pdf vista 29 - Vista.art.br

Transcrição

pdf vista 29 - Vista.art.br
ABR/MAI2010
vista.art.br
12
Ed.
T Tobias Sklar
Assim como nossa capa, os entrevistados desta edição
da Vista foram trazidos dos anos 80, começo dos anos 90
diretamente para o século XXI. Andre Genovesi, Gustavo
Black Alien e os produtores do documentário sobre o Clube
12 e o skate em Floripa criaram suas raízes num passado
distante, nem tão distante no quesito espaço-tempo, mas
milhares de anos luz na questão de tecnologia, globalização
e tudo mais que a internet e uma economia estável podem
proporcionar.
Mas, e por que eles estão aqui nas páginas da Vista em
pleno 2010? A resposta simples, porém longe de ser
simplória, é porque eles são foda naquilo que eles fazem
e/ou representam. Simples assim. Faça uma pesquisa rápida
entre seus amigos e pergunte quem não quer saber quais
as manobras o Genovesi está dando ou quando sai um
disco novo do Black Alien. E a nossa parte nisso é buscar as
raízes deles, para que você além de ver, possa perceber o
porque deles fazerem parte do nosso imaginário. Coisa que
o Google ainda não é capaz.
Podem acreditar que o maior combustível para continuar
fazendo a Vista é sonhar que no ano 2100 algum desavisado
possa pegar uma edição qualquer da revista e ao
folheá-la descubra o porque de amar tanto o skate,
a música, a arte e passe adiante este sentimento.
CAPA
S Gustavo 'Black Alien'
M Sadplant
Exp.
EDITOR CHEFE:
Alexandre Marten [email protected]
Produção, Direção & Edição de Conteúdo:
Tobias Sklar [email protected]
Projeto Gráfico, Arte & Diagramação:
Frederico Antunes [email protected]
EDITOR FOTOGRAFIA:
Flavio Samelo [email protected]
Colaboradores Texto:
Ana Ferraz, Daniel Tamenpi, Flavio Samelo,
João Periquito Sem Asa, Lucas Pexão
& Ricardo Tibiu
Colaboradores Fotografia:
Allan Carvalho, Eduardo Gabriel, Fabiano Lokinho,
Flavio Samelo, Jr Lemos, Pablo Vaz, Raul Passos,
Robson Sakamoto & Renê Júnior
FOTO-COMPOSIÇÕES/COLAGEM ARTE MUDA:
Silvana Melo
AGRADECIMENTOS:
Leo Lopes, Vagner do Nascimento, Pedro
Gutierres
Comercial :
Alexandre Marten RS: 0 (xx) 51 8413.6898
SP: 0 (xx) 11 6152.2013
Administrativo:
Gustavo Tesch [email protected]
Periodicidade: bimestral
Distribuição: distribuiçã[email protected]
Distribuição gratuita realizada em boardshops,
galerias de arte, blitz & cadastro.
Impressão: Gráfica Coan
Para anunciar: [email protected]
ou 0 (xx) 51 3012.7078
Fale conosco: leitores e lojistas, comuniquem-se
com a Vista através do e-mail [email protected]
ou através do telefone 0 (xx) 51 3012.7078
F Acervo Black Alien
Confira os canais da Vista no site:
www.vista.art.br
Sum.
16
18
20
22
24
26
30
44
64
72
Parede
Bloguigrafia
Tony Hank
Só Pedrada
Too drunk to Surf
Visita
Genovesi
Arte Muda
Black Alien
Clube 12
16
T Tobias Sklar
Parede
Nesta página você confere
algumas ações que
englobam skate, arte e
atitude. No site da Vista
você confere muito mais.
Mais conteúdo sobre o universo Vista em:
www.vista.art.br
F Pedro Gutierres
F Vagner Donasc
1
2
3
4
Follow the Art
O Processo
Parece que o calor do Rio de Janeiro ao
invés de fritar cérebros os aquece ao
ponto certo da ebulição que os neurônios
precisam para ter boas idéias. Prova disso
é o vídeo realizado por Vagner Donasc
e Wilbor Domingues, artistas e skatistas
cariocas, chamado “O Processo”. Uma bela
interação entre skate, arte e diversão.
“A parada era simples, fazer um vídeo
andando de skate e pintando ao mesmo
tempo, a experimentação foi foda, várias
ideias novas, vários freestyle, amigos,
cerveja e Praça XV daquele jeito” é o resumo
de Vagner sobre a ação.
Tarda
mas não falha
Concreta
Follow the Queen é a primeira exposição
criada especialmente para Iphone do
mundo. Trata-se de um aplicativo, que
pode ser baixado gratuitamente, e que
tem a participação de diversos artistas
que você já viu aqui pela Vista, como
Phil Guimarães, Lidia Brancher e Pedro
Gutierres. Além do aplicativo também
está rolando a ação Follow the Art, onde
qualquer pessoa pode passar em uma das
galerias participantes e retirar um pôster
em branco para ser customizado e depois
enviado, gratuitamente, para a curadoria
do projeto, a cargo da Pomba Arts. Esses
pôsteres serão posteriormente trocados por
de outras pessoas e enviados junto com um
adesivo especial, criando assim uma rede
de comunicação real entre os participantes.
É arte invadindo todos os espaços.
Para saber mais sobre o projeto acesse:
www.followthequeen.cc/desk
Para assistir: www.youtube.com/user/wilborcob
Para ver fotos: www.flickr.com/vagnerdonasc
F Divulgação
F Flavio Samelo
Imagine o dia-a-dia de cinco skatistas,
entre manobras, baladas e curtição.
Acrescente um film maker distraído, que
atrasa e falta às gravações, demorando
um ano para realizar o que estava previsto
para quatro meses. O resultado dessa
fórmula divertida é o vídeo “Tarda Mas
Não Falha”, criado pela...Lost. Com cenas
realizadas no interior de São Paulo - e na
capital, em alguns bares do “Baixo Augusta”
- Minas Gerais e Estados Unidos, o curta,
protagonizado pelo intrépido skate team
da ...Lost, era para ser inicialmente um
viral, com circulação apena na web. Mas
acabou se transformando em um vídeo com
oitos minutos. Laurence Reali, Luiz Apelão,
Rodrigo Maizena, Marco Cruz e JP Frank
são os protagonistas do curta, que está
disponível para download no site da ...Lost.
Para baixar: http://www.lost.com.br
Concreta é um sonho sobre o visual
arquitetônico das cidades. Ou, mais uma
obra de colecionador criada por Flavio
Samelo. O livro, lançado via Blurb (você
deve encomendá-lo via internet), conta
com fotografias sob a perspectiva do olhar
concretíssimo de Samelo.
Para comprar: http://www.blurb.com
Para ver os trabalhos de Samelo: www.flaviosamelo.com
18
T Flavio Samelo
F Divulgação
http://telhadosdomundo.blogspot.com
www.flaviosamelo.com
www.flourishestudio.com
Bloguigrafia
Vários discos que vieram para
minhas prateleiras eu comprei
por causa da capa. Nunca tinha
ouvido a banda, nem sabia do que
se tratava, mas a capa era tão
colorida, ou misteriosa, tão gráfica,
ou psicodélica que me chamava a
atenção e eu não podia resistir.
Hoje com os blogs é a mesma coisa,
vários discos que eu baixo,
eu vou direto pela capa, na verdade
a grande maioria deles, dos quais
não conheço o som, é claro.
A
estética das capas do final da década
de 60 e começo dos 70, é a minha
favorita. Uma coisa psicodélica, colorida,
alegre, estranha, gráfica e com muita coisa
de fotografia no meio. Um dos blogs que eu
sempre visito e sempre me surpreende pelas
capas dessa época, é o Telhados do Mundo.
Ele tem muita coisa de rock progressivo
americano e muita coisa de rock dessa
época, onde várias capas com essas idéias
foram usadas.
Se você gosta de rock de verdade, como
Black Sabbath, Beatles, Bo Diddley, entre
outros, o blog tem vários desses clássicos.
Porém, uma das coisas mais legais ali é que
ele tem muita coisa de sobras das gravações,
que é das coisas mais legais de se poder
ouvir, o processo de gravação dos discos
clássicos.
Boa sorte e dá-lhe back-up em DVD.
20
T Lucas Pexão
F Divulgação
Tony
Hank: Cheap Skate
A
imagem que vi na internet do jogo
Cheap Skate (Skate Barato), para o
obsoleto computador Commodore 64, foi
uma das principais motivações para iniciar
essa coluna infame aqui na Vista. Um skatista com cabelo estilo He-Man, blusão azul
e calça marrom, em posição fecal sobre um
skate pontudo em rota de colisão com uma
bola verde. Era bizarro demais, eu precisava
jogar aquilo. Mas pra experimentar Cheap
Skate era necessário revirar os sites mais
nerds da internet, emular o Commodore 64
em um PC atual e depois rodar o jogo nessa
coisa. Como meu amigo Tobias já queria
minha caveira por não cumprir o deadline
da revista, optei por um jogo mais acessível.
Agora, finalmente encarei a missãozinha de
testar esse estranho jogo de 1989. Usando o
emulador Vice (nada a ver com a revista de
mesmo nome), um arquivo do jogo encontrado no site gb64.com e depois de perder
um bom tempo acertando a configuração
do teclado, consegui me dedicar ao desafio
de entrar para a gangue Street Hawks (sim,
esse é o objetivo do game).
Para tanto, você tem que embalar pela
calçada desviando de obstáculos como
bolas, montinhos de tijolos amarelos
(barras de ouro?), diversas tranqueiras e
projéteis (adagas, bolas de fogo, etc) que
vem da direção oposta, do além. Também
é fundamental acocar cada vez que
aparece uma barra de flexão, para passar
por baixo. Se você encostar em qualquer
uma dessas coisas, por mais devagar que
esteja, vai desintegrar no ar. Tudo ao som
de uma musiquinha eletrizantemente
divertida, pelo menos nos primeiros cinco
minutos de jogo. Em seguida o som passa
a colaborar para uma experiência infernal
onde a única maneira de progredir é
decorar a ordem dos obstáculos. De
volta para o presente, vale notar que no
jogo EA Skate 2, provavelmente o título
mais sofisticado do mercado de games
da atualidade, uma das novidades é a
manobra hippie jump, ou seja, quando
o skatista pula e retorna para o skate,
que segue andando no chão. Em Cheap
Skate, já dava pra mandar hippie jumps.
Na verdade, essa era a única manobra
possível e serve para pular sobre buracos
(!?). Infelizmente skate barato não presta
mesmo.
22
T
Daniel Tamenpi
F
Divulgação
www.sopedradamusical.com
Só Pedrada:
A coluna dessa edição é voltada
para o Dubstep. Uma das vertentes
mais novas da música eletrônica
que vem fazendo a cabeça das
pessoas no mundo todo e a minha
também. Com menos de uma
década de existência, o Dubstep é
um som basicamente instrumental
que tem nas frequências baixas
(graves) o seu cartão de visitas,
o tornando também uma das
vertentes mais obscuras e antipop’s da cena eletrônica. Mas
engana-se quem limita o estilo a
apenas isso.
Introdução sonora ao estilo:
VA – The Roots Of Dubstep
VA – Dubstep Allstars Vol.1 (Mixed by Hatcha)
VA – Dubstep Allstars Vol. 2 (Mixed by DJ Youngsta)
VA – Dubstep Allstars Vol. 3 (Mixed by Kode9)
VA – Dubstep Allstars Vol. 4 (Mixed by Hatcha &
Youngsta)
VA – Dubstep Allstars Vol. 5 (Mixed by N-Type)
VA – Dubstep Allstars Vol. 6 (Mixed by Appleblin)
VA – Dubstep Allstars Vol. 7 (Mixed by Chef & Ramadanman)
A
pesar de o colocarem como evolução do Jungle e Drum
n’ Bass, o Dubstep possui raízes bem mais amplas. Tem
influência direta do Dub jamaicano, com enxurradas de efeitos,
reverbs e delays e seguiu como evolução do 2-step, estilo quebrado que retirava a segunda e a quarta marcação dos bumbos
do House e distribuia timbres como pratos de condução no
espaço em branco, criando uma batida diferente do esquema
4x4 original.
De todos esses estilos surgiu o Dubstep, citado com essa nomenclatura pela primeira vez em 2001 e eternizado na revista
XLR8R. Batidas lentas, com levadas irregulares, mas tão frenéticas que chacoalham mais que as lenhas pesadas do techno.
O grave é a frequência que mais se acentua gerando um impacto físico e mental grande, resultando até em sensações claustrofóbicas. Por essa característica, é uma vertente que necessita de
sons potentes e subs poderosos, se adequando muito bem aos
sound systems e clubes com sistema de som decentes.
Em 2006, ocorreu o boom em cima do estilo. Nomes como
Burial, Benga, Kode9, MRK1, Skream e o trio Horsepower
Productions fazem parte da primeira geração do Dubstep. Cada
um impondo sua característica e injetando doses sombrias na
sempre alegre e colorida cena eletrônica. Afinal, o Dubstep
cravou raízes no experimentalismo e no “Do It Yourself” (Faça
Você Mesmo). As primeiras músicas de Benga e Skream foram
produzidas usando em conjunto um Playstation e os softwares
Fruity Loops e Logic no PC.
Com isso, o estilo acabou se tornando o patinho feio das pistas
de dança. Já que faltava groove na panela. A partir de 2008, nomes
como Headhunter, TRG e Martyn tentam aproximar cada vez mais
o estilo com os clubes e as pistas, incorporando referências do
soul, jazz e r&b, tornando-os mais acessíveis aos ouvidos sensíveis.
No Brasil, o estilo ainda está sendo descoberto. São poucas as
festas e os produtores na area. Podemos destacar o DJ Bruno
Belluomini, considerado o embaixador do dubstep no país, com
o site e a festa Tranquera, em São Paulo.
Kode9 – Memories Of The Future
Burial – Burial
Burial – Untrue
MRK1 – Copyright Laws
Skream – Skream!
Horsepower Production – To The Rescue
Benga – Newstep
Benga – Diary Of An Afro Warrior
Headhunter – Nomad
TRG – Missed Calls
2562 – Aerial
Martyn – Great Lenghts
Breakage – Foundation
Selos essenciais:
Tempa
Hyperdub Records
Leia mais:
www.tranquera.org
www.dubstepforum.com
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T Ricardo Tibiu
F Rafael Passos
Too
Drunk to
Surf
Em 2007, depois de sair de Vila
Velha (ES), onde tocava em
bandas como Hillbilly The Kid e
Morto Pela Escola, Rogério Japa
encontrou na capital paulista dois
aliados para sua nova empreitada.
Do grind Attack Bastard chegou o
baterista Gustavo FYP e trazendo
o punch metal do Macabra veio
o guitarrista Mauricio Matel.
Das jams enfumaçadas regadas
à cerveja nasceu o The Barfly
Surfers e, agora, baseado nelas
o álbum “Surf Trash Attack”.
Disponibilizado para download
gratuito ele agrega referências a
surf music, literatura, garage rock
e punk. O baixista Japa é quem
nos explica um pouco mais sobre
o TBS.
O
nome The Barfly Surfers faz uma
analogia ao universo que circunda a
banda: surf music, Bukowski e o próprio
ambiente de bar, certo?
Na verdade o nome foi meio que a junção
de duas coisas. “Bar”, de boteco mesmo,
e “fly” que é uma gíria usada no Espírito
Santo para se dizer que vai dar uma volta
“fumando um”. Somou-se a isso o filme
baseado no Bukowski.
Qual você acha que é a importância do
nome em uma banda?
Não sei realmente, nunca fui muito bom
nessas coisas, mas acho que no Barfly
Surfers o nome resume bem o que é a
banda.
O quê o TBS, que é uma banda nova, já
te proporcionou que nas outras que você
tocou ainda não tinha rolado?
Agora, fica mais a meu cargo esses lances
de divulgação, marcar show, o que é um
saco fazer... Ah, e também tem o fato
de ser uma banda nova em uma cidade
nova, né?! Em Vila Velha, eu conhecia todo
mundo, sabia os lugares que tinham para
tocar e aqui estamos começando realmente
do zero.
Você já tocou no skate-punk Morto Pela
Escola e agora o TBS segue para o lado
da surf music. E aí, você se dá melhor
praticando esporte ou fazendo música?
Me dou melhor bebendo cerveja. O skate
foi bem importante na minha juventude,
ainda gosto de ver vídeos, estou até
pensando em comprar um longboard. O
surf nunca foi a minha, definitivamente esse
lance de acordar cedo para pegar onda não
é pra mim.
Separadamente vocês já tocaram nos
mais diferentes estilos, do ska ao grind,
passando por metal e country. Como foi
que juntos chegaram a essa sonoridade
do TBS?
Tudo começou no violão tocado em casa!
Eu tinha umas bases que não cabiam nas
minhas outras bandas e como começamos
como um duo e não sei tocar guitarra e
muito menos tocar e cantar, começamos
com o surf, o garage e o punk. O Matel
entrou quando a gente já tinha quase um
ano de ensaios e trouxe muitas outras
referências. E no final é tudo rock! (risos).
E com o disco que acabou de ser lançado?
Então, o “Surf Trash Attack” tá novinho pra
baixar. Temos tido um retorno legal, pelo
menos os amigos disseram que gostaram
(risos).
Além do mundo virtual, existe a intenção
de um dia lançar algo físico, um CD, quem
sabe um vinil?
Com certeza vai rolar algo físico numa
próxima oportunidade. Agora faltou tempo,
dinheiro e paciência. Estamos estudando
algumas possibilidades, em vinil seria
perfeito e é um plano nosso, só não sei para
quando.
Faixas como “O Buk, o Dick e o Pereio”
e “Tristessa” entregam que literatura e
cinema estão entre as preferências de
vocês. Além destes, quais “ingredientes”
não podem faltar para compor o TBS?
O cinema e a literatura são grandes
referências e preferências. E todo esse
universo que envolve bar, fumaça, cidade
e caos também nos atrai. De uma forma
ou de outra acaba também influenciando
o som.
O Dead Kennedys tem a música “Too
Drunk To Fuck”, quando é que vocês
farão “Too Drunk To Surf” em resposta a
ela? (risos).
Com toda essa mistura de referências,
quem você diria que é o público de vocês?
Essa é uma resposta que não sei te dar!
Apesar de nossas referências surf, não
tocamos ainda pra um público mais
ligado a esse tipo de som e nem sei se o
pessoal da surf music entenderia. Temos
tocado principalmente nuns shows mais
ligados a punk/hardcore e uns lances
mais rock´n´roll. Na verdade, ainda nem
sei dizer se temos um público, estamos
começando agora. Acabamos de lançar
material, ainda tem muito chão.
E como o público costuma reagir?
Quem nos conhece de nossas outras
bandas, normalmente leva um susto, rola
um estranhamento. Mas tem sido bom,
estamos tendo uma boa resposta!
Eu tinha te falado disso? (risos).
Não mas, vi no Fotolog de vocês e achei
genial o trocadilho...
Esses dias fazendo um “fly” pela cidade
tivemos essa ideia, vamos começar a ensaiar
e ver no que vai dar. O Dead Kennedys
é, sem dúvida, uma de nossas maiores
influências. Vai ser instrumental só que com
o novo refrão. O “Fresh Fruit for Rotting
Vegetables” [1980] é surf music até o osso!
Pra encerrar, quais são os próximos
planos do TBS?
Estamos juntando ideias para fazer um
clipe. E queremos pegar a estrada, fazer
bastante show, tentar tocar no interior e em
outros estados.
+
[email protected]
www.fotolog.com.br/thebarflysurfers
www.myspace.com/thebarflysurfers
http://www.megaupload.com/?d=HTC8N120
(Link para baixar o álbum “Surf Trash Attack”)
26
T Lucas Pexão
F Flavio Samelo
Visita...
Busca Tripla
L
uisa Ritter, Luciano Scherer e Carla
Barth são jovens artistas gaúchos que,
desde 2008, dividem um apartamento/
atelier no bairro Pinheiros, em São Paulo.
Um lugar cheio de arte, produzida ou
encontrada, frequentado por amigos
artistas, como os vizinhos Tinico Rosa e
Emerson Pingarilho (que gravou seu
último filme no local), galeristas (da Thomas
Cohn, Choque Cultural e Emma Thomas)
e entidades da arte urbana brasileira, a
exemplo de Carlos Dias e Bruno 9li.
É claro que também existe o caos.
"Já teve vomito da sacada. Em uma festa
veio o Pure Evil (artista inglês) e no final
alguém tinha escrito 'sextime' nas escadas",
conta Luciano. Mas acredite, a energia mais
intensa desse apartamento se concentra
nas obras produzidas por seus habitantes.
Mesmo morando e trabalhando juntos,
cada um consegue mergulhar em sua
própria busca particular na hora de criar.
30
43
ANDRÉ
gENOvESi
F Robson Sakamoto
F Ivan Shupikov
T Flavio Samelo
T Flavio Samelo
32
M Nollie crooked, nollie out
L Verona, IT.
F Davide Biondane
NOME: ANdre GeNovesi iDADE: 29
PATRO: Hurley iNtl, HoSoi SkateS,
royAl truckS, Filmore wheelS,
diaMoNd Supply co, val surf SkateShop.
ONDE ViVE: NeWport Beach, CA
ORiGiNAL DE: Itapecerica da Serra, SP. Como era a SON?
A Son era a nossa vida, quem a gente era, era a nossa
filosofia de vida, skateboard puro, andar na rua. Era a nossa
família, a gente se ajudava, puxava o nivel do skate entre a
gente. Era mais que uma marca, era uma ideia, e essa ideia
era skateboard. A gente fazia tudo junto, vivíamos juntos,
com certeza foi um dos melhores momentos da minha vida,
um dos mais engraçados, sem dúvida nenhuma. Amizades
foram feitas para sempre. A Son foi minha escola!
Quais as dificuldades?
Dificuldades são as mesmas, o negócio é que para mim
dificuldades são a minha motivação para mudar e evoluir para
melhor.
Quais são seus objetivos hoje?
Vou ser pai, estamos esperando um moleque, quero ser o
melhor pai e marido. Continuar andando de skate até meu
corpo não agüentar mais, fazer meu negócio e dominar
Pipeline.
O que te fez ir para Califórnia?
Eu cresci ouvindo hardcore, punk, hip hop americano, cresci
andando de skate que nasceu aqui na Califórnia. Eu era
totalmente influenciado pelas coisas daqui, então sempre
sonhei em vir para América. Também acho que conquistei
muitas coisas muito jovem no Brasil e parecia que não tinha
mais para aonde ir. Eu nunca tive o desejo de ser campeão
brasileiro de skate, e a 12 anos atrás era isso que estava em
evidência.
Com quem você anda por ai? Quem vai na sessão contigo?
Rodrigo Gerdal, Maurício Bozo, Hosoi, Vina, Jazon Vanzant,
Richard Mulder e Bob B são os mais freqüentes.
Quando cheguei em Los Angeles pela primeira vez, sai do
aeroporto e já sabia que era aqui o lugar, não só pelo skate,
mas por tudo: cultura, lifestyle, skate. Até pelos americanos
serem um pouco mais fechados, eu me senti bem. Para
mim, vir para a Califórnia foi o conjunto de várias coisas e
não só skate. É muito difícil viver aqui se você não gosta, eu
sou brasileiro e amo o Brasil, mas meu coração é listrado,
vermelho e branco. Eu amo a Califórnia.
34
M Ss bs Tailslide
L Verona, IT.
F Davide Biondane
O que aconteceu na sua vida com essa mudança?
Aconteceu tudo, fui abençoado com a oportunidade de
viver meu sonho, de aprender coisas novas e evoluir na
vida. Conheci vários lugares e várias pessoas que hoje fazem
parte da minha vida. Quem mais te inspirou por ai quando você chegou?
Na real a minha maior inspiração foi o meu sonho. Quando
cheguei aqui, queria fazer a minha história, era como eu tivesse
um livro novo, com as páginas brancas, pronto para escrever.
Lógico que tive inspirações no skate, mas no geral estava
aberto para descobrir coisas novas ao invés de tentar seguir um
caminho que já estivesse traçado.
Planos para o Brasil?
Tenho planos de ir visitar com certeza, e passar mais tempo ai.
Agora com os meus documentos todos OK tudo é mais fácil.
36
M Bs nollie heelflip
L Inland Impire, CA.
F Sean Petersen
40
M Fs tailslide to fs
hellflip out
L Verona, IT.
F Davide Biondane
40
M SS Crooked
L Compton, LA.
F Joe Krolick
ARTE
MUDA
44
C Bartolomeu
F Jr.Lemos
46
S Leonardo Maldonado
M Bs Noseslide
L Ribeirão Preto, SP
F JrLemos
48
A Silvana Mello
49
S Vitor Simão
M Bs mute air
L Rio de Janeiro, RJ.
F Rene Jr.
50
S Paulo Galera
M Fs smith
L Uberaba, MG.
F Fabiano Lokinho
52
S Klaus Bohns
M Shift ollie
L São Bernardo do Campo, SP
F Allan Carvalho
53
S Letícia Bufoni
M Wallride
L São Paulo, Sp.
F Eduardo Gabriel
54
S Bob Burnquist
M Loopit
L Rio de Janeiro, RJ.
F Pablo Vaz
56
A Silvana Mello
57
S Vi Kakinho
M Boardslide
L Florianópolis, SC.
F Raul Passos
58
S Willian Chou
M Nollie
L São Paulo, Sp.
F Flavio Samelo
60
S Tarobinha
M Mayday
L Santo André, SP.
F Allan Carvalho
61
S Vinicius Aquaman
M Airwalk
L Itapecerica da Serra, SP.
F Fernando Arata
64
"Dá um cérebro
Para um macaco
Que ele vai pensar
Que é o centro
Do universo"
T João Periquito com colaboração de Leo Lopes
F Renê Jr. & acervo
Dizem por ai que entrevistar uma pessoa que você conhece é complicado, mas não desta vez. Caso você não o conheça, Gustavo “Black Alien” já fez parte de uma das maiores
bandas de rap do Brasil, o Planet Hemp, também do Reggae B, dupla formada com o já
saudoso Speedy Freaks. A música dele toca na rádio, em novela, trilha de filme, comercial,
teatro, dentre outros. Para muitos uma lenda viva, para mim ele é o cara mais chato que
eu conheço, porém um dos mais inteligentes, ao mesmo tempo. Acreditem ou não, ele está
voltando a andar de skate e é um dos caras que mais me liga para fazer uma sessão.
Com um disco novo para chegar ao seus ouvidos, o Mic Master respondeu estas perguntas.
66
J
á são muitos anos de skate e de música, uma convivência
nas ruas, bares, muitos amigos e mulheres. O que mudou
do início para cá? Estilo, convivência, fama?
Olha. Estilo, convivência e fama. O estilo, ele se mantém o
mesmo, quem anda de skate, sempre tá na frente, sinto muito.
Essa parada até rima, quem anda de skate, não bota qualquer
pano no corpo. Quem anda de skate, conhece a rua e o champagne, conhece todos os tipos de pessoas porque ele lida com
todos os tipos de pessoas. Skatista conhece união porque você
quando tá longe, você tem que tá unido na parada, todo mundo
tem que tá unido na parada. Eu me preocupo mais ainda com o
que eu coloco no corpo, de estilo e de jeito, de gestual até. De
certa forma até agora eu ganhei um pulmão preto e um fígado
ruim dessa época, então quer dizer, eu bebi demais. A fama é
muito perigosa, o dinheiro é muito perigoso, as mulheres são
muito perigosas, o mundo da música é podre, é nojento. Mas
ao mesmo tempo é fascinante, mas é podre, nojento e sinistro.
Você se arrepende ou faria tudo outra vez?
Não me arrependo, de maneira nenhuma. Eu agradeço, sabe?
Eu agradeço. Agora, eu não faria de novo, porque se eu fizer
de novo, sabe qual é? O empresário sou eu, eu é que vou fazer.
Você tem que centralizar tudo em você, o que gasta muito mais
energia, é muito mais difícil, você sofre muito mais. Eu to com
trinta e sete anos, eu sai do Planet há dez anos, eu tinha vinte
e sete anos. Então em dez anos eu aprendi muita coisa, nos
cinco anos com o Planet eu já tinha aprendido muita coisa, e
antes do Planet, eu não sabia nada. Tá na foto que eu mostrei
para o Renê Júnior ali, a minha cara de que eu não sei de nada,
primeiro show da minha vida. Então, o que mudou até hoje é
que eu fiquei um cara de certa forma doente, de certa forma
paranóico e pé atrás com coisas que as vezes não tem nada a
ver, de coisas que eu vivi nessa época, que eu vi nessa época.
Mas eu tenho ambições diferentes, acho que agora que eu to
ambicioso, que nessa época eu nem era ambicioso. E a minha
ambição é não dar dinheiro para banqueiro nenhum, não dar
dinheiro para safado nenhum.
Sintetizando mais ou menos, foi por falta de ambição que
você não rumou para...
Mas para onde que eu quero ir? Eu quero ter dinheiro como
todo mundo, porque eu gosto de mergulhar, eu gosto de mar,
de piscina. Tudo que tem água, por incrível que pareça. Eu gostaria de ter, por exemplo, tem uma cobertura ali, se o cara botar
a venda, meu irmão... Se eu souber, eu já to. Sei lá, tem uma
piscina, tem um jardim... Eu conheço ali, meu amigo Raul, que é
o meu professor de guitarra, ele tem o prédio ali
em baixo, o pátio ali embaixo. Eu quero isso para mim, isso não
é barato. Esse é o meu luxo máximo. Quero ter um barquinho,
que eu possa, de vela mesmo ou o que seja, dar um role e as
contas estarem todas pagas e só fazer show quando eu quiser.
Porque eu não gosto de fazer show, é que neguinho não sabe.
Esse é um ponto que eu iria tocar, para isso você teria que
fazer três shows por noite, trabalhar para caralho para
poder comprar.
Claro! Mas isso se você for um escravo do seu empresário,
se você for um escravo da sua gravadora. Se você for o seu
empresário entre aspas sozinho ou com alguém de confiança
se você for a sua gravadora, você faz show quando você quer.
Você também não pode ser escravo do público, você também
não pode ser escravo da indústria.
Reza a lenda que você foi um dos pioneiros a mandar
variações de tailslide de back (com flip), aqui em Niterói. É
verdade isso? Com quem você andava naquela época? Onde
você viu alguém mandando tail de back?
Bom, tailslide de back é um barato que quando eu vi, eu me
fascinei. Eu não lembro se foi o Natas, mas eu acho que sim. De
back eu não sei não se foi Natas, mas de front foi Natas.
Streets on Fire?
Não, talvez no primeiro, no Wheels On Fire. Streets On Fire é
o segundo da Santa Cruz e o primeiro é o Wheels on fire, e o
segundo Streets on fire, no segundo ele já ta dando aquele rockslide na quatro por quatro de rampinha. No primeiro ele, com
aquele biquinho pequeninho, aquele tail, ele dá um tailslide,
eu falo “caralho, o que é que é isso“? Não lembro, não lembro
quem foi, agora você me pegou. É tipo coisas de lembrar de
madrugada, te acordar e falar, foi tal cara, sabe qual é?
Desde essa época você era o Black Alien?
Não, eu era Gustavo “Negão”, fui promovido e virei Black Alien.
Como foi o processo de parar de andar e por que? Quantos
anos andando de skate?
Nem foi muito, parece que foi muito mas não foi, porque foi
tão intenso que parece que foi muito tempo. Eu ando desde
moleque, passei a andar diariamente desde os nove anos. Mas
andar todo dia, me interessar pela parada foram cinco
68
anos. Que engraçado, foi o mesmo tempo que eu fiquei no
Planet Hemp e tão intenso quanto, mas eu não sinto tanta falta
do período do Planet como sinto falta do período de andar de
skate, sem não ter nem comparação. Parei de andar porque eu
comecei a cantar, comecei a beber demais e perder disciplinas
de ser atleta, até que vendi o meu skate, uma coisa que Simão
falou “pô, você é maluco? Pára de andar mas não se desfaz do
skate, porque um dia bum, você vai dar um role e pronto” e eu
não ouvi que o cara falou e me desfiz do skate. Eu fiquei sem
skate em casa maluco, anos! Sei lá, de 94 a 98.
Mais agora ta voltando?
Devagarzinho né? Devagarzinho, até outro dia acertei um flip,
ollie flip. Voltei sem saber subir calçada, hoje em dia já subo
calçada.
Você tem quantas revistas de skate?
Tem muita cara, eu devo ter duas mil revista de skate. Mesmo
sem andar, continuei comprando as revistas de skate, ta drogado no aeroporto indo fazer show sei lá aonde, cidades que
eu nem lembro mais, sempre skate, revista de skate. Você viu o
bolo ali, eu nunca dei uma ou joguei uma fora.
O que o skate significa na sua vida e de que forma influencia
a sua música?
O skate, se eu falasse que é a minha vida, eu seria demagogo,
porque não foi, foi só por um período. Mas influencia na música
direto, não sei como, mas que influencia, influencia!
Nesse disco novo tem música falando sobre skate ou para
skatista, explique melhor esse assunto?
Acho que skatista entende todos os assuntos, acho que falei
sobre isso antes. Está sempre a frente, entende de muitos
assunto variados, mais do que o super humano sem poderes,
como diria o “Sombra”. Tem mais a ver com skate, porque eu to
nessa de voltar a andar, de ser o que eu era (se corrige), de ser
o que eu sou! Já algum tempo há uns dois anos atrás. De três
anos para cá, então acho que eu to falando, to me comunicado
mais com amigos que andam de skate das antigas, indo mais
na casa deles, me informando sobre skate. Uma vez que você
veio aqui, não tinha tanto filme, né? Tinha uns cinco filmes, uns
quatro?
Quais as diferenças para você entre o rap em São Paulo e
Rio? Onde mais tem uma cena de rap forte no Brasil?
Definitivamente em São Paulo, forte em São Paulo é o rap, sinto
muito. Todo mundo sabe o que é rap, todo mundo conhece
e até a senhora que é humilde ou não, sabe o que é rap. São
Paulo inspira rap legal.
Você é rapper por causa da política?
Não, eu sou rapper por causa do Public Enemy.
Com que perspectivas encara a atual situação política do
pais? Você vota?
Voto aqui na faculdade de Direito, onde Romeu Dumas se formou. Eu acho que a atual situação política do Brasil é a parada
que mais me incomoda no momento, é a parada que mais tira
o meu sono, que me faz sofrer é o estado do povo, o estado do
mundo. A atual política do Brasil é uma parada que me deprime,
que me dá angústia, se eu não dispersar nas letras eu taco uma
bomba em algum lugar, e eu to falando
sério. Eu acho que Sarney estar lá até agora e dizer que “não
saio”, eu acho um absurdo surreal, absurdo é uma palavra que
já virou absurda de absurda, daqui a pouco ela perde a essência.
Mas é um absurdo, sabe qual é? Várias coisas que eu vejo, que
eu prefiro nem falar, informações eu tenho, que você vê que
neguinho ta se fudendo e ainda ta agradecendo, coisas que me
deixam mal, que eu choro sozinho. Eu não vou ser político, sei
lá também, a gente nunca pode dizer que não vai ser. Meu pai
até diz que eu poderia ser um bom político, mas que provavelmente eu não agüentaria a nojeira. Mas eu falei “pai, o mundo
do entretenimento é uma nojeira” e ele respondeu “mas eu sou
político e sei que é uma nojeira”. E eu tento extravasar pelas
letras e é por isso que eu admiro caras como o Marcelo Yuka,
que são assim, vamos dizer, guerrilheiros/políticos, que tentam
clarear ou combater de alguma forma, ele e vários outros, que
desculpa de novo, eu citar. Não vou falar mal de ninguém nem
bem de ninguém, mas esse Sarney aí meu amigo, isso é normal
de falar, mas agora não vou falar de candidatos que podem
entrar ou não, eu não digo nem um nome. Entendeu? Mas
certos candidatos, que antes fêmeas ou não, que eram, dizem
que são de esquerda, que hoje são ultra direita, eles vão acabar
com a parada que já acabou, tava vendo agora um programa
sobre o que Winnipeg fez pelo Canadá, o que que Pequim fez
pela China, ai fiquei analisando, o que o Pan fez pelo Rio? O que
sobrou do Pan? O que vai sobrar das Olimpíadas? O que vai sobrar da Copa? O que vai sobrar de continuar uma capitania, um
coronelismo no país inteiro? Como é que isso vai, até quando
nego vai continuar sendo manobrado que nem boneco, mané.
Por falta de informação, nessa hora ai , a música e a poesia
fazem o papel que o governo não faz. O papel do governo é ser
o governo, que é fazer nada pelo povo. Governo que eu saiba
que fez algo pelo povo,
70
nem em fábula meu amigo. Eu não vivenciei isso, tomara que
tenha existido mesmo, mas ta tudo erradão, e o papel de uma
reportagem, é dar informação para o povo se defender melhor,
que é uma coisa que o governo não faz por interesse próprio.
Porque se o povo se defender melhor, como é que o governo
vai ser o governo, fala para mim?
Da sua coleção de discos, qual é que vai furar de tanto você
ouvir?
Busta Rhyms, Public Enemy, Erick Bim Rakin, Sizzla, Gueldel
Productions, tem muito mais coisa, dá até tristeza de não
lembrar agora, tudo isso eu tenho comprado o terceiro, quarto
ou o quinto disco do mesmo, ou perder ou gastar, arranhar, do
mesmo. Tem um OutKast, Atliens (Aliens de Atlantis), que eu
vou comprar o quinto disco agora, eu perdi, arranhou.
Babylon by Gus – Volume Dois – A água, o por que desse
nome? Você acredita que a próxima guerra será por água?
O nome Babylon.... Nem ia colocar Babylon By Gus Vol. 2 mas
como neguinho gostou tanto desse titulo, eu vou deixar. Poderia ser que o disco fosse fora de uma série, mas tem a ver com
o primeiro, então vai ser Vol. 2. Se eu tivesse um alter ego bem
louco, tipo sei lá, “Caramujo Sonolento” de repente iria tirar o
Babylon e iria ser um título normal e talvez voltasse com a série
depois. Mas aí vem essa série Babylon vol. 2 - A água. Porque a
água é a parada mais importante do momento, a água que você
quer que seja água benta, a água de nadar, a água de beber, a
água que passarinho não bebe. Água é a parada mais importante e mais escassa do momento cara. Entendeu? E basicamente
sem água, e para ficar um título simples, é mais para os intelectuais não ficarem enchendo o saco ou fazendo pergunta chatas,
ficando “perguntandinho” com aqueles óculos quadrados, estilo
zapping. Então é a água e pronto, fica cada um com a sua água,
é água, água, água.
Porque eu gosto dessa sonoridade desse nome Mistério Instereo., A água.
Você segue alguma religião?
(Começa a mostrar a variedade de santos que ele tem) Sou,
sou. Eu não sigo religião nenhuma não brother, eu fui criado no
catolicismo, eu me interesso por todas as crenças e tento ler
sobre todas as crenças, Kardecista, Umbanda, Joherei, sei lá o
que, Luterana, qualquer uma ou qualquer um que me interessa.
Mais eu não sigo nenhuma não, mas eu ainda faço o sinal da
cruz quando eu passo em frente a uma igreja católica. Gosto
muito do islamismo, é muito interessante.
Quando sobe no palco também?
Quando subo no palco eu sigo a religião da música, da informação passada, por isso que eu não gosto de toque. Se eu sair de
casa, eu não gosto de sair de casa. Primeiro, quero ser pago, segundo, eu quero fazer o que eu tenho que fazer, é passar o que
eu gosto para quem eu tenho que passar. Por isso que eu não
gosto de tocar duas horas da manhã, ou eu to bêbado, ou todo
mundo tá bêbado, ou eu e todo mundo tá bêbado. E se fosse
Chitaozinho e Chororó é a mesma merda. Então cara, eu gosto
de tocar até essa hora ai para as pessoas poderem absorverem
aquilo que eu to falando, e eu quero passar aquilo é uma lança
e eu tenho que passar aquilo ali.
Para fechar, é verdade que você é bem calado, bem na tua?
Eu só não sou quieto quando eu não bebo, como eu bebo
muito, eu não sou mais quieto. Então, se eu não bebo, eu não
falo nada. Absolutamente nada, por isso que tem uma Skol ai,
sempre me escoltando.
Mais iria ter um outro nome? Verso Desconverso.
Não! Mistério Instereo.
Por quê?
Força e positividade ao nosso amigo Black Alien, que assim como nós,
durante o fechamento dessa edição, perdeu um grande amigo
e outro ícone do hip hop nacional, Speed.
72
Cuidado
Perigo:
a história
da pista de skate
do clube 12
T Flavio Samelo
F Eduardo Dumbo
F Eduardo Dumbo
F Kabeça
Pesquisar a história das coisas,
seja lá qual for o assunto, é uma
das funções mais memoráveis
que um ser humano pode se por a
fazer. Sabendo o que aconteceu se
evitam erros e problemas futuros,
mas também se acaba conhecendo
o porque de certas coisas, de
onde vieram, como vieram, ou, o
que estão fazendo ali. Querendo
mostrar uma dessas histórias,
os skatistas de Florianópolis
Rodrigo Jaca, Gabriel Sândalo,
Dimitri Sândalo e Júnior Cachorro
se juntaram numa missão que
parecia impossível: levantar a
história da pista do Clube 12 em
um documentário independente.
O lendário “Snake do 12” foi
palco de várias gerações do skate
catarinense e brasileiro também.
Nomes como César Gyrão, Junae
Ludvig, Bob Burnquist, Nilton Urina
entre tantos outros já gastaram
suas rodas nas curvas perigosas
da pista. Com o titulo de Cuidado,
Perigo!, o documentário dirigido
por Gabriel Sândalo, mostra
imagens históricas dos anos 70,
80 e 90 com depoimentos atuais
dos personagens dessa verdadeira
história do skate brasileiro.
77
O que foi o Clube 12?
O que é o Clube 12 hoje?
O Clube 12 de Agosto é um clube social
tradicional de Florianópolis. Fundado em
1872, conta com três sedes que possuem
uma infra-estrutura de lazer, eventos
sociais e esportes. Na sede de Jurerê,
na praia de Jurerê Internacional, está
localizada a pista de skate do Clube 12, que
foi construída em 1978, acompanhando
a tendência da popularização do skate na
década de 70. A Pista de Skate do Clube 12
(snake) é a pista mais antiga de Florianópolis
e possivelmente a pista mais antiga do
Estado de Santa Catarina. Posteriormente
em 1989 foi construído um half pipe junto
ao snake, acompanhando a popularização
do skate vertical na época.
O Clube 12 ainda mantém suas atividades
de clube social, porém com um foco
diferenciado, se olharmos pelo ponto de
vista do skate. Com a mudança de hábitos
da sociedade, muitos sócios deixaram de
freqüentar o clube e os filhos que eram
skatistas, que freqüentemente utilizaram a
pista nas décadas de 70, 80 e 90, passaram
a praticar o skate em pistas públicas de
fácil acesso. Além disso, os skatistas de
Florianópolis em geral, passaram a não mais
utilizar a pista do Clube 12, andado mais na
rua.
F Kabeça
78
Qual a importância dos eventos que
aconteceram por lá?
Pode-se dizer foi muito importante para
o skate de Florianópolis e também para
o skate nacional, pois ali passaram pelo
menos 3 gerações de atletas. Destaque para
o campeonato brasileiro de 1978, um dos
primeiros eventos de skate realizado no Brasil,
reunindo vários nomes importantes para o
skate na época como: Cesinha Chaves, Jun
Hashimoto, Luis Roberto Formiga, Cesar
Gyrão, entre outros.
Mais tarde em dezembro de 1989 foi
realizado o Invert Skate Rock, campeonato
nacional de vertical, organizado por
Christian Rosa, sendo um marco na história
do skate na cidade, contando com vários
nomes do skate nacional, Junae Ludvig,
Lemoel Dinho, Rogério Mancha, Crisitano
Mateus e Bob Burnquist.
Nos anos 90 a pista desempenhou papel
importante, sendo um espaço para a prática
do skate, já que na época não existiam
pistas públicas na cidade como existe hoje.
Naquele tempo o skate praticado na rua
começou a ser praticado em massa e a pista
do Clube 12 passou a ser a skatepark de
muitos atletas de Florianópolis.
O mais importante na história da pista do
Clube 12 é que ela durou aproximadamente
20 anos, estando ligada diretamente ao
skate da cidade. A pista presenciou toda
a evolução do esporte, justamente nas
décadas que o skate passou pelas maiores
transformações de sua história, em termos
de manobras, equipamentos e conceito.
Além disso, é interessante notar o
fenômeno que aconteceu por volta do
ano de 1998, que com o surgimento de
pistas públicas mais adaptadas às novas
necessidades do skate, os freqüentadores
da pista do Clube 12 migraram para outros
locais para praticar o esporte, o que mostra
que a história da pista teve um início meio
e um fim.
Por que vocês decidiram fazer esse
documentário?
O interesse em fazer o documentário
surgiu da vontade valorizar a história do
skate em nossa cidade e do nosso estado.
Achamos justo dar crédito às pessoas que
se dedicaram ao skate antes de nós e que
inspiraram as novas gerações a entrar no
esporte. Além disso, o fato de andarmos de
skate a mais de 20 anos, conhecermos a
história e trabalharmos com vídeo, fez com
que acreditássemos que poderíamos contar
essa história de uma maneira interessante, e
não simplesmente um vídeo de manobras.
Poderíamos facilmente ter feito um
documentário sobre o Mama Cavalo ou
sobre a OitoMilimetros para promover
nossa imagem ou falar de uma pessoa
ou outra. Entretanto, a proposta do
“Cuidado Perigo” é realizar um trabalho
diferenciado, dentro de nossa vivência no
skate, contando parte da história do skate
em Florianópolis, e, em Santa Catarina. Já
tínhamos conversado sobre a possibilidade
de fazer um documentário sobre o skate
em Florianópolis ou em Santa Catarina,
porém se fizéssemos um filme com esta
abrangência alguém poderia dizer "Ah, mas
o skate de Floripa e de Santa Catarina não é
só isso". Por isso decidimos contar a história
do ponto de vista da Pista do Clube 12, ou
seja usando a pista como fio condutor da
história pois ela esteve presente em nossa
trajetória no skate e sem dúvida é um ponto
significativo na história do skate na cidade
e no estado.
O propósito deste documentário é buscar
informações sobre porque a pista foi
construída, quem teve a iniciativa, como foi
a construção. Como foi a evolução da pista
e quais pessoas que passaram por lá e suas
histórias no skate e porque ela parou de ser
utilizada, porque o Clube não investiu mais
nela também. Além disso, procuramos busc
ar respostas para outras questões: Existiram
outros marcos na história da pista que não
conhecemos? Com o movimento old school
(que é um retorno das manobras e estilo de
skate da época da pista do Clube 12) será
que a pista pode ter uma nova vida? Qual
a relação do street skate, modalidade que
teve grande expansão no início dos anos
90, com a história da pista do Clube 12.
F Kabeça
80
F Eduardo Dumbo
Cuidado Perigo:
a história da pista de skate do clube 12
Equipe: Gabriel Sândalo direção / edição
Dimitri Sândalo supervisor de som
Junior Cachorro edição / finalização
Rodrigo Jaca produção / roteiro / pesquisa
Com lançamento previsto para 2010,
você pode acompanhar informações,
making of, curiosidades e novidades
sobre o andamento do projeto
pelo site www.cuidadoperigo.com.br