quando a guerra acaba, a vida toma o seu lugar
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quando a guerra acaba, a vida toma o seu lugar
QUANDO A GUERRA ACABA, A VIDA TOMA O SEU LUGAR RELATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS E PESSOAS TRANS NA COLÔMBIA 2013-2014 Tradução: Evorah Cardoso Este relatório apresenta a situação geral dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans – LGBT na Colômbia durante os anos de 2013 e 2014. Para tanto, analisamos as formas de violência mais frequentes que a população LGBT sofre por discriminação contra a sua orientação sexual e identidade de gênero. Tanto no ano de 2013, quanto no de 2014, Colombia Diversa constatou a persistência da violência contra pessoas LGBT. Alguns casos de violência diminuíram em comparação com os números relatados em anos passados, como os homicídios. Embora outros tenham aumentado, como a violência policial e as ameaças. 2 QUAND O A GU ERR A AC ABA, A VIDA TO MA O S E U L U G AR « Violência contra pessoas LGBT na Colômbia, 2013-2014 Em grande parte, a violência docu- conseguimos confirmar 83 homicídios mentada neste relatório foi motivada de pessoas LGBT no país. Em 2014 o pela discriminação contra a orientação número de casos confirmados foi de sexual e identidade de gênero. No en- 81. Estes homicídios ocorreram em 25 tanto, o número de homicídios, violên- departamentos do país1. Em Antióquia, cia policial e ameaças pode ser muito Vale do Cauca e Bogotá D.C. concentra- maior, na medida em que persistem os ram-se o maior número de casos, com problemas de registro da informação, 51, 32 e 18 durante esses dois anos, res- acesso a mecanismos de proteção e de pectivamente. garantias para denunciar essas formas de violência. Homicídios Entre 2013 e 2014, Colômbia Diversa registrou 164 homicídios. Em 2013 Dos 164 homicídios registrados, pelo menos 30 teriam sido motivados pela discriminação contra a orientação sexual A Colômbia divide-se, do ponto de vista político-administrativo, em 32 departamentos e 1 distrito da capital, Bogotá. 1 » S U M Á R I O E X E C U T I V O 3 ou identidade de gênero das vítimas. No entanto, dada a precariedade da informação disponível para a maioria dos casos, o número de homicídios por discriminação pode ser maior. A maioria das vítimas foi identificada como mulheres trans (37). Elas foram seguidas por 17 homens gays, 3 mulheres lésbicas e 1 mulher bissexual. Também por conta da, dada a falta de informação disponível sobre esses casos de violência, não foi possível estabelecer com precisão a identidade de gênero ou a orientação sexual da maioria das vítimas (106). Somados aos casos registrados em anos anteriores, entre 2006 e 2014, foram assassinadas pelo menos 824 pessoas LGBT na Colômbia. Violência policial Em 2013 e 2014, Colômbia Diversa registrou 222 casos de violência policial. Durante 2013, tivemos conhecimento de 79 casos de violência policial. E, em 2014, esse número cresceu para 143. No entanto, o número de vítimas foi maior, uma vez que cada caso de violência policial pode afetar a duas ou mais pessoas por vez. Nos 222 casos registrados nesses dois anos, o número de vítimas foi de aproximadamente 240 pessoas. As pessoas trans também são as mais afetadas pela violência policial, seguidas por homens gay. 110 dos casos de violência policial afetaram a pessoas trans, 41 a homens gays, 35 a mulheres lésbicas e 8 a pessoas bissexuais. Mais uma vez, devido à falta de informação, não foi possível precisar a identidade de gênero ou orientação sexual específica das vítimas em 28 casos. Os departamentos mais afetados por esses casos de violência durante 2013 e 2014 foram Vale do Cauca (33), Antióquia e Bogotá D.C. (ambos com 28), Guajira (22) e Bolívar (19). Ameaças e panfletos Em 2013, Colômbia Diversa registrou 32 ameaças contra a vida e integridade de pessoas LGBT. Em 2014, o número de casos registrados foi de 22. As 54 ameaças foram 4 QUAND O A GU ERR A AC ABA, A VIDA TO MA O S E U L U G AR « perpetradas por distintos meios: panfletos distribuídos em lugares públicos, cartas que chegaram às vítimas em suas casas ou locais de trabalho, correios eletrônicos, mensagens de texto, ligações telefônicas de ameaça e até intimidações e agressões diretas. Os departamentos em que se registraram maior número de ameaças foram Sucre, com 8 casos, e Bogotá D.C. e Atlântico, com 7 casos cada. Acesso à justiça A violência por discriminação contra as pessoas LGBT tem altos índices de impunidade. Em 2013 e 2014, tivemos conhecimento de apenas 5 casos de condenação de homicídio de pessoas LGBT entre o total dos casos registrados. Nos homicídios contra pessoas LGBT há muitos inquéritos ativos, mas não há avanços na etapa de julgamento e sentença. Em relação a processos penais nos casos de violência policial, raramente as pessoas responsáveis são levadas ao judiciário. Dos 222 casos de violência policial registrados, apenas 3 foram denunciados, 2 encontram-se em inquérito e 1 em sentença condenatória; no restante dos casos, não se deu início à investigação penal. Por fim, em relação às ameaças e panfletos, não há qualquer sentença. Recomendações transversais a todas as instituições: 1. Melhorar os sistemas de informação para o registro de delitos contra pessoas LGBT. 2. Articular as instituições para a atenção e proteção das vítimas diretas e indiretas da violência contra a população LGBT nos níveis nacional, regional e local. 3. Trabalhar de forma coordenada as entidades que têm impacto na administração da justiça: Ministério Público, Instituto Médico Legal, Procuradoria, Judiciário e Polícia Civil. 4. Sensibilizar e capacitar os operadores de justiça em relação à discriminação e violência por orientação sexual e identidade de gênero. » S U M Á R I O E X E C U T I V O 5 5. Designar orçamentos autônomos para executar programas e protocolos que permitam cumprir os parâmetros de diligência devida nas investigações. 6. Criar unidades especiais ou pessoas encarregadas pela atenção ou trâmite aos casos de violência contra a população LGBT. 7. Cumprir as recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre população LGBT e as diretrizes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.