FELIZ E SAN TA PÁSCOA
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FELIZ E SAN TA PÁSCOA
BOLETIM UNIVErSITÁRIO FELIZ E SANTA PÁSCOA Nº 03 - ABRIL - 2011 ::::: UNIVERSITAS Pág. 02 BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 “sciat ut serviat” As mortes e a destruição provocadas pelo tsunami no Japão, nesses últimos dias, nos lembraram a nossa condição humana de pessoas limitadas e sujeitas ao mal e à dor. Condição triste, da qual procuramos incessantemente uma explicação. Na realidade, ela existe, embora, talvez, não queiramos aceitá-la. O ser humano não foi criado para sofrer. O anseio de felicidade que palpita no seu íntimo o declara. Ele mesmo, ao longo de sua história, criou e continua a piorar esta triste situação, desrespeitando a vontade do Criador na profanação da vida. E é por isso, inclusive, que ninguém pode mudá-la. Deus respeita a vontade do homem, também na sua maldade! Todavia, Ele, na sua bondade, por ser Amor (1Jo 4, 8.16), vendo os seus filhos nesse estado de degradação e sofrimento, decidiu salvá-los. Esse plano de amor, de salvação, foi preparado por séculos e começou a ser realizado, para toda a humanidade de todos os tempos, com a vinda de Cristo, que é o mesmo Deus, que se tornou homem. Parece fábula, mas não é! Cristo, no entanto, não veio eliminar o sofrimento, que entrou no mundo pelo abuso da liberdade humana, mas renovar a pessoa no seu espírito, no seu íntimo, e libertá-la da morte, ressuscitando-a, no fim dos tempos, para a vida eterna. O mesmo Jesus um dia disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, que conduz ao Pai, que leva à realização da felicidade humana (Cf. Jo 14, 6). Com efeito, pela sua vida, morte e ressurreição, nós recebemos: primeiro, de sua palavra e seu testemunho A PESSOA HUMANA Pág. 04 de vida, o conhecimento do caminho que, com ele, devemos percorrer para nos realizarmos alcançando a felicidade. Qual é esse caminho? “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 13,34). Ele morreu na cruz por nós! segundo, a verdade sobre Deus, sobre o homem e sobre as coisas. Ou seja: Deus é amor, nós somos imagem dele e, por isso, vivemos para amar, portanto as coisas existem para realizarmos esse ideal de amor. terceiro, a sua vida divina - que é o seu amor, o seu pensamento e vontade - em que devemos viver no nosso dia a dia em tudo o que pensamos e fazemos. Um dia ele disse à uma mulher samaritana: Eu tenho uma água viva que tira para sempre a sede a quem a beber, pois ela torna-se nele fonte de vida eterna, de felicidade (Cf. Jo 4, 10-14). Enfim, a ressurreição dos mortos. Ele tornou-se o primogênito entre os mortos. Depois dele, todos, pela sua ressurreição, ressurgiremos. A ressurreição de Cristo é a plena realização e confirmação de tudo isso. Ela nos demonstra claramente que ele é Deus e, por isso, tudo o que disse, prometeu e fez é verdade. Afinal, a vida não teria sentido se permanecesse um vale de lágrimas e de horizonte fechado. Com Cristo morto e ressuscitado ela volta a ter pleno sentido. Conheçamo-lo, abramo-nos à sua vida divina de amor, sigamo-lo. Ressuscitado, ele é a luz do nosso caminho: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Pe Antonio Caliciotti LIBERDADE RELIGIOSA Pág. 06 CIENTIFICISMO Pág. 08 EXPEDIENTE 2 (Universidade) FOCALIZANDO A CULTURA UNIVERSITAS O conhecimento é para o bem integral da pessoa. Deve abranger não somente o científico, mas também o filosófico e o teológico, que lhe permitem discernir esse bem. Colaboradores: Arquidiocese de Londrina Paróquia Sagrados Corações Gráfica Idealiza No artigo anterior deste Boletim, depois de uma breve história da origem e da fisionomia inicial da Universidade, dizíamos que, desde quando deixou de ser procura e transmissão do conhecimento total, isto é, científico e filosófico, ela deixou de ser Universidade no sentido genuíno da origem. Certamente alguém poderia dizer que, mudando os tempos e as necessidades do homem, devem mudar também as instituições. Correto. Mas o homem, ontem como hoje, precisa ter a verdade total sobre o mundo e si mesmo, para poder realizar-se. A verdade é o conhecimento das coisas. A verdade é ontológica e lógica. A verdade ontológica é a coisa enquanto é o que é, enquanto corresponde ao nome que se lhe dá. A verdade lógica é a conformidade da inteligência ao ente, à verdade ontológica, isto é, o julgamento que está conforme ao que o ente é. Mas este conhecimento diz respeito não só às causas próximas, à estrutura e às leis do ente, o que constitui a verdade científica. Refere-se também à função última do ente, ao seu valor em relação ao homem, que é a verdade filosófica. Se reduzíssemos a verdade somente ao conhecimento da estrutura e das leis das coisas, para compreendermos o seu funcionamento e, assim, manipulá-las, estaríamos dando à verdade científica, como em geral acontece e como veremos, um caráter ideológico de totalidade, ao passo que o saber científico é imparcial. O conhecimento científico, com efeito, não oferece nenhum guia, explícito nem implícito, para fins ou valores. E o mesmo se deve dizer da tecnologia, que opera toda uma série de meios que se podem direcionar para as finalidades mais diversas. O caráter alheio da Ciência e da Técnica em relação à esfera dos fins e valores constitui aquela “neutralidade” que, aos olhos de muitos, representaria um título de mérito para elas, por revelarem sua independência e autonomia com relação a preconceitos de qualquer tipo que seja. Antes, seria nesta neutralidade que reside uma das principais garantias de sua objetividade. Certamente o conhecimento científico, em si, deve E-MAIL: [email protected] BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 ser objetivo, mas a aplicação desse conhecimento na manipulação das coisas tem necessariamente uma direção, uma finalidade que, para ser humanizante, deve corresponder à finalidade, ordenação e valor das coisas, que nos são dadas pela verdade filosófica. Se não reconhecermos a necessidade da verdade metafísica das coisas, transformaremos a Ciência em cientificismo e a Tecnologia em tecnocracia; cientificismo e tecnocracia que são a canonização da neutralidade da Ciência e da Técnica. Apenas com o conhecimento científico, o homem não pode realizar o progresso humano, porque nem a Ciência nem a Técnica contêm fins ou valores suficientes para fundamentar a práxis (e sua neutralidade sublinha precisamente este fato). Pretender que elas sozinhas constituam SUGESTÃO (Cecília Meireles) SEDE ASSIM – qualquer coisa Serena, isenta, fiel. Flor que se cumpre, Sem pergunta. Onda que se esforça, Por exercício desinteressado. Lua que envolve igualmente os noivos abraçados e os soldados já frios. Também como este ar de noite: Sussurrante de silêncios, Cheio de nascimento e pétalas. Igual à pedra detida, sustentando seu demorado destino. E à nuvem, leve e bela, Vivendo de nunca chegar a ser. À cigarra, queimando-se em música, ao camelo que mastiga sua longa solidão, ao pássaro que procura o fim do mundo, ao boi que vai com inocência para a morte. Sede assim, qualquer coisa Serena, isenta fiel. Não como o resto dos homens. BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 os guias em que possamos confiar para o nosso comportamento individual e social, é um absurdo. Somente conhecendo filosoficamente a ordenação das coisas em relação ao homem, teremos a luz para o reto agir humano, inclusive para a investigação científica e a sua aplicação tecnológica, já que a ciência não nos diz por que é cultivada e a técnica, por que e como é promovida. A investigação científica trouxe à humanidade um progresso deslumbrante, mas justamente por ser um conhecimento parcial, esse progresso não foi humanizante, isto é, não contribuiu para a realização total do homem e de todos os homens. Foi e é um progresso puramente material, de uma minoria e, sob muitos aspectos, prejudicial. A Universidade, se quiser continuar a ser o templo da verdade como era no início e, por isso, causa de verdadeiro progresso humano e de desenvolvimento, deve voltar a investigar e transmitir a verdade não somente científica, mas também filosófica sobre o homem e sobre as coisas. A Filosofia, fonte da verdade dos princípios supremos, dos quais derivam os princípios diretivos de todas as ciências, formadora do juízo e do espírito crítico e criador, deve presidir a Universidade. Somente assim voltaremos a ter a formação integral da pessoa humana, como afirmava também Max Scheler. (Continua) :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo “NÃO COMO O RESTO DOS HOMENS” Vozes destoantes a ecoar no deserto. Eis a realidade dos que se propõem, neste mundo desvairado e incoerente, a divulgar os verdadeiros valores humanos. Tidos como ingênuos e descontextualizados, esses “beatos” não são, porém, felizmente, os únicos a enaltecer a conveniência da adoção e do exercício desses valores. Abraçam esse ideal – embora por outros caminhos – também grandes poetas. Afinal, é no recolher-se em oração (comunhão com o transcendente), no abrir-se para a necessidade do outro (fraternidade) e no fazer poético (sentimento de mundo comunicado por meio da palavra filtrada pela emoção e originalidade) que o homem sublima-se, toma plena posse de sua condição de criatura privilegiada, roçando o divino e distanciando-se da precariedade que o atrela às demais espécies animais. Nesses versos de Cecília Meireles, o eu-poético pinça dos reinos vegetal, mineral e animal as figuras por meio das quais – pelo crivo metafórico – convida perpetuamente seus interlocutores, dispersos por imposição do tempo e do espaço, a exercitar a GRATUIDADE DOS GESTOS (flor, onda), a DISPONIBILIDADE despreconceituosa PARA COM O PRÓXIMO (lua), a HUMILDADE QUE DISPENSA APLAUSOS (ar da noite), a ACEITAÇÃO DA MISTERIOSA CONDIÇÃO HUMANA (pedra, nuvem, boi, camelo), a BUSCA CONSTANTE DE CRESCIMENTO e AUTO-SUPERAÇÃO (pássaro, cigarra). É notável o contraste entre a leveza sugerida pelas figuras da flor, das pétalas, da nuvem, da cigarra, ao longo do poema, e a palavra “RESTO”, que “pesa” na acepção pejorativa de “o restante, o grosso da humanidade”, “o restolho”, reduzida à mera noção de quantidade, oposta à preferível noção de qualidade (do que é preciso porque raro) do que busca novos horizontes, nadando contra a maré do individualismo, do toma-lá-dá-cá, sabedor de que não é isso que faz feliz o ser humano. Bem comparando, não é essa – por acaso – a proposta de atitude evangélica? Não lembra a bem-aventurança relativa à mansidão, receita para colorir o estéril oceano do comodismo, da pretensa auto-suficiência, da arrogância e do hedonismo que caracteriza o “resto dos homens?” Ceci Aparecida Boretti Maschietto Professora de Língua Portuguesa 3 O QUE SIGNIFICA AMAR Semântica O Termo “amor” tornou-se, hoje, uma das palavras mais usadas e mais abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes. Em toda a gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher, no qual se envolvem corpo e alma indivisivelmente e na expectativa de uma felicidade à primeira vista parece irresistível, sobressai como arquétipo de amor por excelência. A pergunta que nos fazemos é: “Em que consiste o amor?” Eros e ágape – Diferença e unidade. 4 Ao amor entre o homem e a mulher, que não nasce da inteligência e da vontade, mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de Eros, ao passo que o Cristianismo, que tem uma nova compreensão do amor, o exprime com a palavra ágape. O mundo pré-cristão - os gregos e de forma análoga outras culturas também - vira no Eros, o prazer do sexo: prazer intenso, um estado físico e emocional que arranca o ser humano das limitações da sua existência dando-lhe a impressão de experimentar a mais alta beatitude, um espécie de inebriamento divino, de loucura dos deuses e, por isso, de comunhão com eles. Isso a ponto de ser O amor não é somente gostar do outro ou se aproximar dele por qualquer interesse. Amar é querer o bem verdadeiro do outro, querer que ele viva e viva cada vez melhor material, física e espiritualmente. traduzido em cultos de fertilidade, aos quais pertence a prostituição “sagrada”, que prosperava em muitos templos. Virgílio, nas Bucólicas, afirma: “Omnia vincit amor – o amor tudo vence”, e acrescenta: “et nos cedamos amori – rendamo-nos também nós ao amor”. Certamente entre o amor e o Divino existe uma relação, porque Deus é amor. Mas ela acontece não se deixando subjugar simplesmente pelo instinto e criando formas de culto sexual, que é uma perversão da religião. Nele as prostitutas eram simples instrumento de prazer, pessoas humanas de quem se abusava. Para que o Eros adquira qualidade de ato humano de verdadeiro amor, não BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 permaneça simplesmente ato animal, não seja degradação do ser humano e se torne comunhão com Deus, precisa de disciplina, de domínio, de purificação. Somente assim deixa de ser prazer de um instante e se torna uma amostra daquela felicidade para a qual tende todo o nosso ser. Essa catarse não é rejeição do eros, mas reveste o amor de sua verdadeira grandeza. Com efeito, o ser humano é corpo e alma. Nele nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o ser humano, a pessoa como criatura unitária. Por isso, o eros reduzido a puro “sexo”, a um simples ato biológico, vira mercadoria, torna-se uma “coisa” que se pode comprar e vender; antes, é o próprio ser humano que se torna mercadoria, exploração. Ao contrário, a fé cristã sempre considerou o ser humano um ser unidual, em que espírito e matéria se compenetram mutuamente. Os seus atos, especialmente o amor, devem ser expressão desta sua unidade de pessoa humana: brotar do espírito e se manifestar através de gestos e atos fisicos. No livro do Cântico dos Cânticos, do Antigo Testamento, no qual se exalta o amor conjugal, encontram-se duas palavras distintas para designar o “amor”. Primeiro, aparece a palavra dodim, um plural que exprime o amor ainda indeterminado, em fase de procura e de caráter egoísta. Depois essa palavra é substituída por ahabà, que, na versão grega, é traduzida pelo termo, de som semelhante, ágape, que se tornou o termo característico para a concepção bíblica do amor. Em contraposição ao amor anterior, ainda em fase de procura e egoísta, esse vocábulo exprime o FIQUE POR DENTRO BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 amor que é descoberta do outro, cuidado um para com o outro. Nesse amor altruísta, o indivíduo já não busca a si próprio, não procura a imersão no inebriamento do prazer individual; procura, ao invés, o bem do amado: torna-se renúncia, está disposto ao sacrifício, antes procura-o. Ademais, no amor entre o homem e a mulher, dá-se a evolução desse sentimento para níveis mais altos, delineia-se seu caráter definitivo, que é o sentido da exclusividade – dirigido apenas a essa única pessoa – e “para sempre”. Esse amor compreende a totalidade da existência, inclusive a temporal. Sim, o amor é caminho, êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, dessa forma, para a compreensão de si mesmo, da finalidade de sua vida e, mais ainda, para a descoberta de Deus: “Quem procura salvaguardar a sua vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á” (Lc17,33), disse Jesus. Foi o seu caminho da cruz que o levou à ressurreição: o caminho do grão de trigo que cai na terra e morre e, desse modo, dá muito fruto. Com tais palavras Jesus descreve a essência do amor. A ágape torna-se, assim, luz, purificação, desenvolvimento e complementação do eros, tornando-o amor verdadeiro. E, como tal, ele se torna impulso vital de amor entre o homem e a mulher na união exclusiva e indissolúvel. :::Mercedes dos Santos Rosa Graduada em Direito e História 1. FERIADO DE CORPUS CHRISTI de 23 a 26 de Junho de 2011 ENCONTRO UNIVERSITÁRIO EM CAMPOS DO JORDÃO-SP TEMA: A SANTA MISSA Contato: [email protected] 2. MISSA COM OÁSIS DATA: 30 de Abril de 2011 - 17:00 h Local: Universiflat III – Rua Delaine Negro, 90 Contato: [email protected] ACESSE NOSSO BLOG: valoresecultura.blogspot.com 5 colocados para imitação dos outros? Porque foram seres humanos que viveram o amor, deram os frutos de uma vida de respeito, de doação, de justiça, de bondade, de perdão e de paz. A vivência que devemos ter nos é indicada pela própria natureza que, com as suas inclinações, nos indica os bens (boas ações) que devemos praticar para nos realizarmos. Quais são essas inclinações da natureza humana, cujos bens, para os quais elas tendem, realizam o homem? São três: a primeira, é conservar e desenvolver a própria existência. Todos querem viver e viver cada vez mais plenamente. a segunda, é reproduzir-se para continuar a espécie. Quem não quer ser pai ou mãe? a terceira, é conhecer a verdade sobre Deus e viver em sociedade. Esta terceira é característica do ser racional e é fundamental para toda pessoa. Essas inclinações nos levam a deduzir onde está o bem que devemos praticar e o mal que devemos evitar, quais são os verdadeiros valores ou a lei natural que deve guiar o nosso pensar e agir. Em outras palavras, a mensagem ética, a norma moral, o que é bom e que nos deve dirigir, está presente em nós, na nossa natureza. Essa mensagem, naturalmente, é mensagem de amor, a qual, com efeito,foi colocada pelo Criador, que é Deus amor. E foi colocada no ser humano, que, por ser “imagem de Deus”(racional), é chamado a viver no amor. Ela indica a estrada da bondade que devemos percorrer: - cultivar a vida, nossa e dos outros, como ato de agradecimento a Deus, que no-la deu, e de amor a nós mesmos e ao próximo; - colaborar com Deus na procriação de outros seres humanos; o que deve ser visto como privilégio, responsabilidade e ato de doação aos outros. De modo que o matrimônio e a família devem ser realizados como ideal de amor; - enfim, cumprir o nosso dever de agradecimento a Deus por tudo o que somos e temos, convivendo com os outros – que são todos filhos de Deus - em fraternidade. O Evangelho - que é a revelação da lei natural, que Cristo veio nos dar de maneira clara, para que não errássemos na sua interpretação - sintetiza-se exatamente na vivência do amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” ( Jo 13,34), isto é, dando a vida por nós. Ética, então, é viver agradecendo a Deus pela vida, no respeito e amor a nós mesmos e aos outros. O EVANGELHO DA ALEGRIA ÉTICA 6 Ética, do grego éthos, significa costume, comportamento. É sinônimo de Moral, do latim mores, costumes. O que mais uma pessoa deseja na sua existência é ser feliz. O que torna feliz é o bem. E o único bem – todos o percebemos – é a vida. A felicidade é a vida plena. Somente ela nos pode oferecer um verdadeiro e pleno contentamento, oposto ao sofrimento, causado na pessoa e na sociedade por eventos funestos e ações más, prejudiciais à vida. Viver de maneira ética significa, pois, pensar e agir de tal modo que possamos - em tudo o que fazemos e nos diversos acontecimentos e circunstâncias - cultivar a vida, nossa e dos outros, física, material e espiritualmente, com respeito, bondade e carinho. A Ética, diziam os “estóicos gregos”, é a arte de viver. A pessoa vive com arte quando procura viver no bem, no cultivo pleno da vida humana (física e espiritual), porque arte é tudo o que leva a viver melhor. Uma pintura, uma escultura, tudo o que se diz artístico, é realmente tal se servir para o bem da vida das pessoas. Assim como a arte, expressão física do pensamento, é feita de estudo e ação, a Ética também, enquanto arte de viver, comporta conhecimento contínuo e prática do que é realmente bom e melhora a vida, nossa e dos outros. Um sábio dizia que dentro dele latiam e lutavam dois cachorros, um bom e outro mau. Perguntado sobre qual dos dois vencia, o sábio respondeu: “Aquele que alimento melhor”. (Anedota dos índios norte-americanos). Alimentar a Ética significa dedicar-se ao conhecimento do bom e viver nele. Aristóteles, na “Ética a Nicômaco”, diz que “o bom é aquilo que todos procuram”. E todos, consciente ou inconscientemente, procuram saber o que eles são como pessoas e como devem viver para serem felizes.. O que é a pessoa humana? É um animal racional. A sua racionalidade não é matéria, como o corpo, mas espírito, que provém da natureza de Deus, daquilo que Deus é: Espírito perfeito. É, pois, “imagem de Deus” (Gn 1,26-27): inteligência e vontade, capacidade de pensar e de querer. Essa espiritualidade confere ao homem uma dignidade divina, que merece todo respeito e o coloca como fim e acima de tudo o que é terreno. Torna-o também imortal - a morte não consegue destruí-lo no seu espírito – e, enfim, coloca a sua realização e a sua felicidade não nas coisas materiais, incompletas e passageiras, e, sim, na sua fonte criadora, em Deus, naquilo que Ele é: Amor ( 1Jo 4, 8,16). De fato, se o homem é imagem de Deus - que é e vive no amor - ele também existe para viver na bondade e é nela que se realiza e será feliz. Por que os Santos (pessoas extraordinariamente boas) alcançaram a realização, a felicidade, e são :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01 A festa do carnaval é uma oportunidade de meditarmos sobre a alegria. O ser humano é a única criatura que tem a capacidade de sorrir. Tão grande é o poder do sorriso que abre mil portas. Sorrir é gesto de amor, que favorece a comunicação e torna o ambiente agradável e prazeroso. As bem-aventuranças são o evangelho da alegria, o código da felicidade, a ética da realização humana. Jesus é nossa alegria porque perdoa os pecados, liberta os pobres, cura feridas, propõe horizontes novos, trouxe a melhor noticia – o amor de Deus e vence a morte. Tão atraente é a alegria que os apóstolos sentam-se alegres por sofrer pela fé em Jesus Cristo. Por outro lado há uma alegria que o mundo não pode tirar, ou seja, a ressurreição do Senhor, a certeza do céu e a segunda vinda do Salvador. A oração é fonte de alegria, o perdão suscita alegria, o bem é o caminho da alegria e o dever cumprido faz brotar a alegria, que é dom. S. Francisco de Assis falava da perfeita alegria que consiste em não perder a serenidade e a paz nas injurias e humilhações. S. Felipe Neri cultivou a espiritualidade da alegria através do bom humor e de coisas engraçadas para fazer os outros rirem e se alegrarem. Alegria não é barulho, algazarra, gritaria, bebedeira, extravasamento. Alegria é dar sentido às coisas, ter profundidade, cultivar soluções e esperanças. Quanta alegria vem da misericórdia que consiste em pedir perdão e ajudar os necessitados. Deus é amor e humor. Quanto bem fazem os artistas, os palhaços, os que promovem a alegria. Deus ama a quem doa, ajuda, partilha com alegria. Deus é amor e humor. O filho pecador é recebido pelo Pai com alegria e festa. Para o apóstolo Paulo a alegria era a comunidade unida. Pede que os cristãos trabalhem com alegria, evangelizem com alegria, perdoem com alegria, vivam o cotidiano com alegria. Ele sente alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas perseguições, nas necessidades porque nestas fragilidades ele percebe a força da graça e o poder de Deus. O reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Recomendava sempre: “alegrai-vos com os que se alegram”. O Documento de Aparecida tem um capítulo sobre a alegria de ser discípulo missionário. Fala de sete alegrias: alegria de sermos imagem e semelhança de Deus, fonte de nossa dignidade, a alegria de sermos chamados à vida, a alegria da convivência na família, a alegria que vem do trabalho como serviço à sociedade, a alegria das descobertas da ciência, a alegria do bem comum, a alegria de a América Latina ser o continente da fé e do amor. Maria, mãe de Deus, é causa da nossa alegria. Ela recebeu o titulo de Nossa Senhora do Sorriso. Santa Terezinha transformou sofrimentos e tristezas em alegria. Elegeu a criança, o Menino Jesus como inspiração da alegria. Quer passar o céu fazendo o bem na terra. Nosso Deus é o Deus da alegria que no entardecer de nossa vida dirá aos que praticam o bem: “entra na alegria do teu Senhor”. Cantemos ao Senhor com hinos de alegria. Reza o salmista que “quem semeia entre lágrimas, recolhe a cantar”. E ainda, Deus transforma desertos em fontes, farrapos em trajes de festa, espadas em enxadas. Até rios, campos, montanhas batem palmas porque tudo transborda de alegria. Eis, pois o evangelho da alegria. Mais impressionante ainda é o profeta Sofonias quando afirma que “nós somos a alegria de Deus”. É bom lembrar a cada instante: “eu sou a alegria de Deus” e esta alegria é a nossa força. :::Dom Orlando Brandes 7 ? POR QUE A CIÊNCIA NÃO PODE TER A ÚLTIMA PALAVRA 8 O conhecimento científico trouxe e, com certeza, ainda trará inúmeros benefícios à humanidade. Mas a sua hegemonia, como a do naturalismo científico, está proporcionando-lhe uma liberdade perigosa, cujas consequências são imprevisíveis. Devemos, então, nos perguntar: Qual é a finalidade da ciência e da tecnologia? A vida humana é o único bem que existe. Portanto, bom é o que a favorece, mau o que a prejudica. Com efeito, quem de nós quer ser prejudicado na vida? Ninguém! Então a ciência e a técnica também devem estar a serviço da vida humana, da sua promoção, do seu bem autêntico. Diante desta verdade fundamental devemos necessariamente ponderar sobre a periculosidade à qual nos pode conduzir o progresso da ciência, do qual nós usufruímos, se ele não for procurado e colocado unicamente a serviço do bem do ser humano. Esse é o grande perigo do positivismo científico, isto é, da ciência que se torna indiferente em relação aos valores humanos. Um dos graves problemas da atualidade é mesmo essa pretensão da ciência que, arbitrando sobre as esperanças que suscita, aspira a construir e fornecer o sentido da vida. Hans Magnus Enzensberger observara que ela apresenta mais dilemas que soluções e que são propriamente as ciências mais jovens, como a biologia, as mais propensas a manifestar aquele vício típico da adolescência e da juventude que é a mania de grandeza. Bento XVI, depois de ter exaltado os prodigiosos progressos conseguidos pelas ciências experimentais, nos adverte que “não se pode circunscrever completamente a identidade do ser humano e fechá-lo no conhecimento científico”. Ele vai sempre além daquilo que dele se vê ou se percebe através da experiência. É preciso unir à pesquisa científica a pesquisa filosófica e teológica. Esta mostra que o ser humano não é fruto do acaso e nem sequer de um conjunto de convergências, de determinismos ou de interações psicoquímicas, mas goza de uma liberdade que, embora tenha presente a sua natureza física, transcende-a e manifesta que existe nela algo também imaterial, espiritual e, por isso, inalcançável cientificamente, e que lhe permite relacionar-se com os outros e com Deus. A ciência não pode ser, pois, a única forma válida de conhecimento. Ela é competente somente no campo cognitivo das ciências empíricas, quer dizer, num campo de conhecimento parcial, que deve integrarse com aquelas formas de conhecimento oferecidas pela filosofia e teologia. E a tecnologia, que deriva da ciência, deve ser aplicada não simplesmente pelo fato de que existe o conhecimento fornecido pela ciência, mas porque seu objetivo primordial deve ser a promoção autêntica da vida humana. Com efeito, não é a ciência, ou o simples conhecimento dela, que pode ser o critério do bem. Ela não tem condições de elaborar princípios éticos, pode somente acolhê-los em si e reconhecêlos como necessários para corrigir as suas eventuais patologias. É a teologia, com o suporte da filosofia, que pode oferecê-los. Esse é o pensamento também de Bento XVI ao afirmar que, no campo da ciência e das suas aplicações, o papel da religião é “corretivo”, consiste na sua inata capacidade “de ajudar a purificar e iluminar a aplicação da razão na descoberta dos princípios morais objetivos”(Cf. Oss.Rom. 19 setembro 2010,4-5) Quando se sustenta que a ciência pode permitir ao homem o alcance da verdade dando-lhe condições de realizar plenamente o seu ser, o saber científico se torna o seu fim último e se desvirtua na sua natureza por não se reconhecer simplesmente como mais um (e não o único) instrumento cognitivo do cosmo e do homem. Ademais, toda vez que a ciência é deformada e profanada, passando - de simples instrumento científico - a finalidade da vida humana, desligandose de todo valor ético, pode tornar-se base de ações criminosas, como aconteceu nas mãos de Hitler, na última guerra mundial, como acontece na realização do aborto, na proliferação das armas, inclusive químicas e nucleares. A fórmula “saber é poder” , grito de alegria da era democrática e liberal, começa a adquirir um som lúgubre. A ciência, se não for dirigida por um princípio superior, cede sem resistência os seus segredos à técnica desmedida, alimentada e animada pelo espírito comercial; a técnica, por sua vez, freada ainda menos que a ciência, por um princípio superior apto a promover a civilização com os meios que a ciência lhe oferece, cria todos os instrumentos que garantam ao mais forte continuar a esmagar o mais fraco. O limite além do qual a aplicação do conhecimento científico torna-se abuso depende de nossa concepção moral, e esta, por sua vez, é fixada essencialmente por um ponto de vista moral. Certamente a ciência, quando não sai do seu campo de pesquisa, constitui uma preciosa obra de aumento dos conhecimentos humanos. A atividade científica constitui, pois, uma obra muito importante no desenvolvimento de conhecimentos humanos, que podem e devem melhorar a vida das pessoas, como já está acontecendo, pelo menos em parte; ela tem, contudo, os seus limites naturais e deve ter também aqueles morais que, com a colaboração da filosofia, a teologia lhe pode e deve fornecer. Esses limites morais são para ela uma luz, um estímulo e um corretivo, que lhe permitem ser autêntica, isto é, estar a serviço da vida humana e nunca prejudicá-la, seja na pesquisa como na aplicação. :::Pe Antonio Caliciotti Graduado em Filosofia, Teologia e Pedagogia Mestre em Teologia Moral Mestre e Doutor em Filosofia Social Professor de Filosofia, Sociologia, Metodologia e Estudo do Homem Contemporâneo BOLETIM UNIVERSTIÁRIO : Trimestral : 01