Edição 06 Revista Universo Acadêmico Julho a Dezembro de 2004

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Edição 06 Revista Universo Acadêmico Julho a Dezembro de 2004
ISSN 1676-3408
UNIVERSO ACADÊMICO
Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN
Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia – INESV
v.4 n. 6 julho/dezembro – 2004 - Semestral
Diretor Geral
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Coordenadora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão
Coordenador Financeiro
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Administração com Ênfase em Comércio Exterior / Administração com Ênfase em Análise de Sistemas
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Pedagogia
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Letras / Normal Superior
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Direito
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Presidente da Comissão Editorial
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Eliene Maria Gava Ferrão
Késsya Penitente
Endereço para correspondência
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29830-000 – Nova Venécia – ES
e-mail: [email protected]
Capa
Ednilson José Roncatto
Universo Acadêmico / Faculdade Capixaba de Nova Venécia / Instituto de
Ensino Superior de Nova Venécia – Nova Venécia: Cricaré, (jul./dez. 2004).
Semestral
ISSN 1676-3408
1. Produção científica – Faculdade Capixaba de Nova Venécia. II.
Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia. III. Título
UNIVERSO ACADÊMICO
SUMÁRIO
ARTIGOS
Uma nova cultura visando a qualidade de
vida no trabalho com o uso da motivação................................................... 07
Angelo Daher Balarini
Elementos neoclássicos nos mecanismos
do protocolo de kyoto.................................................................................... 31
Cláudia Guio Bragato Goldner
Comunicação: um desafio da gestão
educativa na escola fundamental.................................................................. 62
Eleusa Pansiere de Souza Zucolotto
A evidenciação contábil: publicação de aspectos
sócio-ambientais e econômico-financeiros nas
demonstrações contábeis.............................................................................. 93
Francislene Ferraz Magalhães de Paulo
Flávia Zoboli Dalmácio
Aspectos psicológicos y sociolingüísticos vividos
por un hablante en el desarrollo del bilingüismo...................................... 140
Leida Raasch
Proposição, correção e avaliação de redação........................................... 160
Lourdes Aparecida de Souza Cezana
Arte no currículo: caminhos e descaminhos da educação...................... 188
Maria da Penha Gozzer Cimadon
ENSAIO
Luiz Vaz de Camões..................................................................................... 205
Elias Pereira do Nascimento
ISSN 1676-3408
UMA NOVA CULTURA VISANDO A
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
COM O USO DA MOTIVAÇÃO
Angelo Daher Balarini
1
RESUMO
Motivação é o grande segredo para o sucesso das empresas, claramente
notável que o ser humano motivado tem um desenvolvimento superior. Ao
almejar algo futuro ele passa a trabalhar com mais empenho e dedicação. Uma
nova cultura foi criada, notamos que as novas empresas tratam seus
funcionários de forma diferente das antigas, que tinham a idéia de homem
maquina. Essas novas empresas se preocupam com a qualidade de vida de
funcionários dentro e fora delas, tratam cada um de seus funcionários de forma
adequada para que assim tenha o sincronismo exato para o sucesso, tem a
idéia do homem humano.
PALAVRAS-CHAVE: Motivação; Homem Humano; Qualidade de vida; Capital
intelectual
ABSTRACT
Motivation is the great secret for the success of the companies, clearly notable
that the motivated human being has a superior development. When longing for
something future he starts to work with more pledge and dedication. A new
culture was created; we noticed that the new companies treat their employees
in a different form from the old ones, which had the idea of man as a machine.
Those new companies worry about the quality of employees' life inside and out
of them, they treat each one of their employees in an appropriate way so that
he/she has the right synchronism for the success, he/she has the idea of men
as human.
KEY-WORDS: Motivation; Men as human; quality of life;
1
Professor da UNIVEN/INVESV
7
1 INTRODUÇÃO
A cada dia presenciamos as empresas repensarem suas
estratégias, e isto afeta diretamente o profissional. Muda-se o
perfil do profissional para atender às demandas das organizações.
Urge, portanto, um reposicionamento dos seres humanos nas
organizações, novas culturas são criadas. É tempo de cada
profissional refletir sobre o seu papel na empresa, porque as
mudanças são velozes e para estar inserido neste novo cenário é
preciso acompanhar as mudanças.
A motivação para o trabalho é um estado de espírito positivo, que
permite ao indivíduo a realização das tarefas do cargo e de seu
pleno potencial. É a mola impulsionadora para se enfrentarem os
desafios da função e da organização. É a paixão com que o
indivíduo exerce uma missão, alcançando satisfação quando os
objetivos são alcançados.
A motivação dos colaboradores somente atinge níveis máximos
quando as pessoas consideram nobres as missões da empresa e
se orgulham de estarem tomando parte da busca desses objetivos
8
maiores. Em contrapartida, quando não têm essa atitude para
com as missões da organização em que trabalham, as pessoas
não estão, naturalmente, íntegras, e não podem dar o máximo de
si.
A verdadeira motivação só é efetivamente atingida quando cada
um
dos
colaboradores
consegue
concretizar/realizar
seus
objetivos de vida dentro da própria empresa e por meio dela,
quando o funcionário esta agindo de acordo com a cultura de sua
empresa.
Páginas e mais páginas têm sido escritas sobre o assunto
“motivação” nos últimos tempos e temos visto as empresas
preocuparem-se em motivar seus empregados para deles obter
uma melhor produtividade. A disposição de um indivíduo para o
trabalho depende de sua formação, suas atitudes, sua motivação,
seus desejos, suas necessidades e de seus objetivos pessoais, o
exemplo claro disso é a Microsoft.
As pessoas não querem só atingir metas, querem ter também
qualidade de vida e realizações. Elas querem se sentir bem a
respeito do que fazem e dar sua contribuição para o mundo pois
9
saímos da cultura de homem maquina para
humano; o foco
principal passou a ser o capital intelectual.
A segurança do contra-cheque, as boas condições de trabalho, a
estabilidade no emprego, a chefia e a política da empresa são
muito importantes, pois estes são os fatores que impulsionam os
funcionários a produzir, a evoluir, em busca de realização
profissional, reconhecimento do seu valor, através de um trabalho
desafiador e a oportunidade de sempre progredir.
2 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA E INTRÍNSECA
Bergamini (1997) afirma que não existe uma única teoria que seja
capaz de desvendar todas as características próprias da
psicodinâmica motivacional de uma só vez. Segundo a autora,
muitos teóricos denominam de comportamento motivado as ações
condicionadas pelas variáveis do meio ambiente, o que, para a
ciência comportamental, é uma denominação incorreta. Os
teóricos da escola behaviorista pressupõem que o comportamento
humano possa ser planejado, modelado ou mudado por meio da
utilização adequada dos vários tipos de recompensas ou punições
disponíveis no meio ambiente. Cita a autora que alguns estudos
10
da linha comportamental propõem, por exemplo, que a atração do
empregado
pelas
reconhecimento
desempenho
recompensas
tem
grande
satisfatório.
externas
poder
Alguns
para
autores
recompensas externas dando-lhes o
como
forma
determinar
se
referem
nome de
de
um
às
motivação
extrínseca. Para eles, motivação é sinônimo de condicionamento.
Milhollan & Forisha (apud BERGAMINI, 1997, p. 40) afirmam que
a orientação comportamentalista considera o homem um
organismo passivo, governado por estímulos fornecidos pelo
ambiente externo. O homem pode ser manipulado, isto é, seu
comportamento pode ser controlado através de adequado
controle dos estímulos ambientais [...].
Esse tipo de visão nega a liberdade humana, considerando o
comportamento humano nada mais do que simples respostas aos
estímulos ambientais, não havendo lugar para se falar em
automotivação.
Bergamini (1997, p. 41) critica o uso inapropriado dos termos
motivação e condicionamento. Afirma a autora que eles
absolutamente não são a mesma coisa, embora sejam usados por
muitas pessoas como se tivessem o mesmo significado. Esse uso
11
indiscriminado dos conceitos de condicionamento e motivação
como se fossem sinônimos, dá origem a um dos mais
significativos problemas quando ao verdadeiro entendimento
daquilo que representa a maior fonte interna de energia do
comportamento humano.
Segundo Bergamini (1997), as descobertas de Pavlov, em 1904, a
respeito do “Reflexo Condicionado” transformaram-se em ponto
de partida para as teorias que tratam do condicionamento, dentro
da linha behaviorista.
Para a compreensão do comportamento humano, dentro da
escola behaviorista, são utilizados dois conceitos-chave:
O primeiro é aquele que define o estímulo como qualquer
modificação que venha a ocorrer com uma ou mais variáveis do
meio ambiente, tais como o aumento da luminosidade, variações
de temperatura, intensidade de sons, e assim por diante. O
segundo é o de resposta, entendida como reação comportamental
do sujeito submetido aos estímulos existentes no meio ambiente.
Esses estímulos têm o poder de modificar o comportamento de
forma a fazê-lo buscar adaptar-se às variações ocorridas fora dele
(BERGAMINI, 1997, p. 43).
12
Comenta a autora que os psicólogos behavioristas defendiam a
lógica e a total previsibilidade do comportamento humano,
havendo
sempre
um
estímulo
anterior
a
uma
resposta,
considerando assim todo comportamento como uma ação
“respondente”.
Segundo Bergamini (1997, p. 52): “[...] a doutrina behaviorista se
deixa pautar pela suposição de que todos os homens se tornariam
iguais caso estivessem submetidos às mesmas condições
ambientais”.
A autora vai de encontro a essas teorias, pois não levam em
conta aspectos referentes às intenções das pessoas, não dando
valor aos motivos pessoais e seus potenciais de energia
motivacional. Um grande número de teorias sobre motivação
esqueceu-se de pesquisar a real compreensão do processo
interno ou mais precisamente em que reside a psicodinâmica
interior da motivação.
Gooch & McDowell (apud BERGAMINI, 1997, p. 82) conceituam a
motivação da seguinte maneira: a motivação é uma força que se
encontra no interior de cada pessoa e que pode estar ligada a um
13
desejo. Uma pessoa não consegue jamais motivar alguém; o que
ela pode fazer é estimular a outra pessoa. A probabilidade de que
uma pessoa siga uma orientação de ação desejável está
diretamente ligada à força de um desejo.
Essa definição deixa claro que as pessoas fazem as coisas como
querem e quando querem, pressupondo que elas tenham
liberdade e autonomia própria.
Bergamini (1997, p. 83) define a motivação como um impulso,
cujas fontes de energia estão no interior de cada pessoa,
afirmando ainda que “nada se pode fazer para conseguir
motivação de uma pessoa, a não ser que ela mesma esteja
espontaneamente predisposta para tanto”.
A grande dificuldade do estudo direto do fenômeno motivacional
está justamente no fato de ela ser algo interno, e não se poder
contar com testes que avaliem o percentual de motivação a cada
diferente tarefa.
2.1 ENTENDENDO O QUE É QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO
14
Neste novo milênio que se inicia existem muitos desafios que se
apresentam para o mundo empresarial, e dois deles parecem ser
universais quanto à natureza. O primeiro destes desafios está
relacionado à necessidade de uma força de trabalho saudável,
motivada e preparada para a extrema competição existente. O
segundo desafio é a capacidade de a empresa responder à
demanda de seus funcionários em relação a uma melhor
qualidade de vida.
Estas duas variáveis estão interligadas, e isto faz com que as
empresas comecem a pensar cada vez mais na implantação de
programas de qualidade de vida.
As primeiras décadas do século XXI estarão voltadas para altas
tecnologias
que
permitirão
grandes
resultados,
com
desenvolvimento cada vez maior da integração empregadoempregador e
modificações sócio-culturais importantes no
ambiente empresarial. Esse cenário deverá envolver governo,
comunidade, escolas e empresas, e solicitará de um desses
seguimentos um papel forte na educação e na melhora da
qualidade de vida da população.
15
O campo de interesse das organizações neste início de milênio
está representado por: produtividade; competitividade; qualidade;
contenção de custos; treinamento.
A empresa moderna deve, cada vez mais, valorizar seus
funcionários, possibilitar autonomia de decisões, descentralizar,
considerar os valores pessoais dos indivíduos para atingir uma
performance que permita excelentes resultados.
Quando se fala em qualidade total nota-se clara relação desta
com a qualidade de vida. A integração destes dois conceitos faz
com que o caminho para o sucesso empresarial esteja centrado,
cada vez mais, no agente deste processo: o homem.
De acordo com Marchi e Silva (1997, p. 11), o novo modelo
empresarial do século 21 está baseado em indivíduos saudáveis,
dentro de organizações saudáveis, que respeitam e contribuem
para uma comunidade em meio ambiente saudáveis. Pessoas
saudáveis representam negócios saudáveis, com melhores lucros
e maior retorno do investimento. O grande capital da empresa é
representado por pessoas capazes, aptas, sadias, equilibradas,
criativas, íntegras e motivadas.
16
Se uma empresa investe no desenho, no desenvolvimento e na
operação de um programa de promoção de saúde, atendendo as
necessidades e interesses de seus empregados, o potencial para
aumento na produtividade dos trabalhadores presentes no
trabalho é significativo. Essa é uma boa maneira de atender à
pressão cada vez maior por resultados e produtividade. Mas não
basta apenas isso. As horas gastas no local de trabalho já estão
em seu limite. Por conta disso, as companhias estão procurando
outras maneiras de aumentar a produtividade. É nesse ponto que
a saúde e a vitalidade dos empregados viram variáveis
importantes (MARCHI & SILVA, 1997).
O objetivo principal é conscientizar os indivíduos, por meio de
processos educativos, da necessidade de serem capazes de
gerenciar seu estilo de vida, tornando-o mais saudável, feliz e
produtivo, independentemente do meio em que vivem ou atuam.
É bastante possível alcançar esse objetivo por meio de
implantação de programas de Qualidade de Vida e Promoção de
Saúde, cujos benefícios são: melhor saúde e estilo de vida;
melhor disposição geral; melhor educação nutricional; menores
riscos cardíacos.
17
No Brasil, os programas de Qualidade de Vida e Promoção de
Saúde têm despertado grande interesse nos últimos anos. As
empresas percebem que a qualidade de vida de seus funcionários
está diretamente ligada à maior produtividade. Cada vez mais as
empresas que desejarem sobreviver e perpetuar-se deverão
investir nas pessoas. Ter uma cultura saudável, valorizando seu
capital humano, faz parte da empresa moderna.
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) – O Trabalho Humanizado
Por qualidade de vida no trabalho (QVT) queremos dizer os
pontos favoráveis e desfavoráveis de um ambiente de trabalho
para as pessoas. A proposta básica é desenvolver ambientes de
trabalho que sejam tão bons para as pessoas como para a saúde
econômica da organização. Os elementos típicos de um programa
de QVT incluem muitos itens – comunicações abertas, sistemas
de recompensa justos, preocupação com a segurança dos
empregos e participação no planejamento do trabalho.
A QVT produz um ambiente de trabalho mais humanizado. De
acordo com Keith (1996), seu objetivo é servir tanto às aspirações
mais altas dos trabalhadores quanto às suas necessidades mais
básicas. Ela procura aproveitar as habilidades mais refinadas dos
18
trabalhadores e proporcionar um ambiente que os encoraje a
desenvolver suas capacidades. A idéia é que os trabalhadores
são recursos humanos que têm que ser desenvolvidos e não
simplesmente usados. Além disso, o trabalho não deve ter
condições
excessivamente
negativas,
nem
submeter
os
trabalhadores a tensões indevidas, tampouco prejudicar ou
degradar sua humanidade e nem ser arriscado ou indevidamente
perigosos. Ele deve, sim construir – ou pelo menos não prejudicar
– a capacidade de os trabalhadores desempenharem outros
papéis, como o de cidadão, ou seja, é preciso que o trabalho
contribua para o desenvolvimento social em geral.
A hipótese básica do trabalho humanizado é que ele é mais
vantajoso quando promove o “melhor ajustamento” entre os
empregados,
tarefas,
tecnologia
e
meio
ambiente.
Por
conseqüência, o melhor esquema será diferente para se ajustar a
diferentes arranjos dessas variáveis. Como é necessário um
projeto de cargo adequado a cada situação, este não será
estabelecido em uma só vez e mantido indefinidamente. Ao
contrário, deve haver um reajuste regular entre os fatores acima
mencionados para se manter o melhor ajustamento.
19
- Energizando o Ambiente de Trabalho – Uma forma de Motivar os
Funcionários
Para obter sucesso, uma empresa precisa da ajuda de seus
colaboradores e para isto, esses precisam estar dispostos a levála ao topo.
Energizar as pessoas é motivá-las, cabendo ao administrador
transmitir essa energia através de conversas de motivação,
círculos de qualidade, maiores salários, treinamento, melhor
comunicação, organização e várias outras coisas que poderão
motivar seus colaboradores (BYHAM, 1992).
É importante manter sempre a auto-estima, saber ouvir,
responder com empatia e ajudar as pessoas sem tirar dela a
responsabilidade, fazendo com que elas considerem importante o
seu trabalho. É através da confiança que as pessoas passam a
trabalhar em equipe e desenvolvem o melhor de si (JACOMINO &
SOMOGGI, 1999).
Cada pessoa deve ser energizada de uma maneira, pois nem
todas são motivadas facilmente. Algumas exigem mais dedicação
do que outras.
20
O administrador nunca deve centralizar apenas em si os
problemas, mas sim, procurar ajuda para solucioná-los e procurar
sempre ajudar para solucioná-los e procurar estar sempre se
aprimorando e criando novas e melhores formas para motivar as
pessoas (COLOMBINI, 1999).
Atualmente as empresas necessitam cada vez mais implantar o
sistema
de
motivação,
pois
estão
exigindo
que
seus
colaboradores sejam capazes de executar várias tarefas, isto é,
que sejam polivalentes para que se alcance um objetivo comum,
as pessoas só se desempenham mais e melhor se estiverem
motivadas e energizadas para isto (BARTOLOMÉ, 1999).
Neste mundo, acirrado pela competição, deve sempre haver
aquela receita que faz a diferença: onde o cliente sai sempre
satisfeito. Não é simplesmente cumprir sua obrigação entregando
o serviço em troca de dinheiro, mas sim atender bem o cliente
para que ele sempre volte. Para que tudo isso aconteça é preciso
muita motivação (BYHAM, 1992).
É necessário manter as pessoas animadas com seu trabalho,
dispostas a executá-lo da melhor maneira possível. Pessoas
motivadas, fazem com que o seu trabalho renda muito mais e
21
além disso, o vêem de uma forma prazerosa, como algo que
fazem porque gostam e procuram cada vez mais melhoras
(BYHAM, 1992).
2.2 APRENDER E ENSINAR: UM GRANDE DESAFIO – A
EMPRESA COMO ESCOLA
Em seu livro “Aprendizagem e Criatividade Emocional”, Teixeira
(1998, p. 30), cita Gibran em “O Profeta” quando fala do ensino:
nenhum homem pode revelar-vos o que não esteja
semi-adormecido
no
alvorecer
de
vosso
conhecimento. Se for realmente sábio, não vos
convidará a entrar na mansão de seu saber, mas, sim,
vos conduzirá ao limiar de vossa própria mente. Pois
a visão de um homem não empresta suas asas a
outro homem.
E eis, então, o grande desafio: o que e como ensinar, de tal forma
que as mentes alcancem tal plenitude que reflitam não só
conhecimento, mas sabedoria e felicidade.
Durante séculos os educadores julgaram que “educar era
transferir conhecimentos de forma a ajustar o educando às
exigências da sociedade”. A individualidade, os sonhos, os
desejos mais íntimos, não eram considerados, mas postos em
22
plano secundário. O papel do educando era aprender o que o
professor ensinava, do jeito que ensinava e para um fim que nem
sempre empatava com o seu ideal.
Felizmente os tempos são outros. Há necessidade premente de
ajuste à nova realidade. Isso já é uma questão de vida ou morte
profissional, porque duas verdades são inquestionáveis: (1)
ninguém aprende nada que não queira aprender; (2) todos são
capazes de aprender se encontrarem prazer em fazê-lo.
Segundo Teixeira (1998), as motivações que levam qualquer
pessoa a aprender qualquer coisa podem ser as mais variadas, e,
dentre elas, podemos citar as cinco mais freqüentes: (1) a dor; (2)
a inveja; (3) a ambição; (4) a necessidade; (5) o prazer.
A motivação para aprender não precisa ser eticamente correta. O
que impõe a uma pessoa o desejo de aprender são as próprias
circunstâncias da vida e o julgamento que se faz delas e de suas
conseqüências.
23
2.3 A TEMPORALIDADE HUMANA E MOTIVAÇÃO NO
TRABALHO
A dimensão do tempo vivido é diferente da dimensão do tempo
cronológico. As práticas gerenciais preocupam-se unicamente
com a administração do tempo cronológico e desconhecem o
“tempo vivido” (psicológico). As motivações, as expectativas, os
projetos existenciais e as realizações humanas estão todos
interligados com essas noções fundamentais (MOURA, 1997).
As pessoas agem e reagem de acordo com o momento vivido
psicologicamente. É muito importante a expectativa temporal na
vida humana. O ideal é o equilíbrio entre a integração com o
passado, a vivência do presente e os projetos futuros, aliados a
sentimentos afetivos positivos.
As pessoas agem em função do futuro, logo as motivações estão
ligadas ao amanhã. No passado nós temos apenas fixações de
motivos que nos impedem de crescer, e não verdadeiras
motivações.
As categorias motivacionais humanas classificam-se, de acordo
com Patrão (1997) em três grupos, sendo:
24
-
Aspirações de crescimento, de desenvolvimento, desafios e
realizações.
-
Reconhecimento positivo de participar de estruturas seguras.
-
Aspirações pelo poder e apreciação do sucesso.
Essas três categorias são básicas para despertarmos a
motivação. As pessoas gostam de desafios, crescimento,
reconhecimento e sucesso.
A maioria dos gerentes nas organizações desconhecem a
relevância
desses
fatos.
Inúmeros
aspectos
devem
ser
considerados – tensões, desmotivações, descomprometimento e
comportamentos
defensivos
estão
relacionados
à
má
programação do tempo vivido. Procura-se viver um tempo neutro
no qual o sentimento afetivo-emocional não é considerado
relevante na determinação do comportamento humano. Entre
eles, citados por Patrão (1997), estão:
1 Tempo e Tensão: falta de informações vitais geram tensões,
boatos, agitação política e instabilidade emocional nas
pessoas. As tensões crescem a níveis indesejáveis, provocam
instabilidades administrativas e desgastes inúteis. O custo
25
social
das
tensões
é
elevado
e
perde-se
energia
e
produtividade.
2 Tempo e Motivação: o que impulsiona as pessoas a
determinado comportamento é a busca de um resultado ou de
um objetivo. A motivação é ação e essa não existe no passado.
É sempre busca de um futuro desejado.
3 Tempo e Comportamento: comportamento é engajamento com
o viver e com o realizar. Participar da elaboração de planos,
projetos e controles é dar sentido ao trabalho e criar condições
de realização pessoal. É organizar o tempo da esperança, é
não ser alienado.
4 Tempo e Poder: exercer poder é ter oportunidade de influenciar
o comportamento das pessoas ou grupos. A sensação de
poder ou influenciar no processo decisório e na definição dos
projetos é um dos maiores motivadores do comportamento
humano. Planejar o futuro significa ter segurança, e dar sentido
ao trabalho é alcançar a realização pessoal.
5 Tempo e Decisão: decidir é prever um acontecimento no futuro,
logo, é algo indefinido. É uma suposição e não uma certeza.
Por isso mesmo, a decisão gera dúvidas e incertezas.
Gerentes eficazes procuram aprender com o passado mas,
enfocam e enfatizam o futuro positivamente. Do ponto de vista
26
estratégico o futuro deve ser prioritário. Empresas que adotam
uma abordagem estratégica à gestão de seu capital intelectual
vêem uma oportunidade de melhorar suas posições de mercado
relativas a organizações que continuam a gerenciar tal capital de
forma oportunista: se, na realidade, “conhecimento é poder”,
então seu controle e canalização fazem mais sentido, em termos
de negócios, do que simplesmente deixar que as fagulhas voem
(Castilho, 1992).
3 CONCLUSÃO
No transcorrer deste trabalho percebemos que a motivação é um
conceito que nos ajuda a compreender os gestos dos que nos
rodeiam. Dada a sua importância, todo o campo de análise sobre
o comportamento organizacional está cheio de teorias que visam
explicar o que motiva os seres humanos, para compreender como
as suas necessidades e seus desejos os conduzem a agir desta
ou daquela maneira, para obter qualidade de vida no trabalho. O
grande interesse da questão reside evidentemente na hipótese de
que, se compreendermos o que levas as pessoas a agir,
poderemos, influir sobre seu rendimento.
27
Nota-se uma tendência a visualizar o ser humano como uma
“caixa preta” munida de entradas e saídas, onde o que não é
diretamente observável é ignorado.
Não foi sem motivo que Freud estabeleceu uma analogia entre a
motivação das maiorias das pessoas e a estrutura de um iceberg.
Um segmento considerável da motivação humana encontra-se de
tal forma oculto que nem sempre é evidente para o próprio
indivíduo.
Mas com essa nova visão de cultura humana, se notou que um
trabalhador motivado rende mais lucros.
Não é tão fácil descobrir porque as pessoas agem de
determinadas maneiras. Isso provavelmente se deve ao fato de
que nem sempre cada uma delas faz as mesmas coisas
exatamente pelas mesmas razões. Não somente os objetivos que
cada um procura atingir são diferentes daqueles que outros
almejam, como também as fontes de energia responsáveis por
disparar esse tipo de comportamento são diferentes. Assim, o
estudo da motivação humana diz respeito à descoberta do por
que as pessoas se movimentam e qual a fonte de energia que
28
estão usando para tanto, por isso a cultura da empresa deve estar
bem explicada a seus funcionários.
Chega-se portanto à conclusão de que os comportamentos ou
ações de cada pessoa não possuem o mesmo ponto de origem.
Podem elas comportar-se quer como resposta a estimulo vindo do
meio ambiente, quer com base em informações que guarda no
cociente, que por impulsos cuja origem são completamente
desconhecidas , armazenadas no seu mundo inconsciente. As
pessoas motivadas trazem dentro de si toda a energia da qual
necessitam, e aquilo que a empresa precisa fazer é adotar uma
cultura na qual se crie um ambiente onde seja possível
desbloquear essa energia motivacional
5 REFERÊNCIAS
BARTOLOMÉ, F. Ninguém confia plenamente no chefe, e daí? Revista Você,
São Paulo, p. 96-105, jul. 1999.
BERGAMINI, C.W. Psicologia aplicada à administração: psicologia do
comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 1982.
. Motivação nas organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
BYHAM, W.C. Zapp! O poder da energização. 20. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
CASTILHO, A. Liderando grupos: um enfoque gerencial. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1992.
29
COLOMBINI, L. Aposte no que você acredita. Revista Você, São Paulo, p. 6063, jul. 1999.
JACOMINO, D; SOMOGGI, L. A difícil conquista da harmonia. Revista Você,
São Paulo, p. 14-17, jul. 1999.
KEITH, Davis. Comportamento humano no trabalho. Tradução de Eunice
Laçava. São Paulo: pioneira, 1996.
MARCHI, Ricardo de; SILVA, Marco Aurélio Dias da. Saúde e qualidade de
vida no trabalho. São Paulo: Círculo do Livro, 1997.
MOURA, L.R. Qualidade simplesmente total. Rio de Janeiro: Qualitymark,
1997.
PATRÃO, G.V.C. Liderança para a qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark,
1997.
TEIXEIRA, E.A. Aprendizagem e criatividade emocional. São Paulo: Makron,
1998.
30
ELEMENTOS NEOCLÁSSICOS
NOS MECANISMOS DO PROTOCOLO
DE KYOTO1
Cláudia Guio Bragato Goldner
2
RESUMO
Este artigo discute o progresso econômico e tecnológico da humanidade e
suas conseqüências sobre o meio ambiente. Busca-se através de um
referencial teórico, no caso a teoria econômica neoclássica, identificar como os
problemas sociais e ambientais são tratados pela ciência econômica. Discutese ainda o Protocolo de Kyoto e seus mecanismos, com o intuito de investigar
a existência de elementos da teoria neoclássica nele embutidos. E por fim, são
apresentadas as oportunidades colocadas para o Brasil com a criação de um
mercado de carbono mundial quando da adoção desse Protocolo.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável; Teoria econômica neoclássica;
Protocolo de Kyoto; Mercado de carbono mundial.
ABSTRACT
This paper treats the economical and technological humanity progress and its
results concerning the environment. It tries over the neoclassical economic
theory – the theoretical reference, to identify how the social and environmental
problems are discussed by Economics. It also treats the mechanisms taken by
the Kyoto Protocol, with the aim at investigating the neoclassical economic
theory existing in its purposes. Finally, it shows the opportunities placed to
Brazil with the creation of a worldwide carbon market in the adoption of this
Protocol.
1
Artigo laureado com o 1º lugar na categoria “Artigos de Economistas”, no IX Prêmio Espírito Santo
de Economia 2004, promovido pelo Conselho Regional de Economia do Espírito Santo – 17ª
região.
2
Mestra em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo.
31
Key-words: sustainable development; neoclassical economic theory; Kyoto
Protocol; worldwide carbon market.
2 INTRODUÇÃO
É inegável a contribuição da industrialização mundial para o
progresso material humano, possibilitado pelo importante papel do
desenvolvimento
tecnológico
e
suas
mudanças
nas
características das sociedades ao longo do tempo. Contudo, a
industrialização não trouxe apenas efeitos positivos sobre a vida
econômica e social da humanidade. Esse processo trouxe
também efeitos negativos, que tornam-se visíveis pelos impactos
negativos da atividade industrial, em suas diferentes áreas
produtivas sobre o meio ambiente.
O crescimento econômico, acelerado pelo desenvolvimento
tecnológico, aumentou a velocidade de utilização dos recursos
naturais e intensificou o uso de matérias-primas e energia. Os
impactos negativos causados ao meio ambiente são tratados pela
ciência econômica como externalidades negativas, pois são
geradas pela evolução da atividade produtiva, as quais causam
poluição de vários tipos, resultante do acúmulo de poluentes além
32
de sua capacidade de absorção pelo planeta, e caracterizam o
desequilíbrio ambiental vigente.
As principais mudanças climáticas tiveram sua origem no
desenvolvimento industrial. O reconhecimento do processo
econômico como um processo físico de transformação de
matérias reforça a evidência de que a Revolução Industrial foi
uma revolução tecno-energética.
A Convenção do Clima, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, já
reconhecia que os problemas de poluição são causados
principalmente pelos países desenvolvidos e relacionados com o
uso de combustíveis fósseis para a geração de energia e a
emissão de dióxido de carbono (CO2). Assim, foi seu objetivo que
as restrições propostas para estabilizar as emissões permitissem
adequar os ecossistemas naturais e a sociedade como um todo,
haja vista que os problemas nacionais deixaram de ser locais e
tomaram uma dimensão global, sobretudo quando relacionados
aos problemas ambientais causados.
Os
debates
acerca
desenvolvimento
de
crescimento
sustentável
em
busca
econômico
de
um
e
de
mundo
ecologicamente viável, por meio de mecanismos de proteção
ambiental, têm tido continuidade com as várias Conferências que
33
se seguiram após a Convenção do Clima no Rio de Janeiro e têm
propiciado a implementação de instrumentos econômicos como
forma de retardar a evolução desenfreada do crescimento sem
planejamento.
O Protocolo de Kyoto, iniciado na Conferência em 1997, na
cidade de Kyoto, Japão, construiu novos caminhos para um
desenvolvimento planejado e sustentável através da adoção de
instrumentos
negativas
neoclássicos
via
políticas
de
controle
públicas,
de
sejam
externalidades
nacionais
ou
internacionais, inclusive com a criação de um novo mercado – o
mercado do carbono.
está em curso uma mudança de mentalidade, ou
“paradigma”. A redução de emissões de carbono
sugerida pela pesquisa atmosférica era vista
exclusivamente como restrição à atividade industrial,
leia-se recessão. Hoje, ela é vista também como
oportunidade econômica, chance de fazer negócios
(Leite, 1998, p. 7).
Sendo assim, o presente trabalho está organizado da seguinte
forma: finda esta introdução, o próximo item busca identificar os
instrumentos na teoria econômica neoclássica para o controle das
externalidades negativas, que geram custos sociais. O item três
apresenta o Protocolo de Kyoto e suas principais resoluções. O
item quatro explica os instrumentos neoclássicos adotados nesse
34
Protocolo, discutindo a criação de oportunidades para os países,
em especial para o Brasil, através da criação de um novo
mercado mundial. Por último, seguem as considerações finais
onde se busca algumas conclusões sobre o tema discutido.
2 TEORIA NEOCLÁSSICA: FUNDAMENTOS SOBRE
EXTERNALIDADES E CUSTO SOCIAL
A teoria econômica clássica de Adam Smith acreditava, em sua
visão, que o mundo harmônico seria obtido via funcionamento do
livre mercado concorrencial, onde uma “mão invisível” orientaria
os agentes econômicos às melhores soluções e a sociedade se
beneficiaria dessas ações, o que lhe proporcionaria bem-estar.
Isso seria possível sem a interferência do Estado nas atividades
econômicas e em suas implicações sobre a coletividade.
Constata-se dessa forma que, o liberalismo econômico de Smith
supõe que o mercado competitivo é a maneira mais eficiente de
alocação de recursos na economia, pois afirma que os agentes
buscam produzir o máximo e que a sociedade, a partir daí,
escolhe um conjunto de bens e serviços que maximize seu bemestar sujeito aos preços relativos praticados no mercado.
35
Entretanto, obter eficiência econômica é uma condição dentro da
economia neoclássica que está ligada a mercados competitivos.
Na realidade, as estruturas que prevalecem no mercado são
imperfeitas. Logo, pode-se afirmar que, na prática, existem várias
situações em que os mercados competitivos falham, ou seja, há
situações em que um mercado competitivo que não possui
regulamentação é ineficiente porque seu sistema de preços não
fornece sinais adequados aos consumidores e produtores. Esses
casos estão cada vez mais presentes na economia atual diante do
acentuado desenvolvimento tecnológico ocorrido após a 1.ª
Revolução Industrial.
As proposições e os princípios da ortodoxia liberal
chocaram-se, porém, com as novas realidades que
emergiram das ondas sucessivas de revoluções
tecnológicas e industriais, ocorridas nos últimos dois
séculos. Chocaram-se também com os vícios e as
imperfeições da própria economia de mercado, tanto
no plano micro, como no macroeconômico. E ainda
com as novas requisições sociais que o
empreendimento privado e o mercado não foram
capazes de atender (Rossetti, 2000, p. 314).
Percebe-se que, mesmo que os princípios liberais de Smith não
vislumbrassem as ineficiência do mercado, o debate na ciência
econômica avançou e a teoria microeconômica neoclássica
possui as bases para estudá-la em sua abordagem.
36
De acordo com a teoria, existem algumas situações em que
podem ocorrer falhas de mercado:
a) quando há poder de mercado;
b) quando os mercados ofertam quantidades insuficientes de
bens públicos;
c) quando há informação incompleta sobre o produto que o
consumidor adquire, impedindo que ele consiga maximizar sua
utilidade; e
d) quando ocorrem externalidades.
Para fins deste artigo, me limitarei a focar a última falha de
mercado citada.
Em seu conceito, externalidade é a “ação de um consumidor ou
de um produtor que tem influência sobre outros produtores ou
consumidores, mas que não é levada em consideração na fixação
do preço de mercado” (Pyndick & Rubinfeld, 2002, p. 292), ou
seja, a externalidade é tratada nos manuais microeconômicos
marginalistas como efeitos que ocorrem sobre terceiros devido às
ações e comportamentos dos agentes quando produzem algo.
Essas ações podem ser positivas, quando trazem benefícios à
sociedade, e podem ser negativas, quando implicam em custos
37
sociais. O tratamento dado às externalidades é, portanto,
suficiente e oferece sustentação para tratar os problemas
ambientais, desde quando eles surgiram como foco de interesse
mundial por parte das instituições e países avançados no século
XX (ALMEIDA, 1998).
Sabe-se que a evolução tecnológica, fruto dos avanços técnicos,
além de gerar externalidades positivas através dos benefícios
resultantes do aumento da produção material, tem também a
capacidade de gerar externalidades negativas, conhecidas como
problemas ambientais.
Na questão ambiental, as externalidades ocorrem porque não
existem mecanismos de livre mercado que impeçam o “sobre uso”
de seus recursos ou exijam direitos de usá-los. Os recursos
ambientais sempre foram tratados pelo mercado como bens “sem
preço”, ou seja, “sem propriedade”, por serem de propriedade e
domínio universal. Logo, os agentes poluidores não acreditam que
devam arcar com os custos sociais e ambientais decorridos de
sua ineficiente alocação de recursos que tem conseqüências
sobre outros. Não espera-se assim, que eles venham a reparar
prontamente, ou por iniciativa própria, o custo de suas ações
sobre a sociedade. Pode-se pensar que como os recursos
38
ambientais não tem valor monetário, a priori, não caberia uma
compensação financeira à sociedade por tais danos.
A externalidade negativa gerada pelos agentes poluidores é
chamada de poluição, pois seus efeitos atingem a sociedade,
afetando seu nível de bem-estar.
Eis um exemplo para elucidar a questão: em uma cidade qualquer
existe uma fábrica que gera poluição atmosférica e causa danos à
saúde de sua população; as decisões e ações dessa empresa
implicam em externalidades negativas, pois ocasiona perda de
bem-estar dos moradores afetados pela poluição do ar; como o ar
limpo e o direito de mantê-lo próximo aos níveis ideais para a
saúde humana não têm valores monetários, e como não há uma
intervenção governamental, através de algum tipo de legislação,
tal fábrica continuará produzindo sem embutir em seus custos, o
valor do dano causado aos outros, ou seja, continuará operando
sem “internalizar” em seus custos, o custo social de seu processo
produtivo.
O resultado obtido do exemplo dado é uma quantidade produzida
além do nível ótimo de poluição desejável pela sociedade.
Conclui-se que a origem de tal ineficiência está no preço incorreto
39
do produto, uma vez que nele está incluído apenas o custo
marginal privado e não está “internalizado” o custo marginal
social. Somente elevando-se o preço de mercado do produto
poluente, torna-se possível obter um nível de produção eficiente
para a sociedade em termos de poluição aceitável. É importante
ressaltar que poluição zero é o mesmo que nível zero de atividade
econômica ou custo de controle de poluição nulos, o que não é
aplicável na realidade (ALMEIDA, 1998).
Por si só, as empresas poderiam substituir insumos poluentes por
outros menos poluentes como forma de manter sua produção no
nível desejado, porém isto nem sempre ocorre por iniciativa
própria. A teoria neoclássica sugere, então, a adoção de
instrumentos de controle de externalidades negativas como forma
de corrigir ou reparar tais falhas de mercado ligadas à ineficiência
econômica resultante do mal uso dos recursos ambientais. Tais
instrumentos devem, portanto, ser aplicados via intervenção
governamental.
...a intervenção governamental, tão execrada pelos
neoclássicos, parece ser necessária quando se trata
de problemas relacionados ao meio ambiente.
Sugerem, então, a adoção de mecanismos de
mercado (instrumentos que operam como incentivos
econômicos) que simulam um “preço” da degradação
ambiental que os poluidores devem incorporar aos
seus custos privados, ou seja, acabam por
40
“internalizar” as externalidades (ALMEIDA, 1998, p.
28).
A reparação ou correção das ineficiências resultantes das
externalidades negativas torna-se factível quando há a introdução
de legislação governamental que regulamente o direito de poluir
e/ou que propicie à sociedade o direito de usufruir de recursos
ambientais “limpos” ou “puros”. No primeiro caso, a empresa
deverá estar disposta a pagar para produzir além do nível
socialmente desejável, ou seja, ela terá necessariamente de rever
sua estrutura de custos. No segundo caso, os cidadãos deverão
estar dispostos a pagar para que a empresa poluidora reduza
seus níveis de poluição, podendo assim gozar de bens “mais
puros”. Este caso é controverso na teoria econômica, uma vez
que se a vítima da poluição pagar a uma firma poluidora para que
ela polua menos, poderá atrair novas empresas poluidoras para
tal mercado.
A teoria propõe alguns instrumentos para o controle das
externalidades geradas por problemas ambientais, como forma de
encorajar as empresas poluidoras a reduzir seu nível de
emissões. São eles:
41
a) taxar a emissão de poluentes: ato em que o governo impõe
uma taxa para cada unidade de poluente emitido pela firma
poluidora – a empresa tende a reduzir suas emissões até o
ponto em que o custo do imposto seja igual ao seu benefício
marginal;
b) fixar um padrão de emissões de poluentes: ato em que o
governo impõe um limite legal de emissão de poluição para
uma empresa poluidora – este padrão busca assegurar que a
empresa produza num nível eficiente de poluição, mesmo que
para isso ela tenha uma despesa maior decorrente da
instalação de equipamentos redutores de poluição, ou seja,
com custos maiores, muda-se a condição de eficiência para o
setor afetado com tal regulação, pois caso a empresa
ultrapasse o padrão legal poderá sofrer multas e sanções;
c) utilizar
permissões
transferíveis
para
emissões:
neste
sistema, o governo especifica exatamente a quantidade de
poluentes que cada empresa pode emitir e, caso a empresa
polua e não possua a permissão adequada para tal, ela corre
o risco de pagar multas substanciais – as permissões são
usadas com o intuito de estabelecer um nível máximo e
específico de emissões que poderão ser negociadas entre as
empresas que poluíram aquém e além do nível estabelecido,
ou seja, os excedentes poupados ou gerados podem ser
42
negociados, criando assim, condições de barganha que
resultarão em estabelecimento de “preços” para a poluição,
ou melhor, na criação de um mercado para a poluição.
E é justamente a utilização de permissões transferíveis para
emissões, o instrumento que será usado pelo Protocolo de Kyoto
para reduzir as emissões de carbono na superfície terrestre.
3 O PROTOCOLO DE KYOTO
Na década de 1980, evidências científicas denotaram a possível
ocorrência de mudanças climáticas em nível mundial. As causas
dessas alterações estariam ligadas a fatores antropogênicos:
queima
de
combustíveis
fósseis,
processos
industriais,
desflorestamento, fabricação de cimento, entre outros.
Assim, em dezembro de 1997, os principais países do mundo,
interessados nos rumos do crescimento econômico e dos
impactos ambientais por ele causados, reuniram-se em Kyoto, no
Japão, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas. O grande e principal tema desse encontro foi o
aumento da temperatura da Terra, sinalizado como efeito estufa,
43
provocado pelo aumento de alguns gases danosos emitidos na
atmosfera
terrestre,
devido
à
intensificação
da
atividade
econômica com o passar do tempo. É sabido que uma das fontes
principais do efeito estufa é a emissão de CO2, causado pela
queima de combustíveis fósseis, usados na produção de energia
elétrica e mecânica.
O objetivo da reunião em Kyoto era rever a proposta assinada por
165 países na Conferência do Rio de Janeiro em 1992, em que 35
países industrializados se comprometeram a reduzir suas
emissões de CO2 aos níveis de 1990, até o ano de 2000. Nesse
encontro os países foram divididos em 2 grupos: “Países do
Anexo 1” (Tabela 1), considerados grandes emissores de CO2 e
que deverão cumprir metas de redução de emissões; e “Países do
Anexo 2” ou “Outros Países”, considerados de baixo nível de
industrialização e que, mesmo não tendo metas a cumprir,
assumiram
compromisso
de
buscar
o
desenvolvimento
sustentável de suas nações.
Para conhecer as emissões totais de CO2, foi realizado um estudo
comparativo entre os 20 maiores responsáveis por essas
emissões no ano de 1994, em relação a suas posições em 1950.
Os dados obtidos mostraram que, nos primeiros lugares do
44
ranking de 1994, há não só grandes economias industrializadas e
ricas, mas também economias em desenvolvimento e com altos
níveis de pobreza2.
TABELA 1 – Países Membros do “Anexo 1”
Países em maior parte responsáveis pelo aquecimento global que assumiram
compromissos de reduzir as emissões dos gases que causam o efeito estufa
Porcentagem
do ano-base
ou período
Alemanha..........................................................................................................................................
92
Austrália............................................................................................................................................
108
Áustria..............................................................................................................................................
92
Belarus*............................................................................................................................................
92
Bélgica..............................................................................................................................................
92
Bulgária*............................................................................................................................................
92
Canadá.............................................................................................................................................
94
Comunidade Européia......................................................................................................................
92
Croácia*,**.........................................................................................................................................
95
Dinamarca.........................................................................................................................................
92
Eslováquia*,**...................................................................................................................................
92
Eslovênia............................................................................................................................................
92
Espanha.............................................................................................................................................
92
Estados Unidos da América.............................................................................................................
93
Estônia*..............................................................................................................................................
92
Federação Russa*.............................................................................................................................
100
Finlândia...........................................................................................................................................
92
França...............................................................................................................................................
92
Grécia.................................................................................................................................................
92
Hungria*.............................................................................................................................................
94
Irlanda................................................................................................................................................
92
Islândia..............................................................................................................................................
110
Itália....................................................................................................................................................
92
Japão..................................................................................................................................................
94
2
Para conhecer o ranking e os dados, veja CONJUNTURA ECONÔMICA, 1997, p. 57.
45
Letônia*.............................................................................................................................................
92
Liechtenstein*...................................................................................................................................
92
Lituânia*............................................................................................................................................
92
Luxemburgo.......................................................................................................................................
92
Mônaco*............................................................................................................................................
92
Noruega............................................................................................................................................
101
Nova Zelândia...................................................................................................................................
100
Países Baixos...................................................................................................................................
92
Polônia*.............................................................................................................................................
94
Portugal.............................................................................................................................................
92
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.............................................................................
92
República Tcheca*,**........................................................................................................................
92
Romênia*..........................................................................................................................................
92
Suécia...............................................................................................................................................
92
Suíça................................................................................................................................................
92
Turquia............................................................................................................................................
00 (sic)
Ucrânia*.............................................................................................................................................
100
* Países em processo de transição para uma economia de mercado.
** Países que passaram a fazer parte do Anexo 1 mediante emenda que entrou em
vigor no dia 13 de agosto de 1998, em conformidade com a decisão 4/CP.3 adotada na
COP 3.
Fonte: Rocha (2000, p. 33).
Em virtude de poucos países industrializados terem atingido suas
metas, a Comunidade Européia propôs, nessa reunião, que até o
ano de 2010 os países do “Anexo 1” diminuíssem a emissão de
gases tóxicos em 15% em relação aos níveis emitidos em 1990.
Os Estados Unidos sugeriram que até o ano de 2012 as emissões
se reduzissem aos níveis de 1990 e que os países em
desenvolvimento também participassem desse acordo de redução
de emissões.
46
Mais recentemente, tem-se observado uma certa hesitação,
principalmente dos Estados Unidos, em assinar esse acordo, por
não aceitar que grandes países em desenvolvimento não estejam
incluídos no “Anexo 1”. Os países em desenvolvimento justificamse pelo fato de acreditar que ainda precisam desenvolver-se para
atingir o nível de progresso vivenciado pelas nações mais
desenvolvidas e, principalmente, pelo estilo de vida adotado pelos
países capitalistas desenvolvidos, de crescimento com pressões
sobre os recursos naturais e de acúmulo de grande quantidade de
lixo ambiental. Assim, o resultado desse encontro foi apenas o
estabelecimento da diminuição média de 5,2% dos gases
causadores do efeito estufa abaixo dos níveis registrados em
1990, de 2008 até o ano de 2012, significando uma diminuição de
cerca de 40% nas emissões totais desses gases, em especial do
CO2. Cotas especiais foram estipuladas para a Comunidade
Européia, para os EUA e para o Japão.
Por enquanto, o Protocolo foi assinado apenas por 84 países e
somente entrará em vigor após ser ratificado por um conjunto
mínimo de 55 países que representem pelo menos 55% das
emissões mundiais de CO2. A Conferência de Joanesburgo, na
África do Sul, em 2002, frustrou qualquer expectativa de avanço
global imediato quanto a esse acordo, com uma vez mais a
47
ausência da representação americana. Os EUA representam 25%
do total mundial das emissões de gases poluentes. Espera-se
então que a Rússia, responsável por 18% das emissões, assine o
Protocolo, pois a quantidade de países que ratificaram o Protocolo
(o Brasil, apesar de não fazer parte do “Anexo 1”, ratificou em 23
de julho de 2002) ainda não representa o conjunto mínimo de
emissões totais, não permitindo no estado atual que o Protocolo
entre em vigor.
Independentemente dos níveis a serem cumpridos por cada país
e dos países que realmente ratificarão o Protocolo, algumas
ações podem e devem ser implementadas para atingir as cotas,
reduzindo as emissões de poluentes pelos países interessados e
envolvidos no acordo, de maneira a criar impactos econômicos e
ambientais positivos, antes mesmo dele começar a funcionar. Isso
porque os países que já assinaram o acordo têm consciência que
a característica dos gases do efeito estufa (GEE) é expandir-se
uniformemente pela superfície terrestre independente de onde
eles forem emitidos e, portanto, que reduzir suas emissões podem
criar benefícios, em qualquer lugar do mundo em que tais atos
ocorrerem.
As emissões de poluentes podem ser encaradas
como fluxos que refletem acréscimos ao estoque de
poluição existente [...] A necessidade de se promover
um ajuste na situação descrita com o fito de combater
48
o efeito estufa mostra que a única variável passível
de controle é o fluxo de emissões (Diniz, 1998, p.
313).
De acordo com Diniz (1998), existem quatro efeitos que impactam
o fluxo de emissões de poluentes no mundo:
a) o efeito escala, que reflete o impacto do crescimento da
produção no mundo sobre as emissões de poluentes;
b) o efeito tecnologia, que reflete o impacto das mudanças
tecnológicas que podem alterar a proporção das emissões no
produto;
c) o efeito composição entre os países, que reflete alterações na
parcela correspondente a cada país no produto do setor i;
d) o efeito composição entre setores, que reflete mudanças na
fração do setor i no produto mundial.
Pode-se observar que o efeito escala é cumulativo e que as
emissões tendem a aumentar; o efeito tecnologia poderá diminuir
as emissões, quando tecnologias menos poluidoras passarem a
ser adotadas; o efeito composição entre países poderá diminuir as
emissões ao se aumentar a fração do produto do setor i para os
setores menos poluidores; e o efeito composição entre setores
poderá diminuir as emissões ao se aumentar a participação dos
setores menos poluidores na produção mundial. Nota-se que “o
49
efeito composição sempre envolve pelo menos dois países (em c)
ou dois setores (em d), enquanto o efeito tecnologia pode ser
resultado do esforço de um só país em um único setor” (Diniz,
1998, p. 314).
O Protocolo de Kyoto, ao criar o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), parece ter levado em consideração esses quatro
efeitos, através dos instrumentos propostos para que os países do
“Anexo 1” possam atingir suas metas de redução de emissões.
Eis algumas alternativas de projetos a serem cumpridos pelos
países que assinaram o acordo:
a) cortar o subsídio concedido às energias provenientes de
combustíveis fósseis tradicionais, forçando o emprego de
fontes alternativas, como a solar, a eólica, a hidráulica, as
células de hidrogênio, e até mesmo a nuclear;
b) utilizar combustíveis menos poluentes, como o gás natural e,
substituir combustíveis fósseis por combustíveis renováveis,
como o bagaço de cana, o cavaco da madeira, a palha do
arroz, e o lixo urbano reciclado;
c) investir pesadamente em P & D para possibilitar avanços
tecnológicos,
via
pesquisa
50
aplicada
direcionada
para
tecnologias corretivas (end-of-pipe), e também voltada para o
desenvolvimento de tecnologias novas, eficientes e “limpas”;
d) estabelecer acordos bilaterais, em que grandes emissores de
CO2 poderiam compensar suas emissões por meio da criação
e conservação de “sumidouros”, como florestas em outros
países, ou seja, o seqüestro ou remoção de carbono se daria
nos países geralmente em desenvolvimento, por meio de
plantios de compensação, em troca da continuidade de
emissão de GEE pelos países mais poluentes;
e) criar um mercado mundial de licenças para emissão de CO2,
onde os países mais poluentes comprariam cotas dos menos
poluentes para poluírem além das suas estabelecidas, dando
lugar à compra e venda de Créditos de Redução de Emissões
(CREs), de modo que, na troca, um nível global de emissões
desejado seria atingido. Essa ação dá lugar aos seguintes
agentes
protagonistas:
os
emissores,
interessados
na
aquisição dos certificados de emissões reduzidas; os captores,
que contribuirão no seqüestro de carbono e outros gases, ou
na redução de sua emissão e que obterão certificados a serem
comercializados; e os facilitadores, que prestarão serviços, ou
seja, serão os auditores e consultores para a fiscalização e
certificação e que trabalharão conjuntamente com bancos de
51
investimento, seguradoras, assessores jurídicos, empresariais
e financeiros.
Sendo assim, os investimentos nos chamados “projetos de
emissão evitada” tendem a ocasionar vários efeitos: o corte de
subsídios aos combustíveis poluentes e o uso de combustíveis
menos poluentes visam estimular a produção econômica com a
utilização de energia limpa e refletirão um impacto menor sobre o
meio ambiente, ou seja, uma redução na emissão de poluentes e
um controle maior do efeito escala; os avanços em P & D em
busca de tecnologias corretivas refletirão um efeito tecnologia
positivo e também abre a possibilidade de fornecimento de
tecnologia “limpa” aos países em desenvolvimento, em troca de
créditos de carbono; com a redução de emissões por produto, os
projetos para seqüestro de carbono entre países refletirão o efeito
composição entre setores quando as empresas poluentes de
diferentes setores, para continuar poluindo, terão de investir em
projetos florestais para melhoria do ar através de remoção de
carbono, nos países menos desenvolvidos, efeito este também
evidenciado com a criação de um mercado de carbono mundial.
Entretanto, o efeito composição entre países poderá não ser
positivo:
52
...os países, ao atingirem um grau mais alto
de desenvolvimento, delegariam a terceiros
a produção de bens cujo processo produtivo
seja altamente poluidor, o que elevaria o
preço de tais bens e estimularia a produção
dos mesmos por países pobres [...]. Logo, o
mero desenvolvimento econômico não
contribui para a eliminação do problema, e
um acordo se torna necessário para forçar a
diminuição das emissões (Diniz, 1998, p.
314-315).
Logo, um país responsável por grande produção material para
consumo interno e para exportação, mesmo não sendo
considerado inicialmente um grande poluidor, poderá ser incluído,
num futuro próximo, como um dos mais poluentes. É necessário
que os países envolvidos no mecanismo do Protocolo atentem
para
este
fato
e
planejem
suas
decisões
acerca
do
desenvolvimento sustentável desejável.
Percebe-se então, que quaisquer que sejam os projetos a serem
usados pelos empresários e seus países, eles tendem a estimular
fluxos de investimento privados entre países e que cumprir a meta
de redução de emissões aos níveis de 1990, implicará em
grandes volumes de investimentos não somente dentro das
fronteiras geográficas dos países que compõem o “Anexo 1”, mas
também investimentos em projetos do MDL nos países em
53
desenvolvimento, onde os custos para atingir tais metas tendem a
ser menores (Lopes, 2003).
4 A CRIAÇÃO DE UM MERCADO DE CARBONO
MUNDIAL
Ao analisar os instrumentos adotados pelo MDL do Protocolo de
Kyoto, constata-se que, ao estabelecer um “preço” para a
poluição através da criação de um mercado para a emissão de
carbono mundial, nele foi aplicado um instrumento sugerido pela
teoria econômica neoclássica. Esse instrumento possibilitará que
seja incorporado, no preço do produto de uma empresa com
produção poluente, o custo devido à poluição por ela causada à
sociedade, implicando com isso que a maximização de seus
lucros ocorra num nível de produção em que a poluição gerada
seja a mais próxima possível do nível socialmente desejável. Isso
torna-se aparente, ao relatar o interesse dos países do “Anexo 1”
em internalizar em seus custos, os projetos de seqüestro de
carbono e compra de CREs, como forma de reparar as
externalidades que são geradas.
54
A questão é: qual o “preço” do carbono no mercado mundial? O
valor de todo bem econômico surge de acordo com sua escassez
no mercado.
Como há excesso de carbono na atmosfera, falta é
carbono fixado (reflorestamento, por exemplo), ou
que se deixou de emitir – um bem negativo, por assim
dizer, que ganha valor quando retirado de circulação
(Leite, 1998, p. 7).
A falta de ar puro na atmosfera e a disputa pelos CREs pelas
empresas poluidoras possibilitaram o surgimento natural de um
mercado global de carbono, antes mesmo da ratificação do
Protocolo. As ações já desenvolvidas por tais empresas, num
mercado não oficial de carbono, por meio dos instrumentos
previstos no MDL, vem confirmar desde já a aceitação do carbono
como uma commodity ambiental a ser negociada em breve nas
principais bolsas de valores do mundo.
De acordo com o Protocolo, as empresas dos países do “Anexo 1”
que possuem projetos de emissão evitada poderão usar esses
títulos para abater parte do déficit de seus países entre os anos
de 2008 e 2012. Porém, para usar os CREs provenientes desses
projetos do MDL, antes eles deverão passar por várias etapas.
O detentor desse certificado possui um ativo que
pode ser negociado no mercado e propiciar ganhos
devido à sua valorização, além de gerar divisas para
55
o país onde o empreendimento foi realizado.
Portanto, além de propiciar um fluxo de
investimentos, geram divisas para o país. Os
empresários ganham nova fonte de recursos e uma
oportunidade de ganho com a valorização das RCEs
(reduções certificadas de emissão) no mercado de
carbono (Lopes, 2003, p. 45).
Atualmente, o CRE ainda é comercializado a preços muito baixos,
em torno de US$ 5 por tonelada no mercado mundial de carbono,
mas poderá atingir US$ 30 a tonelada em mercados organizados
(Muggiati, 2002; Lopes, 2003). O comprador do crédito é,
normalmente, um empresário que tem metas a cumprir e o
vendedor é um empresário de um país do “Anexo 2”, que pode
ser o Brasil, e que possui e tem o domínio de algum projeto a ser
enquadrado no MDL. É obvio que, o interesse do comprador é
comprar o crédito o mais barato possível, caso contrário, ele
investiria em projetos de redução de emissões em seu próprio
processo de produção, ou em seu próprio país.
Nota-se, que há oportunidades econômicas tanto para os países
do “Anexo 1” quanto para os países do “Anexo 2”. No Brasil, as
oportunidades têm surgido justamente pelo fato do país não fazer
parte do “Anexo 1” e por ser considerado, até o momento, uma
nação relativamente limpa em termos tecnológicos e em fontes de
energia empregadas, diante de sua dimensão continental,
sobretudo se comparado a outras nações em desenvolvimento.
56
...o Sindicato dos Economistas do Estado de São
Paulo propôs a criação da Bolsa Brasileira de
Commodities Ambientais, com vistas a negociar, com
transparência e publicidade, mercadorias à vista, com
entrega física e no mercado futuro, por meio de
financiamentos nos prazos adequados para a
produção sustentável. Desde 1994, a Environmental
Protection Agency, EPA, vem emitindo milhares de
certificados autorizando emissões de toneladas de
dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros
gases poluentes (Rocha, 2000, p. 32-33).
As vantagens brasileiras estão, portanto, na possibilidade de o
pais servir de sumidouro para os países do “Anexo 1” – onde eles
investiriam em projetos de conservação de matas e florestas -,
como também na sofisticação do mercado financeiro nacional,
fator imprescindível para implementar um mercado de carbono
regulado e de credibilidade, e que possa ser vinculado aos
mercados globais oficiais de carbono para, em breve, poder
negociar os CREs e atrair um fluxo maior de divisas para o país.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obtenção de bem-estar pela sociedade vislumbrada na
economia liberal de Smith parece não funcionar da maneira
idealizada, quando os mercados são imperfeitos e operam sem
eficiência econômica, sobretudo quando ocorrem falhas de
mercado ligadas às externalidades.
57
Mostrou-se, que os recursos naturais são de propriedade de
todos, sendo, portanto, sem fronteiras. Assim, a legislação
ambiental continua sendo a mais poderosa pressão exercida
sobre os agentes econômicos para que firmas, comunidades,
força trabalhadora e investidores produzam de forma mais limpa e
mais consciente, incorporando em sua produção, os custos
sociais de sua atividade. Às vezes, a falta de conhecimento e
informação sobre as externalidades advindas da adoção de uma
nova tecnologia, devido também à ausência de consciência
ambiental, pode induzir à aquisição de tecnologias mais poluentes
por parte dos agentes econômicos.
Logo, pequenas ações locais, quando somadas, têm implicações
globais. É preciso compreender que os problemas ambientais
correntes avançam e se acumulam em pequenos efeitos e que
esses pequenos eventos isolados e locais se tornam grandes
problemas ao longo do tempo. Então, a correção local de
problemas locais pode ter, junto com outros mais, resultados em
nível global. Não é possível separar riqueza e progresso; no
entanto, é preciso conciliar ambos em uma existência pacífica
com o meio ambiente. O Protocolo de Kyoto parece ter dado início
a essa conscientização, pois ao adotar o MDL, tem contribuído
58
para criar oportunidades econômicas para países mais e menos
desenvolvidos sem, com isso, restringir a atividade econômica
mundial.
As medidas do Protocolo de Kyoto mostram que a percepção dos
problemas ambientais na atualidade e das questões relacionadas
a eles encontra-se num contexto diferente daquele iniciado com a
onda de conscientização no passado. Percebe-se, portanto, uma
postura mais pró-ativa dos agentes envolvidos para mudar a
direção do progresso tecnológico mundial, facilitando essas
medidas.
A adoção dos instrumentos do MDL do Protocolo por
alguns países do “Anexo 1” e aceitos por alguns
países do “Anexo 2” leva à crença de que é possível
mudar o paradigma tecnoeconômico rumo ao
“esverdeamento” tecnológico. Essa mudança de
postura dependerá da interação entre os agentes
microeconômicos – firmas e indivíduos – e o governo,
que, através de medidas como as citadas, poderá
afetar agentes individuais e também o sistema como
um todo. O sucesso de tal estratégia convence por
fazer crer na possibilidade de se sair do fenômeno de
lock-in (aprisionamento) de um paradigma anterior.
As
mudanças
de
paradigmas
tecnológicos
apresentam-se como transformadoras de um contexto
econômico anterior e requerem, para tal, mudanças
sociais e institucionais.
Conclui-se assim que serão necessários agentes para realizar tal
mudança, os quais terão de adaptar-se ao novo contexto
59
macroeconômico instaurado. O uso de instrumentos econômicos
pode auxiliar na construção de uma nova trajetória mais
consciente, na qual crescimento e desenvolvimento tecnológicos
possam ser ecologicamente sustentáveis. Abre-se também a
oportunidade
para
conjugar
ações
econômicas
e
ações
ambientais para o bem-estar mundial, numa interação possível e
num intercâmbio construtivo entre economia e ecologia.
6 REFERÊNCIAS
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Papirus, 1998.
CONJUNTURA ECONÔMICA. O encontro de Quioto. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, v. 51, n. 12, dez. 1997.
_______ . A polêmica ambiental. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, v.
53. n. 2, fev. 1999.
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GIBBON, V.; ANDRADE, J. P. V. de. Lições de Quioto para reduzir a pobreza.
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perpective. Futures, v. 24, n. 5, p. 437-457, 1992.
60
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v. 78, p. 7, 01 nov. 1998. Caderno 5.
LOPES, I. V. Ativos limpos. Revista de Agronegócios da FGV, Rio de
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MUGGIATI, A. Mercado de carbono, paga quem polui.
Superinteressante, São Paulo, ano 16, n. 11, p. 28, nov. 2002.
Revista
PINDYCK, R. S. & RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 5 ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
PROBLEMAS BRASILEIROS. No vácuo de Kyoto. São Paulo: Conselhos
Regionais do SESC e do SENAC, n. 356, p. 25-29, mar./abr. 2003.
ROCHA, M. T. Aquecimento global e o seqüestro de carbono em projetos
agroflorestais. Revista Trevisan, São Paulo, n. 151, p. 28-34, nov. 2000.
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ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 18 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
61
COMUNICAÇÃO: UM DESAFIO DA GESTÃO
EDUCATIVA NA ESCOLA FUNDAMENTAL
Eleusa Pansiere de Souza Zucolotto
1
RESUMO
Este estudo busca ressaltar a importância da competência comunicativa, assim
como as variedades e indicadores para o êxito da mesma.
A investigação representa uma contribuição da prática pedagógica por quanto
oferecer uma alternativa com o propósito de adequar o nível de comunicação
na língua materna dos estudantes, cujas dificuldades não podem ser atendidas
sem ter em conta seu contexto social.
PALAVRAS–CHAVE: Comunicação; Linguagem; Competência Comunicativa.
ABSTRACT
This study search to focus on the communicative competence importance, as
the varieties and the indicators of the development of it.
The investigation represents a contribution of the educatinal practice and also
offer an alternative with the aim to improve the leve of communication of the
student’s mother language, whose dificulties can not be answered without
bearing its social context in mind.
KEY-WORDS: Communication; Language; Comunicative Competence
1 INTRODUÇÃO
1
Pós-Graduada em Língua Portuguesa pela Universidade Salgado de Oliveira – Universo e
Professora e Coordenadora do Curso de Letras e Normal Superior do INESV/UNIVEN.
62
O domínio da linguagem, em sua atividade comunicativa e
cognitiva, e o domínio da língua, como sistema simbólico utilizado
por uma sociedade lingüística, são condições de possibilidades de
plena participação social. Através da linguagem, os homens se
comunicam, tem acesso à informação, expressam e defendem
pontos de vistas, trocam ou constroem visões de mundo,
produzem cultura. Assim, cabe a escola a função e a
responsabilidade de construir para garantir a todos os alunos o
acesso aos valores lingüísticos necessários para o exercício da
cidadania.
2
COMUNICAÇÃO:
UM
DESAFIO
DA GESTÃO
EDUCATIVA NA ESCOLA FUNDAMENTAL
2.1
A
LINGUAGEM:
FUNÇÕES
COGNOSCITIVAS
E
COMUNICATIVAS.
A linguagem ocupou e ocupa um papel fundamental tanto na
origem como no posterior desenvolvimento do homem, do feito
constitui
um
poderoso
instrumento
63
para
a
formação
do
pensamento e um meio insubstituível de comunicação entre os
seres humanos.
Vigotsky considerou a íntima relação entre o pensamento e a
linguagem como um produto do desenvolvimento histórico da
consciência humana. Como um processo que se manifesta no ir e
vir do pensamento à palavra e da palavra ao pensamento.
Encontrou a unidade do pensamento verbal na significação da
palavra; fenômeno que é difícil precisar se pertence a linguagem
ou ao pensamento.
Uma palavra carente de significado é um conjunto de sons vazios,
o significado é seu componente indispensável. Neste caso, se
pode interpretar como um fenômeno da linguagem. Porém, desde
o ponto de vista psicológico o significado de cada palavra é uma
generalização ou conceito, como estes são atos do pensamento
se pode considerar ao significado como um fenômeno do
pensamento. O significado da palavra é um fenômeno do
pensamento, enquanto este, encarnado na linguagem e constitui
um fenômeno da linguagem somente quando se relaciona com o
pensamento. É um fenômeno do pensamento verbal ou da
linguagem significativa.
64
A linguagem e o pensamento não são idênticos, a relação entre
eles é um processo vivo. O pensamento existe através de
palavras e se expressa através delas.
“Uma palavra sem pensamento é uma coisa morta e um
pensamento desprovido de palavra permanece na sombra”.
É através de suas funções básicas: comunicativa e cognoscitiva
que a linguagem cumpre seu papel na sociedade:
· Função Comunicativa:
Tanto no plano filogênico como ontogenético a primeira função
presente na linguagem é a comunicativa.
No processo comunicativo, o individuo entra em contato com o
que o rodeia, se relaciona com o mundo circundante, assimila
novos conhecimentos, forma seu pensamento, daí que se diga
que a primeira função da linguagem é social.
A função comunicativa teve sua origem nas formas elementares
(pré-verbais de comunicação). A primeira forma de comunicação
que se estabelece a criança com o adulto é através do grito.
65
No desenvolvimento das primeiras formas pré-verbais de
comunicação, assim como nas etapas iniciais da atividade verbal,
se o concede um grande significado às reações imitativa às
reações imitativas, que fazem possível a reprodução do
percebido.
Na seguinte etapa já por meio da formulação verbal, a entonação
continua conservando sua importância. Por meio dela se expressa
a reação emocional da criança com uma ou outra expressão, ela
complementa a idéia, fazendo-a mais exata.
As possibilidades comunicativas da criança se encontram em
dependência das condições que tenha de assimilar os meios que
lhe oferece a língua. Na medida que se encontra os meios léxicogramaticais mais complexos, ela poderá estabelecer formas mais
elevadas de comunicação.
Função Cognoscitiva:
A função cognoscitiva da linguagem se encontra em estreita
relação com a função comunicativa. Esta função se desenvolve
na medida em que a criança possa estabelecer contato com o que
a rodeia. Com a ajuda da linguagem não só obtém a nova
66
informação, se não também a possibilidade de poder realizar sua
atividade cognoscitiva de uma forma nova.
A palavra atua, influi sobre a atividade sensorial e perceptual,
sobre a consciência do homem levando-a ao conhecimento
racional. Pode-se dizer que toda atividade psíquica do homem se
reorganiza ganhando em perfeição e complexidade.
A palavra se encontra presente no processo imaginativo,
proporciona a este um meio de apoio. Sabe-se que aquilo que
imagina a criança se encontra representando em grande medida
na palavra.
As necessidades cognoscitivas do homem se vêem, satisfeitas,
em grande medida pela participação da linguagem, que é o
instrumento da atividade cognoscitiva.
Em correspondência com o anterior, se necessita desenvolver nos
educandos capacidades cognoscitivas e comunicativas através da
linguagem, assumindo assim suas distintas debilidades, a que é
elaborada e processadas de acordo com as manifestações
concretas que dêem sentido, força e direção à personalidade, que
o aprendido adquira um significado e um sentido pessoal tal que,
67
consiga desenvolver novas necessidades e aprendizagens em
seu desenvolvimento pela vida. Jose Marti
dizia: “os homens
crescem, crescem fisicamente de uma maneira visível, crescem
quando aprendem algo, quando conseguem algo e quando fazem
o bem”.
Isto significa que há que estabelecer um vínculo cognitivo para
que nossos educandos cheguem a alcançar determinadas
habilidades.
Para desenvolver a habilidade de comunicação o educador deve
tomar em conta os seguintes aspectos:
1º) Pelo sistema de comunicação se podem descobrir distorções
na função cognitiva de um aluno;
2º) Se espera que o sistema de comunicação seja um indicador
que impere na escola entre professor e aluno;
Fernando González Rey afirma que há um estudo do processo de
comunicação mediante a utilização de técnicas individuais. Isto
indica que todo indicador deve estar comprometido com
elementos que sejam verdadeiros desde os pontos de vista
cognitivo e comunicativo.
68
2.1.1 A LINGUAGEM COMO PROCESSO DE INTERAÇÃO VERBAL
Uma compreensão da linguagem e por conseguinte de língua fará
que
nossa
prática
se
fundamente
em
suportes
teóricos
trabalhados pela Sociolingüística, Etnolingüística, Pragmática,
Teoria da Enunciação e Análises do Discurso. Em todas essas
correntes de uma forma ou de outra se trabalham os aspectos
sociais, culturais e lingüísticos.
A continuação se apresenta uma breve caracterização de cada
uma dessas correntes, tendo como base os critérios da autora Eni
Orlandi.
A Sociolingüística, segundo a autora, toma a sociedade como
causa e vê na linguagem os reflexos das estruturas sociais.
Tendo como objetivo sistematizar a variação existente na
linguagem, explicando-a através de fatores sociais.
A Etnolingüística, com a oposição oposta ao da Sociolingüística,
considera a linguagem não como um reflexo das estruturas
sociais ou culturais, se não como uma causa dessas estruturas,
pois segundo os estudiosos a linguagem organiza para o individuo
o mundo em que vive.
69
A Pragmática é uma vertente teórica que vai estudar o usuário da
linguagem em sua relação de interlocução com outro usuário, em
uma situação de comunicação. Destaca a questão da significação
partindo da intenção; a realização de determinadas ações; a
argumentação.
Teoria da Enunciação. Para esta vertente teórica, o centro de
estudo é a linguagem, isto é, o locutor em sua relação com o
destinatário. O que interessa é o processo da enunciação: a forma
por meio da qual o sujeito se destaca naquilo que disse. A
linguagem se utiliza, então, não somente como instrumento de
pensamento ou de comunicação, se não principalmente, como
algo que é decisivo na constituição da identidade da pessoa.
Análises do Discurso. Essa forma, segundo Orlandi, aprofunda
nas críticas feitas pela Sociolingüística, pela Pragmática e pela
Teoria da Enunciação. Sua principal proposta é considerar como
essencial, a relação da linguagem com a realidade extra
lingüística, isto é, com as condições de produção do discurso: o
falante, o ouvinte, o contexto, da comunicação e o contexto
histórico-social.
70
Ainda que haja enfoques e práticas diferentes, essas teorias têm
como objetivo de análise o ato da fala – discurso -, uma dimensão
que não separa a linguagem de seu processo histórico, produto
da interação entre os homens. Ela é concebida não como um
produto, se não como um processo de construção social, fundada
em determinações, materiais que a influenciarão, mas também
serão influenciadas por ela.
O enfoque dado ao signo lingüístico, na perspectiva dessas
teorias, toma em conta, portanto, a natureza semiótica do signo
que
resulta
de
um
consenso
de
indivíduos
socialmente
organizados no decorrer de um processo de interação. Razão
pela qual as formas dos signos são condicionadas tanto pela
organização social de tais indivíduos como pelas condições em
que a interação se produz.
Aceitar os pressupostos estudados até agora, como já dissemos,
conduzirá nossa prática pedagógica a determinadas direções:
considerar a linguagem um processo
de construção social,
portanto histórico, produto da interação entre os homens.
A autora entende, procedente, considerar outras concepções, de
linguagem e de língua, construídas sobre a base de suportes
teóricos diferentes aos antes expostos.
71
A continuação se apresenta uma classificação sugerida por
Geraldi, 1984, que sugere três concepções sobre a linguagem: a
primeira em que se percebe como Expressão do Pensamento, a
segunda como Meio Objetivo para a comunicação e a terceira,
que percebe a linguagem como Processo de Interação Verbal
coincidente com as correntes antes mencionadas ao início da
epígrafe.
2.1.2 A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO
A concepção que visualiza a linguagem como expressão do
Pensamento, busca explicá-la a partir das condições de vida
psíquica e individual do sujeito falante. Em outras palavras, a
linguagem é vista como puramente individual.
A linguagem, para esta concepção, é gerada no interior do
pensamento do indivíduo, que depois o exterioriza com ajuda de
códigos de signos exteriores.
Essa teoria supõe, pois certo dualismo entre o interior e o exterior
com predominância do conteúdo interior, uma vez que o ato de
objetivação procede do interior até o exterior.
72
Sendo assim, a ênfases é dada ao sujeito que conhece; a
linguagem se constrói no pensamento, no interior do indivíduo, no
estando presente no receptor da interação, muito menos a
situação social que determina as condições sociais reais da
enunciação.
Não são tomadas em consideração as circunstâncias, as
condições em que a linguagem é produzida.
Através da linguagem, segundo esta concepção, o homem
representa para si o mundo, sendo, pois, sua função refletir seus
pensamentos e seu conhecimento de mundo.
Para teóricos dessa concepção, segundo Neder (1993), a
linguagem é uma faculdade divina. O homem já nasce com a
capacidade de exteriorizar seu pensamento, que é gerado em seu
psiquismo. De sua capacidade de organizar o pensamento,
dependerá sua exteriorização. Se o homem não consegue uma
organização lógica de seu pensamento, sua linguagem estará
afetada, isto é, desarticulada. Logo, o pensamento deve ser
organizado, obedecendo a determinada lógica, dificilmente terá
condições de organizar seus pensamentos. Equivale dizer que, se
ele não consegue expressar-se com lógica, é porque não é capaz
de pensar. Assim, se presume que há regras que devem ser
73
seguidas para alcançar a organização lógica, do pensamento e
conseqüentemente da linguagem. Linguagem equivale, portanto,
a pensamento.
A língua é concebida como produto acabado, como sistema
estável. Há regras e normas constituídas que devem ser
seguidas. É como se houvesse um depósito com pacotes
preparados para
serem
usados por qualquer falante
de
determinada língua.
A gramática normativa, ainda que se proponha a ensinar a fala e
a escrever “corretamente”, apresenta problemas como prioridade
descritiva dada aos conceitos e definições que misturam critérios
de classificação, função e uso. Há preocupação excessiva com
fatos gramaticais de exceção.
Além disso, as prescrições são mais para a língua escrita que
para a língua falada.
Segundo o antes exposto, pode afirmar-se que a gramática
normativa existe e persiste por privilegiar uma cultura letrada, ou
seja, ela prescreve regras de escrita para uma comunidade que
74
as use e faça delas uma forma mais de comunicação social ao
lado da oral e da não-verbal.
Muitos são os estudos que têm como foco a apropriação da
linguagem. Esses estudos se detêm, às vezes, nas análises dos
métodos
utilizados
no
processo
da
alfabetização
como
convencionalmente é denominado o processo de apropriação da
linguagem escrita, nos motivos que levam grande número de
crianças,
principalmente
aquelas
pertencentes
às
classes
populares, a fracassar em seu processo de ensino-aprendizagem.
2.1.3 A LINGUAGEM COMO PROCESSO COMUNICATIVO
Possari e Neder apresentam outra concepção de linguagem:
aquela em que é vista como meio objetivo para a comunicação. A
diferença da primeira concepção (linguagem como expressão do
pensamento), essa segunda considera a variação lingüística
como um de seus princípios de sustentação. Por isso, antes de
entrarmos em sua caracterização, é importante determos um
pouco para responder a seguinte interrogativa:
Que é variação lingüística?
75
É fundamental compreender que a variação lingüística se dá na
língua falada e escrita pelos falantes de uma determinada
comunidade e esta tem o papel de caracterizar a comunicação
entre eles.
Observe as frases:
_ “Vão fazê us exercíciu?”
_ “Cumé que se faiz? Cum lapisó”!
_ “Nóis vai fazê tudo di bão”!
_ “Eu nu truci u livro”.
A conversação apresentada mostra que falantes não empregam a
norma culta, mas eles se entendem porque usam as mesmas
variações lingüísticas interferindo nos discursos foi possível
demonstrar entendimento em suas falas.
De acordo com Faraco e Moura :
“A linguagem coloquial é aquela empregada no cotidiano.
Portanto é bastante informal, incorpora formas e expressões
populares e não obedece necessariamente às regras da
gramática normativa”.
76
As
variações
vistas
estão
portanto
relacionadas
com
a
comunidade em que cada pessoa vive. Estas variedades são
devidas à relação linguagem e sociedade. Já vimos que essa
relação é definida na sociolingüística.
Eles também comentam que:
“A linguagem culta se trata de uma linguagem mais formal, que
segue os princípios da gramática normativa. Empregada na
escola, no trabalho, nos jornais, nos livros em geral”.
Segundo Neder, essa teoria é da variação. Esta variação da
linguagem
está
sociológica
–
diretamente
cargos,
relacionada
graus
de
com
a
variação
escolaridade,
nível
socioeconômico.
O contexto extralingüístico é obtido como fundamental uma vez
que somente na inter - relação da linguagem se estabelece.
Faraco e Moura sustentam que:
“Quem faz a língua são os falantes, não os gramáticos. Estes
simplesmente recolhem e analisam o material produzido pelos
77
falantes, já que a língua é viva e dinâmica. Ela não está sujeita a
regras eternas e não mutáveis”.
2.2 QUE É A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA?
A língua é um sistema organizado de elementos que tem a
finalidade de transmitir comunicação entre os falantes. Então,
pode-se afirmar que o ensino da língua deve partir da idéia de que
a língua é comunicação.
O termo competência foi utilizado pelo lingüista norte-americano
N. Chomsky
(1970) para caracterizar o fundamental na teoria
lingüística a partir das habilidades abstratas dos falantes que os
permite produzir orações corretas desde o ponto de vista
gramatical.
“A teoria lingüística se preocupa principalmente com o falanteouvinte ideal em uma comunidade de fala completamente
homogênea”.
Esta concepção que, como uma reação à lingüística estruturalista
norte-americana, deu lugar à chamada Gramática Gerativa e
78
Transformacional, foi posteriormente submetida à crítica por
outros estudiosos da lingüística como Halliday (1994), que sem
desconhecer a importância desta concepção a complementaram e
deram uma maior amplitude à visão da competência Chomskiana.
De tal forma, surgiu o termo competência comunicativa vinculando
diretamente ao chamado “Enfoque comunicativo” para o ensino
de línguas.
O objetivo fundamental do enfoque comunicativo é contribuir ao
desenvolvimento
da
competência
comunicativa
do
aluno,
entendida esta, como competência lingüística (habilidade para
empregar os meios ou recursos lingüísticos); competência sócio
lingüística (habilidade para adequar os meios lingüísticos às
características da situação e o contexto); competência discursiva
(habilidade para relacionar coerentemente as partes do discurso
com este como um todo); e competência estratégica (habilidade
para iniciar, desenvolver e concluir a comunicação).
Esta teoria lingüística sobre a comunicação que defende o ensino
comunicativo da língua é a descrição funcional de Halliday sobre
o discurso da língua.
79
“A lingüística estuda a descrição dos atos da fala ou dos textos,
visto que, somente através do estudo da língua, se manifestam
todas as funções da linguagem e os componentes do significado”.
Ele desenvolveu, uma importante teoria sobre as funções da
língua
que
oferece
uma
visão
ampla
da
competência
comunicativa. Halliday descreve as sete funções lingüísticas
básicas quando as crianças aprendem sua primeira língua:
a função instrumental: uso da língua para obter conhecimento
sobre determinado termo;
a função reguladora: uso da língua para controlar a conduta das
pessoas;
a função interativa: uso da língua para criar interação com outros;
a função pessoal: uso da língua para expressar sentimentos e
significados pessoais;
a função heurística: uso da língua para aprender e descobrir
novas situações;
a função imaginativa: uso da língua para estimular o mundo da
imaginação;
a função representativa: uso da língua para informar.
80
O ensino comunicativo da língua, no plano da teoria lingüística,
tem uma base teórica de grande riqueza, ainda que um tanto
eclético. Algumas das características desta teoria comunicativa
são as seguintes:
a) A língua é um sistema para expressar seu significado;
b) A principal função da língua é a interação e a comunicação;
c) A estrutura da língua reflete seus usos funcionais e
comunicativos;
d) As unidades principais da língua não são somente os
elementos gramaticais e estruturais, se não categorias de
significado funcional e comunicativo tais como se manifestam no
discurso:
em contraste com o que está escrito sobre a
dimensão comunicativa da língua pouco se há
escrito sobre a teoria de sua aprendizagem. Em
algumas práticas do enfoque, pode-se presenciar
alguns princípios de uma teoria de aprendizagem
subjacente. Um destes elementos se pode escrever
como o principio da comunicação: as atividades que
requerem
comunicação
real
promovem
a
aprendizagem. Um segundo elemento é o princípio
da tarefa: as atividades nas quais se utiliza a língua
para chegar a realizar tarefas significativas melhoram
a aprendizagem. Em terceiro elemento é o princípio
do significado: a língua que é significativa para o
aluno ajuda no processo de aprendizagem. Portanto,
as atividades de aprendizagem se relacionam de
acordo com o grau em que conseguem que os
alunos usem a língua de maneira significativa e real
(não praticando mecanicamente as estruturas).
81
Descrições mais recentes, têm tentado descrever teorias sobre o
processo da aprendizagem da língua que são compatíveis com o
Enfoque comunicativo, e consideram o papel das variantes
lingüísticas, sociais, cognoscitivas e individuais na aquisição da
língua.
Outros teóricos, que não se associam diretamente com este
enfoque
vêm
desenvolvendo
teorias
que
se
consideram
compatíveis com os princípios do Enfoque Comunicativo.
Consideram que a aquisição é o processo básico que permite
alcançar o domínio da língua, e o distingue da aprendizagem. A
aquisição se refere ao desenvolvimento inconsciente do sistema
da língua – objeto como conseqüência de usá-la em função da
comunicação.
Segundo Krashen, a aprendizagem é a representação consciente
do conhecimento gramatical que resulta do ensino e que não leva
a aquisição. É o sistema adquirido, posto em jogo para criar
enunciados no uso espontâneo da língua. O sistema aprendido só
pode servir como guia da produção do sistema adquirido.
Um aspecto importante é o eixo de que os materiais do ensino, no
Enfoque Comunicativo, tendem a manter a autenticidade das
82
situações reais do uso da língua, evitando-se simplificações ou
adaptações que possam prejudicar seu valor comunicativo. Em
outras palavras, os exemplos autênticos são privilegiados, en
detrimento de materiais com estruturas sintáticas rigidamentes
controladas, dentro de um limite de vocabulário e gramática prédeterminados. A gramática passa a assumir o relevante papel de
suporte
para
as
funções
comunicativas
para
serem
desenvolvidas, não sendo, por isso, enfatizada e ensinada como
um fim em si mesma.
3
DESENVOLVIMENTO
DE
HABILIDADES
COMUNICATIVAS
Todos os elementos encontrados dentro dos quatro subsistemas
do
sistema
lingüístico
são
utilizados
no
que
chamamos
“habilidades comunicativas”; é dizer, as habilidades integradas de
escutar, falar, ler e escrever. O termo “integrada” ou “integrativa” é
usado para introduzir duas idéias: a) Geralmente, as habilidades
são usadas juntas. Escutamos e lemos ou escrevemos, lemos e
falamos, ou lemos e escrevemos; b) Os elementos descritivos são
combinados em seqüências informativas e significativas nos atos
da fala ou em unidades maiores do discurso e do texto.
83
Para que se compreenda o antes exposto, resulta procedente
discutir as quatro habilidades lingüísticas, como forma de melhor
caracterizá-las no contexto comunicativo:
3.1 HABILIDADES DE AUDIÇÃO
A habilidade do estudante para compreender (decodificar)
qualquer enunciado ou texto maior dependerá de vários fatores:
a) sua familiaridade com todos os elementos; b) sua habilidade
para reconhecer elementos redundantes na mensagem; c) sua
habilidade para adivinhar ou hipotetizar sobre algumas palavras
ou grupos de palavras não familiares de acordo com sua posição
no contexto; d) sua “expectativa” com relação às habilidades
anteriores, porque serão encontradas numerosas vezes em uma
variedade de tarefas essenciais (aquelas que contenham grande
informação) da primeira parte do texto, para continuar escutando
as outras partes.
84
3.1.1 HABILIDADES DE FALAR
Falar é uma habilidade mais complexa que escutar, já que, em
síntese, conduz a conhecer o som, a estrutura, o vocabulário e
subsistemas culturais da língua.
3.1.2 HABILIDADES DE LEITURA
A leitura é um processo interativo, porque a compreensão de um
texto se caracteriza pela interação de diversos níveis de
conhecimento.
Esses níveis de conhecimento constituem o conhecimento prévio,
que o leitor utiliza para poder compreender um texto. A interação
deles é essencial, pois a falta de domínio de um, sempre
compromete o esforço do leitor em recriar o sentido do texto.
O conhecimento de mundo, também denominado enciclopédico,
pode ser adquirido formal ou informalmente. Na aquisição formal,
a compreensão de determinadas informações contidas em um
texto
se
realiza
a
partir
da
ativação
do
conhecimento
enciclopédico, ou seja, através da recuperação de informações de
caráter extra lingüístico, que o leitor tem sobre o assunto do texto.
85
A aquisição informal desse conhecimento ocorre através das
práticas sociais e das experiências vividas, é o que se denomina
saber compartido entre o leitor e o autor.
O conhecimento lingüístico se utiliza como estratégica de leitura e
abrange todos os conhecimentos relativos da língua. O leitor, para
demonstrar o domínio desses conhecimentos deve reconhecer as
estruturas morfológicas, sintáticas e lexicais das orações
indicativas do estabelecimento da coesão do texto, cuja ausência,
segundo Koch e Travaglia (1989), podem em determinadas
situações, ocasionar a falta de coerência.
Deve ressaltar-se que além disso o conhecimento das palavras,
cuja função é a de estabelecer as relações sintáticas entre os
termos, orações e parágrafos de um texto, se requer do leitor no
processamento
do
texto,
o
domínio
dos
conhecimentos
semânticos, os quais auxiliam o leitor na percepção do ajuste dos
elementos que compõem as palavras ao contexto lingüístico e de
aceitabilidade de tais palavras segundo os padrões da língua.
Como foi dito anteriormente, todo ser humano possui uma
competência textual, o que significa que, qualquer indivíduo é
capaz de avaliar a boa ou má informação do texto, modificar um
86
texto de diversas maneiras e com diferentes fins e reconhecer,
segundo determinada tipologia, um tipo de texto dado.
O conhecimento textual abrange um conjunto de noções e
conceitos sobre o texto, desempenha um papel importante na
compreensão dos textos. Sua importância se fundamenta no eixo
de que o grau de compreensão do leitor, depende em parte do
grau de conhecimento textual, ou seja, quanto maior for o
conhecimento textual e maior será a exposição do leitor a uma
variedade de tipos de texto, mais fácil será sua compreensão.
3.1.3 HABILIDADE DA ESCRITA
A escrita deve reforçar a ajudar a ampliar as habilidades de
audição, expressão oral e leitura.
Os especialistas afirmam é que se deve priorizar na aula as
tarefas relacionadas com a audição e expressão oral.
Os estudantes de níveis avançados, reforçam os autores, devem
ser providos de experiências de observação, audição e leitura de
modo que tenham idéias sobre o que escrever.
87
Conforme o exposto, se pode observar que, apesar de que cada
uma das habilidades tem sido tratada separadamente, elas se
integram na vida real. Uma das principais tarefas é ajudar os
estudantes, que fazem uso delas, a construir um repertório de
expressões, noções, e idéias que possam ser valiosas para eles.
Esse valor ocorrerá mais facilmente se as expressões, noções e
estruturas
são
reintroduzidas muitas vezes em
situações
socioculturais apropriadas, de modo que estes estudantes
aprendam a antecipá-las na audição e na leitura a proceder de
maneira fluida em sua própria expressão oral e na escritura.
4
INDICADORES
PARA
DETERMINAR
A
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
O ensino da língua materna tende a centralizar-se na gramática
normativa. Por esta razão, Celso Pedro Luft em seu trabalho
Língua e Liberdade, aponta a necessidade, de redimensionar o
ensino desta língua.
Para ele, o objetivo do ensino da língua materna é mostrar como
funciona a linguagem humana e, de forma mais particular, como
funciona a língua materna.
88
Na maioria das escolas brasileiras confundem estudar a língua
com estudar gramática, confundem expressão escrita com fazer
produção textual.
Segundo Vigotsky, o processo de aquisição e utilização da
linguagem como instrumento do pensamento passa por etapas
durante o transcurso da vida das pessoas. Ainda que se originam
e desenvolvem de forma independente, a certa altura da vida, o
pensamento e a linguagem se encontram, formando um
pensamento mais complexo.
Assim, elaborou uma teoria que tem por base o desenvolvimento
do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, no
qual a linguagem e a aprendizagem possuem relevantes pontos.
Para compreender e descrever as situações comunicativas da
língua é necessário conhecer suas funções estruturais. Ter em
conta que a didática da língua deve êxito a uma preparação
adequada a tais situações para que possa melhorar a
competência comunicativa dos falantes.
A prática escolar sobre a base de um ensino discursivo não há
recebido muita atenção. Para que ela amplie as oportunidades de
troca
e
possibilite
aos
alunos
89
manifestações
de
seus
pensamentos, tem que ter em conta, conseqüentemente, suas
impressões do mundo.
Para o ensino da língua os estudiosos apontam quatro dimensões
ou áreas da competência comunicativa, aos quais nos referimos
ao definir o termo, que podem ser atendidas como indicadores:
Competência sociolingüística. Habilidade para compreender o
conteúdo em que tem lugar a comunicação. No processo ensinoaprendizagem corresponde a ensinar ao estudante a desenvolver
habilidades para a utilização e compreensão de sua língua e de
outras línguas em situações sociolingüística. É a capacidade de
dominar
a
realidade.
Predicar
sobre
ela
a
partir
dos
conhecimentos primários que se possui dos diferentes estados
lingüísticos que se unem ao sistema, até obter as criações de um
todo coerente de intenção comum.
Competência discursiva. Habilidades para interconectar as partes
do discurso e interpretar o texto como um todo. Deve propor-se a
ensinar a língua sobre a base de uma estratificação conceptual
das categorias comunicativas do texto. Dominar conteúdos e
estudar o texto constitui um instrumento para compreender e guiar
90
o processo de ensino-aprendizagem tomando em consideração
que o estudante é componente essencial do processo.
Competência estratégica. Capacidade para elaborar a estratégia
de comunicação, iniciar, continuar ou finalizar o processo
comunicativo. O estudante deve ser capaz de ampliar uma função
comunicativa
e
desenvolver,
compreender,
analisar
e
assim
recriar
a
o
texto
capacidade
em
de
favor
do
desenvolvimento da comunicação.
5 CONCLUSÃO
O desenvolvimento da competência comunicativa da língua
materna implica não só atenção à área lingüística ou gramatical
propriamente dita, se não a atenção a outras dimensões como a
sociolingüística,
a
estratégica
e
a
discursiva
que,
relacionadas, integram o ato comunicativo.
5 REFERÊNCIAS
CHOMSKY, N.A. Reflexões sobre linguagem. São Paulo: Cultrix, [s/d].
91
inter-
____et alii. Novas Perspectivas lingüísticas. Petrópolis: Vozes, 1970.
FARRACO & MOURA . Língua e literatura. São Paulo: Àtica, 1996.
HALLIDAY, M. A. El lenguaje como semiótica social: la interpretación social
del lenguage y del significado. Colómbia: Fundo de Cultura Económica, 1994.
KOCH & TRAVAGLIA, Luís Carlos. A coerência textual. São Paulo: Cortez,
1989.
LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade. São Paulo: Ática, 1997.
NEDER, Maria Lúcia Cavalli. Ensino da linguagem: a configuração de um
drama. Cuiabá: UFMT, 1992.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do
discurso. Campinas, São Paulo: Pontes, 1987.
Parârmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental: língua portuguesa / SEF - Brasília: MEC, 1988.
PEREZ, José Martí. Obras completas. Ed. Ciências Sociais, Habana, 1975.
VIGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
92
A EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL: PUBLICAÇÃO DE
ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS E ECONÔMICOFINANCEIROS NAS MONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Francislene Ferraz Magalhães de Paulo
1
Flávia Zoboli Dalmácio
2
RESUMO
A contabilidade busca, constantemente, transformar dados e registros em
informações úteis, relevantes e transparentes, para atender o maior número de
usuários possíveis. Como as necessidades e o grau de conhecimento sobre as
demonstrações contábeis são diferentes entre os usuários, questionou-se,
então, qual a forma mais eficiente de evidenciação da informação contábil, que
poderia facilitar a compreensão e a interpretação de aspectos sócio-ambientais
e econômico-financeiros, que tanto interessam para esses usuários. Para tanto,
realizou-se uma pesquisa bibliográfica e documental, utilizando-se como
amostra as Demonstrações Contábeis de empresas industriais, sociedades
anônimas, do Estado do Espírito Santo. Foram coletados os demonstrativos
contábeis referentes ao ano de 2002, publicados em 2003. De acordo com os
resultados encontrados, a existência de evidenciação das informações
propostas, em empresas capixabas, oscilou entre as Notas Explicativas e o
Relatório da Administração, mas, dentro dos objetivos propostos e, avaliandose o referencial teórico, o Relatório da Administração, como forma de
evidenciação, mostrou-se ser mais flexível e interessante para os usuários
externos, levando-se em consideração as proxies utilizadas.
ABSTRACT
Accounting constantly goals to transform data and registers in useful, relevant
and transparent information, to answer the greatest number of possible users.
1
Graduada em Ciencias Contábeis pela UNIVEN; Pós-graduada em Gestão Empresarial pela
UNIVEN; Professora da UNIVEN/INESV.
2
Graduada em Ciências Contábeis pela UFES; Pós-graduada em Contabilidade Gerencial pela
UFES; Mestra em Finanças e Controladoria pela FUCAPE.
93
As necessities and degrees of knowledge about the accounting demonstration
are different between users, it has been questioned, though, what the most
efficient way to evidence the accounting information is that could ease the
comprehension and interpretation of social-environmental and economicfinancing aspects in which these users are so interested in. So that, a
bibliographic and documental research was made, used as samples of the
accountant demonstrations of industrial companies, inc., of Espírito Santo state.
The accountant demonstratives have been collected, referred to the year of
2002, published in 2003. According to the found results, the existence of
evidence of the proposed information, at companies from Espírito Santo, have
changed between the explicative notes and the administration report, but,
considering the proposed goals and evaluation, mainly the theory reference, the
administration report, in an evident way, has shown to be more flexible and
interesting for the extern users, considering the used proxies.
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade tem como finalidade gerar informações aos
diversos usuários para a tomada de decisão. Essas informações
deverão ser úteis, relevantes, precisas e fornecidas em tempo
hábil. Os dados registrados na contabilidade são transformados
em relatórios e, a partir destes, a empresa prepara as
demonstrações contábeis. Estas são publicadas com intuito de
tornar pública a situação econômica e financeira das empresas.
No entanto, grande parte dos usuários externos (sociedade,
clientes, fornecedores, investidores, financiadores, dentre outros)
tem dificuldade em compreender as informações contidas nessas
demonstrações, visto que as mesmas são altamente técnicas.
94
Os usuários externos, especialmente no Brasil, devido à
concentração acionária (LOPES, 2002), não têm acesso aos
relatórios
internos
da
empresa,
de
onde
derivam
os
demonstrativos contábeis publicados, necessitando assim, de um
maior número de informações, além das que estão disponíveis, a
fim de possibilitar uma melhor interpretação e análise dos dados
apresentados. Esses usuários, de posse dos demonstrativos,
devem ser capazes de avaliar em que situação a empresa se
encontra, se é rentável, se valoriza os seus funcionários e se há
preocupação com os aspectos sócio-ambientais.
Percebe-se assim, a necessidade de uma maior transparência
nas informações contábeis, a fim de torná-las compreensíveis a
todos
os
usuários
interessados,
reduzindo,
inclusive,
a
possibilidade de irregularidades e fraudes. Torna-se necessário,
portanto, discutir como melhorar as formas de evidenciação das
informações contábeis. Entende-se que seja essencial publicar
informações que sejam relevantes não só para as empresas, mas
para todos os possíveis usuários externos (IUDÍCIBUS, 2000).
Dentre os demonstrativos, exigidos pela Lei das Sociedades
Anônimas, apenas o Relatório da Administração e as Notas
Explicativas permitem uma maior evidenciação da situação social,
95
da política da empresa e a possibilidade de inclusão de alguns
indicadores econômico-financeiros.
Com a possibilidade de inclusão, no Relatório da Administração e
nas Notas Explicativas, de informações que visam atender os
interesses de diversos usuários, facilitando a interpretação dos
demonstrativos
contábeis,
esses
relatórios
deveriam
ser
instrumentos de auxílio, principalmente, aos usuários externos.
A dificuldade na compreensão dos demonstrativos contábeis pode
desencadear,
nos
usuários
externos,
um
desinteresse
informacional, daí surge a seguinte questão: Como evidenciar,
no relatório da administração ou em notas explicativas, para
os usuários externos da contabilidade, informações que
auxiliem na interpretação dos demonstrativos contábeis no
que tange aos aspectos sócio-ambientais e econômicofinanceiros?
Este trabalho tem como objetivo geral, identificar informações
complementares que, se publicadas no relatório da administração
ou em notas explicativas, melhorariam a compreensão desses
demonstrativos, no que tange aos aspectos sócio-ambientais e
econômico-financeiros. Para alcançar o objetivo geral, propõem96
se dois objetivos específicos: (1) a evidenciação de informações
relevantes, sobre os aspectos sócio-ambientais; (2) a publicação
de índices econômico-financeiros ou indicadores de desempenho
como liquidez, rentabilidade e estrutura de capital.
Este trabalho restringe-se ao Relatório da Administração e às
Notas Explicativas, componentes das demonstrações contábeis,
publicadas em jornais, homepages e revistas, pelas Sociedades
Anônimas, que atuam no setor industrial no Estado do Espírito
Santo.
Parte-se da hipótese de que, as empresas estão preocupadas
com a transparência na divulgação dos seus demonstrativos e,
visando a apreciação destes pelos usuários externos, publicam
informações
acessíveis,
por
meio
de
demonstrativos
transparentes, objetivos, contendo informações textuais, quadros
e tabelas sobre o aspecto social, além de índices econômicos e
financeiro. Maximizando, dessa forma, a credibilidade e o respeito
dos usuários externos em relação à empresa.
97
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
A contabilidade surgiu da necessidade do homem em controlar
suas propriedades e riquezas. Alguns fatos na história da
evolução do homem impulsionaram o desenvolvimento da
contabilidade, a descoberta do papel, o aparecimento da moeda,
o desenvolvimento da imprensa, o surgimento do capitalismo, a
crise de 1929, a revolução industrial e outros. Demonstrando
assim que, “a preocupação com as propriedades e a riqueza é
uma constante no homem da Antiguidade, e o homem teve de ir
aperfeiçoando
seu
instrumento
de
avaliação
da
situação
patrimonial à medida que as atividades foram desenvolvendo-se
em dimensão e complexibilidade” (IUDÍCIBUS, 2000, p.30).
Com o desenvolvimento das sociedades, os procedimentos de
contabilidade foram avaliados, teorias e práticas surgiram, por
processos de dedução e indução, até chegar ao estágio atual.
Portanto, a contabilidade, sendo uma ciência social aplicada,
encontra-se em constante evolução, por meio de pesquisas,
estudos, mensuração de bens intangíveis, preocupando-se com a
98
evidenciação e sempre visando atender aos seus objetivos
principais.
2.1 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE
Entre os vários autores pesquisados, existe uma diversidade de
idéias quanto aos objetivos da contabilidade. Segundo Iudícibus
(2000, p. 19),
ou consideramos que o objetivo da contabilidade é
fornecer aos usuários, independente de sua natureza,
um
conjunto
básico
de
informações
que
presumivelmente, deveria atender igualmente bem a
todos os tipos de usuários, ou a Contabilidade
deveria ser capaz e responsável pela apresentação
de
cadastros
de
informações
totalmente
diferenciadas, para cada tipo de usuário. [grifo nosso]
De acordo com esta visão, o correto seria possibilitar aos usuários
um arquivo básico, no qual cada usuário de acordo com a sua
necessidade
e com seu modelo decisório, poderia obter as
informações contábeis
que
desejasse, dando
ênfase à
informação que lhe fosse mais importante.
Segundo Iudícibus; Martins & Gelbecke (2000, p. 43), o objetivo
principal da Contabilidade“, é o de permitir a cada grupo principal
99
de usuários, a avaliação da situação econômica e financeira da
entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre
suas tendências futuras”.
Esta definição acresce, ao objetivo da contabilidade, o aspecto de
tendências futuras. Os demonstrativos contábeis referem-se a um
período contábil, geralmente, ao ano civil que termina em 31 de
dezembro. As informações referem-se aquele momento, o que
não desfigura a possibilidade de utilizá-las como base para
eventos futuros, tendo em vista, a possibilidade de repetição das
mesmas situações no futuro. Para alguns usuários externos, se as
informações contábeis não forem preditivas, não existe interesse
por essas informações.
Ainda sobre o objetivo da contabilidade, Hendriksen & Breda
(1999, p. 120), definem-no abordando a situação financeira, para
eles, “o objetivo da contabilidade é fornecer um conjunto de
relatórios financeiros para usuários indeterminados com relação à
riqueza ou transações econômicas da empresa”.
O Conselho Federal de Contabilidade, na sua resolução 774/94,
apresenta o objetivo da contabilidade como sendo:
100
a correta apresentação do Patrimônio e na apreensão
e análise das causas das suas mutações. Já sob a
ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma
Entidade particularizada, busca prover ou usuários
com informações sobre aspectos de natureza
econômica, financeira e física do Patrimônio da
Entidade e suas mutações, o que compreende
registros, demonstrações, análises, diagnósticos e
prognósticos, expressos sob a forma de relatos,
pareceres, tabelas, planilhas e outros meios [grifo
nosso].
Em comum, todos os conceitos de objetivos abordados nesse
tópico, refere-se aos usuários. Portanto, a contabilidade deve
atendê-los,
prioritariamente,
com
informações
que
lhes
interessem, o difícil é conhecer o modelo decisório de cada
usuário.
2.3 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL
Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 43), conceituam usuários
como “toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na
avaliação da situação e do progresso de determinada entidade,
seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou
mesmo patrimônio familiar”.
101
Se o objetivo principal da contabilidade é atender aos usuários, é
necessário definir quem são esses usuários e qual o tipo de
informação que eles desejam. Para atender às finalidades deste
trabalho,
consideram-se
usuários como sendo
internos e
externos. Os usuários internos são aqueles que trabalham
diretamente com as informações contábeis ou têm acesso a elas
dentro da empresa. Os usuários externos, não têm acesso direto
às informações, e podem ser funcionários, clientes, fornecedores,
a sociedade, o governo, além de todos aqueles interessados na
situação econômica, social e financeira da empresa.
Para que os demonstrativos contábeis atendam a esses usuários
de forma eficaz, é necessário maximizar as informações
relevantes, evitando informações inúteis e irrelevantes. Para
alcançar e atender os anseios do usuário externo, a contabilidade
deverá pesquisar e preparar a melhor forma de evidenciação dos
seus demonstrativos.
2.4 EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL
Evidenciar é tornar evidente, mostrar com clareza e
que evidente é aquilo que não oferece dúvida, que se
compreende prontamente... Talvez pudéssemos unir
essas conceituações e dizer que evidenciação
significa divulgação com clareza, divulgação em que
se compreende de imediato o que está sendo
comunicado (AQUINO & SANTANA, 1992, p. 1, grifo
nosso).
102
De acordo com a AICPA – American Institute of Certified Public
Accountants
(1961
apud
IUDÍCIBUS,
2000,
p.
117),
as
informações contábeis devem evidenciar informações relevantes,
sem exageros que poderiam ofuscar e confundir quem estivesse
analisando-as. Assim, “os demonstrativos contábeis deveriam
evidenciar o que for necessário, a fim de não torná-los
enganosos”. Além disso, as informações contábeis deverão ser
disponibilizadas em tempo hábil, possibilitando a tomada de
decisão no momento do ocorrido, atendendo o Princípio da
Oportunidade.
O
Princípio
da
Oportunidade
refere-se
simultaneamente, à tempestividade e à integridade do
registro do patrimônio e das suas mutações
determinando que este seja feito de imediato e com a
extensão correta, independentemente das causas
que originaram (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, Art 6º, Resolução 750/93, grifo
nosso).
A tempestividade de registro exige que as informações contábeis
sejam registradas no momento em que ocorrem, evitando que os
registros
sobre
o
patrimônio
estejam
incompletos
ou
desatualizados nas demonstrações. Além da tempestividade e
integridade, Iudícibus (2000, p. 77) sugere que as informações
contábeis devam possuir outras qualidades, dentre elas, a
confiabilidade, comparabilidade e compreensibilidade.
103
A Confiabilidade é a qualidade (atributo) que faz com
que o usuário aceite a informação contábil e a utilize
como base para suas decisões.
A Comparabilidade deve poder propiciar ao usuário o
discernimento entre entidades distintas.
A Compreensibilidade revela a qualidade da
informação contábil, que deve ser exposta da forma
mais compreensível possível, para que o usuário
possa, efetivamente, entende-la e utiliza-la de forma
cabal nas tomadas de decisões.
Iudícibus, ao ressaltar as qualidades da informação, indica que o
acolhimento das qualidades conduz ao atendimento eficiente das
necessidades do usuário. Portanto, para que as informações
contábeis possuam comparabilidade, é imprescindível que exista
consistência nos critérios utilizados pela empresa. Normalmente,
os demonstrativos contábeis são publicados com os resultados do
exercício atual e anterior, possibilitando que o usuário compareos. Isso não significa que os critérios contábeis não possam ser
alterados, contudo, se acontecer, as alterações deverão estar, de
alguma forma, evidenciadas.
Segundo
Iudícibus (2000, p.
121), a evidenciação
deve
“apresentar informação qualitativa e quantitativa de maneira
ordenada, deixando o menos possível para ficar de fora dos
demonstrativos formais, a fim de propiciar uma base adequada de
informação para o usuário”. Esse autor expõe que, não é
104
apropriado sobrecarregar as notas explicativas com informações
adicionais. Deve-se atentar para o fato de que as informações
qualitativas não se tornem informações subjetivas, o que
prejudicaria a evidenciação.
Além disso, Iudícibus (2000, p. 117) ainda ressalta, a relação
entre a evidenciação e a convenção da materialidade. Todas a
informações evidenciadas deverão ser relevantes e materiais para
os usuários. O contador, ao preparar os demonstrativos para a
publicação, precisa perceber que esses demonstrativos são o
mais evidente processo de comunicação com o usuário externo.
“O processo de comunicar implica no reconhecimento dos tipos
de informações necessárias aos usuários da informação contábil
e a avaliação da sua habilidade em interpretar adequadamente a
informação” (LOUZADA, 2002, p. 19). A habilidade de análise da
informação contábil deve ser do contador ou de um profissional
preparado,
os relatórios contábeis devem ser preparados tendo
em vista ser analisados por indivíduos com
conhecimento
bastante
avantajado
dos
procedimentos e das normas contábeis, os quais
interpretarão e traduzirão em termos mais simples o
que dizem os demonstrativos para seus clientes
(IUDÍCIBUS, 2000, p. 118).
105
Ou ainda que, “a interpretação dos demonstrativos contábeis é
tarefa única e exclusivamente reservada aos experts em
Contabilidade e Finanças, que deveriam ser os intermediários
entre as empresas e os donos de recursos, assessorando estes
últimos nas análises” (IUDÍCIBUS, 2000, p.117).
Pretendendo
alcançar
transparência,
nos
demonstrativos
elaborados, o contador poderá utilizar-se de todas formas de
evidenciação conhecidas.
2.4.1 FORMAS DE EVIDENCIAÇÃO
Informações entre parênteses, notas de rodapé, quadros e
demonstrativos suplementares são formas de evidenciação das
informações contábeis. Entretanto, estes métodos devem ser
instrumentos de complementação às demonstrações contábeis,
que devem constar as maiores informações a respeito da
empresa.
Portanto, as principais formas de evidenciação das informações
contábeis são: O Balanço Patrimonial, a Demonstração do
Resultado do Exercício, a Demonstração das Origens e
106
Aplicações de Recursos, a Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido, a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos
Acumulados, as Notas Explicativas, o Parecer da Auditoria e o
Relatório da Administração. Neste trabalho, dar-se-á ênfase às
Notas Explicativas e ao Relatório da Administração.
2.4.1.1 NOTAS EXPLICATIVAS
A publicação das Notas Explicativas é estabelecida pela Lei nº
6.404/76 denominada Lei das Sociedades Anônimas. Dispondo
que “as demonstrações serão complementares por Notas
Explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações
contábeis
necessárias
para
esclarecimento
da
situação
patrimonial e dos resultados do exercício” (Art. 176, § 4).
A Lei 6.404, art. 176 §5, destaca algumas informações que devem
constar em Notas Explicativas, dentre elas, (a) Os principais
critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente
estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão,
de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos
ajustes para atender a perdas prováveis na realização dos
elementos do ativo; (b) Os investimentos em outras sociedades,
107
quando relevantes; (c) O aumento de valor dos elementos do
ativo resultante de novas avaliações; (d) Os ônus reais
constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a
terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;
(e) A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das
obrigações a longo prazo; (f) O número, a espécie e classes das
ações do capital social; (g) As opções de compra de ações
outorgadas e exercidas no exercício; (h) Os ajustes de exercícios
anteriores; (i) Os eventos subseqüentes à data de encerramento
do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante
sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.
Além destas, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
recomenda a divulgação de outras notas, consideradas como
informações relevantes ao usuário externo.
As Notas explicativas serão analisadas neste trabalho, visando a
sua capacidade de divulgação, de informações complementares
aos demonstrativos, possibilitando, dessa forma, a evidenciação
de aspectos sociais e índices econômicos e financeiros, com
utilização de quadros, gráficos e informações textuais, a fim de
facilitar a interpretação dos usuários.
108
2.4.1.2 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO
O Relatório da Administração, segundo Iudícibus, Martins e
Gelbcke (2000, p. 398),
representa um necessário e importante complemento
às demonstrações contábeis publicadas por uma
empresa, em termos de permitir o fornecimento de
dados e informações adicionais que sejam úteis aos
usuários em seu julgamento e processo de tomada de
decisões.
Esse relatório possui algumas características que permitem a
compreensão de um maior número de usuários visto que, é
descritivo e menos técnico, além de “servir como elemento
preditivo
da
evolução
e
resultados futuros
da
empresa”
(IUDÍCIBUS; MARTINS e GELBCKE, 2000, p. 398). Essas
características podem ser encontradas nos relatórios quando
elaborados
de
acordo
com
as
Instruções
da
CVM
e
obrigatoriedade da Lei 6.404/76.
Para auxiliar as empresas na elaboração e publicação do
Relatório da Administração, a Comissão de Valores Mobiliários
recomenda alguns itens que atenderiam às necessidades
informativas dos usuários e que já estão sendo utilizados em
algumas empresas.
109
Dentre eles, podem ser destacados: a descrição dos negócios,
produtos e serviços; comentários sobre a conjuntura econômica
geral;
recursos
humanos;
investimentos;
pesquisa
e
desenvolvimento; novos produtos e serviços; proteção ao meio
ambiente;
reformulações
administrativas;
investimentos
em
controladas e coligadas; direitos dos acionistas e dados de
mercado; perspectivas e planos para o exercício em curso e os
futuros. A empresa não precisa limitar-se a estes itens, pode usar
de criatividade e bom senso para produzir o relatório (COMISSÃO
DE VALORES MOBILIÁRIOS).
No Parecer de Orientação nº 15, de 28/12/1987, a Comissão de
Valores Mobiliários - CVM - estabelece as informações que,
necessariamente
deverão
estar
contidas
no
Relatório
da
Administração, dentre elas: (a) aquisição de debêntures de sua
própria emissão (art. 55, § 2º); (b) política de reinvestimento de
lucros e distribuição de dividendos; (c) constantes de acordo de
acionistas (art. 118, § 5º); (d) negócios sociais e principais fatos
administrativos ocorridos no exercício (art. 133, Inciso I); (e)
relação dos investimentos em sociedades coligadas e/ou
controladas evidenciando as modificações ocorridas durante o
exercício (art. 243).
110
No Brasil, o Relatório da Administração é considerado insuficiente
em relação à qualidade das informações, pois poucas são as
empresas que publicam o relatório, explorando toda a sua
capacidade informativa. Grande parte das empresas publica
apenas o que é exigido em Lei, outras publicam apenas um
comentário curto da Diretoria, informando sobre a apresentação
dos
demonstrativos
contábeis
como
exigência
legal
e
submetendo-os à análise dos acionistas, há ainda, algumas
empresas que utilizam o relatório para autopromoção da
administração, o que não condiz com as recomendações legais
(IUDÍCIBUS; MARTINS e GELBCKE, 2000).
De acordo com a pesquisa que foi feita neste trabalho, verificouse que o Relatório da Administração permite a evidenciação de
informações
sociais
e
os
índices
econômico-financeiros,
maximizando as informações geradas pela empresa e atendendo
aos interesses dos usuários externos.
2.5
BALANÇO SOCIAL
“O Balanço Social busca demonstrar o grau de responsabilidade
social assumido pela empresa e assim prestar contas à sociedade
111
pelo uso do patrimônio público, constituído dos recursos naturais,
humanos e o direito de conviver e usufruir dos benefícios da
sociedade em que atua” (IUDÍCIBUS; MARTINS e GELBECKE,
2000, p. 31).
As empresas possuem um compromisso social com a sociedade,
não devendo mais almejar somente o lucro. É necessário que
exista um relacionamento de respeito no aspecto social e também
o interesse na preservação do meio ambiente, pois as empresas
tornaram-se
peças
fundamentais
para
o
desenvolvimento
econômico e social da nação.
Os investidores, fornecedores, financiadores, consumidores,
empregados, o estado e o meio ambiente são os principais
componentes
dessa
sociedade
que
procuram
absorver
informações sobre a posição da empresa tanto sobre aspecto
econômico quanto sócio-ambiental (DE LUCA, 1998).
Na sociedade existe uma preocupação crescente de
se analisar a empresa como uma instituição social e
não somente como uma instituição econômica. Isto
porque a sociedade vem premiando aquelas
empresas que tomam iniciativas de desenvolver
atividades
sociais
relacionadas
com
seus
empregados e com a sociedade e de participar do
processo de preservação do meio ambiente onde ela
está inserida (DE LUCA, 1998, p.18).
112
Para
que
isso
aconteça,
a
empresa
precisa
que
seus
demonstrativos sejam transparentes e tenham intuito de
fornecer informações à sociedade sobre a utilização
de recursos humanos, naturais, financeiros,
tecnológicos e outros que pertencem à própria
sociedade (direta ou indiretamente) é o mínimo que
as empresas devem fazer para merecer o respeito e
a credibilidade necessários a continuidade de suas
operações (DE LUCA, 1998, p. 19).
[...] Numa abordagem social, o objetivo da
contabilidade é fornecer informações para permitir
aos seus usuários uma avaliação dos efeitos das
atividades da empresa sobre a sociedade onde ela
está inserida (DE LUCA, 1998, p.21)
Os usuários precisam e procuram, nos Demonstrativos contábeis
publicados,
informações
sociais
sobre
a
empresa.
A
contabilidade, portanto, procurando atender aos anseios destes
usuários, fornece o Balanço Social como instrumento de
evidenciação das informações sociais. Esse demonstrativo ainda
não é obrigatório, mas a sua publicação pode facilitar a distinção
entre empresas que se preocupam com o aspecto social e
ambiental e aquelas que não se preocupam ou que por não se
preocuparem
em
melhorar
a
evidenciação
dos
seus
demonstrativos, não publicam as suas atividades neste aspecto.
Não percebendo assim, a importância que a sociedade atribui
atualmente às empresas que tem responsabilidade social. A
sociedade só terá conhecimento se a empresa divulgar os fatos.
113
Segundo Júnior e Begalli (2002, p. 272), no Congresso Nacional
encontra-se em trâmite um projeto de lei que obrigaria as
empresas com mais de 100 empregados a divulgar juntamente
com as outras peças contábeis o Balanço Social. O que não
impede que as empresas com menos de empregados também
publiquem. Este Balanço Social deverá conter, entre outras,
informações sobre a situação dos empregados na empresa,
investimentos na comunidade e no meio ambiente.
2.6
ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
“Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das
demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado
aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa“
(JÚNIOR e BEGALLI, 2002, p. 235). Segundo os mesmos
autores, o objetivo da análise das informações econômicofinanceira, por meio de índices, é a elaboração de informações
úteis aos usuários. Não é necessária a utilização de uma grande
quantidade de índices, mas sim, a escolha daqueles que mais
atenderão aos interessados.
114
Os índices propostos neste trabalho são os mais comuns, os de
mais fácil interpretação e os mais utilizados. São eles: Estrutura
de capital, Liquidez e Rentabilidade. Os índices de Liquidez e
Estrutura de Capital indicam a situação financeira da empresa e
utilizam, principalmente, o Balanço Patrimonial como fonte de
informações. Os índices de Rentabilidade indicam a situação
econômica e utilizam, principalmente, a Demonstração de
Resultado e o Balanço Patrimonial como fontes das informações.
Matarazzo (1998) e Iudícibus (1998), dentre outros autores
clássicos, apresentam um conjunto de indicadores, considerado
ideal para demonstrar a situação econômico-financeira de uma
empresa.
3 METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido utilizando-se de artigos, livros,
jornais, revistas científicas, publicações oficiais e internet sobre o
tema abordado. A pesquisa classifica-se como documental e
bibliográfica, “a documental usa materiais que ainda não foram
explorados, a bibliográfica baseia-se nas contribuições dos
diversos autores que já abordaram a questão” (NASCIMENTO,
2002, p. 81).
115
3.1 COLETA DE DADOS
A coleta de dados se deu pela escolha de demonstrações
contábeis de sociedades anônimas, do setor industrial, no Estado
do Espírito Santo, publicadas em 2003, referentes ao exercício de
2002.
Para escolha das empresas, foram utilizados os dados da Revista
150 Maiores Empresas do Espírito Santo, edição 2002. Dentre as
150 empresas, 53 são do setor industrial, e destas, apenas 39 são
sociedades anônimas. Com caráter exploratório, a pesquisa foi
realizada com 14 das 39 empresas sociedades anônimas (36%).
Posteriormente, foram coletados os demonstrativos contábeis de
duas empresas industriais premiadas, em âmbito nacional, com o
Troféu Transparência da ANEFAC (Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) –
FIPECAFI (Fundação e Instituto de Pesquisas de Contabilidade,
Atuarias
e
Finanças)
–
SERASA
(Empresa
nacional
de
informações comerciais). Participaram, da seleção desse prêmio,
as 500 Maiores e Melhores Empresas privadas e as 50 maiores
estatais do Brasil. A premiação já é conferida há seis anos, tendo
sido a EMBRAER – Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A a
116
vencedora de 2001 e a Companhia vale do Rio Doce vencedora
em 2002, com os demonstrativos contábeis respectivos aos anos
de 2000 e 2001. Essas empresas (EMBRAER e CVRD) serviram
de parâmetros de comparação.
As empresas participantes do prêmio poderiam atuar no setor de
comércio, indústria e serviços, devendo ter publicado as suas
demonstrações conforme exigência da Lei 6.404/76. O prêmio foi
instituído com o intuito de premiar aquelas empresas que melhor
publicam seus demonstrativos com informações transparentes,
adequadas
aos
Princípios
contábeis
e
que
evidenciam
informações relevantes aos seus usuários. Informações sobre o
prêmio encontram-se disponíveis na homepage da ANEFAC
(www.anefac.com.br).
3.2 TRATAMENTO DOS DADOS
Após coleta de dados, as demonstrações contábeis foram
analisadas
e
foram
destacadas
informações
relevantes,
evidenciadas no Relatório da Administração e em Notas
Explicativas, sobre os aspectos sócio-ambiental e econômicofinanceiros. Em Notas Explicativas foram considerados os
117
aspectos econômico-financeiros e nos demonstrativos adicionais,
os aspectos sócio-ambientais. A partir desses destaques foi
possível responder ao problema da pesquisa.
3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
A análise e a interpretação transformaram dados em informações.
Nessa análise, fez-se a comparação entre as informações obtidas
da EMBRAER e CVRD com as empresas Estado do Espírito
Santo.
Vale
ressaltar
que,
todas
as
análises
realizadas
nos
demonstrativos não objetivaram verificar a fidedignidade dos
registros, pois acredita-se que as empresas pesquisadas sejam
detentoras de credibilidade e fieis as exigências legais, com
contadores éticos e responsáveis. Também não se avaliou se os
índices, propostos na Análise e Interpretação dos dados são
eficazes, ou não, pois, objetivou-se propor a utilização de
indicadores de desempenho, sendo de livre escolha da empresa a
forma e quais índices refletiriam com maior transparência a
situação econômico-financeira da mesma.
118
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
A apresentação dos resultados da pesquisa inicia-se com a
apresentação das demonstrações contábeis da Companhia Vale
do Rio Doce e da Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A.
Conforme descrito, as duas empresas foram vencedoras do
Prêmio ANEFAC – FIPECAFI – SERASA, em 2002 e 2001,
respectivamente. A finalidade do prêmio é premiar empresas que
prezem pela transparência da informação contábil e pela
predisposição, em divulgar informações relevantes, adicionais às
exigidas em lei.
Sendo os objetivos deste trabalho voltados para os aspectos
sócio-ambientais e para a utilização de índices econômicos e
financeiros, faz-se necessário apresentar os itens evidenciados
por estas empresas que atendem, segundo os idealizadores e
organizadores do Prêmio, às necessidades de vários usuários.
4.1 COMPANHIA VALE DO RIO DOCE
A CVRD publicou, em 2002, os demonstrativos referentes ao ano
de 2001, que encontram-se disponíveis na homepage da
companhia (www.cvrd.com.br). As demonstrações contábeis são
119
compostas pelos seguintes itens: Relatório da Administração;
Comentários
da
Administração;
Demonstrações
Contábeis
(consolidado); Notas Explicativas; Balanço Social; Demonstração
do Valor Adicionado; Demonstração do Fluxo de Caixa.
Analisando essas peças contábeis é possível identificar as
informações consideradas como relevantes e que atendem os
objetivos propostos neste trabalho.
4.1.1 ASPECTOS ECONÔMICO-FINANCEIROS
No Relatório da Administração, a CVRD fornece aos usuários
informações
sobre sua estratégia de negócios, definição do
modelo de governança corporativa, definição do seu modelo de
gestão,
estabelecimento
de
plano
de
remuneração
para
executivos, compra e venda de ativos, os investimentos em
controladas, política de distribuição e reinvestimento de lucros,
captação de recursos, venda de ações e recordes de vendas.
Além destas, no relatório, também, encontra-se a utilização do
índice econômico EBTIDA, relação da situação econômica e
financeira da empresa com a conjuntura econômica nacional,
avaliação do endividamento no curto e no longo prazo e
comparação percentual e quantitativa com o ano anterior, das
120
receitas, dos lucros, do retorno sobre o patrimônio líquido e das
exportações.
Em Notas Explicativas, especifica-se, detalhadamente, quais as
empresas controladas, coligadas e com participações societárias.
4.1.2 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS
Após o Relatório da Administração, a empresa apresenta as
demonstrações contábeis, disponibilizando, além destas, o
Balanço Social, não obrigatório por lei, como informação
adicional. Neste Balanço Social, a companhia fornece uma
relação das despesas com funcionários, do percentual dessas
despesas sobre a folha de pagamento bruta e sobre o
faturamento bruto (venda de produtos e serviços). As despesas
especificadas no Balanço Social são: alimentação; encargos
sociais compulsórios; previdência privada; saúde; educação;
participação nos lucros ou resultados; outros benefícios.
São informados, também, o número de funcionários admitidos e o
saldo dos funcionários no final do exercício. A CVRD evidencia
nesse balanço as despesas com projetos e ações sociais e
ambientais.
121
Sobre o aspecto social, em Notas Explicativas evidencia-se o
plano de benefícios previdenciários para os funcionários com
parcela de contribuição e patrocínio da CVRD.
Tendo a CVRD, como atividades principais, a extração, o
beneficiamento e a venda de minério de ferro, atividades estas
que impactam sobre o meio ambiente, a companhia evidencia os
gastos com reflorestamento (evidenciados em notas explicativas
no imobilizado), gerenciando suas relações com o meio ambiente,
de acordo com a norma ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental
- Especificação e diretrizes para uso), tentando minimizar o
impacto ambiental de suas operações, provisionando, também, no
seu Balanço Patrimonial a provisão para passivos ambientais
(Impactos ambientais – reais ou potenciais – produzidos no
passado que não foram resolvidos).
4.2 EMBRAER – EMPRESA BRASILEIRA DE AERONÁUTICA
S/A
A EMBRAER publicou, em 2001, os demonstrativos referentes ao
ano de 2000, que, encontram-se disponíveis na homepage da
Comissão de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br). Para a
122
pesquisa, foram utilizadas as seguintes peças contábeis: Relatório
da
Administração;
Balanço
Patrimonial;
Demonstração
do
Resultado do Exercício; Notas Explicativas.
4.2.1 ASPECTOS ECONÔMICO-FINANCEIROS
O Relatório da Administração da EMBRAER é detalhado e
fornece, aos usuários, informações textuais e gráficos de fácil
interpretação sobre a situação econômica e financeira da
empresa. Foram feitas comparações quantitativas, entre a Receita
Líquida, o Lucro Líquido e as exportações do ano corrente com o
anterior. Além de uma descrição das vendas, dos produtos
fabricados, da representação destes para com o faturamento total
e a boa aceitação dos produtos pelo mercado.
Destacam-se, também, as seguintes informações: Apresentação
de novos produtos, detalhando as suas características; Ampliação
de
construção
de
novas
fábricas;
Principais
clientes
e
encomendas; Satisfação do cliente; Inclusão de ações da
empresa em bolsas de valores internacionais; Descrição dos
negócios da empresa; Expansão dos negócios e do mercado por
meio de alianças estratégicas e novas tecnologias; Investimentos
em
pesquisa
e
desenvolvimento
Demonstração do Valor Adicionado.
123
de
novos
produtos;
A empresa evidencia seus índices econômicos e financeiros
utilizando-se de uma tabela que contém: endividamento, retorno
sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio, índice de liquidez
corrente e giro de estoques. Todos estes índices são comparados
com o exercício anterior.
No Relatório da Administração, também, são evidenciadas
informações sobre os projetos sociais desenvolvidos pela
empresa, dados sobre a ampliação do quadro de funcionários,
número
total
de
funcionários,
receita
por
empregado,
remuneração global dos empregados (comparando com anos
anteriores), e ainda, programas de capacitação profissional,
motivação, aperfeiçoamento e atualização técnica, formação de
novos operários (ingresso de jovens para o primeiro emprego),
captação de profissionais, recém formados, para treinamento e
possível inclusão no quadro de funcionários da empresa.
A EMBRAER, em parceria com outras empresas, desenvolve
programas para melhoria continua da saúde e qualidade de vida
dos seus funcionários, dentro e fora do trabalho. A empresa
demonstra preocupação com: prevenção e recuperação de
dependência
química;
campanhas
de
saúde,
hipertensão,
tabagismo, obesidade, diabete, colesterol e atividade física;
124
campanha da vitalidade: postura corporal, stress, alimentação
saudável e exercícios físicos; campanhas de doação de sangue.
A empresa realiza, também, contribuições financeiras a entidades
que prestam serviços à sociedade. Evidenciando, em seu
Relatório da Administração, quais são as entidades beneficiadas e
qual a atividade desenvolvida por cada uma delas.
A empresa evidencia, também os benefícios concedidos aos
empregados, tais como: alimentação; seguro de vida em grupo;
transporte;
despesas
médicas
e
farmacêuticas;
plano
de
previdência privada (complementar ao INSS onde parte é pago
pela empresa); saúde; participação nos lucros e resultados.
4.2.2 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS
No Relatório da Administração, também, são evidenciadas
informações sobre os projetos ambientais desenvolvidos pela
empresa. Entre eles: Programa de prevenção e monitoramento
em todas as áreas de produção; Projeto de Gestão Ambiental ISO
14000; Prevenção da poluição atmosférica; Manutenção da
125
qualidade da água; Coleta e tratamento de todos os resíduos
sólidos e lixo orgânico produzidos pela empresa.
4.3 INDÚSTRIAS DO ESPÍRITO SANTO
Foram analisadas, Demonstrações Contábeis de 14 sociedades
anônimas, classificadas em 2002, segundo a Revista 150 Maiores
Empresas do Espírito Santo entre as 53 maiores empresas
industriais do estado.
As empresas analisadas foram: Aracruz Celulose S/A; Brametal
Brandão
Metalúrgica
S/A;
Carboderivados
S/A;
Contek
Engenharia S/A; CST- Companhia Siderúrgica de Tubarão;
Fibrasa S/A Embalagens; Frisa Frigorífico Rio Doce S/A;
Chocolates Garoto S/A; Itabrasco – Companhia Ítalo-Brasileira de
Pelotização; Metalosa Indústria Metalúrgica S/A; Ornato S/A
Industrial de Pisos e Azulejos; Rimo S/A Indústria e Comércio; S.
A. A Gazeta; TN Industrial S/A.
126
4.3.1 EMPRESAS
QUE
NÃO
DIVULGAM INFORMAÇÕES SÓCIO-
AMBIENTAIS E ÍNDICES ECONÔMICO- FINANCEIROS
Nas Demonstrações Contábeis das empresas, Brametal Brandão Metalúrgica S/A, TN Industrial S/A, Rimo S/A Indústria e
Comércio, Ornato S/A Industrial de Pisos e Azulejos, Frisa –
Frigorífico Rio Doce S/A, Carboderivados S/A, não foi evidenciada
nenhuma informação sobre os aspectos sócio-ambientais e
índices econômico-financeiros.
O Relatório da Administração ou Relatório da Diretoria é
apresentado em, no máximo, 10 linhas, com a finalidade de
submeter às Demonstrações Contábeis e demais peças contábeis
à apreciação dos acionistas, divulgando a política da empresa.
As empresas Contek Engenharia S/A e Fibrasa S/A Embalagens
não divulgam o Relatório da Administração. As Notas explicativas,
dessas empresas, limitam-se a alguns itens das recomendações
da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei 6.404/76 (art. 176).
127
4.3.2 EMPRESAS QUE DIVULGAM INFORMAÇÕES SOCIAIS E/OU ÍNDICES
ECONÔMICO-FINANCEIROS
A Metalosa Indústria Metalúrgica S/A, nas Notas Explicativas,
evidencia a participação de empregados sobre seus lucros. Essa
informação não é detalhada, sendo difícil entender qual é o
procedimento utilizado para a participação. No Relatório da
Administração, apenas submete as Demonstrações Contábeis e
demais peças à apreciação dos acionistas.
A empresa Chocolates Garoto S/A utiliza o Relatório da
Administração da mesma forma que a empresa anterior.
Entretanto, em Notas Explicativas, observa-se a evidenciação de
um item sobre o plano de complementação da aposentadoria para
empregados, patrocinado pela empresa. O plano é instituído pela
Fundação Garoto de Previdência Social que, também, institui
programas assistenciais de natureza social e financeira.
A empresa S.A. A Gazeta, no Relatório da Administração, revisa
os acontecimentos do ano que influenciaram na situação
econômica e financeira da empresa, apresentando investimentos
em
novos
equipamentos
adquiridos
para
melhorar
a
produtividade. Sob o aspecto social, a empresa, visando reduzir
128
os custos operacionais, vem demitindo funcionários. O resultado
operacional da S.A. A Gazeta é medido através do EBITDA,
evidenciado por meio de gráfico, no Relatório da Administração.
As Notas explicativas, dessa empresa, limita-se a alguns itens das
recomendações da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei
6.404/76 (art. 176).
4.3.3 EMPRESAS
QUE
DIVULGAM INFORMAÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS
E
ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
A empresa Itabrasco – Companhia Ítalo-Brasileira de Pelotização
informa, no Relatório da Administração, a receita de vendas, o
lucro líquido e o EBTIDA do exercício, comparando-os com o
exercício anterior.
Além disso, informa recertificação da ISO
9001, e a unificação de procedimentos comuns a ISO 9000 e ISO
14000.
As ações ambientais da Itabrasco são discriminadas, por
software, para gerenciamento de resíduos, melhoria na central de
armazenamento de resíduos, monitoramento da qualidade do ar,
monitoramento de efluentes, estudos de análises epidemiológicas
do impacto da poluição do ar na saúde da população.
129
No conteúdo das Notas Explicativas da Itabrasco, verifica-se a
existência do item sobre um plano de complementação de
aposentadoria, onde a empresa efetua contribuições equivalentes
às de seus funcionários participantes do plano.
No entanto, as empresas, que por meio das Demonstrações
Contábeis, mais fatos evidenciaram foram: CST – Companhia
Siderúrgica de Tubarão e Aracruz Celulose.
A CST divide o seu Relatório da Administração em tópicos,
evidenciando os assuntos que mais se destacaram no ano,
conforme apresentado a seguir: (1) Introdução: ampliação dos
negócios, aumento da capacidade produtiva, histórico dos
acontecimentos importantes no ano; (2) Performance operacional:
novos produtos e novas tecnologias, vendas ao exterior,
atualização da ISO 9001, novos equipamentos, auto-suficiência
em energia elétrica contribuindo para a melhoria das condições
ambientais; (3) Investimentos: programas de aperfeiçoamento
profissional dos empregados, novas empresas; (4) Desempenho
econômico-financeiro: crescimento do EBITDA, endividamento da
empresa; (5) Mercado de capitais e retorno aos acionistas; (6)
Governança corporativa: preocupação com a melhoria da
divulgação das informações financeiras e não financeiras; (7)
130
Balanço Social: Indicadores laborais: alimentação, previdência
privada, saúde, educação, participação nos lucros ou resultados;
Indicadores sociais: investimento em cidadania, ações sociais,
projetos em meio ambiente; Indicadores do corpo funcional:
número de empregados admitidos e saldo no final do ano.
Além destas informações, destacam-se, também, indicações de
projetos para segurança no trabalho, programas de orientação e
apoio procurando melhorar a qualidade de vida do funcionário e
de seus dependentes, plano de participação nos resultados,
política salarial e benefícios, plano de previdência complementar
com assistência médica, farmacêutica e odontológica, programa
de apoio à escolarização com escola dentro da empresa e
Demonstração do Valor Adicionado.
São
destacadas
as
ações
para
o
meio-ambiente:
Reaproveitamento de resíduos industriais; Empresa certificada
com a ISO 14001; Tratamento de água; Utilização dos gases
expelidos pela fabricação para produção de energia elétrica,
reduzindo os impactos ambientais.
No Relatório da Administração da Aracruz Celulose S/A,
apresenta-se a empresa, os produtos, a capacidade de produção
e,
posteriormente,
apresentam-se
131
algumas
informações
relevantes sobre as estratégias e resultados da empresa. As
informações podem ser agrupadas conforme segue: Cenário
internacional: relação entre a oferta e a demanda dos produtos e
desaceleração do crescimento; Visão estratégica: objetivo da
empresa, instalação novas unidades de produção, atualização
dos sistemas de informação, alinhamento das metas individuais e
setoriais às estratégias corporativas; Desempenho financeiro:
comparação do lucro líquido, da receita operacional líquida, do
custo do produto vendido e das despesas operacionais e
financeiras do ano anterior e atual, desvalorização do real frente
ao dólar, indicação do EBITDA, alocação dos investimentos de
capital, fluxo de caixa e o endividamento; Processos internos:
melhoria no transporte de produtos, terceirização das atividades
de manutenção, trabalho de melhoramento genético do eucalipto
e novas tecnologias; Gestão de pessoas: sistema formal de
acompanhamento do desenvolvimento dos empregados em nível
operacional e administrativo, redução do número de acidentes de
trabalho, programa de recrutamento interno com ascensão
profissional, contratação de mão de obra local, programa
objetivando elevar o nível de escolaridade dos empregados,
estímulo à prática da atividade física pelo empregado com
reembolso de 50% dos gastos do empregado, programa para
reabilitar
profissionais que tiveram sua capacidade original de
132
trabalho reduzida, ajuda psicológica e de medicamentos a
funcionários e familiares que desejam largar o tabagismo; Ações
para a comunidade: apoio a programas sociais na região
de
atuação da empresa, acordo com comunidades indígenas,
visando auxílio financeiro e obras de recuperação para rios e
reflorestamento;
Gestão
ambiental:
aprimoração
dos
procedimentos de manejo florestal, visando reduzir os impactos
de suas atividades sobre o meio ambiente, obtenção de licenças
ambientais.
Em Notas Explicativas, a empresa evidencia uma contribuição
percentual sobre a folha de pagamento para o Plano de
Previdência Privada dos funcionários, o Fluxo de Caixa e a
Demonstração
do
Valor
Adicionado
da
empresa,
como
demonstrativos adicionais.
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Após análise da Companhia Vale do Rio Doce e da EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronáutica, verificou-se que as mesmas
atendem, plenamente, os objetivos gerais e específicos deste
trabalho. Para evidenciar as informações sócio-ambientais e
133
econômico-financeiras, as duas empresas optaram por fazê-los,
quase na sua totalidade, no Relatório da Administração.
No aspecto econômico-financeiro, a CVRD poderia ter utilizado
outros índices econômico-financeiros, além do EBTIDA e da
simples informação sobre o endividamento a curto e longo prazo,
contudo, no aspecto sócio-ambiental, a publicação do Balanço
Social enriqueceu as informações fornecidas.
A EMBRAER atende aos objetivos gerais e, principalmente, aos
específicos, com a utilização de gráficos, tabelas e textos sobre
os aspectos econômico-financeiros e sócio-ambientais.
Conforme o Gráfico 1, das empresas do Espírito Santo, 57,14%
não apresentam as evidenciações propostas nos objetivos deste
trabalho. Algumas empresas pesquisadas (27,14%) chegam a
publicar alguma informação sobre os aspectos sócio-ambientais
e/ou índices econômico-financeiros, mas, as informações não
estão transparentes ou são apenas itens das Notas Explicativas,
sem
divulgação
necessária
para
possibilitar e
facilitar a
interpretação e compreensão do usuário. Além disso, quando
divulgam índices econômico-financeiros o fazem por gráfico sem
maiores informações.
134
Destacam-se, então, as empresas correspondentes a 21,43% do
total da amostra, que evidenciam aspectos sócio-ambientais e
índices econômico-financeiros, procurando atender aos interesses
dos usuários externos.
Por fim, comparando os resultados obtidos entre as empresas do
Espírito Santo, com a CVRD e a EMBRAER constatou-se, então,
a necessidade de melhorias nas publicações dos Demonstrativos
Contábeis efetuados pelas empresas capixabas.
21,43
57,14
21,43
Nâo divulgam
Sociais e /ou Índice s
Sociais , am bie ntais e Índice s
Fonte: Pesquisa própria.
Gráfico 1- Percentual da existência de informações propostas
Propõe-se, neste trabalho, que as empresas procurem evidenciar
os
aspectos
sócio-ambientais
e
econômico-financeiros
no
Relatório da Administração, por meio de tópicos separados,
descrevendo as ações sociais da empresa, principalmente, dados
relativos aos projetos desenvolvidos em prol do funcionário, da
135
sociedade e do meio ambiente, indicando valores atribuídos às
ações e o percentual desses valores sobre o faturamento da
empresa.
Os índices econômico-financeiros podem ser evidenciados por
meio de tabelas, com valores e percentuais para o exercício atual
e o anterior. Os índices devem ser escolhidos pela empresa,
dentro daqueles mais conhecidos pelos usuários externos e que
melhor evidenciem a realidade econômico-financeira da mesma.
Evidenciar, em Notas Explicativas, essas informações é possível,
pode-se utilizar quadros e demonstrativos, como parte integrante
dessas notas. Entretanto, quando se pretende atingir um grande
número de usuários, com grau de conhecimento diferente, é
necessário que estes sejam atraídos para a leitura. Os usuários
geralmente procuram, em Notas Explicativas, somente as
informações
que
esclareçam
dúvidas
sobre
itens
dos
demonstrativos, não analisando-as quando não têm dúvida ou
questionamentos sobre os registros. Além disso, as notas são
publicadas, na maioria das vezes, no final dos demonstrativos, o
que pode não despertar o interesse do usuário.
136
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos propostos neste trabalho foram alcançados. Com
base nas proxies utilizadas, foi possível identificar e quantificar o
percentual das empresas capixabas que se preocupam com a
qualidade da evidenciação e as que não se preocupam. Este
trabalho, portanto, contribui para despertar as empresas quanto à
necessidade de atualização, de pesquisas e da busca constante
de melhorias para atender as exigências dos usuários externos.
No entanto, apresenta limitações, uma vez que, não investigou o
outro lado envolvido, ou seja, o usuário externo.
A publicação das informações, no Relatório da Administração, é
uma das respostas ao problema da pesquisa. Este relatório
encontra-se no início da publicação dos demonstrativos e tem a
capacidade de despertar o interesse do usuário em conhecer
mais sobre a empresa. Entretanto, é necessário que as
informações divulgadas no Relatório da Administração, não sejam
tratadas como propagandas da empresa, sem veracidade e com a
incidência de viés. É primordial que, o relatório seja utilizado com
ética, responsabilidade e transparência pelos profissionais de
contabilidade.
137
Há grande dificuldade, para os contadores e empresas, em saber
qual o tipo e a forma de melhor evidenciar essas informações,
adequando-as à realidade brasileira. Neste trabalho, portanto,
propõe-se uma forma de melhorar a evidenciação, no que tange
os aspectos sócio-ambientais e econômico-financeiros, mas, o
estudo desse processo de comunicação entre a empresa e o
usuário externo e a qualidade da evidenciação, ainda, requer
outras pesquisas e estudos. É necessário identificar qual o
processo de comunicação que é mais bem aceito pelos usuários,
visto que, estes têm diferentes graus de conhecimentos e
diferentes necessidades.
Espera-se que, este trabalho, desperte e conscientize as
empresas de que, além de existir uma necessidade intensa por
novas informações, é necessário que as mesmas desenvolvam
projetos e ações para que estes possam ser evidenciados.
7 REFERÊNCIAS
150 Maiores Empresas do Espírito Santo, Edição 2002, Vitória, n 6, p. 129.
AQUINO, Wagner de, SANTANA, Antonio Carlos de. Evidenciação. São
Paulo, Caderno de Estudos da FIPECAFI, jun/1992.
138
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Troféu
transparência.
Disponível
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<http://www.anefac.com.Br/eventos/transp_2002.htm>. Acesso em: 20 out.
2002.
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demonstrações
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Disponível
em:
<http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 30 abr. 2003.
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IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
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Elaboração
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MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem
básica e gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
NASCIMENTO, Dinalva Melo do. Metodologia do trabalho científico: teoria e
prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
139
ASPECTOS PSICOLÓGICOS Y
SOCIOLINGÜÍSTICOS VIVIDOS POR UN
HABLANTE EN EL DESARROLLO DEL
BILINGÜISMO
RAASCH, Leida
1
RESUMEN
El bilingüismo es una característica del mundo actual, necesario por razones
múltiplas, su relevancia está en los aspectos económicos, sociales, políticos,
además de los culturales. Podemos definir bilingüismo como la práctica de
utilizar dos lenguas de forma alternada y la persona que lo hace de bilingüe. No
es tarea fácil estudiar el cerebro bilingüe, hasta ahora esto sólo fue posible a
través de estudios de recuperación de daños cerebrales y la conclusión es que
las dos lenguas no se localizan en regiones diferentes sino los aspectos
neurológicos suelen ser diferentes. La adquisición de la segunda lengua sufre
influjo, entre otros, de la inteligencia, la edad, las aptitudes lingüísticas, la
preeficiencia de la lengua nativa y la motivación del hablante. Uno de los
factores socio psicológicos relevantes para la adquisición de la segunda lengua
es la actitud del aprendiz frente la comunidad de llegada y su cultura, si ésta es
atractiva para él, el aprendizaje será tarea sencilla. Otro factor es la edad,
llegamos a la conclusión que la afirmación de que los niños aprenden con más
facilidad la segunda lengua, no es de todo una verdad. Sino sólo algunos
aspectos de ésta, como la fonética, los factores cognitivos son personales y
hacen la diferencia. Para finalizar, los probables efectos negativos del
bilingüismo pueden ser minimizados a través de la aceptación sin
discriminación de las minorías étnicas, de su identidad, sus valores, el
ofrecimiento de oportunidades y la adquisición del “umbral” en ambas las
lenguas. Así tendremos una situación de aprendizaje favorable que capacite el
hablante para el desarrollo cognitivo positivo y el éxito de la adquisición de la
segunda lengua.
PALABRAS-CLAVES: Bilingüismo; Cerebro; Lengua; Contexto social; Edad;
Psicológico; Cognitivo: Personalidad.
1
Graduada em Historia, especialista em Historia do Brasil e Gestão Escolar, cursos de espanhol do
CCAA e UFES. Professora de Língua Espanhola e Literaturas de Língua Espanhola na Faculdade
Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN.
140
ABSTRACT
The acceptment of a foreign language is a characteristic of the actual wourd
and it`s necessary for many reasons. It`s importance is present in economic,
politics, social aspects, besides the cultural ones. We can define this
acceptment of a foreign language as the practice of using alternatety two
languages and the person who it is called bilingual. Studying the bilingual brain
is not an easy task. Until now it was only possible through recovery studies
about brain damage and the last conclusion was that the two languages don`t.
Localize at different brain areas, only the neulogical aspects are different. The
second language acquisition is influenced by intelligence, the age, the
linguistics ability, the efficiency the native language and the leaner`s motivation.
One of the most important social-psychologic elements to the second language
acquisition is the leaner`s attitude to the arrival com munity it`s culture, if it`s
attractive, the learning will be a simple and easy task. Another element is the
age, so we got the conclusion that the children acquire the second language
easier than the adults is not totally true. Only some its aspects, as the
phonetics, the cognizant elements are personal and do the difference.
Finishing, the probable negative effects of the acceptment of a foreign language
can be diminished through the acceptance without discrimination of the ethnic
minority, of its identity, its value, the opportunities offered and the acquisition of
“umbral” on both languages. So, We`ll have a favourable learning situation that
enables the learner to the positive cognizant development and the success of
the second language acquisition.
1 INTRODUCCIÓN
En la actualidad el bilingüismo es una necesidad, sea educativa,
económica, social o cultural. Así pues, pretendemos con este
trabajo conocer algunos aspectos relevantes vividos por un
hablante durante el desarrollo del bilingüismo en un proceso
natural de adquisición de la segunda lengua.
141
Para
empezar,
conceptuaremos
bilingüismo
enfocando
la
definición sociológica de Weinreich (1953) apud Appel y Muysken
(1996). Intentaremos contestar la pregunta ¿Quién puede ser
considerado bilingüe?
En segundo lugar nos proponemos conocer algunos rasgos del
funcionamiento del cerebro bilingüe y discutir las razones para
que un hablante adquiera la segunda lengua, para tanto,
empezaremos por los factores socio psicológicos, principalmente
la relación de la lengua con la adopción de la nueva cultura.
En tercer lugar investigaremos la veracidad de la afirmación: ¿Los
niños aprenden la segunda lengua con más facilidad que los
adultos?
Por último vamos analizar algunas consecuencias del bilingüismo
en su contexto social, a través de la definición social. Después
buscaremos sus efectos cognitivos y si ocurren también sobre la
personalidad.
Nuestro referencial teórico principal será Appel y Muysken (1996).
Creemos ofrecer, de esta manera, una visión general del
desarrollo de la adquisición de la segunda lengua.
142
2 EL CONCEPTO DE BILINGÜISMO
La relevancia del Bilingüismo adquiere, como es sabido, cada vez
más evidencia debido al volumen y cualidad de los procesos de
integración o desintegración política y económica transnacionales.
El considerable aumento de la movilidad personal voluntaria e
involuntaria, la presencia significativa de corrientes migratorias
temporales por motivos de estudio y trabajo, el proceso de
globalización comercial, industrial y financiero. La creciente
corriente de inmigración debida a falta de trabajo y riqueza de
hombres y mujeres de zonas pobres a zonas ricas, de África y
Asia, pongamos por caso, Europa y Estados Unidos. La acogida o
rechazo de refugiados políticos e inmigrantes y las cuestiones
relacionadas con los programas de integración cultural y
lingüística de dichos grupos en los países de recepción. El mayor
o menor grado de aceptación por parte de las sociedades
autóctonas receptoras de que hoy en día la composición
demográfica y cultural de sus poblaciones es menos homogénea
que antes, nos lleva a una serie de situaciones comunicativas que
hoy más que nunca tienen lugar a través de las fronteras
lingüísticas y culturales. Esta tensión entre lo propio y lo ajeno,
entre la globalidad y la localidad se expresa en muchas lenguas
143
de muchas formas distintas y desde perspectivas muy diversas y
suscita la necesidad del bilingüismo.
El bilingüismo es inevitablemente resultado del contacto de
lenguas. En general, se distinguen dos tipos de bilingüismo: el
bilingüismo social
y el individual. Normalmente, el bilingüismo
social se produce en sociedades en las que se hablan dos
lenguas o más. Así siendo, casi todas las sociedades son
bilingües, la diferencia está en el grado y la forma del bilingüismo.
Conceptuar bilingüismo individual es una tarea sencilla, pero
denominar una persona como bilingüe es complicado. Cuestiones
como ¿Hasta que punto una persona debe dominar las dos
lenguas para calificarla como bilingüe? ¿Debe demostrar fluidez
oral y escrita en ambas lenguas? ¿Qué criterios utilizar?
Muchas definiciones se han propuesto en la historia del estudio
del bilingüismo.
Elegimos dos variantes extremas,
según
Bloomfield (1933) apud Appel y Muysken (1996), un bilingüe debe
poseer “un dominio de dos o más lenguas igual que el de un
nativo”. Por otro lado, Macnamara (1969) apud Appel y Muysken
(1996)decía que una persona podía ser calificada como bilingüe
si, además de las habilidades en su propia lengua, tenía algunas
144
habilidades en una de las cuatro modalidades (hablar, entender,
escribir, leer) de la segunda lengua.
Esta definición psicológica presenta problemas, pues es imposible
hallar una forma general en la que se pueda medir la competencia
de un hablante. Así que, preferimos la definición sociológica de
Weinreich (1953) apud Appel y Muysken (1996) “la práctica de
utilizar dos lenguas de forma alternativa se denominará
bilingüismo y las personas implicadas bilingües”. De esta manera,
los hablantes pueden poseer habilidades lingüísticas muy
diversas y todas son aceptables. Cabe añadir que las personas
poseen habilidades y competencias distintas o inteligencias
múltiplas como defiende el psicólogo americano Howard Gardner
(1995), su idea central es la de que la inteligencia es compuesta
de varias competencias, sendo considerada un conjunto de
habilidades y talentos, por lo tanto es difícil establecer un estándar
para esta definición.
3 EL CEREBRO BILINGÜE
El
comportamiento
lingüístico
es
posible
gracias
a
una
competencia subyacente, los individuos poseen un conocimiento
145
implícito de las lenguas que hablan y/o entienden, o sea, la tienen
interiorizada. Planteamos una pregunta ¿Cómo interiorizan los
individuos bilingües sus dos lenguas? De pronto buscaremos la
respuesta a esta cuestión.
Hay poca información sobre este tema, como dijo Grosjean (1982)
apud Appel y Muysken (1996) “el cerebro bilingüe es aún, en gran
medida, tierra incógnita”. Los investigadores no tienen acceso
directo al cerebro o a la mente bilingüe, es necesario inferir las
posibles respuestas a partir de fenómenos observables y ellas
suelen ser ambiguas, además, distintos autores no coinciden en
sus afirmaciones, de esta forma
resulta difícil ofrecer un
panorama coherente del estado de la cuestión en este campo de
investigación.
Es una asunción general que el hemisferio izquierdo del cerebro
es el principal responsable del procesamiento lingüístico. Nuestro
intento es saber si las dos lenguas se localizan en la misma área
del cerebro y si comparten los mismos mecanismos neurológicos.
Las respuestas para la cuestión pueden ser encontradas casi
siempre en dos fuentes de información: en estudios sobre los
efectos lingüísticos de los daños cerebrales y en experimentos
psicolingüísticos que miden la implicación de los hemisferios
146
derecho e izquierdo. Pongo como ejemplo la Afasia que es el
nombre que reciben todos los tipos de trastornos del lenguaje y
del habla, resultantes del daño cerebral. Según Paradis (1977)
apud Appel y Muysken (1996) en alrededor de la mitad de los
casos estudiados los pacientes siguieron un
modelo de
recuperación simultánea, es decir que el progreso en una lengua
iba acompañado por el progreso en otra. Otro modelo es el de la
recuperación selectiva donde ocurre la recuperación de una o
algunas lenguas y no todas. El modelo simultáneo paralelo es el
más frecuente. Nair y Virmani (1973, citados en Paradis, 1977)
afirman que el 90% de 33 pacientes seleccionados al azar
mostraban el modelo paralelo.
Por mucho tiempo se ha pensado que el hemisferio izquierdo era
el
área
dominante
monolingües
del
procesamiento
lingüístico
de
los
y el derecho de los bilingües, estudios recientes
demostraron que esto no es verdadero, como ejemplo, Soares y
Grosjean (1981) citados por Appel y Muysken (1996) concluyeron
que los hablantes bilingües presentaron el mismo resultado en los
estudios que los monolingües.
Si por un lado era un asunción general que las lenguas no se
localizan en regiones completamente diferentes del cerebro
147
bilingüe, por otro es posible diferir aspectos neurológicos de la
organización lingüística. Tomemos una vez más Paradis (1981)
apud Appel y Muysken (1996) que distingue dos perspectivas. La
hipótesis del sistema extendido donde afirma que dos lenguas
forman un solo sistema y que se apoyan en los mismos
mecanismos neurológicos. La otra es la hipótesis del sistema
dual, sus defensores mantienen que las dos lenguas están
localizadas en la misma área, pero que cada lengua se apoya en
mecanismos neurológicos diferentes. Paradis (1981) propuso que
las lenguas se almacenan en un sistema único extendido, con
subsistemas independientes dentro de cada sistema formado por
cada lengua. La hipótesis de Paradis puede explicar los modelos
de recuperación paralelos y los no paralelos. Sin embargo, son
sólo hipótesis que necesitan más investigaciones.
4 LA ADQUISICIÓN DE SEGUNDAS LENGUAS
Aprender una segunda lengua es una necesidad para los grupos
minoritarios en la actual sociedad, además de su lengua
vernácula, un inmigrante turco aprende alemán, un aborigen en
Australia aprende inglés. Sólo los grupos mayoritarios poseen la
comodidad de seguir siendo monolingües.
148
Las personas difieren cuanto la forma de adquisición de la
segunda lengua, varios son los factores que influyen en el grado
de desarrollo de ésta, como la inteligencia, la edad y las aptitudes
lingüísticas.
Walqui
(2000)
agrega
otros
factores
que
corresponden a una segunda lengua, pongamos como ejemplo la
preeficiencia de la lengua nativa, el conocimiento de la segunda
lengua, las actitudes del hablante. Además, Walqui añade la
oposición de los amigos del estudiante, la presencia de un buen
modelo, el nivel de apoyo en casa y el deseo a aprenderla.
Estamos en
acuerdo con todos los factores mencionados,
sobretodo, el influjo de las personas cercanas al estudiante y la
motivación del estudiante son factores esenciales para el éxito de
la adquisición de la segunda lengua.
En seguida, trataremos de los factores socio psicológicos de la
adquisición de la segunda lengua y el problema de la edad. Cabe
agregar que no pretendemos un arraigamiento, sino empezar a
discutir el tema y proponer algunas respuestas.
4.1 LOS FACTORES SOCIO PSICOLÓGICOS
ADQUISICIÓN DE LA SEGUNDA LENGUA
DE
LA
Comprobado está a través de Gardner y Lumbert (1972) apud
Appel y Muysken (1996) entre otros, que la actitud del aprendiz
149
frente la comunidad que habla la lengua pretendida es
fundamental para el éxito del aprendizaje, la persona que objetiva
convertirse en miembro de la comunidad y no solamente tiene
motivación funcional, tipo comercial y educativa tendrá más
facilidad en la adquisición de la segunda lengua.
Gardner (1979) apud Appel y Muysken (1996) también afirma que
una competencia lingüística elevada favorece el contacto con
hablantes nativos de la lengua de llegada, que por su vez, mejora
el dominio de la lengua.
Otra cuestión interesante discutida por Appel y Muysken (1996),
trata de la relación entre adquisición de segunda lengua y
asimilación cultural. Según Gardner (1979) citado por Appel y
Muysken (1996): “La adopción de los principales valores
culturales de la comunidad de la lengua de llegada, es una
condición importante para realizar con éxito la adquisición de la
segunda lengua”.
Appel y Muysken están en contra cuando
afirman:
es evidente que las lenguas tienen relación
con las culturas debido a su uso habitual en
contextos culturales determinados, pero ello no
implica necesariamente que hablar una lengua
determinada signifique también adoptar la
cultura y el estilo de vida de la comunidad en la
150
que esa lengua es el medio dominante de
interacción. Si ése fuese el caso, los bilingües
competentes
serían
más
o
menos
esquizofrénicos, forzados, como estarían, a
vivir con dos sistemas de normas y valores que
podrían entrar en conflicto”. (APPEL y
MUYSKEN,1996, p.140)
Sin duda, no vemos la necesidad de adoptar la nueva cultura
como la suya, por ello, estamos de acuerdo con Appel y Muysken,
resaltando que para el éxito del aprendizaje, el aprendiz tendrá
que demostrar por lo menos simpatía por la cultura de la segunda
lengua, sin esta motivación el aprendizaje no será efectivo.
4.2 EL PROBLEMA DE LA EDAD
La creencia popular ha dicho que los niños aprenden la segunda
lengua con más facilidad, adquiriendo alto grado de competencia,
sin duda, esta es una generalización que necesita de diferentes
matizaciones.
A
seguir
expondremos
algunas
líneas
de
investigación sobre este tema.
Para empezar, no hay momento cierto o una edad apropiada para
el aprendizaje de la segunda lengua; o por lo menos mejor época.
Lenneberg (1967) apud Appel y Muysken (1996) creía que el
151
periodo adecuado tenía relación con la lateralización del cerebro,
o sea, con la especialización de funciones, y esto finalizaba con la
pubertad. Sin embargo, no es posible establecer con seguridad el
momento de la lateralización. Así pues, sólo sea posible
establecer el mejor momento para desarrollar habilidades como la
pronunciación.
En segundo lugar parece que los adultos aprenden más rápido,
mientras los niños adquieren mayor nivel de competencia.
En conclusión, el problema de la edad para la adquisición de la
segunda lengua no se encuentra en la edad propiamente dicha,
pero en factores cognitivos, afectivos y sociales. El desarrollo
cognitivo es diferente en aprendices de la misma edad, como
también la relación entre la comunidad de llegada y el aprendiz
que, generalmente, adopta un discurso menos complejo con los
adultos que con los niños; lo que facilita el aprendizaje por parte
de éstos.
152
5 EL BILINGÜISMO Y SUS CONSECUENCIAS
El bilingüismo presenta efectos positivos y negativos en los
individuos, según la investigación de Vildomec (1963) apud Appel
y Muysken (1996) los negativos son: inseguridad, timidez o
complejo de inferioridad y positivos: la ampliación de horizontes,
aumento de agilidad mental y mejor comprensión de la relatividad
de las cosas. Como veremos adelante estudios recientes
corroboran los aspectos positivos.
Podemos definir socialmente dos tipos de bilingüismo, a saber,
bilingüismo aditivo e sustractivo.
El bilingüismo aditivo ocurre
cuando el individuo agrega una segunda lengua a su repertorio
lingüístico sin ocasionar peligro a la primera, pongo como ejemplo
los americanos anglófonos que añaden el español. Por su vez, el
bilingüismo sustractivo ocurre cuando el aprendizaje de la
segunda lengua forma parte de un proceso de sustitución
lingüística, como los inmigrantes turcos en Alemania que
acabaron siendo más o menos competentes en alemán además
de su lengua materna.
153
Ante todo una verdad es latente, los efectos del bilingüismo sólo
pueden ser analizados en su contexto social, eso es lo que
haremos en seguida.
5.1 LOS EFECTOS COGNITIVOS
Analizando la bibliografía sobre los efectos cognitivos del
bilingüismo, Darcy (1953) apud Appel y Muysken (1996) concluyó
que: “los bilingües sufren un defecto lingüístico si lo medimos por
medio de pruebas verbales de inteligencia”. En contrapartida, Peal
y Lambert (1962) apud Appel y Muysken (1996) anunciaba una
distancia entre el bilingüismo y la inteligencia. Los resultados de
sus pesquisas apuntaron consecuencias intelectuales positivas
del bilingüismo y afirmaron
que los resultados negativos
anteriores ocurrieron debido a la debilidad metodológica. Desde
entonces muchos estudios corroboran los efectos positivos del
bilingüismo en relación a la inteligencia.
Otros estudiosos analizaron aspectos más específicos del
funcionamiento cognitivo, entre ellos Ianco – Worrell (1972) apud
Appel y Muysken (1996) que investigó la habilidad metalingüística
de los bilingües y concluyó que los niños bilingües se hallaban en
154
una fase más avanzada del desarrollo metalingüístico que los
monolingües.
Otro aspecto del funcionamiento cognitivo próximo a la conciencia
metalingüística,
que
aparece
con
frecuencia
en
las
investigaciones es la flexibilidad cognitiva y otra vez los bilingües
superaran los monolingües como comprobaron los estudios de
Cummins y Gulutsan (1974) apud Appel y Muysken (1996) en
investigaciones sobre pensamiento convergente y divergente La
explicación está según Peal y Lambert (1962) apud Appel y
Muysken (1996) en que los niños bilingües pueden mostrar
ventajas cognitivas porque son más hábiles para disociar los
conceptos de las palabras empleadas para verbalizar y esto
agiliza la mente. Así razonando, esta explicación sirve para los
resultados referentes a la conciencia metalingüística y a la
flexibilidad cognitiva.
A la vista de los diferentes efectos del bilingüismo aditivo y
sustractivo, es posible afirmar, que no es el bilingüismo en sí
mismo la causa de las ventajas y desventajas cognitivas, sino
factores sociales como la posición socioeconómica, el prestigio de
las dos lenguas y la situación educativa. Éstas determinan el
aprendizaje del bilingüe.
155
Para evitar los efectos negativos sobre los aspectos cognitivos y
que al mismo tiempo favorezcan los positivos, Cummins (1979)
apud Appel y Muysken (1996) ha formulado la Hipótesis del
umbral que afirma que los estudiantes deben adquirir el “umbral”
(conocimiento previo) en ambas lenguas que lo capacite para el
desarrollo cognitivo positivo.
5.2 LOS EFECTOS SOBRE LA PERSONALIDAD
Mucho se ha dicho sobre el efecto negativo que el bilingüismo
causa sobre el desarrollo de la personalidad, como si éstos
sufriesen conflictos de valores, identidad y visión del mundo, y se
les faltara una referencia. La ideología Nazi defendida por Adolf
Hitler en Alemania requería la “pureza” de la nación y uno de los
rasgos necesarios era la intensa relación entre un pueblo y su
lengua y esto ocasionó intensificación de la discriminación étnica.
Además de un sentimiento de superioridad de la nación alemana.
Sin embargo, estudios más sólidos han demostrado una vez más
que el bilingüismo no es una variable causal, sino sólo actúa
como mediador en la influencia de los factores sociales y
156
culturales que son los verdaderos responsables por los efectos
negativos en la personalidad como: el sentimiento de inferioridad
y la discriminación que sufren los grupos minoritarios. En
comunidades bilingües estables, no ocurre ese problema, pues se
ha establecido una identidad bilingüe o bicultural como los
canadienses anglófonos que han adquirido el francés como
segunda lengua, tanto sus lenguas como sus culturas tienen
prestigio social.
Para finalizar, hay una estrecha relación entre lengua y las formas
de pensar, esto fue comprobado por Ervin–Tripp (1967) a través
de varios experimentos donde las respuestas a situaciones
problemas estaban casi siempre relacionadas a valores culturales.
Por otro lado, el hecho de dominar una lengua no significa la
posesión de sus valores cultural es, como afirman Appel y
Muysken:
la relación entre lengua y cultura está enraizada en la
vida social del bilingüe y no refleja de forma
determinante en los aspectos cognitivos. […] Los
problemas sociales y emocionales de algunos bilingües
no estarán causados por su bilingüismo como
fenómeno cognitivo, sino por el contexto social.
(APPEL y MUYSKEN ,1996, p.171)
157
Ante lo estudiado, podemos concluir que el bilingüismo es un
facto, una necesidad en constante ampliación, sin duda, los
factores cognitivos necesitan de más investigaciones y el respeto
por el ser humano, principalmente para con las minorías étnicas
ayudará a disminuir los efectos negativos del bilingüismo.
Aún pulsa fuerte la utopía de una sociedad más justa como
solución, incluso para los problemas sociolingüísticos.
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Editorial Ariel S.A., 1996.
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Espasa Calpe, 1994.
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1987.
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normas recursos para la conversación. Madrid: Edelsa,1995.
MATTE BON, Francisco. Gramática comunicativa del español. Tomo II. De
la idea a la Lengua. Madrid: Difusión, 1992.
159
PROPOSIÇÃO, CORREÇÃO E
AVALIAÇÃO DE REDAÇÃO
Lourdes Aparecida de Souza Cezana
1
RESUMO
Dentre as tarefas que devem ser desempenhadas pelo professor de redação
está a proposição do título, bem como a distinção entre a correção e a
avaliação dos textos. A primeira dessas tarefas é uma operação importante, já
que o título deve ser claro, despertar o interesse do aluno, em suma, estar
repleto de características que o tornem um estímulo eficaz. Depois, verifica-se
que corrigir e avaliar são atividades comumente confundidas na prática escolar.
O presente artigo propõe-se a enfocar esses elementos, procurando enfatizar a
diversidade de objetivos e de métodos dessas atividades, dando sugestões
sobre a formulação de títulos, e, em seguida, mostrando a diferença de
metodologia aplicada na correção e na avaliação de textos, nos ensinos
fundamental e médio.
PALAVRAS-CHAVE: Relevância do título; Metodologia da correção; Metodologia
da avaliação.
ABSTRACT
Among the tasks that should be carried out by writing skills’ professor is the
proposition of the title, as well as the distinction between the correction and
evaluation of the texts. The first one of these tasks is an important operation,
since the title should be clear, to provoke the interest of the student, concisely,
be filled out with characteristics that turn it an effective incentive. Then, it is
verified that to correct and to evaluate are activities commonly confused in the
school pratice. This article intends to focus these elements, seeking to
emphasize the diversity of objectives and methods of these activities, giving
1
Pós-graduada em Língua Portuguesa pela Faculdade de Ciências e Letras Plínio Augusto do
Amaral – Amparo(SP) e professora do Instituto de Ensino Superior de Nova Venécia - INESV
160
suggestions about the composition of titles, and, soon afterwards, showing the
diference of the aplied methodology on the correction and evaluation of texts,
on the Elementary School and High School.
KEY WORDS: The title’s relevance; Correction and evaluation’s; Methodologies.
1 OS TÍTULOS DAS REDAÇÕES
Um grande desafio para nós, professores, é a escolha do título
das redações, uma vez que consideramos ser o título o estímulo à
escrita do aluno. Assim, devemos considerar os três ângulos
pelos quais os títulos podem ser analisados: sua estrutura formal,
gênero textual e tema. A escolha, dessa forma, deverá ser
planejada, pois dependerá dela a metodologia a ser aplicada e os
objetivos que devem ser alcançados.
1.1 ESTRUTURA FORMAL DOS TÍTULOS
Segundo sua formulação, os títulos podem ser classificados em
três categorias: o título-frase-de-efeito, o título-estímulo-aberto e o
título-roteiro.
O título-frase-de-efeito compreende as citações. Se observarmos
os temas de vestibulares, podemos concluir que se abusa de
161
citações nos títulos das redações. Porém, os nossos jovens têm
coragem de contradizer as afirmações de uma citação? Na
maioria das vezes, não, submetendo-se passivamente ao
princípio da autoridade,
e, ao invés de repensar clichês,
consideram-nos como verdadeiros, obedecendo ao prestígio do
autor.
O título-estímulo-aberto propõe um tema, generalizando-o. Nesse
caso, há o risco de se desenvolver um assunto de maneira
genérica, sem identificar uma determinada perspectiva. Por
exemplo: “A televisão”. Qual o ângulo? O que abordar? Nesse tipo
de título tem-se que identificar uma perspectiva a ser abordada, a
fim de evitar um desenvolvimento genérico.
O título-roteiro caracteriza-se pelo convite à reflexão, à pesquisa
do assunto, pois não só propõe o tema, como também oferece
uma série de pontos de vista, proporcionando a pauta do
desenvolvimento. Deve-se, no entanto, ter o cuidado de observar
a apresentação desse tipo de título, pois se já apresenta uma
linha de raciocínio ou direção definida, conseqüentemente, tolherá
o aluno.
162
Segundo Serafini (1998), deve-se trabalhar, principalmente, com
os alunos os títulos-roteiro e os títulos-estímulo-aberto, mas é
preciso diferencia-los. Se há um direcionamento em relação ao
desenvolvimento do texto nos primeiros, é oportuno usa-los numa
1ª fase; já os segundos, que apenas propõem o assunto, pedem
um trabalho maior de pesquisa de informação e organização de
idéias, adequados, dessa forma, para uma 2ª fase, em que o
aluno já esteja familiarizado com o ato de escrever.
Para os títulos que se referem à literatura é
importante graduar as dificuldades apresentando
propostas que as introduzam progressivamente.
Seguem-se algumas sugestões:
1. Comentário de um texto literário de modo
subjetivo, não-histórico e estrutural. Por exemplo:
“Comentar o poema ‘Itabira’, de Carlos Drummond
de Andrade, pensando também em como você
descreveria a sua cidade”.
2. Relato-resumo de um trecho de crítica literária.
Exemplo: “Apresentar as idéias principais do capítulo
‘O nacionalismo literário’, da obra Formação da
literatura brasileira, de Antonio Candido”.
3. Balanço geral de um período literário. Por
exemplo: ‘Apresentar as principais correntes poéticas
da literatura brasileira no século XX”.
4. Comentário sobre o aspecto histórico e literário de
um texto, apresentando também impressões
pessoais. Exemplo: “Comentar o poema ‘Marília de
Dirceu’, de Tomás Antonio Gonzaga, apontando
suas características pré-românticas. Acrescentar
algumas impressões pessoais” (SERAFINI, 1998,
p.105).
163
1.2 GÊNEROS TEXTUAIS DAS REDAÇÕES
Observa-se que, atualmente, a maior parte dos títulos estão
voltados para a elaboração de informações atuais, através do
texto dissertativo-argumentativo, todavia, é interessante que seja
proporcionado ao aluno a oportunidade de escrever nos diversos
gêneros
textuais, a
fim
de
explorar
a
sua
criatividade.
Normalmente, quando isso acontece, escrever passa a ser
sinônimo de diversão.
1.3 TEMA DAS REDAÇÕES
Observa-se uma incidência maior de temas voltados para a
contemporaneidade, porém, percebemos que, nessa seleção,
quase nunca são utilizados títulos ligados a problemas sobre os
quais os alunos tenham tido experiências diretas.
Percebe-se, portanto, que o ensino de redação na escola deve
proporcionar ao aluno o preparo adequado para desenvolver um
assunto, ou possibilidades de se preparar. Assim, faz-se
necessária a leitura de livros, debates em sala, pesquisa em
164
artigos de
jornais, evitando
desenvolvimentos retóricos e
genéricos.
A partir desse entendimento, pensamos que o título deve ser um
motivo que possibilite ao aluno realizar inferências e relatar
experiências.
2 A CORREÇÃO
Entende-se por correção, o conjunto de intervenções que o
professor faz para apontar inadequações. Certamente, a correção
de uma redação é bem mais complexa que um exercício de
matemática, porque falta um referencial que permita um processo
mecânico. Ao contrário, cada gênero textual exige uma postura
diferente do professor em relação a vários fatores de correção
como, por exemplo, linguagem e forma, pontuação, introdução e
conclusão, entre outros. Além disso, o professor deve refletir
sobre o que considerar relevante, levando em conta a idade, a
experiência e a formação dos alunos, e, ainda, fazer observações
específicas, promovendo o aprimoramento de cada estudante.
165
Para Serafini (1998) são seis os pressupostos e atitudes que
conduzem à construção de uma boa metodologia de correção.
São eles:

A correção não deve ser ambígua. Esse princípio pede
precisão na indicação de desvios quanto à norma
padrão.
Não
adianta
sublinhar
palavras,
linhas
onduladas, chaves, colchetes, e não indicar o tipo de
inadequação. O estudante tem que compreender se o
problema de seu texto consiste no uso impróprio de um
termo, emprego de uma informação imprecisa, dentre
outros. Dessa maneira, é necessário que o professor
possibilite ao aluno distinguir entre a necessidade de
reformulação total do texto ou apenas a correção parcial
de alguns dos seus elementos.

Os erros (sic) devem ser reagrupados e catalogados.
Quando o professor identifica os problemas existentes
no texto, fica fácil para o aluno corrigir, já que entende a
sua natureza.

O aluno deve ser estimulado a rever as correções
feitas, compreendê-las e trabalhar sobre elas. Pode-se
conseguir isso através de dois recursos freqüentes
como reescrita de trechos corrigidos pelo professor ou
166
reelaboração de todo o texto, seguindo sugestões do
professor.

Deve-se
corrigir
poucos
erros
(sic)
em
cada
texto.Primeiro, para não desestimular o aluno; segundo,
porque é limitada sua concentração sobre os desvios. É
interessante observar que esse princípio aplicar-se-á de
maneiras
diferentes
em
cada
aluno,
pois
a
compreensão desses desvios dependerá da experiência
e formação de cada um.

O professor deve estar predisposto a aceitar o texto do
aluno. Isso implica aceitar o enfoque, as idéias, o estilo
e a linguagem escolhidos pelo estudante, pois a
correção difere de acordo com o gênero textual, isto é,
diferentes gêneros possibilitam o uso de estilo,
linguagem concernentes a cada um.

A correção deve ser adequada à capacidade do aluno.
A autoconfiança é imprescindível para o sucesso do
aluno no aprimoramento da escritura de textos. Levar
em conta sua capacidade e estimulá-lo, ao invés de
criticá-lo severamente frente aos desvios de ortografia,
gramática, sintaxe, organização, léxico, contribuirá para
seu progresso.
167
Segundo Britton & Griffith (apud SERAFINI, 1998) os maiores e
mais efetivos progressos efetivam-se quando o professor respeita,
estimula e valoriza o aluno-escritor, ajudando-o a passar por três
fases. Na primeira fase, o aluno deve familiarizar-se com o papel,
a caneta e a escrita, superando o medo da folha em branco, típico
de quem não tem experiência.Somente quando tenha alcançado
uma certa desenvoltura é que pode passar para a segunda fase,
na qual é estimulado a buscar a coerência de seus textos.
Finalmente, só na terceira fase, o professor pode visar à precisão
do texto. Essas três fases do aprendizado (desenvoltura,
coerência e precisão) não são ligadas à idade específica dos
alunos, mas à história individual de cada um.
2.1
CORREÇÃO
INDICATIVA,
RESOLUTIVA
E
CLASSIFICATÓRIA
Há três métodos de correção de redações: Indicativa, Resolutiva e
Classificatória.
A primeira consiste em marcar junto à margem as palavras,
frases, períodos que apresentam inadequações, muitas vezes,
168
apontados sem precisão, tornando-a ambígua. Vejamos o
exemplo seguinte:
[a possibilidade de acordos entre as partes aumentam a cada dia.]
Através
desse
exemplo,
podemos
verificar
que
o
aluno
dificilmente vai ser capaz de entender a natureza do desvio de
seu texto.
A segunda consiste na correção de todos os desvios pelo
professor. Percebe-se, nesse método, que ao solucionar o
problema, o professor limita o aluno a um modelo determinado,
sobrepondo sua opinião, mostrando ao aluno uma única correção,
quando sabemos que em muitos casos temos várias correções
aceitáveis, diferentes modos de se expressar, todos corretos.
Vejamos:
A possibilidade de acordos entre as partes aumenta a cada dia.
Nessa correção, o professor cancela o “m” de “aumentam”, não
explicando o porquê, tornando obscuro para o aluno o motivo da
inadequação de seu texto.
169
A terceira consiste na identificação não ambígua dos desvios
através de uma classificação, permitindo uma catalogação. Dessa
forma, o aluno é estimulado a trabalhar sobre seus textos.No
exemplo abaixo, observamos que a natureza da inadequação
passa a ser clara também para o aluno:
A possibilidade de acordos entre as partes aumentam a cada dia.
Concordância sujeito-verbo
Percebe-se, portanto, que a correção classificatória é a mais
eficaz, uma vez que ajuda o aluno a melhorar sua performance
em relação à produção de textos, pois, ao invés de apenas
descrever(indicativa) ou resolver(resolutiva), o aluno é levado a
construir o seu texto, através da autocorreção.
Uma análise sistemática dos textos dos alunos nos mostra que os
erros são de tipo limitado e podem ser catalogados (Apud
Shaughnessy, 1981).
170
Planilha de correção de uma dissertação
1. Organização de Conteúdo
Tese
Correspondência entre idéias e parágrafos
Precisão dos argumentos
Presença de exemplos
Nexos lógicos
Introdução e conclusão
Documentação
Riqueza de idéias
2. Linguagem e forma
Comprimento dos parágrafos e das frases
Clareza e legibilidade
Adequação de linguagem
Sintaxe
Pontuação
Ortografia
Caligrafia
Tabela 1 – Planilha de correção para a dissertação
Fonte: Como escrever textos (SERAFINI, 1998, p.116)
3 A AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser compreendida como conjunto de ações
organizadas com a finalidade de obter informações sobre o que o
aluno aprendeu, de que forma e em quais condições. Para tanto,
é preciso elaborar um conjunto de procedimentos investigativos
que possibilitem o ajuste e a orientação da intervenção
pedagógica para tornar possível o ensino e a aprendizagem de
melhor qualidade. (PCN – LÍNGUA PORTUGUESA, 5ª A 8ª
SÉRIES,1998, p.93)
171
Pela
definição
acima,
compreende-se
que
procede-se
à
avaliação, a partir da coleta de dados representada pela correção.
Portanto, são duas operações distintas, já que corrigir uma
redação é observar os erros do texto e fazer uma intervenção
diagnóstica, enquanto avaliar é o julgamento que se dá ao texto.
Esse julgamento, segundo DE LANDSHEERE, 1973; DE
BARTOLOMEIS, 1974 e GATTULLO, 1971, (apud SERAFINI,
1998, p. 130) pode ter a função Administrativa ou de Mensuração
quando um texto é avaliado em relação a outros textos; Preditiva,
quando avalia-se o futuro desempenho do aluno ou a função de
Pesquisa que analisa o progresso das capacidades do aluno em
um espaço de tempo, ou o rendimento de um grupo de alunos
num contexto particular.
Na prática, são evidentes os problemas enfrentados pelo
professor, ao fazer uma avaliação de um texto. Primeiro, pelos
aspectos contraditórios a serem avaliados. Por exemplo, como
avaliar uma redação que seja original, bem documentada, porém
com problemas de adequação de palavras, organização?
Segundo, porque é um processo que não apresenta regras,
técnicas.
172
Serafini (1998) indica quatro princípios fundamentais para a
avaliação de um texto:

A avaliação deve levar em conta as diversas fases de
desenvolvimento das capacidades;

A avaliação deve levar em conta o objetivo do texto;

A avaliação deve levar em conta o gênero textual
usado;

A avaliação deve estar relacionada com o tipo de
estímulo dado à escrita.
MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE TEXTOS
Os métodos para avaliar os textos podem ser agrupados em
quatro tipos fundamentais: Avaliações Totalizantes, Analíticas,
Atômicas e os Testes. Diederich; Najimi; Myers; Cooper & Mellon
(apud SERAFINI, 1998, p. 134).
3.1. MÉTODOS TOTALIZANTES
Segundo Serafini (1998), nesse método, a avaliação final de um
texto é obtida assim que se acaba a leitura com base na
173
impressão do professor. Assim, quanto melhor e maior a
experiência do professor, maior a credibilidade para o método.
Vejamos três modelos de avaliação que ilustram esse método:

Avaliação baseada em uma ‘escala de referência’ Esse tipo de
avaliação utiliza uma série de textos completos e ordenados
segundo sua qualidade: o primeiro exemplar da série é um texto
muito bem-feito, o último é um muito fraco. Os textos de
referência são selecionados dentre uma grande quantidade deles.
Diversas escalas são construídas para cada tipo de redação e
para cada série escolar. Cada novo texto avaliado é colocado na
posição da escala correspondente ao texto ao qual mais se
assemelha.[...]

Reação ao centro da gravidade
O que caracteriza este método é a rapidez da avaliação; o
avaliador deve dar respostas sintéticas que captem a essência da
mensagem contida no texto imediatamente após sua leitura. O
método
pode
ser
aplicado
respondendo-se
às
seguintes
perguntas:
1.Diga, em quinze segundos, qual é o ponto principal, o âmago ou o
centro de gravidade do texto (um exemplo: ‘Texto muito triste, a
174
morte parece ser o elemento principal; muitas observações sobre
o vestuário’).
2.Sintetize o texto numa única frase.
3.Escolha uma palavra do texto que melhor o sintetize.
4.Escolha uma palavra que não esteja no texto e que melhor o
sintetize.
[...]

Avaliação por impressão geral
Dentre os métodos totalizantes esse é o mais adotado, pois não
requer o conhecimento de uma escala de referência. De uma
forma mais simples, o professor constrói pouco a pouco a própria
escala avaliando o texto em comparação aos outros escritos na
mesma ocasião. Geralmente tende a distribuir as notas conforme
uma curva que em certos casos é decidida por ele próprio e em
outros segue critérios prefixados.[...] (SERAFINI, 1998, p.135-6)
3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS
Os métodos analíticos (SERAFINI, 1998, p. 137) “identificam nos
textos alguns aspectos ou critérios particulares de julgamento que
175
são avaliados separadamente”. A respeito desse tipo de método,
THEREZO (2002, p.43) comenta que:
o professor de português depara-se com uma
questão de enorme importância: como fazer para
que aquilo que observou na redação do aluno possa
chegar a este, de modo a contribuir para o seu
crescimento como produtor de texto? Como fazê-lo
perceber as falhas, incentivá-lo a buscar recursos
gramaticais, lexicais, semânticos para recompor as
frases, ordenar de modo adequado as idéias,
desenvolvê-las a contento, apresentar mais dados de
fundamentação, aprofundar suas reflexões (no caso
da dissertação); de que modo, por meio de que
instrumentos, fazê-lo perceber que é preciso
caracterizar
melhor
as
personagens,
lidar
adequadamente com tempo e espaço, trabalhar com
o conflito e a complicação, de modo a interessar o
leitor, manipular a linguagem como matéria de
criação e encantamento (no caso da narrativa)?
Nesse ponto, surge a angústia da constatação de
que não é suficiente sublinhar as falhas, pois, na
maioria das vezes, o mais importante é o que não foi
dito e deveria tê-lo sido; ou foi dito de modo
insuficiente e confuso, ou desordenado.[...] Como
avaliar tudo isso, sem se perder ou se desorganizar?
Sem confundir-se e confundir o aluno?
Nossa sugestão, a partir dos critérios estudados e de
experiências bem sucedidas no ensino médio (aliás,
bem sucedidas, também, junto aos pais), é utilizar
uma folha especial de redação, se possível, ou pelo
menos, uma tira de papel grampeada em cada texto,
com uma grade de critérios com sub-itens que
detalhem cada um deles. Em ordem, o professor
poderá assinalar cada um dos tipos de falhas, dando
ao aluno a oportunidade de verificar pontualmente
suas dificuldades.[...]
176
Podemos exemplificar esse método, através dos exemplos
seguintes de escalas:
3.2.1 ESCALA ANALÍTICA
Na escala analítica, os textos são avaliados com base nas
características do gênero ao qual pertencem, isto é, diferentes
critérios para diferentes tipos de textos. Observemos a tabela a
seguir:
BAIXO
MÉDIO
ALTO
I. Qualidades Gerais
A. Papel do autor
B. Estilo e autenticidade
C. Figura central
D. Fundo
E. Seqüência
F. Argumento
II. Uso da linguagem
2
3
4
2
2
2
4
6
8
4
4
4
6
9
12
6
6
6
8
12
16
8
8
8
10
15
20
10
10
10
A. Vocabulário
B. Sintaxe
C. Pontuação
D.Ortografia
2
1
1
1
4
2
2
2
6
3
3
3
8
4
4
4
10
5
5
5
Instruções: Para cada elemento da lista, faça um círculo em torno do número
que avalia melhor a posição do texto na escala apresentada. Por fim, some os
números circundados.
177
I. Qualidades gerais
A. Papel do autor
O papel do autor é dado pela relação que o aluno estabelece
com o assunto, o acontecimento ou a pessoa de quem se
trata. Em uma autobiografia o autor escreve sobre si mesmo,
é o protagonista; usa freqüentemente pronomes da primeira
pessoa do singular e do plural. Em uma biografia o autor
escreve sobre os outros e não se envolve com os exemplos,
é um observador; usa principalmente pronomes de terceira
pessoa do singular e do plural.
Alto:
O
autor
assume
adequadamente
o
papel
de
participante ou de observador.
Médio:Na
biografia
o
autor
fala
demais
de
si;
na
autobiografia fala demais dos outros personagens.
Baixo: O autor passa continuamente do papel de observador
ao de participante e vice-versa. Quem lê tem dificuldade em
entender se se trata de uma biografia ou de uma
autobiografia (SERAFINI, 1998, p. 138).
A respeito desse tipo de escala, Therezo (2002. p. 46) nos diz
que:
é interessante organizar uma escala que pode ser
elaborada para cada um dos critérios (alguns
examinadores chamam a isto de grade). Se vai
atribuir de zero a dois pontos para cada um deles,
178
pode pensar que tipo de desempenho merecerá
zero, 0.5, 1.0, 1.5,2.0.
Acreditamos que o trabalho de atribuir cinco notas
para a mesma prova, inicialmente moroso, (apenas
inicialmente, porque a prática levará à percepção
crítica mais aguda, com conseqüente ganho em
velocidade) permitirá ao professor trabalhar,
efetivamente, com méritos de zero a dez, saindo da
chamada nota ‘prudente’ (cinco) ou da nota
‘simpática’ (seis), estas que, comumente, atribui,
quando, numa avaliação global e superficial, por falta
de tempo, a redação lhe parece ‘mais ou menos
boa’.A grade possibilitará segurança, certeza de
justiça e, muito mais do que isso, a oportunidade de
dar ao aluno noção transparente dos pontos a
melhorar.
Para ilustrar a afirmação acima, observemos as tabelas seguintes,
também encontradas:
179
Critérios de avaliação de texto (zero a dois pontos cada um)
5as. e 6as. séries do Ensino Fundamental
1. Quanto à Composição
A – Apresentação
( ) Fazer letra legível.
( ) Evitar rasuras.
( ) Marcar parágrafo com
espaço maior
( ) Manter margens
regulares.
B – Tipo de texto
( ) Fazer corresponder o
texto ao tipo de
composição pedido.
( ) Usar recursos próprios
do tipo de composição.
2. Quanto ao Tema
( ) Fazer corresponder o
texto ao tema.
( ) Demonstrar conteúdo.
3. Quanto à Linguagem
A – Vocabulário
( ) Empregar palavras
adequadas
B – Gramática
( ) Respeitar a ortografia.
( ) Acentuar corretamente
as palavras
( ) Usar crase antes de
palavras ou locuções
femininas.
( ) Usar ponto final no final
do pensamento.
( ) Usar vírgula, quando
necessário.
( ) Pontuar corretamente
com o sujeito da frase.
( ) Concordar o adjetivo
e/ou artigo com o
substantivo.
4. Quanto à Coesão
( ) Evitar repetição de palavras.
( ) Evitar repetição de idéias.
( ) Construir frases claras e
completas.
( ) Usar melhor os pronomes.
( ) Usar melhor as conjunções.
5. Quanto à Coerência
( ) Encadear as idéias.
( ) Fazer corresponder o título
ao texto.
( ) Verificar se as idéias estão de
acordo com a realidade.
Refeitura
( ) Melhorou o texto.
( ) Apresentou outros problemas
( ) Manteve o nível.
( ) Empregar corretamente
os pronomes.
( ) Usar corretamente o
tempo e/ou modo verbal.
Tabela 3 - Critérios de avaliação de texto (zero a dois pontos cada um) 5as. e 6as. séries do
Ensino Fundamental
Fonte: THEREZO, Graciema Pires. Como Corrigir Redação. 4. ed. São Paulo : Alínea, 2002, p. 47.
180
Critérios de avaliação de texto
7as. e 8as. séries do Ensino Fundamental
1. Tema
( ) Adequação ao tema.
( ) Nível de informalidade
2. Tipo de texto
( ) Adequação ao tipo de
texto.
( ) Estrutura do texto.
( ) Introdução.
( ) Desenvolvimento.
( ) Conclusão.
( ) Recursos próprios de
composição
3. Nível de Linguagem.
( ) Regência.
( ) Concordância.
( ) Emprego adequado de
pronomes.
( ) Emprego adequado de
conjunções.
( ) Emprego adequado de
tempos e modos verbais.
( ) Emprego adequado de
preposições
( ) Pontuação.
4. Coesão
( ) Construção de períodos.
5. Coerência
( ) Interna.
( ) Encadeamento de idéias
no texto.
( ) Relação entre
título
e conteúdo.
( ) Externa.
( ) Relação entre as idéias
e a realidade
Refeitura
( ) Melhorou o texto.
( ) Apresentou outros
problemas
( ) Manteve o nível.
( ) Repetição de palavras.
( ) Vocabulário
( ) Variedade Vocabular.
( ) Adequação vocabular.
( ) Gramática
( ) Ortografia.
( ) Frases incompletas.
( ) Uso de palavras de
referência (pronomes).
( ) Uso de palavras de
transição (conjunções).
( ) Acentuação.
Tabela 4 – Critérios de avaliação de texto 7as. e 8as. séries do Ensino Fundamental
Fonte: THEREZO, Graciema Pires. Como Corrigir Redação. 4. ed. São Paulo : Alínea, 2002, p. 48.
181
Critérios de avaliação de texto
Ensino Médio
1. Quanto ao Tema, o texto:
( ) Ortografia.
( ) Concordância.
-Foge completamente ao tema.
-Explora o assunto mais
aborda
superficialmente o tema.
-Aborda parcialmente o tema.
-Aborda adequadamente o
tema.
-Apresenta contribuição
pessoal.
2. Quanto ao Tipo de texto:
( ) Uso de conectivos.
( ) Pontuação.
( ) Adequação pronominal.
( ) Regência.
( ) Adequação verbal.
-Variedade vocabular
insuficiente, interferências da
oralidade, inadequações
gramaticais.
-Variedade, entretanto, falhas
em propriedade vocabular.
-Foge totalmente.
-Foge parcialmente
(mistura
modalidades textuais).
-Atende ao tipo, porém,
apresenta falhas
de estrutura.
oãn sam opit oa ednetA ‫ڤ‬
utiliza todos os
seus recursos.
-Apresenta bom
aproveitamento de todos os
recursos do tipo de texto.
-Adequação gramatical e
vocabular
-Além de variedade e
propriedade vocabular, uso
pessoal dos recursos lexicais
e sintáticos.
4. Quanto à Coesão, o
texto:
-É composto de frases soltas,
uso indevido das conjunções,
emprego incorreto de
pronomes.
3. Quanto ao nível de
linguagem, o texto
apresenta:
-Insuficiência
vocabular
erros gramaticais.
( ) Acentuação.
e
-Apresenta falhas de
articulação (repetição de
palavras, frases incompletas
ou emendadas, falta de
paralelismo).
-Não apresenta deficiências
graves, entretanto, matem o
uso das conjunções mais
conhecidas e utiliza poucos
recursos pronominais.
-Apresenta bom uso dos
elementos coesivos e
transições adequadas entre as
idéias.
-Apresenta boa transição entre
os parágrafos.
5. Quanto à Coerência, o
texto apresenta:
-Incoerência por:
( ) Falta de adequação
ao tema.
( ) Falta de adequação
à realidade.
( ) Falta de Coesão
entre as idéias.
-Pouca coerência interna
( ) idéias contraditórias
ou ambíguas.
( ) quebra de relação
entre pensamentos.
-Coerência interna mas
( ) insuficiência de
argumentação.
( ) pouca profundidade
de
reflexão.
-Coerência interna mas
falhas de progressão.
-Coerência absoluta.
Tabela 5 - Critérios de avaliação de texto Ensino Médio
Fonte: THEREZO, Graciema Pires. Como Corrigir Redação. 4. ed. São Paulo : Alínea, 2002, p. 49.
182
3.2.2 ESCALA DICOTÔMICA
Na escala dicotômica temos a simplificação de uma escala
analítica, pois é necessário apenas responder sim ou não a uma
série de afirmações. Vejamos:
SIM
NÃO
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
______
I.Qualidades gerais
A.
B.
C.
D.
E.
F.
O autor assume adequadamente o seu papel de participante ou de observador
O estilo é autêntico e interessante
O assunto é apresentado de modo claro
O cenário é rico e apropriado
As seqüências dos acontecimentos são claras
A figura central é bem desenvolvida
II.Uso da língua
A.
B.
C.
D.
O vocabulário é rico e apropriado
A sintaxe é, no seu conjunto, correta
Poucos erros de pontuação
Poucos erros de ortografia
Total de sim
__________________
Tabela 6 – Escala dicotômica para textos narrativos de tipo pessoal (biográficos ou autobiográficos.
Fonte: Como escrever textos (SERAFINI, 1998, p. 139)
3.3.MÉTODOS ATÔMICOS
Os métodos atômicos, segundo Diederich & Finn (apud
SERAFINI, 1998, p. 140) se baseiam na contagem de elementos
específicos que permitem a classificação da capacidade de
183
escrever e a avaliação precisa de seu desenvolvimento no tempo,
principalmente em relação a elementos lexicais e sintáticos.
Ao contrário dos métodos anteriores, o método atômico privilegia,
principalmente, a função de pesquisa, já que há a necessidade de
analisar amostras estatísticas de grande dimensão.
3.4 TESTES
Os testes, de acordo com Fagan & Diederich (apud SERAFINI,
1998, p. 140) “propõem aos candidatos a escolha de uma
resposta dentre um conjunto de respostas sugeridas”.
Observa-se que esse método é caracterizado pela objetividade,
devido à uniformidade dos elementos de avaliação, bem como
pela rapidez da correção. Devemos notar, porém, que nesse
método
mede-se
somente
a
aquisição
de
capacidades
lingüísticas, por exemplo, testes sobre o conhecimento do
significado de palavras ou sobre a adequação de construções
sintáticas, ficando, assim, evidente sua inadequação para
qualificar a capacidade de redigir (SERAFINI, 1998, p.140)
184
Pelo exposto acima, podemos observar que todos os métodos
estudados são interessantes, pois são complementares e
interdependentes. A escolha dependerá das características do
texto e do objetivo do professor.
4. CONCLUSÃO
Diante de alguns pontos levantados no artigo, é possível tecermos
algumas considerações e conclusões finais.
Primeiramente, observamos que o título da redação determina,
quase sempre, sua boa feitura. Conseqüentemente, a escolha de
títulos que abordem problemas atuais e interessantes são
desenvolvidos prazerosamente pelos alunos.
No que tange à questão da correção de textos, muitos são os
desafios enfrentados pelo professor, já que o seu trabalho
intensifica-se a partir da refeitura do texto pelo aluno. Salientamos
que é papel do educador mostrar ao discente que a sua relação
com o texto é de produtor de texto autor, isto é, há a necessidade
de que tenha uma relação institucional com a linguagem, em
185
suma, o seu texto deve ser escrito para um leitor exigente,
interpretativo e crítico.
Há, pois, a necessidade de que o professor proceda a uma
correção eficiente, entendida como uma das fases do processo e
alicerçada em conhecimento científico.
Em relação à avaliação, é importante enfatizar o forte elemento de
arbitrariedade que existe na avaliação de textos. Por essa razão,
a construção de uma metodologia explícita, precisa e objetiva é
fundamental.
Em função disso, observamos que, dentre os métodos estudados,
podemos escolher aquele que melhor se aplica aos nossos
objetivos, desde que atenda à necessidade de oferecer ao aluno
indicações claras para que este possa efetivamente melhorar.
Finalmente, definir os critérios de avaliação e compartilhá-los com
os alunos permite tanto ao professor tornar sua prática mais
eficiente pela possibilidade de obter indicadores mais confiáveis
sobre o processo de aprendizagem, quanto permite ao aluno
centrar sua atenção nos aspectos focalizados, conferindo à sua
produção, cada vez mais qualidade.
186
5 REFERÊNCIAS
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interação: uma proposta e produção textual a partir de gêneros e projetos.
São Paulo: Atual, 2000.
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1998.
THEREZO, Graciema Pires. Como corrigir redação. 4. ed. São Paulo: Alínea,
2002.
187
ARTE NO CURRÍCULO: CAMINHOS E
DESCAMINHOS DA EDUCAÇÃO
Maria da Penha Gozzer Cimadon
1
RESUMO
A Arte no processo educacional é emancipadora. Significa estar no currículo
escolar, no sentimento equilibrado e na reflexão social, possibilitando o
desenvolvimento
da personalidade em todos os aspectos: intelectual,
emocional, social, perceptivo, físico e criativo. A expressão do perceber, do
pensar, do receber, do imaginar, do sentir e do explicar na produção artística
experimenta nas diversas linguagens das várias áreas do conhecimento
humano resultados benéficos. O objetivo foi verificar a importância da Arte na
interação docente- aluno e o seu papel no currículo como elemento facilitador
na concentração do aluno em sala de aula. Esta relação pode ser facilitada
com Arte em todas as disciplinas, despertando os processos sensórioperceptível do cérebro. A Arte prepara para o desenvolvimento mental,
melhora a sensibilidade, aprofunda os saberes teóricos, elevando o
compromisso educacional como se verificou nas pesquisa descritivas e
interpretativas durante todas as aulas de Educação, Arte e Movimento na
Graduação de Pedagogia no decorrer do semestre. O método empírico de
observação sistematizado empregado ajudou na interpretação dos resultados.
Dos depoimentos dos alunos foi realizado a análise e constatou-se que a Arte
pode ser considerada uma disciplina que facilita a interação docente-aluno e
que no ensino-aprendizagem é uma aliada para a interdisciplinaridade.
PALAVRAS-CHAVE: Arte; Interação; Cérebro; Concentração.
ABSTRACT
The Art in the education process is independent. It means to be in the school
curriculum, in the balanced sense and in the social reflection, making possible
the development of the personality in all of the aspects: intellectual, emotional,
1
Graduada em História – FAFIC, Especialista em Planejamento Educacional e Supervisão Escolar.
Professora do Curso de Pedagogia do INESV.
188
social, perceptive, physical and creative. The expression of noticing, of thinking,
of receiving, of imagining, of feeling and of explaining in the artistic production
experiments in the several languages of the various areas of the human
knowledge beneficial results. The objective was to verify the importance of the
Art in the interaction educational-student and its role in the curriculum as
facilitative element in the student's concentration in classroom. This relationship
can be facilitated with Art in all the disciplines, waking up the sensorialperceptible processes of the brain. The Art prepares for the mental
development, it improves the sensibility, and it deepens the theoretical
knowledge, elevating the education commitment as it was verified in the
descriptive and interpretative researches during all of the classes of Education,
Art and Movement in the Graduation of Pedagogy in elapsing of the semester.
The empiric method of observation systematized used helped in the
interpretation of the results. Of the students' testimonies the analysis was
accomplished and it was verified that the Art can be considered a discipline that
facilitates the interaction educator-student and that in the teaching-learning is
an allied for the interdisciplinary.
KEY-WORDS: Art; Interaction; Brain; Concentration.
1 INTRODUÇÃO
Como a Arte é um fazer e é um conjunto de atos, surge assim, a
necessidade de conhecer sua plasticidade para fazer interagir no
processo ensino-aprendizagem. É neste contexto que se pretende
sensibilizar os profissionais a saber Arte e saber ser educador em
Arte. Do grego aesthesis, significa a percepção sensível
(sensação) do mundo vivido. As dificuldades e as limitações do
cotidiano podem ser moldados com a pintura, com a música, com
a poesia, com a dança, encantando e aguçando a criatividade.
189
Comenius (1999, p.152), usava em 1627 o método de ensinar
com arte na interação docente-aluno. O ensinar não pode mais
centrar na idéia linear.Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) sobre ARTE falham em não aprofundar e esclarecer a
complexidade do funcionamento do processo sensório-perceptível
do cérebro pouco explorado na utilização da Arte no currículo.
Paulo (FREIRE, 1996, p.36), afirma que com a dialogicidade, a
Arte deve buscar uma consciência crítica, estética e capacidade
de se tornar mais e mais responsável para uma socialização
transformadora de qualidade.
Educar tem
a ver com a sedução (ASSMANN, 2001). O
conhecimento humano nunca é pura operação mental. Ensinando
com Arte os alunos tornam-se mais receptíveis e mais
perceptíveis. A Arte completa a formação humana .
Vygotsky (OLIVEIRA; 1997, 31), afirma que a aquisição do
conhecimento se dá no sócio-interacionismo e que a Arte propicia
esta
interação
e ativa
aprendizagem . Esta
a
inteligência
na
preparação
ativação está entretecida de
da
emoção
provocada quando há adesão a Arte.Para o desenvolvimento
integral
do
ser
humano
necessário
190
se
faz
obter
estes
conhecimentos.Ensinar é uma atividade complexa que se passa
em um cenário singular e o professor sem estes conhecimentos
pode obter resultados imprevisíveis.
Toda
a produção humana tem a ver com
a experiência do
prazer. Este é um dos aspectos pouco explorado no ensinoaprendizagem. Deve ser acessível a todos, garantindo o
conhecimento artístico e estético nos aspectos perceptíveis,
motores e psicológicos.O estudo da Arte vem contribuir para o
desenvolvimento estético e criativo no que se refere ao processo
de produção do conhecimento e apreciação deste mesmo
estético.
Valorizar
independente
de
a
produção
talentos
criadora
especiais
dos
discentes
aflora
as
,
suas
potencialidades.
O
conhecimento
de
cada
cultura
com
suas
diversas
manifestações disponibiliza a interpretar a vida em toda a sua
plenitude quando se faz Arte no currículo. No Artigo, 206, da
Constituição Federal estabelece que o ensino será dado sobre as
bases dos seguintes princípios:
I – Igualdade de condições para permanência na escola;
191
II – Liberdade de aprender, investigar e divulgar o pensamento, a
arte e o saber.
2
CONCENTRAÇÃO
DO
DISCENTE
PARA
A
APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE ARTE
A complexidade do processo ensino-aprendizagem quando não
considerado pode prejudicar
o sistema educativo. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/96 )
estabelece
em artigo 26, parágrafo 2, “o ensino da Arte
constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis
da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos”. Segundo Fusari e Ferraz (1993, p.18) “a arte
pode auxiliar na fundamentação de uma proposta de ensino”.
Como trabalhar melhor a concentração do aluno em sala –deaula? O estado de ânimo, o relacionamento e a comunicação são
eixos estruturais que dinamizam quando se possibilita trabalhar
o currículo com a Arte.
Wallon (2001 p.12), afirma que “as estruturas cognitivas
dependem
do
alimento
afetivo
para
alcançar
níveis
de
competência”. Conhecer o funcionamento de nossas sensações,
192
ações e emoções pela arte auxilia o processo da aprendizagem.
Para Vygotsky,
a arte aparece como um fenômeno humano, que
decorre da relação direta ou mediata do homem com
um cosmo físico, social e cultural, onde se constroem
e se multiplicam variedades de facetas e nuanças que
caracterizam o homem como integrante desse
cosmo”.
A Arte aparece como mediadora do conhecimento, pela
criatividade e imaginação se compreende e se relaciona com o
meio.
A mente humana é capaz de grandes proezas, desde que seja
corretamente
estimulada
para
funcionar
coordenada
e
harmoniosa. O cérebro trabalha mais de 60% para as mãos e
para a face. O pensamento criativo, artístico e intuitivo devem ser
explorados
pela
Arte.
As
expressões
faciais
no
ensino-
aprendizagem com a ocupação das mãos harmonizam e
coordenam os hemisférios cerebrais. Enfocar diretamente o
raciocínio lógico, ao ensinar acaba gerando desequilíbrio e
dificultando a aprendizagem. O funcionamento
periférico do
cérebro é bem perceptível quando trabalha primeiro com Arte na
aprendizagem.As imagens
que se recebem e se gravam da
realidade neo-liberal é de uma realidade que embrutece os
sentidos. A Arte quando trabalhada vem em defesa de se ter
193
também
compromisso
social.As
correntes
ideológicas,
materialistas, racionalistas, positivistas e tecnicistas geraram
tensões e conseqüentemente uma sociedade do desamor.
O pensar e o agir baseados muitas vezes no raciocínio lógico,
linear e seqüencial de acordo com o paradigma cartesiano
dificultam a imaginação, a criatividade e a intuição bases para a
produção de conhecimento e
de novas soluções
para os
problemas. A Arte ao estimular as áreas periféricas ajudam aos
neurônios a fazerem conexões novas, diversificando os campos
de interesse.
Wallon (2001 p. 18), já em 1879 estudou a psicogênese da
pessoa, entendendo que a inteligência e
a afetividade
se
relacionando com o meio, ajudam a cada momento do processo
educativo. Trabalhando as emoções, estas transformam
e
estimulam este corpo livrando-o das tensões neo-liberais.
Aprendendo a usar as divisões periféricas, as atividades mais
complexas fluem ordenadamente.
194
2 O ENCONTRO ENTRE A PERCEPÇÃO E O
CURRÍCULO
A Arte no processo educacional é a dialética da relação homemmundo. A Arte tem função social e resguarda o espírito humano
contra a matéria. Segundo Bosi (2001, p 08), “os momentos
decisivos no processo artístico para o currículo, o fazer, o
conhecer e o exprimir”, é a efusão do que se exprime, manifesta
e simboliza. Pelo artístico se tem espaço do fazer, repensar e
exprimir. A Arte empresta o olhar para as relações com o meio
buscando a integração entre conhecimento e expressão.
A Arte no currículo propiciou às alunas a percepção de fazer a
interdisciplinaridade nas aulas da graduação em Pedagogia da
UNIVEN durante o desenvolvimento teóricos da Disciplina de
Educação, Arte e Movimento. No decorrer do curso ,constatou-se
que a Arte tem influência na capacidade de concentração. Este foi
um dos grandes problemas diagnosticado nas escolas que
estagiaram. Aumentando assim, a complexidade da produção do
conhecimento quando não se inclui
Arte. É considerada uma
aliada na interação ensino–aprendizagem auxiliando o sistema
educativo.
195
Quando se interpretou um quadro vivo na disciplina de História, a
leitura de um texto da mitologia grega do dramaturgo Sófocles
(496-406 a.C.) intitulada a tragédia: “Édipo Rei” representaram
sua vivência, demonstrando mais interesse no decorrer do
desenvolvimento do trabalho. Na disciplina de Matemática, as
oficinas com jogos, a concentração e os efeitos sobre a atenção
foram visíveis. Piaget afirma: “o jogo de construção”, um
instrumento de criatividade para a aprendizagem trabalhada na
consciência gradativamente com a disciplina de Português o
teatro das “Pombas” de Raimundo Correia resgatou-se a autoestima. Os PCNs de Arte na
“Sexualidade”
dança com o tema transversal
ampliou-se a consciência da vida. A Dança-
Educação é um referencial para as questões que permeiam a
educação de nossos tempos, mostra o quanto pode criar,
expressar, aprender, socializar e cooperar. A oficina de Poesia,
também em Português constatou-se respostas rápidas, criativas
e espontâneas nas tarefas executadas, amenizando a ansiedade
e a agitação. No desenvolvimento da pesquisa, percebeu-se
como se processa o
percepção,
a
sensório-perceptível do
imaginação,
o
interesse,
a
cérebro. A
criatividade,
a
capacidade expressiva, a sociabilidade, o cuidado com o material,
o auto-controle e o respeito à sua produção e a dos outros foram
considerações proposta no estudo. O prazer em produzir é a via
196
por onde se deve estudar as funções cerebrais do hemisfério
direito e esquerdo. Qual a relação dessa prática com os sistemas
periféricos? Captando todos os ensinamentos com prazer garante
a posse dos conhecimentos
e das habilidades negadas nas
observações.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Com os estudos pesquisados nos depoimentos e dados obtidos
foram emanadas as seguintes conclusões:
Devem:
-
estimular o hemisfério direito para que se produza pelos
neurotransmissores o prazer .
-
despertar primeiro as sensações, a sensibilidade e a
imaginação antes de qualquer tarefa mais complexa.
-
acalmar o aluno para aguçar a inteligência, dando-lhe
alegria de compreender de que é capaz.
-
saber que toda produção humana tem a ver com a
experiência do prazer atingindo toda a
conhecimento.
197
área do
-
conhecer as aptidões cerebrais dominantes respeitando a
maneira de agir, de aprender , de apreender
para o
aprimoramento inter-relação.
-
compreender que o cérebro comanda melhor os problemas
quando há equilíbrio entre emoção e raciocínio.
-
aprender que os canais sensoriais não são iguais na
interação das pessoas, que há canal predominante.
Quando se abdica desses conhecimentos prejudica o
processo educacional.
-
buscar interação entre os dois hemisférios cerebrais .
-
usar habitualmente uma categoria de palavras processuais
(visual, auditiva, cinestésica) em detrimento de outras
compromete o ensino –aprendizagem.
198
Figura 2- Os Hemisférios Cerebrais
Fonte Ned Herrmann
4 EXERCÍCIOS PARA EQUILIBRAR E LIBERAR
HORMÔNIOS DO PRAZER:
Pensar
positivamente
sempre;
Resolver
cada
problema
ordenadamente; Evitar excesso de barulho; Ler bastante, um dos
melhores exercícios; Rabiscar e desenhar muito; Trabalhar as
estruturas mentais em qualquer situação; tais como: QUANDO?
199
ONDE? POR QUÊ? QUAL?; Peça perdão e perdoe. O cérebro
apesar de ser esta máquina espetacular, esplendorosa e
magnífica não assegura este comando; é impossível.
5 O POTENCIAL DO CÉREBRO
Há um tesouro, uma verdadeira mina de ouro entre as orelhas.
Construir um computador com as mesmas características do
cérebro custariam mais de 3 bilhões e bilhões de dólares: assim
USS
3.000.000.000.000.000.000. O cérebro é composto por
milhões de células nervosas ligadas com todo o corpo.(PROJETO
E REALIZAÇÃO ESCALA, 2004 p.11).
Saber usar o cérebro integral seria o ideal. Todo seu potencial
riquíssimo é surpreendente quando usado com sabedoria constrói
significado de inserção e participação social moldando os sentidos
das ações . Revoluciona os métodos, dá forma ao que se deseja,
transforma e disponibiliza as estruturas mais profundas do ser.
Faz reflexões serenas, dialoga, possibilita a busca, capacita a se
tornar mais livres, responsáveis e adesão profunda aos valores.
200
Saber usar o cérebro significa produzir equilibradamente beta
endorfina, noroepinefrina, serotonina e dopamina, hormônios
ligados a sentimentos de clareza mental. (Extraído da
revista
“Como treinar o cérebro para realizar o impossível, Ícone Editora).
Este é o desafio do século XXI. Conhecer
o verdadeiro
mecanismo e como funciona um sistema perfeito de química tão
importante para a vida. A memória, a razão, a linguagem, a visão,
a emoção, o discernimento, as habilidades manuais, o talento, a
previsão, a capacidade de fazer associação, a consciência , o
desejo, o prazer, a depressão, a loucura e outras capacidades
inatas e apreendidas estão na delicada massa cinzenta do
sistema cerebral.De fato o cérebro é uma máquina complexa que
coordena e controla o nosso corpo. Para que este funcione com
toda sua capacidade e eficiência, deve-se exercitá-lo (AMMEN,
2004, p. 25).
6 CONCLUSÃO
Conclui-se, que a Arte facilita a aprendizagem tornando todos
capazes e reflexivos. Que proporciona de forma muito sintética,
mas objetiva e estruturada, uma familiarização com
201
a auto-
confiança. Esta é a opção e o caminho que dinamiza a interrelação social. Sua influência é de ordem tanto estética quanto
pedagógica. A metodologia utilizada durante o curso traçou o
perfil da trajetória educativa no currículo com Arte.Despertou a
sensibilidade, favorecendo o processo ensino-aprendizagem
como um todo. Contribuiu
no sentido
de esclarecer certos
aspectos da Arte , servindo de estímulo para auxiliar alunos na
produção de conhecimento e professores na compreensão de
sua própria prática pedagógica. Para traçar este panorama é
necessário fazer leituras de alguns teóricos
educativa
da abordagem
sobre Arte para uma comprometida formação
profissional. Pensa-se que o resultado obtido satisfez os
requisitos.
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204
ENSAIO
LUIZ VAZ DE CAMÕES
Elias Pereira do Nascimento
1
Luiz Vaz de Camões (1524 – 1580) nasceu em Lisboa ou em Coimbra, não se
sabe ao certo, embora tenha feito seus estudos em Coimbra. Filho de Simão
Vaz de Camões e de Ana de Sá de Macedo, nobres empobrecidos. Sua
biografia é um tanto quanto obscura, mas sabe-se que por volta de 1542,
encontrava-se em Lisboa, onde freqüentava círculos palacianos. Também é
fato que viajou até Celta, para participar da guerra, onde, ferido em combate,
perdeu o olho direito.
Foram anos de dificuldades econômicas e algumas passagens pela cadeia.
Uma delas por ter ferido com sua espada, um oficial do rei.
Participou de várias expedições à Costa de Gibraltar, Mar Vermelho e Golfo
Pérsico. Chegou a morar em Macau, colônia portuguesa na China. Todavia,
por motivos ignorados, foi obrigado a retornar a Goa, sob prisão. A nau em que
viajava naufragou, e Camões alcançou a nado o rio Mekong, salvando o
manuscrito de “Os Lusíadas”, já em fase avançada de produção. Só retorna
definitivamente a Portugal em 1570, após a morte de D. João III, já com os
Lusíadas concluído.
Em 1571 obteve licença da inquisição para publicar “Os Lusíadas”, que só
sairia em 1572.
Camões é considerado o gênio da poesia lírica portuguesa, que tem presença
marcante da qualidade: ora a nítida herança tradicional portuguesa, ora
poesias perfeitamente enquadradas no estilo novo do renascimento. Ele
praticou todos os gêneros poéticos. Redondilhas com cinco ou sete sílabas
(menor e maior), e cultivou todos os gêneros clássicos: a écloga de Virgílio, a
ode de Horácio, a canção e o soneto de Petrarca, a elegia, etc.,e foi o primeiro
poeta português a escrever uma epopéia clássica, “Os Lusíadas”.
1
Aluno do sétimo período de Letras português / inglês
205
Considerado o maior poema épico da língua portuguesa. Não pelos 8816
versos isométricos, no metro decassílabo e ritmo heróico, distribuídos em 1102
oitavas, mas pelo seu valor poético, capitado em toda essência e
verossimilhança que o mestre, em sua atitude espontânea, dá vazão à sua
experiência íntima, e a postura puramente artística que pretende desligar-se do
emocional, atingindo o total domínio da forma. O poeta utiliza com sutileza as
imagens poéticas, figuras, antíteses e paradoxos, antecipando à explosão
barroca.
O lusitano, por ser clássico, destaca-se pela beleza da forma e, sobretudo, pela
correção lingüística, pelo vocabulário culto existente em toda a sua obra. E pela
poeticidade contida em cada verso, é o artista despido de emoções, que busca
no estrato fônico das rimas, ligadas entre si pelo esquema rímico ABABAB/CD,
deixando cada oitava D’Os Lusíadas na perfeição que devora séculos.
O mestre lusitano, ao longo dos dez cantos que compõem “Os Lusíadas”,
exalta todo o povo lusitano, do qual Vasco da Gama é digno representante. Já
no primeiro verso do canto I , o próprio poeta afirma que vai cantar “as armas e
os barões assinalados” que navegaram “por mares nunca dantes navegados”.
Ou seja, todo o povo lusitano navegador que enfrentou a morte pelos mares
desconhecidos. Essa é a proposição do poema que se estende até a terceira
oitava.
Nas estrofes quatro e cinco do mesmo canto, Camões faz sua invocação
pedindo às tágides, ninfas do Tejo, inspiração, para que lhe dêem um “engenho
ardente”, um estilo grandíloquo e sublimado.
A dedicatória do poema, feita a D. Sebastião, rei de Portugal à época da
publicação do poema, se estende da estrofe 6 a 18 do canto I. Na narração o
poeta desenvolve o tema cantando os episódios da viagem de Vasco da Gama
e a história de Portugal, num misto de ficção e realidade, juntamente com a
mitologia grega, estendendo-se das oitavas 19 do canto I, até a 144 do canto
X.
O epílogo inicia-se com uma das mais belas e angustiadas estrofes de todo o
poema, na qual o poeta mostra-se triste, abatido, desiludido com a pátria, que
não merece mais ser cantada.
O genial Camões buscou inspiração nos poetas da antiguidade: Virgílio,
Horácio, Petrarca, etc., cultivando os gêneros clássicos, como já citado
anteriormente, que vivem até hoje. Essa perfeição clássica ainda atrai adeptos,
embora que remotamente, e como a arte é um circulo onde tudo se recria, se
206
assemelha, se contrafaz, há alguém que busca no mestre lusitano a mesma
inspiração clássica, como nas oitavas a seguir:
Se calíope e a sorte me valerem
E co’a inspiração puder contar;
Se Polímnia e Clio me socorrerem
E a história às páginas ganhar
E os quatro brancos séculos vencerem
E as clássicas oitavas emanar,
O esforço não terá sido insano,
Sob a forma do mestre lusitano.
Somente então verei nos versos meus
O alento que do canto inspirado
Viestes socorrer-me com os teus
Encantos sempiternos marchetados;
Agradeço a vós, filhas de Zeus,
Por terem nestas páginas guiado
O retorno do clássico de outrora,
Tardou, mas vive intrépido agora.
207