EDIÇÃO 02 | abrIl - junhO 2012 | aprIl
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EDIÇÃO 02 | abrIl - junhO 2012 | aprIl
EDIÇÃO 02 | abril - junho 2012 | april - june 2012 ISSUE EDIÇÃO 02 | abril - junho 2012 | april - june 2012 ISSUE um novo jeito de pensar. e trabalhar. Ao folhear as páginas desta publicação, você rapidamente irá perceber uma nota de corte, uma linha de raciocínio que converge na edição de cada assunto estudado e descrito aqui: a intenção de tirar você da zona de conforto, chacoalhar suas certezas, instigar sua curiosidade. a tecnologia e o poder das mídias sociais em foco. Analisaremos, nesta edição, o poder de fogo da interação entre marcas e consumidores. Afinal, para que serve essa corrida ao ouro no Facebook? Para que ter milhares de fãs? Mais: o que, de fato, isso pode representar financeiramente e em termos de negócio? o poder da imagem, dos jogos e das mulheres. e ah, o da fifa. É dada a largada para a era da Brand Image na internet. A gamificação é coisa séria e rentável. A provocação fica por conta da provável liberação da cerveja na Copa. E a coluna que encerra essa publicação com chave de ouro, é um belo retrato do universo feminino contemporâneo. ceo pernod ricard brasil bryan fry diretor de marketing Colin Kavanagh strategic planning and insights manager idit jankelovicius strategic planning and insights manager jr. marta braggio strategic planning and insights assistant andré lungov projeto editorial Casa36 colaboraram luciana jardim, Lara Martins (texto) juliana de mari (coluna), impressão atrativa sensor econômico A EXPECTATIVA É DE CRESCIMENTO MENOR, MAS A INFLAÇÃO EM BAIXA (SOMADA À QUEDA NAs TAXAs DE JUROS) INDICA uma retomada do vigor do mercado, COMO SE PERCEBE NAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES. Set/Out 2011 * Os gráficos acima representam as medianas por bimestre para cada indicador. Fonte: IPEA Set/Out 2011 jan/fev 2012 mar/abr 2012 Set/Out 2011 jan/fev 2012 24 7 26 8 mar/abr 2012 24 4 jan/fev 2012 (US$ bilhões) 26 4 Set/Out 2011 Importações (US$ bilhões) 25 0 (milhares) Exportações 5, 7 mar/abr 2012 Empregos formais gerados 1.8 00 Set/Out 2011 III. indicadores de comércio exterior 1.9 00 jan/fev mar/abr 2012 2012 8, 2 jan/fev 2012 (fbcf %) 9, 5 5, 1 mar/abr 2012 1,7 5 5, 3 6, 5 jan/fev 2012 (R$/US$) 3, 2 3, 5 3, 6 Set/Out 2011 Variação do investimento 1,8 0 (% a.a.) 9, 0 (%) Taxa de câmbio 1,7 5 Taxa de juros SELIC 11 ,0 (% a.a.) Taxa de inflação 9, 5 Crescimento do PIB II. outros indicadores reais 2. 00 0 I. indicadores-chave 22 0 Ano IV Número 2 – 2º bim. 2012* mar/abr 2012 Set/Out 2011 jan/fev 2012 mar/abr 2012 Redes Sociais especial um guia expresso para tirar partido dos principais sites de relacionamento em favor da sua marca TWITTER A invasão de marcas no Twitter não é novidade. A boa nova, porém, é o Twitter dar atenção especial a elas. A plataforma passou a disponibilizar páginas com ferramentas exclusivas para o marketing, assim como o Facebook já faz há algum tempo. As mudanças permitem mais interações com o público, através de jogos ou compras online. Nesse novo formato, o anunciante customiza as páginas, podendo escolher o tweet que ganhará mais destaque. No momento, são apenas 21 as marcas que fazem parte do grupo teste, uma concessão aberta às empresas apoiadoras do projeto. Entre elas, Coca-Cola, PepsiCo e Heineken. Enquanto o novo formato ainda não está aberto, vale checar o que está sendo feito, reforçar seu planejamento e seguir atraindo os seguidores. Para saber mais: http://fly.twitter.com/ads/ O Twitter tem cerca de 500 milhões de usuários e estima-se que mais de um milhão de contas sejam criadas diariamente. FACEBOOK A maior rede social do mundo também é a mais preparada para o mundo das marcas. Agora, a nova timeline do Facebook, que dividiu opiniões entre seus usuários, chegou às páginas de marcas. E a nova organização tem tudo para agradar às equipes de marketing, uma vez que organiza cronologicamente as informações postadas e facilita a busca por determinados conteúdos. Além disso, o visual das páginas também está passando por alterações: as cores básicas do Facebook poderão ser mudadas, o espaço para imagens será maior, há possibilidade de escolher um post para ficar em destaque, entre outras funcionalidades tanto na postagem quanto nos anúncios. Outra novidade são as conversas privadas entre um fã e a empresa. Além de evitar o spam, a conversa em foro íntimo gera mais personalização e faz o consumidor se sentir melhor atendido. Há ainda os novos formatos de anúncio nas páginas. Saiba mais: http://tinyurl.com/76qvcco Dos mais de 900 milhões de usuários, quase 500 milhões acessam suas contas também por celular. O que fazer com 1 milhão de fãs no Facebook? Na primeira edição de SPI Trend Report, tratamos dos ganhos de fãs no Facebook, como é o caso de Smirnoff, que já conta com mais de 1,3 milhão de seguidores. Mas como aproveitar a força deste exército? Através do engajamento entre os fãs e a marca. É melhor ter um fã participativo do que dez que não dão a mínima para as suas informações. Por isso, ao invés de apenas contar seguidores, as empresas estão começando a monitorar a qualidade das interações. O índice de engajamento é uma medida de como seu conteúdo repercute na rede. Confira abaixo, seis mantras para maximizar o engajamento junto aos seus fãs: 1. Enxergue os fãs como pessoas e não como números. Se o consumidor “curtiu” a página significa que ele admira a marca e se sente envolvido de alguma forma. 2. Crie posts envolventes, com assuntos relevantes, que irão atrair a atenção do público e satisfazê-lo. Aposte em imagens e vídeos, que transmitem mensagens de forma mais leve e lúdica. 3. A qualidade do conteúdo do post está diretamente associada ao aumento do número de compartilhamentos, likes e comentários. Quanto melhor e mais interessante for, maior será a interação dos fãs e, assim, maior a sua disseminação. 4. Faça o fã se sentir parte importante da página: promova a interação, estimule-o a contar suas histórias e trocar experiências. Afinal, uma página de marca no Facebook deve ser um espelho de como seus consumidores a enxergam (e não como a empresa gostaria de ser vista). 5. Faça postagens curtas e diretas. Lembre-se que o smartphone é comumente usado para acessar o Facebook, em tempo escasso, e textos grandes ficam ainda maiores nas pequenas telas dos aparelhos. 6. Esteja presente e não deixe perguntas sem resposta por longos períodos. ‘Brand Image’ para a rede A frase “uma imagem vale mais do que mil palavras” nunca foi tão atual: cerca de 10% de todas as fotografias tiradas pela humanidade foram feitas nos últimos 12 meses. Uma forte cultura visual está sendo gestada nas redes sociais. Diante dos fenômenos do Instagram e do Pinterest, não restam dúvidas de que a aposta das marcas recai, cada vez mais sobre as fotos na rede. O próprio Facebook tem cerca de 70% de sua atividade (postagens, comentários e ‘likes’) ligados a upload de imagens. Um estudo de Harvard estima o tráfego no Facebook em 250 milhões de fotos por dia. O fato é que, além de chamar mais atenção, é mais fácil processar informações em imagens do que em conteúdo escrito. E é, em geral, mais vendedor. Por isso, é fundamental a criação de uma estratégia voltada para as imagens. Sua produção e uso devem seguir um conceito, uma linguagem e precisam estar ligadas ao branding da marca. INSTAGRAM O app de smartphones focado em postagem de fotos alcançou seu primeiro milhão de usuários em dois meses – e hoje já soma 50 milhões. A partir de sua disponibilização no sistema Android, recebe semanalmente 5 milhões de novos membros. A grande sacada do app é brincar com os efeitos para gerar fotos com diferentes estéticas. Como estratégia para esta plataforma é aconselhável inserir imagens dos produtos, mas dosar para não se tornar um simples (e inoportuno) vendedor. Assim como no Twitter, é possível inserir e monitorar hashtags (#). Por isso, é interessante criar campanhas e promoções que inspirem os usuários a postar fotos com a #. Para estimular e aumentar este engajamento, pode-se criar campanhas específicas, concursos de fotos, entre outras ideias. Uma vantagem extra é que, ao usar a #, os usuários que compartilharem as imagens no Twitter estarão levando pra lá a ideia e, assim, a marca. Ferramentas de medição no instagram Extragr.am Statigr.am Web.stagram.com PINTEREST Este site de compartilhamento de imagens se parece com um scrapbook virtual. É a terceira rede social mais popular hoje, perdendo apenas para o Facebook e o Twitter. Quem afirma é a Experian em seu estudo anual sobre marketing digital, lançado em abril. A rede social, que atingiu 10 milhões de usuários em seis meses, tem predomínio de usuários do sexo feminino (os números indicam entre 60 e 70% a participação de mulheres). A comunidade conta ainda com mais de 80% de seu público na faixa entre 25 e 54 anos. Um dado interessante sobre o Pinterest é que ele gera mais tráfego para outros sites do que Google+, LinkedIn e YouTube juntos. Sua rápida ascensão à nata das redes sociais é realçada por seu lado inspirador. É consenso, em pesquisas de comportamento junto a quem trafega nas páginas do Pinterest, que a procura, no fundo, é por soluções para alguma necessidade específica (de exemplos de decoração para casamento no campo até referências de drinques feitos com carambola). Como atuar no Pinterest O universo das marcas ainda está engatinhando aqui. Mas Smirnoff, McDonald’s, Burberry e a cadeia Whole Foods são, hoje, referências e lideram os índices. Para quem ainda não entrou, seguem as dicas: 1. Antes de abrir a página ao público, é ideal definir como será a sua estratégia na plataforma, qual tom quer assumir e, principalmente, como será a linguagem visual que terá como diretriz na edição de suas imagens. 2. Isso feito, reserve um tempo para montar os boards e preencher a página antes de divulgá-la. Abrir ao público antes disso seria como inaugurar uma loja sem produtos; o usuário não sabe o que vai encontrar por lá e dificilmente volta. A cada segundo são feitos 60 uploads de fotos no Instagram. Isso equivale a mais de 5 milhões de imagens por dia. marcas como SMIRNOFF E BACARDI ESTÃO OFICIALMENTE NO PINTEREST. Ferramentas de medição no PINTEREST pinerly.com pintics.com Pinreach.com 3. O perfil da empresa deve seguir pessoas estratégicas, com conteúdo e personalidade relevantes a seus consumidores. 4. O segredo está em vender um lifestyle ligado à marca, e não o produto em si. Para saber mais: http://tinyurl.com/bwya2ak concorrência bacardi quer dobrar o faturamento no país em dois anos. o grupo investirá 50% a mais em 2012. Ao focar nas principais marcas do portfólio, como rum Bacardi, vodka Grey Goose e vermute Martini, a meta é ganhar dois pontos de market share em cada categoria. mais um mundial para o rio O Reserve World Class é um dos maiores eventos de coquetelaria do mundo. Este ano, a final da competição acontecerá no Rio de Janeiro, entre 8 e 12 de julho. A intenção é impulsionar o segmento premium de bebidas destiladas e desenvolver a cultura da coquetelaria no país. Nada mais oportuno, já que o brasil é o segundo mercado de vodka da Diageo, tendo no segmento premium as marcas Ketel One e Cîroc. Vale destacar o impacto do evento: as cidades que foram sede nos últimos anos — Londres, Atenas e Nova Déli — registraram aumento significativo em vendas de produtos Reserve, a divisão de luxo da Diageo. Na Índia, por exemplo, o crescimento foi de 141%. Saiba mais: http://tinyurl.com/d7aqnsb pode descascar, mas fale de mim Madonna vende Smirnoff que vende madonna Madonna ainda reina no universo da música, criando e apontando tendências. Ela é a garota-propaganda do Smirnoff Nightlife Exchange Project. O début de seu novo álbum, o MDNA, coincidiu com o lançamento do CD exclusivo The Smirnoff MDNA Nightlife Edition Remix Album, com sete faixas inéditas remixadas por diferentes DJ’s. A ação é toda integrada com o Facebook. Para ter acesso ao disco, o interessado deve “curtir” a página americana da bebida e comprar sua cópia por US$ 3,50. Antes disso, a Smirnoff já havia sido inserida no clipe Give me all your lovin da cantora. Saiba mais: http://tinyurl.com/d7jbflw Causou impacto o press kit da Smirnoff Caipiroska, desenvolvido para promover seus novos sabores (morango, limão e maracujá). As garrafas vinham acondicionadas em suportes que lembravam caixas de feira, enroladas em um fino papel para serem descascadas como frutas. A sacada mostra a importância do design na hora de atrair a atenção dos formadores de opinião, como mostra o link: http:// tinyurl.com/d5cujqd O poder de um novo sabor (e de uma nova embalagem) Marcas consagradas costumam não mexer em time que está ganhando. Mas Bacardi e Smirnoff optaram pela inovação. No caso de Bacardi, a bebida foi revista na linha Flavours. Lançado em 2006, o Bacardi Big Apple ganhou o Brasil no ano passado. A linha ainda traz os sabores Razz (framboesa e cereja) e Limón (limão, lima e grapefruit). Já a Smirnoff ganhou os sabores Maçã & Canela, Cranberry & Limão e Maracujá & Limão, com formatos e preços bastante agressivos. O lançamento aconteceu no carnaval, na forma de latinhas com 296ml, mais fina que a Smirnoff Ice tradicional. Saiba mais: http://tinyurl.com/7ckrywj reserve world class em números 10 mil bartenders inscritos 18 mil drinques criados 50 países representados 700 pessoas envolvidas no evento Yes! they have cachaça! Há 12 anos, os rótulos das garrafas de cachaça que chegavam aos Estados Unidos deveriam conter obrigatoriamente o nome Brazilian Rum. A recente visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos rendeu o aguardado reconhecimento oficial da cachaça pelo governo americano como um produto genuinamente brasileiro. Dessa forma, a nossa pinga não concorre mais com o rum, o que pode dar origem a um novo nicho no mercado americano. A cachaça Leblon (destilada e envasada no Brasil por uma empresa americana) criou o movimento Legalize Cachaça – uma maneira criativa de enxergar o momento e fazer barulho em nome da bebida e, também, em causa própria. A iniciativa recolheu centenas de assinaturas de consumidores para pressionar o governo americano a excluir o brazilian rum dos rótulos das garrafas. Obviamente não foi a Leblon a responsável pelo acordo, mas ela colocou a marca em evidência, como parte dessa história, em uma campanha barata, ágil, típica de guerrilha. Saiba mais: www.legalizecachaca.com provocações O mercado em números O gráfico abaixo revela o consumo total de alguns dos principais tipos de bebida no Brasil em 2011. O destaque é a cerveja, certamente um dos maiores concorrentes da Pernod no país. 10,3 bilhões o incrível app da chopeira de litros de cerveja 765 milhões de litros de cachaça 62 milhões de litros de vodka 18 milhões de litros de rum Fontes: Valor Econômico e Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) Fundada em 1589, a cervejaria alemã Hofbräuhaus é considerada por muitos o templo da cerveja e é destino certo de milhares de turistas. Em ação inventiva e ao mesmo tempo simples, um mágico contratado ‘serve’ os clientes da casa com um iPad munido de uma torneira. Mais do que diversão para os visitantes, o truque foi filmado (e postado no YouTube) e já soma quase meio milhão de acessos. O viral certamente gerou mais buzz que qualquer destaque em guias de turismo. Saiba mais: http:// tinyurl.com/72hvsdg revolução no mercado de vinhos O governo planeja aumentar o imposto sobre o vinho importado de 27% para 55%, criando polêmica entre consumidores e importadoras. Apenas champanhes e outros espumantes estariam livres deste aumento. Segundo a revista Veja, os vinhos nacionais perdem mercado a cada ano. Com o aumento do volume dos importados na gôndola, os produtores da bebida pressionam o Congresso para proteger o vinho nacional. Mesmo sem nada decidido ainda, um boicote silencioso contra vinícolas brasileiras envolvidas no caso se instalou em alguns restaurantes do Rio e de São Paulo. Ao contrário da ideia do governo, a solução para alavancar as vendas dos nacionais é diminuir a taxa de seus impostos. O mercado ganharia mais consumidores e os preços dos importados tenderiam a cair. Para beber na ‘taça’ O texto básico sobre a Lei Geral da Copa foi aprovado pela Câmara dos Deputados, no final de março, e pelo Senado, no início de maio, suspendendo a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa do Mundo de 2014. O projeto permite a comercialização de cerveja em copos de plástico em todos os setores dos estádios. Estados e municípios com legislação própria sobre o tema terão de se adequar ao pedido da Fifa. O texto seguirá ainda à sanção presidencial. Por outro lado, a Uefa – entidade europeia de futebol – seguirá o caminho oposto e vetará a comercialização de álcool em seus eventos, na Europa, durante a Copa de 2014, segundo a BBC. A questão central é que enquanto muitos consideram a liberação do álcool um retrocesso que contribuiria para o aumento da violência, outros alegam que o público da Copa é formado por famílias e, portanto, a rivalidade entre os torcedores não é tão exacerbada assim. em 2011, 72 milhões de litros de vinho vieram de fora, contra a marca de 37 milhões em 2005. NO ÂMBITO DOS NEGÓCIOS, A PERGUNTA (ainda SEM RESPOSTA) É: POR QUE LIBERAR A CERVEJA E, NÃO, as OUTRAS BEBIDAS DE BAIXO TEOR ALCOÓLICO? prêmios Os jogos são a principal forma de entretenimento do nosso século, superando a música e o cinema. Se adaptado ao universo do consumo, pode ser um excelente instrumento de marketing na atração de novos clientes e na fidelização de marca. em jogo Gamificação é uma estratégia que tem, como objetivo, engajar uma ou mais pessoas a fazer algo pré-estabelecido através de regras, desafios e recompensas – assim como um jogo. No âmbito corporativo, a gamificação pode ser para fora – e virar estratégia de marketing – ou para dentro – e virar treinamento para o RH. O texto a seguir é focado apenas na gamificação como ferramenta promocional. Mas se o negócio é fazer dinheiro e vender mais, lançando ações que podem ser tão banais como as que levam o consumidor a juntar embalagens ou enviar uma frase criativa para um ‘concurso cultural’, por que então tratar a gamificação como uma tendência? A resposta está na perspectiva de relacionar as estratégias de jogo às novas tecnologias e às redes sociais, para aproximar marcas e consumidores. Pesquisas recentes sugerem um aumento de 20% nas interações com a marca quando se aplica a gamificação em uma ação. O Foursquare, a rede social que se baseia em dados de localização para celulares, é perfeita para a gamificação. O usuário dá ‘check-in’ nos locais que frequenta e pode ganhar descontos, produtos ou outras vantagens. E os estabelecimentos que participam ganham em divulgação online e fi- delização. Já o Facebook, com seu potencial de audiência de mais de 800 milhões de pessoas, tem, nos jogos sociais, grande parte do seu fluxo de uso. Um estudo da Saatchi & Saatchi mostra que quatro em cada dez usuários de jogos sociais preferem receber informações sobre novos produtos pelos in-app ads, isto é, apps com publicidade. E os smartphones, que cada vez mais dominam o mercado de celulares, também são plataforma fértil para este modelo de negócio, com a popularização de iPhones e a evolução do sistema Android. Quando bem desenvolvido, um game soma pontos ao negócio. Objetivos claros e regras definidas asseguram que o usuário possa alcançar as metas. Narrativas atraentes e tarefas desafiadoras ajudam no engajamento. Tudo isso, moldado pelo instinto humano de competição e superação. Para realmente aproveitar as oportunidades que a gamificação oferece deve-se refletir sobre o real impacto dessa estratégia em seu público-alvo – e como ela dialoga com os valores da marca. Acima de tudo é preciso provocar a vontade do consumidor em querer jogar e se divertir com o game, tornando-o inesquecível, assim como a marca relacionada a ele. Conheça, a seguir, cinco cases impactantes: cases impactantes sprite city Mc Donalds Pick n’ Play A base sueca da gigante de fast food inovou ao criar um jogo em praça pública. A ideia era simples: uma tela gigante apresentava um jogo de 30 segundos, controlado pelos smartphones de quem passava em frente. Aos vencedores, cupons eletrônicos, recebidos automaticamente pelos próprios celulares, davam direito a brindes na loja mais próxima. Em poucos minutos formou-se uma grande plateia no meio de Estocolmo que parou a cidade e reverberou. Saiba mais: http://tinyurl.com/7k9x6ko Desenvolvido pela Coca-Cola no Brasil, o Sprite City é um aplicativo gratuito. Nesse jogo estratégico, o usuário deve cuidar da entrega do refrigerante Sprite dentro da cidade, controlando um carrinho. Conforme consegue abastecer os pontos estratégicos da vizinhança, o consumidor ganha pontos e pode aparecer no ranking como o melhor jogador. O aplicativo foi lançado em janeiro e já teve mais de 40 mil downloads. Saiba mais: http:// tinyurl.com/78uz82d 10 mandamentos da gamificação: Fonte: Bunchball (www.bunchball.com) 1 2 3 4 5 Mapeie seus objetivos sem perder de vista o interesse dos jogadores. Priorize ações que os usuários devam seguir. Desenvolva um sistema de pontuação. Use níveis de dificuldade para atrair os usuários . Faça distintivos e troféus inspiradores. 6 7 8 9 10 Use feedback em tempo-real sobre o progresso do usuário. Dê créditos aos usuários por seus esforços. Poste um mural de líderes. Estimule os jogadores a colaborarem entre si. Integre as mídias sociais. Samsung Nation Para estimular a participação dos consumidores norte-americanos na avaliação de seus produtos, a Samsung criou um programa de fidelidade chamado Samsung Nation. Os participantes ganham distintivos, troféus e produtos, como câmeras digitais. O resultado já rendeu um aumento de 500% no volume de avaliações realizadas pelos consumidores. Saiba mais: http://tinyurl. com/7go2cpw Rihanna Unlocked A cantora Rihanna usou sua página oficial para lançar o novo álbum. Fãs ajudavam a destrancar o conteúdo exclusivo no Rihanna UNLOCKED. Quando os desafios eram completados, os participantes ganhavam novos vídeos, a arte do álbum ou as letras das novas músicas. E Rihanna ganhou mais de 700 mil fãs no Facebook depois desta ação. Saiba mais: http:// tinyurl.com/7ttb6lf Jay-Z decoded YourBeat@Ballantine’s Ballantine’s criou o Your Beat, um jogo para brincar de DJ, escolhendo um estilo musical, além de efeitos e batidas diferentes. Quanto mais harmônica a composição, mais pessoas aparecem na pista para curtir. São dezenas de sons, indo do rock à música eletrônica. É possível, ainda, compartilhar a música no Facebook e convidar os amigos para jogar. Um ranking mostra as melhores criações dentre todos os jogadores - ou apenas dentre os seus amigos. Saiba mais: http://tinyurl. com/88v8vsz “Eliminadas as diferenças de gênero e as complexidades tecnológicas, todos os jogos têm em comum uma meta, regras, um sistema de atualização constante e a participação voluntária” Jane McGonigal, autora do livro Reality is Broken: Why games make us better and how they can change the world (em tradução livre, “A realidade está partida: Por que os jogos nos tornam melhores e como eles podem mudar o mundo?”). O livro, de 2011, prega que os jogos podem melhorar a vida cotidiana – contra problemas de saúde como a obesidade, por exemplo – e resolver os problemas do planeta – da fome às guerras, do aquecimento global à dependência do petróleo. Para saber mais: http://tinyurl.com/yfqnc77 Para refletir O marido de Beyoncé lançou livro e decidiu gamificar seu lançamento. Páginas da biografia foram espalhadas em diversos pontos de Nova York, Nova Orleans e Miami, que remetiam aos lugares preferidos do cantor. Era uma espécie de caça ao tesouro, em que os fãs deveriam dar um check-in pelo Foursquare na página exposta em determinado local e fotografá-la. A recompensa: um ticket de ouro, válido para todos os shows de Jay-Z pelo planeta, até o fim de sua carreira. Saiba mais: http://tinyurl.com/7kls75u A gamificação vem se revelando uma ferramenta poderosa também em vendas e poucos discordam disso. Entretanto, é preciso muita atenção da equipe de marketing ao desenvolver um game, evitando impacto negativo no aspecto psicológico do consumidor. Segundo a Trendhunter Pro, um número crescente de sites estão “gamificando” o ato de comprar, causando vício psicológico nos internautas. Esses sites incluem a ferramenta “compra rápida”, que limita o tempo de venda. Isso faz com que usuário sinta forte emoção por adquirir um produto, correndo contra o tempo, como uma aposta. Outro tipo de oferta é baseada em conseguir o maior número de pessoas que concordam em comprar um produto para se ter o melhor preço. Estas táticas elevam a dopamina no cérebro, fazendo o cliente sentir-se bem durante a experiência da compra, estimulando o vício e o desejo de voltar mais vezes ao endereço eletrônico. O que as mulheres querem ouve um tempo em que tudo o que as mulheres queriam era o direito de serem iguais aos homens, especialmente em relação às oportunidades no mercado de trabalho. Em uma transformação que levou pouco mais de uma geração, a mulherada saiu de casa, invadiu as universidades, está presente como nunca nas empresas e representa uma fatia crescente dos tomadores de decisão no mercado consumidor. No Brasil, já somos maioria – tanto em salas de aula, quanto nos quadros organizacionais. E estamos subindo, degrau a degrau, rumo ao topo. O número de executivas poderosas no país é maior que a média mundial: 27% dos cargos de liderança pertencem a uma mulher. Mas agora que chegamos lá, quem já prestou atenção ao que andamos sussurrando por aí, percebeu que nós queremos outra coisa: o direito de sermos diferentes. E é aí, diante desse sussurro pela afirmação da nossa identidade, e de outro jeito de fazer as coisas acontecerem, que muitas empresas, e eu diria, muitos homens e, verdade seja dita, também algumas mulheres, se assustam. Nessa busca por ser (e fazer) de uma maneira em que a gente se reconheça não apenas pela competência no papel profissional, mas pela necessidade de nos sentirmos plenas, estamos sutilmente subvertendo a lógica. A masculina, ainda dominante no mundo corporativo, apesar de todo avanço feminino. Uma olhadela para o universo executivo mostra que nunca houve tanta mulher nas cadeiras das gerências e diretorias – e nunca houve tanta mulher cogitando a hipótese de pular fora delas! Parece contraditório a todo esforço para nos posicionarmos como capazes, competentes, inteligentes e independentes? Do que tenho ouvido por aí, eu digo: não, não é. Somos ambiciosas, queremos crescer na carreira e manter a autonomia financeira e temos total noção do quanto podemos contribuir para os negócios. Mas essa não é a única agenda importante para a nossa realização. E o clássico conflito vida profissional versus vida pessoal está ficando tão fora de moda! O direito primordial que mulheres qualificadas e bem resolvidas agora reivindicam é o de terem de volta parte do tempo que investiram para conquistar, na marra, o respeito profissional. E é essa necessidade que está levando muitas de nós a deixar o mundo corporativo. Muitas são as mulheres que deixam um cargo pomposo para voltar a estudar ou abrir um negócio próprio ou se vincular a projetos com prazos definidos para terminar – ou mesmo que deixam a corporação para dar conta de tocar tudo isso e ainda ter tempo para buscar o filho na escola, frequentar happy hour com os amigos e viajar com o marido. Há também aquelas mulheres que optam por parar totalmente, durante um certo tempo, e começam a (re)descobrir prazer em cuidar da casa. São raras as empresas que já captaram esse incômodo feminino e o transformaram em ponto de atenção. Dessa vez, nós, mulheres, não precisamos sair às ruas gritando para sermos ouvidas. A bandeira que, discretamente, levantamos inclui um desejo de todo mundo: trabalhar e viver melhor. Juliana De Mari, pernambucana, 38 anos, dois filhos, é jornalista e diretora de redação das revistas Você S/A e Você RH, da Editora Abril.