Alentejo_PalavraseE..
Transcrição
Alentejo_PalavraseE..
José Rabaça Gaspar (organização e montagem) O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! “Atão cumpadres, qui’é que’stão p'raí conversando… remoncando… arengando… ramplonando… aldeagando…" Alentejo – Palavras e Expressões – GLOSSÁRIO de regionais do ALENTEJO algumas OBRAS e SIGLAS utilizadas Alentejanando – Estórias e Sabores Joaquim Pulga JPulga CANCIONEIRO DE SERPA Maria Rita Ortigão Pinto Cortez Edição da Câmara Municipal de Serpa 1994 CS - RCortez Dialecto Alentejano – contributos para o seu estudo Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001 AUTO DO NATAL – PRESÉPIO Casa do Povo de São Matias, Beja AMARELEJA Rumo à sua História Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS ARH JRL - Lobato CFicalho - CFicalho AutoN A Linguagem Popular do Baixo Alentejo Manuel Joaquim Delgado Ed. Assembleia Distrital de Beja 1983 Alentejo Cem por Cento Prof. Joaquim Roque Ed. CM Ferreira do Alentejo - 2ª ed. 1990 Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente Machado Ed. Biblioteca Museus de VVFicalho, 1980 Conde de Ficalho ´ Alentejo100 - JRoque LPBA JD - Delgado Dicionário de Falares do Alentejo Vítor Fernandes Barros Lourivaldo Martins Guerreirp Ed. Campo das Letras - 2005 MonografiaVVF Machado Os Falares Fronteiriços de Olivença e Campo Maior… José Luís Valiña Reguera Jornal Terras do Cante Nº0- 1994 DialectoAl – MFlorencio jTC 0 Fev 1994 Corroios – Aquém Tejo – 2011 04 JLVReguera Textos Curtos utilizados para ilustrar o vocabulário organizado na tabela… 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Uma CANTIGA popular: Strala a Bomba... Meninas da R’bera do Sado… Uma curta ESTÓRIA versada: No Ressio enfio... A anedota... da CORTIÇA Carta dum pastor ao Compadre Fialho de Almeida Pinto Basto (canta) Mestre Alentejano de J. de Vasconcellos e Sá Saramago de J. de Vasconcellos e Sá Mestre Alentejano 2, de Rosa Dias A Ponte da R’bêra d’Odivelas DESPIQUE FALAR ALENTEJANO M'nina que tá à j'nela... Uma DÉCIMA (Mote e 40) No teu Giro Sol Brilhante... Crónicas de Manuel Loendrero 1. O de Lisboa - in A PLANÍCIE, 15/02/83 2 A Pega - in A PLANÍCIE, 15/06/83 3. Tornêo em Lesboa 3 - in A PLANÍCIE, data ilegível 4 A Excursão 5 A Escola AMARELEJA Rumo à sua História 1. EPISÓDIO da vida no Campo – com Glossário 2. Breves diálogos… 3. “Gente Possante” O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS - (EALPA) (CFicalho). RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS (um conjunto de vários (7)Textos com saborosas (h)istórias no fim das quais o autor faz um levantamento vocabular...) - Daqui peço as devidas desculpas e autorizações, para, dentro das minhas limitadas possibilidades, ir arquitectando uma AMOSTRA do FALARe do ALENTEJO... Algumas ligações – vídeos – gravações… Alunas do Magistério, Beja, 1985 e Adiafa 2000? Uma professora em Mértola, 1984/85 Alunas do Magistério, Beja, 1985 Dita pelo Prf. Manuel Pedro, Beja, 1980 J. de Vasconcellos e Sá Canta: Pinto Basto (neto) Rosa Dias / Pinto Basto Enviada por João Honrado in À DESCOBERTA DE POTUGAL - Rider's Digest - 1982 Inocêncio de Brito, S. Matias, Beja, 1856 1938 Eng.º Luís Eduardo Perfeito Santa Maria Padre João Rodrigues LOBATO, 1961, pp. 179 a 193 Poema de De D. Maria da Paz Barreto Martins Conde de Ficalho – in TRADIÇÃO – Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899 Manuel João da Silva - Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém e Sines - 1985 “Alentejanos” in http://senamor.blogspot.com/2008_12_06_archive.html Mais do que uma simples caricatura – o “FALAR”, o modo como comumicas é que define a tua identidade… «As “Pessoas” e as “coisas”, à partida, não têm “NOME”. Somos nós que damos “NOME” às “Pessoas” e às “coisas”. Ou antes, nós é que somos aquilo que chamamos à “Pessoas” e às “coisas”!» Porquê? Porque, como dizia Epictecto (50 – 158 pC.): «O que perturba e alarma o Homem não são as “Pessoas” ou as “coisas”, mas as suas opniões e fantasias acerca das “Pessoas” ou das “coisas”.» Foi o Homem que deu os Nomes às coisas… (Ver Gen. 2,19): «Tendo pois, o Senhor Deus, formado da terra todos os animais dos campos e todos os pássaros do céu, levou-os ao Homem para ver como ele os havia de chamar. E, todo o NOME que o HOMEM pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro NOME.» TERMO / expressão a escape à escape a mais grossa e como o pitrol abafadura abalari abali abençua aberão abespêro abesprero abichornado abichornado abocanhar abondo / avondo acabadoiro acabantes de açafoar-se açafões aceifões ceifões cefões safões açano acarditar acarear acartar aceifões acelga acharoado origem provável rapidamente à pressa… abalou à escape… forte medo abafo abalar abelei calor abafadiço ir embora bênção vespeiro vespas boca lat. abundu vt. avondo avonde e tem qu’avonde ár. as-saifan' aceno acreditar ár. as-saifan' OBRA Pag. Lobato Lobato Delgado Machado Delgado Machado Delgado Lobato Lobato Delgado 296 a morrer uma vez que irritar-se –zanagr-se Guarnições de pele para proteger as pernas Machado Machado Delgado 296 296 gesto com a cabeça, mãos Delgado Delgado Delgado chapéu alentejano acharondado ache achegas acormado açucre adiafa adiós perico adiós Quinim adondi? adregar adregue afeção afeguntar-se afrajalar-se agastura agasturas agente a gente CITAÇÃO/INFORMAÇÃO /Significado Vespeiro atmosfera quente e pesada atmosfera quente e pesada abarcar com a boca abundante; e assaz, suficientemente proteger «…acareias toda a gente…» carregar vt. açafões, ceifões e safões planta? zangado, mal disposto, humilhado (acharondado) mal disposto, humilhado (por acharoado); – zangado pequena ferida… Ajudas, gorjetas… cheio açúcar onde? já não tem remédio lá se vai tudo CFicalho Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato calhar, acontecer… “por adrehue” por acaso afeição precipitar-se recostar-se zanga ânsias nós Lobato Lobato 296 agora cá agora logo ai quirido aiveca ajuda de ajudar al será al será alabaça arrabaça alabão ár. al-laban alacrara alacrara alândea lacrau lacrau alavão ár. al-laban albarda albarrã albarran ár. al-barrani alberca alcácer alcachofrado alcachofrar alcáçova alcáçovas alcagoita alcaide alcornoque aldeagar aldefa aldemenos alembraça alfacem alfaia alfeirão alfeire alverca ár. al-qaçr al-qacil ár. al-qaçabã ár. al-qãid ár. ai-haia ár. al-hair Nem penses nisso! já, imediatamente meu caro peça da relha do arado Aqui é o segundo pastor do maioral. duvidar exclamação afirmativa ou negativa segundo a frase em que é colocada; v. g. - Dás-me um figo? Al será! (negação) - Al será que amanhã não chova (é quase certo que chove) rabaça – planta umbelífera… Diz-se do gado que dá leite VT. alavão alacrau a bolota do sobreiro, para distinguir da “boleta” da azinheira Diz-se do gado que dá leite vt. alabão No Alentejo anda ligado ao rebanho que dá leite para queijos Lobato CFicalho 145 Lobato CFicalho 151 152 Machado 296 CFicalho 151 152 Machado 296 v. cebola albarrã – cebola campestre, braa, dos campos, sem ser semeada e disposta… castelo, palácio Sementeira de aveia (Barrancos) um pouco zangado irritar-se cidadela Cana Será esta a origem de Alcáçovas, Évora Alentejo. Vt. Canas de Senhorim… amendoim guia, chefe sobreiro caduco falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. loendreiro (Barrancos) ao menos, de modo nenhum lembrança alface necessidade… utensílios porco de engorda… cercado, horta; cercado onde se guarda o gado Houaiss, 5 significados, como vara de porcos ou de gado que não tem crias… Lobato CFicalho 150 alfeireiria alfeireiro alfirme v. alfeire alforria algara ár. al-huriiâ ár. al-gãra algarevão dic. Algarivão, mq. Alcaravão algeroz algibe algibeira ár. al-qarauan algoradear algoz algum dia ali ó pé aljibe aljube almádena almanjar almanjarra almanzém almareado Almáste(c)ga almástica almatrixa de firme ár. al-zarub ár. al-jubb ár. al-jibairã ár. al-gozz ár. al-gozz ár. al-madnã ár. al-majarrã ár. al-majarrã armazém ár. al-masteka ár. al-matraxa almece ár. al-mis ou almiç (DE) al-mãiç(GDLP) almécega ár. al-maçtika almenara almiara almocabar aloendro alpoldra alpondra alque(i)ve alquitete alteiro ár. al-madnâ altemóvel altomóvel atmóvil alumiar alvanel alvaner alvanéu alvenéu ár. al-muqabar v. loendro v. alpondra al + lat. pulitruár. al-qaua arquitecto de altear? ár. al-banna ár. al-banna ár. al-bannã Égua ainda estéril O home de guarda ao alfeire corda delgada de esparto. v.. rede v. forro e forra incursão de cavaleiros por um território Ave pernalta de arribação… que canta: tão ruim… tão ruim… tão ruim… canal de água cisterna, poço Pequeno saco de couro usado pelos cavaleiros árabes coscovilhar de uma tribo onde se recrutavam os carrascos antigamente ali perto cisterna, poço almenara, v. minarete curso de água; trave, barrote curso de água; trave, barrote enjoado resina de lentisco Al.sementeira para repovoação O aparelho da burra… feita… com peles de ovelhas. Manta presa com uma cilha, usada nas cavalgaduras soro de queijo” que desempenhava um papel importante na alimentação das classes pobres, durante as rouparias… Fevereiro – Páscoa… Relacionar com Manteigas, na Serra da Estrela. V. tabefe. ideia de resina. V. almástica no Alentejo v. almádena, minarete meda de trigo cemitério árabe 150 161 jTC, Fev 94 Pastores e Pregoeiros Lobato CFicalho 168 Machado 296 CFicalho. 158 CFicalho jTC, 0 Fev 94 165 NDPérez 56 Machado jTC, 0 Fev 94 296 pedras de passagem num rio pedras de passagem num rio terra deserta, terra de pousio “Deixas de ser tão alteiro” (Não encontrei no GDLP) automóvel nomear pedreiro. Vt. alvenéu pedreiro. Vt. alvenéu pedreiro. Vt. alvaner Lobato CFicalho 144 alvanil alvanir alveitar ár. al-banna ár. al-banna ár. ai-baitar alvenaria de alvener alvenel alvener alverca alvetar alvoreado alvoredo alzubêra amanhar amahari amanhêm ambos dois amentolia amentolia amesear ametade amor' dois amori anaco ár. al-bannã ár. al-bannã ár. al-bbirkâ andaço andâncias andar à gadeia andar a tranquete andar à unha epidemia dilegências andar com a orelha fora do cabresto andar com a veia altéria andar em fama andar tarraceando andes endês andesia andi ângulas aninho anti-parras antre anzoli enzol aos repoupos aos torlores aos três meios quartilhos pedreiro. Vt. alvenéu pedreiro. Vt. alvenéu ferrador de bestas, veterinário sem diploma arte ou profissão de pedreiro. Pedra tosca pedreiro. Vt. alvenéu pedreiro. Vt. alvaner tanque que recebe água da nora ferrador… tratador de animais… sem juízo… arvoredo algibeira CFicalho. 144 Machado 296 Machado 296 Machado Lobato 295 Machado Machado 296 296 cultivar a terra, prepará-la… consertar um objecto… ossos… amanhã os dois… ambos almotolia almotolia acusar em tribunal metade ambos amor cabrito de um ano ou nacp de pão… folgar à pressa ár. al-qaua andar em desavença, desentendido andar desconfiado, precavido Lobato andar nervoso Lobato andar fazendo qualquer coisa sem saber o quê ovo que s põe à galinha para continuar a psotura terra deserta, terra de pousio Terrenos por andam os rebanhos e onde dormem para ser fertilizados… andei às cavalitas no jogo do eixo lã dos borregos que não dá para fazer velos… polainas dos cavadores entre anzol de pesca Lobato a esquivar-se a trouxe-mouxe ir a cair, com os copos… CFicalho 154 CFicalho 170 Lobato Lobato Lobato aos trouxosmouxos apanhar a lebre aparrado apartação a trouxe-mouxe de apartar aplancar apoldrada de poldro apresto aquaso a-que-turrumtum-tum aqui me morrem as poupas quando alguém cai… apertado …separação dos borregos das mães. Acto de separar certo número de animais. cava feita no verão… diz-se da égua que tem cria ou poldro aprestar tudo o preciso para o gado muar… cabresto, guizalhas, arreatas, rédeas, decoiro, chicotes, molins… acaso a que propósito Lobato CFicalho. 151 CFicalho 150 Machado Lobato 296 Machado Lobato 296 queixa que se tem quando alguma coisa leva muito tempo a fazer. De um garoto ter ido aos ninhos e ter trazido para casa duas poupas que meteu na gaveta da mesa quando se preparava o funeral da avó. Puseram o caixão em cima da mesa onde o garoto tivera posto os pobres pássaros. Então este exclamava de vez em quando: - Não levam a velha e aqui me morrem as poupas! arção arengar acção falar por entre os dentes, sem se perceber o que diz esta rola, estouvado armar uma zaragata… argolairo armar um terrêrinho arquiz arrã arrabaça alabaça (?) arrabaceiro arrabolar arraiol (jogo) arranjar um embrechado arrebantar arreceber arreceio arrematar arrenegar arrequiz arretalhar arriar o calhau… arrife Lobato pequena cabana ou galho para pendurar chocalhos ou coleiras… rã Machado 295 Machado 296 Machado Machado Lobato Lobato Lobato 296 296 rabaça – planta umbelífera… rabaceiro rebolar que gosta de fruta verde… Jogo do berlinde criar uma compliação rebentar receber receio arrequife dizer mal de; censurar amaldiçoar, zangar pernada seca que os pastores espetam junto da choupana para servir de cabide; armário para os queijos. dar um corte com faca, normalmente em azeitonas e castanhas Ir ao WC! aceiro… desbaste em linha recta… arrodeio arrodioscas artemage artemove arve arvela asado azado assabão asservar assinatura assubir atabúa atafal atafona atalicar atão atão! atibado Atôco avaluar avelada aventejar avio avoar avonde avondo abondo rodeio evasivas Machado Machado 296 296 automóvel árvore alvéola Machado Machado Machado 296 296 296 sabão observar Machado Machado 295 297 Machado 296 CFicalho. 168 Machado 296 Lobato Lobato Machado 296 feitiçaria consentimento subir Ár. ath-thafar ár. aT-Tafar então Então! cheio buraco avaliar avelã de aviar voar lat. abundebonda azado azedo azemel azenha azete azomb(ê)eirado azougue bááá! bacina bainique baldoréga beldoéga baleio balhar balhe balho balharisco bambúrrio banhar barafunda baranda planta da ribeira… cinta larga presa à albarda moinho. Arrecadações junto ao moinho. provocar, atiçar ár. as-sãnia ár. az-zauq … a ficar velha… cheirar (de venta) provisão de mantimentos abundante, bastante abundante, bastante t’avonde… t’avondo… chega! basta! pote pequeno para onde o leite é coado por panos sobrepostos… e coalha com cardo… o estado de fermentação do queijo… almocreve nora, roda de irrigação… azeite desajeitado íman (a faca tem azougue…) nem por isso; ou negação categórica; v. g. - Tiveste uma boa seara! Bááá - Saiu-te a sorte grande! Bááá! vacina casa pequena planta hortense… Lobato CFicalho. Machado 158 296 CFicalho. 164 CFicalho. 164 CFicalho. 168 Lobato Machado Lobato 296 Machado 296 vassoura de giesta e arbustos… baile “’stá o balho armado” – confusão baile sorte nadar confusão varanda barbantão barbiano barquilho barbanto Como barbanto barquino barranceira barranha barrenha barranhão barrenhão barranhoa bassoira bater o atanado bater os cachos bater os engaços belga belmeque bem acompanhado bem esgalhado Bértelameu bescoço bescoço bestigo besuntar o pão bigote bobedêra bober bobedêra boleta bom dia cá d’o péi bonda bordalho bordanada borra borrega borrego borro boticada boxa boxudo brabo brendêro brincar òs escondarelos brunho buano rústico, burgesso, alarve rústico, burgesso, alarve pequeno tabuleiro de madeira para o servente levar a argamassa ao pedreiro… (Barrancos) (Beja tabulacho) pele de cabrito, preparada para conter e transportar água potável… ribanceira vaso de barro ou lata para líquidos – espécie de bilha… «tigela, de loiça grosseira, usada nos “montes” para serviço dos ganhões, onde se prepara a açorda» vassoira morrer (atanado - coiro) comer os restos Morrer jeira de terra, courela… lugar constituído, forte CFicalho. 159 Machado Lobato Lobato Lobato 296 Lobato Lobato bem feito Bartolomeu pescoço pescoço postigo Machado Machado Machado 296 295 296 Machado Machado 296 296 barrar o pão (com manteiga…) bigode bebedeira beber bebedeira bolota da azinheira ou chaparro, para distinguir de (a)lândea a bolota do sobreiro Bom dia borda bordoada Lat. burrav. borrego lat. burrulat. burru- bravo merendeiro abrunho guano ver abondo e avondo ambra , “espécie de peixe do rio muito apreciado”. (Barrancos) «pancada com bordão; paulada» burel, tecido grosseiro de lã… fem. De borrego ruço, encaranado ruço, encarnado bebida ruim, ou boa barriga, ventre proeminente barrigudo Lobato CFicalho. CFicalho. CFicalho. CFicalho. Lobato 146 146 146 146 Machado 296 Machado 296 «pequeno pão feito da amassadura que se come, em geral, à merenda». brincar às escondidas… infantil «adubo preparado com matérias orgânicas». ovelha muito guedelhuda (Barrancos) grande ventania está embaciado, baço burda buzaranha búzio – “Tá búzio” cá! cabaço Expressão de dúvida! recusa de namoro… tampa… “dar cabaço…” calhar em sorte… (herança) pertencer, caber (do latim capitare) a extrema de uma leira de terreno lavrado ou de um ferragial cabedar Cabedar cabedulho çabola çabola cabrão dum raio cação caçareiro cacete cachafundão cadêra caderno cafei çafões cagar dar de corpo cagulo Cair uma tochada de água cais cáje cajado cebola cebola 296 Lobato Machado 296 Machado 295 CFicalho. 156 dos insultos tolerados, mais ofensivos na região Estar em cação – estar nú… carcereiro pau um fundão perigoso num poço… cadeira v. safões cogulo Uma variedade de trigo (Barrancos) café Neste sentido parece que não terá vindo do árabe! ir ao WC … além da medida… alturão… chover fortemente quase «um caje nada…» lat. caiãtu- bordão de pastor com meia volta em cima… mandriar vigarsita… pessoa falsa sopa de azeite e cebola, em uso no Alentelo. sopa fria de azeite, vinagre e alho… vinagrada… comida mal feita… panela grande com asa onde se faz comida… migas… e outros usos… (É a ferrada entre os pastores da Serra da Estrela… Certa doença de melões e melancias… rapazola… catraio… (desprezível) porcalhona, sem brio Primeiro leite (almece) após o parto qualidade eucalipto calor! “Mas que calma…” “…é diverso do pelico, formado calacear calatrava calatroia calatróia caldeira v. ferrrada caleira calor? calhabuz Calhaca calhostres colhostros calidade calitro calma çamarro Machado colostro v. samarro Lobato CFicalho. 156 CFicalho. 159 CFicalho. 159 Lobato CFicalho. 155 por duas peles, uma maior nas costas, outra no peito e sem mangas.” troca de cigano, troca duvidosa (de câmbio - troca) cambalacho cambra cambra municipal câmbria camineta campo da bola canavoira canavoura candeio canha (mão) caniçado câmara canito canseira cante canti canzuada caqueirada cãozinho caquêro carabulo carcachada Carcachada carepa carepar caco carolo conhota Machado 296 CFicalho. 164 Machado 295 trabalheira cantar caqueiro carinchelo carneiro lat. carnãriu- carnicão de carne casão cascabulho casca caspacho v. gaspacho catacuz cataloio catinga Catrina cavalage cavandela cavilar câmara cãibra camionete campo de futebol – estádio «pé oco da fava» - pernas magras, caenlas… flores da oliveira… esquerda prateleiras onde os queijos acabados de fazer, vão fermentar… até ao azedo… Lobato muitos cães Restos de fezes e urina que se deitam fora… Vaso tosco de barro… maçaroca do milho… rir à gragalhadas… gargalhada caspa (cabelo) cair chuva miúda (meuda) (de carepa - caspa miúda) opérculo do peixe “animal carnudo de boa carne”. Será o borro já crescido… núcleo duro e purolento de certos tumores e furúnculos… carnegão armazém cobertura da bolota… (depreciativo) rapazola… catraio… iguaria com pão, água fria, azeite, vinagre, legumes… planta parecida com os espinafres que se usa em certas comidas… meio parvo cínico (do bras. catinga) Catarina cavalegem cebola alvarrã Ár. albarran, al barrani cêfar ceifões ceifar v. safões queda, engano, embuste… Pensar com insistência na mesma coisa – matutar… cebola campestre, brava, dos campos, sem ser semeada e disposta… O m.q. açafões e çafões Lobato Lobato Lobato CFicalho. 147 CFicalho. 159 Lobato Lobato Machado 296 Machado 296 CFicalho. 170 Machado CFicalho. 295 156 jTC, 0 Fev 94 chafranada chana azáfama… estrafuna… barulho… aplanar o terreno com a mão para jogar o belindre (de plana) tonto, maluco chanfrado da cabeça chapada Encosta de uma serra… bofetada… terreno estéril… onde abunda a xara ou esteva chara xara charaval (xaraval) charaz charaviscais xaraviscais charaviscar charifa charôco xarôco charrôco xarrôco chaves siroco chicada Cast. Chico chicadeiro chimbalau chimborgas chinchilha chinchos de chicada chinoso chispes-chispes de chumaço chumela chuvisnar chuneniscar clubi coadeiros coalho cocharro cocharrada cocho pequenas herdades… depreciativo… v. malatecas mexericar vagina de certas fêmeas (burra, vaca, mula, cadela… Vento Sueste… mau aspecto, doente… peixe do rio de beiços grossos objectos feitos de corno pelos pastores… este para segurar protecções em pele para o gado quando cheira muito mal cheira mal que tresanda cheringa chibato chóriço chumela Lobato pessoa muito agarrada… “trazer um chibato…” regressar sem caça… pequeno rebanho de ovelhas com borregos novos. pastor de uma chicada Azar (de chambão?) borra-botas (idem?) raquítico (de chinchila) armação de lata circular para dar forma aos queijos… húmido que se prende com coisa sem importância, ninharias chouriço pequeno travesseiro, almofada… Faixa de recém nascido. Travesseira da cama! (Ivone Portugal, Beja, quando iniciou como professora, no Alentejo, em Ficalho?) CFicalho. 160 CFicalho. CFicalho. Lobato Lobato Lobato CFicalho. 164 Lobato Lobato Ouvido em conversa chuviscar panos e rouparia clube os panos usados para o fabrico dos queijos e dão origem ao nome rouparia… leite já tratado com cardo para fazer o queijo… Vasilha oblonga para água ou comida… (Tem mais de 5 significados CFicalho. 164 CFicalho. 164 CFicalho. jTC, 0 Fev 94 171 diferentes… cocharro; banco de três pés…) couto, coutada de caça passar objectos feitos de como pelos pastores… pagamento em comida… o avio para a semana… Como estão! Como vão! coito Colar colheres comedias como tão! companha compromissio com'qui... conloio consertar-se copa compromisso expressão usada para recomeçar a frase; «Con'qui... diz ele alé inssim: ora'scute! na ponta sempre abarracou c'um trancaço. conluio corna cornadura cornicho cornicho de cabra corredoira correol correr os alcanchais corriol v. carnicão e cornicho de corno v. cornecha e cornicão cornicho de cabra – erva de pastagem para gado… erva correr 171 assoldadar-se o conjunto de roupa que se veste de uma vez lenço de seda que as camponesas usam ao pescoço… corno serrado para vasilha… cabeça –“passar-se da cornadura…” casta de uva… e grão de centeio núcleo duro e purolento de certos tumores e furúnculos; carnegão. Mas em certas regiões seria o cornicho que foi muito procurado e bem pago, no tempo da guerra chifre, corno pequeno… Grão ou cravagem de centeio degenerado… Lobato Machado Lobato Lobato 296 jTC, 0 Fev 94 nome de ervas dados pelos pastores… «movimento do mercado de gado…» jTC, 0 Fev 94 não parar em ramo verde Lobato … fio resistente de couro de ovelha ou borrego… Fio, corda resistente, formado de finíssimas tiras de couro, cortadas e tecidas em fresco. Planta herbácea – verdeselha… botas velhas (de coturnos?) refracção da luz em dia de muito calor (de caramelejo) criminar ter amor ou queda por alguém… CFicalho. v. corriol v. correol coturros cramelejo creminar crença crenço CFicalho. jTC, 0 Fev 94 160 companhia corchão cornecha cornicão Lobato CFicalho. crime crer Lobato Lobato 155 crido cruel a crujeiro cruzado (quartinho) moeda antiga cuanhar cubrir cunca cuprativa çurrão Custóida cutelo da mesma leia daquênada dar à tramela dar as voltas dar créto dar de corpo dar fé dê di de engatinhas de figos a brebas de nação… v. surrão Custódia lat. cultellu- instrumento cortante… da mesma camada daqui a nada… falar em demasia… voltas para aproveitar melhor as pastagens… dar crédito… defecar curiosidade dei de gatinhas de longe em longe de nascimento… “Este dom é de nação…” (Poeta de Augusto Grande de Almodôvar…) excitado Guisado com sangue de porco, fígado, bofe e moleja… (VNBaronia). Noutras terras: moleja ou surrabura (de serabulho) de pau feito defina degote deitar mão deitar um bute deitar-lhe as galfárrias deixar a pão e laranjas… delido delir desafiuzado desalumiar desalvorar desavezado desbóia querido propenso a: É muito cruel às constipações: que se constipa com facilidade chuva miúda e brada um cruzado = quatro tostões (40 cêntimos de um escudo) (o quartinho = 12 tostões) Varrer a eira com vassoura de lentiscos… ter relações sexuais queijo quando fica pequeno… cooperativa decote começar deitar um cálculo a quanto vaie deitar-lhe a mão Lobato Machado 296 CFicalho. 164 CFicalho. 158 CFicalho. Lobato 159 CFicalho. 171 Machado Lobato 296 Machado Lobato Lobato Lobato 296 deixar em mau estado… apodrecer… desfazer-se… desarvorar desenganado… sem fé… cegar… estontear… abalar com pressa… desabituado Primeira tiragem da cortiça a um sobreiro novo… 1 – Não é permitida a desbóia de chaparros cujo perímetro do tronco, medido sobre a cortiça, a 1,3 m do solo, seja inferior a 70 cm. (uma lei) A primeira extracção de cortiça realiza-se quando a árvore atinge a maturidade, ou seja, aproximadamente 25 a 30 anos depois desta nascer, sendo esta operação Lobato designada por desbóia e à cortiça daí resultante, atribuída a designação de “cortiça virgem”. Na segunda extracção, a cortiça assume a designação de “cortiça secundeira”, sendo na terceira e seguintes extracções designada de “cortiça amadia”. De salientar ainda, que a periodicidade da extracção após a fase de desbóia, ocorre de 9 em 9 anos, durante um período que decorre entre Maio e Agosto. desbrugar desbulha desbulhar descampar escampar descandelizar desemparar desenfeliz desinfeliz desinfeliz desmangaritar desnoca despaportar-se desplicar-se despois desriscar destrajar-se debulhar debulha debulhar Machado 296 Machado 296 «serenar o tempo… deixar de chover…» escandalizar desamparar infeliz desnocar infeliz, triste, mais infeliz que os infelizes desfazer desbaste desfazer-se explicar depois de riscar deixar o fato usual. Vestir-se de máscara; vestir pelo padão… – como de uso normal… - só vi usar no Al. vestir um fato que não é costume trazer dinheiro dito com graça morrer! destrajar-se dinhêro dixote dobrar as unhas Doluvina drento drento dreta drome dromir drumir drumir dsinfeliz dsinquieto é como a carabina do Ambrósio é como a espingarda do mano Xirol é como as açordas e d'i é mais certo que pardal em manturo é mais condenado tirar a a casca Ludovina Lobato Lobato Lobato Machado GDLP 296 Lobato Lobato Machado 295 Machado 295 Machado Machado Machado Lobato 296 296 296 dentro dentro direita dorme dormir dormir infeliz inquieto não faz mal nem bem uma coisa que se desconjunta com facilidade Lobato não faz mal nem bem Lobato e então, depois (e daí) certíssimo Lobato Lobato é engraçado Lobato é mais parvo que as malvas é um rampilhoso é uma peça linda ebado ecalitral ecalitro égua alfeira eguariços eirinhos em moitão emaili emareios embelgar embelicar emberrinchado embicar embigo embrechar embrulho enavoado encabeçar encabreimar encafuado encanto encarambado ençarrado enchapota encharnicar-se enchergar endorinha endretar enfechelhar engar-se engonhar engradar engradecer engraecer é muito parvo Lobato não presta uma boa prenda ter doença, incurável (de eivado) Lobato Lobato Lobato v. alfeire “…em oposição a égua parida ou alpondrada…” CFicalho. 150 Lat. equaritiu- tipo de pastores. Relativo a éguas. O que trata de cavalos e éguas… miolos; sentidos em grupo email tonturas dividir a terra com regos… belgas CFicalho. 154 zangado; amuado; sem poder explodir tropeçar… encalhar… Lobato eucalipto Lobato implicar umbigo arranjar grande sarilho.. engano enevoado cabeça cabresto calcular o número de porcos que se podem ter num montado… trato do terreno de azinheiras… pear um animal… prender… escondido enquanto encarrapitado Lobato encerrado lenha seca… da poda… zangar-se, tornar-se arisco, bravio (de charneca) ver alguma coisa Lobato Lobato andorinha v. gradar e engraecer. v. gradar e engraecer. v. gradar e engradecer enjacas enjoelhar enlucar enlucada enlustre enrascado enregar Lobato endireitar cerrar (os dentes)… agarrar-se… apegar-se… trabalho demorado… Criar-se o grão. “Aqui a semente grada mais…” ou “engradece mais…” Tornar-se grado… Formar grão, formar semente… alforge que se usa no dorso das cavalgaduras… ajoelhar Machado 296 Machado 296 estar sujo de merda… «… com a bota toda enlucada…) ilustre rego atrapalhado acertar… endireitar… enregar enricar Enricar ensampdo ensestão insestão então deixa... enterar entigo intigo entoiçar entregues entretenga entroviscar envair enverdecer envicionado enxógar enxogado “foi exogado” enzame enzol anzoli er’sipla erva azeda indegestão espicho espòjinho espurgar esquero enriquecer admirado «apanhi uma insestão…» Lobato é inevitável inteirar – saber Lobato … tipo de trabalhadores de uma heradde… (v. ócharia / ucharia) entreter trovão verde vício enxaguar fazer trovões… discussão… seduzir… enganar… renovar viciado foi malhado… levou pancada… exame anzol de pesca eripsela erva nome de ervas dados pelos pastores… balacho, corriol, cardos, catacuz, erva toira, erva azeda, escalrracho, saramago, trevo jTC, 0 Fev 94 esqueleto calma escaraoantar-se escarapantado escarchar escorrilho escotinho escrófola esframilar-se esfrunhar esgalhar esgambeirado esgroviado esparregado Esparvoado esperecer espiche Lobato antigo ervas daninhas que se mondam… escaleto escalhavarda escalmorrado escampar escanefechado começar rico v. espicho v. espiche estouvada acalorado deixar de chover justo ao corpo… «vestido escanefechado…» alvoroçar-se… irritadiço; receio de admiração; que teve medo e não foi capaz de explodir; assarapantado abrir muito… almece aguacento borda de pão doença desfazer-se varrer… limpar… esforçar torto alvoroçado Barulho “Tal é o esparregado” apalermado definhar rolha feita com pau aguçado… panacada…nalgada… rolha feita com pau aguçado. remoinho, pé de vento descascar chiqueiro Lobato Lobato Lobato CFicalho. 160 CFicalho. 160 esquila got. *skilla lat. squilla está mai bem frio estabordar estafeta estamporte estar a oiro e fio estar capaz de cuspir num'empinge estar com'mas fezes mum grandes estar como um grifo estar de amassilho estar d'impéi estar d'incócoras estar embaraçada estar encegueirado estar esparsido estar presa estar tudo num sapal esteio transporte estilada v. mera estornejada estorvar estrafuna estralar estralo estrambilhado estramelo estrampalhado estravanguilho estrecar estriqueira fager faia famila familha fanchona faneca fanega 1. Pequeno chocalho 2. Espécie de cebola albarrã 3. tosquia faz mais frio que calor transbordar Pessoa que fazia recados e avios… uma profissão típica no Alentejo que fazia de correio… a pessoas isoladas ou com dificuldades de deslocação… estar a morrer estar em jejum; em branco estalar estalo Lobato Machado Lobato Lobato 296 ter muitas preocupações e contratempos na vida Lobato ter a barriga cheia Lobato estar de cozedura de pão Lobato de pé de cócoras estar para ser mãe Lobato Lobato Lobato estar demasiadamente entusiasmado estar definhado; esparvecido estar para ser mãe estar tudo alagado Lobato dote da noiva na nova casa: cadeiras, cómodas, cama, lavatório, arca, mala, estanheira, cabides, “papagaios”… destilação de lenha de azinho para fazer a mera… caída por terra… impedir azáfama… barulheira rebentar Machado 297 CFicalho. 170 Machado 296 meio doido estampido avariado Puxo da charrua… o “puxo”… estercar fazer jTC, 0 Fev94 Lobato Lobato Lobato Lobato Machado 295 Machado 297 estrumeira “fig(z)e-o eu” – fi-lo eu… janota, fadista… “com o réu cabelo à faia…” família família vaidosa – “A Anica vem toda fanchona!” medida de 60 litros de trigo (Barrancos) fantesia farota farrejo farropo fantasia ár. kharuf farroupete farroupo ár. kharuf faxavore fazenda lat. facienda fazer fazer fazer fazer fazer fazer fazer fazer a amèção a conversa bichos meia azul o rio um viage uma raza vasas felor frol feneza fermesura fremesura ferrada flor ferrado v. ferrada ferruge fertuna feturar fiturar fezes – ferrugem fortuna futurar CFicalho. 148 CFicalho. 148 CFicalho. 153 Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato fineza formosura Prov. Vasilha para onde se muge o leite… Panela grande com asa onde se faz comida… e outros usos… (É a ferrada entre os pastores da Serra da Estrela) aqui é um vaso de barro para a ordenha. “ficar ferrado a dormir…” ideias… crença… problemas… “É só fezes… Tenho cá…” ficou farto “O que jantou mano Calote? Um pão padeiro, um prato de chicharros, por riba umas pevídeas de melão e por fim arrimei-le com'mas vergas d'água e fiquei tufando” ficou tufando fituro flaita frauta foi para a chana folha (de terreno) fonção forfe ovelha velha cevada verde “Borrego”. É uma sugestão do Conde de Ficalho registado mas discutido pelo DELP. “porco novo, menos de 6 meses” “borrego”. É uma sugestão do Conde de Ficalho registado mas discutido pelo DELP. se faz favor aqui: - fazenda de malatos, fazenda de carneiros; fazenda de chibatos… rebanho. Normal: Terras, bens; pano… rebanho de gado macho ou qualquer rebanho. simular fazer expor o assunto fazer caretas, (em vez de bicos) namorar, galantear… lavar a roupa viajar, (infl. cast.) fazer uma oração ou reza substituir, ir em vez de… – “Faço vasas de ganhão…” futuro flauta 159 CFicalho. 163 Machado 297 Lobato Machado foi para a cadeia “extensão plana de terreno…” função fósfero CFicalho. “boda, casamento” Lobato 297 forfo forra-passos forras forro ár. hurr fraguelhteiro francelho franela franhera frasca flanela frega da calma rechina da calma fruita fuge função funda fruta foge fundalhos fuzilêra fundo fuzil gabão (gabõezito?) gabinardo ou gabinarda gachélo v. pelico… lat. funda gaiva galgueira galhandêra galioso gamboa ganadeiros ganfar ganfar ganhões gazil gazito gazopo gimão imp. de fugir casamento Laçada de ão o para atirar pedras… restos que ficam no fundo bolsa de pano para a espingarda… Espécie de capote com mangas, capuz e cabeção. espécie de capote; ão o… boi com a coma baixa (de agachar) Planta de caule tenro que dá uma flor arroxeada… O gaimão, também conhecido por abrótea pequena ferida… arranhadela cama feita no chão com buinho… cama improvisada alegre, bem disposta, activa… bonito, airoso, formoso… marmelo molar grande e tenro… tipo de pastores apanhar, prender… roubar “… são concertados dia de S. Maria…” os pastores no dia de S.Pedro… pequeno enxame de abelhas gaimão gaspacho Lobato CFicalho. 147 Machado 297 Lobato CFicalho. 156 farinheira bolo caseiro para casamento… (Calvos) meda de cereal para ser debulhada “hora do maior calor…” v. “rechina da calma” frascal garfa gargalejo garrear garrocho cão de pastor (raça serra de Aires) gado diferente do resto do rebanho que o pastor guarda… “livre…, puro…bravo”. V. ovelhas forras, livres. Vt. alforria. brincalhão peneireiro, gavião… gargarejo guerrear arrocho v. vinagrada e caspacho jTC, 0 Fev94 Ouvido em conversa Al. Lobato Lobato Machado 297 CFicalho. 154 CFicalho. 154 Machado Machado 297 297 pau curto e torto… pessoa teimosa.. iguaria com ão, água fria, azeite, vinagre, legumes… esperto, vivo… brilhante… piolho cão de rebanho… rafeiro novo… presunto Lobato girigoto Girolmo gorpelha gorpelha gradar golpelha golpelha v. engradar, engradecer e engraecer gramozilhos granito gravançada gravato gravejar gravejar-se grevata grifar griséu grovito Gudiana gulipona havera hé ó mãe home hortalã impado impida incerrar Incorrusquinhado ingreja interneti ir a Escape ir a servir irmões já estás lavrando mal já ganhi já o enxugou “Aqui a semente grada mais…” ou “engradece mais…” Tornar-se grado, crescer. gambuzinos… Grão pequeno Certo tipo de rocha ou pedra cozido de grão Pedaço de madeira, graveto, garavato. vestir bem vestir fato dominguero Lobato CFicalho. 170 Machado Ouvido em conversa S.E. 297 jTC, 0 Fev94 Machado Lobato 297 gravata tirar com violência (de grifagarra) ervilha grada boi com a corna alta Guadiana glutona Lobato Lobato Machado haver tal é isto (admiração) Lobato suspiro Lobato encolhido Lobato Machado 297 homem hortelã impeça encerrar igreja internet Ir depressa ir à tropa irmãos estar a errar já ganhei… já o matou (do espanhol: ya lo quedó seco) casaco curto… jaqueta, véstia… pequeno seixo do rio jaleco jâncaro jângaro jangada jaqueta Jaquim Jóquim jaronda jeronda Jasuíno jentar Jerólmo Jesus que é Deus Jesus, que é Santo Nome de Jesus muito mexido e engraçado Jerónimo recipiente para transportar a lã na tosquia… Lobato Lobato Lobato Lobato arado com varais para uma besta… Joaquim porca criadeira… mulher de má fama Jesuíno jantar Jerónimo querem lá ver... Tal e isto! valha-me Deus! Que Deus me acuda Lobato Lobato 297 Jórzina Josei Zei juar labaça Jeorgina José jejuar labarito lagartear lambaça lançamento lançol lândea ou alândea larida lavareda lavarito lavascão lava-se com uma bochecha de água lavuta Leanor lecença legras lendroal lendroeiro lête lête levar uma saquestanada libardade liorna liorna lismos logem logo-logo má nome machacoco madronho madronho magana maginação maginação magoito mai(s) somenos maioral Machado 297 Machado Lobato 297 As labaças, chamadas na linguagem popular como "linguas de boi", são conhecidas como plantas medicinais desde a antiguidade, tradicionalmente são usadas para aliviar as picadas da urtiga-comum, demonstrando assim o seu potencial refrescante e curativo das folhas. Contudo, é a sua raiz aprumada que mais se usa nas preparações herbáticas. Existem vários tipos de labaças mas as mais comuns e que se vendem com mais frequência nas ervanárias são as crespas. labarinto… tumulto, alarido mexer-se como os lagartos…rastejar… Labaça… lábia, paleio… levar a fêmea ao macho… lençol alarido labareda a bolota do sobreiro para distinguir da “boleta” da azinheira ou chaparro… algazarra barulho, algazarra mulher muito trabalhadora fazelhona tem bom aspecto; está limpo labuta Leonor licença canivete de folha curva… loendreiro leite leite Lobato Machado 297 CFicalho. 160 Machado Lobato 295 Machado Machado 297 297 aloendro levar uma pàzada liberdade desordem, desarumação… confusão, embrulhada limos loja – comércio a princípio alcunha alarve (Amareleja) medronho medronho Lobato Lobato Machado Machado 297 295 Machado 295 CFicalho 145 mulher velhaca, trapaceira imaginação imaginação magusto de maior de menor importância Pastor de um rebanho subordinado ao Rabadão. maioral moiral mal enjarocado malata malatecas malato malear maliar malsoado pastor chefe… or. Obscura or. Obscura mal feito carneiro (vt. borro) pequenas herdades… depreciativo… v. charaviscais carneiro (vt. borro) abortar abortar maroto. CFicalho. 146 CFicalho. Machado 146 297 Lobato não deixa de ter graça a seguinte frase: Ó e essa!... Quem me houvera de dizer que as malsoadas galinhas se prantavam a prantar os ovos drento dos ramalhos... (de malsão - amaldiçoado) maluta managite mandado Manel Maneli mangação mangrosso manhêm mánica maniento manita manteiga/s manual maracotão marafado maramela maravalho luta meningite Machado 295 Machado Machado 297 297 Machado 297 Machado 297 CFicalho. 148 recado… tarefa… pop. Caçoado, zombaria, escárnio, troça, mofa. raquítico, corcunda, enfezado manhã máquina vaidoso mãozinha v. almece Além daquela que é feita com leite de vaca, normal, dei conta que chamavam manteiga, a um produto de natas e soro do leite de ovelha e cabra… (Zona de Serpa e Mértola, 1983). Pode ser uma explicação para o uso do plural no nome da vila de MANTEIGAS na Serra da Estrela. V. Manteigas lugar no Algarve… meloal pêssego raivoso, danado marlé mastrola matrafice 297 Manuel margaça maroiço marouco marrão marteleiro martle martunheira martuço martunho más masseirão mastro Machado or. Controversa calma, calor do Sol feitio… “… sem talho nem maravalho…” – sem forma nem feitio… planta forraginosa, diferente da marcela… frenezim, irritabilidade, má disposição permanente… monte de pedras… na lavra… “o carneiro pai…” porco desmamado ruim caçador… mártir árvore que dá… mais masseira m. grande poste alto para as festas… (tradições dos Santos Populares S. João, S. Pedro…) engano… matrafice artimanahas… bruxarias matrafícios mazarulho mê filho medura melata melato melharuco melura memoira menancolia merencoria menza mera or. Obscura or. Obscura abelharuco mole memória melancolia mimóira minarete memória ár. manãra missão moenda v. moenga moenga v. moenda móis moleja moles montraste montrasto moreia morzelo movília mucharro mum endebles mum fachadento mum lindo mum parelho mum resoluto munta mexida muntíss'ma'gente munto munto murde-fuga morte-fuga Machado 295 uma substância obtida por destilação de várias madeiras, especialmente o azinho e para tratar a ronha das ovelhas… metesse carantonhas… “Eazer m.” mealheiro isso já se sabia; era certo; (A manhã vou ao baile! Milagre!...) (quer dizer que todos sabem que nunca falta) CFicalho. 170 Torre alta… vt. almenara e almádena missa demorada Conjunto de peças que servem para moer… Conjunto de peças que servem para moer… “Tal ‘tá a moenga hein!” (Mas que maçada… sarilho!) “… bichos móis” (ver: defina e surraburra… guisado…) devagar Elevação de terreno. Al.. Montado, Casal de herdade. espécie de hortelã… “entre silvas e montrastes…” monte de lenha e terra para fazer o carvão triste… adoentado F. Frazão mesa metêssi metetes migalheiro milagre mole-mole monte inchaço meu filho Medida: mil quilos de azeitona carneiro (v. malata e malato) carneiro (v. malata e malato) abelheiro… pássaro que se alimenta de abelhas preguiça… moleza… molura lat. montementastre mentastro mobília 297 Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato Machado Pequeno insecto que pica e faz muita comichão… 112 Lobato Machado carapau médio muito fraco; doente bem apessoado; bom aspecto muito bonito muito igual esperto, activo, vivo muito movimento muitíssima gente muito muito morder Lobato 297 murraça murta murtado nã na ai na dá a mão na diz coisa com coisa na paras em ramo verde na paras na canastra nã paras quedo na quer as sopas nação nasção nacedio nacença narcença naifa nam di barrunto namorar de pancada não atega não ocha não tem p'ra'tar o rabo com uma junça não vale a conversa nenguém neque tá nesquinha ninhum nó da fava nodas nomi nora nôte noute nubrado num m'enteri nuve o covér ó e essa o enleio da rua da coutada o mais rasca ó rés ocalos ócharia ucharia lixo Multa (v. planta) multado não não há Não liga ao que lhe dizem não sabe o que diz nascimento não está sossegado – não consegues estar parado não está sossegado – não consegues estar parado não está sossegado – não consegues estar parado não consegue “…este dote é de nação!” nascedio nascença nascente knife (ing.) faca, navalha não dei por isso cativar à primeira vista… Lobato não aguenta; não vai ao fim não está de acordo é pobretana Lobato Lobato Lobato não vale nada Lobato onde está pequena porção Machado 297 Lobato Machado 297 CFicalho. 144 ninguém goela nódoas nome ár. na’aura noite nublado não percebi; não fiquei ao facto Lobato nuvem o que houver ora essa uma guerreia; que não é possível desenlear; que não tem solução o que vale menos à beira óculos conjunto de trabalhadores de uma herdade: ganhões, almocreves, maiorais… pastores… ajudas de porcos, gado lanígero, muar, cavalar, bovino; ajudas, entregues, hortelões, rabadão Lobato Lobato Lobato Lobato Machado 297 ôdre útero Ofrásia ógano ógar oitonar Eufrásia hoc anno augar olha olhamento olheirão olheiro oliva onteágóra ontredia ordenha órear os bustos os mais as mais os páscoa os prata osservar otro ovelha ovelhas altas ovelhas de ventre óvera óvintes pachôvada pago pailó paiola paiolo Paiolo palaio paleio chocho palhuçada panal este ano (Barrancos) salpicar com água nascer a primeira erva pelo Outono sopas de toucinho oferta, gorjeta, lembrança… olho grande, ão o. Grande nascente de água. o que vigia certos trabalhos… Al. Curioso, metediço… Lobato oliveira arear outro ovicula (lt.) há pouco tempo outro dia “…meados de Fevereiro…” secar com o ar… (terreno depois da chuva) formas de pastagem natural… os outros… a maior parte CFicalho. 163 CFicalho. 166 formas de pastagem natural… formas de pastagem natural… fazer as pazes… reconciliar-se CFicalho. CFicalho. 166 166 “ovelhinha” diminutivo de ovis as que ficam forras. as que estão destinadas a criar… CFicalho. CFicalho. 147 147 havia ouvintes palavrão, asneira mercado… “ir ó pago…” (Mina de S. Domingos… quando se recebia, parte ficava logo no mercado…) pacóvio; ridículo parvajola, aparvalhado paio palhuço pano pandelero pandorga panzoeiro panedrada paneira paneleiro pão paneiro pangalhada panito pano pacóvio; ridículo enchido conversa estragada monte de palhuço toalha branca que cobre o tabuleiro do pão que vai ao forno maricas barrigudo, palerma, alarve Lobato Lobato Lobato pedrada pantaralha panzoeiro para designar o órgão onde se gera o feto… pão tabuleiro de madeira para lavar a roupa vendedor de panos patuscada pão pequeno pano pequeno fantasma, lobis-homem (Barrancos) barrigudo, palerma, alarve Lobato pandorga pão papaloisa papalousa papéles papôlha pempolha pimpolha parcer parecer parece um rabolo de migas paridade parrascana parvidade passar p'ra diante às lebres pássaro bisnau pastanas pastor seara de trigo… molhos… borboleta, mariposa… papeis papoila papoula parecer lat. paritate- parvo pataca patameiro pau pau de ar paviola parihuela pedra salguenha peganhoso pegulhal paleola (lt.) pei peis pelico pé pés pelona pertechino diz-se de uma criança, quando está gordinha “é o rebanho de ovelhas paridas.” E na linguagem nonnal é parecença… ou equivalência cambial… boçal, casca grossa parvoíce exceder-se; andar mais do que devia pénis Lobato v. rabadao e maioral… Só pastor – é guardador de gado de lã.” “… são concertados dia de S. Maria..,” os ! i nastores no dia de S.Pedro… notar que no Alentejo, ão há pastoras… bolsa para o tabaco, tabaqueira lamaçal bebedeira chifre de boi… “os pastores faziam colheres de pau de ar…” padiola CFicalho 154 CFicalho 153 pedra de granito provocante, metediço ovelhas do pastor, como parceria com o patrão… Lobato CFicalho. 151 Lobato Lobato pestanas pastora penceleta pepia pupia pequenalho per pera perjuízo perna aspecto… “bom ou mau parcer…” Lobato CFicalho 171 grande jaqueta de peles que os pastores usam…” Prov. Al.. Fato de pastor feito de peles de carneiro. doce qie se davam nos casamentos à saída da igreja… (Barrancos) pincel bolo em argola feito da amassadura pequeno CFicalho 155 “As redes de alfirme… por uma certa medida chamada perna.” perto CFicalho Lobato por para prejuízo 161 pertelinho pêto pevolhal pêxe pi d'arriba pial pianha piarça poial pidir pilheta pindérico Pingorito pinico pinote piparralha pimparralha piporro pedir piqueno piquinina piru pirua pirum pitança pequeno pequenina pitrol pitróli plaineta petróleo pia pequena ou tanque… pelintra, velaco… o cume da árvore bacio, penico, vaso de noite salto caule tenro que se morde para tocar… barril com dupla abertura para água e ar… para manter a água fresca… Lobato extras que o senhorio permitia ao rendeiro… um ou outra cabeça de gado… lenha… poio poio poi'sorte poldra v. alpondras lat. pulletrupolvorinho pólvora polvilhal pontilhada por rebendita porca xara pordura porqueiros portada portado povilhal Lobato peru, perua (bebedeira) plengana p'lo barba terno poldras poldro polvarinho peito Restolho, pasto peixe por aí acima banco ou pedra para apoiar… suporte, pianha “…correia que aperta no molim da besta…” podre (Umas das palavras que não encontrei no GDLP). “Puxou duma plaineta…” cigarro de mortalha… Ouvido em conversa, Al. pelo Verbo Eterno (segunda pessoa da Santíssima Trindade) bosta, excremento Lobato evidentemente égua nova: pernada ou ramo; polvo quando novo pedras de passagem num rio Potro, cavalo pequeno; polvo recipiente de pólvora feito de corno… e por vezes trabalhado com arte pelos pastores… Al. Pagamento em géneros aos trabalhadores. marrada a finca pé… teimosia bicho de conta podridão tipo de pastores degrau da porta de entrada Lobato gado do pastor ou rabadão que é pastoreado com o gado do patrão… jTC, 0 Fev 94 Lobato CFicalho 154 prantar prantar precura prègunta pergunta prugunta prenhez presonção priivido proivido pucra pucro puge pugi punilha pupia pepia purrote purrúquia putrancoso quadrar quartinho cruzado que chamusco que esquinência que porquera de gente que tal está a marmelada quebradura quibradura quebrêra quecóque plantar plantar, pôr pergunta Machado “precurei por todo o aldo…” “pergunti ó vento…” “ê pregunto…” “só te queria pruguntari…” gravidez 297 jTC 0 Fev94 presunção proibido púcara púcaro pus quarto - 1/4 coloquei ponta do cigarro bolo em forma de argola feita da amassadura cacete vaidade; senhor do seu nariz que vale pouco; meio podre agradar, vir a propósito… um quartinho = 12 tostões (um cruzado = quatro tostões (40 cêntimos de um escudo) que mau cheiro que insignificância que Zé ninguém Lobato Lobato Lobato a confusão que arranjaste Lobato quebra hérnia quebreira canseira borda de pão… pedaço que se corta da borda Mesa de pinho onde se deita o coalho para fazer o queijo… recusa quiser… hortejo de pequenas dimensões canções nas inspecções militares… (Barrancos) ribeira queijeira querena queser… quinchoso quintas pôr “Pranta-te quedo…” querer r’bêra rabaça Lobato Lobato Lobato Lobato CFicalho 164 “dono de carneiros” – No Alentejo é o pastor chefe… CFicalho 144 tosquia da lã suja que possa estorvar a ordenha… restos inúteis os restos da fruta depois da apanha… “Andar ò rabisco das uvas… figos… CFicalho 163 Nome Popular: Agrião, agrião-dasfontes, agrião-do-rio, agrião-da-ribeira, mastruço-dos-rios, rabaça-dos-rios, agrião-da-água, agrião-d’agua-corrente, agrião-da-europa, agrião-da-fonte, agrião-da-ponte, agrião-oficinal, berro, cardamia-jontana, cardomo-dos-rios, agrião-aquático rabadão rabadoa rabatismo rabeja ár. rabb aD-Dãn ou rabb ad-han reumatismo v. tosquia rabetalhos rabisco rabo rabo de gato erva rabo de raposa rabo de zorra erva raboliço rafeiros reboliço ralação ramaço ramplonar rancho rapa rapino rasgou da moita rasmono rebiteza rechina ralar ramo rechina da calma (frega da calma) recócão redada raspelho v. sarrabulho? cova v. redada refelão regatão regatoa arrepelão regatear regatinhar regrão relójo remessa remoncar regatear resgalha revenecer rexinol rezão riete ringedêras ritimio robiata rodilha roliço de magrinho rondana apoquentação pequeno ramo de folhas e flores falar com prosápia cozido de grão criado dos mandados insecto hexápode fugiu do esconderijo rosmaninho rede rentar-se em… repairar repeso rescunho resgalha nome de ervas dados pelos pastores…. nome de certas plantas Nome de ervas dados pelos pastores… barulho, gritaria… “…uma sub-raça dos cães da Serra da Estrela; … CF. relógio remeter resmungar jTC, 0 Fev 94 CFicalho 162 Lobato Lobato Lobato Machado 297 CFicalho 161 CFicalho 161 mostra vivacidade… Prv.Al. Sopa em que se utiliza o sangue de porco. Grande calor! hora de maior calor buraco no solo… noite onde dorme um rebanho nara estrumar a terra… Aqui – a rede para o redil onde o gado dorme ou é ordenhado… Feita de corda de esparto, chamada alfirme. apalpão violento… pessoa que compra aos produtores e vai vender a outro preço… discutir o preço… Lápis de ardósia, ponteiro… grande quantidade… falar entre dentes… com azedume desprezar reparar rês rasgar reverdecer rouxinol razão peso a mais… nojo, enjoo, repugnância criança de pouca idade; cordeirinho… língua inconveniente Lobato variedade de trigo… rangedeiras Machado ritmo formiga de rabo no ar… guardanapo muito magro roldana Lobato 297 ronha rôpa Rosairo rouparia roupeira/o rudo safões saibo salamanquesa salamim Doença das ovelhas… tratada com mera… roupa Rosário “queijaria” pelos panos usados… rude ár. as-saifãn sei salamandra saleiros saluçar samarro soluçar v. çamarro sambomba samear samos semos sarei sarás sanmexuga santanairo são igualitas semear Somos (ser) sapelguear Sará 'ma coisa linda Sará'ma coisa má sardinha saltitar sanguessuga santo (Barrancos) medida de madeira de um litro para medir a ração para o gado… (Medidas antigas: canada, quartilho, polgada, alqueire, alqueirão, balaça romana de braços, Objectos feitos de corno pelos pastores… Machado 295 CFicalho 153 CFicalho 160 O m.q. samarra. Aparece como antiga vestimenta rústica, feita de pele de ovelha ou de carneiro enquanto conserva a lã. instrumento musical (Barrancos)… panela de barro com pele… e pau… vara… beato, religioso… são iguais; o mais parecido possível Lobato é bonito Lobato é mau Lobato Iguaria feita com esse sangue, pedaços de carne ou torresmos e miúdos de porco… grande barulho, algazarra… serrar vozearia… barulho irritante… satisfação satisfeito estrondo, barulho… Salgueiro, chorão… (Barrancos) seja (conjuntivo de ser) salada acelga simpatia 170 v. açafões e aceifões… lepisma, insecto “bichinho de prata” Sangue coagulado de porco. sarrabulho v. rechina sarrar sarrazina sastefação sastefêto satrampolida sau seija seja selada selga sempatia normal - muita roupa; casa onde se guardam ou vendem roupas… pessoa que faz queijos… CFicalho planta erbácea sequilho sipultura sô sobrado sofases soidade soldada sontordia soutrodia st’outro dia stander sualhêra sube subrenfusa supônhamos excremento seco pelo sol sou – senhor andar de uma moradia… sótão sofás saudade Pagamento ao pastor outro dia, há pouco… raspar ár. surra substância ár. tabikh v. almece e manteiga/s taçalho de pão tal é a faixa... tal é a lengalenga tal é a tonteria tal é cá a pua tal é o esparregado talêgo talho taleigo talhar talócada taloca tapino taramenho tardi tarongo 171 CFicalho 158 stand tábua de horta tabuão tabulacho tamêi(n) tamêm tamén tamos cagádos tanganhada tanganho CFicalho soalheira (saber) (subir) supremo surrabura surrafar-se surrão vt. çurrão sustância tabefe Lobato sepultura sopas de toucinho “um suponhamos” opinião, hipótese… submissão, sujeição, obediência… “estes garotos não tem supremo de ninguém…” (ver defina e moleja… guisado…) tocar ao de leve… Bornal de pastores espécie de caldo grosso feito de leite açúcar e ovos. Soro de leite coalhado… (bofetada) horta, quintal, pedaço de terra… inchaço, durão… pequeno tabuleiro de madeira para o servente levar a argamassa ao pedreiro… (barquilho em Barrancos) Bocado de pão - fatia, naco tal é o aspecto conversa fiada desacordo tal me saiu este alvoroço, confusão, barulho Lobato Lobato forma “… sem talho nem maravalho…” – sem forma nem feitio… Pancada dada com taloca, caule de cana ou de couve… também também Machado quando algo não corre bem pau, pauzinho, galho para acender o lume… cumprimento, aperto de mão tampa pequena, rolha… (Barrancos) juízo tarde, boa tarde Pequeno bolo da amassadura Lobato 297 taronjo tarouco tramouco tarracear ou terracear? tarraço tarrafice tarro ? sarro tás a mangar tás fazendo ronha tás feito mariola tasquinhar tassalho tàtibitate tatinho távendo taverna távua tejala tijala tem mais escola que o escoleiro tem mais fama que a espada do Rondão tem mais ronha que sete zorras num vale tem um espírito mum valente tem um olho à lazareta tem uma cronha que não me gosta tem uma mendição tem-se em dezer tenção tendal Lobato “Stão p’rali tarraceando…” (Uma das palavras que não! Encontrei no GDLP) objecto, qualquer utensílio maldade marmita de cortiça, vaso para onde se ordenha o leite não estás a falar a sério a perder tempo.. cera Lobato brincalhão o mastigar dos porcos… pedaço grande… “Um tassalho de pão com linguiça para o caminho…” tartamudo acerto está a ver taberna tábua tigela dizer intenção tenho bem assim como ânsias tens um cavalo ter tará - tarás tarei teve e tevestes – tevesse e tevesses ter curso terminar teslina parvo idiota, parvo, apatetado… Ter (verbo) determinar CFicalho 169 Lobato Lobato malga é sabichão Lobato tem muita fama Lobato é mal intencionado Lobato canta bem; tem boa voz Lobato é estrábico Lobato não me agrada Lobato tem abundância Lobato costuma dizer-se… dizem… Lugar onde se tosquiam as ovelhas. estou mal disposto CFicalho tens boas pernas (termo de contrabandista) Formas deturpadas do verbo TER Lobato necessidade de evacuar “terminou de ir a…” Esquisita, cabra… “rapariga Lobato Lobato 163 teslinice testo (ser…) Tiágua tiborna teso Tiago tinaga tingarrinha tirou a fanga a... tirou as alâmpadas tomar caranço Tónho tosquia tótuço toupino trabelho trambelho trabusana de água trager trages, tragemos… truxe e truve… truvestes… trouvestes tramela tramouco (tramouquice) tarouco trango-mango tranquitana trasfegar trasfego travisco travisqueira travoada Trazer (trager) trédulo tremera trempe tomar amizalde António corte da lã das ovelhas, feita antes da ordenha… toutiço toupeira Lobato Lobato Lobato (Barrancos) juízo, acerto… “Aquele rapaz não tem trambelho!…” “grande bátega de água” trazer ver: dar à tramela… idiota, parvo, apatetado… (estupidez) v. tresfegar trovisco doença súbita e indefinida… bugiganga Passar de uma vasilha para a outra… Ant. Lidar. lida movimento arbusto… planta venenosa trovoada tresfegar v.trasfegar trevo erva trigo de perdiz trigue trilho trincalos trombola trouve turgia ucharia muito teslina…” firme S. Tiágua bocado de pão a sair do forno com azeite e sumo de laranja… bêbado crónico… “Aquele é um tinaga…” cardo tenro que se usa no cozido de grão ou “rancho” tirou o lugar a... destacou--se; deu nas vistas traquinas, irrequieto nervoso apoio de ferro para as panelas na lareira Passar de uma vasilha para a outra… Ant. Lidar. Nome de ervas dados pelos pastores… Nome de ervas dados pelos pastores… tigre utensílio de lavoura para debulhar cereais… castanholas ave de caça… trouxe Machado jTC, 0 Fev 94 jTC 0 Fev 94 jTC, n° 0 Fev.94 Lobato Machado trastes tudo o que é preciso para a 297 297 lavoura e o gado desde os mantimentos, alfaias, ao pessoal muita gente reunida um àstor de gente um bronquito um esbarrunto um trancaço tranca uma catrefa uma charofada uma verga de água untar o pão ursa (erva) vabla vais (pl. de vale) valdoregas vanhas vás vaqueiros vargem varjador varrão varrasco vasculhar vasculho Vecença velo vendima verdeselha verter águas vesitar véstia Vetóira veve vezinho vinagrada virás visível vossemecê vreda xamiço xara xaraval xaravascal xaraviscal xaravisvar xáti zagal doença de peito mais ou menos grave uma coisa grande constipação com expectoração difícil uma caterva uma mistura um gole de água Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato Lobato barrar o pão erva que se usa em vez dos orégãos, na conserva das azeitonas… válvula beldroegas venhas (vir) várzea “nã vanhas tarde… nã vás por’í… adonde vás?” tipo de pastores Machado 297 CFicalho 154 CFicalho 170 CFicalho 159 CFicalho 145 varejador porco de cobrição… vassourar… vassoura de cabo comprido… Vicência um rolo de lã, resultado da tosquia de um carneiro, uma ovelha ou malato... vindima planta herbácea – verdeselha – ver corriol urinar visitar casaco curto… jaqueta, jaleco… Vitória vive vizinho v. gaspacho verás visível Iguaria com pão, água fria, azeite, vinagre, legumes... “virás meus olhos tristes…” tratamento de respeito… vereda lenha de esteva esteva - lenha de esteva terreno estéril, onde abunda a esteva ou xara.. chat ár. az-zagal mexericar (modernices da técnica) "pessoa animosa e forte; mancebo”. v. azagal zagarro zambujo mq. zambujeiro zangarilhas Zangorivo zaragata zarapatusco Zéi zipada de água zóquinha zorra zurrada zurreira ? manhoso, espertalhão… Espécie de oliveira brava... cacete feito dessa árvore. cangalhas para carregar água nos burros alto e mal talhado desordem “… enroli um cigarro, puxi do zarapatusco e acendi a plaineta… (Uma das palavras que não encontradas no GDLP). José bátega de água peão pequenino raposa… mulher de má porte Soprar do vento fumaça Lobato Manuel Pedro – Carta de pastor a FA Para ilustrar o levantamento do GLOSÁRIO a apresentação de alguns TEXTOS da LITERATURA POPULAR do ALENTEJO Textos Curtos utilizados para ilustrar o vocabulário organizado na tabela… 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Uma CANTIGA popular: Strala a Bomba... Meninas da R’bera do Sado… Uma curta ESTÓRIA versada: No Ressio enfio... A anedota... da CORTIÇA Carta dum pastor ao Compadre Fialho de Almeida Pinto Basto (canta) Mestre Alentejano de J. de Vasconcellos e Sá Saramago de J. de Vasconcellos e Sá Mestre Alentejano 2, de Rosa Dias A Ponte da R’bêra d’Odivelas DESPIQUE FALAR ALENTEJANO M'nina que tá à j'nela... Uma DÉCIMA (Mote e 40) No teu Giro Sol Brilhante... Crónicas de Manuel Loendrero 1. O de Lisboa - in A PLANÍCIE, 15/02/83 2 A Pega - in A PLANÍCIE, 15/06/83 3. Tornêo em Lesboa 3 - in A PLANÍCIE, data ilegível 4 A Excursão 5 A Escola AMARELEJA Rumo à sua História 1. EPISÓDIO da vida no Campo – com Glossário 2. Breves diálogos… 3. “Gente Possante” O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS - (EALPA) (CFicalho). RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS (um conjunto de vários (7)Textos com saborosas (h)istórias no fim das quais o autor faz um levantamento vocabular...) - Daqui peço as devidas desculpas e autorizações, para, dentro das minhas limitadas possibilidades, ir arquitectando uma AMOSTRA do FALARe do ALENTEJO... Algumas ligações – vídeos – gravações… Alunas do Magistério, Beja, 1985 e Adiafa 2000? Uma professora em Mértola, 1984/85 Alunas do Magistério, Beja, 1985 Dita pelo Prf. Manuel Pedro, Beja, 1980 J. de Vasconcellos e Sá Canta: Pinto Basto (neto) Rosa Dias / Pinto Basto Enviada por João Honrado in À DESCOBERTA DE POTUGAL - Rider's Digest - 1982 Inocêncio de Brito, S. Matias, Beja, 1856 1938 Eng.º Luís Eduardo Perfeito Santa Maria Padre João Rodrigues LOBATO, 1961, pp. 179 a 193 Poema de De D. Maria da Paz Barreto Martins Conde de Ficalho – in TRADIÇÃO – Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899 Manuel João da Silva - Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém e Sines - 1985 http://guitarraemochila.blogspot.com/2010_04_01_archive.html 1. Uma CANTIGA popular: Strala a Bomba… ou As meninas da R’bêra do Sado... Uma CANTIGA POPULAR – O alentejano e as festas ESTRALA A BOMBA E o FOGUETE VAI NO AR. ARREBENTA, FICA TUDO QUEIMADO... NO HÁ NINGUÉM, QUE BALHE MAIS BEM C'AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO... E AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO É QUE Éi LAVRAM A TERRA C'AS UNHAS DOS PÉiS... E AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO SAN COM'AS OVELHAS TÊM CARRAPATOS ATRÁS DAS ORELHAS!!! (Cantada pelas alunas que tiravam o curso de Educadoras na escola do Magistério Primário, Seja, em 1985... Fica como registo de linguagem fortemente agarrada à terra...) Em 2002 teve grande impacto a divulgação de uma versão cantada por um Grupo de Beja – ADIAFA Letra pelos ADIAFA: Estrala a bomba E o foguete vai no ar Arrebenta e fica todo queimado Não há ninguém que baile mais bem Que as meninas da ribeira do Sado As meninas da ribeira do Sado é que é Lavram na terra com as unhas dos pés As meninas da ribeira do Sado São como as ovelhas Têm carrapatos atrás das orelhas Era um daqueles dias bem chalados Em que o sol batia forte nas cabeças As meninas viram que eu estava apanhado E disseram nunca mais cá apareças Mas não fui e entretive-me a bailar com três Queriam que eu fosse atrás no convés Mas não fui e mandei-as irem daar banho ao meu canário Que bateu as botas com dores num ovário Estala a bomba E o foguete vai no ar Arrebenta e fica todo queimado Não há ninguém que baile mais bem Que as meninas da ribeira do Sado As meninas da ribeira do Sado é que é Lavram na terra com as unhas dos pés As meninas da ribeira do Sado São como as ovelhas Têm carrapatos atrás das orelhas Têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos atrás das orelhas! Para ver / ouvir uma interpretaçãopor cantar Damigos: http://www.youtube.com/watch?v=xbcWoIE9i8o ou em belacena: http://www.belacena.com/video/3469 Pode ver também http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf 2. Uma curta ESTÓRIA versada: No Ressio enfio… dito por uma professora em Mértola, 1984/85: Pode ver também http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf Um alentejano que chega a Lisboa … desembarcado do vapor que passa o Tejo sai-se com esta lengalenga: NO RESSIO, ENFIO CUM DESIMBARAÇO; LOGO ME PRANTI NO TERREIRO DO PAÇO FOI ATÂO QUE VI E QUE PUDE OBSERVÁ-LO UM HOME DE CHUMBO EM RIBA DUM CAVALO! (Contada por uma Professora em Mértola, em 1985. Eu hei-de ir até Lisboa Eu hei-de ir até até lá à procura duma vida boa que eu procuro e não encontro cá. Cheguei a Beja embarquei no comboio que assoprava pela linha Às vezes penso comigo e digo: triste sorte que é a minha. E depois de chegar ao Barreiro embarquei no vapor que passa o Tejo… Chora por mim, que eu choro pr ti \\ Já deixei o Alentejo. \\ bis 3. A Anedota... da CORTIÇA Pode ver também http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf05_AlentejAnedotas_20p.pdf UM ALENTEJANO EM LISBOA com o DINHEIRO da CORTIÇA: Um alentejano, que tinha e vendia cortiça, resolve um dia mandar o filho depositar o dinheiro, no banco, a Lisboa. Este, pega num taçalho de pão com linguiça, monta no seu burro e lá vai para Lisboa. Chegando a Lisboa, visto estar cheio de fome, senta-se, na relva, junto do Marquês de Pombal, a comer o seu taçalho de pão. Por ali, andavam dois ardinas a vender jornais e apregoavam: - óóólhó sééééééclo (Olha o Século)... - é u diáááário d'notíííííííícias (É o Diário de Notícias)... O nosso bom alentejano, mal ouve isto, pega nas suas coisa monta-se no burro e lá vem ele a caminho do Alentejo. Quando chega a casa, o pai pergunta-lhe: - 'tão filho! porque foste tão depressa? O banco ‘tava fechado? - cal banco! cal quê? atão um home vai a Lisboa, assenta-se a comer o seu taçalho de pão cum linguiça, muto descansado, vêm logo dois homes e gritam: - óólhó, cerquem-no... óóólhó céérquem-no ...é o d'nheiro da cortiça... ele tem o dinheiro da cortiça... 4. CARTA de um Pastor a Fialho de Almeida contada por Manuel Pedro em Beja (1980) Pode ver também - http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasAlentejo.htm Mê caro Zé Valentim: Nô ôtro dia 'tava ê ali à bêra do maticuenho de palaio, ali memo onde o barranco bate c'oa semeada... 'Tava assim a modos qu'esmorraçando... Ajitei-me dentro do gabinardo e assenti-me no marco. Enroli um cigarro e cando ia a puxar do zarapatusco de modo a acender, di c’os olhos numa velhaca... Era um rego cheio de carne, Ó cumpadre!!! Imaparelhê-me cum ela e meti o ferro à !cara... Fiz-le dois fogachos, mas a manga na foi-se-me'imbora mais a p. que a pariu!!! Texto ditado pelo professor Manuel Pedro, num café, em Beja, 1981 ATÃO CUMPADRE, PRA QUIÉQUE VOMC STÁQUI CONTANDO TANTA ANEDOTA que são nossas? – Oressa! Desta e doutras vou ê pedir CopyRaites... 5. CANÇÃO com intervenção erudita: Saramago e Mestre Alentejano de Vascocellos e Sá & A. Pinto Basto MESTRES ALENTEJANOS (mais duas mostras do falar alentejano). MESTRE ALENTEJANO Terra de grandes barrigas, Onde há tanta gente gorda, Às sopas chamam açorda E à açorda chamam-lhe migas; Às razões (canções) chamam cantigas, Milhaduras são gorjetas, Maleitas dizem malêtas, Em vez de encostas, chapadas, Em vez de açoites, nalgadas E as bolotas são boletas. Terra mole é atasquêro, Ir embora é abalári, Deitar fora é aventári, Fita de couro é apero; Vaso com planta é cravêro, Carpinteiro é abegão, A choupana é cabanão E às hortas chamam hortejos Os cestos são cabanejos E ao trigo chama-se pão. No resto de Portugáli Ninguém diz palavras tais; As terras baixas são vais Monte de feno é frascáli Vestir bem parece máli À aveia chamam cevada Ao bofetão orelhada Alcofa grande é gorpelha Égua lazã é vermelha Poldra “isabel” é melada. Quando um tipo está doente Logo dizem que está morto. A todo o vau chamam porto Chamam gajo a toda a gente Vestir safões é corrente Por acaso é por adrego, Ao saco chamam talego E, até nas classes mais ricas Ser janota é ser maricas Ser beirão é ser galego. Os porcos medem-se às varas, O peixe vende-se aos quilos E a gente pasma de ouvi-los Usar maneiras tão raras; Chamam relvas às searas Às vezes, não sei porquê E tratam por vomecê Pessoas a quem venero; “não quero” diz-se “nã quero” “eu não sei” diz-se “ê nã sê”! de António Pinto Basto, Rosa Branca Letra: J. De Vasconcelos e Sá (o avô de António Pinto Basto, segundo José Gonçalez). Música: fado corrido. http://www.youtube.com/watch?v=Yher-plFsbE http://www.youtube.com/user/rvccgerinho SARAMAGO canta: António Pinto Basto letra e música de J. de Vascocellos e Sá Olha, amor, toma lá este raminho. Ai! Ai! É do monte, é do monte e cheira bem! Quem lá for, e não traga um bocadinho, Ai! Ai! Ai não tem, não tem amor a ninguém! ele Vai crescendo o saramago Embaraçado no trigo Eu queria ser saramago Para abraçar-me contigo! ela Mesmo assim, de brincadeira, Tua sorte era infeliz; Minha mãe é mondadeira, Punha-te ao sol a raiz! Amanhas com todo o jeito As terras do malhadio Só este amor no meu peito Deixas ficar em bravio! ele Quem no teu peito semeia Tem de colher com certeza Só três sementes e meia, Nem sequer paga a despesa! Já por ti não dou um passo, Atrás de ti já não vou; Antes seguir o retraço Por onde a vara passou! ela Meu amor, tem bom amanho, Tudo arranja a sua escolha; Tem polvilhal o rebanho E a seara vai na folha! ele Tem besunho o polvilhal E a seara vai ruim!? Minha riqueza, afinal, Está mesmo em frente de mim! ele e ela Minha riqueza, afinal, Está mesmo em frente de mim!!! http://www.youtube.com/watch?v=NWu3bkM5fM8 http://www.youtube.com/user/mariadoalentejo 6. Curto RELATO versado A PONTE DA REBÊRA D'ODEVELAS in Guadiana – Boletim Municipal - MÉRTOLA - Out. Nov. 2000 – Ver também em: http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf A PONTE DA R’BÊRA D'ODEVELAS Graças a Deus que já tem Odevelas sua ponte. Com uma estalage de fronte pruparada pra quem vier de jornada nela poder pernoitar, sem o prigo de s'afogar da rebêra. O Mestre c'afez capetão d'engenharia = inginheiro fêze-a toda em mármre e ávenaria Obra Prufêta Graças a Deus que já tem Odivelas sua ponte. Com uma estalagem em frente preparada pra quem vier de jornada nela poder pernoitar, sem o perigo de se afogar na ribeira. O Mestre que a fez capitão de engenharia = engenheiro fê-la toda em mármore e alvenaria Obra perfeita. http://www.igogo.pt/ponte-romana-sobre-a-ribeira-de-odivelas/ http://sombra-dum-chaparro.blogspot.com/2010_01_01_archive.html 7. DESPIQUE FALAR ALENTEJANO in À DESCOBERTA DE POTUGAL - Rider's digest - M'nina que tá à j'nela... 1982 Ver também: http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasAlentejo.htm M'nina que tá à j'nela M'nina que tá à j'nela Regand'o lind'caravêro Ó há-de ser para mim Ó p'ró mê rico pracêro. Ê nã sô p'ra vocêi Nê (ein)p'ró sê rico pracêro Que me tá mê pai criendo P'ró más lind'o sapatêro. Ó m'nina, ê sô sapatêro Hê-d'ir p'rá sapataria Hê-d'le fazer uns sapatos C'a maior galantaria. Ê nã quer'os sês sapatos Dê-os lá a quê(ein) qu'séra Qu'o marot' que tal diz Nã merec' uma mulhéra. A cantiga que aqui é transcrita foi recolhida numa das aldeias do termo de Beja e, apesar de uma ou outra característica local, pode ser considerada representativa dos falares do grupo alentejano - uma das variantes do português meridional. Entre os traços fonéticos destes falares, podem destacar-se como mais característicos - a monotongação generalizada do ditongo ei (cravêro, parcêro) - a redução de outros ditongos em situação de próclise (mê rico, nã quero, quê (ein) qu'séra) - o alongamento das sílabas tónicas finais (vocêi, mulhéra) - e, de vez em quando, a alteração do timbre de algumas vogais tónicas nasais (neste caso, por palatalização: (criendo, entes). Entes qu'ria ser carnêro Enxertado na raiz E nã qu'ria ser marido Da magana que tal diz. A velocidade de elocução produz nos falares do Sul, mais do que nos do norte, a elisão das vogais átonas (j'nela, qu'sera). Entes ê qu'ria ser porco Que fossasse num valado E nã qu'ria ser ispôsa Dum tã frac'namorado. No léxico encontram-se, de onde em onde, termos como mangana, que, para ouvidos habituados à norma de outras regiões, podem surgir como formas de calão. Aliás este facto é corrente em quase todos os falares regionais. http://dialogando-com-o-belo.blogspot.com/2009/12/q-uem-olha-de-fora-por-uma-janela.html 8. Uma DÉCIMA (Mote e 40) No teu Giro Sol Brilhante... Inocêncio de Brito, S. Matias, Beja, 1856 - 1938 Ver também - Décimas de Inocêncio de Brito: http://www.joraga.net/iBrito/index.htm NO TEU GIRO SÓL BRILHANTE - mn No teu giro sol brilhante Teu explendor vai e vem Trás-me nóvas dos meus filhos Recomenda-me a meu pai Quando tu sól aparéces Dourando o cume da serra Com teu giro em mar e terra Consôlo restabeléces Assim como os entristéces Se deixas de ser constante Sem tua luz radiante Tão tristes que são os dias E tudo alegras se alumias No teu giro sól brilhânte Luz Divina de ahi vêm As campinas prateando Saudosas nóvas dando Dáme-as cá a mim tamêm Dá-me notícias de quêm Tenho afetos mas escondi-lhos Em meos olhos não há brilhos Os dias que os não avisto E tu sol atendendo a isto Trás-me nóvas dos meos filhos Teus raios são consoladôres São os mantos purpurinos Que cóbrem os perigrinos Mitigam-lhe as suas dôres És o rei dos benfeitôres Moderador de tanto ai Quando o teu vigôr descai Vão-se alegrias perdendo Alegrando e entristecendo Teu esplendôr vem e vai E à tarde ao declinares Fita a vista atencioso Num ancião muito idoso Mas nóta que me dê ares É êsse sem duvidares Quem me estima e não me envai! Aqui ninguém me distraí E tu sól se por mim te interéssas Rei dos astros não te esquéças Recomenda-me a meu pai Nota: Ortografia conferida pelo manuscrito. Tem assinatura: Inocêncio de Brito Esta interpelação ao SOL como mensageiro das missivas que o Poeta na solidão precisava urgentemente de enviar para os familiares, será uma das PROSOPOPEIAS mais conseguidas do Poeta. Depois das apóstrofes em que elogia o SOL, o Poeta transforma-o em seu interlocutor e parceiro para lhe trazer e levar as suas mensagens importantes! http://mararavel.blogspot.com/2007_12_01_archive.html 9.1 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO Pode ver algumas (3) em: http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasMloendrero.htm MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 1 - in A PLANÍCIE, 15/02/83 Vinha ê uma vez pá vila a cavalo no burro pa fazê o avio, condo óvi atrás de mim um altemoven de esgalha bordão por a estrada adiente. Passô por mim ca força toda... Tamein si nã passassi más valia uma botas e condo começô a subiri a barrêra do ôto lado da estrada, dê um estralo e começô às panderêtas até que se parô. "olhó! - pensi eu - já está escangalhado". Fui lá ó pei pa vê o que tinha acontecido. Tava o home olhando pa um pineu. Prigunti-lhe donde ele era e disse quera de Lisboa. Pá, tá tudo dito - pensi eu. Vinha-me imbora condo o vi priparado pa mudá o pineu mas volti pa trás, porque vi o baboso, que nã tinha gêto ninhum páquilo. Dexi-me do burro, desviio e comeci a mudar a roda, mas vi logo caquilo nã era só do pineu. Espoji-me no chão e espreti pa debaxo do carro pa vê o qué caquela moenga tinha e vi o enxo e a jente, tudo entrotado. Condo ia alivantar-me vi o home mexendo num ninho d'abêsporas. - Que bichos são estes? - preguntou eli. - Nã mexa nisso! Nã as trilhe! - Griti-lhe eu. Tá bem dexa! Foi mêmo o quele foi fazeri. As abêsporas alivanteram voio e hôve uma que le deu uma nicada nos bêços cu fez dar um berro, ôtra foi-se ó burro. O burro assim cas viu zunindo de roda das orelhas, escarampatô-se e esgalhô fugindo por a chapada arriba. Ê rasgui fugindo atrás deli pó apanhari. Daí a podaço condo volti todo esbrazeado, tava o ôtro cum lenço nos bêços quêxando-se. - Vocei é mesmo enchaparrado - Disse-leu. - Atã vocei nã sabe que na se pode mexeri num ninho d'asbesporas? E vá lá teve sorti, porque se fossem tarantas... Ati o burro a uma arve e fui veri so home tinha os beços munto enchados. Hei mãe! Tava com umas beçoletas que pareciom o bebrum dum penico! Atão o bocana nã queria pôr pomada naquilo?! Lá o convenci a pori lama nos bêços porque pá picada na há melhori. Condo tava cos beços enlameados, disse-le cu melhor era vir com migo à vila à busca dum mecânico. Montô-se, em cima do burro e lá fomos. O engraçado é que condo chigámos e me desmonti, olhi pa trás e ele nã estava lá. Devi ter escorregado da albarda, porque eles sabem andari de cu tremido, mas de burro, anda cá se queres... Já não volti pa trás, porque tinha de fazê o avio à minha Bia e despois fechavam as loges. Tóoouuuu! M.L. Nota: O mau estado das fotocópias que me foram fornecidas para a transcrição destas "Memórias", muitas vezes não me permitiram, possivelmente, uma transcrição correcta dos termos usados e grafados pelo autor, do que peço desculpa, e estou pronto para qualquer emenda a qualquer momento, esperando entretanto que o autor se decida apresentá-las ele próprio e sob a sua vigilância. Pela autorização verbal, que me concedeu de as poder usar nest' aminhaTEIAnaREDE, os meus melhores agradecimentos. JoRaGa. 9.2 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 2 - in A PLANÍCIE, 15/06/83 Um demingo, lá no Taquale havia movemento que nunca más acabava: O Grupo de agarradores lá do monti ia pegar à aldêa. Ê eró cabo dêlis pa gandes aflições da minha bia, mas êle a mim pôco m'empotava qu'ela tivesse mêdo ô não, porqueê cá nã tinha mêdo nunhum. Ó despois de se termos trajado, lá formos agenti a caminho da aldêa. Nós, os agarradores, todos com grandis patilhâmes e alguns de bigote; Távamos tôdos munto calmos: só nos tremiom os joêlhos, as mãos, o coração dava saltos que nem um coelho bravo prendido poruma pata, e távamos fumando que nem umas bêstas, mas távamos calmos. Távamos era desejando pulare p'ra cima dos cornos dos bichos. Távamos comé que se diz?... Xitados. É isso conho! Chigámos l'á à aldêa, e dexi-me da relota e fui veri sus bichos já tinhom chigado. - Já! - Arrespondê-me o campino - Tã aleim! Fui lá a esprêt'á-los, e condo os vi tã prêtos até os cabêlos do pêto se me puseron brancos. Ma nã foi mêdo. Fiqui foi admirado co ma côr dêlis. Até luziom! Traziom terra no lombo e tudo. - Olhem rapazis! - dissê òs do mê grupo - Os bichos, é tudo prêto que nem caravão! - Ê que maaaus! Mas assim é qué boum! - Tão com mêdo? - Virámes-se tôdos, e démos de trombas co grupo de Val Picote que tamein vinha pegari. - O mêdo ga genti teim é o que le sobra a vocêis! - Dissê fechando os olhos uma migalhimha. - Atão mas tu julgas c'agenti têmos tante mêdo c'até nos sobra? - Nã julgo! Tenho a certeza! Boum, êle já tava atabafado comigo, ê tamein já nã o podia vêri e nã tardô munto cos dôs grupos não tivessem enleados à pazada. Boum, ma lá começô a corrida e cabedô à genti fazere a premêra pega. Abri-se a porta do curro e de lá saíu uma vaca mertolenga. - Ah mas isto é qu'ei? é isto que voceis vã pegari? - Diziom os de Val Picote no gôzo, é que tinha havido um engano e tinhom soltado um cabresto em vez dum boi. Por fim lá soltarom o bicho qu'era, e condo os de Val Picote o virom começarom a gozari dezendo qu'era dos encarnados que nã faziom mal ninhum. Mas condo o bicho dê ali umas corridas e le saíu o póu do lombo e ficô aleim prêto, calô-se tudo. - Levom gande sova! - Deziom os ôtros. E a genti calados. O cavalêro levô aleim fazendo o trabalho deli e condo chigô ó fim pediu más um ferro. - Sai daí piolhoso! - Gritames-le a genti - Pôste feio tanchando ferros no bicho! Boum, o cavalêro saíu e a seguiri vêi o capinha armado em boum. - Vô-me aí a ti patei-te tôdo! - Gritô-le o Zei Alacrau. atei que chegô a altura d'agenti se meter-mos lá drento. O nosso grupo era case tôdo fêto por jogadoris do Taquale. Chigui ó mêi do relvado do terreno... carafo! Chigui ó mêi d'arena e brindi ó pessoali que tava na bancada. Aperalti-me todo e lá fui ê derêto ó bicho. - Eh prêêêto! Eh biiicho! - continui fazendo barulho mas o boi ná'via mêi de se voltari. até quê lá ia ó mêi da praça cond'êli me viu e vei drêto a mim que parcia mêmo um'altometôra. (Continua no próximo número) 9.3 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 3 - in A PLANÍCIE, sem data legível – 1983? Uma vez, chigô ò Taquali um gajo com um jornali, onde vinha dezendo que s'ia fazeri em Lesboa, um tornêo entre piquenos clubis, pa ver se descobriom novos jogadoris. - Já tá - Disseu - Sagenti já formos ficamos todos convocados. Começamos atão a tratari das coisas pá viage. Premêro viémos a moira pa alugari uma carrêra e condo iamos chigando à parage das caminetes queim éi ca gente vêi? A enquipa dos Trigues do Alvarrão, que tinhom ganhado a taça à genti com uma manchêa de ciganices. - Qué que vêim fazeri? - Préguntamos. - o cagente queri. Porquêi? - Porque sim! Vá!!! - Boum. Já que querem saberi - disse o capitã delis em ar de gozo - viémos alugari uma caminete pa irmos a Lesboa. - Ê o quêi? Quem vai é a genti! Boum, começamos a lavrari d'atravessado, até que s'alançámos uns ós ôtros pôs antão. Condo acabámos com aquilo, fomos a falari cu home das caminetes e ele podiu munto denhêro pá viage. Ora nem a genti nem os do Alvarrão podiamos pagari a nã ser que se juntássomos. Mas coma genti na se chupava, teve mau pa se decedir. Até que resolvemos ir mêmo com elis que nã tinhamos ôtro remédio. Condo se montámos na caminete dêxámos o lado da soalhêra pó dos Alvarrão. Forom à esturrêra o caminho entêro. Condo chigámos ó Cento Destágio ô lá ó quer aquilo iom esbrazeados até má não! e a gente rinde-se. O pió foi que nã criom receber a genti, porque nã le tinhômos dito nada antis. De manêras que tivémos de dromir na caminete nessa nôte, e só no ôtro dia é c'arranjarom cartos à genti. O Cento D'estágio, foi o sítio onde ê comi a comida más mal fêta da minha vida! De manheim, em vez de nos darem pã com lenguiça ô tôchinho e uma punicada de cafêi, derom-nos lête e pã torrado com marmelada. A genti nem le tocámos. Ò almoço quisemos açorda, derom-nos pêxe. Ò jantari, quisémos uns fêjanitos com orelha de porco, derom-nos frango com batatas. Boum, lá comêmos porque tinhômos passado o dia entêro em fraqueza ripando umas laricas que já nem le viômos o rêgo. Tevémos lá uma semana e todos s'admirarom munto cagente porquem vez de se peorcuparmos com trênos e o tornêo, passássemos os dias entêros espojados debaxo das arves fumando, e bobendo vinho. Até porqu'iamos jogari com uma enquipa alemôa, quêles tinhom trazido pa jogari com as enquipas todas, e a que tivesse jogadores milhores, é qu'ia jogari contró Benfica e o Sport. Chigô o dia do jôgo, e nunca más m'esqueço daquilo que senti, condo pisi a premêra vez um campo arrelvadu, era cá uma macieza nos péis! ê dantes só tinha jogado em campos cheios de bajôlos - foi atão que repairi cu Cara de Cinoira, tava arrancando a erva pra brento dum saco, pa dá òs coelhos lá no monti. Condo eli acabô, lá se preparámos todos, ia começá o jôgo. 9.4 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 4 - in A PLANÍCIE (data: 1983?) A Excursão Uma vez lá no Taquali alembrasmos-se de fazê uma eiscursão. — Vamos a Lisboa ver os Giròlmos! — Disse o Abel Tengirina. — Nã sinhoira. Vamos ó Algarvi! — Disse o Zéi Alacrau. — E porquê ó Algarvi e nã ós Girólmos? — Porque no Algarvi podes banhari e nos Girólmos nã podes. Fomos atão ó Algarvi. Pensámos em iri no tractori do Cara de Cinoira mas levava munto tempo. De manêras c'acabámos por alugari uma Carrera, que sempre era melhó estamporte. Por o caminho fomes-se todos devertindo menos a minha Bia, que se farto de gumitari. — Tu vês más algueim gumitari? — Prêgunti-leu — Ês mêmo charrôca! Fomos ralhando os dois o caminho todo. Por fim chigámos à praia ô lá o quera aquilo. Ê fiqui parvo! Ê sabia cu mari era uma rebéra grandi, mas assim tamém não! Atã e aqueli podaço d'arali? E arêa boa! O Cara de Cinoira até enche uma saca pa fazê um raboco lá pá malhada dos porcos. Atã e o gentio? E os altemóvens? Erom por demais. Lá se despimos até ficarmos só com as calças, e fomos a enterrar um agarrafão do Cartaxo lá adiente, drento d'água. Foi atão que vimos uns bocanas a jogari à bola. Fizemos uma enquipa contra elis pa mostra como se joga. Eles olhavam pá gente e riom-se, nã sê porquêi. Sairom elis. Hôve um que fintô o Zei Alacrau, e já eli ia atrás deli pa lhe dá uma foêrada, condo ê le dissi: — Dêxó comigo Zéi! — O ôtro, julgava que mia fintari, mas ê di-le uma pupinda nas canelas cu fiz dá 2 voltas no ari. Parcia um piã d'Alvito. —Se calha, cuidavas que passavas não? — Disse-leu. Daí a podaço numa jogada dagenti o guardaredis delis ia a sairi ós peis do Cara de Cinoira, e eli fez-le um truqui dos deli: Dêtô-le um punhado d'arêa pós olhos e marco o golo. Elis disserom logo que já nã criom joga mais. — Voceis nã querem jogar e a gente vamos pa drento d'água. — Bora! — Gritámos fugindo. Mal entrámos n'água diz o Zéi: — Eh! A água é salgada! — Ah! Éi agora! — Não? Atã porvem lá. Pusemes-se tôdos a provari a água. — Qué lá saberi! Banho na mêma. Mal tínhamos começado a banhari aparece um gajo a dizeri: — Os senhores nã podem tomar banho hoji. Nã vêem a bandêra virmelhe? — Atã e condo é que se podi? - Condo estiver verde. — Atã prantem lá uma bandêra verdi! Essa é boa! — Ê banho memo porque quero — Disse o Cara de Cinoira e abalô lá mais pó mei do pego. Ora enleô-se nas ondas, tiveram cu ir vescar de barco. E éli banhava beim. Despois tiverem cu fazê gumitá a água e arrespiração bocaboca, com o salva vidas dando-le bêjos nos bêços. Aquilo era memo nojento, carafo! A minha Bia e as ôtras, andarom até horas d'almoço mulhando-se inté às curvas das pernas. Despois almoçámos, bobemos uns escolates valentis e tivemos a tarde entêra cantando à alentejana na praia até o soli se pôri é que se viemos imbora. O pió desse dia é candámos todos uma mancheia de tempo com as costas e o pêto empolados até más não. 9.5 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 5 - in A PLANÍCIE (data: 1983?) A Escola Conde era rapazinho p'aí com uns 7 ò 8 anos, a minha mãe disse-me quê tinha d'ir pà escola aprende a ler e a escreveri. -Nã quero!— Griti eu — Se me chegom a tanchar na escola fujo de casa! Com'a minha mãe pa estas coisas era mais má c'uma dôr de barriga, dê-me um estramelo nas ventas que me fez ver as estrelas 3 dias pa lá do solposto. De manêras que na ganhi nada com a torada que fiz e acabarom por me pôri na escola da Dfesa. Lá ia ê todos dias mais os ôtos do mê tamanho a péi até à escola. E erom uns quilómetros valentis! E ódespois tinhamos que passar a ponte do Ardile adonde ficávamos banhando o maior parte das vezis. Encontê andi à escola, nã hôve nem um dia (nem um diazinho sequer), quê chigasse a horas. Todos dias levava uma carga de estoiro e nã me desmanginava. O pió de tudo era a passage da ponti: ó iamos pescar à lapa ó íamos banhari, e escola... visteza! A pressôra préguntava ondé ca gente tinha andado e a gente dezia sempri: -Fomos ós ninhos, m'sôra! No fim ela dava dez réguadas a cada um, e mandava-nos pó canto de castigo. Êramos sempe os mesmos: ê, o Zéi Alacrou e o Cara de Cinoira. Desde piquininos c'andámos sempe juntos! Uma vez, esta nunca mais me esqueci), no entervalo armámos uma garreia, e condo a pressôra foi lá ròbámos o sino leváme-so ò Ardile e tanchámos com eli no fundo do Pego dos Marmelêros. Ódespois abalámos cada um pa sê chêral lá pa longi; de manêras que condo a perssôra quis meter a genti na sala teve c'andar fugindo por aquelis cabeços, chamando a genti. Eh que torada! Já nã hôve escola nesse dia qu'ela nã conseguiu apanhar nengueim. O pió foi no dia a seguiri quela dê uma sova de réguadas na gente todos, e ódespois fez preguntas. Condo chigô a minha vez, quis saber quem é que tinha sido o premêro Rei de Portugali. -Sê lá eu! Algum pante-minêro! -Levas dez réguadas! -Qu'é lá saberi! Nã me doiem! -Batê-me ca força toda e passô ò Cara de Cinoira. -D. Dinis! — Responde eli. Mái estoiro, A seguir foi o Zéi Alacrau. -Ê cá nã fui! Eh! A pressôra chamô-le tudo! Dê-le uma mã cheia de réguadas co Zéi até arroto a pirum seco ódespois fez-nos um ditado. Condo o corregiu, disse quê era o que linha tido menos erros. Fiquei todo babado. - Atã e contos tive msõra? -14! -Sóu?! Eh! A última vez que fizemos o ditado, tive alguns dezanovi. Tô a ficá boum! Levi quatr'anos pa fazè a sigunda classi, e dezia sempe ó mê pai que passava, todos os anos de manêras quele julgava quê já andava na quarta. -Atâ e este ano? Passas? — Préguntô-me eli. -Tá um becado malote! -Tá um becado malote? Atã mas que conversa é essa? Tarei quir a falar ca pressôra ? Ei céu! Esconfique até as unhas dos péis se me puserom brancas! O mê pai chigô lá à escola e préguntô que tal ia eu. A pressôra disse quê nã era munto mau, mas naqueli ano não devia passari. -Tameim! A 4ª classi é uma migalhinha puxada! Quarta classi? Condo ela lhe dissi quê só andava na sigunda, ele dê um pulo até às nuves. Parecia que le tinha picado um atabão! Picô o burro drêto ô Taquali com vontadis de me esfolar vivo, ma condo lá chigô, já ê tinha fugido. Ora Boum! Andi fugido alguns dois dias, ma memo assim nã me livri da sova. E foi por casa destas capeias que só acabi a 4ª classi com alguns dezassete anos. 10.1 AMARELEJA Rumo à sua História, de Padre João Rodrigues LOBATO, 1961, pp. 179 a 193 EPISÓDIO da vida no Campo – com Glossário Desde o começo da minha vida de pároco que adoptei o costume de dar, de vez em quando, uma volta pelo campo e aportar a este ou àquele monte, a, esta ou àquela courela, onde se encontram pessoas trabalhando. Eu acredito verdadeiramente e os meus mestres me ensinaram que o campo é o melhor tónico, para recuperar forças que se vão desgastando no emprego diário das faculdades ao cumprimento do dever. Em geral são essas voltinhas pelos montes aproveitadas numa conversa com um camponês ou num convívio mais íntimo com Deus na reza do meu Breviário ou do meu Terço. Ora de uma vez em lindo dia de sol, dei pelos arredores, uma destas voltas que aproveitei para fazer a meditação. Os campos pareciam já um jardim; milhões de flores de todas as qualidades exalavam perfumes variados, que uma leve aragem dispersava na celeste claridade da atmosfera. Tomei para terna da meditação esta frase escrita no salmo 18 pelo Santo Rei David: OS CÉUS PUBLICAM A Glória DE DEUS, E O FIRMAMENTO ANUNCIA AS OBRAS DAS SUAS MÃOS... Caminhando nesta contemplação a sós com Deus e a natureza, fui porém interrompido com o que passo a descrever: Parara na estrada um automóvel. Momentos depois saía do carro um engenheiro, já meu conhecido. Cumprimentámo-nos e falámos um pouco dos seus trabalhos no estudo da electrificação da aldeia. Acompanhava-o um rapazote que tirava, do carro vários objectos, entre eles uma enorme régua numerada e traçada a cores. Caminhámos todos pela extrema de uma rica seara de trigo com umas courelas de favas em flor povoadas de insectos. Numa pequena elevação de terreno, montaram o taqueómetro. O rapaz afastou-se com a régua na mão enquanto o engenheiro começava a espreitar pelo aparelho e dar ordens ao rapaz, para que empinasse aqui ou empinasse acolá. Estavam os dois nesta ocupação, quando, numa vereda orlada de ervas exuberantes, surge um velhote alquebrado pelos anos, de golpelha ao ombro esquerdo, tocando com um pé de burrico duas vacas leiteiras que seguiam ronceiramente abocanhando nas ervas. Um tanto curioso bom do velhote aproximou-se do engenheiro que tomava uns apontamentos, e disparou a usual saudação: - Bom dia cá d'ó péi! - Bom dia! Respondi eu e o engenheiro, este sem levantar os olhos. – - Mas então vossemecê, quem vem a ser? E o que é que estão tarraceando? Que anda esse piquenalho fazendo com aquela tábua, de oiteiro em oiteiro e correndo esses alcanchais? O engenheiro deixou de escrevinhar, espreitou pelo aparelho, e ordenou ao rapaz que colocasse a régua noutro lugar. - Não pises as favas ao homem, paiolo! - exclamou o velhote. Sempre ouvi dizer aos intigos que quem não tem que fazer, faz colheres. E o tempo é para quem vai bom. - Ó homem! Não seja parvo, não vê que sou engenheiro! Estou a estudar o lançamento das linhas para vir a luz eléctrica cá para a aldeia! - Ah!... Eu de taronjo nunca tive nada, agora o que nam posso é ad'vinhar, poi'sorte! - Então já fica sabendo! - Ore essa! Mas voltando cá ainda à conversa. Luz hai ele aí, hai que Janeros... Era eu soldado em Estremores, e no ano seguinte fomos p'rá guerra da França. Se haverai anos! Foi inté um espanhol que fez a fábrica, essa que é agora do Sr. Calros Ravasco! - Pois esta luz agora é melhor! - Sará! Mas Vossemecê põe luz aí nesses favais? - Não! É para passarem às linhas que vêm do Castelo de Bode, lá de ao pé de Tomar. - Bá,á... Al será que isso ategue. Na ponta sará como a estrada de Barrancos, que já nam tem conta os anos que aí levam empatando. Nam passa de um atasqueiro que nem uma carrinha de estevas se pode trazer lá dos Castelos... Que ele hoje já num hai quem dei um molho de ramalhos para fazer um caldo de toicinho... - Pois olhe que desta vez vão ter luz, boas estradas, uma Casa do Povo nova, mais ruas calcetadas, água canalizada... - Já me fizeram essa conversa, mas tenho cá p'ra mim que nam sará nenhum esbarrunto. Isso assim mal acomparado, vai ser com'ós poços da água qu'abriram ali no Carapetal e onde a Junta gastou uma fortuna. Por fim os engenhe'ros – vossemecê deve saber, talvez fosse vossemecê, quem sabe - enregaram a dizer que nam valia a pena, que o nascente era munt'endebles, que a traziam do Ardila... Imagine... Por fim, a bebermos água da Ribeira, p'ra onde corre toda a porcaria! - Mas nesse caso seria filtrada e preparada! - Deixe lá home, só aí da aldeia, tem que ver as carradas de murraça que as primeiras águas do oitono levam p'rá Ribeira... Pois se ele no Verão é aí um chamusco por essas travessas... ora, e quando não hai chamusco, hai com cada barrancada de lama qu'eu num vi... - Não desanime, pois as coisas têm que ir pouco a pouco. - Lá isso é verdade, sim senhor. Isto o que é preciso é que a searinha não vá faltando, mas os anos têm vindo mum ruins. Lá se vão as malsoadas das vacas embora. Olhe aquela que vê além, bichinho como aquele nam hai fac'lmenrte. Pró mês de S. João deve ter outra cria... Mas vossemecê nam tem por aí uma verga d'água? Está mai'bem calor hoje. Isto no campo é como calha a estar. Às vezes frio, e d'i calor e d'i vento e d'i chuva; dá'mas fezes mum grandes a labuta do campo. Desde que se dêta mão a semear, até que se enrega levá-lo pró celeiro, Jasus que é Deus, o que é preciso dar às galfárrias. Por fim se o ano não ajuda, adiós quinim! O tempo às vezes estrompalha tudo, até parece que é por rebendita. - Você tem seara e essas vaquinhas, não? - Ora 'poi'sorte, tem que a gente ir formigando para arranjar o avio. Tenho lá dois netos, que quase nam me deixam fazer nada e o pouco que vou fazendo, ainda é p'ra eles. Nam sei por quê, parece que me sinto mais carançudo p'ros netos do que me senti p'ros filhos. Um nam passa de um chinchilha, mas o outro lava-se com uma bochecha de água... Estava o nosso campónio nesta conversa com o seu interlocutor, quando o engenheiro começava a preparar-se para se mudar para outro ponto. As duas vacas iam também entrando por uma seara e tudo se conjugou para que a conversa tomasse outro rumo e o bom do velhote se afastasse, ralhando com as vacas e, despedindo-se de nós, lá seguiu o seu caminho. Mas o que é certo é que achei graça a certos termos que ele empregou e que mais vezes eu ouvira a outras pessoas, sobretudo às mais idosas. Mais um bocado de conversa entre mim e o engenheiro sobre futuras realizações de futuros progressos na freguesia e cada um foi à sua vida. De regresso a casa, fiz o propósito de compilar para as gerações que vierem, alguns termos que hoje dão à conversação amarelejense um certo cunho típico e de bastante originalidade. Peguei no lápis e no papel e com a ajuda dos amigos arquivei as seguintes palavras e frases mais usuais.1 1 Ainda que os termos do seguinte vocabulário não sejam todos oriundos de Amareleja, são porém aqui usados com mais insistência do que noutra parte qualquer. 10.2 AMARELEJA Rumo à sua História, de Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 BREVEs DIÁLOGOs POPULARes: - Prim'Maria que tem tu'menina? - Ora! Q'havera de sêri!... Uma 'bechana d'asa vermelha que faz zunga e faz meli que'le picou!... - Então foi uma aboilha que'le picou... - Um'aboilha, sim! Prim'Maria, uma aboilha... --------------------------------------------------------------Certa mulher foi consultar o médico por causa de uma filhinha ainda de peito: - Sr. Doutôri, venho mostràri a'mnha Menina! Tem tado mun màli! - Então que lhe deu de comer? (pergunta o médico)" - Cumpri dá'reis d'açucri, mastugui-lo e di-lo!... 10.3 AMARELEJA Rumo à sua História, de Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 (De D. Maria da Paz Barreto Martins.) NÃO ME TROCO POR NINGUÉM Nam m’envergonho dezer, Diante de toda a gente, C'aqui o Chico Valente, Ó seja, eu arrepresentado, Sou homem sério e honrado E nam me troco por ninguém. E mesmo sem ter vintém Nam invejo os grandes senhores, Embora sejam dotores, Ó lavradores abastados. ‘Stam'te mê'dia detados, Dormindo nos bons colchões, E comem os bons gimões. 'Stam à grande regalados! Mas cá o Chico Valentão, É homem doutra condição! Boto os safões e o pelico E mais airoso qu'a um rico Saio logo de madrugada. Pranto ao ombro a enxada E vou p'ró campo trabalhari... E é que nada me faz mali. Nam faltando o tabaquinho, Mais a Pinguinha d'e vinho, M ais o mê burro jarico, Sô mais feliz qu'a um rico!... Tenho a saúde de ferro E trabalho porque quero! E nam me envaio em cantigas. Poi'quem sabe fazer migas, Dar-le volta e comê-las, Esse sabe merecê-las. P'ra lavrari e sameari Nam dou a drêta a ninguém... S'aparece p'r'aí alguém Qu'a mim me quera ganhar, Té sou capaz d'o tombar!... Ele aqui está que se veja Se alguém, drento d'Amareleja, Comigo quer apostar Se é capaz de me igualar, Nas coisas da ingricultura, Qu'a verdade... logo se apura! Mas... cá me veio ao sentido... Quando eu estava subido, Em riba duma olivera, E falou desta manera Um engenheiro de fora" Qu'ap'raceu naquela hora E pôs-se o corte a mirar... - Homem, eu queriló ensinar, Se você tem paciência, De aprender esta ciência, P’lra ,saber podar ,mais bem. - Cá a mim nam me ensina ninguém... S’o senhor tem essa ciência Eu tenho munta 'spirência... Ó despois lá me convenceu. E o resultado vi eu No óutro ano a seguir E agora digo eu a rir, Já tudo nos vem às modas. Até na quistão das podas. Taremos de dar razão Ao engenheiro Mira Galvão. Que ele é o que sabe mais, Os dedos nam são iguais E foi estudar em boa hora Lá p'r'ó estrangeiro de fora. Temos cá outro entendido, Que emprega munto o sentido, E também está na altura Nas coisas da ingricultura Dá leções com munto jêto. E o senhor Ongenio Barreto. S'um dia tenho paciência Vou fazer uma spirência!... Enxerto uma azinhera Com'mas puas d'olivera. E s'isto der resultado Já eu estou amanhado. Vai o caso p'r'ó jornal. Muita fama hei-de eu ganhar, E depois serei premeado Com alguns dinheros do Estado. Mas dá-me na gana dezer Que 'sou um homem valente!... E nunca fiz mal a ninguém. Trabalho, mas sei por 'spirência... Outros terão a ciência!... Há no mundo munta gente Mais cá o Chico Valente Nam se troca por ninguém. De D. Maria da Paz Barreto Martins. 11 Conde de Ficalho In Conde de Ficalho O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS (EALPA) (CFicalho). In NOTAS ACERCA DE SERPA A maioria dos termos que aqui registamos é a partir de O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS, que também tinha sido publicado in A TRADiÇÃO, de Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899, p. 81, ver 97, 113 e 129. Nota: A lista de (outras) palavras e expressões que fomos encontrando no decorrer do trabalho e podem contribuir para o enriquecimento do vocabulário. Por estar ligado às NOTAS ACERCA DE SERPA, a maioria dos termos que aqui registamos é a partir de O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS, que também tinha sido publicado in A TRADiÇÃO, de Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899, p. 81, ver 97, 113 e 129. É de salientar aqui, três aspectos importantes realçados pelo Senhor Conde em outros estudos: 1º - A ocupação árabe, sobretudo no Sul, a primeira a ser ocupada e a última a ser libertada, estende-se por quase quatro séculos e meio, cinco. Tarik, de 710 até 1249, a tomada de Faro por D. Afonso III, tendo deixado profundas influências e marcas. 2°- Entretanto, se ficaram marcas profundas e grande influência quanto aos hábitos e indústrias locais e até no vocabulário, isso não aconteceu quanto à transformação da língua, nem da religião. A índole e estrutura das duas línguas eram muito diferentes; a religião, não respondia aos anseios e maneira de ser mais profunda. 3º - Apesar de encontrarmos numerosas palavras e nomes de origem árabe, estas são nomes de terras ou palavras para designar objectos concretos, instrumentos de trabalho, e como se vê, são raríssimas as palavras de origem árabe para traduzir algo de abstracto, sentimentos ou paixões. O pensamento e o sonho, parece que ficaram sempre fora da influência da língua! Será verdade? Da língua terão ficado mas do sonho? O imaginário oriental e o fascínio de Córdova, Sevilha, Toledo, Silves... Moura, talvez seja, aqui, o que nos fascina, ali, ao alcance da mão!!! Algumas ligações para ver e ouvir textos, vídeos, gravações… Recolhas de Pedro Mestre com Chico do Moinho http://www.youtube.com/watch?v=v7HuG-L_Q_o&feature=related Recolhas de Pedro Mestre com as Cantadeiras Emília Graça, Alice Maria, Maria do Rosário, 1ªParte http://www.youtube.com/watch?v=gv8bixRa8Oc Lídia Vaz - Forasteiro meu amigo http://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id =1020&Itemid=770 Idalina Cacito-O sapateiro http://www.youtube.com/watch?v=_oGwyrLeHaw&feature=player_embedded Edvige Rafael - Pedro das malas artes http://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id =884&Itemid=654 Olívia Brissos – Ditados – as perdizes http://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id =891&Itemid=653 Subi ao alto do Monte http://www.youtube.com/user/memoriamedia#p/u/15/DoJjViZuKSk Maria da Castanheira http://www.youtube.com/watch?v=P0uhRzvwz-k&feature=related 10 - ardila - maria da castanheira http://www.youtube.com/watch?v=5eqCay2c-RU&feature=related Poesia Alentejana http://www.youtube.com/watch?v=o9b-V8r19Rk&feature=related ‘Strala a Bomba – As Meninas da Ribeira do Sado http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf ‘Strala a Bomba – As Meninas da Ribeira do Sado – Adiafa (não disponível) mas: http://www.youtube.com/watch?v=xbcWoIE9i8o http://www.belacena.com/video/3469 Conde de Ficalho – expressões vindas do árabe http://www.joraga.net/contos/pags/3falas.htm#fala3 Mestre Alentejano http://www.youtube.com/watch?v=Yher-plFsbE Saramago http://www.youtube.com/watch?v=NWu3bkM5fM8 Rebera de Odivelas e outros: http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf Décimas de Inocêncio de Brito: http://www.joraga.net/iBrito/index.htm MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasMloendrero.htm Linguajar da Cuba http://historiaselendas.no.sapo.pt/paginas/falar.htm in PedroMestreCampanica PedroMestreCampanica memoriamedia memoriamedia memoriamedia memoriamedia memoriamedia memoriamedia jgcrosado memoriamedia joraga.net CantarDamigos ou em belacena joraga.net rvccgerinho /mariadoalentejo joraga.net joraga.net joraga.net historiaselendas.no.sap o.pt/paginas/falar http://www.joraga.net/ trabalho digitalizado em verdana 10 e outros pode ser difundido e enviado em PDF e em formato papel a pedido por @ JORAGA Corroios, Seixal Primavera 2011 ALENTEJAnadas Alentejanando – Estórias e Sabores Joaquim Pulga JPulga CANCIONEIRO DE SERPA Maria Rita Ortigão Pinto Cortez Edição da Câmara Municipal de Serpa 1994 CS - RCortez Dialecto Alentejano – contributos para o seu estudo Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001 AMARELEJA Rumo à sua História Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS ARH JRL - Lobato CFicalho - CFicalho AutoN A Linguagem Popular do Baixo Alentejo Manuel Joaquim Delgado Ed. Assembleia Distrital de Beja 1983 Alentejo Cem por Cento Prof. Joaquim Roque Ed. CM Ferreira do Alentejo - 2ª ed. 1990 Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente Machado Ed. Biblioteca Museus de VVFicalho, 1980 Conde de Ficalho AUTO DO NATAL – PRESÉPIO Casa do Povo de São Matias, Beja ´ Alentejo100 - JRoque LPBA JD - Delgado Dicionário de Falares do Alentejo Vítor Fernandes Barros Lourivaldo Martins Guerreirp Ed. Campo das Letras - 2005 MonografiaVVF Machado Os Falares Fronteiriços de Olivença e Campo Maior… José Luís Valiña Reguera Jornal Terras do Cante Nº0- 1994 DialectoAl – Manuela jTC Nº 0 1994 JLVReguera “Atão cumpadres, qui’é que’stão p'raí conversando… remoncando… arengando… ramplonando… adealgando…" Corroios 2011 04