Os alumnos que copiam gritam: Queremos Liberdade!

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Os alumnos que copiam gritam: Queremos Liberdade!
Os alumnos que copiam gritam: Queremos Liberdade!
Martes 10 de Marzo de 2009 09:51
http://www.educoas.org/portal/pt/tema/tinteres/temaint53.aspx?culture=pt&navid=71
Os estudantes copiam porque se pode aprovar copiando. Copiam porque assim aparentam ter
aprendido um tema que não estava ao seu alcance. Copiam por insegurança de dizer o que
pensam sem se sentir envergonhados ou burlados por equívocos ou por não coincidirem com o
que pensa o professor. Copiam por se sentirem entediados, desmotivados e estafados quando
não lhes é exigido pensar e lhes são pedidas tarefas irrelevantes e sufocantes/opressivas.
Copiam porque tem preguiça ou desmotivação pelo trabalho escolar. Copiam porque se não
existe um vinculo de afeição entre professores e alunos não é interessante demonstrar sua
imagem de seriedade. Copiam porque tem medo de não ser o suficientemente hábeis ou por
consequências (humilhação, castigos) que podem trazer maus resultados. Copiam se
percebem que a meta de seus estudos é a obtenção de boas notas pelas quais serão
comparados ou ranqueados, em função de seus resultados. Em suma, copiar é uma forma
simples de fugir de uma exigência escolar dolorosa ou não valorizada pelos estudantes.
No entanto, as autoridades costumam qualificar essa cópia como delitiva ou imoral.
Cometer uma falta numa partida de futebol é uma transgressão passível de sanção, mas não
imoral; copiar numa prova ou trabalho é uma falta punível (segundo as regras do jogo
vigentes), porém não necessariamente imoral, como costumam alguns aduzir. Poderíamos considerar imoral o professor que acredita ser Deus e que determina que sua
“santa” verdade deve ser gravada na mente de seus estudantes como doutrina infalível e
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inquestionável. A pedagogia moderna não admite essa agressão sistemática à mente humana
que decorre da obrigatoriedade de transformar os cérebros infantis em um inútil disco rígido de
armazenamento de informações, sem que para isso se forneça o software para o correto
aproveitamento. Alfie Kohn em “Who´s Cheating Whom?” (Phi Delta Kappan, outubro 2007) sustenta que além
de culpar os alunos por copiar ou plagiar, também seria bom perguntar (questionar) porque
tantos alunos fazem coisas que em teoria não deveriam fazer, bem como, os preceitos da
pedagogia escolar sobre a questão. Às vezes prestamos tanta atenção às características de
personalidade e conduta individuais, que perdemos de vista o modo como o contexto social
afeta o que somos e fazemos. Cada transgressão ou dificuldade acadêmica é tratada como se
fora resultado imediato da incompetência ou de uma intenção perversa dos alunos, sem prestar
atenção ao contexto aonde essas atitudes ocorrem. Assim, a culpa recai exclusivamente sobre
o aluno que copia, sem nem mesmo considerar que, em realidade, o estudante está apenas
reagindo a uma pressão intelectualmente abusiva a qual esta sendo submetido.
Resumindo, diria que os estudantes não copiam porque sejam maus. O hábito de copiar pode
ser mais bem entendido como um sintoma do que anda mal nas prioridades e enfoques
pedagógicos da escola, não apenas como uma mera conduta premeditada censurável dos
alunos.
A reflexão que temos que fazer é a seguinte: se copiar é uma infração às regras do jogo da
atividade escolar regida pelas autoridades pedagógicas, como qualificar eticamente as
autoridades e professores que, com suas atitudes, metodologias e exigências, levam os alunos
a copiar? Não é imoral induzir que outros, especialmente os menores de idade, cometam
infrações? Se não queremos que os alunos copiem, não devemos propor situações que os
tentem a copiar para ultrapassar o tédio, a exigência extrema, memorização, dor, competição
ou a obsessão pela disputa, devendo a obtenção de boas notas ser uma meta de
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aprendizagem. Se não estamos à altura dos alunos de nosso tempo, devemos nos capacitar ou
buscar outro oficio, mas nunca descarregar nossas culpas sobre as vítimas. León Trahtemberg
Editor Convidado
Educador
www.trahtemberg.com
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