Revista de Pesquisa em Saúde - V 12, Nº 2, MAIO-AGO - HU-UFMA
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Revista de Pesquisa em Saúde - V 12, Nº 2, MAIO-AGO - HU-UFMA
ISSN 2236-6288 Revista de em Saúde Journal of Health Research Volume 12, n. 2, maio-agos/2011 Endereço para correspondência: Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. 4º andar da Unidade Presidente Dutra (HUUPD) - CEP.: 65020-070 São Luís-MA. Brasil. Telefone para contato: (98) 2109-1242, 2109-1092 E-mail: [email protected] Disponível também em: < http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahuufma > Revista de Pesquisa em Saúde Journal of Health Research ISSN 2236-6288 Revista de Pesquisa em Saúde São Luís v. 12 n. 2 p. 1-62 maio-agos/2011 © 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research é uma publicação quadrimestral do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) que se propõe à divulgação de trabalhos científicos produzidos por pesquisadores com o objetivo de promover e disseminar a produção de conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas na área de saúde, assim como possibilitar o intercâmbio científico com programas de Pós-Graduação e Instituições de pesquisas nacionais e internacionais. As versões impressa e online estão indexadas no sistema Latindex (Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal) e afiliada à Associação Brasileira de Editores Científicos - ABEC. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Conselho Editorial / Editorial Board Natalino Salgado Filho Reitor Aldina Maria Prado Barral - UFBA/FIOCRUZ Antonio Augusto Moura da Silva - UFMA Armando da Rocha Nogueira - UFRJ Afksendiyos Kalangos - UHG-Suiça Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza - UNESP Domingo Marcolino Braile - FAMERP Elba Gomide Mochel - UFMA Fábio Biscegli Jatene - FMUSP Fernanda Ferreira Lopes - UFMA Gustavo Adolfo Sierra Romero - UNB Jackson Maurício Lopes Costa - CPqGM/FIOCRUZ Luciane Maria de Oliveira Brito - UFMA Márcia Mattos Gonçalves Pimentel - UERJ Marcus Gomes Bastos - UFJF Maria do Céu Aguiar Barbieri de Figueiredo - ESEP-Portugal Maria Rita de Cássia Costa Monteiro - UFPA Pablo Maria Alberto Pomerantzeff - USP Rodolfo A. Neirotti - USA Semiramis Jamil Hadad do Monte - UFPI Walter José Gomes - UNIFESP Vinicius José da Silva Nina Diretor Geral Nair Portela Silva Coutinho Diretora Adjunta de Ensino, Pesquisa e Extensão Marília Cristine Valente Viana Diretora Adjunta de Administração e Finanças Joyce Santos Lages Diretora Adjunta de Planejamento Antônio Raposo Filho Diretora Adjunta de Serviços Assistenciais Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research Editores Associados / Associate Editors Arlene de Jesus Mendes Caldas - UFMA Nair Portela Silva Coutinho - UFMA Natalino Salgado Filho - UFMA Vinicius José da Silva Nina - UFMA Normalização Bibliográfica / Bibliographics Standards Ana Luzia de Sá Magalhães Telma Maria Santana Amaral Editora Chefe / Chief Editor Arlene de Jesus Mendes Caldas Revisão de Inglês / Proofreading of english texts Max Diego Cruz Santos Secretária / Secretary Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa Editoração Eletrônica / Desktop Publishing Francisco Ferreira e Silva Felipe Revista de Pesquisa em Saúde, periódico biomédico de divulgação científica do Hospital Universitário da UFMA, v.1, n.3, 1995.-São Luís, 1995. v. 12, n. 2, 2011 Quadrimestral. (ISSN – 2179-6238) versão impressa (ISSN – 2236-6288) versão online 1. Ciências da Saúde – periódicos. I. Universidade Federal do Maranhão II. Hospital Universitário. CDU: 61(05) Todos os manuscritos publicados são de propriedade da revista, não sendo permitido a reprodução, mesmo que parcial em outro periódico, seja por meios eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Tanto os conceitos emitidos nos manuscritos como a revisão da língua portuguesa, são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não refletindo necessariamente a opinião do Conselho Editorial. Apoio Sumário / Summary ISSN-2236-6288 Rev Pesq Saúde, 12(2): 1-62, maio-agos, 2011 © Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research EDITORIAL 7 Editorial Perfil da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 9 O perfil postural do idoso asilado e sua relação com o nível de equilíbrio postural The postural profile of the institutionalized elderly people and its relation with the level of postural balance Jean Carlos Sousa de Santana, Bismarck Ascar Sauaia e Karla Virgínia Bezerra de Castro Soares 13 Percepção de primigestas adolescentes sobre saúde bucal Oral health perception of teenage primiparous women Bruna Ferreira Amorim, José Ferreira Costa e Elizabeth Lima Costa 18 Perfil dos processos por erro médico em São Luís - MA Profile of medical error lawsuits in São Luís - Maranhão Deíla Barbosa Maia, José de Albuquerque Figueiredo Neto, Sonayra Brusaca Abreu, Diego Salvador Muniz da Silva e Luciane Maria Oliveira Brito 23 Avaliação dos aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológica divulgadas por profissionais em São Luís - MA Assessment of ethical aspects of advertising and propaganda disseminated by dental professionals in São Luís Maranhão Ana Laíssa Gomes Martins, Maria Aparecida Costa, Marcelo Victor Gomes dos Reis, Lorena Lúcia Costa Ladeira, Elizabeth Lima Costa e José Ferreira Costa 27 Avaliação da intensidade da luz dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em clínicas odontológicas de São Luís - MA Light intensity evaluation of light curing units used in dental clinics of São Luís - Maranhão Samantha Ariadne Alves de Freitas, José Ferreira Costa e José Roberto Oliveira Bauer 32 Nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão - UFMA Level of physical activity of servers in elderly pre-retirement period of the University of Maranhão - Brasil Carolina Abreu de Carvalho, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca, Alessandra Gaspar Sousa e Soraia Pinheiro Machado 38 Doença hipertensiva específica da gravidez: o envolvimento de puérperas com o autocuidado Specific hypertensive disease of pregnancy: the participation of puerperas with self-care Cláudia Teresa Frias Rios, Elba Gomide Mochel, Thais Natália Araújo Botentuit e Viviane de Sá Coêlho Silva 44 Análise dos óbitos por neoplasia pulmonar em São Luís - MA Analysis of pulmonary neoplasia mortality data in São Luís - Maranhão Caroline Carvalho Velasquez, Herica Araújo Costa, Paulo Roberto Cabral Passos, Samara dos Santos Ribeiro, Wene Jéssica Pereira Mendonça e Lorena Lauren Chaves Queiroz RELATO DE CASO / CASE REPORT 48 Linfangioma de cavidade bucal: relato de caso clínico Oral lymphangioma: case report Erika Martins Pereira, Melaine de Almeida Lawall e Waltair Maria Martins Pereira ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE 51 Tomografia computadorizada Cone Beam em Ortodontia – evolução ou revolução? Visão geral, aplicações, vantagens/desvantagens e dose de radiação Cone Beam computed tomography in orthodontia - evolution or revolution? Overview, applications, advantages/disadvantages and radiation dose Aubrey Fernando Fabre, Juliana Kina, Ana Caroline Gonçales Verri, Alex Luiz Pozzobon Pereira, Marcos Rogério de Mendonça e Osmar Aparecido Cuoghi NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS Editorial Perfil da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research A abordagem multidisciplinar é uma característica da Revista Pesquisa em Saúde, contribuindo na divulgação da produção de conhecimento nas diversas áreas da saúde. Um tema de muitas discussões que envolvem a produção científica tem sido a saúde do idoso. Neste contexto apresentamos o “Perfil postural do idoso asilado e sua relação com o nível de equilíbrio postural e, Nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão”. O crescimento populacional de idosos vem ocorrendo de forma acelerada nas últimas décadas, transformando a senescência em um dos fenômenos mais estudados. O primeiro artigo apresenta uma análise sobre o perfil postural do idoso asilado relacionando-o ao nível de equilíbrio postural e o segundo, avalia o nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, e verifica a associação com o sexo e indicadores antropométricos do grupo. Na área da odontologia, destacamos os artigos intitulados Percepção de primigestas adolescentes sobre saúde bucal, Avaliação dos aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológica divulgada por profissionais em São Luís - MA, Avaliação da intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em clínicas odontológicas de São Luís - MA, Tomografia computadorizada Cone Beam em ortodontia - evolução ou revolução? Visão geral, aplicações, vantagens/desvantagens e dose de radiação, e Linfangioma de cavidade bucal: relato de caso clínico. Os autores do primeiro artigo avaliam o conhecimento de gestantes adolescentes sobre sua saúde bucal e dos seus bebês, por se enquadrarem na classificação de pacientes especiais, uma vez que o período da gestação é considerado ideal para que a nova mãe receba informações que tragam mensagem de saúde plena para seu filho. No segundo artigo, os autores avaliam os aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológicas, sendo que o modelo de marketing mais utilizado pelos cirurgiões-dentistas é o externo (revistas, internet, jornais), que constitui um importante instrumento para atrair pacientes, porém deve ser utilizado sob a ótica da ética. O terceiro artigo aborda a intensidade luminosa emitida, o tipo de luz, o tempo de polimerização e a frequência de manutenção dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados nas clínicas odontológicas; estes aparelhos são imprescindíveis para garantir o sucesso das restaurações estéticas. O penúltimo artigo nesta área é de revisão, trata das vantagens e desvantagens da tomografia computadorizada Cone Beam. O diagnóstico por meio de imagens tridimensionais (3D) do complexo dentomaxilofacial tem aumentando com a introdução da tomografia computadorizada Cone Beam (TCCB), devido ao custo relativamente baixo e da baixa dose de radiação quando comparados aos outros métodos. O último artigo trata de um relato de caso sobre lanfangioma de cavidade oral, que é uma malformação linfática geralmente diagnosticada na infância. No artigo, Doença hipertensiva específica da gravidez: o envolvimento de puérperas com o autocuidado, os autores utilizam a teoria do autocuidado de Orem que tem como premissa básica a crença de que o ser humano tem habilidades próprias para promover o cuidado de si mesmo, salientando-se a importância do continuo desenvolvimento da competência humana. Finalmente, apresentamos o artigo Análise dos óbitos por neoplasia pulmonar em São Luís - MA, que trata da análise dos óbitos por neoplasia pulmonar ocorrido no Estado do Maranhão no período de 2006 a 2009. Nesta edição, esperamos ter contribuído com mais uma etapa no desenvolvimento e na divulgação do conhecimento científico. Profª. Drª. Arlene de Jesus Mendes Caldas Editora Chefe Professora Associada do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão - UFMA ISSN-2236-6288 Artigo Original / Original Article O perfil postural do idoso asilado e sua relação com o nível de equilíbrio postural The postural profile of the institutionalized elderly people and its relation with the level of postural balance Jean Carlos Sousa de Santana1, Bismarck Ascar Sauaia2 e Karla Virgínia Bezerra de Castro Soares3 Resumo Introdução: O processo retrogênico exacerba alterações diversas no organismo destacando-se as posturais e de equilíbrio gerando déficits da autonomia funcional, com repercussão direta na depleção da qualidade de vida. Objetivo: Analisar o perfil postural do idoso asilado relacionando-o ao nível de equilíbrio postural. Métodos: Estudo descritivo, de caráter transversal, com abordagem quantitativa de dados realizado no Asilo São Vicente de Paulo, em São Luís-MA. A amostra foi composta de 28 idosas, após serem considerados os fatores de exclusão. Os dados foram analisados pelos testes de correlação de Pearson e da contingência, com relação às variáveis: alteração postural e equilíbrio. Resultados: Os dados mostraram que quando relacionada a idade e a alteração postural foi indicado que o estado de normalidade cresce inversamente proporcional à alteração postural (p=0,0001). Entretanto ao teste de contingência ficaram definidos com p=0,5566, para equilíbrio estático e p=0,3927 para o equilíbrio dinâmico mostrando que os diferentes níveis de equilíbrio independem da presença ou ausência de alteração postural e, tendem a normalidade. Conclusão: As alterações posturais são determinantes do desequilíbrio postural de idosos. Palavras-chave: Equilíbrio postural. Envelhecimento. Idoso. Funcionalidade. Abstract Introduction: The retrogenic process enhances many changes inside the body, mainly those related to posture and balance, which cause losses in the functional autonomy affecting the self-esteem and life quality of the elderly. Objective: To analyze the postural profile of the institutionalized elderly people and its relation with the level of postural balance. Methods: Descriptive cross-sectional study with quantitative approach. The study took place at São Vicente de Paulo Asylum, in São Luís-MA. The samples consisted of 28 elderly people after considering the exclusion factors. The data were analyzed using the Pearson correlation and contingency tests, regarding the variables: postural changes and balance. Results: When comparing age and postural changes, the data showed that the state of normality increases inversely proportional to postural change (p=0.0001). However, the test of contingency was defined with p=0.5566 for static balance and p=0.3927 for dynamic balance, showing that the several different levels of balance are independent of presence or absence of postural change and tend to the normality. Conclusion: Postural changes are determinants of postural imbalance of the elderly. Keywords: Postural Balance. Aging. Elderly. Functioning. Introdução O crescimento populacional de idosos vem ocorrendo de forma acelerada nas últimas décadas, podendo ser percebido em nível mundial, nacional, regional e local, transformando a senescência em um dos fenômenos mais estudados dos últimos anos1. A senescência configura-se como um processo resultante do somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas do envelhecimento normal, e que, no entanto, não deve ser confundida com a senilidade que é caracterizada por afecções que frequentemente acometem os indivíduos idosos2. O processo retrogenico é universal e inexorável e, de acordo com Lojudice et al.3 à medida que o individuo envelhece, passam a ocorrer mudanças nos seus sistemas em geral, levando ao aparecimento de doenças crônicas, declínio da capacidade funcional, perda de autonomia e independência. Estas somadas ou isoladas acabam por favorecer disfunções em vários órgãos, o que leva o idoso a sofrer inúmeras perdas destacando-se os distúrbios da postura e do equilíbrio postural que irão comprometer suas Atividades Básicas da Vida Diária (ABVDs), Atividades da Vida Diária (AVDs) entre outras4. Quando presente na vida do idoso, a incapacidade funcional passa a exigir um maior grau de ação e resposta por parte dos sistemas, interferindo no aumento das desordens, citando-se como exemplo alterações no equilíbrio estático e na marcha o que passa a favorecer eventos como as quedas, dentre outros agravos, contribuindo para o aumento nos índices de mortalidade e morbidade desta população5. O envelhecimento passa a afetar a todos os elementos que tem relação direta com a manutenção da postura e do equilíbrio visto que estas dependem, além dos aspectos anatômicos, das respostas neurofisiológicas às perturbações externas e internas (Feedback e Feedfoward), onde estes sistemas se completam e se ajustam na vida do homem, tanto em 1. Graduado em Fisioterapia. Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma). Mestre em Ciências da Saúde. Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma). Mestre em Ciências da Motricidade Humana. Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma) Contato: Jean Carlos Sousa de Santana. E-mail: [email protected] 2. 3. Rev Pesq Saúde, 12(2): 9-12, maio-agost, 2011 9 O perfil postural do idoso asilado e sua relação com o nível de equilíbrio postural nível de estrutura quanto no aspecto funcional1,6,7. Com o avanço da idade a velocidade dessas respostas tende a diminuir, vindo a comprometer a segurança e independência funcional do idoso. Por ser a fisioterapia um ramo de saúde que prima pela funcionalidade, seja em nível preventivo ou curativo, detectar alterações ou desordens que possam, a priori, contribuir para a depleção destes fatores é crucial, problemática que fez originar este estudo que objetivou analisar o perfil postural do idoso asilado e sua correlação com nível de equilíbrio postural. Métodos Tratou-se de um estudo do tipo descritivo e de caráter transversal, com abordagem quantitativa de dados, realizado no período de fevereiro a junho de 2010, no Asilo São Vicente de Paula, no bairro João Paulo, em São Luís-MA. A população eleita foi a de idosas asiladas, onde a amostra colhida de forma aleatória foi constituída por um grupo de 28 idosas acima de 60 anos, residentes no próprio abrigo. Todas as participantes foram esclarecidas sobre o teor do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, segundo Resolução Nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram incluídas no estudo todas as idosas residentes no local, sedentárias, que não estivessem fazendo uso de nenhum medicamento psicoativo, que não estivessem utilizando nenhum dispositivo para auxilio de marcha a exemplo de bengalas, muletas, aparelhos de locomoção e sustentação de alta tecnologia e outros, que não possuíssem nenhuma patologia com sequelas neurológicas e, que não apresentassem quadro de dor aguda ou fatores relacionados que pudessem intervir no resultado dos testes e, que aceitassem participar voluntariamente do estudo. Foram utilizados como instrumentos de pesquisa, os seguintes testes: Escala de Tinetti, na avaliação do equilíbrio e das anormalidades na marcha; que consiste de 16 itens, em que 9 são para o equilíbrio do corpo e 7 para a marcha. O Teste de Tinetti classifica os aspectos da marcha como a velocidade, a distancia do passo, a simetria e o equilíbrio em pé, o girar e também as mudanças com os olhos fechados. A contagem para cada exercício varia de 0 a 1 ou de 0 a 2, com uma contagem mais baixa que representa uma habilidade física mais deficiente. A pontuação total é a soma da pontuação do equilíbrio do corpo e a da marcha. A pontuação máxima é de 12 pontos para a marcha, de 16 para o equilíbrio do corpo e de 28 para a total7, 8. Escores abaixo de 19 e entre 19 e 24 pontos representam respectivamente um alto e moderado risco de quedas. De acordo com Lojudice et al.3 a escala apresenta confiabilidade interativa adequada e validade de conteúdo. Para a avaliação postural utilizou-se o questionário elaborado pela empresa Terrazul Informática Ltda., em 2005. Este questionário não trabalha com escores e sim com a avaliação do examinador que examina o paciente em perfil e posição anteroposterior verificando as curvas fisiológicas da coluna vertebral, as alterações nos Membros Superiores 10 (MMSS) e Membros Inferiores (MMII) e simetria entre o todo. Os dados obtidos foram analisados sob a forma de tabela e para posterior análise e discussão utilizouse o teste de independência das variáveis e, o teste de correlação de Spearman que investigou a correlação positiva e negativa entre duas situações, nesse caso (postura e equilíbrio). Para ambas as situações foram conferidas o intervalo de confiança de 95%. Resultados Foram analisadas 28 idosas institucionalizadas no Asilo São Vicente de Paulo, o que representa um total de 100%. Os resultados apresentam-se expostos em forma de tabelas. Os resultados da Tabela 1 que analisam a frequência de mulheres idosas, na relação faixa etária, equilíbrio e alteração postural demonstraram que 57% das mulheres apresentam alterações posturais onde para o estado de anormalidade 3,57 ocorreram com mulheres de idade inferior a 70 anos e 28% em mulheres com idade ≥ 70 anos. Ficou definido respectivamente um "r" = - 1; "r" = 1 e (p) = 0, 0001. Tabela 1 - Frequência de mulheres idosas, na relação faixa etária, equilíbrio e alteração postural. São Luís, Maranhão, 2010. Variáveis E.E.D/N situacionais Idade % n A.P. (n=28) E.E.D/A Sim n 60 - 70 anos 25 89,28 01 ≥ 70 anos % n 3,57 Não % n % 12 42,86 01 3,57 21 75,00 08 28,57 15 53,57 - - A análise da relação alteração postural e os diferentes níveis de equilíbrio estático demonstrados na Tabela 2, apontou maiores frequências para os diferentes momentos do estado de equilíbrio estático e, ocorreram na relação "SIM" para a alteração postural com 71,43%, e anormalidade para o equilíbrio para 25% da amostra, com (p) = 0, 5566. Tabela 2 - Frequência de mulheres idosas, na relação alteração postural e os diferentes níveis de equilíbrio estático. São Luís. Maranhão, 2010. Equilíbrio Estático (n=28) Variáveis situacionais Normal Alteração Postural Anormal n % n % Sim 20 71,43 07 25 Não 01 3,57 - - A análise da relação alteração postural e os diferentes níveis de equilíbrio dinâmico, foram apresen-tados na Tabela 3, onde os resultados mostram que as maiores frequências para os diferentes momentos do estado de equilíbrio dinâmico ocorreram na relação "SIM" para a alteração postural com 78,57%%, e anormalidade para o equilíbrio para 17,86% da amostra, com (p) = 0, 3927. Rev Pesq Saúde, 12(2): 9-12, maio-agost, 2011 Santana JCS, Sauaia BA, Soares KVBCS Tabela 3 - Frequência de mulheres idosas, na relação alteração postural e os diferentes níveis de equilíbrio dinâmico. São Luís, Maranhão, 2010. Equilíbrio Dinâmico (n=28) Variáveis situacionais Alteração Postural Normal Anormal n % n % Sim 22 78,57 05 17,86 Não 01 3,57 - - Os resultados da Tabela 4 mostraram que as maiores freqüências para os diferentes momentos do estado de equilíbrio, ocorreram na relação alteração postural do M.I; M.S. e, o equilíbrio normal com, respectivamente (32,14%); ( 25%), com (p) = 0, 0769. Tabela 4 - Frequência de mulheres idosas, na relação áreas esqueléticas de alteração postural e os diferentes níveis de equilíbrio estático. São Luís, Maranhão, 2010. Equilíbrio Estático Variáveis situacionais Normal (n=22) Alteração Postural MS MI MS e MI n 07 09 06 Anormal (n=05) % 25 32,14 21,43 n 01 04 % 3,57 14,28 MS = Membro Superior; M I = Membro Inferior; M S e M I = Membro Superior e Membro Inferior Quanto à relação dos déficits de equilíbrio com as diferentes áreas corporais em que se encontram mostrados na Tabela 5, as maiores frequências para os diferentes momentos da marcha, ocorreram na relação alteração postural do MI; MS e, anormalidade para o equilíbrio, com respectivamente (35,71%); (25%), com (p) = 0, 0054. Tabela 5 - Frequência de mulheres idosas, na relação áreas esqueléticas de alteração postural e os diferentes níveis de equilíbrio dinâmico. São Luís, Maranhão, 2010. Equilíbrio Estático Variáveis situacionais Normal (n=22) Alteração Postural MS MI MS e MI n 07 10 05 Anormal (n=05) % 25,00 35,71 17,86 n 05 % 17,86 Discussão Este estudo analisou 28 idosas institucionalizadas no Asilo São Vicente de Paulo, o que representa um total de 100%. Das idosas avaliadas 96,43% apresentaram alterações posturais. Os resultados da (Tabela 1) tomam como base a faixa etária dos sujeitos investigados e evidenciam uma diminuição de frequência normal e aumento de freqüência anormal, conjuntamente às alterações Rev Pesq Saúde, 12(2): 9-12, maio-agost, 2011 posturais demonstrando que o estado de normalidade cresce inversamente proporcional à alteração postural. Já o estado de anormalidade cresce diretamente proporcional à freqüência de pacientes com alteração postural. Nossos achados estão de acordo com estudos similares a exemplo de Lojudice et al.,3 Maciel e Guerra4 e Aikawa et al.,9 quando foram observadas forte associação das alterações com a variável idade, ou seja, a maioria dos idosos com faixa etária acima de 65 anos apresenta alterações posturais associadas a déficit de equilíbrio, característica própria do processo retrogenico, onde todas as estruturas imbricadas no processo de manutenção postural e de equilíbrio acabam por sofrer danos tanto em nível central quanto periférico. Incrementando a discussão acerca da problemática aqui abordada, os autores foram unânimes em afirmar que a prevalência de queixas de equilíbrio e postura encontra-se associada a várias etiologias, o que acaba por manifestar-se através de desequilíbrio, desvio de marcha, instabilidades, náuseas e quedas freqüentes, levando o idoso a adotar mecanismos compensatórios para manter a postura adequada e uma marcha funcional, que nem sempre se configuram como satisfatórios, explicando-se a partir daí a grande incidência de quedas e acidentes nesta faixa etária. Quando analisados o equilíbrio e a marcha em estado estático e dinâmico (Tabelas 2 e 3) observou-se que os diferentes níveis independem unicamente da presença ou ausência de alteração postural e, tendem à normalidade. Essas informações encontram eco no pensamento de Medeiros et al.,6 Rebelatto et al.,10 e Simoceli et al.,11 quando afirmam ser necessário estudar o sistema de equilíbrio, seja estático ou dinâmico, através da observação das atividades posturais sem a ocorrência de perturbações, ou com a presença de perturbação, principalmente em se tratando da população idosa, visto que nas duas situações o sistema adota estratégias diversas visando uma compensação adequada, ou seja, durante as mudanças de situação de um individuo estático, o controle corporal interfere de uma determinada maneira e em uma situação dinâmica de outra. Em se tratando de alterações do equilíbrio e postura na população idosa, a palavra multifatorial não deve sair de cena, uma vez que existem inúmeros fatores de risco concorrentes como a presença de doenças neurológicas, músculo esqueléticas, dentre outras. Ainda sob o prisma de Rebelatto et al.,10 Cunha et al.,12 e Bruni et al.,13 e com base em nossos resultados, é possível afirmar que o equilíbrio corporal é um processo complexo envolvendo vários órgãos e sistemas e, que em uma situação de equilíbrio dinâmico tanto o centro de massa quanto a base de suporte se movimentam. Desta forma idosos com alterações posturais podem vivenciar ou não um distúrbio postural e, este pode levá-lo ou não a um episódio de queda reduzindo sua autonomia tanto em seu aspecto funcional quanto social. Acerca dos diferentes momentos do estado de equilíbrio (Tabelas 4 e 5) observou-se que os indivíduos, em sua maioria e, independentemente da faixa etária apresentaram alterações posturais tanto 11 O perfil postural do idoso asilado e sua relação com o nível de equilíbrio postural em membros superiores quanto em membros inferiores, entretanto essas alterações não foram um demonstrativo de perda de equilíbrio estático ou dinâmico. Autores como Sanglard et al.1, Aikawa et al.9, e Rebelatto et al.10, explicam que o envelhecimento afeta todos os elementos que tem relação direta com a manutenção postural e de equilíbrio a exemplo da redução da massa óssea e massa muscular associada a força de contração, aumento da rigidez articular afetando a mobilidade articular com prejuízo da capacidade coordenativa. Sob o mesmo bojo, as alterações posturais geram encurtamentos que promovem a diminuição da força muscular onde a ação muscular esquelética desempenha uma função fundamental para a manutenção da postura, bem como no equilíbrio e na marcha. Entretanto, a perda da instabilidade postural é um assunto por demais complexo para estar associado tão somente a desordens biomecânicas, visto que a tarefa motora requer uma complexa interação de ajustes posturais para manter coordenação e equilíbrio intersegmentar durante a marcha, e os idosos durante a execução da mesma tentam adaptar seu sistema músculo esquelético às mudanças de equilíbrio para gerar estabilidade corporal aumentando a segurança e a confianças em realizar sua locomoção. Outro fator relevante acerca do assunto e, que precisa ser explorado, é a relação de existência de certas patologias. Lojudice et al.3, em estudo semelhante realizado com 51 idosas asiladas observaram que as mulheres, além de se apresentarem com menor massa muscular também apresentam maiores déficits de equilíbrio e marcha com relação aos homens e, que tal fato se explica por apresentarem maior numero de doenças crônicas degenerativas, reduzindo o equilíbrio postural na ordem estática e dinâmica. O presente estudo possibilitou concluir que na população investigada a idade representa fator determinante e influenciador do estado de equilíbrio e marcha das idosas do Asilo São Vicente de Paulo e, assim como crescem as anormalidades dos estados de equilíbrio e marcha, crescem proporcionalmente, suas alterações posturais, mas que estas não determinam, por si só, a marcha ou o estado de equilíbrio estático. Sendo assim torna-se necessário um programa de rastreamento de causas que podem estar gerando quadros de instabilidade e desequilíbrio postural ao invés de simplesmente ações de intervenção e, visto a complexidade que envolve a temática ou a problemática em si, a participação de uma equipe multidisciplinar torna-se fundamental tanto no aspecto preventivo quanto curativo. Referências 1. 2. Sanglard RCF, Henriques GRP, Ribeiro ASB et al. Alterações dos parâmetros da marcha em função das queixas de instabilidade postural e quedas em idosos. Fit Perf J, 2004; 3(3): 149-154. 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Objetivo: Conhecer o perfil de primigestas adolescentes sobre sua saúde bucal e dos seus bebês. Método: Foi realizado um estudo observacional, com abordagem qualitativa em 40 gestantes de 14 a 18 anos de idade, primeira gestação, inscritas num programa pré-natal em uma maternidade pública de São Luís-MA, no período de junho a novembro de 2011. Foi aplicado um questionário com perguntas relativas à identificação, dados socioeconômicos, acesso aos serviços de saúde, informações sobre saúde bucal e problemas bucais decorrentes do período gestacional. Resultados: Verificou-se entre as participantes, que a idade mais frequente foi 17 anos; 22,5% possuem ensino médio completo, 72,5% possuem uma renda mensal familiar menor que 01 salário mínimo e 68,5% vivem com um companheiro; 87,5% acreditam que a gravidez causa cárie; 85% não realizaram tratamento odontológico durante o período; 10% receberam orientações bucais do cirurgião dentista durante o período gestacional, 87,5% escovam seus dentes três vezes ao dia e 95% não utilizam o fio dental, mas 50% são satisfeita com seu sorriso; 35% não sabem quando realizar a higiene bucal do bebê; 62,5% não sabem como realizá-la e 87,5% não sabem o período de levar o bebê ao dentista. Conclusão: Os fatores comportamentais, educacionais e socioeconômicos contribuem para desconhecimento das gestantes adolescentes sobre saúde bucal. Palavras-chave: Saúde do adolescente. Gestantes. Saúde bucal. Abstract Introduction: Teenage pregnancy has been of a great concern to society due to its severe consequences for the teenagers, as well as for their parents and the whole society. This is a period that requires prenatal accompaniment and care. Objective: To know the profile of primiparous teenagers about their and their babies' oral health. Methods: Observational and qualitative approach study with 40 pregnant women at age from 14 to 18 years, which were in the first pregnancy as well as enrolled in a prenatal program of a public maternity in São Luís-MA, in the period of June to November 2011. It was applied a questionnaire, which questions were related to identification, socioeconomic data, access to health services, information about oral health and oral problems during the gestational period. Results: Among the women, the most frequent age was 17 years, 22.5% of them had complete high school, 72.5% reported a monthly family income of less than 1 minimum wage, and 68.5% lived with their partner. 87.5% of women believe that the pregnancy causes caries and 85% did not do dental treatment during the period. 10% received oral orientation from the surgeon dentist during the gestational period. Nevertheless, 87.5% brush their teeth three times a day and 95% don't use dental floss. 50% are satisfied with their smile; 35% don't know when to do the oral hygiene of the baby; 62.5% don't know how to do it and 87.5% don't know the period to take the baby to the dentist. Conclusion: The behavioral, educational and socioeconomic factors contribute to lack of oral health knowledge of pregnant teenagers. Keywords: Teenage health. Pregnant women. Oral health. Introdução A gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde é observado um aumento significativo na prevalência de gestantes jovens em todas as classes sociais e de modo especial nas classes menos favorecidas1. Praetzel et al.,2 enfatizam que a maternidade representa um momento único no ciclo vital feminino, no qual a mulher apresenta-se mais propensa e receptiva a novos conhecimentos e a mudar padrões, o que a torna uma formadora de opiniões e determina o seu papel preponderante no núcleo familiar em relação à saúde. Segundo Politano et al.,3 a maioria dos meios utilizados para prevenir doenças bucais é destinada àquelas pessoas que já adquiriram a doença, ou seja, pouca ênfase tem sido dada à prevenção precoce, relacionada à higienização da cavidade bucal de bebês, ou mesmo à saúde bucal das gestantes. No entanto, a saúde bucal precisa ser preservada durante toda gravidez para criar um ambiente saudável para o bebê, visto que as atitudes da gestante serão transmitidas para o seu filho e quanto mais a gestante souber sobre hábitos saudáveis em saúde bucal, melhor será para o seu bebê4. Partindo do exposto, este estudo se propôs a conhecer o perfil de primigestas adolescentes e o conhecimento de sua saúde bucal e do seu bebê. 1. Graduada do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Doutor em Odontologia. Docente do Departamento de Odontologia I - UFMA. Mestre em Odontologia Social. Docente do Departamento de Odontologia II - UFMA. Contato: Elizabeth Lima Costa. E-mail: [email protected] 2. 3. Rev Pesq Saúde, 12(2): 13-17, maio-agost, 2011 13 Percepção de primigestas adolescentes sobre saúde bucal Métodos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMA sob Nº 23115-004907/2011-09. As gestantes e suas mães foram informadas do estudo e as que concordaram em participar, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Trata-se de um estudo transversal, composto por 40 gestantes na faixa etária de 14 a 18 anos de idade, escolhidas diariamente de forma aleatória, primigestas, estando no 2º e 3º trimestres de gestação, inscritas regularmente no Programa Pré-natal do Hospital Maternidade “Marly Sarney” em São Luís-MA, no período de junho a novembro de 2011, conforme prontuários médicos fornecidos pela Direção do Hospital. Levando em consideração as condições socioeconômicas, escolaridade e o estado civil das participantes, o estudo avaliou o conhecimento e/ou percepção sobre saúde bucal, através da aplicação de um questionário estruturado, composto por 30 perguntas específicas sobre saúde bucal, os quais foram aplicados pelo próprio pesquisador, na sala de espera do hospital, enquanto as mesmas aguardavam a sua consulta pré-natal ou após saírem dela, conforme preferência e co-modidade das entrevistadas. Após aplicação dos questionários, as gestantes receberam orientações sobre promoção de saúde bucal com a utilização de recursos motivacionais tais como palestras educativas, vídeos, modelos demonstrativos, painéis, distribuição de folders. Os dados obtidos foram analisados qualitativamente através do Programa de computador Software Epi-info, apresentados em números absolutos e percentuais, sob forma de tabelas. Resultados A amostra de conveniência constituída por 40 primigestas adolescentes atendidas em pré-natal obstétrico mostrou que a idade mais frequente das gestantes entrevistadas foi 17 anos (55%) e a mínima de 14 anos. Quinze gestantes (37,5%) são solteiras e 25 (62,5%) vivem com um companheiro. Quanto ao grau de escolaridade, 37,5% das entrevistadas têm o Ensino Fundamental Completo; 37,5% possuem o Ensino Fundamental Incompleto; 2,5% Ensino Médio Completo; 22,5% Ensino Médio Incompleto, 5% não estuda e nenhuma universitária. A maioria das jovens apresentou baixa escolaridade. Com relação à renda salarial, 29 (72,5%), apontaram uma renda mensal familiar menor que 01 salário mínimo; 8 (20%) possuem uma renda mensal de 1 a 3 salários mínimos; 02 gestantes (5%) têm renda mensal maior que 3 salários mínimos e 01 gestante (2,5%) relatou não possuir renda mensal familiar. Quanto às orientações recebidas durante o prénatal, 28 (70%) responderam não ter recebido nenhuma orientação de como cuidar de sua boca e a do bebê e 12 (30%) afirmaram ter recebido informações, sendo que 8 (20%) as receberam de seus médicos obstetras e 4 (10%) de seus Cirurgiões Dentistas ou mesmo através da leitura de revistas e livros relaciona-dos ao assunto. Ao serem questionadas sobre a realização de tratamento odontológico nos últimos 12 meses, a maioria (85%) não o realizou. Dentre as que realizaram tratamento, 15% citam os motivos: dor (10%), limpeza 14 dos dentes (2,5%) e tratamento de canal (2,5%); 100% não foram submetidas a procedimentos exodônticos durante o período da gestação, devido aos problemas decorrentes ao uso de anestésico. Trinta e três (82,5%) gestantes relataram não apresentar sangramento gengival durante o período da gravidez. Quando questionadas sobre a frequência de escovação diária dos dentes; o início da higiene bucal do bebê; primeira visita do bebê ao dentista e como deva ser realizada a higiene da boca do bebê, as Tabelas 1, 2, 3 e 4 evidenciam os resultados: Com relação ao flúor, 10 (25%) das entrevistadas conhecem o flúor, sendo que 4 (10%) afirmaram que ele evita, protege e/ou combate as cáries; 6 (15%) gestantes afirmam conhecer o flúor, mas não conheciam sua importância e 30 gestantes (75%) desconhecem totalmente o flúor. Noventa e cinco porcento das Tabela 1 - Distribuição de gestantes sobre a frequência da escovação diária dos dentes, pré-natal Maternidade Marly Sarney em São Luís-MA. 2011. Frequência da escovação n % diária dos dentes 01 vez 02 vezes 02 05,0 03 vezes 35 87,5 Mais de 03 vezes 03 07,5 Total 40 100,0 Tabela 2 - Distribuição de gestantes sobre o início da higiene bucal do seu filho, pré-natal Maternidade Marly Sarney em São Luís-MA. 2011. Início da higiene bucal do % n bebê 07,5 03 Logo que o bebê nasce 32,5 13 A partir do 1º ano de idade Quando nascer o primeiro 10 25,0 dente do bebê 35,0 14 Não sabe Total 40 100,0 Tabela 3 - Distribuição de Gestantes sobre quando levar o bebê pela primeira vez ao dentista, pré-natal da Maternidade Marly Sarney em São Luís-MA. 2011. Quando levar o bebê pela n % primeira vez ao dentista Antes de nascer o 07 17,5 primeiro dente Logo após nascer o 03 07,5 primeiro dente No primeiro ano de vida 10 25,0 Somente nos casos de dor/cárie Não sabe 20 50,0 Total 40 100,0 Tabela 4 - Orientação de Gestantes sobre como deve ser realizada a higiene da boca do bebê, pré-natal da Maternidade Marly Sarney em São Luís-MA. 2011. Higienização da boca n % do bebê Com gaze embebida em água Escova e pasta 10 25,0 Dedeiras Fralda umedecida em água 05 12,5 Não sabe 25 62,5 Total 40 100,0 Rev Pesq Saúde, 12(2): 13-17, maio-agost, 2011 Amorim BF, Costa JF, Costa EL entrevistadas não fazem uso do fio dental, denotando a falta de informação das gestantes para a prevenção da cárie na superfície interproximal dos dentes. Quanto a satisfação pessoal, 20 (50%) gestantes consideram seu sorriso muito bonito, atribuindo ao fato de cuidarem da sua higiene bucal; 15 (37,5%) relataram ter vergonha de sorrir e 5 (12,5%) afirmaram ter o sorriso muito feio, decorrente ao acesso precário ao Sistema de Público de Saúde. Em relação a mito e crença popular de que a gravidez causa cárie é relatada por 35 (87,5%) das gestantes entrevistadas. Sobre a etiologia da cárie, 24 (60%) das gestantes entrevistadas acreditam que o agente causador da cárie seja um vírus; 4 (10%) consideram ser a bactéria e 12 (30%) não souberam responder. Discussão Entre os aspectos a serem considerados no estudo, estão as condições socioeconômicas, escolaridade, estado civil dessas adolescentes. Tomando a escolaridade como exemplo, a maioria (80%) das adolescentes tinha somente ensino fundamental, mesmo entre as que ainda estavam estudando considerando que na faixa etária dos 15-17 anos deveriam estar cursando ensino médio. Este fator, certamente deve ter contribuído para uma gestação nas jovens, pois a falta de maturidade física e emocional, juntando-se na maioria dos casos, ao fator social e instrução insuficiente para todas as modificações às quais estão sujeitas constituem um fator de vulnerabilidade para primeira gestação5, 6. Dados similares foram encontrados por Duarte et al.7, e Moura et al.8, ao analisarem o perfil de escolaridade das adolescentes grávidas sobre saúde bucal. A correlação existente entre escolaridade e fecundidade das jovens, é descrito por Baraldi et al.7, os quais ressaltam que a taxa de fecundidade das adolescentes é inversamente proporcional a sua escolaridade, o que é confirmado no presente estudo, remetendo aos dados da Síntese de Indicadores Sociais, onde confirmam a defasagem escolar das estudantes8. Mitos e crença ainda arraigados em parte da população sugerem que as gestantes adolescentes não podem ser submetidas a tratamento odontológico, sob o risco de causar dano ao feto, e que problemas de saúde bucal são inerentes à parturiente. SantosPinto et al.9, verificaram que 40,7% das gestantes acreditam em tal fato. Siqueira10, relatou que 72,9% das entrevistadas não relacionaram a gestação com o enfraquecimento dos dentes, porém 27,1% possuem essa crença, motivo pelo qual as crenças e mitos difundem-se cada vez mais nessa população. Da mesma forma, há relatos de que essas crenças influenciam significativamente no compor-tamento da gestante, podendo potencializar o des-cuido no que se refere aos hábitos de higiene bucal. Esse pensamento decorre da falta de informações e dos mitos que são transmitidos de geração em geração e que estão presentes não apenas nos países de terceiro mundo, como também na população carente e desinformada dos países desenvolvidos. Segundo o estudo de Bastiani et al.11, 48,75% das gestantes acharam ser normal desenvolver cárie dentária durante o período gestacional, uma vez Rev Pesq Saúde, 12(2): 13-17, maio-agost, 2011 que muitas mães (35%) relacionaram que os dentes ficam mais fracos pela transposição de minerais, como o cálcio de seus dentes, para os dentes do bebê. Martins & Martins12, também encontraram essa associação em 29,42% das multigestas entrevistadas. Sabendo-se da importância do atendimento odontológico durante o período pré-natal, o acompanhamento odontológico deve sempre ser realizado, uma vez que algumas alterações que ocorrem na cavidade bucal como a doença periodontal, podem ser um fator de risco para nascimento pré-termo e/ou de baixo peso4. Quanto às consultas odontológicas no pré-natal, no estudo de Moura et al.6, 65% das gestantes relataram a frequência de uma consulta por ano; 11% nunca compareceram a uma consulta odontológica. No estudo de Ramos et al.13, 68% das gestantes também não procuraram o cirurgião dentista no período gestacional. Já nos estudos de Fernandes14, foi observado que a atenção odontológica não foi vista como prioridade pelas gestantes adolescentes. A participação do cirurgião dentista em programas educativos no pré-natal, tem demonstrado resultados satisfatórios na conduta dos pais com relação à saúde bucal dos seus filhos. Esses achados são confirmados por Santos-Pinto et al.9, que constataram que 37,7% disseram ter recebido orienta-ções de seus dentistas, o que difere da presente pesquisa, pois apenas 10% as recebeu do dentista. Orientações sobre pré-natal odontológico também se faz presente entre 97% das gestantes grávidas entrevistadas por Batistela et al.15, das quais 86,6% nunca haviam ouvido falar de pré-natal odontológico. Acredita-se que as crenças e mitos existentes entre gravidez e odontologia são responsáveis pela maior dificuldade das gestantes buscarem atendimento odontológico sob o risco de causar danos ao feto, e que problemas de saúde bucal são inerentes à parturiente4, 16. Quanto a freqüência de escovação dentária durante o pré-natal, dados similares ao da presente pesquisa foram encontrados nos estudos realizados por Tiveron et al.17, em um grupo de gestantes na cidade de Adamantina - SP, constatando que 98,2% escovam seus dentes mais de uma vez por dia, e por Silveira et al.18, em que 63,3% das gestantes escovavam os dentes três vezes ao dia. Outros estudos mantém o percentual de cerca de 70% das gestantes assumindo escovar os dentes pelo menos 2 a 3 vezes por dia em detrimento do uso de outros métodos complementares, como o uso do fio dental10,19. Em relação ao início da escovação do bebê, a literatura especializada não traz nenhum relato que indique que a cavidade bucal do bebê deva ser higienizada antes da erupção dentária. Ainda assim, é recomendada a realização da limpeza, tanto para desenvolver na criança o hábito de higienização bucal quanto para remover restos de leite estagnados nas comissuras labiais. No estudo de Santos-Pinto et al.9, verificaram que, 39,5% responderam antes mesmo da irrupção dos dentes e 30% quando o dente irrompe. Politano et al.3, em pesquisa análoga, constataram que 33,33% das entrevistadas não sou-beram responder o seu início; 33,3% afirmaram que deveria ser logo após o nascimento do bebê e 26,19% afirmaram que a erup- 15 Percepção de primigestas adolescentes sobre saúde bucal ção do primeiro dente é o período ideal. No estudo realizado por Praetzel et al.,2 96% das futuras mães afirmaram que a higiene bucal do recém-nascido deve ser realizada. Dentre estas, 12% utilizam fraldas; 9% com gaze; 7% com algodão; 4% com cotonetes; 1% com bicabornato e 4% acreditam ser desnecessária realizála. Autores como Fernandes14; Tiveron et al.,17 enfatizam que bons hábitos de higiene bucal são comuns quando valores de saúde bucal são aceitos como parte do estilo de vida da família e historicamente as mulheres são mais envolvidas, mas em se tratando de adolescentes primigestas, as orientações e informações sobre as doenças bucais e suas medidas preventivas são fundamentais para a incorporação de bons hábitos. Sendo a cárie dentária uma doença com etiologia multifatorial, a sua contaminação e transmissibilidade precoce ocorre a partir de contatos freqüentes e repetidos entre mãe e filho, por meio de beijo na boca, uso do mesmo talher e pelo hábito da mãe “limpar” a chupeta da criança colocando-a na sua boca e logo oferecendo à criança. No presente estudo, 30 gestantes (75%) acreditam que a cárie não seja transmitida de mãe para o filho, discordando com o estudo de Siqueira10 e o de Medeiros e Rodrigues20, onde as gestantes relataram ser conhecedoras dos métodos de transmissão da cárie. Também no trabalho de Praetzel et al.,2 77% e 40% respectivamente das gestantes estudadas, acreditam que beijar o bebê na boca e provar e soprar o leite e comida do bebê serem prejudiciais, enquanto 23% não acreditam trazer prejuízo algum. O desejo de receber informações sobre sua saúde bucal e do futuro bebê, no pré-natal odontológico, também se fez presente em 100% das gestantes adolescentes, pois como enfatizam os estudos de Silveira et al.,18 Fernandes14 e Bastiani et al.,11 durante a gestação, a visão de um futuro melhor para o seu filho norteia e motiva a gestante para a adoção de hábitos conscientes e saudáveis, o que a torna mais receptiva e disposta a adquirir novos conhecimentos. Estudos mostram que poucas gestantes acessam os serviços odontológicos durante o pré-natal, salvo em casos de urgência, talvez por trazerem enraizados conceitos de uma odontologia não profilática e meramente curativa, só necessária em caso de dor, infecção ou moléstia. No presente estudo, 7,4% procu- ram atendimento odontológico, sendo que 60% encontram alguma dificuldade para serem atendidas11,14,18. Quando indagadas o porquê de não buscarem o dentista, elas apresentaram como justificativas: medo de dentista, de fazer mal ao bebê (32,6%); não acreditavam na necessidade (25,9%); falta de tempo, devido aos afazeres domésticos (17,4%); indisposição e descuido (6,6%); tratamento é muito caro (5,7%); demora no atendimento (31,9%). Relatos dessa situação fazem com que a atenção à gestante também não seja difundida pelos cirurgiões-dentistas, pois a percepção trazida por elas é um reflexo de seu ambiente cultural e também das informações recebidas ao longo da vida pelos profissionais da área. Das gestantes que realizaram tratamento odontológico, observou-se que 70% o fizeram em uma Unidade de Saúde Pública; 30% em consultório particular e em outros lugares como sindicatos e escolas. Estes dados demonstram que a maioria das gestantes (70%) recebeu atendimento odontológico em locais públicos de forma gratuita, justificando a baixa renda salarial familiar de que dispõem. Atualmente os serviços de saúde de São Luís encontram-se na gestão plena do Sistema Municipal de Saúde. Segundo as entrevistadas, 62,5% são cadastradas na Estratégia Saúde da Família; 30% consideram ter recebido bom atendimento nas Unidades de Saúde; 80% tem dificuldade no acesso ao atendimento odontológico e 60% têm dificuldade de marcação para suas consultas de retorno, o que inviabiliza a conclusão dos tratamentos odontológicos iniciados e continuidade dos mesmos. Cerca de 87,5% não receberam orientações sobre os cuidados de saúde bucal por um dentista da Estratégia Saúde da Família durante as consultas pré-natais, apesar de serem tratadas com prioridade de atendimento no programa. Relataram também, que o principal impedimento era a falta de motivação dos dentistas, somados ao medo do dentista, à dificuldade de acesso aos serviços, seja por falta de vagas no serviço público ou pela falta de condições financeiras para consultar o serviço privado, falta de tempo e falta de orientação do médico obstetra no encaminhamento ao dentista. Constatou-se que os fatores comportamentais, educacionais e socioeconômicos contribuem para desconhecimento das gestantes adolescentes sobre saúde bucal. Referências 1. 2. 3. 16 Hercowitz A, Figueiredo CW, Echeverria S, Politano GT. A gestante adolescente. In: Echeverria S, Politano GT. Tratamento Odontológico para gestantes. 1ª Ed. São Paulo: Santos; 2011. p. 87-97. 4. Politano GT, Echeverria S. Tratamento Odontológico para gestantes. 1ª Ed. São Paulo: Santos; 2011. p. 28-34. 5. Praetzel JR, Ferreira FV, Lenzi TL, Melo GP de, Alves LS. Percepção materna sobre atenção odontológica e fonoaudiológica na gravidez. 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Rev Pesq Saúde, 12(2): 13-17, maio-agost, 2011 17 ISSN-2236-6288 Artigo Original / Original Article Perfil dos processos por erro médico em São Luís - MA Profile of medical error lawsuits in São Luís - Maranhão Deíla Barbosa Maia1, José de Albuquerque Figueiredo Neto2, Sonayra Brusaca Abreu3, Diego Salvador Muniz da Silva3 e Luciane Maria Oliveira Brito4 Resumo Introdução: O Erro Médico é o dano causado pelo médico a alguém, em decorrência do exercício profissional, mediante ação ou omissão. Apesar da relevância desta problemática, há poucos dados existentes sobre o tema. Objetivo: Caracterizar o perfil dos processos criminais por erro médico em São Luís - Maranhão. Métodos: Estudo retrospectivo realizado pelo preenchimento de fichas do arquivo da Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde, no período de 2002 a 2007. Resultados: Foram analisados 43 processos, envolvendo um total de 47 pacientes. A maioria das vítimas era do sexo feminino (63,8%). Os denunciantes eram parentes (46,5%) ou as próprias vítimas (34,9%). A acusação mais comum foi de lesão corporal culposa (51,1%), seguida de homicídio culposo (37,8%), em especial a negligência (49%). Em 93% havia cópia do prontuário médico nos autos. A maioria dos processos estava em tramitação (86%). Em 65,1% dos processos havia apenas um médico envolvido. Dos 66 médicos acusados, 54,5% eram do sexo masculino, com idade média de 41 anos, da especialidade Ginecologia-Obstetrícia (31,8%). 91% dos médicos eram graduados em universidades públicas. Conclusão: As denúncias por erros médicos foram feitas na maioria por familiares ou vítimas, sendo a lesão corporal culposa por negligência a acusação mais frequente. As vítimas foram na maioria do sexo feminino enquanto os médicos do sexo masculino, média de idade de 41 anos, da especialidade Ginecologia-Obstetrícia e graduados em universidades públicas. Palavras-chave: Erros Médicos. Ética Médica. Má conduta profissional. Abstract Introduction: Medical error is the damage caused by the physician to someone as a result of professional practice, through action or omission. Despite the importance of this issue, there are few data about the subject. Objective: To characterize the profile of medical error lawsuits regarding medical malpractice in São Luís - Maranhão. Methods: Retrospective study performed by filling forms with the lawsuits data of the archive from the Public Prosecution Office specialized in health defense, between 2002 and 2007. Results: We analyzed 43 lawsuits involving 47 patients. Most of the victims were female (63.8%), average age of 34 years. 91.5% of them live in São Luís. The denouncers were relatives (46.5%) or the victims (34.9%). The most common claim was bodily injury (51.1%), followed by involuntary manslaughter (37.8%), and negligence (49%). In 93% of the lawsuits there was a copy of the medical chart in the record. The majority of the lawsuits were not in process (86%). In 65.1% of the cases only one physician was involved. Of the 66 accused physicians, 54.5% were male, with average age of 41 years, which specialization was gynecology and obstetrics (31.8%), followed by pediatrics (10.6%) and general surgery (7.6%). 91% of the physicians graduated in public universities. Conclusion: Denunciations of medical errors were made mostly by family members or victims, and the injury by culpable negligence was the most frequent claim. The victims were mostly females while the physicians were males, with average age of 41 years. Most of the physicians were Obstetrician/Gynecologists and graduated in public universities. Keywords: Medical Errors. Medical Ethics. Professional malpractice. Introdução Juridicamente, erro médico é o dano a alguém causado pelo médico, em decorrência do exercício profissional, mediante ação ou omissão, cometido por culpa, havendo um nexo de causalidade entre a conduta do médico e o dano ocasionado. É o erro culposo, podendo ter consequências tanto na área cível, como na esfera penal ou criminal e também no âmbito administrativo (sob responsabilidade dos Conselhos Regionais de Medicina - CRM)1, 2. O Código de Ética Médica contido na resolução CFM Nº 1931/2009, em seu Capítulo III trata da responsabilidade profissional, estabelecendo que é veda- do ao médico causar danos aos pacientes, caracterizados pela imperícia, imprudência e negligência (Artigo 1º). Este é o principal artigo utilizado e citado nas denúncias realizadas pelos pacientes aos Conselhos de Medicinas3,4. A imperícia consiste na incapacidade do médico em realizar procedimentos para o qual não é habilitado, correspondendo a um despreparo teórico e/ou prático por insuficiência de conhecimento. A imprudência sucede quando o médico assume riscos para o paciente sem respaldo científico para o seu procedimento, agindo sem a cautela necessária; e a negligência, ocorre quando o médico não oferece os cuidados necessários ao paciente, sugerindo inação, passividade ou um ato omissivo1, 3. 1. Médica e Advogada. Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Cardiologista. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo - USP. Docente da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Bolsista CNPq. 4. Mastologista. Mestrado e Doutorado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Docente da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Contato: Luciane Maria Oliveira Brito. E-mail: [email protected] 2. 3. 18 Rev Pesq Saúde, 12(2): 18-22, maio-agost, 2011 Maia DB, Figueiredo-Neto JA, Abreu SB, Silva DSM, Brito LMO Assim, o médico é passível de julgamento em dois tribunais: o da Justiça comum, que segue os preceitos do Código Penal e Civil, e o dos Conselhos de Medicina, cujos julgamentos se baseiam no Código de Ética Médica. O aumento das demandas contra médicos nos últimos anos tem sido um fenômeno notável no Brasil, apesar da inexistência de números exatos sobre o assunto4, 5. Vários fatores são elencados como importantes para este incremento acentuado no número de processos contra médicos, dentre eles: o aumento do número de médicos com formação deficiente, um maior grau de conscientização da população acerca de seus direitos, más condições de atendimento, a influência da mídia, e principalmente, a deterioração na qualidade da relação médico-paciente5. Não se pode esquecer que em vários lugares do Brasil, incluindo o Maranhão e especificamente em São Luís, existe uma precariedade estrutural nos serviços de saúde, principalmente na área pública, com insuficiência de leitos, falta de materiais, desproporção entre o corpo de funcionários e a população a ser atendida. Isto prejudica a relação médico-paciente e também a qualidade do atendimento médico, podendo resultar em processos judiciais3, 6, 7. Portanto, diante do crescente interesse sobre a questão do erro médico, seu conceito, suas características e consequências, de um modo geral, este estudo teve o objetivo de caracterizar o perfil dos processos criminais e dos erros médicos em São Luís - MA. Métodos Foi realizado estudo retrospectivo nos arquivos da Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde - PRODESUS, em São Luís-MA, no período de 2002 a 2007 por meio do preenchimento de fichas com os principais dados dos processos por erro médico. A escolha das variáveis teve por base as informações colhidas na literatura específica sobre o tema, visto que não há documento válido nesta área de pesquisa. Os dados foram digitados no programa Epi Info®, versão 3.4.3, e analisados no STATA®, versão 9.0. Para efeitos de critério de inclusão na pesquisa, foram analisados todos os processos criminais por erro médico, no período delimitado, considerando não apenas acusações que poderiam ser tecnicamente (no sentido jurídico e médico) consideradas um erro médico, mas também qualquer demanda na esfera criminal em que a vítima ou familiares ou o Ministério Público tenham considerado como suposta ocorrência de erro médico, com a instauração de procedimento contra o médico. A escolha da PRODESUS foi justificada porque concentra a quase totalidade das ações criminais por erro médico em São Luís, além do fato destes processos serem públicos, o que não criaria nenhum obstáculo ao acesso dos mesmos. O sigilo das informações foi devidamente ressalvado através da não identificação das partes envolvidas, bem como através do Termo de Compromisso pelos pesquisadores responsáveis. O projeto foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário - UFMA (processo Nº 331041406/2006). Rev Pesq Saúde, 12(2): 18-22, maio-agost, 2011 Resultados No período de 2002 a 2007 foram registrados 46 processos por erro médico na PRODESUS, dos quais somente 43 foram analisados. Houve perda de 03 processos que não foram disponibilizados, pois haviam sido enviados para delegacia, que não os devolveu e nem permitiu sua análise. Em relação ao perfil das vítimas, os 43 processos envolviam um total de 47 pacientes. A grande maioria era do sexo feminino (63,8%), com idade média de 34 anos (variando entre 0 a 86 anos), residentes em São Luís-MA. A escolaridade e a profissão das vítimas não foi possível especificar, pois tais informações não constavam na maioria dos processos. Os denunciantes foram em sua maioria parentes da vítima (46,5%), seguidos da própria vítima (34,9%) e do cônjuge (11,6%). A maior parte das acusações nos processos foi por lesão corporal culposa (51,1%), seguida por homicídio culposo (37,8%). Outras acusações: maus tratos e omissão de socorro representaram 11,1% dos casos. Não houve acusação por crime doloso nos processos por erro médico. Em cinco casos, houve mais de uma acusação em um processo, como por exemplo, na acusação de lesão corporal culposa em relação à mãe e homicídio culposo em relação ao recém-nascido. A negligência (49%) e a imperícia (35,3%) foram as formas de culpa mais alegadas. A culpa não foi especificada em 13,7% dos casos, e em apenas um caso foi alegada imprudência (2%). Vale acrescentar que em oito processos, houve mais de um tipo de culpa imputada aos médicos (Tabela 1). Tabela 1 - Distribuição do tipo de crime e tipo de culpa na acusação segundo a rede de saúde, nos processos por erro médico na PRODESUS, em São Luís - MA, entre 2002 e 2007. Rede Pública Rede Privada n % n % Homicídio culposo 14 37,8 04 57,1 Lesão corporal culposa 23 51,1 02 28,6 Outras acusações 06 11,1 01 14,3 Negligência 20 49,0 05 55,6 Imperícia 15 35,3 03 33,3 Imprudência 01 2,0 - - Não especificado 07 13,7 01 11,1 Total 43 100,0 Tipo de Crime Tipo de Culpa 100,0 Fonte: Arquivos de PRODESUS, 2008. A maioria dos processos (86%) ainda estava em tramitação durante o período analisado. Em cerca de 93% dos casos, havia cópias do prontuário anexadas aos processos. Quanto à associação entre o tipo de acusação e a rede de saúde, não houve significância estatística entre o tipo de crime (lesão corporal ou homicídio culposo) e o local onde foi feito o atendimento - rede pública e privada de saúde (p valor = 0,408). A associação entre o tipo de culpa (negligência, imperícia e 19 Perfil dos processos por erro médico em São Luís-MA imprudência) e a rede de saúde (rede pública ou privada), também não apresentou significância estatística (p valor = 0,9999). Sobre o perfil dos médicos, nos 43 processos analisados, 66 médicos estavam envolvidos. Na maioria dos casos (65,1%), havia apenas um médico por processo; entretanto verificou-se processo com até sete médicos envolvidos. Conforme os resultados a maioria dos médicos processados apresentava idade média de 41 anos (variando de 24 a 60 anos), com mais de vinte anos de experiência profissional. O sexo masculino (54,5%) predominou entre os médicos processados e a Ginecologia-Obstetrícia foi a especialidade mais acometida (Tabela 2). Tabela 2 - Perfil dos Médicos envolvidos em processos por erro médico na PRODESUS, em São Luís - MA, no período de 2002 a 2007. VARIÁVEIS n % Feminino 25 37,9 Masculino 36 54,5 Não especificado 05 7,6 21 a 30 anos 11 16,7 31 a 40 anos 21 31,8 41 a 50 anos 14 21,2 51 a 60 anos 15 22,7 Mais de 60 anos 05 7,6 Sexo Faixa Etária Tempo de Graduação Menor que 2 anos 01 1,5 2 a 5 anos 10 13,6 6 a 10 anos 15 21,2 11 a 15 anos 13 19,7 16 a 20 anos 08 9,1 Maior que 20 anos 18 27,3 Ginecologia-Obstetrícia 21 31,8 Pediatria 07 10,6 Cirurgia Geral 05 7,6 Anestesiologia 04 6,1 Outros 20 30,3 Especialidade Não especificado 09 13,7 Total 66 100,0 Fonte: Arquivos de PRODESUS, 2008 A grande maioria dos médicos graduou-se em universidades públicas, não sendo possível verificar a pós-graduação, haja vista que nenhum deles havia registrado seus certificados de especialização, residência, mestrado e/ou doutorado, junto ao CRM/MA. Nenhum dos médicos processados pela PRO DESUS possuía condenação anterior em processo ético junto ao CRM/MA. Em relação ao perfil dos atendimentos que resultaram em processos por erro médico, a maior parte se refere a fatos ocorridos em hospitais gerais (58%), seguido pelas maternidades (20%). Todos os casos ocorreram em São Luís-MA (Figura 1). 20 Figura 1 - Distribuição por tipo de instituição de saúde onde ocorreram atendimentos que resultaram em processos por erro médico na PRODESUS, em São Luís, entre 2002 e 2007. Quando se analisou o tipo de instituição com a rede de saúde (pública e privada), constatou-se que a maioria dos atendimentos se deu em hospitais e maternidades públicas (28% cada). Vale ressaltar que não houve nenhum processo por suposto erro médico envolvendo maternidades da rede privada. Os atendimentos que resultaram nos processos por erro médico foram, em sua maioria, de urgência/emergência (69,8%). Os casos que ocorreram em atendimentos eletivos corresponderam a 30,2%. Em 81,4% dos processos, o atendimento foi realizado durante a internação hospitalar, e em 16,2%, em atendimentos ambulatoriais (incluindo observação de até 12 horas). Apenas um processo decorreu de atendimento durante a consulta (2,3%). Os atendimentos em questão eram predominantemente cirúrgicos (60,5%), sendo 20,9 % na área da clínica e 18,6% em atendimentos em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Os atendimentos custeados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) corresponderam a 83,7% dos casos, pelo plano de saúde a 11,6%, e apenas dois casos (4,7%) foram particulares (integralmente pagos pelo paciente ou familiares). Discussão Os resultados encontrados neste estudo estão de acordo com a literatura. Em relação ao perfil das vítimas, observou-se a predominância do sexo feminino, tal como nos trabalhos de Maia8 e Montoya9. Vale ressaltar que a maioria dos trabalhos se restringe ao perfil do médico envolvido. Pouco se sabe acerca dos pacientes ou familiares que processaram os médicos. No trabalho de Ribeiro et al.10, no qual foi traçado um perfil sócio demográfico de utilização dos serviços de saúde entre os usuários do SUS, verificou-se o predomínio de mulheres, crianças, pretos e pardos, com nível de escolaridade baixa. Como a maioria dos processos na presente pesquisa ocorreu em atendimentos do SUS, justifica-se a maior prevalência de mulheres. Seria interessante verificar dados como escolaridade e profissão das vítimas, entretanto esta análise foi impossibilitada, pois tais informações não constavam na maioria dos processos. A negligência foi a forma de culpa mais frequente, assim como no trabalho de Bitencourt et al.5, evi- Rev Pesq Saúde, 12(2): 18-22, maio-agost, 2011 Maia DB, Figueiredo-Neto JA, Abreu SB, Silva DSM, Brito LMO denciando que as principais falhas ocorridas no exercício profissional do médico devem-se à omissão, descaso ou passividade do profissional. Isto provoca profunda revolta perante a vítima e/ou familiares que já se encontram abalados com o problema de saúde do paciente e espera do médico a adoção de todas as medidas necessárias para o tratamento. A maior parte das acusações criminais na presente pesquisa foi referente ao crime de lesão corporal culposa (51,1%), seguida por homicídio culposo (37,8%). Os mesmos resultados foram obtidos nos estudos de Mansur e Oliveira11 e Montoya et al.9 As denúncias por erro médico ocorrem principalmente por lesões corporais graves ou mesmo a morte de paciente, quando há envolvimento de grandes danos. Segundo informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Maranhão (OAB/MA), o tempo médio de espera para julgamento é de cerca de seis anos nas varas criminais de São Luís12. Considerando a longa duração dos processos em todo Brasil, e também no Maranhão e em São Luís, a maioria dos processos criminais por erro médico está fadada à prescrição. Realidade semelhante foi ilustrada nesta pesquisa: dos 43 processos analisados, apenas 6 foram concluídos no período, um deles já por prescrição. Os demais estavam ainda em tramitação (86%), não sendo possível determinar a duração média dos processos. Considerando-se que o estudo durou um período de 6 anos, e que o prazo prescricional para o crime de maior frequência é de 4 anos (lesão corporal culposa); até que estes processos sejam concluídos, certamente já estarão prescritos. Em relação ao perfil dos médicos, observou-se que 54,5% eram do sexo masculino. Tal achado está em consonância com outros estudos da área, visto que o sexo masculino é apontado como o sujeito mais envolvido em processos5,13. A baixa prevalência de médicas denunciadas pode ser explicada pelo fato das mulheres serem, em geral, mais atenciosas e cuidadosas que os homens, podendo refletir na melhor relação médico-paciente14. Na maioria dos estudos, a idade média dos médicos envolvidos em processos oscila em torno de 40 anos, e também com ampla experiência profissional. Por exemplo, no trabalho realizado por França e Gomes14 em Brasília, a idade média de experiência profissional encontrada foi 19 anos. A hipótese para explicar este fato faz interface com a maior experiência profissional, no qual médicos tornam-se mais autoconfiantes e menos cuidadosos, reforçando o fato da negligência configurar-se a forma de culpa mais frequentemente apontada. Em relação a condenações anteriores, nenhum dos médicos da presente pesquisa possuía condenação junto ao CRM/MA. Resultado semelhante foi encontrado no estudo de Maia8, em que cerca de 85% dos médicos estavam sendo processados pela primeira vez. Rev Pesq Saúde, 12(2): 18-22, maio-agost, 2011 Quanto às especialidades mais acometidas, na grande maioria dos estudos a Ginecologia-Obstetrícia é a mais frequentemente processada5,13,14. Acredita-se que este achado esteja interligado à concepção do parto ser considerado um evento fisiológico, que envolve mãe e filho (pessoas jovens, saudáveis), em que não se espera ocorrer problemas. Logo, quando ocorre uma morte ou lesão corporal permanente (por exemplo: paralisia cerebral da criança), a família se vê mais impelida a iniciar um processo9,13,14. Nos processos estudados, chamou a atenção os problemas estruturais presentes no sistema de saúde da cidade de São Luís-MA. Estes se configuram como ensejador de vários processos contra médicos, especialmente nas maternidades públicas onde faltam leitos para as mães e UTI neonatal. Dessa maneira, é bastante difícil estreitar os laços da relação médicopaciente nessas situações, o que aumenta a insatisfação por parte dos usuários. No que diz respeito à formação dos médicos na presente pesquisa, a quase totalidade se graduou em universidades públicas, achado provavelmente relacionado à existência de um único curso de Medicina no Estado (na Universidade Federal do Maranhão - UFMA) durante período pesquisado. Em relação à pósgraduação, não foi possível verificar esta informação na maioria dos casos. A mesma dificuldade foi encontrada no trabalho de Bitencourt et al.5 Os processos por erro médico analisados são principalmente denunciados por familiares do paciente e as vítimas são em sua maioria do sexo feminino. A acusação mais frequente foi do crime de lesão corporal culposa por negligência. A maioria dos processos ainda estava em tramitação. Os médicos processados são principalmente do sexo masculino, com idade média de 41 anos, da especialidade GinecologiaObstetrícia, graduados em universidades públicas. Os atendimentos relacionados aos processos ocorreram em situações de urgência/emergência, em instituições públicas e custeadas pelo SUS. Face o exposto, ficou patente a importância da análise dos processos penais por erro médico em São Luís, visto a relevância do tema e as dificuldades encontradas para a obtenção de dados. O perfil dos erros médicos em São Luís é semelhante aos citados pela literatura do Brasil e do mundo. Por fim, verificouse a importância do fortalecimento da relação médicopaciente, que está nitidamente abalada nas situações que geraram os processos; e também das boas condições de trabalho, incluindo problemas estruturais, em especial, do sistema público de saúde. Agradecimentos Ao fomento do Programa de Implementação de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 21 Perfil dos processos por erro médico em São Luís-MA Referências 1. Kfouri Neto M. Culpa Médica e o Ônus da Prova: Presunções, perda de uma chance, cargas probatórias dinâmicas, inversão do ônus probatório e consentimento informado: responsabilidade civil em pediatria e responsabilidade civil em gineco-obstetrícia. 1ª Ed. Editora Revista dos Tribunais; 2002. 2. Teixeira SF. Direito e Medicina: aspectos jurídicos da Medicina. 1ª Ed. Belo Horizonte: Editora Del Rey; 2003. 3. Ribeiro WC, Julio RS. Normativa ética e erro médico. Âmbito Jurídico, Rio Grande. Jun 2010 [Capturado em: 3 mar 2012]; Disponível em: http://www.ambito juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_l eitura&artigo_id=7891. 4. Minossi JG, Prevenção de conflitos médico-legais no exercício da medicina. Rev Col Bras Cir, 2009; 36(1): 90-5. 5. Bitencourt AVG, Neves NMBC, Neves FBCS et al. Análise do Erro Médico em Processos Ético-Profissionais: Implicações na Educação Médica. Rev Bras Educ Med, 2007; 31(3): 223-8. 6. Amorim, M. Faltam UTIs em São Luís. Jornal O Estado do Maranhão. São Luís, 31 de jan. 2007, p 1. 7. Campos PCC. Peregrinação no Sistema Único de Saúde: experiência da sala de acolhimento da porta de entrada hospitalar. [Dissertação]. Rio de Janeiro - RJ: Instituto Oswaldo Cruz; 2006. 227 p. 22 8. Maia DB. Erro Médico no Brasil: análise de processos ético-profissionais julgados pelo Conselho Federal de Medicina no período de 1988 a 1998 [Monografia]. São Luís - MA: Universidade Federal do Maranhão; 1999. 9. Montoya, DS, Rosmanich AP, Villalobos VV. Querellas por responsabilidad médica según especialidades en Chile. Rev Méd Chile, 1993; 21 (4): 396-402. 10. Ribeiro MCSA, et al. Perfil sociodemográfico e padrão de utilização de serviços de saúde para usuários e não usuários do SUS – PNAD 2003. Ciênc Saúde Coletiva, 2006; 11(4): 1011-22. 11. Mansur N, Oliveira RA. O médico e a justiça. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. 2006; 92. 12. Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Maranhão, Conselho Nacional de Justiça. Levantamento estatístico dos processos na Justiça Estadual, Federal e Trabalhista no Brasil, no ano de 2006. São Luís: OAB/MA, 2008. 13. Boyaciyan K, Camano L. O perfil dos médicos denunciados que exercem ginecologia e obstetrícia no estado de São Paulo. Rev Assoc Med Bras, 2006; 52(3): 144-7. 14. França GV, Gomes JCM. Erro médico: um enfoque sobre sua origem e suas consequências. Montes Claros: Universidade de Montes Claros, 2000; 232. Rev Pesq Saúde, 12(2): 18-22, maio-agost, 2011 ISSN-2236-6288 Artigo Original / Original Article Avaliação dos aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológica divulgadas por profissionais em São Luís - MA Assessment of ethical aspects of advertising and propaganda disseminated by dental professionals in São Luís - Maranhão Ana Laíssa Gomes Martins1, Maria Aparecida Costa2, Marcelo Victor Gomes dos Reis3, Lorena Lúcia Costa Ladeira4, Elizabeth Lima Costa5 e José Ferreira Costa6 Resumo Introdução: O modelo de marketing mais utilizado pelos cirurgiões-dentistas é o externo, ou seja, aquele que comunica e divulga através de placas de anúncio, folhetos, propaganda em revistas, listas telefônicas, internet, jornais, etc. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os aspectos éticos envolvidos na publicidade e propaganda odontológicas em São Luís-MA. Métodos: Trata-se de um estudo observacional no qual foram analisadas 150 placas de profissionais pessoa física e pessoa jurídica (clínicas odontológicas). As publicidades e propagandas foram documentadas através de fotografias digitais, sendo posteriormente avaliadas sob o ponto de vista do Código de Ética Odontológica - CEO. Foram excluídas da pesquisa aquelas de difíceis leituras, rasuradas e que não puderam ser fotografadas para a análise. Resultados: Os dados levantados foram submetidos à análise descritiva percentual (regra de três, simples) e armazenados em um sistema aplicativo (Excel®). Observouse que a propaganda mais usada é a do tipo placa (83,4%); em relação aos aspectos éticos relacionados à publicidade e propaganda, apenas 2% apresentavam todos os itens obrigatórios. Conclusão: A maioria das propagandas e publicidades analisadas não segue os preceitos exigidos pelo Código de Ética Odontológico - CEO. Há a necessidade de conscientização desses profissionais quanto aos meios de comunicação e divulgação de seus serviços de forma ética. Palavras Chave: Teoria Ética. Legislação Odontológica. Odontologia Legal. Abstract Introduction: The marketing model used by most surgeon dentists is of external environment type, in other words, one that communicates and disseminates through advertisement cards, brochures, advertising in magazines, telephone books, internet, newspapers, etc. Objective: The aim of this study was to evaluate the ethical aspects involved in dental advertising and propaganda in São Luís - MA. Methods: Observational study with 150 advertisement plates of natural and legal people (dental clinics). Advertising and propaganda campaigns were recorded using a digital camera, and then evaluated according to the dental ethics code. We excluded the plates that were difficult to read, stained, as well as could not be photographed. Results: Data were submitted to descriptive analysis and stored in the Excel® software. It was noted that the use of plates is the most widely used type of advertising (83.4%). Regarding ethical issues related to advertising, only 2% of the ads and plates were complying with all rules. Conclusion: Most of the professionals are not following the ethical rules regarding the advertising. Awareness about the importance of the ethical issues in the means of communication and in the practicing of their professions are of great importance. Keywords: Dentistry. Dental legislation. Legal dentistry. Introdução O mercado de trabalho na Odontologia tem sofrido significativas transformações, como o aumento da concorrência profissional, justificado principalmente pelo acentuado crescimento do número de faculdades de Odontologia no Brasil. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia – CFO, cerca de 16 mil profissionais são formados anualmente em 193 faculdades do país1. Nessa perspectiva, o Marketing constitui um importante instrumento para atrair pacientes, uma vez que tem como objetivo estreitar a relação paciente/ profissional, estabelecendo a lealdade do paciente, que além de ser fiel, ainda será um grande divulgador do seu trabalho2,3. O modelo de marketing mais utilizado pelos cirurgiões-dentistas é o externo, ou seja, aquele que comunica e divulga através de placas de anúncio, folhetos, propaganda em revistas, listas telefônicas, internet, jornais, etc3. O CFO tem a finalidade de supervisionar os aspectos éticos no exercício da profissão, sendo este regido pelo Código de Ética Odontológica - CEO, que tem função regulamentadora e deve ser entendido como um instrumento orientador, longe de objetivar o aspecto punitivo4,5. Através do CEO são estabelecidas regras de conduta, moralidade e ética profissional que, se infringidas, podem gerar ato ilícito praticado em ofensa à lei, à ética, à moral ou aos bons costumes6. Por meio da Resolução CFO Nº 71 de 6 de Junho de 2006, novas regras foram acrescentadas ao capítulo XIV que trata da comunicação, e em sua seção I - do anúncio, da propaganda e da publicidade. No Artigo 33, referente à comunicação e divulgação, consta ser obrigatório conter nome e número de uma 1. Mestranda do Programa de Pós-graduação de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Doutoranda do Programa de Pós-graduação de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Cirurgião Dentista - UFMA. 4. Graduanda do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 5. Professora Adjunta do Departamento de Odontologia II e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Odontologia - UFMA. 6. Professor Adjunto do Departamento de Odontologia I da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Contato: José Ferreira Costa. E-mail: [email protected] 2. 3. Rev Pesq Saúde, 12(2): 23-26, maio-agost, 2011 23 Avaliação dos aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológica divulgadas por profissionais em São Luís-MA inscrição da pessoa física ou jurídica no CRO, nome representativo da profissão de cirurgião-dentista e também das demais profissões auxiliares regulamentadas. No caso de pessoas jurídicas também deve constar o nome e número de inscrição no CRO do responsável técnico. Poderão ainda constar, de acordo com o Art. 33, inciso I, as áreas de atuação, procedimentos e técnicas de tratamento, desde que precedidos do título das especialidades registradas no CRO ou qualificação profissional de clínico geral; as especialidades nas quais o cirurgião-dentista esteja inscrito no CRO; os títulos de formação acadêmica 'strictu sensu' e do magistério relativos à profissão; endereço, telefone, fax, endereço eletrônico, horário de trabalho, convênios e credenciamentos, atendimento domiciliar; logotipo. Entre as normas, a inclusão da expressão "Clínico Geral", pelos profissionais que exerçam atividades pertinentes à Odontologia decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso de graduação ou em cursos de pós-graduação, ou seja, o CD pode informar determinada habilitação (ex: odontopediatria, endodontia, etc.), mas em seu anúncio está obrigado a escrever a expressão "Clínico Geral", caso não seja especialista. Seguindo esses preceitos básicos e os demais previstos nas normas, o cirurgiãodentista pode e deve fazer publicidade, divulgar seu nome e aumentar o rol de pacientes5, 6. No caso de pessoa jurídica, quando forem referidas ou ilustradas especialidades, deverão possuir seu serviço profissional inscrito no CRO nas especialidades anunciadas, devendo ainda ser disponibilizada ao público a relação destes profissionais com as suas qualificações, bem como os clínicos gerais com suas respectivas áreas de atuação, quando houver (Art. 33 inciso II)7. Seguindo esses parâmetros, o cirurgião-dentista desenvolve a propaganda conforme os preceitos éticos, estabelecendo a concorrência leal e correta, contribuindo dessa forma para a elevação e valorização da profissão. Entretanto, a maioria dos profissionais não está seguindo os preceitos éticos, no caso da publicidade5, 8. Além disso, a publicidade legal norteia os princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor - CDC. De acordo com o Art. 6º inciso VIII do CDC, a publicidade inadequada dos serviços odontológicos propicia a falta de esclarecimentos necessários para que o consumidor se sinta apto a procurar pelo serviço, inviabilizando-o de fazer a melhor opção de tratamento6. Garbin5 afirma que a maioria dos profissionais não está seguindo os preceitos éticos, havendo, portanto a necessidade de conscientização quanto a comunicação e divulgação de seus serviços de maneira ética. Para Oliveira4, há um desconhecimento sobre o que é obrigatório e o que é facultativo quanto a questão de anúncio, propaganda e publicidade. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os aspectos éticos envolvidos na publicidade e propaganda odontológica divulgadas por profissionais em São Luís - MA. 24 Métodos Trata-se um estudo observacional transversal e a seleção da amostra deu-se mediante as informações fornecidas pelo Conselho Regional de Odontologia CRO, quanto a distribuição dos profissionais em São Luís-MA. O projeto de pesquisa foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, de acordo com o previsto na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo CEP/UFMA Nº 23115006147/2011-77. Foram selecionadas 150 propagandas e anúncios odontológicos de grande porte que apresentassem fácil visualização e leitura, sem rasuras e/ou qualquer outro meio que dificultasse a identificação e que pudessem ser fotografadas para a análise como outdoors, placas, faixas, pinturas, desenhos, logotipos, distribuídos no Centro e nos 13 bairros mais populosos de São Luís-MA, incluindo localidades de classe social alta, média e baixa, sendo: Cohab, Cohatrac, Cohafuma, Cohama, Angelim, João Paulo, Renascença, Monte Castelo, São Francisco, São Cristóvão, Cidade Operária, Coroadinho, Sá Viana, Turu e Vinhais respectivamente. Os dados foram colhidos nos centros comerciais e ruas de grande fluxo de transeuntes das respectivas localidades, pela facilidade de encontrar maior número de consultórios e clínicas odontológicas instaladas, conforme o CRO. As publicidades e propagandas foram documentadas no período de junho a novembro de 2011, através de fotografias digitais, sendo posteriormente avaliadas quanto aos seus aspectos éticos legais observados no CEO. Os dados foram submetidos à análise descritiva percentual através de um sistema aplicativo (Excel®). Resultados As placas e anúncios analisados foram encontrados em maior quantidade nos seguintes bairros: Centro (21,4%), Cohatrac (14,7%), Cohab (14,7%) e São Cristovão (7,4%). Figura 1 - Distribuição percentual quantitativa das placas de anúncio de acordo com os bairros. A forma de publicidade mais usada pelos cirurgiões-dentistas foi placa (83,4%). Dentre as placas e anúncios analisados, 86,7% eram de pessoas físicas e 23,3% jurídicas. Em relação aos aspectos éticos relacionados à publicidade e propaganda, apenas 2% dos anúncios e Rev Pesq Saúde, 12(2): 23-26, maio-agost, 2011 Martins ALG, Costa MA, Reis MVG, Ladeira LLC, Costa EL, Costa JF placas apresentavam todos os itens obrigatórios. O item menos encontrado foi o nome representativo da profissão cirurgião-dentista (94,7%), seguido do número de inscrição no CRO (79,3%) e nome do profissional (64%). Figura 2 - Distribuição percentual das placas de anúncio quanto os itens obrigatórios ausentes de acordo com o Código de Ética Odontológica. Quanto aos itens permitidos pelo Código de Ética Odontológica, aquele mais encontrado foi telefone (85,4%), seguido do logotipo (62%). Foram observados também convênios (9,4%), e-mail (7,4%) e endereço (2,7%). Figura 3 - Distribuição percentual das placas de anúncio segundo itens permitidos pelo Código de Ética Odontológica. Foram encontradas em 44% das placas e anúncios as áreas de atuação, procedimentos e técnicas de tratamento. Porém, em 75,8% que apresentavam esses itens não constavam a qualificação profissional de clínico-geral ou o título de especialidade registrada no CRO. Discussão No campo da Odontologia, a ética representa um importante motivo de respeito e preocupação, visto o crescente número de profissionais formados na área, além da elevada concorrência no mercado de trabalho8. Visando estabelecer padrões para um bom desempenho da profissão, o Código de Ética Odontológica - CEO, determinou regras relativas às práticas publicitárias, conforme a Resolução CFO Nº 71, 6 de junho de 20065. No que diz respeito aos itens obrigatórios relacionados à publicidade e propaganda odonto- Rev Pesq Saúde, 12(2): 23-26, maio-agost, 2011 lógica, o presente estudo constatou que apenas 2% das placas e anúncios analisados apresentavam todos os itens obrigatórios. Tais resultados diferem dos achados por Garbin5, em que 44,9% das placas analisadas apresentaram os mesmos itens, segundo o Código de Ética Odontológica - CEO. Verificou-se ainda que o item obrigatório menos encontrado foi o nome representativo da profissão cirurgião-dentista (94,7%), distinguindo de dois trabalhos do mesmo autor onde o item menos encontrado foi o número do CRO, com 44,3% e 34,8%5,9. Em relação aos conteúdos permitidos, foi constado que os itens mais divulgados foram telefone (85,4%), seguido do uso de logotipo (62%). Este último também foi encontrado como o segundo item opcional mais utilizado, de acordo com Serra10. Quanto às áreas de atuação, procedimentos e técnicas de tratamento, 44% dos anúncios e placas apresentavam tal especificação. Porém, em 75,7% delas não constavam a qualificação profissional de “Clínico Geral” ou o título de especialidade registrada no CRO. Esses resultados se assemelham aos dados encontrados por Garbin5, onde em 59,7% das placas que apresentavam esses itens, também não constavam o título de especialista ou a expressão “clínico geral”. Os anúncios, publicidades e propagandas analisadas não atenderam aos princípios básicos que norteiam a publicidade sob o ponto de vista legal, a partir do Código de Defesa do Consumidor - CDC. Anunciar a área de atuação, sem a qualificação de especialista constitui um erro grave, pois confunde o consumidor, e este sempre será considerado como hipossuficiente ou leigo no assunto5. Deve haver obrigatoriedade da informação, veracidade, disponibilidade e transparência, com dados esclarecedores, sem mascaramento e dissimulação2. Além disso, os achados aqui obtidos também dão suporte a outros estudos que destacam o elevado número de processos éticos instaurados contra cirurgiões-dentistas, devido às infrações referentes à publicidade e propaganda8,11. Nesse contexto, as propagandas e publicidades podem estar vinculadas à falta de valorização dos aspectos legais da profissão, bem como a certeza da impunidade, associado à fiscalização deficiente, somada à armadilha mercantilista derivada de um mercado saturado, induzindo o profissional a realizar publicidade desconsiderando os preceitos ético-morais. Os dados levantados serão de grande valor para o Conselho Regional de Odontologia - CRO, Associação Brasileira de Odontologia - ABO, entidades ministradoras de cursos de especializações e aos Cursos e Faculdades de Odontologia instaladas em São Luís-MA, para aplicações de estratégias pedagógicas preventivas e conscientizadoras. Dentro das limitações desta pesquisa, pode-se concluir que a maioria das propagandas e publicidade analisadas não segue os preceitos exigidos pelo Código de Ética Odontológico; há a necessidade de conscientização desses profissionais quanto aos meios de comunicação e divulgação de seus serviços de forma ética. 25 Avaliação dos aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológica divulgadas por profissionais em São Luís-MA Referências 1. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. http://cfo.org. br/serviços-e-consulta/dados-estatísticos. Acessado em: 20 nov 2011. 2. 3. 4. 7. Paim AP, Camargo AC, Da Silva ACM, Nóbrega FM, Cardoso MG. Marketing em odontologia. Rev Biociên, 2004; 10(4): 223-9. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Código de Ética Odontológica. Resolução Nº 42, de 20 de maio de 2003. Capítulo XIV alterado através da Resolução CFO-71 de 06 de junho de 2006. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Odontologia; 2006. 8. Arcier NM, Silva MM, Arcieri RM, Garbin CAS. 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Entretanto, as unidades fotoativadoras são suscetíveis à perda de rendimento ao longo do tempo. Objetivo: Avaliar a intensidade luminosa emitida, o tipo de luz, o tempo de polimerização e a frequência de manutenção dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados nas clínicas Odontológicas de São Luís-MA. Método: Foi aplicado um questionário a 148 clínicas odontológicas. Após o preenchimento do questionário foram realizadas as leituras de intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores das clínicas estudadas. A intensidade de luz foi mensurada com um radiômetro Demetron (Kerr-Sybron Dental, EUA). Resultado: Mais de 90% dos aparelhos fotopolimerizadores não se encontram em condições adequadas de emissão de luz. A grande maioria dos profissionais adota aparelho com LED (sigla do inglês Light Emission Diode ou Diodo emissor de luz) como fonte de luz para a polimerização dos materiais resinosos. Os resultados sugerem que há um desconhecimento no tempo necessário para a fotoativação e nos cuidados com a manutenção e que esses aparelhos necessitam de uma revisão periódica por parte do profissional. Conclusão: Os resultados encontrados nesta pesquisa foram considerados preocupantes. Um programa de manutenção e esclarecimento deveria ser aplicado. Palavras-chave: Clínica Odontológica. Fotopolimerização. Manutenção. Abstract Introduction: Curing light unit is an essential instrument to ensure the success of esthetic restorations. Therefore, the control of correct emission of sufficient light intensity is critical. However, the light activating units are susceptible to lose performance over time. Objective: To evaluate the light intensity, the light type, the curing light time and the maintenance frequency of the light curing units used in dental clinics of São Luís – MA. Methods: We used a questionnaire in 148 dental clinics. After applying the questionnaires in the selected clinics, light intensity of light curing units was measured with a Demetron radiometer (Kerr, Sybron Dental, USA). Results: More than 90% of the light curing units were not with good light emission conditions. Most of the professionals use LED as the light source for polymerization of resin materials. The results suggest that dentists are not well informed about the light curing time and the light curing units maintenance. Besides, the equipments demand a periodic examination by professionals. Conclusion: Regarding the worrying findings, maintenance and clarification procedures should be applied. Keywords: Dental clinics. Light-curing. Maintenance. Introdução O uso dos materiais resinosos surgiu, na Odontologia, como resposta aos anseios de se obter um material que, atendendo às diversas exigências impostas pelo meio bucal em termos de características físicas e químicas, ainda proporcionasse uma restauração de forma, função e estética dos elementos dentários1. Desenvolvidas por Rafael Bowen2, as resinas foram introduzidas na década de 60, e desde então, vêm sofrendo gradualmente modificações, permitindo sua utilização numa variedade de procedimentos clínicos1. A maioria das resinas compostas utilizadas atualmente é ativada através de luz azul visível que apresenta um comprimento de onda entre 400 e 500nm. Estas iniciam seu processo de polimerização através da absorção de luz por meio de fotoiniciador, a canforoquinona, que uma vez ativada reage com os grupos amina e produz radicais livres3, 4, 5, 6. O aparelho fotopolimerizador é um instrumento imprescindível para garantir a qualidade desse processo. Por isso, os principais fatores responsáveis pelo sucesso das restaurações estéticas são: emissão e intensidade de luz suficientes, correto comprimento de onda e tempo adequado de exposição à luz. A forma como os compósitos são fotopolimerizados e qual a técnica empregada é fonte de constantes estudos, uma vez que esses são os fatores responsáveis pelo sucesso do procedimento restaurador7. Estudos preconizam uma emissão de intensidade de luz final de 400 mW/cm2 para polimerizar cada incremento de 2mm de resina composta. Quando o incremento possui extensão superior a 2mm, a luz do aparelho não consegue ultrapassar todas as camadas do material e as partículas mais profundas não serão fotoativadas. Isso pode resultar na presença de monômeros residuais o que, consequentemente, compromete o resultado final da restauração de resina7,8. Quando a resina composta sofre subpolimeri- 1. Aluna de Graduação da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Professor Adjunto IV da Disciplina de Materiais Dentários do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Professor Adjunto II da Disciplina de Materiais Dentários, Chefe do Departamento de Odontologia I Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Contato: José Roberto Oliveira Bauer. E-mail: [email protected] 2. 3. Rev Pesq Saúde, 12(2): 27-31, maio-agost, 2011 27 Avaliação da intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em clínicas odontológicas de São Luís-MA zação surgem algumas características indesejáveis, tais como: restaurações desgastadas com alteração de cor, maior porosidade, maior possibilidade de infiltração marginal devido à polimerização insuficiente das camadas mais profundas, grande quantidade de monômeros residuais, deterioração de suas propriedades mecânicas e físicas, aumentando o índice de sensibilidade pós-operatória e falhas na restauração6,7,9,10,11,12,13. Isso comprometerá o sucesso clínico de uma restauração de resina composta, ou seja, não corresponderá às expectativas de longevidade clínica. Entretanto, as unidades fotoativadoras são suscetíveis à perda de rendimento de acordo com o tempo de uso, logo devem estar em condições ideais para promover a fotoativação, porém, muitas vezes isso não corresponde à realidade encontrada6. Numerosos estudos mostraram que em diversas cidades os fotopolimerizadores apresentaram intensidade abaixo do recomendado6,8,9,13,14,15,16,17,18. Entretanto, na maioria desses estudos os aparelhos investigados utilizam lâmpadas halógenas, que apresentam um curto período de vida útil, em torno de 100 horas16. Por esta razão, os aparelhos com LED (sigla do Inglês Light Emission Diode ou Diodo emissor de luz) foram introduzidos devido às diversas vantagens desse componente, que se destaca pelo seu tempo de vida útil, sendo em torno de 10.000 horas19. Mas, ainda faltam estudos para avaliar o seu comportamento em clínicas odontológicas. Frente ao exposto, o objetivo deste trabalho é avaliar a intensidade de luz emitida pelos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em clínicas odontológicas de São Luís-MA. fotopolimerizadores, sendo 163 com LED e 19 com lâmpada Halógena. A intensidade de luz foi determinada pelo radiômetro Demetron (Kerr/Sybron Dental, EUA). O procedimento para determinar a potência dos aparelhos foi realizado com todos os componentes da amostra posicionando-se a ponteira ativa do cabo condutor de luz dos fotopolimerizadores verticalmente sobre a parte central da superfície fotossensível do radiômetro. Os aparelhos foram ligados e inicialmente submetidos à leitura do radiômetro por 20 segundos cada. Posteriormente, seguiu-se uma segunda leitura utilizando o mesmo tempo. A leitura final foi resultado da média aritmética das leituras anteriores de cada aparelho, cujo intervalo de leitura entre um e outro foi de, no mínimo, 30 segundos. Os dados da pesquisa realizada nas 127 clínicas de São Luís-MA foram tabulados e avaliados e estão demostrados em porcentagem nas Figuras. Resultados Após a aferição dos 182 aparelhos fotopolimerizadores de São Luís-MA, com os respectivos questionários respondidos, verificou-se que 19 (10,43%) dos fotopolimerizadores possuem lâmpada Halógena e 163 (89,57%) possuem LED (Figura 1). Métodos Um questionário (Quadro - 1) foi aplicado de forma aleatória a uma amostra de 8,25% do total de 1.538 cirurgiões-dentistas de São Luís-MA (dados do Conselho Federal de Odontologia - 2011), sendo respondido por 127 cirurgiões-dentistas, que foram informados sobre os objetivos da pesquisa, com colaboração voluntária e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa sob Nº 23115-007276/2011-84. Algumas clínicas apresentavam mais de um aparelho. Dessa forma, foram avaliados 182 aparelhos 1. Qual o tipo de aparelho fotopolimerizador utilizado? [ ]LED [ ]Luz Halógena 2. De quanto em quanto tempo é realizada a manutenção de seu aparelho? [ ]Nunca fiz [ ]Quando quebra [ ]Todo ano 3. Por quanto tempo você realiza a polimerização da resina composta? 4. Você já mediu a intensidade de luz do seu aparelho? [ ]Sim [ ]Não 5. Intensidade de luz no momento da entrevista, em mW/cm² Quadro 1 - Questionário entregue aos cirurgiões-dentistas de São Luís-MA. 2011. 28 Figura 1 - Tipos de aparelhos fotopolimerizadores das clínicas de São Luís-MA. 2011. Em relação à manutenção dos aparelhos com LED, 93 (57,05%), dos cirurgiões-dentistas só a realizam quando o aparelho "quebra", 18 (11,05%) realizam todo ano e 52 (31,90%) nunca fizeram. Nos aparelhos dos cirurgiões-dentistas equipados com lâmpada Halógena, 5 (26,31%) dos cirurgiõesdentistas só realizam a manutenção quando "quebra", 4 (21,06%) realizam todo ano, enquanto que 10 (52,63%) nunca fizeram a manutenção dos aparelhos. Assim, dos 182 aparelhos fotopolimerizadores estudados, 160 (87,91%) ou nunca passaram por manutenção ou o profissional só a realizaram quando o aparelho "quebrou" (Figura 2). O tempo de exposição de luz mais frequentemente utilizado para cada incremento de resina (2 mm) composta dos aparelhos com LED, é abaixo de 40 segundos para 88 (53,98%), seguido de 40 segundos para 43 (26,38%) e acima de 40 segundos para 32 (19,64%). Para os aparelhos com lâmpada Halógena 13 (72,22%) polimerizam por menos de 40 segundos, Rev Pesq Saúde, 12(2): 27-31, maio-agost, 2011 Freitas SAA, Costa JF, Bauer JRO apresentaram intensidade de luz variando acima de 100 e abaixo de 400 mW/cm², 1 (5,27%) apresentou leitura abaixo de 100 mW/cm² e nenhum aparelho apresentou intensidade superior a 400 mW/cm² (Figura 5). Figura 2 - Frequência da manutenção dos aparelhos polimerizadores de São Luís-MA. 2011. enquanto que apenas 6 (27,78%) polimerizam por mais de 40 segundos o incremento de resina composta (2 mm) (Figura 3). Figura 5 - Distribuição percentual dos aparelhos fotopolimerizadores de acordo com a intensidade da luz. São Luís-MA. 2011. Discussão Figura 3 - Tempo utilizado na fotopolimerização da resina composta nas clínicas de São Luís-MA. 2011. Quando perguntado se já havia medido a intensidade de luz dos aparelhos com LED, 126 (77,31%) responderam que não, enquanto que 37 (22,69%) responderam que já haviam aferido a intensidade de luz do aparelho fotopolimerizador. Dos aparelhos equipados com lâmpada Halógena 5 (26,31%) responderam que sim e 14 (73,69%) responderam que não haviam medido a intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores (Figura 4). As aferições realizadas nos aparelhos com LED revelaram que 75 (46,01%) dos aparelhos apresentaram intensidade abaixo de 100 mW/cm², 72 (44,17%) intensidade variando entre 100 e abaixo de 400 mW/cm² enquanto que apenas 16 (9,82%) operavam em intensidade igual ou superior a 400 mW/cm². Nos aparelhos com lâmpada Halógena 18 (94,73%) Figura 4 - Clínicas que já mediram a intensidade da luz. São Luís-MA. 2011. Rev Pesq Saúde, 12(2): 27-31, maio-agost, 2011 A conversão de monômeros metacrilatos utilizados nos materiais restauradores acontece através da absorção de luz pelos fotoiniciadores, e este fenômeno é dependente de vários parâmetros. Dentre eles, o tipo de monômero tem se mostrado uma variável importante na conversão de resinas compostas20. A elevação da temperatura do material aumenta a mobilidade molecular com um consequente aumento na conversão21. Mas, dentre essas variáveis, a irradiância da fonte de luz e o tempo de exposição são de particular interesse, uma vez que, na prática, são passíveis de manipulação pelo clínico22. A intensidade da luz multiplicada pelo tempo de exposição resulta na energia total ou densidade de energia, que deve ser de aproximadamente 16 J/cm². Caso o aparelho fotopolimerizador tenha intensidade luminosa inferior a 400 mW/cm², as propriedades ideais da resina não serão atingidas, a menos que se aumente o tempo de exposição23. Dessa forma, o êxito de um procedimento restaurador está diretamente relacionado ao bom desempenho do aparelho fotopolimerizador. Assim, é de suma importância a manutenção periódica, tanto dos componentes, quanto da limpeza e aferição da intensidade da luz, visto que a frequência e o uso são responsáveis pelo desgaste natural do aparelho. A diminuição da intensidade luminosa é imperceptível ao olho humano. Assim como, a eficácia de polimerização das resinas compostas, que geralmente, não pode ser percebida pelo operador, uma vez que a camada mais superficial da resina é polimerizada, logo cabe ao operador possuir conhecimento suficiente sobre o perfeito funcionamento do aparelho para solicitar o serviço técnico periodicamente ou sempre que necessário9. No presente estudo é possível observar a falta de conhecimento da importância do monitoramento da intensidade da luz dos fotopolimerizadores, tendo em vista que 140 (76,92%) nunca tiveram a intensidade luminosa avaliada (Figura 4). Resultados próximos foram encontrados por Long e Curbox (1992), que avaliaram 109 aparelhos fo- 29 Avaliação da intensidade de luz dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em clínicas odontológicas de São Luís-MA topolimerizadores e entrevistaram seus proprietários relatando que 57% do total nunca havia trocado a lâmpada antes da 'queima' e que 66% não mantinham um programa de manutenção de seus aparelhos24. Barghi et al.,25 avaliaram 209 aparelhos e concluíram que a maioria dos profissionais entrevistados não possuía conhecimento sobre o desempenho dos aparelhos fotopolimerizadores e nunca havia trocado a lâmpada das unidades. Isso fica visível nos resultados das leituras da intensidade da luz realizada nos aparelhos, pois 94,50% dos aparelhos não possuem intensidade mínima, para poder compensar, o tempo de exposição que deveria ser maior. Entretanto, além da intensidade de luz deficiente encontrada nos aparelhos, o tempo de polimerização é inferior aos 40 segundos preconizados na literatura, colocando em risco o tempo de vida clínica das restaurações. É verificado, em diversos estudos, que os aparelhos fotopolimerizadores estão sujeitos à perda de intensidade luminosa ao longo do tempo e que mesmo assim continuam sendo utilizados indiscriminadamente nas clínicas odontológicas e nas clínicasescolas de algumas universidades6,8,9,13,14,15,16,17,18. Um estudo realizado por Pereira et al.,9 revelou que apenas 16% dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em consultórios odontológicos apresentavam valores de intensidade de luz inferiores aos padrões ideais. Os resultados mostraram que 50% dos profissionais nunca realizaram nenhum tipo de manutenção no aparelho e apenas 16% executaram algum procedimento anualmente. Neste mesmo ano, foi realizado um estudo nos consultórios particulares em Caruaru-PE e observou-se que dos 60 consultórios pesquisados apenas 10% dos fotopolimerizadores avaliados estavam com intensidade luminosa acima de 400 mW/cm² e 76,65% dos aparelhos estavam com intensidade luminosa abaixo do adequado para polimerização das resinas compostas17. Já, em 2010, em Maringá-PR, foi realizada uma pesquisa em 30 consultórios particulares e clínicas de atendimento odontológico e verificou-se que 38,9% dos aparelhos encontravam-se adequados, 27,8% necessitavam de tempo de exposição compensatório e 33,3% encontrava-se com baixa potência6. Estudos em clínicas-escolas de Odontologia também mostram resultados próximos daqueles encontrados nas clínicas particulares, evidenciando uma possível falha na formação dos profissionais, quanto aos cuidados necessários com essas unidades fotoativadoras. Assim, Baldi et al.16, realizaram um estudo numa clínica-escola (Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG-PR), e constataram que dos 16 aparelhos fotopolimerizadores com lâmpada halógena utilizados como amostra, 56,25% apresentavam-se com intensidade luminosa abaixo de 400mW/cm² e seis meses após a primeira leitura, verificou-se que 30 69,23% destes mesmos aparelhos estavam com intensidade luminosa abaixo do preconizado. Outra pesquisa realizada por Montenegro et al.,26 os quais examinaram 170 aparelhos fotopolimerizadores utilizados no meio acadêmico e em clínicas particulares, mostrou que 52,35% dos aparelhos não aferiam a intensidade de luz. A pesquisa demonstrou também que 49,41% dos aparelhos nunca haviam sido encaminhados para a manutenção e que 32,35% dos entrevistados não responderam à pergunta sobre o valor ideal da intensidade de luz. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Maranhão - UFMA, com 19 fotopolimerizadores utili-zados nas clínicas do curso de Odontologia revelou que apenas 31% dos fotopolimerizadores estavam com intensidade luminosa igual a 400 mW/cm², ou seja, possuíam potência suficiente para promover a fotoativação das resinas compostas, enquanto que a maioria (68%) não estava em condições para realizar tal procedimento18. Os procedimentos com elevadas chances de insucesso clínico estão diretamente relacionados ao polímero formado por uma determinada fonte de luz. A emissão suficiente de intensidade de luz, correto comprimento de onda emitido e tempo de exposição adequado são fatores responsáveis pelo sucesso de uma restauração de resina composta3,10. Porém, a baixa taxa de conversão de monômero pode influenciar no desempenho clínico e na biocompatibilidade do material, e ainda pode deixar a restauração mais susceptível ao manchamento superficial e à infiltração marginal4, 7, 9, 17. A análise desses dados pode se tornar uma ferramenta para uma possível alteração na formação dos profissionais, bem como uma medida por parte de órgãos responsáveis, para implementação de um programa de controle de qualidade através da manutenção periódica dos aparelhos fotopolimerizadores, logo o benefício direto será um bom trabalho prestado à comunidade 27. Os resultados encontrados neste trabalho não diferem da maioria dos estudos relatados na presente pesquisa, reforçando a importância do conhecimento a respeito das formas de uso e da manutenção dos aparelhos fotopolimerizadores. Os resultados obtidos pela pesquisa mostraram que mais de 90% dos aparelhos fotopolimerizadores pesquisados não se encontravam com a potência mínima adequada para fotoativação da resina composta. Agradecimentos Ao CNPq (PIBIC-2011) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão - FAPEMA (Processo BEPP - 617/ 2011 e Infra 00486/10). 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Rev Ibero Odontol Est Dent, 2004; (3): 160-8. Rev Pesq Saúde, 12(2): 27-31, maio-agost, 2011 31 ISSN-2236-6288 Artigo Original / Original Article Nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão - UFMA Level of physical activity of servers in elderly pre-retirement period of the University of Maranhão Brasil Carolina Abreu de Carvalho1, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca1, Alessandra Gaspar Sousa2 e Soraia Pinheiro Machado3 Resumo Introdução: A prática de atividade física diminui com o envelhecimento e essa é umas das principais causas da elevada incidência de doenças não transmissíveis observada entre idosos. Objetivo: Avaliar o nível de atividade física de servidores idosos, em período de pré-aposentadoria, da Universidade Federal do Maranhão, e verificar sua associação com sexo e indicadores antropométricos do grupo. Métodos: Participaram do estudo 50 servidores em período de pré-aposentadoria, com 60 anos ou mais. O nível de atividade física foi avaliado por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (versão curta). A avaliação antropométrica foi realizada através do Índice de Massa Corporal - IMC, Circunferência da Cintura - CC, e Relação Cintura Quadril - RCQ. Para comparar as variáveis antropométricas, por nível de atividade física, foi utilizado o teste t de Student. As proporções de inatividade foram avaliadas, segundo estado nutricional e sexo, utilizando-se o teste do quiquadrado. O nível de significância adotado foi 5%. Resultados: A taxa de inatividade física foi de 64%, não havendo diferença significativa entre os sexos (p=0,67). Dos indicadores antropométricos investigados, apenas a RCQ mostrou-se associada à inatividade física no grupo (p=0,04). Indivíduos ativos (61,11%) apresentaram taxas de gordura andróide significativamente maiores que indivíduos inativos (31,25%). Conclusão: A inatividade física foi elevada nos servidores estudados, que deve ser alvo de ações de incentivo à prática regular de atividade física e adoção de estilos de vida mais saudáveis. Palavras-chave: Idoso. Atividade Motora. Estado nutricional. Abstract Introduction: Practice of physical activities decreases with aging, and this is one of the main causes of the increase of Noncommunicable Diseases - NCD, observed during the old age. Objective: To analyze the level of physical activity of old public servants of the Federal University of Maranhão in the period of pre-retirement and verify its association with sex and anthropometric indicators of the group. Methods: 50 servants in the period of pre-retirement participated of this study, being 60 or more years of age. The level of physical activity was analyzed through the IPAQ (International Physical Activity Questionnaire). The anthropometric evaluation was performed by using the Body Mass Index - BMI, Waist Circumference - WC, and the Waist to Hip Ratio - WHR. The Student's t test was used to compare the anthropometric variables with the level of physical activity. The proportions of inactivity were evaluated according to nutritional status and gender, using the chi-square test. We used a significant level of 5%. Results: The rate of physical inactivity was 64%, and there was no significant difference between genders (p=0.67). Of the anthropometric indicators, only the relation between hip and waist showed an association with the physical inactivity of the group (p=0.04). Active individuals (61.11%) had significantly higher rates of android fat than inactive individuals (31.25%). Conclusion: The physical inactivity was high in the individuals of this study. This finding should be the center of motivation for encouraging the regular practice of physical activity and the implementation of healthier lifestyles. Keywords: Aged. Motor activity. Nutritional Status. Introdução O número de idosos e a expectativa de vida têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em 2009, existiam cerca de 9,7 milhões de idosos no Brasil e a expectativa de vida era de 72,9 anos1. Estimase, para 2025, que esses números cheguem a 32 milhões de idosos e uma expectativa de vida em torno de 80 anos de idade2. Esse processo de envelhecimento populacional é conhecido como transição demográfica e está associado a mudanças no padrão de saúde e doença da população. A transição epidemiológica é marcada pela redução relativa de óbitos por doenças infecciosas e aumento das mortes por doenças e agravos não transmissíveis (DANTs), como doenças cardiovasculares, neoplasias e diabetes mellitus3 , 4, 5. Está amplamente evidenciado na literatura que a prevalência de múltiplas condições crônicas é mais elevada entre os idosos. O envelhecimento é acompanhado por importantes alterações fisiológicas, como o aumento da massa adiposa, diminuição das massas magra e óssea e da capacidade cardiorrespiratória, levando a perdas estruturais e funcionais5,6. Essas mudanças estão associadas à diminuição da capacidade física ou funcional, alterações psicológicas e redução dos níveis de atividade física7,8,9. Entretanto, doenças e limitações não são resultados inevitáveis do envelhecimento10. E é nesse contexto que a atividade física ganha destaque. A sua prática regular está associada a benefícios físicos, psicológicos e sociais. Especialmente entre os idosos, a atividade física é responsável por melhorar a saúde e qualidade de vida, podendo contribuir com a redução 1. Discente do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Nutricionista 3. Docente do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Contato: Carolina Abreu de Carvalho. E-mail: [email protected] 2. 32 Rev Pesq Saúde, 12(2): 32-37, maio-agost, 2011 Carvalho CA, Fonsêca PCA, Sousa AG, Machado SP do risco de desenvolver DANTs e, consequentemente, diminuição do uso de medicamentos, mortalidade nestes indivíduos e da utilização de serviços de saúde5,6,11,12. Por isso, políticas e programas têm sido elaborados com o objetivo de incentivar a prática de atividade física regular entre indivíduos dessa faixa etária13,14. Entre estes, vale destacar os programas de preparação para a aposentadoria, oferecidos por muitas instituições a seus servidores. A preparação para a aposentadoria é um marco na vida do trabalhador, pois resulta em modificações que afetam seu papel social, estilo de vida e hábitos alimentares. A aposentadoria está diretamente ligada ao processo de envelhecimento, fase da vida também caracterizada por alterações profundas na vida do indivíduo15. Em sua maioria, os servidores que estão em período de pré-aposentadoria, ou seja, até dois anos antes do tempo previsto para se aposentar, são idosos. Assim, tais programas, que buscam proporcionar condições para facilitar a tomada de decisão desses colaboradores por uma aposentadoria com qualidade de vida, constituem ferramenta importante de incentivo à adoção de práticas e estilos de vida saudáveis por idosos, com destaque para a prática regular de atividade física16. No entanto, para nortear o planejamento desses programas de incentivo à prática de atividade física, faz-se necessário conhecer a prevalência desta prática, especificamente entre idosos, bem como os fatores que estão associados a ela. E ainda são poucos os estudos nesta área no nosso país6,12,17. Nesse sentido, este estudo teve como objetivos avaliar o nível de atividade física de servidores idosos, em período de pré-aposentadoria, da Universidade Federal do Maranhão, e verificar a associação da inatividade física com sexo e indicadores antropo-métricos do grupo. Métodos Trata-se de um estudo transversal, realizado na Universidade Federal do Maranhão - UFMA, em São Luís - MA. Sua população foi constituída por servidores da Instituição, em período de pré-aposentadoria, ou seja, aqueles que já tinham tempo para se aposentar ou para os quais faltavam menos de dois anos para aposentadoria. Segundo dados fornecidos pela Divisão de Qualidade de Vida da UFMA, o número de funcionários pré-aposentados, em agosto de 2010, totalizava 145 indivíduos. A amostra foi de conveniência e compreendeu 50 servidores pré-aposentados da UFMA, idosos (idade ≥ 60 anos), que frequentaram a Instituição no período da coleta de dados, outubro e novembro de 2010, e que concordaram em participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Foram excluídos da amostra servidores com necessidades especiais que inviabilizassem a compreensão e preenchimento do questionário, bem como a aferição das medidas antropométricas. Este estudo integra o trabalho de monografia intitulada “Perfil nutricional de servidores em período Rev Pesq Saúde, 12(2): 32-37, maio-agost, 2011 de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão”, que foi apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da UFMA, e que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da mesma instituição, sob o parecer consubstanciado de Nº 23115010062/201000. Todos os participantes receberam informações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, bem como sobre a colaboração que se esperava dos mesmos. Acadêmicas do Curso de Nutrição, previamente treinadas, realizaram a coleta de dados, sob a supervisão da docente coordenadora do estudo. Uma lista contendo os nomes e setores de trabalho dos servidores em período de pré-aposentadoria foi fornecida pelo Departamento de Recursos Humanos da UFMA e, a partir daí, a equipe responsável pela coleta de dados dirigiu-se aos setores listados, não necessitando do deslocamento dos servidores. Os participantes responderam a um questionário contendo dados demográficos e socioeconômicos (idade, sexo, renda e escolaridade). O nível de atividade física foi avaliado por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (International Physical Activity Questionnaire - IPAQ) versão curta, o qual avalia a freqüência (dias/semana), duração (minutos/dia) e a intensidade da atividade física18. Foram aferidas as medidas de peso, altura e circunferência da cintura. Para aferição do peso, utilizou-se balança portátil digital, com o indivíduo posicionado em pé, no centro da balança e descalço. A altura foi medida por meio de estadiômetro, com o indivíduo em pé, descalço, com os calcanhares juntos, costas retas e os braços estendidos ao lado do corpo. A circunferência da cintura foi medida no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, com o paciente em pé, sendo a leitura feita no momento da expiração19. De posse das medidas de peso e altura, foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) pela expressão: peso (kg)/altura (m²). Para classificação do estado nutricional por este indicador, foram utilizados os pontos de corte estabelecidos por Lipschitz20 (1994) e adotados pelo Ministério da Saúde do Brasil: magreza (IMC < 22 kg/m²); eutrofia (IMC 22 - 27 kg/m²); sobrepeso (IMC > 27 kg/m²). A medida de CC permite estimar o grau de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Considerou-se obesidade abdominal, de acordo com a CC, valores ≥ 80cm para mulheres e ≥ 94cm, para homens19. A relação cintura-quadril foi utilizada para identificar o tipo de distribuição de gordura corporal, sendo classificada segundo o critério de Bray21. Valores de RCQ > 0,8 para mulheres e > 1,0 para homens foram considerados distribuição de gordura do tipo andróide, que representa risco elevado para doenças crônicas não transmissíveis. Para analisar os dados relativos ao nível de atividade física, utilizou-se o consenso do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS e do Center for Disease Control CDC, apresentados em Matsudo et al.18, considerando os critérios de frequência e duração, que classifica as 33 Nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão - UFMA pessoas em cinco categorias: 1. Muito ativo - aquele que cumpriu as recomendações de realização de atividade: a) Vigorosa: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão e/ou b) Vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + Moderada e/ou Caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão. 2. Ativo - aquele que cumpriu as recomendações de realização de atividade: a) Vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; e/ou b) Moderada ou Caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; e/ou pométricas, por nível de atividade física, foi utilizado o teste t de Student. As proporções de inatividade foram avaliadas, segundo estado nutricional e sexo, utilizando-se o teste do qui-quadrado. Para todos os testes adotou-se o nível de significância de 5%. Resultados O grupo estudado era predominantemente do sexo masculino (64%) e casado ou vivendo em união consensual (52%). A média de idade entre os servidores foi de 63,1 ± 2,5 anos. O nível de escolaridade na amostra foi alto, sendo que 60% dos servidores haviam concluído o ensino superior. As características sóciodemográficas dos servidores estudados. (Tabela 1) Tabela 1 - Características demográficas e socioeconômicas de servidores em período de pré-aposentadoria da UFMA. São Luís-MA. 2010. n % < 65 anos 37 74,0 ≥ 65 anos 13 26,0 Masculino 27 54,0 Feminino 23 46,0 04 ├ 10 salários mínimos 21 42 10 ├ 15 salários mínimos 12 24 15 ├ 20 salários mínimos 07 14 20 ├ 25 salários mínimos 05 10 ≥ 25 salários mínimos 05 10 Ginasial completo 02 4,0 Colegial completo 18 36,0 Superior completo 30 60,0 Total 50 100,0 Características c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa). Idade 3. Irregularmente Ativo - aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à frequência ou duração. Para realizar essa classificação, soma-se a frequência e a duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa). Este grupo foi dividido em dois subgrupos de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação. Sexo 4. Irregularmente Ativo A - aquele que atinge pelo menos um dos critérios da recomendação quanto à freqüência ou quanto à duração da atividade: Escolaridade a) Frequência: 5 dias/semana b) Duração: 150 min/semana 5. Irregularmente Ativo B - aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à frequência ou quanto à duração. Renda familiar mensal O tempo médio gasto com atividade física semanal na amostra foi de 211,6 ± 238,4, variando de zero a 1110 minutos (Figura 1). 6. Sedentário - aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana. Para avaliar a relação da inatividade física com sexo e indicadores antropométricos, as categorias foram agrupadas em: ativos (ativos + muito ativos) e inativos (insuficientemente ativos + sedentários), como apresentado em Zaitune et al.6 Os dados foram analisados no programa estatístico STATA®, versão 10.0. Foi realizada uma análise descritiva das variáveis, sendo as quantitativas descritas em médias, desvios padrão e valores mínimo e máximo, e as qualitativas, em frequências simples e percentuais. Testou-se a normalidade pelo teste de Shapiro Wilk. Para comparar as variáveis antro- 34 Figura 1 - Classificação do nível de atividade física entre servidores em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão. São Luís-MA. 2010. A inatividade física esteve presente em 64% dos servidores pré-aposentados, sendo mais presente entre os homens que entre as mulheres (66,67% vs. 60, Rev Pesq Saúde, 12(2): 32-37, maio-agost, 2011 Carvalho CA, Fonsêca PCA, Sousa AG, Machado SP 87%), porém sem diferença estatisticamente significante (p = 0,670). O excesso de peso esteve presente em 56% dos servidores. A inadequação segundo a medida de CC foi observada em 76% dos participantes do estudo e 42% apresentaram gordura andróide (alto risco), segundo a RCQ. Dos indicadores antropométricos investigados, apenas a RCQ mostrou-se associada à inatividade física no grupo. Indivíduos ativos apresentaram taxas de risco elevado para DCV significativamente maiores que indivíduos inativos, segundo a medida de RCQ (p= 0,040) (Tabela 2). Tabela 2 - Associação entre indicadores antropométricos (IMC, CC e RCQ) e a inatividade física de servidores em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão. São Luís-MA. 2010. Indicador IMC CC RCQ ATIVO (n = 18) % INATIVO (n = 32) p valor % Sem excesso de peso 44,44 43,75 Com excesso de peso 55,56 56,25 Baixo risco 16,67 28,13 Alto risco 83,33 71,88 Baixo risco 38,89 68,75 Alto risco 61,11 31,25 0,962 0,362 0,040 Discussão Embora elevada, a prevalência de inatividade física esteve dentro do esperado, pois a taxa de sedentarismo estimada para a população geral é de aproximadamente 70%, e existem evidências de que esse índice aumente com a idade5. Mesmo assim, o grupo do presente estudo mostrou-se mais inativo que outros grupos semelhantes. Um estudo com servidores da Universidade Federal de Brasília apontou taxa de inatividade física de 51,7%22. Siqueira et al.12, estudando idosos de municípios do Sul e Nordeste do Brasil, com média de idade de 73,9 anos, encontraram taxa de inatividade de 58%. Nessa fase da vida, ocorrem mudanças estruturais e funcionais que facilitam o aparecimento de doenças e reduzem a qualidade de vida. Devido a essas alterações, a prática de atividade física em idosos é prejudicada e em alguns casos impossibilitada, o que pode explicar a baixa prevalência de atividade física nessa população5. Chama atenção o tempo médio semanal de atividade física do grupo, que se apresentou de acordo com a recomendação da Organização Mundial de Saúde e pelo American College Sports of Medicine, que orienta a prática de atividade por pelo menos 150 minutos semanais23. No entanto, isto pode ser explicado pela alta variação mostrada (0 - 1110 minutos). O nível de atividade física apresentou tendência semelhante entre os sexos (p = 0,67), mas com aparente maior envolvimento do sexo feminino. A maior prática de atividade física entre mulheres concorda com o que é observado na literatura12,18. Em geral, a prática regular de atividade física é mais presente em Rev Pesq Saúde, 12(2): 32-37, maio-agost, 2011 mulheres, porém os homens apresentam maiores taxas quando avaliadas especificamente as atividades de lazer24,25. O presente estudo não teve como objetivo distinguir as atividades de lazer das ocupacionais. A diminuição da pratica de atividade física é o maior contribuinte global para o aumento do sobrepeso e obesidade, os quais têm crescido de forma relevante em idosos26,27, A atividade física regular mesmo em quantidades moderadas proporciona a perda ponderal e, consequentemente, a redução do sobrepeso e obesidade. A elevada proporção de excesso de peso na amostra possivelmente deve-se, entre outras causas, à alta taxa de inatividade física observada26,28,29, embora tal associação não tenha sido confirmada através das análises deste estudo. Outros estudos realizados com servidores idosos também encontraram taxas de excesso de peso semelhantes as do presente estudo22,30. A CC é um indicador que reflete a adiposidade abdominal, sendo um dos melhores preditores de risco cardiovascular31,32,33. A prática regular de atividade física, dentre diversos benefícios, promove a redução do risco de doenças cardiovasculares5. Embora não tenha apresentado significância estatística, a elevação do risco cardiovascular, segundo a medida de CC, apresentou maiores taxas entre os indivíduos inativos. Isso concorda com o que é observado na literatura de que indivíduos sedentários apresentam maiores valores de CC34. A RCQ também é um indicador antropométrico fortemente relacionado à atividade física34. Indivíduos ativos apresentam valores mais baixos de RCQ que os inativos29. Entretanto, neste estudo, valores elevados de RCQ, indicativos de risco aumentado para doenças crônicas não transmissíveis, foram mais presentes em indivíduos ativos. Possivelmente, isso se deve ao fato de os indivíduos portadores de risco, buscarem a atividade física como medida de redução deste risco. Porém, esta hipótese somente poderia ser confirmada através da realização de um estudo longitudinal. Além da limitação do delineamento do estudo (transversal), outra limitação observada foi o pequeno tamanho da amostra, que dificultou a confirmação de algumas tendências de associações entre as variáveis investigadas. O público de servidores em período de préaposentadoria é ainda pouco explorado no que se refere a questões inerentes à alimentação e nutrição. A investigação dos indivíduos nessa fase é muito importante, pois eles se encontram em um período de transição que, se não for bem orientado, pode trazer sérias implicações nutricionais, psicológicas e sociais. Este estudo permitiu traçar um perfil do nível de atividade física destes servidores. A inatividade física foi elevada no grupo estudado. O sexo, o IMC e a CC não mostrou associação estatisticamente significante com a prática de atividade física entre os servidores idosos pré-aposentados da UFMA. Apenas para a RCQ, verificou-se associação. Indivíduos ativos apresentaram maior proporção de gordura andróide. O grupo estudado deve ser alvo de ações de incentivo à prática regular de atividade física e adoção de estilos de vida mais saudáveis. 35 Nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão - UFMA Agradecimentos À Divisão de Qualidade de Vida (DQV) da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, que for- neceu os dados para contato com os servidores. A todos os servidores que aceitaram participar deste estudo. Referências 14. Vogel T, Brechat PH, Leprête PM, Kaltenbach G, Berthel M, Lonsdorfer J. Health benefits of physical activity in older patients: a review. Int J Clin Pract, 2009; 63(2): 303-20. 15. Luz ML. Perfil e posicionamento dos pré-aposentados da UFV em sua realidade cotidiana. [Tese] Viçosa (MG): Universidade Federal de Viçosa, 2003. 91p. 16. Batista-Filho M, Rissin A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad Saúde Pública, 2003; 19(1): 181-191. 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Rev Saúde Pública, 2003; 37(6): 760-767. 37 ISSN-2236-6288 Artigo Original / Original Article Doença hipertensiva específica da gravidez: o envolvimento de puérperas com o autocuidado Specific hypertensive disease of pregnancy: the participation of puerperas with self-care Cláudia Teresa Frias Rios1, Elba Gomide Mochel2, Thais Natália Araújo Botentuit3 e Viviane de Sá Coêlho Silva4 Resumo Introdução: A doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) caracteriza-se pelo aparecimento da hipertensão, proteinúra e edema após a vigésima semana de gestação sendo a principal causa de morte materna. Objetivo: Estudar o envolvimento com o autocuidado em puérperas com diagnóstico de DHEG. Método: Trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa onde se utilizou um formulário semiestruturado, com questões relacionadas aos dados sócio-demográficos, história reprodutiva, gravidez atual, pré-natal e os requisitos de autocuidado entre 45 puérperas. Resultados: A maioria das puérperas encontravase na faixa etária de 22 a 25 anos, pertence à raça parda, possui renda familiar superior a um salário mínimo, tem segundo grau completo, são trabalhadoras do lar com união estável. Em relação ao autocuidado, 88, 9% ingerem de 5 a 10 copos de água por dia, 62% afirmaram que modificaram a alimentação devido a gravidez, 93,3% não praticavam nenhum tipo de atividade física e destas, 66,7% afirmaram ter horário de repouso, 71,1% afirmaram ter como rede de apoio a família e 53,3% têm como lazer assistir televisão. Conclusão: Constatou-se a maioria das mulheres apresentaram envolvimento com o autocuidado tanto com relação à frequência, quanto ao início das consultas pré-natais, à ingestão de medicamentos e a práticas de interação sociais e lazer. Evidenciou-se que há necessidade de atividades educativas para que estas mulheres se conscientizem que o engajamento no autocuidado se constitui no próprio tratamento. Palvras-chave: Autocuidado. Gravidez. Hipertensão Induzida pela Gravidez. Abstract Introduction: The specific hypertensive disease of pregnancy (SHDP) is characterized by hypertension, proteinuria and edema after the 20th gestational week. It constitutes the main cause of maternal death. Objective: To study the involvement with selfcare in puerperas diagnosed with SHDP. Methods: Quantitative approach study, with a semi-structured questionnaire with questions related to social demographic data, reproductive history, current pregnancy, prenatal care and prerequisites for selfcare. 45 pregnant women answered the questionnaire. Results: Most of the women were between 22 and 25 years of age, mulatto, with monthly family income above 1 minimum wage. Most of them had also finished high school and were homemakers with a stable union. Regarding the self-care, 88.9 % ingested between 5 and 10 glasses of water per day, 62 % changed their eating habits due to the pregnancy, 93.3 % did not exercise and among these, 66.7 % said they had a specific resting time. 71.1% confirmed to have the family as their support and 53.3% had as favorite leisure to watch television. Conclusion: We found that the majority of women showed involvement with self-care regarding the frequency as well as the beginning of prenatal consultation, medication intake, and social and leisure interactions. It became apparent that there is a need for educational activities in order these women to be aware that self-care is by itself a treatment. Keywords: Self-care. Pregnancy. Pregnancy-induced hypertension. Introdução A ciência da enfermagem está embasada numa ampla estrutura teórica e através do processo de enfermagem podemos definir qual modelo de assistência será aplicado à prática da enfermagem. Este processo, normalmente embasado em uma teoria de enfermagem, permite um melhor direcionamento da sua prática, promove cuidado humanizado, dirigido a resultados e de baixo custo1. Nesse sentido, destaca-se a teoria do autocuidado de Orem, que tem como premissa básica a crença de que o ser humano tem habilidades próprias para promover o cuidado de si mesmo, salientando-se a importância do contínuo desenvolvimento da competência do indivíduo, que pode se beneficiar com o cuidado da equipe de enfermagem quando apresentar incapacidade de autocuidado ocasionado pela falta de saúde2. Nessa teoria, os pacientes julgam se a ação de autocuidado é benéfica para eles, e esse julgamento ocorre de acordo com as orientações internas e/ou externas que, por sua vez, são moldadas pela cultura em que os indivíduos vivem. Considera ainda, a educação para o autocuidado um processo dinâmico que depende da vontade do cliente e da percepção dele sobre sua condição clínica3. A teoria de enfermagem do déficit de autocuidado ou teoria geral de enfermagem de Orem é composta de três teorias inter-relacionadas, ou seja, a do autocuidado, do déficit de autocuidado e dos sistemas de enfermagem. Incorporados a elas, estão seis conceitos centrais e um periférico. Os seis conceitos centrais são: autocuidado, ação de autocuidado, déficit de autocuidado, demanda terapêutica de autocuidado, serviço de enfermagem e sistema de enfermagem e conceito periférico, a autora denominou de fatores condicionantes básicos4. 1. Mestre em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem e membro do NEPESM da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem membro do NEPESM da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 4. Enfermeira da Estratégia Saúde da Família. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Contato: Cláudia Teresa Frias Rios. E-mail: [email protected] 2. 3. 38 Rev Pesq Saúde, 12(2): 38-43, maio-agost, 2011 Rios CTF, Mochel EG, Botentuit TNA, Silva VSC Orem incorporou à sua teoria um conceito fundamental que são os requisitos de autocuidado, dividindo-os em três categorias: os requisitos universais ou atividades de vida diária que se referem aos processos da vida e manutenção da integridade e funcionamento humanos em todo o ciclo de vida; os requisitos de desenvolvimento que são expressões particularizadas de requisitos universais ou novos requisitos derivados de uma condição ou evento; e autocuidado no desvio de saúde, exigido em condições de doença ou lesão4. No período da gravidez a mulher passa por diversas transformações que acarretam algumas demandas e déficits de autocuidado, que precisam ser trabalhadas junto à paciente para serem compensadas e supridas, com o objetivo de preservar o seu bemestar e manter sua saúde. Assim, a gestante deve ser incentivada pela enfermagem a engajar-se no seu próprio autocuidado5. Na área da saúde materna várias doenças se desenvolvem ou são agravadas pela gravidez, entre elas, podemos citar a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez - DHEG. Nestes casos, a prevenção se dá quando a mulher assume a responsabilidade de cuidar da sua saúde frequentando consultas de pré-natal e adotando práticas que garantam um estilo de vida saudável. Porém, para que essas ações sejam efetivas, é necessária a atuação do enfermeiro durante as consultas pré-natais através da conscientização de que o autocuidado é o caminho para o controle da doença6. Estima-se uma incidência aproximada de 12% a 22% de algum tipo de hipertensão arterial durante o ciclo gravídico-puerperal. Além destes distúrbios estarem associados a um maior risco materno, aumento da morbidade fetal e neonatal, prematuridade induzida, baixo peso ao nascimento e sofrimento crô-nico fetal8. Esta pesquisa objetivou estudar o envolvimento com o autocuidado em puérperas com diagnóstico de DHEG. Método Trata-se de um estudo de natureza descritivoexploratória, com abordagem quantitativa, realizado com 45 puérperas que durante a última gestação apresentaram diagnóstico de DHEG. A pesquisa foi realizada no alojamento conjunto (ALCON) de um Hospital Universitário referência para atendimento em saúde da mulher. O instrumento de coleta de dados constituiu-se de um formulário semi-estruturado que investigou sobre os dados demográficos e sociais, história reprodutiva, aspectos relacionados à gravidez atual e ao pré-natal e os requisitos de autocuidado que se compreende estarem associados às portadoras de DHEG durante a última gestação. São eles: requisitos universais de autocuidado que são atividades da vida diária identificados por Orem (ingestão de água, alimentação, atividade física e repouso, interação social, lazer e recreação, prevenção de riscos, manutenção da saúde), e requisitos relacionados ao desvio de saúde (percepção e conhecimento sobre a doença e medidas terapêuticas prescritas). Os aspectos contemplados no Rev Pesq Saúde, 12(2): 38-43, maio-agost, 2011 referido questionário constituirão as variáveis de estudo A coleta de dados foi realizada no periodo de 1º de abril a 06 de maio de 2011. Inicialmente foram realizadas buscas nos prontuários para identificar as mulheres que apresentavam diagnóstico de DHEG. Os dados obtidos foram analisados e transportados para o programa EPI-INFO CDC versão 3.5.2, ano 2010, para obtenção da frequência absoluta e relativa. Em seguida, estes foram transferidos para uma planilha de Excel® para elaboração e apresentação na forma de tabelas. Este estudo respeita todas as normas e requisitos para a realização de pesquisas com seres humanos conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e suas complementares e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da UFMA (parecer consubstanciado de número 51/11). Resultados A maioria das puérperas encontrava-se na faixa etária de 22 a 25 anos, eram pardas, possuíam renda familiar superior a um salário mínimo, segundo grau completo, eram trabalhadoras do lar e a situação conjugal predominantemente encontrada foi a união estável. Em relação à história reprodutiva o maior percentual (46,6%) das mulheres eram multigestas, seguidas pelas primigestas (31,2%) e secundigestas (22,2%). Quanto à paridade a maioria possuíam um filho (35,6%) e três ou mais filhos (33,3%). Houve o predomínio (71,1%) de mulheres que já tiveram tipo de parto cesária (Tabela 1). Tabela 1 - Puérperas, segundo a história reprodutiva. São Luís-MA. 2011. n % 1 gestação 14 31,2 2 gestações 10 22,2 3 ou mais gestações 21 46,6 Gestação Paridade nenhum filho 01 2,2 1 filho 16 35,6 2 filhos 13 28,9 3 filhos ou mais 15 33,3 Nenhuma cesárea 13 28,9 1 ou mais cesáreas 32 71,1 Ocorrência de cesárea A maioria das mulheres (93,5%) realizou o prénatal. Destas 44,5% fizeram entre 4 a 6 consultas e 31% entre sete e mais, apenas um pequeno número (6,5%) não realizaram nenhuma consulta durante a última gestação. A maioria (60%) iniciou o pré-natal no primeiro trimestre e 66,7% afirmaram que a última consulta foi realizada entre zero e dez dias antes do parto. Quanto à imunização preconizada nessa fase, 39 Doença hipertensiva específica da gravidez: o envolvimento de puérperas com o autocuidado 84,4% afirmaram terem sido imunizadas durante o prénatal. Em relação ao planejamento da gravidez, 64,4% afirmaram não ter desejado a gestação e 35,6% das puérperas a desejaram (Tabela 2). Tabela 2 – Distribuição das puérperas, segundo aspectos relacionados à última gestação e ao pré-natal. São Luís-Ma. 2011. VARIÁVEIS n Segundo a interação social, 93,3% das mulheres afirmou conversar com as pessoas, a maioria (71,1%) tem como rede de apoio a família e 53,3% tem como lazer assistir televisão. Quanto à ingesta de bebida alcoólica, 40% afirmaram nunca ter ingerido; 28,9% afirmaram ter parado de ingerir antes mesmo de engravidar; 24,4% pararam de beber quando engravidaram e 6,7% continuaram bebendo durante a gravidez. A maioria nunca fumou (93,3%) (Tabela 4). % Realização do pré-natal Tabela 4 - Requisitos universais do autocuidado de puérperas com DHEG. São Luís-MA. 2011. Não 03 6,5 Sim 42 93,5 Não 07 15,6 Interação social Sim 38 84,4 Não 03 6,7 Sim 42 93,3 REQUISITOS UNIVERSAIS Esquema vacinal Números de consultas n % 1-3 08 18,0 Rede de apoio 4-6 20 44,5 Amigos 09 20,0 7 ou mais 14 31,0 Familiares 32 71,1 Igreja 04 8,9 Gravidez desejada Não 29 64,4 Ler 03 6,7 Sim 16 35,6 Passear 17 37,8 Trabalhos manuais 01 2,2 Televisão 24 53,3 Nunca bebeu 18 40,0 Sim, continuou 03 6,7 Sim, mas parou antes de engravidar 13 28,9 Sim, mas parou quando engravidou 11 24,4 Nunca fumou 42 93,3 Sim, continuou durante gravidez 01 2,2 Sim, mas parou antes de engravidar 01 2,2 Sim, mas parou quando engravidou 01 2,2 Quanto à ingestão de água em copos a grande maioria ingere de 5 a 10 copos correspondendo a 88,9%, seguida das que ingerem mais de dez copos (6,7%). Quanto à modificação na alimentação 62% das puérperas afirmaram que modificaram a alimentação, enquanto 38% mantiveram seu padrão alimentar. Destaca-se o percentual de 35,6% que afirmou ter deixado ou diminuído o consumo de doce, salgado, massa e gordura. Observou-se que a maioria absoluta (93,3%) não praticava nenhum tipo de atividade física. Quanto ao repouso, 66,7% afirmaram priorizar o repouso, enquanto 33,3% disseram que não. Verificouse ainda que a maioria (68,9%) realizou outras consultas e exames além do pré-natal, sendo as mais frequentes as ginecológicas (Tabela 3). Tabela 3 - Distribuição das puérperas segundo os requisitos universais do autocuidado. São Luís-MA. 2011. Ingestão de bebida alcoólica Fumo A maioria das puérperas (75,6%) confirmou ter conhecimento acerca da DHEG, porém, houve o predomínio (80%) daquelas que desconhecem as possíveis complicações associadas a essa patologia. Quanto às medidas terapêuticas prescritas, 62,2% das mulheres afirmaram que foram prescritos medicamentos para o tratamento, sendo que 60% das puérperas medicadas seguiram corretamente o tratamento (Tabela 5). n % 3 copos 01 2,2 4 copos 01 2,2 5 a 10 copos 40 88,9 Mais de 10 copos 03 6,7 Tabela 5 - Requisitos de autocuidado relacionadas ao desvio de saúde de puérperas com DHEG. São Luís-MA. 2011. Não 17 38 Sim 28 62 REQUISITOS RELACIONADOS AOS DESVIOS DE SAÚDE Conhecimento sobre a doença Não 42 93,3 Sim 03 6,7 Não 15 33,3 Sim 30 66,7 Não 14 Sim 31 REQUISITOS UNIVERSAIS Ingestão de água em copos Modificação alimentar n % Não 11 24,4 Sim 34 75,6 Não 36 80 09 20 31,1 Sim Seguimento das medidas terapêuticas prescritas Não 17 37,8 68,9 Sim 28 62,2 Exercícios físicos Repouso Outras consultas e exames 40 Conhecimento das complicações Rev Pesq Saúde, 12(2): 38-43, maio-agost, 2011 Rios CTF, Mochel EG, Botentuit TNA, Silva VSC Discussão A DHEG ocorre especialmente na primeira gestação e nos extremos de idade materna e alguns autores apontam uma incidência predominante da DHEG na raça branca e na raça negra9. Há que se considerar, também, no Brasil, a dificuldade de identificar uma pessoa que não tenha contato com diversas etnias em sua composição genética, ocasionada pelo multiculturalismo e o pluralismo de etnias no mesmo território. Observou-se que essas mulheres não moram sozinhas, o que é um fator positivo, pois a presença de um companheiro é de extrema importância para o apoio à gestante e divisão de angústias e medos. O parceiro juntamente com a família gera segurança para o enfrentamento dos riscos prováveis da gravidez. A participação da família para satisfazer à demanda de autocuidado de um cliente, associada à ação do enfermeiro, é imprescindível, haja vista a cliente possuir déficit de conhecimento relacionado ao seu estado de saúde e necessitar de ajuda para suprir suas necessidades de sobrevivência10. O nível sócio-econômico, principalmente no que se refere ao acesso aos serviços de saúde, também é considerado um aspecto fundamental e determinante, capaz de predispor a gestante a desenvolver a doença11, Assim como, a baixa escolaridade é um fator que dificulta o acesso das mulheres às informações e ao conhecimento, o que interfere negativamente nas condições para o autocuidado, pois, implica tanto na facilidade em buscar quanto em assimilar as informações recebidas sobre os cuidados com a saúde12. Vale ressaltar que os achados sobre a escolaridade e a ocupação/profissão remetem à idéia de que os fatores sócio-econômicos e culturais interferem na saúde dos indivíduos porque podem determinar desde possibilidades diferenciadas de acesso aos equipamentos de saúde, até a iniciativa do próprio indivíduo para buscar o cuidado, já que, uma vez atendidas as necessidades primárias de sobrevivência a pessoa tende a buscar outros patamares de satisfação das necessidades13. Em relação à história reprodutiva, este estudo demonstra e coincide com outras pesquisas que evidenciaram que a incidência da DHEG se dá de forma relevante entre as primigestas. Os autores enfatizam que primigestas têm mais susceptibilidade de apresentar a DHEG e as complicações dela decorrentes14. Os achados deste estudo constataram que a maioria das puérperas frequentou consultas prénatais. Esse tipo de atendimento permite uma assistência adequada, esclarecimentos e identificação das alterações durante a gravidez, a fim de evitar prejuízos para mãe e feto, muito embora a gravidez seja um evento biológico normal para a maioria das mulheres. Vale lembrar que, ocasionalmente, pode ocorrer uma situação de alto risco e esta condição coloca em risco a saúde da gestante e/ou do feto, sem considerar a possibilidade de detectar distúrbios que possam interferir com o desenvolvimento fetal normal, o nascimento do bebê ou a transição para a maternidade14. Durante o pré-natal, é preconizado que seja Rev Pesq Saúde, 12(2): 38-43, maio-agost, 2011 realizado o número mínimo de seis consultas, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último. A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre15. Muitos autores chamam a atenção para o fato de que o acesso precoce aos acompanhamentos de prénatal diminui a ocorrência de eclampsia, que é uma patologia evitável, porém, como afeta mulheres de categorias sócio-econômicas mais baixas, sua ocorrência é altamente influenciada pelo acesso ao diagnóstico e tratamento, que na maioria das vezes, ocorre tardiamente13. A maioria das puérperas revelou não ter planejado a última gestação. Este dado é relevante e, inicialmente, pareceu incoerente, uma vez que atualmente se conta com uma grande variedade de formas de planejamento familiar e de controle de natalidade. Na verdade, isto representa o que ocorre na população brasileira como um todo, sendo que nem todos os indivíduos têm acesso à informação sobre contracepção, tampouco têm acesso a programas de controle de natalidade16. No que se refere aos hábitos gerais de manutenção da vida e ao avaliarmos, por exemplo, a quantidade de água que um adulto normal deve ingerir por dia, verifica-se uma média de dois litros e meio de líquidos, a fim de evitar a desidratação. Por esse motivo, é necessária uma adequada ingestão de líquidos para que o organismo mantenha o equilíbrio hidroeletrolítico. Quando diagnosticamos nas gestantes/puérperas déficit de ingestão hídrica, devemos enfatizar que elas devem aumentar a ingestão de líquidos, por meio de bebidas que agradam e fazem bem, em especial aquelas mais naturais possíveis17. A dieta da gestante deve ser balanceada e fracionada, incluindo vitaminas e sais minerais, proteínas e aumento da ingestão de fibras. O consumo de alimentos hipossódicos pela gestante também é uma ação de autocuidado significativa na prevenção do aumento da pressão arterial, pois, ao acrescentar sal nos alimentos naturais estaremos intensificando a retenção aquosa, a reatividade vascular arterial e a contratilidade uterina, com os evidentes efeitos nocivos no desenvolvimento do edema, na elevação dos níveis tensionais arteriais, na redução do fluxo sanguíneo uteroplacentário e, consequentemente, na ocorrência de reduzido crescimento fetal e, eventualmente, da prematuridade18. Observou-se que a maioria das mulheres pesquisadas não praticava nenhum tipo de atividade física, fator preocupante, pois a prática de exercícios físicos reduz os estressores da vida diária na saúde, controla a PA e ajuda a manter ou atingir o peso saudável19. Por outro lado, o repouso é um processo associado com o descanso e a restauração da condição normal. Logo, torna-se necessário que a pessoa conheça o seu metabolismo para manter seu equilíbrio, atendendo as necessidades de repouso, respeitando as capacidades pessoais20. A inadequação do sono e repouso, nas gestantes, poderia favorecer o agravo à sua saúde e à do feto, pois a adequada execução 41 Doença hipertensiva específica da gravidez: o envolvimento de puérperas com o autocuidado dessas duas condutas contribui para a saúde e bem estar geral e integra as condutas imprescindíveis à prevenção e tratamento da DHEG21. Além disso, enfatiza-se que vários aspectos interferem na interação social, destacando as condições de vida e os fatores humanos e ambientais20. O próprio ciclo gravídico-puerperal acarreta grandes modificações, não apenas corporais, como também na maneira de ser da mulher e em suas relações pessoais. Frente a tantas modificações e sensações, a mulher precisa de segurança, de um vínculo de suporte e de confiança. É na própria família que se encontra esses provedores de suporte que ocupam grande espaço na rede de apoio da gestante, evidenciando que em nossa sociedade a família constitui núcleo básico e primário na vida das pessoas22. A gestante, por sua vez, pode desenvolver ou manter práticas não recomendadas e saudáveis durante a gravidez. As bebidas alcoólicas, por exemplo, quando consumidas em altas doses pela gestante, passam diretamente para a placenta através da corrente sanguínea e dependendo da quantidade ingerida e da fase da gravidez podem gerar um aborto espontâneo, um parto prematuro ou a chamada síndrome alcoólica fetal. Já as gestantes fumantes, na maioria dos casos têm filhos com baixo peso e maiores riscos de abortos, contrações e partos prematuros21. O déficit de conhecimento em relação à DHEG e aos fatores de risco é um achado preocupante, uma vez que esse agravo ainda constitui um grave problema de saúde pública, por ser a principal causa de mortalidade materna. Então, este fato possibilitará o surgimento de complicações, dos custos sociais com internações, absenteísmo ao trabalho, licença para tratamento de saúde etc21. Em relação à adesão as consultas de pré-natal a maioria das mulheres estudadas realizaram pré-natal e o iniciaram ainda no primeiro trimestre da gestação, apresentando esquema vacinal completo e o número mínimo de consultas recomendado, sendo que a última foi realizada até 10 dias antes do parto. Verificamos ainda no estudo, que a maioria das puérperas efetivamente realizou ações que refletem seu engajamento no autocuidado, frequentando as consultas de pré-natal, tendo horário de repouso, interação social e lazer, não usando álcool e fumo, modificando sua alimentação e tomando as medicações prescritas corretamente. Em relação aos requisitos de desvio de saúde, a maioria conhece a DHEG, porém, não sabe identificar quais complicações a doença poderia causar durante a gestação, e afirmou também, que foram prescritos medicamentos e seguiram corretamente o tratamento medicamentoso. De acordo com a análise dos achados, evidenciou-se que entre a população estudada havia um exercício insatisfatório das atividades de autocuidado, em relação à prática de exercícios físicos. Conclui-se que é de suma importância a prática do autocuidado, principalmente em situações de desvio de saúde, como no caso da DHEG, sendo fundamental que o enfermeiro promova meios para que a assistência de enfermagem possibilite a conscientização dessas mulheres de que a sua inserção no cuidado de si mesmas é parte integrante do próprio tratamento, objetivando melhor prepará-las para autoconduzir uma gravidez de risco. Referências 1. Lefevre RA. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidado colaborativo. 5ª Ed. 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Objetivos: Analisar os dados de óbitos por neoplasia pulmonar no Maranhão entre os anos de 2006 a 2009. Métodos: Utilizou-se para este artigo uma metodologia descritiva de série temporal. Os dados foram adquiridos de forma secundária tendo como fonte a base de dados DATASUS/MS com um total de 382 óbitos por neoplasia pulmonar no período de 2006 a 2009. Foram utilizados dados fornecidos pela International Arctic Research Center - IARC através do periódico GLOBOCAN e dados do Instituto Nacional de Câncer - INCA, para fins comparativos. Resultados: Em São Luís-MA, o índice de casos de neoplasia pulmonar sofreu uma diminuição substancial, de acordo com os dados fornecidos pelo Banco de dados do Sistema Único de Saúde - DATASUS, nos últimos anos, provavelmente decorrente das políticas anti-tabagismo vigentes no país. Conclusão: Apesar do declínio do índice de óbitos por neoplasia celular, muitas pessoas ainda morrem principalmente na região sul-sudeste do país. O Maranhão, no entanto, apresentou um índice baixo, se comparado a outros estados. Apesar dos índices apontados, a neoplasia pulmonar relacionada ao tabagismo ainda é preocupante. Palavras-chave: Neoplasias. Pulmão. Estatística. Morte. Abstract Introduction: The pulmonary neoplasia in Brazil is the second most frequent cause of death between the types of cancer. The index of cases has been increasing progressively in developing countries. In developed countries the index seems to be controlled. The tobacco use is the major risk factor for this type of cancer. Objectives: To analyze mortality data regarding pulmonary neoplasia in Maranhão between the years of 2006 and 2009. Methods: We used a time-series descriptive analysis. Secondary data were obtained in the DATASUS database and accounted for 382 deaths due to lung cancer during the period of 2006 to 2009. We used the data supplied by the IARC through the GLOBOCAN. It was also used data from INCA to comparative purposes. Results: In São Luís Maranhão, the index of pulmonary neoplasia deaths had suddenly decreased according to data supplied by DATASUS database in the last years. This decrease is probably due to current anti-tabacco policies in the country. Conclusion: Despite the decline in deaths due to lung neoplasia, many people still die of this type of cancer meanly in the southsouthwest region of the country. Maranhão presented a low index compared to other states. Despite these figures, the lung cancer related to use of tobacco still is a great concern. Keywords: Neoplasia. Lung. Statistics. Deaths. Introdução O câncer é caracterizado por um crescimento anormal de células gerado por danos nas regiões cromossômicas responsáveis pelo controle da proliferação celular. À medida que o número de células neoplásicas aumenta, ocorrem disfunções metabólicas e perda da função do órgão. O câncer é a primeira causa de morte em países desenvolvidos e a segunda em países em desenvolvimento.1 A acentuação no número de casos está geralmente associada ao crescimento e envelhecimento da população nos países em desenvolvimento, e à adoção de costumes que constituem fatores de risco ao desenvolvimento de neoplasias, tais como maus hábitos alimentares, inatividade física e o fumo1. De doença rara no passado, o câncer de pulmão transformou-se em doença neoplásica comum e de maior índice de mortalidade em todo o mundo, sendo considerada um importante problema de saúde pública2, 3. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer - INCA, a neoplasia de pulmão ocupa o segundo lugar dentre as causas de morte por câncer, seguindo apenas os óbitos por câncer de próstata, entre os homens. Já entre as mulheres a neoplasia ocupa a quarta colocação, seguindo apenas os cânceres de mama, colo do útero, cólon e reto4. O tabagismo é o fator de risco mais alarmante do câncer de pulmão e vem sendo discutido por décadas pela população leiga e científica. O risco acomete tanto os fumantes com os não-fumantes, uma vez que a fumaça liberada pela queima do cigarro possui uma alta carga de substâncias cancerígenas5, 6. O tabaco é bastante difundido na sociedade brasileira, seu consumo ainda é mais frequente entre homens, entretanto esses dados estão sofrendo modificação em virtude do consumo por mulheres tem aumentado nas últimas décadas. Verifica-se em consequência disso o aumento na taxa de incidência de neoplasia pulmonar nas mulheres5,6,7. Devido à expansão do consumo de tabaco morrem no país cerca de 1. Acadêmicos do curso de Biomedicina e Bacharelado da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas - Faculdade São Luís. Enfermeira MSc. Docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas - Faculdade São Luís. Contato: Lorena Lauren Chaves Queiroz. E-mail: [email protected] 2. 44 Rev Pesq Saúde, 12(2): 44-47, maio-agost, 2011 Velasquez CC, Costa HA, Passos PRC, Ribeiro SS, Mendonça WJP, Queiroz LLC 200.000 pessoas por ano6. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores e exportadores de tabaco no mundo, o Ministério da Saúde - MS, define o tabagismo como uma epidemia e importante problema de saúde pública. Programas e campanhas são desenvolvidos visando reduzir o estímulo a iniciação, principalmente entre os jovens, e a interrupção do consumo por fumantes. O Brasil tornou-se referência no combate ao tabagismo assumindo uma liderança internacional nessa área9. Uma das medidas mais bem sucedidas implantadas no Brasil foi o Programa Nacional de Controle do Tabagismo - PNCT. O programa visa “reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco.9 Através de atividades educativas, regularização dos produtos derivados do tabaco e uma forte campanha contra o tabagismo nas embalagens de cigarros, em propagandas televisivas e durante algum tempo nas corridas de Fórmula 1, o Programa vem tendo sucesso na conscientização da população9. Além do tabagismo, fatores como a poluição atmosférica e ainda pré-disposição genética e alimentação também são fatores de risco5,6,10. O câncer de pulmão pode ser adquirido no local de trabalho principalmente em indústrias classificando a ocupação do indivíduo como um fator de risco pouco abordado e de extrema importância considerando-se o tempo de exposição aos cancerígenos6,11,12. Por ser considerado um importante problema de saúde este estudo teve como objetivo analisar a mortalidade por neoplasia pulmonar em São Luís – MA no período de 2006 a 2009. Metodologia Estudo descritivo de série temporal, sendo os dados obtidos de fonte secundária através do Banco de dados do Sistema Único de Saúde - Datasus/MS. Foi encontrada metodologia semelhante em Leite, Lisboa e Pinto13. Para um total de 382 casos de neoplasia pulmonar no intervalo de 2006 a 2009, foram interrelacionados o grau de instrução, faixa etária e tipo da lesão segundo a Classificação internacional de doenças - CID, Nº 10, dos indivíduos. Quanto ao grau de instrução, os dados ordenam-se de acordo com a quantidade de anos os quais os indivíduos permaneceram sob regime escolar, variando de 1 a 12 (ou mais) anos e havendo casos em que tal informação não foi obtida. Quanto à faixa etária, foi estabelecido o intervalo entre 1 a 80 (ou mais) anos de idade. Os tipos de lesão foram classificados de acordo conforme a 10ª edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde ou CID-10, conforme o capitulo II, secção C34. Temos para este dado os seguintes tipos conforme o CID-10: brônquio principal; lobo super brônquio ou pulmão; lesão invasiva dos brônquios e dos pulmões; brônquios e pulmões NE (não específico). Foram utilizadas ainda, para fim de comparação, dados sobre incidência e número de óbitos por câncer de pulmão em nível Global fornecidos pelo International Arctic Research Center - IARC e em nível Nacional, regional e local fornecido pelo Instituto Rev Pesq Saúde, 12(2): 44-47, maio-agost, 2011 Nacional de Câncer - INCA9. A IARC é uma agência intergovernamental criada pela Organização Mundial de Saúde - OMS, a partir da cooperação da Organização das Nações Unidas - ONU, e tem como objetivo a condução de pesquisas epidemiológicas sobre o câncer em nível global14. Periodicamente é fornecido pela IARC o GLOBOCAN, periódico com estatísticas de incidência e mortalidade sobre a maioria de neoplasias em nível global para todos os países do mundo. Para este trabalho foi utilizada a última edição disponibilizada do GLOBOCAN referente à estimativa do câncer para o ano de 2008. O GLOBOCAN fundamenta a confiabilidade do seu trabalho a partir da coleta de dados de Registros de Câncer de Base Populacional - RCBP, cedidos no Brasil pelo Instituto Nacional do Câncer. As RCBPs em países em desenvolvimento nem sempre constituem uma base de dados de inteira confiança, principalmente por muitas cidades não terem sua própria base ou devido à informação não ser adequadamente repassada. Atualmente no Brasil existem apenas 19 bases ativas, o que indica que somente 19% da população do país encontra-se monitorada. Para o presente trabalho foi utilizada a estimativa de 2010 sobre câncer no Brasil de acordo com dados do INCA. Resultados Observamos uma grande predominância de lesões primárias neoplásicas nos brônquios ou pulmões (não específicas) constituindo 98,69% e contabilizando um total de 377 casos entre 2006 a 2009, lesões primárias atribuídas a outras regiões chegaram a contabilizar no máximo 1 caso em 2006 e 2007, sendo que em 2008 e 2009 não se obteve registro algum das mesmas (Tabela1). Tabela 1 - Número de óbitos ocorridos em São Luís-MA por Neoplasia de Pulmão. 2006-2009. CID10 4C Cap 02 2006 2007 2008 2009 Total % C34.0 Brônquio principal 01 01 - - 02 0,52 C34.1 Lobo super brônquio ou pulmão 01 01 - - 02 0,52 C34.8 Lesão invasiva dos brônquios e dos Pulmões - 01 - - 01 0,26 C34.9 Brônquios ou pulmões NE 94 108 113 62 377 98,69 Total 96 111 113 62 382 100,0 Também se evidencia uma relevante queda no número de casos de óbito no ano 2009 representando uma diminuição em 40,96% em relação à média anual de casos de óbito por neoplasia de pulmão evidenciada nos três anos anteriores nos quais se estabelece um total de 105 casos por ano. O número total de casos entre 2006 e 2009 foi de 382 casos. Há uma prevalência no número de casos por parte da faixa etária de 60-69 anos contabilizando um 45 Análise dos óbitos por neoplasia pulmonar em São Luís-MA total de 31.96% dos casos de óbito, evidenciamos ainda uma quantidade bastante pequena de casos para as faixas-etárias de 1-39 anos. Observou-se que entre os anos de 2006 e 2007 os casos na faixa-etária de 6069 anos é praticamente o dobro comparado aos indivíduos na faixa-etária entre 50-59 anos (Tabela 2). Tabela 2 - Número de óbitos por faixa etária ocorridos em São Luís-MA por Neoplasia do Pulmão. 2006-2009. Faixa Etária 2006 2007 2008 2009 Total % 01 a 04 anos - - 01 - 01 0,26 05 a 09 anos 01 - 01 - 02 0,52 20 a 29 anos - 01 02 - 03 0,78 30 a 39 anos 02 01 01 02 06 1,57 40 a 49 anos 10 07 12 03 32 8,37 50 a 59 anos 15 22 21 12 70 18,32 60 a 69 anos 30 41 33 18 70 a 79 anos 20 25 30 19 94 24,6 80 ou mais 17 14 12 08 51 13,35 Total 96 111 113 62 122 31,96 382 100,0 Observa-se uma considerável queda do índice de casos para indivíduos com maior grau de instrução, sendo que indivíduos com 12 ou mais anos de estudo representaram apenas 10,20% seguidos de 8 a 11 anos (14,39%). Entre os indivíduos analisados, 34 não tiveram registrado esse tipo de informação (Tabela 3). Tabela 3 - Número de óbitos segundo o grau de instrução ocorridos em São Luís-MA por Neoplasia de Pulmão. 20062009. Grau de Instrução 2006 2007 2008 2009 Total % Não Informado 11 12 09 02 34 08,9 Nenhuma 20 16 21 15 72 18,84 de 01 a 03 anos 20 13 19 13 65 17,01 de 04 a 07 anos 18 30 28 19 95 24,86 de 08 a 11 anos 10 19 20 06 55 14,39 39 10,2 12 ou mais 09 15 11 04 Total 96 111 113 62 382 100,0 Discussão O cenário do câncer no Brasil encontra-se em paralelo com o evidenciado por pesquisas realizadas a nível global. A neoplasia pulmonar ocupa a 1º colocação entre as causas de morte por neoplasia entre homens e a 4º colocação entre as mulheres.1 Entretanto, segundo a ATS (The American Thoracic Society) e a ERS (The European Respiratory Society), Baldine et al.,15 já chegou a ultrapassar o índice de 46 câncer de mama, tornando-se a causa número um de óbitos por neoplasias nos Estados Unidos. No mundo, foi contabilizado referente ao ano de 2008 que 18% (1,4 milhões) do total de óbitos por câncer se deram por neoplasia pulmonar e destes, 80% e 50% respectivamente para homens e mulheres, foram associados ao consumo de tabaco. Estudo realizado por Jemal et al.1, mostraram que o índice de casos referentes à América do Sul é de 20.4 para cada 100.000 indivíduos do sexo masculino, a maioria entre as faixas etárias de 0-40 anos. Entre as mulheres é de 8.4 tendo sua prevalência entre 0-20 anos, o índice de mortalidade geral é de 13.21. Este estudo, aponta uma tendência de aumento no número de casos a partir da quinta década de vida condizendo com estudos realizados por Barros et al.15 As discordâncias entre os estudos podem ser explicadas pelo tamanho da amostra e as diferentes localidades abordadas nos respectivos estudos. Não foram encontrados na literatura estudos que associassem o grau de instrução ao desenvolvimento de neoplasias pulmonares. Nosso estudo apresenta índices levemente menores entre indivíduos com mais de 8 anos de estudo constituindo 24,59% dos casos. Vale ressaltar que para este quesito houve uma parcela significativa de indivíduos o qual não se obtive in-formações sobre o grau de instrução. Atualmente, o maior índice de ocorrência de neoplasia pulmonar no Brasil concentra-se no sul, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.4 Os estados da região sul e sudeste concentram maior parte da renda no país o que nos leva associar a incidência para neoplasia de pulmão a fatores sócioeconômicos e proximidade às áreas metropolitanas.16 Já em estudos conduzidos por Barros et al.15, houve maior predominância (89%) em indivíduos residentes de zona rural. Quando se analisa o panorama nacional, os estados com menor concentração de renda apresentam-se como menor incidência de neoplasia pulmonar variando entre 5,19 à 6,8 para cada 100.000 pessoas, cujas concentrações encontram-se agrupados os estados do Acre, Amapá, Pará, Paraíba, Alagoas, Bahia e Maranhão17. Dentre os estados que apresentam menor índice, destaca-se o Maranhão que no ano de 2010 contabilizou 270 casos. O estudo mostrou que entre os anos de 2008 a 2009 houve grande queda no número de mortes, provavelmente em decorrência da Política Nacional de Controle do Tabaco, que culminou posteriormente na Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, aceita em 2003 pela OMS e promulgada em 2006 pelo presidente da república17. Isto evidencia a grande relação no Brasil entre o tabaco e o desenvolvimento de neoplasia pulmonar e confirma a importância da manutenção e reforço da política antitabagismo. Em toda literatura encontrada, foi unânime a indicação do tabagismo como mais fator de risco para Rev Pesq Saúde, 12(2): 44-47, maio-agost, 2011 Velasquez CC, Costa HA, Passos PRC, Ribeiro SS, Mendonça WJP, Queiroz LLC a neoplasia pulmonar. Apesar disso, outros fatores como trabalho nos setores de produção de indústrias e o histórico familiar foram citados como contribuintes ao desenvolvimento da patologia15,18. A neoplasia pulmonar é uma doença de grande morbi-mortalidade e que vem sendo caracterizada como uma das maiores preocupações da saúde pública. As causas que levam ao desenvolvimento da neoplasia assim como as formas de tratamento e diagnóstico são debatidas constantemente para o aprimoramento das ações realizadas. Ao comparar os parâmetros nacionais e regionais da patologia percebeu-se uma diferença principalmente quando relacionado a variáveis como a faixa etária predominante, grau de instrução e ou local de residência (urbana ou rural). Estudos comparativos entre o comportamento da doença quando assumidos diferentes tamanhos de amostras poderiam produzir resultados mais conclusivos. Vale ressaltar ainda que a inatividade ou inexistência de Registros de Base Populacionais em algumas localidades tendem a produzir disparidades ou resultados que não condizem com o verdadeiro cenário da patologia na região. O Maranhão, dentre todos os estados, apresenta os menores índices de casos de neoplasia pulmonar, porém, deve-se levar em consideração a ausência de uma base de registro populacional ativa na região. A grande baixa no número de óbitos principalmente entre os anos de 2008-2009, reflete a eficiência do programa de combate ao tabagismo implementado nos últimos anos. Referências 1. Jemal A, Bray F, Center MM, Ferlay J, Ward E, Forman D. Global Cancer Statistics. CA Cancer J Clin, 2011; 61(2): 69-90. 2. Michels F, Schimtt CB, Mattos DJS. Fisioterapia em pós operatório de pneumectomia: relato de caso. 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O reparo tecidual transcorreu normalmente e a paciente permanece em acompanhamento clínico. Conclusão: Este caso torna-se importante por apresentar uma faixa etária acima da descrita na literatura, assim como a localização da lesão em local mais raro. Em virtude destes fatos nota-se a importância de um correto diagnóstico para efetivar o tratamento coerente e estabelecer um excelente prognóstico para estes pacientes. Palavras-Chave: Linfangiona. Hamartoma. Mucosa Bucal. Abstract: Introduction: Lymphangiomas are congenital lymphatic malformations. These lesions are most frequently diagnosed during childhood, when this lesion are observed in old age are more rare. The most commonly located are in the head and neck region, affecting oral cavity, especially the tongue and are extremely rare in buccal mucosa. Case report: Man patient of 25 years old. Case report: A male patient was 25 years old, Caucasian, sought dental care in FOUSP complaining of swelling in the right region of the buccal mucosa. The lesion is asymptomatic with 15 mm diameter and the patient date of onset was unknown. The clinical diagnosis was mucocele and the excisional biopsy was diagnosed with lymphangioma. Tissue repair went smoothly and the patient remains in clinical follow-up. Conclusion: This case is important because it has an age above described in the literature as well as the location of the lesion site most often. In view of these facts it is noted the importance of a correct diagnosis to make effective consistent treatment and establish an excellent prognosis for these patients. Keywords: Lymphangioma. Hamartoma. Mouth Mucosa. Introdução Os linfangiomas são tumores hamartomatosos benignos que afetam os vasos linfáticos. Existem, ainda hoje, dúvidas se este tumor benigno pode ser classificado como uma neoplasia verdadeira, entretanto a maioria dos autores classifica esta lesão como uma má formação congênita originária de seqüestros de tecido linfático que não se comunica normalmente com o resto do sistema linfático1,2,3,4,5,6 ,7. Dentre as características clínicas, esta lesão tem predileção pela região de cabeça e de pescoço, representando 50% a 75% de todos os casos. E a faixa etária mais afetada ocorre do nascimento até dois anos de idade, sendo o gênero masculino mais afetado do que o feminino em uma proporção de 2:1 de todos os casos1,2,3,4,5. Os linfangiomas bucais podem acometer diversas localizações, sendo a mais comum os dois terço anteriores da língua; seguido pelo rebordo alve- olar e posteriormente lábio e mucosa bucal. Nestas regiões, as lesões apresentam-se como tumefações, indolores, nodulares com uma superfície pedregosa como descrita por Neville et al.2 Nos tumores profundos, a tumefação apresenta-se amolecida e mal definida5,8,9,10. Dentre os três subtipos histológicos de linfangiomas, o mais comum na cavidade bucal é o cavernoso, em virtude do tecido conjuntivo circunjacente e os músculos esqueléticos, limitarem a expansão vascular5. Histopatologicamente podemos observar vasos linfáticos apresentando uma considerável dilatação localizado logo abaixo do epitélio de superfície e geralmente substituindo as papilas conjuntivas. Complementando o quadro notam-se vasos linfáticos dilatados no tecido conjuntivo mais profundo e na musculatura esquelética1,2,3,4,5,8,9,10. O diagnóstico diferencial deve incluir o carcinoma de células basais e tumor de glândulas salivares com degeneração cística. Estas lesões podem ser 1. Profª. Drª. do Departamento de Odontologia II, Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Profª. Drª. do Curso de Odontologia do Instituto Florence de Ensino Superior. Profª. Drª. do Curso de Medicina da Universidade Federal do Pará - UFPA. Contato: Erika Martins Pereira. E-mail: [email protected] 2. 3. 48 Rev Pesq Saúde, 12(2): 48-51, maio-agost, 2011 PereiraEM, Lawall MA, PereiraWMM diferenciadas pelas características celulares neoplásicas encontradas na biópsia aspirativa2. Os linfangiomas que ocorrem na região cervical também demandam diferenciação com cisto tireoglosso, rânula mergulhante e as linfadenopatias. Também, podem assemelhar-se ao hemangioma quando há um componente capilar significativo e, quando a lesão for pequena, pode ser confundida com mucocele2. Várias modalidades de tratamento têm sido propostas para a resolução das lesões linfangiomatosas da cavidade bucal. Estes tratamentos são indicados, especialmente, para portadores adultos e cujas lesões não regridam espontaneamente. Excisão cirúrgica, terapia por radiação, crioterapia, administração de esteroides e agentes esclerosantes, interferon ou bleomicina, embolização, ligação, e cirurgia a laser também têm sido utilizados para o tratamento destas lesões1,3,8,9,10,11. A remoção cirúrgica dos linfangiomas é a melhor forma de tratamento, mas a remoção total da lesão nem sempre é possível devido, em muitos casos, a lesão envolver estruturas vitais na sua extensão.2 Muitos linfangiomas são parcialmente circunscritos o que facilita a remoção cirúrgica. Entretanto, são freqüentes as recorrências pós-cirúrgicas (10% a 38%) como resultado da remoção incompleta do tumor1,3. O objetivo do presente trabalho é descrever um caso clínico de linfangioma bucal, enfatizando a importância de um correto diagnóstico para efetivar o tratamento coerente e estabelecer um excelente prognóstico para estes pacientes, em virtude deste caso representar faixa etária e localização topográfica incomuns. Relato do caso O caso clínico descrito a seguir teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, sob o número 144/2010 e teve a autorização do paciente através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Paciente do gênero masculino, 25 anos de idade, leucoderma, procurou atendimento odontológico na FOUSP queixando-se de aumento de volume na região de mucosa jugal direita. A lesão apresentavase assintomática com 15 mm de diâmetro e, segundo o paciente, a data de aparecimento era desconhecida. A B O exame físico extrabucal não mostrou alterações faciais. No exame físico intrabucal, observou-se aumento de volume difuso na mucosa jugal posterior direita, medindo aproximadamente 15 mm de diâmetro, de coloração rósea, de superfície vesicular e firme à palpação (Figura 1a). O diagnóstico clínico presuntivo consistiu nas hipóteses de mucocele e hiperplasia fibrosa inflamatória. O paciente foi submetido à biópsia excisional e o exame anatomo-patológico revelou uma proliferação de vasos linfáticos de pequeno e médio calibre, contendo linfa no seu interior (Figuras 1b e 1c). O reparo tecidual transcorreu normalmente e o paciente permanece em acompanhamento clínico. Discussão Segundo as teorias de formação dos linfangiomas, eles são geralmente de natureza congênita, entretanto outros autores indicam que podem ser lesões tipo hamartomatosas1,2,3,4,5,6,7,8. Neste caso em questão, o paciente afirma que não nasceu com esta alteração, com isso podemos supor que sua origem está mais relacionada com uma lesão benigna hamartomatosa. Para Paula e Silva4 a predominância destes casos é em pacientes do gênero masculino, o que corrobora com nosso caso e a faixa etária mais acometida é de crianças, o que difere do caso em questão já que o paciente apresentava 25 anos de idade. Segundo Aciole et al.1, a localização mais freqüente é a língua, seguida pelo lábio e uma área mais rara sendo a mucosa jugal, sendo esta área envolvida no nosso caso, o que torna este caso mais raro do que a maioria já relatada na literatura9,10,11. O tratamento de escolha para os linfangiomas é a cirurgia radical, e opções como escleroterapia são usadas como única terapia ou de forma adjuvante nas formas císticas e cavernosas. Aciole et al.1 em 2010 demonstrou que o tratamento de linfangioma com laser de CO2 foi bem aceito e não apresentou recidiva nos períodos de 12 e 18 meses pós-cirurgico; entretanto citou-se como desvantagens, os custos do equipamento e a falta de qualificação de cirurgiõesdentistas nesta especialidade cirúrgica. No caso apresentado, o tratamento proposto foi a remoção cirúrgica convencional e não se observou recidiva da lesão nos 12 meses seguintes em que o paciente C Figura 1: Aspecto clínico da mucosa jugal direita (A), Fotomicrografia dos vasos linfáticos subepiteliais (B) e Fotomicrografia dos vasos linfáticos (C). Rev Pesq Saúde, 12(2): 48-51, maio-agost, 2011 49 Linfangioma de cavidade bucal: relato de caso clínico esteve em acompanhamento11. O prognóstico desta lesão é favorável para a maioria dos pacientes, embora as grandes lesões localizadas no pescoço ou na base de língua possam determinar obstrução das vias aéreas. Na maior parte dos casos, linfangiomas pequenos não causam incapacidade física, estética e funcional. No entanto, estas lesões devem ser tratadas, pois, tendem a evoluir. A excisão cirúrgica é o tratamento de escolha. Entretanto, as lesões podem mostrar recidivas após sua remoção, cuja tendência parece crescer com o aumento da idade do paciente. Enfatiza-se, portanto, o diagnóstico e o tratamento precoce, pois, minimizam as complicações decorrentes destas lesões, em relação à adaptação funcional e estética do indivíduo. Este caso torna-se importante por apresentar uma faixa etária acima da descrita na literatura, assim como a localização da lesão em local mais raro. Em virtude destes fatos, nota-se a importância de um correto diagnóstico para efetivar o tratamento coerente e estabelecer um excelente prognóstico para estes pacientes. Referências 1. Aciole GTS, Aciole JMS, Soares LGP, Santos NRS, Santos JNS, Pinheiro ANS. Surgical treatment of oral lymphangiomas with CO2 laser: report of two uncommon cases. Braz Dent J, 2010; 21(4): 365-369. 7. Zhou Q, Zheng JW, Mai HM, Luo QF, Fan XD, Su LX, Wang YA, Qin ZP. Treatment guidelines of lymphatic malformation of the head and neck. Oral Oncol, 2011; 47(12): 1105-09. 2. Neville WJ et al. Patologia Oral e Maxilofacial. 3ª Ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2009. 8. 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Overview, applications, advantages/disadvantages and radiation dose Aubrey Fernando Fabre1, Juliana Kina1, Ana Caroline Gonçales Verri1, Alex Luiz Pozzobon Pereira2, Marcos Rogério de Mendonça3 e Osmar Aparecido Cuoghi3 Resumo Introdução: A requisição de imagens tridimensionais (3D) do complexo dentomaxilofacial tem aumentado. Com isso, novas possibilidades para avaliações, tratamento e acompanhamento pós-tratamento tem ganhando notoriedade com o emprego da tomografia computadoriza cone beam (TCCB). As imagens em duas dimensões (2D) apresentam problemas inerentes que podem ser resolvidos com avaliações tridimensionais (3D). Objetivos: Esclarecer as principais dúvidas acerca do mecanismo de funcionamento desse método de diagnóstico complementar, expor as vantagens/desvantagens, discutir sobre a dose de radiação efetiva e possibilidades de aplicação em Ortodontia. Conclusão: As informações geradas pelas imagens em 2D derivadas da TCCB não apresentam diferenças que possam comprometer o planejamento ortodôntico quando comparadas com as imagens das radiografias convencionais em 2D. A dose efetiva de radiação recebida pelo paciente não deve ser considerada como fator limitante da solicitação do exame tomográfico. Palavras-chave: Tomografia. Radiografia. Ortodontia. Radiação. Abstract Introduction: The request of three-dimensional images (3D) of the dentomaxillofacial complex has increased. Hence, new possibilities for assessment, treatment as well as follow-up after treatment have increased their importance with the use of cone beam computed tomography (CBCT). The images in two dimensions (2D) have inherent problems that can be solved with treedimensional images assessment. Objectives: To clarify the main doubts about the operational mechanism of complementary diagnostic method; to explain the advantages and disadvantages, to discuss the effective radiation dose and possible applications in orthodontia. Conclusion: The information generated by 2D images from the CBCT does not show differences that may endanger the orthodontic planning when compared with the images of 2D conventional radiographs. The effective radiation dose received by the patient should not be considered as a limiting factor of the tomography exam request. Keywords: Tomagraphy. Radiography. Orthodontia. Radiation. Introdução O diagnóstico por meio de imagem tridimensional (3D) da região dentomaxilofacial tem aumentado com a introdução da tomografia computadorizada cone beam (TCCB), devido ao custo relativamente baixo e baixa dose de radiação quando comparado aos outros métodos tomográficos1. Esse método complementar de diagnóstico também emprega a radiação X e revela uma tendência de substituição das imagens convencionais para o tratamento ortodôntico, já que apresenta qualidade superior2 e importantes aplicações na Ortodontia. As principais indagações referemse às diferenças entre os exames radiográficos convencionais e à dose de radiação recebida pelo paciente. O objetivo deste artigo é fornecer as informações acerca da TCCB, vantagens e desvantagens, principais aplicações e a dose efetiva de radiação. Tomografia computadorizada cone beam (TCCB) – visão geral Inicialmente a técnica foi empregada no Japão por Arai et al.3, Logo após, Mozzo et al.4, foram os responsáveis pela comercialização do primeiro tomógrafo (NewTom 9000). A TCCB fornece imagens que podem ser manipuladas pelo ortodontista em seu próprio consultório e o tomógrafo pode ser instalado em centros diagnósticos menores, devido a sua pequena dimensão. A primeira imagem obtida pelo tomógrafo é semelhante a uma telerradiografia em normal lateral, chamada de scout (ou escanograma). Ao final do exame, a sequência de imagens capturadas é denominada de “imagens bases”, que podem ser manipuladas por meio de um programa específico para TCCB, permitindo a reconstrução multiplanar do volume escaneado. Em outras palavras, este processo permite a visualização de imagens axiais, coronais, sagitais e oblíquas, assim como a reconstrução em 3D. Adicionalmente, o programa permite a criação de imagens bidimensionais que são réplicas das radiografias utilizadas em Ortodontia, como a panorâmica e a telerradiografia em norma lateral e frontal2. A menor unidade de uma imagem é denominada voxel, que pode variar de 0,2 a 20 mm, dependendo da espessura do corte e modelo do aparelho. Quanto menor o voxel, melhor é a qualidade da imagem. Na TCCB o voxel é isométrico2,5 (altura, largura e profundidade têm as mesmas dimensões) e isomórfico, aumentado a capacidade de reproduzir detalhes dos diferentes tecidos com grande nitidez e clareza, produzindo 1. Mestre e Doutorando(a) em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Professor Adjunto II da Disciplina de Ortodontia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 3. Professor Adjunto da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP Contato: Alex Luiz Pozzobon Pereira. E-mail: [email protected] 2. Rev Pesq Saúde, 12(2): 51-54, maio-agost, 2011 51 Fabre AF, Kina J, Verri ACG, Pereira ALP, Mendonça MR, Cuoghi OA uma imagem de alta qualidade, acurácia e resolução6. A primeira geração de tomógrafos cone beam usava sensores denominados de intensificadores de imagens, que tinham 8 bits (256 tons de cinza). Atualmente, o sistema denominado flat panel foi desenvolvido com 12-16 bits (até 4096 tons de cinza) e, consequentemente, produz imagens de maior qualidade. A Escala de Hounsfield, que mede a absorção dos diferentes tecidos quando expostos à radiação X (hipodensos ou hiperdensos), por meio das nuances de tons de cinza, permite até mesmo o diagnóstico de determinada estrutura de acordo com sua densidade1,2. Vantagens e desvantagens da TCCB Em comparação com as radiografias convencionais, o potencial da TCCB em prover informações complementares é superior. As vantagens são: eliminação da sobreposição de imagens7, alta acurácia1,8, maior capacidade de distinção entre tons de cinza (alto contraste), permitindo estabelecer densidade aos tecidos de 0,5% contra 5 a 10% das radiografias comvencionais8, permite reconstrução multiplanar em volume (obtenção de imagens axiais, coronais, sagitais e oblíquas)2, possibilidade de reconstrução da imagem em 3D2, possibilidade de prototipagem9 e fator de magnificação nulo (proporção 1:1)10. Como desvantagens podem ser citadas: alta dose de radiação11, custo elevado do equipamento, o que aumenta o valor do exame2, produção de artefatos metálicos12, particularmente em reconstruções secundárias. Isso quando comparada aos métodos radiográficos convencionais6,10, Aplicações em Ortodontia A TCCB tem inúmeras aplicações: localização tridimensional de dentes impactados13, avaliação do grau de reabsorção radicular dos dentes vizinhos a caninos impactados14, simulação para planejamento ortodôntico cirúrgico15, avaliação do crescimento e desenvolvimento craniofacial e estimativa da idade dentária16, visualização da espessura do osso alveolar de suporte e sua remodelação após movimentação dentária induzida17, avaliação da dimensão transversal das bases apicais e reabsorção radicular após expansão rápida maxilar, mensuração da largura da sutura palatina18, odontologia legal16, visualização em 3D das vias aéreas superiores19, avaliação cefalométrica20,investigação da articulação temporomandibular21, avaliação do movimento dentário nas regiões de osso atrésico (espessura da tábua óssea alveolar na direção vestibulolingual)22 ou com invaginação do seio maxilar; análise qualitativa e quantitativa do osso alveolar para ancoragem ortodôntica com mini-implantes23, avaliação de defeitos ou enxertos ósseos na região de fissuras labiopalatinas24, confecção de modelos ou setups digitais em 3D9,25, avaliação de lesões na região dentomaxilofacial9,26. Dose de radiação A dose efetiva de radiação é dependente das configurações – kilovoltagem (KVp), mili-amperagem (mA), campo de visão (FOV) e tempo de exposição27. Dependendo do FOV28, as imagens TCCB capturadas 52 com configurações de menor intensidade são comparáveis com as altas e mantêm o padrão de qualidade suficiente para o diagnóstico imaginológico. Além disso, o tamanho do voxel, mili-amperagem e qualidade da imagem estão intimamente relacionados. Dentre as radiografias mais solicitadas na clínica ortodôntica encontra-se a panorâmica e a telerradiografia em normal lateral. No entanto, muitos casos necessitam de radiografia seriada da articulação temporomandibular, radiografia póstero-anterior, radiografias oclusais, interproximais e periapicais de todos os dentes. A literatura11 relata que os nível de radiação emitido durante a realização da telerradiografia em norma lateral é de 5 µSv, da panorâmica 10 µSv, da oclusal maxilar 7 µSv e da periapical 5 µSv. Quando comparada às radiografias convencionais, a dose de radiação da TCCB é equivalente a uma tomada radiografia de periapicais de todos os dentes29 ou aproximadamente de 4 a 15 vezes maior que uma panorâmica (2,9-11 µSv)29. Além disso, a dose de radiação recebida por um indivíduo quando exposto a TCCB é de 3 a 7 vezes maior que a dose de uma panorâmica e 40% a menos que uma tomografia computadorizada convencional30. Por outro lado, o levantamento radiográfico da “boca toda” varia 13 a 14 µSv (com colimador retangular), de 64 a 73 µSv (com colimador redondo) e de 83 a 100 µSv (bissetriz, com cone curto). Deste modo, o somatório das doses efetivas da radiografia panorâmica e da telerradiografia lateral, acrescido das periapicais poderiam gerar a mesma ou até mesmo maior quantidade de radiação da TCCB. Outro estudo31 relatou que a tomada radiográfica da “boca toda” gera 150 µSv. Além disso, há a desvantagem dos métodos tradicionais não proporcionar avaliação em 3D. A TCCB permite obter todas as imagens necessárias para uma avaliação ortodôntica em apenas uma captura e estudos29 relatam que a dose efetiva de radiação média é de 36,9 a 50,3 µSv. Portanto, dependendo do tipo de exame solicitado, a dose de radiação recebida pelo paciente não deve ser considerado fator limitante da indicação deste exame radiográfico. Uma importante questão ainda permanece. Durante o planejamento ortodôntico, existem diferenças entre as informações geradas por um exame em duas dimensões (2D) com telerradiografia em norma lateral convencional e com TCCB? As limitações das imagens em 2D têm sido bastante estudadas na literatura32. Um estudo comparativo33 entre as medidas lineares dos cefalogramas laterais convencionais e TCCB revelou que todas as informações obtidas com a TCCB apresentaram maior acurácia sobre a cefalometria tradicional. Apesar disso, esta diferença nas medidas cefalométricas não é muito significativa34 a ponto de interferir no planejamento ortodôntico. Conclusão A TCCB como método complementar de exame é uma realidade, pois apresenta qualidade superior das imagens quando comparada às radiografias convencionais. Quando o ortodontista for utilizar somente imagens em 2D derivadas da TCCB, isto representará somente uma evolução em relação a qualidade das imagens. Porém, quando for necessário utilizar ima- Rev Pesq Saúde, 12(2): 51-54, maio-agost, 2011 Tomografia computadorizada Cone Beam em Ortodontia – evolução ou revolução? Visão geral, aplicações, vantagens/desvantagens e dose de radiação gens em 3D, a TCCB apresentará potencial revolucionário de diagnóstico complementar. A mudança de uma abordagem técnica é um desafio que todo profissional tem que estar apto a enfrentar. Para tomar a decisão, é necessário conhecimento e segurança da indicação. O bom senso deve prevalecer. Referências 1. Kapila S, Conley RS, Harrell WE Jr. The current status of cone beam computed tomography imaging in orthodontics. 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Dosimetry of 3 CBCT units for oral and maxillofacial radiology: CB Mercuray, NewTom 3G and i-CAT. Dentomaxillofac Radiol, 2006; 35: 219-226. 32. Cohnen M, Kemper J, Mobes O, Pawelzik J, Modder U. Radiation dose in dental radiology. Eur Radiol, 2002; 12: 634-637. 33. Adams GL, Gansky SA, Miller AJ, Harrell WE, Hatcher DC. Comparison between traditional 2-dimensional cephalometry and a 3-dimensional approach on human dry skulls. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 2004; 126: 397-409. 34. Moshiri M, Scarfe WC, Hilgers ML, Scheetz JP, Silveira AM, Farman AG. Accuracy of linear measurements from imaging plate and lateral cephalometric images derived from cone-beam computed tomography. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 2007; 132: 550-560. Rev Pesq Saúde, 12(2): 51-54, maio-agost, 2011 NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research, órgão oficial do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA é publicada quadrimestralmente, com o objetivo de promover e disseminar a produção de conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas na área de saúde, assim como possibilitar o intercâmbio científico com programas de Pós-Graduação e Instituições de pesquisas nacionais e internacionais. The Journal of Health Research is an official organ of the University Hospital of the Federal University of Maranhão UFMA. Our Journal publishes every four months and has as an aim to promote and disseminate the development of knowledge and the socialization of academic experiences concerning to health, as well as the possibility of creating the scientific exchange among postgraduate programs and national and international research institutions. Recomendamos aos autores a leitura atenta das instruções abaixo antes de submeterem seus artigos à Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research: We strongly advise all authors to read the instructions below carefully before submitting manuscripts to the Journal of Health Research. a. Os trabalhos deverão vir acompanhados de carta de apresentação assinada por seu(s) autor(es), autorizando publicação do artigo e transferindo os direitos autorais à Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research. a. The manuscripts must be accompanied by a cover letter that must be signed by each author(s) authorizing the article to be published and transferring the copyright to the Journal of Health Research. b. Na seleção de artigos para publicação, avaliar-se-á o mérito científico do trabalho, sua adequação às normas e à política editorial adotada pela revista. Nos trabalhos de pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser informado o nº do parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde o mesmo foi aprovado. b. In the selection of articles for publication, the scientific merit of the research, adaptation to the standards and editorial policy adopted by the Journal will be evaluated. When reporting experiments on human subjects, the protocol number of the Institution’s Research Ethics Committee where the research was approved must be informed. c. Os manuscritos, submetidos com vistas à publicação na Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research, são avaliados inicialmente pela secretaria quanto à adequação das normas. Em seguida, serão encaminhados no mínimo para 02 (dois) revisores (membro do Conselho Editorial ou consultor ad hoc) para avaliação e emissão de parecer fundamentado, os quais serão utilizados pelos editores para decidir sobre a aceitação, ou não, do mesmo. Em caso de divergência de opinião entre os avaliadores, o manuscrito será enviado a um terceiro relator para fundamentar a decisão final. Será assegurado o anonimato do(s) autor (es) nesse processo. O Conselho Editorial se reserva o direito de recusar o texto recebido e/ou sugerir modificações na estrutura e conteúdo a fim de adequar aos padrões da revista. Os autores dos manuscritos não aceitos para publicação serão notificados por carta e/ou e-mail. Somente após aprovação final, os trabalhos serão encaminhados para publicação. c. The manuscripts submitted for publication in the Journal of Health Research are firstly assessed by the editorial office for adaptation to the standards. Afterwards, the manuscripts will be addressed to a minimum of two reviewers (Member of the Editorial Board or ad hoc consultant) that will evaluate and issue a reasoned opinion to be used by the editor for deciding whether the article is accepted or not. In case of opinion divergence between the reviewers, the manuscript will be sent to a third reviewer for reasoning the final decision. The author(s) anonymity will be guaranteed in this process. The editorial board reserves the rights of refusing the received text and/or suggesting changes in the style and content in order to follow the journal standards. The authors of manuscripts not accepted for publication will be informed through letter and/or email. Only after acceptance the articles will be published. d. A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research não remunera o(s) autor(es) que tenham seus artigos nela editados, porém lhes enviará 02 (dois) exemplares da edição onde seu(s) texto(s) for(em) publicado(s). d. The Journal of Health Research does not pay theauthor(s) of article(s) edited by it, however, the journal will send two issues where his/her/their text(s) was/were published. e. Não serão publicados artigos que atentem contra a ética profissional, que contenham termos ou idéias preconceituosas ou que exprimam pontos de vista incompatíveis com a filosofia de trabalho do Conselho Editorial e da política da revista. f. Os conceitos, opiniões e demais informações contidos nos textos, e publicados na Revista de Pesquisa em Saúde/ Journal of Health Research, são de inteira responsabilidade do(s) autor (es). 1. Categorias das seções Para fins de publicação, a Revista de Pesquisa em Saúde/ Journal of Health Research, publica nas seguintes seções: editorial, artigos originais, artigos de revisão e atualização, relatos de caso, relatos de experiência, comunicações breves e relatórios técnicos elaborados por profissionais da área da saúde e afins, redigidos em português ou inglês. Em cada número, se aceitará a submissão de, no máximo, dois manuscritos por autor. 1.1 Editorial: de responsabilidade do corpo editorial da revista, que poderá convidar autoridade para redigi-lo. 1.2 Artigos originais: devem relatar pesquisas originais que não tenham sido publicadas ou consideradas para publicação em outros periódicos. Produção resultante de pesquisa de natureza empírica, experimental, documental ou conceitual com resultados que agreguem valores ao campo científico e e. The articles that do not follow the professional ethics, as well as those that show prejudice ideas or express incompatible viewpoints with the journal’s policy and editorial board philosophy towards work, will not be published. f. The concepts, opinions and other information within the texts, and published in the Journal of Heath Research are of entire responsibility of author(s). 1.Categories of sections For publication purposes, the Journal of Health Research publishes in the following sections: original, review and update articles, case and experience reports, editorial, short communications and technical reports. The manuscripts must be written in portuguese or english and elaborated by professionals of health or related areas. In each issue number the Journal will accept up to two manuscripts for submission by each author. 1.1 Editorial: the Journal editorial body is responsible by this type of submission. The Journal may invite an expert to prepare it. 1.2 Original article: should report original research that has not been previously published or considered for publication in other journals. It is a manuscript that was resulted of empirical, experimental, documental or conceptual research and which may add values to the science field and practice of many health areas. It should contain in its structure: resumo, 55 prático das diversas áreas da saúde. Deve conter na estrutura: resumo, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão e referências (máximo de 6.000 palavras e cinco ilustrações). 1.3 Artigos de Revisão e Atualização: destinados a apresentação de conhecimentos disponíveis baseados numa avaliação crítica, científica, sistemática e pertinente de um determinado tema (resumo estruturado de até 250 palavras, máximo de 5.000 palavras, cinco ilustrações), e não apenas revisão de literatura, e até três autores. Mesma formatação do artigo original. 1.4 Relatos de Casos: devem ser relatos breves de casos relevantes para divulgação científica com extensão máxima de 1.500 palavras, com máximo de 3 ilustrações (tabelas e figuras), até quinze referências. Colocar no corpo do manuscrito os tópicos: introdução, relato de caso, discussão e referências. Permitido-se máximo três autores. abstract, introduction, methods, results, discussion, conclusion and references (up to 6,000 words and five illustrations). 1.3 Review and update articles: have as an aim the presentation of available knowledge based on critical, scientific, systematic and relevant assessment of a particular subject (abstract of up to 250 words, maximum of 5,000 words, five illustrations), they should not only be a literature review and should be conducted of up to three authors. Same format of the original article. 1.4 Case reports: relevant brief reports that should be important to scientific publishing, with maximum of 1,500 words and three illustrations (tables and figures), up to ten references. Devide your manuscript into sections: introduction, case report, discussion and references. It is allowed up to three authors. 1.5 Comunicações Breves: devem ser relatos sobre novos resultados, interessante dentro da área de abrangência da revista. Observação clínica original, ou descrição de inovações técnicas, apresentadas de maneira breve, não excedendo a 1.700 palavras. Não colocar no corpo do manuscrito os tópicos: introdução, métodos, resultados, discussão e conclusões. Máximo três ilustrações e até quinze referências. 1.5 Short communications: should be reports about new results and interesting for the knowledge area of the journal. Original clinical observation or description of technical innovations which should be presented briefly without exceeding 1,700 words. Do not include in the body of the manuscript the items: introduction, methods, results, discussion and conclusions. Maximum of three illustrations and up to fifteen references. 1.6 Relato de Experiência: descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de extensão. A relevância de um relato de experiência está na pertinência e importância dos problemas que nele se expõem, assim como o nível de generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados da intervenção em outras situações similares, ou seja, serve como uma colaboração à práxis metodológica. Formato de artigos originais. 1.6 Experience Report: description of academic, assistance, and extension experiences. The relevance of an experience report is the relation and importance of problems that are shown by it, as well as the level of generalization in the procedures application and results of interventions in other similar situations, in other words, it serves as collaboration to the methodological praxis. Format of original articles. 1.7 Relatórios Técnicos: devem ser precisos e relatar os resultados e recomendações de uma reunião de experts. Será considerado no formato de um editorial. 2. Forma e Estilo 2.1 Os artigos devem ser concisos e redigidos em português ou Inglês. As abreviações devem ser limitadas aos termos mencionados repetitivamente, desde que não alterem o entendimento do texto, e devem ser definidas a partir da sua primeira utilização. Cada parte do artigo deve ser impressa em páginas separadas na seguinte ordem: 1) Página de Títulos; 2) Resumo e Palavras-chave; 3) Abstract e Keywords; 4) Texto; 5) Referências; 6) E-mail, para a correspondência; 7) Ilustrações e legendas; 8) Tabelas; 9) Outras informações. 2.2 Os manuscritos dever ter as referências elaboradas de acordo com as orientações do International Committee of Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org), e do International Committee of Medical Journal Editors Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/ uniform_requirements.html. 2.3 O manuscrito deve ser preparado usando software padrão de processamento de texto e deve ser impresso (fonte arial, tamanho 12) com espaço duplo em todo o texto, legendas para as figuras e referências, margens com pelo menos três cm. Abreviações devem ser usadas com moderação. 1.7 Technical Reports: should be accurate and report results and recommendations of an assembly of experts. It will be considered in an editorial format. 2 Format and Style 2.1 The articles should be concise and written in Portuguese or English. Abbreviations should be limited to the terms mentioned repeatedly. The spelled-out abbreviation followed by the abbreviation in parenthesis should be used on first mention. The abbreviation should be used unless it will not alter the text comprehension. Each part of the article should be printed on separate pages in the following order: 1) Titles Page, 2) Resumo and Descritores, 3) Abstract and Keywords; 4) Text, 5) References, 6) e-mail for correspondence, 7) Illustrations and captions, 8) Tables, 9) Other information. 2.2 The references of manuscripts should follow the norms established by the International Committee of Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org) and the International Committee of Medical Journal Editors Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/ uniform_requirements.html). 2.3 The manuscript should be prepared using standard word processing software and should be printed (arial, font size 12) double-spaced throughout the text, figures captions, and references, with margins of at least 3cm. Abbreviations should be used sparingly. 3. Organização dos manuscritos 3. Manuscripts structure 3.1 Página de Título: página não numerada, contendo o título do artigo em português (digitada em caixa alta e em negrito com no máximo 15 palavras), inglês (somente em caixa alta). Nome completo dos autores digitados em espaço duplo na margem direita da página indicando em nota de rodapé a titulação do (s) autor (es) e instituição (es) de vinculo (s) e endereço para correspondência: nome do autor responsável e e-mail. 56 3.1 Title Page: not numbered, containing the title of the article in Portuguese (typed in capital letters and boldface with a maximum of 15 words), English (only with capital letters), authors’ full name typed in double-spaced on the right margin of the page, and a footnote indicating the title of author (s) and institution(s) to which they are affiliated and his/her/their correspondence address (es): name of the corresponding author and email. 3.2 Resumo: deve conter no máximo 250 palavras, em caso de Artigo Original e Atualização, e 100 para Relatos de Casos, Comunicações Breves e Relato de Experiência. Devem ser estruturados, contendo introdução, objetivo(s), métodos, resultado(s) e conclusão (es). 3.3 As palavras-chaves: e seus respectivos Key Words devem ser descritores existentes no DeCS-Bireme (http:// decs.bvs.br). 3.4 Introdução: deve indicar o objetivo do trabalho e a hipótese formulada. Informações que situem o problema na literatura e suscitem o interesse do leitor podem ser mencionadas. Devem-se evitar extensas revisões bibliográficas, histórico, bases anatômicas e excesso de nomes de autores. 3.5 Ética: toda pesquisa que envolve seres humanos e animais deve ter aprovação prévia da Comissão de Ética em Pesquisa, de acordo com as recomendações da Declaração de Helsinki e as Normas Internacionais de Proteção aos Animais e a resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos. O artigo deve ser encaminhado juntamente com o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). 3.2 Abstract: should not exceed two hundred words for original or update article, and a hundred for Case reports, Short communications and Experience report. It should be structured with the objective, material and methods, results and the conclusions. Note: when the article is written in English the abstract must come before the resumo. 3.3 Keywords: should be used descriptors from the DeCSBIREME (http://decs.bvs.br). 3.4 Introduction: should provide the objective of the study and a formatted hypothesis. Information which indentifies the problem in the literature and draws the reader's interest may be mentioned. Detailed literature reviews, natural history, anatomical basis and excessive number of authors should be avoided. 3.5 Ethics: any research involving experiments on humans and animals must have a prior approval from the Research Ethics Committee, according to the Helsinki Declaration, International Animal Protection and Resolution n°196/96 of the Ministry of Health about research involving humans. The article should be addressed along with the opinion of the Committee of Ethics in Research (CEP). 3.6 Métodos: o texto deve ser preciso, mas breve, evitando-se extensas descrições de procedimentos usuais. É necessário identificar precisamente todas as drogas, aparelhos, fios, substâncias químicas, métodos de dosagem, etc., mas não se deve utilizar nomes comerciais, nomes ou iniciais de pacientes, nem seus números de registro no Hospital. A descrição do método deve possibilitar a reprodução dos mesmos por outros autores. Técnicas-padrões precisam apenas ser citadas. 3.6 Methods: the text should be accurate although brief, avoiding extensive descriptions of usual procedures. It is necessary to precisely identify all drugs, devices, wires, chemicals, methods of measurement and so on. Do not use trade names, patient initials or names, or their hospital registration numbers. The method description should enable its reproduction by others. Standard techniques need only be cited. 3.7 Resultados: devem ser apresentados em sequência lógica no texto, e exclusivamente neste item, de maneira concisa, fazendo, quando necessário, referências apropriadas a tabelas que sintetizem achados experimentais ou figuras que ilustrem pontos importantes. O relato da informação deve ser conciso e impessoal. Não fazer comentários nesta sessão, reservandoos para o capitulo Discussão. 3.7 Results: should be presented in logical sequence in the text. Only in this item, when necessary, and in a concise manner, appropriate references should be done to tables that summarize experimental findings or figures that illustrate important points. The information report must be concise and impersonal. Do not make comments on this section. All comments must be reserved for the Discussion chapter. 3.8 Discussão: deve incluir os principais achados, a validade e o significado do trabalho, correlacionando-o com outras publicações sobre o assunto. Deve ser clara e sucinta evitandose extensa revisão da literatura, bem como hipóteses e generalizações sem suporte nos dados obtidos no trabalho. Neste item devem ser incluída(s) a(s) conclusão(es) do trabalho. 3.8 Discussion: should include main findings, the validity and meaning of the work, correlating it with other publications about the subject. It should be clear and concise by avoiding detailed literature review as well as hypothesis and generalizations without support from data obtained in the study. In this item should be included the conclusions. 3.9 Referências: devem ser numeradas consecutivamente, na medida em que aparecem no texto. Listar todos os autores quando houver até seis. Para sete ou mais, listar os seis primeiros, seguido por “et al”. Digitar a lista de referência com espaçamento duplo em folha separada. Citações no texto devem ser feitas pelo respectivo número das referências, acima da palavra correspondente, separado por vírgula (Ex.: inteligência 2, 3, 4,.). As referências citadas deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo as normas gerais dos Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a Periódicos Biomédicos (http://www.hlm.nih. gov/citingmedicine/). Os títulos dos periódicos devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no “Index medicus” (Consulte: http://ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journal& TabCmd=limits). 3.9 References: should be numbered consecutively according to the order in which they are mentioned in the text. All authors should be mentioned when up to six. When there are more than six authors, you should list all the six authors followed by “et al”. The list of references should be typed double-spaced and on a separate page. Citations in the text should be made by the respective number of references, above the corresponding word and separated by comma (e.g.: Knowledge 2, 3, 4,). All cited references should be listed at the end of the article in numerical order, following the general rules of the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine /). The titles of journals should be abbreviated according to the style used in "Index medicus" (http://ncbi.nlm.nih.gov/ sites/entrez?= journal&db=TabCmd=limits). - Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es). - All references must be presented in a correct and complete manner. The veracity of the information contained in the list of references is of author(s)’s responsibility. - No caso de usar algum software de gerenciamento de referências bibliográficas (Ex. EndNote®), o(s) autor(es) deverá(ão) converter as referências para texto. - When using a reference management software (e.g. EndNote®), the author(s) must convert the references to text. 4. Fontes de financiamento 4. Funding sources 57 4.1 Os autores devem declarar todas as fontes de financiamento ou suporte, institucional ou privado, para a realização do estudo. 4.2 Fornecedores de materiais ou equipamentos, gratuitos ou com descontos também devem ser descritos como fontes de financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e país). 4.3 No caso de estudos realizados sem recursos financeiros institucionais e/ou privados, os autores devem declarar que a pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização. 4.1 The authors must declare all sources of funding or support, institutional or private, used to perform the study. 4.2 Suppliers of materials or equipments free or with discount, must also be described as sources of funding, including the origin (city, state and country). 4.3 Authors with studies without institutional or private financial resources must state that the research did not receive funding for its implementation. 5. Conflict of interest 5. Conflito de interesses 5.1 Os autores devem informar qualquer potencial conflito de interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos fabricantes. 6.Colaboradores 6.1 Devem ser especificadas quais foram as contribuições individuais de cada autor na elaboração do artigo. 6.2 Lembramos que os critérios de autoria devem basearse nas deliberações do Internacional Commitee of Medical Journal Editors, que determina o seguinte: o reconhecimento da autoria deve estar baseado em contribuição substancial relacionada aos seguintes aspectos: 1.Concepção e projeto ou análise e interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; 3. Aprovação final da versão a ser publicada. Essas três condições devem ser integralmente atendidas. 7.Agradecimentos 7.1 Possíveis menções em agradecimentos incluem instituições que de alguma forma possibilitaram a realização da pesquisa e/ou pessoas que colaboraram com o estudo, mas que não preencheram os critérios para serem co-autores. 8. Envio e submissão Os artigos deverão ser entregues em cópia impressa e um CD na Diretoria Adjunta de Ensino, Pesquisa e Extensão, localizada no 4º andar da Unidade Presidente Dutra (HUUPD) - Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020-070, São Luís-MA. Brasil. Telefone para contato: (98) 2109-1242, ou encaminhados por meio do e-mail: [email protected]. 5.1 Authors are requested to disclose any potential conflict of interest, including political and/or financial interests associated with patents or property, materials and / or supplies provision and equipments used in the study by manufacturers. 6. Collaborators 6.1 It should be specified the individual contributions of each author in the preparation of the article. 6.2 We remind you that the criteria for authorship should be based on the deliberations of the International Committee of Medical Journal Editors that states the following: recognition of authorship should be based on substantial contributions to: 1. Conception and design or analysis and interpretation of data, 2. Article preparation or critical review of intellectual content; 3. Final approval of the version to be published. These three conditions must be fully met. 7. Acknowledgments 7.1 Possible acknowledgments include institutions that somehow provided help for the research and / or people who collaborated with the study, but that did not meet the criteria for co-authors. 8. Sending the submission Articles should be delivered as an impressed copy and on a CD in the Adjunct Directory of Teaching, Research and Extention, located on the 4th floor of the President Dutra Unit (HUUPD) - Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020070, São Luís, MA. Brazil. Phone: +55 (98) 2109-1242, or it may be sent via e-mail: [email protected]. 9. Examples of reference styles: 9. Exemplos de formas de referências: 9.1 Em Revista: Autor. Título do artigo. Título da Revista (itálico). Ano; volume (número): páginas. Jordan PH, Thonrby J. Twenty years after parietall cell vagotomy antrectomy for treatment of duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220(3): 283-296. 9.2 Em Livro: Autor. Título (itálico). Edição. Local de Publicação: Editora; ano da publicação. Bogossian L. Choque séptico: recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 1992. 9.3 Em Capitulo de Livro: Autor do capítulo. Título do capítulo (Itálico). In: Autor do livro. Título do livro. Edição. Local de publicação: Editora; ano de publicação; páginas. Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não traumático: Novas propostas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Robe; 1995. p. 201- 220. 9.4 Em Monografia/Dissertação/Tese. Autor. Título (Itálico) [Dissertação]. Local (Estado): Universidade; Ano; Páginas. Chinelli A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos. [Dissertação]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense; 1992. 71 p. 58 9.1 Journal: Author. Article title. Journal title (italics). year; volume (number): pages. Jordan PH, Thonrby J. Twenty years after vagotomy antrectomy parietall cell for treatment of duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220 (3): 283-296. 9.2 Book: Author. Title (italics). Edition. Place of Publication: Publisher; year of publication. Bogossian L. Choque séptico: recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 1992. 9.3 Chapter in Book: Author of the chapter. Chapter title (italics). In: Author of the book. Title of book. Edition. Place of publication: Publisher; year of publication; pages. Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In Barroso FL, Vieira OM, editors. Abdome agudo não traumático: Novas propostas. 2. ed. Rio de Janeiro: Robe; 1995. p. 201-220. 9.4 Monograph/Dissertation / Thesis. Author. Title (italic) [Dissertation]. Place (State): University; Year; pages. Chinelli A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos. [Dissertation]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense; 1992. 71 p. 9.5 Em Material eletrônico: 9.5 Electronic Material: I. Artigo: Autor. Título do artigo. Título do periódico [Tipo de material] Ano Mês [capturado ano mês dia]; volume (número); [número de telas] Disponível em: endereço eletrônico. Morse SS. Factors in the emergence of Infectious Diseases. Emerg I infect diseases [serial online] 1995 Jan/mar [capturado 1996 jun 5]; 2 (2): [24 telas] Disponível em: http://www.cdc.gov/ ncidod/EID/eid.htm. I. Article: Author. Article title. Journal Title [Type of material] year month [cited year month day]; volume (number); [number of screens] Available from: electronic address. Morse SS. Factors in the emergence of Infectious Diseases. I Emerg infect diseases [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]; 2 (2): [24 screens] Available at: http://www.cdc.gov/ncidod/ EID/eid.htm. II. Arquivo de Computador: Título [tipo de arquivo]. Versão. Local (Estado) Editora; ano. Descrição Física da mídia. Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid Educational Systems; 1993. II. Computer File: Title [File Type]. Version. Place (State) Publisher; year. Descrição Física da mídia. Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid Educational Systems; 1993. III. Monografia em formato eletrônico: Título [tipo de material], Responsável. Editor. Edição. Versão. Local: Editora; ano: CDI, Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965. Notas: Todas as notas do título, dos autores ou do texto devem ser indicadas por algarismos arábicos, e ser impressas em páginas separadas, espaço simples. III. Monograph in electronic format: Title [type of material], Responsible. Editor. Edition. Version. Place: Publisher; year: CDI, Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965. IV. CD-Rom, DVD: Autor(es). Título [tipo do material]. Cidade de publicação: produtora; ano. Anderson SC, Poulsen KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM]. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002. 9.6 Em Anais de Congresso: Autor(es) do trabalho. Título do trabalho (itálico). Título do evento; data do evento; local e cidade do evento; editora; ano de publicação. Christensen S, Oppacher F. An analysis of Koza's computational effort statistic for genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller J, Ryan C, Tettamanzi AG, editores. Genetic programming. EuroGP 2002: Proceedings of the 5th European Conference on Genetic Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland. Berlin: Springer; 2002. p. 182-91. 9.7 Em Artigo de Jornal: Autor do artigo. Título do artigo (itálico). Nome do jornal. Data; Seção: página (coluna). Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study sees drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12; Sect. A: 2 (col. 4). 10 Tabelas Devem ser numeradas com algarismos arábicos encabeçadas por suas legendas e explicações dos símbolos no rodapé e digitadas separadamente, uma por página. Cite as tabelas no texto em ordem numérica incluindo apenas dados necessários à compreensão de pontos importantes do texto. Os dados apresentados em tabelas não devem ser repetidos em gráficos. A montagem das tabelas deve seguir as Normas de Apresentação Tabular, estabelecidas pelo Conselho Nacional de Estatísticas (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963. As tabelas deverão ser elaboradas no programa Microsoft Word). 11 Ilustrações São fotografias (boa resolução mínimo de 300 dpi, no formato TIFF), mapas e ilustrações (devem ser vetorizadas ou seja desenhada utilizando os sotwares CorelDraw ou Ilustrator em alta resolução, e suas dimensões não devem ter mais que 21,5x28,0cm) gráficos, desenhos, etc., que não devem ser escaneadas e de preferência em preto e branco, medindo 127mm x 178mm. As ilustrações, em branco e preto serão reproduzidas sem ônus para o(s) autor(es), mas lembramos que devido o seu alto custo para a Revista, devem ser limitadas a 5 (cinco) entre tabelas e figuras para artigos originais e 3 (três) para relatos de casos, e utilizadas quando estritamente necessárias. Todas as figuras devem ser referidas no texto, sendo numeradas consecutivamente por algarismo arábico. Cada figura deve ser acompanhada de uma legenda que a IV. CD-Rom, DVD: Author (s). Title [type of material]. City of publication: producer; year. Anderson SC, Poulsen KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM]. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002. 9.6 Proceedings of Congresses: Author (s) of the work. Title of the work (italics). Title of event; event date; venue and city of event; publisher; year of publication. Christensen S, Oppacher F. An analysis of Koza's computational effort statistic for genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller J, Ryan C, Tettamanzi AG, editors. Genetic programming. EuroGP 2002: Proceedings of the 5th European Conference on Genetic Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland. Berlin: Springer; 2002. p. 182-91. 9.7 Journal article: Author of the article. Article title (italics). Name of the newspaper. Date; Section: Page (column). Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study sections drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12; Sect. A: 2 (col. 4). 10 Tables They should be numbered with Arabic numerals, explained by captions, with explanations of symbols in the footnote and prepared separately, one per page. Cite the tables in the text in numerical order including only data needed to understand important points. The data presented in tables should not be repeated in graphs. The preparation of tables should follow the Tabular Presentation Guidelines established by the National Statistics Council (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963. The tables should be prepared in Microsoft Word software). 11 Illustrations They are photographs (good minimum resolution of 300 dpi, in TIFF format), maps and illustrations (vector illustrations, in other words, to be drawn using Illustrator or CorelDraw sotwares at high resolution, in black and white, and the dimensions must be no more than 21.5 x28. 0cm), graphics, drawings, and so on. They should not be scanned and should be preferably in black and white, measuring 127mm x 178mm. The illustrations in black and white will be reproduced at no charge for the author (s). Remember that because of the high cost for the Journal it should be provided up to five (5) illustrations between tables and figures for original articles and 3 (three) for case reports, using only when strictly necessary. All figures must be mentioned in the text, numbered consecutively in Arabic numerals. Each figure must be accompanied by a caption that makes it clear without reference to the text. The illustrations must be identified on 59 torne inteligível sem referencia ao texto. Deve ser identificada no verso, por meio de uma etiqueta, com o nome do autor e numeração para orientação. Os desenhos e gráficos podem ser feitos em papel vegetal com tinta nanquim, sendo as letras desenhadas com normógrafo ou sob forma de letra “set” montadas, ou ainda, utilizando impressora jato de tinta ou laser, com boa qualidade, e nunca manuscritas. Obs: Todas as notas do título, dos autores ou do texto devem ser indicadas por algarismos arábicos, e ser impressa em páginas separadas. 60 the back using a label, with the author's name, and numbered for better identification. The drawings and graphs may be made on tracing paper with nankeen ink, with the letters being drawn with a stencil or letter template set, or still, using inkjet or laser printer, with good quality, and not handwritten. Please Note: All notes of the title, author or text should be indicated by Arabic numerals, and printed on separate pages. © 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research v.12 n.2 maio-agos/2011 ISSN 2236-6288 SUMÁRIO / SUMMARY EDITORIAL 7 Editorial Perfil da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 9 O perfil postural do idoso asilado e sua relação com o nível de equilíbrio postural The postural profile of the institutionalized elderly people and its relation with the level of postural balance Jean Carlos Sousa de Santana, Bismarck Ascar Sauaia e Karla Virgínia Bezerra de Castro Soares 13 Percepção de primigestas adolescentes sobre saúde bucal Oral health perception of teenage primiparous women Bruna Ferreira Amorim, José Ferreira Costa e Elizabeth Lima Costa 18 Perfil dos processos por erro médico em São Luís - MA Profile of medical error lawsuits in São Luís - Maranhão Deíla Barbosa Maia, José de Albuquerque Figueiredo Neto, Sonayra Brusaca Abreu, Diego Salvador Muniz da Silva e Luciane Maria Oliveira Brito 23 Avaliação dos aspectos éticos da publicidade e propaganda odontológica divulgadas por profissionais em São Luís - MA Assessment of ethical aspects of advertising and propaganda disseminated by dental professionals in São Luís Maranhão Ana Laíssa Gomes Martins, Maria Aparecida Costa, Marcelo Victor Gomes dos Reis, Lorena Lúcia Costa Ladeira, Elizabeth Lima Costa e José Ferreira Costa 27 Avaliação da intensidade da luz dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em clínicas odontológicas de São Luís - MA Light intensity evaluation of light curing units used in dental clinics of São Luís - Maranhão Samantha Ariadne Alves de Freitas, José Ferreira Costa e José Roberto Oliveira Bauer 32 Nível de atividade física de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão - UFMA Level of physical activity of servers in elderly pre-retirement period of the University of Maranhão - Brasil Carolina Abreu de Carvalho, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca, Alessandra Gaspar Sousa e Soraia Pinheiro Machado 38 Doença hipertensiva específica da gravidez: o envolvimento de puérperas com o autocuidado Specific hypertensive disease of pregnancy: the participation of puerperas with self-care Cláudia Teresa Frias Rios, Elba Gomide Mochel, Thais Natália Araújo Botentuit e Viviane de Sá Coêlho Silva 44 Análise dos óbitos por neoplasia pulmonar em São Luís - MA Analysis of pulmonary neoplasia mortality data in São Luís - Maranhão Caroline Carvalho Velasquez, Herica Araújo Costa, Paulo Roberto Cabral Passos, Samara dos Santos Ribeiro, Wene Jéssica Pereira Mendonça e Lorena Lauren Chaves Queiroz RELATO DE CASO / CASE REPORT 48 Linfangioma de cavidade bucal: relato de caso clínico Oral lymphangioma: case report Erika Martins Pereira, Melaine de Almeida Lawall e Waltair Maria Martins Pereira ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE 51 Tomografia computadorizada Cone Beam em Ortodontia – evolução ou revolução? Visão geral, aplicações, vantagens/desvantagens e dose de radiação Cone Beam computed tomography in orthodontia - evolution or revolution? Overview, applications, advantages/disadvantages and radiation dose Aubrey Fernando Fabre, Juliana Kina, Ana Caroline Gonçales Verri, Alex Luiz Pozzobon Pereira, Marcos Rogério de Mendonça e Osmar Aparecido Cuoghi