste 68.indd 17 30-11-2012 09:33:53 MUSEU DO QUEIJO A TRADIÇÃO DA PASTORÍCIA AUTOR: Luís Nave FOTOGRAFIAS: Arquivo Museu do Queijo Sabe o que é um almofariz, uma francela ou um acinho? Não? Então, experimente uma viagem diferente... Encontrará estes utensílios e muitos mais, visitando o Museu do Queijo de Peraboa, concelho da Covilhã, que foi inaugurado em 2011. O museu homenageia os pastores e tudo o que está diretamente ligado a eles. Este museu é um projeto da Câmara Municipal da Covilhã e da Junta de Freguesia de Peraboa, que, atentos à história da terra, se empenharam na construção de um espaço que albergasse um roteiro do fabrico do queijo. O projeto é do arquiteto Miguel Correia. A escolha de Peraboa não foi, de todo, aleatória: o manifesto dos gados lanígeros, ocorrido entre 1811 – 1833, no concelho da Covilhã, dá conta da tradição agropastoril de Peraboa, com cerca de 4577 ovinos e a terceira maior produtora de leite do concelho. Numa área bruta de 634 metros quadrados, o Museu do Queijo de Peraboa está integrado num edifício de ferro, madeira e granito, mesmo no centro da aldeia.O visitante pode conhecer o meio e o ambiente que envolvem a arte e o processo de fabrico artesanal do Queijo Serra e da Beira Baixa, bem como as técnicas ancestrais utilizadas ao longo dos tempos para confecionar esta iguaria. Pioneiro a nível nacional, pela maneira como apresenta visual e interativamente a sua visita, este museu permite-nos conhecer um pouco da história do queijo, da pastorícia e da transumância, desde a Pré-história até à atualidade, num circuito temático real e por multimédia, guiado e repleto de surpresas sensoriais. Numa primeira fase, o visitante conhece (pode quase sentir-lhes o cheiro, a cor e os sons) a fauna e a flora da zona da Serra da Estrela, destacando-se a raça de ovelha Bordaleira e Churra Mondegueira, autóctones desta zona. O clima e as pastagens condicionam o tipo de leite e o queijo. A viagem é longa, apaixonante, didática e sempre acompanhada pelo guia. No que diz respeito à segunda fase, o museu apresenta os ingredientes para o fabrico do queijo como a flor do cardo (Cynara), bem como alguns instrumentos ligados à pastorícia: barbilho, chapeleta… A jornada segue e termina com o Queijo Kosher que é produzido em Peraboa, pela Fábrica Braz. A título de curiosidade refira-se que, este queijo não se produzia há 500 anos na Península Ibérica. É fabricado segundo os ritos judaicos e as suas tradições. A Cova da Beira foi fortemente habitada por Cristão Novos ou marranos, aquando o édito de Espanha, em 1492. Este museu, para além da sua faceta histórica, ilustra muito bem a forte ligação de Peraboa à pastorícia, nomeadamente ao fabrico e cura do queijo nas antigas queijarias. É um itinerário repleto de “estórias” de vida, dando destaque aos costumes, tradições de uma atividade que está enraizada nas géneses dos peraboenses. A visita ao Museu do Queijo termina com uma degustação de queijo (misto, ovelha e picante). Os visitantes podem ainda usufruir e desfrutar de várias salas temáticas, projeção 2D e 3D, jogos interativos, jardim interior, sala de degustação e loja. O Museu do Queijo valoriza o saber fazer e proporciona visitas guiadas a um rebanho, para a realização de uma ordenha, pastoreio das ovelhas e confeção de queijo. 18 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 18 30-11-2012 09:34:30 MUSEU DE ARTE E CULTURA DA COVILHÃ MEMÓRIA DA CIDADE AUTOR: Romão Vieira FOTOGRAFIAS: Arquivo Obrigatório ver a “pedra do guerreiro” O Patrimonivs-Museu de Arte e Cultura, inaugurado em agosto de 2008, veio devolver à comunidade covilhanense um vasto espólio, devidamente recuperado, que ao longo de anos se foi armazenando nas instalações da Câmara Municipal, responsável pela criação e abertura desta unidade museológica, situada na Rua António Augusto de Aguiar, a poucos metros da principal sala de visitas da cidade, o Pelourinho (Praça do Município). Instalado num edifício do início do século XX, com projeto de Ernesto Korrodi, que serviu de instalações ao Banco Nacional Ultramarino, apresenta um espaço de exposição distribuído por cinco pisos. O primeiro aloja material arqueológico do período Proto-histórico e Romano. Os dois seguintes apresentam peças de pintura e escultura, na sua maioria originárias do antigo colégio de Nossa Senhora da Conceição, destacando-se um conjunto de portadas com decoração brutesca e emblemática alusiva ao Sagrado Coração de Jesus. No quarto piso podem ser vistos os quadros existentes no salão nobre dos antigos paços de concelho, a conhecida tapeçaria da autoria de António Lopes, algumas telas de Eduardo Malta e várias peças que evocam as personagens de frei Heitor Pinto e Pêro da Covilhã. No último piso encontram-se obras da contemporaneidade, de alguns artistas locais que atualmente enriquecem o universo cultural da Covilhã e do concelho. Do acervo arqueológico a apresentar salienta-se a “pedra do guerreiro”, uma peça da Idade do Ferro; várias peças de cerâmica, numismática e ungentários da época romana. A enriquecer a coleção estarão ainda patentes ao público reproduções dos documentos mais significativos da história da cidade, desde pergaminhos medievais a contemporâneos. O visitante poderá ainda admirar um vasto conjunto de obras de arte, pinturas, esculturas e objetos de arte sacra e civil, recuperadas pelo Município, das quais se destacam alguns quadros de Morais do Convento e de Eduardo Malta, célebres artistas covilhanenses. Pergaminhos medievais A enriquecer a coleção estarão ainda patentes ao público reproduções dos documentos mais significativos da história da cidade, desde pergaminhos medievais a contemporâneos. 2012DEZEMBRO 19 jorge revista museus 76.indd 19 30-11-2012 09:07:29 MUSEU ARQUEOLÓGICO DO FUNDÃO UM MUSEU ABERTO À COMUNIDADE AUTOR: Lúcia Reis FOTOGRAFIAS: Filipe Pinto INAUGURADO em fevereiro de 2007 O Museu reúne considerável diversidade de vestígios que vão desde a pré-história ao período romano. É um museu aberto ao território ibérico. 20 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 20 29-11-2012 12:11:16 ERTO E Museu premiado Bastou um ano de vida para o Museu Arqueológico Municipal José Alves Monteiro, no Fundão, ver o seu trabalho reconhecido pela Associação Portuguesa de Museologia com a atribuição do prémio “Melhor Museu do Ano” (2008). A distinção inscreveu o Fundão no universo da museologia nacional e o Museu Arqueológico é hoje um ponto de referência para quem visita o Fundão. Inaugurado em fevereiro de 2007, na sequência da reabilitação de um solar na Rua do Serrão, na zona antiga da cidade, o Museu reúne considerável diversidade de vestígios que vão desde a préhistória ao período romano. É um museu aberto ao território ibérico, com parcerias com universidades portuguesas e espanholas. Um espaço aberto à cultura e à comunidade. Visitantes alemães e de outras nacionalidades têm procurado o Museu do Fundão, que ganhou recentemente mais um motivo de interesse: a Estela descoberta na freguesia do Telhado e que, garante o diretor do Museu, João Mendes Rosa, é a maior alguma vez encontrada em toda a Europa. É uma das peças únicas e espera o visitante à entrada. É, portanto, um privilégio cruzar as portas do antigo solar integralmente recuperado e descobrir o acervo de grande importância e significado histórico sobre a longa caminhada feita pelo homem ao longo dos séculos. O passado e o presente convivem harmoniosamente no Museu Arqueológico José Alves Monteiro, que cumpre uma importante função cultural, designadamente junto dos públicos mais jovens. O prémio “Melhor Serviço de Extensão Cultural “ (em 2011) distinguiu o trabalho desenvolvido em prol da juventude escolar e académica. O edifício dispõe de várias valências: sala de exposição permanente, com peças arqueológicas que vão desde a Pré-História ao final do Período Romano, espaço para exposições temporárias, auditório, laboratório de conservação e restauro, biblioteca especializada em História e Arqueologia, espaço Internet e cafetaria. Ao currículo do Museu Arqueológico Municipal do Fundão acrescentou-se em 2010 mais um prémio da Associação Portuguesa de Museologia, desta vez para a revista científica do Museu – a Ebvrobriga – distinguida como “Melhor Trabalho de Museologia”. O passado e o presente convivem harmoniosamente no Museu Arqueológico José Alves Monteiro, que cumpre uma importante função cultural, designadamente junto dos públicos mais jovens A ESTELA DESCOBERTA NA FREGUESIA DO TELHADO É A MAIOR ALGUMA VEZ ENCONTRADA EM TODA A EUROPA. JOÃO MENDES ROSA 2012DEZEMBRO 21 jorge revista museus 76.indd 21 30-11-2012 09:08:04 A MOAGEM CIDADE DO ENGENHO E DA ARTE AUTOR: Câmara Municipal do Fundão FOTOGRAFIA: Câmara Municipal do Fundão Um lugar que transpira o passado, vive o presente e idealiza o futuro Percorrer o edifício da Moagem é reviver outros tempos. É por si, um lugar que transpira o passado, vive o presente e idealiza o futuro. Plena de experiências possíveis, A Moagem - Cidade do Engenho e das Artes assenta na recuperação do complexo edificado da antiga empresa Moagem do Fundão e, concentra no seu âmago, um conjunto inovador de valências diversificadas vocacionadas para a promoção das artes performativas e do espetáculo. Com excelente localização no centro da cidade, apresenta uma grande flexibilidade de utilização podendo acolher exposições, congressos, banquetes ou mesmo vários tipos de competições ou exibições. Moagem do centeio Demonstra, entre outras componentes técnicas, o encadeamento do processo de transformação do cereal em farinha Centro de Interpretação - Moagem do Centeio O centro de interpretação - Moagem do Centeio, desenvolve-se por três pisos e constitui um extraordinário exemplar de arqueologia industrial do interior de Portugal. Demonstra, entre outras componentes técnicas, o encadeamento do processo de transformação do cereal em farinha, conhecido por sistema Austro-húngaro, difundido na Europa em Finais do séc. XIX. 22 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 22 30-11-2012 09:35:21 ROTA PELOS MUSEUS DO FUNDÃO AUTOR: Câmara Municipal do Fundão s al o , , - Castelo Novo O castelo um edifício emblemático da nossa região, integra um novo modelo de visita que gera uma mais valia para a localidade. FOTOGRAFIA: Câmara Municipal do Fundão Centro Museológico António Guterres - Domus Mundi Criado em homenagem ao Ex-Primeiro-ministro António Guterres, este museu situa-se no edifício da Junta de Freguesia das Donas, sua terra natal. No seu interior, estão expostas 75 das peças que lhe foram entregues enquanto primeiro-ministro e que doou à autarquia fundanense. Do espólio exposto, destacam-se os presépios em madrepérola oferecidos por Yasser Arafat, um fato e capacete de piloto da Força Aérea com o nome de António Guterres gravado e uma bandeira portuguesa que lhe foi entregue em Timor-Leste por um dos residentes, após a autonomia. Castelo de Castelo Novo Situado num dos mais emblemáticos lugares do concelho do Fundão, o Castelo de Castelo Novo é um edifício emblemático da nossa região, integra um novo modelo de visita que gera uma mais valia para a localidade. Dotado de passadiços, que permitem o acesso a todas as áreas do castelo, a reestruturação e melhoramento do imóvel trouxe equipamentos e valências de tecnologia de ponta. A visita ao castelo complementa-se com um miradouro virtual instalado na torre de menagem para quem ousa descobrir a história desta aldeia com outros olhos. Perca-se na imensa paisagem natural e construída, que pode avistar do Castelo. Palácio do Picadeiro Em Alpedrinha, ao subir a calçada Romana, deparamo-nos com a imponência do Palácio do Picadeiro, edifício construído nos finais do século XVIII. Este solar Barroco, bem ao gosto Beirão, é composto por dois andares, cuja construção tem desafiado o passar dos tempos. O palácio tem como limite o próprio céu, já que o telhado construído em vidro, deixa em aberto a imensidão do universo. No interior é proposto ao visitante uma viagem pelo território concelhio, recorrendo às novas tecnologias virtuais. 2012DEZEMBRO 23 benvinda - revista museus teste 68.indd 23 30-11-2012 09:36:02 CASAS DA FLORESTA AUTOR: Câmara Municipal do Fundão FOTOGRAFIA: Câmara Municipal do Fundão Rota das tradições pelas aldeias do concelho Casa do Bombo O Bombo simboliza a força colectiva de um povo. O seu som afirma a fertilidade de uma cultura, o seu orgulho, altivez, simplicidade e alegria. A casa do Bombo, situada na aldeia de Lavacolhos, celebra a arte da utilização e da construção do Bombo. Trata-se de um espaço novo e dinâmico, que oferece aos visitantes a possibilidade de aprender e interagir com artesãos locais. Este espaço destina-se à preservação dos hábitos etnográficos do concelho do Fundão, o folclore, a música e o artesanato local. Aprenda a tocar o Bombo acompanhado pelas melodias pastoris da região. Casa Grande Na Casa Grande da Barroca, um solar do século XVIII e antiga residência da Família Reis Trogal que foi restaurado e transformado em equipamento cultural, está instalada a loja das aldeias do xisto e o Centro de Interpretação de Arte Rupestre. É um antigo Solar que nos acolhe e lança à descoberta das Aldeias do Xisto. Alberga alguns dos Serviços da Junta de Freguesia e, é sede da Rede das Aldeias do Xisto. Aqui, além de uma biblioteca, espaço Internet, sala de formação, auditório e refeitório, funciona ainda uma Loja Aldeias do Xisto, onde poderá encontrar uma vasta gama de produtos artesanais oriundos do pinhal interior. Casa do Mel Venha provar o néctar dourado, produzido pela Casa do Mel. Situada em Bogas de Cima, esta casa está inserida numa série de casas temáticas da zona do Pinhal. Além da oportunidade única de descobrir o segredo da vida das abelhas, pode ainda, realizar visitas apícolas, onde será possível, não só extrair os favos das colmeias, provar o seu mel e pólen recolhido pelas abelhas. Claro, tudo acompanhado por especialistas que lhe proporcionarão uma experiência sensacionalmente doce. Casa do Cogumelo É na Malhada Velha, pequena localidade de Bogas de Cima, que na antiga escola primária está a Casa do Cogumelo, onde outrora se ensinaram crianças, se redirecionaram objetivos e expandiram sonhos, cultura e saberes. É agora um espaço apetrechado com modernos equipamentos para um novo saber e fazer, um laboratório de produção de cogumelos e uma estufa. Num enquadramento paisagístico soberbo, de onde este pequeno sítio parece emergir duma vastidão de verde, recebem-se visitas pedagógicas. Uma experiência enriquecedora, pelo conhecimento que se adquire, pois trata-se de um laboratório sofisticado, que se enquadra com a paisagem envolvente. Aqui é proporcionada uma viagem ao mundo dos cogumelos, desde a sua criação em laboratório ao produto final que poderá adquirir. Casa das Tecedeiras Parta à descoberta dos segredos do tear na Aldeia de Xisto de Janeiro de Cima. Entre fios e cores, a Casa das Tecedeiras acolhe de braços abertos quem cruza a Rua do Paraíso, podendo assim, experimentar as artes do linho, num tear manual que espera as laçadas dos visitantes. A lã, a seda, a estopa, o trapo e o feltro, são algumas das matérias-primas que ali se trabalham, e que, dão forma a originais écharpes, mantas, cachecóis, entre muitos outros produtos que aí pode encontrar. Situado no rés-do-chão deste edifício, existe uma Sala de Chá, que lhe dará a oportunidade de saborear os melhores aromas da Região. 24 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 24 30-11-2012 09:36:37 jorge revista museus 68.indd 25 29-11-2012 09:40:09 a GOUVEIA UM CONCELHO COM HISTÓRIA AUTOR: Cãmara Municipal FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal e Luís Nave a t t a t Gouveia foi elevada a cidade a 1 de Fevereiro de 1988 A região de Gouveia foi habitada pelo homem desde épocas bastante remotas, existindo mesmo alguns vestígios pré-históricos, cujo exemplo mais significativo é o Dólmen da Pedra da Orca, na freguesia de Rio Torto, datado do final do período Neolítico. Existem igualmente vestígios de civilizações castrejas, Romana e Muçulmana que aqui deixaram a sua marca. Gouveia foi palco de lutas entre Cristãos e Muçulmanos, estando em ruínas quando o rei D. Sancho I a tentou repovoar, em 1186. Diz-se que Gouveia terá sido povoada pelos Túrdulos no século VI a.C. e, posteriormente pelos Luso-Romanos. A rainha D. Teresa doou-a em couto, no ano de 1125, os freires da Ordem de São João de Jerusalém, radicados no Mosteiro de Águas Santas, na Maia. Gouveia apresenta um orgulhoso património, com diversos monumentos, igrejas, solares e bairros antigos de ruas tradicionais serranas. Destacam-se a imponente Igreja Matriz do século XVII, bem próxima da bonita Casa da Torre, que prima pelos seus elementos manuelinos, como as janelas, a Igreja de São Pedro, ou a interessan- te Igreja da Misericórdia datada do século XVIII, o Pelourinho, a Fonte de São Lázaro de 1779 ou o Solar Serpa Pimentel (século XVIII). A natureza é um dos grandes bens patrimoniais de Gouveia, que possui belos espaços verdes e variados locais de lazer, como o Parque Zoológico, possuindo igualmente bonitos pontos como o Monte Calvário com um templo setecentista e uma vista panorâmica de excelência, assim como no Miradouro do Paixotão, ou o histórico Convento de São Francisco, hoje em dia propriedade privada, que terá sido edificado pelos Templários. Gouveia foi elevada a cidade por lei de 1 de Fevereiro de 1988. A cidade de Gouveia tem duas freguesias. São Julião, pela sua distribuição espacial e pelo tipo arquitectónico predominante é, em boa parte e sobretudo, um aglomerado de bairros operários e populares. De São Julião era originária a maior parte da mão-de-obra têxtil, que fez de Gouveia um importante núcleo fabril da região, nos séculos XIX e XX. Entre o património edificado, devem salientar-se o Convento de São Francisco, com remota fundação atribuída aos Templários; 26 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 26 30-11-2012 09:42:16 s f f o , e - , s - a Capela de São Miguel e a avenida Botto Machado, onde se localiza um mirante com o mesmo nome. S. Pedro onde se destaca, entre outros, a Casa da Torre – um edifício quinhentista, com uma janela manuelina que é monumento nacional - que foi residência dos Silvas, Marqueses (velhos) de Gouveia, e que partilharam a sorte dos Távoras, seus familiares diretos, após o atentado ao Rei D. José; o Colégio dos Jesuítas, onde, funcionam hoje os serviços da autarquia, é um sumptuoso edifício, do século XVIII que foi construído como colégio para a Companhia de Jesus; a Igreja de São Pedro, que é uma pequena catedral com inúmeros detalhes e características barrocas em granito, na sua frontaria. O Solar dos Serpa Pimenteis, Marqueses (novos) de Gouveia (hoje biblioteca Vergílio Ferreira), também com as suas evidências barrocas e que dão opulência à Praça onde se situa. Uma palavra para o Paço dos Condes de Vinhó, onde está instalado o Museu Abel Manta, com a sua magnífica coleção de arte contemporânea. Beneficiando do relevo, esta freguesia oferece dois mirantes, do Paixotão e do Senhor do Calvário, que oferecem uma perspetiva impar de toda a Beira Serra. Mas não é só na cidade que há monumentos para ver. Mesmo ali ao lado fica Vinhó. Pequena aldeia com 700 habitantes e que alberga história. Teve foral de D. Afonso III, em 1256. O Convento da Madre de Deus de Vinhó foi fundado em 1567 por Francisco de Sousa e sua mulher, D. Antónia de Teive, no espaço da quinta que o fidalgo possuía naquela localidade. O cenóbio foi entregue a uma comunidade de freiras clarissas, e as obras de edificação seriam concluídas em 1573. Do conjunto conventual subsiste a igreja, actualmente sede da paróquia de Vinhó. O templo, disposto longitudinalmente, é composto pelos volumes da nave e da capela-mor, aos quais se adossam a torre sineira, do lado do Evangelho, junto à fachada principal, e uma capela lateral e a sacristia, do lado oposto. Tal como acontecia em todos os templos conventuais femininos, a entrada principal da Igreja da Madre de Deus fazia-se lateralmente, podendo actualmente ver-se o portal maneirista inserido em alfiz, sobre o qual foi colocada a pedra de armas dos fundadores. Depois da extinção das ordens religiosas, o templo conventual foi adaptado às funções de sede paroquial, pelo que a fachada principal foi edificada no pano murário oposto à cabeceira. Apresenta portal simples, rasgado em arco abatido, com friso decorado e encimado por janela. Do lado esquerdo foi edificada a torre sineira com escada posterior. O interior, de nave única, é coberto por tecto de madeira dividido em caixotões, sendo parte deles pintados com figuras do hagiográfico. Esta cobertura foi executada no ano de 1698 a mando da abadessa Jerónima de São José. Com coro-alto em madeira, o templo possui cinco capelas laterais: do lado do Evangelho foram edificadas as capelas de Nossa Senhora de Lourdes e do Senhor dos Passos, ao lado da qual foi colocado o púlpito. Na parede oposta dispõem-se as capelas de Cristo Crucificado, com retábulo de talha dourada integrando uma Anunciação, a do Menino Jesus, fundada pela Tia Baptista, freira com fama de santidade que viveu no convento na segunda metade do século XVIII e que se encontra sepultada neste espaço, e ainda a de Santo António. O arco triunfal, em talha dourada, possui o intradorso pintado com motivos de brutesco , tendo inscrita a data 1739. É ladeado por dois altares colaterais dispostos em ângulo, com retábulos de talha dourada, o da esquerda dedicado a Nossa Senhora do Rosário, o da direita a Nossa Senhora de Fátima. A capela-mor é coberta com abóbada de berço de caixotões, também pintados com temas hagiográficos. A mais célebre e conhecida religiosa daquele convento é Soror Baptista do Céu Custódia, carinhosamente conhecida por Tia Baptista. Foi para o convento ainda criança, tomou hábito aos 22 anos e morreu aos 88 e foi trasladada para o túmulo definitivo em 5 de fevereiro de 1778. Nos 83 anos de vida monástica, a Tia Baptista, mulher alegre e espirituosa, desempenhou funções de vigária da casa, pomareira e mestra de noviças e teria sido eleita Abadessa se, para se escusar, não houvesse usado de um risível e conhecido subterfúgio. Na capela onde está o seu túmulo, podemos encontrar o seu Menino Jesus. O “apaixonado” amor de que foi objeto começaria por ser o escoamento da atividade lúdica e, depois, a manifestação do frustrado instinto maternal. O menino Jesus da Tia Baptista, era vestido com roupas feitas por ela. 2012DEZEMBRO 27 benvinda - revista museus teste 68.indd 27 30-11-2012 09:43:13 O Museu Municipal Abel Manta Encontra-se instalado num edifício setecentista, o antigo Solar dos Condes de Vinhó e Almedina em Gouveia. 28 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 28 29-11-2012 11:05:36 MUSEU MUNICIPAL ABEL MANTA AUTOR: Câmara Municipal de Gouveia FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Gouveia PARA ABEL MANTA como para a maioria dos pintores modernistas portugueses, a estadia em Paris foi determinante. Centrando-se sobretudo na observação direta do real, o seu projeto artístico caracteriza-se por uma grande coerência e continuidade. Manta pertenceu por inteiro à intelectualidade do seu tempo O Museu Municipal Abel Manta encontra-se instalado num edifício setecentista, o antigo Solar dos Condes de Vinhó e Almedina em Gouveia, patrocinadores dos estudos artísticos de Abel Manta. Composto por sete salas de exposição permanente e uma de exposições temporárias, biblioteca de artes, serviços educativos, receção e loja do Museu, este espaço alberga o núcleo da obra de Abel Manta só por si merecedora de uma visita demorada, à qual se juntam trabalhos de ilustres mestres como Vieira da Silva, Joaquim Rodrigo, Júlio Resende, Júlio Pomar, Menéz, Paula Rego, Clementina Carneiro de Moura, António Sena, Bartolomeu Cid, Arpard Szénes. Pintor português do século XX, reconhecido em Portugal e no estrangeiro, Abel Manta nasceu em Gouveia a 12 de outubro de 1888. Frequentou a Escola de Belas Artes de Lisboa onde cursou pintura. Em 1919 parte para Paris, onde irá contatar com Francisco Franco, Dordio Gomes e João da Silva. Frequenta o curso de gravura na casa Schulemberger; participa no Salon La Nationale, Paris, em 1921, 1922 e 1923. Regressa a Lisboa em 1925 e nesse mesmo ano expõe individualmente no Salão Bobone, Lisboa. Em 1926 leciona numa escola técnica na cidade do Funchal. De novo em Lisboa no ano seguinte, casa com Clementina Carneiro de Moura. Em 1928 nasce o seu único filho João Abel Manta. Vencedor de vários prémios individuais, foi responsável por recriar a imagem de Portugal em diversos certames pela Europa, nomeadamente na decoração do pavilhão de Portugal na Exposição de Sevilha em 1929 e nas Exposições de Paris em 1931 e 1937. Embora discreto na forma como projetou no exterior a sua obra, Manta pertenceu por inteiro à intelectualidade do seu tempo. Privou com figuras de grande relevo, participou regularmente em tertúlias como a do café A Brasileira, Chiado. Em 1979, foi condecorado com a Comenda da Ordem de Santiago e Espada pelo Presidente da República Portuguesa, António Ramalho Eanes. Para Abel Manta, como para a maioria dos pintores modernistas portugueses, a estadia em Paris foi determinante. A “descoberta do impressionismo e de Cézanne” forneceu-lhe os instrumentos para a definição do quadro de referências da sua produção futura. “Abel Manta passou a ser um pintor que assume uma dupla formação: a do naturalismo dos seus mestres na Escola de Belas Artes de Lisboa, com especial relevo para Carlos Reis, na procura da luz e de um registo mais imediato, bem como o rigor, a necessidade de construção que o «cilindro, a esfera e o cone» cézanneanos lhe incutiram”. “À margem de qualquer vanguardismo, detestando o academismo, sincero para consigo próprio e para com a sua visão das coisas”, conseguiu compatibilizar essas referências de modo pessoal. Embora a fase inicial se caracterize por uma estruturação das formas e do espaço pictórico mais cézanneana, mais geometrizada, não parece possível isolar no interior da sua obra períodos estanques, claramente demarcados. Centrando-se sobretudo na observação direta do real, o seu projeto artístico caracteriza-se por uma grande coerência e continuidade. Abel Manta elegeu três domínios temáticos principais: natureza-morta, paisagem e retrato. “Entre a natureza-morta cezanniana e a paisagem urbana impressionista se define a sua obra que, na maturidade sobretudo, se enriqueceu com notáveis retratos”. Ao logo dos anos pintou retratos de gente notável, como Bento de Jesus Caraça e Manuel Mendes, familiares, amigos, vizinhos, afirmando-se “como o maior retratista do seu tempo, capaz de integrar a expressão psicológica num sistema pictural coerente, com simultâneo entendimento plástico do retratado e compreensão do seu significado humano e social”. Na sua obra pode destacar-se Jogo de Damas, 1927 (coleção do Museu do Chiado), onde evoca Clementina Carneiro de Moura a jogar com o irmão. De herança cézanneana, esta será, segundo José Augusto França, “a obra mais significativa das suas possibilidades «modernas»”, garantindo-lhe “uma posição importante entre os pintores da sua geração” . 2012DEZEMBRO 29 benvinda - revista museus teste 68.indd 29 30-11-2012 09:44:52 MUSEU DA MINIATURA AUTOMÓVEL AUTOR: Câmara Municipal e site do Museu FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal O mundo dos carros de brincar Espaço Arte e Memória Situado no Pátio do Museu, este local pretende ser um espaço cultural vocacionado para a divulgação da Cultura e História de Gouveia, passando, assim, pela salvaguarda da memória coletiva dos gouveenses e a divulgação das raízes culturais e características de Gouveia. Na sequência da intervenção ali realizada, o espaço ganhou uma nova dignidade e algumas peças que ali existiam têm agora outra visibilidade. Essas peças constituem uma exposição permanente de arte sacra que ali se encontra, um pequeno espólio do Cardeal Mendes Belo, bem como a pedra da Sinagoga de Gouveia, datada de 1496. O Museu da Miniatura Automóvel, único do género em Portugal, surge através da disponibilidade do colecionador Fernando Taborda, o empenho do Clube Escape Livre, a estreita cooperação com o ACP – Automóvel Clube de Portugal e o dinamismo do Município de Gouveia. O entusiasmo e empenho total destas entidades, fez com que este projecto, seja uma realidade projetada em edifício próprio, que visa mostrar e divulgar, as melhores coleções de miniaturas existentes no nosso país e que contribui para aumentar a atratividade de Gouveia. O Museu da Miniatura Automóvel conta com várias salas dedicadas a exposições (permanentes e temporárias) temáticas do mundo da miniatura automóvel. O visitante tem a oportunidade de “viajar” no tempo e verificar a evolução automóvel nas mais variadas áreas e através da observação dos modelos de diversas marcas. O Museu divide-se por duas exposições; a exposição permanente e a exposição temporária, cada qual ligada a uma temática, num mundo a descobrir em mais de 3500 miniaturas. Neste espaço pode ver uma mostra sobre a evolução histórica do automóvel. – Do início do século XX até aos dias de hoje, esta coleção retrata como foi evoluindo e se aperfeiçoando o automóvel ao longo dos anos. Aqui o visitante pode admirar várias miniaturas: de um Mercedes de 1901 ao Hispano Suiza H6C, de um Jaguar SS1 de 1935 ao Bugati 57C de 1938. Uma viajem no tempo para apreciar, vários modelos, quem não recorda os Fiat 850 de 1967 ou o Citroen 2 CV de 1982, veículos que marcaram uma geração... Os tempos hoje são outros...Mercedes Benz Class C, Saab 9.5 ou Smart ForTwo Coupe. A maior coleção e das mais emblemáticas que o Museu da Miniatura tem para oferecer, é a do colecionador Fernando Taborda. Uma autêntica viagem pelo Mundo dos Ralis, de Monte Carlo à Suécia, da Finlândia ao Safari, da Catalunha a San Remo, da Inglaterra à Nova Zelândia, não esquecendo o nosso Rali de Portugal, considerado várias vezes “o melhor rali do mundo”, pela competitividade e pela paixão do público por esta modalidade. Mais de mil e duzentas miniaturas desta temática, Citroen Arrastadeira, os Fiat Balila, o Talbot, os Delage, os Delahaye, os Panhard, os Alfa Giulietta, os Mini Cooper S, Porsche 911, Alpine Renault, Fiat 124 e 131 Abarth, Lancia Stratos Fulvia e Delta, Ford Escort e Focus, Subaru Impreza, Mitsubishi Lancer, Citroen Xsara e tantos outros que preencheram o nosso imaginário e os nossos sonhos de miúdos e graúdos, e olhar para o cada vez maior apuro aerodinâmico e a cada vez maior preocupação com a decoração dos veículos, alguns verdadeiramente espetaculares... 30 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 30 30-11-2012 09:45:58 jorge revista museus 68.indd 31 29-11-2012 09:41:11 O MUSEU DO CÔA E O PARQUE ARQUEOLÓGICO IMPLANTADO NA GEOMETRIA e na imensidão da paisagem duriense O museu localiza-se junto à foz do Côa, na sua margem esquerda e nos cimos de um amplo vale ravinoso, apenas ligeiramente aplanados para receber o que é já um dos mais importantes museus de arte e arqueologia do país. AUTOR: António Martinho Baptista FOTOGRAFIAS: Museu do Côa A obra de arquitetura, que alberga o Museu do Côa e a sede do Parque Arqueológico, é dos arquitetos portuenses Camilo Rebelo e Pedro Pimentel, na sequência de um concurso público ao qual concorreram 43 gabinetes de arquitetura. O Museu está aberto ao público desde 31 de julho e 2010 e vai a caminho dos 70.000 visitantes. O edifício, assumido como uma instalação na paisagem, desenvolve-se harmoniosamente, afundando-se no terreno, pouco impacto tendo nessa mesma e impressiva paisagem envolvente. Acedese ao interior através de um longo corredor desnivelado, como que preparando o visitante à apreciação do mais longo ciclo rupestre da Europa. A sua coloração exterior é amarelada, mimetizando as cores dos xistos locais. As placas de betão das paredes exteriores foram obtidas a partir de moldes que copiam a rugosidade dos xistos aflorados. O Museu nasceu na sequência da polémica do Côa, que em 1995 dividiu a sociedade portuguesa entre, por um lado, os defensores da construção de mais uma barragem, neste caso no Baixo Côa, e os defensores dos núcleos paleolíticos que entretanto foram descobertos na região. A decisão política de não construção desta barragem permitiu que fossem salvos do afogamento a generalidade destes sítios rupestres, que constituem hoje o maior conjunto mundial de arte paleolítica de ar livre. E que como tal foi reconhecido em dezembro de 1998 como Património Mundial da UNESCO. Alongando-se por 2 dezenas de quilómetros do Baixo Côa, mas expandindo-se também ao Douro e às margens de alguns dos seus afluentes, conhecem-se hoje na região 72 sítios com arte rupestre, sendo mais de mil os painéis historiados. De todos estes sítios, alguns de difícil acesso, só 3 estão abertos ao público, em visitas guiadas pelo Parque Arqueológico do Vale do Côa/Museu do Côa, ambos geridos pela Fundação Côa/Parque. O Museu do Côa constitui-se pois como a porta de entrada para um melhor conhecimento da Arte do Côa (c. de 25.000 anos de arte rupestre), uma visita que se complementará proveitosamente com um percurso guiado por qualquer dos 3 núcleos abertos ao público (Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos). Se a oportunidade surgir, poderá também o visitante experienciar uma visita noturna à Penascosa, no que será uma viagem fascinante à arte das origens, já que a luz rasante artificial potencia sempre uma melhor apreciação das gravações paleolíticas. E desta forma compreender também melhor o trabalho dos arqueólogos na descodificação destas formas artísticas sobre rocha. A visita ao Museu do Côa é pois um mergulho nas mais intemporais e arcaicas criações artísticas conhecidas em Portugal. O museu nasceu na sequência da polémica do Côa, que em 1995 dividiu a sociedade portuguesa entre os defensores da construção de mais uma barragem e os defensores dos núcleos paleolíticos 32 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 32 30-11-2012 09:09:12 CÔA ICO jorge revista museus 76.indd 33 30-11-2012 09:16:47 MUSEU DA GUARDA É VASTO O TEMPO QUE UM MUSEU GUARDA A COLEÇÃO DO MUSEU da Guarda tem cerca de 4.800 peças. Aqui acede-se a um amplo conhecimento do passado, onde as significativas coleções de arqueologia, escultura e pintura sacra, armaria e pintura portuguesa nos mostram que é vasto o tempo que um museu pode guardar AUTOR: Museu da Guarda FOTOGRAFIAS: Filipe Pinto 34 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 34 29-11-2012 12:13:34 Na cidade mais alta O Museu Regional da Guarda foi criado em 1940, pelo dinamismo e empenho daquele que foi o seu primeiro diretor Dr. Ernesto Pereira, com objetivos claros de preservação da identidade regional e de afirmação do movimento regionalista local. Durante a dependência autárquica, que durou quarenta e três anos, não conseguiu afirmar-se como instituição museológica plena, que só viria a tornar-se realidade a partir do momento em que, o então Museu Regional da Guarda, passou para a dependência do ex Instituto Português do Património Cultural. Depois de dois anos de obras de requalificação num belíssimo edifício no centro da cidade reabriu, em 1985, com a designação de Museu da Guarda. A grande missão do Museu da Guarda é o estudo, a conservação e a divulgação das suas diversas coleções bem como o desenvolvimento de ações de extensão cultural que fomentam a sua capacidade de comunicação, cumprindo assim as suas relevantes tarefas de serviço público. É visão do Museu da Guarda a sua projeção como instituição museológica de referência ao serviço da sociedade e da cultura. Os seus valores são a preservação do património, a promoção cultural, a competência e a excelência dos serviços que presta. A coleção do museu, com cerca de 4.800 peças, teve, naturalmente, o seu início no conjunto de peças que à época se reuniram para a exposição com que se inaugurou esta instituição. O mecanismo legal de incorporação da grande maioria das peças foi a doação, seguida do processo de recolha pelo próprio Museu, no caso de peças de arqueologia e de etnologia. Uma pequena parte resulta de aquisições e depósitos. A proveniência geográfica das peças em exposição é do distrito da Guarda, área de representatividade e atuação do Museu, à exceção da coleção de pintura portuguesa da primeira metade do século vinte, e da coleção de armaria cuja formação foi da responsabilidade do colecionador que a doou ao Museu. As coleções mais significativas desta unidade cultural são: Arqueologia, Escultura e Pintura Sacra, Armaria e Pintura Portuguesa. A importância das coleções determinou o discurso museológico, organizado de forma cronológica desde os tempos pré históricos até à atualidade. Para além destas coleções que, pela sua história, qualidade, significado ou presença expositiva se destacam, o Museu da Guarda possui, entre outras, coleções de fotografia, gravura, medalhística, cerâmica, jogos tradicionais e uma série de objetos agrupados por materiais ou tipologias funcionais que no atual programa de exposição não se enquadram, mas que são utilizados em exposições temporárias ou ilustrações temáticas. A não perder. O Museu da Guarda está na tutela da Direção Regional de Cultura (DRCC). Artur Côrte-Real, diretor de Serviços de Bens Culturais na DRCC, explicou ao JF que se irá implementar “um novo modelo de funcionamento dos museus” que irá trazer, no seu ponto de vista várias vantagens. Sobre o Museu da Guarda refere que “nós sentimos que ele necessita, como outros museus, necessita de uma identidade mais regional e, portanto, começámos a pensar que este novo rumo iria, de certa forma, alterar alguns dos paradigmas”, permitindo uma melhoria do funcionamento e atratividade. Ou seja dotar os museus” e, nomeadamente “o Museu da Guarda, com uma relação umbilical mais próxima das questões das regiões”. E esse é um trabalho que avançará e que terá, como fim último, melhorar a relação dos museus com as geografias onde estão implantados. Para já, o Museu da Guarda irá receber no dia 7 de dezembro uma exposição, que irá estar em vários museus da região, demonstrativa de um espírito de colaboração entre instituições. As coleções mais significativas desta unidade cultural são: Arqueologia, Escultura e Pintura Sacra, Armaria e Pintura Portuguesa A GRANDE MISSÃO DO MUSEU DA GUARDA É O ESTUDO, A CONSERVAÇÃO E A DIVULGAÇÃO DAS SUAS DIVERSAS COLEÇÕES 2012DEZEMBRO 35 jorge revista museus 76.indd 35 30-11-2012 09:18:36 jorge revista museus 68.indd 36 29-11-2012 09:42:50 jorge revista museus 68.indd 37 29-11-2012 09:43:24 IDANHA-A-VELHA E MONSANTO AS ALDEIAS MUSEU AUTOR: Catarina Canotilho FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova DESCOBRIR AS Aldeias Museu do concelho de Idanha-a-Nova São desafios que permitem aos visitantes experiências absolutamente peculiares e imperdíveis. Do património, à arquitetura, passando pela natureza, a riqueza do território é o melhor e mais cativante acervo destes “museus a céu aberto”. Duas Aldeias Históricas na Raia Verdadeiros museus ao ar livre que se afiguram como paragem obrigatória para todos os que façam a rota museológica da região. O rico património arqueológico e arquitetónico conquista o visitante e é garantia de uma visita que não deixa ninguém indiferente. Está-se, obviamente, a falar das Aldeias Históricas de Idanha-a-Velha e Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova que, sem se confinarem a um espaço fechado, são ainda assim espaços museus. Alvo de investimentos consideráveis, estas localidades são talvez um dos elementos mais significativos do projeto da rede museológica que a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova tem estado a desenvolver ao longo dos anos e que, como explica Paulo Longo, vai muito para além da simples criação de um museu ou do aproveitamento específico de um único ponto de interesse. “O objetivo do programa é sempre o de explicar o território e valorizar não só o património edificado como também o património imaterial. Nenhum dos espaços é concebido sem ter em conta o registo ideográfico e os elementos recolhidos junto e com a envolvência da população”, especifica o responsável cultural. A filosofia do projeto caiu que nem uma luva em Monsanto e Idanha-a-Velha, onde a intervenção foi feita à escala de toda a aldeia. Ali, a cada passo há uma história para descobrir ou um monumento para conhecer. Conhecida como a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, Monsanto é um ícone turístico que atrai milhares de visitantes. Do património edificado, destaca-se o castelo, construído pelos Templários, a Cisterna, as Capelas de Santa Maria e de S. Miguel e os vestígios de todo o povoado primitivo ao redor. Sobranceira ao aglomerado, hoje em ruínas, ergue-se a Torre do Pião. A utilização do granito nas construções confere ao conjunto uma grande uniformidade entre o natural e o edificado. Este equilíbrio é, ainda, mais evidente quando os acidentes graníticos dão origem a curiosas utilizações de grutas e penedos integralmente convertidos em peças de construção. Um mundo onde se descobrirá ainda a Igreja Matriz, o forno da aldeia, as Capelas do Espírito Santo e de Santo António e a Torre Sineira ou de Lucano encimada pelo galo de prata, imagem de marca da portugalidade de um outro tempo. No topo da aldeia, o castelo, de onde se avista a próxima paragem... Idanha-a-Velha. Aqui, da Sé Catedral (construída entre os século IV e V, e alvo de muitas intervenções desde então), à Muralha Romana (construída entre o século II e o início do século IV d.C.), ao Pelourinho, passando pela Torre dos Templários (século XII) e pela Casa de Marrocos tudo demonstra a grandiosidade da Idanha de outros tempos e também dos idanhenses de hoje, que, com intervenções cuidadas e patrimonialmente ricas, conseguiram alcançar uma perfeita simbiose entre o passado e a atualidade. E, os que se quiserem deixar encantar por este “Museu ao ar livre”, terão ainda oportunidade de passar no Lagar das Varas (considerado excepcional por Benjamim Pereira pelo cuidado posto da construção) e no seu logradouro e ser, uma vez mais surpreendido, pelo moderno pavilhão epigráfico. Construído em vidro e ferro, esta estrutura em forma de espigueiro guarda uma parte da coleção epigráfica local, uma das maiores e mais representativas coleções de epígrafes do país. 38 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 38 30-11-2012 09:19:33 Património Histórico Monsanto e Idanhaa-Velha são dois exemplos de como o património construído é atração turística “O OBJETIVO É SEMPRE O DE EXPLICAR O TERRITÓRIO E VALORIZAR O PATRIMÓNIO EDIFICADO E PATRIMÓNIO IMATERIAL” PAULO LONGO 2012DEZEMBRO 39 jorge revista museus 76.indd 39 29-11-2012 12:16:11 CENTRO CULTURAL RAIANO EM DEFESA DAS RELAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS Inaugurado em 1997 Um castelo que defende a cultura de Idanha-a-Nova AUTOR: Catarina Canotilho O Centro Cultural Raiano apresenta uma volumetria sólida e granítica com poucas aberturas para o exterior FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova Inaugurado em 1997, o Centro Cultural Raiano, situado na Avenida Joaquim Morão, em Idanha-a-Nova, apresenta uma volumetria sólida e granítica com poucas aberturas para o exterior, o que leva que muitos comparem o edifício a um castelo, o mais recente castelo Raiano. Epíteto que ganha relevo quando se verifica a função com que foi construído, ou seja, cabe ao Centro Cultural Raiano e às pessoas que o dinamizam vencer a batalha da desertificação com um papel preponderante na dinamização cultural da região e simultaneamente com o objetivo de fortalecer e fomentar as relações transfronteiriças. Por tudo isto foi com naturalidade que o Centro Cultural Raiano foi escolhido como sede da Rede Museológica Municipal. É a partir dali que cada projeto é pensado, desenhado e posto em prática. E é também ali que que estão visíveis vários aspetos da Etnografia da região. O espaço compreende vários núcleos, recolhidos localmente e que caracterizam diversos aspetos da cultura material e económica, arqueológica, e das artes plásticas do território. Entre outros, destacam-se a exposição Agricultura nos Campos de Idanha; da olaria e a exposição Oleiros de Idanha; partes de um extenso acervo, em reserva, que inclui temáticas como a pastorícia; o espaço doméstico; a faiança e o mobiliário. Na vertente da arqueologia, o Centro Cultural compreende vários espólios provenientes de diversos contextos arqueológicos escavados na região, com especial destaque para os provenientes do Complexo Monumental de Idanha-a-Velha. Já nas artes plásticas, é a fotografia que constitui o principal ponto de interesse, encontrando-se representados vários autores nas suas coleções, entre os quais, Inês Gonçalves, Albano da Silva Pereira, Luís Pavão, Hélder Ferreira, João Azevedo, Duarte Belo, Orlando Ribeiro, Eduardo Grilo, Bernard Cornu e João Pereira. Enquanto sede da rede museológica e em termos físicos, o Centro Cultural Raiano tem ainda uma sala de reservas e um espaço de laboratório de restauro, dois auditórios (um interior - utilizado para a projeção de cinema, e eventos de diversas áreas, e outro exterior – utilizado essencialmente para eventos na áreas dos espetáculos. É ainda aqui que estão instalados os serviços centrais do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, extensa área classificada que integra vários concelhos da Beira Interior Sul, do qual o município de Idanha-a-Nova é uma das regiões mais significativas em termos de património geológico de toda a região. 40 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 40 30-11-2012 09:20:12 ENTRE OUTROS, DESTACAM-SE A EXPOSIÇÃO AGRICULTURA NOS CAMPOS DE IDANHA; DA OLARIA E A EXPOSIÇÃO OLEIROS DE IDANHA; PARTES DE UM EXTENSO ACERVO, EM RESERVA, QUE INCLUI TEMÁTICAS COMO A PASTORÍCIA” 2012DEZEMBRO 41 jorge revista museus 76.indd 41 29-11-2012 12:17:34 LAGARES, MOINHOS E UMA JUDIARIA PARA DESCOBRIR... AUTOR: Catarina Canotilho FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova Proença-a-Velha, Penha Garcia e Medelim são três aldeias com um vasto património É em Proença-a-Velha que se encontra o Núcleo de Azeite-Complexo de Lagares, o único sítio do país onde se reúne a história da tecnologia tradicional do azeite em Portugal. Aos dois lagares originais que foram recuperados (um com duas prensas de vara e pio de três galgas de tração animal e um outro mecânico, de prensas hidráulicas) juntou-se um de prensa de parafuso central e com dois enormes blocos de pedra como pesos suplementares e pio de fabrico industrial, mas de tração hidráulica), tornando possível perceber num único local uma sequência evolutiva tecnológica. Uma tarefa que conta ainda com o apoio de uma galeria de exposições na qual se faz a síntese da problemática do azeite em Portugal que, refira-se, pode entretanto ser produzido num novo e moderno lagar que, instalado numa das palheiras do arraial onde o museu se inscreve, está aberto à comunidade e hoje, volta-se a produzir azeite em Proença-a-Velha. Em Penha Garcia não se produz farinha, mas o Complexo Mo- ageiro é o pretexto ideal para começar a conhecer o rico património molinológico concelhio, onde se incluem várias tipologias de moinhos acionados a água e pelo vento. Este núcleo encontra-se associado ao percurso pedestre Rota dos Fósseis, sendo parte integrante do projeto de preservação das antigas arribas fósseis da garganta do Rio Ponsul, incluído no Geopark da Meseta Meridional da Naturtejo. Em Medelim encontra-se a Casa de Medelim que se inscreve num dos melhores exemplares de arquitetura solarenga da região e apresenta-se como um espaço com inúmeras potencialidades. Entre os vários temas em perspetiva, destaque para o trabalho em torno dos vestígios da presença judaica nesta aldeia (onde ainda é possível identificar a antiga judiaria) cujo estudo e recuperação se prevê venha a estabelecer ligações com redes mais vastas ligadas às questões do património judaico. 42 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 42 30-11-2012 09:21:01 jorge revista museus 68.indd 43 29-11-2012 09:43:55 CRIADO EM 1949 O Museu Municipal faz as delícias do visitante que aqui encontra sempre um motivo de seu interesse e agrado. “MUSEU DE PENAMACOR: TÚMULO ROMANO DE INCINERAÇÃO E RESPETIVO ESPÓLIO ASSOCIADO (ARROCHELA - ARANHAS)” 44 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 44 29-11-2012 11:11:55 MUSEU MUNICIPAL DE PENAMACOR EM DEFESA DA MEMÓRIA AUTOR: Joaquim Nabais FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Penamacor Imagem de S. Jorge a cavalo está entre as peças a ver Penamacor reúne hoje um conjunto de unidades museológicas que evidenciam uma clara preocupação em defesa da preservação da memória e do aprofundamento do conhecimento, através da intermediação dos objetos que aí se guardam e das leituras que proporcionam. Sem resultarem de um plano previamente determinado e sem obedecerem intencionalmente a um qualquer conceito de museu polinucleado, pela sua singeleza e criteriosa apresentação, nalguns casos, ou, ao contrário, pela surpreendente diversidade de motivos e situações que exibem, essas unidades não deixam de constituir um interessante pretexto para se viajar pelo concelho e, simultaneamente, conhecer uma geografia, física e humana, que não se confina ao espaço museológico. Criado em 1949, com o intuito de acautelar bens patrimoniais em risco de se perderem, o Museu Municipal, com as sua múltiplas coleções de objetos, onde se pode apreciar desde uma carruagem senhorial do século XIX à imagem de S. Jorge a cavalo que presidia à procissão outrora realizada na vila em sua honra, para além do valioso espólio arqueológico, de alguns notáveis apontamentos de arte sacra, extensa mostra numismática, armaria antiga, alfaias agrícolas e utensilagem diversa, espécimes taxidermizados, etc., etc., faz as delícias do visitante que aqui encontra sempre um motivo de seu interesse e agrado. Exposição temporária Roma - Ecos do Império “...desde que vi este conjunto monetário, e uma vez que o objetivo proposto era contribuir para a montagem de uma exposição baseada nestes denários, pertencentes ao Museu Municipal de Penamacor, considerei que seria interessante poder transmitir ao visitante, através de cada uma das moedas, um pouco dos costumes, factos e lendas romanos...”, Silvina Silvério 2012DEZEMBRO 45 benvinda - revista museus teste 68.indd 45 30-11-2012 09:47:25 TORRE DE MENAGEM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO CASTELO MAQUETE DA FORTALEZA Pode ver-se na Torre de Menagem assim como outras peças. Penamacor reúne hoje um conjunto de unidades museológicas em defesa da preservação da memória AUTOR: Joaquim Nabais FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Penamacor A Torre de Menagem, recentemente musealizada, é a peça chave para bem se compreender como era Penamacor medieval com a sua fortaleza, através de uma maquete construída com base em vestígios ainda existentes e em fontes documentais fidedignas. MUSEU DR. MÁRIO BENTO O legado de um estudioso O Museu Dr. Mário Bento ocupa um antigo lagar de prensas, que foi preservado enquanto testemunho daquele processo tradicional de produção de azeite, ao mesmo tempo que era ampliado e adaptado para receber a coleção arqueológica do Dr. Mário Pires Bento, um meimoense que dedicou parte da sua vida a recolher e a estudar vestígios do passado, fundamentalmente romanos, na área da sua freguesia. Do lagar, no piso térreo, conservam-se bem todos os seus espaços funcionais e respetivos equipamentos mecânicos. Além da mostra seletiva de materiais arqueológicos, o segundo piso recebe ainda dois núcleos expositivos de cariz etnográfico dedicados ao pão e ao vinho. NÚCLEO MUSEOLÓGICO DA BEMPOSTA Vestígios romanos O acervo deste núcleo museológico integra um interessante conjunto de inscrições romanas que documentam um sugestivo processo de aculturação entre a população preexistente e os romanos recém-chegados, manifesto nas aras votivas com referências à divindade local. Além das aras romanas, o pequeno espaço acolhe ainda um número considerável de estelas funerárias que se revestem de grande importância histórica, constituindo-se como indicadores cronológicos preciosos no que respeita às diferentes fases da ocupação do território que hoje compreende a freguesia de Bemposta, dada a raridade tipológica que a maioria dos exemplares apresenta em contextos arqueológicos nacionais. MUSEU PAROQUIAL DE ALDEIA DE JOÃO PIRES Preservar a tradição Localizado na pitoresca Aldeia de João Pires, este pequeno museu denota bem o empenho da paróquia posto na preservação do seu valioso património associado à arte sacra e alfaias litúrgicas. 46 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 46 30-11-2012 09:48:57 jorge revista museus 68.indd 47 29-11-2012 09:44:47 A natureza e a floresta é a ideia central do Centro de Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova “DE PORTAS ABERTAS DESDE 2005, O CENTRO ACABA DE RENOVAR A ÁREA DE EXPOSIÇÃO” QUOTEDS NAME JOB TITLE 48 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 48 29-11-2012 11:17:19 CIÊNCIA VIVA EM PROENÇA-A-NOVA CONHECER MELHOR A FLORESTA PARA A RESPEITAR AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Célia Domingues O Centro é privilegiadamente um local onde é possível tocar, experimentar, descobrir, imaginar, sonhar. Sabia que Proença-a-Nova é dos municípios portugueses que mais CO 2 fixa? A natureza e a floresta é a ideia central do Centro de Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova, único no país enquanto fonte de conhecimento para uma gestão eficaz do meio ambiente. De portas abertas desde 2005, o Centro acaba de renovar a área de exposição, mantendo contudo as experiências interativas sobre a floresta, um projeto didático desenvolvido pelo Instituto Pedro Nunes. Partindo da ideia que “sem ciência não há cultura”, o Centro Ciência Viva de Proença oferece aos cidadãos estímulos e recursos para incorporarem a ciência na sua cultura e assim capacitá-los para compreenderem o mundo em que vivemos. O espaço, localizado na localidades das Moitas, junto à estrada nacional, recria ambientes, convida à imaginação e à fantasia dos mais pequenos. O Centro é privilegiadamente um local onde é possível tocar, experimentar, descobrir, imaginar, sonhar. A exposição permanente do Centro Ciência Viva da Floresta é constituída por três salas temáticas que mostram a floresta sob três perspetivas diferentes: como Fonte de Bem-estar, como Fonte de Vida e como Fonte de Riqueza. Depois de entrar, através de um tronco de árvore recriado à entrada, os olhos viram-se para uma árvore em corte exposta no centro da sala, evidenciando que ela é mais do que aquilo que vemos. Por debaixo da terra, a árvore estende-se por raízes. Nas paredes da sala, as cascas dos troncos recortados mostram os vários tipos de árvores existentes no nosso país. “Ouve a floresta” convida outro dos dispositivos interativos. A seu lado, é sugerida a abertura de uma caixinha em madeira para sentir e adivinhar o aroma da floresta aí existente. Uma maquete de uma fábrica de lápis, no centro da sala, mostra um dois aproveitamentos que se faz da madeira. A criança é convidada a conhecer qual a contribuição da floresta para a manutenção da qualidade do ar e equilíbrio global da atmosfera, a observar os incêndios florestais e as medidas para a sua prevenção ou a conhecer o ciclo da água e a sua relação com a proteção e com a erosão do solo. O Centro de Ciência Viva de Proença dedica os últimos espaços de visita aos perigos, cada vez mais presentes, que destroem a floresta, representados nos incêndios, na erosão, na poluição atmosférica. A exposição permanente do Centro Ciência Viva da Floresta é constituída por três salas temáticas que mostram a floresta sob três perspetivas diferentes Como Fonte de Bem-estar, como Fonte de Vida e como Fonte de Riqueza 2012DEZEMBRO 49 benvinda - revista museus teste 68.indd 49 30-11-2012 09:49:35 O Centro de Ciência Viva UM ESPAÇO ÚNICO Nos dois últimos espaços, é possível, “combater” um incêndio e escolher os meios mais adequados face às condições atmosféricas (vento) e à superfície. E porque a ideia do centro é proporcionar à criança melhor conhecer a floresta, é a pensar nelas que uma equipa de profissionais assume o desenvolvimento de várias atividades em laboratório. Com uma duração de cerca de 30 minutos, as várias ofertas do Ciência à la Carte ensinam a fazer sabonetes, a fazer manteiga com ervas aromáticas ou bonbons de chocolate, entre outras experiências. A participação tem o custo de um euro e não requer inscrição prévia. Basta pedir a informação à entrada e escolher um dos 10 atelier científicos existentes. dedica os últimos espaços de visita aos perigos, cada vez mais presentes, que destroem a floresta, representados nos incêndios, na erosão, na poluição atmosférica. “NAS PAREDES DA SALA, AS CASCAS DOS TRONCOS RECORTADOS MOSTRAM OS VÁRIOS TIPOS DE ÁRVORES EXISTENTES NO NOSSO PAÍS” 50 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 50 30-11-2012 09:50:43 jorge revista museus 68.indd 51 29-11-2012 09:47:03 Inaugurado em fevereiro O museu está ainda a desenvolver a carta educativa com atividades para grupos e escolas MUSEU ISILDA MARTINS OFÍCIOS TRADICIONAIS Este Museu fica situado em Sobreira Formosa AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Célia Domingues A história deste núcleo etnográfico cruza-se com a do Grupo de Danças e Cantares de Sobreira Formosa no concelho de Proença-aNova, fundado em 1979. Foi por iniciativa da diretora técnica do grupo, Isilda Martins, que se iniciou a recolha de objetos de uso quotidiano, vestuário, alfaias agrícolas e outros utensílios entretanto organizados de forma a recordarem aos visitantes memórias da vida no concelho, particularmente na primeira metade do século XX. Inaugurado a 19 de fevereiro de 2012, o museu está ainda a desenvolver a carta educativa com atividades para grupos e escolas, mas oferece já a possibilidade de marcações para visitas guiadas e para projeção dos dois documentários disponíveis – um relativo ao ciclo do linho e outro sobre a recolha de resina, duas das atividades que no passado tiveram forte expressão no concelho. Três dos sete núcleos em que está organizado contemplam atividades ligadas à agricultura e floresta, enquanto nos restantes quatro são recordados espaços centrais da casa e ofícios tradicionais – como o sapateiro, o ferreiro ou a modista. Existe ainda um módulo expositivo que contempla o vestuário e algumas peças que se destacam pela antiguidade ou pela curiosidade. Exemplo disso são a meada galega, que servia para curar o “estrepasso” das crianças, as ventosas usadas para tratamento de pneumonias ou dois relógios de sol de bolso com mais de um século. 52 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 52 30-11-2012 09:51:35 EM VILA VELHA DE RÓDÃO TURISMO CULTURAL AUTOR: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão FOTOGRAFIAS: Célia Domingues Promover o património rural e cultural A aposta na construção das infraestruturas agora existentes, nas áreas da cultura e educação, como o Centro Interpretativo da Foz do Cobrão, a Casa de Artes e Cultura do Tejo, a Biblioteca Municipal, o Lagar de Varas e o Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo vêm possibilitar o acesso à informação, à cultura e ao conhecimento o que, sem dúvida, contribuiu para a melhoria da qualidade de vida da população. São estes edifícios e serviços da autarquia que vão interligar a cultura à componente turística e atrair pessoas para o concelho apostando no turismo cultural. Para implementar esta estratégia turística, a autarquia desenvolve atualmente um projeto denominado, Terras de Oiro, que visa preservar o património cultural de forma descentralizada; garantir a abertura de unidades museológicas; realizar visitas guiadas ao percurso museológico; dar formação nas áreas da tecelagem e da trapologia; conservar e restaurar os objetos das várias coleções; elaborar e editar publicações; inventariar o património cultural do concelho e a literatura oral; promover a investigação sobre as atividades agrícolas tradicionais, em especial da produção do azeite e apresentar várias ofertas turísticas. Com a abertura, no futuro próximo, das diferentes unidades museológicas em todas as freguesias do concelho – Vila Velha de Ródão, Perais, Sarnadas, Foz do Cobrão, Fratel - constituídas para a preservação do património de forma descentralizada, a autarquia garante, assim, a participação ativa das comunidades locais e o acesso dos turistas a todo o território do concelho. O projeto VILA VELHA DE RÓDÃO - TERRAS DE OIRO desenvolve todas as atividades museológicas: investigação sobre a vida rural, nomeadamente sobre a produção do azeite, do linho e do mel, bem como da paisagem cultural; incorporação de objetos e preservação de testemunhos históricos; inventariação do património rural; registo da literatura oral referente à vida no campo, no olival, no lagar de azeite; comunicação (percursos expositivos, publicações - roteiros, desdobrável, site); caráter pedagógico, nomeadamente na formação na tecelagem e trapologia utilizando as técnicas tradicionais. No final do mês de junho de 2013 a Câmara Municipal pretende começar a divulgar as diferentes unidades museológicas espalhadas pelo concelho promovendo a valorização e a divulgação do património rural e da paisagem cultural; oferecendo novos recursos culturais e turísticos às freguesias, ao concelho e ao país, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do turismo da região. 2012DEZEMBRO 53 jorge revista museus 76.indd 53 30-11-2012 09:21:59 CENTRO INTERPRETATIVO DE ARTE RUPESTRE RÓDÃO MOSTRA LIVRO DE PEDRA A ARTE DO TEJO é uma escrita antes da escrita. As Portas de Ródão poderiam ter sido para esses povos uma espécie de axis-mundi (eixo do mundo), em torno das quais se estruturavam simbolicamente os seus territórios. AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Célia Domingues 54 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 54 29-11-2012 12:20:07 CIART Missão apoiar o estudo e a preservação deste vasto património arqueológico As gravuras estão, na sua maioria, submersas no Tejo A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão e o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento inauguraram, em setembro último, o Centro de Interpretação da Arte Rupestre do Vale do Tejo (CIART). O Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo é um dos mais importantes conjuntos de arte pós-paleolítico da Europa, constituído por mais de 20.000 gravuras dispersas ao longo de 40 quilómetros de ambas as margens do rio Tejo. As gravuras, executadas na sua quase totalidade por picotagem, datam de um período que medeia entre 20.000 a.C. e finais da Idade do Bronze e representam símbolos geométricos, antropomórficos e zoomórficos. Atualmente mais de 90% das gravuras encontram-se submersas pela albufeira da barragem de Fratel, sendo visíveis apenas na área de Perais e a jusante da barragem de Fratel. O CIART tem como principal missão apoiar o estudo e a preservação deste vasto património arqueológico divulgando-o ao público através de uma exposição permanente onde se interpretam as diversas expressões culturais dos habitantes préhistóricos do vale do Tejo. É simultaneamente uma homenagem aos arqueólogos e estudantes que têm contribuído com elevada dedicação e zelo para o seu conhecimento. Recebe apoio científico de conceituados investigadores em arte rupestre (António Martinho Baptista - Museu do Côa), em arqueologia (Luís Raposo - Museu Nacional de Arqueologia, João Caninas e Francisco Henriques da Associação de Estudos do Alto Tejo), e em geologia e geomorfologia (Pedro Proença e Cunha - Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, e António Martins - Departamento de Geo-Ciências da Universidade de Évora). O COMPLEXO DE ARTE RUPESTRE DO VALE DO TEJO É UM DOS MAIS IMPORTANTES CONJUNTOS DE ARTE PÓSPALEOLÍTICO DA EUROPA 2012DEZEMBRO 55 jorge revista museus 76.indd 55 30-11-2012 09:22:47 LAGAR DE VARAS AZEITE, O OIRO DE RÓDÃO AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Célia Domingues ESPAÇO DE VISITA no centro da vila Na recuperação do Lagar de Varas foram integrados os equipamentos e acessórios da produção de azeite, destacando-se a tremonha, a roda de água, os canaletes, os alguergues (sob as varas) e o lagar de tracção animal. Testemunho de uma atividade tradicional O Lagar de Varas em Vila Velha de Ródão é um monumento ao azeite que documenta todas as fases históricas do fabrico deste produto precioso: desde o uso da energia humana e animal até ao recurso da força hidráulica e da mecânica. É um edifício que assinala o significado e o valor histórico da olivicultura no território português. Num concelho onde existem muitos testemunhos materiais da lagaragem, este Lagar de Varas é o exemplar mais completo, não só porque exemplifica um conjunto de sistemas utilizados no fabrico do azeite, como também o edifício em xisto preserva os materiais de construção tradicionais desta região. Embora não se conheçam as datas da sua construção, os testemunhos materiais revelam que são bastante antigos, porque estudos referentes à história do azeite em Portugal identificam esta margem do Tejo como centro produtor e consumidor deste produto alimentar já na Idade Média. Nos testemunhos materiais da mecânica do lagar está visível, no essencial, a tradição helenística e romana assente em engenhos de energia humana e animal, onde se conjugavam os princípios da alavanca, da roda, do parafuso, de cunha e do plano inclinado. O Lagar de Varas de Vila Velha de Ródão foi adquirido pela autarquia em 2007 e em 2011 deu-se início a sua requalificação. É apresentado numa perspetiva territorial enquadrada em todo o tipo de património associado à produção do azeite existente no concelho com testemunhos históricos e atuais: desde os olivais nas várias fases da produção da azeitona até aos lagares de tecnologias tradicionais e de tecnologia de ponta a funcionar atualmente. O Lagar de Varas é constituído por dois edifícios construídos em alvenaria típica da região (xisto e quartzito), com os seguintes espaços: tulhas, moinho de tração animal, estábulo, sala das varas, sala da fornalha, sala das duas prensas de vara, tanque das tarefas, moinho hidráulico e prensa hidráulica vertical e roda de água vertical. O território deste concelho oferece uma paisagem cultural muito rica, onde a oliveira é rainha e os lagares de azeite são monumentos: a oliveira, símbolo da paz, é um ícone da paisagem de Vila Velha de Ródão. 56 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 56 30-11-2012 09:23:30 O MUSEU A tradição helenística e romana assente em engenhos de energia humana e animal, onde se conjugavam os princípios da alavanca, da roda, do parafuso, de cunha e do plano inclinado. ESTE LAGAR DOCUMENTA TODAS AS FASES HISTÓRICAS DO FABRICO DO AZEITE: DESDE O USO DA ENERGIA HUMANA E ANIMAL ATÉ AO RECURSO DA FORÇA HIDRÁULICA E DA MECÂNICA 2012DEZEMBRO 57 jorge revista museus 76.indd 57 29-11-2012 12:23:29 NUCLEO MUSEOLÓGICO DE SARNADAS DE RÓDÃO AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Célia Domingues ESPAÇO RECUPERA memória do olival No Lagar de Sarnadas estão expostas as tulhas em granito, a balança onde era pesada a azeitona, o senfim elétrico de transporte da azeitona para o pio de moenda, a bomba de pressão de água que acionava os dispositivos hidráulicos e o desterroador de bagaço. O Núcleo Museológico do Azeite, em Sarnadas de Ródão, complementa o Lagar de Varas na margem do ribeiro do Enxarrique, em Vila Velha de Ródão, uma vez que documenta todas as fases do fabrico do azeite, desde a entrada da azeitona até à saída do líquido dourado. O Espaço Museológico do Azeite é um antigo lagar recuperado e é composto por 3 salas, por um salão polivalente destinados a eventos e exposições temporárias. Estão expostas na sala da receção, as tulhas em granito, a balança onde era pesada a azeitona, o senfim elétrico de transporte da azeitona para o pio de moenda, a bomba de pressão de água que acionava os dispositivos hidráulicos e o desterroador de bagaço. Na Sala das Máquinas, encontram-se os pios metálicos da azeitona e duas prensas hidráulicas com as características seiras. A Sala do Azeite, no piso mais baixo, mostra as tarefas de decantação, as medidas de azeite e os pequenos objetos do mestre lagareiro. 58 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 58 30-11-2012 09:25:51 jorge revista museus 76.indd 59 29-11-2012 09:51:05 Museu da Geodésia Fica ao lado do Picoto da Melriça, no Centro Geodésico de Portugal O VÉRTICE EM ALVENARIA DA MELRIÇA, SITUADO A 592 METROS DE ALTITUDE, É UMA DAS PRIMEIRAS PIRÂMIDES GEODÉSICAS DO PAÍS, TENDO ESTADO NA ORIGEM DO SISTEMA DE COORDENADAS GEOGRÁFICAS. 60 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 60 29-11-2012 12:25:19 MUSEU DA GEODÉSIA EM VILA DE REI NO TOPO DA TRIANGULAÇÃO DO PAÍS AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Vila de Rei É em Vila de Rei que fica o Centro de Portugal Ao lado do Picoto da Melriça, no Centro Geodésico de Portugal, encontra-se o Museu da Geodésia, único no país. No espaço, que resulta de uma parceria entre o Instituto Geográfico Português (IGP) e a Câmara de Vila de Rei, está todo um legado histórico e científico deixado por grandes nomes de cientistas portugueses que trabalharam em prol da modernização geodésica nacional. O vértice em alvenaria da Melriça, situado a 592 metros de altitude, é uma das primeiras pirâmides geodésicas do país, tendo estado na origem do sistema de coordenadas geográficas associado ao Datum 73, o sistema de referência nacional. Foi Francisco António Cieira quem escolheu o topo desta serra como um dos pontos da triangulação fundamental em Portugal. Os trabalhos arrancaram em 1790, mas foram interrompidos treze anos depois devido às invasões francesas. As primeiras observações tendo em vista a triangulação do local seriam feitas em 1870, enquanto que as observações astronómicas de latitude, longitude e azimute, bem como as primeiras observações por satélite no picoto da Melriça se realizaram nas décadas de 1960 e 70. Em 1982 procedem-se a observações de distância integradas num poligonal norte-sul, usando-se pela primeira vez, já no início dos anos de 1990, o sistema de posicionamento global GPS. Já no interior do museu, ao qual se acede por uma rampa de metal, e atravessando um corredor de vidro de onde se avista o picoto, entramos na sala de exposições, onde estão os painéis que constituem a exposição permanente que reúne, entre outros instrumentos, o Nível de precisão de Brito Limpo, a Luneta de Passagem Repsold ou o Cronógrafo Favag. Com uma altitude de 600 metros, este local permite ao seu visitante uma visão de 360º sobre um horizonte vastíssimo, em que se destaca a Serra da Lousã e, com tempo limpo, a Serra da Estrela, esta quase a 100 quilómetros de distância. O espaço integra ainda uma zona de venda de produtos alusivos ao museu e ao concelho, um bar e um pequeno auditório multimédia. Com uma altitude de 600 metros Este local permite ao seu visitante uma visão de 360º sobre um horizonte vastíssimo, em que se destaca a Serra da Lousã e, com tempo limpo, a Serra da Estrela, esta quase a 100 quilómetros de distância. 2012DEZEMBRO 61 jorge revista museus 76.indd 61 30-11-2012 09:27:05 MUSEU ETNOGRÁFICO MUNICIPAL A HOMENAGEM AOS USOS E COSTUMES ANTIGOS AUTOR: Célia Domingues FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Vila de Rei Mostrar o mundo real das aldeias O Museu Etnográfico de Vila de Rei, situado no centro histórico, está instalado na antiga Casa do Patronato, uma das mais antigas da vila. Recria uma casa agrícola típica do século XIX e início do século XX, onde se pode ver uma coleção de dimensão considerável de diversos objetos ligados à vida rural e aos ofícios tradicionais, desde o colchão de camisas de milho, às candeias de azeite, a barrela da roupa, adega ou a picota para tirar a água do poço. Retrata igualmente aspetos do dia-a-dia da lavoura bem como todo um conjunto de atividades e profissões tradicionais, como o processo de produção do vinho, a matança do porco, os ofícios do sapateiro, do ferreiro, do apicultor, do oleiro ou mesmo do resineiro. Do quarto dos pais, da rapariga e do rapaz, à sala onde a família ceava em ocasiões especiais, cada qual possui uma série de objetos da época como o oratório, o lavatório, a cama de ferro, o colchão de camisas de milho ou os brinquedos de lata e madeira. Na despensa guardam-se em potes de barro o mel, os queijos e os chouriços, e nas talhas as azeitonas e o azeite. Mais à frente, na cozinha, podem ver-se a francela onde se faziam os queijos, a panela de ferro, as candeias de azeite e os armários com os cântaros da água. Lá fora estão a barrela da roupa e o forno de cozer pão, bem como os utensílios do carpinteiro, do sapateiro, os cortiços das abelhas e os objetos utilizados no ciclo do linho e na matança do porco. Mais abaixo, para além da exibição de utensílios da lavoura, retratam-se os ofícios do oleiro, do ferreiro, do serrador e do resineiro, mostrando-se como se fabricavam as telhas de canudo. E não falta a picota para tirar a água do poço. Na cave do edifício situa-se a adega, onde se fabricava vinho e aguardente e se guardavam o azeite e os cereais. Ali estão uma prensa de um lagar romano e uma talha pertencente à comenda de Vila de Rei com que se recebiam pagamentos em azeite. O mundo das aldeias Museu de iniciativa particular, instalado na Casa Grande (antiga residência dos Capitães da Relva), o Museu das Aldeias, na aldeia de Relvas, a cinco quilómetros de Vila de Rei, exibe diversas colecções de objectos do quotidiano e alfaias ligadas ao campo. Na envolvente podem ainda admirar-se animais da quinta em liberdade. Museu da Aventura e Viagens “O Pequeno Museu da Aventura e da Viagem” é uma contribuição para o conhecimento e informação sobre o mundo em que vivemos. Livros, revistas, mapas, roteiros, objetos, símbolos, fotografias, vídeos e vária documentação permitem uma abordagem aos temas relacionados com a aventura e a viagem. Portugal, Espanha e outros países europeus, Marrocos e a América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia e Peru) são alguns exemplos de informação disponível no museu da aventura e viagens. O conhecimento do mundo que nos rodeia é indispensável para a sua compreensão. O espaço oferece uma troca de vivências e de experiências. 62 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 62 30-11-2012 09:27:56 jorge revista museus 76.indd 63 29-11-2012 09:54:12 ROTEIRODOS MUSEUS BEIRA INTERIOR NORTE MUSEU ALMEIDA Museu Histórico-Militar de Almeida (Casamatas) Museu Rural de Peva MORADA HORÁRIO COORDENADAS MUSEU MORADA HORÁRIO COORDENADAS Praça da Liberdade 6355130 Almeida De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de Outubro a Maio): das 9h às 12,30 h e das 14h às 17,30 h; Verão: das 10h às 12,30 h e das 14h às 18,30 h. Encerra: 2.ª feira, com excepção dos feriados (nesse caso, fecha à 3.ª feira), 1 de Janeiro, 1 de Novembro e 25 de Dezembro. De 2.ª feira a Domingo, das 9h às 17,30h. 40°43’37.25”N 6°54’15.94”O Museu do Canteiro Rua das Fontainhas, n° 1 6005-057 Alcaíns De 3.ª feira a 6.ª feira, das 9,30h às 12,30h e das 14h às 17h; Sábado e Domingo, das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. Exposições, de 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14h às 18,30h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, feriado municipal (Senhora do Almortão: terceira 2.ª feira depois da Páscoa) e 25 de Dezembro. De 2.ª feira a Domingo. Inverno (de Outubro a Março): das 9,30h às 13h e das 14h às 17,30h; Verão: das 10h às 13h e das 14hàs18h. Sé Catedral Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, feriado municipal (Senhora do Almortão: terceira 2.ª feira depois da Páscoa) e 25 de Dezembro. Lagar de Varas e Núcleo Epigráfico Encerra: 1 de Janeiro, feriado municipal (Senhora do Almortão: terceira 2.ª feira depois da Páscoa) e 25 de Dezembro. 39°54’54.62”N 7°27’18.38”O Sábado, Domingo e feriados. Inverno (de Outubro a Março): das 9,30h às 13h e das 14h às 17,30h. Verão: das 10h às 13h e das 14h às 18h. Encerra: 1 de Janeiro, feriado municipal (Senhora do Almortão: terceira 2.ª feira depois da Páscoa) e 25 de Dezembro. De 3.ª feira a Domingo, das 9h às 1 2,30h e das 1 4h às 17,30h. Encerra: feriados nacionais e Domingo de Páscoa. De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de Outubro a Março): das 9,30h às 13h e das 14h às 17,30h. Verão: das 10h às 13h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira e feriados nacionais. 40°2’57.45”N 7°11’2.68”O De 3.ª feira a Domingo, das 9h às 12,30h e das 14h às 1 7,30h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro. Centro Social Paroquial de Mediante marcação prévia (277 385 Aldeia de João Pires 6090- 41 8 / 91 8 1 68 1 33). 171 Aldeia de João Pires 40°9’58.92”N 7°10’11.87”O Estrada Nacional Lagar Carneira 6090-385 Meimoa Mediante marcação prévia (969 655 081). 40°13’38.54”N 7°11’18.12”O Núcleo Museológico do Azeite Rua Nova do Barreiro 6030-1 1 6 Sarnadas do Ródão Lagar de Varas Morada : Estrada Nacional 18, Vila Velha de Ródão De terça a sexta-feira > 09h às 12h30 e das 14h às 17h30 sábados> 10h às 13h e das 14h às 18h. Informações e visitas guiadas telef.: 963 445 866 Mediante marcação prévia (272 997 829). De 2a feira a 6a feira, das 8,30h às 1 2,30h e das 1 3,30h às 1 6,30h. Encerra: Sábado, Domingo, feriados nacionais e feriado municipal (24 de Agosto). Horário: De 3ªfeira a sábado> 10h às 12h30 e 14h às 18h30 Telef.: 272 540 300 Largo do Poço, 6350-331 Peva CELORICO DA BEIRA IDANHA-A-NOVA 40°39’55.14”N 6°59’26.05”O Castelo de Celorico da Beira Rua do Castelo, 6360-000 Celorico da Beira De 2.ª feira a Domingo, das 9h às 12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: 1 Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°38’12.90”N 7°23’32.31”O Solar do Queijo da Serra da Estrela Largo de Santa Maria, n° 5 6360-289 Celorico da Beira De 3.ª feira a Domingo, das 9,30hàs 12,30h e das 14h às 19h. Encerra: 2.ª feira, 1 Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°38’17.24”N 7°23’28.67”O Castelo de Linhares da Beira Rua do Castelo 6360-080 Linhares da Beira De 2.ª feira a Domingo, das 9h às 12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: 1 Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°32’26.79”N 7°27’39.54”O Museu da Guarda Rua General Alves Roçadas, n° 30 6300-663 Guarda De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14h às 17h. Encerra: 2a feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°32’15.56”N 7°16’3.79”O Museu da Castanha Rua da Carreira 6300-020 Aldeia do Bispo Domingo, das 14,30h às 16, 30h; aberto também a 1 de Janeiro, Corpo de Deus, 1 de Novembro, 8 de Dezembro e 25 de Dezembro. Poderá abrir em qualquer outro dia, mediante marcação prévia (968 178 390). Sábado e Domingo, das 14h às 18h. 40°29’14.98”N 7°16’45.82”O GUARDA Casa-Museu José Antunes Pissarra Museu Lagar de Varas Estevão Martins da Rocha Casa-Museu do Jarmelo Rua do Museu, n° 2 6300035 Arrifana Museu de Tecelagem dos Meios Meios 6300-135 Meios, Guarda MEDA Museu Municipal de Meda PINHEL Museu Municipal de Pinhel SABUGAL Museu Municipal do Sabugal 40°34’8.52”N 7°12’24.66”O Rua de Santo António 6300-100 Famalicão, Guarda Mediante marcação prévia (275 487 325 / 969 041 957). 40°26’40.43”N 7°22’45.58”O Jarmelo (antiga vila) 6300-210 Jarmelo (S. Pedro) Domingo, quando há exposições: das 14h às 19h. Outros dias, para grupos, mediante marcação prévia (938 462 427 / 933 462 590). De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14,30h às 17h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa e 25 de Dezembro. 40°35’22.94”N 7°8’3.08”O Rua da Cadeia 6430-1 54 Meda De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira. Domingo de Páscoa e 25 de Dezembro. 40°57’45 96”N 7°15’48.69”O Praça Sacadura Cabral 6440-445 Pinhel Museu e Torres do Castelo, de 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira e feriados. De 3.ª feira a 6a feira, das 9h às 12,30h e das 14h às 17,30h; Sábado e Domingo, das 14,30h às 18h. Encerra: feriados nacionais e feriado municipal (13 de Abril). Quando solicitado previamente pode abrir nos feriados. 40°46’32.62”N 7°3’46.77”O De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: 2.ª feira, 1 de janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 25 de Abril, 28 de Abril (feriado municipal), 1 de Maio e 25 de Dezembro. 39°49’42.92”N 7°29’41.20”O Largo de São Tiago 6320-447 Sabugal BEIRA INTERIOR SUL CASTELO BRANCO 40°29’36.75”N 7°21’35.50”O Centro Cultural Raiano Zona Nova de Expansão 6060-101 Idanha-a-Nova Complexo Monumental de Idanha-a-Velha: Sé Catedral, Lagar de Varas, Núcleo Epigráfico Aldeia de Idanha-a-Velha 6060-041 Idanha-a-Velha Casa de Medelim Casa da Cultura Largo de São Sebastião 6060-000 Medelim Moinhos de Penha Garcia Posto de Turismo Rua do Espírito Santo 6060-000 Penha Garcia Complexo de Lagares de Proença-aVelha Núcleo do Azeite Rua da Igreja 6060-069 Proença-a-Velha PENAMACOR Museu Municipal de Penamacor Núcleo Mus. C. S. P. da Aldeia de João Pires Museu Dr. Mário Bento Largo Tenente Coronel Júlio Rodrigues da Silva 6090-454 Penamacor VILA VELHA DE RÓDÃO 40°21’8.13”N 7°5’33.60”O Museu Francisco Tavares Proença Júnior Largo Dr. José Lopes Dias 6000-462 Castelo Branco Museu Cargaleiro Rua dos Cavaleiros, n° 23 6000-189 Castelo Branco Museu de Arte Sacra Domingos Pio Largo Bartolomeu da Costa, Apartado 42 6001-909 Castelo Branco De 2.ª feira a 6.ª feira, das 9h às 12,30h e das 14h às 1 Sh. Encerra: Sábado, Domingo e feriados. 39°49’43,78”N 7°29’37.29”O Museu Agrícola Coronel José Guardado Moreira Largo Bartolomeu da Costa, Apartado 42 6001-909 Castelo Branco De 2.ª feira a 6.ª feira, das 9h às 12,30h e das 14h às 18h. Encerra: Sábado, Domingo e feriados. 39°49’43.78”N 7°29’37.29”O Centro de Interpretação Arte Rupestre do Vale do Tejo 39°55’37.39”N 7°14’37.61”O 39°59’51.01”N 7° 8’40.09”O 40°2’37.13”N 7°1’0.33”O 40°1‘33.71“N 7°14’21.21”O 40°6’13.13”N 7° 9’4.03”O 39°44’47.22”N 7°37’29.36”O 39°49’30.13”N 7°29’39.21”O 64 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 64 29-11-2012 12:27:34 PUBLICIDADE 11/2012 UM BANCO QUE INVESTE NA SUA REGIÃO. CA Beira Baixa Sul Idanha-a-Nova (SEDE) Apartado 25, Largo do Município 6060-163 IDANHA-A-NOVA | Tel. 277 200 240 Castelo Branco Av. General Humberto Delgado | Tel. 272 340 650 Castelo Branco Av. da Carapalha | Tel. 272 000 013 • Ladoeiro | Tel. 277 927 142 Monsanto | Tel. 277 314 620 • Penamacor | Tel. 277 394 355 • Benquerença | Tel. 277 200 240 jorge revista museus 76.indd 65 29-11-2012 09:57:16 ROTEIRODOS MUSEUS COVA DA BEIRA SERRA DA ESTRELA MORADA HORÁRIO COORDENADAS Castelo de Belmonte Largo do Castelo 6250088 Belmonte 40°21’33.44”N 7°20’54.31”O Museu dos Descobrimentos “Á Descoberta do Novo Mundo” Museu Judaico de Belmonte Ecomuseu do Zêzere Rua Pedro Álvares Cabral 6250-088 Belmonte De 3.ª feira a Domingo, das 9,30h às 13h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, 6.ª feira Santa, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. MUSEU BELMONTE Museu do Azeite Lagar de Belmonte COVILHÃ Rua da Portela 6250-088 Belmonte Tulha dos Cabrais Rua Pedro Álvares Cabral 6250-088 Belmonte Sítio do Chafariz Pequeno 6250-088 Belmonte MORADA HORÁRIO COORDENADAS Museu Nacional de Arte Moderna Abel Manta Rua Direita, n° 45 6290526 Gouveia De 3a feira a Domingo, das 9,30h às 12,30h e das 14h às 18h. Encerra: 2a feira e feriados nacionais. 40°29’37.35”N 7°35’32.29”O 40°21’28.75”N 7°21’5.62”O Museu Miniatura Automóvel Rua Mestre Abel Manta 6290-909 Gouveia De 3.ª feira a Domingo, das 9h às 12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: 2.ª feira, excepto quando é véspera de feriado ou feriado, 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°29’42.71”N 7°35’25.83”O 40°21’29.16”N 7°21’1.67”O 40°21’33.44”N 7°20’54.31”O Espaço Arte e Memória Rua Mestre Abel Manta 6290-909 Gouveia 40°29’42.71”N 7°35’25.83”O De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de 15 de Setembro a 31 de Março): das 9,30h às 13h e das 14h às 17h30. Verão: das 9h às 12,30h e das 14h às 1 8h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°21’30.42”N 7°21’5.01”O Museu do Pastor Rua da Videira, n° 15 6290-061 Cativelos, Gouveia De 3.ª feira a Domingo, das 9h às 12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: 2.ª feira, excepto quando é feriado ou véspera de feriado, 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro. Mediante marcação prévia (964 730 146). De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de 15 de Setembro a 31 de Março): das 9,30h às 13h e das 14h às 17h30. Verão: das 9h30 às 13h e das 14,30h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro,Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro. Rua Marquês d’Ávila e Bolama, 6102-001 Covilhã De 3.ª feira a Domingo, das 9,30h às 12h e das 14,30h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro. 40°16’40.18”N 7°30’31.33”O Rua António Augusto de Aguiar, n° 100-106 6200050 Covilhã 40°16’44.46”N 7°30’17.69”O Museu do Queijo Rua dos Casaínhos 6200591 Peraboa 40°15’26.90”N 7°23’11.20”O Museu de Arte Sacra Avenida Frei Heitor Pinto, junto ao Jardim Público De 3.ª feira a 6.ª feira, das 10h às 20h; Sábado, das 14h às 20h. Visita de grupos, mediante marcação prévia (275 313 352). Encerra: Domingo e feriados. De 3.ª feira a Domingo, das 10,30h às 12,30h e das 14,30h às 17,30h. Encerra: 2.ª feira e 5a feira à tarde. Horário_De Terça-feira a Domingo, das 10h00 às 18h00 | Encerra à Segunda-feira. 40°15’26.90”N 7°23’11.20”O Museu Arqueológico Municipal Dr. José Monteiro Casa da Moagem do Fundão (Antiga Moagem do Fundão) Domus Mundi Centro Museológico António Guterres Rua do Serrão, n°s13-15 6230-338 Fundão De 2.ª feira a Domingo, mediante marcação prévia (275779391). 40°8’10.78”N 7°30’1.00”O Avenida da Liberdade 6230-999 Fundão Mediante marcação prévia (275 779 060). 40°8’23.03”N 7°29’55.71”O Rua Luís Travassos 6230173 Donas, Fundão 40°7’56.13”N 7°28’40.41“O Museu d’lmprensa & Tipographia Praça do Município 6230363 Fundão Palácio do Picadeiro Museu Geográfico Orlando Ribeiro 6230-000 Alpedrinha De 2.ª feira a 6.ª feira, das 10h às 12,30h e das 14h às 18,30h. Encerra: Sábado, Domingo, feriados nacionais e feriado municipal (15 de Setembro). De 3.ª feira a 6.ª feira, das 10h às 12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: Sábado, Domingo, feriados nacionais e feriado municipal (15 de Setembro). De 4.ª feira a Domingo. Inverno (de Outubro a Março): das 9,30h às 13h e das 14,30h às 17,30h. Verão: 9,30h às 13h e das 14,30h às 18h. Encerra: 2.ª feira e 3.ª feira, excepto se for feriado. Inverno (de 1 de novembro a 31 de março): de 3ª feira a domingo e feriados, das 10h às 18h. Verão (de 1 de abril a 31 de outubro): de 3ª feira a 6ª feira, das 10h às 18h; sábado, domingo e feriados das 11h às 19h. Encerra à 2ª feira. 39°43’53.81” N 7°51’49.17”O De 4ª feira a domingo, das 9h às 12,30h e das 14h às 17h. Encerra nos feriados nacionais. De 3ª feira a domingo, das 9,30h às 12,30h e das 14h às 17h. Outros dias, mediante marcação prévia. Encerra: 2ª feira, 1 de janeiro, domingo de Páscoa e 25 de dezembro. De 3ª feira a domingo, das 10h às 12h e das 15h às 17h. Outros dias, mediante marcação prévia. Encerra à 2ª feira, exceto quando é feriado. 39°41’40.42”N 8° 7’48.96”O Mediante marcação prévia. 39°40’46.68”N 8°12’15.68”O PINHAL INTERIOR SUL PROENÇA-A-NOVA 6150-345Moitas Centro Ciência Viva da Floresta VILA DE REI Museu de Geodesia Serra da Milriça 6110-000Vila de Rei Museu Municipal de Vila de Rei Rua Direita 6110-212Vila de Rei Pequeno Espaço Museológico “Museu das Aldeias” Relva 6110-150Vila de Rei Pequeno Museu da Aventura e da Viagem Trutas 6110-156Vila de Rei GOUVEIA SEIA Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior Museu de Arte e Cultura da Covilhã FUNDÃO MUSEU Museu do Brinquedo Largo de Santa Rita 6270492 Seia Museu Etnográ- Rua da Cainha 6270-514 Seia fico de Seia 40°31’50.61”N 7°40’54.73”O De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 1 de Novembro, 24, 25 e 31 de Dezembro. De 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa e 25 de Dezembro. 40°25’8.34”N 7°42’6.61”O 40°25’3.83”N 7°41’40.55”O Museu do Pão Quinta da Fonte do Marrão Aptd 184 6270909 Seia De 3.ª feira a Domingo: das 10h às 18h; 6.ª feira e Sábado até às 22h. Encerra: 2.ª feira, excepto quando é feriado ou véspera de feriado, e 25 de Dezembro. 40°25’9.39”N 7°42’5.37”O Museu de Arte Sacra de Alvoco da Serra Capela de Santo António Largo de Santo António 6270-012 Alvoco da Serra Mediante marcação prévia (964 023 233). 40°17’44.78”N 7°40’11.47”O 40° 8’10.49”N 7°30’0.20”O 40°6’1.81”N 7°28’8.15”O * Elementos retirados do “roteiro dos Museus e Espaços Museológicos da Região Centro” da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro http://roteiromuseus.ccdrc.pt 39°40’29.51”N 8° 8’54.12”O 39°42’37.54”N 8° 6’43.96”O 66 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 66 29-11-2012 12:28:53 jorge revista museus 76.indd 67 29-11-2012 09:58:31 jorge revista museus 76.indd 68 29-11-2012 11:17:18 MUSEU DE SÃO ROQUE UM TESOURO DE ARTE SACRA AUTOR E FOTOGRAFIAS: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa / Museu de São Roque e Cintra e Castro Caldas, Lda. O MUSEU de São Roque fica situado em Lisboa, no Largo Trindade Coelho, ao Bairro Alto. Está aberto ao público terça-feira, quarta-feira, sextafeira, sábado e domingo das 10h00 às 18h00 e quinta-feira das 14h00 às 21h00. O acesso à exposição realiza-se até 30 minutos antes do encerramento do museu. Propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Museu de São Roque guarda um dos mais importantes acervos da arte sacra nacional. Ourivesaria, escultura e pintura, mas também um singular conjunto de paramentos ou uma coleção de relíquias de santos, rara em todo mundo. Em resultado de uma profunda remodelação arquitetónica, realizada entre 2006 e 2008, é num espaço marcado pela modernidade que é possível percorrer os séculos ao longo dos quais Portugal se foi construindo como realidade artística e cultural, mas também religiosa, social e política. Numa linguagem contemporânea, em São Roque promove-se o encontro com mais de 500 anos de Arte e de História. Uma extraordinária viagem que vale a pena fazer. Com a Igreja de São Roque por vizinha, formando com ela um todo indissociável, o Museu de São Roque foi inaugurado pela Misericórdia de Lisboa a 11 de janeiro de 1905, com a presença das mais ilustres figuras da nação, entre elas o próprio rei D. Carlos e a rainha D. Amélia. Na origem estava a primeira mostra do “Tesouro da Capela de São João Baptista”, conjunto de ourivesaria e paramentaria único no mundo e internacionalmente reconhecido como tal. É o sucesso dessa primeira exposição, feita ainda no final do século XIX, que vem depois dar origem ao Museu de São Roque. Com a particularidade de quase todo o seu acervo se ter constituído ao longo dos diferentes períodos da vivência do espaço, uma das qualidades distintivas de São Roque prende-se justamente com o facto de as suas peças nunca terem sido desagregadas do local de origem. A valorização desse elemento diferenciador fica inclusive espelhada em todo o discurso museológico. Com a recente remodelação, que ampliou a área expositiva de 490m2 para 1070m2, é de resto a lógica da ocupação de São Roque que acaba por presidir à escolha do percurso proposto. Assim, de 2008 em diante, o museu passou a estar organizado em cinco momentos distintos, cada um deles testemunho das diferentes vivências do local: Ermida de São Roque, Companhia de Jesus, Arte Oriental, Capela de São João Baptista e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa são os núcleos que integram o conjunto das diferentes coleções. 2012DEZEMBRO 69 jorge revista museus 76.indd 69 30-11-2012 09:28:48 Do início da história até ao presente Instalado na antiga Casa Professa da Companhia de Jesus, o Museu de São Roque herda quer o espaço físico dos padres seguidores de Loyola, quer todas as obras de arte por eles reunidas. Muito antes de ser pensada a possibilidade da constituição de um núcleo museológico, este conjunto chega à Santa Casa da Misericórdia depois do grande terramoto de 1755 e da expulsão dos Jesuítas ordenada por Pombal. É por decreto régio de D. José I que todo esse valioso património é doado à instituição fundada em 1498 pela rainha D. Leonor, e vocacionada para o auxílio aos mais desprotegidos da cidade de Lisboa. Com o património edificado vinha também um importante espólio artístico. Mas a história de São Roque começava antes, em tempos de grande aflição, quando a peste grassava por toda a Europa e não deixava de fora a cidade de Lisboa. Por iniciativa de D. Manuel, é nessa época de grandes temores que o monarca solicita à República de Veneza uma relíquia de São Roque, santo que tinha a fama de interceder pelas vítimas do terrível flagelo. Em 1505 chega a Portugal a relíquia e, para a receber, D. Manuel manda construir a ermida de São Roque. Hoje, mais de cinco séculos passados, neste primeiro núcleo do museu expõem-se o conjunto das quatro tábuas que contam a vida e lenda do santo, bem como a sua relíquia original e as duas lápides que assinalam a consagração da ermida e do seu adro. Já o segundo núcleo expositivo é inteiramente dedicado à Companhia de Jesus, instalada em São Roque por ordem expressa do monarca D. João III. Além de apresentar toda a iconografia da ordem, do conjunto das obras deste núcleo faz também parte uma das mais importantes coleções de relicários da península ibérica. Ainda pela mão dos Jesuítas, o núcleo de Arte Oriental, terceiro do percurso, está intimamente ligado a toda a expansão missio- Núcleo Companhia de Jesus nária da Companhia de Jesus, em particular pelo Oriente. É dos contactos estabelecidos com as populações locais, por via das missões, que se registam significativas aquisições ao nível da arte sacra. Este fenómeno, que se fez sentir nas mais diversas disciplinas artísticas, proporcionou uma renovação da arte cristã, como testemunha a coleção de objetos de arte exposta no museu. Verdadeira “jóia da coroa” de São Roque, o quarto núcleo é inteiramente dedicado à Capela de São João Baptista, obra ímpar do reinado de D. João V, internacionalmente reconhecida pelo seu valor arquitetónico e artístico. Encomenda do monarca que, no xadrez internacional, quis marcar uma posição de força através de um intenso plano cultural, o “Tesouro da Capela de São João Baptista” é constituído por notáveis exemplares de ourivesaria e paramentaria. Tendo a capela sido transportada para Portugal em três naus, foi depois assente na Igreja de São Roque, no 70 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 70 30-11-2012 09:29:32 local da antiga Capela do Espírito Santo. Para reforçar o caráter de tesouro desta coleção e a sua ligação à capela da Igreja, neste quarto núcleo do museu procurou conferir-se a todo o espaço um ambiente intimista e, de forma simplificada, recria-se o espaço da capela, em cujo interior simulado se pode observar o notável frontal de altar em prata, bronze dourado e lápis-lazúli, ou o imponente par de r s , e tocheiros, peça única da ourivesaria mundial. O último núcleo expositivo é inteiramente dedicado à Misericórdia de Lisboa e ao conjunto das peças adquiridas ou entregues em doações e legados que sempre resultaram da confiança depositada numa instituição cuja missão passa pelo auxílio aos mais fragilizados. Desde a sua origem e até ao presente, a Santa Casa tem, de resto, sabido cumprir a sua vocação original, de acordo com os fins estatutários que apontam para a realização de melhorias de bemestar e promoção da qualidade de vida, em particular nos segmentos da população mais vulnerável, abrangendo nas suas áreas de intervenção a ação social, a saúde, a educação, o ensino, a cultura e a valorização de todo o património. Núcleo da Santa da Misericórdia de Lisboa Na vanguarda da comunicação r e e , ” - As atividades educativas e culturais do museu dirigem-se a públicos diversificados, internos e externos, e norteiam-se pela vontade de oferecer uma participação mais ativa e envolvente dos visitantes do museu na experiência da contemplação da arte, através da partilha de ideias e conhecimentos. Evidenciam-se as parcerias com o setor educativo, do turismo e a área da cultura que têm vindo a revelar-se determinantes na melhoria contínua dos serviços prestados e na diversificação e aumento de públicos. Além das tradicionais visitas guiadas de caráter genérico, o museu oferece visitas em diferentes idiomas, ateliês de arte, visitasjogo interativas dirigidas a crianças, jovens e seniores. Já para um público com interesses específicos nas áreas da arte e do património, disponibilizam-se ciclos de visitas guiadas temáticas e conferências. No presente, a Galeria de Exposições Temporárias está a ser objeto de um programa de requalificação, estando prevista a sua reabertura em maio do 2013 com uma exposição centrada na Capela de São João Baptista e no contexto da sua encomenda e construção, que será acompanhada por uma monografia atualizada. Nela serão apresentadas as mais recentes novidades encontradas no decurso deste importante projeto de in2012DEZEMBRO 71 jorge revista museus 76.indd 71 30-11-2012 09:29:47 Imagens Cafetaria do museu instalada no antigo claustro e Capela de São João Baptista, uma das nove da Igreja de São Roque. vestigação. Fruto do projeto de requalificação, que resultou da vontade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em valorizar o seu património, o Museu de São Roque oferece hoje as mais modernas condições de acesso às obras, dispondo das indispensáveis estruturas de apoio, tais como loja e restaurante/ cafetaria, esta última também instalada no antigo claustro da Casa Professa. A requalificação levada a cabo veio ainda propiciar uma melhoria das condições de conservação e apresentação da exposição permanente. Assim, uma significativa parte das obras expostas foi submetida a trabalhos de conservação e restauro que vieram clarificar a leitura do acervo museológico. No âmbito deste projeto incluiu-se também a beneficiação do espaço da igreja com um plano de ações de conservação, com especial relevância para a Capela de São João Baptista, cuja intervenção decorreu entre Novembro de 2010 e Abril de 2012. Envolvendo reconhecidos especialistas nacionais e estrangeiros de diversas áreas de atividade, fez-se uso das mais recentes metodologias no âmbito da conservação e do restauro. No que respeita à componente comunicacional, existe ainda uma nova identidade gráfica que se encontra presente em todos os materiais de divulgação, assim como suportes de informação adaptados ao perfil dos diversos públicos. Pontos multimédia presentes ao longo do circuito expositivo oferecem informação adicional sobre as coleções do museu e seu contexto de produção. Linhas de merchandising inspiradas no acervo e um site próprio, são ainda ferramentas de comunicação de um museu que, encerrando cinco séculos de História, se mantém vivo e atual. VERDADEIRA “JÓIA DA COROA” DE SÃO ROQUE, O QUARTO NÚCLEO É INTEIRAMENTE DEDICADO À CAPELA DE SÃO JOÃO BAPTISTA 72 DEZEMBRO2012 jorge revista museus 76.indd 72 30-11-2012 09:30:36 jorge revista museus 76.indd 73 29-11-2012 10:01:37 OUTROS MUSEUS A VISITAR Seia Museu do pão Um espaço único e acolhedor que enriquece a cidade, fruto da inicativa privada, é considerado uma instituição com interesse para o desenvolvimento do turismo na região da beira. O Museu do Pão, é o único espaço do género em Portugal que fala da história, da importância e do património deste alimento, sem deixar de aboradar o seu papel político, religioso, artístico e social. Covilhã Museu do Vinho A cidade da Covilhã oferece a oportunidade de se conhecer a cultura da vinha, através de um pequeno espaço, inserido nas instalações da Adega Cooperativa da Covilhã. Sabugal Museu Municipal Localizado no edifício das antigas finanças, o Museu Municipal do Sabugal apresenta uma exposição permanente sobre a História do Homem. Do seu espólio fazem parte vários utensílios de pedra lascada, que revelam as origens da ocupa- ção humana na região, pedras funerárias da época romana, objectos medievais e armamento do século XIX. Fundão O Centro de Interpretação do Poço do Caldeirão Instalado na Casa Grande da Barroca, constitui uma unidade museal de acolhimento ao público, que propicia a descoberta e compreensão da arte rupestre do Poço do Caldeirão e o conhecimento do Homem do Paleolítico Superior, o seu modo de vida, os artefactos que utilizou e, sobretudo, a arte que produziu. Está ainda equipado com funcionalidades multimédia que permitem assimilar a informação de uma forma lúdica e dinâmica. Almeida MUSEU HISTÓRICO-MILITAR Instalado nas Casamatas (também chamadas de Quartéis Velhos, instalações subterrâneas datadas do século XVIII, construídas em abóbada, para efeitos de defesa militar, constituídas por vinte salas e corredores), no subsolo do Baluarte de S. João de Deus, as casamatas serviam para abrigar os militares da guarnição e a população civil em situações de bombardeamento, servindo ainda para o armazenamento de mantimentos, possuindo cisterna e poço de água. O Museu Histórico-Militar de Almeida é um espaço interactivo e multimédia onde se reconstitui a História de Portugal desde a época medieval até à era contemporânea, com especial destaque para as Guerras Peninsulares, e o cerco de Almeida, sendo de todo aconselhável uma vista a este local de cultura da vila histórica fronteiriça. Pinhel Museu Municipal Situado nos Antigos Paços do Concelho, um edifício do século XVIII de assinalável valor arquitetónico mandado edificar pelo corregedor da comarca de Pinhel, Vicente Pereira da Cunha, o Museu Municipal de Pinhel existe desde o ano de 1936. O Museu Municipal de Pinhel tem como missão investigar, documentar, conservar, valorizar e divulgar testemunhos materiais, resultantes da acção do Homem sobre o território do concelho de Pinhel, com a finalidade de preservar e transmitir as vivências colectivas e, por outro lado, contribuir para a afirmação do desenvolvimento local sustentável. Castelo Branco Museu de Arte Sacra O Museu de Arte Sacra Domingos dos Santos Pio, anexo à Igreja da Graça, outrora abrigou várias ordens religiosas, tais como os Franciscanos, os Agostinhos e posteriormente os Gracianos, que lhe vieram emprestar o nome. Após a extinção das ordens religiosas, o Convento foi cedido À Santa Casa de Mesiricórdiada Cidade de Castelo Branco. Nos dias de hoje, possui 235 peças dos séculos XVI ao XX, distribuídas por três salas, desde a sacristia até à capela, albergando esculturas, pinturas, têxteis e livros litúrgicos. Celorico da Beira Solar do Queijo Na Capital do Queijo Serra da Estrela, em Celorico da Beira ergueu-se num magnífico edifício datado do século XVII, o Solar do Queijo, com a intenção de homenagear o pastor/produtor de queijo. 74 DEZEMBRO2012 benvinda - revista museus teste 68.indd 74 29-11-2012 11:32:41 jorge revista museus 76.indd 75 29-11-2012 10:02:19 jorge revista museus 76.indd 76 29-11-2012 10:02:40 CASTELOBRANCO UMA APOSTA NA CULTURA - MUSEU CARGALEIRO JARDIM DO PAÇO UM MUSEU AO AR LIVRE - MUSEU TAVARES PROENÇA JÚNIOR - MUSEU DO CANTEIRO - MUSEU DA LOUSA jorge revista museus castelo branco 20.indd 1 29-11-2012 12:52:30 ÍNDICE 4 Sugestão da Câmara de Castelo Branco 6 Museu Cargaleiro A Fundação Manuel Cargaleiro confiou à cidade a sua coleção de arte, uma das mais valiosas do país. O museu está instalado em edifícios contíguos – o Solar dos Cavaleiros, um palacete construído no século XVIII, e um edifício contemporâneo – no coração da zona histórica da cidade. 4 10 Jardim do Paço Um dos dos mais extraordinários jardins barrocos do país, construído no século XVIII, por iniciativa do primeiro Bispo de Castelo Branco, D. João de Mendonça, junto do então Paço, residência de Inverno do Bispo da Guarda, onde funciona o Museu Tavares Proença Júnior. 10 12 Museu Tavares Proença Junior O museu tem como base a coleção arqueológia de Francisco Tavares Proença Junior, a que se juntam peças de arte antiga provenientes do recheio do Paço Episcopal. O Bordado de Castelo Branco é outros dos ex libris do museu, onde funciona uma Escola Oficina de bordados regionais. 14 O município dispõe de uma rede de espaços museológicos, tutelados pela Câmara, do qual se destaca o Museu do Canteiro, em Alcains, dedicado ao labor do canteiro. O tema central é a pedra, as técnicas e os instrumentos para trabalhar este material – nomeadamente o granito – tão ligado à história sócio e económica da vila. 6 16 2 jorge revista museus castelo branco 20.indd 2 Museu do Canteiro 12 Museu Etnográfico da Lousa Na Lousa, o Museu Etnográfico dedicado a uma das mais antigas tradições do país que são as Danças Tradicionais da aldeia. O espaço conta toda a história destas danças, o traje, os instrumentos utilizados, as imagens antigas. 29-11-2012 12:54:17 Num dos pisos do museu fica-se a conhecer todo o ciclo de produção do azeite, graças à requalificação feita de um antigo lagar. 18 Zona histórica de Castelo Branco A zona antiga da cidade conserva todo um importante património que é prova do que foi Castelo Branco no passado. As ruas convidam a um passeio a pé para se apreciar o belo conjunto de Portados Quinhentistas e as casas senhoriais. Bem como os edifícios históricos da cidade, como a antiga Câmara. 14 FICHA TÉCNICA Diretor-Geral: Vasco Pinto Leite Diretor: Fernando Paulouro Neves Coordenador de Redação: Luís Nave Textos Célia Domingues e Câmara Municipal de Castelo Branco Grafismo: Jornal do Fundão Paginação: Benvinda Martins Jorge Chorão Publicidade Coordenadora: Teresa Godinho 16 Anunciação Salvado Jornal do Fundão Rua Jornal do Fundão, nº4 6231 Fundão Telefone: 275 779350 (geral) 275 779365 (publicidade) 275 779355 (redacção) Fax: 275 779369 (redacção) 275 759171 (publicidade) E-mail: [email protected] [email protected] site: www.jornaldofundao.pt 18 3 jorge revista museus castelo branco 20.indd 3 29-11-2012 12:54:51 PASSEIO POR CASTELO BRANCO EU CONVIDO: ACOMPA N A cidade e o Concelho de cida pelos albicastrenses, constitui um Castelo Branco estão a interessante e belo conjunto arquitec- ganhar espaço próprio tónico, situada a dois passos do Museu nos roteiros turísticos e Cargaleiro. constituirão, a breve prazo, um novo e Repartido por dois espaços contíguos, aliciante destino de lazer e cultura. um Solar do Século XVIII e um edifício Estrategicamente situada sobre o Vale contemporâneo, o Museu Cargaleiro do Tejo, Castelo Branco é uma porta de alberga e expõe pintura, cerâmica, azu- entrada dupla: a Norte a serrania, a Sul lejaria, tapeçaria e têxteis da autoria de a planície alentejana. Manuel Cargaleiro e de muitos outros E se, durante muito tempo, a cidade foi artistas nacionais e internacionais, e é (quase) só isso - local de passagem -, distinguido pelo prestigiado e conheci- Castelo Branco é hoje uma cidade que do Guia Michelin com uma estrela. vale a pena descobrir e visitar detalha- Ainda no limite da Zona Histórica, no damente, porque os locais e motivos Largo da Sé, próximo da Igreja da Sé de interesse são muitos e variados. e do Conservatório Regional de Música A começar pela própria cidade. - dois outros locais de interesse e que Fruto de um trabalho continuado, e justificam uma visita - o edifício dos já prolongado, de reabilitação urbana, antigos CTT foi completamente recu- o Centro Histórico de Castelo Branco perado e transformou-se em Galeria ganha uma nova vida, tanto ao nível do Municipal e em sede da nova Oficina- espaço público como em consequência Escola de Bordado de Castelo Branco, da criação de equipamentos culturais um projecto que visa a revitalização e de inegável interesse, como é o caso revalorização do Bordado de Castelo do Museu Cargaleiro. Branco, expressão artística centenar Bordado de Castelo Branco que é A partir da Torre de Menagem do que tem todas as condições para se exposto no Museu Tavares Proença Castelo tem-se uma vista ímpar sobre afirmar, efectivamente, como um dos Júnior, entidade que reúne a que será, a cidade e sobre uma vasta zona, que ex-libris da cidade. seguramente, uma das mais importan- vai da Serra de Estrela a Monsanto da A visita à Oficina-Escola de Bordado tes, se não a mais importante, colecção Beira e, em dias limpos, até à vizinha de Castelo Branco não dispensa, no de Colchas de Bordado de Castelo Espanha. entanto, a ida do visitante ao Museu Branco. O Castelo é um excelente lugar para Francisco Tavares Proença Júnior, onde Uma visita a Castelo Branco não pode começar o passeio. pode observar uma importante colec- deixar de incluir uma visita ao Núcleo Depois da vista panorâmica sobre a ção de arqueologia, de pintura relacio- Etnográfico da Lousa, ao Museu do cidade, será tempo para conhecer as nada com a história do Bispado, vários Canteiro, em Alcains, e ainda às capelas ruas estreitas e pitorescas da Zona exemplos da utilização do bordado no da Senhora de Mércoles e da Senhora Histórica, onde se conservam belos vestuário e paramentos, para além de da Piedade, de novo na cidade, bem solares e casas apalaçadas e não uma esclarecedora e pedagógica expo- como ao Centro de Interpretação do menos interessantes janelas e portados sição sobre o Ciclo do Linho, uma das Tejo Internacional, um local que lhe manuelinos. matérias primas, a par da seda natural, dará uma primeira visão deste espaço No coração da cidade antiga, a Praça essenciais à produção do Bordado de natural e vai, com toda a certeza, agu- Camões ou Praça Velha, como é conhe- Castelo Branco. çar o seu apetite para ir conhecer in JOAQUIM MORÃO Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco 4 jorge revista museus castelo branco 20.indd 4 29-11-2012 12:55:32 A NHE-ME O Museu Cargaleiro alberga e expõe pintura, cerâmica, azulejaria, tapeçaria e têxteis da autoria de Manuel Cargaleiro e de muitos outros artistas nacionais e internacionais loco as maravilhas que o Tejo tem para revelar. Propositadamente, deixei para o fim o Jardim do Paço. Classificado como Monumento Nacional - e localizado mesmo ao lado de outro elemento histórico e arquitectónico igualmente classificado como Monumento Nacional, o designado Cruzeiro de S. João -, o Jardim do Paço é de estilo Barroco, dedicado a S. João Baptista, um espaço onde os canteiros de buxo, as estátuas de granito, os repuxos e jogos de água, se dispõem e sucedem num mundo criado por humanos, mas que evoca permanentemente outros mundos. 5 jorge revista museus castelo branco 20.indd 5 29-11-2012 12:55:55 O MUSEU CARGALEIRO SITUA-SE NO CORAÇÃO DA ZONA MUSEU CARGALEIRO HISTÓRICA DA CIDADE UMA DAS MAIS VALIOSAS COLEÇÕES DE ARTE DO PAÍS Cargaleiro é mais do que um criador de arte, é um colecionador inato. Ao longo da sua vida reuniu peças de alguns dos artistas mais consagrados, na qual se podem encontrar peças de Pablo Picasso e Vieira da Silva. P intura, cerâmica regio- pal, tutelado pela Câmara de Castelo se na cerâmica através da modelação nal e faiança portugue- Branco, estão expostas peças que de barro, prática artística que desde sa e estrangeiras, têxteis constituem o acervo da coleção de arte muito cedo o conquistou e que o leva a incluindo uma coleção de da Fundação Manuel Cargaleiro, um frequentar oficinas de oleiros no Monte tecidos “coptas” (fragmentos) e uma dos mais reconhecidos artistas por- da Caparica. coleção de cerâmicas modernas de tugueses. O museu possui também Em 1957, Cargaleiro muda-se para artistas portugueses e estrangeiros. obras de outros prestigiados autores Paris. A sua obra é acolhida em per- Assim se constitui o Museu Cargaleiro, nacionais e estrangeiros. manência na Galeria Albert Loeb. O instalado num edifício de meados do Manuel Cargaleiro, pintor e ceramista mestre passa a dividir residência entre século XVIII, o Solar dos Cavaleiros, português, nasceu no Chão das Servas, França e Portugal enquanto a sua obra um dos mais admiráveis museus do pequena aldeia do concelho vizinho ganha novos horizontes internacionais. país. de Vila Velha de Ródão e cresceu em Fruto do reconhecimento mundial, Itália Neste equipamento cultural munici- Almada e Seixal. Aos 18 anos iniciou- presta-lhe homenagem desde 2004 6 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 6 29-11-2012 12:51:29 com a abertura do Museo Artístico te na estação do Metro de Champs Manuel Cargaleiro. Para além de Paris Elysées-Clémenceau, de Paris. O azu- e Lisboa, Cargaleiro mantém um atelier lejo tem na produção de Cargaleiro em Vietri sul Mare, em Salermo, Itália, uma presença significativa e de extre- desde 1999. ma importância no museu erguido A projeção da obra de Cargaleiro esten- em Castelo Branco, a condizer com o de-se ao mobiliário urbano. Para além volume e qualidade das obras por ele dos painéis cerâmicos para o Jardim executadas nesta superfície de pintura. Municipal de Almada ou fachada do Cargaleiro é mais do que um criador de Instituto Franco-Português de Lisboa, arte, é um colecionador inato. Ao longo entre outras, o seu nome está presen- da sua vida reuniu peças de alguns dos A projeção da obra de Cargaleiro estende-se ao mobiliário urbano. O seu nome está presente no metro de Champs ElyséesClémenceau, de Paris. 7 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 7 29-11-2012 12:52:33 MUSEU DIVULGA ALGUMAS DAS MAIS FAMOSAS PEÇAS DO MESTRE O museu resulta de uma cooperação entre a Fundação Manuel Cargaleiro e a Câmara de Castelo Branco e conserva milhares de obras da coleção do mestre. artistas mais consagrados, como Pablo tas e guardadas milhares de obras Picasso e Vieira da Silva. A sua coleção de toda a vida de mestre Cargaleiro e é considerada uma das mais valiosas de quadros de outros artistas que lhe do país. foram sendo oferecidos. “Este é um Constituído por dois edifícios contí- formidável património que visa enri- guos – o Solar dos Cavaleiros, um quecer Castelo Branco e toda a região, palacete construído no século XVIII, e vai poder vir a ser um polo cultural um edifício contemporâneo – o Museu interessante”, considerou, apontando Cargaleiro situa-se no centro histórico a colaboração entre a Fundação e a da cidade de Castelo Branco, junto à autarquia como “um gesto exemplar” Praça Camões, também denominada ao qual “o Presidente da República Praça Velha. fez questão de prestar homenagem” O Museu resulta de uma cooperação na inauguração do museu, no Dia de entre a Fundação Cargaleiro e a Câmara Portugal. de Castelo Branco e ali estarão expos- O percurso de visita começa na área 8 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 8 29-11-2012 12:53:49 NO DIA DE PORTUGAL O MUSEU FOI INAUGURADO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA dedicada à faiança ratinha, que pela nas suas deslocações sazonais. Essas A alegria de uma vida que se mistu- sua especificidade decorativa, ocupa peças serviam-lhes, muitas vezes, rou na produção artística está também uma posição particular no âmbito da como moeda de troca por outros bens. presente nas mantas de retalho feitas a cerâmica nacional. As várias peças expostas transmitem a partir das técnicas de patschwork que Cativante e genuinamente portuguesa, simplicidade das gentes dos campos sua mãe, Ermelinda Cargaleiro, adotou espelha, não só, as difíceis condições com a dimensão artística da cerâmica para fazer presentes a amigos da famí- sociais das populações rurais do século popular. lia e empregados. Uma destas peças, XIX – o quotidiano duro, agreste e as As cores da paisagem da Beira Baixa, uma colcha patschwork em lã de 1957, angústias de uma população migrante região natal, o azul, o amarelo, o verde, está exposta neste museu. da região das Beiras para os campos estão presentes na sua obra, não só O Museu oferece também um conjunto alentejanos – mas também o ultrapas- enquanto ceramista mas também na de atividades através do seu centro sar dessas agruras pela cor, pela alegria pintura a óleo, as duas práticas que educativo e dispõe de uma biblioteca e pela sinceridade das representações melhor identificam o artista Cargaleiro. de arte como centro documental de que revestiam peças de uso corren- A sua pintura é sempre luminosa em edições sobre o mundo das artes. te que os ratinhos levavam consigo busca constante da alegria. 9 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 9 29-11-2012 12:56:22 JARDIM DO PAÇO EPISCOPAL A NATUREZA EM FORMA DE A D e estilo acentuadamen- pela quantidade de elementos formais Este jardim Barroco, em forma retangu- te barroco, o jardim de que denunciam uma clara influência lar, é dominado por balcões e varandas São João Baptista, que do estilo italiano de fazer jardinagem, com guardas de ferro e balaústres de costuma designar-se quer pelas encomendas análogas de cantaria. Apresenta cinco lagos, com como logradouro do Paço Episcopal de figuras eclesiásticas portugueses feitas bordos trabalhados, nos quais estão Castelo Branco, é um convite ao disfru- na época. instalados jogos de água. No patamar tar da natureza em forma de arte. O Jardim do Paço Episcopal de Castelo intermédio da Escadaria dos Reis exis- O Jardim do Paço foi mandado cons- Branco revela-se como um dos mais tem repuxos e jogos de água surpreen- truir pelo Bispo da Guarda, D. João originais exemplares do Barroco em dentes. O sistema hidraúlico e os jogos de Mendonça, no ano de 1720, depois Portugal. Em especial no que res- de água existentes no jardim ocupam da sua chegada de Roma, onde vive- peita à estatuária, aos aspetos sim- um destaque especial, pela sua singu- ra três anos. Suspeita-se que o seu bólicos e à disposição dos seus ele- laridade e beleza, noutros jardins barro- autor seja um arquitecto italiano, quer mentos cos que existem em Portugal. em percursos temáticos. 10 jorge revista museus castelo branco 20.indd 10 29-11-2012 12:56:34 JUNTO AO JARDIM, ENCONTRA-SE UMA ESCADARIA DE 33 DEGRAUS (OS MESMOS ANOS E ARTE QUE CRISTO TINHA QUANDO FOI MORTO), TESTEMUNHO DE UMA LIGAÇÃO PRIMITIVA PARA ESTE ESPAÇO Por entre os canteiros erguem-se que Cristo tinha quando foi morto), tes- simbólicas estátuas de granito, em temunho de uma ligação primitiva para que se destacam os Novíssimos do este espaço. Homem, Quatro Virtudes Cardeais, Alvo de recente intervenção, no Jardim as Três Virtudes Teologais, os Signos do Paço Episcopal pode também ser do Zodíaco, as Partes do Mundo, as apreciado o passadiço que liga este Quatro Estações do Ano, o Fogo e a espaço ao Parque da Cidade, sem Caça. Dispostos à maneira de esca- recurso a ruas públicas. Esta foi a prin- dório, encontram-se representados os cipal razão da sua construção, estima- Apóstolos e os Reis de Portugal até D. se que em 1726. José I. Junto ao jardim, encontra-se uma escadaria de 33 degraus (os mesmos anos O Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco revela-se como um dos mais originais exemplares do Barroco em Portugal. 11 jorge revista museus castelo branco 20.indd 11 29-11-2012 12:57:04 MUSEU TAVARES PROENÇA JÚNIOR BORDADO DE CASTELO BRANCO É EX LIBRIS DA CIDADE A arqueologia é outra das áreas do museu. A sua abertura ao público deve-se ao grande dinamismo de um importante vulto da arqueologia nacional, precisamente Francisco Tavares Proença Júnior . O Museu Tavares Proença tradicionais que trata o linho e a seda, Nele funciona uma oficina de Bordados Junior, instalado as duas fibras que entram na compo- de Castelo Branco, onde se mostra num dos imóveis mais sição do Bordado regional que ocupa como se faz colchas ou painéis do bor- antigos da cidade, o anti- está importante área no museu. dado tipíco da cidade. Na Índia e pos- go Paço Episcopal. A sua construção No Museu Tavares Proença Junior, da teriormente na China, o olhar do portu- remonta ao século XVI, embora com rede nacional do Instituto Português guês rapidamente descobriu a perícia intervenções no século XVIII e XX. de Museus, podem ser apreciadas as da mão das bordadoras indígenas. A As duas primeiras salas de visita famosas colchas de Castelo Branco, partir dos finais do século XVI até aos dedicam-se às memórias do bispado, assim como conhecer um importante finais do século XVIII em Portugal são um dos principais acervos do Paço acervo de pinturas do extinto Bispado, mandadas bordar inumeras colchas Episcopal. Segue-se um núcleo expo- nomeadamente pintura de escolas por- com as técnicas do Bordado de Castelo sitivo dedicado às tecnologias têxteis tuguesas e tapeçarias da Flandres. Branco. São bordados feitos com o 12 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 12 29-11-2012 13:59:56 s a a A s o s o o colorido das sedas e com sabedoria Proença Júnior. Guarda registos arque- que a tradição trouxe até aos nossos ológicos do paleolítico à idade média, dias. pintura da escola portuguesa do século O tema desenvolve-se em relação com XVI, tapeçaria e mobiliário do antigo outros núcleos no museu, como aque- Paço. É o caso de um Cristo Crucificado, le dedicado à produção do linho e da em marfim, e algumas peças de para- seda (materiais utilizados no Bordado mentaria alusivas ao cerimonial litúrgi- de Castelo Branco) e ao traje. co do tempo do bispado. A arqueologia é outra das áreas do Numa das salas, espaço da antiga museu. A sua abertura ao público sacristia da capela do Paço onde existe deve-se ao grande dinamismo de um ainda um lavabo, inscrevem-se duas importante vulto da arqueologia nacio- pinturas sobre madeira, provavelmente nal, precisamente Francisco Tavares da Misericórdia Velha. Francisco Tavares Proença Junior foi um dos grandes vultos da arqueologia nacional, colecionador de registos arqueológicos do paleolítico à Idade Média. 13 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 13 29-11-2012 14:00:44 MUSEU DO CANTEIRO EM ALCAINS ARTE DA PEDRA Nas pedreiras de menor dimensão, o canteiro dominava todo o processo de transformação da pedra. Para além de uma certa mestria e destreza na concepção de cantarias, deveria saber cortar, aparelhar, vem como assentar a pedra. P or meados do século XX, servação e divulgação das práticas e um grande número de vivências do trabalho do canteiro ao canteiros laborava nas longo dos tempos, sem limites geo- pedreiras de todo o país. gráficos ou históricos. Os canteiros de Só em Alcains havia cerca de 500. Alcains são parte integrante da aven- Atualmente são poucos aqueles que tura civilizacional que é a relação do resistem à mecanização da atividade. O homem com a pedra. custo da mão da obra, o apelo da emi- Geralmente o canteiro chegava à gração e a mecanização, entre outras pedreira muito novo, por volta dos razões, conduziram ao declínio da arte. nove anos. O seu dia começava logo A vocação do Museu do Canteiro, em ao nascer do sol e terminava quando Alcains, assenta no estudo, na pre- deixava de haver luz natural. 14 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 14 29-11-2012 14:01:40 A exposição desenvolve-se ao longo de um percurso que acompanha as fases da intervenção sobre a pedra com vista à produção de cantarias. A criança tornava-se aprendiz duran- dos e outrora utilizados pelos vários também as inovações na forma objeto, te um mínimo de um ano, até que o pedreiros de Alcains e de outras zonas conduzindo ao seu abandono e substi- encarregado o considerasse apto para do país. tuição por maquinarias. O Museu mos- se iniciar na arte de trabalhar com o A escolha do Solar Ulisses Pardal para tra também imagens que documentam cinzel. Os menos aptos ficavam como receber este museu não aconteceu práticas e técnicas que conduzem à cortadores de pedra (cabouqueiros ou por acaso. A elaboração do trabalho produção de formas ou à elaboração aparelhadores). da pedra que se verifica neste edifício, estética da pedra e dá conta dos traços Nas pedreiras de menor dimensão, o invulgar na sua composição interior e fundamentais da evolução da atividade canteiro dominava todo o processo executivo, tornam-no um belo exem- pétrea em Portugal. Integram ainda o de transformação da pedra. Para além plar da aplicação do trabalho da can- circuito do Museu do Canteiro, a cozi- de uma certa mestria e destreza na taria. nha, cuja lareira e armários de parede, concepção de cantarias, deveria saber A exposição desenvolve-se ao longo construídos em pedra aparelhada de cortar, aparelhar, bem como assentar de um percurso que acompanha as grandes dimensões, são de destacar, a pedra, tarefa que, noutras circuns- fases da intervenção sobre a pedra assim como o varandim da capela que tâncias, caberia aos pedreiros. É esta com vista à produção de cantarias. faz a ligação do Solar à capela anexa, alguma da história que conserva o Mostram-se os utensílios mais antigos atualmente denominada de São Brás, Museu do Canteiro, ao longo de uma e tradicionais usados pelos canteiros onde os habitantes da casa assistiam exposição de equipamentos recupera- no decurso das sucessivas operações e às cerimónias religiosas. 15 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 15 29-11-2012 14:02:24 MUSEU ETNOGRÁFICO DA LOUSA MANIFESTAÇÃO POPULAR ÚNICA NO PAÍS O núcleo dedicado às Danças da Lousa guia-nos numa viagem pelas tradições seculares da freguesia. Nele podemos encontrar a música, as letras, as danças recriadas em fotografia e o filme. A s Danças da Lousa e a salvaguardar, informar e divulgar a sua Baixa”, Eurico Salles Viana escreve que produção de azeite, prin- identidade e costumes. é “grande a devoção do povo da Lousa cipal produto da fregue- Apesar de se desconhecer qual a ori- pela sua protectora, mas no dia da sua sia, são dois aspetos que gem das Danças da Lousa, todos os festa, depois de recolhida a procissão, identificam a freguesia do concelho de anos o povo da aldeia, durante a festa têm lugar os Bailados das Virgens e da Castelo Branco e que deram origem à religiosa de Nosssa Senhora dos Altos Farrombana e a Dança das Tesouras, abertura de um Museu Etnográfico na Céus (terceiro domingo de maio), recria anteriores à era de Cristo, mas trazidos aldeia. Esta é a melhor homenagem este velho ritual em frente à Igreja até nós só pelo amor do povo às usan- que a freguesia presta ao seu passa- Matriz. ças dos seus antepassados”. do, rico em tradições, como forma de No livro “O Trajo popular da Beira As Danças da Lousa são compostas 16 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 16 29-11-2012 14:03:27 Junto ao Museu Etnográfico merece também uma visita o Museu do Azeite, espaço recuperado a partir de um antigo lagar. Parte da maquinaria foi comprada no Tramagal. . por três danças distintas: a Dança das Donzelas ou Virgens, Dança dos Homens e Dança das Tesouras. O núcleo dedicado às Danças da Lousa guia-nos numa viagem pelas tradições seculares da freguesia. Nele podemos encontrar a música, as letras, as danças recriadas em fotografia e o filme, os trajes, os instrumentos musicais, como a genebres, espécie de xilofone, instrumento arcaico apenas utilizado na Lousa. Junto ao Museu Etnográfico merece também uma visita o Museu do Azeite, espaço recuperado a partir de um antigo lagar. Parte da maquinaria foi comprada no Tramagal. Este lagar, de novembro até ao Natal, funcionava diriamente 16 horas e produzia entre 500 a 600 litros de azeite. Da azeitona vinda de olivais próximos juntava-se aquela que vinha do norte Alentejano. O edifício é composto por três salas sobre as várias fases da produção do azeite. Junto a cada equipamento exposto, como o calibrador, os depósitos, as balanças, os capachos, a prensagem e tantos outros, está um pequeno texto explicativo das suas funções. 17 benvinda revista museus castelo branco 20.indd 17 29-11-2012 14:04:21 ZONA HISTÓRICA UMA VIAGEM AO PASSADO A muralha restaurada conserva um testemunho bélico de que a cidade foi alvo, possivelmente durante as invasões francesas. D epois de uma passagem comemorações em 1880. Nesta praça a que a cidade esteve sujeita -, permi- pelo Posto de Turismo, situam-se as antigas Câmara e bibliote- tindo, ainda hoje, uma leitura bastante na avenida Nuno Álvares, ca municipal, onde ainda permanecem clara. O estudo das casas de Castelo a mais bonita avenida da as armas de D. Manuel, bem como Branco mostrou modelos de habitação cidade, o percurso de visita em Castelo uma lápide escrita em latim com um com caraterísticas existentes em parte Branco segue em direção ao castelo. voto protetor de D. João IV pedido à da arquitetura doméstica do resto do Pelo caminho, atente-se à arquitetu- Imaculada Conceição. Aqui também País. Trata-se de uma arquitectura de ra de vários edificios, na rua Sidónio se encontra o antigo arquivo distrital, parcos recursos que, em muitos casos, Pais, no qual se destaca o Banco de antigo Palácio Cunha e a antiga Casa é dotada de decoração que se pode Portugal, com uma linguagem eclética do Bispo. informalmente designar de “Manuelino do princípio do século XX. Na rua do O percurso continua na Rua de Santa pobre” Pina pode-se observar o solar da famí- Maria, que foi até ao fim do século A muralha conserva um testemunho lia Tavares Pessoa Amorim (com bra- XVIII a principal artéria da cidade, onde bélico de que a cidade foi alvo, possi- são na porta de entrada) e um dos dois se encontram alguns exemplares de velmente durante as invasões france- solares dos Barões de Castelo Novo, arquitetura do século XVI, o Celeiro sas e que pode ser apreciado na praça família de “maior nobreza” na cidade. da Ordem de Cristo e algumas casas Postiguinho Valadares. A rua do Relógio adopta o nome da particulares. A escassos metros deste lado encon- torre que dá horas, construída na Castelo Branco tem uma Zona Histórica tra-se o Largo de São João. O cruzei- segunda metade do século XV. Esta repleta de belos portados quinhentis- ro Manuelino está classificado como rua vai dar à Praça Velha, que tomou tas e um tecido urbano que pouco se Monumento Nacional. No Parque da o nome de Praça de Camões, nas alterou - apesar dos episódios bélicos Cidade oferece um conjunto de jogos ou “Manuelino popular”. 18 jorge revista museus castelo branco 20.indd 18 29-11-2012 12:57:51 mente do mesmo período cronológico, uma vez que o exército francês esteve acampado no adro desta igreja. A segunda cintura de muralhas foi mandada erguer por D. Afonso IV, durante o século XIV, e era constituída por oito portas, encimadas por um arco, arcos esses mandados destruir, como o confirmam as actas de Câmara, em 1834: “a fim de tornar as ruas, mais arejadas, e mais claras”. Na praça Postiguinho Valadares, junto ao edifício da Portugal Telecom, conserva-se uma dessas portas de entrada, com os dois torreões. Na rua de Santa Maria, conserva-se também uma dessas portas mas apenas com um dos torreões. As restantes portas foram demolidas, suspeita-se, no início do século XX. de água que constituem um panorama dos panos exteriores da muralha. Trata- A iluminação noturna atribui agora à de grande beleza. se de um dos testemunhos bélicos de muralha recuperada uma beleza ímpar. Grande parte da muralha de Castelo que a muralha foi alvo, possivelmente A luz projetada em alguns dos edifícios Branco está recuperada e à vista. O de princípios do século XIX, aquando possibilitam uma visita à noite. A Igreja trabalho de restauro dos antigos limites das Invasões Francesas. de São Miguel da Sé, o Convento de da cidade iniciou-se em 2008 e ainda Durante as escavações arqueológicas Santo António dos Capuchos, a Capela não terminou. no castelo, foram identificadas cerca de Nossa Senhora da Piedade ou o Neste trabalho de restauro foi identifi- de 20 balas de canhão no adro da Igreja Conservatório Regional são alguns des- cada uma bala de canhão cravada num de Santa Maria do Castelo, possivel- ses locais. 19 jorge revista museus castelo branco 20.indd 19 29-11-2012 12:58:21 20 jorge revista museus castelo branco 20.indd 20 29-11-2012 12:58:48