BREVE ANÁLISE DE ALGUNS SOBRENOMES
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BREVE ANÁLISE DE ALGUNS SOBRENOMES
WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM BREVE ANÁLISE DE ALGUNS SOBRENOMES ITALIANOS Amostra de análise sucinta de alguns sobrenomes italianos, em que se ressaltam: a pronúncia italiana entre colchetes, a distribuição geográfica atual no território italiano por regiões, as raízes etimológicas, as origens históricas e o significado final. A seleção destes sobrenomes é representativa, porquanto encerra alguns oriundos de nomes próprios (patronímicos e matronímicos), de topônimos (derivados de nomes de países, de regiões, de cidades, vilarejos, acidentes geográficos, de diversificadas referências espaciais), bem como outros que evocam profissão, cargo, função, qualidades, defeitos, apelidos de extração popular, além de outros ainda compostos por sufixação, por justaposição, por anteposição de preposição. A análise segue uma forma padrão, repetida para todos eles, na qual se distingue a especificidade de cada um. AGATA [ágata] – Sobrenome raro e tipicamente meridional, concentrando-se de modo particular nas regiões da Sicília, Basilicata e Campânia. Hoje está presente em somente 25 dos 8.103 municípios italianos. Suas origens etimológicas remontam ao grego agathé, boa, correta. Recorda o nome de popular santa, mártir na cidade siciliana de Catânia, no século III. O sobrenome é um matronímico (derivado do nome da mãe ou matriarca) e evoca a ancestral fundadora desse tronco familiar, com o significado de “filho de Ágata”. Pode constituir também um toponímico, referindo-se, nesse caso, ao ancestral fundador do núcleo familiar que seria oriundo de uma das dez cidades italianas denominadas Sant’Agata ou de uma das muitas localidades de igual nome. ALIGHIERI [aliguiêri] – Sobrenome raro, presente hoje em 26 dos 8.103 municípios italianos, em grande parte situados na região da Toscana. Suas raízes etimológicas remontam ao nome germânico Alagair, Alagier (formado de ala, tudo, de todo, e gaira, lança, com um sentido impreciso, mas que se relaciona com a bravura e a destreza no manuseio da lança; pode eventualmente relembrar um lanceiro). Latinizado em variadas formas, como Alagherius, Alacherius, Alaghierus, o sobrenome se define com a expressão medieval latina filius quondam Alaghieri (filho do senhor Alaghierus); adotado por todos os descendentes desse ancestral medieval comum, o apelativo evolui posteriormente para Alighieri. É o sobrenome do maior poeta medieval italiano, autor da Divina Commedia, Dante Alighieri (1265-1321). AMANTE [amánte] – Sobrenome esparso em grande parte do território italiano, presente hoje em 157 dos 8.103 municípios italianos, com maiores WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM índices de frequência nas regiões setentrionais do Piemonte e da Lombardia e nas meridionais da Sicília, Calábria, Campânia e Lácio. Derivado do vocábulo latino amans, amantis, amante, com o claro sentido de quem ama, de quem está cheio de amor, apaixonado, mas, no contexto cristão medieval, também com a acepção de quem ama a Deus. Em princípio, é um apelativo, embora em épocas passadas fosse também difundido como nome próprio, caso em que o sobrenome se fixa com a expressão italiana medieval figlio de Ser Amante (filho do senhor Amante). AMERIGHI [amerígui] – Pouco frequente, o sobrenome ocorre em 105 dos 8.103 municípios italianos, em sua maioria situados na região da Toscana. Suas origens etimológicas remontam ao nome próprio germânico Haimirik (formado de haimi, pátria, lar, e rikia, poderoso, senhor, dono, com sentido de poderoso em sua pátria, senhor de seu lar). Este difundido antropônimo foi latinizado de variadas formas, como Haimiricus Haimericus, Hanricus, Henricus, Hendricus, Aimericus, Americus, Amerigus, Anrigus, Arrigus, etc. O sobrenome reflete a forma latina Amerigus e se define por meio da expressão latina medieval filius quondam Amerigi (filho do senhor Amerigus) que se fixa, depois, com a grafia Amerighi. Há uma observação merecedora de destaque neste nome e sobrenome. Refere-se ao navegador italiano Amerigo Vespucci (14541512), cujo nome passou para as línguas ibéricas como Américo Vespúcio: a serviço da Espanha e Portugal, esse navegador e cartógrafo realizou diversas viagens ao Novo Mundo, aportando inclusive no Brasil em 1501 e em 1502; de seu nome deriva a denominação do novo continente, América, em detrimento do verdadeiro descobridor, conterrâneo dele, Cristoforo Colombo (1450-1506), que emprestou seu nome à Colômbia... ASCIUTTO [achut.to] –Sobrenome raro e esparso pelo território italiano. Presente hoje em 43 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões da Sicília e da Calábria. Suas origens etimológicas remontam ao latim exuctus, enxuto, seco, árido, referência a local sem água, desértico. Como toponímico, relembra cidadão oriundo de zonas áridas, pedregosas ou arenosas, impróprias para a agricultura; pode refletir também, no sentido figurado, simples apelativo conferido a pessoa seca, rude, lacônica, áspera. AVVISATI [av.vizáti] – Sobrenome raro, figura hoje em 49 dos 8.103 municípios italianos, ocorrendo principalmente nas regiões do Lácio e da Campânia. Suas origens etimológicas remontam ao francês antigo aviser (composto de à, a, para, e viser, ver, vislumbrar), fixando-se no italiano em avvisare, com o sentido, na época medieval, de observar, olhar, ter em mira, ficar ciente. O sobrenome deriva do particípio passado avvisato e WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM constitui um apelativo atribuído a cidadão consciente, ciente, informado, previdente, responsável, sábio. Sua forma final se fixa por meio da expressão Casata dell’Avvisato que, ao referir-se a todos os membros desse grupo familiar, se pluraliza em Casata degli Avvisati (clã, núcleo familiar dos Avvisati). Neste caso, a vogal final “-i” reflete uma forma plural. BACCI [bátch.tchi] – Sobrenome muito frequente e típico do centro-norte da Itália; presente hoje em 526 dos 8.103 municípios italianos, apresenta sua maior concentração na região da Toscana; com índices de frequência bem inferiores, seguem-se as regiões da Lombardia, Vêneto, EmíliaRomanha e Lácio. Trata-se de hipocorístico (encurtamento ou redução popular e coloquial) de vários nomes como Bartolaccio, Bindaccio, Brunaccio, Fortebraccio, Iacobaccio. Suas origens etimológicas dependem, portanto, de qual desses nomes, e eventualmente de outros, se formou o hipocorístico. Nota-se que todos eles terminam com o sufixo italiano -accio, que exprime a noção de aumentativo. Brevemente, Bartolaccio deriva de Bartolo que, por sua vez, é hipocorístico de Bartolomeo (do hebraico Barthalmay, Bartholmay – composto de bar, filho, e Thalmay, Tholmay, nome próprio); Bindaccio deriva de Binda (da raiz germânica binda, área demarcada, delimitada, indicando proprietário de terras recintadas); Brunaccio, derivado de Bruno (da raiz germânica brun, moreno, de cor escura, ou do antropônimo Brun, Bruno); Fortebraccio, apelativo e nome composto dos vocábulos latinos fortis, forte, e brachius, braço; Iacobaccio, derivado de Iacobo (do nome hebraico Yahaqob, Jacó, Tiago, formado de Yah, abreviação de Yaweh, Javé, Deus, e de aqab, suplantar, ou de aqebh, calcanhar, ou de qob, proteger, com o sentido de suplantador de Deus ou calcanhar de Deus ou protegido de Deus). A forma final Bacci se fixa por meio do uso da expressão italiana medieval Casata del Baccio (tronco familiar do senhor Baccio) que, ao indicar todos os membros desse grupo familiar, se pluraliza em Casata dei Bacci (clã, núcleo familiar dos Bacci). Ante esta explanação, não procede, portanto, a etimologia popular que interpreta este sobrenome como forma plural de bacio, beijo (do latim basium), mesmo que, no norte da Itália (onde os falares regionais eliminam as consoantes duplas na pronúncia e na grafia), eventualmente este sobrenome conserve uma forma gráfica dialetal, ou seja, Baci, em vez de Bacci. BELGENIO [beldjénio] – Sobrenome muito raro e esparso pelo território italiano, presente em somente 12 (dos 8.103) municípios italianos, situados nas regiões da Basilicata, Campânia, Lácio, Toscana, Ligúria, Piemonte e Lombardia. Composto de bel (do latim bellus), belo, e genio (do latim genius), gênio, representa um apelativo de significado transparente, conferido a cidadão medieval de belo gênio, de temperamento bom e WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM sociável, de atitudes comportamentais simpáticas e apreciadas ou mesmo de gênio inventivo e criativo. BOARO [boáro] – Sobrenome pouco frequente e típico de áreas setentrionais da Itália. É constatado hoje em somente 51 (dos 8.103) municípios italianos, quase todos eles situados nas regiões do FriuliVenécia Júlia, Vêneto, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao latim bovarius, boiadeiro, criador e mercador de bois, lavrador que utilizava bois para a prática da agricultura, locador de bois para o lavradio e o plantio. De significado transparente, este nome de família relembra a profissão ou a atividade agrícola ou comercial do ancestral fundador desse tronco familiar. A forma latina bovarius evoluiu para boarius, boario, fixando-se em boaro nos falares regionais setentrionais. O sobrenome ressalta a grande importância desse animal na Idade Média, muito utilizado na agricultura e como animal de tração. BOCCA [bôk.ka] – Bastante frequente, este sobrenome se concentra no norte ocidental da Itália, constatado de modo esparso em algumas outras regiões. Figura hoje em 293 dos 8.103 municípios italianos, em sua maioria situados nas regiões do Piemonte, Lombardia e Ligúria. Derivado do vocábulo latino bucca, boca, o nome de família se refere à boca nas mais variadas acepções. Trata-se evidentemente de um apelativo de extração popular que pode referir-se às características físicas da boca, à sua forma e tamanho; pode também se relacionar, em sentido figurado ou não, ao modo de falar, à maneira de rir, de chorar, ao que a boca expressa, tornando possível qualificar o cidadão como sincero, verdadeiro ou falso, maldizente, mentiroso, sábio, prudente, falastrão, insensato, etc. Cumpre salientar que, por vezes, pode indicar também a boca ou embocadura de um vale, de um rio, de uma caverna (área de onde proviria o cidadão assim cognominado), a boca ou embocadura de um instrumento, de uma construção (por exemplo, boca de forno, de fornalha) e muitas outras acepções que podem estar na origem deste sobrenome; difícil é determinar qual delas propiciou o surgimento e a fixação do mesmo. A única certeza é que alguns dos troncos familiares Bocca podem invocar como origem de seu sobrenome a proveniência de seu ancestral medieval de uma das cerca de trinta localidades italianas chamadas Bocca; em tal caso, trata-se de claro toponímico. BONOMO [bonómo] – Sobrenome bastante frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Presente hoje em 521 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se concentra mormente nas regiões da Sicília, Lácio, Vêneto, Lombardia e Piemonte. Composto pelos vocábulos latinos bonus, bom, e homo, homem, WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM é um apelativo que ressalta as qualidades do patriarca medieval assim cognominado, de modo particular sua bondade, sua magnanimidade. Com maior probabilidade, porém, este nome de família remonta a um antropônimo, muito difundido no período medieval; de fato, em inúmeros textos dessa época são mencionados cidadãos chamados Bonus Homo, grafado também Bonushomo, Bonusomo, Bonhomo, nome que se italianiza em Bonomo. Em tal caso, é um patronímico e o sobrenome se fixa com a expressão italiana medieval figlio de Ser Bonomo (filho do senhor Bonomo), aplicada a todos os descendentes desse ancestral comum. BORSARI [borsári] – Sobrenome que ocorre com certa frequência no norte da Itália, quase inexistente no sul e raro em áreas centrais da península. Presente hoje em 244 dos 8.103 municípios italianos, em sua maioria situados nas regiões da Emília-Romanha e da Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino bursarius (derivado de bursa, bolsa), relembrando fabricante e mercador de bolsas, sacolas, portamoedas e outros recipientes similares; na Idade Média, o termo indicava também o tesoureiro de ordens religiosas, sociedades diversas e feudos. De significado transparente, recorda uma profissão ou uma função. O sobrenome se fixa na forma atual com a expressão italiana medieval Casata del Borsaro que, ao referir-se a todos os descendentes desse patriarca, se pluraliza em Casata dei Borsari (clã, núcleo familiar dos Borsari). CABIANCA [kabiánka] – Pouco frequente, este sobrenome é típico de restritas áreas setentrionais da Itália. Constatada hoje sua presença em 92 municípios italianos (do total de 8.103), concentra-se especialmente na região do Vêneto, com pequena incidência na limítrofe Lombardia. Composto de Cà, redução de casa (do latim casa, casa), e bianca (do germânico blank, branco), branca, ou seja, “casa branca”, este sobrenome é um toponímico, cujo referencial é essa casa específica. Cumpre notar, porém, que pode referir-se a outro topônimo, isto é, a uma das quatro localidades chamadas Cà Bianca; neste caso, relembra cidadão oriundo de um desses vilarejos, cuja denominação pode ter surgido em torno de uma casa branca que servia de referencial nessa povoação. CACCIA [kátch.tcha] – Sobrenome bastante frequente e difundido em quase todo o território italiano, mas sua maior ocorrência se verifica nas regiões da Lombardia, do Piemonte, do Lácio e da Campânia. Foi levantado em 461 dos 8.103 municípios italianos. Diversas são as interpretações deste nome de família, de acordo com acepção atribuída a caccia (caça) e ao verbo cacciare (do latim captiare, captar, colher, agarrar, caçar); na língua italiana, juntamente com scacciare, o verbo cacciare assume também o sentido de levantar a caça e, por extensão, WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM expulsar, espantar, afastar, excluir. Como sobrenome, portanto, Caccia pode significar simplesmente caçador, sinônimo de Cacciatore (caçador), mas pode, em muitos casos, refletir uma redução que afetou outro eventual sobrenome, originalmente derivado de caccia ou composto com este elemento que refletiria especificamente uma forma verbal, como em Caccialupi (caça lobos). CADORE [kadôre] – Sobrenome pouco frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 68 dos 8.103 municípios italianos, concentra-se quase exclusivamente nas regiões do Vêneto, da Lombardia e da EmíliaRomanha. Suas origens etimológicas remontam ao celta Catubrigum (montanha fortificada), nome que os romanos adaptaram em Catubrium para designar essa região habitada pelos celtas, hoje microrregião alpina da província de Belluno, na região do Vêneto; sucessivas evoluções fonéticas fixaram o designativo no italiano Cadore (sua principal cidade hoje é Cortina d’Ampezzo, renomada estação de esportes invernais). Toponímico, o sobrenome relembra cidadão oriundo ou egresso dessa microrregião italiana, situada na fronteira com a Áustria. CALOGERO [kalódjero] – Sobrenome bastante frequente e difundido em quase todo o território italiano, embora em algumas áreas seja realmente esparso e até raro. Levantado em 216 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões da Sicília e da Calábria; em menor escala, é constatado na Apúlia, Lácio, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam aos vocábulos gregos kalós, belo, bonito, e ghéros, velho, ancião, formando kalógheros, título de reverência e respeito conferido e dirigido, desde o início da Idade Média nas áreas de influência grega e bizantina, aos monges, com o sentido de simpático e bom velho. Como apelativo, este nome de família rememora um título de respeito e veneração dirigido a um ancião ou a uma autoridade religiosa. Cumpre ressaltar, porém, que Calogero se difundiu também como nome próprio, especialmente no sul da Itália, em decorrência do culto prestado a são Calogero, monge que viveu na Sicília no século V. Por essa razão, presume-se que este sobrenome se defina prevalentemente como um patronímico e como tal se tenha fixado com a expressão italiana medieval figlio de Ser Calogero (filho do senhor Calogero). CAMPO [kámpo] – Sobrenome muito frequente e difundido em quase todo o território italiano. Presente hoje em 556 dos 8.103 municípios italianos, apresenta sua concentração máxima na ilha da Sicília e, em escala menor, tem elevados índices de ocorrência nas regiões do Lácio, da Lombardia e do Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino campus, campo, área agrícola, zona rural, terras WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM cultiváveis. Apelativo que designa o camponês, o homem dos campos, dedicado à cultura agrícola, o sobrenome pode também representar um toponímico, ou seja, referir-se a habitante oriundo ou egresso de uma das 41 cidades italianas chamadas Campo ou de uma das mais de 150 localidades e povoados de igual nome. CANNAVARO [kan.naváro] – Muito raro e típico do sul da Itália, ocorre hoje em 17 dos 8.103 municípios italianos, concentrando-se na cidade de Nápoles e nos municípios limítrofes. Suas raízes etimológicas remontam ao latim canna, caniço, junco, e ao derivado medieval cannaparius, canneparius, mercador desse material lacustre para a confecção de cestos e outros recipientes, para empalhamento de cadeiras, confecção de esteiras, tapetes e outros usos diversos. Pode relembrar também o artesão que, com a canna, confeccionava esses diversos tipos de objetos. O sobrenome indica, de qualquer forma, a profissão do ancestral fundador desse tronco familiar. Cumpre salientar, porém, que o vocábulo original pode ter-se cruzado com dois outros, de largo uso na época medieval, ambos ditos cannabarius. O primeiro, derivado do latim cannabis, cânhamo, se referia ao cultivador dessa planta e ao mercador de suas fibras para a confecção de tecidos. O segundo, derivado do latim cannaba, cantina, celeiro, despensa, fixa-se no italiano em caneva, com o derivado canevaro,que indica o cantineiro (o moderno dono de “bar”), mas também, no período medieval, o encarregado da provisão de mantimentos de uma cidade, de um exército. Com efeito, no italiano antigo subsistiam lado a lado cannavaro, cannovaro, canovaro, canavaro, cannevaro, canevaro, canoviere, indicando o funcionário encarregado da coleta e guarda de mantimentos e víveres; o cruzamento dos vocábulos de origens e acepções diversas é evidente. Seja como for, o nome de família Cannavaro se refere sempre a uma profissão, a uma função, a uma das atividades apenas descritas. CAPOTOSTI [kapotósti] – Sobrenome pouco frequente e típico de áreas centrais da Itália. Levantado em 75 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões do Lácio, da Úmbria e das Marcas. É composto de duas raízes latinas: caput, cabeça, mas com uma grande variedade de sentidos na forma italiana capo: cabeça, extremidade, ponta, centro, cabo-mestre, parte principal de objeto, além de chefe, comandante, autoridade máxima; a segunda raiz é tostus, secado, tostado, torrado, endurecido. No presente caso, o sobrenome reflete um apelativo de extração popular, relembrando cidadão de cabeça dura, obstinado, irredutível, empedernido, agarrado às próprias opiniões. Sua forma final se define com a expressão italiana medieval Casata del Capotosto que, ao referir-se a todos os descendentes desse ancestral WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM comum, se pluraliza em Casata dei Capotosti (clã, núcleo familiar dos Capotosti). A vogal final “-i” indica, portanto, uma forma plural. CASA [káza] – Bastante frequente, o sobrenome ocorre de modo esparso em quase todo o território italiano. Presente hoje em 207 municípios italianos (do total de 8.103), sua incidência mais consistente se verifica nas regiões da Sicília, Campânia, Lácio, Vêneto, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao termo latino casa, choupana, casebre, tenda militar; de fato, no latim clássico, casa tinha realmente esse significado específico e o vocábulo para indicar a casa, rica ou pobre, enquadrada nos padrões de construção da época como lar e moradia, era domus. No latim medieval, o termo domus caiu em desuso e casa passou a substituí-lo, indicando qualquer tipo de moradia, fosse rica mansão ou modesta construção das classes menos favorecidas. Como sobrenome, Casa pode referir-se a construtor de casas ou a proprietário de casa que se distinguia das demais por alguma peculiaridade, mas pode também refletir um toponímico: com efeito, há 16 cidades italianas denominadas Casa e muitos vilarejos de igual nome, composto ou não; não resta dúvida de que essas localidades receberam esses designativos por razões ligadas a uma casa. Considerado como toponímico, o sobrenome se refere obviamente a cidadão oriundo ou egresso de uma dessas localidades. CASTAGNA [kastánha] – Sobrenome muito frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Levantado em 880 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões do Vêneto, da Lombardia, Piemonte, Toscana, Lácio, Abruzzo, Campânia, Calábria e Sicília. Suas raízes etimológicas remontam ao vocábulo latino castanea, que é adaptação do grego kástanon, castanha. Trata-se do fruto da castanheira (castanea sativa), árvore muito comum na Europa e cultivada tanto por seus frutos como por sua madeira, muito utilizada em carpintaria e no fabrico de tonéis. O sobrenome, em princípio, se refere ao cultivador e mercador de castanhas, mas pode também relembrar o comerciante da madeira dessa árvore, uma vez que o termo castagna (castanha) era com frequência usado como sinônimo de castagno (castanheira). Eventualmente, pode representar um toponímico, relembrando cidadão oriundo de uma das várias localidades chamadas Castagna (além das várias cidades denominadas Castagneto [castanhal] e outras designadas com outros derivados de castagna). CATERINA [katerína] – Sobrenome pouco frequente e esparso em grande parte do território italiano, embora mais específico das áreas meridionais. Presente hoje em 189 dos 8.103 municípios italianos, sua ocorrência mais expressiva é constatada nas regiões meridionais da Calábria, da Campânia, WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM da Apúlia e do Molise; sua presença até consistente na região do Lácio e na setentrional da Lombardia é interpretada como fruto de migrações recentes do sul em direção ao centro e norte da península. Suas origens etimológicas remontam ao antropônimo grego Hekateríne, de raízes obscuras; talvez derivado de Hekáte, deusa grega dos infernos, ou do apelido de Febo (deus do sol, Hélios), cognominado Hékatos (que troveja), o nome foi alterado em Katharine, por influência do adjetivo katharós, puro, ilibado; latinizado em Catharina, sua grande difusão se deve ao culto a santa Catarina de Alexandria, mártir sob o imperador Maximiano (309-313), e também, em grau menor, ao prestígio de santa Catarina de Siena (1347-1380); existem três cidades italianas e algumas dezenas de localidades denominadas Santa Caterina. Como se observa, o nome foi italianizado em Caterina, mas no período medieval e mesmo em séculos posteriores subsistiam as formas gráficas Catarina e Cattarina. O sobrenome é um matronímico, relembra o nome da matriarca medieval iniciadora do tronco familiar e se fixa com a expressão italiana medieval figlio de Caterina. CAVAGNOLI [kavanhóli] – Sobrenome pouco frequente e típico de restrita área setentrional da Itália. Presente hoje em 128 (dos 8.103) municípios italianos, situados, em sua grande maioria, na região da Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao latim cavaneolus, cesteiro, derivado de cavanea que resulta no italiano cavagna; na realidade, a cavagna (termo derivado do latim cavus, côncavo) é um tipo de cesto rústico, de capacidade relativamente grande, tecido geralmente de vimes ou juncos, muito utilizado nos trabalhos agrícolas, especialmente na colheita de hortifrutigranjeiros, de uva, de cereais de espiga robusta (milho, sorgo) e de outros produtos. Este nome de família relembra, portanto, a profissão do patriarca medieval iniciador desse tronco familiar: cesteiro, fabricante e mercador desse tipo de cesto rústico. Sua forma final e atual se fixa com o uso repetitivo da expressão italiana medieval Casata del Cavagnol ou Cavagnolo que, ao se referir a todos os descendentes desse patriarca artesão, se pluralizou em Casata dei Cavagnoli (clã, núcleo familiar dos Cavagnoli). CERESER [tcherezér] – Sobrenome pouco frequente e típico de áreas setentrionais da Itália. Presente hoje em 54 dos 8.103 municípios italianos, sua maior incidência se verifica na região do Vêneto e, em escala menor, nas do Friuli-Venécia Júlia, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao latim ceresarius (derivado de cerasia, ceresia, cereja), cultivador de cerejeiras, produtor e mercador de cerejas. O vocábulo italiano para designar essa fruta é ciliegia, ao passo que, nos falares regionais setentrionais, essa fruta é denominada ceresa, cerisa, saresa, sariesa. Nota-se, portanto, que o vocábulo latino ceresarius evolui WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM para a forma Cereser, refletindo um termo especificamente regional. Seu significado é transparente. CIPULLO [tchipúl.lo] – Sobrenome pouco frequente e esparso pelo território italiano, embora mais específico do sul. Levantado hoje em 128 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra na região meridional da Campânia; nas demais regiões é raro e esparso, excetuando-se aquelas do Lácio e da Lombardia, onde apresenta índices de frequência razoáveis. Suas origens etimológicas remontam ao latim clássico caepulla, dita e grafada no latim medieval cepulla, cebola. Na língua italiana, essa hortaliça bulbosa é designada de cipolla. Ora, Cipullo, além de conservar uma forma algo mais latina (alterando somente a vogal pré-tônica), migrou para a forma masculina, o que determina seu significado final, ou seja, cultivador, produtor e mercador de cebolas. CORNO [kórno] – Sobrenome bastante frequente e esparso pelo território italiano. Levantado em 239 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra no norte, concentrando-se especialmente nas regiões da Lombardia e do Piemonte; em escala bem menor de frequência, ocorre nas regiões meridionais da Calábria e da Campânia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino cornus, chifre. Várias são as acepções atribuídas ao termo no período medieval e diversas são, portanto, as motivações que possibilitam o surgimento e fixação deste nome de família. Pode referir-se a tipo de chapéu medieval que imitava um chifre (símbolo de força e virilidade) e relembrar seu usuário ou fabricante. Com maior probabilidade, porém, refere-se a instrumento musical que, nos tempos antigos e medievais, era feito de chifre de boi (trombeta, trombone, corneta) e o sobrenome recorda o fabricante ou tocador desse instrumento de sopro. Pode também refletir um toponímico, indicando habitante oriundo ou egresso de uma das três cidades ou de uma das várias localidades chamadas Corno, cuja denominação remonta a cornus, chifre, referência a curvatura, a enseada de rio, a ponta de terra em que surge o aglomerado urbano. CORVO [kórvo] – Sobrenome bastante frequente e difundido em quase todo o território italiano. Presente hoje em 149 dos 8.103 municípios italianos, sua ocorrência mais expressiva se verifica nas regiões da Sicília, da Campânia, do Lácio e da Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino corvus, corvo. Essa ave, entre os antigos gregos e romanos era sagrada e dedicada ao deus Apolo; entre os povos germânicos também era ave sacra; em todos esses povos, era crença comum e difundida de que o corvo, com seus elevados e longos voos, além de estabelecer uma ligação entre os deuses e os homens, conduzia os WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM exércitos em batalha à vitória segura. Este nome de família é um apelativo conferido a um patriarca medieval, ao qual foram conferidos os atributos do corvo, ou seja, a paciência, a persistência, a perspicácia. Eventualmente, o sobrenome pode representar um toponímico, designando cidadão oriundo ou egresso de uma das várias localidades italianas chamadas Corvara, Corbara, Corvaia, Corvi, Corvo, cujos nomes relembram áreas infestadas de corvos. DA GIOZ [dadjós, dadjóts ou dadjóth – com “th” representando o som inglês em “thin, thick”, som existente em diversos falares alpinos e subalpinos italianos] – Sobrenome muito raro e típico de restrita área setentrional da Itália. Presente hoje em 10 dos 8.103 municípios italianos, concentra-se quase exclusivamente nas regiões do Vêneto e do TrentinoAlto Ádige. Na realidade, sua incidência mais expressiva se registra na província vêneta de Belluno, de onde é originário. Suas origens etimológicas e históricas remontam ao nome da localidade alpina Gioz, denominação que, por sua vez, reconduz ao vocábulo latino clauditus, fechado, recluso (entre montanhas, no caso do povoado); por meio de uma evolução fonética progressiva, fortemente marcada pelos falares locais, o termo foi se alterando em Clautu, depois Claut, Chiolt, Giolt e Gioz. Toponímico, o sobrenome relembra o patriarca medieval que era oriundo ou egresso dessa povoação alpina, o que é comprovado pela anteposição da preposição da (de), indicativa de procedência, de proveniência geográfica. D’AGNESE [danhêze] – Sobrenome pouco frequente e típico da Itália meridional. Levantado em 53 dos 8.103 municípios italianos, sua maior concentração foi constatada na região meridional da Campânia, com razoável incidência também naquela do Abruzzo; nas demais regiões, é raro ou inexistente. Suas origens etimológicas remontam ao nome próprio grego Haghné (do vocábulo haghné, pura, casta, ilibada), latinizado em Agnes; a virgem e mártir cristã Agnes, do início do século III, e outras santas assim chamadas, cultuadas no final do Império romano e durante a Idade Média, propiciaram a difusão deste nome. Hagionímico (derivado de nome de santo) e matronímico, D’Agnese relembra o nome da fundadora deste tronco familiar, que é precedido pela preposição de, reminiscente da expressão figlio de Agnese (filho de Agnese). Eventualmente, pode configurar-se como toponímico, indicando cidadão oriundo ou egresso de uma das localidades denominadas Sant’Agnese. D’AIELLO [daiél.lo] – Sobrenome pouco frequente e típico da Itália meridional. Levantado em 83 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões da Campânia e da Sicília. Suas origens etimológicas e históricas reconduzem a várias localidades WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM chamadas Aiello, denominação que remonta ao vocábulo latino agellus, encurtamento de agerellus (diminutivo de ager, campo, área de cultivo), lote de terras, minifúndio, campo cultivável. Toponímico, este nome de família relembra habitante oriundo ou egresso de uma dessas povoações, o que é comprovado pela anteposição da preposição de (reduzida a d’) de, indicativa de procedência, proveniência geográfica. Concretamente, o sobrenome se refere a cidadão oriundo de Aiello. DAL FIUME [dalfiúme] – Sobrenome pouco frequente e típico da Itália setentrional. Levantado em 62 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões da Emília-Romanha e do Vêneto e, com índices bem inferiores, naquelas da Lombardia e do Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino flumen, rio. Com a anteposição da preposição articulada dal, do, tem-se Dal Fiume que significa literalmente “do rio”. Este nome de família é um claro toponímico e se refere a cidadão oriundo das margens de um rio. Pela distribuição do sobrenome no norte da Itália, parece que o sobrenome se relaciona com um rio em especial, o maior da Itália, o rio Pó. De fato, esse rio atravessa as regiões mencionadas há pouco e, em partes de seu curso, fixa os limites de algumas delas, de modo particular entre o Vêneto e a Emília-Romanha e entre esta e a Lombardia. Cumpre salientar ainda que o sobrenome pode consistir numa referência à atividade exercida por esse ou esses cidadãos medievais nesse rio; em outras palavras, referência a cidadão que subsistia da atividade de pescador, de transportador de mercadorias por barcos e barcaças, de moageiro (desde tempos antigos até o início do século XX, eram inúmeros os moinhos estabelecidos às margens do rio Pó). DALLA CHIESA [dál.la kiêza] – Sobrenome pouco frequente e esparso pelo território italiano. Presente hoje em 28 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra na região da Emília-Romanha. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo grego ekklesía, reunião, assembleia de culto dos primeiros cristãos; latinizado em ecclesia, evoluindo para clesia no latim medieval, fixou-se em chiesa na língua italiana, com o significado de igreja. Com a anteposição da preposição articulada dalla, da, indicativa de procedência, proveniência e também de ligação, conexão, este nome de família pode relembrar construtor de igrejas, de templos de culto, pode referir-se a cidadão que possuía alguma relação específica ou peculiar com a igreja local, mas eventualmente pode também representar um toponímico, ou seja, residente nas proximidades da igreja, ponto de referência, ou habitante oriundo, egresso de uma das muitas localidades italianas denominadas Chiesa. WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM DAL RÌ [dalrí] – Sobrenome raro e típico do extremo norte da Itália. Presente hoje em 26 dos 8.103 municípios italianos, ocorre quase exclusivamente na província de Trento, região do Trentino-Alto Ádige. Suas origens etimológicas remontam ao latim rivus, rio, riacho, córrego. Este termo latino se fixa no italiano antigo e nos falares regionais, nos quais ainda subsiste, sob as formas rivo, rio. No caso deste sobrenome, observa-se a supressão da última sílaba de rivo ou da vogal final de rio, resultando em rì. Com a anteposição da preposição articulada dal, do, temse Dal Rì que significa literalmente “do rio, das margens do riacho, proveniente do rio”. Este nome de família é um claro toponímico e se refere a cidadão que residia nas margens de um córrego ou riacho que era ponto de referência ou ainda que exercia alguma atividade junto desse rio, como a de moageiro. DELLA VEDOVA [dêl.la vêdova] – Sobrenome bastante frequente e difundindo em grande parte do território italiano. Presente hoje em 198 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas seguintes regiões: Friuli-Venécia Júlia, Lombardia, Piemonte e Campânia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino vidua, viúva, que evolui para o italiano vedova. Com a anteposição da preposição articulada della, da, tem-se a forma final Della Vedova. Este nome de família se configura como um matronímico, mas não se origina do nome próprio da matriarca e sim de uma situação, de um estado de vida, o da viuvez, e se fixa com a expressão italiana medieval figlio della vedova (filho da viúva), resultando na forma final Della Vedova. DE SANDRO [de sándro] – Sobrenome muito raro e esparso em diferentes áreas da Itália. Presente hoje em somente 13 dos 8.103 municípios italianos, ocorre nas seguintes regiões: Calábria, Lácio, Toscana, Vêneto, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao antropônimo grego Aléxandros (Alexandre), de raízes desconhecidas; alguns linguistas o interpretam como um composto do verbo aléxein, proteger, defender, e do substantivo anér, andrós, homem, com o sentido de protetor, defensor dos homens. Latinizado em Alexander, passou para o italiano como Alessandro. Na fala popular e coloquial, reduziu-se a Sandro, configurando-se, portanto, como um hipocorístico. Este nome de família surge com a expressão italiana medieval figlio de Ser Sandro (filho do senhor Sandro), fixando-se na forma final reduzida De Sandro. DI CAPRIO [dikáprio] – Sobrenome bastante frequente e difundido em grande parte do território italiano. Levantado em 187 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra hoje nas regiões da Campânia, do Lácio e da Lombardia. Suas origens etimológicas remontam WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM ao vocábulo latino capreus, derivado de capra, cabra, e, portanto, relativo a caprinos, ou seja, criador de cabras. A anteposição de preposição di, de, indicativa de atividade, função, de procedência, pode reforçar a ideia de criador e mercador de caprinos, mas pode também relembrar habitante oriundo ou egresso de uma das muitas localidades chamadas Caprio, Caprie, Capriolo, cujas denominações evocam a intensa criação de caprinos nessas áreas. Eventualmente, mas menos provável, pode referir-se a cidadão oriundo da famosa ilha de Capri, cujo nome deriva do grego kápros (javali) ou do etrusco capra (terreno de sepultura) ou do latim capreae (terra das cabras). DI MARIA [dimaría] – Sobrenome muito frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Levantado em 531 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressava se constata nas seguintes regiões: Sicília, Campânia, Apúlia, Molise, Lácio, Toscana, Emília-Romanha, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao nome próprio hebraico Miryam (de provável raiz egípcia, do verbo mrj, amar, com o sufixo diminutivo -am), através do aramaico Maryam, latinizado nos ambientes cristãos em Maria. Matronímico, este nome de família se fixa com a expressão italiana medieval figlio de Maria (filho de Maria); a conservação da preposição anteposta de, alterada depois para a forma italiana di, reforça a ideia de maternidade e filiação. Em outras palavras, o sobrenome expressa a descendência de matriarca medieval chamada Maria. DI VENEZIA [divenétsia] – Sobrenome muito raro e esparso pelo território italiano. Presente hoje em somente 13 dos 8.103 municípios italianos, concentra-se especialmente nas regiões da Toscana e da Sicília. Suas origens etimológicas e históricas se reportam à cidade de Venezia (Veneza), situada no nordeste da península itálica. Historicamente, o nome Venetia foi atribuído pelos romanos à região conquistada por eles no século IV antes de nossa era, habitada pelo povo dos venéticos. No século VI de nossa era, pressionados pelas sucessivas invasões de povos germânicos, os habitantes da terra firme se refugiaram na centena de ilhotas da laguna à beira do mar Adriático, dando origem à cidade que denominaram Venetia, a atual Venezia, e erigindo-a em república (foi o único Estado democrático durante a Idade Média e parte da Idade Moderna, rico e poderoso, república cognominada “Sereníssima”, senhora dos mares e do comércio com o Oriente; sua queda ocorreu em 1797, por obra de Napoleão Bonaparte, WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM depois de ter subsistido mais de mil anos como Estado independente). Toponímico, este nome de família relembra habitante oriundo ou egresso de Venezia. A preposição anteposta evidencia a procedência, a proveniência dessa cidade; originalmente De Venezia, o sobrenome se fixa definitivamente em Di Venezia, notando-se que a preposição de (latina e do italiano antigo) toma a forma italiana mais moderna di. FALCO [fálko] – Sobrenome muito frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Levantado em 799 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva hoje se constata nas regiões da Campânia, Apúlia, Sicília, Piemonte e Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao termo latino falco, falconis, falcão. Este nome de família remete ao amestrador dessa ave, ao caçador que dela fazia uso em suas caçadas, tradição de grande prestígio na Idade Média; mas pode também representar um apelativo conferido a cidadão que encarnava os atributos do falcão, ou seja, a agudez da visão, a prontidão e agilidade de movimento, a agressividade, a rapina; finalmente, pode relembrar o soldado ou guerreiro medieval que manobrava o falco, arma de assédio, similar ao aríete. FORMAGGI [formádj.dji] – Sobrenome pouco frequente e típico do centro-norte da Itália. Levantado em 48 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra hoje nas regiões do Lácio, da EmíliaRomanha e da Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao latim medieval formaticum (que se põe em forma), através do francês antigo formage, fixando-se no italiano em formaggio, queijo. Este nome de família é claro indicativo de profissão e relembra fabricante, produtor e mercador de queijos. Sua forma final se define com a expressão italiana medieval Casata del Formaggio que, ao referir-se a todos os descendentes desse conhecido queijeiro, se pluraliza em Casata dei Formaggi (clã, núcleo familiar dos Formaggi). A vogal final “-i” é clara indicativa de forma plural. FRANZESE [frantsêze] – Sobrenome muito frequente e difundido em quase todo o território italiano. Presente hoje em 312 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões meridionais da Campânia e da Calábria. Suas origens etimológicas e históricas remontam a Franza, nome medieval da atual Francia (França), derivado do latim Frantia. A denominação desse país europeu se origina, por sua vez, WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM do termo germânico frank, franco, pertencente ao povo dos francos; de fato, nos inícios da Idade Média, o país era sempre designado como Regnum Francorum, reino dos francos. Foi somente em torno do século VIII que apareceu o denominativo latino Frantia, que evoluiu para o italiano antigo Franza. Mediante o acréscimo do sufixo -ese, indicativo de étnico e gentílico, tem-se franzese, ou seja, habitante oriundo, egresso desse país, francês. O significado do sobrenome é transparente. FROSI [frózi] – Sobrenome pouco frequente e típico do centro-norte da Itália. Levantado em 143 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva e consistente se registra na região da Lombardia; verificase também na região do Lácio, embora com índices de frequência bem inferiores, mas assim mesmo razoáveis. Suas origens etimológicas remontam ao antropônimo grego Euphrósios (composto das raízes eu, bem, e phronéin, pensar, ou de eu, bem, e phránein, alegrar, com o sentido de pensar bem ou alegrar intensamente, infundir alegria); recorde-se que uma das três Graças da mitologia grega, todas filhas de Zeus, se chamava Eufrosina (alegria, que expande alegria); as outras duas eram Aglaia (esplendorosa) e Tália (portadora de flores); as três presidiam os banquetes, as danças e outros eventos sociais, difundindo alegria entre os deuses e os mortais. Latinizado em Euphrosius, este nome próprio se reduziu, no latim medieval, a Phrosius, grafado depois Frosius; no Codice Diplomatico Longobardo é citado, em documento datado do ano 760, um cidadão chamado Frosinus (diminutivo de Frosius, hipocorístico ou redução de Euphrosius). Este nome de família se configura, portanto, como patronímico e sua forma final se define com a expressão latina medieval filius quondam Frosii (filho do senhor Frosius). A forma final Frosi se fixa com a queda da última vogal latina. GATTI [gát.ti] – Sobrenome muito frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Presente hoje em 1.912 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões setentrionais da Lombardia, Emília-Romanha e Piemonte; em escala menor, mas com índices de frequência consideráveis, se registra também nas regiões da Ligúria, do Lácio, das Marcas e do Vèneto. Suas origens etimológicas remontam ao latim cattus, filhote de animal; com a introdução do gato doméstico no Império romano, importado do Egito, esse felino passou a ser designado cattus. O nome de família relembra cidadão WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM medieval a quem eram conferidos um ou vários dos muitos atributos do gato, tais como mansidão, domesticidade, docilidade, astúcia, esperteza, sagacidade, agilidade e destreza. Sua forma final se fixa com a expressão italiana medieval Casata del Gatto que, ao referir-se a todos os descendentes do patriarca assim cognominado, se pluralizou em Casata dei Gatti (clã, núcleo familiar dos Gatti). GROSSO [grós.so] – Sobrenome muito frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Levantado em 1.028 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra hoje nas regiões setentrionais do Piemonte, da Ligúria e da Lombardia; em escala bem menor, mas com razoável ocorrência, verifica-se nas regiões da Campânia, Calábria e Sicília. Suas raízes etimológicas remontam ao vocábulo latino grossus que, na origem, se referia a figo verde; no latim popular, torna-se sinônimo de magnus, grandis, grande, fixando-se no italiano em grosso. Este nome de família se configura como apelativo atribuído a cidadão encorpado, espadaúdo, de compleição física avantajada. Durante a Idade Média, porém, Grossus, Grossius se difundiram como nomes próprios, talvez como alusão a pessoa de grandes qualidades morais e virtudes. Neste caso, é um patronímico que passa a designar os descendentes desse patriarca medieval com a expressão italiana figlio de Ser Grosso (filho do senhor [chamado] Grosso). Cumpre salientar ainda que, no Piemonte, onde o sobrenome Grosso apresenta os mais elevados índices de frequência, pode indicar habitante oriundo ou egresso da cidade de Grosso, configurando-se, portanto, como toponímico. LATORRACA [lator.ráka] – Sobrenome pouco frequente e esparso pelo território italiano, embora historicamente seja originário do sul. Levantado em 87 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva foi constatada nas regiões meridionais da Basilicata e da Apúlia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino turris, torre. Mediante o acréscimo do sufixo diminutivo -acca, -aca, tem-se a resultante torraca, torre pequena ou baixa, sem importância estratégica ou mesmo pequena torre construída para outros fins que não os bélicos, defensivos. Cumpre salientar que Torraca é uma cidade da província de Salerno, situada na divisa com a região da Basilicata. A anteposição do artigo (la = a) constitui uma tradição típica do sul da Itália no processo medieval de sobrenominização dos núcleos familiares. Toponímico, este nome de WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM família se refere a proprietário ou habitante de pequena torre, cidadão oriundo dos arredores de torre similar ou, com maior probabilidade, cidadão egresso da cidade de Torraca. LO SCALZO [loskáltso] – Sobrenome pouco frequente e esparso pelo território italiano, embora seja originário do sul. Presente hoje em 61 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões meridionais da Sicília e da Calábria; sua ocorrência com índices razoáveis na Lombardia se deve à intensa migração de italianos do sul para o norte da península no decorrer do século XX. Suas origens etimológicas remontam ao verbo latino excalceare, descalçar, tirar o calçado, que evolui para o italiano scalzare; o particípio passado deste verbo, scalzato, por sua vez, se reduz ao adjetivo scalzo, descalço. Este nome de família se configura como um apelativo conferido a cidadão descalço, que não usa calçado, mas também, em sentido figurado, de condição social inferior; pode referir-se também a membro de Ordem religiosa dos Scalzi (descalços) que usava somente sandálias (e jamais sapatos, botas, botinas) ou ainda a membro de associações cristãs de leigos que, no período medieval, calçavam chinelos, sandálias, sem carpins ou meias, como sinal de penitência e eram igualmente cognominados Scalzi (descalços). A anteposição do artigo lo (o) é característica específica do sul da Itália no processo de sobrenominização dos cidadãos e dos núcleos familiares. MACHIAVELLI [makiavél.li] – Sobrenome raro e típico do centro-norte da Itália. Levantado em 22 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica na região da Toscana. Suas origens etimológicas remontam aos vocábulos latinos malus, mau, ruim, perigoso, e clavellus, diminutivo de clavus, prego, cunha, broca de ferro (aludindo inclusive ao membro viril). Este nome de família, segundo os linguistas e onomasiólogos, reflete um apelativo de extração popular, jocoso, irônico e polêmico conferido a alguém por razões diversas, difíceis de estabelecer com precisão. De qualquer modo, este era o sobrenome do célebre Maquiavel, em italiano Niccolò Machiavelli (1469-1527), filósofo, escritor, político e diplomata, autor de O Príncipe, A arte da guerra, e de diversas outras obras. Sua forma final se fixa com a expressão medieval italiana Casata del Machiavello que, ao se referir a todos os descendentes do patriarca iniciador desse tronco familiar, se pluraliza em Casata dei Machiavelli (clã, núcleo familiar dos Machiavelli). WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM MASTRI [mástri] – Sobrenome pouco frequente e esparso pelo território italiano. Presente hoje em 81 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões das Marcas, da Toscana, da EmíliaRomanha e da Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao latim magister, mestre, através do latim medieval maistrum, que evoluiu para o italiano antigo mastro, com o sentido de artesão, artista exímio, guia, patrão, mestre competente e renomado em qualquer atividade. De fato, na Idade Média, período em que as escolas eram raras e geralmente ligadas a mosteiros, os artesãos tinham sob seu comando jovens auxiliares e aprendizes de artes e ofícios; esses artesãos e mesmo artistas, ao transmitir seus conhecimentos técnicos e artísticos aos jovens, passaram a ser chamados de “mastro”, mestre, porquanto seus locais de trabalho ou ateliês eram verdadeiras escolas, seja de ourivesaria, de pintura, de escultura, seja de carpintaria, de marcenaria, de cerâmica, de ferraria, etc. Por essa razão subsistem muitos sobrenomes compostos com o elemento “mastro” mais um segundo elemento que geralmente é um nome próprio, recordando o nome desse mestre exímio, desse artista que ensinava sua atividade específica a jovens aprendizes. O significado deste nome de família é, pois, transparente. Sua forma final se fixa com a expressão italiana medieval Casata del Mastro que, ao referir-se a todos os descendentes do patriarca iniciador desse tronco familiar, se pluraliza em Casata dei Mastri (clã, núcleo familiar dos Mastri). MERCADANTE [merkadánte] – Sobrenome bastante frequente e panitaliano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Levantado em 258 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva foi constatada nas regiões da Sicília, Campânia, Lácio, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino mercatus, mercado, negócio, comércio, do qual derivam, no latim medieval, mercatante e mercante, que evoluem para o italiano antigo mercadante, mercante, com o claro significado de mercador, comerciante. Este nome de família relembra, portanto, a profissão do ancestral fundador desse tronco familiar. MONTORO [montóro] – Sobrenome pouco frequente e esparso pelo território italiano, embora seja originário de áreas meridionais. Presente hoje em 118 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões da Campânia, da Calábria e da Sicília. Suas origens WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM etimológicas e históricas remontam a duas cidades e a várias localidades meridionais chamadas Montoro ou a três cidades e várias povoações chamadas Montorio: a denominação das primeiras se forma com os vocábulos latinos mons, montis, monte, e aurus, ouro, dito oro em italiano, resultando em Montoro; as segundas se compõem dos termos latinos mons, montis, monte, e torus, elevação do terreno, fortaleza, com o êxito final Montorio. Toponímico, este nome de família se refere a habitante oriundo ou egresso de uma dessas localidades. NASCIMBENE [nachimbêne] – Sobrenome pouco frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 82 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva e quase exclusiva se verifica nas regiões da Lombardia e do Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao nome próprio medieval formado da expressão italiana nasci in bene, literalmente “nasce no bem, que nasça no bem”, nome de bons vaticínios, augurativo e gratulatório, conferido a filho por ter nascido em tempos bons e de paz, com o manifesto desejo de que cresça no bem, na fortuna, na virtude, com saúde e com sorte na vida. Patronímico, o sobrenome se fixa com a expressão medieval figlio de Ser Nascimbene (filho do senhor Nascimbene). NOTARO [notáro] – Sobrenome muito frequente e pan-italiano, ou seja, que ocorre em todo o território da península itálica. Levantado em 365 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se constata hoje nas seguintes regiões: Sicília, Calábria, Campânia, Lácio, Toscana, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino notarius, aquele que anota, escrivão, tabelião. No período medieval, o notarius era o escrivão das Cortes, chanceler, aquele que lavrava atos públicos e privados; sucessivamente passou a designar também o alto funcionário, o magistrado, o administrador dos bens públicos, o juiz, o capitão da ordem e da censura numa comunidade. O significado deste nome de família remete a uma dessas funções exercidas pelo ancestral fundador desse tronco familiar. ONGARO [óngaro] – Sobrenome muito frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 433 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se constata nas regiões do Vêneto, Friuli-Venécia Júlia, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao latim medieval hungarus, húngaro, pertencente ao povo dos húngaros (o WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM designativo proviria das raízes búlgaro-turcas on, dez, e ogur, audaz, intrépido, com o sentido de dez tribos valentes, audaciosas), evoluindo para o italiano antigo ongaro, ungaro. À primeira vista, este nome de família parece indicar habitante oriundo ou egresso da Hungria. Não necessariamente, pois, deve-se ressaltar que ocorreram, entre os séculos X e XIII, repetidas incursões húngaras e assentamentos desse povo em diversos pontos do norte da Itália; no mesmo período, registraram-se diversas batalhas travadas entre a república de Veneza e os húngaros pela posse da costa da Dalmácia (na atual Croácia). O sobrenome pode representar um simples apelativo rememorativo desses fatos históricos ou pode realmente indicar a ascendência húngara do patriarca iniciador desse tronco familiar. PICASSO [pikás.so] – Sobrenome pouco frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 86 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra na região da Ligúria, de onde é seguramente originário, segundo os estudiosos de onomástica. Suas origens etimológicas remontam diretamente ao vocábulo picassu, dos falares regionais genoveses, aumentativo de pícu, picão, picareta, e que indica o pedreiro que extrai pedras de cantaria; pode também referir-se a pica-pau verde, dito na região picassu, e ainda a pigasso, picasso (termos genoveses e provençais) que designam machadinha de marinheiro. Este nome de família se relaciona com uma ou outra dessas raízes. O célebre pintor espanhol Pablo Picasso (Pablo Ruiz Picasso, 1881-1973) usava o sobrenome da mãe, que era de origem genovesa. PREVIDI [prévidi] – Sobrenome bastante frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 168 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões da Emília-Romanha, da Lombardia e do Vêneto. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo grego presbýteros, ancião, mais velho; latinizado em prèsbyter, nos meios cristãos passa a designar o presbítero, sacerdote, padre; no latim medieval o termo se altera em praebyter, prèbiter, do qual surgem variadas formas de denominar o sacerdote católico, tais como: prèvete, prevede, prèvite, prèvide, preive, preve, previ, prèviti, pret, preto, pretto, prete. Este nome de família deriva da forma previde e relembra que o iniciador desse tronco familiar era um padre ou filho de um padre ou auxiliar do padre ou ainda, como apelativo, que era tão praticante da religião que se assemelhava a um WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM padre. Convém ressaltar que o celibato dos padres católicos foi estabelecido no século XIII, mas essa norma da Igreja passou realmente a ser observada de modo geral somente a partir dos séculos XV-XVI. A forma final do sobrenome se define com a expressão italiana medieval Casata del Previde que, ao referir-se a todos os descendentes desse ancestral comum, se pluraliza em Casata dei Previdi (clã, núcleo familiar dos Previdi). PROSDOCIMO [prosdótchimo] – Sobrenome pouco frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 72 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra na região do Vêneto; em menor escala, ocorre também nas regiões da Lombardia e do Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao verbo grego prosdokéin, esperar intensamente, ansiar, do qual deriva o nome próprio Prosdókimos (ansiado, desejado), conferido a filho longamente esperado, ansiosamente almejado. Latinizado em Prosdocimus, assumiu a forma italiana Prosdocimo. Patronímico, o sobrenome se fixa com a expressão italiana medieval figlio de Ser Prosdocimo (filho do senhor Prosdocimo). PUTTO [pút.to] – Sobrenome muito raro e típico do norte da Itália. Levantado em 13 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência se registra quase exclusivamente nas regiões do Vêneto e do Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino putus, puro, simples, singelo; do diminutivo pùtulus, forma-se, no latim medieval, puttus, que designa criança, menino e depois rapaz, adolescente, jovem, solteiro, moço em idade de casar, jovem bem apessoado. Ainda hoje, nos falares regionais setentrionais, o vocábulo é utilizado para indicar jovem de boa presença (exemplo: L’è un bel pu(t)to = é um belo rapaz). Este nome de família reflete, portanto, um apelativo atribuído ao ancestral desse tronco familiar por ser um cidadão de boa aparência, como se fosse um jovem, bem-visto e benquisto. RIVELLINO [rivel.líno] – Sobrenome raro e típico de áreas meridionais da Itália. Levantado em 40 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se constata nas regiões do Molise, da Campânia, do Lácio e do Abruzzo. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino rivellus, diminutivo de rivus, rio, e, portanto, ribeiro, córrego, riacho. Fixado no italiano em rivello – que é inclusive nome de uma cidade do sul da península – mediante o acréscimo do sufixo -ino, indicativo de WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM procedência espacial e geográfica, forma-se Rivellino. Toponímico, este nome de família relembra cidadão ribeirinho, residente às margens de córrego, riacho, que deveria ser um referencial conhecido, mas pode também indicar habitante oriundo ou egresso da cidade de Rivello. RONCONI [ronkôni] – Sobrenome muito frequente e típico do centronorte da Itália. Levantado em 484 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas seguintes regiões: Lácio, Marcas, Toscana, Emília-Romanha, Vêneto e Lombardia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino runco, runconis, foice, instrumento agrícola de corte de variados tipos, que evoluiu para o italiano sob as formas ronca, roncola, roncone, distinguindo alguns dos variados tipos de foice; no latim medieval, bem como no italiano da mesma época, esses termos designavam também diversas armas de guerra que imitavam o utensílio agrícola e utilizadas nas batalhas corpo a corpo. Este nome de família se refere, portanto, a fabricante e mercador desse tipo de utensílio ou dessa espécie de arma e igualmente ao cidadão contratado para desmatar áreas e preparálas para o cultivo, bem como ao soldado que utilizava essa arma nos combates. Pode ainda configurar-se como um toponímico e indicar habitante oriundo ou egresso de uma das muitas cidades e localidades com nomes derivados desse utensílio, denominações que relembram áreas desmatadas e cultivadas. A forma final do sobrenome se define com a expressão italiana medieval Casata del Roncone que, ao referir-se a todos os descendentes desse antepassado comum, se pluraliza em Casata dei Ronconi (clã, núcleo familiar dos Ronconi). ROVEDA [rovêda] – Sobrenome bastante frequente e típico do norte da Itália. Levantado em 365 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões do Piemonte, da Lombardia, da Emília-Romanha e do Vêneto. Suas origens etimológicas remontam ao latim roboretum (derivado de robur, roboris, carvalho – em italiano, rovere), carvalhal, bosque de carvalhos, mas pode remontar também a rubetum (derivado de rubus, sarça – em italiano, rovo), sarçal, área coberta de sarças. Este nome de família relembra cidadão residente em área de marcante presença de carvalhos ou de sarças, indivíduo que extrai e comercializa madeira de carvalho, mas pode configurar-se também como toponímico, indicando habitante oriundo ou egresso de uma das duas WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM localidades setentrionais chamadas Roveda, cuja denominação remonta às mesmas raízes latinas recém-descritas. RUI [rúi] – Sobrenome pouco frequente e típico do norte da Itália. Presente hoje em 125 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões do Vêneto, Friuli-Venécia Júlia, Lombardia e Piemonte. Suas origens etimológicas remontam ao latim arrugia, termo usado para designar galeria de minas de ouro; no latim medieval, assume o significado de arroio, riacho, córrego, curso de água, e sofre uma série de alterações que reduz o vocábulo a rugia, rugio, ruyo, rui. Toponímico, o nome de família relembra cidadão residente às margens de conhecido arroio ou em área cortada de córregos e canais. SANTACROCE [santakrôtche] – Sobrenome bastante frequente e panitaliano, ou seja, que ocorre em todas as regiões do território italiano. Presente hoje em 349 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas regiões da Sicília, Apúlia, Campânia, Abruzzo, Lácio e Lombardia. Há na Itália quatro cidades e muitas localidades chamadas Santa Croce (Santa Cruz), denominações evidentemente de origem cristã (do latim sancta crux), que relembram a cruz de Cristo. Toponímico, este nome de família se refere a habitante oriundo ou egresso de uma dessas localidades. SILVA [sílva] – Sobrenome muito frequente e difundido em quase todo o território italiano. Presente hoje em 494 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se concentra nas regiões da Lombardia, Piemonte, Emília-Romanha, Ligúria, Lácio e Campânia. Suas origens etimológicas remontam ao latim silva, selva, mata, floresta. Pode parecer estranho que um sobrenome tão difundido no mundo ibérico, caracterizado como o mais recorrente em terras portuguesas e brasileiras, ocorra com tanta frequência também na Itália. Além das raízes latinas comuns de Silva, o fato tem uma explicação histórica: os espanhóis ocuparam o sul da Itália (de Nápoles até a Sicília) no século XIII e dominaram toda a área até o século XIX; o mesmo se verificou com o Ducado de Milão, que esteve sob o domínio espanhol de 1535 a 1706. Independente das influências ibéricas, este nome de família relembra cidadão que habitava em áreas de selvas e florestas ou que delas extraía madeira, lenha e outras riquezas comercializáveis. Eventualmente, pode também refletir o culto às divindades dos bosques, tradição pagã ainda em vigor nos séculos VIII a XI WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM (fortemente combatida pelo cristianismo, segundo comprovam textos medievais), segundo a qual a selva emanava energias e fluidos transcendentes por intervenção dos deuses. Convém salientar que os antropônimos Silvano, Silverio, Silvestre e Sílvio são nomes próprios latinos derivados de silva, selva, que surgiram também por causa desse culto das divindades dos bosques e das florestas e a tradição onomástica os perpetuou sem atentar para o fato. SPAGNA [spánha] – Sobrenome bastante frequente e difundido em quase todo o território italiano. Presente hoje em 277 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se registra nas seguintes regiões: Lombardia, Piemonte, Emília-Romanha, Lácio, Basilicata e Sicília. Suas origens etimológicas e históricas remontam ao designativo Hispania (Espanha), como os romanos chamavam todo o território da península ibérica, denominação que se fixou em Ispagna e Spagna, no italiano. Este sobrenome repete o nome do país para indicar a origem geográfica do patriarca iniciador desse tronco familiar e isso se explica pela multissecular presença dos espanhóis na Itália, especialmente em todo o sul, onde exerceram sua dominação do século XIII até meados do século XIX, e no Ducado de Milão, de 1535 a 1706. TAFFAREL [taf.farél] – Sobrenome raro e típico do norte da Itália. Levantado em 30 dos 8.103 municípios italianos, sua presença se concentra hoje quase exclusivamente na área limítrofe entre as regiões do Vêneto e do Friuli-Venécia Júlia. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo árabe tayfuri, fabricante e vendedor de louças, ou do termo igualmente árabe taifur, inconstante, volúvel, inconsequente. Introduzido na Itália em decorrência das fortes relações comerciais das repúblicas marítimas, como Veneza e Gênova, com o Oriente muçulmano, o termo sofreu diferentes evoluções ou transformações fonéticas, fixando-se no italiano em tafuro, taffuro e tafaro, taffaro. Mediante o acréscimo do sufixo diminutivo -ello, na forma truncada ou apocopada -el, típica dos falares regionais setentrionais, tem-se Taffarel. O nome de família relembra a profissão do ancestral iniciador do tronco familiar ou um apelativo que lhe foi conferido em função de sua personalidade, de seu temperamento ou de suas atitudes comportamentais. TROJAN [troián] – Sobrenome muito raro e típico do norte da Itália. Dentre os 8.103 municípios italianos, foi levantado em somente 8, WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM distribuídos entre as regiões do Friuli-Venécia Júlia, Vêneto, Lombardia, Piemonte e Lácio. Suas origens etimológicas remontam ao antropônimo latino Troianus (derivado da célebre cidade de Tróia, situada na Ásia Menor – atual Turquia – e conquistada pelos gregos em torno do ano de 1250 antes de nossa era); passando para o italiano como Troiano, nos falares regionais setentrionais fixou-se em Troian, grafado antigamente Trojan. Patronímico, o sobrenome se fixa com a expressão italiana medieval figlio de Ser Trojan (filho do senhor Trojan). Pode também remontar ao vocábulo celta troget ou ao germânico trog, senda, atalho, trilha, termos que se latinizaram em trogium, trojum, dos quais derivam trogianus, troianus; cumpre salientar que nos falares regionais setentrionais alpinos subsiste ainda o termo troi, com o significado de trilha, atalho. Neste caso, Troian ou Trojan indicaria conhecedor de vias e atalhos, sendas e trilhas, especialmente nas montanhas, e poderia ser interpretado como guia de viandantes, guia de transportadores de mercadorias em bestas de carga que se internavam nessas trilhas ou estradas precárias entre montanhas e bosques. Observe-se que a grafia Trojan reflete uma forma de transcrever, desde a Idade Média até início do século XX, a letra “i” em posição de ditongo, como em mejo, mugnajo, Mattej, tajo (sempre pronunciadas mèio, munhaio, Mattei, taio); chamada “i lunga” (i longo) a letra “j” no italiano jamais teve o som português conferido a esta letra, mas sempre o de simples “i”. VACCARI [vak.kári] – Sobrenome muito frequente e difundido em grande parte do território italiano, do extremo norte ao sul. Levantado em 744 dos 8.103 municípios italianos, sua incidência mais expressiva se constata nas seguintes regiões: Emília-Romanha, Vêneto, Lombardia, Piemonte, Ligúria, Lácio e Sicília. Suas origens etimológicas remontam ao termo latim vaccarius, vaqueiro, criador e mercador de vacas e bovinos em geral, termo que evolui para o italiano vaccaro. De significado transparente, este nome de família recorda a profissão do ancestral iniciador desse tronco familiar. Sua forma final se define com a expressão italiana medieval Casata del Vaccaro que, ao referir-se a todos os descendentes desse ancestral comum, se pluraliza em Casata dei Vaccari (clã, núcleo familiar dos Vaccari). ZUCCO [dzúk.ko] – Sobrenome bastante frequente e difundido em grande parte do território italiano. Levantado em 244 dos 8.103 municípios WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM italianos, sua incidência mais expressiva se verifica nas regiões do Piemonte, Lombardia, Vêneto, Friuli-Venécia Júlia, Lácio e Calábria. Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino cucutia, variante de cucurbita, abóbora, mas podem remontar também a cucutium, barrete, capuz; no italiano antigo, a forma cucuzza evoluiu para cuzzucca e, com a supressão da primeira sílaba, resultou em zucca; o mesmo processo ocorreu com cucuzzo que passou a cuzzucco, zucco; os dois vocábulos se cruzaram em seus significados e, além dos que lhes eram específicos, ambos passaram a indicar cabeça, calva, cume ou topo de montanha arredondado. Este nome de família pode relembrar, portanto, cultivador e vendedor de abóboras, morangas, fabricante e mercador de barretes, capuzes e similares, antecessores do moderno e já eliminado chapéu, mas pode referir-se também, como apelativo, a pessoa calva ou de cabeça dura, obstinada, bem como, enquanto toponímico, cidadão residente no alto de montanha. Por uma dessas variadas motivações o ancestral iniciador desse tronco familiar se tornou assim conhecido e cognominado. WWW.TUTTIBUONAGENTE.COM