Controle Ativo de Embarcações com Posicionamento Dinâmico
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Controle Ativo de Embarcações com Posicionamento Dinâmico
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Henrique Malatesta Motomura 061432 Controle Ativo de Embarcações com Posicionamento Dinâmico Durante a Operação de Reentrada em Águas Ultraprofundas i Henrique Malatesta Motomura 061432 Controle Ativo de Embarcações com Posicionamento Dinâmico Durante a Operação de Reentrada em Águas Ultraprofundas Relatório final da Disciplina ES952 – Trabalho de Graduação II apresentada à comissão de Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para obtenção do Título de Engenheiro de Controle e Automação. Área de Concentração: Engenharia de Petróleo Orientador: Prof. Dr. Celso Kazuyuki Morooka ii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Controle Ativo de Embarcações com Posicionamento Dinâmico Durante a Operação de Reentrada em Águas Ultraprofundas Autor: Henrique Malatesta Motomura Orientador: Prof. Dr. Celso Kazuyuki Morooka Curso: Engenharia de Controle e Automação Área de Concentração: Engenharia de Petróleo A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou este Trabalho: ____________________________________________________ Prof. Dr. , Presidente Departamento ____________________________________________________ Prof. Dr. Departamento ____________________________________________________ Prof. Dr. Departamento Campinas, de de 2011. iii Dedicatória À minha mãe, ao meu pai, aos meus irmãos e familiares que foram a primabase na formação de meus valores e sempre me ajudaram a seguir meus sonhos. iv Agradecimentos A todos aqueles que me auxiliaram direta ou indiretamente com esse trabalho, fosse com uma ajuda técnica, fosse uma comemoração com os resultados obtidos, deixo meus mais profundos e sinceros agradecimentos. Em especial, agradeço: Ao meu orientador Prof. Dr. Celso Kazuyuki Morooka, pela oportunidade, suporte e apoio durante todo o trabalho. Aos meus companheiros do LabRiser/UNICAMP pelo apoio, paciência e companheirismo nesses anos de convivência. À minha família, por todo suporte e presença nos momentos difíceis. À minha namorada Bruna, por todo apoio e compreensão. Aos meus amigos de turma, por todo o apoio e companheirismo. v “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles” – Regra de Ouro (Matheus, 7:12) vi Resumo Mais de 85% do petróleo produzido pela Petrobras no Brasil vêm de campos marítimos. Com a explotação de reservatórios em águas cada vez mais profundas, é comprovada a necessidade de avançar no estudo de novas tecnologias e soluções para problemas relacionados a sistemas marítimos para perfuração e produção destes campos. Um dos principais componentes desse sistema são os risers marítimos de produção e de perfuração, e uma operação recorrente é a de reentrada de poços durante a perfuração e/ou completação/intervenção de poços submarinos. A operação de reentrada consiste em posicionar a extremidade inferior do riser de perfuração acima da cabeça do poço, com a finalidade de conectá-los entre si. Contudo, em águas muito profundas esta operação torna-se muito difícil, principalmente devido aos deslocamentos flexionais do riser, gerados pela força das ondas e da corrente marítima (Yamamoto et al, 2007). A falta de um sistema de controle capaz de posicionar, de forma precisa, a extremidade inferior do riser pode obrigar a embarcação a aguardar dias por melhores condições de mar para realizar a reentrada do poço e reiniciar a operação em seu processo normal. Palavras Chaves: Dynamic Positioning System, Plataforma Semi-submersível, Controle Ativo, Engenharia de Petróleo, Perfuração Offshore vii Lista de Figuras Figura 2.1 – Plataforma durante a operação de reentrada .................................... 2 Figura 2.2 – ROV utilizado para auxiliar a operação de reentrada ........................ 3 Figura 4.1 – Arquivo dps.inp onde parâmetros, como a trajetória de referência da plataforma, são definidos. ................................................................................. 8 Figura 4.2 – Parte do arquivo eugenio.inp onde a série temporal contendo a trajetória de referência é definida. ........................................................ 9 Figura 4.3 – Declaração das novas variáveis adicionada ao código fonte ..................................................................................................................... 10 Figura 4.4 – Código responsável pela leitura do arquivo eugenio. ....................... 12 Figura 4.5 – Código inserido na sub-rotina COREDPS, onde a dinâmica da plataforma é calculada ................................................................................... 13 Figura 4.6 – Código inserido no fim do programa principal para liberar a memória utilizada para armazenar a trajetória de referência ............................ 14 Figura 5.1.1 – Trajetória de referência da plataforma e comportamento esperado da extremidade inferior do riser, para um deslocamento de 15 metros 17 Figura 5.1.2 – Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no RiserProd, para uma trajetória com deslocamento de 15 metros ......................... 17 Figura 5.1.3 – Trajetória de referência da plataforma e comportamento Esperado da extremidade inferior do riser, para um deslocamento de 20 metros 18 Figura 5.1.4 – Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no RiserProd, para uma trajetória com deslocamento de 20 metros ......................... 18 Figura 5.2.1 – Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no Anflex, para uma trajetória com deslocamento de 15 metros .......................................... 20 Figura 5.2.2 – Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no Anflex, para uma trajetória com deslocamento de 20 metros .......................................... 20 Figura 5.3.1 – Comparação das trajetórias da extremidade inferior do riser obtidas em ambos os softwares, para um deslocamento de 15 metros ............... 21 Figura 5.3.2 – Comparação das trajetórias da extremidade inferior do riser obtidas em ambos os softwares, para um deslocamento de 20 metros ............... 22 viii Lista de Tabelas Tabela 5.1.1 – Dimensões principais da plataforma semi-submersível ............... 15 Tabela 5.1.2 – Propriedades do riser utilizado nas simulações ........................... 16 ix Índice 1. Introdução ..................................................................................1 2. A Operação de Reentrada ................................................................................ 2 3. Modelagem Matemática .................................................................................... 3 3.1. Planejamento da Trajetória ........................................................................ 4 3.2. Simulação Numérica (Software RiserProd) ................................................ 5 4. Alterações no RiserProd ................................................................................... 7 5. Resultados ...................................................................................................... 12 5.1. Simulações no RiserProd ......................................................................... 15 5.2. Simulações no Anflex ............................................................................... 19 5.3. Comparação dos Resultados Obtidos ...................................................... 21 6. Conclusão ....................................................................................................... 22 7. Referências ..................................................................................................... 23 1 1. INTRODUÇÃO A exploração e produção mundial de petróleo são crescentes devido ao aumento da demanda por seus produtos derivados. Segundo dados da Petrobras (2011), o recorde anual de produção de petróleo e gás foi atingido em 2010, com a produção média de 2,583 milhões de barris por dia, sendo que mais de 85% do petróleo produzido pela empresa no Brasil vêm de campos marítimos. Adicionalmente, as perspectivas do aumento da produção, através dos campos do Pré-sal em águas ultraprofundas (mais de 1500 m de profundidade), são promissoras. Com a explotação de reservatórios em águas cada vez mais profundas, é comprovada a necessidade de avançar no estudo de novas tecnologias e soluções para problemas relacionados a sistemas marítimos para perfuração e produção destes campos. Um dos principais componentes desse sistema são os risers marítimos de produção e de perfuração, e uma operação recorrente é a de reentrada de poços durante a perfuração e/ou completação/intervenção de poços submarinos. A falta de um sistema de controle capaz de posicionar precisamente a extremidade inferior do riser, pode obrigar a embarcação a aguardar dias por melhores condições de mar para realizar a reentrada do poço e reiniciar a operação em seu processo normal. Nesse contexto, encontra-se o trabalho de Fortaleza et al. [1] que apresenta uma metodologia onde, através de um controle ativo na embarcação, é possível mover a extremidade inferior do riser para a cabeça do poço de uma maneira rápida e fazê-la parar, precisamente, acima da cabeça do poço, facilitando a operação de reentrada. Este trabalho apresenta a dinâmica de uma plataforma semi-submersível equipada com Dynamic Positioning System (DPS) e acoplada com um riser de 2 perfuração em uma profundidade de 2020 m, e tem o intuito de verificar a eficácia da metodologia proposta por Fortaleza através de simulações numéricas. 2. A OPERAÇÃO DE REENTRADA A operação de reentrada (Figura 2.1) consiste em posicionar a extremidade inferior do riser de perfuração acima da cabeça do poço, com a finalidade de conectá-los entre si. Atualmente, o posicionamento da extremidade inferior do riser é feito através do controle manual da posição da embarcação, com o auxílio de uma câmera acoplada a um Remote Operated Vehicle (ROV), Figura 2.2. O ROV mostra a distância entre o riser e a cabeça do poço, auxiliando o operador responsável a fazer o ajuste necessário para conectá-los. Figura 2.1: Plataforma durante a operação de reentrada 3 Figura 2.2: ROV utilizado para auxiliar a operação de reentrada. Contudo, em águas muito profundas esta operação torna-se muito difícil, principalmente devido aos deslocamentos flexionais do riser, gerados pela força das ondas e da corrente marítima. O que a torna uma operação demorada e, conseqüentemente, muito cara. Uma vez que o aluguel de uma sonda de perfuração offshore pode alcançar a cifra de um milhão de dólares por dia, se considerado o custo operacional. Dessa maneira, a operação de reentrada pode ser considerada uma oportunidade de melhoria, uma vez que a diminuição do seu tempo representa uma economia considerável, que impactaria positivamente no custo total do poço. 3. MODELAGEM MATEMÁTICA A simulação do sistema riser-plataforma é feita em duas etapas. Na primeira, uma trajetória em malha aberta para a plataforma é gerada de acordo com a metodologia proposta por Fortaleza et al [1]. Já na segunda, utiliza-se o software Riserpord, desenvolvido pelo grupo de pesquisa do LabRiser/Unicamp, para fazer a simulação numérica, no domínio do tempo. 4 3.1 PLANEJAMENTO DA TRAJETÓRIA O planejamento da trajetória da plataforma segue a metodologia proposta por Fortaleza et al [1]. Onde o riser pode ser considerado um cabo submerso em um fluido e modelado pela equação para cabos definida por Bernoulli, adicionada de um fator de amortecimento que depende linearmente da velocidade. (1) Na equação acima, (heave); representa a aceleração da gravidade; é o deslocamento na direção constante de arrasto, e , sendo (surge); o eixo vertical , onde: éa a massa linear do riser e a massa adicional. No contexto do trabalho de Petit and Rouchon et al [5], a solução dessa equação diferencial parcial é dada pela Eq. (2), onde é uma função de Bessel de primeira espécie e . é a transformada de Laplace de (2) A Eq. (2), quando expandida em série de Taylor e calculada sua transformada de Laplace inversa resulta na Eq. (3), onde , onde . (3) é o ângulo de flexão do riser e 5 A solução em malha aberta , onde L é o comprimento do riser, é obtida pela integração numérica da Eq. (3), uma vez que ela é um modelo simplificado que representa uma boa aproximação para a dinâmica do sistema, sendo assim utilizado para obter uma relação explícita entre a extremidade superior do riser, fixa na plataforma, e sua extremidade inferior. Dessa maneira, definindo a trajetória ideal da extremidade inferior do riser para que a reentrada ocorra rapidamente e, utilizando a relação obtida, a trajetória ideal da plataforma é encontrada. 3.2 SIMULAÇÃO NUMÉRICA (SOFTWARE RISERPROD) Para a realização das simulações numéricas utilizou-se o software RiserProd. Nele o movimento da plataforma é considerado como a dinâmica de um corpo rígido e o riser é considerado um corpo elástico. A dinâmica da plataforma é calculada somente nas direções surge e sway, e a modelagem matemática utilizada para representar o movimento da plataforma flutuante nessas direções é a equação integral-diferencial proposta por Cummins et al. [6]. (4) Na equação acima, x representa o deslocamento da plataforma; M a inércia da plataforma (massa); m é a massa adicional calculada segundo a Eq. (5); K é a função da resposta ao impulso estimada pela Eq. (6); B representa o coeficiente de amortecimento viscoso da plataforma; C é o coeficiente de restauração hidrostática, que é zero para surge, sway e yaw; e diferente de zero para heave, roll e pitch; é o carregamento devido à corrente; é a força devido às ondas; é a reação do riser na plataforma, que é considerada igual à força de cisalhamento atuante no elemento finito localizado na extremidade superior do riser ; e E é a força gerada pelos thrusters. 6 (5) (6) Onde e são a massa adicional e o amortecimento da plataforma, respectivamente, e ambos são dependentes da freqüência . As forças dos thrusters podem ser representadas como um sistema de primeira ordem como na Eq. (7), onde é o impulso e é o impulso requerido pelo controlador. (7) O riser é modelado como uma viga delgada com carregamentos transversais devido às pressões hidrostática e hidrodinâmica, e é dividido em finitos elementos com o mesmo comprimento. Assume-se que a massa em cada elemento se concentra no nó superior e no inferior do mesmo. A dinâmica do riser é calculada separadamente paras as direções X e Y, de acordo com as Eqs. (8) e (9). (8) (9) Nas equações acima, e são os vetores que contêm a posição de cada nó do riser nas direções X e Y, respectivamente; que inclui a massa adicional hidrodinâmica; amortecimento, e respectivamente; e e é a matriz de massa concentrada e são as matrizes de são as matrizes de rigidez nas direções X e Y, são os vetores das forças hidrodinâmicas, incluindo o 7 efeito do amortecimento viscoso, atuantes no riser nas direções X e Y, respectivamente. Os dois sistemas dinâmicos, plataforma semi-submersível e riser de perfuração, são acoplados através do centro de gravidade da plataforma e da extremidade superior do riser. Para isso, a posição do centro de gravidade da plataforma é imposta como uma condição de contorno para o nó superior do riser. 4. ALTERAÇÕES NO RISERPROD Originalmente, o software RiserProd possui três formas de definir o movimento da plataforma na direção surge: degrau, freqüência e rampa. Em cada uma delas, a trajetória definida é passada como referência para a plataforma e, a cada instante de tempo, a posição atual da plataforma é comparada com a referência. A diferença proveniente dessa comparação é utilizada pelo sistema de DPS para calcular o esforço com que os thrusters devem atuar na plataforma. A escolha da referência é feita através do arquivo dps.inp. Porém, para verificar a eficácia da metodologia proposta por Fortaleza, uma série temporal deve ser passada como trajetória de referência para a plataforma. Esta série temporal deve conter a posição de referência da plataforma a cada instante de tempo. Para isso, adicionou-se a possibilidade de optar por uma quarta opção de referência, denominada Eugenio, através da escolha do número 3. O arquivo dps.inp modificado é ilustrado na Figura 4.1, onde as linhas iniciadas com aspas são comentários e serão descartadas pelo programa ao fazer leitura do arquivo. 8 Figura 4.1: Arquivo dps.inp onde parâmetros, como a trajetória de referência da plataforma, são definidos. Em seguida, foi criado um arquivo contendo o tamanho do vetor para armazenar a trajetória de referência e as posições que a plataforma deve assumir em cada instante de tempo. O tamanho do vetor depende de dois parâmetros: tempo da simulação e passo de tempo; sendo o resultado da divisão do primeiro pelo segundo. Este arquivo foi denominado eugenio.inp e é ilustrado, em parte, na Figura 4.2. 9 Figura 4.2: Parte do arquivo eugenio.inp onde a série temporal contendo a trajetória de referência é definida. Através dessas duas modificações iniciais, o usuário é capaz de informar para o software que o tipo de movimento da plataforma requerido é dado por uma séria temporal, que está armazenada no arquivo eugenio.inp. Uma vez finalizadas as modificações para fornecer todos os inputs necessários, o próximo passo é realizar modificações no código fonte do software, que foi desenvolvido utilizandose a linguagem de programação FORTRAN 90. A primeira modificação feita no código fonte foi a declaração de um vetor chamado EUGENIO, que será utilizado para armazenar a séria temporal contendo 10 a trajetória de referência, e de duas variáveis do tipo inteiro: tamanhovetor e moto. Essa declaração de variáveis é feita no início do código fonte, antes do programa principal. O código criado é ilustrado na Figura 4.3, abaixo. Figura 4.3: Declaração das novas variáveis adicionada ao código fonte. No programa principal, foi adicionada uma rotina computacional responsável pela leitura e armazenamento dos dados contidos no arquivo eugenio.inp (Figura 4.4). A leitura é feita na ordem com que as informações estão contidas no arquivo referenciado, e é basicamente composta por quatro comandos: 1) Comando utilizado para conectar um arquivo a uma unidade lógica e definir algumas características de conexão. Nela, UNIT indica a unidade lógica do arquivo; FILE especifica, entre aspas, o nome do arquivo que será lido; DEFAULTFILE indica a localização do arquivo; e o STATUS, nesse caso OLD, indica que o arquivo já existe. 2) Comando utilizado para ler valores e armazená-los nas variáveis especificadas. Nela, o primeiro elemento dentro dos parênteses indica a UNIDADE de onde os dados serão lidos, nesse caso o número sete indica que será lido de um arquivo; o segundo elemento dentro dos parênteses indica o formato da 11 leitura, nesse caso o “ * ” indica que a leitura terá formato livre; e por último, a indicação da variável que armazenará o dado lido. A variável AUX4 é utilizada para descartar as linhas do arquivo que possuem comentários. 3) Comando utilizado para alocar memória. Nesse caso, esse comando está criando um vetor denominado EUGENIO com o tamanho do valor armazenado pela variável tamanhovetor. Isso é feito, pois foi utilizada a alocação dinâmica de memória, evitando assim a utilização de memória sem necessidade. 4) O comando DO é utilizado para realizar um loop com um número fixo de ciclos. Nesse caso, o comando está sendo utilizado para realizar a leitura da série temporal presente no arquivo eugenio.inp, e o armazenamento desses valores no vetor eugenio. A variável hmm é utilizada para indicar a posição do vetor onde o dado lido será armazenado, ela é iniciada com o valor 1, e é incrementada uma unidade até alcançar o valor armazenado na variável tamanhovetor, quando a execução do programa sai do loop. 12 Figura 4.4: Código responsável pela leitura do arquivo eugenio.inp. Em seguida, ao realizar a leitura do arquivo dps.inp, o programa armazena o número referente à escolha da trajetória de referência na variável “tipoinput”. Dessa maneira, ao entrar na sub-rotina COREDPS, onde a dinâmica da plataforma é calculada, pode-se verificar a escolha da referência feita e proceder com o cálculo. Para o caso da trajetória de referência Eugenio, onde a variável tipoinput armazena o valor 3, uma modificação foi implementada no programa principal, fazendo com que o programa entre no laço IF destacado na Figura 4.5, abaixo. 13 Figura 4.5: Código inserido na sub-rotina COREDPS, onde a dinâmica da plataforma é calculada. 14 O comando IF impõe uma execução condicional, fazendo com que um determinado bloco de comandos seja executado se uma condição lógica for verdadeira. No caso destacado na Figura 4.5, acima, a variável IPamp recebe o valor armazenado em uma posição específica do vetor eugenio, posição esta determinada pela variável moto, que é iniciada com zero para que a primeira posição do vetor seja a lida no primeiro passo de tempo. Enquanto a variável moto for menor que a tamanhovetor, a referência (REF) recebe o valor de IPamp e o valor de moto é incrementado uma unidade, isto é feito para que, no próximo passo de tempo, o próximo elemento do vetor eugenio seja utilizado. Quando o valor armazenado em moto for maior que o armazenado em tamanhovetor, a referência (REF) recebe o valor zero, fazendo com que a plataforma volta para a posição inicial. Por último, no final do programa principal, é feita a liberação da memória utilizada para armazenar o vetor eugenio que contém a trajetória de referência. Para isso é utilizado o comando DEALLOCATE, como ilustrado na Figura 4.6. Figura 4.6: Código inserido no fim do programa principal para liberar a memória utilizada para armazenar a trajetória de referência. As modificações no código fonte do software RiserProd, especificadas anteriormente, possibilitaram a passagem de uma série temporal como trajetória 15 de referência para a plataforma. Dessa maneira, a metodologia de controle proposta por Fortaleza pôde ser verificada utilizando-se o RiserProd. 5. RESULTADOS 5.1 SIMULAÇÕES NO RISERPROD A plataforma utilizada nas simulações realizadas no software RiserProd foi a plataforma semi-submersível padrão, definida pela International Towing Tank Conference (ITTC). Essa plataforma semi-submersível possui dois pontoons submersos e paralelos, cada um com 115 m de comprimento, 15 m de largura e 8 m de altura, e oito colunas verticais, com diâmetros de 10 m para as quatro colunas externas e 8 m para as quarto colunas centrais. As dimensões principais da plataforma estão na Tabela (5.1.1). Tabela 5.1.1: Dimensões principais da plataforma semi-submersível Comprimento 115 m Largura 75 m Altura do Deck 43 m Pontoons (2 peças) Diâmetro das Colunas (4 peças de cada) Calado Massa de Água Deslocada Comprimento 115 m Largura 15 m Altura 8m Externas 10 m Centrais 8m 20 m 35,000 ton 16 Neste trabalho, o deslocamento vertical e o rotacional do riser não são considerados. As propriedades do riser utilizado nas simulações, e suas dimensões principais, são mostradas na Tabela (5.1.2). Tabela 5.1.2: Propriedades do riser utilizado nas simulações Comprimento Abaixo do Nível do Mar 2000 m Diâmetro Externo 0.55 m Diâmetro Interno 0.5 m Módulo de Young 210 MPa Densidade do Material 7860 kg/m3 Através da metodologia proposta por Fortaleza et al [1], foi obtida uma trajetória de referência para a plataforma flutuante, que indica a posição ideal da plataforma a cada instante de tempo. Uma rotina computacional foi implementada no Riserprod para possibilitar a utilização de um vetor, contendo as posições de referência da plataforma a cada instante de tempo, como parâmetro de entrada do sistema. O sistema de DPS da plataforma é um controle automático que controla a posição da plataforma. Ele recebe a posição da plataforma por um sistema de sensores e controla os thrusters, fazendo com que a plataforma siga a referência e, conseqüentemente, a trajetória proposta. Dessa maneira, é possível verificar o comportamento da extremidade inferior do riser quando a plataforma percorre tal trajetória. A Figura 5.1.1 mostra a trajetória de referência da plataforma, gerada segundo a metodologia de Fortaleza et al. [1], e a trajetória esperada para a extremidade inferior do riser, considerando que a plataforma esteja à 15 metros da cabeça do poço, na direção sway. 17 Trajetórias de Referência 16 Deslocamento (m) 14 12 10 8 Trajetória de Referência da Plataforma 6 4 Trajetória Esperada para a Extremidade Inferior do Riser 2 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) Figura 5.1.1: Trajetória de referência da plataforma e comportamento esperado da extremidade inferior do riser, para um deslocamento de 15 metros. A Figura 5.1.2 mostra o resultado da simulação numérica para o deslocamento da plataforma e do riser, na direção sway, quando a trajetória da plataforma, ilustrada na Fig. 5.1.1, é utilizada como referência. Esse resultado foi obtido para o caso não perturbado, ou seja, na ausência de ondas e correnteza. Comportamento do Sistema Plataforma-Riser 16 Deslocamento (m) 14 12 10 8 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser Trajetória da Plataforma 6 4 Trajetória de Referência da Plataforma 2 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) Figura 5.1.2: Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no RiserProd, 18 para uma trajetória com deslocamento de 15 metros. A mesma metodologia aplicada anteriormente foi utilizada para o caso de uma distância de 20 metros entre a plataforma e a cabeça do poço, na direção sway. Os resultados são ilustrados nas Figuras 5.1.3 e 5.1.4. Trajetórias de Referência Deslocamento (m) 25 20 15 10 Trajetória de Referência da Plataforma 5 Trajetória Esperada para a Extremidade Inferior do Riser 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) Figura 5.1.3: Trajetória de referência da plataforma e comportamento esperado da extremidade inferior do riser, para um deslocamento de 20 metros. Comportamento do Sistema Plataforma-Riser Deslocamento (m) 25 20 15 Trajetória de Referência da Plataforma Trajetória da Plataforma 10 5 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo (s) Figura 5.1.4: Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no RiserProd, 19 para uma trajetória com deslocamento de 20 metros. Nos resultados ilustrados acima, tanto para o deslocamento de 15 como para o de 20 metros, a extremidade inferior do riser apresentou uma oscilação inesperada em torno da sua posição final. A possível razão para essa oscilação é o fato da plataforma não ser capaz de percorrer a trajetória passada como referência com perfeição. Apesar de modificações terem sido feitas no software RiserProd, com o intuito de fazer com que a plataforma seja capaz de seguir a trajetória passada a ela como referência, nenhum resultado satisfatório foi obtido. Decorrente desta dificuldade, optou-se pela realização de simulações numéricas utilizando o software Anflex. 5.2 SIMULAÇÕES NO ANFLEX O Anflex é um software desenvolvido pela Petrobras. Sua escolha foi motivada pela possibilidade de impor um movimento do nó superior do riser através de uma série temporal, simulando dessa maneira a movimentação de uma plataforma semi-submersível. Dessa maneira, a trajetória obtida pela metodologia proposta por Fortaleza poderá ser imposta de tal forma que a plataforma a siga perfeitamente, possibilitando a verificação do comportamento da extremidade inferior do riser nessa situação. Os resultados ilustrados nas Figuras 5.2.1 e 5.2.2 foram obtidos utilizando-se a versão 6.6.6 R3.4 do Anflex. Nessas simulações numéricas, o riser considerado possui as mesmas características do utilizado nas simulações realizadas com o RiserProd (Tabela 5.1.2). 20 Comportamento do Sistema Plataforma-Riser 18 16 Deslocamento (m) 14 12 10 8 Trajetória de Referência da Plataforma Trajetória da Plataforma 6 4 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser 2 0 0 200 400 600 Tempo (s) 800 1000 Figura 5.2.1: Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no Anflex, para uma trajetória com deslocamento de 15 metros. Comportamento do Sistema Plataforma-Riser 25 Deslocamento (m) 20 15 Trajetória de Referência da Plataforma Trajetória da Plataforma 10 5 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser 0 0 200 400 600 Tempo (s) 800 1000 Figura 5.2.2: Comportamento do sistema plataforma-riser obtido no Anflex, para uma trajetória com deslocamento de 20 metros. 21 Ao contrário das expectativas, mesmo quando a plataforma segue a trajetória passada como referência com perfeição, a extremidade inferior do riser apresenta uma oscilação ao redor da sua posição final. 5.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS Em virtude da presença de uma oscilação mesmo no caso onde a plataforma segue a trajetória de referência, as Figuras 5.3.1 e 5.3.2 apresentam um comparativo das trajetórias da extremidade inferior do riser obtidas nos dois softwares, para ambos os deslocamentos. Comparação das Respostas Obtidas 18 16 Deslocamento (m) 14 12 10 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser Obtida no RiserProd 8 6 4 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser Obtida no Anflex 2 0 0 200 400 600 Tempo (s) 800 1000 Figura 5.3.1: Comparação das trajetórias da extremidade inferior do riser obtidas em ambos os softwares, para um deslocamento de 15 metros. 22 Comparação das Respostas Obtidas 25 Deslocamento (m) 20 15 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser Obtida no RiserProd 10 Trajetória da Extremidade Inferior do Riser Obtida no Anflex 5 0 0 200 400 600 Tempo (s) 800 1000 Figura 5.3.2: Comparação das trajetórias da extremidade inferior do riser obtidas em ambos os softwares, para um deslocamento de 20 metros. Em ambas as figuras, a extremidade inferior do riser apresentou uma amplitude de vibração, em torno da posição final, e um tempo de estabilização maior nas simulações numéricas realizadas no Anflex, ou seja, quando a plataforma seguiu a trajetória proposta com perfeição. 6. CONCLUSÃO No presente trabalho, a metodologia para verificar a eficácia da trajetória proposta por Fortaleza et al. [1], que visa a diminuição do tempo da operação de reentrada, foi apresentada. Nos primeiros resultados, obtidos no RiserProd, atribuiu-se a oscilação da extremidade inferior do riser ao fato da plataforma não ter seguido a trajetória de referência com perfeição. Porém, ao analisar os resultados das simulações 23 realizadas no Anflex, verificou-se a existência de uma oscilação com uma amplitude e um tempo de estabilização maior. Ou seja, o comportamento da extremidade inferior do riser foi pior nos casos onde a plataforma seguiu com precisão a trajetória controlada proposta. Apesar dos resultados obtidos não serem os esperados, a modelagem do sistema plataforma-riser e o controle, propostos por Fortaleza, não podem ser invalidados. E uma análise das hipóteses feitas durante a modelagem do sistema e o projeto do controle faz-se necessária, com o intuito de averiguar a natureza do resultado inesperado. 7. REFERÊNCIAS [1]. Fortaleza, E., Creff, Y., Levine, J., 2009. Active Control of a Dynamically Positioned Vessel for the Installation of Subsea Structures. In: Vienna International Conference on Mathematical Modeling, Vienna - Austria. [2]. Fortaleza, E., Creff, Y., Levine, J., 2009. Active Control for the Re-Entry Operation of Flexible Risers. In: Vienna International Conference on Mathematical Modeling, Vienna - Austria. [3]. Morooka, C.K., Yamamoto, M., 2006. Dynamic Positioned Semi- submersible Platform Motion with Riser in Ultra Deep Water. In: 9th International Conference on Stability of Ships and Ocean Vehicles - STAB2006, 2006, Rio de Janeiro. Proceedings of the 9th International Conference on Stability of Ships and Ocean Vehicles, 2006. v. 2. p. 857-865. [4]. Yamamoto, M., Morooka, C. K., Ueno, S., 2007. Dynamic Behavior of a Semi-Submersible Platform Coupled With Drilling Riser During Re-Entry Operation in Ultra-Deep Water. In: International Conference on Offshore Mechanics and Arctic Engineering, San Diego - USA. 24 [5]. Petit, N., Rouchon, P., 2001. Flatness of Heavy Chain Systems, SIAM Journal on Control and Optimization 40, pp. 475-495. [6]. Cummins, W. E., 1962. The impulse-response function and ship motions, Schiffstechnik, PP. 101-109. [7]. Mourelle, M. M., Gonzalez, E. C., Jacob, B. P., 1995, Anflex – Computational System for Flexible and Rigid Riser Analysis, Proceedings of the International Symposium on Offshore Engineering, Rio de Janeiro, Brasil, PP. 441458.
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