ESTUDO DOS FUNGOS (BASIDIOMYCOTA) OCORRENTES NA
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ESTUDO DOS FUNGOS (BASIDIOMYCOTA) OCORRENTES NA
ESTUDO DOS FUNGOS (BASIDIOMYCOTA) OCORRENTES NA EMBRAPA MEIO-NORTE, PARNAÍBA, PIAUÍ Dante Uchoa de Abreu monteiro (bolsista do IVC), Maria Helena Alves (Orientadora, Depto de Biologia – UFPI) INTRODUÇÃO De acordo com Alexopoulos et al. (1996) os fungos são definidos como eucariotos aclorofilados e produtores de esporos que se alimentam por absorção e que se reproduzem sexuada e assexuadamente. Têm papel fundamental no equilíbrio ecológico da natureza, pois, em sua totalidade, são decompositores primários, auxiliando na reciclagem de nutrientes através da degradação de macromoléculas em compostos orgânicos mais simples. O cogumelo é uma das fases temporárias no ciclo de vida dos fungos da ordem Agaricales – filo Basidiomycota - que é a estrutura onde ocorre a reprodução sexuada, sendo também conhecido como corpo de frutificação, carpóforo ou basidiocarpo e, atualmente, denominado basidioma. É a parte coméstível, consumida por pequenos animais, mamíferos e insetos assim como também pode servir de alimento para humanos Atualmente, cerca de 99 mil espécies de fungos já foram descritas no mundo (Kirk et al. 2008) e, dentre estes, cerca de 14 mil estariam presentes no Brasil. Porém, no catálogo de espécies descritas no Brasil, apresentado por Maia et al. (2010), estão presentes 3.608 espécies do total mundial de fungos (englobando fungos anamorfos, Glomeromycota Myxomycetes, Ascomycota e Basidiomycota) e 1.749 espécies foram descritas para o nordeste brasileiro, sendo, 139 para o Piauí (dentre os organismos conhecidos como fungos). Publicações sobre Basidiomycota são escassas, devendo-se apenas a Alves et al. (2012), que citam 44 táxons para a região Delta do Parnaíba, Capellari et al. (2011), que divulgaram Neonothopanus gardneri como espécie bioluminescente e nova para a ciência, além de Silva et al (2013), que estudaram Geastrum aculeatum, espécie nova do grupo Gasteromycete, para Serra das Confusões. MATERIAIS E MÉTODOS A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA MEIO-NORTE/Unidade de Execução de Pesquisa de Parnaíba (03° 04’ 49” e 03° 06’ 04” S e 41° 46’ 50” e 41° 48’ 18” O), está situada a cerca de 17 km da cidade de Parnaíba, norte do Piauí, cobrindo uma área de 434,8 hectares, com vegetação do tipo subcaducifólia. A área encontra-se inserida na Ecorregião denominada Complexo de Campo Maior, com pequena parte inclusa no extremo norte da Ecorregião Complexo Ibiapaba-Araripe. Estas áreas encontram-se dentro do bioma caatinga e foram consideradas, pelo PROBIO, como áreas prioritárias para estudos de sua diversidade biológica (Velloso et al., 2002). Para a aquisição do material fúngico foram realizadas quatro expedições. As coletas foram efetuadas de forma aleatória, a fim de explorar o máximo possível da extensão da região. Todo o material fúngico foi coletado com o auxílio de uma faca, tendo o máximo cuidado para não danificar o estipe nem o píleo e acondicionado em sacos de papel, devidamente etiquetados, contendo dados sobre substrato, data, número da amostra, hábito e coletor (Fidalgo & Bononi, 1984). No laboratório de Botânica do Curso de Biologia do CMRV da UFPI, foi feita a triagem, escolhido um dos exemplares, desenhado à mão livre em seu tamanho normal e realizado o estudo macroscópico a olho nu, e quando necessário com o auxílio do microscópio estereoscópio (lupa) a fim de observar detalhes estruturais. Para a análise microscópica, foram realizados cortes longitudinais e transversais do píleo e estipe. Os cortes foram efetuados à mão livre, utilizando-se lâmina de barbear sob microscópio estereoscópico. A análise microscópica foi procedida com o material montado entre lâmina e lamínula utilizando-se hidróxido de potássio (KOH) a 3% para reidratação das microestruturas e identificação de crisocistídios; ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado, para observação da descoloração dos basidiósporos e ascosporos; reagente de Melzer, com o objetivo de verificar reação amilóide nas microestruturas; água destilada para comparação com os basidiosporos vistos em H 2SO4, e amônia (NH4OH) que foi usado no tratamento antes do reagente de Melzer, Singer (l986). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletados cerca de 48 espécimes, dos quais foram identificadas 16 táxons de Agaricales, como segue: Agaricus aff. subrufescens, A. endoxanthus, Leucocoprinus birnbaumii, L. cepistipes, Leucoagaricus rubrotinctus, Parasola plicatilis, Marasmius haematocephalus, M. Siccus, Marasmius sp. (06), Lentinus crinitus, Lentinus sp. Os táxons seguintes: Dictyophora duplicata, Geastrum sp,, Scleroderma sp, Pisolithus arhizus, pertencentes ao grupo dos Ascomycota, foram identificados e enviados ao especialista, Dr. Iuri Baseia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com o objetivo de confirmação e/ou identificação dos gêneros ao nível de espécie. Foi abundante o número de exemplares da família de Marasmiaceae comparado a Agaricacaceae e Crepidotaceae. Talvez isso se justifique por serem de pequeno porte e utilizarem do substrato de liteira que é abundante, no local de coleta, principalmente na estação chuvosa, por proporcionar maior deposição do folhedo sobre o solo, facilitando, assim o aparecimento de fungos. De acordo com Braga-Neto (2006) e Puccinelli (2007) um solo de liteira, não argiloso, favorece o desenvolvimento desses organismos, e o gênero Marasmius é de grande importância na ciclagem de nutrientes nas regiões tropicais e subtropicais. Como a região “explorada” é de mata fechada, a escassez de exemplares da família Agaricaceae deve-se ao fato de que os membros da mesma não formem ectomicorrizas (Singer 1986). Dentre os vinte táxons estudados, Leucocoprinus birnbaumii, L. cepistipes, Marasmius haematocephalus, M. siccus, Parasola plicatilis, Dictyophora duplicata e Lentinus crinitus, também foram citados por Alves et al. (2012) corroborando com os dados aqui apresentados. Agaricus aff. subrufescens e A. endoxanthus são novas citações para o estado do Piauí. Além destes foi observado que um dos espécimes demonstrou caracteres peculiares, partilhando características de duas famílias “distintas”, Pluteaceae e Amanitaceae, de aspecto pluteóide, com anel e volva, entretanto, não se chegou a nenhuma conclusão o que se acredita tratar de uma espécie nova para a ciência. Ressaltase também, que com esse estudo foram acrescidos 13 novos táxons, sendo agora conhecidos 59 membros de Basidiomycota para o Piauí. APOIO : A Universidade Federal do Piauí – UFPI e ICV/UFPI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory mycology. 4. ed. New York: John Willey & Sons, Inc., 1996. ALVES, M. H. et al. Fungos da APA Delta do Parnaíba, litoral piauiense. In: Anderson Guzzi. (Org.). Biodiversidade do Delta do Parnaíba - litoral piauiense. 1.ed.Teresina: EDUFPI, 2012, p. 34-61. BRAGA-NETO, Ricardo. Diversidade e padrões de distribuição espacial de fungos de liteira sobre o solo em florestas de terra firme na amazônia central. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais do convênio INPA/UFAM. Manaus, Amazonas, 2006. CAPELLARI, M.et al. Neonothopanus gardneri: a new combination for a bioluminescent agaric from Brazil. Mycologia, published on June 23, 2011 as doi:10.3852/11-097. FIDALGO, O.; BONONI, V. L. R. Fungos e líquens macroscópicos. In: FIDALGO, O., BONONI, V. L. R. Técnicas de coleta, preservação de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1984, p.62. KIRK, P.M.; CANNON, P.F.; MINTER, D.W.; STALPERS, J.A. Ainsworth & Bisby’s dictionary of the fungi. 10.ed. Wallingford: CAB International, 2008. p. 771. MAIA, L. C.; CARVALHO JUNIOR, A. A. Introdução: os fungos do Brasil. In: FORZZA, R.C. (org.). Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, v. 1, 2010 p. 4348. PUCCINELLI, Carla. Marasmius (Basidiomycota - Marasmiaceae) do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP, Brasil. 2007. 109p. Dissertação (Mestrado em BIODIVERSIDADE VEGETAL E MEIO AMBIENTE) – Instituto de Botânica, São Paulo, 2007. SILVA, B. D. B. et al. Two new species of Geastrum (Geastraceae, Basidiomycota) found in Brazil. Nova Hedwigia, v. 96, n. 3–4, p.445–456, 2013. SINGER, Rolf. The Agaricales in modern taxonomy. 4th ed. Königstein, Koeltz: Scientific Books, 1986, 915p. the undescribed fungi? Phytopathology, v.87, p.88–891, 1997. VELLOSO, A. L. et al. Ecorregiões propostas para o Bioma Caatinga (Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga) Recife: Associação Plantas do Nordeste. Instituto de Conservação Ambiental The NatureConservancy do Brasil. 1.ed. p.76, 2002. Palavras-chave: Embrapa. Basidiomycetes. Delta do Parnaíba.
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