Edição em português de janeiro e fevereiro de 2010
Transcrição
Edição em português de janeiro e fevereiro de 2010
Brazilian Journal of Physical Therapy ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 1-89, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia Associação Brasileira de Editores Científicos Journal affiliated with the A B E C ISSN 1413-3555 Rev. Bras. Fisioter., São Carlos, v. 14 n. 1 INFORMAÇÕES BÁSICAS A Revista Brasileira de Fisioterapia/ Brazilian Journal of Physical Therapy é o veículo da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Fisioterapia (ABRAPG-Ft). Publicada a partir de 1996, a Revista adota o processo de revisão por especialistas (peer review), sendo que cada artigo somente é publicado apenas após a aceitação dos revisores, mantidos no anonimato. Os editores não assumem nenhuma responsabilidade por danos a pessoas ou propriedades que possam ser causados por uso das idéias, técnicas ou procedimentos contidos no material publicado nesta revista. A submissão de artigos pressupõe que estes artigos, com exceção dos resumos ampliados, não tenham sido publicados anteriormente, nem submetidos a qualquer outra publicação. O título abreviado da revista é Rev. Bras. Fisioter., forma que deve ser usada em bibliografias, notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico ou fotocópia sem expressa autorização dos editores. MISSÃO: publicar artigos científicos relativos ao objeto básico de estudo e campo de atuação profissional da Fisioterapia, veiculando estudos básicos e aplicados sobre a prevenção e tratamento das disfunções de movimento. BASIC INFORMATION The Revista Brasileira de Fisioterapia/ Brazilian Journal of Physical Therapy is published by the Brazilian Association for Research and Graduate studies in Physical Therapy. Published since 1996, the Brazilian Journal of Physical Therapy adopts a peer review process. Each article is only published after it is accepted by the reviewers, who are maintained anonymous during the process. The editors accept no responsibility for damage to people or property, which may have been caused by the use of ideas, techniques or procedures described in the material published by this journal. The submission of articles presupposes that these articles, with the exception of extended summaries, have not been previously published elsewhere, nor submitted to any other publication. The abbreviated title of the journal is Rev. Bras. Fisioter., and this must be used in references, footnotes and bibliographic legends. No part of this publication can be reproduced or transmitted by any media, be it electronic, mechanical or photocopy, without the express authorization of the editors. MISSION: to publish scientific articles related to the areas of study and professional activity in Physical Therapy, specially basic and applied research on the prevention and treatment of movement disorders. Indexada nos seguintes bancos de dados/ Indexed in the following databases: CINAHL, CSA, EMcare, JCR (Journal Citation Reports), LILACS, LATINDEX, Periódica, SciELO, SciSearch (Science Citation Index Expanded), Scopus and SPORTDiscus Endereço para contato/ Contact adress: Revista Brasileira de Fisioterapia/ Brazilian Journal of Physical Therapy, UFSCar, Rod. Washington Luís, Km 235, Caixa Postal 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP - Brasil Tel/Fax: +55(16) 3351-8755; E-mail: [email protected] Suporte Técnico - Administrativo/ Technical - Administrative Support: Ana Paula de Luca, Daiane Rossi and Leonor A. Saidel Aizza Produção Editorial/ Editorial Production: Zeppelini Editorial, Rua Dr. César, 530, Cj. 1308, Santana, São Paulo, SP Tel/Fax: (11) 2978-6686; www.zeppelini.com.br Assinatura: consulte o site/Subscription: see web site www.rbf-bjpt.org.br Revista Brasileira de Fisioterapia (Brazilian Journal of Physical Therapy)/Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Fisioterapia. v. 1, n. 1 (1996). – São Carlos: 1996. v. 14, n. 1 (jan./fev. 2010). Bimestral Sumários em Inglês e Português ISSN 1413-3555 1. Fisioterapia/periódicos I. Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Fisioterapia. Revisão/Review Librarian: Dormélia Pereira Cazella CRB 8/4334 ii Sumário / Summary ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 1-89, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia EDITORIAL v Ano Novo: Renovação da editoria e novos desafios New Year: New editors and new challenges Aparecida Maria Catai, Débora Bevilaqua Grossi, Marisa Cota Mancini REVISÃO SISTEMÁTICA/SYSTEMATIC REVIEW 1 A utilização dos recursos eletrotermofototerapêuticos no tratamento da síndrome da fibromialgia: uma revisão sistemática The use of electrothermal and phototherapeutic methods for the treatment of fibromyalgia syndrome: a systematic review Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso ARTIGOS ORIGINAIS/ORIGINAL ARTICLES 10 Influence of the gastrocnemius muscle on the sit-and-reach test assessed by angular kinematic analysis Influência do músculo gastrocnêmio sobre o teste sentar e alcançar avaliada pela análise cinemática angular Marcio M. Kawano, Gabriel Ambar, Beatriz I. R. Oliveira, Marcela C. Boer, Ana P. R. G. Cardoso, Jefferson R. Cardoso 16 Influência do tabagismo atual na aderência e nas respostas à reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC Influence of current smoking on adherence and responses to pulmonary rehabilitation in patients with COPD Vivian T. S. Santana, Selma D. Squassoni, José Alberto Neder, Elie Fiss 24 Relação da função muscular respiratória e de membros inferiores de idosos comunitários com a capacidade funcional avaliada por teste de caminhada Relationship between functional capacity assessed by walking test and respiratory and lower limb muscle function in community-dwelling elders Leonardo A. Simões, João M. D. Dias, Keila C. Marinho, Carla L. L. R. Pinto, Raquel R. Britto 31 Avaliação de um programa para prevenção de úlceras neuropáticas em portadores de diabetes Evaluation of a neuropathic ulcers prevention program for patients with diabetes Lígia L. Cisneros 38 The effect of different supermarket checkout workstations on trunk kinematics of checkout operators O efeito de diferentes modelos de checkout na cinemática de operadores de supermercado André L. F. Rodacki, João E. Vieira 45 Os efeitos do laser hélio-neônio de baixa intensidade na cicatrização de lesões cutâneas induzidas em ratos Effects of low-level helium-neon laser on induced wound healing in rats Viviane L. Busnardo, Maria L. P. Biondo-Simões 52 Agir em empresas de pequena e média dimensão para promover a saúde dos trabalhadores: o caso do setor de alimentos e bebidas Actions in small companies to promote occupational health: the case of the food and beverage sector Ada A. Assunção, Rosana F. Sampaio, Licia M. B. Nascimento 60 Maximal respiratory pressure in healthy 20 to 89 year-old sedentary individuals of central São Paulo State Pressões respiratórias máximas em indivíduos saudáveis sedentários de 20 a 89 anos da região central do Estado de São Paulo Rodrigo P. Simões, Ana P. L. Deus, Marco A. Auad, Jadiane Dionísio, Marisa Mazzonetto, Audrey Borghi-Silva 68 Efeitos de um programa de atividade física nas funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas em idosos com demência de Alzheimer Effects of physical activity on cognitive functions, balance and risk of falls in elderly patients with Alzheimer’s dementia Salma S. S. Hernandez, Flávia G. M. Coelho, Sebastião Gobbi, Florindo Stella iii 75 Análise comparativa do teste de caminhada de seis minutos em crianças e adolescentes saudáveis Comparative analysis of the six-minute walk test in healthy children and adolescents Evanirso S. Aquino, Flávio A. G. Mourão, Roberta K. V. Souza, Bráulio M. Glicério, Cristiane C. Coelho 81 Relações entre o bem-estar subjetivo e a funcionalidade em idosos em seguimento ambulatorial Relationship between subjective well-being and the functionality of elderly outpatients Giovana Sposito, Maria J. D’Elboux Diogo, Fernanda Ap. Cintra, Anita L. Neri, Maria E. Guariento, Maria L. R. De Sousa AGRADECIMENTO AOS REVISORES/OUR THANKS TO THE REFEREES ÍNDICE/INDEX INSTRUÇÕES GERAIS AOS AUTORES/GENERAL INSTRUCTIONS TO AUTHORS iv ISSN 1413-3555 EDITORIAL Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. v, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia Ano Novo: Renovação da editoria e novos desafios New Year: New editors and new challenges A Revista Brasileira de Fisioterapia (RBF) segue sua consistente trajetória buscando sempre alcançar novas metas. O sucesso, fruto de intenso trabalho, é responsabilidade de muitos que, orquestrados por competentes editores chefes engajados com as propostas e objetivos da RBF, fizeram com que ela atingisse o status de principal revista da área no país e na América Latina. A editoria da RBF está sendo renovada em 2010, atendendo ao processo de incentivo à participação de novos pesquisadores que, comprometidos com a Revista, possam dar continuidade ao trabalho. Foi nesse contexto que nossos nomes foram indicados e aprovados em reunião do Conselho Editorial. Essa importante tarefa acadêmica, honrosa, desafiadora e de grande responsabilidade será exercida por nós com todo empenho e com o compromisso de fazer jus às editorias que nos antecederam. A renovação dos editores da RBF abre para nós novos desafios que incluem não apenas manter as importantes conquistas das gestões anteriores como as indexações no Scielo, CINAHL, Periódica, SCOPUS, EMCare, SciSearch e ISI/JCR, mas, especialmente, alcançar a projeção internacional a partir da aguardada indexação no Medline em 2010. Além disso, a partir da definição do índice de impacto da Revista no Journal Citation Report (JCR), envidaremos esforços para dar continuidade à trajetória ascendente da RBF, buscando ações para reforçar e incrementar seu fator de impacto. Um outro importante desafio para essa nova gestão será o de manter a estabilidade financeira que hoje conta com parceiros como CREFITO-3, UNINOVE e com verbas oriundas de projetos juntos ao CNPq, FAPESP e FAPEMIG. Esperamos continuar com o apoio da UFSCar e da UFMG que têm dado grande contribuição à Revista, assim como a colaboração dos editores de área, membros do conselho editorial, assessores ad hoc e de todo o corpo administrativo da RBF. Importante salientar que, a partir de agora, contaremos também com a colaboração da USP. Acreditamos que o sucesso da RBF reflete o sucesso da área da Fisioterapia no país, especialmente da sua produção científica qualificada, resultado do trabalho de grupos competentes e comprometidos de diferentes regiões do nosso país. É com esse espírito de fazer o melhor, com a participação e o engajamento de todos, v Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):v-vi. que esse novo grupo de editores assume a RBF com o compromisso de continuar crescendo, avançando nas metas propostas e garantir que a RBF continue sendo um importante veículo de divulgação da produção científica nas áreas de Fisioterapia e Ciências da Reabilitação. Aparecida Maria Catai Débora Bevilaqua Grossi Marisa Cota Mancini vi Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):v-vi. ISSN 1413-3555 REVISÃO SISTEMÁTICA Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 1-9, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia A utilização dos recursos eletrotermofototerapêuticos no tratamento da síndrome da fibromialgia: uma revisão sistemática The use of electrothermal and phototherapeutic methods for the treatment of fibromyalgia syndrome: a systematic review Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso Resumo Objetivo: Sistematizar as evidências científicas sobre os recursos eletrotermofototerapêuticos na síndrome da fibromialgia (SFM). Métodos: A busca de publicações sobre as intervenções por eletrotermofototerapia na SFM foi realizada nas bases de dados Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo, ISI Web of Knowledge, PEDro e Colaboração Cochrane. Foram selecionados ensaios clínicos aleatórios e controlados dos últimos dez anos em língua inglesa, portuguesa e espanhola. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pela Escala de Jadad, e a análise dos resultados, por meio de revisão crítica dos conteúdos. Resultados: Sete estudos foram revisados na íntegra, sendo identificadas intervenções com laser (n=4), estimulação elétrica transcutânea (TENS) (n=1), corrente interferencial vetorial (CIV) isolada (n=1) e CIV combinada com o ultrassom (n=1). Apenas dois estudos obtiveram boa qualidade metodológica pela Escala de Jadad. A maioria dos estudos (n=6) utilizou os critérios do American College of Rheumatology para o diagnóstico clínico da SFM. A dor foi o sintoma da SFM mais avaliado pelos estudos. O método e o tempo das intervenções variaram amplamente, além da falta de menção de parâmetros na utilização dos recursos eletrotermofototerapêuticos. Houve melhora significativa em todos os estudos quanto à dor. Conclusão: Generalizações dos resultados, reações adversas e doses de tratamento da SFM com eletrotermofototerapia ainda são restritas. Novos estudos são necessários para se estabelecer a efetividade da eletrotermofototerapia na SFM. Palavras-chave: fibromialgia; modalidades de fisioterapia; eletroterapia; fototerapia. Abstract Objective: To systematically investigate the scientific evidence relating to electrothermal and phototherapeutic methods for the treatment of fibromyalgia syndrome (FMS). Methods: The search for reports on interventions using electrothermal and phototherapy for FMS was carried out in the Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo, ISI Web of Knowledge, PEDro and Cochrane Collaboration databases. Randomized controlled clinical trials published over the past 10 years in English, Portuguese and Spanish were selected. The methodological quality of the studies was assessed using the Jadad scale. The analysis on the study results was done by means of critical review of the content. Results: Seven studies were reviewed in full, and these identified interventions using laser (n=4), transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS; n=1), interferential current (IFC) alone (n=1) and IFC combined with ultrasound (US; n=1). Only two studies showed good methodological quality according to the Jadad scale. Most of the studies (n=6) used the criteria of the American College of Rheumatology for the clinical diagnosis of FMS. Pain was the most frequently evaluated FMS symptom. The intervention methods and their duration varied widely, and there was no mention of the parameters used in the electrothermal and phototherapeutic methods. Pain levels reduced significantly in all of the studies. Conclusion: There are still limitations on the generalization of the results, adverse reactions and doses of the FMS treatment. Further studies are needed to establish the effectiveness of electrothermal and phototherapy in treating FMS. Key words: fibromyalgia; physical therapy methods; electrotherapy; phototherapy. Recebido: 28/01/2009 – Revisado: 14/07/2009 – Aceito: 06/08/2009 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos (SP), Brasil Correspondência para: Natalia Aquaroni Ricci, Departamento de Fisioterapia,Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Rodovia Washington Luis, Km 235, Cx. Postal 676, CEP 13565-905, São Carlos (SP), Brasil, e-mail: [email protected] 1 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso Introdução A síndrome da fibromialgia (SFM) é uma doença de etiologia desconhecida, de caráter crônico e não-articular, com característica típica de dor difusa pelo corpo e presença de tender points específicos1. Os sintomas ainda incluem a fadiga muscular, o distúrbio do sono, os sintomas depressivos e as queixas cognitivas. Esses sintomas frequentemente resultam na diminuição da funcionalidade, da capacidade de trabalho e na redução da qualidade de vida2. Pelo caráter crônico e de múltiplos sintomas da SFM, o tratamento recomendado aos portadores dessa doença é baseado na abordagem interdisciplinar, com intervenções no âmbito físico, farmacológico, cognitivo-comportamental e educacional1. No âmbito das intervenções físicas, a fisioterapia se destaca pela riqueza de modalidades terapêuticas (cinesioterapia, hidroterapia, eletrotermofototerapia, relaxamento, massoterapia, acupuntura e outros) que podem ser utilizadas no controle da SFM. Algumas dessas modalidades já tiveram sua efetividade analisada por meio de revisões sistemáticas e metanálises. Segundo Busch et al.3, em revisão com 34 estudos de intervenção por exercício, existem fortes evidências dos benefícios do treinamento aeróbico na melhora da função física, diminuição da dor e redução do número de tender points nos portadores da SFM. Já os treinos de força e flexibilidade apresentaram moderada e fraca evidência científica, respectivamente. Quanto à acupuntura e eletroacupuntura, Mayhew e Ernst4 identificaram cinco ensaios clínicos aleatórios, concluindo ser esse número de estudos reduzido, e o benefício limitado na SFM. A eletrotermofototerapia é muito utilizada na prática clínica da fisioterapia, e sua efetividade foi observada em revisão sobre desordens osteomioarticulares5,6, porém sem especificidade quanto à SFM. As intervenções por meio da eletrotermofototerapia são utilizadas como parte do programa global de reabilitação, principalmente para alívio da dor1. Com a redução da dor, há, consequentemente, aumento na amplitude de movimento, força muscular, mobilidade, resistência física, habilidade de andar e estado funcional6. Desse modo, teoricamente, a eletrotermofototerapia pode trazer benefícios aos pacientes com a SFM. Além disso, esses recursos oferecem muitas vantagens, pois são intervenções não-invasivas e rápidas de administrar, resultando em poucos efeitos adversos e contraindicações5, quando comparadas com as intervenções farmacológicas para a redução dos sintomas da SFM. Contudo, deve-se considerar que, para utilizar esses recursos, é necessário profissional especializado e visitas periódicas do paciente ao local da intervenção. Em vista da necessidade de maior esclarecimento sobre as possibilidades terapêuticas da fisioterapia no tratamento 2 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. da SFM, esta revisão sistemática tem como objetivo expor o estado da arte sobre os recursos eletrotermofototerapêuticos nesta síndrome quanto à qualidade metodológica das pesquisas, as modalidades terapêuticas utilizadas, as características das intervenções e os efeitos encontrados. Materiais e métodos Para verificar o conjunto de publicações sobre intervenções por eletrotermofototerapia na SFM, foram realizadas buscas nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo, ISI Web of Knowledge, PEDro e Colaboração Cochrane. Foram utilizadas como estratégia de busca nas bases de dados as palavras-chave: “electrotherapy modalities”, “electrotherapy”, “ultrasound”, “phototherapy”, “laser therapy”, “interferential current”, “transcutaneous electrical stimulation”, “TENS”, “diathermy”, “microwaves”, “shortwaves”, “thermotherapy” ou “infrared therapy” em combinação com “fibromyalgia”. O levantamento bibliográfico foi restrito às publicações de ensaios clínicos aleatórios controlados dos últimos dez anos (janeiro/1998-dezembro/2008) em língua inglesa, portuguesa ou espanhola. Os estudos tiveram seus conteúdos analisados por dois avaliadores de forma independente e cega e foram selecionados por consenso aqueles com os seguintes critérios de inclusão: • Pacientes com diagnóstico clínico de SFM; • Investigação da relação entre alguma modalidade de eletrofototermoterapia com a SFM; • Processo de amostragem aleatória dos pacientes; • Comparação entre grupo com intervenção por modalidade eletrofototermoterapêutica e grupo controle ou com outra intervenção. Foram excluídas, ainda, as pesquisas com modalidades não existentes na prática clínica da fisioterapia e com intervenções que não são contempladas na formação básica do fisioterapeuta. Os estudos foram excluídos por utilizarem recurso terapêutico de hipertermia não-convencional7; por usarem eletroacupuntura, que não é contemplada na maioria dos currículos convencionais dos cursos de graduação em fisioterapia8; não terem grupo controle ou com outra intervenção para comparação com o grupo de eletrotermofototerapia9-12 e não apresentarem técnica comum na prática e ensino da fisioterapia13-15. Os artigos foram analisados na íntegra por meio de roteiro estruturado com a contemplação dos seguintes itens: amostra, delineamento da pesquisa, desfechos avaliados, características da intervenção e efeitos encontrados. Para verificar a qualidade dos ensaios clínicos selecionados, foi aplicada a Escala de Qualidade de Jadad16, que consiste em cinco questões sobre o Eletrotermofototerapia no tratamento da fibromialgia estudo, com pontuação total de zero a cinco pontos. Pesquisas com pontuações inferiores a três pontos são consideradas de baixa qualidade metodológica e com poucas possibilidades de extrapolação dos resultados para a prática clínica. Devido ao número escasso de ensaios clínicos sobre o assunto e à grande variabilidade entre as intervenções propostas, foi realizada análise por revisão crítica dos conteúdos, com impossibilidade de análise estatística por metanálise dos resultados. Resultados Foram encontrados 52 artigos nas bases de dados consultadas. Pela análise de resumos, foram identificadas as pesquisas que apareceram repetidamente em mais de uma base de dados (duplicação do mesmo estudo) (n=14) e não se tratavam de estudos experimentais (n=30). Desse modo, foram pré-selecionados 16 ensaios clínicos para a revisão na íntegra. Dentre as 16 pesquisas analisadas, nove foram excluídas por não atenderem aos critérios de inclusão desta revisão sistemática. Foram incluídos sete estudos para a etapa de apreciação crítica quanto à efetividade da eletrotermofototerapia na SFM. A análise do conteúdo dos ensaios clínicos selecionados revelou a utilização das modalidades de laser17-20, corrente interferencial vetorial isolada21 (CIV), corrente interferencial combinada com o ultrassom22 e estimulação elétrica transcutânea (TENS)23 como propostas terapêuticas no tratamento da SFM. Não foram encontrados estudos com recursos termoterapêuticos. A Tabela 1 mostra os dados extraídos dos artigos analisados. A composição das amostras dos sete estudos variou de 921 a 7518 indivíduos com SFM, distribuídos em grupos de eletrofototerapia e grupos controle. Quanto ao diagnóstico clínico da SFM, necessário para a inclusão do sujeito na pesquisa, foi utilizada, pela maioria das pesquisas17-23 (n=6), a aplicação dos critérios propostos pelo American College of Rheumatology (ACR). As amostras foram formadas exclusivamente por participantes do sexo feminino, com exceção do estudo de Gür et al.18 que continha, dentre seus participantes, 15 sujeitos do gênero masculino, que foram expostos à terapia por laser (n=5) ou controle (n=10). Quanto à idade dos sujeitos com SFM, os estudos utilizaram faixas etárias distintas, com variação de 25 a 60 anos. Entre os desfechos analisados, a dor se destaca por estar presente em todos os estudos. No entanto, a forma de avaliação da dor difere entre as pesquisas, sendo as mais utilizadas a Escala Visual Analógica (EVA) (n=4)19,21-23, pela pressão digital ou pelo dolorímetro nos tender points (n=3)19-22, e escala de Likert (n=2)17,18. Outros desfechos analisados foram: qualidade de vida (n=5)18-21,23, depressão (n=2)18,23, sono (n=1)22 e sintomas gerais (n=2)17,18. Todos os estudos foram experimentais com avaliações pré e pós-intervenção, sendo que a análise a longo prazo (seguimento) dos tratamentos só ocorreu no estudo de Armagan et al.20. Quanto à terapêutica do grupo controle, Gür et al.17, Almeida et al.22 e Armagan et al.20 utilizaram correntes inativas; Silva et al. 23 interviram com a hidroterapia; Raimundo et al.21 empregaram modulação da CIV mais baixa do que a ideal; Matsutani et al.19 aplicaram laser inativo associado com alongamentos; e Gür et al.18 tinham dois grupos controles, sendo um com emissão inativa de laser e o outro com uso de medicação. As intervenções por eletrofototerapia na SFM variaram amplamente. Os estudos com laser17-20 apresentaram o mesmo número de sessões, porém com diferença entre os intervalos das terapias, tempo de aplicação do laser e quantidade de energia emitida. Contudo, os estudos de Gür et al.17,18 com o laser utilizaram o mesmo protocolo de intervenção, já que foram realizados pelo mesmo grupo de pesquisadores. O tempo da intervenção com a CIV nos estudos de Almeida et al.22 e Raimundo et al.21 foi de quatro a cinco semanas, em um total de 10 e 12 sessões, respectivamente. Para a intervenção com a TENS23, foram realizadas 10 sessões, sendo a terapia três vezes por semana, com duração de 40 minutos. Houve melhora significativa em todos os estudos quanto ao desfecho de dor. Os estudos de Raimundo et al.21, com a CIV, e Matsutani et al.19, com o laser, não revelaram diferença após a intervenção entre os grupos de eletrotermoterapia e controle. Quanto ao rigor metodológico, analisado pela Escala de Jadad16, a maior restrição dos estudos refere-se à falta de mascaramento das avaliações e tratamentos, o que configuraria o caráter duplo-cego dos estudos, além da falta de descrição das perdas amostrais. Apenas os estudos de Almeida et al.22 e Armagan et al.20 obtiveram boa qualidade metodológica, conforme mostra a Tabela 2. Discussão Existe um grande número de modalidades eletrotermofototerapêuticas utilizadas na prática clínica da fisioterapia com pacientes fibromiálgicos. Entretanto, poucas são as pesquisas científicas que indicam a efetividade ou mesmo a necessidade de abandono dessas técnicas. A maior dificuldade em determinar as evidências relativas a essas intervenções é o pequeno número de ensaios clínicos e a falta de rigor metodológico nos estudos existentes5. Esse fato fica evidente pela análise metodológica feita por meio da Escala de Qualidade de Jadad16, pela qual somente dois dos estudos analisados20,22 podem ser considerados com boa relevância científica. 3 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. Sintomas por escala de Likert (0=ausente; 1=leve; 2= moderado; 3=severo; 4= extremo): - Dor. - nº de tender points. - Rigidez matinal. - Distúrbio do sono. - Sensibilidade cutânea. - Espasmos musculares. - Fadiga. Sintomas por escala de Likert (0=ausente; 1=leve; 2= moderado; 3= severo; 4= extremo): - Dor. - nº de tender points. - Rigidez matinal. - Distúrbio do sono. - Sensibilidade cutânea. - Espasmos musculares. - Fadiga. Qualidade de vida: FIQ Depressão: Escala de depressão de Hamilton Dor: - Limiar da dor pela pressão exercida do dolorímetro (kg) nos tender points. - Intensidade da dor geral pela EVA Qualidade de vida: - FIQ - SF-36 Diagnóstico: ACR. Inclusão: Sem medicação por pelo menos 1 mês. Idade: Não é mencionada. Grupos: GE=Laser (n=20 ♀). GC=Placebo (n=20 ♀). Diagnóstico: ACR. Inclusão: Sem medicação por pelo menos 1 mês. Idade: Média de 30 anos Grupos: GE=Laser (n=20 ♀ 5 ♂). GC1=Placebo (n=19 ♀ 6 ♂). GC2=Medicação (n=21 ♀ 4 ♂). Diagnóstico: Clínico Inclusão: Boa cognição para seguir as orientações. Idade: 25-60 anos (média de 45 anos) Grupos: GE=Alongamento/Laser (n= 10 ♀) GC=Alongamento (n=10 ♀) Gür et al. 17 Gür et al. 18 Matsutani et al. 19 Desfechos avaliados Amostra Estudo 4 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. Ensaio clínico randomizado controlado; avaliações pré/ pósintervenção. Ensaio clínico randomizado e controlado-placebo, com avaliações pré/ pós-intervenção. Ensaio clínico randomizado e controlado-placebo, com avaliações pré/ pós-intervenção. Desenho metodológico GE e GC: Educação (cartilha e palestra) GE: - Laser GaAIAs, 830 nm, potência 30 mw. - Aplicação do Laser GaAIAs com emissão contínua de 3 J/cm2 em cada tender point. - Exercícios de alongamentos gerais. - Sessões individuais de 1 hora. - 2X/semana. - Total: 5 semanas (10 sessões). GC: - Exercícios de alongamentos gerais. - Sessões individuais de 1 hora. - 2X/semana. - Total: 5 semanas (10 sessões). GE: Laser de baixa potência (As-Ga). GC1: Placebo. Mesmo procedimento do GE sem a emissão dos raios. Intervenção: - Laser As-Ga, 904 nm, potência 11.2 mw - aplicação do Laser As-GA com o paciente sentado com emissão de 2J/cm2 por 3 minutos em cada tender point. - sessões individuais. - 5x/semana. - total: 2 semanas (10 sessões). - sessões no período da tarde com temperatura da sala de 20°C. GC2: Medicação 10 mg de amitriptilina antes de dormir, diariamente por 8 semanas. GE: Laser de baixa potência (As-Ga). GC: Placebo. Mesmos procedimento sem a emissão dos raios. Intervenção no GE: - Laser As-Ga, 904 nm, potência 11.2 mw - Aplicação do Laser As-GA com o paciente sentado com emissão de 2 J/cm2 por 3 minutos em cada tender point. - Sessões individuais. - 5x/semana. - Total: 2 semanas (10 sessões). - Sessões no período da tarde com temperatura da sala de 20°C. Intervenção Tabela 1. Relação dos ensaios clínicos aleatórios controlados com intervenção por eletrotermofototerapia para o tratamento da fibromialgia. - Melhora significativa da dor pela EVA em ambos os grupos. - Piora significativa do limiar de dor nos tender points em ambos grupos. - FIQ e SF-36 – melhora nos dois grupos depois da intervenção. Não houve diferença entre os grupos quanto as medidas após as intervenções. - Melhora significativa de todos os parâmetros avaliados no GE. - Melhora significativa de todos os parâmetros avaliados no GC1, exceto para a sensibilidade cutânea, distúrbio do sono, depressão e fadiga. - Melhora significativa de todos os parâmetros avaliados no GC2, exceto fadiga. - Melhora superior do GE em relação ao GC1 para dor, espasmos musculares, rigidez matinal e nº de tender points. - Melhora significativa de todos os parâmetros avaliados no GE. - Melhora significativa de todos os parâmetros avaliados no GC, exceto para a sensibilidade cutânea, distúrbio do sono e fadiga. - Melhora superior do GE em relação ao GC para dor, espasmos musculares, rigidez matinal e nº de tender points. Efeitos encontrados Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso Diagnóstico: ACR. Inclusão: Sem medicação. Idade: 26 - 47 anos (média de 38 anos) Grupos: GE=Laser (n=16 ♀). GC=Placebo (n=16 ♀). Escala de Likert: - Rigidez matinal (0= ausente; 1=leve; 2=moderado; 3=severo; 4=extremo). - Bem-estar subjetivo (1=grande melhora; 2=melhora moderada; 3=Melhora leve; 4=sem melhora; 5=piora.) Escore para dor (0-54 pontos) Qualidade de vida: FIQ. - nº de tender points dolorosos por pressão digital. Dor: - Pontos dolorosos: graduação de pressão digital (0-5 pontos). - Intensidade: EVA. Qualidade de vida: FIQ. Ensaio clínico randomizado e controlado-placebo, com avaliações pré/ pós-intervenção e seguimento de 6 meses. GE=grupo experimental; GC=grupo controle; US=Ultrassom; CIV=corrente interferencial vetorial; ACR=american college of rheumatology; EVA=escala visual analógica; FIQ=fibromyalgia impact questionnaire; AMF=frequência de modulação da amplitude (frequência de batimento). - Melhora da dor , dos sintomas depressivos pelo Inventário de Beck e da qualidade de vida pelo SF-36 e NHP no GE. - Melhora da qualidade de vida pelo SF-36 e NHP (dimensão reações emocionais) no GC. - Após a intervenção o GE apresentou menor EVA em relação ao GC. - Melhora nos parâmetros da dor no GE em relação ao GC - Melhora nos parâmetros do sono no GE em relação ao GC. - Melhora em todos os parâmetros no GE antes e após a intervenção. - EVA: melhora significativa no GC (CIV 20 HZ). - Pontos dolorosos: melhora significativa no GC (CIV 20 Hz) e GE (150 Hz). - FIQ: melhora nos dois grupos depois da intervenção, porém sem análise estatística. GE: Laser GaAIAs, 830nm, potência 50 mw. - Melhora significativa de todos os - Aplicação do Laser GaAIAs com emissão de 2J por 1 minuto em cada parâmetros avaliados no GE após a intervenção e no seguimento em relação tender point. ao início. - Sessões individuais. - Melhora significativa do nº de tender points - 5x/semana. e rigidez no GC após a intervenção. - Total: 2 semanas (10 sessões). - Melhora significativa do FIQ, bem-estar GC: Placebo. subjetivo e escore para dor no GE em Mesmo procedimento do GE sem a emissão dos raios. relação ao GC após a intervenção. - Melhora significativa de todos os parâmetros avaliados no GE em relação ao GC no seguimento Ensaio clínico rando- GE: CIV aplicada de 150 HZ. GC: CIV aplicada de 20 HZ. mizado; avaliações pré/ pós-intervenção. Intervenção em ambos os grupos: - Sessões individuais. - 2x/semana. - Total: 5 semanas (10 sessões). - Aplicação do CIV por 30 minutos, com eletrodos 5x9 cm, tetrapolar em varredura. Almeida et Diagnóstico: ACR. Ensaio clínico rando- GE: Terapia combinada. Dor: al.22 GC: Placebo, correntes inativas em diferentes pontos do corpo. mizado; avaliações - EVA pelo mapa corporal. Inclusão: Mulheres, idade pré/ pós-intervenção. Intervenção em ambos os grupos: acima de 50 anos; dor e dis- - Pontos dolorosos: pressão Eletrodiagnóstico de dor : digital e dolorímetro. túrbio do sono nos últimos - US-continuo – 1 Mhz; 0.5 W/cm2. Avaliação do sono: 6 meses. - CIV– 4000HZ, AMF 100 Hz. - Lista brasileira de desordens Idade: acima de 50 anos. Tratamento: do sono. Grupos: - US pulsado (1 MHz; 2.5 W/cm2). - Polissonografia. GE=CIV e US (n=9 ♀). - CIV. GC=Placebo (n=8♀). - Sessões individuais. - 3x/semana. - Total: 4 semanas (12 sessões). Silva et Ensaio clínico rando- GE: TENS. Flexibilidade: teste do 3º dedoDiagnóstico: ACR. al. 23 - Aplicação do TENS com a utilização de eletrodos de superfície e gel mizado; avaliações solo. Inclusão: Ausência de condutor posicionados nos tender points dos músculos do trapézio, pré/ pós-intervenção. Dor: EVA. doenças incapacitantes. supraespinhoso, glúteo e interlinha medial do joelho, bilateralmente. Qualidade de vida: Idade:.Média entre 47 e 50 - Parâmetros: frequência de pulso de 15 Hz, tempo de pulso de 150 μs - SF-36. anos. e intensidade pela sensação de formigamento. - Questionário Nottingham Grupos: - Tempo total da aplicação de 40 minutos. Health Profile (NHP). GE=TENS (n=5 ♀). - 3x/semana (total de 10 sessões). Depressão: Inventário de Beck. GC=hidroterapia (n=5 ♀). GC: Hidroterapia. - Terapia composta por aquecimento (5 min.), alongamentos (20 min.) e exercícios aeróbicos (15 min.). Raimundo Diagnóstico: ACR. et al 21 Inclusão: Tender points do músculo trapézio positivos. Idade: 27-50 anos. Grupos: GE=CIV 150 HZ (n=5 ♀). GC=CIV 20 Hz (n=4 ♀). Armagan et al.20 Eletrotermofototerapia no tratamento da fibromialgia Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. 5 Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso Tabela 2. Análise metodológica pela Escala de Qualidade de Jadad dos ensaios clínicos aleatórios controlados com intervenção de eletrotemofototerapia em fibromialgia. Estudo é definido como aleatório? O método de randomização foi adequado? O estudo é duplo-cego? O método de mascaramento foi adequado? Houve descrição das perdas e exclusões? Pontos Gür et al. 17 Gür et al. 18 Sim Sim Não Não Não 2 Sim Sim Não Não Não 2 As modalidades eletrotermofototerapêuticas podem ser consideradas como recursos, dentre outros (exercícios, medicações, psicoterapia), que, em conjunto, devem compor o tratamento de pacientes com SFM para se obterem resultados satisfatórios. Entretanto, as propostas de tratamento dos estudos em questão foram limitadas ao uso de uma técnica específica de eletrotermofototerapia, com exceção da pesquisa de Matsutani et al.19, que associou o uso do laser com exercícios de flexibilidade. A falta de tratamento global compromete a abordagem abrangente que deve ser dada aos portadores da SFM para se obterem múltiplos benefícios no controle da sintomatologia. Por outro lado, a associação de recursos limita o esclarecimento do papel de cada modalidade terapêutica na SFM, sendo necessários desenhos experimentais ainda mais elaborados para observar os resultados de cada intervenção de forma isolada. Em relação aos desfechos avaliados, é importante ressaltar que a utilização de instrumentos validados e com confiabilidade de aplicação aumenta a consistência dos resultados encontrados. O questionário de impacto da fibromialgia (FIQ) e a EVA da dor foram as avaliações mais utilizadas pelos estudos, sendo tais instrumentos amplamente utilizados na literatura8. O diagnóstico da SFM foi baseado, na maioria das pesquisas, nos critérios do ACR, que consiste em dor crônica generalizada por pelo menos três meses e presença de dor em 11 dos 18 tender points2. Em ensaios clínicos e estudos observacionais, a SFM é comumente diagnosticada por meio desses critérios24. Entretanto, existe uma série de fatores controversos quanto ao seu uso ( falta de treinamento dos clínicos, dificuldade em uniformizar a avaliação dos tender points, necessidade de avaliação dos outros sintomas para compor a doença) que podem comprometer o poder da amostra avaliada25. Vale destacar que a representatividade das amostras foi baixa, tendo em vista o pequeno número de sujeitos avaliados. As amostras apresentaram número reduzido de homens e ampla variação na faixa etária, sendo essas características compatíveis com dados epidemiológicos, nos quais a SFM é mais prevalente no gênero feminino e entre os 35 e 60 anos24. 6 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. Matsutani et al. 19 Sim Não Não Não Sim 2 Armagan et al. 20 Sim Não Sim Sim Sim 4 Raimundo, et al. 21 Sim Não Não Não Não 1 Almeida et al. 22 Sim Sim Não Não Sim 3 Silva et al. 23 Sim Não Não Não Não 1 O laser de baixa potência, proposto nos estudos desta revisão, é amplamente utilizado em pacientes com desordens osteomioarticulares. Dentre os principais efeitos terapêuticos desse tipo de laser, encontram-se a ação anti-inflamatória, a analgesia e a modulação da atividade celular26. Para a SFM, o laser é recomendado, principalmente, para o alívio da dor. Como a dor crônica está intimamente relacionada com os outros sintomas da SFM, acredita-se que sua redução causaria um efeito cascata para a melhora dos demais. Vale ressaltar que os efeitos dessa terapia são doses dependentes, e elas variam amplamente de 1 a 23 J/cm226. O estabelecimento da dose ideal deve levar em consideração a espessura da camada tecidual a ser atingida, o tamanho da área afetada, o tipo de laser, a potência usada e o tempo de aplicação27. É importante notar que os estudos analisados17-20 utilizaram a mesma dose do laser nos tender points para todos os sujeitos, mesmo reconhecendo que existem variações das camadas teciduais entre os indivíduos. Outro fator importante para a efetividade do tratamento com o laser é o número de aplicações, sendo recomendadas, pela World Association for Laser Therapy (WALT), sessões diárias por duas semanas ou em dias intercalados por três a quatro semanas28. Nos estudos de Gür et al.17,18 e Armagan et al.20, as aplicações foram diárias e houve melhora significativa em todos os sintomas investigados após o tratamento com o laser. Já no estudo de Matsutani et al.19, as sessões foram realizadas duas vezes por semana, sendo explanado pelos próprios autores que o intervalo entre as sessões pode ter limitado os resultados para analgesia. No consenso sobre ensaio clínico com laser29, preconizou-se que as pesquisas precisam descrever detalhadamente os parâmetros utilizados para a intervenção, como o comprimento de onda, a energia emitida ao tecido, a densidade de energia, a área do feixe, o tempo de aplicação, a potência de pico, e a densidade de potência27. A falta da descrição completa dos parâmetros impede a reprodução dos achados encontrados, na clínica e em novos estudos. Embora os resultados dos quatro estudos analisados17-20 tenham sido positivos quanto aos efeitos da laserterapia, Eletrotermofototerapia no tratamento da fibromialgia qualquer conclusão seria precipitada quanto à dose ideal, efeitos adversos e população alvo. Isso porque a quantidade de sujeitos expostos à terapia (n=71) foi pequena, foram utilizados diferentes tipos de laser e não houve seguimento a longo prazo na maioria dos estudos. Em revisão sistemática sobre a laserterapia em desordens musculoesqueléticas, com 33 ensaios clínicos, também não houve consenso sobre o tipo e dose ideal de laser, mas, de qualquer forma, essa intervenção é superior ao tratamento placebo6. O ultrassom (US) é utilizado pela fisioterapia por seus efeitos fisiológicos decorrentes tanto de sua ação mecânica como térmica. A ação mecânica aumenta a permeabilidade celular, diminui a resposta inflamatória, reduz a dor por meio da diminuição da velocidade de condução nas fibras nervosas e facilita o processo de cicatrização dos tecidos moles. O US contínuo tem ação térmica que contribui para o aumento da vasodilatação local e, consequentemente, melhora a inflamação crônica, reduz o espasmo muscular e a dor30. A CIV é uma corrente elétrica que apresenta ondas senoidais alternadas de média frequência, com amplitude modulada em baixa frequência, para finalidades terapêuticas. Por ser formada por correntes de média frequência, a CIV é capaz de atingir músculos e nervos profundos, estimular contração ativa, aumentar o fluxo sanguíneo periférico e reduzir a dor1,22. A utilização do US em conjunto com outra forma de eletroterapia, como a CIV, também conhecida como terapia combinada, promove analgesia localizada em áreas dolorosas previamente detectadas por eletrodiagnóstico1,30. No estudo de Almeida et al.22, para o US, foram utilizados os parâmetros pulsados a 1 MHz e 2,5 W/cm2, não sendo mencionadas a repetição do ciclo de pulso, a área do cabeçote, o tempo e a área de aplicação. Quanto à aplicação da CIV, os parâmetros utilizados foram 4000 Hz, frequência modulada de amplitude (AMF)-100 Hz, com omissão do tamanho do eletrodo, do tempo e modo de aplicação. Já no estudo de Raimundo et al.21 foram citados a AMF, o tamanho do eletrodo, o tempo e o modo de aplicação do CIV. Para reproduzir os resultados dos trabalhos publicados, é crucial que detalhes das características da aplicação da modalidade de eletrotermofototerapia empregada seja completamente reportada. Características dos dispositivos (tamanho do cabeçote do US), da aplicação terapêutica (área específica de aplicação ou modo de aplicação), duração e local da intervenção devem ser mencionados5. Tais informações são fundamentais para a reprodução dos dados encontrados nestes artigos. Quanto à TENS, sua ação mais reconhecida é a analgesia que ocorre por meio de corrente elétrica de baixo limiar que inibe a transmissão dos estímulos dolorosos na medula espinhal e libera opiácios endógenos, como as endorfinas31. A associação americana de dor considera a TENS como uma medida terapêutica de alta evidência científica5. No estudo de Silva et al.23, a aplicação da TENS teve bons resultados no controle da dor, depressão e qualidade de vida em pacientes com fibromialgia, embora a sua amostra não tenha sido representativa. Apesar de a ação biofísica de muitas intervenções fisioterapêuticas serem parcialmente conhecidas, investigações adicionais são necessárias na área da pesquisa em eletrotermofototerapia no tratamento de desordens musculoesqueléticas6 para melhor entendimento dos mecanismos de ação, dos efeitos de diferentes doses, da duração do tratamento, dos efeitos relacionados ao estágio da doença, das combinações de tratamento e dos efeitos adversos. Foram excluídos desta revisão três artigos que utilizaram a estimulação elétrica transcranial para o tratamento dos sintomas da SFM. Esse recurso age por meio da neuromodulação, sendo utilizado por médicos desde a década de 50 para o tratamento de distúrbios do sono, dor, déficits cognitivos, depressão, ansiedade, dentre outros, e tem sido documentado no tratamento da SFM13-15. Tal modalidade consiste em uma microcorrente que age a nível subliminar, com ação direta no cérebro, no sistema límbico, no sistema de ativação reticular, e/ ou no hipotálamo. Porém, seu mecanismo de ação é complexo e ainda requer maior esclarecimento. Existem evidências de que a corrente elétrica transcranial, além de melhorar os sintomas de síndromes como a SFM, possui poucos efeitos colaterais e é utilizada como terapia coadjuvante da medicação32. Apesar de esse tipo de microcorrente ser comum à prática da fisioterapia, a aplicação da estimulação elétrica transcranial é pouco explorada na formação básica dos fisioterapeutas. Desse modo, essa seria mais uma técnica de aplicação de microcorrentes a ser explorada no futuro próximo pelos fisioterapeutas, não só para o tratamento da SFM, mas para outros quadros psicossomáticos. Ainda faltam estudos com intervenções por eletrotermofototerapia que também poderiam ser empregados no tratamento da SFM, como as diatermias e outras correntes excito-motoras. Além disso, estudos com enfoque mais global da reabilitação, utilizando exercícios, hidroterapia, manipulações em associação com os recursos eletrotermofototerapêuticos poderiam auxiliar no tratamento da SFM. Considerações finais Esta revisão mostra que generalizações quanto aos benefícios da eletrotermofototerapia, efeitos adversos e doses do tratamento na SFM ainda são restritas. Entretanto, na prática clínica, essas modalidades são utilizadas pelos fisioterapeutas, mesmo sem evidências científicas que comprovem a efetividade nessa doença, e, portanto, devem ser empregadas com parcimônia 7 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso para cada caso. Tal fato deve impulsionar novos estudos com maior rigor metodológico que, consequentemente, tragam conhecimento sobre as várias modalidades que podem ser empregadas, assim como a interação delas com outros tratamentos propostos para a SFM para a construção de uma prática baseada em evidência de forma segura, adequada e efetiva. Referências bibliográficas 1. Gür A. Physical therapy modalities in management of fibromyalgia. Curr Pharm Des. 2006;12(1):29-35. 2. Wolfe F, Smythe HA, Yunus MB, Bennett RM, Bombardier C, Goldenberg DL, et al. The american college of rheumatology criteria for the classification of fibromyalgia. Report of the multicenter criteria committee. Arthritis Rheum. 1990;33(2):160-72. 3. Busch AJ, Barber KAR, Overend TJ, Peloso PMJ, Schachter CL. Exercise for treating fibromyalgia syndrome. Cochrane Review Database Syst Rev. 2007 17;(4):CD003786 4. Mayhew E, Ernst E. Acupuncture for fibromyalgia-a systematic review of randomized clinical trials. Rheumatology (Oxford). 2007;46(5):801-4. 5. Ottawa Panel. Ottawa Panel evidence based clinical practice guidelines for electrotherapy and thermotherapy interventions in the management of rheumatoid arthritis in adults. Phys Ther. 2004;84(11):1016-43. 6. Beckerman H, Bouter LM, van der Heijden GJ, de Bie RA, Koes BW. Efficacy of physiotherapy for musculoskeletal disorders: what can we learn from research? Br J Gen Pract. 1993;43(367):73-7. 7. Brockow T, Wagner A, Franke A, Offenbächer M, Resch KL. A randomized controlled trial on the effectiveness of mild water-filtered near infrared whole-body hyperthermia as an adjunct to a standard multimodal rehabilitation in the treatment of fibromyalgia. Clin J Pain. 1997;23(1):67-75. 8. Finckh A, Morabia A, Deluze C, Vischer T. Validation of questionnairebased response criteria of treatment efficacy in the fibromyalgia syndrome. Arthritis Care Res. 1998;11(2):116-23. 9. Gashu BM, Marques AP, Ferreira EAG, Matsutani LA. Eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e dos exercícios de alongamento no alívio da dor e na melhora da qualidade de vida de pacientes com fibromialgia. Rev Fisioter Univ São Paulo. 2001;8(2):57-64. 10. Ido CS, Rothenbühler R, Janz Júnior LL. Eletroestimulação nervosa transcutânea de baixa frequência nos tender points dos pacientes fibromiálgicos juvenis. Rev Fisioter Univ São Paulo. 2003;10(1):1-6. 11. Citak-Karakaya I, Akbayrak T, Demirtürk F, Ekici G, Bakar Y. Short and longterm results of connective tissue manipulation and combined ultrasound therapy in patients with fibromyalgia. J Manipulative Physiol Ther. 2006;29(7):524-8. 12. Sampson M, Rome JD, Rummans TA. Slow-frequency RTMS reduces fibromyalgia pain. Pain Med. 2006;7(2):115-8. 13. Lichtbroun AS, Raicer MM, Smith RB. The treatment of fibromyalgia with cCranial eletrotherapy stimulation. J Clin Rheumatol. 2001;7(2):72-8. 8 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. 14. Fregni F, Gimenes R, Valle AC, Ferreira MJ, Rocha RR, Natalle L, et al. A randomized, sham-controlled, proof of principle dtudy of transcranial direct current Stimulation for the treatment of pain in fibromyalgia. Arthritis Rheum. 2006;54(12):3988-98. 15. Roizenblatt S, Fregni F, Gimenez R, Wetzel T, Rigonatti SP, Tufik S. et al. Site-specific effects of transcranial direct current stimulation on sleep and pain in fibromyalgia: a randomized, sham-controlled study. Pain Pract. 2007;7(4):297-306. 16. Jadad AR, Moore RA, Carrol D, Jenkinson C, Reynolds DJ, Gavaghan DJ. et al. Assessing the quality of reports of randomized clinical trials: is blinding necessary? Control Clin Trials. 1996;17(1):1-12. 17. Gür A, Karakoç M, Nas K, Cevik R, Saraç J, Demir E. Efficacy of low power laser therapy in fibromyalgia: a single-blind, placebo-controlled trial. Lasers Med Sci. 2002;17(1):57-61. 18. Gür A, Karakoç M, Nas K, Cevik R, Sarac J, Ataoglu S. Effects of low power laser and low dose amitriptyline therapy on clinical symptoms and quality of life in fibromyalgia: a single-blind, placebo-controlled trial. Rheumatol Int. 2002;22(5):188-93. 19. Matsutani LA, Marques AP, Ferreira EA, Assumpção A, Lage LV, Casarotto RA, et al. Effectiveness of muscle stretching exercises with and without laser therapy at tender points for patients with fibromyalgia. Clin Exp Rheumatol. 2007;25(3):410-5. 20. Armagan O, Tascioglu F, Ekim A, Oner C. Long-term efficacy of low level laser therapy in women with fibromyalgia: a placebo- controlled study. J Back Musculoskelet Rehabil. 2006;19:135-40. 21. Raimundo AKS, Brandão DL, Lucena KG. Estudo comparativo do efeito analgésico entre frequências da corrente interferencial na fibromialgia. Fisioter Mov. 2004;17(4):65-72. 22. Almeida TF, Roizenblatt S, Benedito-Silva AA, Tufik S. The effect of combined therapy (ultrasound and interferential current) on pain and sleep in fibromyalgia. Pain. 2003;104(3):665-72. 23. Silva TFG, Suda EY, Marçulo CA, Paes FHS, Pinheiro GT. Comparação dos efeitos da estimulação elétrica nervosa transcutânea e da hidroterapia na dor, flexibilidade e qualidade de vida de pacientes com fibromialgia. Fisioter Pesq. 2008;15(2):118-24. 24. Cavalcante AB, Sauer JF, Chalot SD, Assumpção A, Lage LV, Matsutani LA. et al. A prevalência de fibromialgia: uma revisão de literatura. Rev Bras Reumatol. 2006;46(1):40-8. 25. Katz RS, Wolfe F, Michaud K. Fibromyalgia diagnosis: a comparison of clinical, survey, and american college of rheumatology criteria. Arthritis Rheum. 2006;54(1):169-76. Eletrotermofototerapia no tratamento da fibromialgia 26. Tuner J, Hode L. It’s all in the parameters: a critical analysis of some wellknow negative studies on low-level lase therapy. J Clin Laser Med Surg. 1998;16(5):233-6. therapy for musculoskeletal pain and disorders. Photomedicine and laser surgery. December 2006, 24(6):761-762. dói:10.1089/pho.2006.24.761 27. Fukuda TY, Malfatti CA. Análise da dose do laser de baixa potência em equipamentos nacionais. Rev Bras Fisioter. 2008;12(1)70-4. 30. Maggi LE, Omena TP, Von Krüger MA, Pereira WCA. Software didático para modelagem do padrão de aquecimento dos tecidos irradiados por ultrassom fisioterapêutico. Rev Bras Fisioter. 2008;12(3):204-14. 28. WALT-World Assotiation for Laser Therapy [homepage na Internet]. Recommended anti-inflammatory dosage for low level laser therapy. Bergem: WALT; [atualizada em 2009; acesso em 07/06/2008. Disponível em: http://www.walt.nu/dosage-recommendation.html. 31. Resende MA, Gonçalves HH, Sabino GS, Pereira LSM, Francischi JN. Redução do efeito analgésico da estimulação elétrica nervosa transcutânea de baixa frequência em ratos tolerantes à morfina. Rev Bras Fisioter. 2006;10(3)291-6. 29. WALT-World Assotiation for Laser Therapy. Consensus agreement on the design and condut of clinical studies with low level laser therapy and light 32. Gilula MF. Cranial electrotherapy stimulation and fibromyalgia. Expert Rev Med Devices. 2007;4(4):489-95. 9 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):1-9. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 10-5, Jan./Feb. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia ORIGINAL ARTICLE Influence of the gastrocnemius muscle on the sit-and-reach test assessed by angular kinematic analysis Influência do músculo gastrocnêmio sobre o teste sentar e alcançar avaliada pela análise cinemática angular Marcio M. Kawano1, Gabriel Ambar2, Beatriz I. R. Oliveira2, Marcela C. Boer2, Ana P. R. G. Cardoso2, Jefferson R. Cardoso3 Abstract Background: The sit-and-reach test (SRT) used to measure low back and hamstring flexibility is more adequate when combined with hip joint angle (HJA) measurement. It is supposed that shortening of the gastrocnemius muscle could affect the SRT results. Objectives: The purposes of the study were to investigate the relationship between the HJA and SRT and to verify the influence of the gastrocnemius. Methods: This is a cross-sectional study on healthy subjects. Two hundred subjects took part in the study: 100 males and 100 females aged 21.2 years (SD=1.7). The materials used were a sit-and-reach box with an adapted door to evaluate the influence of the gastrocnemius and a digital camera. Skin markers were positioned on the anterior superior iliac spine and greater trochanter. Two pictures were taken in the final position of the test, one with the door closed (with ankle dorsiflexed - DF) and the other with the door opened (with ankle plantarflexed - PF). Results: Moderate correlation was found between the HJA and SRT for DF and PF (r=0.48 e 0.44). The HJA with DF and PF were 95.5º18.6º and 99.7º18º (P<0.001), respectively. Conclusions: Angular kinematic analysis is a reliable technique to measure the HJA. The results demonstrated the influence of the gastrocnemius; thus we suggest that the SRT be performed with free ankle joint mobility. Key words: biomechanics; hip joint; physical examination. Resumo Contextualização: O teste sentar e alcançar (TSA) usado para medir a flexibilidade lombar e dos músculos isquiotibiais é mais adequado quando usado concomitantemente para avaliar o ângulo da articulação do quadril (AAQ). Acredita-se que o encurtamento do músculo gastrocnêmio afetaria os resultados desse teste. Objetivos: As propostas deste estudo foram correlacionar os resultados do ângulo do quadril e do teste sentar e alcançar e verificar a influência do músculo gastrocnêmio. Métodos: Foi realizado um estudo transversal que envolveu sujeitos saudáveis. Duzentos sujeitos participaram do estudo: 100 homens e 100 mulheres, com idade média de 21,2 anos (DP=1,7). Os materiais usados foram um banco do TSA com uma porta adaptada para avaliar a influência do músculo gastrocnêmio e câmera fotográfica digital. Marcadores cutâneos foram posicionados na espinha ilíaca ântero-superior e trocânter maior. Realizaram-se duas aquisições de imagem: uma com porta fechada (tornozelo em dorsiflexão TD) e outra aberta (tornozelo em flexão plantar - TF). Resultados: Correlação moderada foi encontrada entre AAQ e TSA, tanto para TD como para TF (r=0,48 e 0,44). Os ângulos encontrados com a porta fechada e aberta foram, respectivamente, 95,5º18,6º e 99,7º18º (P<0,001). Conclusões: A análise cinemática angular é uma técnica confiável de avaliação do AAQ. A influência do músculo gastrocnêmio foi observada; portanto, sugere-se deixar o tornozelo livre durante a realização do TSA. Palavras-chave: biomecânica; articulação de quadril; exame físico. Received: 17/03/2008 – Revised: 11/11/2008 – Accepted: 30/06/2009 1 Physical Therapy Course, Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB), Barreiras (BA), Brazil 2 Physical Therapist 3 Department of Physical Therapy, Kinesiologic Electromyography and Kinematics Research Laboratory, Health Sciences Center, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina (PR), Brazil Correspondence to: Jefferson Rosa Cardoso, Hospital Universitário Regional, Norte do Paraná, Departamento de Fisioterapia, Av. Robert Kock, 60, CEP 86038-440, Londrina (PR), Brazil, e-mail: [email protected] 10 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):10-5. Gastrocnemius influence on SRT Introduction The Sit-and-Reach Test (SRT) described by Wells and Dillon in the 1950s is commonly used to measure low back and hamstring flexibility1. The interest in studying the hamstring muscles and the measure of their length is due to possible injuries caused by biomechanical changes that lead to certain dysfunctions: patellofemoral joint dysfunction, pubic pain, low back pain, patellar tendonitis and postural deviations2-7. Although this test is widely used in many fitness batteries, it is believed that certain factors could alter the SRT results8,9. Some authors suggest the following factors are mainly responsible: disproportion between the upper and lower limbs relative to the trunk10; scapular abduction, which increases the reaching distance of the arms11; and SRT scores that do not distinguish the contributions of the low back or hamstring muscles during the test. Moreover, the SRT is commonly used to assess low back flexibility; however previous studies presented a low correlation between SRT and low back flexibility. These authors do not recommend the use of the SRT to measure low back flexibility12,13. Different SRTs and their modified versions have been studied with the intention of eliminating these factors. Some examples are: Back Saver Sit-and-Reach Test, Modified Back Saver Sit-and-Reach Test, Chair Sit-and-Reach Test, Modified Sit-and-Reach Test and V-Sit-and-Reach Test8,10,14-17. All of these tests considered the final position that the subjects reached, but not the angle of the hip joint. The length of the hamstring muscle can be measured by the inclination angle of the sacrum and pelvis, related to the horizontal line at the point of maximal forward reach on the SRT18. This represents an indirect measure of the hip joint angle (HJA). Furthermore, when the HJA is used in the SRT, differences in length of upper and lower limbs and contribution of low back can be eliminated18. The HJA can be assessed by using angular kinematic analysis. It is a method of measuring movement parameters (position and orientation), which can be easily performed with digital photography in order to determine joint configuration. Digital imaging has been quite useful as a method of taking precise kinematic measurements. These images can be used to calculate joint angles using specific software19,20. The gastrocnemius is a two-joint muscle that spans the knee and the ankle joints. In spite of the fact that the gastrocnemius has no relationship with the hip, this muscle can alter the SRT result because it crosses the knee. Thus, when the subject performs a trunk forward flexion in a sitting position, with the knee fully extended and the ankle dorsiflexed, all posterior muscles (hamstrings and gastrocnemius) will be in tension21,22. During the standard SRT the subjects put the ankle in dorsiflexion position (DF) with the knee fully extended. When the subject performs trunk forward flexion with the knee extended and ankle in dorsiflexion, an uncomfortable tension can be felt in the gastrocnemius if this muscle is shortened and this is the limiting factor to continue the test. Thus, the subject will be unable to stretch the hamstring maximally because of the previous gastrocnemius tension (discomfort). This can explain the limited HJA movement. We believe that the standard SRT with ankle DF is not the best form of measuring hamstring flexibility. It is supposed that performing the SRT with the ankle plantarflexed (PF) is the best way to evaluate only hamstring muscle flexibility, because the gastrocnemius muscles will be in a relief position and the discomfort in the calf will not occur. This would improve the performance in HJA. Therefore, the objectives of this study were: (1) to measure the HJA as an indirect measure of hamstring flexibility, (2) to investigate whether there is a relationship between HJA and SRT, (3) to verify the influence of the gastrocnemius muscles on SRT and (4) to compare these results between men and women. Methods Subjects A total of 200 university students took part in the study: 100 males and 100 females; having a mean age of 21.2 years (SD=1.7), a mean height of 169 cm (SD=0.09), a mean mass of 63.3 kg (SD=12.4) and a mean body mass index of 21.8 kg/m2 (SD=2.7). The inclusion criteria were: apparent health, age between 18 and 25, and physical activity two to four times per week. The initial sample size was 204 subjects; however four subjects dropped out because of the following exclusion criteria: pain, postural deviation, previous back and limb surgery or spine/lower extremity injuries in the six months prior to data collection. All inclusion and exclusion criteria were evaluated by two experienced physical therapists. The intensity of the pain was determined by the visual analogue scale (10 cm) and injuries were determined by questionnaire. The subjects signed an informed consent form approved by the Human Research Ethics Committee of Universidade Estadual de Londrina, Brazil (CEP 058/04). Instrumentation A wooden box 30.5 cm x 30.5 cm x 30.5 cm with a fixed 23 centimeter ruler on top was used in the study. A door was built measuring 27 cm in height and 27 cm in width on the side where the subjects placed their feet against the box, permitting assessment of the influence of the gastrocnemius during SRT. When the door was closed, the ankles were in 11 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):10-5. Marcio M. Kawano, Gabriel Ambar, Beatriz I. R. Oliveira, Marcela C. Boer, Ana P. R. G. Cardoso, Jefferson R. Cardoso a DF position (gastrocnemius was taut), and when the door was opened, the ankles were in a PF position (gastrocnemius was slack). Initially, a digital camera (5.1 megapixels) was square and plumb and directly perpendicular to the axis of the HJA. The camera was level and parallel to the floor and positioned on a tripod at 40 cm above the floor and 202 cm from the background, always focused on the hip joint. The camera captured the subject’s entire field of vision without the use of the zoom. All of these procedures were carefully prepared to avoid motion parallax errors. Two photographs of each subject were taken, one with the door closed (with ankle DF) and the other when open (with ankle PF; Figures 1A and 1B, respectively). The order of the test was random. The measurement of the photographs took place in the Laboratory of Kinesiologic Electromyography and Kinematics during the same period of the day for all subjects. Procedures Reflective skin markers of one centimeter in diameter were positioned on the anterior superior iliac spine (ASIS) and greater trochanter (GT) by two experienced physical therapists. The ASIS and the GT are relatively large areas of reference, and they need specific standardized assessment. Later, with the hips flexed, knees straightened and feet fully placed against the box door (DF) or in PF, the subjects extended their arms forward, placing one hand on the top of the other. With palms down, the participant reached forward over the measuring scale as far as possible, without bending the knees, and held the position for approximately two seconds. If the knees were not straightened, the subject had to repeat the test and a new picture was taken. An initial training session was held to provide familiarization with the experimental equipment and procedures the day before. The subjects performed one reaching movement for each box position. Two pictures were taken in this final body position, one with DF and the other with PF; a total of 400 pictures were taken. The maximum reach according to the ruler on the box was the SRT value, and the HJA was calculated using the software CorelDraw version 11. The HJA was measured by the inclination angle of the sacrum and pelvis, related to the horizontal line, at the point of maximal forward reach on the SRT as measured in the Cornbleet et al.18 study. To obtain this angle two lines were required: one between the ASIS and GT references, and the other, a horizontal line along the GT reference (Figure 1, A and B). The lines were digitally drawn on the pictures, and the software gave the angles between the lines. Statistical analysis Figure 1. A) Sit-and-reach test with the door closed (with ankle DF); B) with the door opened (with ankle PF). The hip joint angle formed by two lines: one line between the anterior superior iliac spine and greater trochanter references, and the other, a horizontal line along the greater trochanter reference. The SRT variables were tested considering normal distribution, using the Shapiro-Wilk test. ANOVA with one repeatedmeasures factor was used to compare the results of the HJA with ankle DF and PF and of the HJA results between genders. The analysis was complemented by means of the Tukey multiple comparison test. Both comparisons were followed by their confidence intervals (95% CI). To investigate the relationship between the HJA and the SRT, the Pearson product-moment correlation coefficient was applied. Statistical significance was stipulated at 5% (P<0.05). The Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 13.0 was used for statistical analysis. Table 1. Anthropometric values of the subjects according to gender. Age (years) Mass (kg) Height (cm) BMI (kg/m2) Men (n=100) Range (SD) 21.6 (1.9) 18-25 72.1 (11) 49-110 176.0 (7.1) 159-199 23.1 (2.6) 17.7-31.8 Women (n=100) Range (SD) 20.8 (1.4) 19-25 55.2 (6.8) 41.5-79.7 163.0 (6.3) 148.0-181.0 20.6 (2.3) 13.1-28.5 =mean; SD=standard deviation; BMI=body mass index. 12 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):10-5. Results The anthropometric values, separated according to gender, are presented in Table 1. The HJA values of the sample, with ankle DF and PF were respectively: =95.5º (SD=18.6º) Gastrocnemius influence on SRT Table 2. HJA and SRT values with ankle dorsiflexed (DF) and plantarflexed (PF) according to gender. Men HJA – with ankle DF (o) HJA – with ankle PF (o) SRT – with ankle DF (cm) SRT – with ankle PF (cm) (SD) 83.0º (14.2º) 87.3º (13.4º) 27.7 (9.1) 32.1 (8.4) Range 49.4º-114.8º 53.6º-117.5º 6.0-49.5 10.0-50.5 Women Range (SD) 107.9º (13.3º) 73.5º-144.8º 112.1º (12.6º) 82.6º-145.4º 30.4 (7.9) 12.0-49.0 34.7 (6.5) 19.0-51.0 CI 95% [21; 28.7] [21.1; 28.4] [0.3; 5] [0.4; 4.6] P <0.001 <0.001 0.027 0.018 HJA=hip joint angle; SRT=sit-and-reach test; =mean; SD=standard deviation; Range=minimum and maximum value. 95% CI=95% confidence interval. and =99.7º (SD=18.0º), 95% CI of mean difference (3.7-4.7; P<0.001). The SRT results were: =29.0 cm (SD=8.6 cm) – DF and =33.4 cm (SD=7.6 cm) – PF, 95% CI of mean difference (3.9-4.8; P<0.001). A moderate correlation was obtained between the HJA and SRT values with DF and PF (r=0.48 and r=0.44, respectively). When separated according to gender, a moderate correlation between men was found with DF and PF (r=0.61 and r=0.54, respectively), whereas between women, a low correlation was found (r=0.31 and r=0.24, respectively). The values obtained from analysis of the HJA and SRT by gender are presented in Table 2. The HJA values for men presented significant statistical differences when comparing DF ( =83.0º) with PF (87.3º), 95% CI of mean difference (3.6 - 4.9; P<0.0001); these were similar to those found for women (DF =107.9º; PF =112.9º), 95% CI of mean difference (3.5 - 4.9; P<0.0001). Discussion The present study reveals that there are differences when the SRT and HJA results are compared in two situations: ankle DF or ankle PF. The values of the SRT and HJA with ankle PF were higher than ankle DF. Regarding the HJA values obtained with DF and PF for the entire sample, a significant statistical difference was found. The same occurred when separated according to gender. This demonstrates the influence of the gastrocnemius when the SRT is performed with the door closed or open. The SRT is used to measure hamstring muscle flexibility and not gastrocnemius flexibility. Subjects with shortened gastrocnemius muscle who perform the standard SRT (with a 90º of ankle DF) can lead the physical therapist to attribute the subject’s low score to shortened hamstring muscles. This happens because, when the gastrocnemius is shortened, the subject feels discomfort in the gastrocnemius muscle before the hamstring muscle. A tension is created in the calf, and it is a limiting factor to continuing the SRT. This prevents the subject from stretching the hamstring maximally due to great discomfort in the gastrocnemius; at this point, the extremities of the subject’s gastrocnemius muscle are apart. As a consequence, the subject will fail to reach the maximal hamstring muscle stretch point. Therefore, by keeping the knee extended and maintaining the ankle in PF position, the gastrocnemius muscles will remain loose and will not interfere with the length of the hamstring muscles during the SRT. Thus, the hamstrings can be stretched maximally. Muscles that perform movements on two joints must be loose on one joint (ankle) to obtain a better range of motion over the other joint (knee)21. A significant statistical difference occurred between the HJA values for men and women. Women presented better hamstring flexibility than men with DF and PF. This finding corroborates previous studies18,23,24. In a study with 410 volunteers aged five to 12 years, a mean angle of 81º was found when measured by an inclinometer18. When separated according to gender, the mean angle was 75º for boys and 85º for girls, in spite of the fact that they had the same physical activity level (between two and four times per week). This study suggests that, when studying hamstring muscles, differences between genders must be considered. The correlation between the HJA and SRT with ankle DF and PF indicated a moderate correlation. These results did not corroborate another study18, in which the correlation between the SRT and HJA was measured by using an inclinometer and where a strong correlation (r=0.76) between the angle values and the maximum distance reached was observed. The moderate-to-low correlation presented in the present study was due to the fact that the standard SRT does not consider the differences between limbs, a phenomenon well documented in the literature. The variation in length between the upper and lower limbs in relation to trunk and spine affects measurements of mobility and will interfere in the SRT results. To put it more clearly, a person who has relatively longer arms will achieve a better reaching score, which cannot be attributed to the flexibility of the gastrocnemius but to the arm span. In contrast, angular kinematic analysis, which in this case provides the HJA score, eliminates the proportional differences between upper and lower limbs. The effect of the head position on the SRT was examined by another study25. It considered that the erector spinae muscles were stressed when subjects performed the SRT with the head down, decreasing the possibility of improved trunk flexion when maximum reach was performed. Therefore, the performance of the SRT with the head up decreases stress on these 13 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):10-5. Marcio M. Kawano, Gabriel Ambar, Beatriz I. R. Oliveira, Marcela C. Boer, Ana P. R. G. Cardoso, Jefferson R. Cardoso muscles, providing better results. The study indicated differences between head positions, but they presented no clinical importance. The intrarater reliability test (ankle DF and PF) for the HJA analysis presented high reliability after a five-day interval. The reliability of the test was between 96% and 98%. The same occurred in the interrater reliability test, performed by two trained evaluators, which agreed with a previously published study26. The values of the ICC test were between 0.96 and 0.98. The values of the mean difference of the Bland-Altman test were between 0.01 and 0.07. These results showed that the technique presents good applicability and that the values of the angle formed by the hip joint are easily calculated. In all of the SRT studies analyzed, previous hamstring stretching was performed. However, in the present study, the same procedure was not adopted, due to the fact that the viscoelastic properties of muscles have short duration27,28. According to Depino et al.27, nine minutes after four 30-second hamstring static stretches, the hamstring length returns to baseline values. This happens because the viscoelastic component was not deformed enough to produce a permanent change27. Thus, if hamstring muscles are stretched prior to the performance of the SRT, their true length may not be analyzed. Therefore, if the tests had been repeated twice or more, the SRT values would have been higher than in the first evaluation. The SRT with the HJA measured by angular kinematic analysis can be performed anywhere a small evaluation lab can be set up. A standard box and a camera are needed to take the photographs. This technique allows a reliable and simple measurement of hamstring length when the evaluator uses the final SRT position (maximum anterior trunk flexion) with neutral ankle position and registers the HJA. Conclusions The results of this study demonstrated that the HJA measurement serves as an indirect measurement of hamstring flexibility and could be employed in clinical practice as an outcome measure. It was also demonstrated that the HJA is a more accurate measure of flexibility than the SRT due to the fact that it is uninfluenced by limb length when applied in conjunction with a free ankle joint. Finally, the results of female subjects presented higher values than did those of the males. References 1. Wells KF, Dillon EK. The sit and reach. A test of back and leg flexibility. Res Q Exerc Sport. 1952;23:115-8. 2. Delee JC, Drez D, Miller MD. Orthopaedic sports medicine: principles and practice. Philadelphia: Saunders; 2003. 3. Witvrouw E, Danneels L, Asselman P, D’Have T, Cambier D. Muscle flexibility as a risk factor for developing muscle injuries in male professional soccer players. A prospective study. Am J Sports Med. 2003;31(1):41-6. 4. Witvrouw E, Bellemans J, Lysens R, Danneels L, Cambier D. Intrinsic risk factors for the development of patellar tendinitis in an athletic population. A two-year prospective study. Am J Sports Med. 2001;29(2):190-5. 5. Hartig DE, Henderson JM. Increasing hamstring flexibility decreases lower extremity overuse injuries in military basic trainees. Am J Sports Med. 1999;27(2):173-6. 9. Miñarro PA, Andújar PS, García PL, Toro EO. A comparison of the spine posture among several sit-and-reach test protocols. J Sci Med Sport. 2007;10(6):456-62. 10. Hoeger WW, Hopkins DR. A comparison of the sit and reach and the modified sit and reach in the measurement of flexibility in women. Res Q Exerc Sport. 1992;63(2):191-5. 11. Holt LE, Pelham TW, Burke DG. Modifications to the standard sit and reach flexibility protocol. J Athl Train. 1999;34(1):43-7 12. Jackson AW, Baker AA. The relationship of the sit and reach test to criterion measures of hamstring and back flexibility in young females. Res Q Exerc Sport. 1986;57:183-6. 13. Patterson P, Wilksten DL, Ray L, Flanders C, Sanphy D. The validity and reliability of the back saver sit-and-reach test in middle school girls and boys. Res Q Exerc Sport. 1996;67(4):448-51. 6. Woods C, Hawkins RD, Maltby S, Hulse M, Thomas A, Hodson A. The football association medical research programme: an audit of injuries in professional football-analysis of hamstring injuries. Br J Sports Med. 2004;38:36-41. 14. Lemmink KA, Kemper HC, de Greef MH, Rispens P, Stevens M. The validity of the sit-and-reach test and the modified sit-and-reach test in middle-aged to older men and women. Res Q Exerc Sport. 2003;74(3):331-7. 7. Busquet L. Les chaînes musculaires T.3; La pubalgie. Paris: Frison-Roche; 2001. 15. Minkler S, Patterson P. The validity of the modified sit-and-reach test in college-age students. Res Q Exerc Sport. 1994;65(2):189-92. 8. Baltaci G, Un N, Tunay V, Besler A, Gerçeker S. Comparison of three different sit and reach tests for measurement of hamstring flexibility in female university students. Br J Sports Med. 2003;37(1):59-61. 16. Jones CJ, Rikli RE, Max J, Noffal G. The reliability and validity of a chair sit-and-reach test as a measure of hamstring flexibility in older adults. Res Q Exerc Sport. 1998;69(4):338-43. 14 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):10-5. Gastrocnemius influence on SRT 17. Hui SC, Yuen PY, Morrow JR Jr, Jackson AW. Comparison of the criterion-related validity of sit-and-reach tests with and without limb length adjustment in Asian adults. Res Q Exerc Sport. 1999;70(4):401-8. 18. Cornbleet S, Woolsey N. Assessment of hamstring muscle length in school-aged children using the sit-and-reach test and the inclinometer measure of hip joint angle. Phys Ther. 1996;76(8):850-5. 19. Chen YL. Accuracy and repeatability of the stick marker technique for external measurement of the sacral angle during trunk flexion. Int J Ind Ergon. 2000;26(1):101-7. 20. Liu Y, Zhang X, Chaffin D. Perception and visualization of human posture information for computer-aided ergonomic analysis. Ergonomics. 1997;40(8):818-33. 21. Kendall FP, McCreary EK, Provance PG. Muscles: testing and function. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 1993. 22. Kapandji AI. Physiologie articulaire T. 2: membre inférieur. Paris: Maloine; 2000. 23. Hui SS, Yuen PY. Validity of the modified back-saver sit-and-reach test: a comparison with other protocols. Med Sci Sports Exerc. 2000;32(9):1655-9. 24. Jackson A, Langford NJ. The criterion-related validity of the sit-and-reach test: replication and extension of previous findings. Res Q Exerc Sport. 1989;60(4):384-7. 25. Smith JF, Miller CV. The effect of head position on sit-and-reach performance. Res Q Exerc Sport. 1985;56:84-5. 26. Cardoso JR, Azevedo NCT, Cassano CS, Kawano MM, Ambar G. Confiabilidade intra e interobservador da análise cinemática angular do quadril durante o teste sentar e alcançar para mensurar o comprimento dos isquiotibiais em estudantes universitários. Rev Bras Fisioter. 2007;11(2):133-8. 27. Depino GM, Webright WG, Arnold BL. Duration of maintained hamstring flexibility after cessation of an acute static stretching protocol. J Athl Train. 2000;35(1):56-9. 28. Spernoga SG, Uhl TL, Arnold BL, Gasneder BM. Duration of maintained hamstring flexibility after a one-time, modified hold-relax stretching protocol. J Athl Train. 2001;36(1):44-8. 15 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):10-5. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 16-23, jan./fev. 2010 © ARTIGO ORIGINAL Revista Brasileira de Fisioterapia Influência do tabagismo atual na aderência e nas respostas à reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC Influence of current smoking on adherence and responses to pulmonary rehabilitation in patients with COPD Vivian T. S. Santana1,2, Selma D. Squassoni3, José Alberto Neder4,5, Elie Fiss4 Resumo Objetivo: Investigar o possível efeito modulador do tabagismo atual na aderência e nos efeitos da reabilitação pulmonar (RP) em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Métodos: Em um estudo prospectivo, 18 pacientes ex-tabagistas e 23 tabagistas atuais (GOLD estádios II-IV) foram incluídos num programa multidisciplinar de RP com duração de 12 semanas. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica e à de variáveis subjetivas (dispneia e qualidade de vida) e objetivas (composição corporal, função pulmonar e teste da caminhada de 6 minutos). Nos pacientes tabagistas, obteve-se o nível de dependência da nicotina pela escala de Fagerström. A interrupção da RP antes do término previsto foi considerada indicativa de não aderência ao programa. Resultados: A proporção de pacientes nãoaderentes à RP foi maior nos tabagistas do que nos ex-tabagistas (30,4% vs 11,1%, respectivamente; razão de chance=2,9 (1,6-4,1); p<0,01). Entretanto, os tabagistas atuais que completaram o programa (n=16) apresentaram taxa de absenteísmo à RP similar ao observado nos ex-tabagistas, assim como ganhos equivalentes nas respostas subjetivas (qualidade de vida) e objetivas (distância caminhada). Adicionalmente, houve redução significante no número de cigarros consumidos diariamente e no grau de dependência da nicotina nos tabagistas atuais (p<0,05). Conclusões: Embora o tabagismo atual reduza a aderência à RP, pacientes tabagistas com DPOC que completam tais programas apresentam ganhos funcionais e na qualidade de vida equivalentes aos observados nos ex-tabagistas. A RP, mesmo sem um programa estruturado de cessação do tabagismo, pode associar-se com redução, ao menos a curto prazo, da dependência da nicotina. Palavras-chave: DPOC; reabilitação; exercício; tabagismo; fisioterapia. Abstract Objective: To investigate the modulating effects of current smoking on adherence and responses to pulmonary rehabilitation (PR) in patients with chronic obstructive pulmonary disease (COPD). Methods: In a prospective study, 18 ex-smokers and 23 current smokers (GOLD stages II-III) were enrolled in a 12-week multidisciplinary, supervised PR program. The patients were assessed clinically and as to subjective variables (dyspnea and health-related quality of life) and objective variables (body composition, pulmonary function and 6-min walking distance). The degree of nicotine dependence in current smokers was assessed by the Fagerström test. Program completion defined PR “adherence”. Results: There was a significant association between current smoking and non-adherence to PR with 30.4% vs. 11.1% and odds ratio=2.9 (1.6-4.1; p<0.01). However, the current smokers who completed the program (n=16) had a similar absentee rate to the ex-smokers, as well as similar gains in the subjective (quality of life) and objective (walked distance) items. Additionally, there was a significant reduction in daily cigarette consumption and in the degree of nicotine dependence in current smokers (p<0.05). Conclusions: Although current smoking is negatively related to PR adherence, COPD smokers who complete the PR can have similar gains in functionality and quality of life compared to ex-smokers. Moreover, PR may be related to decreased nicotine dependence, even without a formal smoking withdrawal program. Key words: COPD; rehabilitation; exercise; smoking; physical therapy. Recebido: 15/04/2008 – Revisado: 18/11/2008 – Aceito: 26/05/2009 1 Departamento de Fisioterapia, Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo, São Bernardo do Campo (SP), Brasil 2 Departamento de Fisioterapia, Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, Santo André (SP), Brasil 3 Departamento de Reabilitação Pulmonar, Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Santo André (SP), Brasil 4 Departamento de Pneumologia, FMABC 5 Departamento de Pneumologia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo (SP), Brasil Correspondência para: Elie Fiss, Av. Lauro Gomes, 2000, Vila Sacadura Cabral, CEP 09060-870, Santo André (SP), Brasil, e-mail: [email protected] Trabalho realizado no Serviço de Reabilitação Pulmonar da Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC. Pulmonary Rehabilitation Service of the Pulmonology Department of Faculdade de Medicina do ABC, Brazil. 16 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. Reabilitação pulmonar em tabagistas Introdução A reabilitação pulmonar (RP) tem se mostrado essencial como tratamento adjuvante da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), otimizando o nível de independência e tolerância ao exercício com consequente melhora da qualidade de vida1,2. Embora a RP tenha um caráter multidisciplinar, diversos estudos controlados e randomizados demonstraram que o treinamento físico estruturado é crucial para a melhora clínico-funcional, com repercussões prognósticas3. Infelizmente, a capacidade dos serviços de saúde em oferecer tais programas para todos os pacientes com indicação de RP é sabidamente inferior à real demanda1,2,4. Um dos critérios frequentemente utilizados de elegibilidade para um programa de RP é a exclusão dos pacientes tabagistas atuais1,3. Tal conduta baseia-se no pressuposto de que tais pacientes seriam menos aderentes à RP5,6 e que, devido aos efeitos nocivos do tabagismo mantidos na função pulmonar7 e na musculatura esquelética8, os possíveis ganhos seriam inferiores aos observados nos pacientes não-fumantes. Adicionalmente, sabe-se que pacientes tabagistas são menos propensos a iniciar e manter atividade física regular9,10. Entretanto, as evidências disponíveis para consubstanciar o conceito de que a RP não deveria ser oferecida aos tabagistas atuais são escassas, como recentemente admitido2. De fato, alguns estudos randomizados admitiram tabagistas em seus programas11,12, e a influência do tabagismo atual nos principais desfechos clínicos e funcionais da RP na DPOC continua controverso. Portanto, o propósito principal deste estudo foi o de avaliar a aderência e os impactos subjetivos (dispneia e qualidade de vida relacionada à saúde) e objetivos (composição corporal, função pulmonar e capacidade de exercício) da RP em tabagistas atuais e ex-tabagistas com DPOC. A hipótese principal do estudo foi a de que o tabagismo atual não influenciaria negativamente na aderência e nos ganhos advindos da RP nessa população de pacientes. Materiais e métodos Amostra Foram avaliados, por conveniência e consecutivamente, 41 pacientes de ambos os sexos com diagnóstico de DPOC (GOLD estádios II-IV)13 encaminhados pelo serviço ambulatorial da instituição e serviços privados de atendimento pneumológico. Todos os pacientes apresentavam distúrbio ventilatório obstrutivo, tipicamente de intensidade moderada à acentuada (VEF1/CVF<0,7 e VEF1<60% do previsto). Os pacientes foram separados em: grupo I (n=18), constituído de ex-tabagistas há pelo menos 6 meses e grupo II (n=23), formado por tabagistas atuais. Foram considerados critérios de inclusão: dispneia crônica nas atividades de vida diária (escores de dispneia >I de acordo com a classificação do Medical Research Council modificada)4 e estabilidade clínica, como indicada pela ausência de mudanças no esquema terapêutico ou exacerbação de qualquer gravidade nas 12 semanas precedentes. Os critérios de exclusão foram: presença de distúrbio locomotor ou neurológico, indicação e/ou uso de oxigenoterapia crônica domiciliar, reabilitação pulmonar no ano precedente, uso crônico de esteroides orais, diagnóstico concomitante de doença maligna, insuficiência cardíaca crônica, hepatopatia ou nefropatia. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina do ABC, Santo André (SP), Brasil, protocolo nº132/2006, e todos os pacientes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Protocolo Os participantes foram submetidos, pré e pós-RP, à avaliação clínica e antropométrica, mensuração dos escores de dispneia crônica (Medical Research Council modificado)4 e qualidade de vida relacionada à saúde (questionário St. George)14, avaliação do grau de dependência da nicotina (escala de Fagerström)15, espirometria, medida das pressões respiratórias máximas e teste de caminhada de seis minutos (TC6). Todos os questionários foram aplicados por um mesmo examinador que permaneceu cego quanto à história tabágica dos pacientes. Mensurações Aderência à RP A aderência à RP foi definida como a capacidade do indivíduo de finalizar o programa proposto, com um mínimo de 80% de sessões atendidas16-18. Caso o paciente interrompesse a RP antes do período proposto, o mesmo era inquirido acerca das razões da desistência. Escala de dispneia na vida diária O grau de dispneia nas atividades cotidianas foi mensurada pela escala modificada do Medical Reserch Concil (MRC)4. Nesse instrumento, “0” representa falta de ar no exercício intenso e “4”, dispneia ao repouso. Uma versão traduzida para o Português, e previamente validada no nosso meio, do questionário de qualidade de vida Saint George (SGRQ)14 foi utilizado para avaliar os sintomas do paciente e suas influências durante as atividades diárias. O SGRQ aborda aspectos relacionados a três domínios: sintomas, atividades e impactos psicossociais. 17 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. Vivian T. S. Santana, Selma D. Squassoni, José Alberto Neder, Elie Fiss Nesse instrumento, a qualidade de vida relaciona-se inversamente com a pontuação: reduções iguais ou maiores do que 4 pontos após intervenção indica melhora significativa na qualidade de vida19. Escala de dependência da nicotina A escala de Fagerström foi utilizada nos pacientes tabagistas ativos a fim de verificar o grau de dependência da nicotina15. Essa escala possui seis questões acerca dos hábitos de consumo de cigarros pelos pacientes, sendo classificado o grau de dependência como leve (0-4), moderado (5-7) ou grave (8-10). Medidas antropométricas A massa corporal (kg) e a estatura (m) foram obtidas numa balança antropométrica da marca Filizola® (Filizola, São Paulo, Brasil). Tais dados foram utilizados para o cálculo posterior do índice de massa corpórea (IMC=peso/altura2, kg/m2). Adicionalmente, procedeu-se à adipometria, com a obtenção, em triplicata e pelo mesmo avaliador, das medidas das pregas cutâneas no hemicorpo direito por meio do adipômetro Sanny® (American Medical do Brasil, São Bernardo do Campo, Brasil). As pregas avaliadas foram: triciptal, suprailíaca, torácica, abdominal e crural. Considerou-se o valor médio das medidas. A partir dos dados obtidos, calculou-se a densidade média e % de gordura e massa magra corpórea20. Testes de função pulmonar Espirometria pré e pós-broncodilatador (400 μg de salbutamol via dosímetro inalador) foi realizada no sistema Koko® (Koko spirometry, Louisville, CO, EUA), pelo mesmo técnico, utilizando-se um pneumotacógrafo calibrado. Os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade foram aqueles definidos pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia21. Foram obtidos a capacidade vital forçada (CVF, L), o volume expiratório forçado no primeiro segundo da CVF (VEF1, L) e a relação entre ambos; nas manobras lentas, obteve-se a capacidade inspiratória (CI, L). Os valores obtidos foram comparados aos previstos para a população brasileira adulta22. No presente estudo, são apresentados apenas os valores funcionais otimizados, ou seja, após o broncodilatador. Foram também realizadas as mensurações da pressão inspiratória máxima (PImáx, cmH2O) a partir do volume residual e da pressão expiratória máxima (PEmáx, cmH2O) a partir da capacidade pulmonar total. O teste foi realizado com paciente sentado, utilizando um manovacuômetro da marca Newmed® (Newmed, São Paulo, Brasil), com medida de -150/+150 cmH2O. Foram realizadas pelo menos três medidas, pelo mesmo observador, com o registro do maior valor obtido, desde que o mesmo não fosse o último a ser registrado. 18 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. Teste de caminhada de seis minutos No TC6, foi determinada a distância percorrida em seis minutos num corredor desobstruído de 30 metros com encorajamento padronizado. Os aspectos técnicos foram os recomendados pela American Thoracic Society23. No decorrer do teste, a saturação da oxiemoglobina por oximetria de pulso (SpO2%) e frequência cardíaca (FC bpm) foram aferidos (Moriya®, modelo 1005; Moriya, São Paulo, Brasil). O cansaço nos membros inferiores e a dispneia foram avaliados ao final do teste pela escala categórica de Borg23. Intervenções O programa de RP foi realizado no período de três meses, com frequência de três sessões semanais, com duração de 60 minutos cada, num total de 36 sessões. Em adição ao treinamento físico eram realizadas mensalmente palestras educacionais que abordavam aspectos sobre a doença, atividade de vida diária, conservação de energia, conscientização corporal e orientação nutricional. Embora os efeitos maléficos do tabagismo e a importância do hábito na manutenção dos sintomas tenham sido discutidos, não houve um programa padronizado de cessação do tabagismo, nem a administração de tratamento farmacológico adjuvante. Os dois grupos foram submetidos conjuntamente ao mesmo treinamento físico, baseado nas recomendações da American Thoracic Society1, o qual se constitui de: (i) aquecimento seguido de condicionamento aeróbio por 20 minutos, realizado em bicicletas ergométricas da marca Movement® (Movement, Bike vertical BM2800, com resistência eletromagnética, Manaus, Brasil), com intensidade modulada de acordo com a tolerância individual (escores de Borg para dispneia de 4-5)23; (ii) alongamento da musculatura a ser trabalhada durante a sessão; (iii) treinamento resistido dos membros superiores e inferiores a 50% da carga máxima atingida num teste incremental prévio, aumentando-se 0,5 Kg de acordo com a tolerância do paciente, e (iv) desaquecimento, composto de alongamento da musculatura trabalhada durante a sessão. O treinamento foi continuamente supervisionado, e oxigênio suplementar foi utilizado quando se observava queda significativa da SpO2 (<90%). Análise estatística O tamanho amostral mínimo (N=15) para cada grupo foi calculado considerando-se um ganho de 54 m na distância caminhada como desfecho primário24, assumindo-se risco de 5% e potência estatística de 80%. A aderência à RP não foi utilizada para o cálculo do tamanho amostral por se tratar de variável categórica dicotômica (abandono ou não). Os dados Reabilitação pulmonar em tabagistas coletados foram analisados em um programa específico para análise estatística (Statistical Package for the Social Sciences™ SPSS, versão 13.0). Uma análise descritiva inicial foi realizada para avaliar a distribuição das variáveis assim como a presença de possíveis inconsistências na base de dados (outliers). As variáveis foram expressas como médias e desvio-padrão ou mediana (variação) de acordo com a natureza simétrica ou assimétrica das distribuições (Kolmogorov-Smirnov). Teste t não-pareado de Student ou teste de Mann-Whitney foram realizados para a comparação dos grupos na avaliação basal. O teste do 2 e exato de Fisher, quando necessário, foram utilizados para investigar a associação entre variáveis. Razão de chance (odds ratio) para aderência à RP, com seu respectivo intervalo de confiança em nível de 95% (IC 95%), foi calculada a partir de uma tabela de contingência. O teste do sinal (sign test) foi utilizado para analisar mudanças individuais na ocorrência de variáveis dicotômicas. Análise de variância (ANOVA) de duas vias para medidas repetidas foi empregada para a comparação entre os grupos nas avaliações pré e pós-RP, assim como eventuais diferenças intergrupos na magnitude de melhora com a RP. A probabilidade de erro tipo I foi estabelecida em 5% para todos os testes (p<0,05). Resultados Aderência à RP nos tabagistas atuais e ex-tabagistas Dezoito ex-tabagistas e vinte e três tabagistas atuais foram avaliados. Observou-se relação estatisticamente significante entre tabagismo atual e interrupção da RP (p<0,05). Logo, dos 18 pacientes ex-tabagistas, dois (11,1%) interromperam o programa de RP antes do seu término. Em contraste, 7/23 pacientes tabagistas não completaram o programa (30,4%) (razão de chance=2,9 (1,6-4,1); p<0,01) (Tabela 1). As razões apontadas para interrupção do programa foram similares nos dois grupos: “falta de motivação”, “necessidade de comparecimento frequente ao centro” e “problemas de transporte”. Entretanto, três pacientes do grupo tabagista atual referiram que as menções aos efeitos nocivos do tabagismo e a necessidade de interrupção do hábito para controle da doença foram fatores contribuintes. Todos os pacientes que permaneceram no programa atenderam, pelo menos, a 80% das sessões, independentemente da história tabágica. Adicionalmente, não houve diferença significante nas variáveis fisiológicas e subjetivas basais entre os pacientes tabagistas que finalizaram ou não à RP (p>0,05; dados não incluídos). Tabela 1. Valores basais e respostas subjetivas e fisiológicas à RP em pacientes com DPOC ex-tabagistas (grupo I) e tabagistas atuais (grupo II). Grupo I (N=18) Variáveis Demográficas Sexo masc/fem Idade (anos) Antropométricas IMC (kg/m2) % Massa magra Função pulmonar CVF (%) VEF1 (%) VEF1/CVF CI (%) PImáx (cmH2O) PEmáx (cmH2O) Capacidade de exercício Distância caminhada (m) Borg dor nas pernas Borg dispneia Medidas subjetivas Escore do MRC SGRQ Pacientes desistentes (%) Grupo II (N=23) Pré-RP 9/9 64,18,7 Pós-RP - Pré-RP 13/10 63,18,3 Pós-RP - 25,86,7 69,98,5 27,87,3 73,89,2† 22,56,89 73,011,5 22,66,7 74,99,30 66,222,8 42,815,7 0,460,09 81,414,5 65,022,2 78,726,9 76,325,3 48,019,3 0,480,11 80,913,7 77,124,3 75,028,9 64,318,6 45,418,1 0,500,10 65,412,5* 57,124,0 71,537,2 67,615,8 45,917,3 0,500,13 80,111,0† 60,324,4 72,826,9 415147 3 (0-7) 4 (0-7) 49578† 1,5 (0-5)† 2,5 (0-5)† 427131 2 (0-5) 3 (0-5) 503113† 3 (0-5) 2,5 (0-4) 2 (1-4) 33,5 (21-58) 11,1% (2) 2 (1-4) 28,5 (8-45)† 30,4% (7) 2 (1-3) 39 (20-62)* 1 (1-3)† 23,5 (5-53)†‡ Dados apresentados como médiaDP, com exceção dos escores subjetivos (mediana e variação). * p<0,05 = diferenças intergrupos na avaliação pré-RP; † p<0,05 = diferenças intragrupo pós-pré RP; ‡ p<0,05 = diferenças intergrupos na magnitude das mudanças pós-pré RP (ANOVA de medidas repetidas ou testes de associação para variáveis categóricas). IMC=índice de massa corpórea; CVF=capacidade vital forçada; VEF1=volume expiratório forçado no primeiro segundo; CI=capacidade inspiratória; PImáx=pressão inspiratória máxima; PEmáx=pressão expiratória máxima; MRC=Medical Research Council modificado; SGRQ=questionário de St. George. 19 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. Vivian T. S. Santana, Selma D. Squassoni, José Alberto Neder, Elie Fiss Características gerais da amostra As principais características demográficas, antropométricas e funcionais respiratórias dos pacientes ex-tabagistas (grupo I, n=16) e tabagistas atuais (grupo II, n=16) que completaram a RP estão apresentadas na Tabela 1. A distribuição da gravidade, de acordo com os critérios GOLD13, foi similar entre os grupos I e II: 2/3, 8/6 e 6/7 para os estádios II, III e IV, respectivamente. Entretanto, os pacientes do grupo II apresentaram A Escore de qualidade de vida pós-pré realibitação 10 P=0,05 Efeitos subjetivos da RP nos tabagistas atuais e ex-tabagistas 0 De acordo com o apresentado na Tabela 1, embora ambos os grupos tenham apresentado redução (melhora) significativa nos escores de qualidade de vida do questionário St. George19, tal efeito foi mais pronunciado no grupo II (Figura 1A). De fato, diminuição maior do que quatro pontos foi observada em 15/16 (93,7%) no grupo II e 12/16 (75%) no grupo I (p<0,05). Consistente com tais achados, somente o grupo II apresentou redução significante nos escores de dispneia do MRC4. A RP associou-se com redução significante nos escores de dependência da nicotina no grupo II, sendo que, pós-RP, 50% apresentavam dependência leve e 50%, moderada (p<0,05). Adicionalmente, 3/16 pacientes (18,7%) interromperam o hábito tabágico. Consistente com tais dados, houve diminuição significativa do número de cigarros consumidos diariamente (208 pré-RP vs. 76 pós-RP; p<0,001). -10 -20 -30 -40 B Distância caminhada pós-pré realibitação (m) menores valores de capacidade inspiratória, um índice de hiperinsuflação pulmonar (Tabela 1)25. Embora estatisticamente não-significante, houve tendência de menores valores de IMC e porcentagem de massa magra no grupo II; de fato, a proporção de pacientes com peso abaixo do esperado para a altura e IMC reduzido26 foi maior nesse grupo comparativamente ao grupo I (9/16 vs. 4/16). Em adição, os escores de qualidade de vida, na avaliação basal, foram significativamente menores no grupo II em relação ao grupo I (p<0,05). Observou-se, ainda, que 81% dos pacientes do grupo II apresentavam dependência moderada e 19%, dependência grave à nicotina de acordo com a escala de Fagerström15. P>0,05 200 100 0 Efeitos objetivos da RP nos tabagistas atuais e ex-tabagistas -100 -200 Grupo I Grupo II * p<0,05=diferenças intragrupo pós-pré RP); † p<0,05=diferenças intergrupos na magnitude das mudanças pós-pré RP (ANOVA de medidas repetidas). Figura 1. Efeitos da reabilitação pulmonar na principal variável subjetiva (escore de qualidade de vida de St. George, painel A) e objetiva (distância caminhada em 6 minutos, painel B) em pacientes ex-tabagistas (grupo I) e tabagistas (grupo II) com DPOC estável. Os boxplots representam os extremos, o interquartil central e a mediana. Notar que ambos os grupos apresentaram melhora significativa com a RP; entretanto, a melhora na qualidade de vida com a RP foi maior no grupo II (menores escores) comparativamente ao grupo I. 20 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. Não foi observada modificação significativa no IMC e na massa magra em ambos os grupos; entretanto, houve redução significante na porcentagem de massa magra no grupo I (p<0,05; Tabela 1). Como esperado, a RP não teve influência significativa nas principais variáveis espirométricas em ambos os grupos. De forma interessante, apenas o grupo I apresentou melhora significativa da PImáx, enquanto a CI aumentou no grupo II (p<0,05; Tabela 1). Em relação à capacidade funcional de exercício (TC6), a RP associou-se com ganhos similares em ambos os grupos (Figura 1B, Tabela 1). Dessa forma, uma análise individual revelou que um ganho clinicamente significativo (variação na distância caminhada maior do que 54 m)24 foi encontrado em Reabilitação pulmonar em tabagistas 7/16 (43,7%) pacientes do grupo I e 9/16 (56,2%) do grupo II (p>0,05). Contudo, houve redução significante dos sintomas de “dor nas pernas” e “dispneia” ao final do teste somente no grupo I (Tabela 1). Discussão O presente estudo avaliou o efeito modulador do tabagismo atual na aderência e nos possíveis ganhos subjetivos e objetivos relacionados à RP em pacientes com DPOC estável. Os resultados deste estudo indicam que, embora o tabagismo atual tenha se relacionado negativamente com a aderência à RP, os ganhos clínicos e fisiológicos foram geralmente similares nos pacientes ex-tabagistas e tabagistas atuais (Tabela 1, Figura 1). Em adição, a RP associou-se com redução significativa na dependência da nicotina nos tabagistas atuais. Tais resultados indicam que, embora uma taxa mais elevada de abandono da RP possa ser antecipada nos tabagistas com DPOC, não parece haver a priori fundamentos clínicos ou fisiológicos para excluir tais pacientes dos programas de RP. A RP é considerada, atualmente, um procedimento padrão para a otimização no manuseio clínico de pacientes com DPOC que apresentem dispneia e limitação às atividades cotidianas1,2,4,13,27. Embora a RP seja considerada útil para a maioria dos pacientes com doença de moderada a avançada, há reduzida disponibilidade de tais programas, o que estimulou a identificação de fatores mais frequentemente citados, destacando-se o tabagismo atual. Nesse contexto, deve-se reconhecer que pacientes tabagistas com doença pulmonar ou cardíaca sabidamente relacionada ao tabagismo e que continuam a fumar apresentam menor aderência ao tratamento farmacológico do que aqueles que abandonam o hábito28,29. Curiosamente, tal evidência tem sido extrapolada para intervenções não-farmacológicas, como a RP, sem uma clara base experimental. De fato, estudos prévios consideraram a inclusão de tabagistas11,12,30,31. O perfil psicológico negativista e niilista de muitos desses pacientes29 e a possível influência negativa dos mesmos na aderência ao programa e na recaída dos ex-tabagistas têm sido citados como possíveis efeitos deletérios da inclusão dos mesmos na RP. Young et al.32, por exemplo, relataram que o tabagismo atual associou-se com a não-aderência à RP. Nossos resultados são consistentes com tais achados, já que o risco de abandono foi quase o triplo do observado nos tabagistas atuais quando comparado com o dos ex-tabagistas, ou seja, uma razão de risco de 2,9. Dessa forma, a inclusão de pacientes tabagistas atuais poderia ser questionável, especialmente em países com escassa disponibilidade de serviços de RP, ao menos do ponto de vista operacional e de minimização dos custos. Um achado de grande importância prática no presente estudo foi o efeito positivo da RP no abandono do tabagismo e do grau de dependência à nicotina no grupo II. Obviamente, embora não seja possível estimar a importância relativa dos diversos componentes da RP nesse desfecho, a atividade educacional antitabágica, o melhor conhecimento da doença, o maior contato com a equipe de saúde e o exemplo reforçador dos ex-tabagistas podem ter sido importantes. Adicionalmente, o aumento da atividade física e o maior cuidado corporal podem também ter contribuído. Tais resultados são particularmente interessantes, considerando-se que não houve nenhuma intervenção antitabágica sistematizada no presente estudo. Os programas de RP têm também demonstrado importante efeito na melhora subjetiva de pacientes com DPOC33. O tabagismo atual poderia, ao menos teoricamente, contrabalancear o impacto positivo desses ganhos pós-RP33. Surpreendentemente, nossos dados indicaram o oposto, ou seja, não só os pacientes tabagistas melhoraram significativamente nesses aspectos, como o fizeram em maior grau do que os pacientes não-tabagistas (Tabela 1, Figura 1A). Embora se deva reconhecer que a tendência à maior dispneia, pior qualidade de vida e, possivelmente, maior hiperinsuflação pulmonar basais possam ter influenciado tais resultados (Tabela 1), nossos dados, em associação com aqueles relacionados à melhora da dependência da nicotina, indicam que, do ponto de vista clínico, a RP não deve ser descartada a priori em tabagistas com DPOC. Outro aspecto relevante quanto a não-inclusão de tabagistas na RP relaciona-se ao menor potencial de ganho objetivo. Dessa forma, os efeitos pró-inflamatório e hiperoxidativo sistêmicos relacionados ao tabagismo vigente, a supressão da atividade gênica miotrófica, a menor tolerância a cargas elevadas de trabalho e a taxa mais acelerada de perda de função pulmonar poderiam reduzir o ganho funcional com a RP – como amplamente revisado pela American Thoracic Society e European Respiratory Society34. No presente estudo, tal suspeita não se confirmou, e os ganhos funcionais (TC6) foram similares nos dois grupos. Adicionalmente, observou-se um aumento significante da CI no grupo II (Tabela 1). Tal resultado, entretanto, deve ser visto com extrema cautela, já que não há evidência de que a RP isoladamente possa reduzir a hiperinsuflação pulmonar na DPOC. Além disso, os menores valores basais de CI no grupo II podem ter induzido o fenômeno de regressão à média, isto é, a probabilidade de aumento dos escores numa reavaliação é inversamente proporcional aos valores pré-intervenção. Este estudo apresenta algumas importantes limitações. Embora o tamanho amostral tenha sido adequado para demonstrar o ganho funcional com o TC6, o número de pacientes avaliados pode ter sido insuficiente para detectar todos os possíveis fatores relacionados com a não-aderência à RP. Nesse sentido, a ausência de medidas psicossociais também pode ter 21 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. Vivian T. S. Santana, Selma D. Squassoni, José Alberto Neder, Elie Fiss sido relevante. Entretanto, deve-se observar que o número de pacientes avaliados foi superior ao previamente utilizado em estudos similares de aderência à RP17,18. Outra limitação importante relaciona-se a não-realização de medidas mais complexas de função pulmonar, tais como os volumes pulmonares estáticos e a capacidade de difusão pulmonar, não permitindo assim uma caracterização fenotípica mais adequada dos pacientes avaliados35. Adicionalmente, nossos resultados não devem ser extrapolados para pacientes com graus mais leves de dependência da nicotina ou, em oposição, aos pacientes mais graves em uso de oxigenoterapia crônica. Finalmente, não houve seguimento longitudinal desta amostra, e os efeitos salutares a longo prazo da RP na redução da dependência e na cessação do tabagismo não são sabidos. Em conclusão, embora o tabagismo atual nos pacientes com DPOC reduza a aderência aos programas de RP, os tabagistas que finalizam a RP apresentam ganhos na qualidade de vida e na capacidade funcional de exercício equivalentes aos observados nos ex-tabagistas. A RP, mesmo sem um programa estruturado de cessação do tabagismo, pode associar-se com redução a curto prazo na dependência da nicotina. Portanto, a decisão de admitir ou não pacientes tabagistas com DPOC num programa de RP parece ser melhor realizada à luz das condições locais de cada centro, contrastando-se os fatores econômicos contrários e os elementos clínicos favoráveis. Agradecimentos Agradecimento a toda equipe do Centro de Pneumologia e Reabilitação Pulmonar da Faculdade de Medicina do ABC e especialmente aos pacientes que participaram desta pesquisa com esforço e dedicação. Referências bibliográficas 1. American Thoracic Society. Official statement of the American Thoracic Society: pulmonary rehabilitation. Am J Respir Crit Care Med. 1999;159 (5 pt 1):1666-82. 2. Troosters T, Casaburi R, Gosselink R, Decramer M. Pulmonary rehabilitation in chronic obstructive pulmonary disease. Am J Respir Crit Care Med. 2005;172(1):19-38. 3. Goldstein RS, Gort EH, Stubbing D, Avendano MA, Guyatt GH. Randomised controlled trial of respiratory rehabilitation. Lancet. 1994;344(8934):1394-7. intervention in chronic pulmonary disease. Arch Phys Med Rehabil. 2008;89(3):404-12. 11. Wedzicha JA, Bestall JC, Garrod R, Garnham R, Paul EA, Jones PW. Randomized controlled trial of pulmonary rehabilitation in severe chronic obstructive pulmonary disease patients, stratified with the MRC dyspnoea scale. Eur Respir J. 1998;12(2):363-9. 12. Hill NS. Pulmonary rehabilitation. Proc Am Thorac Soc. 2006;(3):66-74. 4. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. II Consenso Brasileiro sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. J Bras Pneumol. 2004,30 (Suppl 5):S1-42. 13. Pauwels RA, Buist AS, Calverley PM, Jenkins CR, Hurd SS; GOLD Scientific Committee. Global strategy for the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary disease. NHLBI/WHO Global initiative for chronic obstructive lung disease (GOLD) workshop summary. Am J Respir Crit Care Med. 2001;163(5):1256-76. 5. Emery CF. Adherence in cardiac and pulmonary rehabilitation. J Cardiopulm Rehabil. 1995;15(6):420-3. 14. Jones PW, Quirk FH, Baveystock CM. The St George´s respiratory questionnaire. Respir Med. 1991;85(Suppl B):S25-31. 6. Vallet G, Ahmaidi S, Serres I, Fabre C, Bourgouin D, Desplan J, et al. Comparison of two training programmes in chronic airway limitation patients: standardized versus individualized protocols. Eur Respir J. 1997;10(1):114-22. 15. Fagerstrom KO, Schneider NG. Measuring nicotine dependence: a review of the fagerstrom tolerance questionnaire. J Behav Med. 1986;12(2):159-82. 7. Behr J, Nowak D. Tobacco smoke and respiratory disease. Eur Respir Mon. 2002;7(1):161-79. 8. Petersen AM, Magkos F, Atherton P, Selby A, Smith K, Rennie MJ, et al. Smoking impairs muscle protein synthesis and increases the expression of myostatin and MAFbx in muscle. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2007;293(3):E843-8. 9. Ussher MH, Taylor A, Faulkner G. Exercise interventions for smoking cessation. Cochrane Database Syst Rev. 2008;(4):CD002295. 10. Steele BG, Belza B, Cain KC, Coppersmith J, Lakshminarayan S, Howard J, et al. A randomized clinical trial of an activity and exercise adherence 22 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. 16. Fan VS, Giardino ND, Blough DK, Kaplan RM, Ramsey SD; Nett Research Group. Costs of pulmonary rehabilitation and predictors of adherence in the national emphysema treatment trial. COPD. 2008;5(2):105-16. 17. Davis AH. Exercise adherence in patients with chronic obstructive pulmonary disease: an exploration of motivation and goals. Rehabil Nurs. 2007;32(3):104-10. 18. Arnold E, Bruton A, Ellis-Hill C. Adherence to pulmonary rehabilitation: a qualitative study. Respir Med. 2006;100(10):1716-23. 19. Souza TC, Jardim JR, Jones P. Validação do questionário do Hospital de Saint George na doença respiratória (SGRQ) em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica no Brasil. J Pneumol. 2000;26(3):119-28. Reabilitação pulmonar em tabagistas 20. Pollock ML, Wilmore JH. Prescrição de programas de prevenção e reabilitação – Selecionamento clínico e metodologia de avaliação. In: Pollock ML, Wilmore JH. Exercícios na saúde na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. Rio de Janeiro: Medsi;1993. p. 326-9. 28. Granger BB, Swedberg K, Ekman I, Granger CB, Olofsson B, McMurray JJ, et al. Adherence to candesartan and placebo and outcomes in chronic heart failure in the CHARM programme: double-blind, randomised, controlled clinical trial. Lancet. 2005;366(9502):2005-11. 21. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes para testes de função pulmonar. J Bras Pneumol. 2002;28(Suppl 3):S1-82. 29. Anczak JD, Nogler RA. Tobacco cessation in primary care: maximizing intervention strategies. Clin Med Res. 2003;1(3):201-16. 22. Pereira CAC, Barreto SP, Simões JG, Pereira FWJ, Gerstler JG, Nakatani J. Valores de referência para a espirometria em uma amostra da população brasileira adulta. J Pneumol. 1992;18(1):10-22. 30. Zu Wallach RL, Patel K, Reardon JL, Clark BA, Normandin EA. Predictors of improvement in the 12-minute walking distance following a six-week outpatient pulmonary rehabilitation program. Chest. 1991; 99(4):805-8. 23. ATS Committee on Proficiency Standards for Clinical Pulmonary Function Laboratories. ATS statements: guidelines for the six minute walk test. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(1):111-7. 24. Redelmeier DA, Bayoumi AM, Goldstein RS, Guyatt GH. Interpreting small differences in functional status: the six minute walk test in chronic lung disease patients. Am J Respir Crit Care Med. 1997;155(4):1278-82. 25. Santos C, Pereira CAC, Viegas CAA. Capacidade inspiratória, limitação ao exercício e preditores de gravidade e prognóstico, em doença pulmonar obstrutiva crônica. J Bras Pneumol. 2007;33(4):389-96. 26. Schols AM, Soeters PB, Dingemans AM, Mostert R, Frantzen PJ, Wouters EF. Prevalence and characteristics of nutritional depletion in patients with stable COPD eligible for pulmonary rehabilitation. Am Rev Respir Dis. 1993;147(5):1151-6. 27. Rodrigues SL, Viegas CAA, Lima T. Efetividade da reabilitação pulmonar como tratamento coadjuvante da doença pulmonar obstrutiva crônica. J Bras Pneumol. 2002;28(2):65-70. 31. Troosters T, Gosselink R, Decramer M. Exercise training in COPD: how to distinguish responders from nonresponders. J Cardiopulm Rehabil. 2001;21(1):10-7. 32. Young P, Dewse M, Fergusson W, Kolbe J. Respiratory rehabilitation in chronic obstructive pulmonary disease: predictors of nonadherence. Eur Respir J. 1999;13(4):855-9. 33. Troosters T, Gosselink R, Scholier D, Spruit A, Pitta F, Probst M, et al. Pulmonary rehabilitation in smokers with COPD. Eur Respir J. 2004;24(48):667. 34. American Thoracic Society; European Respiratory Society. Skeletal muscle dysfunction in chronic obstructive pulmonary disease. Am J Respir Crit Care Med. 1997;159(4):S1-40. 35. Celli BR. Os fenótipos da doença pulmonar obstrutiva crônica e a sua relevância clínica. Rev Port Pneumol. 2007;13(1):146-50. 23 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):16-23. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 24-30, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia ARTIGO ORIGINAL Relação da função muscular respiratória e de membros inferiores de idosos comunitários com a capacidade funcional avaliada por teste de caminhada Relationship between functional capacity assessed by walking test and respiratory and lower limb muscle function in community-dwelling elders Leonardo A. Simões1,2, João M. D. Dias1, Keila C. Marinho1, Carla L. L. R. Pinto1, Raquel R. Britto1 Resumo Contextualização: A sarcopenia é considerada o fator mais significativo na redução da força muscular periférica e respiratória e pode ocasionar incapacidades progressivas, perda de independência e interferir na capacidade funcional dos idosos. Objetivos: Caracterizar a força dos músculos respiratórios (pressão inspiratória máxima – PImax e pressão expiratória máxima – PEmax) e de membros inferiores (MMII), bem como as possíveis correlações existentes com a capacidade funcional dos idosos. Métodos: Sessenta e cinco idosos, com 71,74,9 anos; foram avaliados por dinamometria isocinética para flexores e extensores dos joelhos, manovacuometria analógica para os músculos respiratórios pelo teste de caminhada de 6 minutos para capacidade funcional. Foram utilizados os testes Mann-Whitney e t de Student para comparação entre os gêneros. As correlações foram calculadas pelo coeficiente de correlação de Pearson. Para todos os testes foi considerado p<0,05. Resultados: As variáveis isocinéticas, de força respiratória e distância caminhada apresentaram valores médios maiores para os homens em relação às mulheres (p<0,05). Foram encontradas correlações moderadas e significativas entre essas variáveis (p<0,001), sendo as de maior valor entre a média do pico de torque (MPT) extensor direito e PImax (r=0,587), MPT flexor esquerdo e PEmax (r=0,638), assim como da distância caminhada com a potência média extensora esquerda (r=0,614) e flexora direita (r=0,539) e com PImax (r=0,508) e PEmax (r=0,541). Conclusões: A associação entre força muscular respiratória e de MMII com a distância caminhada encontrada neste estudo sugere que a otimização dessas funções pode contribuir para manter e/ou melhorar a capacidade funcional da população idosa. Palavras-chave: idoso; força muscular; aptidão física. Abstract Background: Sarcopenia is the most significant factor in the decline of peripheral and respiratory muscle strength. It can lead to progressive disability, loss of independence and impaired functional capacity. Objectives: To determine the strength of respiratory muscles (maximal inspiratory pressure – MIP and maximal expiratory pressure – MEP) and lower limb muscles, and to explore the possible relationships between these variables and the functional capacity of the elderly. Methods: Sixty-five elderly patients (71.74.9 years old) took part in the study. Isokinetic dynamometry was used to assess the knee flexors and extensors, an analog vacuum manometer was used to assess the respiratory muscles, and the six-minute walking test was used as an outcome of functional capacity. The Mann-Whitney test and Student’s t-test were used for gender comparison. The relationships were investigated using Pearson’s correlation. The significance level was p<0.05. Results: The lower limb and respiratory muscle strength variables and the walking distance variables were higher in men than women (p<0.05). Moderate and significant correlations were found between these variables (p<0.001). The higher values were between right knee extensor average peak torque (APT) and MIP (r=0.587), left knee flexor APT and MEP (r=0.638), as well as between walking distance and left knee extensor average power (AP; r=0.614), right knee flexor AP (r=0.539), MIP (r=0.508) and MEP (r=0.541) respectively. Conclusions: The relationship between walking distance and respiratory and lower limb muscle strength found in this study suggests that optimizing these functions may contribute to maintaining and improving functional capacity in the elderly. Key words: elderly; muscle strength; physical fitness. Recebido: 29/07/2008 – Revisado: 12/01/2009 – Aceito: 19/05/2009 1 Departamento de Fisioterapia, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (MG), Brasil 2 Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte (MG), Brasil Correspondência para: Leonardo de Assis Simões, Rua Ernani Agrícola, 276, apto 302, Estoril, CEP 30455-760, Belo Horizonte (MG), Brasil, email: [email protected] Parte do material apresentado como Tema-livre (pôster) no XVI Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, Porto Alegre - RS, 04 a 07/06/08. Party of this study was presented as a freepaper (poster) at the 16th Brazilian Congress of geriatrics and gerontology in Porto Alegre - RS, June 4-7, 2008. 24 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. Função muscular e capacidade funcional em idosos Introdução Materiais e métodos O processo de envelhecimento apresenta como uma de suas consequências o declínio na força dos músculos esqueléticos bem como dos respiratórios1, o que pode interferir na capacidade funcional e no desempenho das atividades de vida diária (AVD) do idoso2,3. A redução da massa e força muscular decorrentes do envelhecimento, ou sarcopenia, ocorre mesmo no idoso saudável4 e é considerada como fator mais significativo à perda de independência e função nessa faixa etária2,4. Sabe-se que a atividade física regular pode retardar esse processo, e que os exercícios de resistência são considerados como uma intervenção eficaz2,5. Porém, ainda são necessários estudos para identificar variáveis que interferem na capacidade para exercício nessa população. Estudos anteriores abordam os aspectos relacionados ao envelhecimento e alterações funcionais e, no que diz respeito ao desempenho musculoesquelético, destacam a redução de força muscular respiratória1,6-12 e de membros inferiores (MMII)2,13-15. Um estudo realizado em 1999 por Neder et al.6, avaliou as pressões respiratórias máximas (pressão inspiratória máxima – PImax e pressão expiratória máxima – PEmax) e a força muscular dos extensores de joelho de indivíduos brasileiros de 20 a 80 anos, identificando uma associação significativa entre essas variáveis (p<0,001). Esses mesmos autores avaliaram a força e potência dos flexores e extensores dos joelhos de indivíduos não atletas, na mesma faixa etária do estudo anterior, encontrando relações significativas entre as variáveis avaliadas, com o gênero, idade, altura e massa magra (p<0,001)13. Vasconcellos et al.7 avaliaram a PImax, PEmax e a capacidade funcional pela distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6) de idosas sedentárias. O resultado demonstrou correlação positiva e significativa (r=0,45 e p=0,005) somente entre a distância percorrida e a força muscular inspiratória. Os programas de prevenção e reabilitação desempenham um importante papel na manutenção ou restauração da capacidade física dos idosos4,5. Nesse sentido, avaliar as funções musculares de idosos e suas relações com a capacidade funcional pode colaborar para a identificação de medidas terapêuticas mais efetivas. Foram encontrados estudos em idosos brasileiros com valores relativos à força muscular respiratória6,7,16 e à de MMII6,13,17 que, no entanto, não avaliaram a relação do TC6 com a função muscular de MMII. Sendo assim, os objetivos deste estudo foram avaliar a força dos músculos respiratórios e dos flexores e extensores dos joelhos, a distância caminhada no TC6, bem como as possíveis correlações existentes entre os parâmetros físicos desses músculos com a capacidade funcional de idosos comunitários. Trata-se de estudo observacional de corte transversal, desenvolvido nos laboratórios do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da UFMG, com o parecer 410/06. Participantes O número amostral foi calculado com base em um estudo piloto com 20 participantes de ambos os gêneros que investigou a correlação entre as variáveis: média do pico de torque em Newton-metros (Nm) e potência média em watts (W) dos flexores e extensores dos joelhos, PImax e PEmax em cmH2O e distância caminhada em metros (m). Considerando-se o nível de significância de 5% e o poder do estudo de 90%, estimou-se uma amostra de, no mínimo, 51 pessoas. Foram avaliados 68 idosos comunitários (46 mulheres e 22 homens), selecionados por conveniência. Para serem incluídos, os voluntários deveriam ter idade igual ou superior a 65 anos. Os critérios de exclusão foram: dificuldade para compreender e realizar corretamente os procedimentos de acordo com os escores do Miniexame do Estado Mental (MEEM)18; índice de massa corporal (IMC) >30 Kg/m2; alterações significativas antes, durante ou após as medidas de pressão arterial (PA), frequência cardíaca (FC) ou saturação periférica de oxigênio (SpO2); presença de sintomas ortopédicos e/ou reumatológicos agudos antes ou durante as medidas; tabagismo; Diabetes Mellitus sem controle; doenças cardíacas, respiratórias, neuromusculares e uso de medicações que pudessem interferir nas variáveis estudadas. Procedimentos de avaliação Os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e, em seguida, responderam aos questionários de avaliação clínica e sociodemográfica; ao MEEM18, que avalia o nível cognitivo, e ao Perfil de Atividade Humana (PAH), que foi utilizado para avaliar o nível de atividade funcional por meio do escore de atividade ajustada (EAA)19. Após esses procedimentos, foram realizadas as medidas antropométricas, da força muscular respiratória com manovacuômetro analógico Gerar® Classe B, com intervalo operacional de 300 cmH2O, da distância caminhada pelo TC6, e as medidas de função muscular dos MMII com o dinamômetro isocinético Biodex System 3 Pro®. As avaliações foram realizadas pelo mesmo examinador, sempre nessa ordem, no mesmo dia, com intervalos mínimos de 5 minutos entre cada teste. Os voluntários foram monitorados, por 25 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. Leonardo A. Simões, João M. D. Dias, Keila C. Marinho, Carla L. L. R. Pinto, Raquel R. Britto questão de segurança, no início e no final de cada procedimento quanto às variáveis cardiorrespiratórias: PA, FC, SpO2 e índice de percepção de esforço pela Escala Modificada de Borg. Protocolos de medidas As mensurações da PImax e da PEmax foram baseadas nas determinações da American Thoracic Society/European Respiratory Society (ATS/ERS)20 e no protocolo de Souza21. O voluntário foi posicionado sentado ereto e realizou duas manobras para familiarização e aprendizado. A posição alcançada ao final dos esforços máximos foi mantida por, pelo menos, um segundo para caracterização da pressão de platô6. Foram realizadas cinco manobras, sendo três aceitáveis, com, pelo menos, duas manobras reprodutíveis, com valores que não diferiram entre si por mais de 10% do valor mais elevado. Entre cada manobra, houve um intervalo de repouso de um minuto. O TC6 foi realizado com base nas diretrizes estabelecidas por Steele22 e pela ATS23. Foram utilizados os seguintes equipamentos: cronômetro digital Sport Timer®; trena ou fita métrica; oxímetro de pulso; modelo 1001 J G Moriya®; cardiofrequencímetro; modelo Polar S 810TM; esfigmomanômetro Diasyst® e estetoscópio Duo-Sonic-BD®. A caminhada foi realizada em um corredor plano com 34 m de extensão, em condições de temperatura ambiente e com o mínimo trânsito. O voluntário realizou uma volta para familiarização e reconhecimento do circuito. Foram pronunciadas frases padronizadas para estímulo a cada dois minutos. Anotou-se a maior distância percorrida ao final dos seis minutos de caminhada. Antecedendo as medidas do desempenho muscular dos flexores e extensores dos joelhos, foram realizados alongamentos passivos deles, bilateralmente, e o TC6 para efeito de aquecimento. O voluntário foi posicionado sentado na cadeira de testes do dinamômetro, mantendo a inclinação do encosto a 85º. Realizou-se alinhamento entre o eixo rotacional do joelho e do aparelho, e o voluntário foi estabilizado com faixas próprias. Os testes foram realizados com correção do efeito da gravidade, conforme orientação do fabricante na angulação de 5º de flexão do joelho. A amplitude de movimento (ADM) total do teste foi limitada a 85º a partir do ângulo de 90º de flexão do joelho. Antes do teste, foram realizadas três repetições submáximas para familiarização. Foram realizadas cinco, dez e quinze contrações recíprocas concêntricas de flexo-extensão dos joelhos bilateralmente, respectivamente nas velocidades angulares de 60º/s, 120º/s e 180º/s, com um período de repouso de 90 segundos entre cada uma das séries17. Durante a avaliação, os voluntários foram estimulados verbalmente a mover a alavanca do dinamômetro o mais rápido e com a maior força possível, produzindo assim um torque máximo13,17. Em função de os parâmetros força e potência serem melhores avaliados, respectivamente em velocidades 26 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. baixa (60º/s) e alta (180º/s)13, a velocidade de 120º/s foi utilizada no protocolo apenas para que não houvesse um impacto brusco de mudança de velocidades e, dessa forma, otimizar o desempenho dos idosos. Assim, os valores gerados nessa velocidade intermediária não foram analisados. Para as correlações entre os grupos musculares de MMII e respiratórios foi utilizada a média de pico de torque (MPT), pois essa variável representa melhor o aspecto de força. Para correlação com a distância caminhada, foi utilizada a potência média (PM) que tem relação com a resistência muscular (endurance) necessária para a atividade24. Aspectos estatísticos Foi utilizado o Teste de Kolmogorov-Smirnov para verificação da distribuição de normalidade dos dados. Foram realizadas análises descritivas para a caracterização da amostra e análise das variáveis do estudo. Para comparação das médias dos valores entre os gêneros, foi utilizado o teste t de Student, quando a distribuição foi normal e Mann-Whitney, quando a distribuição não foi normal. Para verificar as associações entre as variáveis, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson. Para todos os testes, adotou-se p<0,05. Resultados Três idosos (uma mulher e dois homens) foram excluídos por não preencherem os critérios de reprodutibilidade das medidas de desempenho muscular isocinético. A amostra final, portanto, foi composta por 65 idosos, com média de idade 71,74,9 anos, sendo 45 mulheres (69,23%) e 20 homens (30,77%). De acordo com o cálculo amostral (n=51), a perda dos três voluntários não afetou o poder do estudo. A Tabela 1 apresenta os dados antropométricos, sociodemográficos e clínicos da amostra, descritos como média e desvio-padrão. As variáveis, quando analisadas em relação ao gênero, mostraram valores maiores entre os homens, com valor p<0,05, exceto IMC e MEEM. De acordo com o escore ajustado de atividade do Questionário PAH, 30 idosos foram classificados como ativos (46,2%) e 35 como moderadamente ativos (53,8%). Todas as análises indicaram correlações moderadas com significância estatística (p<0,001) entre a função dos músculos dos MMII e a dos respiratórios, assim como entre a desses últimos e a distância de caminhada. As correlações obtidas entre MPT flexor e extensor a 60º/s com PImax e PEmax foram: MPT flexor D (r=0,527 para PImax e r=0,639 para PEmax), MPT flexor E (r=0,556 para PImax e r=0,638 para PEmax), MPT extensor D (r=0,587 para PImax e r=0,565 para PEmax) e MPT extensor E Função muscular e capacidade funcional em idosos Tabela 1. Dados antropométricos, sociodemográficos e clínicos (média desvio-padrão) dos 65 indivíduos de acordo com os gêneros (45 mulheres e 20 homens). Variáveis Estatura (m) Peso (kg) IMC (Kg/m2) MEEM PAH (EAA) PImáx (cmH2O) PEmáx (cmH2O) MPT flex D 60°/s (Nm) MPT flex E 60°/s (Nm) MPT ext D 60°/s (Nm) MPT ext E 60°/s (Nm) PM flex D 180°/s (W) PM flex E 180°/s (W) PM ext D 180°/s (W) PM ext E 180°/s (W) TC6 (m) Total (n=65) 1,570,09 64,99,1 26 2,7 25,83,0 73,67,1 96,518,9 110,534,4 38,9812,71 39,4712,23 84,4424,77 88,3824,65 34,1214,36 31,3814,50 75,424,39 78,9322,69 493,367,4 Mulheres (n=45) 1,540,06 62,27,6 26,22,9 25,53,4 71,66,9 89,814,5 96,019,7 34,328,15 34,778,67 74,4018,80 77,8617,34 29,758,99 26,3410,00 63,8915,03 68,7715,58 475,262,1 Homens (n=20) 1,650,06 71,29,1 25,71,9 26,52,1 78,15,2 111,819,3 143,038,3 49,4814,93 50,0312,64 107,0321,76 112,0422,34 43,9519,00 42,7316,75 101,3221,46 101,7820,73 534,261,6 Valor p <0,001* <0,001* 0,409 0,353 <0,001* <0,001* <0,001*a <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* <0,001* a Refere-se ao teste estatístico Mann-Whitney; para os demais, foi utilizado t de Student; *diferença entre os gêneros (p<0,05); IMC=índice de massa corporal; MEEM=escore no Miniexame do estado mental; PAH (EAA)=escore de atividade ajustada do Perfil de Atividade Humana; PImax=pressão inspiratória máxima; PEmax=pressão expiratória máxima; MPT=média do pico de torque; flex=flexor; ext=extensor; D=direito; E=esquerdo; PM=potência média; TC6=distância alcançada no Teste de Caminhada de 6 minutos. (r=0,543 para PImax e r=0,572 para PEmax). As correlações da distância caminhada com a PM flexora e extensora a 180º/s e com a PImax e PEmax são apresentadas na Figura 1. Discussão Os resultados deste estudo mostram correlações positivas e significativas entre as funções dos músculos respiratórios e dos MMII, assim como dos parâmetros físicos desses músculos com a capacidade funcional dos idosos. Estudos prévios correlacionaram a força dos músculos respiratórios (PImax e PEmax) com a musculatura periférica6,8 e a força inspiratória com a distância caminhada7 em idosos, o que corrobora os resultados deste estudo. Apesar disso, não foram encontrados, até o presente momento, estudos nos quais essas três análises de correlação tivessem sido realizadas. No estudo realizado por Neder et al.6, a faixa etária da população avaliada era bastante ampla, de 20 a 80 anos, existindo, num total de 100 indivíduos, apenas 37 idosos, ao contrário do presente estudo, cuja amostra (n=65) foi constituída exclusivamente por idosos. Os autores6 avaliaram o torque extensor do joelho dominante, as pressões respiratórias máximas e o consumo máximo de oxigênio (VO2max) avaliado por teste de esforço incremental e encontraram associação linear positiva e significativa entre essas variáveis, independente do gênero ou da idade. Nesse estudo, essa associação pode ter sido favorecida pela avaliação somente do membro dominante. No presente estudo, foram avaliados os joelhos bilateralmente para realização das análises de correlação entre as duas variáveis isocinéticas (MPT e PM), PImax e PEmax e a distância caminhada. Nesse sentido, todas as correlações se mostraram significativas, mesmo a capacidade funcional tendo sido avaliada por meio do TC6. Segundo Steele22, os testes de caminhada apresentam características comuns aos testes de endurance. Além disto, a literatura descreve boa correlação do TC6 com o VO2max22,23,25,26. Um outro estudo que demonstrou correlações significativas entre força respiratória e força periférica foi o de Enright et al.8, no qual foram avaliados 4.443 idosos para determinação de valores de referência para PImax e PEmax. A variável para força periférica foi preensão palmar avaliada por meio de um dinamômetro JAMAR. Dentre os fatores preditivos para PImax, foram encontrados como positivos: o gênero masculino, a força de preensão palmar e a maior massa magra corporal, e como negativos: a idade avançada, a baixa estatura e o tabagismo. Assim, como no presente estudo, a utilização exclusivamente de população idosa confere maior especificidade em relação aos resultados. Neste estudo, os valores médios obtidos, em cmH2O, foram superiores aos observados por Vasconcellos et al.7 para PImax (89,814,5 x 55,621,0) e PEmax (96,019,7 x 71,322,0) das mulheres idosas. A correlação entre PImax e distância caminhada observada (r=0,508; p<0,001) foi superior à encontrada neste estudo7, o que pode estar relacionado ao fato de a amostra ter sido constituída apenas por mulheres sedentárias (n=39). No presente estudo, foram incluídos participantes de ambos 27 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. Leonardo A. Simões, João M. D. Dias, Keila C. Marinho, Carla L. L. R. Pinto, Raquel R. Britto os gêneros (45 mulheres e 20 homens), classificados pelo PAH como ativos e moderadamente ativos. O gênero masculino é um dos fatores positivos preditivos para a força muscular respiratória6,8, assim como para outros músculos esqueléticos8,13. É esperado, pelo fato de homens terem maior força muscular, que eles tenham melhor desempenho funcional que as mulheres. Isso pôde ser observado; pois, quando se compararam os gêneros, os idosos masculinos apresentaram valores médios maiores para todas variáveis, confirmando achados anteriores da literatura para PImax e PEmax6,8-11, força dos flexo-extensores de joelho6,13-15,17 e distância caminhada27,28. Tolep et al.12 encontraram evidências de que as alterações musculares associadas ao envelhecimento afetam a função muscular respiratória, com significativa redução em torno de 25% na força do diafragma de idosos, quando comparados com adultos jovens, podendo predispor à fadiga respiratória durante o exercício. Enright et al.8 demonstraram reduções na PImax e PEmax entre 0,8 e 2,7 cmH2O por ano em idosos a partir de 65 anos, sendo esse declínio maior nos homens. Já Carpenter et al.11 demonstraram, em relação à PImax, redução de 0,93 cmH2O por ano nas mulheres e 1,2 cmH2O por ano nos homens, já a partir de 47 anos. Do ponto de vista das variáveis isocinéticas, em estudos que avaliam idosos, é frequente a medida do pico de torque para expressar “força”6,13,14,17. No entanto, a média do pico de torque pode ser um indicador mais apropriado do desempenho máximo de um determinado grupo muscular, existindo uma correlação alta, frequentemente maior que 0,90 entre o pico de torque e a média do pico de torque24. Por esse motivo, no presente estudo, foi utilizada como variável a média do pico de torque. A redução da MPT e da PM nos flexo-extensores dos joelhos das mulheres em relação aos homens A B 150 80 PM ext E 180°/s (watts) PM flex D 180°/s (watts) 125 60 40 20 75 50 r=0,539 p<0,001 0 350 400 450 500 550 600 r=0,614 p<0,001 25 650 350 TC6 (metros) C 400 450 500 550 600 650 TC6 (metros) D 160 250 140 200 PEmax (cmH2O) PImax (cmH2O) 100 120 100 80 r=0,508 p<0,001 60 350 400 450 500 TC6 (metros) 550 600 650 150 100 r=0,541 p<0,001 50 350 400 450 500 550 600 650 TC6 (metros) Figura 1. Diagramas de correlação entre: A) distância caminhada no TC6 (m) e potência média (PM) flexora D a 180º/s (W); B) distância caminhada no TC6 (m) e potência média (PM) extensora E a 180º/s (W); C) distância caminhada no TC6 (m) e força muscular inspiratória (PImax cmH2O); D) distância caminhada no TC6 (m) e força muscular expiratória (PEmax cmH2O). 28 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. Função muscular e capacidade funcional em idosos está em conformidade com estudos prévios13-15. Katsiaras et al.14 e Taaffe et al.15 demonstraram que, apesar de haver essa diferença em relação aos gêneros, não há diferenças em relação à etnia Neder et al.13 classificaram sua amostra de acordo com a descendência étnica e também não encontraram essas diferenças. Para a distância caminhada avaliada pelo TC6, houve diferença significativa entre os gêneros, ou seja, os homens caminharam uma distância média maior. Resultado semelhante também foi encontrado em outro estudo brasileiro realizado em 2004 por Soares et al.27. Do ponto de vista funcional, esse teste é amplamente utilizado para avaliação da aptidão física e da capacidade ao exercício de indivíduos pouco condicionados, cardiopatas e idosos22,26-29. Recentemente, Pires et al.28 utilizaram o TC6 em indivíduos de ambos os sexos, de 18 a 80 anos, para avaliar a distância caminhada, correlacionando-a com as faixas etárias. Os resultados demonstraram correlações fortes e significativas em relação aos grupos, sendo que o grupo mais velho (>60 anos) caminhou menos. Concluíram que o TC6 é reprodutível e sensível para avaliar o desempenho e a capacidade funcional de indivíduos com diferentes faixas etárias28. De fato, o TC6 é considerado como instrumento favorável para avaliação da capacidade físico-funcional de idosos, pois é um teste de baixo custo, de fácil aplicação, bem tolerado por ser submáximo e tem sido apontado como mais adequado que os testes máximos para refletir a habilidade individual nas AVD23,25-28. Apesar de alguns estudos6,8,13 corroborarem os resultados deste, é importante destacar algumas diferenças metodológicas como o processo de seleção, o número amostral e a utilização de diferentes técnicas de avaliação16,30. O fato de a seleção não ter sido aleatória e a ausência de avaliação da função respiratória por espirometria30 podem ser considerados como limitações. Entretanto, a composição da amostra exclusivamente por idosos, assim como no estudo de Enright et al.8, reforça a especificidade do estudo. Quanto aos instrumentos de avaliação, também existem características de fabricação inerentes aos equipamentos que podem produzir resultados distintos. Com relação à força muscular de MMII nos estudos de Neder et al.6,13, o dinamômetro utilizado foi o Cybex 6000, embora o protocolo de avaliação tivesse sido bastante semelhante. Com relação à avaliação da força dos músculos respiratórios, todos os quatro estudos utilizaram protocolos semelhantes, embora, no de Enright et al.8, não tenha sido informado o tipo de instrumento para mensuração da PImax e PEmax. Conclusões Este estudo mostrou correlações positivas e moderadas entre as funções dos músculos respiratórios e dos MMII, assim como desses com a capacidade funcional. Essa associação sugere que a otimização dessas funções deve ser incluída nos programas de prevenção e reabilitação, incluindo o treinamento da musculatura respiratória para manter e/ou melhorar a capacidade funcional da população idosa, contribuindo assim para minimizar o impacto do processo de envelhecimento. Referências bibliográficas 1. Summerhill EM, Angov N, Garber C, McCool FD. Respiratory muscle strength in the physically active elderly. Lung. 2007;185(6):315-20. 2. Doherty TJ. Invited review: Aging and sarcopenia. J Appl Physiol. 2003;95(4):1717-27. 7. Vasconcellos JAC, Britto RR, Parreira VF, Cury AC, Ramiro SM. Pressões respiratórias máximas e capacidade funcional em idosas assintomáticas. Fisioter Mov. 2007;20(3):93-100. 3. Cress ME, Meyer M. Maximal voluntary and functional performance levels needed for independence in adults aged 65 to 97 years. Phys Ther. 2003;83(1):37-48. 8. Enright PL, Kronmal RA, Manolio TA, Schenker MB, Hyatt RE. Respiratory muscle stength in the elderly. Correlates and reference values. Cardiovascular health study research group. Am J Respir Crit Care Med. 1994;149(2):430-8. 4. Silva TAA, Frisioli Junior A, Pinheiro MM, Szejnfeld VL. Sarcopenia associada ao envelhecimento: aspectos etiológicos e opções terapêuticas. Rev Bras Reumatol. 2006;46(6):391-7. 9. Black LF, Hyatt RE. Maximal respiratory pressures: normal values and relationship to age and sex. Am Rev Respir Dis. 1969;99(5): 696-702. 5. Nelson ME, Rejeski WJ, Blair SN, Duncan PW, Judge JO, King AC, et al. Physical activity and public health in older adults: recommendation from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Med Sci Sports Exerc. 2007;39(8):1435-45. 10. Harik-Khan RI, Wise RA, Fozard JL. Determinants of maximal inspiratory pressure. The Baltimore Longitudinal Study of Aging. Am J Respir Crit Care Med. 1998;158(5 Pt 1):1459-64. 6. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests. II. Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999;32(6):719-27. 11. Carpenter MA, Tockman MS, Hutchinson RG, Davis CE, Heiss G. Demographic and anthropometric correlates of maximum inspiratory pressure: the atherosclerosis risk in communities study. Am J Respir Crit Care Med. 1999;159(2):415-22. 29 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. Leonardo A. Simões, João M. D. Dias, Keila C. Marinho, Carla L. L. R. Pinto, Raquel R. Britto 12. Tolep K, Higgins N, Muza S, Griner G, Kelsen SG. Comparison of diaphragm strength between healthy adult elderly and young men. Am J Respir Crit Care Med. 1995;152(2):677-82. 13. Neder JA, Nery LE, Shinzato GT, Andrade MS, Peres C, Silva AC. Reference values for concentric knee isokinetic strength and power in nonathletic men and women from 20 to 80 years old. J Orthop Sports Phys Ther. 1999;29(2):116-26. 14. Katsiaras A, Newman AB, Kriska A, Brach J, Krishnaswami S, Feingold E, et al. Skeletal muscle fatigue, strength, and quality in the elderly: the health ABC study. J Appl Physiol. 2005;99(1):210-6. 21. Souza RB. Pressões respiratórias estáticas máximas. J Pneumol. 2002;28(Suppl 3):S155-65. 22. Steele B. Timed walking tests of exercise capacity in chronic cardiopulmonary illness. J Cardiopulm Rehabil. 1996;16(1):25-33. 23. ATS Committee on Proficiency Standards for Clinical Pulmonary Function Laboratories. ATS Statement: guidelines for the six-minute walk test. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(1):111-7. 24. Perrin DH. Terminology and the isokinetic torque curve. In: Perrin DH, editor. Isokinetic exercise and assessment. Champaign: Human Kinetics Publishers; 1993. p.13-20. 15. Taaffe DR, Cauley JA, Danielson M, Nevitt MC, Lang TF, Bauer DC, et al. Race and sex effects on the association between muscle strength, soft tissue, and bone mineral density in healthy elders: the health, aging and body composition study. Bone Miner Res. 2001;16(7):1343-52. 25. Solway S, Brooks D, Lacasse Y, Thomas S. A qualitative systematic overview of the measurement properties of functional walk tests used in the cardiorespiratory domain. Chest. 2001;119(1):256-70. 16. Parreira VF, França DC, Zampa CC, Fonseca MM, Tomich GM, Brito RR. Pressões respiratórias máximas: valores encontrados e preditos em indivíduos saudáveis. Rev Bras Fisioter. 2007;11(5):361-8. 26. Enright PL, McBurnie MA, Bittner V, Tracy RP, McNamara R, Arnold A, et al. The 6-min walk test: a quick measure of functional status in elderly adults. Chest. 2003;123(2):387-98. 17. Dias JMD, Arantes PMM, Alencar MA, Faria JC, Machala CC, Camargos FFO, et al. Relação isquiotibiais/quadríceps em mulheres idosas utilizando o dinamômetro isocinético. Rev Bras Fisioter. 2004;8(2):111-5. 27. Soares CPS, Pires SR, Britto RR, Parreira VF. Avaliação da aplicabilidade da equação de referência para estimativa de desempenho no teste de caminhada de 6 minutos em indivíduos saudáveis brasileiros. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. 2004;14(Suppl 1):S1-8. 18. Bertollucci PHF, Brucci SMD, Campacci SR, Juliano Y. O mini-exame do estado mental em uma população geral: o impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7. 19. Souza AC, Magalhães LC, Teixeira-Salmela LF. Adaptação transcultural e análise das propriedades psicométricas da versão brasileira do perfil de atividade humana. Cad Saúde Pública. 2006;22(12):2623-36. 20. American Thoracic Society; European Respiratory Society. ATS/ERS Statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(4):518-624. 30 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):24-30. 28. Pires SR, Oliveira AC, Parreira VF, Britto RR. Teste de caminhada de seis minutos em diferentes faixas etárias e índices de massa corporal. Rev Bras Fisioter. 2007;11(2):147-51. 29. Lord SR, Menz HB. Physiologic, psychologic, and health predictors of 6-minute walk performance in older people. Arch Phys Med Rehabil. 2002;83(7):907-11. 30. Pereira CAC. Espirometria. J Pneumol. 2002;28( Suppl 3):S1-82. ISSN 1413-3555 ARTIGO ORIGINAL Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 31-7, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia Avaliação de um programa para prevenção de úlceras neuropáticas em portadores de diabetes Evaluation of a neuropathic ulcers prevention program for patients with diabetes Lígia L. Cisneros Resumo Contextualização: Úlceras neuropáticas nos pés são um dos grandes problemas de saúde enfrentados por portadores de diabetes mellitus. Objetivo: Avaliar a eficácia preventiva de programa de educação terapêutica e de calçados para proteção dos pés quanto à incidência e recorrência de úlceras neuropáticas por diabetes. Métodos: Um total de 53 pacientes de uma unidade de saúde pública de Porto Alegre/RS, portadores de diabetes e neuropatia, participaram de um ensaio clínico durante dois anos. Os sujeitos foram alocados aleatoriamente em grupo de intervenção (GI) (n=30) ou controle (GC) (n=23). A educação terapêutica foi realizada em grupo, e o calçado para proteção fornecido conforme prescrição individual. Utilizou-se o teste não paramétrico de Mann Whitney para determinar a diferença de incidência e recorrência de ulceração entre os grupos. A análise da tábua de vida e o método de Kaplan-Meier foram usados para medir o tempo de sobrevida sem úlcera. Resultados: A incidência de lesão no GI foi de 38,1% versus 57,1% no GC. Dos sujeitos que apresentaram úlcera, 83% pertenciam ao GC e 16,7% ao GI. Em um ano, os participantes do GI o mostraram 75% de probabilidade de se encontrarem sem lesão, contra 61% do GC, reduzindo para 60% e 52%, respectivamente, em dois anos. Há uma tendência de menor sobrevida em participantes do GC. Conclusão: Embora com índices menores de recorrência e maior sobrevida sem lesão, o programa proposto não foi capaz de prevenir a ocorrência e recorrência de úlceras neuropáticas por diabetes. Número de identificação de Registro de Ensaios Clínicos (Australian New Zealand Clinical Trials Registry): ACTRN12609000693224 Palavras-chave: pé diabético; prevenção primária; educação em saúde; sapatos. Abstract Background: Neuropathic foot ulcers are among the major health problems faced by patients with diabetes mellitus. Objective: To evaluate the preventive efficacy of a therapeutic education and protective footwear program in the incidence and recurrence of neuropathic ulcers due to diabetes. Methods: Fifty-three patients with diabetes and neuropathy from a public healthcare unit in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, took part in a clinical trial for two years. The participants were randomly allocated to an intervention group (n=30) or a control group (n=23). Therapeutic education was provided in group sessions, and protective footwear was supplied in accordance with individual prescriptions. The nonparametric Mann-Whitney test was used to determine differences in incidence and recurrence of ulceration between the groups. Life-table analysis and the Kaplan-Meier method were used to measure the duration of ulcer-free survival. Results: In the intervention group, the ulcer incidence rate was 38.1% compared to 51.1% in the control group. Among the participants who presented ulcers, 83% were in the control group and 16.7% in the intervention group. After one year, the participants in the intervention group had a 75% chance of being ulcer-free, compared with 61% in the control group, and these percentages reduced to 60% and 52% respectively after two years. There was a tendency toward shorter survival among the control group participants. Conclusion: Although the proposed program lowered recurrence rates and increased the duration of ulcer-free survival, it was unable to prevent occurrence and recurrence of neuropathic ulcers due to diabetes. Identification number in the Australian New Zealand Clinical Trials Registry ACTRN 12609000693224 Key words: diabetic foot; primary prevention; health education; shoes. Recebido: 31/07/2008 – Revisado: 17/12/2008 – Aceito: 30/06/2009 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (MG), Brasil Correspondência para: Ligia de Loiola Cisneros, Terapia Ocupacional, UFMG, Departamento de Fisioterapia Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Avenida Antônio Carlos, 6.627, Pampulha, CEP 31270-901, Belo Horizonte (MG), Brasil, e-mail: [email protected] 31 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. Lígia L. Cisneros Introdução Diabetes mellitus (DM) é um distúrbio metabólico de etiologia múltipla, caracterizado por hiperglicemia crônica decorrente do comprometimento na produção e/ou utilização de insulina. A doença pode ser classificada em dois grandes subgrupos: DM tipo 1, de natureza autoimune ou idiopática ou DM tipo 2, que se caracteriza por defeito na secreção e ação da insulina1. Um grave problema de saúde em portadores de DM são as ulcerações nos pés. Uma lesão, inicialmente simples, pode levar a perdas funcionais2,3 e culminar em perda do membro ou mesmo óbito4. Vários fatores estão envolvidos no desenvolvimento das úlceras em pés de portadores de diabetes: neuropatia, doença vascular periférica, limitação de movimento articular, transtornos tróficos da pele e distribuição anormal de forças mecânicas nos pés5-7. Dentre eles, o fator etiológico mais importante é a neuropatia diabética periférica5,8-10. O Consenso Internacional sobre pé diabético, reforçando os relatos de estudos diversos sobre amputação nesses pacientes, sugere ações multiprofissionais para se atingir a redução de 50% nas amputações desejada na European Declaration of St Vincent11: inspeção dos pés desses indivíduos durante as visitas clínicas, uso de calçados adequados, educação para o autocuidado e acompanhamento contínuo daqueles que já apresentaram lesões nos pés12. Nesse sentido, a atuação do fisioterapeuta dentro da equipe que assiste os portadores de diabetes constitui-se em contribuir na educação dos sujeitos e em prescrever e acompanhar o uso de órteses13. A educação terapêutica e a proteção dos pés com calçados são dois dos cinco pontos cruciais definidos pelo consenso12 para a assistência a portadores de diabetes em risco de lesão neuropática por insensibilidade. Essas intervenções, que são complementares, têm sido apontadas como estratégias capazes de diminuir a incidência e a recorrência de lesões neuropáticas nesses pacientes14-18. O consenso12 recomenda que sejam dirigidas especialmente a sujeitos com alto risco de lesão. Entretanto, como ações essencialmente preventivas, devem ser destinadas também àqueles que apresentam neuropatia menos severa, por ser uma complicação que se agrava com a evolução do diabetes5,9,10,16. O propósito do presente estudo foi avaliar a eficácia de um programa de prevenção de lesões para portadores de neuropatia por diabetes, constituído de educação do paciente para o autocuidado e uso de calçado especial para proteção dos pés. Materiais e métodos Este estudo foi estruturado como experimental, executado por meio de um ensaio clínico em uma amostra de conveniência, 32 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. com duração de dois anos. Os participantes foram selecionados em uma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade de Porto Alegre, RS a qual oferecia, na ocasião, consultas de acompanhamento e orientações, não sistematizadas, para prevenção do pé diabético. Foi realizado um rastreamento em uma amostra inicial de 563 pacientes para identificar aqueles que apresentavam risco de lesão nos pés por neuropatia. Para identificação do grau de risco, foi feita a estesiometria utilizando-se o monofilamento de Semmes-Weinstein de 5.07 (10 gramas)19,20. Foram identificados 53 indivíduos com a condição de interesse: neuropatia provocada exclusivamente por DM, acompanhados clinica e laboratorialmente. A aprovação ética para realização deste estudo foi obtida na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, RS, conforme parecer número 1279/00, e as condutas para execução do mesmo seguiram as normas para pesquisa envolvendo seres humanos definidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Procedimentos Estesiometria A sensibilidade cutânea foi avaliada utilizado-se o monofilamento de Semmes-Weinstein de 5.07 (GWLHDC, Carville, Louisiana, USA). O teste foi realizado com o sujeito em decúbito dorsal, após familiarização com o exame. Os locais de teste foram: polpa digital do hálux e cabeça do 1º e 5º metatarsos12. Foi seguido o protocolo da escolha forçada, conforme descrito por Boulton et al.21. A incapacidade para sentir o filamento em dois dos três pontos avaliados foi considerada como indicativo de risco para ulceração. Plantigrafia A impressão plantar foi obtida em ortostatismo, de forma dinâmica, de ambos os pés, descalços, na posição de descarga da metade do peso corporal, utilizando-se o plantígrafo Harris and Beath mat22 (Apex Foot Products Corporation, Englewood, NJ). Para mensuração do comprimento natural da passada e familiarização com o equipamento, o sujeito percorreu, antes do exame, um trajeto regular de 5 metros, repetindo-o três vezes. O resultado foi utilizado para identificar a presença de hiperpressão e como referência para determinação das medidas do calçado que seria entregue ao participante. Os indivíduos selecionados concordaram com as condições do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os sujeitos que integraram a amostra final (n=53) foram distribuídos aleatoriamente, em duplo cego, em grupo controle (n=23) e de intervenção (n=30). Foram registrados, de todos os participantes, os dados de idade, tipo do DM, tempo de diagnóstico da doença, valores recentes de glicohemoglobina, história de lesão ou fratura neuropática nos pés e queixas Avaliação de um programa para prevenção de úlceras neuropáticas relacionadas a neuropatia diabética. Todos os indivíduos passaram por um exame clínico dos pés. Nesse exame, foram verificadas as condições da pele (coloração, temperatura, presença de hiperceratose, rachaduras, bolhas, áreas de vermelhidão e lesões), a presença de pulsos (artérias tibial anterior e posterior) e deformidades (dedo em garra, em martelo ou proeminências ósseas). Esses dados, associados ao resultado da estesiometria e da plantigrafia, foram usados para a classificação do risco de lesão nos pés23, a saber: risco 1 (insensibilidade), 2 (insensibilidade e hiperpressão plantar ou deformidade), 3 (insensibilidade e úlcera prévia), 4 (insensibilidade, úlcera prévia e hiperpressão plantar) e 5 ( fratura neuropática). Os participantes do grupo controle mantiveram a rotina de assistência oferecida pelo serviço onde o estudo foi realizado, e aqueles do grupo de intervenção foram submetidos ao programa preventivo. Participantes de ambos os grupos foram monitorados pela pesquisadora por meio da inspeção dos pés para o levantamento da ocorrência e recorrência de lesão neuropática. Esse dado, dicotômico, foi usado para avaliar a eficácia do programa proposto. As consultas foram individuais, realizadas trimestralmente nos primeiros 18 meses, constituindo assim sete consultas, denominadas como “tempos” (de 0 a 6). Ao final de dois anos de ingresso no estudo, os participantes foram avaliados pela última vez (tempo 7). Sujeitos do grupo controle receberam orientações sobre cuidados com os pés e uso de calçados conforme demanda espontânea durante as consultas individuais com a pesquisadora. Participantes que apresentaram lesão neuropática durante o estudo receberam atendimentos médico e de enfermagem necessários e foram orientados quanto às medidas para redução de cargas no membro afetado. Intervenção A intervenção consistiu em um programa preventivo, aplicado pela própria pesquisadora, composto por educação terapêutica (encontros semanais, em grupo) e fornecimento de dois pares de um calçado especial para proteção dos pés. A educação terapêutica foi realizada em quatro encontros, de 90 minutos, em grupos de até oito participantes. Foi utilizada, nos encontros, a técnica de grupo focal para abordar e discutir os temas que são sugeridos internacionalmente para programas de prevenção de complicações nos pés de portadores de diabetes: complicações do DM, tratamentos da doença, inspeção e cuidados de higiene e limpeza dos pés ou escolha e uso de calçados14. Foram usados jogos especialmente preparados para este estudo como instrumento didático24, com perguntas sobre o tema tratado ao final de cada encontro. Os participantes receberam os calçados somente após a conclusão do programa educativo, um par no início do estudo e outro par após a 4ª reavaliação do estudo (tempo 4), com a recomendação para uso diário. O primeiro calce e a adaptação, ao longo de duas semanas, foram acompanhados pela pesquisadora. O calçado foi desenvolvido para atender à demanda deste estudo, respeitando as características de um calçado terapêutico18,25,26. Dois modelos, um aberto e outro fechado, foram criados em três larguras e cores distintas, utilizando-se a referência brasileira para medidas padrão de calçados (ponto francês), sendo os valores de perímetro de uma seção do calçado redimensionados para aumentos de altura e largura proporcionais, seguindo a mesma lógica utilizada no ponto americano. A largura do calçado foi definida pela distância da cabeça do 1º à cabeça do 5º metatarso e a numeração, pelo maior comprimento longitudinal do pé. Os participantes puderam optar pela cor e modelo de sua preferência (aberto ou fechado). A adesão ao calçado foi avaliada por seu uso: não diário, uso diário por até 6 horas/dia ou por mais de 6 horas/dia. Análise estatística Análise descritiva e testes de normalidade (Shapiro-Wilk) das variáveis consideradas no estudo foram realizados utilizando o pacote estatístico SPSS for Windows, versão 14.0 (Chicago Illinois Software). Considerou-se em todas as análises um nível de 5% (valor =0,05) de significância estatística. Para a comparação dos grupos, foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney U para as variáveis quantitativas. Optou-se por utilizar testes não paramétricos devido ao tamanho de algumas amostras e ao caráter assimétrico das variáveis testadas. As variáveis categóricas, por se tratar de proporções, foram comparadas por meio do teste Qui-quadrado de Pearson ou, para amostras com pequena frequência, pelo teste exato de Fisher. Para estudar o tempo até a ocorrência das lesões e compará-lo entre os grupos, foi utilizado o método de análise de sobrevida27, empregado quando se deseja estudar o tempo até a ocorrência do evento de interesse (lesão neuropática). Esse método permite incorporar na análise estatística a informação contida nos dados censurados. As censuras (perdas por tempo de observação incompleto) ocorreram devido a abandono, óbito ou término do estudo antes da ocorrência de lesão. Foram utilizadas as técnicas de tabela de vida para obter uma estimativa da função de sobrevida e também o método de Kaplan-Meier para construção da curva de sobrevida. Para testar a diferença no tempo de sobrevida entre os grupos, foi utilizado o teste de log-rank. Foi considerado um nível de significância estatística de 5%. Resultados Os dados descritivos da população estudada constam da Tabela 1 e 2, onde estão apresentados por grupo. Dos 53 33 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. Lígia L. Cisneros participantes da amostra total, 51 (96,2%) são portadores de DM tipo 2. O tempo de diagnóstico de DM é superior a 10 anos (média 14,510,2). Os sujeitos têm em média 62 anos de idade e 33 (62,3%) deles são homens. As diferenças entre os grupos não são Tabela 1. Caracterização da população estudada. Variável Tempo de diagnóstico (anos) Tipo de diabetes n (%) 1 2 Masculino n (%) Idade (anos) Grupo Intervenção Controle (n=30) (n=23) 1410 1510,5 1(50) 29(56,9) 21(63,6) 64,49,2 1(50) 22(43,1) 12(36,4) 59,89,0 p-valor 0,602** 0,999* 0,255* 0,074** Valores apresentados em médiadesvio-padrão; * Significância estatística (p<0,05) pelo teste exato de Fisher; ** Significância estatística (p<0,05) pelo teste não-paramétrico Mann-Whitney. Tabela 2. Categoria de risco para lesão neuropática nos pés nos dois grupos no início do estudo. Risco 1 Risco 2 Risco 3 Risco 4 Intervenção n (%) 6(37,5) 15(68,2) 3(50) 6(66,7) Controle n (%) 10(62,5) 7(31,8) 3(50) 3(33,3) p-valor* 0,256 Valores apresentados em n (%); * Significância estatística (p<0,05) pelo teste exato de Fisher. Tabela 3. Primeiro episódio e recorrência de lesão neuropática nos dois grupos da amostra final. Ulceração 1º episódio Não Sim Recorrência Não Sim Controle n (%) p-valor* 13(61,9) 8(38,1) 6(42,9) 8(57,1) 0,317 7(70) 1(16,7) 3(30) 5(83,3) 0,119 Intervenção n (%) * Significância estatística (p<0,05) pelo teste exato de Fisher. estatisticamente significativas (p<0,05) em nenhuma das variáveis demográficas e clínicas coletadas na avaliação inicial (tempo 0). A distribuição da amostra por categoria de risco está apresentada na Tabela 2. Em ambos os grupos, há um número maior de sujeitos classificados em categorias de risco mais baixas (risco 1 e 2). No grupo de intervenção, são 21 sujeitos (70%) e no grupo controle são 17 (74%). Entre os sujeitos classificados em risco 4, seis deles (66,7%) fizeram parte do grupo de intervenção. As diferenças entre os dois grupos, quanto à distribuição em categorias de risco de lesão, não são estatisticamente significativas (p=0,256). A censura (perda de seguimento), na amostra total, foi de 14 participantes, sendo sete de cada grupo. Portanto, concluíram os 24 meses de acompanhamento, 21 participantes do grupo de intervenção e 14 do grupo controle. Um sujeito do grupo de intervenção abandonou o estudo antes mesmo da conclusão do programa educativo e, portanto, não recebeu os calçados. Os demais (29 sujeitos) completaram o programa de educação terapêutica, receberam os calçados e fizeram uso deles. 34,5% usaram diariamente, por até 6 horas, alternando com outros calçados, e 37,9% usaram diariamente por mais de 6 horas. Os demais (27,6%) não fizeram uso diário do calçado. Na Tabela 3, estão os dados de ocorrência (1º episódio) e recorrência de lesão neuropática nos pés, registradas nos dois grupos ao final do estudo. O 1º episódio de lesão neuropática foi apresentado por 16 sujeitos, dos quais 38,1% eram participantes do grupo de intervenção e 57,1% do grupo controle. Essa diferença não foi estatisticamente significativa (p=0,317). Desses 16 sujeitos, 12 (75%) apresentavam risco alto para lesão (grau 3 ou 4). Daqueles que apresentavam risco 4, foi verificada a ocorrência de lesão em dois sujeitos (100%) do grupo controle e dois (50%) do grupo de intervenção. Dos seis sujeitos que apresentaram recorrência de lesão durante o estudo, cinco (83,3%) pertenciam ao grupo controle e um (16,7) ao grupo de intervenção, diferença estatisticamente não significativa (p=0,119). Na Tabela 4, estão apresentados os dados de sobrevida da amostra total, considerando as censuras (perdas de seguimento) Tabela 4. Sobrevida dos sujeitos da amostra total: tempo até a ocorrência do evento (lesão neuropática). Tempo 0 1 2 3 4 5 6 7 Sujeitos sem o evento (lesão) 53 50 40 30 27 22 21 20 Censura (perda de seguimento) 3 5 5 2 3 0 0 19 Ocorrências do evento (lesão) 0 5 5 1 2 1 1 1 Tempo 0=avaliação inicial; Tempos 1 a 6=reavaliações trimestrais; Tempo 7=avaliação final. 34 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. % sobrevida 1,00 0,89 0,87 0,96 0,92 0,95 0,95 0,90 % sobrevida acumulada 1,00 0,89 0,77 0,75 0,69 0,66 0,63 0,57 Desvio-padrão 0 0,05 0,06 0,07 0,07 0,08 0,08 0,09 Avaliação de um programa para prevenção de úlceras neuropáticas Função de sobrevida Grupo controle intervenção Censura controle Censura intervenção 1,0 0,8 Sobrevida acumulada desde o início do acompanhamento (tempo 0) até o tempo de ocorrência do evento (lesão neuropática). O percentual de sobrevida diz respeito a cada momento (tempo) de seguimento, e o percentual de sobrevida acumulado equivale à permanência sem o evento ao longo do estudo. Quando o estudo foi finalizado, no tempo 7, 19 participantes da amostra total permaneciam livres de lesões. Desses, 13 sujeitos pertenciam ao grupo de intervenção e seis ao grupo controle; sobrevida acumulada, portanto, de 60 e 52%, respectivamente. Na Figura 1, é apresentado o gráfico da função de sobrevida dos dois grupos. O gráfico mostra uma tendência de menor tempo de sobrevida, ou seja, menor tempo até a ocorrência do evento (lesão neuropática) entre os participantes do grupo controle. Entretanto, o teste para comparação das curvas dos dois grupos não forneceu um resultado estatisticamente significativo (p=0,362). 0,6 0,4 0,2 0,0 0 Discussão Foram incluídos, no presente estudo, sujeitos que apresentavam desde insensibilidade apenas (risco 1) até perdas maiores (risco 4) provocadas pela neuropatia diabética. O êxito na prevenção de recorrência de ulcerações em portadores de DM, em resposta ao uso de calçados em associação à educação terapêutica, foi discutido por Maciejewski et al.18 em revisão da literatura publicada entre 1980 e 2003. Os autores pontuaram que essas intervenções multifatoriais dirigem-se a sujeitos com risco alto de lesão por neuropatia e isquemia decorrentes do DM. Segundo o Consenso Internacional sobre pé diabético12, as intervenções de educação terapêutica e proteção dos pés devem ser direcionadas especialmente a pacientes de alto risco, pela maior chance de apresentarem complicações. No entanto, aqueles que apresentam quadro de neuropatia mais leve não devem ser excluídos, pelo risco de agravamento. Os dados do presente estudo confirmam a prioridade de assistência a pacientes de maior risco. Dos sujeitos que apresentaram lesões, 75% eram risco 3 ou 4, que equivalem a 80% da amostra inicial de sujeitos com risco 3 e 4. Dos 38 participantes classificados em risco 1 e 2, apenas quatro (10,5%) apresentaram o evento. Considerando os achados de Calle-Pascual et al.16, pode-se inferir que esse perfil da amostra pode ter influenciado os resultados do presente estudo. Esses autores demonstraram que a redução na incidência de lesões neuropáticas é menor em pacientes com neuropatia menos severa, ao estudarem portadores de DM com neuropatia em diferentes estágios submetidos a um programa de prevenção. Calle-Pascual et al.16 estudaram os pacientes por 4,6 anos. Portanto, para que se possam evidenciar efeitos preventivos em sujeitos com neuropatia leve, ainda que evoluam em risco, é preciso acompanhá-los por tempo superior a esse. 1 2 3 4 5 6 Tempo até a ocorrência de lesão 7 Figura 1. Função de sobrevida obtida por meio do método de Kaplan-Meier, comparando os grupos controle e intervenção. As perdas de seguimento ocorridas por abandono ou óbito foram semelhantes nos dois grupos, o que indica que a conduta proposta não interferiu na permanência dos participantes. Esses valores altos de perda na amostra não raro ocorrem em estudos realizados com portadores de DM. Polonsky28 atribui isso às dificuldades e frustrações próprias da gestão de doenças crônicas como DM. O autor define esse comportamento dos pacientes como uma exaustão, que chama de diabetes burnout. A adesão às intervenções propostas é um ponto positivo do presente estudo, considerando sua importância para o resultado de ações preventivas16,18. O calçado para proteção dos pés foi entregue somente aos sujeitos que completaram o programa de educação terapêutica. Dos 30 participantes, 29 concluíram o programa. Dos sujeitos que receberam os calçados, 72,4% fizeram uso diário, em alternância ou não com outros calçados. Esse é um bom resultado, considerando as dificuldades apresentadas por Johnson, Newton e Goyder29 em seu estudo sobre as perspectivas do sujeito portador de diabetes em relação a calçados terapêuticos. Segundo esses autores, o envolvimento do paciente na escolha do modelo e da cor do calçado pode motivá-lo ao uso, o que poderia explicar a boa adesão observada no presente estudo. Esse dado sobre a adesão não foi usado para análise de associação com a ocorrência das lesões, porque a intenção do presente estudo era avaliar as duas intervenções, educação e proteção dos pés, aplicadas em conjunto. Para avaliação dos efeitos individuais de cada 35 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. Lígia L. Cisneros intervenção, seria necessário um delineamento com outros dois grupos, de forma a isolar os efeitos da educação terapêutica ou do calçado para proteção. O tamanho da amostra, (39, ao final do estudo) pode ter comprometido os resultados do presente estudo por ser insuficiente para avaliar um programa preventivo. A magnitude de efeito de intervenções preventivas, como a educação de pacientes, é pequena. Segundo a revisão sistemática de Valk, Kriegsman e Assendelft14, é necessária uma amostra de, pelo menos, 430 sujeitos para detectar diferenças clinicamente relevantes entre grupos. Para um n=39 (amostra no tempo 7), considerando-se 20% de efeito, chega-se a um poder estatístico de 0,2430. Esse valor indica alta probabilidade de erro tipo II na análise dos resultados obtidos no presente estudo. Para que se pudesse confirmar a hipótese de nulidade de diferenças entre os grupos seria necessário uma amostra maior. Conclusão Embora com índices menores de recorrência de lesão e maior probabilidade de permanecer sem lesão, não foi evidenciada diferença estatística em decorrência da aplicação de programa de educação terapêutica associada a uso de calçados para proteção dos pés de portadores de diabetes. Agradecimentos Dra. Cristina Rolim Neumann, médica endocrinologista da Prefeitura de Porto Alegre/RS e Profa. Carmen Lúcia Bezerra Machado, do Departamento de Estudos Básicos da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Referências bibliográficas 1. Brasileiro Filho G. Bogliolo Patologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. 2. Andreassen CS, Jakobsen J, Andersen H. Muscle weakness: a progressive late complication in diabetic distal symmetric polyneuropathy. Diabetes. 2006;55(3):806-12. 10. Nather A, Bee CS, Huak CY, Chew JL, Lin CB, Neo S, et al. Epidemiology of diabetic foot problems and predictive factors for limb loss. J Diabetes Complications. 2008;22(2):77-82. 11. World Health Organization. International Diabetes Federation. Diabetes care and research in Europe: the Saint Vincent declaration. Diabet Med. 1990;7(4):360. 3. Bruce DG, Davis WA, Davis TM. Longitudinal predictors of reduced mobility and physical disability in patients with type 2 diabetes: the fremantle diabetes study. Diabetes Care. 2005;28(10):2441-7. 12. Grupo de Trabalho Internacional Sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. 4. Ghanassia E, Villon L, Thuan Dit Dieudonné JF, Boegner C, Avignon A, Sultan A. Long-term outcome and disability of diabetic patients hospitalized for diabetic foot ulcers: a 6.5-year follow-up study. Diabetes Care. 2008;31(7):1288-92. 13. Krishnan S, Nash F, Baker N, Fowler D, Rayman G. Reduction in diabetic amputations over 11 years in a defined U.K. population: benefits of multidisciplinary team work and continuous prospective audit. Diabetes Care. 2008;31(1):99-101. 5. Boulton AJ. The diabetic foot: grand overview, epidemiology and pathogenesis. Diabetes Metab Res Rev. 2008;24 Suppl 1:S3-6. 14. Valk GD, Kriegsman DM, Assendelft WJ. Patient education for preventing diabetic foot ulceration. Cochrane Database Syst Rev. 2005;25(1):CD001488. 6. Giacomozzi C, D’Ambrogi E, Cesinaro S, Macellari V, Uccioli L. Muscle performance and ankle joint mobility in long-term patients with diabetes. BMC Musculoskelet Disord. 2008;9:99. 7. Lavery LA, Peters EJ, Armstrong DG. What are the most effective interventions in preventing diabetic foot ulcers? Int Wound J. 2008;5(3):425-33. 8. Zimny S, Schatz H, Pfohl M. The role of limited joint mobility in diabetic patients with an at-risk foot.Diabetes Care. 2004;27(4):942- 6. 9. Gershater MA, Löndahl M, Nyberg P, Larsson J, Thörne J, Eneroth M, et al. Complexity of factors related to outcome of neuropathic and neuroischaemic/ischaemic diabetic foot ulcers: a cohort study. Diabetologia. 2009;52(3):398-407. 36 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. 15. Lott DJ, Hastings MK, Commean PK, Smith KE, Mueller MJ. Effect of footwear and orthotic devices on stress reduction and soft tissue strain of the neuropathic foot. Clin Biomech (Bristol, Avon). 2007;22(3):352-9. 16. Calle-Pascual AL, Durán A, Benedí A, Calvo MI, Charro A, Diaz JA, et al. A preventative foot care programme for people with diabetes with different stages of neuropathy. Diabetes Res Clin Pract. 2002;57(2):111-7. 17. Bus SA, Valk GD, van Deursen RW, Armstrong DG, Caravaggi C, Hlavácek P, et al. The effectiveness of footwear and offloading interventions to prevent and heal foot ulcers and reduce plantar pressure in diabetes: a systematic review. Diabetes Metab Res Rev. 2008;24 Suppl 1:S162-80. Avaliação de um programa para prevenção de úlceras neuropáticas 18. Maciejewski ML, Reiber GE, Smith DG, Wallace C, Hayes S, Boyko EJ. Effectiveness of diabetic therapeutic footwear in preventing reulceration. Diabetes Care. 2004;27(7):1774-82. 24. Torres HC, Hortale VA, Schall V. A experiência de jogos em grupos operativos na educação em saúde para diabéticos. Cad Saúde Pública. 2003;19(4):1039-47. 19. Pham H, Armstrong DG, Harvey C, Harkless LB, Giurini JM, Veves A. Screening techniques to identify people at high risk for diabetic foot ulceration: a prospective multicenter trial. Diabetes Care. 2000;23(5):606-11. 25. Dahmen R, Haspels R, Koomen B, Hoeksma AF. Therapeutic footwear for the neuropathic foot: an algorithm. Diabetes Care. 2001;24(4): 705-9. 20. Crawford F, Inkster M, Kleijnen J, Fahey T. Predicting foot ulcers in patients with diabetes: a systematic review and meta-analysis. QJM. 2007;100(2):65-86. 26. Loiola LV, Schmid H. Os pés dos pacientes com diabetes. In: Braga, WRC (editor). Clínica médica – diabetes mellitus. Porto Alegre: MEDSI; 2001. p.577-95. 21. Boulton AJ, Armstrong DG, Albert SF, Frykberg RG, Hellman R, Kirkman MS, et al. Comprehensive foot examination and risk assessment. A report of the task force of the foot care interest group of the American Diabetes Association, with endorsement by the American Association of Clinical Endocrinologists. Phys Ther. 2008;88(11):1436-43. 22. Pedrosa HC, Leme LAP, Novaes C, Saigg M, Sena F, Gomes EB, et al. The diabetic foot in south America: progress with the brazilian save the diabetic foot project. International. Diabetes Monitor. 2004;16(4):17-24. 23. Birke JA, Sims DS. The insensitive foot. In: Hunt GC, McPoil TG (editors). Physical therapy of the foot and ankle. 2nd ed. New York: Churchill Livingstone; 1995; p.159-206. 27. Bustamante-Teixeira MT, Faerstein E, Latorre MR. Técnicas de análise de sobrevida. Cad Saúde Pública. 2002;18(3):579-94. 28. Polonsky WH. Emotional and quality-of-life aspects of diabetes management. Curr Diab Rep. 2002;2(2):153-9. 29. Johnson M, Newton P, Goyder E. Patient and professional perspectives on prescribed therapeutic footwear for people with diabetes: a vignette study. Patient Educ Couns. 2006;64(1-3):167-72. 30. Portney LG, Watkins MP. Foundations of clinical research: applications to practice. 2nd ed. New Jersey: Prentice Hall Health; 2000. 37 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):31-7. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 38-44, Jan./Feb. 2010 © ORIGINAL ARTICLE Revista Brasileira de Fisioterapia The effect of different supermarket checkout workstations on trunk kinematics of checkout operators O efeito de diferentes modelos de checkout na cinemática de operadores de supermercado André L. F. Rodacki 1, João E. Vieira2 Abstract Objectives: This study analyzed the effect of a standard and a modified checkout workstation during a simulated task on trunk postures of a supermarket checkout operator. Methods: Eight participants performed a task involving grasping, scanning and depositing products, while 3D images of the trunk were collected. Results: A number of kinematic changes were observed in trunk posture. A greater anterior flexion (3.0±1.2o) and lateral bending during grasping (7.1±1.4o) were found in the standard checkout workstation when compared to the modified model (p<0.05). Other variables did not show significant differences (p>0.05). Discussion: The modified checkout workstation provided less lateral bending of the trunk to grasp products (8.1o ± 2.8; p<0.05), which was considered an advantage with respect to the standard model. Changes in the sagittal and transversal planes were not observed (p>0.05), irrespective of the checkout workstations (p>0.05). The modified checkout workstation successfully reduced risk of injury in some aspects, particularly the problems associated with lateral bending of the trunk. Other studies are required to test whether such potential benefits are obtained on a daily basis. Conclusions: Supermarket checkout operators may be at high risk of occupational injury due to different workstation demands. Modifications to checkout workstation design are an attractive possibility to reduce postural stress and fatigue in checkout operators. Longitudinal studies are required to test whether changes observed in the present study are sustained in the long term. Key words: supermarket checkout operators; supermarket checkout workstation; checkout workstation design; posture. Resumo Objetivos: Analisar o efeito de um modelo padrão e de um modificado de checkout durante uma tarefa simulada de um operador de caixa de supermercado. Métodos: Oito participantes desempenharam uma tarefa envolvendo apanhar, ler e depositar produtos, enquanto imagens 3D do tronco foram coletadas. Resultados: Um número de mudanças cinemáticas foram observadas na postura do tronco. Uma maior flexão anterior (3.0±1.2o) e uma inclinação lateral durante o apanhar (7.1±1.4o) foram encontradas no checkout padrão quando comparadas ao modelo modificado (p<0.05). Outras variáveis não apresentaram mudanças significativas (p>0.05). Discussão: O checkout modificado causou menor inclinação lateral do tronco para apanhar produtos (8.1o ± 2.8; p<0.05), o que foi considerado como uma vantagem em relação ao modelo padrão. Mudanças nos planos sagital transverso não foram observadas (p>0.05), independente do modelo do checkout (p>0.05). O modelo modificado se mostrou eficaz paras prover reduções de risco de lesão em alguns aspectos. Especificamente, problemas associados com as inclinações laterais do tronco podem ser reduzidos quando o checkout modificado é empregado. Outros estudos são necessários para testar se tais benefícios potenciais são obtidos em uso de base diária. Conclusões: Operadores de supermercado podem ter elevado risco de lesões ocupacionais devido a diferenças nas demandas de suas estações de trabalho. Modificações no design do checkout são uma possibilidade atrativa para reduzir o estresse postural ocupacional e a fadiga em operadores de checkout. Requerem-se estudos longitudinais para testar se as mudanças encontradas no presente estudo são sustentadas em longos períodos de uso. Palavras-chave: operadores de supermercado; design do checkout, postura, caixa de supermercado. Received: 14/08/2008 – Revised: 23/03/2009 – Accepted: 24/09/2009 1 Department of Physical Education, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba (PR), Brazil 2 Universidade Campos de Andrade (UNIANDRADE), Curitiba (PR), Brazil Correspondence to: André Luiz Felix Rodacki, Departamento de Educação Física, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rua Coração de Maria, 92, BR116, Km 95, Jardim Botânico, Curitiba (PR), Brazil, e-mail: [email protected] 38 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. Posture and checkout workstation design Introduction The high incidence of cumulative trauma disorders in supermarket checkout operators is a growing problem that has been described by several studies1,2. The main risk factor associated with the development of cumulative trauma disorders is reported to be the prolonged exposure to repetitive bending/twisting movements at work3. Among several cumulative trauma disorders, back problems have been reported as the most frequent symptom among supermarket checkout operators2,4,5 and may be associated with the large movements performed during the workday6 and to ergonomic factors such as workstation design7, 8, 9. A recent study performed by our research group6 analyzed a number of biomechanical variables of the trunk during a simulated task of supermarket checkout operators while handling products of different loads. We reported increased range of movement in the sagittal and frontal planes during handling of heavy products (up to 5 kg), which were accompanied by a large rotation of the trunk. Right side rotation of the trunk (when placing products in the packing area) was approximately four times greater than that performed to the left side (when grasping products from the end of the conveyor belt), irrespective of the products’ weight. It has been suggested that other checkout workstations that allow operators to grasp and deposit products using a small range of motion may help to prevent a number of back problems that are likely to appear as a consequence of the postural deviations that are repeated on a daily basis. Activities combining flexion, lateral bending and rotation movements have been described as one of the main factors in the etiology of back problems10. Therefore, the use of other modified workstations may constitute a viable alternative to reduce the risk of back injuries among supermarket checkout operators. Although some studies have proposed changes and suggested some desirable characteristics of the workstation as a way to reduce the risk of injury11,12. Others have indicated that changes in checkout workstation design, without modifying the methods of scanning, lifting and transferring objects, will only partially reduce the risk of injury8,13. In contrast, although the trunk is the most affected segment among checkout operators (60.0 - 77.0% of incidence)4,13, no studies have performed a biomechanical analysis of the trunk to observe whether changes in checkout workstation design would help to reduce the occupational hazards of these operators. Therefore, this study aimed to determine the kinematics of the trunk during a simulated checkout task in which two checkout workstation designs were compared. The present study was limited to comparing the kinematics of the trunk using a standard and a modified checkout workstation. The modified checkout workstation was equipped with a continuous conveyor belt in conjunction with a detection system as an alternative to allow checkout operators to handle products near their mid-line and minimize the need for trunk movements. It is known that movement range and working posture are relevant factors in occupational safety as they contribute to loading and injury risk14,15,16. Furthermore, these factors are of interest to professionals involved in minimizing/preventing risks of injury in occupational settings such as physical therapists, ergonomists and designers. Therefore, this study aimed to quantify the influence of different design checkout workstations on the kinematics of the trunk in supermarket checkout operators. It was hypothesized that the modified checkout workstation is associated with smaller trunk motion when compared to the standard model. Methods Eight healthy female participants (20.6±2.3 years; 1.63±0.06 m; 56.6±4.0 kg) with previous experience (10.1±2.6 months) as supermarket checkout operators were recruited from a supermarket close to the university and agreed to take part in this study. All participants received verbal explanation and gave their written informed consent to visit the laboratory for a single experimental session. All procedures were approved by the Ethics Committee (CEPE, number 0306) of Universidade Campos de Andrade (UNIANDRADE), Brazil. Participants were deemed sufficiently trained to produce consistent and representative movements performed during a workday because the actions required to perform the task were not very complex. No instructions about how to perform the task were given to the participants because they had previous experience. Participants were screened (i.e., asked by the researcher) for their history of back pain, known postural problems or other recurrent pain that would affect their performance. No participants were excluded due to back pain or postural problems. The participants were asked to perform a complete cycle (grasping, scanning and depositing products of different weights) in a standard and in a modified checkout workstation. These experimental conditions followed a balanced order. The standard workstation was assembled with a conveyor belt, an optical scanner and a packing area as seen in Figure 1. The conveyor belt had an electronic sensor that activated and stopped the flow of products approximately 0.30 m from the checkout operators’ mid-line in such a way that products were positioned diagonally – at approximately 45o to the right sagittal plane of the checkout operator. After manipulating and registering products in the optical scanner (positioned in front of them), products were manually deposited in the packing area. A number 39 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. André L. F. Rodacki, João E. Vieira 0.3m 0.43m 0.9m Packing area Scanner 2.1m 0.9m 0.9m Conveyor belt 0.4 3m Scanner 0.9m 0,35m 2.1m Conveyor belt Packing area Op. Operador Op. Operador 0.6m 0.6m Actual measurements are not in scale. Values are expressed in meters. The workstation height was 0.93 m. Actual measurements are not in scale. Values are expressed in meters. The workstation height was 0.93 m. Figure 1. Schematic representation of the standard checkout workstation. Figure 2. Schematic representation of the modified checkout workstation. of modifications were made to the standard checkout workstation to obtain the modified workstation model. In the modified model, a continuous conveyor belt containing an electronic presence sensor stopped products in front of the checkout operators’ mid-line. After scanning and registering the products in the optical scanner, products were positioned immediately after the presence sensor in such a way that they slide towards the packing area (Figure 2). All products handled had the same shape (0.15 x 0.10 x 0.07 m) and weighed 1.0 kg and were positioned lengthwise to match the direction of the conveyor belt displacement. Loads heavier or lighter than 1.0 kg are lifted in real working conditions, but they were not considered in the present study. Participants were allowed to perform the task during three minutes before data collection began and were requested to execute the task as naturally as possible. A pilot study showed little variation between trials, with a mean of 1.3o for all variables between each trial. Therefore, the mean of three trials was considered adequate to analyze the kinematics of the spine in each experimental condition. The procedures used for the kinematic analysis were identical to those described by Rodacki et al6. Two calibrated and synchronized cameras sampling at 50 Hz were placed approximately 5 meters behind the workstation and allowed a 3D reconstruction of the trunk movements during the task in each experimental condition (standard and modified models). Six markers were positioned over the skin on the back of the participants: two over the spinous processes of C7 and S2; two positioned 4 cm laterally on either side of the midpoint line between L4 and S2; and two over the tip of each acromion. Images were stored in a tape and digitized at 30Hz using the SIMI software (Simi Motion). The participants wore clothing that allowed the markers to be placed directly over the skin. The coordinates were filtered using a recursive Butterworth filter (4th order) set at 7 Hz17 and were used to reconstruct the movement in three planes. A number of rigid segments were determined between spinal markers and used to analyze trunk segments in the frontal, sagittal and transversal planes. Lateral bending of the trunk in the frontal plane was calculated using the angle between S2 and C7 in relation to a horizontal line. Counter-clockwise changes in the frontal spinal profiles, as viewed from the rear (bending to the left side of the body), were considered as positive. Anterior-posterior bending of the trunk in the sagittal plane was calculated using the angle between S2 and C7 in relation to the horizontal line. Clockwise movements ( flexion) were considered as positive, while counter-clockwise movements (extension) as negative. The degree of spinal rotation in the transversal plane was determined as the difference in rotation angles between the hips (defined by a straight line between the markers placed on L4 and S2) and shoulders (defined by a straight line between the acromion markers). Rotation to the right side was considered as positive and rotation to the left side as negative. Figure 3 provides a schematic representation of these angles. The movement cycle was defined as the instant in which the first detectable movement of the trunk occurred from the erect posture to reach the object to the instant the hand lost contact with the object in the packing area. The combined average of three trials for each variable was used to represent each experimental condition. Before grouping the trials, a normalization procedure was applied. This procedure was performed by a computer routine using spline functions and its effect was deemed minimal because only temporal aspects were manipulated. Therefore, movement was expressed as a set of 101 data points, 40 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. Posture and checkout workstation design Grasping Scanning 14° 12° C7 C7 10° FLEX – T4 6° – + 8° 4° T7 EXT 2° T10 0° -2° 0 T12 L2 – 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Movement Cycle (%) L4 Figure 4. Trunk movement profiles in the sagittal plane while handling products in a standard checkout workstation (closed marks) and a modified checkout workstation (open marks). Thin lines represent one standard deviation. The approximate instants of grasping and scanning are identified by vertical lines. Scanning Grasping LEFT Acromion Acromion 5° 0° -5° Hip Left rotation Right rotation The upper panel shows a schematic representation of the location of the points used to determine the kinematics of the trunk segment. The upper left figure shows the frontal plane (posterior view) and the C7 and S2 markers, while the upper right figure shows the sagittal plane. The bottom panel shows the schematic representation of the shoulders (acromion) and hip (iliac crest) from an overhead view. Note: the rotation angle was calculated using the relationship between shoulder and hip displacement. Figure 3. Schematic representation of the biomechanical model (Adapted from Rodacki et al.6). in which movement initiation and termination corresponded to 0% and 100%, respectively. To analyze the effect of each experimental condition, movements were compared with respect to the instants of product grasping, scanning and depositing. The consistent pattern between radiographic and video analysis in the sagittal and frontal planes18 encouraged the authors to discuss the findings of the present study assuming a close relationship between the kinematics of the trunk and the vertebral column. The spinal model and similar experimental approach is also similar to that reported by other studies (e.g. carrying a mailbag19) and was considered as adequate to the purposes of the present study. To compare the variables across experimental conditions (standard and modified checkout workstations) the Student “t” test for dependent samples was applied. A Kolgomorov-Smirnov test was applied and confirmed data normality. The Bonferroni approach was applied to correct the significance level which was set at p<0.05. Descriptive statistical analyses (mean and SD) were employed to describe the characteristics of each variable. All statistical analyses were performed in the Statistica® -10° RIGHT -15° 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Movement Cycle (%) Figure 5. Trunk movement profiles in the frontal plane (posterior view) while handling products in a standard checkout workstation (closed marks) and a modified checkout workstation (open marks). Thin lines represent one standard deviation. The approximate instants of grasping and scanning are identified by vertical lines. package software, version 5.5 A (Stat Soft Inc.®, USA). Due to the small number of participants and the large variability of the kinematics, data must be considered with caution. Results The movements of the trunk in the sagittal plane were similar in both checkout workstations and significant differences were not detected during grasping (p>0.05). However, significant differences (p<0.05) were observed during scanning which showed greater anterior flexion of the trunk in the modified checkout workstation in comparison with the standard model. Figure 4 shows the spinal displacements in the sagittal plane, while Figure 5 shows spinal displacements in the frontal plane. Lateral bending of the trunk during grasping products was significantly greater in the standard checkout workstation in comparison to the modified model (p<0.05). In contrast, no significant differences were detected during scanning (p>0.05). 41 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. André L. F. Rodacki, João E. Vieira Note that most actions performed using the modified checkout workstation produced minimal deviations from neutral (erect) posture, while the mean lateral bending range was much greater using the standard checkout workstation. The lateral bending to the left in the standard model was approximately three times greater than that observed in the modified checkout workstation. The results did not show a significant effect (p>0.05) of the workstation design on trunk rotation in any of the selected instants. The mean rotation to the right side (product depositing) in the modified and standard checkout workstations was 3.7º3.5º and 0.1º2.9º, respectively. The mean rotation to the left side (product grasping) was 15.0º7.7º and 15.8º4.5º in the modified and standard checkout workstations, respectively. The largest rotation movements of the trunk (up to four times greater) were performed while grasping products, irrespective of the checkout workstation. Discussion Although numerous studies have proposed workstation modifications to reduce the risk of cumulative trauma disorders in supermarket checkout operators6,20,21, no experimental studies have analyzed these propositions. Rodacki et al.6 proposed a modified checkout workstation with a continuous conveyor belt that would position products near the checkout operator’s mid-line to attenuate/reduce the postural demand of the task. The present study tested whether this particular modification was successful in minimizing postural demands and the risk of injury among supermarket checkout operators. The comparison between the standard and the modified checkout workstations showed that the greatest postural changes occurred in the frontal plane. There was less lateral bending of the trunk to grasp products when participants performed the task using the modified checkout workstation, which can be considered beneficial in terms of postural strain. The maintenance of a neutral posture while using the modified checkout workstation can be considered an advantage in terms of reducing the postural demand and the risk of injury of the task. In general, asymmetric movements (i.e., lateral bending) combined with movements in other planes are intimately related with a number of low back disorders22-24. Lateral bending of the trunk can cause localized overload in the posterolateral inner annular region of the intervertebral discs of the lumbar area and predisposes to posterolateral prolapse of the nucleus pulposus25,26. This may also produce some loosening of the spinal ligaments leading to disc protrusion and degeneration. In addition, lateral bending overloads the apophyseal joints and predisposes participants to other critical conditions of the 42 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. spine that may lead to discomfort and pain. The mechanical loading of the low back during handling of materials has been identified as a significant factor associated with the occurrence of low back pain. Neumann et al.27 used categorical scales to determine postural demands during the shift and reported that low-back pain is related to maximum flexion angle, peak spinal loads, average spinal loading and percent of time with loads in the hand. Although the flexion angles of the trunk observed in the present study remained unaltered in the sagittal plane, it is logical to assume that the reduced lateral bending angles in other planes (i.e., frontal plane) may also minimize the risk of injury in the modified checkout workstation. The modified checkout workstation allowed participants to handle products with the load close to their centre of mass and preventing the trunk to assume deviated postures. Deviated postures are well-known risk factors because the horizontal distance of the load to be lifted increases the muscle exertion to compensate for the differences in the flexor moment generated on the spine due to the substantial moment arm of the load. Trunk rotation Trunk rotation movements were analyzed considering the displacement of the shoulders with respect to the displacement of the hips. The modified checkout workstation failed to reduce the rotational movements of the trunk during the checkout operator’s task. It was expected that positioning the load closer to the checkout operator’s mid-line would allow smaller rotational movements. This can be explained in part by the movements of the upper limbs, which were able to reach products with relatively small movements of the trunk. In fact, the high incidence of musculoskeletal problems in the upper limbs – hands, wrists, elbows, shoulders and neck21 – highlights the necessity for further studies. Rodacki et al.6 showed that reaching and grasping light products are mostly performed by the upper segments and that more pronounced movements of the trunk occur when the weight of the load is increased. As the weight of most products handled by supermarket checkout operators fall bellow the weight used in the present study and the angular motion in relation to the full range of motion of the trunk is relatively small (similar to the erect posture), one repetition of the task should not be a concern. However, supermarket checkout operators perform a large amount of repetitive manual handling (1442 articles/hour28), and the cumulative effects of fatigue can become an important factor for low back and musculoskeletal disorders. Prolonged load carriage may produce adaptive responses of the musculoskeletal components and predispose to postural problems29 and pain, leading to disability30. It would be interesting for future studies Posture and checkout workstation design to investigate whether there is a cumulative effect of repeated loading that may lead to chronic postural adaptation. A plausible solution would be alternating the rotation side. The results of the present study must be considered with caution as products (weight and shape) are not the same as those manipulated in real working conditions, which may be a limiting factor. In contrast, manipulating products with a wide variety of shapes and weights may introduce individual strategies and increase movement variability. Although all care was taken to reproduce the working condition as close as possible, other factors present in the checkout operator’s routine (time demand, customer presence, charging customers and other perceived stress sources) may influence their actions. Conclusions Awkward, constrained, asymmetrical, repeated, and prolonged postures sustained by supermarket checkout operators have been reported6 and possible solutions to reduce the inherent demand of the standard checkout workstation are required. The present study showed that a modified checkout workstation operating with a continuous conveyor belt is a possible solution to reduce the range of motion for trunk movements, particularly regarding lateral bending of the trunk. Therefore, it is suggested that this effect may contribute to reduce the incidence of back and postural problems among supermarket checkout operators. The use of a continuous conveyor belt allowed checkout operators to reach for products with minor postural deviations. The modified checkout workstation was considered as a workstation that may provide a reduced risk of injury in comparison to the usual checkout workstations because large range of motion and postural problems are closely related. These findings are relevant to reducing/minimizing the risk of injury, however other strategies (e.g. muscle strengthening, physical activity) must not be neglected as a preventive means for musculoskeletal problems. It is also necessary to emphasize that workstation changes are mandatory in those cases where the benefits derived from preventive or rehabilitative actions (e.g., strengthening, stretching physical therapy, etc.) cannot reduce or overcome the demand of the tasks involved in work. Other studies are required to determine whether the benefits suggested in the present study are also present over course of the work day, when fatigue may have pronounced effects. Epidemiological studies analyzing postural changes in relation to the number of years working as a supermarket checkout operator are required to confirm these speculations. References 1. Beardmore D. The identification & control of musculoskeletal risks to supermarket checkout workers [dissertação]. Marchester (ENG): University of Salford; 1998. 2. Ryan GA. The prevalence of musculo-skeletal symptoms in supermarket workers. Ergonomics. 1989;32(4):359-71. 3. Tanaka S, Wild D, Seligman PJ, Halperin WE, Behrens VJ, Putz-Anderson V. Prevalence and work-relatedness of self-reported carpal tunnel syndrome among U.S. Workers: analysis of the occupational health, supplement data of 1988 National Health Interview Survey. Am J Ind Med. 2007;27(4): 451-70. 8. Shinnar A, Indelicato J, Altimari M, Shinnar S. Survey of ergonomic features of supermarket cash registers. Int J Ind Ergon. 2004;34:535-41. 9. Wilson J, Grey S. Reach requirements and job attitudes at laser-scanner checkout systems. Ergonomics. 1984;27(12):1247-66. 10. Au G, Cook J, McGill SM. Spinal shrinkage during repetitive controlled torsional, flexion and lateral bend motion exertions. Ergonomics. 2001;44(4):373-81. 11. Lannersten L, Harms-Ringdahl K. Neck and shoulder muscle activity during work with different cash register systems. Ergonomics. 1990;33(1): 49-65. 4. Diniz CA, Ferreira Jr M. Prevalência de sintomas músculo-esqueléticos de operadores de checkout em supermercados. Rev Bras Saúde Ocup. 1998;93(94):75-91. 12. Soderberg GL. Kinesiology: application to pathological motion. 2ª ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1997. 5. MacKay C, Burton K, Boocock M; Health and Safety Executive. Musculoskeletal disorders in supermarket cashiers. Sudbury: HSE Books; 1998. 13. Madigan EF, Lehman KR. Factors affecting productivity and ergonomics of supermarket checkers. Human Factors and Ergonomics Society. 1996;1:419-23. 6. Rodacki ALF, Vieira JEA, Okimoto MLLR, Fowler NE, Rodacki CLN. The effect of handling products of different weights on trunk kinematics of supermarket cashiers. Int J Ind Ergon. 2006;36(2):129-34. 14. Cabeças JM. A adequação humana em postos de caixa de supermercado sociedade portuguesa de motricidade humana – livro de comunicações do I congresso internacional de motricidade humana. Almada: Instituto Piaget; 1990. 7. Carrasco C, Coleman N, Healey S. Packing products for costumers: an ergonomics evaluation on three supermarket checkouts. Appl Ergon. 1995;26(2):101-8. 15. Haslegrave CM. What do we mean by a “working posture”? Ergonomics. 1994;37(4):781-99. 43 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. André L. F. Rodacki, João E. Vieira 16. Vieira ER, Kumar S. Working postures: a literature review. J Occup Rehabil. 2004;14(2):143-59. for acute prolapsed lumbar intervertebral disc. J Orthop Res. 1984;2(1): 61-6. 17. Hong Y, Brueggmann GP. Changes in gait patterns in 10-year-old boys with increasing loads when walking on a treadmill. Gait Posture. 2000;11(3): 254-9. 24. Noone G, Mazumdar J, Ghista DN, Tansley GD. Asymmetrical loads and lateral bending of the human spine. Med Biol Eng Comput. 1993;31 Suppl:S131-6. 18. Gracovestsky S, Newman N, Pawlowsky M, Lanzo V, Davey B, Robinson L. A database for estimating normal spinal motion derived from noninvasive measurements. Spine (Phila Pa 1976). 1995;20(9):1036-46. 25. Adams MA, Dolan P, Hutton WC. Diurnal variations in the stress on the lumbar spine. Spine (Phila Pa 1976). 1987;12:130-7. 19. Fowler NE, Rodacki AL, Rodacki CLN. Changes in stature and spine kinematics during a loaded walking task. Gait Posture. 2006;23(2): 133-41. 20. Lehman KR, Psihogios JP, Meulenbroek RJG. Effects of sitting versus standingand scanner type on cashiers. Ergonomics. 2001:44(7):719-38. 21. Orgel DL, Milliron MJ, Frederick LJ. Musculoskeletal discomfort in grocery express checkstand workers. An ergonomic intervention study. J Occup Med. 1992;34(8):815-8. 26. Adams MA, Dolan P, Hutton WC, Porter RW. Diurnal changes in spinal mechanics and their clinical significance. J BoneJoint Surg Br. 1990;72(2):266-70. 27. Neumann WP, Wells RP, Norman RW, Andrews DM, Frank J, Shannon HS, et al. Comparison of four peak spinal loading exposure measurement methods and their association with low-back pain. Scand J Work Environ Health. 1999;25(5):404-9. 28. Harber P, Bloswick D, Peña L, Beck J, Lee J, Baker D. The ergonomic challenge of repetitive motion with varying ergonomics stresses. Characterizing supermarket checking work. J Occup Med. 1992;34(5):518-27. 22. Marras WS, Granata KP. A biomechanical assessment and model of axial twisting in the thoracolumbar spine. Spine (Phila Pa 1976). 1995;20(13):1440-51. 29. Adams MA, McNally DS, Chinn H, Dolan P. Posture and the compressive strength of the lumbar spine. Clin Biomech. 1994:9(1):5-14. 23. Kelsey JL, Githens PB, White AA 3rs, Holford TR, O’Connor T, Ostfeld AM, et al. An epidemiologic study of lifting and twisting on the job and risk 30. Bobet J, Norman RW. Effects of load placement on back muscle activity in load carriage. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1984;53(1):71-5. 44 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):38-44. ISSN 1413-3555 ARTIGO ORIGINAL Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 45-51, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia Os efeitos do laser hélio-neônio de baixa intensidade na cicatrização de lesões cutâneas induzidas em ratos Effects of low-level helium-neon laser on induced wound healing in rats Viviane L. Busnardo1, Maria L. P. Biondo-Simões2 Resumo Objetivo: Avaliar os efeitos do laser de baixa potência hélio e neônio (HeNe) na cicatrização de feridas cutâneas de ratos. Métodos: Sessenta ratos Wistar foram divididos em grupos controle e experimento. Utilizou-se ferida incisional, longitudinal, dorso-mediana, suturada com pontos separados simples. No grupo experimento, as feridas foram irradiadas diariamente com aparelho de laser de HeNe com potência contínua máxima de 5mW, comprimento de onda de 632,8 nm, visível com densidade de energia de 4J/cm2, área de raio do laser de 0,015cm2, durante 36 segundos, em três pontos da lesão. As feridas foram avaliadas no 3º, no 7º e no 14º dia de pósoperatório. Cortes histológicos foram corados com hematoxilina-eosina (H&E) e avaliados segundo protocolo de Vizzotto et al. (2003)* para identificar o tipo de reação inflamatória e com Picrosirius para identificar os colágenos I e III e o índice de maturidade da cicatriz (IMaC). Utilizou-se imunoistoquímica com anti-CD45-LCA para o reconhecimento das células inflamatórias. Resultados: Ambos os grupos mostraram o mesmo padrão inflamatório. No grupo experimento, observaram-se menos células inflamatórias nos três tempos estudados (p<0,001), com diminuição mais rápida do número de leucócitos. Verificou-se que as do grupo experimento tinham maior densidade de colágeno total no 3º dia (p=0,001), com mais colágeno III (p=0,001) e mais colágeno I (p=0,001). Não houve diferença significativa no IMaC. Conclusão: A irradiação com laser de baixa intensidade não modifica a qualidade da reação inflamatória, mas diminui a intensidade dela; aumenta a deposição do colágeno no início do processo cicatricial e não interfere na maturação da cicatriz. Palavras-chave: cicatrização de feridas; laserterapia de baixa intensidade; laser de gases Hélio e Neônio; colágeno. * Vizzotto Jr AO, Noronha L, Scheffel LHD, Campos ACL. Influência da cisplatina administrada no pré e pós-operatório sobre a cicatrização de anastomoses colônicas em ratos. J Bras Patol Med Lab. 2003;39(2):143-9. Abstract Objective: To evaluate the effects of low-level helium-neon (HeNe) laser on cutaneous wound healing in rats. Methods: Sixty Wistar rats were divided into control group and experimental group. A sutured longitudinal, dorsal-medial incision was made, with simple separate stitches. The experimental group was irradiated daily in three areas of the wound with HeNe laser (5mW maximum continuous power, 632.8 nm wavelength, 4 J/cm2 energy density and 0.015 cm2 laser beam area) for 36 seconds. The areas were evaluated on the third, seventh and fourteenth days postoperative. Histological sections were stained with hematoxylin-eosin to determine the type of inflammatory reaction according to the protocol by Vizzotto et al. (2003)* and with Picrosirius to identify types I and III collagen and the collagen maturation index (CMI). Immunohistochemical detection was employed with anti-CD45-LCA to recognize the inflammatory cells. Results: Both groups had the same inflammatory pattern. The experimental group had fewer inflammatory cells at the three evaluation times (p<0.001) with faster reduction in the number of leukocytes. The experimental group had greater total collagen density on the third day (p=0.001), with more type III collagen (p=0.001) and more type I collagen (p=0.001). There was no significant difference in the CMI. Conclusion: Low-level laser irradiation does not change the quality of the inflammatory response, but it does reduce its intensity; it increases collagen deposition in the early stages of the healing process and does not interfere with collagen maturation. Key words: wound healing; low-level laser therapy; helium-neon laser; collagen. * Vizzotto Jr AO, Noronha L, Scheffel LHD, Campos ACL. Influência da cisplatina administrada no pré e pós-operatório sobre a cicatrização de anastomoses colônicas em ratos. J Bras Patol Med Lab. 2003;39(2):143-9. Recebido: 21/08/2008 – Revisado: 10/02/2009 – Aceito: 30/06/2009 1 Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba (PR), Brasil 2 Departamento de Cirurgia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba (PR), Brasil Correspondência para: Viviane L. Busnardo, Universidade Positivo, Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, CEP 81280-330, Curitiba (PR), Brasil, e-mail: [email protected] 45 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. Viviane L. Busnardo, Maria L. P. Biondo-Simões Introdução O processo de cicatrização tecidual é muito complexo e envolve inúmeros efeitos biológicos, tais como alterações vasculares e celulares, proliferação epitelial, proliferação de fibroblastos, síntese e deposição de colágeno, produção de elastina e proteoglicanos, revascularização e contração da ferida1,2. A incorporação do laser como instrumento terapêutico tem sido acompanhada na área biomédica desde 1960; porém, apesar de inúmeras pesquisas sobre seus efeitos, existe grande dificuldade em se justificarem as variáveis físicas como: técnica de aplicação, doses, profundidade, modos e tempo de exposição3. Foi observado que a fotoestimulação influencia a função dos macrófagos na produção de fatores de crescimento, os quais aumentam a proliferação celular4-6. Mester et al.7, em 1976, relatou que o laser hélio e neônio (HeNe) de baixa intensidade poderia ajudar na cicatrização de lesões causadas mecanicamente. Desde então, foi mostrado que este laser possui diversos efeitos em tecidos vivos, conhecidos como bioestimulação por laser. A fotobiomodulação laser tem sido cada vez mais utilizada com a finalidade de melhorar a qualidade da cicatrização8. Os efeitos terapêuticos do laser sobre os diferentes tipos biológicos são amplos e, entre eles, destacam-se os efeitos tróficoregenerativos, anti-inflamatórios e analgésicos9,10, tendo sido demonstrado que a regeneração tissular torna-se mais eficaz quando tratada com laser de baixa intensidade11-16. Existem relatos de que a irradiação a laser estimula a secreção do fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e da replicação dessas células17,18. A irradiação com laser HeNe aceleraria o processo cicatricial, com rede de fibras colágenas melhor elaborada11,19 e maior deposição de colágeno16,20,21, acompanhada de reepitelização e neovascularização mais precoces13,17,19,22. Em situações de deficiência cicatricial, como acontece quando existe isquemia, diabetes e mesmo úlceras de pressão, a irradiação com laser de baixa intensidade poderia ser uma alternativa de recuperação21,23,24. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do laser de baixa intensidade HeNe na cicatrização de feridas cutâneas de ratos. Materiais e métodos Para realização deste estudo, obedeceu-se à Lei Federal n.º 6.638 e as orientações do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), entidade filiada ao International Concil for Laboratory Animal Science. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no uso de animais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), conforme protocolo nº 181.06/CEUA-PUC-PR. 46 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. Para o estudo, utilizaram-se 60 ratos machos (Rattus norvegicus albinus, Rodentia mammalia), da linhagem Wistar, provenientes do Biotério Central da PUC-PR, com peso médio de 397,8432,74 gramas e idade entre 100 e 150 dias. Durante todo o período de estudo, os animais ficaram alojados no Biotério Central da PUC-PR, sendo mantidos cinco espécimes por caixa. Manteve-se a temperatura ambiente em 222 ºC, o ciclo claro/escuro em 12 horas e a umidade relativa do ar e o volume de ruído próprios do ambiente. Todas as caixas estavam dispostas em prateleiras a igual distância da fonte de luz. Os animais tiveram livre acesso à ração própria para a espécie (NUVILAB, NUVITAL®) e à água. Sob anestesia obtida com injeção muscular (0,1 ml/100g de peso do animal) de uma solução 1:1 de quetamina (50 mg) e xilazina 2% (20 mg), realizou-se a tricotomia da região dorsal com tricótomo, seguindo-se a antissepsia com polivinilpirrolidonaiodo e delimitação do campo operatório com campo esterilizado fenestrado. Em seguida, fez-se uma incisão longitudinal na parte mediana do dorso iniciando abaixo de uma linha imaginária que corresponde à base da inserção das patas anteriores, cuja espessura compreendeu a pele e a tela subcutânea. A ferida tinha aproximadamente quatro centímetros e nela foram aplicados quatro pontos separados, simples, de fio monofilamentar de náilon 4.0, separados um do outro por um centímetro. A aplicação do laser se fez no intervalo dos pontos, o que permitiu três pontos de aplicação (Figura 1). Após o término do ato operatório, os animais receberam dose única de diclofenaco de potássio (10 mg/kg) por via intramuscular com finalidade analgésica25. Após a recuperação anestésica, os ratos foram devidamente marcados e distribuídos, aleatoriamente, em dois grupos distintos, com 30 animais cada um, sendo que receberam a seguinte designação: GE (grupo experimento), tratado com laser, e GC (grupo controle) não tratado. Cada grupo foi subdividido em três subgrupos com o mesmo número de animais para realizar a avaliação temporal no 3º, no 7º e no 14º dia após a cirurgia. Esses subgrupos foram denominados: GE dia 3, GE dia 7 e GE dia 14 e GC dia 3, GC dia 7 e GC dia 14. Para o tratamento, utilizou-se o aparelho laser HeNe Plasmax IV, LHN 9709 (KLD Biossistemas). As feridas foram tratadas com laser de HeNe com uma densidade de energia de 4 J/cm2 sobre uma área de 3 cm2, resultando um uso calculado do laser de 12 segundos por ponto da ferida. Para isso, o laser de HeNe foi utilizado com nível contínuo máximo de energia de 5 mW, com comprimento de onda de 632,8 nm e área de raio do laser de 0,015 cm2. Vinte quatro horas depois de realizada a lesão, as feridas dos animais do GE receberam tratamento com laser HeNe, sendo um subgrupo por 3 dias, outro por 7 dias e o último por 14 dias. Para aplicação do laser, os animais foram sedados com propofol, 10 mg/Kg, via intraperitoneal. Os animais do grupo controle receberam a mesma sedação. Efeitos do laser hélio-neônio de baixa intensidade na cicatrização Após a análise macroscópica, no 3º, no 7º e no 14º dia, sortearam-se dez animais de cada grupo que foram submetidos à eutanásia, em cada um dos tempos, com dose letal de tiopental sódico intraperitoneal (120 mg/Kg) aplicada na fossa ilíaca esquerda. Nos animais amostrados, foram ressecados segmentos de pele com área de 5x4 cm que continham, na parte central, a cicatriz. Foi desprezado cerca de meio centímetro das extremidades cranial e caudal do retalho, utilizando-se os três centímetros centrais da cicatriz para o estudo. As peças foram fixadas em formalina tamponada a 10% por 24 horas e posteriormente submetidas ao procedimento histológico de rotina. Pela coloração da Hematoxilina-eosina (H&E) foi obtida a avaliação morfológica geral da cicatriz, reconhecendo-se o padrão inflamatório. Foi realizada a leitura de dez campos com ampliação de 400 vezes, conforme padronização descrita por Vizzotto et al.26 (Tabela 1). Para a contagem das células, adotou-se a escala: nenhuma célula=0; até 50 células=1; de 50 a 100 células=2 e mais de 100 células=3, positiva para monomorfonucleares e negativa para polimorfonucleares26. Após a atribuição dos índices, procedeu-se ao somatório deles, de maneira que cada grupo de animais teve um escore final, permitindo assim a classificação dos grupos em três fases do processo inflamatório26 (Tabela 2). Os cortes histológicos tratados pela técnica de coloração Picrosirius (Picrosirius-red F3BA) ao microscópio, com luz polarizada, permitiram identificar a densidade do colágeno nas cicatrizes e as frações de colágeno I e III. Nessa técnica, as fibras de colágeno I, mais espessas e fortemente birrefringentes, apresentam-se coradas em tons de laranja ao vermelho, e as de colágeno III, mais finas e dispersas, fracamente birrefringentes apresentam-se coradas de verde25. As imagens foram capturadas pelo sistema Sony® CCD 101/Trinitron®, digitalizadas por placa digitalizadora Oculus TCX® e analisadas pelo aplicativo Image Plus 4.5 para Windows. Para cada lâmina, foi realizada a leitura de três campos, com ampliação de 200 X sobre a área da cicatriz, e foi obtida a média da leitura. Baseando-se nos percentuais de colágeno tipo I e tipo III, foi calculado o índice da maturação da cicatriz (IMaC27), definido como a razão entre o percentual de colágeno tipo I e o percentual de colágeno tipo III. Esse índice varia entre zero (percentual de colágeno tipo I=0 e percentual de colágeno tipo III=100) e mais infinito (percentual de colágeno tipo I=100 e percentual de colágeno tipo III=0). Valores maiores do que um indicam que o percentual de colágeno I é maior do que o percentual de colágeno tipo III e demonstram o estado de maturidade da cicatriz28. Os cortes de tecido para reação CD-45 (LCA - Antígeno Leucocitário clone136-4B5 IV WS - IgG1 da FK-Biotec), em diluição 1:100, foram submetidos à recuperação antigênica em banhomaria com tampão citrato a 10 mmol/L em pH 6,0 para posterior processamento imunoistoquímico. Para garantir a veracidade da coloração, foram realizados controles. Para controle externo Figura 1. Aspecto da ferida ao final do ato operatório, demonstrando os pontos da aplicação do laser. Tabela 1. Metodologia de quantificação dos achados histológicos nos cortes corados pela Hematoxilina-Eosina (H&E). Intensidade Acentuada Moderada Discreta Polimorfonucleares -3 -2 -1 Edema -3 -2 -1 Congestão -3 -2 -1 Monomorfonucleares 3 2 1 Tecido de granulação 3 2 1 Fibrose 3 2 1 Parâmetros Ausente 0 0 0 0 0 0 Tabela 2. Caracterização da fase do processo inflamatório conforme o escore final. Processo Inflamatório Agudo Subagudo Crônico Escore Final -9 a 3 -2,9 a 3 3,1 a 9 47 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. Viviane L. Busnardo, Maria L. P. Biondo-Simões positivo, foi utilizado um fragmento de linfonodo. A derme e o epitélio serviram de controle interno negativo. Para análise, foram contadas as células positivas, coradas em marrom, para LCA por campo de grande aumento, num total de dez campos. Os resultados descritivos obtidos do estudo foram expressos por médias e desvios-padrão. Para a avaliação do efeito de grupo e do dia de avaliação sobre as variáveis do estudo, foi utilizada a análise de variância (ANOVA) com dois fatores (grupo e dia de avaliação). A condição de normalidade das variáveis foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk e, para avaliação da homogeneidade das variâncias, foi usado o teste de Levène. Nos casos em que houve interação significativa entre os fatores, a análise foi feita considerando-se o teste t de Student para a comparação dos grupos e a ANOVA com um fator para a comparação dos dias de avaliação. Para as comparações múltiplas, foi usado o teste Least Significant Difference (LSD). Para as análises das tabelas do IMaC, foi utilizado o teste de Fischer. O nível de significância estatística adotado foi 0,05. Resultados Nos cortes histológicos das cicatrizes, com três dias de evolução, observou-se, nos dois grupos de estudo, que a inflamação tinha características de processo agudo, evidenciado pelos escores negativos. No 7º dia, passou a ter características de subagudo e no 14º dia, de crônico, observando-se escores positivos (Figuras 2 e 3). Em relação à análise do percentual de colágeno tipo I, não se observou diferença significativa entre os grupos nos três momentos analisados (p=0,527) (Figura 4A). Encontrou-se maior densidade de colágeno tipo III nas cicatrizes do grupo tratado na avaliação do 3º dia (p=0,001). Contudo, nas avaliações do 7º e do 14º dia, as diferenças não foram significantes (Figura 4B). A avaliação do colágeno total mostrou maior densidade nas cicatrizes do grupo tratado na avaliação do 3º dia (p=0,001), sem diferenças significantes nas avaliações do 7º e do 14º dia (Figura 4C). Quanto ao IMaC, encontrou-se maior maturidade das cicatrizes do grupo controle no 3º dia (p=0,026) (Figura 4D). Entretanto, a análise dicotomizada, separando o número de cicatrizes com índice até 1 e as com índice maior do que 1 revelou não haver diferença de frequência entre os grupos. Encontrou-se no 3º dia (p=0,474), no 7º dia (p=1) e no 14º dia (p=1) (Figura 5). A análise das células inflamatórias pela imunoistoquímica permitiu verificar que, nas cicatrizes tratadas, o número delas foi menor do que nas não tratadas nos três tempos avaliados (p<0,001), havendo diminuição do número delas mais precocemente nas cicatrizes tratadas (Figura 6 e 7). Discussão Escore Mediano 5 4 3 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 p=0,661 p=0,912 p=0,579 3 dias 7 dias 14 dias Controle Experimento Figura 2. Demonstração gráfica da evolução inflamatória nos grupos controle e experimento nos três tempos avaliados, segundo score de Vizzotto et al.26 A: Grupo experimento (GE); B: Grupo controle (GC); Presença de células inflamatórias (PMN) (→) e fibroplasia (Δ) (HE–100 X). Figura 3. Aspectos histológicos obtidos de cicatrizes no 14º dia pósoperatório. 48 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. A cicatrização de feridas pode ser beneficiada quando os principais eventos que a possibilitam são estimulados, ou seja, nutrição, proliferação celular e controle da inflamação e infecção, por exemplo11,12,29. O laser de baixa intensidade tem sido identificado em diversos estudos, com modelo animais, como coadjuvante na cicatrização devido ao incremento da revascularização, da energia em forma de adenosina trifosfato (ATP) às células de reparo, à proliferação de fibroblastos e à inibição de mediadores químicos da inflamação10,24. Diante dos principais fatores envolvidos no processo cicatricial, buscou-se identificar, neste estudo, a influência do laser na cicatrização em seus aspectos gerais. Os fatores escolhidos na análise procuraram observar a resolução do processo inflamatório e a síntese de colágeno. Os resultados confirmam que o laser de baixa intensidade com densidade energética de 4 J/cm2 promove aumento da deposição de colágeno tipo III no 3º dia pós-operatório. Carvalho et al.11 realizaram uma análise morfométrica do percentual das fibras colágenas, por densidade de cor, nas cicatrizes de 48 ratos. Utilizaram o laser HeNe com dosagem de 4 J/cm2 por 36 segundos no grupo experimento. Avaliaram os resultados no 3º, no 7º e no 14º dia do pós-operatório e também constataram aumento significativo no percentual de colágeno do 3º ao 7º dia. Quando comparado o 14º com o 7º dia, observaram uma desaceleração no Efeitos do laser hélio-neônio de baixa intensidade na cicatrização A B 40 65 Colágeno III (%) Colágeno I (%) 50 30 20 10 0 55 45 35 25 15 3O. PO 7O. PO 14O. PO Controle Experimento 5 3o. PO Momento de avaliação 90 80 70 60 50 40 30 20 10 D 3o. PO 7o. PO 14o. PO 14o. PO Controle Experimento Momento de avaliação 2,2 Índice de maturidade Colágeno total (%) C 7o. PO Controle Experimento 1,8 1,4 1,0 0,6 0,2 -0,2 3o. PO Momento de avaliação 7o. PO 14o. PO Controle Experimento Momento de avaliação Figura 4. Relação das médias percentuais das áreas dos cortes histológicos examinados e representadas por colágeno, nos dois grupos, em cada momento de avaliação e o índice de maturação da cicatriz. Figura 5. Fotomicrografias de cortes histológicos de áreas de cicatrizes dos grupos GE e GC, coradas pelo Sirius Red, sob luz polarizada, (200X) na avaliação do 3º dia. percentual de colágeno. Os autores atribuem essa desaceleração ao estado de maturação dessas feridas, uma vez que há relatos de que, na fase de remodelagem/ maturação, a proliferação celular diminui, assim como o número e o tamanho dos fibroblastos. Pugliese et al.12 estudaram os efeitos do laser de baixa intensidade sobre ferimentos cutâneos padronizados em 62 ratos Wistar. Utilizaram o laser de Ga-Al-As com diferentes densidades energéticas. Nas análises morfométricas, observaram maior expressão de fibras colágenas, embora sem significância estatística. Constataram que os melhores resultados ocorreram nos grupos irradiados com 4 J/cm2. Na avaliação da reação inflamatória, observaram que, nas cicatrizes irradiadas, ocorreu redução do edema, da congestão e do infiltrado inflamatório mais precocemente. Quanto ao incremento da cicatrização, os autores atribuíram ao laser um aumento significativo no depósito de colágeno que pode acontecer por indução da Figura 6. Fotomicrografias de cortes histológicos demonstrando os leucócitos marcados pelo anti CD45 (*) na avaliação do terceiro dia (400 X). IMUNO Médias 3 2 2 1 8 2 Controle Experimento 3o. PO 7o. PO 14o. PO Momento de avaliação Figura 7. Média de células inflamatórias por campo, marcadas com o anti CD45, em 10 campos. 49 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. Viviane L. Busnardo, Maria L. P. Biondo-Simões proliferação celular ou ainda por aumento no processo de síntese e secreção proteica, existindo também a possibilidade de ambos os mecanismos ocorrerem simultaneamente. De Araújo et al.19 encontraram mais fibroblastos ativados, mais colágeno e mais incorporação de 3-H-Prolina em cicatrizes de ratos tratadas com laser de baixa intensidade, avaliadas com 8, 15 e 22 dias, e Carvalho et al.21 relataram que esse efeito pode ser observado em cicatrizes de ratos diabéticos, mostrando que essa terapia poderia ser útil em situações adversas. Medrado et al.20, entretanto, observaram discreto aumento da densidade de colágeno. A maturidade da cicatriz foi avaliada pelo índice de maturação do colágeno. Os cortes corados pelo Sirius Red possibilitaram avaliar o tipo de colágeno e quantificá-lo nas amostras. Diversos autores compararam vários métodos de coloração para análise do colágeno e concluíram que o corante Picrosirius é o mais seletivo, de fácil execução e interpretação, sendo específico para o estudo do colágeno tecidual, pois a quantidade de corante aderido é proporcional à quantidade da proteína presente, possibilitando o seu uso para a quantificação da mesma10,27,28. Apesar de se ter maior densidade de colágeno tipo III no 3º dia, os resultados do IMaC em análise dicotomizada mostrou que a maturidade das cicatrizes foi semelhante durante todo o tempo de estudo. Na verdade, a densidade de colágeno do tipo I mostrou tendência a ser maior no grupo tratado, mas não conferiu significância estatística. Uma amostra maior poderia solucionar essa dúvida, confirmando ou rejeitando essa tendência. O mesmo se pode dizer das cicatrizes do grupo tratado que, no 7º e no 14º dia de avaliação, mostraram tendência a índices de maturidade maior sem, contudo, ser significante. Notou-se, no 14° dia, desaceleração do processo de cicatrização, achado já descrito em estudo anterior5 e que pode ser justificado pela diminuição da proliferação dos elementos celulares nesta fase. Quando analisadas por meio da imunoistoquímica, a quantidade de células inflamatórias, presentes nas lesões de ambos os grupos, permitiu perceber que, nas cicatrizes do grupo experimento, elas estavam presentes em menor número, fato esse que determina a diminuição significativa do processo inflamatório. Esses achados foram verificados por outros autores12,16,20, os quais relataram, ainda, redução do edema inflamatório nos grupos irradiados com laser de baixa intensidade. Para eles, os efeitos positivos do laser na cicatrização tecidual se devem ao incremento da proliferação celular e à expressiva redução do infiltrado inflamatório. O recurso do laser, apesar de ser empregado desde a década de 70 na prática médica, é ainda objeto de estudo. Na presente pesquisa, verificou-se o incremento da densidade de colágeno tipo III no 3º dia pós-operatório, aumento no percentual total de colágeno, diminuição do infiltrado inflamatório e precoce resolução da fase inflamatória nas feridas irradiadas, fatos esses que justificam a utilização do laser em cicatrização de feridas. É interessante ressaltar que o padrão de reação inflamatório se manteve o mesmo 50 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. nos dois grupos, uma vez que no 3º dia era de padrão agudo; no 7º dia, de padrão subagudo e no 14º dia, de padrão crônico. O que ocorreu foi uma reação de menor intensidade. Se considerarmos que a manutenção do processo inflamatório atrasaria a fibroplasia, era de se esperar que a densidade do colágeno fosse maior nas cicatrizes tratadas, fato não verificado ao longo do processo de cicatrização. Apenas no início se teve maior densidade nas cicatrizes do grupo tratado. Outros efeitos benéficos do laser de baixa intensidade ao processo de cicatrização são relatados. Reis et al.16, utilizando laser GaAlAs (4 J/cm2, 9 mW, comprimento de onda=670 nm) por 3 a 5 dias, encontraram, além do aumento da densidade de colágeno, melhor arranjo da matriz extracelular (p<0,05). Relataram fibroblastos em maior número e mais ativos. Houreld e Abrahanse24 mostraram que o emprego do laser de baixa intensidade de HeNe estimulou a expressão da interleucia-6, a proliferação e a migração celular em diabéticos, melhorando a cicatrização. Silveira, Streck e Pinho15 demonstraram que o laser de baixa intensidade é capaz de ativar enzimas mitocondriais, como a citocromo-C-oxidade, e melhorar o processo cicatricial. Embora tenham sido realizados e publicados muitos estudos clínicos favoráveis ao uso do laser, o mecanismo por meio do qual aceleraria o processo de cicatrização ainda não está totalmente elucidado. Ficam hipóteses a serem testadas como: o laser melhora a transcrição de ácido ribonucleico (RNA) ao mesmo tempo que reduz a fase inflamatória e antecipa a fibroplasia? O incremento de oxigênio e ATP favorecido pelo uso do laser é determinado por uma angiogênese precoce? Para assegurar os efeitos do laser de baixa intensidade no processo de cicatrização falta ainda consenso e padronização das variáveis físicas: tempos e técnicas de aplicação, densidades de energia, potências de saída e comprimentos de onda, pois a comparação entre os resultados dos diversos autores tem sido dificultada pelo emprego de metodologias muito diversas. O emprego de laser HeNe (632,8 nm), aplicado com diferentes fluências isso pode levar a diferentes respostas celulares e isso pode impossibilitar as comparações. Hawkins e Abrahamse30 aplicaram doses de 0,5; 2,5; 5, 10 e 16 J/cm2, dois dias consecutivos, a fibroblastos da pele humana. Mostraram que 5 J/cm2 estimulou a atividade mitocondrial, a proliferação celular e a migração dos fibroblastos. Entretanto, doses mais altas diminuiram a viabilidade das células e a proliferação com dano para a membrana celular e para o DNA30. Conclusão A irradiação com laser de baixa intensidade HeNe nas condições do experimento não modifica a qualidade da reação inflamatória, mas diminui a intensidade dela; aumenta a deposição do colágeno no início do processo cicatricial e não interfere na maturação da cicatriz. Efeitos do laser hélio-neônio de baixa intensidade na cicatrização Referências bibliográficas 1. Mandelbaum SH, Di Santis EP, Mandelbaum MHS. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares – parte II. An Bras Dermatol. 2003;78(5):525-40. 2. Thomas DW, O’Neill ID, Harding KG, Sheperd JP. Cutaneous wound healing: a current perspective. J Oral Maxilofac Surg. 1995;53(4):442-7. 3. England S. Introduction to mid laser therapy. Physiotherapy. 1988;74(3):100-3. 4. Young S, Bolton P, Dyson M, Harvey W, Diamantopoulos C. Macrophage responsiveness to light therapy. Lasers Surg Med. 1989;9(5):497-505. 5. Yu HS, Chang KL, Yu CL, Chen JW, Chen GS. Low-energy helium neon laser irradiation stimulates interleukin-1 alpha and interleukin-8 release from cultured human keratinocytes. J Invest Dermatol. 1996;107(4):593-6. 6. Skinner SM, Gage JP, Wilce PA, Shaw RM. A preliminary study of the effects of laser radiation on collagen metabolism in cell culture. Aust Dent J. 1996;41(3):188-92. 7. Mester E, Nagylucskay S, Döklen A, Tisza S. Laser stimulation of wound healing. Acta Chir Acad Sci Hung. 1976;17(1):49-55. 8. David R, Nissan M, Cohen I, Soudry M. Effect of low-power He-Ne laser on fracture healing in rats. Lasers Surg Med. 1996;19(4):458-64. 9. Ortiz MCS, Carrinho PM, Santos AAS, Gonçalves RC, Parizzoto NA. Laser de baixa intensidade: princípios e generalidades – parte 2. Fisioter Bras. 2001;2(6):337-52. 10. Woodruff LD, Bounkeo JM, Brannon WM, Dawes Jr KS, Barham CD, Waddel DL, et al. The efficacy of laser therapy in wound repair: a metaanalysis of the literature. Photomed Laser Surg. 2004;22(3):241-7. 11. Carvalho PTC, Mazzer N, Siqueira JF, Ferreira VJ, Silva IS. Análise de fibras colágenas através da morfometria computadorizada em feridas cutâneas de ratos submetidos à irradiação do laser HeNe. Fisoter Bras. 2003;4(4):253-8. 12. Pugliese LS, Medrado AP, Reis SR, Andrade Z de A. The influence of lowlevel laser therapy on biomodulation of collagen and elastic fibers. Pesqui Odontol Bras. 2003;17(4):307-13. 13. Hawkins D, Houreld N, Abrahamse H. Low level laser therapy (LLLT) as an effective therapeutic modality for delayed wound healing. Ann NY Acad Sci. 2005;1056:486-93. 14. Rocha JCT. Terapia laser, cicatrização tecidual e angiogênese. Rev Bras Promoção Saúde. 2004;17(1):44-8. 15. Silveira PC, Streck EL, Pinho RA. Evaluation of mitochondrial respiratory chain activity in wound healing by low-level laser therapy. J Photochem Photobiol B. 2007;86(3):279-82. 16. Reis SR, Medrado AP, Marchionni AM, Figueira C, Fracassi LD, Knop LA. Effect of 670-nm laser therapy and dexamethasone on tissue repair: a histological and ultrastructural study. Photomed Laser Surg. 2008;26(4):307-13. 17. Rocha Jr AM, Andrade LCF, Oliveira RG, Aarestrup FM, Farias RE. Modulação da proliferação fibroblástica e da resposta inflamatória pela terapia a laser de baixa intensidade no processo de reparo tecidual. An Bras Dermatol. 2006;81(2):150-6. 18. Ribeiro MS, Da Silva D de F, De Araujo CE, De Oliveira SF, Pelegrini CM, Zorn TM, et al. Effects of low-intensity polarized visible laser radiation on skin burns: a light microscopy study. J Clin Laser Med Surg. 2004;22(1):59-66. 19. de Araujo CE, Ribeiro MS, Favaro R, Zezell DM, Zorn TM. Ultrastructural and autoradiographical analysis show a faster skin repair in He-Ne lasertreated wounds. J Photochem Photobiol B. 2007;86(2):87-96. 20. Medrado AR, Pugliese LS, Reis SR, Andrade ZA. Influence of low level laser therapy on wound healing and its biological action upon myofibroblasts. Lasers Surg Med. 2003;32(3):239-44. 21. Carvalho PT, Mazzer N, dos Reis FA, Belchior AC, Silva IS. Analysis of the influence of low-power HeNe laser on the healing of skin wounds in diabetic and non-diabetic rats. Acta Cir Bras. 2006;21(3):177-83. 22. Corazza AV, Jorge J, Kurachi C, Bagnato VS. Photobiomodulation on the angiogenesis of skin wounds in rats using different light sources. Photomed Laser Surg. 2007;25(2):102-6. 23. Prado RP, Liebano RE, Hochman B, Pinfildi CE, Ferreira LM. Experimental model for low level laser therapy on ischemic random skin flap in rats. Acta Cir Bras. 2006;21(4):258-62. 24. Houreld N, Abrahamse H. Irradiation with a 632.8 nm helium-neon laser with 5 J/cm2 stimulates proliferation and expression of interleukin-6 in diabetic wounded fibroblast cells. Diabetes Technol Ther. 2007;9(5):451-9. 25. Junqueira LC, Bignolas G, Brentani RR. Picrosirius staining plus polarization microscopy, a specific method for collagen detection in tissue sections. Histochem J. 1979;11(4):447-55. 26. Vizzotto Jr AO, Noronha L, Scheffel LHD, Campos ACL. Influência da cisplatina administrada no pré e pós-operatório sobre a cicatrização de anastomoses colônicas em ratos. J Bras Patol Med Lab. 2003;39(2): 143-9. 27. Coelho ICML. Infuência da desnutrição intra-uterina na cicatrização da parede abdominal de ratos lactentes avaliada mediante estudo tensiométrico e da morfometria do colágeno [tese]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná; 2003. 28. Alves MRA. Influência da nicotina, durante a gestação e lactação, na cicatrização da parede abdominal de ratos lactentes: estudo tensiométrico, morfométrico e imunohistoquímico [tese]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná; 2006. 29. Reddy GK. Photobiological basis and clinical role of low-intensity lasers in biology and medicine. J Clin Laser Med Surg. 2004;22(2):141-50. 30. Hawkins DH, Abrahamse H. The role of laser fluence in cell viability, proliferation, and membrane integrity of wounded human skin fibroblasts following helium-neon laser irradiation. Lasers Surg Med. 2006;38(1):74-83. 51 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):45-51. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 52-9, jan./fev. 2010 © ARTIGO ORIGINAL Revista Brasileira de Fisioterapia Agir em empresas de pequena e média dimensão para promover a saúde dos trabalhadores: o caso do setor de alimentos e bebidas Actions in small companies to promote occupational health: the case of the food and beverage sector Ada A. Assunção1, Rosana F. Sampaio2, Licia M. B. Nascimento3 Resumo Objetivos: Descrever as condições de trabalho em micro e pequenas empresas do setor de alimentos e bebidas e avaliar a saúde e a capacidade para o trabalho dos trabalhadores selecionados. Métodos: Foram analisados dados previdenciários e registros de exames médicos periódicos. Para as observações das condições de trabalho, utilizou-se uma ficha criada especificamente para aplicar o Diagnóstico Ergonômico Curto e, para o inquérito, o Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) e o Perfil de Saúde de Nottingham (PSN). Resultados: Os seguintes fatores de risco e situações geradoras de desconforto foram observados: transporte manual de cargas; trabalho em pé e em série; bancadas improvisadas; instalações perigosas e ferramentas em mau estado de conservação. A maioria dos trabalhadores eram homens, com idade aproximada de 32 anos. O escore médio encontrado para o ICT foi de 43 (DP=4,25), indicando boa capacidade para o trabalho. As doenças musculoesqueléticas foram as mais diagnosticadas e os sintomas mais autorrelatados. Segundo o PSN, o estado geral de saúde dos trabalhadores pode ser considerado bom. Conclusões: Apesar da relevância das empresas de pequena dimensão na economia nacional, a base familiar e o reduzido capital explicam os baixos investimentos na estrutura física e nos processos produtivos. Ainda, a falta de conhecimento sobre segurança e saúde no trabalho gera situações de risco para o empregado. Vislumbram-se resultados positivos, que poderão ser documentados por meio de monitoramento longitudinal, após esta experiência que aliou investigação, formação e intervenção para apoiar essas empresas, geralmente excluídas de ações sociais mais amplas. Palavras-chave: saúde do trabalhador; capacidade para o trabalho; percepção de saúde; condições de trabalho; pequenas empresas. Abstract Objectives: To describe working conditions in small companies in the food and beverage sector and to assess the health and the work ability of the selected workers. Methods: Social security data and records from periodic medical examinations were analyzed. For the observations of the work conditions, we used a data sheet created specifically for this study to apply the Short Ergonomic Assessment. For the survey, the Work Ability Index (WAI) and the Nottingham Health Profile (NHP) were used. Results: The following risk factors and distress-generating situations were observed: manual transport of loads; work performed while standing and in production lines; improvised workbenches; hazardous facilities; and poorly maintained machines. Most of the workers were male with a mean age of 32 years. The mean WAI score was 43 (SD=4.25), suggesting good work ability. Musculoskeletal diseases were the conditions most frequently diagnosed and the most frequently self-reported symptoms. According to the NHP, the workers’ general health status could be considered good. Conclusions: Despite the relevance of small companies in the national economy, many of them are family-based and lack the capital needed to invest in infrastructure and productive processes. Furthermore, the lack of knowledge about occupational health and safety puts employees at risk. Positive results were discerned following the present study that included investigation, training and intervention to support small companies, which are generally excluded from broader social actions. The results could be documented through the longitudinal monitoring of the companies. Key words: occupational health; work capacity; perception of health; working conditions; small companies. Recebido: 10/09/2008 – Revisado: 16/02/2009 – Aceito: 30/06/2009 1 Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (MG), Brasil 2 Departamento de Fisioterapia, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, UFMG, Belo Horizonte (MG), Brasil 3 Núcleo de Segurança e Saúde no Trabalho do Serviço Social da Indústria do Estado da Bahia, Salvador (BA), Brasil Correspondência para: Rosana Ferreira Sampaio,Departamento de Fisioterapia, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Av. Antônio Carlos, 6.627, Campus Pampulha, CEP 31270-010, Belo Horizonte (MG), Brasil, e-mail: [email protected] 52 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. Saúde e trabalho em empresas de pequena dimensão Introdução Materiais e métodos No plano econômico, os debates nos anos 1990 focalizavam a relevância das micro, pequenas e médias empresas e a sua relação com o desenvolvimento econômico e social no que diz respeito à geração de emprego e renda. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE) define o porte da empresa a partir do conceito de pessoas ocupadas, conforme os seguintes números: as microempresas: até 19 empregados, as pequenas: de 20 a 99 empregados e as médias: entre 100 e 499 empregados. Vale lembrar que essa classificação se refere ao setor de indústria e construção. No decorrer de 2001-2005, as micro e pequenas empresas, no Brasil, foram responsáveis por aproximadamente 52% dos empregos formais urbanos e por 48% dos postos de trabalhos formais1. O ramo de alimentos e bebidas (ALI-BEBI) é formado por um conjunto de atividades dirigidas ao tratamento, transformação, preparação, conservação e embalagem de produtos alimentícios. As principais matérias-primas utilizadas são de origem vegetal ou animal, e os processamentos geram produtos diversificados como pães, biscoitos, massas, grãos ensacados, derivados de leite, refrigerantes, cervejas, sucos, entre outros. Em 2007, no Brasil, o ramo ALI-BEBI contava com 42,2 mil empresas, entre elas, 86% do tipo micro e pequena, 3% média e 1% do tipo grande empresa. No conjunto, o ramo ALI-BEBI incorpora sete milhões de empregos diretos2 e adota modelos de gestão caracterizados por utilização intensa de mão-de-obra, até por grandes processos industriais altamente mecanizados3. São conhecidos os riscos ergonômicos, os acidentes de trabalho, as doenças respiratórias e dermatológicas derivadas do contato com a matéria-prima utilizada e as dificuldades na implementação de medidas de segurança no setor3,4. Entretanto, não está descrita a realidade sanitária dos pequenos estabelecimentos, devido à baixa taxa de sobrevivência logo no primeiro ano de funcionamento e à ausência de contrato típico de trabalho para grande parcela de seus trabalhadores. Os fatores mencionados podem explicar a deficiência e a invisibilidade de dados sobre adoecimento, absenteísmo ou de incapacidade para o trabalho5. No âmbito das ações do Serviço Social da Indústria do Estado da Bahia (SESI-Ba), o presente estudo teve como objetivos: descrever as condições de trabalho em micro e pequenas empresas do ramo ALI-BEBI e avaliar a saúde e a capacidade para o trabalho dos trabalhadores selecionados. Diante dos resultados obtidos, buscou-se fornecer elementos para as políticas de apoio às empresas de pequena dimensão no que diz respeito ao cumprimento da legislação pertinente e à promoção da saúde da população de trabalhadores inserida no setor. Estratégias de investigação Os autores6,7, no campo da ergonomia, sugerem analisar o trabalho em situação real, a fim de se estabelecer a ocorrência de exposição aos riscos conhecidos. Sob o princípio da escola da ergonomia da atividade, as investigações em situações de trabalho utilizam-se de métodos e técnicas as quais permitem colher dados no que se refere às vivências dos sujeitos no transcorrer das tarefas e à exposição aos riscos para a saúde. O interesse desse aporte está em identificar as contradições das organizações produtivas, pois os modelos organizacionais estabelecem normas e metas de produção, na maioria dos casos, contrárias ao bem-estar, conforto e segurança no trabalho. Sob a perspectiva da ergonomia, produção e saúde são consideradas em suas inter-relações, ressaltando-se as particularidades que se apresentam em diversos processos de trabalho6,7. Em que pese a importância da abordagem ergonômica, são conhecidos os limites de aplicação, dada a sua complexidade, que requer tempo e investimento da empresa. Para transpor esse obstáculo, a Agência Nacional para Melhoria das Condições de Trabalho (ANACT/França) propõe o diagnóstico ergonômico curto como ferramenta de intervenção8. No Brasil, Silva5 adotou o diagnóstico curto em uma fábrica de recuperação de pneus e propôs medidas de transformação das situações identificadas utilizando-se de outro instrumento simples, adotado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) chamado de pontos de verificação ergonômica9. Considerando que as empresas de pequena dimensão têm capital reduzido e recursos humanos com baixa capacitação para investir em projetos de diagnóstico e intervenção, neste estudo, optou-se por adotar a abordagem metodológica de Silva5, acrescentando-se dois objetivos: conhecer a morbidade e formar os técnicos do SESI-Ba, responsável pelo projeto de intervenção em empresas do ramo ALI-BEBI, no período de 2006 a 2007. Por meio da combinação de métodos, a estratégia adotada permitiu a coleta de dados de diferentes âmbitos (trabalho e saúde) e a definição de intervenções no nível individual e coletivo (Figura 1). Dados secundários disponíveis sobre as condições de saúde dos trabalhadores do setor também foram analisados, constituindo a base para a formulação de hipóteses e escolha dos instrumentos para o trabalho de campo. Os instrumentos utilizados auxiliaram a coleta e o registro de dados primários em dois níveis: as situações de trabalho quanto à natureza dos riscos existentes ( fase 1) e a percepção dos sujeitos sobre a sua saúde e capacidade para o trabalho ( fase 2). 53 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. Ada A. Assunção, Rosana F. Sampaio, Licia M. B. Nascimento Figura 1. Esquema ilustrativo das etapas, técnicas e principais resultados encontrados nas empresas de micro e pequeno porte do ramo ALI-BEBI. Bahia, 2006-2007. Todas as empresas que compõem o universo do estudo assinaram um termo de adesão autorizando a utilização dos dados dos trabalhadores. Os trabalhadores foram informados com relação aos objetivos do projeto e concordaram livremente com sua participação. Considerando as questões éticas envolvidas no desenvolvimento do estudo, a utilização dos dados da pesquisa foi aprovada através do documento SESI-Fundação Christiano Ottoni (FCO)/UFMG 187/05. Além disso, o SESI-Ba autorizou o uso das informações para elaboração deste artigo. Coleta de dados e instrumentação Na primeira fase do estudo, foi elaborada e testada uma ficha técnica para o diagnóstico ergonômico curto. A elaboração dessa ficha foi baseada na literatura, nas visitas exploratórias realizadas pelos técnicos da instituição patronal e no perfil de saúde segundo os dados secundários sobre as morbidades registradas em bancos específicos: exames periódicos realizados pelos médicos do trabalho da instituição patronal e frequência 54 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. de afastamentos do trabalho segundo grupo de causa. O objetivo da ficha técnica foi possibilitar o reconhecimento dos processos, os dados sobre acidentes, as condições e os locais de trabalho em todas as 32 empresas envolvidas no estudo. As observações diretas dos ambientes de trabalho foram registradas na ficha técnica e, adicionalmente, foram realizados registros fotográficos e cinematográficos das situações de trabalho. A análise dos dados obtidos das três fontes citadas permitiu capacitar a equipe para a intervenção, que utilizou os pontos de verificação ergonômica da OIT9. Esses pontos de verificação constituem um manual que oferece soluções práticas e de baixo custo para problemas ergonômicos identificados, especialmente em micro e pequenas empresas. São propostas 128 intervenções para os principais problemas ergonômicos do local de trabalho: armazenamento e manuseio de materiais, ferramentas manuais, segurança de maquinário, desenho dos postos de trabalho, iluminação, controle de substâncias e agentes perigosos, locais e instalações de serviço e organização do trabalho9. Saúde e trabalho em empresas de pequena dimensão Com base nos resultados da primeira fase, foi realizado um inquérito visando a conhecer o perfil de saúde e a capacidade para o trabalho dos empregados das empresas estudadas. Dois instrumentos traduzidos e adaptados para a população brasileira foram utilizados: Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) e Perfil de Saúde de Nottingham (PSN). Para sua aplicação, contou-se com a mesma equipe responsável pela coleta dos dados relativos ao ambiente e às situações de trabalho. O ICT é um instrumento destinado a avaliar e detectar alterações precoces no que diz respeito à capacidade para o trabalho. Devido ao seu valor preditivo, pode ser usado para recolher dados que servirão como base para a elaboração de medidas preventivas em serviços de saúde do trabalhador10. Capacidade para o trabalho pode ser entendida como “quão bem um trabalhador é capaz de realizar o seu trabalho”. O ICT oferece as facilidades de um instrumento de procedimento rápido, simples e de baixo custo11. O instrumento é composto de 60 questões referentes aos aspectos pessoais, demandas físicas e mentais presentes no trabalho, bem como sobre o estado de saúde do trabalhador. As questões são pontuadas de acordo com as instruções e fornecem um escore final que varia de sete a 49 pontos e que retrata a percepção do trabalhador sobre a sua capacidade para o trabalho. De acordo com esse escore, o índice de capacidade para o trabalho e os objetivos de quaisquer medidas a serem tomadas e implementadas são classificadas em: sete a 27 pontos (baixa capacidade para o trabalho - restaurar a capacidade); 28 a 36 pontos (moderada capacidade para o trabalho - melhorar a capacidade); 37 a 43 (boa capacidade para o trabalho - melhorar a capacidade) e 44 a 49 pontos (ótima capacidade para o trabalho - manter a capacidade)10-12. O PSN é um instrumento genérico de avaliação do estado geral de saúde e é formado por 38 itens baseados na classificação de incapacidade descrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com formato sim/não. Os itens estão organizados em seis categorias que englobam nível de energia, dor, reações emocionais, sono, interação social e habilidades físicas. Cada categoria do PSN recebe um escore que varia de zero a 100, sendo que zero indica o melhor estado de saúde e 100 corresponde ao pior estado de saúde13,14 . As análises descritivas e inferenciais dessa segunda fase do projeto foram realizadas com o pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 12.0, sendo considerado nível de significância =0,05. Resultados Os principais resultados encontrados em cada fase do trabalho e as intervenções resultantes são apresentados de forma resumida e articulados em dois blocos distintos. Participaram do estudo 32 empresas de micro e pequeno porte, distribuídas nos seguintes sub-ramos ALI-BEBI: panificação (13), moagem e grânulos (5), alimentos (11) e bebidas (3). Essas empresas empregavam um total de 532 trabalhadores, sendo a maioria do sexo masculino (67,7%). Em relação à prevalência de acidentes, nove empresas (28,1%) registraram acidentes no período; oito (25%) negaram a ocorrência e quinze (46,9%) não possuíam registros. Diagnóstico das condições de trabalho O diagnóstico ambiental e ergonômico teve como foco as instalações, equipamentos e utensílios, manipulação, armazenamento e acondicionamento de matéria-prima. Nessa análise, foram identificadas as condições atuais de cada empresa e promovida orientação, tomando como referência os pontos de verificação ergonômica da OIT. Adotou-se como parâmetro o conteúdo da NR17 e os regulamentos do Ministério da Agricultura e Abastecimento específicos para o ramo ALI-BEBI. Foram evidenciados os seguintes fatores de risco e situações geradoras de desconforto: exigências de transporte manual de cargas; trabalho em pé e em série; presença de bancadas improvisadas; instalações perigosas, principalmente no tocante à precária manutenção das máquinas; uso de ferramentas manuais como facas e estiletes em mau estado de conservação; exposição a microclima penoso, associado à inadequação da área física e ao cozimento de produtos largamente empregados no ramo ALI-BEBI. Observaram-se, ainda, cuidados pessoais precários e trabalhadores com regiões corporais em estado íntegro ou com ferimentos expostos ao contato com os produtos em fabricação. A partir dessas verificações, recomendou-se a formulação de projetos de vestimentas/uniformes, configurando uma segunda linha de intervenção da presente investigação. Ressalta-se a finalidade de transformação das práticas adotadas, as quais foram avaliadas em situações concretas de trabalho. Saúde e trabalho A exposição a esses riscos descritos explica, em parte, os benefícios concedidos pela Previdência Social para os trabalhadores do ramo ALI-BEBI, destacando-se, em 2006, como principais causas de afastamento do trabalho: lesões, traumatismos e envenenamentos; doenças osteomusculares; e doenças do ouvido e audição. As lombalgias estão entre os principais diagnósticos específicos dos benefícios ocupacionais e nãoocupacionais no período estudado e podem estar associadas ao trabalho em pé, em série e ao transporte manual de cargas. As fraturas de dedos, que também provocaram o afastamento do trabalho, justificam futuras medidas de prevenção, visando 55 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. Ada A. Assunção, Rosana F. Sampaio, Licia M. B. Nascimento a aprimorar os projetos de máquinas em patamares de segurança superiores ao identificado15. Ressaltam-se, ainda, os diagnósticos encontrados no exame periódico, com marcante prevalência de problemas musculoesqueléticos, tais como dores lombares, dormências nos membros inferiores e superiores e tendinites. Com base nos resultados anteriores, foi realizado um inquérito utilizando a combinação de dois instrumentos (ICT e PSN) para se conhecer a capacidade para o trabalho e o perfil de saúde dos trabalhadores. Participaram, dessa fase do estudo, 23 das 32 empresas que constituíram o universo analisado. A amostra dessa etapa foi constituída de 378 trabalhadores (71,0%), com idade variando de 17 a 74 anos e média igual a 32 anos (DP=9,71). Dos 378 participantes, 246 (65,1%) eram homens e 132 (34,9%) mulheres. Em relação ao estado civil, a maioria era solteira (38,4%) e aproximadamente a metade (188) cursou o Ensino Médio. Os resultados do ICT mostraram que os trabalhadores apresentaram escore médio de 34 (DP=3,62), considerado moderada capacidade para o trabalho. A maioria dos trabalhadores exibiu capacidade moderada para o trabalho (67,7%), seguida de boa capacidade (26,2%), e poucos participantes tiveram baixa capacidade para o trabalho (6,1%). Neste estudo, nenhum trabalhador apresentou capacidade máxima, considerada ótima. Tais resultados revelaram elevado número de trabalhadores que seriam beneficiados por programas dirigidos para a melhoria da capacidade para o trabalho, sobretudo por se tratar de população jovem. Tabela 1. Descrição dos escores por domínios do Perfil de Saúde de Nottingham (PSN) nos trabalhadores estudados (n=378). Bahia, 2006-2007. Nível de energia Dor Reações emocionais Sono Interação social Habilidades físicas Média 11,30 9,06 11,71 8,96 8,58 8,75 Desvio-padrão 21,63 17,87 16,82 19,98 15,96 16,65 Mínimo e Máximo 0–100 0–100 0–87,2 0–100 0–78 0–81,3 Tabela 2. Correlação entre a capacidade para o trabalho (ICT), idade e domínios do Perfil de Saúde de Nottingham nos trabalhadores estudados (n=378). Índice de Capacidade para o Trabalho Significância r Valor p Idade -0,254 0,000 S Nível de energia -0,304 0,000 S Dor -0,485 0,000 S Reações emocionais -0,356 0,000 S Sono -0,308 0,000 S Interação social -0,120 0,019 S Habilidades físicas -0,330 0,000 S 56 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. O ICT permitiu, também, o levantamento das principais doenças e lesões relatadas pelos trabalhadores e diagnosticadas por um profissional de saúde. Entre as principais doenças e lesões autorrelatadas, destacaram-se as musculoesqueléticas (107), as doenças coronarianas e do aparelho digestivo (28) e as doenças endócrino-metabólicas e distúrbios emocionais (26). Os diagnósticos clínicos mais frequentes foram doenças musculoesqueléticas (66), doenças coronarianas (33), endócrinometabólicas (26) e as do aparelho digestivo (24). Em uma análise mais detalhada, o sexo apresentou associação significativa com a capacidade para o trabalho, tendo as mulheres manifestado pior ICT (média=33, DP=3,76) quando comparadas aos homens (média=34, DP=3,48) - (p=0,034). A idade também foi outro fator que se correlacionou com a capacidade para o trabalho, sendo que os mais jovens tiveram melhor capacidade. As intervenções visando à adequação do ambiente podem evitar os efeitos nocivos na população ainda jovem e retardar ou atenuar os efeitos esperados no grupo de trajetória profissional mais longa e idade mais avançada. De acordo com os resultados do PSN apresentados na Tabela 1, pode-se afirmar que o estado geral de saúde dos trabalhadores estudados é bom, com a maioria dos participantes apresentando escores nas categorias do PSN em torno de 10 pontos. Cabe destacar que, entre as seis categorias do PSN, as que concentraram os melhores escores foram: interação social, habilidades físicas e sono. Os piores escores do estado geral de saúde foram identificados nas categorias reações emocionais, nível de energia e dor. Em relação às análises feitas das medidas da capacidade para o trabalho (ICT) e do estado geral de saúde (PSN), foi encontrada correlação significativa entre todos os domínios do PSN e o escore do ICT, indicando relação positiva entre o estado geral de saúde e a maior capacidade para o trabalho dos participantes (Tabela 2). É relevante destacar que, apesar de a maioria dos trabalhadores apresentar bom perfil de saúde, de acordo com o PSN, existe expressiva variabilidade no grupo estudado, o que demonstra a existência de indivíduos cujo perfil de saúde é ruim (escore máximo ou próximo do máximo [100] em todas as categorias do instrumento). Discussão Os resultados deste trabalho são coerentes com estudos anteriores que evidenciaram a complexidade de projetos voltados para a promoção da saúde e melhoria das condições de trabalho em empresas de pequena dimensão16. Nesse sentido, mostrou-se vantajosa a estratégia de se utilizarem conceitos de diferentes campos de conhecimento (ergonomia, Saúde e trabalho em empresas de pequena dimensão epidemiologia, saúde do trabalhador e fisioterapia) e articularem-se informações obtidas de variadas fontes e meios de coleta (dados secundários, observação, autorrelato, filmagens, instrumentos padronizados). Essa estratégia permitiu suprir a clássica carência de indicadores no setor. Ademais, a estratégia adotada pode ser uma via para contornarem-se as dificuldades em se desenvolverem estudos epidemiológicos longitudinais ou estudos ergonômicos aprofundados, pois ambos implicam custos elevados e longos períodos de coleta de dados. A agência européia para segurança e saúde no trabalho tem sugerido a adoção de métodos complementares que permitam avaliar as condições de trabalho e a saúde dos trabalhadores em empresas de pequena dimensão15. Está em evidência, na atualidade, a busca de modelos de atenção à saúde que extrapolem a assistência médico-curativa. A OMS17 cita os limites da prescrição de certos comportamentos individuais, pois seria um tipo de abordagem contrária aos princípios da promoção de saúde. Por sua vez, as práticas de reabilitação supõem uma capacidade de atuar sobre os determinantes dos problemas sanitários, incidindo sobre as condições de vida da população, entre as quais, destacam-se, neste artigo, as condições de trabalho. Se por um lado, os princípios da promoção da saúde estão razoavelmente difundidos na área da saúde, por outro lado, ainda resta o desafio de traduzi-los em planos de ação, estratégias, formas de intervenção e instrumental metodológico18. A abordagem adotada neste estudo pode contribuir para diminuir essas lacunas ao identificar a pertinência do uso de instrumentos para avaliar e monitorar a capacidade funcional e a saúde geral dos trabalhadores no contexto de estudos ergonômicos. Viu-se que, em empresas de pequena dimensão do ramo ALI-BEBI, as ações específicas de fisioterapia voltadas para o cuidado individual e coletivo configuram-se práticas coerentes no âmbito da promoção da saúde. Os resultados obtidos indicam a necessidade de se implementarem medidas educativas relativas ao estilo de vida bem como exames periódicos de saúde e justificariam intervenções visando a educar o gesto corporal e a precária condição de nutrição dos trabalhadores avaliados por ocasião dos exames médicos periódicos, que mostraram índices de obesidade conjugados à elevada frequência de hiperglicemia. A prevalência de doenças musculoesqueléticas principalmente lombalgias, fraturas de dedo, escores baixos de saúde nos domínios nível de energia e dor (PSN), capacidade para o trabalho boa a moderada, dentre outros, demandam, para além da assistência, avaliações mais detalhadas e o desenvolvimento de projetos específicos na área da fisioterapia. A capacidade para o trabalho tem a ver com as qualificações do trabalhador para lidar com as exigências da produção, sendo o resultado da interação de sua capacidade física, mental e social. Esse indicador resulta de um processo dinâmico que envolve recursos do indivíduo em relação ao seu trabalho e pode ser influenciado por vários fatores, como condição de saúde, características sociodemográficas e do trabalho, estilo de vida e idade12-19. Os resultados do ICT podem corroborar os argumentos para agir junto às instituições de apoio às empresas de pequena dimensão, visando à implementação, a curto prazo, de medidas de adequação das condições de trabalho e promoção de práticas saudáveis dos sujeitos que apresentaram ICT moderado, principalmente devido à concentração de trabalhadores jovens no setor12. Sugere-se, ainda, atenção especial aos extremos relacionados ao pequeno grupo cujo ICT foi ruim. A pior capacidade para o trabalho encontrada entre as mulheres, quando comparadas aos homens, evoca as explicações já conhecidas e debatidas na literatura sobre a desigualdade por gênero no âmbito do emprego e da produção20,21. A abordagem neutra em termos de gênero nas políticas e na legislação contribui para a invisibilidade dos riscos do trabalho diferenciados por gênero22. Os riscos para a saúde relacionados ao trabalho feminino costumam ser subestimados e negligenciados tanto nos projetos investigativos como na prevenção. Fatores culturais, modos de gestão do tipo doméstico, informalidade do processo de trabalho no ramo ALI-BEBI merecem análise aprofundada no futuro quanto às relações de gênero, à semelhança do proposto pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)23,24. Quanto ao perfil de saúde, optou-se pela aplicação de um instrumento autorreferido, por se considerar importante a percepção do estado de saúde pelo próprio trabalhador25,26. O PSN apresentou valores que indicam boa qualidade do estado geral de saúde dos trabalhadores avaliados. Destacam-se os piores escores identificados nos domínios reações emocionais, energia e dor. A ocorrência de doenças musculoesqueléticas e condições nocivas de trabalho fornece pistas para a compreensão desses achados. É relevante indicar que, apesar do bom escore encontrado no PSN, existe forte variabilidade no grupo estudado, o que justifica a implementação de medidas educativas quanto ao estilo de vida bem como exames periódicos de saúde que possibilitem a detecção precoce de problemas de saúde. Diferentes estudos que analisam a capacidade para o trabalho e o perfil de saúde no trabalho chamam a atenção para a importância de se ponderar sobre o efeito do trabalhador sadio ao se discutirem os resultados. Em outras palavras, o bom resultado da capacidade para o trabalho e do perfil de saúde identificados nos trabalhadores deste estudo pode estar relacionado ao 57 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. Ada A. Assunção, Rosana F. Sampaio, Licia M. B. Nascimento processo seletivo de admissão para o trabalho e a não-inclusão na amostra daqueles indivíduos afastados ou que faltaram ao emprego por motivo de doença11,12. No entanto, é plausível utilizar resultados do ICT e do PSN como indicadores da capacidade funcional e da saúde dos trabalhadores, cuja associação com outras avaliações semelhantes àquelas propostas no presente estudo possibilita, de imediato, um diagnóstico inicial e a implementação de intervenções. Para o futuro, será possível o monitoramento individual e coletivo dos trabalhadores da pesquisa com vistas à construção de um sistema de vigilância que possibilite a implementação de medidas corretivas a curto prazo. Uma avaliação ampliada dos fatores que desencadeiam sintomas, doenças e acidentes do ambiente de trabalho pode orientar a busca de soluções para aumentar o equilíbrio entre capacidade e demanda do trabalho. Viu-se a coerência entre os dados previdenciários sobre afastamento do trabalho (doenças osteomusculares), os dados dos exames periódicos sobre estilo de vida (hábito de fumar, ingestão de bebida alcoólica e prática de exercícios físicos) e as condições ambientais (demandas físicas). Pode-se inferir que a capacidade funcional e a saúde em geral constatada estejam associadas aos riscos identificados e ao perfil de afastamento do trabalho. Muitos fatores têm contribuído individualmente ou combinados para a ocorrência de doenças osteomusculares no trabalho. Entre os fatores físicos, destacam-se uso de força, repetição de movimentos, postura estática, vibração e trabalho em ambientes frios. Os fatores organizacionais incluem alta demanda, falta de controle sobre o trabalho, pouca satisfação, repetição, pressão de tempo e falta de suporte dos colegas e supervisores/empregadores. História médica, capacidade física e idade encontram-se entre os fatores de riscos individuais. Alguns estudos têm demonstrado que trabalhadores em empregos precários, muitos sem contrato fixo, são mais expostos ao trabalho repetitivo e a posturas inadequadas27,28, fatores presentes nas empresas focalizadas no presente estudo. Em geral, mulheres são menos expostas a fatores de risco físicos, ainda que movimentos de mão/braço e posturas inadequadas sejam experimentados igualmente por ambos os gêneros. No entanto, é conhecido que em certos trabalhos e setores, as mulheres apresentam risco mais alto de desenvolver doença osteomuscular. Melhorias nas condições de trabalho e programas de promoção da saúde em geral podem evitar afastamentos temporários ou definitivos e o envelhecimento prematuro em decorrência do trabalho, com atenção especial voltada para a saúde das mulheres. Nesse sentido, destaca-se a implementação de boas práticas nas empresas de pequena dimensão na tentativa de reduzir ou evitar o aparecimento de doenças osteomusculares como, por exemplo, a modificação de tarefas para evitar prolongado período em pé ou o manuseio de cargas. Para alguns autores, apesar da relevância das empresas de pequena dimensão na economia nacional, a base familiar e o reduzido capital explicam os baixos investimentos na estrutura física e no controle dos processos produtivos. Aliado a isso, a falta de conhecimento sobre segurança e saúde no trabalho gera situações de risco para o empregado5. Diante dos fatores mencionados, alerta-se para o risco de pequena sobrevida das micro e pequenas empresas e dos efeitos sociais no âmbito da regulação do emprego. Benefícios evidentes e mensuráveis para essas empresas somente se tornarão aparentes em longo prazo, justificando-se o monitoramento longitudinal previsto pela instituição patronal responsável pela solicitação dessa investigação. Ademais, vislumbram-se resultados positivos da experiência que aliou investigação, formação e intervenção para apoiar as empresas de pequena dimensão, geralmente excluídas de ações sociais mais amplas. Referências bibliográficas 1. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE; Departamento Intersindical de Estatística e Estudos SocieconômicosDIEESE. Anuário do trabalho na micro e pequena empresa. Brasília: DIEESE; 2007. 2. Lins C, Ouchi HC, Steger U. Sustentabilidade corporativa – alimentos e bebidas. III Seminário Nacional sobre responsabilidade social corporativa [homepage na internet]; 2006 Nov 28; FGV-IBRE. Rio de Janeiro: FBDSFundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. [atualizada em 2007; acesso em 2007 Out 21]. Disponível em URL: www.fbds.org.br/ Apresentacoes/FBDS-IMD-AlimentoseBebidas.pdf. 3. Ward LA. Industria de las bebidas. In: Enciclopedia de salud y seguridad en el trabajo. 3ª ed. Espana: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales; 2001. p. 65.2-65.16.6. 58 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. 4. Berkowitz DE. Industria alimentaría. In: Enciclopedia de salud y seguridad en el trabajo. 3ª ed. Espana: Ministerio de Trabajo y Asuntos Socialles; 2001. p.67.2-67.33. 5. Silva GCC. Abordagem ergonômica em PMES: um estudo de caso numa indústria de pneus remoldados [dissertação]. Rio de Janeiro: COPPEUniversidade do Rio de Janeiro; 2007. 6. Falzon P. Natureza, objetivos e conhecimentos de ergonomia: Elementos de uma análise cognitiva da prática. In: Falzon P (editor). Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher; 2007. p. 3-19. 7. Dejours C, Molinier P. O trabalho como enigma. In: Lancman S, Sznelwar LI (Editors). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Brasília: Paralelo 15 e Editora Fiocruz; 2004. p.127-39. Saúde e trabalho em empresas de pequena dimensão 8. Agence National pour l´améliorations des Conditions de Travail (ANACT) [homepage na internet]. Le diagnostic court de l’ANACT. Paris: ANACT; [atualizada em 2006 ; acesso e, 2006 Mar 23]. Disponível em: http://www. ddtefp35.travail.gouv.fr/fr/maj-e/c1a2j714/accompagner-les-entrepriseset-les-demandeurs-d-emploi/accompagnement-des-restructurations/lediagnostic-court-de-l-anact.htm 9. International Labour Office; International Ergonomics Association. Pontos de verificação ergonômica. Soluções práticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. Traduzido por Ministério da Saúde – Brasil. São Paulo: Fundacentro; 2001. 10. Tuomi K, Ilmarinen J, Jahkola A, Katajarinne L, Tulkki A. Índice de capacidade para o trabalho. Tradução de FM Fischer. Helsinki: Instituto de Saúde Ocupacional; 1996. 11. Belluschi SM, Fischer FM. Envelhecimento funcional e condições de trabalho em servidores forenses. Rev Saúde Pública. 1999;33(6):602-9. 12. Sampaio RF, Coelho CM, Barbosa FB, Mancini MC, Parreira VF. Work ability and stress in a bus transportation company in Belo Horizonte, Brazil. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(1):287-96. 18. Sícoli JL, Nascimento PR. Promocção da saúde: concepções, princípios e operacionalização. Interface Comunic Saúde Educ. 2003;7(12): 101-22. 19. Martinez MC. Estudo dos fatores associados à capacidade para o trabalho em trabalhadores do setor elétrico [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; 2006. 20. Araújo TM, Godinho TM, Reis JFBE, Almeida MMG. Diferenciais de gênero no trabalho docente e repercussões sobre a saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2006;11(4):1117-29. 21. Salim CA. Doenças do trabalho: exclusão, segregação e relações de gênero. São Paulo Perspect. 2003;17(1):11-24. 22. European Agency for Safety and Health at Work. Mainstreaming gender into occupational safety and health. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities; 2005. 23. Unidad Mujer y Desarrollo; Comisión Económica para América Latina y el Caribe-CEPAL. Guía de asistencia técnica para la producción y el uso de indicadores de género. Santiago; Chile: CEPAL, UNFPA, UNIFEM; 2006. 13. Finch EP, Brooks D, Stratford PW, Mayo NE. Physical rehabilitation outcomes measures: a guide to enhanced clinical decision making. Canada: Lippincott Williams and Wilkins; 2002. 24. Pautassi LC. Há igualdade na desigualdade? Abrangência e limites das ações afirmativas. Sur Rev Int Direitos Human. 2007;4(6):70-93. 14. Teixeira-Salmella LF, Magalhães LC, Souza AC, Lima MC, Lima RCM, Goular F. Adaptação do perfil de saúde de Nottingham: um instrumento simples de avaliação da qualidade de vida. Cad Saúde Pública. 2004;20(4):905-14. 25. Barros MVG, Nahas MV. Comportamentos de risco, auto-avaliação do nível de saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da indústria. Rev Saúde Pública. 2001;35(6):554-63. 15. Serviço Social da Industria da Bahia – SESI BA. Saúde e condições de trabalho no ramo de alimentos e bebidas no Estado da Bahia, diagnóstico realizado em parceria com o instituto de saúde coletiva da Universidade Federal da Bahia; 2005. 26. Fonseca SA, Blank VLG, Barros MV, Nahas MV. Percepção de saúde e fatores associados em industriários de Santa Catarina, Brasil. Cad Saúde Pública. 2008;24(3):567-76. 16. European Agency for Safety and Health at Work. Promoting health and safety in European Small and Medium-sized Enterprises (SMEs). Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities; 2005. 17. World Health Organization-Regional Office for Europe. Health promotion: discussion document on the concept and principles. Copenhagen: WHORegional Office for Europe; 1984. 27. Buckle PW, Devereux JJ. The nature of work-related neck and upper limp musculoskeletal disorders. Appl Ergon. 2002;(33):207-17. 28. European Agency for Safety and Health at Work. Safety and health at work european good practice awards 2007. Prevention of workrelated MSDs in practice. A european campaign on musculoskeletal disorders. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities; 2008. 59 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):52-9. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 60-7, Jan./Feb. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia ORIGINAL ARTICLE Maximal respiratory pressure in healthy 20 to 89 year-old sedentary individuals of central São Paulo State Pressões respiratórias máximas em indivíduos saudáveis sedentários de 20 a 89 anos da região central do Estado de São Paulo Rodrigo P. Simões1, Ana P. L. Deus1, Marco A. Auad2, Jadiane Dionísio1, Marisa Mazzonetto3, Audrey Borghi-Silva1 Abstract Objectives: To evaluate respiratory muscle strength (RMS) in a sample composed exclusively of healthy sedentary individuals and to compare with predicted values, to investigate the relationship between maximal inspiratory pressure (MIP) and maximal expiratory pressure (MEP) and age, weight and height, and propose predictive equations of MIP and MEP for this population. Methods: Subjects were 140 healthy and sedentary individuals: 70 males (5520 years) and 70 females (5421 years), separated into groups according to age. The RMS was obtained with an aneroid vacuum manometer (300 cmH2O). Results: There was a significant reduction in RMS with increasing age (ANOVA one-way, p<0.05). Moreover, the RMS values decreased significantly from age 40 compared to the predicted values (Student t test, p<0.05). There were also significant correlations of RMS with age, weight and height (Pearson correlation, p<0.05). The predictive equations using linear regression for maximal respiratory pressures according to sex showed that age in males and females and weight in females influenced the prediction of the MIP and MEP values. Conclusions: Our results showed that age and anthropometric characteristics influence RMS values. In addition, the RMS values were lower compared to the predicted values from age 40 because the sample was composed exclusively of sedentary individuals. In this context, we propose equations to predict the MIP and MEP values exclusively for healthy, sedentary individuals from 20 to 89 years of age. Article registered in the Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR) under the number ACTRN12608000511336. Key words: respiratory system; respiratory muscles; muscle strength. Resumo Objetivos: Avaliar a força muscular respiratória (FMR) em uma amostra composta apenas por indivíduos sedentários saudáveis e comparar com os valores preditos; correlacionar os valores de pressão inspiratória máxima (PImáx) e expiratória máxima (PEmáx) com a idade, peso e altura, e propor equações preditivas de PImáx e PEmáx para essa população. Métodos: Foram selecionados 140 indivíduos saudáveis e sedentários, sendo 70 homens (5520 anos) e 70 mulheres (5421 anos) que foram separados em grupos de acordo com a idade. A FMR foi obtida por meio de um manovacuômetro aneroide (300 cmH2O). Resultados: Foi verificada redução significativa da FMR com o avançar da idade (ANOVA one-way, p<0,05). Além disso, os valores de FMR foram significativamente menores em relação aos valores preditos a partir dos 40 anos (Teste t de Student, p<0,05). Também foram observadas correlações significativas da FMR com a idade, peso e altura (correlação de Pearson, p<0,05). Quando realizadas as equações preditivas por meio de regressão linear para as pressões respiratórias máximas em cada gênero, verificou-se que a idade em ambos os sexos e o peso para as mulheres exerceram influência na predição dos valores de PImáx e PEmáx. Conclusões: Os resultados mostraram que a idade e as características antropométricas exercem influência nos valores de FMR. Os valores de FMR foram menores em relação aos valores preditos devido ao fato de a amostra ser composta exclusivamente por sujeitos sedentários. Neste contexto, propõem-se equações para predizer os valores de PImáx e PEmáx exclusivamente para indivíduos saudáveis sedentários de 20 a 89 anos. Artigo registrado na Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR) sob o número ACTRN12608000511336. Palavras-chave: sistema respiratório; músculos respiratórios; força muscular. Received: 29/10/2008 – Revised: 16/03/2009 – Accepted: 19/05/2009 1 Department of Physical Therapy, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos (SP), Brazil 2 Department of Biotechnology, UFSCar 3 Department of Physical Therapy, Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO), Descalvado (SP), Brazil Correspondence to: Rodrigo Polaquini Simões, Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar, Departamento de Fisioterapia, UFSCar, Rodovia Washington Luiz, km 235, Monjolinho, CEP 13565-905, São Carlos (SP), Brazil, e-mail: [email protected] 60 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. Respiratory muscle strength in healthy individuals Introduction Respiratory muscle strength (RMS) is related to fitness, post-surgical morbidity and mortality1 and individual ventilatory capacity2. Dysfunction in this musculature can lead to hyperventilation, reduction in exercise tolerance and even respiratory insufficiency3. The evaluation of RMS is of great clinical importance4 and can be measured by static and dynamic maneuvers. Static maneuvers infer RMS through the measurement of sub- and supra-atmospheric pressure generated by the inspiratory and expiratory muscles respectively, i.e. maximal inspiratory pressure (MIP) and maximal expiratory pressure (MEP). These pressures evaluated through the mouth reflect the pressure that is being generated by the action of respiratory muscles1,5,6. This technique has been widely used and its objectives are to identify possible weakness, fatigue and respiratory muscle failure7, as well as to quantify the effects of respiratory training8,9. The evaluation of respiratory muscle strength through maximal respiratory pressure (MRP) has been used since the 1960s and 70s because of its important diagnostic and prognostic role in neuromuscular10, lung11 and cardiovascular12 disease. It is a quick, simple, practical, low-cost and non-invasive method13-15 for the evaluation of both healthy individuals and individuals with certain chronic diseases2. Interestingly, studies have found a link between RMS and the level of physical activity evaluated by the Baecke, Burema and Frijters16 questionnaire, an instrument validated in Brazil17 which has questions about sports activities, occupation and leisure habits. Neder et al.1 evaluated peripheral muscle strength through the peak torque of knee extensors, and RMS of 100 healthy subjects. The authors found a positive correlation between both measures (RMS and peripheral muscle strength) and the level of physical activity, regardless of the subjects’ sex and age. Furthermore, no study was conducted using a sample composed only of sedentary individuals. Studying this population, it would be possible to propose predicted MIP and MEP values that can be more comparable to many disorders and diseases. Considering the fact that the RMS values are directly linked to the level of physical activity, the purposes of this study were to evaluate the values obtained for maximal respiratory muscle strength in a sample composed only of healthy, sedentary individuals and compare them with predicted values, to investigate the relationship between the MIP and MEP values and age, weight and height, and propose predictive equations for MIP and MEP in health, sedentary Brazilian individuals. Methods Subjects Subjects were invited by previously distributed pamphlets and were submitted to screening. One hundred and forty individuals were selected from six cities in central São Paulo state and were evaluated at three universities in this region. The subjects studied were students, staff and individuals participating in other university programs. None of the subjects had knowledge of the measurements taken or the proposed objectives of the study. Subjects were between 20 and 89 years old, and they were separated into two groups: male (M) (N=70) and female (F) (N=70). Each group was divided into seven subgroups of 10 individuals according to age, subgroup 1 (S1): 20 to 29 years, S2: 30 to 39 years, S3: 40 to 49 years, S4: 50 to 59 years, S5: 60 to 69 years, S6: 70 to 79 years, and S7: 80 to 89 years of age (more details about subject characteristics in Results - Table 1). Ethics aspects All of the procedures were described in detail in the consent form signed by the subjects prior to the study. The subjects were also informed of the objectives of the study, which was in accordance with resolution 196/96 of the National Health Council, Table 1. Anthropometric characteristics of subjects according to sex and age subgroups. Subgroups / age (years) N PAP 20-29 (S1) 30-39 (S2) 40-49 (S3) 50-59 (S4) 60-69 (S5) 70-79 (S6) 80-89 (S7) 10 10 10 10 10 10 10 7.90.8 7.10.5 6.70.7 6.90.6 6.20.6 6.10.3 6.10.2 Age (years) 252 352 452 562 653 753 842 Males (N=70) Height Weight (m) (Kg) 1.730.02 747 1.710.10 7913 1.700.09 704 1.660.05 683 1.650.03 633 653 1.610.06 1.590.03 623 BMI (Kg/m2) 242 273 241 251 232 252 252 Age (years) 242 354 453 553 652 752 863 Females (N=70) Height Weight (m) (Kg) 1.640.04* 628* 1.640.05* 627* 1.650.06 684* 1.620.03 654* 1.610.04 663 1.580.03 623 1.590.02 634 BMI (Kg/m2) 232 233* 252 251 261* 252 251 Data expressed in mean and standard deviation. N=number of subjects of each sex; PAP=Physical Activity Pattern (Baecke questionnaire); BMI=Body Mass Index; * p<0.05 between male and female of the same age. S1=subgroup 1 (20-29 years); S2=subgroup 2 (30-39 years); S3=subgroup 3 (40-49 years); S4=subgroup (50-59 years); S5=subgroup 5 (60-69 years); S6=subgroup 6 (70-79 years); S7=subgroup 7 (80-89 years). There was no significant intragroup difference. 61 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. Rodrigo P. Simões, Ana P. L. Deus, Marco A. Auad, Jadiane Dionísio, Marisa Mazzonetto, Audrey Borghi-Silva and with the Declaration of Helsinki developed by the World Medical Association. Additionally, this study was approved by the Human Research Ethics Committee of Universidade Camilo Castelo Branco under protocol number 566-761/04. Criteria for inclusion Subjects in this study were clinically healthy, sedentary individuals with a BMI between 18.5 and 24.9 Kg/m2 and between 25.0 and 29.9 Kg/m2 in accordance with the World Health Organization classifications18 for healthy and overweight individuals, respectively. Aside from this, subjects had normal values of lung function, no habit of smoking, no cardiovascular or respiratory disease, no skeletal muscle and neuromuscular diseases, no cognitive deficits and no difficulty in understanding the maneuver procedures. They did not present sleep dyspnea, cyanosis or thoracic structural alterations and had not had an infection in the previous six months. Clinical evaluation Individuals were considered healthy based on previous clinical and physical exams and an anamnesis that included identification data, past illnesses and surgeries. A comprehensive medical history was also taken. The evaluations were performed by a physician at each university. A visual examination was then administered to identify possible alterations in the thoracic and abdominal regions such as cutaneous folds and accentuated structural deviations in the spine that might alter respiratory dynamics. Additional exams also performed were: a resting 12-lead standard electrocardiogram (Electrocardiograph – FUNBEC, São Paulo, SP, Brazil); oxygen peripheral saturation (Takaoka Oxifast, São Paulo, SP, Brazil); heart rate measurement (cardiac monitor - Ecafix TC 500, São Paulo, SP, Brazil) and respiratory rate; arterial pressure (sphygmomanometer – BD, São Paulo, SP, Brazil) and spirometry. The spirometry tests were performed using the Vitalograph 2120 portable spirometer (Vitalograph Ltda, Buckingham, England). The subjects completed at least three acceptable maximal forced and slow expiratory maneuvers. Technical procedures, acceptability and reproducibility criteria were those recommended by the American Thoracic Society and by the Brazilian Respiratory Society19-21. Physical activity pattern To evaluate the physical activity of the subjects, questions about sports activities, occupation and leisure habits were detailed and quantified by the Baecke, Burema and Frijters16 questionnaire for epidemiological studies. The questionnaire included four questions about sport activities, eight about 62 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. occupational activities and four about leisure habits. This questionnaire was validated in Brazil by Florindo and Latorre17 in 2003. According to the sum of the questionnaire scores, individuals could be classified as sedentary, active or trained. In accordance with the criteria for inclusion in the sample, only sedentary individuals were selected, i.e. with scores up to 8 (47 subjects scored 6, 51 scored 7 and 42 scored 8). Anthropometry Body height was determined using a stadiometer. Total body mass was measured using a calibrated scale (Welmy, São Paulo, SP, Brazil). Both measurements were performed while the subjects were standing barefoot and wearing light clothing. The collection and evaluation of personal data, anthropometric measurements and respiratory muscle strength were carried out at the research facilities of each of the three universities. The procedures were always performed at the same time of day (in the morning). The temperature (between 22 and 24°C) and the humidity (between 40 and 60%) at each evaluation site were maintained using a thermo-hygrometer (Minipa – MT 242, Planalto Paulista, SP, Brazil). Respiratory muscle strength In accordance with the protocol described by Neder et al.1 for obtaining MIP and MEP, an aneroid vacuum manometer (GER-AR, São Paulo, SP, Brazil) with an operational interval of 300 cmH2O was used. A rubber tube mouthpiece with internal diameter of 32 mm was coupled with a plastic piece that had a leak with a diameter of approximately 2 mm7 that allowed a small amount of air to escape to avoid any elevation of pressure within the oral cavity by contraction of the facial muscles22. This plastic piece was coupled with a 30-cm trachea of 30 mm in diameter attached to the vacuum manometer, according manufacturer specifications. First, the subjects were instructed to remain in a seated position. A demonstration of how the maneuvers should be carried out was given and then performed by the subject, after the placement of a nose clip. The subjects were instructed to keep their lips sealed tightly around the mouthpiece so no air could escape. Additionally, the calibration of the equipment was tested weekly, assuring reliability of the data collected. The MIP values were obtained by inspiration from residual volume (RV)23, which was repeated at least three times with a one-minute interval between repetitions. The MEP was then obtained by expiration from total lung capacity (TLC), using the same methodology applied in the inspiration23. During the MIP maneuver, the subject kept the mouthpiece in the oral cavity only during the inspiration, and in MEP maneuver only during the expiration. The maneuvers were sustained at maximal force for Respiratory muscle strength in healthy individuals approximately one second and the highest value was computed from a minimum of three repetitions for each maneuver (at differences of 10% or less between values for each repetition)1. The vacuum manometry measurements for all individuals were carried out by a single evaluator, with standardized verbal instructions, and were always performed at the same time of day (in the morning). The evaluations were performed by the same examiners (three physical therapists). The first was responsible for personal data collection and application of the physical activity questionnaire, the second responsible for anthropometric assessments, and the third for any procedure related to respiratory pressure measurements (demonstration of maneuvers, application of techniques and verbal commands). To calculate the predicted RMS values, we considered the equations of Neder et al.1, Black and Hyatt22 and Vincken, Ghezzo and Cosio24. For each value of the predictive equations, we considered the lower and upper thresholds of normality, adding or subtracting from the predicted value the product between 1.645 and the standard error of the estimate (1.645xSEE)25. Statistical analysis The sample size was calculated by using the software GraphPad StatMate, version 1.01. To attain statistical significance (p<0.05 at a power of 95% with a confidence interval of 5%), a sample size of nine subjects was required for each subgroup in each group to obtain a 0.2 difference in MIP and MEP in males and females (total sample of 126 individuals). However, the total sample was 140. The Kolmogorov-Smirnov test was applied to verify the distribution of the data, and after normal distribution was confirmed, it was then matched with paired samples. To compare the obtained values with the predicted values for MRP, the Student t test for independent samples was used. Analysis of variance (ANOVA) was used to determine differences among groups. If a significant F-ratio was obtained, then the post-hoc comparisons were made using the Tukey-Kramer test. An analysis of the correlation of MRP to the age, weight, and height of the subjects was done using the Pearson correlation. Multiple linear regression was used to obtain predictive values for MRP in relation to age, weight, and height. The probability of a type I error was established at 0.05 for all tests. The data was analyzed using the software Statistica for Windows (StatSoft Inc., 2000) and Statistical Package for the Social SciencesTM (SPSS – IBM, version 10.0.1, 1999). Results After inviting the subjects by pamphlets, 203 subjects arrived for the initial screening, however, 19 were excluded for having a BMI above 30 kg/m2, 15 for being former smokers, 13 for scoring 9 on the Baecke, Burema and Frijters16 questionnaire which is considered physically active, 9 due to influenza or chronic obstructive pulmonary disease (COPD) diagnosis and 7 subjects for difficulty performing respiratory maneuvers (MIP and/or MEP). Therefore our sample was composed of 140 subjects. The racial profile of the studied population was heterogeneous: 62% of the subjects were considered as “white” (33% male and 29% female), 17% as “brown” (10% male and 7% female), 13% as “black” (4% male and 9% female), and 8% as “yellow” (3% male and 5% female). Each subject reported the central region of State of São Paulo as their place of birth. Table 1 shows the characteristics of the subjects studied in relation to age, weight, height and body mass index (BMI) in mean and standard deviations. With regard to the spirometry evaluation, the variables were expressed as % of predicted value (meanSD). The variables were: forced vital capacity (FVC: males=989% and females=9710%), forced expiratory volume in 1 s (FEV1: males=928% and females=937%) and FVC/ FEV1 ratio: males=0.780.07 and females=0.790.04). These data for normal lung function and respiratory symptoms were required for inclusion in the study sample. Table 1 shows the anthropometric characteristics for male and females with comparisons between genders according to age group. Females in S1, S2, S3 and S4 presented significantly lower weight. They presented significantly lower height only in S1 and S2. The BMI for females was significantly lower only in S2 and S5. The respiratory pressure values obtained are presented in mean and standard deviation, separated by age group and sex in Table 2. When intragroup comparisons were made, significant reductions in MIP were verified in males at every two decades in subgroups S3 and S5, S4 and S6, and S5 and S7. Table 2. Values of maximal respiratory pressure obtained for each subgroup. Age (years) Subgroups 20-29 (S1) 30-39 (S2) 40-49 (S3) 50-59 (S4) 60-69 (S5) 70-79 (S6) 80-89 (S7) Males (N=70) Females (N=70) MIP (cmH2O) MEP (cmH2O) MIP (cmH2O) MEP (cmH2O) 127.022.9 127.221.7 124.36.0 115.04.0 89.54.3#+ 74.04.5#+ 63.54.7#+ 156.632.0 146.019.5 138.66.5 109.06.5#+ 94.53.6#+ 71.04.5#+ 62.35.0#+ 100.511.4 94.512.1 107.56.3 85.04.0+ 73.06.7#+ 57.65.1#+ 45.85.2#+ 107.510.8 98.510.5 110.07.8 95.04.7+ 82.53.5#+ 57.84.7#+ 45.36.0#+ Data expressed in mean and standard deviation. N=number of subjects; MIP=maximal inspiratory pressure; MEP=maximal expiratory pressure; S1=20-29 years; S2=30-39 years; S3=40-49 years; S4=50-59 years; S5=60-69 years; S6=70-79 years; S7=80-89 years; # significant difference between subgroups every two decades (p<0.05); + Significant difference between subgroups every three decades (p<0.05). 63 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. Rodrigo P. Simões, Ana P. L. Deus, Marco A. Auad, Jadiane Dionísio, Marisa Mazzonetto, Audrey Borghi-Silva However, at every three decades for males, there was a reduction from S2 to S5, S3 to S6 and from S4 to S7. When MEP values were compared every two decades, significant reductions were verified between S2 and S4, S3 and S5, S4 and S6, and S5 and S7 and, every three decades, between S1 and S4, S2 and S5, S3 and S6, and S4 and S7. For both MIP and MEP in females, the comparative analysis for every two subgroups resulted in significant reductions between S3 and S5, S4 and S6, and S5 and S7, while for each three decades these reductions were found between S1 and S4, S2 and S5, S3 and S6, and S4 and S7. A significant negative correlation was verified between age and MIP (p<0.0001; r=-0.84) as well as MEP (p<0.0001; r=-0.91) in males. A negative correlation was also observed for MIP (p<0.0001; r=-0.86) and MEP (p<0.001; r=-0.86) in females. When weight and maximal respiratory pressures were compared, a positive correlation was verified for males: MIP (p=0.0001; r=0.58) and MEP (p<0.0001; r=0.60), and females: MIP (p=0.02; r=0.30) and MEP (p=0.04; r=0.20). A positive correlation was also found between MIP and MEP values for height in males (MIP: p<0.0001; r=0.55 and MEP: p<0.0001; r=0.61) and in females (MIP: p<0.0001; r=0.49 e MEP: p=0.002; r=0.38). A) 140 When compared with the predicted MIP values, the obtained values were significantly lower from age 40 for both men and women (Figure 1, A and B). To draw the predicted lines (Figure 1) and to compare with the values of the present study, we considered the upper and lower thresholds of normality for each value. Table 3 presents the multiple linear regression data to predict the MIP and MEP values in males and females as a function of age, height and weight. In females, age and weight were predictors of MIP and MEP. In males, however, only age had an independent predictive role for MIP and MEP. Discussion The main findings of this study showed that RMS decreases with age and that MIP and MEP values presented significant correlation with age, weight and height for both sexes. Moreover, we noted that the MIP values were significantly lower compared to the predicted values from age 40. When age, height and weight were considered together in linear regression analysis, we found B) Males 110 130 Females 100 90 110 MIP (cmH2O) MIP (cmH2O) 120 100 90 PS 80 Neder 70 Vincker Black 60 20 30 40 50 60 70 80 80 70 PS Neder 60 Vincker Black 50 20 Age (years) 30 40 50 60 70 80 Age (years) Figure 1. Tendency line of observed and predicted values of maximal inspiratory pressure (MIP) reported in the present study (PS) and in the previous studies. Note that PS presented significantly lower values in comparison with predicted values from age 40 in both males and females (p<0.05). To draw the predicted lines and to compare with the PS values, the upper and lower thresholds of normality for each value were considered. Table 3. Linear prediction equations for maximal inspiratory pressure (MIP) and expiratory pressure (MEP) in males (M) and females (F) aged 20 to 89. Variable MIP (cmH2O) MEP (cmH2O) Sex M F M F Age (years) -0.760.08 -0.850.05 -0.830.05 -0.890.06 Height (m) - Weight (kg) -0.300.05 -0.180.06 Constant 125.1358.38 80.741.95 87.6941.95 125.1254.09 R2 0.72 0.84 0.84 0.77 SEE 14.97 41.95 15.00 11.90 Values represent coefficient estimates followed by the respective standard error of the estimate. R2=coefficient of determination; SEE=standard error of the estimate. All regressions were statistically significant (p<0.05); MIP (M)=-0.76 (age) + 125; SEE=14.97; MIP (F)=-0.85 (age) + 80.7 + (-0.3) weight; SEE=41.95; MEP (M)=-0.83 (age) + 87.69; SEE=15.00; MEP (F)=-0.89 (age) + 125.1 + (-0.18) weight; SEE=11.90. 64 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. Respiratory muscle strength in healthy individuals that the age and weight of females influenced the prediction of MRP values. As for men, only age influenced the MRP values. We believe that the reductions in MRP, found for every two and three decades in both males and females, may be due to the aging process, a fact which is made more evident by the negative correlation verified between age and RMS. The negative correlations found between age and MRP for both sexes were high and corroborate the results found by Neder et al.1 and Vincken, Ghezzo and Cosio24, but diverge from those of Bruschi et al.26 and McElvaney et al.27. Various hypotheses have tried to explain this negative correlation. Enright et al.28 suggest that it occurs due to the loss of muscle mass, especially in the diaphragm and accessory respiratory muscles. In contrast, other authors1 believe there is an increase in abdominal compliance with age that dissipates the pressure generated during forced expiration to lower the MEP. In addition, this is the first study that compared only sedentary individuals, while other studies mixed sedentary and physically active subjects. Berry et al.29 reported that there is a decrease in RMS with age and, consequently, a loss of ventilation. Pride30 describes that the physical properties of the lungs and rib cage inevitably change with age, leading to alterations in the quantity and composition of connective lung tissue components such as elastin, collagen and proteoglycans. Furthermore, the chest wall becomes more rigid due to the calcification of the ribs and vertebrae joints, reducing its expansion and, as a result, its strength30-32. These alterations in the physical properties of the lung reflect changes in volume and capacity, such as vital capacity, residual volume and functional residual capacity which together increase lung volume and consequently cause muscle shortening and diminish inspiratory muscle strength33. Weight is another factor that can influence lung pressure variables, as we found a significant positive correlation in both sexes, although they appeared to be of a moderate magnitude for males and low magnitude for females. This finding is supported by, Shoenberg, Beck and Bouhuys34, who state that weight affects pressure variables due to the increase in volume and size of respiratory muscles that occurs with the increase in body weight, which consequently improves the strength of the muscles and ventilatory function. Leech et al.35, Harik-Khan, Wise and Fozard2 and Carpenter et al.36 have also found a correlation between MRP and weight. However Vincken, Ghezzo and Cosio24 state that there is no relationship between these variables, in disagreement with our results. Possible explanations can be based on the fact that the weight did not necessarily reflect the lean body mass. In contrast, when the variable weight was considered in multiple regression analysis, it was a positive predictor for both MIP and MEP only in females (Table 3). In view of the relationship between strength and muscle mass, this finding is unexplained. However, in our study it was not possible to come to further conclusions on these aspects without a more detailed evaluation of body composition, since strength is directly linked to lean mass, and knowing that in men the lean mass is greater, the correlation was better. In multiple regression analysis, the factors that have a negative influence are: age and weight. This can be explained due to increasing of body weight in women that is related to a possible increase in fat mass but not to an increase of free fat mass. However, as we did not evaluate body composition, these findings are speculative in this study. Height showed a positive correlation of moderate magnitude for males and lower magnitude for females, in both MIP and MEP. This is likely to reflect an association between stature and respiratory muscle strength. Also, lung function studies have found that lung volumes are directly related to height37. Therefore, as respiratory muscle strength can also evaluate lung function, respiratory muscle performance may also explain the relationship between lung function and height. Several studies1,5 involving the Brazilian population have been conducted, but to the best of our knowledge, there is no published source about predictive values of RMS exclusively for healthy, sedentary individuals. In this sense, we propose to evaluate and predict normal values for this population, since there are studies that report the relationship between physical activity level and RMS. In this context, we observed that after age 40 the reduction in RMS was greater in our population when compared with others (Figure 1). These results can be explained due to the significant reduction in muscle strength that occurs with age, which can be further enhanced by physical inactivity. Power and Criswell38 reported that increased strength and muscular endurance capacity is linked to the level of physical activity. Studies1,28 showed that physical inactivity promotes loss of peripheral and respiratory muscle mass. Neder et al.1 reported a positive and significant association between peripheral muscle strength (measured by the knee extensors) and respiratory muscle strength (measured by the MIP and MEP). They observed that individuals with lower peripheral muscle strength showed effective reduction in respiratory muscle strength. There also appears to be a relationship between upper limb muscle strength and RMS as reported by Enright et al.28 in a study with older adults, in which the authors found a positive correlation between RMS and handgrip values. Parreira et al.39, with a sample from Minas Gerais (Brazil), compared the obtained values with the values predicted by Neder et al.1, and the authors verified that the proposed equations were not successful in predicting MIP and MEP values. However, the study sample was composed of 54% sedentary individuals and 46% active or very active individuals. Accordingly, we believe that the RMS values were lower compared to 65 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. Rodrigo P. Simões, Ana P. L. Deus, Marco A. Auad, Jadiane Dionísio, Marisa Mazzonetto, Audrey Borghi-Silva the predicted values (Figure 1) because our sample is composed exclusively of sedentary individuals. Therefore, the potential implications of this study relate to proposing predicted MIP and MEP values that can be more comparable with many disorders and diseases, since physical activity can modify RMS. This data can be used in the evaluation of this population and to verify the effects of many interventions such as rehabilitation programs and specific respiratory muscle training. Certain limitations of this study must be considered. It was not possible to perform a cardiopulmonary test for all individuals. However we applied a validated method of quantification of physical activity16. In addition, it was not possible to evaluate the body mass composition, which would be important in the interpretation of the results of this study. There was no comparison between MEP and predicted values due to the scarcity of data in the literature for this measure. We conclude that RMS decreases with age in both sexes. Moreover, RMS is related to age, weight and height. The RMS values were lower compared to the predicted values from age 40. Additionally, the negative influence of age on RMS for both sexes and of age and weight for females were strong predictors of MIP and MEP in healthy, sedentary individuals of central São Paulo state. References 1. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests. II. Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999;32(6):719-27. 12. van der Palen J, Rea TD, Manolio TA, Lumley T, Newman AB, Tracy RP, et al. Respiratory muscle strength and the risk of incident cardiovascular events. Thorax. 2004;59(12):1063-7. 2. Harik-Khan RI, Wise RA, Fozard JL. Determinants of maximal inspiratory pressure. The baltimore longitudinal study of aging. Am J Respir Crit Care Med. 1998;158(5 Pt 1):1459-64. 13. Johan A, Chan CC, Chia HP, Chan OY, Wang YT. Maximal respiratory pressures in adult Chinese, Malays and Indians. Eur Respir J. 1997;10(12): 2825-8. 3. Janssens JP, Pache JC, Nicod LP. Physiological changes in respiratory function associated with ageing. Eur Respir J. 1999;13(1):197-205. 14. Kim J, Sapienza CM. Implications of expiratory muscle strength training for rehabilitation of the elderly: tutorial. J Rehabil Res Dev. 2005;42(2):211-24. 4. Man WD, Kyroussis D, Fleming TA, Chetta A, Harraf F, Mustfa N, et al. Cough gastric pressure and maximal expiratory mouth pressure in humans. Am J Respir Crit Care Med. 2003;168(6):714-7. 15. Steier J, Kaul S, Seymour J, Jolley C, Rafferty G, Man W, et al. The value of multiple tests of respiratory muscle strength. Thorax. 2007;62(11):975-80. 5. Camelo Jr JS, Terra Filho JT, Manço JC. Pressões respiratórias máximas em adultos normais. J Pneumol. 1985;11(4):181-4. 6. Green M, Road J, Sieck GC, Smilowski T. Tests of respiratory muscle strength. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166:528-42. 7. Chetta A, Harris ML, Lyall RA, Raffety GF, Polkey MI, Olivieri D, et al. Whistle mouth pressure as test of expiratory muscle strength. Eur Respir J. 2001;17(4):688-95. 8. Huang CH, Martin AD, Davenport PW. Effects of inspiratory strength training on the detection of inspiratory loads. Appl Psychophysiol Biofeedback. 2009;34(1):17-26. 9. Nicks CR, Morgan DW, Fuller DK, Caputo JL. The influence of respiratory muscle training upon intermittent exercise performance. Int J Sports Med. 2009;30(1):16-21. 16. Baecke JA, Burema J, Frijters JE. A short questionnaire for the measurement of habitual physical activity in epidemiological studies. Am J Clin Nutr. 1982;36(5):936-42. 17. Florindo AA, Latorre MRDO. Validação do questionário e reprodutibilidade de Baecke de avaliação da atividade física habitual em homens adultos. Rev Bras Med Esporte. 2003;9(3):121-8. 18. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. World Health Organ Tech Rep Ser. 2000;894:i-xii,1-253. 19. Lung function testing. Selection of reference values and interpretative strategies. American Thoracic Society. Am Rev Respir Dis. 1991;144(5):1202-18. 20. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). I consenso brasileiro sobre espirometria. J Pneumol. 1996;22(3):105-64. 21. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Diretrizes para testes de função pulmonar. J Pneumol. 2002;28(Suppl 3):S1-238. 10. Foglio K, Cline E, Facchetti D, Vitacca M, Marangoni S, Bonomelli M, et al. Respiratory muscle function and exercise capacity in multiple sclerosis. Eur Respir J. 1994;7(1):23-8. 22. Black LF, Hyatt RE. Maximal respiratory pressures: normal values and relationship to age and sex. Am Rev Res Dis. 1969;99(5):696-702. 11. Nishimura Y, Tsutsumi M, Nakata H, Tsunenari T, Maeda H, Yokoyama M. Relationship between respiratory muscle strength and lean body mass in men with COPD. Chest. 1995;107(5):1232-6. 23. American Thoracic Society/ European Respiratory Society. ATS/ERS statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(4):518-624. 66 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. Respiratory muscle strength in healthy individuals 24. Vincken W, Ghezzo H, Cosio MG. Maximal static respiratory pressures in adults: normal values and their relationship to determinants of respiratory function. Bull Eur Physiopathol Respir. 1987;23(5):435-9. 32. Chaunchaiyakul R, Groeller H, Clarke JR, Taylor NA. The impact of aging and habitual physical activity on static respiratory work at rest and during exercise. Am J Physiol Lung Cell Mol Physiol. 2004;287(6):1098-106. 25. Souza RB. Pressões respiratórias estáticas máximas. J Pneumol. 2002;28(Suppl 3):S155-65. 33. Derenne JP, Macklem PT, Roussos C. The respiratory muscles: mechanics, control and pathophysiology. Am Rev Respir Dis. 1978;118(1):119-31. 26. Bruschi C, Cerveri I, Zoia MC, Fanfulla F, Fiorentini M, Casali L, et al. Reference values of maximal respiratory mouth pressures: a populationbased study. Am Rev Respir Dis. 1992;146(3):790-3. 34. Shoenberg JB, Beck GJ, Bouhuys A. Growth and decay of pulmonary function in healthy blacks and whites. Respir Physiol. 1978;33(3):367-93. 27. McElvaney G, Blackie S, Morrison NJ, Wilcox PG, Fairbarn MS, et al. Maximal static respiratory pressures in the normal elderly. Am Rev Respir Dis. 1989;139(1):277-81. 28. Enright PL, Kronma R, Manollo TA, Schenker MB, Hyatt RE. Respiratory muscle strength in the elderly. Correlates and reference values. Am J Respir Crit Care Med. 1994;149(2 Pt 1):430-8. 35. Leech JA, Ghezzo H, Stevens D, Becklake MR. Respiratory pressures and function in young adults. Am Rev Respir Dis. 1983;128(1):17-23. 36. Carpenter MA, Tockman MS, Hutchinson RG, Davis CE, Heiss G. Demographic and anthropometric correlates of maximum inspiratory pressure: the arteriosclerosis risk in communities study. Am J Respir Crit Care Med. 1999;159(2):415-22. 29. Berry JK, Vitalo CA, Larson JL, Patel M, Kim MJ. Respiratory muscle strength in older adults. Nurs Res. 1996;45(3):154-9. 37. O’Brien RJ, Drizd TA. Roentgenographic determination of total lung capacity: normal values from a national population survey. Am Rev Respir Dis. 1983;128(5):949-52. 30. Pride NB. Ageing and changes in lung mechanics. Eur Respir J. 2005;26(4):563-5. 38. Powers SK, Criswell D. Adaptive strategies of respiratory muscles in response to endurance exercise. Med Sci Sports Exerc. 1996;28(9):1115-22. 31. Berend N. Normal ageing of the lung: implications for diagnosis and monitoring of asthma in older people. Med J Aust. 2005;183 (1 Suppl):S28-9. 39. Parreira VF, França DC, Zampa CC, Fonseca MM, Tomich GM, Britto RR. Pressões respiratórias máximas: valores encontrados e preditos em indivíduos saudáveis. Rev Bras Fisioter. 2007;11(5):361-8. 67 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):60-7. ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 68-74, jan./fev. 2010 © ARTIGO ORIGINAL Revista Brasileira de Fisioterapia Efeitos de um programa de atividade física nas funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas em idosos com demência de Alzheimer Effects of physical activity on cognitive functions, balance and risk of falls in elderly patients with Alzheimer’s dementia Salma S. S. Hernandez1, Flávia G. M. Coelho1, Sebastião Gobbi1, Florindo Stella1,2 Resumo Objetivo: Analisar os efeitos de um programa de atividade física regular, sistematizado e supervisionado sobre as funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas de idosos com demência de Alzheimer (DA). Métodos: Dezesseis idosos com idade média de 78,56,8 anos foram alocados em dois grupos: grupo intervenção (GI; n=9) e grupo rotina (GR; n=7). O GI praticou seis meses de atividade física sistematizada, e ambos os grupos foram avaliados por meio dos seguintes testes: Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB), Timed Up and Go (TUG) e de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico (AGILEQ) da bateria da American Alliance for Health Recreation and Dance (AAHPERD). Resultados: Houve interação estatisticamente significativa (ANOVA two way; F1,14=32,07; p=0,01) entre grupos e momentos para o teste AGILEQ. O teste U Mann Whitney apontou diferenças significantes intergrupos (p=0,03) apenas no momento pós-intervenção para o TUG avaliado em passos e para a EEFB; portanto sem mostrar diferença significante no TUG, EEFB e MEEM no momento pré intervenção, bem como no momento pós-intervenção para o TUG em segundos e para o MEEM. Na análise intragrupo, o teste de Wilcoxon mostrou piora significativa no MEEM, TUG e EEFB do GR, mas não do GI. O coeficiente de Spearman mostrou correlação significativa entre os resultados do MEEM e AGILEQ. Conclusões: A atividade física parece representar uma importante abordagem não farmacológica, beneficiando as funções cognitivas e o equilíbrio com diminuição do risco de quedas. Além disto, a agilidade e o equilíbrio estão associados com funções cognitivas em idosos com DA. Palavras-chave: exercício físico; cognição; equilíbrio; quedas; Alzheimer. Abstract Objective: To analyze the effects of regular, systematic and supervised activity on the cognitive functions, balance and risk of falls of elderly patients with Alzheimer’s Dementia (AD). Methods: Sixteen elderly patients (mean age 78.56.8 years) were divided into two groups: intervention group (IG; n=9) and routine group (RG; n=7). The IG exercised systematically for six months, and both groups were submitted to the following tests: Mini-Mental State Examination (MMSE), Berg Balance Scale (BBS), Timed Up-and-Go (TUG) and the agility/dynamic balance (AGIBAL) item of the American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) test battery. Results: There was a statistically significant interaction (two-way ANOVA; F1,14=32.07; p=0.01) between groups and moments for the AGIBAL. The Mann Whitney U test indicated significant differences between groups (p=0.03), only at the post-intervention moment for the TUG measured in steps and for BBS. Therefore, no significant intergroup differences were found for the TUG, BBS and MMSE at the pre-intervention moment or at post-intervention moment for the TUG measured in seconds and MMSE. The intragroup analysis by means of the Wilcoxon test showed a significant decline in the TUG, BBS and MMSE for the RG, but not for the IG. Spearman’s coefficient showed a significant correlation between the results of the MMSE and AGIBAL. Conclusions: Physical activity may be an important non-pharmacological approach that can benefit cognitive functions and balance and reduce the risk of falls. Moreover, agility and balance are associated with cognitive functions in elderly patients with AD. Key words: physical activity; cognitive function; balance; risk of falls; Alzheimer. Recebido: 22/01/2009 – Revisado: 08/04/2009 – Aceito: 30/06/2009 1 Laboratório de Atividade Física e Envelhecimento (LAFE), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro (SP), Brasil 2 Ambulatório de Psiquiatria Geriátrica Convênio CRUESP, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas (SP), Brasil Correspondência para: Salma S. Soleman Hernandez, Av. 3A, 931, apto 01, Cidade Nova, CEP 13506-790, Rio Claro (SP), Brasil, e-mail: [email protected] 68 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. Atividade física, cognição e equilíbrio na demência de Alzheimer Introdução A literatura elucida inúmeros tipos de demências, dentre as quais se destaca a demência do tipo Alzheimer (DA), que atualmente representa mais de 50% dos casos1. A DA é uma doença neurodegenerativa caracterizada pelo acúmulo de placas amiloides extraneuronais e emaranhados neurofibrilares intraneuronais em regiões do lobo temporal e que determinam o declínio cognitivo progressivo2. Na fase inicial, o paciente apresenta comprometimento de memória recente e, com a evolução do quadro clínico, ocorrem distúrbios de memória semântica, com dificuldade de nomeação e de elaboração da linguagem3, déficits de atenção, prejuízos nas habilidades visuoespaciais e nas funções executivas4. Durante o processo natural de envelhecimento, ocorre declínio dos sistemas somatossensorial (proprioceptivo), visual e vestibular que controlam o equilíbrio. O sistema nervoso central (SNC) pode sofrer alterações diversas que perturbam o controle postural e o equilíbrio, incluindo-se perda neuronal, perda dendrítica e ramificações reduzidas, metabolismo e perfusão cerebral diminuídos e síntese alterada de neurotransmissores5. Além disso, a força muscular, principalmente em membros inferiores, também é prejudicada com o avanço da idade, ocorrendo uma diminuição no recrutamento e na ativação das unidades motoras. O mesmo ocorre no idoso com demência, repercutindo em um aumento no risco de quedas6. Entretanto, o declínio cognitivo aumenta o risco de quedas, uma vez que 65,5% desses episódios ocorrem em idosos que apresentam déficit cognitivo7. Em idosos com DA, as quedas são três vezes mais frequentes comparadas às de idosos saudáveis devido ao comprometimento do lobo frontal, que ocasiona declínio das funções executivas e do controle atencional8. Em seu estudo, Rolland et al.9 submeteram idosos com DA a um programa de atividade física que consistia em caminhada, alongamento, equilíbrio e flexibilidade, realizado duas vezes semanais durante uma hora. Os autores concluíram que os idosos participantes do programa implementado obtiveram um menor declínio na realização das atividades de vida diária e melhor desempenho nas tarefas de caminhada e equilíbrio, quando comparados com aqueles não participantes do programa. As quedas em pessoas idosas constituem um dos principais problemas clínicos devido à sua alta incidência, às consequentes complicações para a saúde, aos altos custos assistenciais e também porque são preditoras da institucionalização precoce. As consequências das quedas para os idosos podem representar perdas nos níveis dos componentes da capacidade funcional, redução das atividades da vida diária e, ainda, desencadear um quadro depressivo10-12. Algumas pesquisas têm evidenciado resultados benéficos com a prática regular da atividade física referentes a funções cognitivas e capacidade funcional em idosos com demência13. Yu, Evans e Sullivan-Marx14, em artigo de revisão, concluem que a atividade física pode retardar o declínio cognitivo. Arcoverde et al.15 também verificaram que a estimulação física e cognitiva em idosos com DA pode contribuir para a atenuação do declínio cognitivo e funcional. Considerando-se a gravidade, a alta prevalência da DA e a atual impossibilidade de cura, faz-se necessário desenvolver estratégias que possam atenuar o declínio cognitivo e funcional nesses pacientes. Dessa forma, este estudo tem como objetivo analisar o efeito de um programa regular, sistematizado e supervisionado de atividades físicas generalizadas sobre as funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas de pacientes com DA. Este trabalho poderá contribuir para o aprofundamento da discussão sobre o grau de efetividade de procedimentos nãofarmacológicos para pacientes com DA. Cabe destacar que a DA é um processo degenerativo progressivo ainda sem solução definitiva. Procedimentos que auxiliem na estabilização, mesmo que transitória, do declínio clínico do paciente representam um ganho relevante à sua qualidade de vida. Assim, os profissionais de saúde que lidam com Alzheimer poderiam integrar a atividade motora sistematizada ao tratamento psicofarmacológico convencional. Materiais e métodos Participantes Inicialmente participaram deste estudo 20 idosos com diagnóstico de DA de acordo com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV)16, selecionados por indicações médicas e por voluntariado dos participantes e dos cuidadores. Os responsáveis pelos pacientes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado juntamente com o projeto da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo no. 2448). A amostra foi distribuída em dois grupos residentes na comunidade de Rio Claro (SP), Brasil; grupo intervenção (GI) e grupo rotina (GR) de acordo com a disponibilidade dos cuidadores e pacientes para o transporte até o local da atividade física. Contudo, houve perda amostral de quatro idosos por problema de saúde, seguido de internação. Assim, o estudo foi concluído com 16 idosos com DA (GI; n=9 e GR; n=7) com idade média de 78,56,8 anos, escolaridade de 5,23,0 anos e tempo de doença de 3,01,0 anos. Os pacientes foram classificados em 69 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. Salma S. S. Hernandez, Flávia G. M. Coelho, Sebastião Gobbi, Florindo Stella estágios leve e moderado da doença segundo o Escore Clínico de Demência17. O GI compunha-se todo no estágio leve da doença, e o GR continha três idosos no estágio moderado, sendo o restante (quatro idosos) no estágio leve. Embora não se tenham constatado diferenças significativas entre os grupos quanto às variáveis idade, escolaridade e tempo de doença, os pacientes do GI eram um pouco mais novos e tinham mais escolaridade em comparação com o GR. Por outro lado, o GR tinha muito tempo de doença. Ambos os grupos foram avaliados antes e após seis meses de atividade física, além disso, mantiveram sua assistência farmacológica e rotina médica sem alterações. No entanto, o GR não participou do protocolo de exercícios descrito posteriormente. Instrumentos Para a mensuração do equilíbrio, foram utilizados a Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB) e os testes Timed up and Go (TUG) avaliado em segundos (TUGs) e passos (TUGp) e o de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico (AGILEQ), da bateria de testes da American Alliance for Health Physical Education, Recreation and Dance. A EEFB18 é uma escala composta por 14 itens, envolvendo tarefas funcionais específicas em diferentes situações e bases de apoio. O escore total varia entre 0 e 56 pontos, sendo que, quanto menor a pontuação, maior o risco de quedas. O TUG é um instrumento importante para avaliar o equilíbrio. Nele, o tempo para se levantar de uma cadeira com braços, deambular por uma distância de 3 metros e retornar à cadeira, bem como número de passos, são registrados. Maiores valores de tempo e número de passos representam maior risco de quedas19. O AGILEQ20 é um teste que envolve atividade total do corpo com movimentos para frente, mudanças de direção e posição do corpo. O participante inicia o teste sentado numa cadeira com os pés apoiados no solo. Ao sinal de “pronto, já” ele se move para a direita e circunda um cone posicionado a 1,50 m para trás e 1,80 m para o lado da cadeira, retornando para a cadeira e sentando-se. Imediatamente, o participante levanta-se novamente, move-se para a esquerda e circunda o segundo cone, retornando para a cadeira e sentando-se novamente. Esse procedimento completa um circuito. O sujeito deve concluir dois circuitos completos. São realizadas duas tentativas (dois circuitos cada), e o melhor tempo (o menor) é anotado, em segundos, como o resultado final. Para a avaliação cognitiva, utilizou-se o Mini Exame do Estado Mental (MEEM)21, um instrumento composto por questões agrupadas em sete categorias: orientação temporal, orientação espacial, registro de três palavras, atenção e cálculo, recordação das três palavras, linguagem e capacidade 70 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. visuoconstrutiva. O escore do MEEM varia de 0 a 30 pontos, sendo que valores mais baixos apontam para possível déficit cognitivo. Como o MEEM sofre influência da escolaridade, valores de referência foram propostos com o objetivo de distinguir sujeitos com possíveis déficits cognitivos. Brucki et al.22 analisaram uma amostra brasileira e sugeriram os seguintes valores para estudos em nosso meio: para analfabetos=20 pontos; de 1 a 4 anos de escolaridade=25; de 5 a 8 anos=26,5; de 9 a 11 anos=28; e para indivíduos com escolaridade superior a 11 anos=29 pontos. Intervenção ou protocolo de exercício As sessões do programa de atividade física regular, sistematizado e supervisionado foram realizadas três vezes por semana, em dias não consecutivos, cada sessão com duração de 60 minutos, durante seis meses, executadas em grupo, com auxílio de estagiários. Tal programa foi prescrito de acordo com a capacidade funcional e cognitiva dos idosos, visando à manutenção da independência física e redução do risco de quedas. Os exercícios foram estruturados com o intuito de promover a estimulação motora e cognitiva, simultânea ou isoladamente, dos participantes. Para o desenvolvimento motor, foram prescritas atividades de alongamento, treinamento com pesos, circuitos, jogos pré-desportivos, sequências de dança, atividades lúdicas e relaxamento. Aparelhos auxiliares foram utilizados, como pesos, caneleiras, bastões, medicine ball, theraband e gymnastics ball, visando principalmente ao desenvolvimento dos componentes da capacidade funcional de coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade, força e capacidade aeróbia. A frequência cardíaca dos participantes foi averiguada durante as sessões por meio da utilização de um frequencímetro da marca polar, modelo A4, e assim o treinamento foi adaptado de modo a exigir um esforço equivalente entre 60 a 80% da frequência cardíaca máxima23. Análise estatística Sabendo-se das variáveis interferentes (idade, escolaridade, tempo de doença), utilizou-se o teste U Mann Whitney para verificar se havia alguma diferença entre os grupos GR e GI no momento pré-intervenção. Além disso, foram realizadas análises descritivas dos dados (média e desvio-padrão), bem como a verificação da distribuição dos dados por meio do teste Shapiro Wilk. Como o resultado do AGILEQ é uma variável contínua e não foi rejeitada a hipótese de distribuição normal, então se utilizou a Análise de Variância para medidas repetidas no fator momento (ANOVA two way). Como o resultado do TUGs, apesar de ser uma variável Atividade física, cognição e equilíbrio na demência de Alzheimer contínua, teve rejeitada a hipótese de distribuição normal, foi utilizado o teste U Mann Whitney para a comparação intergrupos e o de Wilcoxon para a comparação intragrupos. Esses testes também foram utilizados para EEFB, TUGp e MEEM, por serem variáveis discretas. O coeficiente de correlação de Spearman foi aplicado para verificar a relação entre MEEM e os demais testes. Admitiu-se, em todas as análises, o nível de significância de 5% (p0,05). Resultados O teste U Mann Whitney não apontou diferenças estatisticamente significativas intergrupos em qualquer das variáveis interferentes e do MEEM no momento pré-intervenção (Tabela 1). A assistência psicofarmacológica também foi mantida sem nenhuma alteração de dosagem e tipo de medicamentos durante o estudo para ambos os grupos. Para o teste de AGILEQ, a análise estatística (ANOVA two way) evidenciou diferenças estatisticamente significantes (p=0,01) na interação grupos x momentos e no efeito principal de tempo (F1,14=32,07). O efeito principal de grupo foi marginalmente significativo (F1,14=3,76; p=0,07). Em relação ao TUG, o teste U Mann Whitney: a) não apontou diferença significativa entre os grupos nos momentos pré e pós no TUGs; b) houve diferença significativa entre os grupos no momento pós-intervenção (p=0,03), mas não no momento pré em relação ao TUGp. O teste de Wilcoxon apontou: a) no TUGs, piora significativa para o GR e manutenção para GI; b) no TUGp, piora significativa para o GR e melhora significativa para o GI. O teste U Mann Whitney apontou: a) para a EEFB diferença significativa intergrupos (p=0,03) no momento pós, mas não no momento pré-intervenção; b) para o MEEM, não houve diferença significativa entre os grupos tanto no momento pré quanto no momento pós-intervenção. O teste de Wilcoxon apontou: a) para a EEFB, que o GR obteve prejuízos significativos entre os momentos, enquanto que o GI não mudou significativamente; b) para o MEEM, observou-se piora significativa entre os momentos, enquanto o GI não mudou significativamente. A Tabela 2 mostra os resultados obtidos pelos grupos nos momentos pré e pós-intervenção para os testes AGILEQ, TUGs e TUGp, EEFB e MEEM. Para se verificarem possíveis correlações no momento pós entre MEEM e demais variáveis, utilizou-se o coeficiente de correlação de Spearman, e observou-se apenas que, no GR, obteve correlação forte, r=-0,85 e p=0,01, entre funções cognitivas e AGILEQ. Discussão A interpretação dos resultados mostra uma influência positiva do programa de atividade física na manutenção das funções cognitivas, agilidade e equilíbrio, sem aumento do risco de quedas em idosos com DA. Quanto aos idosos com DA, não participantes de programa de atividade física, observou-se um declínio significativo em todas as variáveis. Conquanto não tenha sido escopo deste estudo verificar mecanismos neurotróficos e psicossociais que expliquem os benefícios citados, a literatura científica fundamenta possíveis explicações para a manutenção das funções cognitivas obtidas pelo GI, como: a) estimulação de mecanismos biológicos, como alterações do metabolismo encefálico24 e aumento do fator neurotrófico de crescimento neural, proporcionado pela plasticidade cerebral25; b) benefícios psicológicos que reduz sintomas de ansiedade e depressivos26; c) hipótese das redes sociais que agem em conjunto com as alterações neurofisiológicas, potencializando a melhora dos sintomas e sinais físicos, cognitivos e comportamentais no idoso com demência27. O controle das variáveis interferentes é de extrema importância para a observação dos efeitos do programa de atividade Tabela 1. Médias, desvios-padrão e valor de alfa (p) das variáveis interferentes (idade, escolaridade e tempo de doença) e do MEEM de idosos com demência de Alzheimer nos grupos de intervenção (GI; n=9) e rotina (GR; n=7) no momento pré-intervenção. Momento pré Idade (anos) Escolaridade (anos) Tempo de doença (anos) MEEM (pontos) GI 77,77,6 5,63,3 2,51,0 16,46,7 GR 84,06,1 4,53,0 3,51,3 14,25,1 p 0,63 0,21 0,32 0,59 MEEM=Mini Exame do Estado Mental. Tabela 2. Médias, desvios-padrão e comparações intra e intergrupos obtidos pelos grupos intervenção (GI; n=9) e rotina (GR; n=7) nos momentos pré e pós-período experimental dos testes de AGILEQ, TUG, avaliado em TUGs e em TUGp, da EEFB e do MEEM. Grupos AGILEQa TUGs TUGp EEFB MEEM GI PRÉ 39,110,2 9,82,5 16,74,9 46,88,1 16,46,7 GR PÓS 38,38,2 9,53,3 15,14,4b,c 47,58,4c 15,86,6 PRÉ 45,616,7 10,64,5 18,14,6 43,57,5 14,25,1 PÓS 59,922,0 14,77,3b 21,88,3b 38,08,8b 11,47,0b a = interação significativa entre grupos e momentos; b = diferença significativa comparada com momento pré; c= diferença significativa entre grupos no momento pós; TUG=Timed Up and Go; TUGs=avaliado em segundo; TUGp=avaliado em passos; AGILEQ=agilidade e equilíbrio dinâmico; EEFB=escala de equilíbrio funcional de Berg; MEEM=Mini Exame do Estado Mental. 71 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. Salma S. S. Hernandez, Flávia G. M. Coelho, Sebastião Gobbi, Florindo Stella física implementado13. Em relação a elas (idade, escolaridade e tempo de doença), nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os grupos. No entanto, a análise da estatística descritiva mostrou que o GR tinha maior tempo de doença, maior nível de gravidade de doença, além da média de idade mais elevada quando comparado com o GI. Tais resultados podem gerar limitações do presente estudo, uma vez que o GR pode ter obtido piora diante de suas características iniciais em relação às variáveis interferentes. É importante salientar que não houve alteração no tratamento farmacológico de ambos os grupos durante o estudo nem no período anterior ao ingresso do estudo. Após seis meses de atividade física, os idosos do GI obtiveram uma melhora significativa da execução de passos no TUGp, ou seja, diminuíram consideravelmente o número de passos realizados para a mesma tarefa. No TUGs, os mesmos mantiveram o tempo de execução. Tal resultado possivelmente esteja ligado à melhora do comprimento da passada, velocidade da marcha e também do equilíbrio. Ao contrário, o GR piorou significativamente tanto para a execução de passos quanto para o tempo gasto na tarefa. Um estudo realizado com 30 sujeitos com DA, demência vascular (DVa) e idosos cognitivamente preservados mostrou diminuição significante do comprimento da passada e velocidade em idosos com DA e DVa em relação ao controle28. Os autores concluíram que o comprimento da passada foi um preditor do padrão de caminhar mais importante do que a cadência e velocidade, ainda associou que o achado pode estar diretamente relacionado com mudanças no fluxo sanguíneo na região frontal do córtex cerebral. O presente estudo demonstrou melhor desempenho no padrão da marcha (menor número de passos dados em uma mesma tarefa), o que pode estar associado à melhora e/ou manutenção da atenção e função executiva dos idosos participantes, função processada primordialmente pela região frontal. Em contrapartida, Oliveira, Goretti e Pereira29 encontraram que as alterações cognitivas detectadas por meio do MEEM não tiveram associação com o desempenho dos idosos no teste TUG. Entretanto, esses autores verificaram uma associação significativa entre o desempenho dos idosos no teste de mobilidade obtido pelo TUG e na realização das atividades de banho, vestuário e transferência. O presente estudo mostrou que os idosos do GI obtiveram uma manutenção da função cognitiva, apontada pelo MEEM, indicando a influência positiva da atividade física, uma vez que o GR obteve piora significativa da variável analisada. Em relação a EEFB, os idosos do GR pioraram significativamente, já o GI manteve a pontuação obtida e consequentemente uma manutenção do equilíbrio, protegendo contra um aumento do risco de quedas. Para Tinetti, Speechley e Ginter11, Myers et al.30 e Buchner e Larson31, as quedas são eventos que 72 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. podem ser relacionados com aumento de fraturas, perda de mobilidade, permanência na cama, institucionalização precoce e aumento da utilização de medicação pelo idoso. Weller e Schatzker32 compararam idosos com DA e idosos cognitivamente preservados, reportando que a ocorrência de quedas em idosos com DA era de 36%, enquanto nos idosos cognitivamente preservados era de 11%. Os mesmos autores não correlacionaram o aumento do evento das quedas nos idosos com DA com o avanço da doença nem com o uso de psicofármacos e concluíram que a perda da independência funcional dos idosos os levava a um maior risco de quedas. Já para Nutt, Marsden e Thompson33, o conceito de disfunção da marcha pode ser relacionado como característica persistente da DA. No estudo de tais autores, 55 idosos com DA foram distribuídos em grupos de acordo com os estágios da doença (leve, moderado e avançado) e mostraram que a prevalência das disfunções ligadas ao padrão de marcha aumentaram de acordo com o grau de comprometimento da doença. O presente estudo encontrou correlação negativa entre função cognitiva (MEEM) e equilíbrio (AGILEQ) em idosos com DA do GR, reforçando aspectos importantes citados em estudos anteriormente. Essa correlação negativa explica-se à medida que a baixa pontuação obtida no teste MEEM indica déficit cognitivo, e, no teste AGILEQ, a pontuação alta indica pior desempenho no equilíbrio e agilidade; assim, a pontuação nesses testes é representada por uma relação inversa, embora as duas variáveis indiquem na mesma direção (piora). Dessa forma, o declínio na função cognitiva observada no GR pode estar diretamente associada ao prejuízo da agilidade e do equilíbrio. Esse achado corrobora o estudo de Nutt, Marsden e Thompson33, no qual os prejuízos da função cognitiva podem estar proporcionalmente aumentando a disfunção da marcha e consequentemente aumentando o risco de quedas. Um aspecto importante a ser discutido é o fato de apenas ter sido encontrada correlação significativa entre funções cognitivas e o teste AGILEQ no GR. A realização de alguns testes motores com muitas instruções, eventualmente, podem exigir uma demanda cognitiva mais elevada em pacientes com DA. Esse dado sugere que a execução dos testes motores poderiam estar diretamente associados ao nível das funções cognitivas das quais o paciente dispõe. O AGILEQ é um desses testes, exigindo boa capacidade de raciocínio, atenção e orientação visuoespacial, com mudanças bruscas de direção. Como o GR apresentou declínio das funções cognitivas, as reservas cognitivas passaram a não ser totalmente suficientes para a demanda representada pelo AGILEQ e, desse modo, a correlação manifestou-se. Em relação aos testes motores utilizados para se avaliarem pacientes com DA, a estimulação e a orientação durante a realização dos testes são de extrema importância. Contudo, Atividade física, cognição e equilíbrio na demência de Alzheimer não está elucidado, na literatura, esse tipo de estimulação, deixando clara a necessidade de se desenvolverem e se adaptarem técnicas para orientar os idosos com DA nesses testes, para que a qualidade de sua performance não seja alterada durante a realização dos mesmos. Diante disso, durante o protocolo de intervenção, instruções objetivas, claras e repetitivas foram elaboradas de forma a instruir o paciente a realizar os exercícios. Embora o presente estudo tenha demonstrado resultados positivos em relação à prática de atividade física e a DA, é importante salientar a dificuldade de controlar variáveis como recrutamento dos sujeitos, perda amostral e período de intervenção. Em relação aos participantes, há ainda várias barreiras que dificultam o recrutamento de idosos com DA para a prática regular de atividade física. Entre elas, destaca-se o fato de que, via de regra, os médicos especialistas que diagnosticam a DA não adotam como rotina o encaminhamento do paciente para os programas de atividade física; outra barreira é o transporte e a disponibilidade do cuidador para levar o paciente ao programa; e uma terceira é a dificuldade (raridade) de se encontrarem programas de atividade física delineados para essa população. O longo período de intervenção também contribui para que os índices de perdas amostrais sejam altos. No entanto, é importante salientar que seis meses de abordagem motora é suficiente para constatar benefícios efetivos de tal intervenção para a melhora do equilíbrio e possível redução do risco de quedas entre os sujeitos que participaram do programa de intervenção. Ainda não há consenso na literatura a respeito de abordagens não farmacológicas, como a atividade física, para o tratamento da DA34. O presente estudo, apesar de não original, pretendeu colaborar com o desenvolvimento da metodologia e eficácia dessas abordagens, além de promover um maior aprofundamento sobre o assunto tratado. Tais abordagens poderão ser identificadas como tratamento auxiliar ao medicamentoso e contribuirão para os estudos da Fisioterapia e Ciências da Reabilitação. Diante dos resultados obtidos, concluiu-se que pacientes com DA que participaram do programa de atividade física sistematizado obtiveram benefícios quanto à manutenção das funções cognitivas, ao melhor desempenho no equilíbrio e menor risco de quedas. Ao contrário, pacientes com DA que não participaram do programa de atividade física apresentaram um maior declínio das funções cognitivas, redução no equilíbrio e aumento no risco de quedas. A atividade física pode representar uma importante contribuição não farmacológica no sentido de atenuar a taxa de declínio cognitivo e motor face à progressão da doença. Agradecimentos CAPES, LAFE e LEPLO (Unesp – IB – Rio Claro); FINEP; FNS-MS; FUNDUNESP; PROEX-UNESP. Referências bibliográficas 1. Herrera E Jr, Caramelli P, Silveira AS, Nitrini R. Epidemiologic survey of dementia in a community dwelling Brazilian population. Alzheimer Dis Assoc Disord. 2002;16(2):103-8. 7. Santos MLC, Andrade MC. Incidência de quedas relacionada aos fatores de riscos em idosos institucionalizados. Rev Baiana Saúde Pública. 2005;29(1):57-68. 2. Nitrini R, Caramelli P, Herrera Júnior E, Porto CS, Charchat-Fichman H, Carthery MT, et al. Performance of illiterate and literate nondemented elderly subjects two tests of long-term memory. J Int Neuropsychol Soc. 2004;10(4):634-8. 8. Imamura T, Hirono N, Hashimoto M, Kazui H, Tanimukai S, Hanihara T, et al. Fall-related injuries in dementia with Lewy bodies (DLB) and Alzheimer’s disease. Eur J Neurol. 2000;7:77-9. 3. Stella F. Funções cognitivas e envelhecimento. In: Py L, Pacheco JL, Sá JLM, Goldma S, editores. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nau; 2006. p. 283-312. 4. Yaari R, Bloom JC. Alzheimer’s disease. Semin Neurol. 2007;27(1):32-41. 5. Lipsitz LA, Goldberger AL. Loss of’ complexity’ and aging. Potential applications of fractals and chaos theory to senescence. JAMA. 1992;267(13):1806-9. 6. Thomas VS, Hageman PA. Can neuromuscular strength and function in people with dementia be rehabilitated using resistance-exercise traing? Results from a preliminary intervention study. J Gerontol Biol Sci Med Sci. 2003;58(8):746-51. 9. Rolland Y, Pillard F, Klapouszczak A, Reynish E, Thomas D, Andrieu S, et al. Exercise program for nursing home residents with Alzheimer’s Disease: a 1-year randomized, controlled trial. J Am Geriatr Soc. 2007;55(2):158-65. 10. Horikawa E, Matsui T, Arai H, Seki T, Iwasaki K, Sasaki H. Risk of falls in Alzheimer´s disease: a prospective study. Intern Med. 2005;44(7):717-21. 11. Tinetti ME, Speechley M, Ginter SF. Risk factors for falls among elderly person living in the community. N Engl J Med. 1988;319(26):1701-7. 12. Campbell AJ, Borrie MJ, Spears GF. Risk factors for falls in a communitybased prospective study of people 70 years and older. J Gerontol. 1989;44(4):M112-7. 73 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. Salma S. S. Hernandez, Flávia G. M. Coelho, Sebastião Gobbi, Florindo Stella 13. Christofoletti G, Oliani MM, Gobbi S, Stella F. Effects of motor intervention in elderly patients with dementia: an analysis of randomized controlled trials. Top Geriatr Rehabil. 2007;23(2):149-54. 24. Eggermont L, Swaab D, Luiten P, Scherder E. Exercise, cognition and Alzheimer’s disease: more is not necessarily better. Neurosci Biobehav Rev. 2006;30(4):652-75. 14. Yu F, Evans LK, Sullivan-Marx EM. Functional outcomes for older adults with cognitive impairment in a comprehensive outpatient rehabilitation facility. J Am Geriatr Soc. 2005;53(9):1599-606. 25. Cotman CW, Engesser-Cesar C. Exercise enhances and protects brain function. Exerc Sport Sci Rev. 2002;30(2):75-9. 15. Arcoverde C, Deslandes A, Rangel A, Rangel A, Pavão R, Nigri F, et al. Role of physical activity on the maintenance of cognition and activities of daily living in elderly with Alzheimer’s disease. Arq Neuropsiquiatr. 2008;66(2B):323-7. 16. Jorge MR. Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais DSMIV. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed; 1995. p. 168-88. 17. Morris JC. The clinical dementia rating (CDR): current version and scoring rules. Neurology. 1993;43(11):2412-4. 18. Berg KO, Wood-Dauphinée SL, Williams JI, Gayton D. Measuring balance in the elderly: preliminary development of an instrument. Physiother Can. 1989;41:304-11. 19. Podsiadlo D, Richardson S. The timed “up and go”: a test of basic functional mobility for frail elderly persons. J Am Soc Geriatr Soc. 1991;39(2):142-8. 20. Osness WH, Adrian M, Clark B, Hoeger W, Raab D, Wiswell R. Functional fitness assessment for adults over 60 years: a field based assessment. Am J Health Educ. 1990;1-24. 26. Netz Y, Wu MJ, Becker BT, Tenenbaum G. Physical activity and psychological well- being in advanced age: A meta-analysis of interventions studies. Psychol Aging. 2005;20(2):272-84. 27. Vance D, Wadley V, Ball K, Roenker D, Rizzo M. The effects of physical activity and sedentary behavior on cognitive health in older people. J Aging Phys Act. 2005;13(3):294-313. 28. Tanaka A, Okuzumi H, Kobayashi I, Murai N, Meguro K, Nakamura T. Gait disturbance of patients with vascular and Alzheimer-type dementias. Percept Mot Skills. 1995;80(3 Pt 1):735-38. 29. Oliveira DLC, Goretti LC, Pereira LSM. O desempenho de idosos institucionalizados com alterações cognitivas em atividades de vida diária e mobilidade: estudo piloto. Rev Bras Fisioter. 2006;10(1): 91-6. 30. Myers AH, Baker SP, Van Natta ML, Abbey H, Robinson EG. Risk factors associated with falls and injuries among elderly institutionalized persons. Am J Epidemiol. 1991;133(11):1179-90. 31. Buchner DM, Larson EB. Falls and fractures in patients with Alzheimer-type dementia. JAMA. 1987;257(11):1492-5. 21. Folstein MF, Folstein SE, Mchugh PR. Mini-mental state: a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res. 1975;12(3):189-98. 32. Weller I, Schatzker J. Hip fractures and Alzheimer´s disease in elderly institutionalized Canadians. Ann Epidemiol. 2004;14(5):319-24. 22. Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3B):777-81. 33. Nutt JG, Marsden CD, Thompson PD. Human walking and higherlevel gait disorders, particulary in the elderly. Neurology. 1993;43(2): 268-79. 23. American College of Sports Medicine. Manual de pesquisa das diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2001. 34. Coelho FGM, Santos-Galduroz RF, Gobbi S, Stella F. Atividade física sistematizada e desempenho cognitivo com demência de Alzheimer: uma revisão sistemática. Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(2):163-70. 74 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. ISSN 1413-3555 ARTIGO ORIGINAL Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 75-80, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia Análise comparativa do teste de caminhada de seis minutos em crianças e adolescentes saudáveis Comparative analysis of the six-minute walk test in healthy children and adolescents Evanirso S. Aquino1,2, Flávio A. G. Mourão1, Roberta K. V. Souza1, Bráulio M. Glicério1, Cristiane C. Coelho2 Resumo Objetivo: Realizar uma análise comparativa do teste de caminhada de seis minutos em crianças e adolescentes saudáveis em pistas de diferentes metragens (30,5 e 20 metros). Métodos: Foram avaliados 67 voluntários de escolas públicas de uma cidade de uma região metropolitana, com idades de 7 a 14 anos, sendo 36 meninos e 31 meninas. Todos foram submetidos a quatro testes de caminhada, sendo dois em cada uma das pistas. As variáveis analisadas foram: distância caminhada, trabalho de caminhada, pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC) e saturação de oxigênio (SaO2). Para análise estatística, foi utilizado ANOVA One-Way para medidas repetidas para um p0,05. Resultados: Na comparação entre os testes realizados em cada pista e na comparação do melhor teste entre pistas, não foram observadas diferenças significativas para a PAM, FC e SaO2. A distância caminhada não foi estatisticamente diferente entre os dois testes realizados em cada pista. Entretanto, na comparação entre pistas nos testes de melhor desempenho, os voluntários caminharam distâncias significativamente maiores na pista de 30,5 metros (p<0,05). Porém, esse aumento foi inferior a 10%. Quanto à sobrecarga cardíaca e ao trabalho de caminhada, não foram observadas diferenças significativas entre pistas. Conclusões: Apesar das diferenças encontradas na distância caminhada entre pistas, ela foi menor que 10% sem variações importantes nos outros parâmetros avaliados. Portanto, a pista de 20 metros se adequou aos critérios de reprodutibilidade descritos na literatura para a população do presente estudo. Palavras-chave: teste de esforço; análise e desempenho; pediatria; reprodutibilidade dos testes. Abstract Objective: To perform a comparative analysis of the six-minute walk test in healthy children and adolescents in corridors of 30.5m (100 feet) 20m (65.6 feet) in length. Methods: We evaluated 67 participants (36 boys and 31 girls), aged 7 to 14 years old, from public schools of a city in a metropolitan area. All were submitted to four walking tests, two in each of the corridors. The variables analyzed were: walked distance, work rate, mean blood pressure, heart rate and oxygen saturation. Statistical analysis was performed using one-way ANOVA for repeated measures and significance level at p0.05. Results: The comparison between the tests in each corridor and between the best tests in the different corridors did not show significant differences in the blood pressure, heart rate and oxygen saturation. The walked distance was not statistically different in the two tests on each corridor. However, the participants covered greater distances on the 30.5m corridor (p<0.05) compared to the best test between corridors. However, this increase was less than 10%. Regarding the cardiac overload and the work rate, there were no significant differences between the corridors. Conclusions: There were differences in walked distance between the corridors, however they were less than 10% with no significant changes in the other measured parameters. Therefore, the 20m corridor had a good reproducibility for the population of this study. Key words: exercise test; task performance; pediatrics; reproducibility of results. Recebido: 23/01/2009 – Revisado: 29/05/2009 – Aceito: 30/06/2009 1 Departamento de Ciências Biológicas, Ambientais e da Saúde, Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), Belo Horizonte (MG), Brasil 2 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Betim (MG), Brasil Correspondência para: Evanirso da Silva Aquino, Avenida Professor Mário Werneck, 2368∕703, Buritis, CEP 30575-180, Belo Horizonte (MG), Brasil, e-mail: [email protected] 75 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):75-80. Evanirso S. Aquino, Flávio A. G. Mourão, Roberta K. V. Souza, Bráulio M. Glicério, Cristiane C. Coelho Introdução Materiais e métodos O teste de caminhada de seis minutos (TC6’) é uma forma de avaliação clínica realizada por meio de um esforço submáximo. Surgiu a partir da modificação de testes pré-existentes em função das condições físicas limitadas de populações específicas de pacientes. Consiste na avaliação das respostas fisiológicas da atividade em um tempo pré-determinado, com um ou mais ritmos de trabalho para predizer a capacidade funcional1-4. Os testes baseados em tempo são conduzidos idealmente em corredores calmos e fechados, e parâmetros como a distância percorrida, nível de percepção de esforço, saturação de oxigênio (SaO2), pressão arterial, frequências respiratória e cardíaca no período de tempo específico são registradas5. O TC6’ apresenta uma grande aplicabilidade, já que requer uma menor experiência técnica e poucos equipamentos, sendo de baixo custo e fácil administração. Pode traduzir a habilidade para uma compreensão da demanda das atividades de vida diária dos pacientes, proporcionando, assim, um acompanhamento dos resultados em resposta à evolução de um tratamento5-7. De acordo com a American Thoracic Society (ATS)2, as variáveis empregadas no teste, além da distância percorrida, devem avaliar de forma geral as respostas integrais dos sistemas envolvidos, como o cardiorrespiratório e o musculoesquelético. Entretanto, a distância percorrida é considerada um critério de determinação do prognóstico dos pacientes em virtude da capacidade funcional e pode sofrer influência da metragem da pista utilizada2,8,9. Diversos estudos têm investigado a aplicabilidade e a eficiência da avaliação proporcionada pelo TC6’ em diversas populações, objetivando sua validade, confiabilidade e interpretabilidade, estabelecendo, dessa forma, valores e equações referenciais para predizer as variáveis empregadas no teste8-14. Alguns desses estudos buscaram evidenciar a validade e a aplicabilidade do TC6’ em doenças cardíacas e respiratórias15-18; outros em crianças e adolescentes, porém com critérios de reprodutibilidade baseados na população adulta8,11-14,19. Apesar da padronização da ATS em relação à metragem da pista durante o teste para adultos (30,5 metros), em alguns estudos pode-se observar a utilização de metragens diferentes com o intuito de viabilizar a sua execução7-9. Li et al.19 realizaram um grande estudo em crianças e adolescentes com objetivo de normatizar a realização do TC6’ nessa população, no entanto o tamanho da pista utilizada seguiu os critérios da ATS. Portanto, o objetivo deste estudo foi realizar uma análise comparativa do TC6’ em crianças e adolescentes saudáveis em duas metragens distintas, em pistas de 30,5 metros, como padronizado e proposto pela ATS, e em pista de 20 metros, uma metragem menor, que facilita a sua realização e, possivelmente, aproxima-se mais da realidade dos espaços clínicos. Amostra 76 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):75-80. O TC6’ é normalmente utilizado para a avaliação da capacidade funcional em pacientes durante a prática clínica, pois envolve atividades de vida diária e recursos técnicos mínimos2. No presente estudo, foram realizados testes de caminhada em crianças e adolescentes saudáveis em pistas de diferentes metragens para verificação de possíveis interferências nos resultados, visto que a literatura descreve pistas com padronizações de 30,5 metros para a população adulta2, e existem poucos relatos desse teste em crianças e adolescentes saudáveis. Os voluntários eram de ambos os sexos, com idades entre sete e 14 anos e foram selecionados da rede pública de ensino de uma cidade de uma região metropolitana que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui 82.820 crianças e adolescentes matriculados nas escolas públicas. Para participação no projeto, os pais ou o responsável legal da criança ou adolescente selecionado assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, e o protocolo do estudo (013/2006) foi aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH). Foram incluídos escolares saudáveis, que não apresentavam qualquer acometimento, fundamentalmente no sistema cardiorrespiratório, analisados por meio de uma anamnese prévia e uma avaliação padronizada. A função pulmonar foi avaliada por espirometria, e os voluntários deveriam estar com os valores espirométricos dentro da normalidade. O índice de massa corporal também foi avaliado; pois, segundo alguns autores, esse índice é importante na avaliação da relação entre a performance do teste de caminhada e condicionamento cardiorrespiratório, podendo, dessa forma, interferir na distância caminhada em virtude de alterações no gasto energético devido ao sobrepeso13. Foram excluídos aqueles que nos dias dos testes haviam realizado qualquer atividade física nas últimas duas horas e aqueles que utilizavam medicamentos de influência direta sobre o sistema cardiorrespiratório, musculoesquelético ou de atuação sobre o sistema nervoso. Teste de caminhada de seis minutos (TC6’) Os indivíduos foram previamente avaliados por um examinador independente, e, nessa avaliação, foi realizado o exame físico, além da espirometria20,21. Os voluntários foram submetidos ao TC6’ obedecendo aos critérios gerais padronizados pela ATS2, ou seja, um descanso prévio de 10 minutos no período pré-teste com medidas iniciais e finais da pressão arterial e da sensação subjetiva de esforço22; Análise comparativa do teste de caminhada de seis minutos medidas da frequência cardíaca (FC) e SaO2 antes, durante e ao final dos testes também foram realizadas. Cada voluntário realizou quatro testes (dois em cada uma das pistas), sempre no mesmo local, pelo mesmo avaliador e no mesmo horário, sendo o intervalo de descanso entre eles de, no mínimo, 24 horas. As pistas eram de 30,5 metros e 20 metros. A escolha e a ordem de realização dos testes nas pistas foram realizadas de forma aleatória, por meio de um sorteio, por um examinador independente. A realização de dois testes em cada uma das pistas visou excluir um possível efeito de aprendizado; pois, para que os testes fossem reprodutíveis, a distância caminhada no segundo teste não deveria ser maior que 10% quando comparada à do primeiro teste; caso isso acontecesse, seria necessária a realização de um terceiro teste9. Posteriormente, a melhor distância caminhada em cada uma das pistas, juntamente com a sobrecarga cardíaca imposta e o trabalho de caminhada, foram selecionados para análise comparativa. Isso foi realizado porque, apesar de a distância caminhada ser considerada a principal variável para mensuração da capacidade funcional, o trabalho de caminhada (), que é definido como o produto da distância caminhada pelo peso corporal (Km.Kg-1), correlaciona-se melhor com a performance de caminhada durante o teste. Equipamentos Para a realização dos TC6’, as pistas foram devidamente demarcadas, e os equipamentos necessários foram: cardiofrequencímetro - POLAR FS1 para mensuração da FC e oximetro - Nonin 9500 Onyx para mensuração da SaO2 antes, durante e ao final dos testes. A escala de Borg foi utilizada para avaliação da sensação subjetiva de esforço. Estatística Para o cálculo amostral, foi utilizada a amostragem aleatória simples sem reposição, com erro máximo de estimação (tolerância) de 5% e probabilidade de que o erro máximo de estimação fosse menor que a tolerância de 10%. O número ideal da amostra, segundo esse cálculo amostral, foi de 67 voluntários. Os procedimentos estatísticos foram realizados utilizando o programa GraphPad Prism (Scientific graphing, curve fitting and statistics), versão 5.0. A análise estatística dos dados foi processada utilizando-se média e desvio-padrão. O teste Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para verificar a distribuição da amostra. A ANOVA One-Way para medidas repetidas foi utilizada para comparar a distância caminhada; o trabalho de caminhada; a sobrecarga cardíaca imposta durante o teste; as variáveis hemodinâmicas iniciais e finais, como FC, PAM e SaO2. Para localizar as diferenças, utilizou-se o post-hoc Tukey, com o nível de significância estatística de p<0,05. Resultados Foram coletados os dados de 67 crianças, de 7 a 14 anos, sendo 36 do sexo masculino e 31 do sexo feminino, com idade média de 10,801,90 anos e índice de massa corporal de 18,033,05 kg⁄m2. Em relação à espirometria, todos os voluntários apresentaram os valores previstos de capacidade vital forçada, volume expiratório forçado em primeiro segundo e índice de Tiffeneau dentro da normalidade. Na comparação entre os testes em cada uma das duas pistas e na comparação do melhor teste entre as diferentes pistas, não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) entre os valores iniciais e finais de FC, PAM e SaO2, como pode ser observado na Tabela 1. Em relação à distância caminhada, foi observado que os dois testes realizados em cada uma das pistas não apresentaram diferença estatisticamente significativa (p>0,05). Entretanto, na comparação dos testes de melhor desempenho entre pistas, ocorreu uma diferença significativa (p<0,05). Os voluntários caminharam distâncias maiores na pista de 30,5 metros. Entretanto, quando foi realizada a comparação entre essas distâncias, esse aumento foi inferior a 10%, como pode ser observado na Figura 1. Quanto à FC no teste de melhor desempenho entre pistas, não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) (Figura 2). Em relação ao trabalho de caminhada; não foram observadas diferenças entre os testes realizados em cada pista nem entre o melhor teste entre as pistas (Figura 3). Tabela 1. PAM, FC e SaO2 nos TC6’ nas diferentes pistas. Pista 20 metros 1° teste PAM FC SaO2 Inicial 81,727,31 98,9315,40 98,161,01 final 88,687,31 164,6020,09 96,581,93 Pista 30,5 metros 2° teste Inicial 82,417,40 99,9914,09 98,060,97 Final 89,237,11 169,0121,14 96,691,73 1° teste Inicial 81,777,44 102,7513,51 97,851,02 Final 88,318,17 169,6324,71 96,991,49 2° teste Inicial Final 82,398,10 90,237,72 98,6214,43 169,0723,80 97,970,89 96,771,21 PAM=pressão arterial média em mmHg; FC=frequência cardíaca em bpm; SaO2=saturação de oxigênio em %. Dados expressos em médiadesvio-padrão. 77 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):75-80. Evanirso S. Aquino, Flávio A. G. Mourão, Roberta K. V. Souza, Bráulio M. Glicério, Cristiane C. Coelho novos tiveram dificuldade em quantificar a dispneia por meio da escala, o que pode ter interferido nos resultados. Discussão Figura 1. Diferença entre a distância caminhada (metros) nos testes em cada uma das pistas e entre o teste de melhor desempenho nas diferentes pistas. Figura 2. Frequência cardíaca (bpm) no repouso (inicial), durante o TC6’ e ao final do período de recuperação no teste de melhor desempenho nas duas pistas. Figura 3. Análise do trabalho de caminhada- (Km.Kg-1) nos testes em cada uma das pistas e entre o teste de melhor desempenho nas diferentes pistas. No que diz respeito à sensação subjetiva de esforço avaliada pela escala de Borg, não foram observadas diferenças significativas entre os testes. Entretanto, os voluntários mais 78 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):75-80. O TC6’ é rotineiramente utilizado para a avaliação da capacidade funcional. No presente estudo, foi realizado em crianças e adolescentes saudáveis em pistas de diferentes metragens. Como descrito nos resultados, todos os voluntários apresentaram a espirometria dentro da normalidade. Na avaliação do índice de massa corporal, não foi observado sobrepeso, demonstrando que a performance do teste e o condicionamento cardiorrespiratório não interferiram na distância caminhada em virtude de alterações no gasto energético13. De acordo com relatos na literatura, o efeito do aprendizado ou efeito do treinamento pela melhora do desempenho acontece em virtude do aprimoramento da coordenação motora, aumento do comprimento do passo e diminuição da ansiedade durante a realização do teste e pode ser um fator de interferência nos resultados e na reprodutibilidade2,23. Diversos estudos demonstram que isso pode ser observado através de aumentos na distância caminhada quando realizados dois ou mais testes, principalmente devido ao controle da ansiedade, ao reconhecimento dos limites da prova e à adaptação neuromuscular em relação à atividade a ser realizada4,24,25. Entretanto, para que os testes sejam reprodutíveis, a distância caminhada no segundo teste não deve ser maior que 10% quando comparada com a do primeiro teste; caso isso aconteça, é necessária a realização de um terceiro teste para a reprodutibilidade adequada dos resultados9. Neste estudo, os dois testes realizados em cada uma das pistas, tanto na pista de 20 metros quanto na de 30,5 metros, foram reprodutíveis, pois a diferença entre as distâncias caminhadas foi inferior ao valor identificado na literatura4,9,24,25. Como os testes realizados pela segunda vez em ambas as pistas apresentaram melhor desempenho, foram escolhidos para análise e comparação das diferentes metragens. Sciurba et al.23 hipotetizaram que pistas longas são mais eficazes quando comparadas a pistas curtas para a realização do teste de caminhada; pois, segundo esses autores, nas pistas longas, o número de voltas é menor e, portanto, o esforço também é menor. Apesar disso, em sua pesquisa, as distâncias caminhadas em pistas mais longas não foram estatisticamente superiores quando comparadas às de pistas mais curtas. Portanto, posteriormente afirmaram que o tamanho da pista durante o teste não seria importante para a sua padronização. Entretanto, não deveria ser menor que 15,23 metros23, divergindo da padronização da ATS quanto aos valores mínimos de metragem da pista2. Outros estudos compararam pistas de 20 Análise comparativa do teste de caminhada de seis minutos e 50 metros para o teste em adultos e não obtiveram diferenças significativas quanto à distância caminhada23,26,27. No presente estudo, a distância caminhada no teste de melhor desempenho na pista de 30,5 metros foi significativamente maior quando comparada à do teste de melhor desempenho na pista de 20 metros. Entretanto, a diferença entre esses dois testes foi de apenas 3,57%, ou seja, inferior a 10%, o que sugere que ambos os testes nas diferentes pistas são reprodutíveis. Além disso, não foram encontradas diferenças relativas à sobrecarga cardíaca dos voluntários entre as pistas, o que sugere um esforço semelhante na realização do teste nas diferentes metragens. Apesar da distância percorrida ser considerada a principal variável para mensuração da capacidade funcional no TC6’, Chuang, Lin e Wasserman28 propuseram um método alternativo para avaliação da capacidade funcional por meio do que definiram como trabalho de caminhada (), o produto da distância caminhada pelo peso corporal (Km.Kg-1). Outros autores concluíram que a expressão da distância caminhada em unidades de trabalho melhora a precisão e a extensão da sua utilidade, correlacionando-se melhor com a performance de caminhada durante o teste29,30. O trabalho de caminhada mensurado no presente estudo não apresentou diferença significativa entre os testes nas diferentes pistas, demonstrando um gasto energético similar entre as diferentes metragens propostas. A sensação subjetiva de esforço avaliada pela escala de Borg já é bem fundamentada para a população adulta22. Entretanto, no presente estudo, as crianças mais novas tiveram dificuldade em compreender a quantificação do cansaço por meio da referida escala, o que pode ter comprometido os resultados relacionados à avaliação da dispneia entre as diferentes pistas. Outros estudos necessitam ser realizados em crianças e adolescentes de faixas etárias diferentes e populações diferentes uma vez que isso também pode interferir na distância caminhada. Dessa forma, a pista de 20 metros, mesmo apresentando resultados menores quanto à distância caminhada, enquadrou-se nos critérios de reprodutibilidade descritos na literatura para a população estudada, não diferindo quanto à sobrecarga cardíaca imposta pelo teste e apresentando um trabalho de caminhada semelhante ao da pista de 30,5 metros, podendo ser utilizada quando o espaço clínico ou as condições ambientais não corresponderem ao proposto pela padronização da ATS, podendo ser útil para avaliação da tolerância ao exercício e resistência de crianças e adolescentes saudáveis na faixa etária estudada. Referências bibliográficas 1. ACMS-American College of Sports Medicine. Diretrizes do ACMS para os testes de esforço e sua prescrição. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. 7. Cahalin LP, Mathier MA, Semigran MJ, Dec GW, DiSalvo TG. The sixminute walk test predicts peak oxygen uptake and survival in patients with advanced heart failure. Chest. 1996;110(2):325-32. 2. ATS Committee on Proficiency Standards for Clinical Pulmonary Function Laboratories. ATS statement: guidelines for the six-minute walk test. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(1):111-7. 8. Upton CJ, Tyrrell JC, Hiller EJ. Two minute walking distance in cystic fibrosis. Arch Dis Child. 1988;63(12):1444-8. 3. McGavin CR, Gupta SP, McHardy GJ. Twelve-minute walking test for assessing disability in chronic bronchitis. Br Med J. 1976;1(6023): 822-3. 4. Butland RJ, Pang J, Gross ER, Woodcock AA, Geddes DM. Two-, six-, and 12-minute walking tests in respiratory disease. Br Med J (Clin Res Ed). 1982;284(6329):1607-8. 5. Solway S, Brooks D, Lacasse Y, Thomas S. A qualitative systematic overview of the measurement properties of functional walk tests used in the cardiorespiratory domain. Chest. 2001;119(1):256-70. 6. Enright PL. The six-minute walk test. Respir Care. 2003;48(8):783-5. 9. Rostagno C, Olivo G, Comeglio M, Boddi V, Banchelli M, Galanti G, et al. Prognostic value of 6-minute walk corridor test in patients with mild to moderate heart failure: comparison with other methods of functional evaluation. Eur J Heart Fail. 2003;5(3):247-52. 10. Steele B. Timed walking tests of exercise capacity in chronic cardiopulmonary illness. J Cardiopulm Rehabil. 1996;16(1):25-33. 11. Nixon PA, Joswiak ML, Fricker FJ. A six-minute walk test for assessing exercise tolerance in severely ill children. J Pediatr. 1996;129(3):362-6. 12. Gulmans VA, van Veldhoven NH, de Meer K, Helders PJ. The six-minute walking test in children with cystic fibrosis: reliability and validity. Pediatr Pulmonol. 1996;22(2):85-9. 79 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):75-80. Evanirso S. Aquino, Flávio A. G. Mourão, Roberta K. V. Souza, Bráulio M. Glicério, Cristiane C. Coelho 13. Drinkard B, McDuffie J, McCann S, Uwaifo GI, Nicholson J, Yanovski JA. Relationships between walk/run performance and cardiorespiratory fitness in adolescents who are overweight. Phys Ther. 2001;81(12): 1889-96. 14. Li AM, Yin J, Yu CC, Tsang T, So HK, Wong E, et al. The six-minute walk test in healthy children: reliability and validity. Eur Respir J. 2005;25(6): 1057-60. 15. Cunha MT, Rozov T, de Oliveira RC, Jardim JR. Six-minute walk test in children and adolescents with cystic fibrosis. Pediatr Pulmonol. 2006;41(7):618-22. 16. Larsson UE, Reynisdottir S. The six-minute walk test in outpatients with obesity: reproducibility and known group validity. Physiother Res Int. 2008;13(2):84-93. 17. Geiger R, Strasak A, Treml B, Gasser K, Kleinsasser A, Fischer V, et al. Six-minute walk test in children and adolescents. J Pediatr. 2007;150(4):395-9. 18. Rostagno C, Gensini GF. Six minute walk test: a simple and useful test to evaluate functional capacity in patients with heart failure. Intern Emerg Med. 2008;3(3):205-12. 19. Li AM, Yin J, Au JT, So HK, Tsang T, Wong E, et al. Standard reference for the six-minute-walk test in healthy children aged 7 to 16 years. Am J Respir Crit Care Med. 2007;176(2):174-80. 20. American Thoracic Society. Standardization of spirometry, 1994 update. Am J Respir Crit Care Med. 1995;152(3):1107-36. 21. Pereira CAC, Neder JA. Diretrizes para testes de função pulmonar. J Pneumol. 2002;28(Supl 3):S1-238. 80 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):75-80. 22. Borg GA. Psychophysical bases of perceived exertion. Med Sci Sports Exerc.1982;14(5):377-81. 23. Sciurba F, Criner GJ, Lee SM, Mohsenifar Z, Shade D, Slivka W, et al. Six-minute walk distance in chronic obstructive pulmonary disease: reproducibility and effect of walking course layout and length. Am J Respir Crit Care Med. 2003;167(11):1522-7. 24. Knox AJ, Morrison JF, Muers MF. Reproducibility of walking test results in chronic obstructive airways disease. Thorax. 1988;43(5):388-92. 25. Rodrigues SL, Mendes HF, Viegas CA. Teste de caminhada de seis minutos: estudo do efeito do aprendizado em portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. J Bras Pneumol. 2004;30(2):121-5. 26. Gibbons WJ, Fruchter N, Sloan S, Levy RD. Reference values for a multiple repetition 6-minute walk test in healthy adults older than 20 years. J Cardiopulm Rehabil. 2001;21(2):87-93. 27. Troosters T, Gosselink R, Decramer M. Six minute walking distance in healthy elderly subjects. Eur Respir J. 1999;14(2):270-4. 28. Chuang ML, Lin IF, Wasserman K. The body weight-walking distance product as related to lung function, anaerobic threshold and peak VO2 in COPD patients. Respir Med. 2001;95(7):618-26. 29. Carter K, Holiday DB, Nwasuruba C, Stocks J, Grothues C, Tiep B. 6-minute walk work for assessment of functional capacity in patients with COPD. Chest. 2003;123(5):1408-15. 30. Hill K, Jenkins SC, Cecins N, Philippe DL, Hillman DR, Eastwood PR. Estimating maximum work rate during incremental cycle ergometry testing from six-minute walk distance in patients with chronic obstructive pulmonary disease. Arch Phys Med Rehabil. 2008;89(9):1782-7. ISSN 1413-3555 ARTIGO ORIGINAL Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 81-9, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia Relações entre o bem-estar subjetivo e a funcionalidade em idosos em seguimento ambulatorial Relationship between subjective well-being and the functionality of elderly outpatients Giovana Sposito1, Maria J. D’Elboux Diogo2, Fernanda Ap. Cintra2, Anita L. Neri3, Maria E. Guariento4, Maria L. R. De Sousa5 Resumo Objetivo: Este estudo teve como objetivo verificar a relação entre o bem-estar subjetivo, independência funcional e desempenho de membros inferiores (força muscular, velocidade de marcha e equilíbrio) de idosos em seguimento ambulatorial, em relação ao sexo e a grupos etários. Métodos: Foram avaliados 125 idosos de ambos os sexos com idade mínima de 60 anos, atendidos em um ambulatório de geriatria. Os instrumentos utilizados foram: 1) Medida da Independência Funcional (MIF) para avaliar a dependência funcional; 2) Short Physical Performance Battery (SPPB) para medir o desempenho físico; 3) Bem-Estar Subjetivo (BES): questões sobre a saúde e satisfação com a vida. Resultados: A amostra utilizada foi de conveniência, com predomínio do sexo feminino, que apresentou maior comprometimento funcional. As correlações do bem-estar subjetivo com o teste de desempenho não demonstraram diferenças entre os sexos, contudo os idosos mais velhos apresentaram maior nível de satisfação que os idosos mais jovens. A saúde percebida também foi mais satisfatória entre os idosos mais velhos. Entretanto, a saúde percebida comparada mostrou melhores resultados nos idosos com moderado a bom desempenho físico. Conclusão: Os resultados sugerem que indivíduos mais velhos apresentam maior satisfação com a vida e melhor saúde percebida. Além disso, o bom desempenho físico foi uma variável de relevância para melhor saúde percebida quando comparada a outras pessoas. Palavras-chave: capacidade funcional; bem-estar subjetivo; saúde percebida; idoso. Abstract Objective: The aim of this study was to investigate the relationship between subjective well-being, functional independence and lowerlimb performance (muscle strength, gait velocity and balance) among elderly people undergoing outpatient follow-up, stratified by sex and age groups. Methods: We evaluated 125 elderly people, aged 60 years and over, who received care at a geriatric outpatient clinic. The instruments used were: 1) Functional Independence Measure (FIM) to evaluate functional dependence; 2) Short Physical Performance Battery (SPPB) to measure physical performance; and 3) Subjective Well-Being (SWB) with questions about health and satisfaction with life. Results: A convenience sample was used, with predominance of females (who had greater functional impairment). The Spearman correlation coefficients for subjective well-being and the performance tests varied from -0.16 to 0.31 for men and -0.09 to 0.29 for women, therefore there were no differences between the sexes. However, the older participants had a higher level of satisfaction than the younger participants. Perceived health was also more satisfactory among the older participants, however comparative perceived health was better among the elderly participants with moderate to good physical performance. Conclusion: The results suggest that older individuals have greater satisfaction with life and better perceived health. Moreover, good physical performance was an important variable for better perceived health when compared to other people. Key words: Functional capacity; subjective well-being; perceived health; elderly person. Recebido: 28/01/2009 – Revisado: 01/06/2009 – Aceito: 30/06/2009 1 Departamento de Gerontologia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas (SP), Brasil 2 Departamento de Enfermagem, Unicamp 3 Departamento de Psicologia, Unicamp 4 Departamento de Clínica Médica, Unicamp 5 Departamento de Odontologia, Unicamp, Piracicaba (SP), Brasil Correspondência para: Giovana Sposito, Rua Saldanha Marinho, 19, Jardim Santana, Amparo (SP), Brasil, CEP 13902-570, e-mail: [email protected] 81 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. Giovana Sposito, Maria J. D’Elboux Diogo, Fernanda Ap. Cintra, Anita L. Neri, Maria E. Guariento, Maria L. R. De Sousa Introdução O crescimento do número de idosos e as possíveis consequências da velhice nas relações físicas, mentais e sociais remetem à necessidade de reconhecer as variáveis que favorecem o bem-estar dessa população. O bem-estar subjetivo (BES), percebido e avaliado por meio de experiências individuais, consiste na autoavaliação manifestada por afetos positivos que se sobressaem aos negativos, pela satisfação global com a vida bem como pela satisfação relacionada a aspectos ou domínios específicos, como saúde, trabalho, independência, entre outros1. Completa-se, ainda, por meio de comparações pessoais a partir de referências do próprio passado e do bem-estar de indivíduos na mesma faixa etária2. Além dos aspectos subjetivos (percepção), estudos destacam preditores objetivos que influenciam no BES, entre eles, a saúde percebida (SP)3-5. Acredita-se que essa influência não decorra apenas do que o idoso sente fisicamente, mas da sua percepção de saúde, denominada SP, que também envolve uma interação de variáveis, entre elas, as consequências das doenças sobre seu bem-estar e sobre as atividades que consegue realizar; da comparação da sua saúde com a de outras pessoas da mesma idade e das expectativas da velhice6-8. São escassos estudos sobre a importância do sexo e da idade na SP9, entretanto, há evidências de que a queda da capacidade funcional ou da funcionalidade do idoso exerça expressiva redução no BES2,3. Destaca-se a relevância da capacidade funcional na velhice, na medida em que é o próprio paradigma da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso, que tem como uma das suas finalidades recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos idosos, considerando que o conceito de saúde na velhice se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência, do que pela presença ou ausência de doença orgânica9. Nesse sentido, a Classificação Internacional de Funcionalidade10 contempla, na sua definição, os aspectos físicos, ambientais e subjetivos do indivíduo e da sua saúde ao deixar claro que a funcionalidade abrange todas as funções e sistemas do corpo, atividades e participações do indivíduo tanto na perspectiva individual como social e os aspectos positivos do indivíduo na relação com fatores pessoais e ambientais. Na prática assistencial, torna-se relevante a identificação dos aspectos subjetivos, focados no bem-estar do idoso, sob sua ótica, de modo que a abordagem terapêutica seja direcionada ao atendimento da sua demanda nas diferentes esferas. Outro aspecto que merece destaque é a satisfação individual referenciada a aspectos específicos ou domínios, ou seja, o quanto o indivíduo está satisfeito, por exemplo, com sua saúde, memória, amizades, atenção, ambiente, trabalho, acessos aos 82 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. serviços de saúde, entre outros. A satisfação, além de também ser influenciada pela capacidade funcional, é um dos elementos que compõem o BES, uma vez que está incluída no contexto da avaliação subjetiva. Assim sendo, este estudo tem como objetivos verificar a relação entre o bem-estar subjetivo, independência funcional e desempenho físico de membros inferiores (MMII) (equilíbrio, marcha e força de MMII) de idosos em seguimento ambulatorial em relação a grupos etários e sexo; verificar o impacto das medidas de desempenho e de independência funcional, da idade e do sexo sobre o bem-estar subjetivo. Materiais e métodos Trata-se de uma pesquisa de caráter transversal e exploratório realizada no ambulatório de geriatria do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Os idosos atendidos no ambulatório, campo de pesquisa, possuem idade mínima de 80 anos e 60 anos se apresentar algum grau de dependência. O presente estudo insere-se numa pesquisa maior sobre fragilidade e bem-estar subjetivo de idosos, realizada neste ambulatório, cujo banco de dados é disponibilizado para os pesquisadores do grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Sujeitos Foi utilizada a amostra não-probabilística de conveniência, considerando as características homogêneas da população e o critério tempo de coleta. Os sujeitos do estudo foram 125 idosos, com idade mínima de 60 anos, de ambos os sexos, entrevistados no período de outubro de 2005 a setembro de 2007, em condições físicas e mentais de compreender e responder ao instrumento de coleta e que concordaram em participar no estudo. Os idosos foram abordados ao comparecerem para atendimento no ambulatório e, ao aceitarem participar da pesquisa, assinavam o termo de consentimento livre e esclarecido conforme recomendação. Foi garantido o anonimato bem como a continuidade do seu tratamento no caso de recusa. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, processo nº240/2003. Coleta de dados Para este estudo foram utilizadas as seguintes variáveis do banco de dados: - Dados Sociodemográficos: sexo e idade Bem-estar subjetivo e funcionalidade em idosos - - - Bem-Estar Subjetivo (BES): avaliação da SP e SP comparada (SPC), da satisfação global com a vida e da satisfação com aspectos específicos (domínios)2. A medida foi realizada por meio das seguintes questões: duas perguntas sobre SP, sendo a primeira sobre a percepção do idoso sobre sua saúde de um modo geral e a segunda sobre a sua saúde quando comparada a outros indivíduos da mesma idade; duas questões referentes à satisfação global, sendo a primeira sobre a satisfação do idoso com a própria vida e a outra sobre a satisfação com a sua vida quando comparada à de outras pessoas da mesma idade; e 13 questões sobre satisfação referenciada a domínios (saúde, memória, capacidade de resolução, amizades, ajuda de terceiros, cuidados com a saúde, atenção e carinhos de outras pessoas, ambiente, trabalho, condições do local e moradia, acesso aos serviços de saúde e meio de transporte). Para cada questão foi atribuído o valor de um a três, sendo o maior escore indicativo de melhor percepção e melhor satisfação. Medida da Independência Funcional (MIF)11: é um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação da dependência funcional para as atividades da vida diária, ou melhor, para a identificação da necessidade de ajuda de outra pessoa para a realização dessas atividades. É composto por 18 tarefas, divididas em: MIF motora (MIFm), que avalia as atividades de autocuidado, controle de esfíncteres, mobilidade e locomoção; e a MIF cognitiva/social (MIFcs), que avalia a comunicação e a cognição social. O valor atribuído para cada tarefa é de 1 a 7, sendo que o valor 7 corresponde a independência completa e 1 à dependência total. O escore total da avaliação varia entre 18 e 126. Desempenho físico: avaliado por meio do instrumento Short Physical Performance Battery (SPPB)12, que avalia o equilíbrio, a marcha e a força de membros inferiores. O equilíbrio é avaliado em três posições dos pés: 1. em paralelo, 2. com o hálux encostado na borda medial do calcanhar e 3. com o hálux encostado na borda posterior do calcanhar. Atribui-se 1 ponto se realizado em tempo 10” e zero se for >10”, para os dois primeiros testes. No terceiro teste, a pontuação varia de zero para <3”, 1 entre 3” e 9,99” e 2 se for 10”. Para a avaliação da marcha, utilizou-se um cronômetro para registrar o tempo que o indivíduo levou para percorrer um corredor de 4 metros (ida e volta), repetindo duas vezes o percurso. A pontuação do instrumento varia de: zero, quando incapaz; 1, se >8,70”; 2 se o tempo varia entre 6,21” e 8,70”; 3 entre 4,82” e 6,20”e 4, se tempo <4,82”. Verificou-se a força muscular dos MMII por meio do tempo que o idoso levou para levantar-se de uma cadeira com os membros superiores cruzados sobre o peito, repetindo o teste cinco vezes consecutivas. Os escores variam de acordo com tempo gasto: zero quando incapaz; 1, se > 16,7”; 2 entre 13,7” e 16,69”; 3, tempo entre 11,2” e 13,69”e 4 se tempo <11,19”. O escore total do SPPB, obtido pela soma das pontuações de cada teste permite valores entre zero e 12 pontos e representa o desempenho dos MMII dos idosos por meio da seguinte graduação: zero a 3 pontos, quando é incapaz ou mostra desempenho muito ruim; 4 a 6 pontos representa baixo desempenho; 7 a 9 pontos, em caso de moderado desempenho e 10 a 12 pontos, ao apresentar bom desempenho. Análise dos dados • • • • Os dados foram submetidos às seguintes análises: Descritiva, com medidas de posição (média, mediana, mínima e máxima) e dispersão (desvio-padrão): para o tratamento dos dados sociodemográficos e escores dos instrumentos utilizados. Confiabilidade: coeficiente alpha de cronbach para avaliar a consistência interna dos instrumentos, valor considerado satisfatório >0,70. Correlação (Spearman): para a análise da relação entre as variáveis numéricas de acordo com os seguintes critérios: fraca magnitude, valores <0,3; moderada magnitude, de 0,3 a <0,5 e forte magnitude, valores 0,5. Análise de Regressão Logística: foi realizada a análise univariada e multivariada. O critério de seleções de variáveis foi o Stepwise ou passo a passo, que considera todas as variáveis, sejam ou não significativas na análise univariada e, em seguida, são selecionadas apenas aquelas que são mais significativas conjuntamente, ao nível de significância de 5% (p<0,05) para o modelo final da análise multivariada. Os componentes do BES, SP e SPC, foram analisados como variáveis dependentes, enquanto sexo, faixa etária, desempenho físico (escores do SPPB) e independência funcional (escores da MIF) foram as variáveis independentes. A opção das variáveis dependentes deu-se em função da relevância da SP e SPC sobre o BES de acordo as evidências de pesquisa6-8. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% (p<0,05). Resultados Os 125 idosos sujeitos deste estudo apresentaram idade média de 727,58 anos e 61,60% eram mulheres. A média dos escores do SPPB foi de 5,532,4, que corresponde a baixo desempenho dos MMII, e da MIF total foi de 112,912,86, o que indica que os idosos avaliados apresentaram independência funcional. Os itens relacionados à SP e SPC, apresentaram 83 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. Giovana Sposito, Maria J. D’Elboux Diogo, Fernanda Ap. Cintra, Anita L. Neri, Maria E. Guariento, Maria L. R. De Sousa valores médios semelhantes, em torno de 2,13 a 2,45, o que corresponde à variação possível. Na satisfação referenciada a domínios, a média foi de 29,724,41, conforme Tabela 1. Na correlação entre os escores do SPPB, MIF e BES em função do sexo (Tabela 2), houve correlação significativa de moderada magnitude entre a SPC e a marcha, e satisfação referenciada a domínios e ao equilíbrio entre os idosos do sexo masculino; não houve significância estatística na relação da MIF com o BES. No sexo feminino, houve correlação significativa entre a SPC e a marcha, satisfação referenciada a domínios e a força muscular. As variáveis satisfação com a vida global e satisfação referenciada a domínios apresentaram correlação significativa com a MIFcs. Nesse grupo, todas as correlações foram de fraca magnitude. Na Tabela 3, observa-se que aumenta o número de correlações significativas entre o BES e as avaliações do SPPB e MIF à medida que a faixa etária é mais avançada. Na faixa de 60 a 69 anos, não houve correlação significativa entre o BES e o SPPB, porém houve significância estatística entre todos os itens de BES, exceto a satisfação com a vida comparada e a MIFcs, de moderada a forte magnitude; também houve significância entre SP e SPC e a MIF total, de moderada magnitude. Já na faixa etária dos 70 aos 79 anos, houve correlação significativa de fraca a moderada magnitude entre SPC e equilíbrio, marcha, SPPB total, MIFm e MIF total; a satisfação com a vida comparada apresentou correlação significativa de fraca a média magnitude com equilíbrio, marcha e SPPB total. No grupo de idosos com idade 80 anos, houve correlação significativa de fraca a moderada magnitude entre a SPC e a marcha, satisfação com a vida e SPPB total, satisfação com a vida comparada e a força muscular, SPPB total e MIF total, e satisfação referenciada a domínios com o equilíbrio, força muscular, SPPB Total, MIFm e MIF Total. Optou-se pela análise de regressão logística univariada e multivariada para verificar a variável de maior importância ou que melhor explica o BES, analisado aqui por meio da SP e SPC. Na Tabela 4, observa-se a análise de regressão multivarida para SP e SPC. A idade foi significativa como a variável que melhor explica a SP. Na faixa de idade de 70 a 79 anos, a chance de avaliação de melhor SP é de 3,69 maior, em idosos com 80 anos, essa chance é de 4,41 maior. Por outro lado, o desempenho físico, avaliado por meio do SPPB, foi a variável significativa que mais influenciou a SPC. Os idosos que obtiveram escore do SPPB total de 7 a 12 pontos apresentam 3,74 maior chance de sentirem melhor a SPC. Discussão A amostra estudada (n=125) apresentou baixo desempenho no teste (SPPB média=5,532,56), entretanto, sem comprometimento da independência funcional (MIF média=112,912,86), Tabela 1. Estatística descritiva das variáveis: idade, SPPB, MIF e BES dos idosos do estudo (n=125). Variáveis Idade (anos) 60-69 70-79 80 Sexo Homens Mulheres SPPB Equilíbrio Marcha Força muscular SPPB Total MIF MIFm MIFcs MIF Total BES** SP SPC Satisglo Satisgloc Satisdom N (%) Media (dp*) 72 (7,58) Mediana 77,00 Variação observada 60-93 Variação possível — 125 (100,00) 125 (100,00) 125 (100,00) 125 (100,00) 2,61 (1,39) 1,95 (1,02) 0,98 (1,72) 5,53 (2,56) 3,00 2,00 1,00 6,00 0-4 0-4 0-4 0-11 0-4 0-4 0-4 0-12 125 (100,00) 125 (100,00) 125 (100,00) 82,07 (9,69) 30,87 (4,81) 112,9 (12,86) 85,00 33,00 116,00 44-91 14-35 67-126 13-91 14-35 18-126 123 (98,40) 123 (98,40) 123 (98,40) 123 (98,40) 123 (98,40) 2,13 (0,70) 2,37 (0,73) 2,37 (0,70) 2,45 (0,67) 29,72 (4,41) 2,00 3,00 3,00 3,00 30,00 1–3 1–3 1–3 1–3 18-36 1–3 1–3 1–3 1–3 13-39 24 (19,20) 55 (44,00) 46 (36,80) 48 (38,40) 77 (61,60) *dp=desvio-padrão, **Missing=2. N=número de sujeitos; MIF=medida da independência funcional; MIFm=MIF motora; MIFcs=MIF cognitivo social; SPPB= Short Physical Performance Battery; SP=saúde percebida; SPC=saúde percebida comparada; Satisglob=satisfação global com a vida; Satisglobc=satisfação global com a vida comparada; Satisdom=satisfação referenciada a domínios; BES=bem-estar subjetivo. 84 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. Bem-estar subjetivo e funcionalidade em idosos Tabela 2. Correlação dos escores do BES com o SPPB e MIF a cada grupo de sexo dos idosos (n=125). Variáveis SP SPPB Equilíbrio Marcha Força muscular SPPB Total MIF MIFm MIFcs MIF Total Homens (n=48) BES SPC Satisglo Satisgloc Satisdom SP r=0,10438 p=0,3728 n=75 0,21274 0,0669 75 0,06530 0,5778 75 0,15047 0,1976 75 0,00374 0,9746 75 0,24680 0,0328 75 0,09776 0,4040 75 0,12261 0,2947 75 -0,08837 0,4509 75 0,03770 0,7481 75 0,04581 0,6963 75 -0,00239 0,9837 75 0,00148 0,9900 75 0,11156 0,3407 75 0,00500 0,9661 75 0,02588 0,8256 75 0,04447 0,7048 75 0,10401 0,3745 75 0,28977 0,0117 75 0,11518 0,3251 75 0,21298 0,0666 75 -0,04263 0,7165 75 0,13702 0,2411 75 0,17685 0,1291 75 0,17221 0,1396 75 0,21400 0,0652 75 -0,04091 0,7275 75 0,0392 0,7384 75 0,00725 0,9508 75 0,08155 0,4867 75 0,25569 0,0268 75 0,16867 0,1480 75 0,13084 0,2632 75 0,26151 0,0234 75 0,20688 0,0749 75 r=0,23645 p=0,1057 0,25982 0,0745 0,02181 0,883 0,20566 0,1608 0,30247 0,0367 -0,1199 0,4169 0,31217 0,0308 -0,027966 0,0542 0,12733 0,3885 -0,15099 0,3056 -0,0185 0,9008 0,15705 0,2864 0,03188 0,8297 0,16519 0,2619 -0,08371 0,5716 0,00849 0,9543 0,25936 0,0751 -0,15816 0,283 0,20112 0,1705 0,04550 0,7588 0,09819 0,5067 0,20384 0,1646 -0,03047 0,8371 0,04732 0,7495 0,03601 0,8080 0,01531 0,9178 0,21639 0,1396 0,16348 0,2669 0,13259 0,369 0,24976 0,0869 0,21137 0,1493 -0,02492 0,8665 0,03295 0,8241 0,09568 0,5177 -0,0365 0,8057 Mulheres (n=77) BES SPC Satisglo Satisgloc Satisdom r=coeficiente de correlação de Spearman; p=p-valor; n-número de sujeitos. As correlações significativas estão sublinhadas; MIF=medida da independência funcional; MIFm=MIF motora; MIFc=MIF cognitiva social; MIFt=MIF total; SPPB= Short Physical Performance Battery; SP=saúde percebida; SPC=saúde percebida comparada; Satisglob=satisfação global com a vida; Satisglobc=satisfação global com a vida comparada; Satisdom=satisfação referenciada a domínios; BES=bem-estar subjetivo. especificamente para as atividades que compõem o instrumento utilizado que incluem, em sua maioria, as atividades básicas da vida diária (ABVDs). De fato, estudos sobre a funcionalidade de idosos mostram que as ABVDs são as últimas a serem comprometidas em decorrência do envelhecimento ou dos agravos à saúde. Numa hierarquia de complexidade, encontra-se inicialmente o comprometimento das atividades avançadas (AAVDs), seguida das atividades instrumentais (AIVDs) e, por último, as ABVDs, as quais estão estreitamente relacionadas às atividades de autocuidado13. Esses resultados apontam para a necessidade de utilizar instrumentos que avaliem os diferentes níveis de complexidade das atividades, na medida em que se faz necessário realizar intervenções precoces tendo em vista a prevenção de dependência e a recuperação da independência funcional do idoso. Isso se aplica em serviços geriátricos voltados ao atendimento e tratamento clínico e cirúrgico bem como em serviços de reabilitação. Outrossim, o BES, avaliado por questões relacionadas à saúde e satisfação com vida, também apresentou médias elevadas e, a exemplo de outros estudos, constatou-se correlação entre itens do BES e do desempenho físico em ambos sexos (SPC e marcha em ambos os sexos, a satisfação referenciada a domínios e equilíbrio entre os sujeitos do sexo masculino e força de MMII entre o sexo feminino)14-16. Em pesquisa com idosos japoneses, o BES não apresentou correlação significativa com a funcionalidade geral em ambos os sexos, no entanto a coordenação motora dos membros superiores, item do teste de capacidade funcional, apresentou correlação significativa com a satisfação com a vida17. Também no estudo de idosos saudáveis e idosos que haviam sofrido AVE, não houve diferença significativa entre os grupos em relação ao BES e a capacidade funcional. Porém, as variáveis como ser do sexo feminino, ter idade mais avançada, boa saúde geral e rede social foram preditores de maior satisfação com a vida na amostra estudada18. Considerando a multidimensão do BES, os resultados sugerem que o desempenho de funções específicas pode comprometer determinadas esferas do BES, especialmente se consideradas essenciais na ótica do idoso, porém não compromete o BES em âmbito geral. Nesta pesquisa, o grupo de idade mais avançada, de 80 anos, também mostrou maiores escores na correlação entre as medidas de BES e desempenho físico e independência funcional. Variáveis psicossociais revelam estratégias de 85 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. 86 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. 0,23162 0,2762 0,49812 0,0132 0,49298 0,0144 0,0546 0,48097 0,0173 0,49345 0,0143 0,8679 0,6962 0,39726 -0,03587 0,3544 0,2276 0,08405 0,19773 0,3206 0,5978 0,25583 0,21175 0,3972 p=0,3048 0,11341 -0,18104 SPC r=0,21857 SP 0,2032 0,26931 0,0014 0,61490 0,5034 -0,14353 0,1581 -0,29744 0,5938 -0,11463 0,3003 -0,22060 0,1684 -0,29055 Satisglo BES 0,2198 0,26003 0,0505 0,40357 0,9440 -0,01516 0,8524 -0,04012 0,2282 0,25549 0,5800 0,11890 0,7160 -0,07832 Satisgloc 0,0665 0,38065 0,0225 0,46355 0,5995 0,11286 0,7077 0,08073 0,1453 0,30643 0,4260 0,17040 0,8401 0,04350 Satisdom 0,6438 0,06375 0,9108 -0,01545 0,2964 0,14337 0,2509 0,15748 0,9413 0,01016 0,0683 0,24763 0,3013 0,14193 SP 0,0350 0,28497 0,1859 0,18105 0,0106 0,34215 0,7210 0,04925 0,4396 0,10636 0,6663 0,05946 0,4637 0,10086 0,42987 0,0011 0,2223 0,16723 0,2062 0,17312 0,5042 0,09198 0,42973 0,0011 0,8200 0,03140 Satisglo 0,0063 0,36383 SPC BES 0,3638 0,12485 0,1498 0,19680 0,3624 0,12520 0,0187 0,31605 0,9976 -0,00042 0,0285 0,29559 0,0490 0,26668 Satisgloc Idade 70-79 (n=55) 0,3126 0,13868 0,0542 0,26106 0,6186 0,06863 0,8162 0,03208 0,7297 0,04766 0,6947 -0,05413 0,5878 0,07470 Satisdom 0,3968 0,13096 0,3550 -0,14284 0,0758 0,27046 0,0608 0,28493 0,4654 0,11294 0,1686 0, 12130 p=0,1194 r=0,23825 SP 0,1402 0,22599 0,2380 0,18164 0,1666 0,21224 0,0121 0,37535 0,1110 0,24367 0,0007 0,49047 0,2853 0,16474 SPC 0,7707 0,04522 0,4220 -0,12416 0,3785 0,13605 0,0360 0,31707 0,1066 0,24661 0,2136 0,19126 0,0811 0,26586 Satisglo BES 0,0489 0,29869 0,0744 0,27173 0,0701 0,27567 0,0290 0,32941 0,0494 0,29808 0,1982 0,19776 0,0398 0,31110 0,0009 0,48178 0,0049 0,41700 0,30860 0,0415 0,0781 0,26845 0,0015 0,46433 Satisdom 0,1394 0,22641 0,0982 0,25249 Satisgloc Idade >=80 (n=44) r=coeficiente de correlação de Spearman; p=p-valor; n=número de sujeitos. As correlações significativas estão sublinhadas. MIF=medida da independência funcional; MIFm=MIF motora; MIFc=MIF cognitiva social; MIFt=MIF total; SPPB= Short Physical Performance Battery; SP=saúde percebida; SPC=saúde percebida comparada; Satisglob=satisfação global com a vida; Satisglobc=satisfação com a vida comparada; Satisdom=satisfação referenciada a domínios; BES=bem-estar subjetivo. MIF Total MIFcs MIFm MIF SPPB Total Força muscular Marcha Equilíbrio SPPB Variáveis Idade 60-69 (n=24) Tabela 3. Correlação dos escores de BES com o SPPB e MIF a cada grupo de faixa etária dos idosos (n=125). Giovana Sposito, Maria J. D’Elboux Diogo, Fernanda Ap. Cintra, Anita L. Neri, Maria E. Guariento, Maria L. R. De Sousa Bem-estar subjetivo e funcionalidade em idosos enfrentamento que contribuem significativamente para o bem-estar dos idosos7 e impedem ou restringem o declínio da satisfação com a vida com o avanço da idade1. Resultados de pesquisas mostram que os idosos mais jovens são menos satisfeitos que os idosos mais velhos com sua independência funcional. Esse fato pode ser explicado pela resiliência dos idosos mais velhos, que consiste na adaptação a essa fase da vida. Enfrentam dificuldades e obstáculos por mais traumáticos que sejam e permitem que as condições subjetivas respondam pela manutenção da resiliência psicológica, mesmo quando a resiliência biológica está comprometida19,20. Em revisão de pesquisas internacionais entre BES e a variável idade1, constatou-se que a satisfação com a vida não declina com o envelhecimento apesar de outras variáveis, como casamento e renda, que se relacionam com o bem-estar, realmente declinarem com a idade. As emoções negativas permanecem relativamente constantes e o afeto positivo, declina. Por isso, há razão para ser otimista em relação à flexibilidade e à habilidade dos indivíduos de se adaptarem e ainda alcançarem níveis positivos de satisfação com a vida enquanto envelhecem, mesmo em condições muitas vezes consideradas desagradáveis. Destaca-se a importância desses aspectos em intervenções de reabilitação, especialmente entre idosos com sequelas de doenças tais como AVE ou amputação, comuns nesta faixa etária. As metas a serem atingidas devem estar em consonância entre os profissionais envolvidos e o idoso, considerando que a natureza subjetiva do bem-estar, enquanto satisfação e SP, são diferentes entre as pessoas envolvidas, sejam elas profissionais, familiares e o próprio idoso. Os mecanismos adaptativos e de enfrentamento às perdas, tais como o menor grau de exigência e de aspirações, facilitam o ajuste de seus objetivos às suas condições físicas13. Esse ajustamento está associado a aspectos que promovem o bem-estar com ele mesmo e quando comparado a outros indivíduos da mesma idade19. Esses dados podem ser confirmados em estudo com 40 idosos submetidos à amputação de MMII. Os idosos, mesmo apresentando limitações físicas devido à amputação, apresentaram elevados escores na avaliação subjetiva da sua independência funcional e na satisfação com a vida6. Em outra investigação, com 50 idosos que haviam sofrido AVE, observou-se que os sujeitos apresentaram elevada satisfação mesmo com as possíveis alterações funcionais decorridas do AVE. A maioria desses idosos havia sofrido AVE há mais de quatro anos. O tempo decorrido, de acordo com os autores, poderia ser identificado como um mecanismo de ajustamento e adaptação a uma nova condição e a uma perspectiva na melhora da qualidade de vida21. Nessa ótica, é possível considerar que as perdas funcionais decorrentes do envelhecimento e de doenças e suas sequelas, Tabela 4. Análise de regressão logística multivariada para SP e SPC (n=125). Variável Variáveis Categorias Valor-p* selecionadas OR** IC 95% OR SP Idade 60-69 anos 70-79 anos 80 anos 0,054 0,032 1,00 3,69 4,41 — 0,98-13,98 1,14-17,05 0-3 4-6 7-12 0,094 0,005 1,00 2,32 3,74 — 0,87-6,23 1,48-9,47 SPC SPPB Total *Critério Stepwise de seleção de variáveis para análise de regressão logística multivariada. SP=saúde percebida; SPC=saúde percebida comparada. SP=ruim ou mais ou menos (n=84); SP boa (n=39); SPC ruim ou mais ou menos (n=60); SPC boa (n=63). ** OR=Razão de chance para melhor SP e SPC; IC95% OR-Intervalo de 95% de confiança para OR. no decorrer do tempo, são superadas frente aos mecanismos de adaptação, e geralmente emoções positivas tendem a predominar sobre as negativas, pois o BES é conceituado e medido como uma condição a longo prazo e não momentâneo. As mudanças ocasionadas no nível de satisfação parecem variar ao redor de um ponto estável flexível22. Indivíduos que vivenciam eventos relevantes na vida, de natureza positiva ou negativa, com o passar do tempo retornam a um nível básico positivo habitual23. Além disso, o grupo mais idoso pode ter lançado mão de mecanismos compensatórios eficazes para apresentar aspectos mais positivos de BES, como crenças pessoais, espiritualidade, religiosidade e suporte social, considerados recursos para melhor satisfação nessa fase da vida24. Na eleição da SP como a variável representante do BES, novamente a idade é a variável que se destaca, evidenciando que, à medida que a idade aumenta, a percepção da própria saúde é melhor. Esse resultado corrobora outros estudos que obtiveram melhor SP entre os idosos mais velhos, o que confirma que o avanço da idade pode interferir na SP dos idosos8,25,26, isso porque a SP não depende da comparação entre a atual situação e o padrão ideal, mas das expectativas da própria velhice7, ou seja, a SP é a integração individual de muitos aspectos de saúde, com o senso de o indivíduo ser capaz de realizar comportamentos necessários para alcançar os resultados desejados por ele14. Entretanto, em um estudo com 1239 idosos canadenses, acima de 65 anos, de ambos os sexos, resultou como “não muito boa” a definição para a SP entre os idosos mais velhos. Os autores destacaram os problemas de saúde e as limitações funcionais para o desempenho de atividades cotidianas como as variáveis preditoras de baixos escores da SP dessa população15. 87 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. Giovana Sposito, Maria J. D’Elboux Diogo, Fernanda Ap. Cintra, Anita L. Neri, Maria E. Guariento, Maria L. R. De Sousa Quando a SPC passou a representar o BES, o teste de desempenho dos MMII foi a variável de maior influência. Os idosos com melhores pontuações apresentaram maiores chances de melhor SPC. Em estudo sobre a relação da capacidade física e SP com 44 idosos de idade avançada (80 anos ou mais), utilizando um questionário sobre SP e o instrumento SPPB, os resultados revelaram que a velocidade da marcha foi a variável mais fortemente relacionada à SP. Porém, na avaliação física total, a capacidade física mostrou-se fortemente relacionada com o senso de autoeficácia medido por meio do questionário de SP14. Um estudo longitudinal de três fases verificou a avaliação física e a relação com a SP dos mesmos idosos aos 86, 90 e 94 anos. Ocorreu diminuição da capacidade funcional com o avançar da idade, porém a percepção da saúde permaneceu elevada entre os idosos mais velhos, mesmo com as alterações funcionais26. A pesquisa Berlin Aging Study analisou a percepção da saúde física atual e comparada em idosos de 70 a 105 anos. Os achados não revelaram diferenças entre os grupos de idade e identificaram que, nessa população, a saúde objetiva permaneceu estável durante o curso de vida. Os autores atribuíram os resultados aos processos adaptativos em relação à funcionalidade por meio da reorganização cognitiva nos processos de comparação interna16. Com o resultado do presente estudo, pode-se enfatizar que o desempenho físico, além de influenciar a capacidade funcional, é também uma forte variável da SPC. Reafirma-se assim que condições de funcionalidade e dimensões psicológicas influenciam a SP quando comparada a outra pessoa da mesma idade8,14. A comparação social tem impacto no BES e, quando os indivíduos comparam de modo favorável suas vidas em relação à vida de outros indivíduos, manifestam-se satisfeitos e experimentam emoções positivas27. Comparar-se com outras pessoas tem papel relevante na avaliação e construção da realidade e enfrentamento de eventos negativos. Em ocasiões que reproduzem decréscimo no bem-estar, as pessoas frequentemente se comparam com outras que elas acreditam piores em um esforço de melhorar seu bem-estar, principalmente quando não há oportunidades de ações instrumentais28. Entre os idosos com amputação de MMII6, os padrões de comparação utilizados mostraram-se inferiores ao próprio desempenho, ou seja, ao se compararem com outros indivíduos da mesma faixa etária, os sujeitos do estudo se compararam a idosos que apresentavam desempenho inferior, procurando, assim, valorizar sua independência e seu potencial. Conhecido como mecanismo de enfrentamento de comparação descendente29, o indivíduo, tendo conhecimento em sua mente de que existem pessoas em piores situações e com maior número de problemas, percebe que sua situação é relativamente mais favorável, o que leva a maior BES. Esse mecanismo pode atenuar o afeto negativo atual e permitir que o indivíduo se sinta melhor no momento. A adaptação a um evento estressante pode ser facilitada quando o idoso deixa de se focar na remoção da ameaça e tenta aceitar as perdas inerentes à sua condição atual, reorganizando suas metas, prioridades e desejos30. Considerações finais Os resultados deste estudo apontam para a necessidade do desenvolvimento de estratégias de intervenção junto à população idosa, com enfoque na sua funcionalidade, independentemente da idade. Os mecanismos de ajustamento lançados na velhice mais avançada favorecem a percepção da própria saúde e consequentemente melhoram o BES dos idosos. Embora com limitações referentes às características particulares da amostra (tamanho, especificidades do campo de estudo), os resultados mostraram que intervenções de recuperação e manutenção da independência funcional, por mínimas que possam parecer, promovem, na velhice, ganhos na SP. Ademais, fortalece a necessidade da implantação de instrumentos que permitam obter informações de natureza subjetiva nas avaliações clínicas de saúde do idoso. Referências bibliográficas 1. Diener E, Suh E. Measuring quality of life: economic, social and subjective indicators. Soc Ind Res.1997;40(1-2):189-216. 2. Liberaslesso A. Bienestar subjetivo en la vida adulta y en la vejez: hacia una psicologia positiva en America Latina. Rev Latinoam de Psicol. 2002; 34(1-2):55-74. 88 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. 3. Smiley JR. Ed Diener [homepage na internet]. Champaign: University of Illinois at Urbana-Champaign [atualizada em 2006; acesso em 13 Nov 2006]. Disponível em: http://www.psych.uiuc.edu/~ediener/ 4. Sousa L, Galante H, Figueiredo D. Qualidade de vida e bem-estar dos idosos: um estudo exploratório na população portuguesa. Rev Saúde Pública. 2003;37(3):364-71. Bem-estar subjetivo e funcionalidade em idosos 5. Pereira RJ, Cotta RMM, Franceschini SCC, Ribeiro RCL, Sampaio RF, Priore SE, et al. Contribuição dos domínios físico, social, psicológico e ambiental para a qualidade de vida global de idosos. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2006;28(1):27-38. 6. Diogo MJD. Satisfação global com a vida e determinados domínios entre idosos com amputação de membros inferiores. Rev Panam Salud Publica. 2003;13(6):395-9. 7. Guedea MTD, Albuquerque FJB, Tróccoli BT, Noriega JAV, Seabra MAB, Guedea RLD. Relação do bem-estar subjetivo, estratégias de enfrentamento e apoio social em idosos. Pscicol Reflex Crit. 2005;19(2):301-8. 8. de Vitta A, Neri AL, Padovani CR. Saúde percebida em homens e mulheres sedentários e ativos, adultos jovens e idosos. Salusvita. 2006;25(1):22-34. 9. Ministério da Saúde – Brasil [homepage na internet]. Política nacional de atenção à saúde dos idosos [atualizado 10 Dez 1999; acesso em 15 Mar 2008]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=153 10. Organização Mundial da Saúde-OMS. Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde-CIF 1. São Paulo: Udesp; 2003. 11. Riberto M, Myazaky MH, Jorge Filho D, Sakamoto H, Battistela LR. Reprodutibilidade da versão brasileira da medida de independência funcional. Acta Fisiatrica. 2001;8(1):45-52. 12. Guralnik JM, Simonsick EM, Ferrucci L, Glynm RJ, Berkman LF, Blazer DG, et al. A short physical performance battery assessing lower extremity function: association with self-reported disability and prediction of mortality and nursing home admission. J Gerontol. 1994;49(2):85-94. 13. Neri AL. Qualidade de vida na velhice e atendimento domiciliário. In: Duarte YAO, Diogo MJD, editores. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Ateneu; 2000. p. 33-47. 14. Ferreira FFP, Izzo H, Jacob Filho W. Impacto da capacidade física na saúde percebida entre idosos em velhice avançada. Saúde Coletiva. 2007;4(17):154-7. 15. Ebly EM, Hogan DB, Fung TS. Correlates of self-rated health in persons aged 85 and over: results from the Canadian study of health and aging. Can J Public Health. 1996;87(1):28-31. 16. Baltes PB, Mayer KU. The berlin aging study aging from 70 to 100. Cambridge: Cambridge University Press; 1999. 17. Chang M, Kim H, Shigematsu R, Nho H, Nishijima T, Tanaka K. Functional fitness may be related to life satisfaction in older Japanese adults. Int J Aging Hum Dev. 2001;53(1):35-49. 18. Wyller TB, Holmen J, Laake P, Laake K. Correlates of subjective well-being in stroke patients. Stroke. 1998;29(2):363-7. 19. Neri AL. Qualidade de vida na velhice: enfoque multidisciplinar. Campinas: Alínea Editora; 2007. 20. Wagnild G. Resilience and successful aging. Comparison among low and high income older adults. J Gerontol Nurs. 2003;29(12):42-9. 21. Rabelo DF. Incapacidade funcional, senso de ajustamento pessoal e bem-estar subjetivo em adultos e idosos afetados por acidente vascular cerebral [dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 2006. 22. Fujita F, Diener E. Life satisfaction set point: stability and change. J Pers Soc Psychol. 2005;88(1):158-64. 23. Diener E. Subjctive well-being. The science of happiness and a proposal for a national index. Am Psychol. 2000;55(1):34-43. 24. Wink P, Dillon M. Religiousness, spirituality, and psychosocial functioning in late adulthood: findings from a longitudinal study. Psycol Aging. 2003;18(4):916-24. 25. Alves LC, Rodrigues RN. Determinates da autopercepção de saúde entre idosos do município de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2005;17(5/6):333-40. 26. Bravell ME, Berg S, Malmberg B. Health, functional capacity, formal care, and survival in the oldest old: a longitudinal study. Arch Gerontol Geriatr. 2008;46(1):1-14. 27. Diener E, Fujita F. Social comparisons and subjective well-being. In: Buunk BP, Gibbsons F, editors. Helath, coping, and well-being: perspectives from social comparison theory. New Jersey: Laurence Erlbawm Associates; 1997. p.305-24. 28. Buunk BP, Gibbons FX, Reis-Bergan M. Social comparison in health and illness: a historical overview. In: Buunk BP, Gibbsons F, editors. Health, coping, and well-being: perspectives from social comparison theory. New Jersey: Laurence Erlbawm Associates; 1997. p.1-23. 29. Wills TA. Modes and families of coping: an analysis of social comparison in the structure of other cognitive and behavioral mechanisms. In: Buunk BP, Gibbsons F, editors. Helath, coping, and well-being: perspectives from social comparison theory. New Jersey: Laurence Erlbawm Associates; 1997. p. 167-94. 30. Aldwin CM, Gilmer DF. Health, illness, and optimal aging: biological and psychosocial perspectives. Los Angeles: Sage; 2004. 89 Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):81-9. Obrigada revisores, A Revista Brasileira de Fisioterapia agradece publicamente aos profissionais que, durante o ano passado, revisaram um ou mais manuscritos. Tais pessoas doaram, generosamente, seu tempo em nosso processo de revisão por pares, tarefa que tem sido fundamental para o crescimento da Revista, contribuindo para a qualidade do trabalho que é evidenciado em nossas páginas. Our thanks to the referees, The Brazilian Journal of Physical Therapy publicly thanks the people who, during this past year, reviewed one or more manuscripts. These people generously gave their time to our peer review process. This process has been fundamental to the Journal’s growth and has contributed towards the quality of the work that is demonstrated on our pages. Ada Clarice Gastaldi - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Andrea Maria Eleutério de Barros Lima Martins - UEMC - Montes Claros, Adriana Claudia Lunardi - USP - São Paulo, SP - Brasil MG - Brasil Adriana Luciana Moreno Camargo - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Angela Maria Florêncio Tabosa - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Adriana Maria Valladão Novais Van Petten - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Ângela Merice de Oliveira Leal - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Adriana Moré Pacheco - PUCRS - Porto Alegre, RS - Brasil Angelina Zanesco - UNESP - Rio Claro, SP - Brasil Adriana Netto Parentoni - UNI-BH - Belo Horizonte, MG - Brasil Ângelo Piva Biagini - UNITRI - Uberlândia, MG - Brasil Adriano de Oliveira Andrade - UFU - Uberlândia, MG - Brasil Anielle Cristhine de Medeiros Takahashi - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Airton José Rombaldi - UNIPel - Pelotas, RS - Brasil Anna Raquel Silveira Gomes - UFPR - Matinhos, PR - Brasil Alberto de Vitta - USC - Bauru, SP - Brasil Antonio Carlos Pereira Barretto - USP - São Paulo, SP - Brasil Alceu Gomes Chueire - FMSJRP - São José do Rio Preto, SP - Brasil Antonio Carlos Shimano - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Alexandre Dias Lopes - UMESP - São Bernardo do Campo, SP - Brasil Antonio Luiz Barbosa Pinheiro - UFBA - Salvador, BA - Brasil Alexandre Simões Dias - IPA - Porto Alegre, RS - Brasil Antonio Vitor de Abreu - UFRJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Aline Alvim Scianni - PUCMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Aparecida Maria Catai - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Aline Cristina Piratello Ferrara - USP - São Paulo, SP - Brasil Arnaldo José Godoy - UNAERP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Alisson Guimbala dos Santos Araújo - ACE - Joinville, SC - Brasil Audrey Borghi e Silva - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Almir Ribeiro Tavares Junior - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Áurea Nogueira de Melo - UFRN - Natal, RN - Brasil Álvaro Campos Cavalcanti Maciel - UFRN - Natal, RN - Brasil Benito Pereira Damasceno - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Álvaro Roberto Crespo Merlo - UFRGS - Porto Alegre, RS - Brasil Carla Christina Medalha - UNIFESP - Santos, SP - Brasil Amélia Pasqual Marques - USP - São Paulo, SP - Brasil Carla Malaguti - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Ana Amélia Cardoso Rodrigues - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Carlos Alberto Anaruma - UNESP - Rio Claro, SP - Brasil Ana Assumpção Berssaneti - USP - São Paulo, SP - Brasil Carlos Alberto Giglio - UNAERP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Ana Beatriz de Oliveira - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Carlos Bandeira de Mello Monteiro - EACH - São Paulo, SP - Brasil Ana Beatriz Gomes de Souza - UNIDERP - Campo Grande, MS - Brasil Carlos Bolli Mota - UFSM - Santa Maria, RS - Brasil Ana Carolina de Campos - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Carlos Eduardo Pinfildi - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Ana Clara Bonini Rocha - UNIFRA - Santa Maria, RS - Brasil Carlos Henrique Alves de Rezende - UFU - Uberlândia, MG - Brasil Ana Cláudia Garcia de Oliveira Duarte - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Carlos Henrique Zanelato Pantaleão - UNIOESTE - Iguaçú, PR - Brasil Ana Claudia Mattiello Sverzut - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Carlos Hermano da Justa Pinheiro - USP - São Paulo, SP - Brasil Ana Cláudia Muniz Renno - UNIFESP - Santos, SP - Brasil Carlos Marcelo Pastre - UNESP - Presidente Prudente, SP - Brasil Ana Cristina de David - UNB - Brasília, DF - Brasil Carolina Araújo Rodrigues Funayama - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Ana Fatima Viero Badaro - UFSM - Santa Maria, RS - Brasil Carolina Daniel de Lima - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Ana Francisca Rozin Kleiner - UNESP - Rio Claro, SP - Brasil Cecília Ferreira Aquino - FUNEDI - Divinópolis, MG - Brasil Ana Maria Forti Barela - UNICSUL - São Paulo, SP - Brasil Cecília Helena de Azevedo Gouveia - USP - São Paulo, SP - Brasil Ana Maria Pellegrini - UNESP - Rio Claro, SP - Brasil Célia Pereira Caldas - UERJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Ana Patrícia de Paula - UNB - Brasília, DF - Brasil Célia Regina Lopes - FAEPI - Uberlândia, MG - Brasil Ana Paula de Lima Ferreira - FIR - Recife, PE - Brasil Celita Salmaso Trelha - UEL - Londrina, PR - Brasil Ana Paula Rebucci Lirani Galvão - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Celso Ricardo Fernandes de Carvalho - USP - São Paulo, SP - Brasil Ana Raquel Rodrigues Lindquist - UFRN - Natal, RN - Brasil César Minelli - HCFM - Matão, SP - Brasil Anamaria Siriani de Oliveira - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Charles Taciro - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Andre Fabio Kohn - USP - São Paulo, SP - Brasil Christiane Lanatovitz Prado Medeiros - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Andre Gustavo Fernandes de Oliveira - FMCMJF - Juiz de Fora, MG - Brasil Christina Danielli Coelho de Morais Faria - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Andre Luiz Felix Rodacki - UFPR - Curitiba, PR - Brasil Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta - USP - São Paulo, SP - Brasil Rev Bras Fisioter. 2010;14(1) Cibelle Kayenne Martins Roberto Formiga - UEG - Goiânia, GO - Brasil Emerson Kiyoshi Honda - FCMSCSP - São Paulo, SP - Brasil Ciomara Maria Perez Nunes - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Emília Nozawa - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Clareci Silva Cardoso - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Emmanuel Gomes Ciolac - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Clarice Tanaka - USP - São Paulo, SP - Brasil Esperanza Herrera Villabona - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Clarissa Stefani Teixeira - UFSM - Santa Maria, RS - Brasil Estelio Henrique Martin Dantas - UCB - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Claudia Ferreira Mazzoni - FUMEC - Nova Lima, MG - Brasil Ester da Silva - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Claudia Helena Cerqueira Marmora - UFJF - Juiz de Fora, MG - Brasil Fabiana Abrahão - UNISUAM - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Claudia Lucia Moraes Forjaz - USP - São Paulo, SP - Brasil Fabio de Oliveira Pitta - UEL - Londrina, PR - Brasil Claudia Maria Simões Martinez - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Fábio Mícolis de Azevedo - FAI - Adamantina, SP - Brasil Claudia Saad Magalhães - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Fábio Viadanna Serrão - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Claudia Santos Oliveira - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Fátima Ferretti Tombini - UNOCHAPECÓ - Chapecó, SC - Brasil Cristiane Rodrigues Pedroni - FIEL - Limeira, SP - Brasil Fernanda Ishida Corrêa - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Cristina dos Santos Cardoso de Sá - USCS - São Caetano do Sul, SP - Brasil Fernanda Pereira dos Santos Silva - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Cristina Elena Prado Teles Fregonesi - UNESP - Presidente Prudente, SP - Brasil Fernando Copetti - UFSM - Santa Maria, RS - Brasil Cristina Iwabe - UNIARARAS - Araras, SP - Brasil Fernando Freitas Ganança - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Cristina Maria Nunes Cabral - UNICID - São Paulo, SP - Brasil Fernando Martins Carvalho - UFBa - Salvador, BA - Brasil Cristine Homsi Jorge Ferreira - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Fernando Silva Guimarães - UFRJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Daniel Feldman Pollak - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Flavia Gomes Martinez - PUCRS - Porto Alegre, RS - Brasil Daniel Ferreira Moreira Lobato - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Flávia Roberta Faganello Navega - UNESP - Marília, SP - Brasil Daniel Iwai Sakabe - FIEL - Limeira, SP - Brasil Francisco Albuquerque Sendin - USal - Salamanca, ES - Espanha Daniela Aparecida Biasotto Gonzalez - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Francisco José de Castro Moura Duarte - UFRJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Daniela Virgínia Vaz - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Gardenia Maria Holanda Ferreira - UFRN - Natal, RN - Brasil Daniele Sirineu Pereira - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Gerson Cipriano Junior - UNIBAN - Brasília, DF - Brasil Danielle Corrêa França - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Gert-Ake Hansson - Lund University - Lund, Malmö - Suécia Danilo Cortozi Berton - ISCMPA - Porto Alegre, RS - Brasil Gil Lucio Almeida - UNAERP - Ribeirão Preto, SP - Brasil David J. Magee - UALBERTA - Edmont, AL - Canadá Gilmar Moraes Santos - UDESC - Florianópolis, SC - Brasil Davilene Gigo Benato - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Giovana Zarpellon Mazo - UDESC - Florianópolis, SC - Brasil Débora Bevilaqua Grossi - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Gisele de Cássia Gomes - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Debora Estadella - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Gislaine Cecília de Oliveira Cerveny - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Delaine Rodrigues Bigaton - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Glória Elizabeth Carneiro Laurentino - UFPe - Recife, PE - Brasil Denise Castilho Cabrera Santos - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Guilherme Augusto de Freitas Fregonezi - UFRN - Natal, RN - Brasil Denise Hollanda Iunes - UNIFENAS - Alfenas, MG - Brasil Guilherme Manna Cesar - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Denise Loureiro Vianna - UNIP - São Paulo, SP - Brasil Gustavo de Azevedo Carvalho - UCB - Brasília, DF - Brasil Denise Pimentel Bergamaschi - USP - São Paulo, SP - Brasil Gustavo Salata Romão - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Dernival Bertoncello - UNIUBE - Uberaba, MG - Brasil Helenice Jane Cote Gil Coury - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Diana Marina Camargo Lemos - UIS - Bucaramanga - Colômbia Heleodório Honorato dos Santos - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Dirce Guilhem - UNB - Brasília, DF - Brasil Helton Luiz Aparecido Delfino - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Dirce Shizuko Fujisawa - UEL - Londrina, PR - Brasil Henrique Gottardello Zecchin - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Dulce Maria Rosa Gualda - USP - São Paulo, SP - Brasil Henrique Takachi Moriya - USP - São Paulo, SP - Brasil Dulciane Nunes Paiva - UNISC - Santa Cruz do Sul, RS - Brasil Império Lombardi Junior - LESF - São Paulo, SP - Brasil Edgar Ramos Vieira - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Inácio Teixeira da Cunha Filho - UNI-BH - Belo Horizonte, MG - Brasil Edison Sanfelice André - FURB - Blumenau, SC - Brasil Irma de Godoy - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Edmund Chada Baracat - USP - São Paulo, SP - Brasil Isabel Aparecida Porcatti de Walsh – UFTM - Uberaba, MG - Brasil Edson Rosa Pimentel - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Isabel de Camargo Neves Sacco - USP - São Paulo, SP - Brasil Eduardo José Danza Vicente - UFJF - Juiz de Fora, MG - Brasil Ismael Fernando de Carvalho Fatarelli - UNIVAP - São Jose dos Campos, SP - Brasil Elaine Caldeira de Oliveira Guirro - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Iza de Faria - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Elaine Leonezi Guimarães - FAFIBE - Bebedouro, SP - Brasil Jaderson Costa Dacosta - PUCRS - Porto Alegre, RS - Brasil Elaine Paulin - UDESC - Florianópolis, SC - Brasil Jadir Camargo Lemos - UFSM - Santa Maria, RS - Brasil Elen Haruka Miyabara - UNICID - São Paulo, SP - Brasil Jamil Natour - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Eli Maria Pazzianotto Forti - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Jamilson Simões Brasileiro - UFRN - Natal, RN - Brasil Eliane Araújo de Oliveira - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Janine Gomes Cassiano - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Eliane Cristina Hilberath Moreira - UEL - Londrina, PR - Brasil Jaqueline da Silva Frônio - UFJF - Juiz de Fora, MG - Brasil Eliane Ferrari Chagas - UNESP - Presidente Prudente, SP - Brasil Jaqueline Fernandes Pontes - UFRN - Natal, RN - Brasil Eliete Luciano - UNESP - Rio Claro, SP - Brasil Jecilene Rosana Costa - UNISANTA - Santos, SP - Brasil Elisangela Ferretti Manffra - PUCPR - Curitiba, PR - Brasil Jefferson Luiz Brum Marques - UFSC - Florianópolis, SC - Brasil Eloísa Tudella - UFSCar - São Carlos - SP - Brasil João Cesar Lyra - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Elyonara Mello de Figueiredo - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil João Luiz Amaro - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Elza Lucia Baracho Lotti de Souza - FCMMG - Belo Horizonte, MG - Brasil João Luiz Quagliotti Durigan - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Rev Bras Fisioter. 2010;14(1) João Marcos Domingues Dias - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Marcos Raimundo Gomes de Freitas - UFF - Niterói, RJ - Brasil Jonas Lírio Gurgel - PUCRS - Porto Alegre, RS - Brasil Marcus Vinicius Marques de Moraes - FURB - Blumenau, SC - Brasil José Angelo Barela - UNICSUL - São Paulo, SP - Brasil Maria Alice Junqueira Caldas - UFJF - Juiz de Fora, MG - Brasil José Batista Volpon - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Maria Beatriz Martins Linhares - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil José Fernando Colafemina - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Maria Cecília Pereira Binder - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Jose Francisco Manganelli Salomão - FIOCRUZ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Maria Cristina Cescatto Bobroff - UEL - Londrina, PR - Brasil José Jamacy de Almeida Ferreira - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Maria Cristina Cortez Carneiro Meirelles - UNAERP - Ribeirão Preto, SP - Brasil José Maria Pereira de Godoy - FAMERP - São José do Rio Preto, SP - Brasil Maria Dalva Barbosa Baker Meio - Fiocruz - Rio de Janeiro, RJ - Brasil José Rubens Rebelatto - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Maria Elisa Pimentel Piemonte - USP - São Paulo, SP - Brasil Josimari Melo de Santana - UFS - Aracajú, SE - Brasil Maria Helena Baena de Moraes Lopes - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Jovany Luis Alves de Medeiros - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Maria Helena Hasselmann - UERJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Juliana de Faria Fracon - UCB - Brasília, DF - Brasil Maria Helena Larcher Caliri - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Juliana de Melo Ocarino - UNI-BH - Belo Horizonte, MG - Brasil Maria Ignez Zanetti Feltrim - INCOR - São Paulo, SP - Brasil Karina Maria Cancelliero - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Maria Isabel Coelho Alves Parahyba - IBGE - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Karina Pereira - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Maria Jose D’Elboux Diogo - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Katia Maciel Costa-Black - New York University - New York, NY - EUA Maria Luisa Guillaumon Emmel - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Katia Solideia Pegoretti - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Maria Manuela Rino Mendes - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Katia Suely Queiroz Silva Ribeiro - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Maria Matilde de Mello Sposito - Hospital das Clínicas - São Paulo, SP Leani Souza Máximo Pereira - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Maria Rosenilda Petronila de Carvalho - UFRN - Natal, RN - Brasil Leia Bernardi Bagesteiro - UNICID - São Paulo, SP - Brasil Maria Stella Peccin da Silva - USP - São Paulo, SP - Brasil Leonardo Oliveira Pena Costa - PUCMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Maria Tereza Silveira Böhme - USP - São Paulo, SP - Brasil Lidiane Andréa de Oliveira Lima - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Maria Urbana Pinto Brandão Rondon - USP - São Paulo, SP - Brasil Ligia Maria Presumido Braccialli - UNESP - Marília, SP - Brasil Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Liliam Fernandes de Oliveira - UFRJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Mariana Asmar Alencar - FUMEC - Nova Lima, MG - Brasil Lilian Pinto da Silva - UFJF - Juiz de Fora, MG - Brasil Marina de Brito Brandão - AMR - Belo Horizonte, MG - Brasil Lilian Ramiro Felício - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Mário Augusto Paschoal - PUC - Campinas, SP - Brasil Lilian Teresa Bucken Gobbi - UNESP - Rio Claro, SP - Brasil Mario Carneiro Filho - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Lislei Jorge Patrizzi - UNIFRAN - Franca, SP - Brasil Mario César Ferreira - UNB - Brasília, DF - Brasil Lívia de Castro Magalhães - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Marisa Cotta Mancini - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Lorena Teresinha Consalter Geib - UPF - Passo Fundo, RS - Brasil Marisa de Cássia Registro Fonseca - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Luci Fuscaldi Teixeira Salmela - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Marlene Aparecida Moreno - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Lucia Helena Batista - UNIARA - Araraquara, SP - Brasil Marli Maria Knorst - HCPA - Porto Alegre, RS - Brasil Luciana Auxiliadora de Paula Vasconcelos - PUCMG - Poços de Caldas, MG - Brasil Marlus Karsten - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Luciana Carrupt Machado Sogame - EMESCAM - Vitória, ES - Brasil Maura Regina Seleme - ABAFI - Curitiba, PR - Brasil Luciana Dias Chiavegato - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Mauricio Malavasi Ganança - UNIBAN - São Paulo, SP - Brasil Luciana Duarte Novais Silva - UFVJM - Diamantina, MG - Brasil Mauricio Wajngarten - USP - São Paulo, SP - Brasil Luciana Erina Palma - UFSM - Santa Maria, RS - Brasil Mauro Heleno Chagas - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Luciana Maria Malosá Sampaio - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Michel Silva Reis - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Lucy Gomes Vianna - UCB - Brasília, DF - Brasil Miriam Aparecida Barbosa Merigui - USP - São Paulo, SP - Brasil Lucy Mara Silva Baú - CBES - Curitiba, PR - Brasil Mirian Hideko Nagae - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Luis Vicente Franco de Oliveira - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Moema Teixeira Maia - UFPB - João Pessoa, PB - Brasil Luiz Carlos Marques Vanderlei - UNESP - Presidente Prudente, SP - Brasil Moises Veloso Fernandes - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Luzia Iara Pfeifer - USP - São Paulo, SP - Brasil Monica Carvalho Sanchez Stopiglia - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Lygia Paccini Lustosa - UNI-BH - Belo Horizonte, MG - Brasil Mônica de Oliveira Orsi Gameiro - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Manuela Loureiro Ferreira - PUCMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Mônica Rodrigues Perracini - UNICID - São Paulo, SP - Brasil Marcella Guimarães Assis Tirado - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Monica Sanches Yassuda - USP - São Paulo, SP - Brasil Marcelo Oliveira Mazzetto - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Nádia Fernanda Marconi - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Marcelo Tavella Navega - UNESP - Marília, SP - Brasil Natalia Aquaroni Ricci - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Marcelo Velloso - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Nayara Silva Argollo Vieira - FRB - Salvador, BA - Brasil Marcia Aparecida Ciol - University of Washington - Seattle, WA - EUA Neiva Leite - UFPR - Curitiba, PR - Brasil Marcia Maria Pires Camargo Novelli - USP - São Paulo, SP - Brasil Nelci Adriana Cicuto Ferreira Rocha - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Marcia Souza Volpe - UFTM - Uberaba, MG - Brasil Nivaldo Antonio Parizotto - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Márcio Innocentini Guaratini - UNICEP - São Carlos, SP - Brasil Nuno Miguel Lopes de Oliveira - UNITRI - Uberlândia, MG - Brasil Marco Aurélio Vaz - UFRGS - Porto Alegre, RS - Brasil Odimariles Maria Souza Santas - UFPE - Recife, PE - Brasil Marcos Amaral de Noronha - UFAM - Manaus, AM - Brasil Patrícia Amador Franco Brigidio - UNIEURO - Brasília, DF - Brasil Marcos Antonio de Resende - UFMG - Belo Horizonte, MG – Brasil Patrícia Driusso - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Marcos Duarte - USP - São Paulo, SP - Brasil Paula Hentschel Lobo da Costa - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Marcos Eduardo Scheicher - UNESP - Marília, SP - Brasil Paula Lanna Pereira da Silva - University of Connecticut - Storrs, CT - Connecticut Rev Bras Fisioter. 2010;14(1) Paula Maria Machado Arantes - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Sabrina Peviani Messa - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Paula Rezende Camargo - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Sandra Regina Alouche Negrão - UMESP - São Bernardo do Campo, SP - Brasil Paula Silva de Carvalho Chagas - UFJF - Juiz de Fora, MG - Brasil Sandra Soares Lemos - UNB - Brasília, DF - Brasil Paulo de Tarso Camillo de Carvalho - UNIDERP - Campo Grande, MS - Brasil Selma Sousa Bruno - UFRN - Natal, RN - Brasil Paulo Henrique Altran Veiga - UNICAP - Recife, PE - Brasil Silvana Maria Blascovi de Assis - MACKENZIE - São Paulo, SP - Brasil Paulo Sergio Bossini - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Sílvia José de Matos Colombo - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Pedro Dall’Ago - FFCMPA - Porto Alegre, RS - Brasil Sílvia Maria Amado João - USP - São Paulo, SP - Brasil Percy Nohama - PUCPR - Curitiba, PR - Brasil Silvia Maria Azevedo Santos - UFSC - Florianópolis, SC - Brasil Pola Maria Poli Araújo - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Simone Aparecida Capellini - UNESP - Marília, SP - Brasil Raquel de Paula Carvalho - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Simone Cecilio Hallak Regalo - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Raquel Rodrigues Britto - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Simone Dal Corso - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Regiane Luz Carvalho - PUCMG - Poços de Caldas, MG - Brasil Sissy Veloso Fontes - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Regina Celi Trindade de Camargo - UNESP - Presidente Prudente, SP - Brasil Stela Márcia Mattiello Gonçalves Rosa - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Regina Heloisa Mattei de Oliveira Maciel - UEC - Fortaleza, CE Stella Maris Michaelsen - UESC - Florianópolis, SC - Brasil Renata Cristina Magalhães Lima - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Suhaila Mahmoud Smaili Santos - UEL - Londrina, PR - Brasil Renata Gonçalves Mendes - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Sylvia Maria Ciasca - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Renata Noce Kirkwood - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Tania Fernandes Campos - UFRN - Natal, RN - Brasil Renata Trimer - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Tania Terezinha Scudeller Prevedel - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Renato Peixoto Veras - UERJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Tatiana de Oliveira Sato - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Ricardo Jaco de Oliveira - UCB - Brasília, DF - Brasil Tatiane Flores Ribeiro - UFU - Uberaba, MG - Brasil Ricardo Luiz Nunes de Souza - UNESP - Araraquara, SP - Brasil Thais Cristina Chaves - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Ricardo Oliveira Guerra - UFRN - Natal, RN - Brasil Thais Helena Abrahão Thomaz Queluz - UNESP - Botucatu, SP - Brasil Richard Eloin Liebano - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Thais Weber de Alencar Bojadsen - FIEO - Osasco, SP - Brasil Rinaldo Roberto de Jesus Guirro - USP - Ribeirão Preto, SP - Brasil Thales Rezende de Souza - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Rita de Cassia Pereira Fernandes - UFBA - Salvador, BA - Brasil Thatia Regina Bonfim - PUC - Poços de Caldas, MG - Brasil Rob Herbert - Faculty of Health Sciences - Lidcombe, NSW - Austrália Thelma Simões Matsukura - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Roberto Alves Lourenço - UERJ - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Theo Abatipietro Costa - UNINOVE - São Paulo, SP - Brasil Robison José Quitério - UNESP - Marília, SP - Brasil Thiago Luiz Russo - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Rodrigo Antunes Vasconcellos - USP - São Paulo, SP - Brasil Valdeci Carlos Dionísio - UNITRI - Uberlândia, MG - Brasil Rodrigo Della Mea Plentz - UFCSPA - Porto Alegre, RS - Brasil Valéria Amorim Pires Di Lorenzo - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Rogério Leone Buchain - UNESP - Araçatuba, SP - Brasil Vanessa Suziane Probst - UNOPAR - Londrina, PR - Brasil Rosana Ferreira Sampaio - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Vanessa Vilela Monte-Raso - UNIAnhanguera - Leme, SP - Brasil Rosana Macher Teodori - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Vera Lucia da Silveira Nantes Button - UNICAMP - Campinas, SP - Brasil Rosana Mattioli - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Verônica Franco Parreira - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Rosane Harter Griep - Fiocruz - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Victor Zuniga Dourado - UNIFESP - São Paulo, SP - Brasil Rosangela Correa Dias - UFMG - Belo Horizonte, MG - Brasil Viviane Balisardo Minamoto - UNIMEP - Piracicaba, SP - Brasil Rosemary Rauchbach - PMC - Curitiba, PR - Brasil Wellington Pereira dos Santos Yamaguti - Hospital Sírio Libanês - São Paulo, Rubens Correa Araújo - USJT - São Paulo, SP - Brasil SP - Brasil Ruth Caldeira de Melo - UFSCar - São Carlos, SP - Brasil Wouber Hérickson de Brito Vieira - UFRN - Natal, RN - Brasil Rev Bras Fisioter. 2010;14(1) Índice/Index ISSN 1413-3555 Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 1-89, jan./fev. 2010 © Revista Brasileira de Fisioterapia CINESIOTERAPIA/ KINESIOTHERAPY 68 Efeitos de um programa de atividade física nas funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas em idosos com demência de Alzheimer Effects of physical activity on cognitive functions, balance and risk of falls in elderly patients with Alzheimer’s dementia Salma S. S. Hernandez, Flávia G. M. Coelho, Sebastião Gobbi, Florindo Stella FISIOTERAPIA NAS CONDIÇÕES CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS/ PHYSICAL THERAPY FOR CARDIOVASCULAR AND RESPIRATORY CONDITIONS 75 Análise comparativa do teste de caminhada de seis minutos em crianças e adolescentes saudáveis Comparative analysis of the six-minute walk test in healthy children and adolescents Evanirso S. Aquino, Flávio A. G. Mourão, Roberta K. V. Souza, Bráulio M. Glicério, Cristiane C. Coelho 16 Influência do tabagismo atual na aderência e nas respostas à reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC Influence of current smoking on adherence and responses to pulmonary rehabilitation in patients with COPD Vivian T. S. Santana, Selma D. Squassoni, José Alberto Neder, Elie Fiss 60 Maximal respiratory pressure in healthy 20 to 89 year-old sedentary individuals of central São Paulo State Pressões respiratórias máximas em indivíduos saudáveis sedentários de 20 a 89 anos da região central do Estado de São Paulo Rodrigo P. Simões, Ana P. L. Deus, Marco A. Auad, Jadiane Dionísio, Marisa Mazzonetto, Audrey Borghi-Silva FISIOTERAPIA NAS CONDIÇÕES GERIÁTRICAS/ PHYSICAL THERAPY FOR GERIATRIC CONDITIONS 24 Relação da função muscular respiratória e de membros inferiores de idosos comunitários com a capacidade funcional avaliada por teste de caminhada Relationship between functional capacity assessed by walking test and respiratory and lower limb muscle function in community-dwelling elders Leonardo A. Simões, João M. D. Dias, Keila C. Marinho, Carla L. L. R. Pinto, Raquel R. Britto 81 Relações entre o bem-estar subjetivo e a funcionalidade em idosos em seguimento ambulatorial Relationship between subjective well-being and the functionality of elderly outpatients Giovana Sposito, Maria J. D’Elboux Diogo, Fernanda Ap. Cintra, Anita L. Neri, Maria E. Guariento, Maria L. R. De Sousa PREVENÇÃO EM FISIOTERAPIA/ERGONOMIA/ PREVENTION IN PHYSICAL THERAPY/ERGONOMICS 52 Agir em empresas de pequena e média dimensão para promover a saúde dos trabalhadores: o caso do setor de alimentos e bebidas Actions in small companies to promote occupational health: the case of the food and beverage sector Ada A. Assunção, Rosana F. Sampaio, Licia M. B. Nascimento 31 Avaliação de um programa para prevenção de úlceras neuropáticas em portadores de diabetes Evaluation of a neuropathic ulcers prevention program for patients with diabetes Lígia L. Cisneros 38 The effect of different supermarket checkout workstations on trunk kinematics of checkout operators O efeito de diferentes modelos de checkout na cinemática de operadores de supermercado André L. F. Rodacki, João E. Vieira RECURSOS TERAPÊUTICOS FÍSICOS E NATURAIS/ PHYSICAL AND NATURAL THERAPEUTIC RESOURCES 1 A utilização dos recursos eletrotermofototerapêuticos no tratamento da síndrome da fibromialgia: uma revisão sistemática The use of electrothermal and phototherapeutic methods for the treatment of fibromyalgia syndrome: a systematic review Natalia A. Ricci, Carolina N. K. Dias, Patrícia Driusso 45 Os efeitos do laser hélio-neônio de baixa intensidade na cicatrização de lesões cutâneas induzidas em ratos Effects of low-level helium-neon laser on induced wound healing in rats Viviane L. Busnardo, Maria L. P. Biondo-Simões REGISTRO/ANÁLISE DO MOVIMENTO/ RECORDING/ANALYSIS OF MOVEMENTS 10 Influence of the gastrocnemius muscle on the sit-and-reach test assessed by angular kinematic analysis Influência do músculo gastrocnêmio sobre o teste sentar e alcançar avaliada pela análise cinemática angular Marcio M. Kawano, Gabriel Ambar, Beatriz I. R. Oliveira, Marcela C. Boer, Ana P. R. G. Cardoso, Jefferson R. Cardoso INSTRUÇÕES GERAIS AOS AUTORES ABRIL 2009 Para submissão de manuscrito (preferencialmente em inglês) consulte NORMAS EDITORIAIS no website: <http://www.scielo.br/ revistas/rbfis/pinstruc.htm>. Informações gerais A submissão dos manuscritos deverá ser efetuada por via eletrônica, no site <http://www.scielo.br/rbfis> e implica que o trabalho não tenha sido publicado e não esteja sob consideração para publicação em outro periódico. Quando parte do material já tiver sido apresentada em uma comunicação preliminar, em Simpósio, Congresso, etc., deve ser citada como nota de rodapé na página de título, e uma cópia do texto da apresentação deve acompanhar a submissão do manuscrito. Os artigos submetidos e aceitos em português serão traduzidos para o inglês por tradutores da Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal of Physical Therapy (RBF/BJPT). Os artigos submetidos e aceitos em inglês também serão encaminhados aos revisores de inglês da RBF/ BJPT para revisão final. Por decisão do Conselho Editorial, os autores serão responsáveis pelo pagamento dos custos de tradução ou de revisão do inglês dos manuscritos aceitos. No sentido de reduzir os custos para os autores, a RBF/BJPT poderá subsidiar, de acordo com sua disponibilidade orçamentária, até 50% dos custos de tradução ou revisão. Forma e preparação dos manuscritos A RBF/BJPT aceita, no máximo, 6 (seis) autores em um manuscrito. O manuscrito deve ser escrito preferencialmente em inglês e pode conter até 3.500 palavras (excluindo Resumo/Abstract, Referências, Figuras, Tabelas e Anexos). Estudos de Caso não devem ultrapassar 1.600 palavras, excluindo Resumo/Abstract, Referências, Figuras, Tabelas e Anexos. Ao submeter um manuscrito para publicação, os autores devem enviar, por via eletrônica, como documento(s) suplementar(es): 1) Carta de encaminhamento do material, contendo as seguintes informações: a) Nomes completos dos autores; b) Tipo e área principal do artigo (ver OBJETIVOS, ESCOPO E POLÍTICA); c) Número e nome da Instituição que emitiu o parecer do Comitê de Ética para pesquisas em seres humanos e para os experimentos em animais. Para as pesquisas em seres humanos, incluir também uma declaração de que foi obtido o Termo de Consentimento dos participantes do estudo; d) Conforme descritos em OBJETIVOS, ESCOPO E POLÍTICA, os manuscritos com resultados relativos aos ensaios clínicos deverão apresentar número de identificação, que deverá ser registrado no final do Resumo/Abstract. (Sugestão de site para registro: <http://www.anzctr.org.au/Survey/UserQuestion.aspx>); 2) Declaração de responsabilidade de conflitos de interesse. Os autores devem declarar a existência ou não de eventuais conflitos de interesse (profissionais, financeiros e benefícios diretos e indiretos) que possam influenciar os resultados da pesquisa; 3) Declaração assinada por todos os autores, com o número de CPF, indicando a responsabilidade pelo conteúdo do manuscrito e transferência de direitos autorais (copyright) para a RBF/BJPT, caso o artigo venha a ser aceito pelos Editores. Os modelos da carta de encaminhamento e das declarações encontram-se disponíveis no site da RBF/BJPT: http://www.rbf-bjpt.org.br. É de responsabilidade dos autores a eliminação de todas as informações (exceto na página do título e identificação) que possam identificar a origem ou autoria do artigo. Formato do manuscrito O manuscrito deve ser elaborado com todas as páginas numeradas consecutivamente na margem superior direita, com início na página de título. Os Artigos Originais devem ser estruturados conforme sequência abaixo: Página de título e identificação (1ª. página) A página de identificação deve conter os seguintes dados: a) Título do manuscrito em letras maiúsculas; b) Autor: nome e sobrenome de cada autor em letras maiúsculas, sem titulação, seguidos por número sobrescrito (expoente), identificando a afiliação institucional/vínculo (Unidade/ Instituição/ Cidade/ Estado/ País); para mais de um autor, separar por vírgula; c) Nome e endereço completo. É de responsabilidade do autor correspondente manter atualizado o endereço e e-mail para contatos; d) Título para as páginas do artigo: indicar um título curto, em Português e em Inglês, para ser usado no cabeçalho das páginas do artigo, não excedendo 60 caracteres; e) Palavras-chave: termos de indexação ou palavras-chave (máximo seis), em Português e em Inglês. A RBF/BJPT recomenda o uso do DeCS – Descritores em Ciências da Saúde para consulta aos termos de indexação (palavras-chave) a serem utilizados no artigo <http://decs.bvs.br/>. Resumo/Abstract Uma exposição concisa, que não exceda 250 palavras em um único parágrafo, em português (Resumo) e em Inglês (Abstract) deve ser escrita e colocada logo após a página de título. Notas de rodapé e abreviações não definidas não devem ser usadas. Se for preciso citar uma referência, a citação completa deve ser feita dentro do resumo. O Resumo e o Abstract devem ser apresentados em formato estruturado, incluindo os seguintes itens separadamente: Contextualização (Background), Objetivos (Objectives), Métodos (Methods), Resultados (Results) e Conclusões (Conclusions). Corpo do texto: Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão Incluir, em itens destacados: Introdução: deve informar sobre o objeto investigado e conter os objetivos da investigação, suas relações com outros trabalhos da área e os motivos que levaram o(s) autor(es) a empreender a pesquisa. Materiais e Métodos: descrever de modo a permitir que o trabalho possa ser inteiramente repetido por outros pesquisadores. Incluir todas as informações necessárias – ou fazer referências a artigos publicados em outras revistas científicas – para permitir a replicabilidade dos dados coletados. Recomenda-se fortemente que estudos de intervenção apresentem grupo controle e, quando possível, aleatorização da amostra. Resultados: devem ser apresentados de forma breve e concisa. Tabelas, Figuras e Anexos podem ser incluídos quando necessários para garantir melhor e mais efetiva compreensão dos dados. Discussão: o objetivo da discussão é interpretar os resultados e relacioná-los aos conhecimentos já existentes e disponíveis, principalmente àqueles que foram indicados na Introdução do trabalho. As informações dadas anteriormente no texto podem ser citadas, mas não devem ser repetidas em detalhes na discussão. Os artigos de Revisão Sistemática e Metanálises devem incluir uma seção que descreva os métodos empregados para localizar, selecionar, obter, classificar e sintetizar as informações. Agradecimentos Quando apropriados, os agradecimentos poderão ser incluídos, de forma concisa, no final do texto, antes das Referências Bibliográficas, especificando: assistências técnicas, subvenções para a pesquisa e bolsa de estudo e colaboração de pessoas que merecem reconhecimento (aconselhamento e assistência). Os autores são responsáveis pela obtenção da permissão documentada das pessoas cujos nomes constam dos Agradecimentos. Referências Bibliográficas O número recomendado é de, no mínimo, 50 (cinquenta) referências bibliográficas para Artigo de Revisão; 30 (trinta) referências bibliográficas para Artigo Original, Metanálise, Revisão Sistemática e Metodológico. Para Estudos de Caso recomenda-se, no máximo, 10 (dez) referências bibliográficas. As referências bibliográficas devem ser organizadas em sequência numérica, de acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, seguindo os Requisitos Uniformizados para Manuscritos Submetidos a Jornais Biomédicos, elaborados pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas – ICMJE <http://www.icmje.org/index.html>. Os títulos de periódicos devem ser referidos de forma abreviada, de acordo com a List of Journals do Index Medicus <http://www. index-medicus.com>. As revistas não indexadas não deverão ter seus nomes abreviados. As citações das referências bibliográficas devem ser mencionadas no texto em números sobrescritos (expoente), sem datas. A exatidão das referências bibliográficas constantes no manuscrito e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do manuscrito. (Ver exemplos no site: <http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html>). Tabelas, Figuras e Anexos As Tabelas, Figuras e Anexos são limitados a 5 (cinco) no total. Tabelas: devem incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas, e devem ser numeradas, consecutivamente, com algarismos arábicos e inseridas no final do texto. Título descritivo e legendas devem torná-las compreensíveis, sem necessidade de consulta ao texto do artigo. Não devem ser formatadas com marcadores horizontais nem verticais, apenas necessitam de linhas horizontais para a separação de suas seções principais. Devem ser usados parágrafos ou recuos e espaços verticais e horizontais para agrupar os dados. Figuras: as Figuras não devem repetir os dados já descritos nas Tabelas. Todas devem ser citadas e devem ser numeradas, consecutivamente, em arábico, na ordem em que aparecem no texto. Não é recomendado o uso de cores. As legendas devem torná-las compreensíveis, sem necessidade de consulta ao texto. Digitar todas as legendas em espaço duplo e explicar todos os símbolos e abreviações. Usar letras em caixa-alta (A, B, C, etc.) para identificar as partes individuais de figuras múltiplas. Se possível, todos os símbolos devem aparecer nas legendas; entretanto, símbolos para identificação de curvas em um gráfico podem ser incluídos no corpo de uma figura, desde que isso não dificulte a análise dos dados. Em relação à arte final, todas as Figuras devem estar no formato .tiff. Figuras de baixa qualidade podem resultar em atrasos na aceitação e publicação do artigo. As Tabelas, Figuras e Anexos publicados em outras revistas ou livros devem conter as respectivas referências e o consentimento, por escrito, do autor ou editores. Para artigos submetidos em língua portuguesa, um conjunto adicional em inglês das Tabelas, Figuras, Anexos e suas respectivas legendas deve ser anexado como documento suplementar. Notas de Rodapé As notas de rodapé do texto, se imprescindíveis, devem ser numeradas consecutivamente em sobrescrito no manuscrito e escritas em folha separada, colocada no final do texto. GENERAL INSTRUCTIONS TO AUTHORS APRIL 2009 For manuscript submission (preferably in English), please see EDITORIAL RULES <http://www.scielo.br/revistas/rbfis/iinstruc.htm>. General information The submission of manuscripts must be made through the website http://www.scielo.br/rbfis and implies that the work has neither been published nor is under consideration for publication in another journal. If part of the material has already been presented in a preliminary communication, in a Symposium or Congress, etc., this should be cited as a footnote on the title page and a copy of this communication must accompany the submission of the manuscript. Articles submitted and accepted in Portuguese should be translated into English by Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal of Physical Therapy (RBF/BJPT) translators. Articles submitted and accepted in English must also be forwarded to RBF/BJPT English reviewers for final revision. As determined by the Editorial Board, the authors are responsible for the costs of English translation and revision of the accepted manuscripts. The RBF/BJPT may subsidize the cost of this process by up to 50%, according to the availability of funds. Form and preparation of manuscripts The RBF/BJPT accepts up to 6 (six) authors in one manuscript. Manuscripts must be submitted preferably in English and must contain up to 3500 words (excluding Abstract, References, Figures, Tables and Appendices). Case Studies must not exceed 1600 words, excluding Abstract, References, Figures, Tables and Appendices. When submitting manuscripts for publication, the authors must forward the following supplementary documents by post or online: 1) Cover letter containing the following information: a) Full name of each of the authors; b) Article type and the main field (see OBJECTIVES, SCOPE AND POLICY); c) Approval number and name of the Institution that gave the Ethics Committee approval for research on humans and experiments on animals. For research on humans, also include a declaration that written consent was obtained from the individuals who participated in the study; d) As described in the OBJECTIVES, SCOPE AND POLICY, manuscripts with results related to clinical trials must include the identification number at the end of the Abstract (Suggested registration website: www.anzctr.org.au/Survey/UserQuestion.aspx); 2) Conflict of interest statement. The authors must disclose any possible conflicts of interest (professional, financial and direct and indirect benefits) that might have influenced research results; 3) A declaration signed by all of the authors stating that they are responsible for the content of the manuscript and that they will transfer copyrights to the RBF/BJPT, should the article be accepted by the Editors. Cover letter and declaration templates are available online at http://www.rbf-bjpt.org.br. Authors must remove all information (except in the title and identification page) that may identify the source or authorship of the article. Manuscript formatting The manuscript must be prepared with all the pages numbered consecutively on the right-hand side of the top margin, starting with the title page. The original articles must be structured in the following order: Title page and Identification (1st page) The identification page must contain the following data: a) Title of the manuscript in capital letters; b) Author: first name and surname of each author, in capital letters, without titles, followed by superscript numbers to identify their institutional affiliation (Unit/Institution/City/State/Country). For more than one author, separate using commas; c) Full name and address. It is the corresponding author’s responsibility to keep the contact address and e-mail up to date for contact; d) Running head for the pages of the article: indicate a short title in Portuguese and in English to be used in the header on each page of the article, not exceeding 60 characters in length; e) Key words: a list of indexing terms or key words (no more than six) in Portuguese and English. The RBF/BJPT recommends the use of HSDe – Health Sciences Descriptors to consult the indexing terms or key words to be used in the article (http://decs.bvs.br/). Abstract A concise presentation not exceeding 250 words in a single paragraph, in Portuguese (Resumo) and English (Abstract) must be inserted immediately after the title page. Footnotes and undefined abbreviations must not be included. If a reference must be cited, the full citation must be included in the abstract. The abstract must be written in structured format, including the following items separately: Background, Objectives, Methods, Results and Conclusions. Body of the text: Introduction, Methods, Results and Discussion Include the following as highlighted item: Introduction: This should give information on the subject of investigation and contain the objectives of the investigation, how it relates to other studies in the same field and the reasons that led the author(s) to follow this line of research; Methods: These should be described in detail so that other researchers can repeat the entire study. All the necessary information should be included (or reference should be made to articles already published in other scientific journals) to allow the replication of the collected data. It is strongly recommended that intervention studies present control groups and, when possible, randomization of the sample. Results: These should be presented briefly and concisely. Tables, Figures and Appendices can be included when necessary to ensure better and more effective comprehension of the data. Discussion: The purpose of the discussion is to interpret the results and relate them to existing and available knowledge, especially the knowledge already indicated in the Introduction of the study. Information given earlier in the text may be cited, but should not be repeated in detail in the Discussion. Systematic Review and Meta-analysis articles must include a section that describes the methods employed for locating, selecting, obtaining, classifying and synthesizing information. Acknowledgements When appropriate, brief acknowledgements can be included at the end of the text and before the References, specifying technical assistance, financial support for the research, study grants, and collaboration from individuals who deserve recognition (counseling and assistance). The authors are responsible for obtaining permission in writing from the individuals whose names appear in the Acknowledgements; References The recommended number of references is at least 50 references for review articles; 30 references for original articles, meta-analyses, systematic reviews and methodological articles. For case studies, no more than 10 references are recommended. References should be organized in numerical order of first appearance in the text, following the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals, drawn up by the International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE - http://www.icmje. org/index.html). Journal titles should be referred to in abbreviated form, in accordance with the List of Journals of Index Medicus (http://www.index- medicus.com). Non-indexed journals should not have their names abbreviated. Citations should be mentioned in the text as superscript numbers, without dates. The accuracy of the references appearing in the manuscript and their correct citation in the text are the responsibility of the authors of the manuscript. (See examples in the website: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Tables, Figures and Appendices The tables, figures and appendices are limited to a total of five. Tables: must include only indispensable data and must not be excessively long. The tables should be numbered consecutively using Arabic numerals and should be inserted at the end of the text. Descriptive titles and legends must make the tables intelligible without the need to refer to the text of the article. The tables should not be formatted with horizontal or vertical markers; only horizontal lines are needed to separate their main sections. Paragraphs or indentations and vertical and horizontal spaces should be used to group the data. Figures: must not repeat the data described in the Tables. All figures must be cited and numbered consecutively using Arabic numerals in the order in which they appear in the text. The use of color is not recommended. The legends should make the figures intelligible, with no need to refer to the text. They must be double spaced and explain all symbols and abbreviations. Use uppercase letters (A, B, C, etc.) to identify the individual parts of multiple figures. When possible, all the symbols should appear in the legends. However, symbols identifying curves in a graph can be included in the body of the figure, provided this does not hinder the analysis of the data. With regard to final artwork, all figures must be in .tiff format. Poor-quality figures may result in delays in the acceptance and publication of the article. Tables, figures and appendices published in other journals or books must include the respective references and written consent from the authors or editors. For articles submitted in Portuguese, an additional set of tables, figures and appendices with English legends must be included as a supplementary document. Footnotes If absolutely necessary, footnotes should be consecutively numbered as superscripts in the manuscript and placed on a separate page after the references.