AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do
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AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local KRISTIANNE MAIA MOREIRA AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde Belo Horizonte-MG 2012 KRISTIANNE MAIA MOREIRA AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde Dissertação apresentada ao Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário UNA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Linha de pesquisa: Processos Educacionais: Tecnologias Sociais e Desenvolvimento Local. Orientador: Magalhães Belo Horizonte-MG 2012 Prof. Dr. Cláudio Márcio M838a Moreira, Kristianne Maia Aedes Aegypti na Rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde. / Kristianne Maia Moreira. – 2012. 99f.: il. Orientador: Prof. Dr. Cláudio Márcio Magalhães. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2012. Curso do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local. Bibliografia f. 75-78. 1. Dengue. 2. Saúde. 3. Internet. 4. Política de saúde. I. Magalhães, Cláudio Márcio. II. Centro Universitário UNA. III. Título. CDU: 658.114.8 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras AGRADECIMENTOS Agradeço ao Ícaro, meu marido, sempre do meu lado e disposto a ajudar em tudo. Às minhas filhas Rafaela e Bruna, que fazem tudo ter um sentido maior. Aos meus pais e sogros, que sempre estiveram junto comigo e me ajudaram a chegar até aqui. Ao professor Cláudio Márcio Magalhães, pela paciência, bom humor e ensinamentos. Ao Tim Filho, dessas amizades que começam em sala de aula e que, certamente, durarão para a vida inteira. Tim, obrigada por todo o apoio e disponibilidade! O senhor mire, veja: o mais importante e bonito do mundo é isto – que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. (João Guimarães Rosa) RESUMO A Dengue é uma das doenças virais mais importantes do mundo. Todos os anos, acomete milhões de pessoas, particularmente nos países de clima tropical, onde a temperatura e a umidade facilitam a proliferação do vetor, o mosquito Aedes aegypti. Enquanto não há disponível uma vacina eficaz para uso preventivo contra a doença, várias tentativas de controle têm sido implantadas pelos governos para minimizar e/ou controlar a ocorrência da expansão da doença. Dentre as estratégias usadas nas campanhas de saúde pública, está a tentativa de conscientização e mobilização da comunidade por meio do uso de novas tecnologias. Nesse contexto, a internet tem sido usada com frequência como importante ferramenta de apoio à promoção da saúde da sociedade. No entanto, mesmo sabendo que o uso de sites na internet, por exemplo, possibilitam contribuir sobremaneira com os propósitos das campanhas contra a Dengue, esse recurso não tem sido usado de maneira eficiente. Isso porque, na maioria das vezes, os sites carecem de linguagem, conteúdo e recursos adequados para que possam atingir o usuário no sentido de informá-lo e promover mudança de comportamento do mesmo. Um dos caminhos para resolver essa situação é adequar os sites às demandas do utilizador, construindo um site com e para a comunidade, de maneira que ele seja não apenas uma tecnologia disponível, mas uma tecnologia social que promova o desenvolvimento da sociedade. Palavras-chave: Dengue, Novas tecnologias, Tecnologia social. ABSTRACT Dengue is one of the most important viral disease in the world. Every year it affects millions of human beings, especially in tropical weather countries. In this areas temperature and humidity enhance Dengue Virus vector (Aedes aegypti mosquito) growth. While there is no vaccine approved for preventive use, there are plenty of Government attempts in order to control or lessen the spread of this infection. Among Public Health Propaganda strategies one is the attempt to strengthen public awareness and community mobilization through new technologies use. In this matter internet has been often used as a means to health promotion support. Although internet use has huge chances of helping anti Dengue propaganda, this resource has not yet been properly used. This is mainly a result of site’s lack of communication, content and resources to reach the reader, inform him and promote his change of behaviour. One way to solve this question is making sites address the user´s demands, built with and by the community, in order to make it not only one kind of technology available, but also a social technology promoting society development. Keywords: Dengue, New technologies, Social technology. LISTA DE ILUSTRAÇÕES QUADRO 1. Principais responsabilidades/competências de cada ponto de atenção.......................................................................................................................32 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS DENERu Departamento Nacional de Endemias Rurais FD Febre Dengue FHD Febre Hemorrágica do Dengue FUNASA Fundação Nacional de Saúde IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LIRAa Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti OPAS Organização Pan-Americana de Saúde PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde PEAa Programa de Erradicação do Aedes aegypti PIACD Plano de Intensificação das Ações de Controle do Dengue PNCD Programa Nacional de Controle da Dengue PSF Programa de Saúde da Família RNA Ácido Ribonucleico SUCAM Superintendência de Campanhas de Saúde Pública UIT União Internacional de Telecomunicações SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................11 1 UM MOSQUITO REAL NUM MUNDO VIRTUAL....................................................13 2 O MOSQUITO CAIU NA REDE...............................................................................38 3 METODOLOGIA......................................................................................................53 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS...................................................................57 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – UM PEQUENO GUIA DE IDEIAS PARA ELABORAÇÃO DE SITES SOBRE A DENGUE.......................................................69 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................74 REFERÊNCIAS...........................................................................................................76 ANEXOS.....................................................................................................................80 ANEXO A. Autorização para pesquisa ...................................................................80 ANEXO B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido....................................81 ANEXO C. Roteiro de Entrevista..............................................................................83 ANEXO D. Respostas ao roteiro das entrevistas..................................................85 ANEXO E. Modelo de site sobre Dengue................................................................99 ANEXO F. Modelo de site contra Dengue com sugestões indicadas................100 11 INTRODUÇÃO Esta pesquisa teve como finalidade estudar o uso dos sites do Ministério da Saúde e seus aspectos relativos à Dengue como ferramenta de apoio às campanhas de saúde pública que têm como objetivo a minimização e/ou controle do número de casos da doença no Brasil. Por meio do estudo dos conhecimentos já produzidos sobre o uso das novas tecnologias a favor do desenvolvimento da sociedade, em especial das suas relações com a educação em saúde, buscou-se oferecer uma proposta ideal para que os sites da internet possam servir realmente como instrumentos de informação e mobilização da sociedade em prol do controle da doença. Vários aspectos justificam a importância social deste trabalho. Cabe ressaltar que um dos mais relevantes diz respeito ao fato de que, embora atualmente vivamos a explosão do desenvolvimento tecnológico, surge também a necessidade de gerenciamento dessas novas tecnologias de modo que elas, de fato, possam se transformar em tecnologias sociais. Nesse sentido, vê-se a necessidade de essas novas tecnologias estarem sendo executadas junto à população, que é quem melhor pode dizer qual é a sua realidade. No capítulo 1, aspectos técnicos relacionados à Dengue são tratados de forma que se possa entender um pouco mais sobre seu ciclo biológico A compreensão do mecanismo de ocorrência da doença permite o entendimento da premente necessidade que se faz para se obter um controle real da doença. Ainda nesse capítulo, busca-se um pouco sobre a história da ocorrência dessa moléstia no Brasil e as tentativas de controle. Além disso, faz-se um apanhado sobre as políticas mais recentes de controle da Dengue no país e suas principais premissas. Mais à frente, aborda-se a importância da gestão social como ferramenta essencial para o combate à Dengue. Já o capítulo 2 trata das questões que envolvem as novas tecnologias e a saúde, em especial a Dengue. A incorporação de tecnologias no setor de saúde pode ser determinada por uma ampla gama de fatores, alguns determinados pela natureza da própria tecnologia ou do problema relevante e outros pelas ações e interesses dos diversos grupos envolvidos. Com a necessidade de os diversos atores sociais 12 encontrarem os mecanismos mais adequados para conviver com este cenário de mudança permanente e cada vez mais veloz, é preciso que todos se ajustem e que o uso dessas tecnologias, de fato, se torne relevante para quem delas se utiliza. Caso contrário, perde-se o sentido em usá-las. Os aspectos metodológicos desta pesquisa são tratados no capítulo 3. Esse caminho é necessário para que se possa definir os problemas e traçar possibilidades de solução. Os procedimentos de investigação desta pesquisa são baseados na abordagem qualitativa e em procedimentos de investigação sustentados pela análise de conteúdo, adoção de instrumentos de coleta e tratamento de dados obtidos pela análise do site “Combata a Dengue” do Ministério da Saúde. A descrição e a análise dos dados obtidos propriamente ditas são feitas no capítulo 4. Isso possibilita o entendimento da situação-problema ao estabelecer um comparativo entre a situação atual em que o site analisado se encontra e a real necessidade do usuário explicitada por meio de entrevistas. Os dados obtidos pela análise do site e embasados pelas entrevistas com seus possíveis utilizadores mostram que o site não atende às expectativas dos seus possíveis utilizadores. Assim, fica reduzida a possibilidade de que uma tecnologia interessante e intensamente utilizada sirva de apoio eficaz às ações de saúde pública no que concerne ao combate à Dengue. Com base na análise e coleta de dados, no capítulo 5, faz-se uma proposta de intervenção, visando à reformulação do site de modo que este possa se configurar em uma ferramenta eficiente de apoio à informação e conscientização da população sobre a Dengue, gerando a adoção de práticas de educação em saúde por parte da população e que culmine em maior desenvolvimento social. É importante informar que esta pesquisa se deu no município de São João del-Rei, MG. 13 1 UM MOSQUITO REAL NUM MUNDO VIRTUAL 1.1 Sobre a Dengue Para que se possa controlar uma doença, é extremamente necessário aprender sobre ela. Em todo o Brasil, são realizados diversos tipos de campanha com o objetivo de informar a população a respeito da Dengue e seus meios de controle. A grande maioria dessas campanhas dá ênfase ao controle do mosquito vetor, visto que, enquanto não há uma vacina eficaz que proteja a população contra o denguevírus, o mais provável é que a Dengue continue a ser um problema grave nos anos que virão, pois a imunização contra a doença ainda enfrenta alguns sérios entraves. Donalisio (1999, p. 49) os elenca como sendo: a) os anticorpos têm reatividade cruzada, porém não protegem contra a infecção por outros sorotipos. b) Os vírus da Dengue crescem lentamente em meio de cultura. c) Os fatores ligados à virulência ainda não estão elucidados. d) Não existe modelo animal de infecção para estudo. Dessa forma, a maior arma de controle da doença é a erradicação do mosquito Aedes aegypti por meio de programas de controle eficientes, vigilância epidemiológica ativa e atuante, melhoria do diagnóstico laboratorial e, principalmente, a educação para a saúde. O controle de uma doença pode ter diferentes objetivos dependendo do grau de conhecimento científico que se tenha, dos recursos tecnológicos disponíveis e das condições socioeconômicas e políticas existentes. Entre a erradicação, objetivo mais ambicioso, e a redução da sua incidência ou da sua gravidade, estabelecem-se os objetivos das atividades de controle específicas e determinam-se as medidas preventivas disponíveis a serem utilizadas. 14 No que se refere à Dengue, é preciso que se determinem, diante dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis, quais são os objetivos das atividades de controle passíveis de ser alcançados, estabelecendo-se as medidas preventivas adequadas a estes objetivos (TAUIL, 1998, p. 55). Sabendo-se que, no momento, a medida mais eficaz de controle da doença é a erradicação dos focos de reprodução do mosquito transmissor do vírus da Dengue, faz-se necessário fortalecer a consciência individual e coletiva, sensibilizando o público em geral quanto à importância da colaboração de todos na tentativa de erradicar o agente transmissor, utilizando, para tanto, todas as formas de divulgação, informando e conscientizando todos, sociedade e governo, da importância de participação neste processo. Em 1996, o Ministério da Saúde criou o Programa de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa). Durante a aplicação desse Programa, percebeu-se o quão é imprescindível e necessário ter-se um modelo descentralizado de combate à doença com a participação da população e de todos os níveis e setores de governo. Desde então, todos os governos primam por campanhas de combate à Dengue que envolvam todos os setores do governo juntamente com a sociedade civil. Essas campanhas envolvem desde a distribuição de folhetos informativos até propagandas maciças em televisão, rádio e internet. O site oficial do Ministério da Saúde (FIG. 1) é utilizado como ferramenta de informação e educação para o combate à Dengue. Ao clicar em “Ações e Programas”, o leitor é direcionado ao site específico sobre a doença (FIG. 2), que reúne diversos tipos de informações para variados segmentos da sociedade. No entanto, o real crescimento do número de casos da doença leva a crer que, mesmo com a utilização dessas ferramentas, as campanhas de controle da Dengue não têm sido eficazes no cumprimento dos seus objetivos. 15 FIGURA 1. Site Portal da Saúde. Fonte: Brasil (2012a). 16 FIGURA 2. Site Portal da Saúde “Combata a Dengue”. Fonte: Brasil (2012b). Assim, o que se pretendeu estudar nesta pesquisa é como uma tecnologia pode ser usada em prol de ações efetivas de combate à Dengue, tendo em vista a elaboração de estratégias de educação para a saúde da população e que culminem em desenvolvimento social. Para isso, será analisada a estrutura de informação dos sites do Ministério da Saúde e se elas, de fato, são apropriadas para a construção de instrumentos de tecnologia social que o combate à Dengue solicita. 17 1.2 Alguns aspectos técnicos sobre a Dengue O século XX foi marcado pelo retorno de doenças muito conhecidas pela população e pela ciência, mas que haviam sido controladas. A Dengue é um exemplo. Relatada no mundo desde o século XVII, é uma doença infecciosa bem conhecida e com causa bem definida: a transmissão de um vírus (vírus Dengue) aos seres humanos por mosquitos Aedes aegypti, que foram importados da África para a América durante o período de colonização. O vírus Dengue, de genoma RNA, tem conhecidos quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo com epidemias, especialmente, nos períodos chuvosos. O mosquito contaminado pelo vírus Dengue realiza a oviposição em recipientes de todo tipo que contenham água, o que, no mundo moderno, tornou-se fator extremamente favorável para sua rápida expansão devido às deficiências de limpeza urbana e abastecimento de água, utilização maciça de materiais não-biodegradáveis e mudanças climáticas. Considera-se, hoje, que cerca de 2,5 a 3 bilhões de pessoas vivam em países expostos ao vírus Dengue. Torres (2005, p. 11) afirma que, entre os anos de 1956 e 1980, a média anual de casos de Dengue no mundo foi de 61.910. Já de 1981 a 1985, essa média subiu para 260.861 casos e, de 1986 até 1995, o número médio de casos aumentou para 350 mil. Entre os anos de 2000 e 2005, esse indicador chegou a 926 mil casos. E, de acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano de 2009, foram notificados 266.285 casos de Dengue. Para que a transmissão da doença ocorra, devem estar presentes simultaneamente o vírus, o vetor e o hospedeiro suscetível. A transmissão efetiva se dá quando o mosquito fêmea, hematófago e contaminado pelo vírus pica o homem e inocula com a saliva as partículas virais que atingem a corrente sanguínea do indivíduo. Atualmente, são conhecidos somente três hospedeiros naturais para o vírus Dengue: alguns primatas, os mosquitos Aedes e os seres humanos, sendo que os últimos são os únicos capazes de expressar clinicamente a infecção pelo vírus. 18 A transmissão do Dengue depende, em grande parte, da população de vetores disponível (fêmeas adultas) e de suas possibilidades de sobrevivência e reprodução na região; do tempo de geração da doença no mosquito (em média dez dias); de sua resistência à infecção e capacidade de adaptação a situações adversas, naturais ou não (DONALISIO, 1999, p. 45). A doença é classificada clinicamente em duas formas principais: a febre Dengue (FD), chamada também de Dengue clássico; e a febre hemorrágica do Dengue (FHD), uma variação mais grave da doença. De acordo com Torres (2005, p. 11): Apesar de as formas mais graves do Dengue, sobretudo aquelas registradas como Dengue hemorrágico, se constituírem numa proporção relativamente baixa do total de casos epidêmicos, em números absolutos podem ter significado assustador pelo potencial de letalidade e pelos cuidados que requerem. As causas da ocorrência de formas graves ainda não estão plenamente estabelecidas, existindo algumas teorias explicativas relacionadas à maior virulência da cepa de vírus infectante, à sequência de infecções pelos diferentes sorotipos do agente etiológico, a fatores individuais do hospedeiro e a uma combinação de todas as explicações anteriores. Por outro lado, apesar de muito pesquisada, ainda não está disponível uma vacina preventiva que, para ser eficaz, deverá induzir uma imunidade duradoura. Ainda segundo Torres (2005, p. 37), os fatores responsáveis pelo ressurgimento das epidemias de Dengue são: O crescimento sem precedentes da população humana; a urbanização não planejada e nem controlada; o abastecimento de água e tratamento de resíduos inadequados; o aumento na densidade e distribuição dos mosquitos vetores; a ausência de um controle efetivo do mosquito; o 19 aumento na disseminação dos vírus Dengue; o desenvolvimento da hiperendemicidade e a deterioração da infraestrutura de saúde pública. Soma-se a isso a própria biologia do mosquito vetor que tem dispersão ativa mediana, ou seja, tem capacidade de voo para oviposição que ultrapassa cerca de 700m/dia, exerce a hematofagia tanto dentro como fora das casas e tem hábito alimentar diurno. Assim, de acordo com Neves (2004, p. 328): Essa espécie é dotada de certa habilidade de escapar de ser morto pelas vítimas durante o repasto sanguíneo pelos voos rápidos e retornando a atacá-la ou procurar outra vítima. Este comportamento tem grande importância epidemiológica, pois uma fêmea infectada pode ter várias alimentações sanguíneas curtas em diferentes hospedeiros disseminando assim vírus da Dengue. Além disso, os mosquitos põem cerca de dez a 30 ovos por criadouro, o que facilita a sua dispersão e sobrevivência. Os ovos, também, são altamente resistentes à dessecação, e essa característica permite que sejam transportados intactos a grandes distâncias. Esse é considerado um dos principais obstáculos para o controle da proliferação de mosquitos Aedes aegypti. 1.3 A Dengue no Brasil Segundo Neves (2004, p. 328), no Brasil, os primeiros casos reportados dessa doença datam de 1845 no Rio de Janeiro. Em navios, quando aqui atracavam por uns dias, ao se encherem novamente os tonéis de água, as larvas eclodiam e, cerca de oito dias depois liberavam os adultos, que invadiam o litoral. Mais tarde, a disseminação desse mosquito passou a ser feita por meio de veículos terrestres e de aviões. Foi severamente combatido nas Américas, durante as décadas de 1940 e 1950, tendo sido considerado sob controle, por volta de 1955, em todos os países 20 americanos, com exceção do sul dos EUA, algumas ilhas do Caribe e de uma porção norte da América do Sul. Esse descuido (mas que hoje parece mais um descaso) provocou sua reintrodução, em 1967, em Belém e São Luís; em 1976, em Salvador; em 1977, no Rio de Janeiro e em Santos; em 1979, em Natal; e em 1981, no Paraná (Foz do Iguaçu). Durante esses anos, as medidas de controle eram esporádicas e isoladas. Isso fez com que, em 1985/1986 e 1997/1998, o Aedes aegypti fosse encontrado praticamente em todos os estados brasileiros (NEVES, 2004, p. 328). Nos anos de 1998, 2002, 2008 e 2010, o país viveu sérias epidemias de Dengue, sendo que, em julho de 2010, foi notificado no estado de Roraima o primeiro caso de suspeita de Dengue por infecção do vírus tipo 4, 28 anos depois de esse sorotipo ter circulado no país. Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde registraram um total de 721.546 casos de Dengue no país até 1º/10/2011. Comparando-se esses dados com outros do mesmo período do ano anterior, percebe-se uma redução de 24% no total de casos. Ainda de acordo com esses dados, a Região Sudeste do país tem o maior número de casos (343.731 casos; 47,6%), seguida das Regiões Nordeste (184.663 casos; 25,6%), Norte (113.638 casos; 15,7%), Centro-Oeste (44.552 casos; 6,2%) e Sul (34.962 casos; 4,8%). Em relação ao ano de 2010, observam-se redução de casos nas Regiões Sudeste (-26%), Centro-Oeste (-78%) e Sul (-13%) e aumento nas regiões Norte (47%) e Nordeste (18%). Já os dados relativos aos municípios divulgados pelo Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) (2011) revelam que 48 municípios brasileiros estão em risco de ocorrência de surtos de Dengue. O LIRAa é um mapa realizado pelo Ministério da Saúde em conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde, que permite identificar onde estão os focos de reprodução do mosquito transmissor da doença. O estudo foi feito entre os meses de outubro e novembro de 2011 em 561 municípios do Brasil. 21 O LIRAa aponta ainda que 236 cidades estão em alerta (com índices entre 1 e 3,9%) e 277 possuem índice satisfatório, abaixo de 1%. Os municípios em situação de risco, incluindo três capitais – Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT) –, estão localizados em 16 estados brasileiros: quatro na Região Norte, sete no Nordeste, três no Sudeste, um no Centro-Oeste e um na Região Sul. Entre as capitais em situação de alerta, destacam-se Salvador, com índice de infestação de 3,5%, Recife (3,1%), Belém (2,2%), São Luís (1,6%) e Aracaju (1,5%). 1.4 Breve histórico das ações de controle da Dengue no Brasil A evolução histórica do controle do Dengue no Brasil apresenta alguns momentos importantes de acordo com Braga e Valle (2007): 1. 1902-1907: instituição das brigadas sanitárias por Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, com a função de detectar casos de febre amarela e eliminar possíveis focos de Aedes aegypti; 2. décadas de 1930 e 1940: foram executadas intensas campanhas de erradicação de Aedes aegypti nas Américas (no Brasil, principalmente nas cidades litorâneas do Nordeste) apoiadas pela Fundação Rockfeller; 3. 1947: a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde decidiram coordenar a erradicação do Aedes aegypti no continente por intermédio do Programa de Erradicação do Aedes aegypti no Hemisfério Oeste. Programas eficientes contra o vetor foram implementados em todos os países latinoamericanos entre o final da década de 1940 e a década de 1950, o que fez com que a espécie fosse eliminada em quase toda a América, com exceção dos Estados Unidos da América, Suriname, Venezuela, Cuba, Jamaica, Haiti, República Dominicana e em parte da Colômbia; 4. 1955: o Brasil participou da campanha de erradicação continental do Aedes aegypti e teve êxito na primeira eliminação do mosquito vetor da Dengue. O último foco do mosquito foi extinto no dia 2 de abril daquele ano na zona rural do município de Santa Terezinha, Bahia; 22 5. 1956: foi criado o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu), que assumiu as ações de combate à febre amarela e à malária, incorporando o Serviço Nacional de Febre Amarela e a Campanha de Erradicação da Malária; 6. 1958: na XV Conferência Sanitária Pan-Americana, em Porto Rico, foi oficialmente declarado que o país conseguira erradicar o vetor; 7. 1967: criou-se a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), que absorveu as funções do DENERu. No mesmo ano, confirmou-se a reintrodução do Aedes aegypti no país, no estado do Pará, e, dois anos depois, em 1969, no Maranhão. Em 1973, um último foco foi eliminado e o vetor, novamente, considerado erradicado do território brasileiro; 8. 1976: devido a falhas na vigilância epidemiológica e de mudanças sociais e ambientais decorrentes da urbanização acelerada dessa época, o vetor foi reintroduzido no país. Na época, como ainda não havia o registro de casos de Dengue, todas as ações eram focadas na erradicação do vetor. Inicialmente, o programa foi coordenado pela SUCAM por intermédio do Programa Nacional de Controle da Febre Amarela e Dengue; 9. 1990: a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) foi criada e passou a ser responsável pela coordenação das ações de controle da Dengue; 10. 1996: o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa), cuja principal preocupação residia nos casos de Dengue hemorrágica que podem levar à morte; 11. 1997: só a partir deste ano, o PEAa conseguiu iniciar o processo de implantação das ações pretendidas mediante celebração de convênios; 12. 1999: o PEAa alcançou a marca de 3.701 municípios conveniados; 13. 2001: a FUNASA abandonou oficialmente a meta de erradicar o Aedes aegypti do país e passou a trabalhar com o objetivo de controlar o vetor. Foi implantado o Plano de Intensificação das Ações de Controle do Dengue (PIACD); 14. 2002: foi implantado o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que deu continuidade a algumas propostas do PIACD. Por meio desse breve histórico, é possível perceber que várias ações de controle da Dengue vêm sendo realizadas no país. O Ministério da Saúde tem investido grande montante de recursos nessas ações. Ainda segundo Braga e Valle (2007), no ano de 2002, dos R$ 1.033.817.551,00 gastos com o controle da Dengue, 85% foram 23 empregados na vigilância e no controle do vetor. Em 2003, essas ações absorveram cerca de R$ 790 milhões, basicamente em custeio, compra de equipamentos e inseticidas, manutenção e capacitação de pessoal e ações de comunicação social. Discussões recentes sobre o controle da Dengue apontam para a necessidade de maiores investimentos em metodologias adequadas, para sensibilizar a população sobre a necessidade de mudanças de comportamento que objetivem o controle do vetor e no manejo ambiental, incluindo a ampliação do foco das ações de controle racional de vetores, para minimizar a utilização de inseticidas e, dessa forma, garantir maior sustentabilidade às ações (BRAGA; VALLE, 2007, p. 117). Observa-se que o controle da Dengue requer a formulação e implementação de soluções integradas que levem em consideração e – primordialmente – as interrelações entre os fatores ambientais, sociais, culturais e econômicos e que envolvam os diversos atores sociais, populações locais, pesquisadores e gestores de diversas áreas. 1.5 Políticas públicas de controle da Dengue mais recente no Brasil: o Plano Nacional de Controle da Dengue (PNCD) e as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue Obviamente, para que uma política pública seja eficaz, é preciso que esteja integrada ao seu público-alvo: a sociedade, para quem ela é dirigida. Esse é um elemento importantíssimo para a sustentabilidade, a legitimidade e a eficácia das ações, uma vez que, se as políticas públicas são voltadas para o melhoramento da vida das pessoas, elas têm necessariamente que aderir a ela. Sabe-se, que, quando se atribui um papel ativo à população na identificação dos problemas e soluções a partir de suas necessidades específicas tornando-as protagonistas e não coadjuvantes nas ações públicas, há significativa mudança de comportamento e envolvimento com o problema em questão. Em se falando de Dengue, isso é vital, visto que a erradicação (ou minimização) da doença só será 24 conseguida se houver total envolvimento e participação, em níveis variados, da sociedade nas ações de controle do mosquito transmissor. Muitas vezes, um programa ou iniciativa social com objetivos bem definidos fracassa em reconhecer a complexidade das carências e o problema das famílias em uma rede intrincada de necessidades. Isto porque nenhum programa setorial é capaz de enfrentar, isoladamente, as múltiplas dimensões dos problemas sociais. A partir destas considerações, compreender diferenças e pontos de contato de experiências intersetoriais recentes no cenário brasileiro contribui para a sistematização das múltiplas lógicas que atravessam as políticas sociais e de saúde e, ao mesmo tempo, consolidar aprendizados importantes em torno das oportunidades e dos dilemas que envolvem a construção de alternativas e o alcance de resultados (MAGALHÃES; BODSTEIN, 2009, p. 63). Como todas as ações de combate à Dengue realizadas pelo governo são desenvolvidas por meio de políticas públicas, faz-se necessário entender o seu conceito. De maneira simplificada, uma política pública refere-se a um conjunto de decisões das autoridades públicas (que devem resultar em ações e metas cumpridas) com o intuito de beneficiar a sociedade num determinado setor e, normalmente, se apresenta na forma de programas governamentais. Pode-se assim dizer que o processo de formação de uma política pública começa com o reconhecimento de um problema comum a uma população como assunto público e que precise de intervenção governamental. Sabe-se, hoje, que políticas públicas eficientes devem envolver a interação de um conjunto de atores que trabalhem em prol de uma solução (ou minimização) de um determinado problema. No âmbito do controle da Dengue, todos os anos, são lançados programas de controle nos vários níveis de governo, desde o municipal até o federal. Entretanto, até bem pouco tempo atrás, esses programas se apresentavam de forma setorial e desarticulada, como, por exemplo, o PEAa, já citado anteriormente. É necessário, também, que gestores públicos e pesquisadores atentem-se para a promoção da apropriação do conhecimento científico pela sociedade, de forma clara, rápida e eficaz. Um programa para o combate à Dengue bem planejado deve ser 25 baseado em conhecimentos científicos integrados em que se coloquem claramente as informações gerais acerca da doença. Dessa forma, foi necessário que se desenvolvessem trabalhos intersetoriais, descentralizados, fruto de uma rede de ações em que houvesse o envolvimento de todos os setores da sociedade em rede e não apenas dos profissionais de saúde; mas também dos governos em todos os seus níveis e setores (vigilância epidemiológica e entomológica, centros de saúde e agentes de saúde, entre outros), das escolas (alunos, professores grupos de pais), que devem se comprometer a elaborar e implementar ações eficazes de controle do vetor em áreas que podem oferecer condições para a proliferação dos mosquitos. Em relação à descentralização, entende-se aqui que as ações em saúde pública devem ser distribuídas entre as três esferas de governo: federal, estadual e municipal. Nessa direção, Junqueira, Inojosa e Komatsu (1997, p. 65) afirmam: As estruturas setorializadas tendem a tratar o cidadão e os problemas de forma fragmentada, com serviços executados solitariamente, embora as ações se dirijam à mesma criança, à mesma família, ao mesmo trabalhador e ocorram no mesmo espaço territorial e meio ambiente. Conduzem a uma atuação desarticulada e obstaculizam mesmo os projetos de gestões democráticas e inovadoras. O planejamento tenta articular as ações e serviços, mas a execução desarticula e perde de vista a integralidade do indivíduo e a inter-relação dos problemas. No entanto, essa distribuição não deve ser feita de forma descoordenada, mas num panorama que abarque o que chamamos de intersetorialidade. De acordo com Junqueira et al. (1997, p. 53), intersetorialidade é aqui entendida como “a articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações, com o objetivo de alcançar resultados integrados em situações complexas, visando um efeito sinérgico no desenvolvimento social”. 26 É também o que entendemos por atuar em rede. Segundo Scherer-Warren (1999), as redes caracterizam-se pela busca de articulações mais horizontalizadas, evitando o centralismo e a burocratização organizacional. As redes, por serem multiformes, aproximam atores sociais diversificados – dos níveis locais aos mais globais, de diferentes tipos de organizações – e possibilitam o diálogo da diversidade de interesses e valores. Ainda que esse diálogo não seja isento de conflitos, o encontro e o confronto das reivindicações e lutas referentes a diversos aspectos da cidadania vêm permitindo aos movimentos sociais passarem da defesa de um sujeito identitário único à defesa de um sujeito plural (SCHERER-WARREN, 2006, p. 115). No entanto, atuar em rede gera um aumento de responsabilidade em cada um dos setores envolvidos. Por outro lado, faz gerar o sentido de cooperação e participação na busca de respostas aos diversos problemas que assolam as sociedades. Para Gohn (2007, p. 14): Participação é uma das palavras mais utilizadas no vocabulário político, científico e popular na modernidade. Dependendo da época e da conjuntura histórica, ela aparece associada a outros termos, como democracia, representação, organização, conscientização, cidadania, solidariedade, exclusão. Em relação à Dengue, essa palavra é extremamente usada e se refere à mobilização da sociedade por meio de políticas públicas de ações práticas e que objetivam controlar o avanço da doença. Já a participação, peça-chave para a erradicação (ou diminuição) do número de casos de Dengue, refere-se ao envolvimento da sociedade nas ações contra a doença. Trata-se, principalmente, da participação comunitária nas políticas públicas, em que toda a comunidade é entendida como parte do problema e, portanto, tem poder decisório sobre ele. 27 Ainda de acordo com Gohn (2007, p. 13-14): O entendimento dos processos de participação da sociedade civil e sua presença nas políticas públicas nos conduz ao entendimento do processo de democratização da sociedade brasileira; o resgate dos processos de participação leva-nos, portanto, às lutas da sociedade por acesso aos direitos sociais e à cidadania. Nesse sentido, a participação é, também, luta por melhores condições de vida e pelos benefícios da civilização. Já se sabe, também, que essa participação das populações nos processos de pesquisa e nas ações de controle da Dengue é demasiadamente importante. Como lembram Augusto, Carneiro e Martins (2005), diversos artigos argumentam que é necessário mudar o foco da participação do nível apenas familiar para o nível da família como rede social, incorporando, além das relações de consanguinidade, as alianças e laços de amizade, trabalho e vizinhança. É por meio de uma atuação integrada, envolvendo as múltiplas redes sociais, que se viabiliza uma eficiente ação coletiva para controlar a proliferação dos mosquitos tanto no bairro como na comunidade. Destaca-se, também, a importância de se envolver no controle da Dengue agentes de saúde que sejam moradores do bairro onde trabalham, o que facilita e acelera os contatos com a comunidade e as ações de vigilância, para que se enraízem nas diversas redes sociais existentes. A intersetorialidade é a articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas visando ao desenvolvimento social. Embora já se fale há algum tempo sobre este tema, ele ainda é um grande desafio para os profissionais de todos os setores, pois resulta em mudanças nas práticas e na cultura das organizações, encontrando ainda resistência de grupos contrários a essa prática. Dessa forma, é preciso mostrar (ou abordar, ou reafirmar) para os diversos segmentos da sociedade que políticas públicas que envolvam construção coletiva, cooperação, ações coletivas, compromisso e parceria, entre outros, normalmente resultam no “desenvolvimento social” (JUNQUEIRA et al., 1997). 28 Diferentemente do PEAa, as políticas públicas mais recentes tentam abarcar os conceitos de rede e intersetorialidade. Obviamente, isso significa um avanço se comparadas às políticas anteriores. Porém, muitos outros problemas ainda estão por resolver. O Plano Nacional de Controle da Dengue (PNCD), instituído em 24 de julho de 2002, no então governo Fernando Henrique Cardoso, tem como objetivo reduzir a infestação do Aedes aegypti, a incidência da Dengue e a letalidade por febre hemorrágica da Dengue. Para isso, o Plano propõe que sejam sistematizadas estratégias, atribuições e procedimentos para o enfrentamento do problema. Esse Plano foi elaborado em um momento em que houve aumento no número de casos da doença e a introdução de um novo sorotipo de vírus da Dengue (DEN-3), o que prenunciava um elevado risco de epidemia. Além disso, verificou-se que o Programa de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa), criado em 1996, não atingia seus objetivos e que era necessidade premente rever as estratégias para o controle da doença. O PNCD procura incorporar as lições das experiências nacionais e internacionais de controle da Dengue, enfatizando a necessidade de mudança nos modelos anteriores, fundamentalmente em alguns aspectos essenciais: 1) a elaboração de programas permanentes, uma vez que não existe qualquer evidência técnica de que a erradicação do mosquito seja possível, a curto prazo; 2) o desenvolvimento de campanhas de informação e de mobilização das pessoas, de maneira a se criar uma maior responsabilização de cada família na manutenção de seu ambiente doméstico livre de potenciais criadouros do vetor; 3) o fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica para ampliar a capacidade de predição e de detecção precoce de surtos da doença; 4) a melhoria da qualidade do trabalho de campo de combate ao vetor; 5) a integração das ações de controle da Dengue na atenção básica, com a mobilização do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF); 6) a utilização de instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público na eliminação de criadouros em imóveis comerciais, casas abandonadas etc.; 7) a atuação multissetorial por meio do fomento à destinação adequada de resíduos sólidos e a utilização de recipientes seguros para armazenagem de água; e 8) o desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervisão das ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, estados e municípios (PNCD, 2002, p. 4). 29 O PNDC tem diversos componentes; entre eles, o “Componente 6”, que trata especificamente de ações integradas em educação e saúde, comunicação e mobilização social. Nesse item, o PNDC sugere que, como ações de educação e mobilização social, os municípios devem elaborar um programa de educação em saúde e mobilização com ações de controle à proliferação do mosquito. Deve o município atuar, também, na organização do Dia Nacional de Mobilização contra a Dengue, no mês de novembro, e constituir comitês nacionais e estaduais de mobilização com a participação dos mais variados segmentos da sociedade. O documento ainda coloca que se deve informar ao poder executivo dos municípios as ações que devem ser desenvolvidas e as estratégias a serem adotadas, além de incentivar a população a participar e fiscalizar as ações de controle executadas pelo poder público. Em relação especificamente à comunicação social, o documento tem como objetivo: Divulgar e informar sobre ações de educação em saúde e mobilização social para mudança de comportamento e de hábitos da população, buscando evitar a presença e a reprodução do Aedes aegypti nos domicílios, por meio da utilização dos recursos disponíveis na mídia (PNCD, 2002, p. 9). Salienta, ainda, para a necessidade de veiculação de campanhas publicitárias durante todo o ano (com ênfase aos meses que antecedem aos períodos chuvosos): a própria divulgação do PNCD, a inserção de conteúdos de educação em saúde em programas de grande audiência e a manutenção da mídia informada em relação à situação da implantação do PNCD. Apesar de nesse Programa haver ideias interessantes para que se possa combater a Dengue, é, ao mesmo tempo, contraditório perceber que em nenhum momento o documento faz menção de como colocar em prática todas as ações sugeridas ali. O texto parece partir do pressuposto de que os municípios já sabem como implementar 30 essas ações. Em tempos de multiplicidade de mídias e enormes possibilidades de capilarização da informação, esse documento continua repassando apenas o chamado “conhecimento verticalizado” sem informar aos municípios como as ações podem ser alcançadas, mas apenas que se deve fazê-las. Já as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, documento do ano de 2009, instituído no governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, revelam-se muito mais complexas e voltadas, principalmente, para os gestores públicos. José Gomes Temporão, ministro da Saúde à época, assina a apresentação do documento e ressalta: [...] o Ministério da Saúde apresenta as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, que possibilitarão aos gestores adequar seus planos estaduais, regionais, metropolitanos ou locais, tornando-se imperioso que o conjunto das atividades que vêm sendo realizadas e outras a serem implantadas sejam intensificadas, permitindo um melhor enfrentamento do problema e a redução do impacto da Dengue sobre a população brasileira (BRASIL, 2009). As Diretrizes ainda deixam claro, por um lado, seu objetivo de apoio aos estados e municípios, mas não define como isso será feito. As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue auxiliará estados e municípios na organização de suas atividades de prevenção e controle, em períodos de baixa transmissão ou em situações epidêmicas, contribuindo, dessa forma, para evitar a ocorrência de óbitos e para reduzir o impacto das epidemias de Dengue. É um documento desenvolvido com o intuito de organizar, orientar, facilitar, agilizar e uniformizar as ações necessárias a uma resposta solidaria, coordenada e articulada entre os integrantes do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2009, p. 12). As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue apresentam um texto interessante e bem elaborado, que já inclui um pouco de como deve ser feito o controle da doença. 31 No item “Organização dos Serviços de Saúde”, faz-se menção à importância da assistência primária na prevenção, atenção e controle da doença, mas já considerando situações de epidemia. A seguir, a reprodução de como o documento divide as funções dos chamados “Pontos de Atenção” e suas competências: 32 QUADRO 1. Principais responsabilidades/competências de cada ponto de atenção. Pontos de Atenção Atenção Primária Unidade de Saúde da Família Unidade Básica de Saúde Centros de Saúde Postos de Saúde Atenção Secundária Unidade de Saúde com suporte para observação ou pronto atendimento (UPA) ou hospital de pequeno porte. Atenção Terciária Hospital de referência com leitos de internação. Identificação e estadiamento de casos suspeitos de Dengue que dão entrada na unidade. Manejo clínico de pacientes classificados no Grupo C - Amarelo, conforme fluxograma apresentado no componente Assistência, e encaminhamento dos demais casos, após avaliação e conduta, para o ponto de atenção adequado. Assegurar consulta de retorno, preferencialmente na Atenção Primária, para todos os pacientes atendidos na unidade. Notificação dos casos. Fonte: BRASIL (2009, p. 41). Competências Identificação e eliminação de criadouros domiciliares em trabalho integrado com os ACE. Identificação e estadiamento de casos suspeitos de Dengue. Hidratação oral imediata a todos os pacientes com suspeita de Dengue em sua chegada à unidade de saúde. Manejo clínico de pacientes classificados no Grupo A – Azul ou no Grupo B – Verde, quando possível, conforme fluxogramas apresentados no componente Assistência, e encaminhamento dos demais casos para o ponto de atenção adequado. Receber todos os pacientes após melhora clínica satisfatória ou alta de qualquer outro ponto de atenção, para realização de consulta de retorno e acompanhamento. Ações de educação em saúde e mobilização social, com ênfase na mudança de hábitos para prevenção e controle da Dengue. Notificação dos casos. Visita domiciliar dos ACS. Identificação e estadiamento de casos suspeitos de Dengue que dão entrada na unidade. Manejo clínico de pacientes classificados no grupo B - Verde e no Grupo Especial, conforme fluxogramas apresentados no componente Assistência, e encaminhamento dos demais casos, após avaliação e conduta, para o ponto de atenção adequado. Assegurar consulta de retorno, preferencialmente na APS, para todos os pacientes atendidos na unidade. Notificação dos casos. Identificação e estadiamento de casos suspeitos de Dengue que dão entrada na unidade. Manejo clínico de pacientes classificados no Grupo D – Vermelho, conforme fluxograma apresentado no componente Assistência, e encaminhamento dos demais casos, após avaliação e conduta, para o ponto de atenção adequado. Assegurar consulta de retorno, preferencialmente na Atenção Básica, para todos os pacientes atendidos na unidade. 33 Um pouco adiante, no item “Controle vetorial”, mencionam-se a complexidade do controle da doença e a participação não apenas do setor de saúde, mas de todos os envolvidos que são considerados determinantes para que ocorra o controle do vetor e o consequente abrandamento da doença. [...] é fundamental, para o efetivo enfrentamento da Dengue, a implementação de uma política baseada na intersetorialidade, de forma a envolver e responsabilizar os gestores e a sociedade. Tal entendimento reforça o fundamento de que o controle vetorial é uma ação de responsabilidade coletiva e que não se restringe apenas ao setor de saúde e seus profissionais (BRASIL, 2009, p. 53). O texto segue com as diretrizes básicas para o controle vetorial, ressaltando as atividades e ações preconizadas, os métodos e operacionalização do controle, incluindo as atribuições dos profissionais envolvidos e os métodos de fiscalização. Em relação à comunicação e mobilização, o documento salienta que as ações educativas do SUS têm por base as ações de comunicação que geram a mobilização. O objetivo dessas ações é a adesão das pessoas e da sociedade organizada, de maneira consciente e voluntária, para o enfrentamento de determinado problema. Tais ações podem tanto estimular a mobilização a partir de organizações sociais já existentes quanto fomentar a criação de grupos ou associações que trabalhem em ações de prevenção e controle. Essas áreas (comunicação e mobilização) devem manter ações e atividades estratégicas e de rotina nas instituições nas quais estão inseridas, de forma articulada e complementar, de modo a potencializar a divulgação, discussão e compreensão de temas elegidos como prioritários e de relevância em Saúde Pública. No contexto destas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, a produção de informações oportunas, coerentes e confiáveis sobre a Dengue faz parte do processo de sensibilização e mobilização da população, necessário ao fortalecimento do SUS na defesa da saúde das pessoas (BRASIL, 2009, p. 89). As Diretrizes chamam a atenção, também, para que: A comunicação não pode ser o único componente para trabalhar mudanças de comportamento e que a educação em saúde exerce importante papel 34 neste processo e que esta deve ser entendia como um suporte para as ações de gestão (BRASIL, 2009, p. 89). Cabe, ao gestor, direcionar as ações de comunicação e mobilização para os profissionais de saúde e população em geral, tornando-os corresponsáveis nos processos de enfrentamento da doença. Por fim, o documento sugere medidas para subsidiar os planos de comunicação e mobilização dos municípios de acordo com as características epidemiológicas (períodos epidêmicos e não-epidêmicos) e com as peculiaridades da gestão. As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue também definem as responsabilidades de cada esfera de governo na operacionalização das medidas sugeridas e termina com um breve texto abordando as questões de financiamento dos planos de prevenção e controle da Dengue. Diante do exposto, não se pode negar os avanços obtidos em relação ao documento de 2009 em detrimento ao de 2002. O documento mais recente dá ênfase às ações de controle baseadas na intersetorialidade e preocupa-se um pouco mais com o “como fazer” ao invés de apenas sugerir “o que fazer”. No entanto, aborda com certa timidez as questões de comunicação e educação, comprovadamente essenciais no controle de uma doença particularmente dependente dessas questões para que seja controlada. 1.6 Gestão social eficiente: uma ferramenta essencial para o combate à Dengue A dinâmica da Dengue, associada à complexidade da população brasileira, exige uma gestão pública eficiente para o enfrentamento da doença. A gestão social relaciona-se com o conjunto de processos sociais na qual a ação gerencial se desenvolve por meio de uma ação negociada entre seus atores, perdendo o caráter burocrático em função de uma relação direta entre o processo administrativo e a múltipla participação social e política. O 35 que se busca, dessa forma, é o atendimento das atuais necessidades e desafios da administração quanto à democracia e à cidadania participativa, aplicando-se técnicas de gestão que consideram o intercâmbio dos vários atores envolvidos nos processos administrativos, estimulando o convívio e o respeito às diferenças (TENÓRIO, 2007, p. 7). Sabe-se que, para que isso aconteça, é preciso partir de pontos fundamentais, como a descentralização e participação da comunidade. Já Maia (2005, p. 16), numa visão extremamente ampla, conceitua gestão social: Um conjunto de processos sociais com potencial viabilizador do desenvolvimento societário emancipatório e transformador. É fundada nos valores, práticas e formação da democracia e da cidadania, em vista do enfrentamento às expressões da questão social, da garantia dos direitos humanos universais e da afirmação dos interesses e espaços públicos como padrões de uma nova civilidade. Construção realizada em pactuação democrática, nos âmbitos local, nacional e mundial; entre os agentes das esferas da sociedade civil, sociedade política e da economia, com efetiva participação dos cidadãos historicamente excluídos dos processos de distribuição das riquezas e do poder. Fischer (2002, p. 27) define gestão social como “um processo de mediação que articula múltiplos níveis de poder individual e local”. Em comum, esses três conceitos trazem a ideia de que as práticas de gestão social devem sempre buscar a articulação entre todos os atores envolvidos, e não partir apenas do poder público. Na pesquisa, o conceito de Gestão Social, elaborado por Tenório (2007), foi o que melhor nos proporcionou subsídios para o desenvolvimento do estudo, entendendo que o controle da Dengue dar-se-á com gestão das necessidades dos cidadãos realizadas em conjunto com o poder público e a população por meio de políticas, projetos e programas sociais em prol do desenvolvimento local. Isso pode ser observado no PNCD e nas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue. O PNDC, por exemplo, embora com menos 36 ênfase que o segundo, foi elaborado com vistas no modelo de gestão integrada, dividido em diversos componentes principais, em que cada um tem atribuições e um objetivo final em comum. Já as Diretrizes incluem em seu texto um item voltado especialmente para a gestão: “Gestão dos planos de prevenção e controle de epidemias de Dengue”. Ele direciona o papel de cada esfera de governo dentro dos programas de combate à Dengue, além de salientar a necessidade da organização de redes de serviços de saúde. Ressalta, ainda, que o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais devem estar em constante movimento de integração. É necessário compreender que o sucesso no controle da Dengue se dará apenas quando a gestão assumir o pleno comando da integração das ações setoriais e intersetoriais. No caso da Dengue, os eixos prioritários da gestão são: organização da assistência; vigilâncias epidemiológica e sanitária e controle de vetores; apoio administrativo e logístico; constituição de comitê técnico e de comitê de mobilização; capacitação e educação permanente; gestão de pessoas; comunicação; planejamento estratégico e programação (elaboração dos planos estaduais e municipais) e monitoramento (BRASIL, 2009, p. 98). Na 27ª Conferência Pan-Americana de Saúde, em 2007, a Organização PanAmericana de Saúde (OPAS) elaborou o documento “Prevenção e Controle da Dengue nas Américas: enfoque integrado e lições aprendidas”. Entre todas as questões abordadas para o controle da Dengue nos diversos países da América, chamou-se a atenção para a necessidade de que as ações desenvolvam-se baseadas no modelo de gestão integrada. Justifica-se a adoção pela gestão integrada devido a todos os reflexos causados pelas epidemias de Dengue desde os aspectos sociais até os econômicos. Além disso, tomam-se também como justificativas o agravamento da situação epidemiológica no continente, a perda de vidas humanas em decorrência da doença e o alto custo social e político. Fala-se, ainda, da complexidade do controle da Dengue como ponto crucial para a execução desse modelo de gestão, pois, sendo a Dengue uma doença que depende do envolvimento de diversos atores para ser 37 controlada, dificilmente ações pontuais conseguirão enfrentar esse problema com sucesso. Pelo exposto, entende-se que uma gestão eficiente e em consonância com todos os setores envolvidos no controle da Dengue é essencial para o seu controle. No combate a uma doença como esta, que não tem uma causa única e que acontece dentro de um contexto extremamente complexo, há que se formularem e implementarem soluções integradas que levem em consideração as inter-relações entre os fatores ambientais, sociais, econômicos e culturais que envolvam os diversos atores sociais, populações locais, pesquisadores e gestores de diversas áreas. Frente a essa realidade tão diversa, é preciso que as políticas públicas se ajustem à natureza dos problemas, margeando-os por todos os lados. 38 2 O MOSQUITO CAIU NA REDE 2.1 Algumas considerações sobre ciberespaço e cibercultura São do conhecimento de todos as grandes modificações que estamos vivendo nesta era das novas tecnologias. Conexão é a palavra do momento. Todos estamos conectados por meio das novas tecnologias de comunicação sem fio. Mesmo que uns ou outros se julguem avessos a essas inovações, é impossível viver num mundo sem elas. Em 1945, na Inglaterra, surgiram os primeiros computadores, que eram usados exclusivamente por militares. Já na década de 1960, o uso civil disseminou-se embora não se pudesse prever que essa disseminação tomaria a proporção atual. Nesses tempos, os computadores eram máquinas enormes que serviam basicamente para se fazerem cálculos. A informatização da sociedade, que começou na década de 1970, viveu seu apogeu nos anos 2000, quando deixou de ser algo distante para tornar-se realidade. Com o desenvolvimento dos microprocessadores, localizados em pequenos chips, a automação de praticamente todos os setores da sociedade começou a ser implantada. Obviamente, com o grande ganho de produtividade das empresas por meio do uso dessas novas tecnologias, esse processo continua em franca expansão e, a cada dia, surgem novos “apetrechos” tecnológicos que prometem acelerar e desenvolver ainda mais o dia a dia das corporações. Embora esta realidade esteja um pouco longe dos enredos atuais de filmes de ficção científica, o que se vê é uma transformação incrível da sociedade humana. Transformação essa que vem modificando a cultura dos povos, o pensamento, a política, a dinâmica das populações e tudo mais que envolve as relações humanas. 39 Nos anos 1980, com o surgimento da internet, passamos a viver na tão falada “era digital”, quando o mundo todo passou a ser uma grande massa interconectada em rede – o ciberespaço. Novas formas de se relacionar e novas maneiras de se pensar chegaram entrelaçadas a essas transformações e fizeram emergir o que agora conhecemos como cibercultura. Lévy (1999, p. 17) define o ciberespaço, o qual também chama de rede, como “o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores”. Esse termo, segundo esse mesmo autor, “especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico das informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”. Quanto ao termo cibercultura, Lévy (1999, p. 17) o conceitua como “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente como o crescimento do ciberespaço.” Dessa forma, a fase atual da computação cria um espaço de relações que vai muito além do espaço físico, mas passa por um ambiente de troca e acessos onde não é preciso estar necessariamente diante do seu interlocutor. O desafio passa a ser como reconhecer e fazer um bom uso dessas novas e incríveis tecnologias em todos os setores da vida humana, inclusive nas questões de saúde, tema deste trabalho. 2.2 Saúde e novas tecnologias É notório o impacto da internet sobre as mais diversas áreas da atividade humana em tão pouco tempo de existência – a World Wibe Web (ou o domínio www, como nós conhecemos) completa apenas 20 anos em 2013. No Brasil, a rede foi liberada para uso comercial em 1995 e a partir daí passou por um crescimento exponencial. É impressionante como isso fez com que possamos “saber de tudo” com apenas um toque e meia dúzia (ou menos) de palavras digitadas no Google. O fato é que, do 40 meio acadêmico aos serviços de banco e comércio, do entretenimento ao sucesso das redes sociais, do governo à iniciativa privada, entre tantos outros setores que poderiam ser aqui citados, tudo foi radicalmente transformado pelo uso das redes de computadores. “As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais” (CASTELLS, 1999, p. 57). Assim. ocorre também na área de saúde. É difícil precisar a dimensão do impacto que a internet gera sobre esse assunto, para o bem ou para o mal. As informações digitais referentes à saúde são tantas e tão variadas que, para designar esse grande espectro, foi criada a expressão e-health ou e-saúde (com o e referindo-se a “eletrônico”). Basicamente, essas informações podem ser divididas em funções segundo Aspden e Katz (2001): QUADRO 2. Modelos de informações sobre saúde. Funções Exemplos Referência Publicação eletrônica, catálogos, bases de dados. Autoajuda / autocuidado Informação de saúde online, grupos de apoio, avaliação de riscos de saúde, registros de dados pessoais de saúde. Serviços de conveniência do plano/ provedor Agendamento online, exames e resultados de laboratório, resumo de benefícios. Consulta e referral Consulta médico-paciente ou médico-médico via sistemas de telemedicina, leituras remotas de imagens digitais ou amostras de patologia. Comércio eletrônico em saúde Vendas de produtos relacionados à saúde e prestação de serviços de saúde. Serviços de saúde pública Coleta automatizada de dados, armazenagem de dados, acesso online a dados de pesquisa da população e recenseamentos, sistemas de detecção avançada e de alerta para ameaças à saúde pública. Fonte: Aspden e Katz (2001). 41 Mas, em particular, pode-se perceber muito claramente o quanto a rede tem sido usada em prol das campanhas de saúde coletiva como nas campanhas contra a Dengue, assunto tema desta pesquisa. Segundo Torres (2005, p. 11), “por seu caráter epidêmico, além do que representa o comprometimento clínico individual, a Dengue tem grande repercussão econômica e social ao afetar a força de trabalho, o comparecimento escolar e a organização do atendimento à saúde”. Assim, torna-se imprescindível que todos os esforços sejam feitos para que se minimizem os efeitos dessa doença sobre a população. Vê-se evidente que a utilização da internet, neste caso, especificamente o site oficial do Ministério da Saúde do Brasil, como apoio às ações de combate à Dengue, é primordial e necessária. Tal medida deve-se justificar pelo acesso crescente das pessoas à rede embora, efetivamente, não se possa afirmar que este seja um instrumento eficiente e eficaz, pois não se sabe como e de que maneira essas informações chegam às pessoas. E o mais importante: se elas se apropriam delas (o que gera, de fato, as ações em torno de alguma questão). O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso (CASTELLS, 1999, p. 69). No caso das campanhas virtuais contra a Dengue, em que o site do Ministério da Saúde deveria ser um dos principais instrumentos, não se sabe se aqueles conhecimentos e informações estão realmente sendo úteis dentro do que se propõe. Lévy (1992) ressalta que as novas tecnologias digitais são um campo vasto e conflituoso. De fato, em se tratando de saúde, inúmeras questões devem ser levadas em conta ao se criarem políticas públicas e programas que prevejam o uso da internet. O surgimento dessas novas tecnologias que permitem a busca, o processamento e a interação dos serviços de saúde, embora possibilitem implantar serviços sofisticados, sistemas baseados em bancos de dados centralizados ou 42 distribuídos, ficaram restritas aos menos de 67,9 milhões de brasileiros (numa população total que ultrapassa os 190 milhões) que têm acesso a essas tecnologias segundo dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE). Em relação à banda larga, de acordo com dados também de 2009 da União Internacional de Telecomunicações (UIT), o Brasil tem 7,5 acessos por 100 habitantes. Sendo assim, grande parte da população brasileira fica fora do alcance dessas modernas tecnologias. Em relação especificamente à Dengue, pode-se afirmar que, embora haja iniciativas de controle da doença, com o uso da internet, como o próprio site do Ministério da Saúde, e a inserção do assunto em redes sociais de grande alcance, como o Facebook (rede social mais utilizada no mundo por usuários ativos), existem diversos complicadores além da própria disponibilidade de acesso à rede de computadores pela população. Há que se considerar, também, a variabilidade das características educacionais da população das diversas regiões do Brasil onde se concentram os maiores níveis de casos da doença, a formação dos profissionais de saúde envolvidos diretamente no combate dessa enfermidade e a qualidade e a maneira como é disposta a informação na rede, entre tantas outras características próprias que podem influir de modo direto no controle da Dengue. Embora o uso da internet na área da saúde contribua sobremaneira na disseminação de informações para o controle de doenças, o serviço de saúde transcende – e muito – a área tecnológica, precisando de um acompanhamento maior e de mais estudos de viabilidade antes de sua implantação. De forma geral, existe uma forte correlação entre grau de escolaridade, acesso à informação e nível de saúde da população. Uma população com melhor saúde goza de uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, de aumento de renda por meio do acesso à educação. Um efeito potencia o outro. É bastante comprovado também que a educação da população sobre temas de saúde é um aspecto fundamental que alicerçará o progresso do sistema e da qualidade de vida e de saúde do brasileiro nas próximas décadas, principalmente a parcela da população economicamente carente, contribuindo com a inclusão social via inclusão digital. 43 2.3 Usando as redes sociais mediadas por computadores para combater a Dengue O termo rede remete à ideia de interligação, troca. Dessa forma, presume-se que “estar em rede” significa estabelecer relações de troca entre pessoas que tenham o mesmo interesse sobre determinado assunto. Isso não significa, porém, abrir mão de sua capacidade crítica de opinar e assumir posições que divergem das demais. Esta, talvez, seja uma das características mais interessantes das redes: a possibilidade que elas têm de organizar-se descentralizadamente. Assim, todos podem tomar posições variadas diante de determinado assunto. Como afirma Castells (1999, p. 566), “uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio”. Ainda, segundo Castells (1999, p. 566), “as redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicarse dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação”. As redes sociais são, antes de tudo, relações entre pessoas, estejam elas interagindo em causa própria, em defesa de outros ou em nome de uma organização, mediadas ou não por sistemas informatizados. Elas são métodos de interação que quase sempre visam a algum tipo de mudança concreta na vida das pessoas, no coletivo e/ou nas organizações participantes. As interações de indivíduos em suas relações do dia a dia caracterizam as redes sociais informais, que surgem espontaneamente, sob o enfoque das necessidades. Mas redes sociais também podem existir unicamente por indivíduos ou grupos com poder de liderança, que articulam pessoas em torno de interesses, projetos e/ou objetivos comuns. Os participantes desse tipo de rede podem ser tanto indivíduos quanto atores sociais – neste caso, representando (ou atuando em nome de) associações, movimentos, comunidades e empresas, entre outros. Já as chamadas 44 redes sociais plurais são formadas por indivíduos e atores sociais, e as redes organizacionais são aquelas em que os participantes atuam apenas institucionalmente. Na internet, o termo “redes sociais” é usado para designar sites que oferecem ferramentas e serviços de interação e comunicação por meio exclusivamente do uso de computadores. Nesse sentido, as redes sociais funcionam como canais de comunicação nos quais quase nunca é preciso atender ao aspecto presencial. O Ministério da Saúde, em seu site oficial, informa sua participação nas redes sociais mais usadas atualmente como Facebook, Twitter e You tube, entre outras. Há, também, um blog chamado “blog da saúde”. Provavelmente, muitas são as questões que levaram o governo a submeter seus interesses ao uso das redes sociais. No caso específico da saúde, sabe-se que quanto mais as pessoas conhecem sobre determinada moléstia mais fácil será seu controle. E, num ambiente como o da internet, com sua enorme capacidade de disseminar conhecimentos, tanto mais fácil será divulgar informações que possam contribuir para o combate de doenças que atingem milhares de pessoas todos os anos como a Dengue. 2.4 Educação em saúde e internet no combate à Dengue A educação em saúde historicamente tem o objetivo de atuar na prevenção de doenças e, consequentemente, promover a saúde da população. Tem, ainda, um amplo espectro que inclui desde técnicas para adesão ao tratamento, como também técnicas orientadas para a prevenção de enfermidades. Gazinneli, Reis e Marques (2006, p. 19) afirmam: O conceito atual e que predomina nas reflexões teóricas é o da educação em saúde como um processo teórico-prático que visa integrar os vários saberes: científico, popular e do senso comum, possibilitando aos sujeitos 45 envolvidos uma visão crítica, uma maior participação responsável e autônoma frente à saúde no cotidiano. No Brasil, durante séculos, ela foi denominada de educação sanitária e seu foco sempre esteve centrado nas relações do homem com o meio ambiente. Seu objetivo principal era o controle de epidemias – não para promover a saúde da população, mas para não prejudicar os sistemas de produção. Ainda de acordo com Gazinnelli et al. (2006, p. 20), “as ações de saúde eram intervencionistas e disciplinadoras dos comportamentos e hábitos que poderiam comprometer o sistema de controle de epidemias e outras doenças infecciosas e parasitárias”. O enfoque aqui é o da prevenção, em que a mudança desse comportamento resulta na erradicação ou controle de uma doença. Desse modelo sanitarista, emergem as práticas educativas de saúde atuais, focadas na ideia de “orientação”, ainda que se reconheça a complexidade das atividades educacionais relativas à saúde, principalmente no que tange a mudanças de postura e comportamento dos indivíduos. Já no fim do século XX, ocorreu uma mudança de paradigma das práticas educacionais de saúde: buscam-se, agora, ações educativas mais participativas numa concepção em que se alia o senso comum ao saber científico. A educação, enquanto processo histórico, evolui à medida que a sociedade evolui, num movimento dinâmico e flexível que possibilita ao ser humano, em âmbito individual e coletivo, desenvolver suas potencialidades, exercitar suas habilidades e recriar suas competências na intenção de alcançar autonomia e tomar decisões de acordo com seus objetivos (LEITE; PRADO; PERES, 2010, p. 81). Em 1994, o governo federal instituiu o “Programa de Saúde da Família” com a proposta de mudar o modelo de atenção básica à saúde no país. O enfoque educativo baseado somente na prevenção começa a ser mudado e ações voltadas para a humanização dos serviços de saúde passam a ser observadas. Essa “humanização” dos serviços de saúde nada mais é do que considerar o indivíduo 46 como agente transformador da própria saúde, munido de crenças, valores e conhecimentos prévios; enfim, de uma história de vida. Afirma-se aí essa mudança de paradigma ocorrida anteriormente. Hoje, embora ainda predominem as práticas educacionais intervencionistas em relação ao controle de endemias e epidemias, não se pode negar que elas vêm acompanhadas da ideia de participação. A educação não deve mais ser difundida numa única direção, como transmissão e difusão de conhecimentos e informações entre um emissor e um receptor, mas como circulação e significação de vários saberes entre múltiplos emissores e receptores de mensagens, que são vindas de todas as partes. Desse modo, o processo educacional que anteriormente se dava quase que unicamente de forma verbal nas salas de aula, passou para outro nível, em que revistas, jornais, televisão, cinema, rádios e computadores têm significado importantíssimo na difusão do conhecimento. Num programa de controle da Dengue, há que se levar em conta quais valores, significados, sentidos e informações circulam sobre a Dengue na sociedade. Tornase necessário, ainda, entender como a saúde e a doença afetam a experiência de vida cotidiana das pessoas, como as populações afetadas pela Dengue percebem o ambiente e como o processo de adoecimento afeta essas pessoas. De forma sintética, desenvolver um processo educativo na sociedade civil organizada ou em vias de organização implica: a) procurar conhecer a realidade, compreender seus problemas e buscar soluções; b) potencializar sujeitos e valores emergentes que caminham para a transformação e superação dos problemas; c) eleger, em cada momento, os problemas, os projetos, as formas de atuação e as estratégias prioritárias (SCHERERWARREN, 1999, p. 61). Faz-se necessário, também, avaliar como a cultura organiza e modifica a experiência social e a educação nos aspectos relativos à Dengue. Morin (2007, p. 56) define: 47 A cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social. Não há sociedade humana, arcaica ou moderna, desprovida de cultura, mas cada cultura é singular. Assim, nas atividades de educação ou mobilização social em saúde, deve-se observar valores e crenças que permeiam os modos de as populações perceberem e identificarem seus próprios problemas. O conhecimento deve começar a ser apreendido a partir de uma perspectiva global para que depois possam ser inseridos os conhecimentos parciais e locais. É impressionante que a educação que visa a transmitir conhecimentos seja cega quanto ao que é o conhecimento humano, seus dispositivos, enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e à ilusão, e não se preocupe em fazer conhecer o que é conhecer (MORIN, 2007, p.14). Em doenças como a Dengue, ainda sem vacina específica, em algum ponto do ciclo da doença, medidas bem pensadas, precisas e objetivas podem ser o gatilho para a minimização da sua transmissão. Donalisio (1999, p. 29) defende: Mesmo que os pilares que sustentam a ocorrência da moléstia não sejam tocados, intervenções pontuais específicas controlam epidemias, como campanhas de vacinação, a identificação precoce e os bloqueios de casos, o combate aos vetores e hospedeiros intermediários e também as campanhas educativas, além de articulações e interferências de outros setores da administração pública, iniciativa privada e da participação da sociedade civil organizada. No entanto, de modo geral, as ações educativas que envolvem as questões de saúde são basicamente voltadas para a doença, e não para a participação das pessoas no enfrentamento desta. É necessário articular competências e saberes 48 para a aquisição e incorporação de habilidades e conhecimentos e, também, para estimular atitudes pessoais de comprometimento com um projeto comum de mudança da realidade. É premente a necessidade de ampliarmos o conceito de educação em saúde para além do enfoque na prevenção de doenças, segundo o qual a população é receptora de informações, devendo elaborá-las de tal forma que possa modificar seu comportamento, considerado de risco para a saúde e desconectado da realidade social, econômica e cultural em que vive (LEITE et al., 2010, p. 82). Dentro do processo educativo, para que haja aprendizagem, é preciso que o que está sendo ensinado tenha significância. Isso permite que a educação em saúde propicie mudanças reais na qualidade de vida da comunidade e significa uma interação entre o que se está aprendendo e o que já se sabe. Assim, o conhecimento antigo passa a se tornar mais elaborado a partir do momento em que um novo conhecimento tenha significado para o indivíduo. Considera-se que a aprendizagem informação adquire significados para o em aspectos relevantes da estrutura Caracteriza-se pela interação entre (MOREIRA, 1997, p. 5). é significativa quando uma nova aprendiz através de uma ancoragem cognitiva preexistente do indivíduo. o novo conhecimento e o prévio Atualmente, são muitos os saberes difundidos pela e na comunidade. Isso torna as relações mais complexas, e a educação precisa, cada vez mais, se tornar um processo de construção e compartilhamento de conhecimentos, os quais se produzem e se reproduzem em diversas esferas da vida social, em um processo dinâmico das interações sociais. Segundo Brandão (1995, p. 9): Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é seu único praticante. 49 As inovações tecnológicas representam um marco para o processo educacional. Desde 1995, quando a internet se tornou comercial, o cotidiano da escola vem passando por profundas mudanças. As tecnologias digitais romperam totalmente a fronteira imposta pelo modelo do ensino escrito e oral e a chamada educação online se torna cada vez mais presente e nos mais variados níveis de ensino. Lévy (1999, p. 172) menciona: Neste momento o que acontece é a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizada (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada dos saberes, o ensino da sociedade por ela mesma, de reconhecimento autogerenciado, móvel e contextual das competências. Mas, embora seja considerado um grande atrativo no dia a dia das práticas educacionais, essa moderna tecnologia traz consigo questões altamente específicas e novos desafios como, por exemplo, fazer com que esse conhecimento baseado na comunicação de massa realmente chegue a todos. Apesar de algum avanço na utilização de computadores e outros apetrechos tecnológicos nas escolas, ainda trabalha-se muito com os recursos tradicionais. Isso se deve tanto à falta de recursos para a informatização do sistema de ensino público no país como à falta de conhecimento da linguagem eletrônica pelos educadores. Há, ainda, que se levar em conta que a introdução dessas novas tecnologias como recurso de aprendizagem representa uma nova maneira de lidar com o conhecimento, o que, obviamente, leva um tempo para se consolidar tanto entre os professores como entre os alunos. O professor, por exemplo, diante dessa situação, migra do seu papel de “detentor do conhecimento” para uma espécie de “orientador”, quando guia seus alunos na busca das informações. Muitas vezes, o aluno, que deveria estar no papel de educando, já possui inúmeras informações e conhecimentos obtidos na internet. Conhecimentos esses que, algumas vezes, o próprio professor ainda não tem. Observa-se que a relação de 50 aprendizagem que ocorre dentro da escola passa por profundas alterações, o que exige de todos os envolvidos nesse processo uma significativa mudança de postura. Além disso, como na internet existe a possibilidade de se ultrapassar a barreira física apresentada na escola, o aluno precisa se munir de características como capacidade de análise e julgamento, pensamento crítico e desenvolvimento de valores, entre outros. Não que isso não ocorra dentro do ambiente escolar. Porém, no mundo digital, as informações chegam a nós com tamanha velocidade e através de tão diversas fontes que o ritmo dessa “apreensão de novos valores e capacidades” precisa ocorrer de forma muito mais veloz e consolidada. Aprendizagens permanentes e personalizadas através de navegação, orientação dos estudantes em um espaço do saber flutuante e destotalizado, aprendizagens cooperativas, inteligência coletiva no centro de comunidades virtuais, desregulamentação parcial dos modos de reconhecimento dos saberes, gerenciamento dinâmico das competências em tempo real... esses processos sociais atualizam a nova relação com o saber (LÉVY, 1999, p. 177). Diante disso, é preciso considerar os dois lados da moeda em se tratando da utilização de novas tecnologias dentro do ambiente escolar, desde como fazer até como manter e gerir de forma adequada sua utilização. Isso, obviamente, cabe à utilização da internet para a educação sobre a Dengue. Levando-se em consideração os problemas atuais com que se defrontam os programas para o controle do mosquito (contínua e progressiva dispersão geográfica do vetor, falta de apoio técnico e financeiro para que os setores locais de saúde cumpram sua função, resistência a inseticidas e insuficiências na educação para a saúde), a Organização Mundial da Saúde tem considerado como prioridade o desenvolvimento de vacinas seguras e efetivas contra o vírus da Dengue, para a elaboração de estratégias de prevenção que tenham o necessário impacto sanitário social e constituam o meio mais adequado quanto ao custo-efetividade (TORRES, 2005, p. 237). 51 No entanto, como ainda não está disponível para a população uma vacina contra o vírus da Dengue, o controle do Aedes aegypti ou a sua erradicação representam as únicas opções para a prevenção de epidemias da doença. E, para isso, o desenvolvimento de programas eficazes de controle que incluam sites e blogs, entre outros, podem se tornar uma opção interessante de conscientização e educação da população. Hoje, todas as campanhas de comunicação em massa relativas à saúde têm sua versão na internet. A utilização dos sites como ferramenta em prol da informação, educação e mobilização da população em relação às doenças vem se tornando muito comum nos últimos tempos devido, principalmente, a essa possibilidade de atingir a sociedade de forma ágil. No entanto, embora seja infindável a capacidade de a internet levar informação à sociedade, é preciso considerar que informação não é conhecimento. Geralmente, informações de todo tipo circulam pela rede prontas, desconexas e são incapazes de fazer parte de um processo de educação e mobilização social. Porém, o simples acúmulo de informações, em que não há raciocínio e reflexão ética, não contribui para o desenvolvimento social. Mesmo que sempre haja a possibilidade real de se levarem inúmeros tipos de informações de encontro às pessoas essas nem sempre são relevantes para estas. Dessa forma, embora seja crescente o uso de computadores pelas pessoas, isso não quer dizer que haja verdadeiro acesso ao conhecimento, que não é neutro e está sempre impregnado de valores e propósitos, e que cabe a cada pessoa dar um sentido. Para a população mais favorecida economicamente, o acesso à internet já se tornou corriqueiro no nosso país, o que contribui sobremaneira para a divulgação da informação. Embora se saiba que, neste momento, a penetração da internet na população de baixa renda ainda seja pequena, ela tem sido progressiva e permanentemente ampliada. Isso se deve muito às lojas do tipo lan house, que permitem à população menos favorecida ter acesso à rede com um custo mais baixo. Além disso, parte das escolas e bibliotecas públicas do país já dispõe de computadores conectados à internet fornecendo acesso gratuito para a população. 52 Ainda assim, o acesso é precário e torna-se fundamental que os governos se empenhem em disponibilizar o acesso à rede de computadores de forma mais eficaz e ao maior número possível da população para que a internet transforme-se, de fato, em uma ferramenta poderosa no combate à Dengue. 53 3 METODOLOGIA Para este estudo, utilizou-se a abordagem qualitativa, que se mostrou mais adequada para se alcançarem os objetivos propostos. Foram usados alguns dados numéricos em relação à progressão da Dengue no Brasil, conquistados após pesquisa documental, mas que não alteraram a natureza de grande parte dos principais procedimentos metodológicos. A pesquisa qualitativa, de acordo com Oliveira (2010, p. 37): Entre os mais diversos significados, pode ser entendida como um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para a compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação. Esse processo implica em estudos segundo a literatura pertinente ao tema, observação, aplicação de questionários, entrevistas e análise de dados, que deve ser apresentada de forma descritiva. Ainda segundo Oliveira (2010, p. 60), a abordagem qualitativa foi utilizada por possibilitar “um estudo detalhado de um determinado fato, objeto, grupo de pessoas ou ator social e fenômenos da realidade”. A autora salienta que na pesquisa qualitativa é possível buscar informações fidedignas para articular o conhecimento científico produzido acerca do objeto de pesquisa e o contexto no qual ele está inserido. Para que fossem alcançados os objetivos desta pesquisa, foi feito um estudo investigativo e interpretativo dos sites do Ministério da Saúde no que se refere à Dengue. Para esta pesquisa, um dos instrumentos utilizados foi o modelo de técnica de observação estruturada ou sistemática, que consiste em coletar e registrar eventos previamente, além de analisá-los a partir de critérios estabelecidos em consonância com os objetivos deste trabalho. Nesta pesquisa, os instrumentos utilizados foram os sites do Ministério da Saúde. Assim, foi feito um acompanhamento constante desses sites e seus conteúdos referentes à Dengue. 54 Além disso, foi feita a análise bibliográfica e documental comparativa entre os conteúdos do site e as referências na literatura acerca da temática. O estudo ou pesquisa bibliográfica, de acordo com Santos (2003, p. 71), “é uma modalidade de estudo e análise de documentos de domínio científico tais como livros, enciclopédias, periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos”. Assim, foram feitas leituras de autores que tratavam de questões como novas tecnologias e cibercultura, entre outros assuntos, para que se pudesse fazer entender como essas questões podem ser tratadas no universo de sites que discutem de questões de saúde pública. A realização da pesquisa bibliográfica também possibilitou a utilização de conceitos que abordam as tecnologias digitais e como elas podem contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Ela ainda permitiu a análise dos aspectos relacionados à educação e à internet e como uma pode contribuir sobremaneira com a outra. Nesta pesquisa, a internet também foi utilizada como ferramenta de pesquisa permitindo, assim, o acesso a periódicos científicos, dissertações e teses que versam sobre novas tecnologias e Dengue, entre outros assuntos pertinentes a este estudo. Para Oliveira (2010, p. 70), “a internet se constitui uma ferramenta indispensável à humanidade para informações rápidas sobre diversos assuntos”. Aliadas ao exposto, foram realizadas entrevistas com 19 profissionais como forma de obtenção de dados que nos auxiliaram a atingir os objetivos desta pesquisa. Para Minayo (2010, p. 65), a entrevista como fonte de informação pode nos fornecer dados que “referem-se a informações diretamente construídas no diálogo com o indivíduo entrevistado e tratam da reflexão do próprio sujeito sobre a realidade que vivencia”. Já Oliveira (2010, p. 86) defende que “a entrevista é um excelente instrumento de pesquisa por permitir a interação entre pesquisador(a) e entrevistado(a) e a obtenção de descrições detalhadas sobre o que se está pesquisando”. Dessa forma, nesta pesquisa, as entrevistas revelaram-se um excelente meio de obtenção de informações reais acerca da utilização dos sites do Ministério da Saúde que versam sobre a Dengue e seus conteúdos por permitirem que se retirassem delas elementos de reflexão extremamente ricos. 55 Para a realização das entrevistas, os profissionais entrevistados foram divididos em três categorias: educadores, agentes de controle de endemias e agentes de saúde. As entrevistas se deram por meio da utilização de questionários. Oliveira (2010, p. 83) define o questionário como “uma técnica para obtenção de informações sobre sentimentos, crenças, expectativas, situações vivenciadas e sobre todo e qualquer dado que o pesquisador(a) deseja registrar para atender os objetivos de seu estudo”. Para que se pudesse tentar entender um pouco mais a fundo as considerações das pessoas em relação aos sites e seus conteúdos relativos à Dengue, foram utilizadas questões abertas no questionário. Para Oliveira (2010, p. 84), “a vantagem das questões abertas está no fato de o informante ter total liberdade para formular suas respostas”. Isso contribui imensamente para que se desenhe um panorama real das questões que são abordadas nesta pesquisa. É relevante salientar, também, que todas as entrevistas foram gravadas por meio de radiogravadores e, somente depois de terminá-las, transcritas para o computador. Considerou-se que, feito dessa forma, não haveria perda de falas dos entrevistados e a entrevista tornar-se-ia mais prazerosa para ambas as partes, o entrevistador e o entrevistado, pois passaria de algo aparentemente formal para algo como um “batepapo”. Entre os educadores, foram entrevistados profissionais de escolas públicas que lecionam as disciplinas de Ciências e Biologia. A atuação desses profissionais em relação ao controle da Dengue é muito importante, pois eles estão diretamente ligados à educação das crianças e jovens. E, sendo a Dengue uma doença que necessita por ora de grande intervenção educacional no que diz respeito ao seu controle, ouvir e conhecer um pouco mais da atuação e experiência desses docentes enriqueceram esta pesquisa e fizeram com que os aspectos educacionais fossem melhor compreendidos. Já os agentes de controle de endemias são profissionais, em sua maioria, contratados pela Secretaria de Saúde do município de São João del-Rei. Eles atuam diretamente no controle de doenças endêmicas como a Dengue e, além de estarem 56 em contato direto com a população, trabalham não somente na prevenção, como também na eliminação de focos de Aedes aegypti já existentes. Esse profissional é o responsável pela execução das atividades de combate ao vetor realizadas dentro dos imóveis. O Ministério da Saúde, em seu site, informa: A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. Dessa forma, os agentes comunitários de saúde, do Programa de Saúde da Família, também alvo de entrevistas nesta pesquisa, estão em contato direto com a população – inclusive fazendo visita regulares aos domicílios – e podem atuar diretamente no controle da Dengue com relativa eficácia, entre outras questões relativas à saúde. Com atuação um pouco diferenciada dos agentes de controle de endemias, os agentes comunitários de saúde atuam na educação, prevenção e verificação do estado de saúde das famílias situadas dentro do seu limite territorial. Assim, o universo de entrevistados desta pesquisa, pode ser visto no Quadro 3. QUADRO 3. Universo dos entrevistados. 33 Profissionais Educadores Número de entrevistados 11 Agentes Comunitários de Saúde 3 Agente de Controle de Endemias 5 Fonte: elaborado pela autora. Afiliação Escola Municipal Programa de Saúde da Família (Secretaria Municipal de Saúde) Posto de Saúde (Secretaria Municipal de Saúde) Cargo Professores de Ciências e Biologia Agentes Comunitários de Saúde Agente de Controle de Endemias 57 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 4.1 Descrição dos dados Já se sabe que é preciso buscar um “olhar múltiplo” sobre o controle de doenças epidêmicas como a Dengue. As epidemias ocorrem em meio à coletividade. Muitas vezes, são socialmente determinadas e têm características biológicas e epidemiológicas e próprias. Saúde e doença constituem metáforas privilegiadas para a explicação da sociedade: engendram atitudes, comportamentos e revelam concepções de mundo [...]. Através da experiência desse fenômeno [adoecer], as pessoas falam de si, do que as rodeia, de suas condições de vida, do que as oprime, ameaça e amedronta. Expressam também suas opiniões sobre as instituições e sobre a organização em seu substrato econômico, político e cultural (MINAYO, 1993, p. 193). Isso significa compreender e examinar com cuidado de que forma elas acontecem e porque elas acontecem, a quem acometem e em quais situações, e analisar cuidadosamente quais medidas de controle devem ser tomadas (o que depende de analisar conjuntamente todos esses fatores). Foucault (1980, p. 28) afirma: “a doença específica sempre se repete mais ou menos, a epidemia nunca inteiramente”. Isso tem sido confirmado nas epidemias de Dengue. É certo que considerar todos os pontos citados anteriormente não é tarefa fácil num país de dimensões físicas continentais como o Brasil, com mais de 190 milhões de brasileiros e com regiões tomadas por peculiaridades diversas. No entanto, esforços devem ser feitos. Diante do aumento da complexidade populacional brasileira, associadas à dinâmica das doenças prevalentes ou inseridas no âmbito social, novas iniciativas surgem dentro dos órgãos e autarquias federais e estaduais para maximizar respostas efetivas para o controle de agravos à saúde da população e para a melhoria ampla 58 da atenção à saúde. A inserção desses assuntos nos sites, desses órgãos, vem com a expectativa de que ela possa se constituir em uma medida eficaz de auxílio no controle de doenças. Portanto, a intenção de analisar os sites do Ministério da Saúde e suas abordagens sobre a Dengue foi uma forma de avaliar como tem sido o uso de uma nova tecnologia frente a essa doença de tão difícil controle. Assim, foi feita a análise do site oficial do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br; em seguida, do site www.combatadengue.com.br, também pertencente ao Ministério da Saúde. Cabe informar aqui que o primeiro site dá acesso ao segundo, sendo que as informações sobre Dengue estão reunidas no segundo site, e não no primeiro. Exemplificando: ao acessar o site do Ministério da Saúde, será necessário clicar em “Ações e programas” e, em seguida, em “Combate a Dengue”. A partir daí, o usuário é redirecionado ao site “Combata a Dengue” (BRASIL, 2012a, 20012b). 4.2 Análise dos dados A pesquisa qualitativa deve permitir que o pesquisador traduza perspectivas e ideias de forma que resulte num trabalho sistemático de recolhimento e análise dos dados obtidos. Uma vez realizada a obtenção de todos os dados e informações, iniciou-se o processo de análise dos dados coletados com o objetivo de organizá-los para que pudessem fornecer respostas ao problema identificado. Essa análise foi feita a partir dos conceitos teóricos já estudados anteriormente e foi sendo construída pelo embasamento teórico oferecido pelos autores que dão sustentação teórica à pesquisa. Oliveira (2010, p. 104) ressalta que “é necessário entender que não se faz necessário estar realizando novamente uma construção teórica através da análise 59 do pensamento dos autores(as), pois neste momento, ao analisar os dados, o pesquisador(a) é que deve construir sua teoria”. A análise de dados procurou identificar se os sites, como uma tecnologia social de grande usabilidade atualmente, podem realmente ser úteis, informativos e gerar mobilização efetiva dos usuários na mobilização contra a disseminação da Dengue. Procurou-se, ainda, investigar as percepções, os valores, as motivações e as atitudes do público-alvo pesquisado. Assim, pôde-se compreender um pouco mais sobre a realidade da utilização dos sites estudados sob a luz de quem os utiliza e poderia utilizá-los nas suas atividades do dia a dia. 4.3 Análise dos dados propriamente dita Como já foi mencionado, o site do Ministério da Saúde constitui-se em um portal de acesso à página “Combata a Dengue”. Cabe ressaltar que não há, na página inicial do site oficial do Ministério da Saúde, nenhuma menção à página “Combata a Dengue”. O internauta que queira buscar informações sobre a doença tem que procurar essas informações pelo site até que encontre o link de acesso à página específica. As informações analisadas aqui se referem às disponibilizadas nesse site. Sabe-se que a utilização de sites que contenham informações sobre a Dengue é muito importante na disseminação dos cuidados que devem ser tomados para que ocorra o controle dessa moléstia. Dessa forma, é necessário que a população e os mais diversos profissionais que lidam diretamente (e também os que atuam indiretamente) com a doença tenham conhecimento dos sites que oferecem essas informações. Entre os entrevistados nesta pesquisa, cinco profissionais não conheciam os sites; 12 conheciam e dois sabiam da existência deles, mas nunca tinham tido interesse em conhecê-los. Aos que não conheciam os sites, foi dado o prazo de uma semana 60 para que pudessem conhecê-los. A entrevista, então, foi realizada ao fim desse período. É interessante notar que, dos cinco profissionais que lidam diretamente com o controle da Dengue junto à população (agentes de controle de endemia), quatro, simplesmente, não sabiam da existência dos sites. Entre os agentes de saúde do Programa de Saúde da Família, dois conheciam o site e um não conhecia. As justificativas pelo não conhecimento de um site específico do governo para o combate à Dengue variaram: “Quando fiz o curso não me falaram nada sobre o site” (ACE3) ou “Não tenho muito acesso a computadores. Não tenho em casa e aqui no posto não tem computador para usarmos” (ACE4). Faz-se necessário saber que, tanto no PNCD como nas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, as ações de comunicação são tidas como ferramenta fundamental no trabalho de combate à doença. O último documento, por exemplo, coloca como atribuição do Ministério da Saúde e das secretarias municipais de saúde: Desenvolver localmente acervo portátil de materiais, com estratégias de comunicação a serem utilizadas na mobilização a ser realizada em parceria com as secretarias estaduais e municipais de Educação, como programas educativos pela internet, cartilhas interativas, entre outros (BRASIL, 2009, p. 92). Entretanto, embora haja material informativo sobre a Dengue circulando pela internet, o próprio Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais não fazem uso dele no treinamento dos seus profissionais e também não informam sobre a existência dele. Além disso, nas unidades de saúde visitadas, esses profissionais não dispunham de computadores, dos quais poderiam fazer uso para acessar essas e outras páginas com conteúdos sobre a Dengue, para que pudessem incrementar suas atividades diárias. Já entre os professores, profissionais com maior nível de escolaridade em relação aos outros, todos conheciam o site, mas poucos o utilizam em suas atividades 61 profissionais. Alguns já usaram para buscas pessoais ou durante seus cursos de graduação, mas nunca em sala de aula: “Já usei para pesquisa. Uso muito pouco para falar a verdade” (PB8) e “Conheço, mas não uso na escola. Já usei pra retirar informações do meu interesse” (PB10). De maneira geral, as informações contidas nos sites estão colocadas de forma clara e em linguagem acessível. A maioria dos entrevistados respondeu “sim” ao serem perguntados se as informações apresentadas no site são claras. Em conversa informal, a maioria disse não ter tido dificuldades ao navegar pelo site apesar de o site não apresentar um mapa (mapa do sítio). Em relação às informações técnicas sobre a doença, as informações são modestas e pouco aprofundadas embora não se tenha encontrado até aqui erros de abordagem ou informações falsas. Há o uso de termos como “sorotipo”, “pupa” ou “período de incubação”, que, para pessoas leigas ou com menor grau de escolaridade, podem não ser claros. Verifica-se que não são colocadas opiniões e/ou relatos de pessoas e os textos ali contidos não têm assinatura reconhecida de autoridades do assunto. A maioria das informações é original e o site se sustenta sozinho, ou seja, não utiliza links que dão acessos a outras páginas para que se possa obter informações complementares nem tampouco indica fontes de informação. Assim, caso o internauta precise de informações adicionais acerca do assunto, ou mesmo tenha alguma dúvida sobre o que leu, não há possibilidade de se partir dali a outros sítios da internet que tratem do mesmo assunto. Isso torna as informações ali contidas pouco passíveis de verificação e/ou aprofundamento. Ao clicar, porém, em “Tire suas dúvidas”, o leitor é direcionado a uma tela onde se encontra uma listagem de perguntas e respostas com as supostas “perguntas mais frequentes sobre a Dengue”. 62 FIGURA 3. Dúvidas sobre Dengue com respostas. Fonte: Brasil (2012b). Observa-se que não há interação entre o usuário e o site. Não há possibilidade, por exemplo, de se enviar uma dúvida pessoal à página para que possa ser respondida. Não há, também, possibilidade de contato com os responsáveis pela página ou possibilidade de se inscrever nela para receber informações atualizadas, curiosidades e dicas, entre outros. Inexistem, no portal, canais de discussão como fóruns de debate por exemplo. Isso se torna um enorme contraponto se comparado a uma das maiores finalidades da utilização de sites com fins específicos de informação e conscientização da 63 população, que é criar um ambiente de interação, troca, participação e envolvimento dos indivíduos em torno das questões por eles tratadas. Esse site, portanto, não reflete as políticas públicas mais recentes de controle da Dengue, que sustentam que as ações de controle da doença devem ser tratadas de forma intersetorial e/ou em rede. Isso remete às mudanças de posturas no momento em que o leitor consegue se apropriar das informações contidas no site. Sobre essa questão, a maioria dos entrevistados disse não acreditar que os sites possam provocar esse comportamento no indivíduo. Respostas como “Não, não há incentivo para isso” e “Não, isso é muito pessoal”, ou ainda “[...] ele não incentiva a mudar a mudar minha postura. Ele é mais informativo”, comprovam que, da maneira como está hoje, esse site não promove mudança de comportamento nas pessoas. Assim sendo, quando as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue mencionam que um de seus objetivos é divulgar e informar sobre ações de educação em saúde e mobilização social para a mudança de comportamento e hábitos da população, está indo contra sua própria conceituação e normatização. É verdade que existem no site informações sobre como se pode atuar na prevenção da Dengue. No entanto, o internauta não é convidado e nem incentivado a aderir de maneira consciente e voluntária a essas ações. A concepção do site ainda consiste na transmissão das informações acerca da doença, suas consequências e formas de prevenção, e não na importância fundamental de incentivar a participação das pessoas no controle da doença. “Cada país, estado, capital e demais municípios deve incluir a Educação para a saúde e a Participação Comunitária dentro dos conteúdos de seu Programa de Prevenção e Controle da Dengue” (TORRES, 2005, p. 253). A participação, como colocada no site, resume-se apenas à ideia de colocar as ações contra a Dengue em prática nos períodos epidêmicos. Não há uma ideia de 64 continuidade, o que promove atividades descontínuas embora exista a chamada na tela inicial com os dizeres “Sempre é hora de combater a Dengue”. O site divide a população e os profissionais em categorias, trazendo informações relativas a cada uma: população em geral, profissionais de saúde, gestores públicos, educadores e crianças, profissionais de comunicação e parceiros da saúde. As informações destinadas a cada um são extremamente superficiais, nada além do que é, por exemplo, abordado dentro das campanhas de televisão, panfletos ou cartazes produzidos como material de auxílio nas campanhas contra a Dengue. Para os educadores, inexiste no site material de apoio que possa ser utilizado diretamente pelo professor dentro da sala de aula apesar de a educação ser o principal aspecto a ser abordado com a comunidade para a prevenção da doença. Não há, também, menção a estudos sobre a Dengue, divulgação de outros sites em que se possa aprofundar os conhecimentos sobre a doença, estratégias para o ensino e conscientização dos alunos e nem informações destinadas diretamente ao professor no ensejo de desenvolver suas aptidões para o trato desta questão. No discurso dos educadores, existe, explicitamente, uma crítica às limitações da ação educativa, verticais e reprodutivistas, e uma consideração sistematizada não em termos de técnicas, mas de objetivos, no sentido de a população assumir responsabilidades na transformação da própria qualidade de vida. Isso pode, sim, ser desenvolvido no site. Essa afirmação pode ser comprovada no discurso de um agente de controle de endemias: No tempo que estou trabalhando aqui, eu vejo que a tecla em que a gente tem mais que bater é a da educação. As pessoas são muito deseducadas em relação à Dengue. Mas, veja: todo mundo sabe o que fazer e não faz. Então, se não faz, o problema é falta de educação mesmo. Até as pessoas com mais poder aquisitivo, estudadas, não tomam as medidas necessárias para se prevenir. Claro, não estou generalizando, não são todas as pessoas, Mas tem que ter políticas públicas de saúde e de educação voltadas para esse tema mais consistentes também. 65 Quanto às maneiras de se trabalhar em sala de aula, uma professora de Biologia entrevistada relata: Eu acho que hoje em dia, principalmente na escola, as coisas devem ser colocadas de maneira lúdica, interessante e que despertem prazer nos alunos. Caso contrário, elas não se interessam. Para essa geração do computador, é legal que tenham jogos, redes sociais que abordem esse assunto. Eles só funcionam assim. Os livros não bastam mais. Os sites são instrumentos propícios a esses tipos de atividades e contam com inúmeras possibilidades de desenvolvê-las. No entanto, não é o caso dos sites estudados. Durante a entrevista, um agente de controle de endemias resumiu: “[...] ele [o site] devia ser menos informativo e mais incentivador” (ACE3). Destaca-se que as ações educativas devem estar contextualizadas dentro da realidade concreta da população. O site, além de possuir conteúdo raso sobre educação, não se preocupa em colocar as informações sob o contexto cotidiano das populações. Isso, mais uma vez, diverge do preconizado nos documentos oficiais mais recentes sobre controle da Dengue que dão ênfase à importância de se adequar as ações à realidade local. A comunicação, ainda de acordo com Torres (2005, p. 254): É uma ciência, e como tal tem sua doutrina, porém é também uma arte, que se deve aprender e aperfeiçoar mediante a própria ação comunicativa; para fazer isso com êxito deve-se acreditar não só na educação, mas também na comunidade, respeitando-a e estando disposto a servi-la. Assim, vinculam-se aos processos comunicativos termos como troca, interação, intersubjetividade, diálogo e expressão, configurando-se a comunicação com múltiplas dimensões, que vão desde sua condição fisiológica, que envolve a audição, as sensações e a visão, para alcançar as dimensões afetiva, cognitiva, sociocultural e tecnológica. O surgimento das novas tecnologias de comunicação faz as mensagens circularem com grande velocidade e com fluxos multidirecionais entre 66 múltiplos emissores e receptores como observa Castells (2005). A comunicação em saúde envolve, em suas múltiplas dimensões, a circulação de informações e conhecimentos em saúde oriundos de inúmeras fontes em uma sociedade complexa. No site, os profissionais de comunicação contam apenas com um pequeno texto que informa que, graças a esse profissional, as ações sobre a Dengue são noticiadas em todo o país. Além disso, há um link que direciona o internauta a peças de campanha produzidas pelo Ministério da Saúde. O PNCD afirma que as estratégias de comunicação devem ter como objetivo divulgar e informar sobre as ações tanto em educação de saúde quanto de mobilização social para que possa haver mudanças no comportamento da população em relação à doença. Já as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue asseguram que “[...] a produção de informações oportunas, coerentes e confiáveis sobre a Dengue faz parte do processo de sensibilização e mobilização da população [...]”. E completam mais adiante: Ferramenta primordial na disseminação de informações relacionadas a Dengue, a comunicação compreende as estratégias de ocupação dos espaços de mídia comercial, estatal e alternativa (como rádios comunitárias), bem como a produção de material de acordo com o conhecimento, a linguagem e a realidade regionais (BRASIL, 2009 p. 89). Assim, observado o que foi exposto, percebe-se que o site não promove uma comunicação multidirecional, em que se privilegiam os contextos locais relacionados à linguagem, à cultura; enfim, à identidade da população. É importante salientar que o PNCD e as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue colocam como condições fundamentais para o controle da Dengue a integração das ações de educação e saúde e a comunicação 67 e mobilização social. Atribuem funções a todos os níveis de governo e população e insistem em afirmar que, embora cada um tenha o seu papel definido no combate à doença, todos devem manter-se em constante fluxo de interação uns com os outros. Ao dividir os profissionais e população em categorias, o site não obedece a essa premissa. Ao contrário, apenas estabelece de forma muito superficial como cada profissional deve proceder no enfrentamento da Dengue de acordo com a sua ocupação, mas não estabelece nenhum vínculo entre suas atribuições. Sendo assim, perde-se a possibilidade de se fazer com que o site deixe de ser apenas uma tecnologia para se tornar uma tecnologia social. Perguntados se acreditam que é preciso um trabalho em conjunto da população para a prevenção à Dengue, os entrevistados foram unânimes em dizer que sim. No relato de um agente de controle de endemias, ele afirma: “Não ter dúvidas em relação à isso”. E continua: “[...] falo de todo mundo mesmo, povo, profissionais de saúde, educação, poder público e privado”. Já uma professora observa: “Esse trabalho em conjunto é fundamental. Se uma pessoa em um bairro inteiro não toma as devidas precauções, pode manter um criadouro em sua residência e afetar a todos da região”. Em seguida, os entrevistados foram convidados a refletir se o site dá embasamento e motivação para que um trabalho em conjunto possa ser realizado. Nas suas respostas, algumas pessoas diferiram embasamento de motivação. Para grande parte, o site dá embasamento, mas não motivação. Alguns alegam, por exemplo, que motivação é uma característica muito pessoal. “Não sei responder isso, mas acho que motivação é ligada a um conjunto de coisas. Agora, embasamento, sim, as informações gerais sobre a doença estão lá”, disse um agente de controle de endemias. E uma professora completou: “Sim, mas é claro que eu devo buscar outras informações em outros lugares. Agora, motivação é complicada. É muito pessoal. Motivação depende mais de mim mesma do que do site”. Pode-se verificar, ainda, que não há atualizações observáveis nem mesmo à periodicidade de atualização dos assuntos contidos no site. O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), por exemplo, criado com o 68 objetivo de monitorar a incidência de infestação dos municípios por Aedes aegypti, e que serve como instrumento de atualização da situação das cidades como subsídio às ações de combate à doença, não é ao menos citado dentro do site embora as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue mencione que a informação entomológica atualizada é fundamental para as ações de controle do mosquito. A página não dispõe, também, de recursos que permitam que as informações sejam conservadas, como a possibilidade de guardá-las (salvá-las), imprimi-las ou enviálas por e-mail. É importante informar que não houve análise de categorias como ambiente informático, estabilidade, desenho gráfico e conectividade no estudo dos sites. Isso se deu por se considerarem esses aspectos demasiadamente técnicos, o que não cabe nesta pesquisa. 69 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – UM PEQUENO GUIA DE IDEIAS PARA ELABORAÇÃO DE SITES SOBRE A DENGUE Um site bem construído deve conter funcionalidades informativas e interativas, além de componentes de orientação, de navegação e de comunicação bem estruturados. Esses componentes centram-se na informação, nas atividades, na construção, na comunicação e na partilha. Deve-se considerar também identidade, usabilidade, rapidez de acesso, níveis de interatividade, informação, atividades, espaço de partilha e comunicação. Nesta proposta de intervenção, entretanto, não serão tratados assuntos demasiadamente técnicos relacionados à construção de um site, visto que o objetivo é propor um site mais atrativo e funcional para os usuários do site “Combata a Dengue”. Foi constatado que o site do Ministério da Saúde é apenas um portal de entrada para o site “Combata a Dengue”, que reúne as informações sobre a doença. Isso não seria um problema, visto que o site do Ministério da Saúde é um site institucional bastante conhecido. No entanto, ao se navegar por ele, percebe-se que não há na página de entrada (home) nenhuma indicação sobre o “Combata a Dengue”. Um usuário, que esteja fazendo uma pesquisa rápida, perde muito tempo procurando onde estão as informações sobre a Dengue. Dessa forma, sugere-se que os responsáveis pelo site do Ministério da Saúde incorporem à primeira página de seu site um hiperlink visível que direcione o internauta diretamente aos conteúdos disponibilizados sobre a doença sem que este precise ficar navegando pelo site. A linguagem deve ser sempre clara e, sempre que possível, sem palavras e expressões consideradas “difíceis”. Obviamente, no que se refere às doenças, vez ou outra será necessário o uso de terminologias científicas ou mais complexas. Para que isso não se torne um problema para o utilizador, o site deverá conter um pequeno glossário que explique esses termos de forma a não prejudicar o entendimento do texto por quem o está lendo. 70 Informar inclui o desenvolvimento de mensagens, produção de materiais e distribuição. Em relação à Dengue, além dos especialistas, os próprios grupos comunitários devem ser estimulados a participar de todo o processo de preparação e difusão da informação. O que se deve informar para a população? As características gerais da doença, de modo que possam identificar seus sintomas, sobretudo os sinais de alerta para buscar precocemente a atenção médica. Também se deve informar a via de transmissão da doença, as características do Aedes aegypti e, sobretudo, quais são seus criadouros e como se pode eliminá-los ou protegê-los (TORRES, 2005, p. 254). É fundamental informar ao internauta que o mosquito convive com ele na sua casa; que seu tempo de vida varia de acordo com o sexo, a temperatura, a existência e abundância de inimigos naturais; que é a fêmea que pica e deposita seus ovos próximos a recipientes que contenham água limpa ou quase limpa; e que os criadouros estão dentro ou próximos à sua própria casa. Essas, por exemplo, são informações importantes e curiosas; dependendo da maneira que estão disponibilizadas no site, o torna uma fonte de leitura enriquecedora e prazerosa. Mas esses aspectos, desprendidos de um contexto, podem não ter significância para o indivíduo. Para isso, é necessário que as condições de vida, as questões culturais, as ponderações sobre saúde e o próprio conhecimento sobre a doença sejam investigados antes da elaboração de um site que pretende ser realmente compreendido e utilizado pelo público-alvo. Isso não é fácil, visto que o Brasil é um país de dimensões continentais e com uma cultura extremamente diversa. No entanto, se se pretende, de fato, elaborar um material que esteja inserido dentro de um contexto social, deve-se cuidar para que isso aconteça. Essas investigações, de acordo com o caso ou a urgência, podem obedecer a planos de execução de curto, médio ou longo prazo. Na prática, dentro do site, sugere-se que o país seja dividido em regiões (Norte, Sul, Sudeste...), o que facilita bastante a elaboração de um material, diga-se, mais personalizado. Deve-se pesquisar qual é a situação de cada região em relação à 71 doença, como é a condição educacional, os serviços de saneamento básico e outras questões que envolvem as condições de vida daquele povo e os aspectos relativos à Dengue. Seria interessante que, dentro de cada região, o internauta pudesse ter acesso à situação dos municípios. Isso poderia ser feito por intermédio do LIRAa. Cabe lembrar que os textos podem e deve ser escritos usando-se as expressões idiomáticas de cada região, o que causa maior identificação e, talvez, até maior entendimento por parte de quem os está lendo. É importante também que as informações gerais possam ser aprofundadas caso o leitor se interesse. Dessa forma, seria interessante que o site dispusesse de links que deem acesso fácil a outras páginas acerca do assunto. Pode-se pensar, ainda, na elaboração de uma listagem de livros que abordem o assunto. Outro detalhe que deve ser considerado é a autoria. As informações disponibilizadas devem ser assinadas, pois isso garante maior precisão e credibilidade das informações. Além disso, as informações acerca da situação do país, estados e municípios devem ser sempre atualizadas, visto que a ocorrência da doença varia dependendo de diversos fatores. A internet tornou-se uma imprescindível fonte de informação e ambiente alternativo para o processo de ensino-aprendizagem, onde são muitas as tecnologias disponíveis: sites, salas de aula virtuais, plataformas de aprendizagem, cursos online e a distância, bibliotecas e museus, entre outros. As tecnologias envolvidas em todas essas ferramentas educacionais estão bem desenvolvidas e dominadas pelos profissionais da computação. O conteúdo de um site, como o “Combata a Dengue”, deve prezar, sempre, pelas questões educativas, pois se sabe que a transmissão da Dengue depende significativamente dos hábitos educacionais da população. Os aspectos que levam o sujeito a sentir-se motivado para realizar alguma ação sugerida no site ou continuar lendo os textos para informar-se também devem ser considerados. Grande parte dos entrevistados nesta pesquisa considerou que o site em questão não é uma fonte motivacional. Torres (2005, p. 255) afirma que “a 72 informação deve vir acompanhada ou seguida de persuasão e organização para a ação para estimular que a população aplique e pratique o aprendido, e que os novos hábitos permaneçam”. Para que isso aconteça, pode-se inserir no conteúdo do site informações relacionadas diretamente ao professor, com sugestões de atividades dentro e fora da sala de aula e literatura sobre Dengue voltada diretamente para o educando, entre outros. O site pode investir também na formação dos professores com cursos online, com a disponibilização de certificados ao final e com a divulgação dos nomes dos que melhor se saíram no curso. Isso pode se constituir em fonte de motivação para o profissional. Para os educandos, especificamente, deve-se levar em conta os aspectos lúdicos. Pode-se inserir no conteúdo do site jogos online, sugestões de como realizar brincadeiras dentro da sala de aula, encenações teatrais, participação em feiras, inclusive a organização dos alunos para acompanharem uma visita do agente de controle de endemias em casas próximas à escola. Os professores, bem como as crianças e os adolescentes nas escolas, podem realizar atividades muito proveitosas, organizados em equipes, para identificar e erradicar os focos ou criadouros de mosquitos em seus próprios locais de estudo e mediante visitas às casas (TORRES, 2005, p. 255). Como o próprio caráter da internet já é interativo, é preciso que os sites tenham recursos que permitam que o usuário “interaja” com o portal. Pode-se criar fóruns de discussão, salas de bate-papo e possibilidades para que o usuário envie suas dúvidas e comentários. Seria interessante que o usuário pudesse se cadastrar no site e receber informações atualizadas a respeito da Dengue, bem como lembretes de como ele deve agir no seu ambiente para ajudar a minimizar a ocorrência da doença, entre outras possibilidades. Basicamente, para que um site sobre a Dengue seja funcional e atrativo, deve-se estar atento às peculiaridades da doença, aos aspectos culturais da sociedade e ao 73 repasse de informações que possam ser entendidas e valorizadas pelo internauta. Para isso, é preciso que se elaborem fóruns de discussão e decisão que fortaleçam os compromissos institucionais de investimentos contínuos nos programas de combate à doença. As novas tecnologias, tão abundantes atualmente e sempre abertas a inovações, estão prontas para serem utilizadas da melhor forma possível. Assim, como afirma Donalisio (1999, p. 174), “a ampliação do olhar sobre a doença, seus caminhos e determinações, clareia a realidade e ilumina as possíveis estratégias para enfrentá-la”. 74 CONSIDERAÇÕES FINAIS Não é possível conceber o desenvolvimento de um país sem se pensar seriamente nas questões de saúde pública. A Dengue, especificamente, é uma doença grave e, mesmo com todos os esforços empreendidos, continua provocando mortes ano após ano. As estratégias de combate ao mosquito encontram sérios percalços como a complexidade das populações, a desorganização do ambiente urbano e a miséria. Em virtude de todas essas características e, ainda, aliado a outras mais, o combate à Dengue requer grande esforço da população. Nesse sentido, a palavra “desenvolvimento” significa colocar as pessoas em contato direto com o problema, mobilizando-as e incentivando-as a atuarem diretamente nas ações de combate à doença. A sociedade mais complexa, a ampliação infinita dos criadouros potenciais, espalhados pela caótica realidade urbana; as difíceis relações entre as populações marginalizadas e os representantes do poder estatal, são apenas alguns elementos da complicada tarefa de controlar o mosquito nas cidades brasileiras, nos dias de hoje. São as velhas pragas em novos contextos epidemiológicos históricos e sociais, exigindo estratégias compatíveis (DONALISIO, 1999, p. 152). No entanto, a introdução de inovações nas práticas de saúde em geral, e no controle da Dengue em particular, é um grande desafio, pois inclui a modificação de fatores socais e culturais. Vale ressaltar que não se trata de reduzir as soluções técnicas, mas rever os princípios que modelam as práticas no sentido de torná-las mais eficientes. Assim, sabendo-se do grande poder de penetração que a internet representa na atualidade, faz-se necessário fazer dela uma aliada no combate à Dengue. Assegurado, ainda, por uma gestão social bem estruturada para o combate à doença, o uso da rede pode ter um alto poder educativo. Segundo Maia (2002), as novas tecnologias de comunicação e informação, incluindo, nesse caso, a internet, parece oferecerem vantagens diversas sobre os meios de comunicação tradicionais, 75 proporcionando um ideal para a comunicação democrática, uma vez que seus dispositivos interativos e multifuncionais oferecem “novas possibilidades para a participação descentralizada”. Como afirma Maia (2002), essas novas tecnologias permitem colocar diferentes parceiros de interlocução em contato, mediante ações recíprocas e vínculos virtuais variados, criando um potencial de interação inédito. Trata-se não apenas da conectividade isolada do usuário da rede, mas sim do potencial de conexão coletiva, aproximando os cidadãos com os assuntos que os envolvem. E, nesse sentido, o site do Ministério de Saúde e os outros sites ligados a essa instituição têm que se prestar eficazmente a esse papel. Para finalizar, é importante reconhecer que a internet, seu conteúdo, suas possibilidades e potencialidades se constituem em um conhecimento ainda em processo de construção. Nessa perspectiva, pode-se afirmar: este trabalho estará, inegavelmente, em permanente construção. 76 REFERÊNCIAS ASPDEN, P.; KATZ, J.E. Assessments of quality of health care information and referrals to physicians - a nationwide survey. In: RICE, R.E.; KATZ, J.E. (Ed.). The Internet and health communication – experiences and expectations. Thousand Oaks/London/New Delhi: Sage Publications, 2001. p. 99-106. AUGUSTO, L.G.S.; CARNEIRO, R.M.; MARTINS, P.H. et al. Abordagem ecossistêmica em saúde: ensaios para o controle do Dengue. Recife: Ed. da UFPE; 2005. 382p. BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: History of Control in Brazil. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 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Lembramos ao pesquisador principal que o mesmo deverá encaminhar um relatório parcial ou ao final da pesquisa até o dia 20 de junho de 2012. O CEP deseja aos pesquisadores sucesso em sua trajetória de pesquisa! Atenciosamente, Profa. Elaine Linhares de Assis Guerra Coordenadora do CEP Centro Universitário UNA 81 ANEXO B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezado(a) usuário(a). Eu, Kristianne Maia Moreira, convido-o(a) para participar da pesquisa intitulada “Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde”. Trata-se de um trabalho de mestrado que estou fazendo no Centro Universitário UNA, sob a orientação do prof. Dr. Cláudio Márcio Magalhães. O objetivo desta pesquisa é analisar o site do Ministério da Saúde no que se refere à Dengue como uma possibilidade de se tornar um instrumento de inovação social e tecnologia social a partir dos eixos da educação e desenvolvimento social. Sua participação é de fundamental importância para a realização deste trabalho e seu consentimento em participar deve considerar as seguintes informações: 1. Sua participação é voluntária e você pode desistir a qualquer momento, caso deseje, sem risco de qualquer natureza. 2. O seu nome será mantido em anonimato, ou seja, não será revelado a ninguém, bem como o sigilo (segredo) de todos os dados prestados. 3. Você não terá nenhum tipo de despesa e não receberá nenhuma gratificação (dinheiro) para participação desta pesquisa. 4. Não há qualquer benefício direto pela sua participação, mas o conhecimento da sua opinião a respeito deste tema é muito importante para a discussão que pode melhorar ainda mais o atendimento fisioterápico. 5. Suas respostas serão usadas exclusivamente (somente) para os fins desta pesquisa. 6. Este termo de consentimento ficará sob a minha guarda até finalização da pesquisa e após será queimado. 7. Caso aceite participar, em qualquer momento você poderá pedir informações ou esclarecimentos sobre o andamento da pesquisa, bem como, caso seja de sua vontade, sair da pesquisa e não permitir a utilização de seus dados. Você poderá entrar em contato com os pesquisadores a qualquer momento que lhe convier ou com o Comitê de Ética da UNA. Kristianne Maia Moreira – (31)9663-2292 / (32)9913-3625 82 Termo de Consentimento. Eu, ____________________________________________________, após ter lido este termo de consentimento e esclarecido minhas dúvidas, concordo em participar da pesquisa, “Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde”, uma vez que fui devidamente orientado(a) sobre a finalidade e objetivo do estudo, bem como da utilização dos dados exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, sendo que meu nome será mantido em sigilo. Assinatura do profissional: Assinatura do pesquisador mestrando: Kristianne Maia Moreira Telefones: (31)9663-2292 / (32)9913-3625 Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4º andar – Belo Horizonte/MG Contato: e-mail: [email protected] Data: ____/ ____ / 2012 83 ANEXO C. Roteiro de Entrevista Projeto: Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde Aluna: Kristianne Maia Moreira Orientador: Prof. Dr. Cláudio Márcio Magalhães Objetivo geral da pesquisa: analisar os sites do Ministério da Saúde no que se refere à Dengue a partir dos eixos da educação e desenvolvimento social. Objetivos específicos da pesquisa: • analisar criticamente os sites do Ministério da Saúde e suas abordagens sobre a Dengue; • verificar se os sites podem ser considerados (ou como torná-los) uma tecnologia social que contribui para a educação e o desenvolvimento social; • propor intervenções para a melhoria dos sites, caso necessário. Nome: Cargo: Idade: Sexo: Quanto tempo na atividade: 1) Você conhece o site do Ministério da Saúde? a) se sim, continuar a entrevista. b) se não, perguntar “porque ela não se interessou em usar o site como ferramenta de apoio às suas atividades” e solicitar, no prazo de uma semana, uma visita à página para posterior continuidade da entrevista. 2) Quando e por que você tomou a iniciativa de conhecer o site? 3) Em relação aos conteúdos relativos à Dengue dispostos no site, responda: a) As informações estão claras? b) Foram úteis para o seu trabalho? c) Podem resultar em alguma modificação da sua postura em relação à doença? d) Haveria, para você, uma forma melhor de abordagem do assunto? Qual? 84 4) Quais são, para você, os principais aspectos a serem abordados com seus alunos e comunidade para a prevenção da doença? 5) No seu ponto de vista, o site do Ministério da Saúde contribui para o desenvolvimento de campanhas contra a doença a partir dos critérios que você citou anteriormente? 6) Você acredita que é preciso um trabalho em conjunto da população para a prevenção à Dengue? 7) O site lhe dá motivação e embasamento para isso? 8) Se sim, como? Se não, o que deveria ter? 9) Dê sugestões de melhorias. 85 ANEXO D. Respostas ao roteiro das entrevistas 1) ACE1 – 40 anos – três anos na função – Agente de Controle de Endemias 1. Não. Eu nem sabia que tinha alguma coisa lá que poderia me ajudar no trabalho. 2. xxx 3. a) Sim. b) Sim. c) Acho que não. Como eu sou da área, já tenho muitas informações sobre a Dengue e sei como devo proceder. d) Acho que tinha que ter no site informações diretamente voltadas para a população, principalmente para as crianças. 4. Eu acho que principalmente o envolvimento das pessoas com a doença. A Dengue é uma doença que não irá ser controlada se não houver o comprometimento de todos. 5. Eu achei que fala um pouco disso sim, mas não é tanto. Infelizmente, a gente tem que ser muito, mas muito repetitivo mesmo quanto a isso. Já visitei casas em que tive que falar milhões de vezes a mesma coisa e, mesmo assim, as pessoas não seguiram as minhas orientações. Volto lá todos os meses e está tudo sempre igual. 6. Tenho certeza disso. Todos sabem que isso é o principal. 7. Ele fala um pouco dessas coisas, sim. 8. Quando fala de prevenção, o que deve ser feito, essas coisas. 9. Uma parte bem explicativa voltada para os agentes de controle de endemias, já que lidamos com isso diariamente. 2) ACE2 – 23 anos – três anos na função – Agente de Controle de Endemias 1. Sim, 2. Um dia, precisei de montar um informativo aqui para o posto e dei uma olhada lá. Mas não achei que tinha muita coisa além do que eu já tinha estudado no treinamento. 3. a) Sim. b) Sim. 86 c) Não. d) Não, para mim está bom. 4. No tempo que estou trabalhando aqui, eu vejo que a tecla em que a gente tem mais que bater é a da educação. As pessoas são muito deseducadas em relação à Dengue. Mas, veja: todo mundo sabe o que fazer e não faz. Então, se não faz, o problema é falta de educação mesmo. Até as pessoas com mais poder aquisitivo, estudadas, não tomam as medidas necessárias para se prevenir. Claro, não estou generalizando, não são todas as pessoas. Mas tem que ter políticas públicas de saúde e de educação voltadas para esse tema mais consistentes também. 5. Acho que pouco. Há, sim, um pouco desse sentido educador nas informações que estão no site, mas eu acho que isso tem que estar muito claro mesmo. 6. Tenho certeza disso. Todos sabem que isso é o principal. 7. Essa coisa de motivação é da gente. Não vai ser um site que vai me dar motivação pra fazer as coisas certas ou não. Isso vem de mim mesmo, da minha educação. 8. O site poderia ser mais interativo, ter um material mais farto e completo, ter partes para quem lida diretamente com a prevenção da doença. 9. É o que eu falei anteriormente. 3) ACE3 – 33 anos – dois anos e meio na função – Agente de Controle de Endemias 1. Não. Quando fiz o treinamento, não me falaram nada sobre o site. 2. xx 3. a) Sim. b) Sim. c) Não. Acho que o site não incentiva a mudar a postura. Ele é mais informativo. d) Talvez esta que eu falei antes: ser menos informativo e mais incentivador. 4. Educação, mudança de cultura, envolvimento. 5. Não. O site fala de mudanças, mas não estimula as pessoas a mudarem. Não mostra as consequências da doença. E não tem uma parte interessante voltada para a educação das crianças, que eu acredito que seja o principal para uma mudança real no quadro atual. 87 6. Sem dúvidas. É quando eu falo de envolvimento: todos que têm que estar envolvidos para que a gente consiga acabar com o problema. Aliás, eu não acredito em erradicação, mas em controle. 7. Não sei responder isso, mas acho que motivação é ligada a um conjunto de coisas. Agora, embasamento, sim. As informações gerais sobre a doença estão lá. 8. Não, o site pode melhorar em relação a isso. 9. Informações mais profundas, detalhamento da situação dos estados e de preferência até das cidades, para ver se as pessoas se comovem ao verem os números absurdos da dengue. 4) ACE4 – 27 anos – cinco anos na função – Agente de Controle de Endemias 1. Não. Não tenho muito acesso a computadores. Não tenho em casa e aqui no posto também não tem computador pra gente usar. 2. xx 3. a) Sim. b) Sim. c) Não, pois o meu próprio trabalho já me faz ser cuidadoso em relação à Dengue. d) Não sei... Pra mim está bom do jeito que está lá. 4. Educação é o principal. 5. Um pouco, sim. Eu acho que informar, como está lá no site, é uma maneira de educar. 6. Sim, é impossível sem isso. 7. Não muito. 8. Um canal de interatividade onde eu pudesse opinar, tirar dúvidas... 9. Então, é o que eu falei na pergunta de antes. 5) ACE5 – 26 anos – um ano na função – Agente de Controle de Endemias 1. Não. Não me interesso muito por essas coisas de computador... Pra estudar, uso as apostilas que foram dadas no treinamento. 2. xx 88 3. a) Sim. b) Sim. Têm algumas coisas sobre a história da doença que eu não sabia. E, às vezes, nas visitas, as pessoas gostam de perguntar, conversar, e eu posso contar isso pra elas. c) Não. d) Não. 4. Acho que o principal é conscientizar as crianças. Com os adultos, é mais difícil. Temos que investir nas crianças para que elas não repitam mais pra frente o que os adultos fazem hoje. 5. Muito pouco. Eles não contribuem muito nem com a nossa formação muito menos com as das crianças. 6. Sem dúvidas. Não tem como se todos não se empenharem nisso. 7. Não. 8. Deveria ter informações muito mais completas para os profissionais de saúde. 9. Modelos de cartilha para distribuição onde você pudesse colocar as informações do local onde você vive, um lugar de tirar dúvidas e denunciar possíveis focos do mosquito. 6) AS1 – 34 anos – seis anos na função – Agente de Saúde PSF 1. Não. Já ouvi falar, mas nunca tive interesse de olhar, não. 2. xx 3. a) Sim. b) Eu não falo muito com as pessoas sobre a Dengue nas minhas visitas. Depois que vi o site, acho que devo falar mais sobre isso. c) Como eu disse, vou falar mais sobre isso nas minhas visitas. d) Não, acho que lá está o que as pessoas precisam saber. E os profissionais de cada área também, já que está tudo dividido. Mas não está muito diferente do que a gente vê na televisão. 4. A prevenção. Ensinar a cuidar do próprio ambiente para que o mosquito não se desenvolva. 5. Sim. O site aborda a prevenção 6. Totalmente. Mas acho que o PSF não se envolve muito com essa questão. Não somos muito cobrados em relação a esse assunto. 89 7. Embasamento, sim; motivação, acho que não. 8. Deveria ser mais interativo. 9. Um site interativo. 7) AS2 – 26 anos – três anos na função – Agente de Saúde PSF 1. Sim. 2. Já procurei umas informações sobre pressão alta nele. 3. a) Sim. b) Sim. c) Lá, eu pude ver como a doença está crescendo cada vez mais. Vou passar a falar mais sobre ela com a população e observar mais as casas pra ver se tem algum foco do mosquito. d) Não. 4. Ensinar como ocorre a doença, o que deve ser feito para evitá-la, incentivar a colocar em prática as ações preventivas. E cobrar também. Já que sempre estamos em contato com a população, podemos cobrar atitudes, mostrar, repreender se for preciso. 5. Algumas coisas, sim. A parte mais técnica sobre a doença, por exemplo. 6. Sim. É essencial quando o assunto é Dengue. 7. Não muito, o site pode ser bem melhor. 8. Conteúdos mais completos. 9. Poderia ser mais ilustrado, com movimento e mostrar como fazer uma abordagem mais interessante com a população. 8) AS3 – 23 anos – um ano na função – Agente de Saúde PSF 1. Não. Não me falaram nada sobre o site no curso daqui. 2. xx 3. a) Sim. b) Acho que não. Já sabia boa parte do que está lá. c) Não. d) Não sei. 90 4. Todo mundo sabe o que deve fazer pra evitar o mosquito. Então, tem é que cobrar das pessoas que façam o que é necessário. 5. Não. 6. Sim. 7. Não, nem motivação e nem embasamento. 8. Informações bem mais detalhadas para o pessoal da saúde. 9. O que eu falei anteriormente. 9) PB1 – 32 anos – um ano na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Já usei como fonte pra fazer trabalhos durante a graduação e indico para os meninos quando tem que fazer algum trabalho que envolva saúde, sobre alguma doença. 3. a) Sim. b) Sim. c) Com relação à Dengue, prevenção é de extrema importância, uma vez que cerca de 80% dos focos estão nas residências. A maioria dos focos de criação e reprodução do mosquito estão dentro das casas e nos quintais. Para combater a Dengue, as pessoas devem mudar sua postura com relação a esse problema e passarem a ser soldados nessa guerra. O site dá várias instruções de medidas relativamente simples para o combate eficaz contra a Dengue. d) Não, acredito que a melhor forma mesmo é convocar a população para essa luta diária contra a doença. E para combater a Dengue, é preciso conhecer a doença, e o site traz várias informações úteis a respeito. 4. O modo de transmissão da doença e as medidas efetivas de combate. 5. Sim, o site tem informações claras, divididas entre as várias classes de pessoas, como educadores/crianças, profissionais da saúde, população em geral etc. Essa divisão facilita o entendimento de todos. 6. Sim. O mosquito circula entre as diversas residências, escolas, empresas etc. Devo fazer minha parte, isto é, cuidar da minha casa, mas devo também exercer influência nos meus vizinhos, colegas de trabalho, para que juntos possamos diminuir ao máximo os focos de Dengue. 91 7. Sim, o site tem informações claras, divididas entre as várias classes de pessoas, como educadores/crianças, profissionais da saúde, população em geral etc. Essa divisão facilita o entendimento de todos. 8. O mosquito circula entre as diversas residências, escolas, empresas etc. Devo fazer minha parte, isto é, cuidar da minha casa, mas devo também exercer influência nos meus vizinhos, colegas de trabalho, para que juntos possamos diminuir ao máximo os focos de Dengue. Isso é abordado pelo site. 9. De maneira geral, considerei o site bom. Mas eu acho que uma equipe de educadores poderia montar atividades divididas de acordo com a faixa etária e que poderiam ser utilizadas dentro da sala de aula. 10) PB2 – 30 anos – seis meses na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Durante a graduação, precisei de ver sobre legislação de saúde e olhei lá, mas ainda não usei em sala de aula. 3. a) As informações são claras, mas eventualmente são usados termos que muitas pessoas podem não compreender. b) Sim, o site é uma boa fonte de informação, mas necessita de complementação. Para uma pesquisa mais aprofundada, por exemplo, não é muito útil. c) Não acredito que seja o caso. Não há informações novas nesse sentido. d) Sim. As campanhas para televisão são mais chamativas e atingem um público maior. Levando o site em consideração, este poderia ser melhor ilustrado, a fim de chamar mais a atenção de crianças. Ou mesmo ter um “canal” dedicado a elas. O futuro do planeta depende de uma boa formação das crianças de hoje. Elas são o melhor investimento. 4. A conscientização sobre o risco que a doença oferece para que o assunto seja tratado com mais seriedade; a importância da propagação e execução da informação pela comunidade. 5. Sim. O material oferecido é bem informativo. Mas insisto na questão das ilustrações. O encarte disponível no site conta com poucas ilustrações. 6. Sim. Esse trabalho em conjunto é fundamental. Se uma pessoa em um bairro inteiro não toma as devidas precauções, pode manter um criadouro em sua residência e afetar a todos da região. 92 7. Um pouco sim. 8. O site deveria ser mais convidativo, principalmente para crianças. Acho interessante que o mosquito seja mostrado, por fotografia ou um desenho bem feito, a fim de facilitar sua identificação. 9. Poderia ter algum tipo de atividade online entre escolas, como uma gincana, por exemplo. 11) PB3 – 32 anos – oito anos na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Sempre indico para os meninos como fonte de pesquisa, pois acho que têm informações confiáveis e muita coisa a respeito de estatística. 3. a) Sim, as informações estão claras, mas difíceis de serem encontradas. Achei o site com muita poluição visual. É cansativo navegar por ele. b) Sim, pois pude encontrar informações adicionais que não estão nos livros didáticos. c) Sempre precisamos modificar nossa postura, pois muitas vezes esquecemos que o combate a esta doença deve ser um hábito e não uma atitude numa determinada época do ano. d) Sim. Acho que os agentes de saúde deveriam visitar as escolas e participar de algumas aulas de Biologia/Ciências. Eles poderiam participar de pelo menos uma aula em cada série trazendo dinâmicas, vídeos, entre outros. Acredito que chamaria a atenção dos alunos, mudaria a rotina das aulas, tornando-as mais interessantes. A própria escola deveria fazer uma campanha e fazer dos alunos novos agentes de saúde durante todo o ano. 4. Como podemos prevenir a doença, ensinar que o combate à Dengue deve ser feito durante todo o ano e que a responsabilidade é de cada um de nós. Fazer dos alunos “agentes de saúde mirins” e sempre estar dando informações sobre a doença e o mosquito. 5. O site traz muitas informações, mas acho que os alunos e a maioria das pessoas da comunidade não o acessam para se informarem a respeito da Dengue. Outros meios de comunicação, como a TV, por exemplo, conseguem levar mais informações, pois atingem a maioria das pessoas. 93 6. Sim, pois o cuidado em não deixar água parada começa dentro de cada uma de nossas casas. 7. Sim, mas é claro que eu devo buscar outras informações em outros lugares. Agora, motivação é complicada. É muito pessoal. Motivação depende mais de mim mesma do que do site. 8. Tem muita coisa interessante no site, mas, como já foi dito anteriormente, navegar por ele é muito cansativo. Acho que nem todos têm o hábito de acessá-lo para obter informações sobre as doenças em geral. 9. Vídeos mais longos e com desenhos que possam ser baixados e exibidos nas escolas infantis. 12) PB4 – 37 anos – 13 anos na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Eu conheço, já dei uma olhada algumas vezes, mas não uso com frequência pra nada. Nas minhas atividades, prefiro usar os livros mesmo. 3. a) Sim, mas está com a disposição meio confusa. b) Sim, têm coisas que não têm nos livros. A parte de história é interessante. c) Não. Isso é muito pessoal. d) Sim, devem colocar mais coisas voltadas para as crianças, com joguinhos, desenhos, coisas que chamem a atenção delas. 4. O principal é a educação e a conscientização. 5. Sim. 6. Sim, o assunto Dengue tem que começar dentro de casa. E, como professora, dentro da minha casa para que depois eu possa ensinar para os meus alunos. 7. De maneira geral, sim. 8. O site tem boas informações e tudo está claro. 9. A parte para professor e criança é muito incompleta. Devia ter desenhos, jogos, interatividade e uma linguagem voltada para crianças. 13) PB5 – 42 anos – cinco anos e meio na função – Professor de Biologia 1. Sim. 94 2. Usei algumas vezes para procurar material e informações para as minhas aulas. Mas só quando comecei a dar aulas de Biologia, porque as informações que estão no site são mais para adolescentes. Quando dava aulas de Ciências, não usei, não. 3. a) Sim. b) Sim, como complementação, o site tem informações interessantes. c) Não. Acho que um site não tem esse poder. Isso vai muito da consciência da pessoa. d) Como professor, acho que a criança é o principal caminho para a erradicação da Dengue. Elas devem ser informadas, educadas para fazer as ações que controlam a proliferação do mosquito. É muito difícil mudar o adulto. O site tem que ter coisas para elas. 4. Educação. A Dengue é uma doença diferente da maioria das doenças. Ela depende quase que exclusivamente da educação das pessoas, das práticas das pessoas dentro de casa. 5. Sim, mas acho que a educação deve vir acompanhada da conscientização das pessoas. Um tem que ser aliado do outro. 6. Sim, não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. 7. Não. 8. O site, no link educadores e crianças, é fraco. 9. Muito mais informações, sugestões de como abordar o assunto em sala de aula, como incentivar as crianças, fotos, desenhos, jogos. 14) PB6 – 27 anos – cinco meses na função – Professor de Biologia 1. Sim. 2. Eu conheço sim, mas ainda não usei na escola. Comecei a dar aulas esse ano. 3. a) Sim, só fiquei em dúvida com alguns termos. b) Pra falar a verdade, tudo que está lá a maioria das pessoas já sabe. Passa muito na televisão, principalmente na época de calor. c) Não. Eu já cuido da minha casa direitinho. d) Acho que está bom como está se o objetivo for só informar. Se for pra motivar, precisa de mais. 4. Prevenção, conscientização e educação. 95 5. Sim, mas podia ter cartilhas, desenhos para imprimir e colorir, jogos interativos, lugar para os internautas colocarem fotos fazendo suas ações contra a Dengue. Estou falando isso em relação à educação. As crianças e jovens de hoje gostam de interação, movimento. 6. Isso é essencial. Todos têm que colaborar. O governo, o povo, as escolas, as unidades de saúde, todos. 7. Pouco. 8. Então, tudo o que eu já tinha falado antes: desenhos, cartilhas, interação de maneira geral. 9. Então, minhas sugestões são essas que citei. 15) PB7 – 38 anos – sete anos na função – Professor de Biologia 1. Não. Não sei por que nunca me interessei em usar o site, não. Na verdade, conheço de dar uma olhadinha, mas nunca usei nas minhas aulas, não. 2. xx 3. a) Sim. b) Sim. c) Não, não há incentivo pra isso. d) Talvez, fazer algo mais interativo para as crianças. As crianças de hoje adoram computador, gostam de joguinhos, essas coisas. 4. No caso dessa doença, a educação para prevenção é o principal aspecto a ser abordado com os alunos. 5. Um pouco, sim. O site tem um caráter educador quando divide os assuntos e público. Mas acho que falta algo específico para crianças, porque o que tem lá é bem fraco. 6. Sim. 7. Até dá, mas o site pode melhorar muito, né. 8. Com mais informações para os educadores. 9. Informações completas para crianças e jovens. 16) PB8 – 41 anos – 11 anos e meio na função – Professora de Biologia 1. Sim. 96 2. Já usei pra pesquisa. Uso muito pouco, pra falar a verdade. 3. a) Sim. b) Sim, muito úteis. c) Sim, o site te faz pensar em como é grave a situação da Dengue hoje no Brasil. d) Sim. Acho que deveria ser mais voltado para crianças e jovens. Não sei como – aí, teria que ver com um especialista. 4. Educação de crianças e jovens, e dos adultos que frequentam as escolas. Talvez, um trabalho específico com o EJA por exemplo. 5. Sim, tem informações interessantes que posso usar na sala de aula, mas não vi nada interessante que os alunos possam utilizar eles mesmos. 6. Sim, a Dengue é uma doença que tem que ser controlada de dentro de casa para fora. 7. Sim, mas a parte para educadores é fraca. 8. Como professor, tudo o que convida a criança a participar melhor eu considero interessante: desenhos, jogos, atividades que possam ser feitas no próprio site. 9. O que falei anteriormente. 17) PB9 – 31 anos – dois anos na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Eu conheço sim, mas não usei ainda com as crianças. 3. a) Sim. b) Sim. c) Não. d) O site poderia ser mais interativo, inclusive com uma parte voltada para as crianças menores, de quatro a oito anos. 4. Não sou muito otimista em relação ao controle da Dengue, mas, como professora, tenho certeza que essa é uma doença que só poderá ser evitada por meio de ações educativas, pelo menos enquanto não descobrirem uma vacina. 5. Pouco. 6. Com certeza. 7. Não. 8. O site tem pouquíssimas informações voltadas diretamente para o professor. 9. Conteúdo mais completo para os educadores. 97 18) PB10 – 44 anos – 18 anos na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Conheço, mas não uso na escola. Já usei pra retirar informações do meu interesse. 3. a) Sim. b) Pouca coisa. Tudo que está lá já é muito conhecido. É útil, mas posso usar outras fontes e ter as mesmas informações. c) Não, isso é de cada pessoa. d) No momento, não me ocorre nada. 4. A educação. 5. Sim, o site é interessante e pode ser usado em sala de aula. Aí, vai muito também da criatividade do professor de complementar as informações. 6. Com certeza. 7. Sim, achei o site adequado. 8. O site tem bons textos explicativos sobre a doença. 9. Talvez que ele seja mais colorido para as crianças: isso chama mais atenção. E com partes para desenhar, colorir. 19) PB11 – 37 anos – oito anos e meio na função – Professora de Biologia 1. Sim. 2. Eu conheço sim, mas ainda não usei na escola. Comecei a dar aulas esse ano. 3. a) Sim. b) Sim, tem informações interessantes, dados mais recentes sobre a doença no Brasil por exemplo. c) Sim, lendo com atenção, você pode se conscientizar melhor sobre a doença. d) Eu acho que hoje em dia, principalmente na escola, as coisas devem ser colocadas de maneira lúdica, interessantes e que despertem prazer nos alunos. Caso contrário, eles não se interessam. Pra essa geração do computador, é legal que tenha jogos, redes sociais que abordem esse assunto. Eles só funcionam assim. Os livros não bastam mais. 4. Não é por que sou educadora, mas, nesse caso, com certeza, é a educação. 98 5. Sim, têm coisas interessantes lá. Mas podiam dar mais dicas para os professores de livros, outros sites, outras informações. 6. Sim, a Dengue demanda o envolvimento de todos. 7. Sim. 8. Então, como já falei, o site tem boas informações. 9. Jogos para as crianças, atividades para os jovens, essas coisas que a meninada gosta. 99 ANEXO E. Modelo de site sobre Dengue 100 ANEXO F. Modelo de site contra Dengue com sugestões indicadas